Coletânea de Jurisprudência Tribunal Do Júri Atualizada Até Dezembro de 2018 PDF
Coletânea de Jurisprudência Tribunal Do Júri Atualizada Até Dezembro de 2018 PDF
Coletânea de Jurisprudência Tribunal Do Júri Atualizada Até Dezembro de 2018 PDF
(DEZEMBRO 2018)
APRESENTAÇÃO
A coletânea, organizada por temas de interesse do Tribunal do Júri, tem como objetivo
fornecer subsídios ao membro do Ministério Público para orientação na formulação das teses
jurídicas de acordo com o caso concreto. O documento contém os trechos parciais ou integrais
de ementas, de modo que o aprofundamento da pesquisa deve ser realizado pelo próprio
interessado nas fontes mencionadas.
Quando o Tribunal do Júri escolhe uma das versões apresentadas pela acusação ou
pela defesa, a decisão somente poderá ser anulada pelo Tribunal quando manifestamente
contrária à prova dos autos. Como decidiu o Superior Tribunal de Justiça, “Não prospera o
pedido de ser devido um novo julgamento pelo Júri, pois, se a decisão do Júri se encontra
amparada em uma das versões constantes nos autos, deve ser respeitada, consagrando-se o
princípio da soberania dos veredictos do Tribunal do Júri.” (Agrg no Agravo em Recurso
Cabe ao tribunal de justiça uma margem muito estreita de revisão judicial. O mérito da
decisão não pode ser revisado, ao ponto de anular decisão do corpo de jurados que decidiu,
por exemplo, que o ciúme caracteriza, no caso concreto e dentro das circunstâncias do
mesmo, a qualificadora do motivo torpe.
Nem mesmo a tentativa do STJ em afirmar que o ciúme, por si só, “sem outras
circunstâncias não caracteriza a torpeza” (HC 123.918/MG, Rel. Ministro FELIX FISCHER,
QUINTA TURMA, julgado em 13/08/2009, DJe 05/10/2009), pode ser levada em conta como
julgado limitador do entendimento dos jurados, eis que não é possível fazer uma previsão
sobre quais circunstâncias serão relevantes para os jurados julgarão. Assim, deve prevalecer o
entendimento de que aos jurados será reservada uma discricionariedade vinculada a análise
fenomenológica do caso concreto, o que torna impossível, determinar, através de julgados de
tribunais, em que circunstâncias os fatos devem ser entendidos ou não como homicídio
qualificado. Esta tarefa é reservada à doutrina quando da conceituação dos motivos que
constituem o homicídio qualificado, enquanto que os julgados somente podem oferecer alguns
subsídios de como as qualificadoras podem ser interpretadas ao nível de direito processual, ou
seja, em especial, os temas referentes a incompatibilidades, coerência e fundamentação.
Por fim, cabe destacar que a coletânea não é definitiva. A pretensão é que ela esteja
constantemente atualizada e acrescentada com a colaboração dos membros do Ministério
Público, através do envio de sugestão de temas e de julgados ao e-mail:
[email protected].
(STJ) Em processo por crime doloso contra a vida, caso existam incertezas a respeito
da dinâmica dos fatos, não é facultado ao juízo singular dirimi-las, visto que a
competência para tanto é do juiz natural da causa, valer dizer, o Tribunal do Júri.
(AgRg no AREsp 693.147/SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA
TURMA, julgado em 01/12/2015, DJe 11/12/2015)
(STJ) Hipótese na qual decisão de primeiro grau, que absolvia o réu sumariamente,
foi cassada pelo Tribunal a quo, com a pronúncia do recorrente. Razões de recurso
especial que, com o fito de restabelecer a sentença de absolvição sumária, cuidam de
questões acerca da configuração de legítima defesa. Estando controversa a questão
acerca da configuração da legítima defesa, somente o Tribunal do Júri poderá decidir
acerca do tema, por ser, de acordo com o mandamento constitucional, o Juiz Natural
para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida. (REsp 887.492/SE, Rel.
Ministro GILSON DIPP, QUINTA TURMA, julgado em 19/04/2007, DJ
04/06/2007, p. 423)
(STF) Em verdade, a citada decisão sumulada não aboliu o uso das algemas, mas tão
somente buscou estabelecer parâmetros à sua utilização, a fim de limitar abusos. (...)
No caso, a utilização excepcional das algemas foi devidamente justificada pela
autoridade policial, nos termos exigidos pela Súmula Vinculante n. 11. (Rcl 8409,
Relator Ministro GILMAR MENDES, Decisão Monocrática, julgamento em
29.11.2010, DJe de 3.12.2010)
(STJ) 1. Nos termos da Súmula Vinculante 11, "só é lícito o uso de algemas em casos
de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria
ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por
escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da
autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo
da responsabilidade civil do Estado". 2. Especificamente no que se refere ao Tribunal
do Júri, deve-se mencionar, ainda, o artigo 474, § 3º, do Código de Processo Penal,
que dispõe que "não se permitirá o uso de algemas no acusado durante o período em
que permanecer no plenário do júri, salvo se absolutamente necessário à ordem dos
trabalhos, à segurança das testemunhas ou à garantia da integridade física dos
presentes". 3. Do verbete sumular vinculante e da norma processual penal
mencionados, extrai-se que a manutenção do acusado algemado é medida
excepcional, que deve ser devidamente fundamentada, sob pena de nulidade do ato
processual realizado. 4. No caso dos autos, a Juíza Presidente motivou adequada,
concreta e suficientemente a necessidade de manutenção do paciente algemado,
(STJ) 1. Nos termos do art. 565 do Código de Processo Penal, "Nenhuma das partes
poderá argüir nulidade a que haja dado causa, ou para que tenha concorrido, ou
referente a formalidade cuja observância só à parte contrária interesse". 2. Não há
que falar em nulidade por ausência de interrogatório, pois o acusado teve inúmeras
oportunidades de ser ouvido, recusando-se a comparecer em qualquer delas. 3. As
nulidades relacionadas aos interesses das partes devem ser analisadas à luz dos
princípios do pas de nullitè sans grief e da instrumentalidade das formas, além de
levar em consideração os prazos previstos no art. 571 do CPP, sob pena de
convalidação pelo princípio da preclusão. 4. Prevalece na jurisprudência desta Corte
o entendimento de que a nulidade deve ser alegada no momento oportuno e está
condicionada à demonstração do prejuízo da parte, não se invalidando ato irregular
(STJ) A mãe da vítima, embora arrolada pelo Ministério Público como testemunha,
habilitou-se, desde o início do processo, como assistente de acusação e, nessa
condição, foi ouvida, sem nenhuma oposição da Defesa, que, aliás, também
participou de sua inquirição. E, o mais importante: o seu depoimento foi tomado sem
a prestação de compromisso legal, deixando claro o magistrado que sua oitiva não se
propunha a trazer depoimento testemunhal isento. Portanto, nenhuma nulidade
houve. Ausência de contrariedade ao art. 271 do Código de Processo Penal. Dissídio
(STJ) 1. De acordo com o artigo 201 do Código de Processo Penal, depreende-se que
a oitiva da vítima, embora recomendável, não é imprescindível para a validade da
ação penal. 2. Na hipótese dos autos, apenas o Ministério Público arrolou a vítima
para ser ouvida em plenário, não tendo esta comparecido à sessão de julgamento em
razão de estar residindo no exterior, o que fez com que o órgão acusatório desistisse
de sua inquirição, com o que concordou o assistente de acusação. 3. A vítima foi
arrolada para depor apenas pelo Ministério Público, o que revela que a sua dispensa
não depende da concordância do réu, consoante já decidiu esta Corte Superior de
Justiça. Precedente. 4. Não tendo a defesa indicado a vítima para ser ouvida em
plenário, não pode agora alegar que a sua presença seria essencial para o deslinde da
controvérsia, e que não a teria arrolado porque o Ministério Público já o teria feito.
Incidência da norma contida no artigo 565 do Código de Processo Penal. (RHC
47.452/PE, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em
(STF) 1. Não há nulidade por terem sido juntadas aos autos do processo principal - e
eventualmente relevadas em julgamento plenário do Tribunal do Júri - provas
emprestadas de outro processo-crime. Precedentes. 2. Não procede o argumento de
que o Conselho de Sentença possa condenar o Paciente com base apenas em
levantamentos oriundos das provas juntadas, desprezando-se as demais, pois lança
dúvidas sobre a capacidade dos jurados de livre apreciação das provas e do juiz-
presidente de impedir abusos durante os debates, na forma prevista no art. 497 do
Código de Processo Penal. (HC 109909, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA,
Segunda Turma, julgado em 12/03/2013, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-061
DIVULG 03-04-2013 PUBLIC 04-04-2013)
(STF) Não há nulidade por terem sido juntadas aos autos do processo principal - e
eventualmente relevadas na sentença de pronúncia - provas emprestadas de outro
processo-crime, pois o que se exige é que não tenha sido a prova emprestada "a
única a fundamentar a sentença de pronúncia" (Habeas Corpus n. 67.707, Rel. Min.
Celso de Mello, DJ 14.8.1992). (HC 95549, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA,
Primeira Turma, julgado em 28/04/2009, DJe-099 DIVULG 28-05-2009 PUBLIC
29-05-2009 EMENT VOL-02362-06 PP-01207 LEXSTF v. 31, n. 365, 2009, p. 450-
466)
(STF) Não há nulidade por terem sido juntadas aos autos do processo principal - e
eventualmente relevadas na sentença de pronúncia - provas emprestadas de outro
processo-crime, pois o que se exige é que não tenha sido a prova emprestada "a
única a fundamentar a sentença de pronúncia" (Habeas Corpus n. 67.707, Rel. Min.
Celso de Mello, DJ 14.8.1992). (HC 95549, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA,
Primeira Turma, julgado em 28/04/2009, DJe-099 DIVULG 28-05-2009 PUBLIC
29-05-2009 EMENT VOL-02362-06 PP-01207 LEXSTF v. 31, n. 365, 2009, p. 450-
466)
(STJ) 1. A prova emprestada tem sido admitida no processo penal pela jurisprudência
desde que, no processo de origem dos elementos trazidos, tenha havido participação
da defesa técnica do paciente, e, desde que não seja o único dado a embasar a
motivação da decisão. 2. In casu, busca-se não a anulação da pronúncia, mas, apenas
o desentranhamento dos termos de interrogatório e de depoimentos colhidos sem o
concurso da defesa do paciente, dado o risco de sua leitura em plenário do júri. 3.
Ordem concedida para determinar o desentranhamento dos termos de interrogatório
(STJ) Não há que se falar em nulidade se, muito embora juntada prova emprestada
aos autos, produzida sem a participação das partes litigantes, ela não é utilizada
como fundamento para a prolação da r. decisão de pronúncia, nem tampouco
mencionada em plenário de julgamento (Precedente). (REsp 1098121/RJ, Rel.
Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 10/08/2010, DJe
27/09/2010)
(STJ) Não há irregularidade por não ter sido aberta vista à defesa para conhecimento
de documentos juntados pela acusação - matérias jornalísticas, carta de familiares e
(STJ) I - O error apontado, qual seja, ter o paciente sido assistido por estagiário da
Fundação de Assistência Judiciária, desacompanhado de Defensor Público ou
advogado, quando da oitiva de algumas testemunhas da acusação e da defesa, per si,
configura falha fatal e absoluta. II - No processo penal, mais do que em qualquer
outra seara, tendo em vista que está em jogo a liberdade do acusado ou até o estigma
causado por condenação, exige-se um rigor adicional na observância do princípio da
ampla defesa. Mais do que simplesmente se abrir ao acusado a chance de se
defender, é preciso que a defesa seja realmente exercida. Habeas corpus concedido.
(STF) É nula a citação por edital de réu prêso na mesma unidade da Federação em
que o juiz exerce a sua jurisdição. (Súmula 351 - Súmula da Jurisprudência
Predominante do Supremo Tribunal Federal – Anexo ao Regimento Interno. Edição:
Imprensa Nacional, 1964, p. 153.)
(TJCE) Súmula 13 É nula a citação por edital, quando não demonstrado nos autos
que o oficial de justiça teria empreendido todos os esforços para encontrar o citando
nos endereços constantes do mandado, ante a violação às garantias constitucionais
do contraditório e da ampla defesa. Precedentes: Habeas corpus nº 1998.05589-5
Habeas corpus nº 2000.0013.4766-8 Revisão Criminal nº 2000.08603-6
(STJ) Destaque-se que o indivíduo, quando denunciado, defende-se dos fatos, e não
do resultado da definição jurídica feita pelo Ministério Público. Isso se torna lógico
quando se analisa os requisitos que devem conter a denúncia, previstos no artigo 41
do Código de Processo Penal, juntamente com a possibilidade de aditamento da
denúncia pelo Ministério Público ou de emendatio libelli pelo próprio Juiz da causa
que, nos termos do artigo 383 daquele estatuto legal, poderá dar nova definição
jurídica aos fatos nela narrados quando da prolação da sentença. (HC 149.650/PB,
Rel. Ministro HAROLDO RODRIGUES (DESEMBARGADOR CONVOCADO
DO TJ/CE), SEXTA TURMA, julgado em 14/04/2011, DJe 06/06/2011)
DELAÇÃO PREMIADA
(STJ) Para a configuração da delação premiada (art. 25, § 2º, da Lei 7.492/86) ou da
atenuante da confissão espontânea (art. 65, III, "d", do CP), é preciso o
preenchimento dos requisitos legais exigidos para cada espécie, não bastando,
contudo, o mero reconhecimento, pelo réu, da prática do ato a ele imputado, sendo
imprescindível, também, a admissão da ilicitude da conduta e do crime a que
responde. (HC 123.380/DF, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA,
julgado em 24/03/2009, DJe 20/04/2009)
(STJ) De acordo com a regra do art. 75, parágrafo único, do CPP, as medidas de
caráter urgente que devam ser tomadas antes da instauração da ação penal (v.g.
concessão de fiança, decretação de prisão preventiva, prisão temporária etc) também
se submetem a regra da prévia distribuição. (RHC 12.998/MG, Rel. Ministro FELIX
FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 26/11/2002, DJ 23/06/2003, p. 390)
(STJ) A decisão que decreta a prisão temporária, bem como a que determina a quebra
do sigilo das comunicações telefônicas, na fase inquisitorial, realizam, de modo
pleno, o suporte fático da norma de competência por prevenção. (HC 18.120/SC,
Rel. Ministro HAMILTON CARVALHIDO, SEXTA TURMA, julgado em
03/06/2002, DJ 24/03/2003, p. 286)
LATROCÍNIO
LATROCÍNIO TENTADO
(STF) Súmula 610: “Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda
que não realize o agente a subtração de bens da vítima.” (DJ de 29/10/1984, p.
18114; DJ de 30/10/1984, p. 18202; DJ de 31/10/1984, p. 18286).
(STF) Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo
legal a atração por continência ou conexão do processo do co-réu ao foro por
prerrogativa de função de um dos denunciados. (Súmula 704 – DJ de 09/10/2003, p.
6; DJ de 10/10/2003, p. 6; DJ de 13/10/2003, p. 6.)
