Teste de Avaliação Luta Olimpica
Teste de Avaliação Luta Olimpica
Teste de Avaliação Luta Olimpica
TESTE DE AVALIAÇÃO DA
PERFORMANCE EM LUTA
Orientador:
Júri:
Presidente
Vogais
2013
Agradecimentos
minha vida, e especialmente por toda a força e apoio que me deram em todo o meu trajeto
apoio académico e institucional que durante este percurso se mostraram disponíveis a uma
caminhos e destinos possíveis nos vários campos que integram o mundo do treino
Motricidade Humana.
autorização e também interesse na administração dos testes aos atletas, assim como pela
1
Agradeço também ao grupo de colegas do Núcleo de Luta da Associação de
Aos meus grandes amigos, que sabem quem são. Seria injusto escrever nomes, sob
da minha vida e me ajudaram e ajudam a tornar na pessoa que sou hoje em toda a minha
integralidade.
2
Índice
Agradecimentos ................................................................................................................ 0
Índice ................................................................................................................................ 3
Resumo ........................................................................................................................... 11
Abstract ........................................................................................................................... 12
1. Introdução ................................................................................................................... 13
3
2.2.3.7. As puxadas ao solo ............................................................................................. 25
2.5.3. Cleveland State University Wrestling Performance Test (Klinzing, 1983) .......... 56
4
2.5.4. Modified Wingate Test for Upper Body (Hickner, 1991) ................................... 64
2.5.5. U.S. Olympic Education Training Center Sport-Specific Speed Endurance Test -
3. Método ........................................................................................................................ 66
exercícios especiais......................................................................................................... 69
5
Índice de Quadros
Quadro 6 – Estatística descritiva segundo características dos participantes por escalão ....... 68
Quadro 10 – Análise fatorial confirmatória do modelo final em função das cargas fatoriais,
Discriminante ......................................................................................................................... 99
Quadro 16 – Tabela classificatória corrida de resistência (800 metros) para iniciados ....... 106
Quadro 17 – Tabela classificatória corrida de resistência (1200 metros) para cadetes ........ 106
6
Quadro 19 – Tabela classificatória subida de corda para iniciados ...................................... 107
Quadro 21 – Tabela classificatória subida de corda para juniores e seniores ...................... 107
Quadro 24 – Tabela classificatória elevações na barra para juniores e seniores .................. 108
Quadro 27 – Tabela classificatória flexões de braços para juniores e seniores .................... 109
Quadro 30 – Tabela classificatória hiperextensões do tronco para juniores e seniores ....... 110
Quadro 31 – Tabela classificatória multisaltos com disco para iniciados ............................ 111
Quadro 33 – Tabela classificatória multisaltos com disco para juniores e seniores............. 111
Quadro 34 – Tabela classificatória das projeções com manequim para juniores e seniores 112
Quadro 35 – Tabela classificatória das cinturas russas com manequim para juniores e
Quadro 36 – Tabela classificatória das Entradas à Cintura com elástico para juniores e
7
Índice de Figuras
Figura 6 – P WPT Projeção por trás com controlo de cintura e rotação .................... 56
8
Figura 25 – Posição final de levantamento clássico com barra .................................. 79
9
Índice de Anexos
10
Resumo
(n=9), juniores (n=4), cadetes (n=25) e iniciados (n=4). Como a maior percentagem dos
lutadores são cadetes, a distribuição por categorias foi feita segundo a distribuição de
categorias de peso corporal de cadetes. O protocolo de testes é composto por duas partes,
uma parte de exercícios Especiais e uma parte de Exercícios Gerais, organizados em dois
fatores latentes.
sugerem que o teste de avaliação da performance do lutador é uma ferramenta válida para a
11
Abstract
This research work concerns the study on the development and validation of testing
protocol for evaluating the performance and physical condition of greco-roman wrestlers.
In this research participated forty-two wrestlers, nine wrestlers from the Portuguese Senior
National Team and thirty-one from youth ranking level from the former Wrestling
levels of age groups is as follows: senior (n = 9), juniors (n = 4), cadets (n = 25) and
beginners novice (n = 4) (Table 6). As the largest percentage of wrestlers are cadets,
categories of cadets. The testing protocol consists in of two parts, a part of special
exercises part and a part of general exercises part, organized into two latent factors.
The measurement model has shown showed good qualities of global and local
adjustment to the data fit indices and local fit. All constructs revealed showed good high
levels of internal consistency, reporting with values 0.85 (Special Exercises) and 0.88
(General Exercises). The values of average variance explained (AVE) are 0.65 (Special
model into data adjustment model fit the data. The testing has discriminant validity, ie no
construct presented values greater than any higher for the average variance extracted for
calculating the square of the correlation between the factors. The results suggest that
the testing for assessing of the wrestler performance of the fighter is a valid tool for the
12
1. Introdução
se que o atleta adquira técnicas ou ações motoras, que aperfeiçoe e desenvolva esse
repertório em treino e prepare as suas estruturas funcionais, para que seja eficaz e eficiente
função das características das modalidades, dos atletas e dos ambientes e contextos
(Peixoto, 1997).
integram grande complexidade técnico-tática intersetada com uma forte componente física
Por outro lado, a procura, também, de melhores pressupostos para desenvolver tais
13
preocupação emergente, por isso, quanto mais específicos e próximos da ecologia do
na modalidade da luta.
teóricos associados aos modelos de equações estruturais, à análise dos modelos, aos seus
pressupostos e aos problemas numéricos que podem surgir durante a estimação do modelo.
utilizada para testar a validade de modelos teóricos que definem relações causais,
hipotéticas, entre variáveis. Esta técnica resulta da combinação da técnica “Path Analysis”
sobre a análise fatorial (Joreskog, 1970, 1978; Spearman, 1904 cit in Maroco, 2010) e
resulta de uma extensão dos modelos lineares generalizados que considera, de forma
explícita, os erros de medida associados às variáveis sob estudo. Acredita-se que pode este
análise da literatura não revela um grande volume de trabalho na área dos testes específicos
para a luta, pelo que faz sentido a produção de estudos exploratórios que procurem extrair
duração e estrutura temporal do combate, que passou a ser por 3 períodos de 2 minutos
14
da atual realidade regulamentar. Assim, este estudo procura caracterizar o “novo” perfil de
regulamentar. Pensa-se que sem este esforço o processo de treino torna-se mais ou menos
descrição detalhada das decisões tomadas relativamente aos modelos, isto é, modelo
Assim, esta dissertação está estruturada em quatro partes. Após a Introdução, parte I,
será apresentada a Parte II, referente à Revisão de Literatura. Esta apresentará uma
15
por exercícios gerais. Os exercícios serão avaliados em função da sua carga fatorial e
visam identificar as variáveis que são afetas ao processo de controlo do treino e de treino,
16
2. Revisão da Literatura
integram grande complexidade técnico-tática intersetada com uma forte componente física
Por outro lado, a procura também de melhores pressupostos para desenvolver tais
na modalidade da luta.
O controlo do treino é mais uma das tarefas complexas que o treinador enfrenta, mas
pode ser entendida como base de um sistema de programação para uma ótima organização
para alcançar o êxito desportivo. Também, e ainda que pareça ser emergente o
17
abordagem não garante por si só mais sucesso em competição. As capacidades
de resultado, e o atleta adquire técnicas ou ações motoras, que aperfeiçoa e desenvolve esse
repertório em treino e prepara as suas estruturas funcionais, para que seja eficaz e eficiente
em competição.
Também, nesta modalidade, por vezes há fraca adesão dos lutadores e dos
treinadores em testar os lutadores. Os resultados competitivos, por si, na maioria dos casos
e regularmente utilizado pode ajudar a alcançar muitos objetivos. É desejável testar o que
Este último aspeto, tem sido o mais difícil de alcançar, i.e. aplicar o que se descobriu
acerca dos lutadores, o que os lutadores aprenderam sobre si próprios e usar esse
18
Sendo que no presente trabalho, se desenvolverá um teste de avaliação aplicado à
como a corrida e o remo por exemplo, que são por isso mais fáceis de testar. Por exemplo,
também têm mudado ao nível da duração dos combates e ao nível da procura e premeio de
ações explosivas.
motoras e que aperfeiçoe e desenvolva esse repertório motor em treino e prepare as suas
estruturas funcionais, para que seja eficaz e eficiente em competição. Esse repertório motor
19
2.2. Caracterização Técnica das Luta Olímpicas
Compreende grande complexidade técnica cruzada com uma forte componente física, entre
as quais a força, a resistência e a velocidade, bem como um alto padrão coordenativo, pelo
que é extrema a dificuldade dos praticantes em aprender e adquirir tudo o que esta abrange.
