Metodologia Científica - Unidade 1

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 131

METODOLOGIA

CIENTÍFICA
UNIDADE 1
METODOLOGIA
CIENTÍFICA

UNIDADE 1
Sumário
APRESENTAÇÃO 04
INTRODUÇÃO 05
APRESENTAÇÃO DA UNIDADE 07
UM POUCO DE HISTÓRIA 08
CONCEITO DA PESQUISA CIENTÍFICA 12
CAMPO DA APLICAÇÃO CIENTÍFICA 20
MODALIDADES DE PESQUISA 24
MÉTODOS 32
TÉCNICAS 33
QUESTÕES DE FIXAÇÃO 44
BIBLIOGRAFIA 46
04 • 48 UNIDADE 1 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

Apresentação

A Pesquisa Científica faz parte do processo de for-


mação acadêmica de todo aluno. Independentemen-
te do curso escolhido, no final da sua graduação,
você terá de passar por essa etapa que é extrema-
mente desafiadora, mas também serve para que seu
conhecimento adquirido durante os anos de estudo
seja colocado em prática.

Isto posto, cabe à nossa instituição preparar todos


os futuros diplomados para realizarem esta etapa de
maneira produtiva e rica. O objetivo desta disciplina
é justamente ajudá-lo a investir seu tempo de ma-
neira objetiva para que o resultado seja o mais satis-
fatório tanto para o aluno quanto para a instituição.

Bons estudos!
UNIDADE 1 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 05 • 48

Introdução
A Metodologia Científica é um discurso sobre o ca-
minho que alguém deve percorrer se pretende fazer
ciência. Ou seja, a Metodologia Científica é uma dis-
ciplina que capacita alguém a avaliar métodos, identi-
ficando limitações e implicações que dizem respeito
às suas utilizações.

O método é uma série de preceitos abstratos que


regulam a ação; a metodologia é um conjunto de
procedimentos utilizados, uma técnica e sua teoria
geral. A metodologia avalia a aplicação do método
por meio de procedimentos e técnicas que garan-
tem a legitimidade do conhecimento obtido.

Assim, a metodologia se relaciona com a epistemo-


logia, um estudo que tem por objeto a própria ciên-
cia, os discursos e as técnicas específicas de cada
ciência em particular. Ela tem interesse pela descri-
ção e análise dos métodos, esclarece seus objetivos,
utilidade e consequências, compreendendo todo o
processo de pesquisa científica.

Não há uma visão linear, estática e homogênea da


investigação científica. Ou seja, não há um método
científico geral em que todas as ciências venham en-
contrar o seu lugar comum. Daí a importância e a
extensão da Metodologia Científica.
A Metodologia Científica é importante como disci-
plina porque ela desenvolve a capacidade do aluno
de observar, selecionar e organizar cientificamente
os fatos. Nesse sentido, seu conteúdo programático
deve pautar-se na compreensão da ciência enquanto
um trabalho de construção do conhecimento.
A palavra metodologia tem origem grega: meta signi-
fica ‘em direção a’; odos, ‘caminho’; logos, ‘discurso’.
06 • 48 UNIDADE 1 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

Os objetivos específicos da Metodologia Científica


segundo os autores Barros e Lehfeld (2007) são:

Análise das características essenciais, que permitem distinguir ciência de ou-


tras formas de conhecer, enfatizando o método científico e não o resultado;

Análise das condições nas quais o conhecimento é cientificamente cons-


truído, abordando os significados de postulados e atitudes da ciência hoje;

Criação de oportunidades especiais para o aluno comportar-se cientifica-


mente, levantando e formulando problemas, coletando dados para responder
aos questionamentos, analisando, interpretando e comunicando resultados;

Capacitação do aluno para que ele leia criticamente a realidade e produza


conhecimentos;

Criação de vetor de informações e referenciais para a montagem for-


mal e substantiva de trabalhos científicos: resenhas, monografias, artigos
científicos, etc.

Fornecimento de processos facilitadores à adaptação do aluno, integran-


do-o à universidade e colaborando para que ele consiga estudar da me-
lhor maneira possível.

A Metodologia Científica tem como finalidade a


formação do espírito científico. Isto quer dizer:
a leitura crítica do cotidiano, o uso sistemático
de técnicas de pesquisa, a documentação e, funda-
mentalmente, a tentativa constante de relação en-
tre a teoria metodológica e a prática da pesquisa.

A disciplina orienta o aluno no processo de in-


vestigação para que ele possa tomar decisões e
ser agente de seu aprendizado no processo de
investigação científica. É vital que o aluno saia da
faculdade com a habilidade essencial para fazer
da atitude investigativa uma prática não só aca-
dêmica como também cotidiana.
1
UNIDADE 1 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 07 • 48

Apresentação
da unidade

Seja bem-vindo à primeira unidade da Disciplina


Metodologia da Pesquisa Científica. Nesta primeira
unidade você vai aprender qual era o contexto his-
tórico quando o tema começou a se desenvolver
pelo mundo. Quais foram suas influências para que
se tornasse algo tão importante para os estudos
atuais?

Na sequência, introduziremos a metodologia da


pesquisa e seus conceitos, assim como métodos e
técnicas para facilitar o desenvolvimento do seu Tra-
balho de Conclusão de Curso.

Bons estudos!
08 • 48 UNIDADE 1 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

Um pouco
de história
Antes de entrarmos de cabeça em todos os deta-
lhes que giram em torno da Metodologia da Pesqui-
sa Científica, vale a pena introduzirmos o assunto
com um breve histórico. Por que, afinal, este tema
merece uma disciplina só pra ele?

Para estudar as origens dos métodos científicos


basta se aprofundar na história da ciência. Desde o
Egito Antigo já era possível observar métodos de
diagnósticos médicos, por exemplo. Assim como a
cultura da Grécia Antiga ou mesmo a filosofia Islâ-
mica já flertavam com o tema.

Mas foi no Século XVII que a metodologia cien-


tífica teve seu real desenvolvimento, com o pen-
samento do francês René Descartes e, poste-
riormente, com a participação empírica do físico

‘‘
inglês Isaac Newton.

Descartes propôs chegar à verdade através da CHEGAR À


dúvida sistemática e da decomposição do pro- VERDADE ATRAVÉS
blema em pequenas partes, características que DA DÚVIDA
definiram a base da pesquisa científica. (colocar SISTEMÁTICA E DA
essa frase em destaque)

Já o século XIX testemunhou o triunfo da ciência.


DECOMPOSIÇÃO
DO PROBLEMA
No domínio das ciências da natureza, o ritmo e o EM PEQUENAS
‘‘
número das descobertas foram enormes, saindo PARTES
dos laboratórios para as aplicações práticas: foi exa-
tamente quando aconteceu o encontro da ciência
com a tecnologia.
UNIDADE 1 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 09 • 48

Apoiado nos postulados do positivismo, o método


experimental (ou científico) assumiu o mesmo mé-
todo das ciências da natureza, tido como exemplar
na construção de conhecimentos rigorosamente
verificados e cientificamente comprovados.

O método experimental consiste em submeter um


fato à experimentação em condições de controle
e apreciá-lo coerentemente, com critérios de rigor,
mensurando a constância das incidências e suas
exceções. É importante admitir como científicos
somente os conhecimentos passíveis de apreensão
em condições de controle, legitimados pela experi-
mentação e comprovados pela mensuração.

Foi dessa forma que o homem começou a pro-


duzir conhecimento, tendo como modelo de
acesso à realidade o procedimento do experi-
mento científico. Este estipula critérios para jul-
gar quando o acesso é realmente alcançado e
quando não. Chegamos ao pensamento positivis-
ta, que tem como características principais:

EMPIRISMO

O conhecimento positivo parte da realidade como os sentidos a percebem e


ajusta-se a ela. Qualquer conhecimento que tem origem em crenças, valores ou
que resulte de ideias inatas parece suspeito.

OBJETIVIDADE

O conhecimento positivo deve respeitar integralmente o objeto do qual trata


o estudo, devendo reconhecê-lo tal como é. O pesquisador não deve, de modo
algum, influenciar esse objeto; deve intervir o menos possível e dotar-se de
procedimentos que eliminem ou reduzam os efeitos não controlados dessas
intervenções.
10 • 48 UNIDADE 1 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

EXPERIMENTAÇÃO

O conhecimento positivo repousa na experimentação. A observação de um fe-


nômeno leva o pesquisador a supor algo: a hipótese. Somente o teste dos fatos,
a experimentação, pode demonstrar sua precisão.

VALIDADE

A experimentação é rigorosamente controlada para afastar os elementos que


poderiam nela interferir, e seus resultados são mensurados com precisão, per-
mitindo que se chegue às mesmas medidas pela reprodução da experiência nas
mesmas condições.

DETERMINISMO

As leis e previsões estão inscritas na natureza, portanto, os seres humanos


estão, inevitavelmente, submetidos a elas. O conhecimento dessas leis permite
prever os comportamentos sociais e geri-los cientificamente.

No domínio do saber sobre o homem e a socie-


dade, desejava-se que conhecimentos tão confiá-
veis e práticos quanto os desenvolvidos para se
conhecer a natureza física fossem aplicados com
sucesso ao ser humano. Mas de qual conhecimen-
to estamos falando?

Sabemos que conhecer é estabelecer uma relação


entre aquele que quer saber, que se procura co-
nhecer. Quando alimentamos nosso conhecimento,
penetramos em novas realidades. Passamos a cons-
truir as várias dimensões do conhecimento quan-
do as atrelamos à nossa curiosidade. Temos então
diferentes tipos de conhecimento e cada um versa
especificamente sobre determinado ponto de vista:
UNIDADE 1 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 11 • 48

CONHECIMENTO SENSÍVEL
É todo aquele que é perceptível pelos órgãos do sentido, é comum ao
homem e aos outros animais em função de sua presença concreta.

CONHECIMENTO COMUM
Também conhecido como senso comum ou conhecimento empírico, é
transmitido de geração em geração. É aquela sabedoria corriqueira, que
faz parte da tradição cultural de um povo.

CONHECIMENTO FILOSÓFICO
Nele, não há apresentação de soluções definitivas, mas é um modelo que
habilita o homem a fazer uso das suas faculdades para entender o sentido
da vida. O uso da razão e da reflexão são muito bem vindos.

CONHECIMENTO TEOLÓGICO
É oposto ao filosófico, pois trata de verdades e princípios, muitas vezes
sem comprovação, que se transformam em dogmas. Eles são aceitos sem
questionamento, já que é uma aceitação movida pela fé.

CONHECIMENTO CIENTÍFICO
É extremamente objetivo. Explica os motivos de sua certeza, descreve os
fatos comprovados por meio de experiências ou observações.

Durante a revolução da ciência houve acumulação


de saberes, que formavam um conjunto de conheci-
mentos que precisava de ordem para não ser des-
perdiçado, surgindo assim o primeiro passo para o
nascimento do método cientifico.

Após tratar das dimensões do conhecimento, precisa-


mos entender qual é a metodologia que vai definir o
tipo de pesquisa que atende aos nossos objetivos. En-
tende-se por pesquisa: um conjunto de atividades inte-
lectuais que leva à descoberta de novos conhecimentos.
12 • 48 UNIDADE 1 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

TODA E QUALQUER PESQUISA POSSUI A FINALIDADE


DE DESCOBRIR RESPOSTAS PARA AS QUESTÕES QUE
INTRIGAM A CIENTISTAS E ESTUDIOSOS NA ÁREA

E é exatamente por esse motivo, para que você seja um grande estu-
dioso na área específica que escolheu para desenvolver seu projeto,
que essa disciplina foi criada. Nosso intuito é colaborar e facilitar
seu sucesso da melhor maneira possível. Vamos nos aprofundar no
assunto?

Conceito da
pesquisa científica
A pesquisa científica é uma atividade desenvolvida
pelos investigadores para novas descobertas, melho-
ria da qualidade da vida intelectual e da vida material.
As atividades de pesquisa requerem do investigador
o planejamento, o conhecimento e a adequação às
normas científicas. O estudo e a pesquisa estão pre-
sentes em toda a vida do acadêmico e, por isso, é
tão importante que o estudante compreenda algu-
mas questões a eles relacionadas. O desenvolvimen-
to de estudos científicos se torna uma experiência
prática e teórica do pesquisador e da comunidade
científica em que se insere, pois, assim, é possível re-
fletir sobre acontecimentos ocorridos na sociedade
da qual faz parte.
UNIDADE 1 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 13 • 48

A pesquisa tem por objetivo a produção de novos


conhecimentos através da utilização de procedi-
mentos científicos. Contribui para o trato dos pro-
blemas e processos do dia a dia nas mais diversas
atividades humanas, no ambiente de trabalho, nas
ações comunitárias, no processo de formação e ou-
tros. Diversos autores já publicaram suas percep-
ções e conceitos sobre pesquisa e muitos salientam
que é um processo de perguntas e investigação; é
sistemática e metódica; e que aumenta o conheci-
mento humano.

Sendo assim, é necessário compreender que a ciên-


cia, desenvolvida por meio da pesquisa, é um con-
junto de procedimentos sistemáticos, baseados no
raciocínio lógico, com o objetivo de encontrar solu-
ções para os problemas propostos mediante o em-
prego de métodos científicos e definição de tipos
de pesquisa.

O conhecimento torna-se uma premissa para o de-


senvolvimento do ser humano e a pesquisa como a
consolidação da ciência.

“A pesquisa, tanto para efeito científico como profissional, en-


volve a abertura de horizontes e a apresentação de diretrizes
fundamentais, que podem contribuir para o desenvolvimento
do conhecimento.” (OLIVEIRA, 2002, p. 62).
14 • 48 UNIDADE 1 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

Portanto, existe a possibilidade de o aluno-pesquisa-


dor desenvolver estudos científicos para construir
e gerar novos conhecimentos, mas, principalmente,
para contribuir com a evolução de informações em
uma determinada área de atuação profissional.

O pesquisador utiliza conhecimentos teóricos e práti-


cos. Para que isso ocorra, é necessário ter habilidades
para a utilização de técnicas de análise, entender os mé-
todos científicos e os procedimentos com o objetivo de
encontrar respostas para as perguntas formuladas.

Collis e Hussey (2005, p. 16) ressaltam que o objeti-


vo da pesquisa pode ser:

Revisar e Investigar
Fornecer
sintetizar o alguma situação
soluções para
conhecimento ou problema
um problema.
existente. existente.

Construir ou
Explorar e
criar um novo Explicar um
analisar questões
procedimento novo fenômeno.
mais gerais.
ou sistema.

Uma combinação
Gerar novo
de quaisquer
conhecimento.
dos itens acima.
UNIDADE 1 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 15 • 48

O aluno pesquisador necessita de métodos e pro-


cedimentos precisos, planejamento eficaz, critérios
e instrumentos adequados que passem confiança
e credibilidade tanto aos envolvidos no processo
quanto no resultado do trabalho.

O método da pesquisa e outras questões relaciona-


das ao seu estudo serão de acordo com o tipo de
trabalho que desenvolve, já que os resultados das in-
vestigações podem ser encontrados sob a forma de
trabalhos técnico científicos, publicados em revistas
científicas, em eventos e em instituições de Ensino
Superior.

É preciso compreender que a pesquisa consolida a


ciência de determinada área, divulgando, por meio
de trabalhos técnico-científicos nos cursos de gra-
duação e pós-graduação, os conhecimentos práticos
e teóricos descobertos por pesquisadores através
do uso de métodos científicos que impulsionam o
crescimento humano.

O pesquisador deve se preocupar então em estabe-


lecer um planejamento e execução da pesquisa, pois
essas duas características fazem parte de um proce-
dimento sistematizado que compreende etapas que
podem ser definidas como (LAKATOS; MARCONI,
2001; BARROS; LEHFELD, 2000; CERVO; BERVIAN,
2002):

Definição Formulação Determinação Fundamentação


A B C D Justificativa E
do tema do problema de objetivos teórica

PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO

Análise e Redação e
Coleta Conclusão
F Metodologia G H I discussão dos J apresentação
de dados dos resultados
resultados da pesquisa
16 • 48 UNIDADE 1 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

Inicialmente, o investigador deve se preocupar com


as três primeiras etapas (tema, problema e objeti-
vos) que são fundamentais para começar a pesquisa
e compõem o projeto de trabalho que será abor-
dado mais adiante. As demais etapas também serão
comentadas ao longo deste estudo.

Portanto, para o desenvolvimento adequado do es-


tudo científico, é necessário o planejamento cuida-
doso e a investigação de acordo com as normas da
metodologia científica, tanto aquela referente à for-
ma como a referente ao conteúdo.

INTERESSES E MOTIVAÇÕES DE PESQUISA

Como dito anteriormente, a pesquisa foca no estu-


do e na descoberta de novos conhecimentos e as-
suntos que são importantes para o avanço da huma-
nidade. Entretanto, a temática a ser estudada deve
ser também importante para o pesquisador, para
que ele tenha real interesse em seu desenvolvimen-
to e que se sinta motivado a ler, analisar, testar, rela-
tar e publicar seus estudos. Quanto mais interesse o
pesquisador tiver em determinado assunto e quan-
to mais ele quiser saber sobre algo, mais prazeroso
será seu desenvolvimento.

A produção do artigo é uma etapa importante na


vida acadêmica. Portanto, o estudante não deve en-
cará-la como uma obrigação. Para que a escrita não
se transforme num fardo, basta analisar com aten-
ção alguns fatores antes de começar. É fundamental
lembrar que a escolha deve fazer com que se sinta
realizado ao escrever sobre o assunto.
UNIDADE 1 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 17 • 48

Quando o autor da pesquisa não se motiva com o


assunto e não se sente instigado em estudar o tema,
possivelmente mais ninguém terá interesse. É preci-
so encarar este momento como uma oportunidade
de estudar e aprender mais sobre um tema que é
relevante para o pesquisador e/ou para a sociedade.

É possível selecionar um assunto a partir da análise


de alguns aspectos:

A) RELEVÂNCIA DO ASSUNTO:

Cervo e Bervian (2002, p. 74) apresentam que “o assunto de uma pesquisa é


qualquer tema que necessita melhores definições, melhor precisão e clareza do
que já existe sobre o mesmo”.

Deve-se pensar em uma justificativa para a realização do trabalho dentro da-


quele tema escolhido. Para isso, é preciso questionar se o tema é importante; se
é um novo método ou uma nova forma criada em algum mercado, se apresen-
tará soluções mais específicas e que tem relevância para uma determinada co-
munidade. É necessário apresentar ao leitor as contribuições práticas e teóricas
geradas por meio das formas sugeridas.

Apresente argumentos que convençam o leitor sobre a importância do seu


tema de pesquisa.

O assunto pesquisado deve ser atual, pois dificilmente alguém terá interesse
em ler, estudar, analisar e discutir sobre algo ultrapassado e que não irá ajudar
na construção do conhecimento. Por isto, o pesquisador deve se manter sem-
pre atualizado sobre o que está sendo estudado em sua área profissional e de
pesquisa.

Azevedo (1998) salienta alguns questionamentos importantes para se pensar


durante a escolha do tema: o que esta pesquisa pode acrescentar à ciência onde
se inscreve? (Relevância Científica); que benefício poderá trazer à comunidade
com a divulgação do trabalho? (Relevância Social); o que levou o pesquisador a
se iniciar e, por fim, escolher por este tema? (Interesse); em termos gerais, quais
são as possibilidades concretas de esta pesquisa vir a se realizar? (Viabilidade).
18 • 48 UNIDADE 1 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

B) INCLINAÇÕES E POSSIBILIDADES DA PESQUISA

As possibilidades de pesquisa podem ser consideradas quando se tem envolvimen-


to com o tema. Isso porque o grau de dificuldade para discuti-lo se torna menor
e, assim, o pesquisador conseguirá elaborar algumas etapas do trabalho com mais
rapidez. Ele deve estar ciente de que se escolher um tema com o qual não tem vín-
culo anterior algum, mesmo sendo desafiador e enriquecedor, pode proporcionar
frustração, em virtude do tempo e dos prazos que devem ser cumpridos.

É importante refletir sobre o conteúdo apresentado nas dis-


ciplinas cursadas, sejam elas na graduação ou pós-gra-
duação. Possivelmente o pesquisador encontrará algum Escolha
assunto interessante a ser discutido e que pode se do Tema

transformar em um artigo.

Pode-se buscar também um tema em seu ambiente


profissional, pois, muitas vezes, dessa realidade é pos-
sível extrair um tópico interessante de estudo. No
dia a dia é possível, por exemplo, perceber que al-
guns alunos da turma x têm dificuldades de apren-
dizagem. Então dá para pesquisar a dificuldade de
aprendizagem de um determinado grupo de alunos,
verificando os aspectos familiares, emocionais ou outros.

Outro exemplo: o pesquisador percebe que, em um determi-


nado setor da empresa onde atua, muitos funcionários desistem
do emprego e pedem demissão. Então, ele pode pesquisar sobre as
causas da alta rotatividade de funcionários no setor Y da empresa B.

Lembre-se de que quando se propõe a produzir conhecimento, deve-se fazê-lo


com dedicação, rigor científico, seriedade e comprometimento.

Aliás, a leitura de publicações da área de estudo em questão (revistas, livros,


dissertações, teses) pode despertar a curiosidade em aprofundar algum tema.

A escolha do tema da pesquisa geralmente é um momento de angústia para o


pesquisador. Este deve considerar alguns critérios, segundo Silva (2006) e Gil
(1996), apresentados a seguir:
UNIDADE 1 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 19 • 48

Conhecimento prévio de autores, temas, assuntos, matérias

Disponibilidade de tempo e de recursos para a pesquisa

Existência de bibliografia disponível sobre o assunto

Possibilidade de orientação e supervisão adequada dentro do assunto

Relevância e fecundidade do assunto


A definição do tema deverá ser guiada não apenas por razões intelectuais, mas por
questões como a instituição, o nível de conhecimento e a perspectiva profissional.

DELIMITAÇÃO DO TEMA

Após a escolha do assunto/temática a ser pesquisado(a), uma das tarefas iniciais


na elaboração do artigo deve ser a delimitação do tema. Nesse processo, é
preciso levar em conta alguns fatores. Caso o pesquisador não lhes dê atenção,
correrá o risco de descobrir, no meio do caminho, que a escolha foi equivocada.

Para a realização dessa etapa, não existem regras fixas. Porém, alguns encami-
nhamentos podem guiar o pesquisador nesse momento:

Identificar as publicações mais recentes sobre o tema;

Verificar os temas mais importantes para não ficar com muitos temas, mas
focar em um subtítulo;

Conversar com orientadores para concentrar-se nas informações mais relevantes.

Cervo e Bervian (2002) descrevem outras técnicas que podem ajudar no pro-
cesso de delimitação. Entretanto, elas podem não funcionar para alguns assuntos.

A primeira é a divisão do assunto em suas partes constitutivas. A segunda é a


definição da compreensão dos termos, que implica a enumeração dos elemen-
tos constitutivos ou explicativos que os conceitos envolvem. Fixar circunstân-
cias de tempo (quadro histórico, cronológico) e de espaço (quadro geográfico)
também contribui para indicar os limites do assunto.
20 • 48 UNIDADE 1 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

Por exemplo, o tema de qualidade total é muito amplo e deve ser delimitado.

A ideia da delimitação é segmentar o tema, como se fosse passa-lo em um funil.

