006 Guia Suno Small Caps 20190916 JT PDF
006 Guia Suno Small Caps 20190916 JT PDF
006 Guia Suno Small Caps 20190916 JT PDF
1º edição
[1]
Sumário
[5] Prefácio
[16] II – Estratégias
[47] IV – Riscos
[103] Posfácio
[108] Glossário
[2]
A missão da Suno Research
A cada geração, uma parte da humanidade se compromete em deixar o mundo
um lugar melhor do que encontrou. Esse contingente populacional acredita
que, para tanto, é preciso investir em inovações.
O brasileiro também pode financiar a inovação, gerando divisas para seu país
e se beneficiando dos avanços promovidos pela parceria entre investidores e
empreendedores.
[4]
Prefácio
Small Caps: o que elas têm de diferente?
Por Tiago Reis *
Existem vários fatores que transformam elas em quase que uma categoria de
investimentos à parte. A começar pela cobertura dos analistas.
Isso com certeza é uma vantagem. Não existe competição. Qualquer análise
traz uma grande vantagem frente aos demais investidores.
Outro ponto que torna as Small Caps únicas são as valorizações que podemos
ver. É bem difícil uma empresa como o Itaú dobrar de preço em um ano. Ainda
que não aconteça com todas, é bem mais comum esse cenário de forte
valorização ocorrer com ações menores.
É mais fácil uma empresa de R$ 500 milhões passar a valer R$1 bilhão, do que
uma empresa de R$ 200 bilhões passar a valer R$ 400 bilhões.
[5]
Isto porque a empresa menor precisa de um incremento de resultados menor
para justificar um preço duas vezes maior. Dobrar a linha de receitas de um
banco como o Itaú (que já tem cerca de 30% do mercado nacional) é bem mais
difícil.
[6]
I
O que são Small Caps?
“Como o lucro é o que enche o bolso do acionista, em última
instância, é o que o mercado acompanha. E por isso se fala tanto
em múltiplo P/L.”
[7]
Consideramos, no cálculo de capitalização de uma empresa, todas as classes
de ações (ON, PNA, PNB, Units) em circulação no mercado. Porém, excluímos
as ações em tesouraria.
[9]
Itausa ITSA4 R$ 102.463.455,72
Telef Brasil VIVT4 R$ 74.610.254,40
B3 B3SA3 R$ 70.218.812,97
Suzano S.A. SUZB3 R$ 55.695.861,00
BBSeguridade BBSE3 R$ 54.766.770,01
JBS JBSS3 R$ 53.688.258,23
Btgp Banco BPAC11 R$ 47.110.239,95
Eletrobras ELET3 R$ 44.856.633,42
Eletrobras ELET6 R$ 44.856.633,42
Carrefour BR CRFB3 R$ 42.048.884,90
Weg WEGE3 R$ 39.031.606,72
Magaz Luiza MGLU3 R$ 36.574.936,37
Engie Brasil EGIE3 R$ 34.391.354,24
Braskem BRKM5 R$ 34.038.387,62
Lojas Renner LREN3 R$ 33.338.322,83
Sabesp SBSP3 R$ 32.945.175,69
A Bolsa brasileira, B3, criou um índice chamado Índice Small Caps (SMLL) para
agregar todas as ações com esse perfil. Em linhas gerais, para uma ação entrar
neste índice, deve atender aos seguintes requisitos, conforme descritivo da
Bolsa de São Paulo – vide “Índice Small Cap (SMLL)” e “Composição da carteira”
no site da B3:
http://www.b3.com.br/pt_br/market-data-e-indices/indices/indices-de-segmentos-e-setoriais/
[11]
Sanepar SAPR11 R$ 8.541.669,60
Gol GOLL4 R$ 8.526.068,36
Copasa CSMG3 R$ 8.331.892,48
Cesp CESP6 R$ 8.246.000,53
Estacio Part ESTC3 R$ 8.196.086,03
Iguatemi IGTA3 R$ 6.873.933,03
Alupar ALUP11 R$ 6.863.596,97
Sao Martinho SMTO3 R$ 6.819.603,83
Duratex DTEX3 R$ 6.758.021,20
Gerdau Met GOAU4 R$ 6.740.282,16
MRV MRVE3 R$ 6.596.014,28
Cyrela Realt CYRE3 R$ 6.574.158,19
Fleury FLRY3 R$ 6.540.387,12
Eneva ENEV3 R$ 6.536.042,50
Grendene GRND3 R$ 6.513.595,20
Totvs TOTS3 R$ 6.462.702,60
Banco Inter BIDI4 R$ 6.325.293,38
Locamerica LCAM3 R$ 6.188.358,29
Viavarejo VVAR3 R$ 5.860.687,50
Smiles SMLS3 R$ 5.506.449,57
Cia Hering HGTX3 R$ 5.235.418,80
Qualicorp QUAL3 R$ 4.968.285,92
Linx LINX3 R$ 4.915.071,85
Bk Brasil BKBR3 R$ 4.838.973,36
Ecorodovias ECOR3 R$ 4.646.466,05
Arezzo Co ARZZ3 R$ 4.599.069,50
AES Tiete E TIET11 R$ 4.343.750,50
Light S/A LIGT3 R$ 4.284.654,60
Eztec EZTC3 R$ 4.284.000,00
Marfrig MRFG3 R$ 4.179.204,09
Abc Brasil ABCB4 R$ 4.018.033,43
Aliansce ALSC3 R$ 3.870.951,96
[12]
SLC Agricola SLCE3 R$ 3.770.815,75
BR Propert BRPR3 R$ 3.489.643,55
Enauta Part ENAT3 R$ 3.285.760,85
Unipar UNIP6 R$ 3.285.102,26
Minerva BEEF3 R$ 3.250.024,64
Movida MOVI3 R$ 3.195.636,32
Marcopolo POMO4 R$ 3.195.093,73
Iochp-Maxion MYPK3 R$ 3.071.060,87
Ser Educa SEER3 R$ 3.023.669,44
Metal Leve LEVE3 R$ 3.001.135,82
Randon Part RAPT4 R$ 2.859.022,32
Camil CAML3 R$ 2.756.850,68
Tupy TUPY3 R$ 2.584.860,52
Santos Brp STBP3 R$ 2.552.777,15
Ihpardini PARD3 R$ 2.478.417,76
Petrorio PRIO3 R$ 2.203.786,67
Ferbasa FESA4 R$ 1.925.727,45
Tenda TEND3 R$ 1.829.255,40
Tegma TGMA3 R$ 1.770.429,18
Vulcabras VULC3 R$ 1.533.517,44
Lojas Marisa AMAR3 R$ 1.530.057,20
Anima ANIM3 R$ 1.526.250,11
Even EVEN3 R$ 1.343.138,35
Log Com
LOGG3 R$ 1.320.733,60
Prop
Wiz S.A WIZS3 R$ 1.279.258,26
Direcional DIRR3 R$ 1.224.460,35
Valid VLID3 R$ 1.174.355,40
Imc S/A MEAL3 R$ 1.156.369,68
Forja Taurus FJTA4 R$ 388.750,64
Gafisa GFSA3 R$ 250.196,74
[13]
Toda Small Cap é um pequeno negócio?
