Poligrafo Kendo Final
Poligrafo Kendo Final
Poligrafo Kendo Final
剣道
KENDŌ
PORTO ALEGRE
2013
Introdução
Kendō, ou Caminho da Espada, é uma arte de esgrima tradicional japonesa. É uma arte marcial
japonesa moderna (budō), assim como o Judō ou o Karate.
Diferentemente de muitas artes marciais, a prática do Kendō não
visa ao aprimoramento da técnica de combate para a defesa
pessoal. Mais do que um esporte, o Kendō tem como objetivo
maior o aprimoramento do caráter e desenvolvimento de
virtudes do indivíduo através dá prática correta e diligente do
manejo da espada japonesa.
O Kendō praticado hoje evoluiu das antigas escolas de
esgrima dos samurais do Japão feudal.
Os treinos voltados para a luta no campo de batalha, dessa
forma, deram origem a uma disciplina voltada para o
aprimoramento pessoal e formação do caráter.
O Conceito do Kendō, segundo a Federação Japonesa, é:
“Disciplinar o espírito humano através da aplicação dos princípios da Katana.” Isso é atingido pelos
propósitos da prática do Kendō:
“Moldar mente e corpo, desenvolvendo um espírito vigoroso através de treinamento correto e rígido,
empenhando-se ardorosamente no aperfeiçoamento da arte do Kendō.
Estimar a honra e a cortesia humana, associando-se aos demais com sinceridade, e dedicando-se
incansavelmente ao aperfeiçoamento de si mesmo.
Dessa forma estará o indivíduo apto a amar sua pátria e sua sociedade, contribuir para a preservação da
cultura e promover a paz e prosperidade entre todos os povos.”
Os principais equipamentos para a prática do Kendō são:
• shinai (a espada de bambu);
• bōgu (a armadura), composto por men (o capacete), kote (o
protetor de mão e antebraço), dô (protetor de corpo) e tare
(protetor de quadril);
• keiko-gi e hakama, o kimono e a calça;
• bokutō, a espada de madeira maciça para prática do Kendō-
Kata.
1 HISTÓRIA
O primeiro ponto relevante na história do Kendō é o advento do sabre japonês, na metade do
século XI (Era Heian). As contínuas experiências reais de batalha resultaram no estabelecimento de
técnicas de esgrima cada vez mais refinadas. Na segunda metade da era Muromachi (1392-1573) muitas
escolas de kenjutsu (剣術, esgrima) se estabeleceram.
No começo da Era Edo (1603-1867), durante o shogunato Tokugawa, o Japão passou por um extenso
período de paz. Os samurai guerreiros, que antes praticavam a esgrima com o objetivo principal de se
adestrar para a guerra, começaram a encontrar outros motivos para seguir com a prática das artes
marciais. Foi nessa época que o Kendō se consolidou enquanto ideia. As técnicas de Ken foram
convertidas de técnicas de matar pessoas para técnicas de desenvolvimento da pessoa através dos
princípios da espada.
Ainda em tempos de paz, o kenjutsu desenvolvia novas técnicas de Ken criadas a partir das habilidades
desenvolvidas em batalhas reais. Nessa época, desenvolveu-se o Kendō-gu (equipamento de proteção) e
se estabeleceu-se o método de treinamento usando a Shinai (espada de bambu). Essa é a origem direta
da disciplina de Kendō dos dias atuais. Posteriormente, o shinai e o Kendō-gu, ou bogu, foram
gradualmente modificados e aprimorados por mestres de diversas escolas diferentes.
Depois da Restauração Meiji em 1868, a Classe Samurai foi dissolvida e o porte de espadas foi proibido.
Muitos samurais perderam seus trabalhos e o kenjutsu declinou drasticamente. Com o conflito de
Seiman, um movimento de resistência mal sucedido dos Samurais contra o Governo Central ocorrido no
décimo ano da era Meiji (1877), iniciou-se uma recuperação do kenjutsu, principalmente entre Policiais
Metropolitanos de Tóquio. No 28º ano da Era Meiji (1895), o Dai-Nippon Butoku-Kai foi criado como
uma organização nacional para promover o Bujutsu incluindo o kenjutsu. No Primeiro Ano do Taisho
(1912), o Dai-Nippon Teikoku Kendō Kata (renomeado posteriormente para Nippon Kendō Kata), foi
estabelecido usando a palavra Kendō. A criação do Kendō Kata gerou a unificação de muitas escolas
para permiti-las passar às novas gerações as técnicas e o espírito da espada japonesa. No oitavo ano de
Taisho (1919), Nishikubo Hiromichi consolidou os objetivos originais do Bu (ou Samurai) em estruturas
filosóficas com os nomes de Budō e de Kendō– nomenclatura, então, adequada.
Depois da Segunda Guerra, o Kendō foi proibido pela Ocupação das Forças Aliadas.
Contudo, em 1952, com a criação da Federação Japonesa de Kendō (All Japan Kendō Federation), o
Kendō reviveu. Hoje o Kendō é popular no Japão, onde é a artemarcial com maior número de
praticantes e o terceiro esporte mais praticado, tendo um importante papel na educação escolar
japonesa. Sua prática é obrigatória nas forças policias nipônicas, origem dos atletas mais bem sucedidos
da atualidade. A Federação Internacional de Kendō (International Kendō Federation - FIK) foi
estabelecida em 1970, e o primeiro campeonato mundial de Kendō foi realizado no mesmo ano,
ocorrendo de forma trienal desde então.
2 KENDŌ NO BRASIL
A história do Kendō no Brasil está intimamente ligada à imigração japonesa, que teve início em
1908. Os imigrantes japoneses chegaram a lutar Kendō ainda no trajeto ao Brasil, no histórico navio
Kasato Maru. O Kendō começou, então, a ser praticado por imigrantes e seus descendentes no interior
de São Paulo, principalmente em escolas de língua japonesa.
Entre os fatos mais marcantes da organização do Kendō no país, destacam-se:
• 1933: fundação da Associação Brasileira de Judô e Kendō, a Hakkoku Ju-Kendō Renmei.
• 1942: dissolução da Hakkoku Ju-Kendō Renmei pelo DEOPS (Departamento Especializado em
Ordem Política e Social).
• 1951: A Associação Brasileira de Moços, Zenhaku Seinem Renmei, reiniciou as competições de
Judō e Kendō após a Segunda Guerra Mundial.
• 1959: fundação da Associação Brasileira de Kendō – ABRAKEN (Zen Haku Kendō Renmei).
• 1981: fundação da Federação Paulista de Kendō (FPK). 1982: Brasil sedia o 5° Campeonato
Mundial de Kendō.
• 1998: é criada a Confederação Brasileira de Kendō (CBK).
• 2002: por iniciativa do Brasil, juntamente com as Federações argentina e chilena, é fundada a
Confederação Sul- Americana de Kendō (CSK).
• 2009: o Brasil sedia o 14° Campeonato Mundial de Kendō, realizado em São Bernardo do Campo
(SP), obtendo o 3° lugar nas categorias equipes masculino, equipes feminino e individual
feminino.
Atualmente, há mais de mil praticantes espalhados pelo Brasil, a grande maioria no estado de
São Paulo. Com a maior colônia japonesa do planeta, e graças aos esforços dos descendentes em
manter a tradição da prática do Kendō, o Brasil é hoje umas das potências do Kendō mundial,
juntamente com Japão, Coréia do Sul e Estados Unidos.
3 KENDŌ NO RIO GRANDE DO SUL
Embora existam registros da passagem de professores de Kendō em Porto Alegre antes de 2001,
foi neste ano que a prática se consolidou, com o então cônsul japonês, Sr. Kanji Tsushima, sensei 5° Dan
de Kendō. Graças a ele foi fundado o Nanbukan dojō na PUCRS, e, posteriormente, a AKIPA – Associação
de Kendō e Iaidō de Porto Alegre, entidade que se filiou à CBK – Confederação Brasileira de Kendō. O
cônsul ministrou treinos no Nanbukan dojō até o término de seus serviços no consulado, no ano de
2004. Os primeiros alunos de Tsushima sensei deram continuidade à prática. Hoje, a AKIPA já conta com
instrutores graduados pela CBK.
Em meados de 2005, o Isshinkan dojō foi fundado, por um dos primeiros alunos de Tsushima
sensei em Porto Alegre. Hoje, Nanbukan e Isshinkan são os únicos dojōs do Rio Grande do Sul filiados à
CBK. Existe ainda um grupo treinando na ULBRA – Canoas, vinculado à AKIPA.
Em 2011 a AKIPA se desvinculou do Instituto de Cultura Japonesa da PUCRS. Após um período
onde diversos lugares foram testados para os treinos, deu-se início a parceria com o Teresópolis Tênis
Clube em maio de 2013, onde os treinos são ministrados até hoje.
4 TREINAMENTO
Os treinos são ministrados nos moldes definidos pela Confederação Brasileira de Kendō e pela All
Japan Kendō Federation, incluindo, mas não se limitando a:
- Taiso (aquecimento/alongamento);
- - Suburi (prática de golpes no ar com objetivo de aquecimento,
condicionamento físico e aprimoramento técnico);
- Ashi-sabaki (trabalho de pernas para o desenvolvimento das técnicas de
movimentação)
- Kihon(prática de golpes básicos);
- Waza (prática de técnicas específicas de ataque e contra-ataque) - Keiko (treino de
combate).
