Leis Extravagantes2007
Leis Extravagantes2007
Leis Extravagantes2007
1ª aula - 07/05/2007
Lei antidrogas
Hoje nós vamos falar sobre a nova lei de tóxicos denominada de lei antidrogas
(lei11.343/06). Essa lei entrou em vigor dia 8 de outubro de 2006 revogando
expressamente as leis 6.368/76 e 10.409/02. Até o dia 8 de outubro de 2006 havia no
brasil dois diplmas legais disciplinando a prevenção e repressão ao uso indevido e ao
tráfico ilícito de drogas. Havia a lei 6368/76 definindo os crimes e cominando as
sanções e a lei 10409 dispondo sobre o rito a ser observado no processo e julgamento
dos crimes da lei 6368. Há na nova lei de drogas disposições penais mais gravosas do
que as contidas na lei 6368 e há tb disposições penais benignas, normas penaisnovas
que favorecem o agente.
Vamos cuidar da objetividade jurídica da nova lei de drogas. O bem jurídico que
a lei quer tutelar é a saúde pública e de acordo com a doutrina majoritária a saúde
pública é o somatório das saúdes individuais. O bem jurídico saúde pública que é um
bem jurídico supraindividual, é um bem jurídico coletivo, difuso, a saúde pública é o
somatório das saúdes individuais ou, como preferem uns, é a saúde da coletividade. A
tutela penal está direcionada a um bem jurídico supraindividual, mas indiretamente
procura proteger sobretudo a saúde físico psíquica das pessoas. Em regra os crimes
da nova lei de drogas são crimes comuns, ou seja, qualquer pessoa pode praticá-los;
Qualquer pessoa pode praticar as cndutas típicas da lei1.343. Essa é a regra, mas há
exceções. Há crimes proprio definidos na nova lei de drogas. O crime d art.38, por
exemplo, crime culposo, é crime próprio (prescrever ou ministrar drogas). O sujeito
ativo do art. 38 que corresponde ao art.15 da antiga lei6368, no que concerne a
conduta de prescrever é o médico ou o dentista. No que tange à conduta de ministrar o
sujeito ativo pode ser o médico, o dentista, o farmacêutico ou o profissional da
enfermagem. Quem é o sujeito passivo dessas condutas delituosas da lei 11.343/06?
o sujeito passivo, em regra, é a própria coletividade ou, na expressão de outros, é o
corpo social. O sujeito passivo mediato, em certos casos, é o próprio individuo (ex:
tráfico que tenha como destinatário criança, inimputável, adolescente). A nova lei,
seguindo a opção feita pelo legislador da lei 6368, manteve o sistema de definir as
condutas típicas como normas penais em branco ou na expressão de alguns
doutrinadores, são normas de cominação cega. Normas penais em branco em que a
tipicidade depende de uma norma complementar. Isso está no parágrafo único do art.
1º, que reproduz o sistema consagrado pelo art. 36 da antiga lei 6368. A
complementação desses tipos incriminadores é feita pelo Ministério da saúde, é feita
pela ANVISA. O art. 1º, parágrafo único cuida do objeto material dos crimes da lei
11343. O objeto material é a droga. É fundamental saber que o complemento da
norma penal em banco integra o tipo penal incriminador; Vale dizer, a portaria da
ANVISA que elenca o rol de drogas, para o efeito de aplicação da lei 11343 integra os
respectivos tipos penais incriminadores.
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A retirada de determinada droga do rol, da portaria da ANVISA, constitui
verdadeira abolitio criminis. Equivale a uma lei penal benigna que retroagirá para
alcançar inclusive os processos já decididos por sentença transitada em julgado. Ex:
se amanhã a maconha for retirada desse rol, todos aqueles que tiverem sido
condenados pelo uso indevido ou tráfico ilícito dessa substância, se valerão dessa
nova lei. Por outro lado, a inclusão de determinada droga só permite a punição
daqueles que tiverem realizado a conduta típica na vigência da nova portaria. Essa
norma não pode retroagir. São os principios da retroatividade benigna e da
irretroatividade da lei penal gravosa.
Vamos examinar as condutas típicas da lei 11343 salientando que essa lei
mantem as dicotomias feitas pelos diplomas legais anteriores, a nova lei de drogas
mantém a dicotomia entre o uso indevido e o tráfico ilícito de drogas. Em relação ao
porte de drogas e condutas assemelhadas para consumo pessoal a nova lei implanta o
que a doutrina vem denominando de justiça restaurativa. A lei está direcionada
primordialmente para a prevenção, o tratamento e reinserção social do usuário. A nova
lei de drogas, nesse particular, ao implantar esse sistema de justiça penal restaurativa
não comina, não prevê para esse crime pena privativa da liberdade. O art. 28 que
corresponde ao antigo art.16, não prevê pena de prisão para o porte de drogas e
condutas assemelhadas para o consumo pessoal. Aliás, em circunstância alguma o
autor daquelas condutas do art. 28 poderá ser encarcerado. A lei aqui não prevê pena
privativa daliberdade e tão pouco permite a prisão cautelar.
Vamos estudar agora o art. 28 que corresponde ao antigo art.16 da lei 6368.
Esse art. tipifica o porte ilegal de drogas e condutas assemelhadas para consumo
pessoal. O art. 28 está inserido no capítulo que trata dos crimes e das penais. Aqui
surge uma das questões mais polêmicas: a questão é saber se o legislador teria
descriminalizado esses comportamentos; é saber qual é a natureza jurídica da infração
do art. 28. A questão é saber se houve a descriminalização ou despenalização. A
doutrina se divide. Há quem entenda (Luiz flávio Gomes), que o legislador
descriminalizou o porte de drogas. Teria havido a descriminalização das condutas
definidas no art.28. Essas condutas não teriam mais a natureza jurídica de infração
penal já que o legislador não cominou para esses fatos pena privativa de liberdade. Há
duas formas de descriminalização: descriminalização total » em que a conduta deixa
de constituir um ilícito, deixa de caracterizar uma ofença ao ordenamento jurídico. É a
chamada descriminalização com a legalização das condutas. Além de descriminalizar
as condutas o ordenamento jurídico os legaliza. Há também a descriminalização sem a
legalização» aqui teria ocorrido a descriminalização sem a respectiva legalização
desses comportamentos. Para o Luiz Flávio Gomes o art.28 define condutas ilícitas.
Seriam ilícitos sui generis. Não se enquadraria nem na definição de crime e nem na
definição de contravenção. Há nisso uma contradição. Para o Luiz Flavio Gomes é
preciso reler o conceito de infração penal. Ao sustentar que essas condutas
constituem um ilícito sui generis, o Luiz Flávio Gomes sugere que se deva refazer o
critério de clasificação das infrações penais. Por que? Pq o direito brasileiro no que
concerne a classificação das infrações penais adota o critério dicotômico ou
bipartido.No brasil infração penal é gênero do qual são espécies os crimes ou delitos e
as contravenções penais. Esse critério está consagrado no art. 1º da lei de introdução
ao CP e na lei de contravenções penais. Dentro dessa classificação, ontologicamente,
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na essência não há diferença alguma entre crime ou delito e contravenção. Por que
ontologicamente não há diferença entre crime e contravenção? Por que crime e
contravenção são espécies do gênero infração penal. Qualitativamente não há
diferença entre crime ou delito e contravenção. A diferença entre crime e contravenção
é quantitativa, pois os crimes são apenados mais severamente. Para os crimes haverá
pena privativa de liberdade (reclusão, detenção e multa). Para as contravenções
penais será cominada pena de prisão simples e multa ou multa (alternativa, cumulativa
ou isoladamente). Para o Luiz Flávio Gomes, com a nova lei de drogas (aqui está a
contradição) o legislador teria adotado o critério tripartido de classificaçao das
infrações penais. Por que? Por que nessa passagem do livro o Luiz Flávio Gomes
sustenta que as infrações penais doravantes no brasil são os crimes, as
contravenções e o ilícito sui generis do art. 28. Qual é a contradição entre a conclusão
e a fundamentação desse raciocínio? É que ou o art. 28 é ilícito penal ou é ilícito sui
generis. Se é ilícito sui generis não é ilícito penal.
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que a pena máxima cominada não excedesse a dois anos, ou seja, o crime do art.16 já
era considerada infração de menor potencial ofensivo. A discussão sobre o conceito
de infração de menor potencial ofensivo acabou com o advento da lei 11.313/06 que
redefiniu o conceito de menor potencial ofensivo. Ou seja, dificilmente algué estará
cumprindo pena de prisão pelo crime do art.16, já que o processo dedespenalização já
se iniciou há muito.
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O STF só admite a aplicação do principio da bagatela em relação a crimes que
ofendem determinados bens jurídicos. Logo, a posse de ínfima quantidade de drogas
para consumo pessoal configura o crime do art.28. Há decisões do STJ em sentido
oposto, admitindo o principio da insignificancia no tocante a porte de ínfima quantidade
de drogas para uso pessoal. Para o STJ essa conduta não teria potencialidade lesiva,
seria um indiferente penal.
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E o plantio, colheita de plantas destinadas a preparação de drogas para uso
pessoal configura o crime do art.28? Na vigência da lei6368 havia controvérsia
doutrinária e jurisprudencial sobre o enquadramento típico dessa conduta. Para
alguns, quem plantava, colhia, semeava plantas para o fabrico de substâncias
entorpecentes, ainda que para consumo pessoal incidia nas penas do art.12, pois
essas condutas não constavam do art.16. Então o crime, ainda que houvesse essa
finalidade de plantio, colheita para o consumo pessoal ainda assim seria crime de
tráfico (art.12). Para outros se devia utilizar da analogia in bonam partem punindo-se o
agente pela prática do crime do art.16, em virtude da sua especial finalidade de agir.
Havia quem considerasse (Damásio) que essa conduta era atípica. A lei nova acabou
com essa discussão. Se o sujeito plantar, semear ou colher pequena quantidade de
droga para consumo pessoal o crime será do parágrafo 1º do art.28. Se o plantio for de
grande quantidade ou de pequena quantidade mas para outro fim, diferente do
consumo pessoal, o crime será o do art.33, parágrafo 1º. Então são dois requisitos:
pequena quantidade de droga e consumo pessoal. Essa pequena quantidade de droga
é elemento normativo do tipo penal incriminador, pois exigirá uma valoração extra
jurídica por parte do juiz definindo se a quantidade é ou não pequena.
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comunidade que é uma pena restritiva de direitos. A rigor a advertência e a frequencia
a cursos e palestras sobre o efeito nocivo da droga não tem a natureza jurídica de
pena embora a lei fale em pena e depois em medidas. O fato é que não há previsão de
pena privativa de liberdade. Logo, partindo-se da linha de raciocínio do Supremo, esse
crime do art.28 se enquadra no conceito de infração de menor potencial ofencivo, pois
não é punido sequer com pena privativa da liberdade. Vamos ver o art.48, parágrafo
1º! Vamos ver o parágrafo 5º do art.48! A lei prevê expressamente a possibildade de
transação no tocante ao crime do art.28 A transação penal aqui versará sempre sobre
as penas previstas no preceito sancionatório, ou seja, a transação penal versará sobre
a advertência, prestação de serviços à comunidade e a frequencia a cursos e palestras
sobre os efeitos nocivos da droga. Ex: O MP propõe a transação que é aceita pelo
autor do fato e é homologada pelo juiz. E o autor do fato não cumpre a transação.
Qual a consequencia do descumprimento da transação? Duas são as orientações: a
primeira sustenta que deve haver a execução da setença homologatória da transação.
A bem da verdade, a sentença homologatória da transação, sobretudo quando imposta
pena restritiva de direito é inexequível, pois essa pena, decidiu o Supremo, uma vez
aplicada em sede de transaçao penal não pode ser convolada em pena privativa da
liberdade. A outra solução é o MP oferecer denúncia (é a solução que vem sendo
adotada).
Há um outro problema sobre a transação e o art. 28. De acordo com a lei 9.099
nos termos do art.76, o sujeito só poderá se beneficiar de uma nova transação depois
de decorrido cinco anos. Há quem entenda que no sistema da lei de drogas essa
transação será possível tantas quantas forem as incidências nos comportamentos do
art.28, ou seja, não haveria essa restrição do transcurso do lapso de 5 anos para
umanova transação. Por que? Pq diferentemente do que sucede no sistema do
juizado, aqui na lei de drogas as penas a serem aplicadas no caso de condenação são
as mesmas penas objeto da transação, ou seja, o processo penal seria instaurado
para que ao final o juiz aplicasse ao réu as mesmas penas que poderiam ter sido
impostas em sede de transação penal. É diferente do juizado. No juizado, quando se
tratar de sentença condenatória, é aplicada a pena. Aqui em hipótese alguma o sujeito
é preso. Dentro dessa linha de raciocínio, o MP somente oferecerá denúncia na
eventualidade de o autor do fato não aceitar a transação. O professor fala que ainda
não tem uma opinião. Essa linha de raciocínio encontra obstáculo na propria lei, pq a
lei diferencia entre o tempo de duração das penas entre réu primário e réu reincidente
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(parágrafos 3º e 4º). Então, seria viável o oferecimento da denúncia exigindo-se o
trancurso do prazo de cinco anos para nova transação para forjar reincidência de que
trata a lei. Ex: há uma transação. Depois dessa transação o sujeito é flagrado trazendo
consigo drogas para uso pessoal. Neste caso não é possível mais a transação pq seria
necessário o decurso do prazo de 5 anos para aplicação desse benefício; seria caso
de denúncia. Qual a finalidade da denúncia? Forjar a reincidência de que trata o
paragrafo 4º. No caso de reincidência a duração das penas será de até 10 meses. É o
dobro do prazo da pena aplicável ao primário. Caso contrário o sujeito vai sempre
aceitar a transação e provavelmente não vai cumprí-la.
2ª aula - 14/05/2007
Vimos na aula passada que o art. 28 define infração penal, define crime.
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Bom, crime do art. 28 e a prisão em flagrante.
Em relação ao que diz o art. 28, está no parágrafo 2º do art. 48 que não
haverá prisão em flagrante. Mais uma vez é importante salientar que a prisão em
flagrante tem um aspecto pré-processual no plano administrativo que se decompõe
basicamente em dois momentos.
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No sistema do Código de Processo Penal, no sistema da Lei 9.099/95,
no sistema do processo penal, o preso capturado em flagrante delito é imediatamente
apresentado à autoridade policial a quem cabe verificar o fato e adotar as providências
que entender cabíveis.
Aqui, não, aqui, o preso deverá, sempre que possível, ser apresentado
ao juízo. Qual é o juízo competente para a transação, processo e julgamento em
matéria do crime do art. 28? Juizado especial criminal.
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Bom, o juiz, entendendo que o caso é do art. 28, considerará possível a
transação. De acordo com a jurisprudência, a iniciativa de proposta de transação penal
é privativa do MP.
Aqui, não. Aqui, ainda que o autor do fato não queira assumir o
compromisso de comparecer ao juizado especial, ainda assim a autoridade policial só
vai providenciar a elaboração do termo circunstanciado.
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Bom, e a questão da inconstitucionalidade do parágrafo 2º? Essa
questão já está posta no Supremo. Há quem veja o imediato encaminhamento do
preso em flagrante ao juízo competente flagrante inconstitucionalidade.
Pergunta de aluno.
Pergunta de aluno.
Art. 27: as penas previstas neste Capítulo poderão ser aplicadas isolada
ou cumulativamente, bem como substituídas a qualquer tempo, ouvidos o Ministério
Público e o defensor.
Isso quer dizer que a leitura isolada do art. 28 leva o intérprete a uma
conclusão diferente. A leitura isolada leva o intérprete a concluir que essas penas têm
que ser aplicadas cumulativamente.
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A expressão “as seguintes” é no sentido de que o juiz só pode aplicar ao
autor do fato enquadrado no art. 28 essas penas. É o princípio da reserva legal. Mas
as penas podem ser aplicadas isoladamente.
