HQ2 - Fascículo-09 PDF

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99

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C i n h os
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em
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de
1. Introdução

anal
ibi Sem
Capa G
Durante décadas, as histórias em quadrinhos Gibi: garoto
eram apreciadas pelos leitores de duas maneiras: negro, negrinho.
como tiras publicadas em jornais ou histórias mais
longas editadas em revistas, que, no Brasil, passa-
ram a ser conhecidas como gibis, nome que deri-
va da publicação lançada em 1939 pelo jornalista e
empresário Roberto Marinho, tornando-se ex-
tremamente popular. As revistas podem ter o for-
mato americano (o mesmo dos comic books
estadunidenses), magazine (um pouco maior) ou
o tradicional formatinho (com tamanho menor).
As revistas apresentam uma ou mais histórias
“fechadas”, isto é, que começam e terminam
na própria edição, mas elas podem também ter
continuidade nos próximos números. As tiras e
as histórias publicadas em revistas foram tratadas
durante muito tempo, e em muitos casos erro-
neamente, como “leitura para crianças”. Apenas
na década de 1960 que determinadas HQs passa-
ram a ser produzidas tendo adultos como público
principal, retomando os leitores para os quais os
quadrinhos eram feitos, nas páginas de jornais,
até o início do século XX.
Neste fascículo, entenderemos como os forma-
tos desenvolvidos pela indústria editorial (revistas,
álbuns e graphic novels) possibilitaram aos artistas
explorar novas concepções estéticas e narrativas e
aos leitores uma fruição inovadora.
Enquanto isso, embora estejamos no nono
módulo do curso Quadrinhos em Sala de Aula
(são 12), os interessados em se inscrever gratui-
tamente ainda são bem-vindos. Todos os con-
teúdos (fascículos, radioaulas, webconferências,
videoaulas, vídeos extras, atividades etc.) dis-
ponibilizados até então poderão ser acessados
de qualquer lugar do Brasil a qualquer tempo.
Duvida? Pois experimente:

. o r g .b r
va.fd r
a
130
a s R e v is t a s e m
2. Surgem

dr i n h o s
Qua

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ico-T ic
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aque O
No Brasil, a primeira publicação a utilizar

Alman
histórias em quadrinhos foi O Tico-Tico, lança-

Capas
da pelo jornalista Luís Bartolomeu de Souza e
Silva em 1905 e editada até o início dos anos
de 1960. No começo, era um jornalzinho feito
no Rio de Janeiro, que chegava às bancas sema-
nalmente. A partir de 1907, as crianças também
podiam contar, no final do ano, com a edição
anual Almanaque d’O Tico-Tico, que tinha capa
cartonada, lombada grossa e mais páginas que
as edições normais. Personagens como Juquinha,
Chiquinho, Kaximbawn, Reco-Reco, Bolão e
Azeitona, entre outros, divertiam os leitores, que
encontravam em suas páginas: contos, informa-
ções e atividades.
Azeitona, de Luiz Sá
e

No final da década de 1920, começaram a sur-


Reco-Reco, Bolão

gir no país os suplementos de quadrinhos, como


A Gazetinha, criada em 1929 em São Paulo, o
Suplemento Juvenil, lançado em 1934 por Adolfo
Aizen, e o Globo Juvenil, idealizado em 1937 por
Roberto Marinho. Todos esses suplementos
eram dedicados aos leitores infantis e traziam di-
versos quadrinhos protagonizados por persona-
gens criados nos Estados Unidos, como: Fantasma,
Super-Homem, Pato Donald, Popeye etc.
Nos Estados Unidos, os suplementos de qua-
drinhos existiam desde a primeira década do sécu-
lo XX, encartados nas edições dominicais dos
jornais, e, por esse motivo, ganharam o apelido de
Sunday Comics. Mas as revistas (chamadas comic
books) só passaram a ser publicadas no final de
1933, inicialmente reunindo tiras de quadrinhos
já publicadas em jornais. Logo, diversas edito-
ras faziam chegar aos leitores novas publicações
estreladas por personagens dos desenhos ani-