(STF) A competência do Tribunal do Júri para o julgamento dos crimes contra a vida
prevalece sobre a da Justiça Militar em se tratando de fato circunscrito ao âmbito
privado, sem nexo relevante com as atividades castrenses. (HC 103812, Relator(a):
Min. CÁRMEN LÚCIA, Relator(a) p/ Acórdão: Min. LUIZ FUX, Primeira Turma,
julgado em 29/11/2011, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-035 DIVULG 16-02-2012
PUBLIC 17-02-2012)
GENOCÍDIO E HOMICÍDIO
(STJ) O simples erro material quanto a data do fato delituoso não torna inepta a
denúncia, mormente quando amparada em notificação fiscal de lançamento de débito
onde há expressa menção da data correta do fato. (Precedentes). (HC 60.160/RS,
Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 19/10/2006, DJ
12/02/2007, p. 282)
(STJ) - O simples erro material quanto a data do fato delituoso não torna inepta a
denúncia, mormente quando amparada em inquérito policial e autos de infração onde
há expressa menção da data correta do fato (cf. HC 8.349/RJ, Rel. Ministro JOSÉ
ARNALDO, DJU de 23.08.99). (HC 12.891/SP, Rel. Ministro JORGE
SCARTEZZINI, QUINTA TURMA, julgado em 25/09/2001, DJ 26/08/2002, p. 257)
ARQUIVAMENTO IMPLÍCITO
(STF) Não há que se falar em inépcia da denúncia, se essa descreve como teriam
(STJ) I - Nos crimes de autoria coletiva é válida a peça acusatória que, apesar de não
descrever minuciosamente a atuação individual dos acusados, demonstra um liame
entre o agir e a suposta prática delituosa, estabelecendo a plausibilidade da
imputação e possibilitando o exercício da ampla defesa. II - No caso, o aditamento à
exordial acusatória explicita que a motivação do crime seria vingança, pois as duas
vítimas teriam, em tese, cometido homicídio contra o pai das recorrentes. (REsp
1398551/AL, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA
TURMA, julgado em 13/10/2015, DJe 19/10/2015)
(TJCE) Súmula 7 Não cabe habeas corpus para trancamento de ação penal, sob
alegação de falta de justa causa, se a delatória atendeu aos requisitos do art. 41 do
Código de Processo Penal, imputando ao agente fato que, em tese, constitui crime.
Precedentes: Habeas corpus nº 1999.03501-5 Habeas corpus nº 2002.0009.1524-3
Habeas corpus nº 2003.0006.8881-4 Habeas corpus nº 2000.02814-5 Habeas corpus
nº 2000.01742-0
(STJ) 3. Não se revela inepta a denúncia que atribui ao acusado a prática do delito
com dolo direto ou eventual, tendo em vista que o legislador ordinário equiparou as
duas figuras para a caracterização do tipo de ação doloso. Doutrina. 4. A exordial
acusatória atribui ao paciente a prática de uma única ação - desferir o tiro de revólver
contra as vítimas em sua perseguição -, descrita com riqueza de detalhes, o que não
se amolda ao conceito de denúncia alternativa. (HC 147.729/SP, Rel. Ministro
JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 05/06/2012, DJe 20/06/2012)
NÚMERO DE TESTEMUNHAS
(STJ) I. O art. 401, do CPP, estabelece que "na instrução poderão ser inquiridas até 8
(oito) testemunhas arroladas pela acusação e 8 (oito) pela defesa." II. O número
limite de testemunhas previsto em lei refere-se a cada fato criminoso e devem ser
observados os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade ao se levar em
consideração a quantidade de fatos imputados ao denunciado. (RHC 29.236/SP, Rel.
Ministro GILSON DIPP, QUINTA TURMA, julgado em 28/06/2011, DJe
01/08/2011)
(STJ) Para cada fato delituoso imputado ao acusado, não só a defesa, mas também a
acusação, poderá arrolar até 8 (oito) testemunhas, levando em conta o princípio da
razoabilidade e proporcionalidade. (HC 26.834/CE, Rel. Ministro PAULO
MEDINA, SEXTA TURMA, julgado em 14/06/2005, DJ 20/11/2006, p. 363)
ADITAMENTO DA DENÚNCIA
INFLUÊNCIA DE EX-PREFEITO
ROLETA-RUSSA
DISPARO ACIDENTAL
(STJ) 1. Não se permite ao Juiz, na sentença de pronúncia (art. 408 do CPP), excluir
qualificadora de crime doloso contra a vida (dolo eventual), constante da Denúncia,
eis que tal iniciativa reduz a amplitude do juízo cognitivo do Tribunal do Júri
Popular, albergado na Constituição Federal; tal exclusão somente se admite quando a
qualificadora for de manifesta e indiscutível impropriedade ou descabimento. Lições
da doutrina jurídica e da Jurisprudência dos Tribunais do País. 2. Caracteriza-se o
dolo do agente, na sua modalidade eventual, quando este pratica ato do qual pode
evidentemente resultar o efeito lesivo (neste caso, morte), ainda que não estivesse
nos seus desígnios produzir aquele resultado, mas tendo assumindo claramente, com
a realização da conduta, o risco de provocá-lo (art. 18, I do CPB). 3. O agente de
homicídio com dolo eventual produz, inequivocamente, perigo comum (art. 121, §
2o., III do CPB), quando, imprimindo velocidade excessiva a veículo automotor (165
km/h), trafega em via pública urbana movimentada (Ponte JK) e provoca desastre
(STJ) A embriaguez, por si só, sem outros elementos do caso concreto, não pode
induzir à presunção, pura e simples, de que houve intenção de matar, notadamente
se, como na espécie, o acórdão concluiu que, na dúvida, submete-se o paciente ao
Júri, quando, em realidade, apresenta-se de maior segurança a aferição técnica da
prova pelo magistrado da tênue linha que separa a culpa consciente do dolo eventual.
(HC 328.426/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA
TURMA, julgado em 10/11/2015, DJe 25/11/2015)
(STJ) 1. Nos termos da orientação firmada pela Sexta Turma do Superior Tribunal de
Justiça, sendo os crimes de trânsito, em regra, culposos, impõe-se a indicação de
elementos concretos que evidenciem a assunção do risco de produzir o resultado, o
dolo eventual. 2. Na hipótese, o Tribunal a quo entendeu que o contexto fático
evidenciaria a culpa consciente, por se tratar de motorista profissional que confiara
em suas habilidades para impedir o resultado. (AgRg no REsp 1041830/MG, Rel.
Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 13/10/2015, DJe
03/11/2015)
(STJ) 2. A presunção de dolo eventual, tão somente pela troca de tiros com a polícia,
é contrária a outra presunção constitucionalmente garantida ao acusado, a da
inocência. Em um processo penal orientado pelo princípio do favor rei não é viável
estabelecer tal ilação, sem analisar as outras provas dos autos, deslocando para o
acusado o ônus de comprovar sua intenção. 3. Na hipótese, para afastar a conclusão
do acórdão recorrido, no sentido de que não houve animus necandi, seria necessário
o reexame do material probatório, a fim de averiguar, por exemplo, se os tiros foram
dados a esmo, para o alto ou com a intenção de atingir os policiais ou, mesmo, se os
recorridos, conscientes da possibilidade de causar a morte dos policiais, assumiram o
risco de produzir o resultado. Óbice da Súmula 7/STJ. (REsp 1414303/RS, Rel.
Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 05/06/2014,
DJe 25/06/2014)
(STF) A dosimetria da pena exige do julgador uma cuidadosa ponderação dos efeitos
ético-sociais da sanção e das garantias constitucionais, especialmente a garantia da
individualização do castigo. Em matéria penal, a necessidade de fundamentação das
decisões judiciais, penhor de status civilizatório dos povos, tem na fixação da pena
um dos seus momentos culminantes. Não há ilegalidade ou abuso de poder se, no
trajeto da aplicação da pena, o julgador explicita, devidamente, os motivos de sua
decisão. O inconformismo do recorrente com a análise das circunstâncias do crime
não é suficiente para indicar a evidente falta de motivação ou de congruência dos
fundamentos da pena afinal fixada pelo duplo homicídio protagonizado pelo
paciente. (RHC 94608, Relator(a): Min. CARLOS BRITTO, Primeira Turma,
julgado em 24/11/2009, DJe-022 DIVULG 04-02-2010 PUBLIC 05-02-2010
EMENT VOL-02388-01 PP-00084 LEXSTF v. 32, n. 374, 2010, p. 306-313)
(STJ) 1. À luz dos critérios previstos no art. 59 do Código Penal, bem como dos arts.
5º, XLVI, e 93, IX, da CF/88, não há o que se falar em nulidade da sentença quando
CONFISSÃO ESPONTÂNEA
(STJ) 3. A perda do cargo público, com fundamento no art. 92, I, a, do Código Penal,
se aplica a todos os delitos praticados com abuso de poder ou violação de dever para
com a Administração Pública, não se restringindo aos chamados crimes funcionais
(arts. 312 a 327 do CP). 4. A pena acessória foi devidamente fundamentada no fato
(STJ) 1. O artigo 92, I, "a", do Código Penal não restringiu a aplicação da pena de
perda do cargo apenas aos crimes praticados por funcionário público contra a
Administração Pública (artigos 312 a 327 do Código Penal), mas sim àqueles
praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração
Pública. 2. Tendo sido devidamente fundamentada a perda do cargo público, em
razão do recorrente ter se valido da sua condição de servidor público para a prática
de estelionato qualificado, não há falar em constrangimento ilegal, como tampouco
em reformatio in pejus pois, já tendo sido determinada a perda do cargo desde a
sentença condenatória, a modificação da alínea que amparou a aplicação da
penalidade (alínea "a" do inciso I do artigo 92 do Código Penal) foi mera
consequência da redução da pena imposta pelo acórdão. 3. Agravo regimental
improvido. (STJ, AgRg no REsp 1392559/RN, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE
ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 18/12/2014, DJe 04/02/2015)
(STJ) 5. Nos termos do art. 92, parágrafo único, do Código Penal, a perda do cargo
público não é efeito automático da condenação, devendo, pois, ser devidamente
fundamentada. No caso dos autos, as instâncias ordinárias motivaram concretamente
a perda do cargo de policial anteriormente ocupado pelo agravante, haja vista a
condenação à pena superior a 1 (um) ano de reclusão e a existência de violação de
dever com a Administração Pública - recebimento de vantagem indevida, para, no
exercício de sua função de policial, omitir ato de ofício em não impedir a fuga de
preso, tendo, ao contrário, facilitado a fuga de preso sob sua custódia, através da
encenação de resgate do custodiado. (AgRg no Ag 1333055/SP, Rel. Ministro
MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em 05/09/2013, DJe
11/09/2013)
REINCIDÊNCIA – CONSTITUCIONALIDADE
(STJ) 1. À luz dos critérios previstos no art. 59 do Código Penal, bem como dos arts.
5º, XLVI, e 93, IX, da CF/88, não há o que se falar em nulidade da sentença quando
foram apontados, clara e precisamente, os motivos pelos quais considerou-se
desfavoráveis a maioria das circunstâncias judiciais, justificando a fixação da pena-
(TJCE) 12. Mérito. Dosimetria da pena. Tese de ocorrência de erros na primeira fase
da dosimetria da pena por parte do magistrado sentenciante. Inocorrência.
Culpabilidade elevada por parte do acusado sobretudo diante de sua boa condição
social e formação jurídica. Acusado que, de fato, se portou de modo extremamente
agressivo, atacando tanto um senhor idoso com uma chave de fenda quanto o filho
deste, que buscava defendê-lo. Deste modo, entendo que há especial reprovabilidade
em sua conduta. Conduta social neutra. Possibilidade da valoração neste sentido,
posto que existem provas no sentido de valoração positiva e negativa da conduta
social do réu. RECURSO IMPROVIDO. (0002433-47.2014.8.06.0000 – Apelação
Relator(a): FRANCISCO GOMES DE MOURA; Comarca: Fortaleza; Órgão
julgador: 2ª Câmara Criminal; Data do julgamento: 06/10/2015; Data de registro:
06/10/2015)
(STJ) Não pode persistir, tampouco, a afirmação genérica de que a vítima teria sido
assassinada de forma brutal, sem especificar em que consistiu, exatamente, essa
brutalidade, pois, na linha da jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça, "No
juízo das circunstâncias judiciais o magistrado não atua de forma arbitrária, mas
sempre justificando a situação desfavorável ao réu por meio de dados concretos
retirados do evento penal", razão pela qual "apreciações genéricas ou mesmo
extraídas da própria figura delitiva não podem aumentar a pena base porque
configuram vício na individualização pena, haja vista ser da essência do sistema
trifásico exigir a reprovação necessária e absolutamente adequada para cada fase da
dosimetria" (v.g., HC 100.639/MS, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS
MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 18/05/2010, DJe 07/06/2010). (REsp
514.583/ES, Rel. Ministro CELSO LIMONGI (DESEMBARGADOR
CONVOCADO DO TJ/SP), SEXTA TURMA, julgado em 17/08/2010, DJe
06/09/2010)
INTENSIDADE DE DOLO
PERSONALIDADE
(STJ) No homicídio, a eventual motivação fútil ou torpe não pode ser invocada para
majorar a pena-base: se os jurados não reconhecem as qualificadoras da motivação
fútil ou torpe, a consideração de fatos que se amoldam, em tese, a alguma dessas
qualificadoras, ainda que para efeitos da majoração da pena-base, é incompatível
com o veredicto do Júri; se, diversamente, há o reconhecimento dessas
qualificadoras pelo Conselho de Sentença, o aumento da pena-base pela motivação
fútil ou torpe configura bis in idem. (REsp 514.583/ES, Rel. Ministro CELSO
LIMONGI (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP), SEXTA TURMA,
julgado em 17/08/2010, DJe 06/09/2010)
(STJ) É certo que, conforme já decidiu este STJ, não pode ser considerada
consequência desfavorável apta a justificar o aumento da pena-base "alegações
genéricas de que a família da vítima foi privada de seu convívio" (v.g., HC
83.066/DF, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA
(STJ) Quanto às circunstâncias do crime, que abrange todo o iter criminis, desde a
cogitação até a consumação, se indicou, igualmente, fatos concretos, em especial que
o recorrente, antes de cumprir a sua ameaça, teria marcado a "mão da vítima com a
data da sua morte", o que evidencia a premeditação, fato que a jurisprudência deste
STJ considera idônea para aumentar a pena-base, pois tanto demonstra a intensa
culpabilidade (v.g., HC 118.267/PB, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA
TURMA, julgado em 06/04/2010, DJe 03/05/2010; e HC 87.028/MS, Rel. Ministro
NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, QUINTA TURMA, julgado em 04/10/2007,
DJ 29/10/200), como pode servir para demonstrar serem desfavoráveis as
circunstâncias do crime (v.g., EDcl no REsp 252.613/SP, Rel. Ministro FELIX
FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 06/05/2003, DJ 16/06/2003). (REsp
514.583/ES, Rel. Ministro CELSO LIMONGI (DESEMBARGADOR
CONVOCADO DO TJ/SP), SEXTA TURMA, julgado em 17/08/2010, DJe
06/09/2010)
CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME
(STJ) Inexiste constrangimento ilegal a ser sanado pela via do Habeas Corpus, se a
majoração da pena-base acima do mínimo legal restou devidamente motivada pelo
Julgador, na forma do art. 59 do CPB, em vista do reconhecimento de circunstâncias
judiciais desfavoráveis do paciente, principalmente as circunstâncias do crime, que
ocorreu em via pública, com o disparo que acertou a vítima desferido em meio a
considerável número de pessoas. (HC 88.464/PR, Rel. Ministro NAPOLEÃO
NUNES MAIA FILHO, QUINTA TURMA, julgado em 24/11/2008, DJe
19/12/2008)
COMPORTAMENTO DA VÍTIMA
(STJ) O comportamento da vítima, que em nada contribui para o crime, não pode ser
valorado como prejudicial ao acusado. (HC 91.376/DF, Rel. Ministra MARIA
THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 08/09/2009, DJe
28/09/2009)
TENTATIVA
(STJ) Não há constrangimento ilegal no ponto em que foi aplicada a fração de 1/3 de
redução de pena em decorrência da tentativa, visto que as instâncias ordinárias
fundamentaram, com base nas circunstâncias do caso concreto, a redução de pena no
referido patamar, tendo salientado que o paciente desferiu dois golpes de faca nas
costas da vítima, "o que representa avanço do iter criminis" percorrido pelo agente.
