Amor e Sexualidade Segundo A Logoterapia de Viktor Frank

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Amor

e Sexualidade na
Logoterapia de Viktor Frankl
Por Alberto Nery
Siglas dos Livros:
FA: Fundamentos Antropológicos da Logoterapia
PSV: Psicoterapia e Sentido da Vida
EBS: Em Busca de Sentido
AVS: A Vontade de Sentido
TTN: Teoria e Terapia das Neuroses
Parte 1
Amor e Encontro
O que é o amor?

“O amor constitui um dos dois aspectos do


que designei como a autotranscendência da
existência humana”.
FA, 63

O ser humano só é capaz de amar por ser auto-transcendente.


Ou seja, voltado para fora de si mesmo.
O que é o amor?
É um “fato antropológico fundamental”.

O ser humano transcende sempre em direção a:


1. Um sentido a preencher
2. Uma pessoa/companheiro a encontrar ... FA, 63)
(
“O homem só se torna completamente homem
quando se dirige para uma causa ou uma
pessoa. E só chega a se realizar quando se
esquece e se supera a si mesmo”.
FA, 64
Scheler define o amor como:
• Um movimento espiritual em direção ao mais alto
valor da pessoa amada;
• Um ato espiritual em que esse valor (a que ele
chama de salvação do homem) é captado.
PSV 243
Amor é uma Forma de encontrar sentido:
A segunda maneira de encontrar sentido na vida é:
• Experimentando algo como a bondade, a verdade, e a beleza;
• Experimentando a natureza e a cultura, ou ainda;
• Experimentando outro ser humano em sua originalidade única
– amando-o.”
EBS, 135
Autotrancendência, Liberdade e Responsabilidade

E disse o Senhor a Caim: Onde está Abel, teu irmão? E ele


disse: Não sei; sou eu guardador do meu irmão? Gn 4:9
Há Sentido fora do amor
• O amor é apenas uma das possíveis chances de preencher plenamente
a vida com um sentido, e não decerto a maior.
• Seria triste para a nossa existência, seria decerto empobrecer a nossa
vida, o fazermos depender o seu sentido do fato de termos ou não
sorte no amor.
• Afinal, a vida é rica em oportunidades de valor. Por isso, mesmo quem
não ama e não é amado pode configurar a sua vida com a mais alta
plenitude de sentido.
PSV 234
Amor x Encontro
• O encontro é o reconhecimento no outro do que nele há de
humano FA 64
• "Esta, sim, é osso dos meus ossos e carne da minha carne!
• *(Osso dos meus ossos)?
Além do Encontro
• O amor me parece dar um passo além do puro encontro, na
medida em que não se trata somente de reconhecer no
companheiro o elemento humano mas de identificar nele a
singularidade, a originalidade – em uma palavra, a “pessoa”.
FA 64
• “Ela será chamada mulher, porque do homem foi tirada".
(dá um nome a ela... torna-se pessoa). Gn. 2
Ato Existencial e Co-existencial
• O amor é um ato que caracteriza a existência humana no que ela tem de
humano; por outras palavras, um ato existencial.
• Mais ainda: é um ato coexistencial por excelência; porque o amor é
aquela relação entre dois seres humanos, que os põe em condições de
descobrir o outro em todo o seu caráter de algo único e irrepetível.
• Numa palavra, o amor caracteriza-se pelo seu caráter de encontro; e
encontro significa sempre que se trata de uma relação de pessoa para
pessoa. PSV 225
Fenômenos mais humanos: amor e consciência
• Tomarei dois fenômenos que, provavelmente, são os mais humanos: o
amor e a consciência.
• São as duas mais surpreendentes manifestações de outra capacidade
exclusivamente humana, a capacidade de autotranscendência.
• O homem transcende a si mesmo tanto em direção a um outro ser
humano, quanto em busca de sentido. AVS 29
Amor e Consciência e Autotranscendência
• O amor constitui a capacidade de apreender outro ser humano em
sua genuína singularidade.
• A consciência encerra a capacidade de apreender o sentido de uma
situação em sua total unicidade.
• O sentido é sempre algo único, assim também como o é cada pessoa.
• Cada pessoa é insubstituível; se não por outros, o é por quem o
ama. AVS 29,30
Sintetizando:
• Autotranscendência >> Outro SH
>> Sentido
• Amor >> Apreender o outro
• Consciência >> Apreender o Sentido
• Pessoas e Sentidos >> São Sempre Únicos
Única Forma de Conhecer Alguém de Fato:
“O amor é a única maneira de captar o outro ser
humano no íntimo de sua personalidade. Ninguém
consegue ter consciência plena da essência última de
outro ser humano sem amá-lo”.
EBS 136
Permite ver além do exterior