131
mados (Mickey, Pernalonga) ou por super-heróis
(Superman, Batman, Capitão América).
Aizen
Também foi Adolfo Aizen quem popularizou as

Adolfo
revistas em quadrinhos a partir de 1945, quando
fundou a Editora Brasil-América Limitada (Ebal)
e publicou O Herói e a revista Seleções Coloridas
(com histórias dos personagens Disney). Roberto
Marinho também criou sua própria editora em
1952, a Rio Gráfica e Editora (RGE), e colocou
nas bancas títulos como Gibi Mensal, Fantasma,
Mandrake, Recruta Zero, entre outros. Em São
Paulo, a Editora Abril iniciou suas atividades em
1950 com a revista O Pato Donald e, ao longo de
mais de 60 anos, vem editando quadrinhos, prin-
cipalmente infantis e em formatinho (13,5 cm de
largura por 19 cm de altura).
De forma diferente da tira, os quadrinhos pu-
blicados em revistas possuem uma estrutura: a his-
tória pode ser contada em uma ou mais páginas.
Cada página pode conter diversas vinhetas (qua-
drinhos) que compõem a narrativa. Normalmente,
uma página é formada por vários quadrinhos, que
são colocados em uma ordem – sequencial – de

Juveni l
leitura. Se, na tira, o leitor percorre com os olhos
as vinhetas horizontalmente (a maioria), da es-

Capa Globo
a
antasm
querda para a direita (no Ocidente), vinheta a vi-
nheta, na página de uma revista a leitura é mais
Capa F

complexa, também na vertical, de cima para baixo.


Eventualmente, os artistas (roteirista e desenhista)
podem dispor os quadrinhos de maneira diferen-
te, organizando o caminho da leitura a ser coberto
pelo olhar do público.

Zero
ecruta
Capa R

Capa Pato Donald


inando

132
Capa Ferd
b u n s d e Q u a d r in hos
3. Á l
Os editores europeus, no início dos anos 1960, Não demorou muito e novas histórias passaram
começaram a disponibilizar aos leitores uma nova a ganhar as páginas dos álbuns. Visando atingir
forma de publicação, o álbum de histórias em o público adulto, os álbuns abriram-se às narra-
quadrinhos. Primeiramente, as histórias já haviam tivas eróticas. Um exemplo são as histórias da
sido editadas em revistas e jornais em formato de personagem Barbarella, heroína espacial que sur-
prancha – disposição que reúne duas fileiras de qua- giu em 1962, fruto da imaginação do quadrinis-
drinhos –, uma por edição. As aventuras de Asterix, ta francês Jean-Claude Forest. As histórias da
o pequeno guerreiro gaulês que enfrenta o exército protagonista envolvem ficção científica e elemen-
romano no ano 50 a.C., assim como as investigações tos fantásticos com cenas de nudez e sexo.
do repórter Tintin e as peripécias do caubói Lucky Nos Estados Unidos, em meados da década
Luke, personagens importantes da banda desenha- de 1960, começam a ser produzidas revistas al-
da franco-belga, foram publicadas dessa maneira. O ternativas que, no contexto da revolução sexual,
estilo da maioria segue o padrão da linha clara da emergência da Contracultura e dos protestos
(no caso de Tintin) e da Escola de Bruxelas, no que se contra a guerra do Vietnã, criaram um mercado
refere a Lucky Luke – que emprega contornos finos, dirigido ao público adulto. De forma diferente das
cores em meio-tom e a quase ausência de sombras. publicações comerciais, que visavam a entreter os
leitores e vender o máximo de exemplares possí-
veis, os comix underground, como eram chama-
dos na época, contestavam o Código de Ética que
limitava os artistas de quadrinhos que trabalhavam
na indústria editorial. Sexo, drogas, contestação
política e social eram os motes principais desses
títulos, cujos principais artistas foram Robert
Crumb e Gilbert Shelton. Do ponto de vista
estético, os desenhos eram “sujos”, caracterizados
por traços grossos e cheios de hachuras. Além
disso, caracterizavam-se pela autoralidade, ou
seja, seguiam a visão artística e política de cada
autor, fator que se manteve nas graphic novels.