Tome a Via Varejo (VVAR3), por exemplo, em maio de 2019. A companhia tinha
faturado mais de R$ 26 bilhões nos últimos doze meses, mas o seu valor de
mercado era inferior a R$ 5 bilhões. Parte dessa discrepância é explicada pelo
acúmulo de prejuízos nos últimos anos e as perspectivas nebulosas para a
varejista.
Veja o caso do Banco Inter (BIDI4) em maio de 2019. O banco valia em torno
de R$ 6 bilhões na Bolsa. Nos últimos doze meses, o banco havia faturado R$
680 milhões e lucrado R$ 69 milhões.
Sem julgar o mérito do Valuation do Banco Inter, que pode vir a ser justificado
pelo crescimento futuro, sabemos que excessos podem ocorrer.
É o caso da bolha de Internet nos Estados Unidos, nos anos 2000. Diversas
empresas, ainda pré-operacionais ou engatinhando, foram avaliadas por
centenas de vezes os seus lucros. Deu no que deu: a bolha das empresas
“.com” estourou e arruinou as economias de milhares de investidores
individuais norte-americanos.
[15]
II
Estratégias
“Um dos atalhos dos investidores é não tentar encontrar a agulha
do palheiro, mas sim, comprar o palheiro inteiro. Ou seja, montar
um portfólio tão diversificado que provavelmente incluirá alguma
ação multibagger.”
• Crescimento
• Cíclicas
• Turnarounds
• Deep Value (Asset Play)
[16]
1ª estratégia: crescimento
Peter Lynch, grande gestor de ações, apelidou essas ações que valorizam muito
ao longo dos anos de multibagger.
Ou seja, uma ação que multiplica por dez seria uma tenbagger e se fosse por
vinte, seria denominada twentybagger. Por exemplo: se você tiver um
investimento que retorne 15% ao ano, depois de dezessete anos você teria
uma tenbagger.
[17]
Futuros líderes em setores de alto crescimento
[18]
[19]
Logicamente, encontrar o próximo Google é tarefa dificílima. Setores que
crescem muito rápido atraem uma competição feroz, minando a lucratividade
da maioria dos participantes da indústria.
Porém, com certeza este atalho não é solução mágica, pois mesmo adquirindo
várias ações que valorizam expressivamente, o percentual de participação
dessas ações na carteira pode ser tão baixo a ponto de não impactar muito o
desempenho do portfólio como um todo.
Lembremos:
[20]
Uma perda de 99% implica em uma rentabilidade de 9.900% só para
retornar ao ponto de partida.
Existe ainda outra armadilha nessa busca por oportunidades de ouro: quando
uma empresa está bem cotada para se tornar a líder de um setor, os
investidores antecipam o desempenho futuro do negócio.
[21]
[22]
Verifique que temos nomes tradicionais em indústrias consolidadas como
Lojas Americanas, Ambev, Vale, Itaú Unibanco e BRF.
O que é comum à maioria das ações deste ranking é o fato dessas companhias
terem se tornado referências em seus setores, galgando as primeiras posições
em termos de participação de mercado.
Faça o teste abaixo: veja se você consegue identificar a maioria das empresas
americanas com melhor desempenho de 1998 a 2007:
[23]
[24]
Buy & Homework
Não é preciso muito trabalho para esta tarefa. O investidor pode começar
acompanhando os resultados trimestrais e os comunicados que a empresa
divulga ao mercado. Aos poucos, pode ir montando seu próprio modelo de
quanto aquela companhia deveria valer.
Para aqueles que não desejam se envolver nem mesmo a este ponto, a
assinatura de empresas de research competentes pode acelerar bastante o
processo de aprendizagem.
Como o preço das ações acompanha os lucros das empresas, então o que se
observa é uma forte correlação positiva entre o preço dessas commodities e o
preço das ações das empresas que as produzem – ou das empresas inseridas
nesta cadeia.
[26]
Ciclos domésticos
[27]
3ª estratégia: Deep Value (Asset Play)
A terceira estratégia é o Value Investing clássico. Fazendo uma analogia, é
como comprar uma moeda de um Real por cinquenta Centavos e, assim, lucrar
com a diferença. Na Bolsa isto significa comprar ações de uma empresa por
um valor menor do que o seu valor de liquidação.
Para encontrar situações em que a empresa iria valer “mais morta do que
viva”, precisamos buscar ativos no balanço que estão registrados por valores
muito menores do que os valores de mercado.
Por exemplo, uma empresa pode ter terrenos e fazendas registrados ao custo
de trinta anos atrás, enquanto essas propriedades valem várias vezes este
montante. Podem também ser florestas, veículos, imóveis, além de
commodities de qualquer natureza.
Outra abordagem é procurar ativos valiosos que ainda não foram registrados
no balanço patrimonial. Porém, essa é uma abordagem mais avançada.
[28]
Tal estratégia funcionou muito bem no passado, quando havia dezenas de
empresas negociando dessa forma e o mercado era muito menos eficiente. No
entanto, hoje os desafios são bem maiores.
Warren Buffett já caiu nessa, quando comprou uma joalheria por menos do
que o ouro em estoque. Mas o negócio era tão ruim que ele empatou seu
investimento depois de anos.
Nesse caso, as ações podem nunca “fechar o gap” de valor. Pois só há duas
formas de conseguir destravar essa diferença:
[29]
estarem registrados por valores muito acima do valor de mercado. Isso pode
acontecer quando existe certa flexibilidade na contabilização dos ativos.
Por todos esses motivos, para evitar a armadilha de valor, a forma mais segura
de aplicar o Deep Value é considerar a qualidade do negócio em conjunto.
Se for uma companhia que dá lucro, tem gestão financeira conservadora e está
inserida em um bom setor, as chances de a estratégia dar certo são muito
maiores, levando em conta que podemos estar diante da baixa liquidez das
ações impedindo que investidores profissionais adquiram os papéis.
4ª estratégia: Turnarounds
A última estratégia pode ser comparada como apostar na “ressurreição dos
mortos”. Enquanto a maioria não volta à vida, sempre existem aqueles que
contrariam as probabilidades. Esta é uma estratégia com risco acima da média,
pois temos poucos exemplos de empresas que deram a volta por cima e
retomaram aos tempos de glória.