Agora, vamos para o art. 48. A leitura isolada do art. 48 leva a conclusão
também equivocada de que apenas o crime do art. 28 é que se sujeita ao
procedimento sumaríssimo da Lei 9.099/95, ou seja, apenas esse crime seria tratado
como infração de menor potencial ofensivo. Os outros todos seriam da competência do
juízo comum sujeitos ao procedimento especial da Lei de Drogas.
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Agora, na transação ao formular a proposta, o MP poderá propor ao
autor do fato qualquer pena restritiva de direito.
Vamos estudar agora o crime do art. 33, tráfico ilícito de drogas. O art. 33
corresponde ao art. 12 da antiga Lei 6.368/66. Aliás, a descrição típica do art. 33 é
igual ao do antigo art. 12.
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Bom, o sujeito passivo é a própria coletividade. Agora, quem pode ser o
sujeito ativo das condutas típicas do art. 33? Trata-se de crime comum. Por quê?
Porque a Lei não reclama condição especial do sujeito ativo.
Também aqui no crime do art. 33, a exemplo do que foi dito na Lei
anterior, há condutas típicas instantâneas e condutas típicas permanentes.
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Quais são as condutas típicas de natureza permanente do art. 33?
Guardar, trazer consigo, transportar, ter em depósito e dispor à venda drogas.
Preparar pode depender da forma de preparo. Remeter é conduta instantânea, porque
a conduta se exaure no momento em que se remete.
Bom, mas a Lei nova tem gerado controvérsias neste particular. Por quê?
Porque colocou o porte ilegal de arma de fogo na categoria de causa especial de
aumento de pena desses delitos.
Vamos ver o art. 40, IV: as penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei
são aumentadas de um sexto a dois terços, se o crime tiver sido praticado com
violência, grave ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer processo de
intimidação difusa ou coletiva.
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Outros sustentam e a meu ver com razão que a hipótese continua sendo
de concurso material de crimes ao argumento de que os bens jurídicos penalmente
tutelados são distintos, como já falei.
A Lei nova deu uma solução diferente para esse problema. Vamos ver o
parágrafo 2º do art. 33: induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga:
pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos)
dias-multa.
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Então, esses comportamentos sujeitam o agente a penas menos
severas. É possível inclusive, neste caso, a suspensão condicional do processo. É
cabível por quê? Porque a pena mínima cominada é de um ano.
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Bom, vamos figurar o seguinte exemplo. O réu foi condenado à pena de
três anos de reclusão. Pena mínima do art. 12. Ora, se a pena aplicada foi a mínima
prevista no preceito sancionatório, é porque o réu é primário e de bons antecedentes.
Qual é o critério do juiz? Não tem critério. A diminuição, penso eu, tem
que ser feita pelo máximo de 2/3.
Agora, há quem entenda, a meu ver sem razão alguma, que neste caso a
diminuição de pena deve incidir sobre o mínimo de cinco anos previstos no preceito
sancionatório do art. 33. Por quê? Porque ainda assim a norma aplicada dessa
maneira será benéfica para o réu.
Bom, mas aí surge um outro problema que exige mais cuidado ainda. A
nova Lei de Drogas proíbe liberdade provisória, proíbe substituição da pena de prisão
por restritiva de direito, proíbe sursis, enfim, contém uma série de restrições.
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Primeira, no silêncio da Lei, cabe ao juiz fixar o regime de cumprimento
de pena de acordo com o Código Penal. Pelo sistema do Código Penal, pena fixada no
mínimo com a redução prevista no parágrafo 4º, qual seria o regime? Aberto.
Aí, veja bem, crime da Lei de Drogas. Crime de tráfico praticado antes da
entrada em vigor da Lei 11.464/07. Deve-se entender que a pena deve ser cumprida,
neste caso, em regime inicialmente fechado.
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Então, os condenados nos crimes dos arts. 12 e 33 até 29 de março
terão que cumprir 1/6 da pena para obter a progressão. A partir da vigência da Lei
nova, 2/5 se primário e 3/5 se reincidente.
Agora, o Supremo não vai retroceder, na vai mudar de opinião para dizer
que não há inconstitucionalidade no regime cumprido integralmente fechado.
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3ª aula – 21/05/2007
Bom, hoje, vamos falar sobre o art. 34. Na aula passada, finalizei o
estudo do art. 33 examinando a questão atinente à diminuição de pena prevista no
parágrafo 4º.
Ausente essa especial finalidade, o fato será tido como atípico, porque
esses objetos em regra têm destinação lícita. Portanto, para a caracterização desse
delito, é preciso ter provas sobre a finalidade do emprego ilícito.
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Vale dizer que o crime a ser considerado aqui é o mais grave, ou seja,
tráfico ilícito de drogas, crime do art. 33. É como se o crime do art. 34 fosse subsidiário
em relação ao art. 33. Não seria nem propriamente absorção e sim subsidiariedade.
Por fim, sobre o crime do art. 34 é saber se esse delito é equiparado aos
crimes hediondos. Essa questão ainda tem não só importância teórica, mas também
relevância prática.
Pergunta de aluno.
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Bom, estava pacificado no STF o entendimento de que o art. 14 da Lei
de Tóxicos havia sido derrogado. Vale dizer que foi revogado em parte pelo art. 8º da
Lei 8.072/90.
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Havia na vigência da Lei anterior como causa especial de aumento de
pena a associação para prática do delito. Era causa de aumento de pena do art. 18, III
da Lei 6.368/76.
Então, havia essa diferença na vigência da Lei anterior. Crime do art. 14:
associação estável ou permanente para prática dos crimes relacionados ao tráfico de
drogas. Causa especial de aumento de pena do art. 18, III: concurso eventual,
concurso esporádico de pessoas.
A nova Lei de Drogas não reproduziu no seu texto essa causa especial
de aumento de pena decorrente da associação que constava no art. 18, III da Lei
antiga. Não há no rol do art. 40 da Lei nova qualquer referência à associação como
causa de aumento de pena.
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Esse crime, em tese, se consuma independentemente da prática dos
crimes de tráfico projetados pela associação criminosa. É crime formal de consumação
antecipada.
O crime do art. 35. É o crime da Lei especial que inclusive é punido mais
severamente. É possível falar nesse caso em concurso material? Não. Por quê?
Porque a quadrilha, a associação é uma só. Os fins que movem a associação ou os
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quadrilheiros é que são plúrimos. A finalidade é diversa, mas dentro da associação
criminosa.
Parágrafo único do art. 35: nas mesmas penas do caput deste artigo
incorre quem se associa para a prática reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei.
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Então, esse crime do art. 36, financiamento do tráfico, é mais grave do
que o crime de tráfico propriamente dito do art. 33.
Vamos reler o parágrafo único do art. 35: nas mesmas penas do caput
deste artigo incorre quem se associa para a prática reiterada do crime definido no art.
36 desta Lei.
Agora, outro aspecto aqui tem que ser considerado. Para os que
sustentam que o crime é habitual, o ato isolado de custeio ou financiamento
caracterizará participação no crime do art. 33.
Agora, vamos ver o art. 40, VII: as penas previstas nos arts. 33 a 37
desta Lei são aumentadas de um sexto a dois terços se o agente financiar ou custear
a prática do crime.
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Bom, então quando incidirá essa causa de aumento de pena? Essa
causa de aumento de pena tem os mesmo verbos que integram a figura típica do art.
36. Então, quando a causa de aumento incidirá?
Agora, por que isso é um absurdo? Por que não se pode admitir o
concurso entre o crime autônomo do art. 36 e a causa de aumento de pena do art. 40,
VII? Pelo princípio do non bis in idem.
Bom, falamos então sobre os arts. 35 e 36. Outro crime novo é o crime
do art. 37.
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exemplo, policial que dê à organização criminosa informações sobre a atividade de
prevenção e repressão do delito, ou o particular.
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hipótese do art. 38? É o caso em que a receita irregular é apreendida no consultório
médico. Não é hipótese do art. 38.
É hipótese do art. 33? Não, por quê? Porque o crime foi culposo, foi
prescrição irregular. A hipótese é de tentativa do crime do art. 38? Não, porque não há
tentativa de crime culposo. Então, esse fato é atípico. O fato é penalmente irrelevante.
Para finalizar o estudo dos crimes, o estudo do art. 39. Art. 39: conduzir
embarcação ou aeronave após o consumo de drogas, expondo a dano potencial a
incolumidade de outrem.
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Agora, há aqui uma solução. Quando o sujeito está usando, a rigor, essa
conduta é atípica. Mas quando está usando, ele está sistematicamente consumindo.
Então, ele está conduzindo após ter feito uso de parte da droga.
A pena que a Lei prevê para o crime do art. 39 é a mesma pena prevista
no art. 306 do Código de Trânsito. É a chamada embriaguez ao volante. Qual é o
raciocínio que o Luiz Flávio Gomes faz?
Por quê? Porque a pena máxima cominada para esse crime é de três
anos de detenção. Mas não obstante isso, embora não seja de menor potencial
ofensivo, a Lei admite a transação pena.
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Quando a Lei fala em transporte coletivo, ela está levando em conta a
maior potencialidade lesiva da conduta. Se não há passageiro, não se justificaria a
pena mais grave.
Mas outros vão dizer que não, porque a Lei não fala em veículo
transportando passageiro, fala em condução de veículo de transporte de passageiro.
Vamos falar sobre o art. 44 que estabelece uma série de restrições para
alguns crimes dessa Lei.
Art. 44: os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 desta Lei
são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade
provisória, vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos.
Até aqui, já havíamos falado na aula passada. Mas há aqui uma questão
nova. É que a Lei de Tóxico, com uma redação diferente, reproduz no tocante à
liberdade provisória a vedação que se continha até pouco tempo na Lei dos Crimes
Hediondos.
Qual é o problema que essa Lei nova trouxe? Isso vem sendo discutido
no dia a dia. O problema é o seguinte: hoje, é possível, nos crimes hediondos,
liberdade provisória sem fiança do art. 310, parágrafo único.
Essa Lei 11.464 alterou a Lei dos Crimes Hediondos que trata, na
verdade, dos crimes hediondos e assemelhados. A questão aqui é saber se, em
relação ao tráfico, subsiste a vedação imposta pela nova Lei de Drogas ou se essa
nova vedação foi revogada pela Lei 11.464/07.
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São duas as orientações. A primeira diz que, neste ponto, a nova Lei de
Tóxicos foi tacitamente revogada pela 11.464/07. Por quê? Porque a Lei 8.072 se
aplica aos crimes hediondos, ao tráfico, à tortura e ao terrorismo.
Seria Lei especial que afastaria a incidência da outra Lei que é genérica.
Só que essa outra Lei não é genérica. É também especial. Então, é mais uma
confusão.
Bom, para fechar, vamos ver o parágrafo único do art. 44: nos crimes
previstos no caput deste artigo, dar-se-á o livramento condicional após o cumprimento
de dois terços da pena, vedada sua concessão ao reincidente específico.
É mais uma norma penal benigna da nova Lei de Tóxicos. A nova Lei de
Tóxicos exige, para o livramento condicional em matéria de tráfico, o cumprimento de
2/3 da pena e não ser o condenado reincidente específico.
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Agora, outro aspecto relevante de natureza penal da nova Lei de Drogas.
A nova Lei manteve a causa de exclusão da culpabilidade relativa à dependência
toxicológica.
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Bom, qual é a novidade? A novidade, penso eu, é que o juiz não está
obrigado, nesses casos, a absolver o réu para tratamento médico. Diz o parágrafo
único do art. 45 que o juiz poderá encaminhar o réu a tratamento médico
especializado.
Diz poderá. Não sei se a jurisprudência vai entender aqui esse poderá
como deverá ou se será considerada como faculdade deferida pela Lei ao magistrado.
Pergunta de aluno.
Esse tratamento médico que a Lei nova prevê no parágrafo único e que
na vigência da Lei anterior era obrigatório é reservado ao dependente que tenha
praticado crime da Lei de Drogas. É um tratamento especial.
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Não houve aula em 28/05/2007
4ª aula – 04/06/2007
Esses crimes, cuja pena máxima não excede dois anos, são
processados e julgados no âmbito da competência do juizado especial criminal com a
observância do procedimento sumaríssimo da Lei 9.099/95.
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São 30 dias prorrogados por outros 30, ou seja, esse prazo pode ser
prorrogado pelo juiz ouvido sempre previamente o MP. Vamos ver o art. 51, caput e
respectivo parágrafo.
O laudo de constatação pode ser feito por um só perito que não ficará
impedido de participar do laudo toxicológico, do laudo definitivo. O laudo toxicológico
ou laudo definitivo deve estar no processo até a sentença.
38
Esse laudo toxicológico ou definitivo funciona como uma espécie de
condição de procedibilidade imprópria. É condição para que o juiz possa proferir
sentença reconhecendo comprovada a materialidade do fato criminoso.
39
Aqui, a Lei exige o laudo de constatação como condição de
procedibilidade e, depois, o laudo toxicológico definitivo como condição para a
sentença.
Essa uma que não tem a ver com admissibilidade da prova. A prova
testemunhal seria admissível em caráter supletivo. A questão tem a ver com a
valoração da prova. Dificilmente, essas outras provas, sobretudo, a prova testemunhal
dará ao julgador a certeza sobre a natureza da substância.
40
Essa classificação dada ao fato pela autoridade policial é provisória,
podendo ser alterada pelo MP quando do oferecimento da denúncia.
A denúncia deverá ser oferecida dentro do prazo de dez dias a que alude
o art. 54. O MP terá dez dias a contar do recebimento do inquérito para oferecer
denúncia, arrolando testemunhas até o máximo de cinco e requerendo diligências.
Vamos ver o art. 54, III.
41
Aqui, a defesa prévia antecede a própria instauração da ação penal e é
quando da apresentação da defesa prévia que o réu pode arrolar testemunha até o
máximo de cinco, opor exceções e requerer diligências. Então, é hipótese de nulidade
absoluta.
Mas aqui não é assim. Aqui, não haverá outra oportunidade para o réu
arrolar testemunhas, opor exceções e requerer diligências. Vamos ver o parágrafo 1º
do art. 55.
Além disso, poderá opor exceções. É o que diz o parágrafo 2º. Então, a
hipótese aqui é de nulidade absoluta.
Penso eu que a solução deve ser outra. A solução a meu ver não é o juiz
mandar notificar o acusado por edital. A solução é o juiz nomear defensor para
apresentar defesa prévia.
42
Bom, depois de apresentada a defesa prévia, o juiz, antes de proferir a
decisão sobre o recebimento da denúncia, terá que ouvir o MP? A Lei Anti-Drogas
atual, diferentemente da anterior, não prevê a manifestação do MP sobre a defesa
prévia. A Lei 10.409 tinha essa previsão.
Vamos ver o art. 56, parágrafo 2º: a audiência a que se refere o caput
deste artigo será realizada dentro dos 30 (trinta) dias seguintes ao recebimento da
denúncia, salvo se determinada a realização de avaliação para atestar dependência de
drogas, quando se realizará em 90 (noventa) dias.
43
Bom, se o juiz rejeitar a denúncia, poderá o MP recorrer em sentido
restrito com fulcro no art. 571, I do Código. Mas e se a denúncia foi recebida?
Art. 56: recebida a denúncia, o juiz designará dia e hora para a audiência
de instrução e julgamento, ordenará a citação pessoal do acusado, a intimação do
Ministério Público, do assistente, se for o caso, e requisitará os laudos periciais.
Então, penso que se o réu está ciente da ação, o réu sabe que está
sendo processado, não se aplica o art. 366. Não se justifica a aplicação do art. 366.
Mas aqui, sabe, porque o réu foi antes notificado pessoalmente. Então,
ele está ciente da existência do processo. Então, penso que não se deve aplicar o art.
366 nesses casos.
