O GÊNERO MEME APLICADO NA PUBLICIDADE:

EFETIVIDADE NO ALCANCE DE JOVENS NAS REDES SOCIAIS

Ana Carolina Firmino Gomes1

Rodrigo Hernández Giraldi2
Universidade Mogi das Cruzes, SP

RESUMO: A palavra “meme” tem sua origem em estudos da área da biologia e representa
informações que afetam o comportamento e se propagam de forma rápida. Visto que a própria
essência da palavra remete à “propagação rápida”, o meme se tornou uma das estratégias para
o marketing viral por meio de campanhas publicitárias, sobretudo nas redes sociais, amplamente
utilizadas pelo público jovem. Apesar da base do meme ser o humor, o assunto deve ser
estudado com seriedade, pois traz resultados às marcas que fazem uso dele. Portanto este
trabalho tem o intuito de discorrer sobre o fenômeno desse gênero nas redes digitais de interação
social, que já tem sido objeto de estudos na área de marketing e de comunicação, além de
apresentar cinco casos que foram assertivos. O método escolhido para a escolha desses casos
foi a divulgação das campanhas de sucesso um dos principais portais online especializados em
Marketing e Publicidade.
Palavras-Chave: Publicidade e Propaganda. Memes. Jovem. Redes Sociais.

1 INTRODUÇÃO
É nítido o volume de intervenções publicitárias que acompanham o jovem durante o tempo de
navegação nas redes sociais, no entanto, muitas delas passam despercebidas, sem que haja a
possibilidade ou o convite para interação do público-alvo com as marcas. Uma das opções nas
campanhas para tornar essa interação mais intensa é o uso do humor, por meio dos memes, que
permite o compartilhamento a grande alcance nas redes sociais. Portanto, este trabalho pretende
apresentar a história dos memes, sua influência nas redes sociais, seu impacto no público jovem
e casos onde se obteve êxito com o uso desse gênero.

Este tema é importante para o meio acadêmico e profissional pois tal prática tem trazido
resultados positivos e se torna necessário que os profissionais da área, principalmente os
criadores de conteúdo para o marketing digital, dominem o assunto e saibam utilizar esse gênero
de uma maneira rentável para as organizações e marcas voltadas, principalmente, para o público
jovem.

1
Estudante do 8º. Semestre do Curso Comunicação Social – Publicidade e Propaganda. E-mail:
[email protected]
2
Orientador do trabalho. Professor do Curso Comunicação Social – Publicidade e Propaganda. E-mail:
[email protected]
A organização deste estudo se deu em forma de linha do tempo, portanto os primeiros itens
analisados no estudo foram a origem e o histórico das redes sociais, para que se tenha uma
dimensão do crescimento das principais plataformas de compartilhamento durante o passar dos
anos, e assim reconhecer o território onde o meme é característico. Após tais informações, o
meme, seu histórico e características são apresentados. Os cases de sucesso, definidos como
campanhas criativas e bem-sucedidas na utilização de referências dos memes que circulam nas
principais redes sociais, foram os elementos pesquisados em seguida. Tais cases foram retirados
das matérias do portal Propmark, especializado em Marketing e Publicidade. Como finalização,
será disposta uma breve discussão sobre o que deve ser evitado nas campanhas que fazem uso
do recurso aqui apresentado.

2 OBJETIVOS

Este trabalho busca discorrer acerca do uso dos memes nas campanhas publicitárias como
estratégia de marketing viral, qual a sua influência no âmbito das redes sociais, seu alcance e
influência, além de apresentar alguns casos de sucesso e o que evitar na hora de criar conteúdo
com o uso de memes.

3 JUSTIFICATIVA

De acordo com Prodanov e Freitas (2013, p. 120), a justificativa “consiste em uma exposição
sucinta, porém completa, das razões de ordem teórica e dos motivos de ordem prática que
tornam importante a realização da pesquisa”. Portanto, o resultado deste trabalho será de grande
valia para os profissionais de marketing e publicidade e propaganda, principalmente, os de
empresas inovadoras, com jovens e adultos antenados sendo o público-alvo.

