Apostila - Manejo - Sustentavel - de - Pastagens - 11 - 11 - 2016 PDF

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Manejo Sustentável de Pastagens (*)

Pastoreio Voisin – Manejo de Pastagem Ecológica


Cerca Elétrica padrão Fazenda Ecológica
Eng. Agr. Jurandir Melado (**)

Sítio Santa Fé Ecologia – Guarapari ES – Situação da pastagem antes e depois da implantação do Manejo Sustentável de Pastagens

Para meditar:

“Antes de se tornar um bom produtor de carne ou de leite, o


pecuarista precisa se tornar um excelente produtor de capim”.
Jurandir Melado

Gado na Pastagem Ecológica da Fazenda Ecológica Santa Fé do Moquém – Nossa Senhora do Livramento – MT
Local onde a partir do ano de 1.987 foi desenvolvida a tecnologia “Pastagem Ecológica”
Propriedade de Jurandir Melado e seus irmãos Cláudio Mellado e Judismar Clemente Melado.

(*) Texto básico do “Curso de Manejo Sustentável de Pastagens”.

(**) Jurandir Melado é Eng. Agrônomo - Prof. da UFMT (aposentado), Consultor e autor de livros sobre Manejo Sustentável de
Pastagens.
Manejo Sustentável de Pastagens: Manejo de Pastagem Ecológica – Sistema Voisin Silvipastoril - Jurandir Melado 2016

Conteúdo
Introdução .........................................................................................................................................3
Principal causa da degradação das pastagens .....................................................................................6
Sistema de Pastoreio Voisin ...............................................................................................................6
Interação Solo – Pastagem: ..................................................................................................................... 7
Interação Gado – Pasto: .......................................................................................................................... 7
Interação Gado – Solo: ............................................................................................................................ 8
O Pastoreio Voisin concorre para melhoria da fertilidade e da estrutura física do solo: .......................... 8
Princípio Básico Geral do Sistema de Pastoreio Voisin: ........................................................................9
Procedimento Básico:.......................................................................................................................10
Cerca Elétrica “Padrão Fazenda Ecológica”: ......................................................................................10
Aplicação do Pastoreio Voisin: ..........................................................................................................10
Leis Universais do Pastoreio Racional: ..............................................................................................10
PRIMEIRA LEI - LEI DO REPOUSO OU PRIMEIRA LEI DOS PASTOS: ............................................. 11
SEGUNDA LEI - LEI DA OCUPAÇÃO OU SEGUNDA LEI DOS PASTOS: ..........................................12
TERCEIRA LEI – LEI DA AJUDA OU PRIMEIRA LEI DOS ANIMAIS: .................................................. 13
Dois grupos: “desnate” e “repasse”: .......................................................................................................13
QUARTA LEI – LEI DOS RENDIMENTOS REGULARES OU SEGUNDA LEI DOS ANIMAIS: ............13
UM PRINCÍPIO GERAL DOMINA AS QUATRO LEIS: ..........................................................................13
2 Formas de Manejo do gado no Sistema de Pastoreio Voisin: ...........................................................14
A – SISTEMA LIVRE: ............................................................................................................................. 14
B – SISTEMA CONDUZIDO: .................................................................................................................14
Área de lazer: uma estrutura fundamental:.........................................................................................14
Água: nutriente tão importante quanto o capim:..................................................................................14
Determinação da capacidade de suporte de um piquete de pastagem. ................................................15
Alguns indicadores importantes:........................................................................................................16
As incríveis vantagens da intensificação: ...........................................................................................16
Pastagem Ecológica (Sistema Voisin Silvipastoril): .............................................................................17
Generalização do conceito de Pastagem Ecológica: ...........................................................................17
Sistema Silvipastoril: ........................................................................................................................18
Como arborizar pastagens: ...............................................................................................................20
Árvores para associar com pastagens: ..............................................................................................20
Espécies de árvores mais adequadas:...............................................................................................20
Manejo de Pastagem Ecológica: um ideal a ser perseguido: ...............................................................21
Consorciação de forrageiras (gramíneas com leguminosas):...............................................................22
Sobre o projeto do Sistema Voisin: ....................................................................................................22
Diagramação do piqueteamento – dois exemplos: ..............................................................................23
Fichas de controle do Pastoreio Voisin: .............................................................................................25
Garantia de sucesso no empreendimento pecuário: ...........................................................................26
Conclusão: uma alternativa ao uso do fogo nas pastagens: ................................................................27
Bibliografia relacionada ....................................................................................................................28
Anexo: Manual Cerca Elétrica padrão Fazenda Ecológica: viabilização técnica e econômica do Manejo
Sustentável de Pastagens. ...............................................................................................................31

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Manejo Sustentável de Pastagens: Manejo de Pastagem Ecológica – Sistema Voisin Silvipastoril - Jurandir Melado 2016

Introdução:
Pecuária: Maior Vilã ou parceira indispensável na recuperação e conservação do Meio Ambiente?

A Pecuária foi durante muito tempo apontada como a maior inimiga do Meio Ambiente. Os ambientalistas
só viam as desvantagens e a falta de diálogo entre eles e os produtores era a regra geral. Não sem
certa razão os ambientalistas viam a pecuária como a principal causa da degradação ambiental e como
um forte elemento contra a recuperação do Meio Ambiente. Produtores viam a Proteção Ambiental,
principalmente o estabelecimento de APPs como um fator restritivo da sua capacidade de produção.

Durante um tempo bastante longo, a Pecuária exerceu realmente forte pressão sobre o desmatamento
da Região Amazônica (anteriormente, a Mata Atlântica já havia sido dizimada...). Como o manejo
predominantemente utilizado (Pastoreio Contínuo) provocava uma progressiva redução da capacidade
de suporte e degradação das pastagens, os pecuaristas eram pressionados a realizar a ampliação das
áreas de pastagens com mais desmatamentos para manter ou ampliar a atividade pecuária. Assim foi
formado um grande estoque de áreas abandonadas ou subutilizadas em todo o país. Isto acaba se
revelando um trunfo, pois hoje, com a aplicação de um modelo de manejo adequado, ou seja, uma
rotação racional das pastagens, é possível dobrar e mesmo triplicar essa produção sem elevação da
área ocupada ou então, manter a mesma produção de hoje em área duas a três vezes menor,
destinando parte desta área para a outras atividades ou a preservação ambiental. E o melhor: com
sustentabilidade e economia!

Uma pergunta que não se cala: Se a rotação racional das pastagens representa a solução para a maior
produtividade e a sustentabilidade das pastagens, porque as universidades e os centros de pesquisas
ainda não priorizaram este procedimento na pesquisa e no ensino? Eu poderia apontar algumas razões,
entre elas a deficiência de conhecimento pelos professores dos cursos de ciências agrárias sobre a
tecnologia das cercas elétricas, que permite fazer a rotação racional das pastagens de forma eficaz e
econômica. Mas acho que a principal razão está na tendência arraigada da academia de pouco
valorizar os conhecimentos que não foram gerados no seu próprio meio.

A rotação das pastagens, como uma imensa coleção de conceitos naturais, não foi criada por nenhum
pesquisador ou cientista. É sim, um dos dispositivos da natureza para a proteção das espécies. O maior
e mais significativo exemplo que eu poderia dar de rotação natural de pastagens, é o que ocorre nas
savanas africanas onde sobrevivem há milênios imensas manadas de herbívoros sem que lhes falte as
pastagens da qual se alimentam. Lá, a natureza organizou e mantém um perfeito sistema de manejo das
pastagens! Os animais se organizam em grandes bandos, para melhor se defenderem dos predadores.
Com o grande número de animais agrupados, a forragem existente num setor é rapidamente consumida,
forçando o bando a se deslocar constantemente de um setor para outro em busca do alimento que
necessita. Caso o bando não se mova com a rapidez conveniente, sempre concorre para lembra-lo uma
variada gama de predadores famintos, que na natureza fazem a vez dos pastores dos rebanhos
domesticados...

Recordando então: a rotação racional deveria ser sempre a primeira providência a ser tomada no
manejo das pastagens. Esta simples providência tem a propriedade de reverter o processo de
degradação da pastagem e iniciar o processo de recuperação, tornando-a sustentável.

Digo “rotação racional” para fazer a diferença entre os sistemas rotativos simples de manejo de
pastagens e o Pastoreio Voisin ou “Pastoreio Racional” como o definiu o seu formulador, André Voisin,
que é o único sistema de “Rotação Racional” de pastagens devidamente formulado.

A partir de 3 parcelas de pastagem em rodízio, já teríamos um Sistema Rotativo Simples. O que


estabelece então a diferença entre os sistemas de pastoreio rotativo simples, e o Pastoreio Racional ou

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Manejo Sustentável de Pastagens: Manejo de Pastagem Ecológica – Sistema Voisin Silvipastoril - Jurandir Melado 2016

Pastoreio Voisin é a obediência às Leis Universais do Pastoreio Racional, formuladas pelo André
Voisin e que serão convenientemente e oportunamente apresentadas neste texto.

Pastagens degradadas: consequências muito além dos assuntos exclusivamente pecuários.


Uma pastagem degradada gera prejuízos de diversas ordens. Os principais problemas estão associados
à falta de uma adequada cobertura do solo e a sua compactação ou falta de permeabilidade.

Uma pastagem em processo de degradação geralmente passa pelos seguintes estágios:


diminuição progressiva da altura da parte aérea com reflexo direto no volume e profundidade das raízes;
raízes pouco abundantes e pouco profundas reduz a capacidade do capim de absorver água e
nutrientes; com isto se acelera o processo de degradação; a pastagem fica cada vez mais rala,
diminuindo progressivamente a capacidade de suporte; começa a aparecer partes descobertas que se
acentuam progressivamente; a desertificação é o estágio final.

Pastagens compactadas e pouco permeáveis dificultam absorção e retenção da água pelo solo,
deixando de abastecer convenientemente os lençóis freáticos e contribuindo para o ciclo pernicioso que
vemos hoje por todos os lados: enchentes se alternando com a seca e falta d’água;

Pastagens com rala cobertura vegetal perdem pela insolação excessiva parte importante da
biocenose (vida do solo); dificulta a absorção de água pelo solo; estas áreas correspondem a espelhos,
refletindo para o espaço o calor incidente, contribuindo para o aquecimento global;

RESPONDENDO: Pecuária: vilã ou parceira do meio Ambiente?

A constatação é que o BOI pode ser um forte PREDADOR ou um indispensável COLABORADOR


do Meio Ambiente. Na realidade para exercer qualquer destas qualidades o BOI deve ter o concurso
do HOMEM. Na Natureza, não existe espécie inútil ou unicamente maléfica. Cada uma tem a sua
função dentro da orquestra da evolução...

Na Pecuária, o boi será um predador ou um colaborador do meio ambiente, dependendo do manejo


utilizado: sem uma condução racional pelo HOMEM, em regime de Pastoreio contínuo com super-
pastejo, o BOI se torna um predador da pastagem, do solo e do meio Ambiente. Com este manejo
irracional, a Pecuária (ou os seus gestores) foi responsável por imensas áreas de pastagens
degradadas, que estão clamando por urgente recuperação.
Para transformar o Boi de predador em colaborador, necessitamos apenas manejá-lo corretamente. E
não existe atualmente forma de manejo de herbívoros a campo, mais racional, natural e eficiente
que o Manejo de Pastagem Ecológica – Sistema Voisin Silvipastoril, que será exaustivamente
tratado neste texto.

Pecuária Sustentável: Alta produtividade com Recuperação e Conservação Ambiental.

A Pecuária bem conduzida pode ser entre as atividades agropecuárias, a que mais
contribui para a recuperação e a conservação ambiental... E também a mais rentável!!

Quando falamos em “Produção Sustentável”, “Agroecologia”, “Proteção do Meio Ambiente”, quase


sempre a reação dos ouvintes é achar que isto tudo resultará em:

 Aumento dos custos;

 Diminuição da produtividade;

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Manejo Sustentável de Pastagens: Manejo de Pastagem Ecológica – Sistema Voisin Silvipastoril - Jurandir Melado 2016

 Aumento da mão de obra;

 Processos mais complicados!

Felizmente, isso não é verdade, principalmente em se tratando da Atividade Pecuária. Muito pelo
contrário: o que temos é uma associação com uma parceira muito poderosa – A MAIS PODEROSA
POSSÍVEL – a NATUREZA, que trabalhará a favor do nosso empreendimento, gratuitamente e de forma
incansável, 24 horas por dia, 365 dias por ano.

Com o Manejo Sustentável das Pastagens (Pastoreio Voisin e Pastagem Ecológica) estaremos
fazendo uma melhor utilização para a produção de dois fatores fundamentais, quase sempre relegados
ao esquecimento ou a um segundo plano na pecuária convencional, que são a ENERGIA SOLAR, que
passamos a utilizar melhor, adequando as pastagens para um máximo aproveitamento da
FOTOSSÍNTESE e a BIOCENOSE ou “vida do solo”, com seu poder de reciclar o solo e os restos
vegetais, disponibilizando nutrientes antes indisponíveis às plantas. Isto reflete numa maior eficiência
produtiva do pasto e numa maior produtividade geral.