(HC 270.283/DF, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA,
julgado em 12/08/2014, DJe 26/08/2014)
(STJ) 1. Presente circunstância judicial negativa, não pode a pena-base ser fixada no
mínimo legal, impondo-se exasperar a reprimenda em obséquio aos princípios da
culpabilidade, da proporcionalidade e da razoabilidade. 2. Na tentativa de homicídio
em que a vítima escapa ilesa ou sem graves lesões o iter criminis percorre seu
estágio inicial, impondo-se a redução da pena em sua fração máxima de 2/3 (dois
terços). (REsp 1327433/PR, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA,
SEXTA TURMA, julgado em 18/06/2014, DJe 04/08/2014)
CONFISSÃO
HOMICÍDIO PRIVILEGIADO-QUALIFICADO
(STF) EMENTA Habeas corpus. Penal. Homicídio (CP, art. 121, caput).
Condenação. Pena de 6 anos e 8 meses de reclusão. Regime inicial mais gravoso
imposto na sentença (CP, art. 33, § 3º). Admissibilidade. Existência de vetor
desfavorável na primeira fase da dosimetria. Precedentes. Dosimetria de pena.
Ilegalidade dos fundamentos invocados para majoração da pena-base. Não
ocorrência. Valoração negativa das circunstâncias do crime devidamente justificada.
Inidoneidade do habeas corpus para se proceder à ponderação e ao reexame das
circunstâncias judiciais referidas no art. 59 do Código Penal consideradas na
sentença condenatória. Precedentes. Ordem denegada. 1. É pacífica a jurisprudência
do Supremo Tribunal Federal no sentido de que a existência de vetores desfavoráveis
na primeira fase da dosimetria, tal como se verificou na espécie, justifica a
imposição de regime mais severo do que aquele que a pena imposta admite, nos
termos do art. 33, § 3º, do Código Penal. 2. Existência de motivação adequada para a
valoração negativa das circunstâncias do crime, tendo-se demonstrado, com base em
elementos concretos, o maior grau de censurabilidade da conduta do paciente, que
desbordou dos elementos normais do tipo penal, justificando, portanto, a
exasperação de sua pena-base. 3. A via estreita do habeas corpus não permite que se
proceda à ponderação e ao reexame das circunstâncias judiciais referidas no art. 59
do Código Penal consideradas na sentença condenatória (v.g. HC nº 134.193/GO,
Segunda Turma, de minha relatoria, DJe de 28/11/16). 4. Habeas corpus denegado.
(HC 139377, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, julgado em
07/02/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-047 DIVULG 10-03-2017 PUBLIC
13-03-2017)
CRIME FORMAL
OCORRÊNCIA
(TJSP) FALSO TESTEMUNHO - Conjunto probatório suficiente para manter a
condenação pelo delito - Discrepância entre os depoimentos do acusado nos
processos desmembrados - Falsidade da segunda declaração evidenciada -
Condenação devida - Recurso desprovido. (TJ-SP - APL: 00057615320118260575
SP 0005761-53.2011.8.26.0575, Relator: Nelson Fonseca Junior, Data de
Julgamento: 25/06/2015, 1ª Câmara Criminal Extraordinária, Data de Publicação:
30/06/2015)
PRISÃO EM PLENÁRIO
(STJ) Não incide na letra do art. 342, § 1º, do Código Penal - Falso Testemunho - a
irmã do acusado, em depoimento no Plenário do Júri, ainda que sob compromisso,
buscando obter prova favorável ao irmão. Neste caso, significativo o vínculo
familiar. Não se pode exigir, humanamente, e, por isso, também pelo Direito, que a
irmã deponha contra o irmão. Cumpre ponderar a fraternidade. (REsp 198.426/MG,
Rel. Ministro LUIZ VICENTE CERNICCHIARO, Rel. p/ Acórdão Ministro
FERNANDO GONÇALVES, SEXTA TURMA, julgado em 14/08/2001, DJ
05/11/2001, p. 146)
RETRATAÇÃO
(STJ) 1. Não há falar em contradição dos jurados, se, entre as respostas questionadas,
inexiste relação necessária qualquer, como ocorre nas hipóteses, bem diversas da
espécie, em que a afirmação da autoria implica a afirmação do falso testemunho. 2.
Em sede de julgamento pelo Tribunal do Júri, havendo contradição, cabe a defesa
argüí-la no momento oportuno, sob pena de preclusão. (HC 29.154/SP, Rel. Ministro
FONTES DE ALENCAR, Rel. p/ Acórdão Ministro HAMILTON CARVALHIDO,
SEXTA TURMA, julgado em 09/12/2003, DJ 16/11/2004, p. 326)
TENTATIVA BRANCA
(STJ) 2. Considera-se tentativa "branca" aquela na qual o bem tutelado pelo tipo
penal não sofre qualquer dano, apesar do esgotamento dos atos praticados pelo
agente. 3. Não há falar em perícia nos casos de tentativa branca, uma vez que, não
ocorrendo dano, não há corpo de delito a ser examinado. 4. A ausência de objeto
material a ser periciado não se confunde com inexistência do fato típico praticado,
uma vez que a conduta delituosa pode ser comprovada por outros meios de prova.
(RHC 22.433/SP, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA,
julgado em 23/03/2010, DJe 26/04/2010)
DOLO EVENTUAL
PRONÚNCIA
(STJ) 1. Em juízo preambular, não se exige prova cabal da autoria, sendo permitido
ao magistrado realizar um cotejo dos fatos e das provas trazidas aos autos e, assim,
manifestar-se acerca da existência de materialidade e indícios de autoria. 2. No caso,
a decisão de impronúncia, mantida pelo Tribunal a quo, foi proferida com estrita
observância da norma processual. Está fundamentada na ausência de elementos
suficientes para pronunciar o réu, uma vez que a exordial acusatória está baseada, tão
só, na palavra de testemunha que afirma ter reconhecido unicamente a voz do
acusado. (REsp 738.292/DF, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA,
julgado em 09/03/2010, DJe 29/03/2010, REPDJe 19/04/2010)
(STJ) É exigência legal que os indícios sejam suficientes, sérios, para se possa
pronunciar um acusado de crime doloso contra a vida. (REsp 46.884/RJ, Rel.
Ministro EDSON VIDIGAL, QUINTA TURMA, julgado em 22/03/1995, DJ
17/04/1995, p. 9587)
RELAXAMENTO DE PRISÃO
(STJ) 1. Não há nulidade a ser reconhecida na juntada tardia das transcrições das
interceptações telefônicas, visto que foram incorporadas aos autos antes da abertura
de prazo para as alegações finais, possibilitando à defesa o amplo acesso, a fim de
refutá-las antes da prolação da sentença de pronúncia, o que garantiu o pleno
exercício da defesa e do contraditório. Assim, não há falar em cerceamento de defesa
se o patrono do paciente teve acesso às transcrições e lhe foi facultado rechaçá-las
antes mesmo do Juízo ter proferido a sentença de pronúncia, notadamente se não
PRORROGAÇÃO – PRAZO
(STJ) Tratando-se de ação penal complexa, que busca elucidar a suposta prática de
dois crimes de homicídio qualificado, além de quadrilha armada, cometidos por
supostos integrantes de organismo criminoso altamente estruturado, que
comandavam a ação ilícita de dentro de estabelecimento prisional, tendo as
respectivas interceptações telefônicas somado cerca de 540 horas de gravações,
encontra-se justificado eventual dilação do prazo necessário para o encerramento da
instrução, à luz da razoabilidade, não se vislumbrando, na hipótese, desídia da
autoridade judiciária na condução do feito. (HC 142.299/SP, Rel. Ministro JORGE
MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 19/08/2010, DJe 06/09/2010)
(STJ) 1. Esta Corte atendeu ao pedido formulado pelo Tribunal de Contas do Estado
e do Ministério Público Estadual, compartilhando com os órgãos oficiantes a prova
documental produzida no inquérito policial, inclusive as interceptações telefônicas.
2. Cabe aos órgãos administrativos que farão uso da prova emprestada qualificá-las
ou desqualificá-las, não sendo atribuição do juízo criminal imiscuir-se na seara
administrativa. (AgRg na APn .536/BA, Rel. Ministra ELIANA CALMON, CORTE
ESPECIAL, julgado em 19/11/2008, DJe 19/03/2009)
(STJ) É lícita a prova de crime diverso, obtida por meio de interceptação de ligações
telefônicas de terceiro não mencionado na autorização judicial de escuta, desde que
relacionada com o fato criminoso objeto da investigação. (HC 33.553/CE, Rel.
Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 17/03/2005, DJ
11/04/2005, p. 338)
Julgamento (TJSP) Pode o promotor de justiça, no Plenário do Júri, pedir a absolvição do réu,
(pedido de sem que o fato constitua nulidade. Dos termos dos art. 471 e 564, III, "I", do CPP,
absolvição / não interfere que o representante do Ministério Público seja sempre obrigado a
desclassificaçã acusar, ainda contra a sua consciência, desde que não encontrou elementos para
o por promotor refutar a defesa (TJSP, AC, rel. OCTÁVIO LACORTE, RJTJSP 2/329).
(STJ) "A Constituição Federal, em seu art. 5º, inciso XXXVIII, alíneas 'b' e 'c',
conferiu ao Tribunal do Júri a soberania dos seus veredictos e o sigilo das votações,
tratando-se de exceção à regra contida no inciso IX do art. 93, razão pela qual não se
exige motivação ou fundamentação das decisões do Conselho de Sentença, fazendo
prevalecer, portanto, como sistema de avaliação das provas produzidas a íntima
convicção dos jurados". (HC 175.993/RJ, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA
TURMA, julgado em 06/09/2011, DJe 21/09/2011). (AgRg no AREsp 517.583/SP,
Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado
em 05/08/2014, DJe 18/08/2014)
(STJ) 1. A Constituição Federal, em seu artigo 5º, inciso XXXVIII, alíneas "b" e "c",
conferiu ao Tribunal do Júri a soberania dos seus veredictos e o sigilo das votações,
tratando-se de exceção à regra contida no inciso IX do artigo 93, razão pela qual não
se exige motivação ou fundamentação das decisões do Conselho de Sentença,
fazendo prevalecer, portanto, como sistema de avaliação das provas produzidas, a
íntima convicção dos jurados. 2. Dessa forma, observa-se que a Corte Popular, após
a produção das provas pela defesa e pela acusação na sessão plenária, tão somente
responde sim ou não aos quesitos formulados de acordo com a livre valoração das
teses apresentadas pelas partes, tendo o Conselho de Sentença entendido que o
paciente não seria inimputável. 3. Embora seja certo que a decisão dos jurados é
desprovida de fundamentação, tal circunstância não permite, por si só, a conclusão
de que não poderiam decidir em sentido contrário ao resultado da prova pericial,
pois, embora movido pela íntima convicção, o veredicto deve ser considerado idôneo
se encontrar apoio no conjunto probatório. 4. No caso em apreço, o Tribunal de
origem, ao analisar o recurso de apelação da defesa, reportou-se ao conjunto
probatório, apontando nos autos as provas que seriam aptas a corroborar o veredicto
exarado pelo Conselho de Sentença, para concluir pela improcedência do pleito
defensivo. (HC 228.795/MS, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA,
julgado em 03/09/2013, DJe 17/09/2013)
(STJ) 1. A Constituição Federal, em seu art. 5º, inciso XXXVIII, alíneas "b" e "c",
conferiu ao Tribunal do Júri a soberania dos seus veredictos e o sigilo das votações,
tratando-se de exceção à regra contida no inciso IX do art. 93, razão pela qual não se
exige motivação ou fundamentação das decisões do Conselho de Sentença, fazendo
prevalecer, portanto, como sistema de avaliação das provas produzidas, a íntima
convicção dos jurados. 3. Após a produção das provas pela defesa e pela acusação na
sessão plenária, a Corte Popular tão somente responde sim ou não aos quesitos
formulados de acordo com a livre valoração das teses apresentadas pelas partes. Por
esta razão, não havendo uma exposição dos fundamentos utilizados pelo Conselho
de Sentença para se chegar à decisão proferida no caso, é impossível a identificação
de quais provas foram utilizadas pelos jurados para entender pela condenação ou
absolvição do acusado, o que torna inviável a constatação se a decisão baseou-se
exclusivamente nas declarações prestadas pela vítima, conforme requerido na
impetração. (HC 216.959/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA,
julgado em 02/02/2012, DJe 15/02/2012)
(STJ) 3. A inversão da ordem de intimação prevista no art. 422 do CPP não tem o
condão de anular o julgamento pelo Tribunal do Júri, uma vez não ter sido
comprovado nenhum prejuízo, além de ter ocorrido a preclusão consumativa. (REsp
1503640/PB, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, QUINTA TURMA, julgado em
04/08/2015, DJe 13/08/2015)
RECONHECIMENTO PESSOAL
(STJ) Nos termos da jurisprudência desta Corte, o disposto no art. 226 do Código de
Processo Penal, configura recomendação legal, e não exigência capaz de macular o
ato praticado de outro modo, notadamente quando examinado em conjunto com os
demais elementos coletados durante a instrução processual, como ocorreu na espécie.
(HC 168.620/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA,
julgado em 25/06/2013, DJe 01/07/2013)
(STJ) Esta Corte possui entendimento de que a inovação de tese defensiva na fase de
tréplica, no Tribunal do Júri, viola o princípio do contraditório, porquanto
impossibilita a manifestação da parte contrária acerca da quaestio. (AgRg no AREsp
(STJ) I. Não há ilegalidade na decisão que não incluiu, nos quesitos a serem
apresentados aos jurados, tese a respeito de homicídio privilegiado, se esta somente
foi sustentada por ocasião da tréplica. II. É incabível a inovação de tese defensiva, na
fase de tréplica, não ventilada antes em nenhuma fase do processo, sob pena de
violação ao princípio do contraditório. (REsp 65.379/PR, Rel. Ministro GILSON
DIPP, QUINTA TURMA, julgado em 16/04/2002, DJ 13/05/2002, p. 218)
(STJ) 1. Vem o júri pautado pela plenitude de defesa (Constituição, art. 5º, XXXVIII
e LV). É-lhe, pois, lícito ouvir, na tréplica, tese diversa da que a defesa vem
sustentando. 2. Havendo, em casos tais, conflito entre o contraditório (pode o
acusador replicar, a defesa, treplicar sem inovações) e a amplitude de defesa, o
conflito, se existente, resolve-se a favor da defesa – privilegia-se a liberdade (entre
outros, HC-42.914, de 2005, e HC-44.165, de 2007). (HC 61.615/MS, Rel. Ministro
HAMILTON CARVALHIDO, Rel. p/ Acórdão Ministro NILSON NAVES, SEXTA
TURMA, julgado em 10/02/2009, DJe 09/03/2009)
(STJ) Reconstituição do crime. como tal não se configura, para efeito do art. 475 do
C.P.P., a mera encenação visual demonstrativa da trajetoria e localização do tiro fatal,
calcada na pericia constante dos autos. (REsp 11.818/SP, Rel. Ministro JOSÉ
(STJ) Reconstituição do crime. Como tal não se considera, para efeito de prévia
ciência à parte contrária, a simples menção a fato que até fora certificado nos autos
(RESP, rel. FLAQUER SCARTEZZINI, RJTJSP 132/473).