Linha Clara (ligne claire): é um estilo de desenho


usado em quadrinhos, que utiliza cores e linhas fortes
com a mesma espessura e importância, em vez de
serem utilizadas apenas para dar ênfase a objetos ou
sombreamentos. Entre seus pioneiros, Alain Saint-Ogan
(francês) e Hergé (belga), o criador do Tintin.

Hachuras: traçado de linhas finas, paralelas ou


muito próximas, para sugerir um efeito de sombra e/
ou meio-tom.

133
m a s G r a p h i c
4. E chega

nov e l s !
Will Eis
ner (div
u lgaçã
o)

O termo graphic novel ou romance gráfi-


co, que suscita discussão, é atribuído ao veterano
quadrinista estadunidense Will Eisner, criador
do personagem Spirit nos anos de 1940, embo-
ra outros cartunistas tenham utilizado essa deno-
minação antes dele. No final da década de 1970,
depois de ensinar como se faz quadrinhos, esse
artista resolveu provar que as HQs não são ape-
nas leitura infantil, como alguns equivocada-
mente dizem, mesmo ainda hoje. Ele, então, escre-
veu e desenhou Um Contrato com Deus e Outras
Histórias de Cortiço, que reuniu quatro histórias
curtas ambientadas nos cortiços de Nova York na
década de 1930, durante a recessão econômica
que atingiu os Estados Unidos. Para convencer o
editor a publicar sua obra, Eisner, então, apresen-
tou-a como uma graphic novel.
E quais são as diferenças das graphic novels
para os quadrinhos editados em revistas periódi- m contra
to com
Capa de U s, de Will Eisner
cas? Uma delas diz respeito ao formato da publi- D eu

cação, que pode ser o de uma encadernação em


capa dura ou brochura ou até mesmo como
um livro, como é o caso do já citado Um Contrato
com Deus. Outra diferença reside na liberdade
artística: tanto o roteiro como os desenhos, além
da disposição dos quadrinhos nas páginas, podem
ser inovadores, fugindo dos padrões convenciona-
dos pelas grandes editoras de quadrinhos. Aqui,
de Richard McGuire, citado no módulo 4 de
nosso curso, por exemplo, passa-se em um único
ambiente, na sala de uma casa, em diferentes épo-
cas. A sofisticação desse material possibilitou a sua
venda em livrarias, que não tinham o hábito de
vender HQs. Abriu-se, então, um novo mercado,
formado para um público mais exigente e que não
costumava ler narrativas sequenciais impressas.
Brochura: tipo de acabamento gráfico em que o
134 miolo do livro é coberto por uma capa mole, de papel
cartonado, colada ao dorso.
Por se tratar de uma obra autoral e por existencial. Além das narrativas de ficção (protago-
ser destinada, principalmente, ao público adulto, nizadas por personagens conhecidos, como super
a graphic novel costuma tratar de temas com mais -heróis ou outros), esse tipo de quadrinhos abrange
densidade e profundidade, abordando atualida- os relatos biográficos, autobiográficos ou
des, temas políticos e/ou mais ousados e de cunho jornalísticos, que serão abordados mais adiante.
Obra Autoral: nela, geralmente, o seu Narrativas autobiográficas:
criador produz o roteiro, faz os desenhos, aquelas em que o artista é retratado
a arte-final e, às vezes, até a colorização como o protagonista da narrativa.
da história.

