CAPulmao
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Tromboembolismo
Pulmonar
Relevância: Alta
Todos as aulas da Mentoria possuem relevância moderada, alta ou muito alta,
baseado na incidência nas provas de residência médica dos últimos 5 anos.
Câncer de pulmão e Tromboembolismo Pulmonar
Assuntos importantes, que podem cair em clínica médica, cirurgia geral e até mesmo em medicina
preventiva. Direcione seu estudo com nossos materiais e garanta quase todos os pontos sobre os temas!
Quadro clínico
O quadro clínico típico é a tosse, acompanhada ou não por hemoptise, dispneia, dor torácica e perda
ponderal. Muitas vezes pode ser confundido com outras doenças pulmonares, como o DPOC (também
relacionada ao tabaco) e tuberculose.
Além desse quadro clássico, o câncer (CA) de pulmão pode aparecer inicialmente de outras formas
importantíssimas: disseminação local, metástases à distância e síndromes paraneoplásicas.
Disseminação local:
Este é um dos tópicos mais abordados nas questões, por isso fique atento às peculiaridades de
cada síndrome.
• Síndrome de Pancoast
Invasão de plexo braquial, causando sinais e sintomas neurológicos em membro superior, como dor
no ombro com irradiação ulnar.
• Síndrome de Horner
Invasão de cadeia simpática cervicotorácica, causando ptose, miose, enoftalmia e anidrose unilateral.
Ambas são causados por tumores de sulco superior, normalmente do subtipo epidermoide.
Metástases à distância:
Locais mais comuns são o osso, fígado, adrenais e sistema nervoso central.
Síndromes paraneoplásicas:
A mais cobrada nas provas é a SIADH (secreção inapropriada de ADH), que causa hiponatremia
normovolêmica e é típica do tumor oat cell (pequenas células). Além da SIADH, este subtipo também
pode causar a Síndrome de Cushing (produção de glicocorticóides). Veja abaixo os principais links
mentais envolvendo o assunto:
SIADH
Síndrome de Cushing
Neurológicas: Eaton-Lambert
Encefalopatia límbica
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Câncer de pulmão e Tromboembolismo Pulmonar
Vamos agora treinar com uma questão e ver como as bancas podem abordar o tema: :
Questão 1
(INCA-RJ - 2019) A neoplasia do pulmão é a principal causa de mortalidade por câncer nos homens
e a segunda nas mulheres no Brasil. Frequentemente apresenta manifestações clínicas a distância
não relacionadas a metástases. Assinale a alternativa que NÃO apresenta uma manifestação
paraneoplásica do câncer de pulmão.
Gabarito: Letra A
Tipos histológicos
Assunto mais importante sobre neoplasias pulmonares, inclusive com alguns pontos já falados
anteriormente no texto (decore!). Concentre-se nas diferenças entre os 3 principais subtipos.
Adenocarcinoma:
Subtipo mais comum (40-45%), com incidência crescente, sendo ainda mais predominante entre
mulheres, adultos jovens (<45 anos) e não-tabagistas. Possui localização periférica. Existe um
subtipo do adenocarcinoma chamado carcinoma bronquiolo-alveolar, que é o tumor de pulmão com
melhor prognóstico e aquele que tem menor relação com o tabagismo.
Epidermoide:
Segundo mais comum (30-35%), tendo sido ultrapassado em incidência pelo adenocarcinoma há
alguns anos. Possui localização central, tendo grande tendência à cavitação e à hemoptise. Está
relacionado às síndromes de Pancoast e Horner,além da hipercalcemia.
o que faz muitos autores dividirem o câncer de pulmão entre pequenas células e não pequenas
células. A localização é central e ele é um tumor com marcadores neuroendócrinos positivos,
estando relacionado principalmente à SIADH e à síndrome de Cushing. Além dos sítios genéricos de
metástase citados, cerca de 30% dos pacientes com o tipo histológicos pequenas células possuem
metástase na medula óssea.
Grandes células:
Bem menos importante do que os outros, mas possui localização periférico e representa 10% dos
tumores não pequenas células.
IMPORTANTE: a localização típica de cada tumor é importante, pois vai influenciar diretamente no
método para biópsia e confirmação do diagnóstico do câncer. Em tumores centrais, a broncoscopia ou
até mesmo o exame de escarro podem fechar o diagnóstico. Já em tumores periféricos, tais exames
tornam-se inúteis, obrigando a utilização de outros como a biópsia percutânea por agulha fina ou a
toracoscopia.
