Expulsarão Demónios - Derek Prince PDF

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Expulsarão

Demónios
O que você
precisa saber
acerca de demónios
os seus inimigos invisíveis

DEREK PRINCE, 1970


Este livro foi transcrito do programa de rádio intitulado:

“HOJE COM DEREK PRINCE”

Copyright © 2016 tradução portuguesa, Derek Prince Portugal


Originalmente publicado com o titulo: They Shall Expel Demons
Copyright © Derek Prince Ministries USA

Autor: Derek Prince


Título original: They Shall Expel Demons
Correção: Conceição Cabral
Redação: Christina van Hamersveld
Desenho capa: Arnout Hendriks (DPM Nederland) | Nova Gráfica, Lda.

Publicado em Português pela:


Editora Um Êxodo Unipessoal Lda.
Caminho Novo Lote X,
9700-360 Feteira AGH
E-mail: [email protected]

ISBN: 978-989-8501-14-1

Derek Prince Portugal


Caminho Novo Lote X,
9700-360 Feteira AGH
Terceira, Açores, Portugal
Telf.: (00351)295 663738 / 927992157
Blog: www.derekprinceportugal.blogspot.pt
E-mail: [email protected]

A versão bíblica usada neste livro: Almeida Corrigida e Revisada Fiel


Expulsarão
demónios

E pregava nas sinagogas deles, por toda


a Galiléia, e expulsava os demónios.

Marcos 1:39

E estes sinais seguirão aos que crerem:


em meu nome, expulsarão demónios...

Marcos 16:17
Índice
1ª Parte: Fundamentos.............................................................. 7

1. Como é que Jesus Agiu?........................................................ 7


2. Terminologia.......................................................................... 14
3. O Padrão e a Missão de Jesus................................................ 18

2ª Parte: Na Escola da Experiência.......................................... 31

4. A Minha Luta Contra a Depressão......................................... 32


5. Pessoas que Não Consegui Ajudar......................................... 44
6. Confronto com Demónios...................................................... 50
7. Desafiado no Meu Próprio Púlpito......................................... 59
8. Por Baixo da Superfície......................................................... 69
9. Lições de um Ministério em Expansão.................................. 75
10. Mais Conflitos Pessoais......................................................... 91

3ª Parte: Sete Perguntas............................................................ 105

11. O que São Demónios?............................................................ 107


12. Carne ou Demónios?.............................................................. 116
13. Como é que os Demónios Entram?........................................ 121
14. O que é o Oculto?................................................................... 133
15. Hoje em Dia Ainda se Pratica Bruxaria?............................... 153
16. Os Cristãos Podem Precisar de Libertação de Demónios?... 169
17. Habitará o Espírito Santo num Vaso Impuro?........................ 185

4ª Parte: Como Reconhecer e Expulsar Demónios?............... 197

18. Actividades Características de Demónios............................. 198


19. Áreas da Personalidade Afectadas por Demónios................. 217
20. Demónios de Doença e Enfermidade.................................... 233
21. Preparando-se para a Libertação........................................... 246
22. Uma Oração de Libertação................................................... 260
23. Como Manter a Libertação?.................................................. 264
24. Porque é que Algumas Pessoas Não São Libertas?............... 277
25. Ajudar Outros a Serem Libertados........................................ 287
26. E Depois da libertação?......................................................... 296

Sobre O Derek Prince (1915 – 2003) ....................................... 300


Derek Prince Ministries ............................................................ 301
Outros livros por Derek Prince em ......................... 303
1ª Parte

Fundamentos
Aproximadamente dois mil anos atrás, Jesus veio para
ajudar a humanidade que estava em sofrimento, fazendo
milagres ao curar os enfermos e expulsando demónios. Ao
longo dos três anos e meio do seu ministério aqui na terra
aqueles factos nunca mudaram.
Nos séculos que se sucederam, homens e mulheres
Cristãos foram chamados, de tempos a tempos, a cumprir
ministérios miraculosos para os enfermos e aflitos. No
entanto, tanto quanto eu sei, são escassos, ou mesmo
inexistentes os registos de pessoas que tenham, o ministério
de expulsar demónios comparado ao que Jesus teve. Como
resultado disto, a maior parte das pessoas que são vítimas
de opressão demoníaca têm continuado a sofrer sem terem
qualquer ajuda prática por parte da Igreja.
Creio que chegou a hora de banir as coisas inúteis da
tradição religiosa que têm obscurecido a clara revelação
do Novo Testamento, e de restabelecer o ministério da
Igreja sobre o alicerce de Jesus e dos evangelhos.

1 – Como é que Jesus Agiu?

Quando um dos membros da minha congregação soltou


um grito agudo de fazer gelar o sangue e caiu mesmo


em frente ao meu púlpito, tive de tomar uma decisão
imediata. Chamei algumas pessoas para me ajudarem
e, no nome de Jesus, conseguimos expulsar o demónio
(ou espírito maligno). Esta experiência, que ocorreu em
1963, foi o motor de arranque para um estudo intensivo
que então iniciei sobre o ministério de Jesus. Queria ter a
certeza de que as minhas acções estavam de acordo com
as Dele.
Marcos iniciou o seu registo do ministério público de
Jesus com o relato de um incidente, no qual um demónio
O desafiou, enquanto Ele ensinava numa sinagoga na
Galileia. Este encontro difundiu imediatamente a Sua
fama por toda a Galileia (ver Marcos 1:21-28).
A partir desse momento, vemos Jesus a lidar com
demónios onde quer que os encontrasse durante os três
anos e meio do Seu ministério público. Quase no fim
desse período, Ele enviou uma mensagem a Herodes, na
qual afirmava que iria continuar a expulsar demónios e a
curar pessoas, até que a Sua tarefa aqui na terra estivesse
completa (ver Lucas 13:32).
Mas o ministério não iria terminar ali! Quando Jesus
comissionou os Seus seguidores transmitiu-lhes a Sua
autoridade. De facto, Ele nunca enviou alguém a pregar
o Evangelho sem primeiro instruir e equipar essa pessoa,
para que ela pudesse agir contra os demónios da mesma
maneira que Ele o havia feito. Não há qualquer passagem
no Novo Testamento na qual eu consiga encontrar
fundamento para um ministério evangelista que não inclua
a expulsão de demónios. Isto é tão verdade hoje como o
foi no tempo de Jesus.
Apercebi-me rapidamente que Satanás desenvolveu
uma oposição especial contra este ministério. Por sua
própria escolha, ele é uma criatura das trevas, preferindo


ocultar a verdadeira natureza das suas actividades.
Se ele conseguir fazer com que a humanidade ignore
as suas tácticas, ou mesmo a sua existência poderá
usar as ferramentas da ignorância e do medo abrindo
assim o caminho para concretizar os seus objectivos
destruidores. Infelizmente, a ignorância e o medo não
se restringem aos não Cristãos, estes condicionantes
operam muitas vezes dentro da própria Igreja. Os
Cristãos têm demasiadas vezes tratado os demónios com
um pavor supersticioso, como se eles fizessem parte da
categoria dos fantasmas ou dos dragões. Corrie ten Boom
comentou que, o medo de demónios provém dos próprios
demónios.
Esta é a razão pela qual escolhi o verbo expulsar
(Weymouth) para título deste livro, para descrever a
acção de lidar com demónios. Expulsar é uma palavra
comum, que faz parte do nosso dia-a-dia, e que não tem
qualquer significado especificamente religioso. Ela faz
com que todo o ministério esteja ao nível da nossa vida
diária.
O próprio Jesus era muito prático quando lidava com
demónios. Simultaneamente, Ele realçava o significado
singular do ministério de expulsar demónios ao afirmar:

Mas,se eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus,


logo é chegado a vós o reino de Deus. (Mateus 12:28)

A expulsão de demónios demonstrou duas verdades


espirituais importantes: Em primeiro lugar, revelou a
existência de dois reinos espirituais opostos: o Reino de
Deus e o reino de Satanás; em segundo lugar, de­monstrou
a vitória do Reino de Deus sobre o de Satanás. É óbvio que
Satanás preferia que estas verdades ficassem ocultas!


Quando Jesus expulsou demónios, Ele foi para
além dos antecedentes do Antigo Testamento. Desde o
tempo de Moisés que os profetas de Deus faziam vários
milagres que prenunciavam o ministério de Jesus:
curavam enfermos, ressuscitavam os mortos, conseguiam
provisões miraculosas para as multidões e demonstravam
o poder de Deus para controlar as forças da natureza. No
entanto, não há qualquer registo que indique que algum
deles tivesse alguma vez expulso demónios; essa tarefa
foi reservada para Jesus. Sendo uma demonstração única
de que o Reino de Deus havia chegado às pessoas do
Seu tempo.
Isto torna ainda mais extraordinário o facto de este
ministério ser grandemente ignorado pela Igreja de hoje
em grande parte do mundo. O evangelismo tem sido
frequentemente praticado, concretamente no ocidente,
como se os demónios não existissem. Permito-me dizer, o
mais graciosamente possível, que o evangelismo que não
inclui expulsar demónios não é o evangelismo do Novo
Testamento. Irei ainda um pouco mais além, aplicando
este facto ao ministério de oração pelos enfermos. É contra
as Escrituras que uma pessoa ore pelos enfermos se não
estiver também preparada para expulsar demónios; Jesus
não separou uma coisa da outra.
Por outro lado, hoje em dia há quem leve esta prática
de expulsar demónios a determinados extremos, que
também não estão de acordo com as Escrituras. sugerem
que qualquer tipo de problema físico, emocional ou
espiritual, deve ser tratado como sendo demoníaco.
Esta visão é desequilibrada e não é bíblica. Por vezes, a
expulsão de demónios é feita de tal maneira que atribui
mais proeminência ao ministro ou àquele que está a ser
liberto, do que ao Senhor Jesus. ·

10
Pessoalmente, considero estes factos como mais
uma evidência da especial e intensa oposição de Satanás
ao ministério de expulsão de demónios. Se for possível,
ele tenta excluir este ministério do programa da Igreja.
Se falhar este objectivo, ele irá tentar desacreditar esse
mesmo ministério.
Pela parte que me toca, de certo que não me voluntariei!
Como disse anteriormente, fui confrontado com situações
em que me vi forçado a escolher entre duas alternativas:
agir contra os demónios, ou recuar e deixar-lhes o caminho
aberto. Relembrando o passado, fico satisfeito por ter
escolhido não recuar.
A razão principal pela qual resolvi escrever este livro
é poder ajudar outras pessoas em algo no qual eu próprio
recebi ajuda. Tenho em mente dois grupos específicos de
pessoas:
Primeiro, há pessoas que estão debaixo de opressão
demoníaca e que não sabem como é que se podem libertar,
e vão aguentando os vários níveis de tormento infligidos
pelos demónios. Em alguns casos, o tormento mental,
emocional e físico é tão severo como o que é infligido
a pessoas que estão numa prisão e são torturadas em
campos de reclusão totalitários ou em gulagues. Creio
com sinceridade que, O propósito de Jesus é trazer, através
do Evangelho, esperança e libertação às pessoas que estão
nessas circunstâncias.
Segundo, há aqueles que têm sido chamados para
o ministério do Evangelho, mas que por vezes são
confrontados com pessoas que precisam desesperadamente
de ser libertas de demónios. Contudo, não há nada na
sua experiência ou aprendizagem que os tenha equipado
para poderem providenciar o tipo de ajuda que é tão
urgentemente necessário.

11
Eu identifico-me com as pessoas de ambas as
categorias. Quando era ainda um jovem pregador, era
tão atormentado por crises de depressão incontroláveis,
que cheguei a sentir-me tentado a desistir totalmente
do meu ministério. Mais tarde, ao ser confrontado com
pessoas que queria ajudar, não fui capaz de o fazer
devido aos meus preconceitos doutrinais e incertezas.
Perguntava-me constantemente, “Como é que é possível
que haja tantos Cristãos que são atormentados por
demónios?”
Hoje, decorridos trinta anos, posso concluir que,
praticamente não houve nenhum mês durante esse tempo
em que eu não tenha estado envolvido em ajudar alguém
que precisava de ser liberto de demónios. O que significa
que as lições que eu irei partilhar neste livro têm uma base
sólida: primeiro na Escritura, depois na minha observação
e experiência pessoal.
Em certas alturas, o ministério de expulsão de demó­
nios tem provocado equívocos e criticismo por parte
de outros Cristãos; no entanto, isso é de longe ultrapas­
sado pela satisfação de ajudar pessoas desesperadas.
Recentemente, a minha esposa, Ruth, e eu estávamos a
passear pelas ruas de Jerusalém quando uma mulher
judia, aparentando cinquenta anos, dirigiu-se a mim
e perguntou-me: “Você é o DereK Prince?”. Quando
confirmei, ela disse: “Devo-lhe a minha vida” e os seus
olhos encheram-se de lágrimas. “Há vinte anos eu estava
tão endemoninhada que não havia esperança para mim.
Foi nessa altura que conheci Jesus e que alguém me deu as
suas cassetes sobre libertação de demónios. Agora estou
livre! As pessoas que me conheciam disseram que eu era
como uma pessoa que se tinha levantado de uma cadeira
de rodas.”

12
Foram testemunhos como este que me deram a alegria
de não ter recuado perante críticas e oposição.
A minha experiência ao longo destes anos tem
também reforçado a minha confiança na exactidão das
Escrituras. Os teólogos liberais sugerem muitas vezes
que, as descrições de actividade demoníaca no Novo
Testamento não devem ser entendidas literalmente, e que
são apenas conclusões da ignorância supersticiosa das
pessoas do tempo de Jesus. Pelo contrário, eu posso afirmar
que, cada vez mais, tenho testemunhado manifestações
demoníacas que estão exactamente de acordo com as
descrições do Novo Testamento. No que diz respeito
a estas situações, tal como a muitas outras, o registo do
Novo Testamento é rigorosamente exacto. Ele providencia
a base totalmente suficiente para o nosso ministério de
hoje.
Neste livro, procuro em primeiro lugar, estabelecer
um fundamento bíblico sólido, para depois construir sobre
ele uma explicação prática daquilo que está envolvido no
lidar com demónios. Tal como já mencionei, o fundamento
é o ministério do próprio Jesus; mas antes de podermos
construir sobre este fundamento, temos de remover alguns
equívocos fruto de enganos ou terminologias imprecisas,
que têm sido tradicionalmente usadas em versões inglesas
do Novo Testamento. Este será o tema do próximo
capítulo.
Uma vez que foi a minha experiência pessoal que me
conduziu a este ministério, na Parte 2 descrevo-a com
algum detalhe. Depois, na Parte 3, irei responder às sete
questões que tenho encontrado mais frequentemente no
meu ministério. Finalmente, na Parte 4, irei transmitir
um ensino prático e sistemático sobre como reconhecer e
expulsar demónios e como andar em vitória.

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2 – Terminologia

Os escritores do Novo Testamento transmitem uma


ideia inequívoca da natureza e actividade de demónios, mas
a chave para a compreensão destas áreas é uma explicação
precisa da terminologia que eles usaram. Infelizmente,
existem algumas falhas no modo como as diferentes
versões no ocidente traduziram certas expressões do texto
grego original, o que tem obscurecido o significado para
os leitores portugueses. Assim, é necessário começar por
examinar as principais palavras no grego.
Há três expressões que são usadas para descrever os
seres malignos espirituais, que são alguns dos principais
agentes que Satanás usa na sua guerra contra a humanidade.
Primeiro, demónio (grego,daimonion). Este é o singular
neutro do adjectivo daimonios, que é um derivado do
substantivo daimon. Deste modo, o adjectivo daimonios
indica uma certa relação com um daimon. Embora
daimoníon seja, na forma, um adjectivo, é regularmente
empregue como um substantivo. Na verdade, é um
adjectivo que se tornou um substantivo. Podemos ilustrar
este facto com um exemplo actual do português. Verde é
outro adjectivo que se tornou um substantivo ao descrever
uma pessoa que se preocupa com a protecção do ambiente.
Assim, hoje em dia falamos dos “verdes”.
Em português, a importante distinção entre daimon e
daimonion é anulada pelo facto de que ambas as palavras
são normalmente traduzidas por uma e mesma palavra
portuguesa: demónio. Contudo, ao longo deste livro, e
sempre que for necessário preservar a distinção, iremos
continuar a usar as palavras gregas transliteradas para
o português e em itálico, ou seja, daimon e daimonion.
Iremos formar o plural em português adicionando um

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simples s, embora esta não seja a forma correcta de formar
o plural em grego.
A referência ao original grego indica que há duas
entidades distintas: daimon, que é a forma primária,
e daimonion, que é um derivado; (Isto tem um peso
importante na natureza dos demónios, assunto que iremos
tratar no capitulo 11, “O que são demónios?”). A forma
derivada, daimonion, ocorre cerca de sessenta vezes nos
evangelhos, Actos e Apocalipse. Por outras palavras, ela
representa um importante conceito do Novo Testamento.
Nos melhores textos, daimon aparece apenas uma vez,
em Mateus 8:31, onde é aparentemente empregue com o
mesmo significado que daimonion, mas este não é um uso
corrente.
A segunda expressão que é usada no Novo Testamento
para descrever um espírito maligno é “espírito imundo,”
que é usada cerca de vinte vezes em Lucas, Actos e
Apocalipse.
A terceira expressão, espírito maligno, é usada seis
vezes em Lucas e Actos.
Em Lucas 4:33, duas destas expressões são combinadas
quando o autor fala de “um espírito de um demónio
imundo” (daimonion).
No conjunto, parece que as três expressões são
empregues alternadamente. “Demónios” são “espíritos
imundos” e também “espíritos malignos”.
A versão original do King James (KJ) [uma das
traduções em inglês] traduz frequentemente daimonion por
“diabo”. Isto tem conduzido a uma confusão interminável.
A palavra diabo deriva da palavra Grega diabolos, a qual
não tem qualquer relação directa com daimonion. Diabolos
significa “difamador”. Em todas as suas ocorrências no
Novo Testamento, exceptuando três delas, aquela palavra

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designa um título do próprio Satanás. Com este sentido é
usada apenas no singular. Há muitos demónios mas apenas
um diabo.
Este título é atribuído a Satanás porque a sua actividade
principal é difamar, isto é, difamar ou caluniar o carácter
de uma pessoa. Primeiro e acima de tudo, Satanás difama o
carácter do próprio Deus. Ele fez isso no Jardim do Éden,
quando sugeriu a Adão e Eva que Deus não os estava a tratar
de uma forma justa negando-lhes o conhecimento do bem
e do mal. Em segundo lugar, Satanás difama o carácter de
todos aqueles que de alguma maneira representam Deus.
Esta é a sua principal arma contra os servos de Deus.
Todas as principais traduções que sucederam à tradução
do KJ têm mantido a distinção entre diabolos e daimonion,
e têm traduzido díabolos por “diabo” e daimonion por
“demónio”.
Infelizmente, há uma outra área de grande confusão
que ainda não foi esclarecida em algumas das traduções
modernas. O substantivo Grego daimon dá origem a um
verbo daimonizo, o qual ocorre cerca de doze vezes no
Novo Testamento. O correspondente óbvio deste verbo
em português é endemoninhar, que o dicionário Collins
de inglês define como “sujeitar a influência demoníaca”.
No Novo Testamento este verbo ocorre apenas na forma
passiva: “ser endemoninhado”. Na tradução original do
KJ, é frequentemente traduzido por “estar possuído por
[ou com] um diabo ou diabos”. A maior parte das traduções
modernas alteraram, correctamente, diabo para demónio,
mas mantiveram incorrectamente a forma estar possuído.
O problema com esta forma é que, aos ouvidos de um
português, a palavra possuído sugere de imediato posse,
propriedade de alguém. Estar “possuído” por um diabo ou
por um demónio, implica que a pessoa é “posse” de um

16
diabo ou demónio. No entanto, não existe qualquer base
para isto na palavra grega daimonizo, a qual não deixa
transparecer qualquer sugestão de posse, mas significa
apenas “sujeitar a influência demoníaca”.
É óbvio que a forma das palavras que nós usamos
tem uma importância vital. Uma coisa é dizer a alguém,
“Estás sujeito a uma influência demoníaca”, e outra,
completamente diferente, é dizer. “Estás possuído por
um demónio”, ou, ainda pior, dizer, “Estás possuído pelo
demónio”.
Quero frisar que não há nada no verbo daímonizo
que, implique possessão. Pessoalmente, creio que todo o
Cristão nascido de novo que procure com sinceridade viver
para Cristo, pertence a Cristo e é Sua posse. É monstruoso
sugerir que essa pessoa pertence ao diabo ou que é posse
dele.
Por outro lado, sei, com base na minha própria
experiência e ao ministrar a milhares de outras pessoas,
que um Cristão nascido de novo pode estar sujeito a
influências demoníacas. Um Cristão destes pertence,
sem qualquer dúvida, a Cristo. No entanto, há áreas da
sua personalidade que ainda não estão sob o controle do
Espírito Santo. São estas as áreas, que ainda podem estar
sujeitas a influência demoníaca.
Assim, ao longo do resto deste livro, irei escrever sobre
pessoas que se encontram endemoninhadas.
O verbo grego que descreve normalmente a acção
de ser liberto de um demónio é ekballo, normalmente
traduzido por “expelir”, mas regularmente traduzido por
“expulsar” na versão do KJ. Como disse anteriormente,
escolhi a tradução de Weymouth “expulsar” porque ela
descreve uma acção comum da vida do dia-a-dia e irei
usá-la ao longo deste livro.

17
Outro dos verbos gregos usados para transmitir a
mesma ideia é exorkizo, normalmente traduzido por
“exorcizar”. A versão do KJ traduz aquela palavra por
“esconjurar”. Em português contemporâneo, exorcizar é
definido como “expelir espíritos malignos de uma pessoa
ou lugar através de orações, esconjuros e ritos religiosos”.
A palavra é empregue frequentemente nos rituais de
igrejas litúrgicas, mas ocorre apenas uma vez no Novo
Testamento.

3 – O Padrão e a Missão de Jesus

Ao ser publicamente confrontado com o desafio


evidente de um demónio num culto de adoração num
Domingo de manhã (tal como expliquei no capítulo 1),
fui impelido a estudar os relatos do Novo Testamento
que registam como é que Jesus lidou com esse tipo de
casos. Ele é o único alicerce e padrão de todo o ministério
Cristão. Deste modo, neste capítulo, irei examinar com
algum detalhe como é que Jesus lidou com demónios.
Um dos primeiros episódios do seu ministério público,
numa sinagoga em Cafarnaum, é vividamente descrita em
Marcos 1:21-26:

Entraram em Cafarnaum e, logo no sábado, indo


ele à sinagoga, ali ensinava.E maravilharam-se da sua
doutrina, porque os ensinava como tendo autoridade, e não
como os escribas. E estava na sinagoga deles um homem
com um espírito imundo, o qual exclamou,Dizendo: Ah!
que temos contigo, Jesus Nazareno? Vieste destruir-nos?
Bem sei quem és: o Santo de Deus.E repreendeu-o Jesus,
dizendo: Cala-te, e sai dele.Então o espírito imundo,

18
convulsionando-o, e clamando com grande voz, saiu
dele.

A reacção do povo é descrita nos versículos 27 e 28:

E todos se admiraram, a ponto de perguntarem entre


si, dizendo: Que é isto? Que nova doutrina é esta? Pois
com autoridade ordena aos espíritos imundos, e eles lhe
obedecem!E logo correu a sua fama por toda a província
da Galiléia.

No versículo 23, onde a Nova Versão do King James


(NVK]) [uma tradução no inglês] diz “com um espírito
imundo”, o grego, na realidade, diz “num espírito imundo”.
É possível que o equivalente em português mais próximo
do original seja “debaixo da influência de um espírito
imundo”.
Vale a pena notar que, a Nova Versão Internacional
(NVI) [uma tradução no inglês] traduz aquela mesma
expressão por “possuído por um espírito maligno”. Este é
um exemplo de como as traduções nos podem induzir em
erro relativamente à actividade de espíritos malignos (ou
demónios). Não há nada no original grego que justifique
o uso da palavra possuído, com o sentido de posse. Esta
tradução reflecte uma acomodação à terminologia religiosa
tradicional, a qual altera o significado original do texto.
Jesus tinha andado a pregar na Galileia, “Ô tempo está
cumprido, e o reino de Deus está prôximo” (Marcos 1:15).
Naquele momento, Ele tinha de demonstrar a
superioridade do Seu Reino sobre o reino de Satanás. Há
seis pontos importantes que devemos reter:
Em primeiro lugar, Jesus lidou com o demónio, não
com o homem. O demónio falou através do homem, e Jesus

19
falou para o demónio. Se traduzirmos literalmente, aquilo
que Jesus disse ao demónio foi: “Sê amordaçado!”.
Em segundo lugar, Jesus expulsou o demónio do
homem, não o homem da sinagoga.
Terceiro, Jesus não ficou, de modo algum, perturbado
pela interrupção ou distúrbio, fazia parte da totalidade do
Seu ministério lidar com o demónio.
Quarto, o demónio falou tanto no singular como no
plural: “Vieste destruir-nos? Bem sei quem és...” (versículo
24). Esta resposta é característica de um demónio que
fala por si próprio e em nome de outros. O demónio do
gadareno usou o mesmo tipo de discurso:

“E perguntou-lhe: Qual é o teu nome? E lhe respondeu,


dizendo: Legião é o meu nome, porque somos muitos.”
(Marcos 5:9).

Quinto, é razoável assumirmos que o homem era um


membro regular da sinagoga, mas aparentemente ninguém
sabia que ele precisava de ser liberto de um demónio. É
provável que nem o próprio homem o soubesse. A unção
do Espírito Santo que estava sobre Jesus forçou o demónio
a manifestar-se.
Sexto, foi o seu confronto dramático com um demónio
na sinagoga que iniciou Jesus no seu ministério público.
Perante os seus companheiros judeus, Ele ficou conhecido,
primeiro e acima de tudo, como o Homem que tinha uma
autoridade única sobre demónios.

Como é que Jesus Lidou com Demónios?


Naquela mesma noite, quando as pessoas já não estavam
restringidas aos regulamentos do Shabbat, podemos dizer
que Jesus levou a cabo o Seu primeiro “culto de cura”:

20
E, tendo chegado a tarde, quando já se estava pondo
o sol, trouxeram-lhe todos os que se achavam enfermos,
e os endemoninhados.E toda a cidade se ajuntou à porta.
E curou muitos que se achavam enfermos de diversas
enfermidades, e expulsou muitos demônios, porém não
deixava falar os demônios, porque o conheciam.
(Marcos 1:32-34)

Os mesmos acontecimentos são descritos em Lucas


4:40-41:

E, ao pôr do sol, todos os que tinham enfermos de


várias doenças lhos traziam; e, pondo as mãos sobre cada
um deles, os curava.E também de muitos saíam demônios,
clamando e dizendo: Tu és o Cristo, o Filho de Deus. E
ele, repreendendo-os, não os deixava falar, pois sabiam
que ele era o Cristo.

Para que possamos ter uma imagem clara de como


Jesus lidou com demónios, precisamos de combinar os
dois relatos de Marcos e Lucas. Marcos diz: “[Jesus] não
permitia que eles [demónios] falassem”, mas Lucas diz:
“Também de muitos saíam demónios, clamando: “Tu és
o... Filho de Deus”. Tal como o que havia acontecido na
sinagoga, os demónios declararam o seu reconhecimento
público de Jesus como o Santo de Deus, ou o Filho de
Deus, mas depois Ele não permitiu que eles dissessem
mais nada.
É notável, que as pessoas vinham a Jesus à procura
de cura para as suas enfermidades, mas muitas delas
receberam libertação de demónios. Aparentemente, as
pessoas não se apercebiam que algumas das suas doenças
eram causadas por demónios. Uma das características

21
marcantes do ministério de Jesus, do princípio ao fim, é
que Ele nunca fez uma distinção específica entre curar as
doenças das pessoas e libertá-las de demónios.
O mesmo se aplica ao Seu contínuo ministério de
pregação tal como ele é descrito em Marcos 1:39:

E pregava nas sinagogas deles, por toda a Galiléia, e


expulsava os demônios.

Expulsar demónios era uma vertente tão comum do


ministério de Jesus como pregar. Libertar pessoas de
demónios era simultaneamente a confirmação e a
aplicação prática da mensagem que Ele pregava, que era:

E dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus


está próximo. Arrependei-vos, e crede no evangelho.
(Marcos 1:15).

Podemos perguntar, a que tipo de pessoas é que Jesus


ministrava desta maneira? Ele ministrava sobretudo aos
judeus religiosos que se reuniam todos os Shabbats na
sinagoga, e que passavam o resto da semana a tomar conta
das suas famílias, na lavoura, na pesca e a cuidar das
suas lojas. As pessoas que recebiam ajuda de Jesus eram
sobretudo pessoas “normais”, respeitáveis e religiosas.
Porém, elas estavam endemoninhadas; um demónio tivera
acesso a uma ou várias áreas das suas personalidades, e
como resultado disso as pessoas tinham perdido o controle
total.
Temos de nos lembrar que o código moral e ético
dos judeus no tempo de Jesus era baseado nos Dez
Mandamentos e na Lei de Moisés. Isto significa que,

22
provavelmente, a maioria deles vivia mais correctamente
do que a maioria das pessoas na nossa sociedade ocidental
contemporânea.
Sem dúvida que há muitas pessoas parecidas com
aquelas na comunidade cristã dos nossos dias, pessoas
boas, respeitáveis, religiosas, que frequentam a igreja e
usam correctamente toda a linguagem religiosa; no entanto,
elas são como os judeus religiosos do tempo de Jesus.
Algumas áreas das suas personalidades foram invadidas
por demónios e, como resultado, ` elas não têm controle
total. De certeza que precisam tanto de libertação como
aquelas pessoas a quem Jesus ministrou!
Em Lucas 13:32, Jesus deixou bem claro que o Seu
ministério prático para com os enfermos e endemoninhados
iria permanecer imutável até ao fim:

E respondeu-lhes: Ide, e dizei àquela raposa: Eis que


eu expulso demônios, e efetuo curas, hoje e amanhã, e no
terceiro dia sou consumado.

“Hoje, amanhã e o terceiro dia” é um hebraísmo que


poderia ser entendido como: “Daqui em diante, e até que
a tarefa esteja terminada”. O ministério prático de Jesus
começou, continuou e foi concluído com duas actividades:
curar os enfermos e expulsar demónios. Ele começou da
maneira certa, e nunca precisou de melhorá-la.
Mais tarde, quando chegou o momento de Jesus
comissionar e enviar os discípulos, Ele instruiu-os para que
prosseguissem exactamente segundo o padrão do ministério
que Ele próprio havia demonstrado. Ele concedeu aos doze
primeiros apóstolos uma dupla autoridade: primeiro, para
expulsarem demónios; segundo, para curarem todo o tipo
de enfermidade e doença (ver Mateus 10:1). De seguida,

23
deu-lhes instruções explícitas sobre como fazerem uso
dessa autoridade:
E, indo, pregai, dizendo: É chegado o reino dos céus.
Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os
mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de
graça dai. (Mateus 10:7-8)

Marcos descreve-nos brevemente como os discípulos


desempenharam a sua tarefa:

E expulsavam muitos demônios, e ungiam muitos


enfermos com óleo, e os curavam. (Marcos 6:13)

Assim, expulsar demónios não era uma opção “extra”!


Posteriormente, Jesus enviou mais setenta discípulos,
em pares, para que Lhe preparassem o caminho em todos
os lugares aonde Ele pretendia ir. Não possuímos um
relato detalhado das Suas instruções, mas elas incluíam
claramente a expulsão de demónios, pois ao regressarem,
os discípulos relataram com alegria:

E voltaram os setenta com alegria, dizendo: Senhor, pelo
teu nome, até os demônios se nos sujeitam. (Lucas 10:17)

Após a Sua morte e ressurreição, Jesus comissionou


novamente os Seus discípulos, mas naquela altura Ele
expandiu o seu ministério ao mundo inteiro. Ele prometeu
que, a mensagem daqueles que fossem em fé e obediência,
seria comprovada por cinco sinais sobrenaturais. Os dois
primeiros foram os seguintes:

E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome


expulsarão os demônios; falarão novas línguas;
24
(Marcos 16:17)
Desde o início do século XX que muito tem sido
pregado, ensinado e escrito sobre o segundo sinal: falar
novas línguas. Contudo, o sinal que Jesus enumerou em
primeiro lugar, expulsar demónios, não tem recebido a
mesma atenção positiva. É triste constatar, que a Igreja
Ocidental contemporânea se tem demonstrado relutante em
lidar com a questão dos demónios.
Em Mateus 28:19-20, encontramos outro relato do
comissionamento final de Jesus aos Seus discípulos:

Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações,


batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito
Santo;Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos
tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias,
até a consumação dos séculos. Amém.

Esta comissão era simples e prática: fazer discípulos e,


posteriormente, ensiná-los a obedecer a tudo o que Jesus
havia ordenado aos primeiros discípulos. Depois, estes novos
discípulos iriam, por sua vez, fazer mais discípulos e ensinar-
lhes tudo o que Jesus havia ensinado. Assim, iria passar de
geração em geração, “até a consumação do século”. Jesus
iniciou a jornada dos Seus discípulos com o “programa”
certo e nunca fez menção de o alterar. Infelizmente, ao longo
dos séculos, a Igreja tem feito muitas modificações sem
autorização, e nenhuma delas para melhor!

O Padrão de Evangelismo segundo o Novo Testamento


O Novo Testamento providencia um exemplo bem
evidente de um discípulo que seguiu o padrão do ministério
de Jesus: Filipe. Ele é a única pessoa no Novo Testamento
que é especificamente descrita como um “evangelista”
(ver Actos 21:8), e o seu ministério, descrito em Actos 8:5-

25
l3 e 26-40, é o padrão de evangelismo segundo o Novo
Testamento.
A mensagem de Filipe era surpreendentemente simples.
Em Samaria foi “Cristo”; para o eunuco etíope foi “Jesus”.
Filipe não precisou de uma comissão de organização, nem de
um coro ensaiado, nem de um auditório alugado. As multidões
reuniam-se à sua volta por causa de uma única razão: a
demonstração “viva” do poder sobrenatural de Deus:

E as multidões unanimemente prestavam atenção ao


que Filipe dizia, porque ouviam e viam os sinais que ele
fazia;Pois que os espíritos imundos saíam de muitos que os
tinham, clamando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos
eram curados. (Actos 8:6-7)

Isto é evangelismo segundo o Novo Testamento: o


Evangelho é pregado e as multidões ouvem; vêem os
milagres, a expulsão de demónios e crêem; são baptizados
e a Igreja é estabelecida. A expulsão de demónios é um
elemento central, sendo frequentemente acompanhado de
manifestações ruidosas e desordeiras. Há outras vertentes do
evangelismo que variam, mas este elemento é central para o
evangelismo praticado no Novo Testamento, primeiro por
Jesus, depois pelos Seus discípulos.
O padrão de evangelismo não se limitava àqueles que
tinham sido testemunhas oculares do ministério de Jesus.
Esse padrão era bem visível no ministério do apóstolo
Paulo. De facto a determinada altura, o sucesso de Paulo
ao lidar com demónios causou impacto em toda a cidade
de Éfeso:

E Deus pelas mãos de Paulo fazia maravilhas


extraordinárias.De sorte que até os lenços e aventais se

26
levavam do seu corpo aos enfermos, e as enfermidades
fugiam deles, e os espíritos malignos saíam.E alguns dos
exorcistas judeus ambulantes tentavam invocar o nome
do Senhor Jesus sobre os que tinham espíritos malignos,
dizendo: Esconjuro-vos por Jesus a quem Paulo prega.
E os que faziam isto eram sete filhos de Ceva, judeu,
principal dos sacerdotes.Respondendo, porém, o espírito
maligno, disse: Conheço a Jesus, e bem sei quem é Paulo;
mas vós quem sois?E, saltando neles o homem que tinha o
espírito maligno, e assenhoreando-se de todos, pôde mais
do que eles; de tal maneira que, nus e feridos, fugiram
daquela casa.E foi isto notório a todos os que habitavam
em Éfeso, tanto judeus como gregos; e caiu temor sobre
todos eles, e o nome do Senhor Jesus era engrandecido.
(Actos l9:11-­17)

Uma vez que estes filhos de Ceva estavam delibera­


damente a imitar Paulo, eles providenciam uma “sombra”,
a partir da qual podemos formar uma ideia sobre como
é que Paulo lidava com demónios. Aparentemente, ele
falava directamente com eles e ordenava que, no nome de
Jesus, saíssem das suas vítimas. Por outras palavras, Paulo
seguia o padrão do próprio Jesus.
O vergonhoso insucesso dos filhos de Ceva é também
uma prova clara de que, o sucesso em expulsar demónios
não depende apenas do uso da “fórmula”certa. A pessoa
que usa a fórmula tem que ser um canal sincero e rendido
à Pessoa sobrenatural do Espírito Santo.
Estes acontecimentos em Éfeso oferecem outro
exemplo que está de acordo com o Novo Testamento,
sobre como o ministério de libertação de demónios pode
afectar uma comunidade inteira. O espectáculo dos filhos
de Ceva a fugirem desordenadamente à frente de um

27
homem endemoninhado causou impacto em toda a cidade
de Éfeso, mais especialmente nos Cristãos que ali viviam.
Aquele cenário serviu para desenhar uma identificada
linha de divisão entre os discípulos de Jesus e os
descrentes.

E muitos dos que tinham crido vinham, confessando e


publicando os seus feitos.Também muitos dos que seguiam
artes mágicas trouxeram os seus livros, e os queimaram na
presença de todos e, feita a conta do seu preço, acharam
que montava a cinqüenta mil peças de prata.
(Actos l9:l8-l9)

Segundo consta, até àquela data, muitos daqueles


crentes tinham tentado viver com um pé no Reino de Deus
e outro no reino de Satanás. Haviam feito uma profissão
de fé em Cristo, porém retiveram consigo documentos que
continham as fórmulas secretas que haviam usado nas suas
práticas ocultas. Aparentemente, esses documentos eram
muito valiosos, o que pode ter sido uma das razões para
que os Cristãos se mostrassem relutantes em se desfazerem
deles. Mas, após os seus olhos se abrirem para as questões
espirituais reais, dispuseram-se a ver os seus documentos
a serem queimados.
Um dracma era equivalente a um dia de salário. Se
quiséssemos calcular o valor desses documentos segundo
a moeda actual, tendo por base quarenta dólares por dia,
(que corresponde aproximadamente a um salário mínimo
nos Estados Unidos) o seu valor corresponderia a mais de
dois milhões de dólares. É óbvio que há muito dinheiro em
jogo no oculto!
O resultado deste confronto dramático entre os dois
reinos, é resumido num versículo final:

28
Assim a palavra do Senhor crescia poderosamente e
prevalecia. (Actos 19:20)

Se o evangelismo raramente obtém estes resultados no


mundo ocidental, temos de perguntar quem é que mudou:
Jesus? Os demónios? Ou a Igreja?

29
2 ª Parte

Na Escola da Experiência
A experiência pessoal por si própria nunca é uma
base suficiente para estabelecer uma doutrina bíblica. No
entanto, por vezes ela pode ter o efeito de iluminar uma
doutrina que anteriormente ninguém soube como aplicar.
Isto verificou-se no meu confronto pessoal com
demónios. Eu tinha lido os relatos do Novo Testamento
sobre a maneira como Jesus e os Seus discípulos haviam
lidado com demónios. E tinha-os aceite como parte da
revelação da Escritura; mas esses relatos nunca se tinham
tornado reais para mim.
Já tinha sentido muitas vezes a alegria de trazer
pecadores a Cristo, também já tinha visto pessoas serem
curadas fisicamente em resposta a oração. Porém, não
possuía uma experiência consciente do que significa ser
confrontado e ter de lidar com demónios, testemunhando
as manifestações exteriores tão nitidamente descritas no
Novo Testamento.
Então, Deus, na Sua soberania, começou a dar-
me experiência pessoal directa sobre como reconhecer
e lidar com demónios. Primeiro que tudo, eu próprio
recebi libertação de crises persistentes de depressão que
me estavam a enfraquecer; após ter reconhecido qual a
sua proveniência e clamar a Deus por libertação. Mais

31
tarde, encontrei demónios que se manifestavam em outras
pessoas, e já por experiência própria pude provar a verdade
da promessa que Jesus fez aos Seus discípulos em Marcos
16:17:

E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome


expulsarão os demônios; falarão novas línguas;

Isto veio adicionar ao meu ministério uma nova e


importante dimensão.
Revendo tempos passados, agora compreendo que
Deus tinha-me inscrito na Sua “escola de experiência”,
guiando-me soberanamente de um encontro demoníaco
a outro. Finalmente, lidar com demónios tornou-se uma
actividade constante no meu ministério Cristão.
Nos próximos capítulos, irei compartilhar algumas das
lições mais importantes que Deus me ensinou ao longo do
caminho através do qual Ele me guiou.

4 – A Minha Luta Contra a Depressão

A minha mente reporta-me aos anos que se seguiram


à II Guerra Mundial. Eu tinha estado ao serviço das forças
inglesas durante quatro anos e meio no Médio Oriente. Após
ter cumprido esse tempo, casei com Lydia Christensen,
dinamarquesa, professora e directora de um pequeno lar
para crianças em Jerusalém. Em consequência do meu
casamento, tornei-me pai de uma família já existente
composta por oito raparigas, das quais seis eram judias,
uma era palestiniana árabe e a mais nova era inglesa.
Juntos como família, testemunhámos o renascimento
do Estado de Israel em 1948, e depois mudámo-nos para

32
Londres. Encontrámos uma cidade que ainda lutava
penosamente para reconstruir a sua vida após o impacto
de destruição da guerra. Noite após noite, os bombardeiros
Nazis tinham lançado terror e destruição sobre uma
população que não tinha meios para retaliar. Bastante
tempo depois do fim do bombardeio, as cicatrizes ainda
eram visíveis por toda a cidade.
Muitas ruas faziam-me lembrar uma pessoa que tenta
sorrir e a quem faltam dois ou três dentes da frente. As filas
de casas que ainda permaneciam em pé, vazias, invadidas
por ervas daninhas, muitas delas serviam de memorial
inútil a famílias inteiras que haviam perecido juntamente
com as suas casas. Mais feios ainda eram os esqueletos
das casas vazias que também permaneciam em pé, mas
cujas paredes estavam escurecidas e a desmoronar-se, e
cujas janelas eram painéis de madeira. Em vão, os olhos
buscavam um resquício de elegância e beleza.
As cicatrizes exteriores da cidade eram as propor­
cionalmente acompanhadas por cicatrizes emocionais
que as pessoas carregavam dentro de si. A disposição que
prevalecia era a de um cinismo abatido, a Inglaterra havia
saído vitoriosa da guerra, mas os frutos da vitória eram
amargos. Todo o tipo de alimentos era escasso, excepto
os mais essenciais. Produtos como açúcar, manteiga,
chá, tabaco, que podiam ter ajudado as pessoas a gozar
um pouco a vida, ou, pelo menos a suportá-la, eram
ainda rigorosamente racionados. As filas de espera eram
enormes, e os temperamentos exaltados.
O nível de vida espiritual em Inglaterra era o mais
baixo desde há pelo menos duzentos anos. Menos de
cinco por cento da população frequentava regularmente
um local de adoração. As entradas de muitas igrejas
tinham sido bloqueadas com tábuas, ou então tinham sido

33
transformadas em armazéns de mobílias. Das igrejas que
permaneciam abertas, poucas eram as que apresentavam
uma mensagem positiva de esperança que pudesse servir
de antídoto à depressão que prevalecia.
Pouco tempo depois de nos termos instalado em
Londres, comecei a pastorear uma pequena congregação
Pentecostal, próximo do centro da cidade.
A impressão geral que tenho desse tempo é de algo
sombrio: as ruas, as casas e as pessoas. A maior parte das
vezes, até o céu era sombrio. Os combustíveis que eram
usados naquela altura para os aquecimentos, bloqueavam
pelo menos vinte cinco por cento da luz solar que teria
ajudado a aliviar aquele estado sombrio. No inverno, de
tempos a tempos, a cidade ficava envolta num nevoeiro
tão denso que uma pessoa nem conseguia ver a sua própria
mão se a estendesse à sua frente.
No entanto, havia algo sombrio que era ainda mais
depressivo: o estranho e indefinível abatimento dentro
da minha alma. Segundo os padrões espirituais daquele
tempo, eu era um ministro relativamente bem sucedido.
Todas as semanas havia alguém que vinha ao Senhor ou
então eu testemunhava um milagre de cura ou qualquer
outra demonstração do poder sobrenatural do Espírito
Santo. Contudo, sentia uma contínua frustração interior,
uma voz inaudível parecia sussurrar: “Os outros poderão
vir a ser bem sucedidos, mas tu nunca serás”.
Até aquela data, a minha experiência tinha-me trazido
uma série de sucessos. Aos treze anos fui eleito aluno do ano
do King’s, em Eton, o que voltou a acontecer novamente
quando entrei para o King’s College, em Cambridge. Depois
de me graduar com distinção em ambas as vertentes do
meu exame final (que consistia no curso oficial de estudos
em Latim e Grego, Cultura e História), fui seleccionado

34
para ser aluno do sector de investigação da universidade
durante dois anos. Finalmente, aos 24 anos, fui eleito para
a invejada posição de membro do conselho directivo do
King’s College, Cambridge. Durante a guerra, a minha
colaboração com o Corpo Médico como não combatente,
impediu-me de ser promovido a oficial. Ainda assim,
obtive a qualificação de carácter mais alta que o Exército
Inglês podia conceder: “exemplar”.
Foi durante o meu serviço militar que tive um encontro
sobrenatural com Jesus Cristo, o qual revolucionou os meus
objectivos na vida. Podia ver como, após ter cumprido os
anos de serviço militar, Deus me tinha guiado passo a passo
ao meu presente ministério de pastor. Esta era uma ironia
que eu não conseguia perceber: enquanto eu tinha andado
a construir o meu próprio caminho, ignorando Deus, tinha
conseguido uma colecção infindável de sucessos. No
entanto, numa altura em que eu tentava sinceramente seguir
o plano Deus para a minha `vida, sentia-me oprimido pelo
sentimento contínuo de que nunca devia esperar alguma
vez ser bem sucedido.
No meio de tudo isto, nunca duvidei da realidade
da minha salvação. Ela era demasiadamente profunda e
permanente. Ainda assim, por vezes a depressão pairava
sobre mim como uma neblina sombria que envolvia a
minha cabeça e os meus ombros. Tentar sair desta neblina
era como tentar escapar de uma prisão. Sentia-me isolado,
excluído de toda a comunicação com sentido, mesmo
daqueles que me eram mais chegados, a minha esposa e as
minhas filhas. Não conhecia nenhum ministro maduro na
fé a quem me pudesse dirigir à procura de ajuda
Tentei servir-me de todos os meios espirituais que
conhecia para me ver livre daquela depressão: lia a minha
Bíblia fielmente pelo menos duas vezes por dia, jejuava

35
um dia por semana, por vezes até dedicava alguns dias, ou
mesmo uma semana à oração e ao jejum. Nessas alturas, a
depressão passava por algum tempo, para depois retornar
inevitavelmente. De cada vez que isso acontecia, o meu
desespero aumentava também.
Eu conhecia a passagem em Romanos 6:11, que nos
instrui a considerarmo-nos “como mortos para o pecado”.
A cada dia, considerava-me morto para o pecado e para
qualquer consequência de depressão que tivesse vindo sobre
mim, Não obstante, parecia não conseguir experimentar a
última parte daquele versículo: ser “vivo para Deus em
Cristo Jesus nosso Senhor”.

Vencendo o Meu inimigo


Finalmente, em 1953, quando já tinha esgotado todos
os meus recursos, Deus veio socorrer-me de um modo
que eu nunca tinha imaginado. Estava a ler os primeiros
versículos de Isaías 61, que descrevem o trabalho
sobrenatural do Espírito Santo trazendo um testemunho
a mensagem do Evangelho, versículos que Jesus aplicou
a si próprio na sinagoga em Nazaré, (ver Lucas 4:16-21)
quando cheguei às palavras do versículos “veste de louvor
por espírito de opressão” também chamado “espírito de
angústia” ou “espírito de desfalecimento” noutras versões,
não consegui continuar a ler. Foi como se a expressão
espírito de opressão tivesse sido sublinhada por uma mão
invisível.
Repeti a frase para mim mesmo: “espírito de opressão”.
Seria este o diagnóstico de Deus sobre a minha condição?
Seria possível que a força contra a qual eu estava a lutar não
fizesse parte de mim, mas fosse uma pessoa estranha; um
espírito maligno que de alguma maneira tivesse ocupado
uma área da minha mente?

36
Lembrei-me de um termo que tinha ouvido uma vez
mas que não tinha compreendido: “espírito familiar”. Será
que aquilo se referia a um tipo qualquer de poder maligno
que se agarrava aos membros de uma família, passando de
geração em geração?
Pensei numa das características do carácter do meu pai
que sempre me tinha feito confusão. Ele era um homem
bom, com moral, e um oficial bem sucedido que se havia
reformado do exército com o posto de coronel. Cerca de
noventa e oito por cento do tempo comportava-se como o
“gentleman” inglês que ele era, mas nos restantes dois por
cento de tempo, eu tinha visto algo nele que era alheio à
sua personalidade. Um incidente qualquer, aparentemente
trivial era capaz de o irritar e, durante um período de 24
horas, ficava submerso num silêncio absoluto e indiferente.
Refugiava-se em si mesmo sem ligar à minha mãe, e não
abria a boca nem para agradecer uma chávena de chá.
Depois, sem qualquer razão evidente, voltava à sua postura
normal de “gentleman”.
Com esta nova visão, percebi que um “espírito das
trevas” semelhante me tinha perseguido ao longo da minha
vida, desde a infância. Provavelmente, ele tinha estudado o
meu temperamento e estava familiarizado com as minhas
fraquezas e reacções; sabia quando é que eu iria estar mais
vulnerável às suas pressões. Agora, ele tinha um objectivo
principal: impedir-me de servir a Cristo com eficácia.
Este foi um momento decisivo na minha vida. Eu
sempre tinha visto a minha depressão e atitude negativa
como uma expressão do meu próprio carácter, algo com
que eu tinha nascido. Sentia-me até culpado por não ser
um Cristão “melhor”. Mas naquela altura, tornou-se claro
para mim que a minha luta não era, de todo, contra a minha
própria personalidade.

37
O Espírito Santo trouxe de imediato à minha mente
a promessa de Joel 2:32: “E todo aquele que invocar o
nome do Senhor será liberto”(KJV). Devido aos meus
conhecimentos de hebraico, sabia que aquela palavra
também significava “ser salvo, ser resgatado”. Determinei,
então, que iria aplicar essa promessa e agir de acordo com
ela. Pronunciei uma simples oração, mais ou menos assim:
“Senhor, Tu me mostraste que eu tenho sido oprimido por
um espírito de angústia, mas Tu prometeste na Tua Palavra
que se eu invocar o Teu nome, serei liberto. Por isso, estou
a invocar agora o Teu nome para me libertares, no nome
de Jesus!”
A resposta foi imediata: algo que se assemelhava a
um enorme aspirador celestial veio sobre mim e sugou a
neblina sombria que envolvia a minha cabeça e ombros.
Ao mesmo tempo, uma pressão na zona do meu peito foi
liberta forçosamente, e soltei um profundo suspiro.
Deus tinha respondido à minha oração. De repente,
parecia que tudo a minha volta era mais resplandecente;
foi como se um fardo pesado tivesse sido retirado de cima
dos meus ombros. Eu estava livre! Tinha vivido toda a
minha vida debaixo daquela depressão e foi estranho estar
livre. Instantaneamente compreendi que a liberdade era
normal e que a opressão era anormal.
O meu velho inimigo não desistiu de mim; ainda
tive de lutar contra a depressão, mas a grande diferença
é que agora os ataques vinham de fora, e não de dentro.
Gradualmente, aprendi a resistir.
O principal objectivo dos ataques era levar-me a ter
reacções ou atitudes pessimistas. Quando tudo parecia estar
a correr mal, começava a alimentar pensamentos negativos
sobre aquilo que devia esperar que fosse acontecer. A partir
daí, era fácil sentir aquela neblina sombria já demasiado

38
familiar a começar a instalar-se à volta da minha cabeça e
dos meus ombros.
Nessa altura, Deus ensinou-me outra lição importante:
Ele iria fazer por mim aquilo que eu não era capaz de fazer
por minha iniciativa, mas não iria fazer por mim aquilo
que Ele determinava que eu fizesse por mim mesmo. Deus
tinha ouvido o meu clamor e tinha-me libertado de um
espírito de opressão, mas depois disso, Ele delegou-me a
responsabilidade de exercer sobre os meus pensamentos a
disciplina que podemos reconhecer nas Escrituras.
Era óbvio que eu precisava de algo para proteger a
minha mente. Ao meditar sobre a lista elaborada por Paulo
acerca da armadura espiritual em Efésios 6:13-18, concluí
que aquilo a que Paulo chama “o capacete da salvação”
deveria servir de protecção à minha mente. Então pensei,
“Será que já tenho o capacete da salvação? Eu sei que sou
salvo, mas, será que isso significa que eu tenho o capacete
da salvação automaticamente?”
Reparei que Paulo escrevia para Cristãos que já eram
salvos, mas ainda assim, ordenou-lhes que “tomassem”
no capacete da salvação. Isto colocou a responsabilidade
sobre mim, tinha que ser eu a “tomar” no capacete. Mas,
o que era o capacete?
Felizmente, a Bíblia que eu estava a usar era de
referência. A referência mencionada em relação a Efésios
6: 17, remetia para 1 Tessalonicenses 5:8:

Mas nós, que somos do dia, sejamos sóbrios, vestindo-


nos da couraça da fé e do amor, e tendo por capacete a
esperança da salvação;

Então, o capacete que Deus tinha providenciado para


proteger a minha mente era a esperança!

39
Isto apelou à minha mente lógica. O meu problema era
pessimismo, mas o oposto ao pessimismo é optimismo,
esperando o melhor continuamente. Então a esperança era
a minha protecção.
De 1Tessalonicenses 5:8, fui conduzido a Hebreus
6:18-20:

Para que por duas coisas imutáveis, nas quais é


impossível que Deus minta, tenhamos a firme consolação,
nós, os que pomos o nosso refúgio em reter a esperança
proposta; A qual temos como âncora da alma, segura e
firme, e que penetra até ao interior do véu, Onde Jesus,
nosso precursor, entrou por nós, feito eternamente sumo
sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque.

Nesta passagem, encontrei mais duas imagens/metá­


foras de esperança. Primeiro, a esperança é comparada às
os chifres do altar. Na antiga aliança quando um homem
era perseguido por um inimigo que o tentava matar, ele
podia encontrar abrigo segurando-se com firmeza aos
chifres do altar, onde o seu inimigo não o podia alcançar.
O altar fez-me recordar o sacrifício que Jesus fez por
mim na Cruz. Os seus chifres representavam a minha
esperança, a qual era baseada no Seu sacrifício. En­
quanto eu me agarrasse tenazmente a esta esperança, o
meu inimigo não se poderia aproximar de mim para me
destruir.
E qual era a segunda imagem em que a esperança é
comparada a uma âncora? Isto originou um breve diálogo
dentro da minha mente.
-O que é que necessita de uma âncora?
-Um navio.
-Porque é que um navio precisa de uma âncora?

40
-Porque flutua sobre a água que é um elemento instável
e que não oferece nada a que o navio se possa agarrar;
Este, lança a sua âncora que perpassa o elemento
instável fixando-o a algo firme e imóvel, como uma
rocha.
Compreendi que a esperança podia funcionar da
mesma maneira na minha vida, uma âncora que passa
através da turbulência e da instabilidade desta vida, e
que é fixada para sempre à eterna Rocha dos Tempos:
Jesus.
No entanto, enquanto meditava sobre isto, percebi
que há uma diferença entre ter esperança e desejar algo.
Prosseguindo com a leitura de Hebreus, verifiquei que
“a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam”
(Hebreus 11:1). O tipo de esperança que eu precisava
como âncora tinha de ser baseada num alicerce firme de
fé nas afirmações e promessas da Palavra de Deus. Sem
este alicerce bíblico, a esperança não seria mais do que o
desejo de algo.
Aos poucos, consegui elaborar uma maneira simples e
prática de aplicar estas verdades ao meu dia-a-dia. Aprendi
a distinguir entre pensamentos que provinham da minha
própria mente e pensamentos insinuados pelo demónio.
Sempre que o inimigo se aproximava de mim tentando
induzir pensamentos negativos e pessimistas, disciplinei-
me a mim próprio a anular esse efeito com uma palavra
positiva da Escritura.
Se o demónio sugeria que as coisas estavam a correr
mal, eu opunha-me com Romanos 8:28:

E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente


para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são
chamados segundo o seu propósito.

41
Eu respondia ao meu inimigo invisível: “Eu amo
Deus, e sou chamado segundo o Seu propósito. Daí, todas
as coisas estão a concorrer para o meu bem.”
De vez em quando, o demónio recorria à táctica que no
passado havia resultado: “Nunca iras ser bem sucedido”.
Nessa altura, eu confrontava-o com Filipenses 4:13:

Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece.

A vitória completa não veio de imediato, mas com o


decorrer do tempo, os meus reflexos mentais passaram a
estar de tal maneira organizados, que passou a ser quase
automático opor às sugestões negativas do demónio, uma
palavra contrária e positiva retirada da Escritura. Como
consequência disso, hoje aquele demónio gasta muito
tempo em vão a tentar atacar-me.
Deus também começou a ensinar-me a importância de
Lhe agradecer e de O louvar continuamente. Descobri que
esta atitude me envolvia numa atmosfera que repele os
demónios.
Fiquei impressionado com as palavras de David no
Salmo 34: 1:

[Salmo de Davi, quando mudou o seu semblante


perante Abimeleque, e o expulsou, e ele se foi.] Louvarei
ao SENHOR em todo o tempo; o seu louvor estará
continuamente na minha boca.

A introdução a este Salmo indica que, naquela fase da


vida David era um fugitivo, tentando escapar ao Rei Saúl,
que o procurava para matá-lo. Ele tinha conseguido escapar
para a corte de um rei gentio (Abimeleque) que não o tinha
acolhido muito bem. Para salvar a vida eis o que fez:

42
Por isso se contrafez diante dos olhos deles, e fez-se
como doido entre as suas mãos, e esgravatava nas portas
de entrada, e deixava correr a saliva pela barba.
(I Samuel 21:13)

Se David foi capaz de continuar a louvar Deus naquela


situação, concluí, não há nenhuma situação na qual eu não
deva fazer o mesmo.

Lições
Como resultado de todas estas lutas, aprendi três lições
que desde então têm tido um valor incalculável: primeiro,
a realidade da actividade demoníaca tal como ela é descrita
no Novo Testamento; segundo, a provisão sobrenatural que
Deus preparou para libertação; terceiro, a necessidade de
manter a libertação através de uma aplicação disciplinada
da Escritura.
Muitas vezes, os Cristãos tendem apenas a ver um dos
lados da questão da libertação. Alguns fazem recair toda
a ênfase sobre o próprio processo de expulsar demónios,
outros rejeitam o elemento sobrenatural da libertação e
destacam apenas a necessidade da disciplina Cristã.
A verdade é que nenhuma das atitudes substitui a
outra. A libertação não pode ocupar o lugar da disciplina,
e a disciplina não pode preencher o lugar da libertação,
ambas são necessárias!
Revendo o passado, de tempos a tempos perguntava-me:
- Qual teria sido o rumo da minha vida se Deus não tivesse
vindo em meu socorro com o Seu poder sobrenatural para
me livrar daquele “espírito maligno de opressão”? Tenho
a certeza de que, mais cedo ou mais tarde, eu teria aberto
o caminho ao desespero e teria sido forçado a abandonar o
ministério. Por isso é que é tão maravilhoso rever os mais

43
de quarenta anos de ministério frutífero, que se seguiram
à minha libertação!
Contudo, apercebo-me de que a minha luta contra
demónios não foi uma experiência estranha ou única.
Pelo contrário, creio que aqueles que são chamados para
o ministério Cristão estão entre os alvos primordiais
de Satanás. Ele sujeita-os a uma implacável pressão e
tormentos demoníacos, tendo como objectivo forçá-los
a abandonar o ministério. E é demasiadas vezes bem
sucedido!
Há apenas uma protecção garantida: aprender a
reconhecer a actividade demoníaca e lidar com ela de
acordo com o padrão estabelecido por Jesus.
Essa é uma das principais razões pela qual eu me senti
impelido a escrever este livro.