O Luiz Flávio Gomes faz a seguinte observação: o art. 366 será aplicável
ou não dependendo do teor da procuração que o acusado tenha outorgado ao seu
44
advogado para a apresentação da defesa prévia. Isso parece algo meio fora da
realidade!
Mas uma coisa não tem nada a ver com a outra, inclusive porque nas
hipóteses de nomeação de defensor público não há procuração específica. O que
importa aqui é saber se o réu está ciente ou não da ação.
A revelia é uma opção do réu. Essa é uma revelia ciente. O que o Código
de Processo Penal não admite mais é a revelia sem ciência, ou seja, quando não se
sabe se o réu tomou ou não conhecimento do processo. Mas não é o caso aqui,
porque ele tomou ciência no momento da notificação pessoal para a defesa prévia.
45
Qual é o remédio constitucional adequado para a impugnação desse
provimento judicial? É o mandado de segurança. Por que o mandado de segurança e
não propriamente o HC já que se trata de processo penal? Porque o que está em jogo
aqui não é a liberdade de locomoção do acusado.
Pergunta de aluno.
Resposta: essa medida cautelar pode ser determinada pelo juiz de ofício,
independentemente de provocação. É de boa cautela que o promotor a requeira. Mas
o juiz pode decidir sobre o afastamento de ofício, desde que fundamentadamente.
A rigor, essa audiência não pode ser fracionada. Não se deve, salvo em
situações excepcionalíssimas, fracionar a audiência de instrução e julgamento. Não se
deve, principalmente, fracionar a fase probatória.
46
As provas orais como depoimentos de testemunhas devem ser colhidas
em uma só audiência e não se deve tolerar a substituição das alegações orais em
memoriais.
Pergunta de aluno.
Bom, para finalizar, vamos ver o art. 59: nos crimes previstos nos arts.
33, caput e § 1o, e 34 a 37 desta Lei, o réu não poderá apelar sem recolher-se à
prisão, salvo se for primário e de bons antecedentes, assim reconhecido na sentença
condenatória.
47
o juiz somente poderá manter ou decretar a prisão do acusado quando da prolação da
sentença condenatória fundamentadamente.
48
A questão não tem nada a ver com a Lei Anti-Drogas porque a
nutricionista pediu exames complementares e prescreveu um produto dietético. O fato
é atípico.
Agora, essa questão não tem nada a ver com a Lei Anti-Drogas. Teria a
ver com exercício ilegal da medicina. Seria crime do art. 282 do Código Penal. Mas a
resposta é que o fato é atípico.
Ele teria que ter aditado a denúncia. Não aditou, a questão está preclusa.
O que ele quer que diga é que a questão está preclusa e que o Tribunal não pode, em
grau de recurso, aplicar o art. 384. Então, o que o promotor tem que fazer? Nada.
Bom, vamos passar para a Lei da Tortura, Lei 9.455/97. É a Lei que
tipifica os crimes de tortura. Primeira questão a ser examinada sobre o crime de
tortura: a tortura é crime assemelhado aos crimes hediondos.
49
Bom, a Lei 9.455/97 pôs fim a toda essa discussão, definindo as
modalidades típicas da tortura e revogando expressamente o art. 233 do ECA. O art.
4º da Lei 9.455 revoga expressamente o art. 233 do ECA que definia um crime
impróprio.
Bom, qual é o bem jurídico que a Lei da Tortura quer proteger? O bem
jurídico aqui é a própria dignidade do ser humano. A Lei tutela direitos fundamentais
do indivíduo, procurando protegê-lo de ataques de agentes estatais ou mesmo de
particulares.
50
E qual é a especial finalidade de agir na hipótese do art. 1º, I, alienas “a”
e “b”. Na primeira, é obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de
terceira pessoa.
Sem essa especial finalidade de agir não haverá crime de tortura. Haverá
outro delito como: ameaça, constrangimento ilegal ou lesões corporais.
51
Se as lesões corporais de natureza grave forem causadas culposamente
pelo torturador, a hipótese será de tortura qualificada pelo resultado. É crime praeter
doloso do parágrafo 3º do art. 1º.
Essas lesões aqui que agrava a tortura são puníveis a título de culpa.
Dolo no tocante à tortura e culpa no que concerne a causação das lesões. Se houver
dolo nas lesões graves ou gravíssimas, a hipótese será de concurso material.
52
Porque a tortura que constitui crime autônomo da Lei 9.455 não se
confunde com a tortura que qualifica o crime de homicídio que é o emprego de
qualquer meio cruel, qualquer meio que cause sofrimento desnecessário à vítima.
Pergunta de aluno.
Vamos imaginar que ele utiliza ouro meio não cruel, ou seja, não se
utilizando da tortura que qualifica a homicídio. Deu um tiro, por exemplo.
Aí que vem a discussão com mais relevo. Como será punível essa
conduta? A meu ver, não há bis in idem. Por quê? Porque as finalidades são distintas.
A tortura que qualifica o homicídio não é propriamente a tortura que constitui crime
autônomo.
53
São duas torturas diferentes. Uma tortura visa obter confissão e a outra
tortura visa matar.
Mas aqui, o sujeito tortura desde o início com dupla finalidade. Há uma
conduta só com desígnios autônomos. É caso de concurso formal impróprio. Tem que
haver dois dolos. Se só houver o dolo do homicídio, não há tortura.
5ª aula – 11/06/2007
Bom, vimos que, nas hipóteses típicas do art. 1º, I, a tortura é crime cuja
configuração exige especial finalidade de agir por parte do sujeito. Aqui, na hipótese
do inciso I, a caracterização da tortura como crime autônomo dependerá da especial
finalidade ou motivação que conduz a conduta do sujeito ativo.
54
Não obstante a existência de opiniões em sentido contrário, prevalece o
entendimento de que é caso de concurso material entre a tortura e o homicídio doloso
qualificado pela tortura. Não se pode cogitar aqui de bis in idem.
Pergunta de aluno.
55
O conceito de autoridade para fins penais, para interpretação do art. 1º,
II, está no art. 5º da Lei 4.898/65. Diz o art. 5º: considera-se autoridade, para os efeitos
desta lei, quem exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza civil, ou militar,
ainda que transitoriamente e sem remuneração.
56
Quais são os regimes de pena da detenção? Aberto ou semi-aberto. Não
há regime fechado. Mas é possível cogitar o regime fechado. Quando? Na
eventualidade de regressão de regime prevista no art. 118 da LEP. Fora daí, o
condenado por esse crime cumprirá pena em regime semi-aberto ou aberto.
57
parágrafo 4º, III? Não, é hipótese de tortura com o aumento de pena decorrente do
seqüestro. O seqüestro aqui é meio para a realização da tortura.
Aqui, não há bis in idem. Por quê? Porque a rigor são dois dolos
distintos. O dolo do primeiro seqüestro é com a finalidade de realizar a tortura.
Consumado o crime de tortura, o sujeito persiste mantendo a vítima privada da sua
liberdade de locomoção. É outro dolo.
Bom, ainda sobre o aspecto penal da Lei da Tortura, a Lei prevê a perda
do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do
prazo da pena aplicada como efeito automático da condenação. É diferente da perda
do cargo no sistema do Código Penal. Aqui, é efeito automático da condenação. Não
precisa ser declarado continuadamente pelo juiz.
Eu penso que não, porque a Lei não faz distinção alguma. A Lei não
distingue aqui no tocante a esse efeito da condenação os crimes comissivos e o crime
omissivo do parágrafo 2º.
58
Lei penal brasileira independe do implemento das condições de procedibilidade do art.
7º.
Agora, vamos traçar uma comparação entre a Lei da Tortura e a Lei dos
Crimes Hediondos. Relembro que a tortura não é propriamente crime hediondo. Os
crimes hediondos são os elencados no art. 1º da Lei 8.072/90. A tortura é crime
equiparado aos crimes hediondos. Esta equiparação está no art. 5º, XLIII da CFRB/88.
59
Logo, não pode Lei infraconstitucional tolher a possibilidade que a Constituição confere
ao Presidente da República de indultar.
Por quê? Porque a Lei penal não retroagirá, salvo quando para beneficiar
o agente. Neste particular, a Lei 11.464/07, em relação ao crime de tortura, é gravosa,
porque estabeleceu requisito temporal mais severo.
60
Quais são os requisitos específicos do livramento condicional dos crimes
hediondos e da tortura? O cumprimento de 2/3 da pena e não ser o condenado
reincidente específico.
O que se entende como reincidente específico para esse fim? Para o fim
do livramento condicional, considera-se reincidente específico o reincidente em
qualquer crime hediondo ou assemelhado.
Pergunta de aluno.
Pergunta de aluno.
61
Resposta: são duas partes que dividem o
Pergunta de aluno.
Pergunta de aluno.
Vamos passar agora para a Lei dos Crimes Hediondos. Diz a doutrina, a
meu ver equivocadamente, que o legislador brasileiro infraconstitucional poderia ter
seguido um entre três critérios de definição dos crimes hediondos.
Outro critério seria o judicial, ou seja, seria tarefa do juiz caso a caso
definir o crime como hediondo. Teria o juiz que definir o fato no processo como
hediondo.
62
juiz não poderia se afastar do comando legal, mas poderia pegar o rótulo de hediondo
e aplicar a outros crimes além daqueles previstos na Lei.
Toda doutrina pensa assim. Agora, isso, penso eu, está errado. Por quê?
Porque o art. 5º, XLIII da CFRB/88 fala em crimes hediondos definidos em Lei. Basta
ler a Constituição.
Essa Lei 8.930 é chamada Lei Glória Peres que incluiu o homicídio no rol
dos crimes hediondos. Por incrível que pareça até então o homicídio não era
considerado crime hediondo. Somente a partir dessa Lei é que o homicídio foi incluído
no rol dos crimes hediondos.
63
Não caberá ao júri dizer se o crime é hediondo ou não. Caberá ao júri
dizer se o crime foi praticado em atividade típica de grupo de extermínio.
Mas não por quê? Porque, neste caso da figura híbrida, o privilégio que
tem natureza subjetiva se sobrepõe às qualificadoras de ordem objetiva.
O autor ??? diz que o Supremo decidiu que a disciplina dos crimes
hediondos se aplica à figura do homicídio qualificado privilegiado.
Art. 1º, II: latrocínio (art. 157, § 3o, in fine). Inciso incluído pela Lei nº
8.930, de 6.9.1994.
64
Mas o Código Penal de 1969 que foi revogado no período da vacatio
legis continha um artigo cuja rubrica falava em latrocínio que era o roubo seguido de
morte causada dolosamente pelo sujeito.
Pois bem, quando a Lei dos Crimes Hediondos entrou em vigor, surgiu
controvérsia na doutrina e na jurisprudência sobre o alcance da expressão latrocínio.
65
Entre, por exemplo, o estupro e o homicídio doloso; entre os maus tratos
e o homicídio doloso.
Mas há três crimes que não são propriamente praeter intencionais, não
são praeter dolosos. Há três crimes que são qualificados pelo resultado morte em que
a morte como resultado qualificador é punível tanto a título de dolo e de culpa.
Art. 1º, III: extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o). Inciso incluído
pela Lei nº 8.930, de 6.9.1994.
Art. 1º, IV: extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (art. 159,
caput, e §§ 1º, 2o e 3o). Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 6.9.1994.
66
A morte de terceira pessoa causada no percurso do crime da extorsão
mediante seqüestro é punível em concurso material.
Vamos ver o art. 9º da Lei dos Crimes Hediondos. O art. 9º prevê uma
causa especial de aumento de pena que se aplica, entre outros crimes, ao roubo
seguido de morte, à extorsão mediante seqüestro seguida de morte e a extorsão
seguida de morte.
Art. 1º, V: estupro (art. 213 e sua combinação com o art. 223, caput e
parágrafo único). Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 6.9.1994.
Art. 1º, VI: atentado violento ao pudor (art. 214 e sua combinação com o
art. 223, caput e parágrafo único). Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 6.9.1994.
67
Há quem entenda que somente o estupro e o atentado violento ao pudor
na forma qualificada pelas lesões de natureza grave ou morte da vítima se incluem no
rol dos crimes hediondos.
As formas simples não seriam crimes hediondos. Por quê? Porque aqui a
Lei fala em art. 213 e 214 e sua combinação.
O art. 224 pode ser tratado como uma espécie de norma de adequação
típica por subordinação indireta. Por quê? Porque o art. 224 define as hipóteses de
presunção de violência que passam a ser elementares do tipo incriminador.
68
STF e STJ decidiram que o estupro e o atentado violento ao pudor,
mesmos nas hipóteses de presunção de violência, devem ser tratados como crimes
hediondos.
69
Teria havido aqui a violação do princípio da proporcionalidade porque o
legislador prevê para o estupro uma pena mínima igual ao do homicídio simples. A
pena mínima do homicídio simples é de 6 anos. Isso violaria o princípio da
proporcionalidade. Mas ninguém reconhece isso.
Art. 1º, VII: epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o). Inciso incluído
pela Lei nº 8.930, de 6.9.1994.
Aqui, é importante saber que esse resultado morte que qualifica o crime
de epidemia é punido a título de culpa.
Pergunta de aluno.
Eu penso até que o mais correto é o concurso formal impróprio. São dois
desígnios. Dolo de genocídio e dolo de homicídio.
70
6ª aula – 18/06/2007
Vamos terminar de falar sobre a Lei dos Crimes Hediondos. Faltou falar,
se não me engano, do art. 8º. O art. 8º trata da pena cominada para o crime de
quadrilha ou bando direcionado à prática de crimes hediondos, tortura ou terrorismo.
71
Bom, a quadrilha é uma associação estável e permanente de, no mínimo,
quatro pessoas para a prática de um número indeterminado de crimes. A quadrilha ou
bando é crime plurisubjetivo. É, na linguagem da doutrina tradicional, crime de
concurso necessário. Tem que ter no mínimo quatro pessoas.
Mais a frente, nós vamos ver que a Lei 9.034/95, em uma omissão
lamentável, não define organização criminosa ou associação criminosa e nem toda
quadrilha ou bando é organização criminosa.
72
Então, três pessoas associadas de forma estável e permanente não
possibilitam o reconhecimento do crime de quadrilha, porque este pressupõe
associação mais ou menos estável e permanente entre, pelo menos, quatro pessoas.
A maioria entende que sim. Por quê? Porque o agente infiltrado viverá
sempre ou quase sempre na contingência de praticar crimes em conluio com os
demais membros da organização criminosa. Logo, o agente infiltrado deve ser
considerado como membro da quadrilha, sendo computado no número de integrantes
da quadrilha.
Pergunta de aluno.
Pergunta de aluno.
73
A questão é saber se esse policial infiltrado deve ou não ser computado
para o fim de reconhecimento do crime de quadrilha. A maioria entende que sim. Por
quê? Porque esse policial estará infiltrado em uma organização criminosa podendo,
em virtude disso, praticar crimes.
Vamos falar da recente Lei que vem gerando uma série de polêmicas
que é a Lei 11.464/07 que alterou a Lei dos Crimes Hediondos. Essa Lei entrou em
vigor no dia 29 de março.
Nós já falamos sobre isso, mas é importante repetir. A Lei dos Crimes
Hediondos proibia, em termos genéricos, a liberdade provisória com ou sem fiança.
Agora, com a nova redação do caput art. 2º, não há dúvida alguma: é
cabível a progressão do regime prisional. De acordo com o art. 2º, com a sua nova
redação, o cumprimento da pena se iniciará em regime fechado.
74
Quais são os requisitos temporais específicos para a progressão nos
crimes hediondos e assemelhados? O cumprimento de 2/5 da pena, se o condenado
for primário, e de 3/5, se for reincidente.
Pergunta de aluno.
75
Eu li em um artigo do Professor Renato ??? de São Paulo em que ele
sustenta uma posição intermediária, um pouco diferente, mas é uma posição que a
meu ver não condiz com a sistemática do direito penal. Eu não concordo com ele.
