Estudos de Gênero Na Educação Física Brasileira

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 11

Motriz, Rio Claro, v.17 n.1 p.93-103, jan./mar. 2011 doi: http://dx.doi.org/10.5016/1980-6574.

2011v17n1p93

Artigo Original
Estudos de gênero na Educação Física Brasileira
Fabiano Pries Devide
Renata Osborne
Elza Rosa Silva
Renato Callado Ferreira
Emerson Saint Clair
Luiz Carlos Pessoa Nery
Grupo de Pesquisa Gênero na Educação Física e no Desporto, Mestrado em Ciências da
Atividade Física da Universidade Salgado de Oliveira, Niterói, RJ, Brasil

Resumo: A pesquisa objetivou mapear alguns aspectos relativos ao quadro teórico dos estudos de gênero
na Educação Física (EF) no Brasil: correntes teóricas, temáticas recorrentes, lacunas, grupos de pesquisa e
intelectuais cadastrados no CNPq, além dos livros sobre Gênero na EF e esporte. A literatura aponta que
os estudos de gênero na EF iniciam na década de 1980, organizando-se em três correntes centrais:
marxista, culturalista e pós-estruturalista. Abordam temáticas como: metodologias de ensino na EF escolar,
estereótipos nas práticas corporais, mecanismos de inclusão e exclusão na EF; História das Mulheres no
desporto; Representações sociais sobre Gênero na mídia esportiva; Mulheres em posições de comando no
desporto; e Identidades de gênero no desporto. Tais estudos têm abordado prioritariamente as mulheres,
apresentando algumas lacunas teóricas. Identificaram-se 14 livros sobre a temática na literatura da EF,
além de grupos de pesquisa consolidados na EF, intelectuais com doutoramento na área e um número
relevante de teses e dissertações.
Palavras-chave: Gênero. Educação Física. Pesquisa. Epistemologia.

Gender Studies in Physical Education


Abstract: This research aimed to present some aspects of the theoretical framework of Gender Studies in
Physical Education (PE) in Brazil: their theoric trends, frequent topics, gaps, research groups, intellectuals in
CNPq, and the books about Gender and PE. The literature shows that the Gender studies in PE began in
the 1980 decade. It is organized into three central trends: Marxist, Culturalist, and post-structuralist. They
approach topics as: learning methodologies in scholar PE; stereotypes in body practices; inclusion and
exclusion practices in PE; Women’s History in sport; Social representations about gender in sport media;
Women in manager’s position in sport; and Gender identities in sport. These studies have approached
mainly women, presenting some theoric gaps. We identified 14 books about Gender in PE literature,
research groups consolidated, intellectuals with doctor’s degree in area, and a relevant number of thesis and
dissertations.
Key Words: Gender. Physical education. Research. Epistemology.

Introdução Os estudos de gênero surgiram a partir do


Seguindo uma tendência de outras áreas “movimento sufragista” que originou a primeira
(Antropologia, Sociologia, História, Literatura), onda do movimento feminista e “apresentava
simultaneamente à efervescência política das objetivos mais imediatos relacionados aos
décadas de 1970 e 80 e ao movimento feminista, interesses das mulheres brancas de classe
a Educação Física (EF) brasileira também passou média” (LOURO, 2001a, p. 15), desconsiderando
a refletir sobre a temática de gênero, negando o a pluralidade que o grupo de mulheres
1
argumento biologicista que historicamente tornou- representa , tendo como marca o viés político e
se justificativa para a exclusão das mulheres no denunciatório, defendendo os interesses pela
âmbito da EF e do desporto. Goellner (2005) igualdade de participação das mulheres na esfera
afirma que: pública.
o termo gênero desestabiliza (...) a noção de Posteriormente, com a “segunda onda” do
existência de um determinismo biológico cuja
feminismo, no final da década de 1960, esse
noção primeira afirma que homens e mulheres
constroem-se masculinos e femininos pelas movimento amplia suas preocupações,
diferenças corporais e que essas diferenças
justificam (...) desigualdades, atribuem funções 1
Utilizamos o termo “mulheres”, por conceber que “mulher” é
sociais e determinam papéis a serem uma categoria plural, que traz em seu bojo, representantes de
desempenhados por um ou outro sexo (p. 207). distintas realidades, posições e identidades sociais.
F. P. Devide, R. Osborne, E. R. Silva, R. C. Ferreira, E. Saint Clair & L. C. P. Nery

incorporando reflexões teóricas provenientes de possui os seguintes objetivos específicos: 1)


teorias como o marxismo e a psicanálise. Os identificar as principais correntes teóricas e
estudos passam a considerar as experiências e temáticas recorrentes; 2) apontar lacunas; 3)
contribuições de ambos os sexos no contexto mapear grupos de pesquisa e intelectuais; e 4)
social, a partir de uma dimensão relacional enumerar as principais obras no formato livro
(GOELLNER, 2001; LOURO, 2001a). publicadas no país, assim como dissertações e
A produção do conhecimento na EF acentuou- teses.
se após a década de 1980, com o surgimento dos A pesquisa justifica-se por permitir a reflexão
primeiros Programas de Pós-Graduação Stricto- sobre uma área de pesquisa em consolidação na
Sensu (PPG). As pesquisas sobre Gênero na EF EF, além de seus resultados contribuírem para
e no Esporte na última década refletem a divulgar para a academia alguns aspectos sobre a
emergência desta nova temática na EF, por produção e o desenvolvimento teórico dos
exemplo, a partir da publicação de livros Estudos de Gênero na área.
(ROMERO, 1995, 1997; VOTRE, 1996; SARAIVA,
1999; SIMÕES, 2003; LUZ JÚNIOR, 2003; Métodos
O estudo caracteriza-se como uma pesquisa
GOELLNER, 2003; KNIJNIK; SOUZA, 2004;
bibliográfica e documental (POSSELON, 2004),
DEVIDE, 2005; ABDALAD, 2005; VALPORTO,
utilizando como fontes, dados da produção teórica
2006; ROMERO; PEREIRA, 2008; GOMES,
da EF representada por livros, dissertações, teses
2008), além de dissertações, teses, artigos em
2 e bases de dados.
periódicos e eventos científicos .
A pesquisa realizou-se em duas etapas. A
Em seu livro Educação Física e Gênero:
primeira serviu para investigar as principais
olhares em cena, Agripino Luz Júnior (2003), com
correntes teóricas e temáticas recorrentes dos
base na análise de dissertações e teses de EF
estudos de gênero apontadas por alguns
defendidas nas décadas de 1980 e 1990, afirma
intelectuais na EF brasileira; e a segunda, de
que os primeiros estudos da área focalizaram as
caráter documental, buscou identificar grupos de
questões de gênero na EF escolar,
pesquisa e especialistas relacionados à temática
especificamente os estereótipos e papéis sexuais
estudada, assim como dissertações e teses
e a distribuição dos alunos nas aulas de EF mista
defendidas na EF.
e separada por sexo.
Para identificar tais grupos e especialistas
Apesar do maior interesse sobre a temática,
utilizou-se o Diretório de Grupos de Pesquisa do
da consolidação de linhas de pesquisa em PPG
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
stricto sensu, das teses, dissertações, livros e
e Tecnológico (CNPq), o Portal da Coordenação
artigos, autores/as ainda identificam equívocos no
de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior
uso do conceito de gênero na EF no Brasil, 4
(CAPES) e o Portal da Inovação do Ministério da
sobretudo nas pesquisas relacionadas à área 5
Ciência e Tecnologia (MCT) . Para identificação
biomédica (GOELLNER, 2001, 2005; LUZ
das dissertações e teses, utilizou-se o Núcleo
JÚNIOR, 2003). Um dos aspectos contribuintes
Brasileiro de dissertações e Teses em Educação,
para esse quadro é a ausência da discussão de
Educação Física e Educação Especial (Nuteses)
gênero no contexto das disciplinas nos cursos de
graduação em EF (CORREIA,
3
2008) , Os pares de palavras-chave utilizados para
contribuindo para a reprodução de uma EF busca de grupos, especialistas e
generificada e generificadora (SOUZA; dissertações/teses nas referidas bases de dados
ALTMANN, 1999). foram: “gênero-esporte”; “gênero-Educação
Física”; “gênero-lazer” e “gênero-mulher”.
Acompanhando a discussão sobre a temática
de Gênero na EF, a presente pesquisa tem como 4
O Portal Inovação é um espaço para interação e cooperação
objetivo geral fazer alguns apontamentos sobre os tecnológica entre a comunidade técnico-científica e as
empresas nacionais. Objetiva promover a inovação e o
Estudos de Gênero na EF no Brasil. Para tal,
aumento da competitividade da economia.
5
O mapeamento realizado no site do Ministério de Ciências e
Tecnologia (MCT), pelo Portal da Inovação, foi feito através
2
Para fins deste estudo, não foram realizados os do cadastro de usuários, que possibilita localizar especialistas
levantamentos de artigos e trabalhos apresentados em usando-se o link “Oportunidades em Inovação”. Utilizamos os
eventos científicos, por considerarmos objetos de estudo de seguintes critérios de busca: i) uso das mesmas palavras-
pesquisa futura. chave do levantamento realizado no diretório de Grupos de
3
Muitas vezes, o primeiro contato com o conceito de gênero Pesquisa do CNPq; ii) seleção de “Perfil Científico/Lattes” nas
ocorre em cursos de pós-graduação lato sensu e stricto “Bases de Competências”; e iii) seleção da EF como “área de
sensu. atuação” no link “Critérios”.

