100% acharam este documento útil (1 voto)
178 visualizações26 páginas

O Que É Linguagem

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1/ 26

Lícia Heine

(UFBA,
2005/2010/2019)
“A linguagem [...] é uma inesgotável riqueza de múltiplos valores. A linguagem é
inseparável do homem e segue-o em todos os seus atos. A linguagem é o instrumento
graças ao qual o homem modela o seu pensamento, seus sentimentos, suas emoções,
seus esforços, sua vontade, seus atos, o instrumento graças ao qual ele influencia e é
influenciado, a base última e mais profunda da sociedade humana. Mas é também o
recurso ultimo e indispensável do homem, seu refúgio nas horas solitárias em que o
espírito luta com a existência, e quando o conflito se resolve no monólogo do poeta e na
meditação do pensador. Antes mesmo do primeiro despertar de nossa consciência, as
palavras já ressoavam à nossa volta, prontas para envolver os primeiros germes frágeis
de nosso pensamento e nos acompanhar inseparavelmente através da vida, desde as
mais humildes ocupações da vida cotidiana até os momentos mais sublimes e mais
íntimos dos quais a vida de todos os dias retira graças às lembranças encarnadas pela
linguagem, força e calor [...]” (HJELMSLEV, 1975)
DE QUE LINGUAGEM ESTAMOS NOS REFERINDO?

SENTIDO LATO SENSU SENTIDO STRICTO SENSU

- “É qualquer meio de comunicação utilizado por -“a linguagem se aplica àquela aptidão humana para
uma comunidade humana ou animal para associar uma cadeia sonora (voz) produzida pelo
transmitir mensagens” (GALISSON; COSTE, 1983, chamado aparelho fonador a um conteúdo
p. 445). significativo” (BORBA, 1991, p. 9-10).
- “capacidade que apenas os seres humanos
possuem de se comunicar por meio de línguas”
(MARTELLOTA, 2012, p. 16)
SENTIDO LATO SENSU

Nessa acepção, constitui-se objeto de uma


ciência — a que trata dos signos em geral que,
em verdade, possui dupla denominação:
Semiologia e Semiótica. A primeira surgiu na
Europa com Ferdinand de Saussure e a segunda,
nos Estados Unidos com Charles Sanders Peirce.
SENTIDO STRICTO SENSU

Refere-se à linguagem humana natural que pode


se realizar normalmente por meio de sons vocais
e por grafemas, mas também, no caso da
linguagem dos surdos-mudos, por sinais
desprovidos de sons, revelando que o emprego
dos sons da fala não é, por si só, uma
propriedade-chave da linguagem humana
(NOVELINO, 1981 p. 112).
Nestes termos, constitui-se num macro objeto da
ciência da linguagem – a Linguística, que, em
função de suas diferentes correntes, é analisado
por vários ângulos ou fenômenos.
QUADRO I: COMUNICAÇÃO ANIMAL VERSUS LINGUAGEM HUMANA

SISTEMA DE COMUNICAÇÃO ANIMAL LINGUAGEM HUMANA

1. Não produtivo. 1. Produtiva/ criativa.


2. Dependente de estímulos externos. 2. Nem sempre depende de estímulos externos.
3. Transmissão unilateral. 3. Transmissão não unilateral.
4. Invariabilidade de conteúdo. 4. Variabilidade de conteúdo.
5. Simbolização limitada. 5. Simbolização ilimitada.
6. Sistema de comunicação limita-se à 6. Não se limita apenas à transmissão de
transmissão de comunicação. comunicação.
7. Natureza indecomponível das mensagens em 7. Natureza decomponível das mensagens em
unidades menores. unidades menores.
8. Não há metalinguagem. (PETTER, 2008, p. 15-17)
O QUE É LINGUÍSTICA?

OBJETO DE ESTUDO: a linguagem e as línguas particulares, tendo como objetivo


precípuo a descrição e a explicação das línguas naturais. Trata-se de uma ciência
relativamente nova, que surgiu nos primórdios do século XIX, época em que se usou
pela primeira vez a terminologia linguística, em 1833 (KRISTEVA, [1969] 1986, p. 14).

A Linguística tem por finalidade elucidar o funcionamento da linguagem humana,


descrevendo e explicando a estrutura e o uso das diferentes línguas faladas no
mundo (FIORIN, 2013).
O QUE É LINGUÍSTICA?

