Planejamento e Recuperação Das Trilhas de Acesso Às Cachoeiras Paraíso e Véu Da Noiva, APA São Thomé - São Thomé Das Letras MG PDF
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Planejamento e Recuperação Das Trilhas de Acesso Às Cachoeiras Paraíso e Véu Da Noiva, APA São Thomé - São Thomé Das Letras MG PDF
RESUMO
De acordo com a realidade econômica do município de São Thomé das Letras, o turismo
destaca-se como importante fonte geradora de recursos. Atualmente a cidade recebe um
grande número de visitantes nos períodos de temporada, finais de semana e feriados
prolongados para conhecerem suas belezas cênicas, naturais e culturais. O número intenso de
visitantes nas trilhas de acesso aos atrativos naturais vem acarretando a compactação do solo
e no período de chuvas, erosões, perda de solo e assoreamento do leito dos cursos d’água.
Estes fatores além de causar impactos negativos ao meio ambiente oferecem risco aos
usuários e dificultam a visitação a estes atrativos. Este trabalho teve por objetivo realizar um
estudo para elaborar proposta de recuperação e manejo das trilhas de acesso as Cachoeiras
Paraíso e Véu da Noiva, localizadas na APA Municipal São Thomé. A metodologia utilizada foi
o ROS (Recreational Oportunities Spectrum). Ela propõe que as experiências recreacionais e
os benefícios dela derivados aconteçam dentro de um conjunto particular de eventos que
podem ser vistos a partir de um gradiente, desde o primitivo ao urbano (LECHNER, 2006).
Inicialmente foram revistos os traçados, elaborado o mapeamento e diagnóstico de aspectos
ambientais, através de fichas de campo. Foram identificados aspectos como: erosões,
incidência de alterações graves de drenagens e exposição de pedras e raízes. Intervenções
foram proposta como a readequação de drenagens e a construção de obras de arte. Para isto
foram elaborados croquis iniciais que, posteriormente, foram desenhados e plotados através do
programa AutoCAD. Por fim, com base nos objetivos propostos, foram identificadas
oportunidades potenciais e restrições a visitação, elaborado o ordenamento das trilhas, além
de recomendações para a manutenção e recuperação das mesmas. Com isto espera-se
conseguir o aumento das oportunidades recreacionais e maior conforto e segurança para os
usuários.
RESUMEN
De acuerdo con la realidad económica de São Thomé das Letras, el turismo se destaca como
una importante fuente de recursos. Actualmente, la ciudad recibe una gran numero de
visitantes durante los períodos de temporada, fines de semana y días festivos para conocerem
su belleza escénica, natural y cultural. El gran flujo de visitantes en los senderos de acceso a
los atractivos naturales está provocando la compactación del suelo y durante la temporada de
lluvias, la erosión, la pérdida de suelos y la sedimentación del lecho del curso de agua. Estos
factores, además de causar impactos negativos al medio ambiente, ofrecem riesgos y dificultad
a los usuarios que van visitar estos sitios. Este trabajo tuvo como objetivo realizar un estudio
para elaborar una propuesta de recuperación y gestión de caminos de acceso a las Cascatas
Paraiso y Velo de la Novia, ubicadas en APA Municipal São Thomé. La metodología utilizada
fue el ROS (oportunidades recreativas Spectrum). Propone que las experiencias recreativas y
los beneficios derivados de ellas sucedam a partir de determinado conjunto de eventos que se
pueden ver desde una pendiente, desde lo primitivo a lo urbano (Lechner, 2006). Inicialmente
trazados fueron revisados , la cartografía elaborada y diagnóstico de los aspectos ambientales
a través de los registros de campo. Fueron identificados erosiones, incidencia de los cambios
severos en el drenaje y la exposición de las rocas y raíces. A continuación, se propone
intervenciones como la mejora del drenaje y la construcción de obras de arte. Se prepararon
para esto trazados iniciales que hayan sido deseños y a traves del programa AutoCAD.
Finalmente, en base a los objetivos propuestos, se identificaron las oportunidades potenciales y
las restricciones a las visitas, sistema de senderos espacial preparada, así como
recomendaciones para el mantenimiento y recuperación de los saderos de camiños. Con esto,
se espera que aumenten las oportunidades de recreación y mayor comodidad y seguridad para
los usuarios.
INTRODUÇÂO
São Thomé das Letras está localizado no sul do estado de Minas Gerais, o município
faz parte do Circuito Turístico Vale Verde e Quedas D’águas, é integrante da
Associação das Cidades Históricas Mineiras e da Rota da Estrada Real. A arquitetura
da cidade caracteriza-se por edificações construídas em quartzito (pedra São Thomé),
tombadas pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais
(IEPHA). O município se destaca na região por apresentar um relevo característico
que propicia a formação de várias cachoeiras, piscinas naturais e corredeiras de
grande efeito cênico.