[30]
Não é fácil reverter uma situação assim. O tratamento passa pela clara
identificação dos sintomas e o que fazer a respeito. Das duas uma:
Ou:
O segundo caso é o mais comum e o investidor que comprar uma ação nessa
situação provavelmente sairá de mãos vazias ou perdendo quase todo capital
aplicado.
[31]
III
Por que investir?
“Em média, ações de menor capitalização têm maiores chances de
estarem mal precificadas. Isso geralmente não acontece com tanta
facilidade para as Large Caps. Por quê? Empresas de grande
capitalização costumam ter acompanhamento maior do chamado
Smart Money.”
Claro que há também riscos inerentes dessa classe de ativos, mas este assunto
é tratado no Capítulo IV.
[32]
São levantamentos válidos e, por isso, é preciso entender as razões
econômicas desta vantagem prolongada das ações de menor capitalização.
Essa lógica será explicada adiante. Antes, veja alguns resultados interessantes.
O SMLL ainda é recente em comparação com o Ibovespa e, por isso, ainda não
há um histórico mais longo para fazer este estudo. Dessa forma, para
complementar os resultados, realizamos um segundo estudo em um período
de vinte anos.
[33]
2ª Evidência: as vinte melhores
[34]
Ao separar estas empresas por capitalização de mercado da época, em
ordem crescente, chegamos à seguinte distribuição:
[35]
Evidências no mercado americano
O desempenho superior das Small Caps também foi verificado nos Estados
Unidos, em vários períodos diferentes.
US$ 100 mil aplicados em Large Caps transformaram-se em US$ 330 mil ao
final de cinco décadas, enquanto o valor acumulado em Small Caps alcançou
US$ 1,96 milhão. Ou seja, quem aplicou nas menores ações acumulou quase
cinco vezes mais.
[36]
[37]
Small Caps sempre rendem mais?
Nem sempre.
Logo, para o investidor que tivesse feito uma seleção de Small Caps com mais
cuidado, seus resultados provavelmente teriam sido bem melhores.
[38]
Mesmo assim, permanece espantoso o fato de uma estratégia tão simples
quanto escolher ações de menor capitalização ter gerado retornos tão grandes
no longo prazo. É necessário, assim, entender a origem do diferencial de
retorno desta classe tão especial de ações.
[39]
Já no caso das Small Caps, a competição é menor, por conta do menor volume
de negociação (liquidez) dos papéis.
Por isso, existem papéis que os fundos de investimento nem consideram para
suas carteiras, mesmo que sejam ótimas oportunidades. Logo, é nítida a
preferência das grandes gestoras por ações de maior capitalização.
[40]
Já quando falamos de Small Caps, a cobertura é muito menor. As empresas de
menor porte muitas vezes são completamente desconhecidas da maioria dos
investidores e do mercado.
Por isso, assinar uma dessas casas pode ser uma decisão mais inteligente do
que tentar competir por conta própria, especialmente para aqueles
investidores que não querem dispor de tempo para isso.
Outra razão pela qual as Small Caps são mais vantajosas, não diz respeito às
condições de mercado, mas às condições de negócio. Existem muito mais
caminhos para crescer um negócio pequeno do que para uma empresa
consolidada.
Quando uma empresa se torna madura, fica bem mais difícil continuar o
crescimento na mesma velocidade de quando o negócio tinha uma escala bem
menor.
[41]
Como exemplo, temos a Ambev. O market share da fabricante de cervejas é
de quase 70% do mercado nacional. Mesmo que a companhia detivesse 100%
do mercado, o que é improvável, o seu lucro só dobraria (mantendo as
margens constantes) caso o mercado consumidor de cerveja crescesse cerca
de 57%. Isso é difícil de acontecer, pois esse já é um mercado consolidado.
Quando Buffett geria muito menos capital, havia diante dele muito mais
oportunidades de rentabilizá-lo do que quando ele passou a trabalhar com
dezenas de bilhões de dólares.
Para uma companhia de grande porte crescer, não basta uma boa
oportunidade. Precisa ser uma oportunidade grande também.
Esse não é o caso das Small Caps que, por terem uma escala muito menor de
operação, conseguem crescer mais rapidamente. Às vezes, um novo contrato
muda o tamanho do negócio.
Não custa relembrar: nem toda Small Cap é um negócio pequeno e nem todo
negócio pequeno é uma Small Cap. Por isso, atenção.
[42]
É improvável que a companhia consiga alcançar o tamanho do Itaú, mas
mesmo que só atinja 5% do seu tamanho no longo prazo, por exemplo, a
empresa ficaria mais de trinta vezes maior.
Basta perceber que a maior parte das empresas do país é composta por
negócios de bairro, como padarias, cabeleireiros, botecos, lojas de roupas,
restaurantes e cafeterias, entre outros.
São esses negócios que movem a Economia, mas a maioria deles não consegue
ganhar escala para crescer. Seja por falta de competência, concorrência,
disposição dos donos ou outros fatores. Também há um giro enorme nestes
negócios, pois a maioria das empresas quebra no Brasil após alguns anos de
atividade.
Mas não há motivo para desânimo. É preciso trabalhar duro para encontrar as
boas oportunidades.
Lembre-se de que toda Large Cap um dia já foi uma Small Cap. Então,
certamente, algumas companhias conseguirão crescer de modo significativo.
[43]
O próprio Itaú, no passado, possuía um valor de mercado muito pequeno.
Dentro do portfólio da Itaúsa (holding que é sua controladora), tinha uma
representatividade similar a de outros negócios.
Para termos uma ideia, levou de três a quatro décadas para que a Renner
tivesse 21 lojas. Isso dá a ordem de grandeza do desafio, que elevou a varejista
para um patamar muito superior.
A verdade é que a maior parte das ações da Bolsa são empresas de menor
porte. Assim, excluir este importante segmento significa abrir mão de vários
nichos de negócios que poderiam complementar o portfólio.
[44]
• 67% das empresas negociadas na B3 com boa liquidez possuam valor
de mercado abaixo de R$ 4 bilhões.
• 45% das empresas possuíam valor de mercado abaixo de R$ 1 bilhão.
• Nos EUA, 48% das empresas negociadas em Bolsa possuíam valor de
mercado abaixo de US$ 1 bilhão.
Já no setor financeiro, não há por que se limitar apenas aos grandes bancos.
