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COMPÊNDIOS SSVM
PAULO OLIVEIRA [ORG.]
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ÍNDICE
Introdução ................................................................................................ 07
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Vontade de Deus ............................................................................. 50
Esfriamento espiritual ...................................................................... 52
Convite aos pecadores .................................................................... 53
Renunciar a si mesmo e tomar a cruz ............................................. 53
20. Vida de fé .......................................................................................... 55
21. Volta a Poitiers.................................................................................. 56
Sobre a Santa Missa ....................................................................... 60
Conversa com Deus ........................................................................ 61
22. Dias de provações ............................................................................ 62
23. A conclusão da Mensagem .............................................................. 62
24. União sobre a Cruz ........................................................................... 64
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INTRODUÇÃO
1
Esta é a Santa que recebeu a missão de espalhar pelo mundo a devoção ao Sa-
grado Coração ofendido pela ingratidão dos homens, precisamente quando o jan-
senismo - espécie de infiltração do espírito protestante dentro da Igreja - destruía
nas almas a noção da misericórdia de Deus. O Sagrado Coração de Jesus apare-
ceu a Santa Margarida Maria, jovem religiosa da Ordem da Visitação, para
transmitir sua mensagem de misericórdia e confiança, a dizer: “Eis o Coração
que tanto amou os homens; que a nada se poupou até se esgotar e consumir, pa-
ra lhes testemunhar o seu amor. E em reconhecimento não recebo da maior par-
te deles senão ingratidões". Foi incompreendida e perseguida, tachada de visio-
nária, histérica, alucinada e mesmo possessa, até que a Providência colocou em
seu caminho o jesuíta São Cláudio La Colombière, que lhe deu orientação segura
e conseguiu fazer com que sua mensagem começasse a ser vista com outros
olhos. Pouco a pouco, essa mensagem foi se impondo aos conventos da Visita-
ção, e depois se espalhou por toda a Igreja.
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ça), a vida de Josefa é um contínuo crescimento na graça divina. Apesar da
evidência da Ação de Deus, receará sempre enganar-se e enganar aos ou-
tros. Simples e equilibrada, resiste às provas sobre-humanas que Deus lhe
envia, e tal resistência só vem confirmar a sobrenaturalidade dos fatos que
se dão com ela. Os numerosos receios e temores que surgem no coração de
Josefa vão, pouco a pouco, dando espaço para que a Vontade de Deus se
cumpra na sua vida. “Desejo que escrevas e que guardes tudo que Eu te
disser. Tudo se lerá quando estiveres no céu”, vai dizer Nosso Senhor a
ela.
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Josefa fora escolhida, não apenas para transmitir uma Mensagem às almas, mas
para cooperar efetivamente na sua salvação. Nosso Senhor inscreve em cada pá-
gina de sua vida a unidade de sua missão sob o duplo aspecto, de vítima e de
Apóstolo; é este o sentido verdadeiro de sua vocação.
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“Muitas almas vão para o inferno por não haver quem se sacrifique e peça por
elas”, vai dizer Nossa Senhora em Fátima.
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não lhes fosse visível.4 Enfim, fato assaz raro na vida dos santos, Deus
permite que o demônio a faça descer viva ao inferno. Aí passa longas ho-
ras, às vezes uma noite inteira, em angústias inexprimíveis. Desce mais de
cem vezes àquele abismo e sempre lhe parece lá estar mergulhada pela
primeira vez e ter ficado séculos.
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Várias peças de roupas assim queimadas foram conservadas, atestando a reali-
dade da fúria infernal.
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Religiosos são os cristãos que, por voto solene, se obrigam voluntariamente a
seguir a vida monástica ou conventual, segundo a Regra da Ordem a que perten-
cem. Estado Religioso consiste essencialmente na observância dos três votos de:
pobreza, castidade e obediência. Antes de o cristão se ligar para sempre a uma
Ordem Religiosa ou a uma Congregação, faz o seu Noviciado, isto é, durante um
determinado período de tempo, estuda a vida da Ordem ou da Congregação e
examina as suas próprias forças físicas e morais, para saber se é adaptável ao es-
pírito e às obras próprias da Ordem ou da Congregação. Decorrido o tempo do
Noviciado, se quer abraçar a vida Religiosa e se o Superior o admite, faz a sua
Profissão, isto é, emite os votos e não pode mais abandonar o Estado Religioso.
(Pe. José Lourenço, Dicionário da Doutrina Católica)
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O essencial da Mensagem nada de novo nos traz: descobre somente,
de maneira mais empolgante e mais clara, o que já sabemos pela fé:
“Repito-o ainda: o que digo agora nada tem de novo. Mas assim
como a chama precisa de alimento para não se apagar, assim as almas
precisam de novo impulso, que as leve a progredir, e novo calor que as
reanime”, vai dizer Nosso Senhor a Josefa.
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1. DESPERTAR DE UMA ALMA
2. ESPERA
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pela manhã, adoração ao Santíssimo Sacramento após o almoço e reza do
terço à tarde; confissão e direção espiritual aos sábados, além da assistência
a várias missas aos domingos.
