Manejo de Corpos Ministério Da Saúde PDF

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 17

MINISTÉRIO DA SAÚDE

Manejo de corpos
no contexto do
novo coronavírus
COVID-19

Brasília/DF
Versão 1 • Publicada em 23/03/2020
Ministério da Saúde
Secretaria de Vigilância em Saúde
Departamento de Análise em Saúde e
Vigilância de Doenças não Transmissíveis

Manejo de corpos
no contexto do
novo coronavírus
COVID-19

Brasília/DF
Versão 1 • Publicada em 23/03/2020
2020 Ministério da Saúde.

Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra desde que citada a fonte e que não seja
para venda ou qualquer fim comercial. Venda proibida. Distribuição gratuita. A responsabilidade pelos direitos autorais de
textos e imagens desta obra é da área técnica.

1ª edição – 2020 – versão 1 – publicada em 23/03/2020

Elaboração, distribuição e informações:


MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria de Vigilância em Saúde
Departamento de Análise em Saúde e Vigilância de Doenças não Transmissíveis
Coordenação-Geral de Informação e Análises Epidemiológicas
SRTVN Quadra 701, Via W 5 Norte, Lote D, Edifício PO 700, 6º andar
CEP: 70719-040 – Brasília/DF
Site: http://www.saude.gov.br/svs

Organização:
Ministério da Saúde:
Eduardo Marques Macario – DASNT/SVS/MS
Giovanny Vinícius Araújo de França – CGIAE/DASNT/SVS/MS
Raquel Barbosa de Lima – CGIAE/DASNT/SVS/MS
Andréa de Paula Lobo – CGIAE/DASNT/SVS/MS
Adauto Martins Soares Filho – CGIAE/DASNT/SVS/MS
Natalia Bordin Barbieri – CGIAE/DASNT/SVS/MS 

Goiás:
Adriana Helena de Matos Abe – Secretaria de Estado da Saúde de Goiás
Simone Resende de Carvalho – Secretaria de Estado da Saúde de Goiás
Jordana Oliveira Milanez – Secretaria municipal de saúde de Goiânia, Goiás
Karen de Souza Mendonça Botelho – Secretaria municipal de Saúde de Anápolis, Goiás

Pernambuco:
Patrícia Ismael de Carvalho – Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco
Cândida Correia de Barros Pereira – Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco
Luciana Caroline de Albuquerque Bezerra – Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco
Daniele Feitosa – Prefeitura da Cidade do Recife, Pernambuco
Tatiana Maciel – Prefeitura da Cidade do Recife, Pernambuco
Conceição Maria de Oliveira – Prefeitura da Cidade do Recife, Pernambuco
Juliana Oriná – Prefeitura da Cidade do Recife, Pernambuco
Joaonna Freire – Prefeitura da Cidade do Recife, Pernambuco

São Paulo:
Catia Martinez Minto – Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo
Simone Alves dos Santos – Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo
Luiz Fernando Ferraz da Silva – Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da USP, Secretaria Municipal de Saúde
de São Paulo

Apoio e revisão:
Cristiane Martins de Souza – DASNT/SVS/MS
Naiane de Brito Francischetto – DASNT/SVS/MS 

Produção e diagramação:
Nucom/GAB/SVS/MS
SUMÁRIO

1. Objetivo 5

2. Considerações gerais 5

3. Manejo de corpos no contexto dA COVID-19 6


3.1 Ocorrência hospitalar 6
3.2 Ocorrência domiciliar e instituições de moradia 8
3.3 Ocorrência em espaço público 9
3.4 No Serviço de Verificação de Óbito 9
3.4.1 Recomendações gerais para autopsia 10
3.4.2 Equipamentos de proteção individual utilizados durante a autopsia 10
3.4.3 Recomendações para coleta de tecidos e manipulação de amostra 11
3.4.4 Descarte e limpeza do material utilizado durante a autopsia 11

4. Confirmação e/ou descarte de casos para COVID-19 no SERVIÇO


DE VIGILÂNCIA DO ÓBITO 12

5. Emissão da declaração de óbito 12

6. Instruções aos familiares e amigos 14

Referências 15
Manejo de corpos no contexto
do novo coronavírus COVID-19 SVS/MS • Versão 1 – março 2020

1. Objetivo
SVS/MS
Versão 1 – março 2020

Fornecer recomendações referentes ao manejo de corpos no contexto do novo coronavírus


(COVID-19) e outras questões gerais acerca desses óbitos.

