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EFEITOS DELETÉRIOS: ausência da cinesioterapia

na mobilidade articular em politraumatizado

Deleterious effect: absence of the Kinesiotherapy in the


articular mobility of a polytraumatized patient

Miriam Rosalem Silva1, Rosana Mara Anzolin2,


Talita Camargo Claro3, Thaís Caroline de Medeiros4
1
Fisioterapeuta, especialista em Fisioterapia Musculoesquelética da (FAMERP) Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto
– SP. e-mail: [email protected]
2
Bióloga, Doutora em Ciências da Saúde (FAMERP), Docente da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto – SP. e-mail:
[email protected]
3
Fisioterapeuta, Especialista em Fisioterapia Musculoesquelética da (FAMERP) Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto
– SP. e-mail: [email protected]
4
Fisioterapeuta, Especialista em Fisioterapia Musculoesquelética da (FAMERP) Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto
– SP. e-mail: [email protected]

Resumo
Efeitos deletérios de repouso prolongado no leito e imobilidade têm sido reconhecidos atualmente,
podendo ocorrer também os adversos da imobilização, tais como contratura, atrofia muscular e óssea
das partes sadias e membros. Politraumatismo é considerado a primeira causa de morte entre 20 e 40
anos de idade, período este da vida considerado o mais produtivo. Para paciente que foi submetido a
procedimento cirúrgico, preconiza-se trabalho de cinesioterapia motora, livre, assistida e isometria,
quando o paciente não é muito colaborativo, utilizando a cinesioterapia passiva. Em diversos aspectos
da nossa vida, a possibilidade de acontecer o politraumatismo, como em quedas de altura, acidentes de
trânsito, violência por arma e até mesmo catástrofes naturais, pode ser freqüente. Na grande maioria
dos casos, haverá perda de movimento com o aparecimento de lesão em uma das articulações, onde a
mobilização articular é utilizada com várias finalidades em relação ao processo de reabilitação. O objetivo
do presente estudo é relatar a ocorrência de efeitos deletérios na ausência da cinesioterapia, e mobilidade
articular em politraumatizado.

Palavras-chave: Efeitos deletérios; Cinesioterapia; Mobilidade articular; Politraumatismo.

Fisioter. Mov. 2008 abr/jun;21(2):39-45


Miriam Rosalem Silva; Rosana Mara Anzolin;
40 Talita Camargo Claro; Thaís Caroline de Medeiros

Abstract

Deleterious effect of rest drawn out in the stream bed and immobility have been recognized
currently, being able to also occur adverse of immobilization the such as contracture, bone and
atrophy muscular of the healthy parts and members. Politraumatism, is considered the first
cause of death between 20 and 40 years of age, period this of the considered life most productive,
for patient who was submitted the surgical procedure, if praises work of attended, isometric and
motor cinesiotherapy, mainly when the patient is not very cooperative, using the passive
cinesiotherapy. In diverse aspects of our life, the possibilities to happen the politraumatism, as
in falls of height, traffic accidents, violence for weapon and even though natural catastrophes,
can be frequent. In the great majority of the cases, it will together have loss of movement with
the appearance of injury in one of the joints, where the articular mobilization is used with some
purposes in relation to the whitewashing process. The objective of the present study is to tell the
occurrence of deleterious effect in the absence of the cinesiotherapy, and articular mobility in
politraumatizado.

Keywords: Deleterious effects; Cinesiotherapy; Articular mobilization; Politraumatismo.

INTRODUÇÃO

Durante as últimas quatro décadas, efeitos deletérios de repouso prolongado no leito e