Podemos esperar com o Manejo Sustentável das Pastagens, entre outras, as seguintes
vantagens, cuja comprovação ocorrerá no desenvolver deste texto:

 Capacidade de lotação das pastagens até três vezes a média da


região;

 Recuperação de pastagens degradadas apenas com o manejo, sem


necessidade de reformas convencionais;

 Aumento do equilíbrio ecológico, facilitando o controle biológico ou


natural das pragas do pasto e do gado;

 Redução da mão de obra necessária para o manejo do gado e a


manutenção da pastagem;

 Aumento da mansidão do gado, facilitando o manejo do gado na


pastagem, no curral, no transporte e no manejo pré-abate;

 Redução dos gastos com medicamentos e suplementos;

 Aumento progressivo da fertilidade do solo, dispensando adubações


químicas;

 Possibilidade de se obter fonte de renda extra com a adoção do s

 Sistema Voisin Silvipastoril (pastagens com árvores);

 Redução progressiva dos custos de produção;

 Aumento da rentabilidade líquida da propriedade.

No manejo convencional, o usual é procurar soluções para os problemas; no Manejo


Sustentável, o que se procura é evitar que os problemas surjam.

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Manejo Sustentável de Pastagens: Manejo de Pastagem Ecológica – Sistema Voisin Silvipastoril - Jurandir Melado 2016

Principal causa da degradação das pastagens


A principal causa da degradação das pastagens é sistema de “Pastoreio Contínuo”, onde o gado
fica sobre uma mesma área de pastagem um período indefinido. No pastoreio contínuo, quase sempre
ocorre uma das duas situações indesejáveis abaixo especificadas, às vezes ocorrendo simultaneamente
as duas, quando a pastagem é muito extensa:
 Superpastoreio: com a pastagem sendo consumida além do
conveniente, o que não permite a renovação das reservas e conduz a
pastagem à degradação;
 Subpastoreio: originando sobras de pastagens, que muitas vezes
funciona como uma justificativa para a comodista e sempre
prejudicial queimada das pastagens.

Quando a pastagem é muito extensa, quase sempre, ocorrem as duas situações


simultaneamente: superpastoreio nos locais mais agradáveis e acessíveis ao gado e próximos das
aguadas e saleiros e, subpastoreio nos extremos da pastagem e locais de acesso mais difícil ao gado.

Outra grande desvantagem do pastoreio contínuo é permitir que o gado realize grandes
caminhadas diariamente. O gado de corte, quando em pastagens extensas, chega a caminhar 10 km por
dia. O consumo de energia na caminhada é, segundo Blaster (1964) e Sorio (2000), de 0,48 cal por Kg
de peso vivo por metro linear caminhado. Para se ter uma ideia do que isto significa, é só pensar que
um novilho de 300 kg pode gastar com a caminhada em energia o equivalente ao ganho de peso de 144
g/dia ou 52,5 kg/ano.

No Pastoreio Voisin, onde o gado caminha apenas cerca de 2 km por dia, esta energia é, em
maior proporção, canalizada para o processo produtivo.

Sistema de Pastoreio Voisin


Este sistema de manejo, que tem este nome em homenagem ao Pecuarista, Professor e Cientista
Francês ANDRÉ MARCEL VOISIN, que enunciou publicou em seu principal livro “Produtividade do
Pasto” (Edição francesa em 1957 e brasileira em 1975) as “4 Leis Universais do Pastoreio Racional”,
que são hoje reconhecidas mundialmente como a base para o manejo sustentável das pastagens.

O Pastoreio Voisin, é um sistema de produção que se encaixa perfeitamente na categoria das


práticas AGROECOLÓGICAS, e que se caracteriza por propiciar um equilíbrio entre os três elementos
SOLO – PASTAGEM – GADO, onde cada um tem um efeito positivo sobre os outros dois.

Na prática, é realizado, com uma divisão adequada das pastagens (um número elevado de
parcelas), de forma a possibilitar um manejo em que se atenda tanto as necessidades do capim, como
as do gado. Como acréscimo, as necessidades do solo também são também atendidas.

Das quatro “Leis Universais”, duas são voltadas para o pasto: a lei do REPOUSO que recomenda
um repouso suficiente após cada período de ocupação; e a lei da OCUPAÇÃO, que recomenda um curto
período de ocupação da parcela, sendo o ideal apenas 1 dias ou mesmo uma fração do dia, em casos
especiais...

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Manejo Sustentável de Pastagens: Manejo de Pastagem Ecológica – Sistema Voisin Silvipastoril - Jurandir Melado 2016

Pontos para uma reflexão:

 Muitos poderão pensar que é um exagero manter o gado por apenas


um dia em cada piquete...

 Porém, todos acham razoável preparar diversas refeições diárias para


sua família. Não é usual nem racional fazer a comida para diversos
dias, colocando tudo numa mesa à disposição de todos. Isto
significaria desperdício de alimentos e refeições menos nutritivas e
saborosas!

 Se procuramos providenciar para nossa família uma refeição de cada


vez, é por uma questão de racionalidade, economia e para que se
possa dispor de uma alimentação mais fresca e nutritiva e saborosa.

 Por que não usar a mesma racionalidade na alimentação do gado,


que além do mais, dorme, caminha e lança seus dejetos (urina e
fezes) sobre a “mesa”, onde é ofertado o seu alimento, destruindo
com o pisoteio ou contaminando com os dejetos, hoje, o alimento que
consumirá nos próximos dias!

 Uma refeição nova e saborosa (entrada em um novo piquete ou


parcela, com o capim “no ponto” e livre de contaminações pelos
dejetos), entre outras vantagens, estimula o apetite do gado
induzindo-o a ingerir mais alimentos, o quer resulta numa maior
produção.

No sistema de Pastoreio Voisin temos um equilíbrio dinâmico entre o solo a


pastagem e o gado, onde ocorrem interações positivas que beneficiam os três
elementos:

Interações SOLO – PASTAGEM – GADO

Interação Solo – Pastagem:


 O solo fornece à pastagem o suporte e os nutrientes necessários ao
seu desenvolvimento e atendimento do seu objetivo produtivo;
 A pastagem fornece ao solo a cobertura que o protege da erosão pela
água da chuva e o vento e do excesso de insolação, além do aporte de
nutrientes e matéria orgânica.

Interação Gado – Pasto:


 O pasto fornece ao gado, além da alimentação, o ambiente adequado
ao atendimento de suas necessidades de proteção e socialização;
 O gado fornece ao pasto, com o pastejo no momento oportuno, o
estímulo à brotação, através do efeito poda e do efeito saliva;

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Manejo Sustentável de Pastagens: Manejo de Pastagem Ecológica – Sistema Voisin Silvipastoril - Jurandir Melado 2016

Por uma coincidência favorável, o que é bom para o pasto é também bom para o gado: o gado
necessita de um alimento nutritivo, em quantidade adequada e facilmente colhível; o pasto, quando
colhido (pastejado) no momento adequado do seu ciclo de crescimento, quando já armazenou nas raízes
e partes baixas do caule as reservas nutritivas necessárias a um início vigoroso de rebrote, tem o seu
desenvolvimento e perfilhamento tremendamente estimulado. Além disso, segundo Pinheiro Machado
(2004), através do “efeito saliva”, plantas pastoreadas por bovinos, ovinos e caprinos tem o rendimento
do rebrote aumentado em até 44 %. O agente causador desse aumento de produção é a tiamina da
saliva.

Interação Gado – Solo:


 O solo fornece ao gado, através das forrageiras, os nutrientes
necessários ao seu desenvolvimento e atendimento do objetivo
produtivo;
 O gado fertiliza o solo diretamente através dos dejetos (bosta e urina),
que também (o mais importante!) tem o efeito de um “fermento” com o
poder de acelerar o desenvolvimento da biocenose (vida do solo),
favorecendo a disponibilização de nutrientes antes indisponíveis.

Na realidade, os bovinos não se alimentam de capim. Quem se alimenta do capim são os


microrganismos existentes no rumem. Os bovinos se alimentam do “caldo de bactérias”, resultante do
processo ali desenvolvido. Assim, a bosta do gado é um verdadeiro fermento que, quando usado da
forma adequada, tem um grande poder de transformação do solo e dos restos vegetais do pasto.

No pastoreio contínuo, os dejetos ficam espalhados por uma grande área, de uma forma diluída e
o “efeito fermento” não é potencializado. Já com o Pastoreio Voisin, a concentração de todos os dejetos
de um dia em uma área reduzida, tem sobre o solo e os restos vegetais, o mesmo efeito que teria sobre
o leite, o “coalho específico” na quantidade recomendada, visando obter o queijo desejado.

O Pastoreio Voisin concorre para melhoria da fertilidade e da estrutura física do solo:


Com a adoção do Sistema de Pastoreio Voisin estabelece-se um “Círculo Virtuoso”, com interação
de diversos fatores, que entre outras vantagens, tende a aumentar a disponibilização de nutrientes para
as plantas, dispensando em geral a adubação química. Vamos analisar os efeitos de alguns destes
fatores:

 Os dejetos do gado, que no pastoreio contínuo são em grande parte


desperdiçados, pelo fato de ficarem muito espalhados ou acumulados
nos locais de concentração do gado (proximidade dos saleiros e
malhadouros) é, com o Pastoreio Voisin, homogeneamente distribuídos
por toda a área da pastagem.

Cada bovino adulto (UA = unidade animal) excreta por dia cerca de 24
kg de fezes e 14 kg de urina (38 kg no total). Supondo uma capacidade
de lotação de 2 UA/ha, coisa fácil de ser conseguido, teremos 76
Kg/dia ou 27,7 toneladas/ano. Esta maciça adubação orgânica de

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Manejo Sustentável de Pastagens: Manejo de Pastagem Ecológica – Sistema Voisin Silvipastoril - Jurandir Melado 2016

primeira qualidade, automaticamente distribuída pelos próprios


animais, em 6 a 8 aplicações anuais (6 a 8 passagens do gado pelo
piquete), equivale em termos de adubos químicos formulados a 340 kg
de ureia, 199 kg de superfosfato simples e 227 kg de cloreto de
Potássio.

 As árvores na pastagem têm um papel muito importante, pois além de


amenizar os efeitos do excesso de insolação, do vento e da chuva,
melhorando equilíbrio ecológico e o micro clima da pastagem,
constituem verdadeiras “bombas de adubação”, canalizando nutrientes
das camadas mais profundas do solo para a superfície, através dos
galhos e folhas. Tanto melhor se forem leguminosas, com capacidade
de fixar o nitrogênio atmosférico! As raízes das árvores têm um efeito
de descompactação e de fragmentação de rochas do solo, sendo
também uma importante fonte de matéria orgânica, por ocasião da
decomposição;

 O fator mais importante, porém, é a ativação da micro e meso vida


do solo (bactérias, fungos, minhocas, besouros etc). Estes micro e
meso organismos que vivem no solo ou sobre ele, utilizam a farta
alimentação proveniente dos dejetos do gado e dos restos vegetais,
reciclando todo este material e parte do solo, promovendo uma
contínua disponibilização de nutrientes antes indisponíveis às plantas.

Como exemplo, analisemos o caso das minhocas: uma minhoca é capaz de ingerir por dia um
volume de solo e matéria orgânica equivalente ao seu peso. O dejeto desta minhoca, após passar pelas
transformações bioquímicas da digestão, torna-se tremendamente mais rico nas frações assimiláveis
pelas plantas dos principais nutrientes.

Os dejetos de uma minhoca são mais ricos que o solo circundante:

 2,5 vezes em Cálcio e Magnésio trocável;

 5 vezes em Nitrogênio, como nitrato;

 7 vezes em Fósforo assimilável e

 11 vezes em Potássio assimilável.

Além de melhorar a composição química do solo, as minhocas (da mesma forma que os
besouros), promovem continuamente uma melhoria da estrutura física do solo, cavando pequenos
canais, que favorecem a sua aeração e permeabilidade evitando a indesejável compactação.

Princípio Básico Geral do Sistema de Pastoreio Voisin:


O princípio básico do Pastoreio Voisin é muito simples: o capim deve ser colhido (pastoreado) no
ponto certo do seu desenvolvimento (no final do período de crescimento máximo) e a colheita deve ser

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feita no menor período de tempo possível. Após a colheita, o capim deve ser deixado em repouso para
mais um ciclo de crescimento.

Como o capim é uma planta perene, este ciclo (pastoreio – repouso) pode se repetir diversas
vezes durante o ano, numa média de 6 a 8 ciclos anuais. Neste princípio estão implícitas as duas
primeiras das Leis Universais do Pastoreio Racional, que veremos mais adiante.

Procedimento Básico:
O procedimento básico é a divisão das pastagens em um número suficiente de piquetes, de forma
a permitir o manejo adequado e que o capim seja sempre colhido no momento de melhor
desenvolvimento e valor biológico. É conveniente que haja pelo menos 40 piquetes ou parcelas. Sendo
que quanto mais parcelas tivermos, com mais facilidade gerenciaremos o sistema. Aí entra em campo a
tecnologia das cercas elétricas, fixas e móveis, que viabilizam técnica e economicamente a
disponibilização de tão grande número de parcelas.

Cerca Elétrica “Padrão Fazenda Ecológica”:


Ao perceber que sem o domínio da tecnologia das cercas elétricas era inviável a construção e
manutenção eficiente e econômica de um Sistema de Pastoreio com inúmeros piquetes, resolvemos
pesquisar e desenvolver na Fazenda Ecológica (www.fazendaecologica.com.br), alternativas práticas
e “caseiras” para os principais elementos da cerca elétrica disponível no comércio, buscando reduzir o
custo dos projetos, sem perda da qualidade. Com isto chegamos a um padrão de cerca elétrica que
agrega as qualidades desejáveis: eficiência, funcionalidade, segurança, durabilidade e economia.
Este padrão de cerca, ao qual demos o nome de “Cerca Elétrica padrão Fazenda Ecológica” será
apresentado em anexo no final deste documento.

