Contabilidade Analítica e Gestão Orçamental
Contabilidade Analítica e Gestão Orçamental
Contabilidade Analítica e Gestão Orçamental
1.1 Contextualização
A contabilidade analítica, que começou por ser aplicada em empresas industriais de grande
porte, assume se presentemente, como um instrumento relevante para a gestão de qualquer
organização, seja esta privada ou pública, financeira ou não financeira, quer seja grande ou de
reduzida dimensão.
Segundo pesquisas feitas por vários modernos, uma das principais formas de moderna riqueza,
um dos principais bens do património de um sujeito, são os créditos sobre os bancos: saldos de
contas à ordem ou créditos de depósitos a prazo – elementos estes que dentro da conjuntura
financeira da actividade bancária possuem custos, que variam em função da natureza da
operação, e a contabilidade analítica sendo de analise de custos e proveitos de uma
organização, apura vários tipos de custos (fixos e variáveis, directos e indirectos, operacionais
e de estrutura).
Este capítulo, fundamenta teoricamente a pesquisa, é neste capitulo que se expõe as diversas
abordagens e teorias atinentes ao tema em estudo.
Esta definição refere-se, na visão do autor, à contabilidade geral, também designada por
contabilidade financeira ou contabilidade externa, a qual tem por objeto o controlo das
relações da organização com terceiros, a relevação dos seus factos patrimoniais e
extrapatrimoniais e o apuramento do resultado global.
Para o efeito, a contabilidade geral utiliza contas apropriadas e estruturadas segundo uma
determinada ordem e de acordo com determinadas regras, princípios e critérios contabilísticos,
estabelecidos pelas entidades competentes nacionais e internacionais e contantes dos
respetivos planos de contas.
Por sua vez, no entender de CAIADO (2015, p. 414) a contabilidade analítica, a contabilidade
interna ou a contabilidade industrial, tem por objeto o registo dos proveitos e dos custos
relativos aos produtos produzidos, aos clientes compradores e aos departamentos
intervenientes na realização das correspondentes operações.
Segundo CAIADO (2015, 415), o principal objetivo da contabilidade analítica é fornecer aos
responsáveis de qualquer organização os dados significativos e qualificados que lhes
permitam:
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Mas a contabilidade analítica tem também outros objetivos importantes, como é o caso da
responsabilização e da motivação dos gestores e seus colaboradores.
A origem dos bancos comerciais, bancos de troca ou bancos de depósito como também eram
chamados, está associada às atividades dos negociantes de moedas estrangeiras, os money
managers ou money changers (CRUMP, 1981, p.144), os quais se viram obrigados a manter
depósitos seguros e passaram, por isso, a chamar-se de banqueiros. Eles já eram conhecidos na
Grécia e na Roma Antigas. Floresceram também na China e em cidades do Oriente Médio,
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como Cairo e Damasco. Passando por um declínio durante a Idade Média, porque a concessão
de empréstimos entrava em choque com a objeção religiosa da usura, seu reflorescimento e
consolidação no Ocidente deu-se na Itália Renascentista, especialmente na cidade de Veneza,
donde passaram depois para as cidades de Amsterdam e Hamburgo. Gaibraith afirma que a
atividade bancária pertence aos italianos: "As casas bancárias de Veneza e Gênova são as
precursoras reconhecidas dos bancos comerciais modernos regulares" (GALBRAITH, 1983,
p.20).
De Cecco (1987) generaliza esse aspecto fundamental da atividade bancária ao afirmar que:
Minsky (1986, p.223) coloca a especificidade dos bancos comerciais no fato de que "os seus
passivos constituem uma parte significativa da oferta de moeda". Assim, a especificidade da
função bancária não se encontra numa particularidade de comportamento microeconômico da
firma bancária, mas na lógica da criação monetária, onde os créditos fazem os depósitos. Na
mesma perspectiva de Minsky, para Aglietta (1995, p.37) a criação monetária é esse ato duplo
e indissolúvel pelo qual a decisão de emprestar não é a transferência de um depósito
preexistente, mas sim a formação de um novo depósito. O crédito que cria uma moeda nova é
o que permite ao gasto ser o motor da economia. A função bancária específica é de natureza
macroeconômica, e, de um ponto de vista macroeconômico, o investimento global não
pressupõe a poupança global, mas sim o crédito. Como lembrou Keynes, o investimento pode
ser travado pela falta de financiamento, mas nunca por falta de poupança.
