3519 Afo Ciclo Orcamentario Jose Wesley

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CICLO ORÇAMENTÁRIO

PROCESSO ORÇAMENTÁRIO
Professor: José Wesley

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CICLO ORÇAMENTÁRIO
PROCESSO ORÇAMENTÁRIO

O ciclo orçamentário corresponde ao período de tempo em que ocorrem todas as


atividades típicas do orçamento público, desde sua elaboração até a apreciação final.

No Brasil o ciclo orçamentário é um processo contínuo, dinâmico e flexível, por meio


do qual se planeja, aprova, executa, controla/avalia a programação de gastos e
arrecadação da administração pública.

Atenção!!

O ciclo orçamentário não pode ser confundido com exercício financeiro, pois o exercício
financeiro coincide com o ano civil, ou seja, inicia-se em 1.º de janeiro e se encerra em
31 de dezembro de cada ano, conforme dispõe o art. 34 da Lei 4.320/1964. Isso é só a
fase da execução do ciclo orçamentário.
Questão

(CESPE - 2018 - STJ - Técnico Judiciário – Administrativa) A respeito das


técnicas, dos princípios e do ciclo orçamentários, julgue o item a seguir. O
ciclo orçamentário tem início com a preparação da proposta orçamentária
e termina com o encerramento do exercício financeiro.
Gabarito:. Item errado.

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Em geral é comum estabelecer um prazo teórico de 2 anos para o ciclo orçamentário, sendo o
primeiro ano para elaboração e aprovação, já o segundo ano para execução e
controle/avaliação. Mas lembre-se, esse é um prazo teórico. Em termos práticos não há, de
fato, um prazo bem definido para início e fim de um ciclo orçamentário.

Na esfera federal os prazos para o ciclo orçamentário estão no Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias (ADCT) e estarão em vigor enquanto não for editada a Lei
Complementar prevista na CF/1988.

Art. 165
§ 9ºCabe à lei complementar:
I – dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do
plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária anual;
[...]

O Processo orçamentário, visto de modo ampliado, incluindo PPA, LDO e LOA pode ser
considerado como de 8 fases.
O nobre SANCHES afirma em sua obra“O ciclo orçamentário: uma reavaliação à luz da Constituição de
1988: Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro: FGV, v. 27, n.4, pp. 54-76, out./dez. 1993”, que o
ciclo orçamentário ampliado desdobrar-se em oito fases, quais sejam:

1. formulação do planejamento plurianual, pelo Executivo;

2. apreciação e adequação do plano, pelo Legislativo;

3. proposição de metas e prioridades para a administração e da política de alocação de recursos pelo Executivo;

4. apreciação e adequação da LDO, pelo Legislativo;

5. elaboração da proposta de orçamento, pelo Executivo;

6. apreciação, adequação e autorização legislativa;

7. execução dos orçamentos aprovados;

8. avaliação da execução e julgamento das contas.


Questão

(CESPE - 2013 - STF - Analista Judiciário - Área Administrativa)


A respeito do ciclo orçamentário, que é uma premissa utilizada pela SOF para nortear o
desenvolvimento do seu processo de trabalho de elaboração da proposta orçamentária
em cada exercício, e das técnicas orçamentárias disponíveis para elaboração do
orçamento público, julgue os itens subsecutivos. Nos termos da CF, o ciclo
orçamentário desdobra-se em oito fases, cada uma com ritmo próprio, finalidade
distinta e periodicidade definida.
GAB: certo
Etapas do ciclo orçamentário (da LOA):

1. Elaboração/planejamento da proposta orçamentária;


2. Discussão/estudo/aprovação da Lei de Orçamento;
3. Execução orçamentária e financeira; e
4. Avaliação/controle.
Questão
(CESPE - 2016 - DPU – Contador) Com relação às disposições constantes na
LRF a respeito da lei orçamentária anual (LOA), à lei de diretrizes
orçamentárias (LDO) e ao plano plurianual (PPA), julgue o item
subsecutivo. O ciclo orçamentário pode ser definido como um rito
legalmente estabelecido, com etapas que se repetem periodicamente e
que envolvem elaboração, discussão, votação, controle e avaliação do
orçamento.
GAB. Item certo.
ELABORAÇÃO DAS PROPOSTAS/PLANEJAMENTO:

Fases

• Fixação da meta fiscal,


• Projeção das receitas,
• Projeção das despesas obrigatórias e
• Apuração das despesas discricionárias.
(CESPE - 2015 - Telebras – Contador) A respeito do ciclo orçamentário e
todas as fases que o compõem, julgue o item que se segue. O exercício
financeiro coincide com o ano civil, ao passo que o ciclo orçamentário tem
duração variável em função das várias fases de elaboração da proposta
orçamentária, que incluem a apreciação, a aprovação, o controle e a
avaliação do orçamento.
GAB Item errado.
Fixação da meta fiscal:

É a primeira etapa da elaboração e representa o ato em que as metas de


resultado fiscal para o período são definidas.

Dada a orientação da política fiscal, de estimular o crescimento da


economia sem que isso represente riscos à sua estabilidade, as metas
fiscais são definidas tendo em vista a produção de resultados primários
positivos compatíveis com a redução da relação dívida pública sobre o
Produto Interno Bruto – PIB.
Projeção das receitas não financeiras:

De maneira geral, as receitas não financeiras são as receitas administradas


(impostos e contribuições em geral), a arrecadação líquida do INSS e as
receitas não administradas (dividendos, receitas próprias, etc.).

Para estimativa da receita líquida disponível para alocação, desconta-se da


receita total o montante das transferências para Estados e Municípios,
previstas na Constituição.
Projeção de recursos destinados às despesas obrigatórias:

Constituem obrigações constitucionais ou legais da União.

As principais despesas obrigatórias estão associadas ao pagamento de pessoal e


encargos, de benefícios da previdência e assistenciais vinculados ao salário-
mínimo e subsídios e subvenções, entre outros.

A alocação das despesas obrigatórias é realizada posteriormente de forma


diferenciada, dado que, por força de determinação legal, não existe
discricionariedade por parte do gestor público quanto ao montante de recursos
a ser associado a essas despesas.
Apuração das despesas discricionárias

Definição do montante de recursos que os órgãos setoriais poderão manejar


para alocação no seu conjunto de programas para o período do plano.

O montante de recursos previstos para a realização das despesas discricionárias


será distribuído pelo Ministério do Planejamento entre os órgãos setoriais,
tendo como base para essa repartição o perfil de gasto de cada órgão e as
prioridades de governo.

Definido o limite de gasto discricionário para o período, cada Ministério


procederá à alocação desses recursos em seus respectivos programas, devendo
ter como parâmetro para essa repartição a orientação estratégica de governo e
as orientações estratégicas dos ministérios.
Papel dos principais agentes no processo elaboração do orçamento:

O Manual Técnico de Orçamento – MTO determina o papel dos agentes no


processo de elaboração do Orçamento, individualizando as atribuições da
Secretaria de Orçamento Federal (SOF), dos órgãos setoriais e das
unidades orçamentárias.
Secretaria de Orçamento Federal (SOF)

A SOF tem entre suas atribuições principais a coordenação, a consolidação


e a elaboração da proposta orçamentária da União, compreendendo os
orçamentos:

✓Fiscal e
✓Seguridade social.

Observação: O orçamento de investimentos cabe à Secretaria de


Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST).
O trabalho desenvolvido pela SOF, no cumprimento de sua missão institucional, como órgão específico e
singular de orçamento do Órgão Central do Sistema de Planejamento e de Orçamento Federal, o Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão, compreende:

• definição de diretrizes gerais para o processo orçamentário federal;


• coordenação do processo de elaboração dos Projetos de Lei de Diretrizes Orçamentárias Anuais – PLDO e do
orçamento anual da União;
• análise e definição das ações orçamentárias que comporão a estrutura programática dos órgãos e unidades
orçamentárias no exercício;
• fixação de normas gerais de elaboração dos orçamentos federais;
• orientação, coordenação e supervisão técnica dos órgãos setoriais de orçamento;
• fixação de parâmetros e referenciais monetários para a apresentação das propostas orçamentárias setoriais;
• análise e validação das propostas setoriais;
• consolidação e formalização da proposta orçamentária da União; e
• coordenação das atividades relacionadas à tecnologia de informações orçamentárias necessárias ao trabalho
desenvolvido pelos agentes do sistema orçamentário federal.
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Vamos começar com este desenho apenas para encadear as ideias no que
se refere aos agentes no processo de elaboração do Orçamento:

O processo de elaboração do PLOA se desenvolve no âmbito do Ministério


da Economia e envolve um conjunto articulado de tarefas complexas. Por
ser responsável pela consolidação e formalização da proposta
orçamentária da União, a SOF conta com a participação dos Poderes
Legislativo, Executivo e Judiciário, o que pressupõe a constante
necessidade de tomada de decisões nos seus vários níveis.

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ATENÇÃO!!!

OBSERVAÇÃO: O processo de elaboração da proposta orçamentária para os


Poderes Legislativo e Judiciário, para o Ministério Público da União e
Defensoria Pública da União apresenta as seguintes peculiaridades:

As LDOs determinam os prazos para que os citados acima encaminhem


suas propostas para a SOF. Veja o exemplo:
O art. 26 da LDO 2019 determina que o envio da proposta orçamentária desses
órgãos à SOF se dará até 15 de agosto de 2018
Além disso, vale ressaltar que o Poder Judiciário e o Ministério Público da
União deverão encaminhar à CMO parecer de mérito de suas propostas
orçamentárias elaborado pelo Conselho Nacional de Justiça e do Conselho
Nacional do Ministério Público, respectivamente.

Observação: A LDO também estabelece os limites orçamentários para a


despesa primária para a elaboração de suas respectivas propostas
orçamentárias.
Órgão Setorial

O órgão setorial desempenha o papel de articulador no seu âmbito, atuando verticalmente no processo
decisório e integrando os produtos gerados no nível subsetorial, coordenado pelas unidades orçamentárias.
Sua atuação no processo de elaboração envolve:

• estabelecimento de diretrizes setoriais para elaboração da proposta orçamentária;


• avaliação da adequação da estrutura programática e mapeamento das alterações necessárias;
• formalização ao Ministério do Planejamento da proposta de alteração da estrutura programática;
• coordenação do processo de atualização e aperfeiçoamento da qualidade das informações constantes do
cadastro de programas e ações;
• fixação, de acordo com as prioridades setoriais, dos referenciais monetários para apresentação das
propostas orçamentárias das unidades orçamentárias;
• definição de instruções, normas e procedimentos a serem observados no âmbito do órgão durante o
processo de elaboração da proposta orçamentária;
• coordenação do processo de elaboração da proposta orçamentária no âmbito do órgão setorial;
• análise e validação das propostas orçamentárias provenientes das unidades orçamentárias; e
• consolidação e formalização da proposta orçamentária do órgão.
Exemplos: Setorial do Ministério da Educação, do Ministério da Saúde, etc.
Unidade Orçamentária

A unidade orçamentária desempenha o papel de coordenadora do processo de


elaboração da proposta orçamentária no seu âmbito de atuação, integrando e
articulando o trabalho das unidades administrativas componentes. Trata-se de
momento importante do qual dependerá a consistência da proposta do órgão,
no que se refere a metas, valores e justificativas que fundamentam a
programação.

De acordo com o art. 14 da Lei 4.320/1964, constitui unidade orçamentária o


agrupamento de serviços subordinados ao mesmo órgão ou repartição a que
serão consignadas dotações próprias. Em casos excepcionais, serão consignadas
dotações a unidades administrativas subordinadas ao mesmo órgão.