O iniciante treina sem o bogu (armadura) até que domine os movimentos básicos, não realizando
exercícios que requeiram a utilização das proteções. O tempo para atingir esse nível depende do
desenvolvimento individual de cada um. Em média esse período é de seis meses.
5 GRADUAÇÕES
O Kendō utiliza o sistema de graduação kyu dan, assim como outras disciplinas do budō, como
Judo, Karate, Aikido, etc. A diferença principal é que não se vestem faixas de cores diferentes ou
qualquer outro adorno que exponha a graduação do praticante.
A Confederação Brasileira de Kendō, de acordo com normas internacionais, realiza exames de
graduação a partir do 1º kyu. As graduações inferiores a 1º kyu são deixadas a cargo de cada dojō. No
Nanbukan dojō o praticante começa no 6º kyu e vai evoluindo até o 2º kyu. A partir daí, a obtenção de
graduação ocorre através de exame promovido pela CBK.
- 6º kyu; - 1º dan;
- 5º kyu; - 2º dan;
- 4º kyu; - 3º dan;
- 3º kyu; - 4º dan;
- 2º kyu; - 5º dan;
- 1º kyu; - 6º dan;
- - 7º dan.
No Nanbukan, até 2º kyu a graduação é conferida pelos instrutores do dojō, que avaliam o
progresso de cada kenshi durante os treinos. Na medida em que o estudante progredir nas graduações,
novos polígrafos serão fornecidos com conteúdo adequado a cada grau.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
YAMAMOTO, Dr. Yashiro. Kendō - O caminho da espada: Histórias, filosofia e técnicas. São Paulo, Editora
On Line, 2009.
FURUTA, Hisashi, 木刀による剣道基本技稽古法 – Bokutō ni yoru Kendō kihon waza keiko hō – Método
de treino do golpe básico de Kendō com Bokutō. Tradução H. Ishibashi sensei, 7º dan. Kendō Nippon
03/2005.
CRAIG, D. M. A arte do kendô & kenjitsu: a alma do samurai. São Paulo: Madras, 2005. 283 p.
www.cbKendō.esp.br www.fpKendō.org.br
www.kenshi247.net http://Kendōinfo.wordpress.com/
http://www.bestKendō.com/
http://www.Kendōtechniques.com/
6º KYU (六級)
Esta é a graduação inicial no Nanbukan dojō. O estudante passa a ser considerado 6º kyu assim
que se inscreve no curso, e passará pelo menos um mês nessa graduação. No treinamento, o estudante
deste nível deve atentar principalmente ao rei, chudan-no-kamae, ashisabaki, suburi e kihon. No início,
o treino de Kendō é muito repetitivo, exigindo muita disciplina e força de vontade do praticante.
A seguir, são apresentados alguns dos conceitos importantes que o estudante de 6º Kyu deve
compreender para uma prática correta. Lembre-se que este polígrafo é apenas um guia de estudo e
consulta para complementar o aprendizado do estudante. Em hipótese alguma deve substituir a
vivência dos treinos e a orientação de um verdadeiro sensei ou de colegas veteranos.
1 REI (礼)
Rei quer dizer reverência, respeito, gratidão, etiqueta. É um dos aspectos mais fundamentais do
Kendō. Ao praticar Kendō, é importante sempre manifestar nosso respeito e gratidão ao local de treino,
aos colegas, aos professores e ao equipamento utilizado, através de gestos e atitudes e, também,
através da realização de pequenas cerimônias durante o treino, as quais são descritas a seguir.
Diz-se que Kendō começa com rei e termina com rei. De fato, qualquer atividade relacionada ao
Kendō começa e termina com uma reverência. Ao chegar ao local de treino, por exemplo, o praticante
deve fazer uma reverência ao dojō, voltado para o shomen, o local mais importante do dojō, que estará
marcado por uma bandeira, emblema ou altar. O mesmo deve ser feito ao se retirar do dojō ao final do
treino.
É considerado polido chegar pelo menos quinze minutos antes do horário de treino para se
trocar e ajudar a colocar o dojō em ordem quando for necessário. Cumprimente seus colegas um a um.
Se houver alguém que você não conheça, cumprimente também e se apresente.
Sempre trate a todos os colegas com respeito independentemente de graduações. Sempre
responda prontamente os comandos dos professores e veteranos durante o treino. Escute primeiro,
faça perguntas depois. Não discuta ou retruque uma orientação de um veterano. Pergunte se não
entender, mas deixe dúvidas mais complexas para o final do treino.
Quando passar pelos colegas perfilados, passe por trás da fila, nunca pela frente. Se for passar
por um colega que está sentado colocando sua armadura, evite passar pela sua frente. Também evite
passar por cima de algum equipamento que possa estar no chão; ao invés disso, desvie dele.
O ritsurei (cumprimento de pé) deve ser feito mantendo-se o alinhamento do pescoço com a
coluna. Curve-se cerca de 15° ao reverenciar um adversário ou colega, mantendo o contato visual, e
cerca de 30° quando reverenciar um sensei ou o shomen.
1.1 Saguetô (下げ刀)
Saguetô é a posição mais básica, adequada para se movimentar no dojō, tratando-se da posição
inicial de diversos movimentos aqui descritos. O kenshi simplesmente fica de pé em postura ereta, com
ambos os braços relaxados, segurando sua shinai na mão esquerda
com o tsuru (corda que liga as partes de couro da shinai) para baixo,
segurando-a logo abaixo do tsuba (guarda) como se fosse uma
espada embainhada. Quando parado, os pés devem estar alinhados,
um ao lado do outro, e voltados para frente.
Taitô é a posição utilizada antes de se sacar o shinai, normalmente usada em transição entre o
saguetô e o saque da espada. É semelhante ao saguetô, porém a shinai é segurada junto à cintura.
Logo no início do treino, ou logo depois do aquecimento, é feita uma cerimônia. Ela será descrita
em detalhes aqui, mas não se assuste com a quantidade de informação. Esse tipo de procedimento é
mais bem ensinado ao vivo, na prática. Não há problema em não saber fazer ou esquecer de alguns
procedimentos no início. Observe os demais e tente repetir. Na dúvida, sempre haverá um veterano
atencioso para lhe auxiliar. Utilize esse polígrafo como um guia em caso de dúvidas.
Um professor ou veterano comandará SEIRETSU (alinhamento, fila). Alinhe juntamente com os
colegas. O alinhamento é feito por ordem de graduação, ficando o mais graduado mais próximo do
shomen. Os professores alinham em uma fila à frente dos demais. Kenshis de mesma graduação alinham
do mais velho para o mais novo. Em alinhamento você deve manter a posição de saguetô.
Boa parte do treino de Kendō é realizada em duplas. Ao ouvir o comando niretsu(duas filas),os
kenshis se alinham em duas filas, cada um de frente para um outro colega, separados por uma distância
de aproximadamente nove passos. O professor comandará SHOMEN-NI (todos se voltam ao shomen)
REI (todos fazer reverência ao shomen) e, logo após, OTAGAI-NI-REI. Faça uma reverência ao seu
companheiro de treino e diga ONEGAISHINASU. Traga a sua shinai à cintura, assumindo a posição de
taitô,e dê três grandes passos para frente em ayumiashi (ver2.3.1). Saque a shinai durante o terceiro
passo, e termine o movimento em chudan-no-kamae (ver 2.2). As pontas das shinai deverão estar
encostadas ou quase encostadas, mas não mais perto que isso. Execute então o sonkyo, agachando-se
enquanto mantém a postura ereta, e logo depois se levante. Aguarde o comando do professor para
iniciar o exercício.
No final de uma série de exercícios, é feito um procedimento inverso ao do início. Ao ouvir o
comando YAMÊ, assuma o chudan-no-kamae na frente do seu colega. Ao ouvir o comando SONKYO ou
OSAMÊ... agache, e ao ouvir OSAMÊ-TÔ ou TÔ embainhe a shinai. Levante-se e,mantendo-se em taitô,
afaste-se do colega com cinco passos pequenos em ayumi-ashi, iniciando-se com o pé esquerdo.
Reverencie o colega proferindo ARIGATÔ-GOZAIMASHITA.
Entre um exercício e outro, normalmente é feita uma rotação para trocar as duplas. Ao terminar
seu exercício, aguarde as demais duplas terminarem. Evite conversar nesse momento. Orientações ou
perguntas breves sobre o treino são admitidas, assim como gritos de incentivo aos colegas que ainda
estão terminando seus exercícios. Quando todos terminarem ou quando o senpai ou sensei comandar
YAMÊ, assuma a posição de chudan-no-kamae e aguarde o comando de IPPON MIGI (uma posição para
a direita). Execute então o mesmo movimento descrito no segundo parágrafo dessa seção, como no
final do treino, excluindo-se apenas o sonkyo. Reverencie o seu colega e vá para a posição à sua direita.
Cumprimente o novo parceiro e se aproxime sacando o shinai também da mesma forma como descrito
no início da série, excluindo-se o sonkyo.
Existe outra maneira menos formal de fazer a rotação sem embainhar a shinai. Faça da mesma
forma que o senpai ou sensei que está puxando o treino está fazendo.
