Modulo de Psicologia Geral
Modulo de Psicologia Geral
Modulo de Psicologia Geral
Psicologia Geral ii
ÍNDICE
INTRODUÇÃO.................................................................................................... 4
TEMA 1: A PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA ................................................... 7
Ciência e Senso Comum ................................................................................... 7
A CIÊNCIA ...................................................................................................... 9
Características da Ciência ................................................................................. 9
Conceito de Psicologia.................................................................................... 10
Importância da Psicologia ............................................................................... 11
Objecto de Estudo da Psicologia .................................................................... 12
Estrutura e Tarefas da Psicologia.................................................................... 13
Métodos da Psicologia .................................................................................... 14
Relação da Psicologia com outras Ciências.................................................... 17
Evolução da Ciência Psicológica .................................................................... 18
1. Os Grandes Períodos de Evolução da Psicologia ................................. 18
2. O Pensamento Psicológico Antes e Depois do Século XVIII .............. 19
Os primórdios da Psicologia Científica .......................................................... 19
A Psicologia entre os Gregos ...................................................................... 19
A Psicologia no Império Romano ............................................................... 21
A Psicologia no Renascimento .................................................................... 22
A PSICOLOGIA CIENTÍFICA...................................................................... 25
As Primeiras Abordagens Teóricas da Psicologia .......................................... 26
O Funcionalismo (Escola funcionalista) ..................................................... 26
O Estruturalismo (Escola estruturalista) ..................................................... 26
O Associacionismo ...................................................................................... 26
As Principais Teorias da Psicologia do Século XX ........................................ 27
O Behaviorismo ou Comportamentalismo .................................................. 27
Análise experimental do comportamento .................................................... 28
A Psicologia da Forma: A Escola da Gestalt .............................................. 29
A Psicanálise/Freud ..................................................................................... 30
A Psicanálise e os Mecanismos de Defesa da Personalidade ..................... 31
TEMA 2: O DESENVOLVIMENTO PSIQUICO E DA CONSCIÊNCIA
HUMANA .......................................................................................................... 33
O Homem como Unidade bio-psico-social..................................................... 33
A Vida Antes do Nascimento (o Desenvolvimento Pré-Natal) ...................... 34
Fundamentos Biológicos da Conduta ............................................................. 35
O Papel da Hereditariedade e do Meio na Conduta........................................ 35
Hereditariedade e Meio: o Princípio fundamental da Psicologia ................... 36
Psicofisiologia do Sistema Nervoso ............................................................... 37
Sistema Nervoso Central (SNC).................................................................. 37
Desenvolvimento Filogenético do Psíquico ................................................... 39
O Surgimento da Consciência no Processo da Actividade Humana .............. 40
Teorias de Desenvolvimento do Psíquico....................................................... 41
Psicologia Geral iii
1
J.L. de Paiva Bello. Metodologia científica. 2004
Psicologia Geral 5
TEMA 1:
A PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA
Para tal constitui imperativo analisar o que é ciência?”, para que possamos
compreender a psicologia como ciência.
A CIÊNCIA
Como as explicações magicas, baseadas no senso comum, não bastavam para
compreender os fenómenos, os seres humanos evoluíram para a busca de
respostas através de caminhos que pudessem ser comprovados. Desta forma,
nasceu a ciência, metódica, que procura sempre uma aproximação com a lógica.
O ser humano é o único animal na natureza com capacidade de pensar. Esta
característica permite que os seres humanos sejam capazes de reflectir sobre o
significado de suas próprias experiências. Assim sendo, é capaz de novas
descobertas e de transmiti-las a seus descendentes.
O desenvolvimento do conhecimento humano está intrinsecamente ligado à sua
característica de viver em grupo, ou seja, o saber de um indivíduo é transmitido
a outro, que, por sua vez, aproveita-se deste saber para somar outro. Assim
evolui a ciência.
Ciência: do latim «scire» que significa conhecimento, pode ser definida como o
conjunto de conhecimentos sobre factos ou aspectos da realidade (objecto de
estudo) expresso por meio de uma linguagem precisa e rigorosa. Esses
conhecimentos devem ser obtidos de forma:
Características da Ciência
A Ciência é racional, sistemática, exacta e verificável da realidade. Sua origem
está nos procedimentos de verificação baseados na metodologia científica.
Podemos então dizer que o Conhecimento Científico:
- É racional e objectivo.
- Atém-se aos fatos.
- Transcende aos fatos.
- É analítico.
- Requer exactidão e clareza.
- É comunicável.
- É verificável.
- Depende de investigação metódica.
- Busca e aplica leis.
- É explicativo.
- Pode fazer predições.
- É aberto.
- É útil (Galliano, 1979, apud Paiva Bello, 2004;s/p).
Psicologia Geral 10
Conceito de Psicologia
Depois desta breve alusão geral à noção de Ciência, iniciemos agora o estudo da
Psicologia.
O termo Psicologia é de origem greco-latino, e etimologicamente pode traduzir-
se no seguinte: psiychè = alma; logia=logos=estudo ou ciência. Assim, a
palavra Psicologia significa estudo da alma ou ciência da alma, ciência que
estuda as ideias, sentimentos, e determinações cujo conjunto constitui o espírito
humano.
Psicologia Geral 11
Esta definição permaneceu até aos meados do séc. XIX devido ao seu
desenvolvimento `condicionado´ com a Filosofia.