Aplicação do Pastoreio Voisin:


Muitos acham que fazer rotação do pasto é simplesmente implantar piquetes com cercas elétricas.
Isto pode ser verdade no “Pastejo Rotativo Simples”. No Pastoreio Voisin, o que faz a diferença é um
respeito ao ciclo de desenvolvimento do capim, sem perder de vista as necessidades do gado e do solo.
Na realidade, a diferença entre o pastejo rotativo simples e o Pastoreio Voisin é que neste, ocorre
uma obediência estrita às quatro Leis Universais do Pastoreio Racional, formuladas por André Voisin
e que representa um novo paradigma no manejo das pastagens, baseado em critérios científicos.

Leis Universais do Pastoreio Racional:


André Voisin, mostrando a sabedoria com que desenvolveu os estudos em torno do Pastoreio
Racional, conseguiu condensar em 4 instruções básicas, que chamou de “Leis Universais do
Pastoreio Racional” o cerne dos ensinamentos que desenvolveu ao longo de milhares de páginas de
sua obra monumental. O que nos empolgam a todos que seguimos a filosofia do Mestre do Manejo das
Pastagens, é que estas leis têm funcionado sempre, em quaisquer condições de clima, tipo de solo ou
situação geográfica.

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PRIMEIRA LEI - LEI DO REPOUSO OU PRIMEIRA LEI DOS PASTOS:


“Para que o pasto cortado pelo dente do animal possa dar a sua máxima
produtividade, é necessário que entre dois cortes consecutivos haja passado um
tempo que permita ao pasto:
 armazenar em suas raízes as reservas necessárias para um começo de
rebrote vigoroso;
 realizar sua “labareda de crescimento” ou grande produção diária de massa
verde.
 (O período de repouso necessário varia com a estação do ano, as condições
climáticas e a fertilidade do solo e demais condições ambientais).

Os tempos de repouso não são iguais durante todo o ano, havendo períodos de crescimento
acelerado e outros de crescimento lento ou quase nulo. No sul do país, o que mais causa o baixo
crescimento das pastagens são as baixas temperaturas registradas no outono e inverno. Já na região
Centro-Oeste e outras regiões de clima quente, a causa reside no longo período de estiagem, e no
conseqüente déficit hídrico. Em média, os piquetes de um sistema de Pastoreio Voisin são ocupados de
seis a oito vezes, durante o ano, em qualquer das regiões do Brasil.

Nos períodos mais favoráveis do ano, os piquetes chegam a ser usados com intervalos entre
pastejos, de 28 a 35 dias. Por outro lado, nos períodos críticos, esse intervalo pode chegar a 120 dias. A
boa condução do Pastoreio Racional vai depender de decisões acertadas no gerenciamento dessas
variáveis.

O desenvolvimento do capim pode ser mais bem compreendido observando-se a sua “curva
sigmóide de crescimento” abaixo apresentada: a figura representa o que acontece com o pasto durante o
seu período de repouso, após cada corte (pastejo).

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 Inicialmente o desenvolvimento é lento (e muito dependente das


reservas de nutrientes das plantas), atingindo apenas 10 % do ideal ao
completar 1/3 do tempo ótimo de repouso.

 Em seguida vem um período de crescimento semi-lento, quando as


plantas passam a contar mais com o processo da fotossíntese,
chegando a 33% do desenvolvimento ideal ao completar 1/2 do tempo
ótimo de repouso.

 A fase mais importante vem a seguir, com um crescimento acelerado


(‘labareda de crescimento’, como disse o Mestre André Voisin). Nesta
fase, que corresponde à segunda metade do tempo ótimo de repouso,
o processo fotossintético é exercido na sua plenitude e o pasto tem um
desenvolvimento maior que o dobro do ocorrido na primeira metade
(67%), além de armazenar as reservas de nutrientes que necessitará
para iniciar vigorosamente nova brotação após o próximo período de
pastejo.

 Na fase final, após a ultrapassagem do tempo ótimo de repouso, o


pasto tende a diminuir o seu ritmo de crescimento, se preparando para
formação das sementes.

Conclui-se então, que é muito mais vantajoso colher o capim (introduzir o gado no pasto)
após o capim completar o seu “tempo ótimo de repouso”. Por outro lado, não compensa
estender o período de repouso, pois o crescimento se torna lento, acrescentando apenas
mais 20 % do desenvolvimento ideal num período de tempo equivalente à metade do ótimo.

SEGUNDA LEI - LEI DA OCUPAÇÃO OU SEGUNDA LEI DOS PASTOS:


“O tempo global de ocupação de uma parcela ou piquete deve ser suficientemente
curto de modo a não permitir que uma planta cortada pelos animais no início da
ocupação, seja novamente cortada antes que os animais deixem o piquete.”

A finalidade fundamental dessa lei é não permitir que os animais comam sucessivamente os
rebrotes do capim, provocando o esgotamento de suas reservas e a conseqüente degradação das
pastagens. Um erro comum ao se implantar um sistema de rotação de pastagens, é usar um número
reduzido de piquetes, prolongando a permanência do gado nos piquetes, pressupondo que basta um
tempo adequado de repouso para o sucesso do manejo. A realidade, porém, é outra, bastando poucos
dias em períodos de chuvas intensas para que a brotação do capim já possa ser colhida novamente
pelos animais, na mesma passagem pela parcela.

É o atendimento dessas duas primeiras leis que propicia


a tão grande diferença de rendimento ou produtividade do pasto
no Pastoreio Voisin em relação ao Pastoreio Contínuo e
Pastoreio rotativo simples.

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Manejo Sustentável de Pastagens: Manejo de Pastagem Ecológica – Sistema Voisin Silvipastoril - Jurandir Melado 2016

TERCEIRA LEI – LEI DA AJUDA OU PRIMEIRA LEI DOS ANIMAIS:


“É preciso ajudar os animais que possuem exigências alimentares mais elevadas a
colherem a maior quantidade de pasto e que este pasto seja da melhor qualidade
possível”

 Quanto menos trabalho de rapagem (ou terminação do pastoreio) se


imponha ao animal, mais pasto ele colherá.

Dois grupos: “desnate” e “repasse”:


Uma maneira eficaz de melhor atender às necessidades dos animais mais exigentes é a divisão
dos animais que vão participar do pastoreio, em dois grupos, sendo um grupo menor, composto dos
animais que se pretende beneficiar e o outro grupo com os animais restantes. No pastoreio de cada
piquete, o primeiro grupo (menor) entra na frente, durante a metade do tempo de ocupação do piquete,
fazendo apenas o “desnate”, ou seja, colhendo com maior facilidade a melhor parte do alimento. Na
segunda metade do período de pastoreio, entra o segundo grupo (maior), fazendo o “repasse” e
consumindo o pasto até a altura adequada. Para que esse esquema surta os melhores efeitos, o
primeiro grupo deverá ser bem pequeno em relação ao total de animais, de modo que lhe seja fácil
colher a melhor parte do alimento, em quantidade e qualidade. Uma sugestão é 30% dos animais no
primeiro e 70% no segundo grupo).

QUARTA LEI – LEI DOS RENDIMENTOS REGULARES OU SEGUNDA LEI DOS ANIMAIS:
“Para que o animal (bovino) produza rendimentos regulares, ele não deve
permanecer mais que três dias em uma mesma parcela. Os rendimentos serão
máximos, se o animal não permanecer no piquete mais que um dia.”

Essa lei tem a finalidade de evitar uma variação na produção animal, seja na quantidade de leite
produzida, ou no crescimento ou no ganho de peso dos animais em engorda. Quando um animal é
colocado a pastar em um piquete, ele atinge o seu rendimento máximo logo após o primeiro dia. O
rendimento decresce, à medida que o tempo de permanência no piquete se prolonga. Esse fato é uma
consequência direta da terceira lei, pois, à medida que o pasto fica mais “rapado”, o animal colherá
quantidades cada vez menores de um pasto de qualidade cada vez mais inferior (maior proporção de
talos, em relação às folhas). Com uma permanência de três dias ou menos, esse decréscimo no
rendimento é menos sensível, devido a mecanismos compensatórios próprios do metabolismo dos
animais. Porém, com uma permanência de mais de três dias, a dificuldade crescente na “colheita”
somada à qualidade decrescente do alimento resultará num decrescente rendimento na nutrição do
animal, o que refletirá numa menor produção leiteira, ou num crescimento ou ganho de peso mais lento.

UM PRINCÍPIO GERAL DOMINA AS QUATRO LEIS:

“Devemos proteger e auxiliar o pasto no seu


crescimento, e devemos auxiliar o animal em sua
colheita de Pasto”.

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Manejo Sustentável de Pastagens: Manejo de Pastagem Ecológica – Sistema Voisin Silvipastoril - Jurandir Melado 2016

Duas formas de Manejo do gado no Sistema de Pastoreio Voisin:


A – SISTEMA LIVRE:
O gado fica em um piquete por um período de 1 a 3 dias, com acesso livre, através de
corredores, à área de lazer, onde dispõe de sombra, água e sal.

B – SISTEMA CONDUZIDO:
O gado fica confinado em um piquete por um período de 1 a 3 dias, sendo diariamente conduzido
à área de lazer (descrita abaixo), onde permanece confinado por 4 horas do período mais quente do dia.
Após as 4 horas, o gado é conduzido ao piquete ou a novo piquete.
Este é o esquema mais aconselhado, pois encerra diversas vantagens em relação ao sistema
livre, além de ter se mostrado mais produtivo. Com este sistema evitamos que o gado fique andando
livremente pelos corredores, causando erosão do solo e desperdício de energia com as caminhadas.

Área de lazer: uma estrutura fundamental:


Área de lazer é um piquete, onde será colocado à disposição do gado, água, mistura mineral e
SOMBRA. Já foi demonstrado por pesquisas (Sorio, 2003) que, em situações favoráveis, uma
permanência de quatro horas na área de lazer é suficiente para que os animais se abasteçam de água e
sal. Geralmente a área de lazer tem a mesma dimensão dos piquetes de pastoreio, mas poderá ser
menor, caso os piquetes do sistema sejam muito grandes.

O uso da área de lazer é fator de grande economia para o projeto. Com ela, não necessitamos de
instalações hidráulicas e cochos em cada piquete.

Água: nutriente tão importante quanto o capim:


A água é também um nutriente (e o mais indispensável de todos!). A água requerida pelos bovinos
pode vir de três fontes: a água bebida diretamente, a água contida nos alimentos e a água proveniente
do metabolismo dos alimentos. Desta forma, de acordo com a temperatura ambiente o tipo de alimento e
a concentração de água nos alimentos, a quantidade e água requerida pode ser menor ou maior. Em
números médios, um bovino adulto chega a ingerir 50 litros de água por dia; vacas leiteiras de alta
produção podem beber bem mais que isto.

Em situações de muito calor ou secura das pastagens, a permanência dos animais durante quatro
horas por dia na área de lazer, poderá não ser suficiente para que eles se satisfaçam de água. Neste
caso a permanência do gado na área de lazer poderá se prolongar para 6 horas ou se realizar em dois
períodos diários de 2 a 3 horas.
Uma maneira prática de se saber se os animais estão bebendo
água suficiente, é observar as placas de bosta. A bosta de um bovino
que não está bebendo água suficiente se apresenta segmentada e
mais sólida que o usual. Já a bosta de um bovino bem provido de água
(convenientemente hidratado), deve se apresentar volumosa, pastosa,
úmida, brilhante e não segmentada.

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Manejo Sustentável de Pastagens: Manejo de Pastagem Ecológica – Sistema Voisin Silvipastoril - Jurandir Melado 2016

Determinação da capacidade de suporte de um piquete de pastagem.


Uma pergunta recorrente em todas as palestras e cursos é a seguinte: quantos animais podem ser
colocados em determinado piquete de determinado tamanho? E a resposta é sempre a mesma: não é
possível saber de forma genérica!!!

A resposta a esta questão, requer uma amostragem da quantidade de forragem existente e um


cálculo para saber quantos animais a pastagem comporta...

O procedimento é o seguinte:

1. Tomamos de 1 a 4 amostras da forragem existentes em 1 m2 da pastagem (usa-se um quadro


de madeira ou ferro de 1 m2 que é atirado sobre a pastagem). Toda a forragem é cortada e
pesada, tirando a média das amostras, obtendo a variável...

FE (forragem existente em kg/m2);

2. Calculamos a Forragem existente por piquete ou por hectare da pastagem...

FE kg/m2 x 10.000 = FE Kg/ha;

3. Calcula-se a quantidade de forragem aproveitável:

FA (kg/ha) = FE x P (Proporção aproveitável).

P = 0,65 ou 65 % de forragem aproveitável é uma proporção razoável...

 Esta proporção (P) pode ser facilmente determinada através da amostragem da


forragem existente antes e depois da passagem do gado por um piquete. Com estes
dois valores, calculamos a proporção de pasto efetivamente consumida pelo gado;

4. Conhecendo a quantidade de Forragem aproveitável em 1 ha, e sabendo que 1 bovino come por
dia de 10 % a 12 % do seu peso vivo em farragem verde, calculamos a quantidade de animais
(bovinos) que a pastagem comporta, para 1 dia de pastejo:

CS (Kg/ha/dia) = FA (Kg/ha) / 0,12 (CS = capacidade de suporte em Kg de peso vivo de


bovinos por ha/dia);

5. Dividindo CS (Kg/ha/dia) por 450, teremos a CS em U.A./ha/dia (Unidades


Animal/hectare/dia)

EXEMPLO DE CÁLCULO:
Supondo o peso da amostra ou a média de 2 ou mais amostras seja de 0,850 kg/m2...