Existem empresas mais focadas, como:
• Seguradoras
• Prestadoras de serviços de TI para o setor financeiro
• Bancos digitais
• Bancos de investimentos
• Corretora de seguros
Esta isenção vale até 2023 e é dada pelo Artº16 da Lei 13.0443/14:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13043.htm
[45]
Quando a lei foi promulgada, a CVM disponibilizou a lista de ações que tinham
este benefício na época, listadas a seguir:
• AGRO3 – BrasilAgro
• CRDE3 - CR2 Empreendimentos Imobiliários S/A
• GSHP3 - General Shopping
• HRTP3 (convertida em PRIO3) – PetroRio
• NUTR3 - Nutriplant Indústria e Comércio S/A
• RNAR3 – Pomifrutas S/A
• SNSL3 (convertida em SQIA3) - Senior Solution / Sinqia
[46]
IV
Riscos
“É importante que se tenha atenção redobrada em relação à saúde
de um balanço de Small Cap, dando preferência para aqueles
negócios com baixo endividamento e uma posição de caixa
confortável.”
Uma Small Cap pode ser muito menos arriscada do que uma Large Cap.
E vice-versa.
Às vezes sim. Às vezes não. Outrora relevantes, nomes como Trans Brasil,
Varig e Vasp sumiram do ar, com o perdão do trocadilho.
[47]
É preciso avaliar diversos riscos como, por exemplo:
• Risco concorrencial
• Risco de obsolescência
• Risco regulatório
• Risco jurídico
• Risco ambiental
• Exposição cambial
• Alavancagem financeira
• Riscos de contratos de receitas
• Riscos de contratos com fornecedores
• Conflitos de interesses com controladores e executivos
Menor liquidez
As ações de Small Caps possuem, em média, menor liquidez do que as ações
de Large Caps. Assim, é mais difícil montar e desfazer posições com relação ao
preço, no momento e na quantidade desejada de uma determinada ação.
Das 203 empresas incluídas neste estudo, 21% não tinham qualquer liquidez,
49% negociavam acima de R$ 100 mil por dia e 30% negociavam mais de R$ 1
milhão, configurando um espectro bem amplo no aspecto de liquidez.
Para a maioria dos investidores, a liquidez não será um impedimento, visto que
irão aportar algumas centenas ou milhares de reais. Contudo, uma pequena
parcela de aplicadores pode ser prejudicada com a baixa liquidez de alguns
papéis, sobretudo aqueles aplicadores com aportes mais volumosos.
[48]
Custo de capital mais elevado
Por conta da menor liquidez das ações, as Small Caps podem ter mais
dificuldade de emitir novas ações, sejam com ofertas primárias ou secundárias.
Isto porque a maior parte do capital investido em ações é de propriedade de
investidores institucionais (fundos, principalmente) e esses investidores
trabalham com milhões ou bilhões de reais.
Independência ou morte
Small Caps costumam ser empresas de menor porte e, portanto, não geram e
distribuem tanta riqueza, quando comparadas com as grandes companhias
nacionais. Essa riqueza pode se dar através de impostos, pagamentos aos
fornecedores, remuneração aos empregados, juros aos credores e dividendos
aos acionistas.
http://www.ri.oi.com.br/download_arquivos.asp?id_arquivo=9028D94F-595B-4D05-892E-6D41307D4571
[50]
Maior volatilidade
Small Caps são mais voláteis do que a média das ações da Bolsa. Isto significa
que variações de cinco, dez, vinte por cento – tanto para mais ou para menos
– são mais frequentes.
Menor transparência
Algumas Small Caps possuem menor transparência quanto às informações
prestadas ao mercado, pois várias companhias estão listadas em segmentos
da B3 que permitem um nível menor de disclosure (termo contábil relativo à
divulgação de informações financeiras, com foco em transparência dos dados).
Além disso, pode ser que os administradores não estejam dispostos a divulgar
informações estratégicas, que possam vir a ser acessadas por competidores ou
fornecedores. Como exemplo, temos a Metisa, que comenta muito
brevemente os resultados de cada trimestre.
Por um lado, isto é algo negativo, pois impede que novos investidores
conheçam melhor os negócios da companhia e possam avaliar melhor as
perspectivas do seu investimento.
[51]
Porém, devido ao acúmulo de funções, em alguns casos, o investidor consegue
um acesso mais fácil ao top management (alto comando da empresa) que
acaba ficando também responsável por se comunicar com o mercado.
É mil vezes preferível uma empresa com baixo disclosure e muito resultado do
que apresentações de Power Point que não enchem os bolsos dos investidores.
[52]
V
Roteiro básico de análise
“A recomendação é preservar o capital. Então, desde já, devemos
buscar empresas com um longo histórico de lucratividade.”
Este capítulo aborda o que consideramos os passos básicos para analisar Small
Caps. O escopo deste roteiro é abrangente: sua lógica também pode ser
aplicada para avaliar uma empresa maior, ainda que não seja Small Cap.
Delimitando os candidatos
O passo inicial para encontrar uma Small Cap é saber onde procurá-la. Uma
boa fonte é o índice de Small Caps da Bolsa de Valores de São Paulo. A
composição atualizada do Índice Small Cap (SMLL) é divulgada nesta página da
B3 – vide “Índice Small Cap (SMLL)” e “Composição da carteira”:
http://www.b3.com.br/pt_br/market-data-e-indices/indices/indices-de-segmentos-e-setoriais/
Como visto no capítulo I, este índice não incorpora as ações de baixa liquidez
e as ações de empresas em processo de recuperação judicial.
Até o momento não existe uma ferramenta eficaz para encontrar todos os
fundos categorizados desta forma. No entanto, é possível conseguir uma boa
lista através da Central de Sistemas da CVM. O primeiro passo é abrir o link a
seguir e clicar sobre “Consulta a Fundos”:
http://sistemas.cvm.gov.br/
[53]
Reprodução de tela da Central de Sistemas da CVM em 02 de julho de 2019.
Na tela que irá abrir, basta escrever “SMALL CAPS” em cima, escolher “FDOS
DE INVESTIMENTO” no meio, e digitar o código de verificação no campo
inferior:
[54]
Reprodução de tela da Central de Sistemas da CVM em 02 de julho de 2019.
[56]
É facultativo ao gestor esconder suas posições por até dois meses. Ou seja:
para boa parte dos fundos, especialmente aqueles mais seguidos, vemos os
dados com um atraso de três meses. Nestes casos, basta trocar a competência
na parte de cima da tela.
Pode acontecer, ainda, do fundo de Small Caps não ter “SMALL CAPS” no seu
nome e, mesmo assim, investir nestes papéis. Neste caso, é preciso conhecer
a estratégia individual de cada gestor.
[57]
Geralmente, os fundos de maior porte estão disponíveis nas plataformas de
investimento, enquanto os outros ficam escondidos no mercado ou mesmo
estão fechados para captação. Já existem alguns sites como Magnetis
(https://magnetis.com.br/) e Mais Retorno (https://maisretorno.com/) que
possuem uma ótima base de fundos.
Lembrando apenas que a maioria dos fundos não contém papéis com baixa
liquidez. Algumas ações simplesmente não têm investidor institucional na sua
base acionária, somente pessoas físicas.
Neste caso, precisamos buscar quais são estas ações que os fundos ignoram.
Uma boa forma de fazer esse garimpo de liquidez é através do filtro disponível
no site Fundamentus:
http://www.fundamentus.com.br/buscaavancada.php
[58]
Reprodução de tela do site Fundamentus em 02 de julho de 2019.
Consequentemente, uma página será aberta com a lista de todas as ações que
passam neste filtro.
[59]
Reprodução de tela do site Fundamentus em 02 de julho de 2019.
[60]
Algumas empresas são novatas na B3, então damos preferência para aquelas
com histórico mais longo, com o mínimo de oito anos.
https://plataforma.penserico.com/dashboard.pr
Esta plataforma tem limites. Por isso é importante saber como calcular os
indicadores manualmente – ou em uma planilha.
O primeiro indicador que vamos observar é o Lucro Por Ação (LPA). Para fins
didáticos, omitiremos o nome da empresa do estudo.
[61]
É fundamental atentar para prazos longos no histórico, pois amostras curtas
podem oferecer uma visão completamente equivocada da qualidade dos
lucros de determinada companhia.
Para quem preferir calcular o LPA por conta própria basta aplicar a seguinte
fórmula:
http://www.b3.com.br/pt_br/produtos-e-servicos/negociacao/renda-variavel/empresas-listadas.htm
[62]
Ao observamos um histórico longo, estes resultados não recorrentes acabam
sendo neutralizados no tempo. No entanto, variações muito abruptas de um
ano para outro merecem maior investigação.
Uma recomendação para quem quiser ter mais segurança de que os lucros das
empresas se convertem em caixa, de fato, é atentar para o histórico de
pagamento de dividendos na plataforma PenseRico.
https://amzn.to/2ROsGMU
[63]
Há uma lógica econômica bem estabelecida de que acionistas demandam
maiores retornos do que os credores. Por isso, as companhias evitam emitir
capital próprio. Contrair dívida costuma ser mais barato, ainda que a pressão
sobre o caixa seja maior.
A maior parte das dívidas costuma não ser conversível em ações, mas todas
exigem um cronograma de pagamentos, já incluídos os juros. Portanto, no caso
em que estas dívidas não sejam aplicadas em projetos rentáveis a ponto de
honrar os pagamentos aos credores e ainda sobrar algo, o lucro irá cair,
podendo se converter em prejuízo.
Os casos mais óbvios são aqueles em que a empresa não possui dívidas (dívida
bruta nula) ou a situação em que o caixa é maior do que a dívida bruta (dívida
líquida negativa).
Para o primeiro caso, basta realizar um filtro no site Fundamentus, nos moldes
já vistos na etapa anterior.
[64]
Reprodução de tela do site Fundamentus em 02 de julho de2019.
Por exemplo, no caso de varejistas que alugam a maior parte das suas lojas, o
PL é baixo, pois os imóveis não são registrados no balanço.
O que ocorre é que a maior parte deste valor não é reconhecida no balanço,
por se tratar de algo intangível – como marcas e patentes – e que crescem com
[65]
o tempo. As normas contábeis, em geral, proíbem a reavaliação positiva de
intangíveis para cima destes ativos e, em alguns casos, nem mesmo são
registrados.
Com certeza, a marca Google hoje vale muito mais do que há dez anos. Mas
será que você consegue perceber isso somente pela leitura dos balanços?
Para os casos em que a dívida líquida for negativa, será necessário verificar
essa condição através da plataforma PenseRico, na aba de “INDICADORES
INFORMATIVOS” dentro da apresentação de dados da empresa pesquisada.
[66]
Portanto, ao calcular o índice EBITDA (12 meses) / Juros; ou Resultado
Operacional (12 meses) / Juros; teremos uma ótima aproximação da
sustentabilidade da dívida.
Bancos também são diferentes, pois a dívida faz parte da atividade. Porém,
estes são casos que exigem um aprofundamento maior na análise. Fiquemos
no mais básico.
[67]
O caminho das pedras
Até agora vimos alguns critérios quantitativos simples que eliminaram boa
parte das candidatas de investimento. No entanto, restam ainda muitas
empresas para escolher. Selecionar as ações mais promissoras dentro deste
universo menor será uma tarefa mais difícil.
A partir de agora, a análise é mais qualitativa, ainda que os números nos sirvam
como ótimas referências. Talvez seja redundante lembrar, mas desempenho
passado não é garantia de desempenho futuro. Isso vale no nível empresarial
e no nível do acionista.
Via de regra, negócios que prosperaram durante muitos anos (ou décadas) não
desaparecem da noite para o dia. Mesmo assim, existem exceções à regra.
Certa vez, alguém perguntou para Warren Buffet qual era o primeiro passo em
sua análise. Sua resposta foi nas seguintes linhas:
“Se não consigo ter uma grande confiança de que este negócio lucrará
10, 15 anos à frente, está descartado”.
Certeza ninguém tem, mas a ideia é tentar aproximar a direção dos resultados
de determinada companhia. E para isso, precisamos pensar de forma
probabilística.
[68]
Na parte de “quando investir”, temos um segundo obstáculo para o
investimento em ações. Mesmo acertando quais serão aquelas empresas que
lucrarão muito mais no futuro, o preço atual já pode estar levando isto em
conta.
Por isso, a disciplina do Valuation é essencial para quem quiser melhorar o seu
desempenho ao longo do tempo. Veremos algumas noções básicas de
Valuation no final do capítulo.
• Formulário de Referência
• Site de RI (Relações com Investidores) da empresa
• Apresentação Institucional
[69]
A estrutura básica do Formulário de Referência
Já pelo site de RI, é fornecido um arquivo do tipo PDF que contém as mesmas
informações. Cabe ao usuário escolher o formato que mais lhe agrade.
• Histórico do emissor
• Atividades do emissor
• Controle e grupo econômico
• Assembleia e administração (e capítulos correlatos)
• Fatores de risco
Para saber como uma companhia funciona, é preciso entender de onde ela
veio. Pois toda imagem atual que temos de uma empresa é decorrência de
ações (e omissões) tomadas ao longo dos anos. A história, logicamente,
envolve milhares de detalhes. Porém, o que importa compreender são as
grandes mudanças ao longo dos anos.
[70]
• Alguma vez passou por recuperação judicial ou extrajudicial?
