Síndrome de Down
Síndrome de Down
Síndrome de Down
112
II Seminário Brasileiro de Educação Musical Infantil
Escola de Música da UFBA, PPGMUS - Salvador, de 01 a 03 de agosto de 2011
com atividades musicais, quanto para o contato da família com outras famílias de crianças
SD.
O trabalho com bebês e crianças portadores de Síndrome de Down (SD) é
significativamente marcado pelas relações afetivas dessas crianças com seus pais, mães e
irmãos (MATIAS; FREIRE, 2005). A aceitação da criança e a superação do “luto” pela
família são aspectos fundamentais para que o acompanhamento e estimulação precoce da
criança SD tenha êxito. A partir dos relatos das mães e observação das respostas das crianças,
foi possível verificar que as atividades musicais tornaram-se muito importante para as
famílias como mediadoras das relações afetivas. Além de estimular o desenvolvimento
musical, cognitivo, social e psicomotor dos bebês, a música também teve impacto no
desenvolvimento dos pais e mães, auxiliando estes na superação do “luto”.
Voivodic (2004) considera importante que, desde os primeiros anos de vida da criança
com Síndrome de Down, seja realizada uma estimulação precoce que "leve em conta seus
diferentes modos e ritmos de aprendizagem, em função de suas necessidades especiais"
(p.31). Considera também que a família tem um papel de fundamental importância no
desenvolvimento social, emocional e cognitivo durante o período crítico (primeiros meses de
vida) das crianças SD. Segundo diretrizes do MEC/SEESP de 1995, estimulação precoce "é o
conjunto de atividades e recursos humanos e ambientais incentivadores que são destinados a
proporcionar à criança, nos seus primeiros anos de vida, experiências significativas para
alcançar pleno desenvolvimento no seu processo evolutivo" (s.p.).
A turma realiza as aulas todas as sextas-feiras, no período da tarde, com duração de 50
minutos. Quando as crianças completam 2 anos e já andam, são encaminhadas para a
integração nas turmas com crianças comuns da mesma idade cronológica. A participação
nesta turma é considerada fundamental como preparação para a integração efetiva nas turmas
regulares, pois as crianças que participam da turma para bebês SD já conhecem a rotina da
aula e conseguem acompanhar com ótimo desempenho as turmas da mesma faixa etária.
Os conceitos e as referências para a montagem da estrutura de aula se baseiam na
proposta de Dourado e Millet para o trabalho na área de artes cênicas: “Para uma melhor
dinamização da aula, o mais eficaz seria dividi-la em quatro etapas sequenciadas: 1)
aquecimento, 2) relaxamento-concentração, 3)elaboração e, 4) avaliação” (DOURADO;
MILLET, 1998, p. 30). Estes conceitos são observados como diretrizes e adaptados aos
objetivos de cada semestre para incluir e combinar etapas no processo, dessa forma, foi
possível estabelecer um modelo próprio de rotina de aula que tem se mostrado produtivo para
113
II Seminário Brasileiro de Educação Musical Infantil
Escola de Música da UFBA, PPGMUS - Salvador, de 01 a 03 de agosto de 2011
Atividades musicais
As atividades realizadas em aula são concebidas de forma que mães, pais e cuidadores
também possam realizar atividades musicais em casa. O professor estimula as crianças em
sala e orienta as famílias sobre como realizar brincadeiras musicais em casa. A criança com
SD necessita de modelos consistentes e bem realizados em casa, uma vez que a repetição de
um bom modelo irá facilitar a aprendizagem da criança.
O repertório musical consiste de canções do universo infantil brasileiro, baseadas no
folclore de diversas regiões, parlendas faladas, brinquedos musicais e canções da MPB.
Dentro do Projeto “Música para Crianças”, foi criado um repertório especifico para
musicalização infantil, formado por canções sem palavras nas quais são utilizadas músicas em
diversos modos e também parlendas rítmicas em compassos irregulares. De acordo com
Gordon (2000), a variedade de métricas e modos é fundamental para o desenvolvimento
cognitivo musical da criança.
