Fundamentos Organização e Metodologia Da Educação Infantil e Do Ensino Fundamental
Fundamentos Organização e Metodologia Da Educação Infantil e Do Ensino Fundamental
Fundamentos Organização e Metodologia Da Educação Infantil e Do Ensino Fundamental
Nome do autor
Fundamentos e
Organização da
Educação Infantil
e do Ensino
Fundamental
Fundamentos e
Organização da Educação
Infantil e do Ensino
Fundamental
Joice Estacheski
© 2018 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
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Camila Cardoso Rotella (Diretora)
Lidiane Cristina Vivaldini Olo (Gerente)
Elmir Carvalho da Silva (Coordenador)
Letícia Bento Pieroni (Coordenadora)
Renata Jéssica Galdino (Coordenadora)
Estacheski, Joice
E79f Fundamentos e organização da educação infantil e do
ensino fundamental / Joice Estacheski. – Londrina : Editora e
Distribuidora Educacional S.A., 2018.
176 p.
ISBN 978-85-522-0615-6
CDD 370
Thamiris Mantovani CRB-8/9491
2018
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: [email protected]
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Sumário
Fundamentos, princípios e
currículo da Educação Infantil
Convite ao estudo
A Unidade 1, denominada Fundamentos, princípios e
currículo da Educação Infantil, estabelece a origem do
atendimento às crianças de 0 a 5 anos de idade. O objetivo
é levá-lo a compreender a luta pelos direitos infantis,
pois resgatar essa história é valorizar cada conquista no
atendimento à criança, compreendendo-a como um sujeito
possuidor de direitos, processo este que se configurou após
longas lutas, discussões e garantias legais, inclusive no que
tange à formação do profissional responsável por esta etapa de
formação. Portanto, teremos como guia um contexto real da
escola, em que uma professora terá um caminho a percorrer
para responder a algumas situações da Educação Infantil que
se expressam em questionamentos: quais relações possíveis
ela fará em seu processo de constituição profissional, já que
agora ela é responsável pela formação humana das crianças
com as quais desenvolverá seu trabalho na Educação Infantil?
Sua tarefa constitui-se em mero assistencialismo?
Assimile
A história do atendimento à criança de 0 a 5 anos no Brasil foi marcada
pelo assistencialismo, ora médico, ora social. Em vários momentos,
compreendeu-se que a criança das classes menos favorecidas era privada
de cultura, quando, na verdade, ela possui uma cultura diferenciada,
normalmente desconsiderada segundo os padrões burgueses. Muito se
discutiu nos âmbitos democráticos possíveis, a partir da promulgação
da Constituição Federal de 1988, para que tivéssemos a garantia dos
direitos infantis atendidos. Apenas a Constituição não supria as demandas
necessárias como garantia de direito educacional e, historicamente,
constituiu-se, como políticas públicas, o Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA), a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDBEN nº 9.394/96), as Diretrizes Curriculares (DC) e os Referenciais
Curriculares Nacionais (RCNEIs).
Reflita
A partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, já se passaram
29 anos; da promulgação do ECA, 27 anos; da LDBEN, 21 anos. É possível
afirmar que a visão assistencialista e compensatória deixou de existir
nos espaços que ofertam o atendimento público de Educação Infantil?
O processo de formação profissional do professores que atuarão nesta
etapa pode ser considerado como questão fundamental para a garantia
dos direitos à educação da criança pequena?
Exemplificando
A teoria da privação cultural parte do pressuposto de que as crianças
pertencentes às classes populares, consideradas pobres, são desprovidas
de cultura em função da carência da realidade a que pertencem, ou
seja, ao “fracassarem” na escola, não correspondendo aos padrões de
Pesquise mais
<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=
download&alias=9769-diretrizescurriculares-2012&category_slug=
janeiro-2012-pdf&Itemid=30192>.
Acesse o vídeo do MEC: Base Nacional Comum Curricular. Disponível
em: <https://www.youtube.com/watch?time_continue=13&v=g2_9XIE
18NA>. Acesso em: 24 set. 2017.
