Motta Roth PDF
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Désirée MOTTA-ROTH
(LABLER-Laboratório de Pesquisa e Ensino de Leitura e Redação
Universidade Federal de Santa Maria)
as genre under a critical perspective. Contributions to the language pedagogy are pointed
out with reference to Genre Analysis, Critical Discourse Analysis, Systemic-Functional
Linguistics, and Socio-Discursive Interactionism.
KEY-WORDS: Critical Genre Analysis, overview of research work, language and activity,
implications for language teaching and learning
Introdução
1. Breve histórico
3. À época deste levantamento, o sub-GT de gêneros da ANPOLL não contava com estudos
sobre gêneros, desenvolvidos nas Universidades Federais da região Norte do Brasil, como, por exem-
plo, na do Pará, Acre ou Amapá.
Discurso:
Ideologia
Gênero:
Contexto de Cultura
Registro:
Contexto de Situação
Semântica e Pragmática
Léxico-gramática
Fonologia &
Grafologia
6. Atualmente o modelo adotado por Martin (Martin & Rose, 2003:4) mostra apenas três níveis:
o círculo mais interno da gramática, o círculo mais externo da atividade social e o círculo interme-
diário do discurso, que interfaceia com as duas nomeadas acima.
C
Discurso:
Ideologia
O I Gênero:
Contexto de Cultura
N N Registro:
T Contexto de Situação
T E
E R T
Semântica Discursiva
X A E Léxico-gramática
T Ç X
à T Fonologia & Grafologia
O O O
Figura 2: Adaptação da Figura 2.1 - Discurso como texto, interação
e contexto de Fairclough (1989:25) e da Figura 7.3 - Linguagem em
seu ambiente semiótico de Martin (1992: 496).
1. Projeto de 2
pesquisa;
2. Sessões de 1
orientação;
3. Palestras; 3
4. Defesas;
5. Livros;
6. Resenhas;
7. Bilhetes,
emails,
editais,
pedidos de
auxílio,
formulários,
CV Lattes,
etc...
7
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lhadas e reconhecidas como integrantes de uma dada cultura. Tal conceito de lin-
guagem, que articula a vida social e o sistema da língua, carrega em si pressupostos
acerca do ensino de linguagem: ensinar uma língua é ensinar a agir naquela língua
(Motta-Roth 2006a: 496).
7. Observações finais
Do mesmo modo, não vejo como aprender linguagem sem falar dela,
usando os termos relativos a esse campo do saber.
Analogamente à descrição de Bakhtin sobre como podemos participar
do discurso porque construímos um modelo mental da situação em que
nos encontramos com base em toda a nossa vivência em sociedade, Halli-
day (1985/1989:28) discute a prática social e lingüística em termos de três
comportamentos. Ao entrarmos em uma situação, 1) determinamos um
campo - o que as pessoas estão fazendo, 2) notamos as relações entre elas e
3) identificamos o modo – aquilo que está sendo realizado por meio da
linguagem. Assim, entramos em uma situação com a mente alerta, com
certos elementos da linguagem prontos para serem acessados na mente,
fazemos previsões quanto à espécie de significados que serão produzidos
para que possamos participar da interação naquela situação.
Se aprender linguagem é o mesmo que analisar discurso, então tanto
para a pesquisa quanto para o ensino, as representações sobre a situação de
ação de linguagem são um ponto de partida para qualquer ação. Essas
representações são uma base de orientação para decidir o gênero do texto,
“os tipos de discurso, as seqüências, os mecanismos de textualização e os
mecanismos enunciativos que comporão o gênero de texto escolhido” (Hal-
liday 1985/1989:92).
Para Halliday (1991:2), o que as pessoas lêem e ouvem, falam e escre-
vem quando elas estão sofrendo os efeitos de uma determinada ação, quando
estão em um determinado contexto de situação? Que objetivo eles espe-
8. No original: “In arithmetic, everyone accepted that the children had to learn to talk about
their number skills, like adding and taking away; but they were expected to master highly complex
language skills without any systematic resources with which to talk about them.”
ram alcançar por meio da linguagem? E como se sabe que o objetivo foi
alcançado?
À Escola, cabe oferecer condições de acesso à explanação e à compre-
ensão do modo como situações de interação social mais e menos instituci-
onalizadas acontecem, se organizam e se desenvolvem, como e por quem
os papéis são determinados aos participantes, e os significados disponíveis
na língua. Somente ao entender o que acontece, poderemos entender o
que está sendo dito ou escrito, pois a situação cria o texto e o texto realiza
a situação, materializa-a, viabiliza-a (cf.: Halliday 1991:15).
No campo da pesquisa que visa à descrição e à interpretação das prá-
ticas discursivas, a Análise Crítica de Gêneros, ao combinar o quadro teó-
rico da Análise de Gêneros, o da Lingüística Sistêmico-Funcional e o da
Análise Crítica do Discurso. Essa combinação oferece um arcabouço teóri-
co rico que permite: a) a descrição dos atos de fala (a ação comunicativa)
realizados num texto representativo de um gênero, b) a identificação dos
expoentes lingüísticos que realizam esses atos e que fazem referência aos
contextos de situação e de cultura que definem o gênero, e c) a interpreta-
ção do(s) discurso(s) que permeia(m) o texto e que constituem as relações e
tensões sociais num dado evento discursivo.
Em síntese, a pesquisa e o ensino realizados até aqui nos apontam
direções, mas resta o desafio de refinar o conceito de contexto relevante
para os diversos usos da linguagem (Meurer 2006) de modo que possamos
entender, descrever e ensinar os usos da linguagem como práticas situadas
e não como sistemas de regras e verdades.
Recebido em outubro de 2007
Aprovado em março de 2008
E-mail: [email protected]
REFERÊNCIAS
ANEXO
Lista de referências dos exemplos: