Planejamento e Recuperação Das Trilhas de Acesso Às Cachoeiras Paraíso e Véu Da Noiva, APA São Thomé - São Thomé Das Letras MG PDF

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EIXO TEMÁTICO (01): USO PÚBLICO E CONSERVAÇÃO DA

BIODIVERSIDADE EM ÁREAS PROTEGIDAS

PLANEJAMENTO E RECUPERAÇÃO DAS TRILHAS DE ACESSO ÀS


CACHOEIRAS PARAÍSO E VÉU DA NOIVA – APA SÃO THOMÉ – SÃO
THOMÉ DAS LETRAS (MG).
Ézio Dornela Goulart
[email protected]
Programa de Pós-Graduação em Geografia – Instituto de Geociências – UFMG
Bruno Campos Guilarducci
[email protected]

Palavras-chave: Ecoturismo; uso público; áreas protegidas; manejo de trilhas.

RESUMO

De acordo com a realidade econômica do município de São Thomé das Letras, o turismo
destaca-se como importante fonte geradora de recursos. Atualmente a cidade recebe um
grande número de visitantes nos períodos de temporada, finais de semana e feriados
prolongados para conhecerem suas belezas cênicas, naturais e culturais. O número intenso de
visitantes nas trilhas de acesso aos atrativos naturais vem acarretando a compactação do solo
e no período de chuvas, erosões, perda de solo e assoreamento do leito dos cursos d’água.
Estes fatores além de causar impactos negativos ao meio ambiente oferecem risco aos
usuários e dificultam a visitação a estes atrativos. Este trabalho teve por objetivo realizar um
estudo para elaborar proposta de recuperação e manejo das trilhas de acesso as Cachoeiras
Paraíso e Véu da Noiva, localizadas na APA Municipal São Thomé. A metodologia utilizada foi
o ROS (Recreational Oportunities Spectrum). Ela propõe que as experiências recreacionais e
os benefícios dela derivados aconteçam dentro de um conjunto particular de eventos que
podem ser vistos a partir de um gradiente, desde o primitivo ao urbano (LECHNER, 2006).
Inicialmente foram revistos os traçados, elaborado o mapeamento e diagnóstico de aspectos
ambientais, através de fichas de campo. Foram identificados aspectos como: erosões,
incidência de alterações graves de drenagens e exposição de pedras e raízes. Intervenções
foram proposta como a readequação de drenagens e a construção de obras de arte. Para isto
foram elaborados croquis iniciais que, posteriormente, foram desenhados e plotados através do
programa AutoCAD. Por fim, com base nos objetivos propostos, foram identificadas
oportunidades potenciais e restrições a visitação, elaborado o ordenamento das trilhas, além
de recomendações para a manutenção e recuperação das mesmas. Com isto espera-se
conseguir o aumento das oportunidades recreacionais e maior conforto e segurança para os
usuários.
RESUMEN

De acuerdo con la realidad económica de São Thomé das Letras, el turismo se destaca como
una importante fuente de recursos. Actualmente, la ciudad recibe una gran numero de
visitantes durante los períodos de temporada, fines de semana y días festivos para conocerem
su belleza escénica, natural y cultural. El gran flujo de visitantes en los senderos de acceso a
los atractivos naturales está provocando la compactación del suelo y durante la temporada de
lluvias, la erosión, la pérdida de suelos y la sedimentación del lecho del curso de agua. Estos
factores, además de causar impactos negativos al medio ambiente, ofrecem riesgos y dificultad
a los usuarios que van visitar estos sitios. Este trabajo tuvo como objetivo realizar un estudio
para elaborar una propuesta de recuperación y gestión de caminos de acceso a las Cascatas
Paraiso y Velo de la Novia, ubicadas en APA Municipal São Thomé. La metodología utilizada
fue el ROS (oportunidades recreativas Spectrum). Propone que las experiencias recreativas y
los beneficios derivados de ellas sucedam a partir de determinado conjunto de eventos que se
pueden ver desde una pendiente, desde lo primitivo a lo urbano (Lechner, 2006). Inicialmente
trazados fueron revisados , la cartografía elaborada y diagnóstico de los aspectos ambientales
a través de los registros de campo. Fueron identificados erosiones, incidencia de los cambios
severos en el drenaje y la exposición de las rocas y raíces. A continuación, se propone
intervenciones como la mejora del drenaje y la construcción de obras de arte. Se prepararon
para esto trazados iniciales que hayan sido deseños y a traves del programa AutoCAD.
Finalmente, en base a los objetivos propuestos, se identificaron las oportunidades potenciales y
las restricciones a las visitas, sistema de senderos espacial preparada, así como
recomendaciones para el mantenimiento y recuperación de los saderos de camiños. Con esto,
se espera que aumenten las oportunidades de recreación y mayor comodidad y seguridad para
los usuarios.
INTRODUÇÂO

São Thomé das Letras está localizado no sul do estado de Minas Gerais, o município
faz parte do Circuito Turístico Vale Verde e Quedas D’águas, é integrante da
Associação das Cidades Históricas Mineiras e da Rota da Estrada Real. A arquitetura
da cidade caracteriza-se por edificações construídas em quartzito (pedra São Thomé),
tombadas pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais
(IEPHA). O município se destaca na região por apresentar um relevo característico
que propicia a formação de várias cachoeiras, piscinas naturais e corredeiras de
grande efeito cênico.

A Área de Proteção Ambiental (APA) São Thomé é uma unidade de conservação


municipal de uso sustentável, com uma área de 3.115,08 ha tem por objetivo
assegurar o bem estar das populações ali existentes, bem como o de todo o
município, a melhoria da qualidade de vida, além de proteger e preservar a fauna, flora
e os recursos hídricos, promovendo assim o uso sustentado da área para as gerações
futuras. Foi criada através do Decreto nº 003 de 29 de janeiro de 2003. As cachoeiras
Véu da Noiva e Paraíso podem ser consideradas entre os atrativos mais visitados
inseridos na APA.

O fluxo intenso de visitantes nas trilhas de acesso as cachoeiras vem acarretando a


compactação do solo, e no período de chuvas intensas erosões, perda de solo e
assoreamento do leito dos cursos d’água. Estes fatores, além de causar impactos
negativos ao meio ambiente, oferecem risco aos usuários e dificultam a visitação a
estes atrativos. A elaboração do respectivo estudo teve por objetivo subsidiar os
gestores públicos na implementação e no estabelecimento de trilhas estruturadas,
otimizando o potencial de visitação e propiciando o desenvolvimento de atividades de
cunho educativo, associadas à recreação, proporcionando experiências em contato
com o ambiente natural, minimizando e controlando os impactos.

Estas áreas de visitação atraem, hoje, um grande número de turistas e admiradores da


natureza. Com a construção da infraestrutura necessária, um maior número de
pessoas poderá frequentar o local, sem provocar danos sociais e ambientais. Este
crescente fluxo de pessoas poderá ser revertido em benefícios aos moradores do
município de São Thomé das Letras e toda sua região.

Devido às características bióticas e abióticas das trilhas, as mesmas apresentam uma


tendência muito grande a ocorrências de erosões superficiais. O solo, devido ao
intenso fluxo de visitação, esta compactado ocasionando pouca capacidade de
absorção de água, principalmente na época das chuvas. Isto faz com que as
intervenções devam ser muito bem planejadas, considerando principalmente as
características do terreno, a integridade do ambiente, a segurança dos usuários e o
entendimento de como os visitantes se comportam em ambientes naturais.

Considera-se que as trilhas de uso público em áreas naturais permitem suprir as


necessidades recreativas, com a segurança e o conforto necessários para o visitante e
sem prejudicar o meio ambiente. Dentro desse contexto, a implementação e o manejo
das de trilha de acesso às cachoeiras do Paraíso e Véu de Noiva tem como objetivo
principal a recuperação das trilhas utilizadas como acesso as cachoeiras.

Desta forma, as trilhas também podem ser motivo de encorajamento ao usuário a se


manter em um caminho mais fácil, evitando obstáculos e a abertura desnecessária de
desvios. Assim, as trilhas são caminhos existentes ou estabelecidos, com diferentes
formas, comprimentos e larguras, que possuam o objetivo de aproximar o visitante ao
ambiente natural, ou conduzi-lo a um atrativo específico, possibilitando seu
entretenimento ou educação através de sinalizações ou de recursos interpretativos.

Segundo Andrade (2003), o desenvolvimento adequado de trilhas, aliado ao aumento


da consciência de que as trilhas em áreas naturais, onde se pratica o ecoturismo, não
são apenas caminhos improvisados, “espera-se que não só novas áreas sejam
abertas de forma correta, mas também que seja remediada a situação das áreas
desenvolvidas de forma incorreta”.

Para Lechner (2006), as trilhas e caminhos são provavelmente as rotas de viagem


mais disseminadas no mundo. Em locais menos ocupados, particularmente em
parques e áreas protegidas, as trilhas podem ser o único meio de acesso fácil à maior
parte da área. Sendo assim, ainda de acordo com o autor, as trilhas costumam ser o
primeiro dos elementos de infraestrutura desenvolvidos sempre que uma nova área
protegida é declarada e, com frequência, isto ocorre antes de qualquer planejamento
formal.

Desta forma, as trilhas são caminhos existentes ou estabelecidos, com diferentes


formas, comprimentos e larguras, que possuam o objetivo de aproximar o visitante ao
ambiente natural, ou conduzi-lo a um atrativo específico, possibilitando seu
entretenimento ou educação através de sinalizações ou de recursos interpretativos.
Griffith e Valente (1979) e Griffith (1983), consideram que o planejamento de um
sistema de trilhas, sejam estas interpretativas ou cênicas, necessita da análise e
avaliação do inventário de sequencias paisagísticas referente a cada trecho ou
percurso, buscando uma variação entre diversificadas classes de paisagens,
explorando visados ângulos cênicos de observação, de modo a enriquecer a
experiência perceptiva do visitante.

Embora o planejamento inadequado seja o fator isolado mais importante para o


fracasso de trilhas e caminhos em áreas naturais, poucas pessoas percebem a
importância ou a magnitude do processo de planificação, mesmo com relação aos
aspectos mais básicos. O planejamento de trilhas deve considerar os objetivos da área
de inserção da trilha, assim como os aspectos sociais e biofísicos da área destinada a
receber a trilha. Isto é necessário tanto para a implantação de novas trilhas como para
o melhoramento das já existentes. (LECHNER, 2006).

Desta forma o planejamento de trilhas deve levar em consideração alguns fatores


como: variação das condições da região em decorrência das estações do ano, quais
são as informações técnicas (mapas, fotografias, etc.) já existentes sobre a região,
qual a probabilidade de volume de uso futuro e quais são as características de
drenagem, solo, vegetação, habitat, topografia, uso e exequibilidade do projeto.

De acordo com Borges (2004), a atividade de ecoturismo é intrinsecamente


relacionada ao uso de trilhas, já que um dos objetivos de quem pratica o ecoturismo é
o de vivenciar de forma mais intensa os elementos naturais e culturais de uma
determinada região. Trilhas facilitam esta experiência, pois possibilitam o acesso a
áreas e monumentos mais isolados e preservados (formações naturais, sítios
históricos e arqueológicos, paisagem, etc.); a observação de fauna e flora;
experiências educativas ao explorar aspectos geológicos, geográficos ou a história
natural; mais segurança ao turista, já que minimiza riscos de acidentes e de se perder
e a atividade física em ambiente natural.

No que diz respeito aos impactos ambientais decorrentes do uso das trilhas,
Guillaumon (1977) afirma que as trilhas de um ponto de vista formal, vêm a ser um
novo impacto do homem na natureza e uma oportunidade a mais para se admitir
inconscientemente este impacto onipresente. Provoca tanto impacto físico como
visual, sonoro e de cheiro. Ao mesmo tempo constituem um meio de canalizar o
impacto do homem e de circunscrevê-lo a um itinerário restrito.
Quando as trilhas atravessam ou estão circunscritas às unidades de conservação,
passam normalmente por ambientes naturais muitas vezes frágeis ou carentes de
proteção. Os efeitos que uma trilha causa no ambiente ocorrem principalmente na
superfície da trilha propriamente dita, mas, segundo Schelhas (1986), a área afetada
corresponde normalmente a um metro a partir de cada lado.

Em muitos locais, a abertura de clareiras para os acampamentos e de atalhos para os


caminhos alternativos, o uso de fogueiras e o desleixo com o lixo, comprometeram
seriamente a paisagem, quanto as suas funções ecológicas e espaço para a
recreação. Observa-se uma mudança no perfil do turista que visita a área, justamente
porque a qualidade ambiental do local não satisfaz as expectativas do público adepto
do ecoturismo (FIGUEIREDO, 1998).