5 – Pessoas que Não Consegui Ajudar

Seria natural depreender que, após a minha maravilhosa


libertação da depressão, eu tenha começado imediatamente
a partilhar estas verdades tão empolgantes com a minha
congregação. Infelizmente, não foi assim que se passou; e
houve duas razões principais para que tal não sucedesse.
A primeira, em poucas palavras foi “orgulho”. Como
pastor, senti que o meu dever era viver num nível espiritual
mais elevado do que os membros da minha congregação.
Em princípio, eu devia ser a pessoa que tinha a resposta
para os seus problemas, aquela pessoa a quem eles se
dirigiam para encontrar ajuda. O que é que poderia
acontecer se eu, de repente, anunciasse publicamente que
tinha sido liberto de um demónio? Muitos dos membros
teriam ficado horrorizados só de ouvir mencionar a palavra

44
demónio. Talvez deixassem de me respeitar como pastor,
e deixassem de ouvir os meus sermões. Acabaria por ficar
sem congregação.
Decidi que, ser liberto de um demónio era um assunto
“pessoal”. Não era apropriado um pastor partilhar esse
tipo de coisas com a sua congregação.
Mas houve uma outra razão que me levou a estar reti­
cente. Desde a minha conversão que eu me tinha identi­
ficado com o movimento Pentecostal, concordando com as
suas principais posições doutrinais. Uma dessas posições
afirmava que, depois de uma pessoa ser salva, baptizada
no Espírito Santo e falar em línguas, ela nunca mais terá
necessidade de ser liberta de um demónio. De facto, teria
sido considerado irreverente fazer uma sugestão dessas.
Eu nunca tinha ouvido ou lido uma apresentação sobre
esta posição doutrinal bem fundamentada na Escritura. A
maioria dos Cristãos parecia considerá-la tão óbvia que nem
precisava de ser apoiada na Escritura. Contudo, de tempos
a tempos, havia alguém que citava as palavras de Jesus em
João 8:36: “Se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis
livres”, como se assim ficasse tudo esclarecido.
No entanto, alguns versículos antes, Jesus afirma:

Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós


permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis
meus discípulos;E conhecereis a verdade, e a verdade vos
libertará. (João 8:3l-32)

Segundo esta passagem, ser “verdadeiramente livres”


não é algo automático, mas condicionado pelo conhecimento
da Palavra de Deus e por andar em obediência a ela.
Assim, surgiram-me questões difíceis. Suponhamos
que em determinadas alturas eu não era tão obediente

45
quanto deveria ser. Será que necessitaria de mais libertação?
Como é que eu poderia saber, por experiência própria, que
estava “verdadeiramente liberto”?
Concluí que não estava em condições de responder
a estas perguntas de imediato. Reconheci também que a
tradição religiosa é uma das influências mais poderosas
que moldam a vida de um ministro. Quebrar com a
tradição requer muita força e convicção. Verifiquei que,
uma coisa é ter recebido a minha experiência pessoal de
libertação; e outra, completamente diferente, é ensinar
outras pessoas que um Cristão baptizado no Espírito pode
precisar de ser liberto de um demónio. Muitos dos meus
companheiros Pentecostais, e sem dúvida outros sectores
da Igreja não perderiam tempo em me classificar como
herético.
Na verdade, eu não estava muito seguro de que aquilo
que tinha acontecido comigo pudesse servir de padrão
para outras pessoas. Talvez o meu caso fosse único; e se
assim fosse, a mera sugestão de que as pessoas da minha
congregação talvez necessitassem de ser libertas de um
demónio poderia debilitar a sua fé e destabilizá-las.
Finalmente, acabei por partilhar a minha experiência
de libertação apenas com a minha esposa, e não disse nada
acerca do assunto em público. Embora Cristãos viessem
ter comigo debatendo-se com problemas que eles não
conseguiam resolver, nunca sugeri que os seus problemas
pudessem existir por causa de demónios, dos quais eles
precisavam de ser libertos. Sinto vergonha em dizer que
excluí essa possibilidade do meu pensamento.
Esta decisão sem base nas Escrituras limitou a eficácia
do meu ministério. Algumas das pessoas que procurei
ajudar conseguiram alcançar verdadeira libertação e
vitória. Contudo, outras foram ficando mais distantes

46
e depois esbarravam contra aquilo que parecia ser uma
barreira invisível. Nunca atingiram a plenitude do seu
potencial como Cristãos.

Marcus e Roger
Hoje, compreendo que falhei na minha responsabilidade
como pastor. Sinto uma grande tristeza por não lhes ter dado
a ajuda de que necessitavam. Há dois casos particulares
que sobressaem na minha mente.
O primeiro é o Marcus, um judeu da Alemanha. Ele e
o seu irmão mais velho eram os únicos dois membros de
uma grande família que não tinham morrido nas câmaras
de gás de Hitler. Mais tarde, em Inglaterra, Marcus teve
um poderoso encontro pessoal com Jesus de Nazaré e
foi baptizado no Espírito Santo. Muitas vezes, ao orar
com ele, ouvi-o falar clara e fluentemente numa língua
desconhecida. (Conheço o alemão e sei que não era essa a
língua que ele estava a falar). Desde que conheci o Marcus,
ele foi sempre uma testemunha ousada e fiel a Jesus, o seu
Salvador e Messias. No entanto, parecia nunca conseguir
entrar na paz interior profunda que Jesus promete àqueles
que crêem Nele.
Para além do trauma do Holocausto, Marcus tinha
outro problema emocional que vinha do passado. Quando
ele nasceu, a sua mãe queria ter uma filha e não aceitou o
facto de que ele era um rapaz. Ao longo da sua infância,
ela vestia­o como uma menina e tratava-o sempre como se
ele fosse uma rapariga.
De vez em quando, Marcus desfrutava períodos de
verdadeira paz e vitória, para depois regressar a um estado
de espírito de um desespero atroz. Era atormentado por
um sentido de culpa, que não era capaz de explicar nem de
resolver. Por vezes, para se castigar a si próprio, punha os

47
dedos na porta e fechava-a sobre eles. Foi mesmo levado
a beber a sua própria urina.
Depois destes coisas acontecerem, ele dirigia-se a
mim, em busca de ajuda. “Será que não pode retirar este
“diabo” de dentro de mim?”, clamava ele. Mas eu excluí da
minha mente a possibilidade de que ele pudesse realmente
precisar de libertação de um demónio. Porque, afinal eu
tinha-o ouvido falar em línguas!
Depois de terminar o meu pastoreado em Londres, fui
gradualmente perdendo o contacto directo com o Marcus,
mas através de um amigo comum, vim a saber que ele
tinha sido sujeito a uma lobotomia pré-frontal (remoção
cirúrgica de um ou mais nervos do lobo frontal do cérebro)
com o objectivo de tratar de distúrbios mentais incuráveis.
Contudo, aparentemente, aquele tratamento não trouxe
quaisquer benefícios permanentes para o Marcus, e alguns
anos mais tarde ele acabou por morrer prematuramente.
Relembrando toda esta situação, sinto que podia ter
ajudado o Marcus se me tivesse disposto a admitir a hipótese
de um elemento demoníaco fazer parte do seu problema.
O outro caso foi o do Roger, o jovem que veio ao Senhor
num culto ao ar livre onde eu estava a pregar. Ele teve
uma conversão poderosa, foi baptizado no Espírito Santo
e tornou-se uma testemunha sedenta e um trabalhador
dedicado para o Senhor. Na verdade, ele envergonhou
alguns dos nossos membros devido a todo o seu zelo e
dedicação.
Todavia, ele tinha um pecado que o afligia muito, algo
bastante embaraçoso, sobre o qual, naquele tempo, ninguém
falava: masturbação. Ele odiava aquilo e debatia-se contra
isso, mas nunca conseguia uma vitória permanente.
O Roger vinha ter comigo e com a Lydia, e dizia:
“Orem por mim”. Uma vez oramos com ele desde as dez

48
da noite até cerca das duas horas da manhã. Nessa altura,
o Roger disse: “Está a deixar-me, está a deixar-me! Não
parem de orar, eu sinto-o. Está nos meus dedos; está a ir-se
embora!” A vitória parecia estar ao nosso alcance, mas de
alguma maneira, nunca a conseguimos agarrar.
Durante o tempo em que conheci o Roger, ele nunca
conseguiu a vitória sobre o seu problema.

A Sonda e os Fórceps
O Marcus e o Roger são apenas dois exemplos entre
todas as pessoas que não consegui ajudar porque não lidei
com os seus problemas como sendo demoníacos. Foi como
um incidente que ocorreu durante a II Guerra Mundial,
enquanto eu estava ao serviço como elemento da equipa
médica com as forças inglesas no Norte de África.
Um soldado britânico tinha-se dirigido ao nosso posto
médico com uma ferida, causada pelos estilhaços de uma
bomba que tinha explodido perto dele. Despiu a camisa,
expondo um pequeno buraco num dos ombros. O canto da
ferida estava levemente escurecido.
Ao lembrar-me das compressas esterilizadas que
faziam parte do nosso equipamento medico, perguntei ao
médico oficial: “Posso ir buscar as compressas, sir?”
“Não, isso não é necessário”, respondeu o médico.
“Traga-me uma sonda”.
O médico mandou o homem sentar-se numa cadeira.
Depois, introduziu o pequeno tubo prateado na ferida do
homem e agitou-o cautelosamente durante alguns momentos.
Então o homem soltou um grito e foi aos arames.
“Agora vá buscar os fórceps”, disse o médico.
Dei-lhe os fórceps e ele introduziu-os na ferida na zona
aonde a sonda tinha localizado um corpo estranho. Com
muito cuidado, extraiu um pequeno pedaço de metal negro.

49
Depois de limpar a ferida, disse-me finalmente: “Agora já
pode trazer as compressas”.
Mais tarde ele explicou: “O estilhaço que provocou o
buraco ainda lá estava. Se nós apenas cobrirmos o estilhaço
com uma compressa sem o remover, isso irá provocar
uma fonte contínua de infecção o que virá a causar mais
problemas no futuro”.
Ao relembrar o meu período de ministério em Londres,
percebo que por vezes cometi o mesmo tipo de erro que
cometi no posto médico durante a guerra. Ao ajudar
algumas das pessoas que vieram ter comigo, tentei aplicar
uma compressa sobre uma ferida que ainda continha uma
fonte de “infecção” demoníaca. Antes de poder ajudar
essas pessoas, eu precisava de dois itens essenciais de
equipamento espiritual: a “sonda” do discernimento e os
“fórceps” da libertação.
Nos próximos capítulos, irei descrever como é que
Deus se moveu na minha vida para me equipar com estas
duas ferramentas essenciais para o ministério.

6 – Confronto com Demónios

Em 1957 terminei o meu pastoreado em Londres, a


Lydia e eu fomos para o Quénia como missionários para
a área da educação. Ficámos amigos de uma equipa de
evangelistas africanos que nos costumavam descrever os
seus encontros pessoais com demónios.
Uma vez, eles estavam a ministrar a uma mulher
africana que não tinha instrução académica e que falava
no seu dialecto tribal. Mas o demónio falava de dentro
dela em inglês: “Não nos podem expulsar; vocês não têm
sabedoria suficiente”. A isto, os meus amigos responderam:

50
“Não vos estamos a expulsar porque temos sabedoria, mas
porque somos servos do Senhor Jesus Cristo!”
Eu conhecia os meus amigos suficientemente bem para
ficar convencido de que eles não estavam a exagerar. Os
seus relatos de encontros com demónios lembravam-me
alguns incidentes registados no Novo Testamento, mas eu
não sabia o que fazer com essa informação. Como estava
ocupado com o meu cargo de director numa universidade
de formação de professores, pus o caso no meu ficheiro de
“assuntos pendentes”.
Depois de servirmos cinco anos, a Lydia e eu deixámos
o Quénia e, durante dois anos, viajámos e ministrámos na
Europa, Canadá e Estados Unidos. Foi então que, em 1963,
aceitei o cargo de pastor de uma pequena congregação
Pentecostal em Seattle.
Um Sábado, recebi um telefonema de Eric Watson, um
pastor Baptista carismático, que eu não conhecia muito
bem.
“Tenho aqui uma senhora”, disse ele, “que foi baptizada
no Espírito Santo, mas ela precisa de libertação de espíritos
malignos”.
Eu nunca tinha ouvido um pastor Baptista falar daquela
maneira. O que se seguiu foi ainda mais inesperado.
“O Senhor mostrou-me que você e a sua esposa
devem ser os instrumentos de libertação desta senhora”,
prosseguiu ele. “E isso deve acontecer hoje”.
Fiquei algo surpreendido e não estava, de modo algum,
preparado para deixar que outra pessoa tomasse uma
decisão daquelas por mim. Então, murmurei uma rápida
oração: “Senhor será que isto vem de Ti? Queres mesmo
que eu faça o que ele está a dizer?”
Para minha surpresa, senti que o Senhor respondeu:
“Sim, isto vem de Mim”.

51
“Está bem”, respondi ao pastor. “Traga a senhora”.

A Primeira Batalha
Enquanto a Lydia e eu aguardávamos a chegada do
pastor Watson e da mulher, recebemos uma visita surpresa
de John e Sherry Faulkner, um casal Presbiteriano, que
tinham sido recentemente baptizados no Espírito Santo.
Contámos­lhes acerca das visitas que estávamos à espera e
convidámo-los a ficar e orar.
Por fim, Eric WatSon chegou acompanhado de uma
senhora loura de olhos azuis, que nos foi apresentada como
Mrs. Esther Henderson. Examinei-a de perto à procura de
uma evidência exterior da sua condição espiritual talvez
um olhar feroz, ou um timbre metálico na sua voz. Mas
ela parecia ser uma dona de casa normal da classe média
americana, talvez com trinta e poucos anos. Não parecia
nervosa nem atemorizada.
O Pastor Watson foi logo directo ao assunto. Ele disse
à Esther para se sentar numa cadeira e explicou: “Ela
foi liberta de um demónio de nicotina, mas ainda tem
outros”.
Ao ouvir aquilo que ele tinha para dizer, decidi abster-
me de quaisquer comentários até que o Senhor me desse
alguma, certeza ou direcção.
O pastor Watson colocou-se em frente da Esther e
disse em voz alta: “Espiritos malignos, eu ordeno-vos que
saiam da Esther!”
Ao constatar que não houvera nenhuma resposta óbvia,
repetiu as mesmas palavras ainda mais alto: “Ordeno-vos
que saiam!”
Nada aconteceu.
“Eu sei que vocês estão aí”, continuou o pastor, “e eu
ordeno-vos que saiam, no nome de Jesus!”

52
No preciso momento em que ele mencionou o nome
de Jesus, houve uma reacção visível por parte da Esther.
Ao observá-la atentamente, verifiquei que o seu rosto se
tinha modificado. Era como se uma outra personalidade
estivesse a vir ao de cima. Um brilho amarelo e sulfúrico
apareceu no centro de cada um dos seus olhos. Eu sabia
que havia outro poder dentro desta dona de casa Baptista
de aspecto tão normal.
Eric Watson permaneceu de pé gritando àquela coisa.
Pelo que deu a entender, ele sentia que o facto de gritar
lhe dava mais autoridade. Mas, passado algum tempo,
compreendendo que não havia qualquer mudança, olhou
para mim sem saber o que fazer.
Eu tinha estado a pensar sobre tudo aquilo, recordando
especialmente os métodos de Jesus. Então, pus-me em
frente da Esther e disse mais ou menos o seguinte: “Espírito
maligno que estás nesta mulher, estou a falar contigo e não
com a mulher. Qual é o teu nome? No nome do Senhor
Jesus Cristo, ordeno-te que me respondas”.
A resposta surgiu imediatamente, apenas uma palavra,
foi pronunciada com uma incrível maldade: “Ódio!”.
Tudo no rosto daquela mulher reflectia um ódio puro
e concentrado. Em toda a minha vida, nunca tinha visto
tanto ódio nos olhos de uma pessoa.
A rapidez da resposta do demónio tinha-me apanhado
de surpresa. Eu não sabia o que devia fazer a seguir, mas
decidi seguir as instruções que Jesus tinha dado aos Seus
discípulos.
“No nome do Senhor Jesus Cristo”, ordenei, “espirito
de ódio, sai desta mulher”.
Uma voz insolente, que nada tinha a ver com a de
Esther, replicou: “Esta é a minha casa, moro aqui há 35
anos e não vou sair”.

53
Lembrei-me daquela passagem da Bíblia em que um
espírito imundo sai de um homem e diz: “Voltarei para a
minha casa donde saí” (Mateus l2:44). A referência feita
pelo demónio em relação a Esther como sendo a “minha
casa”, estava de acordo com a Escritura.
Com isto em mente, disse ao demónio, “No nome do
Senhor Jesus Cristo, tu vais sair”.
O demónio continuou a desafiar­me enquanto eu
continuava a dizer, “No nome do Senhor jesus, tu vais
sair!”
Foi um verdadeiro conflito de vontades. Era como se
eu tivesse de derrotar o demónio passo a passo. Cada passo
levou algum tempo, mas quanto mais eu citava a Escritura
e usava o nome de Jesus, mais controle ganhava sobre o
meu inimigo. A determinada altura, o demónio começou
a regatear comigo. “Se eu sair” disse ele, “irei regressar”.
Eu respondi, “Não, tu vais sair e não vais voltar”.
Então, ele disse, “Bem, mesmo que eu saia, os meus
irmãos estão aqui e eles vão matá­la”. Eu retorqui, “Não, tu
vais sair primeiro, e os teus irmãos irão sair depois de ti”.
Ao mesmo tempo, apercebi-me de que tinha descoberto
uma informação importante. Aparentemente, havia ali
mais do que um demónio.
O demónio voltou a falar, “Mesmo que nós saiamos
dela, ainda temos a filha”. Eu respondi, “Não, primeiro,
vocês vão sair da Esther e depois da filha dela”. Não sabia
que a Esther tinha uma filha, mas eu estava apenas a seguir
um principio simples: sempre que o demónio dizia alguma
coisa, eu dizia o contrário.
Naquele momento, o demónio mudou de táctica. Sem
qualquer aviso prévio, a Esther levantou os braços, cruzou-
os em volta da garganta, e começou a estrangular-se com
as suas próprias mãos. O seu rosto ficou roxo e os olhos

54
começaram como que a projectarem-se para fora da sua
cabeça. John Faulkner, o Presbiteriano, que era mais alto
e mais forte do que eu, juntou-se a mim e, unindo as nossas
forças, conseguimos por fim afastar as mãos da Esther da
sua garganta. A sua força era sobrenatural.
Regressei, então, à minha batalha com o demónio.
Comecei a sentir uma enorme pressão dentro da minha
barriga, como um balão cheio de ar, que parecia fazer
pressão contra o demónio que estava dentro da Esther. De
repente, um som sibilante saiu da boca da Esther. A sua
cabeça caiu para a frente sem energia e o seu corpo relaxou.
Ao mesmo tempo, o “balão”dentro de mim esvaziou-se,
eu sabia que o demónio tinha saído.
Cedo, porém, a Esther ficou de novo rígida e o “balão”
dentro de mim foi novamente cheio. Compreendi que
estava em contacto com aquilo a que o demónio tinha
chamado um dos seus “irmãos”.
Procedi exactamente da mesma forma com o demónio
seguinte, que disse chamar-se medo. Depois de mais uma
batalha, este também saiu. A Esther relaxou novamente,
e o “balão”dentro de mim esvaziou-se. Como já estava
a ficar cansado, dei lugar a uma das outras pessoas, que
seguiu mais ou menos o mesmo processo que eu tinha
estabelecido.
Quando a batalha terminou, quase todos os presentes
tinham participado. Ao todo, a sessão durou cerca de cinco
horas.
Logo após o medo, os demónios que saíram disseram
chamar-se orgulho, ciúme e auto-compaixão. Afinal, a auto-
compaixão pode ser um demónio, disse para mim mesmo.
Começava a compreender porque é que, em circunstâncias
difíceis, algumas pessoas pareciam nunca serem capazes de
manter uma atitude positiva e de acordo com as Escrituras.

55
De facto, todo este processo abria uma nova janela através
da qual eu passaria a ver o comportamento das pessoas e
as forças que as motivavam.
O demónio que saíu a seguir disse que se chamava
infidelidade. Entendi isto como uma força espiritual que
tentava conduzir uma mulher casada e, provavelmente,
também um homem casado a uma situação de imoralidade
sexual.
O demónio seguinte chamava-se morte. Ao princípio
mostrei-me um pouco céptico. Para mim, a morte sempre
representara uma condição puramente física. Foi então
que me lembrei do cavalo em Apocalipse 6, cujo cavaleiro
se chamava Morte. Isso queria dizer que a morte podia ser
uma pessoa! E será que também podia ser um demónio?
Intrigado, perguntei ao espírito de morte: “Quando é
que entraste nesta mulher?”
“Há cerca de três anos e meio” respondeu ele, “quando
ela quase morreu na sala de operações”.
Quando o espírito de morte saiu finalmente, Esther
estava deitada no chão, de barriga para cima. A sua pele
assemelhava-se a textura da cera e estava fria; o seu rosto
parecia uma máscara de morte, não havia nela o menor
indício de cor. Qualquer pessoa que tivesse entrado na sala
naquele momento, concluiria que havia uma mulher morta
estendida no chão.
Lembrei-me do que se passou após Jesus ter liberto
um menino de um espírito de mudez e surdez, o qual ficou
“como morto, ao ponto de muitos dizerem: Morreu. Mas
Jesus, tomando-o pela mão, ergueu-o, e ele levantou-se”
(Marcos 9:l4-27).
A Esther continuou estendida no chão durante mais ou
menos dez minutos, depois levantou as mãos e começou a
louvar o Senhor e a falar em línguas. Finalmente, à medida

56
que recuperava as suas forças, pôs-se em pé. Cerca de
meia hora depois, entregámo-la ao Pastor Watson, que a
pôs dentro do carro e a levou para casa.
A Lydia e eu voltámos para dentro de casa onde os
Faulkner estavam à nossa espera. Entreolhámo-nos espan­
tados. Depois, alguém disse: “Vamos tomar um chá!”.
Estávamos muito entusiasmados enquanto falávamos
sobre o que se tinha passado. Pela primeira vez, tínhamos
visto uma demonstração dramática, objectiva e sobrenatural
da autoridade que Jesus nos deu sobre demónios.

Outro Cativo Liberto


A meio da semana seguinte, Esther Henderson telefo­
nou a minha mulher e disse: “Acho que eles estão a tentar
voltar. Podem vir ter comigo para me ajudar?”
Fomos a casa da Esther para a aconselhar e orar com
ela. Parecia que os demónios a estavam a oprimir através
do medo, tentando usar isso como uma porta para entrar de
novo. Encorajámo-la a tomar uma posição relativamente
às palavras de Tiago 4:7:

Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá


de vós.

Enquanto lá estávamos, a filha mais nova de Esther,


uma menina com seis anos, andava por ali. Rose era uma
criança magra, infeliz e introvertida. De cada vez que eu
olhava para ela, desviava os olhos e baixava a cabeça; vim
depois a saber que a consideravam retardada.
A dado momento, eu disse à Esther, “Eu sei que não
podemos confiar que o diabo diga a verdade, mas quando
aqueles demónios disseram que tinham a sua filha, eu creio
que eles estavam a falar a verdade”.

57
“Podem orar por ela?”, perguntou a Esther.
Marcámos um encontro para o Sábado seguinte, ela
e a Rose iriam a nossa casa, para que pudéssemos orar, e
convidámos também os Faulkner a juntarem-se a nós e a
apoiar-nos em oração.
Naquele Sábado, antes de começarmos a orar na nossa
sala, perguntei à Esther do que é que ela se lembrava acerca
do que lhe tinha acontecido no Sábado anterior. Ela disse
que não se lembrava de nada desde que o demónio de ódio
se tinha revelado, até ao momento em que se viu estendida
no chão a louvar a Deus. Os demónios tinham absorvido a
sua personalidade completamente, tinham usado a sua voz e
corpo como canais, através dos quais se puderam expressar.
Quando lhe perguntámos, a Esther confirmou ainda que havia
sido submetida a uma delicada intervenção cirúrgica, há três
anos e meio e que quase morrera na sala de operações.
Quando começámos a orar pela Rose, seguimos prati­
camente o mesmo método que tínhamos utilizado com a
Esther. Mais uma vez, houve demónios que se manifestaram
controlando a expressão do rosto da Rose e expressando-se
através dos lábios da criança.
A dada altura, virei-me para a Esther, e perguntei: “Esta
é a voz da sua filha?”
Confusa, ela respondeu: “Nem sequer se parece com a
voz da minha filha, nunca esperei algo assim”.
Alguns dos demónios que estavam na Rose tinham os
mesmos nomes dos da sua mãe, mas não havia tantos. Tal
como na Esther, o primeiro a manifestar-se foi o ódio, e
o último foi a morte. Quando o demónio de morte saiu, a
Rose estava estendida no chão, parecendo um cadáver; tal
como a sua mãe tinha parecido.
Quando a Esther e a Rose ficaram completamente
libertas, pareceu-me bem deixá-las sob a orientação do

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Pastor Eric Watson para uma contínua vigilância espiritual,
mantive no entanto, contacto com a Esther durante dois
anos. Nesse período, ela pareceu ter progredido bastante
espiritualmente, embora ainda por vezes tivesse de se
debater com ataques demoníacos.
Quanto à Rose, transformou-se numa menina normal
e alegre, que deixou de ser considerada retardada, o que
veio reforçar a convicção que de facto os demónios tinham
suprimido a sua personalidade e inteligência naturais.
Estas experiências com a Esther e a Rose, fizeram
com que eu passasse a olhar para a minha congregação
através de uma nova luz. Observei certos comportamentos
e forças neles que eu nunca tinha compreendido. Será que
eles também tinham demónios a operar nas suas vidas? Se
isso acontecia com uma “boa” Baptista como a Esther, será
que também podia acontecer com “bons” Pentecostais?

7 – Desafiado no Meu Próprio Púlpito

Os membros da minha congregação eram bons


Pentecostais e eu gostava deles. Tal como os Pentecostais
são ensinados para o fazer, por vezes eles testemunhavam
acerca da paz e da alegria que desfrutavam enquanto
Cristãos. Eu não duvidava da sua sinceridade, mas também
sabia que, por vezes, as suas afirmações acerca da paz e
da alegria eram uma fachada religiosa. Por de trás dela,
havia tensões e pressões acumuladas que eles faziam o
seu melhor para suprimir ou dissimular, mas que nunca
conseguiam superar.
Comecei a pregar sobre libertação sem rodeios. Sugeri
que, alguns dos problemas pessoais que nunca eram comple­
tamente resolvidos, talvez se devessem à existência de

59
actividade demoníaca. No entanto, as minhas deixas não
surtiram grande efeito. Os membros da minha congregação
estavam sentados ao fundo com sorrisos indulgentes,
pareciam que estavam a pensar: “O nosso Pastor tem
macaquinhos no sótão, mas ele há-de ultrapassar isso”
Não sei como é que teria resolvido o assunto sozinho,
mas felizmente não foi esse o caso. Num Domingo de
manhã, cerca de um mês depois de termos ministrado
à Esther e a Rose Henderson, tanto Deus como Satanás
interviram inesperadamente e quebraram aquela calma
superficial.
Naquela manhã, eu tinha escolhido uma passagem de
Isaías 59:19:

… vindo o inimigo como uma corrente de águas, o


Espírito do SENHOR arvorará contra ele a sua bandeira.

Embora na altura não me tivesse apercebido, mais


tarde descobri que um dos membros tinha estado a gravar
o culto para um gravador de bobines. Mais tarde, ao ouvir
a cassete, pude avaliar objectivamente o conteúdo da
minha mensagem, bem como os acontecimentos que se
seguiram.
Depois de ter falado cerca de quinze minutos, o
Espírito Santo tomou controle de mim, e comecei a dizer
coisas que não tinha planeado. Até a intensidade da minha
voz mudou, tornei-me anormalmente ousado.
O tema da minha mensagem era: Faça o diabo o que
fizer, Deus tem sempre a última palavra. Deus começou a
trazer exemplos à minha mente.
“O Egipto tinha os seus mágicos”, disse eu, “mas Deus
tinha o Seu Moisés. Baal tinha os seus profetas, mas Deus
o Seu Elias”.

60
Depois, pensei que, quando Deus quis mostrar a Abraão
como é que os seus descendentes iriam ser, Ele levou-o a
sair de casa numa noite escura, mostrou-lhe as estrelas do
céu, e disse-lhe: “Assim será a tua descendência” (Génesis
15:5).
“Nós somos a semente de Abraão pela fé em Jesus
Cristo” disse eu, “e somos como as estrelas.” Quando todas
as outras luzes estão a brilhar, não se vêem as estrelas,
mas quando cada luz se apaga, então as estrelas brilham
mais ainda do que alguma vez brilharam”. É isso que irá
acontecer no fim desta era, quando todas as outras luzes se
apagarem, nós que somos a semente de Abraão, pela fé em
Jesus Cristo, iremos brilhar como as estrelas”.
Assim que pronunciei estas palavras, uma mulher
jovem que estava sentada sozinha na fila da frente, soltou
um prolongado grito de fazer gelar o sangue, levantou os
braços e caíu bruscamente no chão com maneiras pouco
dignas de uma senhora. Ela ficou ali, mesmo em frente do
meu púlpito, a contorcer-se e a gemer.
Este era o desafio de Satanás à minha declaração de
que, faça o diabo o que fizer, Deus tem sempre a última
palavra: uma manifestação demoníaca directamente em
frente ao meu púlpito! Eu tinha de provar o que estava a
pregar, ou então parar de pregar aquela mensagem.
Naquele momento decidi que não iria recuar perante
Satanás. Porém, senti que precisava de apoio, por isso
chamei a minha esposa Lydia; sabia que podia contar com
ela.Percebendo que precisava de mais reforços, observei
os rostos dos membros bons da igreja Pentecostal: estavam
todos em estado choque. Foi então que vi os nossos amigos
Faulkner ao fundo da sala, e chameio-os para a frente.
Colocámo-nos os quatro à volta da mulher, que não
reconheci de imediato, enquanto ela se contorcia e gemia

61
estendida no chão. Sherry Faulkner não esperou que eu
dissesse uma palavra, fez-me lembrar um gato que corre
atrás de um rato.
“Espírito que estás nesta mulher”, disse ela, “como é
que te chamas?”
Da garganta daquela mulher jovem saíu uma voz
masculina, áspera e grosseira, que disse, “Chamo-me...”,
mas parou por ali.
Sherry insistiu, e o demónio respondeu, “Chamo-
me…”, e de novo parou.
Sempre que ela perguntava, obtinha a mesma resposta.
Então, dei um passo em frente e dirigi­me ao demónio com o
mesmo método que tinha usado com a Esther: “Espírito que
estás nesta mulher, no nome do Senhor Jesus Cristo, estou a
falar contigo e não com a mulher. Como é que te chamas?”
O demónio respondeu novamente, “Chamo-me...”
De cada vez que eu repetia esta pergunta, a resposta
era sempre a mesma. Encontrava-me perante o mesmo tipo
de conflito intenso, que tinha experimentado ao ministrar
a Esther. Só que desta vez, a minha congregação era um
público atento.
Lembrei-me que os discípulos haviam relatado a
Jesus:

E voltaram os setenta com alegria, dizendo: Senhor,


pelo teu nome, até os demônios se nos sujeitam.
(Lucas 10:17).

Então, disse ao demónio, “No nome do Senhor Jesus


Cristo, tu estás sujeito a mim, como é que te chamas?”
A mesma resposta, “Chamo-me...”, e mais nada.
Percebi que tinha de derrotar o demónio com as Escrituras
e no nome de Jesus, e comecei a fazê-lo.

62
De repente, o demónio desistiu, e gritou bem alto:
“Chamo-me... mentiras!”
As pessoas da congregação deram todas um salto das
cadeiras e caíram de novo nelas provocando um pequeno
estrondo.
Revi rapidamente as Escrituras na minha mente. Em l
Reis 22, recordei que havia um espírito de mentira na boca
dos profetas de Acabe; o que confirmava que, a resposta
que eu tinha recebido estava de acordo com a Escritura. E
de alguma maneira, tinha a impressão que aquela mulher
tinha estado a ouvir e não a contar mentiras.
Eu disse ao demónio: “Espírito de mentira, sai desta
mulher!”
O demónio desafiou-me; recusou-se a sair, mas naquela
altura eu já estava confiante de que, se eu persistisse em
usar o nome de Jesus, ele teria de me obedecer. Cerca de
dez minutos depois, finalmente o demónio saiu soltando
um rugido alto e contínuo, como se fosse um comboio a
passar por nós. Seria impossível os pulmões de um ser
humano suportar aquele volume de som por tanto tempo.
Quando o demónio saiu, a língua da mulher projectou-
se para fora mostrando uma cor azulada agitando-
se/movendo-se como uma cobra. Depois, quando o
rugido cessou, ela caíu no chão semelhante a um saco
vazio.
Permanecendo de pé frente a igreja, agradeci em
silêncio ao Senhor pela minha experiência anterior com
demónios na privacidade da minha casa!

E Ainda…!
Era evidente que um demónio tinha saído daquela
mulher jovem, mas a pressão que eu sentia dentro de
mim alertava-me que ainda havia outros, com os quais

63
tínhamos de lidar. Se não tivesse tido este alerta, poderia
facilmente ter dito, “Louvai ao Senhor, a nossa irmã foi
liberta! ”, e ter ficado por ali. No entanto, mais cedo ou
mais tarde, a sua conduta teria revelado que ela ainda não
estava completamente liberta, e o ministério de libertação
teria sido desacreditado.
Simultaneamente percebi, que não seria apropriado
continuar a ministrar publicamente no culto de Domingo
de manhã, por isso, disse ao John Faulkner e ao tesoureiro
da igreja, que estava em pé junto a mim: “Se vocês levarem
esta mulher para o meu gabinete, eu poderei continuar com
o meu sermão”.
Eles e a Lydia levaram-na para o meu gabinete
enquanto regressei ao púlpito. Reparei que estava a pregar
para vários pares de olhos esbugalhados e bocas abertas.
A manifestação daquela manhã tinha-os convencido da
existência dos demónios com muito mais eficácia do que
qualquer sermão!
Passado algum tempo, ouvi uns ruídos que vinham do
lado do meu gabinete. Então, vi a cabeça da Lydia aparecer
na esquina e com os lábios sussurrou: “É melhor vires aqui
depressa”.
Eu sabia que ela não entrava em pânico, por isso ainda
disse às pessoas: “Vou acabar a minha pregação por aqui;
se quiserem podem ficar na igreja e orar, ou ir para casa,
como preferirem”.
Ao descer da plataforma, um dos membros da
congregação, uma mulher de Deus que era mãe da pianista
da igreja, veio ter comigo e perguntou, “Sr. Prince, aquela
era a nossa filha?”
Parei, surpreendido. Sharon, a nossa pianista, sentava-
se sempre na fila da frente. Ela era uma Pentecostal firme,
salva e baptizada no Espírito Santo desde a sua infância.

64
O seu pai era pastor Pentecostal, o seu marido estudante
Pentecostal da Bíblia, e o seu cunhado ministro Pentecostal.
Ela é uma mulher jovem, sossegada, cujo ministério era
tocar piano, em nada parecida com aquela mulher que
estendida no chão.
Eu não sabia como responder. Finalmente disse: “Penso
que sim, não tinha mais ninguém naquela fila”.
“Posso ir consigo ao gabinete?” perguntou a senhora.
“Com certeza”, respondi-lhe.
O pai e o marido da Sharon também se juntaram a nós
e dirigimo-nos ao gabinete. Nunca tinha imaginado uma
cena assim. O John Faulkner e o tesoureiro agarravam
nos braços da Sharon, mas de cada vez que ela conseguia
libertar uma das mãos arrancava as suas roupas. Pensei
para comigo: “ São nestas situações que os pregadores
entram em apuros.
Em voz alta, disse ao marido e aos pais da Sharon,
“Se quiserem levá-la a um psiquiatra eu não me ofendo.
Não irei fazer mais nada, a menos que me assegurem que
querem que eu continue a tratar deste caso”. `
“Gostaríamos que continuasse”, responderam os três.
John Faulkner pediu licença para sair, seguido do
tesoureiro, uma vez que o marido e o pai da Sharon
passaram a segurar nela, Ao ficar debaixo da autoridade
deles, as manifestações reduziram.
Então, a mãe puxou-me para o lado e disse­me
que andava a tentar conseguir um encontro para eu
aconselhar a Sharon e o marido. Esta mãe, uma enfermeira
experiente, usou uma linguagem discreta e profissional
para descrever o que se estava a passar entre o jovem
casal. Naquela década, os Cristãos não usavam o termo
sexo oral, mas compreendi que era isso que ela pretendia
transmitir.

65
Lembrei-me das estranhas contorções da língua da
Sharon quando o espírito de mentira saiu dela, será que
era uma manifestação da actividade do demónio?
À medida que ia falando com a família, outro facto
veio à luz: Sharon tinha desenvolvido um afecto estranho
pelo seu cunhado, o irmão do seu marido que era ministro.
Trocavam cartas entre si que pareciam ser inofensivas, mas
que podiam ter conotações sexuais. Na verdade, naquele
momento, Sharon trazia na sua mala uma dessas cartas
dirigidas ao seu cunhado.
“Essa relação é pecaminosa”, disse de imediato, “e a
menos que te arrependas, e desistas dela, não vou poder orar
por ti. Não podes esperar que Jesus te liberte se permaneceres
neste pecado, mas se estás disposta a renunciá-lo, dá-me a
carta que tens na tua mala e rasgá-la-ei na tua frente”.
Levei dez minutos a convencer a Sharon. Depois disso,
ela entregou-me a carta; rasguei-a e deitei-a no caixote do
lixo.
Assim que impus a minha mão sobre a Sharon para orar
por ela, sentou-se bruscamente no chão, e eu coloquei-me
ao lado dela. Senti que o Senhor me estava a mostrar que,
só havia uma posição na qual a Sharon poderia receber
libertação: com o seu corpo inclinado para a frente e a
cabeça entre os joelhos. Era como se Deus, de uma forma
gentil, estivesse a orientar os meus movimentos. Coloquei
a minha mão nas costas da Sharon e empurrei o seu corpo
para a frente. Então, comecei a ordenar aos demónios que
saíssem.
Durante mais ou menos uma hora, eles foram saindo
um a um à medida que diziam os seus nomes. Quase
todos os nomes tinham conotação sexual. Um deles disse
chamar-se namoriscar, e o outro acariciar, alguns tinham
nomes obscenos.

66
Surpreendentemente, a minha mão serviu como uma
espécie de instrumento electrónico nas costas da Sharon.
À medida que cada demónio saía, eu sentia um pequeno
impacto na palma da minha mão, como se estivesse a
“registar” a sua saída.
Quando parecia que o último demónio já tinha saído,
Sharon caíu de costas no chão, sem energia, e ficou assim
cerca de dez minutos. Passado esse tempo, levantou os
braços e começou a louvar a Deus pela sua libertação.
Tanto quanto pude compreender, a Sharon tinha sido
completamente liberta.
Porém, o resultado final foi triste. A Sharon nunca mais
voltou à nossa igreja; estava demasiado envergonhada para
ser vista pelas pessoas que tinham testemunhado o seu
comportamento naquele Domingo de manhã. Para mim,
aquilo revelava algo sobre a nossa igreja. Nós éramos tão
respeitáveis que, as pessoas que estavam realmente com
problemas não vinham ter connosco.
Esse facto levou-me a examinar minuciosamente a
minha alma: O que que é eu estava a pastorear? Um clube
social da classe média que se encontrava aos Domingos
de manhã? Ou um lugar onde as pessoas com verdadeiras
necessidades podiam vir em busca de ajuda?
A decisão que tomei determinou o meu futuro. Em
consciência, não poderia passar o resto da minha vida a
pastorear um clube social de classe média. Decidi que
precisava de fazer uso das capacidades que Deus me
havia dado, para ajudar as pessoas que mais necessita­
vam da minha ajuda; mesmo que isso implicasse afastar-
me das normas aceites sobre comportamento reli-
gioso.
No entanto, não fazia a mínima ideia em que direcção
é que a minha decisão me iria levar.

67
A Pedra no Charco e os Círculos na Água
Comparei os acontecimentos daquela manhã de
Domingo ao efeito de uma pedra que é atirada com força
para o meio de um lago. Primeiro houve muitos salpicos,
mas depois a água formou pequenos círculos até chegar
à margem do lago. A pedra foi lançada ao charco, com
os consequentes salpicos, foi quando o demónio atirou
com a Sharon ao chão em frente do meu púlpito. Nos
dias seguintes, a Lydia e eu começámos a sentir o efeito
dos círculos na água; vinham ter connosco pessoas de
todo o lado, a maior parte eram desconhecidas. Vinham
directamente a nossa casa, e não à igreja. Não faço a
mínima ideia de como é que nos conseguiram encontrar
mas, semana após semana, aconselhávamos e orávamos
com pessoas em nossa casa, para serem libertas de
demónios. Raramente nos deitávamos antes das duas ou
três horas da manhã.
Passado algum tempo, o meu físico começou a ressentir-
se. Aprendi uma grande lição: Se eu não cuidar da minha
condição física e espiritual, não vou estar em condições
de ajudar outras pessoas a serem libertas e até poderia
acontecer ser eu próprio a precisar de ajuda. Compreendi
que, uma pessoa que está física e espiritualmente extenuada,
fica mais vulnerável a ataques demoníacos.
Também descobri que, o que é essencial para uma
libertação eficaz, é seguir correctamente a instrução da
Escritura. (lrei providenciar essa instrução nos capítulos
21 e 22). Antes de orar com as pessoas, tinha de lhes dar
uma base bíblica sólida em relação àquilo que eu estava
a fazer. Assim, edifiquei neles a fé para tomarem posse
daquilo que Jesus já lhes tinha providenciado através da
Sua morte sacrificial. Assim, através da nossa fé mútua, a
vitória ficava assegurada.

68
Tudo isto exigiu muitas e longas horas. Percebi
que estava em perigo de negligenciar os outros deveres
pastorais que tinha. Será que estava a chegar o momento
de me demitir do meu pastorado?
Entretanto, Deus conduzia-me, passo a passo, de uma
situação para outra. Cada uma revelava novos aspectos do
ministério; aspectos esses com os quais tinha de me debater.
Era então que Ele me conduzia à situação seguinte, mas
apenas depois de me ter “graduado” na situação anterior. Ao
avaliar tudo aquilo que estava a acontecer, percebi que Deus
não estava a usar o método da sala de aula de um seminário
teológico para me instruir no ministério de libertação. Ele
tinha-me inscrito numa escola menos prestigiada: a escola
da experiência!

8 – Por Baixo da Superfície

Estes encontros impressionantes com demónios


tinham aberto uma janela para um reino espiritual novo e
desconhecido. As passagens dos evangelhos que descrevem
manifestações demoníacas tinham deixado de ser relatos
de uma cultura desconhecida ou de um passado remoto.
De repente, tinham tomado vida. Através da minha própria
experiência, tinha compreendido que esses registos eram
tão relevantes nos Estados Unidos do século XX como no
primeiro século em Israel.
Passados alguns anos, numa altura em que estava de
férias tive uma experiência que me trouxe à memória
aqueles primeiros confrontos com demónios. Quando fiz
mergulho [com tubo que fica metade à superfície] pela
primeira vez e observei o fundo do mar, fui confrontado
com um mundo novo. Criaturas de cores garridas que

69
eu desconhecia totalmente, moviam-se para trás e para
diante sobre um fundo de plantas e corais, como eu jamais
havia visto em terra. Imaginem, disse para comigo, este
outro mundo tem estado perto de mim quase toda a minha
vida, e eu quase não me apercebi da sua existência! No
entanto, só precisei de colocar o tubo e olhar para debaixo
da água!
Parece-me que nós, na nossa “avançada” civilização
Ocidental, temos agido como mergulhadores sem tubo,
A nossa visão humanista e anti-sobrenatural do universo
tem-nos impedido de reconhecer a realidade de um reino
demoníaco que nunca esteve longe de nós. Em algumas
zonas do mundo como em África ou na Ásia, as pessoas
sempre estiveram conscientes da existência de demónios, e
são capazes de descrever muitas demonstrações palpáveis
da sua intromissão nos assuntos humanos.
No Ocidente, os demónios também exercitam uma
contínua e poderosa influência sobre as nossas vidas, mas
o nosso preconceito humanista têm-nos cegado perante as
evidências. Na verdade, a nossa recusa em admitirmos as
evidências, facilita a operação dos demónios sem que sejam
detectados. Tentamos disfarçar a sua actividade através
do uso de uma terminologia psicológica ou psiquiátrica,
no entanto, muitas vezes, as “curas” que dizemos obter
desiludem-nos.
O “tubo” que nós precisamos é o regresso à perspectiva
espiritual do Novo Testamento. Tanto Jesus como os Seus
apóstolos reconheceram abertamente a realidade dos
demónios e demonstraram como lidar com eles. As curas
que conseguiram foram muitas vezes dramáticas e sempre
eficazes.
Ao estudar os relatos dos evangelhos à luz das minhas
novas experiências, o meu ministério anterior começou a

70
parecer superficial. Levei a sério a avaliação que Deus fez
dos profetas de Israel nos dias de Jeremias:

E curam superficialmente a ferida da filha do meu povo,


dizendo: Paz, paz; quando não há paz. (Jeremias 6: 14)

Com frequência falhei em discernir a a natureza


demoníaca dos problemas das pessoas que aconselhava.
Tinha lidado apenas com manifestações superficiais do
comportamento. Como resultado disso, algumas das
aparentes vitórias tinham sido incompletas ou de curta
duração. Eram demasiadas as vezes em que não havia um
verdadeiro progresso espiritual. Tínhamos sido como Israel
no Monte Sinai, andando ao redor da mesma montanha
variadíssimas vezes, em lugar de pormos os pés ao caminho
em direcção ao destino que Deus nos havia dado.
O apóstolo Paulo disse acerca do seu ministério:

Pois eu assim corro, não como a coisa incerta; assim


combato, não como batendo no ar. (l Coríntios 9:26)

Percebi que por vezes tinha sido um boxeur pouco


habilidoso, atacando com os punhos sem no entanto ser
capaz de acertar no corpo do meu adversário. A minha
pregação e orações não tinham sido eficazes para fazer
frente aos demónios que atormentavam e definhavam
aqueles a quem eu ministrava.
Mas agora, isso tinha começado a mudar, em poucas
semanas, Deus transportou o meu ministério para uma nova
dimensão. Como todos os dias, havia pessoas desesperadas
que vinham ter comigo, tentei seguir o padrão de Jesus e
avaliar o meu progresso contrastando-o com os relatos do
Novo Testamento.

71
Por exemplo, quando Jesus lidou com demónios, eles
rogaram-lhe que não fizesse certas coisas, como não os
mandar “para o abismo”(Lucas 8:31); mas não há qualquer
registo que diga que eles alguma vez O tenham desafiado ou
se tenham recusado a obedecer-Lhe. Contrariamente, nos
meus primeiros encontros, alguns dos demónios tinham-
me desafiado abertamente por alguns momentos. No caso
da Esther, creio que eles pretendiam atemorizar-me para
que eu não prosseguisse com o meu ataque contra eles.
Reconhecia que a minha autoridade sobre eles provinha
de Jesus, mas não estava manifestamente ao mesmo
nível que a Dele. Contudo, aprendi que, quando citava as
Escrituras com persistência, declarando a Sua vitória e
invocando o Seu nome, os demónios rendiam-se.
Houve uma questão teológica em particular que surgiu
das minhas experiências com a Esther, a Rose e a Sharon:
até que ponto será sensato ou correcto dialogar com
demónios? O padrão mais evidente do ministério de Jesus
está registado em Lucas 8:27-33:

E, quando desceu para terra, saiu-lhe ao encontro,


vindo da cidade, um homem que desde muito tempo
estava possesso de demônios, e não andava vestido, nem
habitava em qualquer casa, mas nos sepulcros.E, quando
viu a Jesus, prostrou-se diante dele, exclamando, e dizendo
com grande voz: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do
Deus Altíssimo? Peço-te que não me atormentes. Porque
tinha ordenado ao espírito imundo que saísse daquele
homem; pois já havia muito tempo que o arrebatava.
E guardavam-no preso, com grilhões e cadeias; mas,
quebrando as prisões, era impelido pelo demônio para
os desertos. E perguntou-lhe Jesus, dizendo: Qual é o teu
nome? E ele disse: Legião; porque tinham entrado nele

72
muitos demônios. E rogavam-lhe que os não mandasse
para o abismo. E andava ali pastando no monte uma vara
de muitos porcos; e rogaram-lhe que lhes concedesse
entrar neles; e concedeu-lho. E, tendo saído os demônios
do homem, entraram nos porcos, e a manada precipitou-
se de um despenhadeiro no lago, e afogou-se.

O relato de Lucas clarifica alguns aspectos. Jesus


começou por ordenar ao demónio que saísse do homem.
Depois, o homem (ou o demónio no homem) não somente
falou, como gritou para Jesus (versículo 28).
Então, Jesus perguntou ao demónio: “Qual é o
teu nome?” (versículo 30). Ele respondeu: “Legião”.
Normalmente, uma legião compreendia entre 4200 e
6000 soldados, o que clarifica que havia muitos demónios
naquele homem.
De seguida, os demónios “rogaram-lhe” que não os
mandasse para o abismo (versículo 31). Provavelmente
havia muitos demónios diferentes a falar através do
homem, e tinham muito para dizer! Segundo o que se
percebe das Escrituras, Jesus não fez nenhuma tentativa
para os impedir de falar.
A dada altura, os demónios tentaram regatear, “Se
temos de sair, por favor, deixa-nos entrar nos porcos” e
Jesus deu-lhes permissão (ver versículo 32).
Quando os demónios entraram nos porcos, estes, que
eram dois mil (ver Marcos 5: 13), precipitaram-se para o
lago e afogaram-se (ver versículo 33). Não é espantoso,
que um só homem pudesse conter demónios suficientes
capazes de precipitarem dois mil porcos no lago onde
acabaram por morrer?
Ao meditar sobre este relato, cheguei a duas
conclusões: Primeira, é bíblico - e por vezes e necessário -

73
perguntar a um demónio: “Qual é o teu nome?”. Segunda,
se os demónios responderem, é necessário lidar com as
suas respostas, até eles serem forçados a reconhecer a
autoridade de Cristo e saírem da sua vítima.
Desde então aprendi que, descobrir o nome de um
demónio é um dado importante para o submeter. Podemos
comparar este facto com o saber o nome de um cão quando
ele ameaça atacar; chamar o cão pelo seu nome num tom de
voz autoritário pode ser o primeiro passo para o dominar.
Interroguei-me porque é que Jesus teria autorizado
os demónios a entrar nos porcos. Talvez porque era uma
alternativa que eles estavam dispostos a aceitar; se eles
tivessem sido forçados a sair do homem sem terem permissão
para entrar noutras vítimas, poderiam ter-se debatido de tal
maneira que o homem não teria sobrevivido à pressão.
É importante ter em mente que, tudo o que Jesus disse
e fez foi direccionado para um fim prático: fazer com que
os demónios saíssem do homem. Esta circunstância casual,
não pode justificar a conversa com demónios com qualquer
outro fim.
Em particular, compreendi que, é de todo errado e
extremamente perigoso procurar qualquer tipo de revelação
particular da parte de demónios. Deus deu-nos o Seu
Espírito Santo que é o nosso Professor e Revelador em
tudo suficiente. O Espírito Santo é o Espírito de verdade,
enquanto que Satanás é o pai da mentira. Procurar revelação
em qualquer fonte satânica significa pois, desonrar o
Espírito Santo e expormo-nos ao engano.
Naquelas primeiras semanas, Deus encheu-me de
profunda compaixão por aqueles que estão amarrados por
demónios. Comecei a olhar para debaixo da superfície
dos problemas que aparentavam ser puramente físicos ou
psicológicos, e a identificar as forças demoníacas ocultas

74
que estavam a operar. Foi entusiasmante poder ajudar
pessoas cujas necessidades, anteriormente, eu nunca
poderia ter compreendido. Deus começou a colocar em
mim uma ardente indignação por ver que há tantas pessoas
do Seu povo, que ainda estão subjugadas a demónios.
Depois de Jesus ter libertado uma mulher que andava
curvada já há dezoito anos por causa de um espírito de
enfermidade, os líderes religiosos desafiaram-no porque
Ele não estava a cumprir as regras para guardar o Sábado.
Jesus indignado respondeu:

E não convinha soltar desta prisão, no dia de sábado,


esta filha de Abraão, a qual há dezoito anos Satanás tinha
presa? (Lucas 13:16)

“Amém, Senhor!” respondo-Lhe. “Convinha que ela


fosse liberta! E da mesma forma, convém que aconteça
com outros milhares do Teu povo que estão sujeitos e
atormentados por demónios”.

9 – Lições de um Ministério em Expansão

Enquanto a Lydia e eu andávamos ocupados a ministrar


às pessoas na nossa própria casa, a nossa congregação
também andava ocupada a discutir o que tinha acontecido à
Sharon, a nossa pianista. Algumas das pessoas rejubilavam
com a vitória que tinha sido ganha; outras estavam amedron­
tadas e confusas. Tendo em conta essa situação, anunciei que
iria ministrar ensino sobre aquele assunto, de uma forma
continuada no nosso estudo bíblico a meio da semana.
Cerca de uma centena de pessoas vieram assistir.
Encaminhei-os objectivamente através das referências a

75
demónios no Novo Testamento, ensinando como reconhecer
e lidar com eles, mas quando me preparava para encerrar o
estudo bíblico com uma oração pastoral normal, as pessoas
começaram a protestar.
“Não pode parar por aqui!” disseram. “Nós precisamos
de ajuda”
“Quantas pessoas é que necessitam de ajuda?”,
perguntei eu. “Ponham as mãos no ar”.
Quando as pessoas levantaram as mãos, verifiquei
que eram cerca de meia centena; apercebi-me que estava
perante um momento delicado e decisivo. Lembrei-me
das minhas lutas intensas ao ministrar a uma pessoa de
cada vez, como é que poderia ser capaz de lidar com
cinquenta?
Naquele momento recebi como que um flash de
inspiração, recordei-me de algumas ocasiões em que tinha
pregado uma mensagem de salvação, e em que dez ou
vinte pessoas tinham vindo à frente em demonstração de
arrependimento. Nunca me passara pela cabeça que era
da minha responsabilidade salvá-las. Ao orientá-las numa
oração, cada uma delas teve contacto pessoal com O único
que as poderia salvar: Jesus Cristo, o Salvador. Ao longo
dos anos tinha visto centenas de pessoas a receberem a
salvação através deste processo simples.
Então pensei, o mesmo Cristo que é o único Salvador,
é também o único Libertador. Somente Jesus poderá por
fim ao poder da sujeição demoníaca na vida das pessoas
e libertá-las, logo devo ser capaz de lhes apresentar o
Libertador da mesma maneira.
Pedi àqueles que tinham erguido as mãos para virem à
frente, e aos outros que permanecessem nos seus lugares
em oração. Expliquei àqueles que queriam ser libertos
que precisavam de estabelecer contacto directo e pessoal

76
com Cristo, e transmiti em traços gerais quatro condições
simples, mas que teriam de reunir:

• 1.Estarem certos de se terem arrependido, ou seja, de


se terem afastado de qualquer forma de pecado.
• 2. Focarem-se apenas em Jesus; somente Ele é o
Libertador.
• 3. Basearem o seu apelo exclusivamente no que Jesus
fizera por eles através da Sua morte na cruz, e não em
quaisquer “boas obras” que tivessem praticado.
• 4. Estarem certos de que, por um acto da sua vontade,
tinham perdoado todas as pessoas que alguma vez os
tivessem magoado ou enganado.

Por último, relembrei-lhes a promessa pela qual eu


próprio havia recebido libertação de um demónio de
depressão:

“…E todo aquele que invocar o nome do Senhor será


salvo” (Joel 2:32).

Também citei as palavras de Jesus: “Em meu nome


expulsarão demónios” (Marcos 16:17), e acrescentei: “No
nome de Jesus vocês têm autoridade para os expulsar de
vós mesmos”.
Encaminhei-os numa oração simples, passo-a-passo,
que abrangeu as condições que eles tinham de reunir, e
terminei com:
“E agora, Senhor Jesus, renuncio a qualquer espírito
maligno que tenha ganho qualquer controle sobre mim, e
recebo a Tua promessa de libertação. No Teu nome, Senhor
Jesus”. De seguida, orei uma oração colectiva, por todos à
medida que começaram a receber libertação.

77
Os quinze minutos seguintes foram agitados: gritos,
soluços, tosse, contorções. Alguns caíam no chão, enquanto
outros não mostravam quaisquer sinais exteriores de que
alguma coisa estivesse a acontecer dentro deles.
Quando tudo acalmou, perguntei quantos deles é que
tinham sentido que receberam a libertação pela qual tinham
orado. Cerca de setenta e cinco por cento levantaram as mãos,
os restantes vinte cinco por cento precisavam ainda de ser
ministrados individualmente. Deixei ir embora aqueles cujas
necessidades tinham sido suprimidas, e a Lydia e eu fizémos
o nosso melhor para ajudar os que tinham ficado. Na maioria
dos casos, apenas permanecemos ao seu lado, encorajando-
os a persistir na libertação por si próprios e a usar o nome de
Jesus contra o seu inimigo. Também lhes demos Escrituras
apropriadas para citarem.
Ficou claro que, em alguns casos eles não tinham
preenchido todas as condições que eu tinha mencionado. O
obstáculo com que nos debatemos mais foi acima de tudo, e,
como pudemos verificar, a incapacidade para perdoar aqueles
que os tinham magoado ou enganado.
Aprendi um princípio importante e vital a partir desta
experiência: a questão mais importante não era se eu tinha
a autoridade necessária, mas se as pessoas que buscavam
libertação tinham reunido as condições de Deus para a receber. A
promessa de Jesus para com os Seus discípulos nunca mudou:

Eis que vos dou poder para pisar serpentes e escorpiões,


e toda a força do inimigo, e nada vos fará dano algum.
(Lucas 10:19)

O factor que varia em cada situação é a resposta daqueles


a quem ministramos. Quando as pessoas reúnem os requisitos
bíblicos, há libertação.

78
No entanto, a libertação completa pode não ser imediata,
mas progressiva à medida que as pessoas começam a
compreender as diferentes áreas das suas vidas que têm sido
afectadas por influência demoníaca. Frequentemente paira
ao fundo, uma sombra ameaçadora de uma maldição de
gerações, ou de uma maldição de fontes ocultas. (Trato deste
assunto no meu livro Benção ou Maldição: A escolha é sua!
Irei falar mais um pouco sobre isto no capitulo 21).

