Resumo de Os Lusiadas
Resumo de Os Lusiadas
Resumo de Os Lusiadas
A origem da palavra Lusíadas – Conta a lenda que Luso, filho de Baco, deus do vinho, fundou,
no extremo ocidental da Península Ibérica, um reino, ao qual deu um nome derivado do seu:
Lusitânia.
Na realidade, quando os Romanos se estabeleceram na Península Ibérica, por uma questão
administrativa, dividiram-na em três províncias, conservando o nome Lusitânia para toda a
região compreendida a sul do Rio Douro.
No século XVI, os escritores nacionais começaram a usar a palavra Lusitanos como sinónimo de
Portugueses, o que foi aproveitado por Camões.
Foi com base nisso que o poeta criou uma palavra nova que iria dar nome à sua obra épica: Os
Lusíadas, ou seja, o Povo de Luso – os Portugueses.
• A obra divide-se em dez partes, às quais se chama cantos. Cada canto tem um número
variável de estrofes (em média de 110). O canto mais longo é o X, com 156 estrofes.
• As estrofes são oitavas, portanto constituídas por oito versos. Cada verso é constituído por
dez sílabas métricas; na sua maioria, os versos são heróicos (acentuados nas sextas e
décimas sílaba).
• O esquema rimático é o mesmo em todas as estrofes da obra, sendo portanto, rima cruzada nos
seis primeiros versos e emparelhada nos dois últimos .
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1. Proposição
A proposição funciona como uma apresentação da obra, que o poeta vai escrever, como
podemos ver no verso: “Cantando espalharei por toda a parte”.
O poeta começa por nos apresentar os “heróis” desta epopeia:”As armas e os barões
assinalados/Que da Ocidental praia lusitana...”, ou seja, os soldados portugueses que
partiram de Lisboa( a praia ocidental lusitana).
Como a obra é uma epopeia, percebemos que o poeta quer enaltecer os feitos
portugueses, e que as pessoas se esqueçam dos feitos gregos e romanos, pois até os
deuses obedeceram aos portugueses:”Em perigos e guerras esforçados,/Mais do que
prometia a força humana” e toda a última estrofe(onde o poeta nos diz que os deuses
obedeceram aos portugueses).
"...da Ocidental praia lusitana / Por mares nunca de antes navegados / Passaram além da
Tapobrana...";
"...o peito ilustre lusitano..."."...as memórias gloriosas / Daqueles Reis que foram dilatando
/ A Fé, o império e as terras viciosas / De África e de Ásia...";
2. Invocação
17-ninfas do Tejo
22-Fonte do cavalo alado Pégaso, na Grécia. Quem dela bebesse ficava a ser poeta.
24-Aveia campestre, utilizada pelos pastores; aqui está simbolizada a poesia bucólica.
Na estrofe quatro e cinco Camões pretende que as tágides lhe dêem um estilo
sublime(“um som alto e sublimado”), á altura dos feitos que se propõe narrar e de forma
que a gesta lusíada se torne conhecida em todo o Universo. Não lhe interessa, agora, a
inspiração lírica e bucólica que as Musas lhe prodigalizaram no passado. Pretende agora
voar mais alto.
3. Dedicatória
• Linguagem argumentativa
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Para além do elogio ao rei, Camões pretende convencê-lo a aceitar o seu canto, por isso
recorre a uma linguagem argumentativa, sendo a função de linguagem predominante a apelativa.
O poeta recorre a numerosos vocativos, apóstrofes e ao uso frequente do modo imperativo. Há
quem considere que o discurso da Dedicatória segue a estrutura própria do género oratório.
O poeta chama constantemente a atenção do seu destinatário, D. Sebastião, para o que o
poema vai celebrar.
Metáfora:
O elogio ao rei está presente em toda a dedicatória, mas é desde logo visível nas
primeiras três estrofes, salientando-se as várias metáforas, nomeadamente: “Vós, tenro e novo
ramo florescente”, que realça a jovialidade do rei.
Sinédoque:
Na caracterização de D. Sebastião, o poeta usa frequentemente a sinédoque – figura de
estilo em que se troca a palavra que indica o todo de um ser por outra que indica apenas uma
parte dele:
“Vós, ó novo temor da Maura lança,”
Embora só se refira à lança, o poeta pretende designar todo o exército de mouros.
4. Narração
Este episódio insere-se na narrativa feita a Vasco da Gama ao rei de Melinde. No momento em
que a armada do Gama esta prestes a largar de Lisboa para a grande viagem, uma figura
destaca-se da multidão e levanta a voz, para condenar a expedição.
O texto é constituído por duas partes: a apresentação da personagem feita pelo narrador (Estr.
94) e o discurso do Velho do Restelo (Estr. 95).
O Velho do Restelo – Imprecação de um ancião enquanto a frota larga do Restelo, contra os
motivos que levam os homens a desafiar o longínquo (e que talvez represente um dos pontos de
vista contraditórios que se debatem no próprio Camões).
Estrofe 94
A caracterização destaca a idade (“velho”), o aspecto respeitável (“aspecto venerando”), a atitude
de descontentamento (“meneando/ três vezes a cabeça, descontente”), a voz solene e audível (“A
voz pesada um pouco alevantando”), e a sabedoria resultante da experiencia da vida (“Cum saber
só de experiencias feita”; “experto peito”).