Esse autor faz o seguinte raciocínio que a mim não convém: até o dia
23.06.06, não havia possibilidade de progressão nesses crimes, porque para o
Supremo não havia inconstitucionalidade alguma no regime integralmente fechado.
Pergunta de aluno.
Pergunta de aluno.
76
Além disso, há outro requisito específico que é não ser o condenado
reincidente específico. Se o condenado for reincidente específico, não caberá o
livramento condicional, ainda que cumpridos 2/3 da pena.
Pergunta de aluno.
Pergunta de aluno.
77
Ou seja, neste caso, não será considerado erro judiciário, não gerará
direito à indenização a prisão provisória mantida anteriormente em virtude da vedação
da liberdade provisória. A liberdade provisória só será possível a partir dali.
Agora, é diferente da Lei que proíbe a liberdade provisória. Lei que venha
a proibir liberdade provisória só se aplicará aos crimes cometidos na sua vigência. Por
quê? Porque a proibição da liberdade provisória restringe o direito individual. Qual é o
direito individual cerceado? O da liberdade provisória.
Logo, não poderá ter aplicação imediata. Terá que ser respeitado o
princípio da irretroatividade da Lei gravosa. É o que a doutrina chama de norma
processual de conteúdo material ou norma processual imprópria.
78
Teoricamente, a associação ou organização criminosa pode ser
integrada por duas ou mais pessoas, no mínimo duas. Normalmente, essa Lei tem
aplicação no tocante a certas quadrilhas.
79
Aqui, não há controle algum, ninguém controla a atividade policial e a
inação da atividade policial.
Outro aspecto: a Lei não diz em relação à quais crimes é possível a ação
controlada e é obvio que a autoridade policial deve agir aqui com extrema cautela.
Parte dessas críticas foi absorvida pelo legislador da Lei 11343, nova Lei
Anti-Drogas. O art.53, II diz: a não-atuação policial sobre os portadores de drogas,
seus precursores químicos ou outros produtos utilizados em sua produção, que se
encontrem no território brasileiro, com a finalidade de identificar e responsabilizar
maior número de integrantes de operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da
ação penal cabível.
Eu digo em parte pelo seguinte: essa ação controlada, essa não atuação
policial desse dispositivo é uma espécie de ação controlada. Mas a ação controlada
aqui autoriza o retardamento da prisão em flagrante apenas dos portadores de drogas.
Pergunta de aluno.
80
Resposta: não fere o princípio da imparcialidade porque, no processo
penal brasileiro, não há um juiz que acompanhe a investigação e outro juiz que
processe e julgue ação penal.
Pergunta de aluno.
Bom, vamos ver agora o inciso III. Art. 2º, III da Lei 9.034: o acesso a
dados, documentos e informações fiscais, bancárias, financeiras e eleitorais.
Um ponto que tem que ser abordado com mais ênfase diz respeito à
obtenção desses dados cobertos pelo sigilo que pode ser quebrado por decisão
judicial. A obtenção desses dados pode ser feita por ação direta do juiz que, ao obter
diretamente o dado, por exemplo, da agência bancária, ficaria responsável pela
preservação do sigilo.
81
É o que diz o art. 3º da Lei: nas hipóteses do inciso III do art. 2º desta lei,
ocorrendo possibilidade de violação de sigilo preservado pela Constituição ou por lei, a
diligência será realizada pessoalmente pelo juiz, adotado o mais rigoroso segredo de
justiça.
Então, o juiz pode determinar a quebra do sigilo nesses casos, mas não
pode realizar diretamente e pessoalmente a diligência de obtenção desses dados.
Pergunta de aluno.
82
Quando se tratar de gravação de diálogo, gravação ambiental ou escuta
ambiental clandestina de diálogo de pessoas presentes, haverá a necessidade de
autorização prévia.
Pergunta de aluno.
83
É típica porque a autorização não é para a prática de crime, mas sim
para a infiltração. Agora, é óbvio que a infiltração vai gerar a prática de delitos.
Agora, de qualquer maneira, o sujeito não será punido. Ah, tem que ser
punido dependendo do crime praticado?! É o limite ético! Eu acho isso muito difícil!
Acho difícil falar em limite ético. O problema é que a Lei não fala de nada disso.
84
Então, a meu ver, esse art. 7º está tacitamente revogado. Não se justifica
mais a vedação da liberdade provisória da Lei de Combate ao Crime Organizado na
medida em que a Lei dos Crimes Hediondos a permite para delitos que o legislador
considera mais grave.
Art. 9º: o réu não poderá apelar em liberdade, nos crimes previstos nesta
Lei.
A prisão pode até ser mantida, se o réu estiver preso, ou pode ser
decretada como providência de natureza cautelar. Qual o motivo que pode justificar a
mantença ou a decretação da prisão do acusado quando da prolação da sentença
condenatória apelável? A garantia da ordem pública ou da ordem econômica e o
assegurar da Lei Penal.
A prisão pode ser mantida ou decretada, mas não pode ser exigida como
pressuposto recursal objetivo.
85
O pacto foi incorporado no direito brasileiro em 1992. A redação do art.
594 é de 1973, ou seja, o pacto é posterior ao Código.
Aí, essa questão vai ter que ser examinada no momento oportuno sobre
um outro prisma que é sobre o prisma da constitucionalidade. Essa questão está afeta
ao Plenário.
Para afastar o art. 9º, o Supremo tem que reconhecer que o duplo grau
está na Constituição. Eu penso que não dá para falar em sucessão de Lei no tempo.
Pergunta de aluno.
Aí, você tem que trabalhar com outros argumentos. Tem que dizer que o
duplo grau é uma disposição supralegal, está acima da Lei, mas abaixo da
Constituição ou que é uma disposição constitucional. Aí, você declara a
inconstitucionalidade do art. 9º.
7ª aula – 25/06/2007
86
Art. 10: os condenados por crimes decorrentes de organização criminosa
iniciarão o cumprimento da pena em regime fechado.
Hoje, não há mais essa contradição uma vez que a Lei 11.464/07 alterou
neste ponto a Lei 8.062/90.
87
Bom, então encerramos a Lei de Combate ao Crime Organizado. Vamos
falar hoje sobre a Lei da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, Lei
11.340/06. É a chamada Lei Maria da Penha.
Esse crime era punido com detenção de seis meses a um ano. A Lei
Maria da Penha comina agora para essa figura típica pena de três meses a três anos
de detenção.
A pena máxima era de um ano, passando agora para três anos. Qual foi
o intuito do legislador ao alterar a escala penal do crime do art. 129, parágrafo 9º?
Mas ainda, esse crime do art. 129, parágrafo 9º é uma forma qualificada
do crime de lesão corporal leve. A lesão aqui é de natureza leve. Mas qual é a
88
natureza jurídica da ação penal correspondente ao crime de lesão corporal leve? A
ação penal nesses casos é pública condicionada à representação da vítima.
Mas vamos voltar ao art. 41 que proíbe a aplicação da Lei 9.099/95 aos
crimes praticados com violência doméstica ou familiar contra mulher.
Vale dizer que acarreta a extinção da punibilidade. Isso está no art. 64,
parágrafo único da Lei 9.099/95.
89
Qual é a outra medida despenalizadora na seqüência? A transação
penal. É cabível nas contravenções penais e nos crimes em que a pena máxima
cominada não ultrapasse dois anos.
90
Se a Constituição no art. 98, I permite a transação penal nas infrações de
menor potencial ofensivo, não se pode proibi-la genericamente só porque o crime
tenha sido praticado com violência doméstica ou familiar contra a mulher.
Aí, surge uma questão importante a ser examinada. Uma das causas de
inafiançabilidade é a presença dos requisitos que autorizam a decretação da prisão
preventiva. Isso está no art. 324, IV do Código.
Art. 324, IV: não será, igualmente, concedida fiança quando presentes os
motivos que autorizam a decretação da prisão preventiva (art. 312).
91
Bom, neste ponto, a Lei da Violência Doméstica e Familiar contra a
Mulher também inovou. Por quê? Porque acrescentou um inciso ao art. 313 do Código
de Processo Penal. Foi acrescentado o inciso IV no art. 313 pelo art. 42 da Lei da
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher.
Que motivo é esse que novo autoriza a prisão preventiva nos crimes
praticados com violência doméstica ou familiar contra a mulher ainda que punido com
detenção? Assegurar a medida protetiva urgente.
92
Pode o delegado deixar de arbitrar a fiança sob esse fundamento? A
maioria entende que não. Por quê? Porque só pode examinar se estão presentes ou
não os requisitos que autorizam a prisão preventiva quem tem competência para
decretá-la. A competência para decretar a prisão preventiva é do juiz.
Mas não é o simples fato de o sujeito passivo do delito ser mulher que
enseja a proibição contida no art. 41. É preciso mais. É preciso que o crime tenha sido
praticado no âmbito da violência doméstica ou familiar.
Não é correto dizer, por exemplo, que a lesão corporal do art. 129,
quando praticado contra mulher, é crime de ação penal pública incondicionada. Será
ação penal pública incondicionada se for crime do art. 129, parágrafo 9º praticado no
âmbito doméstico ou familiar.
93
Outro aspecto importante relativo ao art. 41 diz respeito à aplicação
desse artigo no tempo. Essa vedação contida no art. 41 só se aplica aos crimes
praticados com violência doméstica ou familiar contra a mulher na vigência da Lei
11.340/06.
Essa vedação não alcança os crimes anteriores, porque a Lei penal não
retroage salvo quando para beneficiar o agente. A proibição aqui é evidentemente
gravosa.
94
Art. 33: enquanto não estruturados os Juizados de Violência Doméstica e
Familiar contra a Mulher, as varas criminais acumularão as competências cível e
criminal para conhecer e julgar as causas decorrentes da prática de violência
doméstica e familiar contra a mulher, observadas as previsões do Título IV desta Lei,
subsidiada pela legislação processual pertinente.
O art. 33, ao prever que a competência será exercida até a criação dos
juizados por vara criminal comum, viola o art. 125, parágrafo 1º da CFRB/88.
Bom, uma questão que também está gerando polêmica, mas que não
deve trazer maiores conseqüências é saber se, com a criação desses novos órgãos,
os processos em andamento nos Juizados da Violência Doméstica e Familiar contra a
Mulher e Especiais Criminais devem ser redistribuídos. Esses processos devem ser
redirecionados a esses novos órgãos?
Pergunta de aluno.
95
Bom, esses Juizados têm competência em matéria criminal e cível.
Agora, a competência cível é tão somente para decidir sobre medidas protetivas
urgentes.
96
Art. 22, II: afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a
ofendida.
Pergunta de aluno.
97
Art. 5º, parágrafo único: as relações pessoais enunciadas neste artigo
independem de orientação sexual.
Pergunta de aluno.
Pergunta de aluno.
Pergunta de aluno.
98
Se o homem não representar, somente haverá ação penal sobre o crime
em que foi vítima a mulher, porque a ação é pública incondicionada.
Pergunta de aluno.
Pergunta de aluno.
Há autores que sustentam a tese de que esses crimes não são mais
considerados infrações de menor potencial ofensivo. Por quê? Porque o art. 41 proíbe,
em relação a eles, a incidência da Lei 9.099.
Eu penso que uma coisa não tem nada a ver com a outra. Esses crimes
continuam sendo infrações de menor potencial ofensivo, porque o critério de definição
de infração de menor potencial ofensivo adotado pelo legislador é o da pena máxima
cominada.
O crime cuja pena máxima cominada não exceder dois anos é infração
de menor potencial ofensivo. Esses crimes, penso eu, continuam sendo infrações de
menor potencial ofensivo em relação aos quais o legislador não admite mais a
incidência da Lei 9.099.
Isso é possível? Eu tenho para mim que sim. Por quê? Porque a
Constituição permite a transação nas infrações de menor potencial ofensivo. Isso me
dá o caráter de excepcionalidade.
Essa discussão diz respeito apenas aos crimes cuja pena máxima não
exceda dois anos.
99
Pergunta de aluno.
Resposta: vamos ler então o art. 5º. Vamos trabalhar melhor esse artigo
que define o conceito de violência doméstica ou familiar contra a mulher.
Art. 5º: para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar
contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte,
lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: I - no
âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente
de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas.
Pergunta de aluno.
Resposta: vamos ver o seguinte caso. Dois crimes conexos. Um deles foi
praticado com violência doméstica ou familiar contra a mulher, mas o outro não foi.
100
Bom, qual é a natureza jurídica da violência doméstica ou familiar em
relação aos crimes de lesão corporal grave, gravíssima ou lesão corporal seguida de
morte? Não importa, nesses casos, se a violência é contra a mulher ou contra o
homem.
Vamos ver o parágrafo 10º do art. 129 do Código Penal: nos casos
previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9o
deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço).
Vamos ficar por aqui. Na próxima aula, vamos falar sobre os crimes do
Código de Trânsito.
8ª aula – 02/07/2007
Boa noite. Hoje, vamos falar sobre os crimes do Código de Trânsito, Lei
9.503/97. O Código de Trânsito, no que concerne à definição de crimes e cominação
de sanções, é Lei Penal especial que afasta a incidência das disposições penais
constantes no Código Penal.
101
291 inaugura as disposições penais e processuais penais do Código de Trânsito
Brasileiro.
Qual é a escala penal que a Lei prevê para o crime do art. 302 do Código
de Trânsito? Vamos ler o art. 302: praticar homicídio culposo na direção de veículo
102
automotor. Penas: detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se
obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
Por quê? Porque a pena mínima cominada para esse crime é de dois
anos de detenção. O pressuposto fundamental de cabimento da suspensão
condicional do processo é a pena cominada para o crime não exceder um ano.
Vamos ler o art. 16 do Código Penal: nos crimes cometidos sem violência
ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento
da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a
dois terços.
103
Qual será o quantum de diminuição da pena a ser considerada para o
efeito de verificação do cabimento da suspensão condicional do processo? A fração
máxima de diminuição, ou seja, dois terços.
Por quê? Porque se quer chegar à pena cominada para o delito. Isso
vale também para a tentativa que é outra causa obrigatória de diminuição de pena.
Mais ainda: esse crime do art. 302 é definido como tipo remetido. Notem
que o Código de Trânsito não descreve o que caracteriza o homicídio culposo. Isso
vale também para o crime do art. 303, lesão corporal culposa praticada na direção de
veículo automotor.
Aí, surge a seguinte questão: não há, nos tipos correspondentes dos
arts. 302 e 303, nenhuma referência à possibilidade de perdão judicial.
E mais: o art. 300 do Código de Trânsito que foi vetado pelo Presidente
da República tratava do perdão judicial nos crimes de trânsito. A primeira vista, pode
parecer, em virtude do veto presidencial, que não caiba a aplicação do perdão judicial
aos crimes de trânsito.
Mas essa primeira conclusão é logo desfeita. Basta ler as razões do veto.
O Presidente da República vetou esse artigo por considerar que o Código Penal trata
do perdão judicial de forma mais abrangente do que traria o art. 300.
104
Por quê? Porque não há, no Código Penal Militar, definição de homicídio
culposo praticado na direção de veículo automotor e o plus especializante está nesta
circunstância. O diferencial é esse.
105
Então, essa agravante do art. 298, III não se aplica aos crimes dos arts.
302 e 303. Em relação a esses tipos, a falta de habilitação serve como causa de
aumento de pena.
Parágrafo único do art. 304: incide nas penas previstas neste artigo o
condutor do veículo, ainda que a sua omissão seja suprida por terceiros ou que se
trate de vítima com morte instantânea ou com ferimentos leves.
106
Nesse ponto, é tranqüilo o entendimento de que a Lei contemplou aqui
uma hipótese de crime impossível por impropriedade absoluta do objeto. Não há como
prestar socorro a cadáver.
Por quê? Porque a Lei, nos tipos incriminadores desses delitos, não faz
qualquer referência a esse elemento modal. Vamos ler. por exemplo. o art. 306.