MATERIAIS E MÉTODOS

A metodologia empregada na realização deste estudo é estruturada no método de


planejamento de recreação conhecido por ROS (Recreational Oportunites Spectrum -
Espectro de Oportunidades de Recreação). O método propõe que “as experiências
recreacionais e os benefícios dela derivados aconteçam dentro de um conjunto
particular de eventos que podem ser visto a partir de um gradiente, desde o primitivo
ao urbano” (LECHNER, 2006).

Neste método as trilhas classificadas gradualmente em primitiva, semiprimitiva,


natural, rural e urbana. As trilhas primitivas caracterizam por condições selvagens,
pouco manejo direto, quase nenhum desenvolvimento de infraestrutura. Já as urbanas
permitem paisagens alteradas, manejo visível e desenvolvimento de muita
infraestrutura, como: pavimentação, interpretação ambiental, infraestrutura destinada
ao conforto e segurança. Para cada classificação proposta pelo método são
apresentadas suas características quanto ao tipo de atividades indicadas, as
instalações necessárias, as experiências proporcionadas e o detalhes de estruturação
requerida para as trilhas.

Desta forma este estudo realizou inicialmente uma análise de todo o sítio de visitação,
com a revisão dos materiais relevantes e das informações disponíveis, além de visitas
de campo para verificação das condições ambientais das trilhas. Com base nas
condições encontradas foram definidos os traçados e procedido o mapeamento
detalhada das trilhas selecionadas. O mapeamento foi realizado com auxilio de fichas
de campo, bússola de mapa, clinômetro e trena de fita.
Em seguida foram definidos os objetivos de cada trilha e realizado um diagnóstico
detalhado de cada um dos trajetos, considerando as ocorrências encontradas em cada
trecho, a manutenção ou infraestrutura necessária, bem como o material indicado para
a construção das estruturas. O diagnóstico foi fartamente documentado com auxílio de
máquina de fotografia digital.

Por fim, com base nas informações levantadas no diagnóstico, foi elaborado um croqui
das intervenções necessárias que posteriormente foi desenhado e plotado com auxílio
do programa AutoCad versão 2009.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Com base na análise de sítio realizada, que considerou as informações disponíveis


sobre a área, as visitas ao local e as informações passadas pelo órgão gestor da APA
São Thomé, as trilhas de acesso às cachoeiras Paraíso e Véu da Noiva foram
classificadas entre “natural” e “rural”, conforme classificação proposta pelo método
ROS (Espectro de Oportunidades de Recreação).

Nesta classificação, as trilhas permitem atividades de caminhada, acampamento,


observação da paisagem, educação ambiental, interpretação da natureza, entre
outras. O ambiente é predominantemente natural, com evidencias de níveis
moderados de atividade humana. a possibilidade de encontro com outros usuários é
alta. O desenvolvimento de instalações pode ser mais intensivo, mas tende a
harmonizar com o entrono. O aprendizado e o bem estar familiar são experiências
possíveis, sendo que um grau relativamente alto de interação social é provável, com
fácil acesso as instalações. Permitem trilhas com 60 a 250 cm e um maior nível de
instalações de segurança, pontes para facilitar o acesso, áreas de descanso e
instalações para interpretação ambiental.

No processo de definição do layout das trilhas, ou seja, a localização exata do seu


traçado em campo, no lugar onde vão ser construídas, no caso das trilhas de acesso
às cachoeiras do Véu de Noiva e do Paraíso, considerou-se fundamental os seguintes
fatores para sua definição:

• Parte do atual traçado das trilhas se encontra definido e consolidado em alguns


trechos e em outros possui traçado indefinido com a presença de muitas trilhas
secundárias.
• Nos trechos em que não existe trilha definida observou- se que de acordo com
o estado de conservação do trecho a ser transposto, o usuário opta por utilizar
outro caminho acarretando a abertura de novas trilhas.

Sendo assim, nos trechos onde o traçado já se encontrava definido, os mesmos foram
mantidos sofrendo apenas propostas de intervenções necessárias para cada trecho. A
abertura de um novo traçado acarretaria em mais impactos negativos ao local, não
isentando da recuperação dos danos já existentes, conforme Figura 1, abaixo.

