Atividade Avaliativa Literatura Portuguesa

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ESCOLA DE EDUCAÇÃO - AV.

FLORIANO PEIXOTO
CURSO: LETRAS PORTUGUÊS/INGLÊS
Disciplina: Literatura Portuguesa.

Aluna: Nota____
Aluna:
Aluna:

AVALIAÇÃO DA 3ª UNIDADE

I – De acordo com os estudos realizados, responda as seguintes questões:

1. Sabemos que o Modernismo português se divide em três fases e tem início com a
publicação da Revista Orpheu em 1915. Com base nisso, levante uma discussão
acerca das três fazes, apresentando as principais características de cada uma, bem
como as principais obras e escritores.

O Modernismo é uma escola literária que surgiu no início do século XX,


representando a ruptura com os padrões e inovações. Em Portugal deu início em 1915
com a publicação da revista Orpheu, que teve como líderes Fernando Pessoa, Mario de
Sá Carneiro e Almada Negreiros. Este movimento disseminou um grande escândalo
social, uma vez que buscava romper com o tradicionalismo da época. Sua primeira fase
ocorreu em 1915 até 1927. Porém, vale ressaltar que teve suas primeiras marcas em
1910 com o movimento saudosista, instalado na revista “A Águia”. O futurismo e
expressionismo influenciaram a primeira geração. Que tem como principais características
a busca pela literatura inovadora, rompimento com o passadismo da literatura com caráter
histórico, retratação do homem e seu espanto de existir, valorização do subconsciente e
surgiu em meio a um período político-econômico conturbado para a Europa.
Já no segundo momento do Modernismo em Portugal, inicia-se em 1927 com o
lançamento da revista Presença, sendo integrada pelos que ficaram de fora do Orfismo,
ou seja, dando continuidade ao trabalho iniciado com a revista Orpheu, teve como
principais autores: João Régio, que escreveu “Poema de Deus e do Diabo”, “Jogo da
Cabra Cega”; João Gaspar Simões, que escreveu “Romana Numa Cabeça”, “Amigos
Sinceros” e “Internato” e Branquinho da Fonseca, que escreveu “Poemas”, “Mar
Coalhado” e “Bandeira Preta”. Tendo como principais características a introspecção, arte
que deve expressar o individual em lugar do coletivo; O psicológico e intuitivo deve estar
acima do racional. Apregoava a libertação do academicismo e a prática de uma arte mais
original.
Já a terceira geração intitulado Neorrealismo, iniciou-se em 1940, com a publicação
de “Gaibéus”, de Alves Redol, e esse período caracteriza-se pela oposição ao ditador
Antônio de Oliveira Salazar. Teve como principais autores: Alves Redol, que escreveu
“Glória”, “Mares” e “A Barca dos Sete Lemes”; Ferreira de Castro, que escreveu
“Emigrantes”, “A Selva” e “Eternidade” e Soeiro Pereira Gomez, que escreveu “Esteiros”,
“Contos Vermelhos” e “Engrenagem”. E que teve como principais características expor as
questões sociais preocupantes como a injustiça, luta de classes e os conflitos de governo
vigentes e o texto neorrealista português que apresenta denúncia das injustiças sociais.
Logo é perceptível que este movimento veio trazendo uma inovação no âmbito tanto
literário quanto social, devido ao contexto da época (Primeira e Segunda Guerra Mundial),
o surgimento da Teoria da Relatividade de Einstein e psicanálise de Freud, bem como
transformações tecnológicas (eletricidade, telefone, avião, cinema). Isto, devido a tanto os
autores ter como objetivo quebrar os padrões, como as pessoas já estavam se sentindo
modificadas pelas novas tendências.

2. Fernando Pessoa é um dos mais conhecidos poetas do Modernismo português


ao lado de seus heterônimos, Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos. De
acordo com isso, levante uma discussão sobre os aspectos peculiares de cada um
dos quatro poetas, apresentando características, poemas e interpretação sobre a
poesia de cada um.