Como uma ciência autónoma com um objecto de estudo e métodos próprios de
investigação, ela é definida como ciência que estuda o comportamento do
homem e dos outros animais.
A psicologia supõe-se a outras ciências sociais, especialmente a sociologia. Mas,
enquanto a sociologia concentra sua atenção nos grupos, processos grupais e
forças sociais os psicólogos sociais concentram-se nas influências que os grupos
e a sociedade exercem sobre os indivíduos. A ênfase da psicologia está no ser
humano a diferença dos fisiólogos (biologia) que se concentram no sistema
nervoso, cérebro, memória, atenção, movimento, fome, impacto das drogas, etc.
Actualmente a psicologia é definida como a ciência que se concentra no
comportamento e nos processos mentais – de todos os animais.
o Ciência: enquanto a ciência oferece procedimentos disciplinados e
racionais para a condução de investigações válidas e a construção de um
corpo de informações coerentes e coesas.
o Comportamento: abrange tudo o que pessoas e animais fazem: conduta,
emoção, formas de comunicação, processos de desenvolvimento.
Assim, o objecto de estudo da Psicologia é o comportamento dos seres vivos
especificamente homens e animais, isto é, a Psicologia estuda a resposta ou
conjunto de respostas observáveis de um individuo ou de um grupo, a uma
situação ou estímulo.
o Processos mentais – incluem formas de cognição ou formas de
conhecimento, de entre elas: perceber, participar, lembrar, raciocinar, ou
resolver problemas. Sonhar, fantasiar, desejar, ter esperança são também
processos mentais.
Importância da Psicologia
Por ser uma ciência multiperspectiva e se aplicar em todas as áreas da vida
humana, tais como no Ensino, na Saúde, na Família, no Comércio, no Desporto,
etc., a Psicologia possui uma vasta importância.
• No ensino permite ao professor conhecer as particularidades individuais
dos alunos para melhor planificar e administrar as aulas, identificar e
resolver os problemas de aprendizagem segundo o desenvolvimento dos
alunos e fazer uma avaliação do processo de ensino e aprendizagem.
• Na saúde permite ao profissional de saúde estabelecer uma melhor
comunicação com o paciente e vice-versa.
Psicologia Geral 12
Métodos da Psicologia
O estudo da Psicologia como ciência pressupõe o uso de métodos, que possa
facilitar a análise do seu objecto de estudo, os fenómenos psíquicos (memória,
percepção, a sensação, o pensamento, assim como a imaginação) que numa só
linguagem são reduzidos em comportamentos.
Método: na perspectiva psicológica é o caminho ou via utilizado para esclarecer
as manifestações ou causas de um comportamento, de manifestações psíquicas.
Em psicologia, o conjunto dos métodos específicos engloba todos aqueles que
frequentemente são usados pelos psicólogos como:
a) Introspecção ou método introspectivo
Descrição cuidadosa dos fenómenos psíquicos que os estados da consciência
acusavam, mas feita pelo próprio indivíduo. Consiste na orientação da
consciência reflexiva para aquilo que se passa em nós, ou seja, concentração do
espírito sobre si mesmo para analisar os fenómenos que o indivíduo
experimenta.
É a observação e a descrição que o indivíduo faz dos seus estados psíquicos.
Supõe um desdobramento do sujeito que é ao mesmo tempo observador e
observado. O sujeito é o próprio objecto.
A introspecção pode ser pessoal ou laboratorial. A introspecção pessoal consiste
na auto-análise, isto é na observação interior e análise. Na introspecção
Psicologia Geral 15
e) Método estatístico
Usa-se para fazer o estudo ao nível dos grupos maiores, isto é, para a
compreensão de fenómenos de massa.
f) Método de entrevista
É uma conversação entre investigador e o sujeito investigado através da qual o
investigador obtém informações sobre o psiquismo. Geralmente se utiliza para
enriquecer e aprofundar a informação obtida a partir da observação e
experimentação. Ela permite a obtenção directa dos dados. O investigador faz a
pergunta e o entrevistado apenas responde a pergunta.
g) Questionário
Consiste num conjunto de perguntas cujo conteúdo e extensão dependem dos
objectivos da investigação e se aplica como substituto da entrevista quando se
trabalha com amostras grandes.
Psicologia Geral 16
h) Método comparativo
Serve para fazer extrapolação de uma conclusão feita sobre o estudo de um
animal para relacionar ao Homem, permite a formação de um perfil
comportamental.
j) Testes psicológicos
Consistem num sistema de tarefas, perguntas, seleccionadas, que tem como
objectivo a avaliação e comparação de sujeitos quanto a qualidade da
personalidade, habilidades, nível de desenvolvimento intelectual, efectuando-se
esta comparação sobre a base de normas estabelecidas previamente.
Existem testes psicológicos para medir tanto aspectos cognitivos como aspectos
afectivos da personalidade.