IMPORTANTE
Estas recomendações são preliminares e estão sujeitas à revisão mediante a publicação de
novas evidências.

2. Considerações gerais
Em
 dezembro de 2019, em Wuhan, China, um novo coronavírus (SARS-COV-2) foi identificado
como causa de doença respiratória aguda grave (COVID-19). Em janeiro de 2020, a Organização
Mundial da Saúde (OMS) declarou o surto como uma emergência de saúde pública de interesse
internacional (ESPII) e, em março de 2020, com a disseminação do vírus em diferentes países,
foi declarada a pandemia;
As
 definições de caso suspeito e confirmado de COVID-19 adotadas pelo Ministério da Saúde
estão disponíveis neste endereço eletrônico: https://coronavirus.saude.gov.br/sobre-a-
doenca#casossuspeito;
A
 transmissão da COVID-19 se dá pelo contato pessoa-a-pessoa e por meio de fômites.
Salientamos que o vírus SARS-COV-2 pode permanecer viável em superfícies ambientais por
24 horas ou mais;
A
 transmissão de doenças infecciosas também pode ocorrer por meio do manejo de corpos,
sobretudo em equipamentos de saúde. Isso é agravado por uma situação de ausência ou uso
inadequado dos equipamentos de proteção individual (EPI). Nesse contexto, os profissionais
envolvidos com os cuidados com o corpo ficam expostos ao risco de infecção;
Os velórios e funerais de pacientes confirmados/suspeitos da COVID-19 NÃO são recomendados

devido à aglomeração de pessoas em ambientes fechados. Nesse caso, o risco de transmissão
também está associado ao contato entre familiares e amigos. Essa recomendação deverá ser
observada durante os períodos com indicação de isolamento social e quarentena;
A
 autopsia NÃO deve ser realizada e é desnecessária em caso de confirmação ante-mortem
da COVID-19;
Devido ao risco aumentado de complicações de piores prognósticos da COVID-19, recomenda-

-se que profissionais com idade igual ou acima de 60 anos, gestantes, lactantes, portadores
de doenças crônicas, cardiopulmonares, oncológicas ou imunodeprimidos não sejam
expostos às atividades relacionadas ao manejo de corpos de casos confirmados/suspeitos
pela doença em tela;

5
Manejo de corpos no contexto
do novo coronavírus COVID-19 SVS/MS • Versão 1 – março 2020

SVS/MS
Considerando
 a possibilidade de monitoramento, recomenda-se que sejam registrados nomes,
Versão 1 – março 2020
datas e atividades de todos os trabalhadores que participaram dos cuidados post-mortem,
incluindo a limpeza do quarto/enfermaria;
É
 necessário fornecer explicações adequadas aos familiares/responsáveis sobre os cuidados
com o corpo do ente falecido.

IMPORTANTE
Recomendamos que a comunicação do óbito seja realizada aos familiares, amigos e
responsáveis, preferencialmente, por equipes da atenção psicossocial e/ou assistência
social. Isso inclui o auxílio para a comunicação sobre os procedimentos referentes à
despedida do ente.

3. Manejo de corpos no contexto dA COVID-19


Como o SARS-COV2 é transmitido por contato, é fundamental que os profissionais sejam
protegidos da exposição a sangue e fluidos corporais infectados, objetos ou outras superfícies
ambientais contaminadas.

3.1 Ocorrência hospitalar


Durante os cuidados com corpos de casos suspeitos ou confirmados de COVID-19, devem estar
presentes no quarto ou qualquer outra área apenas os profissionais estritamente necessários
(todos com equipamentos de proteção individual).

Os
 equipamentos de proteção individual recomendados para toda a equipe que maneja os
corpos nessa etapa são:
zz Gorro;

zz Óculos de proteção ou protetor facial;


zz Avental impermeável de manga comprida;
zz Máscara cirúrgica;
»» Se for necessário realizar procedimentos que geram aerossol, como extubação ou coleta
de amostras respiratórias, usar N95, PFF2 ou equivalente.
zz Luvas;

»» Usar luvas nitrílicas para o manuseio durante todo o procedimento.


zz Botas impermeáveis.
Remover
 os tubos, drenos e cateteres do corpo com cuidado, devido a possibilidade de
contato com os fluidos corporais. O descarte de todo o material e rouparia deve ser feito
imediatamente e em local adequado;