No que diz respeito aos impactos ambientais decorrentes do uso das trilhas,
Guillaumon (1977) afirma que as trilhas de um ponto de vista formal, vêm a ser um
novo impacto do homem na natureza e uma oportunidade a mais para se admitir
inconscientemente este impacto onipresente. Provoca tanto impacto físico como
visual, sonoro e de cheiro. Ao mesmo tempo constituem um meio de canalizar o
impacto do homem e de circunscrevê-lo a um itinerário restrito.
Quando as trilhas atravessam ou estão circunscritas às unidades de conservação,
passam normalmente por ambientes naturais muitas vezes frágeis ou carentes de
proteção. Os efeitos que uma trilha causa no ambiente ocorrem principalmente na
superfície da trilha propriamente dita, mas, segundo Schelhas (1986), a área afetada
corresponde normalmente a um metro a partir de cada lado.
MATERIAIS E MÉTODOS
Desta forma este estudo realizou inicialmente uma análise de todo o sítio de visitação,
com a revisão dos materiais relevantes e das informações disponíveis, além de visitas
de campo para verificação das condições ambientais das trilhas. Com base nas
condições encontradas foram definidos os traçados e procedido o mapeamento
detalhada das trilhas selecionadas. O mapeamento foi realizado com auxilio de fichas
de campo, bússola de mapa, clinômetro e trena de fita.
Em seguida foram definidos os objetivos de cada trilha e realizado um diagnóstico
detalhado de cada um dos trajetos, considerando as ocorrências encontradas em cada
trecho, a manutenção ou infraestrutura necessária, bem como o material indicado para
a construção das estruturas. O diagnóstico foi fartamente documentado com auxílio de
máquina de fotografia digital.
Por fim, com base nas informações levantadas no diagnóstico, foi elaborado um croqui
das intervenções necessárias que posteriormente foi desenhado e plotado com auxílio
do programa AutoCad versão 2009.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Sendo assim, nos trechos onde o traçado já se encontrava definido, os mesmos foram
mantidos sofrendo apenas propostas de intervenções necessárias para cada trecho. A
abertura de um novo traçado acarretaria em mais impactos negativos ao local, não
isentando da recuperação dos danos já existentes, conforme Figura 1, abaixo.
Nos trajetos com incidência de trilhas secundárias e trajetos indefinidos, optou-se pelo
fechamento destes definindo um único caminho para direcionar o fluxo de visitantes
para o traçado proposto. O fechamento dos caminhos secundários tem como objetivos
evitar que ocorra alargamento da trilha, compactação do solo, supressão da vegetação
e ao mesmo tempo proporcione a regeneração natural do solo e da vegetação. Todos
esses fatores somados ao escoamento das águas no percurso da trilha contribuem
efetivamente para a degradação da trilha em todo seu conjunto
Ini Fim graus percentual metros metros metros Início Desnível Final
1 2 199° -26% 8,20 8,20 1,20 946,296 -2,132 944,164
2 3 191° -14% 13,70 21,90 0,75 944,164 -1,918 942,246
3 4 185° -28% 5,80 27,70 0,80 942,246 -1,624 940,622
4 5 188° -17% 10,40 38,10 0,85 940,622 -1,768 938,854
5 6 175° -19% 16,95 55,05 0,35 938,854 -3,221 935,634
6 7 186° -25% 10,50 65,55 0,45 935,634 -2,625 933,009
7 8 207° -24% 6,30 71,85 0,75 933,009 -1,512 931,497
8 9 230° -20% 6,80 78,65 0,60 931,497 -1,360 930,137
9 10 237° -25% 2,95 81,60 0,45 930,137 -0,738 929,399
10 11 269° -20% 4,60 86,20 0,55 929,399 -0,920 928,479
11 12 222° -15% 5,40 91,60 0,40 928,479 -0,810 927,669
12 13 267° -29% 5,00 96,60 0,80 927,669 -1,450 926,219
13 14 221° -19% 5,70 102,30 1,35 926,219 -1,083 925,136
14 15 255° -23% 5,30 107,60 1,45 925,136 -1,219 923,917
15 16 223° -25% 5,10 112,70 1,70 923,917 -1,275 922,642
16 17 281° -40% 7,00 119,70 0,90 922,642 -2,800 919,842
17 18 272° -32% 6,40 126,10 1,00 919,842 -2,048 917,794
18 19 8° -2% 13,70 139,80 1,20 917,794 -0,274 917,520
19 20 351° -1% 6,70 146,50 0,70 917,520 -0,067 917,453
20 21 9° -2% 16,30 162,80 0,60 917,453 -0,326 917,127
21 22 19° 1% 14,00 176,80 0,70 917,127 0,140 917,267
22 23 6° -5% 5,30 182,10 0,45 917,267 -0,265 917,002
23 24 22° 5% 1,65 183,75 0,60 917,002 0,083 917,085
24 25 44° 28% 2,20 185,95 0,80 917,085 0,616 917,701
25 26 17° -8% 5,00 190,95 0,60 917,701 -0,400 917,301
26 27 16° 4% 10,85 201,80 1,15 917,301 0,434 917,735
27 28 24° 10% 5,55 207,35 0,80 917,735 0,555 918,290
28 29 39° -1% 5,40 212,75 0,60 918,290 -0,054 918,236
Desta forma foram mapeadas duas trilhas e duas variantes, com objetivos e propósitos
diferenciados, conforme descrito em seguida. No final da descrição de cada trilha,
apresentamos o mapa resultante do mapeamento realizado (Figura 2).