• A empresa realizou ofertas de ações secundárias (Follow-on)?
• Houve tentativa de fechamento de capital? Ou a empresa fechou o
capital e depois voltou ao mercado?
• Como evoluiu a participação de mercado ao longo dos anos? A
companhia comprou parte de seus concorrentes ou cresceu mais
rápido do que seus pares?
• As métricas operacionais apresentaram crescimento consistente?
• Quem foram os protagonistas do sucesso da empresa?
[71]
Atividades do emissor
[72]
Reprodução parcial da página 129 do FR da Usiminas referente ao ano de 2018.
http://ri.usiminas.com/ptb/itrs-frs-dfps-e-ians
http://ri.usiminas.com/ptb/6092/84540.pdf
Portanto, construir a tese em cima desta divisão não faz muito sentido, pois é
um negócio quase insignificante dentro da companhia.
• Placas
• Chapas grossas
• Laminados a quente / Tiras a quente
• Laminados a frio
• Galvanizados
[73]
É possível ter uma visão ainda mais granular da receita, se a gente conseguir
abrir a receita de siderurgia em cada um dos tipos acima. Esta é uma
informação que pode não aparecer no FR. Portanto, é preciso buscá-la nos
releases de resultados.
[74]
Reprodução parcial da página 136 do FR da Usiminas referente ao ano de 2018.
De fato, São Paulo é um estado muito relevante para a Usiminas. Além disso,
o setor automotivo representa uma porcentagem significativa do volume
vendido. Em termos de receita, este setor responde por 41% das vendas.
Esta foi uma pequena amostra de como podemos proceder para ir refinando
o nosso conhecimento sobre a empresa. Fica a cargo do leitor se aprofundar
neste aspecto.
[75]
Assembleia e administração
É importante avaliar quem é o controlador. Pode ser uma única pessoa física
ou um grupo de acionistas relevantes que fazem um acordo.
A OGX do Eike Batista era do Novo Mercado e Itaú não é. As famílias que
controlam o Itaú respeitaram o minoritário e é isso que importa, em última
instância.
[76]
Ainda que, em muitos casos, os conselheiros sejam apenas figurativos, isto não
é o ideal. Um bom conselho pode trazer um valor inestimável ao orientar a
estratégia da companhia na direção correta, fiscalizar os executivos e prezar
pela boa governança.
Por fim, temos os executivos que operam a sociedade no dia a dia. Conheça os
principais diretores da companhia. CEO, CFO, entre outros. Quem lidera a
logística? Marketing? Financeiro? Compras? Tecnologia? Possuem
experiência? Onde trabalharam antes? Por que saíram?
Fatores de Riscos
O principal trabalho nesta parte é entender quais são os principais riscos que
afetam determinada companhia. Existem riscos que se aplicam a todas as
companhias, como o risco macroeconômico do Brasil. Já o risco cambial, por
exemplo, não se aplica diretamente para a maioria das empresas locais, pois
elas têm receitas e despesas denominadas exclusivamente em Reais.
Outros riscos existem, mas o impacto é baixo. Por exemplo, uma inadimplência
pontual de um cliente pequeno.
Valuation e conclusão
Mesmo com toda análise bem feita e uma boa projeção da direção dos
resultados futuros, o preço da ação pode ser impeditivo. Por isso, o Valuation
se torna necessário. É uma disciplina por si só. Mas o passo inicial, muito
importante, é evitar pagar caro demais.
Para isso, nossa recomendação é comparar o P/L atual com o P/L médio da
empresa nos últimos anos e comprar ações da empresa apenas quando o
primeiro estiver próximo ou abaixo do segundo.
Se for uma empresa pagadora de dividendos, dá para fazer essa análise com
base no Dividend Yield (DY). Neste caso, um DY recorrente e bem acima da
média é indicativo de um bom momento de compra.
[78]
VI
Estudo de caso: Metisa
“Podemos entender que a Metisa se beneficia de uma Economia
interna mais aquecida. Especialmente no que tange ao setor
agrícola, rodoviário e ferroviário.”
Neste estudo, escolhemos o limite de volume de R$ 150 mil por dia. Como
também queremos excluir aquelas companhias que praticamente não
negociam ações diariamente, estabelecemos ainda um volume mínimo, neste
caso, de R$ 50 mil.
http://www.fundamentus.com.br/buscaavancada.php
É preciso atentar para o fato de que podem existir mais de uma classe de ação
por empresa (PN, ON e Unit). Deste modo, é redundante contar uma empresa
duas ou três vezes.
[79]
Resultado de busca por empresas no site Fundamentus em 16 de julho de 2019,
usando como parâmetros o volume diário médio negociado, nos últimos dois
meses, entre 50 mil reais e 150 mil reais.
[80]
Página da Metisa no site Fundamentus, visitada em 16 de julho de 2019:
http://www.fundamentus.com.br/detalhes.php?papel=MTSA4
[81]
Neste estudo chegamos a 18 ações, que representam 18 companhias
diferentes.
Fazendo esta análise, chegamos a sete empresas que conseguem passar nesse
critério. E dentre elas, a candidata com o histórico mais robusto é a Metisa
(MTSA4), a nossa escolhida. A seguir, apresentaremos dados coletados da
companhia no dia 16 de julho de 2019, neste link:
https://plataforma.penserico.com/dashboard/cp.pr?e=MTSA4
[82]
Pode parecer que os lucros não foram sólidos porque caíram de 2014 a 2017.
Mas é preciso ponderar isso mediante uma das maiores recessões da história
do Brasil. Quase todas as empresas da Bolsa tiveram resultados piores nesse
período: várias com prejuízos e algumas que inclusive pediram recuperação
judicial.
Ainda sobre a qualidade dos dividendos, o site Fundamentus também traz uma
tabela com o histórico das empresas neste sentido, onde verificamos que a
Metisa vem entregando seus proventos ininterruptamente desde 1996.
http://www.fundamentus.com.br/proventos.php?papel=MTSA4&tipo=2
[83]
Histórico de proventos da Metisa, segundo página do site Fundamentus visitada em
16 de julho de 2019.
[84]
Endividamento
Analisar o endividamento da Metisa é muito simples. A companhia tem muito
mais caixa do que dívidas (dívida líquida negativa). Então, na prática, é como
se não tivesse dívida.
http://www.metisa.com.br
http://www.metisa.com.br/index.php?idioma=1&pagina=intro&id=10
A origem da Metisa
A Metisa foi fundada em 1942 por Richard Paul Junior. Inicialmente, a
companhia produzia ferramentas manuais para agricultura.
Modelo de negócios
Atualmente, a Metisa utiliza o aço para produzir vários artefatos, como:
[86]
Vale notar que essa linha diversificada de produtos é produzida pelas mesmas
instalações da companhia, o que denota o alto grau de flexibilidade da fábrica.