Fernando Pessoa, nasceu em Lisboa em 13 de Junho de 1888. Era poeta, filósofo,


dramaturgo, ensaísta, tradutor, publicitário, astrólogo, inventor, empresário,
correspondente comercial, crítico literário e comentarista político. Criou a invenção
heteronímica, que são personalidades poéticas completas. Através dos heterônimos ele
ficou conhecido como ortônimo e através das mesmas ele conduziu uma profunda
reflexão entre verdade, existência e identidade.
No verso do poema “Aos que a felicidade é sol, virá a noite”, diz: “Aos que a felicidade é
sol, virá a noite. Mas ao que nada espera, tudo que vem é grato”, dar-se a compreender
que pessoas que tem costumes e objetivos de vida, nada é inesperado, sabe o que está
por vir. Já pessoas que não vivem de ideais ou de objetivos a cumprir, tudo que vier a sua
vida será aceito.
Já sobre Alberto Caeiro, ele é considerado o mestre de todos os heterônimos de
Fernando Pessoa. Nasceu em 1889, em Lisboa, mas viveu quase toda a sua vida no
campo. Viveu com uma tia por ter perdido seus pais, não teve profissão e quase nenhuma
educação. Morreu de tuberculose em 1915. As características do seu estilo são a
valorização da simplicidade, ou seja, uso de uma linguagem mais simples, vocabulário
limitado de um poeta camponês pouco ilustrado, demonstração de seu gosto pela
natureza. Para ele, sentir é maias importante que pensar. Na análise do poema “Sou um
guardador de Rebanho”:

“Sou um guardador de rebanhos.


O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
Pensar numa flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto,
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei da verdade e sou feliz.”

Caeiro demonstra gostar muito da natureza e acha que sentir é mais importante
que pensar. Portanto neste poema ele diz que seu rebanho é seus pensamentos e que
esses são suas sensações, ou seja, ele quer dizer que ele cuida do que sente e sentir é o
que faz realizado. Por exemplo, ver uma flor e senti-la através de seu cheiro.
Sobre Ricardo Reis, ele foi criado quando Pessoa escreveu “Os Poemas de Índole
Pagã”. Nasceu em Porto, Portugal, em 19 de setembro de 1887. Formou-se em medicina,
mas não exerceu a profissão. Viveu no Brasil desde 1919, pois discordava da República
Portuguesa. Admirava cultura clássica, entendido do latim, grego e mitologia. Tinha como
característica uma personalidade que se identificava com os clássicos, refletindo a
doutrina Epicuriana, caracterizada pela identificação do bem soberano com o prazer,
praticando a virtude. Sua obra contém formalismo e princípios aristocráticos, tendo como
inspiração o poeta latino Horácio, no que diz respeito ao Carpe Diem. Fragmento do
poema de Ricardo Reis “Cada um cumpre o destino que lhe cumpre”:

“Cada um cumpre o destino que lhe cumpre


E deseja o destino que deseja
Nem cumpre o que deseja
Nem deseja o que cumpre.”

Como adepto ao Carpe Diem, ou seja, aproveitar e viver o momento, neste trecho
ele demonstra como mesmo insatisfeito, o homem prefere acomodar-se no que lhe é
dado sem esforço. Por mais desejo de buscar o novo e o íntimo, é mais fácil permanecer
com o mesmo destino e cumprir o que lhe é imposto.
Já Álvaro de Campos (1890-1935) se encontra no extremo oposto, inteiramente
oposto a Ricardo Reis. Para ele a sensação é tudo. O sensacionismo faz da sensação a
realidade da vida e a base da arte. Álvaro de Campos nasceu em Tavira no dia 15 de
outubro de 1890 às 13h30min. Estudou engenharia na Escócia. Ele valoriza a
modernidade e é um pessimista, pois apesar do gosto pelo progresso, o tempo presente o
angustia. Seu estilo pode ser definido em 3 fases: decadentista, progressista e
pessimista. Era poeta moderno que vive as ideologias do século XX. Tinha a Engenharia
como profissão, portanto, enxergava o mundo por um viés de um homem dominado pela
máquina. Tinha um comportamento rebelde e transpassa aos seus poemas temas como a
revolta e o inconformismo. Tinha o espírito inconformado com seu próprio tempo e não
conseguia se adaptar ao mundo que vivia. Em síntese, era marginalizado e agressivo.
Diante de trechos do poema “O que há”, que diz:

“Para eles a vida vivida ou sonhada,


Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimo, íssimo, íssimo,
Cansaço...”

O poeta expressa um certo cansaço diante da realidade em que vive. Esse


cansaço se fará presente em todo o poema, pois o “eu-lírico” encontra-se apático com o
que está ao seu redor, como se estivesse entrando em um tédio. Porém, ele não se sente
entediado por causa disto ou daquilo, nem porque não fez nada ou por tudo, apenas está
cansado, no sentido literal.

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