Diario 2926 4 3 2020
Diario 2926 4 3 2020
Diario 2926 4 3 2020
NEPOMUCENO Vistos.
Vice-Presidente Mantenho a decisão agravada por seus próprios fundamentos.
Av. Santos Dumont, 3384 também deverão as partes, querendo, manifestar interesse na
Aldeota designação de audiência para fins conciliatórios. O silêncio será
Fortaleza/CE interpretado como desinteresse.
CEP: 60150162
Havendo anseio comum entre ao menos uma parte autora e uma
/csac
Fundamentação
REGINA GLAUCIA CAVALCANTE NEPOMUCENO
Desembargador(a) do Trabalho
AGRAVO DE INSTRUMENTO
Decisão
Lei 13.015/2014 Processo Nº ROT-0001278-17.2018.5.07.0024
Lei 13.467/2017
Desembargador(a) do Trabalho
Decisão
Processo Nº RORSum-0001712-73.2018.5.07.0034
PODER JUDICIÁRIO
Relator MARIA JOSE GIRAO
JUSTIÇA DO TRABALHO RECORRENTE M DIAS BRANCO S.A. INDUSTRIA E
COMERCIO DE ALIMENTOS
Fundamentação ADVOGADO JULIANA DE ABREU TEIXEIRA(OAB:
13463/CE)
RECORRENTE VITOR PEREIRA SILVA
AGRAVO DE INSTRUMENTO ADVOGADO ANDRE ALVES CARNEIRO(OAB:
26492/CE)
Lei 13.015/2014 ADVOGADO POLIANA BEZERRA DE SOUZA(OAB:
17623/CE)
Lei 13.467/2017
ADVOGADO ADRIANO DE ALCANTARA
Agravante(s): A M DE SOUSA HOTEIS - ME CAMARGO(OAB: 17403/CE)
RECORRIDO M DIAS BRANCO S.A. INDUSTRIA E
Advogado(a)(s): CARLOS ALBERTO CAMARA DE COMERCIO DE ALIMENTOS
VASCONCELOS (CE - 15334) ADVOGADO JULIANA DE ABREU TEIXEIRA(OAB:
13463/CE)
JACQUELINE DA SILVA BENTO (CE - 15335) RECORRIDO VITOR PEREIRA SILVA
Agravado(a)(s): ELIONE VALENTIM DE SOUSA ADVOGADO ANDRE ALVES CARNEIRO(OAB:
26492/CE)
Advogado(a)(s): CARLOS NAGERIO COSTA (CE - 29372) ADVOGADO POLIANA BEZERRA DE SOUZA(OAB:
17623/CE)
Vistos.
ADVOGADO ADRIANO DE ALCANTARA
Mantenho a decisão agravada por seus próprios fundamentos. CAMARGO(OAB: 17403/CE)
PERITO JOSE DA SILVA BACELAR JUNIOR
Notifique-se a parte contrária, para, no prazo legal, oferecer
No prazo de 8 (oito) dias a contar da intimação desta decisão, - M DIAS BRANCO S.A. INDUSTRIA E COMERCIO DE
ALIMENTOS
também deverão as partes, querendo, manifestar interesse na - VITOR PEREIRA SILVA
designação de audiência para fins conciliatórios. O silêncio será
uma vez decorrido o prazo legal, com ou sem a apresentação de Lei 13.467/2017
Vistos. Intimado(s)/Citado(s):
Mantenho a decisão agravada por seus próprios fundamentos. - BANCO BRADESCO S.A.
Notifique-se a parte contrária, para, no prazo legal, oferecer - FRANCISCO PAULINO DE CARVALHO
Colendo Tribunal Superior do Trabalho, independentemente de ROBERTA UCHOA DE SOUZA (CE - 9349)
À Divisão de Acórdãos e Recursos Processuais. PATRICIO WILIAM ALMEIDA VIEIRA (CE - 7737)
FORTALEZA, 3 de Março de 2020. designação de audiência para fins conciliatórios. O silêncio será
REGINA GLAUCIA CAVALCANTE NEPOMUCENO Havendo anseio comum entre ao menos uma parte autora e uma
Intimado(s)/Citado(s):
- BANCO DO BRASIL SA /csac
- GILMARIO MARTINS BRAGA
Assinatura
PODER JUDICIÁRIO
Desembargador(a) do Trabalho
Fundamentação
Decisão
Processo Nº ROT-0001748-98.2015.5.07.0009
Relator JUDICAEL SUDARIO DE PINHO
AGRAVO DE INSTRUMENTO
RECORRENTE BANCO DO BRASIL SA
Lei 13.015/2014 ADVOGADO GELTER THADEU MAIA
RODRIGUES(OAB: 15456/CE)
Lei 13.467/2017
ADVOGADO RAFAEL LIMA DE ANDRADE(OAB:
Agravante(s): BANCO DO BRASIL SA 592-B/SE)
ADVOGADO ANTONIO DE PADUA DE SOUSA
Advogado(a)(s): RAFAEL LIMA DE ANDRADE (SE - 592) RAMOS JUNIOR(OAB: 4445/PI)
ANDRESSA LICAR FERNANDES (MA - 9459) ADVOGADO MARIO BARBOSA MACIEL(OAB:
25677/CE)
Agravado(a)(s): GILMARIO MARTINS BRAGA RECORRIDO HERMES PONTE DE HOLANDA
Advogado(a)(s): ANA VIRGINIA PORTO DE FREITAS (CE - 9708)
Assinatura
PODER JUDICIÁRIO FORTALEZA, 3 de Março de 2020.
JUSTIÇA DO TRABALHO
Havendo anseio comum entre ao menos uma parte autora e uma Fundamentação
Conciliador dos Feitos em Segundo Grau, a fim de que se adotem AGRAVO DE INSTRUMENTO
uma vez decorrido o prazo legal, com ou sem a apresentação de Advogado(a)(s): KESSIA PINHEIRO CAMPOS CIDRACK (CE -
Colendo Tribunal Superior do Trabalho, independentemente de MAURICIO DE MELO BEZERRA (CE - 8419)
À Divisão de Acórdãos e Recursos Processuais. Advogado(a)(s): WILLIAM BERGSON PHILIP FERREIRA DA SILVA
DESEMBARGADOR(A) VICE-PRESIDENTE, no exercício da Mantenho a decisão agravada por seus próprios fundamentos.
REGINA GLAUCIA CAVALCANTE NEPOMUCENO parte demandada, deverá ser o feito encaminhado ao Juízo
Desembargador(a) do Trabalho Conciliador dos Feitos em Segundo Grau, a fim de que se adotem
Decisão os procedimentos necessários para que se chegue a uma
Processo Nº ROT-0001291-83.2017.5.07.0013
Relator CLAUDIO SOARES PIRES composição amigável, nos termos do Ato da Presidência do TRT da
RECORRENTE FERNANDA EUGENIA DE MACEDO 7ª Região nº. 420/2014.
DUTRA DE ALBUQUERQUE
ADVOGADO KESSIA PINHEIRO CAMPOS Inviável a conciliação ou inexistindo interesse comum em conciliar,
CIDRACK(OAB: 25484/CE)
uma vez decorrido o prazo legal, com ou sem a apresentação de
RECORRENTE FRANCISCO DAGER MOURAO DE
ALBUQUERQUE contraminuta/contrarrazões, deverão ser os autos remetidos ao
ADVOGADO KESSIA PINHEIRO CAMPOS
CIDRACK(OAB: 25484/CE) Colendo Tribunal Superior do Trabalho, independentemente de
ADVOGADO MAURICIO DE MELO BEZERRA(OAB: nova decisão/despacho.
8419/CE)
RECORRIDO MARIA DAS DORES CAVALCANTE À Divisão de Acórdãos e Recursos Processuais.
DE SOUSA
Fortaleza, 02 de março de 2020.
ADVOGADO WILLIAM BERGSON PHILIP
FERREIRA DA SILVA(OAB: REGINA GLAUCIA CAVALCANTE NEPOMUCENO
17958/CE)
TESTEMUNHA ROSERIA GOMES FREITAS DESEMBARGADOR(A) VICE-PRESIDENTE, no exercício da
TESTEMUNHA MARIA DA CONCEICAO RIPARDO Presidência
LIMA
Intimado(s)/Citado(s): /csac
- FERNANDA EUGENIA DE MACEDO DUTRA DE
ALBUQUERQUE
- FRANCISCO DAGER MOURAO DE ALBUQUERQUE Assinatura
- MARIA DAS DORES CAVALCANTE DE SOUSA FORTALEZA, 3 de Março de 2020.
Processo Nº ROT-0001408-65.2017.5.07.0016
composição amigável, nos termos do Ato da Presidência do TRT da
Relator MARIA JOSE GIRAO
RECORRENTE JOSE EVANDRO NOGUEIRA 7ª Região nº. 420/2014.
BANDEIRA
Inviável a conciliação ou inexistindo interesse comum em conciliar,
ADVOGADO LUCIANO DE OLIVEIRA
MARIANO(OAB: 24605/CE) uma vez decorrido o prazo legal, com ou sem a apresentação de
ADVOGADO EMANUEL BRUNO PEIXOTO
MOTA(OAB: 24616/CE) contraminuta/contrarrazões, deverão ser os autos remetidos ao
RECORRIDO SERVIS SEGURANCA LTDA Colendo Tribunal Superior do Trabalho, independentemente de
ADVOGADO STEPHANIE DA SILVA
HOLANDA(OAB: 35970/CE) nova decisão/despacho.
ADVOGADO PEDRO JOÃO CARVALHO PEREIRA À Divisão de Acórdãos e Recursos Processuais.
FILHO(OAB: 22155/CE)
ADVOGADO MANUEL LUIS DA ROCHA Fortaleza, 02 de março de 2020.
NETO(OAB: 7479/CE)
REGINA GLAUCIA CAVALCANTE NEPOMUCENO
ADVOGADO FERNANDO ANTONIO PRADO DE
ARAUJO SOBRINHO(OAB: 10577/CE) DESEMBARGADOR(A) VICE-PRESIDENTE, no exercício da
TERCEIRO MARINALDO CORREIA SAMPAIO
INTERESSADO Presidência
Intimado(s)/Citado(s):
/csac
- JOSE EVANDRO NOGUEIRA BANDEIRA
- SERVIS SEGURANCA LTDA
Assinatura
PODER JUDICIÁRIO
REGINA GLAUCIA CAVALCANTE NEPOMUCENO
JUSTIÇA DO TRABALHO
Desembargador(a) do Trabalho
Fundamentação Decisão
Processo Nº ROT-0001695-25.2017.5.07.0017
Relator PAULO REGIS MACHADO BOTELHO
AGRAVO DE INSTRUMENTO RECORRENTE CARLOS SIDNEY DOS SANTOS
CIDADE NASCIMENTO
Lei 13.015/2014
ADVOGADO CICERO ANTONIO DE MENESES
Lei 13.467/2017 SOBREIRA(OAB: 9443/CE)
RECORRIDO EDUCADORA ASC LTDA
Agravante(s): SERVIS SEGURANCA LTDA
ADVOGADO ALFREDO LEOPOLDO FURTADO
Advogado(a)(s): FERNANDO ANTONIO PRADO DE ARAUJO PEARCE(OAB: 9698/CE)
Vistos.
REGINA GLAUCIA CAVALCANTE NEPOMUCENO Mantenho a decisão agravada por seus próprios fundamentos.
Colendo Tribunal Superior do Trabalho, independentemente de No prazo de 8 (oito) dias a contar da intimação desta decisão,
À Divisão de Acórdãos e Recursos Processuais. designação de audiência para fins conciliatórios. O silêncio será
REGINA GLAUCIA CAVALCANTE NEPOMUCENO Havendo anseio comum entre ao menos uma parte autora e uma
DESEMBARGADOR(A) VICE-PRESIDENTE, no exercício da parte demandada, deverá ser o feito encaminhado ao Juízo
FORTALEZA, 3 de Março de 2020. uma vez decorrido o prazo legal, com ou sem a apresentação de
Desembargador(a) do Trabalho
Decisão
Processo Nº ROT-0001473-66.2017.5.07.0014
PODER JUDICIÁRIO
Relator REGINA GLAUCIA CAVALCANTE
JUSTIÇA DO TRABALHO NEPOMUCENO
RECORRENTE COMPANHIA CEARENSE DE
TRANSPORTES METROPOLITANOS
Fundamentação
ADVOGADO PEDRO JOÃO CARVALHO PEREIRA
FILHO(OAB: 22155/CE)
ADVOGADO MANUEL LUIS DA ROCHA
AGRAVO DE INSTRUMENTO NETO(OAB: 7479/CE)
Lei 13.015/2014 ADVOGADO AMANDA ARRAES DE ALENCAR
ARARIPE NUNES(OAB: 32111/CE)
Lei 13.467/2017 RECORRIDO FRANCISCO ELIZEU DE OLIVEIRA
MACIEL
Agravante(s): SUPERMERCADO N. S. DE FATIMA LTDA - ME
ADVOGADO TATIANE VASQUES
Advogado(a)(s): EDUARDO CÉSAR SOUSA ARAGÃO (CE - MONTEIRO(OAB: 30785/CE)
ADVOGADO NADIA SA LOPES(OAB: 18304/CE)
14750)
ADVOGADO CLAUDIA MARIA DIOGENES
Agravado(a)(s): SANDRA LIMA RODRIGUES VASQUES(OAB: 32377/CE)
JUSTIÇA DO TRABALHO
REGINA GLAUCIA CAVALCANTE NEPOMUCENO
Fundamentação Desembargador(a) do Trabalho
Decisão
Processo Nº ROT-0001466-26.2011.5.07.0001
AGRAVO DE INSTRUMENTO
Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA
Lei 13.015/2014 SILVA
RECORRENTE CONSORCIO CONSTRUTOR QGCC
Lei 13.467/2017
ADVOGADO ANTONIO MARIO DE ABREU
Agravante(s): COMPANHIA CEARENSE DE TRANSPORTES PINTO(OAB: 7687/PE)
RECORRIDO JOSE CARDOSO DOS SANTOS
METROPOLITANOS
ADVOGADO HARLEY XIMENES DOS
Advogado(a)(s): PEDRO JOÃO CARVALHO PEREIRA FILHO (CE - SANTOS(OAB: 12397/CE)
ADVOGADO LIVIA MARIA DE OLIVEIRA
22155) PEDROSA(OAB: 25183/CE)
MANUEL LUIS DA ROCHA NETO (CE - 7479)
Intimado(s)/Citado(s):
AMANDA ARRAES DE ALENCAR ARARIPE NUNES (CE - 32111)
- CONSORCIO CONSTRUTOR QGCC
Agravado(a)(s): FRANCISCO ELIZEU DE OLIVEIRA MACIEL - JOSE CARDOSO DOS SANTOS
Advogado(a)(s): TATIANE VASQUES MONTEIRO (CE - 30785)
Havendo anseio comum entre ao menos uma parte autora e uma Advogado(a)(s): ANTONIO MARIO DE ABREU PINTO (PE - 7687)
parte demandada, deverá ser o feito encaminhado ao Juízo Agravado(a)(s): JOSE CARDOSO DOS SANTOS
Conciliador dos Feitos em Segundo Grau, a fim de que se adotem Advogado(a)(s): HARLEY XIMENES DOS SANTOS (CE - 12397)
os procedimentos necessários para que se chegue a uma LIVIA MARIA DE OLIVEIRA PEDROSA (CE - 25183)
7ª Região nº. 420/2014. Mantenho a decisão agravada por seus próprios fundamentos.
Inviável a conciliação ou inexistindo interesse comum em conciliar, Notifique-se a parte contrária, para, no prazo legal, oferecer
uma vez decorrido o prazo legal, com ou sem a apresentação de resposta ao agravo e ao recurso principal.
contraminuta/contrarrazões, deverão ser os autos remetidos ao No prazo de 8 (oito) dias a contar da intimação desta decisão,
Colendo Tribunal Superior do Trabalho, independentemente de também deverão as partes, querendo, manifestar interesse na
Fortaleza, 02 de março de 2020. Havendo anseio comum entre ao menos uma parte autora e uma
REGINA GLAUCIA CAVALCANTE NEPOMUCENO parte demandada, deverá ser o feito encaminhado ao Juízo
DESEMBARGADOR(A) VICE-PRESIDENTE, no exercício da Conciliador dos Feitos em Segundo Grau, a fim de que se adotem
contraminuta/contrarrazões, deverão ser os autos remetidos ao Agravante(s): M DIAS BRANCO S.A. INDUSTRIA E COMERCIO
Presidência Vistos.
Desembargador(a) do Trabalho Havendo anseio comum entre ao menos uma parte autora e uma
Decisão parte demandada, deverá ser o feito encaminhado ao Juízo
Processo Nº RORSum-0001701-44.2018.5.07.0034
Relator JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA Conciliador dos Feitos em Segundo Grau, a fim de que se adotem
RECORRENTE M DIAS BRANCO S.A. INDUSTRIA E os procedimentos necessários para que se chegue a uma
COMERCIO DE ALIMENTOS
ADVOGADO JULIANA DE ABREU TEIXEIRA(OAB: composição amigável, nos termos do Ato da Presidência do TRT da
13463/CE)
7ª Região nº. 420/2014.
RECORRENTE DIONEIA NUNES FERREIRA
ADVOGADO ANDRE ALVES CARNEIRO(OAB: Inviável a conciliação ou inexistindo interesse comum em conciliar,
26492/CE)
uma vez decorrido o prazo legal, com ou sem a apresentação de
ADVOGADO POLIANA BEZERRA DE SOUZA(OAB:
17623/CE) contraminuta/contrarrazões, deverão ser os autos remetidos ao
ADVOGADO ADRIANO DE ALCANTARA
CAMARGO(OAB: 17403/CE) Colendo Tribunal Superior do Trabalho, independentemente de
RECORRIDO M DIAS BRANCO S.A. INDUSTRIA E nova decisão/despacho.
COMERCIO DE ALIMENTOS
ADVOGADO JULIANA DE ABREU TEIXEIRA(OAB: À Divisão de Acórdãos e Recursos Processuais.
13463/CE)
Fortaleza, 02 de março de 2020.
RECORRIDO DIONEIA NUNES FERREIRA
ADVOGADO ANDRE ALVES CARNEIRO(OAB: REGINA GLAUCIA CAVALCANTE NEPOMUCENO
26492/CE)
DESEMBARGADOR(A) VICE-PRESIDENTE, no exercício da
ADVOGADO POLIANA BEZERRA DE SOUZA(OAB:
17623/CE) Presidência
ADVOGADO ADRIANO DE ALCANTARA
CAMARGO(OAB: 17403/CE)
PERITO JOSE DA SILVA BACELAR JUNIOR /csac
Intimado(s)/Citado(s):
Assinatura
- DIONEIA NUNES FERREIRA
- M DIAS BRANCO S.A. INDUSTRIA E COMERCIO DE FORTALEZA, 3 de Março de 2020.