Os testes psicológicos não consistem em obter dados novos que serão
necessários para o aprofundamento dos conhecimentos científicos, mas sim em
estabelecer as qualidades psicológicas da pessoa submetida à experiência para se
analisar se corresponde ou não as normas ou padrões revelados anteriormente
Este grupo de testes é utilizado para revelar a existência ou a ausência de certas
capacidades, aptidões, caracterizar com o máximo de precisão certas qualidades
do indivíduo para exercer certa profissão, etc. Podem ser: testes de inteligência,
de capacidades, de aptidões, de personalidade.
l) Métodos longitudinais
É um processo de observação que se faz no sentido de duração. Os estudos
longitudinais têm fornecido informações excelentes e decisivas para a
Psicologia Geral 17
BIOLOGIA
HISTÓRIA Estudo do S.N. e glândulas
Importância do factor
PSICOLOGIA
secretoras; Processos
tempo e espaço social Estudo do
hereditários no
comportamento comportamento
ANTROPOLOGIA SOCIOLOGIA
Influência da cultura no Influências sociais no
comportamento comportamento
Dedicava-se ao estudo dos factos psíquicos que eram interpretados com base na
experiência do dia-a-dia, isto é, do quotidiano vivido. É nesta fase que se abre o
caminho para a cientificidade da psicologia. A interpretação e consequente
conhecimento dos fenómenos psíquicos era fundamentada, em parte pelo saber
filosófico, influenciado pela experiência quotidiana (social e reflexão
sistemática) dos cientistas.
Fase científica
Estuda os fenómenos e processos psíquicos, descreve-os, explica e estabelece as
relações causa-efeito. Nesta fase a psicologia torna-se ciência autónoma: define
o seu objecto de estudo, métodos e técnicas próprias, leis e princípios que regem
o estudo da psicologia, utiliza uma linguagem rigorosa e determina os seus
objectivos e finalidades.
Contribuiu de forma marcante para a cientificação da Psicologia a
institucionalização, pelo psicofisiologista alemão Wilhelm Wundt, em 1879, de
um laboratório de Psicologia, na cidade alemã de Leipzig. O laboratório
permitiu o desenvolvimento de métodos de estudo próprios, a reverificação do
objecto de estudo, e consequente afirmação de seu conceito como ciência que
estuda os fenómenos psíquicos, ou simplesmente, estudo do comportamento.
A Psicologia no Renascimento
+ 1200 depois da morte de S. Tomás de Aquino, inicia uma época de
transformações radicais no mundo europeu: RENASCIMENTO ou
RENASCENCA – o mercantilismo, e a descoberta de novas terras (América,
Índia, Rota pacífica) propicia a acumulação das riquezas para a Franca, Itália,
Inglaterra, Franca, Espanha. Na transição para o capitalismo emerge nova forma
de organização social e económica, dá-se também um processo de valorização
do Homem.
Foi no período do Renascimento, aproximadamente entre os séculos XV e XVI
(anos 1400 e 1500) que, segundo alguns historiadores, os seres humanos
retomaram o prazer de pensar e produzir o conhecimento através das ideias.
Neste período as artes, de uma forma geral, tomaram um impulso significativo.
Neste período Michelangelo Buonarrote esculpiu a estátua de David e pintou o
tecto da Capela Sistina, na Itália; Thomas Morus escreveu A Utopia (utopia é
um termo que deriva do grego onde u =não + topos = lugar e quer dizer em
nenhum lugar); Tomaso Campanella escreveu A Cidade do Sol; Francis
Bacon escreveu A Nova Atlântica; Voltaire escreve Micrômegas, Nicholas
Maquiavel escreve O Príncipe, caracterizando um pensamento não descritivo
da realidade, mas criador de uma realidade ideal, do dever ser.
A PSICOLOGIA CIENTÍFICA
O berço da Psicologia moderna foi a Alemanha de final do século 19. Wundt,
Weber e Fechner trabalharam juntos na Universidade de Leipzig – seguiram
para aquele País muitos estudiosos dessa nova ciência; como o inglês Edward B.
Titchner e o americano William James.
Seus status de ciência é obtido a medida que se “liberta” da filosofia, que
marcou a sua história até aqui e atrai novos estudiosos e pesquisadores, que sob
novos padrões de produção de conhecimento, passam a:
• Definir seu objecto de estudo (comportamento, a vida psíquica, a
consciência)
• Delimitar seu campo de estudo, diferenciando-o de outras áreas de
conhecimento como a Filosofia, Fisiologia
• Formular métodos de estudo deste objecto
• Formular teorias enquanto um corpo consistente de conhecimento na
área
A Psicologia científica nasce na Alemanha mas se desenvolve, cresce
rapidamente nos Estados Unidos como resultado de grande avanço económico
colocado na vanguarda do sistema capitalista. É ali que surgem as primeiras
abordagens ou escolas em psicologia, as quais deram origem inúmeras teorias
que existem actualmente. Essas abordagens são O Funcionalismo (por William
James, 1842-1910); O Estruturalismo (por Edward Titchner, 1867-1927), O
Associacionismo (por Edward Thorndike, 1874-1949).
Psicologia Geral 26
O Associacionismo
Edward Thorndike (1874-1949), é considerado o primeiro fundador de uma
teoria de aprendizagem na Psicologia de aprendizagem, na preocupação da
aplicação pràtica da psicologia e não só especulação filosófica.
O Associacionismo origina-se da concepção de que a aprendizagem se dá por
processo de associação das ideias mais simples às mais complexas. Assim para
aprender algo complexo precisamos de aprender as ideias simples associadas
aquele conteúdo. Thorndike formula a “lei de efeito” que seria de grande
importância na psicologia comportamentalista. De acordo com essa lei “todo o
comportamento de um organismo vivente tende a se repetir, se nós o
recompensarmos (efeito) o organismo assim que repetir/emitir o
comportamento. Por outro lado o comportamento tenderá a não acontecer, se o
organismo for castigado (efeito) após a sua ocorrência. (ex. se apertarmos o
botão da rádio formos premiados pela música, em outras oportunidades
apertaremos o mesmo botão, bem como generalizaremos essa aprendizagem
para outros aparelhos, como leitores de discos, gravadores, etc.