6
Manejo de corpos no contexto
do novo coronavírus COVID-19 SVS/MS • Versão 1 – março 2020

SVS/MS
Higienizar
 e tapar/bloquear os orifícios de drenagem de feridas e punção Versão
de cateter
1 – marçocom
2020
cobertura impermeável;
Limpar
 as secreções nos orifícios orais e nasais com compressas;
Tapar/bloquear
 orifícios naturais (boca, nariz, ouvido, ânus) para evitar extravasamento de
fluidos corporais;
Limitar
 o reconhecimento do corpo a um único familiar/responsável.
zz Sugere-se que não haja contato direto entre o familiar/responsável e o corpo, mantendo
uma distância de dois metros entre eles;
zz Quando houver necessidade de aproximação, o familiar/responsável deverá fazer uso de
máscara cirúrgica, luvas e aventais de proteção;
zz Sugere-se,ainda, que, a depender da estrutura existente, o reconhecimento do corpo possa
ser por meio de fotografias, evitando contato ou exposição.
Durante
 a embalagem, que deve ocorrer no local de ocorrência do óbito, manipular o corpo
o mínimo possível, evitando procedimentos que gerem gases ou extravasamento de fluidos
corpóreos;
Preferencialmente,
 identificar o corpo com nome, número do prontuário, número do Cartão
Nacional de Saúde (CNS), data de nascimento, nome da mãe e CPF, utilizando esparadrapo,
com letras legíveis, fixado na região torácica;
É
 essencial descrever no prontuário dados acerca de todos os sinais externos e marcas de
nascença/tatuagens, órteses, próteses que possam identificar o corpo;
NÃO
 é recomendado realizar tanatopraxia (formolização e embalsamamento);
Quando
 possível, a embalagem do corpo deve seguir três camadas:
zz 1ª: enrolar o corpo com lençóis;
zz 2ª: colocar o corpo em saco impermeável próprio (esse deve impedir que haja vazamento
de fluidos corpóreos);
zz 3ª: colocar o corpo em um segundo saco (externo) e desinfetar com álcool a 70%, solução
clorada 0,5% a 1% ou outro saneante regularizado pela Anvisa, compatível com o material
do saco.
»» Colocar etiqueta com identificação do falecido.
Identificar
 o saco externo de transporte com informação relativa ao risco biológico: COVID-19,
agente biológico classe de risco 3;
Recomenda-se
 usar a maca de transporte do corpo apenas para esse fim. Em caso de
reutilização de maca, deve-se desinfetá-la com álcool a 70%, solução clorada 0,5% a 1% ou
outro saneante regularizado pela Anvisa;
Na
 chegada ao necrotério, alocar o corpo em compartimento refrigerado e sinalizado como
COVID-19, agente biológico classe de risco 3;

7
Manejo de corpos no contexto
do novo coronavírus COVID-19 SVS/MS • Versão 1 – março 2020

SVS/MS
O
 corpo deve ser acomodado em urna a ser lacrada antes da entrega Versão
aos familiares/
1 – março 2020
responsáveis;
Deve-se
 limpar a superfície da urna lacrada com solução clorada 0,5%;
Após
 lacrada, a urna não deverá ser aberta;
Os
 profissionais que atuam no transporte, guarda e alocação do corpo no caixão também
devem adotar as medidas de precaução, aqui expostas, até o fechamento do caixão;
O
 serviço funerário/transporte deve ser informado de que o óbito se trata de vítima de
COVID-19, agente biológico classe de risco 3;
Após
 a manipulação do corpo, retirar e descartar luvas, máscara, avental (se descartável) em
lixo infectante;
Higienizar
 as mãos antes e após o preparo do corpo, com água e sabão;
Não
 é necessário veículo especial para transporte do corpo;
Não
 há necessidade de uso de EPI por parte dos motoristas dos veículos que transportarão
o caixão com o corpo. O mesmo se aplica aos familiares que acompanharão o traslado,
considerando que eles não manusearão o corpo.
zz Caso o motorista venha a manusear o corpo, devem ser observados todos os cuidados
apontados anteriormente.

IMPORTANTE
Nos procedimentos de limpeza recomenda-se NÃO utilizar ar comprimido ou água sob
pressão, ou qualquer outro método que possa gerar respingos ou aerossóis.