2 CHUDAN-NO-KAMAE (中段の構え)
Existe uma forma correta de sacar o shinai. A partir da posição de sagetô, mude
para taitô. Em seguida, dê um passo à frente com o pé direito puxando o esquerdo logo
depois para assumir a posição de chudan no kamae. Ao mesmo tempo em que inicia o
movimento de pés, segure o cabo do shinai próximo ao tsuba com a mão direita, como
mostra a figura ao lado. Puxe-a para frente, como se estivesse sacando-a da bainha até
cerca de 1/3 da lâmina. Solte a mão esquerda e gire a espada pelo lado de seu ombro
esquerdo até posicionar a ponta à sua frente,
terminando a posição em chudan-no-kamae. Os
movimentos de braço e perna devem começar e
terminar juntos.
3 ASHI-SABAKI (足捌き)
Ashi-sabaki é o trabalho de pernas do Kendō. A movimentação
de pernas é ainda mais importante do que a movimentação de braços, e por isso a ela é dada uma
grande ênfase, principalmente no início do treinamento do kenshi. No Kendō, a maior parte da
movimentação é feita em suriashi, ou seja, deslizando os pés no chão. Ao mover-se, você deve sempre
manter a ponta do pé em contato com o solo, evitando levantar demais os calcanhares.
Em todos os movimentos do Kendō, é importante manter a postura ereta e o abdômen
contraído. Em vez de jogar a perna para frente e puxar o corpo pra frente com essa perna, como é
natural, empurre o quadril para frente com a perna que está atrás. Se for se mover para o lado direito,
empurre com a perna esquerda, e vice-versa. Se for se mover para trás, empurre com a perna que está
na frente.
A seguir, listamos os 4 tipos fundamentais de ashi-sabaki. Ainda existe o movimento de
fumikomi-ashi, que também faz parte do ashi-sabaki, mas que será abordado somente no 4º kyu.
É parecido com o movimento normal de caminhar, ou seja, alternando a perna que fica na
frente. Porém é executado em suriashi. É adequado para deslocamento quando se está longe do
oponente, em distância mais segura. Pode ser usado
para deslocamento para todas as direções, embora o
mais comum seja utilizá-lo para ir para frente e para
trás.
4 KIHON (基本)
Kihon quer dizer “base”, e se refere a todos os aspectos e
exercícios básicos do Kendō, como suburi, ashi-sabaki, kirikaeshi,
kamae, maai, zanshin, entre outros (boa parte dos termos citados
serão tratados nas graduações seguintes), mas, especialmente, à forma correta e básica de se golpear. O
correto kihon é tão importante que alguns sensei mais tradicionais ensinam e praticam o Kendō
exclusivamente através desses movimentos, e acreditam que o desenvolvimento de técnicas mais
complexas evolui naturalmente a partir da interiorização do kihon através da sua prática constante e
diligente.
A verdade é que se levam muitos anos para se desenvolver um kihon aceitável, e uma vida
inteira para dominá-lo. Técnicas mais sofisticadas ficam vazias sem um kihon adequado. Por esses
motivos, todo estudante de Kendō, mesmo os professores mais experientes, praticam kihon.
A seguir, são descritos os dois golpes mais básicos do Kendō. São aqueles em que o estudante de
6º kyu deve se concentrar.
5 SUBURI (素振り)
Suburi é um exercício que consiste em praticar os golpes no ar. É normalmente utilizado nos
treinos como parte do aquecimento. Por ser um dos poucos exercícios do Kendō que pode ser realizado
sozinho, é também utilizado para treino em casa.
É recomendado que o Kendō seja treinado todos os dias. Então, recomenda-se fazer suburi em
casa nos dias que não se treina no dojō. Há sensei mais experientes que recomendam fazer 1000 suburi
por dia. Mas tenha cuidado. Tentar fazer uma quantidade dessas de suburi sem preparo e conhecimento
levará a lesões. Um iniciante pode começar com 100 suburi diários, em séries de 30 ou 40, e ir
aumentando aos poucos a quantidade à medida que vai sentindo que está ficando fácil. A seguir,
listamos alguns dos exercícios mais comuns de suburi.
Exercício normalmente utilizado no início da sequência de suburi para soltar os braços. Consiste
em subir e descer a shinai sincronizando com movimento de okuriashi, normalmente um passo pra
frente um passo pra trás. Eleve os braços e traga a shinai até as costas enquanto abre as pernas e desça-
a enquanto fecha as pernas, até a ponta ficar na altura do joelho, mais ou menos. Ao descer a ponta da
shinai, procure não levantar demasiadamente a mão esquerda ou dobrar o cotovelo esquerdo.
5.2 Naname-buri (傾振り)
Série de golpes de men, como descrito no kihonmen-uchi, mas com um golpe para frente, outro
para trás.
5.4 Zenshin-kotai-Hikaisakai
Sequência de golpes de men em movimentos de okuriashi, com um passo pra frente, um pra
trás, um para direita outro pra esquerda. Os passos laterais podem ser acompanhados de sayumen (ver
abaixo).
Também chamado de kirikaeshi. Golpes de men, mas não no centro (shomen), e sim em
diagonal, do lado esquerdo e direito da cabeça do adversário imaginário.
5.6 Hiraki-men (開き面)
Golpes de sho-men ou sayumen juntamente com passos de hirakiashi.
Também conhecido como haya-suburi. É um suburi rápido, onde o kenshi salta para trás
erguendo a shinai e logo depois pra frente golpeando men. O movimento de salto é muito semelhante
ao okuriashi, mas os pés chegam a sair do chão.
7 GLOSSÁRIO 6º KYU
- Ki: Energia
- Tsuru: A corda que liga as partes de couro da shinai. Corresponde ao lado cego da
lâmina.
- Sensei: professor.
7.1 Números
1 – Ichi 6 – Roku 20 – Ni-ju
2 – Ni 7 – Shichi 30 – San-
ju
3 – San 8 – Hachi 40 – Yon-
ju
4 – Shi 9 – Kyu 70 – Nana-
ju
5 – Go 10 – Juu 100 –
Hyaku
7.2 Comandos
- - Kiai iretê ikuzô: “Vamos colocar kiai e ir com tudo!” Responda com um kiai (grito).
- Rei: cumprimentar.
- Yamê: Parar
- Hayaku: rápido.
- Sumimasen: Desculpe-me.
- Gomen’nasai: Desculpe-me.
- Hai: Sim
- Migi: direita
- Hidari: esquerda
1 KEIKOGI E HAKAMA
Nesta graduação, o kenshi utilizará o uniforme de treino, composto
pelo keiko-gi (parte de cima, espécie de camisa) e pelo hakama (calça). É
importante que o estudante de Kendō saiba vestir, guardar e lavar o
uniforme adequadamente, já que o zelo na manutenção do equipamento
de treino acompanha intimamente uma prática diligente e marcada pelo
respeito.
1.1 Como vestir
O hakama, por sua vez, deve ser estendido com a parte frontal para baixo, já que, primeiramente, deve-
se ajeitar a prega traseira. Ela deve ficar reta e centralizada. Vire o hakama, então, para deixar a parte
frontal voltada para cima. Para não desajeitar a prega traseira recém-alinhada, faça essa “virada”
segurando a prega na parte de baixo do hakama. Ajeite, então, as pregas frontais, deixando-as retas e
mantendo o hakama alinhado, sem dobras. Quando terminar, dobre os lados do hakama em direção ao
centro. Dobre o 1/3 inferior para cima e, então, outra vez.
Dobre os himo frontais (maiores) ao meio e, então, outra vez. Cruze-os sobre o
hakama. Pegue os himo traseiros (menores) e passe-os por baixo e para cima da parte inferior do “x”
formado. Passe-os por cima e por baixo da parte lateral superior do mesmo “x”. Passe as pontas por
dentro da 1ª volta formada pelo himo traseiro oposto. Observe a figura acima.
Quanto à lavagem, recomendam-se diversos métodos. De forma geral, diz-se que o hakama não
deve ser levado à máquina de lavar, para que não se desfaçam as dobras originais (pregas). O meio mais
tradicional envolve submergi-lo (mantendo-o dobrado) em uma bacia/tanque cheia de água em
temperatura ambiente, com sabão. Evite composições com detergentes/alvejantes. É recomendado,
então, retirar o hakama, estendê-lo sem desfazer as pregas e remover o excesso de água passando a
mão longitudinalmente sobre o tecido. Use prendedores e, se necessário, um cabide para pendurar o
hakama de cabeça para baixo, sem desfazer as pregas.
Muitos kenshi, no entanto, utilizam a máquina de lavar, tomando alguns cuidados. Deve-se
garantir que os himo não fiquem soltos, e tentar proteger o koshiita de impactos, já que o tecido ao
redor dele tende a rasgar. A alternativa mais simples é amarrar os himo e colocar o hakama junto com o
keikogi na máquina, mas o koshi-ita fica exposto dessa forma. Uma alternativa interessante é a de
utilizar elásticos para segurar os himo. Com o hakama já dobrado (como explicado acima), dobrá-lo
novamente por sobre o koshi-ita, protegendo-o, e utilizar os elásticos para manter o hakama assim,
levando-o à máquina em forma de “tijolo”, conforme a figura (diferentemente da 3ª figura, não deixe as
pontas do koshi-ita expostas). As pregas também serão mantidas. Utilize ciclos suaves de lavagem.
O keikogi pode ser lavado da mesma forma que o hakama, à mão ou na máquina de lavar. Na
máquina de lavar, é mais fácil que o keikogi perca sua cor e comece a desgastar e rasgar. Tanto o
hakama quanto o keikogi soltam tinta durante a lavagem, então não os lave com outras roupas.