A evolução técnica da modalidade foi tão marcante que levou a uma diferenciação de
estilos de ataque e defesa. Numa fase inicial, haviam aqueles que preferiam o uso de
técnicas recorrendo mais à ação de braços e de tronco e outros que preferiam o uso de
pernas em conjunto com ações de braços. Mais tarde, esta diferença tornou-se tão evidente
que deu origem a duas especialidades de luta no quadro de competição, resultando assim a
formalmente interditas as ações ofensivas abaixo da cintura e a utilização ativa das pernas
na execução de todas as técnicas (Corneanu, Dmowski, & Neri, 1986). É esta distinção que
com a compreensão das características comuns entre elas foi possível de algum modo criar
2008 pp 22).
20
A terminologia das atividades desportivas tem sido desenvolvida essencialmente
através do gesto técnico, da sua estrutura com o movimento ou da sua relação com o
Embora existam nomes correntes utilizados pelos treinadores, atletas e árbitros, para
designar as ações utilizadas para combater e treinar, a verdade é que está longe de ser
21
contribuirão, com certeza, para a compreensão de ações técnicas que hoje não somos
relacionam entre si (Corneanu, Dmowski, & Neri, 1986). Assim, numa perspetiva de
responder a esta questão, foram observadas as ações decorrentes dos combates percebendo-
ações, o comportamento dos apoios assumia duas possibilidades. Significa que, por ação
dos lutadores, as costas eram voltadas para o tapete utilizando técnicas onde os apoios
Projeções e às segundas Derrubes. Outras técnicas (sem fase de voo) eram ainda utilizadas
para enviar o lutador para o solo sem que este chegasse ao tapete de costas, a posição
inicial era frontal para o seu adversário, passando essas a ser designadas por Desequilíbrios
e Puxadas ao solo.
ações, aquilo que era comum a todas as ações, era o facto de o corpo girar em torno de um
eixo. Assim, foi atribuído o nome rotações, às ações técnicas onde o corpo gira em torno
do eixo longitudinal. Às ações técnicas onde o corpo girava em torno do eixo transversal
Todavia, não era ainda possível diferenciar todas as técnicas possíveis de realizar,
pelo que a observação continuou e assim foi percebido que todas as técnicas tinham uma
direção: anterior, posterior e lateral. Foi percebido, também, que previamente à ação
22
propriamente dita, em todas as técnicas era utilizada uma forma de controlo. Carecia agora
uma forma de descrever a fase que dava origem a projetar, derrubar, rolar e rodar. Da
Em conclusão, os nomes das técnicas da luta, de acordo com uma lógica descritiva,
apresentam uma utilidade dupla, já que, desta forma, é possível construir o nome a partir
ação técnica ofensiva desconhecida a partir do nome. (Martins, 2008 pp. 23-25).
Associadas (FILA) editou vários manuais de técnicas que considerou como fundamentais
para uma correta aprendizagem da modalidade (Mysnyk, Davis, & Simpson, 1994; Petrov,
1975, 1986, 1995, 1999; Rothert & Tepper, 1990; Sasahara, 1972; Shahmuradov, 1996).
indicadas são gerais, i.e., estão indicadas para as duas especialidades de luta: a livre
23
2.2.3.1. As pegas
modo como as mãos estão juntas. São as formas como o lutador contacta com o seu
opositor utilizando os braços em volta do seu corpo, podendo ou não ter um ou os dois
braços intercalados, as mãos servindo para fechar o cerco em volta do mesmo. As mais
usuais são as pegas de cadeado em que estas estão em contacto uma com a outra com a
palma da mão e os dedos em sentido contrário e enrolados sobre si; a pega cruzada também
todas as técnicas são precedidas por uma forma de controlo. São também utilizadas para
garantir um certo ascendente sobre o adversário e precede a ação técnica propriamente dita.
Existem várias formas: as mais usuais são o controlo do braço por dentro, controlo de
braço por fora, controlo de cabeça e braço, controlo de cintura e controlo de cintura às
avessas, controlo da perna por dentro, controlo da perna por fora e, ainda controlo duplo de
braços e ou de pernas.
pernas estão fletidas e os braços, também fletidos, estão dirigidos para a frente. É nesta
posição que se dá início ao combate. De acordo com a altura existem três posições
pélvica, portanto, é alta se estiver acima, é média se estiver em frente e é baixa se estiver
24
utilizada na especialidade de livre olímpica e a média é considerada uma posição de
dirigida para a frente. Os joelhos devem distar em, pelo menos vinte centímetros dos
O lutador pode estar em pé, de joelhos ou com apenas um joelho, devendo-se colocar
2.2.3.6. Os deslocamentos
rasantes ao tapete sem troca de apoios, pernas fletidas e sempre de frente para o seu
As puxadas ao solo são ações técnicas ofensivas em que o adversário é atirado para o
2.2.3.8. As projeções
onde o seu adversário abandona o contacto dos apoios com o tapete simultaneamente e
25
2.2.3.9. Os derrubes
que o seu adversário abandona o contacto dos apoios com o tapete alternadamente e recebe
2.2.3.10. Os rolamentos
2.2.3.11. As rotações
Nas últimas décadas tem sido feito uma enorme pesquisa em torno da fisiologia e de
emocionais, ao nível do fator físico vários autores retratam um combate de luta em torno
dos mesmos conceitos. A luta requer um enorme esforço ao nível da potência e força da
musculatura assim como de força isométrica para a execução de várias técnicas (Horswill,
1992; Callan 2000; Kraemer, 2004). Callan (2000) refere que o treino destes lutadores é
aeróbia. Um atleta de elite, deve dispor de alto nível de coordenação motora, força
26
dinâmico e estático e a orientação espacial também são de importância vital (Tumanian,
que leva ao sucesso (Lansky, 1999). A potência e a capacidade anaeróbia são importantes
exemplo o teste Wingate pode ser usado para refletir a máxima habilidade de gerar
(Franchini, 2005). Outros testes serão abordados também mais à frente no presente
trabalho.
luta. A vitória ou a derrota na luta ocorrem em condições de fadiga, incluindo altos níveis
potência.
dos combates difere entre estilos e épocas. O tempo limite dos combates tem variado de 9
minutos (três períodos de 3 minutos com um 1 minuto de intervalo) nos anos 50, a 6
minutos (dois períodos de 3 minutos com um minuto de intervalo) nos anos 80, a apenas 5
minutos (período único sem tempo de intervalo) nos anos 90, a 6 minutos (períodos de 3
27
A modificação no sistema de pontuação e tempo de duração dita o tipo de atleta que
se pretende para a obtenção do sucesso na luta, assim como a mudança periódica de regras
pode também influenciar os métodos de treino usados pelos lutadores. Por exemplo, ao
longo dos anos, os consumos máximos de oxigénio têm vindo a diminuir devido a
oxigénio a nível competitivo internacional tem sido registado à volta de uma média de 53 a
56 ml/kg/min. No tempo dos jogos olímpicos de Seul (1988), o típico valor para os
lutadores era à volta de 60 ml/kg/min, com valores a irem além de 70 ml/kg/min nalguns
casos, estes últimos a serem similares a alguns corredores de resistência (Yoon, 2002).
resultados nas competições, embora tenha havido naturalmente um maior desvio para uma
solicitação mais anaeróbia, onde a força e a potência desenrolam um maior papel ainda do
que anteriormente. Em geral, os lutadores com sucesso mostram maiores níveis de força
dinâmica e estática do que os lutadores com menos sucesso. Em particular, a força do trem
rendimento.
2011) tem sido ilustrado embora a comunidade científica tem prestado pouca atenção à
inflamação ou estado do sistema imunitário, de um atleta que chegue à final por competir
wrestling (modalidade de luta muito similar à luta livre olímpica) de nível top 3 nacional,
demonstrou pela primeira vez que as exigências de um torneio são diferentes das
exigências que um combate único apresenta e que o stress acumula-se durante o decorrer
28
de um torneio (Kraemer, 2001). Mesmo com o recuperar de peso corporal causado pela
de tarde do segundo dia de torneio, cada atleta apresentou um estado fisiológico diminuído
e comprometido. Outro estudo feito (Barbas, 2011) que também apresentou resultados que
sugerem que um dia de torneio pode induzir exigências significativas nos lutadores que
comprometem a sua performance durante as últimas etapas do torneio. Neste estudo, houve
regulamentação oficial, com 12 lutadores (22.1 ± 1.3 anos de idade) que estavam a passar
(Kraemer, 2001), mas não a perda de peso por si só (Barbas, 2011). Neste ultimo estudo, a
igualmente uma deterioração progressiva (P < 0.05) especialmente nos dois últimos
combates (P < 0.05), com as medidas do trem superior a exibir um grande declínio
(P < 0.05) e a manterem-se abaixo dos valores iniciais (P < 0.05) até ao fim do torneio.