Controvérsia
A partir daquela primeira experiência, pude aperceber-
me de que o ministério de libertação não é primeiramente
um teste à minha autoridade pessoal, é um meio de ajudar
pessoas que precisam deseperadamente de auxílio. Desde
essa altura, tenho tido a preocupação contínua em explicar
as condições de Deus e encorajar as pessoas a responderem
da forma correcta.
Aquele estudo bíblico durante a semana determinou
uma reviravolta no meu ministério. Quando descobri que
a maioria das pessoas era capaz de receber libertação
colectivamente após instrução adequada, deixei de ficar
limitado à libertação individual. De facto, descobri que a
combinação da fé de uma centena de pessoas reunidas com
o mesmo propósito, normalmente é maior do que a fé de
uma só pessoa.
Depois de ter compreendido este princípio, o Senhor
começou a abrir o caminho para que eu o pudesse aplicar
a uma escala muito maior. Em 1964, acabei finalmente por
abandonar o meu pastorado e, em fé, iniciei um percurso
como professor itinerante da Bíblia, combinando os
ministérios de ensino e de libertação.
O Senhor clarificou desde o princípio, que não queria
que eu me tornasse um “especialista” em libertação,

79
Compreendi que, libertar pessoas de demónios é uma
parte integral da mensagem do Evangelho, não é um
extra fora do comum reservado apenas para “peritos”. O
meu exemplo foi Jesus, o qual “foi por toda a Galileia,
pregando nas sinagogas deles, e expulsando os demónios”
(Marcos 1:39). Pelo que se sabe, Jesus estava sempre
pronto para expulsar demónios quando pregava. Se Ele
não tivesse feito isso, Ele não teria sido capaz de responder
às necessidades de muitas pessoas, e o Seu ministério teria
ficado incompleto.
À medida que o Senhor começou a abrir uma porta
após outra diante de mim, o meu nome tornou-se conhecido
em vários sectores do Corpo de Cristo nos Estados
Unidos. Algumas pessoas opuseram-se veementemente
às manifestações que frequentemente acompanhavam o
ministério de libertação, mas outras enviavam mensagem
urgentes a pedir a minha ajuda; no entanto, os pedidos de
ajuda ultrapassaram as críticas.
Tenho uma experiência muito viva na minha memória.
Em 1965 fui convidado para ensinar a Bíblia numa grande
convenção internacional de Evangelho Pleno, no Conrad
Hilton Hotel em Chicago, houve um dia em que dei estudo
bíblico para cerca de seiscentas pessoas sobre libertação
de demónios. Quando, no fim, perguntei quantas pessoas
é que sentiam que talvez necessitassem de libertação, pelo
menos duzentas pessoas levantaram a mão. Ao olhar para
elas, sussurrei uma oração de graças ao Senhor por me
ensinar os princípios de oração colectiva de libertação!
Quando as pessoas vieram à frente, dei-lhes a mesma
instrução básica sobre a necessidade de reunir as condições
de Deus que tinham dado provas de serem eficazes com
grupos menores. De seguida, orientei-os numa oração
passo-a-passo, tal como o tinha feito noutras reuniões

80
do género. Finalmente, disse-lhes para, individualmente,
clamarem ao Senhor por libertação, enquanto eu orava
uma oração colectiva por todos eles.
A cena que se seguiu foi de algum modo caótica, duas
ou três pessoas caíram no chão contorcendo-se e debatendo-
se à medida que os demónios saíam. Algumas mulheres
gritavam quando os demónios saíam delas. Outros ainda
saíram, em pânico e foram-se refugiar nos seus quartos
do hotel declarando que não iriam voltar enquanto eu
estivesse a pregar.
Aquela reunião provocou bastantes críticas adversas,
no entanto, nos anos que se seguiram, encontrei pessoas
por todos os Estados Unidos que me diziam: “Fui liberto
naquele culto no Conrad Hilton Hotel, em l965”.
Algumas pessoas opuseram-se ao meu ministério de
libertação baseando-se no facto de que eu não o fazia tão
eficazmente como Jesus. Citavam Mateus 8:16:
E, chegada a tarde, trouxeram-lhe muitos endemoni­
nhados, e ele com a sua palavra expulsou deles os espíritos,
e curou todos os que estavam enfermos;
Insinuavam que, quando Jesus ministrou não tinha
havido barulho ou distúrbios turbulentos. Mas, tal como
afirmei no capítulo 3, isso não é correcto; há outras
passagens nesse evangelho que descrevem incidentes que
foram tanto barulhentos como turbulentos.
Para além disso, Mateus regista que, Jesus não expulsou
apenas demónios, mas também “curou todos os que estavam
enfermos”. Tal como muitos outros pregadores, eu tinha
orado pelos doentes, sem que no entanto todos fossem
curados. Contudo, não me lembrava de alguém alguma vez
me atacar por não ministrar aos enfermos tão eficazmente
como Jesus. Então, porque é que as pessoas haviam de se
centrar apenas na área de lidar com demónios?

81
Mais uma vez, soube que não ensinava tão bem
quanto Jesus, porém nunca ninguém me tinha criticado
por esse facto ou sugerido que essa fosse uma razão
para eu deixar de ensinar. Além do mais, algumas das
pessoas que criticavam os meus cultos de libertação,
elas próprias, ensinavam a Bíblia. Tinha a certeza de que
iriam reconhecer que não ensinavam tão bem como Jesus;
no entanto, não lhes ocorreu que pudessem deixar de
ensinar. Então, mais uma vez questionei-me, porque é que
toda aquela crítica se concentrava sobre o ministério de
libertação?
Sugiro duas razões principais: Primeira, porque Satanás
guarda os segredos do seu reino demoníaco de uma forma
ciumenta. Ao longo dos séculos, ele tem erguido na mente
dos Cristãos barreiras de medo e ignorância supersticiosa
que nos impede de reconhecer tanto as verdades da
Escritura como os factos da experiência.
A segunda razão é que, a Igreja Cristã professa tem
estabelecido um padrão de comportamento considerado
“apropriado” para a casa de Deus. O que acontece
demasiadas vezes é que isto não deixa espaço para os factos
confusos do pecado humano e da opressão demoníaca.
Algumas das pessoas que vão a igreja ficam ofendidas
com o barulho e turbulência das manifestações, que por
vezes acompanham a expulsão de demónios; põem acima
de tudo a dignidade, à frente da libertação.
Centrei-me novamente no ministério de Jesus e
encontrei vários exemplos nos quais um demónio, ou
demónios, gritaram e bradaram contra Ele; interromperam
a Sua pregação; obrigavam as pessoas a contorcer-se ao
saírem delas, deixando-as aparentemente mortas; faziam
com que uma pessoa rebolasse pelo chão a espumar da boca;
e precipitaram uma vara de dois mil porcos para dentro de

82
um lago. No entanto, Jesus nunca ficou perturbado, nem
suprimiu aquelas manifestações. Ele apenas lidou com
eles como fazendo parte do seu ministério total, para com
a humanidade que sofria.
Aos poucos, fui-me apercebendo de que há três fontes
possíveis para esse tipo de manifestações: o Espírito
Santo, espíritos malignos ou a carne humana insubmissa.
Necessitamos de responder a cada uma delas da forma
apropriada. Se determinadas manifestações são do Espírito
Santo, precisamos de reconhecê-lo e de fluir com Ele, se
elas provém de um espírito maligno, precisamos de tomar
uma posição contra ele e expulsá-lo, se são consequência
da carne humana insubmissa, necessitamos de exercitar a
disciplina; mantendo assim, a carne sob controle.
A solução bíblica, contudo, não é exercitar um controle
tão rigoroso em cada culto que não possam ser permitidas
tais manifestações. Isso seria ir muito para além do padrão
estabelecido por Jesus. Significaria ainda, não dar conta
do facto de que, no ministério de Jesus era a unção do
Espírito Santo que forçava os demónios a se manifestarem.
Uma unção assim nos nossos dias irá produzir efeitos
semelhantes.
Se os demónios nunca se manifestarem não haverá
oportunidade de os expulsar, eles permanecem debaixo
da superfície na vida das pessoas, livres para continuarem
as suas actividades prejudiciais e destrutivas. Se tiverem
escolha, não há dúvida de que os demónios preferem
ser “controlados” do que expulsos. Ao mesmo tempo,
reconheço que por vezes fui lento ao tentar identificar a
fonte de certas manifestações. Tolerei demonstrações
carnais atribuindo-as a uma causa espiritual sem lidar com
elas da forma apropriada. (Penso que me tenho tornado
mais sensível a estas questões ao longo dos anos).

83
Mas nem todas as críticas que recebi foram hostis,
alguns dos meus amigos disseram-me: “Derek, não há
problema em expulsar demónios, mas não tens de fazê-
lo em público onde irá perturbar as pessoas”. Pareceu-me
ser um comentário razoável, mas senti que antes de alterar
os meus métodos, devia estudar ainda mais o ministério
de Jesus e verificar se normalmente Ele lidava com os
demónios em privado.
Para minha surpresa, descobri nos evangelhos que não
havia nada que Jesus fizesse mais regular e consistentemente
em público, do que expulsar demónios. Não encontrei
nenhum exemplo em que Ele tivesse chamado uma pessoa
em privado com aquele objectivo. Este aspecto do Seu
ministério entusiasmou mais a atenção das pessoas do que
qualquer outra vertente. Aparentemente, Ele não estava
preocupado se aqueles que precisavam de libertação iriam
ficar intimidados pelo embaraço; decidi então, que não iria
tentar melhorar os métodos de Jesus!

Outras Lições que Aprendi


Ter descoberto uma nova consequência da Cruz: a
libertação, causou o efeito mais profundo e duradouro
na minha vida. Descobri por experiência própria que a
nossa autoridade sobre os demónios provém, somente da
vitória que Jesus ganhou por nós através do Seu sangue
derramado, da Sua morte e da Sua ressurreição vitoriosa.
A principal arma de Satanás contra toda a raça humana
é a culpa. Por isso é que ele é o “acusador de nossos
irmãos” (Apocalipse 12:10). Ele lembra continuamente
a Deus de que somos todos culpados de transgredir a lei
justa de Deus. Desta forma, ele argumenta que nós não
temos direito à misericórdia de Deus, mas que estamos
justamente sujeitos ao julgamento de Deus.

84
Porém, Jesus, através da Sua morte expiatória por nós,
“riscou o escrito de dívida [legal] que havia contra nós”
e “despojou os principados e as potestades [satânicas]
(Colossenses 2: 14-15) ao retirar-lhes a sua principal
arma contra nós: a culpa. Como resultado, agora somos
“justificados” e “temos paz com Deus” (Romanos 5:1). Ser
justificado significa ser feito justo com a justiça de Cristo, a
qual não tem qualquer pecado, nada pelo qual pudéssemos
ser culpados. Efectivamente, cada um de nós foi julgado
no tribunal do céu, e o veredicto foi lido: inocente. É nesta
base, e somente nela, que temos o direito de exercer a
autoridade que Jesus nos deu sobre demónios.
Através de vários encontros que tive com demónios,
aprendi que eles não se impressionam com terminologia
religiosa: fazem troça dos rótulos denominacionais ou do
status eclesiástico. Mas quando usamos o nome de Jesus
e ousadamente proclamamos as palavras da Escritura que
declaram a Sua vitória ganha na Cruz, e a justiça que não
se pode questionar, a qual recebemos Dele pela fé; a sua
arrogância e depravação desfazem-se. Eles começam a
agir como as criaturas desprezíveis que na verdade o são,
e testemunhamos o cumprimento de Apocalipse12:11:

E eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela


palavra do seu testemunho; e não amaram as suas vidas
até à morte.

Vi em diversas ocasiões um demónio manifestar medo


no corpo trémulo da sua vítima. Esta é a razão pela qual
Tiago disse que “Tu crês que há um só Deus; fazes bem.
Também os demônios o crêem, e estremecem”. (Tiago
2:19). Outras vezes, o demónio força a sua vítima a tapar
os ouvidos com as mãos para evitar ouvir a proclamação

85
ousada da vitória de Jesus na Cruz, a qual é a única base de
libertação completamente suficiente, mas que é tormento
para os demónios.
No início deste ministério, Deus impressionou-me
com outra verdade: a importância do arrependimento.
As pessoas que são influenciadas por um demónio, e que
cometem um acto pecaminoso, podem dizer “Não sou
responsável. Foi um demónio que me obrigou a fazê-
lo! Não me pude conter”. Com este tipo de comentário,
pretendem dizer que não são culpadas e que por isso não
necessitam de se arrepender.
Mas em Actos 17:30, Paulo disse aos homens de
Atenas:

Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância,


anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que
se arrependam;

A frase todos os homens em todos os lugares não, deixa


ninguém nem nenhum lugar de fora. Deus requer que todo
o ser humano, sem excepção, se arrependa.
A razão universal pela qual todos nós temos de nos
arrepender é que todos nós cedemos à natureza rebelde
que herdámos de Adão. Somos rebeldes em guerra com
Deus. Não podemos fazer a paz com Ele sem renunciarmos
primeiro à nossa rebelião, ou seja, até que nos arrependamos.
Esta é a verdadeira natureza do arrependimento: renunciar
à nossa rebelião. Isto não é, na sua essência, uma emoção;
é um acto de vontade.
Mas, para além da nossa responsabilidade universal
pela rebelião, cada um de nós juntou-lhe os nossos actos
pecaminosos individuais e a nossa vontade própria. Por
vezes, há uma série de escolhas e de actos errados que

86
fazem com que as pessoas cheguem a um ponto, em
que já não são capazes de resistir à pressão demoníaca
para cometer certos actos pecaminosos: são literalmente
forçadas. Mesmo assim, são responsáveis por todas as
coisas erradas que as levaram a um estado de impotência
face ao mal. Por isso, é necessário que se arrependam.
Descobri que há dois obstáculos principais contra
a libertação: a incapacidade para nos arrependermos,
e a incapacidade para perdoar os outros acabando com
ressentimentos. Quando as pessoas reuniam estes dois
requisitos, descobri que tinha a autoridade, delegada
por Jesus, para expulsar demónios deles; mas tive de
determinar os limites da minha autoridade.
Tinha ouvido falar de pessoas que, por exemplo, depois
de expulsarem demónios os “lançavam no abismo”. Será
que isto tinha fundamento nas Escrituras? Não encontrei
nenhum acontecimento no Novo Testamento em que Jesus
lançasse demónios no abismo. Ao lidar com o gadareno (ver
Mateus 8:28-32), Jesus acedeu ao pedido dos demónios e
permitiu que eles entrassem na vara de porcos, mas Ele
não foi para além disso. Antes disso, os demónios haviam
perguntado a Jesus: “Vieste aqui atormentar-nos antes do
tempo?” (versículo 29). Aparentemente, os demónios já
sabiam, que há um tempo determinado no propósito eterno
de Deus, no qual eles irão se sujeitar a um castigo final; mas
até lá, ser-lhes-á permitido continuar as suas actividades
actuais. De acordo com isto, Jesus permaneceu dentro dos
limites determinados pelo Seu Pai.

Ministério Internacional
À medida que fui revelando as verdades que Deus
me estava a ensinar acerca de libertação, cassetes com a
gravação dos meus ensinos começaram a circular pelos

87
Estados Unidos e noutras nações. Em 1967, recebi um
convite para ir a Nova Zelândia, onde teve lugar o meu
primeiro culto público de libertação fora dos Estados
Unidos. Em visitas posteriores à Nova Zelândia, encontrei
Cristãos que ainda falavam sobre aquele culto, e até mesmo
alguns que receberam libertação naquela altura. Desde
então, já dirigi cultos públicos de libertação em mais de
vinte países.
Um dos mais memoráveis aconteceu em 1984, numa
área remota e rural no noroeste da Zâmbia, na África
Central. Cerca de sete mil homens e mulheres africanos
reuniram-se para uma convenção de ensino, na qual eu era
o orador principal.
O “auditório” era um grande anfiteatro ao ar livre, mais
ou menos do tamanho de um estádio de futebol americano,
com uma inclinação suave em direcção à plataforma
dos oradores. Os arbustos tinham sido arrancados, mas
as árvores ficaram para proporcionar alguma sombra.
Parecia uma catedral ao ar livre, com o sol a lançar os seus
raios por entre os ramos das árvores. Todas as pessoas se
sentaram no chão: homens e mulheres, mais velhos e mais
jovens, mães com bebés e crianças, enchiam o recinto
completamente.
Pediram-me para ensinar durante cinco dias. Encarei
isso como uma óptima oportunidade para orientar as
pessoas passo-a-passo através do plano da redenção de
Deus, da escravidão do pecado e de Satanás “para a
liberdade da glória dos filhos de Deus” (Romanos 8:21).
A minha primeira mensagem foi sobre o sacrifício
totalmente suficiente que vai de encontro às necessidades
de todas as idades e raças: a Cruz. Quando chamei aqueles
que precisavam de se arrepender, houve muitos que
responderam e receberam a salvação.

88
Depois, ensinei-os como passar da maldição à benção.
Expliquei que, na Cruz, Jesus:

Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-


se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo
aquele que for pendurado no madeiro; Para que a bênção
de Abraão chegasse aos gentios por Jesus Cristo, e para
que pela fé nós recebamos a promessa do Espírito.
(Gálatas 3:13-14)

Então, encaminhei aqueles africanos que são muito


conscientes da realidade das maldições e temem-nas
grandemente, numa oração de libertação, na qual quase
todos participaram. (Falarei mais acerca deste assunto no
capitulo 21).
No final da minha mensagem, houve um homem
bem vestido que se dirigiu a mim, atirou-se para o chão e
rebolou na terra junto aos meus pés. “Obrigado, obrigado,
obrigado”, disse ele, “Não houve um dia na minha vida
em que eu não sentisse dor. Hoje, pela primeira vez, estou
livre de toda a dor”.
No terceiro dia, ensinei-lhes como reconhecerem a
actividade de demónios e a serem libertos deles. No final,
guiei-os numa oração conjunta de libertação.
A cena que se seguiu foi, no mínimo, dramática. Os
africanos daquela área, entusiastas da caça, tinham sido
ensinados por feiticeiros que, para serem bem sucedidos,
tinham de se abrir ao “espírito” do animal) que pretendiam
caçar (como por exemplo um leão, um elefante ou um
javali). Infelizmente, muitas vezes as suas esposas eram
tomadas por espíritos semelhantes.
Quando orámos a oração colectiva de libertação, estes
espíritos de animais começaram a manifestar-se. Houve

89
uma cacofonia (conjunto de sons desagradáveis) na selva.
Perto da frente, um homem com um espírito de leão tentou
atacar-me, mas outro homem fê-lo tropeçar e ele caiu no
chão sem me alcançar. Muitas outras pessoas, tanto homens
como mulheres, foçavam o chão com o nariz como se
fossem javalis; algumas mulheres deslizavam pelo chão
os seus ventres como cobras. Um homem rebolou como
um barrote pela encosta acima até a entrada.
Lembrei-me da palavra “pandemónio”, que descreve
uma situação em que muitos demónios estão reunidos.
É notável que não tenha havido violência. O nome de
Jesus estava continuamente nos lábios dos obreiros que
eram assistentes. Cerca de uma hora depois, a turbulência
desapareceu, a paz sobrenatural que se seguiu, levou-me a
crer que a maioria das pessoas tinha sido liberta.
No quarto dia da conferência, o meu tema foi o baptismo
no Espírito Santo e como recebê-lo. Depois de orientar
as pessoas numa oração, vários milhares começaram a
falar em línguas simultaneamente. Foi espantoso! No
último dia, ensinei as pessoas a exercitar os dons vocais
do Espírito Santo, e guiei-os num exercício pessoal destes
dons. O resultado foi a confirmação das palavras de Paulo
em 1 Coríntios 14:31:

Porque todos podereis profetizar, uns depois dos outros;


para que todos aprendam, e todos sejam consolados.

A conferência na Zâmbia foi, em muitos sentidos, o


culminar daquilo que Deus me tinha vindo a ensinar. A
libertação não é um fim em si, mas uma fase vital, sem a
qual alguns Cristãos nunca alcançarão a plenitude daquilo
que Jesus tem para eles. Desde aquele tempo na Zâmbia,
já organizei conferências de ensino semelhantes em várias

90
outras nações, incluindo a Rússia, o Cazaquistão, a Turquia
e a Polónia. Em cada um desses lugares, ensinei as pessoas
a reconhecerem e a expulsarem demónios, e isto conduziu
sempre a uma experiência gloriosa do poder e dos dons do
Espírito Santo.
Devido à pressão destas conferências públicas, e devido
ao facto de que Deus me tem levado a centrar-me mais
no meu ministério de escrita, hoje raramente aconselho
pessoas. Através da palavra impressa, posso ajudar muito
mais pessoas do que através do aconselhamento particular.
No próximo capítulo, irei compartilhar algumas lições
pessoais importantes que aprendi ao ministrar a outras
pessoas.

10 – Mais Conflitos Pessoais

Nos capítulos 4 e 5, relatei a minha luta agonizante


contra a depressão, e o orgulho que me fez estar relutante
em reconhecer perante a minha congregação que eu
necessitava de libertação de um demónio.
Também sempre assumira que, uma pessoa tem de estar
livre de demónios para poder ministrar libertação a outras
pessoas. No entanto, sabia que uma pessoa que foi salva
pela fé em Cristo, não tem de se tornar um Cristão perfeito
antes de poder testemunhar acerca da salvação ou trazer
outros a salvação. Na verdade, o testemunho entusiasta de
um novo convertido é muitas vezes mais eficaz do que
uma apresentação sofisticada de um crente maduro.
Descobri que, o mesmo pode acontecer no ministério
de libertação. As pessoas que experimentaram ser libertas
de demónios são, na maior parte das vezes, as que têm mais
sucesso em ministrar libertação a outras pessoas porque

91
conhecem por experiência própria o poder do nome de
Jesus e da Palavra de Deus e também se podem identificar
com elas nas suas lutas. Por outro lado o conhecimento
teológico, pode funcionar mais como um impedimento
do que como uma ajuda. A Libertação é um ministério
no qual a pessoa tem de estar disposta a “sujar as mãos”,
lidando directamente com representantes do reino maligno
de Satanás.
O requisito básico para ministrar libertação é afirmado
por Jesus em Marcos 16:17:

E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome


expulsarão os demônios;…

Jesus requereu apenas uma coisa: fé no Seu nome e na


Sua Palavra, o que se aplica tanto em expulsar demónios
das outras pessoas como em expulsá-los de si mesmo.
Diagnosticar os problemas das pessoas e ajudá-las a
ser libertas, paradoxalmente, ajudou-me a discernir e lidar
com os meus próprios problemas. Depressa aprendi dois
princípios. Primeiro, muitos dos problemas com demónios,
possivelmente a maior parte deles principiam na infância.
Segundo, se uma pessoa tem problemas com demónios
persistentes ou intratáveis, há quase sempre uma raiz no
oculto. Nesse caso, provavelmente não haverá libertação
completa até se expor e lidar com essa raiz.
Ambos os princípios se aplicaram ao meu caso. Os
meus pais eram ingleses, Cristãos nominais, nasci na
Índia onde vivi os primeiros cinco anos. De acordo com
o costume estabelecido entre as classes altas britânicas, a
minha mãe deixou-me ao cuidado de uma ama desde cedo,
no meu caso uma ayah hindu, que sem dúvida se tornou a
minha influência espiritual mais forte nos primeiros anos

92
da minha vida. Não me recordo do que é que ela fez, mas
mais tarde, já rapaz, tinha muitas vezes a impressão de que
algum poder maligno seguia os meus passos.
Esta influência das trevas perseguiu-me sempre
durante a minha infância. Na adolescência, construía
imagens encantadoras da Índia como uma fonte de
sabedoria esotérica que se situava a um nível superior da
cultura materialista do Ocidente. Nos anos de estudante
em Cambridge, pratiquei yoga e até alimentei a ambição
de me tornar um yogi. Se naquele tempo viajar tivesse sido
tão fácil como é hoje, tenho a certeza de que teria ido bater
à porta de um qualquer guru indiano.
A minha área de estudos em Cambridge foi filosofia
grega, em particular a filosofia de Platão. Naquela altura,
os meus heróis eram Sócrates e Platão. Então, durante
a II Guerra Mundial tive um encontro sobrenatural com
Jesus Cristo, (tal como mencionei no capítulo 4) o que
mudou completamente o rumo da minha vida. Daí em
diante, tornei-me um estudante apaixonado da Bíblia. Mas
grande parte do meu pensamento era, ainda influenciado
por Platão, e conservei alguns dos seus escritos como
obras de referência.
À medida que fui adquirindo mais visão acerca do
modo como as pessoas ficam expostas a demónios, percebi
que a minha admiração por Sócrates e Platão era uma porta
aberta na minha personalidade que me deixava vulnerável
a influência demoníaca. O próprio Sócrates reconheceu a
influência de um demónio na sua vida. Quando estava a
morrer da cicuta que tinha sido condenado a beber, as suas
últimas palavras dirigidas a um dos seus companheiros
foram: “Devemos um galo a Esculápio”. Ele estava
a ordenar que, no seu nome sacrificassem um galo a
Esculápio, um deus de cura pagão.

93
Apesar de Sócrates desfrutar de grande prestígio no
meio intelectual, o seu comportamento foi como o de um
homem que sacrifica um galo numa cerimónia de voodoo.
Idolatria continua a ser idolatria, mesmo quando é descrita
em grego clássico e elegante.
Apercebi-me também de que havia uma influência
oculta semelhante que permeava os escritos de Platão, o
meu outro herói. No seu último grande diálogo, o Timeu,
afirmou, “Não temos qualquer palavra de Deus”. Então,
voltou-se para a literatura oculta do Egipto em busca de
revelação acerca dos mistérios do universo.
Enquanto tentava ajudar aqueles que necessitavam
de libertação, observei a associação íntima entre o envol­
vimento oculto e os sérios problemas de depressão. Ficou
bem claro que aquilo provavelmente, tinha contribuído
para as minhas próprias lutas contra a depressão quando
eu era um pastor jovem.
Um dia, em 1970, estava a meditar em Deuteronómio
7:26:

Não porás, pois, abominação em tua casa, para que


não sejas anátema, assim como ela; de todo a detestarás,
e de todo a abominarás, porque anátema é.

Então, tomei uma decisão que creio ter tido um peso


importante no rumo que a minha vida e o meu ministério
vieram a seguir: decidi não conservar na minha posse
qualquer coisa menos digna de Jesus Cristo ou que abrisse
uma porta para a influência demoníaca.
Desfiz-me de uma série de objectos que tinha herdado da
minha família: quatro dragões antigos imperiais chineses,
muito bem bordados, e uma quantidade de antiguidades
chinesas que continham o emblema do dragão. Também

94
me desfiz de alguns objectos que possuíam uma elegante
caligrafia árabe, alguns deles davam glória, sem qualquer
dúvida, a Maomé e ao deus Muçulmano, Alá. Também
libertei a minha biblioteca, especialmente dos livros de
Platão, e de tudo aquilo que, de algum modo, glorificasse
o oculto. Depois, deitei fora uma série de poemas que eu
tinha escrito no tempo em que ainda estava apaixonado
pela Índia.
Isto alterou dramaticamente a atmosfera espiritual à
minha volta, foi como sair da penumbra para a plena luz
do dia.
Preocupo-me verdadeiramente com os Cristãos que
levam tempo a reconhecer o ódio intenso de Deus por
qualquer forma de ocultismo. Tolerar qualquer tipo de
influência oculta contínua nas nossas vidas, expõe-nos a
forças que ameaçam o nosso próprio bem-estar espiritual.
Recordo-me de quando a série de televisão Enfeitiçado
trouxe o oculto para dentro das nossas casas de um modo
que parecia engraçado e inofensivo. Ao reconhecer o
seu carácter sedutor, avisei outros Cristãos do perigo
de permitir que tais influências entrassem nas suas
mentes e espíritos. Trinta anos passaram, os programas
ocultos estão a proliferar nos ecrãs de televisão e, em
muitos casos, produzindo efeitos subtis e destrutivos nas
famílias. Isto não deixa de ser igual em relação à Internet
e, numa escala ainda maior, em relação a filmes, vídeos,
brinquedos e outras formas de entretenimento para as
crianças.

Lutando contra o Medo


A minha libertação de demónios tem sido progressiva,
talvez devido ao meu passado e herança ocultos. Por
vezes, ainda tenho buscado o Senhor para me libertar.

95
Um dos inimigos que me tem atacado persistentemente
é um espírito de medo, que começou na minha infância.
Em certas circunstâncias eu ficava dominado pelo
medo. O meu estômago comprimia-se, o meu corpo
ficava tenso e, por vezes, o meu rosto empalidecia,
embora, usando a minha vontade, fosse normalmente
capaz de manter o controle exterior, pelo que as pessoas
não reparavam na luta que estava a acontecer dentro
de mim.
Lembro-me bem da primeira vez que experimentei o
medo. Tinha nove anos, e estava sentado no banco de trás
de um carro que estava a descer uma encosta demasiado
depressa. Todo o meu corpo ficou tenso e, de repente, senti
como que um formigueiro nos meus pés que foi subindo
pelas minhas pernas e que pareceu ficar no meu estômago.
Não chegámos a ter nenhum acidente, mas houve um
espírito de medo que entrou em mim.
Depois de ter sido salvo e baptizado no Espírito
Santo, estes ataques de medo diminuíram mas não
cessaram completamente. Ao ter conhecimento do que era
libertação, fiquei a saber o que fazer. Clamava ao Senhor
e Ele libertava-me. No entanto, por algum motivo, não fui
imediatamente bem sucedido, ao tentar manter a libertação.
Em momentos de fraqueza física ou emocional, quando
as minhas defesas espirituais estavam fracas, o espírito
de medo vinha inesperadamente sobre mim. Assim que
reconhecia a sua presença, clamava novamente e recebia
libertação.
Ao princípio, não conseguia compreender porque é que
eu tinha de manter esta luta contínua, mas, então, verifiquei
através das Escrituras que, muitos dos servos mais fortes
de Deus passaram por uma batalha contínua contra o medo.
Pensei em David, o grande e valoroso homem, capitão dos

96
exércitos de Israel. Ele tinha um relacionamento estreito
e íntimo com o Senhor, porém, tinha muitos medos. No
Salmo 34:4, por exemplo, David diz:

Busquei ao SENHOR, e ele me respondeu; livrou-me


de todos os meus temores.

Meditei sobre aquela afirmação, “todos os meus


temores”. De seguida, comecei a pensar em vários tipos de
medo: medo do escuro, das alturas, do homem, de falhar,
da doença, da morte, de espaços fechados, (claustrofobia),
de espaços abertos ou públicos (agorafobia), do
desconhecido... Uma lista completa seria muito extensa.
Cada um destes medos é realidade agonizante para aqueles
que dele sofrem.
Lembrei-me ainda da descrição de Paulo sobre os
problemas que encontrou na Macedónia. Ele foi atacado
não apenas do exterior, mas também do interior:

Porque, mesmo quando chegamos à macedônia, a


nossa carne não teve repouso algum; antes em tudo fomos
atribulados: por fora combates, temores por dentro.
(II Corïntios7:5)

Não me atreveria a comparar-me com David e Paulo,


dois dos mais valorosos servos do Senhor. No entanto,
uma vez que eles se debateram com o medo, eu não tinha
necessariamente de me excluir como um fracasso, porque
também eu passei por esse tipo de lutas.
Com o tempo, aprendi a lidar com este particular
tipo de ataque. Hoje, sempre que reconheço os sintomas
comuns do medo virem sobre mim, cito II Timóteo 1:7,
aplicando essa passagem a mim próprio:

97
Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de
fortaleza, e de amor, e de moderação.

Então, tomo uma posição contra o espírito de medo,


quando faço isto, sou vitorioso. O espírito de medo pode
atacar-me de fora, mas não pode entrar em mim.

Conflito Espiritual Essencial


Esta e outras experiências levaram-me a repensar o meu
conceito de vida Cristã. Ficarei eternamente grato àqueles
Cristãos através dos quais eu conheci o Senhor em 1941.
Eu respeitava a sua aceitação intransigente da autoridade
da Escritura como sendo a Palavra inspirada por Deus.
Mas ao estudar a Bíblia e ao encontrar os problemas que os
Cristãos enfrentam, percebi que algumas das suas posições
doutrinais, eram baseadas na tradição humana e não na
Escritura. Por exemplo, muitas vezes eles apresentavam
uma imagem simplista da vida Cristã: uma pessoa é
salva e nascida de novo, baptizada nas águas, baptizada
no Espírito Santo com a evidência das línguas e depois,
deixa de ter problemas. Embora não fosse explicitamente
apresentada como uma doutrina, esta era a suposição que
permeava grande parte do seu pensamento.
Infelizmente, essa realidade não corresponde às
realidades da vida Cristã. Como tenho caminhado com
o Senhor, posso testemunhar, tal como muitas outras
pessoas, que nunca aprendemos verdadeiramente o
que são problemas espirituais até sermos baptizados no
Espírito Santo. É somente a partir daí que começamos a
compreender o significado total de palavras como tentação,
opressão ou conflito espiritual. No entanto, isto não serve
de razão para ficarmos desencorajados, só precisamos de
olhar para o padrão de Jesus. Depois do Espírito Santo ter

98
descido sobre Ele, e de Jesus ter entrado no Seu ministério
como Messias, o Ungido de Deus, a Sua experiência
seguinte foram quarenta dias de intenso conflito, contra
Satanás no deserto. Ele entrou neste conflito “cheio do
Espírito Santo” (Lucas 4:1), mas saiu vitorioso sobre
Satanás, e começou o seu ministério público “pela virtude
[pelo poder] do Espírito” (versículo 14). A plenitude do
poder do Espírito Santo não foi libertada nem mesmo em
Jesus, senão quando Ele encontrou e derrotou Satanás num
encontro directo face a face.
O padrão estabelecido por Jesus é aquele que
cada um de nós tem de seguir. Deus liberta o poder do
Espírito Santo através de nós na medida em que somos
vitoriosos no nosso conflito espiritual com Satanás.
Jesus levou quarenta dias para obter a Sua vitória, mas
quando a obteve ela foi total. Nós temos de seguir o
mesmo padrão, embora as nossas vitórias nunca estejam
ao mesmo nível que as Dele. Não podemos passar por
cima do conflito com Satanás se queremos ver o poder do
Espírito Santo ser liberto nas nossas vidas. Um conflito
espiritual deste género não é uma evidência de insucesso,
mas sim, é uma condição essencial para um ministério
frutífero.
Ao meditar sobre isto, pensei na minha primeira
esposa, Lydia, que agora esta com o Senhor. Quando
a conheci, na década de quarenta, naquela que então
era a Palestina, ela era uma das Cristãs mais ousadas e
comprometidas que eu alguma vez conhecera. Ela tinha
sido uma professora bem sucedida, proveniente de uma
família próspera da Dinamarca. Deixou tudo isso e foi
para Jerusalém em obediência a Deus, sem saber aquilo
que Ele tinha reservado para ela. Em 1928, acolheu uma
bebé que estava a morrer e alimentou-a até ela recuperar

99
a sua saúde. (Este acontecimento é relatado no meu livro
Encontro em Jerusalém).
Durante os vinte anos seguintes, Lydia manteve, à sua
custa, um lar para raparigas órfãs, numa cultura onde as
mulheres são geralmente consideradas inferiores. Ao longo
desses anos, ela enfrentou tumultos, banditismo, privação
económica, condições de vida primitivas e oposição, tanto
de judeus como de árabes, mas nunca vacilou. Prosseguiu
naquela vida de vitória, nas pressões de Londres no pós-
guerra, numa missão na África Oriental, viajando comigo
no meu ministério, até à data da sua morte, em 1975.
No entanto, houve um episódio na sua vida que me
surpreendeu. Nos anos 70, ela e eu ministrámos a centenas
de pessoas que precisavam de libertação, e testemunhamos
muitas vitórias gloriosas. Uma vez, após uma sessão
particularmente tremenda, estávamos a regressar ao
apartamento que a igreja tinha posto à nossa disposição, e
a Lydia recusou-se a ir de elevador; escolheu subir quatro
lances de escadas. Quando eu a interroguei sobre o sucedido,
ela respondeu, “Não me sinto confortável num elevador”.
Conversamos mais um pouco, e ela lembrou-se de um
incidente na Dinamarca quando tinha cinco anos. Ela tinha
estado a brincar dentro de um guarda-louça que ficava
debaixo das escadas na casa de uma tia. Esta, ao ver a porta
aberta, fechou-a e trancou-a. Ao ver que estava trancada no
escuro, Lydia ficou histérica: começou a gritar e a bater na
porta. A tia veio socorrê-la imediatamente, mas naqueles
pequenos instantes, um demónio de claustrofobia, medo de
espaços fechados aparentemente entrou na Lydia.
Assim que o problema da Lydia foi trazido à luz do dia
e identificado como um espírito de medo, orámos juntos e
ela foi completamente liberta. Nunca mais teve qualquer
problema com elevadores.

100
Estávamos ambos espantados como é que a Lydia podia
necessitar de libertação depois de ajudar tantas pessoas a
serem libertas. Aquela situação ensinou-me que temos de
estar prontos para responder ao incentivo do Espírito Santo,
mesmo quando ele não se enquadra na nossa teologia! Se a
Lydia e eu não tivéssemos orado naquela noite, ela nunca
teria alcançado vitória completa naquela área.
Por isso, já não fico surpreendido quando vejo um
conflito demoníaco mesmo em Cristãos maduros. Aprendi,
por exemplo, a procurar uma actividade demoníaca em
algumas enfermidades físicas. Por vezes eu tinha dores de
garganta, constipações ou crises de sinusite e orava por cura
sem que houvesse qualquer alteração óbvia. Aguentava
uma ou duas semanas de enfermidade frustrante antes de
melhorar. Porém, um dia eu estava a ler acerca daquela vez
em que Jesus entrou em casa de Simão Pedro e encontrou
a sogra de Pedro doente com muita febre:

E, inclinando-se para ela, repreendeu a febre, e esta a


deixou. E ela, levantando-se logo, servia-os. (Lucas 4:39)

Por que é que Jesus havia de repreender uma febre? Ele


viu naquela febre mais do que uma mera condição física.
Quando voltei a debater-me contra uma constipação
febril, decidi seguir o exemplo de Jesus. Tomei uma atitude
contra a febre como quem toma contra um demónio, e
recebi uma poderosa libertação. Em vez de melhorar
dentro de uma ou duas semanas, melhorei em 24 horas.
Agora, quando experimento qualquer género de dor
ou doença considero a possibilidade de haver um demónio
por trás dessa situação. E se esse diagnóstico for correcto,
normalmente a libertação total é rápida. Por outro lado, se
o problema for causado por uma condição física natural,

101
oro por cura e espero em Deus pela resposta. Também
estou grato pela ajuda de médicos e medicamentos quando
Deus guia por esse caminho.
Seria absurdo sugerir que todas as doenças são
causadas por demónios; algumas são, outras não. Isto
faz com que seja importante cultivar o discernimento,
para que possamos reconhecer quais as doenças que são
consequência de demónios e quais é que não são. O autor
de Hebreus dá-nos uma chave para desenvolver este tipo
de discernimento:

Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais,


em razão do costume, têm os sentidos exercitados para
discernir tanto o bem como o mal. (Hebreus 5:14)

Há então, dois requisitos. Primeiro, precisamos de nos


alimentar com alimento sólido, isto é, a plena revelação
que Deus nos deu através da toda a Bíblia. É essencial
um profundo conhecimento da Bíblia. Segundo, temos
de praticar o discernimento. Isto não é algo que iremos
adquirir apenas através do conhecimento da Bíblia ou da
teoria; também não se aplica apenas no reconhecimento
da actividade de demónios. Requer sim, o exercício
consistente dos nossos sentidos espirituais em cada
situação que enfrentamos.

O Momento da Escolha de Deus


Em 1994, tive uma estranha e inesperada experiência.
Estava com um grupo de intercessores Cristãos, esperando
no Senhor. De repente, sem qualquer acto da minha
vontade, levantei as mãos e o meu corpo produziu uma
série de movimentos convulsivos. Por um momento, senti-
me embaraçado, pensando no que é que as outras pessoas

102
iriam imaginar. Então, perguntei-me: “O que é que é mais
importante aquilo que as pessoas pensam, ou aquilo que
Deus quer fazer?”
Decidi ceder sem qualquer reserva àquilo que Deus
estava a fazer. (Na verdade, a maior parte do grupo também
estava mais preocupada com Deus para reparar naquilo
que me estava a acontecer). Os movimentos convulsivos
duraram alguns minutos; depois, o meu corpo relaxou e
ficou mole. Sabia que tinha recebido libertação de um
espírito, e a palavra rigidez veio-me à memória. Então,
Deus mostrou-me quando e como é que aquele espírito
tinha entrado em mim.
Quando nasci, na Índia em 1915, os equipamentos
médicos locais eram relativamente primitivos. Aos
dezoito meses, o médico detectou que as minhas pernas
não tinham o mesmo comprimento. Colocou-me uma tala
na perna durante alguns meses, e deu instruções a minha
mãe para manter-me deitado de barriga para cima. Como
consequência disso, desenvolvi uma rigidez em certas
partes do meu corpo, e uma incapacidade para fazer certos
movimentos físicos normais.
Nos anos que se seguiram (cerca de oitenta),
experimentei uma série de bençãos de Deus: salvação,
baptismo no Espírito Santo, cura milagrosa, o exercício
de vários dons espirituais; no entanto, aquele espírito de
rigidez só me deixou no momento em que Deus interveio
soberanamente e o expôs e expulsou. Desde a minha
libertação, tenho experimentado uma nova liberdade de
movimentos.
Tal como a Lydia, a minha segunda esposa, Ruth, tem
participado activamente comigo em ajudar muitas pessoas
a serem libertas de demónios, mas também a sua vida
tem conhecido alguns conflitos demoníacos. Aprendemos

103
que Deus, na Sua soberania, põe a descoberto actividades
demoníacas nas alturas que Ele escolhe.
Uma manhã, à aproximadamente dez anos, estávamos
sentados na cama a ler as nossas Bíblias, como normalmente
fazemos, quando a Ruth começou a falar sobre algumas
das influências às quais tinha sido exposta enquanto
judia praticante. Ela relatou quão poderosamente o seu
pensamento tinha sido afectado pelo elemento humanista
da cultura judaica. De repente, ela disse: “Será que o
humanismo pode ser um espírito?”
Quando a Ruth renunciou aquele espírito e ordenou-lhe
que saísse dela começou a tremer violentamente. De facto,
eu não a tivesse agarrado, ela teria caído da cama. Assim
que o espírito foi expulso, a Ruth recuperou o controle
sobre o seu corpo e começou a louvar e a adorar a Deus.
Aquilo que nos surpreendeu foi o facto de que, algo
que parecia ser tão abstracto e intelectual, pudesse produzir
uma reacção física tão poderosa. Ao meditar sobre isto,
apercebi-me de que as raízes do humanismo são oriundas
da filosofia grega. Creio que é uma das principais forças
satânicas que operam no mundo de hoje, e que irá, por fim,
abrir o caminho ao Anticristo.
A partir desta e de outras experiências no reino
demoníaco, pude verificar que estamos numa guerra. Quanto
mais batalhas vencemos, mais aprendemos a reconhecer as
tácticas de Satanás; e assim a aproximarmo-nos mais da
vitória plena que Jesus conquistou para nós na Cruz.
Posso resumir as lições que aprendi com as palavras de
Paulo em Filipenses 3:12:

Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito;


mas prossigo para alcançar aquilo para o que fui também
preso por Cristo Jesus.

104
3ª Parte

Sete perguntas
A questão dos demónios, tal como referi na introdução
do livro, tem sido frequentemente rodeada de um medo
supersticioso. Por vezes, os Cristãos adoptam a atitude que
“se eu deixar os demónios em paz, eles também não se vêm
meter comigo”. Lamentavelmente, isso não é verdade, os
demónios não nos vão deixar em paz. O facto de sermos
Cristãos não é em si uma protecção, bem pelo contrário,
os demónios elegem os Cristãos como o primeiro alvo a
atacar.
A nossa melhor protecção é, pois, descobrir o que
é que a Escritura revela acerca da natureza e actividade
de demónios. Só assim é que nos poderemos servir da
protecção que Deus providenciou para nós através da fé
em Cristo.
Descobri que, há certas questões que dizem res­
peito ao mundo demoníaco que as pessoas colocam
frequentemente. Nesta parte do livro, irei ter em conta sete
dessas questões:

O que são demónios?


Carne ou demónios?
Como é que os demónios entram?
O que é o oculto?

105
Hoje em dia ainda existe bruxaria?
Os Cristãos podem precisar de libertação de demónios?
Habitará o Espírito Santo num vaso impuro?

Responderei a cada questão, com base na Escritura


e na minha observação e experiência pessoais ao longo
de muitos anos. Essas respostas irão ajudar a esclarecer
muitos mal entendidos, e irão preparar-nos para a 4ª Parte
do livro, na qual iremos de facto aprender a enfrentar
os demónios. No final dos capítulos 14, 16 e 17, iremos
encontrar testemunhos de Cristãos que relatam as suas
experiências com demónios.

11 - O que São Demónios?

Quando alguém se apercebe da realidade dos demónios,


surgem naturalmente duas perguntas: Que tipo de criaturas
é que eles são? E qual é a sua origem?

Que tipo de criaturas?


Descrevo os demónios como seres espirituais sem corpo,
os quais desejam ardentemente ocupar corpos físicos. A
sua primeira escolha é claramente um corpo humano; mas
se for para permaneceram sem corpo, estão até dispostos a
entrar no corpo de um animal (ver Lucas 8:32-33).
Para nós é difícil de conceber a ideia de uma pessoa
sem um corpo, no entanto, mesmo que os demónios não
tenham corpos, possuem todas as marcas de personalidade
normalmente aceites:

1. Vontade
2. Emoção

106
3. Intelecto
4. Consciência de si mesmo
5. Capacidade para falar

1.Vontade
O demónio que saiu de um homem diz, “Voltarei para
a minha casa donde saí” (Mateus 12:44). Aqui, o demónio
usa a sua vontade para tomar uma decisão, e depois
cumpre-a com a acção correspondente.

2. Emoção
Tu crês que há um só Deus; fazes bem. Também os
demônios o crêem, e estremecem. (Tiago 2: 19)

Estremecer é uma marca exterior de uma emoção


forte. Tal como disse, por vezes tenho visto uma pessoa
endemoninhada que, ao ser confrontada com a autoridade
de Cristo, começa a estremecer violentamente. Esta
pode ser uma manifestação exterior do medo que aquele
demónio tem.

3. Intelecto
O conhecimento que os demónios têm não provém de
fontes naturais. A primeira vez que Jesus confrontou um
homem endemoninhado na sinagoga em Cafarnaum, o
demónio falou através do homem, e disse: “Bem sei quem
és: o Santo de Deus” (Marcos 1:24). Os discípulos de Jesus
levaram mais de um ano para começarem a compreender
aquilo que, este demónio tinha discernido imediatamente.

4. Consciência de si mesmo
Quando Jesus perguntou ao homem endemoninhado
da terra dos gadarenos, “Qual é o teu nome?”, houve um

107
demónio que respondeu no seu próprio nome e no nome
dos outros demónios: “Legião é o meu nome, porque
somos muitos” (Marcos 5:9). O demónio estava consciente
tanto da sua identidade como da dos outros demónios que
coabitavam com aquele homem.

5. Capacidade Para Falar


Nos primeiros três evangelhos, e também em Actos,
encontramos vários exemplos de demónios que são
capazes de falar através dos órgãos vocais das pessoas nas
quais coabitavam. Podiam responder a perguntas e manter
uma conversa. Normalmente, a capacidade de falar está
associada a uma característica de personalidade.
Vamos agora para a segunda questão.

Qual é a sua origem?


Já ouvi duas teorias principais acerca da origem de
demónios.
1. São alguns dos anjos caídos associados a Satanás na
sua rebelião contra Deus.
2. São espíritos sem corpo de uma raça pré-Adâmica
que pereceu num provável julgamento de Deus, que não
está detalhadamente registado na Escritura.
Não creio que a Escritura nos forneça provas evidentes
para que possamos afirmar qual das teorias, se é que alguma
delas, é a correcta. No entanto, devo dizer que, na base
da minha experiência, é-me difícil acreditar que demónios
sejam anjos caídos. Parece-me claro que, mesmo os anjos
caídos ainda mantém a sua morada algures nos “lugares
celestiais” (Efésios 6:12) - embora não seja “no terceiro
céu” onde Deus habita (2 Coríntios 12:2-4). Assim, não
é bíblico representar anjos a operarem continuamente no
plano terreno.

108
Por outro lado, os demónios parecem ser criaturas
ligadas à terra.
Os demónios, tal como eu os encontrei, possuem um
vasto leque de traços característicos: alguns são perver­
sos, violentos, sobrenaturalmente fortes, outros são fracos,
cobardes, mesmo ridículos; características que não esperamos
encontrar em anjos, mesmo quando eles estão caídos.
Vou ilustrar o que disse recorrendo a um caso em par­
ticular. Uma mulher pediu-me para expulsar os demónios
do seu marido, depois de ter orado com ele durante algum
tempo, começou a mostrar sinais de violência. Naquele
momento, a sua mulher disse-me, “Em casa, ele atira-me
com cadeiras”.
“Porque é que ela não me disse isso antes de me ter
pedido para orar com ele?”, disse para comigo, tomando
a decisão de não me meter novamente numa situação
daquelas!
Passado mais algum tempo, à medida que continuava a
orar pelo homem, aquele que parecia ser o último demónio,
falou através do homem: “Sou imundo”, disse ele.
Como não queria fazer perguntas e envergonhar o
homem diante da sua mulher, disse apenas, “Demónio
de pensamentos imundos, sai deste homem!” Pensei que
a frase vaga “pensamentos imundos” não seria muito
embaraçante.
No entanto, o demónio respondeu, “Esse não é o meu
nome”.
“Não quero saber se esse é ou não o teu nome”, disse-
lhe. “Ordeno-te que saias, no nome de Jesus!”
Finalmente, o demónio saiu do homem, embora
protestasse até ao fim “Esse não é o meu nome”.
A minha opinião subjectiva é que, nenhum ser angélico,
mesmo um anjo caído, se comportaria assim.

109
A literatura grega clássica pode trazer alguma luz sobre
a natureza dos demónios. Por exemplo, o filósofo Sócrates
reconheceu que havia um daimonion que influenciava
algumas das suas acções. Este daimonion nunca lhe dava a
certeza do que é que ele devia fazer, mas avisava-o de uma
forma negativa que ele não devia fazer certas coisas. Uma
vez, por exemplo, um grupo de homens estava à espera
de Sócrates no mercado, planeando atacá-lo, porém o
daimonion avisou-o para não ir ao mercado naquele dia.
Na nossa terminologia, provavelmente iríamos classificar
isto como sendo artimanha de um espírito de adivinhação.
Contudo, não estaria de acordo com o pensamento grego
sugerir que Sócrates tinha um anjo caído que o dirigia.
É-me difícil acreditar que algum anjo pudesse ter
o desejo intenso, o que é característico de demónios, de
habitar num corpo humano ou, não sendo bem sucedido,
o corpo de um animal, como por exemplo um porco. De
certeza que, para um anjo, esse seria um lugar de clausura,
e não um lugar onde se pudesse expressar.
É verdade que, com o intuito específico de levar à rebelião
Adão e a Eva, Satanás apareceu-lhes temporariamente
na forma de uma serpente. Mas, passagens posteriores
da Escritura tornam claro que ele não continuou a usar o
corpo de uma serpente.
Novamente em Lucas 22:3-4, o escritor regista:

Entrou, porém, Satanás em Judas, que tinha por


sobrenome Iscariotes, o qual era do número dos doze. E
foi, e falou com os principais dos sacerdotes, e com os
capitães, de como lho [Jesus]entregaria;

Este relato não indica necessariamente que Satanás em


pessoa entrou em Judas.

110
Algumas passagens antes, o escritor descreve como
Jesus curou uma mulher que andava curvada ao expulsar
dela “um espírito de enfermidade” (Lucas 13: 11). Ao
comentar o sucedido, Jesus descreveu a mulher como
sendo “filha de Abraão, a qual há dezoito anos Satanás
tinha presa” (versículo 16). A causa verdadeira e imediata
da condição da mulher era “um espírito de enfermidade”.
Mas, uma vez que este espírito era controlado e dirigido
por Satanás, a sua actividade foi atribuída ao próprio
Satanás. Jesus disse que Satanás a tinha “presa”.
Do mesmo modo, ao provocar a traição de Jesus, Satanás
pode ter agido através de algum demónio que ele fez com
que entrasse em Judas. (Pode ter sido um espírito de cobiça,
uma vez que Judas foi aparentemente motivado pelo amor
ao dinheiro). Em alternativa, se Satanás em pessoa entrou
em Judas, teria ocorrido algo semelhante à tentação de
Adão e Eva. A sua aparição na forma de serpente foi uma
missão especial que durou apenas alguns momentos.
Permanece até hoje, o facto de que o quartel-general
e residência permanente de Satanás ainda se situam “nos
lugares celestiais”.

Dos Lugares Celestiais ou Sujeito à Terra?


No capitulo 2, referi que a palavra grega para demónio
(daimonion) deriva de uma outra palavra, daimon. Então,
o que é um daimon?
A mitologia grega, que é, na melhor das hipóteses,
um espelho partido, descreve duas ordens principais de
“deuses” que habitam nos “lugares celestiais”. A ordem
mais alta chama-se theos (plural theoi). A mais baixa
chama-se daimon.
Uma das funções especiais dos daimons era, aparen­
temente, atribuir a cada ser humano aquilo que lhes estava

111
destinado pelos theoi - os deuses do nível mais alto. Os
daimonions (demónios) estão num nível mais baixo e
terreno, eles são dominados e dirigidos pelos “deuses”
do nível mais alto. Possivelmente, os theoi governam os
daimons, que por sua vez governam os daimonions.
Para aqueles que só conseguem pensar no universo da
língua portuguesa, pode ser difícil formar uma imagem
clara destas três ordens de seres espirituais, porque a
língua portuguesa não possui o vocabulário necessário.
Um theos traduz-se facilmente por “deus”, e um daimonion
por “demónio”; mas, não existe uma palavra portuguesa
apropriada para descrever a categoria intermédia, um
daimon. Neste livro, optei por usar a forma transliterada
daimon.
É possível que as duas categorias de theoi e daimons
correspondam aquilo a que Paulo chama em Efésios 6:12
“principados e potestades” [“governadores e autoridades”,
noutra tradução]. Aparentemente, ambos residem nos
“lugares celestiais”.
Por outro lado, o Novo Testamento parece retratar os
daimonions (demónios) como estando sujeitos à terra.
Não há qualquer sugestão de que alguma vez, desçam ou
ascendam de e para as regiões celestiais respectivamente.
Em Mateus 12:43-44, Jesus dá-nos uma ideia acerca
da actividade de um demónio.
E, quando o espírito imundo tem saído do homem, anda
por lugares áridos, buscando repouso, e não o encontra.
Então diz: Voltarei para a minha casa, de onde saí. E,
voltando, acha-a desocupada, varrida e adornada.
Não há qualquer sugestão de que o demónio desce das,
ou ascende às, regiões celestiais. O verbo grego traduzido
como “anda por” é obviamente usado para designar apenas
o movimento no plano terreno.

112
Os theoi, os daimons e os daimonions estão unidos
numa guerra interminável contra a raça humana. Trabalham
em conjunto, debaixo do domínio de Satanás para infligir
à humanidade todas as formas possíveis de dor, engano e
tormento.
Vamos supor, por breves momentos que os daimonions
são espíritos que no passado partilharam os corpos de
membros de uma qualquer raça pré-Adâmica, que viviam
sem Deus e em pecado. Na sua presente condição, contudo,
não têm como exprimir as várias concupiscências, paixões
e emoções que desenvolveram nos corpos que habitaram
anteriormente. É possível conceber que eles fossem capazes
de encontrar uma forma de libertação suportada por outros
ao darem forma corpórea às suas concupiscências, paixões
ou emoções através de corpos humanos. Isto explicaria
uma característica dominante dos demónios: o seu desejo
ardente de habitar e operar através da carne humana.
Temos de nos lembrar que a Bíblia relata apenas a
história da raça que descende de Adão. Assim, o texto usa
a expressão filhos (ou descendentes) de Adão, Jesus veio
como “o último Adão” (1 Coríntios 15:45) para redimir os
membros desta raça. Se houve outras raças antes de Adão,
a Bíblia não lhes faz qualquer referência explícita. No seu
livro “Os Primeiros Anos da Terra” (1876, reimprimido por
Kregel em 1975), G.H. Pember aprofunda esta questão.
Considero que, esta teoria sobre a origem dos demónios é
uma hipótese possível, mas fico satisfeito por não prosseguir
com a questão. Há certas coisas que Deus mantém em
segredo (ver Deuteronómio 29:29), e seria insensato tentar
extrair-Lhe os Seus segredos.
É possível que nenhuma das duas teorias acerca dos
demónios esteja correcta, que não sejam nem anjos caídos, nem
espíritos sem corpo pertencentes a uma raça anterior de seres.

113
No entanto, o nosso conceito de demónios, desempenha um
papel prático no modo como lidamos com eles. Já confrontei
muitos demónios de tipos diferentes, mas nunca fiquei com a
impressão de que estava a lidar com seres angélicos.
Por outro lado, já tive algum contacto com anjos satânicos
através da oração de intercessão e guerra espiritual, cuja
descrição mais esclarecedora está nas palavras de Paulo, em
Efésios 6:12:
Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue,
mas, sim, contra os principados, contra as potestades,
contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes
espiri­tuais da maldade, nos lugares celestiais.
O Novo Testamento não retrata Jesus ou os Seus
apóstolos a “ lutar’ contra demónios. Pelo contrário, eles
confrontavam os demónios (tal como afirmei no capitulo
3), e exerciam a autoridade necessária para os expulsar.

Os Demónios da Escritura
Os demónios manifestam-se através da humanidade
usando muitos nomes diferentes. A lista que se segue
contém nomes específicos que são aplicados a demónios
na Escritura. Uma vez que as traduções variam nos nomes
que usam, dou o nome que é usado em três traduções,
pela ordem seguinte: Nova Versão do King James, Nova
Bíblia Americana Standard, e Nova Versão Internacional.
A referência bíblica é dada para cada caso.

No Antigo Testamento
Ciúmes/ciúmes/espírito de ciúmes (Números 5:14-30)
Mau/maligno/maligno (Juízes 9:23)
Desolador/maligno/maligno (1SamueI16:14-23;18:10; 19:9)
Espírito de mentira/engano/mentiroso (1 Reis 22:22; 2 Cró­
nicas 18:20,22)

114
Perverso/distorção/tontura (Isaías 19:14)
Profundo sono/profundo sono/ Profundo sono (Isaías 29:10)
Angústia/fraqueza/desespero (Isaías 61:3)
Luxúria/luxúria/prostituição (Oséias 4:12; 5:4)
Imundo/imundo/impureza (Zacarias 13:2)

No Novo Testamento
Mudo/mudo/despojado de fala (Marcos 9:17)
Mudo e surdo/ mudo e surdo/mudo e surdo (Marcos 9:25)
Enfermidade/doença/enfraquecimento (Lucas 13:11)
Adivinhação /adivinhação/ predizer o futuro (Actos 16:16)
Enganador/enganador (1 Timóteo 4:1)
Medo/timidez/timidez (2 Timóteo 1:7)
Erro/erro/falsidade (1 João 4:6)

Outros Demónios
Para além dos nomes retirados da Escritura e acima
re­gistados, irei acrescentar outros nomes de demónios que
en­contrei pessoalmente.

Na Área de Enfermidade Física


Artrite Asma
Cancro Incapacitante
Epilepsia Dor de cabeça
Enxaqueca Sinusite
Trombose

Noutras Áreas Mais Gerais


Adultério Bruxaria
Claustrofobia Critica
Desilusão Inveja
Fantasia Murmuração
Ódio Desespero

115
Masturbação Homicídio
Perversão Rebelião
Rejeição Religião
Auto piedade Stress
Violência Suicídio

As listas aqui mencionadas não são, de modo algum,


exaustivas, mas indicam a diversidade da actividade
demoníaca, ou seja, Satanás tem ao seu serviço um vasto
número de demónios, com os quais pretende atacar e
atormentar a humanidade.
Iremos agora passar à segunda das nossas sete
perguntas.

12 - Carne ou Demónios?

Desde o princípio, desde que o homem virou as


costas a Deus, em sinal de rebelião, ele tem sido sujeito
principalmente a dois males espirituais: ao pecado e a
demónios.
O efeito do pecado é universal e total: “Todos pecaram
e destituídos estão da glória de Deus” (Romanos 3:23). O
pecado atingiu a raça humana no seu conjunto, e todas as
áreas de cada personalidade individualmente.
A personalidade corrompida pelo pecado no Novo
Testamento é chamada por “o nosso velho homem”
(Romanos 6:6), ou “a carne” (Gálatas 5:24). O velho
homem descreve a natureza rebelde que cada um de nós
herdou do nosso primeiro pai, Adão. Ele nunca gerou uma
criança até ao momento em que se rebelou contra Deus.
É por isso, que cada descendente de Adão possui uma
natureza rebelde.

116
O termo “a carne” neste contexto não se refere aos
nossos corpos físicos, mas sim à natureza corrupta que faz
parte da herança que cada um de nós recebeu à nascença.
O adjectivo carnal é utilizado nas traduções para descrever
esta natureza corrupta.
Por razões práticas, estas duas expressões - o velho
homem e a carne - podem ser usadas alternadamente.
Ambas descrevem a nossa natureza corrupta, caída e
pecaminosa.
No entanto, há uma tradução que se distanciou da
linguagem original. Essa tradução substitui ambas as
expressões por o nosso velho eu, e a natureza pecaminosa.
Podemos dizer que neste sentido essa tradução é mais uma
explicação do que uma tradução.
Porém, e com as devidas reservas, por causa das
diferenças de tradução, as verdades expostas neste livro
aplicam-se igualmente a: o velho homem, a carne e a
natureza pecaminosa.
Embora o problema do pecado seja universal, o dos
demónios não o é! Muitos dos membros da nossa raça
humana caída têm sido sujeitos ao poder de demónios, mas
nem todos o são. No entanto, há uma ligação estreita entre
o pecado e os demónios: Se a humanidade nunca tivesse
pecado, nunca teríamos ficado vulneráveis aos demónios.
Certa vez, um bioquímico explicou-me que: “Um corpo
humano é regularmente atacado por células cancerígenas.
Quando esse corpo é saudável, o seu sistema imunitário
identifica e ataca as células cancerígenas que ficam
impossibilitadas de ferir o corpo. Mas quando o corpo
é enfraquecido por uma doença ou por qualquer tipo de
choque emocional, o sistema imunitário é incapaz de
realizar a sua tarefa com eficácia, e uma forma de cancro
pode-se desenvolver em qualquer parte do corpo”.