94 Motriz, Rio Claro, v.17, n.1, p.93-103, jan./mar. 2011


Estudos de gênero na Educação Física

Resultados e Discussão Estudos que investigam os Mecanismos de


Correntes teóricas, temáticas recorrentes inclusão, exclusão e auto-exclusão na EF escolar
e equívocos nos Estudos de Gênero na têm se debruçado sobre a investigação dos
EF brasileira fatores contribuintes para os processos de
Segundo Luz Júnior (2003), até o final da exclusão nas aulas de EF, onde meninos e
década de 1990, os Estudos de Gênero na EF meninas se excluem e são excluídos das
brasileira se estruturam em duas correntes atividades, caracterizando um “emaranhado de
predominantes: a Marxista, baseada na exclusões”, composto por questões de gênero,
preocupação em relação às desigualdades habilidade motora, força e idade (SOUZA;
sociais, especificamente na opressão de classe ALTMANN, 1999; ALTMANN, 2002; LIMA;
entre homens e mulheres, caracterizando uma BATISTA; RODRIGUES; DEVIDE, 2006;
hierarquia de dominação-submissão; e a ANDRADE; DEVIDE, 2006; DUARTE; MOURÃO,
Culturalista, que tem investigado a diversidade 2007).
cultural e as múltiplas identidades como temas A História das mulheres no desporto é outra
centrais, recebendo influência de teóricos como temática identificada nos estudos de Gênero na
Michel Foucault. EF brasileira (MOURÃO, 2000; DEVIDE, 2003,
Entretanto, a partir da virada do século XX, a 2005; GOELLNER, 2003, 2004). Reivindica o
corrente Pós-estruturalista passa a ser resgate da memória de personagens ícones no
identificada na produção teórica da EF, ampliando desporto que ficaram à sombra da história.
a discussão da área. Tal perspectiva sofre Algumas atletas têm sido foco de pesquisas que
influência de intelectuais como Jacques Derrida, reconstituem suas trajetórias no esporte e
propondo a desconstrução das categorias apontam suas contribuições para a História do
ocidentais. No contexto dos Estudos de Gênero, esporte nacional e para a emancipação feminina,
teóricas como Joan Scott, Judith Butler e Guacira contribuindo para maior participação das
Louro estão entre aquelas mais utilizadas na EF, mulheres no cenário esportivo.
com reflexões que ampliam o campo de estudos As Representações sociais de gênero na mídia
de gênero, com foco na noção de identidades esportiva tem sido uma temática em expansão,
“plurais”, buscando a desconstrução do analisando a (in)visibilidade de mulheres atletas e
pensamento polarizado entre o gênero masculino jornalistas na mídia esportiva (ROMERO, 2004;
e feminino, vistos como pólos que se relacionam KNIJNIK; SOUZA, 2004; DEVIDE et al, 2008;
pela equação dominação/submissão. Tal corrente GOMES; SILVA; QUEIRÓS, 2008, ROMERO,
questiona o caráter heterossexual do conceito de 2008). Tais estudos têm identificado que a mídia
gênero, possibilitando o reconhecimento de uma esportiva, enquanto veículo de construção das
masculinidade e feminilidade “plurais”, representações sociais, tem reproduzido um
contestando a noção de identidades desequilíbrio no espaço destinado à cobertura da
hegemônicas. participação das atletas e dos atletas nos eventos
A partir da revisão da literatura foi possível esportivos, caracterizando uma hierarquia de
identificar algumas temáticas recorrentes nos gênero, que quando aborda o esporte feminino,
estudos de gênero na EF brasileira. Uma das ora privilegia a aparência física das atletas, ora
temáticas inicialmente abordadas é a de Gênero e destaca suas capacidades atléticas.
Metodologias de ensino na EF escolar, que tende A inserção de Mulheres em posições de
a focalizar a questão da distribuição dos discentes comando no desporto tem sido objeto de estudo
por sexo, a partir dos formatos de aulas mistas, de pesquisas que apresentam essa área como
separadas por sexo e co-educativas (SARAIVA, historicamente associada à figura masculina
1999; LOUZADA; DEVIDE, 2006; LOUZADA; (MOURÃO; GOMES, 2004; OLIVEIRA, 2004)
VOTRE; DEVIDE, 2007; CRUZ; PALMEIRA, contribuindo para que haja um número escasso
2009). Tais pesquisas têm investigado as de mulheres no comando e gerenciamento de
opiniões de docentes de EF e discentes, equipes e instituições esportivas, constituindo um
apontado vantagens e desvantagens desses espaço de reserva masculina na profissão de
formatos de aulas, auxiliando a busca por educador físico.
alternativas metodológicas que amenizem e Os estudos sobre Desporto e as Identidades
problematizem os conflitos de gênero na EF de Gênero (masculinidades e feminilidades) têm
escolar. discutido como as práticas corporais (o desporto,

Motriz, Rio Claro, v.17, n.1, p.93-103, jan./mar. 2011 95


F. P. Devide, R. Osborne, E. R. Silva, R. C. Ferreira, E. Saint Clair & L. C. P. Nery

os jogos, as brincadeiras etc.) têm sido uma via sofrem um processo de generificação que as
para a construção das identidades de gênero confere uma identidade masculina (p. ex. futebol)
masculina e feminina (SAYÃO, 2002; SABINO, ou feminina (p. ex. dança), contribuindo para que
2008; PEREIRA, 2008; FARIA, 2008; homens e mulheres que se inserem em
MONTEIRO, 2008; MELO; VAZ, 2008). Há um modalidades opostas ao seu gênero sofram
consenso em interpretar o desporto como uma discriminações.
área de reserva masculina, onde as mulheres Segundo Goellner (2001, 2005), os Estudos de
tendem a sofrer questionamentos em relação às Gênero na EF ainda estão em construção,
identidades de gênero e sexual, além de sofrerem apresentando equívocos de ordem
com o estereótipo da masculinização. epistemológica, analítica, conceitual e política,
Esta questão nos remeteu a uma última não retratando a produção acadêmica da área,
temática identificada nos estudos de gênero: as nem se referindo ao gênero como construto
reflexões sobre a construção sócio-histórica de social, cultural, histórico e relacional. Outros
Estereótipos relacionados às práticas corporais autores (LUZ JÚNIOR, 2003; DEVIDE, 2005)
na EF no Esporte (PEREIRA, 2004). Tais estudos apontam alguns desses equívocos, conforme
têm indicado que as modalidades esportivas tabela 1:

Tabela 1. Equívocos recorrentes nos Estudos de Gênero na EF brasileira.


Equívoco Descrição
O termo “gênero” tem sido utilizado como sinônimo do termo “sexo” dos sujeitos
Uso dos termos estudados. O uso equivocado é identificado, sobretudo, em estudos baseados nas
6
“gênero” e “sexo”. Ciências Biológicas , que apresentam diferenças entre homens e mulheres, sem
considerar as questões de gênero.
Esses conceitos têm sido apresentados como sinônimos, contribuindo para a
Uso dos termos gênese de preconceitos, como por exemplo, a noção de que a mulher esportista,
“identidade de gênero” ao se inserir em uma modalidade associada à IG masculina – Futebol - assumisse
(IG) e “identidade uma IS homossexual, como se houvesse linearidade e causa e efeito entre IG e IS,
sexual” (IS). estabelecendo uma ordem compulsória entre sexo biológico, IG e IS (BUTLER,
2003).
O gênero deve ser interpretado como constituinte da identidade dos sujeitos,
Redução dos estudos
transcendendo papéis que homens e mulheres desempenham na sociedade, pois
de gênero aos
isso pressupõe uma rigidez nos comportamentos adequados aos sexos,
estereótipos e papéis
desconsiderando as múltiplas formas de se construir as masculinidades,
sexuais
feminilidades e a hierarquia social de gênero (GOELLNER, 2005).
Estudos sobre mulheres têm utilizado o termo gênero, sem utilizarem a teoria de
Confusão entre “estudo gênero como referencial para análise dos dados, contribuindo para reforçar a
sobre mulheres” e representação de que estudar gênero é estudar mulheres, contribuindo para a
“estudos de gênero” escassez de pesquisas que investiguem as questões relacionadas aos homens na
EF, Desporto e Lazer (LUZ JÚNIOR, 2003).