ALIMENTOS
Desembargador(a) do Trabalho
PODER JUDICIÁRIO Decisão
Processo Nº ROT-0001393-29.2017.5.07.0006
JUSTIÇA DO TRABALHO
Relator JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
RECORRENTE COMPANHIA CEARENSE DE
Fundamentação TRANSPORTES METROPOLITANOS
ADVOGADO PEDRO JOÃO CARVALHO PEREIRA
FILHO(OAB: 22155/CE)
AGRAVO DE INSTRUMENTO ADVOGADO MANUEL LUIS DA ROCHA
NETO(OAB: 7479/CE)
Lei 13.015/2014
ADVOGADO AMANDA ARRAES DE ALENCAR
Lei 13.467/2017 ARARIPE NUNES(OAB: 32111/CE)
Intimado(s)/Citado(s): Presidência
Assinatura
JUSTIÇA DO TRABALHO
REGINA GLAUCIA CAVALCANTE NEPOMUCENO
Havendo anseio comum entre ao menos uma parte autora e uma Fundamentação
parte demandada, deverá ser o feito encaminhado ao Juízo
Conciliador dos Feitos em Segundo Grau, a fim de que se adotem AGRAVO DE INSTRUMENTO
os procedimentos necessários para que se chegue a uma Lei 13.015/2014
composição amigável, nos termos do Ato da Presidência do TRT da Lei 13.467/2017
7ª Região nº. 420/2014. Agravante(s): WALTER CORREIA LIMA FILHO
Inviável a conciliação ou inexistindo interesse comum em conciliar, Advogado(a)(s): ANATOLE NOGUEIRA SOUSA (CE - 22578)
uma vez decorrido o prazo legal, com ou sem a apresentação de CARLOS ANTONIO CHAGAS (CE - 6560)
contraminuta/contrarrazões, deverão ser os autos remetidos ao PATRICIO WILIAM ALMEIDA VIEIRA (CE - 7737)
Colendo Tribunal Superior do Trabalho, independentemente de JOAO VIANEY NOGUEIRA MARTINS (CE - 15721)
nova decisão/despacho. ANA VIRGINIA PORTO DE FREITAS (CE - 9708)
Intimado(s)/Citado(s):
ROBERTA UCHOA DE SOUZA (CE - 9349)
- LEROY MERLIN COMPANHIA BRASILEIRA DE BRICOLAGEM
Agravado(a)(s): BANCO DO BRASIL SA - WALKER FERREIRA SOUTO JUNIOR
Advogado(a)(s): ALINE SANTOS DA SILVA (CE - 39921)
Havendo anseio comum entre ao menos uma parte autora e uma Advogado(a)(s): ITALO SILVEIRA DA CUNHA (CE - 33907)
parte demandada, deverá ser o feito encaminhado ao Juízo Recorrido(a)(s): LEROY MERLIN COMPANHIA BRASILEIRA DE
os procedimentos necessários para que se chegue a uma Advogado(a)(s): TATIANE DE CICCO NASCIMBEM CHADID (SP -
7ª Região nº. 420/2014. MARIA HELENA VILLELA AUTUORI ROSA (SP - 102684)
uma vez decorrido o prazo legal, com ou sem a apresentação de Tempestivo o recurso (decisão publicada em 16/12/2019 - aba
contraminuta/contrarrazões, deverão ser os autos remetidos ao expediente e recurso apresentado em 27/01/2020 - ID. 2ce2762).
Colendo Tribunal Superior do Trabalho, independentemente de Regular a representação processual (ID. b946b4e).
REGINA GLAUCIA CAVALCANTE NEPOMUCENO Nos termos do artigo 896-A da Consolidação das Leis do Trabalho,
DESEMBARGADOR(A) VICE-PRESIDENTE, no exercício da cabe ao Tribunal Superior do Trabalho analisar se a causa oferece
§ 4o Mantido o voto do relator quanto à não transcendência do contrário, a fase processual serviu para demonstrar a real indução
recurso, será lavrado acórdão com fundamentação sucinta, que das testemunhas da Recorrida, bem como a inexistência de motivo
constituirá decisão irrecorrível no âmbito do tribunal. probo que dê ensejo à caracterização de uma dispensa motivada.".
§ 5o É irrecorrível a decisão monocrática do relator que, em agravo Sustenta que "Quanto à alegativa de que o Reclamante se utilizou
de instrumento em recurso de revista, considerar ausente a dos vales para "cobrir a retirada, a Recorrida não comprova, por
transcendência da matéria. mínimo que seja, o que aduz, pois limitou-se apenas a lanças nos
§ 6o O juízo de admissibilidade do recurso de revista exercido pela autos informações com nome e valor do crédito de supsotos cliente
Presidência dos Tribunais Regionais do Trabalho limita-se à análise (página 218), onde, em momento algum aparece como responsável
abrangendo o critério da transcendência das questões nele Assevera que "Dessa forma, não satisfeito o ônus probatório da
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Atos Recorrente por justa causa, a qual lhe incubia, não merece
Alegação(ões): incompreensíveis.".
- violação do(s) inciso LV do artigo 5º da Constituição Federal. Prossegue argumentando que "Conforme disposto no documento
- violação ao art. 128, §1º, do Regimento Interno do TRT. interno da Reclamada - colacionado aos autos sob ID n° 93a8914,
O recursante aponta nulidade do acórdão "posto que o patrono do página 210 do PDF - a mesma afirma que o suposto procedimento
reclamante, ao realizar o pedido de inscrição para sustentação oral, errôneo do Reclamante acarretou prejuízos financeiros ao
foi informado, erroneamente, que a pauta de julgamento seria estabelecimento, porém, em momento algum citar os valores de
remarcada, tendo, obviamente, deixado de comparecer a sessão prejuízo, e, principalmente, ONDE restou configurado o dano.".
para exercer o amplo exercício de defesa ." Consta do acórdão do recurso ordinário:
Aduz, por fim, que "Dessa forma, frente a notória afronta ao direito "[...]
seja declarado nulo e, por conseguinete, realizada nova sessão de Inconformado com a decisão que julgou improcedentes seus
A iterativa, notória e atual jurisprudência do c. TST, assenta-se no robusta, seu justo despedimento. Afirma, em síntese, que não teria
sentido de que ofende o artigo 5º, inciso LV, da Constituição incorrido em qualquer fraude ou causado prejuízos financeiros à
Federal, a não observância da prerrogativa do advogado manifestar reclamada, tendo agido "na clara e única intenção de adequação
-se na tribuna, ainda que inexistente declaração dessa intenção por dos procedimentos da reclamada".
meio de inscrição prévia. Pugna, desta feita, pela reforma da sentença para que sejam
Outrossim, calha registrar, não há falar em ausência de reconhecidas a despedida sem justa causa e a indenização por
censurado no recurso de revista originou-se no próprio acórdão Razão, entretanto, não lhe assiste.
regional (inteligência da OJ-SBDI-1-119). Acerca da justa causa reconhecida, a sentença assim julgou (fls.
Constituição Federal, determino o processamento do recurso de "2.4.2. Do término contratual - justa causa obreira - ocorrência
revista, em atendimento ao artigo 896, alínea "c", da Consolidação Aduz a reclamada que o reclamante fora demitido por justa causa
das Leis do Trabalho. em razão de ato de improbidade. Esclarece que o autor solicitou a
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Processo e retirada de valores do caixa, cometendo fraude.
Procedimento / Provas / Ônus da Prova. Explicou o preposto da reclamada :"Que acontece de, por erro
Rescisão do Contrato de Trabalho / Justa Causa / Falta Grave. interno, haver cancelamento e faturamento de pedidos; que nesse
- violação da (o) artigo 818 da Consolidação das Leis do Trabalho. com o reclamante; que o reclamante foi demitido por improbidade;
Afirma que "Concluída a instrução do feito, a Reclamada não que no dia da demissão o gerente de seção, às 09:30h, verificou
demonstrou, a contento, os fatos que sustentam suas alegativas, ao que suas vendas estavam negativas em R$ 2.000,00; que o gerente
comunicou ao reclamante o fato; que o reclamante disse que era comandava as equipes de SAC, frente de caixa, tesouraria e o
um erro de sistema, já que estava fazendo uma limpeza no mesmo Cartão Celebre; que não assinava ponto; que ganhava gratificação
e que seria regularizado; que de fato foi regularizado; ocorre que a título de prêmios em valor superior ao salário base; que estava
nesse ínterim o reclamante solicitou da tesouraria o valor de R$ subordinado somente ao diretor da empresa; que em
3.800,00, informando que era para fazer um acordo com um cliente; setembro/2017, mas não se recorda o dia, no fim do expediente foi
que a empresa, ao apurar, verificou que a solicitação foi feita às chamado na sala do diretor e demitido por justa causa; que o diretor
7:30h; que o valor de R$ 3.800,00 foi entregue ao reclamante em alegou que sua pessoa havia feito cancelamento de um pedido sem
espécie e não mais retornou ao caixa da empresa; que chegou às a presença do cliente; que não se recorda do valor desse pedido;
15h e perguntou ao reclamante se tinha acontecido alguma coisa e ocorre que habitualmente são feitos vários pedidos e cancelados na
ele disse-lhe que não e começou a trabalhar normalmente; que as loja, uma vez que o cliente não comparece para retirar a mercadoria
imagens mostram que o reclamante colocou o dinheiro no bolso, foi ou não é encontrado; que cabia à sua equipe a alimentação do
feito uma vistoria na saída de mercadorias e a partir daí as imagens sistema e nunca sua pessoa fez cancelamento no sistema; que o
só mostram o reclamante retornando para prestar serviço; que o cancelamento, por ordem sua, foi feito pela funcionária Bruna; que
reclamante, como recebeu o dinheiro, foi na saída de mercadoria no mesmo dia, inclusive, o gerente de gestão já tinha lhe pedido
para gerar os créditos correspondentes à saída do dinheiro, para verificar este pedido que foi cancelado; que sua pessoa
gerando dois créditos em nome de outros dois clientes para fechar o verificou e mandou refazer; que quando o diretor lhe chamou, o
caixa; que esse fato aconteceu no sábado, houve a apuração e o pedido já estava refeito; que ratifica que esse procedimento era
reclamante foi demitido na segunda-feira; que tem conhecimento habitual na empresa; que não há norma na empresa específica
que a empresa fez o procedimento criminal; que todos os processos regulamentada no sentido que o cancelamento de um pedido, por
da empresa são regulamentados por escrito; que em caso de erro interno, tenha que ser feito na presença do cliente; que esse foi
situações atípicas o gerente de plantão tem poder decisório; que os o caso; que ratifica que já tinha determinado vários cancelamentos
cancelamentos de pedidos podem acontecer de uma a cinco vezes de pedidos na mesma condição e nunca tinha sido advertido; que
por dia; que a empresa suportou o valor do prejuízo, no que reabriu nunca sofreu qualquer penalidade; que a loja não sofreu qualquer
o créditos desses dois clientes para a retirada de mercadorias; que prejuízo; que na ocasião não assinou qualquer documento,entregou
os dois créditos gerados, um foi no valor de R$ 656,00 e outro no a chave de sua sala e o carimbo e procurou o sindicato; que o
valor de R$ 3.056,00; que o documento de fls. 217 refere-se a nota preposto trabalhou poucos meses com sua pessoa"
que o reclamante pediu para a operadora de caixa devolver o A dispensa por justa causa, pena mais severa aplicável ao
produto; que essa solicitação foi interna, para algum tipo de ajuste, empregado, carece de prova irrefutável por parte do empregador,
sem a presença do cliente; que os valores são correspondentes às visto que se trata de fato impeditivo do direito às verbas rescisórias
notas; que os produtos foram devolvidos e foi gerado um crédito, postuladas pelo trabalhador, gerando, em consequência, efeitos
retirado do caixa para compor o dinheiro em espécie da tesouraria; morais e financeiros que lhe são extremamente desfavoráveis.
que foi gerado uma nova nota para essa cliente no mesmo valor Portanto, a teor do art. 818, da CLT, e do art. 373, II, do Novo
retirado; que a senha é de uso pessoal; que a empresa não autoriza Código de Processo Civil, de aplicação subsidiária, ao empregador
a troca de senha entre funcionários, em especial de funcionários cabe o ônus de demonstrar a veracidade das alegações ao
hierarquicamente diversos; que as colaboradores de fls. 227/230 enquadrar a atitude do empregado nas hipóteses do art. 482, da
obrigatório o preenchimento do formulário de retirada de valores da No caso dos autos, a alegativa contestatória de justa causa para
tesouraria pelo gerente de atendimento; que o reclamante quebrou demissão do obreiro fora por suposto ato de improbidade, que teria
tal procedimento ao não preencher o formulário; que o reclamante resultado em prejuízo à empresa, por haver ele se valido de uma
tinha poderes, desde que documentado, para retirar valores, bem venda aperfeiçoada para forjar um suposto crédito nunca solicitado
como fazer a checagem de valores." (Ata de ID. 9C5d179- chave de pelo cliente.
acesso 18072414170089000000016078958) Diante da lide proposta , cabe a este juízo verificar se de fato o
O Reclamante, por sua vez, negou o fato, dizendo que não pode ser reclamante agiu com improbidade. Nesse aspecto a terceira
responsabilizado porque houve um cancelamento indevido de uma testemunha da reclamada fora inequívoca em atestar que:
compra. Alega que realizou o procedimento padrão da empresa a "o reclamante foi demitido devido a uma quebra no processo de
fim de solucionar a demanda: "que além da parte de serviços, emissão e devolução de valores; que houve a devolução de um vale
crédito, de forma virtual, isto acontece quando não há o produto ato de improbidade por parte do obreiro.
físico e apenas é gerada uma nota de devolução; que de posse Outrossim, a prova documental (ID. 93A8914- chave de acesso
desse vale foi retirado o valor do fundo fixo e dito pelo reclamante 18030617154334800000014541452) demonstra que a ré realizou
que era para devolver a um cliente; que esse cliente não existiu; sindicância interna, em que constatou, por meio da declaração de
que por conta disso, o gerente do setor de decoração e tapetes vários outros empregados a veracidade dos fatos, conforme termos
verificou que houve uma devolução nas suas vendas de declaração anexados ao ID 93A8914 que confirmam exatamente
correspondente ao valor retirado pelo reclamante; que com essa os fatos que culminaram com a aplicação da justa causa.
reclamação o reclamante bipou as mercadorias que teriam sido Nitidamente, pela conduta do reclamante houve a ruptura da fidúcia
retiradas do gerente de decoração e utilizou de dois créditos de contratual ensejando o rompimento do pacto. A gravidade da
clientes que estavam no cadastro da loja para suprir o caixa da Sra. conduta justifica a punição, e neste caso, não há que se falar em
Bruna; que ligou para o primeiro cliente do produto devolvido, que gradação das penas.
seria o piso laminado, que lhe disse que não esteve na loja Alice Monteiro de Barros elenca os seguintes requisitos para a justa
efetuando nenhuma devolução e que o piso inclusive já estava causa: previsão legal; caráter determinante da falta; atualidade ou
instalado; que ligou também para os dois clientes referentes aos imediatidade da falta e a proporcionalidade que deverá existir entre
créditos gerados e nenhum dos dois tinham utilizado seus crédito; a falta e a natureza da punição. Sobre este último elemento ensina
que quando acontece cancelamento de notas e pedidos, isto é feito a autora que quando a hipótese versar sobre comportamento
com a mercadoria na loja; que quando há a devolução da doloso, não se exige seja aplicada a proporcionalidade. (Alice
mercadoria os acordo são feitos de forma extrajudicial e na Monteiro de Barros, in Curso de Direito do Trabalho, 2008, LTR,
duas vezes por semana, mas sempre com a mercadoria ainda na O grau de confiança ou conduta do empregado que exerce
loja; que o reclamante, como solicitante, teria que preencher um determinadas funções deve ser considerado. Não é razoável exigir
relatório juntamente com a pessoa da tesouraria para retirar do empregador manter em seus quadros empregado que exercia a
dinheiro do fundo fixo; que na prática isso realmente acontece; que função de gerente, o qual, repita-se, efetuou uma retirada de
os créditos informados pelo reclamante são correspondentes aos valores do Caixa com desvio de conduta e quebra de procedimento
A Segunda Testemunha da Reclamada afirma que o Reclamante confiança na relação contratual entre as partes.
solicitou dinheiro no caixa e afirmou, ainda, que o procedimento Com relação à imediatividade da punição, observa-se que o fato
adotado pelo reclamante nunca tinha sido solicitado antes por ocorreu em 02.09.2017(sábado), foi apurado pela empresa, tendo o
nenhum gerente : "que não era habitual o reclamante pedir dinheiro sido despedido no dia 04/09/2017(segunda-feira).
no caixa, mas tinha poderes para isso; que o reclamante retirou o Assim, não há que se falar em falta de imediatividade da punição.
dinheiro e o vale entregue correspondia a uma compra de um Assim, sendo certo o ato de improbidade cometido pelo reclamante
cliente que não tinha dado certo, há um tempo, e o cliente tinha este no exercício de suas funções, havendo quebra da fidúcia
crédito para com a loja; que o vale era no valor da retirada; que indispensável à subsistência do liame laboral, correta a atitude da
tinha que pegar esse vale e solicitar aos coordenadores que o empresa em despedir o autor por justa causa.
dinheiro físico fosse retirado dos caixas para reembolsar o cofre; Diante de todo o exposto, tem-se por válida a justa causa aplicada
que assim o crédito ficaria no caixa; que o reclamante ou qualquer em desfavor do reclamante, uma vez que preenchidos todos os
gerente de atendimento nunca tinha feito tal procedimento antes; requisitos legais pertinentes.Insista-se que não cabe a este juízo
que não sabe o que o reclamante fez com o dinheiro, mas este lhe verificar a tipificação de qualquer ilícito penal, mas na seara
passou que era para entregar a um cliente; que o reclamante foi trabalhista a conduta faltosa resta devidamente tipificada. Assim,
demitido justamente porque o dinheiro era para ser repassado para reconhece este juízo a conduta ilícita e grave suficiente do
o cliente e o cliente não recebeu o valor; que tem a notícia de que reclamante, e declara a legalidade da resolução contratual por justa
entraram em contato com o cliente e o cliente não teria ido à loja, causa." (grifou-se e sublinhou-se)
O reclamante, por sua vez, não faz prova em contrário neste tópico, A respeito da justa causa, sabe-se que, por ser medida extrema,
sequer testemunhal, de forma de que devem prevalecer como principalmente em face dos efeitos de sua aplicação na vida
verdadeiras as afirmações da reclamada no que tange à prática de profissional e pessoal do empregado, somente pode ser
reconhecida quando a falta grave que a ensejou restar provada pelo juízo de origem em cognição ampla e exauriente. Ressalte-se
estreme de dúvidas. que as supostas contradições alegadas pela parte recorrente entre
Dessa forma, cabe à empregadora produzir prova robusta acerca da as testemunhas não prosperam, mormente alteram o
alegada justa causa, já que o ordinário se presume e o posicionamento deste julgador, e que a prova de efetivo prejuízo
extraordinário se prova. No presente caso, a reclamada financeiro não se mostra imprescindível para o reconhecimento de
desincumbiu-se a contento do seu ônus processual. tentativa de fraude com esse fim, como a evidenciada nos autos.