29
progressivamente ao longo do torneio, atingindo um pico nos últimos dois combates. O
mas a testosterona diminuiu (P < 0.05) progressivamente, atingindo o ponto mais baixo
antes do último combate. Esta resposta inflamatória foi acompanhada por um marcado
peso corporal aparentam ser uma maneira de se diminuir a degradação a nível fisiológico e
2011).
mesmos:
Por haver categorias de peso, há uma preocupação da maioria das preparações dos
lutadores para que se maximize a quantidade de massa magra, minimizando a massa gorda
e o peso total. O lutador é geralmente preparado para ter um somatótipo que acentue um
Os campeões mundiais normalmente têm menos de 10% de MG, o que revela cuidado em
relação a questões de nutrição e treino aeróbio, embora não haja grandes evidências entre a
30
2.3.1.2. Força
Por causa da relação entre a área e tamanho de secção transversal, a força é também
analisada quanto ao peso corporal, a chamada força relativa. Song & Carvie (1980)
reportaram, como esperado que a força absoluta é maior nos lutadores mais pesados do que
nos mais leves, embora o contrário é também verdade para a força relativa. Esta é maior
quanto mais leves forem os lutadores. Quando comparando os lutadores com sucesso com
31
os que têm menos sucesso, ou os mais experientes com os menos experientes, é aparente
que uma maior força é vantajosa. As maiores diferenças foram observadas quanto à força
de trem superior.
lutador com sucesso do lutador com menos sucesso (Cisar, 1987). Igualmente, apesar de
não significativo, há uma tendência para lutadores universitários com mais sucesso
possuírem maior força isocinética, particularmente a nível do trem superior (Stine, 1979).
Uma variedade de testes tem sido usada nos lutadores assim como outros atletas,
necessidades ao nível da força na luta. A força máxima era testada através do método
máximo de uma repetição máxima (1-RM). A força rápida era medida pelo tempo de
fisiológicos pelos quais a resistência dinâmica está relacionada com o sucesso e pelos quais
analisados no músculo vasto externo de lutadores de luta livre olímpica canadianos são
músculo e do sangue devem ser investigados para determinar como os lutadores podem
diferir de outros atletas e como os lutadores de sucesso diferem para os lutadores de menos
sucesso.
32
Em relação à força isométrica, esta diminui de forma comprometedora ao longo de
aumentem a força manual assim como a força isométrica de trem superior podem ter um
Poderá ser testada esta força isométrica com recurso a aparelhos próprios que visam
urso»), que são componentes importantes nas manobras de controlo. A produção de força
típicos.
preensão, a força de preensão manual parece a ser importante como mostram alguns
estudos por exemplo no boxe (García, 2010; Čepulėnas, 2011). Não há diferenças
aparentes a nível da força de preensão isométrica entre os lutadores com mais sucesso e os
de menos sucesso a nível dos campeonatos do mundo de juniores (Silva, 1981), embora a
força isométrica mostra correlações altas com as 1RM de vários exercícios de força
máxima, pelo que mostra proporcionalidade direta, quanto mais força isométrica, mais
2006).
complexa.
33
- Reação simples: é a resposta a um sinal já conhecido antecipadamente, no momento
momento do seu aparecimento e nem a melhor resposta a ser dada. A reação depende dos
diferenças entre lutadores com sucesso e lutadores sem sucesso, mas tais informações
sobre o tempo de reação e os movimentos de reação podem ser importantes recursos para o
treino.
os lutadores da mesma categoria não tenham a mesma potência relativa, sendo que a
potência na luta está associada à rapidez, explosividade impressa nas manobras que levam
34
Um dos testes que avalia a Potência Anaeróbia Máxima e a Capacidade Anaeróbia
Wingate modificado para trem superior e com intermitência. (Callan, 2000; Franchini,
segundos com carga acrescida de 6.5 g/kg peso corporal durante 6 minutos para equivaler
avaliação mais específicos ou ecológicos, como serão referidos mais à frente no presente
trabalho.
2.3.1.5. Lactatemia
O lactato sanguíneo nos lutadores tem sido recentemente usado como um indicador
de potência e capacidade anaeróbia nos lutadores de maior sucesso. Este vai diretamente
bem treinados, atingem 10 a 13 mmol/L ao nível da elite dos lutadores coreanos (Yoon,
1994). Por outro lado, apesar de não serem observações publicadas, um estudo de Sharatt
(1986) reportou que o melhor lutador russo gerava para cima de 20 mmol/L, o que era
muito mais do que os níveis de lactato atingidos pelos lutadores canadianos e americanos,
35
Em termos bioquímicos, a capacidade muscular de manter a máxima potência para
parte dos lutadores de elite, estes são menos sensíveis ao ácido lático e são mais capazes de
tolerar maiores níveis do que lutadores medianos. É possível que aprendam a ultrapassar e
até ignorar o limiar de dor, que é atingido com altos níveis de lactatemia. Por exemplo,
como dito anteriormente os lutadores de maior sucesso são mais tolerantes ao lactato
resistência muscular (Aschenbach, 2000). É também necessário perceber a este nível, que
treino otimal é preciso, importando ter cuidado nos métodos, tendo em consideração o
ergómetro têm sido usados para se avaliarem o pico de potência aeróbia máxima, a
mas não são testes específicos para os lutadores, sendo que até um teste combinado de
braços e pernas com dois ergómetros apresenta um desafio em termos das medidas e da sua
máxima de lutadores de sucesso com lutadores de menos sucesso, este aparenta não ser um
escolares, não mostraram grandes diferenças ao nível de pico de potência aeróbia máxima
36
Especificamente, os lutadores de luta livre olímpica aparentam ter um maior pico de
potência aeróbia máxima do que os lutadores de luta greco-romana (Sharratt, 1987; Taylor,
1979; Gale, 1974) embora não se perceba se essa diferença existe mesmo ou se é mais
importante um maior valor de pico de potência aeróbia máxima na luta livre do que na luta
pode melhorar a capacidade aeróbia máxima, pelo que corridas de longa distância podem
inferiores.
maxima para 12 segundos foi de 181 L/min e durante um exercício máximo, a ventilação
por minuto foi de 132.5 L/min (em condições de temperatura corporal e pressão, saturadas
com vapor de água (BTPS)). As conclusões de Sharratt (1987) foram similares às de Rasch
eram maiores do que as dos não-atletas, mas normais em comparação com outros atletas
bem treinados.
Durante um exercício máximo aeróbio, a taxa média de ventilação por minuto variou
de 129 L/min (em lutadores adolescentes) (Horswill, 1990) até 156.6 L/min (em lutadores
(1984) reportou que num nível de atleta sénior de elite, a ventilação máxima por minuto é
baixa relativamente aos valores de pico de potência aeróbia máxima e altos níveis de
37
são fisiologicamente e psicologicamente mais tolerantes ao lactato comparando com os
2.3.1.8. Flexibilidade
amplitudes, é possível que ajude a prevenir lesões. A pesquisa indica que os lutadores não
Em geral, os lutadores têm menos flexibilidade que outros atletas de força, como os
Comparando os atletas com maior sucesso e menor sucesso na luta, Stine (1979) e
Song (1980) mostram que a flexibilidade pode ser um fator discriminante, com maiores
medidas alcançadas no aparelho sit and reach pelos lutadores de maior sucesso do que
pelos lutadores de menos sucesso (Stine, 1979). Não há nenhuma relação aparente entre a
combate. Assim, estes resultados traçam um perfil fisiológico que pode ser usado como
alvo para o desenvolvimento dos lutadores, assim como podem informar nas questões do
38
diretrizes para o um programa de treino de força e condicionamento altamente integrado e
desenvolver não faz sentido (Martins, 2010). Complementarmente, Barreto (2002) afirma
que mesmo substanciados pela premissa de que o atleta deve ser colocado em situação de
jogo e que a partir daí sejam introduzidas as habilidades técnicas, a verdade é que o
um conjunto de ações que o fazem progredir em direção ao objetivo formal do jogo, como
o golo, o encestar e no caso da luta procurar colocar o seu companheiro de costas voltadas
O que torna possível esta ação de ligação, i. e., conseguir uma ação simultânea de
devem ser executadas com um mínimo de eficiência motora (Martins, 2008 p. 21). Logo, a
técnica é o meio privilegiado que o lutador possui ao seu alcance, para resolver os
problemas com que se depara em combate. Neste modelo, o atleta está preparado para a
importância do que vai ser aprendido, e a explicação dos exercícios deve, de forma clara,
39
ajudar o atleta a compreender a aplicabilidade do exercício em situação contextual
(Martins, 2010).
luta, o treino de força deve acompanhar o treino integral de combate que compreende
de simulações de combate real. Nesta altura, é pedido aos seus lutadores que apliquem as
Martins, 2008).
combate ou treino isolado, tendo em conta a natureza das sessões de treino elevar as
De uma forma geral, deve-se tentar desenvolver e elevar os gestos técnicos, não só
em formas de combate, mas também para momentos mais analíticos, realizando exercícios
luta um desporto de grande exigência física com recurso a antecipações técnicas, o ritmo e
40
o momentum de aplicação de uma execução são mais importantes do que a sua
motivação e participação dos lutadores. Numa fase mais avançada da carreira, deve ser
sistema pessoal de ataque e defesa. Até conhecer os adversários é muito útil para o
complexidade técnica, o meio quase hostil que é o combate não pode ser conduzido de
forma anárquica e sem qualquer tipo de orientação (Markovich, 1976, cit in Martins,
a qualquer execução técnica, assume um papel de maior relevância, visto que as matrizes
de combate se tornam cada vez mais perfeitas e diversificadas. Neste sentido referem-se os
lutador, das técnicas mais aplicadas em combate pelos seus opositores, ou pela previsão de
situações extemporâneas.