3.2 Ocorrência domiciliar e instituições de moradia


Os
 familiares/responsável ou gestão das instituições de longa permanência que reportarem o
óbito deverão receber orientações para não manipularem os corpos e evitarem o contato direto;
Imediatamente
 após a informação do óbito, em se tratando de caso suspeito de COVID-19,
o médico atestante deve notificar a equipe de vigilância em saúde. Essa deverá proceder a
investigação do caso:
zz Verificara necessidade de coleta de amostras para o estabelecimento da causa do óbito
(caso o paciente seja caso suspeito).
A retirada do corpo deverá ser feita por equipe de saúde, observando as medidas de precaução

individual, conforme descrito anteriormente;
O
 corpo deverá ser envolto em lençóis e em bolsa plástica (essa bolsa deve impedir o vaza­
mento de fluidos corpóreos);
Os
 residentes com o falecido deverão receber orientações de desinfecção dos ambientes
e objetos (uso de solução clorada 0,5% a 1%);

8
Manejo de corpos no contexto
do novo coronavírus COVID-19 SVS/MS • Versão 1 – março 2020

SVS/MS
O
 transporte do corpo até o necrotério deverá observar as medidas de precaução e 2020
Versão 1 – março ser
realizado, preferencialmente, em carro mortuário/rabecão ou outros.
zz Após o transporte, o veículo deve ser sanitizado e desinfectado.
No
 necrotério, as recomendações devem ser seguidas como as descritas para o manejo dos
corpos de óbitos ocorridos em ambiente hospitalar.

3.3 Ocorrência em espaço público


As
 autoridades locais informadas deverão dar orientações para que ninguém realize mani­
pulação/contato com os corpos;
O
 manejo deverá seguir as recomendações referentes à ocorrência dos óbitos em domicílio.

IMPORTANTE
A elucidação dos casos de morte decorrentes de causas externas é de competência dos
Institutos Médicos Legais (IML).

3.4 No Serviço de Verificação de Óbito


Recomenda-se que os serviços de saúde públicos e privados NÃO enviem casos suspeitos ou
confirmados de COVID-19 para o Serviço de Verificação de Óbito (SVO).

Caso a colheita de material biológico não tenha sido realizada em vida, deve-se proceder a
coleta post-mortem no serviço de saúde, por meio de swab na cavidade nasal e de orofaringe,
para posterior investigação pela equipe de vigilância local. É necessário que cada localidade
defina um fluxo de coleta e processamento dessas amostras.

Diante da necessidade do envio de corpos ao SVO, deve ser realizada a comunicação prévia ao
gestor do serviço para certificação de capacidade para o recebimento.

Os procedimentos de biossegurança no SVO, em caso suspeito de COVID-19, devem ser os mesmos


adotados para quaisquer outras doenças infecciosas de biossegurança 3. Para isso, salientamos
a observação das recomendações estabelecidas na NOTA TÉCNICA GVIMS/GGTES/ANVISA
nº 04/2020.

IMPORTANTE
As autópsias em cadáveres de pessoas que morrem com doenças causadas por patógenos
das categorias de risco biológicos 2 ou 3 expõem a equipe a riscos adicionais. Por isso,
devem ser evitadas.

9
Manejo de corpos no contexto
do novo coronavírus COVID-19 SVS/MS • Versão 1 – março 2020

3.4.1 Recomendações gerais para autopsia


SVS/MS
Versão 1 – março 2020

Havendo
 extrema necessidade de necropsia para casos suspeito de COVID-19, esse procedi-
mento deve ser realizado em sala com adequado sistema de tratamento de ar.
zz Sala com sistema de tratamento de ar adequado inclui sistemas que mantêm pressão
negativa em relação às áreas adjacentes e que fornecem um mínimo de seis trocas de
ar (estruturas existentes) ou 12 trocas de ar (nova construção ou reforma) por hora. O ar
ambiente deve sair diretamente para o exterior ou passar por um filtro HEPA. As portas da
sala devem ser mantidas fechadas, exceto durante a entrada e saída.
Limitar
 o número de pessoas que trabalham durante a necropsia. O ideal é ter apenas um
técnico e um médico patologista;
Preferir
 métodos manuais;
Evitar que as secreções respinguem ou disseminem pelo ar. Isso é particularmente importante

quando a serra é utilizada. Caso seja utilizada, conecte uma cobertura de vácuo para conter
os aerossóis;
zz Preferir equipamentos que promovam menor lançamento de fragmentos teciduais, como
alicates, por exemplo.
Quando
 necessário, coletar tecidos por meio de técnica de autopsia minimamente invasiva.
Esse método consiste em diagnóstico por imagem e intervenção percutânea – realiza-se
punção na pele para o acesso aos órgãos internos e tecidos. Isso aumenta a segurança dos
profissionais de saúde pela redução do contato com os corpos.

