Avaliação de Parâmetros Físico-Químicos em Formulações de Sabonetes Líquidos Com Diferentes Concentrações Salinas

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REF - ISSN 1808-0804 Suplemento Vol.

IV (2), 144-147, 2007


AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS EM FORMULAÇÕES DE
SABONETES LÍQUIDOS COM DIFERENTES CONCENTRAÇÕES SALINAS

COUTO, Wagner de Faria1; GRAMIGNA, Luísa Leite1; FERREIRA, Maria José2;


SANTOS, Orlando David Henrique dos3

Palavras-chave: Sabonete Líquido, Cloreto de Sódio, Viscosidade.

1. INTRODUÇÃO
Sabonetes são alguns dos produtos de higiene pessoal mais consumidos no mundo.
O aumento crescente da produção desses cosméticos é recíproco à pesquisa
tecnológica que permite o desenvolvimento de novas fórmulas mais eficientes e
atrativas para o consumidor. Segundo Mainkar (2000), para o desenvolvimento de
novas formulações é de suma importância a avaliação de alguns parâmetros físico-
químicos do produto, entre os quais destacamos para sabonetes líquidos o volume e
estabilidade da espuma produzida, o pH e a viscosidade. Segundo Fox (1989),
embora a capacidade de geração de espuma e sua estabilidade possuam
importância relativa na capacidade de limpeza, estes são importantes parâmetros
para o consumidor e, por isto, são importantes critérios para avaliação desses
produtos. Mainkar (2001) cita que os aditivos nessas formulações possuem uma
importante função de definir o desempenho, aparência e estabilidade do produto.
Um bom sabonete líquido deve possuir viscosidade valores adequados de
viscosidae. O pH dessas fórmulas mostram-se importantes para preservar a pele de
possíveis irritações e manter a estabilidade do produto. O cloreto de sódio é o
agente espessante mais utilizado nesse tipo de formulação. Ele é capaz de
aumentar a viscosidade do produto através da interação com os agentes tensoativos
empregados, desde que os níveis salinos não ultrapassem certos limites. Neste
trabalho procurou-se avaliar a influência da adição de diferentes quantidades de
cloreto de sódio sobre o perfil de produção e estabilidade de espuma, pH e
viscosidade de algumas amostras de sabonete líquido.
2. METODOLOGIA
Amostras de dois tipos de sabonete líquido, um perolado e outro transparente, foram
produzidos na Fábrica de Sabonetes Finos – Pérola Ouro Preto, pertencente ao
Projeto Sorria de assistência odontológica. Inicialmente, alíquotas de 200mL dessas
amostras foram preparadas com diferentes concentrações de NaCl na faixa entre 0
a 4%, variando 0,5% entre os pontos. Após a preparação dessas alíquotas iniciou-se
as análises físico-químicas. O valor de pH foi obtido à partir da leitura de soluções a
10%, preparadas com água deionizada, das diferentes alíquotas de sabonete.
Utilizando um viscosímetro rotacional foi possível obter a medida de viscosidade em
mPas. O teor de espuma foi medido a partir do método de Ross-Milles. Essa técnica
consiste em verter 200 mL de uma solução teste, a 90 cm de altura, em um tubo de
50 mm de diâmetro sobre 50 mL dessa mesma solução a 0,1% preparada com água
deionizada. A leitura na medida da coluna de espuma foi feita após 1, 2, 5 e 10
minutos e então foi calculado o volume de espuma produzido.
COUTO, W. F.; GRAMIGNA, L. L.; FERREIRA, M. J; SANTOS, O. D. H. Avaliação de parâmetros físico-químicos em
formulações de sabonetes líquidos com diferentes concentrações salinas. Anais Eletrônicos da XV Semana Científica
Farmacêutica, Goiânia: UFG, 2007. n.p.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 - Relação entre teor de NaCl e viscosidade
Inicialmente verificamos que, para o sabonete líquido transparente (Figura 1), existe
uma relação direta entre concentração de NaCl e viscosidade até o valor
aproximado de 2,4 % correspondendo a 1440 mPas. Acima dessa concentração a
relação se inverte com uma progressiva diminuição na viscosidade e quebra da
formulação. Foi possível observar que o intervalo de viscosidade adequado é muito
estreito e estava presente entre 2 e 2,5%. Pequenas variações acima ou abaixo
desses valores foram capazes de promover drásticas alterações na viscosidade.

Sabonete Líquido Transparente Sabonete Líquido Perolado


1600 4500
4000

Viscosidade (mPas)
1400
Viscosidade (mPas)

3500
1200
3000
1000
2500
800
2000
600 1500
400 1000
200 500
0 0
0 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4
NaCl (%) NaCl (%)

