Acaso Estou Eu No Lugar de Deus Ou Deus Escreve Certo Por Linhas Tortas PDF
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Gênesis 50.15-21
19/09/1999
Acaso estou eu no lugar de Deus? ou: Deus escreve certo por linhas tortas
A história ou narrativa de José do Egito sempre fascina. Leitora ou ouvinte, a pessoa que se depara com essa
personagem da Bíblia viaja com o enredo de um texto muito bem elaborado. Sabe lá quanto tempo levou para
chegar deste modo às nossas mãos? Quantos redatores trabalharam para que recebêssemos uma narrativa tão
completa, diferente e emocionante?
A história de José abrange nada menos que 21 capítulos, excetuando-se os caps. 38 e 49, que provavelmente
são interpolações. Pesquisadores do AT informam que sua interpretação não é tão fácil como parece à
primeira vista. Há uma longa lista de estudos deste complexo literário. Não vem ao caso resumir tudo. Penso
apenas em apontar para alguns dados que podem nos ajudar na atualização e na preparação da prédica.
Filho de Jacó, um dos patriarcas de Israel, segundo a tradição, é filho do Norte, está ligado ao futuro Reino do
Norte, às tribos de Efraim e Manassés, após a divisão que se seguiu ao reinado de Salomão (926 a.C). O
relato que temos é uma construção literária certamente baseada em fatos históricos perdidos no tempo. Esse
José da narrativa jamais foi encontrado, tal e qual, na história do Egito. O que a pesquisa revelou, entretanto,
ajuda a entrever algo da história dessas tribos e povos que, por volta de 1500 a.C., iam e vinham da Palestina
ao Egito tentando sobreviver com relativa liberdade. O estudioso francês R. Michaud (p. 74s.) afirma que no
reinado de Amenofis IV (1364-1347) este faraó teria confiado a um semita certas funções oficiais muito
parecidas às que o Génesis atribui a José. Por sua vez, as cartas de Amaina mencionam até mesmo o nome de
outro semita, Yanhamu, que teria desempenhado papel importante na administração dos assuntos do listado,
por exemplo, cuidando dos silos e armazéns de trigo que existiam sob sua jurisdição. Mesmo assim, o
complexo que vai de Gn 37 a 50 é de ordem literária. Histórias de escravos, mercenários, ou simplesmente
gente vendida a troco de dinheiro, encontramos em outros textos extrabíblicos. A palavra Maquir (50.23),
que, provavelmente, define a origem étnica de José, pode ser traduzida por mercenário ou vendido (makar =
vender). A pesquisa tem revelado que senhores de terra, reis de cidades-Estado, compravam escravos, os
hapiru, produto de guerras e dos deslocamentos de gente migrante que, para sobreviver, precisava vender sua
força de trabalho, seu próprio corpo. José pode muito bem ter sido um desses pobres comprado e levado ao
cativeiro no Egito.
A narrativa se esmera em traçar a ascensão desse José. De escravo ele se (orna conselheiro do seu senhor e,
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posteriormente, ministro do próprio rei, o faraó do Egito. Como instrumento dessa ascensão, a narrativa
apresenta sua impressio¬nante capacidade de interpretar sonhos que, depois, o habilita a administrar o reino,
em tempos de grande fome. E o reino vai se fortalecendo por meio da ação desse jovem dotado de sabedoria,
visão e grande força moral. Ele não se deixa seduzir pela beleza da mulher do senhor, mantendo sua
integridade pessoal. Fundamento da integridade era a relação com seu Deus: O Senhor, porém, era com José
e lhe foi benigno (39.21).
A história começa, entretanto, com um grande mal: a prisão do jovem se dá por causa do ciúme de seus
irmãos, que, não suportando a soberba tio mais novo, primeiro o desejam matar, mas por fim — advertidos
por Rubem — o vendem como escravo. Nesse mal está a raiz da trajetória verdadeiramente extraordinária de
um jovem semita em terras estrangeiras (seria este um texto elaborado na dispersão após o exílio
babilônico?).
O texto bíblico adianta um dos problemas de fundo, certamente da lavra do autor: Reinarás, com efeito, sobre
nós? E sobre nós dominarás realmente? (37.8.) Na história de José, provavelmente, está presente um dos
graves problemas com que o pequeno povo de Israel se defrontou aí por volta do ano 1000 a.C.: tribos ou
monarquia? Javé é Deus das tribos ou do rei e seu templo?