1. Forragem Existente:
FE = 0,850 kg / m2 = 8.500 kg/ha;

2. Forragem Aproveitável:
FA = FE x 0,65 = 8.500 x 0,65 = 5.525 kg/ha;

3. Capacidade de suporte em Kg/ha/dia ou U.A./ha/dia


CS = FA / 0,12 = 5.525 / 0,12 = 46.042 kg / ha / dia de bovinos por hectare dia;

CS = 46.042 kg/ha/dia / 450 = 102 U.A. /ha dia.

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Manejo Sustentável de Pastagens: Manejo de Pastagem Ecológica – Sistema Voisin Silvipastoril - Jurandir Melado 2016

Ou seja: 1 piquete de 1 ha da pastagem comporta 102 animais adultos para 1 dia de


pastoreio; ou 51 animais por 2 dias; ou 34 animais por 3 dias.

Alguns indicadores importantes:

1. Unidade animal (UA) = um animal (bovino) de 450 kg;

2. Carga Global: É o nº de UA (ou Kg de peso vivo) que suporta 1 ha da pastagem;

3. Carga Instantânea: É o nº de UA (ou Kg de peso vivo) que suporta 1 ha do total de parcelas


pastoreadas simultaneamente;

4. Intensidade de Pastoreio: É o produto da Carga Instantânea pelo tempo (nº de dias) de


ocupação das parcelas.

EXEMPLO DE CÁLCULO:
Supondo 100 animais de 450 kg em um sistema de 40 piquetes de 1 ha (100 UA em 40 piquetes de
1 ha):
1. Número de Unidade Animal (UA) = 100;
2. Carga Global = 2,5 UA/ha ou 1125 kg / ha;
3. Carga Instantânea:
a. Com todos os animais em um grupo = 100 UA/ha ou 45.000 Kg/ha;
b. Com os animais em 2 grupos (usando 2 piquetes) = 50 UA/ha ou 22.500 Kg/ha;
4. Intensidade de Pastoreio:
a. Com 1 dia de ocupação: 45.000 Kg x 1 = 45.000 Kg/ha/dia;
b. Com 2 dias de ocupação: 45.000 Kg/ha x 2 = 90.000 kg/ha/dia;
c. Com ½ dia de ocupação: 45.000 Kg x ½ = 22.500 Kg/ha/dia;
d. Com 1/3 dia de ocupação: 45.000 x 1/3 = 15.000 kg/ha/dia.

As incríveis vantagens da intensificação:


As vantagens, tanto para o gado, quanto para o solo e a pastagens, são tanto melhores com a
MÁXIMA carga Instantânea e a MÍNIMA intensidade de pastoreio.
Vamos analisar duas situações, usando o exemplo acima, onde tenhamos um piquete de 1 ha
(com 50 m x 200 m, p. Ex.) com capacidade de suporte para 100 UA por 2 dias:
b. Com 2 dias de ocupação: Os 100 animais teriam todo o piquete à sua disposição pelos 2
dias e praticariam o seu natural hábito de “pastejo seletivo”, procurando comer inicialmente as melhores
partes do pasto, enquanto destruiriam com pisoteio e contaminariam com os dejetos hoje, os alimentos
que comerão amanhã...
c. Com apenas ½ dia de ocupação, com 2 parcelas por dia (usando uma cerca móvel para
limitar a área de pastoreio em parcelas de 50 m x 50 m), as vantagens são inúmeras:
1. O gado, concentrado em uma área menor, diminui o ritmo de caminhadas, diminuindo o
pisoteio, que compacta o solo e destrói os alimentos;

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Manejo Sustentável de Pastagens: Manejo de Pastagem Ecológica – Sistema Voisin Silvipastoril - Jurandir Melado 2016

2. A competição (mais animais numa pequena área) faz com que os animais mudem o seu
natural hábito alimentar, de pastejo seletivo para pastejo voraz, consumindo sem muita
escolha, todo o alimento à disposição, das forrageiras mais palatáveis às menos desejáveis.
Com isto, além de um melhor aproveitamento das forrageiras, ocorre uma progressiva
seleção positiva das espécies forrageiras!!
3. Com tudo isto, os animais acabam comendo mais do que comeriam normalmente. Isto,
por dois motivos, principais: um pasto fresco e no ponto ótimo de desenvolvimento, estimula
o apetite dos animais. A competição, com muitos animais numa área pequena, faz com que
cada animal procure cada um comer mais rapidamente que os outros, para garantir o seu
quinhão... Não sabendo que logo após, lhes será servida outra refeição também saborosa,
repetindo o processo...

Pastagem Ecológica (Sistema Voisin Silvipastoril):


Esta foi a terminologia que usei para melhor designar a pastagem obtida na Fazenda Ecológica
Santa Fé do Moquém (www.fazendaecologica.com.br), no cerrado da Baixada Cuiabana em Mato
Grosso, com utilização do Sistema de Pastoreio Voisin, e sem a utilização dos procedimentos
convencionais, como desmatamento, queimadas e aração do solo. A pastagem obtida se revelou
superior às pastagens obtidas em áreas semelhantes, pelo método convencional, e com um custo de
implantação de apenas 25% do usual. A manutenção do ecossistema do cerrado com um mínimo de
alteração resultou num Sistema Silvipastoril Natural, com as árvores protegendo o gado e a pastagem
dos rigores das intempéries e do excesso de insolação, além de serem abrigo natural de pássaros,
pequenos animais e insetos, que contribuem para o equilíbrio ambiental, fundamental no controle
biológico ou natural das principais pragas do pasto e do gado.

Para se ter uma ideia, contam-se mais de 15 anos que não são aplicados nos animais da Fazenda
Ecológica nenhum produto para controlar pragas ou vermes.

Com o aumento do interesse pela Pastagem Ecológica, principalmente após a publicação do


Videocurso “Formação e Manejo de Pastagem Ecológica (1999) e dos livros “Manejo de Pastagem
Ecológica – Um Conceito para o Terceiro Milênio” (2000) e “Pastoreio Voisin – fundamentos, aplicações
e Projetos” (2003), todos publicados pelo CPT de Viçosa – MG (www.cpt.com.br), o nosso trabalho
passou a ser aplicado também em outras regiões fora do cerrado, principalmente na parte Amazônica de
Mato Grosso. Desta forma, surgiu a necessidade de generalizar o conceito de pastagem ecológica, de
modo que fosse válido em qualquer situação, região ou bioma.

Generalização do conceito de Pastagem Ecológica:


No conceito atual, uma pastagem ecológica deve congregar os seguintes fatores:

 Diversidade de forrageiras;

 Arborização adequada ao desenvolvimento das forrageiras e ao conforto do gado;

 Ser manejada segundo os conceitos do sistema de “Pastoreio Voisin”;

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Manejo Sustentável de Pastagens: Manejo de Pastagem Ecológica – Sistema Voisin Silvipastoril - Jurandir Melado 2016

 Exclusão de manejos tradicionais, como:

 Uso de adubos altamente solúveis;

 Uso do fogo;

 Uso de herbicidas;

 Uso de roçadas sistemáticas.

O atendimento a estas condições possibilita uma pastagem auto-sustentável e com uma


produtividade de até três vezes a alcançada com uso dos métodos tradicionais (monocultura de capim e
pastoreio contínuo) na mesma área. Na realidade, ser uma “Pastagem Ecológica” poderia ser o “sonho”
de todas as pastagens. E isto pode ser mais fácil do que se pode imaginar: qualquer pastagem pode ser
convertida em uma Pastagem Ecológica, no curso de poucos anos de aplicação de um manejo voltado
para este objetivo, ou seja: a diversificação das forrageiras (gramíneas e leguminosas); uma adequada
arborização, (dando preferência às espécies arbóreas nativas) e a indispensável aplicação do sistema de
Pastoreio Voisin.

Sistema Silvipastoril:
Os sistemas silvipastoris, são associações de pastagens com espécies arbóreas. Estas
associações podem ser planejadas ou naturais e as espécies arbóreas podem ser essências florestais,
fruteiras, leguminosas (forrageiras ou não) e até espécies de interesse industrial. A existência de árvores
em uma pastagem tem inúmeras vantagens para os animais, as forrageiras e o solo. Os animais
encontram nas árvores a proteção contra o excesso de insolação, a chuva e o vento, proporcionando um
maior conforto que irá finalmente refletir numa melhoria da produção do animal. As plantas forrageiras,
principalmente nas regiões tropicais, têm seu desenvolvimento prejudicado pelo excesso de insolação
nas horas mais quentes do dia. Na sombra das árvores, entretanto, estas forrageiras permanecem
viçosas quando as que se encontram a pleno sol já se apresentam murchas. As árvores têm também
um, efeito benéfico na manutenção da umidade do ambiente, favorecendo as forrageiras sob a sua
influência.

O solo é muito favorecido pelas árvores que, além de se constituírem em verdadeiras "bombas de
adubação", retirando nutrientes de camadas mais profundas do solo e os depositando na superfície
através das folhas e galhos que caem, protegem com sua sombra a micro e meso vida do solo, que por
sua vez, usando como alimento os restos vegetais e os dejetos do gado, contribuem para a
disponibilização de nutrientes antes indisponíveis às plantas, promovendo um verdadeiro "círculo
virtuoso" que tende a aumentar a fertilidade do solo e a produtividade da pastagem.

Na Fazenda Ecológica, os efeitos do sombreamento têm sido permanentemente observados:


 Os efeitos da seca demoram mais a se apresentar e terminam mais
cedo, sob as árvores que em campo aberto;
 Com um sombreamento adequado e o manejo racional, tem-se
observado que o período da seca (quanto aos efeitos) fica reduzido de
pelo menos um mês.

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Manejo Sustentável de Pastagens: Manejo de Pastagem Ecológica – Sistema Voisin Silvipastoril - Jurandir Melado 2016

 Quando se processa a "formação ecológica de pastagens no cerrado",


é sob as árvores que o capim se estabelece primeiro. Isto ocorre tanto
pelos efeitos benéficos da sombra, como pela maior fertilidade do solo
sob as árvores.
 O gado demonstra um estado de muito conforto, parecendo mais um
animal silvestre, totalmente integrado ao meio ambiente acolhedor.

A existência de árvores nas pastagens, que durante muito tempo foi considerado um aspecto
negativo, por dificultar a mecanização e por supostamente concorrer com as forrageiras na captação de
nutrientes, é hoje considerada de extrema importância pelos técnicos e produtores que já descobriram as
suas inúmeras vantagens. As vantagens das árvores em sistemas pastoris têm sido também
reconhecidas por inúmeros pesquisadores, entre os quais se destaca a Dra. Margarida Mesquita de
Carvalho, da Embrapa Gado de Leite (Juiz de Fora - MG), hoje já aposentada, que apresenta em uma de
suas publicações, as principais vantagens dos sistemas silvipastoris:
 Diversificação da produção: energia, alimentos, forragem, material de
construção, etc;
 Maior resistência das espécies cultivadas no sub-bosque às
adversidades climáticas (precipitação excessiva, altas e baixas
temperatura e ventos);
 Favorecimento da reciclagem de nutrientes e consequentemente da
sustentabilidade do sistema;
 Melhoria da estrutura do solo e sua conservação;
 Melhor equilíbrio ecológico, resultante da biodiversidade, o que
favorece o controle biológico das pragas do pasto e do gado;
 Menor proliferação de plantas invasoras e consequentemente redução
dos custos para o seu controle;
 Produção de "mulche", minimizando a evaporação de água do solo e
aumentando o seu teor de matéria orgânica, além dos efeitos benéficos
da pastagem sobre a melhoria da infiltração de água no solo;
 Maior diversidade biológica e a possibilidade de fixação biológica de
nitrogênio atmosférico, por meio de bactérias do gênero Rhizobium
e/ou da utilização de nutrientes antes indisponíveis, por meio de
micorrizas;
 As árvores constituem uma reserva de capital, passível de utilização
quando necessário;
 Redução dos custos de implantação dos povoamentos florestais, por
meio da receita advinda da exploração pecuária;
 Melhoria na distribuição da demanda de mão de obra ao longo do ano.

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Manejo Sustentável de Pastagens: Manejo de Pastagem Ecológica – Sistema Voisin Silvipastoril - Jurandir Melado 2016

Como arborizar pastagens:


Na formação das pastagens, seja em áreas originalmente coberta por floresta ou cerrado, o
recomendável é deixar o maior número possível de árvores, priorizando as que apresentam
características mais desejáveis para a associação com pastagens. No cerrado, pode-se inicialmente
deixar todas as árvores, desde que seja feita a "formação ecológica". Caso o sombreamento já seja
inicialmente ou se torne com o tempo superior ao desejável, deve-se fazer um raleamento seletivo,
buscando obter ilhas ou faixas de insolação, de forma a permitir o adequado desenvolvimento das
forrageiras.

Em pastagens de formação recente, o aconselhável é deixar de roçar o pasto, permitindo a


regeneração natural das arbóreas, realizando o desbaste seletivo após algum tempo, para adequar
convenientemente o nível de sombreamento.

Em pastagens antigas, onde a regeneração natural não seja mais eficiente, torna-se necessário a
introdução de árvores através de mudas, que devem ser protegidas para evitar sejam destruídas pelo
gado.