Para CAIADO (2015, p.416) as operações realizadas pelas instituições bancarias podem ser
enquadradas, segundo o seu objeto, em quatro tipos distintos:
✓ Intermediação bancaria;
✓ Atividade financeira;
✓ Atividades diversas.
Trata-se da recolha de poupança que existe em excesso junto de diversos agentes económicos
e da concessão de crédito a várias entidades que dela carecem.
Os cheques, que foram largamente utilizados no passado, foi a incluindo para liquidar
importâncias de valor reduzido, têm vindo a ser substituídos em grande parte pelas operações
de crédito em conta e pelos pagamentos através de cartões de débito e de crédito.
Um caixa automático (CA) é um terminal de uma rede do sistema bancário que permite ao
cliente efetuar diversos tipos de operações em regime de suto serviço sem necessidades de se
deslocar aos balcões das instalações bancárias.
As obrigações são títulos representativos de empréstimos contraídos por uma empresa e dão
direito a um determinado rendimento com base na taxa de juro previamente fixada.
Paralelamente aos serviços prestados aos clientes no âmbito dos valores mobiliários, os bancos
também se envolvem na guarda destes títulos e outros e na cobrança dos seus rendimentos e
operações afins.
Trata-se da mediação de contratos de seguros, aluguer de cofres, operações por conta própria e
serviços bancários diversos, que recentemente têm vindo a aumentar, em número e montante,
dando inclusivamente origem aa criação de empresas especializadas, como é o caso das
sociedades de leasing, de factoring, gestoras de participações sociais, gestoras de patrimónios
e gestoras de fundos de investimento.
CAIADO disserta ainda que, os resultados sobre a atividade e a rendibilidade podem ambos
ser analisados segundo os eixos produto, cliente e centro de responsabilidade, ao passo que os
resultados sobre a produtividade são apenas analisados segundo o eixo centro de
responsabilidade e, supletivamente, segundo o eixo produto.
A atividade de uma instituição bancária, traduzida em números e em tempos, pode ser definida
em relação a1:
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CAIADO (2015, p. 419)
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✓ Um cliente, como sendo o número de operações efetuadas com este cliente qualquer
que seja a sede onde se tenham iniciado as operações.
✓ Um centro operacional, como sendo o número das operações tratadas por este centro.
✓ Um centro de lucro, como sendo a soma das rendibilidades dos clientes, ou dos
produtos, deste centro no período em análise.
No domínio bancário, assim como no setor financeiro, existem indicadores que traduzem os
resultados sobre a produtividade, alguns expressos em unidades físicas e outros em unidades
monetárias.
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CAIADO (2015, p.419)
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✓ Centros de responsabilidade.
✓ Produtos e serviços.
✓ Clientes.
2.5.1.1 Caraterísticas
✓ Tem objetivos que devem ser compatíveis com os objetivos gerais do banco a que
pertence (objetivos compatíveis entre si).
✓ Dispõe de um certo grau de autonomia para atingir os objetivos que lhe estão
atribuídos (autonomia).
✓ Possui um responsável bem identificado para exercer os poderes que lhe são delegados
(responsável).
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CAIADO (2015, p.421)
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A nomenclatura dos centros de responsabilidade varia de banco para banco, consoante a sua
dimensão e a diversidade e complexidade das operações realizadas.
Por exemplo, num banco de média dimensão, os departamentos de primeiro nível são
normalmente os seguintes: Direção de Crédito, Direção de Agências, Direção de Tesouraria e
Mercados; Direção Administrativa; Direção de Pessoal; Direção Financeira; Direção de
Participações; Direção de Informática; Direção de Auditoria; Direção Jurídica; Direção de
Controlo de Gestão – podendo existir outros em determinadas situações.
✓ Banca de Participações.
Banca de Particulares
As grandes empresas por vezes são autonomizadas no organograma. Outros grupos financeiros
criam uma rede própria para este segmento de mercado, designada por wholesale banking. O
grupo das pequenas e médias empresas (PME) é integrado na rede a retalho, o que não obsta a
que nalguns casos sejam objeto de criação de um departamento próprio.