No link a seguir, você tem acesso à Resolução nº 5, de 18 de dezembro
de 2009. Disponível em: <https://www.mprs.mp.br/media/areas/gapp/
arquivos/resolucao_05_2009_cne.pdf>. Acesso em: 24 set. 2017.
a) Teoria dualista.
b) Teoria behaviorista.
c) Teoria humanista.
d) Teoria da privação cultural.
e) Teoria sociocultural.
Diálogo aberto
Caro estudante!
A presente seção tratará das diferentes concepções de criança
e infância que se desenvolveram ao longo da história da educação,
como a que entendia a criança como um “adulto em miniatura”
até o início do século XVIII. A sociedade moderna passa a dar outro
significado à infância e à criança, de modo que esta passa a ocupar
um espaço importante na conjuntura que se estabelece. Conhecer
esse processo histórico da valorização da infância possibilitará a
você, como futuro professor de crianças pequenas, compreender a
forma como deve concebê-las, respeitando seus limites e também
seu potencial. Assim, apontamos algumas considerações que
consideramos plausíveis neste contexto.
Preocupada com a realidade que permeia o contexto escolar, a
professora Fernanda reflete sobre as questões legalmente postas pelas
políticas públicas educacionais e as dificuldades enfrentadas em seu
dia a dia como docente. Discute com suas colegas de trabalho, que
argumentam que não é possível realizar um trabalho diferente, pois
as condições não lhes permitem. Fernanda, então, percebe que as
concepções de infância e criança que permeiam o espaço da Educação
Infantil ainda prezam por uma cultura diferenciada, não mais a de criança
como “adulto em miniatura”, mas como sendo o centro de todos os
desejos. Quais são as reflexões que Fernanda pode realizar sobre a
infância na realidade atual, tendo em vista as diferentes concepções
de infância e criança? Quais conhecimentos sobre creche e pré-
escola Fernanda precisa sistematizar para elaborar um planejamento
mais adequado aos seus propósitos? Quais conhecimentos sobre o
cuidado e a educação como princípios da Educação Infantil ela precisa
considerar? Como o brincar pode ser considerado pela professora
como uma atividade fundamental da Educação Infantil? Fernanda
percebe que há diferentes modos de enxergar a criança e que isso
Assimile
O conceito de infância constituiu-se historicamente, assim como a
necessidade da organização de instituições que se responsabilizassem com
a educação das crianças pequenas. Ainda em um contexto confuso, creche
e pré-escola tiveram funções distintas por muito tempo: à primeira caberia
o mero cuidado com as necessidades básicas, enquanto à segunda, a
responsabilidade por superar aspectos específicos de aprendizado, inclusive
preparar as crianças para o período da alfabetização. Atualmente, tem-se
clareza de que cuidar e educar são princípios indissociáveis e devem se
fazer presentes, constantemente, nos Centros de Educação Infantil.
Exemplificando
É possível perceber, nas brincadeiras das crianças, o quanto elas
desenvolvem a linguagem e regras próprias. Certa vez, ao observar um
grupo de crianças de 5 anos que estavam planejando uma brincadeira no
recreio, um menino disse que seria o capitão daquela vez. O seu colega
retrucou e respondeu que ele não poderia ser o capitão, pois este deveria
usar bermuda, e ele estava de calça. Era evidente que, em algum momento,
por algum motivo, a regra surgiu e, portanto, deveria ser respeitada.
Pesquise mais
Assista ao vídeo Criança, a alma do negócio, o qual trata a respeito da
influência da mídia sobre o comportamento consumista das crianças.
Diálogo aberto
Há tempos que o tema currículo é um ponto nevrálgico nas
discussões pedagógicas e educacionais, sendo um assunto
bastante debatido e sobre o qual os professores ainda apresentam
muitas dúvidas, afinal, o que é importante se tornar de domínio
de nossas crianças em um mundo com tanto conhecimento
desenvolvido? Como direcionar o processo de aprendizagem
diante dos conteúdos selecionados?