imobilidade têm sido reconhecidos, porém fisiologicamente jamais foram plenamente entendidos e
explicados. Supõe-se que a inatividade facilite a cura da parte do corpo afetada, mas nem sempre esta
possa ser prejudicial às partes sadias do corpo; por exemplo, quando é realizada a imobilização de ossos
longos com gesso ocorrendo efeito benéfico sobre a cicatrização óssea após fraturas. Efeitos adversos
da imobilização prolongada também podem ocorrer, como contratura articular e atrofia muscular e óssea
das partes sadias do membro (1).
O sistema osteomuscular é o mais acometido pelo imobilismo, podendo ocorrer hipotrofia,
atrofia muscular e descondicionamento; contraturas; osteoporose e osteopenia; deterioração articular;
ossificação heterotópica; osteomielite e deformidades (2).
Descritas em quase todos os ossos do corpo humano, ocorrem as fraturas por estresse, sendo
com mais freqüência na região do membro inferior e raras no membro superior, especialmente na diáfise
da ulna, com poucos casos descritos na literatura mundial (3).
Considerado a primeira causa de morte em pessoas entre 20 a 40 anos de idade, o
politraumatismo ocorre no período da vida considerado mais produtivo, apresentando papel fundamental
em processo de reabilitação pós-trauma, a cinesioterapia restabelecerá a amplitude de movimento
articular e a força muscular perdidas neste processo, seja ela passiva, ativa, ativo-assistida ou resistida.
O fisioterapeuta deve se preocupar com o processo de cicatrização dos tecidos peri-articulares e com
o processo álgico, pontos fundamentais para reabilitação com sucesso.
Para o paciente politraumatizado que foi submetido a procedimento cirúrgico, é preconizado
trabalho de cinesioterapia motora inicialmente utilizando, se possível, a cinesioterapia livre ou assistida
e isometria. Quando em estados onde o paciente não é muito colaborativo, usa-se também a
cinesioterapia passiva (2).
Possibilidades mais freqüentes de sofrer politraumatismo encontram-se em diversos aspectos
da nossa vida, como nas quedas de altura, acidentes de trânsito, violência (ocasionada por acidentes por
arma branca ou arma de fogo), ou até excepcionalmente, em catástrofes naturais e em guerras, que
podem ser geradoras em potencial de politraumatismos.

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Na grande maioria dos casos, quase sempre haverá alguma perda de movimento associada
após o aparecimento de lesão em uma das articulações. A mobilização articular é uma técnica utilizada
com várias finalidades no processo de reabilitação.
O objetivo do presente estudo é relatar efeitos deletérios da ausência da cinesioterapia na
mobilidade articular de politraumatizado após intervenção cirúrgica.

RELATO DE CASO

A.A.S., 51 anos de idade, masculino, sofreu queda de escada numa altura de três metros,
fraturando o acetábulo, ulna, cabeça do rádio, e também o osso escafóide, todos do lado direito.
Submetido às cirurgias para colocação de uma prótese na cabeça do rádio, placa na ulna, parafuso no
escafóide, duas placas e um pino no acetábulo. Iniciou a fisioterapia domiciliar, permanecendo em
repouso prolongado, esta consistia em exercícios isométricos em hemicorpo direito, alongamentos,
exercícios ativos de restauração relacionado à amplitude do movimento articular em hemicorpo
esquerdo, fisioterapia respiratória, com ênfase em reexpansão pulmonar e higiene brônquica.
Quarenta dias pós-procedimentos cirúrgicos, o paciente adquiriu infecção, submetendo-se
a novas cirurgias. No acetábulo direito, retirou o pino, deixando as duas placas, a prótese da cabeça do
rádio, ulna, colocando-se fixador externo. A descarga de peso ainda não estava liberada neste período,
consistindo o tratamento em fortalecimento muscular por estimulação russa, liberando a marcha com
muleta, após a retirada do fixador externo.
Com relação ao membro inferior direito, o paciente adquiriu diferença de 6 centímetros,
tendo que adaptar os calçados, colocando-se “calços e saltos” neles. Para recolocação da prótese da
cabeça do rádio, devido às ocorrências de dores principalmente na prono-supino, foi novamente
submetido à cirurgia. Atualmente, o paciente apresenta déficit de força muscular em membro superior
direito, apresentando cerca de 70º de flexão e 40º de abdução coxo-femural (Figuras 1, 2 e 3).