A seguir, mostram-se alguns desdobramentos possíveis desse tema:

EXEMPLOS DE DELIMITAÇÃO DO TEMA: QUALIDADE TOTAL

- Aplicabilidade da - Implantação da - Análise da


Qualidade Total nas Qualidade Total nas implantação da
empresas têxteis de empresas metalúrgicas Qualidade Total na
Brusque de São Bernardo do hotelaria de Salvador
Campo

Ao se especificarem as informações (onde – em que região, cidade, estado?); em


que nível (no Ensino Fundamental, Médio ou Superior?) e qual o enfoque (esta-
tístico, filosófico, histórico, psicológico, sociológico?), indicam-se as circunstân-
cias para pesquisa e discussão. Ou seja, definem-se a extensão e a profundidade
do artigo.

Campo da
aplicação científica
Agora chegou a hora da investigação. O trabalho de
campo se apresenta como uma possibilidade de conse-
guirmos não só uma aproximação com aquilo que dese-
jamos conhecer e estudar, mas também de criar um co-
nhecimento, partindo da realidade presente no campo.

O cientista, em sua tarefa de descobrir e criar, ne-


cessita, em um primeiro momento, questionar. Esse
questionamento é que nos permite ultrapassar a sim-
ples descoberta para, através da criatividade, produzir
UNIDADE 1 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 21 • 48

conhecimentos. Quando definimos bem o campo de


interesse é possível partir para um rico diálogo com a
realidade. Assim, o trabalho de campo deve estar liga-
Conceito “A”
do a uma vontade e a uma identificação com o tema
a ser estudado, permitindo uma melhor realização da
pesquisa proposta.

A relação do pesquisador com os sujeitos a serem estu-


dados também é de extrema importância. Isso não signi-
fica que as diferentes formas de investigação não sejam
fundamentais e necessárias. Para muitos pesquisadores,
o trabalho de campo fica circunscrito ao levantamento Conceito “B”
e à discussão da produção bibliográfica existente sobre
o tema de seu interesse. Esse esforço de criar conheci-
mento não desenvolve o que originalmente considera-
mos como um trabalho de campo propriamente dito.

Essa forma de investigar, além de ser indispensável para a


pesquisa básica, nos permite articular conceitos e siste-
matizar a produção de uma determinada área de conhe- Conceito “C”
cimento. Ela visa criar novas questões num processo de
incorporação. Além dessas considerações, podemos di-
zer que a pesquisa bibliográfica coloca frente a frente os
desejos do pesquisador e os autores envolvidos em seu
horizonte de interesse. Esse esforço em discutir ideias
e pressupostos tem como lugar privilegiado de levanta-
mento as bibliotecas, os centros especializados e arqui- Ideia
vos. Nesse caso, trata-se de um confronto de natureza formulada
a partir da
teórica que não ocorre diretamente entre pesquisador bibliografia
e atores sociais que estão vivenciando uma realidade pe-
culiar dentro de um contexto histórico-social.

Após essas observações, é hora de nos aproximarmos mais da ideia


de campo que pretendemos explicitar. Para Minayo (1992), campo
de pesquisa é o recorte que o pesquisador faz em termos de espaço,
representando uma realidade empírica a ser estudada a partir das
concepções teóricas que fundamentam o objeto da investigação.
22 • 48 UNIDADE 1 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

A título de exemplo, podemos citar o seguinte


recorte: o estudo da percepção das condições
de vida dos moradores de uma comunidade. Para
esse estudo, a comunidade corresponde a um
campo empiricamente determinado. Além do re-
corte espacial, em se tratando de pesquisa social,
o lugar primordial é o ocupado pelas pessoas
e grupos convivendo numa dinâmica de intera-
ção social. Essas pessoas e grupos são sujeitos
de uma determinada história a ser investigada,
sendo necessária uma construção teórica para
transformá-los em objetos de estudo. Partindo
da construção teórica do objeto de estudo, o
campo torna-se um palco de manifestações de
intersubjetividades e interações entre pesquisa-
dor e grupos estudados, propiciando a criação
de novos conhecimentos.

Definido o objeto com uma devida fundamentação


teórica, construído instrumentos de pesquisa e deli-
mitado o espaço a ser investigado, faz-se necessário
concebermos a fase exploratória do campo para que
possamos entrar no trabalho propriamente dito. Se-
guindo esses passos, devemos observar alguns cui-
dados relativos à entrada no trabalho de campo.

A ENTRADA NO CAMPO

Vários são os obstáculos que podem dificultar ou até mesmo inviabilizar essa
etapa da pesquisa. Portanto, cabem algumas considerações:

1 Buscar aproximação com as pessoas da área selecionada para o estudo


Essa aproximação pode ser facilitada através do conhecimento de moradores
ou daqueles que mantêm sólidos laços de intercâmbio com os sujeitos a serem
estudados. De preferência deve ser uma aproximação gradual, onde cada dia
de trabalho seja refletido e avaliado, com base nos objetivos preestabelecidos.
É fundamental consolidarmos uma relação de respeito efetivo pelas pessoas e
pelas suas manifestações no interior da comunidade pesquisada.
UNIDADE 1 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 23 • 48

2 Apresentar proposta de estudo aos grupos envolvidos


É importante estabelecer uma situação de troca. Os grupos devem ser escla-
recidos sobre aquilo que pretendemos investigar e as possíveis repercussões
favoráveis advindas do processo investigativo. É preciso termos em mente que
a busca das informações que pretendemos obter está inserida num jogo coo-
perativo, onde cada momento é uma conquista baseada no diálogo e que foge
à obrigatoriedade. Ou seja, os grupos envolvidos não são obrigados a uma co-
laboração sob pressão, até porque isso caracterizaria um processo de coerção,
que inviabilizaria a efetiva interação.

3 Dar atenção à postura em relação ao problema a ser estudado


Às vezes o pesquisador entra em campo considerando que tudo o que vai
encontrar serve para confirmar o que ele considera já saber, ao em vez de
compreender o campo como possibilidade de novas revelações. Esse compor-
tamento pode dificultar o diálogo com os elementos envolvidos no estudo,
além de poder gerar constrangimentos entre pesquisador e grupos envolvidos
e poder implicar no surgimento de falsos depoimentos.

4 Ter cuidado teórico-metodológico com a temática a ser explorada


A atividade de pesquisa não se restringe ao uso de técnicas refinadas para
obtenção de dados. Assim, a teoria informa o significado dinâmico daquilo que
ocorre e que buscamos captar no espaço em estudo. Para conseguirmos um
bom trabalho de campo, há necessidade de se ter uma programação bem defi-
nida de suas fases exploratórias e de trabalho de campo propriamente dito. É
no processo desse trabalho que são criados e fortalecidos os laços de amizade,
bem como os compromissos firmados entre o investigador e a população in-
vestigada, propiciando o retomo dos resultados alcançados para essa população
e a viabilidade de futuras pesquisas.
24 • 48 UNIDADE 1 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

Modalidades
de pesquisa
A pesquisa é uma atividade direcionada para a
elucidação de problemas por meio da utilização
de procedimentos científicos. Dessa forma, ao de-
senvolver uma pesquisa, é necessária a compreen-
são das modalidades da pesquisa, bem como das
formas de coleta e análise de dados.

Um documento científico se inicia com uma intro-


dução, seguida pelo desenvolvimento (delimitação
do tema, a definição dos objetivos de estudo, pro-
cedimentos metodológicos, fundamentação teóri-
ca, análise e interpretação das informações cole-
tadas), considerações finais e referências.

Assim, é comum que o aluno-pesquisador questio-


ne: quais as características do meu estudo? Que
tipo de pesquisa pretendo desenvolver? Qual a
necessidade de aplicação de questionários ou en-
trevistas para este tema? Como devo coletar e
apresentar os dados? É necessário fundamentar
meu trabalho com literaturas?

A elaboração de pesquisas pode ser, para o aca-


dêmico ou pesquisador, uma experiência prática,
para que busquem refletir, sistematizar e testar os
conhecimentos teóricos e instrumentais aprendi-
dos durante o ensino formal e de pesquisa.

Portanto, a pesquisa propõe uma reflexão de fatos


e dados, estimulando o estudante a analisar e jul-
gar, quando oportuno, de forma ética e profissional,
ampliando seus conhecimentos. Seu espírito crítico
UNIDADE 1 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 25 • 48

e ético lhe possibilitará que se destaque na procura


de soluções para os problemas da sociedade em
que vive e aceite suas responsabilidades sociais.

Muitos autores já publicaram suas percepções e


conceitos sobre pesquisa e vários salientam que
essa é um processo de perguntas e investigação; é
sistemática e metódica; e aumenta o conhecimen-
to humano (COLLIS; HUSSEY, 2005).

“A pesquisa parte [...] de uma dúvida ou problema e, com o


uso do método científico, busca uma reposta ou solução.”
(CERVO; BERVIAN, 2002, p. 63).

Assim, o pesquisador utilizará seus conhecimen- Introdução


tos teóricos e práticos. Para tal, é necessário que
tenha habilidades para a utilização de técnicas de Delimitação
do Tema
análise, que entenda os métodos científicos e os
procedimentos para que possa atingir o objeti- Definição
vo de encontrar respostas para as perguntas for- dos Objetivos
de Estudo
muladas no estudo. É importante lembrar que a
pesquisa científica é uma atividade que se volta Procedimentos
Metodológicos
ao esclarecimento de situações-problema ou no-
vas descobertas. Dessa forma, é indispensável que Fundamentação
se use processos científicos que, por sua vez, são Teórica
bem diversos, dependendo do campo de conhe- Análise e
cimento. Interpretação
das Informações
Coletadas
O artigo científico também deve apresentar os
caminhos e formas utilizados no estudo. Assim, é Considerações
importante citar as modalidades ou tipos da pes- Finais
quisa e características do trabalho. Referências

Conforme Gil (1999), as pesquisas podem ser


classificadas quanto:
26 • 48 UNIDADE 1 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

às bases lógicas da investigação (métodos de-


dutivo, indutivo, hipotético-dedutivo, dialético ou
fenomenológico)

à natureza da pesquisa (básica ou aplicada);

à abordagem do problema (qualitativa ou quan-


titativa, ou ambas combinadas);

à realização dos objetivos (descritiva, explora-


tória ou explicativa);

ao propósito da pesquisa (aplicada, avaliação de


resultados, avaliação formativa, proposição de
planos ou pesquisa-diagnóstico)

aos procedimentos técnicos (bibliográfica, docu-


mental, levantamento, estudo de caso, participante,
pesquisa ação, experimental e ex-post-facto).

DO PONTO DE VISTA DAS BASES LÓGICAS DA INVESTIGAÇÃO,


PODE SER:

Método dedutivo: parte de um conhecimento geral para entender algo es-


pecífico. Nesse caso, a verdade da premissa (conhecimento geral) é suficiente
para garantir a verdade da conclusão (conhecimento específico).

Método indutivo: parte do pressuposto de que o conhecimento deve ser cons-


truído com base na experiência, sem levar em conta princípios preexistentes. Desse
ponto de vista, criamos generalizações quando fazemos observações e experimentos
concretos. Ao contrário do dedutivo, o método indutivo parte do específico para o
geral, tirando conclusões abrangentes com base em casos particulares. Como o con-
teúdo da conclusão geral é maior que o conteúdo das premissas, não se pode dizer
que a verdade das premissas garanta a verdade da conclusão.

Método hipotético-dedutivo: toda vez que não temos resposta para uma
pergunta, estamos diante de um problema. Para solucioná-lo, devemos formular
hipóteses. Mas será que as hipóteses bastam para acabar com a dúvida? Não.
UNIDADE 1 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 27 • 48

Elas precisam ser testadas ou falseadas. Segundo Popper, o cientista deve olhar
com suspeita para todas as afirmações que escuta por aí. Elas só devem ser
consideradas verdadeiras depois de aprovadas no teste de falseabilidade.

Método dialético: parte do princípio que não existe uma verdade absoluta,
esperando que algum cientista possa desvendá-la. De acordo com a dialética, as
teses devem ser sempre colocadas em uma espécie de ringue. A finalidade é fazer
com que ideias opostas “lutem” uma contra a outra até que tenhamos uma nova
solução para o problema em estudo. Depois de chegarmos à nova solução (sínte-
se), devemos fazer com que ela “brigue” com sua antítese, e assim por diante. Na
ótica do método dialético, a construção do conhecimento nunca chega ao fim: o
importante é manter acesa a chama da reflexão e sempre colocar à prova nossas
conclusões. É um método bastante útil em pesquisas qualitativas.

Método fenomenológico: busca descrever o fenômeno do jeito que ele é.


Isso não é feito por meio da indução nem por meio da dedução, mas com a
ajuda da interpretação. A ideia não é descobrir uma verdade ou revelar o que
antes era um mistério para a ciência: o importante é interpretar o mundo à nos-
sa volta, refletindo sobre ele. Essa reflexão é um processo bastante subjetivo,
que varia de pessoa para pessoa. Portanto, não devemos esperar que estudos
diferentes cheguem sempre à mesma conclusão. O método fenomenológico é
frequentemente utilizado na pesquisa qualitativa.

DO PONTO DE VISTA DA SUA NATUREZA, PODE SER:

Pesquisa Básica: objetiva produzir conhecimentos no-


vos, úteis para o avanço da ciência sem aplicação
prática prevista. Envolve verdades e interesses
universais. Assim, o pesquisador busca satisfa-
zer uma necessidade intelectual pelo conheci-
mento e sua meta é o saber.

Pesquisa Aplicada: gera conhecimen-


tos para aplicação prática, dirigidos à so-
lução de problemas específicos. Envolve
interesses locais. A pesquisa visa à apli-
cação de suas descobertas na solução de
um problema.
28 • 48 UNIDADE 1 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

DO PONTO DE VISTA DA FORMA DE ABORDAGEM DO PROBLEMA


PODE SER:

Pesquisa Quantitativa: considera que tudo pode ser quantificável, o que


significa traduzir em números opiniões e informações para classificá-los e anali-
sá-los. Requer o uso de técnicas estatísticas e de recursos (percentagem, média,
moda, mediana, desvio padrão, coeficiente de correlação, e outros).Assim, a pes-
quisa quantitativa é focada na mensuração de fenômenos, envolvendo a coleta e
análise de dados numéricos e aplicação de testes estatísticos.

Pesquisa Qualitativa: considera que há uma relação dinâmica entre o mun-


do real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a
subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A interpre-
tação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo
de pesquisa qualitativa. Não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas.
O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o
instrumento chave. A pesquisa qualitativa utiliza técnicas de dados como a ob-
servação participante, história ou relato de vida, entrevista e outros.

DO PONTO DE VISTA DE SEUS OBJETIVOS, PODE SER:

Pesquisa Exploratória: proporciona maior proximidade com o problema, vi-


sando torná-lo explícito ou definir hipóteses. Procura aprimorar ideias ou des-
cobrir intuições. Possui um planejamento flexível, envolvendo, em geral, levanta-
mento bibliográfico, entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas
com o problema pesquisado e análise de exemplos similares. Assume as formas
de pesquisas bibliográficas e estudos de caso. Esse tipo de pesquisa é voltado
para pesquisadores que possuem pouco conhecimento sobre o assunto pes-
quisado, pois, geralmente, há pouco ou nenhum estudo publicado sobre o tema.

Pesquisa Descritiva: visa descrever as características de determinada população


ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis.A forma mais comum
de apresentação é o levantamento, em geral realizado mediante questionário ou ob-
servação sistemática, que oferece uma descrição da situação no momento da pesqui-
sa. Metodologia indicada para orientar a forma de coleta de dados quando se preten-
de descrever determinados acontecimentos. É direcionada a pesquisadores que têm
conhecimento aprofundado a respeito dos fenômenos e problemas estudados.
UNIDADE 1 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 29 • 48

Pesquisa Explicativa: aprofunda o conhecimento da realidade porque


explica a razão, o porquê das coisas e, por isto, é o tipo mais complexo e
delicado, já que o risco de cometer erros aumenta consideravelmente. Visa
identificar os fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência
dos acontecimentos. Caracteriza-se pela utilização do método experimen-
tal (nas ciências físicas ou naturais) e observacional (nas ciências sociais).
Geralmente, utiliza as formas de Pesquisa Experimental e Ex-post-facto. Mé-
todo adequado para pesquisas que procuram estudar a influência de deter-
minados fatores na determinação de ocorrência de fatos ou situações.

DO PONTO DE VISTA DO PROPÓSITO DA PESQUISA, PODE SER:

Pesquisa aplicada: é usada para estudar o problema em um contexto,


buscando soluções para os desafios enfrentados nesse ambiente específico.
Esse tipo de pesquisa é bem ligado à prática, mas nem por isso pode deixar
de incluir uma reflexão teórica.

Avaliação de resultados: avaliar nada mais é do que atribuir valor. Para


isso, é preciso escolher critérios para avaliação. Dependendo do caso, a ava-
liação pode incluir uma comparação. O mais indicado é fazer uma avaliação
de resultados para comparar o antes e o depois de cada etapa.

Avaliação formativa: o objetivo é aperfeiçoar um processo ou um siste-


ma. Isso só é possível quando o pesquisador está familiarizado com o objeto
de estudo e tem condições de mudá-lo. Em primeiro lugar, é necessário
fazer um diagnóstico do sistema, identificando os problemas e as oportu-
nidades que não são aproveitadas. Depois, é hora de traçar um plano para
eliminar os pontos fracos e melhorar o sistema como um todo.

Proposição de planos: serve para solucionar os problemas de uma or-


ganização e planejar o que vai ser feito daquele momento em diante. Os
planejamentos financeiros e de marketing são exemplos disso.

Pesquisa-diagnóstico: é indicada quando queremos avaliar a situação


interna ou externa de uma organização. Você pode fazer um diagnóstico in-
terno sobre o desempenho econômico da empresa ou levantar informações
sobre os mercados onde ela pode entrar no futuro (diagnóstico externo).
30 • 48 UNIDADE 1 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

DO PONTO DE VISTA DOS PROCEDIMENTOS TÉCNICOS, PODE


SER:PODE SER:

Pesquisa Bibliográfica: utiliza material já publicado, constituído basicamente de


livros, artigos de periódicos e, atualmente, com informações disponibilizadas na in-
ternet. Quase todos os estudos fazem uso do levantamento bibliográfico e algumas
pesquisas são desenvolvidas exclusivamente por fontes bibliográficas. Sua principal
vantagem é possibilitar ao investigador a cobertura de uma gama de acontecimen-
tos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente.

• Pesquisa Documental: elaborada a partir de materiais que não receberam


tratamento analítico, documentos de primeira mão, como documentos oficiais,
reportagens de jornal, cartas, contratos, diários, filmes, fotografias, gravações etc.,
ou, ainda, documentos de segunda mão que, de alguma forma, já foram analisados,
tais como: relatórios de pesquisa, relatórios de empresas, tabelas estatísticas etc.

• Levantamento: envolve a interrogação direta de pessoas cujo comporta-


mento em relação ao problema estudado se deseja conhecer para, em seguida,
mediante análise quantitativa, identificar as conclusões correspondentes aos
dados coletados. O levantamento feito com informações de todos os integran-
tes do universo da pesquisa origina um censo. O levantamento usa técnicas
estatísticas, análise quantitativa, permite a generalização das conclusões para o
total da população e, assim, para o universo pesquisado, permitindo o cálculo da
margem de erro. Os dados são mais descritivos que explicativos.

• Estudo de Caso: envolve o estudo profundo e exaustivo de


um ou poucos objetos de maneira que se permita o seu am-
plo e detalhado conhecimento. O estudo de caso pode
abranger análise de exame de registros, observação de
acontecimentos, entrevistas estruturadas e não estrutu-
radas ou qualquer outra técnica de pesquisa. Seu objeto
pode ser um indivíduo, um grupo, uma organização,
um conjunto de organizações ou, até mesmo, uma
situação. A maior utilidade do estudo de caso é
verificada nas pesquisas exploratórias. Por sua fle-
xibilidade, é sugerido nas fases iniciais da pesquisa
de temas complexos para a construção de hipóteses
ou reformulação do problema.
UNIDADE 1 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 31 • 48

Pesquisa-Ação: concebida e realizada em estreita associação com uma


ação ou com a resolução de um problema coletivo. Os pesquisadores e partici-
pantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo
cooperativo ou participativo. Implica o contato direto com o campo de estudo,
envolvendo o reconhecimento visual do local, a consulta a documentos diversos
e, sobretudo, a discussão com representantes das categorias sociais envolvidas
na pesquisa. É delimitado o universo da pesquisa e recomenda-se a seleção de
uma amostra. É importante a elaboração de um plano de ação envolvendo os
objetivos que se pretende atingir, a população a ser beneficiada, a definição de
medidas, procedimentos e formas de controle do processo e de avaliação de
seus resultados.

Pesquisa Participante: realizada através da integração do investigador, que


assume uma função no grupo a ser pesquisado, mas sem seguir a uma proposta
pré-definida de ação. A intenção é adquirir conhecimento mais profundo do
grupo. O grupo investigado tem ciência da finalidade, dos objetivos da pesquisa
e da identidade do pesquisador. Permite a observação das ações no próprio
momento em que ocorrem. Esta pesquisa necessita de dados objetivos sobre a
situação da população. Isso envolve a coleta de informações socioeconômicas
e tecnológicas que são de natureza idêntica aos adquiridos nos tradicionais es-
tudos de comunidades. Estes dados podem ser agrupados por categorias como:
geográficos, econômicos, educacionais e outros.

Pesquisa Experimental: quando se determina um objeto de estudo, sele-


cionam-se as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, definem-se as formas
de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto. A pes-
quisa experimental necessita de previsão de relações entre as variáveis a serem
estudadas e o seu controle. Desta forma, na maioria das situações, é inviável
quando se trata de objetos sociais. É geralmente utilizada nas ciências naturais.

Pesquisa Ex-Post-Facto: quando o “experimento” se realiza depois dos


fatos. O pesquisador não tem controle sobre as variáveis. É um tipo de pesquisa
experimental, diferindo apenas pelo fato do fenômeno ocorrer naturalmente
sem que o investigador tenha controle sobre ele. Ou seja, o pesquisador é um
mero observador do acontecimento. Assim, o pesquisador deve citar e explicar
os tipos de pesquisa que o estudo trata, justificando cada item de classificação
e a relação com o tema e objetivos da pesquisa. Deve-se fazer uso de citações
para enriquecer a argumentação. Toda e qualquer fonte deve ser referenciada,
precisando data e página, quando tratar-se de citação direta.
32 • 48 UNIDADE 1 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

Métodos
“Métodos são técnicas suficientemente gerais para se torna-
rem comuns a todas as ciências ou a uma significativa parte
delas.” Robert Kaplan (1969)

A pesquisa científica exige uma organização para


que realmente saia do papel e atinja seu objetivo
final. Para isso é preciso que o aluno conheça e saiba
executar os métodos de procedimento. Os méto-
dos mais utilizados nos projetos acadêmicos, e suas
respectivas características, são:

MÉTODO HISTÓRICO Investiga eventos do passado a fim de compreender


os modos de vida do presente, que só podem ser explicados a partir da recons-
trução da cultura e da observação das mudanças ocorridas ao longo do tempo.

MÉTODO ESTATÍSTICO No campo biológico, verifica as variabilidades das


populações; no campo cultural, levanta diversificações dos aspectos culturais.
Os dados, depois de coletados, são reduzidos a termos quantitativos, demons-
trados em tabelas, gráficos, quadros, etc.