As testemunhas ouvidas em audiência confirmaram, com precisão, Verifica-se, assim, que o juízo de origem cotejou detalhadamente a
fatos detalhadamente apurados em sindicância interna (cuja cópia prova oral e apontou os elementos que levaram à correta conclusão
foi acostada aos autos, fls. 209/230), na qual restou claro que não pela improcedência do pedido. Nesse contexto, não se verificando
havia qualquer habitualidade no procedimento adotado pelo qualquer elemento na prova oral ou inconsistência capaz de colocar
reclamante, o qual corretamente ensejou a justa causa aplicada - em xeque a conclusão alçada pelo juízo de primeira instância - que
diante da gravidade de sua conduta. deve ter a sua percepção, desde que devidamente fundamentada
A prova oral também não deixou dúvidas quanto ao cabimento da (caso dos autos), privilegiada, uma vez que teve contato direto com
referida penalidade (já transcrita, em parte, na sentença), e, por via as partes e as testemunhas em audiência -, entende-se que deve
de consequência, dos danos morais postulados, citando-se, ainda, o prevalecer, em homenagem ao Princípio da Imediatidade e por seus
depoimento da primeira testemunha, de forma a corroborar o próprios fundamentos, a sentença de origem (cujas razões foram
"Que confirma as informações que escreveu de próprio punho; que Ressalta-se que tal procedimento, conforme já consolidado pelo
não era habitual o: o reclamante pedir dinheiro no caixa, mas tinha Supremo Tribunal Federal e, inclusive, autorizado explicitamente
poderes para isso; que o reclamante retirou o dinheiro e o vale pela legislação nos casos de processos que tramitam sob o rito
entregue correspondia a uma compra de um cliente que não tinha sumaríssimo (art. 895, §1º, IV, da CLT), está em estrita
dado certo, há um tempo, e o cliente tinha este crédito para com a conformidade com o mandamento constitucional de que as decisões
loja; que o vale era no valor da retirada; que tinha que pegar esse judiciais sejam fundamentadas (art. 93, IX, da CF). Veja-se aresto
vale e solicitar aos coordenadores que o dinheiro físico fosse do STF nesse sentido:
retirado dos caixas para reembolsar o cofre; que assim o crédito "[[...] E, ao fazê-lo, indefiro-o, considerando, para tanto, em juízo de
ficaria no caixa; que o reclamante ou qualquer gerente de sumária cognição, os fundamentos da decisão ora questionada na
atendimento nunca tinha feito tal procedimento antes; que não sabe presente sede mandamental, sem prejuízo do exame definitivo da
o que o reclamante fez com o dinheiro, mas este lhe passou que era controvérsia em momento ulterior. Acentuo, por necessário, que a
para entregar a um cliente; que o reclamante foi demitido presente denegação do pedido de medida cautelar apóia-se no
justamente porque o dinheiro era para ser repassado para o cliente pronunciamento emanado do E. Conselho Nacional de Justiça,
e o cliente não recebeu o valor; que tem a notícia de que entraram incorporadas, a esta decisão, as razões que deram suporte ao
em contato com o cliente e o cliente não teria ido à loja, mas acórdão proferido pelo órgão apontado como coator. Valho-me,
também não houve a devolução do valor pelo reclamante; que para para tanto, da técnica da motivação per relationem, o que basta
a retirada de valores em espécie da tesouraria o gerente de para afastar eventual alegação de que este ato decisório apresentar
atendimento tem que assinar o vale; que na verdade esse -se-ia destituído de fundamentação. Não se desconhece, na linha
procedimento não é para existir junto à tesouraria, mas, como era de diversos precedentes que esta Suprema Corte estabeleceu a
cedo, ainda não havia caixa aberto; que o correto é a retirada ser propósito da motivação por referência ou por remissão (RTJ
direto do caixa; que como era subordinada ao reclamante, atendeu 173/805-810, 808/809, Rel. Min. CELSO DE MELLO - RTJ 195/183-
a sua solicitação; que realmente há exigência de que seja 184, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, v.g.),que se revela
preenchido o formulário de retirada de crédito, mas nesse dia não legítima, para efeito do que dispõe o art. 93, inciso IX, da
fez o procedimento com o reclamante, posto que este lhe disse que Constituição da República, a motivação per relationem, desde que
seria rápido a entrega do dinheiro ao cliente; que o formulário é os fundamentos existentes aliunde, a que se haja explicitamente
utilizado tanto em procedimento interno como externo." (grifou-se e reportado a decisão questionada, atendam às exigências
Nesses termos, enfrentar os pormenores da lide, neste momento Tribunal Federal. É que a remissão feita pelo magistrado, referindo-
processual, implicaria, tão somente, repisar matéria já apreciada se, expressamente, aos fundamentos que deram suporte ao ato
impugnado ou a anterior decisão (ou a pareceres do Ministério do artigo 896, alínea "c", da Consolidação das Leis do Trabalho.
Público ou, ainda, a informações prestadas por órgão apontado Nesse sentido, constata-se que a violação de norma constitucional
como coator, p.ex.), constitui meio apto a promover a formal apontada pela recorrente não atende os requisitos legais, pois
incorporação, ao novo ato decisório, da motivação a que este último implica a interpretação da legislação infraconstitucional, de certo
se reportou como razão de decidir:Acórdão. Está fundamentado que, se ofensa houvesse, seria reflexa/indireta.
quando se reporta aos fundamentos do parecer do SubProcurador- Ademais, observa-se que o entendimento manifestado pela Turma
Geral, adotando-os; e, assim, não é nulo. (RE 37.879/MG, Rel. Min. está assentado no substrato fático-probatório existente nos autos.
LUIZ GALLOTTI - grifei) Nulidade de acórdão. Não existe, por falta Para se concluir de forma diversa seria necessário revolver fatos e
de fundamentação, se ele se reportou ao parecer do Procurador- provas, propósito insuscetível de ser alcançado nesta fase
Geral do Estado, adotando-lhe os fundamentos. (RE 49.074/MA, processual, à luz da Súmula 126 do Tribunal Superior do Trabalho.
Rel. Min. LUIZ GALLOTTI - grifei) 'Habeas corpus'. Fundamentação As assertivas recursais não encontram respaldo na moldura fática
da decisão condenatória. Não há ausência de fundamentação, retratada na decisão recorrida, o que afasta a tese de violação aos
quando, ao dar provimento à apelação interposta contra a sentença preceitos da legislação federal e de divergência jurisprudencial.
absolutória, a maioria da Turma julgadora acompanha o voto Nesses termos, nega-se seguimento ao recurso de revista.
parecer da Procuradoria-Geral da Justiça, onde, em síntese, estão Isto posto, RECEBO PARCIALMENTE o recurso quanto ao tema
expostos os motivos pelos quais esta opina pelo provimento do "DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Atos
recurso. 'Habeas corpus' indeferido. (HC 54.513/DF, Rel. Min. Processuais / Nulidade".
MOREIRA ALVES - grifei) - O Supremo Tribunal Federal tem Intimem-se, para fins do artigo 900, da Consolidação das Leis do
fundamentação, quando o ato decisório - o acórdão, inclusive - No prazo de 8 (oito) dias a contar da intimação desta decisão,
reporta-se, expressamente, a manifestações ou a peças também deverão as partes, querendo, manifestar interesse na
processuais outras, mesmo as produzidas pelo Ministério Público, designação de audiência para fins conciliatórios. O silêncio será
desde que nestas se achem expostos os motivos, de fato ou de interpretado como desinteresse.
direito, justificadores da decisão judicial proferida. Precedentes. Havendo anseio comum entre ao menos uma parte autora e uma
Doutrina. (HC 69.438/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO) - A parte demandada, deverá ser o feito encaminhado ao Juízo
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal orienta-se no sentido Conciliador dos Feitos em Segundo Grau, a fim de que se adotem
de reconhecer a plena validade constitucional da motivação 'per os procedimentos necessários para que se chegue a uma
relationem'. Em conseqüência, o acórdão do Tribunal, ao adotar os composição amigável, nos termos do Ato da Presidência do TRT 7
razões recursais da Promotoria de Justiça - e ao invocá-los como Inviável a conciliação ou inexistindo interesse comum em conciliar,
expressa razão de decidir - revela-se fiel à exigência jurídico- uma vez decorrido o prazo legal, com ou sem a apresentação de
constitucional de motivação que se impõe ao Poder Judiciário na contrarrazões, deverão ser os autos remetidos ao Colendo Tribunal
formulação de seus atos decisórios. Precedentes.(HC 72.009/RS, Superior do Trabalho, independentemente de nova
Rel. Min. CELSO DE MELLO) [[...]" (STF - MS: 27350 DF , Relator: decisão/despacho.
Min. CELSO DE MELLO, Data de Julgamento: 29/05/2008, Data de À Divisão de Acórdãos e Recursos Processuais.
Por todo o exposto, inexistem elementos nos autos que justifiquem REGINA GLAUCIA CAVALCANTE NEPOMUCENO
[...]".
À análise /jncf
revista, é aquela que se verifica de forma direta e literal, nos termos FORTALEZA, 3 de Março de 2020.
Desembargador(a) do Trabalho
Decisão
Processo Nº ROT-0000110-40.2019.5.07.0025
PODER JUDICIÁRIO Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA
SILVA
JUSTIÇA DO TRABALHO RECORRENTE MUNICIPIO DE CRATEUS
ADVOGADO GABRIELLE SOARES MELO(OAB:
Fundamentação 39811/CE)
ADVOGADO EMANOELL YGOR COUTINHO DE
CASTRO(OAB: 25708/CE)
AGRAVO DE INSTRUMENTO RECORRIDO JOSE CLADENILSON MARTINS
ADVOGADO ANTONIO CARLOS CARDOSO
Lei 13.015/2014 SOARES(OAB: 8928/CE)
Lei 13.467/2017 CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
TRABALHO
Agravante(s): M DIAS BRANCO S.A. INDUSTRIA E COMERCIO
DE ALIMENTOS Intimado(s)/Citado(s):
- JOSE CLADENILSON MARTINS
Advogado(a)(s): JULIANA DE ABREU TEIXEIRA (CE - 13463)
- MUNICIPIO DE CRATEUS
Agravado(a)(s): JOCILENE ALVES DO NASCIMENTO
Vistos.
Regular a representação processual (nos termos da Súmula nº 436 atos decisórios exarados e determinar a remessa dos autos à
Isento de preparo (artigo 790-A, inciso I, da Consolidação das Leis nos termos do art. 64, do NCPC " .
do Trabalho c/c artigo 1º, inciso IV, do Decreto- Lei 779/69). Noutro ponto, requer "Subsidiariamente, que seja conhecido e
Nos termos do artigo 896-A da Consolidação das Leis do Trabalho, periculosidade, pois ausentes os requisitos de implementação do
cabe ao Tribunal Superior do Trabalho analisar se a causa oferece adicional de periculosidade, pois o mesmo não se enquadra na
sumulada do Tribunal Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal INTRAJORNADA. VERBA TRABALHISTA. TEORIA DA
III - social, a postulação, por reclamante-recorrente, de direito social O recorrente suscita a incompetência da Justiça do Trabalho para
constitucionalmente assegurado; julgar o feito, sob o argumento de que a relação dos servidores com
IV - jurídica, a existência de questão nova em torno da interpretação o ente público municipal possui natureza nitidamente administrativa
recurso de revista que não demonstrar transcendência, cabendo A competência da justiça do Trabalho deve ser definida nos limites
agravo desta decisão para o colegiado. propostos pela petição inicial, ou seja, em razão da matéria alegada
§ 3o Em relação ao recurso que o relator considerou não ter no pedido e na causa de pedir. Dessa forma, de se acatar a decisão
transcendência, o recorrente poderá realizar sustentação oral sobre que dá pela competência absoluta da Justiça do Trabalho em razão
a questão da transcendência, durante cinco minutos em sessão. da matéria porque, no caso, a pretensão autoral é de natureza
§ 4o Mantido o voto do relator quanto à não transcendência do trabalhista, decorrendo daí a competência desta Justiça
recurso, será lavrado acórdão com fundamentação sucinta, que Especializada para processar e julgar a lide, nos termos do art. 114,
§ 5o É irrecorrível a decisão monocrática do relator que, em agravo "Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:
de instrumento em recurso de revista, considerar ausente a I - as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes
§ 6o O juízo de admissibilidade do recurso de revista exercido pela indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
dos pressupostos intrínsecos e extrínsecos do apelo, não Nesse passo, a Constituição da República estabelece ser da Justiça
abrangendo o critério da transcendência das questões nele do Trabalho a competência para julgar as demandas que envolvam
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Jurisdição e ocupado por ente de direito público interno.
Competência / Competência / Competência da Justiça do Trabalho. Logo, consoante a Teoria da Asserção, a aferição dos pedidos, é
Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios / Adicional / realizada em abstrato, a partir da narrativa contida na peça de
- violação do(s) inciso I do artigo 114 da Constituição Federal. característica abstrata do direito de ação e determina que a
O recorrente requer, preliminarmente, "Seja acolhido o presente relação processual, que deve ser analisada de plano.
Recurso de Revista para fins de declarar a incompetência absoluta Assim, ajuizada a ação, a competência deve ser definida nos limites
da Justiça do Trabalho para julgar o feito, decretar a nulidade dos propostos pela petição inicial, ou seja, em razão da matéria alegada
no pedido e na causa de pedir, posicionamento dominante no Afirma que o recorrido "(...)Reclamantenão faz jus ao ADICIONAL
Não importa, a priori, se o ente demandado é ou não empregador, segurança/vigilância patrimonial dos bens públicos e não está
mas que a causa de pedir e o pedido tomem por base uma alegada exposto regularmente a situação de risco". Defende ainda que o
relação de emprego, pois, a nenhum outro ramo do Poder Judiciário adicional de periculosidade exige prova pericial.
cabe a apreciação de um pleito salarial, deduzido por alguém que Sem razão.
se diz empregado celetista de Ente Municipal. Com efeito, não se olvida a diferença entre as atividades exercidas
Dessa forma, não se pode declarar a incompetência absoluta da pelo vigia e pelo vigilante, posicionando-se a jurisprudência no
Justiça do Trabalho, porque a pretensão é de natureza trabalhista, sentido de ser devido o adicional de periculosidade apenas a este
termos do art. 114, da Constituição Federal de 1988, para processar Ocorre que, no caso vertente, relatou o reclamante na inicial que, a
Por outro lado, com a devida vênia de eventual posicionamento em perigosas. Trouxe ainda o Laudo Técnico de Condições Ambientais
contrário, de se refutar o argumento de que o STF, ao apreciar a do Trabalho, elaborado pela Prefeitura Municipal de Crateús, no
ADIN N.º 3.395/DF, teria incluído na competência da Justiça qual são noticiadas as ocupações com direito ao adicional de
Comum o litígio judicial envolvendo toda e qualquer pessoa periculosidade, dentre ela incluindo-se a de vigia (ID.93f3519 ) .
contratada por Ente Público, seja a que título for, pois assim agindo Assim, diante de tal constatação, resta devido o adicional de
faria letra morta dos incisos I e II, do art. 37, da Carta Magna, que periculosidade.
admitem, expressamente, a existência de empregados públicos. Sobre a matéria, assim já decidiu este relator:
Nesse sentido, cite-se precedente de minha lavra: ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. VIGIA. MUNICÍPIO. Estando o
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. TEORIA DA trabalhador em exposição permanente a roubos ou outras espécies
ASSERÇÃO - OFENSA À DECISÃO LIMINAR PROFERIDA PELO de violência física nas atividades profissionais de segurança
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL NA ADIN N.º 3395-6 - pessoal ou patrimonial, faz jus ao pagamento do adicional de
INOCORRÊNCIA. Ainda que se venha a considerar válida a periculosidade, nos termos do artigo 193, inciso II, da CLT, alterado
instituição do regime administrativo no âmbito da municipalidade, o pela Lei n. 12.740/2012, a partir da data da regulamentação da lei
rol de pedidos deduzidos pela reclamante, com base nas pelo Anexo 3 da NR 16 do Ministério do Trabalho e Emprego.
disposições consolidadas, apresenta-se suficiente para atrair a (Recurso Ordinário: 0000284-19.2014.5.07.0027. Acórdão.
competência da Justiça do Trabalho para apreciar o feito, a teor do Desembargador Francisco José Gomes Da Silva. Data de
art. 114, inciso I, da Constituição Federal de 1988. Tal aferição, Julgamento: 07/12/2015. Data da Assinatura: 11/12/2015. Fonte:
da narrativa contida na peça de ingresso da ação. Por outro lado, Cumpre observar que este Regional vem decidindo nesse sentido.
não há se falar em ofensa à exegese proferida pelo STF na liminar Mantém-se a sentença.
exarada nos autos da ADIN N.º 3.395-6/DF, pois a Suprema Corte Quanto a arguição da prova técnica, é falacioso o argumento de que
não generalizou, incluindo na competência da Justiça Comum toda não existiu, uma vez que o reclamante apresentou laudo técnico
e qualquer pessoa contratada por ente público, seja a que título for, utilizado em processo semelhante e o juiz aquiesceu. Veja trechos
pois, a ser assim, faria letra morta dos incisos I e II, do art. 37, da da decisão:
empregados públicos regidos pela CLT. Recurso conhecido e Com fundamento no princípio da economia processual defiro a
provido. (TRT 7ª Região, RO 345-46.2015.5.07.0025, utilização de prova emprestada (laudo técnico de ID. 93f3519), uma
Desembargador Relator: Francisco José Gomes da Silva, DJ vez que a perícia teve como objeto o mesmo da presente ação
Preliminar rejeitada. sendo certo que o artigo o artigo 472 do CPC autoriza o juiz a
Argumenta o município, em resumo, que, conforme entendimento contestação, apresentarem, sobre as questões de fato, pareceres
jurisprudencial do TST, as atividades de vigia não são equiparadas técnicos ou documentos elucidativos que considerar suficientes.
às do vigilante e não geram direito ao adicional de periculosidade. Desta feita, entendo que a lide encontra-se muito bem instruída e
apta ao julgamento de mérito, não se justificando a realização de Dalazen, acórdão publicado no DEJT de 29/04/2016; TST-AIRR-163
nova perícia técnica, pelo que rejeito o pedido da reclamada neste -91.2013.5.11.0551, 5ª Turma, Relator Ministro João Batista Brito
PARCELAS RETROATIVAS E REFLEXOS DO ADICIONAL DE Leite de Carvalho, acórdão publicado no DEJT de 06/05/2016; TST-
Aduz o município que a impossibilidade das parcelas do adicional Brandão, acórdão publicado no DEJT de 04/03/2016.
de periculosidade retroativas e dos reflexos dessas verbas nas Inviável, portanto, o conhecimento do recurso de revista porque a
demais, porquanto, seria necessário uma contrapartida do obreiro, e parte recorrente não atendeu o inciso I do § 1º-A do artigo 896 da
isso não aconteceu nesse caso. Equivoca-se. Consolidação das Leis do Trabalho, haja vista que, ao invés de
O obreiro iniciou suas atividades no Município por meio de concurso comprovar o prequestionamento com a transcrição textual e
público e foi admitido em 1/9/2007 na função de vigia do patrimônio destacada da tese adotada pela Turma para cada tema,
dos bens públicos do município. Entretanto, a condenação ao simplesmente transcreveu o inteiro teor do acórdão recorrido..
contratual vigente entre o ajuizamento da ação, 20/2/2019, e os Isto posto, DENEGO seguimento ao recurso de revista.
mais de 5 (cinco), sendo reparado somente o interregno legal. À Divisão de Acórdãos e Recursos Processuais.
Assim, são devidas as parcelas retroativas e os reflexos em férias Fortaleza, 02 de março de 2020.