leitura do combate (perceção), percebendo que decisões tomará, e executar essas ações-
qualidade da perceção como também da ação propriamente dita. De acordo com isto,
atletas em vários desportos executam reações motoras sob pressão temporal em ordem a
41
Desta forma, entendendo-se de forma mais tradicional ou ecológica, torna-se
com vista a que o atleta desenvolva uma tomada de decisão eficiente, obtendo assim uma
autonomia em combate. Uma autonomia rica traduzir-se-á numa melhor eficiência dos
processos cognitivos e dos próprios processos motores, pois o atleta saberá interpretar as
possibilidades de ação e agir perante as mesmas de uma melhor forma. Significa isto que
Englobando estes conceitos a nível duma preparação metodológica mais integral, não
se deve descurar outros aspetos ou fatores do treino, pelo que muitas vezes a
técnico de modo a servir o combate deve levar a que o treinador manipule o modo como
organiza a sessão.
deverem ser realizadas durante longos períodos (Rink, 1993). Nesta fase, pretende-se
sobretudo que os lutadores consigam realizar o gesto técnico o maior número de vezes,
pois a aquisição da habilidade técnica baseia-se na sua repetição frequente, de modo a ser
técnico-táticos, materializados nos complexos acima explicados. Pelo que o treino pode ter
carácter mais físico, mas respeita a especificidade técnico-tática. Desse modo, há que
42
aspirar a perceber de que forma se pode trabalhar otimamente estes aspetos do fator físico
específicos da luta.
ano, pelo que a ordem e a escolha dos exercícios, o número de séries, o número de
o número de sessões de treino por dia podem ser manipuladas e variados nesse mesmo
programa de treino.
protocolo de treino proporciona aos lutadores numa determinada sessão de treino, assim
treino.
tempo enquanto outros podem ser mais defensivos e quererem desacelerar a ação em
combate. Apesar disso, níveis limiares de força corporal total e potência são fatores
importantes que devem fornecer ao lutador uma base de condicionamento. Por exemplo, a
falta de força ou potência pode ser observada quando um lutador falha a finalização de
43
uma projeção ou derrube por falta de explosividade dos membros inferiores. Durante essas
realizar levantamentos com o peso corporal do adversário usando as pernas, que são
desenvolvimento da força deve incluir uma variedade de exercícios que otimizem essas
técnicas e habilidades. É ainda importante relembrar que tanto exercícios unilaterais como
necessários para desenvolver a força para o conjunto de movimentos que integram a luta e
Alguns estudos apontam para o cuidado que deve haver no treino de força quanto à
perceber até que ponto por exemplo, um treino de poucas repetições está associado a
ganhos de potência.
Em alto nível de treino, é dada ênfase à qualidade, estando esta em termos práticos
44
A intensidade então, um conceito real, é expressa quantitativamente através da potência
produzida numa tarefa. Quantifica-se o número de repetições para uma determinada carga.
necessidade de realizar gestos mais explosivos, com maior velocidade do que normalmente
estão acostumados.
Numa sessão de treino com exercícios de grande carga para trabalhar potência, uma
série não deve apontar mais do que 6 repetições, sendo que alguns dados não publicados
(Kraemer, 2004) apontam que 3 repetições até podem ser otimais. De facto, numa ótica de
qualidade ou velocidade técnica otimal, apenas uma ou duas repetições numa série de 6 são
executadas acima de 90% da potência pico. Abaixo deste valor, uma componente de
resistência aparece de forma mais evidente, sendo que há uma solicitação a nível
Atende-se também uma vez mais ao facto de a luta ser uma modalidade competitiva
que compreende categorias de peso e de se recear o trabalho físico que leve uma
É necessária maior pesquisa para que se considerem quantas repetições com sucesso
existem num estado de fadiga, para que haja desenvolvimento de altos níveis de força e
potência. Assim, uma comunicação eficaz deve existir entre a equipa técnica para que se
assegure que os lutadores estão com o descanso adequado e tenham rendimento adequado
45
num treino de maior intensidade de manifestação da força. Por outro lado, se o objetivo é a
resistência de potência, uma carga mais ligeira deve ser usada para poucas repetições
potência (1-6 RM), para uma forma em que trabalham a potência de uma forma mais
Fala-se de máximo de eficiência técnica possível, porque tal como Kraemer (2004) refere-
falando em velocidade otimal, esse trabalho terá uma repercussão no trabalho técnico
O trabalho de carácter mais físico procurará ter uma aplicação direta no trabalho
Por exemplo assim que um atleta consegue completar 2 circuitos com relativa
certos exercícios principais. O número de voltas ao circuito estabelecido para uma sessão
46
de treino ou treinos de circuito semanal poderá variar consoante a fase de treino ou
acidose é vital para um desempenho de combate com sucesso, sendo o treino de resistência
em circuito uma ferramenta interessante para preparar o atleta fisiologicamente para tais
condições que ocorrem durante a competição (Kraemer, 2004). Procura-se com uma
sessão de treino, para que se aumente a habilidade performativa sob condições de fadiga.
Contudo, este tipo de treino não deve ser usado em iniciantes ou indivíduos não
num estado sem ocorrência de fadiga prévia. Esta abordagem é usada com o intuito
e acidose.
segundos e progredir até aos 60 segundos ou mesmo menos, para um determinado tempo
combate. A carga necessária para criar o stress fisiológico adequado pode variar até à zona
47
Desta forma, igualmente os protocolos de avaliação e controlo do treino que resultam
classificação dos exercícios, neste caso em função da identidade do exercício, para que se
compreendam os protocolos.
os exercícios gerais.
competição, são aqueles que provocam uma adaptação mais complexa e contribuem com
da modalidade.
48
- A importância das modificações funcionais provocadas no organismo pelos
exercícios competitivos; e,
Ora, não sendo objetivo do protocolo avaliar a performance competitiva, mas sim a
específico, tendo sempre algo de comum com os exercícios de competição. Têm como
- Para assegurar uma ação mais seletiva e mais significativa para determinados
49
Segundo Harre (1981, cit in Castelo, 1998) a vantagem dos exercícios especiais
treino, sendo que é isso que se procura com a componente de avaliação da performance
atlética com exercícios especiais, testando exercícios que se assemelham às técnicas de luta
executadas em combate.
Exercícios Gerais: São exercícios que do ponto de vista do seu efeito não
1998):
‘’transferências positivas’’.
procura então testar exercícios que tenham uma aplicabilidade e ‘’transferência positiva’’
requeridas para a prática de excelência da modalidade, ainda não sendo de carácter tão
Castelo, 1998), considera que na idade dos máximos rendimentos a estagnação ou uma
50
ao facto de, no processo de treino, se aplicarem relativamente poucos exercícios de
carácter geral.
judo e à existência de um teste especial de condição física para os judocas, o Special Judo
Fitness Test (SJFT). Deste modo, se achou pertinente a abordagem e referência também no
presente trabalho deste teste, acrescentando que os trabalhos ou estudos feitos com o SJFT
referências a este teste do judo como também os estudos e artigos feitos sobre o mesmo,
grande nível de preparação física, psicológica, tática e técnica Vários estudos têm abordado
estes aspetos, mas poucos trabalhos têm sido feitos em ordem a obter um teste específico
de avaliação dos judocas (Franchini, 1998). Franchini (1998) faz referência a outros testes
específicos de avaliação dos atletas em desportos de combate como a luta (Klinzing, 1983;
51
Sterkowicz (1995) propôs um teste específico de avaliação da condição física no
judo. Este teste de carácter intermitente, tem uma grande vantagem no facto de usar um
do teste (tori) está no meio deles, a 3 metros de cada um dos judocas que vai projetar. Ao
ippon-seoi-nage projetando o uke. Rapidamente depois, corre para o outro uke e realiza o
executante pára, tem 10 segundos para se preparar para a próxima série de projeções que é
terceira série que também é de 30 segundos. Ao todo, são 3 séries, uma de 15 segundos e
Cardíaca 1 minuto após o final do teste (batimentos / minuto) / Número total de projeções.
52
Figura 2 – Representação Special Judo Fitness Test
condição física de judo (Franchini, 2011), 14 judocas realizaram o teste. As frações dos
sistemas aeróbio, anaeróbio láctico e anaeróbio aláctico foram calculados com base no
P<0.001; poder observado =1.0) contribuição (86.8±23.6 kJ; 42.3 ± 5.9%) durante o teste
comparando com ambos os sistemas aeróbio (57.1 ± 11.3 kJ; 28.2 ± 2.9%) e láctico (58.9 ±
53
A maior contribuição aláctica aparenta ser consequência da realização de esforços de
intensidade alta durante o teste e sua natureza de intermitência. Concluindo, quando usam
avaliando principalmente o sistema anaeróbio aláctico, que pode ser considerado o sistema
realiza o teste e o outro serve como colega passivo. O teste consiste na realização de séries
na luta livre olímpica e duas que podem servir para luta livre e também luta greco-romana.