Quando se usa piquetes com cercas elétricas, fica extremamente fácil fazer a proteção das
mudas. No anexo sobre cercas elétricas, apresentaremos diversos tipos de proteção para mudas
arbóreas quando introduzidas em pastagens em uso.

Árvores para associar com pastagens:


Ao escolher as espécies arbóreas para associação com pastagens, devemos buscar as que
reúnam o maior número de características desejáveis, que são: a) facilidade de estabelecimento, com
crescimento rápido; b) adaptação ao ambiente; c) capacidade de fornecer forragem palatável; d)
ausência de efeitos alelopáticos negativos sobre as forrageiras do sub-bosque; e) tolerância a ataques
de pragas e doenças; f) ausência de efeitos tóxicos para os animais; j) capacidade de fornecer sombra e
abrigo para os animais.

Além destas qualidades, as espécies arbóreas devem ser perenes, resistentes ao vento, terem
raízes profundas, possuir boa capacidade de rebrote e apresentar uma arquitetura que permita a
penetração da luz do sol até o estrato herbáceo.

Espécies de árvores mais adequadas:


Em publicações editadas pela Embrapa Gado de Leite, a Dra. Margarida Mesquita de Carvalho
cita as principais espécies usadas em algumas regiões do Brasil:

 Região Nordeste: Sabiá (Mimosa caesalpiniaefolia); Juazeiro (Ziziphus


joazeiro); Angico branco (Piptadenia sp); Leucena (Leucaena
leucocephala); Gliricídia (Gliricidia sepium)

 Região Sul: Pinheiro brasileiro (Araucaria angustifolia); Erva mate


(Ilex paraguariensis); Pinus elliottii; Acácia negra (Acacia mearnsii).

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 Região Sudeste: Acacia mangium; Acacia angustissima; Acacia


auriculiformis; Albizia lebbeck; Gliricidia sepium, além de espécies dos
gêneros Eucalyptus e Pinus, mais usadas onde é priorizado o aspecto
madeireiro do sistema silvipastoril.

 Região Norte e parte amazônica da Região Centro Oeste: Paricá


(Schyzolobium amazonicum), Tatajuba (Bagassa guianensis),
Seringueira (Hevea brasiliensis), Freijó (Cordia goeldiana) e espécies
dos gêneros Eucalyptus e Pinus.

 Cerrado da Região Centro Oeste: as informações que dispomos se


referem mais à Fazenda Ecológica, com a preservação de
praticamente todas as árvores do cerrado original, onde estão se
destacando o Baru (Dipteryx alata), o Jatobá (Hymenae stigonocarpa)
a Mangaba (Hancornia speciosa) e a Lixeira (Curatella americana).
Esta última, principalmente pela grande quantidade de folhas que
derruba no solo todos os anos, contribuindo para o aumento da matéria
orgânica e a fertilidade do solo.

Em pequenas propriedades, principalmente em áreas de agricultura familiar, o aconselhável é


priorizar na arborização as espécies frutíferas e as leguminosas forrageiras, pois assim os benefícios
serão múltiplos. As fruteiras, além de da sombra também produzem os frutos que podem ter diversas
destinações...

O exemplo da Gliricídia (Gliricidia sepium) é fantástico: Quando usamos uma estaca viva de
Gliricídia no lugar de uma estaca comum numa cerca, obtemos no mínimo 4 vantagens: 1) substituição
de uma estaca que teria um certo custo; 2) sombreamento da pastagem, com todos os seus benefícios;
3) fertilização do solo com o nitrogênio captado da atmosfera e as folhas e galhos que caem; 4) as folhas
ainda representam uma reserva forrageira para a época de escassez.

Manejo de Pastagem Ecológica: um ideal a ser perseguido:


Os sistemas agroflorestais têm demonstrado ser a modalidade mais sustentável entre os diversos
usos da terra. Da mesma forma, os Sistemas Silvipastoris, que são sistemas agroflorestais que incluem
o pasto e animais herbívoros, são considerados a melhor forma de manter a sustentabilidade de uma
pastagem, sob qualquer tipo de manejo. Por outro lado, o Sistema de Pastoreio Voisin é também
considerado o mais perfeito sistema de manejo de animais herbívoros a campo. Quando manejamos um
sistema silvipastoril atendendo os preceitos do Pastoreio Voisin e procuramos também aumentar a
biodiversidade das forrageiras e das arbóreas, teremos uma situação ideal que pode ser chamada de
Manejo de Pastagem Ecológica.

O alto grau de equilíbrio ecológico, que pode ser alcançado com a Pastagem Ecológica ao longo
do tempo, facilita sobremaneira o controle natural das principais pragas do pasto e do gado, dispensando
ou minimizando a necessidade dos tratamentos convencionais. A interação de todos estes fatores
positivos torna a Pastagem Ecológica extremamente atraente para todos aqueles que pretendem voltar

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Manejo Sustentável de Pastagens: Manejo de Pastagem Ecológica – Sistema Voisin Silvipastoril - Jurandir Melado 2016

seus esforços para produção orgânica de carne ou leite, que é hoje sem dúvida o ideal de produção,
pois concilia, entre outras vantagens, produtos isentos de resíduos, com um menor custo de produção e
a necessária proteção meio ambiente.

Consorciação de forrageiras (gramíneas com leguminosas):


Consorciar leguminosas com gramíneas nas pastagens é uma providência que aumenta muito a
produtividade e eficiência alimentar das pastagens. Gramíneas e leguminosas são plantas
complementares, ou seja, as gramíneas, de uma forma geral são pobres em proteína; as leguminosas
são ricas neste nutriente. As gramíneas são grandes consumidoras de nitrogênio (o elemento que é o
maior “combustível”, para o crescimento das plantas); já as leguminosas têm capacidade de fornecer
este elemento nutritivo, fixando ao solo, dependendo da espécie e condições locais, de 80 a 300 kg por
ha/ano de nitrogênio atmosférico, através de simbiose com microorganismos do gênero Rhyzobium.

Dentre as principais espécies de leguminosas forrageiras se destacam as arbóreas Leucena


(Leucaena leucocephala) e Gliricídia (Gliricidia sepium) e as rasteiras ou trepadeiras Calopogônio
(Calopogonium mucunoides), Estilosantes (Stylosanthes guianensis), Puerária ou Kudzu tropical
(Pueraria phaseoloides) e Amendoim forrageiro (Arachis pintoi).

As formas de implantação e o manejo das leguminosas nas pastagens variam de acordo com a
espécie e o objetivo. É sempre conveniente, além de atender às recomendações dos fornecedores das
sementes e mudas, procurar orientação técnica específica.

O Calopogônio tem sido usado no enriquecimento de pastagens já formadas, através do plantio


direto pelos animais. Neste caso as sementes são adicionadas ao sal (1/2 kg de sementes por saco de
sal), fornecido ao gado no princípio do período chuvoso. O plantio é feito automaticamente através das
fezes do gado.

A Leucena e a Gliricídia têm uma dupla função: forrageira e de sombreamento. A Gliricídia pode
também ser usada como moirão vivo para as cercas e tem uma vantagem adicional de poder ser
multiplicada por estacas.

O Amendoim forrageiro, com sementes parecidas com o amendoim comum, pode ser
multiplicado por sementes e mudas. Como suas sementes são grandes, perecíveis e caras, o usual é se
fazer um banco de mudas para então serem transplantadas para o pasto. O amendoim forrageiro através
de mudas é muito adequado para ser plantado nos locais com falhas nos pastos, ajudando na
recuperação de pastagens degradadas. Também é usado para cobertura viva do solo de pomares e
outras culturas permanentes, beneficiando estas culturas com a proteção do solo, inibição de plantas
invasoras e a fixação do nitrogênio atmosférico.

Sobre o projeto do Sistema Voisin:


Um bom projeto implantado é garantia de tranquilidade no manejo do sistema. Temos que
imaginar que o sistema, é como uma máquina que será usada initerruptamente e cujos componentes
têm que trabalhar de forma harmônica.

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Manejo Sustentável de Pastagens: Manejo de Pastagem Ecológica – Sistema Voisin Silvipastoril - Jurandir Melado 2016

Devemos dar especial atenção à localização e dimensionamento de corredores e áreas de lazer,


de forma a facilitar o fluxo diário do gado, tornando-o o mais natural possível. Os bebedouros e saleiros,
também devem receber a devida atenção. Os bebedouros devem ser de preferência, tanques
construídos em concreto ou metal e, se for necessário usar cursos d’água naturais como bebedouros, o
acesso do gado deve se restringir à área de tomada de água, nunca permitindo ao gado acesso livre à
toda extensão do córrego ou lagoa, para evitar sua degradação e contaminação. Os saleiros devem ser
dimensionados de forma que no final do período de permanência do gado na área de lazer, todos os
animais tenham tido oportunidade de se satisfazer, não havendo mais competição pelo alimento.

Uma cerca elétrica bem construída é outro elemento de tranquilidade em um sistema de Pastoreio
Voisin: devemos construir uma cerca econômica, mas não precária e pouco funcional. Afinal, devemos
ser manejadores de gado e pastagem e não manejadores de uma cerca elétrica que necessita
constantes cuidados de reparo.

Diagramação do piqueteamento – dois exemplos:


A – Esquema teórico em área retangular ideal (fictícia), de um Sistema Voisin com 64 piquetes com
cercas elétricas fixas.

4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48 52 56 60 64

31
3 7 11 15 19 23 27 AL 35 39 43 47 51 55 59 63

29
1 5 9 13 17 21 25 AL 33 37 41 45 49 53 57 61

2 6 10 14 18 22 26 30 34 38 42 46 50 54 58 62

Observações:
1. Este esquema pode ser usado em qualquer escala, desde projetos com pequenos piquetes
(p.ex.: de 2000 m2, ou 40 m x 50 m), até projetos com grandes piquetes de no máximo quatro a
seis hectares. É claro que numa situação real, o projeto teria formato irregular, para acompanhar
as particularidades da propriedade. Por isto, um levantamento topográfico pormenorizado da
área é condição básica para o início dos trabalhos de elaboração de um projeto técnico;
2. O tamanho dos piquetes é variável, de acordo com a escala da propriedade. O formato deverá
ser próximo do quadrado, o que diminui o comprimento das cercas;
3. O número de piquetes, porém deve ser sempre alto, nunca menor que 40, sendo ideal em torno
de 80, pois, quanto maior o número de piquetes, mais liberdade de ação terá o condutor do
sistema;
4. O corredor poderá dar acesso a dois piquetes (ou até três no máximo) para cada lado. Isto é
interessante, pois um menor número de corredores diminui o custo do projeto e simplifica o
esquema eletro técnico;
5. Costuma-se usar corredores de 10 m para grandes projetos e de 8 m e 6 m para médios e
pequenos;

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6. Dois piquetes centrais (no caso os 29 e 31) são reservados para as áreas de lazer, que devem
ser duas para permitir o uso de dois grupos em pastoreio simultâneo (DESNATE E REPASSE);
7. As porteiras dos piquetes serão sempre no canto mais próximo da área de lazer, para facilitar a
saída dos animais para a área de lazer.
8. Este esquema prevê dois piquetes com uma única saída para o corredor. Sem problemas, pode-
se usar até três piquetes com uma única saída para o corredor. O gado usa em primeiro lugar o
piquete mais próximo ao corredor e, na sequência, os outros, usando o primeiro (e também o
segundo, se for o caso) como “corredor virtual”, bastando que sejam abertas as cancelas que os
separam.

B – Esquema teórico, em área retangular ideal (fictícia), de um sistema de Pastoreio Voisin por faixas,
com cercas elétricas fixas formado 24 faixas ou piquetes, prevendo redivisão em “fatias” com o uso de
cercas móveis.

12

02 04 06 08 10 AL 14 16 18 20 22 24

AL
01 03 05 07 09 13 15 17 19 21 23

11

Observações:
1. Este esquema é ideal para pequenas áreas, principalmente para gado leiteiro. O exemplo acima
permite que se use diversas “fatias” por dia, o ideal para vacas de alta lactação;
2. Em situação real, a profundidade das “faixas” seria variável para atender às particularidades da
área; porém, a largura deverá ser sempre a mesma, com as cercas divisórias paralelas entre si,
para permitir o uso da “cerca móvel padrão Fazenda Ecológica”. Com este tipo de cerca móvel
(econômica e funcional), as faixas podem ter até 60 m de largura e fatias de 10 a 20 m;
3. Caso se use carretilhas com o fio eletroplástico e postes de ferro e plástico, a cerca móvel pode
ser de qualquer comprimento, permitindo fornecer ao gado fatias de um piquete de qualquer
tamanho e formato;
4. As linhas contínuas representam cercas elétricas fixas e as pontilhadas, o local de instalação
das cercas móveis;
5. Os corredores e porteiras poderão ser de seis ou oito metros;
6. Deverão existir duas áreas de lazer, para possibilitar o uso por dois grupos de animais;
7. Serão usadas por dia, tantas “fatias” quanto forem necessárias, de acordo com o consumo dos
animais;
8. No caso de uso por vacas leiteiras, a área a ser usada por dia deverá ser dividida em duas ou
três parcelas. Por exemplo, uma parcela depois da primeira ordenha, uma segunda parcela após
a segunda ordenha e uma terceira no período da noite. Já foi demonstrado através de pesquisas

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(Sorio, 2003), que este esquema aumenta o consumo de forragem pelas vacas em até 10 %,
com correspondente aumento na produção de leite.