Figura 1 – Raízes expostas e drenagens superficiais no corredor da trilha.

Nos trajetos com incidência de trilhas secundárias e trajetos indefinidos, optou-se pelo
fechamento destes definindo um único caminho para direcionar o fluxo de visitantes
para o traçado proposto. O fechamento dos caminhos secundários tem como objetivos
evitar que ocorra alargamento da trilha, compactação do solo, supressão da vegetação
e ao mesmo tempo proporcione a regeneração natural do solo e da vegetação. Todos
esses fatores somados ao escoamento das águas no percurso da trilha contribuem
efetivamente para a degradação da trilha em todo seu conjunto

Após, a definição do traçado definitivo, iniciou-se o mapeamento que consistiu em


dividir a trilha em trechos, levando-se em consideração as mudanças de direção e de
declividade, conforme Tabela 1. Para cada trecho foi anotado seu direcionamento, seu
desnível, seu comprimento e sua largura, além da altitude de cada ponto. Ao final
dessa etapa têm-se os dados necessários para conhecer o traçado da trilha.
Tabela 1 - Ficha utilizada no mapeamento das trilhas.

ACESSO A CACHOEIRA DO PARAÍSO E VÉU DA NOIVA (PARTE BAIXA)


TRECHO DIREÇÃO DESNÍVEL METRAGEM DISTANCIA LARGURA ALTITUDE

Ini Fim graus percentual metros metros metros Início Desnível Final
1 2 199° -26% 8,20 8,20 1,20 946,296 -2,132 944,164
2 3 191° -14% 13,70 21,90 0,75 944,164 -1,918 942,246
3 4 185° -28% 5,80 27,70 0,80 942,246 -1,624 940,622
4 5 188° -17% 10,40 38,10 0,85 940,622 -1,768 938,854
5 6 175° -19% 16,95 55,05 0,35 938,854 -3,221 935,634
6 7 186° -25% 10,50 65,55 0,45 935,634 -2,625 933,009
7 8 207° -24% 6,30 71,85 0,75 933,009 -1,512 931,497
8 9 230° -20% 6,80 78,65 0,60 931,497 -1,360 930,137
9 10 237° -25% 2,95 81,60 0,45 930,137 -0,738 929,399
10 11 269° -20% 4,60 86,20 0,55 929,399 -0,920 928,479
11 12 222° -15% 5,40 91,60 0,40 928,479 -0,810 927,669
12 13 267° -29% 5,00 96,60 0,80 927,669 -1,450 926,219
13 14 221° -19% 5,70 102,30 1,35 926,219 -1,083 925,136
14 15 255° -23% 5,30 107,60 1,45 925,136 -1,219 923,917
15 16 223° -25% 5,10 112,70 1,70 923,917 -1,275 922,642
16 17 281° -40% 7,00 119,70 0,90 922,642 -2,800 919,842
17 18 272° -32% 6,40 126,10 1,00 919,842 -2,048 917,794
18 19 8° -2% 13,70 139,80 1,20 917,794 -0,274 917,520
19 20 351° -1% 6,70 146,50 0,70 917,520 -0,067 917,453
20 21 9° -2% 16,30 162,80 0,60 917,453 -0,326 917,127
21 22 19° 1% 14,00 176,80 0,70 917,127 0,140 917,267
22 23 6° -5% 5,30 182,10 0,45 917,267 -0,265 917,002
23 24 22° 5% 1,65 183,75 0,60 917,002 0,083 917,085
24 25 44° 28% 2,20 185,95 0,80 917,085 0,616 917,701
25 26 17° -8% 5,00 190,95 0,60 917,701 -0,400 917,301
26 27 16° 4% 10,85 201,80 1,15 917,301 0,434 917,735
27 28 24° 10% 5,55 207,35 0,80 917,735 0,555 918,290
28 29 39° -1% 5,40 212,75 0,60 918,290 -0,054 918,236

Desta forma foram mapeadas duas trilhas e duas variantes, com objetivos e propósitos
diferenciados, conforme descrito em seguida. No final da descrição de cada trilha,
apresentamos o mapa resultante do mapeamento realizado (Figura 2).