MÉTODO ETNOGRÁFICO Refere-se à análise descritiva das sociedades hu-


manas e grupos sociais (de pequena escala). Mesmo o estudo descritivo requer
alguma generalização e comparação, implícita ou explícita. Refere-se a aspectos
culturais e consiste no levantamento e na descrição de todos os dados possíveis
sobre as sociedades e grupos, com a finalidade de conhecer melhor seus estilos
de vida e cultura específica.

MÉTODO COMPARATIVO OU ETNOLÓGICO Método Comparativo ou


Etnológico – Permite verificar diferenças e semelhanças apresentadas pelo material
coletado. Compara padrões, costumes, estilos de vida, culturas.Verifica diferenças e
semelhanças a fim de obter melhor compreensão dos grupos sociais pesquisados.
UNIDADE 1 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 33 • 48

MÉTODO MONOGRÁFICO OU ESTUDO DE CASO Estudo em profun-


didade de determinado caso ou grupo humano, sob todos os seus aspectos.
Permite a análise de instituições, de processos culturais e de todos os setores
da cultura.

MÉTODO GENEALÓGICO Estudo do parentesco com todas as suas im-


plicações sociais: estrutura familiar, relacionamento de marido e mulher, pais
e filhos e demais parentes; informações sobre o cotidiano, a vida cerimonial
(nascimento, casamento, morte), etc.

Técnicas
“Técnica é um conjunto de preceitos ou processos de que se
serve uma ciência ou arte; é a habilidade para usar esses pre-
ceitos ou normas, a parte prática.Toda ciência utiliza inúmeras
técnicas na obtenção de seus propósitos.” Eva Maria Lakatos
e Marina de Andrade Marconi (1990)

A técnica identifica-se com a parte prática da pes-


quisa. É comum haver confusão entre os métodos
e as práticas da pesquisa. Mas é possível definir da
seguinte maneira: enquanto o método é constituí-
do de procedimentos gerais, extensivos às diversas
áreas do conhecimento, a técnica abrange proce-
dimentos mais específicos, em determinada área
do conhecimento.Vários são os itens fundamentais
nas técnicas de pesquisa:

COLETA DE DADOS:

Neste item, é necessário que o aluno pesquisador


apresente como foi organizada e operacionalizada
a coleta dos dados relativos ao processo de pes-
quisa. Todas as formas que usou de coleta devem
34 • 48 UNIDADE 1 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

ser mencionadas (leituras, entrevistas, questionários,


documentos, observação), assim como quais fontes
foram utilizadas na coleta dos dados (identificando o
ambiente, a população e a amostra para a pesquisa).

Os modelos de coleta mais comuns são:



A Coletas bibliográficas: o aluno precisa apresentar o tema proposto, fun-
damentando-o com uma revisão crítica de fontes de pesquisa relacionadas ao
tema macro (área de estudo/tema/delimitação do tema) e micro (referente aos
objetivos). Para tal, deve relacionar sua visão sobre o tema fundamentado aos
acontecimentos atuais e trabalhos já realizados na área, bem como a opiniões
de autores.

A fundamentação teórica, revisão da literatura ou revisão bibliográfica apresen-


ta os conceitos teórico-empíricos que nortearam o trabalho. Pode-se pontuar
através das referências utilizadas as ideias com as quais o aluno compactua ou
não, entretanto, deve-se utilizar outro(s) autor(es) para estabelecer o confron-
to, se houver. O texto deve ser construído expressando as leituras e diálogos
teóricos com os autores pesquisados.

O aluno pode construir seu texto preocupando-se em:

Produzi-lo a partir do maior número possível de material bibliográfico publicado.

Usar material e informações de primeira mão, evitando o uso do apud. (Sig-


nifica citado por material de segunda mão. É uma informação de um autor e
citado pelo autor em que você está pesquisando.)

Contemplar, apenas, os trabalhos pertinentes e relacionados ao tema, sem


desviar do foco de pesquisa.

Restringir-se não apenas às ideias veiculadas nos livros técnico-científicos.

Apresentar as publicações de periódicos especializados.

B Coletas documentais: é comum, em algumas áreas de conhecimento, a co-


leta de dados em prefeituras, organizações governamentais ou, então, em seto-
res específicos de empresas privadas. Estas informações devem ser comentadas
UNIDADE 1 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 35 • 48

no texto com as mesmas regras metodológicas das literaturas, já que possuem


autoria. Muitas vezes, a pesquisa envolve a utilização de materiais que estão lo-
calizados internamente em instituições públicas ou privadas.

Exemplo1 Exemplo2

As informações documentais Os dados foram coletados no


foram coletadas no Projeto Pe- programa de desenvolvimento
dagógico da escola e nos regis- da empresa, no banco de dados
tros dos alunos, arquivados na do RH e nos relatórios dos se-
secretaria da escola. tores.

C Questionário: com esta técnica de investigação, composta por questões


apresentadas por escrito às pessoas, o aluno pode identificar o conhecimento
de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivencia-
das e outras (GIL, 1996).

Para elaborar um questionário deve-se refletir sobre os objetivos da pesquisa


e passá-los para questões específicas. São as respostas que apresentarão as
informações necessárias para testar as hipóteses ou esclarecer o problema da
pesquisa.

Segundo Labes (1998), as etapas do questionário podem ser:

Pesquisa (análise dos objetivos e problema)

Elaboração do questionário

Testagem ou pré-teste

Distribuição e aplicação

Tabulação dos dados

Análise e interpretação dos dados


36 • 48 UNIDADE 1 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

Gil (1999) cita três tipos de questões em relação à forma: questões fechadas,
questões abertas e questões relacionadas.

Dencker (2000) acrescenta perguntas com escala nas questões fechadas.

No questionário do tipo questões fechadas, apresenta-se ao respondente um


conjunto de alternativas de resposta para que seja escolhida a que melhor re-
presenta sua situação ou ponto de vista.

Exemplos de questões fechadas:

Qual seu time de futebol?

( ) Flamengo ( ) Vasco ( ) Fluminense ( ) Botafogo ( ) Sem Time


( ) Outro _______________________________

A pergunta com escala visa medir o grau, e não a qualidade. Apresenta uma
gradação nas respostas. A escala pode ser apresentada pela atribuição de nota,
de preferência, de atitude.

Exemplo:

Em que medida você concorda com a portabilidade nos serviços de tele-


fonia celular?

( ) Concordo plenamente ( ) Concordo ( ) Não tenho opinião


( ) Discordo ( ) Discordo plenamente.

OBSERVAÇÕES:
- Não ofereça um número muito grande de alter-
nativas, pois isso poderá confundir o entrevistado e
prejudicar a escolha.
- Nas questões com diversas alternativas, deve-se
sempre colocar a opção “outras” para não ter que
listar todas as possíveis opções.
- Ter apenas uma resposta para o entrevistado assinalar.
Quando houver necessidade de mais de uma res-
posta (Exemplo: Quais as atividades de lazer você
UNIDADE 1 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 37 • 48

OBSERVAÇÕES: prefere?), deve-se deixar claro que pode ser assina-


lada mais de uma opção na pergunta e ter cuidado
na tabulação.

Nas questões abertas, apresenta-se a pergunta e


se deixa um espaço em branco para que a pessoa
escreva sua resposta sem qualquer restrição.
Exemplo: Como você considera a atual gestão do
presidente da república?

Entretanto, questionários com muitas questões abertas retornam com muitas


delas não respondidas. Também é conveniente lembrar que, nesse caso, a tabu-
lação das respostas torna-se mais complexa.

As questões relacionadas são aquelas dependentes da resposta dada a outra


questão anterior.

Exemplo:

Você pratica algum esporte?

( ) Sim (responda à questão seguinte)


( ) Não (responda à questão número 11)

Qual o seu esporte preferido?

( ) Natação ( ) Corrida ( ) Futebol ( ) Outro_________________

A pergunta não deve sugerir respostas.

A questão deve referir-se a uma única ideia de cada vez.

O questionário não deve ultrapassar o número de 30 questões.

Iniciar pelas questões que definem o perfil do entrevistado (sexo, faixa etá-
ria, renda etc.).
38 • 48 UNIDADE 1 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

Na sequência, começar pelas questões mais gerais e, depois, apresentar as


de maior especificidade.

As perguntas devem ser ordenadas em uma sequência lógica.

Incluir apenas perguntas que realmente tenham relação com o problema.

Iniciar com as questões mais fáceis e impessoais, deixando as mais difíceis e


íntimas para o fim.

Evitar perguntar o nome, pois as respostas são mais livres e sinceras.

Não obrigar o entrevistado a fazer cálculos.

Ter uma boa apresentação gráfica (caracteres, diagramação, espaçamento,


entrelinhas).

Apresentar as instruções de preenchimento adequado ao questionário.

Citar, na apresentação do questionário, o objetivo da pesquisa e os envolvi-


dos (entidade).

Antes de iniciar a aplicação definitiva do questionário, o pesquisador deve


realizar um pré-teste. Ele serve para evidenciar possíveis falhas na redação
do questionário, como: complexidade das questões, imprecisão na redação,
questões desnecessárias, constrangimentos aos informantes, exaustão etc. O
pré-teste deve ser aplicado de 10 a 20 provas, a elementos pertencentes à
população pesquisada. (GIL, 1999; DENCKER, 2000).

Para a distribuição do questionário, após a adequação do pré-teste, o pesqui-


sador pode utilizar os seguintes meios: correio, e-mail, telefone, pessoalmente
(individual ou em grupo) ou on-line.

Para todos os meios, é necessário ter precauções para a aplicação, o preenchi-


mento e o retorno dos questionários. (LABES, 1998; GIL, 1999).

Para a delimitação da população/amostra e o tratamento estatístico, o aluno


deve atender a dois momentos: seleção e definição do universo e organiza-
UNIDADE 1 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 39 • 48

ção do questionário – tabulação. (LABES, 1998). “O universo ou população é o


conjunto de seres animados ou inanimados que apresentam pelo menos uma
característica em comum [...] dependem do assunto a ser investigado.” (OLI-
VEIRA, 2002, p. 72).

O aluno deve compreender que a amostra de uma pesquisa pode ser concei-
tuada como “subconjunto finito de uma população” (LABES, 1998) e dividida
em quatro tipos:

Amostragem Causal ou Aleatória Simples: sorteio/ seleção espontânea da


amostra.

Amostragem Sistemática: quando a população encontra-se ordenada como,


por exemplo, em subgrupos. Quando se conhece a proporção e a dispersão
geográfica.

Amostragem Proporcional Estratificada: definida por variáveis (sexo, idade, etc.).

Amostragem Probabilística: possibilidade de todos os elementos serem pes-


quisados – aleatoriedade da amostra. Conhecer a probabilidade de ocorrên-
cia de um evento.

O estudante deve proceder à tabulação de questionários e se voltar à ampli-


tude das variáveis/categorias, ao cruzamento de variáveis, a tabulação manual e
o processamento eletrônico. Na utilização de gráficos, deve-se preocupar com:
proporcionalidade, título, grandezas numéricas, relações e outros.

A análise dos dados consiste em relacionar, comparar, medir, identificar, agrupar,


classificar, concluir, deduzir. Os procedimentos de análise são: definição de variá-
veis e tabulação (adotando uma ou mais variáveis como referência).

É necessário buscar nos trabalhos publicados em revistas científicas, anais de


eventos ou sites da área de estudo em questão, e verificar se há explicação
sobre a técnica de questionário e como aconteceu a pesquisa e a análise dos
dados. Geralmente a estrutura da entrevista é colocada em apêndice no final
do trabalho.
40 • 48 UNIDADE 1 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

D Entrevista: o pesquisador pode utilizar uma técnica


de coleta de dados que se volte diretamente para as
pessoas, tendo um contato mais direto, buscando sa-
ber a opinião delas sobre algo: a entrevista.

A entrevista é uma comunicação verbal entre


duas ou mais pessoas com um nível de estrutu-
ração previamente determinado, com a intenção
de obter informações de pesquisa. É uma das técni-
cas de coleta de dados mais usada nas ciências sociais.
(DENCKER, 2000; GIL, 1999).

Se o aluno utilizar a entrevista em seu estudo, deve saber que é uma


técnica que também exige planejamento, pois precisa delinear o objetivo
a ser alcançado e cuidar de sua elaboração, desenvolvimento e aplicação.

As entrevistas poderão ser estruturadas (com perguntas definidas) ou semies-


truturadas (permite maior liberdade ao pesquisador) segundo DENCKER (2000).

Para Gil (1999), nos estudos exploratórios a entrevista informal visa abor-
dar realidades pouco conhecidas pelo pesquisador. Então, se este for o
caso, o estudante pode usar o tipo de entrevista menos estruturada possí-
vel, que só se distingue da simples conversação porque tem como objetivo
básico a coleta de dados. Dessa forma, utilizam-se informantes-chave que
podem ser especialistas no tema em estudo, líderes formais ou informais,
personalidades e outros.

Em situações experimentais, com o objetivo de explorar a fundo alguma expe-


riência vivenciada, é interessante que o pesquisador utilize a entrevista focalizada.
Esse tipo de entrevista é utilizada com grupos de pessoas que passaram por uma
experiência específica, como assistir a um filme, presenciar um acidente etc.

A entrevista por pauta apresenta certo nível de estruturação, pois se guia por
uma relação de pontos de interesse do entrevistador, ordenadas e relacionadas
entre si. São feitas poucas perguntas diretas e o entrevistado pode falar livremente.

O desenvolvimento de uma relação fixa de perguntas feitas para entrevistar


alguém, cuja ordem e redação permanecem invariáveis para todos os entrevis-
tados (que geralmente são em grande número) é a entrevista estruturada.
UNIDADE 1 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 41 • 48

DICAS (ICPG, 2008):


- A data da entrevista deverá ser marcada com antecedência e a situação em
que se realiza deve ser discreta.
- Registrar os dados imediatamente (anotando-os ou utilizando gravador).
- Certificar-se de possuir permissão do entrevistado para registrar os dados e
utilizá-los na pesquisa.
- Obter e manter a confiança do entrevistado.
- Deixar o entrevistado à vontade.
- Dispor-se mais a ouvir do que a falar.
- Manter o controle da entrevista (temas).
- Iniciar pelas perguntas que tenham menos possibilidade de provocar recusa.
- Não emitir opinião.

E Técnica de Observação: esta técnica é muito comum em várias áreas de


pesquisa e é importante compreender um pouco mais como funciona.

A observação pode ser estruturada ou não-estruturada. De acordo com o nível


de participação do observador, pode ser participante ou não-participante. Gil
(1999) afirma que a observação participante tende a utilizar formas não estrutura-
das, pode-se adotar a seguinte classificação, que combina os dois critérios conside-
rados: observação simples, observação participante e observação sistemática.

Na observação simples o pesquisador permanece alheio à comunidade, grupo


ou situação que pretende estudar e observa de maneira espontânea os fatos
que ocorrem. Nesse caso, ele assume o papel de expectador.

A observação participante ocorre por meio do contato direto do investigador


com o fenômeno observado para recolher as ações dos atores em seu contex-
to natural, considerando sua perspectiva e seus pontos de vista. (CHIZZOTTI,
2001). Sendo assim, ele assume o papel de ator, desenvolvendo um papel no
grupo que está estudando. (GIL, 1999).

Nas pesquisas cujo objetivo é a descrição precisa dos fenômenos ou teste de


hipóteses, é frequentemente utilizada a observação sistemática. Pode ocorrer
em situações de campo ou laboratório. Antes da coleta de dados, é necessária a
elaboração de um plano específico para a organização e o registro das informa-
42 • 48 UNIDADE 1 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

ções. Para tal, é preciso estabelecer antecipadamente as categorias necessárias


à análise da situação.

A observação se constitui elemento fundamental para a pesquisa. É utilizada de


forma exclusiva ou conjugada a outras técnicas. Pode-se definir a observação
como o uso dos sentidos com vistas a adquirir conhecimentos do cotidiano.
(GIL, 1999).

ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS

Após definir as formas de coletar informações e


dados para o estudo, é necessário refletir sobre as
formas de analisar e interpretá-los.

O objetivo da análise é reunir as informações de


forma coerente e organizada, visando responder o
problema de pesquisa. A interpretação proporciona
um sentido mais amplo aos dados coletados, fazendo
a relação entre eles. Esta etapa pode ser de caráter
quantitativo ou qualitativo e várias técnicas poderão
ser utilizadas para o tratamento dos dados. É conve-
niente que se realize uma análise descritiva, apresen-
tando uma visão geral dos resultados, e, na sequência,
analise os dados cruzados, que possibilitam perceber
as relações entre as categorias de informação, e da
análise interpretativa. (DENCKER, 2000).

A estatística na análise e interpretação de dados


pode ser classificada como: Estatística descritiva
(descrição e análise sem inferências e conclusões) e
Estatística indutiva (inferências, conclusões, toma-
das de decisão e previsões) LABES (1998)

A pesquisa deve prezar pela necessidade de apre-


sentação, formal e oficial, dos resultados do estudo;
explicitação dos objetivos, da metodologia e dos re-
sultados e prioridade à fidedignidade na transmissão
das descobertas feitas LABES (1998). Todas as infor-
UNIDADE 1 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 43 • 48

mações importantes constatadas na pesquisa são


apresentadas em forma de texto ou de elementos
de apoio ao texto, se for necessário, como figuras,
quadros, gráficos e tabelas. Pode-se apresentar um
quadro compreendendo o período em que se reali-
zaram as atividades da pesquisa.

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

O pesquisador deve apresentar os resultados da


pesquisa conforme os preceitos da ciência, com
redação técnico-científica e as exigências da área
de conhecimento. Assim, os resultados expõem o
tema proposto, fundamentando-o com uma revi-
são crítica de fontes de pesquisa relacionadas ao
tema de forma ampla para depois especificá-la. É
necessário que o investigador relacione sua visão
sobre o tema fundamentado aos acontecimentos
atuais e trabalhos já realizados na área, bem como
as opiniões de autores.

Para tal, é necessário o cumprimento das nor-


mas ABNT NBR 10520 (2002).

As informações podem ser apresentadas por


meio de elementos de apoio ao texto como figu-
ras, gráficos, quadros, tabelas e outros, conforme
as regras metodológicas.

O modelo de apresentação do documento deverá


seguir as regras definidas para sua tipologia (mo-
nografia, artigo científico e outros) e a instituição
solicitante (universidade, revista científica, evento
e outros).
44 • 48 UNIDADE 1 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

Questões
de fixação
1
Cite as principais características do Positivismo e
como esse pensamento colaborou para o desen-
volvimento da metodologia da pesquisa científica.

2
O que é o método experimental?

3
Defina o que é pesquisa de maneira sucinta:

4
Quais são os cinco tipos diferentes de conheci-
mento e suas definições?

5
Quais fatores você deve levar em conta ao deli-
mitar o tema da pesquisa?
UNIDADE 1 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 45 • 48

6
Explique as diferenças entre os métodos de pes-
quisa dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo,
dialético e fenomenológico.

7
Qual a diferença entre pesquisa quantitativa e
qualitativa?

8
Explique as diferenças entre as pesquisas descriti-
va, exploratória e explicativa:

9
Cite os métodos mais utilizados nos projetos aca-
dêmicos e quais as diferenças entre eles.

10
Quais os modelos de coletas de dados mais utili-
zados e suas definições?
46 • 48 UNIDADE 1 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

Bibliografia
ALVES, Rubem. Filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras. são Paulo:
loyola, 1999.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724: trabalhos


acadêmicos: apresentação. Rio de Janeiro, 2011.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520. Informa-


ção e documentação – Citações em documentos – Apresentação. Rio de Janei-
ro,2002.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: informação


e documentação - referências - elaboração. Rio de Janeiro, 2002.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6022: informação


e documentação: artigo em publicação periódica científica impressa: apresenta-
ção. Rio de Janeiro, 2003.

AZEVEDO, israel Belo de. O prazer da produção científica: diretrizes para a


elaboração de trabalhos acadêmicos. 6. ed. Piracicaba: UniMEP,1998.

BARROS, Aidil J. da Silveira; LEHFELD, Neide A. de Souza. Fundamentos de me-


todologia científica: um guia para a iniciação científica. 3. ed. São Paulo: Makron
Books, 2000.

BOENTE, Alfredo N. P; BRAGA, Glaucia. Metodologia científica contemporânea


para universitários e pesquisadores. Rio de Janeiro: Brasport, 2004.

CENCI, Angelo Vitório. O que é ética? Elementos em torno de uma ética geral.
Passo Fundo: Ed. do autor. 2000. CERVO, Amado L.; BERVIAN, Pedro A. Metodo-
logia científica. 5. ed. são Paulo: Prentice Hall, 2002.

CERVO,A. L. BERVIAN, P.A. Metodologia científica. 5.ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002.

CHIZZOTTI, Antônio. Pesquisa em ciências humanas e sociais. 5. ed. são Paulo:


Cortez, 2001.
UNIDADE 1 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 47 • 48

COLLIS, Jill; HUSSEY, Roger. Pesquisa em administração: um guia prático para


alunos de graduação e pós-graduação. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.

COLZANI, valdir Francisco. Guia para redação do trabalho científico. Curitiba:


Juruá, 2001.

DENCKER, Ada de Freitas M. Métodos e técnicas de pesquisa em turismo. 4. ed.


são Paulo: Futura, 2000.

D’ONOFRiO, salvatore. Metodologia do trabalho intelectual. são Paulo: Atlas,


2000.

FERREIRA, luiz Gonzaga R. Redação Cientifica: como escrever artigos, mono-


grafias, dissertações e teses. Fortaleza: Edições UFC,1994.

FACHIN, Otilia. Fundamentos da metodologia. 4.ed. são paulo: saraiva, 2003.

GIL, Antônio C. Métodos e técnicas em pesquisa social. 7. ed. são Paulo: Atlas, 2006.

ICPG – insTiTUTO CATARinEnsE DE PÓs-GRADUAÇÃO. Equipe de Metodo-


logia do Trabalho Científico. Blumenau: ICPG, 2008.

LABES, Emerson Moisés. Questionário: do planejamento à aplicação na pesquisa.


Chapecó: Grifos, 1998.

LAKATOS, Eva M.; MARCONI, Marina de A. Metodologia do trabalho científico.


6. ed. são Paulo: Atlas, 2001.

LAVILLE, Chistian; DIONNE, Jean. A construção do saber: manual de metodolo-


gia da pesquisa em ciências humanas. Porto Alegre: Artmed, 1999.

OLIVEIRA, sílvio luiz de. Metodologia científica aplicada ao direito. são Paulo:
Pioneira Thomson learning, 2002.

MALHOTRA, N. K. Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. Porto Ale-


gre: Bookman, 2001.

MARCONI, Maria de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de Metodo-


logia Científica. 6. ed. são Paulo: Atlas,2005.
48 • 48 UNIDADE 1 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

MARTINS, Rosinilda Baron. Metodologia Cientifica: como tornar mais agradável


a elaboração de trabalhos acadêmicos. 2. tir. Curitiba: Juruá, 2005.

MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos,


resenhas. 5. ed. são Paulo: Atlas, 2003.

MEDEIROS, J. B.; ANDRADE, M. M. de. Manual de elaboração de referências


bibliográficas: a nova NBR 6023:2000 da ABNT: exemplos e comentários. 1. ed.
São Paulo: Atlas, 2001. 188 p.

MENEZES, Nilson L. de; VILLELA, Francisco A. Pesquisa científica. Revista SEED


News. Disponível em: <http://www.seednews.inf.br/portugues/seed82/print_ar-
tigo82.html>. Acesso em: 13 out. 2006.

MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.). Pesquisa Social. Teoria, método e criati-
vidade. 18 ed. Petrópolis:Vozes, 2001.

SANTOS, Antonio Raimundo. Metodologia científica: a construção do conheci-


mento. 7. ed. Rio de Janeiro: lamparina, 2007.

SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 22. ed.são


Paulo: Cortez, 2002.

SECAF, victoria. Artigo científico: do desafio à conquista. 3. ed. São Paulo: Green
Florest do Brasil, 2004.

SILVA, Renata. Modalidades e etapas da pesquisa e do trabalho científico. são


José: UsJ, 2008. (mimeo).

SOARES, Edvaldo. Metodologia científica: lógica, epistemologia e normas. são


Paulo: Atlas, 2003.

TRIOLA, M.F. Introdução à estatística. Rio de Janeiro: LTC – Livros Técnicos e


Científicos Editora, 1999.

VOLPATO, Gilson luiz. Bases teóricas para Redação Cientifica...por que seu ar-
tigo foi negado? São Paulo: Cultura Acadêmica.Vinhedo: Scriota, 2007.

VOLPATO, Gilson luiz. Dicas para redação científica: por que não somos citados.
2. ed. Botucatu: Gilson luiz volpato, 2006.
METODOLOGIA
CIENTÍFICA
UNIDADE 2
METODOLOGIA
CIENTÍFICA

UNIDADE 2
Sumário
APRESENTAÇÃO DA UNIDADE 04
ETAPAS DA PESQUISA CIENTÍFICA 05
ÉTICA NA PESQUISA 14
QUESTÕES DE FIXAÇÃO 20
BIBLIOGRAFIA 22
2
04 • 24 UNIDADE 2 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

Apresentação
da unidade
Projeto de pesquisa: como elaborar o seu

O projeto de pesquisa é o primeiro passo de toda pes-


quisa científica. Mas elaborar um projeto antes de iniciar
uma atividade não é exclusividade da Ciência. Todas as
áreas necessitam de um planejamento que minimize os
riscos e aumente a probabilidade de sucesso.

Antes de começar a construir uma casa, por exem-


plo, você procura se informar sobre os materiais de
construção que terá de adquirir, sobre a mão-de-o-
bra que precisará contratar e, principalmente, sobre
o dinheiro que terá que desembolsar para a casa
ficar do jeito que foi planejada.

Em um projeto de pesquisa, o raciocínio é o mesmo:


planejar com detalhes uma pesquisa que se pretende
realizar. As pesquisas científicas diferem muito entre
si, por isso não existe um roteiro rígido para elabo-
ração de projetos de pesquisa. Mas é possível ofere-
cer um modelo relativamente flexível, que considere
os elementos considerados essenciais. A seguir, você
acompanhará um passo a passo para ajudar o desen-
volvimento de qualquer Projeto de Pesquisa.
UNIDADE 2 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 05 • 24

Etapas da
pesquisa científica
Nesta parte da disciplina, vamos auxiliá-lo a começar
a pensar mais especificamente no seu objeto de es-
tudo. Ao contrário do que se pensa, a sequência de
tópicos a serem executados não é feita na ordem em
que são apresentados ao final da pesquisa. Ou seja,
traremos aqui algumas dicas para que você aproveite
seu tempo da forma mais produtiva possível.

Você irá aprender um pouco mais sobre como de-


finir o problema da pesquisa em um primeiro mo-
mento. Na sequência, é a hora de entender e priori-
zar cada etapa do projeto em si. Depois disso, você
vai acompanhar alguns exemplos e irá colocar a mão
na massa para demonstrar o que foi aprendido.

Além de toda etapa de confecção do Trabalho de


Conclusão de Curso, você também será orientado
sobre como desenvolver e utilizar da melhor forma
a resiliência como uma arma para manter-se focado
e conseguir seu máximo rendimento durante o pro-
cesso de execução do projeto.Vamos começar?

Problema

Problema
Hipótese Objetivos
de pesquisa
06 • 24 UNIDADE 2 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

PROBLEMA DE PESQUISA

De modo geral, o cientista inicia o processo de pesquisa com a escolha de


um tema, que por si só não constitui um problema de pesquisa. Ao formu-
lar perguntas sobre o tema, provoca-se sua problematização. Portanto, a
maneira mais fácil e direta de formular um problema de pesquisa é elabo-
rar uma pergunta sobre determinado tema.

A pergunta que você gostaria de responder


por meio da sua pesquisa é a base funda-
mental do seu projeto. Os objetivos da
pesquisa serão elaborados de acor-
do com essa pergunta. Os méto-
dos propostos deverão possibilitar
a descoberta da resposta para ela.
Os resultados esperados também
deverão estar relacionados a essa
pergunta.

Esta pergunta elaborada norteará a


avaliação de todas as partes do pro-
jeto de pesquisa, de forma que todo
o planejamento seja realizado da ma-
neira mais adequada possível para resolver
o problema de pesquisa. Ou seja: perguntas
mal elaboradas costumam resultar em pesquisas
igualmente de má qualidade.

DE MANEIRA GERAL, AS PERGUNTAS PODEM


SER DIVIDIDAS EM TRÊS GRUPOS:

No que esse
Como esse Com o que fenômeno interfere?
fenômeno é? esse fenômeno Ou o que interfere
(Descrição) está associado? nesse fenômeno?
(Associação) (Associação com
interferência)
UNIDADE 2 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 07 • 24

UM BOM PROBLEMA DE PESQUISA DEVE SER:

Claro e preciso (todos os conceitos e termos usados em sua enunciação não


podem causar ambiguidades ou dúvidas)

Empírico (ser observável na realidade; que pode ser captado pela observa-
ção e por meio de técnicas e métodos apropriados)

Delimitado (deve estabelecer os limites da pesquisa)

Passível de solução (é necessário que exista uma maneira de produzir uma


solução para o problema com o tempo e os recursos disponíveis)

HIPÓTESE

A hipótese é uma resposta provisória ao problema, com intenção de ser posterior-


mente demonstrada. Ela é necessariamente uma afirmação, que consiste em uma
resposta à pergunta definida como problema de pesquisa, que ainda não foi testada.

Essa possível solução para o problema, a hipótese, será declarada falsa ou verda-
deira após a realização da pesquisa científica. Boa parte dos testes estatísticos são
realizados para auxiliar na tomada de decisão sobre rejeitar ou não uma hipótese.

UMA BOA HIPÓTESE DEVE SER:

Simples (uma boa


hipótese é escrita em
Uma afirmação Sujeita à negação
linguagem simples, de
(uma hipótese não (uma hipótese deve
maneira a expressar
é uma pergunta) poder ser negada)
exatamente a teoria
que será testada)

‘‘
‘‘ É IMPORTANTE FRISAR QUE NEM TODA PESQUISA
CIENTÍFICA POSSUI UMA HIPÓTESE. É O CASO DAS
PESQUISAS EXPLORATÓRIAS, POR EXEMPLO.
08 • 24 UNIDADE 2 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

OBJETIVOS

O objetivo é o que se pretende atingir com a realização da pesquisa. Ele é


redigido como uma sentença afirmativa direta. Se o problema de pesquisa é a
questão a ser investigada, o objetivo é o resultado a ser alcançado.

Dependendo da magnitude do projeto de pesquisa, os objetivos podem ser


divididos em gerais e específicos. Como o próprio nome diz, os objetivos ge-
rais são aqueles mais amplos. Na maioria das vezes, o primeiro e maior objetivo
do cientista é o de obter uma resposta satisfatória ao seu problema de pesquisa.

No entanto, para se cumprir os objetivos gerais é preciso delimitar ações mais


específicas, chamadas de objetivos específicos. São estes objetivos específicos
que, somados, irão proporcionar a realização do objetivo geral.

A formulação dos objetivos – sejam eles gerais ou específicos – se faz com o


uso de verbos no infinitivo: avaliar, testar, descrever, investigar, identificar etc.

TEORIA EM PRÁTICA

Agora que você já entendeu na teoria cada uma das etapas de uma pesquisa
científica, chegou a hora de observar alguns exemplos:

Exemplo1

Tema de pesquisa: Consumo de drogas


Problema de pesquisa: Qual é a influência do status social do jovem
no consumo de drogas?
Hipótese: O consumo de drogas independe do status social dos jovens.
Objetivo geral: Avaliar a influência do status social do jovem no consu-
mo de drogas.
Objetivos específicos: avaliar as principais causas do uso de drogas en-
tre jovens; caracterizar o perfil dos jovens que consomem drogas; inves-
tigar se existe correlação entre o status social e o consumo de drogas.
UNIDADE 2 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 09 • 24

Exemplo 2

Tema de pesquisa: Motivação


Problema de pesquisa: Quais os fatores que motivam os colaborado-
res da empresa x?
Hipótese: A motivação dos colaboradores tem relação direta à autono-
mia que eles possuem.
Objetivo geral: Analisar os fatores que motivam os colaboradores da
empresa x.
Objetivos específicos: Averiguar os conceitos de motivação e de re-
cursos humanos; apresentar as atividades oferecidas pela empresa aos
colaboradores; identificar a percepção dos colaboradores sobre as ati-
vidades; verificar as atividades que os colaboradores gostariam que fos-
sem desenvolvidas.

Exemplo 3

Tema de pesquisa: Dificuldades de aprendizagem


Problema de pesquisa: Qual a relação entre afetividade e dificuldade
de aprendizagem dos alunos da turma Y?
Hipótese: A admiração do aluno pelo professor colabora para que seu
rendimento seja maior.
Objetivo geral: Analisar a dificuldade de aprendizagem dos alunos da
turma Y.
Objetivos específicos: verificar a importância da afetividade no pro-
cesso ensino-aprendizagem; identificar as relações afetivas (familiares e
escolares) dos alunos; apresentar as principais dificuldades de aprendi-
zagem dos alunos.
10 • 24 UNIDADE 2 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

Projeto

Material Revisão
Cronograma
e métodos bibliográfica

Referências
Introdução Título
bibliográficas

MATERIAL E MÉTODOS

Nesta parte do projeto devem ser listados todos os procedimentos, materiais,


equipamentos e métodos necessários para testar suas hipóteses e alcançar seus
objetivos. Em áreas experimentais, essa parte do projeto de pesquisa costuma
seguir o seguinte roteiro:

LOCALIZAÇÃO DA ÁREA EXPERIMENTAL

DELINEAMENTO EXPERIMENTAL

TRATAMENTOS AVALIADOS

CONTROLE DAS CONDIÇÕES EXPERIMENTAIS

VARIÁVEIS ANALISADAS

ANÁLISE ESTATÍSTICA
UNIDADE 2 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 11 • 24

QUER UMA DICA PRA SABER SE ESSA


PARTE DO PROJETO ESTÁ BEM ESCRITA?

Simples: entregue seu projeto de pesquisa a uma pessoa que não


é da sua área e verifique se ela conseguiria executar sua pesquisa
exatamente da forma que você executaria. Se ela tiver dúvidas
sobre como deve realizar algo, provavelmente seu projeto não está
suficientemente claro.

CRONOGRAMA

O planejamento dos procedimentos descritos na seção “Material e Métodos”


ao longo do tempo é executado no Cronograma de Execução. Geralmente o
cronograma é disposto em uma tabela com as atividades nas linhas e os meses
ou as quinzenas nas colunas.

Exemplo de cronograma

ATIVIDADES 15/10 28/10 12/11


Cronograma Ok
Início da Pesquisa Pendente
Aprimoramento Aprimoramento
Metodologia Metodologia

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Acredite: alguns dias na biblioteca podem evitar meses de trabalho errado. Re-
lacione os conceitos básicos do tema escolhido com as aplicações sobre o
problema de pesquisa formulado. Levante o “estado da arte”, ou seja, quais
informações já foram descobertas a respeito do problema de pesquisa e quais
são as fronteiras do conhecimento nesta área.
12 • 24 UNIDADE 2 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

Comece pelos livros clássicos, aqueles que são referência na área do projeto de
pesquisa, e afunile as informações os resultados publicados na forma de artigos
em periódicos científicos. Ao ler estes artigos científicos, procure não se ater
apenas aos resultados encontrados, mas também aos procedimentos utilizados
na pesquisa.

Uma revisão bibliográfica bem escrita irá fornecer indícios sobre os rumos que
a pesquisa deve seguir, sobre os procedimentos adequados e, principalmente,
irá proporcionar informações que serão utilizadas na discussão dos resultados
quando a pesquisa já estiver na fase de análise de dados.

‘‘
BIBLIOGRÁFICA DO PROJETO DE ‘‘
OU SEJA: CAPRICHAR NA REVISÃO

PESQUISA PODE FACILITAR O TRABALHO


DA REDAÇÃO POSTERIOR DO ARTIGO
OU DA MONOGRAFIA.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Tudo aquilo que não é de sua autoria deve ser devidamente referenciado por
meio de paráfrases (preferencialmente) e listado nas referências, caso algum
outro pesquisador ou consultor queira ter acesso às obras citadas.

Por exemplo, podemos citar algumas das publicações utilizadas na produção


deste conteúdo:

Exemplo

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: in-


formação e documentação - referências - elaboração. Rio de Janeiro,
2002. SANTOS, Antonio Raimundo. Metodologia científica: a constru-
ção do conhecimento. 7. ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2007.
UNIDADE 2 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 13 • 24

INTRODUÇÃO

É o trecho que apresenta o tema da pesquisa ao leitor. Deve ser escrito de


maneira que forneça uma visão geral da pesquisa a ser realizada, situando o
problema no contexto a ser trabalhado.

Embora esteja disposta nas páginas iniciais do projeto de pesquisa, a introdução


é mais facilmente elaborada quando as outras partes do projeto já tiverem sido
redigidas. Ou seja, agora que a essência do projeto já foi realizada, é possível ter
uma visão mais ampla do projeto de pesquisa.

Apresente ao leitor qual será a sua pesquisa e porque pretende executá-la. Isso
envolve mostrar a problemática que originou a pesquisa e a fundamentação
que o levou a escolher seu objetivo. Na introdução, portanto, estão contidas as
justificativas do tema abordado.

CONVENÇA O LEITOR SOBRE A IMPORTÂNCIA E


ORIGINALIDADE DA PESQUISA PROPOSTA.

TÍTULO

Apesar de ser o primeiro item a ser lido em um projeto, o título também pode
ser escrito quando já se tem uma visão mais abrangente do projeto.

ALGUMAS DICAS IMPORTANTES:

Não utilize as palavras Comece o título com O título deve ser


efeito, influência, ava- a palavra mais impor- claro e conciso, per-
liação, estudo, intera- tante do seu trabalho. mitindo uma com-
ção, etc. Se você está Se você fosse resumir preensão inicial da sua
estudando, é óbvio o seu projeto de pes- finalidade.Terminada a
que é para ver o efei- quisa em uma única redação do título, veja
to, a influência e etc. palavra, qual seria? a coerência com os
Pois comece o seu tí- objetivos.
tulo por ela.
14 • 24 UNIDADE 2 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

Ética na pesquisa
O projeto de pesquisa tem em sua redação compro-
missos em não ferir a ética da elaboração de textos
científicos. Um dos comportamentos antiéticos mais
comuns é a prática do plágio. Isto é, usar ideias, ex-
pressões, dados de outros autores sem citar a fonte
de onde se originam.

Outra espécie de procedimento antiético é a fraude.


Ou seja, quando o pesquisador inventa deliberada-
mente dados inexistentes a fim de justificar ou emba-
sar suas propostas.

Além da elaboração do texto em si, o projeto de pes-


quisa que será realizado também deve ter a preo-
cupação de não causar malefícios aos sujeitos en-
volvidos no estudo, preservando sua autonomia em
participar ou não do estudo e garantindo seu anoni-
mato. Algumas áreas de conhecimento instituem que
o projeto, antes de ser realizado, deva ser submetido
a um comitê de ética em pesquisa. Na área de saúde,
por exemplo, este é um procedimento obrigatório.

USOS E ABUSOS DA ESTATÍSTICA

“Há três tipos de mentira: as mentiras, as mentiras sérias


e a estatística.”
  Benjamim Disraeli, estadista
UNIDADE 2 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 15 • 24

“Algumas pessoas usam a estatística como um bêbado


utiliza um poste de iluminação: para servir de apoio e
não para iluminar.”
Andrew Lang, historiador

“Se torturarmos os dados por bastante tempo, eles aca-


barão por admitir qualquer coisa.”
Dito popular

Segundo Triola (1999), as aplicações da estatística se desenvolveram de tal for-


ma que praticamente todo campo de estudo se beneficia da utilização de mé-
todos estatísticos. Por exemplo, controlam-se doenças com auxílio de análises
que antecipam epidemias; espécies ameaçadas são protegidas por regulamentos
e leis que reagem a estimativas estatísticas de modificação do tamanho das po-
pulações; os legisladores têm melhor justificativa para leis como as que regem a
poluição atmosférica, inspeções de automóveis, utilização do cinto de segurança
e dirigir em estado de embriaguez, visando reduzir as taxas de casos fatais.

Entretanto, há muitos exemplos de como é possível se equivocar ao tomar


como corretos os resultados de uma pesquisa, caso o pesquisador que a desen-
volveu não se preocupou com os procedimentos metodológicos, principalmen-
te no que se refere às questões éticas.

Alguns dos que abusam da estatística o fazem simplesmente por descuido ou


ignorância; outros, porém, têm objetivos pessoais, pretendendo suprimir dados
desfavoráveis enquanto dão ênfase aos dados que lhes são favoráveis.

Um exemplo de como é possível apresentar um dado que está correto do


ponto de vista técnico, mas que não exprime de forma verdadeira a realidade
foi apresentado pela Associação Americana de Aposentados, que alega que os
motoristas mais idosos se envolvem em menor número de acidentes do que os
mais jovens. Segundo a associação, nos últimos anos, os motoristas com 16 a 19
anos de idade causaram cerca de 1,5 milhão de acidentes, em comparação com
apenas 540.000 causados por motoristas com 70 anos ou mais.
16 • 24 UNIDADE 2 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

Entretanto, os motoristas mais idosos não dirigem tanto quanto os mais jovens,
pois, em lugar de considerar apenas o número de acidentes, a Associação Ameri-
cana de Aposentados deveria descrever também as taxas de acidentes. Para cada
100 milhões de milhas percorridas a taxa de acidentes para os motoristas com
idades de 16 a 19 foi 8,6; para os com idade de 75 a 79 a taxa foi de 4,6 e 8,9 para
os com idade de 80 a 84; já para os motoristas com 85 anos de idade ou mais a
taxa foi de 20,3. Embora os motoristas mais jovens tenham de fato maior número
de acidentes, os mais velhos apresentam as taxas de acidente mais altas.

A seguir são descritas algumas situações nas quais os dados podem ser distorcidos:

Dados
distorcidos

Pequenas amostras Distorções deliberadas

Números precisos Perguntas tendenciosas

Estimativas por suposição Gráficos enganosos

Porcentagens distorcidas Pressão do pesquisador

Cifras parciais Más amostras

Cifras parciais

A ÉTICA E A RESOLUÇÃO 196/96

Do ponto de vista filosófico, de acordo com Cenci (2000), a ética, desde as suas
origens, busca estudar e fornecer princípios orientadores para o agir humano.
Ela nasce amparada no ideal grego de justa medida, do equilíbrio nas ações. A
justa medida é a busca do agenciamento do agir humano de tal forma que o
mesmo seja bom para todos. O espaço de cada indivíduo ou de cada parte que
se envolve na ação necessita ser garantido de maneira autônoma e racional.
UNIDADE 2 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 17 • 24

Tais princípios indicam não para a perfeição do agir, mas sim para que o mesmo
ocorra da maneira mais adequada possível.

Do ponto de vista legal, cita-se a Resolução 196/96 (BRASIL, 1996), que define
as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres huma-
nos. A Resolução incorpora, sob a ótica do indivíduo e das coletividades, qua-
tro referenciais básicos da bioética: autonomia, não maleficência, beneficência e
justiça. Visa assegurar os direitos e deveres que dizem respeito à comunidade
científica, aos sujeitos da pesquisa e ao Estado. Além disso, a Resolução 196/96
descreve quais devem ser os aspectos contemplados pelo Termo de Consenti-
mento Livre e Esclarecido, mecanismo pelo qual os sujeitos, indivíduos ou gru-
pos que por si e/ou por seus representantes legais, manifestarão a sua anuência
à participação na pesquisa. Por meio desse termo, o entrevistado declara que foi
informado - de forma clara, detalhada e por escrito - da justificativa, dos objeti-
vos e dos procedimentos da pesquisa. Além disso, ele ainda é informado sobre:

A A liberdade de participar ou não da pesquisa, tendo


assegurado essa liberdade sem quaisquer represálias
atuais ou futuras, podendo retirar o consentimento
em qualquer etapa do estudo sem nenhum tipo de pe-
nalização ou prejuízo.

B A segurança de que não será identificado e que se


manterá o caráter confidencial das informações rela-
cionadas com a privacidade, a proteção da imagem e a
não estigmatização.

C A liberdade de acesso aos dados do estudo em qual-


quer etapa da pesquisa.

D A segurança de acesso aos resultados da pesquisa.

Nesses termos, o entrevistado deve se considerar livre e esclarecido para con-


sistir em participar da pesquisa proposta, resguardando aos autores do projeto
a propriedade intelectual das informações geradas e expressando a concordân-
cia com a divulgação pública dos resultados. O Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido, em conformidade com a Resolução 196/96, deve ser assinado em
duas vias de igual teor, ficando uma via em poder do participante e outra com
os autores da pesquisa.
18 • 24 UNIDADE 2 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

Por fim, segundo Malhotra (2001), do ponto de vista de marketing, a ética


procura definir se determinada ação ou atitude é correta ou errada, boa
ou má. De todos os aspectos do negócio, o marketing é o que está mais
próximo das vistas do público e, consequentemente, está sujeito à con-
siderável análise e escrutínio da sociedade. Isso criou uma percepção de
que, como atividade empresarial, o marketing é a área mais vulnerável a
práticas antiéticas. A pesquisa de opinião é modalidade que mais se afeta
pelas práticas éticas de seus autores, pois a percepção pública do campo
determina quando e se a pesquisa pode continuar. Os participantes volun-
tários constituem o âmago da pesquisa de marketing, pois a pesquisa de
opinião praticamente cessaria sem a cooperação do público.

A ÉTICA NA PESQUISA DE MARKETING

A preparação e a apresentação dos resultados envolve muitos aspectos


relacionados com a integridade da pesquisa e com a postura ética: a defini-
ção do tipo de investigação para adaptar-se aos objetivos não declarados;
o mau uso deliberado de estatísticas; a falsificação de dados; a alteração
de resultados; a interpretação errônea de resultados com o objetivo de
apoiar um ponto de vista pessoal; a retenção de informações. Segundo
Malhotra (2001), um estudo feito junto a 254 pesquisadores de marketing
revelou que 33% consideram a integridade da pesquisa o problema ético
mais difícil que enfrentam.

Problemas de ordem ética surgem nas pesquisas quando o pesquisador insiste


em utilizar uma técnica errada, já que nem todos os processos de pesquisa e
análise revelam algo novo ou significativo. Por exemplo, ainda de acordo com
Malhotra, a função discriminante pode não classificar melhor do que o acaso.
Nesses casos, pode surgir um dilema ético, se o pesquisador ainda assim procu-
ra tirar conclusões dessas análises.