(STJ) 1. Havendo relação dos fatos com a mídia exibida perante o Tribunal do Juri,
não se há falar em sua impertinência. 2. Ao juiz é dado negar o pedido de perícia
requerida pelas partes quando não se mostrar necessária ao esclarecimento da
verdade, salvo o caso de exame de corpo de delito, conforme preceitua o art. 184 do
CPP. (…) 4. Não configura vilipêndio ao artigo 479 do Código de Processo Penal o
fato de o Representante do Ministério Público ter utilizado a apresentação em
plenário de peças processuais em power point. Tais peças processuais já se
encontravam nos autos antes mesmo da sentença de pronúncia, não constituindo
documentos novos de modo a exigir a antecedência de 3 dias úteis para sua
utilização em plenário. 5. O organograma nada mais é que um roteiro, conferindo
maior clareza à exposição dos fatos constantes dos autos, o qual, por óbvio, não
configura documento, não sendo necessária assim, a observância de antecedência de
3 dias úteis para a sua juntada e ciência à parte contrária (art. 479, parágrafo único).
6. A utilização de recurso de informática, como o power point, ou a exibição de
organograma explicitando de forma sucinta os acontecimentos vislumbrados durante
a marcha processual, no plenário, constitui exercício de liberdade de manifestação,
de modo a facilitar a intelecção do Conselho de Sentença, não configurando ofensa
ao contraditório. (HC 174.006/MS, Rel. Ministra ALDERITA RAMOS DE
OLIVEIRA (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/PE), SEXTA TURMA,
julgado em 14/08/2012, DJe 27/08/2012)
(STJ) Referências doutrinárias não podem ser equiparadas aos documentos cuja
leitura ou exibição são vedadas no art. 479 do CPP (EDcl no AgRg no AREsp n.
82.143/MG, Ministro Marco Aurélio Bellizze, Quinta Turma, DJe 14/11/2012).
(AgRg no REsp 1285462/SP, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA
TURMA, julgado em 30/06/2015, DJe 04/08/2015)
(STJ) 2. Referências doutrinárias não podem ser equiparadas aos documentos cuja
leitura ou exibição são vedadas no art. 479 do CPP. (EDcl no AgRg no AREsp
82.143/MG, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA,
julgado em 06/11/2012, DJe 14/11/2012)
(STJ) 1. A par da matéria jornalística ter sido elaborada a partir das declarações feitas
pelo próprio réu e sua publicação ter ocorrido com seu expresso consentimento, o
art. 475 do CPP expressamente permite a leitura de jornais na sessão de julgamento
do Tribunal do Júri, desde que a documentação tenha sido juntada aos autos com,
pelo menos 3 dias de antecedência, tal como observado na espécie. (RHC 24.262/ES,
Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, QUINTA TURMA, julgado em
05/02/2009, DJe 16/03/2009)
(STJ) O texto do art. 478 deve ser analisado em cotejo com o art. 480, do Código de
Processo Penal, que possibilita aos jurados e às partes "a qualquer momento e por
intermédio do juiz presidente, pedir ao orador que indique a folha dos autos onde se
encontra a peça por ele lida ou citada, facultando-se, ainda, aos jurados solicitar-lhe,
pelo mesmo meio, o esclarecimento de fato por ele alegado". E o art. 480, § 3º,
acrescenta que "os jurados, nesta fase do procedimento, terão acesso aos autos e aos
instrumentos do crime se solicitarem ao juiz presidente." Portanto, não há ilegalidade
na menção do antecedente do réu que já constava dos autos, ao qual os jurados têm
amplo e irrestrito acesso, com a possibilidade de requerer esclarecimentos. Ademais,
a menção de tal peça processual não foi feita como argumento de autoridade. (REsp
1407113/SP, Rel. Ministro MOURA RIBEIRO, QUINTA TURMA, julgado em
26/08/2014, DJe 01/09/2014)
(STJ) 4. O art. 479 do Código de Processo Penal não permite, durante o julgamento
em Plenário do Júri, a leitura de documento ou a exibição de objeto que não tiver
sido juntado aos autos com antecedência mínima de três dias, quando o seu conteúdo
versar sobre matéria de fato constante do processo. 5. No caso, em respeito aos
princípios do contraditório e da ampla defesa, o Juiz singular indeferiu a exibição e
leitura de material jornalístico acerca de homicídios ocorridos na região em
circunstâncias semelhantes à dos autos, a fim de evitar qualquer surpresa à acusação,
sendo autorizada a referência aos documentos na sessão plenária, a fim de amparar a
tese de negativa de autoria sustentada pela defesa. (REsp 1503640/PB, Rel. Ministro
GURGEL DE FARIA, QUINTA TURMA, julgado em 04/08/2015, DJe 13/08/2015)
(STJ) 1. A Constituição Federal, em seu artigo 5º, inciso XXXVIII, alíneas "b" e "c",
conferiu ao Tribunal do Júri a soberania dos seus veredictos e o sigilo das votações,
tratando-se de exceção à regra contida no inciso IX do artigo 93, razão pela qual não
se exige motivação ou fundamentação das decisões do Conselho de Sentença,
fazendo prevalecer, portanto, como sistema de avaliação das provas produzidas, a
íntima convicção dos jurados. 2. Dessa forma, observa-se que a Corte Popular, após
a produção das provas pela defesa e pela acusação na sessão plenária, tão somente
(STJ) 1. Não há falar em decisão contrária à prova dos autos quando, havendo duas
teses com embasamento no conjunto probatório, os jurados optam por uma delas. 2.
Na hipótese, foi refutado o exame de sanidade mental que julgou ser o paciente
incapaz para entender o caráter ilícito de sua conduta. Os jurados entenderam, com
base no depoimento de testemunhas e também em atenção às declarações contidas no
interrogatório, pela imputabilidade do agente. (…) 5. Constatada, no curso da
(STF) "O princípio processual penal do favor rei não ilide a possibilidade de
utilização de presunções hominis ou facti, pelo juiz, para decidir sobre a procedência
do ius puniendi, máxime porque o CPP prevê expressamente a prova indiciária,
definindo-a no art. 239 como 'a circunstância conhecida e provada, que, tendo
relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras
circunstâncias'. (...) O julgador pode, através de um fato devidamente provado que
não constitui elemento do tipo penal, mediante raciocínio engendrado com
supedâneo nas suas experiências empíricas, concluir pela ocorrência de circunstância
relevante para a qualificação penal da conduta." (HC 103.118, rel. min. Luiz Fux,
Aliás, a força instrutória dos indícios é bastante para a elucidação de fatos, podendo,
Neste sentido, este Egrégio Plenário, em época recente, decidiu que “indícios
e presunções, analisados à luz do princípio do livre convencimento, quando fortes,
seguros, indutivos e não contrariados por contraindícios ou por prova direta, podem
autorizar o juízo de culpa do agente” (AP 481, Relator: Min. Dias Toffoli, Tribunal
Pleno, julgado em 08/09/2011). Idêntica a orientação da Primeira Turma do Supremo
Tribunal Federal, cabendo a referência aos seguintes julgado:
(STJ) Embora o fundamento utilizado pela Corte de origem para concluir pela
existência de julgamento contrário à prova dos autos seja a falta de reconhecimento
da figura privilegiada do homicídio pelo corpo de jurados, não lhe compete
determinar a exclusão das qualificadoras que seriam incompatíveis com o privilégio
e que haviam constado da pronúncia. Cabe-lhe apenas determinar nova submissão do
acusado ao Tribunal do Júri, ao qual caberá pronunciar-se novamente tanto sobre as
qualificadoras, defendidas pela acusação, como sobre a forma privilegiada,
sustentada pela defesa. (REsp 1243687/CE, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS
JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 24/04/2014, DJe 09/05/2014)
(STJ) Por mais que a impugnação de vício ocorrido na sessão de julgamento do júri
não tenha constado da ata de julgamento, corporificando nulidade absoluta, é de ser
declarada a eiva de ofício. Na espécie, certa jurada integrou o Conselho de Sentença
em dezembro de 2008, vindo a participar do colegiado leigo, em outro feito, em
dezembro de 2009. Desta forma, tendo composto o Conselho de Sentença nos doze
meses que antecederam à publicação da lista geral, tem-se o impedimento, a tornar
írrita a sessão de julgamento do Tribunal do Júri. (HC 177.358/SP, Rel. Ministra
MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 05/02/2013,
DJe 15/02/2013)
(STJ) Nos termos do artigo 483, inciso III, e § 2.º, do Código de Processo Penal,
com a redação conferida pela Lei n.º 11.689/08, para a submissão ao Conselho de
Sentença após a vigência do citado regramento, é obrigatória a formulação e resposta
pelos jurados do quesito geral referente à absolvição do réu, ainda que a única tese
defensiva seja a negativa de autoria, implicando sua ausência nulidade absoluta da
sessão de julgamento realizada pelo Júri Popular. (RHC 45.178/RO, Rel. Ministra
MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 09/12/2014,
DJe 19/12/2014)
(STJ) Os jurados são livres para absolver o acusado, ainda que reconhecida a autoria
e a materialidade do crime, e tenha o defensor sustentado tese única de negativa de
autoria. (HC 206.008/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA
TURMA, julgado em 18/04/2013, DJe 25/04/2013)
RECUSAS INDIVIDUAIS
(STF) É nulo o julgamento ulterior pelo júri com a participação de jurado que
funcionou em julgamento anterior do mesmo processo. (Súmula 206 Publicação: DJ
de 06/09/1962)
(STJ) Conselho de sentença formado com dois jurados, que haviam participado do
julgamento anterior dos có-reus, determina a nulidade, especialmente quando
evidente o prejuizo tendo em conta o resultado da votação. (HC 12/SC, Rel. Ministro
JESUS COSTA LIMA, QUINTA TURMA, julgado em 23/08/1989, DJ 25/09/1989,
p. 14952)
(STJ) 4. A suposta nulidade na seleção dos jurados, em razão de a lista de escolha ser
composta de alunos de duas faculdades de direito do Município, não foi arguida em
Plenário. Além disso, o Impetrante não demonstrou em que consistiria o prejuízo na
seleção dos jurados dentre alunos de faculdades de direito. 5. Alegações genéricas de
nulidade, desprovidas de demonstração do concreto prejuízo, não podem dar ensejo à
invalidação da ação penal. É imprescindível a demonstração de prejuízo, pois o art.
563, do Código de Processo Penal, positivou o dogma fundamental da disciplina das
nulidades - pas de nullité sans grief. (HC 209.838/GO, Rel. Ministra LAURITA
VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 05/11/2013, DJe 19/11/2013)
(STJ) O art. 420, parágrafo único, do Código de Processo Penal é norma de natureza
processual, razão pela qual deve ser aplicado imediatamente aos processos em curso.
No entanto, excepciona-se a hipótese de ter havido prosseguimento do feito à revelia
do réu, citado por edital, em caso de crime cometido antes da entrada em vigor da
Lei n. 9.271/1996, que alterou a redação do art. 366 do Código de Processo Penal.
Isso porque, em se tratando de crime cometido antes da nova redação conferida ao
art. 366 do Estatuto Processual Penal, o curso do feito não é suspenso por força da
revelia do réu, citado por edital. Dessa forma, se se admitisse a intimação por edital
da decisão de pronúncia, haveria a submissão do réu a julgamento pelo Tribunal do
Júri sem que houvesse certeza da sua ciência quanto à acusação, o que ofende as
garantias de contraditório e de plenitude de defesa. (HC 226.285/MT, Rel. Ministro
SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 20/02/2014, DJe
(STJ) I - "No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua
deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu." (Enunciado n.º 523
do Pretório Excelso). II - Não há que se aquilatar a defesa técnica como deficiente,
tão somente em razão de não ter sido utilizado, pela defensora dos recorrentes, todo
o tempo previsto para a realização dos debates orais em plenário do Tribunal do Júri.
Isso porque não há uma presunção que indique que quanto maior for o tempo
utilizado para a sustentação oral, melhor, obrigatoriamente, terá sido o exercício da
ampla defesa e vice-versa (Precedentes). III - Ademais, no presente caso, a defesa
utilizou mais de uma hora do tempo previsto, além de ter se valido da tréplica,
ocasiões em que sustentou a ausência de provas acerca da participação dos
recorrentes no crime. (REsp 869.582/RS, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA
TURMA, julgado em 12/06/2007, DJ 03/09/2007, p. 214)
(STJ) I - A Constituição Federal assegura, no art. 5º, inciso XXXVIII, alínea a, nos
julgamentos realizados pelo Tribunal do Júri, a plenitude de defesa. A preocupação
do constituinte foi corroborada pelo CPP, mediante a previsão de regra que
determina a dissolução do Conselho de Sentença na hipótese do Juiz Presidente
verificar que o acusado está indefeso. II - No caso concreto, além do advogado
dativo ter utilizado somente nove minutos para a sustentação oral, não fez menção à
tese da legítima defesa invocada pelo réu em seu interrogatório e que foi, de certa
forma, encampada por testemunha presencial dos fatos durante o juízo de acusação.
Limitou-se o causídico a pugnar pelo afastamento das qualificadoras. III - Alem
disso, dispensou a oitiva de referida testemunha faltante em plenário, prejudicando
inequivocamente a defesa do réu. IV - Portanto, referidas circunstâncias indicam a
ausência de defesa técnica, suficientes para justificar a aplicação da primeira parte da
Súmula 523/STF e, por conseguinte, a anulação do julgamento. (RHC 51.118/SP,
Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 11/06/2015, DJe
04/09/2015)
(TJMT) Nulidade - Réu indefeso - Defensor que usa da palavra por apenas 10
minutos, para pleitear somente o abrandamento da pena - Cerceamento caracterizado
- Anula - se o julgamento do Tribunal do Júri, caso se constate no julgamento do
recurso que o réu tenha ficado indefeso no plenário do tribunal popular (AC, rel.
Odiles Freitas Souza, RT 564/367).
(STJ) 1. Segundo a Súmula 523, do Supremo Tribunal Federal, "no processo penal, a
falta de defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se
houver prova de prejuízo para o réu." 2. O texto do art. 478 deve ser analisado em
cotejo com o art. 480, do Código de Processo Penal, que possibilita aos jurados e às
partes "a qualquer momento e por intermédio do juiz presidente, pedir ao orador que
indique a folha dos autos onde se encontra a peça por ele lida ou citada, facultando-
se, ainda, aos jurados solicitar-lhe, pelo mesmo meio, o esclarecimento de fato por
ele alegado". E o art. 480, § 3º, acrescenta que: "os jurados, nesta fase do
procedimento, terão acesso aos autos e aos instrumentos do crime se solicitarem ao
juiz presidente." Portanto, não há ilegalidade na leitura do acórdão que julgou a
apelação porque é permitida a leitura de documentos em Plenário pelas partes, desde
que a menção de tais peças processuais não seja feita como argumento de autoridade,
em prejuízo do acusado. 3. O texto da lei é claro ao proibir a menção ao silêncio do
acusado "em seu prejuízo" (art. 478, II, do Código de Processo Penal). Não se
vislumbra prejuízo na simples menção ao silêncio do réu, sem a exploração do tema
em Plenário, conforme consignado na ata de julgamento. (REsp 1321276/SP, Rel.