A partir destas reflexões, podemos enumerar de gênero nos currículos de cursos de formação
algumas áreas de sombra nos Estudos de superior em EF.
Gênero, que necessitam maiores reflexões: EF e Grupos de Pesquisa e Intelectuais nos
o Esporte como espaços de construção das Estudos de Gênero na EF brasileira
identidades de gênero; construção de identidades O mapeamento realizado no Diretório de
homoeróticas na EF e no Esporte; produção de Grupos de Pesquisa do CNP sobre os grupos de
sentidos nas imagens de homens e mulheres na pesquisa (GPs) consolidados na temática de
mídia esportiva; estratégias de resistência às Gênero na área de EF são apresentados na
relações de hierarquização de gênero constituídas tabela 2.
na EF e no Esporte; estudos sobre gênero e
O critério utilizado para identificação dos GPs
violência no esporte; e reprodução da hierarquia
foi a recorrência da palavra “gênero”,

6
Exemplos de artigos com títulos fictícios (modificados): “Perfil do nível de atividade física em relação ao gênero de idosos” e
“Influência do gênero sobre a variação da estatura em atletas púberes”. Ambos os estudos sugerem o uso do termo “gênero” como
sinônimo do termo “sexo”, ao avaliarem, respectivamente, diferenças entre os sexos no que tange aos níveis de atividade física e
estatura.

96 Motriz, Rio Claro, v.17, n.1, p.93-103, jan./mar. 2011


Estudos de gênero na Educação Física

respectivamente: no título do grupo, no título de ou objetivos e aqueles que não apresentavam a


uma ou mais linhas de pesquisas, nos conteúdos palavra “gênero”.

Tabela 2. Grupos de Pesquisa em Educação Física que possuem interface com os Estudos de Gênero
CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO
Diretório de Grupos de Pesquisa (GPs) - (www.cnpq.br)
“Gênero” nos
“Gênero” no
Total de “Gênero” Conteúdos Ausência da
Palavras – chave título das Linhas
GPs no título ou palavra “Gênero”
de pesquisa
Objetivos
Gênero e Educação Física 17 01 05 07 04
Gênero e Esporte 16 02 05 05 04
Gênero e Lazer 06 01 01 02 02
Gênero e Mulher 04 01 *** 01 02

Tabela 3. Especialistas em Estudos de Gênero na Educação Física.

PORTAL DE INOVAÇÃO (www.mct.gov.br)


Total de Ranking de pesquisadores/as em Estudos de
Palavras - chave
Pesquisadores da EF Gênero
01) Silvana Goellner
02) Afonso Antônio Machado
Gênero e Educação Física N=481 03) Fabiano Devide
04) Tânia Sampaio
05) Elaine Romero
01) Afonso Antônio Machado
02) Silvana Goellner
Gênero e Esporte N=367 03) Tânia Sampaio
04) Fabiano Devide
05) Elaine Romero
01) Tânia Sampaio
02) Silvana Goellner
Gênero e Lazer N=242 03) Renata Silva
04) Elaine Romero
05) Fabiano Devide
01) Fabiano Devide
02) Tânia Sampaio
Gênero e Mulheres N=241 03) Elaine Romero
04) Silvana Goellner
05) Renata Zuzzi

A identificação dos GPs permitiu registrar e Os resultados pela busca de palavras-chave


classificar o nome do GP, a instituição do mesmo, identificaram 16 grupos de pesquisas sobre
o líder do grupo e área predominante de atuação “gênero e esporte”, 17 grupos sobre “gênero e
7
do pesquisador(a) . Para fins de classificação, um educação física”, 6 grupos sobre “gênero e lazer”,
GP encontrado na consulta por palavras-chave e por fim 4 grupos sobre “gênero e mulheres”,
indicando a existência de um número significativo
era considerado caso aparecesse nas demais
de pesquisadores/as investigando as questões de
buscas.
gênero na EF e no Esporte.
Entre os principais GPs identificados,
Os resultados apontados na Tabela 3
destacamos aqueles provenientes da área de EF
permitiram encontrar o número absoluto de
que possuem o termo “gênero” no título, a saber:
especialistas em Gênero na área de EF no Portal
Gênero, Educação Física, Saúde e Sociedade
da Inovação, hierarquizados a partir da produção
(Líder: Dra. Ludmila Nunes Mourão, UGF/RJ) e
acadêmica constante no currículo Lattes.
Gênero na Educação Física e no Desporto (Líder:
Dr. Fabiano Pries Devide, UNIVERSO/RJ). Dentre o total de pesquisadores/as levantados
na EF, mapeamos os 5 primeiros ranqueados
pela busca com os pares de palavras-chave. Ao
7
identificarmos os especialistas, percebemos que
Apontamos somente os grupos provenientes da área de
Educação Física cadastrados no Diretório dos Grupos de
alguns não possuíam produção acadêmica
Pesquisa do CNPq.

Motriz, Rio Claro, v.17, n.1, p.93-103, jan./mar. 2011 97


F. P. Devide, R. Osborne, E. R. Silva, R. C. Ferreira, E. Saint Clair & L. C. P. Nery

relacionada com os Estudos de Gênero na EF, desses/as pesquisadores/as, listando apenas


pois utilizam os termos sexo e gênero como aqueles/as que apresentam produção acadêmica
sinônimos, conforme equívocos já mencionados afim à temática de gênero, o que pôde ser
nesse artigo. Para tal, suprimimos os nomes constatado pela análise do currículo Lattes.

Tabela 4. PPG Stricto-Sensu em EF com Projetos de Pesquisa na área de Estudos de Gênero.