• Por seu amor, a pessoa se torna capaz de ver os traços


característicos e as feições essenciais do ser amado;
• Ela vê o que está potencialmente contido nele, aquilo
que ainda não está, mas deveria ser realizado.
EBS 136
Ajuda o desenvolvimento do outro
• Além disso, através do seu amor a pessoa que ama
capacita a pessoa amada a realizar essas potencialidades.
• Conscientizando-a do que ela pode ser e do que deveria vir
a ser, aquele que ama faz com que essas potencialidades
venham a se realizar.
EBS 136
O amor não é cego
• Não há dúvida: a mera paixão de namorado, de algum modo, cega; mas o
autêntico amor abre os olhos.
• Faz-nos reparar bem na pessoa espiritual do comparsa erótico, tanto na sua
realidade essencial como na sua possibilidade de valor.
• O amor faz-nos experimentar vivencialmente o outro como um mundo para si,
alargando-nos assim também o nosso próprio mundo.
• E do mesmo passo que, deste modo, nos enriquece e nos faz felizes, estimula o
outro, à proporção que o conduz àquela possibilidade de valor que no amor, e só
nele, se consegue prelibar (sentir o prazer antecipadamente apenas por pensar).
Graça, Encantamento e Milagre
• O amor não é mérito, antes é graça.
• Mas não é só graça, é também feitiço (encanto).
• Para quem ama, o amor enfeitiça o mundo, mergulha-o
numa nova valiosidade.
PSV 221
Graça, Encantamento e Milagre
• Assim, o amante, ao entregar-se ao Tu, experimenta um
enriquecimento interior que transcende esse Tu:
• O cosmos inteiro torna-se para ele mais vasto e mais profundo na
sua valiosidade; resplandece nos raios de luz daqueles valores
que só o enamorado sabe ver, pois afinal, não nos faz cegos o
amor, mas sim videntes – dando aguda visão para os valores.
PSV 221
Graça, Encantamento e Milagre
• Por fim... surge no amor o milagre;
• Porque precisamente através do amor, e dando um rodeio pelo
biológico, consuma-se o que é de algum modo inconcebível:
• Uma pessoa nova entra na vida, cheia, ela também, daquele
mistério do ‘caráter de algo único e irrepetível da existência’- e
um filho é isto.
PSV 222
Parte 2
Atitudes diante do
Amor e do Próximo
(PSV 222 a 225)
Ontologia Dimensional:

3 Camadas do Ser humano • Em face da estrutura estratificada da


• Biológica/Orgânica pessoa, as diferentes atitudes que
podem tomar o homem como
• Psicológica/Anímica
sujeito que ama e experimenta a
• Espiritual/Noética vivência do amor e a vivência do
outro, nesse amor com que ama. PSV
222
1. Atitude Sexual
• A mais primitiva das atitudes.
• Nesse caso a aparência física de uma pessoa emana um
atrativo sexual que desencadeia em outra, sexualmente
predisposta, o impulso sexual, afetando-a, portanto, na sua
corporalidade.
• Orienta sua intenção para a corporalidade.
2. Atitude Erótica
• É a forma imediatamente superior a atitude sexual.
• Há nela algo mais do que o mero desejo sexual.
• Não se fixa apenas no extrato mais externo; vai mais a fundo...
penetrando na camada imediatamente mais profunda que é o tecido
anímico.
• É a forma de atitude que, como fase da relação entre dois seres
humanos, se costuma identificar pelo nome de paixão de namorados.
2. Atitude Erótica
• As qualidades físicas excitam-nos sexualmente; mas as
qualidades anímicas são as que nos tornam “enamorados”.
• Há uma comoção em torno da emocionalidade anímica, da
psique da outra parte, por determinados traços do caráter.
• Orienta-se para o psíquico.
• Não chega ainda ao cerne da outra pessoa;
3. Amor
• É a forma mais elevada possível.
• Representa a mais profunda penetração possível na estrutura pessoal
da outra parte: o entrar em relações com ela, como algo de espiritual.
• Envolve ser tocado no mais fundo do seu espírito.
• Ser tocado pelo portador espiritual da corporalidade e do anímico da
outra parte, pelo seu cerne pessoal.
3. Amor
“Amor é, portanto, a atitude que relaciona diretamente
com a pessoa espiritual do ser amado, com sua pessoa
precisamente no que ela tem de exclusivo (caráter de
algo único) e de irrepetibilidade (os únicos traços que a
constituem como pessoa espiritual)”.
3. Amor
• Quem ama de verdade é como se visse através da roupa física e
psíquica da pessoa espiritual, para pôr os olhos nela própria.
• Por isso, já não se trata aqui de um tipo físico que o excite, ou de um
caráter anímico que porventura o apaixone;
• O que está aqui em apreço é o próprio ser humano, a companheira
ou o companheiro enquanto ser incomparável e insubstituível.
PSV 225
Caráter Insubstituível do Amor
• A pessoa espiritual como objeto genuíno de amor é, portanto, para o homem
que ama realmente, insubstituível, ninguém a podendo representar, dado o
seu caráter de algo único e irrepetível.
• Disso resulta, entretanto, que, simultaneamente, o verdadeiro amor garante,
por si só, a sua duração no tempo.
• Com efeito, um estado físico desaparece e um determinado estado de ânimo
tampouco se mantém; qualquer estado físico que represente a excitação
sexual é igualmente passageiro:
Caráter Insubstituível do Amor
• O impulso sexual desaparece inclusive em sendo satisfeito;
• E mesmo aquele estado de ânimo a que costumamos chamar de paixão, não
costuma ser duradouro.
• Em contrapartida, o ato espiritual com que envolvemos uma pessoa espiritual
intencionalmente sobrevive de algum modo a si mesmo: se o seu conteúdo
tem validade, tal validade mantém-se de uma vez para sempre.
PSV 227, 228
Sobre a dificuldade de manter vínculos
e o apego a relacionamentos tóxicos:
Deve ser feita a pergunta a si mesmo:
• Porventura não estão querendo ver-se livres de uma relação concreta, em todo
caso plena de valor, só porque temem o compromisso e desejam fugir da
responsabilidade;
• Ou se no caso inverso, não estarão a aferrar-se convulsivamente a uma relação
quebradiça, só por causa do medo de terem de ficar sozinhos meia dúzia de
semanas ou de meses?
• Quem se interrogar desse modo, compulsando os motivos não objetivos do caso,
com certeza que facilmente chegará a uma decisão objetiva.
PSV 243
Parte 3