Conduta
Feito o diagnóstico, é necessário estadiar para iniciar o tratamento. Os exames de imagem básicos
são a TC de tórax e abdome, além de um exame de Sistema Nervoso Central (de preferência, a
ressonância). O PET vem ganhando cada mais espaço no estadiamento do câncer de pulmão, estando
indicado quando houver disponibilidade. Se suspeita de metástase, também pode ser solicitada
cintilografia óssea.
Caso nenhum dos exames acima aponte metástases ou doença irressecável, está indicada uma
mediastinoscopia antes da cirurgia curativa.
De qualquer forma, para indicarmos o tratamento correto a informação fundamental é sabermos se
trata-se de um carcinoma de pequenas células (oat cell) ou não, como veremos a seguir.
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Câncer de pulmão e Tromboembolismo Pulmonar
R: QT paliativa.
OBS: quando se fala em cirurgia curativa, as duas principais são a lobectomia e a pneumectomia.
A decisão de qual será usada depende da localização do tumor (massas centrais provavelmente
necessitarão de pneumectomia, por exemplo) e também da reserva funcional pulmonar do
paciente (lobectomias são mais bem toleradas). Por isso, antes da cirurgia é necessária realização
de espirometria.
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Câncer de pulmão e Tromboembolismo Pulmonar
Devemos interromper o rastreamento caso a pessoa possua uma expectativa de vida reduzida OU
tenha interrompido o tabagismo há pelo menos 15 anos.
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Benigno Maligno
Características do paciente <35 anos, não-tabagista >35 anos, alta carga tabágica
Questão 2
(SES-RJ - 2015) O sítio de trombose venosa que mais comumente leva ao tromboembolismo
pulmonar grave é o:
(A) Tibial
(B) Poplíteo
(C) Iliofemoral
(D) Fêmoro poplíteo
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Fatores de risco:
Imobilização prolongada, cirurgias recentes (especialmente oncológicas ou ortopédicas), câncer,
trombofilias, trauma recente, anticoncepcionais hormonais combinados, viagens prolongadas de
avião, neoplasias malignas e síndrome do anticorpo antifosfolípide (SAF).
Quadro clínico:
Dispneia é o sintoma mais comum e taquipneia o sinal mais frequente. Além deles, são relativamente
comuns a taquicardia, dor pleurítica, tosse e os sinais de trombose venosa profunda (TVP) de
membros inferiores (edema, dor e outros sinais flogísticos unilateralmente). O sinal de Homans pode
estar presente nos casos de TVP e é positivo se houver dor a dorsiflexão do pé.
A ausculta respiratória pode ser limpa ou ter estertores inespecíficos. Lembre-se que o TEP é uma
doença de difícil diagnóstico e que caracteriza-se por ter ausculta respiratória e radiografia de tórax
inespecíficos. Como já falado, a embolia pulmonar pode ser gravíssima, predominando o colapso
circulatório, que pode levar à morte.
OBS: o choque no contexto de uma TEP é causado pela obstrução de ramos calibrosos da circulação
pulmonar, o que gera uma hipertensão pulmonar aguda e falência de ventrículo direito (cor pulmonale
agudo), quadro conhecido como embolia maciça. Exatamente por isso, o ecocardiograma é um ótimo
exame para avaliação prognóstica no TEP, identificando precocemente sinais de sobrecarga de VD.
Conduta diagnóstica
Esse é o tópico mais importante sobre TEP e que você precisa entender perfeitamente. Antes de
partir para qualquer exame complementar, você precisa responder a pergunta:
Essa é a pergunta fundamental que irá nortear sua conduta diagnóstica. E para respondê-la, é
necessário focar sua atenção exatamente nos 2 itens citados anteriormente - os fatores de risco e o
quadro clínico.
Caso o paciente possua fatores de risco e quadro clínico compatível, significa que ele possui alto risco
para TEP. Do contrário, não. Mas com certeza isso é algo muitas vezes subjetivo, de difícil avaliação.
A boa notícia é que, na grande maioria das questões, basta você ter bom senso e conhecer os fatores
de risco e quadro clínico da doença para saber se é ou não um paciente com alto risco.