IES Linha de pesquisa Projeto de pesquisa Estudos

Universo Atividade Física, Sociedade e Cultura Gênero na EF, no Desporto e no Lazer EG


Representações sociais de gênero no discurso de professores e
EG
Representações sociais da EF, esporte praticantes de EF e atividades física, esportiva e recreativa
e lazer Representações sobre a participação das mulheres na gestão e
EM
na prática do esporte brasileiro
Gestão e análise institucional em EF,
UGF A produção científica feminina na EF brasileira EGM
esporte e lazer
Produção histórica na EF, esporte e
O processo de inclusão das mulheres nos Jogos Olímpicos EM
lazer
Pensamento pedagógico e intervenção A intervenção do(a) professor(a) em situações de discriminação
EG
profissional em EF, esporte e lazer nas aulas mistas de EF
Alterações da força e resistência em mulheres jogadoras de
EGM
futebol, inseridas em diferentes grupos tipológicos de gênero.
Aspectos Sócio-Culturais e
UCB Pedagógicos Relacionados à Atividade Diferenças no engajamento de atividades de força e resistência
EGM
Física e Saúde entre mulheres que diferem quanto aos tipos de gênero
Gênero, Esporte e Saúde EG
Teorias sobre o Corpo e o Movimento As adversidades de sexualidade e gênero nas aulas de EF:
UFSC EG
Humano na Sociedade para além de educar meninos e meninas
Gênero na mídia esportiva brasileira EG

Imagem corporal da surfista brasileira EM


Aspectos Psicossociais do esporte
Preconceito contra mulheres que praticam lutas EM

Femininos e masculinos no futebol brasileiro EG

Futebol feminino de competição: uma análise das tendências do


comportamento das mulheres/atletas em estabelecer metas, EM
USP competir e vencer
Futsal feminino de competição: uma análise comparativa das
Desempenho esportivo8
tendências do comportamento das mulheres/atletas e dos EM
homens/atletas em estabelecer metas, competir e vencer
Característica analítica de mulheres atletas de futsal feminino
EM
em estabelecer metas, competir e vencer
Estudos socioculturais do movimento
Mulheres olímpicas brasileiras EGM
humano
Corporeidade e Gênero: paradigmas para um debate sobre a
EG
EF
Corporeidade e gênero: paradigmas para um debate sobre EF,
Unimep Corporeidade e Lazer EG
esporte e lazer
Os estudos do lazer e a EF: campos de saber interrogados
EG
pelas teorias de gênero
Representações sociais do movimento
UFRGS Grupo de Estudos sobre o Corpo e Cultura (GRECCO) EG
humano

Considerando tais aspectos, identificamos um (n=241). Podemos destacar como pesquisadores


maior número de especialistas na EF na busca com maior recorrência na busca pelas palavras-
pelas palavras-chave “gênero e educação física” chave utilizadas: Silvana Goellner (UFRGS),
(n=481); seguido de “gênero e esporte” (n=367); Tânia Sampaio (Unimep/SP), Fabiano Devide
“gênero e lazer” (n=242); e “gênero e mulheres” (Universo/RJ) e Elaine Romero (UFRJ).

8
Apesar de haver dois projetos com títulos similares, a análise de sua descrição no sistema de avaliação dos cursos de pós-
graduação stricto sensu (Capes) permitiu identificar objetivos distintos nos mesmos.

98 Motriz, Rio Claro, v.17, n.1, p.93-103, jan./mar. 2011


Estudos de gênero na Educação Física

Quanto aos projetos que abordam a temática Após a análise dos títulos e a descrição dos
de Gênero nos PPG Stricto Sensu em EF projetos de pesquisa associados aos PPG Stricto
(mestrado n=20; doutorado n=9), a análise Sensu em EF, classificamos os mesmos em
realizada no site da CAPES permitiu identificar Estudos de Gênero (EG, n=11).
projetos de pesquisas em sete Universidades.
Tabela 5. Obras de referência em Estudos de Gênero na EF brasileira - livros.

Autor/a Título Formato Ano UF


ROMERO, Elaine Corpo, Mulher e Sociedade Coletânea 1995 SP
ROMERO, Elaine Mulheres em Movimento Coletânea 1997 ES
A Representação Social da Mulher na
VOTRE, Sebastião Coletânea 1996 RJ
Educação Física e no Esporte
Co-educação Física e Esportes: quando a
SARAIVA, Maria do C. Individual 1999 RS
diferença é mito
SIMÕES, Antonio C. Mulher & Esporte: mitos e verdades Coletânea 2003 SP
LUZ JÚNIOR, Agripino Educação Física e Gênero: olhares em cena Individual 2003 MA
Bela, Feminina e Maternal: imagens da
GOELLNER, Silvana V. Individual 2003 RS
mulher na Revista Educação Physica
A Mulher Brasileira e o Esporte:
KNIJNIK, Jorge D. Individual 2003 SP
Seu Corpo, Sua História
SIMÕES, Antonio C.; O Mundo Psicossocial da Mulher no Esporte:
Coletânea 2004 SP
KNIJNIK, Jorge D. comportamento, Gênero, Desempenho.
Gênero e Mulheres no Esporte: História das
DEVIDE, Fabiano P. Individual 2005 RS
Mulheres nos Jogos Olímpicos Modernos
Mulheres & Vôo Livre: o universo feminino
ABDALAD, Luciana S. Individual 2005 RJ
nos esportes de aventura e risco
VALPORTO, Oscar. Atleta, substantivo feminino Individual 2006 RJ
ROMERO, Elaine; PEREIRA, Universo do Corpo: masculinidades e
Coletânea 2008 RJ
Erik G. feminilidades
A participação das mulheres na gestão do
GOMES, Euza M. de Paiva Individual 2008 RJ
esporte brasileiro: desafios e perspectivas

ou na masculinidade foi identificado, reforçando a


Estudos de Gênero com foco nas Mulheres
(EGM, n=4) e Estudos sobre as Mulheres (EM, necessidade desta área de pesquisa ampliar o
10
9
n=7) , conforme pode ser observado na Tabela 4. foco das investigações , pois ainda não atingiram
Utilizamos a presença do termo “gênero” no título uma representatividade que gere projetos e linhas
e descrição do projeto, como critério para a de pesquisa nos Programas de Pós-Graduação
classificação dos mesmos. das universidades brasileiras.
Duas questões podem ser levantadas pelos
Livros, Dissertações e Teses sobre
resultados encontrados: o foco dos estudos de
Estudos de Gênero na EF brasileira
gênero na EF ainda mantém associação com os
A busca na literatura resultou na identificação
estudos das mulheres; talvez, pelos estudos de
de 14 obras classificadas que tematizam as
gênero serem derivados dos estudos sobre
questões de gênero na EF e no Esporte no Brasil,
mulheres e terem acompanhado o movimento
conforme a Tabela 5.
feminista; e nenhuma linha de pesquisa ou projeto
sobre Estudos de Gênero com foco nos homens A análise das obras de referência permite a
reflexão sobre algumas questões. A primeira é

