Tecnicos em Radioterapia - Cap2 PDF
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CAPÍTULO 2 - OS EQUIPAMENTOS
Objetivo:
• Desenvolver o domínio do processo de trabalho do técnico em radioterapia
pelo conhecimento dos equipamentos de uso mais frequente e algumas noções
de segurança.
que tinham em sua constituição básica um tubo de raios X alimentado com tensões variáveis Estativa é
um termo derivado do
entre 30 kV e 100 kV para raios X superficiais, e 100 kV e 300 kV para ortovoltagem.
inglês stand (sustentar),
Os aparelhos de terapia superficial (figura 2.1) e ortovoltagem (figura 2.2) são e denomina a base fixa
que sustenta o braço
constituídos de um cabeçote com um tubo de raios X, uma estativa, um console de (gantry) e o cabeçote do
comando e uma mesa para posicionamento do paciente. equipamento.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Esses aparelhos funcionam segundo os mesmos princípios físicos, geométricos e
eletrônicos dos equipamentos de raios X para fins diagnósticos.
Foto: IAEA
Figuras 2.1 e 2.2 - Equipamento de terapia superficial Philips RT100 (esq.); e equipamento de ortovoltagem
Siemens (dir.)
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Foto: wikipedia.org
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Emissão
termoiônica é o processo
pelo qual os elétrons
atingem, por meio do
calor, energia suficiente
para escapar da superfície
de um filamento metálico.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Figura 2.4 - Esquema dos elementos de um tubo de raios X
Os Equipamentos
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paciente. Para a irradiação do paciente, este era posicionado em uma mesa semelhante às de raios X
diagnóstico (figura 2.6). Os cabeçotes desses aparelhos permitiam movimentos verticais e longitudinais,
além de diferentes angulações.
Para a delimitação de áreas irregulares a serem irradiadas e proteção de tecidos sãos, eram
confeccionadas máscaras de chumbo (figura 2.7) específicas para cada paciente, com espessuras variando
de 1 mm até 3 mm.
Foto: IAEA Foto: Acervo PQRT
Os novos equipamentos, que produzem feixes de fótons com energias muito maiores,
possibilitam tanto o tratamento de lesões mais profundas com doses mais baixas na pele (Co-60 e
aceleradores lineares), quanto o de lesões superficiais com feixes de elétrons (aceleradores lineares).
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
2.2 - Telecobaltoterapia
Fonte selada ou
encapsulada é aquela em A criação de equipamentos com fontes de Co-60 foi um grande avanço para a
que não há a possibilidade radioterapia. Por serem aparelhos com feixes mais energéticos, permitiram o tratamento
de contato com o material de lesões mais profundas. Eles foram fundamentais em todo o processo de evolução,
radioativo.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ implantação e implementação de novas técnicas de tratamento. Até hoje, são utilizados
em muitos centros de radioterapia do país.
O equipamento de Co-60 é composto basicamente por uma estativa ou base
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ fixa, uma parte móvel ou braço (gantry) com um cabeçote (onde fica a fonte de Co-60),
Urânio uma mesa móvel e um console de comando.
exaurido é composto
principalmente pelo isótopo O cabeçote (figura 2.8) é o coração do equipamento de telecobaltoterapia.
estável do Urânio-238. Por
não emitir mais radiação e Este componente contém uma fonte selada de Co-60 dentro de uma
ter densidade superior à do blindagem de urânio exaurido. A forma geométrica dessa fonte é a de um cilindro
chumbo, faz dele um metálico de aproximadamente 2 cm de diâmetro por 2 cm de altura, com o elemento
material utilizado para
blindagens de radiação radioativo confinado em seu interior.
ionizante.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ A fonte de Co-60 tem duas possíveis posições dentro do cabeçote: a posição
de repouso (OFF) e a de irradiação (ON).
Os Equipamentos
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Figuras 2.9 e 2.10 - Aparelho de Co-60 com estativa vertical - Eldorado (esq.); e
aparelho com montagem isocêntrica - Theratron 80 (dir.)
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Foto: Varian
2.3 - Acelerador Linear
A adaptação dos aceleradores
lineares para aplicações médicas
proporcionou um grande avanço nas
técnicas de tratamento em radioterapia.
Esses equipamentos (figura 2.12)
possibilitaram a realização de tratamentos
Figura 2.12 - Acelerador linear Varian Clinac 2300
tanto com feixes de elétrons, bem
melhores do que os obtidos pelos antigos
Betatrons, quanto com feixes de fótons de altas energias (4 MV a 25 MV).
Como nos equipamentos de terapia superficial e ortovoltagem, os aceleradores
lineares (linacs, abreviação em inglês) também utilizam a interação dos elétrons com um
alvo metálico para a produção dos fótons (raios X). A obtenção desses feixes, mil vezes
mais energéticos que os de ortovoltagem, era impossível com a tecnologia dos antigos
tubos de raios X devido às suas limitações na aquisição e no isolamento de altas tensões.