Cada executante do teste foi instruído a completar e finalizar cada movimento com a
mesma intensidade, velocidade e técnica que empreenderia em combate real. Antes de cada
sequência de repetições, o executante recebe instrução verbal para a técnica seguinte. Isto é
feito para qualquer um dos 5 movimentos: Entrada às duas pernas (Figura 3), Entrada a
uma perna (Figura 4), Forquilha de luta-livre (Figura 5), Projeção por trás com controlo de
cintura e rotação (Figura 6), e tourdanche de cadera (Figura 7). O companheiro passivo
deixa o executante realizar cada movimento. Após cada repetição completa, volta
imediatamente a uma posição neutral de apoio a dois pés. Este procedimento é feito em
todos os 5 movimentos. O tempo foi registado ao décimo (0.1 seg) para cada tentativa. A
54
Figura 3 – P WPT Entrada a duas pernas
55
Figura 6 – P WPT Projeção por trás com controlo de cintura e rotação
Este teste foi desenvolvido para medir os efeitos da perda de peso e para avaliar o
nível de condição física dos lutadores. O objetivo do teste foi desenhar um teste que
incorporasse muitas das componentes da luta possíveis a nível da condição física e ao nível
das habilidades motoras, permitindo também que o tempo de realização do teste fosse
procurando-se que dure aproximadamente entre 2 a 3 minutos e realizado pelo menos duas
vezes com um minuto de repouso entre tentativas. Em ordem a que o tempo fosse usado
56
como classificativo, algumas componentes receberam menos ênfase, tais como a
A validade deste teste baseia-se por validade de constructo e por uma demonstração
efetiva de uma performance superior por parte de lutadores, comparado com outros
para duas administrações de testes como mostrado por análise de coeficiente de correlação
cada sujeito foi dada uma explicação e demonstração do teste. Depois desta orientação,
cada sujeito assinou o seu consentimento informado e experimentou uma vez o teste para
se tornar familiar com as atividades e a sua sequência. Cada sujeito voltou noutro dia a
seguir para realizar o teste completo duas vezes com um minuto de descanso entre as duas
realizações. Um segundo teste foi administrado desde 48 horas a 7 dias depois. Todos os
57
Figura 8 – Diagrama do CSU Wrestling Performance Test (Klinzing, 1983)
Descrição CSUWPT:
contra o sentido dos ponteiros do relógio enquanto está virado para o centro do quadrado.
Ele tem que tocar com o pé direito na linha 3 antes de reverter o sentido de movimento.
4. Shuffle para a esquerda. Após tocar a linha 3, o lutador faz o deslocamento lateral
58
5. 10 Saltos Split. O lutador levanta e segura o manequim que foi posto na linha 3
2 e outro pé na linha 3. Em cada salto as posições dos pés são invertidas (Figura 9).
cone A. O lutador tem que passar em volta de cada cone antes de mudar de direção.
7. 10 Saltos split. Após regressar à linha 3, o atleta executa os 10 saltos split tal como
59
8. Salto pé-coxinho (Hop) no pé direito. Após completar os saltos split, o lutador
deixa o manequim no chão e realiza os Hops no pé direito contra o sentido dos ponteiros
10. Seis (6) Rotações com manequim (Cinturas Russa com manequim). O manequim
aperta-o contra si de modo a poder fazer rotações com o mesmo, 3 para a esquerda e 3 para
11. Hop sobre o manequim. Após a última cintura russa o lutador salta com os dois
pés lateralmente por cima do manequim, 5 vezes para a esquerda e 5 vezes para a direita
em alternância.
lutador coloca-se em 4 apoios com o peso bem distribuído e move-se no sentido dos
60
Figura 11 – CSU WPT Quadrupedia Ventral
vira-se de barriga para cima e realiza o caminho em 4 apoios no sentido inverso à volta do
que foi posto verticalmente de fora da linha 3 por um administrador do teste. A ação
chão. De seguida o lutador levanta outra vez o manequim no sentido contrário e deita-o
outra vez. A pega não deve ser desfeita durante cada mudança até concluir as 10 mudanças
61
Figura 13 – CSU WPT Mudança de manequim
mete-se numa posição de flexão de braços com as mãos atrás da linha 4. Um pau foi posto
na linha 4 por um administrador do teste. O lutador deve mudar a mão direita para a frente
sobre o pau, a mão esquerda de seguida para a frente sobre o pau, a mão direita regressa
posição atrás do pau e finalmente a mão esquerda regressa também à posição atrás do pau.
Este movimento a 4 tempos (mão direita, mão esquerda, mão direita, mão esquerda) é uma
62
Figura 14 – CSU WPT Caminhar de mãos
mesmo.
e 16).
63
Figura 15 – CSU WPT Derrube do manequim
superiores em sujeitos que perdem peso (Hickner, 1991). Cinco lutadores realizaram um
64
teste de 6 minutos com intensidade variável num ergómetro isocinético antes e depois de
uma perda de peso de 4.5% durante 3 dias. Amostras sanguíneas foram retiradas de uma
veia do antebraço pré-treino e 1, 3, 5 minutos pós treino, para acesso ao lactato, pH,
significativamente maior que depois da perda de peso. Uma ANOVA de medidas repetidas
não mostrou diferenças significativas nas variáveis sanguíneas, apesar dos valores lactato
inferiores aos valores de pós-perda de peso. Conclui-se que uma redução de 4.5% de peso
informação obtida através do teste indica que este protocolo aproxima-se do combate
competitivo a nível das componentes físicas. Seria apropriado usar este protocolo de testes
americanos no U.S. Olympic Education Training Center em Marquette, MI, um dos testes
de manequim (Curby, 2010). Esta projeção é efetuada o máximo de vezes com correção
projeções.
65
3. Método
3.1. Introdução
procedimentos utilizados durante a sua realização, pelo que nesta parte (Método) se impôs
posteriormente referência ao procedimento de recolha dos dados dos testes assim como as
características dos instrumentos de medição de cada teste. Por último far-se-á referência a
modelo de controlo e de avaliação do treino em Luta, com base num teste é composto por
constituída por vários exercícios especiais em circuito, e por uma componente protocolar
de avaliação da condição física geral, constituída por exercícios gerais. Os exercícios serão
porque isola mais a capacidade física das outras capacidades, técnicas, táticas ou
66
particularidades da especialidade desportiva e se possa considerar uma avaliação de
Assim, este estudo procura caracterizar o “novo” perfil de esforço do combate de luta e
3.3. Participantes
distribuição por escalões é a seguinte: seniores (n=9), juniores (n=4), cadetes (n=25) e
iniciados (n=4) (Quadro 6). Como a maioria dos lutadores são cadetes, a distribuição por
categorias foi feita segundo a distribuição de categorias de peso corporal pequenas, médias
e pesadas de cadetes: categoria 39-42 quilos (n=6), categoria 46 quilos (n=6), categoria 50
quilos (n=3), categoria 54 quilos (n=2), categoria 58 quilos (n=1), categoria 63 quilos
67
(n=9), 9 da categoria 69 quilos (n=9), categoria 76 quilos (n=4) e categoria 85-100 quilos
Frequência % Acumulada
Sénior 9 21,4
Júnior 4 31,0
Cadete 25 90,5
Iniciado 4 100,0
Total 42
3.4. Instrumento
avaliação da condição física, porque isola mais a capacidade física das outras capacidades,
De forma a avaliar a resposta atlética através das variáveis de carga externas num
quantifiquem apenas repetições completas mas também por que é a amplitude que define
por vezes o valor das técnicas executadas em combate. Ou seja as técnicas têm maior ou
menor valor de acordo com a maior ou menor amplitude de execução e a forma como o
Quanto mais repetições em número e com eficiência, significa que o atleta não só
domina a técnica dos exercícios como também está cada vez mais capaz de corresponder às
conta que os períodos de tempo para a execução do protocolo são bem definidos, não só é
69
importante tentar executar os exercícios à máxima velocidade com eficiência técnica, como
é importante reduzir o tempo de transição entre estações para que haja uniformidade e
longo do protocolo, como também para indicar ao atleta que é preciso agir consoante os
função dos timings de transição entre técnicas. Essa rapidez que se procura implementar na
transição instala no atleta a focalização necessária no que faz, para que este tenha em conta
que o esforço e ritmo de execução aplicados nos gestos motores efetuados têm uma
movimento e o seu término são conceitos a ter em conta na luta, pelo que no protocolo
procura-se um mínimo tempo de transição e uma rápida execução correta dos exercícios.
Embora esteja protocolizado o que atleta tem que fazer, não havendo muita decisão
no que tem que fazer, o protocolo está efetuado de maneira a que o atleta entenda a
do protocolo (reforçada pela ordem do administrador do teste) há uma fase em que este
sabe o que tem que fazer de seguida, uma fase em que se prepara para executar o exercício
e uma última fase que é a execução propriamente dita do exercício. Todos os lutadores que
reproduzir certas ações motoras ocorrentes em combate e seguindo uma ordem e duração
possível de ocorrência em combate das mesmas ações motoras (Martins & Peixoto, 2004).