O conteúdo disponível neste artigo servirá de embasamento teórico para trabalhos e campanhas
publicitárias com as estratégias aqui apresentadas. Kotler et al (2017, p. 50) afirmam que o
material direcionado para a juventude deve conter “anúncios criativos, conteúdo digital
descolado, endosso de celebridades ou ativação de marcas inovadoras”, sendo assim, é
importante que os criadores desse conteúdo tenham ciência das técnicas que podem ser
aplicadas nas campanhas, como o uso de memes.

4 MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS

O principal procedimento utilizado para a obtenção de dados para este trabalho foi o de cunho
bibliográfico, que é definida por Fonseca (2002, p. 31) como “o levantamento de referências
teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos
científicos, páginas de web sites”. Esse método se justifica pelo fato de a bibliografia
proporcionar meios para a resolução do problema e de explorar novas áreas onde os problemas
ainda não se cristalizaram suficientemente. (MANZO 1971, p. 32 apud MARCONI;
LAKATOS, 2002, p. 44).

A bibliografia utilizada foi encontrada por meio da desk research, definida como “um grande
levantamento, feito por um pesquisador, por meio do qual serão reunidas informações
publicadas oficialmente”3, que é um tipo de pesquisa que sintetiza pesquisas já existentes. Este
método é normalmente barato e muito útil, pois se utiliza de dados de domínio público4.

Os métodos de pesquisa utilizados na realização deste trabalho são de natureza quantitativa e

qualitativa. A pesquisa quantitativa enfatiza “o raciocínio dedutivo, as regras da lógica e os
atributos mensuráveis da experiência humana” (POLIT, BECKER E HUNGLER, 2004, p.
201). Em forma de números, os resultados expressarão a relação humana com a marca e
indicarão comportamentos, opiniões e preferências dos consumidores. Já a pesquisa qualitativa
foi escolhida para complementar a pesquisa quantitativa, pois de acordo com Mirian
Goldenberg (1997, p. 34), esta técnica “não se preocupa com representatividade numérica, mas,
sim, com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização”.

5 AS REDES SOCIAIS
As redes sociais são sites e aplicativos que permitem compartilhamento de informações entre
pessoas e empresas e podem ser usadas no âmbito pessoal e/ou profissional (Resultados
Digitais, s/a).

5.1 História

A primeira rede social surgiu no ano de 1997, com o nome de “SixDegrees”, um site onde o
usuário podia adicionar outros participantes. Em seu auge, a rede atingiu 3,5 milhões de
membros e foi encerrada em 2001. Anos depois, outras redes foram tomando espaço, como o
Friendster, MySpace, Orkut e hi5. Muitas das redes sociais populares atualmente também
surgiram nessa época, como LinkedIn e Facebook. (BOL, 2017).

3
GONÇALVES, Guilherme. Entenda o que é Desk Research e saiba como aplicar! 2017. Disponível em
<https://www.linkedin.com/pulse/entenda-o-que-é-desk-research-e-saiba-como-aplicar-gonçalves>. Acesso em
25 mar. 2019
4
Idem.
O Facebook, a rede social mais utilizada atualmente, foi criada em 4 de fevereiro de 2004 e era
voltada para universitários. "Thefacebook". O site foi criado por Mark Zuckerberg, com 20
anos, na época, e seus colegas Dustin Moskovitz, Chris Hughes e o brasileiro Eduardo Saverin,
que dividiam o quarto com ele. (G1, 2014)

Em 14 de fevereiro de 2005, Chad Hurley se reuniu com outros dois colegas da empresa PayPal,
onde trabalhava, Steve Chen e Jawed Karim para inaugurar o youtube.com. A ideia surgiu
depois que Hurley teve dificuldade em compartilhar um vídeo de um jantar que tivera com
amigos. Nos dois primeiros meses de existência, o site contava com apenas 19 vídeos. No
entanto, a história do site mudou quando, em 25 de junho de 2005, um vídeo com dois garotos
dublando uma música da banda Backstreet Boys foi adicionado à rede. O vídeo foi um sucesso
na época e já acumulou mais de 6 milhões de visualizações (VIDMONSTERS, 2019).

