Trabalho Textos Clássicos em Psicanálise - Um Pequeno Homem-Galo

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O presente trabalho tem como objetivo apresentar uma resenha sobre o texto

“Um pequeno homem-galo” de Ferenczi (1913) a partir da leitura do capítulo e de


discussões feitas em sala de aula.
Este texto traz o caso de Arpad, um menino que possuía interesses comuns a
qualquer criança de sua faixa etária. Dado momento, fixou-se em um galinheiro, em que
haviam muitas galinhas. Num primeiro instante, observava e imitava as galinhas.
Depois, passou a conversar sobre galos somente e a começou brincar de moldar
os galos com jornal e em sequência, fingia matá-los, assim como faziam as cozinheiras.
Além disso, Arpad imitava a agonia que o galo sentia na hora da morte.
Um dia, o menino teve o seu pênis machucado por uma dessas aves, que tentou
“mordê-lo”, e por este motivo, desenvolveu o medo por galos vivos. Um curativo foi
feito, e o galo “agressor” foi morto. Tal episódio ocorreu um ano antes de fixar-se por
galos. Apesar do medo, insistia para que sua mãe comprasse galos mortos que alguns
ambulantes vendiam. Gostava de assistir à degola dos frangos e tinha prazer em brincar
e manipular as aves mortas.
A integridade de seu pênis foi ameaçada fisicamente neste episódio e era
ameaçada quando Arpad colocava a mão no pênis - seus cuidadores ameaçavam castrá-
lo. O complexo da castração é "o sentimento inconsciente de ameaça experimentado
pela criança quando ela constata a diferença anatômica entre os sexos"
(ROUDINESCO, E. & PLON, M, 1998: 104.) Arpad se centrava na fantasia da
amputação do seu pênis.
O desejo pela depenação, dilaceramento e morte de galos mostra-se um sintoma
do medo de sua própria castração. No galo foi depositada toda a fúria, pois ele
representava aquilo que os adultos ameaçavam fazer com seu pênis. Arpad também
manifestava agressividade com seres humanos, ameaçando adultos de golpeá-los em
suas regiões genitais.
O caso de Arpad evidencia afetos ambivalentes, já que embora demonstrasse
certo ódio e desejo de matar estes animais, o menino eventualmente beijava, acariciava
e alimentava galináceos em suas brincadeiras. Em adultos tal ambivalência seria
interpretada como uma transferência desses afetos, que originalmente seriam sentidos
por seus pais ou parentes próximos e se manifestaram nos galináceos. Este fenômeno
também se relacionaria ao amor sentido pelo pai, que eventualmente tem seu lugar
tomado pela ira sentida por conta das restrições sexuais dadas. Podemos observar que
Arpad já se encontra no segundo tempo de castração, quando o pai ameaça puni-lo pelas
manifestações auto-eróticas.
O texto conta que Arpad designou sua mãe como o galo, dizendo desejar comer
“mamãe escabeche” – há, no caso descrito, um prato de nome “frango escabeche”.
Havia um desejo de substituição do pai, em relação a mãe.
O fim desse complexo de castração é também o fim do complexo de Édipo para
a criança (menino), não sendo simplesmente recalcado: desfaz-se literalmente em
pedaços sob o impacto da ameaça de castração [... ] nos casos ideais, não mais
subsiste sequer no inconsciente (FREUD, 1908.)
O grande medo da castração do pênis, faz com que o menino renuncie e aceite a
lei paterna. No texto, porém, Arpad ainda não traz evidências de que estaria no final do
complexo de castração ou no final do complexo de Édipo, já que não mostrava ter
introjetado as limitações impostas pelo pai e a proibição do incesto – vide o desejo que
o menino manifestou de “comer” sua mãe.
Portando, evidencia-se que Arpad, embora tenha vivenciado angústias típicas do
complexo de castração, ainda não mostrou estar deixando-o. No fim do texto, Ferenczi
relata que, em uma conversa com a vizinha, Arpad externalizou desejo de casar com
algumas mulheres. Porém, todas estas mulheres foram substituídas pela mãe do menino,
mais uma prova de que ele ainda não admitiu a castração, já que não leva em
consideração a interdição incestuosa, imposta pelo pai, na relação com sua mãe.
Referências Bibliográficas

FERENCZI, S. (1913) "O pequeno homem galo". In: Obras Completas. Vol. II. São
Paulo: Editora Martins Fontes, 2ª Ed. 20122, p.69-76.

FREUD, S. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund


Freud, Rio de Janeiro, Imago, 1996: Sobre as teorias sexuais das crianças (1908).

ROUDINESCO, E. & PLON, M.; Dicionário de Psicanálise, Rio de Janeiro: Jorge


Zahar Editor, 1998.

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