Psicologia Geral 27
O Behaviorismo ou Comportamentalismo
O Comportamentalismo, ou Teoria S-R (do latim Stimulus – Responsio), nasce
com o americano John Watson (1878-1958), e se desenvolve na América em
função das aplicações práticas, tornou-se importante por ter definido o facto
psicológico de modo concreto a partir da noção de comportamento (behavior).
Em 1913, o americano John Watson num artigo de revista intitulado “A
Psicologia tal como o behaviorista a vê”, inaugura o termo behaviorismo.
Neste contexto, Watson lança bases para a postulação do behavior,
comportamento como objecto da Psicologia, dá à psicologia a consistência
procurada por séculos: objecto observável, mensurável cujos experimentos
poderiam ser reproduzidos em diferentes condições e sujeitos.
O carácter observável do objecto contribui para o alcance de status da ciência da
psicologia, ou seja para a ruptura “definitiva” com a filosofia. Watson defende
uma perspectiva funcionalista para a psicologia, isto é, o comportamento deveria
ser estudado como função de certas variáveis do meio.
Watson busca uma psicologia sem alma e sem mente, livre de conceitos
mentalistas e métodos subjectivos e que tenha a capacidade de prever e
controlar.
R – S + para referir-se ao que o organismo faz e as variáveis ambientais
que interagem com o sujeito
Comportamento – unidade básica de descrição = ponto de partida para o
desenvolvimento da ciência do comportamento
O comportamentalismo nega o estudo da consciência: o comportamentalismo
representa uma reviravolta radical no que se refere ao objecto de estudo da
psicologia, do momento em que se limita ao estudo do comportamento
Psicologia Geral 28
Processos neurofisiológicos
Processos inconscientes
O quadro negro representa a “black box” ou seja, simboliza tudo aquilo que não
é do interesse para o estudo do psicólogo comportamentalista.
A B
A Psicanálise/Freud
Sigmund FREUD (1856-1939), médico vienense (Áustria), alterou,
radicalmente, o modo de pensar a vida psíquica. Freud ousou colocar os
“processos misteriosos” do psiquismo”, suas “regiões obscuras”, isto é as
fantasias, os sonhos, os esquecimentos, a interioridade do homem, como
problemas científicos. A investigação sistemática destes problemas levou Freud
à criação da Psicanálise.
Freud emprega o termine Psicanálise pela primeira vez em 1896. A
Psicanálise constituiu-se como método e como teoria, e ainda como terapia.
Como método consiste na interpretação e busca do significado do oculto daquilo
que é manifesto por meio de palavras ou acções e como teoria pode ser definida
como um conjunto de conhecimentos, sistematizados sobre o funcionamento da
vida psíquica.
Freud, como hebreu, herdou uma rica tradição do pensamento hebraico, e por
outro lado, de formação clássica (filosofia antiga) e perito linguista, ele veio a
contacto com a literatura antiga e moderna. Sobre esta base assentaram-se os
seus estudos de medicina e ciências naturais, no campo da fisiologia,
neuropsicológica e farmacologia. Teve o mérito de ter descoberto a sexualidade
(base fundamental de seus estudos), embora este fosse um tema debatido antes
da publicação do sua obra intitulada ”os três ensaios sobre a teoria sexual”.
Freud elaborou numa primeira instância uma teoria sobre personalidade,
denominada 1ª tópica, na qual estruturava a personalidade como sendo
constituída pelas seguintes instâncias: consciente, inconsciente e pré-
consciente; Freud postula o inconsciente como objecto de estudo da Psicologia,
da mesma forma que quebra a tradição da psicologia como uma ciência da
consciência e da razão.
Psicologia Geral 31
demais para ser tolerada. Ex: Um gerente ser despromovido de um cargo que era
obrigado a estar presente mais cedo e continuar chegando no mesmo horário.
Sublimação
É o mecanismo de defesa mais aprovado pela sociedade. Quando temos um
impulso que não podemos expressar directamente, reprimimos a sua forma
original, e deixamo-lo emergir sob uma feição que não perturbe a outrem ou a
nós próprios. Geralmente usamos a sublimação para expressar motivos
indesejáveis sendo que, como a maioria dos outros mecanismos de defesa, ela
opera inconscientemente mantendo-nos desconhecedores das motivos
indesejáveis.
Quando um impulso primitivo é inaceitável para o ego, é modificado de forma a
se tornar socialmente aceitável, isso é sublimação.
Racionalização
A racionalização é utilizada nas mais diferentes situações, quer envolvendo
frustração, quer envolvendo culpa. Ocorre pelo uso da razão na explicação de
estados “deformados” da consciência.
O racional é usado para explicar o irracional, tomadas de posições sem sentido.
Quando as pessoas fazem coisas que não deviam, é comum sentirem culpa, e ao
invés de admitirem a razão real de seu comportamento, preferem com frequência
racionalizar inventando razões plausíveis para o seu ato. Ex: Um funcionário
que tira dinheiro do caixa e fala que estava precisando muito e que logo no
próximo mês devolveria ao caixa o que tinha tirado.
Projecção
Às vezes as pessoas se recriminam ou se sentem mal por terem certo
pensamento ou impulsos. Podem atribui-los então a alguém, projectando nessa
pessoa os seus próprios sentimentos. Isso fica muito claro com relação a
impulsos poderosos, como o sexo e a agressão. Ex: Um gerente que sempre
chega atrasado no trabalho reclama ao superintendente geral que seu funcionário
nunca chega pontualmente.
Deslocamento
Este mecanismo está relacionado à sublimação e consiste em desviar o impulso
de sua expressão directa. Nesse caso, o impulso não muda de forma, mas é
deslocado de seu alvo original para outro. Ex: Ao ser despedido de uma
empresa, um funcionário leal sente raiva e hostilidade pela forma como foi
tratado, mas usualmente tem dificuldade de expressar seus sentimentos de forma
directa.
Formação Reactiva
Às vezes, quando as pessoas sentem-se ameaçadas por um impulso opressor,
podem combatê-lo indo para o extremo oposto, e denunciando-o vigorosamente
Psicologia Geral 33
TEMA 2:
O DESENVOLVIMENTO PSIQUICO E DA CONSCIÊNCIA HUMANA
por si só é uma lesão psíquica, o que serve de base para o medo original do
homem, segundo a psicanálise.
Teorias endogénicas
O desenvolvimento psíquico é feito dependentemente de factores biológicos: a
hereditariedade e as predisposições inatas tornam lugar de relevo. O
desenvolvimento do Homem está programado e reformado pelas disposições.
Segundo esta teoria, os factores do meio ambiente são apenas um atributo
subordinado, as aptidões e qualidades psicológicas da personalidade são
reduzidas aos instintos inatos de acordo com Mendel, Weisman e Morgan.
Teorias exogénicas
O Homem seria no momento do nascimento uma tábua rasa, pelo adestramento
e hábito poder-se-ia fazer-se tudo quando são aplicados os métodos respectivos.
Este grupo de teorias acentua o meio ambiente em que decorre o
desenvolvimento comparativamente aos outros factores como força
determinante de desenvolvimento psíquico.
O desenvolvimento é mais ou menos directamente reduzido à educação e
formação. Contudo a criança e o jovem são considerados como objectos
positivos das influências externas e deste modo expostos a métodos mecânicos
de educação, segundo Watson.
Teorias de convergências
O desenvolvimento do psíquico é resultado de uma convergência de factores
hereditários e factores ambientais. Logo, o desenvolvimento do psíquico da
criança e do jovem é resultado de forças desiguais da hereditariedade e do meio
ambiente. Significa que, o desenvolvimento do psíquico é determinado pela
cooperação de dois factores principais: hereditariedade e meio ambiente (Stern).
Estas teorias defendem que, no desenvolvimento do psíquico deve-se distinguir
os processos de maturidade e os processos de aprendizagem. Os processos de
maturidade são biologicamente condicionados. Enquanto que os factores de
aprendizagem estão sujeitos a regularidades sociais. Portanto, o
desenvolvimento psíquico seria condicionado pelos factores biológicos e de
assimilação.
TEMA 3:
A PSICOLOGIA EVOLUTIVA OU ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO
O desenvolvimento humano refere-se ao desenvolvimento mental e ao
crescimento orgânico. O desenvolvimento mental e uma construção continua,
que se caracteriza pelo aparecimento gradativo de estruturas mentais. Algumas
dessas estruturas permanecem ao longo de toda a vida (...)
Psicologia Geral 43
Conceito de desenvolvimento
Tradicionalmente, na literatura psicológica encontramos definidos:
1. Desenvolvimento como o processo de crescimento e diferenciação
continuada no tempo, resultado da maturação biológica e da interacção
com o ambiente e
2. 2. Psicologia de Desenvolvimento, em consequência, como aquele
ramo da psicologia que estuda o processo e organização/estruturação
do indivíduo desde o nascimento ate a idade adulta (desenvolvimento).
Durante o arco da vida a personalidade vai adquirindo, através de processos
evolutivos seja biológicos que psicológicos, uma maior e mais eficiente
harmonização das energias que se dispõem, com uma crescente possibilidade
seja de autonomia e de novos de compreensão seja de participação afectiva e de
socialização com o mundo.
Uma das consequências desta afirmação e que os seres humanos tornam-se
sempre mais complexos na medida em que se desenvolvem. Não só, mas se o
Homem e uma criatura admiravelmente complexa, não menos surpreendente o e
também a pequena criatura, que e o recém-nascido, desde os primeiros instantes
em que vê a luz.
Meio
O conjunto de influências e estimulações ambientais altera os padrões de
comportamento do indivíduo. Por exemplo, se a estimulação verbal for muito
intensa, uma criança de 3 anos pode ter um repertório verbal muito maior do que
a média das crianças de sua idade, mas, ao mesmo tempo, pode não subir e
descer com uma facilidade uma escada, porque esta situação pode não ter feito
parte de uma experiência de vida.
Aspectos do desenvolvimento humano
O desenvolvimento humano deve ser entendido com uma globalidade, mas, para
efeito de estudo, tem sido abordado a partir de 4 aspectos básicos.
• Aspecto fisico-motor
Refere-se ao crescimento orgânico, a maturação neurofisiológica, a capacidade
de manipulação de objectos e de exercício do próprio corpo. (ex: a criança aos 7
meses consegue levar a chupeta a boca porque já tem uma certa concordância no
movimento das mãos).