117
Disse imediatamente para comigo: É exactamente o
que se passa com os demónios!
Os demónios procuram continuamente invadir uma
pessoa, mas quando a pessoa está espiritualmente saudável,
o “sistema imunitário” espiritual da pessoa identifica e
ataca os demónios, e estes ficam incapazes de entrar e tomar
controlo. Por outro lado, toda a falta de saúde ou qualquer
fraqueza emocional deixam a pessoa mais vulnerável aos
ataques demoníacos.

A Solução Para Cada Situação


No reino espiritual, tal como no físico, um diagnóstico
correcto é essencial. Assim, é importante saber, tanto
quando nos confrontarmos com os nossos problemas como
com os de outras pessoas, com o que é que estamos a lidar.
Será com a carne? Ou serão com demónios? A questão
tem uma importância vital pois os remédios, são bastante
diferentes.
O remédio para a carne é a crucificação: Através da
morte sacrificial de Jesus na Cruz, Ele cancelou o direito
do pecado sobre a nossa natureza carnal. Paulo refere isto
como um facto histórico: “O nosso velho homem foi com
ele [Jesus] crucificado” (Romanos 6:6).
Mas cada um de nós tem de aplicar pessoalmente a
Cruz à sua natureza carnal. Paulo diz, em Gálatas 5:24:
“E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas
paixões e concupiscências”. Depois de termos feito esta
aplicação pessoal da Cruz, podemos então fazer nossas as
palavras de Paulo em Gálatas 2:20: Já estou crucificado
com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em
mim;… Assim, a crucificação é a solução para a nossa
natureza carnal; é o remédio que cada um de nós precisa
para aplicar pessoalmente.

118
Por outro lado, a solução para os demónios, tal como
foi várias vezes demonstrada no ministério de Jesus, é:
expulsá-los.
Estes dois remédios não são substituíveis. Não é
possível expulsar a carne, e não é possível crucificar um
demónio.
Ao relembrar a minha luta contra a depressão, descrita
no capítulo 4, percebi que era precisamente esse o erro que
eu estava a cometer. Eu estava a tentar aplicar a crucificação,
a solução para a carne, quando na verdade, estava a lidar
com um demónio, sendo a solução expulsá-lo. Assim que
compreendi qual era o meu problema e apliquei o remédio
certo, fui liberto.
Também já fui confrontado com o problema inverso,
quando uma pessoa tenta aplicar à carne a solução que só
é apropriada para demónios.
Uma vez, um homem veio ter comigo e disse: “Irmão
Prince, quero que você expulse um demónio de mim”.
Então, eu perguntei, “Como é que o demónio o
afecta?”
“Não consigo entender-me com a minha mulher”,
respondeu ele. “Não há harmonia entre nós”.
Escutei com muita atenção, à medida que ele
descrevia como a falta de harmonia afectava a vida dos
dois. Finalmente, eu disse: “Não creio que você tenha um
demónio que necessite de ser expulso; você precisa é de
aplicar a Cruz à sua natureza carnal”.
Era bastante evidente que ele não estava satisfeito. Para
ele, ser liberto de um demónio era uma “solução rápida”,
e que substituiria a dolorosa tarefa de ter que crucificar a
sua própria carne.
A crucificação é a marca distintiva daqueles que verda­
deiramente pertencem a Cristo. Deus não está interessado

119
nos nossos rótulos de membrazia ou denomi­nacionais.
Ele está à espera de ver, se o nosso estilo de vida velho
e carnal chegou ao fim aos pés da Cruz. A crucificação é
sempre dolorosa, mas ela é a porta de entrada para uma
nova vida.

O Velho e o Novo Homem


Mesmo depois de aplicarmos a Cruz às nossas vidas,
a qual nos transforma, temos de manter uma disciplina
pessoal para que o “velho homem” continue submisso.
Em Colossenses 3:3, Paulo diz aos crentes, Porque já
estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo
em Deus.. Mas no versículo 5 ele diz, Mortificai, pois, os
vossos membros, que estão sobre a terra: a prostituição,
a impureza, o afeição desordenada, a vil concupiscência,
e a avareza, que é idolatria; Cada um de nós tem a
responsabilidade de manter o “velho homem” morto.
Todavia, a morte do “velho homem” não é a última fase
do processo, uma vez ultrapassada esta, passamos a outra
fase: temos de nos revestir “do novo homem, que segundo
Deus é criado em verdadeira justiça e santidade” (Efésios
4:24). O sacrifício de Jesus na Cruz tornou possível a
ocorrência de uma troca: O nosso “velho homem” foi
crucificado Nele para que o “novo homem” pudesse viver
em nós.
Assim, como um corpo humano completamente são, é
imune às células cancerígenas, também O “novo homem”
em Cristo é imune à actividade demoníaca. No entanto, a
maior parte dos Cristãos ainda não alcançou este estado de
uma saúde espiritual plena. Com base na minha experiência
pessoal limitada, posso dizer que encontrei relativamente
poucos Cristãos que não parecessem vulneráveis à acti­
vidade demoníaca.

120
Podemos recorrer novamente a um exemplo de
diagnóstico e tratamento do cancro. Uma vez que a maioria
das pessoas não se encontra num estado de saúde física
no qual estão imunes às células cancerígenas, é necessário
que os cientistas realizem pesquisas e que os médicos
adquiram toda a informação disponível. Isto permitir-lhes-á
diagnosticar a origem de um cancro e receitar o tratamento
apropriado.
Da mesma maneira, os Cristãos necessitam urgente­
mente de aprender tudo o que for possível acerca da natureza
e actividade de demónios. Este conhecimento é importante
para todos os crentes, pois nenhum de nós pode afirmar
que está imune aos ataques de demónios. No entanto, ele
é especialmente indispensável para pastores, evangelistas
e outros obreiros Cristãos a quem as pessoas se dirigem
em busca de ajuda. Sem este conhecimento, tal como
afirmei no capítulo 5, iremos frequentemente ser incapazes
de fazer um diagnóstico correcto ou de aplicar o remédio
apropriado, o que nos irá impedir de ajudar as pessoas.
Sem a sonda do discernimento, não podemos usar o
fórceps da libertação com eficácia. (Tal como disse ante­
riormente, na 4ª Parte do livro irei providenciar instruções
práticas para diagnosticar e lidar com a actividade demo­
níaca).
Vamos prosseguir em seguida para a terceira das nossas
sete perguntas.

13 - Como é Que os Demónios Entram?

Na década de 50 durante algum tempo, trabalhei com


um médico especialista que era Cristão, em Londres. Ele
era naturalmente dotado de um discernimento invulgar

121
sobre as várias áreas da experiência espiritual. Nunca
mais me esqueci de um comentário que ele fez: “Lembra-
te”, disse ele, “o diabo escolhe o momento e o lugar mais
fraco”. Irei aplicar este princípio para tentar responder à
terceira questão em relação à influência demoníaca: Como
é que os demónios entram?
Uma explicação global de todas as maneiras possíveis
vai muito para além do objectivo deste livro. Irei descrever
apenas sete exemplos de momentos ou lugares de fraqueza,
através dos quais normalmente os demónios obtêm acesso
às personalidades humanas:

1. Um passado familiar no oculto ou religiões falsas


2. Outras influências negativas pré-natais
3. Pressões na infância
4. Choque emocional ou constante pressão emocional
5. Actos ou hábitos pecaminosos
6. Imposição de mãos
7. Palavras vãs

Vamos examinar cada uma destas áreas de vulnera­


bilidade:

1. Um Passado Familiar no Oculto ou Religiões Falsas


Em Êxodo 20:3-5, o Senhor avisa-nos das consequências
malignas quando nos envolvemos com idolatria ou religião
falsa:

Não terás outros deuses diante de mim. Não farás


para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do
que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem
nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem
as servirás; porque eu, o SENHOR teu Deus, sou Deus

122
zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos, até a
terceira e quarta geração daqueles que me odeiam.

Deus avisa-nos contra todas as formas de idolatria


ou qualquer outro envolvimento com “deuses” falsos. As
consequências malignas deste tipo particular de pecado,
pode estender-se até quatro gerações. Se contarmos
quatro gerações atrás, ficamos com quatro níveis de
antepassados:

Pais: 2
Avós: 4
Bisavós: 8
Trisavós: 16
Total: 30

Qualquer uma, ou todas estas pessoas, podem ser


um canal através do qual, podemos ter sido expostos à
influência satânica. Duvido que qualquer um de nós possa
ter a certeza, de que nenhum dos nossos trinta antepassados
mais próximos se tenha envolvido, em qualquer forma de
ocultismo ou religião falsa.
Esta influência oculta, pode ter o seu início quando
ainda estamos no ventre materno. Afinal, quem pode ser
mais fraco ou vulnerável do que um bebé que ainda não
nasceu? A sua protecção depende inteiramente dos seus
pais. Os que são justos e que temem a Deus providenciam
essa protecção, mas os pais que têm um passado de
ocultismo expõem os seus bebés às mesmas influências
espirituais que estão a operar nas suas próprias vidas.
Descobri que muitas vezes esses bebés estão
endemoninhados, antes mesmo de saírem do ventre das
suas mães. Isto é particularmente uma realidade para

123
as pessoas que têm um passado nas religiões Orientais,
tais como Hinduísmo ou Budismo, ou noutras religiões
falsas como a Maçonaria ou o Mormonismo. No próximo
capítulo irei lidar mais extensivamente com toda a área do
oculto.

2 - Outras Influências Negativas Pré-natais


Existem outras forças negativas que também podem
afectar uma criança que ainda está no ventre da sua mãe, e
que a podem expor a influência demoníaca. Uma mãe pode
não gostar ou mesmo odiar o bebé que está no seu ventre.
Em alguns casos talvez a mãe pode não ser casada, ou o
pai ser infiel e irresponsável, ou a mãe pode simplesmente
não desejar a criança.
Um bebé anseia por amor, tanto antes como depois
de nascer. Quando ele não sente amor, provavelmente vai
começar a sentir-se indesejado. Por sua vez, isto irá expô-
lo a uma ferida ainda mais profunda: rejeição. Muitos
bebés já nascem com um espírito de rejeição.
A uma dada altura, encontrei nos Estados Unidos um
grande número de pessoas, de uma determinada faixa
etária que sofriam de rejeição. Quando verifiquei as
suas datas de nascimento, descobri que elas se situavam
entre 1929 e 1934, uma época que todos os Americanos
mais idosos recordam-na como a da Grande Depressão.
Apercebi-me de que as mães se ressentiam do facto de
terem mais uma boca para alimentar numa altura em que
lhes era difícil sobreviver. Elas podem ter verba1izado
o seu ressentimento ou não, mas aquelas pequenas e
sensíveis personalidades nos seus ventres sentiram-no e
nasceram trazendo consigo um espírito de rejeição. Este
é apenas um dos vários demónios que podem afectar uma
criança que ainda não nasceu.

124
A minha própria esposa, Ruth, é um caso típico, ela
nasceu em 1930, e foi a oitava criança da família. Os seus pais
eram agricultores que estavam a debater-se com problemas
financeiros por causa da Depressão e da seca, que atingiu
de tal maneira aquela região dos Estados Unidos, que ficou
conhecida pelo nome “Taça de pó”. Quando tinha quarenta
anos, a Ruth foi salva e baptizada no Espírito Santo e nas
águas. Ela já estava a servir o Senhor quando casámos em
1978, no entanto, ela passou por uma batalha contínua
contra a rejeição até que o demónio foi identificado e
expulso. Ainda hoje, ela tem de permanecer vigilante para
que ele não a ataque num momento de fraqueza.

3 - Pressões na Infância
Em Tiago 3: 16, somos avisados de que “… onde há
inveja e espírito faccioso aí há perturbação e toda a obra
perversa.”
Os lares devastados por brigas e, nos quais os pais estão
num conflito ofensivo um contra o outro, e/ou têm pouco
tempo para os seus filhos, providenciam uma atmosfera
convidativa à presença e actividade de demónios. A maior
parte das crianças não possui as defesas emocionais
e espirituais necessárias para resistir a tais pressões
demoníacas. A minha observação pessoal (tal como já
referi) leva-me a concluir que a maior parte dos problemas
demoníacos começa na infância.
Nas famílias em que o pai é alcoólico, cruel e
dominador, ou violento e abusador, muitas vezes as
raparigas desenvolvem um ódio intenso aos homens,
abrindo assim a porta para um demónio de ódio. Isto é
uma realidade sentida e vivida, especialmente nos casos
em que o pai abusou sexualmente das suas filhas. Tenho
pensado muitas vezes na hipótese de que essa pode ter

125
sido a causa principal dos problemas da Esther (descrito
no capítulo 6). Isso explicaria o tremendo domínio que o
demónio de ódio exercia sobre ela.
Há outros demónios que normalmente exploram
essas crianças tais como rejeição, raiva, medo, rebelião,
miséria, solidão, depressão e, por vezes, suicídio. No
Ocidente, o número de suicídios entre os adolescentes
tem aumentado de uma forma preocupante. Nos Estados
Unidos, a incidência de suicídios entre adolescentes e
jovens adultos quase triplicou entre 1952 e1992. Em 1992,
foram mais os adolescentes que morreram por suicídio, do
que por cancro, doença de coração, SIDA, deficiências de
nascença, apoplexia, pneumonia, gripe e doença crónica
dos pulmões. Em quase todos os casos, de acordo com
o meu diagnóstico, o demónio de rejeição preparou o
caminho para um demónio de suicídio.

4 - Choque Emocional ou Constante Pressão Emocional


Em 1Pedro 3:6, o apóstolo explica que as mulheres
Cristãs podem ser chamadas filhas de Sara “fazendo o
bem, e não temendo nenhum espanto.” A palavra grega
traduzida por “espanto” tem uma série de significados.
Há um dicionário que a descreve como “qualquer emoção
veemente; entusiasmo apaixonado”, outro atribui-lhe tanto
uma “intimidação” activa como um “terror” passivo.
Muitas vezes, (nem sempre) as mulheres têm as defesas
emocionais mais fracas do que as dos homens; Elas ficam
especialmente sujeitas ao medo. Uma mulher por quem eu
orei disse-me que o espírito de medo tinha entrado nela
quando um dia um acidente de carro aconteceu mesmo na
sua frente.
Hoje em dia, a vasta cobertura noticiosa dos média
mostra que há milhões de pessoas em todo o mundo que

126
estão, expostas a incidentes repentinos e chocantes. Um
homicídio brutal, a explosão de um autocarro ou de um
edifício podem deixar marcas que não se podem apagar
ou esquecer, não só nas vítimas que sobreviveram, mas
também em todos os homens, mulheres e crianças que
assistiram ao horror, vez após vez, na televisão.
Tanto os homens como as mulheres estão sujeitos a
muitas outras formas de pressão emocional. Tanto os
homens como as mulheres estão sujeitos, por exemplo, ao
entusiasmo apaixonado do desejo sexual. Uma cedência
repentina e não premeditada a esse tipo de desejo pode
muitas vezes abrir a porta para um espírito de luxúria.
Alimentar fantasias sexuais ou ver pornografia pode ter o
mesmo efeito.
Por vezes sucede que, uma criança ou um jovem sujeito
a um ataque sexual pode, involuntariamente, ficar exposto
a um demónio de luxúria. O demónio não tem qualquer
respeito pela “inocência” e simplesmente aproveita esse
momento de fraqueza para forçar a sua entrada. A partir
desse momento, a criança ou o jovem fica sujeito a pressões
de luxúria que não exprimem a realidade do seu carácter.
Mas nem sempre é uma onda súbita de emoção que
abre caminho para um demónio, isso pode acontecer devido
a uma pressão implacável e persistente. Um homem que,
sem ter culpa, tem de passar meses difíceis sem emprego,
pode começar a matutar na sua incapacidade para suster a
sua família. O desencorajamento pode afectá-lo de várias
formas: um comentário menos delicado por parte da sua
mulher, ou uma desobediência banal por parte dos seus filhos
podem provocar uma explosão repentina e abrir o caminho
para um demónio de raiva se esgueirar. A pressão contínua
devido à inactividade forçada pode expô-lo, quase sem se
aperceber, a um espírito de depressão ou desespero.

127
Do mesmo modo, uma mulher cujo marido está
constantemente a depreciá-la e a criticá-la pode acabar
por ceder a um espírito de desespero. Ou uma mãe
que pretende proteger o seu filho dos perigos que são
muitas vezes mais imaginários do que reais, pode projectar
um espírito de ansiedade sobre o filho, até que o espírito
força a sua entrada e passa a residir na criança. É óbvio
que há muitos tipos de choque ou pressão emocional
aos quais as pessoas podem estar sujeitas. Mas estes
breves exemplos podem alertá-lo para esta forma de
ataque demoníaco e ajudá-lo a edificar as suas defesas
contra ele.

5 - Actos ou Hábitos Pecaminosos


Por vezes, um mero acto decisivo pode abrir caminho
para um demónio. A decisão que tomou de trair Jesus foi
um desses actos. Quando ele saiu da Última Ceia com
essa intenção, Lucas regista, Entrou, porém, Satanás em
Judas,…(Lucas 22:3). Foi o próprio Judas que abriu a
porta que mais tarde não foi capaz de fechar.
Há acções muito menos atrozes do que a de Judas que
podem abrir caminho para um demónio. Um dia, o meu
falecido amigo Don Basham estava a orar por uma mulher
que precisava de libertação de um espírito de luxúria.
Quando o Don ordenou ao demónio para sair dela, este
respondeu: “Ela convidou-me a entrar!”.
“Quando é que ela fez isso?”, perguntou o Don.
“Quando ela foi assistir àquele filme pornográfico”,
respondeu o demónio.
A mulher teve de se arrepender e pedir perdão pelo seu
pecado antes que o demónio pudesse ser expulso.
Temos de nos lembrar que Satanás sabe quais são os
seus direitos legais. Quando um acto pecaminoso abre

128
a porta a um demónio, ele não vai sair até que o acto
pecaminoso seja confessado e cancelado pelo perdão de
Deus.
Qualquer acto deliberado para fazer o que não está
certo pode abrir caminho para um demónio. Muitos
destes possíveis actos são: dizer uma mentira premedi­
tada, por exemplo, roubar em lojas, ou fazer batota nos
exames.
Por outro lado, pode até não ser um simples acto que
abre a porta, pode ser a prática deliberada e persistente de
um acto pecaminoso que acaba por se tornar um hábito:
A repetição de pecados secretos, tais como masturbação,
fornicação ou pornografia, abre, quase inevitavelmente,
caminho para demónios. Mas, outros hábitos mais
“respeitáveis” podem provocar o mesmo efeito. Comer
frequentemente em demasia abre caminho para um demónio
de gula. Persistir em sonhar acordado abre a porta para
um espírito de fantasia. O exagero habitual numa conversa
abre caminho para um espírito de mentira.

6 - Imposição de Mãos
A imposição de mãos numa pessoa durante a oração não
é apenas um mero ritual religioso. Pode ser uma experiência
espiritual poderosa, uma interacção temporária entre dois
espíritos através da qual é liberto poder sobrenatural.
Normalmente, o poder flui daquele que está a impor as
mãos para aquele sobre quem as mãos são impostas, mas
por vezes acontece o contrário.
O poder tanto pode fazer bem como mal. Ele pode
emanar tanto do Espírito Santo como de um demónio,
dependendo de quem é que o poder flui. Foi por isso
que Paulo, estabeleceu certas salvaguardas. “A ninguém
imponhas precipitadamente as mãos”, escreveu ele,

129
“nem participes dos pecados alheios; conserva-te a
ti mesmo puro” (I Timóteo 5:22). Por outras palavras,
tem cuidado com quem é que deixas que o teu espírito
interaja!
A imposição de mãos deve ser feita com reverência e
em oração. Qualquer pessoa que participa deve certificar-
se de que não está, segundo as palavras de Paulo, a
participar nos pecados alheios. É um erro deixar um grupo
de pessoas sem direcção e encorajá-lo a impor as mãos uns
nos outros indiscriminadamente. O breve testemunho que
se segue, dado pela Ruth, ilustra o perigo:
Em 1971, eu estava a participar num encontro caris­
mático, e o orador pediu às pessoas que quisessem oração
de cura para ficarem de pé. Eu estava com uma grande
constipação, e por isso pus-me em pé, depois ele disse às
pessoas que estavam sentadas ao pé para imporem as mãos
em nós e orarem pela nossa cura.
Quando acordei na manhã seguinte, a minha consti­
pação tinha melhorado, mas os meus dedos estavam todos
deformados, rijos e doridos. Então, pensei imediatamente,
ontem à noite houve alguém com artrite que impôs as
mãos sobre mim! Renunciei ao espírito de artrite, e
dentro de cinco minutos todos os sinais e sintomas tinham
desaparecido.
Era uma crente muito jovem, tinha menos de um ano
no Senhor, e estou muito grata a Deus por ter ensinado
naquela altura a ter cuidado com as pessoas que impõem
as mãos sobre mim.

7 - Palavras Vãs
Esta é uma área na qual muitos de nós somos apanhados
desprevenidos, sendo no entanto, aquela sobre a qual Jesus
deu um dos Seus avisos mais solenes:

130
Mas eu vos digo que de toda a palavra ociosa que os
homens disserem hão de dar conta no dia do juízo. Porque
por tuas palavras serás justificado, e por tuas palavras
serás condenado. (Mateus l2:36-37)
O que são “palavras vãs”? São palavras que profe­
rimos sem pensar, palavras que não expressam os nossos
pensamentos verdadeiros ou intenções. Quando nos ques­
tionam acerca dessas palavras, desculpamo-nos muitas
vezes dizendo: “Não foi isso que eu quis dizer”, ou,
“Estava só a brincar”, como se isso nos libertasse da nossa
responsabilidade; é justamente contra estas palavras vãs
que Jesus nos avisa.
O facto de muitos Cristãos serem culpados de proferirem
habitualmente palavras vãs, não torna a situação menos grave;
na verdade, qualquer um que considerar este aviso de Jesus
como algo sem importância, necessita de se arrepender.
Palavras vãs podem abrir a porta para demónios. Num
momento de irritação uma pessoa pode dizer: “Estou
cansado e farto” de qualquer coisa. A sua intenção não é
essa, mas ele pode estar a abrir uma porta para um demónio
de cansaço e fastio. As palavras relacionadas com a morte
são particularmente perigosas. Muitas vezes, as pessoas
dizem: “Quase que morri a rir”, ou, “Vais morrer quando
ouvires esta!” A morte é um poder maligno das trevas, e
somos insensatos ao tratá-la de ânimo leve. Num momento
de aflição e desencorajamento, é frequente dizer-se: “Quem
me dera que eu estivesse morto”, ou, “Estava melhor se
estivesse morto”. Palavras como estas são um convite
directo a um espírito de morte. Tenho ministrado a centenas
de pessoas que se expuseram a um espírito de morte devido
a palavras do género proferidas sem cautela. (No capitulo
20, irei apresentar mais algumas considerações sobre o
espírito de morte).

131
Fazer de Jesus o Senhor
Estes sete exemplos ilustram algumas das formas como
nós e os nossos filhos podemos ficar expostos à influência
demoníaca. Temos de nos lembrar que os demónios são
extremamente persistentes. Um demónio pode ser expulso
mas, ainda assim, tenta voltar a entrar, Jesus avisou-nos
acerca deste perigo:

E, quando o espírito imundo tem saído do homem, anda


por lugares áridos, buscando repouso, e não o encontra.
Então diz: Voltarei para a minha casa, de onde saí. E,
voltando, acha-a desocupada, varrida e adornada.
Então vai, e leva consigo outros sete espíritos piores
do que ele e, entrando, habitam ali; e são os últimos atos
desse homem piores do que os primeiros. Assim acontecerá
também a esta geração má. (Mateus 12:43-45)

O espírito imundo regressa à “sua Casa”, ou seja, à pes­


soa que habitava anteriormente, e encontra-a “desocupada,
varrida e adornada”. Depois, leva consigo “outros sete
espíritos piores do que ele”, entra novamente em casa com
eles e habita-a mais uma vez.
O que é que havia na “casa” que abriu as portas para o
demónio reentrar? A casa encontrava-se “varrida”, o que não
representava qualquer problema. Ela estava “adornada”,
o que também não representava qualquer problema. Mas
ela estava “desocupada”, esse é que era o problema! O
homem tinha deixado a sua casa vazia, ele nunca tinha
levado Jesus para dentro, para ser o seu Senhor.
Quando uma pessoa se entrega a Jesus como seu
Senhor, ela pode encontrar em Jesus o poder sobrenatural
para manter os demónios fora de si. Mas sem Jesus como
Senhor, ela não tem a força necessária para proteger a sua

132
“casa”. Quando o demónio a assalta, ele pode facilmente
derrotar a sua resistência ineficaz. Então, quando o demónio
entra novamente, leva consigo outros sete demónios, cada
um pior do que ele próprio, e a pessoa fica ainda pior do
que se encontrava anteriormente.
Vou dar um exemplo da minha vida que tornou isto
bem claro para mim. Na década de 60, eu costumava viajar
de carro com a Lydia quando pregava nos Estados Unidos.
Por vezes, isto implicava uma viagem de dois ou três dias.
À noite, quando entrávamos numa cidade, procurávamos
uma placa de néon com as palavras: QuartoVago. Quando
encontrávamos estas palavras sabiamos que havia
lugar para nós nesta residencial. Na esfera espiritual os
demónios andam à procura da mesma placa. Quando eles,
os demónios, a vêem, dizem para consigo: Ah! Eis uma
pessoa que não fez de Jesus o Senhor da sua vida. Talvez
sejamos capazes de forçar a entrada. Há apenas uma
garantia, uma forma de nos livrar do perigo: ter a certeza
de que Jesus é verdadeiramente o Senhor de cada área da
nossa vida.
No início deste capítulo, expliquei como é que o
passado de uma família no ocultismo pode abrir as portas
para demónios. No próximo capítulo, irei lidar mais
minuciosamente com todas as áreas do oculto, realçando
que qualquer forma de envolvimento directo e pessoal,
traz um perigo ainda maior.

14 - O Que é o Oculto?

Um dos principais meios através do qual os demónios


têm acesso à humanidade é o oculto. Se não entendermos
a influência praticamente universal do oculto sobre a

133
raça humana, não vamos poder lidar eficazmente com
demónios.
Em cada um de nós existe um desejo profundo de
estabelecer contacto com o desconhecido, com qualquer
“poder superior” – algo maior, mais sábio ou mais poderoso
do que nós. Isto verifica-se a todos os níveis, desde a
adolescente que lê o seu horóscopo, até ao feiticeiro de uma
tribo remota que nunca viu um homem branco, passando
pelo cientista que investiga o espaço e procura descobrir
os segredos do universo.
Foi Deus que colocou este desejo dentro de nós, mas
o seu maior inimigo, Satanás, engendrou uma maneira
de desviar a atenção daqueles que buscam, para sistemas
enganosos e malignos, fazendo-os seus escravos. Estes
sistemas enganosos podem ter inúmeras formas diferentes,
mas o nome genérico que se aplica a qualquer uma delas é
o oculto. Isto levanta a quarta questão que normalmente é
colocada no que respeita ao mundo do demoníaco: O que
é o oculto?
A palavra oculto, deriva de uma palavra latina, que
significa “escondido” ou “encoberto”. O poder que opera
através das práticas, ou, sistemas ocultos deriva de Satanás
e é maligno, mas a maioria das pessoas que se enreda neles
não sabe disto. São seduzidas por rótulos ou pretensões
que fazem com que essas práticas e sistemas pareçam
especialmente atractivos.
Para mim isto é muito claro, devido à minha própria
experiência. Tal como referi no capítulo 10, eu estava
fascinado por tudo aquilo que se relacionava com a Índia,
e em Cambridge tentei tornar-me um yogi. Contudo,
apesar de todo o meu esforço, nunca era capaz de atingir
a libertação ou o sentimento de realização que procurava.
Aquele desejo indefinível foi finalmente satisfeito quando,

134
pela graça de Deus, tive um encontro sobrenatural com
Jesus, o Filho de Deus.
A Escritura chama “adultério espiritual” quando nos
afastamos do único e verdadeiro Deus e nos voltamos
para falsos deuses. Assim, os avisos da Bíblia contra a
imoralidade e o adultério também se aplicam a todas as
formas de envolvimento com o oculto. A “mulher [imoral
ou adúltera] estranha” descrita em Provérbios reflecte com
clareza o “engodo” e a astúcia utilizados pelo oculto.
Em Provérbios 5:6, somos avisados contra a tentativa
de perscrutar os seus caminhos, pois eles são “movíveis”,
“instáveis e “desonestos” (de acordo com diferentes
traduções), todos os adjectivos se aplicam ao oculto. Tenho
observado que, quando um erro enganador é contestado e
esclarecido há logo duas novas práticas ocultas ou falsas
religiões que se erguem no seu lugar. Deste modo, em vez
de tentar fornecer uma lista completa, vou indicar algumas
das formas através das quais essas práticas operam. A
verdade é a melhor defesa contra o engano.
O desfecho trágico daqueles que se permitem ser
atraídos e enganados pela “mulher estranha” é descrito em
Provérbios 7:25-27:

Não se desvie para os caminhos dela o teu coração,


e não te deixes perder nas suas veredas. Porque a muitos
feridos derrubou; e são muitíssimos os que por causa dela
foram mortos. A sua casa é caminho do inferno que desce
para as câmaras da morte.

AEscritura salienta que as vítimas desta “mulher estranha”


são homens fortes. É característico destas forças enganadoras
terem como alvo primordial homens com capacidade de
liderança: Satanás odeia esses homens. Homens fortes

135
tornam-se vulneráveis quando colocam a sua confiança na
sua própria força e nos seus sucessos passados.

Os Dois Principais Ramos do Oculto


Os dois principais ramos do oculto são identificados na
Escritura como sendo a adivinhação e a feitiçaria.

Adivinhação
A adivinhação providencia conhecimento acerca de
pessoas, acontecimentos e situações através de meios sobre­
naturais. Os termos contemporâneos usados são cartomancia,
previsão psíquica e percepção extra-sensorial (PES).
Encontramos um exemplo claro na rapariga escrava
em, Actos 16:16-22, que se dizia estar “possuída por um
espírito de adivinhação” ou “por um espírito através do
qual previa o futuro”. Na verdade, o grego apenas diz que:
“ela tinha um espírito de cobra piton”. Na cultura grega
clássica, a piton era frequentemente associada com a
prática da adivinhação ou cartomancia. O termo moderno
para designar uma pessoa dessas é médium.
Esta escrava foi a primeira pessoa em Filipos, a
discernir a identidade de Paulo e Silas. “Estes homens
são servos do Deus Altíssimo”, clamou ela, “os quais nos
anunciam o caminho da salvação” (versículo 17). Tudo o
que ela disse era verdade, no entanto, o seu conhecimento
provinha de um demónio. Quando o demónio foi expulso,
ela perdeu a capacidade para prever o futuro e os seus
senhores perderam a sua fonte de rendimento.
É isto que faz da adivinhação algo tão enganoso e
perigoso. Uma pessoa (normalmente uma mulher) que tem
um espírito de piton pode ser um canal de conhecimento
sobrenatural, tanto sobre o passado como sobre o futuro.
Esta medida de verdade é o isco que está preso no gancho

136
oculto de Satanás, através do qual ele tenta capturar e
escravizar as suas vítimas.
A cartomancia (adivinhação) é verdadeiramente
oculta (escondida). Ela esconde a fonte satânica do poder.
Entre as pessoas que procuram saber o futuro encontram-
se líderes políticos com cargos elevados, e até mesmo
Cristãos professos. Contudo, com esses contactos ficam
inevitavelmente expostos a demónios. Irei descrever alguns
exemplos que provêm da minha observação pessoal.
A Mary tinha ouvido uma das minhas pregações e
acreditava que estava debaixo de um poder demoníaco.
Ela era membro de uma igreja tradicional que aderiu ao
Evangelho de Cristo. Mas um dia, uma mulher, considerada
a mais espiritual na igreja, dirigiu-se à Mary e disse-lhe,
“Deixa-me ler-te a sina”. Quando a Mary aceitou, aquela
mulher disse-1he, “Tu vais ter um filho, mas ele vai nascer
morto”.
Aconteceu tal como ela disse, o bebé da Mary nasceu
com o cordão umbilical enrolado duas vezes à volta do seu
pescoço e não sobreviveu. Devido ao pecado de consultar
uma adivinha, embora sendo uma Cristã professa, creio
que a Mary abriu caminho para uma força satânica que
levou a vida do seu bebé.

Quando a Mary compreendeu que se tinha exposto


a um poder demoníaco, pôde clamar pelo benefício do
sacrifício de Cristo feito em seu nome, e foi liberta. Mas
isso não lhe trouxe ao seu bebé de volta!
Quantos Cristãos frequentadores de igrejas e que,
sem se aperceberem, terão sido apanhados nas tramas de
Satanás por causa da adivinhação?
A previsão de um médium sobre o rumo da vida de
uma pessoa, é muitas vezes equivalente a uma declaração

137
do destino que Satanás tem para essa vida. No capítulo 11
mencionei que, uma das principais funções dos daimons,
os quais operam num nível superior, é atribuir às pessoas
o seu destino, ou seja, o destino que Satanás tem para elas.
O daimon comunica este ordem através de um daimonion
que opera num plano terreno. (Esta é a essência da
adivinhação).
Isto tornou-se muito real para mim, quando eu estava
a tentar ajudar uma mulher que veio ter comigo para ser
liberta. Ela disse-me que tinha sido espírita mas que se
arrependera, depois de orar durante algum tempo, parei
por uns momentos para buscar a direcção do Senhor. De
repente, a mulher virou-se para mim e disse, “Vejo-o dentro
de um carro desfeito que embateu contra uma árvore”.
Fiquei imóvel. Isto é o demónio a falar! - Disse para
comigo.
Então, disse em voz alta, “Satanás, eu recuso o teu
destino para a minha vida. Não vou estar dentro de nenhum
carro desfeito que embateu contra uma árvore”.
Já passaram mais de trinta anos, e aquilo nunca
aconteceu. No entanto, suponhamos que eu tinha deixado
que o medo entrasse em mim, pensando, Um dia vou estar
dentro de um carro desfeito que embateu contra uma
árvore! Dessa maneira, eu estaria a aceitar o destino de
Satanás para a minha vida, e creio que ele me teria morto.
Agradeço a Deus por me ter permanecido atento.
Uma vez, uma jovem Cristã que estava em grande
aflição e veio ter comigo. Um ou dois anos antes, sem
reflectir bem, tinha visitado uma cartomante que lhe disse,
“Vais ser viúva jovem”; pouco tempo depois o seu marido
morreu num acidente estranho.
Esta jovem foi atingida por um sentimento de culpa ao
pensar que a sua visita àquela cartomante tinha, de algum

138
modo, exposto o seu marido ao acidente que lhe roubara
a vida. Ela pediu-me desesperadamente que a encorajasse.
Senti uma grande compaixão por ela e fiz o meu melhor
para a consolar, mas não fui capaz, com honestidade, de lhe
dar a coragem que ela tinha pedido. Eu não podia excluir a
possibilidade de que ela tinha, de facto, aceitado o destino
de Satanás para o seu marido e também para ela.
A minha própria esposa, Ruth, passou por uma
experiência antes de conhecer Jesus como o seu Messias.
Um amigo dela falou-lhe acerca de uma médium que tinha
previsto certas coisas na sua vida que vieram a acontecer.
Ele sugeriu que essa mulher podia ajudar e confortar a Ruth,
que naquela altura se debatia, com a tarefa de criar três
filhos, sozinha. Ruth, um membro activo da sua sinagoga,
nunca tinha ouvido nada que proibisse a adivinhação.

A médium, que nunca tinha visto a Ruth nem sabia


nada acerca dela, disse-lhe três coisas: “Não podias ter
filhos; tens três filhos adoptados; e o teu marido deixou-
te”. Todas aquelas afirmações estavam correctas, mas a
revelação não veio de Deus; veio de Satanás. Ele pretendia
usar aquela medida de verdade como um isco para atrair a
Ruth ainda mais para o oculto.
Na Sua misericórdia, Jesus interveio na vida da
Ruth. Mais tarde, quando compreendeu o seu erro a Ruth
arrependeu-se e cancelou o poder de Satanás sobre ela.
A minha primeira esposa, Lydia, usava uma ilustração
simples para avisar as pessoas sobre a armadilha de
Satanás. “Podes dar-me um copo de água pura”, dizia ela,
“mas se colocares apenas uma gota de veneno, toda a água
fica contaminada”. Não há nenhuma “revelação” inspirada
de um adivinho que valha a pena ficar com toda a vida
envenenada.

139
Há feiras rurais, e até mesmo algumas igrejas, que têm
bancas de adivinhação como um espectáculo à parte, “só
por brincadeira”, mas não existe adivinhação inofensiva.
Veneno é veneno, mesmo quando não é indicado no rótulo.
Há outra forma deste tipo de actividade que pode ser
ainda mais enganadora. Eu apelidei-a de “adivinhação
carismática”. Existem alguns ministros e oradores que em
convenções oferecem profecias pessoais e que encorajam
os Cristãos a participarem esperando por “uma palavra
do Senhor”. Não há dúvida de que algumas palavras vêm
do Senhor, mas há ainda muitas mais que vêm da alma da
pessoa que está a ministrar ou mesmo de um demónio de
adivinhação. Isto pode ter um efeito desastroso nas vidas
daqueles que são apanhados nessa trama.
A maioria das pessoas quer saber o que é que o futuro
lhes reserva. A adivinhação vai de encontro a este desejo.
Mas Deus requer que nós “andemos por fé, e não por vista”
(2 Coríntios 5:7), sem saber o que o futuro nos reserva,
mas confiando na Sua fidelidade que dura para sempre. No
entanto pode haver alturas em que Deus nos vai dar uma
revelação soberana acerca do futuro sem nós a querermos
ou buscarmos. Quando Ele toma a iniciativa, o resultado
irá servir os Seus propósitos.
Outra armadilha, que é conhecida como um jogo, é
a mesa de Ouija (mesa para a recepção de mensagens
espíritas). Lembro-me de ensinar sobre a natureza do oculto
numa igreja Episcopal em Inglaterra, e de orar por muitas
pessoas que precisavam de ser libertas de demónios. No
culto de encerramento no Domingo de manhã, o reverendo
começou por dizer que a sua esposa lhe tinha perguntado,
cedo pela manhã daquele dia, o que é que tinha provocado
o cheiro a queimado na sua casa. “Fui eu”, prosseguiu ele,
“que estive a queimar a nossa mesa de Ouija!”

140
O uso de mesas de Ouija e de outras práticas ocultas tem
permeado muitas divisões dos nossos sistemas escolares.
Numa escola, houve um grupo de raparigas que começou
a brincar com uma mesa de Ouija só por curiosidade, para
ver o que é que ia acontecer. Um dia, a mesa deu a seguinte
resposta: Dentro de uma semana uma de vocês irá morrer.
Naquela semana, uma das raparigas morreu num acidente;
as outras raparigas ficaram aterrorizadas, sem saber o que
mais iria acontecer.
Outra das formas em que as pessoas ficam expostas a
adivinhação é através de horóscopos. Uma ou duas gerações
atrás, havia muitos jornais que incluíam diariamente uma
porção da Escritura. Hoje, as mesmas páginas contêm uma
leitura diária do horóscopo. Dar uma vista de olhos pelo
“seu” horóscopo no jornal com a mente desprotegida, pode
expô-lo a uma influência demoníaca.
Mais uma vez, muitos Cristãos são enganados:
consideram estas actividades inofensivas, sem reconhecerem
a armadilha que está por trás de tudo isso, Uma vez
ministrei a uma mulher que precisava de libertação de um
espírito de adivinhação. Ela não conseguia compreender
como é que um espírito desses podia ter entrado nela.
Ao fazer-lhe algumas perguntas acabou por admitir que
ocasionalmente lia o seu horóscopo no jornal diário, ficou
chocada quando se apercebeu que se tinha exposto a um
demónio de adivinhação.
Outra potencial porta aberta para os demónios é o
envolvimento nas artes marciais. A Ruth e eu ministramos
a um homem que se tinha distinguido no karaté. Depois de
uma sessão de libertação, ele descobriu, para sua surpresa,
que já não era capaz de dar o pontapé de karaté, ele não
se tinha apercebido que a sua capacidade provinha de um
demónio. Devemos ter presente que, todas as artes marciais

141
tiveram origem em culturas permeadas de idolatria e
actividade demoníaca.

Magia
O outro canal através do qual o oculto opera, é a
magia. A magia pode ser considerada a irmã gémea da
adivinhação, mas ela possui a sua esfera particular de
actividade. Ela usa vários meios para produzir impacto nos
sentidos físicos. Algumas das suas ferramentas são drogas,
poções, encantamentos, amuletos, magia, fórmulas, feitiços
e várias formas de música.
Ao falar dos últimos dias, Paulo avisa que “homens
maus e enganadores irão de mal a pior, enganando e
sendo enganados” (Timóteo 3: 13). A palavra grega tradu-
zida por “enganadores” significa, literalmente, “encan­
tadores”, mas porque encantar (encantamento) é usado
em vários rituais ocultos, ela passou a significar “bruxos”
ou “feiticeiros”. Algumas formas contemporâneas de
música, tais como o acid rock, integram-se na mesma
categoria e são usados como canais de poder satânico
sobrenatural. Isto está de acordo com a previsão de
Paulo de que, à medida que nos aproximamos do fim
da era haverá um grande ressurgimento destas forças
ocultas.
O livro de Apocalipse descreve dois juízos de Deus
no fim dos tempos, através dos quais algumas partes da
humanidade serão mortas. Depois, termina afirmando
que “E os outros homens... não se arrependeram dos
seus homicídios, nem das suas feitiçarias, nem da sua
prostituição, nem dos seus furtos. (Apocalipse 9:20-21).
A palavra grega traduzida por feitiçarias, literalmente
significa “drogas”. Há uma tradução que usa a expressão
“artes mágicas”. As acções malignas que aqui são

142
associadas com a magia são homicídios, prostituição e
roubo. Muitas vezes, a toxicodependência abre a porta
para estes outros males.
Em Deuteronómio 18:10-12, o Senhor declara a Sua
atitude em relação, às várias formas de envolvimento com
o oculto:

Entre ti não se achará quem faça passar pelo fogo a seu


filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador,
nem agoureiro, nem feiticeiro; Nem encantador, nem quem
consulte a um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem
consulte os mortos; Pois todo aquele que faz tal coisa
é abominação ao SENHOR; e por estas abominações o
SENHOR teu Deus os lança fora de diante de ti.

A outra categoria principal que é aqui mencionada, para


além da adivinhação e da magia, é a bruxaria, que também
inclui feitiços. No próximo capítulo irei aprofundar mais
o tema da bruxaria.
“Interpretar presságios” também é uma forma de
adivinhação. As últimas três categorias, “necromante, um
mágico, ou quem consulte os mortos”- são, hoje em dia,
todas classificadas como espiritismo. A sua forma normal
de actividade chama-se sessão espírita.
É dito que o Senhor abomina todo esse tipo de pessoas.
A palavra traduzida por “abominar” é a palavra mais forte
no hebraico para designar aquilo que o Senhor detesta e
rejeita. Devemos notar ainda que, Deus insere essas pessoas
na mesma categoria daquelas que sacrificam os seus filhos
a uma divindade pagã. A nossa cultura contemporânea
tem dificuldade em perceber quão intensamente Deus
odeia todas essas práticas ocultas. Não há ninguém que se
envolva nelas sem se expor a demónios.

143
Religião falsa
A religião falsa está estreitamente ligada com o
oculto. Muitas vezes, as duas estão inseparavelmente
interligadas. Ambas prometem aquilo que parece ser tudo
o que nós ansiamos: paz, poder, conhecimento, acesso a
Deus. Reivindicam, dirigirem-nos à luz, mas, na verdade,
enredam-nos nas trevas.
Então, como é que nos podemos proteger? Em João
10:9, Jesus disse, “Eu sou a porta; se alguém entrar por
mim, salvar-se-á,…” Disse ainda, “Eu sou o caminho, e
a verdade e a vida. ninguém vem ao Pai, senão por mim”
(João 14:6). Há muitas portas diferentes que conduzem ao
reino do sobrenatural; mas há apenas uma porta que conduz
ao reino sobrenatural de Deus. Essa porta é Jesus! Todos
aqueles que entram por outra porta qualquer, podem entrar
no reino do sobrenatural; mas esse é o reino de Satanás, e
não o do único e verdadeiro Deus.
Satanás irá provocar todos os danos que conseguir à
humanidade, através de ideologias tais como o ateísmo
ou o humanismo, mas a religião falsa é uma ferramenta
infinitamente mais poderosa nas suas mãos. Mesmo neste
preciso momento, a grande maioria da raça humana está
escravizada por religiões falsas.
Tal como acontece com outras formas do oculto, é
impossível listar todas as formas de religião falsa que se
praticam, actualmente. Mas eis alguns dos principais traços
que caracterizam as religiões falsas:

1. Reconhecer uma pluralidade de deuses


2. Praticar qualquer forma de adoração de ídolos
3. Ensinar que os seres humanos poderão vir a ser deuses
4. Ensinar que as pessoas podem alcançar a justiça através
dos seus próprios esforços

144
5. Oferecer qualquer forma de conhecimento esotérico
disponível apenas para uma minoria privilegiada.

1 - Religiões que Reconhecem uma Pluralidade de Deuses


A igreja primitiva estava rodeada por uma cultura
politeísta, mas em 1 Coríntios 8:5-6, Paulo define a posição
Cristã:

Porque, ainda que haja também alguns que se chamem


deuses, quer no céu quer na terra (como há muitos deuses
e muitos senhores), Todavia para nós há um só Deus, o
Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um só
Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós
por ele.

2 - Religiões que Praticam qualquer Forma de Adoração


de Ídolos
A idolatria é o primeiro pecado específico proibido
nos Dez Mandamentos, e ao qual são atribuídas as piores
punições (ver Êxodo 20:35).

3 - Religiões que Ensinam que Os Seres Humanos Poderão


Vir a Ser Deuses
Esta foi a tentação original oferecida por Satanás à
humanidade no Jardim do Éden: “E sereis como Deus [ou
como deuses]” (Génesis 3:5).
Esta promessa contém uma auto-contradição inerente.
Deus, que criou todas as coisas, incluindo a raça humana,
é Ele próprio incriado. É logicamente impossível que
o homem, o criado, se torne como Deus, o incriado. O
criado nunca se pode tornar incriado. Ainda assim, esta
promessa de vir a ser como Deus tem cativado o orgulho
auto-exaltado da humanidade em todas as gerações.

145
4 - Religiões que Ensinam que as Pessoas Podem Alcançar
a Justiça Através dos Seus Próprios Esforços
Novamente, o apelo é dirigido ao orgulho humano. As
pessoas orgulhosas são atraídas por sistemas religiosos
que exigem formas de trabalho duras e excessivas, e até
sofrimento auto-flagelante. Quanto mais rigorosas são as
exigências de uma religião, maior é o grau de orgulho que
uma pessoa sente ao cumpri-las.

5 - Religiões que Oferecem Qualquer Forma de Conhe­


cimento Esotérico Disponível Apenas Para uma Minoria Pri­
vilegiada
O acesso a este conhecimento requer normalmente
um ritual especial de iniciação. Já no primeiro século, os
apóstolos avisavam os seus seguidores acerca desta forma
de engano, que se chama, no grego, gnosis (conhecimento).
Foi contra este erro que Paulo avisou Timóteo:

O Timóteo, guarda o depósito que te foi confiado,


tendo horror aos clamores vãos e profanos e ás oposições
da falsamente chamada ciência, A qual, professando-a
alguns, se desviaram da fé. A graça seja contigo. Amém.
1 Timóteo 6:20-21

Há dois exemplos contemporâneos de religiões que


sobressaem, cujos segredos são revelados apenas àqueles
que passaram por um rigoroso processo de iniciação.
Esses exemplos são o Mormonismo e a Maçonaria. Esta
inclui a Eastern Star [estrela do oriente] (a filial feminina
da Maçonaria), os Shriners [guardas do relicário], as
Rainbow Girls [raparigas do arco-íris] e Demolay.
No Mormonismo, os rituais no templo são acessíveis
apenas a alguns. Não é permitido a nenhum estranho entrar

146
nos templos enquanto os cultos decorrem. A Maçonaria
é ainda, mais envolta em secretismo. Excluindo algumas
aparições públicas “oficiais”, ela é completamente fechada
aos que não são iniciados, e os seus segredos são guardados
por pactos arrepiantes.
Por outro lado, o Cristianismo bíblico é aberto. Não
possui qualquer processo especial de iniciação nem
quaisquer rituais secretos. A base da sua fé, a Bíblia, é um
livro aberto. Todos são incentivados a estudá-la.
Todas as formas de religião falsa apelam, de uma
maneira ou de outra, para o orgulho humano. O Evangelho
realça o facto de que somos salvos pela graça de Deus,
a qual não pode ser ganha, mas é recebida apenas pela
fé que Deus providencia. Isto não deixa qualquer espaço
para o orgulho.

Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto


não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para
que ninguém se glorie;
Efésios 2:8-9

Há um grande abismo intransponível entre a adoração


do Deus verdadeiro e todas as formas do oculto ou religião
falsa. Paulo realça que, todas as formas de religião falsa
são permeadas de poder demoníaco, e que por isso os
Cristãos não se podem envolver nelas:

Antes digo que as coisas que os gentios sacrificam, as


sacrificam aos demônios, e não a Deus. E não quero que
sejais participantes com os demônios. Não podeis beber o
cálice do Senhor e o cálice dos demônios; não podeis ser
participantes da mesa do Senhor e da mesa dos demônios.
1 Coríntios 10:20-21

147
Qualquer pessoa que tenha estado envolvida no
oculto em religiões falsas precisa de se arrepender disso,
confessá-lo como um pecado e clamar a Cristo por perdão,
libertação e renovação. Para além disso, quaisquer livros
ou outros objectos relacionados com o oculto ou religião
falsa devem ser destruídos.

Limpo e Livre
Este breve resumo de toda a área do oculto e religiões
falsas, revela quão complexa e confusa é. Não há nenhuma
maneira simples de a definir ou descrever. Podemos
compará-la a um polvo com muitos tentáculos apertando-
os em redor das suas vítimas. Enquanto a vítima se tenta
proteger de um tentáculo, há outro que vem por trás e a
tenta apanhar.
Esta comparação é bem ilustrada pelo testemunho que
se segue de um jovem pertencente a uma família Cristã,
que foi feito prisioneiro do oculto. Acabou por adquirir
entendimento acerca do reino demoníaco, recebeu liber­
tação e tornou-se um pastor bem sucedido.

Os meus pais são Cristãos nascidos de novo e pessoas


de Deus. Tal como o pequeno Samuel de há muito tempo fui
dedicado, desde a minha concepção, para servir o Senhor.
Os meus pais ensinaram-me nos caminhos da verdade
desde a minha infância. Quando tinha quatro anos,
punha-me de pé e pregava para os meus pais ou qualquer
outra pessoa que me quisesse ouvir. Nos meus tenros anos,
o meu coração enternecia-se com as coisas de Deus, e
estava sempre pronto a orar e a arrepender-me quando
enganava a Deus ou aos homens. Os meus preciosos pais
ensinaram-me da melhor forma que podiam, a andar nos
caminhos de Deus, mas erraram grandemente porque a

148
sua tradição não lhes tinha ensinado que o envolvimento
com o oculto era muito pior do que os seus tradicionais
“não farás”.
Era impensável poder ler jornais divertidos ao
Domingo, ir ao cinema num dia qualquer ou permitir o
consumo de álcool ou tabaco. Mas eles nunca sonharam
que o facto de me deixarem ouvir as histórias da minha avó
acerca de fantasmas me poderia conduzir a um caminho
de dor que iria durar mais de vinte anos.
Tinha sete anos quando tomei contacto, pela primeira
vez com as histórias da minha avó. Daí em diante, não
conseguia encontrar gozo senão no estudo do oculto.
Programas de rádio da década de 40 e 50, tais como o
Inner Samctum, The Shadow [a sombra] e TheWhístler
[vento síbílante] absorviam toda a minha atenção. Quanto
à televisão, programas como Night Gallery [galeria
nocturna], Alfred Hítchcock e The Twílíght Zone, bem
como qualquer outro programa de terror eram o meu
regozijo. Quando estava no sexto ano, o meu escritor
favorito era Edgar Allen Poe. Um líder da União Baptista
de Treinamento tinha-me dado a conhecer a obra de Allen
Poe depois de uma festa de Halloween da igreja.
Aos onze anos, disse a Deus, num dos meus frequentes
acessos de raiva, para sair da minha vida e me deixar em
paz. Costumava comprar pequenos animais, tanto semanal
como diariamente, e torturá-los até à morte. (Fazia isto
guiado simplesmente por um impulso. Mas, anos mais
tarde, descobri que aquela pratica fazia parte integrante
da feitiçaria.) Por incrível que pareça, gostava muito de
animais e queria ser veterinário.
Por vezes, dirigia-me a obreiros Cristãos e dizia-lhes
que os odiava. Não havia nenhuma forma de disciplina,
palavra ou açoite que me pudesse constranger. A rebelião

149
e um absoluto ódio contra Deus, a igreja, os Cristãos, a
escola e todas as formas de autoridade, especialmente o
meu pai e a minha mãe, dominavam parte do meu ser. A
outra parte de mim ansiava por ser bondosa e amável.
Finalmente, aos vinte e cinco anos conheci a salvação
de Jesus. Embora Deus tivesse intervindo e eu tivesse
nascido de novo, o meu relacionamento com os meus pais
era muito mau. Eu amava-os por causa de Jesus, mas era
incapaz de ser educado com eles durante mais de uma
hora. Depois de um curto período de comunhão, a raiva e
o ódio vinham ao de cima e a minha miséria espalhava-se
a todos os que estavam à minha volta. Tentei suprimir as
minhas pressões interiores, no entanto, elas revelavam-se
na minha ânsia de álcool e comida. Media cerca de 1.72m
e pesava cerca de 98 quilos.
Será que eu era realmente salvo? Sim! Sim! Sim! Eu
passava horas a chorar por almas perdidas, memorizando
a Escritura, testemunhando e ensinando a Palavra. O mais
trágico é que ainda ninguém me tinha dito que PES, mesas
de Ouija e livros sobre fenómenos psíquicos eram-me
proibidos enquanto crente. Por isso, ensinei acerca desses
assuntos a minha classe da União de Treinamento da
Primeira Igreja Baptista, o que despertou neles a mesma
idolatria e feitiçaria que a minha avó tinha despertado em
mim anos antes.
Graças a Deus que, um dia ao contar a um dos meus
amigos crentes acerca da minha PES, ele disse-me para
pôr isso de lado uma vez que, a Escritura me avisava
contra esse tipo de práticas. Estou tão grato a Deus por
aquele homem! O seu aviso simples ajudou-me a iniciar
um caminho de libertação.
Como queria obedecer ao Senhor parei com todos os
contactos com o reino satânico. Este foi um bom início,

150
mas aquilo que eu precisava verdadeiramente, era de
renunciar completamente a Satanás e de ser liberto dos
demónios, que haviam entrado devido ao meu interesse
no oculto.
Como é que eu sei que tinha demónios? A partir do
dia em que deixei de namoriscar com Satanás e comecei a
obedecer à Palavra, os meus problemas interiores e medos
foram intensificados. A raiva e o ódio pioraram. Comecei
a ter alucinações de dia e de noite, as quais apresentavam
o Jesus que eu amava da maneira mais profana. Embora
estivesse feliz com o meu casamento, o meu problema
com a masturbação era incontrolável. O que mais me
importunava era o facto de eu ser um homossexual
encoberto. Apesar de ter de lutar constantemente contra
isso, nunca caí. Tinha pensamentos horríveis acerca de
estar com outros homens, e desejos de me vestir como
uma mulher. Quando estava sozinho, este espírito maligno
manifestava-se e eu adquiria modos efeminados.
Eu odiava e detestava essas coisas com toda a minha
força. Orei, arrependi-me e tentei crucificar a carne sem
me aperceber de que os meus problemas já tinham passado
para além do que é terreno, do que é da alma, para o que
é demoníaco (Tiago 3:15). Eu tinha duas fontes dentro de
mim: uma amava as almas, abençoava a Deus e ansiava por
servi-Lo; a outra desafiava-me com pensamentos impuros e
desejos, blasfemava contra Jesus e amaldiçoava os santos.
Eu teria admitido tudo isto abertamente a alguém que me
pudesse ajudar, mas ninguém do meu conhecimento, tinha
poder para lidar com os meus problemas, nem mesmo
para os ouvir. Por isso, tinha de guardar tudo para mim o
melhor que podia.
Em Dezembro de 1969, a minha esposa e eu tivemos
conhecimento do ministério de libertação. Quando alguém

151
mencionou que os Cristãos podem ter demónios, eu não
argumentei. O meu espírito saltou de alegria quando
percebi que tinha encontrado a resposta para os meus
problemas. Houve um irmão em Cristo que me ministrou
libertação, ordenando aos espíritos que saíssem. Senti-os
literalmente a subirem do meu estômago e a saírem de mim,
passando pela minha boca, suspirando e bocejando.
Desde esse dia que nunca mais fui atormentado com
masturbação. Para além disso, a minha raiva e ódio
deixaram-me. Agora, consigo passar horas com a minha
mãe sem que haja conflitos, consigo mesmo abraçá-la com
amor e compaixão.
Senti-me como se estive nas nuvens durante vários
meses. Depois, de repente, a homossexualidade latente e
as alucinações começaram de novo. Para ser exacto, eram
cerca das duas da manhã quando fui acordado por um
assédio demoníaco que provinha tanto de dentro como de
fora. Naquela altura já sabia como expulsar demónios e
resistir a Satanás, mas o meu alívio era apenas temporário.
Quando já estava quase a perder a esperança, ouvi
uma cassete do Derek Prince que dizia que os pecados
do oculto têm de ser confessados e renunciados pelo
nome. Isto era algo que eu ainda não tinha feito. Fi-lo
imediatamente, apercebendo-me de onde é que a maioria
dos meus problemas provinha. Pouco tempo depois passei
pela minha maior experiência de libertação.
Um dia eu ia a conduzir de Columbus, na Georgia,
para Montgomery, no Alabama, (uma distância de
cerca de cento e cinquenta quilómetros) durante algum
tempo fui submetido a um assédio horrível da parte de
demónios, clamei por Jesus com toda a minha força. Ele
levou-me a percorrer mentalmente situações que tinham
começado quando eu tinha quatro anos e os demónios

152
entraram em mim pela primeira vez. À medida que Ele me
mostrava cada exemplo, eu renunciava os pecados com
ele envolvidos, e ordenava ao demónio para sair. Durante
mais de uma hora, demónios saíram da minha boca,
do cimo da minha cabeça e dos meus ombros. Quando
cheguei a Montgomery, estava completamente exausto,
mas livre; livre pela primeira vez em anos.
Desde então, o meu crescimento espiritual tem
progredido rapidamente. O meu tempo e energia podem
ser canalizados para um ministério frutífero, em vez de
lutar continuamente para suprimir desejos e pensamentos
que costumavam ameaçar a minha própria existência. O
Senhor também diminuiu o meu peso de 98 quilos para
uns 70 alegres quilos alegres.
Louvai ao Senhor! Por causa de Jesus, estou limpo e
livre.

15 - Hoje em Dia Ainda se Pratica Bruxaria?

Se seguirmos o rasto dos caminhos tortuosos e


enganadores da actividade demoníaca e do oculto, iremos
descobrir que todos eles procedem de uma fonte principal:
a bruxaria.
A bruxaria é a religião primitiva e universal da
humanidade caída. Quando a raça humana virou costas a
Deus num acto de rebelião, o poder em acção foi o da
bruxaria. Tal como a Bíblia afirma, “Porque a rebelião
é como o pecado da feitiçaria” (1 Samuel 15:23). Cada
povo pratica uma forma distinta de bruxaria, mas há certos
elementos que são comuns a quase todas essas formas.
Em muitas partes do mundo, a prática livre da bruxaria
tem permanecido imutável durante séculos. Em nações

153
que têm uma história Cristã, em especial no Ocidente, a
bruxaria tem-se adaptado à cultura e adquire certas formas
específicas. Anteriormente era confinada a uma pequena
minoria, mas nas últimas décadas deixou de o ser assim,
tem-se tornado mais evidente e agressiva.
O elemento sobrenatural existente na bruxaria
fascina muitas pessoas na nossa cultura materialista
contemporânea Ocidental. Nos casos em que as pessoas
conhecem apenas uma forma de religião (tanto igreja, como
sinagoga), ela opera num plano estritamente material e
intelectual, e estão sujeitos a procurar uma alternativa que
ofereça o sobrenatural, especialmente se essa alternativa
oferece poder. Esta é a razão pela qual multidões desse
tipo de pessoas estão a voltar-se para qualquer forma de
bruxaria.
Há um objectivo que é comum a todas as formas de
bruxaria: o controlo. Sempre que uma actividade religiosa
tenta controlar as outras pessoas, é provável que a influência
da bruxaria esteja a operar. Algumas pessoas que estão a ler
este capítulo sabem exactamente do que é que eu estou a
falar porque elas escaparam das garras de Satanás. Outros
irão agarrar esta oportunidade para poderem escapar dele,
outros ainda irão utilizar esta informação para ajudar a
libertar outras pessoas.
A prática primitiva da bruxaria contém normalmente
os seguintes elementos: um sacerdócio (bruxo, curandeiro,
xamã); um ritual ou liturgia (que pode tomar várias
formas); um sacrifício (animal ou humano); uma forma
de música característica (frequentemente encantamento
ou som de tambores); e uma forma de aliança que une
os participantes uns aos outros e a qualquer ser satânico
que seja o foco da sua actividade. A palavra coven [em
português possivelmente assembleia] que significa um

154
conjunto de bruxas, deriva provavelmente da mesma raiz
que a palavra covenant [em português aliança].
Estes são os quatro objectivos principais da bruxaria:

1. Ganhar o favor de um ser espiritual mais elevado,


visto normalmente como caprichoso ou malévolo.
2. Controlar as forças da natureza, tais como chuva ou
bom tempo para as colheitas.
3. Prevenir doenças e infertilidade, tal como acontece
em África, onde quase todas as mulheres estéreis consultam
um bruxo para lhes dar uma poção ou um encantamento.
4. Controlar outros seres humanos, para aterrorizar
inimigos numa batalha ou suscitar numa pessoa um apetite
sexual por outra.