1- Recepção e Aquecimento
A chegada da criança e o início da aula podem ser considerados com uma transição
entre as atividades cotidianas e o ambiente da musicalização. A aula é iniciada com a
formação de uma roda, com as pessoas sentadas no chão, e começa com a canção de abertura
que estabelece o padrão de interação musical entre as pessoas presentes. Cada semestre possui
uma canção própria, sendo que todas as canções permitem a apresentação de cada criança e
adulto presente na roda. O professor deve dar atenção a todos os participantes, mantendo
contato visual e falando o nome de cada pessoa. Neste momento o professor estabelece o
primeiro contato com a criança e sua família, abrindo as portas do relacionamento e
permitindo que seja criado um vínculo de confiança entre ambas as partes.
a) Respiração e Concentração
114
II Seminário Brasileiro de Educação Musical Infantil
Escola de Música da UFBA, PPGMUS - Salvador, de 01 a 03 de agosto de 2011
b) Voz de Cabeça
115
II Seminário Brasileiro de Educação Musical Infantil
Escola de Música da UFBA, PPGMUS - Salvador, de 01 a 03 de agosto de 2011
registro agudo é fundamental para conseguir desenvolver o senso de afinação nas crianças, e o
desenvolvimento da voz de cabeça precisa da participação e engajamento das mães na
valorização da voz aguda da criança.
2- Movimento e Dança
116
II Seminário Brasileiro de Educação Musical Infantil
Escola de Música da UFBA, PPGMUS - Salvador, de 01 a 03 de agosto de 2011
realizadas diversas atividades de movimento com os adultos dançando com as crianças em pé.
Canções de roda permitem que todos se movimentem juntos, já a dança em pares permite uma
interação muito íntima entre adulto e criança. Outra atividade é brincar de estátua: dançar
quando tem música e parar quando houver pausa, neste caso enfatiza-se a relação entre
música e movimento. Dançar vários tipos de ritmos oferece uma possibilidade de interação
única, na qual a comunicação corporal é o elemento central na relação adulto-criança.
3- Interações Individuais
117
II Seminário Brasileiro de Educação Musical Infantil
Escola de Música da UFBA, PPGMUS - Salvador, de 01 a 03 de agosto de 2011
O processo de aceitação de uma criança SD é diferente para cada uma das famílias. A
realização de canções de acolhimento em grupo é um forte estímulo para as famílias
superarem o luto e fortalecerem os vínculos com a criança. Canções de carinho permitem a
expressão musical de pequenos atos de amor para com a criança. As atividades de carinho são
realizadas ao final da aula, quando o professor pede para que as mães e pais sejam os
protagonistas das atividades musicais e o professor passa a oferecer o acompanhamento
118
II Seminário Brasileiro de Educação Musical Infantil
Escola de Música da UFBA, PPGMUS - Salvador, de 01 a 03 de agosto de 2011
musical para as interações dos adultos com as crianças. Neste momento, a aula adquire a
característica de promover os encontros autênticos entre crianças e adultos, sendo estes
encontros mediados pela música, que se torna muito significativa para as famílias
participantes na aula.
Conclusão
119
II Seminário Brasileiro de Educação Musical Infantil
Escola de Música da UFBA, PPGMUS - Salvador, de 01 a 03 de agosto de 2011
Referências
FREIRE, R. J. D., FREIRE, S.F. de C.D. Parents’ conferences in early childhood music
learning process: A case study. In: ECME [EARLY CHILDHOOD MUSIC EDUCATION]
COMMISSION13TH INTERNATIONAL SEMINAR OF ISME [INTERNATIONAL
SOCIETY FOR MUSIC EDUCATION, 2008, Frescati - Itália. Proceedings... ROMA, ISME-
Internation Society for Music Education, 2008a. v.1. p.22 – 25
FREIRE, R. J. D., FREIRE, S.F. de C.D.. Planejamento na Educação Musical Infantil. In:
XVIII CONGRESSO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISA E PÓS-
GRADUAÇÃO EM MÚSICA, 2008, Salvador- BA. Anais... Salvador, ANPPOM, 2008a. v.1.
p.1 – 8
120