Capa d
e Frida
K leist Kahlo,
inhard de Cor
astro, de Re nette
Capa de C

Boffet,
ouse, de
my Wineh e e Fernandez
Capa de A Del in

135
Bons exemplos do caso de ficção são duas pai do autor, sobrevivente dos campos de extermínio
obras emblemáticas produzidas na década de 1980: durante a Segunda Guerra Mundial. Paralelamente
Batman: o cavaleiro das trevas, de Frank Miller, e ao tema do Holocausto, o artista trata da conturba-
Watchmen, escrita por Alan Moore e desenhada por da relação entre pai e filho. Essa questão também
Dave Gibbons. A primeira foi originalmente publica- norteia duas graphic novels criadas por Alison
da em quatro edições. A segunda, publicada como Bechdel: Fun Home: uma tragicomédia familiar e
uma minissérie de doze partes. Depois, ambas foram Você é minha mãe?: um drama em quadrinhos. No
compiladas em forma de encadernados. Sintonizadas primeiro, ela conta sua infância e o suicídio de seu
com seu tempo, elas abordavam questões como a pai, diante da dificuldade de aceitar a sua homos-
violência urbana e a possibilidade de uma guerra nu- sexualidade. Já no segundo, envolve sua mãe, que
clear entre os Estados Unidos e a União Soviética. sempre se manteve a distância.
Biografias em quadrinhos geralmente des-
crevem a vida de uma personalidade do mundo
artístico ou político. Castro, do alemão Reinhard
Kleist, aborda a trajetória do líder cubano desde
os anos 1950, quando se insurgiu contra o ditador
Fulgencio Batista, até sua morte. O belga Jean-Luc
Cornette mostrou em Frida Kahlo: para que preciso
de pés? a relação entre a pintora mexicana, o mu-
ralista Diego Rivera e o líder político Leon Trotsky,
que se encontrava exilado no México. A infância
da cantora inglesa Amy Winehouse até sua mor-
te prematura, aos 27 anos, é revivida na graphic
novel dos europeus Cristoph Boffet, Patrick
Deline e Javi Fernandez.
Como exemplo de narrativa autobiográfi-
ca, Maus: a história de um sobrevivente, de Art
Spiegelman, é o maior destaque: trata-se de uma
história em quadrinhos que reconta as agruras do

SAIBA MAIS

Maus: a história de
um sobrevivente, pu-
blicado em mais de 30
línguas, as suas primeir
páginas foram pu blicad as
as em 1980 (na revista
Raw), sendo a obra co
ncluída apenas em 199
No ano seguinte, seu 1.
autor receberia o Prêm
Pu litzer, sendo a única io
HQ a recebê-lo. Ganh
também o American ou
Book Awards. Detalhe
gelman não queria ut : Spie-
ilizar o termo graphic
mas por força de cont novel,
rato, conformou-se.

136 Capa de M
aus, de S
pieglman
para curiosos
eu so-
1989, o New York Tim
es Book Review escrev
a mpar ado por
kar (1939-2010) iniciou bre o autor: “O trabalh
o de Pe kar é co
O, então, arquivista Pe 76. de Tche kh ov e Dost oié vs ki, e
bli ca çã o da sé rie Am erican Splendor em 19 críticos literários ao
pu ,e
39 edições até 2008 é fácil entender o po
rquê”.
Ela, que ch egou a ter ar d , fo i
erican Book Aw
ganh ou, em 1987, o Am a, Em
ro e para o cinem
adaptada para teat

Nas autobiografias, o artista expõe para o


leitor suas angústias, seus medos, seus defeitos e
as situações que vivenciou. Essa vertente teve iní-
cio na década de 1970, com Justin Green, au-
tor de Binky Brown Meets the Holly Virgin Mary. A
história aborda seu transtorno obsessivo-compul-
sivo e a repressão religiosa a que ele era submeti-
do. Seguindo a mesma ideia, o roteirista Harvey
Pekar fez reflexões sobre seu cotidiano, seu tra- rown
C hester B
balho, sua saúde e sua cidade nos quadrinhos gando por Sexo, de
Detalhe de Pa
que escrevia para a revista que lançou em 1976,
American Splendor. Como não sabia desenhar, re-
corria a diversos desenhistas para fazer as histórias,
com destaque para seu amigo Robert Crumb.
Com o sucesso e a popularização das graphic
novels, as histórias autobiográficas passaram a ser
valorizadas. Em A Playboy e Pagando por Sexo, o
quadrinista canadense Chester Brown descor-
tina sua vida sexual e, especialmente no segundo
título, defende a regulamentação da prostituição,
uma vez que ele próprio é cliente de prostitutas. A
cartunista estadunidense Julia Wertz revela, em
Entre Umas e Outras, sua tendência ao alcoolis-
mo, suas inseguranças quanto aos relacionamen-
tos afetivos e à vida profissional e a sua solidão
em meio a uma cidade grande e desconhecida.
Depressão e transtorno bipolar são os problemas
enfrentados por Ellen Forney no livro de quadri-
nhos Parafusos: mania, depressão, Michaelangelo
e eu. Estes podem ser temas transversais que têm