• Aspecto intelectual
É a capacidade de pensamento, raciocínio. Por exemplo, a criança de 2 anos, que
usa um cabo de vassoura para puxar um brinquedo que esta debaixo de um
móvel ou o jovem que planeja seus gastos a partir de sua mesada ou salário.
• Aspecto afectivo-emocional
É o modo particular de o indivíduo integrar as suas experiências. E’ o sentir. A
sexualidade faz parte deste aspecto. Exemplos: a vergonha que sentimos em
algumas situações, o medo em outras, a alegria de rever um amigo querido, etc.
• Aspecto social
É a maneira como o indivíduo reage diante das situações que envolvem outras
pessoas. Por exemplo, em um grupo de crianças, no parque, e possível observar
que algumas espontaneamente buscam outras para brincar, e algumas que
permanecem sozinhas.
não entende que são os próprios movimentos que provocam o ranger do berço e
não diferencia entre objectos e pessoas. A actividade cognitiva é
comportamental. Pensar é agir.
O bebé não tem noção de que existe algo fora do seu campo de visão.
(Irreversibilidade). Como demonstram alguns estudos, os bebés aprendem de
forma gradual a, a distinguir as pessoas dos objectos, começando a perceber que
ambos têm uma existência independente das suas percepções mais imediatas.
Aos 6 meses de idade, a criança investida as características do objecto. Procura
o objecto escondido, continua a existir.
Piaget chama a este primeiro estádio sensório-motor, pois as crianças aprendem
usando os seus diferentes sentidos, sobretudo tocando objectos, manipulando-os
e explorando fisicamente o meio ambiente. De 1 ano e meio o pensamento da
criança esta ligado a linguagem, esquemas motores e a conceitos de objectos e
das suas características. A principal conquista neste estádio é que, a criança já
entende que o meio ambiente tem propriedades próprias e imutáveis.
conflito. Por outro lado, o pai representa para o menino a fonte da punição
(vivida como castração dos próprios órgãos) por causa do amor dirigido a mãe.
O menino pode superar este conflito através de um processo de identificação
com o pai, mediante o qual ele assimila e faz seu o comportamento paterno.
Durante o processo de identificação, os meninos introjectam no Super-ego
grande parte das regras sociais e dos valores partilhados e derivados da figura
dos pais. Na menina verifica-se um processo em parte análogo, primeiro de
hostilidade para com a mãe e amor para com o pai e, portanto, em seguida, de
identificação com a figura materna.
4. Fase da latência (6-inicio da adolescência)
Durante esta fase a actividade da libido perde intensidade, consentindo ao “Eu”
uma trégua para consolidar o desenvolvimento anterior enquanto a criança
orienta ou dirige os próprios interesses no ambiente.
5. Fase genital (fim da adolescência)
O culminar do desenvolvimento psicossexual verifica-se no fim da adolescência,
na fase genital. O rapaz e a rapariga completam o desenvolvimento psicossexual
e orientam o próprio comportamento sexual aos parentes. Elemento
característico desta fase e o surgimento de um interesse de relação
reciprocamente gratificante com os outros. O indivíduo que se encontra nesta
fase genital, esta em grau de manifestar o interesse para com os outros, desejo de
partilhar as experiências significativas e solicitude para o seu bem-estar: este
empenho a reciprocidade não e alcançado por todos.
5. Estádio da Adolescência
A crise por superar é entre a identidade e confusão a cerca do papel a
desempenhar (confusão de identidade). O adolescente deve desenvolver o
sentido de identidade de si mesmo, tornar-se um indivíduo com a sua própria
personalidade distinta daquela dos parceiros e dos adultos, com próprias normas
sociais e próprios valores morais. O falimento na construção da identidade
manifesta-se na “confusão de papeis”, facto pelo qual o adolescente não
consegue encontrar um papel adequado para a sua personalidade no contexto
social.
6. Primeira idade adulta (20-30 anos)
Nesta fase a crise é entre intimidade ou amor/isolamento a pessoa enfrenta a
escolha entre uma vida caracterizada de relações de intimidade (capacidade de
amizade e amor), encontrar-se em companhia, amar alguém e a ausência de
relações afectivas, e transformar-se num isolado, evitando compromisso de amor
ou amizade. É o estádio da vida em que se põe também a problema da escolha
profissional que permite a inserção na sociedade. As duas escolhas cruzam-se,
originando as vezes conflitos, sobretudo na mulher pela qual a profissão pode
contrastar com o papel de mulher e de mãe.
7. Meia-idade (40-60 anos)
A crise situa-se entre a criatividade ou interesse/estagnação ou auto-absorção.
Regista-se a consolidação do amor e da amizade: aumento do interesse
profissional, aumento da atenção para com os filhos mas pode viver em
debilidade no relacionamento, em depressão, sem interesse. Para essa fase
contribui muito a tipo de escolha profissional feito, em particular em relação a
constatação feita no que diz respeito aos objectivos ou propósitos alcançados ou
não segundo a plano traçado na juventude. O sentido do insucesso pode muitas
vezes estimular a novos interesses e opções ou a uma nova ou mais lúcida
consciência das próprias capacidades.