O Twitter foi fundado em março de 2006 por Jack Dorsey, Evan Williams e Biz Stone como
um projeto paralelo ao da Odeo, uma empresa de podcasting criada após seus idealizadores
deixarem a Google. A ideia surgiu de Dorsey durante uma reunião de discussão de ideias
(brainstorming) em que ele falava sobre um serviço de troca de status, como um SMS.
(SMAAL, 2010)

De acordo com o site Canaltech (201?), em 2010, Kevin Systrom e o brasileiro Mike Krieger
colocavam no ar o Instagram, o aplicativo que contou com dez milhões de usuários em menos
de um ano. Um detalhe importante é que o serviço estava disponível apenas para proprietários
de iPhones e iPads. Em 2012, o Facebook comprou o Instagram por cerca de 1 bilhão de
dólares, no mesmo ano em que a rede social foi disponibilizada para dispositivos Android.

5.2 As redes sociais em números

Sabe-se que a redes sociais estão presentes no cotidiano da maioria das pessoas com acesso à
Internet. De acordo com o levantamento mais recente do eMarketer5, em 2017, o número de
usuários já chegava a 2,46 bilhões. No gráfico abaixo, é possível ver o ranking das redes sociais
mais utilizadas no mundo de acordo com o Statista6.

5
CANALTECH. 2,46 bilhões de pessoas já usam as redes sociais em todo o mundo. 2017. Disponível em
<https://canaltech.com.br/redes-sociais/246-bilhoes-de-pessoas-ja-usam-as-redes-sociais-em-todo-o-mundo-
97358/>. Acesso em 17 mai. 2019.
6
Statista: Portal alemão de estatística que disponibiliza dados de pesquisas de mercado e opinião feitas por
institutos de pesquisas do mundo.
 Figura 1: Ranking das redes sociais mais utilizadas no mundo

Fonte: Statista, 2018 / Números em milhões.

5.3 As redes sociais no Brasil

O relatório “Digital in 2018: The Americas”, realizado pelas empresas We are Social e Hootsuit,
apontou que 62% da população brasileira está presente nas redes sociais, totalizando 130
milhões de indivíduos conectados (Revista Exame, 2018). O mesmo estudo confirmou que cada
brasileiro fica uma média de 9h14 navegando na Internet e 3h39 online por dia em redes sociais,
ocupando o segundo lugar no ranking mundial, perdendo apenas para os filipinos, com 9h38
(COELHO, 2018).

5.4 O público jovem e as redes sociais

As Nações Unidas definem o jovem como a pessoa com idade entre 15 e 24 anos. No Brasil, a
Secretaria Nacional da Juventude definiu a juventude que corresponde ao período de 15 a 29
anos (Bordignon e Bonamigo, p. 4, 2017). Tal período é definido por Oliveira e Santos (2012,
p.3) como a “geração online”, nascida após a chegada da internet e o crescimento da tecnologia,
com acesso ilimitado à informação e comunicação. No Brasil, atualmente, são mais de 51
milhões de jovens, o que representa aproximadamente 1/4 da população. Para se ter uma ideia,
90% dos adolescentes e jovens de 9 a 17 anos possuem pelo menos um perfil em rede social,
segundo a pesquisa TIC Kids Online Brasil, realizada com o objetivo de analisar o
comportamento online da juventude brasileira em 2014 (MESQUITA, 2015).

As redes sociais, para o jovem, vão além de um mero passatempo, Fialho e Sousa (p. 216, 2019)
afirmam que, “ao utilizar as redes sociais, o jovem se apropria da cultura, e nesta apropriação,
conjuntamente, há desenvolvimento do âmbito social, o que contribui para o domínio de novos
modos de expressão e comunicação”. Portanto, as redes sociais se tornam parte essencial da
vida cotidiana dessa faixa etária. Isto se torna fundamental para o mercado, pois permite a
interação dos jovens com seus grupos de referências e marcas, assim a decisão de compra é
afetada pelos grupos primários e secundários, tudo isto acontecendo dentro do ambiente
cibernético (SANTOS, 2013).