Flerte, Ciúmes e Fidelidade
O Flerte
• O flerte também é uma forma que mostra “a intenção
inconsciente de passar de largo pela pessoal espiritual”.
• Nessas relações superficiais não se vê o caráter de algo
único e a irrepetibilidade do outro, simplesmente porque
não se quer apreciar.
PSV 236
O Flerte
• O flerte representa uma forma mesquinha de amor.
• Bem sabemos que na linguagem corrente figuram expressões
como esta: Essa mulher, já eu a tive comigo.
• O que se tem, pode-se substituir, o que se possuí pode-se trocar.
Um homem que possuiu uma mulher também a pode trocar;
pode inclusive chegar a comprá-la.
PSV 237
Ciúmes
• Pode afetar até uma vivência feliz de amor.
• O ciumento trata o ser humano a quem propõe seu amor como se fosse
possessão sua; de modo que acaba por degradá-lo.
• Quer tê-lo só para si, enquadrando o outro na categoria de “ter”, ou seja,
objeto.
• Numa relação de amor autêntico, o ciúme não tem cabimento, levando em
conta que no amor autêntico se pressupõe captar o caráter de único e
irrepetível, portanto naquilo que ele tem de radicalmente incomparável com
qualquer outro ser humano.
Ciúmes
• A rivalidade, tão temida dos ciumentos, pressupõe a possibilidade do
ser amado ser comparável com um qualquer rival,
• Mas no verdadeiro amor, nenhuma rivalidade ou concorrência é já
possível, pois o ser amado é sempre, para quem o ama,
incomparável.
PSV 249
Ciúme dos predecessores:
• Pessoas atormentadas por estes ciúmes sempre querem
ser “as primeiras”.
• Bem mais modesto é quem se enquadra no tipo dos que se
contentam em serem “os últimos”.
• Em certo sentido, porém, não são estes os mais modestos,
senão precisamente os mais ambiciosos, pois o que
pretendem é superioridade.
Comparações:
• Quem se compara com outro comete uma injustiça: ou para com esse
outro ou para consigo mesmo. Isso vale, aliás, para fora do campo da
vida amorosa.
• Cada um tem, como dizem os desportistas, o seu próprio start, uma
saída inicial;
• Mas a realização pessoal daquele que teve o start mais difícil, porque
arcou com um destino mais gravoso, é, ceteris paribus,
(permanecendo iguais as outras coisas) relativamente maior. PSV 249
Ciúmes e Profecia Auto-Realizável
• O ciúmes encobre uma dinâmica perigosa no aspecto tático. O
ciumento acaba por provocar aquilo que tanto receia: o
desengano amoroso.
• Assim como a fé, dimanando de forças interiores, conduz à
posse de forças novas, assim também a dúvida, tendo nascido
nos fracassos, traz a quem duvida, mais e mais fracassos.
• E de fato, o que sucede com os ciúmes?
Ciúmes e Profecia Auto-Realizável
• O ciumento duvida do poder de conservar o amado; e, na
realidade, bem o pode perder, pois empurra para a
infidelidade o ser cuja fidelidade duvida:
• Quase que o mete nos braços de um terceiro.
• Acaba por tornar verdadeiro aquilo em que acredita.
PSV 249
Fidelidade
• A fidelidade é no amor, uma missão: mas trata-se de uma missão que
como tal, só é possível para quem ama, nunca devendo ser imposta
como exigência ao ser amado.
• É que com o tempo, se põe como exigência, sempre vem a redundar
em um desafio. Impele o ser amado a uma atitude de protesto, e uma
vez nessa atitude, o ser amado torna-se infiel mais cedo ou mais
tarde.
PSV 250
Garantia de Fidelidade
• A única garantia de fidelidade está precisamente no fato de a atitude
amorosa representar a orientação do ser de uma pessoa espiritual
para uma outra.
• Quando assim é, é do próprio amor como tal que resulta sua duração
no tempo empírico. Mas quanto ao tempo vivencial, algo mais resulta
desse amor: a vivência da eternidade de um amor.
PSV 239
Fidelidade
• A fé no outro, tal como a fé em si mesmo, torna uma
pessoa segura de si, de tal maneira que, em geral, essa fé
acaba por ter razão.
• Mas em contrapartida, sucede geralmente o mesmo com a
desconfiança: esta, com efeito, torna-se uma pessoa