FIGURA 1 - Exame radiográfico atual do quadril: anquilose óssea instalada

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FIGURA 2 - Colocação da prótese na cabeça do rádio e fixação na ulna

FIGURA 3 - Parafuso instalado cirurgicamente no escafóide

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DISCUSSÃO

Muitos trabalhos descrevem sobre os possíveis efeitos deletérios da ausência da cinesioterapia


na mobilidade articular. O nosso estudo corrobora com alguns autores (1, 4, 5, 6,7) que atribuem o
sucesso da reabilitação a fatores como a mobilização precoce.
Efeitos adversos da imobilidade podem ser uma comorbidade comum em pacientes com
doença crônica. Um dos efeitos de uma imobilização são as contraturas, podendo envolver os músculos
e outros tecidos moles que rodeiam a articulação, provocando atrofia e incompetência funcional pelo
desuso. Este efeito não é apenas a redução do tamanho do músculo, mas também redução no movimento
funcional, alongamento, resistência e coordenação (5). No estudo deste trabalho, o paciente permaneceu
em repouso por um período considerado longo, realizando alongamento e exercícios ativos de
restauração, apresentando muitas dificuldades e complicações quanto às atividades que realizava, pois
seus traumas foram muitos devido à sua queda.
Iniciar precocemente a movimentação ativa pode muitas vezes ser muito doloroso, o que
pode acabar comprometendo o processo de reabilitação.
A movimentação passiva assistida permite que o fisioterapeuta, como nos programas de
reabilitação descritos anteriormente, promova a mobilização controlada de cada articulação, o que
torna possível a adequação de sua intensidade conforme o limiar da dor do paciente (8).
Para evitar complicações durante o período de imobilização, foi importante a realização de
exercícios objetivando a manutenção, alongamento e flexibilidade global, condicionamento cardiovascular
geral, fortalecimento muscular, redução da gordura corporal e relaxamento. Para isso, foi necessária a
colaboração do paciente, sua ajuda com a vontade de recuperar os movimentos fez com que o
tratamento tivesse um resultado de acordo com o esperado, porém quando não ocorre colaboração, o
andamento da fisioterapia torna-se mais difícil (9).
Tratamento de fraturas ainda são um tema controvertido dentro da traumatologia ortopédica,
suscitando discussões e levantando opiniões muitas vezes opostas. O tratamento das fraturas do
cotovelo apresenta maior dificuldade que qualquer outra fratura periarticular, devido às múltiplas
articulações envolvidas na mobilidade normal do cotovelo (10).
Nas fraturas da cabeça do rádio, observa-se que 10% evoluem com desvio dorsal, ocorrendo
entre a primeira e a segunda semana após a lesão (11). Autores concordam que a presença de fratura da cabeça
de rádio piora o prognóstico dos pacientes com fratura da região proximal do antebraço (12, 13, 14).
A fratura do acetábulo é uma lesão grave da articulação, sendo pouco freqüente e na maioria
dos casos a redução cirúrgica e a osteossíntese são mandatórias para se obter bons resultados (15).
Em uma fratura do escafóide, nota-se que a relação entre diminuição da mobilidade articular
e anormalidades das relações carpais baseia-se no princípio de que a deformidade em flexão do escafóide
limita a flexão e a posição do semilunar (16).
Submetido a muitas cirurgias, na região de acetábulo, ulna, cabeça do rádio, escafóide, o
paciente apresentou quadro de dor local, iniciando imediatamente fisioterapia domiciliar. Muitas
desordens podem acontecer, porém são reversíveis de acordo com o tipo de tratamento realizado, mas
quanto maior o período de imobilização, mais lenta e complicada se torna a reabilitação.

CONCLUSÃO

Concluiu-se por meio deste relato que a importância da mobilização precoce sugere obter
um resultado satisfatório, fazendo com o que o indivíduo recupere mais rapidamente seu estado anterior
ao trauma. Baseados nos resultados deste relato e com outros autores, dados extraídos da literatura
sugerem que o paciente colabore com o tratamento, evitando, dessa forma, complicações que possam
ocorrer mais tardiamente sem a fisioterapia.
Devido a dificuldades de se encontrar artigos relacionados a esse assunto, sugere-se que
novos trabalhos sejam desenvolvidos.

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Miriam Rosalem Silva; Rosana Mara Anzolin;
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Efeitos deletérios 45

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Recebido: 05/10/2006
Received: 10/05/2006

Aprovado: 06/03/2008
Approved: 03/06/2008

Fisioter. Mov. 2008 abr/jun;21(2):39-45

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