6 O MEME
O meme, para as marcas, é uma ferramenta utilizada pelo “marketing viral”, que é produtor de
conteúdo capaz de se popularizar de forma rápida e de fomentar a vontade no público de passar
adiante a mensagem. (COELHO, 2015)

Marketing viral, portanto, é o processo de divulgação de uma mensagem publicitária,

baseado no seu poder de contágio por pessoas próximas, como se fosse um vírus. A
propagação em larga escala da mensagem só acontece por meio de uma ação
colaborativa intensa dos indivíduos nas redes sociais. (BARICHELLO; OLIVEIRA,
2010, p. 35)

O termo “meme” surgiu no ano de 1976. Criado pelo biólogo evolutivo Richard Dawkins a
partir da palavra grega “mimeme” (que significa “algo que é imitado’), o meme é citado no seu
livro “O Gene Egoísta”, e faz referência a evolução de tudo com base em sua variedade, seleção
e hereditariedade (GIARDELLI, 2012).

De acordo com o portal Techtudo (2011), o primeiro meme que se conhece é um vídeo criado
em 1996, intitulado de “Ooga Chaka Baby”, uma animação de um bebê dançante que foi
compartilhado massivamente pelas plataformas de e-mails da época. O sucesso foi tanto que o
meme foi usado na famosa série de TV "Ally McBeal" para representar o relógio biológico da
personagem. Um fato a ser observado é que o surgimento do meme se deu antes mesmo da
criação das redes sociais.

No ano de 2005, os memes usados nessas redes adquiriram características gráficas

voltadas para a estética do precário (algo que pode ser denominado de “tosqueira”).
Desse modo, esses memes passaram a ser evocados para comunicar um conjunto
aparentemente infindável de humor e afeto em relações “pessoais” no âmbito do
ciberespaço. (ESCALANTE; MAIA. p.2, 2014)

O humor e criatividade sempre foram características encontradas no meme. A capacidade de

replicação é o que o torna mais duradouro. Dentre os diferentes tipos de memes, os
predominantes são os imagéticos, definidos por Escalante e Maia (p.3, 2014) como “criados a
partir de fotos ou print screen de: celebridades, pessoas anônimas, personagens de animação,
Rage Faces, animais etc., podendo vir ou não acompanhadas de um texto, que normalmente
ajudam a dar o tom cômico à cena”. Tais características aumentam o potencial comunicativo,
criativo e social dos memes.

7 CAMPANHAS PUBLICITÁRIAS DE SUCESSO COM O USO DE

MEMES

Dada a dimensão que o meme ocupa na sociedade, diversas marcas começaram a utilizar tal
recurso para se promoverem nas redes sociais. O portal Propmark7 divulgou um artigo com dez
marcas que “quebraram a internet” com o uso de memes. Dentre essas, foram selecionadas
cinco campanhas para serem descritas neste estudo.

7.1 “Não importa como, pergunta lá” - Posto Ipiranga

Em 2018, o posto Ipiranga lançou uma campanha cheia de bom humor com o tema “Não
importa como, pergunta lá”, composta por seis vídeos repletos de elementos relacionados a
memes que estavam fazendo sucesso na época, como os vídeos da Carreta Furacão8. No
Youtube, o vídeo conta com 333.314 visualizações.

