Prisão de Stanford PDF
Prisão de Stanford PDF
Prisão de Stanford PDF
Botafogo - RJ
2020
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castigos físicos.
O experimento se inicia através das diligências que os policiais de verdade
fazem, indo às residências dos participantes, em breve prisioneiros, realizando a
tradicional revista, lendo os direitos inerentes ao futuro preso, algemando-os,
colocando-os na viatura e encaminhando-os à delegacia de polícia para serem
fichados e, daí, para a prisão fictícia dos porões da Universidade de Stanford.
ordenamento também encontra eco na Resolução CNS nº 510/16, no seu art 9º,
inciso III, onde é direito dos participantes de uma pesquisa ter sua privacidade
respeitada. Contudo, é importante dizer que o próprio Dr. Philip Zimbardo assumiu
que faltou com ética na pesquisa. Nas suas próprias palavras: "Foi antiético, não há
dúvida disso. Pessoas sofreram nessa experiência, como cobaias. E durou tanto,
porque me vi preso no papel, de investigador do projeto de estudos, e de supervisor
da prisão, o que nunca deveria ter feito."
Tendo em vista o exemplo desta pesquisa, é notável a importância da
discussão ética e de como os psicólogos devem procurar ter uma conduta ética nos
projetos de pesquisa e experimentos científicos. É necessário que o pesquisador
faça um balanço entre o custo do impacto emocional para os participantes nos
estudos e os possíveis benefícios gerados para a ciência e sociedade. No caso de
Stanford, apesar de toda a discussão do ponto de vista da ética, o pesquisador
afirmou que o experimento trouxe importantes aprendizados. A experiência de
Stanford traz reflexões, no sentido institucional, acerca dos objetivos teóricos do
sistema prisional contemporâneo e, para efeito comparativo, dos impactos práticos
que ela traz para todos os envolvidos diretamente no ambiente prisional e para a
sociedade. O sistema prisional tem conseguido o seu efeito ressocializador?
Além disso, importante observar como a atribuição do papel social através de
um conjunto de artefatos - uniforme, apito, regramentos, bastões - faz exercer
espaços de poder, muitas vezes, por meio de comportamentos sádicos, a ponto do
sequestro da subjetividade do outro. O corpo do outro é um instrumento e espaço de
fala deste poder. A influência ambiental promoveu, em diferentes níveis, um
processo de desconstrução identitária naqueles prisioneiros e guardas de Stanford.
Observando a existência da força desses atores, o psicólogo, acima de tudo, deve
considerar soberanamente todos os valores de direitos humanos, a sua dignidade,
liberdade, igualdade, privacidade. Além disso, exercitar a sensibilidade da
conscientização da natureza da subjetividade humana, muito diversa e rica, tendo
bem claro que o sofrimento psíquico é vivenciado de forma muito particular. Logo,
experimentos científicos não devem ultrapassar essa linha ética. haja vista que
podem gerar traumas nos sujeitos ali envolvidos, gerando prejuízos emocionais,
físicos e de relacionamentos interpessoais e sociais.
O ambiente é um dos moduladores de caráter, transformando estudantes que
nunca tinham tido episódios de violência em homens perversos, prontos para
cometerem atrocidades e tudo isso sem que a própria pessoa reconheça tal
mudança.
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REFERÊNCIAS