Banca Institucional
Banca de Investimento
Departamento de Participações
O Departamento de Participações exerce a sua acção na área das participações detidas pelo
banco, quer com carácter duradoiro, quer destinadas a eventuais transacções.
Funções de Suporte
Para CAIADO (2015, p.427), no conjunto dos produtos disponibilizados pelo banco aos
clientes, destacam se, nomeadamente, os depósitos, o crédito e os cartões.
2.5.2.1 Depósitos
✓ Depósito a ordem – produto em que o cliente entrega a uma instituição monetária uma
quantia em dinheiro, ou outros valores por si realizáveis em dinheiro, obrigando se esta
a proceder à sua restituição imediata após a exigência do depositante.
✓ Depósito com pré-aviso - o reembolso é feito após o pré-aviso acordado entre as duas
partes contratantes, o depositante e a entidade depositária.
✓ Depósito à prazo não mobilizável antecipadamente – o reembolso não pode ser feito
antes de decorrido o prazo fixado no contrato de depósito.
2.5.2.2 Crédito
✓ Crédito por desconto de letra – crédito feito pela instituição de crédito, através de
apresentação de uma letra, cujo vencimento ocorre mais tarde, derivada de uma venda
de mercadorias a prazo a um cliente.
✓ Crédito em conta corrente – crédito aberto em nome de uma entidade, que está sujeito
a um determinado plafond, cobrando a instituição de crédito uma determinada
comissão de imobilização pela sua não utilização, alem dos juros devidos pelo
levantamento efectivo dos fundos até ao limite estabelecido no contrato.
2.5.2.3 Cartões
Nos finais do seculo passado, surgiram os cartões de débito e crédito, também designados por
dinheiro plástico, os quais estão a ocupar a marcada e progressivamente o papel de meios de
pagamento, a nível doméstico e internacional, substituindo com algumas vantagens as notas,
as moedas, e os cheques. As próprias transferências bancárias estão a sofrer a concorrência dos
cartões utilizados nas ATM (Autimatic Teller Machines).
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CAIADO (2015, p.428)
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2.5.3 Clientes
Os clientes das Instituições bancárias são integradas nos seguintes sectores institucionais5:
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CAIADO (2015, p.429)
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Receita e Despesa
Fala se em receita quando nasce o direito de receber e em despesa quando nasce a obrigação
de pagar. A despesa realiza se em ordem a produzir alguma coisa de valor, esperando se obter
o respectivo valor de retorno, que constitui a receita.
Recebimento e Pagamento
Recebimento traduz a entrada na empresa de meios monetários para liquidar uma divida.
Pagamento significa a entrega pela empresa de meios monetários para liquidar uma obrigação.
A cobrança de uma divida é um recebimento e a sua liquidação constitui um pagamento.
Proveito e custo
Réditos
Gastos
Custos Operacionais
Os custos operacionais, ou custos de transformação, são aqueles que são gerados pelos centros
de responsabilidade relacionados, directa ou indirectamente, com as operações realizadas para
obter os produtos e serviços. (CAIADO, 2015, p. 432)
Note se que os custos operacionais directos e indirectos, podem ser ventilados pelos três eixos
da contabilidade analítica: produtos, clientes e centros de responsabilidade.
Custos de Estrutura
Este tipo de custos, na perspectiva de CAIADO (2015, p. 433), também designado por
despesas gerais e de administração, é próprio dos centros de estrutura existentes para apoiar a
actividade a desenvolver pela instituição.
A nível departamental, os encargos do conselho de administração, da direção financeira, da
direção de pessoal, da direção de auditoria, da direção de controlo de gestão e da direção
jurídica constituem custos de estrutura. A sua imputação aos produtos, aos clientes e aos
centros operacionais e finalmente aos centros de lucro, obedece a determinados critérios, ou
chaves de repartição, que devem ser sancionados pela gestão cimeira na instituição.