Por outro lado, também indica que não há uma grande sofisticação nos
produtos, o que facilita a competição. A própria companhia menciona que a
tecnologia aplicada é de domínio público.
Basta entrar na página de produtos da empresa para ver que os artefatos são
de fatos bastante simples:
http://www.metisa.com.br/index.php?idioma=1&pagina=2
[87]
Ferramentas agrícolas da Metisa: discos metálicos para arar o solo.
[88]
Ferramentas de penetração de solo. Conforme o site da Metisa, elas são “utilizadas
para movimentação do solo em motoniveladoras, carregadeiras, tratores de
esteira, retroescavadeiras, escreiperes e escavadeiras hidráulicas”.
[90]
Perfil das receitas
A Metisa é focada no mercado interno. Nos últimos três anos as exportações
giraram em torno de 30% da receita líquida.
[91]
A companhia não faz a abertura de receitas por segmento de atuação dos seus
clientes. No entanto, sabemos que nenhum segmento representa mais de 10%
do faturamento.
Quanto menor o disclosure, maior tem que ser o nível de confiança nas pessoas
que tocam a empresa. O histórico também pesa muito nesse caso.
[92]
As lâminas para cortes são mais procuradas no mercado interno entre agosto
e dezembro, não havendo período de concentração de vendas para o mercado
externo. Por fim, as ferramentas manuais tem bom desempenho de vendas no
Brasil entre março e setembro, com dois bons períodos de vendas no mercado
estrangeiro: entre março e maio, além de outubro a dezembro.
Sobre as pessoas por trás da empresa, precisamos ver quem são os sócios da
Metisa, bem como seus diretores e conselheiros. Estas informações também
podem ser encontradas no Formulário de Referência.
[93]
No caso da Metisa, alguns diretores também ocupam assento no Conselho de
Administração. Veja as tabelas a seguir:
Temos também o diretor Amin Omar Massud, sem designação específica, que
não faz parte do Conselho de Administração (CA).
[95]
Também existe um contrato de assessoria entre a Metisa e um dos seus
conselheiros, quer seja, Ricardo Teixeira Mendes, que recebe uma
contraprestação pelos serviços prestados (além da remuneração de
conselheiro).
Por fim, o controlador, Flávio Snell, também possui contratos com a Metisa
através de sociedades nas quais tem participação relevante, como Partbank
S.A (para estudos financeiros e econômicos) e Elite CCVM (corretagem).
Perspectivas
Podemos entender que a Metisa se beneficia de uma Economia interna mais
aquecida. Especialmente no que tange ao setor agrícola, rodoviário e
ferroviário.
Cada um desses segmentos merece uma análise por conta própria. A expansão
na plantação e colheita exigirá novas máquinas e atualização do imobilizado
atual.
Por fim, a atividade ferroviária parece estar ganhando a devida relevância que
sempre mereceu. Mais trem, mais trilhos. Deste modo, haverá uma demanda
maior por talas de junções.
“Após dois anos de recessão, e mais dois anos marcados por recuperação lenta,
com crescimento do PIB brasileiro na faixa de 1% em 2017 e 2018, a previsão
[96]
entre os economistas e institutos de pesquisa do próprio Governo, é de que a
economia brasileira no atual exercício não registre ainda crescimento
expressivo.”
Valuation
Utilizando o P/L como referência de Valuation, vemos que em julho de 2019
as ações negociavam próximo da média histórica. Assumindo que os lucros
crescerão de forma mais expressiva nos próximos anos, então é razoável
pensar que a média subirá.
A evolução do P/L da Metisa, entre 2011 (quando estava próximo de 14) e meados
de 2019 (quando estava abaixo de 10), conforme dados da plataforma PenseRico
coletados em 17 de julho de 2019.
[97]
Página da Metisa no site Fundamentus, visitada em 16 de julho de 2019:
http://www.fundamentus.com.br/detalhes.php?papel=MTSA4
[98]
Outra forma de avaliar o preço da ação da Metisa é comparando o valor de
mercado da companhia (R$ 175.435.000) com o valor do patrimônio líquido
(R$ 234.667.000), conforme dados obtidos na página da Metisa no site
Fundamentus, reproduzida anteriormente. O desconto é da ordem de 25%.
Para os mais ávidos, os dois primeiros livros impressos da Suno (Guia Suno
Dividendos e Guia Suno de Contabilidade para Investidores) fornecem uma
boa base para compreender o universo de investimento em renda variável que
engloba as Small Caps.
[100]
principalmente em inglês. Por isso, dominar esse idioma é uma obrigação para
investidores que desejam galgar gabaritos mais altos.
Por isso, é preciso olhar para horizontes mais longos de investimento e ter uma
noção muito boa de porque você está comprando ações que ninguém mais
está observando.
Para Small Caps, isso é mortal. Se você realmente é um ignorante (no sentido
de desconhecer as suas ações), o melhor seria que, de fato, você comprasse
Blue Chips, montando um portfólio diversificado, ou mesmo delegasse a
administração dos seus recursos para um gestor.
Via de regra, empresas maiores são mais difíceis de irem à lona. Mas como
disse Warren Buffett: as árvores não crescem aos céus. E você pode ter certeza
que a copa dessas empresas é bastante alta.
[101]
Existem aqueles que defendem a hipótese do mercado eficiente e que não há
forma de superar a média de retorno dos investidores. O desempenho das
Small Caps é um contra argumento muito difícil de rebater.
Além das evidências globais já mostradas neste livro, a nossa prática como
investidores também corrobora essa tese.
Algo que não é mostrado, contudo, é que talvez as maiores perdas do mercado
também ocorram com Small Caps. Mas isso é algo que os derrotados não
gostam de promover por aí. Compreensível.
Porém, caso você não consiga acompanhar tantos papéis, não tem problema.
Siga uma casa de research que faça essa cobertura ou delegue a tarefa a um
gestor especializado.
Bons investimentos!
[102]
Posfácio
Os principais vieses das finanças comportamentais
Por Rodrigo Wainberg *
Você alguma vez segurou um investimento perdedor por anos, pois esperava
ao menos empatar? Se sim, você foi influenciado pelas finanças
comportamentais.
Comportamento de ancoragem
[103]
Mas sua tese de investimento se provou errada. Depois de a empresa obter
diversos prejuízos seguidos e o quadro parecer irreversível, a ação passou a
custar R$ 25, após três anos.
Apesar da melhor decisão agora ser você vender a ação e partir para outra,
muitos investidores insistem no conceito de “empate”. Ou seja, permanecem
com a ação até que ela “empate” com o investimento inicial de R$ 50.