À análise. Presidência
e destacada da tese adotada pela Turma. A jurisprudência REGINA GLAUCIA CAVALCANTE NEPOMUCENO
À Divisão de Acórdãos e Recursos Processuais. Advogado(a)(s): 1. FLÁVIO CESAR WEYNE DA CUNHA (CE -
DESEMBARGADOR(A) VICE-PRESIDENTE, no exercício da Mantenho a decisão agravada por seus próprios fundamentos.
REGINA GLAUCIA CAVALCANTE NEPOMUCENO parte demandada, deverá ser o feito encaminhado ao Juízo
Desembargador(a) do Trabalho Conciliador dos Feitos em Segundo Grau, a fim de que se adotem
Decisão os procedimentos necessários para que se chegue a uma
Processo Nº ROT-0001426-90.2015.5.07.0005
Relator FERNANDA MARIA UCHOA DE composição amigável, nos termos do Ato da Presidência do TRT da
ALBUQUERQUE
7ª Região nº. 420/2014.
RECORRENTE ENERGIMP S.A.
ADVOGADO TULIO CLAUDIO IDESES(OAB: Inviável a conciliação ou inexistindo interesse comum em conciliar,
95180/RJ)
uma vez decorrido o prazo legal, com ou sem a apresentação de
ADVOGADO NESTOR SOUSA FACUNDO(OAB:
18505/CE) contraminuta/contrarrazões, deverão ser os autos remetidos ao
RECORRENTE JOSE CARLOS DE OLIVEIRA
FRANCO Colendo Tribunal Superior do Trabalho, independentemente de
ADVOGADO FLÁVIO CESAR WEYNE DA nova decisão/despacho.
CUNHA(OAB: 10579-A/CE)
RECORRIDO ENERGIMP S.A. À Divisão de Acórdãos e Recursos Processuais.
ADVOGADO TULIO CLAUDIO IDESES(OAB: Fortaleza, 27 de fevereiro de 2020.
95180/RJ)
ADVOGADO NESTOR SOUSA FACUNDO(OAB: REGINA GLAUCIA CAVALCANTE NEPOMUCENO
18505/CE)
DESEMBARGADOR(A) VICE-PRESIDENTE, no exercício da
RECORRIDO WIND POWER ENERGIA S/A - EM
RECUPERACAO JUDICIAL Presidência
RECORRIDO JOSE CARLOS DE OLIVEIRA
FRANCO
ADVOGADO FLÁVIO CESAR WEYNE DA /fpp
CUNHA(OAB: 10579-A/CE)
Intimado(s)/Citado(s): Assinatura
- ENERGIMP S.A. FORTALEZA, 3 de Março de 2020.
- JOSE CARLOS DE OLIVEIRA FRANCO
Desembargador(a) do Trabalho
PODER JUDICIÁRIO Decisão
Processo Nº ROT-0001769-37.2017.5.07.0031
JUSTIÇA DO TRABALHO
Relator CLAUDIO SOARES PIRES
RECORRENTE VULCABRAS AZALEIA - CE,
Fundamentação CALCADOS E ARTIGOS
ESPORTIVOS S/A
ADVOGADO JOSEFA MARIA ARAUJO VIANA DE
AGRAVO DE INSTRUMENTO ALENCAR(OAB: 6481-A/CE)
RECORRIDO PAULO ROBERTO PATRICIO
Lei 13.015/2014 SANTOS
Lei 13.467/2017 ADVOGADO SUENIA ANDRADE DE SOUZA LIMA
MEDEIROS(OAB: 24578-A/CE)
Agravante(s): 1. ENERGIMP S.A.
JUSTIÇA DO TRABALHO
Decisão
Processo Nº ROT-0001776-22.2017.5.07.0001
Relator MARIA JOSE GIRAO
Fundamentação RECORRENTE AURIMAR BARROSO BRITO
ADVOGADO MARCELO AUGUSTO FERNANDES
DA SILVA(OAB: 25905/CE)
AGRAVO DE INSTRUMENTO ADVOGADO FRANCISCA JANE EIRE CALIXTO DE
ALMEIDA MORAIS(OAB: 6295/CE)
Lei 13.015/2014
ADVOGADO FLAVIO HENRIQUE LUNA
Lei 13.467/2017 SILVA(OAB: 31252/CE)
ADVOGADO LUIZA MARIA SOARES
Agravante(s): VULCABRAS AZALEIA - CE, CALCADOS E CAVALCANTE(OAB: 4711/CE)
ARTIGOS ESPORTIVOS S/A RECORRIDO COMPANHIA ENERGETICA DO
CEARA
Advogado(a)(s): JOSEFA MARIA ARAUJO VIANA DE ALENCAR ADVOGADO ANTONIO CLETO GOMES(OAB:
5864/CE)
(CE - 6481)
Vistos.
os procedimentos necessários para que se chegue a uma Recorrente(s): 1. ANA REGIA DOS SANTOS PINTO
composição amigável, nos termos do Ato da Presidência do TRT da Advogado(a)(s): 1. RODRIGO GOUVEIA COIMBRA (PE - 24158)
Inviável a conciliação ou inexistindo interesse comum em conciliar, 2. BRADESCO VIDA E PREVIDENCIA S.A.
uma vez decorrido o prazo legal, com ou sem a apresentação de Advogado(a)(s): 1. ANDRE LUIS ANDRADE DE OLIVEIRA (CE -
Colendo Tribunal Superior do Trabalho, independentemente de 1. ANDRE GRIPP CAMARA (CE - 35337)
À Divisão de Acórdãos e Recursos Processuais. 2. FRANCISCO SAMPAIO DE MENEZES JUNIOR (CE - 9075)
REGINA GLAUCIA CAVALCANTE NEPOMUCENO Tempestivo o recurso (decisão publicada em 17/12/2019 - aba
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
FORTALEZA, 3 de Março de 2020. cabe ao Tribunal Superior do Trabalho analisar se a causa oferece
- ANA REGIA DOS SANTOS PINTO transcendência, o recorrente poderá realizar sustentação oral sobre
- BANCO BRADESCO S.A. a questão da transcendência, durante cinco minutos em sessão.
- BRADESCO VIDA E PREVIDENCIA S.A.
§ 4o Mantido o voto do relator quanto à não transcendência do
transcendência da matéria.
Fundamentação
§ 6o O juízo de admissibilidade do recurso de revista exercido pela
Contrato Individual de Trabalho / Reconhecimento de Relação de tendo chegado inclusive a atender clientes nos caixas eletrônicos.
Direito Coletivo / Enquadramento Sindical. pleno exercício de suas atividades, os reclamados lhe exigiram a
Alegação(ões): constituição de uma pessoa jurídica, para que, por intermédio dela,
- divergência jurisprudencial. fosse operada uma contratação entre empresas, com o objetivo de
A recursante pretende a reforma do acórdão regional no que toca bular a legislação trabalhista e previdenciária, ocultando a relação
ao não reconhecimento do vínculo de emprego com o banco empregatícia existente. Aduz que foi determinado pelos
Para tanto, afirma que "Atente-se que a reclamante laborou para o cotas limitadas, inclusive com a exigência da figura de um sócio,
banco reclamado (mesmo empregador) por mais de 14 (catorze) condição que foi atribuída à sua irmã, cujo papel foi meramente
anos, de forma exclusiva, com pessoalidade, onerosidade, em sua decorativo, haja vista que não trabalhava para nenhum das
atividade fim, além de subordinação jurídica, quando tinha que reclamadas/reconvintes e nem mesmo podia atuar nas vendas dos
comparecer diariamente à agência bancária realizando diversas produtos do Grupo Bradesco, tampouco tinha acesso aos locais da
Complementa aduzindo que "Os documentos também comprovam Assegura a obreira que as reclamadas/reconvintes permitiam
que a autora comercializava diversos produtos do banco Bradesco e apenas que fossem vendidos produtos do Grupo Bradesco,
encontrava-se subordinado ao gerente da agência e ainda realizava estipulando metas para cada tipo de produto, determinando o
funções de um verdadeiro empregado bancário, com metas, cumprimento de jornada de trabalho, a qual ocorria das 8h às 18h,
horários, pessoalidade, subordinação, habitualidade, onerosidade." das segundas-feiras às sextas-feiras, com apenas 30 (trinta)
Acrescenta que "Com efeito, considerando a negativa do vínculo minutos de intervalo para refeição e descanso. Afirma a
empregatício pelas reclamadas, mediante a oposição de fato trabalhadora que no dia a dia, era compelida a usar crachá de
extintivo do direito da autora, ou seja, o trabalho autônomo como identificação do Bradesco, a trajar vestimentas sociais completas, a
corretora de seguros, conclui-se que o onus probandi desse entregar diariamente relatórios de vendas, a atender telefonemas
caracter é imposto à parte promovida, nos termos do inciso II, do enquanto a agência estava fechada ao público, estando sujeita às
art. 373 do Código de Processo Civil e artigo 818 Consolidado, o mesmas restrições impostas aos empregados bancários comuns,
jurisprudencial alegado. Dessa forma, com base no art. 9º da Consolidação das Leis do
A sentença de origem assim decidiu: empregatícia, haja vista estarem presentes todos os requisitos
"DO ENQUADRAMENTO FUNCIONAL DO exigidos pela legislação trabalhista. A obreira pretende ser
testes pelo primeiro reclamado, dentre eles a realização de exames Assevera a parte reclamante/reconvinda que a partir de meados do
escritos e entrevista psicológica, em 25/3/2003 foi contratada para mês de fevereiro para março de 2017, o Banco resolveu retirar a
exercer a função de vendedora de seguros de vida e planos de venda de consórcios e planos de previdência privada do rol de suas
previdência privada, embora tenha sido qualificada como atividades, sendo esses itens responsáveis por mais de 80% da sua
Concessionária. A despeito disso, alega que sempre desenvolveu remuneração mensal, eis que os outros produtos negociados eram
também atividades típicas de bancários no interior das agências do de baixa rentabilidade, e o exercício das demais atividades não era
Banco Bradesco, atendendo aos clientes na abertura de contas remunerado. Por tal motivo, afirma que a situação ficou
correntes de pessoas físicas e jurídicas, de contas-poupança, insustentável, a ponto de ver-se obrigada a vir perante o Poder
efetuando cobranças, oferendo cartões de créditos, vendendo Judiciário requerer que seja declarada a rescisão indireta, em razão
títulos de capitalização, além de consórcios de automóveis e do cometimento das faltas graves dispostas nas alíneas "d" e "g" do
art. 483 da Consolidação das Leis do Trabalho, optando por com a segunda reclamada/reconvinte, Bradesco Vida e Previdência
permanecer no emprego, como lhe faculta o parágrafo terceiro do S/A, declarando-a beneficiária das cláusulas integrantes das
Após o ajuizamento desta ação, a parte reclamante/reconvinda Segundo a teoria da distribuição do ônus probatório, a prova das
informou nos autos que teria se tornado impossível dar continuidade alegações incumbe à parte que as formular, cabendo à
ao labor, em face do clima hostil que se instalou no ambiente laboral reclamante/reconvinda demonstrar a existência da relação de
após a ciência dos reclamados acerca da presente reclamação, de emprego, desde que negada, pelo suposto empregador a prestação
modo que no dia 10/10/2017 resolveu se afastar do emprego e de serviço, sob qualquer forma jurídica.
aguardar a decisão deste feito. Porém, uma vez rechaçada a modalidade contratual sustentada
Em contestação, as reclamadas/reconvintes negaram pelo trabalhador, mas admitido labor sob rotulação jurídica diversa,
peremptoriamente a existência de vínculo de emprego. Asseveram ao empregador se transfere esse encargo, cabendo-lhe demonstrar
que a natureza da relação jurídica mantida entre a empresa de forma inconteste a relação de trabalho na ótica que defende, à
BRADESCO VIDA E PREVIDÊNCIA S/A e a reclamante/reconvinda luz do art. 818 da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT c/c o
possui natureza eminentemente cível/comercial, haja vista que a inciso II do art. 373 do Código de Processo Civil - CPC, de
obreira exercia atividade autônoma de Corretor de Seguros de Vida aplicação supletiva e subsidiária ao processo do trabalho. Não se
e Previdência Privada, nos moldes da Lei nº 4.594/64, nunca tendo trata de impor ao empregador fazer prova negativa, mas, ao
desenvolvido nenhuma tarefa bancária ou securitária nem contrário, explicitar a certeza da natureza pactual por ele alegada.
trabalhado nas dependências do Banco Bradesco, conforme Inicialmente vale registrar que as consequências do reconhecimento
sustentado na exordial. da relação de emprego pretendida nesta ação são por demais
Salientam que a reclamante/reconvinda encontra-se regularmente comprometedoras, em face das obrigações que gera em desfavor
inscrita junto à Superintendência de Seguros Privados - SUSEP, da parte reclamada/reconvinte, e em virtude disso, as provas das
órgão que habilita o corretor de seguros a desenvolver suas alegações lançadas aos autos devem ser inquestionáveis.
atividades, conforme determina o Decreto-lei nº 73/66, No caso dos autos, é incontroverso que a reclamante/reconvinda
regulamentado pelo Decreto nº 60.459/67. Por essa razão, manteve relação de trabalho em benefício do grupo econômico que
entendem que o demandante jamais possuiu qualquer vínculo de pertencem as reclamada/reconvintes, restando somente a este
Aduzem que a Lei nº 4.594/64, em seu art. 17, proíbe socorrer-me-ei ao conjunto probatório carreado aos autos.
expressamente o corretor de seguros de ser empregado de É cediço que para a configuração do vínculo empregatício, é
Também sustentam que os Decretos acima citados são claros em dos artigos 2º e 3º Consolidados, quais sejam: trabalho prestado por
proibirem, também, que o corretor seja empregado de uma empresa pessoa física, pessoalidade, não-eventualidade, onerosidade,
jamais teve sua jornada de trabalho controlada ou fiscalizada por No caso em testilha, diversamente do alegado pelas
quaisquer prepostos seus. Asseveram que não restaram reclamadas/reconvintes a prestação de serviços da
configurados os requisitos exigidos para a caracterização da relação reclamante/reconvinda não era caracterizada pela autonomia, muito
de emprego, quais sejam: subordinação, onerosidade, pessoalidade menos pela liberdade de negociação e isonomia entre os
e habitualidade. Segundo aduzem, a relação contratual se encerrou interessados que pudesse caracterizar um trabalho autônomo.
por iniciativa da trabalhadora. Longe disso. As provas carreadas aos autos demonstram que a
Pois bem. O pedido principal é o reconhecimento da existência do reclamante/reconvinda, na condição de concessionária, não seguia
vínculo empregatício com a primeira reclamada/reconvinte, Banco seus próprios desígneos na condução do trabalho, mas recebiam
Bradesco S/A, nos exatos termos do art. 224 da Consolidação das ordens superiores. Isso fica bastante claro no estabelecimento de
Leis do Trabalho, como beneficiário das cláusulas que integram as metas mensais de produção a serem cumpridas. A parte
normas coletivas dos bancários. Sucessivamente, caso seja reclamante/reconvinda juntou aos autos documentos que espelham
indeferido o pedido de enquadramento como bancária, requer a a imposição dessas metas, cobrança de resultados, entrega de
reclamante/reconvinda que o vínculo empregatício seja reconhecido relatórios diários. Outros documentos que foram anexados aos
autos comprovam que o labor despendido pela final do ano é feito um reconhecimento; que se agência for alvo de
reclamante/reconvinda, era efetivamente dirigido pela parte um Bacen perderá a pontuação no ranking do POBJ"; Perguntas
reclamada/reconvinte, em especial na mensagem eletrônica onde a realizadas pelo Juízo: "Que trabalha para o 1º reclamado desde
administração do grupo econômico trata os concessionários como 17/12/2010; que nunca trabalhou para a 2ª reclamada; (...) que
seus "funcionários", pedindo seus empenhos na venda de produtos durante o período em questão a reclamante não trabalhou
Alinhando-se à prova documental, os depoimentos prestados pela advogado que assiste a parte reclamante: "Que na agência existe
preposta e pela única testemunha convidada pela parte uma mesa que qualquer corretor poderá utilizar, inclusive de outras
reclamada/reconvinte, faz ruir por terra a tese da autonomia cidades; que na agência quem administra o POBJ é o gerente geral;
defendida pela defesa, corroborando a existência dos requisitos que o gerente sempre cobrou dos empregados da agência a
caracterizadores da relação de emprego noticiada na inicial, senão comercialização dos produtos, inclusive consórcios; (...) que não
pelo advogado que assiste a parte reclamante: "(...) que os produtos O depoimento testemunhal supratranscrito revela de forma
vida e previdência, consórcio, cartão e capitalização fazem parte do inconteste que a reclamante trabalhava como subordinada ao
POBJ; que o gerente geral é o responsável por gerir o POBJ; que gerente geral da agência, cumpria jornada de trabalho, utilizava os
POBJ significa programa de objetivos da organização; que os móveis e utensílios pertencentes ao Banco para prestação de seus
produtos incluídos no POBJ também servirão de base para o serviços, contribuindo de forma direta com o seu trabalho para a
ranking entre agencias ressaltando que não apenas entre agências premiação da agência, através de metas que eram aferidas pelo
regionais, mas sim a nível nacional; que a partir do início de 2017, o Programa de Objetivos do Banco - POBJ. Sua subordinação era
produto consórcio e previdência passou a ser vendido pelos direta ao primeiro reclamado.
empregados do Bradesco S/A; (...) que o gerente geral em reunião Inclusive, ficou demonstrado que existe as metas da agência e que
com os empregados informa os produtos que devem ser todos aqueles que vendem produtos que alavancam referidas metas
negociados para atingir o POBJ; que o banco reclamado fornece sejam cobrados para o seu atingimento. Com isso, não restam
mesa, cadeira e um computador para o corretor, ressalta a dúvidas de que a reclamante/reconvinda era submetida às mesmas
depoente que esse procedimento é feito semelhante ao que se faz cobranças de todos os demais trabalhadores da agência bancária.
com qualquer terceirizado, salienta ainda que a mesa e os demais É oportuno destacar também que o fato de a reclamação movida
bens citados são colocados em local distinto de onde trabalha os pelo Sr. Ilo Terceiro Alcantara Moreira Junior ter sido julgada
empregados do banco; diz que há um terminal telefônico á improcedente não afeta a conclusão a ser obtida neste feito, visto
disposição do corretor, mas a linha é disponibilizada através de um que naquela ação foi produzido um conjunto probatório específico
PABX, e que quando de uma ligação não há o toque nesse terminal, capaz de autorizar o não reconhecimento da existência da relação
e caso a pessoa deseje falar com o corretor a ligação é transferida; de emprego. Diferentemente, na presente reclamação as provas
que para o corretor fazer uma ligação ele clica o zero, puxa a linha e são por demais suficientes para autorizar o reconhecimento da
procede à ligação; que o local afastado fica no mesmo salão da relação de emprego, eis que restaram demonstrados os requisitos
Primeira testemunha arrolada pela parte reclamada, Sr(a). O que se conclui então, a partir da prova produzida nos presentes
KUELISSA BEZERRA BEM GREGÓRIO: "Que a depoente conhece autos, é que restou amplamente comprovado que a
o POBJ; que o POBJ é o programa de objetivos de desempenho do reclamante/reconvinda não tinha liberdade para dirigir a sua
banco; que o banco faz o fechamento para seu objetivo no ano atividade, mas a realizava sob as ordens e fiscalização da parte
subsequente e com isso ele avalia os itens que compõe o POBJ; reclamada/reconvinte, restando caracterizada a subordinação
que no eixo negócios dentro do POBJ existem: investimentos, jurídica, principal requisito caracterizador da avença empregatícia. A
créditos, tudo que é comercializado pela agencia esta dentro do continuidade e a onerosidade são incontroversas nos autos. As
POBJ; que existem também no POBJ o eixo qualidade; que esses 2 reclamadas/reconvintes reconhecem a "prestação de serviços" de
eixos geram pontuações; que os produtos seguro de vida, forma contínua e a retribuição pecuniária sob a forma de comissão.