Quatro Níveis da Bruxaria Moderna


A prática “moderna” e ocidentalizada da bruxaria
contém os mesmos elementos. Ela opera em pelo menos
quatro níveis:

1. Aberto, público, “respeitável”


2. “Secreto”, ajuntamentos de bruxas
3. Infiltrado, disfarçado na sociedade e na Igreja
4. Uma obra da carne

1. Aberto, Público, “Respeitável”


Ao operar segundo a sua natureza verdadeira, a
bruxaria ensina e pratica a adoração de Satanás. A Igreja
de Satanás tem a sua própria Web Site na Internet, a qual
é apresentada como uma igreja “respeitável”. No entanto,
aqueles que se libertaram das suas garras irão afirmar que
a cerimónia satânica central é uma “missa negra”, uma
paródia blasfema de um culto de uma Comunhão Cristã. A

155
motivação dominante é um ódio e rejeição deliberados e
conscientes de Jesus Cristo e o inimigo principal é a Igreja
Cristã.

2. “Secreto”, Ajuntamentos de bruxas


As assembléias de bruxaria reuniam-se normalmente
à noite, para oferecer sacrifícios e iniciar novos membros.
Um dos elementos centrais na prática da bruxaria (tal como
pudemos verificar no testemunho no final do capítulo
anterior) é o sacrifício. Normalmente os sacrifícios são
de animais: um cão, gato, rato, ou qualquer outro animal
pequeno. Contudo, segundo a minha percepção, o sacrifício
é, sempre que possível, humano, e de preferência um bebé.
Também existem relatórios de incidentes, em que jovens
são incitados a matar, e até mesmo a decapitar as vítimas
fazendo isso parte da sua iniciação à feitiçaria.
O “deus” da feitiçaria é Satanás. Os seus aderentes
estão ligados a ele e uns aos outros através de um pacto,
que os compromete a um secretismo absoluto em relação
às suas actividades.
O que é que atrai as pessoas para o Satanismo? Creio
que é a oferta de poder sobrenatural. Uma vez convencidos
do poder que adquiriram, os Satanistas tornam-se
frequentemente ousados e agressivos.
Um amigo meu Cristão, estava sentado num avião ao
lado de uma mulher que recusava toda a comida que era
servida. A mulher disse ao meu amigo que estava a jejuar
e a orar.
“Eu também sou Cristão”, disse o meu amigo, “e por
vezes jejuo e oro”.
“Não, não!”, respondeu a mulher. “Eu não sou Cristã,
sou Satanista”. Ela então explicou que a sua oração tinha
dois objectivos: desfazer casamentos Cristãos e a queda de

156
ministros Cristãos em posições de liderança.
As estatísticas que têm vindo recentemente a público,
devem-na ter feito pensar que as suas orações foram
bastante eficazes.
Uma vez recebi uma carta infeliz de uma senhora
no Texas, que ouvia regularmente o meu programa de
rádio. Ela disse que era uma bruxa, e que tinha aceite
a responsabilidade de instalar dúvida e incredulidade nos
corações e mentes dos Cristãos novos ou fracos de uma
determinada igreja. Ela já tinha conseguido afastar três
desses crentes. Então, escreveu, “Acha que eu posso ser
perdoada e receber a salvação de Jesus?” Eu respondi-
lhe que Deus é infinitamente misericordioso, ainda que
ela talvez tivesse de lutar muito para ficar completamente
liberta, e indiquei-lhe um pastor na sua zona.

3. Infiltrado, Disfarçado
Não irei apresentar aqui todas as formas usadas pela
bruxaria para encorajar pessoas inocentes a adorar Satanás.
Irei apenas oferecer alguns exemplos.

Música Rock
A música rock é um dos principais canais, e o seu
potencial para o mal é temível. Eis uma carta que recebi
recentemente de um homem de 33 anos. (Um dos membros
da minha equipa respondeu-lhe e procurou ajudá-lo).
Recebi autorização para a citar aqui:

Caro Sr. Prince,


Estou a escrever-lhe para lhe falar acerca das minhas
lutas com demónios. Sei que provavelmente o que vou
escrever não é novidade para si, mas amigos, familiares e
líderes de igrejas talvez me vejam como um psicopata.

157
Tudo começou quando eu tinha dezasseis anos e
comecei a ouvir um dos discos de rock do meu irmão. Este
não era um disco de rock qualquer, mas um disco muito
demoníaco: era da banda Black Sabbath, e a capa tinha
666 escrito no topo e uma criatura demoníaca que olhava
para mim. Na parte de dentro do álbum estava a imagem
de um homem deitado na cama com vários demónios (pelo
menos seis ou sete) à sua volta como se o quisessem atacar
o olhar do homem era de pura agonia. Eu só ouvi este
disco uma ou duas vezes, o que já foi demasiado.
Um dia ouvi um ruído muito estranho que vinha do
armário da aparelhagem. Quando me agachei para abrir
as portas, houve uma força que entrou em mim ou que
passou através de mim e me empurrou para trás. Aquela
era uma força muito singular e tenho a certeza de que
havia demónios envolvidos. Pensei em esconder o disco
para que ninguém o pudesse deitar fora, aquela ideia deve
ter provido dos demónios. Embora ore para me lembrar
ainda hoje não me consigo lembrar onde é que o escondi.
Bem, desde então que a minha vida tem sido um
inferno. Estes demónios prendem-me e paralisam-me
quando começo a adormecer. Não me consigo mexer,
falar ou abrir os olhos. A única coisa que consigo fazer
é clamar mentalmente por Jesus para Ele me ajudar.
Estes demónios são perversos: violam-me de todas as
formas imagináveis. (Eu poderia fazer um esquema e uma
descrição mais detalhada, mas penso que isso não seria
apropriado nesta altura). Esta foi a tortura a que estive
sujeito todas as noites desde os dezasseis até aos 31 anos.
O abuso sexual começou a diminuir quando comecei a
participar num estudo Bíblico e ir à igreja regularmente.
Posso imaginar o que está a pensar neste momento:
“Será que és salvo, e que Jesus é o Senhor da tua vida?”

158
Eu disse o Pai Nosso quando tinha doze anos com a minha
mãe ao meu lado, e tenho-o repetido centenas de vezes desde
então. Isto deve-se especialmente ao facto de que amigos
Cristãos, e todas as pessoas em qualquer das igrejas ou
estudos bíblicos que eu tenho frequentado, dizem-me que
isso não pode acontecer a um Cristão. Por isso, estou à
espera dos sinais da minha salvação através da evidência
da minha vida voltar ao normal. É difícil acreditar ou
ter fé quando se é bombardeado com tantos relatos que
se contradizem. Já nem consigo pensar correctamente,
ou permanecer no mesmo emprego durante mais de seis
ou doze meses. Não sou estúpido; até sou licenciado em
engenharia. Estou apenas confuso.
Sou oriundo de uma chamada família Cristã; os meus
pais são ambos nascidos de novo, bem como uma das
minhas duas irmãs. O meu irmão não é. Os meus pais
apoiam o seu ministério, mas acho que eles não acreditam
que há pessoas que possam estar endemoninhadas. A
razão pela qual eu digo isto é porque sempre que eu falo
no assunto o meu pai diz-me, tímida e medrosamente,
para repreender isso no nome de Jesus, virar-lhe as
costas e continuar a andar. Por outro lado, a minha
mãe recusa-se a reconhecer o facto, e até disse à minha
irmã para parar de falar sobre esse assunto comigo. A
família do lado da minha mãe tem uma potencial natureza
demoníaca; o seu pai (que já morreu) era Maçónico
e a sua mãe (que também já morreu) mais duas irmãs
(ainda vivas) estão envolvidas com a Estrela do Oriente
[Eastern Star].
Eu sei que esta carta parece completamente louca,
mas espero que ela faça algum sentido para si, e gostava
de poder contar-lhe mais, mas isso implicaria escrever um
livro.

159
Isto é tão trágico! Um Cristão professo é atormentado
por demónios, mas não tem a compreensão, muito menos
a ajuda, dos seus companheiros Cristãos. (No capítulo 12,
mencionei o perigo da Maçonaria e da sua afiliada feminina,
a Estrela do Oriente).
É óbvio que este jovem foi insensato quando se expôs
a forças tão obviamente satânicas. No entanto, há outras
pessoas que se expõem a forças satânicas semelhantes de
formas menos óbvias. A combinação de elementos num
concerto rock ou numa discoteca, por exemplo, também
abrem o caminho para demónios: música ensurdecedora com
uma batida repetitiva e insistente; letras que vão da estupidez
à blasfémia; luzes intermitentes que mudam constantemente
de cor e de intensidade. O impacto pode diminuir a capacidade
de uma pessoa para pensar ou exercer um julgamento moral,
e assim abrir o caminho para demónios, especialmente se há
envolvimento de álcool e de drogas.

Seitas, Religiões e Práticas na Nova Era


A quinta coluna da bruxaria a operar está em contínua
expansão. Uma das “frentes” principais é a variedade de
seitas, religiões e filosofias que estão agrupadas sob a
bandeira da Nova Era. Infelizmente, há muitas pessoas que
se consideram Cristãos que estão a ser arrastadas pelas suas
promessas sedutoras e terminologia enganadora. Aqueles
que querem manter a linha e uma boa saúde, por exemplo,
por vezes não se apercebem de que muitas das lojas de
macrobiótica estão permeadas de produtos e ensinamentos
da Nova Era.
Da mesma forma, há muitas pessoas que são atraídas
para o oculto e expostas a forças demoníacas através do
hipnotismo. Algumas pessoas têm curiosidade sobre o
hipnotismo e vêem-no como um passatempo “inocente”,

160
talvez pela influência da televisão. Outras pessoas ficam
debaixo do poder de Satanás quando procuram um médico em
busca de tratamento para problemas psiquiátricos, ou como
uma forma de “anestesia” para procedimentos cirúrgicos.
Outra prática oculta que abre a porta a demónios é a
acupunctura. Hoje em dia, alguns médicos e outro pessoal
médico justificam o seu uso alegando que “funciona!” Mas,
ao investigarmos as suas bases ocultas, iremos verificar
que, em última análise, a acupunctura nunca irá promover o
bem-estar daqueles que se submetem a ela.
O aviso que se segue vem de um médico Chinês da
Malásia:

Há cerca de oito anos, num retiro em Singapura,


Deus falou comigo acerca dos perigos da acupunctura e
da sua ligação com o oculto, especialmente a sua origem
inseparável com a religião tradicional chinesa. Renunciei
imediatamente à prática da acupunctura, algo que aprendi
em Hong Kong e que pratiquei com sucesso durante cinco
anos.
Assim que regressei a casa, anunciei perante os meus
surpreendidos colegas médicos, enfermeiros e pacientes
que a acupunctura é perigosa e que eu havia renunciado a
ela e que iria deixar de praticá-la. Reuni todas as minhas
máquinas, agulhas, livros, diploma e diagramas e fiz
uma grande fogueira pública com tudo aquilo. Aqueles
objectos valiam cerca de 15.000 dólares, mas as bênçãos
posteriores foram de valor incalculável porque:

1. A minha esposa, que sofria de enxaqueca crónica,


e que se tinha submetido a várias sessões de acupunctura
realizadas por mim, foi imediatamente curada sem
medicamentos ou oração;

161
2. O meu inexplicável medo da escuridão desapareceu
imediatamente.
3. A minha prática da medicina, em vez de sofrer
perdas, recebeu uma duplicação de bênçãos.

Há cerca de três anos, deparámo-nos com um caso


muito raro durante uma reunião de cura em Kuching, no
Leste da Malásia. Uma senhora Cristã veio à frente para
receber oração por causa do seu reumatismo. Assim que
começámos, o Senhor deu uma palavra de conhecimento
de que no passado ela havia-se submetido a um tratamento
de acupunctura. Ela confirmou o facto, mas sempre que
tentava renunciar a isso era atirada para o chão aos gritos
e cheia de dores.
Compreendemos que estava a ser atormentada por
demónios, que haviam entrado no seu corpo através da
acupunctura. Depois de termos tomado autoridade sobre
os demónios e de os expulsarmos no nome do Senhor
Jesus Cristo, ela foi liberta e totalmente curada. Então ela
disse-nos que, todas as vezes que tinha tentado renunciar
à acupunctura havia agulhas invisíveis que se espetavam
nas partes do corpo que ela tinha anteriormente submetido
a tratamento.
Vou terminar por relatar um caso trágico. O irmão
Cristão que me ensinou a acupunctura sofria de uma grande
depressão e suicidou-se em circunstâncias misteriosas. O
mundo não conhece toda a verdade, porque ele tinha tudo
na vida, mas eu penso que sei: (ele ficou debaixo de uma
maldição e pagou-a com a sua vida.

4 - Uma Obra da Carne (“Natureza Pecaminosa”)


Agora que já analisámos três das principais formas
de bruxaria, enquanto força sobrenatural (a forma aberta,

162
pública; a forma secreta; e a quinta coluna), temos de
expor a raiz. É a forma menos conhecida; no entanto, ela
permeia a sociedade e a Igreja.
Em Gálatas 5:19-2l, Paulo faz uma lista das obras
da “carne” (“natureza pecaminosa”). A certa altura ele
menciona “idolatria, bruxaria” ou “idolatria e feitiçaria”.
Tal como afirmei no início deste capítulo, a raiz da bruxaria
está na nossa carne: a nossa natureza caída, rebelde e
pecaminosa.
Esta natureza manifesta-se muitas vezes, mesmo na
infância, através de tentativas para controlar as outras
pessoas. Sentimo-nos seguros se pudermos controlar os
outros. Assim, já não nos podem ameaçar; eles fazem
o que nós queremos. Por outro lado, Deus nunca tenta
controlar-nos. Ele respeita o livre arbítrio que deu a cada
um de nós, embora nós sejamos responsáveis pela forma
como usamos essa liberdade.
Há três formas através das quais o desejo de controlar os
outros é exprimido: manipulação, intimidação e domínio.
O objectivo é dominar. As pessoas que reconhecem ser
mais fracas do que aquelas a quem tentam controlar tendem
a manipular; aquelas que se sentem mais fortes tendem
a intimidar. Mas o objectivo final é o mesmo: dominar,
ou seja, controlar as outras pessoas e fazer com que elas
façam o que nós queremos.
Há muitas relações familiares que retratam esta
situação. Os maridos intimidam as suas mulheres através
de ataques de cólera ou mesmo de violência. As mulheres
manipulam os maridos através das suas lágrimas e
sentimentos de mágoa, e muitas vezes fazendo-os sentir-se
culpados por causa das suas falhas. Os pais intimidam os
filhos frequentemente; mas, por sua vez, os filhos podem
tornar-se peritos em manipular os seus pais.

163
Uma das principais ferramentas da manipulação é
a culpa. Uma mãe é capaz de dizer ao filho, “Querido,
se gostas da Mãe, vai lá ao café comprar um maço de
cigarros”. Como é que isto afecta a criança? Ele vai sentir-
se culpado se não fizer aquilo que a Mãe lhe pediu. A sua
atitude será tomada como um sinal de que ele não gosta
dela. Esta não é a forma correcta de tratar uma criança.
Por sua vez, uma criança pode manipular a sua mãe.
Enquanto ela recebe visitas, o filho vem e pede-lhe para
ver um programa de televisão que ele não pode ver. Ele
sabe que a sua Mãe tem muito cuidado para o proteger
de influências negativas, mas calcula que ela irá preferir
fazer-lhe a vontade, do que vê-lo a ter um ataque de mau
humor em frente das suas visitas, se lhe recusar o que ele
lhe pediu.
Assim que aprendermos a reconhecer o desejo de
controlar os outros como uma força maligna e negativa,
iremos vê-la a operar em muitas áreas diferentes.
Na religião pode acontecer no modo como o pregador
apela para a oferta: “Deus mostrou-me que há dez pessoas
aqui esta noite que irão dar dez mil dólares cada”. Ou então,
mostra imagens comoventes de crianças a morrer de fome
numa terra distante, e todo aquele que não responder ao
apelo é incitado a sentir-se culpado: “Talvez eu seja uma
dessas dez pessoas, ou então, se eu não der alguma coisa
para aquelas crianças é porque não tenho compaixão”.
Na política pode expressar-se no modo como, um
candidato apela subtilmente para preconceitos raciais com
o intuito de ganhar votos. Nos negócios aquela situação é
frequentemente expressa através da publicidade que seduz
as pessoas a querer aquilo que não precisam e a comprar
aquilo que não podem pagar. Em qualquer um dos casos é
algo maligno.

164
Quando reconhecemos que estes artifícios encobrem
a bruxaria, compreendemos que na nossa cultura contem­
porânea estamos a ser continuamente expostos à sua
pressão. Isto dá um novo significado à afirmação de Paulo
em 2 Coríntios 4:4 de que “o deus deste século cegou os
entendimentos dos incrédulos”.
Quando alguém cede repetidas vezes a qualquer
concupiscência da carne isso pode abrir caminho para, o
demónio correspondente entrar. Isto aplica-se a todas as
obras da carne registadas em Gálatas 5:19-2l. Uma pessoa
que cede regularmente à fornicação, ciúme ou inveja (para
nomear apenas três) irá provavelmente ser submetida à
influência do demónio correspondente.
Isto aplica-se da mesma forma à bruxaria. As pessoas
que usam habitualmente a manipulação ou a intimidação
para controlar outras pessoas irão ser submetidas a influência
de um demónio de bruxaria. Depois disso, deixarão de ser
capazes de se relacionar com alguém senão através dessas
tácticas. A partir dai, não será apenas a carne a operar, mas
um novo poder sobrenatural que pode fazer com que a(s)
pessoa(s) controlada(s) entre(m) numa condição espiritual
de escravidão.
Já tive oportunidade de ver este poder demoníaco a
operar entre mãe e filha. Uma mãe pode decidir que a sua
filha deve casar com um homem de um determinado estatuto
social ou raça. Mas, se o homem que a filha escolher não
for de encontro aos critérios da mãe, o espírito de bruxaria
da mãe irá, fazer com que ela reaja de tal maneira que, na
verdade, ela estará a lançar uma maldição sobre a sua filha
e o seu talvez futuro genro, a maldição pode adquirir uma
forma verbal: “Se te casares com esse homem nunca vais
ter o suficiente. Ele nunca vai poder providenciar para as
tuas necessidades”. Como resultado, o casal irá debater-se

165
continuamente com pressões e frustrações para as quais
não irão encontrar uma razão óbvia.
O demónio de bruxaria também pode operar em muitos
outros tipos de relacionamentos. Por vezes, um pastor tenta
controlar os membros da equipa com quem trabalha ou
mesmo toda a sua congregação. Um homem de negócios
pode intimidar aqueles que ele chefia. Um líder político
desvia a atenção do povo das suas necessidades iminentes
ao instigar o ódio contra uma nação “inimiga”.
Sempre que este tipo de relacionamento de controlo
existe entre duas pessoas, a pessoa que é controlada precisa
quase sempre de libertação de feitiçaria. Do mesmo modo,
a pessoa que exerce o controlo precisa de bruxaria. Mas
cada pessoa tem de reunir as condições para ser liberta.
Por um lado, a pessoa que exerce o controlo tem de se
arrepender e renunciar ao seu desejo de controlar. Por
outro, a pessoa que é controlada tem de se arrepender
por se submeter a esse controlo e tem de quebrar esse
relacionamento que os une.

A Saída
No capítulo 21 irei ensinar minuciosamente acerca
de como ser liberto, mas quero dizer neste ponto que,
aquelas pessoas que participaram em adoração satânica e
que exerceram o poder que Satanás lhes deu têm de estar
muito determinadas (tal como eu disse à mulher do Texas)
para que possam ser libertas. A batalha espiritual irá ser
provavelmente muito intensa.
Uma vez, a Lydia e eu fizemos parte de um grupo
pequeno, que estava a ministrar a uma jovem que nos
disse que já tinha sido uma sacerdotisa de Satanás, mas
que se tinha arrependido e desejava ser liberta. A uma
dada altura ela mostrou-nos o seu anel que simbolizava

166
o seu casamento com Satanás. Perante a nossa insistên­
cia, finalmente ela acabou por retirar o anel, mas aí, o
demónio forçou-a a engoli-lo! Um dos nossos obreiros,
um jovem, recebeu uma unção especial de fé, e orde-
nou à mulher para regurgitar o anel, o que ela fez ime­
diatamente. Então, o jovem pegou no anel e lançou-o
num lago perto dali.
A libertação daquela jovem foi consumada quando
ela fez uma confissão pública a um grupo de Cristãos,
e queimou todas as roupas que tinha usado enquanto
adorava a Satanás. Isto estava de acordo com a exortação
bíblica para “odiando até a túnica manchada da carne.”
(Judas 23).
No entanto, a experiência de libertação em si, não
representa o fim do conflito. Uma pessoa que fez um
compromisso consciente e incondicional com Satanás
continua a ser vista por ele como sua propriedade, a
ele submetida através de cativeiro eterno. Ele irá tentar
restabelecer o seu controle continuamente, usando todo o
tipo de demónios que ele comanda.
Deste modo, alguém que anteriormente tenha sido
vítima de Satanás irá precisar da ajuda, de um conjunto
de crentes empenhados para permanecerem com ele.
Necessita de aprender a resistir a todas as pressões,
afirmando e reafirmando continuamente as Escrituras que
garantam libertação e vitória. Nesta situação, Jesus é o
nosso exemplo. Sempre que Ele foi abordado por Satanás
com uma tentação, Ele contrapôs com uma resposta
suficiente: “Está escrito...” (Mateus 4:1-11). Satanás não
tem qualquer resposta para contrapor a Palavra escrita
de Deus.
Na sabedoria de Deus, este processo de resistir
continuamente a todas as pressões demoníacas, serve um

167
propósito positivo. Quando uma pessoa é escravizada
por Satanás, as paredes internas da sua personalidade são
arruinadas. Depois da libertação, para que possa manter a
liberdade, as paredes de protecção têm de ser reconstruídas.
A contínua e repetida afirmação das Escrituras apropriadas
reconstrói, gradualmente as paredes. Uma vez reerguidas,
as pressões satânicas irão diminuir gradualmente e irão
acabar por cessar. Satanás é demasiado esperto para enviar
as suas tropas para uma batalha que ele já sabe que não
pode ganhar.
Como é que as pessoas se podem proteger do engano?
Existe apenas uma porta (tal como eu expliquei no
capítulo anterior) que conduz ao Reino de Deus: Jesus,
que é “o caminho, a verdade e a vida” (João 14:6).
Aqueles que entram no reino do sobrenatural através,
de qualquer outra porta estão no reino das trevas, não do
da luz.
Temos de vigiar, tal como irei explicar no capítulo 16,
para não sermos enganados a seguir “outro Jesus” - um que
não corresponde com o Jesus que é retratado na Bíblia, e
que não nos vai conduzir a verdade.
Existe também apenas um padrão absoluto da
verdade. Em João 17:17, Jesus diz ao Pai, “a tua palavra
é a verdade”. Tudo aquilo que não está em harmonia
com a Bíblia é erro. Por esta razão, é importante que nós
estudemos as verdades e os princípios básicos da Bíblia,
para que estejamos sempre prontos a aplicar este ensino,
a tudo aquilo que reivindica a nossa confiança. Mas,
novamente, precisamos de vigiar. Nem todos aqueles que
citam a Escritura fluentemente são obedientes a ela. (Ver o
meu livro Protecção Contra o Engano).
Vamos passar à sexta questão mais colocada em relação
ao reino do demoníaco.

168
16 - Os Cristãos Podem Precisar de Libertação de
Demónios?

Esta sexta questão é a que me têm perguntado mais, do


que por qualquer outra. Muitas vezes ela é colocada num
tom de voz incrédulo, implicando que a resposta esperada
é: Não!
A uma dada altura houve uma publicação oficial de uma
das maiores denominações, que classificou de heréticos a
mim e ao Don Basbam, porque nós andávamos a expulsar
demónios de Cristãos. “O que é que nós devemos fazer?”,
perguntei ao Don, “Deixar as pessoas com demónios?”
A acusação feita contra nós era, obviamente, baseada, na
suposição de que os Cristãos nunca poderiam ter demónios
que precisassem de ser expulsos. (Mais tarde esta acusação
foi aparentemente esquecida, porque as igrejas que
pertenciam aquela denominação têm-me convidado desde
então a ministrar libertação).
Em mais de trinta anos nunca ouvi ou li uma apresentação
razoável fundamentada nas Escrituras sobre, a posição
doutrinal de que os Cristãos nunca poderão necessitar de
libertação de demónios. Aqueles que acreditam nisso, tal
como eu disse no capítulo 5, parecem considerá-lo tão
óbvio que nem sequer necessita de ser confirmado pela
Escritura. Mas, as implicações de uma tomada de posição
assim podem ser, no mínimo, surpreendentes.
Um jovem Cristão disse-me que o Irmão Jones, um
evangelista bem conhecido, tinha orado por ele e que ele
tinha sido liberto de um demónio de nicotina.
“Eu pensava que o Irmão Jones não acredita que um
Cristão possa ter um demónio”: respondi.
“Tem razão”, disse o rapaz. “Mas quando o Irmão
Jones orou por mim, ele não sabia que eu já era Cristão”.

169
Isto deixou-me a pensar.
Nesse caso, pensei para comigo, poderia parecer que os
que não são crentes têm uma vantagem “injusta” sobre os
Cristãos, porque eles podem receber oração de libertação
de um demónio. Mas assim que se tornam Cristãos, deixam
de poder receber!
O termo Cristão significa coisas diferentes para pessoas
diferentes. Antes de prosseguir, preciso de esclarecer o uso
que faço da palavra, irei basear a minha definição em João
1:11-13:

[Jesus] veio para o que era seu, e os seus não o


receberam. Mas a todos quantos o receberam, deu-lhes o
poder [literalmente, autoridade] de serem feitos filhos de
Deus, aos que crêem no seu nome; Os quais não nasceram
do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do
homem, mas de Deus.

Por Cristão quero dizer alguém, que se arrependeu dos


seus pecados e que, pela fé pessoal, recebeu Jesus como
Salvador e Senhor. Como resultado, esta pessoa nasceu de
Deus, ou seja, “nasceu de novo” (ver João 3:5-8).
Outra maneira de descrever um Cristão é: como alguém
que satisfez a condição para a salvação afirmada por Jesus
em Marcos l6:l5-l6:

E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho


a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas
quem não crer será condenado.

Esta pessoa ouviu e creu no Evangelho, foi baptizada


e por isso é salva. Será que uma pessoa assim pode vir a
necessitar de ser liberta de demónios?

170
Isso depende, em parte, do modo como a pessoa foi
levada à salvação ou ao novo nascimento. No ministério
de Filipe na Samaria, as pessoas receberam uma manifesta
libertação de demónios e mais tarde creram e foram
baptizadas nas águas (ver Actos 8:5-13). Seria razoável
assumir que a maior parte delas não precisava de mais
libertação.
No entanto, há aqui uma excepção digna de ser
registada. Simão, o feiticeiro, encontrava-se entre aqueles
que creram e foram baptizados. Contudo, mais tarde,
quando ele ofereceu dinheiro a Pedro pelo poder de
transmitir o Espírito Santo às pessoas, Pedro disse-lhe:

O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste


que o dom de Deus se alcança por dinheiro. Tu não tens
parte nem sorte nesta palavra, porque o teu coração não é
reto diante de Deus. (Actos 8:20-21)

Seria imprudente, assumir que Simão já não necessitava


de ser liberto de demónios, mesmo depois de ter crido e
sido baptizado.
Suponhamos, contudo, que Filipe tinha seguido um
padrão diferente de evangelismo - um que é comum nos
nossos dias. Suponhamos que ele pregara o Evangelho
às pessoas da Samaria e que depois, sem lidar com
os demónios, convidara as pessoas a virem à frente,
pronunciar uma oração, assinar um cartão de decisão
ou receber ensino de um conselheiro. Qual teria sido o
resultado? Eles teriam sido salvos ou nascidos de novo,
mas podiam ainda ter precisado de libertação de demónios
que estavam neles, antes de se terem tornado Cristãos.
Quero realçar que não estou a criticar este tipo de
evangelismo, Eu próprio já o pratiquei. Estou apenas

171
a mencionar que ele não produz necessariamente os
resultados que se seguiram ao ministério de Filipe na
Samaria. Ele deixa em aberto a possibilidade de que as
pessoas que respondem ao apelo ainda podem ter demónios
com os quais é preciso lidar. Isto não significa que eles
não são Cristãos; significa que alguns deles ainda podem
precisar de libertação.

O Que é que Acontece Quando se Nasce de Novo?


Assim, é necessário analisar com maior precisão o que é
que acontece quando uma pessoa é nascida de novo. O que
é que acontece no mínimo? E o que acontece no máximo?
Quando as pessoas recebem “o poder [ou literalmente, tal
como vimos acima, a autoridade] de serem feitos filhos
de Deus”, essa autoridade é eficaz apenas na proporção
em que é usada. Um professor pode ter autoridade, mas se
ele não a usar os seus alunos tornar-se-ão indisciplinados
e desordeiros. Se uma brigada da polícia não fizer uso da
sua autoridade, o crime irá continuar a proliferar.
O mesmo se passa com o novo nascimento. Creio que
o seu potencial e ilimitado, mas o seu desenvolvimento
depende do uso que cada crente faz da autoridade que lhe
é dada por Deus. Uma pessoa pode escolher o mínimo e
tornar-se apenas um respeitável membro da igreja. Outra
pessoa pode tentar alcançar o máximo e tornar-se um
conquistador de almas activo e dedicado, até mesmo ser
um pregador que alcança multidões, ou um intercessor
que alcança muitos para o Senhor em oração. A diferença
reside no grau com que cada pessoa faz uso da autoridade
que lhe é dada por Deus.
Uma das formas específicas de autoridade que é adquirida
com o novo nascimento é a autoridade para expulsar
demónios, tanto de nós próprios, como de outras pessoas.

172
Quando os discípulos disseram a Jesus, “Senhor, pelo teu
nome, até os demónios se nos sujeitam”, Ele respondeu:
Eis que vos dou poder para pisar serpentes e escorpiões, e
toda a força do inimigo,…” (Lucas 10:l7-l9). Contudo, esta
autoridade só é efectiva na medida em que nós fazemos uso
dela, por vezes os demónios saem automaticamente, mas
normalmente eles têm de ser expulsos.
Há duas circunstâncias diferentes nas quais um Cristão
pode ser confrontado com a necessidade de lidar com
demónios:

1. Já havia demónios nele antes de se tornar Cristão.


2. Demónios entraram nele depois de se ter tornado
Cristão.

Quando os Demónios já se Encontram na Pessoa


Vamos considerar em primeiro lugar o caso de uma
pessoa que já tem demónios quando procura a salvação.
Ainda não consegui encontrar uma passagem na Escritura
que sugira que os demónios irão sair automaticamente
nesse momento. De facto, o ministério de Filipe na Samaria
sugere o oposto. Se os demónios tivessem deixado as
pessoas automaticamente no momento em que elas creram
e foram baptizadas, porque é que Filipe teria gasto tempo
e energia a expulsá-los? Ele podia apenas ter baptizado os
novos crentes, o que teria eliminado os demónios.
Então, logicamente, se um evangelista não seguir
o padrão de Filipe pregando o Evangelho e expulsando
demónios, muitos irão crer e ser baptizados sem ser libertos
de demónios. Isto pode aplicar-se a muitos Cristãos de hoje.
Assim, vamos considerar o que é que acontece no geral
quando uma pessoa nasce de novo, sem fazer qualquer
referência específica a demónios. A Escritura não sugere

173
que os novos Cristãos ficam automaticamente isentos de
todas as consequências daquilo que lhes aconteceu antes de
se tornarem crentes. Vamos ter em consideração o seguinte:
uma mulher que sofre de sinusite crónica causada por
uma bactéria, Ela torna-se Cristã e a sinusite permanece.
A explicação natural é de que a sinusite ainda é causada
pela mesma bactéria. Ninguém tentaria contradizer esta
conclusão com razões de doutrina.
Vamos agora considerar um homem que sofre de
grandes problemas emocionais, causados por demónios.
O homem torna-se Cristão, mas os problemas continuam.
Há alguma razão nas Escrituras que nos faça questionar
se os seus problemas emocionais ainda são causados por
demónios? Um filho de pais alcoólicos, por exemplo, pode
ter sido exposto a demónios de raiva e medo. Se mais
tarde ele se tornar crente mas continuar sujeito a acessos
incontroláveis de raiva e de medo, a explicação óbvia é a
de que os demónios de raiva e medo ainda precisam de ser
expulsos.
O mesmo se aplica, àquelas pessoas que se expuseram
a demónios através do envolvimento com drogas, álcool,
imoralidade sexual ou com o oculto. Se, quando eles se
tornarem Cristãos, ainda estiverem sujeitos a algumas
forças malignas às quais se expuseram anteriormente, a
explicação é simples: eles precisam de ser libertos dos
demónios que causaram a sua sujeição.
Mas Deus seja louvado! Como Cristãos temos à
nossa disposição a autoridade de Jesus, e podemos lidar
com todas as formas de pressão demoníaca às quais nos
possamos ter exposto. No entanto, essa autoridade não é
eficaz até que seja exercida em fé activa.
A doutrina de que os Cristãos já não estão sujeitos a
qualquer actividade demoníaca pode conduzir a um de

174
dois resultados infelizes. Ou o crente cede às pressões
demoníacas fazendo um comentário do género “Não
consigo evitar; eu sou assim”. Ou então vai tentar suprimir
as pressões interiores, e dessa forma despender muita
energia espiritual, que poderia ser usada com fins mais
positivos. Em ambos os casos, a solução para essa pessoa,
tanto prática como bíblica, é tratar os demónios como
demónios que são, e usar a autoridade que lhe foi dada por
Deus para os expulsar.

Depois de tudo isto, temos de deixar sempre espaço


para a soberania de Deus. A minha própria experiência
de salvação é um caso a ter em conta. Tal como disse
anteriormente, eu estava profundamente embrenhado na
filosofia grega e envolvido com o yoga quando vim ao
Senhor. Durante a noite em que tive um encontro soberano
com Jesus Cristo, eu estava deitado de costas no chão do
quarto da minha caserna há mais de uma hora. Primeiro,
chorei convulsivamente; depois, uma onda de alegria
despertou dentro de mim e comecei a fluir em ondas de
riso.
Antes desta experiência, eu reconhecia que Jesus era
um grande ensinador, e um óptimo exemplo, mas não o
Filho de Deus. Contudo, na manhã seguinte soube, sem
qualquer processo intelectual, que Jesus é o Filho de
Deus. Anos mais tarde, depois de ter começado a ministrar
libertação a outras pessoas, apercebi-me de que naquela
noite eu tinha sido liberto de um demónio de yoga, o qual
me tinha impedido de ser capaz de crer em Jesus, como o
Filho de Deus.
Outras pessoas receberam libertação de um demónio de
nicotina ou de álcool ao orarem uma simples oração, sem
saberem que os demónios existem. Mais uma vez, um filho

175
de pais Cristãos tementes a Deus pode receber a salvação
muito novo sem nunca ter sido exposto a demónios.
No entanto, não possuímos qualquer base da Escritura
que nos faça assumir que esta liberdade é conseguida
automaticamente. Sempre que encontramos demónios,
a resposta das Escrituras é expulsá-los, exercendo a
autoridade que Cristo nos deu.

Quando os Demónios Entram na Pessoa Posterior­


mente
Chegámos agora à segunda questão: Os demónios
podem entrar numa pessoa depois dela se ter tornado
Cristã?
Seria inocente da nossa parte assumir, que ser nascido de
novo significa, que nunca mais estaremos sujeitos a pressão
demoníaca. Pelo contrário, é mais provável que Satanás
aumente as suas pressões contra nós quando nos tornamos
Cristãos, especialmente, se representarmos uma perigosa
ameaça ao seu reino. E isto é ainda mais real, para aqueles
cujo modo de vida anteriormente se sujeitava a ele.
Ao termos em consideração, algumas passagens
relevantes do Novo Testamento, precisamos de recordar
que todas as epístolas foram especificamente dirigidas a
Cristãos, e não a não crentes. As promessas e os avisos
aplicam-se, do mesmo modo, aos Cristãos. Seria ilógico
reclamar as promessas para nós próprios, mas aplicar os
avisos a descrentes. Para além disso, devemo-nos lembrar
de que não temos o direito de reclamar qualquer promessa,
a não ser que tenhamos satisfeito as condições específicas
requeridas.
Há muitos avisos feitos a Cristãos, para que permaneçam
em alerta contra os ataques de Satanás. Pedro, ao falar
especificamente com Cristãos, diz:

176
Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário,
anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem
possa tragar; Ao qual resisti firmes na fé, sabendo que as
mesmas aflições se cumprem entre os vossos irmãos no
mundo.
1Pedro 5:8-9

Há duas partes distantes na admoestação de Pedro.


Primeiro, devemos ter domínio próprio e ser vigilantes. De
outra, forma não iremos detectar a presença, ou actividade
de demónios. Segundo, devemos resistir a pressões
demoníacas, tomando uma posição firme contra elas. Se
obedecermos a estas instruções seremos vitoriosos, mas
se não tivermos domínio próprio e não formos vigilantes,
não iremos saber reconhecer e resistir aos nossos inimigos.
Então, eles irão invadir-nos e tentar destruir-nos. O maior
erro que podemos cometer, é agir como se não houvesse
perigo.
Certas passagens no Novo Testamento avisam-
nos, explicitamente, contra o perigo de nos expormos
a demónios. Uma das ferramentas que Satanás usa
regularmente, para atingir este objectivo é o engano. Em 1
Timóteo 4:1 o aviso de Paulo é urgente:

Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos


tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos
enganadores, e a doutrinas de demônios;

Paulo fala acerca de pessoas que, ao cederem à


influência de demónios, “apostatarão da fé”. É óbvio que
não poderiam apostatar da fé se anteriormente, não tivessem
permanecido na fé. Enquanto Cristãos, aparentemente
eles tinham-se exposto a demónios enganadores, e conse­

177
quentemente tinham-se afastado da sua fé em Cristo. A
nossa única protecção é permanecermos vigilantes a toda a
hora e rejeitar resolutamente todas as pressões demoníacas
e enganos que vêm contra nós.
Paulo dá um aviso semelhante aos Cristãos de Corinto,
ainda que algumas pessoas hoje em dia ensinem, que os
Cristãos devem ser libertos de todo o medo do engano.
É óbvio que Paulo não tinha recebido esse tipo de
ensinamento! Ao falar para Cristãos que eram o fruto do
seu próprio ministério, ele escreve:

Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva


com a sua astúcia, assim também sejam de alguma
sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da
simplicidade que há em Cristo.
2 Coríntios 11: 3

No versículo seguinte, Paulo faz avisos contra qualquer


falso ensinador que possa surgir:

Porque, se alguém for pregar-vos outro Jesus que nós


não temos pregado, ou se recebeis outro espírito que não
recebestes, ou outro evangelho que não abraçastes, com
razão o sofrereis. (versículo 4)

Há três partes neste aviso de Paulo. Em primeiro lugar,


o enganador prega “outro Jesus”. Segundo, aqueles que
aceitam esta mensagem enganosa “recebem outro espírito”
que não o que haviam recebido antes. Terceiro, abraçam
“outro evangelho” que não o primeiro.
Estes Cristãos haviam recebido o Espírito Santo
através do ministério de Paulo. Por isso, quando ele se
referiu a “outro espírito” que não haviam recebido, ele

178
estava a referir-se a um espírito que não era santo, ou seja,
um demónio enganador.
Eis então um exemplo nítido de como os Cristãos que
nasceram de novo e receberam o Espírito Santo, podem ser
tentados a receber um espírito falso - um demónio. O que é
que poderia abrir as portas para esse demónio? Sem dúvida,
aceitar uma mensagem que apresenta “outro Jesus”. Esta
é a raiz do problema, assim que os Cristãos colocam a sua
fé “noutro Jesus” recebem “outro espírito” - isto é, um
demónio - e começam a crer “noutro evangelho”.
Deste modo, é lógico perguntar se hoje em dia há
ensinadores na Igreja que pregam “outro Jesus”. A resposta
é um Sim enfático!
Há, por exemplo, um “Jesus” que é famoso em alguns
países da América do Sul. Ele é encarado como um
revolucionário Marxista, defendendo a causa dos pobres e
preparado para organizar uma revolução armada contra os
capitalistas.
Há outro “Jesus” que é famoso nas esferas da Nova
Era. É um gurú do oriente que combina a mensagem do
Evangelho com os ensinamentos esotéricos do Hinduísmo e
do Budismo. Mas o Jesus bíblico, que é Criador de todas as
coisas e Juiz de todos os homens, nunca é apresentado.
Depois, há um “Jesus” que apela aos que se inclinam
mais para o humanismo. Ele fala constantemente acerca de
amor e perdão, mas nunca menciona nem o inferno nem o
arrependimento. Jesus é apresentado apenas como Salvador e
nunca como juiz, e nunca há lugar para a parábola sobre o rico
homem que encerra com estas palavras: “E quanto àqueles
meus inimigos que não quiseram que eu reinasse sobre eles,
trazei-os aqui, e matai-os diante de mim..” (luke 19:27)
Também existe a versão tipo “Pai Natal”, em que Jesus
diz às pessoas que só têm de crer e receberão tudo aquilo que

179
pedirem, desde o emprego mais bem pago até ao carro muito
caro, passando pela casa com uma piscina. Mas também este,
tal como o “Jesus” humanista, nunca menciona o inferno,
nem exige arrependimento ou santidade.
Tragicamente, muitos Cristãos contemporâneos estão a
ser seduzidos a aceitar um “Jesus” falso e não bíblico, que
corresponde a qualquer uma daquelas formas. Ao aceitarem
“outro Jesus” estão a receber “outro espírito”, ou seja, um
demónio. Este não é um assunto teórico ou doutrinário que
mereça uma discussão abstracta. É uma questão de vida ou
morte eterna, em relação à qual os verdadeiros ministros de
Cristo são obrigados a avisar o povo de Deus.
Os Cristãos são vulneráveis a este tipo de engano,
em parte devido a uma ênfase doutrinária errada em
muitas das pregações contemporâneas. Isto realça despro­
porcionadamente certas experiências momentâneas, mas,
nunca ensina as pessoas sobre as mudanças que têm de
ocorrer no seu modo de vida, as quais por si só podem
validar essas experiências.

A Necessidade de Obediência Contínua


Nascer de novo é uma experiência maravilhosa, talvez
a mais importante que pode acontecer na vida de uma
pessoa. Mas é apenas um nascimento; o seu valor reside na
nova vida para a qual, Ele é a porta de entrada. Os Cristãos
que não progridem na sua experiência são como crianças,
cujos pais continuam a celebrar os seus aniversários
sem nunca os equipar com o sustento e treino, que eles
necessitam para virem a ser adultos responsáveis.
Outros Cristãos dão destaque ao baptismo no Espírito
Santo, mas não deixam espaço para o trabalho contínuo
do Espírito nas suas vidas. Jesus disse que quando um
crente recebesse o Espírito “rios de água viva” fluiriam

180
da sua vida (João 7:38-39). No entanto, alguns Cristãos
nunca recebem mais do que uma “poça”, ou, na melhor das
hipóteses, um lago. Não há o fluir contínuo do Espírito no
seu dia-a-dia.
De novo, alguns Cristãos dão pouca importância à
necessidade de uma vida de obediência e santidade contí­
nuas. Contudo, Jesus desafiou as pessoas do seu tempo com
a seguinte questão: “E porque me chamais, Senhor, Senhor,
e não fazeis o que eu digo?” (Lucas 6:46). Chamar Jesus de
“Senhor” sem Lhe obedecer é hipocrisia, e, não providencia
qualquer protecção contra os ataques de Satanás.
Alguns Cristãos afirmam, que estão automaticamente
protegidos de todo o ataque demoníaco através do sangue
de Jesus. De facto, Deus dá-nos protecção total através do
sangue, no entanto, mais uma vez esta dádiva depende do
nosso cumprimento dos Seus requisitos.
O apóstolo Pedro diz-nos que somos:

Eleitos segundo a presciência de Deus Pai,…, para a


obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo...
(1 Pedro 1:2)

Um modo de vida obediente é, o requisito para ser


protegido pelo sangue de Jesus. O Seu sangue não é
aspergido naqueles que persistem na desobediência. Isto
é exemplificado através do registo da primeira Páscoa no
Egipto, quando Moisés disse aos israelitas:

Então tomai um molho de hissopo, e molhai-o no sangue


que estiver na bacia, e passai-o na verga da porta, e em
ambas as ombreiras, do sangue que estiver na bacia; porém
nenhum de vós saia da porta da sua casa até à manhã.
Êxodo 12:22

181
Os israelitas estavam protegidos não por serem
Israelitas, mas porque obedeceram às instruções de Deus
em relação ao sangue, e permaneceram dentro das suas
casas. Eles estavam do lado certo: do lado do sangue. Se o
filho varão tivesse saído das suas casas, eles teriam sofrido
o mesmo destino que os Egípcios.

O mesmo se aplica a nós Cristãos, a nossa protecção


contra Satanás não depende apenas, do facto de que somos
Cristãos, mas de obedecermos às direcções de Deus. O
sangue, tal como já afirmei, não protege aqueles que
permanecem na desobediência.
O apóstolo João afirma de um modo maravilhoso o
poder do sangue de Jesus, para lidar com o pecado das
nossas vidas: “Mas se andarmos na luz, como ele na luz
está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de
Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado” (1
João 1:7).
Há aqui alguns pontos importantes que devemos ter
em conta. Primeiro, a palavra do início da frase se indica
que há uma condição que tem de ser preenchida. Se a
condição não é preenchida, os resultados prometidos já
não se podem aplicar. A condição é se andarmos na luz.
As duas consequências são: temos comunhão uns com os
outros e o sangue de Jesus Cristo… nos purifica de todo
o pecado.
Segundo, todos os verbos indicam uma continuidade
no presente: “Se andarmos continuamente... temos comu­
nhão continuamente... o sangue nos purifica continua­
mente...”João não está a falar de uma experiência acabada
que não necessita de ser repetida. O facto de termos
preenchido todos os requisito ontem não significa que
estamos a preenchê-los hoje. Tal como com o padrão da

182
Páscoa, Deus requer uma obediência a cada momento para
que possamos ter a protecção do sangue.
Também temos de verificar que, o primeiro resultado
de andarmos na luz é o facto de que temos comunhão com
os nossos irmãos crentes. Se negligenciarmos isto já não
estamos a andar na luz. E se não estamos na luz então, o
sangue de Jesus já não nos está a purificar. O sangue não
nos purifica enquanto andarmos nas trevas.
Ainda que possa parecer estranho, as pressões demo­
níacas que Satanás dirige contra nós podem na verdade
operar para nosso bem. Elas podem relembrar-nos a nossa
necessidade, de caminharmos em obediência a Deus a
cada momento. Talvez esta seja uma razão pela qual Deus
permite esses acontecimentos.

Um Homem que Amava Jesus


O testemunho que se segue, pertencente a um
funcionário de um hospital psiquiátrico dos E.U.A, ilustra
bem a misericórdia de Deus ao providenciar o ministério
de libertação:

Uma das questões mais controversas dentro do movimento


carismático de hoje é a de saber se um Cristão pode ser
possuído por um demónio. Eu tinha recebido recentemente
ensino acerca de demónios e libertação, quando comecei a
trabalhar num grande hospital psiquiátrico do estado. Um
dos meus primeiros pacientes foi um homem inteligente, de
trinta anos, que tinha passado mais de dez anos da sua vida
em alguns dos melhores centros de tratamento do país.
A manifestação exterior da sua doença era um com­
portamento incontrolável de atirar a cabeça contra as
paredes e objectos cortantes, magoando-se por vezes com
gravidade. Este comportamento ocorria independentemente

183
do tratamento ou do seu estado de espírito. O problema
tornou-se tão sério que lhe colocaram um capacete na
cabeça, ataram-no à cama e pregaram a cama ao chão no
centro do seu quarto.
Este jovem era bem-parecido, conhecido e querido
de todo o pessoal do hospital. O trágico da sua história,
e aquilo que me desconcertava, era o seu amor por Jesus
Cristo. Era Cristão, professava a Cristo abertamente,
e chorava de alegria quando passávamos algum tempo
juntos a louvar, a orar e a compartilhar a Palavra. No
entanto, durante várias semanas não me pude aperceber
de que, depois de eu ter quebrado a nossa comunhão, ele
ficava num estado de raiva, chamando-me nomes profanos
e tentando desesperadamente magoar-se a si mesmo.
Após estes relatos, receei pela sua segurança e deixei
de o visitar contando com Deus, para responder à minha
oração pela sua recuperação. Contudo, o homem ficou
tão abatido com a minha ausência que me senti impelido
a voltar. Ao abrir a minha Bíblia para compartilhar com
ele, de repente o Espírito moveu-se em mim para ordenar
ao demónio que saísse. Embora as palavras que eu falei
tenham sido quase inaudíveis, a reacção foi imediata.
Eu nunca tinha visto um ranger de dentes assim, gritos
profanos contra Cristo, e expressões faciais malignas. E
para além disso, embora estivesse bem amarrado à cama, o
seu corpo ficou rígido e elevou-se mais de trinta centímetros
acima da cama, ficando suspenso no ar. A mudança no
paciente tinha sido tão repentina e violenta que fiquei com
medo. Apressei-me a sair do quarto, esperando que isso
acalmasse a sua reacção violenta.
Passaram alguns momentos até que eu me apercebesse da
relação entre as palavras que eu tinha proferido ordenando
ao demónio para sair, e a reacção violenta. O Espírito

184
Santo apressou-me a regressar. Desta vez a manifestação
demoníaca não me assustou. Ordenei ao demónio para sair
no nome de Jesus, lembrando-o de Marcos 16:17. Embora
ele se continuasse a manifestar regressei ao meu gabinete
com a confiança de Cristo.
Desde esse dia que este homem foi completamente
liberto daquele demónio e da sua manifestação violenta.
Para além disso, ele pegou na sua Bíblia e foi pelo hospital
fora dirigindo-se aos funcionários e aos doentes, louvando
a Deus pela sua “libertação do demónio”. Investigações
posteriores do hospital atestaram a libertação miraculosa.

De facto, não foram as minhas orações, a nossa


comunhão ou o partilhar da Palavra que trouxeram
restauração à vida daquele Cristão, mas a expulsão de um
demónio, de acordo com Marcos 16:17.

17. Habitará O Espírito Santo num Vaso Impuro?

Os Cristãos que colocam esta pergunta, tal como aqueles


que perguntam se os crentes podem alguma vez precisar de
ser libertos de demónios, normalmente sugerem pelo seu
tom de voz que a resposta tem de ser obviamente Não!
No entanto, ao contrário daquilo que muitas pessoas
pensam, a resposta a esta sétima e última pergunta é Sim!
O Espírito Santo habitará num vaso que não está totalmente
puro, desde que Lhe tenha sido concedido o acesso à zona
central e de controlo da personalidade humana: O Coração.
O Rei David é um óptimo exemplo deste facto. De
acordo com o registo de 2 Samuel 11, David era culpado
dos pecados de adultério e homicídio. Primeiro, cometeu
adultério com Bate-Seba; depois, tentou assassinar o marido

185
de Bate-Seba, Urias. David foi, sem dúvida, grandemente
desonrado por estes dois pecados. No entanto, quando
Natã, o profeta, o confrontou com os seus pecados, ele
arrependeu-se. Mais tarde, com uma amarga angústia, orou
ao Senhor:

Não me lances fora da tua presença, e não retires de


mim o teu Espírito Santo. Torna a dar-me a alegria da tua
salvação, e sustém-me com um espírito voluntário.
(Salmo 51:11-12)

As palavras proferidas por David na sua oração são


significativas. Ele pediu a Deus para tornar a dar-lhe a
alegria da sua salvação, mas não para tornar a dar-lhe
o Espírito Santo. Em vez disso, ele pediu a Deus para
não retirar o Seu Espírito Santo. David tinha perdido
a alegria da salvação e orou para que ela lhe fosse
restaurada, mas ele nunca perdera a presença do Espírito
Santo. Por mais espantoso que possa parecer, o Espírito
Santo permanecera nele apesar dos pecados que ele
cometera.
Devido ao facto de que Deus não tinha retirado o Seu
Espírito Santo, David ainda se pôde arrepender. Ele não se
poderia ter arrependido sem a exortação do Espírito Santo.
Por outro lado, se David tivesse rejeitado o incitamento do
Espírito Santo, é quase certo que Deus lhe teria retirado
o Espírito.
Esta é uma evidência clara e bíblica de que, em certos
casos, o Espírito Santo pode habitar num vaso impuro.
Todos os Cristãos nascidos de novo e cheios do Espírito,
devem agradecer a Deus por esta demonstração da Sua
misericórdia e graça. Sem ela, somente alguns de nós, é que
teriam a esperança de que o Espírito Santo permanecesse

186
em nós. Tal como Jesus deixou claro em Marcos 7:21-23, o
adultério e o homicídio não são os únicos pecados que nos
contaminam:

Porque do interior do coração dos homens saem os maus


pensamentos, os adultérios, as prostituições, os homicídios,
Os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução,
a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Todos estes
males procedem de dentro e contaminam o homem.

Vamos concentrar-nos durante alguns momentos, em


cinco dos pecados da lista de Jesus: maus pensamentos,
avareza, engano, soberba e loucura. Há mais de cinquenta
anos que estou ligado a Cristãos, e não consigo pensar num
só, que eu pudesse nomear e dizer com confiança: “Esta
pessoa nunca foi culpada de nenhum destes pecados”. O
mesmo se aplica a mim próprio.
Ainda assim, na Sua misericórdia, Deus não retira
o Seu Espírito Santo de nós. Ele continua a habitar em
nós, apesar de estarmos contaminados, mas ao mesmo
tempo Ele contende connosco, constantemente para que
nos arrependamos. Estou grato pelo facto de o Novo
Testamento não descrever, um conjunto de conceitos e
valores, idealista e irrealista dos Cristãos!

A Luta Contínua Contra o Pecado


Paulo desafiou os Cristãos para levarem uma vida de
separação e santidade:

Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor;


E não toqueis nada imundo, E eu vos receberei; E eu serei
para vós Pai, E vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o
Senhor Todo-Poderoso. 2 Coríntios 6:l7-l8

187
Mas Paulo continua imediatamente a seguir:

Ora, amados, pois que temos tais promessas, purifi­


quemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito,
aperfeiçoando a santificação no temor de Deus.
(2 Coríntios 7:1)

Paulo disse, “purifiquemo-nos”. Deus não vai fazer a purifi­


cação por nós, temos a responsabilidade de fazê-la nós próprios.
Temos de usar os meios da graça que Ele providen­ciou:
confessar os nossos pecados, arrependermo-nos e preencher
as condições de Deus para o perdão e a purificação.
Devemos também reflectir nas palavras de Paulo
“purifiquemo-nos”. Apesar de ser um grande apóstolo, ele
incluiu-se a si próprio, no grupo daqueles que necessitavam
de ser purificados. Ainda assim, o Espírito Santo continuou a
habitar em Paulo e nos Cristãos, a quem ele se dirigia, apesar
de não estarem completamente puros.
Paulo foi firme em relação ao nível de santidade de Deus,
mas deixou igualmente claro, que ele próprio ainda não tinha
atingido esse nível. Em Filipenses 3:12-15, descreveu a sua
busca pessoal por santidade:

Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas


prossigo para alcançar aquilo para o que fui também preso
por Cristo Jesus. Irmãos, quanto a mim, não julgo que o
haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-
me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que
estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da
soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.

Não podemos fazer melhor do que seguir o exemplo


de Paulo: reconhecer a nossa necessidade de sermos

188
purificados, virmos perante Deus para a alcançar e depois
prosseguirmos para atingir o nível que Deus fixou para
nós.
Devo realçar que não tenho qualquer intenção de
baixar o nível de santidade fixado por Deus. Esse nível
está estabelecido para sempre e é imutável, mas temos de
ser honestos e realistas acerca do nível, que a maior parte
de nós conseguiu atingir em relação ao nível de Deus.
O tipo de ensino que afirma que todas as áreas da vida
de uma pessoa têm de estar completamente puras, para
que o Espírito Santo possa habitar nessa pessoa, pode
produzir uma de duas consequências indesejáveis. Pode
dissuadir alguns crentes de buscarem o derramamento
do Espírito Santo, uma vez que dizem para si mesmos,
“nunca serei capaz de atingir esse nível”. Ou então, este
tipo de ensino pode pressionar outras pessoas que tenham
recebido o baptismo do Espírito Santo, a entrar numa
espécie de hipocrisia de auto justiça. Começam a pensar
mais ou menos assim: “Eu devo ter sido perfeito para
poder ter recebido o Espírito Santo, por isso agora tenho
de continuar a ser perfeito a todo o momento”
O resultado é um estilo de vida Cristão fingido. Essas
pessoas perdem ainda o controle do seu temperamento,
mas chamam-lhe indignação justa. Criticam ainda, o
seu pastor ou os seus irmãos Cristãos, mas chamam-lhe
discernimento. Entregam-se a aos seus apetites físicos, mas
justificam-nos dizendo: “Todas as coisas são lícitas!”.

Temos de nos lembrar que o Espírito Santo é também o


Espírito de verdade. Ele alegra-se quando somos honestos
acerca de nós mesmos, ainda que isso magoe o nosso
orgulho. Por outro lado, Ele entristece-se quando nos
escondemos por trás de uma fachada religiosa.

189
Neste momento pode perguntar: “Está a querer dizer
que Deus não requer nada daqueles que recebem o Espírito
Santo? Claro que não! Mas precisamos de ter a certeza de
que sabemos que requisitos são esses.