Figura 2: Carreta Furacão no comercial do Posto Ipiranga

Fonte: Youtube

7 PROPMARK. Memes na Publicidade: 10 Marcas que Quebraram a Internet . 2018. Disponível em:
<http://propmark.com.br/anunciantes/memes-na-publicidade-10-marcas-que-quebraram-a-internet>. Acesso em

8
Grupo com cinco integrantes vestidos de personagens populares do mundo infantil que toca e dança funk para
entreter o público que faz um tour pelas ruas dentro do “trenzinho” do grupo.
7.2 “Homenagem” - Brastemp
A Brastemp, fabricante de eletrodomésticos e acessórios para cozinha e lavanderia, lançou em
2017 a campanha “Homenagem”, contendo referências de memes que fizeram muito sucesso.
A mensagem passada na campanha é “Uma homenagem da nova geração às outras gerações de
Brastemp”. No vídeo, a atriz Glória Pires revela que não é capaz de opinar sobre a nova linha,
fazendo referência ao meme criado após ser escalada para comentar os filmes do Oscar de 2016,
sendo que não tinha assistido a maioria dos filmes. O número de visualizações do vídeo da
campanha ultrapassou a marca de 4,5 milhões no Youtube. O Diretor de Marketing da
Brastemp, Renato Firmiano, afirmou sobre a campanha: “para celebrar este momento,
queríamos homenagear nossa história, sem deixar de olhar para o futuro, conectando a marca
ao universo digital”.

Figura 3: Glória Pires no comercial da Brastemp

Fonte: Propmark

7.3 “Ó o Gás” - Ultragaz

No carnaval de 2017, o hit “Funk do Gás” fez muito sucesso, o que despertou a atenção da
companhia Ultragaz, que não perdeu a oportunidade. A empresa divulgou mais de 30 vídeos
nas redes sociais de funcionários dançando a música em diversas localidades no país. O
primeiro vídeo, gravado na unidade de Paulínia, rendeu à empresa 7,7 mil comentários, 24 mil
compartilhamentos, 84 mil curtidas e 3,2 milhões de visualizações na fanpage do Facebook.
 Figura 4: Vídeos na fanpage da Ultragaz no Facebook

Fonte: Facebook

7.4 “Primeira Guerra Memeal” - Netflix

A Netflix é uma das empresas que mais se destacam nas redes sociais devido à linguagem
irreverente e ao conteúdo humorístico e “viralizante”. Um dos casos que repercutiu no Twitter
foi a hashtag #primeiraguerramemeal, uma disputa entre Brasil e Portugal, originada após os
portugueses se apropriarem de memes brasileiros. O conflito chegou aos trending topics do
Twitter com a expressão “BR X PT”, chegando ao mundo corporativo. A página no Twitter da
Netflix Portugal publicou um gif com uma cena de uma das suas series mais famosas, onde dois
amigos se abraçam, com a legenda “pelo menos NÓS nunca discutimos @NetflixBrasil, não
é?”. O perfil da empresa no Brasil respondeu logo abaixo: “Jamais, @NetflixPT. Não tretamos
nunca. Mas fica longe dos meus memes, tá?”. Ambos, os twittes somam, aproximadamente,
15, 8 mil compartilhamentos.
 Figura 5: Tweets da Netflix Portugal e Netflix Brasil

Fonte: Twitter

7.5 “Egg Gang” - Mental Health America

No dia 4 de janeiro de 2019, um perfil no Instagram chamado “Egg Gang” publicou a foto de
um ovo e na legenda, havia um desafio: “Vamos criar um recorde juntos e ter o post mais curtido
do Instagram. Vamos vencer o recorde atual, mantido por Kylie Jenner (18 milhões)! A gente
consegue”. Em menos de 6 meses, a imagem rendeu 53,5 milhões de curtidas na rede social.

Figura 6: Primeira publicação do perfil Egg Gang

Fonte: Instagram
A foto foi reproduzida em escala mundial e algumas marcas se aproveitaram da situação para
se promoverem. A Netflix postou a foto do ator Noah Centineo, da série “Para Todos Os
Garotos Que Já Amei”, com a legenda “Dei uma apelada aqui, mas eu quero é RECORDES!”.
O Kinder Ovo, publicou a foto do produto com a descrição "mais curtido por toda a família".
Já o KFC Brasil se mostrou "chocado" com o recorde em seu perfil do Instagram, com a foto
de um balde de frango frito da marca dentro da casca de um ovo.