Poder-se-á dividir o circuito em duas partes, partes essas que compreendem cada uma um
70
exercício de pé, um de transição e um de solo, ou seja a ordem natural do combate. O
designam-se também por agarrar o adversário e referem-se ao modo como o lutador agarra
técnicas são precedidas por uma forma de controlo. São também utilizadas para garantir
2010).
já que os períodos de tempo são definidos e imutáveis. Embora seja diferente o cálculo
final de classificação, usando médias e não somatório de repetições totais como no Special
Tempo
Ex nº1 Ex nº2 Ex nº3 Ex nº4 Ex nº5 Ex nº6 acumulado
aproximado
Intervalo 30’’ 3’
71
Avaliação quantitativa de execução do teste:
combate em que os lutadores procuram o controlo dos braços dos adversários, há uma
O atleta está numa posição caracterizada por uma inclinação do trem superior à
frente assim como um avanço da perna do lado dominante em relação à não dominante, tal
como a posição alta de base da luta greco-romana. O atleta segura em pega semi-pronada 2
cotovelo do membro superior contra-lateral. A esta oposição dos dois membros em que
técnica de combate. Deste modo não é contabilizado o número de repetições, nem entra
como exercício objeto de recolha de dados, i.e. entendeu-se que não seria um exercício
72
proporcionar a preparação para os exercícios seguintes, respeitando a ecologia do combate
determinada técnica.
coluna, elevação dos membros superiores e uma extensão dos membros inferiores de modo
um ângulo de saída do manequim adequado para uma projeção fluida. Tendo em conta a
73
Figura 18 – Posição final de projeção de manequim
Nº3: Cinturas Russas. Rotações laterais com controlo de cintura de manequim e passagem
em ponte.
um controlo e projeção de pé para o solo. O atleta procura fazer rotações com o manequim
execução. Com o outro braço, envolve igualmente a cintura do manequim, não deixando
espaço entre o seu peito e o corpo do defesa. Retirando os joelhos do solo, o atleta
passando com a perna proximal por debaixo do manequim e puxando este para si. Durante
o movimento, o atleta executa uma ponte o mais alta possível, elevando também os
membros superiores com o manequim controlado por estes, empurrando-o e faz extensão
dos membros superiores de modo a fazer força no tapete com os pés e a ajudar o
74
corpo do atleta o mínimo de tempo possível) e na velocidade do movimento sem largar o
O atleta em pega pronada um pouco mais que a largura dos ombros, segura-se em
suspensão por debaixo de uma barra horizontal com membros superiores em extensão
acima da cabeça. Esta é a posição inicial. O atleta de seguida eleva-se passando o queixo
acima da barra e volta à posição inicial. Para equilíbrio, o atleta pode cruzar as pernas entre
si, fletindo ou não os joelhos. O movimento deve ser realizado à máxima velocidade e
e a final.
75
Figura 20 – Posição inicial de elevações na barra
do adversário, por exemplo através uma submersão ou puxada com controlo da cabeça e do
braço do mesmo. O elástico oferece uma resistência, para que seja quantificado o número
cintura. Avança com uma perna à frente, ajoelhando esta e avançando a outra
a frente e depois para cima e para a frente. Durante o mesmo, os membros superiores do
76
atleta estão virados para a frente, a meia altura, procurando uma extensão e simulação de
formação de uma pega cruzada ou borboleta ou uma pega cruzada com controlo duplo de
cotovelos. O elástico está a meia altura, envolto à cintura do atleta de modo a provocar
resistência em sentido contrário ao do seu movimento. A perna que avança pode ser
sempre a mesma ou alterna da dominante para a não dominante. Uma entrada corresponde
a uma repetição.
77
Nº6: Levantamento Clássico com barra/Cavalo
massa de um imaginário adversário, pelo que a posição dos pés e a pega na barra devem
ser o mais próximos possível do contexto real de combate em que um atleta puxa o seu
O atleta a partir duma posição baixa agarra uma barra olímpica na longitudinal e
puxa a barra para si com balanço. Esta barra está fixa na ponta distal posterior e tem discos
que o pé distal passa por cima da barra e a barra situa-se assim entre os apoios. Neste
efetuar uma extensão dos membros inferiores em maior comprimento, imprimindo assim
flexão do braço, havendo assim uma subida do centro de gravidade. A um balanço e uma
78
Figura 24 – Posição inicial levantamento clássico com barra
gerais
realizadas. Essas provas tiveram base num conjunto de provas de seleção de talentos e
Federação Portuguesa de Lutas Amadoras (n=33). Foram também aplicados os testes aos
79
lutadores seniores (n=9) em 2012. Procurou-se implementar máximo empenhamento,
quantifiquem apenas repetições completas mas também por que é a amplitude que define
por vezes o valor das técnicas executadas em combate. Ou seja as técnicas têm maior ou
menor valor de acordo com a maior ou menor amplitude de execução e a forma como o
Quanto mais repetições em número e com eficiência, significa que o atleta não só
domina a técnica dos exercícios como também está cada vez mais capaz de corresponder às
prova com base em tabelas classificatórias já estabelecidas para iniciados, cadetes e para
juniores e seniores, um score final seria também atribuído consoante o somatório dos
Estas provas foram administradas em dois dias. As provas de Subir a corda (20 segundos),
tronco (20 segundos) e Multisaltos com disco foram efetuadas num primeiro dia e as
dia.
Corridas de 60 metros:
80
Aplicabilidade:
Aplicabilidade:
subir e descer a corda à máxima rapidez em 20 segundos, apenas com a força dos membros
superiores. Não ajuda com os membros inferiores. Procura subir e descer a corda o
Aplicabilidade:
Ao subir e descer a corda, o atleta tem que aplicar grande força de preensão, que é
grupo das puxadas ao solo, deve-se colocar o corpo numa posição de base da luta em pé e
frontalmente ao colega. A partir desta posição são realizados controlos do braço por dentro
ou por fora que, com puxadas de duas mãos no mesmo braço, resultam num desequilibrar
para a frente o adversário que arremessado para o tapete fica numa posição de peito e
81
Figura 26 – Posição inicial subida de corda
O atleta em pega pronada um pouco mais que a largura dos ombros, segura-se em
suspensão por debaixo de uma barra horizontal com membros superiores em extensão
acima da cabeça. Esta é a posição inicial. O atleta de seguida eleva-se passando o queixo
acima da barra e volta à posição inicial. Para equilíbrio, o atleta pode cruzar as pernas entre
si, fletindo ou não os joelhos. O movimento deve ser realizado à máxima velocidade e
82
Aplicabilidade:
adversário para o solo a partir duma variedade de controlos com esse fim. Também
de repetições em 20 segundos.
83
Aplicabilidade:
84
Aplicabilidade:
medida em que estes músculos são solicitados na maior parte das ações técnicas de
85
Multisaltos com disco em progressão (20 segundos):
segundos.
Aplicabilidade:
É fundamental o trabalho dinâmico do trem inferior na luta, pelo que através do salto
musculares de uma forma máxima e rápida, tal como na execução de técnicas que
86
3.6. Procedimentos de Recolha e Análise de Dados
A recolha de dados decorre das execuções efetuadas pelos lutadores nos exercícios
estandardização onde a média da variável é subtraída à variável original e dividida pelo seu
grandeza de medida. O software Amos 20, faz este cálculo automaticamente e a comando
do utilizador.
A Análise de Equações Estruturais, pode ser descrita como uma combinação das
técnicas clássicas de análise fatorial, que define um modelo de medida que operacionaliza
estrutural, a relação entre as variáveis sob estudo. A importância da utilização desta técnica
clássicos em que as variáveis preditoras consideradas nos modelos relacionais não são
isentas de erro de mensuração e por isso, têm tendência para atenuar as estimativas dos
tipo II (não concluir pela significância de uma relação que, efetivamente, existe na
Por outro lado, os modelos clássicos de análise são inapropriados para lidar com a
e latentes; que envolvem diferenças entre grupos e efeitos hierárquicos como é o trabalho
que se apresenta.
87
A análise fatorial confirmatória da estrutura fatorial do Teste de Avaliação da
Performance Atlética Específica na Luta, foi efetuada com o software AMOS 20 (SPSS
Inc, Chicago, Il). Para avaliar a qualidade do ajustamento global do modelo à estrutura
a 0.9 e PCFI e PGFI superiores a 0.6. Considerou-se ainda que χ2/gl~2 e RMSEA inferior
efetuado a partir dos valores dos índices de modificação pelos multiplicadores de Lagrange
(LM), considerando-se que trajetórias e/ou correlações com LM>11 (p<0.001) eram
Larcker, 1981) e a validade de constructo foi avaliada com a validade fatorial, com a
validade convergente (estimada pela variância média extraída - VME) e com a validade
discriminante avaliada pelo teste de diferença do χ2. Considera-se que uma fiabilidade
compósita superior ou igual a 0.7, uma VME superior ou igual a 0.5, e um teste da
Larcker, 1981).