O Requisito Divino
No livro de Actos, podemos ver um precedente
divino: a experiência dos gentios na casa de Cornélio,
os quais receberam o Espírito Santo quando Pedro os
visitou (ver Actos 10:24-48). Estes não eram judeus que
procuravam seguir a lei de Moisés, eram gentios. E aquela
foi, provavelmente, a primeira vez que qualquer um deles
ouviu o Evangelho; apesar disso, o Espírito Santo caíu
sobre eles e começaram a falar em línguas. Seria irrealista
pensar que todas as áreas das suas vidas tinham sido
alinhadas segundo o padrão de Deus, apenas através desta
experiência, ou que tivessem sido completamente libertos
da contaminação do seu passado de gentios. Mesmo assim,
Pedro ordenou que eles fossem baptizados, reconhecendo
desse modo o seu direito a se tornarem membros da Igreja
de Cristo. Mais tarde, falando acerca desta experiência,
Pedro disse:

E não fez diferença alguma entre eles e nós, purificando


os seus corações pela fé. (Actos 15:9)

Aqui está, uma vez mais, o requisito essencial para


receber o espírito Santo: um Coração purificado pela fé.
Salomão aconselha-nos:

Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu cora­


ção, porque dele procedem as fontes da vida.
(Provérbios 4:23)

190
Tudo o que fazemos e o modo como vivemos procedem
de uma fonte: o coração. É característica da natureza
prática de Deus o facto, dos seus propósitos redentores
começarem com o coração. Assim que Ele purifica o
coração, ele começa a trabalhar a partir daí através da Sua
graça santificadora, até trazer toda a personalidade sob o
controle do Seu Espírito.
Será que isto acontece imediatamente? Vamos pres­
tar atenção a Hebreus 10:14: “Porque com uma só
oblação[sacrifício] aperfeiçoou[Jesus] para sempre os que
são santificados..”. O autor usa o pretérito perfeito para
descrever o sacrifício de Jesus: Ele aperfeiçoou. É
algo concluído e completo para sempre; não é necessá­
rio acrescentar-lhe nada, e nunca se poderá retirar-lhe
nada.
Por sua vez, ao descrever o processo de santificação,
o autor emprega um tempo progressivo: Estão sendo san­
tificados. Tornar-se santo é uma apropriação progressiva,
daquilo que já foi posto à nossa disposição atra­vés do
sacrifício de Jesus. Neste processo, o Espírito Santo é o
nosso Ajudador (tal como o Seu título in­dica).
O Espírito Santo é realista em relação às nossas falhas.
De um modo amável, Ele chama-nos a atenção para os
nossos erros e pecados, e ajuda-nos a mudar. Por vezes,
Ele pode confrontar-nos de uma maneira poderosa, mas
Ele nunca nos condena.
Este realismo, acerca da luta contínua dos Cristãos
contra o pecado é apresentado com firmeza no Novo
Testamento. Em Hebreus 3:13, o escritor diz: “Antes,
exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo
que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça
pelo engano do pecado;” Em Hebreus 12:1, o autor fala
novamente acerca do “o pecado que tão de perto nos

191
rodeia”. E no versículo 4, diz: “Ainda não resististes até o
sangue, combatendo contra o pecado”.
A luta contra o pecado faz-se entre a vida e a morte.
Não é vergonhoso admitir que o pecado ainda opera nas
nossas vidas. Muito pelo contrário, o grande perigo reside
na nossa recusa em admiti-lo, o que nos deixa vulneráveis
perante as tentações quando elas vêm.
Se o Espírito Santo tivesse de esperar até sermos,
aperfeiçoados para poder habitar em nós, seria como
um professor que diz para os seus alunos: “Só começo a
ensinar-vos quando tiverem passado nos exames”. Os seus
alunos responderiam: mas, professor, não é isso que nós
precisamos! Nós precisamos que o professor nos comece a
ensinar agora, para que aprendamos o que temos de saber
para passar nos exames”.
Nós precisamos do Espírito Santo agora para que a
Sua ajuda esteja continuamente disponível, para podermos
triunfar sobre o poder do mal e alcançar o nível de santidade
requerido por Deus. Lidar com demónios é uma área
específica na qual precisamos da ajuda do Espírito Santo.
Ele não retém a Sua ajuda se discernir que há demónios
em nós. Pelo contrário, Ele vê a nossa necessidade mais
nitidamente do que nós, e dá-nos o poder para os expulsar.
Por causa da Sua compaixão por nós, Ele está disposto a
fazer de nós a Sua morada, e a trabalhar connosco para
estabelecermos a vitória de Cristo, sobre todo o poder do
inimigo. O nosso progresso depende do nosso grau de
cooperação com O Espírito Santo, que está em nós.
Quero realçar novamente que, o Espírito Santo não
vem habitar em nós porque já somos perfeitos; Ele vem
ajudar-nos para que nos tornemos perfeitos.
Certo é que O Espírito Santo não nos vai ajudar na nossa
luta contra os demónios, se pretendermos continuar a viver

192
em pecado. Mas, se reconhecermos os nossos pecados e
nos arrependermos com sinceridade, Ele vai lutar connosco
contra os demónios que nos escravizam. Com a Sua ajuda,
vamos ser capazes de expulsá-los e ser libertos.

Purificando o Vaso
No testemunho que se segue, uma participante de um
congresso em Washington, fala sinceramente das suas
lutas pessoais:

Fui baptizada no Espírito há cerca de sete anos atrás.


No final de Junho do ano passado, recebi cura instantânea
de uma surdez nervosa numa igreja em Washington. Mais
tarde, em Agosto, o meu médico confirmou que eu tinha
sido curada de quistos e tumores no peito.
Eu liderava a equipa de trabalho de um membro do
Congresso e, enquanto ele se tinha mostrado entusiasmado
com a minha experiência de cura, o meu testemunho foi mal
recebido nos círculos políticos em que eu me movimentava.
Deixei o emprego em Setembro e passei os meses seguintes
a descansar e a passar tempo com o Senhor.
Depois, a meio de Dezembro fiquei deprimida e
abatida. A primeira semana de Janeiro foi horrível! Um
dia perdi o controlo sobre o meu temperamento. Estava
completamente sozinha, e aquilo relacionava-se com um
assunto banal. Apercebi-me instantaneamente do pecado
que tinha cometido: ira. Ao tentar orar por perdão, senti-
me a sufocar… não por causa da emoção, mas devido a
uma pressão nítida sobre a minha garganta, uma força
física muito real.
Um amigo sugeriu que talvez eu precisasse de ser
liberta. Então, comprei as suas cassetes acerca de
libertação e demonologia.

193
Eu sempre me afastei de tudo o que estivesse
relacionado com espíritos, demónios, fantasmas e tudo
mais, acreditando que se não me metesse com eles, eles
também não me chateariam. Eu Não queria ter nada a
ver com espíritos e demónios! Ainda assim, ouvi as suas
cassetes sobre libertação. A minha Bíblia estava em
cima da mesa e fui seguindo as passagens da Escritura
mencionadas na cassete. Quando cheguei ao fim, à medida
que dava instruções aos seus alunos, resolvi seguir e fazer
o mesmo. Depois, o Derek começou a orar por libertação,
mas a cassete parou de repente e a última coisa que disse
na cassete foi: “Lembre-se, Jesus é o seu Libertador”.
Não sabia o que pensar ou o que fazer. Então, na
minha oração ao Senhor disse que não sabia o que fazer
mas que, uma vez que Ele era o meu Libertador eu estava
a entregar-me completamente a Ele. Nomeei aquelas
coisas que não são do Senhor que eu senti que eram más e
pecaminosas, as quais eu não queria que fizessem parte de
mim: ressentimento, falta de perdão, dúvidas, ansiedades,
medos, etc.
Tal como já afirmei, não sabia o que pensar. Daí a alguns
minutos, não mais do que dois ou três, comecei a respirar
com dificuldade e a engasgar-me desesperadamente.
Após dez minutos, senti que a minha região abdominal
nunca mais seria a mesma! Mas não senti, nem acreditei
que estivesse completamente liberta. Depois, perguntei
aos demónios ou espíritos quais eram os seus nomes, e
ordenei-lhes que saíssem, o que não aconteceu. Porquê?
Não sei.
Então, pedi ao Senhor para me dizer se havia mais
demónios e quais eram os seus nomes, para que eu
pudesse pedir libertação deles. O primeiro era suicídio,
e a sua força era terrível. Senti-o em todo o lado, até ao

194
cimo da minha cabeça. Senti algum alívio, mas não foi um
alívio total. Pedi ao Senhor para me dizer se havia mais e
soube que ainda havia um espírito de surdez. A libertação
daquele foi fantástica! Durou mais tempo do que qualquer
outro, e a força empurrou o meu abdómen para as minhas
costas, e senti fisicamente a violência do meu estômago
a ser arrancado, senti também pressão sobre a minha
cabeça.
Estou completamente liberta, e desde então tenho
conhecido uma paz maravilhosa.

195
4ª Parte

Como Reconhecer e Expulsar Demónios


O objectivo desta 4ª parte do livro, é dar instruções
práticas sobre como reconhecer e lidar com demónios. Não
é minha intenção que esta parte seja um guia “saiba como
fazer”, nem sequer um conjunto de regras para seguir.
Creio não ser possível elaborar um guia ou um conjunto
de regras que suprem todas as necessidades.(Tenho noção
que não conseguiria!)
Em lugar de um guia, quando lidamos com demónios,
precisamos de seguir o padrão de Jesus, que disse: “Eu
expulso demónios pelo Espírito de Deus”(Mateus 12:28);
Jesus dependia do Espírito Santo para ter discernimento,
direcção e poder. Só podemos ser eficazes quando estiver­
mos dependentes do Espírito Santo do modo como Jesus
esteve.
Decorridos mais de trinta anos no ministério, por vezes
ainda sinto-me confrontado com situações para as quais,
não encontro qualquer precedente nas minhas experiências
anteriores. A minha única segurança reside em reconhecer,
contínua e conscientemente, a minha dependência do Espírito
Santo. Graças a Deus que podemos depender sempre Dele.

O que é apresentado nesta secção do livro foi retirado de


duas fontes principais: primeiro, o meu estudo dos padrões

197
e exemplos providenciados pela Escritura; segundo, a
minha experiência pessoal em lidar com muitas pessoas
endemoninhadas.
Nos dois primeiros capítulos, analiso as principais
formas como os demónios nos podem afectar e exercer
influência sobre nós. No final dos capítulos 18, 19 e 20,
poderá encontrar testemunhos pessoais de Cristãos que
se envolveram no processo de lidar com demónios. Se
prosseguir através dos capítulos seguintes, deverá chegar
ao ponto de poder identificar actividade demoníaca na
sua própria vida, ou nas vidas daqueles que lhe estão
mais próximos. Depois de identificar essa actividade
demoníaca, será preparado e equipado para agir do modo
mais apropriado.
Por fim, uma palavra de precaução! Nada do que eu
digo nesta parte do livro deve ser interpretado como, não
havendo lugar nas nossas vidas, para a ajuda que podemos
receber da medicina. Eu próprio estou profundamente
agradecido pelas capacidades e dedicação com as quais
médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde
me trataram. Provavelmente, hoje não estaria vivo para
escrever este livro se não pudesse ter contado com a ajuda
dessas pessoas!

18. Actividades Características de Demónios

De acordo com a minha percepção, os espíritos


malignos ou demónios são o escalão mais baixo das
“hostas [forças] espirituais da maldade” (Efésios 6:12),
que Satanás comanda contra a humanidade. (ver capítulo
11). São três os seus objectivos principais, de acordo com
o que lhes é ordenado por Satanás: primeiro, atormentar-

198
nos e afligir-nos; segundo, impedir-nos de conhecer Cristo
como Salvador; e terceiro, falhando aquele último alvo,
impedir-nos de servir a Cristo com eficácia.
Ao tentar alcançar estes objectivos, os demónios
são normalmente invisíveis: não podem ser apreendidos
pela vista humana. Contudo, podemo-nos aperceber
da sua presença e actividade da mesma forma, que nos
podemos aperceber da presença do vento. Na verdade,
esta comparação é apropriada porque, tanto em Hebraico
como em Grego, a palavra para “espírito” é também a
palavra para “vento”. Na realidade, nunca conseguimos
ver o vento, mas podemos ver os efeitos que o vento
produz: o pó que é levantado nas ruas, as nuvens que voam
através do céu, as árvores que se inclinam todas na mesma
direcção, a chuva que é empurrada perante os nossos olhos.
Todos estes “postes de sinalização” revelam a presença e
actividade do vento.
O mesmo acontece com os demónios. Normalmente
não os vemos, mas podemos reconhecer a sua presença
através de certas acções características. A lista que se
segue regista algumas das suas actividades mais típicas:

1. Os demónios seduzem
2. Os demónios atormentam
3. Os demónios torturam
4. Os demónios compelem
5. Os demónios escravizam
6. Os demónios provocam dependências
7. Os demónios contaminam
8. Os demónios enganam
9. Os demónios atacam o corpo físico

Vamos analisar cada uma destas situações.

199
1. Os Demónios Seduzem
Os demónios levam pessoas a praticar o mal. Todos
nós já experimentámos isto a uma dada altura. Muitas
vezes eles induzem-nos verbalmente. Apanhamos uma
carteira caída no meio da rua e vemos que tem dinheiro lá
dentro. Então, há algo que nos sussurra: “Leva-a contigo!
Ninguém vai saber. Qualquer pessoa faria o mesmo; se
fosse o teu dinheiro, alguém havia de o levar”.
Tudo o que tem voz é uma pessoa, e essa voz pertence
a um demónio que nos quer seduzir. Se cedermos, é porque
Satanás já começou a destruir as nossas defesas. Nunca
mais teremos a consciência limpa; saberemos que somos
culpados, e isso prepara o caminho para o próximo assalto
de Satanás.

2. Os Demónios Atormentam
Os demónios estudam-nos, seguem os nossos movi­
mentos, observam os nossos momentos de fraqueza, detec­
tam os nossos pontos fracos. Depois, planeiam situações
que abram o caminho para que eles possam entrar.
Imaginemos, por exemplo, um homem de negócios
que teve um terrível dia de trabalho em que tudo correu
mal: tropeçou nas escadas, a secretária entornou-lhe café
para cima, o ar condicionado estava avariado, um cliente
irritado ameaçou processá-lo. Depois, já a caminho de
casa, passou uma hora dentro do carro no meio de um
engarrafamento. Quando finalmente chega a casa, o jantar
ainda não está pronto e as crianças andam a correr por toda
a casa aos gritos. É aqui que ele perde o controlo e começa
a refilar com toda a família.
Ele é um homem amável e meigo, e a sua esposa e
filhos estão chocados, no entanto perdoam-no assim que ele
pede desculpa. Ele pode-se ter apenas descontrolado, mas

200
o demónio de ira estava atento, e agora está simplesmente
à espera de uma oportunidade semelhante. Quando o
homem perde o seu auto-controle novamente, o demónio
aproveita aquele momento de descuido e entra.
Passado pouco tempo, a sua esposa nota algo diferente
nele. O amor pela sua família não mudou, mas por vezes há
outra coisa que assume o controlo. Os seus olhos deixam
transparecer um brilho estranho, quando o demónio de
ira assume o controlo; ele abusa da sua família, chegando
mesmo a magoar aqueles que mais ama. Depois disso,
sente-se envergonhado e com remorsos e então diz: “Não
sei o que é que me fez agir daquela maneira”.
Este é apenas um, entre muitos exemplos, de como os
demónios podem atormentar uma pessoa até conseguirem
encontrar o ponto ou o momento de fraqueza através do
qual conseguem entrar.

3. Os Demónios Torturam
Jesus narrou a parábola do servo cujo senhor lhe perdoou
uma dívida de vários milhões de dólares, mas que se recusou
perdoar a dívida de apenas alguns dólares a outro servo.
A parábola termina com um juízo acerca daquele servo a
quem não foi concedido o perdão: Assim, encolerizado, o
seu senhor entregou-o aos torturadores, até que lhe pagasse
tudo o que devia. (Mateus l8:34). No versículo seguinte,
Jesus aplicou esta parábola a todos os Cristãos:

Assim vos fará, também, meu Pai celestial, se do coração


não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas.

Creio que os torturadores são demónios. Já conheci


centenas de Cristãos que estão entregues nas mãos dos
torturadores por uma simples razão: falta de perdão.

201
Clamaram pelo perdão de Deus para a dívida incalculável
de todos os seus pecados, no entanto recusam-se a perdoar
outra pessoa por causa de uma ofensa, real ou imaginada.
Depois de Jesus ter ensinado os Seus seguidores a
oração modelo à qual passámos a chamar o Pai Nosso, Ele
acrescentou apenas um comentário:

Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas,


também vosso Pai celestial vos perdoará a vós;Se, porém,
não perdoardes aos homens as suas ofensas, também
vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas.
Mateus 6:14-15

Podemos ser sujeitos a vários tipos de tortura. A


tortura física é um exemplo que se pode revelar na artrite:
deformando, torturando, mutilando, prendendo. Não
estou com isto a sugerir que toda a artrite tem uma causa
demoníaca. No entanto, é notável a quantidade de vezes
em que a artrite aparece associada uma atitude interior de
ressentimento, falta de perdão, amargura. (No capítulo 20,
irei dar um exemplo notável de uma libertação de artrite).
Outro exemplo é a tortura mental. Uma das formas
mais comuns é o medo de enlouquecer. Tenho ficado
constantemente surpreendido com a quantidade de Cristãos
que são torturados por este medo, muitas vezes, sentem-se
envergonhados de confessá-lo a alguém.
Este ataque demoníaco, tal como o encorajamento
para praticar o mal, também poderá adquirir uma forma
verbal: “A tua tia Lois acabou de dar entrada numa casa
de saúde, e o teu vizinho teve um esgotamento, E tu
vais ser o próximo!” Normalmente este medo é fruto de
demónios acusadores que bombardeiam a mente da pessoa
continuamente.

202
Outra das formas de tortura espiritual é uma
acusação interior que afirma: “Cometeste aquele pecado
imperdoável”. Quando uma pessoa me diz que está a
ser assaltada por este tipo de pensamento, eu respondo
sempre: “Isso não é mais do que a acusação de um espírito
mentiroso. Se tivesse realmente cometido um pecado que
é imperdoável, o seu coração estaria tão duro que não você
não se preocuparia com o que tinha feito. O facto de estar
preocupado com isso, prova que na realidade não cometeu
esse pecado!”

4. Os Demónios Compelem
Não há nenhuma palavra mais característica da
actividade demoníaca do que a palavra “compulsivo”.
Por detrás da maioria das compulsões há um demónio por
exemplo, um fumador compulsivo, ou um consumidor
compulsivo de álcool ou drogas. Não há dúvida de que estas
actividades produzem uma reacção química no cérebro;
isto abre um ponto fraco numa área muito sensível através
do qual os demónios podem entrar facilmente.
Comer compulsivamente também pode ser fruto
de uma acção demoníaca, mas a gula é “respeitável”. É
possível que não encontremos muitos alcoólicos na Igreja
de hoje, mas é possível encontrar muitos glutões! Comer
compulsivamente começa normalmente com a perda de
auto-controle. Então, um dia a gula entra. Muitas vezes,
os Cristãos não querem admitir que são consumidores
compulsivos, mas, reconhecer o pecado é o primeiro passo
essencial para a libertação.
Uma vez, no fim de um culto de libertação, uma
mulher veio ter comigo e confessou que tinha um demónio
de gula. Quando foi liberta, vomitou em cima do tapete.
É óbvio que ela se sentiu envergonhada, e toda a gente

203
estava preocupada com o tapete. Mais tarde, perguntei-me
a mim mesmo: O que é que é mais importante? “Ter um
tapete limpinho e uma mulher suja?” Ou, “um tapete sujo
e uma mulher limpa?”
Há muitas outras formas de compulsão. Uma é a
tagarelice, conversar compulsivamente. Há muitos avisos
na Escritura contra isto. Por exemplo: “Na multidão de
palavras não falta pecado, mas o que modera os seus
lábios é sábio.” (Provérbios 10:19). Falar demasiado acaba
sempre numa forma de pecado. De novo, o apóstolo Tiago
afirmou que se alguém “não refreia a sua língua... a sua
religião é vã” (Tiago 1:26). Se não mantivermos a nossa
língua debaixo de controlo, podemos ter aberto caminho
para um demónio. Dois dos demónios que podem agarrar
uma destas oportunidades são a bisbilhotice e a crítica,
ambos se sentem em casa nos círculos religiosos!
Todos nós precisamos de parar e olhar para nós mesmos:
“Há coisas que eu faço apenas compulsivamente?” É
possível que nos tenhamos acostumado de tal maneira aos
nossos hábitos que nem damos por eles, no entanto, eles
podem ser demoníacos. Depois de um culto de libertação,
recebi uma carta de uma senhora que dizia: “Pela primeira
vez em 25 anos, passei uma semana sem roer as unhas!”

5. Os Demónios Escravizam
Vamos usar um exemplo de uma área, sobre a qual só
algumas pessoas falam na igreja: sexo. Suponhamos que
uma pessoa cometeu um pecado sexual. Ela arrepende-se
e vai de encontro às condições de Deus para obter perdão.
Essa pessoa sabe que, não só é perdoada como também é
justificada, “como se” nunca tivesse pecado (ver Romanos
8:30). Mas ela ainda tem um desejo enorme de cometer
esse mesmo pecado, mesmo que o odeie. Tem a certeza

204
de que foi perdoada, porém, ainda não se encontra liberta;
está escravizada.
Um dos exemplos mais comuns é a masturbação.
Alguns psicólogos dizem que a masturbação é normal e
saudável, não vale a pena discutir sobre isso. O que eu sei
é que, há milhares de pessoas, homens e mulheres, que
se masturbam e que depois se odeiam a eles mesmos por
fazerem isso. Dizem sempre: “Não volto a fazer isto!” Mas
aquilo volta a acontecer: estão escravizados.

No capítulo 5 falei acerca do Roger, que eu e a Lydia


não conseguimos ajudar. Anos mais tarde, ao liderar cultos
de libertação em várias partes do mundo, ouvi várias vezes
pessoas, homens e mulheres, dizerem o mesmo tipo de
coisas que ele disse: “Sinto-o nos meus dedos, estão
dormentes. Estão a ficar rijos!”
Estou tão grato ao Senhor porque agora já sei a
resposta! Agora, digo às pessoas: “Você pode ser liberto da
masturbação. Seja determinado, lute contra isso no nome
de Jesus. Sacuda isso dos seus dedos até sentir que está
liberto”.
Ao longo dos anos já vi centenas de pessoas serem
libertas desta forma de um demónio de masturbação
atormentador.
Deixem-me acrescentar que, o casamento não resolve
necessariamente o problema da masturbação, tal como
lemos no testemunho do capítulo 14. Se um dos parceiros
ainda tem um demónio de masturbação, o demónio irá
tentar obter para si próprio, a satisfação física que deveria
ser gozada pelo outro parceiro. Esta é uma das razões
pela qual a relação sexual de alguns casamentos não
providencia a satisfação física, que cada parceiro pode
esperar.

205
Quando combinamos “compelir e escravizar” atin­
gimos uma forma particular de escravidão.

6. Os Demónios Provocam Dependências


Descobri que, uma dependência é muitas vezes
como, um ramo que cresce a partir doutro ramo maior.
Para ajudar as pessoas, pode ser necessário ir para além
da dependência e descobrir o ramo maior do qual ela
cresce. Dois exemplos comuns são uma frustração pessoal
contínua, e uma profunda necessidade emocional que não
está a ser satisfeita.
Vamos tomar como exemplo duas mulheres casadas,
uma da Igreja Episcopal, e outra da Igreja de Deus. Tanto
uma como a outra sabem que o seu marido anda atrás de
outra mulher, gasta dinheiro consigo que ela precisa para
as coisas da casa, e revela pouco interesse na sua família.
Ambas estão desesperadamente à procura de uma qualquer
fonte de conforto.
A mulher da igreja Episcopal vai até ao bar da sua sala
e torna-se alcoólica. A mulher da Igreja de Deus, que nunca
se atreveria a chegar perto de uma bebida alcoólica, vai até
ao frigorífico e come tudo o que encontra. Ela torna-se
uma dependente da comida, uma “glutona”.
Em ambos os casos, provavelmente a libertação da
dependência, tanto de álcool como de comida, não vai ser
completa a menos que se lide com o ramo que alimenta a
dependência: a frustração de cada uma delas com o seu
marido. A melhor solução seria o marido arrepender-se e
mudar. Mas mesmo que ele não o faça, a mulher não pode
esperar ser liberta a menos que ela o perdoe e ponha de
parte toda a sua amargura e ressentimento contra ele.
Hoje em dia, nos Estados Unidos, mais de cinquenta
por cento dos lares são compostos por solteiros. Como

206
consequência, a profunda necessidade emocional de
companhia pode ficar insatisfeita. Se uma pessoa se sente
traída e esquecida pelos pais, esposo ou esposa, ou amigos,
essa pessoa pode dedicar-se exclusivamente a um cão ou
gato, ou qualquer animal de estimação. (Os animais são
frequentemente mais leais do que as pessoas – e também
são menos exigentes!) Este desejo de companhia pode
resultar numa forma estranha de dependência.
Há alguns anos atrás, a Ruth conheceu uma mulher
Cristã em Jerusalém chamada Joanna, que não tinha
parentes vivos e que mantinha dezassete cães em casa.
Ela não era capaz de ver um cão abandonado sem o levar
imediatamente para sua casa. Onde quer que a Joanna fosse,
os seus cães iam também. Alguns desses cães dormiam
com ela na mesma cama. Estava de facto, “dependente”
dos seus cães.
Quando a Joanna repentinamente adoeceu e foi hos­
pitalizada, os seus cães ficaram doidos. Andavam sempre
de um lado para o outro, a ladrar alto. A uma dada altura,
um vizinho desesperado atirou alguma comida envenenada
para os cães, e eles morreram todos. Pouco depois, a Joanna
também morreu; ela não tinha ninguém por quem viver.
Noutros casos, podemos não estar dependentes de
nada, mas sermos a causa da dependência de outra pessoa.
Os pais muito ocupados podem vir a descobrir, para seu
espanto, que o seu filho adolescente se tornou dependente
de uma das muitas drogas, que estão tão facilmente à nossa
disposição. Apercebem-se demasiado tarde que, o seu
filho ou filha se voltou para as drogas, como um substituto
do amor e companhia que os pais estavam demasiado
ocupados para lhe poder dar.
Quase tudo o que é compulsivo e escravizante é
uma dependência, e não há limites para as formas que as

207
dependências podem tomar. Em 1 Coríntios 6:12, Paulo
disse: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as
coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não
me deixarei dominar por nenhuma.”
Isto dá-nos uma definição de dependência segundo a
Escritura: Uma pessoa é dependente, quando é dominada
pelo poder de tudo aquilo que não convém. Creio que
as dependências definidas deste modo são quase sempre
demoníacas.
Na tentativa de resolverem os seus problemas, por
vezes as pessoas trocam uma dependência por outra.
Por exemplo, é frequente uma pessoa deixar de fumar
e repentinamente ganhar demasiado peso: essa pessoa
trocou a nicotina pela gula.
A pornografia é um exemplo trágico de dependência. O
homem escravizado pela pornografia vê-se impelido a ver
aqueles canais de televisão, que satisfazem o demónio que
o está a influenciar. Não é capaz de passar junto de uma
revista ou cassete de vídeo numa loja sem que seja atraído
para ela como um íman. Um pastor disse-me um dia:
“Quando viajo, o demónio acorda-me às duas da manhã
à hora em que, os filmes de ‘bolinha vermelha no canto
superior direito’, passam na televisão. Tenho de ligá-la,
não me consigo controlar”. Alguns anos depois ele disse-
me que estava completamente liberto; todo o seu corpo se
contorceu quando o demónio saiu.
A televisão é uma dependência que não é, na maior parte
das vezes, reconhecida como tal. Há pessoas que não são
capazes de entrar numa sala sem ligarem a televisão, não é
uma acção racional. Essas pessoas podem não fazer ideia
do que querem ver, mas dirigem-se à televisão sem pensar,
da mesma forma que um alcoólico se prepara para beber.
A longo prazo, as consequências sociais da dependência

208
da televisão podem ser ainda mais desastrosas do que as
da dependência do álcool.
Mais recentemente, a Internet tem gerado um grande
número de dependências. Há pessoas que têm sido
classificadas como “dependentes” devido à sua postura
anti-social, e perda de controlo. Os psicólogos descobriram
que estes dependentes incluem grupos tão variados como,
donas de casa, construtores civis e secretárias. Os efeitos
secundários vão de um desempenho profissional cada vez
mais deficiente a casamentos desfeitos.
Algumas formas de dependência não têm um nome
próprio. Uma vez, a Lydia e eu lidámos com uma jovem
que era membro de uma igreja Pentecostal. Ela tinha um
desejo incontrolável de cheirar verniz das unhas. “Quando
entro na secção de cosméticos de uma loja”, contou-
nos ela, “tenho duas opções: comprar o verniz, ou sair
imediatamente da loja; mas tenho de fazer uma dessas
duas coisas”. Quando ela foi liberta, o demónio atirou-a ao
chão e saíu aos gritos, tal como aconteceu com o homem
em Marcos 1:26.
Outra dependência mais comum, é cheirar cola de
aviões ou um produto parecido. Isto é espantosamente
comum entre as camadas mais jovens, e muitas vezes não
é reconhecido pelos pais.
Algumas dependências são mais poderosas ou
perigosas, do que outras, mas nenhuma é benéfica. Duas
bebidas socialmente aceites que se podem tornar uma
dependência são o café e as bebidas leves, especialmente
bebidas com cafeína, como a coca-cola. De acordo com as
estatísticas, em média um americano consome 178 litros de
bebidas leves num ano. Por vezes, uma pessoa que deixa de
beber café ou coca-cola, tem sintomas semelhantes aos de
uma pessoa que está a deixar de consumir drogas duras.

209
Um dos factores decisivos no marketing de um produto,
é o facto desse produto se poder tornar uma dependência.
Quando uma pessoa se torna dependente, o produtor tem um
cliente garantido para o resto da vida. Algumas empresas
de tabaco dos Estados Unidos admitiram recentemente
terem alterado deliberadamente a quantidade de nicotina
dos seus cigarros, para assegurarem a dependência dos
consumidores.

7.Os Demónios Contaminam


Não é surpreendente o facto de que os demónios
contaminam, uma vez que a Bíblia lhes chama “espíritos
imundos”. Uma das áreas principais que os demónios
contaminam, é as nossas mentes; os nossos pensamentos
e imaginações. Esse ataque pode tomar a forma de
imagens impuras e sensuais, ou fantasias que se projectam
nas nossas mentes sem a nossa autorização. Isto pode
acontecer especialmente, quando nos tentamos concentrar
nas coisas de Deus, seja na adoração, ou, na leitura da
Bíblia. Quaisquer impulsos fortes e sensuais, que forem
despertados nas nossas mentes nesses momentos, são
quase de certeza demoníacos. Os demónios opõem-se à
nossa comunhão com Deus.
Outra das áreas da personalidade que é regularmente
contaminada por demónios é a nossa linguagem. Muitos
homens (mulheres, e até mesmo algumas crianças) não são
capazes de dizer três frases sem usarem uma linguagem
obscena ou blasfema. Eu estive rodeado desse tipo de
pessoas durante cinco anos e meio no Exército Britânico,
enquanto decorria a IIª Guerra Mundial. Na verdade, até
ser salvo pelo Senhor, eu era uma dessas pessoas.
Este foi outro dos elementos que fizeram parte da
libertação poderosa e sobrenatural que eu recebi quando

210
fui salvo. Num dia eu não era capaz de falar sem blasfemar
ou amaldiçoar; no dia seguinte, aquele tipo de linguagem já
não saíu da minha boca para fora. Isto não foi consequência
do meu esforço ou da minha vontade. Aquele tipo de
linguagem apenas desapareceu! Só mais tarde é que eu
me apercebi que o Senhor me tinha sobrenaturalmente
libertado de demónios contaminadores. Os demónios de
blasfémia e linguagem impura tiveram de sair, da mesma
forma que o demónio de yoga já tinha saído.

8. Os Demónios Enganam
Eu acredito que os demónios estão por detrás de quase
todas as formas de engano espiritual. Em 1 Timóteo 4:1,
Paulo diz:

“Mas o Espírito diz expressamente que nos últimos


tempos alguns apostatarão da fé, dando ouvidos a espíritos
enganadores, e a doutrinas de demónios”.

Tal como referi no capítulo 16, uma pessoa não se pode


afastar da fé sem que primeiro tenha permanecido nela.
Estas pessoas são Cristãos que foram seduzidos de uma fé
saudável e bíblica para uma forma de erro doutrinário. Creio
que o engano espiritual é o grande perigo que ameaça os
Cristãos nestes últimos tempos e, por detrás de cada forma
de engano encontramos um demónio. Qualquer doutrina
que diminua a santidade de Deus, ou que ataque a pessoa,
natureza e obra de Cristo, ou que debilite a autoridade
da Escritura, é demoníaca. (No capítulo 16, estudámos o
engano de pregar “outro Jesus”).
Já no primeiro século, Judas achou necessário exortar
os Cristãos do seu tempo: “a batalhar pela fé que uma
vez foi dada aos santos.” (Judas 3). A necessidade de uma

211
batalha assim tão zelosa tem aumentado cada vez mais
desde o tempo de Judas.
No entanto, o engano demoníaco vai para além das
distorções ou aberrações da fé Cristã. Ele inclui todas as
religiões, seitas ou filosofias que põem de lado qualquer
uma das grandes verdades centrais da Bíblia, especialmente
tudo o que diga respeito a Jesus Cristo. Temos que nos
lembrar que, os demónios tentam continuamente a ocultar
ou a distorcer quem é Jesus.
Outra das formas através da qual o engano demoníaco
se manifesta, é fazendo com que os Cristãos imitem
comportamentos de animais. Eu apelido esses demónios
de “espíritos animais”.
No capítulo 9, descrevi como é que vários espíritos
animais se manifestaram nos nossos cultos na Zâmbia.
Essas manifestações também ocorrem em igrejas de
nações mais “civilizadas”, e são atribuídas ao Espírito
Santo. Para ilustrar este facto, irei citar brevemente uma
carta que recebi em Junho de 1996 de um amigo meu,
que pastoreia uma igreja Pentecostal predominantemente
branca, na África do Sul. Ao descrever um movimento que
se tinha desenvolvido na sua área, ele escreveu:

Em pouco tempo, um irmão emergiu deste movimento,


o qual, juntamente com a sua igreja, conduziu tudo aquilo
a um comportamento bizarro e impuro... Por isso, era
comum ouvirmos irmãos a ladrar, a gatinhar pelo chão
como animais e a produzir outros sons de animais, todos
debaixo do poder de uma força incontrolável. Todos estes
fenómenos foram atribuídos ao trabalho do Espírito
Santo.
Por exemplo, numa igreja havia homens a gatinhar
pelo chão nas quatro pernas (como se fossem cães), e a

212
levantarem a perna contra as cadeiras como se fossem
urinar... Uma noite, houve uma senhora que foi à nossa
igreja e começou a cacarejar como uma galinha ao
fundo da sala. Aquilo durou algum tempo até que, num
grande frenesim, ela deu um salto e começou a levantar
a blusa, expondo o seu corpo. Escusado será dizer que,
tal como podes imaginar, nunca vi líderes mexerem-se tão
rapidamente para retirar uma senhora da igreja.

Este relato ilustra claramente o poder do engano


demoníaco. Todos os Cristãos envolvidos neste movimento
vinham de igrejas que diziam crer na Bíblia. O trágico
desta história é que, aquele comportamento era atribuído
ao Espírito Santo, que é “o Espírito de santificação”
(Romanos 1:4). Eu trato da questão de um falso Espírito
Santo no meu livro “Protecção Contra o Engano”.

9. Os Demónios Atacam o Corpo Físico


No capítulo 20 irei demonstrar a ligação entre demónios
e doença física. Aqui, apenas irei mencionar outras formas
em que os demónios nos podem afectar fisicamente.
Existe, por exemplo, um demónio de cansaço. Há
alguns anos atrás, estive envolvido numa longa sessão de
libertação com uma mulher que, passado algum tempo,
começou a dizer: “Não posso continuar. Estou demasiado
cansada, já não posso mais!”

Comecei a sentir pena dela. Depois, pensei se aquilo


não seria o demónio a falar em vez da mulher. Desafiei-o,
e o demónio respondeu: “É isso mesmo. Ela está sempre
cansada. Ela sente-se cansada quando se levanta, quando
se vai deitar, está demasiado cansada para orar e para ler
a Bíblia”.

213
Parecia que aquele demónio estava a agir como uma
capa para encobrir outros demónios. Se aquele demónio
me induzisse a parar, os outros não teriam de enfrentar a
autoridade do nome de Jesus e não seriam expulsos. Assim
que me apercebi do estratagema e expulsei o demónio de
cansaço, os outros demónios também saíram, um atrás do
outro.
Outro dos efeitos físicos que os demónios podem
produzir é uma sonolência fora do comum. Isaías fala acerca
de “um espírito de profundo sono” (Isaías 29: 10). Por
vezes, quando um Cristão quer orar ou ler a Bíblia às dez da
manhã, às 10:l5 já está ferrado no sono. Contudo, a mesma
pessoa é capaz de ficar acordada a ver televisão até altas
horas da madrugada. Muitos Cristãos têm testemunhado
que são afectados por uma força sobrenatural que se lhes
opõe quando tentam ler a Bíblia ou orar.
A sonolência fora do comum também pode ser um
meio de fugir a situações da vida menos agradáveis.
Conheci uma mulher que por vezes dormia dezasseis
horas seguidas quando estava debaixo de pressão em casa.
Quando o demónio foi expulso, protestou: “Não me podes
expulsar. Eu sou a sua salvação!” Havia lógica pervertida
nas palavras do demónio. Esta mulher encontrava no sono
o meio de escapar às realidades desagradáveis da vida.
Aquela era uma salvação falsa!
Se formos para além dos sintomas específicos da
actividade demoníaca, tais como aqueles que foram
referidos neste capítulo, podemos perceber uma
característica geral, na maioria das pessoas que estão
endemoninhadas: a inquietação. Uma pessoa que consegue
manter uma atitude serena em todas as circunstâncias
difíceis da vida, provavelmente não tem demónios. Mas
não existem muitas pessoas assim!

214
Liberto de Um Espírito de Morte
O testemunho que se segue é de um homem de negócios
americano, que foi liberto de um espírito de morte:
“Há cerca de três anos atrás, sem saber, eu entretinha
um espírito de morte. Ele veio até mim sob a forma de um
acontecimento espiritual - isto é, direcções de Deus. No
essencial, disse-me que eu iria morrer antes dos sessenta
anos, ou seja, daí a três anos, e que eu precisava de pôr
a minha vida em ordem. Eu tinha tido uma visão de um
corpo dentro de uma urna, irreconhecível ao princípio, mas
gradualmente pude aperceber-me que aquele corpo era eu.
A imagem tornou-se mais clara, e fiquei convencido de que
Deus me estava a mostrar que iria morrer daí a três anos.
Então, comecei a fazer aquelas coisas que precisamos
fazer para nos prepararmos, tais como passar dois dias
com o meu filho mais velho para lhe dar “as boas novas”;
cartas para preparar outras pessoas da família; actualizar o
meu testamento.
Comecei a “viver para morrer”, o que acaba por afectar
todas as áreas da vida de uma pessoa. Nos últimos anos
tenho-me familiarizado com a morte. Desde que me tornei
crente, em 1964, perdi os meus avós (idosos); a minha
esposa (com 33 anos) e um filho (7 anos) num tornado;
o meu pai (68); irmão (41); sobrinho (41); sobrinho (10,
num acidente de automóvel); neta com seis semanas num
parto prematuro devido a um acidente; e, de momento,
tenho uma neta que tem uma fibrose cística. A minha mãe
morreu anteriormente com 41 anos. Para além disso, o
meu sogro morreu, e o meu sócio e amigo íntimo morreu
em 1988 ao cair de um escadote. Fiquei tão acostumado a
lidar com a morte e com as suas consequências que, pensei
que Deus me tinha dado as ferramentas necessárias para
ser uma testemunha para Ele naquele momento crítico.

215
A partir de 1987, afastei-me de todo o envolvimento
da actividade espiritual que se passava à minha volta.
Tornei-me negativo acerca do meu negócio, a minha saúde
começou a deteriorar-se. Em 1981 tinha sido sujeito a uma
operação ao coração com grande sucesso, mas, em 1987, as
artérias coronárias começaram a fechar, uma após a outra,
e por isso tive de ser sujeito à minha primeira angioplastia
(a técnica do balão) em Novembro de 1987; a minha
sétima angioplastia foi em Outubro de 1989. No dia 18
de Outubro de 1989, fui sujeito a uma segunda operação
ao coração. Três das artérias envolvidas na operação de
1981 foram substituídas, juntamente com uma nova
artéria.
No Verão anterior, tínhamo-nos inscrito para a sua
conferência que começou no dia 19 de Novembro de
1989. Derek, assim que você começou a falar acerca do
espírito de morte, recebi revelação espiritual, como se
tivesse levado uma estalada na cara. Assim que pronunciou
espírito de morte, eu soube imediatamente quem é que eu
tinha andado a divertir, quem é que me tinha enganado e
estava a enganar. Fui liberto com muita tosse (o que, devo
acrescentar foi bastante doloroso devido a minha recente
operação ao coração). Decidi viver, não morrer. Fui liberto
do espírito de morte - sem ses, es ou porquês - naquela
mesma hora e lugar.
Para além disso, quando começou a falar de maldições,
fiquei convencido de que a minha familiaridade com a morte
não era por acaso, mas consequência de uma maldição que
estava a passar para os meus filhos e para os meus netos.
Fui de encontro às condições necessárias e decidi fazer o
que fosse preciso para quebrar a maldição.
Ser liberto e quebrar a maldição que estava sobre a
minha vida foi como ser ressuscitado. Eu vivia para morrer,

216
mas agora vivo para “viver e contar as obras do Senhor”
(Salmos 118:17).

19 - Áreas da Personalidade Afectadas por Demónios

“ Como a cidade derrubada, sem muro, assim é o


homem que não pode conter o seu espírito.” (Provérbios
25:28). Salomão compara aqui a personalidade humana a
uma cidade cujos muros foram derrubados. Uma pessoa
como a que Salomão descreve não tem defesas próprias.
A personalidade de um toxicodependente, por exemplo,
fica tão debilitada que demónios de todos os géneros têm
liberdade para entrar e sair. Essa pessoa já não tem defesas
que impeçam os demónios de entrar. Uma pessoa nessas
condições necessita mais do que uma única experiência
de libertação. Ela precisa de passar por um processo
de reabilitação enquanto os seus muros espirituais vão
sendo reconstruídos. Este processo pode levar meses ou
mesmo anos.
A analogia da cidade também pode ser aplicada a
pessoas que não estão escravizadas pela droga. Existe
dentro de cada um de nós algo que é análogo a uma grande
cidade, com as suas diferentes localidades e residentes.
Por exemplo, eu vivi durante algum tempo em Chicago,
que tem várias zonas principais, grandes armazéns e
lojas de moda; terminais de autocarros e comboios;
instituições bancárias e comerciais. Havia uma rua que
era muito frequentada por prostitutas e homossexuais.
Também havia bairros étnicos cujos moradores eram
especialmente polacos, suecos ou judeus. Também
havia algumas áreas residenciais de luxo e bairros
de lata.

217
Tendo uma cidade por modelo, irei delinear brevemente
algumas das principais áreas da personalidade humana,
indicando o tipo de demónios que fazem a sua residência,
em cada uma das áreas. Creio que isto poderá ajudar cada
pessoa para um estudo posterior, meditação e oração.

1. Emoções e atitudes
2. A mente
3. A língua
4. Sexo
5. Apetites físicos

Mais à frente, irei dedicar a maior parte do capíulo 20


falando acerca das maneiras como os demónios atacam o
corpo físico.

1. Emoções e Atitudes
Esta área da personalidade humana é assaltada por
numerosos demónios, alguns dos quais irei mencionar
a seguir. Cheguei à conclusão de que, todas as emoções
ou atitudes negativas abrem caminho para o demónio
correspondente. Tal como mencionei anteriormente, uma
pessoa que tem um acesso repentino de ira ou medo não está
necessariamente debaixo da influência de um demónio de
ira ou medo. Mas se estas emoções se tornarem obsessivas
ou habituais, então é muito provável que haja um demónio
a operar.
Os demónios tendem a operar em gangs. Tipicamente,
há um demónio particular que é o “abridor de portas” ou
seja, ele mantém a porta aberta para que, uma sucessão
de outros demónios possam entrar. Um dos abridores de
portas mais comum é a rejeição; o sentimento de não ser
desejado, de não ser amado, de não ser importante.

218
Todos os seres humanos nascem com um profundo
desejo inato de amor e aceitação. Quando isto não existe, o
coração é ferido no interior. Discuti algumas das possíveis
causas no capítulo 13. É possível que a mãe não tenha
desejado o bebé que trazia no seu ventre; ou que os
pais não amassem o seu filho; ou talvez não soubessem
demonstrar o seu amor. Um amor que não é demonstrado
não preenche as necessidades emocionais de uma criança.
Ou então, o sentimento de rejeição pode ser causado pelo
quebrar de um relacionamento íntimo, talvez um divórcio.
Seja qual for a causa, houve um demónio de rejeição
que entrou.
Existem duas reacções diferentes à rejeição. Uma é
passiva: Uma pessoa cede àquela condição e caminha pela
vida com ela, mas torna-se cada vez mais infeliz e fechada.
A outra reacção é agressiva: Neste caso, a pessoa riposta,
adoptando uma atitude comodista e desenvolvendo uma
carapaça de dureza exterior.
Se a reacção de uma pessoa à rejeição é passiva, o
“gang” que entra através desta porta aberta, inclui alguns
ou todos os seguintes: auto compaixão, solidão, miséria,
depressão, desespero e, finalmente, suicídio. Creio que,
praticamente todos os suicídios são motivados por um
demónio. É óbvio que um demónio de suicídio não entra
pelo facto da pessoa já se ter suicidado. Ele vem para levar
uma pessoa a suicidar-se.
Normalmente, isto também se aplica a um demónio
de homicídio, ele não entra pelo facto da pessoa já ter
morto alguém. Ao contrário, esse demónio entra para
levar uma pessoa a cometer esse crime. Convém lembrar
que, a Bíblia define homicídio em primeiro lugar como
uma atitude interior: “Qualquer que odeia a seu irmão é
homicida” (1 João 3: 15).

219
Uma mulher que fez um aborto tem, quase de certeza,
um demónio de homicídio, mesmo que ela não se tenha
apercebido de que, estava a tirar uma vida humana.
Provavelmente, não poderá ser liberta até confessar o seu
pecado e se arrepender. Isto também se aplica muitas vezes
àqueles que tornaram possível o aborto dessa criança.
Por outro lado, se a reacção de uma pessoa à rejeição
é a agressividade, isso abre a porta a um gang que inclui
ira, ódio, rebelião, feitiçaria, violência e, finalmente,
homicídio. Já me referi à passagem em 1 Samuel 15:23:
“A rebelião é como o pecado de feitiçaria [ou adivinhação]
”. Quando alguém se expõe à rebelião, é muito provável
que a feitiçaria venha no seguimento desse facto. Isto
fica bem ilustrado através dos muitos jovens americanos
que, na década de 60, entraram em rebelião e, quase sem
excepção, acabaram no oculto. Agradeço a Deus por ter
conhecido pessoalmente centenas desses jovens que foram
gloriosamente salvos e libertos.
Trabalhei durante algum tempo com um jovem, cuja
vida ilustrou claramente o resultado de uma resposta
agressiva à rejeição. Quando ele tinha cerca de quinze anos,
a sua mãe disse-lhe algo que lhe deixou a impressão de que
ela não se importava com ele. Ele foi para o seu quarto,
atirou-se para cima da cama e chorou convulsivamente
durante cerca de meia hora. A seguir, foi ter com a sua
mãe, olhou-a nos olhos, e disse: “Odeio-te!” Depois disso,
começou a consumir drogas, e muitos demónios entraram
nele. Ele tornou-se líder de um gang bem conhecido numa
das maiores cidades dos Estados Unidos.
Graças a Deus que aquela história não se ficou por ali.
Quando encontrou Jesus, ele foi espantosamente liberto e
transformado. Tornou-se ministro e ajudou muitas outras
pessoas a serem libertas das drogas e de demónios.

220
2. A Mente
Este é provavelmente o principal campo de batalha da
personalidade humana.Alguns dos demónios característicos
são dúvida, descrença, confusão, esquecimento, indecisão,
compromisso, humanismo e loucura. Normalmente, as
pessoas que mais confiam nas suas capacidades mentais
são aquelas que estão mais expostas a este tipo de ataque
demoníaco.
Lembro-me de um ministro calmo e bem composto,
pertencente a uma linha denominacional antiga, que veio
ter comigo para ter aconselhamento. Depois de falarmos,
eu disse: “Creio que o seu problema é compromisso”. Ele
respondeu: “Sim, esse foi sempre o meu problema”. Então,
eu disse: “Pode ser um demónio”. Quando orámos por
libertação, o demónio demonstrou-se surpreendentemente
poderoso. De facto, ele atirou o homem de um lado para
o outro do meu gabinete antes de sair. Numa outra
ocasião, foi um dos candidatos a doutoramento de uma das
universidades da Ivy League, que foi a uma conferência
onde eu estava a ensinar. O Christopher já tinha ouvido falar
do meu ministério de libertação, mas antes da conferência
fez um voto de que iria sair dali exactamente da mesma
maneira que tinha entrado. Ele foi às minhas reuniões e
observou tudo o que ali se passou, mas fiel ao seu voto,
saiu dali exactamente como tinha entrado.
No entanto, quando estava no avião para regressar à
escola, teve umas dores de cabeça tão fortes, que chegou
a pensar que ia morrer. Na sua agonia começou a orar e o
Senhor mostrou-lhe que aquilo se devia a um demónio de
dúvida. Para além disso, ele apercebeu-se quando é que
aquele demónio tinha entrado nele. Um colega, fazendo
pouco do Christopher pelo facto dele ser Cristão, tinha­
lhe dito: “Acreditas mesmo que Cristo alimentou cinco

221
mil pessoas com cinco pães e dois peixes?” Christopher
respondeu: “Bem, quer Cristo tenha feito isso ou não,
não é importante. Isso não afecta a minha fé Nele”. Ele
apercebeu-se que aquela reacção tinha aberto a porta para
um demónio de dúvida.
Na sua agonia, o Christopher clamou ao Senhor por
libertação, e virou-se para a senhora que estava sentada
ao seu lado, uma desconhecida, e disse-lhe: “Eu creio que
Jesus Cristo alimentou cinco mil pessoas com cinco pães
e dois peixes!”
O Christopher tinha tropeçado num princípio Cristão
vital: Se abrimos a porta a um demónio ao dizermos a coisa
errada, temos de cancelar esse erro, afirmando aquilo que
está certo. Pedro negou o Senhor três vezes, mas depois da
ressurreição Jesus levou Pedro a desdizer a sua negação
ao afirmar três vezes ao Senhor que o amava (ver João
21:15-17).

3.A Língua
Um demónio que opera tanto na área da mente, como
na língua é um espírito mentiroso. Ele pode falar tanto à
mente de uma pessoa, como através da sua língua.
Exemplificando a primeira situação, lembro-me
de uma mulher que uma vez veio ter comigo em busca
de ajuda, queixando-se: “Há seis meses que busco a
salvação, mas não consigo ser salva” Pedi-lhe então que
me dissesse a que igrejas é que tinha ido. Quando ela mas
citou, reconheci que todas elas pregavam uma mensagem
saudável e bíblica da salvação.
Sem dizer nada à mulher, mas em sussurro, e no nome
de Jesus, repreendi o espírito mentiroso que estava a falar
à sua mente, e que lhe dizia que Deus não a amava e que
ela não podia ser salva. Depois conduzi-a numa simples

222
oração de salvação. Imediatamente ela teve a certeza da
salvação, a qual, tanto quanto eu sei, nunca mais perdeu.
A autoridade para “ligar ou desligar”, a qual exercitei
neste caso, é uma ferramenta importante quando se lida
com demónios. Em Mateus 12:29, ao falar acerca de
expulsar demónios de uma pessoa, Jesus disse: “Ou, como
pode alguém entrar em casa do homem valente, e furtar os
seus bens, se primeiro não maniatar [amarrar] o valente,
saqueando então a sua casa?”
Se há um “gang” de demónios, normalmente o
“valente” é o líder, o qual controla e domina os restantes.
No processo de libertação, ele é geralmente o primeiro a
se manifestar.
Mais à frente, em Mateus 18:18, Jesus deu aos Seus
discípulos a autoridade para “ligar” ou “desligar” forças
espirituais: “Em verdade vos digo que tudo o que ligardes
na terra, será ligado no céu, e tudo o que desligardes na
terra, será desligado no céu”.
A autoridade para ligar ou desligar pode ser muito eficaz
quando lidamos com demónios, mas o seu exercício deve
ser salvaguardado pela aplicação de princípios bíblicos
importantes. (Eu delineio esses princípios no capítulo 25).
O espírito mentiroso na mulher com quem eu estava
a lidar, estava a falar à sua mente. Por outro lado, um
espírito mentiroso também pode falar através da língua de
uma pessoa. Por exemplo, há pessoas que são mentirosos
compulsivos. Não se apercebem do demónio mentiroso
que está nelas, muitas vezes, nem sequer sabem quando é
que estão a mentir.
Ronald, um homem de negócios, costumava visitar-
nos, a mim e à Lydia, em nossa casa. Quando se sentava na
sala, a sua conversa tornava-se cada vez mais interessante,
e cada vez mais improvável. Depois de algum tempo, a

223
minha mente começava a vaguear. “Será que ele acredita
no que está a dizer?”, perguntava-me a mim mesmo. “Será
que eu acredito?” No entanto, ele era totalmente sincero,
não fazendo a menor ideia de que estava a mentir.
Mais tarde, vim a saber como é que aquele espírito
mentiroso tinha entrado nele. O Ronald tinha sido adoptado
por uma família rica que não tinha mais filhos. Eles criaram
grandes expectativas em torno dele, se o Ronald chegava
a casa com notas baixas, os seus pais mostravam o seu
desapontamento. Por isso, ele começou a mentir acerca
das suas notas. Por fim, habituou-se a mentir de tal maneira
que já nem sabia quando é que o espírito mentiroso tinha
entrado nele e assumido o controle. Acabei por perder
contacto com o Ronald, e não tenho a certeza se ele foi
alguma vez liberto.
Os mentirosos compulsivos são pessoas controladas
por demónios mentirosos, eles enganam os outros e
enganam-se a si próprios. Até são capazes de passar num
teste para detectar mentiras.
Outros demónios na área da língua são: exagero, mexe­
riquice, criticismo e calúnia. O exagero é um demónio que
atinge particularmente os evangelistas, daí a frase “evange-
listicamente falando”. A mexeriquice e o criticismo são
dois demónios que se sentem muito bem na igreja.

4. Sexo
Alguns Cristãos vêem o sexo como algo em si impuro.
Sentem-se envergonhados só de pensar nisso, quanto
mais falar com franqueza acerca desse mesmo assunto.
Contudo, esta atitude não é bíblica. Deus criou Adão e Eva
seres sexuais, e depois declarou que tudo o que Ele tinha
criado era muito bom — incluindo, obviamente, o sexo
(ver Génesis1:31). No entanto, o impulso sexual nos seres

224
humanos é tão forte, que é um dos principais alvos de
Satanás. Ele sabe que se conseguir ganhar o controlo desta
área, fica com uma ferramenta poderosa para influenciar
todas as outras áreas do comportamento.
Apercebi-me que, praticamente todas as formas de
aberração sexual compulsiva, são fruto de pressão demo­
níaca. Isto inclui masturbação, pornografia, fornicação,
adultério, homossexualidade, lesbianismo, efeminidade,
e todos os géneros de perversão relativas ao que Paulo
afirma: “Pois o que eles fazem no oculto, até dizê-lo é
torpe” (Efésios 5:12).
Há diversas maneiras para estes demónios conseguirem
entrar. Lembro-me de uma mulher casada, uma professora
da escola dominical de uma das principais denominações,
que confessou à Lydia e a mim que tinha estado envolvida
em adultério duas vezes. No entanto, ela sentia-se
desesperadamente envergonhada e aparentemente contrita.
Ao tentarmos descobrir a fonte do seu impulso, descobrimos
que o seu pai se tinha envolvido numa relação adúltera na
altura em que tinha sido concebida. Parecia que o demónio
de adultério do seu pai tinha entrado nela nessa mesma
altura. Quando a Lydia e eu orámos por ela segundo
aqueles factos, ela recebeu uma libertação poderosa.
“Preciso de confessar ao meu marido aquilo que fiz?”,
perguntou ela, acrescentando ainda: “Ele é militar - boina
verde, e anda sempre com uma pistola”.
“Essa é uma decisão que tu tens de tomar”, respondi-
lhe. “Não podemos tomá-la por ti, mas a menos que haja
uma total honestidade entre ti e o teu marido, creio que
Deus não irá abençoar o teu casamento na plenitude”.
Mais tarde, ela confessou-lhe o que tinha feito, e ele
perdoou-lhe. Como consequência disso, ela disse-nos que
o seu relacionamento estava melhor do que nunca.

225
O momento da concepção é um momento decisivo. (Os
chineses calculam a sua idade a partir desse momento).
As crianças concebidas fora do casamento, muitas vezes
nascem com um espírito de fornicação. Isto pressiona-as,
à medida que crescem, a cometerem o mesmo pecado.

5. Apetites físicos
Esta é outra das áreas que está aberta a demónios. As
duas partes mais básicas são comer e beber, que alguns
Cristãos vêem como algo puramente natural, sem qualquer
significado espiritual. No entanto, o Novo Testamento
revela estas actividades como sendo elementos importantes
do nosso estilo de vida Cristão.
Por exemplo, os novos crentes que foram acrescentados
à Igreja depois do dia de Pentecostes: “comiam juntos com
alegria e singeleza de coração, louvando a Deus, e caindo
na graça de todo o povo” (Actos 2:46-47). Havia algo
no modo como aqueles Cristãos comiam e bebiam, que
impressionou os seus vizinhos não convertidos. Será que o
mesmo acontece com os Cristãos contemporâneos?
Em 1 Coríntios 10:31, Paulo afirma novamente:
“Portanto, quer comais, quer bebais, ou façais outra coisa
qualquer, fazei tudo para a glória de Deus”. Isto levanta
uma questão muito prática: é possível comer em excesso
para a glória de Deus?
Este assunto confronta em particular, os Cristãos do
mundo ocidental, onde comer em excesso se tornou um
estilo de vida. Quantos é que considerariam a possibilidade
de estarem escravizados por um demónio de gula? No
entanto, isto explica com certeza, porque é que multidões
de pessoas mudam de dieta em dieta, sem nunca atingirem
o seu objectivo de um peso estável e moderado. Essas
pessoas estão tão amarradas à comida, tal como eu disse

226
no capítulo 18, como outras pessoas estão ao álcool ou
à nicotina. Para além disso, as consequências físicas e
espirituais de comer demasiado, podem ser tão prejudiciais
como aquelas relacionadas com a nicotina ou com o
álcool.
Salomão oferece uma oração que se pode ajustar aos
Cristãos que estão escravizados por esses apetites:

Apanhai-nos as raposas, as raposinhas[os demónio­


zinhos], que fazem mal às vinhas, porque as nossas vinhas
estão em flor.
Cânticos de Salomão 2:15

Ainda que pareçam pouco importantes, estes pequenos


demónios com aparência de raposas podem estragar
os frutos do Espírito, que Deus procura encontrar nas
nossas vidas. Uma das formas de frutos espirituais que,
inevitavelmente, sofrem com as raposinhas, é o fruto do
domínio próprio. Ele não pode coexistir com a satisfação
de todos os desejos próprios. Temos de nos lembrar do
aviso de Jesus em João 10:10: “O ladrão não vem senão a
roubar, a matar e a destruir”. Os demónios podem vir sob
a forma de vários apetites ou concupiscências, incluindo o
álcool, a nicotina ou a comida. Não importa a porta através
da qual entram, todos eles têm a mesma motivação: causar
todo o mal que puderem.
Muitas vezes, a barreira irreconhecível que impede
a libertação é o “orgulho”. Pode ser difícil para Cristãos
que frequentam a Igreja atribuírem o nome certo ao seu
problema, e reconhecerem que necessitam de ser libertos
de um demónio. A mulher cujo demónio de gula saiu
através do vómito ficou envergonhada, mas na verdade
aquele embaraço momentâneo foi um “preço baixo” a

227
pagar pela libertação de uma escravidão tão humilhante e
destrutiva.
Para além destas concupiscências da carne, também
há a “concupiscência dos olhos” (ver 1 João 2:16).
Há demónios específicos que entram através da porta
dos olhos. Um dos demónios que já foi mencionado,
e que é regularmente projectado através dos média, é a
pornografia. Esta palavra deriva de “porne”- a palavra
grega para prostituta. Alguns homens cometem fornicação
através dos olhos.
O próprio Jesus disse que esta era uma das formas
através da qual um homem pode cometer adultério: “Eu,
porém, vos digo, que qualquer que atentar numa [olhar
para] mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu
adultério com ela.” (Mateus 5:28). Fiquei chocado quando
descobri quão poderosa é a influência da pornografia na
Igreja professa.
No entanto, há muitas outras formas de concupiscência,
que abrem a porta para demónios, tanto em homens como
em mulheres, Em Tito 3:3, Paulo inclui-se a si próprio
entre aqueles que, a uma dada altura, foram “…insensatos,
desobedientes, extraviados, servindo a [escravizados por]
várias concupiscências e deleites,…” Quão maravilhosa é
a graça de Deus, que providenciou uma forma de libertação
dessas armadilhas demoníacas!
No dramático relato que se segue, um pastor da
Florida descreve a sua experiência ao lidar com um jovem
homossexual:
“Pastor”, pranteou o jovem que estava no meu gabinete,
“alguém tem de me ajudar! Não posso continuar assim”.
Inclinou-se para a frente na cadeira. “Há dois anos nasci
de novo. Eu amo o Senhor de verdade, mas ainda tenho
um desejo muito forte por homens”.