Aos poucos, Josefa revela aos pais seu chamado à vida religiosa, mas
não obtêm o pleno consentimento para o intento. Certo tempo depois, após
a morte do pai, começa um postulantado nas Irmãs Reparadoras, ainda que
intimamente sentindo-se chamada para a Congregação do Sagrado Cora-
ção. Na iminência de tomar o hábito, sua mãe então se recusa a consentir
na escolha da filha, e Josefa, aconselhada pelo seu diretor espiritual, volta
para casa.
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O trabalho no mundo a aflige; “quanto sofro quando preciso ceder e
vestir essas pessoas de maneira tão pouco modesta”, vai confiar a alguém.
Da Eucaristia diária tira sua força e sua alegria habitual.
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donar a vida religiosa e os espancamentos que Josefa sofria em mãos dos
demônios, que apareciam-lhe em figuras medonhas. Ela assim começa uma
luta que vai sustentar durante toda a vida contra o inimigo das almas.6
Ao mesmo tempo, o Coração de Jesus vai cumulando-a de graças
especiais. O Senhor dar-lhe a conhecer o valor dos pequenos atos feitos por
obediência, bem como um maior conhecimento de si mesma: “Vejo-me
(não sei se até o fundo, entretanto) como sou: fria, distraída, pouco mortifi-
cada, pouco generosa... Oh! meu Deus, por que me amais tanto, vós que
sabeis o que eu sou? Mas não perderei a confiança, Senhor!... O que eu não
puder, Vós fareis e, com vosso amor e vossa graça, irei para frente”, vai
dizer-lhe. Pouco tempo depois, começam as aparições de Jesus.
4. VOCAÇÃO REPARADORA
“No dia seguinte – escreve ela – tinha licença para rezar a Via-Sacra
e fazia em reparação pelas ofensas dos homens e principalmente pela frieza
das almas escolhidas, Jesus veio com a cruz às costas. Colocou-a sobre o
meu ombro e aí a deixou durante a Via-Sacra.”
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Em outras ocasiões, Josefa chega a ser espancada quando reza ou trabalha e
arrancada da capela por força invisível que a detém. Seu amor, entretanto, protes-
ta dizendo corajosamente: “Senhor, mesmo que me matem, Vos serei fiel.” Rap-
tos se multiplicam. Mesmo sob os olhos maternais das Superioras, que procuram
não perdê-la de vista, ela desaparece de repente sem que se possa dizer de que
maneira, pois é sempre no espaço de um relâmpago.
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O dom da sua Cruz renova-se nos três dias seguintes. Josefa, fazendo
a Hora Santa7 com as Irmãs, oferece-se a Nosso Senhor, como de costume.
“Lá estava ele – diz ela – com o Coração ensanguentado pelos seis
espinhos. Tirou-os e os enterrou no meu (...). Tentei consolá-lo e amá-lo
pelos que não O amam (...). Depois tomou-me os seis espinhos e deu-me a
compreender que esse momento O consolara.”
Josefa conta fatos tais como este, e que não são raros em sua vida,
como se se tratasse de coisa muito natural. Sua fé colocou-a simplesmente
ao nível dessas graças, embora pareçam excepcionais.
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Hora Santa é um exercício de devoção pedido por Jesus Cristo a Santa Marga-
rida Maria, o qual deve durar uma hora passada em oração, recordando a agonia
de Jesus no Jardim das Oliveiras. Este exercício pode ser feito em qualquer lugar,
e tanto em particular como em comum; mas é preferível fazê-lo diante do Santís-
simo Sacramento. Deve ser feito de quinta para sexta-feira, e a qualquer hora
desde as 14 horas, mas a hora mais própria é das 23 à meia noite. (Pe. José Lou-
renço, Dicionário da Doutrina Católica)
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“As ofensas dos homens Me ferem profundamente, mas nada Me
aflige tanto quanto as de minhas Esposas. Dos cinco espinhos que Me
tiraste, os dois primeiros eram almas religiosas que Eu cumulara de
favores, porém elas detinham o coração nas criaturas sem se lembra-
rem de Mim; chamava-as para que voltassem à vida de amor, mas não
Me ouviam e Eu estava prestes a abandoná-las... Agora estão no meu
Coração.
Os outros três eram almas escolhidas, mas tão frias que a medida
de minha Justiça ia transbordar. Eis porque procuro amor... Espero o
amor das almas que resgatei com meu Sangue; mas principalmente o
de minhas Esposas.”
“Perguntou-me ainda:
“Tu me amas?”
Josefa intercede por essa alma com orações e súplicas, todavia era
como se Jesus não escutasse. Josefa multiplica, então, oferecimentos gene-
rosos, porém confessa estar em “sofrimento indizível”. “Creio que nunca
tinha compreendido como hoje o que é resistir à graça. Parece-me experi-
mentar algo da dor do Coração de Jesus quando uma lhe resiste.”
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“Dizia Ele isto com lágrimas na voz”, observará Josefa. O tempo
passa e ela carrega continuamente o peso dessa alma sobre a sua, acumu-
lam-se dores em todo o seu ser, sem esmorecer seu desejo de reparar. De-
pois de uma noite de angústias e súplicas, Josefa começa a oração matinal
junto das Irmãs.
