Seminário VII - Módulo IV - Contribuições

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Seminário VII

CONTRIBUIÇÕES

Questões

1. Definir o conceito de “contribuição”. Quais as espécies de contribuição


existentes na CF/88? Que critério jurídico informa esta classificação
normativa?

Para mim o melhor conceito de contribuição tributo que independe de


contraprestação do estado, não restituível, e tem sua destinação fixada em lei.

Tem-se designado simplesmente por “contribuições” ou por


contribuições especiais” (para diferenciar das contribuições de melhoria) a espécie
de que cuida o art. 149 da Constituição. Já as subespécies são definidas em
atenção às finalidades que autorizam a sua instituição: (i) sociais, (ii) de
intervenção no domínio econômico ou interventivas, (iii)do interesse de categorias
profissionais ou econômicas e, (iv) de iluminação pública.

Ainda que o art. 4º do CTN determine que a natureza jurídica do


tributo será definida pelo fato gerador, sendo irrelevante para qualificá-la a
destinação legal do produto da arrecadação, existem outros critérios capazes de
infirmar a natureza jurídica do tributo, tais como a base de cálculo.

Desse modo, diferente do que determina o art. 4º do CTN, o critério


jurídico que informa a classificação normativa das contribuições é o da destinação
do produto da arrecadação, pois a partir desta premissa é possível classificar os
tributos em vinculados e não-vinculados. Ademais, a destinação do produto da
arrecadação é importante na definição das contribuições sociais, tendo em vista
que o desvio do produto da arrecadação que implique destinação para finalidade
diversa da que justificou a instituição do tributo, pode demonstrar a inexistência,
em concreto, da atividade que visa a custear ou sua realização em intensidade
desproporcional ao custeio, implicando a invalidade, total ou parcial, originária ou
superveniente, da exação.
2. Sobre a hipótese de incidência das contribuições, pergunta-se:

a) A União pode, na criação de contribuição com fundamento no art. 149


da CF, utilizar uma das materialidades que lhe foram atribuídas
constitucionalmente para a instituição de impostos?

Não há qualquer vedação constitucional para que a União, quando da


criação de contribuição se utilize de uma materialidade que tenha lhe sido
constitucionalmente atribuída para instituição de imposto, desde que guarde
relação com a finalidade que se pretende alcançar com a instituição da
contribuição. O que importa, na realidade, é a destinação do produto de sua
arrecadação e não a materialidade escolhida.

b) A hipótese de incidência destas contribuições pode abranger fatos


que, por ocasião da repartição constitucional de competências para a
instituição de impostos, foram atribuídos como materialidades próprias
dos Estados, Distrito Federal e Municípios?

Em razão da autonomia das contribuições (como espécie tributária), a


União poderá instituir contribuições que tenham como materialidades competências
atribuídas aos Estados e Municípios.

3. A destinação do produto da arrecadação tributária é relevante para a


classificação jurídica dos tributos e consequente definição das
contribuições? E a efetiva destinação da receita arrecadada a título de
contribuição é relevante para se caracterizar a legitimidade da
cobrança? Se os valores arrecadados a título de contribuição não forem
aplicados na destinação prescrita na lei, pode o contribuinte requerer
restituição do tributo pago? Sob qual fundamento? Justificar.

Segundo o exposto no artigo 4º do CTN, a destinação do produto


arrecadado é irrelevante para determinação de tributos como os impostos, as taxas
e as contribuições de melhoria, entendimento do qual eu comungo, eis que a sua
classificação jurídica é baseada no caráter de vinculação do aspecto material do
antecedente normativo.

Penso, ainda, que a afetação do produto a certas despesas ou


serviços trata-se de requisito exigido para o exercício da competência federal,
principalmente quanto à instituição das contribuições e dos empréstimos
compulsórios.

Assim, no tocante às contribuições, o produto da arrecadação será


destinado para custear a Seguridade Social, habitação, educação ou outra meta
prevista na Ordem Social ou nos direitos sociais, a serem atingidos pelo Estado
Democrático de Direito; iluminação pública municipal; a manutenção de entidades,
instituídas no interesse e categorias profissionais ou econômicas e para o
financiamento dos gastos de intervenção do Estado no domínio econômico.

Vale destacar que quando a arrecadação da contribuição especial não


for destinada a atingir os fins qualificados na Constituição, o sujeito passivo pode e
deve se opor à cobrança da contribuição especial, eis que eventual desvio de
destinação das receitas auferidas pela arrecadação da contribuição autoriza a
repetição de indébito tributário.

4. Por força do que prescreve o art. 195, I, “a”, da Constituição da


República, a legislação exige que o empregador recolha contribuição
sobre a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou
creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço.
Neste contexto, pergunta-se:

a) O que é “salário”? E “rendimentos do trabalho”?

Salário é a contraprestação devida pelo empregador em função do


serviço prestado pelo empregado. Objetivamente, salário é o preço da força de
trabalho que o empregado coloca à disposição do empregador através do contrato
de trabalho.