Fichas de controle do Pastoreio Voisin:


O registro do pastoreio através fichas próprias é uma tarefa que de forma alguma pode ser
relegada ao esquecimento, pois estas anotações são indispensáveis para que se possa acompanhar a
evolução do sistema e levantar os índices de produtividade.

Ficha 01: Usada para Anotações de cada grupo de animais. Caso se use um arquivo informatizado,
os dados desta ficha serão transcritos diretamente para o computador, eliminando a necessidade da
segunda ficha.

Fazenda: Proprietário:
Ficha de controle de Pastoreio Voisin - 01  Período: / / a / /

Nº de animais: Nº UA:  OBS.:


Nº DO ÁREA DATA DATA Nº N ANIMAIS RACÕES CHUVA
DO DE
PIQUETE PIQUETE ENTRADA SAÍDA DIAS CAB. U. A . DIAS X mm Observações
UA

Sugestão: Formato A4, com tantas linhas para anotações quanto possível.

Ficha 02: Preenchida a partir da primeira ficha. Usa-se uma ficha por piquete que resume o uso do
piquete por qualquer grupo de animais. Um arquivo informatizado poderá ser usado para arquivar os
registros de uso de cada piquete, em substituição desta ficha, a partir dos dados da ficha 01.

Fazenda: Proprietário:

Ficha de controle de Pastoreio Voisin – 02 Período: : / / a / /

MÓDULO: PIQUETE: ÁREA:


Nº DO DATA DATA Nº DE N ANIMAIS N. de CHUVA
CICLO ENTRADA SAÍDA DIAS CAB. U. A . RACÕES mm Observações

Sugestão: Formato A4, com tantas linhas para anotações quanto possível.

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Garantia de sucesso no empreendimento pecuário:


Mesmo sabendo que Sistema de Pastoreio Voisin, regido pelas Leis Universais do Pastoreio
Racional de André Voisin, pode funcionar sempre, em qualquer situação que permita o manejo de
herbívoros a campo, é uma preocupação saber que alguns projetos não alcançam o sucesso continuado
que se espera deles.

O Pastoreio Voisin, apesar de ser a mais excelente ferramenta voltada para a sustentabilidade
técnica, ambiental e econômica de um projeto pecuário, não é, por si só, suficiente para o completo êxito
do empreendimento pecuário como um todo. O sucesso é dependente também, de UMA EFICIENTE
ADMINISTRAÇÃO, como o é qualquer outro empreendimento econômico.

Vejamos o que diz abaixo o André Sorio, Eng. Agrônomo e voisinista, especialista em
Gestão pela Qualidade Total voltada para a Agropecuária, a respeito do que é fundamental para o
êxito de um projeto pecuário:

“Para um projeto pecuário ter êxito, é fundamental uma característica: administração


eficiente. Isto pode ocorrer por envolvimento pessoal do proprietário, dedicando o
tempo adequado que uma empresa merece e necessita para atender todas as suas
necessidades. Ou então, nas propriedades maiores, pela existência de uma equipe
profissional que realiza o processo administrativo de forma eficiente em nome do
proprietário.

Nunca se terá os melhores resultados com o mínimo de envolvimento. São


características conflitantes. Portanto, se alguém quiser provocar mudanças positivas
em seu negócio pecuário deverá se envolver, pessoalmente ou através de profissionais
que se dediquem à empresa.

Quais são as necessidades administrativas? São inúmeras e todas elas devem ser
executadas, mais ou menos simultaneamente, em qualquer propriedade, de qualquer
tamanho, que queira sobreviver e obter lucro da atividade pecuária. As principais são:

1) Administração de recursos humanos: a mão-de-obra deve ser bem selecionada e


principalmente bem treinada para a execução das funções que forem necessárias;

2) Planejamento: estabelecimento de metas zootécnicas e financeiras, gerenciamento do


orçamento, planejamento alimentar dos animais e organização dos investimentos, são
apenas alguns dos itens importantes que devem ser contemplados nesta rubrica;

3) Compras e vendas: de animais, de insumos, de serviços. O tempo todo, a fazenda está


comercializando e negociando com o mercado e deve buscar as melhores
oportunidades comerciais;

4) Auditoria e controles: são fundamentais, para que se possa controlar o processo


produtivo. Nada é gerenciado se não for medido e comparado com a meta;

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Enfim, quando se quer introduzir uma inovação tecnológica, no caso o Pastoreio


Voisin, não se deve descuidar dos processos que compõe a atividade produtiva. Afinal,
nada acontece por si só em uma propriedade rural. Ao contrário, todos os processos
são integrados e fundamentais para o sucesso da atividade.”

Conclusão: uma alternativa ao uso do fogo nas pastagens:


O fogo ainda é usado como alternativa para a limpeza de pastagens em algumas regiões do
Brasil e de outros países como a Bolívia. Infelizmente ainda existem pecuaristas que usam esta medida
comodista que traz poucas e apenas aparentes vantagens e um grande número graves de
desvantagens. Em regiões de fronteira agrícola, a mais terrível consequência do fogo usado nas
pastagens é a passagem deste fogo, para áreas de florestas por deficiência no controle das queimadas.
Estima-se que cerca da metade dos incêndios florestais na Região Amazônica tenham origem em
queimadas que fogem do controle.

O principal argumento que os pecuaristas usam para justificar esta prática é a necessidade de
eliminar as sobras de pasto originadas pelo subpastoreio para, pretensamente, melhorar a pastagem
com eliminação das partes mortas e a estimulação de uma brotação nova que disponibilizaria alimentos
para o gado em curto prazo. Isto realmente ocorre, porém à custa da drástica diminuição do nível de
matéria orgânica do solo e a intensificação do processo de degradação. Com o uso do Manejo
Sustentável de Pastagem, empregando o Pastoreio Voisin, esta justificativa não existe, pois com um
bom manejo, não ocorrem sobras de pastagens, tornando desnecessárias as queimadas.

Conhecendo esta característica do Manejo Sustentável de Pastagens baseado no Pastoreio


Voisin e no Manejo de Pastagem Ecológica, o Programa Amazônia sem Fogo, da Cooperação Italiana
no Brasil incentivou a aplicação deste sistema na Amazônia brasileira desde o ano 2000 com
expressivos resultados: praticamente já não se usa o fogo nas pastagens, na área de abrangência do
programa.

Outra consequência extremamente positiva da aplicação do Pastoreio Voisin em áreas de


fronteira agrícola é que, com a elevação da produtividade, ocorre uma diminuição da pressão por novos
desmatamentos para atender a expansão da atividade pecuária. É muito mais racional e econômico
buscar uma maior produtividade das pastagens já formadas através desta técnica, do que ampliar as
pastagens, mantendo o manejo convencional.

A partir do ano de 2013, um trabalho semelhante foi iniciado na Bolívia, sob os auspícios do
“Programa de Cooperación Trilateral - Amazonía sin Fuego”. Um programa envolvendo a Cooperação
Italiana e a Agência Brasileira de Cooperação – ABC e Ministério de Medio Ambiente y Água da Bolivia,
com recursos dos governos brasileiro, italiano e boliviano e do Banco de desenvolvimento da América
Latina – CAF.

O PAsF – Bolívia atua em 5 módulos: Módulo La Paz (Caranavi); Módulo Beni (Rurrenabaque);
Módulo Santa Cruz (Concepción); Módulo Cochabamba (Chapare) e Módulo Pando (Cobija), sendo que
a partir do ano de 2013 foram implantadas Unidades Demonstrativas de Manejo Sustentável de
Pastagens nos 5 módulos

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Manejo Sustentável de Pastagens: Manejo de Pastagem Ecológica – Sistema Voisin Silvipastoril - Jurandir Melado 2016

Bibliografia relacionada:
 CARVALHO, Margarida Mesquita. Arborização de Pastagens Cultivadas. (Série Documentos n.
64). Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Leite – Embrapa. Juiz de Fora – MG, 1998, 37 p.
 DUBOIS, Jean C. L.; VIANA, Virgílio M.; ANDERSON, Anthony B. Manual Agroflorestal para a
Amazônia, Volume 1. Rio de Janeiro: REBRAF, 1996. 228 p.
 LEBRÓN, Guillermo Boettner. Apuntes de una experiencia paraguaya. Assuncion. Critério
Ediciones, 1987. 85 p.
 LEBRÓN, Guillermo Boettner. Extension de la Eto: Ecologia aplicada a la produción de
agricultura bovina em el Paragay. Asuncion. 1996 103 p. (Tese apresentada à Universidade
Comunera. Faculdade de Relación públicas – Asunción – Paraguay)
 LEBRÓN, Guillermo Boettner. Ganaderia Racional – Producir sin Destruir. Asunción.:
Intercontinental Editora, 2006. 82 p.
 MELADO, Jurandir. Consciência Ecológica: Formação de pastagem em pleno Cerrado. A
Gazeta, Cuiabá, 19 nov. 1.996. p. 8B e 26 nov. 1.996. p. 4B.
 MELADO, Jurandir. Pasto Ecológico: A Pecuária em Paz com a Natureza. Jornal Rural. Cuiabá,
julho/1997 pg. 3
 MELADO, Jurandir. Método Voisin: Ver para crer, sem pagar para ver. A Gazeta, Cuiabá,
21/10/97 - pg. 3-B e 28/10/97 - pg. 5-B
 07/01/1998, pg. 2
 MELADO, Jurandir. Pastagem Ecológica: Alternativa para o Desmatamento e as Queimadas .
Jornal Gazeta Mercantil – Mato Grosso, 17/06/1998, pg. 2
 MELADO, Jurandir. Fazenda Ecológica – Um conceito para o Terceiro Milênio. Jornal Informe
Geral, Cuiabá – MT, Dez/1.999, pg. 7
 MELADO, Jurandir. Formação e Manejo de Pastagem Ecológica. Viçosa, CPT, 1999. 70 p.
(Manual do Videocurso de mesmo nome).
 MELADO, Jurandir. Alternativas às Queimadas. Jornal Gazeta Mercantil – Mato Grosso,
23/03/2000, pg. 2
 MELADO, Jurandir. Fogo pode ser benéfico no pasto?. Gazeta Mercantil Mato Grosso,
07/04/2000, pg. 2.
 MELADO, Jurandir. Manejo de Pastagem Ecológica – Um Conceito Para o Terceiro Milênio.
Aprenda Fácil Editora, Viçosa – MG, 2000. 224 p.
 MELADO, Jurandir. A vez da Carne Ecológica. Revista Produtor Rural, Ed. 94 – FAMATO –
Cuiabá – MT – Out./2000, pg. 37.
 MELADO, Jurandir. A Pecuária Ecológica. Jornal Gazeta Mercantil – Mato Grosso, Cuiabá - MT,
07/03/2001. Pg. 2.
 MELADO, Jurandir. Pastoreio Voisin – solução para qualquer escala. Revista Produtor Rural Ed.
98 – FAMATO, Cuiabá - MT, Março/ 2001, pg. 50.
 MELADO, Jurandir. Carne Ecológica. Revista Brasileira de Agropecuária n. 9 – Março de 2001,
Editora Escala, São Paulo – SP. P. 81-82.

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Manejo Sustentável de Pastagens: Manejo de Pastagem Ecológica – Sistema Voisin Silvipastoril - Jurandir Melado 2016

 MELADO, Jurandir. Pastagem Ecológica: Sistema Voisin Silvipastoril. Revista Agroecologia


Hoje, nº 15, julho-agosto 2002, Editora Agroecológica, Botucatu SP, P.25-27.
 MELADO, Jurandir. Voisin e Pastagem Ecológica podem salvar o pantanal do fogo. Jornal
Agropecuário, Cuiabá – MT, Maio-2001, p. 10.
 MELADO, Jurandir. Pastagens Ecológicas: o habitat natural do bovino Orgânico. Primeira
Conferência Global Virtual sobre produção Orgânica de Bovinos de Corte. INTERNET –
Embrapa pantanal Corumbá – MS e Universidade do Contestado, Concórdia SC, de 02-09 a 0-
10-2002, 21 p.
http://www.cpap.embrapa.br/agencia/congressovirtual/pdf/portugues/03pt04.pdf , Acesso em
04/12/2013.
 MELADO, Jurandir. Manejo Sustentável de Pastagem sem o uso do fogo. Embaixada da Itália,
Brasília – DF, 2002. 60 p.
 MELADO, Jurandir. Pastagem Ecológica e serviços ambientais da pecuária sustentável, Revista
Política Agrícola, Ano XXi – nº 3 jul/ago/set 2007 Pg 113 - 117, Secretaria de política Agrícola do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Brasilia DF, 2007.
 MELADO, Jurandir. Pastoreio Voisin: Fundamentos - Aplicações - Projetos. Aprenda Fácil
Editora, Viçosa – MG, 2ª Edição - 2015, 313 p.
 MELADO, Jurandir. Manejo Sustentável de Pastagens sem o uso do Fogo . in: Programa de
prevenção e controle dos incêndios na Floresta Amazônica. Embaixada da Itália, Brasília DF,
2.007. Pág. 78 – 96.
 MURPHY, Bill. Greener Pastures On Your Side of the Fence. Arriba Publishing, Colchester-
Vermont – USA, 1998. 379 p.
 PRIMAVESI, Ana. Manejo Ecológico de Pastagens. São Paulo: Editora Livraria Nobel S.A.
1.984. 184 p.
 PRIMAVESI, Odo. ARZABE, Cristina. PEDREIRA, Márcio dos Santos. Aquecimento global e
mudanças climáticas: uma visão integrada tropical. São Carlos SP. Embrapa, 2007, 213 p.
 KLOCKER, Arno Hornig. Pastos Permanentes Bem Manejados. 1a. ed. São Paulo, Livraria
Nobel S.A., 1985. 154 p.
 ROMERO, Nilo Ferreira. Alimente seus pastos com seus animais. Guaíba - RS, Livraria e Editora
Agropecuária Ltda., 1994, 106 p.
 ROMERO, Nilo Ferreira. Manejo Fisiológico dos pastos nativos melhorados. Guaíba – RS,
Livraria e Editora Agropecuária Ltda., 1998. 110 p.
 SÓRIO JR., Humberto. Pastoreio Voisin para Gado de Corte. Viçosa, CPT, 2000. 46 p
 SÓRIO JR., Humberto. Pastoreio Voisin para Gado de Leite. Viçosa, CPT, 2000. 50 p
 SORIO Jr., Humberto. A Ciência do Atraso: Índices de lotação da Pecuária do Rio Grande do
Sul. Passo Fundo: Editora da UFPS, 2000. 160 p.
 SÓRIO JR., Humberto e HOFFMANN, Marco Antônio. Produção Animal e Agroecologia. Revista
Brasileira de Agropecuária, n. 9 – Editora Escala, São Paulo - SP – Março de 2001. P. 72-80
 SÓRIO JR. Humberto. Pastoreio Voisin: Teorias – Práticas – Vivências. Passo Fundo – RS,
Editora da UPF, 2003, 400 p.
 VOISIN, André, A. Lacomte. La Vaca y la hierba. 1a. Ed. Madrid : Tecnos S.A, 1968, 128 p.