Figura 1. Viscosidade é alterada com a adição de NaCl

Para o sabonete líquido perolado 3170 mPas foi o valor máximo de viscosidade
atingido correspondendo a 0,5% de NaCl. Diferente do sabonete líquido
transparente, a formulação do perolado apresentou quebra já a 2% de NaCl. A
diferença entre os componentes das duas formulações é que pode explicar os
diferentes perfis das duas curvas, pois no sabonete perolado é adicionado um
agente perolizante constituído por uma mistura de matérias-primas graxas insolúveis
e outros agentes tensoativos que proporcionam uma maior viscosidade inicial do
produto, porém mais sensível a adição de sal. Observou-se também que a curva de
viscosidade obtida para o sabonete líquido transparente foi semelhante ao esperado
de acordo com a literatura. Já o sabonete perolado apresentou comportamento
inesperado, visto que a curva apresentou perfil sinoidal a baixas concentrações de
sal e após 2,0% de NaCl observou-se aumento da viscosidade em função da
concentração de sal, mesmo após a quebra da formulação.
3.2 - Relação entre teor de NaCl e produção de espuma
Observou-se uma correlação entre viscosidade e teor de espuma para os sabonetes
líquidos transparente e perolado (Figura 2). A maior produção de espuma foi obtida
de amostras com maior valor de viscosidade. Entretanto, quando comparada com a
formulação de sabonete líquido transparente o sabonete perolado apresentou uma
menor capacidade de produzir espuma e a sua estabilidade após 10 minutos foi
menor quando comparada ao sabonete líquido transparente (Figura 3).

160 Sabonete Líquido Transparente


Sabonete Líquido Perolado
150
Volume (mL)

140
90
130
Volume (mL)

85
120 80
110 75
100 70
90 65
80 60
0 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 0 0,5 1 1,5 2

NaCl (% ) NaCl (%) 145


COUTO, W. F.; GRAMIGNA, L. L.; FERREIRA, M. J; SANTOS, O. D. H. Avaliação de parâmetros físico-químicos em
formulações de sabonetes líquidos com diferentes concentrações salinas. Anais Eletrônicos da XV Semana Científica
Farmacêutica, Goiânia: UFG, 2007. n.p.

Figura 2. Perfil de produção de espuma em diferentes concentrações de NaCl

Sabonete Líquido Transparente Sabonete Líquido Perolado


94
Estabilidade (%)

95

Estabilidade (%)
91
90
88
85
85
80
82
79 75
0 0,5 1 1,5 2
0 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4
NaCl (%) NaCl (%)
Figura 3. Estabilidade de espuma em presença de NaCl
3.3 – Influência do acréscimo de NaCl na leitura de pH
A leitura de pH das soluções a 10%, das amostras contendo diferentes
concentrações de NaCl, mostraram pequena variação (Figura 4). Em ambas as
formulações a adição de sal promoveu uma diminuição pouco significativa no pH.
Entre 0 e 4% de NaCl a diminuição de pH foi de 0,54 para o sabonete líquido
transparente. Para o sabonete líquido perolado entre 0 e 2,5% de NaCl essa
diminuição foi de 0,34.
Sabonete Líquido Transparente Sabonete Líquido Perolado
7,3
6,9
7,1
6,8
pH

6,9
pH

6,7
6,7 6,6

6,5 6,5
0 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 0 0,5 1 1,5 2 2,5

NaCl (% ) NaCl (% )
Figura 4. Variação do pH com diferentes concentrações de sal
4. CONCLUSÃO
Sabonetes líquidos são formulações cujo consumo cresce mundialmente.
Entretanto, poucos trabalhos científicos tratam especificamente desse tipo de
produto. A padronização da quantidade ideal de NaCl, a ser adicionada em fórmulas
líquidas de cosméticos, como os sabonetes líquidos, são fundamentais para
assegurar a qualidade do produto, pois a viscosidade e produção de espuma são
parâmetros muito valorizados pelos consumidores. Assim, através deste trabalho foi
possível estabelecer um método de determinação da melhor concentração de NaCl
que relaciona poder e estabilidade de espuma ideais, alta viscosidade e valores de
pH adequados. Além disto, constatamos que para as diferentes formulações o perfil
de viscosidade em função da concentração de cloreto de sódio foi distinto, o que
deverá ser esclarecido em trabalhos futuros.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FOX, C. Introdução à formulação de xampus. Cosmetic & Toiletries. v. 1, p. 17-32,
1989.
MAINKAR, A. R.; JOLLY, C. I. Evaluation of commercial herbal shampoos.
International Journal of Cosmetic Science. v.v22, p. 385-391, 2000.
MAINKAR, A. R.; Jolly, C. I. Formulation of natural shampoos. International Journal
of Cosmetic Science. v. 23, p. 59-62, 2001.
FONTE DE FINANCIAMENTO – MEC/SESu - UFOP - Projeto Sorria
1
Voluntário de iniciação científica/Laboratório de Tecnologia Farmacêutica - DEFAR/EF/UFOP, MG
[email protected]

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COUTO, W. F.; GRAMIGNA, L. L.; FERREIRA, M. J; SANTOS, O. D. H. Avaliação de parâmetros físico-químicos em
formulações de sabonetes líquidos com diferentes concentrações salinas. Anais Eletrônicos da XV Semana Científica
Farmacêutica, Goiânia: UFG, 2007. n.p.

2
Co-orientador/Fábrica de sabonetes Finos-Pérola Ouro Preto, MG, [email protected]
3
Orientador/ Laboratório de Tecnologia Farmacêutica - DEFAR/EF/UFOP, MG, [email protected]

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