107
Art. 306: conduzir veículo automotor, na via pública, sob a influência de
álcool ou substância de efeitos análogos, expondo a dano potencial a incolumidade de
outrem.
Pergunta de aluno.
Bom, muito do que eu falei para o homicídio culposo vale, como estou
ressaltando, para a lesão corporal culposa praticada na direção de veículo automotor.
108
Art. 303, parágrafo único: aumenta-se a pena de um terço à metade, se
ocorrer qualquer das hipóteses do parágrafo único do artigo anterior.
Essa pena de dois anos aumentada da metade faz com que a sanção
penal seja elevada a um patamar de três anos de detenção. Isso exclui esse delito do
rol das infrações de menor potencial ofensivo, afastando, por conseguinte, a
competência do juizado especial criminal.
Mas ainda assim, será possível aplicar para esse crime, no juízo comum,
as medidas despenalizadoras da Lei 9.099/95? Em relação à exigência de
representação como condição de procedibilidade, não há dúvida alguma.
109
Agora, é fato comum haver concurso formal entre os crimes de homicídio
culposo e lesão corporal culposa na direção de veículo automotor.
Qual é a pena que a Lei comina para o crime do art. 304? Pena de seis
meses a um ano. A pena privativa não excede um ano. Trata-se de crime de menor
potencial ofensivo da competência do juizado especial criminal.
110
Vamos figurar uma hipótese: motorista envolvido no acidente que não
tenha contribuído culposamente para a sua ocorrência omite socorro à vítima. Esse
motorista estava conduzindo veículo automotor sem habilitação.
Pergunta de aluno.
Se for admitido como co-autor, o crime será o do art. 302 ou do art. 303
do Código de Trânsito. Para os que entendem ser possível a participação em crime
culposo, o crime também será o do Código de Trânsito.
Agora, há quem entenda que esse crime é crime próprio. Não haveria
nem co-autoria nem participação. O terceiro carona estaria realizando conduta típica
do Código Penal. Seria uma exceção à teoria monista.
Vamos voltar ao parágrafo único do art. 304: incide nas penas previstas
neste artigo o condutor do veículo, ainda que a sua omissão seja suprida por terceiros
ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com ferimentos leves.
111
Mas aqui é diferente. Aqui, a Lei ressalta que o omitente será punido
ainda que a sua omissão seja suprida pelo socorro de terceiros.
Vamos começar pelo art. 88 da Lei 9.099/95. Sobre o que dispõe o art.
88? Sobre a representação como condição de procedibilidade. É possível falar em
representação como condição de procedibilidade no crime de embriaguez ao volante?
Essa incidência não se aplica ao crime do art. 306. Por quê? Porque em
relação a esse crime não há vítima individualizada. A vítima é o corpo social.
112
Agora, se não há vítima determinada, também não se pode falar em
composição dos danos civis, porque o sujeito passivo é o corpo social. A coletividade é
uma abstração.
Não obstante isso, a Lei manda aplicar a esse crime o art. 76. A Lei
prevê a possibilidade de transação penal para o crime de embriaguez ao volante.
113
Há quem entenda – e o Supremo decidiu assim recentemente – que esse
crime não é de perigo. A embriaguez ao volante é um crime de lesão ao bem jurídico
que a Lei quer proteger. É crime de lesão e de mera conduta.
Como se comprova isso? Bom, essa prova deve ser feita através de
exames de alcoolemia que é o exame de dosagem de álcool no sangue ou pelo que se
convencionou chamar de teste do bafômetro.
114
A suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação
para dirigir veículo automotor pode ser imposta com fundamento neste Código como
pena (art. 292 e art. 293) ou como providência de natureza cautelar (art. 294).
Bom, sobre o art. 307, não tem muito assunto a falar. Vamos para o art.
308: participar, na direção de veículo automotor, em via pública, de corrida, disputa ou
competição automobilística não autorizada pela autoridade competente, desde que
resulte dano potencial à incolumidade pública ou privada.
Mas vamos voltar ao parágrafo único do art. 291 que manda aplicar a
esse crime a composição dos danos civis e a representação. Também aqui há a
mesma discussão da embriaguez ao volante.
115
Bom, e se o participante de competição não autorizada, nesse contexto
fático da disputa, praticar homicídio culposo ou lesão corporal culposa, qual é a
solução?
116
Vamos para o art. 309 que trata da falta de habilitação: dirigir veículo
automotor, em via pública, sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou,
ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano.
Bom, a contravenção do art. 32 foi revogada pelo art. 309. Sobre isso,
anotem a Súmula 720 do Supremo.
Pergunta de aluno.
Pergunta de aluno.
Resposta: com base no que dispõe o art. 310, é possível até eventuais
terceiros prejudicados processarem o estabelecimento comercial cujo manobrista
117
entregou o veículo a pessoa que não tinha condições de dirigir por estado de
embriaguez.
Só para finalizarmos: vamos ver o art. 297 que trata da multa reparatória.
A multa reparatória de que trata o art. 297 é arbitrada pelo juiz quando da
prolação da sentença condenatória. O valor da multa é revertido em benefício da
vítima ou de seus sucessores.
118
O juiz penal fixará, quando da sentença, o valor da multa reparatória que
será descontada do valor global da indenização devida à vítima ou seus sucessores.
Seria antecipação da responsabilidade civil.
Tem se entendido que o juiz penal não pode de ofício aplicar a multa
reparatória. A reparatória aplicada de ofício viola os princípios da ampla defesa e do
contraditório. É o que tem entendido a jurisprudência.
Pergunta de aluno.
Resposta: quando a placa está ilegível, é o mesmo que estar sem placa.
Agora, essa situação de burlar o sistema do radar é infração administrativa.
119
9ª aula – 09/07/2007
Art. 5º: considera-se autoridade, para os efeitos desta lei, quem exerce
cargo, emprego ou função pública, de natureza civil, ou militar, ainda que
transitoriamente e sem remuneração.
120
As pessoas a que se refere o parágrafo 1º do art. 327 do Código Penal
são consideradas funcionários públicos por equiparação. Essas pessoas não se
sujeitam a Lei de Abuso de Autoridade. Essas pessoas não são propriamente
autoridades. O conceito de autoridade está no art. 5º da Lei especial.
Por exemplo: policial de folga que realiza uma prisão ilegal invocando a
sua condição de policial ou o policial que atenta contra a incolumidade física de
alguém fora das funções invocando a sua condição funcional.
121
O STJ se baseia no argumento de que não há no Código Penal Militar
definição típica de abuso de autoridade.
122
Súmula 147 STJ: compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes
praticados contra funcionário público federal, quando relacionados com o exercício da
função.
123
Vamos ver o art. 1º da Lei 5.249/67: a falta de representação do
ofendido, nos casos de abusos previstos na Lei nº 4.898, de 9 de dezembro de 1965,
na obsta a iniciativa ou o curso de ação pública.
Mas aí, surge um outro problema. É uma questão ainda polêmica sobre a
Lei 4.898/65. A questão é saber se o abuso de autoridade pode ser tratado como
infração de menor potencial ofensivo.
Por quê? Porque a pena privativa da liberdade máxima que a Lei comina
para o abuso de autoridade é de seis meses de detenção.
Art. 6º, parágrafo 3º da Lei: a sanção penal será aplicada de acordo com
as regras dos artigos 42 a 56 do Código Penal e consistirá em: a) multa de cem a
cinco mil cruzeiros; b) detenção por dez dias a seis meses; c) perda do cargo e a
inabilitação para o exercício de qualquer outra função pública por prazo até três anos.
124
Ora, se o abuso de autoridade conta com um sistema punitivo especial,
ele não pode ser tratado como infração de menor potencial ofensivo. É inadmissível
transação penal para a perda do cargo ou inabilitação para o exercício de função
pública.
125
Notem bem: o crime de abuso de autoridade na modalidade do art. 3º
não admite tentativa, porque se trata de crime de atentado. É crime de mero
empreendimento.
Então, se a hipótese for de prisão, o crime será o do art. 4º, ‘a’. Agora, se
a autoridade policial detiver a pessoa, levando-a a delegacia, restringindo
temporariamente a sua liberdade de locomoção, o crime será o do art. 3º. ‘a’. Na
hipótese de prisão, notadamente se houver encarceramento, o crime será o do art. 4º,
‘a’.
Se não houver flagrante delito, esse atentado será tido como abuso de
autoridade.
Outros entendem que essa prisão que não seria propriamente uma
prisão, mas sim uma mera detenção do embriagado, é possível independentemente do
fato contravencional para proteger a própria pessoa até que passe o estado de
embriaguez.
Ainda examinando o art. 3º, ‘a’ e 4º, ‘a’ em conjunto: outro ponto que
merece destaque é a chamada prisão para averiguações. A prisão para averiguações
é ilegal. Se for realizada, sujeita o agente às penas do crime de abuso de autoridade,
ou seja, constitui abuso de autoridade a chamada prisão para averiguações.
126
Por quê? Porque, de acordo com o art. 5º, LXI da CFRB/88, ninguém
será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de
autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime
propriamente militar, definidos em Lei.
A Lei penal brasileira não prevê a prisão para averiguações. Logo, essa
prática constitui crime de abuso de autoridade.
Pergunta de aluno.
127
Vamos para o art. 3º, ‘b’: à inviolabilidade do domicílio. Qualquer
atentado contra a inviolabilidade do domicílio constitui abuso de autoridade. Anotem aí
o art. 5º, XI da CFRB/88 que garante a inviolabilidade do domicílio.
Primeira questão importante acerca do art. 3º, ‘b’: há entre o art. 3º. ‘b’ e
o art. 150, parágrafo 2º do Código Penal um conflito aparente. Esse conflito é resolvido
pelo princípio da especialidade.
Vamos ver outras questões importantes sobre o crime do art. 3º, ‘b’.
Primeira questão importante: busca domiciliar. A busca domiciliar, em regra, deve ser
precedida de autorização judicial. É o art. 5º, XI da CFRB/88.
128
Também é possível essa diligência sem que se possa falar em crime de
abuso de autoridade para a apreensão dos objetos utilizados na prática do crime. Fora
daí, o escritório do advogado é indevassável. Isso está no art. 7º, II da Lei 8.906/94.
Vamos para o art. 3º, ‘c’: ao sigilo da correspondência. Anotem o art. 5º,
XII da CFRB/88. Se esse crime fosse praticado por particular, a punição se daria com
base no Código Penal, art. 151 ou 152 do Código Penal. Em se tratando de
autoridade, o crime será o do art. 3º, ‘c’.
De acordo com a doutrina, a carta aberta até pode ser apreendida, mas a
carta fechada não pode. É inadmissível a busca domiciliar para esse fim. A busca aqui
configuraria abuso de autoridade.
129
Agora, na jurisprudência, prevalece o entendimento de que alínea ‘f’ está
em vigor e de que é possível a busca domiciliar para a apreensão de cartas. Busca
essa que deve ser precedida de autorização judicial.
Pois bem, esse direito pode ser restringido? Ou esse direito que a LEP
confere ao preso é absoluto? O Supremo já decidiu que é lícita a administração
penitenciária restringir esse direito de comunicação por cartas.
Agora, há quem entenda que a LEP, nesse ponto, não foi recepcionada
pela Constituição. Há quem entenda que, nesse caso, há crime de abuso de
autoridade. Mas é óbvio que não!
Vamos pular as alíneas seguintes e vamos para o art. 4º, ‘b’: constitui
também abuso de autoridade submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame
ou a constrangimento não autorizado em Lei.
130
Bom, agora, vamos voltar ao art. 3º, ‘i’: constitui abuso de autoridade
qualquer atentado à incolumidade física do indivíduo.
Vamos agora para o art. 4º, ‘c’: constitui também abuso de autoridade
deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente a prisão ou detenção de
qualquer pessoa.
Mas eu tenho para mim que essa situação mudou. Mudou com a Lei
11.449/07 que alterou a redação do art. 306 do Código de Processo Penal.
O art. 306 com a redação dada pela Lei 11.449/07 reproduz o disposto
no art. 5º, LXII da CFRB/88. Então, a prisão em flagrante será imediatamente
131
comunicada ao juiz competente. A falta da comunicação constitui crime de abuso de
autoridade.
Art. 4º, ‘e’: levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a
prestar fiança, permitida em Lei.
Também aqui é preciso haver o dolo de negar a fiança permitida pela Lei.
A Lei, nesse ponto, é letra morta, porque esse crime constituirá sempre o
crime mais grave de corrupção.
132
Art. 4º, ‘h’: o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural ou
jurídica, quando praticado com abuso ou desvio de poder ou sem competência legal.
Vamos ver agora o art. 3º, ‘j’: aos direitos e garantias legais assegurados
ao exercício profissional.
Essa é uma norma penal em branco. Por quê? Porque outras leis
regulamentarão o exercício da profissão ou da atividade. Aqui, entram em jogo as
prerrogativas do advogado que estão elencadas no art. 7º da Lei 8.906/94.
Vamos ver o art. 7º, III: são direitos do advogado: comunicar-se com
seus clientes, pessoal e reservadamente, mesmo sem procuração, quando estes se
acharem presos, detidos ou recolhidos em estabelecimentos civis ou militares, ainda
que considerados incomunicáveis.
Vamos ver agora o inciso XIV do art. 7º: examinar em qualquer repartição
policial, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de inquérito, findos ou em
andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar
apontamentos.
133
O advogado pode ser intimado para depor, sendo lhe lícito recusar-se a
prestar depoimento sobre fatos que lhe tenham sido confiados em razão da profissão.
Bom, na próxima aula, ainda vamos falar alguma coisa sobre o abuso de
autoridade, mas vamos começar a tratar do estatuto do desarmamento.
Boa noite. Hoje, vamos falar sobre a Lei 10.826/03. Quanto à Lei de
Abuso de Autoridade, vimos a questão das prerrogativas do advogado.
Agora, a parte processual dessa Lei, eu não vou examinar porque nós
vimos na aula passada que, de acordo com a jurisprudência, o abuso de autoridade
constitui infração de menor potencial ofensivo da competência do juizado especial
criminal, sujeitando-se, dessa forma, ao procedimento sumaríssimo da Lei 9.099/95.
134
Aliás, a proteção da segurança pública tem a finalidade de antecipar a
atuação do direito penal. Tem a finalidade de evitar que bens jurídicos sejam atingidos.
135
conduta. Por que são crimes de mera conduta? Porque são crimes desprovidos de
resultado naturalístico.
Vamos ver o art. 12: possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo,
acessório ou munição, de uso permitido, em desacordo com determinação legal ou
regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu
local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento
ou empresa: Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Vamos ver o art. 16: possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter
em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter,
empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de
uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou
regulamentar: Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
136
Art. 30: os possuidores e proprietários de armas de fogo não registradas
deverão, sob pena de responsabilidade penal, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias
após a publicação desta Lei, solicitar o seu registro apresentando nota fiscal de
compra ou a comprovação da origem lícita da posse, pelos meios de prova em direito
admitidos.
Bom, vamos ver o art. 12: possuir ou manter sob sua guarda arma de
fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em desacordo com determinação legal
ou regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu
local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento
ou empresa: pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
137
E quando se tratar de arma com defeito no sistema de disparo? É
considerado arma de fogo, constituindo os crimes dos arts. 12 ou 14. Esse raciocínio
vale tanto para as armas de uso permitido como para as armas de uso proibido.
Mas há quem entenda que o crime mais grave absorve o crime menos
grave. Isso é possível porque o bem jurídico que a Lei tutela em ambas as hipóteses é
a segurança coletiva. O fato de ser apreendida mais de uma arma de categorias
diferentes funcionaria como circunstância judicial, nessa hipótese, desfavorável ao réu.
138
estado em matéria penal. Essa conduta, dizem os adeptos dessa tese, não tem
potencialidade lesiva.