9
Para fins de classificação, consideramos EG todos aqueles de estudo, mas não utilizavam o gênero como categoria de
que desenvolvessem uma reflexão utilizando o gênero análise.
10
enquanto categoria analítica; EGM como aqueles que No entanto, é relevante identificar que já existem no Brasil
tivessem as mulheres como objeto de estudo e utilizassem o estudos de gênero com foco nos homens, como é o caso dos
gênero como categoria analítica; enquanto os EM foram estudos de Silva (2008), Pereira (2008), Monteiro (2008),
classificados como os que tivessem as mulheres como objeto Melo e Vaz (2008), Knijnik e Machado (2008).

Motriz, Rio Claro, v.17, n.1, p.93-103, jan./mar. 2011 99


F. P. Devide, R. Osborne, E. R. Silva, R. C. Ferreira, E. Saint Clair & L. C. P. Nery

que das 14 obras, 6 são coletâneas, sugerindo pesquisa e grupos de pesquisa em PPG stricto
que desde a primeira publicação, em 1995, há um sensu em EF.
número significativo de pesquisadores/as que
Observa-se que os únicos autores/as com
investigam as questões de gênero no âmbito da
mais de uma publicação no formato livro foram
EF.
Elaine Romero (1995, 1997, 2008), Antônio
A segunda questão é que dentre as 14 obras, Carlos Simões (2003, 2004) e Jorge Dorfman
11 estão relacionadas aos estudos de mulheres Knijnik (2003, 2004). A distribuição das
no contexto do esporte e da EF, o que reforça publicações reproduz uma concentração nos
dados oferecidos por Goellner (2001, 2005) e Luz estados do Rio de Janeiro [5], São Paulo [4] e Rio
Júnior (2003), sobre o fato de os Estudos de Grande do Sul [3], onde encontramos linhas de
Gênero na EF brasileira ainda estão focalizados pesquisa consolidadas em PPG stricto sensu
nas mulheres; por vezes confundindo estudos (vide Tabela 4).
sobre mulheres como sendo estudos de gênero.
No que tange às dissertações e teses
A terceira questão é que a maioria das obras – defendidas na área de Educação Física, o
10 – foi publicada após o ano 2000, refletindo um levantamento realizado no NUTESES indica um
aumento da produção acadêmica da área, em número relevante de trabalhos já defendidos em
conformidade com a abertura de linhas de diferentes instituições, conforme Tabela 6.

Tabela 6. Dissertações e Teses defendidas na EF (Fonte: Nuteses)

NUTESES - http://www.nuteses.ufu.br/

Palavras - chave Total de Dissertações Total de Teses Total


Gênero e Educação Física 23 3 26
Gênero e Esporte 25 2 27
Gênero e Mulheres 25 3 28
Gênero e Lazer 23 1 24

das Mulheres no Desporto; Representações


Considerações Finais Sociais de Gênero na mídia esportiva; Mulheres
Os resultados permitem afirmar que os em posições de comando no Desporto; e
Estudos de Gênero na EF iniciam no fim da Desporto e Identidades de Gênero
década de 1980, ganhando expressão na década (masculinidades e feminilidades).
de 1990, com a consolidação de projetos de
pesquisa em PPG stricto sensu, além de teses, O mapeamento no Diretório de Grupos de
dissertações, livros e artigos. Entretanto, tais Pesquisa/CNPq, no Portal da Inovação/MCT e no
estudos ainda apresentam uma abordagem NUTESES identificou a existência de grupos
focalizada nas mulheres, algumas vezes com consolidados na EF, intelectuais com
equívocos de ordem epistemológica, analítica, doutoramento na área Gênero na EF e no
conceitual e política. Desporto, além de um número significativo de
dissertações e teses defendidas desde a década
Tais estudos na EF podem ser organizados de 1980. Foi possível identificar na literatura da
em três correntes predominantes: Marxista, EF, 14 livros publicados sobre a temática, sendo
Culturalista e Pós-estruturalista, dentre as quais pioneira a obra “Corpo, Mulher e Sociedade”,
as duas últimas têm predominado, utilizando organizada por Elaine Romero (1995).
como teóricas centrais Scott (1995, 2005), Butler
(2003) e Louro (2001a, 2001b, 2004). Referências
Dentre as temáticas recorrentes, destacamos: ABDALAD, L. S. Mulheres & Vôo Livre: o
Metodologias de ensino na EF escolar (aulas universo feminino nos esportes de aventura e
mistas, separadas por sexo, co-educativas); risco. Niterói: Nitpress, 2005.
Estereótipos relacionados às práticas corporais
na EF no Esporte; Mecanismos de inclusão,
exclusão e auto-exclusão na EF escolar; História

100 Motriz, Rio Claro, v.17, n.1, p.93-103, jan./mar. 2011


Estudos de gênero na Educação Física

ALTMANN, H. Exclusão nos esporte sob um GOELLNER, S. V. Gênero, Educação Física e


enfoque de gênero. Motus Corporis, Rio de esportes. In: VOTRE, S. B. (Org.). Imaginário e
Janeiro, v. 9, n. 1, p. 9-20, 2002. representações sociais em Educação Física,
esporte e lazer. Rio de Janeiro: UGF, 2001. p.
215-227.
ANDRADE, E. B.; DEVIDE, F. P. Auto-exclusão
nas aulas de educação física escolar:
representações de alunas do Ensino Médio sob GOELLNER, S. V. Bela, Feminina e Maternal:
enfoque de gênero. Fiep Bulletin, Foz do Iguaçu, imagens da mulher na Revista Educação Physica.
v. 76, p. 318-322, 2006. Ijuí: Unijuí, 2003.