2 KIHON
O kihon se refere ao conjunto de golpes e movimentos básicos e fundamentais, que serão
praticados sempre, independentemente da experiência do kenshi. Para a promoção ao 4º kyu, o kenshi
deve realizar golpes de men, kote e dô satisfatoriamente. Deve treinar, portanto, o golpe com a parte
certa da shinai (1/3 final da lâmina ou datotsu-bu), começando na distância apropriada (noção de maai);
a manifestação do seu espírito de luta (kiai); e a passagem pelo adversário após o golpe em suriashi,
sem perder o vigor, a prontidão e a atenção ao adversário (zanshin). Também deverá conseguir
desempenhar golpes consecutivos (por exemplo, kote seguido de men). Finalmente, é fundamental que
consiga fazer o kirikaeshi com movimento amplo, sincronizado e atingindo os locais corretos.
2.1 Maai
O chikai maai (ou chika-ma) se trata de uma distância perigosa, em que os kenshi encontram-se
mais próximos. Nessa distância, há uma pressão muito forte para que algum golpe seja realizado, ou
para que os kenshi se afastem para issoku itto-nomaai.
O toi maai (ou toh-ma), ao contrário, é uma distância mais afastada e segura, na qual há tempo
para que se perceba e reaja à movimentação do adversário. Quando os kenshi estão em chudan-no-
kamae, as suas shinais não se cruzam nessa distância.
Quando realizar um golpe de kihon, é melhor que você comece em toi maai, aproxime-se do
motodati através de um primeiro passo (okuri-ashi) e, então, golpeie através de um segundo passo. De
início, use o primeiro passo mencionado para entrar o quanto for necessário, de forma que, no segundo
passo, você consiga golpear o alvo com o datotsu-bu e com a postura ereta. Você pode, inclusive, iniciar
o golpe de chikai maai. À medida que ganhar confiança, avance menos com o primeiro passo,
começando o golpe cada vez mais de longe. Em pouco tempo, você estará iniciando o golpe do issoku
ito-no-maai. É importante ressaltar que o maai varia entre os golpes de dô (que precisa que você
“entre” mais no maai do motodati), men, tsuki e kote (que está mais à frente e, portanto, mais perto de
você).
2.2 Kiai
2.3 Zanshin
Trata-se do estado mental de alerta que deve se manter antes, durante e após a realização do
golpe. Manter o zanshin (“mente remanescente”) é parte importante de um golpe considerado válido. O
kenshi deve manter a atenção no adversário e seu corpo deve estar em prontidão para reagir a qualquer
situação que ocorra após o ataque. O zanshin se manifesta, após um golpe de kihon, através do kiai
contínuo e da velocidade na passagem pelo adversário, até o momento em que o kenshi volta-se
novamente para o companheiro de treino (motodati), com rapidez e prontidão.
É importante ressaltar que, embora normalmente se fale em zanshin após a realização do golpe,
ele deve estar presente durante toda a luta e todo o treino. Manter a mente e o corpo em prontidão é,
inclusive, uma demonstração de respeito aos colegas e ao Dojō.
2.4 Do-uchi
2.5 Renzoku-waza
2.6 Kirikaeshi
Após o 9º golpe de sayu-men, o kakarite afasta-se apenas o suficiente para retornar ao issoku
Ito-no-maai e, então, golpear men-uchi novamente. É importante não interromper o kiai, o zanshin ou a
respiração nesse intervalo entre 9º sayu-men e men-uchi. O único período dedicado à inspiração, no
kirikaeshi correto, é após cada golpe inicial de men-uchi (antes do 1º sayu-men). No treino, o comando
“kirikaeshi” implica na realização do exercício por duas vezes seguidas (nikai), a menos que se diga algo
diferente (por exemplo: ikai – uma vez; sankai – três vezes; sanju-pon – uma vez com trinta golpes de
sayu-men).
Os 10 kata (literalmente, “forma”) resultantes dessa unificação contêm, então, parte importante
do significado e do método do uso da espada japonesa tradicional. Juntamente com os movimentos e
posturas, são uniformemente ensinados os objetivos e os significados de cada kata. Hoje, o Nihon
Kendō Kata é praticado internacionalmente de forma padronizada, sendo, inclusive, utilizado como
parte da avaliação realizada em exames de graduação.
Os kata são praticados em duplas, sendo que os kenshi têm papéis diferentes durante a prática:
o de Uchidachi e de Shidachi. Ao Uchidachi é atribuída a função de iniciar os movimentos e de ter maior
controle sobre o tempo e a distância de execução dos passos e golpes. Por esse motivo, a posição de
Uchidachi é associada à função de professor, desempenhada por praticantes mais graduados. Ao
Shidachi, cabe atentar para a movimentação do Uchidachi, seguindo-o e aplicando técnicas em resposta
aos seus ataques. Em todos os 10 kata, o Shidachi aplica técnicas de contra-ataque que o permitem
anular os golpes do Uchidachi de acordo com o maai que se apresenta, vencendo-o espiritual e
tecnicamente. Após todos os seus golpes de contra-ataque, o Shidachi utiliza-se do zanshin, o estado de
alerta mental que se mantém após a execução dos golpes, para impor-se espiritualmente ao Uchidachi,
impedindo que fuja ou reaja.
Nos 7 primeiros kata do Nihon Kendō Kata, Uchidachi e Shidachi utilizam-se da tachi (espada
longa, de tamanho equivalente à katana). Nos 3 kata finais, o Shidachi troca sua tachi por uma kodachi
(espada curta). A seguir, são descritos os dois primeiros kata do Nihon Kendō Kata, assim como a
cerimônia abreviada de início e fim da prática. A cerimônia completa, incluindo o manuseio da kodachi e
o modo de se entrar no Dojō, será ensinada posteriormente. O desempenho satisfatório dos dois kata a
seguir será necessário para a promoção do kenshi até o 1º kyu.
4.1 Cerimônia abreviada
Ambos os kenshi fazem rei voltados para o kamiza (o ponto alto, local
mais importante do Dojō, geralmente identificado por uma bandeira,
estátua ou caligrafia emoldurada), ou para uma banca
examinadora, em caso de exame de graduação. Depois, um volta-se para o outro e ambos
fazem rei novamente. É importante observar a diferença entre o rei para o kamiza e para o
companheiro de treino. Neste último, não há quebra do contato visual, como demonstrado
na figura ao lado. Sempre se deve manter a atenção no companheiro de treino e aos seus
movimentos, inclusive no rei, como forma de respeito mútuo. Isso é, por vezes,
desnecessário com figuras para as quais se dedica plena confiança, como o kamiza ou um
sensei experiente.
Após o ritsu-rei, os kenshi trocam a bokutō de mão em frente ao corpo, assumindo, então, a
postura de taitô, com a bokutō quase paralela ao chão e o dedão da mão esquerda sobre o tsuba
(guarda da espada). A partir dessa posição, os kenshi avançam três grandes passos para frente em
ayumi-ashi, iniciando com o pé direito. Durante o terceiro passo, deve-se sacar a bokutō (“embainhada”
pela mão esquerda) e assumir chudan-no-kamae, cruzando as pontas das bokutō. Os kenshi, então,
fazem sonkyo (agachamento com postura ereta), mantêm essa posição por um intervalo curto de tempo
(por volta de 2 segundos) e reerguem-se. Para afastarem-se um do outro, os kenshi abaixam as pontas
de suas espadas à altura do joelho e viram as lâminas diagonalmente para o lado direito, para não
demonstrarem agressividade. Recuam, então, cinco passos curtos “e meio” em ayumi-ashi, iniciando
com o pé esquerdo (que está atrás). O “meio passo” se refere ao recuo do pé direito após o último
passo para trás, para que se retome a posição dos pés em chudan-no-kamae. Os passos para traz devem
ser pequenos, de maneira que o kenshi retorne exatamente a posição inicial. Depois desse recuo, os
kenshi reergueem a bokutō para assumir a postura de chudan e, então, iniciar o 1º kata. Toda essa
movimentação inicial, a partir da troca da bokuto de mãos, está representada nas figuras abaixo,
iniciando pela esquerda (figura nº 20).
Ao final de cada kata, os kenshi voltam a abaixar as pontas das bokuto e virar as suas lâminas
diagonalmente para o lado, recuando 5 passos “e meio” e, então, retomando chudan-no-kamae –
exceto após o último kata realizado. Neste, os kenshi fazem sonkyo quando ainda estão em issoku Ito-
no-maai, “embainham” a espada na mão esquerda, erguem-se, afastam-se 5 passos e meio em taitô,
trocam a espada de mãos em frente ao corpo e fazem rei em saguetô, primeiro ao companheiro de
treino, depois ao kamiza (da forma inversa que no início). Essa cerimônia é a mesma para o Bokuto
Kihon Kata, que começará a ser treinado no 4º kyu.
4.2 1º Kata (Ipponme)
O uchidachi começa a movimentação para frente, com três grandes passos em ayumi-ashi,
iniciando pelo pé esquerdo (que está na frente). Assim que o uchidachi inicia, o shidachi segue, fazendo
os mesmos três passos para frente, começando pelo pé direito. Os kenshi estarão, após esses passos,
em uma distância perigosa, que possibilita ataques com apenas um passo e um movimento da espada.
O uchidachi toma a iniciativa de ataque, trazendo a espada de volta para o centro, acima da cabeça, e
realizando um golpe descendente, com objetivo de cortar o shidachi ao meio, a partir da cabeça. Esse
golpe é realizado com o avanço do pé direito, que ultrapassa o esquerdo. O uchidachi manifesta seu ki
através do grito “iá”.