Aí, temos outro problema relacionado com esse tema: arma defeituosa
inapta a produzir disparos cuja posse ou porte é conduta atípica. Posse de arma inapta
e da respectiva munição configura conduta típica? Essa conduta se enquadra no art.
12?
Outra questão importante sobre o objeto material dos crimes dos arts. 12,
14 e 16: a apreensão e perícia da arma são indispensáveis? A arma tem que ser
apreendida e periciada para que se possam reconhecer os crimes do art. 12, 14 e 16?
139
O emprego da arma de brinquedo autoriza o aumento de pena previsto
no art. 157, parágrafo 2º do Código Penal? Arma de brinquedo é arma? Há duas
orientações sobre esse tema.
Bom, vamos falar sobre o porte ilegal de arma de fogo de uso restrito
como crime autônomo e os delitos perpetrados com a utilização da arma.
140
Aquele que tem medo de ser vítima de roubo ou seqüestro pode alegar
uma espécie de legítima defesa preventiva para portar ilegalmente arma de fogo? Não!
O reconhecimento da legítima defesa pressupõe a agressão atual e eminente.
Agora, há uma outra situação que tem que ser aferida casuisticamente e
que pode exculpar o porte ilegal de arma de fogo. É a inexigibilidade de conduta
diversa.
Vamos ver agora o art. 14: portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter
em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter,
empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso
permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
141
produto de crime. Então, eu penso que o crime é de receptação em concurso material
depois com o porte ilegal dessa arma.
142
A Constituição manda punir mais severamente os crimes praticados
contra criança e adolescente. Aqui, a Lei falhou.
Essa tese, entretanto, não tem tido colhida nos tribunais. Prevalece o
entendimento de que a tutela penal imediata se volta à segurança pública. Daí a
competência ser da justiça estadual.
Vamos mais a frente para depois voltar. Vamos para o art. 18. Há um
conflito aparente entre o tipo incriminador do art. 18 e o tipo incriminador do art. 334 do
Código Penal. É um conflito que se resolve pelo princípio da especialidade.
Nesse caso, não será o crime do art. 318 do Código Penal, mas sim o
art. 18 da Lei específica. Quando se tratar de favorecimento de contrabando de arma
de fogo, o crime será o da Lei especial.
Pergunta de aluno.
Agora, vamos ver outro aspecto importante que vem criando polêmica.
Vamos ver o art. 15: disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar
habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa
conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime: Pena – reclusão, de 2
(dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
143
O crime de disparo de arma de fogo só era punido como figura típica
autônoma se não constituísse o crime mais grave.
Bom, a Lei aqui inova dizendo que o disparo de arma de fogo será
punível como crime autônomo se essa conduta não tiver como finalidade a prática de
outro crime.
Então, veja bem: o sujeito faz disparos na via pública visando atingir e
matar um desafeto seu, consumando ou não o seu intento. O crime será o do art. 15
ou o do homicídio tentado ou consumado ou haverá concurso entre esses crimes?
Pergunta de aluno.
Pergunta de aluno.
144
sua posse ou que seja de sua propriedade: pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois)
anos, e multa.
145
11ª aula – 23/07/2007
Pergunta de aluno.
Resposta: não há conexão entre os fatos. São fatos distintos em que não
há nenhuma ligação entre si. Então, a hipótese aqui não é de unidade de processo e
julgamento. São dois procedimentos penais distintos.
Pergunta de aluno.
146
Resposta: aqui, o candidato teria que ressaltar que é impossível atribuir-
se a prática do art. 305 do Código de Trânsito, porque o sujeito ativo desse crime do
art. 305 é o motorista envolvido no acidente que não tenha contribuído culposamente
para a sua ocorrência.
Então, o Cornélio está incluído nas penas dos arts. 129, parágrafo 1º, I e
art. 129, parágrafo 9º na forma do art. 70, segunda parte, do Código Penal.
Isso ocorre, para o Polastri, nos crimes da Lei de Drogas e nos Crimes
contra a Propriedade Imaterial. Nesses casos, a própria instauração da ação penal
depende da comprovação prévia da materialidade do delito feita através de prova
pericial.
A Lei anterior previa a observância do rito nela disciplinado. Era o art. 28.
Mas mesmo havendo norma específica sobre o tema, era tranqüilo na jurisprudência
de que o rito teria que ser o ordinário. Tem que sempre ser o procedimento mais
amplo.
147
concessão da liberdade provisória. Essa liberdade provisória pressupõe a inocorrência
dos motivos que autorizam a prisão preventiva.
Mas a Lei dos Crimes Hediondos foi alterada depois da entrada em vigor
da nova Lei de Drogas. A alteração foi feita em 2007, posteriormente à nova Lei de
Drogas.
Bom, hoje, vamos falar sobre a Lei 9.099 e o Estatuto do Idoso, Lei
10.741/03. Desde logo, é importante frisar que não há mais controvérsia alguma sobre
o conceito de infração de menor potencial ofensivo.
148
Nesse caso, prevalecerá a prerrogativa de foro. A competência será da
justiça federal, não obstante a hipótese ser de contravenção penal.
Bom, vamos fazer agora o exame do Estatuto do Idoso. Vamos ver o art.
94: aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena máxima privativa de liberdade não
ultrapasse 4 (quatro) anos, aplica-se o procedimento previsto na Lei nº 9.099, de 26 de
setembro de 1995, e, subsidiariamente, no que couber, as disposições do Código
Penal e do Código de Processo Penal.
149
Duas orientações acerca desse tema se formaram. A primeira foi no
sentido de que o Estatuto prevê essa possibilidade, ou seja, prevê a possibilidade de
transação penal em relação aos crimes nele definidos cuja pena máxima cominada
não exceda quatro anos. O Estatuto do Idoso manda aplicar o procedimento
sumaríssimo da Lei 9.099/95.
150
É importante relembrar que a extinção da punibilidade decorre da
sentença homologatória do acordo civil e não do seu efetivo cumprimento. Vale dizer
que não pode o juiz condicionar a extinção da punibilidade ao cumprimento do acordo
civil.
Agora, por que essa discussão não tem relevância para os crimes do
Estatuto? Porque todos os crimes do Estatuto são crimes de ação penal pública
incondicionada.
151
todas as leis que estabelecem procedimento especial serão consideradas
inconstitucionais. Então, não há na verdade inconstitucionalidade alguma no art. 94.
Vamos ver o art. 95: os crimes definidos nesta Lei são de ação penal
pública incondicionada, não se lhes aplicando os arts. 181 e 182 do Código Penal.
152
Eu confesso que não consegui até hoje entender o art. 95! As escusas
absolutórias do art. 181 dizem respeito especificamente aos crimes contra o
patrimônio. O próprio Estatuto do Idoso acrescentou inciso ao art. 183 do Código
Penal. Vamos ver primeiro o art. 181 e depois o art. 183.
Art. 181: é isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos
neste título, em prejuízo: I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; II - de
ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou
natural.
Agora, vamos ver o art. 183, III que foi incluído pelo Estatuto do Idoso:
não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores: III - se o crime é praticado contra
pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.
Vamos ver outro aspecto importante do Estatuto. Vamos ver o art. 99:
expor a perigo a integridade e a saúde, física ou psíquica, do idoso, submetendo-o a
condições desumanas ou degradantes ou privando-o de alimentos e cuidados
indispensáveis, quando obrigado a fazê-lo, ou sujeitando-o a trabalho excessivo ou
inadequado: pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e multa.
153
A competência para processo e julgamento desses crimes nas formas
qualificadas é do juiz singular.
Outra hipótese interessante é o que trata o art. 102. Vamos ver o art.
102: apropriar-se de ou desviar bens, proventos, pensão ou qualquer outro rendimento
do idoso, dando-lhes aplicação diversa da de sua finalidade: pena – reclusão de 1
(um) a 4 (quatro) anos e multa.
Prevalece a Lei especial que prevê penas mais gravosas para o autor
desse comportamento.
Vamos tratar agora dos crimes ambientais. São crimes da Lei 9.605/98.
Primeira questão importante sobre essa Lei: a questão é saber se a pessoa jurídica
pode ser responsabilizada penalmente por fato dessa Lei.
154
A questão é saber se o direito penal brasileiro admite a responsabilidade
penal de pessoa jurídica. Essa questão passa necessariamente pelo exame do art.
225, parágrafo 3º da CFRB/88. Essa questão deve ser examinada pela ótica da
Constituição.
Vamos ver o art. 225 da CFRB/88: todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-
lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
Pergunta de aluno.
155
comporta através da pessoa jurídica são as pessoas físicas que a compõem. Essas
pessoas físicas sim é que podem ser punidas criminalmente.
Bom, essa tese, hoje, é minoritária. Tanto é minoritária que o STF e STJ
já admitiram a possibilidade de se imputar à pessoa jurídica a prática de crime
ambiental. Segundo essas decisões do STJ e STF, essa possibilidade está prevista na
própria Constituição. Estaria expressamente previsto no art. 225, parágrafo 3º.
Bom, tudo que diz respeito a esse tema é novo no nosso país e na
maioria dos países. Há uma questão importante, mas, ao que eu saiba, ainda não foi
enfrentada pelos tribunais. A questão é a seguinte: a pessoa jurídica é extinta no curso
do processo penal.
156
Aí, o processo penal pode continuar para que se imponha a essa nova
pessoa jurídica as sanções penais previstas na Lei.
Outra questão a ser vista: a prática de crime ambiental pode, sem dúvida
alguma, ser imputada tão somente à pessoa física. Nem sempre os crimes ambientais
são praticados por ou através de pessoas jurídicas. Muitas vezes, esses crimes são
praticados por pessoas físicas. A pessoa física pode ser submetida a processo penal
condenatório.
A resposta passa pela análise do art. 3º. Vamos ver o art. 3º: as pessoas
jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o
disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu
representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício
da sua entidade.
157
Mas o Supremo já decidiu (e pelo que eu saiba só há essa decisão) que
não. O Supremo já decidiu que, nesses casos, tem que haver a dupla imputação. A
denúncia tem que alcançar a pessoa física.
Pergunta de aluno.
158
É diferente da regra do art. 77 do Código Penal. O Código Penal trata de
crimes com pena até dois anos. A Lei Ambiental trata de crimes com pena até três
anos.
159
nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, somente poderá ser formulada desde que tenha
havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 da mesma lei,
salvo em caso de comprovada impossibilidade.
Bom, vamos ficar por aqui. Na próxima aula, vamos falar sobre a suspensão
condicional do processo e a competência.
Bom, vamos começar. Semana passada, não pude dar aula. Só que,
além da aula de hoje, vou ter que dar mais uma aula semana que vem.
160
O art. 28 trata especificamente da suspensão que é cabível naqueles
crimes em que a pena mínima cominada não excede um ano, ou seja, a suspensão
condicional do processo tem um raio de abrangência muito mais amplo do que a
transação penal.
Art. 28, II: na hipótese de o laudo de constatação comprovar não ter sido
completa a reparação, o prazo de suspensão do processo será prorrogado, até o
período máximo previsto no artigo referido no caput, acrescido de mais um ano, com
suspensão do prazo da prescrição.
161
Se a perícia, mais uma vez, constatar que, malgrado os esforços
despendidos pelo acusado, não foi inteiramente reparado o dano, poderá o juiz
prorrogar a suspensão até o prazo máximo previsto no inciso II, ou seja, prorrogar a
suspensão até o prazo máximo de um ano.
Isso está no inciso IV. Vamos ver o inciso IV do art. 28: findo o prazo de
prorrogação, proceder-se-á à lavratura de novo laudo de constatação de reparação do
dano ambiental, podendo, conforme seu resultado, ser novamente prorrogado o
período de suspensão, até o máximo previsto no inciso II deste artigo, observado o
disposto no inciso III.
Pergunta de aluno.
162
Bom, alguma pergunta sobre transação? Para encerrarmos esse
assunto, vamos falar sobre competência para o processo e julgamento dos crimes da
Lei 9.605/98.
Foi cancelada por quê? Foi cancelada porque a tutela do meio ambiente
é da competência da União, dos Estados e dos Municípios. Não cabe exclusivamente
à União proteger o meio ambiente.
163
Bom, vamos falar agora sobre os crimes contra a ordem tributária. São
crimes da Lei 8.137/90. Na vigência dessa Lei, não se deve, tecnicamente, falar em
crime de sonegação fiscal.
A antiga Lei que definia os crimes de sonegação fiscal foi revogada pela
Lei 8.137/90 que trata, neste ponto, dos crimes contra a ordem tributária, dos quais a
sonegação fiscal propriamente dita é uma das espécies.
Bom, qual é o bem jurídico que a Lei protege nos crimes contra a ordem
tributária? A própria ordem tributária. A Lei quer tutelar a arrecadação tributária do
estado. A tutela penal está voltada, portanto, ao fisco, à Fazenda, ao erário.
164
Já os crimes do art. 3º são crimes funcionais. São crimes praticados por
funcionários públicos contra a ordem tributária. O sujeito ativo dos crimes do art. 3º é o
funcionário público, cujo conceito, para fins penais, está no art. 307 do Código Penal.
Pergunta de aluno.
Por quê? Porque o juiz pode, a vista do inquérito policial, verificar desde
logo que há justa causa para o recebimento da denúncia.
Agora, detalhe, apenas o crime do art. 3º, III que comporta fiança. Os
outros têm pena mínima de três anos.
165
Bom, em relação aos crimes dos arts. 1º e 2º, há controvérsia doutrinária
e jurisprudencial acerca do aspecto formal da denúncia. Essa controvérsia diz respeito
aos chamados crimes societários. São crimes societários porque praticados no
ambiente de pessoas jurídicas.
166
Bom, a segunda orientação que conta com o apoio do STJ e de
doutrinadores como o Luiz Flávio Gomes, Paulo José da Costa Souza, ??? e que
inclusive, penso eu, é a orientação que o Supremo passará a adotar é a seguinte: é
formalmente inepta a denúncia que não descrever a participação dos acusados no
cometimento do crime contra a ordem tributária.
Diz a doutrina, com apoio de parte da jurisprudência, que para evitar que
isso ocorra, o oferecimento da denúncia deve ser precedido de inquérito policial.
Bom, vamos ver os crimes do art. 1º e do art. 2º. Quanto aos crimes do
art. 1º, depois de muita discussão, a jurisprudência do STF firmou o seguinte
entendimento.
Bom, vamos ler o art. 1º: constitui crime contra a ordem tributária suprimir
ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes
condutas.
167
Bom, vamos ver a questão mais polêmica acerca do crime do art. 1º: qual
é a natureza jurídica do exaurimento da via administrativa? Qual é a natureza jurídica
da conclusão do processo administrativo fiscal em relação ao crime do art. 1º da Lei
8.137?
168
Não há justa causa para a instauração de inquérito policial ou de
processo penal condenatório enquanto pendente de julgamento o recurso na via
administrativa, ou seja, enquanto não houver o exaurimento do processo
administrativo fiscal.
Por quê? Porque ainda não há crime contra a ordem tributária a ser
apurado. Ainda não se pode falar propriamente em crime contra a ordem tributária.
Aos que seguem essa linha de raciocínio, essa orientação sempre foi
minoritária. Sempre prevaleceu o entendimento de que a impugnação do tributo em
sede administrativa é uma questão prejudicial, cabendo ao juiz suspender o processo
penal até que haja, na esfera administrativa, uma solução.
169
Então, seria uma questão prejudicial devolutiva facultativa. Seria uma
questão prejudicial nos temos do art. 93 do Código de Processo Penal.
De acordo com essa outra orientação, a ação penal pode ser instaurada
independentemente da conclusão do processo administrativo fiscal. No entanto, este
fica suspenso até que essa condição prejudicial seja decidida no âmbito da
administração. A suspensão do processo acarreta a suspensão da prescrição. São os
arts. 93 do Código de Processo Penal e art. 116 do Código Penal. Agora, essa
orientação está ultrapassada.