“De repente – escreve – vi-O... a Ele... tão formoso que não posso
explicar (...). Não pude senão dizer: Meu Jesus, como sois belo!... Capaz de
arrebatar todos os corações! E o espinho? Ele sorriu, o Coração parecia
querer lhe escapar das mãos e respondeu:
5. A PROVA DA DÚVIDA
Para provar o espírito que conduz Josefa, lhe proíbem qualquer co-
municação com a aparição que tantas vezes arrebatara sua alma. Recomen-
dam-lhe expressamente afastar-se, sem dar importância alguma ao que por
acaso vir ou ouvir. Porém as aparições continuam; aos chamados do Sagra-
do Coração, Josefa nada responde, foge, se aflige com esta via tão especial
que o beneplácito divino quis para ela, que tanto desejava uma via ordiná-
ria.
“Se estas nas minhas Mãos, que poderás temer? Não duvides da
Bondade de meu Coração nem do Amor que tenho por ti.”
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Josefa angustia-se. Debate-se entre o atrativo, às vezes irresistível, o
medo e a obediência que a obriga ao silêncio. Porém, soa-se afinal a hora
em que aquela que jamais se invocou em vão viria inclinar-se sobre sua fi-
lha.
6. PRIMEIROS PASSOS
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Josefa em ação na sua escrivaninha
e desse contas imediatamente após. Por mais custoso que lhe fosse, subme-
teu-se sempre a tal controle. Assim, com a mais rigorosa exatidão foram
escritas as palavras das quais nenhuma se devia perder segundo dissera o
próprio Nosso Senhor. Tal procedimento só depõe a favor da veracidade da
mensagem, pois sobrecarregada de trabalho e obrigada a pedir permissão
para cada encontro e a prestar contas depois, Josefa não tinha materialmen-
te tempo, nem para preparar, nem para compor seus relatórios, escapando
forçosamente a qualquer premeditação.
- Escuta – disse – quero que me dês almas. Para isso não te peço
outra coisa senão Amor em todas as tuas ações. Faze tudo por amor,
sofre por amor, trabalha por amor, e sobretudo abandona-te ao Amor.
Quando te faço sentir a angústia e a solidão, aceita-as e sofre no amor.
Quero servir-Me de ti como do bordão sobre o qual se apoia uma pes-
soa cansada... Quero possuir-te, envolver-te, consumir-te toda inteira,
mas tudo isso com grande suavidade, de modo que, sofrendo um mar-
tírio de amor, desejes sempre sofrer mais.8 (...)
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Vale notar neste ponto a concordância do ensinamento do eminente tomista Re-
ginald Garrigou-Lagrange acerca das qualidades do amor de Jesus por nós: “o
que mais impressiona no amor de Jesus, quer por seu Pai, quer por nossas almas,
é a união maravilhosa e muito íntima da mais profunda ternura e da força a mais
heróica no sofrimento e na morte: Fortiter et suaviter. Estas duas qualidades do
amor estão, muitas vezes, separadas em nós e no entanto só podem viver intima-
mente unidas. A ternura sem a força torna-se langorosa e piegas, a força sem ne-
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- Venho repousar em ti, pois são tão pouco amado! Procuro amor
e não encontro senão ingratidão. Raras são as almas que Me amam de
verdade.”
“Estava sem luz em torno de Si, e como um pobre – vai dizer Josefa.
Fiquei em silêncio. Mas como Ele me olhava com tristeza atrevi-me a falar
e disse sobretudo meu desejo ardente de consolá-Lo.”
“No fim da meditação, como Ele não se ia, eu disse: agora, Senhor,
tenho que ir varrer. Mas bem sabeis que tudo que faço é unicamente por
vosso amor. Duas vezes ainda durante o trabalho perguntou se O amava.”
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“Há muitas almas que julgam que o amor consiste somente em
dizer “Eu Vos amo, ó meu Deus! Não, o amor é suave, age porque ama
e faz tudo amando. 9 Quero que ame deste modo, no trabalho como no
repouso, na oração e no consolo como na mágoa e na humilhação, pro-
vando-Me sem cessar esse amor com tuas obras, pois é isso o amor. Se
as almas compreendessem isso como se adiantariam na perfeição, e
como Me consolariam o Coração!”
“Vai dizer à Madre que estou contigo e pergunta o que deves fa-
zer... Vamos juntos.”
Se agora Jesus se torna visível para Josefa, não será para reanimar
mais tarde em muitas almas a fé na realidade invisível – quanto mais autên-
tica e mais segura! – de sua Presença pela graça? A presença habitual com
que favorece Josefa não tem outro fim, nos planos divinos, senão o de ma-
lear o instrumento e adaptá-lo à Mão que o quer utilizar para a salvação do
mundo. Cada vez mais deverá ela ocupar-se das almas.