As unidades orçamentárias são responsáveis pela apresentação da programação


orçamentária detalhada da despesa por programa, ação orçamentária e
subtítulo.
Questão
(CESPE - 2018 - MPU - Técnico do MPU – Administração) A respeito de
orçamento público, julgue o próximo item. Na elaboração da proposta
orçamentária, cabe ao órgão setorial elaborar e apresentar ao órgão
central de orçamento a programação orçamentária detalhada da despesa
por programa, ação e subtítulo.
GAB Item errado.
Seu campo de atuação no processo de elaboração compreende:

• estabelecimento de diretrizes no âmbito da unidade orçamentária para elaboração da


proposta orçamentária;
• estudos de adequação da estrutura programática do exercício;
• formalização ao órgão setorial da proposta de alteração da estrutura programática
sob a responsabilidade de suas unidades administrativas;
• coordenação do processo de atualização e aperfeiçoamento das informações
constantes do cadastro de ações orçamentárias;
• fixação, de acordo com as prioridades, dos referenciais monetários para apresentação
das propostas orçamentárias das unidades administrativas;
• análise e validação das propostas orçamentárias das unidades administrativas; e
• consolidação e formalização da proposta orçamentária da unidade orçamentária.

Exemplos: cada uma das Universidades Federais, cada um dos Institutos Federais de
Educação, etc.
Logo, cabe às Unidades Orçamentárias a análise e validação das propostas
orçamentárias das unidades administrativas.

Por esse desenho, vemos que há a participação de diferentes órgãos —


MPOG (Órgão Central) por meio da Secretaria de Orçamento Federal (SOF),
setoriais e unidades orçamentárias.
Resumindo!!!

SOF: coordenação, diretrizes e consolidações gerais. Todos os órgãos setoriais seguem a SOF e sugerem
alterações a ela. A SOF analisa e valida o que vem de todos os órgãos setoriais.

Órgão Setorial: meio-de-campo entre a SOF (geral) e a UO (específica). Coordenação, diretrizes e


consolidações intermediárias, ou seja, apenas no seu âmbito. Segue as regras gerais da SOF. O Setorial
analisa e valida o que vem de todas as suas UOs.

Unidade Orçamentária (UO): é quem efetivamente recebe a dotação diretamente na LOA. É onde você vê
o crédito consignado. Coordenação, diretrizes e consolidações específicas, ou seja, apenas no seu âmbito
restrito.

Unidade Administrativa (UA): não tem dotação consignada diretamente na LOA. Depende da UO, que
descentraliza o crédito para a UA. Segue as regras gerais da SOF, as intermediárias do Órgão Setorial e as
específicas da UO a que está ligada.

Obs. Importante:
Os órgãos setoriais (“de cima”) analisam, validam e ajustam as propostas das unidades
orçamentárias (“de baixo”).
O QUE É UMA UNIDADE GESTORA?

O conceito de Unidade Gestora (UG) não aparece na elaboração do


orçamento, apenas na execução. A UG é uma unidade orçamentária ou
administrativa investida do poder de gerir recursos orçamentários e
financeiros, próprios ou sob descentralização.
Demais Poderes e do Ministério Público
Consoante a LRF, o Poder Executivo de cada ente colocará à disposição dos demais Poderes e do
Ministério Público, no mínimo trinta dias antes do prazo final para encaminhamento de suas
propostas orçamentárias, os estudos e as estimativas das receitas para o exercício subsequente,
inclusive da corrente líquida, e as respectivas memórias de cálculo.
Isso ocorre porque todos os Poderes (Legislativo, Judiciário e mais o Ministério Público)
elaboram suas propostas orçamentárias parciais e encaminham para o Poder Executivo, o qual é
o responsável constitucionalmente pelo envio da proposta consolidada ao Legislativo.
Consoante o art. 99 da CF/1988, ao Poder Judiciário é assegurada autonomia administrativa e
financeira.
O § 1.º ressalta que os tribunais elaborarão suas propostas orçamentárias dentro dos limites
estipulados conjuntamente com os demais Poderes na Lei de Diretrizes Orçamentárias.
Logo, o Poder Judiciário é obrigado a elaborar sua proposta orçamentária dentro dos limites
estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias.
Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia administrativa e financeira. No entanto, os
tribunais elaborarão suas propostas orçamentárias dentro dos limites estipulados conjuntamente
com os demais Poderes na Lei de Diretrizes Orçamentárias.
O Poder Judiciário é obrigado a elaborar sua proposta orçamentária dentro dos limites
estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias.
MINISTÉRIO PÚBLICO

De acordo com o art. 127 da CF/1988, ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional
e administrativa. O § 3.º ressalta que o Ministério Público elaborará sua proposta orçamentária
dentro dos limites estabelecidos na Lei de Diretrizes Orçamentárias.