previdência e consorcio fazem parte das pontuações; que as Sendo assim, tem-se que o conjunto de provas carreado aos autos
pontuações ervem para classificar as agencias e os gerentes, e no não tem o condão de afastar a presunção de veracidade dos fatos
alegados pela reclamante/reconvinda, decorrente da aplicação dos convencer este Magistrado de que a reclamante/reconvinda, de
efeitos da confissão ficta à parte reclamada/reconvinte. Pelo fato, exercia atividades típicas de bancários, devendo ser
contrário, todos os elementos probantes nos leva a concluir que as enquadrada nessa categoria especial de empregados. Por ilação,
provas orais produzidas corroboram a tese posta na exordial. todos os seus direitos trabalhistas e as verbas resilitórias deverão
Ademais, em que pese a existência de previsão legal impeditiva do ser quitados com base nos direitos próprios da categoria
demandados, tal previsão não pode beneficiar justamente os DECLARO, pois, que a relação jurídica mantida entre os litigantes
infratores da norma. Frise-se, ademais, que as vedações previstas foi de natureza empregatícia e, por consequência, reconheço o
nos arts. 17 da Lei n° 4.594/64 e 9º do Decreto nº 56.903/65 vínculo de emprego entre a reclamante/reconvinda, ANA REGIA
(vedação aos corretores de assumirem posição de empregado de DOS SANTOS PINTO e o BANCO da BRADESCO S/A no período
empresas de seguros ou capitalização) têm por escopo assegurar a de 25/3/2003 a 10/10/2017, restando, portanto, prejudicado o
autonomia destes profissionais frente às sociedades seguradoras, pedido sucessivo formulado em face da Bradesco Vida e
defesa dos interesses dos clientes consumidores. Diante disso, os No tocante à forma de ruptura contratual, a própria parte
referidos dispositivos legais jamais poderiam ser manejados para reclamada/reconvinte confessou que, de fato, o Banco retirou da
camuflar verdadeira relação de emprego, uma vez que desvirtuaria reclamante/reconvinda a venda de produtos, passando para
até mesmo o fim para o qual foram editados. responsabilidade dos empregados formalizados, senão vejamos:
Dentre os princípios que norteiam o direito do trabalho, temos o da Depoimento da preposta do 1º reclamado: Perguntas realizadas
primazia da realidade, segundo o qual, o julgador deve investigar a pelo advogado que assiste a parte reclamante:"(...) que a partir do
prática concreta efetivada ao longo da prestação de serviços, início de 2017, o produto consórcio e previdência passou a ser
independente da vontade eventualmente manifestada pelas partes vendido pelos empregados do Bradesco S/A; esclarece a depoente
na respectiva relação jurídica. A prática habitual tem o condão de que qualquer pessoa a nível Brasil pode vender consórcios; que
alterar o contrato inicialmente pactuado, gerando direitos e anteriormente os corretores vendiam consórcio e previdência; (...)"
obrigações novos às partes contratantes. A única testemunha inquirida confirmou tais assertivas, conforme se
Diante do acima expendido, em homenagem ao princípio da vê nos trechos do seu depoimento a seguir transcritos:
primazia da realidade, declaro que o contrato que existiu entre os Primeira testemunha arrolada pela parte reclamada, Sr(a).
litigantes caracterizou-se, na sua essência, pela existência de KUELISSA BEZERRA BEM GREGÓRIO: "(...) que previdência e
vínculo de natureza empregatícia, mormente porque revelou-se que seguro de vida eram comercializados pelos corretores, há
o Grupo Bradesco impunha o estabelecimento de metas e cobrava aproximadamente 1 ano os corretores não negociam mais
os resultados às "concessionárias", controlando e supervisionando previdência; esclarece a depoente que o seguro de vida é
seus trabalhos, horários e ausências, o que não se coaduna com a comercializado pelos corretores porque é preciso ter o SUSEP; que
natureza e execução do contrato de corretagem autônoma, como os corretores tambem comercializam consórcio, assim como
pretende fazer crer a defesa. qualquer pessoa, ressaltando que previdência e consórcio os
O que se extrai dos autos é que a reclamante/reconvinda esteve corretores não mais negociam, isso deixou de ser negociados por
diretamente subordinada à gerência geral da agência bancária e, eles há aproximadamente 1 ano; (...)"
além de vender produtos vinculados à segunda reclamada, no caso, Portanto, não restam dúvidas de que a parte reclamada/reconvinte,
seguros de vida, vendia uma gama de produtos disponibilizados além de ter descumprido obrigações contratuais, reduziu o trabalho
exclusivamente pelo primeiro reclamado. Sendo assim, mostra-se da reclamante/reconvinda de modo que afetou sensivelmente a
forçoso reconhecer que sua relação empregatícia ocorreu com o quantia mensal por ela auferida.
primeiro reclamado, visto que a segunda reclamada figurou apenas Portanto, entendo que tais condutas se amoldam com perfeição às
como empresa interposta para contratação da obreira. diretrizes inseridas nas alíneas "d" e "g" do art. 483 da Consolidação
Diante das razões acima expendidas e em homenagem ao princípio das Leis do Trabalho, o que nos autoriza a declarar a rescisão
da primazia da realidade, declaro que o contrato que existiu entre os indireta do contrato de trabalho nos termos postulados na inicial.
litigantes caracterizou-se, na sua essência, pela existência de Destaque-se que, a despeito de a parte reclamada/reconvinte ter
O conjunto probatório produzido nos autos foi suficiente para Rescisão" (fls. 1606), em seus termos não há nenhuma referência
de que teria a trabalhadora externado a pretensão de romper o (entre pessoas jurídicas que exercem, com autonomia, atividade
Por todo o exposto, RECONHEÇO que a parte Vale salientar, inclusive, que a prova documental não confirma a
reclamada/reconvinte incorreu nas faltas graves dispostas nas narrativa inicial de que a prestação de serviços teria se iniciado
alíneas "d" e "g" do art. 483 da Consolidação das Leis do Trabalho somente em 25/03/2003 (a data alegada na inicial foi 25/03/2013,
e, por conseguinte, DECLARO que a relação de emprego discutida porém foi oferecida e admitida emenda na audiência de fls.
neste feito se extinguiu por meio de rescisão indireta ocorrida em 1791/1793), quando a prova documental revela que a reclamante,
10/10/2017, nos exatos termos pretendidos pela obreira, devendo a por intermédio de sua empresa (A REGIS CORRETORA DE
empresa reclamada arcar com o pagamento das verbas rescisórias SEGUROS LTDA ME) teria começado a perceber pagamentos e,
relativas a essa modalidade de ruptura contratual." portanto, prestar serviços, a partir de dezembro/2003.
As reclamadas sustentam, em síntese, que a autora exercia a Passa-se à apreciação da prova oral.
atividade autônoma de corretora de seguros, com registro na O depoimento da parte autora indica, no mínimo, uma certa
SUSEP, nunca tendo desenvolvido a atividade bancária ou laborado inverossimilhança da tese inicial, uma vez que, na peça de ingresso,
como empregada para quaisquer das reclamadas. é dito que a reclamante realizava a abertura de contas de pessoas
Aponta, com base nas provas produzidas, a ausência dos requisitos físicas e jurídicas), enquanto que no depoimento pessoal reconhece
configurados da relação de empregatícia. -se que essa atividade não era efetivamente desenvolvida pela
À análise. demandante:
As reclamadas comprovam (fls. 1491/1531) que, desde "que a depoente ajudava na abertura de contas para pessoas
dezembro/2003, paga comissões para a A REGIS CORRETORA naturais; que a depoente não tinha acesso ao sistema do banco
DE SEGUROS LTDA ME (CNPJ 05.885.602/0001-97), empresa na para abertura de contas pessoa natural, e por essa razão não sabe
qual a parte reclamante é sócia majoritária (95% do capital social) e o passo a passo para esse procedimento").
administradora, vide contrato social de fls. 1563/1567. Afinal, quem, em tese, realizava abertura de contas deveria saber
As reclamadas demonstram, ainda, que, ao menos desde explicar os detalhes procedimentais atinentes.
09/12/2005, foi pactuado/formalizado acordo operacional entre a O depoimento pessoal da primeira reclamada, por outro lado,
segunda ré (BRADESCO VIDA E PREVIDENCIA S.A.) e a A REGIS aponta que havia um espaço, dentro das agências do BANCO
97), na qual são regulados os direitos e obrigações das partes na "que o banco reclamado fornece mesa, cadeira e um computador
atividade que esta exercia de angariação e intermediação de para o corretor, ressalta a depoente que esse procedimento é feito
contratos de seguro de vida em qualquer de suas modalidades e de semelhante ao que se faz com qualquer terceirizado, salienta ainda
planos de previdência privada, operados ou instituídos pela que a mesa e os demais bens citados são colocados em local
BRADESCO VIDA E PREVIDENCIA S.A. distinto de onde trabalha os empregados do banco; diz que há um
No contrato, não foi combinada exclusividade da A REGIS terminal telefônico à disposição do corretor, mas a linha é
CORRETORA DE SEGUROS LTDA ME na comercialização de disponibilizada através de um PABX, e que quando de uma ligação
produtos da seguradora BRADESCO VIDA E PREVIDENCIA S.A., não há o toque nesse terminal, e caso a pessoa deseje falar com o
tendo sido, por outro lado, disponibilizada àquela o uso dos canais corretor a ligação é transferida; que para o corretor fazer uma
disponibilizados por esta, para fins de melhor efetivar a venda de ligação ele clica o zero, puxa a linha e procede à ligação; que o
produtos da BRADESCO VIDA E PREVIDENCIA S.A. local afastado fica no mesmo salão da agência".
Foi comprovado, também, que a reclamante possui, desde Ora, o simples fato de corretores venderem produtos que também
09/07/2003, o necessário registro na SUSEP (Superintendência de estavam incluídos nas metas da agência não implica, por si só, na
Seguros Privados) para exercício da profissão de corretor de ocorrência de subordinação da autora perante as reclamadas. A
seguros (art. 123 do Decreto-lei do Decreto 73/1966), conforme disponibilização de um espaço de trabalho para os corretores nas
documento de fl. 1560. agências da primeira demandada (o que é confirmado tanto pelo
Assim, a prova documental confirma a tese defensiva de que a depoimento pessoal da primeira ré quanto pela testemunha ouvida)
relação entre a reclamante e a BRADESCO VIDA E PREVIDENCIA também não significa que havia subordinação da parte reclamante,
S.A. seria de prestação de serviços autônomos, até mesmo porque em sua atuação, às reclamadas.
o liame formal firmado entre as partes foi de cunho empresarial Tais elementos, apesar de servirem de indício de ocorrência de uma
possível subordinação, são inconclusivos, mormente diante da reclamante que comprovou ser tratada como uma verdadeira
Ademais, a prova oral revela, ao contrário do que alega a autora, remuneração). Fica o registro! Daí requer a embargante que seja
que não havia confusão entre os empregados e os corretores em analisado quem detinha o ônus da prova e se foi desvencilhado".
atuação na agência, havendo um espaço de atividades e de Em relação ao ponto, o acórdão expressamente entendeu "que as
atuação separado e diferenciado. Não há, por outro lado, promovidas se desincumbiram do encargo probatório de demonstrar
demonstração sobre a ocorrência de qualquer forma de a ocorrência de relação de trabalho autônoma, devendo, por
subordinação direta (imposição de horário, cobrança frequente de consequência, ser dado provimento ao apelo das reclamadas, a fim
metas, obediência a determinações de chefias das reclamadas etc.) de se julgar improcedentes os pedidos iniciais". Ou seja, o acórdão
ou sobre a imposição de "pejotização" ou qualquer outra fraude foi claro ao atribuir às reclamadas o encargo de comprovar a
formal decorrente de determinação das rés. ocorrência de relação de trabalho autônoma e ao entender que as
Nesse contexto, entende-se que as promovidas se desincumbiram demandadas se desincumbiram desse ônus.
do encargo probatório de demonstrar a ocorrência de relação de Em prosseguimento, a parte autora salienta que a testemunha
trabalho autônoma, devendo, por consequência, ser dado ouvida no feito teria demonstrado a ocorrência de subordinação: "A
provimento ao apelo das reclamadas, a fim de se julgar subordinação dava-se tanto no plano jurídico, pois o autor estava
improcedentes os pedidos iniciais. sujeito a direção da atividade pelo empregador, como no estrutural,
Dá-se provimento. pois ainda que houvesse certa flexibilidade de horário, a atividade
Diante do não reconhecimento do vínculo empregatício, restam do reclamante estava totalmente integrada a atividade-fim dos
CONCLUSÃO DO VOTO reclamante não era típica trabalhadora autônoma, gerente de seu
Recurso da parte reclamada conhecido e parcialmente provido. próprio negócio e dono dos meios de produção, MAS um
DISPOSITIVO empregado comum. Diante de tudo que foi exposto, cabe a este E.
ACORDAM OS INTEGRANTES DA TERCEIRA TURMA DO TRT responder as seguintes indagações: Qual seria a atividade-fim
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por do demandados? Atendimentos aos clientes e comercialização de
unanimidade, conhecer do recurso ordinário das partes reclamadas todos os produtos do banco fazem parte dessa atividade-fim? As
e, no mérito, dar-lhe parcial provimento, a fim de julgar tarefas do autor beneficiavam diretamente os demandados? A
improcedentes os pedidos iniciais. venda dos produtos do banco pode ser considerada uma atividade
Custas processuais de R$4.000,00, calculadas sobre o valor fundamental para a instituição? Com a devida permissão, as
atribuído à causa, a cargo da parte reclamante, porém dispensadas, respostas sinalizam em um único sentido, portanto, faz parte de sua
Participaram do julgamento os Desembargadores Fernanda Maria merecem ser realizados. Não há dúvidas de que a atividade da
Uchôa de Albuquerque (presidente), José Antonio Parente da Silva parte reclamante estava inserida dentro da atividade-fim das
e Francisco Tarcisio Guedes Lima Verde Junior. Presente ainda reclamadas e de que estas eram beneficiárias da força de trabalho
representante do Ministério Público do Trabalho. da demandante. A questão toda é que houve a compreensão, com
Fortaleza, 12 de setembro de 2019 base no cotejo entre a prova documental e oral, no sentido de que a
FRANCISCO TARCISIO GUEDES LIMA VERDE JUNIOR autora teria autonomia no desenvolvimento de suas atividades.
E, nos embargos de declaração, assim pontuou a Turma objetivos de desempenho do banco" (POBJ) - e não há dúvidas de
A parte reclamante sustenta que "caberiam aos reclamados o ônus conclusão alçada no acórdão no sentido de que não houve a
de provar que as atividades da reclamante se dava de forma "demonstração sobre a ocorrência de qualquer forma de
autônoma, o que não ocorreu nos autos, pelo contrário, a subordinação direta (imposição de horário, cobrança frequente de
metas, obediência a determinações de chefias das reclamadas etc.) Inexistiu, entre as partes, qualquer contrato equiparado ao contrato
"administrar" não significa que o gerente geral comandava a A reclamante nunca prestou serviços ao Banco Bradesco S/A,
atividade dos corretores. nunca exerceu qualquer atividade bancária como aplicação de
Por outro lado, se o simples fato de a prestação de serviços ocorrer recursos em poupança, CDB, concessão de empréstimos,
na área-fim e em prol do banco caracterizasse subordinação autenticação de título, boletos e tributos, realização de pagamentos,
estrutural, isso implicaria no necessário reconhecimento do vínculo gestão de numerários de agências, abertura de conta corrente,
empregatício, com o tomador, de todos os corretores e venda de cartão de crédito, liberação de talonário de cheques ou
correspondentes bancários, o que não seria razoável e engessaria qualquer outra operação controlada pelo banco, se limitava a parte
excessivamente a dinâmica das relações negociais. Por tal motivo, autora a comercializar seguros, produtos estes oferecidos pela
avaliou-se a existência de vínculo empregatício tomando por base a Bradesco Vida e Previdência S/A, empresa completamente distinta."
ocorrência ou não de subordinação direta com as rés. Nesse contexto, como a tese defensiva era de negativa de
A reclamante argumenta, ainda, que "o objeto da ação é justamente prestação de serviços da autora em relação ao primeiro reclamado
o reconhecimento do vínculo de emprego, diante das questões de (BANCO BRADESCO S.A.), não se pode considerar que a ausência
fatos que envolveu a relação do dia a dia da reclamante e o banco de conhecimento, pela preposta do banco, sobre a rotina de
reclamado, dentro da agência bancária, pelo que o preposto do trabalho da demandante implica em confissão "ficta".
banco deveria (dever legal) de ter conhecimento como se dava, mas O desconhecimento fático, nesse caso, é justificado e compatível
optou por desconhecer por completo o dia a dia da reclamante com a tese defensiva, uma vez que não é exigível, nem razoável,
(mais de 14 anos de trabalho dentro da agência bancária). São que o preposto da reclamada possuísse informações sobre o labor
condições elementares para um preposto ter conhecimento como se de uma pessoa que, em tese, sequer prestou serviços para a
dava o labor da reclamante junto ao banco reclamado, de modo que primeira demandada.
representa o cerne do conflito de interesses em exame, logo, não é Assim, deve ser afastada a confissão "ficta" aplicada pelo juízo de
fato, máxime quando na peça contestatória a reclamada cuidou de Por fim, a promovente aponta que o "MM. Juízo deferiu as provas
especificar como se dava o labor da reclamante (as atribuições), emprestadas juntadas por ambas as partes contidas nos autos e
nem se tinha empresa, nem em que agência trabalhou, nem horário não foram verificadas pelo douto julgador quando do julgamento do
etc. Desse modo, requer que o nobre desembargador se pronuncie Recurso Ordinário patronal, pelo que merece também que seja
acerca da matéria no sentido de saber se o preposto precisa ou não verificado para que haja um julgamento a contento."
ter conhecimentos dos fatos que envolvem o litígio". Em relação ao ponto, não se constata nenhuma omissão, uma vez
Em relação ao ponto, o acórdão já apreciou, com clareza, a que a parte sequer indica especificamente quais provas teriam
controvérsia posta, inexistindo qualquer omissão: deixado de ser apreciadas e, ademais, também não demonstra a
"A contestação das reclamadas apresenta a seguinte tese fática (fl. relevância das aludidas provas emprestadas para infirmar as
"Entre a reclamante e os Reclamados jamais existiu vínculo Assim, entende-se inexistir qualquer mácula na decisão
empregatício que pudesse ensejar as pretensões da Autora. (omissão/contradição/obscuridade) impugnada, razão pela qual não
Na realidade Excelência, o BRADESCO VIDA E PREVIDÊNCIA SA podem os embargos declaratórios ser acolhidos.
firmou contrato de natureza cível/comercial - com a reclamante, no Nega-se provimento, portanto, prestando-se, contudo, os
A reclamante exercia a atividade autônoma de Corretor de Seguros, Voto por conhecer dos embargos declaratórios da parte autora e, no
nunca tendo desenvolvido nenhuma atividade bancária ou mérito, negar-lhes provimento, prestando-se, contudo, os
securitária, como quer fazer crer em sua petição inicial. esclarecimentos constantes na fundamentação.