insegura, acabando também por ter razão.
PSV 250
Diante da Infidelidade
• A quebra de fidelidade abre a possibilidade para a realização de valores
de atitude. Nesse sentido, a realização do valor residirá em superar a
vivência experimentada.
• Há quem se desligue da outra parte;
• Haverá quem, não renunciando à outra parte, lhe perdoe o que fez,
oferecendo a reconciliação;
• Há quem tente reconquistar a outra parte, trazendo-a de novo para
junto de si.
Amor e Aparência Física
• A aparência física do ser amado vem a constituir, para quem
ama, o símbolo de algo que está por trás dela e se manifesta
pelo que é externo sem no externo se esgotar.
• O amor autêntico, em si e para si, não precisa do corporal,
nem para despertar nem para se consumar; mas serve-se do
corporal nos dois momentos.
PSV 232
Amor e Aparência Física
• Em geral, a acentuação da aparência externa faz com que se dê
excessiva importância à beleza física no campo do erótico. Seja como for,
também com isso se desvaloriza o homem com tal.
• Quando se diz por exemplo de uma mulher que “ela é bonita”, o que se
faz em rigor é infligir lhe uma humilhação; porque, afinal, o que significa,
em última análise uma apreciação destas?
• Porventura não significará, pura e simplesmente, que se prefere não
falar, por piedade, de outros valores, os espirituais, por exemplo?
Amor e Aparência Física
• Mas na acentuação dos juízos de valor erótico-estéticos, não se
contém apenas uma desvalorização da pessoa que é apreciada;
contém-se também uma desvalorização de quem os emite.
• É que se falo exclusivamente da beleza de uma pessoa, é
simplesmente porque não sei falar da sua espiritualidade; e além
disso, porque não me interesso nada por ela, pois nela não encontro
valor algum.
PSV 235, 236
Amor e Aparência Física
• A impressão externa provocada pela aparência física de um
ser humano é, nestes termos, relativamente irrelevante
quanto à sua capacidade de vir a ser amado.
• Não é um vestido de noite (em si) que impressiona um
homem; é antes o vestido na mulher amada que o traz.
PSV 233
Amor transcende à morte
• Através dessa relação entre as essências que podemos compreender que:
• “...o amor pode sobreviver à morte do amado; é esta a única maneira de
entender que o amor é mais forte que a morte, isto é, do que o aniquilamento
do ser amado na sua existência.
• A existência do ser amado é realmente desfeita pela morte, mas o seu ser-
assim não o pode a morte arrebatar.
• A sua essência única é, como todas as naturezas genuinamente essenciais, algo
desligado do tempo e, nesta medida, imperecível. Algo que não passa. PSV 228
Parte 4
A Sexualidade na Visão
da Logoterapia
Sexualidade e Reducionismo
• O que é exatamente o reducionismo? Eu o definiria como um
procedimento pseudocientífico que toma os fenômenos humanos e ou
os reduz, ou os deduz de fenômenos sub-humanos.
• O amor, por exemplo, passa a ser interpretado como sublimação de
impulsos e instintos sexuais que o homem tem como os outros animais.
• Tal interpretação apenas bloqueia a possibilidade de um entendimento
adequado do fenômeno humano.
AVS 83
Inflação Sexual e Vazio Existencial
• “Nesse vazio existencial, como chamei, pulula a libido sexual!
Assim, e somente assim, se explica a inflação sexual de hoje.
Como toda inflação, ela implica desvalorização.
• A sexualidade é realmente desvalorizada na proporção em que se
desumaniza.
• A sexualidade humana, contudo, é mais do que simples
sexualidade. E o é na medida em que constitui um meio de
expressão para um relacionamento amoroso”. FA 64
Sexualidade desumanizada
• Plano humano: o parceiro é sempre sujeito, e nunca
objeto. Nunca meio, sempre fim.
• O que não exclui que o prazer continue a vir, e ainda
em maior escala, quando não é alvo da atenção
exclusiva. FA 65
Sexualidade desumanizada