Viés da confirmação
[104]
O investidor que gostasse muito dessa companhia provavelmente não
analisaria os pontos negativos com a mesma dedicação que teve com os
pontos positivos.
Viés do retrovisor
Ora, mas se esses motivos fossem tão óbvios assim, a crise não teria ocorrido,
em primeiro lugar.
Falácia do apostador
Veja o caso da Unipar. A ação subiu mais de 500% entre 2016 e 2018.
[105]
Quando perguntaram para motoristas, bem como para gestores de fundos, se
eles se achavam acima da média, a maioria absoluta respondeu que sim. Claro
que isso não é verdade. Apenas 50% podem estar acima da média.
Por mais atrativo que tal ativo pareça, sempre existe a possibilidade de
tomarmos uma decisão errada. Logo devemos limitar as posições e diversificar
a carteira.
Comportamento de manada
Por exemplo, fizeram um estudo comparando dois cafés: um com muita gente
e outro sem ninguém. Quase todo mundo que chegava perto dos cafés
escolhia se sentar no café que tinha muita gente.
O raciocínio era de que o café que tinha muita gente era melhor que o outro.
Esse raciocínio pode fazer sentido no mundo real, mas nos investimentos essa
lógica pode estar completamente errada.
Conclusão
Isso vale para ações de grandes empresas que pagam dividendos, para fundos
imobiliários e especialmente para as Small Caps.
[107]
Glossário
Os principais termos e siglas adotados no vocabulário do mercado
financeiro no Brasil
Ação ordinária (ON): ação que permite ao acionista participar das assembleias
das empresas com capital aberto e votar nos temas propostos.
Ação preferencial (PN): ação sem direito a voto por parte do acionista que, no
entanto, tem a garantia de receber os dividendos estatutários ou outro
benefício de acordo com a Lei das S/A ou com o estatuto da companhia.
[108]
BDR: sigla em inglês para Brazilian Depositary Receipts. São classes de valores
mobiliários negociados no mercado brasileiro com lastros oriundos de ações
estrangeiras. Investir em BDRs é uma forma de diversificar investimentos sem
abrir contas em corretoras de outros países.
[109]
Desdobramento: vide “Bonificação”.
Dividendo: parte dos lucros auferidos pelas empresas que será repartida com
seus acionistas proporcionalmente à quantidade de ações que possuem.
EBITDA: sigla em inglês para Earnings Before Interests, Taxes, Depreciation and
Amortizations, que, na sua tradução literal, significa Lucro Antes dos Juros,
Impostos, Depreciação e Amortização. Tal indicador fundamentalista também
pode ser chamado de LAJIDA.
ETF: sigla inglesa para Exchange Traded Funds, que se fosse posta em prática
em português soaria como FNB ou “Fundos Negociados em Bolsa”. Tais fundos
relacionados aos índices, como o Ibovespa, são negociados como ações.
[110]
Futuro: tipo de negociação com prazos e condições pré-determinadas, visando
a garantia de preços mínimos e protegidos da volatilidade do mercado.
JCP (JSCP): sigla para “Juros Sobre Capital Próprio” – uma forma alternativa
aos dividendos para as empresas remunerarem seus acionistas, com retenção
de impostos na fonte, reduzindo a carga tributária das empresas de forma
legal.
[111]
Minoritários: investidores que adquirem ações em quantidades relativamente
baixas, que os impedem de participar da gestão das empresas.
Opção (OPC ou OTC): tipo de negociação que garante direito futuro de opção
de compra ou de venda com preço pré-determinado.
Papel: equivalente a ação (termo que fazia mais sentido quando as ações eram
impressas e entregues ao portador).
PSR: indicador fundamentalista cuja sigla em inglês indica Price Sales Ratio e
equivale ao preço da ação dividido pela receita líquida por ação.
SA (S/A): sigla para Sociedade Anônima, comum nas razões sociais das
empresas de capital aberto.
Small Caps: empresas de porte menor se comparadas com as Blue Chips, com
baixo volume diário de negociações e pouca liquidez no mercado.
[113]
Stop Loss: ordem de venda automatizada de uma ação, pré-determinada pelo
aplicador junto a corretora de valores, para evitar perdas com quedas
excessivas das cotações.
Ticker: código pelo qual os ativos são negociados em Bolsas de Valores. Por
exemplo, TIET3 é o código da ação ordinária da Geradora Tietê. TIET4 é o
código da ação preferencial da mesma empresa e TIET11 é o código das suas
Units. Já o BDR do Google usa o código GOOG35.
Units: ativos compostos por mais de uma classe de valores mobiliários, como,
por exemplo, um conjunto de ações ordinárias e preferenciais.
[114]
Valuation: conjunto de ponderações técnicas e subjetivas para avaliar uma
empresa ou fundo imobiliário, visando encontrar o valor justo de suas ações
ou cotas, bem como seu potencial de retorno para investidores.
[115]
Tiago Reis & Rodrigo Wainberg
O texto deste livro foi fixado conforme o acordo ortográfico vigente no Brasil
desde 1º de janeiro de 2009.
Editora Vivalendo
Rua Alemanha, 240 – Jardim Europa
13140-635, Paulínia, SP
www.vivalendo.com
[116]
Conte com a Suno
Ajudamos você a ganhar mais dinheiro investindo
www.sunoresearch.com.br/nossas-assinaturas/
007)
101 Perguntas e Respostas Sobre Tributação em Renda Variável
Autores: Alice Porto – Contadora da Bolsa & Jean Tosetto
1º edição eletrônica: outono 2019
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101 Perguntas e Respostas para Investidores Iniciantes
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Guia Suno Fundos Imobiliários
Introdução sobre investimentos seguros e rentáveis
Autores: Marcos Baroni & Danilo Bastos
1º edição eletrônica: primavera 2018
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004)
Guia Suno de Contabilidade para Investidores
Conceitos contábeis fundamentais para quem investe na Bolsa
Autores: Tiago Reis & Jean Tosetto
1º edição eletrônica: inverno 2018
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[118]
003)
Guia Suno Dividendos
A estratégia para investir na geração de renda passiva
Autores: Tiago Reis & Jean Tosetto
1º edição eletrônica: primavera 2017
1º edição impressa pela Editora CLA: primavera 2018
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002)
Arquiteto 1.0
Um manual para o profissional recém-formado
Autores: Jean Tosetto & Ênio Padilha
1º edição impressa pela Oitonovetrês Editora: primavera 2015
1º edição eletrônica: primavera 2018
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001)
MP Lafer
A recriação de um ícone
Autor: Jean Tosetto
1º edição impressa: primavera 2012
1º edição eletrônica: primavera 2018
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[119]