Evolução Histórica Do Direito Comercial
Evolução Histórica Do Direito Comercial
Evolução Histórica Do Direito Comercial
1. Introdução
As trocas de produtos nasceram com o crescimento das populações, que antes produziam ou
colhiam apenas o suficiente para sua subsistência. Com um excedente desnecessário para uns e
útil para outros, as trocas de bens foram aumentando até ser necessário a criação de uma
mercadoria de valor intrínseco a ser permutada por qualquer uma outra – a moeda.
A moeda que antes tinha valor intrínseco passou a ter valor fictício ao ser emitida por um Estado
garantidor. A moeda foi um fator decisivo para o surgimento do comércio, ou seja, atividade de
circulação de mercadorias. O comerciante seria um intermediário entre o produtor, que tem seu
bem adquirido, e o consumidor, que tem sua necessidade satisfeita.
O objetivo do comerciante seria auferir lucro por meio da aquisição de mercadoria por um preço e
sua venda por um valor mais alto. No entanto, esse mercador também assumia o risco de não ter o
bem vendido ou de vendê-lo por valor mais baixo. Por isso, podemos dizer que a atividade comercial
é especulativa.
O Estado, responsável por manter um certo nível de equilíbrio social, em um primeiro momento
apenas cobrava tributos dos comerciantes, uma vez que esses tinham uma gerência própria dessa
atividade. Todavia, logo o Estado passou a regular a atividade comercial e também a limitá-la.
Hoje, é a vontade estatal a responsável por regular as atividades mercantis de forma soberana,
inclusive determinando o que deve ou não ser assim enquadrado.
De acordo com Fran Martins:
“Ao conjunto das normas que regulam os atos considerados comerciais e as atividades dos
comerciantes, como pessoas que exercitam em caráter profissional tais atos, é que se dá o
nome de Direito Comercial”.
O Direito Comercial, portanto, resulta de atos dos poderes públicos (normas em geral) e também
dos usos e costumes dos comerciantes.
2. Da Antiguidade às Codificações
Na Antiguidade, não é possível dizer que houve Direito Comercial. Os fenícios, embora
considerados um povo que praticava o comércio, não o fazia por meio de regras específicas. Na
Grécia e nas cidades situadas às margens do oceano desenvolveram o comércio marítimo, tendo
as cidades particularidades nos usos e costumes das transações comerciais.
O Direito Romano não conheceu regras especiais para regular a atividade comercial, pois as que
existiam eram adequadas dentro jus civile. Na realidade, o Direito da época condenava a usura e a
aristocracia terrestre rejeitava o desenvolvimento do comércio marítimo como indigno. No entanto,
“(...) as regras relativas aos contratos e às obrigações do Direito Romano, direito de natureza civil,
serviram de base aos contratos e obrigações comerciais, quando o Direito Mercantil começou a
tomar forma, na Idade Média”.
Um exemplo de instituto que teve origem no direito romano foi a “cessio bonorum”, em que
o devedor insolvente tinha os seus bens tomados pelo Estado e vendidos em hasta pública.
Isso deu origem ao desapossamento do comerciante falido.
O Direito Comercial teria tido seu início de fato na Idade Média, quando regras específicas –
separadas do Direito Civil – passaram a regular a atividade do comerciante. Com o desenvolvimento
do comércio marítimo, as cidades à beira-mar transformaram-se em centros comerciais. A
legislação canônica condenava a agiotagem, mas os ricos proprietários feudais firmavam contratos
de comenda em que investiam determinava importância entregue ao capitão e este realizava
transações; ao final, dividiam os lucros da expedição.
No século XVII, surgiram as Ordenanças baixadas por Luís XIV também conhecidas como Código
Savary (1673), pois um comerciante com esse nome teria contribuído imensamente. Com 122
artigos, regulava a atividade de “negociantes, mercadores, aprendizes, agentes de bancos e
corretores, livros de comércio, sociedades, letra de câmbio, notas promissórias, prisão por dívidas,
moratórias, caução de bens, falências, bancarrotas, jurisdição comercial”.