• Plano desumanizado ou regredido:


• Masturbação;
• Pornografia;
• Promiscuidade;
Sexualidade desumanizada
• Esses são sinais de um retardamento psicossexual.
• No entanto, a indústria do prazer sexual procura glorificá-los,
mostrando-os como “progressistas”. Apresenta como luta contra a
hipocrisia o que é, em si mesmo, hipocrisia.
• Proclama liberdade da censura, quando o que pensa é em liberdade
de fazer negócios e ganhar dinheiro.
• Infelizmente espalha-se no mundo de hoje uma pressão para o
maior consumo de prazer sexual, o que prejudica a potência. FA 65, 66
Sexualidade desumanizada

• A sexualidade é desumanizada quando transformada em


meio para atingir um fim.
• O mesmo ocorre quando é posta a serviço da procriação,
em vez de ser a expressão do amor...
• Só de vez em quando e livremente, a atividade sexual,
isenta de pressões, seria colocada a serviço da procriação, o
que equivaleria à coroação do amor. FA 66
Quantidade x Qualidade
• Desde que só o relacionamento sexual que estiver embebido no
amor pode ser realmente compensador e satisfatório, a
qualidade da vida sexual desse indivíduo é pobre.
• Não é de admirar que ele procure compensar a perda de
qualidade pela quantidade.
• Isso por sua vez, exige uma crescente e intensificada
estimulação, como a que é providenciada pela pornografia. AVS
85
Sexualidade Humanizada
O amor justifica e santifica o sexo:
“O amor é um fenômeno tão primário quanto o sexo.
Normalmente o sexo se justifica, e é até santificado, no
momento em que for veículo do amor, porém apenas
enquanto o for” EBS 136
Sexualidade Humanizada
• O desejar a unicidade do ser amado compreensivelmente
leva a união monogâmica.
• O (a) parceiro (a) não é intercambiável.
• Igualmente, se alguém não é capaz de amar, acaba por
envolver-se na promiscuidade.
• Ser promíscuo implica ignorar a unicidade do (a) parceiro
(a) e isso por sua vez impede uma relação de amor. AVS 85
Sexualidade Humanizada
O encontro de amor impede definitivamente que se
veja ou se use o outro ser humano como um simples
meio para um fim – um instrumento para reduzir a
tensão criada pelos impulsos e instintos libidinais ou
agressivos. Isso equivaleria a uma masturbação. AVS 83
Sexualidade Humanizada
Sendo o amor um fenômeno humano em sua real
natureza, o sexo começa a ser humano somente como
resultado de um processo de desenvolvimento, o
produto de uma maturação progressiva. AVS 85
Sexualidade Humanizada
Sexo enquanto expressão de amor:
“Desta forma, o amor não é entendido como mero
efeito colateral do sexo, mas o sexo é um meio de
expressar a experiência daquela união última chamada
amor”. EBS 136
Sexualidade Humanizada
• A sexualidade humana sempre é mais do que mera
sexualidade, pois se trata da expressão de uma aspiração
amorosa. Não sendo assim, não se alcança um prazer sexual
completo.
• Maslow observou certa vez: “As pessoas que não
conseguem amar não alcançam a mesma emoção do sexo
do que aquelas que conseguem amar”. TTN 145
Sexualidade Humanizada