Diferentemente do 1º kata, o uchidachi não deve deixar a ponta da bokutō cair após seu golpe.
Ela deve ficar na posição logo abaixo de onde o kote do shidachi estaria, caso este não desviasse. O
shidachi mantém a espada sobre o kote do adversário como parte do zanshin. Quando o uchidachi
sentir-se liberado pelo shidachi, dá um passo para trás. O shidachi dá um passo à direita, retornando à
linha de centro inicial do kata, enquanto passa a sua bokutō por cima da bokutō do uchidachi,
mantendo o zanshin. Os dois terminam na posição exata de início do kata.
No 2º kata, o principal conceito trabalhado é o de tyu shin (nesse caso, a linha ou eixo central do
corpo). O shidachi deve treinar para perceber o ataque vertical do uchidachi e utilizar o tyu shin a seu
favor, mantendo a sua bokutō na própria linha central enquanto desvia lateralmente do golpe do
uchidachi. Diferentemente do 1º kata, neste, o adversário não é morto, mas incapacitado. Diz-se que,
quanto mais técnica, corpo e espírito refinem-se e atuem juntos, menos movimentos são utilizados e
torna-se desnecessário que o kenshi elimine o adversário, podendo, inclusive, vencêlo apenas com o
semê (utilização do ki para pressionar o adversário, demonstrando intenção de avançar/atacar). Essa
vitória através do semê será demonstrada futuramente, no 3º kata.
4º KYU (四級)
No 4º kyu, o kenshi passará a realizar os golpes de kihon com fumikomiashi (projeção do corpo à
frente com a batida do pé direito), priorizando ki-ken-tai no ichi (espírito, espada e corpo em
um/unidos). Será introduzido em exercícios que exigem mais vigor, técnica e velocidade, como
uchikomi-geiko, treino em que o kenshi deve atacar ininterruptamente utilizando golpes de kihon, sem
deixar sua energia “cair”. Também realizará hiki-uchi, golpes desferidos a partir de uma distância muito
próxima do adversário enquanto projeta o corpo para trás. Utilizará waza (técnicas) mais complexas, de
ataque/iniciativa (shikake-waza) e, finalmente, aprenderá os quatro primeiros kata do Bokuto Kihon
Kata.
1 DÔ E TARÊ
Além do keiko-gi e do hakama, o praticante de 4º kyu
utilizará o dô e o tarê. O dô é uma proteção para o tronco feita de
bambu e com detalhes em couro. O tare é feito de um material
especial semelhante a um pano grosso, e serve para proteção
desde a cintura até a coxa.
O dô deve ser colocado de forma que, quando o kenshi esteja de pé, apenas a parte inferior do
tare-obi continue visível. Ainda em seiza, encaixe o dô no seu tronco,
apoiando-o sobre o tarê, em frente ao tare-obi. Pegue um dos himo
superiores (que são os maiores) e cruze-o por suas costas e por sobre o seu
ombro, amarrando-o no mune-chichikawa (tira de couro na parte superior)
do lado oposto. Faça o mesmo com o himo do outro lado. O nó a ser
realizado é demonstrado na figura à esquerda, sendo que as “orelhas” dos
nós devem estar direcionadas a lados opostos. Amarre os himo inferiores em
um tope atrás de suas costas – não é necessário deixar os himo inferiores
esticados.
2 FUMIKOMI-ASHI
No 4º kyu, começa a prática de golpes com fumikomiashi, ou seja, projetando o corpo à frente
rapidamente com a batida do pé direito no chão. Para que seja realizado com eficácia e segurança,
deve-se atentar para alguns pontos. Primeiro, o mais importante desse passo é que ele é realizado com
a impulsão do pé esquerdo, mantendo-se a postura ereta e o quadril firme. Toda a movimentação
corporal realizada no Kendō exige equilíbrio e postura, o que depende da utilização correta do centro de
gravidade do corpo.
Com a impulsão promovida pela ponta do pé esquerdo, lança-se o corpo à frente, rapidamente
atingindo a distância necessária para o golpe. O kenshi deve projetar o joelho direito à frente (e não
para cima), mantendo o pé direito paralelo e próximo ao chão
(em vez de levantar a ponta do pé). Ao mesmo tempo em que a
shinai atinge o alvo, o kenshi abaixa o pé direito e atinge o chão
com a planta do pé. A tendência, no início, é que o kenshi bata
o calcanhar no chão, mas isso deve ser evitado, pois pode
provocar lesões. No fumikomiashi correto, realizado com o
corpo equilibrado, o pé bate no chão integralmente.
3 KI-KEN-TAI NO ICHI
No 4º kyu, o kenshi deve concentrar-se no significado do conceito de ki-ken-tai no ichi e praticá-
lo. Para que um golpe de Kendō seja considerado belo ou válido (yuuko-datotsu), deve ser executado
com ki (espírito) ken (espada) tai (corpo) no ichi (em um, unidos). Isso quer dizer que o kenshi deve,
através de sua plena concentração, golpear com a técnica e com o movimento de corpo apurados e
corretos enquanto manifesta seu ki com vigor. No golpe de men-uchi, por exemplo, isso significa golpear
o men com a postura correta e com o datotsu-bu, ao mesmo tempo em que se projeta o corpo com
vigor e firmeza para frente através do fumikomiashi e mostra-se o ki através do kiai. Deve-se passar pelo
motodati com zanshin e elevando sempre o kiai até o momento da virada, quando o kenshi reassume o
kamae e o kakegoe interrompe-se subitamente.
4 WAZA
Os waza são as técnicas de ataque e contra-ataque utilizadas no Kendō. Dividem-se em shikake-
waza, podendo ser definidas como ofensivas ou de iniciativa; e oji-waza, de resposta ou contra-ataque.
A seguir, são explicados alguns dos principais shikake-waza utilizados no Kendō, aos quais o kenshi de 4º
kyu será introduzido.
4.1 Shikake-waza
Renzoku-waza: são as técnicas de golpes consecutivos, seja com dois (ni-dan uchi) ou três (san-
dan uchi) golpes (por exemplo, kote-men, men-dô, kote-men-dô). Essas técnicas exigem uma noção
mais aprofundada de maai, já que a distância a se avançar no segundo golpe depende de o quanto já se
avançou no primeiro e da distância e velocidade do recuo do motodati. É importante manter a postura
correta e evitar movimentos desnecessários com a shinai, erguendo-a sempre pela linha de centro.
Pode parecer que esse é um waza puramente de resposta a um movimento do adversário, mas
não. Na verdade, o kenshi que faz o debana-waza deve treinar para pressionar o motodati através do
seme, induzindo-o a iniciar um golpe (o que também ocorre nos waza de contra-ataque [oji-waza]). No
debana-kote (ou degote), por exemplo, o kakarite pressiona o motodati enquanto expõe discretamente
o próprio men, oferecendo-o ao motodati. Isso não significa abrir completamente a própria postura,
mas indicar uma brecha intencional de forma sutil, de forma que o motodati acredite estar enxergando
uma brecha real. Quando este inicia o seu movimento em busca do men, o kakarite estende os braços e
atinge o kote.
Harai-waza: nos harai-waza, o kenshi utiliza um movimento da sua shinai para deslocar a do
motodati para fora da linha de centro ou abrir uma brecha em sua defesa, enquanto dá um passo curto
para frente. Para tirar a shinai do motodati do centro, é importante atingir um ponto da shinai próximo
ao tsuba do adversário. Caso contrário (um golpe na ponta da shinai), a técnica será fraca e ineficaz.
Após esse primeiro passo (curto), deve-se avançar um segundo passo para fazer o golpe. Este segundo
passo deverá ser do tamanho necessário para colocar o kenshi na distância adequada para atingir o alvo
com o datotsu-bu – o que exige uma noção desenvolvida de maai. Caso faça dois passos grandes, o
kenshi irá atingir o motodati com a parte errada da shinai, pois este não irá se mover.
Os harai-waza podem ser realizados através de golpes no omote ou no ura. O omote é o lado
“interno” da shinai do adversário, o que, no chudan-no-kamae, corresponde ao lado esquerdo (do
motodati). O exemplo mais clássico é o harai-men omote. O ura é o outro lado, “de fora”. Para fazer o
harai-waza no ura, o kenshi deve passar a sua shinai por baixo da do adversário e, então, golpeá-la
lateral ou diagonalmente para a direita. Os locais de impacto são demonstrados nas figuras.
Neste estágio, você fará principalmente o golpe de harai-men com a shinai em trajetória
descendente, pelo omote. No primeiro passo, erga a sua shinai acima de sua cabeça e golpeie a parte de
cima da shinai do motodati, atingindo um ponto próximo do tsuba. A shinai do motodati será projetada
para baixo e para a direita (dele), abrindo o seu caminho para o men. Em um segundo passo, erga a
shinai novamente e faça men. Lembre-se de regular os seus passos para acertar o golpe com o datotsu-
bu.
Hiki-waza: são as técnicas realizadas com impulsão do corpo para trás a partir de um maai muito
próximo, em tsubazeriai (“disputa de tsuba”). No tsubazeriai, os kenshi tocam um tsuba no outro, com
os braços à frente do corpo. Movimentos realizados no tsubazeriai para abrir brechas são parte
integrante dos hiki-waza, mas o é necessário que o kenshi utilize o kote para treiná-los. Portanto, o
praticante de 4º kyu apenas iniciará o golpe da distância de tsubazeriai, indo para trás em suriashi,
enquanto o motodati expõe o alvo do exercício. A situação de tsubazeriai é mais bem explicada no
polígrafo de 3º kyu.