3.4.2 Equipamentos de proteção individual utilizados durante a autopsia


Luvas
 cirúrgicas duplas interpostas com uma camada de luvas de malha sintética à prova
de corte;
Macacão
 usado sob um avental ou avental impermeável;
Óculos
 ou escudo facial;
Capas
 de sapatos ou botas impermeáveis;
Máscaras
 N95 ou superior.
Para
 os demais trabalhadores que manipulam corpos humanos, são recomendados os
seguintes EPI:
zz Luvas não estéreis e nitrílicas ao manusear materiais potencialmente infecciosos;
zz Se houver risco de cortes, perfurações ou outros ferimentos na pele, usar luvas resistentes
sob as luvas de nitrila.

10
Manejo de corpos no contexto
do novo coronavírus COVID-19 SVS/MS • Versão 1 – março 2020

SVS/MS
Versão 1 – março 2020
IMPORTANTE
coloque o equipamento de proteção individual na sala de antecâmara (antes de entrar na
sala de autópsia).

3.4.3 Recomendações para coleta de tecidos e manipulação de amostra


Usar
 cabines de segurança biológica para a manipulação e exame de amostras menores,
sempre que possível;
Proceder
 a análise em sala apropriada;
Usar
 equipamentos de proteção individual:
zz Roupa cirúrgica;
zz Máscara cirúrgica ou respirador em partículas de AGP ou máscara N95;
zz Vestido/avental resistente a líquidos com mangas;
zz Luvas (luvas de autópsia ou dois pares);
zz Protetor facial (de preferência);
zz Botas impermeáveis.
Higienizar
 as mãos antes e após o preparo e coleta das amostras.

3.4.4 Descarte e limpeza do material utilizado durante a autopsia


Os
 equipamentos de proteção individual devem ser removidos antes de sair do conjunto de
autópsia e descartados, apropriadamente, como resíduos infectantes (RDC nº 222/2018).
Resíduos
 perfurocortantes devem ser descartados em recipientes rígidos, à prova de perfu­
ração e vazamento, e com o símbolo de resíduo infectante.
Após
 remoção dos equipamentos de proteção individual, sempre proceder à higienização
das mãos.
Artigos não descartáveis deverão ser encaminhados para limpeza e desinfecção/esterilização,

conforme rotina do serviço e em conformidade com a normatização.
As
 câmeras, telefones, computadores e outros itens que ficam na sala de necropsia devem
ser tratados como artigos contaminados. Dessa forma, precisam de limpeza e desinfecção
conforme recomendação do fabricante.
zz Caso seja possível, sugere-se que esses itens fiquem na antecâmara.
Os
 materiais descartáveis devem ser dispensados em sacos amarelos e encaminhados para
incineração.
Todos
 os materiais utilizados em procedimentos que envolvam manipulação de tecidos
e secreções de corpos de pessoas com COVID-19, suspeita ou confirmada, devem ser
descartados.

11
Manejo de corpos no contexto
do novo coronavírus COVID-19 SVS/MS • Versão 1 – março 2020

SVS/MS
zz Além disso, deve ser procedido o gerenciamento de resíduos infectantes
Versão(grupo A1):
1 – março 2020
segregação, coleta, transporte, tratamento e destino final.
zz Os sistemas de tratamento de ar devem permanecer ligados enquanto é realizada a limpeza
do local.

4. Confirmação e/ou descarte de casos para COVID-19


no SERVIÇO DE VIGILÂNCIA DO ÓBITO
Todo
 óbito confirmado para COVID-19 pelo Serviço de Vigilância do Óbito deve ser notificado
imediatamente ao sistema de vigilância local;
O
 sistema de vigilância epidemiológica local também deve tomar conhecimento quando a
causa da morte for inconclusiva ou descartada para COVID-19.
O
 transporte do corpo deve ser feito conforme procedimentos de rotina, com utilização de
revestimentos impermeáveis para impedir o vazamento de líquido. O carro funerário deve ser
submetido à limpeza e desinfecção de rotina após o transporte do corpo.