• Mesmo sem outros motivos para tanto, deveríamos (ao


menos pelo interesse do maior prazer possível) lutar pela
exaustão de todo o potencial humano que está contido na
sexualidade;
• Ou seja, de encarnar o amor: o relacionamento mais íntimo
e pessoal entre as pessoas. TTN 145
Amadurecimento Sexual
• No estágio maduro da sexualidade, o relacionamento elevou-
se ao nível humano;
• Tornou-se um encontro no qual um parceiro é abarcado pelo
outro em toda sua humanidade.
• E o encontro se transforma numa relação de amor quando um
for vivenciado pelo outro não apenas em sua humanidade,
mas também em sua singularidade e unicidade. TTN 145
Amadurecimento Sexual
• Quem não alcança o estágio maduro da sexualidade
humana, mas está fixado no estágio imaturo, não é capaz de
ver no parceiro um sujeito singular e único, ou seja, uma
pessoa. TTN 145
• O desenvolvimento e amadurecimento sexual do ser
humano levam a uma crescente integração da sexualidade
na estrutura total da própria pessoa.
Liberdade e Responsabilidade
• Os tabus sexuais vitorianos e as inibições estão em declínio
e a liberdade no campo sexual se faz presente.
• O que não devemos esquecer é que essa liberdade
ameaça degenerar em licenciosidade e arbitrariedade se
não for vivida em termos de responsabilidade.
AVS 88
Princípio auto-anulativo
Quanto mais for frustrada a busca de sentido, tanto
mais o indivíduo vai se dedicar a “busca da felicidade”.
Princípio auto-anulativo
• Quando essa busca teve origem numa procura frustrada de
sentido, ela está destinada a terminar na embriaguez e na droga.
• Em última análise trata-se de uma autofalência, pois a felicidade
pode originar-se apenas como resultado de um viver não fechado
em si mesmo, da autotranscendência, da dedicação a uma causa
pela qual lutar ou a uma pessoa a quem amar.
Princípio auto-anulativo
• Em contexto algum isso é mais evidente do que na felicidade sexual.
Quanto mais fizermos dela um objetivo, tanto mais ela será inalcançável.
• Quanto mais o paciente estiver preocupado com sua potência
masculina, tanto mais provavelmente ele se tornará impotente;
• Quanto mais a paciente estiver preocupada em demonstrar para si
mesma que é capaz de experimentar o orgasmo, tanto mais ela será
atingida pela frigidez.
AVS 88
Resultado
O neurótico sexual desnaturaliza e degrada a
sexualidade reduzindo-a ao mero meio de prazer, ao
passo que, na realidade, ela é um meio de expressão -
o meio de expressão de uma aspiração de amor.
TTN 145
Resultado
“Na medida em que ele retira a vida sexual da totalidade
da vida amorosa, em que desintegra e isola a vida sexual,
nessa mesma medida ele perde aquela “imediatez”, aquela
espontaneidade que é condição e pré-requisito para o
funcionamento sexual normal e da qual o neurótico sexual
tanto necessita”.
TTP 145
O papel da ansiedade antecipatória
(TTN 137)

Padrão de reação neurótico-sexual


• Também encontramos a ansiedade antecipatória nas neuroses sexuais, tanto no
sentido geral como no particular.
• No sentido geral vemos como nossos pacientes do sexo masculino se tornam
inseguros em relação ao seu desempenho sexual depois de um único fracasso
sexual, para não dizer casual.
• Uma vez inseguros, são tomados por uma ansiedade antecipatória de uma
repetição do seu distúrbio de potência.
Caráter de Exigência:
1. Da parceira com a qual deve coabitar: Angústia em não estar à
altura
2. Da situação na qual a coabitação deve ocorrer;
3. Do próprio paciente, que se dispõe a coabitação: Focando ou
pressionando a si mesmo. Quanto maior o foco no prazer, mas o
prazer se esvai, e no final pode perder-se totalmente.
TTN 138, 139
Como se estrutura a terapia?
• Em primeiro lugar devemos fazer com que o paciente aprenda a ver
algo de compreensível nisso.
• Retirar o caráter de exigência do coito;
• Garantir com que um recuo seguro esteja disponível;
• Motivar a pessoa a não praticar a coabitação de maneira programada,
mas se contentar com carinhos fragmentados como no caso das
preliminares o coito acontece por si.
TTN 140
Como se estrutura a terapia?
• O prazer é daquelas coisas que devem permanecer como
efeito e não pode ser colocada como intenção.
• Entre elas está também o sono, a felicidade e a auto-
realização.
• O prazer também é um efeito que não pode ser agarrado.
TTN 142
• Não é tarefa do espírito se auto observar e se refletir.
• A essência do homem compreende estar orientado e estar entregue a
algo ou alguém, uma obra um ser humano, uma ideia uma pessoa.
TTN 210
“Temos agora que desfrutar desse fato,
dessa lei básica da existência humana,
(a auto-transcendência) de maneira
terapêutica”.
TTN 210
Obrigado!

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