Apostila Figuras de Linguagem PDF
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Português
Eduardo Valladares e Rafael Cunha
13.03.2015
Figuras de Linguagem
São recursos que tornam as mensagens que emitimos mais expressivas. Subdividem-se em
figuras de palavras, figuras de construção e figuras de pensamento.
Figuras de palavras
1) Metáfora: é uma comparação mental, de caráter subjetivo. A sua ocorrência é marcada pela
utilização de um termo que se associa a outro pela força de uma comparação.
Exemplo:
“Esbraseia o Ocidente na Agonia
O Sol... Aves, em bandos destacados,
Por céus de ouro e de púrpura raiados,
Fogem... Fecha-se a pálpebra do dia...”
(Raimundo Correia)
2) Sinestesia: é a mistura de sensações por meio de palavras que evocam sentidos diferentes.
Exemplos:
a) “Música vermelha”. (Luís Delfino).
b) “Rumor cheiroso de uma aurora”. (Luís Delfino).
c) “O veludoso canto”. (Dario Veloso).
Exemplos:
a) O pé de mesa estava quebrado.
b) Não deixe de colocar dois dentes de alho na comida.
c) Quando embarquei no avião, fui tomado pelo medo.
d) Acho que revestirei a parede de azulejos verdes.
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Exemplos:
a) Lugar pelo produto: Fumei um havana.
b) Efeito pela causa: Ganhei o pão com o suor do meu rosto.
c) Matéria pelo objeto: Preciso ganhar umas pratas.
d) Marca pelo objeto: Comprei uma gilete.
e) Sinal pela coisa significada: A balança tem mandado muitos para os presídios.
f) Abstrato pelo concreto: A juventude (os jovens) gosta de novidade.
g) Autor pela obra: Consultemos Machado de Assis.
h) Continente pelo conteúdo: Bebemos dez copos.
i) Instrumento pela pessoa que o utiliza: Sempre fui um bom garfo.
Exemplos:
a) As chaminés forjam a grandeza de São Paulo.
(= As fábricas forjam a grandeza de São Paulo)
6) Antonomásia: é a designação de uma pessoa, não pelo seu nome, mas sim pela qualidade
ou circunstância que a notabilizaram.
Exemplos:
a) O Divino Mestre (=Jesus Cristo) pregava a prática do bem.
b) O Poeta dos Escravos (= Castro Alves) morreu na flor dos anos.
c) A Águia de Haia (= Rui Barbosa) lutou pela força do direito.
As figuras de construção ou figuras de sintaxe são assim chamadas porque apresentam algum
tipo de modificação na estrutura da oração.
A estrutura sintática do Português compreende uma sequência lógica que se compõe dos
seguintes elementos:
Nome + Verbo + Complemento
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Assim, as figuras de construção vão apresentar uma “quebra” nessa sequência lógica, através da
inversão dos elementos, da omissão de alguns ou da repetição deles. Esse recurso é bastante
utilizado nos textos literários, na oralidade e também como recurso convincente em propagandas
veiculadas nos meios de comunicação. Com isso, quem o utiliza pretende imprimir um novo tom
ao que se quer dizer.
Exemplo:
“É preciso casar João,
É preciso suportar Antônio,
É preciso odiar Melquíades,
É preciso substituir nós todos.”
(Drummond)
Exemplos:
(1) “Vi claramente o visto lume vivo.” (Camões)
(2) “Cada qual busca salvar-se a si próprio...” (Herculano)
Exemplo:
“Suspira, e chora, e geme, e sofre, e sua...” (Olavo Bilac)
Observação: A omissão do conectivo que normalmente seria empregado é denominada
assíndeto.
5) Hipérbato: é a inversão da ordem natural dos termos da oração, criando o que se chama de
ordem indireta.
Exemplo:
“Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heroico o brado retumbante.”
(Hino Nacional)
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Exemplos:
(1) “Os três reis orientais, . . . é tradição da igreja que um era preto.” (Vieira)
(2) “Eu, que era branca e linda, eis-me medonha e escura.” (M. Bandeira)
Observação: Quando omitimos um termo que anteriormente já fora expresso, no mesmo período,
a elipse pode ser chamada de zeugma.
10) Silepse: é a concordância que se faz com a ideia subentendida, não com a palavra expressa.
É, aparentemente, uma discordância. A silepse pode dar-se no gênero, no número ou na pessoa.
a) Silepse do gênero:
b) Silepse de número:
Exemplos:
(1) “Esta gente está furiosa e com medo; por consequência, capazes de tudo.” (Garrett)
(2) “Povoaram os degraus muita gente de sorte.” (Camilo)
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c) Silepse de pessoa:
Exemplos:
a) “Os portugueses somos do Ocidente...” (Camões)
b) “Todos os filhos de Adão padecemos nossas mutilações e fealdades.” (Bernardes)
Figuras de pensamento
Exemplo: “Uns querem o mal, e fazem-nos o bem. Outros nos almejam o bem, e trazem o mal.”