Após alguns cursos para compreender a forma mais adequada de
estabelecer os critérios para trabalhar com seus alunos e também após
muito refletir sobre quais necessidades possuem enquanto sujeitos em
formação, Fernanda estabeleceu a relação de que as crianças vivem
um momento único, que é a infância. Concluiu que, mesmo pequenos,
sofrem interferências do modo de produção que se estabelece na
sociedade atual e que há necessidade em organizar um planejamento
que venha ao encontro de uma nova perspectiva na constituição
social. Qual importância terá para Fernanda conhecer os anseios e as
aspirações de seus alunos? Qual é o papel de Fernanda no processo de
mediação do conhecimento dentre seus alunos de 5 anos, incluindo a
formação de sua identidade? Como os alunos de Fernanda concebem
o mundo? Como ela poderá organizar um currículo que atenda às
necessidades das crianças e as torne mais autônomas dentro de suas
capacidades, incluindo a construção de sua identidade?
Reflita
Nas interações que as crianças estabelecem em seu cotidiano, elas
se apropriam dos elementos naturais e sociais, vivenciam diversas
experiências e práticas e delas se apropriam de maneira informal. A isso
denominamos conhecimento de sendo comum. No entanto, se a escola,
espaço próprio pela socialização do saber, reduzir seu trabalho, tomando
tal conhecimento como ponto de partida e de chegada, qual será a função
da escola? A luta para garantir um espaço de desenvolvimento amplo,
complexo e integral como direito das crianças permeou o contexto
histórico do período da redemocratização da sociedade brasileira, sendo
que é dever de todo educador exigir as condições reais e objetivas para a
concretização da proposta curricular.
Exemplificando
A título de exemplificação, utilizamos uma citação do professor
Dermeval Saviani quanto à organização curricular normalmente
presenciada nas escolas:
<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=
download&alias=9769-diretrizescurriculares-2012&category_slug=
janeiro-2012-pdf&Itemid=30192>. Acesso em: 20 out. 2017.
a) Apenas I e II.
b) I, II, III e IV.
c) Apenas III.
d) Apenas III e IV.
e) Apenas II e III.
Planejamento, avaliação e
organização da Educação
Infantil
Convite ao estudo
A Unidade 2, denominada como Planejamento,
avaliação e organização da Educação Infantil, apresenta
reflexões, subdivididas em três seções, que tratam a respeito,
respectivamente, da necessidade de conceber o planejamento
na Educação Infantil como um momento imprescindível para o
alcance dos objetivos que se estabelecem para a primeira etapa
da Educação Básica, das concepções de avaliação que devem
permear o processo de ensino-aprendizagem e das formas de
organização do tempo e espaço.
Bons estudos!
Seção 2.1
O planejamento na Educação Infantil
Diálogo aberto
Caro estudante!
Reflita
Tendo em vista a complexidade do ato docente de planejar as atividades
pedagógicas na Educação Infantil, uma vez que há necessidade de
se pensar os aspectos cognitivo, afetivo e social, há de se pensar nas
condições objetivas que as políticas públicas educacionais possibilitam
aos professores. A realidade educacional brasileira é heterogênea e nem
todos os sistemas de ensino garantem o direito à hora-atividade, a fim
de permitir o tempo específico destinado ao planejamento e à seleção
de atividades significativas e recursos materiais. Dessa forma, o trabalho
do professor da Educação Infantil passa a ser precarizado, ou seja, ele
necessita utilizar seu tempo fora da instituição escolar, para organizar o
trabalho pedagógico. Quais consequências podem ser geradas quando
esse tempo necessário não é destinado no interior da própria instituição?
A falta desse tempo impossibilita a construção de um trabalho coletivo?
Exemplificando
Se o educador planeja as atividades de acordo com a ideia de que as
crianças aprendem através da memorização de conceitos; se mantém uma
atitude autoritária sem discutir com as crianças as regras do convívio em
grupo; se privilegia a ocupação dos espaços nobres das salas de aula com
armários (as quais somente ele tem acesso), mesas e cadeiras, a concepção
que revela é eminentemente fundamentada em uma prática pedagógica
tradicional. Na realidade, o espaço que se consolida é o retrato da relação
pedagógica estabelecida entre crianças e professor. Ainda exemplificando,
em uma concepção educacional tradicional que compreende o ensinar
e o aprender em uma relação de mão única, ou seja, o professor ensina
e o aluno aprende, toda a organização do espaço girará em torno da
necessidade do professor, desconsiderando os interesses, os anseios e
as perspectivas de conhecimento das crianças. Uma prática pedagógica
oposta também refletirá sua concepção (HORN, 2004).