Figuras 7, 8 e 9: Postagens com referência ao Egg Gang

Fonte: Instagram

Mesmo com tal reverberação, não era conhecido o motivo pelo qual foi divulgada a foto. Até
que um mês depois da postagem, após a quebra do record de curtidas, o propósito da imagem
foi revelado. Por meio de um curta animação veiculado na plataforma Hulu, os seguidores
puderem descobrir que a campanha se tratava de um alerta à saúde mental. No vídeo, o ovo
começa a rachar devido à “pressão causada pelas redes sociais”. No final, a mensagem “Se você
também está passando por problemas, fale com alguém” é mostrada ao público, que é
direcionado à página da instituição Mental Health America, que auxilia pessoas nos Estados
Unidos.

8 RISCO DO USO DE MEMES NAS CAMPANHAS PUBLICITÁRIAS

Um dos riscos da utilização dos memes é uso indevido de alguma imagem de autoria alheia e
tal atitude ser considerada como violação de direitos autorais, podendo ser barrada pelos
próprios filtros das redes sociais ou pelo detentor da imagem. A União Europeia lançou uma
diretiva no ano de 2018 moldada para a proteção de direitos autorais, que pode responsabilizar
as plataformas digitais pelo uso indevido de conteúdo.

As diretrizes da União Europeia costumam servir de inspiração para leis em outros

países. Foi o caso, no Brasil, da recente Lei Geral de Proteção de Dados (Lei
13.709/2018), alicerçada integralmente no General Data Protection Regulation
(GDPR), a norma europeia sobre o assunto. É possível que logo propostas similares
cheguem por aqui com roupagem semelhante. (CAPELOTTI, 2019)

Portanto, os criadores e reprodutores de memes, principalmente na utilização na publicidade,

devem se atentar às leis e diretrizes que regem a publicação de produtos audiovisuais nas redes
sociais, para que não ocorram situações desagradáveis, como a retirada da campanha do ar, ou
até, “em certos casos, ser considerado crime contra a propriedade industrial conforme art. 183
e seguintes da LPI9” (IOCOMUNICA, 2015)

Outro ponto a se levar em consideração é a possibilidade de o conteúdo da campanha sobressair-

se à marca. Se isso ocorre, os esforços comunicacionais para a divulgação da marca se esvaem
dando lugar a apenas um meme que foi compartilhado, sem que os usuários conheçam o autor
do anúncio.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo buscou acompanhar o desenvolvimento das redes sociais, expondo algumas
informações sobre suas origens, as quais permitiram identificar o território no qual o meme é
característico. Foi de importante valia esse processo pois a viralização do meme é facilitada
pelo grande alcance das redes sociais, devido ao número de usuários cadastrados e o tempo em
que eles ficam online diariamente.

Também foi possível observar que o público jovem corresponde aos esforços das marcas que
utilizam os memes em suas campanhas dados os números de compartilhamentos nas redes
sociais. Portanto, o meme é um recurso de humor e criatividade que pode ser usado na área de
publicidade, desde que os profissionais responsáveis pela criação delas estejam antenados no
que está acontecendo no mundo cibernético jovem.

Um dos riscos identificados na pesquisa na utilização do meme nas campanhas foi a violação
dos direitos autorais, portanto os profissionais de comunicação, marketing e publicidade e
propaganda devem conhecer as diretrizes e legislações que regem tal prática. O segundo risco

9
LPI: Lei de Propriedade Industrial
citado foi o meme ficar mais conhecido do que a própria marca. Para que isso seja evitado, é
necessário que a marca seja evidenciada na campanha de forma incisiva e que características
dela estejam relacionadas ao meme, sendo destacadas em seu discurso.