Para fazer hiki-waza em suriashi, recue o pé esquerdo a partir do tsubazeriai enquanto levanta a
shinai. A batida de men, kote ou dô ocorre com a puxada do pé direito para trás. Cuide para atingir o
alvo com o datotsu-bu. O hiki-waza deve ser realizado com mais explosão que os demais para que seja
considerado válido, então puxe o pé direito rapidamente para recuar em okuri-ashi com velocidade.
Quando você dominar esse golpe para trás, aprenderá a realizá-lo com fumikomiashi (3º kyu).
5 UCHI-KOMI GEIKO
Trata-se de uma forma de treino diferente das realizadas até então. O foco não é aprender
algum golpe novo ou entender melhor seus aspectos técnicos. No uchikomi geiko, o motodati exporá os
alvos dos golpes de acordo com uma sequência previamente definida ou de improviso. Ao kakarite,
cabe golpear os alvos indicados com o máximo de energia possível, passando em velocidade pelo
motodati e virandose rapidamente para realizar o próximo golpe – sem pausas! Esse exercício deve ser
realizado sem “deixar a energia cair”, promovendo o fôlego, o kiai e a realização de waza de forma mais
desinibida.
Geralmente, o uchi-komi geiko é realizado no final do treino. Aproveite para utilizar o máximo de
sua energia e não parar, a não ser que sinta que pode se machucar ou passar mal. Nesse caso, peça
licença ao motodati para parar. Quando você fizer esse exercício com um sensei ou veterano, ele pode
estender o exercício até que você passe um pouco do seu limite de cansaço. Fazer sempre um golpe
além do seu presumido limite é benéfico, mas lembre-se: a sua saúde vem em primeiro lugar. Os
motodati mais experientes costumam saber reconhecer quando você já deu tudo de si, e lhe indicarão
que realize o seu último golpe ao abrir os braços e expor o próprio men, ou ao comandar um último
kirikaeshi.
No 1º kata, assim como em todos os demais Bokuto Kihon Kata, os kenshi aproximam os três
passos iniciais de ayumi-ashi em chudan-no-kamae. Ou seja, todos os kata iniciam da postura de
chudan, diferentemente do Nihon Kendō Kata. O 1º kata é constituído pelos quatro golpes básicos do
Kendō.
O dô é realizado
semelhantemente. O motodati ergue os braços mantendo a bokuto na linha de centro para expor o
alvo. Como o dô está mais distante, o kakarite precisará realizar um passo maior para alcançá-lo.
abertura para
abertura para kote
men
Tsuki
7.2 2º
kata (nihonme) – kote-men
Harai-men
7.4 4º
kata (yonhonme) – men tsubazeriai hiki-do
Este kata inicia com um golpe de men em okuri-ashi por parte do kakarite. O
motodati ergue a sua bokuto e intercepta o golpe com sua lâmina, de forma que as
bokuto ficam cruzadas acima e à frente dos kenshi. Ambos, então, avançam meio
passo abaixando as bokuto para entrarem na situação de tsubazeriai. O kakarite
pressiona as mãos do motodati para baixo e depois as levanta, em um movimento
contínuo, para fazer o golpe de dô enquanto recua um passo em okuri-ashi. O
motodati, nesse momento, apenas levanta a bokuto para expor o dô, sem mexer os
pés. Ambos os kenshi, enfim, recuam um passo e voltam a chudan-no-kamae em
issoku Ito-no-maai.
pressão no tsuba-zeriai
3º KYU (三級)
Ao atingir o 3º kyu, o kenshi já desenvolveu suficientemente seu kihon para vestir o bogu. O
treinamento do praticante deste nível se concentra na ambientação com esse novo equipamento. Em
primeiro lugar, não se assuste. Quando colocamos o bogu pela primeira vez é um tanto assustador,
porque ele abafa os nossos sentidos e atrapalha os movimentos. Mas não desanime. Em alguns meses
se acostumará com o equipamento
No treinamento, o estudante deste nível treinará junto com os demais veteranos, porém deverá
se concentrar mais no kihon e nas técnicas mais simples já conhecidas, evitando as técnicas mais
complexas, facilitando assim a ambientação ao bogu. O kenshi aprenderá a se portar como motodachi
e a como realizar, com bogu, técnicas já treinadas anteriormente, além de outras, como o taiatari, o
hiki-waza com fumikomi, e o treinamento de combate, com suas variantes. Deve aprender, também, a
desmontar e montar sua shinai.
1 TSUBAZERIAI (剣道鍔迫り合い)
Tsubazeriai é a situação de clinch no combate com
espadas. Ocorre quando os kenshis se aproximam além do
chika-maai, encostando seus tsuba, como mostra a figura ao
lado. É uma situação de tensão, onde ambos os kenshi
procuram uma brecha para encaixar um ataque. Essa
situação já foi vivida no Bokuto Kihon Kata e no treino de
hiki-waza em suriashi, mas é com o uso dos kote que o
kenshi a treinará mais intensamente.
2 TAIATARI (体当り)
Taiatari é o encontrão, a técnica de atacar com o corpo. É a técnica utilizada na execução do
kirikaeshi, após o sho-men-uchi. Agora que você está usando bogu completo, deverá executar o taiatari
quando fizer o kirikaeshi ou outro treino que envolva o movimento, além de receber o taiatari como
motodachi.
Para executar o taiatari, após o golpe de aproximação, dê mais um passo para frente e abaixe
um pouco os braços, assumindo uma posição semelhante ao do tsubazeriai, e se choque com o aite.
Não pare o seu corpo, pelo contrário, ao se chocar empurre seu quadril para frente e para cima com o
pé esquerdo, tentando arremessar o aite para trás. O taiatari deve ser executado com o corpo, com o
quadril, não com os braços.
O taiatari é um recurso utilizado em alguns renzoku-waza. Pode-se golpear men ou kote, por
exemplo, executar um taiatari empurrando o aite para trás e, então, golpeá-lo novamente. Ou ainda,
pode-se golpear, executar um taiatari, aproveitar o encontrão para projetar seu próprio corpo para trás
e então executar um hiki-waza. Exemplos de técnicas com taiatari: men-taiatari-hiki-do, kote-taiatari-
hiki-men, kotemen-taiatari-zenshin-men (zenshin significa “avançando”).
Quando estiver na posição de motodachi, lembre-se de ajudar o treino do seu colega permitindo
que ele execute um bom taiatari. Para isso, é importante não ceder facilmente. Não recue. Deixe que
ele o empurre para trás. Cuide, também, para não amortecer o impacto com seus braços. Deixe-o
atingir o seu corpo, pois você estará protegido pelos kote e pelo dô.
Em exercícios de taiatari-hiki-waza, o motodachi deve dar meio passo a frente após o golpe de
aproximação do kakarite, e executar também um taiatari com o quadril no colega, permitindo que ele
aproveite o impacto para recuar. Essa técnica é especialmente importante ao ficar de motodachi para
um colega muito mais pesado que você.
3 HIKI-WAZA (引き技)
Os hiki-waza já foram descritos anteriormente. São as técnicas de golpear recuando. Podem ser
executadas a partir do tsubazeriai, ou então depois de um taiatari, e também em algumas outras
situações. Porém, o praticante de 3º kyu precisa aprender a executar os hiki-waza utilizando o
fumikomi-ashi. Para isso, o kenshi deve jogar o peso do corpo para a perna de trás (esquerda). Empurre
o corpo para trás com o pé esquerdo ao mesmo tempo em que eleva o pé direito e, então, bata o pé
direito no chão ao mesmo tempo joga seu pé esquerdo para trás. Aproveite o impacto para iniciar um
rápido deslocamento para trás.
Essa técnica é muito mais fácil de ser explicada demonstrando do que textualmente. Assim, será
abordada com mais detalhes nos treinos.
4 KEIKO (稽古)
Keiko significa prática, treino, estudo. No Kendō, essa palavra é normalmente utilizada para
referir-se mais especificamente aos treinos de combate. Existem vários tipos diferentes de Keiko.
Adiante, descrevemos as variantes mais comuns.
É o treino de golpear, no qual o motodachi vai abrindo e mostrando ao kakarite onde deve
golpear. Também pode ser feito com uma sequencia fixa. Deve ser realizado com energia, sem pausa
para respirar entre os ataques. Para isso o motodachi deve estar atento para manter o maai correto e
receber os golpes corretamente.
Esse é um dos exercícios mais exaustivos do Kendō. Parecido com o acima, mas mais intenso. O
kakarite deve golpear sem parar com toda a energia. O motodachi pode mostrar ou não alvos para os
golpes, mas o kakarite não deve esperar o motodachi abrir, criando as brechas para seus ataques, caso
necessário.
Um motodachi experiente pode ainda “rejeitar” golpes que considere ruins, desviando-os da sua
trajetória e fazendo com que sejam repetidos, deixando o exercício ainda mais cansativo. Alguns sensei
costumam fazer isso mesmo para golpes bons, incentivando que o aluno de esforce ainda mais na
execução do movimento.
É a luta de fato, na qual ambos os praticantes competem buscando encaixar seus golpes. É um
treino em que não são contados pontos nem definidos vencedores ou perdedores. Dessa forma, o
kenshi deve encarar esse exercício como uma oportunidade de testar suas técnicas, procurando evitar
movimentos defensivos.