Bradesco Vida e Previdência SA, sem com isto manter qualquer dos ACORDAM OS INTEGRANTES DA TERCEIRA TURMA DO
elementos essenciais para caracterizar relação de emprego. TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
Bradesco S.A. não encontram respaldo na moldura fática retratada Lei 13.015/2014
na decisão recorrida, o que afasta a tese de violação aos preceitos Lei 13.467/2017
Isto posto, DENEGO seguimento ao recurso de revista. ANTONIO DE PADUA DE SOUSA RAMOS JUNIOR (PI - 4445)
À Divisão de Acórdãos e Recursos Processuais. Advogado(a)(s): ROBERTA UCHOA DE SOUZA (CE - 9349)
/jncf Vistos.
REGINA GLAUCIA CAVALCANTE NEPOMUCENO também deverão as partes, querendo, manifestar interesse na
Inviável a conciliação ou inexistindo interesse comum em conciliar, TEREZA CHRISTINNI VASCONCELOS DE OLIVEIRA (CE - 21753)
uma vez decorrido o prazo legal, com ou sem a apresentação de PATRICIA FERREIRA FREITAS (CE - 30715)
Colendo Tribunal Superior do Trabalho, independentemente de Advogado(a)(s): LUIZ ARTHUR MARQUES SOARES (CE - 7521)
REGINA GLAUCIA CAVALCANTE NEPOMUCENO expediente e recurso apresentado em 04/12/2019 - ID. 4226379).
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
FORTALEZA, 3 de Março de 2020. cabe ao Tribunal Superior do Trabalho analisar se a causa oferece
- CAIXA ECONOMICA FEDERAL transcendência, o recorrente poderá realizar sustentação oral sobre
- MARIA IRACY BARRETO MEDEIROS a questão da transcendência, durante cinco minutos em sessão.
- divergência jurisprudencial. estiver lotado na unidade, variando seu valor de acordo com a
A recorrente sustenta que "Por mais que a parcela "Porte" tenha unidade.
sido repassada pelo exercício da função gratificada entre julho/2010 Ora, é sabido que o c. Tribunal Superior do Trabalho, em nome do
até março/2016, ou seja, durante 6 anos, a reclamante exerceu princípio da estabilidade financeira, reconhece aos empregados o
funções gratificadas por mais de 10 anos, sendo a parcela porte direito à incorporação da função gratificada exercida por dez anos
INTEGRANTE DA BASE DE CÁLCULO DO ADICIONAL DE ou mais (v. inciso I da Súmula 372). Vejamos:
INCORPORAÇÃO, que FOI CALCULADO SEM CONSIDERAR O "Gratificação de função. Supressão ou redução. Limites.
PORTE EM SUA BASE, O QUE É ERRADO, POIS TAL RUBRICA I - Percebida a gratificação de função por dez ou mais anos pelo
SEMPRE FOI CONTRAPRESTAÇÃO PELA GRATIFICAÇÃO DE empregado, se o empregador, sem justo motivo, revertê-lo a seu
FUNÇÃO. É inconteste nos autos que a reclamante exerceu por cargo efetivo, não poderá retirar-lhe a gratificação tendo em vista o
mais de dez anos função gratificada, fato este não impugnado pela princípio da estabilidade financeira."
Por fim, aduz que "Diante do exposto e considerando que a norma Função Gratificada" por período inferior a dez anos, uma vez que,
interna da reclamada se demonstra mais favorável à autora quanto conforme se verifica nos contracheques (Id 03b866e), a reclamante
a dualidade normativa quanto a metódica do cálculo da passou a perceber a mencionada rubrica somente em julho/2010,
incorporação (média últimos 10 anos x média últimos 5 anos), a recebendo até março de 2016.
reclamante pede seja o presente recurso julgado totalmente Desse modo, e tendo-se em conta que a gratificação de função
procedente para modificar in totum o acórdão vergastado, haja vista "Porte Unidade" foi concedida por menos de 06 (seis) anos, ou seja,
a transcendência política relacionada à súmula nº 372 deste C. TST, tempo inferior aquele disposto na Súmula nº 372 do TST, não há
convertendo o mérito da demanda para inteira procedência, que se falar em incorporação da gratificação recebida pela autora,
determinando, outrossim, a incorporação (reintegração) da parcela pelo que deve ser reformada a sentença, julgando improcedentes
porte à remuneração da autora, pela média quinquenal, bem como todos os pedidos constantes da presente reclamatória.
seu pagamento, no vencido e vincendo, a partir da supressão Prejudicada a análise dos demais tópicos do recurso.
conseguintes reflexos em todas as parcelas que possuem como Considerando que a reclamante recebeu a gratificação "Porte de
base a gratificação pela função, a exemplo do 13º, 1/3 férias, VG- Unidade" por período inferior a dez anos, não há que se falar em
GIP, RSR, ATS, horas extras laboradas, LP's e APIP's e FGTS." incorporação da gratificação recebida pela autora, devendo ser
Aponta dissenso jurisprudencial. reformada a sentença, para julgar improcedentes todos os pedidos
"[...] DISPOSITIVO
O Juízo de origem entendeu que a gratificação "Porte de Unidade" TURMA DO TRIBUNAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
possui natureza salarial e era quitada com habitualidade, devendo, unanimidade, conhecer do recurso e dar-lhe provimento, para julgar
portanto, ser incorporada ao salário, condenando a reclamada a improcedentes todos os pedidos constantes da presente
incorporar ao salário da autora a rubrica "Porte de Unidade", pela reclamatória. Custas invertidas.
média ponderada dos valores recebidos nos últimos cinco anos, Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
bem como pagar as diferenças salariais, vencidas e vincendas, a Francisco José Gomes da Silva (Presidente), Jefferson Quesado
partir de março de 2016 (data da supressão da rubrica "Porte de Junior (Relator) e Cláudio Soares Pires. Presente ainda o(a)
Unidade"), bem como os reflexos em 13º salário, férias, FGTS, Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho.
gratificação por temo de serviço, horas extras, APIP e licença Fortaleza, 04 de novembro de 2019.
Pugna a recorrente pelo julgamento improcedente dos pedidos, haja Desembargador Relator
posto que recebeu bem menos que dez anos. Aduz que referida Observa-se que o entendimento manifestado pela Turma está
deu-se por mais de dez anos não encontram respaldo na moldura RECURSO DE REVISTA
fática retratada na decisão recorrida, o que afasta a tese de violação Lei 13.015/2014
Isto posto, DENEGO seguimento ao recurso de revista. BARBARA GREYCE RODRIGUES PEREIRA (CE - 23697)
REGINA GLAUCIA CAVALCANTE NEPOMUCENO expediente e recurso apresentado em 03/12/2019 - ID. 39938b2).
2c8d901).
transcendência da matéria.
Presidência dos Tribunais Regionais do Trabalho limita-se à análise Todavia, contrariamente à conclusão a que chegara o Julgador de
dos pressupostos intrínsecos e extrínsecos do apelo, não Primeiro Grau, constata-se que a reclamante, a despeito de sua
abrangendo o critério da transcendência das questões nele designação formal para esse mister, não desempenhava efetiva
Duração do Trabalho / Horas Extras / Cargo de Confiança. É o que se extrai à leitura do depoimento prestado pelo preposto da
- Contrariedade à(ao) : Súmula nº 287 do Tribunal Superior do "que exerce na reclamada a função de representante legal, sendo
- violação ao art. 224, §2º da CLT. trabalhou na agência Bezerra de Menezes, porém depoente e
Alega o recorrente que "Enquanto o acórdão recorrido afasta a reclamante trabalhavam em setores diferentes; que o supervisor
fidúcia diferenciada da autora, mesmo que incontroversa a atividade operacional é o responsável pelo numerário de toda a base da
de coordenação de caixas, assinatura de cheques administrativos e unidade, ou seja, é o chefe dos caixas; que em caso de
de responsabilidade pelo numerário da agência, o acórdão necessidade o supervisor poderá atuar na função de caixa; que a
paradigma caminha em sentido oposto, determinando o reclamante não atuou como caixa na agência Bezerra de Menezes;
enquadramento na exceção do art. 224, §2º da CLT, inclusive pelo (...) que a autoridade máxima de uma unidade do banco reclamado
fato de que o reclamante daquele processo assinava cheque é o gerente geral comercial e da área operacional é o gerente
administrativo - ainda que em conjunto com outro gerente ." operacional; que abaixo do gerente operacional está o supervisor,
Em complemento, assevera que "Enquanto o acórdão recorrido bem como os caixas da unidade; que o supervisor e os caixas são
NÃO considera o exercício de cargo de confiança mediana da parte subordinados ao gerente operacional; que o assessor operacional
recorrida, que ocupava cargo de SUPERVISOR OPERACIONAL, empresa é subordinado ao gerente de plataforma; que como
afastando a aplicação da exceção prevista no §2º, do art. 224, da assessora operacional empresa a reclamante não tinha
CLT, os acórdãos paradigmas, diante da mesma hipótese fática, subordinados; que no período em que exerceu a função de
afasta o pleito em horário extraordinário, por considerar que supervisora a reclamante tinham como subordinados todos os
presentes atribuições de relevo aptas a ensejar a aplicação imediata caixas; que a supervisora tinha poderes para advertir verbalmente
do art. 224, §2º, da CLT, bem como da Súmula 287 desse C. TST. um caixa, em caso de necessidade; que em caso de aplicação de
Assim, ao contrário do que entendeu a Egrégia Turma a quo, NÃO é suspensão a competência era do gerente operacional; (...) que na
exigível que os ocupantes de cargo de confiança mediana condição de assessora operacional empresa a reclamante não tinha
detenham poderes de mando e gestão, ou mesmo os de admitir, poderes para punir funcionário, visto que não tinha subordinado;
demitir e aplicar penalidades a eventuais subordinados." que o supervisor pode assinar cheque administrativo; que o
Finda aduzindo que "Desta forma, comprovada a flagrante ofensa assessor operacional também pode assinar cheque administrativo
ao art. 224, §2º, da CLT, à Súmula 287, do TST, bem como com o gerente; que todo gerente pode assinar cheque
divergência jurisprudencial, requer-se o conhecimento e provimento administrativo; que o gerente pode assinar cheque administrativo
deste recurso pelas alíneas "a" e "c" do art. 896, da CLT." isoladamente, enquanto os assessores só podem assinar
2.1 RECURSO DA RECLAMANTE outorgada pelo banco; que todo supervisor e assessor fazem
2.1.1 Das horas extras (7ª e 8ª), no período em que exercida a vendas de produtos do banco dentro da sua área de atuação; que a
A Sentença recorrida negou o pagamento, como extras, das 7ª e 8ª gerente de plataforma e empresa, enquanto que como supervisora
horas trabalhadas no período em que a autora desempenhara o é a responsável pelo numerário da unidade, conforme acima
entendimento de que esta seria uma função de confiança, o que Como se percebe, o preposto até procura corroborar a linha de
atrairia a aplicação da regra exceptiva estabelecida no § 2º do art. argumentação da defesa, asseverando que o Supervisor
Operacional possui empregados subordinados e realiza tarefas Operacional", função de confiança, com grau de fidúcia especial. A
revestidas de maior grau de confiança, porém algumas passagens tese de confiança intermediária ou mediata não passa de uma
de seu depoimento denunciam a inexistência de uma fidúcia tentativa frustrada de contornar o limite legal (seis horas), impondo
especial no desempenho desse mister: o preposto informa que o à trabalhadora uma jornada de oito horas, sem remunerá-la para tal.
Supervisor Operacional tem poderes para advertir verbalmente um No Direito Laboral, vigora o princípio da primazia da realidade,
Caixa, mas uma suspensão só poderia ser imposta pelo Gerente razão pela qual os documentos encartados (na quase totalidade
Operacional; o Supervisor pode assinar cheque administrativo, o unilaterais) não têm o condão de mudar a realidade, prevalecendo,
que também é permitido ao Assessor Operacional, que não é portanto, a premissa de que a reclamante no seu dia a dia atuava
função de confiança; a reclamante teria uma procuração outorgada de forma técnica, sem qualquer resquício da incorporação de uma
pelo Banco, no entanto esse documento não veio aos autos; demais fidúcia especial.
disso, um Assessor Operacional também possuía essa outorga de O conjunto probatório induz à convicção de que as atribuições de
poderes; por fim, o depoente admite que tanto o Supervisor como o "Supervisor Operacional" são meramente técnicas, desprovidas de
Assessor vendem produtos do Banco. elementos que qualifiquem tal função como cargo de confiança.
Não se vê, portanto, uma diferenciação muito nítida no grau de Nesse cenário, a gratificação percebida pelo exercício das
confiança depositado pela instituição em face do Assessor atribuições respectivas remunera apenas o trabalho exercido com
Operacional, em comparação com o Supervisor Operacional. maiores responsabilidades, mas nem de longe serve para qualificá-
Registre-se que a prova oral, composta dos depoimentos de duas la como de confiança, razão pela qual não há que se falar em
testemunhas, indicadas pelas partes litigantes, nada pode restituição ou compensação pelas horas laboradas acima da
esclarecer a respeito da controvérsia em análise, porquanto as jornada do bancário de seis horas diárias.
depoentes não trabalharam com a reclamante no período em que Destarte, de se deferir o pagamento, como extras, das horas
exercida a função de Supervisora Operacional. excedentes à sexta diária, no intervalo de 01/04/2015 a 11/08/2015,
Dito isso, sabe-se que é fato, hodiernamente, no mundo corporativo, com os mesmos reflexos discriminados na Sentença para a jornada
"supervisor" etc., acompanhados das mais diversas denominações, 2.1.2 Das horas excedentes à oitava diária
sem que, na prática, o empregado assim denominado tenha um À vista da prova oral produzida por iniciativa da reclamante, há que
mínimo poder de decisão ou mesmo autonomia e destaque, não se lhe reconhecer o direito ao pagamento por horas extraordinárias
passando de um trabalho meramente técnico-específico. trabalhadas além da jornada de oito diárias, ao longo de todo o
porém seu poder diretivo, quanto a eles, era claramente limitado, Confira-se o depoimento de sua testemunha, nas passagens
segundo declarações do próprio preposto, uma vez que até para relacionadas ao horário de trabalho:
aplicar punições disciplinares seu alcance decisório era restrito. "que trabalhou para o reclamado no período de janeiro de 1989 a
Não tinha, portanto, poder de mando, procuração em nome do junho de 2014; que trabalhou juntamente com a reclamante na
banco, ou autonomia para conceder empréstimos, ou seja, era agência Bezerra de Menezes (agência 8144); que trabalho com a
apenas uma empregada comum. reclamante na referida de início de 2012 até março/abril de 2013;
O título de "Supervisora Operacional" impressiona à primeira vista, que a depoente exercia a função de gerente de agência enquanto
entretanto não corresponde à realidade vivenciada pela autora, pois que a reclamante exercia a função de assessora operacional; (...)
esta desenvolvia atividade meramente técnica, inclusive atuando que a reclamante tinha a jornada controlada eletronicamente; que o
eventualmente no Caixa e vendendo, habitualmente, produtos banco reclamado pagava hora extra aos seus empregados dentro
A excepcionalidade prevista no art. 224, § 2º da CLT, específica em 7/7h30min e encerrava às 19/19h30min; que a depoente fazia
relação à categoria dos bancários, é taxativa ao permitir o refeição no próprio local de trabalho utilizando em média 30
extrapolamento da jornada máxima de seis horas para quem minutos; que a reclamante trabalhava das 8h30min às 19 horas;
exercer funções de direção, gerência, fiscalização, chefia e que às vezes a reclamante fazia refeição na agência e que em
equivalentes ou outros cargos de confiança e que perceba outras vezes a reclamante fazia refeição fora da agência; que não
gratificação não inferior a 1/3 do salário. sabe precisar o número de vezes em que a depoente viu a
A reclamante não exerceu, na rotulada função de "Supervisora reclamante fazer refeições na agência; (...) que a jornada
extraordinária trabalhada pelos empregados era registrada no ponto tratados de forma desigual, na medida de suas desigualdades,
eletrônico, porém o banco só pagava o limite de horas pré- autoriza tratamento especial às mulheres relativamente aos
estabelecido; que o banco não pagava as horas extras que intervalos para descanso.
extrapolassem o limite das horas extras por ele estabelecidas; que o Nesse sentido tem se pronunciado, reiteradamente, a Corte
empregado pode alterar o registro de sua jornada do dia anterior, Superior Trabalhista:
desde que sua alteração seja ratificada pela sua chefia imediata; "(...) TRABALHO DA MULHER. INTERVALO PREVISTO NO ART.
que é possível trabalhar no banco sem estar logado no sistemas; 384 DA CLT. RECEPÇÃO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE
que diversas atividades podem ser desempenhadas no banco sem 1988. A jurisprudência desta Corte consagrou o entendimento de
estar logada no sistema, por exemplo, telemarketing, atendimento que a recepção do artigo 384 da CLT pela Constituição Federal de
ao cliente, arquivo de documentos, dentre outras; (...)." (Ata ID 1988 decorre da proteção ao trabalhador diante dos riscos à sua
Como se vê, a testemunha, tendo exercido a função de Gerente de entre as jornadas ordinária e extraordinária é fator que propicia
Agência, com horário de trabalho mais extenso do que a autora, é esgotamento, perda de reflexos, acidentes e doenças por cansaço
capaz de confirmar fatos de ciência própria, com a necessária com reflexos econômicos previdenciários e, mormente em relação à
convicção, assegurando o cumprimento, por esta, de jornada das mulher, pelo aspecto fisiológico e pelo papel social que ocupa no
8h30min às 19h, de segunda a sexta-feira. É imprecisa apenas ao meio familiar, como mãe e dona de casa, impondo-lhe dupla
informar sobre o intervalo intrajornada, cuja duração não aponta. jornada. Destaca-se que não há na legislação de regência nem na
Relevante destacar que a depoente relata a possibilidade de jurisprudência ressalva sobre a limitação das horas prestadas para
alteração no registro de ponto, o que infirma a tese de defesa de o deferimento do referido intervalo. Dessa forma, a inobservância do
que a jornada era fielmente retratada. intervalo previsto no referido dispositivo implica o pagamento das
Em assim, considerando que essa testemunha somente trabalhou horas extras correspondentes ao período, por se tratar de medida
com a autora durante pouco mais de um ano, do início de 2012 até de higiene, saúde e segurança das trabalhadoras. E o
março ou abril de 2013 (v. Ata ID 6b1972b), o acolhimento do pleito descumprimento do intervalo previsto no artigo 384 da
em apreço deve se limitar a esse intervalo. Consolidação das Leis do Trabalho não importa mera penalidade
Portanto, defere-se o pagamento de 1h30min extras por dia, de administrativa, mas o pagamento de horas extras correspondentes
segunda a sexta-feira, no período de janeiro de 2012 a março de àquele período, a exemplo do que ocorre nas hipóteses de
2013, com o acréscimo sobre a hora normal e os reflexos sobre descumprimento do intervalo intrajornada para repouso e
aviso prévio, gratificações natalinas, férias acrescidas de 1/3 e alimentação do artigo 71, caput, da Consolidação das Leis do
2.1.3 DO INTERVALO PREVISTO NO ART. 384 DA CLT instrumento conhecido e desprovido. CONCLUSÃO: Agravo de
Cabível a condenação ao pagamento de horas extras pela não- instrumento integralmente conhecido e desprovido." (AIRR - 436-
concessão do intervalo previsto no art. 384 da CLT. 03.2016.5.23.0108, Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra
No caso dos autos, é inconteste a sonegação desse intervalo, Belmonte, Data de Julgamento: 10/04/2019, 3ª Turma, Data de
Nesse tocante, importante esclarecer que em sessão de julgamento pela não concessão do intervalo previsto no art. 384 da CLT,
realizada em 27/11/2014, o Excelso Supremo Tribunal Federal durante todo o período laboral, observados os dias efetivamente
julgou o Recurso Extraordinário nº 658312, com repercussão geral trabalhados, com reflexos sobre aviso prévio, férias + 1/3, 13º
reconhecida, sedimentando o entendimento de que o indigitado salário e FGTS com multa de 40%, em face da habitualidade.