(CAIADO, 2015, p. 433)
Formas de custeio
✓ Custeio directo
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CAIADO (2015, p. 433)
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✓ Custeio total
No custeio total, são imputados aos produtos todos os custos directos e indirectos, incluindo as
despesas gerais e administrativas. Por conseguinte, o centro de lucro abarca todos os custos,
quer directos, quer indirectos, o mesmo acontecendo com qualquer produto transacionado.
É importante referir que, nas empresas não existem rigorosamente, custos fixos e custos
variáveis. Nalgumas situações surgem abertamente os custos semi -variáveis, como é o caso
do vendedor de produtos que tem um salário fixo e outro variável que depende das vendas
realizadas. (CAIADO, 2015, p. 435)
Os custos fixos são aqueles que ocorrem mesmo que a actividade da empresa se mantenha
inactiva, isto é, sem nada produzir ou fazer. Logo, estes custos acarrectam diferentes preços
dos produtos, consoante a actividade desenvolvida. Se esta subir, diminui o custo unitário e, se
descer, aumenta o custo unitário. (CAIADO, 2015, p. 435)
Os custos variáveis são aqueles que variam com a actividade desenvolvida pela instituição,
quando não existe actividade estes custos também não existem.
O autor disserta ainda que os custos variáveis podem ser progressivos, degressivos ou
proporcionais, consoante o seu grau de variabilidade com a produção ou actividade seja
logicamente progressivo, degressivo ou proporcional à produção que a instituição realizou.
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Quando os encargos variáveis e encargos fixos igualam o valor das vendas, relativamente a
um determinado produto, diz se que se atinge o ponto morto, ou seja, a situação em que não há
lucro, nem prejuízo.
Como em qualquer outra empresa com fins lucrativos, a partir do ponto morto, também
designado por ponto critico, todas as vendas facturadas a um preço superior ao custo variável
redundam em lucro para a empresa, uma vez que os encargos fixos já estão imputados, na sua
totalidade, à exploração. Como se compreende, isto apenas é valido dentro da capacidade
instalada da empresa. (CAIADO, 2015, p. 435)
Os custos marginais podem ser definidos como sendo os custos adicionais desencadeados pela
oferta adicional de um produto ou de uma operação suplementar relativamente a uma
programação fixada a prior de uma actividade. (CAIADO, 2015, p. 438)
Quanto a forma de abordagem a pesquisa é qualitativa, isto porque os factores não são
puramente e unicamente direcionados a números, entretanto, podem ser tão importantes
quanto estimular números.
Quanto a sua natureza a pesquisa é aplicada, sendo que, objectiva gerar conhecimentos para
aplicação práctica dirigida a solução de problemas específicos, neste caso particular, gerar
conhecimentos direcionados ao sector bancário.
Do ponto de vista dos seus objectivos a pesquisa é descritiva, pois tem como objectivo
primordial descrever as características de determinado fenómeno.
Quanto aos procedimentos técnicos, a pesquisa é bibliográfica, pois a mesma foi elaborada a
partir de material já publicado sobre matérias relacionadas aos indicadores prudenciais.
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Os bancos comerciais, fiscalizados pelo Banco Central, desempenham hoje um papel vital
numa sociedade que é cada vez mais cashless, (seguramente para as transacções de maior
valor), e estas funções resumem se em: Intermediação bancaria; Gestão de meios de
pagamento; Atividade financeira; Atividades diversas.
Actualmente, os depósitos e outras operações bancárias constituem uma das principais fontes
de poupança para muitas famílias, o que permite dinamizar a actividade de captação de fundos
por parte das instituições de crédito e sua subsequente aplicação – este facto remeteu nos ao
estudo dos principais custos nesta actividade, visto estar a ganhar muito espaço nos dias de
hoje, o que de forma geral destacam se: custos fixos e variáveis, directos e indirectos, e os
custos marginais.
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Bibliografia
CAIADO, Anibal Campos. (2015). Bancos – Normativos, Contabilidade e Gestão. 1ª. edição,
Edição silabo: Lisboa.
CRUMP, T. (1981). The phenomenon of money. London: Routiedge & Kegan Paul.
DE CECCO, M., ed. (1987). Changing money: financial innovation in developed countries.
New York: Basil Blackwell.
GALBRAITH, J. K. (1983). Moeda: de onde veio, para onde foi. São Paulo: Pioneira.