8. Velhice (dos 60 anos em diante)
A crise observa-se entre o sentimento de integração e calma/ desespero. Nesta
fase emerge uma outra situação de conflito, aquela concernente a aquisição de
um sentido de integridade, que se experimenta quando se considera que a
própria vida foi completada, dando-lhe um sentido, ao qual se contrapões o
desespero, se se pensa de não ter alcançado os objectivos que anteriormente se
tinham proposto ou de não ter integrado as próprias experiências.
A pessoa pode tornar-se sabia: não se preocupa ansiosamente pela vida porque
descobriu o seu sentido e o da dignidade da sua vida; há aceitação da morte. Mas
pode não alcançar a sabedoria, ao fazer o balanço da sua vida ou avaliação do
seu passado e verifica que não fez nada que valesse a pena, logo surge um
sentimento de desgosto pela vida e de desespero perante a morte.
Psicologia Geral 53
Cada vez mais está a crescer o numero de anciãos que fica inactivo depois da
reforma e marginalizados em relação as decisões da colectividade. A psicologia
deve ser em grau de afrontar esta nova problemática para a integração dos
anciãos na sociedade.
censura da autoridade.
TEMA 4:
INTRODUCAO AO ESTUDO DA PERSONALIDADE
Teorias da Personalidade
A conduta humana é reconhecida como complexa. Assim, o comportamento não
é determinado por um único factor, mas sim por muitos factores, de natureza
diversa. Diante de tão complexo campo de investigação, diferentes grupos de
estudiosos enfatizam diferentes grupos de aspectos de comportamento. Alguns
concentram-se em hereditariedade e outros em influências ambientais. Outros
ainda, favorecem a formação de um conjunto de leis gerais, entendendo o
Homem como ser social e ao mesmo tempo biológico. As teorias da
Personalidade que merecem distinção especial são: o Behaviorismo, o
Psicologia Geral 57
Behaviorismo
O termo “Behaviorismo” que em Inglês “behavior” significa comportamento, foi
inaugurado pelo americano John Watson. Watson postulava o comportamento
como objecto de estudo da psicologia e defendia que este (comportamento)
devia ser estudado em função de certas variáveis do meio.
Para entender a personalidade (comportamento) deve-se analisar as relações
funcionais entre acções visíveis e suas consequências também visíveis.
A essência de todo o behaviorismo é ser a ciência do par Estimulo-Resposta.
Todo o comportamento pode ser modificado pelo meio ambiente, de tal forma
que o controle das condutas é possível e os fenómenos psíquicos são previsíveis.
A influência do meio ambiente predetermina o comportamento. Não se interessa
pelos fenómenos como a consciência, a hereditariedade, o prazer e a dor.
O homem é considerado vítima passiva do meio ambiente. O ensino e a
experiência são blocos de construção da personalidade.
O Gestaltismo
Os fundadores da escola da Gestalt foram WERTHEIMER (1880-1943), KURT
KOFFKA (1886-1941) e WOLFGANG KOHLER (1887-1967). Todos eles
negam a fragmentação entre acções e processos humanos, defendendo o
principio de determinação relacional, isto é, que as propriedades das partes
dependem do lugar, papel e função que têm no todo. Sustentam ainda que a
maior parte das configurações, o todo não é igual à soma das partes
demonstrando-se que o estímulo deve ser considerado como uma totalidade. A
Gestalt Orienta-se pelos seguintes princípios:
• O todo é percebido antes das partes que o compõe;
• O todo é definido pelas interacções e interdependências das partes;
• As partes de uma configuração não mantêm sua identidade quando
estão separadas da sua função e lugar no todo
O Super-Ego (super-eu)
O super-ego é o resultado da interiorização de censuras que a criança faz suas
(identificação) e que lhe vêm dos pais ou do meio ambiente. O conteúdo do
super-ego refere-se a exigências sociais e culturais. Representa o ideal do que é
real. É defensor dos impulsos rumo a perfeição. Origina-se com o complexo de
Édipo, a partir da interiorização das proibições, dos limites e da autoridade. O
super-ego é o depósito das normas morais e modelos de conduta. As suas
funções são a consciência, a auto-observação e a formação das ideias. Podemos
afirmar que o Super-Ego é baseado no princípio da Moralidade/sociabilidade.
A combinação das três camadas, segundo Freud constitui factor importante para
a formação e estruturação da Personalidade.
Psicologia Geral 59
Os Psicólogos humanista:
• Consideram os seres humanos fundamentalmente bons e as
psicopatologias subentram quando ao Homem é impedido de seguir as
inclinações naturais;
• Negam a teoria freudiana segundo a qual o comportamento adulto é
inevitavelmente o produto das experiências passadas.
• Defendem que a personalidade pode modificar-se também, na idade
adulta;
• Afirmam que as pessoas possuem a liberdade e a capacidade de
modelar o próprio futuro, sobretudo se aceitam as experiências do aqui
e agora.
TEMA 5:
PROCESSOS PSÍQUICOS/COGNITIVOS
Processos Cognitivos são processos que tem como característica mais saliente
representar o sujeito, um objecto ou fenómeno, em geral, exterior ao próprio
sujeito. O seu conjunto constitui a vida cognitiva ou intelectual. Os processos
cognitivos possibilitam o Homem realizar a actividade mental como a
inteligência, capacidades, habilidades, etc. O seu mau funcionamento
compromete a actividade mental.
Alguns processos cognitivos:
Sensação
Fenómeno elementar da consciência resultante da excitação de um órgão dos
sentidos provocados por um estimulo interno ou externo. Consiste em reflectir
as características (propriedades) isoladas dos objectos.