Ressalta-se que esse objeto, a depender da corrente ou ramificação a que ele estiver
ligado, pode ser focalizado por meio de diferentes fenômenos que, por sua vez, vão
constituir os chamados objetos teóricos, que representam o foco de análise de cada
teoria linguística. Por exemplo, o gerativismo de Noam Avram Chomsky tem como
objeto teórico, a competência linguística, a linguística textual, o texto, a linguística
histórico-comparativa do século XIX, a mudança que ocorre nas línguas, decorrente
do tempo.
LINGUÍSTICA GRAMÁTICA NORMATIVA

- um estudo linguístico se caracteriza por se - é vista, em sua maioria, de forma


abster de qualquer julgamento de valor pejorativa, porque só considera o padrão
sobre este ou aquele dialeto, ou esta ou culto, com referência exclusiva à gramática
aquela língua, na medida em que descreve greco-latina da Antiguidade Clássica, sem
a língua em uso em todas as suas dar atenção, consequentemente, às
manifestações: gírias, dialetos regionais, diferentes expressões linguísticas. Tem por
sociais etc. É, pois, o estudo científico da meta e tradição ditar regras do falar e
língua. escrever corretamente, tendo assim um
papel discriminatório.
A fim de ilustrar mais ainda o estudo científico da linguagem, considerem-se os
seguintes textos:

A gramática visa unicamente a formular regras para distinguir as formas corretas das
incorretas; é uma disciplina normativa, muito afastada da pura observação e cujo ponto
de vista é forçosamente estreito” (SAUSSURE, 2006, p. 07.

[...] um dos desafios, portanto, para quem começa a estudar a história das línguas é
justamente aprender a lidar com a realidade heterogênea das línguas humanas. Isso, no
mais das vezes exige um rompimento radical com a imagem da língua cultivada pela
tradição gramatical e veiculada pela escola, imagem que homogeneíza a realidade
linguística, cristaliza uma certa variedade como a única, identificando-a como a língua e
excluindo todas as outras como “incorreta”. (FARACO, 1991, p.18-19)
A linguística tem mostrado que não existe língua homogênea: toda e qualquer língua é
um conjunto heterogêneo de variedades. (FARACO, 1991, p.18-19)

O uso linguístico é inerentemente variável e as variantes, embora linguisticamente


indiferentes, são socialmente significativas (MENDES, 2013, p. 118)
Cada variedade é resultado das peculiaridades das experiências históricas e
socioculturais do grupo que a usa. (FARACO, 1991, p.18-19)

Do ponto de vista exclusivamente linguístico (isto é, estrutural, imanente), as variedades


se equivalem e não há como diferenciá-las em termos de melhor ou pior, de certo ou
errado: todas têm organização (todas têm gramática) e todas servem para articular a
experiência do grupo que as usa. (FARACO, 1991, p.18-19.)

A diferença de valoração das variedades (à qual nos referimos acima) se cria


socialmente: algumas variedades, por razões políticas, sociais e/ou culturais, adquirem
uma marca de prestígio social de poder e outras não. (GNERRE apud FARACO, 1991,
p. 19).
A diversidade linguísticas é objeto de estudo da Sociolinguística, corrente que se ocupa
das variedades que existem na língua, ou seja, da relação entre a mesma e os fatores
sociais, geográficos e históricos (PIETROFORTE, 2012).

Do ponto de vista exclusivamente linguístico (isto é, estrutural, imanente), as variedades


se equivalem e não há como diferenciá-las em termos de melhor ou pior, de certo ou
errado: todas têm organização (todas têm gramática) e todas servem para articular a
experiência do grupo que as usa. (FARACO, 1991, p.18-19.)

A diferença de valoração das variedades (à qual nos referimos acima) se cria


socialmente: algumas variedades, por razões políticas, sociais e/ou culturais, adquirem
uma marca de prestígio social de poder e outras não (GNERRE apud FARACO, 1991, P.
19).
Numa primeira abordagem, apresentam-se os posicionamentos de Saussure e
Chomsky.

- SAUSSURE, mentor do estruturalismo linguístico e pai da linguística moderna,


concebe a linguagem como um fenômeno multiforme e heteróclito, a cavaleiro de
diferentes domínios, ao mesmo tempo físico, fisiológico e psíquico, além de pertencer
ao domínio individual e social ; não se deixa classificar em nenhuma categoria de fatos
humanos, pois não se sabe como inferir sua unidade (SAUSSURE [1916] 1969, p. 17). A
linguagem repousa numa faculdade que nos é dada pela Natureza. O lado social,
Saussure denominou de língua (langue) e o lado individual, de fala (parole).

O que vem a ser a língua (langue)?

“Ela não se confunde com a linguagem; é somente uma parte determinada dela,
indubitavelmente”;

“É, ao mesmo tempo, um produto social da mente da faculdade de linguagem e


conjunto de convenções necessárias, adotadas pelo corpo social para transmitir o
exercício dessa faculdade nos indivíduos”.
“É a parte social da linguagem, exterior ao indivíduo, que, por si só, não pode nem criá-
la nem modificá-la; ela não existe senão em virtude de uma espécie de contrato
estabelecido entre os membros da comunidade”.