228
Esperámos até ele recobrar a sua postura.
“Antes de ser salvo, eu era homossexual. Desde então,
nunca mais cometi esse pecado, mas o desejo ainda está em
mim, e receio, não conseguir controlá-lo por muito mais
tempo. Falei com o meu pastor para receber libertação,
mas ele diz que não é possível que um Cristão tenha
um demónio de homossexualidade, e que eu tenho é de
exercitar a minha disciplina”.
Ele olhou para mim com angústia estampada no seu
rosto. “Mas disciplina não é a resposta! Eu sei que há um
espírito perverso no meu corpo. Ele está lá, libertação é a
minha única esperança; pode ajudar-me?”, e recomeçou a
chorar.
Esperei até ele se recompor. Então, expliquei: “Era
bom que fosse verdade que os Cristãos são imunes a
invasão demoníaca. Infelizmente, isto que é corruptível
ainda não se “revestiu da incorruptibilidade”, e isto que é
mortal ainda não se “revestiu da imortalidade!”, tal como
diz em 1 Coríntios 15:54. Até que isso aconteça, as nossas
mentes e corpos ainda estarão vulneráveis ao inimigo. Um
demónio pode ir a qualquer lado onde o pecado e a doença
podem ir; e se um Cristão pode ter qualquer uma dessas
coisas, também está sujeito a ter um demónio”.
O rapaz ouviu-me intensamente.
“Receber o ministério de libertação hoje, obriga-te
a uma série de encontros que se irão suceder no futuro,
esta não é uma sessão de um momento. Jesus avisou
que, quando um espírito imundo sai de uma pessoa, ele
anda por lugares áridos buscando repouso, e não o acha.
Ele irá acabar por voltar à mesma pessoa e tentar entrar
novamente; se conseguir, o estado daquela pessoa será
pior do que antes. Tens de impedir a todo o custo que isso
aconteça. Para isso, tens de manter uma vida de devoção

229
a Deus, comunhão com outros crentes cheios do Espírito,
e lê a Bíblia! Ao fazer isto, o teu relacionamento com o
Senhor será fortificado”.
Ele concordou.
“Agora, quero que te recostes na cadeira e que ouças
com atenção aquilo que vou dizer”. Então, prossegui. “Se
agires de acordo, com as regras de Deus, serás liberto. A
Escritura promete que, todo aquele que clamar pelo nome
do Senhor será liberto. Essa promessa nunca pode falhar;
Deus irá cumprir a Sua promessa para contigo. Só tens de
ter a certeza de que estás em perfeita submissão a Ele”.
Depois, orientei aquele jovem numa proclamação renun­
ciando toda a actividade oculta e impura, na qual ele tinha
estado envolvido. De seguida, ele perdoou verbalmente
todos aqueles que alguma vez o tinham magoado, incluindo
os homens que tinham abusado dele na sua infância.
Ao perdoá-los não significa que concordas com o que
eles fizeram”, expliquei. “Significa apenas que, através do
perdão, estás a cortar as amarras que te mantém ligado aos
danos que eles infligiram na tua vida”.
“É importante compreenderes que irei falar directamente
ao espírito” prossegui eu, “e não para ti. Deves ouvir
cuidadosamente, mas, sem te meteres no caminho. Não
permitas que as ameaças do demónio te intimidem, e não
o protejas”.
Ele recostou-se, fechou os olhos, e começámos.
Numa voz calma mas com autoridade, comecei a citar
passagens da Escritura ao espírito. Escolhi versículos que
o lembravam da derrota de Satanás e da vitória de Jesus.
Por exemplo:

E, visto como os filhos participam da carne e do


sangue, também ele [Jesus] participou das mesmas coisas,

230
para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da
morte, isto é, o diabo; E livrasse todos os que, com medo
da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão.
(Hebreus 2:14-15).

Lembrei ao espírito que seria tão em vão tentar impedir


o sucesso deste ministério, como o tinha sido tentar impedir
a ressurreição de Jesus.
“E estes sinais hão-de seguir os que crerem”, disse ao
demónio, citando Marcos 16:17, “Em meu nome expulsarão
demónios”, e ainda, “Eu vos dei autoridade para pisar
serpentes e escorpiões, e toda a força do inimigo, e nada
vos fará dano algum” (Lucas 10: 19). Continuei a citar a
Escritura durante cerca de vinte minutos.
“As armas da nossa milícia não são carnais”, continuei,
citando 2 Coríntios 10:4-5, mas sim poderosas em Deus,
para destruição das fortalezas. Destruindo os conselhos,
e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de
Deus,…”
O jovem sorriu para mim várias vezes com um esgar
sedutor, e sexy. Reconhecendo que aquela era uma mera
manifestação do espírito, continuei. De repente, ao citar
Romanos 16:20, “E o Deus da paz esmagará em breve a
Satanás debaixo dos vossos pés”, algo espantoso aconteceu:
o jovem virou-se de lado na cadeira, agarrou o braço com
ambas as mãos e entrou numa espécie de ataque epiléptico
violento. O seu corpo voltou-se subitamente, para a frente
estremecendo furiosamente, ao mesmo tempo que vibrava
de lado. Agarrei-o em volta da cintura, tentando dar-lhe o
máximo apoio possível. Foi horrível, pois, os demónios
são horríveis.
O som que vinha de dentro dele era igualmente aterrador,
saíu um rugido do seu corpo semelhante a um touro ferido.

231
Lembrei-me imediatamente dos acontecimentos passados,
durante a pregação de Filipe na Samaria: “Os espíritos
imundos saíam de muitos que os tinham, clamando em
alta voz” (Actos 8:7); e de Jesus libertando o jovem aflito
quando “O espírito, clamando e agitando-o com violência,
saiu” (Marcos 9:26).
Aqueles ataques duraram vários minutos, à medida
que eu continuava a repreender o espírito, ordenando-lhe
para se calar e sair. Então, da mesma forma que os ataques
tinham começado, o rapaz sucumbiu na cadeira, esgotado
física e emocionalmente. A sala ficou silenciosa: o espírito
tinha saído.
Devagar e com reverência, como se em adoração, o
rapaz levantou ambos os braços acima da cabeça, chorando
e rindo ao mesmo tempo: “Saiu! Saiu! Eu senti-o sair
Graças a Deus, estou livre! Saiu!”
Passados alguns momentos, levantou-se da cadeira
e passou a meia hora seguinte andando de gabinete em
gabinete, cantando, rindo, gritando: “Obrigado, Jesus!
Saiu! Saiu! Obrigado, Jesus!”
Naquele curto período de tempo, o atormentado
estilo de vida homossexual acabou; só a sua memória
permaneceria.
Eu tinha uma razão em particular para me alegrar
com este jovem; durante quase trinta anos de ministério
tradicional, nunca tinha sido capaz de ajudar pessoas
com problemas tão esmagadores. No passado, eu tinha
permanecido impotente perante membros da igreja,
que eram destruídos por situações, que o ministério de
libertação poderia ter facilmente resolvido. Alguns deles
chegaram mesmo a morrer. Essa falha, comum à maioria
de nós pastores, mudou radicalmente quando recebi o
baptismo no Espírito Santo e tomei conhecimento do

232
ministério de libertação. Estou grato por este rapaz não
se ter tornado mais um dos meus sinistrados. A verdade
libertou-o.

20 - Demónios de Doença e Enfermidade

Outra área que devemos ter em conta é o corpo. No


capítulo 3, referi que Jesus não fez uma distinção firme
entre curar a doença e expulsar os demónios.
Lucas descreve a primeira ocasião, em que Jesus
ministrou aos enfermos:

E, ao pôr do sol, todos os que tinham enfermos de


várias doenças lhos traziam; e, pondo as mãos sobre cada
um deles, os curava. E também de muitos saíam demônios,
clamando e dizendo: Tu és o Cristo, o Filho de Deus. E
ele, repreendendo-os, não os deixava falar, pois sabiam
que ele era o Cristo.
Lucas 4:40-41

Este relato torna claro que, muitas das enfermidades


das pessoas eram causadas por demónios.
Creio que os demónios podem ser a causa de quase
todas as dores e doenças físicas, mas é necessário discerni­
mento para distinguir entre doenças ou dores que têm uma
causa demoníaca, e as que são puramente físicas. Devido
à nossa compreensão limitada, pode-nos parecer difícil
visualizar como é que uma entidade espiritual, como um
demónio, pode ocupar um espaço físico, como uma zona
do corpo humano. No entanto, compreendamos, ou não, o
facto é que isso acontece e é frequentemente ilustrado na
Escritura.

233
Os Evangelhos registam que Jesus curou mudos,
surdos e cegos ao expulsar demónios (ver Mateus 9:32-33;
12:22; Lucas 11:14). Em Lucas 13:11-16, Jesus encontrou
uma mulher que há dezoito anos que sofria de escoliose,
ou, o que poderíamos chamar de corcunda. Embora a sua
condição parecesse puramente física, Jesus declarou que
ela tinha sido amarrada por um “espírito de enfermidade”.
Tendo por base isso, Ele libertou-a e ela foi completamente
curada. Em Marcos 9:17-29, Jesus lidou com um rapaz que
tinha os sintomas da epilepsia. No entanto, ele confrontou-
o como “espírito mudo e surdo” (versículo 25). Quando o
demónio foi expulso, o rapaz ficou curado.
Já passaram praticamente dois mil anos, mas o mesmo
princípio ainda se aplica. Durante mais de trinta anos,
já vi centenas de pessoas serem curadas de vários tipos
de doenças ou enfermidades através da libertação de
demónios. Irei mencionar apenas alguns casos.

Epilepsia
No início dos anos 70, uma jovem de dezoito anos veio
ter comigo e com a Lydia à procura de oração. Tinha-lhe
sido diagnosticada epilepsia, que estava a ser controlada
através de medicação. Quando ela ouviu falar acerca do
meu ensino, ficou a pensar se a sua epilepsia poderia ter
sido causada por um espírito maligno.
Quando a Lydia e eu orámos por ela e ordenámos ao
demónio de epilepsia para sair, ele saiu. Mas então, senti
que o Senhor me estava a dizer: “A tua tarefa ainda não
está concluída”. Então, perguntei à rapariga: “Como é
que os teus ataques começaram? Foi através de uma lesão
física?”
“Sim”, respondeu ela. “Levei com uma bola de baseball
na cabeça, e depois disso os ataques começaram”.

234
Expliquei-lhe que aquela lesão física tinha aberto a
“porta” através da qual, o espírito de epilepsia tinha entrado.
“Agora que o espírito já saiu”, disse eu, “precisamos de
fechar a porta para que ele não possa voltar a entrar”.
Então, impusemos as mãos sobre a sua cabeça, e
orámos pela cura do seu cérebro.
Mantivemo-nos em contacto com aquela rapariga
durante cerca de dois anos, nesse tempo, ela nunca mais
tomou medicação e deixou de ter ataques.
Há alguns anos atrás, outra mulher veio ter comigo
juntamente com a sua filha que tinha cerca de dezoito
anos.
“Sr. Prince, disse ela, “há dez anos atrás, você orou por
mim e fui liberta de um espírito de epilepsia. A minha filha
tem o mesmo problema; orem por ela, por favor”.
A Ruth e eu orámos pela filha dela, ordenando ao
demónio de epilepsia para sair, e ela foi curada, tal como
a sua mãe tinha sido.
Pediram a um amigo meu evangelista, para orar por
uma pessoa que tinha epilepsia. Quando ele veio contra o
espírito de epilepsia, o espírito, não a pessoa - respondeu:
“És mesmo parvo! Eu fui clinicamente reconhecido”.
Os demónios sabem como se adaptar à terminologia e
às modernas práticas da medicina!
Devo acrescentar que dois dos membros da nossa
grande família, que não eram parentes, receberam cura
de epilepsia através de oração sem qualquer manifestação
exterior - afinal, hoje em dia, Jesus ainda tem formas
diferentes de lidar com as pessoas!
Quando as pessoas vêm ter comigo para receberem
oração de libertação de epilepsia, normalmente digo-lhes:
“Precisas de saber que o demónio pode lutar antes de sair,
estás preparado para lutar? Se sim, eu irei lutar contigo

235
e iremos vencer, mas, se não estás preparado para lutar
por ti, eu não vou lutar sozinho”. Em todos os casos de
que me lembro, todas as pessoas se prontificaram a lutar, e
Deus deu-nos a vitória. No entanto, não tenho fé naquelas
pessoas que ficam apenas passivas, sem tomarem uma
posição contra o inimigo.
Como regra geral, não oro por pessoas que esperam ser
libertas apenas na base das minhas orações. Uma pessoa
que não está disposta a tomar uma posição activa contra
o demónio, provavelmente não terá as defesas necessárias
para impedir que ele regresse. Mateus 12:43-45, avisa-nos
que o espírito maligno irá voltar, trazendo “sete espíritos
piores do que ele... e são os últimos actos desse homem
piores do que os primeiros”. A experiência da Esther
descrita no capítulo 6, dá-nos um exemplo de demónios
que tentam regressar. (No capítulo 23, irei dar instruções
sobre como nos mantermos livres).

Cegueira, Surdez, Mudez e Artrite


No Hawai, um homem ainda novo trouxe-nos, a mim e
à Ruth, a sua avó que tinha oitenta anos que era cega.Vinha
da Suíça francófona, e a sua língua mãe era o francês.
Embora, eu não estivesse consciente de ter uma grande fé,
a Ruth e eu, começámos a orar por ela. Então, falando em
inglês, ordenei ao espírito de cegueira para sair da mulher.
Passados alguns momentos a mulher voltou-se para mim,
e disse em francês: “Je vous vois” (“Eu vejo-o”). Fiquei
surpreendido e contente!
Em 1985, a Ruth e eu orientámos uma equipa para
ir ministrar no Paquistão. As pessoas vieram de todo o
país, pois tinham anunciado que nós iríamos orar pelos
doentes. As maiorias deles eram analfabetos e bastante
indisciplinados. Um dia, as mulheres, que naquela cul­

236
tura se sentam separadamente, estavam extremamente
barulhentas e desordeiras. Tentando estabelecer alguma
disciplina, anunciei: “Esta manhã iremos orar apenas pelos
homens”.
Imediatamente, cerca de duzentos homens correram
para nossa equipa querendo oração. A Ruth e eu
encontrámos um homem que primeiro tocou os lábios
e depois os ouvidos, indicando que era surdo-mudo.
Recordando-me que Jesus tinha expulsado um espírito
maligno de um surdo-mudo, decidi fazer o mesmo. Não
posso dizer que tivesse qualquer fé especial.
“Espírito surdo-mudo”, disse eu, “no nome de Jesus,
ordeno-te que saias deste homem”.
Eu sabia que o homem não me ouvia, nem podia,
compreender Inglês, mas o demónio compreendia!
Quando eu disse ao homem: “Agora diz Aleluia”, ele
abriu a boca e gritou: “Aleluia!” . Levei-o ao líder que
estava no palco, o qual começou a contar às pessoas o
milagre na língua Urdu.
Aquele relato despertou a fé das pessoas que começaram
a trazer outros surdos-mudos. (Em nações muçulmanas,
há uma quantidade deste tipo de casos fora do normal).
Nos minutos seguintes, a Ruth e eu expulsámos espíritos
surdos-mudos de pelo menos mais de dez homens ou
rapazes, e todos eles foram curados. Um dos casos mais
empolgantes foi o de um rapaz com cerca de cinco anos,
cuja primeira palavra foi “umma” (mamã).
Em 1980, numa grande conferência na África do
Sul, pediram-me para liderar um seminário sobre cura e
libertação para cerca de mil pessoas. No primeiro dia ensinei
acerca de cura, e depois comecei a orar individualmente
pelos doentes. O poder de Deus estava naquele lugar, e
houve várias curas dramáticas.

237
Uma mulher com artrite veio à frente. Eu disse-lhe:
“Creio que a sua artrite é um demónio. Está preparada
para que ele seja expulso?”
Ela acenou com a cabeça, e a Ruth e eu impusemos
as mãos sobre ela e ordenámos ao demónio de artrite
para sair. Daí a alguns minutos, ela respondeu: “Todas as
minhas dores desapareceram! Estou curada.”
À medida que as pessoas aplaudiam e agradeciam a
Jesus, senti que a sua fé colectiva tinha aumentado, e que já
não era necessário ministrar a cada uma individualmente.
Pedi a todos aqueles que sofriam de artrite para ficarem
de pé. Cerca de trinta pessoas, entre as que estavam
no auditório, puseram-se em pé. Depois de explicar o
que tencionava fazer, tomei autoridade sobre todos os
demónios de artrite, e ordenei-lhes que saíssem no nome
de Jesus. Depois, disse às pessoas que estavam em pé para
só se sentarem até quando as suas dores tivessem saído, e
soubessem que estavam curados.
Enquanto a Ruth e eu continuámos a orar por pessoas
que tinham outras doenças, aqueles com artrite começaram
a sentar-se um de cada vez. Passados quinze minutos, já
não havia nenhum em pé.
Algumas semanas mais tarde, ao viajar pela África
do Sul, a Ruth e eu encontrámo-nos com várias dessas
pessoas individualmente, e elas confirmaram que naquele
dia tinham sido curadas.

Morte
No capítulo 6, afirmei que tanto a Esther, como a
sua filha Rose, foram libertas de um espírito de morte. O
espírito tinha entrado na Esther quando ela quase morreu
durante uma intervenção cirúrgica, um momento de
especial fragilidade. Temos de nos lembrar que Satanás é

238
um homicida (ver João 8:44). Ele usa o espírito de morte
para matar uma pessoa, que não morreria apenas de causas
naturais.
Isto foi confirmado por um médico Cristão, director
de uma clínica, que veio ter comigo depois de um culto.
“Aquilo que nos ensinou acerca do espírito de morte” disse
ele, “ajudou-me a compreender porque é que há pessoas
que morrem sem que nós encontremos causas médicas
suficientes para a sua morte”.
“Um dos meus netos, também ele ministro, teve uma
experiência incrível”. Eis o seu testemunho:

A nossa filha Rebecca, nasceu com um buraco no


coração. Quando tinha seis anos, em Janeiro de 1993,
foi sujeita a uma operação ao coração para reparar o
problema.
Só podíamos visitar a enfermaria dos Cuidados
Intensivos durante dez minutos por hora, e era necessário
obter autorização da enfermeira chefe para podermos
entrar na enfermaria. Uma manhã, estávamos à espera
no corredor juntamente com mais vinte pais ansiosos.
Quando nos recusaram a entrada, percebemos que alguma
coisa não estava bem. Peguei no telefone interno para
saber o que se estava a passar e a enfermeira disse que
estavam a ter algumas dificuldades com uma das crianças,
e que nós teríamos de continuar a aguardar. Contei o
sucedido aos outros pais, e todos eles empalideceram.
De repente, a porta abriu-se e de lá saíram o médico e
o capelão do hospital. Falaram com o casal que estava a
nossa frente, e a mãe começou imediatamente a chorar.
Foram rapidamente levados à sala de aconselhamento.
Pouco tempo depois daquela cena traumática, deixaram-nos
entrar a todos e visitar os nossos filhos. Quando entrámos

239
na enfermaria, reparámos num médico que estava em pé
ao fundo da cama ao lado da nossa filha. O rapaz de doze
anos que estava deitado na cama, e que tinha sido sujeito
a uma operação naquela manhã, era o filho daquele casal!
Ao olharmos para o ecrã dos sinais vitais, verificámos que
a linha corria a direito.
Permanecendo em pé entra as duas camas, agarrei na
mão da minha esposa, e disse numa voz baixa e depressa:
“Venho contra o espírito de morte neste lugar, no nome de
Jesus”. Depois, virámos a nossa atenção para a nossa filha,
que estava acordada e precisava dos nossos cuidados.
Na manhã seguinte, enquanto andava pelo corredor
vi o pai daquele rapaz com um sorriso no rosto. Parei, e
perguntei-lhe o que é que se tinha passado. O pai disse-
me, espantado: “O médico não deu qualquer esperança ao
meu filho, e voltou-lhe as costas. Esta manhã, o meu filho
sentou-se na cama e fez-me sinal que estava bem!”
A minha mulher e eu sabemos que Deus libertou
aquele rapaz de um espírito de morte. Graças a Deus que
nós soubemos o que fazer!

Discernir a Causa: Natural ou Demoníaca?


Nos capítulos anteriores, falei acerca de espíritos
mentirosos que atacam a mente das pessoas. Em 1994, a
Ruth e eu experimentámos um tipo de ataque diferente por
parte de espíritos mentirosos. Depois de batalhar contra
uma série de doenças de certa gravidade durante vários
anos, a Ruth recebeu uma palavra do Senhor: “O teu
tempo de enfermidade chegou ao fim”. Algumas semanas
mais tarde, num dia que tínhamos separado para jejum e
oração, a Ruth foi atacada com dores em todas as áreas do
seu corpo, da cabeça até aos pés. Ela disse: “Ó Senhor, por
favor, outra vez não!”.

240
Ao longo destes anos, a Ruth e eu temos aprendido a
não conceder terreno a enfermidades, mas a permanecer
nas promessas de Deus. Então, ela disse-me: “Eu sei que
me ia sentir melhor se pudesse adorar o Senhor, mas não
tenho forças. Podes pôr aquela cassete russa de adoração
da conferência que fizemos em Moscovo no ano passado?
Creio que me vai ajudar”.
A Ruth estava no chão do nosso quarto, e à medida que
começou a relaxar e a adorar o Senhor, exclamou: “Estes
são, sintomas mentirosos, espíritos mentirosos, que estão
a tentar roubar-me a promessa de Deus!”
Quando, no nome de Jesus, declarámos a nossa
posição contra aqueles espíritos mentirosos, a Ruth foi
completamente liberta das dores.
Na espantosa graça de Deus, Ele ainda nos concedeu
uma dádiva para a qual não há explicação natural. Nas
palavras da Ruth:
“Pus-me de pé e fui à cozinha buscar um copo de
água. De repente, o Derek chamou-me: “Vem cá depressa!
” Quando regressei ao quarto fiquei boquiaberta! Todo
o quarto e a casa de banho estavam inundados por uma
fragrância de rosas, como se fosse um jardim inglês. Era
como se o Senhor em pessoa, ali estivesse. Prostrei-me
sobre o meu rosto em adoração”.

Deus fez-nos, “mais do que vencedores” (Romanos


8:37). Saímos daquela provação, com mais do que aquilo
que tínhamos, quando entrámos nela.
Esta experiência fez-me lembrar alguns Cristãos que
receberam uma cura genuína do Senhor, contra os quais
Satanás tinha (aparentemente) dirigido espíritos mentirosos
para debilitar a sua fé e destruir o seu testemunho. Temos
de “revestir-nos de toda a armadura de Deus, para que

241
possamos estar firmes contra as astutas ciladas do diabo”
(Efésios 6:11).
Contudo, é necessário realçar, tal como afirmei no
capítulo 10, que nem todas as doenças são causadas por
demónios. Muitas têm causas naturais, o que faz com que
seja importante identificar doenças que são directamente
causadas por demónios.
Em l Coríntios 12, Paulo faz uma lista de nove dons
sobrenaturais do Espírito Santo que estão disponíveis
para os crentes. Destes nove, há dois que nos podem
ajudar a identificar demónios: literalmente, uma palavra
de sabedoria e discernimento de espíritos (ver versículos
8,10).
Dei aqui uma tradução literal destas duas expressões
porque o texto indica que cada palavra de sabedoria e
cada acto de discernimento é um dom individual. Cada
um deles opera também num plano sobrenatural, e não são
o produto de uma lógica natural ou da acção intelectual.
Em Hebreus 4: 12, o escritor diz:

Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais


penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra
até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas,
e é apta para discernir os pensamentos e intenções do
coração.

Este tipo de discernimento pode advir de uma palavra


de sabedoria. Ele pode penetrar as áreas invisíveis da
personalidade humana e revelar a identidade de forças
malignas ali escondidas. Por vezes, a revelação vem na
forma de uma única palavra ou frase imprimida na mente
da pessoa que ministra libertação, ou então daquele que
está a receber libertação. Um demónio identificado desta

242
forma pode ser colite, coxear, asma, esquizofrenia ou
cancro.
No entanto, a presença de um demónio não tem de ser
necessariamente revelada sobrenaturalmente. Ela pode ser
descoberta no decorrer normal de aconselhamento pessoal,
da mesma forma que um médico pode diagnosticar uma
doença a partir dos sintomas que o doente descreve. Este
capítulo, bem como os nove anteriores, providenciam uma
análise bastante compreensiva de alguns dos sintomas mais
comuns da actividade demoníaca. Uma das coisas que me
parece particularmente útil é identificar, se possível, o
momento ou lugar de fraqueza através do qual um demónio
conseguiu entrar.
Há outra forma pela qual os demónios podem
contribuir para a doença. No capítulo 19 falei acerca de
espíritos emocionais negativos. Embora não causem
doenças, eles podem produzir uma atitude mental que,
ou abre a porta à doença, ou então impede os doentes
de receberem cura pela fé. Alguns exemplos de espíritos
negativos são rejeição, medo, sofrimento, falta de perdão,
desencorajamento, desilusão e desespero. Normalmente,
nestes casos, é necessário expulsar o espírito negativo
antes de tentar ministrar cura física.
Referi apenas algumas das ocasiões em que vi a
autoridade de Cristo ser usada com grande eficácia,
contra demónios de doença e enfermidade. Mas ainda me
arrependo das muitas ocasiões em que não segui o padrão
da abordagem agressiva de Cristo a esses demónios.
Aprendi que, para avançar neste nível sobrenatural, é
necessária uma dependência diária e continua de Deus,
confiando Nele para ter discernimento e autoridade. Neste
ministério, temos de afirmar com Paulo que “andamos por
fé, e não por vista” (2 Coríntios 5:7).

243
Libertação de uma Esclerose Múltipla e Apoplexia

Irei encerrar este capítulo com dois relatos notáveis de


pessoas libertas de demónios de doença e enfermidade. O
primeiro é de um obreiro de uma igreja americana:
Uma jovem da nossa igreja, vamos chamar-lhe Jane,
tinha desenvolvido esclorose múltipla (EM). Ela ouviu
uma pregação de fé, clamou pela sua cura e melhorou
bastante. Mas continuou a ter sintomas e a tropeçar nos
seus próprios pés. Ela deu o testemunho da sua cura num
dos cultos, mas acrescentou, “Ainda tropeço um pouco, e
sei que preciso de mais qualquer coisa”.
A Jane e a irmã vieram um dia ter connosco às l4h30m,
para receberem oração. Ela disse que se tinham sujeitado
a todas as orações para serem libertas. Então, metemos
mãos à obra. A Jane nomeou pelo menos cem espíritos,
eu estava demasiado ocupado para os contar; lembro-me
de muitos deles, mas não de todos. Trabalhámos das três
horas até às l8hl5.
Pensei que havia um espírito de EM, mas em vez disso,
ela nomeou os espíritos de todos os sintomas: cansaço,
fraqueza, tropeçar, tremer, choro, choramingar, lamentar,
cegueira, surdez, engasgar, sufoco, frieza, paralisia,
entorpecimento, tormento, fatiga, preguiça, ociosidade,
dores de cabeça, dores de ouvidos e mais!
À medida que orávamos, todas as manifestações de EM
tomaram conta do seu corpo, impedindo-a de permanecer
em pé, ela também partilhou que se sentia completamente
entorpecida. À medida que os espíritos saíam, dizia-me qual
a parte do seu corpo que estava a aquecer e qual começava
a sentir novamente.
Ela foi liberta até à cintura e ancas, depois até aos joelhos
e pernas. Finalmente, disse; “Os restantes estão nos meus

244
pés”. Descalçou as botas; os seus pés estavam rijos e frios e
então disse: “Há apenas mais dois no meu dedo do pé”. Não
me lembro do primeiro, mas o segundo era “queixar-se”.
Quando ele saíu, ela saltou e dançou por toda a sala. A Jane
estava completamente liberta de EM.

O outro relato notável de libertação de um demónio de


doença, vem de um evangelista da Nova Zelândia com um
ministério internacional:

No dia 10 de ]unho de 1992, enquanto liderava um


encontro em Katikati, Nova Zelândia, o Senhor chamou a
minha atenção para uma mulher de canadianas, a quem
chamei para vir à frente. Ela subiu as escadas do palco com
dificuldade.
Disse que estava com dores terríveis. Tinha tido
osteoartrite, problemas de circulação no coração e diabetes
durante 41 anos. Também tinha tido uma apoplexia depois da
morte do seu marido, dois anos antes. O lado esquerdo do seu
corpo tinha sido afectado. Ela coxeava, era incapaz de escrever
correctamente e dificilmente conseguia conversar. Ela adorava
cantar, mas a sua garganta estava contraída. Acrescentou que,
na juventude, havia problemas com a menstruação, e que
tinha tido a sua primeira dilatação e raspagem aos catorze
anos. Mais tarde sofreu vários abortos espontâneos.
Ordenei a todos os demónios que estavam a afectá-la que
saíssem, especialmente o espírito de apoplexia. Após a minha
oração, ela quase andou de um lado para o outro das escadas
do palco. As suas mãos estavam no ar e estava claramente
cheia do Espírito Santo.
Três anos mais tarde, no dia 14 de Junho de 1995, ela
foi a outro encontro numa cidade próxima dali e deu o seu
testemunho.

245
Quando regressou ao seu lugar no encontro em Katikati,
disse-nos que tinha sentido a cura de Deus. Na semana
que se seguira ela tinha sentido sacudidelas no seu corpo,
como se alguma coisa estivesse a mexer. Agora era capaz
de correr pelas escadas acima, conseguia escrever, e o lado
esquerdo do seu corpo ficou totalmente curado dos efeitos
da apoplexia, incluindo o seu olho. Decorridos três anos,
os médicos não conseguiram encontrar nenhum rasto dos
diabetes que ela tinha tido durante 41 anos.
Não há dúvida de que ela tinha recebido um milagre,
quando o poder demoníaco foi expulso.

21 - Preparando-se para a Libertação

Provavelmente, enquanto foi lendo, reconheceu demó­


nios que estão a trabalhar em si. Anteriormente, não com­
preendia as pressões que estava a suportar, mas agora
tornou-se capaz de as identificar. Graças a Deus! Já não
precisa de suportar essas pressões de uma forma passiva.
Neste capítulo irei mostrar-lhe o caminho que nos
conduz à libertação e vitória. O segredo espantoso é o
seguinte: Não temos de ganhar a vitória, por nós próprios.
Podemos entrar na vitória que Jesus, através da Sua morte
e ressurreição, já ganhou por nós.
Na Cruz, Jesus pagou o castigo total e final por todos
os pecados de todas as pessoas, de todas as idades e raças.
Ele foi o Cordeiro de Deus que levou o pecado do mundo
(ver João 1:29). Ao ressuscitá-Lo dos mortos, Deus
demonstrou ao universo que a Sua justiça estava completa
e finalmente satisfeita através da propiciação que Jesus fez
pelos nossos pecados. O sacrifício de Jesus em si é a base
completamente suficiente, sobre a qual pode reclamar

246
uma libertação total de todas as forças demoníacas, que
Satanás dirigiu contra si. Assim que se aperceber disto
e agir em fé sobre este assunto, será capaz de afirmar
com Paulo:

“Mas graças a Deus que nos dá a vitória por nosso


Senhor Jesus Cristo” 1
Coríntios 15:57

Se decidir clamar pela libertação que Deus


providenciou para si, tem duas opções: buscar ajuda do
seu pastor ou irmãos em Cristo para lhe ministrarem, ou
voltar-se directamente para o Senhor em busca da ajuda
que necessita.
Se tiver acesso a uma igreja ou outro ministério
disposto a ajudá-lo, então deve procurar a sua ajuda por
todos os meios. No entanto, é importante certificar-se de
que eles são Cristãos sinceros e crentes na Bíblia, e que
compreendem as implicações ao lidar com demónios. Se
como Cristão os abordar e descobrir que não acreditam
que um Cristão pode ter um demónio, então é óbvio que
eles não o poderão ajudar.
Nas nossas instalações nos Estados Unidos, recebemos
regularmente cartas de pessoas que acabaram por se
aperceber que precisam de ser libertas de demónios, e que
nos pedem para recomendarmos uma igreja ou ministério
na sua área de residência que os possa ajudar. Infelizmente,
é frequente não sabermos de alguém a quem os possamos
conscienciosamente dirigir. Isso lembra-me de uma cena
no ministério de Jesus:

E, vendo as multidões, teve grande compaixão delas,


porque andavam cansadas e desgarradas, como ovelhas que

247
não têm pastor. Então, disse aos seus discípulos: A seara é
realmente grande, mas poucos os ceifeiros. Rogai, pois, ao
Senhor da seara, que mande ceifeiros para a sua seara.
Mateus 9:36-38

O ministério de libertação é uma seara na qual são


precisos muitos trabalhadores devidamente equipados.
Por isso, compreendo que muitos dos que lêem este livro,
podem não ter nenhuma fonte de ajuda humana a quem
possam recorrer. Mas graças a Deus que, o caminho está
sempre aberto para Aquele que é o Libertador - Jesus! Se
decidir seguir este caminho, descrevi uma série de nove
passos que o podem conduzir à libertação e vitória que
precisa:

Passo nº1: Afirme pessoalmente a sua fé em Cristo.


Passo nº2: Humilhe-se!
Passo nº3: Confesse todo o seu pecado conhecido.
Passo nº4: Arrependa-se de todos os seus pecados.
Passo nº5: Perdoe todas as pessoas.
Passo nº6: Quebre com o oculto e com toda a religião
falsa.
Passo nº7: Prepare­se para ser liberto de todas as
maldições que estão sobre a sua vida.
Passo nº8: Tome a sua posição com Deus.
Passo nº9: Expulse!

Contudo, primeiro é importante certificar-se do seu


relacionamento com Deus. Se ainda não sabe que é um
filho de Deus nascido de novo, com todos os seus pecados
perdoados através do sacrifício de Jesus, então pode, através
do acto de seguir estes passos, entrar num relacionamento
directo e pessoal com Deus, como seu Pai. Se, por outro

248
lado, já tem um relacionamento pessoal com Deus, a sua
fé será fortalecida ao seguir estes passos, e ficará com uma
base sólida e bíblica na qual poderá buscar a ajuda que
necessita Dele.
Leia atentamente os nove passos deste capítulo, passo
a passo, até estar certo de que compreendeu na íntegra
cada um deles. Depois, no capítulo 22, irei providenciar
um tipo de oração através do qual, poderá reclamar a sua
libertação de toda a opressão demoníaca. Tal como afirmei
no capítulo 16, você só está protegido pelo sangue de Jesus
quando, está correctamente relacionado com Ele e anda em
obediência. Por isso, certifique-se de que orou em fé antes
de tomar uma posição contra os demónios.

Passo nº1: Afirme Pessoalmente a Sua Fé em Cristo


Jesus é o “Sumo Sacerdote da nossa confissão” (Hebreus
3: 1). A palavra grega traduzida confissão significa “dizer
o mesmo que...”. Assim, dizemos o mesmo que a Bílbia já
disse acerca daquilo que Jesus fez por nós. Fazemos com
que as palavras que saem dos nossos lábios concordem com
a Palavra de Deus; proclamamos a vitória de Jesus de uma
forma ousada e pessoal, no nosso nome. Quando fazemos
isso, invocamos o Seu ministério enquanto nosso Sumo-
Sacerdote, para trazer as nossas necessidades perante Deus
o Pai, libertando deste modo toda a autoridade do céu em
nosso nome.
Se não conseguirmos confessar a nossa fé desta forma,
não damos a Jesus qualquer fundamento para Ele intervir
por nós.

Passo nº 2: Humilhe-se!
Semelhantemente vós jovens, sede sujeitos aos
anciãos; e sede todos sujeitos uns aos outros, e revesti-

249
vos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, mas
dá graça aos humildes. Humilhai-vos, pois, debaixo da
potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte;
l Pedro 5:5-6

Se nos aproximarmos de Deus com uma atitude de


soberba, Ele irá resistir-nos e não teremos acesso a Ele.
Por isso, o nosso primeiro passo em direção a Deus tem
de ser de humildade, e temos de dizer a Deus: “Preciso de
ti!”
Deus nunca se oferece para nos fazer humildes. Ao
longo da Bíblia, Ele coloca essa responsabilidade sobre nós.
Deus pode humilhar-nos, e por vezes Ele até poderá ter de
o fazer; mas só nós é que nos podemos fazer humildes. No
entanto, se tivermos vontade de o fazer, Deus irá fornecer
toda a graça de que precisamos.
Quando procuramos ser libertos de demónios,
podemos chegar a um ponto em que teremos de escolher
entre a dignidade e a libertação. Se a dignidade se torna
mais importante do que a libertação, é porque não nos
arrependemos realmente do nosso orgulho.
Uma vez, a esposa de um médico do Sul Profudo dos
Estados Unidos abordou-me, ela era uma senhora cortês
à moda antiga, e disse: “Sr. Prince, se o compreendi
correctamente, quando eu procurar libertação da forma
que o senhor descreve, poderei acabar aos gritos”.
“Poderá acontecer”, respondi.
“Mas ensinaram-me que uma senhora não grita em
público”.
“Bem” disse eu, “imagine que estava a afogar-se num
rio, quase a submergir pela terceira vez, e que pensou que
poderia haver alguém na margem que a pudesse resgatar.
Iria manter a sua postura e não gritar por socorro?”

250
Não foi preciso dizer mais nada.
Se não estamos preparados para sermos humildes, não
teremos vontade de dar os passos seguintes.

Passo nº3: Confesse Todo o Seu Pecado Conhecido


Não há nenhum sítio na Biblia em que Deus se
comprometa a perdoar pecados que não foram confessados.
Mas, a Sua promessa é clara para aqueles que confessarem:
“Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo
para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a
injustica” (l João 1:9). Deus é fiel porque Ele prometeu.
Ele é justo porque Jesus já pagou o castigo pelos nossos
pecados.
Se estiver preocupado com algum pecado específico,
seja honesto acerca dele. Não lhe dê um qualquer nome
psiquiátrico colorido. A maioria dos nomes para os
nossos pecados básicos não são bonitos, e Deus só os
perdoa quando nós os reconhecemos como pecados. Ele
nunca promete perdoar “problemas”. Se você tiver um
“problema” como comer demais, nomeie esse facto pelo
seu nome: o pecado da gula, se é luxúria, chame-lhe luxúria,
se é ódio, chame­lhe ódio, se é mexeriquice, chame-lhe
mexeriquice.
Também nos devemos lembrar que, quando contamos
a Deus, o pior de nós mesmos não o chocamos. Ele sempre
soube isso, mesmo antes de nós lhe contarmos. Mesmo
assim, Ele ainda nos ama!
No capítulo 13, referi-me ao aviso de Deus, de que
Ele visita os pecados dos pais, nos filhos até à terceira ou
quarta geração (Êxodo 20:3-5). Isto pode aplicar-se ao
seu caso. Os pecados dos seus antepassados não o tornam
culpado, mas podem estar a causar-lhe sofrimento devido
às suas consequências. Pode ser aconselhável confessar

251
e dissociar-se de todos os pecados cometidos pelos seus
antepassados. Isto aplica-se especialmente ao oculto e à
falsa religião.
No entanto, não seria sábio entregar-se a auto-análise.
Relaxe somente, e deixe que o Espírito Santo traga à
sua mente quaisquer pecados específicos que precise de
confessar, Lembre-se, Ele é o seu Ajudador.

Passo nº4: Arrependa-se de Todos os Seus Pecados


Torna-se necessário confessar os nossos pecados, mas
isso por si só não é suficiente. Também precisamos de nos
arrepender dos nossos pecados. “O que encobre as suas
transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa
e deixa, alcançará misericórdia” (Provérbios 28:13).
Primeiro temos de confessar, e depois temos de deixar
os nossos pecados. Deixar os nossos pecados significa,
abandoná-los completamente.
Uma vez, um jovem disse-me: “Penso que tenho um
espírito de luxúria, mas prefiro desfrutá-lo. Acha que Deus
me vai libertar dele?”
“Definitivamente, não!” respondi-lhe. “Deus liberta-
nos dos nossos inimigos, não dos nossos amigos. Mas se
fizeres do teu amigo um inimigo, então podes pedir a Deus
que te liberte. Tens de lhe pedir que te ajude a odiar esse
pecado da forma que Ele o odeia”.
Arrependimento envolve duas coisas. Primeiro, temos
de aceitar responsabilidade pessoal por aquilo que fize­
mos. Não podemos esconder-nos atrás de outra pessoa,
talvez um familiar, esposo (a) ou ministro, e fazer dessa
pessoa responsável pelos erros que nós cometemos.
Nem podemos culpar os demónios pelo nosso pecado.
A nossa atitude tem de ser: eu sou culpado, e reco-
nheço-o.

252
Em segundo lugar, você tem de tomar a mesma
posição que Deus toma contra o nosso pecado. Não
devemos tentar de forma alguma minimizá-lo ou desculpá-
lo. Devemos odiar o nosso pecado da forma que Deus
o odeia! Então, o pecado deixará de ter qualquer poder
sobre nós.

Passo nº5: Perdoe Todas as Pessoas


Em Marcos 11:25-26, Jesus estabeleceu uma lei
espiritual invariável:
E, quando estiverdes orando, perdoai, se tendes
alguma coisa contra alguém, para que vosso Pai, que está
nos céus, vos perdoe as vossas ofensas. Mas, se vós não
perdoardes, também vosso Pai, que está nos céus, vos não
perdoará as vossas ofensas.
Se desejamos obter o perdão de Deus pelos nossos
pecados, temos de perdoar incondicionalmente a todos os
que pecaram contra nós.
No capítulo 18, mencionei a parábola que Jesus
contou acerca do servo a quem o seu senhor perdoou
uma divida equivalente a vários milhões de dólares,
contudo ele recusou-se a perdoar ao seu conservo uma
divida de apenas alguns dólares (ver Mateus 18:23-35).
Quando consideramos a divida incalculável que cada um
de nós deve a Deus pelos pecados que cometemos contra
Ele, o máximo que outro ser humano nos deve são, por
comparação, apenas alguns dólares.
O julgamento daquele servo que não perdoou valeu­lhe
a sentença de ser entregue “aos atormentadores” (versículo
34). No capítulo 18, comparei a actividade de demónios
com a de torturadores (verdugos). Se queremos ser libertos
dos torturadores temos de perdoar livremente a todos os
que, de qualquer forma, nos ofenderam ou magoaram.

253
Lembre-se de que, perdoar uma pessoa não é, numa
primeira instância, uma emoção. É uma decisão da vontade.
Primeiro tem de tomar uma decisão firme; depois, terá de
verbalizá-la: “Perdoo fulano de todo o mal que me fez.
Ponho de lado toda a amargura, todo o ressentimento, todo
o ódio”.
Decidir no coração, depois falar com a nossa própria
boca, torna o nosso acto de perdoar eficaz.

Passo nº6: Termine Com o Oculto E Toda a Religião


Falsa
No capítulo 14 expliquei, quão intensamente Deus odeia
qualquer doutrina ou prática que coloca outra pessoa ou
objecto, no lugar da lealdade total e da adoração de coração
que pertence somente a Deus. Algures por detrás de todos
estes outros sistemas esconde-se aquele que é o arquinimigo
de Deus e do homem. Se queremos aproximar-nos de Deus,
temos de cortar todo o contacto com Satanás.
Isto implica remover da nossa posse, e do lugar onde
vivemos, tudo o que de alguma maneira nos ligue ao oculto
ou ao satânico, o que inclui livros, recordações, amuletos e
objectos de arte. Devemo-nos lembrar do aviso de Moisés
a lsrael: “Não porás, pois, abominação em tua casa, para
que não sejas anátema, assim como ela;…” (Deuteronómio
7:26).
A melhor maneira de nos desfazermos dessas coisas
é, se possível, queimá-las. Foi dessa forma que os Efésios
responderam quando se aperceberam que os seus rolos
ocultos os ligavam ao poder de demónios. Sigamos o seu
exemplo!
Se as circunstâncias nos impedirem de fazer isso de
imediato, devemos fazer um compromisso com o Senhor,
em como o faremos assim que tivermos oportunidade.

254
Passo nº7: Prepare-se para ser Liberto de Todas as
Maldições que estão sobre a Sua Vida
A Bíblia tem muito a dizer sobre o poder de bençãos e
maldições. No conjunto, menciona-as cerca de seiscentas
vezes. O Cristianismo Ocidental contemporâneo, tem
tido a tendência de focalizar as bênçãos e a considerar
as maldições como uma herança supersticiosa da Idade
Média; mas isto não é bíblico nem realista.
Por vezes, tenho comparado uma maldição a uma
nuvem escura que paira sobre as nossas vidas, e que
bloqueia (pelo menos) parte das bençãos de Deus. Duas das
bençãos que podem ser excluídas devido a uma maldição
são cura física e libertação de espíritos malignos.
Ao longo de anos elaborei uma lista com alguns dos
problemas que normalmente indicam a operação de uma
maldição:

1. Esgotamento mental ou emocional;


2. Doença repetitiva ou crónica; (especialmente se
hereditária)
3. Esterilidade, tendência para abortar espontaneamente
ou problemas femininos relacionados;
4. Casamento desfeito ou alienação da família;
5. Insuficiência financeira contínua;
6. Tendência para ter acidentes;
7. Historial familiar com suicídios ou mortes não
naturais ou permaturas

Existe, tal como já afirmei, um fundamento bíblico e


totalmente suficiente, para libertação de uma maldição: o
sacrifício de Jesus na Cruz, através do qual Ele carregou
sobre Si todas as maldições que nos diziam respeito, para
que pudéssemos herdar as bençãos de Abraão, o qual foi

255
abençoado por Deus em todas as coisas (ver Génesis 24:1;
Gálatas 3: 13 - 14). (Para mais esclarecimentos, pode recorrer
ao meu livro “Bênção ou Maldição: A escolha…é sua!”).
Se você sentir que há alguma maldição sobre a sua vida,
procure libertação na base daquilo que Jesus fez por si na
Cruz, quando Ele foi feito maldição. (No próximo capítulo
irei fornecer a oração).

Passo nº8: Tome a Sua Posição com Deus


Tome uma decisão firme e proclame-a: “Submeto a
minha vontade, o meu propósito, o meu futuro, toda a minha
vida a Deus. Tomo a minha posição com Deus contra todo
o pecado, todo o mal e todo o tipo de demónios”.
Assim que tomar a sua posição com Deus, Ele também
toma a Sua posição consigo. Pode desfrutar da confiança
que é expressa em Romanos 8:31: “Se Deus é por nós,
quem será contra nós?”
Uma das formas em que Deus pode vir em nosso
socorro é, ao revelar a identidade de quaisquer demónios
que necessitemos de expulsar.
No capítulo 8, comentei que, lidar com um demónio
pode ser como lidar com um cão feroz. Quando chamamos
o cão pelo seu nome, temos mais autoridade sobre ele. É
possível que já saiba os nomes de um ou mais demónios
específicos dos quais precisa ser liberto. Ou pode acontecer
que ao entrar no processo de libertação, o nome de um
demónio lhe ocorra. São estas as duas das formas sob as
quais o Espírito Santo pode vir em seu auxílio.
No final de um culto de libertação, um jovem perguntou-
me: “Existe um espírito de apodrecimento dos dentes?”
“Nunca ouvi falar de um espírito desses”, respondi,
“mas se o Espírito Santo diz que há um, então é porque
há”.

256
“Bem, foi desse espírito que eu acabei agora mesmo
de ser liberto”, disse-me o jovem.
Muitos anos mais tarde, o mesmo homem, já não era
um rapaz, contou-me o resultado daquela libertação.
“Eu costumava ir ao dentista chumbar um dente”, disse
ele”, mas depois de um ou dois anos, o dente apodrecia por
baixo do chumbo e precisava de ser chumbado novamente.
Todavia, desde que fui liberto do espírito de apodrecimento
dos dentes, nunca mais tive esse problema”.

Se o Espírito Santo nos indicar o nome de um demónio


específico, o nosso próximo passo deve ser tomar uma
posição deliberada com Deus contra o demónio, e verbalizá-
la. Proclamar: “Espírito de concupiscência [ou rejeição,
confusão, ou, seja o que for] tomo a minha posição contra
ti no nome de Jesus. Já não me submeto a ti, já não tens
lugar em mim: Ordeno-te que saias!”
Não podemos ser passivos. Lembremo-nos de Tiago
4:7: “Sujeitai-vos, pois, a Deus. Resisti ao diabo, e ele
fugirá de vos”.

Passo nº9: Expulse!


Isto é tão simples e prático que nem parece espiritual;
mas funciona! No entanto, não deve tentar fazê-lo até ter
exprimido a oração que está no próximo capítulo.
No capítulo 11, expliquei que a palavra para “espírito”,
tanto em Hebraico como em Grego, é a palavra aplicada para
vento, e também para sopro. Como é que nos livramos de
um sopro? Expulsamo-lo, normalmente, através da boca.
Contudo, existem outros oito orifícios no corpo
humano. Às vezes, um demónio pode sair por qualquer um
deles, ou de outras formas. No capítulo 19, relatei a história
de Christopher e de como um demónio de dúvida saiu pela

257
sua orelha esquerda. Também mencionei que um demónio
de masturbação normalmente sai através dos dedos. Um
espírito de coxear é muitas vezes expulso com movimentos
convulsivos do corpo.
Se acontecer um demónio não sair pela sua boca,
mas por qualquer outro orifício ou área do seu corpo, irá
aperceber-se disso. Coopere com o Espírito Santo e Ele
mostrar-lhe-á o que deve fazer. Mas, deverá esperar com
mais frequência que o demónio seja expulso pela sua
boca.
Uma vez, uma mãe veio ter comigo com o seu filho,
que tinha cerca de quatro anos e pediu-me para orar por
ele.
“Qual é o problema?”, perguntei-lhe.
“Alergias”.
“Que tipo de alergias?”
“Alergias a comida”.
“A que tipo de comida é que ele é alérgico?”
“Diga-me a que é que ele não é alérgico!”
Então, eu disse à mãe: “Vou lidar com isto como com
um espírito maligno. Pode ser?”
Ela consentiu.
Então, virei-me para o rapazinho e expliquei-lhe: “Há
um espírito mau em ti, como um sopro, e ele não te deixa
comer as coisas de que tu gostas. Eu vou ordenar-lhe que
saia de ti, e quando eu disser “No nome de Jesus”, quero
que tu o sopres para fora, Ok?”

O rapaz acenou, e comportou-se como um soldado


pequeno bem treinado. Ordenei ao espírito maligno para
sair dele, e quando eu disse “No nome de Jesus!”, o rapaz
soprou quatro vezes. Não aconteceu mais nada; nenhuma
emoção, nenhum entusiasmo. Fiquei a pensar se o rapaz

258
tinha sido realmente liberto, mas tive de deixar isso com o
Senhor.
Daí a três dias, a mãe voltou e pediu oração para ela
própria.
“Qual é o seu problema?”, perguntei.
“Alergias”, respondeu ela.
“Primeiro, diga-me o que aconteceu ao seu filho”,
repliquei.
“Ele voltou para casa comigo”, disse ela, “foi direitinho ao
frigorífico, provou de tudo o que lá havia, e nada lhe fez mal!”
Lembrei-me daquilo que Jesus disse acerca da necessidade
de nos tornarmos como criancinhas.
Depois de dizer a sua oração de libertação e concluir com
“Amén!”, comece a expulsá-lo. Essa é uma decisão da sua
vontade, seguida de uma acção muscular.
Ao mesmo tempo, abra caminho para o ou os demónios
saírem. Mantenha a saída desimpedida! Não continue a
orar nem comece a falar em línguas; apercebi-me de que o
movimento dos lábios e da língua actua, como uma barreira
que mantém o demónio lá dentro. Podemos pensar numa
ambulância que vem pela rua abaixo, com as luzes a piscar
e a sirene a tocar; o resto do trânsito afasta-se do caminho.
Faça o mesmo com a sua garganta; abra o caminho para o
demónio sair.
Quando começar a expulsar, é possível que o que sai
primeiro seja apenas a respiração humana natural. Mas,
passados alguns momentos, algo que não é a respiração
humana começa a sair. Isso é o seu inimigo! Continue a fazer
pressão!
Podem ocorrer diferentes manifestações quando o
demónio emerge. Pode não ser muito perceptível, apenas
um suspiro ou bocejo. Ou pode manifestar-se através de um
choro conpulsivo, gemidos, tosse, gritos ou rugidos. Lembre-

259
se que, no ministério de Filipe, os demónios saíram gritando
em alta voz. Uma mulher que foi liberta de um demónio de
nicotina bocejou de tal maneira, que chegou a pensar que ia
deslocar o maxilar! Mas quando fechou a boca, estava livre
da nicotina.
Não determine qualquer limite em relação ao tempo que
vai levar a expulsar; continue enquanto houver demónios para
sair.

Quando um demónio está a sair, algumas pessoas –


normalmente mulheres – podem gritar continuamente sem
receber qualquer libertação. Isto indica que o demónio parou
naquela zona estreita da garganta, e permanece ali tentando
evitar ser expulso. Nestes casos, normalmente uma tosse
deliberada e firme irá desalojar o demónio e forçá-lo a sair.
Num culto de libertação, por vezes o grito de um demónio irá
distrair outros que procuram ser libertos, colocando obstáculos
e metendo-lhes medo. É nessa altura que os obreiros têm de agir
com rapidez, e ajudar a pessoa que está a gritar a ser liberta.
Podem acontecer muitas coisas diferentes quando um
demónio sai, mas devemo-nos lembrar que, quando falamos
no nome de Jesus, temos autoridade sobre os demónios. Não
podemos ceder a um espírito de medo. Também devemos
recordar que, o Espírito Santo está ali connosco para nos
ajudar. Temos de nos render a Ele completamente, e deixá-Lo
conduzir-nos à vitória total.
Agora, passemos à oração.

22 - Uma Oração de Libertação

Chegou agora a um ponto em que pode clamar pela sua


libertação em oração. Por vezes, dizem-me: “Eu quero orar

260
mas não sei o que dizer”. Por isso, preparei uma oração
modelo que pode seguir.
No entanto, antes de orar leia cuidadosamente os
nove passos descritos no capítulo anterior. Certifique-se
de que os compreende, e que está pronto a reunir todas as
condições.
Irá encontrar alguns espaços em branco na oração
que deverá preencher com os detalhes que se aplicam à
sua situação individual - pecados específicos, contactos
específicos com o oculto ou religião falsa, nomes de
pessoas que precisa perdoar. Faça os possíveis para que
esta lista seja a mais completa possível.
Já pude observar centenas, mesmo milhares, de
pessoas serem libertas através deste padrão de oração.
Você pode querer assegurar o apoio de um irmão Cristão;
mas certifique-se que a pessoa que escolher está de acordo
com a sua decisão, e irá orar em fé, não em incredulidade.
Se forem duas pessoas, também poderão clamar pela
promessa de Jesus que está em Mateus 18:19: “ …se
dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer
coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que
está nos céus.” Por fim, não se sinta obrigado a seguir
este padrão de oração com demasiada rigidez. Se o
Espírito Santo o impelir a acrescentar palavras que vêm
do seu coração, não hesite em fazê-lo. E não esteja com
pressa, efectue a oração completa devagar e delibera-
damente.

1. Afirme a sua fé pessoal em Cristo


“Senhor Jesus Cristo, creio que Tu és o Filho de Deus
e o único caminho para Deus, que morreste na Cruz pelos
meus pecados, e ressuscitaste de novo para que eu pudesse
ser perdoado e recebesse a vida eterna”.

261
2. Seja humilde:
“Renuncio a todo o orgulho e auto-justiça religiosa, e a toda
a dignidade que não venha de Ti. Não tenho qualquer direito à
Tua misericórdia, senão porque morreste no meu lugar”

3. Confesse todo o pecado conhecido:


“Confesso todos os meus pecados perante Ti, e nada
retenho. Confesso especialmente...”

4. Arrependa-se de todos os seus pecados:


“Arrependo-me de todos os meus pecados. Viro-lhes as
costas e volto­me para Ti, Senhor, buscando misericórdia e
perdão”.

5. Perdoe todas as pessoas:


“Por minha decisão, perdoo de livre vontade todos
aqueles que alguma vez me tenham magoado ou enganado.
Coloco de lado toda a amargura, todo o ressentimento e todo
o ódio. Perdoo especificamente...”

6. Quebre com o oculto e religião falsa:


“Quebro com todo o contacto que tive com o oculto ou
com toda a religião falsa - particularmente...”
“Comprometo-me a desfazer-me de todos os objectos
associados com o oculto ou com a religião falsa”.

7. Prepare-se para ser liberto de todas as maldições que


estão sobre a sua vida:
“Senhor Jesus, agradeço-Te pelo facto de que na Cruz
foste feito maldição, para que eu pudesse ser redimido de
toda maldição, e herdasse a benção de Deus. É nessa base que
Te peço que me soltes e libertes para eu receber a libertação
que preciso”.

262
8. Tome a sua posição com Deus:
“Tomo a minha posição contigo, Senhor, contra todos
os demónios de Satanás. Submeto-me a Ti, Senhor, e resisto
ao diabo. Amén!”

9. Expulse:
“Falo agora a todos os demónios que têm controlo sobre
mim. [Dirija-se a eles directamente]. Ordeno-vos que saiam
de mim agora. Eu expulso-vos, no nome de Jesus!”
Sempre que experimentar uma libertação, louve e
agradeça a Deus por isso. Dar graças e louvar, é a expressão
de fé mais simples e mais pura. Isso dá também origem a uma
atmosfera que os demónios podem não conseguir tolerar.
Quando sentir que a sua libertação está completa, ou
que chegou o mais longe que pode, ajoelhe-se e “reconheça
o Jesus como Senhor em todas as áreas da sua vida”.
Lembre-se do aviso de Jesus que, se um demónio regressa
e encontra a casa vazia, ele irá voltar e trazer outros com
ele. Na sua própria força não irá ser capaz de manter os
demónios afastados. Mas, se o Senhor Jesus passou a residir
dentro de si, então pode contar com a Sua ajuda para os
manter à distância. Isto lembra-me uma senhora que era
consistentemente vitoriosa na sua vida Cristã. Quando lhe
perguntavam qual era o segredo, ela respondia: “Sempre
que o diabo bate à porta, eu deixo que Jesus responda!” Não
tente lutar contra os demónios, por si próprio.
Se sentir que a sua libertação ainda não está completa,
espere até recuperar as suas forças, ou até sentir que o Espírito
Santo o está a impelir. Então, continue com o processo de
expulsar os demónios.
Por vezes, no final de um culto de libertação, há alguém
que vem ter comigo e me pergunta: “Como é que eu sei que,
estou completamente livre?”

263
Normalmente respondo: “Eu não tenho a tarefa de
lhe dar um certificado. Se eu lho desse, ele não teria nem
o valor do papel em que foi escrito! O que é realmente
importante, é que você descobriu a realidade dos demónios
e como lidar com eles. Agora tem a responsabilidade
de lidar com eles da mesma forma onde ou quando os
encontrar”.
Para finalizar, eis algo que se aplica a todos os Cristãos:
Não precisamos de ter vergonha de ter sido libertos de
demónios. Nos registos dos evangelhos, houve uma pessoa
a quem Deus garantiu a honra única e gloriosa: ser a
primeira testemunha humana da ressurreição de Jesus.
O acontecimento é relatado em Marcos 16:9:
E Jesus, tendo ressuscitado na manhã do primeiro dia
da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena,
da qual tinha expulsado sete demônios.
Pense nisso! Jesus apareceu a Maria Madalena, que foi
identificada como aquela “da qual Ele tinha expulsado sete
demónios”. Se Maria nunca precisou de ficar envergonhada,
então você também não.
Contudo, há algo do qual talvez se deva envergonhar:
se descobriu que precisava de libertação de demónios, mas
o orgulho o impediu de reconhecer a sua necessidade de ser
liberto.

23 - Como Manter a Libertação

Graças a Deus pelo facto de que você recebeu


libertação! Continue a agradecer a Deus! Mesmo que não
esteja certo de tudo o que aconteceu, pode expressar a sua
fé ao agradecer-lhe. Este é o primeiro passo para o ajudar
a manter a sua libertação.

264
No entanto, pode ter a certeza de que Satanás não irá
desistir de si. Ele irá fazer tudo o que está ao seu alcance
para restabelecer o seu controle sobre si; você tem de estar
preparado para este contra-ataque. Já me referi várias
vezes ao aviso de Jesus de que, um demónio que saiu de
alguém irá tentar voltar. Por isso, você tem de ter a certeza
que Jesus habita em si, e que Ele é o Senhor absoluto da
sua vida.
Verificámos que a personalidade humana é como
uma cidade, e que a invasão demoníaca pode ter o efeito
de derrubar os nossos muros interiores, que são a nossa
protecção. Assim que o nosso inimigo for expulso, temos
de começar imediatamente a reconstruir os nossos muros
de protecção. Eis uma lista dos princípios básicos que o
podem ajudar a reconstruir os seus muros:

1. Viver segundo a Palavra de Deus.


2. Colocar a veste de louvor.
3. Submeter-se à disciplina.
4. Cultivar uma comunhão correcta.
5. Ser cheio do Espírito Santo.
6. Certificar-se de que passou pelas águas do baptismo.
7. Colocar a armadura completa de Deus.