Logo, o Ministério Público também é obrigado a elaborar sua proposta orçamentária dentro
dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias.

Todos os Poderes, de acordo com os critérios e limites estabelecidos pela LDO, elaboram suas
propostas orçamentárias parciais e encaminham para o Poder Executivo, o qual é o
responsável constitucionalmente pelo envio da proposta consolidada ao Legislativo.

O Ministério Público não integra a proposta do Executivo. De acordo com o art. 127 da
CF/1988, ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e administrativa. No
entanto, da mesma forma que os Poderes, o Ministério Público elaborará sua proposta
orçamentária dentro dos limites estabelecidos na Lei de Diretrizes Orçamentárias.
Ainda, as agências reguladoras não encaminham suas propostas diretamente ao
Congresso Nacional. Seguem as mesmas regras gerais de todas as unidades
orçamentárias.

Até mesmo o Legislativo envia a sua proposta ao Executivo, para que depois ela volte
consolida na forma de Projeto de Lei Orçamentária ao Congresso Nacional.

De acordo com esse artigo, as leis do PPA, LDO e LOA são de iniciativa do Poder
Executivo: Presidente, Governadores e Prefeitos.

Na esfera federal, a Constituição Federal, em seu art. 84, XXIII, determina quea
iniciativa das leis orçamentárias é de competência privativa do Presidente daRepública:
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
(...)
XXIII – enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes
orçamentárias e as propostas de orçamento previstos nesta Constituição.
No entanto, importantes doutrinadores consideram tal competência
exclusiva.

A diferença que se faz é que a competência exclusiva é indelegável e a


competência privativa é delegável. O problema é que a CF/88 não é
rigorosamente técnica nesse assunto. No caso das leis orçamentárias,
seriam matérias de competência exclusiva do presidente da república,
porque são atribuições indelegáveis.

Segundo o art. 85 da CF/1988, constituem crime de responsabilidade os


atos do Presidente da República que atentem contra a lei orçamentária.
PRAZOS

Na esfera federal os prazos para o ciclo orçamentário estão no § 2.o, I a III, do art. 35 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias (ADCT):

§ 2.º Até a entrada em vigor da lei complementar a que se refere o art. 165, §
9.º, I e II, serão obedecidas as seguintes normas:
I – o projeto do plano plurianual, para vigência até o final do primeiro exercício financeiro do mandato presidencial
subsequente, será encaminhado até quatro meses antes do encerramento do primeiro exercício financeiro e devolvido
para sanção até o encerramento da sessão legislativa;
II – o projeto de lei de diretrizes orçamentárias será encaminhado até oito meses e meio antes do encerramento do
exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento do primeiro período da sessão legislativa;
III – o projeto de lei orçamentária da União será encaminhado até quatro meses antes do encerramento do exercício
financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa.

Nos estados e municípios os prazos do ciclo orçamentário devem estar, respectivamente, nas Constituições Estaduais e
nas Leis Orgânicas.
Logo, o Poder Executivo Federal tem o dever de, até 31 de agosto do primeiro ano do mandato presidencial, enviar ao
Congresso Nacional a proposta do
Plano Plurianual.
PRAZOS

PPA:
Encaminhamento ao CN: até 4 meses antes do encerramento do 1º exercício financeiro (31.08).
Devolução para sanção: até o encerramento da sessão legislativa (22.12)

LDO:
Encaminhamento ao CN: até 8 meses e 1/2 antes do encerramento do exercício financeiro (15.04).
Devolução para sanção: até o encerramento do primeiro período da sessão legislativa (17.07).

LOA:
Encaminhamento ao CN: até 4 meses antes do encerramento do exercício financeiro (31.08).
Devolução para sanção: até o encerramento da sessão legislativa (22.12).
Incongruência (PPA E LDO)

Repare que no 1.° ano do mandato do Executivo é aprovada a LDO para o


ano seguinte antes do envio do PPA! E mais, o PPA é enviado e aprovado
nos mesmos prazos da LOA! Veja que incongruência, pois neste primeiro
ano não há integração. A LDO deveria sempre seguir o planejamento do
PPA.