9
“É preciso, aqui, não negligenciar a consideração do que São Francisco de Sales
chama as pequenas virtudes que são como flores da caridade sem as quais as
relações com o próximo se tornam tensas e quase impossíveis: doçura, afabilida-
de, prontidão no prestar serviço, em interpretar acontecimentos com bons olhos,
etc... É preciso não se contentar com vagas generalidades sobre o fim proposto;
não é suficiente dizer: “É preciso fazer tudo pelo amor de Deus”; é preciso ver,
cada dia, em que consistem nossos deveres de estado, que são um dos grandes
meios de santificação para nós, de conformidade com a vontade de Deus. É pre-
ciso não negligenciar os deveres de estado por uma piedade idealista e sentimen-
tal, mal entendida, que não passará de uma fantasia piedosa.” (Frei Reginald Gar-
rigou-Lagrange, Perfeição Cristã e Contemplação).
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“No dia seguinte – escreve Josefa – pedi-Lhe que desse a todas as
Irmãs, assim como me dá, a alegria de estar a seu serviço. No mesmo ins-
tante veio e me disse:”
E pela primeira vez, sempre tendo em vista as almas, vai dar-lhe par-
te nas dores da sua Coroa de Espinhos.
“Não posso exprimir o que sofro – escreve Josefa – Minha alma pa-
rece longe dele... meu corpo esgotado e sem coragem...”
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“Eu que tenho tanto medo de não ter mais tempo de trabalhar, con-
fessa Josefa, disse: mas Senhor, vou ficar atrasada no meu serviço!
“Não sabes que sou o Dono do teu coração e de todo o teu ser?
“Não O vi mais!... Mas não posso viver sem Ele... e desde que partiu
não cesso de pedir perdão – escreve ela. Ontem, depois do trabalho estive
um instante na tribuna diante do Santíssimo Sacramento exposto: ó meu
Jesus! Não mereço ver-Vos, mas dai-me alguma prova de vosso perdão.
Fiquei sem dizer nada. De repente, todas as tentações destes últimos dias
desapareceram e senti em torno da cabeça a coroa de espinhos.” Sinal do
perdão divino...
“Eu sei que não as mereces. Mas o que quero é que as recebas.”
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Em outro lugar de seus cadernos, Josefa vai escrever: “Compreendo o valor
dos menores sacrifícios. É grande cegueira evitar o sofrimento, mesmo nas pe-
quenas coisas, pois não somente é de grande valor para nós, mas serve para pre-
servar muitas almas de tão grandes tormentos.”
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8. O APELO DAS ALMAS
“Josefa.”
Lá estava Ele...
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Nosso Senhor mostrava-se a Josefa como que revestido atualmente da dor dos
pecados de hoje. Sabemos que sua Humanidade santa e gloriosa não pode mais
sofrer. Ele atualizava diante dela, como fez para Santa Margarida Maria e muitas
outras almas privilegiadas, os sofrimentos que lhe causaram na Paixão os peca-
dos e as ofensas das almas de hoje.
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No domingo das Quarenta Horas12, renova o mesmo apelo. Logo de
manhã Josefa se oferecera para reparar as ofensas dos pecadores. Pelas três
horas da tarde estava na capela quando Jesus se aproximou.
“Por que então, Senhor, apesar dos pecados do mundo, vosso cora-
ção está hoje tão belo e ardente?
Respondeu:
“É, mas uma alma fiel pode reparar e obter misericórdia por
muitas almas ingratas.”
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A devoção das “Quarenta Horas” consiste em passar 40 horas em oração diante
do Santíssimo Sacramento exposto, desde domingo de carnaval até terça-feira
seguinte. Esta devoção tem por fim: a) aplacar a justiça divina, gravemente ofen-
dida pelas desordens nos dias de carnaval; b) desviar das loucuras e dos grossei-
ros e impuros divertimentos desses dias, aqueles que poderiam ser arrastados na
corrente dos maus costumes; c) afervorar os fiéis no amor a Jesus, recordando as
40 horas que decorreram desde a sua condenação à morte até à sua ressurreição.
(Pe. José Lourenço, Dicionário da Doutrina Católica)
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Apesar de tua indignidade e miséria, Me servirei de ti para realizar
meus Desígnios”.
10.VIDA DE INTIMIDADE
Escreve Josefa:
“Ele desapareceu logo e eu não sei como pude acabar de servir pois
era tão bom, tão belo, que se diria do céu. É assim que Lhe digo tudo que
me acontece. Se estou varrendo e deixo cair qualquer coisa, digo: ó meu
Jesus!... acordei-Vos com este barulho! Se perco minhas coisas, pergunto:
Onde deixei aquilo, Senhor? Vamos procurar juntos. Quando estou cansa-
da, confio a Ele. Se fico atrasada na minha tarefa, como tantas vezes me
acontece, pois tenho muitas caminhadas a fazer com tudo que esqueço, di-
go-Lhe: vamos, Senhor, temos que nos apressar hoje porque já é tarde e
temos muito que fazer, principalmente no sábado com as pilhas de roupa e
os sapatos a distribuir nos dormitórios das meninas.