Nos aceleradores lineares, para acelerar os elétrons a grandes velocidades
(4 MeV a 25 MeV), utilizam-se micro-ondas em um tubo com vácuo. Numa extremidade
do tubo, os elétrons, agora muito mais velozes, chocam-se com um alvo metálico de alto
número atômico, produzindo feixes de raios X; ou atingem uma folha espalhadora,
produzindo feixes de elétrons.
Como já vimos anteriormente, os feixes gerados pelos aceleradores lineares
têm energia maior do que os feixes do Co-60, sendo, portanto, mais penetrantes. Na
tabela a seguir, para as energias de 6 MV e 10 MV, tem-se o ponto de dose máxima
localizado, respectivamente, a 1,5 cm e 2,5 cm de profundidade. Essa característica
possibilita a irradiação de tumores profundos com doses altas e baixos efeitos na pele.
bem definidas. Esses equipamentos são compostos basicamente por uma estativa (stand)
e uma parte móvel, ou gantry, com um cabeçote. No suporte (stand) estão instalados
os sistemas de refrigeração, os componentes elétricos geradores das micro-ondas
(magnetrons ou klystrons) e os demais componentes eletrônicos. No gantry, temos a
seção aceleradora e o cabeçote com os colimadores.
Um acelerador linear de uso clínico é constituído por vários componentes
(figura 2.13), a saber:
1. Canhão de elétrons: filamento onde são gerados os elétrons para serem acelerados.
2. Seção aceleradora: estrutura onde os elétrons são acelerados até atingirem a
energia desejada.
3. Bomba de vácuo: equipamento responsável por manter o vácuo na seção
aceleradora.
4. Circuito gerador de micro-ondas: fonte geradora de micro-ondas (klystron ou
magnetron).
5. Guia de onda: estrutura responsável por transportar as micro-ondas até a seção
aceleradora.
6. Circulador e carga d'água: componentes responsáveis por absorver as micro-ondas
que não chegam à seção aceleradora.
7. Magneto de deflexão: componente responsável por conduzir o feixe de elétrons
até o carrossel.
Figura 2.20 - Bloqueador de meio-campo Figura 2.21 - Alguns graus de liberdade dos movimentos
do acelerador linear: rotação do gantry (seta vermelha),
rotação da mesa (setas verdes). A "estrela" vermelha define o
isocentro, que está localizado na intercessão entre as linhas
pontilhadas
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2.4.1 - Simulador convencional Foto: IAEA Training Material on Radiation Protection in Radiotherapy
Os simuladores convencionais
(figura 2.22) são constituídos basicamente
de um tubo de raios X diagnóstico
(convencional ou para fluoroscopia) fixo em
um gantry com montagem isocêntrica
idêntica à montagem dos equipamentos de
tratamento.
Neles, definem-se o isocentro do
tratamento, os campos de irradiação para a
região a ser tratada e escolhem-se os
acessórios de posicionamento e Figura 2.22 - Simulador convencional
imobilização do paciente, para garantir a sua
reprodutibilidade durante todo o tratamento.
Todo o processo de localização do tumor e de definição do tamanho dos campos
de irradiação é feito com base em parâmetros ósseos, que também definem as regiões
a serem protegidas.
A definição dos campos de irradiação (quadrados ou retangulares) é feita com
colimadores luminosos. A mesa do simulador tem os mesmos movimentos das mesas
de tratamento. Assim, o simulador convencional reproduz as condições geométricas
do tratamento que será realizado na unidade de teleterapia.
O processo de simulação convencional é feito com imagens radiográficas em
filmes ou imagens de fluoroscopia, do qual os técnicos de radioterapia participam
Os Equipamentos
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Figura 2.25 - Cortes tomográficos, começando pela esquerda no sentido horário: corte transversal, reconstrução
tridimensional do paciente com os campos de tratamento, corte sagital e corte frontal
Referências
Podgorsak EB, (Technical Editor) Review of Radiation Oncology Physics: a Handbook for
Teachers and Students. Vienna: International Atomic Energy Agency; 2005.
International Atomic Energy Agency. External Beam Radiotherapy: Equipment and Safe
Design. Training Material on Radiation Protection in Radiotherapy. Vienna: International
Atomic Energy Agency; 2007.
Johns HE, Cunningham JR. The Physics of Radiology. 3rd ed., Chicago: Thomas; 1969.
Nandi DM. Estudo de Funcionalidade e Segurança para Aceleradores Lineares Utilizados
em Radioterapia - uma Contribuição para Gestão Tecnológica Médico-Hospitalar.
(dissertação). Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina; Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Elétrica; 2004. 141 f.
Tauhata L, et al. Radioproteção e Dosimetria - Fundamentos. Rio de Janeiro: CNEN,
Instituto de Radioproteção e Dosimetria; 2001.
Van Dyk J, (Technical Editor) The Modern Technology of Radiation Oncology: a
Compendium for Medical Physicists and Radiation Oncologists. Madison, Wis.: Medical
Physics Pub; c1999.
Wallace RP. Cobalt and Radiation Therapy: the Benefits in the Treatment of Cancer.
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Wolfgang S. 3D Conformal Radiation Therapy: a Multimedia Introduction to Methods
and Techniques. [S.n.t]