A tese de Frank Crüsemann (Reimer, p. 72) é a seguinte: a história de José é uma novela cujo sentido seria
legitimar o poder dos funcionários do Estado monárquico e a política de tributos do império salomônico.
Seria como que uma legimitação ou propaganda do governo monárquico. A monarquia tributária é vista
como algo bom e natural. Esta seria a insídia ideológica do texto (Storniolo).
A história de José faz parte do ciclo dos patriarcas (12-36) c, na atual posição que ocupa no Pentateuco, serve
de ponte entre o tempo dos patriarcas Abraão e Jacó e o tempo de Moisés e do êxodo. A narrativa, do ponto
de vista literário, busca dar uma explicação para a migração e presença dos descendentes de Jacó no Egito, de
onde muito mais tarde saem com grandes sinais e prodígios de libertação (At 7.36), narrados no livro de
Êxodo.
A atual pesquisa questiona a teoria das fontes, que tentou explicar a composição da história como tendo
origem em duas autorias, a do javista (sul, séc. 10) e a do eloísta (norte, séc. 8) com alguns elementos da
fonte P (sacerdotal). Hoje se defende a ideia de que o texto é uma composição literária autônoma (Reimer, p.
71) que, posteriormente, sofreu alterações e acréscimos até ser inserida na obra maior do Pentateuco
(concluída por volta do séc. V [Schmidt, p. 14s.]). Embora trate de uma história de família (Jacó e seus filhos,
com foco em José), ela ultrapassa o estreito âmbito familiar. O tema da narrativa diz respeito à vida do povo
de Israel como um todo e às organizações sociais necessárias para manter a vida desse povo (Gn 50.20s.).
A história expõe a vida de uma família de pastores na qual os conflitos surgem por causa da preferência do
pai Jacó pelo filho mais novo (ele recebe uma túnica [real?] que o distingue dos demais [Gn 37]). Os sonhos
pretensiosos de José apenas confirmam a distinção e aumentam o descontentamento dos irmãos. A venda de
José aos midianitas funciona como uma excomunhão da ordem tribal. Temos aí as linhas de um conflito
básico na sociedade israelita da época: de um lado, grupos que defendiam a instituição da monarquia (1 Sm
8) e, de outro, os que defendiam o antigo sistema tribal. José é o protótipo daqueles que desejam participar da
monarquia e do sistema tributário.
José é apresentado como aquele que contava com a proteção de Deus. A monarquia precisava da legitimação
religiosa. Era necessário contar com Javé, o antigo Deus do sistema tribal, para apoiar a monarquia (Gn 39;
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41.38; 45.8; 50.20). Essa legitimação se dá em cima de um fato econômico concreto: a posse de trigo para
matar a fome. Quem opta pela monarquia vê nas duas descidas ao Egito a possibilidade de matar a fome para
garantir a vida (42.2; 43.8).
A monarquia, bem organizada e administrada, no momento da fome distri¬bui trigo e garante a sobrevivência
dos imprudentes. É o triunfo do sistema tributário, que — em meio à fome geral — mantém a vida do povo a
partir de uma eficiente rede centralizada de armazéns (41.48-57; 50.20). O texto comprova a necessidade do
reinado e de sua política de tributação. Chega até a exageros como se vê em Gn 47: primeiro o povo precisa
comprar os alimentos que ele próprio produziu. Depois entrega os rebanhos. Mais tarde, entrega a terra e por
fim se torna escravo: Assim comprou José toda a terra do Egito para o faraó, porque os egípcios venderam
cada um o seu campo, porquanto a fome era extrema sobre eles; e a terra passou a ser do faraó. Quanto ao
povo, ele o escravizou de uma a outra extremidade da terra do Egito. Somente a terra dos sacerdotes não a
comprou ele; pois os sacerdotes tinham porção do faraó, e eles comiam a sua porção que o faraó lhes tinha
dado (Gn 47.2()ss.) (tratar-se-ia de uma legitimação do apoio do templo ao rei?).