Assimile
Por muito tempo, as instituições de Educação Infantil não tinham a
preocupação de organizar seus espaços atendendo as necessidades do
desenvolvimento infantil. O acesso aos materiais era de exclusividade
dos professores, assim como a exploração dos espaços disponíveis.
A partir do momento que a educação passa a ser um direito também
das crianças de 0 a 5 anos de idade, há a necessidade em repensar as
condições em que tal educação deve se desenvolver, com o intuito de
promover o pleno desenvolvimento de cada sujeito. Neste sentido, é que
as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil defendem
que o primeiro espaço educacional fora do âmbito familiar esteja inserido
em processo de constituição da democracia no país, respeitando a
Constituição Federal de 1988, pois são espaços em que se deve ampliar
os saberes e construir as identidades coletivas. Dessa forma, todos os
aspectos da instituição devem ser pensados, planejados e estruturados, a
fim de cumprirem com o objetivo a que se propõem, ou seja, espaços em
que a prática pedagógica reflete a proposta pedagógica, por meio de um
currículo entendido como um instrumento político, cultural e científico. A
intencionalidade do trabalho pedagógico é também refletido no espaço
oferecido, despertando ou não o interesse das crianças e o desejo por
vislumbrar um novo mundo que, aos poucos, se descortina.
Reflita
É importante que o professor reavalie constantemente o espaço disponível
aos seus alunos, levando em consideração não só o material, mas como as
crianças interagem entre si e com o espaço propriamente dito a partir dos
objetivos previstos. Nesse sentido, é importante refletir: como organizar
o espaço para o desenvolvimento de cada atividade? Como é melhor
dispor o mobiliário e estruturar este ambiente? Será mantê-lo em espaço
aberto, semiaberto ou fechado, de acordo com a atividade? Quais são as
qualidades estéticas possibilitadas pelo espaço em questão que ampliarão
os sentidos das crianças? É um ambiente propício a marcar cada forma de
expressão infantil? Permite o contato com elementos de outras culturas?
É um ambiente desafiador? É seguro e ao mesmo tempo promove o
desenvolvimento da autonomia? De quanto em quanto tempo deverá
ser modificado e tendo quais critérios? É importante sempre considerar a
proposta pedagógica da instituição, a qual é formulada de modo coletivo
e cooperativo?
Pesquise mais
É importante que o professor da Educação Infantil tenha clareza de
que há várias formas de organização do ambiente, com o propósito de
promover o pleno desenvolvimento de seus alunos. Sugerimos a você,
caro estudante, que acesse os links a seguir e amplie seus conhecimentos
a respeito do tema.
Diálogo aberto
A avaliação ainda é um tema bastante polêmico, e suas práticas,
muitas vezes, apresentam-se apenas no sentido de classificação.
Na Educação Infantil, esse compromisso docente é ainda mais
complexo, pois envolve muita observação e reflexão por parte
do professor e pouca possibilidade de declarações das próprias
crianças, dependendo da faixa etária com a qual se atua. A avaliação
faz parte do processo de planejamento, visto que se conclui na
reorganização das atividades, a fim de auxiliar na apropriação do
conhecimento ainda não dominado, portanto, envolve o Projeto
Político-Pedagógico. Dessa forma, o pedagogo assume uma função
ímpar de orientação às práticas avaliativas.
Pesquise mais
A avaliação é um tema ainda muito debatido no âmbito educacional.
Por isso, há necessidade de dedicar um tempo maior para ampliar seus
conhecimentos a respeito do assunto.
Disponível em:
Fundamentos, princípios e
currículo dos anos iniciais do
ensino fundamental
Convite ao estudo
Caro estudante! A Unidade 3, intitulada como Fundamentos,
princípios e currículo dos anos iniciais do ensino fundamental,
inaugura a discussão a respeito do ensino fundamental no Brasil,
mais especificamente, relaciona-se aos anos iniciais, ou seja,
do 1º ao 5º anos. Considerado um processo de escolarização
marcado por privilégios nas classes mais favorecidas e, nas
menos privilegiadas, constante motivo de luta, seja para o
acesso, a permanência, o sucesso e a qualidade.