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“Uma alma torna-se atrasada também pela recusa dos sacrifícios exigidos para
romper com uma afeição demasiado sensível, com o gosto de confortos, com
uma certa tendência à vaidade, ou à dominação. Tornamo-nos atrasados recusan-
do seguir a inspiração que nos levaria a ser mais esforçados, mais generosos no
serviço de Deus, mais atentos às necessidades da alma do próximo.”(Frei Regi-
nald Garrigou-Lagrange - A Santíssima Trindade em nós)
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Outras ainda, e bem numerosas, ficam obstinadas no mal e cegas
pelo erro. Perder-se-iam caso as súplicas de uma alma fiel não obtives-
sem que a graça lhes tocasse afinal os corações. Mas tão grande é sua
fraqueza que se arriscariam a cair na vida de pecado: aquelas levo sem
tardar para a eternidade e assim as salvo.”
12.PRIMEIROS ASSALTOS
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Chegou pois a hora do príncipe das trevas e Josefa vai defrontar-se
com ele. Desde então o encontra a cada passo do caminho.
Num dia daquele mês de agosto, fiel à ordem recebida, Josefa entra
na cela da Superiora.
“Quando saí, Madre – escreve ela – disse a Nosso Senhor: tenho li-
cença.
Ele andava a meu lado e me levou à tribuna. Comecei por dizer o que
a Madre me recomendou: se Vós sois de verdade Aquele que penso, Se-
nhor, dignai-Vos não Vos ofender se me obrigam a pedir licença todas as
vezes, para Vos ouvir e Vos seguir.” Ele respondeu:
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“Tuas Madres Me consolam certificando-se com tanto ardor de
que sou mesmo Eu. Hoje fica unida meu Coração e repara por muitas
almas (...).
“Ainda tens que sofrer – diz Nosso Senhor. Oferece todas as tuas
ações banhadas no meu Sangue e a nada te poupes pois tudo servirá
para aquela alma.”
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14.A OBLAÇÃO
“Depois veio o momento de ler, com que emoção e com que ale-
gria!... a fórmula dos Votos. Depois comunguei... Então vi Jesus formosís-
simo. O Coração estava abrasado, a Chaga aberta; saia dele uma força que
me atraiu, me fez entrar até o fundo e me achei perdida dentro do seu Cora-
ção!”
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Josefa no ofício de costura
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15.A MENSAGEM DE AMOR
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nhor frequentemente recorda a Josefa o poder conferido à alma batizada
sobre os tesouros da Redenção.
Jesus quer, por meio desta nova efusão de seu Coração, obter, não
somente a reciprocidade do amor, mas também a resposta da confiança, que
lhe é mais preciosa ainda, porque é a prova do mais terno amor e a fonte do
amor mais generoso.
Confiança na Misericórdia
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meus Sofrimentos e meu Sangue serão inúteis!... Mas, como as amei
assim as amo... Não é o pecado que mais fere meu Coração...
“Aqui, nota Josefa, eu Lhe disse que as almas já sabem disso e que
ele não se esquecesse de que eu não passo de uma miserável capaz de lhe
estorvar todos os Planos.”
Quero falar-te das almas que tanto amo. Quero que possam
sempre achar em minhas Palavras remédio para suas enfermidades.
(...)
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17.APELO ÀS ALMAS ESCOLHIDAS
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Nosso Senhor não exige de seus apóstolos uma santidade imediata para que
possam começar a trabalhar em sua vinha – de fato, se só santos das últimas mo-
radas pudessem fazer apostolado, bem poucos seriam os apóstolos... Vemos isso
exemplarmente na figura de Pedro, rude e inconstante como era, e no entanto foi
a ele que Cristo confiou o primado apostólico. Tender à perfeição é sim uma
obrigação a qual devemos corresponder (Mt V, 48), porém não se dispensa aos
caminhantes que possam esperar se santificarem para evangelizar, porque a pró-
pria evangelização é via de santificação.
15
O Apóstolo São João Evangelista, aparecendo certa vez a Josefa, vai dizer: “O
sofrimento é a vida da alma e a alma que compreendeu o valor do sofrimento
vive da verdadeira Vida.”
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18.O SENTIDO REDENTOR DA VIDA COTIDIANA
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Há muitas almas que, aos olhos do mundo, tem importantes en-
cargos e obtêm grande Glória para meu Coração, é certo; mas tenho
muitas almas escondidas, que em seus humildes trabalhos são operá-
rias utilíssimas à minha Vinha pois é o Amor que as impele e elas sa-
bem, banhando suas pequenas ações no meu Sangue, recobri-las de ou-
ro sobrenatural.
Meu Amor vai tão longe que, do nada, minhas Almas podem re-
tirar grandes tesouros. Quando, desde a manhã, unindo-se a Mim, me
oferecem todo seu dia com ardente desejo que meu Coração dele se
sirva em proveito das almas... quando, por amor, fazem seu dever, ho-
ra a hora, e momento a momento, que tesouros não acumulam em um
dia! (...)