88
4. Apresentação e Discussão de Resultados
condições de causalidade (tal como nos modelos clássicos) é um modelo emergente para
suportar a teoria de causalidade, i.e. o investigador assume uma relação causal entre as
89
Os dados referentes ao modelo fatorial do teste de avaliação da performance em
máxima verosimilhança (Byrne, 2001) que é uma função de discrepância que compara o
modelo de teórico com o modelo de medida (quer dizer, o modelo em que os dados são
apresentados).
global revelaram um “Muito Bom” ajustamento aos dados (Maroco, 2010): o rácio qui-
quadrado/graus de liberdade 0.982; (b) o RMSEA, de 0.00; (c) o GFI, de 832; (d) o PGFI,
ajustamento local dos itens, i.e. funcionamento diferencial das variáveis manifestas que
devem apresentar uma independência entre si e que é obtida pela carga fatorial obtida da
regressão de cada item em função do fator. Todos os itens cumpriram o valor de corte para
aceitação da discriminância inter-item (λ≥0.5) à exceção dos exercícios elevações 10’’ que
saturou com 1,06 indicando indeterminação do item no fator “Exercícios Especiais”. Bem
como, os exercícios hiperextensões a 20’’ (λHT=-0.30) e Corrida 60m (λC60=0.15) que não
atingiram o valor de corte para a validade discriminante dos itens no fator “Exercícios
Gerais”.
90
Quadro 9 – Análise Fatorial Confirmatória do Modelo Proposto em função das cargas
fatoriais, dos rácios críticos e dos níveis de significância
Exercícios λ Teste-Z P
Cavalo ,573 4,132 ***
Entradas à cintura com Elástico ,565 4,071 ***
Elevações 10’’ 1,061 9,750 ***
Cinturas Russas com manequim ,707 5,250 ***
Projeções com manequim ,702 5,200 ***
Corrida de Resistência ,525 3,476 ***
Corrida 60m ,147 ,905 ,366
Multisaltos em progressão 20’’ ,485 3,168 *
Subida de Corda 20’’ ,521 3,440 ***
Hiperextensões 20’’ -,029 -,176 ,860
Flexões 20’’ ,917 7,170 ***
Elevações 20’’ ,897 6,938 ***
*p<.05 ***p<.001
Tendo sido testado o modelo de dois fatores antes extraído, os índices de ajustamento
elevações 10’’ (λE10=1.06>1). Após terem sido removidos os três itens descritores à luz dos
1,29; (b) o RMSEA, de 0,01 para 0.08; (c) o GFI, de 0,83 para 0,86; (d) o PGFI, de 0,57
para 0,50; (e) o CFI, de 1 para 0,94; (f) o PCFI, de 0,80 para 0,73. Estes resultados, pese
ainda, classificado de “Muito Bom” de acordo com o quadro conceptual de Maroco (2010).
Esta remoção de itens foi discutida com um especialista em treino da Luta (Martins,
2008;2010) havendo concordância, do ponto de vista prático, na sua remoção. Esta técnica
permitiu uma melhoria de ajustamento local dos dados que já será objeto de análise.
novo cálculo dos índices de ajustamento global que, como anteriormente aclarado resulta
91
de análise de regressão, testando-se o seu poder explicativo para as variáveis lactentes
No quadro 10, pode observar-se todos os valores obtidos pelo cálculo de regressão de
Quadro 10 – Análise fatorial confirmatória do modelo final em função das cargas fatoriais,
dos rácios críticos e dos níveis de significância.
Exercícios λ Teste-Z P
Flexões 20’’ ,92 7,18 ***
Elevações 20’’ ,91 7,08 ***
Levantamento Clássico com barra/cavalo ,86 5,37 ***
Entradas à cintura com elástico ,83 5,21 ***
Subida Corda 20’’ ,55 3,68 ***
Multisaltos em progressão 20’’ ,52 3,40 ***
Corrida de Resistência ,50 3,25 ***
Projeções com manequim ,45 2,78 *
Cinturas russas com manequim ,35 2,12 *
*p<.05 ***p<.001
(λPCM=0.45) e cinturas russas com manequim (λCRCM=0.35). Ainda assim, estes dois itens
têm valores do teste Z com rácios críticos aceitáveis, (>1.96) e têm valores do teste de
nível de significância com 95% de confiança (p≤0.05), pelo que existem diferenças
valor de corte para a discriminância inter item (λ≥0.5) o modelo explica a variabilidade dos
dados obtidos na avaliação dos fatores propostos para o teste de avaliação da performance
fase da validade discriminante dos itens importa assegurar que esse ajustamento é robusto.
cada variável manifesta no modelo de medida. Este valor é uma medida de fiabilidade
92
individual e é usual considerar que R2 superior ou igual a 0.25 é indicador de fiabilidade
individual adequada (Joreskog & Sorbom, 1996, p.26). No quadro 11, observam-se todos
os valores obtidos para a variância explicada em todos os itens do modelo para os dois
fatores.
Itens R2
Flexões 20’’ ,84
Elevações 20’’ ,82
Levantamento clássico com barra/Cavalo ,74
Entrada à cintura com elástico ,69
Subida de Corda 20’’ ,30
Multisaltos em Progressão 20’’ ,27
Corrida de Resistência ,25
Projeções com manequim ,20
Cinturas Russas com manequim ,12
empurrar, puxar e estabilizar com o trem superior e tronco e realizar levantamentos com o
peso corporal do adversário usando as pernas, que são movimentos que ocorrem
minutos com intervalos de trinta segundos em cada uma das partes). O desenvolvimento da
força deve incluir uma variedade de exercícios que otimizem essas técnicas e habilidades
(Kraemer, 2004). Os exercícios que otimizam estas técnicas e habilidades estão presentes
Assume-se de acordo com (Kraemer, 2004) que as flexões de braço são um exercício
que assiste na habilidade de empurrar e estabilizar o corpo, pelo que o seu valor de
discriminância inter item ou carga fatorial (λFB=0.92) demonstra que é um exercício com
são exercícios que assiste na habilidade de puxar e estabilizar o corpo, pelo que os seus
93
valores de discriminância inter item ou carga fatorial (λE=0.91; λSDC=0.55; λLCCB=0.86)
menos sucesso, ou os mais experientes com os menos experientes, é aparente que uma
maior força é vantajosa. As maiores diferenças foram observadas quanto à força de trem
superior (Song, 1980). Esta força de trem superior é requerida nestes exercícios.
Assume-se de acordo com (Kraemer, 2004) que a entrada à cintura com elástico
assiste na habilidade de estabilizar o corpo, pelo que o seu valor de discriminância inter
as pernas, pelo que os seus valores de discriminância inter item ou carga fatorial
discriminatório.
Kraemer (2004) acrescenta que por exemplo a falta de força ou potência pode ser
observada quando um lutador falha a finalização de uma projeção ou derrube por falta de
assim como dos multisaltos em progressão sugerem uma correspondência destes exercícios
94
Estudos de revisão comparando o pico de potência aeróbia máxima de lutadores de
sucesso com lutadores de menos sucesso, este aparenta não ser um grande determinante de
sucesso. Stine (1979) e Horswill (1989) mostraram que lutadores olímpicos, universitários
máxima entre lutadores de maior sucesso e menor sucesso. Não houve medição de potência
resistência, a corrida de 1500 metros, esta revelou um valor de discriminância inter item
ou carga fatorial (λCR=0.50), pelo que se aceita que esta prova tenha valor discriminatório
Os dois itens finais, as projeções com manequim (λPCM=0.45) e cinturas russas com
discriminância inter item ou carga fatorial (λ=0.50). Ainda assim, estes dois itens têm
valores do teste Z com rácios críticos aceitáveis, (>1.96) e têm valores do teste de nível de
significância com 95% de confiança (p≤0.05), pelo que existem diferenças estatisticamente
significativas. Pelos dados da análise da carga fatorial em função dos rácios críticos e do
da Luta (Martins, 2008; 2010), que há sentido prático em considerar importantes a estes
adquiridos pelos lutadores ao nível de alto rendimento, que a sua execução técnica poderá
não apresentar muita variabilidade nos parâmetros do protocolo estabelecido e não serão
assim exercícios tão discriminantes, embora continuem a fazer parte do modelo devido à
ecologia do combate.
95
formas de combate, mas também para momentos mais analíticos, realizando exercícios
dois exercícios que são de carácter especial, ou seja revelam particularidades em relação
com a técnica competitiva (Castelo, 1998), até porque são os únicos exercícios que
pressupõem o uso de uma forma de controlo, pelo uso do manequim e são os exercícios
dois exercícios são exercícios de grande amplitude ao nível da coluna que requerem grande
flexibilidade da coluna cervical, pelo que assim também se vê a especificidade destes dois
exercícios.
atlética, exercícios competitivos ou especiais similares a estes dois exercícios são testados.