Acesso à cachoeira do paraíso e Véu da Noiva (parte baixa)

A trilha de acesso à cachoeira do Paraíso e à parte de baixo da Cachoeira do Véu da


Noiva tem início próximo à lanchonete dos proprietários do terreno e seu termino é
próximo ao segundo poço da cachoeira Véu da Noiva. Sua extensão total é de
212,75m, sua largura média é de 0,78m e seu desnível máximo é de -40%. O piso
predominante é terra, sua forma é linear e seu uso é para dar acesso ao poço das
cachoeiras, sendo utilizada predominante por pessoas a pé. O objetivo principal da
trilha é dar acesso à parte baixa da cachoeira Véu da Noiva e a queda da cachoeira do
Paraíso. Além disso, é utilizada para contemplação da paisagem, pois margeia o rio a
partir do ponto 18 e permite uma visualização da queda da cachoeira Véu da Noiva e
das corredeiras formadas por suas águas.

Variante de acesso à cachoeira do Paraíso

Esta é uma variante da trilha anterior e tem início no ponto 18, em uma clareira na
mata ciliar próxima a queda da cachoeira do Paraíso e seu termino é na calha do rio, o
qual deve ser transposto para ter acesso a um banco de areia em frente ao poço da
cachoeira do Paraíso. Sua extensão total é de 34,95m, sua largura média é 0,63m,
seu desnível máximo é de -74%, o piso predominante é terra com um trecho de
pedras, sua forma é linear e seu uso e seu objetivo principal são dar acesso ao poço
da cachoeira do Paraíso.

Acesso à cachoeira Véu da Noiva (parte alta)

A trilha de acesso a Cachoeira do Véu da Noiva, tem início próximo à lanchonete dos
proprietários do terreno e seu termino é no poço formado pela queda da cachoeira.
Sua extensão total é 60,30m, sua largura média é 1,42m, seu desnível máximo é de -
48%, o piso predominante é terra com trechos intercalados de pedras, sua forma é
linear e seu uso é para dar acesso ao poço da cachoeira Véu da Noiva. Sua utilização
é feita predominante por pessoas a pé. O objetivo principal da trilha é dar acesso ao
poço formado pelas águas da queda da cachoeira Véu de Noiva, além disso, é
utilizada como contemplação do visual da queda da cachoeira Véu da Noiva e da
corredeira formada por suas águas.

Atalho de ligação entre trilhas

O atalho tem início no trecho 3-4 da trilha de acesso à cachoeira do Paraíso e Véu da
Noiva (parte baixa) e seu termino é no trecho 2-3 da trilha de acesso a parte alta da
cachoeira Véu da Noiva. Sua extensão total é de 42,50m, sua largura média é 0,45m,
seu desnível máximo é de 3%, seu piso predominante é terra sua forma é linear, e seu
uso e seu objetivo principal é ligar às trilhas de acesso as cachoeiras Véu de Noiva e
Paraíso, passando por traz da lanchonete.
Figura 2 – Mapa geral do sistema de trilhas de acesso às cachoeiras Paraíso e Véu da Noiva.

Desta forma, uma vez realizado o mapeamento pormenorizado de cada trilha e


definida a função de cada uma, procedeu-se a análise de cada trecho de trilha,
verificando a ocorrência de drenagens superficiais, piso irregular, raízes expostas,
risco a segurança do usuário, dimensões irregulares e trilhas secundárias. Para cada
ocorrência verificada propõe-se uma ação de manutenção e/ou a construção de
alguma obra de arte, como pontes, corrimão, escadarias, entre outras.

Desta forma os resultados foram anotados em ficha de campo e posteriormente


transferidos para uma planilha no computador. A tabela 2 apresenta o resultado de
uma das trilhas diagnosticadas.
Tabela 2 - Ficha de diagnóstico: ocorrências, manutenção, infraestrutura e materiais.