É um keiko no qual vão se trocando os adversários através da rotação, tal como no treino dois a
dois. Normalmente realiza-se o gokaku-geiko nesse treinamento, mas outros tipos de keiko também
podem ser utilizados.
Treino livre. Sem marcação de tempo ou rotação. As duplas são formadas livremente, realizando-
se normalmente o gokaku geiko ou qualquer exercício definido pelo praticante mais experiente da
dupla ou em comum acordo. Aproveite essa oportunidade para lutar contra os oponentes mais fortes
disponíveis.
É a disputa por pontos, que ocorre nos campeonatos ou em treinos específicos no Dojō. Será
detalhada no polígrafo de 2º kyu.
Fazer keiko com um sensei experiente é uma grande oportunidade de aprendizado que deve ser
aproveitada sempre que possível. Quando tiver essa oportunidade, principalmente quando o sensei for
de alta graduação e/ou de idade mais avançada, tome cuidado para não ofendê-lo. Nunca treine com
um sensei tentando “ganhar a luta”. O sensei está lhe dando a oportunidade de aprender com ele, não
está medindo forças com você. Isso não quer dizer que você deva pegar leve. Ataque com toda a
energia, mas evite truques, fintas, defesas, e tome sempre a iniciativa de atacar. Quando ele lhe atacar,
ataque junto. Golpeie com sinceridade, e mantenha-se nas técnicas que você já domina.
Um sensei que não o conhece normalmente começará o keiko recebendo um kirikaeshi, depois
fará um gokaku-geiko e finalizará com um kakari-geiko. Mas isso não é uma regra, então esteja atento
às suas orientações. É possível que o sensei o leve aos seus limites físicos. Tente suportar sempre dando
o máximo de si.
Findado o treino, agradeça ao sensei fazendo um za-rei na sua frente. Normalmente os sensei lhe
concederão algumas orientações quando fizer isso.
A manutenção da shinai, de forma geral, envolve passar uma lixa fina para eliminar farpas e
arredondar levemente os pontos em que as varetas se encaixam. Além disso, passar óleo na sua shinai
(alguns kenshi recomendam óleo de canola) pode aumentar sua vida útil. Não faça isso de forma
exagerada (muito óleo de uma vez ou muitas vezes), ou sua shinai ficará pesada. De fato, muitos
recomendam que o óleo seja passado apenas uma ou duas vezes. Não é necessário retirar o tsukagawa
para fazer a manutenção da shinai, a não ser que seja necessário trocar alguma vareta
rachada/quebrada. Não passe óleo no tsuka, pois a parte interna do tsukagawa ficará escorregadia.
Recomenda-se que você troque a vareta que fica do lado oposto do tsuru periodicamente, pois ela
recebe a maior parte dos impactos. Isso pode ser feito apenas montando a shinai com a parte do
tsukagawa que serve para amarrar sobre outra vareta.
Para montar a shinai, recoloque o tsukagawa, o saki-gomu e o sakigawa. Passe o tsuru por
dentro da alça de couro do tsukagawa que serve para amarrar. Passe a ponta do tsuru pela pequena
peça de couro ou nó que o tsuru deve apresentar perto do tsuka. Então, passe o tsuru por baixo da tira
de couro do tsukagawa que fica abaixo da alça pela qual você já passou o tsuru. Neste momento, puxe
o tsuru para esticá-lo bem. Comece a fazer o nó demonstrado na figura a seguir, sempre mantendo o
tsuru bem esticado. Depois que terminar com o tsuru, procurando não deixar a ponta muito saliente,
amarre o nakayui de forma que ele marque o início do datotsu-bu –
Amarrando o nakayui
Motodachi golpeia men frontal avançando o pé direito um passo a frente. Assim que motodachi
começa a erguer os braços, kakarite ergue seus braços e avança com o pé direito para a diagonal
frontal direita, golpeando do direito do motodachi, tomando-se o devido cuidado com o hassuji.
Após um instante, ambos recuam um passo na direção
do aite, kakaritedemonstra
zanshin
. Logo após, ambos
voltam um passo para a esquerda , retornando à
posição inicial.
Ambos avançam 3 passos para frente a partir do pé direito em ayumi-ashi, até o issoku itto-no-
maai.
Motodachi avança um passo para frente golpeando migi kote. Kakarite recua um passo para trás
começando o movimento com o pé esquerdo, realizando o movimento de suriage, utilizando o ura-
shinogi (lado direito da espada). Na sequência, golpeia men frontal avançando um passo a partir do
movimento do pé direito.
O bokuto do motodachi, após sofrer o suriage, deve estar um pouco voltado para o seu lado
esquerdo. Após o golpe, kakarite demonstra zanshin e ambos retornam à posição inicial.Suriage é
realizado alongando- se os braços, e não encolhendo. Além disso é preciso evitar tirar o kensen da linha
central ao realizar o suriage. O movimento do pulso também é muito importante na execução desta
técnica.
2º KYU (二級)
Do 1º kyu em diante os graus não são mais conferidos pelo Dojō, mas sim obtidos através de
exame de graduação e conferidos pela Confederação Brasileira de Kendō. Para estar apto a realizar o
exame de 1º Kyu, é recomendado que o praticante tenha passado cinco meses no 2º Kyu, podendo este
período variar conforme a freqüência de treino e dedicação de cada estudante. O praticante precisa ser
capaz de marcar um ippon. Deve ter desenvolvido um kirikaeshi firme e fluido, e conseguir executá-lo
em uma só respiração. Deve ainda conhecer os nove kihon kata e os dois primeiros Kendō kata.
2 KIRIKAESHI
A partir desse nível, o kenshi deve desenvolver um kirikaeshi firme, fluido e executado em uma
só respiração. O golpe deve ser firme e o movimento dos pés sincronizado e fluido.
Golpeie o shomen e execute o taiatari com um kiai forte. Inspire logo após o taiatari, enquanto
levanta os braços para o primeiro yoko-men. A partir daí, controle o ar que expira, pois deverá executar
todo o restante do exercício sem inspirar de novo. Execute os 9 sayu-men e o último sho-men com um
só kiai, sem cessar o kakegoe entre um golpe e outro. O último yoko-men deve ser executado com
maior firmeza, tanto no golpe quanto no kiai, e não se deve cortar a energia entre este último yokomen
e o sho-men, cuidando também para não se afastar muito do motodachi.
Se não conseguir executar o kirikaeshi em uma respiração, inspire o mais rápido possível entre
dois yoko-men.Não deixe seu kiai cair. Mantenha-o constante e aumente-o nos últimos dois golpes
(hidari-men e sho-men).
3 GOLPES PEQUENOS
Nem todos os golpes precisam ser grandes no Kendō. Muitas técnicas precisam ser executadas
num intervalo de tempo muito curto para surtirem efeito, e aí entram os golpes pequenos. É
importante aprender os golpes grandes antes dos pequenos porque, além dos golpes grandes fazerem
parte do kihon, é necessário bastante explosão muscular e te-no-uchi para executar os golpes pequenos
corretamente, o que demora algum tempo de treino para ser adquirido.
Treinar golpes pequenos
também não significa que você vai
abandonar o treino de golpes grandes. O golpe
grande é a técnica mais fundamental do Kendō, e
deverá ser parte do treinamento ao longo de
todo o Caminho, devendo ser
prioridade do estudante em nível de kyu.
3.1 Men pequeno
As figuras ao lado demonstram como o men pequeno deve ser executado. Procure não dobrar o
cotovelo direito em nenhum momento do movimento. O braço direito serve como apoio da alavanca.
No primeiro momento empurre o tsuka para frente com a mão esquerda, fazendo subir o kensen. Ao
mesmo tempo, levante um pouco o temoto e estique os braços. Puxe, então, o tsuka para trás com a
mão esquerda ao mesmo tempo em que executa o te-no-uchi.
Pode ser difícil fazer um movimento tão pequeno no início, sem perder a força do impacto do
golpe. Você pode começar com um movimento um pouco maior e ir diminuindo à medida que pega
confiança na força dos seus pulsos.
3.3 Dô pequeno
Também é possível pegar um impulso para o golpe subsequente. Ao golpear kote-men, por
exemplo, se o te-no-uchi é utilizado corretamente ao golpear kote, não será necessário usar muita força
para a shinai subir para o golpe de men. Ela subirá sozinha, como se quicasse no kote do adversário.
Não existe defesa no Kendō, de forma que todo o movimento defensivo, idealmente, deve ser
sucedido por um golpe de contra-ataque. É instintivo que tentemos nos proteger dos golpes do
adversário, mas lembre-se que o objetivo do Kendō é o aprimoramento, não a simples simulação de um
combate de espadas. Então, em vez de apenas se defender, tente contra-atacar, ou, melhor ainda, tente
atacar junto (aiuchi) ou antes (debana). Mesmo que não consiga, a tentativa o colocará em busca do
aprimoramento.
Dito isso, vamos a introdução das técnicas de oji waza. Para começar, a nomeclatura dessas
técnicas segue o seguinte padrão:
Técnicas de esquiva e contra-ataque. Os Ipponme e Nihonme do Nihon Kendō Kata, assim como
o 5º bokuto kihon kata, são exemplos dessas técnicas. As mais comuns no keiko com shinai são:
- Men-nuki-men: como no 1º Nihon Kendō Kata. Comum também esquivar saltando para o
lado esquerdo do oponte, evitando o seu men, ao mesmo tempo que golpeia o men do
oponente.