137
como eixo as questões da inclusão e da diversidade.
Autobiografias também podem versar sobre Além dos relatos autobiográficos e de viagem,
temas políticos. É o caso da iraniana Marjani existem ainda experiências pessoais em forma de
Satrapi que revela em Persépolis as restrições jornalismo em quadrinhos, cujo destaque é o jor-
impostas pelo governo de seu país aos cidadãos, nalista maltês radicado nos Estados Unidos Joe
especialmente aos jovens e às mulheres. Sarah Sacco. Esse quadrinista vai a zonas de guerra,
Glidden relata sua viagem a Israel e seus questio- como a Bósnia (Área de Segurança: Gorazde) e a
namentos a respeito da situação do Oriente Médio Palestina (Palestina: na Faixa de Gaza e Notas so-
na graphic novel How to Understand Israel In 60 bre Gaza), observar a situação, entrevistar (prin-
Days or Less, publicada pelo selo Vertigo, da editora cipalmente as vítimas dos conflitos) e fotografar.
DC Comics. Da mesma forma, o cartunista cana- Depois, ele transforma em graphic novels os de-
dense Guy Delisle guia o leitor enquanto peram- poimentos, os ambientes, as pessoas e as situações
bula pela China (Shenzhen: uma viagem à China), que presenciou.
Coreia do Norte (Pyongyang: uma viagem à Coreia
do Norte), Israel e Palestina (Crônicas de Jerusalém)
e Birmânia (Crônicas Birmanesas). Seu olhar é o do lestina, de
Joe Sacc
o
Detalhe Pa
ocidental que se encontra em países “exóticos”.

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para o cine ma. W fiel ao se r adaptado para
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ganh ou uma adap 2009, com direção de ad o. Q ua tr o an
material original
em nh o anim Brian Bol-
o anterior, essa
história de A lan Moore e
er . N o an a piada mortal, ão. O mes-
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os já ha land, também vi Marjani
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138 a ve z Satr ap i. To do s es
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com ator es, é G host l.
os de Daniel Clow em DVD no Brasi
nh os alternativ
No Brasil, as experiências com graphic novels
ainda são relativamente poucas, embora este-
ja crescendo o número de iniciativas dessa natu-
reza. A primeira delas foi Samsara, do cineasta
Guilherme de Almeida Prado e do artista ar-
gentino Héctor Gomez Alísio, ficção científica
publicada pela Editora Globo em 1991. Contudo,
apenas neste século XXI, as editoras passaram a
arriscar mais em publicações desse tipo: Memória
de Elefante, do quadrinista Caeto, segue a linha
dos quadrinhos autobiográficos, apresentando a
infância e a juventude do artista e sua relação com
o pai, dono de uma livraria, que assume a homos-
sexualidade tardiamente. No âmbito do jornalismo
em quadrinhos, Loucas de Amor: mulheres que
amam serial killers e Criminosos Sexuais é um livro-
reportagem com base nas entrevistas realizadas
pelo jornalista Gilmar Rodrigues, em parceria
com o desenhista Fido Nesti. Outra graphic novel
que teve grande repercussão foi Daytripper, dos ir-
mãos Fábio Moon e Gabriel Bá, que transcorre
em locais como São Paulo e Salvador.