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Manejo Sustentável de Pastagens: Manejo de Pastagem Ecológica – Sistema Voisin Silvipastoril - Jurandir Melado 2016

 VOISIN, André. Produtividade do pasto. São Paulo: Editora Mestre Jou. 1974, 520 p.
 VOISIN, André. Dinâmica das pastagens: devemos lavrar nossas pastagens para melhorá-las?
São Paulo: Editora Mestre Jou. 1.979, 407 p.

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Manejo Sustentável de Pastagens: Manejo de Pastagem Ecológica – Sistema Voisin Silvipastoril - Jurandir Melado 2016

Anexo: Manual Cerca Elétrica padrão Fazenda Ecológica: viabilização técnica e


econômica do Manejo Sustentável de Pastagens.

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Cerca Elétrica padrão Fazenda Ecológica - Jurandir Melado 2016
MANUAL: CERCA ELÉTRICA PADRÃO FAZENDA ECOLÓGICA
Eng. Agr. Prof. Jurandir Melado

CONTEÚDO

1. Introdução ............................................................................................................................................ 33
2. Princípio de funcionamento da cerca elétrica rural ............................................................................. 33
3. Cerca Elétrica padrão Fazenda Ecológica em 3 níveis de segurança .................................................... 33
4. Cerca Elétrica para outros animais ....................................................................................................... 36
5. Elementos da cerca elétrica padrão Fazenda Ecológica ....................................................................... 37
5a. Eletrificador ...................................................................................................................................... 37
5b. Aterramento ..................................................................................................................................... 37
5c. Isoladores.......................................................................................................................................... 38
5d. Arames .............................................................................................................................................. 38
5e. Acessórios e materiais para acabamento da cerca........................................................................... 39
5f. Elementos de sustentação da cerca: ................................................................................................ 39

6. Ferramentas e equipamentos usados na construção de cercas elétricas: ........................................... 40


7. Equipamentos motorizados que aumentam a produtividade da instalação ........................................ 40
8. O que há de diferente na “Cerca Elétrica padrão Fazenda Ecológica”? ............................................... 40
8a. Equipamentos exclusivos .................................................................................................................. 41
8b. Peças exclusivas ................................................................................................................................ 41

9. Transposição de porteiras e corredores: .............................................................................................. 46


10. “Escolinha” ou Centro de Escolarização do Gado: ................................................................................ 46
11. Alguns padrões a serem observados .................................................................................................... 47
12. Proteção de mudas de árvores introduzidas em pastagens em uso. ................................................... 48
13. Cercas elétricas com o uso de estacas vivas de Gliricidia sepium ........................................................ 49
14. Isoladores alternativos, usando materiais comuns e reciclagens:........................................................ 50
15. Manutenção da cerca livre de contatos com o capim (limpeza feita pelo próprio gado): ................... 51
16. Considerações finais: UMA ADVERTÊNCIA! .......................................................................................... 51

PATROCÍNIO E RESPONSABILIDADE TÉCNICA......................................................................................53

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Cerca Elétrica padrão Fazenda Ecológica - Jurandir Melado 2016

1. Introdução
Ao perceber que sem a tecnologia das cercas elétricas era inviável a construção e manutenção eficiente e
econômica de um Sistema de Pastoreio Voisin com o grande número de piquetes necessários, resolvemos pesquisar e
desenvolver na Fazenda Ecológica, alternativas artesanais práticas para os principais elementos da cerca elétrica
disponível no comércio, buscando reduzir o custo dos projetos, com substancial ganho de qualidade.

Assim, conseguimos desenvolver equipamentos, ferramentas e elementos, como as porteiras e as chaves


interruptoras, usadas em nossos projetos, que além da redução drástica do custo, acabaram se revelando mais
eficientes que os modelos industrializados.

Procurando viabilizar economicamente pequenos projetos, principalmente para a pecuária leiteira,


desenvolvemos um prático sistema de cercas elétricas móveis, que reduziu drasticamente o custo, viabilizando
projetos com áreas a partir de 1 hectare de pasto.

A transferência da tecnologia da “Cerca elétrica padrão Fazenda Ecológica” é feita na prática, por ocasião do
treinamento da equipe de construção, no início da implantação dos projetos ou em oficinas de Manejo Sustentável de
Pastagens, destinadas a produtores, estudantes e técnicos.

2. Princípio de funcionamento da cerca elétrica rural


A cerca elétrica rural, para contenção de animais, é um sistema constituído dos elementos:

 Aparelho Eletrificador, que pode ser abastecido com energia elétrica de rede (110 V e 220 V), de uma
bateria (carregada por um painel solar ou mesmo com um carregador de baterias ligado à rede), ou
mesmo de pilhas comuns. Este aparelho gera um pulso (choque) intermitente de alta voltagem
(chegando a 10.000 V), mas de baixa amperagem (0,01 A) e curta duração. Os efeitos deste “choque” é
muito desagradável e assustador, MAS NÃO FAZ NENHUM MAL AOS ANIMAIS OU ÀS PESSOAS;

 Fios eletrificados pelo aparelho eletrificador, Estes fios devem ser isolados das madeiras de sustentação,
constituindo a cerca propriamente dita. Para bovinos a cerca elétrica pode ser de 1 fio, 2 fios ou de 3
fios no máximo.

 Equipamentos e acessórios. Completando a instalação, temos o Dispositivo Para-raios e todo um


conjunto de elementos, como Isoladores, cabos subterrâneos, Chaves interruptoras, Porteiras de acesso
aos piquetes, etc.

3. Cerca Elétrica padrão Fazenda Ecológica em 3 níveis de segurança


Com os anos de prática, chegamos à conclusão que a cerca deveria ter 3 níveis de segurança, que seriam
usados de acordo com a necessidade: 3 fios, para os corredores e Áreas de Lazer, 2 fios para as laterais e
fundos dos piquetes e de apenas 1 fio na redivisão dos piquetes em parcelas.

33
Cerca Elétrica padrão Fazenda Ecológica - Jurandir Melado 2016

a. Esquema de uma parte de um projeto para bovinos, com as cercas em 3 níveis de segurança:

3º DIA 3ª FATIA

2º DIA 2ª FATIA FAIXA

1º DIA 1ª FATIA

CORREDOR

ÁREA DE LAZER

CERCA DOS CORREDORES E ÁREAS DE LAZER: CERCA DAS LATERAIS E FUNDOS DOS PIQUETES: CERCA DAS FATIAS:
3 FIOS 2 FIOS 1 FIO

As cercas de 1 fio, para a redivisão de piquetes em parcelas ou “fatias”, podem ser fixas (em projetos médios
e grandes) ou móveis (em médios e pequenos projetos)

b. Esquema de uma cerca de 3 fios (Usada nos corredores e áreas de lazer):

Os dois fios de cima interligados e ligados os “choque” através de uma chave.

34
Cerca Elétrica padrão Fazenda Ecológica - Jurandir Melado 2016
c. Esquema da cerca de 2 fios (Usada nas laterais e fundos dos piquetes):

(Os dois fios isolados e com ligação independente à rede com chaves interruptoras):

d. Esquema da cerca com 1 fio (Usada para dividir piquetes em parcelas menores ou “fatias”):
Para divisão de faixas em “fatias”. Ligada à cerca da faixa, com chave interruptora ou ponte fixa.

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Cerca Elétrica padrão Fazenda Ecológica - Jurandir Melado 2016
4. Cerca Elétrica para outros animais
A cerca elétrica, quando bem planejada, construída e manejada é uma excelente opção também para outros
animais. Para cada espécie um modelo específico:

a. Cerca elétrica para ovinos e caprinos:

b. Cerca Elétrica para Suínos:

c. Cerca elétrica para galinhas:

Todos os cuidados tomados para a cerca elétrica para bovinos, também se aplicam na cerca para outros
animais, principalmente a necessidade da adaptação dos animais ao respeito à cerca. A escolinha segue o mesmo
princípio da escolinha para bovinos, apenas com a alteração do tipo de cerca elétrica e podendo ser mais simples.

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Cerca Elétrica padrão Fazenda Ecológica - Jurandir Melado 2016
5. Elementos da cerca elétrica padrão Fazenda Ecológica

5a. Eletrificador
É recomendável usar eletrificadores de alta potência e com capacidade além da necessidade, para
trabalhar com folga de potência: Existem inúmeras marcas de eletrificadores, quase todas, muito boas.
Devem-se preferir as marcas que dão assistência técnica. Existem modelos que usam energia de rede (110
v ou 220v), bateria e até pilhas.

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5b. Aterramento
Um aterramento bem feito é a primeira condição para o bom funcionamento da Cerca Elétrica. Numa
instalação completa, temos dois aterramentos: o aterramento do aparelho eletrificador e o
aterramento do sistema de proteção contra descargas atmosféricas (para-raios). Temos duas
variações na instalação do aparelho, com pequenas diferenças: uma quando o aparelho é abastecido
por energia elétrica de rede e a outra quando se usa painéis solares e bateria. Abaixo são
apresentadas as duas variações na instalação do aparelho eletrificador:

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Cerca Elétrica padrão Fazenda Ecológica - Jurandir Melado 2016

5c. Isoladores
Servem para isolar eletricamente os fios de arame das estacas de sustentação da cerca. Existe uma grande
quantidade de tipos de isoladores. Os principais estão abaixo:

5d. Arames
Existem algumas marcas de arames específicas para cercas elétricas. São arames lisos e redondos de aço,
de diâmetro 2,1 mm ou um pouco menos. Em pequenos projetos podem-se usar também arames
galvanizados macios, geralmente o nº 14 ou 16.

Arames de aço próprios para cerca elétrica – várias marcas. Arame galvanizado comum 14 ou 16.
O mais adequado para projetos técnicos. Adequado para pequenos projetos.

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5e. Acessórios e materiais para acabamento da cerca

Kit Pára-raios – Protege o Placa de advertência: uma Cabos com duplo isolamento para passagem subterrânea
aparelho dos RAIOS... exigência legal !! do “fio choque” por porteiras e corredores.

Hastes de aterramento de ferro cobreado de 2,4 m e Fio sólido de cobre para uso nos aterramentos e
(3/8” a 5/8” de diâmetro, com o conector próprio. passagens do fio terra por porteiras (2,5 mm a 4 mm)

5f. Elementos de sustentação da cerca:

Estaca de lasca comum Estacas serradas de 5 x 6 Poste 3/8“ de ferro de Poste de eucalipto tratado. Pode
funciona como esticador cm, podem ser usada no construção, usados no ser usados como esticador ou
ou estaca de meio de linha. meio das linhas meio das linhas. estaca em meio de linha

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6. Ferramentas e equipamentos usados na construção de cercas elétricas:

Esticadeira de arames Conjunto de chave para emendar Alicate de Fazendeiro e alicate de


e enrolar arame Eletricista

Cavadeira – 2 pás Picareta Foice Enxada Facão

7. Equipamentos motorizados que aumentam a produtividade da instalação

Furadeira para lascas de madeira. Perfurador de solo manual ou acoplado ao trator.

8. O que há de diferente na “Cerca Elétrica padrão Fazenda Ecológica”?


Na Fazenda Ecológica, iniciamos o uso de cercas elétricas há mais de 15 anos... Estes anos de
experiência, também desenvolvida nos cursos de capacitação e implantação de projetos, resultou
num padrão de cerca que agrega EFICIÊNCIA, FUNCIONALIDADE, SEGURANÇA, DURABILIDADE E
ECONOMIA. Foram desenvolvidos equipamentos que facilitam o trabalho e peças que substituem
com vantagens econômicas e funcionais, peças similares encontradas no mercado.

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8a. Equipamentos exclusivos
Facilitam a confecção de peças artesanais de excelentes qualidades e aumentam a
produtividade na implantação da cerca.