“É um sistema que existe virtualmente em cada cérebro”.

“Enquanto a linguagem é heteróclita, a langue é homogênea”.

“[...] a língua constitui algo adquirido e convencional”.

O que vem a ser a fala (parole)?

-A fala é um ato individual de vontade e inteligência, no qual convém distinguir:

1) “as combinações pelas quais o falante realiza o código da língua no propósito de


exprimir seu pensamento pessoal”;

2) “o mecanismo psicofísico que lhe permite exteriorizar essas combinações”.

- “É a realização da langue, por isso é concreta e heterogênea, já que se realiza por


meio de diferentes indivíduos”.
CHOMSKY, mentor do gerativismo linguístico, é incisivo ao entender a linguagem
como uma capacidade inata, individual, específica da espécie humana, que é
transmitida aos membros de uma comunidade social de forma genética.
Conjunto de propriedades inatas biologicamente determinadas — um fenômeno
humano universal, específico da espécie humana, não sendo, pois, um sistema
adquirido por meio de estímulos a respostas, como preconizaram os bloomfieldianos.

[..] as línguas naturais são um dote genético do ser humano, e apenas dele. Nenhum
animal fala como nós falamos. Parece bastante plausível supor que a capacidade de
falar uma língua tenha conexão direta com o aparato genético da espécie humana e
que é isso que a distingue de todas as outras espécies. (MIOTO, 2004, p. 22)
O CARÁTER CIENTÍFICO DA LINGUÍSTICA

Lobato (1986, p. 25) informa que há muitas controvérsias a respeito de um método


científico válido para toda e qualquer ciência, tendo em vista o amplo escopo de
objetivos inerentes a cada uma delas; daí o porquê da existência de critérios distintos
que lhes dão sustentação científica. Para a linguística, por exemplo, apesar dos
posicionamentos das diversas correntes teóricas na própria ciência, destacam-se, nesta
introdução aos estudos linguísticos, os seguintes aspectos:

(a) o caráter empírico: refere-se à necessidade de comprovação empírica e é tido como


o traço comum às demais ciências. Designa unicamente a exigência de que as
hipóteses teóricas propostas sejam comprovadas por dados da língua. Como
exemplo, considere-se a seguinte hipótese: a língua portuguesa só possui cinco
vogais [a, e, i, o, u]. A validação da mesma só se processa caso o analista a
comprove por meio de dados da língua em estudo.
(b) o caráter não preconceituoso da linguagem: diz respeito ao próprio objetivo da
linguística, ou seja, o de descrever a língua em uso. Ora, a descrição conduz o
linguista a valorizar todas as variações linguísticas independentemente de serem
normas cultas ou não. Assim sendo, o linguista não condena sentenças do português
do tipo: Aluga-se casas, ele falou pra mim fazer o trabalho; a gente vamos à praia
etc., visto que as considera fatos existentes na língua e que como tal devem ser
explicados. Desse modo, os enunciados acima são considerados fatos a serem
explicados dentro das variantes da língua em que ocorrem. Esse caráter não
preconceituoso da linguística é às vezes denominado de caráter descritivo da
linguagem (LOBATO, 1986, p. 25).
Como já se fez menção, a linguística, enquanto ciência, possui diferentes correntes ou
ramificações. Para este curso, adotar-se-á o posicionamento de Weedwood (2002, p. 10-11)
que divide o campo da linguística em três dicotomias:
(a) sincrônica versus diacrônica
(b) teórica versus aplicada
(c) linguística formal (microlinguística) versus linguística funcional (macrolinguística)

SINCRÔNICA DIACRÔNICA
- Uma pesquisa sincrônica da língua descreve esta - uma descrição diacrônica se preocupa com o
língua tal como existe em dada época, ou seja, focaliza- desenvolvimento histórico da língua e com as
a num determinado momento sem considerar as suas mudanças estruturais que ocorreram nela. Por outras
evoluções sucessivas no decurso temporal. Numa palavras, as línguas são estudadas do ponto de vista de
abordagem sincrônica, centramos nossas atenções em seu desenvolvimento histórico. O centro das atenções
uma língua num dado momento do tempo e a por que passa uma língua no tempo.
descrevemos tal como a encontramos nesse momento
(TRASK, 2004). Exemplo: um estudo da preposição de Exemplo: persona  pessoa; vice  vez, comedere
no século XVIII ou no século XXI, sem estabelecer a  comer, ipse, esse, dentre outros.
mutabilidade que ocorre no eixo temporal. Vossa Mercê→ Vosmicê  Vancê Você
Hoje em dia, no entanto, essas duas abordagens estão cada vez mais convergentes, e muitos
estudiosos defendem a tese de uma lingüística pancrônica, que contempla exatamente os
dois eixos da linguagem.