A CF fala em “até”. No entanto, na prática, as três leis orçamentárias são


sempre encaminhadas no limite do prazo.

Logo, no primeiro ano do mandato presidencial, não há condições


objetivas de compatibilizar a LDO com o PPA, pois a LDO para o ano
seguinte é aprovada antes do envio do PPA.
Questão
(CESPE– Gestão Econômico-Financeira e de Custos- Min. da Saúde) No
primeiro ano do mandato presidencial, não há condições objetivas de
compatibilizar a LDO com o PPA.

GAB Item certo.


E se o Executivo não enviar no prazo a sua proposta para apreciação do Legislativo?

A Lei 4.320/1964 dispõe sobre o caso do Executivo não enviar no prazo a sua proposta
para apreciação do Legislativo:

Art. 32. Se não receber a proposta orçamentária no prazo fixado nas Constituições ou
nas Leis Orgânicas dos Municípios, o Poder Legislativo considerará como proposta a Lei
de Orçamento vigente.

Assim, caberá ao Poder Legislativo apreciar novamente o orçamento vigente como se


fosse uma nova proposta! Ignora que diversos programas se exaurem ao longo do
exercício, mas essa é a única previsão legal, já que a CF/1988 não traz nenhuma diretriz.

Atenção: tal previsão está na Lei 4.320/1964 e não na Constituição Federal. Nesse
sentido a CF/88 é omissa.
E se o Poder Executivo enviar a proposta e o Congresso Nacional não
votá-la, como afirma a questão?

O caso do Legislativo não devolver o PLOA para a sanção é tratado apenas


nas LDOs, que estabelecem regras para a realização de despesas essenciais
até que ele seja devolvido ao Executivo.

Porém não há nenhuma previsão constitucional. Sendo omissa também


nessa hipótese, a nossa CF/88.
E o que as LDOs dizem?

A cada ano, as LDOs determinam que se o Projeto de Lei Orçamentária – PLOA


não for sancionado pelo Presidente da República até 31 de dezembro do ano
corrente, a programação dele constante poderá ser executada até o limite de
1/12 (um doze avos) do total de cada ação prevista no referido Projeto de Lei,
multiplicado pelo número de meses decorridos até a sanção da respectiva lei.
Por exemplo, se o PLOA não for aprovado até o fim de março (3 meses) do ano
que deveria estar em vigor, cada ação poderá ser executada em 3/12 do valor
original.

No entanto, o limite previsto de 1/12 ao mês não se aplica ao atendimento de


algumas despesas, de acordo com o que determinar a LDO daquele ano. Por
exemplo, as despesas com obrigações constitucionais ou legais da União e o
pagamento de bolsas de estudos podem ser dispensadas da regra pela LDO e
serem executadas como se o PLOA já tivesse sido aprovado.
Resumindo:

O importante é saber que se o PLOA não for aprovado pelo Congresso


Nacional antes do início do exercício financeiro a que se refere, a
programação das dotações dele constantes poderá ser executada, desde
que respeitado o limite de um doze avos do total de cada ação,
multiplicado pelo número de meses decorridos até a sanção da respectiva
lei. No entanto, há inúmeras exceções, logo tal regra não se aplica a
todas as dotações.
Rejeição da LDO E PPA

Quanto à rejeição das Leis Orçamentárias, há impossibilidade do Poder


Legislativo rejeitar o PPA e a LDO. A CF/1988 estabeleceu que ambas
devem ser devolvidas para a sanção, ficando afastada a possibilidade de
rejeição.

Também a sessão legislativa não será interrompida sem a aprovação da


LDO.
E A LOA?

Em relação à LOA, é permitida a rejeição, pois, segundo o § 8.o do art.


166:

§ 8.º Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou rejeição do


projeto de lei orçamentária anual, ficarem sem despesas correspondentes
poderão ser utilizados, conforme o caso, mediante créditos especiais ou
suplementares, com prévia e específica autorização legislativa.
DISCUSSÃO/APRECIAÇÃO
APROVAÇÃO DO ORÇAMENTO

Processo Legislativo do Orçamento

Segundo o art. 166 da CF/1988, os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao
orçamento anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do
regimento comum.