O final da narrativa apresenta o tema da reconciliação, que já aparecera em 45.5-8. Gênesis 50.15-21 é a
retomada daquele capítulo. Aqui a história chega ao sou objetivo, perseguido desde o início: o conflito entre
os irmãos (entre dois sistemas!) é resolvido com o perdão do mal feito e a reconciliação. Aí vemos o sentido
profundo e divino de toda a história, que é contada de modo completa monte profano e sem carga teológica
mais evidente. Aliás, este texto fala muito pouco de Deus e da fé. Não há qualquer referência a culto ou outra
atividade semelhante. São acontecimentos profanos apresentados de modo muito realista, bem ao contrário
do complexo anterior (Gn 12-36), onde encontramos muitas teofanias e falas de Deus. A história de José só
fala de Deus de maneira indireta, quer dizer, praticamente só alude à ação soberana de Deus como ação
profunda mente escondida numa mundanidade radical. Essa ação divina (que muda o mal em bem) abarca
inclusive a malignidade humana, pondo os projetos humanos a serviço dos objetivos divinos sem contrariá-
los ou desculpá-los (von Rad).
O caráter sapiência! do texto fica então evidente conforme a famosa resposta de José aos seus temerosos
irmãos: Não temais; acaso estou eu em lugar do Deus? Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém
Deus o transformou em bem, para fazer, como vedes agora, que se conserve muita gente em vida (Gn
50.19-20). O que Deus (e o sistema tributário quer) é isto: salvar a vida do povo, de muita gente. Javé é
apresentado como aquele que realiza esta ação por meio de vicissitudes históricas bem humanas. Se Javé
aceita participar do sistema tributário e o confirma como benfeitor, por que o povo não poderia também
aceitá-lo e confiar nele (Reimer, p. 77)?
Westermann interpreta de outro modo. Entende que a teologia dessa história não está num ou noutro
versículo, mas no todo da narrativa. Só que 45.5-8 e 50.19-21 seriam os textos-chaves que apresentam uma
estrutura ao modo do oráculos de salvação. Enquanto em Gn 45 temos afirmações mais concretas, Gn 50 é
mais conciso e abstraio, revelando uma inclinação mais conceituai. Este autor não concorda com a leitura
sapiencial do texto. Para ele, temos aqui a forma de um oráculo de salvação. Ora, é difícil não perceber que
este texto ó vazado em linguagem própria da sabedoria (p. ex., a oposição entre bem e mal). Ainda assim,
também Westermann concorda que aqui a monarquia e seu potencial no plano de Deus é apresentada no
sentido de que pode salvar muitos (Gn 47. l -12).
Daria para imaginar um dos ministros do atual governo na pele desse nosso herói José? Onde encontramos
administradores desse porte, com tal ousadia, sabedoria, tenacidade e estatura para se deixar constranger pela
fome dos seus irmãos e irmãs?
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Neste estudo, fiquei tentado a comparar José ao nosso ministro da Economia. Mas quem teria coragem de
dizer deste ministro que o Senhor estava com ele, quando toma medidas que facilitam a vida das grandes
empresas e trazem prejuízo aos assalariados e pequenos empresários?
A história de José apresenta uma trama bem humana. A Bíblia é assim. Quando deve falar da comum
humanidade, o faz com realismo e até brilho. Trabalha com materiais disponíveis e com eles constrói
narrativas que apresentem os planos de Deus inseridos na história humana, com seus sonhos e pretensões de
megalomania. Com suas violências, seduções e grandezas. Com artimanhas, estratagemas e reconciliações. E
em meio a essa história humana desponta o mistério: Deus vai escrevendo certo por linhas tortas.
Pensando na prédica, apontaria dois caminhos possíveis para extrair a mensagem do texto, sem desconsiderar
o que foi dito acima. Um deles seria afirmar a soberania de Deus. O outro poderia enfocar a humildade
necessária para lidar com o poder, a começar por qualquer de nós que exerce posição de direção, coordenação
ou coisa que o valha.
Deus atua na história humana e na vida de cada pessoa. Mesmo quando o mal nos domina e nos faz tropeçar,
Deus é capaz de transformar o mal feito em bem e salvação. Sua forma de agir é sempre soberana e
salvadora, mesmo quando julga e corrige.
Assim ele agiu com o povo de Israel, que da escravidão foi libertado para uma caminhada em busca da terra
prometida e finalmente a alcançou. Assim também foi com Jesus de Nazaré, Filho de Deus, que, à
semelhança de José, sofreu, foi preso, humilhado, torturado, morto, para então ressurgir no dia da Páscoa
como o primogênito do novo reino de Deus. Jesus, o libertador de Deus.
Não tenham medo! Assim começa a fala de José a seus irmãos, quando estes retornam ao palácio implorando
perdão. Nosso povo ainda teme, e muito, as autoridades. Não se sente livre para dizer exatamente o que
pensa, para escolher e protestar. Há muita violência entre nós. Enquanto isso, a mudança da realidade sempre
é uma esperança vaga e incerta.