Vamos falar agora sobre os crimes do art. 2º. São crimes formais, de
consumação antecipada e que se enquadram no conceito de infração de menor
potencial ofensivo.
170
Vale dizer que, nesta hipótese, a ação penal deve ser trancada (ou
extinta sem julgamento do mérito) tanto em relação ao crime contra a ordem tributária
como no tocante ao crime de quadrilha. Mas isso, desde que a quadrilha tenha a
finalidade de praticar crimes contra a ordem tributária.
Se a sociedade for lícita, não se pode cogitar que isso caracterize crime
de quadrilha. A quadrilha é associação, no mínimo, de quatro pessoas com o fim de
praticar crimes. E aqui a associação não está voltada para a prática de crimes, mas
sim fins lícitos.
171
Por quê? Porque a potencialidade lesiva do falso se esgota na prática do
crime contra a ordem tributária. É o enunciado da Súmula 17 do STJ: quando o falso
se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido.
Pergunta de aluno.
172
O MP depende, nesses casos dos crimes do art. 1º, da conclusão do
processo administrativo para denunciar, mas poderá fazê-lo independentemente da
representação fiscal.
Essa representação fiscal é uma noticia criminis que funciona como peça
de informação. Geralmente, nos crimes contra a ordem tributária, o MP dispensa o
inquérito e oferece denúncia com base na representação fiscal.
173
É o que diz o art. 34 da Lei 9.249/95. O pagamento do tributo e
acessórios antes do recebimento da denúncia funciona como causa de extinção da
punibilidade.
Havia até quem admitisse sem base na Lei a suspensão do processo até
o cumprimento do acordo, ou seja, até o pagamento integral do valor parcelado.
O direito penal tributário vinha sendo utilizado desde então como um dos
principais instrumentos de arrecadação do estado. Era a arrecadação sob a ameaça
da sanção penal. Se o sujeito pagasse até o recebimento da denúncia, segundo art.
34, extinguia-se a punibilidade.
174
parcelamento de débitos junto à Secretaria da Receita Federal, à Procuradoria-Geral
da Fazenda Nacional e ao Instituto Nacional do Seguro Social e dá outras
providências.
175
Eu particularmente penso que não. Eu penso que a Lei limita ao trânsito
em julgado da condenação. Mas como a Lei não estabelece um marco final, há quem
sustente essa possibilidade mesmo quando o pagamento do tributo ocorrer após o
trânsito em julgado da condenação.
176
Se houver parcelamento no âmbito do estado ou município, ficará
suspensa por analogia (pelo princípio da isonomia) a pretensão punitiva do estado, ou
seja, não haverá nem inquérito nem processo. Se o parcelamento for obtido durante o
processo, ficarão suspensos o processo e a prescrição. Feito o pagamento integral,
estará extinta a punibilidade.
Pergunta de aluno.
Resposta: o art. 9º diz respeito aos tributos arrecadados pela União, não
alcançando os tributos estaduais e municipais. Mas estados e municípios – e essa é
uma regra geral do Código Tributário, art. 156 salvo engano – podem parcelar o
pagamento dos seus débitos.
Não deve haver inquérito nem ação penal, se o parcelamento for feito
antes do inquérito ou da ação penal. Se o parcelamento for obtido no curso da ação
penal, ficam suspensos o processo e a prescrição.
Por isso que o direito penal tributário é uma forma de cobrança de tributo.
Descaracterizou-se por completo o direito penal. Não tem finalidade punitiva, mas sim
de arrecadação.
177
Esse princípio pode ser aplicado quando se tratar de crime contra a
ordem tributária? A doutrina, sem exceção, admite essa possibilidade. A doutrina e
jurisprudência admitem essa possibilidade. Têm como parâmetro o desinteresse do
estado manifesto legitimamente através de leis e de atos normativos acerca da
cobrança do crédito tributário.
Agora, a Lei não diz isso! Vamos ver o art. 168-A, parágrafo 3º, II do
Código Penal que trata do perdão judicial: é facultado ao juiz deixar de aplicar a pena
ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde
que: II - o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior
àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o
mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.
178
administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções
fiscais.
179
O livro é considerado meio de informação para o efeito de aplicação da
Lei de Imprensa? Não, porque nele não há a característica da periodicidade.
180
Outro aspecto importante em relação a um eventual conflito entre normas
penais incriminadoras envolvendo a Lei de Imprensa: crime contra a honra praticado
por intermédio da imprensa que ??? um dos oficiais da Marinha, do Exército ou da
Aeronáutica. Então, crime contra a honra praticado através da imprensa por militar em
atividade contra militar em atividade.
Bom, a pessoa jurídica pode ser sujeito passivo dos crimes contra a
honra da Lei de Imprensa? Em termos gerais, a pessoa jurídica pode figurar como
sujeito passivo de crime contra a honra?
Pode pessoa jurídica ser sujeito passivo do crime de calúnia? Não, salvo
quando se tratar de imputação de prática de crime ambiental já que é possível cogitar,
como vimos em aulas passadas, da responsabilidade penal da pessoa jurídica nos
crimes da Lei Ambiental, Lei 9.605/98.
181
Vamos ver o art. 23, III da Lei: as penas cominadas dos arts. 20 a 22
aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido: III- contra órgão ou
autoridade que exerça função de autoridade pública.
Onde está autoridade, leia-se entidade. Há quem entenda que, por conta
dessa causa especial de aumento de pena, a pessoa jurídica possa figurar como
sujeito passivo tanto da difamação como da calúnia e da injúria nos crimes da Lei de
Imprensa.
182
Mas é possível, em relação à calúnia, cuja pena mínima cominada é de
três meses, a suspensão condicional do processo.
Bom, vamos falar do sujeito ativo nos crimes de imprensa. Tem mais
incidência prática no tocante aos crimes contra a honra. Bom, em relação à figura do
sujeito ativo, a Lei de Imprensa adotou, no que concerne à responsabilidade penal, o
que a doutrina chama de responsabilidade penal sucessiva ou por cascata de que
tratam os arts. 28 e 37.
183
No entanto, o próprio STF, mesmo na vigência da Constituição de 1988,
já decidiu em mais de uma oportunidade que o sistema da responsabilidade penal
sucessiva não viola nem a Constituição nem o Código Penal, ou seja, não viola o
princípio da dignidade da pessoa humana nem ofende o art. 19 do Código Penal.
Pergunta de aluno.
Tem que haver, dentro dessa perspectiva, a prova do dolo. Mas não é o
que a jurisprudência consagra já que considera a presunção absoluta. Mas por que
tem haver prova do dolo? Porque não há punição deste comportamento a título de
culpa.
Então, teria que haver prova do dolo para que essas pessoas elencadas
nos arts. 28 e 37 possam ser punidas por crime praticado através da imprensa.
184
Resposta: faz nessa ordem. A responsabilidade de um exclui o outro. Por
isso, se fala em responsabilidade em cascata.
Pergunta de aluno.
Pergunta de aluno.
Pergunta de aluno.
Há quem sustente uma tese mais moderna que seria compatível com o
princípio da culpabilidade de que a presunção aqui é relativa. Essas pessoas, quando
formalmente acusadas da prática de delitos, teriam a oportunidade de demonstrar que
não agiram dolosamente.
Pergunta de aluno.
Pergunta de aluno.
185
Bom, então esse é o sistema da Lei: responsabilidade penal sucessiva
que não se confunde com a responsabilidade penal solidária, ou seja, o ofendido ou
MP, ao oferecer denúncia ou queixa, tem que respeitar essa ordem de responsáveis
sobre o aspecto penal. O ofendido e o MP não podem ao seu critério escolher a figura
do acusado.
Bom, aí, vem uma outra questão importante: qual é o prazo, nos crimes
contra a honra na Lei de Imprensa, para o exercício do direito de queixa e
representação? Qual é a natureza jurídica desse prazo sobre um duplo aspecto: 1- o
prazo é penal ou processual? 2- o prazo é decadencial ou prescricional?
186
prescricional? Apesar de haver vozes em sentido contrário, prevalece o entendimento
de que o prazo é decadencial. Onde está escrito prescreverá leia-se “decairá”.
187
for pessoa que goze de foro por prerrogativa de função, caberá ao respectivo Tribunal
processar o pedido de retificações.
Bom, diz aqui o art. 25, parágrafo 1º que se, neste prazo, o notificado não
der explicação, ou, a critério do juiz, essas não forem satisfatórias, responderá pela
ofensa.
188
Não há dúvida alguma, o juiz a que se refere o parágrafo 1º é o juiz da
ação penal. Ele decidirá se as explicações são satisfatórias quando do recebimento da
denúncia ou queixa, ou seja, no juízo de admissibilidade da ação penal.
Dentro de que prazo esse pedido deverá ser feito? Qual a conseqüência
da sua inobservância? Esse pedido deve ser feito dentro do prazo de sessenta dias a
contar da data da publicação ou transmissão sob pena de decadência do direito de
resposta. Está no parágrafo 2º do art. 29.
189
Art. 32: se o pedido de resposta ou retificação não for atendido nos
prazos referidos no art. 31, o ofendido poderá reclamar judicialmente a sua publicação
ou transmissão.
Aí, surge uma outra questão: dentro de que prazo o interessado poderá
formular esse pedido judicial de direito de resposta? A Lei estabelece prazo
decadencial ou prescricional para o ofendido reclamar judicialmente os seus direitos?
Não, mas no silêncio da Lei, diz a doutrina e assim decide a jurisprudência, inclusive o
Supremo, deve se aplicar, por analogia, o prazo de sessenta dias a contar do
esgotamento dos prazos do art. 31.
Aí, alguns falam: sessenta dias sob pena de decadência. Outros falam:
sob pena de prescrição. Mas seguramente tem que se aferir esse prazo. Tem que
haver um prazo para o ofendido, se quiser, pedir o direito de resposta.
Pergunta de aluno.
Vamos ver o art. 41: a prescrição da ação penal, nos crimes definidos
nesta Lei, ocorrerá 2 (dois) anos após a data da publicação ou transmissão
incriminada, e a condenação, no dobro do prazo em que for fixada.
190
Não se à Lei de Imprensa a Súmula 146 do Supremo. Não se aplica aos
crimes de imprensa o disposto no art. 110, se não me engano, parágrafo 2º do Código
Penal. Não há prescrição retroativa.
Pergunta de aluno.
191
Na ação pena de iniciativa privada, a Lei não prevê a nulidade do
processo em decorrência da falta da intervenção do MP. A falta da intervenção do MP
é considerada mera irregularidade.
Esse art. 42, aqui no Rio de Janeiro, tem tido remota discussão que
passou a ocorrer com a transferência para Duque de Caxias das oficias do jornal O
Globo.
192
Art. 260 do Código de Processo Penal: se o acusado não atender à
intimação para o interrogatório, reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele,
não possa ser realizado, a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença.
Bom, mas esse sistema do Código não se aplica aos crimes da Lei de
Imprensa. Em relação aos crimes da Lei de Imprensa, somente haverá interrogatório a
pedido o réu. O réu somente será submetido a interrogatório se o requerer.
Art. 45, III: poderá o réu requerer ao juiz que seja interrogado, devendo,
nesse caso, ser ele ouvido antes de inquiridas as testemunhas.
Pergunta de aluno.
Resposta: a Lei não diz qual é o prazo prescricional da multa. Mas isso
só vai ter efeito no art. 16. Só há duas hipóteses em que a multa pode ser aplicada
isoladamente: art. 16 e injúria. Na injúria, não tem efeito porque a pena máxima é de
um ano. O prazo da multa seria de dois anos. É o prazo de prescrição do Código
Penal.
Pergunta de aluno.
193
Esse ponto está na maioria dos concursos em processo penal na
aplicação das medidas sócio educativas a ato infracional e em direito de ???.
194
Mas prevalece o entendimento – e há projeto de leis tramitando no
Congresso que certamente receberão parecer favorável das comissões de constituição
e justiça tanto da Câmara como do Senado – prevalece o entendimento de que essa
disposição pode ser alterada por emenda à Constituição. Não se trata de uma cláusula
pétrea. Isso não é direito fundamental do indivíduo.
Bom, vamos passar para o art. 161. Nos casos de apuração de ato
infracional praticado por adolescente, qual o procedimento judicial adequado para a
investigação? Pode haver, nesses casos, inquérito policial? Não. Ao invés de instaurar
inquérito, a autoridade policial instaurará um auto de investigação de ato infracional.
195
delegado de polícia – substituir o auto de apreensão por boletim de ocorrência
circunstanciado. É um termo de ocorrência circunstância.
Pergunta de aluno.
Pergunta de aluno.
Pergunta de aluno.
196
O importante é saber que a própria autoridade policial poderá liberar o
adolescente mediante termo de compromisso firmado pelo adolescente e
responsabilidade assinado pelos pais ou responsável. É o art. 174. Salvo quando a
gravidade do ato justificar a internação.
Pergunta de aluno.
197
Vale dizer: cabe ao MP promovê-la independentemente da manifestação
de vontade de quem quer que seja.
Por isso, essa representação tem que ser formalmente apta, tem que ser
formalmente perfeita, sob pena de o juiz rejeitá-la de plano. A representação poderá
ser oferecida oralmente, devendo, nesse caso, ser reduzida a termo.
198
O juiz, ao designar dia e hora para audiência de apresentação, decidirá
fundamentadamente sobre a mantença ou decretação da internação do adolescente.
Isso está no art. 184.
199
Art. 188: a remissão, como forma de extinção ou suspensão do processo,
poderá ser aplicada em qualquer fase do procedimento, antes da sentença.
Essa remissão de que trata o art. 188 é concedida pelo juiz como forma
de extinção ou suspensão do processo. Ao conceder a remissão, o juiz poderá aplicar
ao adolescente medida sócio-educativa. A remissão é uma espécie de perdão.
200
Mas depois de ouvir informalmente o adolescente, ao invés de oferecer
representação, o MP pode conceder-lhe remissão como forma de exclusão do
processo. É a remissão de que trata o art. 180, II.
Essa remissão, quando concedida pelo MP, produz desde logo efeitos
ou se sujeita à homologação judicial? Essa remissão se sujeita ao controle judicial. Ela
se sujeita à homologação judicial na forma prevista no art. 181.
201
Público para apresentá-la, ou ratificará o arquivamento ou a remissão, que só então
estará a autoridade judiciária obrigada a homologar.
Vale dizer que a palavra final sobre a remissão concedida pelo MP,
havendo discordância por parte do juiz, é do MP, é do Procurador Geral de Justiça que
preserva a estrutura acusatória deste procedimento.
Bom, mas aí surge o seguinte problema: diz o art. 126 a quem compete
conceder a remissão. Vamos ler o art. 126: antes de iniciado o procedimento judicial
para apuração de ato infracional, o representante do Ministério Público poderá
conceder a remissão, como forma de exclusão do processo, atendendo às
circunstâncias e conseqüências do fato, ao contexto social, bem como à personalidade
do adolescente e sua maior ou menor participação no ato infracional.
Aqui, está a questão talvez até hoje ainda mais polêmica do Estatuto da
Criança e do Adolescente. Pode o MP, ao conceder a remissão, nela fazer incluir
medidas sócio-educativas?
A Lei prevê essa possibilidade. Está expresso nos arts. 126 e 127. A
remissão pode incluir mesmo quando concedida pelo MP. O art. 127 segue o art. 126
que trata da remissão concedida pelo MP, podendo incluir medidas sócio-educativas.
E aí, tem que diga: mas, nesse caso, a remissão é homologada pelo juiz!
A remissão é homologada pelo juiz, mas não tem o adolescente nesse caso como se
defender da imputação. A medida sócio-educativa é imposta sem o devido processo.
202
Então, mesmo havendo homologação judicial, mesmo não havendo
discordância por parte do juiz, a imposição da medida sócio-educativa quando da
remissão retira do adolescente o direito de defesa. E mais: se houver discordância por
parte do juiz, quem dirá a palavra final sobre a remissão será o próprio MP, será o
Procurador Geral de Justiça.