Da mesma forma, quando se tratam de pesquisas de marketing, os clientes


que contratam empresas que fazem as pesquisas de opinião também têm
a responsabilidade de divulgar de modo completo e preciso os resultados
da pesquisa, e utilizá-las de maneira ética. Por exemplo, o público pode ser
prejudicado por um cliente que distorça os resultados para promover uma
campanha de propaganda tendenciosa que alardeie qualidades que um pro-
duto na verdade não possui.
UNIDADE 2 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 19 • 24

Segundo Malhotra, mesmo que a necessidade da ética seja óbvia, o assunto é,


em si mesmo, algo complexo. Embora essa complexidade se deva a uma diversi-
dade de fatores, identificaram-se cinco características principais que descrevem
as decisões éticas.

A primeira indica que a maioria das decisões éticas


tem efeitos prolongados ou de longo prazo.

A segunda característica argumenta que as decisões


éticas raramente são dicotômicas; ao contrário, há
várias alternativas aceitáveis, em diferentes graus.

A terceira refere-se sobre essas alternativas,


uma vez que elas têm resultados tanto positivos
como negativos, dependendo do ponto de vista
do avaliador.

A quarta característica que descreve sobre as de-


cisões éticas, indica, exatamente, sobre quais serão
os resultados positivos ou negativos, é sempre urna
questão incerta e imprevisível.

Por último, a maioria das decisões éticas tem impli-


cações pessoais.
20 • 24 UNIDADE 2 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

Questões
de fixação
1
Qual é a maneira mais simples de formular o pro-
blema de pesquisa?

2
Defina o que é hipótese em um projeto de pesquisa:

3
Por que uma revisão bibliográfica é importante
para a produção do seu projeto?

4
Defina objetivos gerais e específicos e qual a liga-
ção entre eles:

5
Faça um cronograma definindo hipotéticas ativi-
dades e datas de cada produção:
UNIDADE 2 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 21 • 24

6
Por que o título e a introdução devem ser produ-
zidos nas últimas etapas do seu projeto?

7
Quais são os quatro referenciais básicos da bioé-
tica que a Resolução 196/96 incorpora?

8
Quais as formas mais comuns de plágio e fraude
na pesquisa científica?

9
Quais as características principais que descrevem
as decisões éticas na pesquisa de marketing?

10
Cite cinco situações nas quais pode haver distor-
ção de dados:
22 • 24 UNIDADE 2 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

Bibliografia
ALVES, Rubem. Filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras. são Paulo:
loyola, 1999.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724: trabalhos


acadêmicos: apresentação. Rio de Janeiro, 2011.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520. Informa-


ção e documentação – Citações em documentos – Apresentação. Rio de Janei-
ro,2002.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: informação


e documentação - referências - elaboração. Rio de Janeiro, 2002.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6022: informação


e documentação: artigo em publicação periódica científica impressa: apresenta-
ção. Rio de Janeiro, 2003.

AZEVEDO, israel Belo de. O prazer da produção científica: diretrizes para a


elaboração de trabalhos acadêmicos. 6. ed. Piracicaba: UniMEP,1998.

BARROS, Aidil J. da Silveira; LEHFELD, Neide A. de Souza. Fundamentos de me-


todologia científica: um guia para a iniciação científica. 3. ed. São Paulo: Makron
Books, 2000.

BOENTE, Alfredo N. P; BRAGA, Glaucia. Metodologia científica contemporânea


para universitários e pesquisadores. Rio de Janeiro: Brasport, 2004.

CENCI, Angelo Vitório. O que é ética? Elementos em torno de uma ética geral.
Passo Fundo: Ed. do autor. 2000. CERVO, Amado L.; BERVIAN, Pedro A. Metodo-
logia científica. 5. ed. são Paulo: Prentice Hall, 2002.

CERVO,A. L. BERVIAN, P.A. Metodologia científica. 5.ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002.

CHIZZOTTI, Antônio. Pesquisa em ciências humanas e sociais. 5. ed. são Paulo:


Cortez, 2001.
UNIDADE 2 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 23 • 24

COLLIS, Jill; HUSSEY, Roger. Pesquisa em administração: um guia prático para


alunos de graduação e pós-graduação. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.

COLZANI, valdir Francisco. Guia para redação do trabalho científico. Curitiba:


Juruá, 2001.

DENCKER, Ada de Freitas M. Métodos e técnicas de pesquisa em turismo. 4. ed.


são Paulo: Futura, 2000.

D’ONOFRiO, salvatore. Metodologia do trabalho intelectual. são Paulo: Atlas,


2000.

FERREIRA, luiz Gonzaga R. Redação Cientifica: como escrever artigos, mono-


grafias, dissertações e teses. Fortaleza: Edições UFC,1994.

FACHIN, Otilia. Fundamentos da metodologia. 4.ed. são paulo: saraiva, 2003.

GIL, Antônio C. Métodos e técnicas em pesquisa social. 7. ed. são Paulo: Atlas, 2006.

ICPG – insTiTUTO CATARinEnsE DE PÓs-GRADUAÇÃO. Equipe de Metodo-


logia do Trabalho Científico. Blumenau: ICPG, 2008.

LABES, Emerson Moisés. Questionário: do planejamento à aplicação na pesquisa.


Chapecó: Grifos, 1998.

LAKATOS, Eva M.; MARCONI, Marina de A. Metodologia do trabalho científico.


6. ed. são Paulo: Atlas, 2001.

LAVILLE, Chistian; DIONNE, Jean. A construção do saber: manual de metodolo-


gia da pesquisa em ciências humanas. Porto Alegre: Artmed, 1999.

OLIVEIRA, sílvio luiz de. Metodologia científica aplicada ao direito. são Paulo:
Pioneira Thomson learning, 2002.

MALHOTRA, N. K. Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. Porto Ale-


gre: Bookman, 2001.

MARCONI, Maria de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de Metodo-


logia Científica. 6. ed. são Paulo: Atlas,2005.
24 • 24 UNIDADE 2 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

MARTINS, Rosinilda Baron. Metodologia Cientifica: como tornar mais agradável


a elaboração de trabalhos acadêmicos. 2. tir. Curitiba: Juruá, 2005.

MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos,


resenhas. 5. ed. são Paulo: Atlas, 2003.

MEDEIROS, J. B.; ANDRADE, M. M. de. Manual de elaboração de referências


bibliográficas: a nova NBR 6023:2000 da ABNT: exemplos e comentários. 1. ed.
São Paulo: Atlas, 2001. 188 p.

MENEZES, Nilson L. de; VILLELA, Francisco A. Pesquisa científica. Revista SEED


News. Disponível em: <http://www.seednews.inf.br/portugues/seed82/print_ar-
tigo82.html>. Acesso em: 13 out. 2006.

MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.). Pesquisa Social. Teoria, método e criati-
vidade. 18 ed. Petrópolis:Vozes, 2001.

SANTOS, Antonio Raimundo. Metodologia científica: a construção do conheci-


mento. 7. ed. Rio de Janeiro: lamparina, 2007.

SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 22. ed.são


Paulo: Cortez, 2002.

SECAF, victoria. Artigo científico: do desafio à conquista. 3. ed. São Paulo: Green
Florest do Brasil, 2004.

SILVA, Renata. Modalidades e etapas da pesquisa e do trabalho científico. são


José: UsJ, 2008. (mimeo).

SOARES, Edvaldo. Metodologia científica: lógica, epistemologia e normas. são


Paulo: Atlas, 2003.

TRIOLA, M.F. Introdução à estatística. Rio de Janeiro: LTC – Livros Técnicos e


Científicos Editora, 1999.

VOLPATO, Gilson luiz. Bases teóricas para Redação Cientifica...por que seu ar-
tigo foi negado? São Paulo: Cultura Acadêmica.Vinhedo: Scriota, 2007.

VOLPATO, Gilson luiz. Dicas para redação científica: por que não somos citados.
2. ed. Botucatu: Gilson luiz volpato, 2006.
METODOLOGIA
CIENTÍFICA
UNIDADE 3
METODOLOGIA
CIENTÍFICA

UNIDADE 3
Sumário
APRESENTAÇÃO DA UNIDADE 04
TIPOLOGIA DA PESQUISA 05
GÊNEROS ACADÊMICOS 07
QUESTÕES DE FIXAÇÃO 15
BIBLIOGRAFIA 17
3
04 • 19 UNIDADE 3 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

Apresentação
da unidade
Você já compreendeu anteriormente como realizar
cada etapa do seu projeto de pesquisa, assim como os
métodos e técnicas para realizar seu trabalho da manei-
ra mais produtiva possível. Mas também é muito impor-
tante ter a exata noção de como diferenciar cada tipo
de trabalho e entender suas peculiaridades.

Nesta unidade, o tema abordado irá para um caminho


mais teórico. Mas não menos importante para que você
compreenda pra valer o que é a Metodologia da Pes-
quisa Científica e consiga desenvolver seu projeto com
precisão e objetividade.

Hora de mergulhar novamente nos estudos!


UNIDADE 3 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 05 • 19

Tipologia
da Pesquisa
Na vida acadêmica, o estudante se depara com diversos tipos de trabalhos
científicos, dentre eles: trabalhos de graduação, trabalho de conclusão de curso,
monografia, dissertação e tese. Cada um deles apresenta peculiaridades, como
a sistemática, a investigação ou a fundamentação.

Contudo, mesmo que cada trabalho seja elaborado com finalidades específicas,
é possível visualizar neles um padrão que compreende, de um modo geral, in-
trodução, desenvolvimento e conclusão. Abaixo estão listadas algumas caracte-
rísticas específicas dos trabalhos científicos.

TRABALHOS DE GRADUAÇÃO
No decorrer da sua graduação, é bem provável que o estudante tenha
elaborado trabalhos para disciplinas diversas. Eles não necessariamente
tinham como pretensão atingir o cunho científico dos trabalhos de ex-
celência da área em que estudou, mas oportunizar o desenvolvimento de
um raciocínio aos moldes das pretensões científicas. É possível mencio-
nar que os trabalhos de graduação também têm como propósito permi-
tir uma revisão bibliográfica ou literária de um determinado assunto ou
assimilar conteúdo específico de uma área cientifica.

TRABALHOS DE CURSO
O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) é tido como uma mo-
nografia sobre um assunto específico. Este trabalho possibilita a in-
vestigação sobre determinados temas ou fenômenos por meio da
análise, reflexão e produção textual, bem como, muitas vezes, da
defesa oral da pesquisa perante uma banca examinadora.

Medeiros (2003, p.249) ressalta que, na monografia de graduação, é


suficiente a revisão bibliográfica, ou revisão de literatura. É mais um
trabalho de assimilação de conteúdo, de confecção de fichamentos
e, sobretudo, de reflexão. É, uma pesquisa bibliográfica, o que não
06 • 19 UNIDADE 3 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

exclui capacidade investigativa de conclusões ou afirmações de au-


tores consultados.

MONOGRAFIA
Como se pode verificar literalmente, monografia é um trabalho intelectual
concentrado em um único assunto. A monografia, exigida para a obtenção do
título de especialista em alguns cursos de pós-graduação lato sensu, é seme-
lhante ao Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado em cursos de gradua-
ção. Por isso, alguns pensadores, como Medeiros (2003), acreditam que não
há razão para falar em três níveis: monografia, dissertação e tese. Todos são
trabalhos monográficos, dissertativos, mas com características distintas.

A diferença entre eles está no grau acadêmico: o graduando faz a monografia,


enquanto quem busca o mestrado faz a dissertação e o doutorando desenvol-
ve a tese. Apesar da diferenciação, o texto não deixa de ser monografia, cada
qual com a sua peculiaridade.

DISSERTAÇÃO
A dissertação, que ultimamente se destina aos trabalhos de cursos de
pós-graduação stricto sensu (mestrado), busca principalmente a reflexão
acerca de um determinado tema ou problema, o que ocorre pela exposi-
ção das ideias de maneira ordenada e fundamentada. Dessa forma, como
resultado de um trabalho de pesquisa, a dissertação deve ser um estudo
mais completo possível em relação ao tema escolhido.

De acordo com a NBR 14724 (2011, p.2), dissertação é um documento


que representa o resultado de um trabalho experimental ou exposição
de um estudo científico retrospectivo, de tema único e bem delimitado
em sua extensão, com o objetivo de reunir, analisar e interpretar infor-
mações. Deve evidenciar o conhecimento de literatura existente sobre o
assunto e a capacidade de sistematização do candidato.

TESE
A tese, a exemplo da dissertação dirigida para o mestrado, cumpre o
papel do trabalho de conclusão de pós-graduação stricto sensu (douto-
rado). Caracteriza-se como um avanço significativo na área do conheci-
mento em estudo. De acordo com a NBR 14724 (2011, p.4), tese é um
documento que representa o resultado de um trabalho experimental ou
UNIDADE 3 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 07 • 19

exposição de um estudo científico de tema único e bem delimitado. Deve


ser elaborado com base em investigação original, constituindo-se em real
contribuição para a especialidade em questão.

A tese tem como finalidade abordar algo novo num determinado campo
do conhecimento, de forma a promover uma descoberta ou dar uma
real contribuição para a ciência. Para Fachin (2001), tese é entendida
como um trabalho científico habitualmente exigido nos cursos de pós-
graduação e que deve ser defendido oralmente em público. A tese deve
apresentar um estudo original que traga uma contribuição para a socie-
dade científica, com rigor na argumentação, apresentação de provas das
afirmações e profundidade das ideias.

TRABALHOS DE GRADUAÇÃO
TRABALHOS DE CURSO DISSERTAÇÃO
MONOGRAFIA TESE

Gêneros
acadêmicos
Quando pensamos nos trabalhos referentes à Me-
todologia da Pesquisa Científica, outra subdivisão de
grande importante é a define os gêneros acadêmi-
cos. São os tipos de trabalhos de curta duração, que
servem para o aluno desenvolver seu conhecimento
sobre determinado assunto durante o curso e re-
forçar seu aprendizado. Abaixo você poderá saber
as peculiaridades dos gêneros mais utilizados tanto
durante a graduação como na pós.
08 • 19 UNIDADE 3 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

RESUMO

É a apresentação concisa dos pontos relevantes de um texto. Seu objetivo é forne-


cer elementos capazes de permitir ao leitor decidir sobre a necessidade de consulta
ao texto original e/ou transmitir informações de caráter complementar.

É a condensação de um texto, colocando em destaque os elementos de maior in-


teresse e importância. Sua finalidade é difundir as informações contidas em livros,
artigos ou outros documentos e auxiliar o estudante nos seus estudos teóricos,
assim como ajudar o profissional a relembrar o assunto e praticar da melhor forma
possível.

Uma modalidade específica deste tipo de trabalho é o resumo crítico. Ele é uma
redação técnica que avalia de forma sintética a importância de uma obra científica
ou literária. O que difere o resumo do resumo-crítico é sua estrutura, que apresen-
ta a crítica como quarta etapa, logo após introdução, desenvolvimento e conclusão.

Exemplo

O que é semiótica?

A semiótica provém da raiz grega ‘semeion’, que denota signo. Assim,


desta mesma fonte, temos ‘semeiotiké’, ‘a arte dos sinais’. Esta esfera
do conhecimento existe há um longo tempo, e revela as formas como
o indivíduo dá significado a tudo que o cerca. Ela é, portanto, a ciência
que estuda os signos e todas as linguagens e acontecimentos culturais
como se fossem fenômenos produtores de significado, neste sentido
define a semiose. A ciência chamada Semiótica, ou teoria geral e da pro-
dução dos signos, teve sua origem na Rússia, na Europa Ocidental e na
América. É a ciência geral dos signos, que estuda todos os fenômenos de
significação. Tem por objeto os sistemas de signos das imagens, gestos,
vestuários, ritos, etc.
UNIDADE 3 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 09 • 19

RESENHA

É uma descrição que faculta o exame e o julgamento de um trabalho (teatro, ci-


nema, obra literária, experiência científica, tarefa manual etc.). A apresentação do
conteúdo deve ser elaborada de maneira impessoal, sem demonstração satírica ou
cômica, contendo posicionamentos de ordem técnica diante do objeto de análise,
seguidos de um resumo do conteúdo e possível demonstração de sua importância.

Em geral, a resenha crítica é elaborada por um cientista que, além do conheci-


mento sobre o assunto, tem capacidade de juízo crítico. Mas naturalmente, como
no caso desta disciplina, também pode ser realizada por estudantes, como um
exercício de compreensão e crítica. A resenha visa apresentar uma síntese das
ideias fundamentais da obra.

DICAS DE COMO FAZER UMA RESENHA: FAZER


ESSES PASSOS À PARTE, NUM BOTÃO POR CIMA DA
DEFINIÇÃO DE RESENHA

1 Identifique a obra: coloque os dados bibliográficos


essenciais.

2 Apresente a obra: situe o leitor, descrevendo em


poucas linhas o conteúdo do texto.

3 Descreva a estrutura: fale sobre a divisão em capítu-


los, em seções, sobre o foco narrativo.

4 Descreva o conteúdo: Aqui sim, utilize de três a cin-


co parágrafos para resumir claramente o texto.

5 Analise de forma crítica: Nessa parte, e apenas nessa


parte, você opina. Argumente baseando-se em teorias
de outros autores e faça comparações. Dê asas ao seu
senso crítico.

6 Recomende a obra: Você já leu, já resumiu e já deu sua


opinião, agora analise o público que se interessará pela obra.
10 • 19 UNIDADE 3 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

7 Identifique o autor: Fale brevemente da vida e de


algumas outras obras do escritor ou pesquisador.

8 Assine e identifique-se: No último parágrafo você


escreve seu nome e resume seu currículo

ESQUEMA

São enunciados de palavras-chave em torno das quais é possível organizar grandes


quantidades de conhecimento. Representam uma enorme economia de palavras
e oferecem a vantagem de destacar e visualizar o essencial do assunto em análise,
podendo ainda ser facilmente reformulados.

Sua utilização nos ajuda a compreender e recordar os acontecimentos, a estabele-


cer relações entre eles ou entre diversos fatores e a entender a influência que esses
acontecimentos ou fatores exercem uns sobre os outros.

Há vários tipos de esquemas, entre eles:

Lineares, quando organizam a informação na horizontal e na vertical

Circulares, que organizam a informação em círculo

Piramidais, caso a informação se dispõe em forma hierárquica, de pirâmide

Sistemáticos, quando a informação se organiza em forma de quadro,


representando as relações de interdependência de um fenômeno

PARA FAZER UM ESQUEMA, A PRIMEIRA META DEVE


SER IDENTIFICAR AS IDEIAS-CHAVE DO TEXTO E
ORDENÁ-LAS, ESCOLHENDO PARA ISSO O MODELO
MAIS ADEQUADO PARA A SITUAÇÃO. USE SETAS PARA
ESTABELECER RELAÇÕES ENTRE OS CONCEITOS.
UNIDADE 3 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 11 • 19

Exemplo

Esquema para uma história em quadrinhos.

• Pense em alguma história e registre-a no bloco de anotações como se


fosse um roteiro
• Crie os diálogos entres os personagens da história
• Em um papel, desenhe as cenas da história. Desenhe balões e escreva
com o lápis dentro deles as falas de cada personagem
• Se for necessário, faça esclarecimentos sobre a cena no rodapé da
folha
• Cole as cópias do seu rosto no espaço reservado
• Faça o acabamento com carvão preto e trabalhe os detalhes com
nuances de cinza.

FICHAMENTO

É um valioso recurso de estudo que os pesquisadores lançam mão para a rea-


lização de uma obra didática, científica ou de outra natureza. É um recurso
de memória, imprescindível, sobretudo na elaboração de monografias. É usado,
também, em seminários e em aulas expositivas.

A prática contínua do fichamento contribui para que o estudante aprimore


pontos de vista e julgamentos, percebendo que é possível reverter um pequeno
trabalho inicial em ganho de tempo futuro, quando for preciso escrever sobre
determinado assunto. Os fichamentos podem ser os seguintes: de citação, de
resumo, de esboço e de indicação bibliográfica, entre outros.

O mais utilizado nas avaliações na universidade é o fichamento de citação, que


obedece a cinco normas:

Toda citação deve vir entre aspas;

Após a citação, deve constar o número da página de


onde foi extraída a citação;
12 • 19 UNIDADE 3 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

A transcrição tem de ser textual;

A supressão de uma ou mais palavras deve ser indi-


cada, utilizando-se, no local da omissão, três pontos,
precedidos e seguidos por espaços, no início ou no
final do texto e, entre parênteses, no meio;

A supressão de um ou mais parágrafos deve ser assi-


nalada, utilizando-se uma linha completada por pontos.

PAPER

É um pequeno texto elaborado sobre um tema pré-determinado, resultado de


estudos ou de pesquisas científicas, no qual o aluno irá desenvolver análises e
argumentações, com objetividade e clareza, orientando-se em fatos ou opiniões
de especialistas. O objetivo do paper é estimular o aluno no aprofundamento
de um assunto, já exercitando a elaboração de trabalhos sob uma linguagem
acadêmico-científica. Num paper, espera-se o desenvolvimento de um ponto
de vista acerca de um tema, uma tomada de posição definida e a expressão dos
pensamentos de forma original. Deve ser escrito em terceira pessoa.

Os propósitos de um paper são quase sempre os de formar um problema, es-


tudá-lo, adequar hipóteses, cotejar dados, prover uma metodologia própria e,
finalmente, concluir.

O PAPER É:
• Uma síntese de suas descobertas sobre um tema e seu julga-
mento, avaliação, interpretação sobre essas descobertas.

•Um trabalho que deve apresentar originalidade quanto às


ideias.

• Um trabalho que deve reconhecer as fontes que foram uti-


lizadas; que mostra que o pesquisador é parte da comunidade
acadêmica.
UNIDADE 3 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 13 • 19

O PAPER NÃO É:
• Um resumo de um artigo ou livro (ou outra fonte).

• Ideias de outras pessoas, repetidas não criticamente.

• Um conjunto de citações.

• Opinião pessoal não evidenciada, não demonstrada.

• Cópia do trabalho de outra pessoa sem reconhecê-la.

ARTIGO CIENTÍFICO

Seu objetivo principal é levar ao conhecimento do pú-


blico interessado alguma ideia nova ou abor-
dagem diferente sobre determinado tema já
estudado, sobre a existência de aspectos
ainda não explorados em alguma pesqui-
sa ou a necessidade de esclarecer uma
questão ainda não resolvida.

A principal característica do artigo


científico é que suas afirmações
devem estar baseadas em evidên-
cias, sejam elas oriundas de pesquisa
de campo ou comprovadas por argu-
mentos que sustentem as conclusões
expostas no artigo e que passaram pelo
crivo da comunidade científica. O autor
pode expressar seu parecer, desde que de-
monstre ao leitor qual o processo lógico que
o levou a chegar à aquela conclusão.
14 • 19 UNIDADE 3 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

Algumas falhas mais comuns na investigação científica são:

Falta de clareza dos propósitos

Falta de originalidade do material

Má organização no material expositivo

Repetição de palavras, conceitos e informações

Desatualização bibliográfica

Excessiva dependência das fontes

Incorreção ou incoerência no sistema de referenciação das fontes

Inadequação na definição dos termos.