BUTLER, J. Problemas de Gênero: feminismo e GOELLNER, S. V. Mulher e esporte no Brasil:


subversão da identidade. Rio de Janeiro: fragmento de uma história generificada. In:
Civilização Brasileira, 2003. SIMÕES, A. C.; KNIJNIK, J. D. O Mundo
Psicossocial da Mulher no Esporte:
comportamento, gênero, desempenho. São
CORREIA, M. M. Representações de Gênero na
Paulo: Aleph, 2004. p. 359-373.
Licenciatura em Educação Física. 2008.
Dissertação (Mestrado em Ciências da Atividade
Física)–Universidade Salgado de Oliveira, Niterói, GOELLNER, S. V. Gênero. In: GONZÁLEZ, F. J.;
2008. FENSTERSEIFER, P. E. Dicionário Crítico de
Educação Física. Ijuí: Unijuí, 2005. p. 207-209
CRUZ; M. M. S.; PALMEIRA, F. C. C. Construção
de identidade de gênero na Educação Física GOMES. E. M. de P. A participação das
Escolar. Motriz, Rio Claro, v. 15, n. 1, p. 116-131, mulheres na gestão do esporte brasileiro:
jan./mar. 2009. desafios e perspectivas. Rio de Janeiro:
Quartet/Faperj, 2008.
DEVIDE, F. P. História das Mulheres na
natação brasileira no século XX: das GOMES, P. B.; SILVA, P.; QUEIRÓS, P. Distintos
adequações às resistências sociais. 2003. 347 f. registros sobre o corpo feminino: beleza, desporto
Tese (Doutorado em Educação Física e Cultura)- e mídia. In: ROMERO, E.; PEREIRA, E. G. B.
Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro, 2003. (Org.). Universo do Corpo: masculinidades e
feminilidades. Rio de Janeiro: Shape/Faperj,
2008.
DEVIDE, F. P. Gênero e Mulheres no Esporte:
História das Mulheres nos Jogos Olímpicos
Modernos. Ijuí: Unijuí, 2005. LIMA, F. R.; BATISTA, R. S.; RODRIGUES, F. S.;
DEVIDE, F. P. Práticas Sociais de exclusão intra-
sexo em turmas femininas de Educação Física no
DEVIDE, F. P. et al. Produção de sentidos sobre a
ensino médio: um enfoque de gênero. FIEP
visibilidade de mulheres atletas no jornalismo
Bulletin, Foz do Iguaçu, v. 76. p. 45-45, 2006.
esportivo: interpretações a partir do Caderno de
Esportes do jornal O Globo. In: ROMERO, E.;
PEREIRA, E. G. (Org.). Universo do corpo: LUZ JÚNIOR, A. Educação Física e Gênero:
masculinidades e feminilidades. Rio de Janeiro: olhares em cena. São Luís: Imprensa
Shape/FAPERJ, 2008. p. 400-416. UFMA/CORSUP, 2003.

DUARTE, C. P.; MOURÃO, L. Representações de KNIJNIK, J. D. A Mulher Brasileira e o Esporte:


adolescentes femininas sobre os critérios de seu corpo, sua história: São Paulo: Mackenzie,
seleção utilizados para a participação em aulas 2003.
mistas de educação física. Movimento, Porto
Alegre, v. 13, n. 1, p. 37-56, 2007.
KNIJNIK. J. D.; SOUZA, J. S. S. de. Diferentes e
desiguais: relações de gênero na mídia esportiva
FARIA, E. do C. G. V. A percepção de Norbert brasileira. In:SIMÕES, A. C.; KNIJNIK, J. D.
Elias e Eric Dunning sobre a função do esporte: (Org.). O mundo psicossocial da mulher no
sociedade e masculinidade. In: ROMERO, E.; esporte: comportamento, gênero e desempenho,
PEREIRA, E. G. (Org.). Universo do corpo: 2004. p. 191-212.
masculinidades e feminilidades. Rio de Janeiro:
SHAPE/FAPERJ, 2008. p. 153-161.
KNIJNIK, J. D.; MACHADO, A. A. Bailarinos do
esporte: notas sobre novas masculinidades em
campo. In: ROMERO, E.; PEREIRA, E. G. (Org.).

Motriz, Rio Claro, v.17, n.1, p.93-103, jan./mar. 2011 101


F. P. Devide, R. Osborne, E. R. Silva, R. C. Ferreira, E. Saint Clair & L. C. P. Nery

Universo do corpo: masculinidades e comportamento, gênero e desempenho, 2004. p.


feminilidades. Rio de Janeiro: SHAPE/FAPERJ, 319-335.
2008. p. 153-161.
PEREIRA, C. da S. Construindo a feminilidade na
LOURO, G. L. Gênero, Sexualidade e cultura da magreza: um estudo sobre
Educação: uma perspectiva pós-estruturalista. corporalidade, adolescência e anorexia. In:
Petrópolis: Vozes, 2001a. ROMERO, E.; PEREIRA, E. G. (Org.). Universo
do corpo: masculinidades e feminilidades. Rio de
Janeiro: SHAPE/FAPERJ, 2008. p. 165-190.
LOURO, G. L. (Org.). O corpo educado:
pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte:
Autêntica, 2001b. PEREIRA, S. A. M. O sexismo nas aulas de
educação física: uma análise dos desenhos
infantis e dos estereótipos de gênero nos jogos e
LOURO, G. L. Um corpo estranho: ensaios brincadeiras. 2004. (Doutorado em Educação
sobre sexualidade e teoria queer. Belo Horizonte: Física)-Programa de Pós-Graduação em
Autêntica, 2004. Educação Física, Universidade Gama Filho, Rio
de Janeiro, 2004.
LOUZADA, M.; DEVIDE, F. P. Educação física
escolar, co-educação e gênero: mapeando PEREIRA, E. G. B. Discutindo gênero, corpo e
representações discentes. Movimento, Porto masculinidade. In: ROMERO, E.; PEREIRA, E. G.
Alegre, v. 12, n. 3, p. 123-140, 2006. (Org.). Universo do corpo: masculinidades e
feminilidades. Rio de Janeiro: SHAPE/FAPERJ,
LOUZADA, M.; VOTRE, S.; DEVIDE, F. 2008. p. 87-101.
Representações docentes acerca da distribuição
dos alunos por sexo nas aulas de educação POSSELON, M. O estudo de caso na
física. Revista Brasileira de Ciências do investigação em educação física na pesquisa
Esporte, Campinas, v. 28, n. 2, p.55-68. 2007. qualitativa. In: CANDURO, M. T. Investigação em
educação física e esportes: um novo olhar pela
MELO, V. A.; VAZ, A. F. Cinema, corpo, boxe: pesquisa qualitativa. Novo Hamburgo, RS:
reflexões sobre suas relações e notas sobre a Feevale, 2004. p. 51-65.
questão da masculinidade. In: ROMERO, E.;
PEREIRA, E. G. (Org.). Universo do corpo: ROMERO, E. (Org.). Corpo, Mulher e
masculinidades e feminilidades. Rio de Janeiro: Sociedade. Campinas: Papirus, 1995.
SHAPE/FAPERJ, 2008. p. 117-135.