Quero pois que saibam quanto o desejo de sua perfeição Me con-
some e como a perfeição consiste em fazer as ações comuns e ordiná-
rias em íntima união comigo. Se compreenderem isto, divinizarão sua
vida e toda a sua atividade, por meio de estreita união com meu Cora-
ção; e quanto vale um dia de Vida divina!...16
16
Magistralmente, Garrigou-Lagrange comenta esta doutrina do sentido redentor
e santificador da vida cotidiana: “Muitos vão muito lentamente e tornam-se al-
mas atrasadas. (...) Como uma alma torna-se atrasada? Isso ocorre-lhe sobretudo
pela negligencia às pequenas coisas na pratica das virtudes e da piedade. (...) As
pequenas coisas do serviço de Deus são pequenas em si mesmas, mas grandes
pelo fim ao qual são ordenadas e pelo espírito de fé e de amor com o qual seria
preciso cumpri-las (...). Estas pequenas coisas são a oração antes e depois do es-
tudo, antes e depois das refeições, a prática atenta até aos detalhes das virtudes da
humildade, da paciência, da doçura, da polidez. (...). Assim mantém-se uma uni-
ão não só habitual, mas atual com Deus.” (A Santíssima Trindade em nós)
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daqueles que se amam e vivem perto um do outro, porque, se não fa-
lam constantemente, ao menos olham-se e têm mútuas atenções e deli-
cadezas que são fruto do amor.
Direi às almas que meu Coração vai mais longe ainda: não so-
mente se serve de sua vida ordinária e de suas mínimas ações, mas
quer utilizar também, pelo bem das almas, suas misérias... suas fra-
quezas... até suas próprias quedas.”
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“Escuta, Josefa! É loucura que tenho pelas almas!”
Nunca lhes recuso a minha graça, nem mesmo quando estão car-
regadas dos mais graves pecados, e que não as separo então daquelas
que amo com predileção. Guardo-as todas no meu Coração, para dar a
cada uma os socorros necessários a seu estado. (...)
“Por que temes? Não sabes que sou mais poderoso do que ele e
do que todos os teus inimigos? O demônio com toda a sua fúria não
pode causar dano maior do que o permitido por meu Amor. Sou eu
que permito o sofrimento das almas que amo.17 Esse sofrimento é ne-
17
Em outra oportunidade, vai dizer Jesus: “Crês que alguma coisa possa acon-
tecer sem que Eu o permita? Eu disponho tudo para o bem de todas as al-
mas e de cada uma delas. Por mais obscura que te pareça esta hora, meu
Poder a domina e minha Obra resplandecerá. Sou tudo para ti, Josefa, nada
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cessário a todas e especialmente a minhas escolhidas! Ele as purifica e
posso assim servir-Me delas para arrancar muitas almas ao inferno.”
“Como é que – escreve ela – a gente reza por uma alma meses e me-
ses a fio, e a oração parece nada obter?... Como, Ele que tanto deseja a
conversão dos pecadores, não lhes comove corações para que se não per-
cam tantas preces e tantos sacrifícios?”
Eterno Pai, que por amor às almas entregastes à morte vosso Fi-
lho Único, pelo seu Sangue, pelos seus méritos e pelo seu Coração, ten-
de piedade do mundo inteiro e perdoai todos os pecados que se come-
tem.
Ó Pai Eterno, tende piedade das almas! e não esqueçais que ain-
da não chegou o tempo da justiça mas sim da Misericórdia.
receies, pois não estás só. Não te conduzi aqui para tua perdição, mas por
amor e porque convém que tudo seja assim.”
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Visitas a Jesus Sacramentado
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as exigências do mundo... vos solicitam incessantemente. Mas não te-
reis um instante para Me dar alguma prova de amor e gratidão?
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Tibieza no trato com a Eucaristia
Dizei-Lhe que vosso corpo está extenuado... que vosso coração es-
tá opresso até a morte... que vossa alma parece experimentar o suor de
sangue... Orai com confiança de filha e esperai tudo daquele que é vos-
so Pai. Ele próprio vos consolará e vos dará a força necessária para
atravessar a tribulação ou o sofrimento, seja este vosso ou das almas
que vos são confiadas. (...)
Este homem conhecia o meu Coração. Sabia que não posso resis-
tir à súplica duma alma que espera tudo de Mim. (...)
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ões não cumprirão o que Me prometem. Mas a sua determinação Me
glorifica, o ato de humildade que fizeram depois da queda, a confiança
que em Mim depositam Me honram tanto que Meu Coração derrama
sobre elas torrentes de graças.
Queixa amorosa
Alma querida! por que te deixas arrastar por essa paixão? Por
que lhe deixas campo livre?... Não está sempre em teu poder te livrares
dela, mas só te peço combate-la, lutar e resistir-lhe... Que são os praze-
res momentâneos?... senão os trinta dinheiros por que Judas Me ven-
deu e que só serviram para sua perdição?
Vontade de Deus
50
mas não desdenhassem seguir-Me numa trilha que o mundo julga vil e
baixa e que lhes parece indigna de sua condição.