Não foi objetivo do presente trabalho comparar o teste de avaliação com outros testes, pelo
que não se encontram valores noutros testes que se possam comparar com os valores
obtidos no teste do presente trabalho, mas pode-se sustentar a inclusão de certos exercícios
no teste que o presente trabalho apresenta, pela inclusão dos mesmos ou parecidos noutros
outros testes:
Dummy Throwing test (Curby, 2010) testa exatamente o exercício das projeções com
96
- O Special Judo Fitness Test (Sterkowicz, 1995) testa uma técnica do grupo técnico
das projeções, embora no judo, pelo que se assume pertinente a inclusão de projeções num
grupo técnico das projeções (projeção com controlo de cintura por trás com rotação,
(tourdanche de cadera, projeção com controlo de cintura por trás com rotação) tal como as
formas de controlo aplicadas nos exercícios projeções com manequim e cinturas russas
com manequim;
exercício cinturas russas com manequim assim como várias habilidades com formas de
do atleta. Estas habilidades apresentam paralelismos técnicos próximos aos dois exercícios
estimula a própria melhoria física e técnica do atleta, que atinge a assunção que ‘’a
pelo que uma vez mais se defende a manutenção destes dois exercícios no modelo
reespecificado.
Por si só, os restantes itens revelam valor de discriminância inter item ou carga
fatorial aceitáveis, pelo que não seria necessário referir outros testes para sustentar a
97
4.1 Medidas de Fiabilidade e Validade
interessa agora avaliar sua validade. A validade é a propriedade do instrumento que avalia
validação.
estima a consistência interna dos itens reflexivos do fator ou constructo, indicando o grau
em que estes itens são consistentemente, manifestações do fator latente. De forma geral,
que para estudos exploratórios se admitam valores inferiores (Hair, Anderson, Tatham, &
A validade convergente ocorre quando os itens que são reflexo de um fator saturam
fortemente nesse fator, i.e., o comportamento destes itens é explicado essencialmente por
esse fator. Uma forma de avaliar a validade convergente é por intermédio do cálculo da
variância média extraída (VEM) por cada um dos fatores. É usual considerar que
A validade discriminante pode avaliar-se comparando as VEM por cada fator com o
98
significa que o fator sob estudo não se encontra correlacionado com fatores que
Fatores
1 2
Fatores FC VME
1. Exercícios Especiais 0.85 0.66 1.00
FC-Fiabilidade Compósita
VME-Variância Média Extraída
pelo cálculo do quadrado da correlação entre os fatores. Os dois fatores revelaram bons
níveis de consistência interna, com valores 0.85 (Exercícios Especiais) e 0.88 (Exercícios
Gerais).
dados.
fatores.
performance do lutador.
99
Figura 37 – Modelo Reespecificado de avaliação da performance do lutador
100
5. Conclusões e Recomendações
estrutura temporal do combate, os exercícios especiais foram testados de acordo com uma
gerais foram testados de acordo com uma aplicabilidade e ‘’transferência positiva’’ para as
para a prática de excelência da modalidade, ainda não sendo de carácter tão especial.
Assim, com o presente estudo foi possível compreender que tanto exercícios
modalidade da luta.
É possível argumentar que esta estrutura pode ser demasiado fechada e que outras
estruturas serão possíveis, é um facto, mas pensa-se que esta estrutura é comum ou
memorizado sem que o atleta estabeleça relações entre a nova informação e aquela que já
101
ao modo como a informação é processada e armazenada na memória, encontrando-se a
à medida que vão aparecendo estímulos nesse sentido, dando assim origem a um cada vez
resultando que também a estrutura temporal tem tendência para apresentar estruturas
conteúdos mas sempre derivados destas estruturas de aprendizagem e que resulta em dois
sistemas de ataque com apenas duas possibilidades, i.e. encadeamentos e/ou combinações.
uma determinada ordem específica de acordo com o acima descrito, será uma recolha mais
orientados numa determinada ordem específica que respeita a ecologia do combate. Assim
como não se justifica o teste de determinados exercícios num tempo de duração que não
treinadores menos propensos ao cálculo com a utilização do software Amos 20, terão
102
dificuldade ao uso de uma fórmula que considere os pesos fatoriais, a variância estimada
agora obtidos seja materializada pela estimação dos scores ou valores de cada sujeito nos
fatores. Neste domínio é corrente estimar os scores dos fatores por soma dos scores dos
itens que constituem o fator. Vários autores indicam que o problema associado com esta
prática é o que resulta de os itens terem o mesmo peso no cálculo do score final.
mesmo peso fatorial, encontrando-se itens, numa escala, onde o fator pode ter mais ou
menos peso no comportamento do item. Assim e de forma inversa, o item deverá ter mais
ou menos peso na estimação do score do fator. Este comportamento dos itens só pode,
portanto, ser estimado e não calculado assumindo que os scores não são únicos. Assim
sendo, essas estimativas são inúteis e portanto foi decidido recomendar no âmbito da
aplicação no terreno manter o cálculo do score final pela soma dos resultados de cada
exercícios gerais foram obtidas por consulta às tabelas existentes na Federação Portuguesa
de Lutas Amadoras decorrente dos trabalhos da escola nacional de luta na década de 1990
performance atlética específica com exercícios especiais foram obtidas por observação dos
103
Atribuiu-se nota máxima (5) ao resultado máximo. A partir daí, dividiu-se o
Exemplo: numa categoria o máximo observado num dos exercícios foi 5 repetições,
pelo que 5/5 = 1. Não há necessidade de arredondar os números à unidade, porque não há
casas decimais.
104
transformando-os em score com base nestas tabelas é possível avaliar a performance do
lutador.
Corridas de 60 metros
105
Corrida de Resistência
106
Subir a corda (20 segundos)
107
Elevação na barra (20 segundos)
10 8 5 5 Pontos
9 7 4 4 Pontos
8 6 3 3 Pontos
7 5 2 2 Pontos
6 4 1 1 Pontos
12 10 6 5 Pontos
11 9 5 4 Pontos
10 8 4 3 Pontos
9 7 3 2 Pontos
8 6 2 1 Pontos
20 16 10 5 Pontos
18 15 8 4 Pontos
16 14 6 3 Pontos
14 13 5 2 Pontos
12 12 4 1 Pontos
108
Flexões de braços (20 segundos)
15 12 10 5 Pontos
14 11 9 4 Pontos
12 10 8 3 Pontos
13 9 7 2 Pontos
10 8 6 1 Pontos
17 17 12 5 Pontos
16 16 11 4 Pontos
15 15 10 3 Pontos
13 13 9 2 Pontos
11 11 8 1 Pontos
20 20 15 5 Pontos
18 18 13 4 Pontos
17 17 12 3 Pontos
16 16 11 2 Pontos
15 15 10 1 Pontos
109
Hiperextensões do tronco (20 segundos)
12 10 9 5 Pontos
11 9 8 4 Pontos
9 8 7 3 Pontos
7 7 6 2 Pontos
6 6 5 1 Pontos
16 15 9 5 Pontos
15 14 8 4 Pontos
14 13 7 3 Pontos
13 12 6 2 Pontos
12 10 5 1 Pontos
18 17 12 5 Pontos
17 16 11 4 Pontos
16 15 10 3 Pontos
15 13 9 2 Pontos
14 10 8 1 Pontos
110
Multisaltos com disco em progressão 20’’
10 10 7 5 Pontos
9 9 6 4 Pontos
8 8 5 3 Pontos
7 7 4 2 Pontos
6 6 3 1 Pontos
11 10 9 5 Pontos
10 9 8 4 Pontos
9 8 7 3 Pontos
8 7 6 2 Pontos
7 6 5 1 Pontos
14 14 10 5 Pontos
13 13 9 4 Pontos
12 12 8 3 Pontos
11 11 7 2 Pontos
10 10 6 1 Pontos
111
Projeções com manequim
5 6 4 5 Pontos
4 5 3 4 Pontos
3 4 2 3 Pontos
2 2 1 2 Pontos
1 1 1 1 Pontos
5 6 5 5 Pontos
4 5 4 4 Pontos
3 4 3 3 Pontos
2 2 2 2 Pontos
1 1 1 1 Pontos
7 7 5 5 Pontos
6 6 4 4 Pontos
4 4 3 3 Pontos
3 3 2 2 Pontos
1 1 1 1 Pontos
112
Levantamento clássico com barra/Cavalo
5 4 4 5 Pontos
4 3 3 4 Pontos
3 2 2 3 Pontos
2 1 1 2 Pontos
113
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120
7. Anexos
Carta de Autorização aos Treinadores
Caro colega,
Pretende-se com este estudo determinar quais os exercícios que devem ser
considerados para a construção de um teste de avaliação da performance na modalidade de
Luta.
Sobre a sua colaboração e respetivo conteúdo, será mantido o maior sigilo e aos
colegas que o desejarem será dado conhecimento dos resultados do trabalho,
imediatamente após a sua conclusão.
Francisco Borba
121