• A concepção de pré-adolescência.
Reflita
Historicamente, no Brasil, a maioria da população foi excluída do
processo de escolarização. Por muito tempo, o acesso à educação
era um privilégio das classes favorecidas, sendo que pobres, negros
e indígenas eram proibidos de estudar. Podemos considerar que esse
processo de exclusão da maioria da população fez com que surgisse
uma cultura de desvalorização da escola pelas classes desfavorecidas,
a ponto de não se identificarem com esses espaços, ou seja, a exclusão
passou a ser compreendida como algo natural?
Assimile
Os documentos norteadores do ensino fundamental de nove anos
são as Diretrizes Curriculares Nacionais e a Base Nacional Comum
Curricular. Tais documentos procuram explicitar a importância social
da obrigatoriedade, do acesso e da permanência nesta modalidade de
ensino. A criança, entre 6 e 10 anos, passa por grandes modificações
neste período, e o professor de cada ano necessita compreendê-
la, pois, ainda vivendo plenamente a infância, possui necessidades
e interesses diferenciados dos das crianças da educação infantil, no
entanto, ainda têm a eminente necessidade de brincar. A forma de
concepção da infância reflete, também, no trabalho do professor.
Pesquise mais
O ensino fundamental é a etapa mais extensa da educação básica
brasileira. O professor que se dispõe a trabalhar com esse nível de
ensino deve atentar-se para algumas questões importantes. Uma delas,
a qual vemos como imprescindível, é o processo de adaptação da
criança de cinco anos no primeiro ano, uma vez que a criança ainda
possui seu processo de cognição específico correspondente à sua
idade, ou seja, as considerações que fazemos com relação à criança da
educação infantil valem para a criança do ensino fundamental também.
Exemplificando
Atualmente, o discurso pedagógico da pedagogia de projetos isenta
o papel do professor como mediador do conhecimento, dando-lhe
a posição de facilitador da aprendizagem, responsável por mediar as
situações de aprendizado, tal como os pressupostos da Escola Nova. O
papel do professor, de acordo com a pedagogia histórico-crítica, tendo
em vista a superação das mazelas da atual organização social no ensino
fundamental, é o de organizar o conteúdo a ser apreendido, selecionar a
metodologia e os instrumentos adequados ao domínio do conhecimento
das diversas áreas do saber acumulado pela humanidade. Na medida em
que o professor permite que o aluno “aprenda a aprender”, descaracteriza
seu papel enquanto mediador, deixando de interceder no processo
de construção do saber e, consequentemente, não permitindo o
desenvolvimento cognitivo adequado, pois a aprendizagem propulsiona
o desenvolvimento, e vice-versa.
Assimile
O ensino fundamental de nove anos é uma política pública
educacional, implantada pela Lei nº 11.274, de 6 de fevereiro de 2006.
A LDB nº 9.394/96 previa a ampliação do ensino fundamental e no
Plano Nacional de Educação (Lei nº 10.172, de 9 de janeiro de 2001).
A atual legislação tornou obrigatória a matrícula no 1º ano do ensino
fundamental de toda criança com seis anos de idade, estendendo-se
o processo de escolarização, também obrigatória, até os quatorze
anos de idade. Para que tal política seja de fato uma conquista aos
direitos da infância, há de se pensar nas condições necessária para o
atendimento às necessidades das crianças doa anos iniciais, como o
espaço e o tempo em que terão para seu pleno desenvolvimento. Não
basta ampliar somente o tempo que a criança está inserida no processo
de escolarização mas também as condições disponibilizadas para tal
processo. A criança deve ser compreendida em suas especificidades e,
caso a organização pedagógica do trabalho desconsidere as diferentes
concepções de escola e/ou se estruture a partir de uma concepção
que não leve em conta o espaço escolar como apropriação do saber,
mas como possibilidade de meramente “aprender a aprender, a função
social de ampliação do tempo escolar não atingirá seu propósito.
Pesquise mais
As diferentes concepções de escola que permeiam o ensino
fundamental determinam quais são as condições reais em que se
estabelece o processo de ensino-aprendizagem. Será a partir dessa
opção que o professor, fazendo uso de sua autonomia, poderá organizar
seu planejamento junto aos seus alunos, pois cada concepção define
uma metodologia específica. Para compreender melhor a abordagem
da pedagogia histórico-crítica, assista aos seguintes vídeos e organize
um esquema a respeito das ideias centrais levantadas pelos professores
Dermeval Saviani e Newton Duarte.