Consoante a CF/1988, caberá à Comissão mista permanente de Senadores e Deputados:

I – examinar e emitir parecer sobre os projetos relativos ao PPA, LDO, LOA, créditos adicionais e sobre as contas
apresentadas anualmente pelo Presidente da República;

II – examinar e emitir parecer sobre os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos nesta Constituição
e exercer o acompanhamento e a fiscalização orçamentária, sem prejuízo da atuação das demais comissões do
Congresso Nacional e de suas Casas criadas de acordo coma CF/1988.

Logo, cabe a uma comissão mista permanente de senadores e deputados, dentre outras atribuições constitucionais, o
exercício do acompanhamento e da fiscalização orçamentária, sem prejuízo da atuação das demais comissões do
Congresso Nacional e de suas casas.
EMENDAS À LDO

As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias não poderão ser


aprovadas quando incompatíveis com o plano plurianual.
EMENDAS À LOA

As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem


somente podem ser aprovadas caso:

I – sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias;


II – indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de anulação
de despesa, excluídas as que incidam sobre:
a) dotações para pessoal e seus encargos;
b) serviço da dívida;
c) transferências tributárias constitucionais para Estados, Municípios e Distrito Federal;
ou
III – sejam relacionadas:
a) com a correção de erros ou omissões; ou
b) com os dispositivos do texto do projeto de lei (são chamadas de emendas de
redação, pois visam melhorar o texto, tornando-lhe mais claro e preciso).
Resumindo

Ao examinar o projeto de lei relativo ao orçamento anual da União, tanto


os Deputados Federais como os Senadores podem apresentar emendas.
No entanto, não poderão anular os recursos destinados às dotações para
pessoal, ao serviço da dívida e às transferências tributárias
constitucionais para estados, municípios e Distrito Federal.

Obs. Com base em portarias do Congresso Nacional, os parlamentares têm


direito a até 25 emendas individuais, por mandato. Além das emendas
individuais tem-se as emendas partidárias.
VOTAÇÃO NO CN

Nas leis orçamentárias (PPA, LDO e LOA), a discussão é conjunta, mas, na


hora da votação, procede-se como se houvesse votação simultânea na
Câmara e no Senado, ou seja, a maioria deve ser alcançada em cada casa
do Congresso Nacional. A aprovação se dá por maioria simples, pois apesar
do ciclo diferenciado, as leis orçamentárias são leis ordinárias.
AUMENTO DE DESPESA

Segundo o art. 63 da CF/1988, a regra é que não será admitido aumento


da despesa prevista nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da
República, ressalvadas as emendas ao projeto de lei do orçamento anual
ou aos projetos que o modifiquem e as emendas ao projeto de lei de
diretrizes orçamentárias. Assim, não será admitido aumento da despesa
prevista no projeto de lei do Plano Plurianual.
Questões

(IDECAN - 2019 - AGU – Administrador) A respeito do Ciclo Orçamentário,


assinale a alternativa correta.
A) O Ciclo Orçamentário obedece à sequência das seguintes etapas:
elaboração; estudo e aprovação; execução; e avaliação.
B) A etapa do planejamento é de competência do Poder Legislativo.
C) A etapa do estudo e aprovação constitui a concretização anual dos
objetivos e metas determinados para o setor público.
D) A etapa de execução refere-se à organização, aos critérios e trabalhos
destinados a julgar o nível dos objetivos fixados no Orçamento.
E) etapa da avaliação é a parte inicial, com a elaboração do orçamento em
conformidade com a Lei de Diretrizes Orçamentárias.
GAB. Resposta letra A.
(CESPE - 2018 - FUB – Administrador) Tendo como referência as normas
gerais que regem o processo orçamentário, julgue o item subsecutivo. As
tarefas do órgão setorial no processo orçamentário incluem a análise e
validação das propostas e das alterações orçamentárias de suas unidades
orçamentárias.

GAB Item certo.


CONTROLE DO ORÇAMENTO PÚBLICO

Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e


patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta,
quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das
subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional,
mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada
Poder.
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