5. Emissão da declaração de óbito


A declaração de óbito (DO) deve ser emitida pelo médico assistente, em caso de morte ocorrida
em hospitais e outras unidades de saúde ou em domicílio. Nos casos em que a causa do óbito
tenha sido esclarecida no SVO, fica a cargo do médico patologista.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o uso do código de emergência U07.1, da


10ª Revisão da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados
com a Saúde (CID-10), para o diagnóstico da doença respiratória aguda devido à COVID-19.

Porém, devido à ausência da categoria U07 nos volumes da CID-10 em uso no Brasil, bem como
nos manuais e protocolos de codificação, esse código não está habilitado para inserção no
Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM).

A Coordenação Geral de Informações e Análises Epidemiológicas (CGIAE/DASNT/SVS/MS), gestora


do SIM em nível nacional, informa que o código B34.2 (Infecção por coronavírus de localização
não especificada) da CID-10 deve ser utilizado para a notificação de todos os óbitos por COVID-19.

Para os óbitos ocorridos por doença respiratória aguda devido à COVID-19, deve ser utilizado
também, como marcador, o código U04.9 (Síndrome Respiratória Aguda Grave – SARS).

Esta orientação será mantida até que as tabelas com os novos códigos definidos pela OMS sejam
atualizadas nos sistemas de informação e que tenhamos a edição atualizada da CID-10, em
língua portuguesa, que se encontra em fase de revisão.

12
Manejo de corpos no contexto
do novo coronavírus COVID-19 SVS/MS • Versão 1 – março 2020

SVS/MS
Exemplos do preenchimento do Bloco V da declaração de óbito: Versão 1 – março 2020

A
 entrega da via amarela da DO aos familiares/responsáveis e os demais procedimentos
administrativos realizados pelo serviço social ou setor correspondente do SVO deverão
atender às normas de biossegurança, sendo elas:
zz Entrega dos documentos apenas a um familiar ou responsável, de forma rápida e sem
contato físico;
zz Uso de salas arejadas, quando possível;
zz Disponibilização
de álcool em gel a 70%, água, sabão e papel toalha para higienização das
mãos de todos os frequentadores do ambiente;
zz O profissional que manuseará prontuários e laudos de necropsia deverá usar máscara
e luvas.

13
Manejo de corpos no contexto
do novo coronavírus COVID-19 SVS/MS • Versão 1 – março 2020

6. Instruções aos familiares e amigos


SVS/MS
Versão 1 – março 2020

Os velórios e funerais de pacientes confirmados/suspeitos da COVID-19 NÃO são recomendados



durante os períodos de isolamento social e quarentena.
Caso
 seja realizado, recomenda-se:
zz Manter a urna funerária fechada durante todo o velório e funeral, evitando qualquer contato
(toque/beijo) com o corpo do falecido em qualquer momento post-mortem.
água, sabão, papel toalha e álcool em gel a 70% para higienização das mãos
zz Disponibilizar
durante todo o velório;
zz Disponibilizar a urna em local aberto ou ventilado;
zz Evitar,
especialmente, a presença de pessoas que pertençam ao grupo de risco para agra­
vamento da COVID-19: idade igual ou superior a 60 anos, gestantes, lactantes, portadores
de doenças crônicas e imunodeprimidos;
zz Não permitir a presença de pessoas com sintomas respiratórios, observando a legislação
referente a quarentena e internação compulsória no âmbito da Emergência em Saúde
Pública de Importância Nacional (ESPIN) pela COVID-19.
»» Caso seja imprescindível, elas devem usar máscara cirúrgica comum, permanecer o
mínimo possível no local e evitar o contato físico com os demais;
zz Não permitir a disponibilização de alimentos. Para bebidas, devem-se observar as medidas
de não compartilhamento de copos;
A
 cerimônia de sepultamento não deve contar com aglomerado de pessoas, respeitando
a distância mínima de, pelo menos, dois metros entre elas, bem como outras medidas de
isolamento social e de etiqueta respiratória;
zz Recomenda-se que o enterro ocorra com no máximo 10 pessoas, não pelo risco biológico do
corpo, mas sim pela contraindicação de aglomerações.
Os
 falecidos devido à COVID-19 podem ser enterrados ou cremados.