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Capa D
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139
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F
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e
Diversas graphic novels nacionais podem se tor- a história da astronomia. Em aulas de arte, o es-
nar instrumentos para o ensino. Na área de histó- tudante poderia ser estimulado a comparar estilos
ria, podem ser utilizados os álbuns Hans Staden: de desenhos (se caricatural, realista, “sujo”), se bus-
um aventureiro no Mundo Novo, de Jô Oliveira, cou referências de outros quadrinistas ou pintores/
que mostra a colonização do Brasil, e Chibata!: João escolas de arte, de imagens (se utilizou desenhos,
Cândido e a revolta que abalou o Brasil, de Olinto fotografias, montagens...), de que forma/técnica a
Gadelha e Hemetério, que aborda a revolta dos cor foi aplicada (digitalmente, com pintura, se com
marinheiros negros contra as punições dos oficiais aquarela, acrílica, lápis de cor etc.) e qual o signifi-
brancos em 1910. Já para as aulas de física, Ombros cado que agrega ao enredo – sendo um exemplo
de Gigantes, de Annibal Hetem Junior, Jane a graphic novel Asterios Polyp, do artista estaduni-
Gregório-Hetem e Marlon Tenório, conta dense David Mazzucchelli – ou o tipo de traço
(se fino ou grosso), entre outras possibilidades.

õ e s d e A t iv id a d e s
5. Sugest

Sousa
Maurício de
Além do que já incorporado em nosso texto,
podemos sugerir:

a)em quadrinhos, visitando, inclusive, revis-

sabia?, de
Procure conhecer mais opções de publicações

tarias, nas quais encontrarão maior diversidade

Capa Você
de publicações que cairão no gosto do público
de crianças e jovens que compõem a sua turma
escolar. Elas podem ser aplicadas no ensino de
diferentes maneiras, na fase do letramento ou
em séries mais avançadas como base para dis-
cussão de diversos temas. As histórias de Chico
Bento, de Maurício de Sousa, por exemplo,
costumam tratar da preservação do meio ambiente
e do folclore brasileiro, e as da Turma do Xaxado,
de Antonio Cedraz, abordam questões como a Sousa
rício de

seca do sertão nordestino e a cultura e os costu-


mes da região. Outras publicações podem ensejar,
de Mau

por parte dos professores, o uso das revistas em


tópicos de determinadas disciplinas. O título Turma
,
Sabia?

da Mônica Você sabia? serve como exemplo para


auxiliar nas aulas que tratam da história do Brasil,
e Você

do meio ambiente ou de geografia do país.


Detalh

140
b) d)
Um exercício interessante para ser realizado Além de ler diferentes tipos de publicações
em sala de aula de ensino fundamental é em quadrinhos, devemos procurar assistir
selecionar uma ou mais HQs, em tiras ou páginas a filmes que adaptam ou tratam de quadrinhos.
avulsas, eliminar os textos dos balões de fala e Asterix, por exemplo, foi adaptado tanto para os
pedir para os alunos criarem novos diálo- desenhos animados, como para live action (filmes
gos. Dessa forma, os estudantes podem perce- com atores). O filme Barbarella foi realizado em
ber a estrutura narrativa das histórias publicadas 1968 pelo cineasta Roger Vadim, com base nos
em revistas. Da mesma maneira, pode-se sugerir álbuns da personagem, vivida nas telas pela atriz
as falas dos balões e solicitar que eles criem qua- Jane Fonda. Já o documentário Anti-herói ameri-
drinhos a partir delas. cano (American Splendor) mostra o roteirista un-

c)mum daria uma história em quadrinhos?


Já pensou que a vida de uma pessoa co- derground estadunidense Harvey Pekar, que re-
latava suas experiências pessoais nos quadrinhos
Da mesma forma que diversos artistas trans- que escrevia.
formaram seu cotidiano e suas ações em comix
underground ou em graphic novels,, você pode
incentivar seus alunos a fazer o mesmo com
suas experiências.. Para isso, peça que escre-
vam um argumento (uma síntese da história) de
5 a 10 linhas, expondo as ideias para a criação
de quadrinhos baseados na vivência ou nos fatos
que o estudante presenciou.