Ministro MOURA RIBEIRO, QUINTA TURMA, julgado em 05/08/2014, DJe
15/08/2014)
(STJ) 1. Segundo a Súmula 523, do Supremo Tribunal Federal, "no processo penal, a
falta de defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se
houver prova de prejuízo para o réu." 2. O texto do art. 478 deve ser analisado em
cotejo com o art. 480, do Código de Processo Penal, que possibilita aos jurados e às
partes "a qualquer momento e por intermédio do juiz presidente, pedir ao orador que
indique a folha dos autos onde se encontra a peça por ele lida ou citada, facultando-
se, ainda, aos jurados solicitar-lhe, pelo mesmo meio, o esclarecimento de fato por
ele alegado". E o art. 480, § 3º, acrescenta que: "os jurados, nesta fase do
procedimento, terão acesso aos autos e aos instrumentos do crime se solicitarem ao
juiz presidente." Portanto, não há ilegalidade na leitura do acórdão que julgou a
apelação porque é permitida a leitura de documentos em Plenário pelas partes, desde
que a menção de tais peças processuais não seja feita como argumento de autoridade,
em prejuízo do acusado. 3. O texto da lei é claro ao proibir a menção ao silêncio do
acusado "em seu prejuízo" (art. 478, II, do Código de Processo Penal). Não se
vislumbra prejuízo na simples menção ao silêncio do réu, sem a exploração do tema
em Plenário, conforme consignado na ata de julgamento. (REsp 1321276/SP, Rel.
Ministro MOURA RIBEIRO, QUINTA TURMA, julgado em 05/08/2014, DJe
15/08/2014)
(STJ) 1. Pela letra do artigo 478 do Código de Processo Penal, as partes não podem
(STF) Recurso ordinário em habeas corpus. 2. Tribunal do júri. Art. 478, I, do CPP.
Vedação de referências “à decisão de pronúncia, às decisões posteriores que julgaram
admissível a acusação ou à determinação do uso de algemas como argumento de
autoridade que beneficiem ou prejudiquem o acusado”. Interpretação do dispositivo.
A lei não veda toda e qualquer referência às peças. Apenas sua utilização como
argumento de autoridade é vedada. No caso da pronúncia, é vedada sua utilização
como forma de persuadir o júri a concluir que, se o juiz pronunciou o réu, logo este é
culpado. 3. Negado provimento ao recurso ordinário. (RHC 120598, Relator(a):
Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 24/03/2015, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-151 DIVULG 31-07-2015 PUBLIC 03-08-2015)
(STJ) 1. A reforma do artigo 478, inciso I, do Código de Processo Penal dada pela
Lei nº 11.689/2008, vedando a referência à decisão de pronúncia durante os debates
no Júri, reafirmou a soberania do julgamento pelo Tribunal Popular, cuja decisão
deve ser tomada sem influências que possam comprometer a imparcialidade dos
jurados e em prejuízo do réu. 2. Todavia, as referências ou a leitura da decisão de
pronúncia não acarretam, necessariamente, a nulidade do julgamento, até porque de
franco acesso aos jurados, nos termos do artigo 480 do Código Penal, somente
eivando de nulidade o julgamento se as referências forem feitas como argumento de
autoridade que beneficiem ou prejudiquem o acusado. 3. Não há nulidade decorrente
(STJ) Não constitui desrespeito ao artigo 478, inciso I, do Código de Processo Penal
o Representante do Ministério Público ter feito menção em Plenário ao fato de o
acórdão proferido no HC 152597/MS ter determinado que a decisão proferida no
Recurso em Sentido Estrito ficasse lacrada nos autos, não havendo nulidade a ser
sanada. 8. Ainda que nulidade houvesse, seria relativa, a demandar prova do efetivo
prejuízo à defesa, em respeito ao consagrado princípio pas de nullité sans grief,
expressamente previsto no art. 563 do CPP, munus de que a defesa não se
desincumbiu. 9. Ordem parcialmente conhecida, e, nessa extensão, denegada por não
haver nulidade a ser reparada. (HC 174.006/MS, Rel. Ministra ALDERITA RAMOS
DE OLIVEIRA (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/PE), SEXTA
TURMA, julgado em 14/08/2012, DJe 27/08/2012)
(TJSP) Pode não ser ético o advogado ou o promotor invocar seu próprio testemunho
acerca do fato delituoso ou circunstância discutidos no processo. Mas não se vai a
ponto de se ter a afirmativa, ainda que feita em plenário, com razão para a decretação
de nulidade do julgamento (TJSP, AC, rel. CAMARGO SAMPAIO, RT 517/295).
(TJSP) O advogado que, ao defender o réu perante o Tribunal do Júri, atesta fatos,
como testemunha pessoal do caso e assim produz prova inédita do feito, determina,
com sua atuação anômala, do ponto de vista de oportunidade de prova, grave
irregularidade, que acarreta a nulidade do julgamento, por ficar a acusação posta na
conjuntura de irremediável surpresa (TJSP, AC, rel. Mendes França, RT 425/301).
(TJSP) O advogado que, ao defender o réu perante o Tribunal do Júri, atesta fatos,
como testemunha pessoal do caso e, assim, produz prova inédita do feito, determina,
com sua atuação anômala, do ponto de vista de oportunidade de prova, grave
irregularidade, que acarreta a nulidade do julgamento, por ficar a acusação posta na
conjuntura de irremediável surpresa (TJSP, AC, rel. MARINO FALCÃO, RT
607/275).
(TJSP) Defensor que, em Plenário, sustenta tese que tem como pressuposto o
reconhecimento da autoria homicida, quando o réu, diante dos jurados, a negou.
Cerceamento de defesa. Nulidade. "Se, após a confissão policial, o acusado se
retratou em juízo, negando o crime ante os jurados, não podia o Defensor dativo, por
certo, contrariando suas públicas declarações, concordar com sua condenação por
homicídio simples. Dita postura defensiva, intuí - se, resultou de evidente "acordo" -
prática perniciosa, que se aproveita para profligar - entre o Dr. Defensor e o Dr.
Promotor. Tanto que este falou por uma hora e aquele por quinze minutos. Assim,
abriu a acusação mão da qualificadora, com o que concordou a defesa, saindo o réu,
que negara o crime, condenado por homicídio simples. Tudo sem julgamento
efetivamente breve, em que compromete o julgamento (TJSP, Ver. 90.902-3, rel.
DIRCEU DE MELLO). Vide: RT 676/281
AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO
ROMPIMENTO DE TORNOZELEIRA
(STF) Ementa: Processual Penal. Agravo regimental em habeas corpus contra ato de
Ministro do Superior Tribunal de Justiça. Homicídio qualificado. Pedido de
extensão. Identidade de situações não verificada. 1. Inexistindo pronunciamento
colegiado do Superior Tribunal de Justiça, não compete ao Supremo Tribunal
Federal examinar a questão de direito implicada na impetração. 2. O art. 580 do
Código de Processo Penal estabelece que, “No caso de concurso de agentes (Código
Penal, art. 25), a decisão do recurso interposto por um dos réus, se fundado em
motivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos outros”. 3.
Hipótese em que inexiste identidade de situação jurídica que autorize a extensão dos
efeitos da decisão tomada pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal.
Paciente que responde a ação penal diversa daquela que foi objeto do acórdão
examinado por esta Corte. 4. Agravo regimental desprovido. (HC 133328 AgR,
Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 06/09/2016,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-225 DIVULG 20-10-2016 PUBLIC 21-10-2016)
GENERALIDADES
(STJ) 1. Para levar (ou manter) o investigado ou réu à prisão cautelar, é cogente a
fundamentação concreta, sob as balizas do art. 312 do CPP, a afastar a invocação da
mera gravidade abstrata do delito, ou o recurso a afirmações vagas e
descontextualizadas de que a prisão é necessária para garantir a ordem pública ou
econômica, a instrução criminal ou a aplicação da lei penal. 2. Na espécie, a prisão
preventiva foi decretada para a garantia da ordem pública, de modo a evitar a prática
de novos crimes, ante a periculosidade concreta do paciente, manifestada no seu
comportamento anterior à prática do delito, em consonância com os artigos 312 e
313 do CPP e com a jurisprudência deste Tribunal Superior. 3. Consta do édito
condenatório que o paciente já foi condenado, anteriormente, por crime da mesma
natureza, tentativa de homicídio, perpetrado contra sua ex-mulher. 4. A recidiva em,
supostamente, perpetrar crimes contra a vida evidencia o risco concreto de reiteração
delitiva e justifica a necessidade da custódia cautelar para garantia da ordem pública.
Precedentes. 5. O fato de o réu haver permanecido em liberdade durante a instrução
criminal e as circunstâncias favoráveis que ostenta não obstam o decreto constritivo,
pois evidenciada uma das circunstâncias autorizadoras do art. 312 do CPP. (AgRg no
HC 270.618/SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA,
julgado em 13/05/2014, DJe 27/05/2014)
(STF) O fato de se responder a outro processo, seja qual for a imputação, não
respalda a preventiva, e, também, a simples acusação formalizada no processo-crime
é elemento neutro para essa mesma preventiva. (HC 105.952, voto do rel. p/ o ac.
min. Marco Aurélio, julgamento em 16-10-2012, Primeira Turma, DJE de 27-11-
2012.)
(STF) A existência de processo em curso, sem culpa formada, não respalda a prisão
preventiva. (HC 99.252, rel. min. Marco Aurélio, julgamento em 13-4-2010,
Primeira Turma, DJE de 14-5-2010.)
(STF) O fato de o réu ser primário, ter bons antecedentes, residência fixa e ocupação
lícita, por si só, não impede a decretação ou a preservação da sua prisão preventiva,
se presentes, como no caso, os seus requisitos. (HC 96.019, rel. min. Joaquim
Barbosa, julgamento em 16-12-2008, Segunda Turma, DJE de 27-3-2009.) No
mesmo sentido: HC 101.248, rel. min. Luiz Fux, julgamento em 21-6-2011, Primeira
Turma, DJE de 9-8-2011.
(STJ) - Esta Corte Superior tem entendimento pacífico de que a custódia cautelar
possui natureza excepcional, somente sendo possível sua imposição ou manutenção
quando demonstrado, em decisão devidamente motivada, o preenchimento dos
pressupostos previstos no art. 312 do Código de Processo Penal – CPP. - Na hipótese
dos autos estão presentes elementos concretos a justificar a imposição da segregação
antecipada, uma vez que a prisão preventiva do recorrente foi decretada com base na
gravidade concreta do delito e considerando sua elevada periculosidade, pela
brutalidade do delito e pela apuração de seu envolvimento em outro homicídio,
assinalando, ainda, a notícia de novos disparos efetuados pelo réu em situações
diversas. Demonstrou-se, por fim, a intimidação que sua liberdade causa nas
testemunhas, que relataram haver sido ameaçadas pelo recorrente, que até a presente
data encontra-se em lugar incerto e não sabido. (RHC 66.385/RJ, Rel. Ministro
ERICSON MARANHO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP),
SEXTA TURMA, julgado em 16/02/2016, DJe 24/02/2016)
(STJ) Não se constata indícios de desídia do Juízo processante, que tem sido
diligente no andamento do feito, que segue seu curso normal, com a instrução já
iniciada, em que se apura a prática de crime grave - homicídio duplamente
qualificado -, cometido em concurso de 5 (cinco) agentes, com defensores distintos,
havendo a necessidade de expedição de cartas precatórias para oitiva de testemunhas,
residentes em comarcas diversas - circunstâncias que exigem que se utilize maior
tempo para a solução da causa. (HC 288.564/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI,
QUINTA TURMA, julgado em 05/06/2014, DJe 18/06/2014)
(STJ) Ademais, não se constata indícios de desídia do Estado-Juiz, que tem sido
diligente no andamento do feito, que segue seu curso normal, mormente em se
considerando que o recurso em sentido estrito interposto pela defesa já foi julgado,
devendo os autos em breve retornar ao Juízo de origem para a segunda fase do
processo - judicium causae - com a submissão do réu a julgamento pelo plenário do
Júri. (RHC 44.048/RS, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado
em 05/06/2014, DJe 18/06/2014)
(STJ) Pronunciado o réu, fica superada eventual delonga em sua prisão decorrente de
excesso de prazo na finalização da primeira etapa do processo afeto ao Júri (judicium
accusationis), consoante o Enunciado n.º 21 da Súmula desta Corte Superior de
Justiça. (RHC 55.277/CE, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA,
julgado em 23/02/2016, DJe 07/03/2016)
(STJ) (…) verifica-se que, com a abertura de prazo para a apresentação das
alegações finais, resta encerrada a instrução processual. Dessa forma, fica
superada a alegação de excesso de prazo, conforme a Súmula n. 52/STJ. (HC
328.586/RJ, Rel. Ministro ERICSON MARANHO (DESEMBARGADOR
CONVOCADO DO TJ/SP), SEXTA TURMA, julgado em 17/03/2016, DJe
31/03/2016)
(TJCE) 1.O prazo legal para a conclusão de processo de réu preso não pode ser
resultado da simples somatória dos lapsos para a realização de todos os atos
previstos na lei, mas deve se adequar à complexidade da causa. 2. Conforme as
informações repassadas pela autoridade coatora, a instrução do feito encontra-se
encerrada desde o dia 26 de novembro do ano pretérito, restando apenas no aguardo
das alegações finais. 3. "Ratio essendi" que se retira da jurisprudência majoritária,
inclusive, sumulada, pelo Superior Tribunal de Justiça (Súmula nº 52) e pelo
Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (Súmula nº 09). (0630093-30.2015.8.06.0000
Habeas Corpus / Homicídio Qualificado Relator(a): HAROLDO CORREIA DE
DESCUMPRIMENTO DE MONITORAMENTO
MONITORAÇÃO ELETRÔNICA
(STJ) - Esta Corte Superior tem entendimento pacífico de que a custódia cautelar
possui natureza excepcional, somente sendo possível sua imposição ou manutenção
quando demonstrado, em decisão devidamente motivada, o preenchimento dos
pressupostos previstos no art. 312 do Código de Processo Penal – CPP. - O simples
fato de não ter sido encontrado para citação não presume a condição de foragido do
acusado, não se justificando a prisão preventiva pelo mero insucesso na localização
do acusado, que não se confunde com evasão. Precedentes da 6ª Turma. - No caso
dos autos, que o paciente foi denunciado por delito ocorrido em 9.7.2010, tendo o
Magistrado de primeiro grau, em 17.7.2013, recebido a denúncia, determinado a
suspensão do processo do curso do prazo prescricional e a produção antecipada de
provas, decretando, ainda, a prisão preventiva do recorrente, utilizando como
fundamentação somente a alegada condição de foragido do recorrente, que não
haveria respondido às tentativas de citação para comparecimento em juízo, não se
demonstrando, por meio de elementos concretos, seu ânimo de evadir-se do distrito
do crime. Recurso em habeas corpus provido para revogar a prisão preventiva em
discussão, ressalvada a possibilidade de decretação de nova prisão, se demonstrada
em elementos concretos sua necessidade. (RHC 43.210/MG, Rel. Ministro
ERICSON MARANHO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP),
SEXTA TURMA, julgado em 16/02/2016, DJe 24/02/2016)
FUGA
(STF) É pacífica a jurisprudência desta Corte no sentido de que a fuga do réu logo
após o cometimento do crime e antes da decretação da prisão preventiva é motivo
bastante para a medida constritiva, justificada pela conveniência da instrução
criminal e pela garantia da aplicação da lei penal. É impossível, na espécie, a
aplicação da regra contida no art. 580 do CPP, pois há diferença de situação entre o
paciente e os corréus postos em liberdade. A presença de primariedade e de bons
antecedentes não conferem, por si só, direito à revogação da segregação cautelar.