ROMERO, E. (Org.). Mulheres em Movimento.


MONTEIRO, M. Corpo, Biologia e masculinidade. Vitória: EdUFES, 1997.
In: ROMERO, E.; PEREIRA, E. G. (Org.).
Universo do corpo: masculinidades e
feminilidades. Rio de Janeiro: SHAPE/FAPERJ, ROMERO, E. A (In)Visibilidade da mulher atleta
2008. p. 103-115. no jornalismo esportivo do Rio de Janeiro.
In:SIMÕES, A. C.; KNIJNIK, J. D. (Org.). O
mundo psicossocial da mulher no esporte:
MOURÃO, L. Representação social da mulher
comportamento, gênero e desempenho, 2004. p.
brasileira nas atividades físico-desportivas: da
213-252.
segregação à democratização. Movimento, Porto
Alegre, ano 7, n. 13, p. 5-18, 2000.
ROMERO, E.; PEREIRA, E. G. (Org.). Universo
do corpo: masculinidades e feminilidades. Rio de
MOURÃO, L.; GOMES, E. M. de P. Mulheres na
Janeiro: SHAPE/FAPERJ, 2008.
administração esportiva brasileira: uma trajetória
em curso. In: SIMÕES, A. C.; KNIJNIK, J. D.
(Org.). O mundo psicossocial da mulher no ROMERO, E. Construção e reprodução da
esporte: comportamento, gênero e desempenho, masculinidade e da feminilidade no esporte pela
2004. p. 305-318. mídia escrita. In: ROMERO, E.; PEREIRA, E. G.
(Org.). Universo do corpo: masculinidades e
feminilidades. Rio de Janeiro: SHAPE/FAPERJ,
OLIVEIRA, G. A. S. de. Mulheres enfrentando o
2008. p. 333-383.
desafio da inserção, ascensão e permanência no
comando de equipes esportivas de alto nível. In:
SIMÕES, A. C.; KNIJNIK, J. D. (Org.). O mundo SABINO, C. A louridade da loura: identidade de
psicossocial da mulher no esporte: gênero e étnica em academias de musculação

102 Motriz, Rio Claro, v.17, n.1, p.93-103, jan./mar. 2011


Estudos de gênero na Educação Física

cariocas. In: ROMERO, E.; PEREIRA, E. G. Endereço:


(Org.). Universo do corpo: masculinidades e Fabiano Pries Devide
feminilidades. Rio de Janeiro: SHAPE/FAPERJ, Rua Bambina 134 bloco 1 apto 603
2008. p. 269-282. Botafogo
Rio de Janeiro RJ Brasil
Telefone e fax: (21) 9414.3873
SARAIVA, M. do C. Co-educação Física e e-mail: [email protected]
Esportes: quando a diferença é mito. Ijuí: Unijuí,
1999.

SAYÃO, D. T. A construção de identidades e


papéis de gênero na infância: articulando temas Recebido em: 10 de maio de 2010.
para pensar o trabalho pedagógico da Educação Aceito em: 10 de setembro de 2010.
Física na educação infantil. Pensar a Prática,
Goiânia, v. 5, p. 1-14, 2001-2002.

SCOTT, J. Gênero: uma categoria útil de análise


histórica. Educação & Realidade, Porto Alegre,
v. 20, n. 2, p. 71-99, 1995. Motriz. Revista de Educação Física. UNESP, Rio Claro,
SP, Brasil - eISSN: 1980-6574 - está licenciada sob
Creative Commons - Atribuição 3.0
SCOTT, J. O enigma da Igualdade. Estudos
Feministas, Florianópolis, v. 13, n. 216, p.11-30,
2005.

SILVA, M. M. Entre a ilha deserta e o arquipélago:


mapeamentos e cartografias das percepções de
professores (as) sobre as masculinidades
produzidas nas aulas de Educação Física. Motriz,
Rio Claro, v. 14, n. 3, p. 371, jul./set. 2008.
Resumo de Dissertação de Mestrado.

SIMÕES, A. C. (Org.). Mulher & Esporte: mitos e


verdades. São Paulo: Manole, 2003.

SIMÕES, A. C.; KNIJNIK, J. D. (Org.). O Mundo


Psicossocial da Mulher no Esporte:
comportamento, gênero, desempenho. São
Paulo: Aleph, 2004.

SOUZA, E. S. de; ALTMANN, H. Meninos e


meninas: Expectativas corporais e implicações na
Educação Física Escolar. Cadernos Cedes.
Campinas. ano XIX, v. 48, p. 52-68, 1999.

VALPORTO, Oscar. Atleta, substantivo


feminino. Rio de Janeiro: Casa da Palavra/COB,
2006.

VOTRE, S. (Org.). A Representação Social da


Mulher na Educação Física e no Esporte. Rio
de Janeiro: UGF, 1996.

Motriz, Rio Claro, v.17, n.1, p.93-103, jan./mar. 2011 103

Você também pode gostar