Esta é uma variante da trilha anterior e tem início no ponto 18, em uma clareira na
mata ciliar próxima a queda da cachoeira do Paraíso e seu termino é na calha do rio, o
qual deve ser transposto para ter acesso a um banco de areia em frente ao poço da
cachoeira do Paraíso. Sua extensão total é de 34,95m, sua largura média é 0,63m,
seu desnível máximo é de -74%, o piso predominante é terra com um trecho de
pedras, sua forma é linear e seu uso e seu objetivo principal são dar acesso ao poço
da cachoeira do Paraíso.
A trilha de acesso a Cachoeira do Véu da Noiva, tem início próximo à lanchonete dos
proprietários do terreno e seu termino é no poço formado pela queda da cachoeira.
Sua extensão total é 60,30m, sua largura média é 1,42m, seu desnível máximo é de -
48%, o piso predominante é terra com trechos intercalados de pedras, sua forma é
linear e seu uso é para dar acesso ao poço da cachoeira Véu da Noiva. Sua utilização
é feita predominante por pessoas a pé. O objetivo principal da trilha é dar acesso ao
poço formado pelas águas da queda da cachoeira Véu de Noiva, além disso, é
utilizada como contemplação do visual da queda da cachoeira Véu da Noiva e da
corredeira formada por suas águas.
O atalho tem início no trecho 3-4 da trilha de acesso à cachoeira do Paraíso e Véu da
Noiva (parte baixa) e seu termino é no trecho 2-3 da trilha de acesso a parte alta da
cachoeira Véu da Noiva. Sua extensão total é de 42,50m, sua largura média é 0,45m,
seu desnível máximo é de 3%, seu piso predominante é terra sua forma é linear, e seu
uso e seu objetivo principal é ligar às trilhas de acesso as cachoeiras Véu de Noiva e
Paraíso, passando por traz da lanchonete.
Figura 2 – Mapa geral do sistema de trilhas de acesso às cachoeiras Paraíso e Véu da Noiva.
regularização e
02_03 Piso irregular - terra
nivelamento
Dimensões
alargamento - -
irregulares
Uma vez realizado o levantamento completo das intervenções necessárias, no que diz
respeito à manutenção e construção de infraestrutura, a etapa seguinte foi a
elaboração de croquis de cada trecho, com auxílio de papel quadriculado e trena, as
intervenções foram medidas e desenhadas no papel, que posteriormente foram
desenhadas com auxilio de programa de computador. Afigura 3 apresenta alguns
exemplos dos croquis realizados.
Figura 3 - Croquis das intervenções em cada trecho de trilha, com medidas tomadas em
campo.
Os croquis serviram com base para a elaboração do projeto final, que foi desenhado
com auxilio do programa AutoCad versão 2009 (Figura 4). Com as medidas tomadas
em campo e considerando o material recomendado para realizar as intervenções, foi
possível também o calculo do material utilizado em cada trecho de trilha.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por fim, cabe alertar que a implantação das intervenções propostas poderá causar um
aumento excessivo do uso, representando dificuldades para o manejo da área. Para
isto recomenda-se a utilização de alguma metodologia de monitoramento dos
impactos ambientais, como a Capacidade de Carga ou Limite Aceitável de Cambio.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, Valdir Joel. 2003. Implantação e manejo de trilhas. In: WWF - Brasil. 2003.
Manual de Ecoturismo de Base Comunitária: ferramentas para um planejamento
responsável. [Organização: Sylvia F. Mitraud] WWF-Brasil. Brasília, DF. 470 p.
ANDRADE, Valdir Joel. 2004. Manejo de trilhas. In: MOURÂO, Roberto M. F. (Org.).
2004. Manual de melhores práticas para o ecoturismo. Rio de Janeiro: FUNBIO;
Instituto ECOBRASIL, Programa MPE, 2004. 128p.