(HC 95.393, rel. min. Menezes Direito, julgamento em 25-11-2008, Primeira Turma,
DJE de 6-3-2009.) No mesmo sentido: HC 101.132, rel. min. Luiz Fux, julgamento
em 31-5-2011, Primeira Turma, DJE de 1º-7-2011; HC 101.310, rel. min. Gilmar
Mendes, julgamento em 24-8-2010, Segunda Turma, DJE de 10-9-2010. Em sentido
contrário: HC 97.351, rel. p/ o ac. min. Marco Aurélio, julgamento em 13-10-2009,
Primeira Turma, DJE de 11-12-2009. Vide: HC 100.899, rel. min. Eros Grau,
FUGA DE CADEIA
(STJ) 1. A teor do art. 312 do Código de Processo Penal, a prisão preventiva poderá
ser decretada quando presentes o fumus comissi delicti, consubstanciado na prova da
materialidade e na existência de indícios de autoria, bem como o periculum
libertatis, fundado no risco de que o agente, em liberdade, possa criar à ordem
pública/econômica, à instrução criminal ou à aplicação da lei penal. 2. Segundo
reiterada jurisprudência desta Corte de Justiça e do Supremo Tribunal Federal, a
prisão cautelar, por constituir medida de caráter excepcional, somente deve ser
imposta, ou mantida, quando demonstrada concretamente a sua necessidade, não
bastando a mera alusão genérica à gravidade do delito. 3. No caso, o decreto
preventivo ancorou-se, fundamentadamente, no desiderato de acautelar a ordem
pública, considerando, para tanto, a quantidade da droga apreendida e os
antecedentes criminais dos réus, que evidenciam sua periculosidade. 4. A fuga de um
dos réus da cadeia pública revela, de igual modo, a necessidade de prisão provisória
em face do risco para a aplicação da lei penal. 5. As condições pessoais do acusado
não bastam para afastar a necessidade da custódia cautelar quando presentes os
requisitos autorizadores da medida constritiva, como na hipótese. (RHC 58.139/MS,
Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, QUINTA TURMA, julgado em 25/08/2015,
DJe 11/09/2015)
TENTATIVA DE FUGA
FORAGIDO
(STJ) - A prisão cautelar somente deve ser decretada de forma excepcional quanto
evidenciada, no caso concreto, que a soltura do réu possa ser prejudicial à garantia da
ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para
assegurar a aplicação da lei penal, nos termos do art. 312 do Código de Processo
Penal, e em observância ao princípio constitucional da presunção de inocência. - Na
hipótese dos autos, a prisão preventiva encontra-se concretamente fundamentada,
sendo necessária para garantir a aplicação da lei penal, pois a recorrente, a despeito
de ter firmado compromisso por ocasião de sua liberdade provisória, ausentou-se do
distrito da culpa sem comunicar o juízo processante. Precedentes. (RHC 33.233/PR,
Rel. Ministra MARILZA MAYNARD (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO
TJ/SE), QUINTA TURMA, julgado em 23/10/2012, DJe 26/10/2012)
APRESENTAÇÃO ESPONTÂNEA
(STJ) Além disso, o Juízo processante, ao decretar a prisão preventiva sub judice,
destacou que o Custodiado e o Corréu eram "pessoas reconhecidas na comunidade
como autores de vários crimes, inclusive tentativa de homicídio, tráfico de drogas,
formação de quadrilha, porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, em tese,
configura situação que inegavelmente vem a vulnerar paz e a tranquilidade do meio
social." (HC 275.968/CE, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado
em 18/06/2014, DJe 01/07/2014)
(STF) Como já decidiu esta Corte, 'a garantia da ordem pública, por sua vez, visa,
entre outras coisas, evitar a reiteração delitiva, assim resguardando a sociedade de
maiores danos' (HC 84.658/PE, rel. min. Joaquim Barbosa, Segunda Turma, DJ de 3-
6-2005). Nessa linha, deve-se considerar também o 'perigo que o agente representa
para a sociedade como fundamento apto à manutenção da segregação' (HC
90.398/SP, rel. min. Ricardo Lewandowski, Primeira Turma, DJE de 17-5-2007).
(HC 106.788, rel. min. Ellen Gracie, julgamento em 31-5-2011, Segunda Turma,
DJE de 4-8-2011.) No mesmo sentido: HC 117.894, rel. min. Luiz Fux, julgamento
em 11-2-2014, Primeira Turma, DJE de 28-3-2014.
(TJCE) 1. Para que a prisão processual seja considerada legitima em face de nosso
sistema jurídico, deve evidenciar, com fundamento em base empírica idônea, razões
justificadoras da imprescindibilidade da medida, além de satisfazer os pressupostos a
que se refere o art. 312 do CPP (prova da existência material do crime e indício
suficiente de autoria), tal como a hipótese dos autos, não pode ser imposta com base,
essencialmente, na gravidade abstrata do delito, assentada a motivação em elementos
inerentes ao próprio tipo penal. Cumpre ao magistrado vincular sua decisão a fatores
reais de cautelaridade. 2. No caso, a prisão preventiva do paciente está respaldada em
justificativas idôneas, concretas e suficientes, aptos a legitimar a manutenção no
ergástulo, asseverando que "a periculosidade concreta dos réus, evidenciada pelo
modo como o crime foi praticado, com características de execução, os quais são
apontados como autores do crime, em que surprenderam a vítima efetuando vários
disparos pelas costas e nas costas da vítima, são fatores que traduzem a gravidade
acentuada na conduta imputada aos denunciados, indicativas, via de consequência,
do periculum libertatis exigido para a ordenação da prisão preventiva". 3. Denota-se,
no caso, a periculosidade concreta do paciente e o risco de sua soltura para a ordem
pública, além da ineficácia de medida cautelar diversa da prisão, uma vez que ele é
apontado por moradores de sua comunidade não só como autor do homicídio em
HOMICÍDIO DE TRÂNSITO
(STJ) III - A prisão cautelar deve ser considerada exceção, já que, por meio desta
medida, priva-se o réu de seu jus libertatis antes do pronunciamento condenatório
definitivo, consubstanciado na sentença transitada em julgado. É por isso que tal
medida constritiva só se justifica caso demonstrada sua real indispensabilidade para
assegurar a ordem pública, a instrução criminal ou a aplicação da lei penal, ex vi do
artigo 312 do Código de Processo Penal. A prisão preventiva, portanto, enquanto
medida de natureza cautelar, não pode ser utilizada como instrumento de punição
antecipada do indiciado ou do réu, nem permite complementação de sua
fundamentação pelas instâncias superiores (HC n. 93.498/MS, Segunda Turma, Rel.
Min. Celso de Mello, DJe de 18/10/2012). IV - No caso, o decreto prisional
encontra-se devidamente fundamentado em dados concretos extraídos dos autos, que
evidenciam que a liberdade do ora paciente acarretaria risco à ordem pública,
notadamente se considerada a sua periculosidade, evidenciadas pelo modus operandi
da sua conduta, consistente, em tese, em um homicídio qualificado consumado e
outros quatro homicídios qualificados tentados, quando estava na condução de
veículo automotor, sob influência de álcool e sem portar habilitação subiu no
canteiro, atropelando 5 vítimas em via pública - dirigia de forma perigosa, fazendo
"cavalinho de pau" -, além de ter um de seus braços imobilizado, fato que o tornava
impossibilitado de conduzir veículos não adaptados. V - Condições pessoais
favoráveis, tais como primariedade, ocupação lícita e residência fixa, não têm o
condão de, por si só, garantirem ao paciente a revogação da prisão preventiva se há
nos autos elementos hábeis a recomendar a manutenção de sua custódia cautelar.
Habeas Corpus não conhecido. (HC 323.726/MT, Rel. Ministro FELIX FISCHER,
QUINTA TURMA, julgado em 18/08/2015, DJe 01/09/2015)
TRÁFICO DE DROGAS
NARCOTRAFICÂNCIA
(STJ) I - A prisão cautelar deve ser considerada exceção, já que, por meio desta
PISTOLAGEM
LINCHAMENTO DO ACUSADO
(STJ) O linchamento do acusado e a destruição de sua casa são fatos concretos que
justificam a segregação cautelar como forma de garantia da ordem pública, da
instrução processual e da própria aplicação da lei penal, dada a repercussão social do
delito na comunidade local. (HC 48.618/RO, Rel. Ministro GILSON DIPP, QUINTA
TURMA, julgado em 21/02/2006, DJ 13/03/2006, p. 351)
VÍTIMA ALGEMADA
(STJ) Hipótese em que a custódia provisória foi decretada pelo Juízo de origem e
preservada pelo Corte estadual, fundamentalmente, para a garantia da ordem pública,
em razão da gravidade concreta dos delitos. Destacou-se a real periculosidade do
recorrente, diante do modus operandi. Trata-se, dentre outros delitos, de tentativa de
homicídio de policiais militares, constando da denúncia que o recorrente integra
facção criminosa. Destacou-se o fato de uma base da Polícia Militar ter sido atingida
por disparos de armas, bem como o atropelamento de duas mulheres durante a fuga.
Ressaltou o magistrado, ainda, que se trata de "mais uma onda organizada de
atentados contra ônibus e policiais". (RHC 56.490/SC, Rel. Ministra MARIA
THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 17/03/2015, DJe
24/03/2015)
VINGANÇA ANTECIPADA
VINGANÇA
(STJ) PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO
QUALIFICADO. TRIBUNAL DO JÚRI. ALEGAÇÃO DE JULGAMENTO
CONTRÁRIO À PROVA DOS AUTOS. VALORAÇÃO DA QUALIFICADORA
MOTIVO TORPE COMO VINGANÇA. POSSIBILIDADE. INEXISTÊNCIA DE
CONSTRANGIMENTO ILEGAL. 1. Deve ser respeitado o julgamento do Tribunal
do Júri, uma vez que a inclusão da qualificadora motivo torpe foi bem demonstrada,
não se podendo falar em julgamento contrário à prova dos autos, ainda que existam
entendimentos diversos a respeito de tal valoração. 2. Ordem denegada. (HC
410.695/MS, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado
em 18/09/2018, DJe 11/10/2018)
DÍVIDA FINANCEIRA
(STJ) (...) II - In casu, a segregação cautelar para garantia da ordem pública está
fundamentada em dados concretos extraídos dos autos, notadamente o modus
operandi do delito em tese praticado, supostamente cometido com extrema violência,
mediante emprego de garrafadas, socos e pontapés, prevalecendo-se os agressores de
sua superioridade numérica e por motivação fútil, consubstanciada na rivalidade
entre municípios. III - Ademais, há indícios de que o recorrente integraria associação
criminosa formada para promoção de agressões em eventos frequentados por jovens,
o que reforça a necessidade da prisão cautelar a fim de prevenir a reiteração delitiva.
IV - Condições pessoais favoráveis, tais como primariedade, ocupação lícita e
residência fixa, não têm o condão de, por si sós, garantirem ao recorrente a
revogação da prisão preventiva, se há nos autos elementos hábeis a recomendar a
manutenção de sua custódia cautelar. (...) (RHC 65.998/RS, Rel. Ministro FELIX
(STJ) A orientação pacificada nesta Corte Superior é no sentido de que não há lógica
em deferir ao condenado o direito de recorrer solto quando permaneceu preso
durante a persecução criminal, se presentes os motivos para a segregação preventiva.
5. Agravo regimental improvido. (AgRg no RHC 48.962/MG, Rel. Ministro JORGE
MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 25/11/2014, DJe 05/12/2014)
AUSÊNCIA DE MANIFESTAÇÃO
ATOS INSTRUTÓRIOS
(STF) A previsão de atos instrutórios também em Plenário do Júri (arts. 473 a 475 do
CPP) autoriza a manutenção da custódia preventiva, decretada sob o fundamento da
conveniência da instrução criminal. Isso porque não é de se ter por encerrada a fase
instrutória, simplesmente com a prolação da sentença de pronúncia. (HC 100480,
FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA
(STF) Prisão preventiva decretada com fundamento no artigo 413, § 3º, c/c artigo
312 do Código de Processo Penal, pela prática dos crimes descritos nos artigos 121,
§ 2º, incisos I, III e IV e 211, c/c artigo 29 do Código Penal (homicídio triplamente
qualificado e ocultação de cadáver, praticados em concurso de agentes). (HC 98061,
Relator(a): Min. EROS GRAU, Segunda Turma, julgado em 28/04/2009, DJe-157
DIVULG 20-08-2009 PUBLIC 21-08-2009 EMENT VOL-02370-05 PP-00988 RTJ
VOL-00213- PP-00573 RMDPPP v. 6, n. 31, 2009, p.107-112 RMP n.45, 2012, p.
175-180)
AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO
(STJ) 1. A prisão preventiva poderá ser substituída pela domiciliar quando o réu,
comprovadamente, estiver extremamente debilitado por motivo de doença grave (art.
318, II, do CPP). 2. Não comprovada a extrema debilidade do recluso ou a gravidade
da doença e, asseguradas todas as garantias para que tivesse atendidas suas
necessidades de saúde no estabelecimento prisional, inviável a sua colocação em
prisão domiciliar, especialmente em se considerando a gravidade dos delitos pelos
quais é acusado. 3. Alegadas condições pessoais favoráveis não têm, em princípio, o
condão de, isoladamente, revogar a prisão cautelar, se há nos autos elementos
suficientes a demonstrar a necessidade da custódia. 4. Inviável a incidência de
medidas cautelares diversas quando, além de haver motivação apta a justificar o
sequestro corporal, a aplicação não se mostraria adequada e suficiente, diante da
gravidade dos delitos pelos quais é acusado o paciente. (HC 299.219/PR, Rel.
Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 02/09/2014, DJe
18/09/2014)
AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO
(STJ) 2. A prisão preventiva e a prisão temporária não podem ser confundidas, pois
constituem modalidades distintas de custódia cautelar, cada qual sujeita a requisitos
legais específicos. A primeira pode ser decretada em qualquer fase da investigação
criminal ou do processo penal e demanda a demonstração, em grau bastante
satisfatório e mediante argumentação concreta (fumus comissi delicti), de que a
liberdade do acusado implica perigo (periculum libertatis) à ordem pública, à ordem
econômica, à conveniência da instrução criminal, ou à aplicação da lei penal (art.