REFERÊNCIAS

BARICHELLO, Eugenia Maria Mariano da Rocha; OLIVEIRA, Cristiane Cleveston de. O

Marketing Viral como Estratégia Publicitária nas Novas Ambiências Midiáticas . Revista
Em Questão, online, Porto Alegre, v. 16, n.1, jan-jun, 2010. Disponível em:
<https://seer.ufrgs.br/EmQuestao/article/viewFile/12939/8743>. Acesso em: 02 jun. 2019
ISSN 1808-5245
BOL. Oi, quer tc? 15 sites que contam um pouco da história das redes sociais. 2017.
Disponível em: < https://www.bol.uol.com.br/listas/oi-quer-tc-15-sites-que-contam-um-
pouco-da-historia-das-redes-sociais.htm>. Acesso em: 05 mai. 2019.
BORDIGNON, Cristina; BONAMIGO, Irme Salete. Os jovens e as redes sociais virtuais.
Revista Pesquisas e Práticas Psicossociais, online, São João Del-Rei, v. 12, n.2, mai-ago, 2017.
Disponível em: < http://pepsic.bvsalud.org/pdf/ppp/v12n2/06.pdf >. Acesso em 02 jun. 2019.
ISSN 1809-8908.
CANALTECH. 2,46 bilhões de pessoas já usam as redes sociais em todo o mundo. 2017.
Disponível em <https://canaltech.com.br/redes-sociais/246-bilhoes-de-pessoas-ja-usam-as-
redes-sociais-em-todo-o-mundo-97358/>. Acesso em: 17 mai. 2019.
______. Instagram: "Capture and Share the World's Moments". 201? . Disponível em:
<https://canaltech.com.br/empresa/instagram/>. Acesso em: 17 mai. 2019.
CAPELOTTI, João Paulo. Memes em Risco? A Polêmica Nova Diretiva da União Europeia
sobre Direitos Autorais. 2019. Disponível em: < http://dissenso.org/memes-em-risco-
polemica-nova-diretiva-da-uniao-europeia-sobre-direitos-autorais/>. Acesso em: 06 jun. 2019.
COELHO, Lucas Gabriel. Marketing Viral: Tudo que Você Precisa Saber sobre o Assunto.
2015. Disponível em: <https://rockcontent.com/blog/marketing-viral/>. Acesso em 12 mai.
2019.
COELHO, Taysa. 10 fatos sobre o uso de redes sociais no Brasil que você precisa saber.
Techtudo. 2018. Disponível em: <https://www.techtudo.com.br/noticias/2018/02/10-fatos-
sobre-o-uso-de-redes-sociais-no-brasil-que-voce-precisa-saber.ghtml>. Acesso em 17 mai.
2019.
CRESPO, Raphael. Os primeiros memes da internet: conheça os primeiros grandes hits da
web. 2011. Disponível em: < https://www.techtudo.com.br/noticias/noticia/2011/07/os-
primeiros-memes-da-internet-conheca-os-primeiros-grandes-hits-da-web.html>. Acesso em:
15 mai. 2019.
ESCALANTE, Pollyana. MAIA; Alessandra. Consumo de Memes: Imagens Técnicas,
Criatividade e Viralização. In: Simpósio Nacional da ABCiber, 8., 2014, São Paulo. Anais...
São Paulo: ESPM, 2014. Disponível em: <
http://abciber.org.br/simposio2014/anais/GTs/alessandra_maia_37.pdf>. Acesso em: 06 jun
2019.
EXAME, Revista. 62% da População Brasileira está Ativa nas Redes Sociais. 2018.
Disponível em: <https://exame.abril.com.br/negocios/dino/62-da-populacao-brasileira-esta-
ativa-nas-redes-sociais/>. Acesso em: 17 mai. 2019.
FIALHO, Lia Machado Fiuza; SOUSA, Francisca Genifer Andrade de. Juventudes e Redes
Sociais: Interações e Orientações Educacionais. Revista Exitus, online, Santarém, v. 9, n.1, jan-
mar, 2019. Disponível em: <
http://www.ufopa.edu.br/portaldeperiodicos/index.php/revistaexitus/article/viewFile/721/421
>. Acesso em 02 jun. 2019. ISSN 2237-9460
FONSECA, João José Saraiva da. Metodologia Cientifica. Fortaleza: UEC. 2002
G1. São Paulo: Globo Notícias, [2014] – Diário. Facebook completa 10 anos; veja a evolução