Já o conceito de rendimento de trabalho é amplo, incluído,


designadamente, todas as remunerações percebidas a título de ordenado,
vencimentos, salários, honorários, avenças, gratificações, subsídios, prémios,
comissões, participações, senhas de presença, emolumentos, participações em
multas, custas e outras remunerações acessórias. Incluem, ainda, os abonos para
falhas, os subsídios diários, de representação de viagem ou deslocações e
quaisquer outras importâncias de mesma natureza que excedam os limites fixados
para os funcionários do Estado, bem como as remunerações dos membros dos
órgãos estatutários das pessoas coletivas e os aumentos patrimonial, e despesas
efetivamente realizadas sem a devida comprovação da origem do rendimento. 

b) Levando em consideração a resposta, quais das parcelas abaixo estão


ou não sujeitas à incidência deste tributo, justifique: (i) os serviços
extraordinários (horas extras); (ii) terço constitucional; (iii) férias
indenizadas; (iv) aviso-prévio indenizado; (v) adicional de
insalubridade; (vi) adicional de periculosidade; (vii) adicional noturno;
(viii) auxílio-educação; (ix) auxílio-creche; (x) auxílio-doença; (xi)
salário-maternidade; (xii) prêmio assiduidade; (xiii) vale-transporte e
(xiv) descanso remunerado. (Vide anexo I).

Segundo o meu entendimento, penso que as seguintes verbas


salariais que estão sujeitas ao referido imposto são: horas extras (i), adicional de
insalubridade (v), adicional de periculosidade (vi), adicional noturno (vii) e prêmio
assiduidade (xii), haja vista que nelas existiu trabalho efetivamente prestado pelo
trabalhador. Entendo dessa forma, pois as demais verbas possuem caráter
iminentemente indenizatório.

5. A Lei Federal n. 10.865/04 instituiu a Contribuição para os Programas


de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público
incidente na importação de produtos estrangeiros ou serviços
(PIS/PASEP-Importação) e a Contribuição Social para o Financiamento
da Seguridade Social devida pelo importador de bens estrangeiros ou
serviços do exterior (COFINS-Importação). Analisando criticamente o
art. 7º da referida lei, e os enunciados constitucionais que atribuem
competência para a União instituir contribuições, bem como o conceito
de valor aduaneiro, pergunta-se:

a) É possível identificar um conceito constitucional de valor aduaneiro?


(Vide anexo VII).
Não, não é possível identificar um conceito constitucional de valor
aduaneiro, pois não existe nenhuma disposição expressa na CF nesse sentido, eis
que em seu texto a lei cria uma espécie de conceito próprio de valor aduaneiro, que
servirá para compor a base de cálculo do PIS-COFINS Importação.

b) O que compreende o valor aduaneiro para fins de quantificação do


PIS-Importação e da COFINS-Importação?

O valor aduaneiro conforme a lei acima é composto pelo imposto de


importação acrescido do valor do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de
Mercadorias e sobre prestação de serviços e transportes interestadual e Intermunicipal e
de Comunicação – ICMS, incidente no desembaraço aduaneiro e do valor das próprias
contribuições

c) É possível sustentar a inconstitucionalidade da base de cálculo do


PIS-Importação e da COFINS-Importação constante da Lei Federal n.
10.865/04, ou a sua ilegalidade, tendo em vista o que dispõe o art. 110
do CTN? (Vide anexos VIII e IX).

Sim, é possível sustentar a inconstitucionalidade da base de cálculo


do PIS-Importação e da COFINS-Importação, haja vista que conforme julgamento
do STF em realizado no dia 20/03/13, onde foi analisado o Recurso Extraordinário
nº 559.937/RS, o STF declarou a inconstitucionalidade da inclusão de ICMS, bem
como do PIS e da COFINS na base de cálculo dessas mesmas contribuições sociais
incidentes sobre a importação de bens e serviços.

6. Sobre as contribuições de intervenção no domínio econômico, pergunta-


se:

a) Que se entende por intervenção no domínio econômico? As causas de


intervenção estão restritas aos arts. 170 a 181 da Constituição
Federal?
Entendo que o melhor conceito de intervenção no domínio econômico
é a possibilidade do Estado de intervir nas relações sociais para que se cumpram os
princípios constitucionais da ordem econômica.

Já com relação à restrição ou não das causas de intervenção aos


artigos 170 a 181 da CF, entendo que as causas não estão restritas as hipóteses
previstas nos citados artigos, em virtude do dinamismo da sociedade.

São espécies do gênero contribuições especiais e têm como objetivo a


intervenção da União num determinado setor da economia. É um instrumento de
atuação na ordem econômica. Meio de regulação da economia, através da atuação,
fomento ou regulamentação. O tributo não pode ter caráter meramente
arrecadatório, daí o seu cunho extrafiscal.

b) O produto da arrecadação da CIDE deve ser legalmente destinado à


intervenção no setor econômico de que trata a contribuição (intervenção
positiva), ou pode ser instituída com finalidade de desestimular
determinada atividade, ou seja, com caráter extrafiscal (intervenção
negativa)?

Penso que a CIDE já foi elaborada com caráter eminentemente extra-


fiscal, todavia, como a arrecadação deve ser destinada ao próprio setor, não deixa
de ser um estímulo a própria atividade.

c) A sua materialidade e o sujeito passivo devem estar relacionados com


a destinação escolhida pelo legislador como forma de intervenção no
domínio econômico? (Vide anexo X).

Quanto à materialidade e o sujeito passivo estarem ou não


relacionados com a destinação escolhida pelo legislador, houve unanimidade quanto
à materialidade estar atrelada à destinação, mas divergência no tocante ao sujeito
passivo, pois quem abriu divergência o fez baseado na dificuldade de encontrar
demonstração fática de como retornaria ao sujeito passivo.

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