OS ARTIGOS PODEM SE APRESENTAR DE


DUAS FORMAS (ABNT, NBR 6022, 2003):

Artigo original: apresenta Artigo de revisão: tem como


temas ou abordagens próprias. propósito resumir, analisar
Via de regra, estes artigos e discutir informações já
relatam resultados de pesquisa, publicadas que, geralmente,
bem como desenvolvem e resultam de revisão de
analisam dados não publicados. trabalhos já publicados, revisões
bibliográficas.
UNIDADE 3 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 15 • 19

Questões
de fixação
1
Você já realizou trabalhos de graduação durante
seus estudos. Aponte como essa experiência co-
laborou para seu preparo até aqui:

2
Qual a diferença entre monografia, disserta-
ção e tese?

3
Use o conhecimento aprendido neste curso para
fazer um resumo sobre o “positivismo”:

4
Qual linguagem deve ser utilizada na produção
de uma resenha?

5
Faça um “passo a passo” de como deve ser elabo-
rada uma resenha:
16 • 19 UNIDADE 3 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

6
Quais são os quatro tipos de esquema mais uti-
lizados, e quais suas definições?

7
Quais são as 5 normas que você deve seguir ao
fazer um fichamento?

8
Qual o objetivo do paper? O que o diferencia dos
outros gêneros acadêmicos?

9
Qual o objetivo principal do artigo científico, e
suas principais características?

10
Cite cinco falhas comuns que podem prejudicar
a produção de um artigo científico:
UNIDADE 3 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 17 • 19

Bibliografia
ALVES, Rubem. Filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras. são Paulo:
loyola, 1999.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724: trabalhos


acadêmicos: apresentação. Rio de Janeiro, 2011.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520. Informa-


ção e documentação – Citações em documentos – Apresentação. Rio de Janei-
ro,2002.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: informação


e documentação - referências - elaboração. Rio de Janeiro, 2002.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6022: informação


e documentação: artigo em publicação periódica científica impressa: apresenta-
ção. Rio de Janeiro, 2003.

AZEVEDO, israel Belo de. O prazer da produção científica: diretrizes para a


elaboração de trabalhos acadêmicos. 6. ed. Piracicaba: UniMEP,1998.

BARROS, Aidil J. da Silveira; LEHFELD, Neide A. de Souza. Fundamentos de me-


todologia científica: um guia para a iniciação científica. 3. ed. São Paulo: Makron
Books, 2000.

BOENTE, Alfredo N. P; BRAGA, Glaucia. Metodologia científica contemporânea


para universitários e pesquisadores. Rio de Janeiro: Brasport, 2004.

CENCI, Angelo Vitório. O que é ética? Elementos em torno de uma ética geral.
Passo Fundo: Ed. do autor. 2000. CERVO, Amado L.; BERVIAN, Pedro A. Metodo-
logia científica. 5. ed. são Paulo: Prentice Hall, 2002.

CERVO,A. L. BERVIAN, P.A. Metodologia científica. 5.ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002.

CHIZZOTTI, Antônio. Pesquisa em ciências humanas e sociais. 5. ed. são Paulo:


Cortez, 2001.
18 • 19 UNIDADE 3 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

COLLIS, Jill; HUSSEY, Roger. Pesquisa em administração: um guia prático para


alunos de graduação e pós-graduação. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.

COLZANI, valdir Francisco. Guia para redação do trabalho científico. Curitiba:


Juruá, 2001.

DENCKER, Ada de Freitas M. Métodos e técnicas de pesquisa em turismo. 4. ed.


são Paulo: Futura, 2000.

D’ONOFRiO, salvatore. Metodologia do trabalho intelectual. são Paulo: Atlas,


2000.

FERREIRA, luiz Gonzaga R. Redação Cientifica: como escrever artigos, mono-


grafias, dissertações e teses. Fortaleza: Edições UFC,1994.

FACHIN, Otilia. Fundamentos da metodologia. 4.ed. são paulo: saraiva, 2003.

GIL, Antônio C. Métodos e técnicas em pesquisa social. 7. ed. são Paulo: Atlas, 2006.

ICPG – insTiTUTO CATARinEnsE DE PÓs-GRADUAÇÃO. Equipe de Metodo-


logia do Trabalho Científico. Blumenau: ICPG, 2008.

LABES, Emerson Moisés. Questionário: do planejamento à aplicação na pesquisa.


Chapecó: Grifos, 1998.

LAKATOS, Eva M.; MARCONI, Marina de A. Metodologia do trabalho científico.


6. ed. são Paulo: Atlas, 2001.

LAVILLE, Chistian; DIONNE, Jean. A construção do saber: manual de metodolo-


gia da pesquisa em ciências humanas. Porto Alegre: Artmed, 1999.

OLIVEIRA, sílvio luiz de. Metodologia científica aplicada ao direito. são Paulo:
Pioneira Thomson learning, 2002.

MALHOTRA, N. K. Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. Porto Ale-


gre: Bookman, 2001.

MARCONI, Maria de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de Metodo-


logia Científica. 6. ed. são Paulo: Atlas,2005.
UNIDADE 3 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 19 • 19

MARTINS, Rosinilda Baron. Metodologia Cientifica: como tornar mais agradável


a elaboração de trabalhos acadêmicos. 2. tir. Curitiba: Juruá, 2005.

MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos,


resenhas. 5. ed. são Paulo: Atlas, 2003.

MEDEIROS, J. B.; ANDRADE, M. M. de. Manual de elaboração de referências


bibliográficas: a nova NBR 6023:2000 da ABNT: exemplos e comentários. 1. ed.
São Paulo: Atlas, 2001. 188 p.

MENEZES, Nilson L. de; VILLELA, Francisco A. Pesquisa científica. Revista SEED


News. Disponível em: <http://www.seednews.inf.br/portugues/seed82/print_ar-
tigo82.html>. Acesso em: 13 out. 2006.

MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.). Pesquisa Social. Teoria, método e criati-
vidade. 18 ed. Petrópolis:Vozes, 2001.

SANTOS, Antonio Raimundo. Metodologia científica: a construção do conheci-


mento. 7. ed. Rio de Janeiro: lamparina, 2007.

SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 22. ed.são


Paulo: Cortez, 2002.

SECAF, victoria. Artigo científico: do desafio à conquista. 3. ed. São Paulo: Green
Florest do Brasil, 2004.

SILVA, Renata. Modalidades e etapas da pesquisa e do trabalho científico. são


José: UsJ, 2008. (mimeo).

SOARES, Edvaldo. Metodologia científica: lógica, epistemologia e normas. são


Paulo: Atlas, 2003.

TRIOLA, M.F. Introdução à estatística. Rio de Janeiro: LTC – Livros Técnicos e


Científicos Editora, 1999.

VOLPATO, Gilson luiz. Bases teóricas para Redação Cientifica...por que seu ar-
tigo foi negado? São Paulo: Cultura Acadêmica.Vinhedo: Scriota, 2007.

VOLPATO, Gilson luiz. Dicas para redação científica: por que não somos citados.
2. ed. Botucatu: Gilson luiz volpato, 2006.
METODOLOGIA
CIENTÍFICA
UNIDADE 4
METODOLOGIA
CIENTÍFICA

UNIDADE 4
Sumário
APRESENTAÇÃO DA UNIDADE 04
COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA 05
ENSAIO CIENTÍFICO 09
NORMAS DA ABNT 17
QUESTÕES DE FIXAÇÃO 36
BIBLIOGRAFIA 38
4
04 • 40 UNIDADE 4 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

Apresentação
da unidade
Nesta última etapa do curso você vai aprender que
o texto científico tem tantas especificidades que as
vezes parece até que estamos lidando com outro
idioma. Esse estilo diferente e formal pode causar
algumas dificuldades no início, mas tudo tem sua
explicação. E, com esse grande relatório que você
acompanhará a seguir, a execução ficará muito mais
simples do que parece.

Além da parte escrita, é muito importante saber a


maneira correta de utilizar ferramentas diferentes,
como tabelas, ilustrações ou gráficos, por exemplo.
Também daremos atenção aos detalhes da Associa-
ção Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e como
você deve ficar atento para que a linguagem do seu
projeto flua com naturalidade, mesmo com todas as
regras impostas.Vamos em frente?
UNIDADE 4 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 05 • 40

Comunicação
Científica
ESTILO DA REDAÇÃO TÉCNICO-CIENTÍFICA

O texto técnico-científico caracteriza-se por abor-


dar temática referente à ciência, no qual se usa o
instrumental teórico com o propósito de possibili-
tar a discussão científica na área para qual o texto se
remete. É importante notar que o estilo de redação
usado em artigos científicos não segue as mesmas
características dos artigos jornalísticos ou até mes-
mo dos textos literários e publicitários.

A linguagem da discussão científica tem suas pró-


prias características por empregar a linguagem
técnica em seu nível padrão, respeitando as regras
gramaticais e com estilo próprio, de acordo com a
especificidade de cada área.

Sobre o estilo de redação na comunicação científica,


Severino (2002 p.84) diz: “[...] o estilo do texto será
determinado pela natureza do raciocínio específico
às várias áreas do saber em que se situa o traba-
lho”. Já a definição de Secaf (2004, p.47) é:“um artigo
científico exige que o autor expresse o que sabe
sobre o tema, utilize a língua vernácula de manei-
ra precisa e exponha as ideias de maneira simples
e com palavras que não sejam rebuscadas. Deve-se
usar linguagem padrão (por exemplo: homem) e não
a expressão coloquial (por exemplo: camarada) e
nunca gíria (por exemplo: cara, careta). Atenção es-
pecial ao uso, ou não, do jargão (termos técnicos),
pois influencia a compreensão do leitor do periódi-
co em que irá publicar [...]”
06 • 40 UNIDADE 4 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

Alguns aspectos devem ser observados na reda-


ção técnico-científica, como ensina Azevedo (1998,
p.103):“seu texto terá de perseguir os princípios bá-
sicos de qualquer comunicação, como clareza, con-
cisão, correção, encadeamento, consistência, con-
tundência, precisão, originalidade e fidelidade, entre
outros compromissos”.

Após essas definições teóricas, é importante priorizar al-


gumas características na hora de produzir o seu artigo:

A Coerência: Via de regra, em cada etapa do artigo cien-


tífico se imprime uma sequência que deve ser repetida.
Por exemplo, a sequência de ideias que foi anunciada
no resumo deve estar detalhada na introdução e se-
guir o mesmo ordenamento no desenvolvimento. Nas
considerações finais, deve-se evidenciar os aspectos
essenciais do artigo, na ordem em que foram apresen-
tados no desenvolvimento.

B Objetividade: Os assuntos em pauta, na linguagem


científica, devem ser abordados de maneira simples,
evitando expressões evasivas, com significados dúbios
e palavras de difícil compreensão. Na redação técnico-
científica deve-se perseguir com afinco a objetividade,
como reforça Gil (2002, p.164): “o texto deve ser es-
crito em linguagem direta, evitando-se que a sequência
seja desviada com considerações irrelevantes. A argu-
mentação deve apoiar-se em dados e provas e não em
considerações e opiniões pessoais”.

C Concisão: Procure no seu artigo dizer o máximo com


o menor número de palavras. De acordo com Azevedo
(1998, p.113), “a concisão se obtém com o exercício
de reescrever. A cada vez que se faz isso, descobre se
uma repetição de ideias ou de palavras, nota-se voca-
bulário supérfluo, encontra-se uma maneira de dizer a
mesma coisa com menos palavras”.
UNIDADE 4 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 07 • 40

D Clareza: O texto científico deve primar pela redação


clara, não deixando margem às diferentes interpreta-
ções. É fundamental que se evitem comentários irre-
levantes e redundantes. Como exemplifica Azevedo
(1998, p.112), “um bom teste para a clareza de seu
texto é solicitar sua leitura por outra pessoa. Se ela
fizer alguma pergunta, não responda. Tome o texto e o
reescreva. Depois, repita o teste”.

E Precisão: Toda palavra utilizada deve traduzir exata-


mente a ideia a ser tratada. Um vocabulário preciso é
aquele que evita linguagem rebuscada, prolixa e atin-
ge seu propósito. Deve-se utilizar uma nomenclatura
aceita no meio científico de cada área.

F Imparcialidade: O trabalho científico deve evitar


ideias preconcebidas. Todo posicionamento adota-
do em um texto deve amparar-se em fatos e dados
evidenciados pela pesquisa. O autor deve primar por
manter seu posicionamento e suas escolhas de pesqui-
sa sem assumir uma postura unilateral.

G Encadeamento: O texto deve ter uma sequência ló-


gica e fluida, para não prejudicar o entendimento do
público. Azevedo (1998, p.119) indica como deve ser
uma boa redação técnico-científica: “encadeie as fra-
ses, os parágrafos, os tópicos e os capítulos entre si.
Procure tornar cada frase um desenvolvimento do que
veio antes, numa sequência lógica, tanto para explicar,
quanto para demonstrar, detalhar, restringir ou negar.
Cada parágrafo deve estar em harmonia e em tran-
quila transição com o anterior e com o posterior. O
mesmo vale para tópicos e capítulos.”

H Impessoalidade: O texto deve ser impessoal, por isso


é conveniente que seja redigido na terceira pessoa e
que se evite afirmações como: “a minha pesquisa”, “o
meu estudo”, “o meu artigo”. O que se postula é que
se use “esta pesquisa”, “este estudo”, “este artigo”.
08 • 40 UNIDADE 4 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

PARÁGRAFO NO TEXTO TÉCNICO-CIENTÍFICO

Escrever na linguagem exigida pela comunidade científica não é nenhum bicho


de sete cabeças. Mesmo assim é comum isso gerar desconfortos. Por exemplo:
como devo iniciar a escrita? Como se deve iniciar um parágrafo?

De acordo com Secaf (2004, p.51), “o parágrafo tem por finalidade expressar
etapas do raciocínio e, portanto, conter uma única ideia; não se trata de divisões
estáticas e sim que o parágrafo seguinte tenha uma relação com anterior”. Cada
parágrafo tem um objetivo a ser cumprido e cada qual com etapas de raciocí-
nio. E cada raciocínio existente no parágrafo deve ter sequência lógica. Ou seja,
não pode ser disposto de qualquer maneira, pois se isso ocorrer, pode levar o
leitor a não compreender seu raciocínio ou, até mesmo, levá-lo a se perder no
raciocínio exposto.

Conforme Severino (2002, p.84) “o parágrafo é uma parte do texto que tem por
finalidade expressar as etapas do raciocínio. Por isso, a sequência dos parágrafos,
seu tamanho e sua complexidade dependem da própria natureza do raciocínio”.

Enfim, pode-se dizer que o parágrafo tem estrutura semelhante à de um texto


composto por vários parágrafos. Ou seja, é composto por introdução, desen-
volvimento e conclusão. Para Volpato (2006, p.46), “cada parágrafo contém uma
argumentação completa, levando a uma conclusão”. Após concluir esse argu-
mento, mude de parágrafo.
UNIDADE 4 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 09 • 40

Ensaio
Científico
No seu dia a dia, quando procura artigos científicos
do seu interesse ou da área de sua atuação, você
deve ter percebido que eles podem, na sua apresen-
tação, formatação e organização, ter pequenas di-
ferenças entre si. Diante disso, você poderá pensar
de que forma se deve organizar o artigo científico.
Por isso, neste capítulo, você terá acesso a como
elaborar seu artigo científico para conclusão do seu
curso, respeitando as normas de organização, forma-
tação e características do texto técnico-científico, as
quais estão em consonância com a ABNT.

APRESENTAÇÃO GRÁFICA

O artigo científico deve seguir as indicações abaixo na parte gráfica:

Papel: folha branca de tamanho A4 (21cm x 29,7cm).

Margens: esquerda e superior de 3cm; direita e inferior de 2cm.

Espaçamento entrelinhas: 1,5.

Parágrafo: de 1,25cm (geralmente 1 tab), com uma linha em branco entre um


parágrafo e outro.

Formato do texto: justificado.

Tipo e tamanho da fonte:


• Texto: Times New Roman de tamanho 12.
10 • 40 UNIDADE 4 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

• Importante: Nas citações longas, notas de rodapé, número de página e


fontes de ilustrações e tabelas use Times New Roman, de tamanho 10.

• Título: tamanho 18 e negrito,

• Subtítulo: tamanho 16 e negrito,

Paginação: as páginas são numeradas com algarismos arábicos, colocados


no canto superior direito da página, a 2cm da borda superior.A primeira
folha, que apresenta a identificação do artigo, não é paginada, embora seja
contada.A paginação é iniciada na segunda folha e segue até o final do tra-
balho, inclusive nos elementos pós-textuais opcionais (apêndices e anexos).

Extensão do artigo: de 8 a 12 páginas. Veja a proporção dos elementos do


artigo sugerida no quadro a seguir.

Títulos e subtítulos internos: os títulos de primeiro nível devem ser colo-


cados em letras maiúsculas e em negrito (ex: 3 ADMINISTRAÇÃO); subtí-
tulos de segundo nível devem iniciar com a primeira letra maiúscula e seguir
com letras minúsculas em negrito (ex: 3.1 Administração científica); e sub-
títulos de terceiro nível, em letras minúsculas e apenas a primeira letra do
título maiúscula (salvo nomes próprios) e sem negrito (ex: 3.1.1 Histórico
da administração científica). A numeração de títulos e subtítulos deve ser
alinhada à margem esquerda.

Itálico: utiliza-se para grafar as palavras em língua estrangeira, como check in,
resumen e workaholic, por exemplo.

O quadro a
seguir apresenta
um exemplo da
organização,
formato e
apresentação do
artigo científico:
UNIDADE 4 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 11 • 40

Quadro 5 - Exemplo da organização, formato e apresentação do artigo científico Fonte: Elaborado pela equipe MTC-ICPG (2007).

Normas Metodológicas: O modelo de apresentação do artigo científico


seguirá, por razões de normatização, a estrutura de artigos científicos apre-
sentada nesta unidade, que está em consonância com a NBR 6022 (2003),
sendo imprescindível o uso e o cumprimento das normas estabelecidas no
quadro a seguir.

PRÉ-TEXTUAIS TEXTUAIS PÓS-TEXTUAIS

Título Referências (obrigatório)


Subtítulo (opcional) Introdução Apêndice(s) (opcio-
Autores Desenvolvimento nal(is)/não-recomendado(s))
Resumo Considerações Finais Anexo(s) (opcional(is)/
Palavras-chave não-recomendado(s))

Quadro 6 - Disposição dos elementos do artigo científico Fonte: ABNT, NBR 6022, 2003 (adaptado pela equipe do MTC-ICPG, 2007).
12 • 40 UNIDADE 4 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

ELEMENTOS DA ESTRUTURA DO ARTIGO CIENTÍFICO

A ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS
Os elementos pré-textuais são compostos por informações essenciais,
conforme explicação e modelo a seguir.

• Título do trabalho: (letra 18, centralizado, maiúsculas e negrito).

• Subtítulo, se houver: (letra 16, centralizado, negrito, maiúsculas e mi-


núsculas); (após o subtítulo, deixar 2 linhas de tamanho 12 em branco).

• Estudante: nome do estudante (letra 12, centralizado, negrito, maiúscu-


las e minúsculas), com nota de rodapé indicando a titulação e o e-mail.

• Co-autor: nome do orientador (letra 12, centralizado, negrito, maiúscu-


las e minúsculas), com nota de rodapé indicando a titulação (especialista,
mestre, doutor) e o e-mail; (deixar 2 linhas de tamanho 12 em branco).

• Resumo: (a palavra resumo deve ser em letra 12, negrito, alinhado à es-
querda). Após a palavra “resumo”, deixar 1 linha de tamanho 12 em bran-
co. Esse item deve ter apenas um parágrafo de, no máximo, 250 palavras
(aproximadamente 15 linhas), sem recuo na primeira linha. Use espaceja-
mento simples, justificado, tamanho 12. (ABNT, NBR 6028, 2003).

• Palavras-chave: é preciso esco-


Palavra-chave
lher de 3 a 6 palavras ou termos
mais importantes do conteúdo,
frequentemente já expressos no
Conhecimento. Ciência.
resumo. São separados entre si, Metodologia
finalizados por ponto e iniciados Científica.
com letra maiúscula. A expres- Após as
são “Palavras-chave” deve ser em palavras-chave, deixar 2 linhas de tamanho
12 em branco.
fonte 12, negrito, alinhada à es-
querda.

• Título e subtítulo do trabalho em inglês: utilizar as mesmas regras de


formatação do texto em português. Após, deixar duas linhas em branco
em fonte tamanho 12.
UNIDADE 4 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 13 • 40

• Abstract: Resumo em inglês. Escrever “Abstract” em fonte Times New


Roman, tamanho 12, negrito, alinhado à esquerda. Deixar uma linha em
branco. O abstract deve ter a mesma formatação do resumo em portu-
guês. Deixar 1 linha em branco.

• Keywords: Palavras-chave em inglês. Devem ter a mesma formatação do


resumo em português. Deixar 1 linha em branco.

B ELEMENTOS TEXTUAIS
A introdução, o desenvolvimento e as considerações finais fazem parte dos
elementos textuais. Então, leia atentamente o que se postula sobre cada qual.

• Introdução
Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR 6022 (2003,
p. 4), a introdução é “a parte inicial do texto, onde devem constar a de-
limitação do assunto tratado, objetivos da pesquisa e outros elementos
necessários para situar o tema do trabalho”.

Como já citado durante a Unidade 2 deste curso, a introdução deve anun-


ciar a ideia central do trabalho, delimitando o ponto de vista enfocado em
relação ao assunto e à extensão. Deve situar o problema ou o tema abor-
dado, no tempo e no espaço, enfocar a relevância do assunto e apresentar
o objetivo central do artigo.

Para Martins (2005, p.221): “[...] na introdução não se deve repetir ou


parafrasear o resumo, nem antecipar conclusões e recomendações, mas é
um convite para a leitura do texto integral. Assim, esta parte é importante
para que o leitor penetre na problemática abordada, familiarizando-se com
os termos e o conteúdo da pesquisa”.

A finalidade da introdução é situar o leitor no tema, definindo con-


ceitos, apresentando os objetivos do artigo e as linhas de pensamento
relevantes para o estudo do assunto e as possíveis controvérsias, explici-
tando qual dessas linhas o autor seguirá e a justificativa para sua escolha.
Também é aconselhável que o autor, nos últimos parágrafos da introdução,
apresente a estrutura do artigo. Além disso, ressalta Volpato (2006, p.60),
“a introdução é o lugar certo para você mostrar enfaticamente a novidade
de seu objetivo em relação ao panorama do conhecimento da sua área”.
14 • 40 UNIDADE 4 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

• Desenvolvimento
Conforme a Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR 6022 (2003,
p. 4), o desenvolvimento é a “parte principal do texto, que contém a ex-
posição ordenada e pormenorizada do assunto. Divide-se em seções e
subseções, que variam em função da abordagem do tema e do método”.

Não existe exatamente uma norma rígida que oriente esta seção do artigo. O
texto, no desenvolvimento, poderá conter ideias de autores, dados da pesquisa (caso
for pesquisa de campo, colocar gráficos e tabelas auxiliares) e interpretações.

Para Martins (2005, p.221): o desenvolvimento do assunto é a parte mais


importante e extensa do texto em que é exigido raciocínio lógico e cla-
reza. Seu objetivo é proporcionar uma exposição clara da ideia principal,
fundamentando-as de modo racional com os resultados da investigação.

‘‘ O DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO É A PARTE


PRINCIPAL, MAIS EXTENSA E CONSISTENTE. SÃO
APRESENTADOS OS CONCEITOS, TEORIAS, CITAÇÕES DAS
‘‘
AUTORIDADES DO ASSUNTO QUE VOCÊ ESTÁ ABORDANDO,
PRINCIPAIS IDEIAS SOBRE O TEMA FOCALIZADO, ALÉM
DE ASPECTOS METODOLÓGICOS, RESULTADOS E
INTERPRETAÇÃO DO ESTUDO.

