Manacorda

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Pedagogia/Noturno/Primeiro Ano “A” /UENP/CCHE/CJ

Caroline de Oliveira Mattozinho

Resenha Crítica do Capítulo X, “O nosso século em direção ao ano dois


mil”, do livro História da Educação, de Manacorda, (p, 374-426).

Mario Alighiero Manacorda nasceu em Roma em 1914. Formou-se


em Letras e também estudou pedagogia. Ao longo de sua vida ensinou, assim
como estudou e traduziu clássicos literários e históricos-políticos. Fez parte do
Instituo Gramsci e foi um ativista nas lutas educacionais na segunda metade do
século XX. Seu livro “História da Educação: da Antiguidade aos nossos dias” se
inicia no Egito, passa por Grécia e Roma, pela Idade Média, Moderna e
Contemporânea, em uma perspectiva materialista histórico dialético.

No capítulo X “O nosso século em direção ao ano dois mil”, segundo


o autor, a proposta socialista intencionava uma formação politécnica, visando
capacitar o indivíduo para exercer qualquer tipo de trabalho possuindo uma
formação universal, porém esse ideal era de difícil aplicação e encontrava
muitas resistências das antigas estruturas. A perspectiva democrática burguesa
enfatiza o social e defende a educação juntamente com o learning by doing, o
aprender fazendo proposto por Dewey, embora suas ideias se distanciem do
real e contenha contradições. De modo utilitarista, essa pedagogia mostra a
importância de aprender fazeres uteis à sociedade industrial, possibilitando
uma melhor vida social dos indivíduos.

Dentre as diversas vertentes psicológicas que surgiram no decorrer


da história, o texto destaca os autores antagônicos Vygotsky e Piaget.
Vygotsky parte do pensamento evolucionista, dando maior importância à
história da humanidade do que ao indivíduo. A formação psíquica se dá no
meio social, composto basicamente pela educação e pelo trabalho, através de
instrumentos materiais e de linguagem. Na visão do autor, o ensino é anterior
ao desenvolvimento do indivíduo, portanto, Vygotsky dá uma maior importância
ao potencial do aluno, ou seja, ao “amanhã”, e não ao “ontem”. Na visão de
Piaget, a maturação, experiência e sociabilidade não são suficientes para o
desenvolvimento psíquico. Dessa forma, “a educação deve adequar-se ao
desenvolvimento” (MANACORDA, p. 394), ideia que contrasta com a de
Vygotsky, porém Piaget não exclui ou ignora a contribuição social ao
desenvolvimento em certa medida.

O pensamento conservador na Itália em seu período fascista era a


favor de uma reforma da educação fazendo uma rigorosa distinção das classes
privilegiadas e as subalternas. Para o conservador Giovanni Gentile “...não
deve haver lugar para todos... A reforma visa exatamente isso: reduzir a
população escolar”. Portanto, para os conservadores, a reforma serviria para a
manutenção do nível alto da escola da classe privilegiada, assim como os
fascistas de “esquerda” também contribuíam com essa concepção. A reflexão
de Gramsci em torno da escola unitária, baseada nas ideias socialistas e
marxistas, é sobre a necessidade de manter as escolas de formação
humanística, formativa e intelectual sem deixar a demanda de seu contexto
industrial e técnico de lado, caracterizado pelo crescente aparecimento de
sistemas educacionais para atender os vários ramos de profissões e
especializações.

Na segunda metade do século, acontecimentos como a saída do


homem da Terra em 1957 e a tomada de consciência das novas gerações
sobre a desigualdade educacional, são fenômenos decisivos para a educação
neste período.

Enquanto nos estados ocidentais continuaram a procurar bases mais


solidas e cientificas para a educação, os estados socialistas se basearam no
pensamento de Marx e seus seguidores. A nova pedagogia católica e a
marxista precisava lidar com a questão da pedagogia liberal-democrática em
evidência.

Embora tantos pensadores tenham feito críticas ao sistema


educacional da época, a mais racional foi feita pelos próprios escolares, em
relação a própria escola e ao descuido dos professores com a realidade e os
problemas concretos dos alunos. Em 1968, ano da revolta estudantil e juvenil,
os atos de vandalismo e comportamentos sádicos só revelaram a crescente
tomada de consciência das massas, que deixou sinais na pedagogia e na
cultura. Nas empresas, os trabalhadores, cada vez mais reconhecidos como
uma pequena burguesia, foram tendo consciência de suas condições,
almejando sair de suas empresas para alcançar o ideal do homem
contemporâneo e independente, pois, assim como a tomada de consciência
dos jovens, a classe operaria percebeu a educação como instrumento de
opressão.

REFERÊNCIAS

MANACORDA, M. A. História da Educação: da Antiguidade aos


nossos dias. 12. ed. São Paulo: Cortez, 2006.

Nuances: estudos sobre Educação, Presidente Prudente-SP, v. 27,


n. 1, p. 357-363, jan./abr. 2016.

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