(Rui Barbosa)
Exemplo: “Sabei, cristãos, sabei, príncipes, sabei, ministros, que vos há de pedir estreita conta do
que fizestes, mas muito mais do que deixastes de fazer.” (Vieira)
Exemplo: “Gente inimiga era tanta, / tantas bandeiras no céu, / que o Sol, baixando atrás delas, /
como que se escureceu...” (Camões)
4) Eufemismo: é o emprego de expressão mais suave, mais nobre, a fim de abrandar uma ideia
desagradável ou chocante.
5) Disfemismo: é a expressão de uma ideia de forma brutal, rude, violenta, ou seja, o oposto do
eufemismo.
Exemplos:
a) “... recebo uma patada no ombro e reconheço que perdi a luta...” (Fernando Sabino)
b) Esse calhambeque não funciona mesmo, hein!
Exemplo: “Os montes de mais perto respondiam, quase movidos de alta piedade.” (Camões)
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7) Ironia: é a expressão que contém o oposto do que se quer dizer, com intenção de criticar ou
desprezar.
Exemplo: “Olá! tu que destróis o templo de Deus e o reedificas em três dias, livra-te a ti mesmo,
descendo da cruz.” (São Marcos)
Exemplo: “Os que servem são os que não invejam, os que não infamam, os que não conspiram,
os que não sublevam, os que não desalentam, os que não emudecem, os que não se acobardam,
mas resistem, mas ensinam, mas esforçam, mas pacificam, mas discutem, mas praticam a
justiça, a admiração, o entusiasmo.” (Rui Barbosa).
Exemplo: “O favo do jati não era tão doce como o seu sorriso, nem a baunilha recendia no bosque
como seu hálito perfumado.” (José de Alencar)
Exemplos:
a) Não faça como Nero.
b) “Se uma ovelha perdida e já cobrada
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na sacra história,”
(Gregório de Matos)
11) Paradoxo ou Oximoro: são ideias antagônicas ou opostas, que se excluem mutuamente,
mas que aparecem, ao mesmo tempo, numa única estrutura frasal.
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12) Perífrase: é o rodeio de palavras ou frase que substitui os nomes comuns – e que os faz
célebres.
Exemplos:
1) Visitamos a Cidade Eterna. (= Roma)
2) “Última flor do Lácio (= língua portuguesa), inculta e bela” (Olavo Bilac)
3) O astro rei (= Sol) brilha para todos.
QUESTÕES
1.
“Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, [absurdo.
Que tenho enrolado os pés publicamente nos [tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso [e arrogante.
Que quando não tenho calado, tenho sido mais [ridículo ainda”.
Observando os versos acima, percebe-se a presença de uma figura de linguagem cujo propósito
é intensificar o drama vivido pelo eu-lírico. A essa figura dá-se o nome de
a) pleonasmo.
b) eco.
c) anáfora.
d) assíndeto.
2. Ao lado de cada estrofe abaixo, foi indicada uma figura de linguagem nela presente. Assinale a
opção cuja figura NÃO está corretamente associada.
a) “Santa Clara, padroeira da televisão,
Que a televisão não seja o inferno, interno, ermo” – Apóstrofe
b) A saudade abraçou-me, tão sincera
Soluçando no adeus de nunca mais – Pleonasmo
c) E as borboletas sem voz
Dançavam assim veludosamente – Sinestesia
d) “Provisoriamente não cantaremos o amor
Que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos” – Prosopopeia.
É terminantemente proibido animais circulando nas áreas comuns a todos, principalmente para
fazerem suas necessidades fisiológicas no jardim do condomínio, onde pode pôr em risco a saúde
das crianças que ali brincam descalças.
(Extraído de um Relatório de prestação de contas da administração de um prédio).
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c) pleonasmo e polissíndeto
d) pleonasmo e metonímia
e) eufemismo e polissíndeto
6. “Os excedentes ou rejeitados pela vida nunca têm acesso a nada e sobram na mesa dos pais e
foram desmamados cedo e nasceram sem que ninguém os chamasse e passaram a constituir
formas de imperfeição.”
No segmento transcrito acima, aparece uma figura de construção, reconhecida como:
a) pleonasmo
b) polissíndeto
c) assíndeto
d) anacoluto
e) aliteração
7. Em “Dizem que os cariocas somos pouco dados aos jardins públicos” (Machado de Assis), há:
a) pleonasmo
b) hipérbato de pessoa
c) silepse de gênero
d) silepse de pessoa
e) silepse de número
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8. Todas as frases a seguir são corretas. Assinale a única que encerra anacoluto.
a) Aos homens parece não existir a verdade.
b) Os homens parece-lhes não existir a verdade.
c) Os homens parece que ignoram a verdade.
d) Os homens parecem ignorar a verdade.
e) Os homens parece ignorarem a verdade.
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Gabarito
1. C
2. B
3. A
4. B
5. D
6. B
7. D
8. B
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