• Considerações finais
Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR 14724 (2005, p. 6), afirma
que a conclusão é a “parte final do texto, na qual se apresentam conclu-
sões correspondentes aos objetivos ou hipóteses”.

As considerações finais devem limitar-se a uma síntese da argumentação


desenvolvida no corpo do trabalho e dos resultados obtidos. É importante
lembrar que elas devem estar fundamentadas nos resultados obtidos na
pesquisa. E, ainda, menciona Fachin (2003, p.165): “deve ser breve, clara,
objetiva, apresentar visão analítica do corpo do trabalho, inter-relacionan-
do-o e levando em conta o problema inicial do estudo. É redigida tendo
em vista os resultados obtidos. É decorrente dos dados obtidos ou fatos
observados, portanto não se deve introduzir novos argumentos, apenas
demonstrar o que foi encontrado no decorrer do estudo”.
UNIDADE 4 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 15 • 40

Nesta parte do trabalho podem ser discutidas recomendações e suges-


tões para o prosseguimento no estudo do assunto. Portanto, neste item,
não se deve trazer nada de novo. Ainda, sugere-se que não se utilize
citações nesta seção.

‘‘ AS CONSIDERAÇÕES FINAIS DEVEM APRESENTAR DEDUÇÕES


LÓGICAS CORRESPONDENTES AOS PROPÓSITOS PREVIAMENTE
‘‘
ESTABELECIDOS DO TRABALHO,APONTANDO O ALCANCE E
O SIGNIFICADO DE SUAS CONTRIBUIÇÕES.TAMBÉM PODEM
INDICAR QUESTÕES DIGNAS DE NOVOS ESTUDOS,ALÉM DE
SUGESTÕES PARA OUTROS TRABALHOS.

• Referências (obrigatório)
As referências, de acordo com a Associação Brasileira de Normas Téc-
nicas, (NBR 6023, 2002, p.2), são definidas como “conjunto padronizado
de elementos descritivos, retirados de um documento, que permite sua
identificação individual”.

As referências são uma das partes do artigo, ou seja, fazem parte do todo,
em virtude de que o corpo do artigo está sustentado em informações pes-
quisadas também nas autoridades do assunto em questão, os quais foram
citados no corpo do trabalho. E, dessa forma, as referências permitirão que
o leitor tenha acesso às obras, aos documentos e aos artigos científicos
que foram citados no interior do trabalho.

• Apêndice (opcional)
Texto ou documento elaborado pelo autor que visa complementar o tra-
balho. Os apêndices são identificados por letras maiúsculas consecutivas,
seguidas de travessão e respectivo título (Ex.: APÊNDICE A – Roteiro de
entrevista).

• Anexo (opcional)
Texto ou documento não elaborado pelo autor do trabalho, que comple-
menta, comprova ou ilustra o seu conteúdo. Os anexos são identificados
por letras maiúsculas consecutivas, seguidas de travessão e respectivo tí-
tulo (Ex.: ANEXO B – Estrutura organizacional da Empresa Alfa).
16 • 40 UNIDADE 4 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

Importante: Sugere-se que os elementos pós-textuais: Apêndices e Anexos


não sejam incluídos no artigo.

- Apresentação de Ilustrações e Tabelas


Ao elaborar um artigo, o estudante não fará necessariamente somente o uso da
argumentação para um enfoque contrário ao já postulado sobre o assunto ou ofe-
recer soluções para assuntos controversos à sua área de estudo.Também não usará
somente citações de autoridades do assunto para embasar o que tende a defender
ou refutar. No decorrer do artigo, o aluno pode usar outros elementos para ilustrar
ou, até mesmo, dar mais credibilidade às ideias que tenciona defender. Para isso,
poderá fazer o uso de ilustrações, tabelas e até mesmo gráficos. Sendo assim, segue
abaixo como estes itens devem aparecer no artigo científico.

• Formato de apresentação de elementos do texto


- Ilustrações
(desenhos, fotografias, organogramas, quadros e outros)

As ilustrações devem ser centralizadas, com legenda numerada partindo de 1. O


título da ilustração deve ser precedido pela palavra que a identifique (exemplo:
“Figura”) e pelo seu respectivo número. A posição do título é centralizada e a
seguir da ilustração.

A fonte ou nota explicativa deve estar centralizada e abaixo da figura, em fonte


Times New Roman tamanho 10:

- Tabelas
A legenda da tabela deve ser precedida pela palavra “Tabela” e pelo seu respec-
tivo número. A posição do título é centralizada e acima da tabela. A fonte fica no
final da tabela, também centralizada, tamanho 10, espaçamento simples entreli-
nhas e seguindo os padrões estabelecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE).

- Gráficos
Os gráficos apresentam dados numéricos em forma gráfica para melhor visuali-
zação. O mesmo procedimento de títulos deve ser adotado para os gráficos, ou
seja, usar a palavra “Gráfico”, seu respectivo número e seu título.

A posição do título é centralizada e acima do gráfico. A fonte fica no final do


gráfico, também centralizada, tamanho 10 e espaçamento simples entrelinhas.
UNIDADE 4 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 17 • 40

- Notas de rodapé
As notas de rodapé devem ter como propósito servir como apoio explicativo e
devem ficar sempre no pé da página. A nota deverá estar separada do resto do
texto por uma linha. As notas, a exemplo das figuras, também devem ser nume-
radas partindo de 1. Sugere-se utilizar o recurso de notas do próprio Word para
inserir notas de rodapé no texto (comando: Inserir Notas). O próprio Word
administrará a numeração. A posição do texto da nota no pé da página deve ser
alinhada à esquerda.

- Palavras estrangeiras
Sempre que possível, evite o estrangeirismo. Se for inevitável usar termos em língua
estrangeira, estes deverão ser escritos usando o modo itálico. Ex.: feedback.

Normas
da ABNT
Ao escrever um artigo científico, além de se ter
uma série de requisitos a serem respeitados, con-
forme mencionado nos capítulos anteriores, o alu-
no não escreverá o seu artigo baseado somente
em suas ideias e experiências particulares. Fará,
obrigatoriamente, menção ao que outros autores
reconhecidos pela comunidade científica da sua
área retratam sobre o assunto que está pesquisan-
do para elaborar o trabalho.

Nesta hora, algumas dúvidas podem surgir: de que


maneira posso citar outros autores no decorrer do
meu artigo? Como se fazem as citações destes au-
tores? Aqui você terá acesso ao que se define por
citação, para que serve, os tipos de citação e como se
deve fazer as citações ao elaborar um artigo.Você en-
contrará a definição de citação, sistemas de chamada,
formas de citação e indicação de autores na citação.
18 • 40 UNIDADE 4 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

SISTEMAS DE CHAMADAS

As citações no texto devem ser feitas de maneira uniforme e de acordo com o es-
tilo do pesquisador ou critério adotado pela revista em que o artigo pleiteará a pu-
blicação. Contudo, as citações devem seguir as prescrições da NBR 10520, de 2002.

Ao elaborar o artigo, quanto ao sistema de chamada, a indicação das fontes


citadas pode ser de duas formas: o sistema numérico ou o sistema autor-data.

A Sistema Numérico
No sistema numérico, a numeração é única e consecutiva, em algarismos ará-
bicos. Neste sistema, não deve ser iniciada uma nova numeração a cada nova
página do trabalho. A fonte é indicada de forma completa em nota de rodapé
e apresentada de acordo com as normas de referência bibliográfica. Caso seja
necessário o uso do sistema numérico, é importante ressaltar que as notas de
referências contidas nas notas de rodapé devem constar na lista de referências.
Quando usar nota de rodapé, não se usa o sistema numérico.

B Sistema Autor-data
Neste sistema, o leitor pode identificar a fonte completa da citação na lista de
referências, organizada em ordem alfabética, no final do trabalho. O formato da
citação no sistema autor-data é feito pelo sobrenome do autor ou pela insti-
tuição responsável ou, ainda, pelo título de entrada (caso a autoria não esteja
declarada), seguido pela data de publicação do documento e página da citação,
separados por vírgula.

De acordo com a NBR 10520 (2002), se o sobrenome do autor, a instituição,


o responsável ou o título estiver incluído no texto, este deve ser com letras
maiúsculas e minúsculas.

Exemplo1

Para Teixeira (1998, p.35), “A ideia de que a mente funciona como um


computador digital e que este último pode servir de modelo ou metá-
fora para conceber a mente humana iniciou a partir da década de 40”.
UNIDADE 4 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 19 • 40

Exemplo2

“A ideia de que a mente funciona como um computador digital e que


este último pode servir de modelo ou metáfora para conceber a mente
humana iniciou a partir da década de 40.” (TEIXEIRA, 1998, p. 35).

Quando o nome do autor citado estiver entre parênteses, deve ser es-
crito com todas as letras em maiúscula, conforme o exemplo 2.

No caso de uso das citações com dois ou mais documentos de um


mesmo autor que foram publicados no mesmo ano, estes devem ser
diferenciados pelo acréscimo de letras minúsculas do alfabeto após o
ano, conforme exemplo a seguir:

(SILV A, 2008a)
(SILV A, 2008b)
(SILV A, 2008c)

Caso ocorra de haver dois autores com o mesmo sobrenome e mesma


data de publicação, acrescentam-se as iniciais de seu prenome, confor-
me exemplo a seguir:

(SILV A, M., 2004)


(SILV A, C., 2004)

CITAÇÕES

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) define citação como a


Menção de uma informação extraída de outra fonte. Outros autores também
possuem diferentes definições sobre as citações:

Para Colzani (2001, p.97): “citação é uma inserção, num texto, de informações
colhidas de outra fonte, para esclarecimento do tema em discussão, para sus-
tentar, para refutar ou apenas para ilustrar o que se disse”.
20 • 40 UNIDADE 4 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

Já para Barros e Lehfeld (2000, p. 107): “as citações ou transcrições de docu-


mentos bibliográficos servem para fortalecer e apoiar a tese do pesquisador ou
para documentar sua interpretação”.

Pode-se afirmar que, dentre os objetivos pelos quais se utiliza citações, estão:
– Permitir ao leitor ir ao texto original do autor citado;
– Possibilitar a identificação do legítimo “autor” das ideias apresentadas no trabalho;
– Dar credibilidade e autoridade ao texto;
– Reforçar e fundamentar em outros autores que discutem o assunto em questão;
– E corroborar com as ideias expostas no trabalho.

A citação, como já mencionado, é a transcrição de ideias alheias. Santos (2007,


p.121-122) ensina que: “textos técnicos e científicos devem lançar mão de cita-
ções por dois bons motivos. O primeiro é que, normalmente, citam-se autores
de outros textos já publicados. Isto é, autores cujas ideias já foram publicamente
expostas, submetidas ao juízo e reconhecimento da comunidade de leitores e
da comunidade científica. Se as ideias permanecem (e da forma como permane-
cem), seu autor merece menção, como conhecedor do assunto exposto, como
autoridade científica. Segundo, ao se referenciar certo autor, fazem-se, a um só
tempo, um ato de justiça intelectual (atribuir-se a ideia a seu “dono”) e um ato
de honestidade científico-acadêmica (o autor que cita e referencia reconhece
que a ideia não é sua).

As citações são de extrema importância para o artigo científico. Mas elas não
substituem a redação do trabalho, no sentido de fazer dele uma colcha de reta-
lhos de citações de diversos autores.

Os problemas mais comuns quanto à citação são:

Escassez de citações, atribuindo-se ao autor pensamentos que são de outrem.

Excesso de citações, o que faz do trabalho uma enorme colcha de retalhos.

Documentação inadequada (por inexistência, insuficiência ou incorreção)


das fontes empregadas.

Presença no texto de informações que poderiam ir para as notas, o que


permitiria deixar a redação mais “limpa”.
UNIDADE 4 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 21 • 40

Falta de diálogo com as fontes, usadas, às vezes, apenas para abonar o pensa-
mento do autor, sem discussão.

Inadequada transição entre o texto do autor e o texto citado, o que dificulta


a identificação de quem está falando (AZEVEDO, 1998, p. 120).

• Formas de Citações
Há alguns modelos distintos de citações que podem ser utilizadas pelo alunos
durante seu projeto. Nesta parte do estudo você conhecerá as mais utilizadas.

A Citação Direta
A citação direta, de acordo com a NBR 10520 (2002, p. 2), é a “Transcrição lite-
ral da parte da obra do autor consultado”. Ou seja, neste tipo de citação, deve-
se respeitar redação, ortografia, sinais gráficos e pontuação do texto original,
fazendo uma cópia fiel do autor consultado.

B Citação Direta Curta


A citação curta é de até três linhas e deve ser inserida entre aspas, no interior
do parágrafo.

Exemplo1

No parágrafo: Sobrenome do autor ou dos autores (data, n. da página).


De acordo com Sabadell (2000, p.31), “o objeto da ciência jurídica é
examinar como funciona o ordenamento jurídico. Como diz Kelsen, o
direito é um conjunto de normas em vigor [...]”.

Exemplo 2

No final da citação (SOBRENOME DO AUTOR OU AUTORES, data, n.


da página).

“O objeto da ciência jurídica é examinar como funciona o ordenamento


jurídico. Como diz Kelsen, o direito é um conjunto de normas em vigor
[...]”. (SABADELL, 2003,p.31).
22 • 40 UNIDADE 4 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

C Citação Direta Longa


As citações diretas, com mais de três linhas, devem aparecer em parágrafo dis-
tinto, com recuo de 4 centímetros da margem esquerda, espaçamento simples,
sem aspas e em fonte 10.

Exemplo1

Para Goldman (2001, p.58):

Objetivo fundamental da educação, isto é, dos sistemas escolares, em


todos os níveis, é o de prover os estudantes com conhecimento e de-
senvolver habilidades intelectuais que elevem as suas habilidades de
aquisição de conhecimento. Isto, de qualquer modo, é a imagem tradi-
cional, e eu não conheço nenhuma boa razão para abandoná-la.

Exemplo 2

Objetivo fundamental da educação, isto é, dos sistemas escolares, em


todos os níveis, é o de prover os estudantes com conhecimento e de-
senvolver habilidades intelectuais que elevem as suas habilidades de
aquisição de conhecimento.

Isto, de qualquer modo, é a imagem tradicional, e eu não conheço ne-


nhuma boa razão para abandoná-la. (GOLDMAN, 2001, p.58).

D Citação direta: citação da citação


Nesse caso, é a citação de parte de um texto encontrado em um determinado
autor, referente a outro autor, ao qual não se teve acesso. Utiliza-se apenas
quando não houver possibilidade de acesso ao documento original. É indicada
pela expressão apud que significa citado por. No texto, a citação da citação deve
seguir a seguinte ordem: autor do documento não consultado, seguido da ex-
pressão latina “apud” (citado por), em formato normal (sem itálico), e o autor
da obra consultada.
UNIDADE 4 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 23 • 40

Exemplo1

Para o movimento iluminista, a luz da razão possibilitaria esclarecer as


pessoas, ou seja, reeducá-las, longe das ideias medievais, das trevas, do
preconceito e das superstições. Neste sentido, para Kant (1784 apud
REALE; ANTISERI, 1990, p. 669):

O iluminismo é a saída do homem do estado de menoridade que ele


deve imputar a si mesmo. Menoridade é a incapacidade de valer-se de
seu próprio intelecto sem a guia de outro. Essa menoridade é imputável
a si mesmo se sua causa não depende de falta de inteligência, mas sim de
falta de decisão e coragem de fazer usos de seu próprio intelecto sem
ser guiado por outro. Sapere aude! Tem a coragem de servir-te de tua
própria inteligência! Esse é o lema do iluminismo.

Perceba que se está citando Kant, no entanto, como não se teve acesso
à obra do autor, Kant está sendo citado por Reale e Antiseri.

Exemplo 2

Para o movimento iluminista, a luz da razão possibilitaria esclarecer as pes-


soas, ou seja, reeducá-las, longe das ideias medievais, das trevas, do precon-
ceito e das superstições. Neste sentido:

O iluminismo é a saída do homem do estado de menoridade que ele deve


imputar a si mesmo. Menoridade é a incapacidade de valer-se de seu próprio
intelecto sem a guia de outro. Essa menoridade é imputável a si mesmo se
sua causa não depende de falta de inteligência, mas sim de falta de decisão e
coragem de fazer usos de seu próprio intelecto sem ser guiado por outro.
Sapere aude! Tem a coragem de servir-te de tua própria inteligência! Esse é
o lema do iluminismo. (KANT, 1784 apud REALE; ANTISERI, 1990, p. 669).

Na citação de citação, a referência inicia-se pelo nome do autor não con-


sultado. Desta forma, a ordem das informações é: referência do autor não
consultado, seguido da expressão apud e referência do autor consultado.
24 • 40 UNIDADE 4 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

E Citação direta: omissão


A omissão é um recurso utilizado quando não é necessário citar integralmente
o texto de um autor. Porém, deve-se ter o cuidado para não alterar o sentido do
texto original. No texto, a omissão é indicada por reticências entre colchetes [...].
As omissões podem aparecer no início, no fim e no meio de uma citação.

Exemplo1 Exemplo2
De acordo com Reale (1990, p.
“Os fenomenólogos preten-
554), “os fenomenólogos pre-
dem descrever os modos típi-
tendem descrever os modos
cos como as coisas e os fatos se
típicos como as coisas e os fa-
apresentam à consciência [...] A
tos se apresentam à consciên-
fenomenologia não é a ciência
cia [...] A fenomenologia não é a
dos fatos e sim, ciências das es-
ciência dos fatos e sim, ciências
sências.” (REALE, 1990, p.554).
das essências.”

F Citação direta: destaque


Quando existe a necessidade de enfatizar alguma palavra, expressão ou frase em uma
citação direta, pode-se grifá-la. Mas, ao fazer isso, é preciso usar o recurso tipográfico
negrito na parte do texto a ser destacada e a expressão: grifo nosso. Essa expressão
deve vir entre parênteses, após a indicação da página de onde foi retirada a citação.
Quando já existe destaque no texto original, mantém-se este destaque indicando sua
existência pela expressão grifo do autor ou grifo dos autores entre parênteses.

Exemplo1

Hoje, equipados com novas ferramentas e novos conceitos, essas disciplinas,


com um novo quadro de pensadores, denominados cientistas cognitivos, in-
vestigam muitas das questões que já preocupavam os gregos há aproximada-
mente 2500 anos, conforme Gardner (1995, p. 18, grifo nosso):
Assim como seus antigos colegas, os cientistas cognitivos de hoje pergun-
tam o que significa conhecer algo e ter crenças precisas, ou ser ignorante ou
estar errado. Eles procuram entender o que é conhecido - os objetos e sujei-
tos do mundo externo - e as pessoas que conhece - seu aparelho perceptivo,
mecanismo de aprendizagem, memória e racionalidade. Eles investigam as
fontes do conhecimento: de onde vem, como é armazenado e recupe-
rado, como ele pode ser perdido?
UNIDADE 4 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 25 • 40

Exemplo 2

Hoje, equipados com novas ferramentas e novos conceitos, essas dis-


ciplinas, com um novo quadro de pensadores, denominados cientistas
cognitivos, investigam muitas das questões que já preocupavam os gre-
gos há aproximadamente 2500 anos.

Assim como seus antigos colegas, os cientistas cognitivos de hoje pergun-


tam o que significa conhecer algo e ter crenças precisas, ou ser ignorante ou
estar errado. Eles procuram entender o que é conhecido - os objetos e sujei-
tos do mundo externo - e as pessoas que conhece - seu aparelho perceptivo,
mecanismo de aprendizagem, memória e racionalidade. Eles investigam as
fontes do conhecimento: de onde vem, como é armazenado e recupe-
rado, como ele pode ser perdido? (GARDNER, 1995, p. 18, grifo nosso).

G Citação indireta
A citação indireta é a interpretação das ideias de um ou mais autores do texto
em questão. Porém, mantenha o sentido original do texto. A citação indireta não
é a transcrição literal das palavras do autor; não deve estar entre aspas ou em
parágrafo distinto. No entanto, indique o(s) autor(es) e ano da obra.

Exemplo1

No parágrafo: Sobrenome do autor (data)


Uma das preocupações atuais com o avanço das Ciências Cognitivas é,
de acordo com Teixeira (2004), que a própria ideia de mente seja dissol-
vida ou, ainda, reduzida à atividade cerebral.

Exemplo 2

Ao final do parágrafo: (SOBRENOME DO AUTOR, data)


Uma das preocupações atuais com o avanço das Ciências Cognitivas é
que a própria ideia de mente seja dissolvida ou, ainda, reduzida à ativida-
de cerebral. (TEIXEIRA, 2004).
26 • 40 UNIDADE 4 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

H Citação de informação verbal


Outro tipo de citação é proveniente de informações verbais de palestras, deba-
tes, jornais de TV ou documentários, por exemplo.

Ao fazer uso dessa forma de citação, deve-se indicar, entre parênteses, a expres-
são “informação verbal” no final da citação, mencionando os dados disponíveis
em nota de rodapé. Cite, pelo menos, o autor da frase (cargo ou atividade), local
(cidade) e data (dia, mês e ano).

Exemplo1

As empresas que queiram manter-se no mercado deverão investir tam-


bém na qualificação humana. (Informação verbal).
Na nota de rodapé:
________________
1. Paulo Mattos de Azevedo, Diretor Presidente da XXX, em palestra pro-
ferida para empresários do setor metalúrgico, no dia 24 de abril de 2008.

Importante: As informações que forem passadas por meio de entrevista


só serão utilizadas se o pesquisador tiver uma autorização do entrevistado
para citar seu nome em nota de rodapé e nas referências; caso contrário, o
pesquisador indica em rodapé uma informação genérica para o leitor.

INDICAÇÃO DOS AUTORES NA CITAÇÃO

Com se não bastassem as diversas variedades de citações,também é importante ter atenção


nas diferentes maneiras de citação para trabalhos com número variado de autores:

Citação de trabalhos de um autor:


Para Mclnerny (2004, p.20),“A expressão ‘prestar’ atenção é muito eficaz. Faz-nos lembrar
que atenção tem um ‘custo’.Atenção requer uma reação ativa e enérgica a cada situação, às
pessoas e aos elementos que dela fazem parte”.
Ou
“A expressão ‘prestar’ atenção é muito eficaz. Faz-nos lembrar que atenção tem um ‘custo’.
Atenção requer uma reação ativa e enérgica a cada situação, às pessoas e aos elementos que
dela fazem parte.” (McINERNY, 2004, p.20).
UNIDADE 4 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 27 • 40

Citação de trabalhos de dois autores:


Assim, conformeWarat e Pêpe (1996, p.50),“Kelsen imagina que o objeto de um saber jurídi-
co não pode ser mais do que o conjunto das normas positivas de um Estado, aprendidas do
ponto de vista de suas formas”.
Ou
“Kelsen imagina que o objeto de um saber jurídico não pode ser mais do que o conjunto
das normas positivas de um Estado, aprendidas do ponto de vista de suas formas.”(WARAT;
PÊPE,1996, p.50).