Comando Celetário foi recepcionado pela nova ordem 2.1.4 Da extensão do direito à equiparação salarial até o termo do
Outrossim, o Colendo Tribunal Superior do Trabalho, na apreciação da equiparação salarial são devidas até a data de sua dispensa
de Incidente de Inconstitucionalidade arguido em face desse artigo (11/08/2015), não se limitando ao período em que trabalhara com o
da CLT (processo IIN-RR-1.540/2005-046-12-00.5), concluiu que o empregado paradigma em uma mesma agência (fixado na
princípio da isonomia, segundo o qual os desiguais devem ser Sentença de 01/10/2013 a 01/07/2014).
Com efeito, uma vez reconhecido que a autora tinha direito a um trabalho. Ademais, a retirada das diferenças após o período em que
valor remuneratório superior ao que lhe pagava o Banco reclamado, a reclamante e o paradigma não mais trabalharam juntos acarreta
pelo exercício da função de Assessora Operacional, esse direito se redução salarial. Dessa forma, a limitação dos efeitos integrais da
incorporou a seus estipêndios mensais, não podendo deles ser equiparação salarial acarreta ofensa ao disposto no artigo 7º, inciso
subtraído pelo simples fato de o paradigma, que ensejara a decisão VI, da Constituição Federal, que assegura a irredutibilidade salarial,
judicial que lhe fora favorável, ter sido dispensado do emprego. salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo. Recurso de
Entender de modo diverso implicaria a redução da remuneração, o revista conhecido e provido. (...)". (TST; 2ª Turma; RR - 852-
que é inadmissível, tendo em conta a garantia constitucional da 02.2012.5.04.0023; 05/12/2016; Relator Ministro José Roberto
Nessa direção tem decidido, repetidamente, o Colendo TST, "RECURSO DE REVISTA DA RECLAMANTE - EQUIPARAÇÃO
RECLAMANTE NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014 E DA significa reconhecer novo valor para o salário do empregado e
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 40 DO TST E ANTES DA LEI Nº enseja o pagamento de parcelas futuras. O valor salarial majorado
13.467/2017. EQUIPARAÇÃO SALARIAL. PARCELAS integra o patrimônio jurídico do obreiro e não pode ser reduzido. A
VINCENDAS. LIMITAÇÃO TEMPORAL. IRREDUTIBILIDADE posterior diminuição dos rendimentos fere o princípio constitucional
SALARIAL. 1 - Esta Corte firmou entendimento de que o da irredutibilidade salarial. Recurso de revista da reclamante
reconhecimento do direito às diferenças salariais por equiparação conhecido e provido." (TST; 7ª Turma; RR - 1170-
salarial enseja o deferimento das parcelas vincendas, pois esse 52.2011.5.05.0003 Relator Ministro Luiz Philippe Vieira de Mello
empregado, ainda que a situação fática que determinou a "(...) 3. IRREDUTIBILIDADE SALARIAL. EQUIPARAÇÃO
equiparação seja posteriormente alterada. 2 - A limitação dos SALARIAL. LIMITAÇÃO DOS EFEITOS AO DESLIGAMENTO DO
efeitos da equiparação salarial traz como consequência a ofensa ao PARADIGMA. A controvérsia dos autos se refere a definir se os
princípio da irredutibilidade salarial, previsto no art. 7º, VI, da efeitos pecuniários da equiparação salarial podem, ou não, ser
Constituição da República. Julgados. 3 - Recurso de revista de que limitados ao período em que o paradigma se encontra em exercício.
se conhece e a que se dá provimento. (...)." (TST; 6ª Turma; ARR - Ora, uma vez deferida a equiparação salarial por se encontrarem
20147-32.2015.5.04.0019; Relatora Ministra Kátia Magalhães presentes os respectivos requisitos, tem-se que é incabível a
"RECURSO DE REVISTA DA RECLAMANTE. EQUIPARAÇÃO tendo em vista que se houve o reconhecimento do direito do
SALARIAL. DIFERENÇAS SALARIAIS. PARCELAS VINCENDAS. reclamante em receber remuneração idêntica à do paradigma, ou
NÃO LIMITAÇÃO TEMPORAL AO PERÍODO EM QUE A seja, se houve o reconhecimento da identidade de função e do
RECLAMANTE E O PARADIGMA TRABALHARAM JUNTOS. O incorreto desnível salarial, por certo tem o reclamante direito ao
artigo 461 da CLT não autoriza que se exclua o direito à igualdade mesmo salário do paradigma, direito esse que se incorpora ao seu
de salário com relação ao período em que o trabalhador e o patrimônio jurídico. Por conseguinte, reduzir o montante salarial
paradigma não mais trabalharam juntos, já que apenas prevê que, diante do desligamento do paradigma, resulta na vedada
sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao irredutibilidade salarial insculpida no inciso VI do art. 7° da CF.
mesmo empregador, corresponderá igual salário. O Tribunal de Recurso de revista conhecido e provido, no aspecto" (TST; 8ª
origem destacou que a identidade de funções entre paradigma e Turma; RR - 1469-25.2012.5.03.0108; Relatora Ministra Dora Maria
paragonado foi comprovada. Assim, não se pode cogitar da da Costa; DEJT 30/05/2016).
limitação dos efeitos pecuniários da isonomia somente ao período Em assim, acolhe-se o Recurso da reclamante, para o fim de
em que ambos laboravam conjuntamente, pois o requisito da determinar que as diferenças resultantes da equiparação salarial
ausência de simultaneidade previsto no § 2º do artigo 461 da CLT já devem ser apuradas até a data do término do contrato de trabalho.
foi afastado pelo Regional. Esse é o único critério temporal para [...]"
impedir o direito à equiparação salarial. A comprovação da E, nos embargos de declaração, assim pontuou a Turma julgadora :
Sem razão o embargante, não padecendo o Acórdão embargado da conjuntamente com os gerentes; (...) que como supervisora
falha que lhe é atribuída. operacional a reclamante tinha procuração outorgada pelo banco;
As alegações e matérias objeto do Recurso Ordinário e das que como assessora a reclamante salvo engano tinha procuração
contrarrazões foram devidamente apreciadas por este Órgão outorgada pelo banco; que todo supervisor e assessor fazem
Julgador, com esteio na prova reunida nos autos, conforme se pode vendas de produtos do banco dentro da sua área de atuação; que a
"A Sentença recorrida negou o pagamento, como extras, das 7ª e 8ª gerente de plataforma e empresa, enquanto que como supervisora
horas trabalhadas no período em que a autora desempenhara o é a responsável pelo numerário da unidade, conforme acima
entendimento de que esta seria uma função de confiança, o que Como se percebe, o preposto até procura corroborar a linha de
atrairia a aplicação da regra exceptiva estabelecida no § 2º do art. argumentação da defesa, asseverando que o Supervisor
Todavia, contrariamente à conclusão a que chegara o Julgador de revestidas de maior grau de confiança, porém algumas passagens
Primeiro Grau, constata-se que a reclamante, a despeito de sua de seu depoimento denunciam a inexistência de uma fidúcia
designação formal para esse mister, não desempenhava efetiva especial no desempenho desse mister: o preposto informa que o
É o que se extrai à leitura do depoimento prestado pelo preposto da Caixa, mas uma suspensão só poderia ser imposta pelo Gerente
instituição financeira reclamada, abaixo parcialmente transcrito: Operacional; o Supervisor pode assinar cheque administrativo, o
"que exerce na reclamada a função de representante legal, sendo que também é permitido ao Assessor Operacional, que não é
lotada na unidade do reclamada situada na Avenida Bezerra de função de confiança; a reclamante teria uma procuração outorgada
Menezes, nº 30, setor jurídico trabalhista; que a reclamante já pelo Banco, no entanto esse documento não veio aos autos; demais
trabalhou na agência Bezerra de Menezes, porém depoente e disso, um Assessor Operacional também possuía essa outorga de
reclamante trabalhavam em setores diferentes; que o supervisor poderes; por fim, o depoente admite que tanto o Supervisor como o
operacional é o responsável pelo numerário de toda a base da Assessor vendem produtos do Banco.
unidade, ou seja, é o chefe dos caixas; que em caso de Não se vê, portanto, uma diferenciação muito nítida no grau de
necessidade o supervisor poderá atuar na função de caixa; que a confiança depositado pela instituição em face do Assessor
reclamante não atuou como caixa na agência Bezerra de Menezes; Operacional, em comparação com o Supervisor Operacional.
(...) que a autoridade máxima de uma unidade do banco reclamado Registre-se que a prova oral, composta dos depoimentos de duas
é o gerente geral comercial e da área operacional é o gerente testemunhas, indicadas pelas partes litigantes, nada pode
operacional; que abaixo do gerente operacional está o supervisor, esclarecer a respeito da controvérsia em análise, porquanto as
bem como os caixas da unidade; que o supervisor e os caixas são depoentes não trabalharam com a reclamante no período em que
subordinados ao gerente operacional; que o assessor operacional exercida a função de Supervisora Operacional.
empresa é subordinado ao gerente de plataforma; que como Dito isso, sabe-se que é fato, hodiernamente, no mundo corporativo,
assessora operacional empresa a reclamante não tinha a proliferação de termos como "gerente", "coordenador",
subordinados; que no período em que exerceu a função de "supervisor" etc., acompanhados das mais diversas denominações,
supervisora a reclamante tinham como subordinados todos os sem que, na prática, o empregado assim denominado tenha um
caixas; que a supervisora tinha poderes para advertir verbalmente mínimo poder de decisão ou mesmo autonomia e destaque, não
um caixa, em caso de necessidade; que em caso de aplicação de passando de um trabalho meramente técnico-específico.
suspensão a competência era do gerente operacional; (...) que na In casu, o reclamado sustenta que a reclamante tinha subordinados,
condição de assessora operacional empresa a reclamante não tinha porém seu poder diretivo, quanto a eles, era claramente limitado,
poderes para punir funcionário, visto que não tinha subordinado; segundo declarações do próprio preposto, uma vez que até para
que o supervisor pode assinar cheque administrativo; que o aplicar punições disciplinares seu alcance decisório era restrito.
assessor operacional também pode assinar cheque administrativo Não tinha, portanto, poder de mando, procuração em nome do
com o gerente; que todo gerente pode assinar cheque banco, ou autonomia para conceder empréstimos, ou seja, era
administrativo; que o gerente pode assinar cheque administrativo apenas uma empregada comum.
O título de "Supervisora Operacional" impressiona à primeira vista, passível de saneamento por meio de recurso aclaratório, quando o
entretanto não corresponde à realidade vivenciada pela autora, pois órgão julgador deixa de se pronunciar sobre matéria ou elemento de
esta desenvolvia atividade meramente técnica, inclusive atuando prova a respeito do qual era essencial a análise.
eventualmente no Caixa e vendendo, habitualmente, produtos Não é esse o caso, porquanto o teor de tais documentos é incapaz
A excepcionalidade prevista no art. 224, § 2º da CLT, específica em embargado, uma vez que a simples participação da autora no grupo
relação à categoria dos bancários, é taxativa ao permitir o de empregados que monitoram a conta centralizadora da agência
extrapolamento da jornada máxima de seis horas para quem não revela a ocupação de cargo de confiança, enquanto que a
exercer funções de direção, gerência, fiscalização, chefia e certificação ANBIMA é apenas um título expedido por instituição
equivalentes ou outros cargos de confiança e que perceba privada, que atesta a habilitação de empregados de bancos e
gratificação não inferior a 1/3 do salário. financeiras para lidar com produtos de investimentos dos clientes.
A reclamante não exerceu, na rotulada função de "Supervisora Em suma, omissão não se reconhece no Acórdão sitiado, sendo,
Operacional", função de confiança, com grau de fidúcia especial. A pois, improcedentes os Embargos.
tentativa frustrada de contornar o limite legal (seis horas), impondo Conhecer dos Embargos, mas lhes negar provimento.
à trabalhadora uma jornada de oito horas, sem remunerá-la para tal. [...]"
razão pela qual os documentos encartados (na quase totalidade Observa-se que o entendimento manifestado pela Turma está
unilaterais) não têm o condão de mudar a realidade, prevalecendo, assentado no substrato fático-probatório existente nos autos. Para
portanto, a premissa de que a reclamante no seu dia a dia atuava se concluir de forma diversa seria necessário revolver fatos e
de forma técnica, sem qualquer resquício da incorporação de uma provas, propósito insuscetível de ser alcançado nesta fase
O conjunto probatório induz à convicção de que as atribuições de As assertivas recursais de que a reclamante não exercia cargo de
"Supervisor Operacional" são meramente técnicas, desprovidas de confiança com a fidúcia necessária ao enquadramento na
elementos que qualifiquem tal função como cargo de confiança. excepcionalidade do art. 224, §2º da CLT, não encontram respaldo
Nesse cenário, a gratificação percebida pelo exercício das na moldura fática retratada na decisão recorrida, o que afasta a tese
atribuições respectivas remunera apenas o trabalho exercido com de violação aos preceitos da legislação federal e de divergência
la como de confiança, razão pela qual não há que se falar em Denega-se, pois, seguimento.
Destarte, de se deferir o pagamento, como extras, das horas Isto posto, DENEGO seguimento ao recurso de revista.
suplementar anterior a esse lapso." (Acórdão ID V, págs. 04/06). À Divisão de Acórdãos e Recursos Processuais.
À leitura do texto decisório supra, constata-se que não existem as Fortaleza, 28 de fevereiro de 2020.
Houve expressa menção à alegativa de que a autora possuía DESEMBARGADOR(A) VICE-PRESIDENTE, no exercício da
reclamado, assevere-se que somente se configura a omissão REGINA GLAUCIA CAVALCANTE NEPOMUCENO
Fundamentação veiculadas."
Recorrente(s): THIAGO WESLEY ALVES CABRAL - violação do(s) inciso LV do artigo 5º; artigo 7º da Constituição
Recorrido(a)(s): GUARARAPES CONFECCOES S/A Afirma que "Conforme se depreende dos autos o recorrente arrolou
Advogado(a)(s): FRANCISCO JOSÉ RAMOS DE LIMA (CE - 4452) testemunha para ser ouvido em seu processo, tendo levado a
Tempestivo o recurso (decisão publicada em 13/12/2019 - aba segunda audiências, ocorre que em decorrência de incidentes,
expediente e recurso apresentado em 21/01/2020 - ID. 286eea8). designação de perícia técnica e outros motivos, o mesmo não
Regular a representação processual (ID. 3948053). chegou a ser ouvido, tendo por último após envio de notificações ao
Desnecessário o preparo por se tratar de recurso interposto pela mesmo e requerimento do recorrente para oitiva da referida
parte reclamante, beneficiária da justiça gratuita. testemunhas e outras, teve sua prova cerceada e encerrada.".
Nos termos do artigo 896-A da Consolidação das Leis do Trabalho, recorridas, sem exauridas de forma satisfativa os motivos que
cabe ao Tribunal Superior do Trabalho analisar se a causa oferece motivaram a sua dispensa e ao proferir a sentença de primeiro grau,
transcendência em relação aos reflexos gerais de natureza de forma totalmente equivocada, fez uma interpretação totalmente
econômica, política, social ou jurídica. errada do depoimento pessoal do recorrente, agindo em erro in
Art. 896-A. [...] judicando, e em razão desta errada interprestação, além de ter
§ 1o São indicadores de transcendência, entre outros: referendado motivos da dispensa equivocados e documentos
I - econômica, o elevado valor da causa; viciados que lhe davam sustentação, ainda, lhe aplicou o ônus da
II - política, o desrespeito da instância recorrida à jurisprudência litigância de má-fé, quando da inicial, provas, depoimentos
sumulada do Tribunal Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal pessoais, do recorrente e recorrido, memorais, e documentos
III - social, a postulação, por reclamante-recorrente, de direito social dispensa, restaram pífios e vazio, na medida em que se
entremostram dos autos que o recorrente não pediu dispensa respondida até agora. O reclamante também pede o adiamento
voluntaria do emprego; foi dispensado porque vinha FALTANDO ao porque tentou trazer outras testemunhas e nenhuma compareceu
trabalho, conforme carta via AR, enviado pelas próprias recorridas espontaneamente, e o reclamante não sabia que podia explicar as
ao argumento de ABANDONO DE EMPREGO; enviada e recebido suas testemunhas que elas poderiam faltar ao serviço, já que a
pelo recorrente dia antes da dispensa e da assinatura da suposta Vara iria dar uma Declaração."
CARTA DE DEMISSAO, controle de frequência do último mês Compulsando os autos, observa-se que: I) Na audiência do dia
trabalhado juntado pelos recorridos do próprio TERMO DE 21/11/2017 (Ata de fls. 527) foi concedido às partes o prazo
RESCISAO acostado aos autos se comprovam descontos de faltas, preclusivo de 10 dias para arrolar testemunhas, sob pena de ser
e os vícios insanáveis dos documentos que produziram a dispensa considerado que a parte desistiu da oitiva de testemunha ou
Assevera que "Não bastasse, o juízo não enfrentou, nem levou em restando registrado na referida Ata, que não seriam deferidos
consideração na sentença de primeiro grau as questões suscitadas pedidos de adiamento em razão de ausência injustificada de
pelo recorrente quanto aos reais motivos da dispensa e ainda testemunhas não arroladas; II) O reclamante, cumprindo a
emprestou validade absoluta aos documentos da rescisão que determinação deste Juízo, atravessou a petição de fls. 529,
pendiam impugnação quanto ao conteúdo e forma, por se arrolando apenas a testemunha FRANCISCO DEUSIMAR
encontrarem RASURADOS e terem sido obtidos mediante ato vil e TEIXEIRA DE MATOS, e indicando endereço na qual a mesma,
enganador, simulação e fraude a rescisão do contrato de trabalho.". entretanto, não foi localizada, consoante certidão de fls. 534; III) O
Consta do acórdão do recurso ordinário: reclamante foi então notificado, em atenção ao despacho de fls.