Reflita
Segundo o texto da Base Nacional Comum Curricular, “[...] os
currículos dos anos iniciais do Ensino Fundamental devem favorecer
a necessária articulação entre esses anos e as experiências vivenciadas
na Educação Infantil, considerando as culturas infantis tradicionais e
contemporâneas, valorizando as situações lúdicas de aprendizagem
que constituem o cerne das práticas desenvolvidas na primeira etapa
da Educação Básica” (BRASIL, 2010, [s.p.]).
Exemplificando
Ao estabelecer o currículo dos anos iniciais do ensino fundamental, é
necessário compreender a necessidade da superação dos conceitos
espontâneos sem, no entanto, desconsiderar sua importância. Para
isso, trouxemos o exemplo posto pelo próprio Vygotsky, ao exemplificar
ambos os conhecimentos:
Pesquise mais
Para aprofundar-se no posicionamento do currículo defendido pela
pedagogia histórico-crítica, acesse o vídeo do professor Dr. Newton
Duarte, em que trata sobre o que ensinar na educação escolar.
OBS.: para o aluno que tenha tempo disponível, sugerimos que assista
ao vídeo completo.
<http://cameraweb.ccuec.unicamp.br/watch_video.
php?v=WG6563OB9M31>. Acesso em: 24 dez. 2017 (Assistir entre
9min e 21min).
OBS.: para o aluno que tenha tempo disponível, sugerimos que assista
ao vídeo completo.
Planejamento, avaliação e
organização dos anos iniciais
do ensino fundamental
Convite ao estudo
Caro estudante,
Seção 1
Seção 2
Seção 3
Assimile
O ato de planejar está presente na vida do homem a todo instante.
Desde o momento em que acordamos estamos a planejar nosso dia e
nossas atividades. A importância do planejamento reside na condição
do homem em projetar suas ações, refletir sobre elas, avaliá-las e
reorganizá-las. Diferentemente dos animais que agem por instinto, os
homens têm a capacidade de prever o resultado de suas ações.
Pesquise mais
A fim de aprofundar tais questões, assista ao vídeo a seguir, o qual
trata das diferentes dimensões do planejamento. Procure anotar as
informações que considerar pertinentes.
Reflita
As políticas educacionais estão em constante mudança. Embora a Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96) garanta
o direito à educação, estamos no momento atual passando por
sérias modificações de financiamento, o que reflete diretamente no
planejamento educacional e escolar. O Plano Nacional da Educação,
aprovado em 2014, apresentava metas importantes, mas que já não
são possíveis de se realizar, considerando a conjuntura atual. Tendo em
vista o atual cenário, reflita a respeito das condições de organização da
educação brasileira quanto aos interesses políticos que a circundam
atualmente. Tendo em vista a aprovação do Projeto de Emenda
Constitucional 241, que reduz pelo período de 20 anos os custos com
a educação brasileira, quais são as metas do PNE que você considera
impossíveis de atingir quanto ao ensino fundamental? Acesse o Plano
Nacional de Educação, disponível em: <http://portal.mec.gov.br/
arquivos/pdf/pne.pdf>. Acesso em: 27 dez. 2017.
Exemplificando
As concepções filosóficas constantes no Projeto Político-Pedagógico
de uma instituição educacional refletem os objetivos que se pretende
atingir, ou seja, que tipo e homem se pretendem formar para que tipo
de sociedade. O planejamento curricular e o planejamento docente
devem estar em consonância com as respectivas perspectivas de
formação humana, ou seja, no caso do planejamento docente, há
necessidade de ser muito bem pesquisado, a fim de garantir-se, nos
anos iniciais do ensino fundamental, o pleno aprendizado dos alunos.
3. O planejamento não pode ser uma ação docente encarada como uma
atividade neutra, descompromissada e ingênua. Mesmo quando o docente
“não” planeja, ele traduz uma escolha política.