Citação de trabalhos de três autores:


Assim, ao refletirem sobre quais condutas devem ser aceitas nos negócios, algumas discus-
sões de cunho ético têm se feito presentes principalmente segundo Arruda,Whitake e Ra-
mos (2003,p.53) com“o ensino de Ética em faculdades deAdministração e Negócios tomou
impulso nas décadas de 60 e 70, principalmente nos Estados Unidos, quando alguns filósofos
vieram trazer sua contribuição”.
Ou
Assim, ao refletirem sobre quais condutas devem ser aceitas nos negócios, algumas discus-
sões de cunho ético têm se feito presentes principalmente com “o ensino de Ética em facul-
dades de Administração e Negócios tomou impulso nas décadas de 60 e 70, principalmente
nos Estados Unidos, quando alguns filósofos vieram trazer sua contribuição”. (ARRUDA;
WHITAKE; RAMOS, 2003, p.53).

Citação de trabalhos de mais de três autores:


- Neste caso as variações são maiores. O correto é citar apenas o sobrenome do primeiro
autor, seguido da expressão latina et al.

Wittmann et al. (2006, p. 19) afirmam que “A pós-graduação é uma prática social decisiva no
processo da (des)alienação das pessoas”.
Ou
“A pós-graduação é uma prática social decisiva no processo da (des) alienação das pessoas.”
(WITTMANN et al., 2006, p. 19).

- Quando houver coincidência de sobrenomes de autores, acrescentam-se as iniciais de seus


prenomes. No caso de persistência de coincidência, colocam-se os prenomes por extenso,
até que a coincidência seja desfeita.
28 • 40 UNIDADE 4 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

Struve, O Struve, Otto Struve, Otto W.


Struve, O Struve, Otto Struve, Otto H.
Struve, F Struve, Friedrich Struve, Friedrich G.
Struve, F Struve, Friedrich Struve, Friedrich A.

- As citações indiretas de diversos documentos da mesma autoria, publicados em anos dife-


rentes e mencionados simultaneamente, possuem as suas datas separadas por vírgula.

Exemplo1

De acordo com Struve (1996, 2002), uma crença e uma atividade reli-
giosa/ espiritual ativa têm um efeito curativo significativo pela mudança
de atitudes específicas e alterações de comportamento, baseados prin-
cipalmente em uma convicção espiritual.

Você pode, ainda, deparar-se com citações de diversos documentos de


um mesmo autor, publicados num mesmo ano, as quais são diferenciadas
pelo acréscimo de letras minúsculas, em ordem alfabética, após a data e
sem espaçamento, conforme a lista de referências.

Exemplo 2

Estudos epidemiológicos analisando as possíveis rotas de transmissão


de hepatite aguda verificaram que a transmissão por via sexual é a prin-
cipal rota de contaminação, mostrando-se, inclusive, muito mais comum
que o uso de droga intravenosa. (STRUVE et al., 1992, 1995a, 1995b,
1996a, 1996b, 1996c).

Você poderá encontrar citações indiretas de diversos documentos de


vários autores, mencionados simultaneamente e, nesse caso, devem ser
separadas por ponto-e-vírgula, em ordem alfabética.
UNIDADE 4 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 29 • 40

Exemplo 3

A função de Struve H1(z) mostrou-se a ferramenta mais eficiente para


modelar o alcance da freqüência auditiva de baixa intensidade no cálculo
da impedância acústica. (AARTS; JANSSEN, 2003; BOISVERT;VAN BUREN,
2002; KEEFE; LING; BULEN, 1992; KRUCKLER et al., 2000; WITTMANN;
YAGHJIAN, 1991).

REFERÊNCIAS

Ao elaborar seu artigo, você consultou vários documentos.Além disso, pode ter citado esses
documentos no decorrer do texto. E, ao final da elaboração do artigo, você pode se pergun-
tar: como farei as referências dos documentos citados? Nesta parte do curso você apren-
derá como deverão ser feitas as referências dos vários documentos citados no seu projeto.

Entende-se por referências a relação de fontes (livros, artigos, leis...) que foram citadas no
decorrer da pesquisa e que devem obrigatoriamente ser apresentadas no final dos textos
acadêmicos e científicos. Referências são o conjunto de elementos que, retirados de um
documento, possibilitam a sua identificação.

Entre as finalidades das referências estão: informar ao leitor do texto as fontes que serviram
de subsídios para a realização da pesquisa e composição do artigo, bem como permitir que
o leitor tenha acesso às obras consultadas. Então, após o término das considerações finais
do artigo, como visto anteriormente, deve-se apresentar as referências (elemento pós-tex-
tual obrigatório), as quais devem estar em ordem alfabética e alinhadas à esquerda. Seguem
abaixo exemplos de como fazer as referências dos documentos que foram utilizados para
elaboração do projeto:

A Livros:
Autor: Último sobrenome em maiúsculas, seguido dos prenomes apenas
iniciados por maiúsculas. Exceções: nomes espanhóis, que entram pelo pe-
núltimo sobrenome; dois sobrenomes ligados por traço de união, que são
grafados juntos; sobrenomes que indicam parentesco, como Júnior, Filho e
Neto, acompanham o último sobrenome.
Título: Em negrito, sublinhado ou itálico.
Subtítulo: Se houver, separado do título por dois pontos, sem grifo.
30 • 40 UNIDADE 4 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

Edição: Indica-se o número da edição, a partir da segunda, seguido de ponto


e da palavra edição (ed.) no idioma da publicação. Não se anota quando for a
primeira edição, as demais devem ser anotadas. Assim: 2. ed., 3. ed. etc.
Local da publicação: Quando há mais de uma cidade, indica-se a primeira
mencionada na publicação, seguida de dois pontos.
Editora: Apenas o nome que a identifique, seguida de vírgula.
Data: Ano de publicação.

• Livros com um autor:


SOBRENOME DO AUTOR, Prenomes. Título do livro. Local da publicação:
Editora, Ano.
Ex.: DRUCKER, Peter Ferdinand. Sociedade pós-capitalista. São Paulo:
Pioneira, 1999.

• Livros com subtítulo:


SOBRENOME DO AUTOR, Prenomes. Título do livro: subtítulo do livro.
Local da publicação: Editora, Ano.
Ex.: SERRANO, Pablo Jimenez. Epistemologia do Direito: para melhor
compreensão da ciência do Direito. Campinas: Alínea Editora, 2007.

• Livros com autor espanhol:


SOBRENOMES DO AUTOR, Prenomes. Título do livro: (subtítulo quando
houver). Local da publicação: Editora, Ano.
Ex.: SÁNCHEZ GAMBOA, Silvio Ancizar. Pesquisa em educação: métodos
e epistemologias. Chapecó: Argos, 2007.

• Livro com autor com sobrenome separado por traço:


SOBRENOMES DO AUTOR, Prenomes. Título do livro. Local da publicação:
Editora, Ano.
Ex.: MERLEAU-PONTY, Maurice. O visível e o invisível. 3. ed. São Paulo:
Perspectiva, 1992.

• Livro com sobrenome indicando parentesco:


SOBRENOMES DO AUTOR, Prenomes. Título do livro. Local da publicação:
Editora, Ano.
Ex.: DALLEGRAVE NETO, José Affonso. Responsabilidade civil no direito
do trabalho. 3. ed. São Paulo: LTr, 2008.
UNIDADE 4 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 31 • 40

• Livro com sobrenome iniciado com prefixos:


SOBRENOME DO AUTOR, Prenomes. Título do livro. Edição. Local da publi-
cação: Editora, Ano.
Ex.: McDONALD, Ralph E. Emergências em pediatria. 6. ed. São Paulo: SAR-
VIER, 1993.

• Livro com dois autores:


SOBRENOME DO PRIMEIRO AUTOR, Prenomes; SOBRENOME DO
SEGUNDO AUTOR, Prenomes. Título do livro: (subtítulo quando houver).
Edição. Local da publicação: Editora, Ano.
Ex.: WARAT, Luis Alberto; PÊPE, Albano Marcos. Filosofia do Direito: uma
introdução crítica. São Paulo: Moderna,1996.

• Livro com três autores:


SOBRENOME DO PRIMEIRO AUTOR, Prenomes; SOBRENOME DO
SEGUNDO AUTOR, Prenomes; SOBRENOME DO TERCEIRO AUTOR,
Prenomes. Título do livro: (subtítulo quando houver). Edição. Local da publi-
cação: Editora, Ano.
Ex.: ARRUDA, Maria Cecília Coutinho de; WHITAKER, Maria do Carmo;
RAMOS, José Maria Rodriguez. Fundamentos de ética empresarial e eco-
nômica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

• Livro com mais de três autores:


SOBRENOME DO AUTOR, Prenomes et al. Título do livro: (subtítulo quando
houver). Edição. Local da publicação: Editora, Ano.
Ex.: ANDERY, Maria Amália et al. Para compreender a ciência: uma perspec-
tiva histórica. 6. ed. Rio de Janeiro: Espaço e tempo: São Paulo: EDUC,1996.

• Livro com organizador (Org.), Coordenador (Coord.) ou Editor (ed.):


SOBRENOME DO AUTOR, Prenomes. (Org. ou Coord. ou Ed.). Título do
livro: (subtítulo quando houver). Edição. Local da publicação: Editora, Ano.
Ex.: SOUZA, Osmar de; LAMAR, Adolfo Ramos (Org.). Educação em pers-
pectiva: interfaces para a interlocução. Florianópolis: Insular, 2006.

• Livro cujo autor é uma entidade (Quando uma entidade coletiva assume
integral responsabilidade por um trabalho, ela é tratada como autor):
ENTIDADE. Título: (subtítulo quando houver). Edição. Local da publicação:
Editora, Ano.
32 • 40 UNIDADE 4 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

Ex.: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6028: resu-


mo: apresentação. Rio de Janeiro, 2003.

• Livros considerados em parte:

- Quando o autor do capítulo é o mesmo da obra


SOBRENOME DO AUTOR DA PARTE REFERENCIADA, Prenomes. Título da
parte referenciada. In: ______. Título do livro. Local: Editora, ano. Página inicial
e final.
Ex.: ABRANTES, Paulo. (Org.). Naturalizando a Epistemologia. In:______.
Epistemologia e Cognição. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1994.
p.171-215.

- Quando o autor do capítulo não é o mesmo da obra


SOBRENOME DO AUTOR DA PARTE REFERENCIADA, Prenome. Título da
parte referenciada. In: SOBRENOME DO AUTOR OU ORGANIZADOR, Pre-
nomes. (Org.). Título do livro. Local: Editora, ano. Página inicial e final.
Ex.: SILVA, Rubia da; FISCHER, Juliane. Tecendo um diálogo da prática pedagógi-
ca: atividades desenvolvidas na educação infantil. In: SOUZA, Osmar de; LAMAR,
Adolfo Ramos. (Org). Educação em perspectiva: interfaces para a interlocu-
ção. Florianópolis: Insular, 2006. p. 81-94.

B Teses, Dissertações e Trabalhos Acadêmicos:


SOBRENOME DO AUTOR, Prenomes. Título. Ano. Tese, dissertação ou
trabalho acadêmico (grau e área) - Unidade de Ensino, Instituição, Local:
Data.
Ex.: SILVA, Renata. O turismo religioso e as transformações sócioculturais,
econômicas e ambientais em Nova Trento – SC. 2004. 190f.
Dissertação (Mestrado em Turismo e Hotelaria ) – Centro de Educação
Balneário Camboriú, Universidade do Vale do Itajaí, Balneário Camboriú,
2004.
URBANESKI, Vilmar. Epistemologia social, ciências cognitivas e educação.
2006. 116f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Centro de Ciências da
Educação, Universidade Regional de Blumenau, Blumenau, 2006.

C Enciclopédias:
NOME DA ENCICLOPÉDIA. Local da publicação: Editora, ano.
Ex.: ENCICLOPEDIA TECNOLÓGICA. São Paulo: Planetarium, 1974.
UNIDADE 4 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 33 • 40

D Jornal
NOME DO JORNAL. Cidade, data.
Ex.: FOLHA DE SÃO PAULO. São Paulo, 11 jan. 2009.

• Artigo de Jornal
- Com autor definido
SOBRENOME DO AUTOR DO ARTIGO, Prenomes. Título do artigo. Título
do jornal, Cidade, data (dia, mês, ano). Suplemento, número da página, coluna.
Ex: PRATES, Luis Carlos. Quindim com café. Diário Catarinense,
Florianópolis, 3 fev. 2009. Disponível em: <http://www.clicrbs.com.br/
diariocatarinense/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&source=a2390841.xml&tem-
plate=3916.dwt&edition=11632&section=1328http>. Acesso em: 3 fev. 2009.

- Sem autor definido


TÍTULO do artigo (apenas a primeira palavra em maiúscula). Título do jornal,
Cidade, data (dia, mês, ano). Suplemento, número da página, coluna.
Ex.: EFEITOS da lei seca. Jornal Folha de São Paulo, São Paulo, 14 mar. 2009.
Opinião, p.2.

E Revista
• Revista no Todo
NOME DA REVISTA. Local de publicação: editora (se não constar no título),
número do volume (v.__), número do exemplar (n.__), mês. Ano. ISSN.
Ex.: REVISTA TRIBUNA JURÍDICA. Indaial: Editora Asselvi, v.1, n.4, jan./jun.
2008. ISSN 1807-6114.

• Coleção de Revistas no Todo


TÍTULO DO PERIÓDICO. Local de publicação: editora, data (ano) do primeiro
volume e, se a publicação cessou, também do último. Periodicidade. Número do
ISSN (se disponível).
Ex.: CONTRAPONTOS. Itajaí: Univali, 2001. Semestral. ISSN 1519-8227.

• Artigo de Revista
- Com autor definido
SOBRENOME DO AUTOR DO ARTIGO, Prenomes. Título do artigo. Título da
revista, local da publicação, número do volume, número do fascículo, páginas
inicial-final do artigo, mês. Ano.
Ex.: PICH, Roberto Hofmeister. Autorização epistêmica e acidentalidade.
Veritas, Porto Alegre, v. 50, n. 4, p. 249-276, dez. 2005.
34 • 40 UNIDADE 4 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

- Sem autor definido


TÍTULO do artigo (apenas a primeira palavra em maiúscula). Título da revista,
local da publicação, número do volume, número do fascículo, página inicial final
do artigo, mês. Ano.
Ex.: 20 CENTROS e nenhuma central. HSM Management, São Paulo, v. 1, n.
72, p. 39-45, jan./fev. 2009.

- Quando a editora não puder ser identificada, deve-se indicar a expressão sine
nomine, abreviada e entre colchetes [s.n.].
- Quando o local de publicação não for identificado, deve-se indicar a expressão
sine loco, abreviada e entre colchetes [s.l.].
- Quando o local e a editora não aparecem na publicação, indica-se entre col-
chetes [S.l.: s.n.].
Quando o local, a editora e a data não forem identificadas, indica-se entre col-
chetes [s.n.t.] (sem notas tipográficas).

F Anais
NOME DO EVENTO, Número do evento, ano de realização. Local. Título.
Local: Editora, ano de publicação. Número de páginas ou volume.
Ex.: SIMPÓSIO DE GESTÃO DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA. 21, São Paulo,
SP. Anais... São Paulo: Novembro de 2000.

G Entrevistas
• Entrevistas não Publicadas
SOBRENOME DO ENTREVISTADO, Prenome.Título. Local, data (dia,mês.ano).
Ex.: SUASSUNA, Ariano. Entrevista concedida a Marco Antônio Struve.
Recife, 13 set. 2002.

No título, omite-se o nome do entrevistador quando ele é o autor do trabalho.


Quando a entrevista é concedida em função do cargo ocupado pelo entrevista-
do, acrescentam-se o cargo, a instituição e o local ao título.

• Entrevistas Publicadas
SOBRENOME DO ENTREVISTADO, Prenomes. Título da entrevista.
Referência da publicação (livro ou periódico). Nota da entrevista.
Ex.: SOUZA, Mauricio de. A Mônica quer namorar. Veja, ed. 2098, a. 423, n.5, p.
19-23, dez. 1999. Entrevista concedida a Duda Teixeira.
UNIDADE 4 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 35 • 40

H Internet
Nome do autor; título do documento ou da WEB page (ou do frame). Título do
trabalho maior contendo a fonte (Web site); informações sobre a publicação (in-
cluindo a data da publicação e/ou da última revisão); endereço eletrônico (URL);
data do acesso e outras informações que pareçam importantes identificar na fonte.
Ex.: GRAYLING. A. C. A epistemologia. The Blackwell Companhion to Philo-
sophy. Cambridge, Massachusetts: Blackwell Publishers Ltd, 1996. Disponível em:
<http://www.geocities.com/marcofk2/grayling.htm>. Acesso em: 10 maio 2007.

I Jurisdição
Título (especificação da legislação, número e data). Ementa. Dados da Publicação
Ex.: 1: BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do
Brasil. Brasília: Senado, 1988.

Ex.: 2: SANTA CATARINA (Estado). Lei n. 5.345, de 16 de maio de 2002.


Autoriza o desbloqueio de Letras Financeiras do Tesouro do Estado e dá outras
providências. Diário Oficial do Estado, Poder Executivo, Florianópolis, 16 jun.
2002. seção 3, p. 39.
36 • 40 UNIDADE 4 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

Questões
de fixação
1
Cite quatro características que um texto cientí-
fico deve ter e explique o motivo pelo qual elas
são essenciais:

2
Como você diferenciaria as peculiaridades de um
texto normal para um texto na linguagem científica?

3
Apêndice e Anexo são dois tópicos opcionais do
trabalho científico. Qual a função de cada um deles?

4
Qual deve ser a estrutura de tópicos completa de
um artigo científico?

5
Como deve ser a organização da apresentação de
gráficos e tabelas no projeto?
UNIDADE 4 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 37 • 40

6
Explique as características da introdução, do
desenvolvimento e das Considerações Finais de
um texto científico:

7
Cite e diferencie os dois tipos de sistemas que
seguem as normas da ABNT:

8
Cite três problemas comuns que as citações
podem trazer para o projeto quando não são
bem executadas:

9
Como as referências são apresentadas no projeto
e quais são algumas de suas finalidades?

10
Exemplifique três funções das citações em um
artigo científico:
38 • 40 UNIDADE 4 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

Bibliografia
ALVES, Rubem. Filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras. são Paulo:
loyola, 1999.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724: trabalhos


acadêmicos: apresentação. Rio de Janeiro, 2011.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520. Informa-


ção e documentação – Citações em documentos – Apresentação. Rio de Janei-
ro,2002.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: informação


e documentação - referências - elaboração. Rio de Janeiro, 2002.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6022: informação


e documentação: artigo em publicação periódica científica impressa: apresenta-
ção. Rio de Janeiro, 2003.

AZEVEDO, israel Belo de. O prazer da produção científica: diretrizes para a


elaboração de trabalhos acadêmicos. 6. ed. Piracicaba: UniMEP,1998.

BARROS, Aidil J. da Silveira; LEHFELD, Neide A. de Souza. Fundamentos de me-


todologia científica: um guia para a iniciação científica. 3. ed. São Paulo: Makron
Books, 2000.

BOENTE, Alfredo N. P; BRAGA, Glaucia. Metodologia científica contemporânea


para universitários e pesquisadores. Rio de Janeiro: Brasport, 2004.

CENCI, Angelo Vitório. O que é ética? Elementos em torno de uma ética geral.
Passo Fundo: Ed. do autor. 2000. CERVO, Amado L.; BERVIAN, Pedro A. Metodo-
logia científica. 5. ed. são Paulo: Prentice Hall, 2002.

CERVO,A. L. BERVIAN, P.A. Metodologia científica. 5.ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002.

CHIZZOTTI, Antônio. Pesquisa em ciências humanas e sociais. 5. ed. são Paulo:


Cortez, 2001.
UNIDADE 4 • METODOLOGIA CIENTÍFICA 39 • 40

COLLIS, Jill; HUSSEY, Roger. Pesquisa em administração: um guia prático para


alunos de graduação e pós-graduação. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.

COLZANI, valdir Francisco. Guia para redação do trabalho científico. Curitiba:


Juruá, 2001.

DENCKER, Ada de Freitas M. Métodos e técnicas de pesquisa em turismo. 4. ed.


são Paulo: Futura, 2000.

D’ONOFRiO, salvatore. Metodologia do trabalho intelectual. são Paulo: Atlas,


2000.

FERREIRA, luiz Gonzaga R. Redação Cientifica: como escrever artigos, mono-


grafias, dissertações e teses. Fortaleza: Edições UFC,1994.

FACHIN, Otilia. Fundamentos da metodologia. 4.ed. são paulo: saraiva, 2003.

GIL, Antônio C. Métodos e técnicas em pesquisa social. 7. ed. são Paulo: Atlas, 2006.

ICPG – insTiTUTO CATARinEnsE DE PÓs-GRADUAÇÃO. Equipe de Metodo-


logia do Trabalho Científico. Blumenau: ICPG, 2008.

LABES, Emerson Moisés. Questionário: do planejamento à aplicação na pesquisa.


Chapecó: Grifos, 1998.

LAKATOS, Eva M.; MARCONI, Marina de A. Metodologia do trabalho científico.


6. ed. são Paulo: Atlas, 2001.

LAVILLE, Chistian; DIONNE, Jean. A construção do saber: manual de metodolo-


gia da pesquisa em ciências humanas. Porto Alegre: Artmed, 1999.

OLIVEIRA, sílvio luiz de. Metodologia científica aplicada ao direito. são Paulo:
Pioneira Thomson learning, 2002.

MALHOTRA, N. K. Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. Porto Ale-


gre: Bookman, 2001.

MARCONI, Maria de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de Metodo-


logia Científica. 6. ed. são Paulo: Atlas,2005.
40 • 40 UNIDADE 4 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

MARTINS, Rosinilda Baron. Metodologia Cientifica: como tornar mais agradável


a elaboração de trabalhos acadêmicos. 2. tir. Curitiba: Juruá, 2005.

MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos,


resenhas. 5. ed. são Paulo: Atlas, 2003.

MEDEIROS, J. B.; ANDRADE, M. M. de. Manual de elaboração de referências


bibliográficas: a nova NBR 6023:2000 da ABNT: exemplos e comentários. 1. ed.
São Paulo: Atlas, 2001. 188 p.

MENEZES, Nilson L. de; VILLELA, Francisco A. Pesquisa científica. Revista SEED


News. Disponível em: <http://www.seednews.inf.br/portugues/seed82/print_ar-
tigo82.html>. Acesso em: 13 out. 2006.

MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.). Pesquisa Social. Teoria, método e criati-
vidade. 18 ed. Petrópolis:Vozes, 2001.

SANTOS, Antonio Raimundo. Metodologia científica: a construção do conheci-


mento. 7. ed. Rio de Janeiro: lamparina, 2007.

SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 22. ed.são


Paulo: Cortez, 2002.

SECAF, victoria. Artigo científico: do desafio à conquista. 3. ed. São Paulo: Green
Florest do Brasil, 2004.

SILVA, Renata. Modalidades e etapas da pesquisa e do trabalho científico. são


José: UsJ, 2008. (mimeo).

SOARES, Edvaldo. Metodologia científica: lógica, epistemologia e normas. são


Paulo: Atlas, 2003.

TRIOLA, M.F. Introdução à estatística. Rio de Janeiro: LTC – Livros Técnicos e


Científicos Editora, 1999.

VOLPATO, Gilson luiz. Bases teóricas para Redação Cientifica...por que seu ar-
tigo foi negado? São Paulo: Cultura Acadêmica.Vinhedo: Scriota, 2007.

VOLPATO, Gilson luiz. Dicas para redação científica: por que não somos citados.
2. ed. Botucatu: Gilson luiz volpato, 2006.

Você também pode gostar