Pergunta de aluno.
203
jurisprudência tranqüila, as medidas despenalizadoras da Lei 9.099/95 como transação
penal, suspensão condicional do processo, acordo civil como causa de extinção da
punibilidade são inaplicáveis aos atos infracionais praticados por adolescente.
Pergunta de aluno.
Resposta: não, porque essa remissão não é vista, não é admitida, sequer
para que haja imposição de medida sócio-educativa, como transação. A remissão é
ato do MP do qual não participa o adolescente. Participa o juiz que exerce o controle
da oportunidade e da conveniência da remissão. Participa o juiz, em um primeiro
momento, mas não o adolescente.
Pergunta de aluno.
204
Código Civil que estabelece a maioridade a partir dos 18 anos. Art. 5º do Código Civil
em vigor.
205
Se a pessoa permanecer internado após completar 21 anos com medida
sócio-educativa imposta pela prática de ato infracional, haverá constrangimento ilegal
sanado pelo habeas corpus. Haverá constrangimento ilegal sanado pelo habeas
corpus sem prejuízo da apuração de crime próprio do Estatuto.
Pergunta de aluno.
A tese mais liberal diz que “no que couber” é no que couber, salvo
quanto ao tempo de duração. O tempo máximo de duração seria até os dezoito anos.
Pergunta de aluno.
206
Resposta: cabe até os dezoito anos. Ao completar os 18 anos, o sujeito
estaria isento da ??? do Juízo da Infância e Juventude. Com 18 anos haveria extinção
automática da medida sócio-educativa.
Pergunta de aluno.
Pergunta de aluno.
Resposta: não tem prescrição. Até 18 anos, pode ????. Essas duas
podem ser aplicadas e executadas até completar 21 anos. A prescrição, na verdade, é
a maioridade. Completando 18 anos, não estará mais sob a jurisdição do Juízo da
Infância e Juventude, salvo no tocante à medida de semiliberdade e internação que
podem ser aplicadas até os 21 anos.
Pergunta de aluno.
Pergunta de aluno.
Resposta: posso até ver, mas reduzir pela metade é na prescrição penal.
Pergunta de aluno.
207
Resposta: bom, o STJ mudou a composição, vou ver. Agora, como é que
você vai aplicar a prescrição penal em medida sócio-educativa? Resposta de aluno.
Pergunta de aluno.
Pergunta de aluno.
Pergunta de aluno.
Pergunta de aluno.
Pergunta de aluno.
Resposta: é, mas aí é aquilo que eu falei antes. Só pode ser. Mas aí não
tem nada a ver com a prescrição penal. Aí, o prazo é aos 18 anos. Aí, é o que eu falei:
essas medidas prescrevem aos 18 anos.
Eu posso marcar uma aula só para isso! O que a súmula diz é que as
medidas sócio-educativas estão sujeitas à prescrição. Não é a prescrição penal, é a
prescrição, vamos dizer, da pretensão do Estado em impor a medida sócio-educativa
que não é pretensão punitiva. É uma prescrição sócio-retributiva. Até aí, tudo bem. Ela
se dá aos 18 anos.
208
O que a Súmula diz, acredito eu, é que não. É que essas condutas têm
que ser apuradas até ele completar 18 anos. Agora, se for aplicar a tabela da ???, não
tem como aplicar nenhuma medida.
Pergunta de aluno.
Pergunta de aluno.
Entendeu? Ela tem que ser aplicada até os 18 anos. Aí, vem esse
raciocínio: se ele comete o ato infracional na véspera de completar 18 anos, não
sofrerá imposição de medida.
Agora, sobre essa Súmula, vou ver isso melhor, porque me interessa
muito. Agora, o entendimento do STJ ????, porque conduz a situações anormais e
absurdas que é o sujeito permanecer absolutamente impune em virtude do tempo da
prática do ato infracional.
Por quê? Porque essas medidas só vão até os 21 anos. Entre 18 e 21, o
processo poderia ser instaurado para ????. Agora, não é trazer para as medidas
sócio-educativas os prazos de prescrição do Código Penal.
Pergunta de aluno.
209
Eu confesso que eu nem vi essa Súmula e olha que eu revi a matéria.
Como está na Súmula, ao que me parece, a medida tem que ser aplicada até os 18
anos sob pena de prescrição.
É que ela diz que a prescrição penal incide nas medidas sócio-
educativas. Mas não é a prescrição penal, é a prescrição da medida sócio-educativa.
Pergunta de aluno.
Agora, aqui, não. Aqui, você não aplica o prazo prescricional do Código
Penal. Aqui, você aplica a prescrição. Quando? Aos 18 anos. É outra coisa.
Você não tem que levar em conta a data na sentença. Você leva em
conta a idade dele ao tempo da prática do ato. Se não, o sujeito que cometer o ato
com 16 ou 17 anos, ou seja, próximo dos 18 anos, permanecerá impune.
Pergunta de aluno.
Pergunta de aluno.
Pergunta de aluno.
210
Estão sujeitos à Lei de Licitações, neste ponto, no que concerne ao
contrato administrativo, a administração direta e indireta. Tanto a administração direta
quanto à administração indireta se sujeitam (art. 2º) à disciplina da Lei 8.666/93. Estão
incluídas as empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações.
Art. 89: dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei,
ou deixar de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade.
211
inexigibilidade da licitação. Na ausência de competidores, não há como se exigir
licitação.
Bom, qual é o bem jurídico que a Lei tutela nos tipo incriminador do art.
89? O bem jurídico é a administração pública. Esse crime atinge os interesses da
administração pública. É crime, portanto, contra a administração pública na vertente da
moralidade e probidade dos atos administrativos.
Por quê? Porque esse crime do art. 89 se consuma ainda que não haja
efetivo prejuízo para a administração pública, ainda que da celebração do contrato
com dispensa ou inexigibilidade indevida de licitação não resulte prejuízo patrimonial
para a administração pública.
212
Agora, o particular pode concorrer para a prática desse crime do art. 89
que é crime funcional? Pode concorrer para a prática desse crime.
Então, o particular pode ser apontado como partícipe do crime do art. 89.
Mas ele, particular, pode ser sujeito ativo de um crime autônomo. Na verdade, é esse
mesmo crime na modalidade prevista parágrafo único do art. 89.
Vamos ver o caput do art. 89: dispensar ou inexigir licitação fora das
hipóteses previstas em lei, ou deixar de observar as formalidades pertinentes à
dispensa ou à inexigibilidade: pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa.
Parágrafo único do art. 89: na mesma pena incorre aquele que, tendo
comprovadamente concorrido para a consumação da ilegalidade, beneficiou-se da
dispensa ou inexigibilidade ilegal, para celebrar contrato com o Poder Público.
Vamos ver o art. 89: dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses
previstas em lei, ou deixar de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à
inexigibilidade.
213
Essas formalidades estão previstas, se não me engano, no art. 26.
Vejam bem: o crime aí se consuma pela simples inobservância das formalidades
atinentes à dispensa ou inexigibilidade da licitação.
Pergunta de aluno.
Mas vamos chegar a um ponto mais específico do crime do art. 89. Uma
das formalidades da dispensa ou inexigibilidade é o parecer jurídico.
Pergunta de aluno.
214
Resposta: é crime próprio, ??? mão própria. O crime de mão própria é o
crime de atuação pessoal. O crime nas modalidades de dispensar ou inexigir licitação
é de mão própria. O ordenador de despesa tem o poder de dispensar ou inexigir o
procedimento licitatório.
Agora, isso não impede que o particular seja apontado como partícipe do
delito. Não pode como co-autor porque ele não pode executar o ato formal de
dispensa ou inexigibilidade da licitação. Mas ele pode configurar como partícipe.
Bom, alguma pergunta sobre o crime do art. 89? Ele é o crime mais
grave. Pena de detenção de três a cinco anos e multa. Vale dizer que o crime do art.
89 não admite nenhuma das medidas despenalizadoras da Lei 9.099.
Aí, você tem que levar em conta a pena menos rigorosa que é a pena de
multa. Quando a multa está cominada alternativamente, quando a multa não é prevista
cumulativamente, é cabível a suspensão condicional do processo ainda que a pena
mínima cominada para a pena privativa de liberdade ultrapasse um ano.
215
licitatório, com o intuito de obter, para si ou para outrem, vantagem decorrente da
adjudicação do objeto da licitação.
216
durante a execução dos contratos celebrados com o Poder Público, sem autorização
em lei, no ato convocatório da licitação ou nos respectivos instrumentos contratuais,
ou, ainda, pagar fatura com preterição da ordem cronológica de sua exigibilidade,
observado o disposto no art. 121 desta Lei.
Art. 95: afastar ou procura afastar licitante, por meio de violência, grave
ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem de qualquer tipo.
Esse também tem correspondente no art. 335. É Lei penal especial que
afasta nesse ponto a aplicação do art. 335.
217
?????
Parágrafo único do art. 97: incide na mesma pena aquele que, declarado
inidôneo, venha a licitar ou a contratar com a Administração.
Art. 99: a pena de multa cominada nos arts. 89 a 98 desta Lei consiste no
pagamento de quantia fixada na sentença e calculada em índices percentuais, cuja
base corresponderá ao valor da vantagem efetivamente obtida ou potencialmente
auferível pelo agente.
Esse último artigo tem correspondência com o art. 358 do Código Penal.
Agora, para finalizarmos, vamos examinar o art. 83 da Lei que é uma das
questões mais importantes sobre fraude à licitação.
Art. 83: os crimes definidos nesta Lei, ainda que simplesmente tentados,
sujeitam os seus autores, quando servidores públicos, além das sanções penais, à
perda do cargo, emprego, função ou mandato eletivo.
218
Aqui, a condenação por crime dessa Lei, independentemente da pena
aplicada, geraria automaticamente o que alguns preferem chamar de efeito genérico
da condenação e o que outros preferem falar em pena acessória. A condenação a
crime da Lei geraria a perda do cargo, emprego, função pública ou mandato eletivo.
Pergunta de aluno.
Nos demais casos, será seguido o procedimento previsto nos arts. 100 e
seguintes da Lei de Licitações. Vamos ver rapidamente para conhecer e entender o
procedimento do processo penal dos crimes da Lei de Licitações.
219
É um procedimento concentrado. É importante saber que se a pena
mínima cominada não for superior a um ano, será possível a suspensão condicional do
processo.
220
aplicação da regra da prescrição aos atos infracionais do Estatuto da Criança e do
Adolescente.
Pergunta de aluno.
221
Mesmo havendo confissão, o juiz está obrigado, ainda que as partes
desistam das provas arroladas, a designar audiência de continuação. Vale dizer: está
obrigado a colher as provas indicadas pelo MP.
Bom, não há a rigor previsão na Lei. A Lei não prevê no art. 122 essa
possibilidade. Entretanto, o STF, em inúmeros acórdãos, admite nesses casos a
aplicação da medida sócio-educativa de internação ao argumento principal de que o
tráfico é crime equiparado aos crimes hediondos. É crime de superlativa gravidade de
acordo com a própria Constituição.
222
Agora, a rigor, eu vejo que os tribunais estaduais divergem. Há decisões
em ambos os sentidos. A rigor, a Lei não contempla no art. 122 a possibilidade de
imposição de medida de internação a adolescente que não registre envolvimento
anterior com a prática de ato infracional acusado da prática do tráfico.
Pergunta de aluno.
Agora, vamos para o art. 8º, parágrafo único. É outra hipótese de delação
premiada prevista na Lei dos Crimes Hediondos. Art. 8º, parágrafo único da Lei
223
8.072/90 é causa especial de diminuição de pena que diz respeito ao crime de
quadrilha ou banco, crime do art. 288 do Código Penal.
Essa figura típica resulta da combinação dos arts. 288 e 8º da Lei dos
Crimes Hediondos. Parte da tipicidade objetiva está no art. 288, parte no art. 8º da Lei
8.072/90.
224
Aí, incide a redução de pena prevista no parágrafo único do art. 8º. Essa
redução de pena diz respeito especificamente ao crime de quadrilha.
Possível. Por quê? Porque cada uma delas diz respeito a um crime
específico. Essa causa de diminuição de pena do parágrafo único do art. 8º refere-se
ao crime de quadrilha, enquanto a diminuição de pena prevista no parágrafo 4º do art.
159 do Código Penal diz respeito ao crime de extorsão mediante seqüestro.
Vamos agora para a Lei 9.034/95. Vamos ver o art. 6º da Lei de Combate
ao Crime Organizado.
225
organização criminosa deve espontaneamente, por ato próprio – espontaneidade que
não se confunde com a simples voluntariedade – delatar os crimes, possibilitando o
esclarecimento de sua autoria.
Não há, a rigor, no direito penal brasileiro, uma figura típica autônoma
que defina o crime de “organização criminosa”. Então, essa diminuição de pena vai
incidir em relação aos crimes efetivamente praticados, crimes para os quais tenha o
delator concorrido, seja como co-autor ou partícipe. Também sobre o art. 6º, há
escassa jurisprudência.
Pergunta de aluno.
Art. 16, parágrafo único: nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em
quadrilha ou co-autoria, o co-autor ou partícipe que através de confissão espontânea
revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa terá a sua pena reduzida
de um a dois terços.
226
Nós vimos que, nos crimes contra a ordem tributária, crimes praticados
no âmbito de pessoas jurídicas, crimes societários, dificilmente o MP terá como, ao
oferecer denúncia, descrever pormenorizadamente e individualizar as condutas dos
acusados, porque essas decisões acerca da prática de crime contra a ordem tributária
são muitas vezes tomadas em ambientes fechados no seio da organização da pessoa
jurídica.
Pergunta de aluno.
Pergunta de aluno.
227
Pergunta de aluno.
Logo, o réu não tem, nesse caso, penso eu, interesse jurídico em ajuizar
medida de reabilitação. Não, por quê? Porque a sentença é declaratória da extinção
da punibilidade.
Pergunta de aluno.
Pergunta de aluno.
228
estabelecer que seja considerada idosa a pessoa com sessenta anos, teria repercutido
na disciplina da prescrição penal.
Esse entendimento, penso eu, não tem fundamento algum, mas há quem
entenda que desde a edição do Estatuto do Idoso, a prescrição deve ser contada da
metade quando o acusado ao tempo da sentença for pessoa com sessenta anos
completos.
Pergunta de aluno.
Pergunta de aluno.
229
Agora, quando a sentença for anulada, não. Aí, é diferente porque se
trata de uma nova sentença. Na nova sentença, o sujeito já terá setenta anos. Ele já
tem setenta ao tempo do acórdão, não é!
230
Ao que parece, o Supremo vai alterar o seu posicionamento a respeito
desse tema e vai seguir a orientação até então minoritária do Tribunal no sentido de
que não se pode falar em quadrilha, em se tratando de crime contra a ordem tributária,
enquanto não for possível a acusação pela prática do crime.
Pergunta de aluno.
Pergunta de aluno.
231
Agora, uma pergunta básica: o particular pode eventualmente ser
acusado da prática de crime funcional, da prática de crime de responsabilidade de
funcionário público? Pode.
Pode, por quê? Falamos sobre isso quando tratamos dos crimes
funcionais. Pode porque a posição de funcionário público é elementar do tipo
incriminador comunicando-se entre os co-autores e partícipes, entre os concorrentes.
Tudo de acordo com o art. 30 do Código Penal.
Pergunta de aluno.
Pergunta de aluno.
232
Agora, essas delações anônimas de crime são estimuladas. Aqui, no Rio
de Janeiro, há esse serviço excelente do disque denúncia que garante o anonimato. A
partir dessas informações, verificada a procedência, se abre formalmente o inquérito.
Pergunta de aluno.
Ela vai ser aplicada em relação a todo crime praticado com violência
doméstica ou familiar contra a mulher, salvo no caso do art. ???, parágrafo 9º, porque
lá a violência já é elementar do tipo.
233