TRECHO OCORRÊNCIAS MANUTENÇÃO INFRAESTRUTURA MATERIAL FOTO


Drenagens barreira oblíqua; caixa terra; pedras;
-
superficiais de pedra. concreto.
regularização e
Piso irregular - terra
nivelamento
Risco segurança - guarda-mão direito madeira
01_02
Dimensões
alargamento - -
irregulares

Placa sinalização - placa sinalização madeira; pedra

Drenagens barreira oblíqua; caixa terra; pedras;


-
superficiais de pedra. concreto.

regularização e
02_03 Piso irregular - terra
nivelamento

Dimensões
alargamento - -
irregulares

Uma vez realizado o levantamento completo das intervenções necessárias, no que diz
respeito à manutenção e construção de infraestrutura, a etapa seguinte foi a
elaboração de croquis de cada trecho, com auxílio de papel quadriculado e trena, as
intervenções foram medidas e desenhadas no papel, que posteriormente foram
desenhadas com auxilio de programa de computador. Afigura 3 apresenta alguns
exemplos dos croquis realizados.

Figura 3 - Croquis das intervenções em cada trecho de trilha, com medidas tomadas em
campo.
Os croquis serviram com base para a elaboração do projeto final, que foi desenhado
com auxilio do programa AutoCad versão 2009 (Figura 4). Com as medidas tomadas
em campo e considerando o material recomendado para realizar as intervenções, foi
possível também o calculo do material utilizado em cada trecho de trilha.

Figura 4 - Parte do projeto de intervenção elaborado a partir das informações coletadas em


campo.

A plotagem do projeto em planta baixa, das trilhas de acesso as cachoeiras Paraíso e


Véu da Noiva, localizadas na APA São Thomé, em São Thomé das Letras-MG, foi a
etapa final deste estudo, que acredita-se ser de fundamental importância para orientar
os gestores da área nas intervenções necessárias. O material necessário para o
desenvolvimento das intervenções propostas no estudo foi calculados com base nos
padrões estabelecidos e para cada trecho do sistema de trilhas, bem como cada tipo
de intervenção foi descrita em detalhes, complementando as plantas citadas
anteriormente.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O bom planejamento de uma área protegida procura maximizar as oportunidades


(benefícios) para a conservação e para os usuários, enquanto reconhece e considera
as limitações da área e as restrições para minimizar os impactos negativos. Tanto as
oportunidades como as restrições podem ser sociais, culturais ou biofísicas. O
processo de identificar formalmente as oportunidades e restrições permite que o
planejador de trilhas priorize os recursos, faça uma seleção mais acurada de rotas e
minimize impactos ambientais negativos.
Sendo assim, este estudo foi concebido, dentro dos objetivos propostos, e identificou-
se as diversas oportunidades potenciais para as trilhas de acesso às cachoeiras do
Paraíso e Véu da Noiva, tais como o aspecto cênico das cachoeiras e da margem do
rio, caracterizada por uma mata ciliar em bom estado de regeneração, com a presença
de várias epífitas (orquidáceas).

Nota-se também a oportunidade de desenvolvimento de atividades educacionais,


tendo como instrumento a interpretação da natureza, sendo que a implantação da
trilha servirá também de apoio para as atividades de manejo da área, como
fiscalização e manejo de visitação. Desta forma, a implantação da trilha poderá gera o
aumento de ganhos financeiros pelo acesso facilitado e pelo aumento de
oportunidades recreacionais, integrando estas trilhas com as demais existentes em
toda a região.

Contudo, algumas restrições à implementação do sistema de trilhas de acesso às


cachoeira do Paraíso e Véu da Noiva se apresentam, pois estas não permitem
acessibilidade plena, uma vez que alguns acessos apresentam declividade muito
elevada ou passagens muito perigosas (travessia de rios, subida em pedras). As
questões relativas à segurança devem ser muito bem consideradas, pois no local é
comum a prática de acender fogo próximo às cachoeiras (churrasqueiras
improvisadas), o que acarreta a possibilidade de incêndios. Também existe a
possibilidade de enchentes súbitas, apesar de não haver relatos deste fenômeno.

Também o comprometimento de pessoal para manutenção das trilhas é fator


fundamental, pois como qualquer outra trilha, haverá a necessidade de manutenções
periódicas e é preciso que as pessoas responsáveis estejam comprometidas com isso.

Por fim, cabe alertar que a implantação das intervenções propostas poderá causar um
aumento excessivo do uso, representando dificuldades para o manejo da área. Para
isto recomenda-se a utilização de alguma metodologia de monitoramento dos
impactos ambientais, como a Capacidade de Carga ou Limite Aceitável de Cambio.
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