Para mais informações sobre a COVID-19, acesse o portal do Ministério da Saúde:


https://coronavirus.saude.gov.br/

Para dúvidas sobre este documento, favor entrar em contato pelo telefone:
(61) 3315-7701 ou pelo e-mail: [email protected]

14
Manejo de corpos no contexto
do novo coronavírus COVID-19 SVS/MS • Versão 1 – março 2020

Referências
SVS/MS
Versão 1 – março 2020

BRASIL. Anvisa. RESOLUÇÃO DA DIRETORIA COLEGIADA-RDC da ANVISA Nº 222, DE 28 DE MARÇO


DE 2018 que regulamenta as Boas Práticas de Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de
Saúde e dá outras providências. Brasília: 2018. DOU nº 61, 29 de março de 2018. Disponível em:
http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/3427425/RDC_222_2018_.pdf/c5d3081d-b331-4626-
8448-c9aa426ec410

BRASIL. Anvisa. Resolução RDC nº 3, de 8 de julho de 2011. Dispõe sobre o Controle e


Fiscalização Sanitária do Translado de Restos Mortais Humanos. Disponível em: http://bvsms.
saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2011/res0033_08_07_2011.html

SOCIEDADE BRASILEIRA DE PATOLOGIA. Nota – Frente ao cenário de coronavírus, orientações


aos médicos patologistas que fazem autópsias. São Paulo, 19 de março de 2020.

BRASIL. Anvisa. Nota Técnica GVIMS/GGTES/Anvisa nº 04/2020 – Orientações para Serviços de


Saúde: medidas de prevenção e controle que devem ser adotadas durante a assistência aos
casos suspeitos ou confirmados de infecção pelo novo coronavírus (sars-cov-2). (atualizada em
21/03/2020).

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria nº 485 de 11 de novembro de 2005 –


Norma Regulamentadora 32 (NR 32) – Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde.
Brasília: 2005.

BAHIA. Secretaria da Saúde. Superintendência de Vigilância e Proteção da Saúde. Diretoria de


Vigilância e Controle Sanitário. BRASIL. Universidade Federal da Bahia. Instituto de Ciências da
Saúde. Manual de Biossegurança. Salvador. 2001.

Centers of Disease Control and Prevention – CDC Interim Guidance for Collection and
Submission of Postmortem Specimens from Deceased Persons Under Investigation (PUI) for
COVID-19. Fevereiro 2020. Disponível em: https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/hcp/
guidance-postmortem-specimens.html

National Institute Of Forensic Medicine Malaysia Interim Guidelines For H Andling Dead Bodies
Of Suspected/Probable/Confirmed 2019 Novel Coronavirus (2019-Ncov) Death. Disponível
em: http://www.moh.gov.my/moh/resources/Penerbitan/Garis%20Panduan/Pengurusan%20
KEsihatan%20&%20kawalan%20pykit/2019-nCOV/Bil%204%20%202020/Annex%2020%20
Guidelines%20Managing%20Dead%20Bodies_26022020.pdf

Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental – ABES. Recomendações para a


gestão de resíduos em situação de pandemia por Coronavírus (COVID-19). Marco de 2020.

Pan American Health Organization. Dead body in the context of the novel coronavirus
(COVID-19).

World Health Organization. Infection prevention and control during health care when novel
coronavirus (nCoV) infection is suspected: interim guidance, 25 January 2020. Geneva: World
Health Organization; 2020

15
Manejo de corpos no contexto
do novo coronavírus COVID-19 SVS/MS • Versão 1 – março 2020

SVS/MS
Phan LT, Nguyen TV, Luong QC, Nguyen TV, Nguyen HT, Le HQ, et al. Importation and Human-to-
Versão 1 – março 2020
Human Transmission of a Novel Coronavirus in Vietnam. New England Journal of medicine. 2020.

São Paulo. Informe técnico 55/2020 (17/03/2020). Biossegurança para manuseio de cadáveres
suspeitos ou confirmados por COVID-19 – Serviços de verificação de óbito e Instituto Médico Legal.

16
Manejo de corpos no contexto
do novo coronavírus COVID-19 SVS/MS • Versão 1 – março 2020

SVS/MS
Versão 1 – março 2020

www.saude.gov.br/svs

17

Você também pode gostar