Estrofe 95
O velho condena o envolvimento do país na aventura dos descobrimentos, a que se refere de
forma claramente negativa, “vã cobiça”, “vaidade”, “fraudulento gosto”.E apresenta uma série de
consequências negativas dessa aventura: mortes, perigos tormentas, desamparo das famílias.
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Nesta parte é visível uma série de apóstrofes, “Ó glória de mandar”, “ó vã cobiça”. “Ó fraudulento
gosto”, com as quais revela que o que ele condena é de facto a ambição excessiva do ser
humano, neste caso materializada na expansão ultramarina. O sentimento de elevada indignação
manifesta-se, sobretudo, pela utilização insistente de exclamações.
Episódio de O Adamastor
O Adamastor d´ “Os Lusíadas”, poema épico de Camões, é constituído por 23 estrofes. Esta
figura mitológica traduz as dificuldades sentidas pelos navegadores na passagem do oceano
Atlântico para o oceano Índico, ao dobrarem o cabo das Tormentas, mais tarde da Boa
Esperança.
Na primeira parte do seu discurso, o Adamastor apresenta-se como senhor do mar desconhecido,
ameaçando os portugueses, que queriam devassar os seus domínios secretos, e profetizando
para eles duros castigos futuros. Na segunda parte do seu discurso, o Adamastor, identificando-
se com o cabo Tormentório e elogiando-se por ter conseguido o domínio dos mares, logo se abre
em confidências, revelando os acontecimentos que o levaram até àquele estado. A sua paixão por
Tétis mereceu o castigo dos deuses, que converteram o seu gigantesco corpo no cabo das
Tormentas.
Adamastor terminou o seu discurso, chorando e desfazendo-se a nuvem negra.No final
Vasco da gama pede a Deus para que as professias (ameaças) do gigante não se realizassem.
Este episódio pretende engrandecer o povo português que mesmo com medo enfrentaram
obstáculos, este episódio foi retornado na Mensagem por Fernando Pessoa dando-lhe o nome de
“Mostrengo”.
Padrão
Na primeira estrofe Camões retrata o levantamento dos padrões nas terras que os portugueses
descobriram, os padrões simbolizam as conquistas dos portugueses em terras desconhecidas.
Logo de seguida enaltece os feitos dos portugueses na época dos Descobrimentos, referindo que
nenhum outro povo antes tinha conseguido alcançar tal feito, chegando mesmo a considerar os
heróis portugueses superiores aos heróis das epopeias clássicas.
No final Camões afirma que Vasco da Gama deve agradecer às musas por estes se terem
tornado o seus feitos e os de Portugal tão famosos.
Pessoa na “Mensagem”, refere este episódio num dos seus poemas considerando que o padrão
simboliza os mares sem fim portugueses.
A Ilha dos Amores é um episódio da epopeia em estudo, ocupando oitenta e uma estrofes do
Canto IX e cento e quarenta e duas do Canto X. situando-se num plano secundário-paralelo à
narrativa principal.
Aparece como uma passagem de tom conclusivo, em que os bravos marinheiros portugueses são
congratulados pelas suas nobres façanhas com direito a todos os prazeres carnais e psicológicos
como cedência benéfica a toda magnitude social alcançada pela sua coragem, destreza, ambição
e patriotismo.
Encontra-se colocado estruturalmente na convergência de todos os diversos níveis de acção
presentes na obra:
Vendo agora a frota em segurança no seu regresso a Portugal, Vénus pede a ajuda ao seu filho
Cupido para juntar os amores e atingir as ninfas com as flechas do amor. Com as ninfas e Tétis
sob esta influência, coloca uma ilha mística na rota dos portugueses, e faz com que os nobres
marinheiros encontrem esta ilha no seu percurso.
Durante a passagem descrita pelo autor, existem dois importantes factores a ter em conta:
A genialidade do sujeito poético é descrita pela maneira como alia todo o ambiente do episódio a
um espaço lírico, verdejante, com água límpida, como se fosse previamente desenvolvido por
entidades divinas para as práticas e sentimentos amorosos.
O outro factor é a alusão do sujeito poético ao amor carnal e puro, tão condenável nessa época, e
o “pecado social” pelo qual o poeta tinha praticado e sido severamente punido. Critica subtilmente
a sociedade, referindo-se a este amor com as melhores ideologias e sentimentos, referindo que:”
Melhor é experimentá-lo que julgá-lo, Mas julgue-o quem não pode experimentá-lo”.
Trata-se de uma ilha paradisíaca, de uma beleza deslumbrante. A descrição do encontro entre os
portugueses e as ninfas está repassada de sensualidade. Os prazeres que lhes são oferecidos
são o justo prémio por terem perseguido o seu objectivo sem hesitações.
Em primeiro lugar, serve para desmitificar o recurso à mitologia pagã, apresentada aqui como
simples ficção, útil para “fazer versos deleitosos”.
De certo modo, podemos dizer que é o amor que conduz os portugueses à imortalidade. Não o
amor no sentido vulgar da palavra, mas o amor num sentido mais amplo: o amor desinteressado,
o amor da pátria, o amor ao dever, o empenhamento total nas tarefas colectivas, a capacidade de
suportar todas as dificuldades, todos os sacrifícios.