Anjos - No Territorio Da Linha Cruzada
Anjos - No Territorio Da Linha Cruzada
Anjos - No Territorio Da Linha Cruzada
Propõe substituir sincretismo por encruzilhada. Não apenas no plano das representações religiosas,
mas também nas estruturas de organização do grupo.
1. A Encruzilhada
“Para aquele que cruza as três linhas, a encruzilhada pertence ao exu – na gira; ao bará – na nação; e
ao Ogum, como orixá, como caboclo, como exu. A questão fuindamental aqui é o jogo das
diferenças. Em lugar de uma identidade definida e precisa correspondendo ao nome de uma
divindade, a linha cruzada apresenta uma multiplicidade para um nome-intensidade em
metamorfose.”
“A encruzilhada é o ponto zero no processo de subjetivização.
“… [Relação do exu coiom as cabeças] não demarca um território de indentidade, trata-se de um
laço fluido, relação de reciprocidade seguindo um modelo próximo das relações clientelistas. Já o
orixá é, de forma compllexa, elemento constitutivo da pessoa que o incorpora”
Noções fluidas de bem e mal. Formas de significação de fechamento e abertura de relações sociais.
Bem se propaga em linhas de dádiva nômades, o mal se fecha num circuito de reciprocidade restrita
(20)
Ritual (via L-S, “finale”) pensar com o corpo, que não atinge, é bastardo. Dos Anjos o vê como o
pensamento da diferença atingindo seu mais alto grau. Quando o exu “encosta”, “se ocupa”, a
desterritorialização do corpo ocorre, na encruzilhada do eu cotidiano com as entidades que ocupam
(20-1).
Modelo de pensar as diferenças diferentes da democracia racial e seu modelo biológico da síntese
mulata/sincrética de espécies/raças diferentes. Modelo rizomático: no encontro de caminhos
diferentes, eles não se fundem em uma unidade, seguem como pluralidades. (21)
Encontro entre a filosofia das diferenças de Deleuze e aquela da afro-religiosidade.
“… Sendo a racialidade vivenciada como um ponto de vista que se “ocupa” de um corpo, como
intensidade histórica que se faz corpo, a distribuição de gradientes dessa intensidade é possível para
efeitos compensatórios sem que as linhas assim traçadas constituam essências” (23)
Romper com as imagens reificadas pela ideologia do antropólogo para chegar a um realismo
mágico (a la Taussig) (29-31)
Vivência no campo, as privações sensórios afeitcas, propõem produzir uma intuição poarticular, um
estado de percepção extra-cultural.
Ao ir ao lado, a um bairro popular, não estaríamos sistematizando a distância proposta pelo senso
comum entre as classes médias e populares? (31)
Bastide … menos autoridade para fora do terreiro, menos modelo familiar no batuque que no
candomblé. … Anjos: na Umbanda o modelo não é a família é o caboblo, o cacique, o indígena.
Nem todos os moradores estavam dispostos a lutar pela permanência – bnem mesmo a vizinhança
aparece como corpo sólido prévio, organizado em prol da permanência.
Minha hipótese é a seguinte: nesse ethos, nem o “eu”, nem a família-de-santo, nem a família carnal,
nem a vizinhança se constituem como corpos sólidos para uma identidade territorializada. O que
não impede que, na fluidez dessas múltiplas constituições, se empreenda um processo intenso de
resistência localizada à remoção da vila. (36).
“Segato define esse pensamento desterritorializado como sem essenciualmente avesso à reivindação
de direitos. Prandi, em linhas similares, vê a religiosidade afro-brasileira essenciualmente voltada
para interesses dompesticos equacionados por meio da magia. ….
De minha parte, vejo no nomadismo das formas afro-brasileiras a possibilidade de
organização política sem os riscos de asfixia burocratizante por fixação demasiadamente mecânica
numa identidade de grupo. Existe uma forma desterritorializada de fazer política que não deixa de
reivindicar direitos e territórios, mas o faz de um modo essencialmente diferente da forma
tradicional de se constituir como grupo político … identidade sociodegradável” (36-7).
3. Mirim em Desterritorialização
Movimento territorializando vindo do ethos do grupo – mas isso nem a pressão estatal faz do grupo
um todo em si mesmo.
Memória pessoal e coletiva com relação à comunidade. Territorialização é seu efeito, reconhece
origem, estabele delimitações, coloca o passado sobre o presente. (45-6)
A memória se reconfigfura em função à remoção.
O racismo sutil aparece para esses grupos como a verdade que substitui o mito da democracia
racial.