José Roberto Alves Barbosa
José Roberto Alves Barbosa
José Roberto Alves Barbosa
ASPECTOS DA INTERLÍNGUA:
CONTRIBUIÇÕES PARA A AQUISIÇÃO DE L2
José Roberto Alves Barbosa∗
INTRODUÇÃO
Esse artigo tem como objetivo discutir a noção de interlingua nos diferentes aspectos
dos estudos lingüístico, discursivo, psicolingüístico e sociolingüístico, ressaltando as
contribuições dessas investigações, nesses diversos campos, para uma melhor compreensão
do processo de aquisição de Segunda Língua (L2).
1 O CONTINUUM INTERLINGÜÍSTICO
2 ASPECTOS LINGÜÍSTICOS
∗
Professor de Lingüística e Língua Inglesa na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN e
aluno do Programa de Pós-graduação em Lingüística da Universidade Federal do Ceará – UFC.
ANAIS DA XX JORNADA – GELNE – JOÃO PESSOA-PB 1228
3 ASPECTOS DISCURSIVOS
da L2. Long (1983), porém, acrescenta que essa teoria do input deve também levar em
conta a hipótese da interação, pois, segundo ele, o input compreensível se torna mais
eficiente quando é modificado através da negociação de significado. Isso acontece sempre
que os interlocutores indicam quando não se fazem compreendidos e, no decorrer da
interação, modelam, estrategicamente, as formas apropriadas da língua-alvo.
Essa negociação, segundo Hatch (1983), ocorre através do processo de andaimagem.
Isso acontece porque os aprendizes usam o próprio discurso a fim de ajudá-los a produzir
enunciados que eles não são capazes de produzir sozinhos. Essa teoria tem como base às
idéias do psicólogo russo Vygotsky. De acordo com sua proposta, um iniciante pode ser
capaz de solucionar problemas através da mediação de um par mais competente.
Vygotsky (1962) explica que a mediação é necessária para que os aprendizes possam,
através da atividade interpessoal, formar conceitos que não seriam capazes de fazê-lo sem a
interação com os outros. Dentro dessa abordagem, o conhecimento socialmente construído
na L2 torna-se, assim, condição necessária para o desenvolvimento do aprendiz nos
diferentes estágios da interlíngua.
4 ASPECTOS PSICOLINGÜÍSTICOS
5 ASPECTOS SOCIOLINGÜÍSTICOS
Tarone (1983) propõe que a interlíngua envolve um continuum estilístico. Para ela, os
aprendizes desenvolvem uma capacidade para usar a L2 que subjaz a “todo comportamento
lingüístico regular”. Esta capacidade, que constitui um “sistema lingüístico abstrato”, é
constituída por um número de estilos diferenciados que os aprendizes acessam, levando em
contas os fatores sociolingüísticos.
De um lado, se encontra o estilo mais cuidadoso, demonstrado quando o aprendiz faz
suas escolhas das formas lingüísticas conscientemente. Do outro lado, encontra-se o estilo
mais vernacular demonstrado quando os aprendizes estão fazendo escolhas espontâneas das
formas lingüísticas.
Ellis (1997) acredita que essa idéia de um contínuo estilístico é bastante atrativa. Isso
porque ela explica a variabilidade do uso lingüístico do aprendiz e sugere a existência de
uma gramática interlingüística, que, embora diferente da do falante nativo, é construída de
acordo com os mesmos princípios. Para reforçar essa teoria, Tarone (op. cit.) justifica que
essa não é uma especialidade apenas dos aprendizes de L2, já que também os falantes
nativos demonstram variações de estilos.
Outra teoria bastante produtiva sobre os aspectos sociolingüísticos da interlíngua foi
defendida por Schummann (1978). De acordo com o seu modelo de acomodação, quando
os aprendizes interagem socialmente, eles podem fazer com que sua fala seja semelhante à
do seu interlocutor (convergência) ou diferenciar-se do interlocutor (divergência) com o
objetivo de estabelecer uma identificação e/ou distinção social.
Shummann (op. cit.) propõe que, na aquisição de L2, ocorre um processo
interlingüístico resultante das línguas em contato, geralmente, denominado de pidginização.
Esse fenômeno acontece quando os aprendizes não conseguem obter bom êxito no processo
de aculturação do grupo da língua-alvo, ou, por outro lado, quando eles não demonstram
interesse de se adaptarem à nova cultura.
Uma abordagem mais crítica desse fenômeno tende a conceber o uso da interlíngua
oral como uma possibilidade do aprendiz demarcar a identidade social. É nesse sentido que
Pierce (1995) ressalta a natureza múltipla e contraditória do universo lingüístico. A
interlíngua dos aprendizes, a partir desse ponto de vista, pode ocorrer enquanto
posicionamento de sujeitos discursivos com o intuito de estabelecer um contradiscurso em
relação às metas estabelecidas em relação ao uso da língua alvo.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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1965.
CORDER, P. The significance of learners’ errors. IRAL, 5, 1967, pp. 161-170.
ELLIS, R. Second Language Acquisition. Oxford: Oxford University Press, 1997.
HATCH, E. ‘Simplified input and second language acquisition’ In ANDERSEN, R. (ed.)
Pidginization and Creolization as Language Acquisition. Newbury House, 1983.
KELLERMAN, E. “Now you see it, now you don’t’ GASS, S. & SELINKER, L. (eds.):
Language Transfer in Language Learning. Newbury House, 1983, pp. 113-114.
KRASHEN, S. The Input Hypothesis: Issues and Implications. Longman Publishing
Company, 1993.
LONG, M. ‘Native speaker/non-native speaker conversation and negotiation of
comprehensible input’ Applied Linguistics 4, 1983 pp. 126-141.
LONG, M. ‘Maturational constraints on language development’ in Studies in /second
Language Acquisition 2, 1990, pp. 273-274.
PEIRCE, B. N. ‘Social identity, investment, and language learning’ TESOL Quarterly 29,
1995, pp. 15-16.
SCHUMANN, J. The pidginization process: a model for Second Language Acquisition.
Newbury House, 1978.
SELINKER, L. ‘Interlanguage’. International Review of Applied Linguistics 10. 1972,
pp. 209-131.
TARONE, E. ‘On the variability of interlanguage systems’. Applied Linguistics 4, 1983,
pp. 143-163.
VYGOTSKY, L. S. Thought and language. Cambridge. Mass.: The MIT Press, 1962
(Translated by E. Hanfmann and G. Vakar).
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