Bate estaca Bate-estaca para Máquina de fazer molas


para estaca de ferro estaca de madeira modelo Fazenda Ecológica / Krindges

Com o uso do bate-estaca, não há necessidade de se fazer buracos no solo para fincar as estacas. A máquina de molas
auxilia na confecção das molas que fazem parte de diversas peças, como porteiras e chaves interruptoras...

8b. Peças exclusivas


Foram desenvolvidas na Fazenda Ecológica e aperfeiçoadas ao longo de anos com contribuições de
alunos, colegas e produtores aos quais ensinei um pouco e com os quais e muito aprendi... Estas peças
são confeccionadas na comodidade de um galpão ou oficina, e levadas para o campo na hora de sua
instalação na cerca.

1. Terminal com castanha:

Para isolamento de extremo de cerca: Material usado: 1 castanha + 1,0 m de arame de aço.

Castanha Aproximadamente 80 cm de arame de aço para amarrio no moirão

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2. Chave interruptora:

Para ligar e desligar lances de cercas: Material usado: 4 m de arame de aço + 30 cm de tubo 9/16”.

Mola Gancho
Punho isolado
média
Sobra de arame para ligação na cerca
5 cm

50 cm 10 cm 15 cm 30 cm 8 cm

Detalhes da instalação da chave interruptora:

LIGADA

DESLIGADA

Chave curta (Usada quando a rede é a cerca do Chave curta (Usada quando a rede é a cerca do Chave longa, ligada a uma
corredor) Quando desligada, deve ficar apoiada corredor) Quando ligada, deve ficar apoiada no rede de distribuição aérea.
entre a castanha e o moirão (área isolada). fio da cerca eletrificada

Este modelo de chave (com o custo de apenas R$ 1,75) substitui com vantagens funcionais (e,
principalmente econômicas), chaves industrializadas que chegam a custar mais de R$ 60,00!!

3. KIT Porteira. As porteiras são importantes elementos para a funcionalidade de projeto. Para a
instalação das porteiras, usamos 4 peças que são mostradas a seguir:

3.1 Punho para porteira: Material usado: 5 m de arame de aço + 30 cm de tubo isolador 9/16”

Limitador de Gancho
estiramento Punho isolado
Mola Fina da mola
Argola
5 cm

10 cm 15 cm 15 cm 30 cm 8 cm

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3.2 Terminal com castanha e dobradiça para porteira: Para instalação dos fios “choque” da
Porteira. Material usado: 1,10 m de arame + 1 castanha.

Castanha Dobradiça

10 cm Aproximadamente 80 cm de arame de aço

3.3 - Terminal com dobradiça para porteira: Para instalação dos fios “terra” da Porteira. Material
usado: 1,10 m de arame.

Argola Dobradiça

Aproximadamente 80 cm de arame de aço

3.4 – Alça para fechar a porteira: Material usado: Arame de aço + tubo isolador 7/16”.
Esta peça é feita no campo, na hora de sua instalação, pois o comprimento do tubo e do arame
depende do diâmetro do Moirão e do afastamento da castanha (Ver fotografia).

8 cm Arame de aço

Tubo isolador 7/16”


8 cm Comprimento variável 25 cm 25 cm

Exemplo de utilização do KIT - Porteira:

Porteira de 3 fios - Fechada Punho e alça eletrificada Terminal com dobradiça e castanha

4. Cerca Móvel: Usada para dividir piquetes em parcelas menores. É constituída dos seguintes elementos:

4.1 – Alça isolada com mola: Usada para iniciar a instalação da cerca móvel.
Material usado: 6 m de arame de aço + 60 cm de tubo 7/16”

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Limitador de
Alça isolada, com gancho
estiramento
Argola Mola Fina da mola

10 cm 20 cm 20 cm
60 cm de tubo 7/16”

4.2 - Alça isolada com gancho: Usada para finalizar a


instalação da cerca móvel.
Gancho
Material usado: 60 cm de tubo isolador 7/16” e
aproximadamente 1,5 m de arame.

15 cm
60 cm de tubo 7/16”

4.3 - Terminal com corrente e chave


interruptora. Material usado: 1,5 m Corrente de
de arame + 25 cm de tubo 9/16” + 1 cachorro (nº 4)
corrente para cachorro (nº 4) 5 cm
25 cm de tubo 9/16” 8 cm

4.4 – Poste intermediário para cerca móvel: Usado para manter a altura da cerca móvel. Material usado:
1,70 m de ferro de construção (corrugado) de 3/8” + 2 isoladores para poste de ferro 3/8”. Existem
também bons modelos industrializados, com a vareta mostrada abaixo:

A cerca elétrica móvel propriamente dita pode ser um pedaço do próprio arame usado na cerca, ou um
pedaço de fio ou fita eletroplástico. (ver fotos ilustrativas):

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Uso da cerca móvel:

Cerca móvel - terminal de mola: início da Postes intermediários Cerca móvel - terminal de corrente e
instalação Artesanal e Industrial chave: finalizando a instalação.

A cerca móvel (usando fio eletroplástico em carretilhas) é utilizada também no manejo de grandes rebanhos.

5. Porteira móvel: Usada para


separar lances de corredores.
Material Usado: 60 cm de tubo
7/16” para a alça isolada +
Pedaço de arame. (O tamanho
depende da largura do corredor)
+ um punho para porteira
(peça descrita no item 3.1).

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9. Transposição de porteiras e
corredores:
 Transposição subterrânea:
usa para o fio “choque” o cabo
próprio de duplo isolamento e para o
fio “terra”, um fio de cobre sólido
com isolamento comum. A passagem
do fio “Choque” pode também ser
feito com o fio de cobre de
isolamento comum, mas dentro de
uma mangueira de plástico.

 Transposição aérea:
é feita com o uso de 2 postes e dos
mesmos isoladores e arames usados
na cerca.

10. “Escolinha” ou Centro de Escolarização do Gado:


Em projetos médios e grandes é indispensável a construção de um piquete especial para a adaptação dos
animais à cerca elétrica. Em pequenos projetos, principalmente na pecuária de leite, a escolinha pode ser
dispensada, com o treinamento dos animais nos corredores.

Recomendações: O tamanho da escolinha pode variar de 1000 m2 a 5.000 m2; A localização deve ser sempre ao
lado do curral para facilitar o acesso do gado; Os animais devem ser soltos no curral e irem por vontade própria
(sem correrias) para a escolinha; Todos os animais devem passar pelo treinamento antes de entrarem nos
piquetes de manejo. Basta que os animais em treinamento fiquem na escolinha por aproximadamente meio dia...

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11. Alguns padrões a serem observados


A manutenção do padrão além de ser garantia de funcionamento adequado, proporciona harmonia e estética ao
conjunto. Além das alturas dos fios das cercas e das dimensões das peças, devemos manter os seguintes
padrões:

a. Distância entre o poste e a castanha: 20 cm, incluindo a castanha;

b. Tubo Isolador da alça de fechar porteira: sobra de 4 cm além do poste e 2 cm além da castanha.

Sobra de 4 cm Sobra de 2 cm
além do poste além da castanha

20 cm

c. Fixação do arame da cerca na castanha: enrolar o arame com voltas longas, apenas com as
mãos, de modo a facilitar a retirada em caso de necessidade.

Fixação em voltas longas, sem dobrar o arame


Charrua com voltas apertadas

d. Sobra do isolador tipo tubo nas lascas intermediárias: 4 cm para cada lado.

4 cm 4 cm

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e. Verificação da voltagem da eletrificação da cerca. Para
um funcionamento adequado (respeito total pelos animais), a cerca
não deve nunca ficar abaixo dos 4.000 V. Caso a medição com o
voltímetro digital dê voltagem abaixo de 4000 V, deve-se procurar
identificar o problema para saná-lo.

12. Proteção de mudas de árvores introduzidas em pastagens em uso.


Na implantação de um Sistema de Manejo de Pastagem Ecológica sobre pastagens já formadas, é
imprescindível a introdução do componente arbóreo, sendo então necessária a proteção das mudas da ação
do gado. A seguir apresentamos oito diferentes esquemas de proteção de árvores com utilização de cercas
elétrica temporárias. Quando a proteção envolver dois lances de cercas, é necessário isolar umas das pontas da
cerca temporária, para evitar que ela faça uma ponte de ligação (quase sempre indesejável) entre as duas cercas.

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13. Cercas elétricas com o uso de estacas vivas de Gliricidia sepium


O uso de estacas de Gliricídia como moirões vivos em cercas é uma prática já consagrada. Em cercas
elétricas as estacas vivas de Gliricídia também podem ser usadas, trazendo 4 importantes benefícios: 1)-
Substitui praticamente sem custo uma estaca que seria comprada; 2)- Dá sombra para o gado; 3)- Promove
a incorporação ao solo do nitrogênio atmosférico; 4)- Em épocas de escassez as folhas servem de
suplemento alimentar para os animais.

Estaca no Plantio Estaca - 90 dias do plantio Cerca com moirões vivos – Gliricídias adultas.

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Fases da colocação de uma estaca viva em cerca já construída (sem retirar o arame) usando isolador de garrafa PET.

14. Isoladores alternativos, usando materiais comuns e reciclagens:


As especificações dos materiais para um projeto técnico de cercas elétricas devem contemplar os
melhores materiais, que sem sombra de dúvida, são os materiais desenvolvidos pela indústria para os fins
específicos.

No mercado encontramos todos os materiais necessários para construção de uma cerca elétrica de primeira
qualidade. Isto, porém não nos impede de usar em algumas situações de falta de materiais, ou numa
emergência, materiais alternativos que em muitos casos têm um efeito semelhante aos específicos, com a
vantagem de ser praticamente sem custo...

Mangueiras plásticas como isoladores de linha Tubo plástico “PVC” usado como isoladores de partida

Garrafa PET = 4 isoladores; Qualquer embalagem plástica... Inclusive frascos de medicamentos...

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Cerca Elétrica padrão Fazenda Ecológica - Jurandir Melado 2016

Bico da garrafa Fundo da garrafa Fundo e tubo Tubo da garrafa

Para a fixação da peça no moirão e a passagem do arame da cerca, fazemos buracos com ferro quente na peça.

15. Manutenção da cerca livre de contatos com o capim (limpeza feita pelo próprio gado):
Quando o pastoreio é bem planejado e executado, ou seja, a quantidade de animais é calculada em função
da quantidade de forragem existente, os animais são compelidos a consumirem toda a forragem disponível,
inclusive a que fica debaixo das cercas. Com isto o próprio gado mantém a cerca limpa!!!

Com o fio debaixo não eletrificado (terra) o gado aprende a comer debaixo da cerca, fazendo automaticamente uma
limpeza, dispensando roçadas ou aplicações de herbicidas, para manter a cerca sem contato com a vegetação. O
respeito à cerca continua total, pois se o animal forçar a passagem vai encostar-se ao fio do meio, tomando o
choque.

16. Considerações finais: UMA ADVERTÊNCIA!


A cerca elétrica é indiscutivelmente a tecnologia que permite o manejo adequado de uma
pastagem. Não podemos, porém achar que basta dividir as pastagens com cercas
elétricas que todos os nossos problemas estarão resolvidos!!

A cerca elétrica é um meio para atingirmos o manejo racional das pastagens. É


imprescindível que o “manejador do sistema” tenha sólidos conhecimentos e convicções
sobre o Pastoreio Voisin para que possa ter um sucesso continuado nesta área.

Outro ponto a considerar é o sucesso econômico do empreendimento. Sem uma


administração eficiente do seu empreendimento, o produtor rural, dificilmente terá

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resultados econômicos significativos... Como disse o André Sorio na sua participação no
texto sobre Manejo Sustentável de Pastagens (parte principal desta publicação): “Nunca
se terá os melhores resultados com o mínimo de envolvimento”

Espero que este trabalho seja de utilidade tanto para a formação de técnicos
“manejadores de pastagens” quanto para os produtores que procuram uma forma viável,
acessível e econômica de melhorarem o manejo de suas pastagens e terem sucesso em
suas propriedades.

Guarapari – ES, 05 de outubro de 2016

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PATROCÍCNIO:
Material preparado para distribuição no âmbito da:
CAPACITAÇÃO EM SISTEMA SILVIPASTORIL
Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável – Microbacias II
SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
CONTRATO 019/2016 – UGL/PDRS/BIRD

RESPONSABILIDADE TÉCNICA:

PECUÁRIA SUSTENTÁVEL
www.fazendaecologica.com.br
J MELADO CONSULTORIA ME
CNPJ: 20.509.042/0001-60
Escritório:

Coordenador Técnico: Eng. Agr. Jurandir Melado – CREA: MT00456/D


Av. Beira Mar nº 1958 - Ed. Maison Claude Monet – Apto 705
Praia do Morro
29.216-010 – Guarapari – ES - Brasil
Telefax: (0055-27) 3362-2258 - Cel: (+55-27) 9 9949-9268
E-mail: [email protected]
Site: www.fazendaecologica.com.br

Campo Experimental – Unidades Demonstrativas abertas à visitação:


FAZENDA ECOLÓGICA SANTA FÉ DO MOQUEM
- Propriedade de Jurandir Melado e irmãos.

 UD de Pastoreio Voisin;
 UD de Formação Ecológica de Pastagens no Cerrado;
 UD de Pastagem Ecológica;
 UD de Cerca Elétrica padrão Fazenda Ecológica.

Fazenda Ecológica Santa Fé do Moquém – Nossa Senhora do Livramento – MT - Brasil


Rodovia BR 070 – Cuiabá – Cáceres – MT, entrada no Km 580.

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