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De qualquer jeito, é claro que existe um escore (Escore de Wells), que pode ser cobrado em provas
de residência, baseado no que falamos até aqui. Ele é baseado em 7 itens, sendo três fatores de risco
e quatro clínicos.
Hemoptise 1
Câncer ativo 1
Exames:
D-dímero:
Este exame de sangue só deve ser utilizado em pacientes ambulatoriais e que NÃO possuam alto
risco de TEP. É um exame usado para triagem, com o objetivo de excluir o diagnóstico de embolia
pulmonar, possuindo boa sensibilidade, porém baixa especificidade.
O D-dímero não deve ser usado em pacientes internados, pois diversas outras condições nesse tipo
de paciente podem alterar seu valor, tornando o resultado muito pouco confiável. Além disso, em
pacientes com alto risco de TEP, a probabilidade pré-teste da doença é alta e nesses casos uma
dosagem normal de D-dímero não consegue excluir completamente a embolia pulmonar. Portanto,
ele perde sua única utilidade.
IMPORTANTE
Sensibilidade e especificidade são características intrínsecas a um exame, não alterando com
o quadro clínico. Por isso, a sensibilidade do D-dímero é alta e a especificidade é baixa para TEP,
independentemente do quadro. Por outro lado, os valores preditivos podem variar enormemente de
acordo com as circunstâncias clínicas. Nesse caso, quando um paciente possui baixo risco pré-teste
de TEP, o valor preditivo negativo do D-dímero é alto, o que significa que se o exame vier normal, a
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chance de haver uma embolia é muito pequena. Porém, se o paciente tem alto risco para TEP, o valor
preditivo negativo do D-dímero reduz muito, significando um grande risco de um resultado falso-
negativo (paciente com embolia, mas D-dímero normal).
Angio-TC:
Atualmente é o principal exame para fechar o diagnóstico de TEP, devendo ser utilizado inicialmente
em pacientes com alto risco ou após o D-dímero naqueles com baixo risco e valores alterados.
Angiografia pulmonar:
É o exame padrão-ouro para diagnóstico de embolia pulmonar, envolvendo cateterização e injeção
local de contraste. Por ser muito mais invasivo, só é utilizado nos raros casos em que há dúvida no
diagnóstico após outros exames.
Cintilografia pulmonar:
Exame que foi superado pela angio-TC, atualmente usado somente quando há alergia ou
contraindicação ao contraste ou indisponibilidade da tomografia.
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Outros:
O eletrocardiograma é inespecífico, sendo a alteração mais comum a taquicardia sinusal (memorize!),
mas pode haver sinais de sobrecarga de VD (inversão T em V1-V4). Em caso de embolia maciça, pode
haver o clássico S1Q3T3. O ecocardiograma tem como função fundamental a avaliação prognóstica,
através do exame de ventrículo direito.
Taquicardia Sinusal.
Padrão S1Q3T3.
Já a radiografia de tórax tem como utilidade principal a exclusão de outras patologias, como o edema
agudo de pulmão e a pneumonia. Ao contrário dessas doenças, o TEP normalmente cursa com
radiografia normal ou quase normal. De qualquer forma, existem algumas alterações clássicas como
a Corcova de Hampton (sinal de infarto pulmonar em cunha):
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Tratamento
O principal medicamento da embolia pulmonar é o anticoagulante, especialmente a heparina de
baixo peso molecular (Clexane) ou a heparina não-fracionada (insuficiência renal ou instabilidade
hemodinâmica).
O objetivo do tratamento do TEP é evitar a recorrência da embolização, que é a grande responsável
pelo agravamento do quadro. Portanto, a terapêutica da embolia funciona como uma “profilaxia
secundária”, mas é considerada tratamento e reduz significativamente a mortalidade da doença.
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E os trombolíticos?
Os trombolíticos (estreptoquinase ou alteplase) estão indicados quando há instabilidade
hemodinâmica, devendo adiar a anticoagulação nesses casos. Quando existe disfunção de VD, mas
o paciente está hemodinamicamente estável, a indicação do trombolítico é controversa. Lembre-se
dessas indicações!
Referências:
Medicina Interna de Harrison - 18ª edição.
Goldman Cecil medicina 24ª edição
Uptodate.
#JJTop3
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