da rede social. Disponível em: <http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2014/02/facebook-
completa-10-anos-veja-evolucao-da-rede-social.html>. Acesso em: 20 mai. 2019.
GIARDELLI, Gil. A Origem dos Memes. 2012. Disponível em: <
http://www.inovadoresespm.com.br/a-origem-dos-memes/>. Acesso em: 15 mai. 2019
GOLDENBERG, Mirian. A arte de pesquisar: Como fazer pesquisa qualitativa em ciências
sociais. 8 ed. Rio de Janeiro: Editora Record. 1997.
GONÇALVES, Guilherme. Entenda o que é Desk Research e saiba como aplicar!.LinkedIn,
2017. Disponível em <https://www.linkedin.com/pulse/entenda-o-que-é-desk-research-e-
saiba-como-aplicar-gonçalves>. Acesso em 15 mai. 2019
IOCOMUNICA. Você sabe utilizar um meme associado à sua marca?. 2015. Disponível em:
< https://www.iocomunica.com/voce-sabe-utilizar-um-meme-associado-sua-marca/>. Acesso
em: 04 jun. 2019.
KOTLER, Philip. Marketing 4.0: do Tradicional ao Digital. Rio de Janeiro: Sextante, 2017.
MANZO, 1997 apud MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS Eva Maria, Fundamentos
de Metodologia Científica. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2002.
MESQUITA. Bruna. 90% dos jovens brasileiros possuem pelo menos um perfil nas redes
sociais. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/tecnologia/90-dos-jovens-brasileiros-
possuem-pelo-menos-um-perfil-proprio-em-rede-social/>. Acesso em: 29 mai. 2019.
OLIVEIRA, J. A. de; SANTOS, C. de V. Juventudes e as novas tecnologias da informação
e comunicação: tecendo encontros nas tramas das redes. Universidade Federal do Ceará – CE,
2012. Disponível em: <http://www.unicap.br/jubra/wp-
content/uploads/2012/10/TRABALHO-91.pdf> . Acesso em: 04 jun. 2019.
POLIT, D. F.; BECK, C. T.; HUNGLER, B. P. Fundamentos de pesquisa em enfermagem:
Métodos, Avaliação e Utilização. Trad. de Ana Thorell. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2004.
PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani Cesar de. Metodologia do Trabalho
Científico: Métodos e Técnicas da Pesquisa e do Trabalho Acadêmico. 2 ed. Rio Grande do
Sul: Editora Feevale, 2013. Disponível em: < http://www.feevale.br/Comum/midias/8807f05a-
14d0-4d5b-b1ad-1538f3aef538/E-
book%20Metodologia%20do%20Trabalho%20Cientifico.pdf >. Acesso em 15 mai. 2019.
PROPMARK. Memes na Publicidade: 10 Marcas que Quebraram a Internet . 2018.
Disponível em: <http://propmark.com.br/anunciantes/memes-na-publicidade-10-marcas-que-
quebraram-a-internet>. Acesso em: 15 mai. 2019.
RESULTADOS DIGITAIS. Redes Sociais. 2017. Disponível em: <
https://resultadosdigitais.com.br/especiais/tudo-sobre-redes-sociais/>. Acesso em: 15 jun.
2019.
SANTOS, Ismael Paulo. Redes Sociais Sociais e seu Impacto Impacto na Economia: A
influência no comportamento de compra e consumo. 2012. Disponível em: <
https://www.academia.edu/21230057/REDES_SOCIAIS_E_SEU_IMPACTO_NA_ECONO
MIA_A_influ%C3%AAncia_no_comportamento_de_A_influ%C3%AAncia_no_comportame
nto_de_compra_e_consumo>. Acesso em: 04 jun. 2019.
SMAAL, Beatriz. A História do Twitter. 2010. Disponível em: <
https://www.tecmundo.com.br/rede-social/3667-a-historia-do-twitter.htm> . Acesso em: 15
mai. 2019.
VIDMONSTERS. Conheça a história do YouTube e saiba mais sobre a evolução dessa
plataforma. 2019 Disponível em : <https://vidmonsters.com/blog/historia-do-youtube/>.
Acesso em: 15 mai. 2019.