312 do Código de Processo Penal). A segunda, por sua vez, subordina-se a requisitos
legais menos severos, previstos na Lei n.º 7.960/1989, e presta-se a garantir o eficaz
desenvolvimento da investigação criminal quando se está diante de algum dos graves
delitos elencados no art. 1.º, inciso III, da mesma Lei. 3. A prisão temporária, por sua
própria natureza instrumental, é permeada pelos princípios do estado de não-
culpabilidade e da proporcionalidade, de modo que sua decretação só pode ser
considerada legítima caso constitua medida comprovadamente adequada e necessária
ao acautelamento da fase pré-processual, não servindo para tanto a mera suposição
de que o suspeito virá a comprometer a atividade investigativa. (HC 286.981/MG,
Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 18/06/2014, DJe
01/07/2014)
FUNDAMENTAÇÃO
(STJ) 2. A prisão temporária sub judice foi decretada, com amparo nos requisitos do
art. 1.º, incisos I e III, alínea a, da Lei n.º 7.960/89, levando-se em consideração as
circunstâncias do crime e a necessidade de se assegurar as investigações criminais,
não havendo falar em ilegalidade na adoção dessa medida constritiva. 3. O Paciente,
após uma desavença de trânsito, teria desferido vários disparos de arma de fogo em
direção ao automóvel da vítima, atingindo-a no braço esquerdo. Além disso, o
acórdão combatido consignou que o Investigado procurou escamotear provas e
permanece foragido, em prejuízo das investigações criminais. (HC 289.472/SP, Rel.
Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 05/08/2014, DJe
21/08/2014)
Prisão (STF) O julgamento sem a presença do réu, previsto na recente reforma do
(assegurar a procedimento do júri, não elimina, como o impetrante sustenta, a necessidade da
aplicação da prisão cautelar para garantia da aplicação da lei penal, eis que esta não se confunde
lei penal) com a conveniência da instrução criminal. Na primeira hipótese, havendo nítida
intenção, como no caso se dá, de o paciente pretender frustrar a aplicação da lei
penal, a segregação cautelar se impõe. (HC 98061, Relator(a): Min. EROS GRAU,
Segunda Turma, julgado em 28/04/2009, DJe-157 DIVULG 20-08-2009 PUBLIC
21-08-2009 EMENT VOL-02370-05 PP-00988 RTJ VOL-00213- PP-00573
RMDPPP v. 6, n. 31, 2009, p.107-112 RMP n.45, 2012, p. 175-180)
(STJ) 1. A teor do art. 312 do Código de Processo Penal, a prisão preventiva poderá
ser decretada quando presentes o fumus comissi delicti, consubstanciado na prova da
materialidade e na existência de indícios de autoria, bem como o periculum
libertatis, fundado no risco de que o agente, em liberdade, possa criar à ordem
pública/econômica, à instrução criminal ou à aplicação da lei penal. 2. Segundo
reiterada jurisprudência desta Corte de Justiça e do Supremo Tribunal Federal, a
prisão cautelar, por constituir medida de caráter excepcional, somente deve ser
imposta, ou mantida, quando demonstrada concretamente a sua necessidade, não
bastando a mera alusão genérica à gravidade do delito. 3. No caso, o decreto
preventivo ancorou-se, fundamentadamente, no desiderato de acautelar a ordem
pública, considerando, para tanto, a quantidade da droga apreendida e os
antecedentes criminais dos réus, que evidenciam sua periculosidade. 4. A fuga de um
dos réus da cadeia pública revela, de igual modo, a necessidade de prisão provisória
em face do risco para a aplicação da lei penal. 5. As condições pessoais do acusado
não bastam para afastar a necessidade da custódia cautelar quando presentes os
requisitos autorizadores da medida constritiva, como na hipótese. (RHC 58.139/MS,
Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, QUINTA TURMA, julgado em 25/08/2015,
DJe 11/09/2015)
(STJ) Ao decidir pela pronúncia do acusado o magistrado agiu dentro dos limites
DESPRONÚNCIA
CONCURSO DE PESSOAS
(STJ) 1. Nos termos da antiga redação do art. 408, § 1.º, do Código de Processo
Penal (alterado pela Lei n.º 11.689/2008), a pronúncia deveria declarar o dispositivo
legal em cuja sanção julgasse incurso o réu. Assim, o julgador, ao pronunciar,
deveria elencar o art. 29 do Código Penal, que se refere ao concurso de pessoas, na
indicação do tipo penal incriminador. 2. O art. 29, caput, do Código Penal, não se
relaciona somente ao aspecto da dosimetria da pena, mas influencia na tipicidade da
conduta, na medida em que se trata de norma de extensão, que permite a adequação
típica de subordinação mediata. (REsp 944.676/RS, Rel. Ministra LAURITA VAZ,
QUINTA TURMA, julgado em 21/06/2011, DJe 28/06/2011)
PERDÃO JUDICIAL
INDÍCIOS
(STJ) Não prospera a assertiva de que a prova que embasa a pronúncia foi toda
colhida na fase inquisitorial, pois o simples compulsar dos autos e a leitura atenta do
acórdão recorrido e da sentença revelam o contrário. De qualquer forma, é firme a
jurisprudência desta Corte de que a decisão de pronúncia, por possuir conteúdo
SILÊNCIO DO RÉU
EXCESSO DE LINGUAGEM
(STJ) O comedimento desejado não pode ser tamanho a ponto de impedir que o
Julgador explicite seu convencimento quanto à existência de prova da materialidade
e indícios suficientes da autoria, sob pena inclusive de nulidade de sua decisão por
ausência de fundamentação. (HC 181.306/PE, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES
MAIA FILHO, QUINTA TURMA, julgado em 17/05/2011, DJe 16/06/2011)
(STF) Tanto a antiga redação do art. 408, quanto o atual art. 413 (na redação dada
pela Lei 11.689/2008), ambos do CPP, indicam que o juiz, ao tratar da autoria na
pronúncia, deve limitar-se a expor que há indícios suficientes de que o réu é o autor
ou partícipe do crime. Todavia, o texto da pronúncia afirma que o paciente foi o
autor do crime que lhe foi imputado, o que, à evidência, pode influenciar os jurados
(STJ) 3. Afirmar se o Réu agiu com dolo eventual ou culpa consciente é tarefa que
deve ser analisada pela Corte Popular, juiz natural da causa, de acordo com a
narrativa dos fatos constantes da denúncia e com o auxílio do conjunto
fático/probatório produzido no âmbito do devido processo legal. 4. Na hipótese,
tendo a provisional indicado a existência de crime doloso contra a vida - embriaguez
ao volante, excesso de velocidade e condução do veículo na contramão de direção,
sem proceder à qualquer juízo de valor acerca da sua motivação, é caso de submeter
o Réu ao Tribunal do Júri. (REsp 1279458/MG, Rel. Ministro JORGE MUSSI,
QUINTA TURMA, julgado em 04/09/2012, DJe 17/09/2012)
OFENDICULOS – DOLO
CRIMES CONEXOS
(STJ) Havendo infração penal conexa descrita na peça acusatória, deve o magistrado,
ao pronunciar o réu por crime doloso contra a vida, submeter seu julgamento ao
Tribunal do Júri, sem proceder a qualquer análise de mérito ou de admissibilidade
quanto a eles, tal como procederam as instâncias ordinárias. (AgRg no AREsp
71.548/SP, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, QUINTA TURMA, julgado
em 10/12/2013, DJe 13/12/2013)
(STF) A decisão que se limita a analisar e recusar os argumentos da defesa não tem a
força de influenciar a opinião Tribunal do Júri. Decisão que, de forma serena e
comedida, limitou-se a demonstrar a não ocorrência do crime de falso testemunho,
indicando as razões que apoiaram o seu convencimento. (RHC 94608, Relator(a):
Min. CARLOS BRITTO, Primeira Turma, julgado em 24/11/2009, DJe-022
DIVULG 04-02-2010 PUBLIC 05-02-2010 EMENT VOL-02388-01 PP-00084
LEXSTF v. 32, n. 374, 2010, p. 306-313)
DESCLASSIFICAÇÃO. OCORRÊNCIA
(TJCE) 1. O réu foi pronunciado pela suposta prática do crime previsto no art. 121, §
2º, IV, c/c art. 14, ambos do Código Penal, mediante emprego de arma de fogo. 2. A
versão apresentada pelo acusado, quanto às circunstâncias do crime, não restou
comprovada de modo patente até o presente momento. 3. Havendo, nos autos,
elementos de convicção suficientes que demonstram a materialidade do fato, os
indícios de autoria e a incerteza acerca da possibilidade de desclassificação delitiva,
impõe-se a pronúncia do réu, uma vez que prevalece, nesta fase processual, o
princípio in dubio pro societate, sendo o seu julgamento de competência do Tribunal
do Júri. (0002942-75.2014.8.06.0000 Recurso em Sentido Estrito / Homicídio
Qualificado Relator(a): FRANCISCA ADELINEIDE VIANA; Comarca: Juazeiro do
Norte; Órgão julgador: 2ª Câmara Criminal; Data do julgamento: 15/12/2015; Data
de registro: 15/12/2015)
GENERALIDADES
(STJ) 2. A decisão que submete o acusado a julgamento pelo Tribunal do Júri deve
ser motivada, inclusive no que se refere às qualificadoras do homicídio, conforme
estabelece o art. 93, inciso IX, da Constituição Federal. 3. As qualificadoras
propostas na denúncia somente podem ser afastadas quando, de forma inequívoca,
mostrarem-se absolutamente improcedentes. Caso contrário, havendo indícios da sua
existência e incerteza sobre as circunstâncias fáticas, deve prevalecer o princípio in
dubio pro societatis, cabendo ao Tribunal do Júri manifestar-se sobre a ocorrência ou
não de tais circunstâncias. 4. Hipótese em que o acórdão impugnado
fundamentadamente faz referência às provas que indicariam que os crimes teriam
sido praticados por motivo fútil, o que torna imperioso a manutenção da referida
qualificadora, cabendo ao juiz natural da causa o exame dos fatos a justificar a sua
incidência, sob pena de afronta à soberania do Tribunal do Júri. (HC 228.924/RJ,
Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, QUINTA TURMA, julgado em 26/05/2015,
DJe 09/06/2015)
(STJ) 1. Conquanto o § 1º do artigo 413 do Código de Processo Penal preveja que "a
fundamentação da pronúncia limitar-se-á à indicação da materialidade do fato e da
existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, devendo o juiz
declarar o dispositivo legal em que julgar incurso o acusado e especificar as
circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de pena", não há dúvidas de
que a decisão que submete o acusado a julgamento pelo Tribunal do Júri deve ser
motivada, inclusive no que se refere às qualificadoras do homicídio, notadamente
diante do disposto no artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal, que impõe a
fundamentação de todas as decisões judiciais. 2. No caso dos autos, da leitura da
íntegra da decisão provisional depreende-se que o Juízo de origem, ainda que
sucintamente, entendeu que as circunstâncias qualificadoras narradas na denúncia
encontraram suporte no conjunto probatório produzido nos autos, julgando
admissível, portanto, a sua submissão à Corte Popular. 3. Em respeito ao princípio do
juiz natural, somente é cabível a exclusão das qualificadoras na decisão de pronúncia
quando manifestamente improcedentes e descabidas, porquanto a decisão acerca da
sua caracterização ou não deve ficar a cargo do Conselho de Sentença, conforme já
decidido por esta Corte. (HC 277.953/MG, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA
TURMA, julgado em 20/11/2014, DJe 02/02/2015)
CONCURSO DE AGENTES
MOTIVO FÚTIL
(STF) Uma vez reconhecido que a vítima não foi alvo de surpresa, havendo
provocado o agressor, descabe a qualificadora do motivo fútil – disputa pela
ocupação de uma mesa de sinuca. (HC 107199, Relator(a): Min. MARCO
AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 20/08/2013, PROCESSO ELETRÔNICO
DJe-208 DIVULG 18-10-2013 PUBLIC 21-10-2013) (OBS: Por maioria de votos,
concedeu a ordem, de ofício, nos termos do voto do Relator, vencidos os Senhores
Ministros Roberto Barroso e Luiz Fux, Presidente – sobre a questão do motivo fútil)
(TJDFT) Se há nos autos indícios de que o agente cometeu o crime por motivo torpe,
consistente na rivalidade entre torcidas de futebol, deve a qualificadora prevista no
inciso I do § 2º do art. 121 do CP ser submetida a julgamento pelo Tribunal do Júri.
(Acórdão n.791670, 20130710162759RSE, Relator: NILSONI DE FREITAS, 3ª
Turma Criminal, Data de Julgamento: 22/05/2014, Publicado no DJE: 27/05/2014.
Pág.: 219)
(STJ) Se o paciente agiu em legítima defesa própria, ou por vingança, é questão que
só poderá ser analisada pelo E. Tribunal do Júri, competente para julgar os delitos
dolosos contra a vida. (HC 163.520/DF, Rel. Ministro CELSO LIMONGI
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP), SEXTA TURMA, julgado em
31/08/2010, DJe 20/09/2010)
PRONÚNCIA – FUNDAMENTAÇÃO
PRONÚNCIA
PRECLUSÃO
QUESITO OBRIGATÓRIO
(STF) Súmula 156: É absoluta a nulidade do julgamento, pelo júri, por falta de
(STF) Para efeito de invalidação do processo penal perante o Júri, não basta à parte
meramente alegar inversão da ordem de formulação dos quesitos (CPP, art. 484), eis
que se impõe, a quem suscita a ocorrência de tal vício formal, o ônus de comprovar a
efetiva verificação de prejuízo (CPP, art. 563), pois nenhum ato será declarado nulo,
se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa ("pas de nullité
sans grief"). Precedentes. A ausência de reclamação ou de protesto torna preclusa a
faculdade processual de a parte argüir qualquer nulidade eventualmente ocorrida. O
silêncio da parte - que se mostra pleno de expressão semiológica - tem efeito
convalidador dos vícios acaso verificados durante o julgamento, ressalvados os
defeitos e irregularidades, que, por sua seriedade e gravidade, hajam induzido os
jurados a erro, dúvida, incerteza ou perplexidade sobre o fato objeto de sua
apreciação decisória. Precedentes. - Os protestos das partes - Ministério Público e
acusado - não se presumem. Hão de ser consignados na ata de julgamento (CPP, arts.
494 e 495), que traduz o registro fiel de todas as ocorrências havidas no curso do
julgamento perante o plenário do Tribunal do Júri. A falta de protesto em tempo
oportuno, resultante da inércia de qualquer dos sujeitos da relação processual penal,
(STF) Eventuais defeitos na elaboração dos quesitos devem ser apontados logo após
sua leitura pelo magistrado, sob pena de preclusão, que só pode ser superada nos
casos em que os quesitos causem perplexidade aos jurados. (HC 85295, Relator(a):
Min. CEZAR PELUSO, Segunda Turma, julgado em 02/02/2010, DJe-055 DIVULG
25-03-2010 PUBLIC 26-03-2010 EMENT VOL-02395-02 PP-00574) No mesmo
sentido: STF, 1ª Turma, HC 104776 (02/08/2011).
(STF) O veredicto do júri resta imune de vícios acaso não conste o número de votos
no Termo de Julgamento no sentido afirmativo ou negativo, não só por força de
novatio legis, mas também porque a novel metodologia preserva o sigilo e a
soberania da deliberação popular. (…) O artigo 487 do CPP foi revogado pela Lei nº
11.689/2008, aprimorando assim o sistema de votação do júri, já que não se faz mais
necessário constar quantos votos foram dados na forma afirmativa ou negativa,
respeitando-se, portanto, o sigilo das votações e, consectariamente, a soberania dos
veredictos. (HC 104308, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em
31/05/2011, DJe-123 DIVULG 28-06-2011 PUBLIC 29-06-2011 EMENT VOL-
02553-01 PP-00107 RTJ VOL-00219- PP-00510)
(STJ) 2. Hipótese em que a única tese ventilada pela defesa perante o Conselho de
Sentença foi a de legítima defesa. 3. Na atual sistemática do Tribunal do Júri, não há
mais quesitos específicos sobre a absolvição, pois o Legislador Pátrio, ao editar a Lei
n.º 11.689/08, determinou que todas as teses defensivas, no ponto, fossem abrangidas
por uma única quesitação obrigatória (art. 483, inciso III, do Código de Processo
Penal). 4. Ao concentrar as teses absolutórias no terceiro quesito do Tribunal do Júri
("o jurado absolve o acusado?"), a lógica do Legislador foi a de impedir que os
INIMPUTABILIDADE
(STJ) 3. O quesito previsto no inciso III do art. 483 do Código de Processo Penal
considera todas as teses de defesa. 4. No caso em apreço, foi esclarecido ao corpo de
jurados que a tese de inimputabilidade deveria ser considerada por ocasião da
resposta ao quesito genérico sobre a absolvição. 5. No caso de uma das teses
defensivas se referir a inimputabilidade (art. 26 do CP), deverá existir um quesito
específico sobre a sua ocorrência ou não, a ser respondido apenas se o Júri entender
que deve ser o réu absolvido. 4. Tal necessidade se dá porque, reconhecida a
inimputabilidade, deverá o Juiz impor ao acusado medida de segurança. 5. No caso
de resposta negativa ao quesito de absolvição, rechaçada estará a tese de
inimputabilidade, bem como prejudicado o quesito específico. (HC 172.699/RJ, Rel.
Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 05/12/2013,
DJe 16/12/2013)
(STJ) 4. Diante da redação imposta pela Lei n.º 11.689/2008, atual artigo 483 do
Estatuto Processual Repressivo, a quesitação acerca das atenuantes não figura como
obrigatória, restando, portanto, inócua eventual renovação do júri, em especial
porque, da atenta leitura da sentença, verifica-se que não concorreu a confissão para
a condenação do réu, afigurando-se impróprio o reconhecimento da atenuante. 5.
Ecoa na jurisprudência a possibilidade do julgador empregar uma das qualificadoras
do homicídio para a tipificação e a outra como como agravante, ou mesmo,
residualmente, como circunstância desfavorável a ensejar o acréscimo da pena-base.
(HC 215.407/MG, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA
TURMA, julgado em 20/03/2014, DJe 09/04/2014)
NULIDADES. PRECLUSÃO
RECURSO INTEMPESTIVO
EMBARGOS HOMICÍDIO
(STJ) 1. Nos limites estabelecidos pelo art. 619 do Código de Processo Penal, os
embargos de declaração destinam-se a suprir omissão, afastar obscuridade ou
eliminar contradição ou ambiguidade eventualmente existentes no julgado. 2. A
pretensão de rejulgamento da causa, na via estreita dos declaratórios, mostra-se
inadequada. (EDcl nos EDcl no AgRg nos EDcl no AREsp 80.307/SP, Rel. Ministro
JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 17/10/2013, DJe 23/10/2013)
(STF) Não há excesso de prazo na prisão decorrente de pronuncia, que vige até o
julgamento do plenário do júri. A demora no processamento do recurso em sentido
estrito da sentença de pronuncia deve ser objeto de correição e não justifica a
concessão de habeas corpus, quando superados os constrangimentos anteriores a
pronuncia. Precedente: RHC 57392, RTJ 92/132. HC indeferido. (HC 63030,
Relator(a): Min. CORDEIRO GUERRA, Segunda Turma, julgado em 21/06/1985,
DJ 09-08-1985 PP-12607 EMENT VOL-01386-01 PP-00130)
(STF) Súmula 713: O efeito devolutivo da apelação contra decisões do júri é adstrito
aos fundamentos da sua interposição. (DJ de 09/10/2003, p. 6; DJ de 10/10/2003, p.
6; DJ de 13/10/2003, p. 6.)
(STJ) A apelação em face de decisão do Tribunal do Júri, a teor da Súmula n.º 713 do
Supremo Tribunal Federal, é restrita aos fundamentos da sua interposição, pois não
devolve à superior instância o conhecimento pleno da matéria. (HC 201.981/PE, Rel.
Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 23/06/2015, DJe
03/08/2015)
(STJ) No caso presente, olvidou a defesa que os pontos indicados no writ não foram
suscitados quando da interposição do recurso de apelação, sendo certo que, a teor da
jurisprudência deste Tribunal Superior e do Pretório Excelso, o apelo interposto
contra as decisões do Tribunal do Júri tem devolutividade restrita, isto é, somente são
devolvidas para exame as questões expressamente constantes nas razões da apelação,
conforme enuncia a Súmula 713 do STF: "O efeito devolutivo da apelação contra
decisões do Júri é adstrito aos fundamentos da sua interposição." (HC 193.580/RS,
Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, QUINTA TURMA, julgado em 24/02/2015,
DJe 03/03/2015)
(STF) Sendo do Tribunal do Júri a competência para julgar crime doloso contra a
vida, descabe a órgão revisor, apreciando recurso em sentido estrito, absolver o
agente e impor medida de segurança. (HC 87614, Relator(a): Min. MARCO
AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 03/04/2007, DJe-037 DIVULG 14-06-2007
PUBLIC 15-06-2007 DJ 15-06-2007 PP-00024 EMENT VOL-02280-03 PP-00438)
(STJ) Esta Corte tem decidido que a ausência, no termo de interposição, da indicação
das alíneas que embasam o recurso de Apelação contra decisão proferida pelo
Tribunal do Júri, não obsta o seu conhecimento se, nas razões recursais, a defesa
apresentou fundamentação para o apelo e delimitou os pertinentes pedidos, como se
verificou nos autos. (HC 293.976/MS, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA
TURMA, julgado em 03/03/2016, DJe 10/03/2016)
(TJRS) A apelação das decisões do Júri é sempre parcial, salvo se interposta sem
delimitação às letras do n. III do art. 593, ou, se fixada a extensão quando da
interposição, a ampliação se opera dentro do prazo recursal, nas razões ou em
aditamento à própria interposição (AC, rel. ALAOR TERRA, RT 594/389).
(STJ) O oferecimento das razões de apelação fora do prazo legal de oito dias
constitui mera irregularidade, não ensejando qualquer prejuízo ao conhecimento do
recurso (Precedentes desta Corte e do c. Pretório Excelso). (HC 140.022/MS, Rel.
Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 15/12/2009, DJe
22/02/2010)
(STJ) Não procede a nulidade da sentença, por vício na dosimetria da pena, quando o
pleito é formulado de forma genérica, sem indicação específica da ilegalidade. (HC
66.625/RJ, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em
15/10/2015, DJe 05/11/2015)
(STJ) Nos termos do art. 598 do Código de Processo Penal, "Nos crimes de
competência do Tribunal do Júri, ou do juiz singular, se da sentença não for
interposta apelação pelo Ministério Público no prazo legal, o ofendido ou qualquer
das pessoas enumeradas no art. 31, ainda que não se tenha habilitado como
assistente, poderá interpor apelação, que terá, porém, efeito suspensivo". Tendo o
recurso sido interposto pelo titular da ação penal, não há razão para se legitimar o
recurso do assistente da acusação. (HC 269.584/DF, Rel. Ministro RIBEIRO
DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 01/12/2015, DJe 09/12/2015)
(STF) Mesmo nos crimes reconhecidos como praticados em concurso material, nos
quais as ações foram autônomas, mas resultantes de iguais desígnios, é possível o
julgamento, em apelação, de cada veredicto do Júri e, se provido o recurso parcial,
repete-se o plenário tão-somente em relação à decisão reconhecida contrária à prova
dos autos. É o que resulta da inteligência do art. 599 do CPP, regra especial relativa à
apelação e que prevalece sobre a regra geral da competência por conexão (art. 79 do
(STJ) Hipótese onde se alega nulidade no acórdão do Tribunal Estadual que anulou
parcialmente a decisão do Júri Popular, determinado a submissão do acusado a novo
julgamento somente em relação a alguns dos crimes praticados. Entendendo o
Tribunal a quo pela existência de nulidade em uma ou mais séries de quesitos, pode
anulá-los sem interferir na quesitação dos demais delitos, que permanecem coerentes
e válidos. O paciente foi denunciado pela prática de crimes em concurso material,
considerando-se cada uma das ações uma conduta autônoma, podendo parte do
julgado ser mantida e outra parte ser anulada. Precedentes. (HC 48.578/SP, Rel.
Ministro GILSON DIPP, QUINTA TURMA, julgado em 12/06/2006, DJ
01/08/2006, p. 472)
(STJ) Na hipótese de crimes conexos em que a prova de uma infração não influi na
da outra, ante a autonomia dos delitos, pode o Tribunal, em grau recursal, reconhecer
a nulidade parcial do julgamento, em relação apenas a um dos delitos, com
realização de novo julgamento quanto a ele, mantendo a decisão no que diz respeito
aos demais delitos. (HC 13.770/RJ, Rel. Ministro HAMILTON CARVALHIDO,
SEXTA TURMA, julgado em 13/02/2001, DJ 13/08/2001, p. 281)
(STJ) Não há violação ao princípio da soberania dos veredictos, inserto no artigo 5º,
inciso XXXVIII, alínea "c", da Constituição Federal, nos casos em que, com espeque
na alínea "d" do inciso III do artigo 593 do Código de Processo Penal, o Tribunal de
origem, de forma fundamentada, entende que a decisão dos jurados não encontra
suporte na prova produzida sob o crivo do contraditório. (…) É assente nesta Corte
Superior de Justiça o entendimento de que não é possível a anulação parcial do
julgamento proferido pelo Tribunal do Júri, sendo que o reconhecimento de que a
decisão dos jurados foi manifestamente contrária à prova dos autos implica a
submissão da íntegra dos fatos à nova apreciação do Conselho de Sentença. (HC
321.872/RO, Rel. Ministro LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PE), QUINTA TURMA, julgado em
20/08/2015, DJe 01/09/2015)
(STJ) Embora o art. 483, inciso III, do Código de Processo Penal traduza uma
(TJCE) EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÃO. ART. 121, §2º, II,
DO CPB. RECURSO DEFENSIVO. ART. 593, III, "D", DO CPP. DECISÃO
MANIFESTAMENTE CONTRÁRIA À PROVA DOS AUTOS. DESCABIMENTO.
APRESENTADAS DUAS VERTENTES PROBATÓRIAS AO CONSELHO DE
SENTENÇA. ACOLHIDA UMA DELAS. DECISÃO MANTIDA. PRINCÍPIO
CONSTITUCIONAL DA SOBERANIA DOS VEREDICTOS. Recurso conhecido e
desprovido. A alegação de que a decisão do Conselho de Sentença se apresenta
manifestamente contrária à prova dos autos exige inconteste e irrefutável
contrariedade entre seu teor e o contexto probatório. In casu, observa-se a presença
de duas vertentes, uma a dar guarida à tese ministerial e outra, à apresentada pela
Defesa, não podendo o Órgão ad quem substituir-se ao Conselho de Sentença para
julgar qual delas teses deve ser acolhida, sob pena de suprimir-se do Tribunal do Júri
a competência originária que lhe é conferida constitucionalmente, cujas decisões se
encontram sob o manto inafastável da soberania dos vereditos, motivo pelo qual
deve ser mantida por seus fundamentos, inclusive no que concerne à qualificadora
acolhida. Descabida a alegação de que o agente atuou mediante legítima defesa
própria, uma vez que não há prova inconteste de que atuou nessas circunstâncias,
inclusive mínima quanto à possibilidade de ocorrência de injusta agressão ou sua
iminência. Recurso conhecido e desprovido. (0080179-59.2012.8.06.0000 Apelação
/ Homicídio Qualificado Relator(a): FRANCISCA ADELINEIDE VIANA;
Comarca: Apuiarés; Órgão julgador: 2ª Câmara Criminal; Data do julgamento:
16/02/2016; Data de registro: 17/02/2016)
(TJCE) EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÃO. ART. 121, §2º, II,
DO CPB. RECURSO DEFENSIVO. ART. 593, III, "D", DO CPP. DECISÃO
MANIFESTAMENTE CONTRÁRIA À PROVA DOS AUTOS. DESCABIMENTO.
APRESENTADAS DUAS VERTENTES PROBATÓRIAS AO CONSELHO DE
SENTENÇA. ACOLHIDA UMA DELAS. DECISÃO MANTIDA. PRINCÍPIO
CONSTITUCIONAL DA SOBERANIA DOS VEREDICTOS. Recurso conhecido e
desprovido. A alegação de que a decisão do Conselho de Sentença se apresenta
manifestamente contrária à prova dos autos exige inconteste e irrefutável
(STJ) Não prospera o pedido de ser devido um novo julgamento pelo Júri, pois, se a
decisão do Júri se encontra amparada em uma das versões constantes nos autos, deve
ser respeitada, consagrando-se o princípio da soberania dos veredictos do Tribunal
do Júri. (Agrg no Agravo em Recurso Especial nº 577.290 - SP (2014⁄0229420-3) -
Rel. Ministro Sebastião Reis Júnior - DJE. 17.12.2014)
(TJCE) 1.Da ata da Sessão do Júri, notadamente em fl.129, observo que a defesa
interpôs seu inconformismo com espeque no art.593, III, "a" do CPP, ou seja,
aduzindo uma suposta nulidade posterior à pronúncia. No entanto, nas razões de
fls.133/137, é nítido que o inconformismo se baseou em julgamento contrário à
prova dos autos, ou seja, fulcrado na alínea "d" do inciso III, do art.593 do CPP.
2.Sendo a apelação, nos crimes de competência do Júri, de fundamentação
vinculada, não há que se conhecer de apelo cujas razões destoam do termo de
interposição. Inteligência da Súmula 713 do Pretório Excelso. (Apelação
662533200880600000 Relator(a): FRANCISCO PEDROSA TEIXEIRA Comarca:
Fortaleza Órgão julgador: 1ª Câmara Criminal Data de registro: 18/04/2013)
(STJ) 1. Relata a denúncia haver o marido, incurso nas sanções do art. 121, § 2º,
incisos I e IV, do Código Penal, efetuado diversos disparos contra sua mulher, de
quem se encontrava separado, residindo ela, há algum tempo (mais de 30 dias), em
casa de seus pais, onde foi procurada, ao que parece, em tentativa frustrada de
reconciliação, e morta. 2. A absolvição pelo Júri teve por fundamento ação em
legítima defesa da honra, decisão confirmada pelo Tribunal de Justiça, ao
entendimento não ser aquela causa excludente desnaturada pelo fato de o casal estar
separado, há algum tempo, e porque "a vítima não tinha comportamento recatado". 3.
Nestas circunstâncias, representa o acórdão violação à letra do art. 25 do Código
Penal, no ponto que empresta referendo à tese da legítima defesa da honra, sem
embargo de se encontrar o casal separado há mais de trinta dias, com atropelo do
requisito relativo à atualidade da agressão por parte da vítima. Entende-se em
legítima defesa, reza a lei, quem, usando moderadamente dos meios necessários,
repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. 4. A questão,
para seu deslinde e solução, não reclama investigação probatória, com incidência da
súmula 7 do STJ, pois de natureza jurídica. (REsp 203.632/MS, Rel. Ministro
FONTES DE ALENCAR, SEXTA TURMA, julgado em 19/04/2001, DJ