1. Viver Segundo a Palavra de Deus


Em Mateus 4:4, Jesus disse que a humanidade deve
viver “de toda a palavra que sai da boca de Deus”. A
palavra viver inclui tudo, abrange tudo o que pensamos,
dizemos ou fazemos. Tudo deve proceder da mesma fonte:
a Palavra de Deus. Temos de lhe dar a proeminência total
em todas as áreas da nossa vida.
Há muitas outras influências que irão competir para
terem controlo sobre nós: os nossos próprios sentimentos,

265
as opiniões dos outros, tradições aceites, a cultura que nos
rodeia. Mas, Deus garante-nos vitória em todas as áreas -
especificamente, vitória sobre o diabo - desde que as nossas
vidas sejam orientadas e controladas pela Sua Palavra.
Leve muito a sério, as direcções que Deus deu a Josué
quando ele estava prestes a entrar na Terra Prometida:

Não se aparte da tua boca o livro desta lei; antes


medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer
conforme a tudo quanto nele está escrito; porque então
farás prosperar o teu caminho, e serás bem sucedido.
Josué 1:8

Estas direcções podem ser resumidas em três frases:


pense a Palavra de Deus; fale a Palavra de Deus; aja de
acordo com a Palavra de Deus. Então Deus garantir-lhe-á
o sucesso.

2. Colocar a Veste de Louvor


Em Isaías 61:3, Deus oferece-nos “veste de louvor” em
vez de “espírito angustiado”. No capítulo 4, relatei como
fui liberto da depressão quando ela foi identificada, como
um espírito de angústia. Depois disso, fui-me apercebendo
que, quando eu louvava ao Senhor, o espírito de angústia
não se aproximava de mim. Percebi que tinha de cultivar
um estilo de vida no qual o louvor me cobrisse totalmente,
tal como o fazem as roupas que visto.
Um dia, quando a Lydia e eu estávamos a liderar uma
reunião de oração informal em nossa casa, em Londres,
uma mulher da nossa congregação veio ter connosco,
trazendo um homem consigo.
“Este é o meu marido”, disse ela. “Ele acabou de sair
da prisão e precisa ser liberto de um demónio”.

266
Naquela altura eu não tinha experiência em ministrar
a outras pessoas, e não fazia ideia de como fazê-lo. Então,
convidei-o simplesmente a juntar-se à nossa reunião de
oração. Alguns dos nossos membros estavam a louvar ao
Senhor, desinibidos e em alta voz.
Após alguns momentos, o homem chegou-se ao pé
de mim e disse: “Está aqui demasiado barulho, vou-me
embora!”
“O diabo é que não gosta de barulho”, respondi,
“porque nós estamos a louvar a Jesus. Você tem duas
opções: se se for agora embora, o demónio irá consigo; se
ficar, ele irá sem si”.
“Eu fico”, murmurou o homem.
Daí a alguns minutos, ele veio ter comigo novamente,
e disse: “Ele foi-se! Senti-o a sair da minha garganta”.
Ao receber libertação, você está também “livre da
prisão”. Goze a sua liberdade! Faça como diz a Palavra
de Deus: Coloque a veste de louvor. Quando louva
ao Senhor, você irá incomodar mais o diabo do que
ele a si.

3. Submeter-se à Disciplina
A última ordem que Jesus deu aos seus apóstolos foi:
“ide e fazei discipulos” (Mateus 28: 19). Um discípulo,
tal como a palavra indica, é alguém que está submetido
à disciplina. Jesus nunca instruiu ninguém para ir e fazer
“membros de uma igreja”.
Uma vez que “a rebelião é como o pecado de feitiçaria”
(1 Samuel 15:23), e uma vez que a rebelião contra Deus
expôs toda a nossa raça ao poder enganador e destrutivo
de Satanás, só podemos colocar-nos debaixo da protecção
de Deus se nos submetermos à Sua disciplina. Uma vida
indisciplinada é vulnerável aos ataques demoníacos.

267
Em 2 Timóteo 1:7, Paulo diz que Deus nos “ de
fortaleza, e de amor, e de moderação..”. Esta é a forma
básica de disciplina na vida de qualquer pessoa, auto-
disciplina. Se não aprendermos a disciplinar-nos a nós
próprios, nenhuma outra forma de disciplina pode ser
eficaz.
A primeira área em que isto se aplica, é a nossa
comunhão pessoal com Deus na Sua Palavra e em oração.
Viver segundo a Palavra de Deus exige que nós, Lhe
demos “tempo de qualidade” todos os dias. É nessa altura
que, com a ajuda do Espírito Santo, devemos colocar as
nossas emoções, desejos e apetites debaixo de controlo
Um homem que não tem controlo nestas áreas não tem
controlo sobre a sua vida.
Há uma área decisiva, a que temos de trazer debaixo
de controlo: a língua. No capítulo 13, referi que, as
palavras vãs abrem o caminho para demónios. O controlo
da língua é a marca da maturidade espiritual: “Se alguém
não tropeça em palavra, esse homem é perfeito, e capaz
de refrear todo o corpo” (Tiago3:2).
É óbvio que não podemos atingir este nível de auto-
disciplina em apenas alguns passos. Por vezes, iremos
tropeçar, mas, só temos de nos levantar, sacudir o pó e
prosseguir em frente e para cima. Desde que estejamos a
avançar na direcção certa, Satanás pode-nos importunar,
mas não nos pode derrotar.
Há muitas outras áreas nas quais poderemos precisar de
estar debaixo de disciplina: relacionamento com a família,
na escola, na igreja, e em várias formas de governo secular.
Deus requer que nós cultivemos a submissão em qualquer
uma destas áreas que se aplicam à nossa vida: “Sujeitai-
vos a toda a autoridade humana, por causa do Senhor...”
(l Pedro 2: 13).

268
É verdade que a libertação nos faz livres, mas muitos
Cristãos não entendem correctamente a natureza da
liberdade. Nós não somos livres para fazer aquilo que nos
apetece; somos livres para podermos colocar todas as áreas
da nossa vida debaixo da disciplina de Deus.

4. Cultivar uma Comunhão Correcta


Referi nos capítulos 15 e 19 que, uma pessoa cujos
muros foram derrubados por demónios, precisa da ajuda
de outros Cristãos para permanecerem com ela; à medida
que vai reconstruindo esses muros.
Temos de reconhecer que, uma das influências mais
poderosas nas nossas vidas, são as pessoas com quem
nos damos. Isto significa que temos de escolher o tipo de
pessoas com quem passamos tempo. Podemos viver entre
descrentes, mas não nos podemos fazer um com eles; tem
de haver sempre diferença entre o nosso estilo de vida e o
deles.
Se estamos a andar na luz, vamos ter comunhão com
os nossos irmãos crentes (ver 1 João 1:7). Na vida Cristã
não há lugar para um individualismo centrado em nós
mesmos. Como Cristãos, precisamos uns dos outros. O
autor de Hebreus, dá-nos um aviso urgente:

E consideremo-nos uns aos outros, para nos estimu­


larmos ao amor e ás boas obras, não deixando a nossa
congregação, como é costume de alguns, antes admoes­
tando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que
se vai aproximando aquele dia.
Hebreus 10:24-25

Por outro lado, também somos avisados de que Não


vos enganeis: as más conversações corrompem os bons

269
costumes. (1 Coríntios 15:33). Se você deseja since­
ramente manter a sua libertação, tem de quebrar com
relacionamentos que exercem uma má influência sobre
si, e começar a cultivar amigos que o irão encorajar e ser
um bom exemplo para si. Pode ser doloroso cortar laços
com amigos, ou dissociar-se durante algum tempo de
membros da família, cuja influência é prejudicial. Mas,
pode confiar no Espírito Santo para o ajudar a fazê-lo com
graça e sabedoria e para tomar conta das consequências.
Lembre-se, Ele é o seu Ajudador!

5. Ser Cheio do Espírito Santo


Em Efésios 5: 18, Paulo dá-nos duas palavras de
instrução.
A primeira é negativa: “Não vos embriagueis com
vinho”. A segunda é positiva: “Enchei-vos do Espírito”.
A maioria dos Cristãos poderá reconhecer que é errado
alguém se embriagar, no entanto, quantos é que crêem que
é igualmente errado não ser cheio do Espírito?
Ser cheio do Espírito Santo é parte essencial da
provisão de Deus para uma vida vitoriosa. Paulo fala
deste enchimento do Espírito no presente contínuo: “Sede
continuamente cheios”. Ele está a falar, não de uma
experiência de um momento, mas, nos três versículos
seguintes, acerca de um estilo de vida:

. Cantando louvores ao Senhor continuamente


. Sendo incessantemente gratos a Deus o Pai
. Sendo humildemente submissos uns aos outros

À medida que o espírito Santo nos enche continuamente


desta forma, os demónios não irão encontrar qualquer área
vaga que possam ocupar!

270
6. Certificar-se de que Passou Pelas Águas do Baptismo
Jesus disse aos Seus Apóstolos para pregarem “o
evangelho a toda a criatura. Quem crer e for baptizado
[imersso] será salvo...” (Marcos 16:15-16). O baptismo
nas águas não é uma opção, uma cerimónia eclesiástica
qualquer que se segue à salvação. Pelo contrário, é um acto
exterior de obediência que expressa o trabalho interior da
fé nos nossos corações, e que deste modo torna a salvação
completa. No livro de Actos, não “há registo de ninguém
que tenha recebido a salvação, sem ser depois baptizado
nas águas.
No Novo Testamento, o baptismo é comparado a dois
acontecimentos da história do Antigo Testamento: Noé e a
sua família dentro da arca passando pelas águas do dilúvio
(ver Génesis 7-8; 1 Pedro 3:19-21); e Israel escapando
do domínio do Faraó ao passar pelo Mar Vermelho (ver
Exodo 14:15-31; 1 Coríntios 10:1-2). Em ambos os casos,
passar pela água foi um acto de separação. Noé e a sua
família foram salvos do mundo que não tinha Deus e que se
desvaneceu sob o julgamento de Deus, e Israel conseguiu
finalmente escapar da opressão do Faraó, uma vez que o
exército egípcio não os podia perseguir através da água.
Houve duas fases na salvação de Israel. Primeiro, no
Egipto foram salvos do julgamento de Deus através da fé
no sangue do cordeiro Pascal, o qual era um protótipo de
Cristo. Segundo, foram libertos do Egipto ao passarem
através do Mar Vermelho.
Este padrão aplica-se a nós Cristãos. Somos salvos no
mundo pela fé no sangue de Jesus. Mas somos separados
do mundo ao passarmos pela água do baptismo. É o acto
de sermos baptizados, que nos separa do reino de Satanás;
os seus demónios não têm direito a seguir-nos através da
água.

271
Se você nunca foi baptizado nas águas enquanto
crente, este é um passo importante, que deve ser dado para
cortar com a actividade demoníaca. Se, por outro lado, já
foi baptizado, tem de permanecer firme nesse facto e estar
confiante de que os demónios de Satanás já não têm qualquer
acesso a si. (Eu trato desta questão mais aprofundadamente
no meu livro “Os Alicerces da Fé Cristã”(volume II).

7. Colocar a Armadura Completa de Deus


Agora que vestiu a sua veste de louvor, Deus oferece-
lhe uma armadura completa para vestir por cima daquela.
No caso de ainda não se ter apercebido, você é um soldado
em plena guerra. Precisa de toda a armadura que Deus
providenciou para si.
As peças que compõem o seu equipamento estão
registadas em Efésios 6:l3-l8, pela seguinte ordem:

. O cinto da verdade
. A couraça da justiça
. Os sapatos da preparação do evangelho da paz
. O escudo da fé
. O capacete da salvação
. A espada do Espírito - a palavra [rhema no grego]
de Deus
. Toda a oração

Vamos falar um pouco acerca de cada uma destas


peças por ordem.

O Cinto da Verdade
Nos tempos bíblicos, os homens normalmente usavam
roupas largas que chegavam abaixo do joelho. Antes
de iniciarem, qualquer actividade que envolvesse um

272
esforço maior, eles puxavam as roupas acima dos joelhos,
e seguravam-nas com um cinto à volta da cintura. Daí a
frase que ocorre várias vezes na Bíblia: “Cinge os teus
lombos”.
Da mesma forma, nós temos de apanhar e retirar do
caminho, tudo aquilo que possa impedir a nossa liberdade
de seguir Jesus. O “cinto” que nos permite fazer isto é a
Palavra de Deus, aplicada de uma forma muito simples e
prática. Temos de ser totalmente sinceros e abertos, e pôr
de lado todas as formas, de desonestidade ou hipocrisia.
Temos de amar a verdade.

A Couraça da Justiça
A couraça protege-nos a zona mais crítica e vulnerável
do nosso corpo: o coração. Esta justiça não é uma mera
concordância intelectual com a doutrina: “Visto que com
o coração”- não com a cabeça - “se crê para a justiça”(
Romanos 10:10). Guardar a fé no coração transforma uma
vida de pecado numa vida de justiça, não, uma justiça
fruto de seguir um conjunto de regras religiosas, mas fruto
de Cristo habitar nos nossos corações e viver a Sua vida
através de nós.
“Os justos são ousados como o leão” (Provérbios
28:1). Este tipo de justiça transforma a timidez em ousadia,
a dúvida em confiança.

Os sapatos da preparação do evangelho da paz


Os nossos sapatos fazem com que nos possamos
deslocar. Temos de estar disponíveis para Deus a qual­
quer hora ou lugar para compartilhar o Evangelho, com
aqueles que Deus colocar no nosso caminho. Num mundo
de lutas e de tensão, temos de ser um vaso da paz de
Deus.

273
O Escudo da Fé
O escudo a que Efésios 6 faz referência era suficien­
temente grande, para proteger todo o corpo de um soldado,
mas ele só era eficaz se o soldado tivesse aprendido a
usá-lo.
Também nós temos de usar a nossa fé, como um escudo
que nos protege por inteiro - espírito, alma e corpo - dos
dardos inflamados de Satanás. Devemos lembrar que, o
escudo irá, não apenas evitar que os dardos inflamados nos
atinjam, mas também os irá extinguir!

O Capacete da Salvação
O capacete protege a cabeça - ou seja, a mente.
Satanás dirige mais ataques contra a nossa mente, do
que contra qualquer outra área da nossa personalidade. O
capacete também é chamado de “esperança da salvação”
(1 Tessalonissenses 5:8) - não apenas um desejo, mas
uma atitude de optimismo firme e contínuo, solidamente
baseado na verdade da Palavra de Deus.

No capítulo 4, descrevi como é que Deus me ensinou


a colocar este capacete.

A Espada do Espírito - a Palavra [rhema no Grego]


de Deus
“Rhema” significa, essencialmente, uma palavra falada.
A Bíblia na nossa prateleira não nos irá proteger. A Palavra
de Deus torna-se uma espada, quando a falamos através da
nossa boca; em fé. Jesus usou essa espada contra Satanás,
respondendo a todas as tentações citando as Escrituras:
“Está escrito...” Temos de aprender a fazer o mesmo.
A espada é providenciada pelo Espírito Santo, mas
somos nós que temos a responsabilidade de pegar nela.

274
Quando fazemos isso, o Espírito providencia poder
sobrenatural para podermos manejar a espada.

A Arma Final: Toda a Oração


Ao empunharmos a espada ainda estamos limitados
pelo comprimento do nosso braço. Mas, “toda a oração” é
o nosso míssil balístico intercontinental. Com este tipo de
oração podemos atravessar oceanos e continentes, e atingir
as forças de Satanás onde quer que elas estejam a operar.
Até podemos vir contra o quartel-general de Satanás
nos lugares celestiais. Contudo, é preciso disciplina e
maturidade para aprender a usar uma arma tão poderosa.

O Paradoxo Divino
Talvez se sinta um pouco sobrecarregado ao considerar
tudo o que tem de fazer para manter a sua libertação. Pode
sentir-se inclinado a dizer: “Não pode explicar isso de uma
maneira mais simples, em poucas palavras?”
Sim, tudo o que eu disse anteriormente pode ser
expresso apenas numa simples instrução: Para manter
a sua libertação, tudo o que tem de fazer é viver a vida
Cristã, do modo como ela é descrita e demonstrada no
Novo Testamento. Isto é resumidamente, como manter a
libertação já recebida; mas é radical!
Em Mateus l6:24-25, Jesus estabeleceu duas condições
imutáveis, para todos aqueles que o quisessem seguir:
Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém
quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre
si a sua cruz, e siga-me; Porque aquele que quiser salvar
a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor
de mim, achá-la-á.
Eis o paradoxo divino: para salvar (proteger) as nossas
almas, temos de perdê-las.

275
Antes de podermos seguir Jesus, há dois passos preli­
minares que temos de dar. Primeiro, temos de renunciar
a nós mesmos; temos de pronunciar um Não resoluto e
final, perante o nosso ego exigente e egoísta. Segundo,
cada um de nós tem de tomar a sua cruz. Temos de aceitar
a sentença de morte que a Cruz nos impõe. Tomar a cruz é
uma decisão voluntária que cada um de nós tem de fazer;
Deus não nos impõe a cruz à força.
Se não aplicarmos a cruz à nossa vida de uma forma
pessoal, deixamos uma porta aberta para a influência
demoníaca. Há sempre o perigo do ego não crucificado
responder às lisonjas sedutoras de demónios enganadores.
O orgulho é a principal área do nosso carácter que Satanás
procura atingir, e a lisonja interesseira é a principal
ferramenta que ele usa para conseguir entrar.
Temos de aplicar a Cruz a nós mesmos de uma forma
pessoal. Em Gálatas 2:20, Paulo afirma: “Estou crucificado
com Cristo, e já não vivo...” Cada um de nós, tem de
perguntar: Será que isto se passa comigo? Fui mesmo
crucificado com Cristo? Ou, ainda sou motivado pelo meu
ego carnal?
Hoje em dia, muitos Cristãos sentem que esta solução
é demasiado radical. Põem em dúvida se esta, é realmente
a única forma de estar protegido contra o engano. Tendem
a ver Paulo como uma espécie de “super-santo”, que não
têm esperança de imitar.
Contudo, Paulo não se via a si mesmo desta forma.
Enquanto apóstolo, o seu ministério foi único, mas o seu
relacionamento pessoal com Cristo foi um padrão para
todos seguirem. Em 1 Timóteo 1:16, ele disse:

Mas por isso alcancei misericórdia, para que em mim,


que sou o principal [pecador], Jesus Cristo mostrasse

276
toda a sua longanimidade, para exemplo dos que haviam
de crer nele para a vida eterna.

De novo, em 1 Coríntios 11:1, ele afirma: “Sede meus


imitadores como também eu sou de Cristo”.
A única alternativa à cruz é colocar o nosso ego no
trono de Cristo. Mas, isto é idolatria e abre caminho para
as consequências malignas que seguem, invariavelmente,
a idolatria.
A Cruz é o coração e o centro da fé Cristã. Se a Cruz
não for proclamada e aplicada, o Cristianismo fica sem
alicerces, e as suas afirmações deixam de ser válidas. De
facto, torna-se uma religião falsa. E desse modo, tal como
todas as religiões falsas, fica inevitavelmente exposto à
infiltração demoníaca e ao engano.
Gostaria de encerrar este capítulo, com um comentário
final muito importante. Tenho-me apercebido que, as minhas
experiências em lidar com demónios ao longo dos anos
causaram um profundo impacto na minha vida Cristã. Vez
após vez tenho sido confrontado com as palavras radicais e
inflexíveis de Jesus.
Pude compreender, que na vida Cristã não há atalhos nem
desvios. Se desejamos ser imunes à opressão demoníaca, só o
poderemos conseguir com uma condição: obediência!

24 - Porque é que Algumas Pessoas Não São Libertas?

A maior parte das pessoas que oraram a oração descrita


no capítulo 22 receberam libertação de demónios, mas não
foram todas.
Eis dez razões possíveis que podem impedir uma pessoa
de receber libertação:

277
1. Falta de arrependimento
2. Falta de desespero
3. Motivos errados
4. Centrar-se em si mesmo – desejo de atenção
5. Incapacidade para quebrar com o oculto
6. Incapacidade para cortar com relacionamentos carnais
7. Falta de libertação de uma maldição
8. Incapacidade para confessar um pecado específico
9. Não “separado” pelas águas do baptismo
10. Parte de uma batalha maior

1. Falta de Arrependimento
Jesus começou o Seu ministério público com as
palavras: “Arrependei-vos e crede” (Marcos 1: 15). Ele
nunca esperou, que alguém cresse sem se arrepender
primeiro. A fé que não é fruto do arrependimento não é
válida, e não se pode esperar que produza os resultados
prometidos à fé verdadeira.

Todos os pecadores estão, tanto por actos como por


natureza, em rebelião contra Deus. Não estamos qualificados
para receber as bençãos de Deus, até termos renunciado à
nossa rebelião e a abandonarmos completamente. Esta é
essencialmente a natureza do arrependimento: renunciar
à nossa rebelião contra Deus. Devemos perguntar-nos:
Estarei eu completamente submetido, sem quaisquer
reservas, à autoridade de Jesus Cristo na minha vida?
Se não formos capazes de responder sim, ainda estamos
numa atitude de rebelião. Só existe uma solução:
arrependimento.
Quando nos arrependemos submetemo-nos, através
de um acto da vontade, ao Senhorio de Cristo nas nossas
vidas. A genuinidade do nosso arrependimento é provada

278
quando prosseguimos no estudo, e obediência aos ensina­
mentos de Jesus.
Muitas vezes, as pessoas procuram ser libertas porque
querem ver­se livres das desagradáveis consequências
da opressão demoníaca, mas esta razão não é suficiente.
Se não nos comprometermos a servir o Senhor quando
queremos ser libertos, ou não recebemos libertação, ou
então, se recebemos, ela não vai ser permanente.

2. Falta de Desespero
Quando procuramos ser libertos da servidão a Satanás,
temos de reconhecer a realidade da nossa situação. Fomos
feitos prisioneiros, por um tirano cruel que nos odeia
com um ódio total, e que fará tudo o que puder para nos
atingir e, se possível, destruir. Quando nos voltamos para
Cristo em busca de libertação, temos de fazê-lo reconhe-
cendo que Ele é o Único, que nos pode ajudar.
Temos de estar tão desesperados como quando Pedro se
estava a afogar nas águas da Galileia, e clamou por Jesus:
“Senhor, salva-me!” (Mateus 14:30). Ele apercebeu-se de
que a água podia cobrir-lhe a boca a qualquer momento, e
que a partir daí, ele já não poderia gritar por socorro.
Muitas vezes, quando alguém vem ter comigo que­
rendo ser liberto, eu respondo: “Libertação é para os
desesperados, penso que você ainda não está desespe­
rado. Volte quando estiver”. Por vezes, sugiro que uma
pessoa jejue durante 24 horas antes de procurar liber-
tação.

3. Motivos Errados
Ao analisar algumas das razões pelas quais por vezes
as pessoas oram sem, no entanto, obterem a resposta
pretendida, o apóstolo Tiago escreveu: “Pedis e não

279
recebeis porque pedis mal, para o gastardes em vossos
deleites[prazeres]” (Tiago 4:3).
Isto pode ser, muitas vezes, aplicado a pessoas que
estão a orar por libertação de demónios. Reconhecem que
a servidão demoníaca é, em níveis diferentes, desagradável
e frustrante. É uma barreira aos seus prazeres. Acham
que poderiam gozar mais a vida se fossem libertas, mas
esta razão não é suficiente para que Deus responda às
suas orações. Quando nos dirigimos a Ele em busca de
libertação, Ele procura os nossos motivos. Ele oferece
liberdade àqueles que a irão usar para servir a Cristo com
mais eficácia, não àqueles que querem perseverar numa
vida de prazer egoísta.

4. Centrar-se em Si Mesmo - Desejo de Atenção


Algumas pessoas sentem-se sempre ignoradas e
insignificantes. Querem estar em primeiro plano, mas a
vida mantém-os nos bastidores. Sentem que ninguém se
preocupa com eles. Uma razão possível: estão oprimidos
e suprimidos por demónios.
Quando procuram ser libertos, de repente encontram-
se no centro das atenções e gostam disso. Mas, após uma
libertação fugaz, voltam para a sombra. Já ninguém lhes
dá tanta atenção. Então, descobrem um novo aspecto
do seu “problema” para discutir, e uma nova área na
qual precisam de libertação. No fundo, não querem
ser libertas. Querem, é atenção. São como as mulheres
descritas por Paulo em 2 Timóteo 3:7 “que aprendem
sempre, e nunca podem chegar ao conhecimento da
verdade”.
Devemos ter compaixão dessas pessoas e expôr
claramente quais as condições para receberem libertação.
No entanto, há uma altura em que temos de desafiá-las

280
a aceitar libertação completa, e a responsabilidade que daí
advém tal como foi exposta no capítulo 21.

5. Incapacidade Para Quebrar com o Oculto


Raramente é fácil cortar definitiva e totalmente com o
oculto. Satanás irá usar todos os truques do seu reportório
para se agarrar às suas vítimas. Uma pessoa que tenta
quebrar com essa influência pode ser comparada à mulher
de Ló ao escapar de Sodoma. Lamentavelmente, ela voltou-
se para olhar pela última vez o que estava ficando para trás,
e ficou imobilizada para sempre como uma coluna de sal
(Genesis 19:26). Jesus falou dela como aviso para todas as
gerações que se sucedessem: “Lembrai·vos da mulher de
Ló” (Lucas 17:32).
A terra de Canaã, para a qual Deus levou os israelitas,
estava corrompida pela idolatria e pelo envolvimento no
oculto. Por essa razão, Deus disse ao Seu povo: “Não
te inclinarás diante dos seus deuses, nem os servirás,
nem farás conforme às suas obras; antes os destruirás
totalmente, e quebrarás de todo as suas estátuas.”(Êxodo
23:24). Os israelitas deveriam destruir todas as evidências
de envolvimento oculto. Nada deveria ser transportado
da velha para a nova aliança. Deus exigiu mesmo que as
palavras do Seu povo indicassem um corte total com a velha
aliança: “Do nome de outros deuses não vos lembreis, nem
se ouça da vossa boca” (Êxodo 23: 13).
O mundo em que vivemos hoje, é como a terra de
Canaã naquela altura, corrupto e contaminado por todas
as formas de oculto que possamos conceber. Mas, tal
como disse anteriormente, muitos Cristãos demoram
muito tempo a reconhecer quão intensamente Deus odeia
o oculto. Ele exige que nós façamos o mesmo corte total
com todas as coisas, tal como Ele exigiu da Israel na terra

281
de Canaã: Temos de apagar todo o rasto dessas coisas nas
nossas vidas.
Muitas vezes, aquilo que nos liga ao oculto é subtil e
difícil de detectar. Uma pessoa que quer ser liberta precisa
de orar: “Deus, mostra-me se há algo na minha vida que
ainda me liga ao oculto, e mostra-me como cortar com
isso totalmente”.

6. Incapacidade Para Cortar com Relacionamentos


carnais
No capítulo 15, referi que a servidão a demónios pode
resultar de se ser manipulado ou controlado, por uma
pressão carnal exercida por outra pessoa. A libertação
dessa servidão depende obviamente do corte com esse
relacionamento controlador.
Jesus avisou-nos que “os inimigos do homem serão os
seus familiares” (Mateus 10:36). Muitas vezes acontece
em relacionamentos pessoais controladores deste género:
uma mãe, por exemplo, pode tentar controlar o seu filho;
um jovem pode ser constantemente pressionado pelo seu
irmão, para voltar a tomar drogas com ele.
Independentemente da intimidade que se tem com
um familiar ou amigo, só é possível ter uma liberdade
plena quando esse controle for quebrado. O processo de
ajustamento de relacionamentos deste género pode ser
doloroso, mas é essencial para uma libertação total. Por
vezes é necessário cortar completamente o contacto com a
pessoa que controla, e confiar em Deus para restabelecer o
relacionamento no Seu tempo e segundo as Suas condições.
Quando isto não é possível (como no caso de um marido ou
mulher, ou de uma criança que vive em casa), a pessoa que
pretende manter a libertação deve manter-se vigilante para
evitar expôr­se de novo ao poder familiar controlador.

282
7. Falta de Libertação de uma Maldição
No capítulo 21, elaborei uma lista de sete indicadores
comuns de que pode haver uma maldição sobra a vida
de uma pessoa. Se reconhecer que alguma dessas forças
ainda está a operar na sua vida, isso pode significar que
você ainda não está completamente liberto de todas as
maldições.
A base da sua libertação é a troca que aconteceu na
Cruz: ali, Jesus levou sobre Si mesmo todas as maldições
às quais o nosso pecado nos tinha exposto, para que
pudéssemos ter direito a todas as bençãos devido à Sua
rectidão sem mácula.
As ramificações desta troca são multifacetadas, e
estendem-se a todas as áreas da nossa vida. Para uma
melhor compreensão deste assunto, leia o meu livro
Benção ou Maldição: A escolha…é sua!

8. Incapacidade Para Confessar um Pecado Específico


“Se confessarmos os nossos pecados, ele[Deus] é
fiel e justo para nos perdoar os pecados...” (1 João 1:9).
Deus não requer necessariamente, que nós confessemos
individualmente todos os pecados que alguma vez
cometemos. Mas, por vezes, há um pecado específico
que tem de ser trazido à luz do dia. E, até que ele seja
reconhecido e confessado, Deus retém o Seu perdão e
purificação.
Depois de David ter reconhecido os seus pecados
de adultério e homicídio, ele disse: “O meu pecado está
sempre diante de mim” (Salmo 51:3). David reconheceu
o horror do pecado que o tinha separado de Deus. A sua
única esperança para obter paz interior e uma renovada
comunhão com Deus, foi trazer o seu pecado à luz do dia
através de uma confissão específica.

283
Quando uma pessoa quer ser liberta de demónios,
pode haver um pecado específico que tem de ser
confessado; poderá até ser o pecado, que abriu as portas
da vida dessa pessoa para o demónio. Nesse caso, Deus irá
reter a libertação até que o pecado específico tenha sido
identificado e confessado.
Uma vez, uma mãe veio ter comigo e com a Lydia,
pedindo libertação para a sua filha. Conseguimos expulsar
uma série de demónios, mas um ficou entalado na garganta
da rapariga, recusando-se sair dali.
Acabei por dizer à rapariga: “Creio que cometeste
um, pecado específico que Deus quer que confesses,
nomeando-o”.
Ela olhou para mim durante alguns momentos
extremamente envergonhada, e depois disse: “Fiz um
aborto”.
A mãe soltou um suspiro; aparentemente, ela não sabia
nada acerca do sucedido.
“Deus requer mais uma coisa de ti”, disse-lhe eu
ainda. “Tens de confessar esse aborto como sendo um
homicídio”.
Ela confessou-o. E, no momento em que nomeou o seu
pecado como homicídio, foi completamente liberta. Ela
foi perdoada não apenas por Deus, mas também pela sua
mãe; abraçaram-se e choraram juntas.
Quando Deus requer a confissão de algum pecado
específico, temos de contar com o Espírito Santo para
no-lo revelar. Afinal de contas, o Seu ministério é conven­
cer do pecado (ver João 16:8). Para além do homicídio,
os pecados específicos que muitas vezes têm de ser
confessados estão registados nos últimos quatro dos Dez
Mandamentos: adultério, roubo, falso testemunho e cobiça.
(Êxodo 20:14-17)

284
9. Não “Separado” Pelas Águas do Baptismo
Tal como referi no capítulo anterior, ser baptizado
nas águas é o acto exterior pelo qual “completamos” a
salvação, que recebemos pela nossa fé na expiação de
Cristo. Uma pessoa que creu mas não foi baptizada está
“parcialmente” salva. Só a salvação “completa” é que
nos garante o direito legal, de sermos libertos da opressão
demoníaca. Infelizmente, mesmo algumas igrejas que
praticam o baptismo pela imersão não enfatisam a sua
importância suficientemente.
Contudo, quero deixar bem esclarecido que não estou
a falar do baptismo como uma cerimónia que é exigida
para se fazer parte de uma congregação específica, mas
simplesmente como um acto de obediência pessoal à
Escritura. Sempre que oro por libertação com pessoas que
nunca foram baptizadas enquanto crentes, aviso-os de que
“Agora está livre, mas se queres manter a tua libertação
tens de ser baptizado nas águas”.
Por outro lado, você pode ter feito isto sem compreender
a libertação completa do poder de Satanás, ao qual está
legalmente habilitado. Se continua a ser molestado pelos
demónios de Satanás, tome uma posição em relação
àquilo que o seu baptismo significa realmente. Ore mais
ou menos assim: “Senhor Jesus, agradeço-te porque passei
pelas águas abandonando o reino de Satanás e entrando no
Teu reino. E agora, Senhor, tomo autoridade no Teu nome
e corto com todos os demónios que me querem molestar e
que me têm perseguido”.

10. Parte de Uma Batalha Maior


Como Cristãos, estamos envolvidos numa grande
guerra espiritual que abrange tanto a terra como o céu.
Paulo descreve isto como uma luta contra as forças

285
satânicas nas regiões celestes (ver Efésios 6:12). Por vezes,
encontramo-nos em conflito com demónios não apenas no
plano terreno, mas também com daimons (ver capítulo 11)
cujo quartel é nas regiões celestes.
Por vezes uma pessoa que parece ser relativamente
pouco importante no plano terreno é um elemento
estratégico neste conflito global. Os daimons de Satanás
têm consciência disto, e estão determinados a manter o
controlo sobre essa vida, e a usá-la para se oporem ao
propósito de Deus. Consequentemente, qualquer tentativa
para ministrar libertação encontra uma resistência forte,
não apenas por parte dos demónios que estão na pessoa,
mas também por parte das forças satânicas nas regiões
celestes, que operam através dessa pessoa. Eu chamo a
esse tipo de pessoas um “campo de batalha”.
Um único indivíduo, por exemplo, pode ser a chave
para a salvação de uma família inteira, ou mesmo de uma
comunidade mais vasta. Ou a libertação de apenas uma
pessoa, pode ser a porta aberta para trazer o Evangelho
a um povo até aí não abençoado. Se assim for, Satanás
irá dispor das suas forças, tanto na terra como nas regiões
celestes, para reter o controlo sobre esse indivíduo.
Para podermos ministrar a essas pessoas, precisamos de
ter discernimento sobre as regiões celestes, talvez através
de uma visão ou palavra de sabedoria ou conhecimento.
Se possuirmos uma imagem clara das forças que se estão a
opor, podemos pedir a intercessores que se comprometam a
permanecer juntamente connosco, para clamar pela vitória
que Cristo ganhou por nós. Pois, pela Sua morte expiatória
e ressurreição vitoriosa, Ele “despojou os principados e as
potestades” de Satanás que se opõem. (Colossenses 2:15)
Também pode suceder que, quando uma pessoa não
recebe libertação, termos de aplicar as palavras de Jesus

286
em Marcos 9:29: “Esta casta não pode sair com coisa
alguma, a não ser com oração e jejum. ”

25 - Ajudar Outros a Serem Libertos

É normal que, pessoas que foram libertas de demónios


comecem a ver claramente a necessidade de outras pessoas
receberem uma libertação semelhante. Também podem
sentir uma certa empatia com elas, porque se recordam das
pressões às quais estiveram sujeitas, e das lutas envolvidas
no seu processo de libertação. Como resultado, muitas
destas pessoas acabam por, espontaneamente, alcançar
outras que também necessitam de libertação.
Em Marcos 16:17, Jesus colocou este ministério à
disposição de todos os crentes: “E estes sinais seguirão aos
que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; …”
No entanto, como princípio geral, a libertação deve
ser praticada, em primeiro lugar, por pessoas com minis­
térios apostólicos, pastorais ou evangelísticos, ou pelos
seus colaboradores. Mas, qualquer Cristão que é confron­
tado com uma pessoa endemoninhada pode, em certas
eircunstâncias, ser chamado a expulsar demónios. Con­
tudo, pude observar por experiência própria que, as
pessoas que tomam parte num ministério de libertação
regular sem atenderem a certas condições bíblicas para
exercerem autoridade, normalmente acabam por se meter
em sarilhos.
Eis alguns princípios gerais que podem salvaguardar a
prática da libertação de demónios:

1. Estar debaixo de autoridade.


2. Dois são melhor que um.

287
3. Não ministrar sozinho a um indivíduo do sexo
oposto.
4. Usar a cruz e a espada do Espírito.

1. Estar Debaixo da Autoridade


A dada altura do Seu ministério, Jesus enviou setenta
discipulos para prepararem o caminho adiante Dele.
Regressaram muito entusiasmados, relatando que “pelo
teu nome, até os demónios se nos sujeitam” (Lucas 10:17).
Jesus respondeu: “Eis que vos dou poder [autoridade] ...
sobre toda a força do inimigo” (versiculo 19). O factor
decisivo ao lidar com demónios é o exercício da autoridade
bíblica.
Um centurião romano veio ter com Jesus em nome do
seu servo que estava doente, reconheceu que a autoridade
espiritual de Jesus era comparável à sua própria autoridade
militar. Ele resumiu numa frase a condição essencial para
exercer autoridade em qualquer esfera: “Dize, porém, uma
palavra, e o meu criado sarará. Porque também eu sou
homem sujeito à autoridade...” (Lucas 7:7-8). Para exercer
autoridade, a pessoa tem de estar, primeiro, debaixo de
autoridade.
Há certos princípios bíblicos que governam o exercício
de autoridade.
Primeiro, a fonte suprema de toda a autoridade é o
próprio Deus. No entanto, depois da ressurreiçãe, Jesus
declarou aos Seus discipulos: “É-me dada todo poder
[toda a autoridade] no céu e na terra” (Mateus 28:18).
Isto significa que, toda a autoridade provém de Deus o
Pai, através de Jesus o Filho. Assim, para estar debaixo
da autoridade bíblica, cada Cristão tem de encontrar
o seu lugar numa cadeia de autoridade que se estende
verticalmente através de Cristo até Deus.

288
Em 1 Coríntios 11:2-7, Paulo usa o cobrir a cabeça como
um simbolo de autoridade. Estar debaixo da autoridade é
estar “coberto”, ou seja, protegido. Não estar debaixo da
autoridade é estar “descoberto”, ou seja, desprotegido.
Deste modo, para cada Cristão estar debaixo de uma forma
apropriada de autoridade, significa estar espiritualmente
protegido. Um Cristão que não está debaixo da autoridade
está espiritualmente desprotegido e corre grande perigo.
Deus constituiu Cristo “…cabeça da igreja, que é o
seu corpo…” (Efésios 1:22-23). Por isso, é natural para
Ele exercer a Sua autoridade em qualquer área através da
liderança de uma igreja local.
A Ruth e eu damos grande importância a esta questão
da autoridade. Onde quer que residamos, tornamo-nos
parte de uma congregação local e ficamos debaixo da
sua liderança. Quando saímos em viagens de ministério,
somos enviados pela nossa igreja local. Para além disso,
o nosso ministério mundial é dirigido por um Concelho
Internacional do qual partilhamos a liderança com um
grupo de cooperadores, que representam vários países nos
quais ministram. Quanto a mim, deixo sempre claro que
não tenho intenção de ser independente. Pelo contrário,
reconheço de boa vontade que sou dependente: primeiro,
e acima de tudo, de Deus, e depois do povo de Deus.
Outra das áreas principais na qual Deus delega a Sua
autoridade é a familia. Em 1 Corintios 11:3, Paulo faz o
retrato de uma cadeia de autoridade que descende de Deus,
através de Cristo, e chega a todas as famílias da terra: “Mas
quero que saibais que Cristo é o cabeça de todo o homem, e
o homem ocabeça da mulher, e Deus o cabeça de Cristo”.
Uma mulher casada está normalmente debaixo da
autoridade do seu marido, e não deve ministrar sem o total
conhecimento e aprovação do seu marido. No entanto,

289
Pedro avisa-nos que, se não existe harmonia entre o
marido e a mulher as orações do marido serão impedidas
(ver 1 Pedro 3:7). Uma mulher solteira, se ainda vive em
casa dos pais, necessita da autorização do pai. Mulheres
solteiras que vivam sózinhas devem ter a autorização e a
vigilância de líderes espirituais maduros.
Os homens que praticam a libertação de demónios sejam
casados ou solteiros, devem fazer parte de uma comunhão
ou igreja com uma estrutura de autoridade eficaz. Esta área
de lidar com demónios é um lugar perigoso para “cowboys
solitários”, homens ou mulheres.
Há uma palavra-chave na questão de estar debaixo da
autoridade: prestar contas. Cada Cristão deve perguntar
- A quem é que eu presto contas? Uma pessoa que não
presta contas a ninguém não está debaixo da autoridade.
Jesus fala acerca de autoridade para ligar e desligar em
dois lugares. Ela aparece relacionada com a igreja em
ambos os casos. Em Mateus 16:18-19, Jesus diz a Pedro:
“... Sobre esta pedra edificarei a minha Igreja... e tudo o
que ligares [singular] na terra será ligado nos céus, e tudo
o que desligares na terra será desligado nos céus”.
Novamente, em Mateus 18:17-18, Jesus está a falar a
cerca de trazer um irmão ofensor perante a lgreja, e conclui:
“Tudo o que ligardes [plural] na terra, será ligado no céu,
e tudo o que desligardes na terra, será desligado no céu”.
Neste caso, ligar e desligar é uma acção colectiva da lgreja
como um todo.
A chave para o exercício bíblico de toda a autoridade
é “relacionamentos certos”. Isto aplica-se especificamente
a ligar e desligar forças demoníacas. Uma pessoa que não
tem um relacionamento correcto com o Corpo de Cristo
pode tentar ligar e desligar demónios, mas a autoridade
para tornar isso efectivo não existe.

290
2. Dois são Melhor que um
Nos evangelhos não há registo de que Jesus tenha
alguma vez enviado alguém a ministrar sozinho. Ele
enviou sempre os Seus discipulos aos pares. Normalmente,
só um ministro experiente e com autoridade deverá
encetar o ministério de libertação sozinho. (Há sempre a
possibilidade da pessoa que está a receber libertação se
tornar violenta).
O princípio é realçado por Salomão em Eclesiastes
4:9-10

Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor


paga do seu trabalho. Porque se um cair, o outro levanta
o seu companheiro; mas ai do que estiver só; pois, caindo,
não haverá outro que o levante.

3. Não Ministrar Sózinho a Um Individuo do Sexo


Oposto
Não é sensato da parte de uma mulher querer ministrar
sozinha a um homem, ou da parte de um homem querer
ministrar sozinho a uma mulher. Geralmente, a melhor
equipa para este ministério é um casal, marido e mulher,
trabalhando em harmonia.
Em cada um dos meus dois casamentos, Deus abençoou-
me com uma esposa com quem eu vivi em harmonia, e que
trabalhou ao meu lado sempre que ministrei libertação de
demónios. Devo muito às contribuições especiais da Ruth,
e da Lydia antes dela, uma palavra de conhecimento, um
dom de cura ou de discernimento de espíritos. Durante o
período de três anos entre o meu primeiro casamento e o
segundo, enquanto fui viúvo, nunca aconselhei uma mulher,
sozinho. Tive sempre o cuidado de ter o apoio e ajuda de
um irmão ou irmã no Senhor, maduro e competente.

291
4. Usar a Cruz a Espada do Espirito
Existe uma, e apenas uma, base completamente sufi­
ciente sobre a qual qualquer pessoa pode clamar por liber­
tação de demónios: o sacrificio substitutivo de Jesus na Cruz.
Através da Cruz, Ele fez expiação pelos pecados de toda a
raça humana, e despojou Satanás da sua arma primordial
contra nós: culpa. Pela fé neste sacrifício, cada um de nós é
justificado, ilibado, “como se nunca tivesse pecado”.
Agarre esta verdade, e faça dela o centro de toda a
instrução que der àqueles que estiver a ajudar.
Da mesma forma, há apenas uma arma que é
invariavelmemnte eficaz quando lidamos com demónios: é
a espada do Espírito, as palavras da Escritura proclamadas
com ousadia e em fé. Os demónios não se assustam
com rótulos denominacionais, títulos eclesiásticos ou
argumentos teológicos. Mas eles não possuem qualquer
defesa contra o golpe da espada afiada da Palavra de Deus,
proclamada em fé.

Pontos Práticos Finais


Se, se está a preparar para ministrar a alguém que
necessita de libertação, eis doze pontos práticos que o irão
ajudar a tornar o seu ministério mais eficaz. Para poder ser
breve, irei referir-me à pessoa que recebe libertação como
“o aconselhado”.

1. Releia o capítulo 21 deste livro e, tanto quanto


possível, conduza o aconselhado através dos nove passos
preliminares.
2. Deixe que o sacrifício de Jesus na Cruz seja a base para
tudo o que fizer. Da mesma forma, encoraje o aconselhado a
retirar os olhos de si mesmo e a concentrar-se na Cruz.
3. Certifique-se dos seguintes assuntos críticos:

292
Arrependimento: O aconselhado já passou por uma
experiência genuína de arrependimento, tal como definida
anteriormente?
Perdão: Existe alguém a quem o aconselhado não
tenha perdoado de verdade? Ainda guarda ressentimentos
contra alguém?
Renunciação: O aconselhado já renunciou totalmente
a todo o contacto com o oculto e/ou com todos os
relacionamentos pessoais controladores?

4. Se o aconselhado está a resistir, não assuma o


comando agindo por ele. Sugira Escrituras apropriadas
para ele citar no seu próprio nome. Encoraje-o a exercer e
a desenvolver a sua própria fé, isto irá ajudá-lo a enfrentar
quaisquer outros conflitos com Satanás.
5. Por vezes, o processo de libertação pode encontrar
uma espécie de “engarrafamento”, no qual o aconselhado
parece estar a debater-se com algo em si mesmo, que não
compreende totalmente. Se isto acontecer, peça a Deus
uma palavra de conhecimento que irá identificar a natureza
do problema. Esta palavra de conhecimento pode ser dada
tanto ao aconselhado como ao que está a ministrar. Pode
dizer respeito a um pecado que precise de ser confessado,
ou a um poder controlador que tem de ser quebrado (por
exemplo, uma religião falsa). Para prosseguir, o aconselhado
tem de se arrepender do pecado ou quebrar com o poder
controlador. Em altemativa, o Espírito Santo pode revelar
o nome de um determinado demónio que está a resistir à
libertação. Se assim for, instrua o aconselhado a tomar uma
posição no nome de Jesus, e a renunciar a esse demónio
particular pelo nome.
6. É frequente os demónios saírem pela boca chorando,
soluçando, gritando, rugindo, cuspindo ou mesmo vomi­

293
tando. Tenha consigo alguns lenços, toalhetes, ou qualquer
material semelhante pronto a ser usado pelo aconselhado,
se ele necessitar.
7. Uma mulher, por vezes, expulsa demónios com gritos
muito altos. Se ela continuar a gritar sem receber libertação,
lembre-se que, possivelmente, houve um demónio que se
alojou na parte mais estreita da sua garganta e que está a
aguardar. Explique isto à mulher e diga-lhe para expelir o
demónio da sua garganta tossindo deliberada e firmemente
(ver capítulo 21).
8. Não grite com os demónios, eles não são surdos.
Mesmo um espírito de surdez não é surdo. Gritar com eles não
lhe dá mais autoridade; isso faz apenas com que você esteja a
gastar forças que poderiam ser gastas de outra forma.
9. Não perca tempo com “chamadores de atenção”,
pessoas que agem como uma pessoa que está a receber
libertação, mas que só estão interessadas em atrair atenção
sobre si próprias (ver capítulo 24).
10. Ao ministrar, Satanás pode atacá-lo com um espírito
de medo. Se isso acontecer, afirme que “Porque Deus não
nos [me] deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de
amor, e de moderação”. (Timóteo 1:7). Lembre-se também
da promessa que Jesus deu aos Seus discípulos quando
eles tiveram de lidar com demónios: “Nada vos fará dano
algum” (Lucas 10:19).
11. Enfatise continuamente a promessa de Joel 2:32:
“…E todo aquele que invocar o nome do Senhor será
salvo[liberto]... ”.
12. Lembre-se do poder no nome de Jesus e do sangue
de Jesus.

Transcrevo aqui uma proclamação que usei muitas


vezes (retirada do meu livro “O Poder da Procalamação”)

294
para possibilitar aos Cristãos apreenderem e possuírem a
vitória que Jesus ganhou por nós na Cruz:

Vencemos Satanás quando testificamos pessoalmente


Acerca daquilo que a Palavra de Deus diz
Que o sangue de Jesus faz por nós.
Pelo sangue de Jesus
Sou redimido da mão do diabo.
Pelo sangue de Jesus
Todos os meus pecados são perdoados.
Pelo sangue de Jesus
Sou continuamente purificado de todo
O meu pecado.
Pelo sangue de Jesus
Sou justificado, feito justiça, como se
Nunca tivesse pecado.
Pelo sangue de Jesus
Sou santificado, purificado, separado para Deus.
Pelo sangue de Jesus
Tenho ousadia para entrar na presença de Deus.
O sangue de Jesus clama continuamente
A Deus no céu por mim.

Cada pessoa que ministrar libertação irá descobrir outros


pontos práticos. A teoria só nos leva até um certo ponto, no
fim, todos nós temos de aprender fazendo. Espero que este
livro o ajude a evitar alguns dos erros que eu cometi!
Uma última palavra de grande importância. Foi o
amor que motivou Deus a providenciar libertação para nós
através da morte sacrificial de Jesus. A nossa motivação
deve ser a mesma, por isso, peça a Deus que o faça um
instrumento do Seu amor: “Todas as vossas coisas sejam
feitas com amor.” (l Coríntios 16:14).

295
26 - E Depois da Libertação...?

A experiência de libertação na vida de um indivíduo


é uma demonstração maravilhosa da graça e do poder de
Deus. Por vezes, comparo-a à libertação do povo de Israel
da sua escravidão no Egipto.
Mas, a libertação de Israel das mãos do faraó não foi
mais do que o primeiro passo num processo divino. Deus
levou Israel para fora do Egipto para que pudesse trazê-los
para a sua herança prometida. O mesmo acontece com a
libertação de demónios: ela é o primeiro passo vital, mas
não é concerteza o objectivo final.
Há dois passos importantes que se devem seguir à liber­
tação. O processo é brevemente descrito em Obadias 17:

“Mas no monte Sião haverá livramento, e ele será santo; e


os da casa de Jacó possuirão as suas her­dades[heranças]”.

Eis o último objectivo de Deus: o Seu povo “possuirá


as suas heranças” - ou seja, a herança que lhes foi dada
por Deus. Ele afirmou duas condições. A primeira é
negativa: “livramento” [libertação]. A segunda é positiva:
“santidade”. Qualquer processo que não cumpra ambas as
condições não irá trazer o povo de Deus à sua herança.
Há uma razão prática e lógica pela qual, a libertação
de demónios deve anteceder a santidade. Os demónios
reflectem muitas características diferentes, mas têm uma
coisa em comum: todos eles, sem excepção, são inimigos
da verdadeira santidade. Até os demónios serem expulsos,
nem a Igreja nem Israel poderão alcançar os níveis bíblicos
de santidade.
Quero deixar bem claro que Obadias 17 aplica-
se primeiro que tudo à nação de Israel. A Igreja nunca

296
substituiu Israel, todas as promessas de Deus para Israel
enquanto nação, serão cumpridas exactamente da forma
que foram dadas. (Para mais esclarecimentos sobre este
assunto, ver o meu livro “O Destino de Israel e da Igreja”
No entanto, há várias passagens no Novo Testamento
onde as experiências históricas de Israel são interpretadas
como padrões que tambem se aplicam à Igreja. Por
exemplo, em 1 Corintios 10:1-11, Paulo regista algumas
das experiências pelas quais o povo de Israel passou
durante e depois da libertação do, Egipto, e conclui: “Ora,
tudo isto lhes sobreveio como figuras, e estão escritas
para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos
séculos.” Por outras palavras, as experiências de Israel
durante e após o Êxodo contém importantes lições práticas,
que se aplicam aos Cristãos nos tempos presentes.
Creio que o mesmo se aplica à restauração actual do
povo de Israel à sua herança bíblica na terra que Deus lhes
deu. Ela contém lições práticas importantes para a Igreja.
Qualquer pessoa que esteja familiarizada com a
história e profecia bíblicas pode verificar que o povo de
Israel esteve afastado da sua herança geográfica dada
por Deus durante quase dois mil anos. Mas, o mesmo se
aplica à Igreja. Durante mais ou menos o mesmo tempo,
também nós temos estado afastados da nossa herança
espiritual. Se os apóstolos do Novo Testamento voltassem
à terra hoje, teriam muito que procurar para poderem
encontrar uma igreja que se compare àquela que eles
conheceram!
Ainda assim, a Escritura encoraja-nos a olhar em
frente para “os tempos da restauração de tudo” (Actos
3:21). Tanto para Israel como para a Igreja, o primeiro
passo para a restauração é a libertação. O passo seguinte
é a santidade.

297
A santidade é a marca singular do Deus da Bíblia.
Também deve ser a marca singular do Seu povo; tanto de
Israel como da Igreja. No Novo e no Antigo Testamento,
Deus diz ao Seu povo: “Sede santos porque eu sou santo”
(Levitico 11:44;ver 1 Pedro 1:16).
De acordo com a minha observação pessoal - e, ao longo
dos anos, já ministrei em muitos tipos de igrejas diferentes,
em mais de quarenta países: as igrejas de hoje têm muito
pouca consideração pela exigência de santidade que Deus
faz. Os Cristãos, não somente não alcançam a santidade,
como também nem sequer procuram alcançá-la!
Comparo isto a pessoas que viajam para muitos lugares
do mundo. Essas viagens incluem visitas a uma série de
cidades ou países diferentes. Por vezes, os organizadores
incluem um“extra” à viagem. Por mais algum dinheiro, a
viagem pode ser alargada a lugares que normalmente não
são visitados. Ao meu ver, a Igreja contemporânea trata a
santidade da mesma forma. Ela é um “extra” pelo qual se
tem de pagar mais algum dinheiro. No entanto, a maioria
das pessoas que fazem a viagem não estão interessadas
naquele extra.
No entanto, a santidade não é um extra; ela é parte
essencial do pacote da salvação. O escritor de Hebreus
diz-nos: “Segui... a santificação; sem a qual ninguém verá
o Senhor” (Hebreus 12:14). Que salvação é que possuímos
se ela não nos traz a presença do Senhor?
Se Deus quiser, e se eu viver até lá, tenho no meu
coração escrever um livro que se seguirá a este, cujo
título será “Santidade Não é uma Opção”. A santidade é
um elemento integral e essencial do propósito de Deus
para o Seu povo. Se Deus continuar a preservar a minha
vida, ainda irei escrever um terceiro livro, “Possuindo As
Nossas Possessões”.

298
A compilação destes dois livros irá depender da graça
e misericórdia de Deus. Mas, quer eu os escreva ou não, o
princípio está explícito na Bíblia: a libertação de demónios
é apenas o primeiro passo num processo que conduz à
recuperação da santidade e à restauração da Igreja; à sua
simplicidade e pureza originais.

299
Sobre Derek Prince

1915 -2003

Derek Prince nasceu na India, filho de pais britânicos. Teve formação


escolar em Grego e Latim no Colégio de Eton e na Universidade de
Cambridge, na Inglaterra. Com 24 anos ele foi professor na Universi-
dade Kings, em Cambridge, onde ensinou fIlosofa moderna e clássica.
Na segunda guerra mundial foi obrigado a entrar no exército britânico
e foi colocado na África do Norte. Levou consigo a Bíblia como mate
-rial de estudo filosófico, a qual leu em alguns meses. Numa noite,
quando estava sozinho numa barraca, foi confrontado pela Palavra
com a realidade de Jesus Cristo.

Com este encontro com Jesus Cristo ele chegou a duas conclusões:
•Primeiro: Jesus Cristo está vivo.
•Segundo: a Bíblia é um livro verdadeiro, pertinente e actual.

Estas conclusões alteraram totalmente o curso da sua vida.Desde esta


data ele dedicou a sua vida a estudar e ensinar a Palavra de Deus. En-
tretanto adquiriu reconhecimento internacional como um dos ensina-
dores da Bíblia mais importantes desta época. O que faz o seu minis-
tério ser único não é a sua educação de alto nível nem a sua inteligên
-cia, mas o seu ensino directo, actual e simples. O programa de rádio
“Hoje com Derek Prince” é transmitido diariamente em vários países
e línguas (por exemplo em Chinês, Espanhol, Russo, Mongol, Arábe
entre outras). Os estudos dele, mais de 40 livros em quase 50 línguas,
400 cassetes de áudio e150 vídeos tiveram grande infuência nas vidas
de muitos líderes cristãos sobre todo mundo.

Em Setembro de 2003, depois duma vida longa e frutífera, Derek


Prince faleceu com a idade de 88 anos.Derek Prince Ministries, a sua
organização, continuará a distribuir o ensino dele com livros, áudio,
vídeo, novos meios de divulgação e conferências. Há grande ênfase
nisto nas zonas ainda não abrangidas e no fortalecer das igrejas nos
países mais fechados.
300
Derek Prince Ministries

“Se não conseguires explicar um princípio duma maneira simples e


em poucas palavras, então tu próprio ainda não o percebes suficien-
temente.”

Esta frase de Derek Prince caracteriza o seu ensino bíblico. Estudos sim-
ples e claros que pretendem, direccionar o leitor para os princípios de
Deus, tornando assim possível uma maior abertura para reflexão e toma-
da de posição perante a sua escolha.

Os estudos de Derek Prince têm ajudado milhões de cristãos em todo


mundo, a conhecerem intimamente Deus e a porem em prática os prin-
cípios da Bíblia no dia-a-dia das suas vidas.

Derek Prince Portugal deseja cooperar nesta edificação do corpo


de Cristo:
...com o fim de preparar os santos para o serviço da comunidade,
para a edificação do corpo de Cristo até que todos cheguem à uni-
dade da fé e ao pleno conhecimento do Filho de Deus, ao homem
adulto, à medida completa da estatura de Cristo. (Efésios 4: 12 e 13)

O nosso alvo é fortalecer a fé dos cristãos no Senhor Jesus Cristo, atra-


vés do ensino bíblico de Derek Prince, com material (livros, cartas de
ensino, cartões de proclamação e mais tarde cd’s e dvd’s) na sua própria
língua!

Em mais de 100 países o DPM está activo, dando a conhecer o maravi-


lhoso e libertador evangelho de Jesus Cristo. Esperamos também que se
sinta envolvido e encorajado na sua fé através do material por nós
(Derek Prince Portugal) fornecido.

A nossa principal actividade neste momento é traduzir e disponibi-


lizar trabalhos do Derek Prince em Português. Como por exemplo:
Cartas de ensino: Distribuição gratuita quatro vezes por ano de cartas
de ensino orientadoras e edificadores sobre temas diversos da Bíblia.

301
Deseja saber mais sobre os materiais disponíveis e/ou receber as car-
tas de ensino gratuitas? Informe-nos! Ficamos à espera do seu contacto
através de:

Derek Prince Portugal:



Caminho Novo lote x,
9700-360 Feteira AGH

Terçeira, Açores.

Tel: (00351) 295 663738 / 927992157


Blog: www.derekprinceportugal.blogspot.pt
E-mail: [email protected]

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Outros livros por Derek Prince (em português):

. Bênção ou Maldição
. Como passar da maldição para Bênção
. O Plano de Deus para o seu dinheiro
. Protecção contra o engano
. O Remédio de Deus para a rejeição
. Maridos e pais
. Curso Bíblico Autodidata
. A Troca Divina
. O Poder da Proclamação
. Quem é o Espírito Santo?
. A Chave para um casamento duradouro
. Graça ou Nada
. O Fim da Vida terrena… e AGORA?
. Os Dons do Espírito
. Guerra Espiritual
. Orando pelo Governo
. Arrependimento e Novo Nascimento
. A Redescoberta da Igreja de Deus
. O Destino de Israel e da Igreja
. A Cruz é Crucial

. Os Alicerces da Fé Cristã - Uma Série de 3 volumes



Volume I - Os Alicerces da Fé

Arrependimento e Fé


Volume II - Do Jordão ao Pentecostes
O Propósito do Pentecostes

Volume III - Imposição de Mãos


Ressurreição dos Mortos
Julgamento Eterno

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Cartões de proclamação:

. A Troca Divina
. Digam-no os remidos
. Somente o Sangue
. O Poder da Palavra de Deus
. O meu Deus proverá
. O Espíríto Santo em mim
. Eu obedeço à Palavra
. Emanuel, Deus Connosco
. Graça, a Imerecída Prenda

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