Vós que vos sentis interiormente atraídos a tal estado... não resis-
tais... não procureis, com vãs e orgulhosas razões, fazer a Vontade di-
vina querendo seguir, ao mesmo tempo, a vossa própria vontade... Não
julgueis encontrar paz e felicidade em condição mais ou menos bri-
lhante aos olhos das criaturas. Não as encontrareis senão na submissão
à Vontade de Deus e no inteiro cumprimento de tudo que vos pedir...
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Aqui não se trata de receber em vão os talentos de Deus, contudo em submeter
tudo aos pensamentos do Senhor, que são superiores aos nossos, como fica bem
explicado em outra passagem que Josefa relata a seguinte lição do Mestre: “Du-
rante trinta anos conheci os rudes trabalhos da vida operária. Sofri com
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muito estimada... gozar ou não de saúde... nada disso constitui, por si
mesmo, vossa felicidade... Conheceis a única coisa que vo-la garanti-
rá?... fazer a Vontade de Deus, abraçá-la com amor, unir-vos e con-
formar-vos com tudo que ela exija para sua Glória e para santificação
vossa (...).
Esfriamento espiritual
Falarei também para aquela alma que viveu primeiro na fiel ob-
servância de minha Lei, mas que se foi esfriando pouco a pouco até à
tibieza de uma existência cômoda. Ela esqueceu a própria alma, pode-
se dizer e também suas elevadas aspirações. Deus pedia-lhe mais esfor-
ços, mas os defeitos habituais cegaram-na e caiu nos gelos da tibieza,
piores que os do pecado, pois a consciência, surda e adormecida, não
sente mais remorsos e não ouve mais a Voz de Deus.
meu pai, São José, os desprezos daqueles para quem trabalhava... Não achei
indigno de Mim ajudar a minha Mãe no cuidado da pobre casa... E, entre-
tanto, não tinha Eu mais talento do que o necessário para desempenhar o
modesto ofício de carpinteiro? Eu que já aos doze anos de idade instruíra os
doutores do Templo? Era, porém, aquela a Vontade de meu Pai Celeste, e
era assim que mais glória Lhe podia dar...”
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mergulha-a no desânimo, na tristeza, no abatimento e, pouco a pouco,
submerge-a no temor e no desespero.
Almas que amo, não deis ouvidos a esse cruel inimigo. Vinde de-
pressa atirar-vos a meus Pés e, penetradas de viva dor, implorai minha
Misericórdia e não temais. Perdoo-vos. Começai novamente vossa vida
de fervor, recuperareis os méritos perdidos e minha Graça não vos fal-
tará.”
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nho.(...) Aceitam, sim, ajudar-Me a levar a cruz, mas sempre desejosas
de consolo e repouso! Consentem em seguir-Me e, com esse fim, abra-
çaram a vida perfeita, mas sem abandonar o próprio interesse que con-
tinua sendo o seu primeiro cuidado. Por isso vacilam e deixam cair a
minha Cruz quando a sentem muito pesada. Procuram modo de sofrer
o menos possível, calculam sua abnegação, evitam certo cansaço, certa
humilhação, certo trabalho e, lembrando-se talvez com pena do que
deixaram, tratam de conseguir ao menos alguns prazeres. (...)
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“É isto o que nós vemos nas vidas dos santos, em particular por sua aceitação
das contrariedades quotidianas que eles oferecem imediatamente ao Senhor, e
que assim se tornam ocasião de crescer constantemente na caridade; cada uma
destas contrariedades é assim como um degrau de escada que os aproxima de
Deus.” (Frei Reginald Garrigou-Lagrange, As sete leis superiores da vida da
graça)
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O caminho da virtude e da santidade é feito de abnegação e so-
frimento. (...) A minha Cruz é a porta da Verdadeira Vida, (...) e a al-
ma que soube aceitá-la tal qual lhe dei, entrará por ela nos esplendores
da vida eterna.
20.VIDA DE FÉ
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“O austero Luiz de Chardon diz com profundidade a este respeito, comentando
São Paulo: ‘Depois de termos admirado a violenta e insaciável inclinação do es-
pírito de Jesus para a Cruz compreenderemos melhor como Ele a distribui pelas
almas que lhe pertencem pelos vínculos da graça... Entendemos igualmente por-
que quanto maior é a elevação da alma em união com o espírito de Jesus tanto
maior será sua obrigação quanto ao sofrimento... Também seria uma desordem
da graça e das máximas do santo amor, se membros alimentados por confeitos
estivessem ligados a uma cabeça transpassada de espinhos...
Os membros são santificados pela mesma graça, que está em Jesus como em sua
fonte universal.(...). É indispensável que esta graça incline do mesmo modo, com
o mesmo rigor as almas predestinadas, a fim de que o corpo místico não pareça
um todo monstruoso na ordem da graça, onde o espírito de Jesus seria contrário a
si mesmo, sendo um nos membros e outro na Cabeça...
Assim, porque a graça decorre da alma de Jesus como de sua fonte original onde
ela produz um impulso dirigido para o fim pelo qual Jesus se fez homem, é uma
necessidade que a graça cause esta mesma disposição naqueles que recebem a
dignidade de nela participarem.” (Frei Reginald Garrigou-Lagrange - O amor de
Deus e a Cruz de Jesus)
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temas. Este sacrifício é necessário para a tua alma como para muitas ou-
tras”.