Importância: Tomamos conhecimento do mundo em redor (sons, cores, cheiro,
tamanho), graças aos órgãos dos sentidos. São os primeiros elementos que nos
põem em contacto com a realidade e facilitam a apreensão da mesma. Os órgãos
dos sentidos recebem, seleccionam e acumulam a informação e, transmitem ao
cérebro, surgindo o reflexo adequado do mundo circundante e ao próprio
organismo.
Percepção
Acto de organização de dados sensoriais pelo qual conhecemos “a presença
actual de um objecto exterior”: temos consciência da existência do objecto e
suas qualidades.
Importância: A percepção no PEA está relacionada com a compreensão e
interpretação, análise intelectual do aprendido. A percepção ajuda a
compreensão, análise aprofundada do fenómeno e a chegar a conclusão sobre o
mesmo.
A percepção está ligada a atenção. A atenção constitui a fase inicial da
percepção e a principal forma de organização da actividade cognitiva. A atenção
é indispensável à percepção, interpretação, compreensão, imaginação,
assimilação, recordação e reprodução. Durante a aula, a atenção ajuda a
compreensão da essência das tarefas, ajuda a sua resolução e verificação.
Psicologia Geral 69
Memória
Capacidade de lembrar o que foi de algum modo vivido. Ela corresponde as
seguintes operações ou processos: a aquisição, a fixação, a evocação, o
reconhecimento e a localização das informações resultantes de percepções e
aprendizagem. A memória facilita a organização, fixação e retenção do
aprendido, assim como a sua evocação., quando essa informação for necessària.
Não haveria evolução dos nossos conhecimentos se na medida que os
adquirissemos, os perdessemos. A memória conserva o passado e permite
incorporà-lo na estrutura cognitiva do sujeito.
Processos da Memória
Aquisição: consiste no contaco com a informação.
Fixação: para a fixação exige além da edequada aquisição, a repetição.
Evocação ou reprodução: consiste na lembrança do material fixado. É a
reaparição na consciência de um fenómeno passado. As informações
armazenadas tentam a ser evocadas junto das informações falsas.
Reconhecimento: identificação e uso de informações correctas, e as que
vierem unidas são rejeitadas. Consiste em referir ao passado as nossas
lembranças, enquadrando-as num contexto de factos da nossa experiência
pessoal.
Localização: consiste em situar as recordações no trama da nossa história
interior, em dispô-las umas às outros, de forma a marcar-lhes o local próprio no
tempo e no espaço, para estabelecer a sua cronologia íntima e pessoal.
A fixação e a evocação serão tanto maiores quanto maior for o significado do
material. Diferentes partes da matéria devem ser relacionadas, matérias
diferentes devem ser articuladas.
A memória é condição do progresso intelectual: não haveria evolução dos
nossos conhecimentos se à medida que os adquiríssemos, os perdêssemos;
A linguagem seria impossível sem a memória, porque para falar é necessário
reter as palavras e o seu sentido;
Permite aperfeiçoar os nossos actos;
A personalidade não existiria sem memória, pois é ela que conserva o nosso
passado e permite incorporar no “eu” o que se vai leccionando, para organização
da personalidade.
Quando o aluno não armazena o material aparece o esquecimento. O
esquecimento é o fracasso do esforço evocativo ou impossibilidade de
reproduzir o passado.
Factores do esquecimento:
Vastidão da matéria
Psicologia Geral 70
Irrelevância do conteúdo
Falta de interesse
Doenças da memória
O tempo (as repetições devem ser curtas): a 1ªrepetição deve ser na
aula.
Cansaço
Pensamento
Processo cognitivo que permite a resolução de tarefas (processo de análise e
síntese). Permite reflectir de forma generalizada a realidade objectiva sob a
forma de conceitos, leis, teorias e suas relações.
Importância:
• Ajuda o indivíduo a superar as suas dificuldades desde as mais triviais
até as mais complexas;
• Planificação e organização lógica dos procedimentos a ter em conta na
aula;
• Reflexão sobre uma tarefa para encontrar as mais adequadas soluções;
• Mudança de métodos habituais de resolução de tarefas colocadas;
• Avaliação de diversas variantes de resolução para encontrar um
resolução mais racional;
• É um factor de ligação entre o concreto e o abstracto.
O Pensamento e Linguagem
O pensamento está socialmente condicionado e ligado indissoluvelmente com a
linguagem, a fala. O pensamento humano é impossível sem a língua. Qualquer
pensamento surge e se desenvolve em ligação indissolúvel com a linguagem.
Quando mais profundo e bem ponderado é um certo pensamento, tanto mais
clara e precisa é a sua expressão em palavras. O homem quando resolve um
problema pensa de si para si como se estivesse a conversar consigo mesmo.
Imaginação
É o processo psíquico cognitivo, exclusivo ao homem, mediante o qualse criam
(elaboram) imagens e noções que não existiam na experiência anterior, ou seja, a
habilidade que os indivíduos possuem de formar representações, costruir
imagens mentais a cerca do mundo real ou mesmo de situações não directamente
vivenciadas.
A base da imaginação são noções da memória que se completam por novas
percepções, transformando-se em novas percepções e noções.
Importância:
Psicologia Geral 71
TEMA 6:
ESFERA EMOCIONAL, SENTIMENTAL E VOLITIVA DA
PERSONALIDADE