Reflita
Ao longo da história da educação brasileira, tivemos diferentes
políticas educacionais que foram, ao longo dos anos, se modificando
conforme as necessidades, alterando ou adaptando a sua estrutura.
Tais modificações e adaptações se deram em função do atendimento
às demandas sociais impostas pelo capital financeiro ou em função
de suas propostas de formação humana, almejando a construção
de uma sociedade mais justa? As políticas atuais apresentam de
fato a preocupação com a socialização do saber, papel exclusivo da
instituição escolar, garantindo o acesso aos conhecimentos ou há
outros interesses envolvidos?
Assimile
Escola de tempo integral não é sinônimo de escola de educação
integral, ou seja, não é em função do tempo disponibilizado à
educação das crianças que se assume a formação integral, muito
embora seja difícil que a escola forme integralmente o sujeito em um
tempo de escolarização parcial. Há ainda certa confusão com os dois
termos utilizados. A escola de tempo integral tem necessidade de uma
boa organização, recursos humanos e financeiros para promover a
educação integral de seus alunos. Infelizmente esta não é a realidade
com a qual nos deparamos atualmente no contexto educacional
brasileiro. A maioria dos sistemas de ensino que instituíram a escola de
tempo integral não deram as condições necessárias para a formação
integral. O que percebemos são projetos improvisados sem o devido
planejamento orçamentário que uma situação como esta exige. A
gestão escolar necessita organizar-se por conta para que seus projetos
sejam concretizados, o que caracteriza um sistema educacional
desigual, visto que as condições reais e objetivas de cada instituição
são extremamente diferenciadas.
Exemplificando
Uma escola que não apresenta o resultado de sua vida por seus pares,
que não promove eventos em que seja possível divulgar o trabalho
realizado por seus alunos representa não produzir conhecimentos.
Os espaços que a escola possui precisam registrar a vida da escola
e a comunidade deve ser convidada a partilhar. As diversas feiras (de
ciências, cultural), os festivais (de teatro, música, poesias) são ótimos
momentos para promover a socialização dos espaços da instituição,
bem como dos saberes neles produzidos.
Pesquise mais
Conforme dispõe o art. 34, parágrafo 2º da LDB, e o Plano Nacional
de Educação, dependendo das disponibilidades, o município ampliará
progressivamente a jornada escolar, visando implantar a escola de
tempo integral com professores e funcionários em número suficiente.
O atendimento em tempo integral e em condições adequadas será um
grande avanço para melhorar a qualidade da educação e proporcionar
o pleno desenvolvimento das crianças e adolescentes, através de
atividades e orientações diversificadas: desenvolvimento de práticas
esportivas, expressões artísticas, cuidados com a saúde e outras
ações socioeducativas. A Secretaria da Educação, a fim de atender
a estas necessidades, tem realizado projetos com outras secretarias
municipais, em horário diverso das aulas. Para tanto, é de extrema
importância termos estrutura física para estes atendimentos. A escola
pública atende a setores menos privilegiados e deve procurar soluções
alternativas para suprir as carências desta clientela.
a) V – F – F – V – V.
b) F – V – F – F – V.
c) V – V – V – F – F.
3. Para além dos limites postos, temos a clara certeza de que a escola de
tempo Integral é, hoje, o local privilegiado para desenvolver integralmente
o aluno, visando à sua emancipação plena como ser humano e não apenas
o preparando para o mercado de trabalho.
Reflita
A avaliação só tem função social quando está intimamente ligada a um
projeto de vida para os homens. Educa-se, ensina-se para a sociedade
que se deseja ver transformada (ou não). Se não existe projeto de
vida para os homens obterem o que ainda não foi alcançado, não há
Assimile
A avaliação formativa, para se estabelecer de forma coerente,
dependerá de sua antecessora, a avaliação diagnóstica, uma vez que
esta permite ao professor levantar dados diagnósticos do nível de
desenvolvimento real de seus alunos. Partindo desta análise, o professor
se instrumentaliza de elementos que lhe darão condições de organizar
seu planejamento, selecionar os procedimentos metodológicos e as
atividades a serem desenvolvidas e, enfim, obter elementos necessários
à avaliação formativa, com o firme propósito de conduzir o processo
ensino-aprendizagem com êxito.
3.
Nome do autor