ão)
rix (reproduç
Cena de Aste
dim
ger Va
, de Ro
rbarella
a
Cena B

141
e)sugira aos alunos que leiam a graphic novel f)vels 2: peça aos seus alunos para que
Trabalhando com graphic novels: Trabalhando com graphic no-

Pyongyang: uma viagem à Coreia do Norte ou leiam a graphic novel Elektra Assassina, cujo
Crônicas de Jerusalém e, depois, procure por no- roteiro foi escrito por Frank Miller e a arte feita
tícias e reportagens publicadas em jornais e revis- por Bill Sienkiewicz, e solicite a eles que iden-
tas sobre a Coreia do Norte ou Israel e Palestina. tifiquem os elementos plásticos utilizados pelo
Com esse material em mãos, solicite que discutam artista: o tipo de desenho (caricatural, realístico,
como as histórias em quadrinhos complementam, usando pintura ou fotografia etc.).
reafirmam ou contradizem os textos jornalísticos.

6. Conclusão
Álbuns de quadrinhos e graphic novels são de artes. Além disso, conhecendo e entendendo as
formas de produzir quadrinhos que fogem dos obras citadas, o futuro quadrinista brasileiro, para
modelos tradicionais publicados pelas editoras co- quem almeja seguir essa linha, terá capacidade de
merciais. Suas aplicações em sala de aula são va- criar histórias em quadrinhos mais inovadoras e
riadas. Eles podem inspirar novas concepções nar- instigantes.
rativas e estéticas – neste caso, tornam-se objeto Então, mãos à obra e boas leituras!
de estudo fundamental em aulas de redação ou

SAIBA MAIS

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143
Roberto Elísio dos Santos (Autor)
é jornalista, livre docente em Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP)
e vice-coordenador do Observatório de Histórias em Quadrinhos da ECA-USP. Escreveu diversos livros sobre quadrinhos,
entre eles: Para reler os quadrinhos Disney: linguagem, evolução e análise de HQs (editora Paulinas), História em
quadrinhos infantil: leitura para crianças e adultos (editora Marca de Fantasia), HQs de Humor no Brasil: variações
da visão cômica dos quadrinhos brasileiros, 1864-2014 (Editora da PUCRS) e Uma Revista Muito Louca: análise do
humor da MAD Magazine (editora Criativo).

CRISTIANO LOPEZ (Ilustrador)


é desenhista, Ilustrador e quadrinista. É desenhista-projetista do Núcleo de Ensino a Distância da Universidade de Fortaleza
e ilustrador e chargista freelancer para o jornal Agrovalor, revista Ponto Empresarial (Sescap-CE) e Editora do Brasil.

Este fascículo é parte integrante do projeto HQ Ceará 2, em decorrência do Termo de Fomento celebrado entre a Fundação Demócrito Rocha (FDR) e a Prefeitura Municipal de
Fortaleza, sob o nº 001/2017.

Expediente
FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA João Dummar Neto Presidência | Marcos Tardin Direção Geral | UNIVERSIDADE ABERTA DO
NORDESTE Viviane Pereira Gerência Pedagógica | Ana Paula Costa Salmin Coordenação Geral | CURSO QUADRINHOS EM SALA DE AULA:
Estratégias, Instrumentos e Aplicações Raymundo Netto Coordenação Geral, Editorial e Preparação de Originais | Waldomiro Vergueiro
Coordenação de Conteúdo | Amaurício Cortez Edição de Design | Amaurício Cortez, Karlson Gracie e Welton Travassos Projeto Gráfico |
Dhara Sena Editoração Eletrônica | Cristiano Lopez Ilustração | Emanuela Fernandes Gestão de Projetos ISBN 978-85-7529-853-4 (coleção)
978-85-7529-876-3 (volume 9)

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