No Brasil, a autoridade é um problema, não uma solução. Fora o apadrinhamento, o abuso de poder, a
corrupção e a soberba, temos outro grave problema. Há governantes que praticamente assumem o lugar de
Deus. Decidem arbitrariamente sobre a vida e a morte de milhares de brasileiros sem o menor pudor. Estes se
imaginam todo-poderosos. Oposição é sinônimo de ingratidão e falta de patriotismo. Tais governantes são
incapazes de exercer com radicalidade a democracia que tanto apregoam. Preferem aplausos e a concordância
acrítica. Divergência é coisa de radicais que só sabem anunciar o caos. Eu ou o caos, é como costumam
radicalizar.
José pode servir como um governante ideal que se sabe menor do que Deus, na verdade, um servidor. O
servidor com quem talvez nós sonhemos. Uma pessoa que, de fato e de direito, se preocupe com a vida de
todo o povo. E isto ele consegue ser por refrear a ira, por praticar o perdão e a reconciliação. Essas atitudes,
porém, não são marcas de um servidor público. Dele se esperam antes eficiência, tenacidade, perspicácia,
visão, imparcialidade, habilidade política, que aliás também encontramos em José. Mas o ideal não fecha
com a realidade. A moral pregada ao funcionário público de primeiro escalão do reinado de Salomão não
pega hoje. Será que pegou no seu tempo?
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Ainda assim, vale a pena refletir sobre o título acima: Acaso estou eu no lugar de Deus? No cap. 41.16,
quando José é perguntado sobre como consegue interpretar sonhos, ele assim responde: Não está em mim;
mas Deus dará resposta (...). José age como testemunha de Deus. Qual seria o testemunho que se espera dos
funcionários públicos do nosso tempo? Que testemunho pode dar toda e qualquer pessoa que exerce
liderança, seja qual for sua função?
O povo de Deus hoje é povo de sacerdotes e sacerdotisas, dizia um dos temas da Igreja Evangélica de
Confissão Luterana no Brasil (IECLB). Que tipo de sacerdócio é este? Servidores de Deus ou o quê?
Sabemos perdoar e nos reconciliar com quem nos ofende?
Assim como fez com o antigo Israel, também hoje Deus continua sua obra salvar todo o povo, muitos, todos,
se possível. Nessa missão, ele chama servidores habilitados por meio da fé e do Espírito. Hoje não está mais
em questão apoiar a monarquia ou quaisquer tentativas de legitimar o poder do status quo. Não dá para
cooptar o povo com cestas básicas ou frentes de trabalho pagas com esmolas do governo. Para o povo de
Deus, a pergunta é outra: como tu, Senhor, continuas a tua obra de libertar toda a gente? De que forma tu nos
visitas hoje (Gn 50.24s.)? Quer dizer, a história de José não pode ser lida sem o seu complemento que vem
logo em seguida no livro do Êxodo! Pois um povo escravo e faminto não pode louvar plenamente ao seu
Deus. No máximo haveria de gritar e clamar com gemidos incompreensíveis. Quando Deus disser: Ah! Eu vi
a aflição do meu povo e ouvi os seus clamores, então uma nova história começa. Nunca será demais lembrar
que o primeiro mandamento inicia assim: Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da
servidão. Não terás outros deuses diante de mim. (Êx 20.2s.) Isto significa: Deus não só contenta com bons
ou maus ministros. Muito menos se conforma com planos econômicos que comprometem a vida dos mais
frágeis. Ele quer mais, muito mais: quer e faz um povo liberto e libertador. É este povo que o adora e vive a
sua liberdade diante de qualquer autoridade, boa ou má, justa ou não, séria ou corrupta.
Sob esta nova ótica valerá a pena reler a história de José e aprender com ele: Não tenham medo! Acaso estou
eu no lugar de Deus? Por vezes vocês tentaram me fazer mal, mas Deus transformou o mal em bem. E isto
aconteceu hoje para que a vida de muitos se conserve e este povo seja um pouco mais feliz!
Romanos 14.5-9: O texto do apóstolo Paulo coloca critérios de como tratar as normas culturais de
convivência. Recomenda que cada pessoa avalie as situações e as normas segundo a sua consciência, sabendo
que a decisão por comer ou não comer é feita como que diante de Deus, dando graças a ele pela vida
recebida. Seja vida, seja morte, como pessoas da comunidade de Cristo vivemos para ele, vencendo todo e
qualquer autocentrismo. Isto é, servindo e decidindo com bom senso diante de normas e pessoas que pensam
diferentemente de nós, no fundo servimos ao próprio Cristo.
Mateus 18.21-35: A pergunta de Pedro sobre quantas vezes se deve perdoar, a resposta radical de Jesus e a
parábola que segue, ilustrando a prática do perdão, tematizam um dos aspectos do texto da prédica. Ora, a
prática do perdão não é usual no atual sistema econômico. Prevalecem o domínio sobre o devedor, a sua
completa dependência do credor, às vezes a incapacidade de pagar. O esquema fraudulento, mediante juros
escorchantes, toma a inadimplência praticamente a única saída. Ao radicalizar o perdão para setenta vezes
sete, Jesus indica o caminho do reino de Deus. Ao tratar do tema utilizando um exemplo das relações
econômicas, não fica aí, mas completa dizendo: Assim também meu Pai celeste vos fará se do íntimo não
perdoardes cada um a seu irmão. Mais uma vez, a teologia bíblica não se contenta apenas com a superfície (o
perdão da dívida). Ela radicaliza. Exige nada menos do que uma mudança interior, do íntimo, uma mudança
de toda a pessoa (metánoia). Um novo referencial de vida.
5. Subsídios litúrgicos
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Um bom exercício prévio é ler os textos bíblicos em várias versões da Bíblia para procurar as palavras que
melhor traduzem o espírito dos textos. Se não para aproveitar nas leituras do culto, ao menos para ajudar nas
falas diante da comunidade. Escolher palavras claras, fáceis e carregadas de sentido é sempre uma arte,
também e principalmente no anúncio da palavra de Deus.
Salmo: O Salmo 105.1-24 é uma boa leitura meditativa no lugar apropriado da liturgia do culto. É um salmo
de ação de graças por causa do que Deus fez e faz pelo povo do seu amor.
Hinos: Hinos do povo de Deus (HPD) n° 156, 147, 209. De O povo canta 234, 238.
Confissão de pecados: Senhor de toda a misericórdia, eu me achego a n como uma pessoa pecadora. É difícil
confessar-te as minhas pretensões, os exageros que moram nos meus sonhos, a minha mesquinhez, o meu
desprezo para com aqueles que me devem algo. Eu reconheço tudo isto e muito mais que só tu conheces. Tu
me sondas no mais íntimo. Mas também sei que tu me amas Com um amor sem comparação. Eu me agarro
nesse amor e canto a ti: Tem piedade de nós, Senhor!
Oração de coleta: Neste dia reservado à oração, tua comunidade silencia para te ouvir. Fala a nós pela palavra
da Escritura e pelas palavras dos teus servidores e servidoras. Estamos sedentos para ouvir uma palavra de
ânimo que aumente a nossa fé. Fala hoje e sempre. E dá que nós tenhamos ouvidos e o íntimo prontos a
seguir os teus ensinamentos. Na reunião de tua comunidade, nos reunimos alegria e tristeza, nossas fraquezas,
mas também nossos propósitos. Faze, Senhor, com que alcancemos corações e mentes sábias. É o que te pedi
mós, por Jesus Cristo, nosso Senhor, na unidade do Espírito Santo. Amém
Bibliografia
MICHAUD, Robert. La historia de José. Trad. Alfonso Orliz. Estella : Verbo Divino.
1981. (Buena noticia, 6).
REIMER, Haroldo. A necessidade da monarquia para salvar o povo : apontamentos sobre a história de José
(Gênesis 37-50). RIBLA, Petrópolis/São Leopoldo : Vozes/Sinodal, v. 23, p. 67-78, 1996.
SCHMIDT, Werner H. Introdução ao Antigo Testamento. Trad. Annemarie Höhn. São Leopoldo : Sinodal,
1994.
STORNIOLO, Ivo. A história de José do Egito (ou a ideologia do reino de Salomão). Vida Pastoral, São
Paulo, p. 2-6, mar.-abr. 1996.
RAD, Gerhard von. El libro del Génesis. Trad. Santiago Romero. Salamanca : Sígueme, 1977. (Biblioteca de
estúdios bíblicos, 18).
WESTERMANN, Claus. Genesis 37-50 : A Commentary. Trad. John J. Scullion. Minneapolis : Augsburg,
1986.
Proclamar Libertação 24
Editora Sinodal e Escola Superior de Teologia
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