TEÓRICA APLICADA

- a linguística teórica ou linguística geral tem por - a linguística aplicada trata da aplicação das
meta a construção de uma teoria da estrutura da descobertas e técnicas do estudo científico da língua
língua, ou de um arcabouço teórico geral para a para fins práticos, especialmente a elaboração de
descrição das línguas, independentemente da sua métodos aperfeiçoados de ensino das línguas.
diversidade. Assim, tenta estabelecer princípios
básicos para o estudo de todas as línguas, e
determinar as características da linguagem humana.
LINGUÍSTICA FORMAL LINGUÍSTICA FUNCIONAL
(MICROLINGUÍSTICA) (MACROLINGUÍSTICA)

Linguística formal refere-se a uma visão mais estreita Linguística funcional, em contraste, abrange todos os
dos estudos linguísticos, ou seja, significa que as aspectos da linguagem excluídos pela abordagem
línguas devem ser analisadas em si mesmas sem stricto sensu. Dentro dessa área, destacam-se: análise
referência à sua função social etc. Dentro da da conversação (consiste numa abordagem que tem
microlinguística se podem incluir os estudos que se por meta estudar a conversação em todo o seu
preocupam com a fonética e fonologia, sintaxe, processo); análise do discurso (concebe o discurso
morfologia, semântica e lexicologia. É comum hoje a num terreno que ultrapassa a abordagem centrada
referência a essas áreas de estudo como o “paradigma apenas no código, valorizando questões relativas à
formal da linguagem” que vem recebendo atenção dos ideologia e ao indivíduo); a linguística de texto (estudo
estruturalistas e dos gerativistas. da produção e recepção de textos orais e escritos,
considerando-os como evento comunicativo);
pragmática (é a ciência do uso linguístico, que estuda
as condições que governam a utilização da linguagem,
a prática linguística etc.); a neurolinguística (tem por
objetivo focalizar de que maneira a linguagem é
processada no cérebro, com foco no campo das
patologias cerebrais); a psicolinguística (estudo dos
comportamentos verbais em seus aspectos
(Weedwood, 2002, p. 11)
BORBA, Francisco da Silva. Introdução aos estudos lingüísticos. 11. ed. Campinas, São Paulo: Pontes, 1991.
BORGES NETO, José. Ensaios de filosofia da linguística. São Paulo: Parábola Editorial, 2004.
CARVALHO, Castelar de. Para entender Saussure: fundamentos e visão crítica. 4. ed.. Rio de Janeiro: Editora Rio, 1984.
CHOMSKY, Noam Avram. Aspectos da teoria da sintaxe. Tradução José Antônio Meireles e Eduardo Paiva Raposo. Coimbra:
Armênio Amado, 1975.
FARACO, Carlos Alberto. Linguística histórica: uma introdução ao estudo da história das línguas. São Paulo: Editora Ática,
1991.
FIORIN, José Luiz (Org.). Introdução à linguística I: objetos teóricos. São Paulo: Contexto, 2002.
FIORIN, José Luiz (Org.). Introdução à linguística II: princípios de análise. São Paulo: Contexto, 2003. 2013
KRISTEVA, Julia. História da linguagem. Tradução Maria Margarida Barahona. São Paulo: Livraria Martins Fontes, 1969.
LOBATO, Lúcia Maria Pinheiro. Sintaxe gerativa do português: da teoria padrão à teoria da regência e ligação. Belo Horizonte:
Vigília, 1986.
MARTELOTTA, Mário Eduardo. Manual de linguística. 1. ed. São Paulo: Contexto, 2012.
MIOTO, Carlos et al. Manual de sintaxe. Florianópolis: Insular, 2004.
MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Anna Christina. Introdução à lingüística. v 1. São Paulo: Cortez, 2001.
MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Anna Christina. Introdução à lingüística. v 2. São Paulo: Cortez, 2001.
NEVES, Maria Helena de Moura. A gramática: história, teoria e análise, ensino. São Paulo: Editora UNESP, 2002.
NOVELINO, Humberto. Prolegômenos à fonética. Recife: [s. n.], 1981?
PETER, Margarida. Linguagem, língua, lingüística. In: FIORIN, José Luiz (Org.). Introdução à linguística I: objetos teóricos.
São Paulo: Contexto, 2002. p. 11-24.
PIETROFORTE, Antonio Vicente. A língua como objeto da lingüística. In: FIORIN, José Luiz (Org.). Introdução à lingüística II:
objetos teóricos. São Paulo: Contexto, 2002. p. 75-94.
SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de lingüística geral. Tradução de Antonio Chelini, José Paes e Izidoro Blistein. 10. ed. São
Paulo: Cultrix, 1961?.
WEEDWOOD, Bárbara. História concisa da linguística. Tradução Marcos Bagno. São Paulo Parábola Editorial, 2002.

Você também pode gostar