- Men-nuki-do
Técnicas de deflexão, com as quais se desvia o ataque do oponente com a sua shinai ao mesmo
tempo em que a ergue para executar o seu próprio ataque. O 6º Bokuto Kihon Kata é um exemplo do
uso dessa técnica. O movimento de defesa pode ser executado com o lado esquerdo da sua shinai
(omotê) ou com o lado direito (ura). Evite afastar muito o seu kensen da linha central ao executar o
suriage. Os suriage waza mais comuns são:
Desvia-se o golpe do adversário golpeando na shinai dele de cima para baixo. Os Kiriotoshi mais
usados são:
6 TAMÊ (溜め)
Tamê vem do verbo tameru (溜める), que significa “acumular”, “reservar”. Nas artes marciais
significa acumular energia antes de golpear. No Kyudo, por exemplo, o tame ocorre logo depois de o
arqueiro retesar bem a corda do arco, quando ele espera um instante antes de lançar a flecha. No
Kendō, é algo que ocorre entre o semê e a aplicação do waza. Quando você aplica o semê, você não
sabe como o oponente vai reagir. Então, você precisa aguardar a reação do adversário e agir de acordo
com essa reação. Por exemplo, se você faz um semê contra o men do oponente planejando atacar seu
kote quando ele elevar os braços para defender o men, o ataque ao kote não fará sentido se ele reagir
de outra forma. O ideal é que a escolha do golpe aconteça depois do semê, no breve instante em que
você avalia a reação do adversário.
SEMÊ >> TAMÊ >> WAZA >> ZANSHIN
O tamê integra, portanto, dois elementos principais: a percepção da reação do adversário e a
tomada de decisão a respeito de que waza utilizar, de acordo com a reação do oponente. O domínio do
tamê é algo muito difícil pois, na fração de segundo em que ele ocorre, não há tempo para pensar, e só
se consegue optar por aquelas técnicas que foram interiorizadas pelo treinamento constante a ponto
de executá-las instintivamente.
7 IPPON (一本)
Ippon é o golpe válido em uma competição de Kendō. Independente de se estar participando de
uma competição ou não, é importante saber marcar um ippon e ter o conceito em mente durante cada
treino. Isso porque o objetivo do Kendō é buscar o golpe perfeito. Para um golpe ser considerado um
ippon, deve ser um golpe que buscou a perfeição.
O mais importante para um golpe perfeito é o ki-ken-tai-ichi, conceito já abordado
anteriormente. Além do ki-ken-tai, para o golpe ser considerado ippon, deve possuir também kimê.
Outra coisa relevante para se marcar um ippon é indentificar o chansu (do inglês chance,
“oportunidade”), isto é, os momentos oportunos para se golpear. Esses dois novos conceitos são
detalhados a seguir.
Fique atento aos comandos do árbitro central. Abaixo listamos os mais comuns:
- HAJIMÊ: Usado para iniciar e re-iniciar o combate.
- YAMÊ: Usado para parar a luta. O árbitro levanta ambas as bandeiras verticalmente para
cima. Pare imediatamente e retorne a posição de início e aguarde o próximo comando em chuudan no
kamae.
- HANSOKU IKKAI/NIKAI: quando ocorre uma falta o árbitro para a luta comandando
yamê. Depois, com os atletas na posição inicial, ele declara o hansoku e sinaliza para o atleta faltoso. Se
for você, faça uma breve reverência com a cabeça sinalizando que entendeu.
- MEN/KOTE/DO/TSUKI ARI: Usado quando um ponto é validado. Pare a luta e retorne a
posição inicial.
- NIHONME: Usado para anunciar o “segundo round”, depois de alguém marcar um ponto.
A luta recomeça.
- SHOBU: Usado para anunciar o “terceiro round”, quando a luta fica 1x1. A luta recomeça.
- WAKARE: Usado para separar atletas que estão há muito tempo em tsubazeriai passivo.
O árbitro aponta as duas bandeiras para frente. Separe-se do adversário até o to-maai e aguarde o
HAJIMÊ.
- GÔGI: Usado para pedir uma reunião entre os árbitros, quando a luta está parada. O
árbitro levanta ambas as bandeiras na mesma mão. Guarde a shinai e afaste-se, aguardando agachado
os árbitros se reposicionarem. Ao retornar ao centro em chudan, fique atento para o que o árbitro
anunciará.
- SHOBU ARI: Ao final da luta, usado para indicar o vencedor. O árbitro principal levanta a
bandeira correspondente ao atleta vencedor.
- HIKIWAKÊ: Ao final da luta, usado para declaram empate. O árbitro principal cruza as
bandeiras acima da cabeça.
Se acontecer algum problema e precisar parar a luta,
levante um dos braços. Tome cuidado e não perca o zanshin até
que o árbitro pare a luta para não entregar um ponto de graça.
9 BOKUTO KIHON KATA
9.1 7º Kata (Nanahonme) – Debana-kote
Ambos avançam 3 passos para frente a partir do pé direito
em ayumi-ashi, até o issokuitto no maai.
Motodachi, no intuito de golpear, tenta avançar um passo
a frente começando a erguer o braço. Kakarite,
aproveitando este movimento, avança um passo a frente e
golpeia kote com movimento pequeno e rápido.
Kakarite demonstra zanshin recuando um passo para trás
e depois recuando mais um passo para voltar a posição inicial.
Motodachi recua junto com o segundo passo do kakarite.
Este kata é para aprender a se antecipar ao golpe do
oponente (Sen). Como é um debana-waza, é preciso estar
preparado para o ataque antes de o motodachi iniciar o
movimento. O momento oportuno de golpear não deve ser antes
e nem depois do movimento inicial do motodachi. Costuma-se
dizer que se deve atacar instantaneamente entre o “Vo” e o “u”
quando o motodachi pensa “Vou!”. O golpe não pode ser
exagerado, devendo ser pequeno, rápido e firme. Para isso, não
use força demais no punho direito, mas sim no koshi.
Do 1º kyu para cima, os graus não são mais conferidos pelo Dojō, mas sim obtidos através de
exame de graduação e conferidos pela Confederação Brasileira de Kendō. Se você recebeu esse
polígrafo, seus senpais acreditam que você já está pronto para prestar esse exame.
O exame de graduação é realizado pelo menos duas vezes por ano, juntamente com os
Campeonatos Brasileiro Infanto-juvenil e para Aspirantes (normalmente em fevereiro) e Campeonato
Brasileiro para Adultos Graduados (normalmente em julho). Até agora, esses campeonatos vem sendo
realizados sempre na região metropolitana de São Paulo, embora existam esforços para que esses
eventos se descentralizem. Em alguns eventos grandes, como o Campeonato Norte e Nordeste,
também são realizados exames.
Para fazer o exame é preciso se filiar a CBK e pagar uma taxa semestral que hoje está em torno
de R$ 80,00. É preciso ter, no mínimo, 12 anos de idade na data de realização do exame e ser
praticante regular.
O kenshi será avaliado por uma banca composta por 5 examinadores com graduação igual ou
superior a 4º dan. Precisa da aprovação de pelo menos 3 dos examinadores para obter a nova
graduação.
Os examinadores estarão observando os candidatos desde o momento em que eles entram na
quadra. Lembre-se de agir com educação. Ao se preparar verifique se sua vestimenta está em ordem,
se o bogu está bem amarrado e se a shinai está em boas condições.
O exame de 1º kyu é realizado em duas etapas: o exame prático e o exame de kata. No exame
prático é realizado um kirikaeshi e logo depois feito um keiko de cerca de 20 segundos. Depois, você
receberá kirikaeshi para um outro aite e fará keiko de novo. Você será avaliado durante o primeiro
keiko, mas procure se esforçar igualmente nos dois.
A principal qualidade que os examinadores buscam nos candidatos a Ikkyu é a vontade.
Demonstre essa qualidade através de um kiai forte. Execute o kirikaeshi em uma respiração, conforme
descrito no polígrafo de 2º kyu e treinado no Dojō. Lute com vontade e energia, golpeie para frente e
jamais se defenda. Não é necessário mostrar variedade de técnicas. Atenha-se às técnicas mais simples
e dê prioridade para o men-uchi grande.
Passando no exame prático, o candidato prestará o exame de kata. No exame de kata para
ikkyu são cobrados os dois primeiros Nihon Kendō Kata. Se houver tempo, procure o kenshi com quem
você fará o exame de kata para praticar um pouco e conhecê-lo. Praticantes de outros Dojō podem
executar os katas de maneira um pouco diferente, principalmente os tempos entre os movimentos,
então, esteja preparado para isso. Após o rei (às bandeiras e ao colega), um mediador indicará quem
executará o uchidachi ou o shidachi, então preste muita atenção. Você executará apenas um dos lados
do kata.
A CBK vem avisando, há alguns anos, que cobrará os 9 Bokuto ni Yoru Kihon Kata no exame de
1º kyu, mas isso ainda não se concretizou. Não se preocupe quanto a isso, pois, se for preciso, você será
avisado. Além disso, você conhece os Katas.
Por fim, não se preocupe. O exame de 1º kyu não é caracterizado por uma grande exigência
técnica, e você já está em plenas condições de passar. Demonstre vontade e energia e se mantenha nos
golpes mais básicos que tudo dará certo.