21.VOLTA A POITIERS
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não tenham. Só exijo que me dêem tudo o que possuem, pois tudo Me
pertence.
Amo a tal ponto as almas que dei a minha vida por elas. Por
amá-las, quis ficar prisioneiro no tabernáculo.
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Amo as almas, depois que cometeram o primeiro pecado, se
vêm pedir humildemente perdão...
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Sobre a Santa Missa
“Ide, pois [...] à Igreja. [Deus] lá vos espera dia e noite; e, em ca-
da domingo ou dia de festa, dai-Lhe essa hora, assistindo ao mistério
de Amor e Misericórdia que se chama a Missa.21
Se soubésseis como Ele vos ouvirá e com que Amor vos atende-
rá!...
Ela vos dirá que odiais tal pessoa sem razão, e que, ao contrário,
esta outra pessoa que consultais e amais, deveis separar-vos e fugir dos
seus conselhos... Experimentai e, pouco a pouco, vereis como se vai es-
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“Não há nada de pequeno na vida cristã: os atos mais simples, necessários para
a prática dos deveres de estado mais elementares, têm alguma coisa de grandioso
em relação ao fim último sobrenatural e à caridade que nos deve inspirar em vista
deste fim. Compreende-se assim que a perfeição não consiste em fazer coisas
brilhantes, extraordinárias, mas em fazer extraordinariamente bem as coisas ordi-
nárias da vida cristã: assistir bem à santa missa, preparar-se seriamente para a
santa comunhão, fazer bem a ação de graças, e viver deste tesouro da vida divina,
praticando nossos deveres com uma intenção sempre mais pura e mais firme,
apesar das dificuldades e atropelos [...]” (Frei Reginald Garrigou-Lagrange, Per-
feição Cristã e Contemplação).
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tendendo a cadeia das minhas graças. Porque acontece com o bem co-
mo com o mal, basta começar. Os anéis da cadeia prendem-se uns aos
outros. Se hoje ouvirdes a minha graça e a deixardes trabalhar em vós,
amanhã a ouvireis melhor; mais tarde, ainda melhor, e assim, de dia
para dia, a luz aumentará, a paz crescerá e preparareis a vossa felici-
dade eterna!”
Vivo nelas para ser a sua vida, moro nelas para ser a sua Força.
Sim, repito, não esqueçam que Me agrada ficar unido a elas, lembrem-
se que estou nelas... Ali as vejo, as ouço, as amo. Ali, espero que cor-
respondam ao Amor que lhes tenho.
Estou nessa alma como num deserto, ela nada Me diz, nada Me
pede... E, quando tem necessidade de consolação, o mais das vezes vai
pedi-la a uma criatura que tem de ir procurar, e não a Mim, seu Cria-
dor, que estou e vivo nela!...
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“Para fazer compreender o que deve ser a vida interior, convém compará-la
com a conversa íntima que cada um de nós tem consigo mesmo. Sob a influência
da graça, se formos fiéis, essa conversa íntima tende a se elevar, a se transformar
e se tornar uma conversa com Deus (...) É uma vida sobrenatural que, por um
verdadeiro espírito de abnegação e de oração, nos fez tender à união com Deus e
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22.DIAS DE PROVAÇÕES
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24.UNIÃO SOBRE A CRUZ
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Eis o nosso trabalho do alto do céu; ensinar as almas a viverem
unidas as Mim, não como se Eu estivesse longe delas, mas nelas, pois
pela graça vivo dentro delas e durante o tempo da comunhão minha
santa Humanidade, por assim dizer, nelas se encarna.”
“Sei para onde vou... nada receio, nada desejo... dei tudo!”
Não obstante tudo o que Josefa padece, o Senhor ainda permite que
Josefa seja vítima de uma possessão demoníaca que muitíssimo a faz so-
frer, lapidando cada vez mais a alma do pequeno lírio de Jesus.
Sente-se que está toda ocupada com Jesus e com as almas, em meio
às dores que somente a sua fisionomia revela. Declina o dia, cai o silêncio
envolvendo cada vez mais a oblação de Josefa. A simplicidade daquela tar-
de, tão parecida com as outras, esconde, mesmo aos olhos das suas Madres,
a iminência do sacrifício. Jesus assim permite para guardar para Si o segre-
do desta última preparação, deste acabamento, desta suprema consumação.
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É noite. Pelas sete e meia, a Irmã enfermeira pergunta à querida do-
ente se alguma coisa poderia aliviá-la. “Oh! Tudo o que quiser, Irmã... Es-
tou bem – posso ficar sozinha”, pois tocam as Ave-Marias e ela sabe que a
hora regular chama a Comunidade à refeição da tarde.
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Assim acaba a história do Amor fidelíssimo, naquele sábado, 29 de
dezembro de 1923.
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“Minhas palavras serão luz e vida para um número
incalculável de almas. Todas serão impressas, lidas e
pregadas, e dar-lhes-ei graça especial, a fim de que
esclareçam e transformem almas.”
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