DO CERCEAMENTO DE DEFESA referenciadas lhe serem aplicadas; IV) O reclamante, neste prazo,
Argui a recorrente preliminar de nulidade da sentença por peticionou (fls. 537/538) informando outro endereço para a referida
cerceamento de defesa, tendo em vista o indeferimento da testemunha, todavia, descumpriu o comando judicial, uma vez que
produção de prova testemunhal, essencial à demonstração da não indicou o endereço correto e atual da testemunha, consoante
rescisão contratual sem justa causa. certidão de fls. 552; IV) O Reclamante foi novamente instado, desta
Afirma que "arrolou testemunha para ser ouvido em seu processo, feita por conta do despacho de fls. 553, a fornecer o endereço atual
tendo levado a mesma testemunha em (02) duas oportunidades, na da referida testemunha, sob pena de lhe serem aplicadas as
primeira e segunda audiências, ocorre que em decorrência de mesmas cominações outrora destacadas e, V) O reclamante, então,
incidentes, designação de perícia técnica e outros motivos, o peticionou às fls. 560, informando que não sabia o endereço atual e
mesmo não chegou a ser ouvido, tendo por último após envio de correto da referida testemunha, que tentara contato por via
notificações ao mesmo e requerimento do recorrente para oitiva da telefônica com a mesma, mas não obtivera êxito e, que se
referidatestemunhas e outras, teve sua prova cerceada e comprometia a produzir prova testemunhal, independentemente do
Requer, portanto, a decretação de nulidade da sentença, com apresentar suas testemunhas 'no dia da audiência,
processual e oitiva de suas testemunhas. Registre-se, ainda que, diante de todo esse histórico processual, foi
Razão, contudo, não lhe assiste. prolatado o despacho de fls. 553, no qual foi registrado que o autor,
O recorrente requereu o adiamento da audiência de instrução, para considerando a manifestação de fls. 560/561, assumira o ônus de
oitiva da testemunha anteriormente arrolada, restando o pedido, de trazer suas testemunhas para a audiência, independentemente de
pronto, rejeitado pelo Juízo de primeiro grau, sob a seguinte notificação judicial, ficando advertido, pelo referido despacho, que
fundamentação (Id ab98f9b- Pág. 2/3)": não seriam deferidos pedidos de adiamento em razão de ausência
Pedindo e obtendo a palavra, o patrono do reclamante requereu: "O Por todo o exposto, indefere-se o pedido do autor para adiamento
DEUSIMAR TEIXEIRA, convocada pelo reclamante no dia de ontem O reclamante apresentou protestos e requereu: "O registro nesta
em mensagem enviada pelo reclamante, via whatsapp, que não foi Ata de que exibira a tela de seu celular com as mensagens que
enviara, por whatsapp, à testemunha DEUSIMAR TEIXEIRA." Dispensa / Rescisão do Contrato de Trabalho.
Encerrada a produção de prova oral do reclamante. (...)" Duração do Trabalho / Horas Extras.
Como se pode ver do trecho da Ata de Audiência acima Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios / Adicional /
colacionado, o que, de fato, ocorreu nos autos com relação à Adicional de Insalubridade.
produção da prova testemunhal autoral, em nada comunga com o DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Processo e
alegado nas razões recursais. Além disso, o recorrente em Procedimento / Provas / Ônus da Prova.
momento algum impugna os fatos descritos na decisão do Juízo de Rescisão do Contrato de Trabalho / Verbas Rescisórias / Multa do
primeiro grau, limitando-se a afirmar que levou a testemunha de Artigo 477 da CLT.
audiência, enquanto constam nos autos diversas manifestações - Contrariedade à(ao) : item II da Súmula nº 378 do Tribunal
suas, nas quais afirma que não tem ciência do endereço da Superior do Trabalho.
Nesse passo, verifica-se que o Juízo de primeiro grau, ao contrário artigo 818 da Consolidação das Leis do Trabalho; artigo 8º da
do alegado pelo recorrente, empreendeu todos os esforços para a Consolidação das Leis do Trabalho; artigo 464 da Consolidação das
fiel observância dos princípios do contraditório e ampla defesa, Leis do Trabalho; artigo 477 da Consolidação das Leis do Trabalho;
tendo notificado o reclamante diversas vezes para que artigo 830 da Consolidação das Leis do Trabalho.
afirmação do recorrente de que se responsabilizaria pela condução Afirma que "Já a tese da exordial, mesmo sem a produção da prova
de suas testemunhas, deu ciência expressa da parte acerca da testemunhal em razão do flagrante cerceio ao contraditório e a
impossibilidade de adiamento posterior da audiência de instrução, ampla defesa, se confirmou através dos vícios demonstrados na
em perfeita consonância com o princípio da celeridade processual. documentação das recorridas, e através do depoimento pessoal da
Não pode o recorrente, portanto, transferir para o Juízo a própria recorrida, que se conduziu de forma duvidosa e findou por
responsabilidade pelo insucesso no contato com as suas apresentar um depoimento que contradisse a própria tese de
testemunhas, quando assumiu expressamente o ônus de conduzi- defesa, foi incapaz de convalidar os motivos da dispensa
Preliminar rejeitada, portanto. quando há nos autos, advertências e suspensões, envio de carta via
De plano, percebe-se que não foram satisfeitos os requisitos para o e quando o próprio preposto declara que o pedido teria se dado em
manejo da revista, pois a parte elaborou peça genérica que: razão do recorrente ter arranjado um outro emprego, quando o
a) Ignora os fundamentos fático-jurídicos concretamente aduzidos recorrente se encontra desempregado até hoje, enfim, motivos
de atacar de forma específica e pormenorizada as razões de decidir Sustenta que "No tocante ao acumulo de funções, dos autos
do Regional e de formular seu apelo com base nas premissas constam documentos juntados pelas empresas, que comprovam
fáticas que foram efetivamente firmadas - exigência do art. 896, §1º- que o recorrente exercera as funções de AUXILIAR DE
A, II e III, CLT, e da Súmula 422, I, TST; PRODUCAO E OPERADOR DE MAQUINAS, enquanto empregado,
b) Não transcreve os trechos objeto de prequestionamento - e em que pese os documentos demonstrarem uma suposta
exigência do art. 896, §1º-A, I, CLT; promoção, o exercicio de uma função seguida da outra, com o
c) Anseia o vedado reexame de fatos e provas, para fins de apontamento da função de OPERADOR DE MAQUINAS a partir de
(Súmula 126/TST), inviabilizando o seguimento do recurso, inclusive ABRIL DE 2013, desde que teve a CTPS anotada como AUXILIAR
d) Não aponta de forma clara, analítica e fundamentada hipótese de AUXILIAR DE PRODUCAO com as funções de OPERADOR DE
cabimento da revista, previstas no taxativo rol do art. 896, CLT - MAQUINAS, pelas razoes exaustivamente expendidas na inicial, e o
exigência do art. 896, §1º-A, incisos II e III, CLT; fato de entender que o recorrente não conseguiu provar suas
Portanto, nega-se seguimento. alegações, isto não pode ser levado em consideração como prova
Direito Coletivo / Direito de Greve / Abusividade / Ilegalidade / absoluta, para lhe condenar por litigante de má fé, pois não
podemos confundir e entender que o fato que não é provado no RECURSO DE REVISTA enfrentar a questão dos motivos da
processo é tido como simulação e fraude, como interpretou dispensa de forma motivada, levando em consideração a
Assevera que "Diante do quadro que se apresenta no caso concreto apenas pelo fundamento de que o recorrente não se desonerou do
dos autos, não existe razoes plausíveis que levem ao encargo, como entendeu equivocadamente o juízo de primeiro
equivocadamente o Juizo de primeiro grau, pelo contrario, na pior Consta do acórdão do recurso ordinário:
recorrido GUARARAPES CONFECÇÕES S.A que forjou uma DA MODALIDADE DE RESCISÃO CONTRATUAL
situação e se beneficiou dela; obteve a assinatura da recorrente em Postula o recorrente a reforma da sentença para que seja
documento forjado( suposto pedido de demissão que contem reconhecida a rescisão injusta do contrato de trabalho, tendo em
RASURAS na data/ano e no TRCT constam descontos de FALTAS vista o vício de vontade no pedido de demissão, com consequente
com reflexo na produção da empresa, comprovando-se que os condenação das reclamadas ao pagamento das verbas rescisórias
emprego e não que o recorrente teria voluntariamente motivos para Argumenta que, "diante do quadro que se apresenta no caso
pedir a dispensa; enfim, face a quebra da fidúcia, tentativa de fraude concreto dos autos, não existe razoes plausíveis que levem ao
ao contrato de trabalho, flagrantes abusos perpetrados pelas reconhecimento do pedido de demissão voluntaria, como entendeu
recorridas que depõem contra a função social do contrato de equivocadamente o Juizo de primeiro grau, pelo contrario, na pior
trabalho, convenções e recomendações da OIT, art. 9º, 795, 818 e da hipótese, estaríamos diante da rescisão indireta do contrato de
No tocante as horas extras, argumenta que "O recorrente pugna recorrido GUARARAPES CONFECÇÕES S.A que forjou uma
pela verdade e os espelhos da frequência apresentados não situação e se beneficiou dela; obteve a assinatura da recorrente em
refletem a jornada real nem a verdade real e a MM. Juiza não podia documento forjado( suposto pedido de demissão que contem
emprestar validade absoluta ao controle de freqüência juntado de RASURAS na data/ano e no TRCT constam descontos de FALTAS
forma irregular e incompleta nos autos, em verdadeira contrariedade com reflexo na produção da empresa, comprovando-se que os
ao disposto do art. 74º, & 2º da CLT, sumulas 172, 221 e 338 do motivos da dispensa, decorreram de faltas, suposto abandono de
Prossegue afirmando que "Não bastasse a ausência do controle da pedir a dispensa; enfim, face a quebra da fidúcia, tentativa de fraude
frequência regular e valido a as recorridas também não produziram ao contrato de trabalho, flagrantes abusos perpetrados pelas
prova testemunhal que pudesse convalidar os referidos controles de recorridas que depõem contra a função social do contrato de
ponto e a jornada defendida. De forma que não poderiam ter sido trabalho, convenções e recomendações da OIT, art. 9º, 795, 818 e
"Quanto ao adicional de insalubridade, a pericia ficou aquém da O Juízo de primeiro grau entendeu pela rescisão contratual a pedido
legalidade, feita por perito que se pediu fosse decretado o seu do empregado, sob os seguintes fundamentos (ID. 67f2464 - Pág.
inconclusivo e não referendado pela prova e documentos "(...) 4.7 Da Ruptura Contratual
constantes dos autos. Requerendo a reforma da sentença neste Ainda vindica o autor a conversão de seu pedido de demissão em
aspecto. Apesar das verdades que foram colocadas, o juízo de rescisão imotivada por iniciativa empresarial, alegando, para tanto,
primeiro grau não enfrentou de forma direta os motivos da dispensa a ocorrência de vício de consentimento.
, já que resta claro nos autos, os reais motivos que levaram a A demandada, em contrapartida, alegou inexistir máculas na
dispensa do autor, ora recorrrente.". exteriorização da vontade do autor e que o rompimento do pacto
Conclui elecando que "Diante das teses aventadas, dos ocorreu em virtude de válido pedido de demissão formulado pelo
documentos e depoimento pessoal do reclamado, vem requerer, se obreiro, que assim o fez ao alegar que encontrou oportunidade
Ora, o ônus de provar que a manifestação de vontade quando da são plenamente compatíveis com a tese segundo a qual o obreiro
formulação do pedido de demissão estava eivada de vício era do optou por rescindir o contrato de trabalho mantido com as
próprio autor, que dele não se desincumbiu. reclamadas por ter conseguido outro emprego, mormente pelo fato
Compulsando-se a apostila processual, verifico que nenhuma prova de inexistir, nos autos, qualquer indício de prova que demonstre que
produziu o autor que confirmasse suas alegações de vício de as citadas faltas se deram por motivos de saúde, conforme alega o
consentimento. Não logrou o reclamante, portanto, demonstrar que recorrente em suas razões.
houve mácula em sua manifestação de vontade. Isto posto, ausente a prova de vício de vontade no pedido de
Sendo assim, a teor do disposto nos artigos 818 da CLT e 373, demissão, prevalece a rescisão do contrato de trabalho por iniciativa
inciso I, do NCPC, o encargo de comprovar a irregularidade na do empregado, razão pela qual indevidas as verbas rescisórias
forma da extinção do pacto laboral era do reclamante, que dele não pleiteadas na exordial, devendo ser mantida a sentença, por seus
que a resolução contratual ocorreu por sua iniciativa. DAS HORAS EXTRAS
válido o pedido de demissão de fls. 274, realizado pelo obreiro em requerendo a reforma da sentença para ver deferido o pleito de
01/07/2015. (...)" horas extras, aduzindo, em síntese, que não comprovou as suas
A controvérsia posta em discussão consiste basicamente na alegações em virtude do cerceamento de defesa sofrido, que
averiguação da veracidade do pedido de demissão de ID. 30a7d90. impossibilitou a produção de prova testemunhal.
Consistindo o citado documento em declaração de próprio punho Aduz que "os espelhos da frequência apresentados não refletem a
feita pelo recorrente (fato por ele não impugnado), cabia ao jornada real nem a verdade real e a MM. Juiza não podia emprestar
reclamante o ônus de provar o vício de vontade na confecção do validade absoluta ao controle de freqüência juntado de forma
citado documento, por ser fato constitutivo de seu direito, conforme irregular e incompleta nos autos, em verdadeira contrariedade ao
preconizado no art. 818 da CLT c/c art. 373, I, do CPC, encargo do disposto do art. 74º, & 2º da CLT, sumulas 172, 221 e 338 do
Com efeito, o recorrente não produziu qualquer prova capaz de Sem razão.
infirmar a veracidade do documento em questão. Já a prova oral A matéria foi apreciada em primeiro grau, nos seguintes termos (Id
produzida pela recorrida corrobora a tese defensiva acerca do 67f2464 - Pág. 8):
pedido de demissão, conforme se vê do depoimento pessoal "(...) 4.4 Das Horas Extras
prestado pelo preposto das empresas, no qual afirma o seguinte: Em sua exordial, afirmou o reclamante que, "em que pese ter sido
"[[...] o reclamante saiu da empresa porque pediu demissão, já que contratado para laborar das 06:00hs as 14:00hs e compelido a
havia conseguido outro emprego; (...) que o depoente trabalha no anotar do controle de frequência jornada diversa, em media (03)
Departamento de Pessoal e foi lá que tomou conhecimento de que três vezes por semana era compelido a cumprir jornada de Segunda
o reclamante pediu demissão, não sabendo em que novo emprego a Sábado das 05:30hs ás 16:00hs, com intervalo de 40 minutos
ele foi trabalhar; que os avisos de advertência e suspensão de fls. após o segundo ano de trabalho". Por isso requereu fossem as
268 a 270, bem como a convocação de fls. 271/273, dizem respeito reclamadas condenadas a pagar "as horas intrajornada e extras
às faltas do reclamante ao trabalho que ocorreram sem que ele trabalhadas e não pagas no decorrer de todo o contrato de trabalho"
desse justificativa; que o reclamante pediu demissão em julho de A reclamada refutou o labor em sobrejornada, aduzindo que "a
2015, através do pedido de fls. 274; que em meses anteriores o empresa cumpriu todas as normas legais, sendo acompanhado
reclamante vinha faltando injustificadamente e, por isso, quando ele inclusive pelo sindicato classista, bem como não extrapolou o limite
retornava ao trabalho e não trazia justificativa, lhe foram aplicadas vigente na CLT, não há que se falar em HORAS
penas de advertência e suspensão; que o documento de fls. 274 foi EXTRAORDINÁRIAS, seja por extra jornada ou intrajornada".
redigido pelo próprio reclamante; que o reclamante solicitou Por conseguinte, cabia ao empregado provar o labor em
demissão ao seu gerente e este o encaminhou ao Departamento de sobrejornada, pois o fato normal se presume enquanto o
Pessoal para formalizar o seu pedido; que algumas pessoas têm excepcional depende de provas.
dificuldade de escrever e, por isso, é comum que haja rasuras no Essa obrigação, contudo, não foi cumprida pelo reclamante, que
pedido de demissão; [[...]" não trouxe à colação dos autos sequer um início de prova para
Ora, as faltas do empregado ao trabalho, frequentes e injustificadas, confirmar a jornada alegada. Não comprovou, ademais, que era
compelido a anotar nos controle de ponto uma jornada diversa Ali, o perito inicia seu trabalho descrevendo as funções e o local da
Ante ao exposto, julga-se improcedente o pedido de condenação da autor em sua inicial, esclareceu o expert que as atividades do
reclamada no pagamento de horas extras e seus consectários reclamante consistiam em "Operar máquina de pregar botão ferro -
A questão atinente ao alegado cerceamento de defesa já se acionar o pedal e pregar o botão; descartar na mesinha do outro
encontra superada, conforme fundamentado em tópico pretérito, lado." Ressalta, ainda, que o ambiente possuía ventilação adequada
prevalecendo o entendimento segundo o qual o reclamante não se e que o maquinário não era obsoleto.
desincumbiu do ônus de provar os fatos constitutivos do pretenso O autor impugnou o laudo pericial, alegando, neste particular, que
Assim, nada obstante o inconformismo do recorrente, razão não lhe arrebite, setor de corte e setor de costura". Aduziu, ainda, que o
assiste, cabendo, na espécie, confirmar-se a decisão por seus perito atuou de forma parcial e tendenciosa ao declarar que o
próprios fundamentos, porquanto proferida nos estritos limites da reclamante não laborou nos referidos setores.
prova e do direito aplicáveis ao caso concreto. Todavia, a instrução processual revelou que o autor não conduziu
Argumenta o reclamante, também, que, "quanto ao adicional de que deve nortear os litigantes quando da atuação em um processo
que se pediu fosse decretado o seu impedimento, em razão da falta Com efeito, ao ser ouvido em juízo, o obreiro confessou que sempre
de isenção e no mérito, se mostrou inconclusivo e não referendado trabalhou no setor de rebites, nunca trabalhando em qualquer
pela prova e documentos constantes dos autos", requerendo, por tal função ou setor diverso:
razão, a reforma da sentença para ver o pleito em epígrafe deferido. "(...) trabalhou nas máquinas eletrônicas que colocam rebite e
Aqui, também, não lhe assiste razão. botões nas peças de roupas; que também operou a máquina
Veja-se o teor da sentença, ao apreciar o pedido de adicional de pneumática que também coloca rebites e botões nas peças de
insalubridade (Id 67f2464 - Pág. 9): roupas; que só operou essas máquinas de colocar rebites e botões,
"(...) 4.6 Do Adicional de Insalubridade e mais nenhuma outra, de nenhum tipo, no período em que
No caso vertente, o autor alega que trabalhava nos setores trabalhou na reclamada; que essas máquinas ficam operando no
"REBITES, CORTE, LAVANDERIA COM CALDEIRAS, SETOR DE setor de rebite . Destaquei. Ata de fls. 564.
TINGIMENTO, EMBALAGEM, LAEZER, BORDADOS, locais com Como se vê, a atuação pericial revelou-se alinhada à realidade
centenas de maquinas operando ao mesmo tempo, ambiente laboral, pelo que merece total crédito em suas conclusões.
quente, exposto a maquinas antigas e absoletas e a choques Indefiro, por conseguinte, os adicionais pleiteados. (...)"
elétricos". Sic. Da análise detida dos autos, verifica-se que o laudo pericial de ID.
Em sua defesa, a parte promovida alega basicamente que o obreiro 44b3668 foi categórico ao afirmar a inexistência de condições
jamais teve contato com qualquer tipo de agente ou produto químico técnicas de insalubridade no exercício das atividades do reclamante
Por conseguinte, cumpre observar a prova pericial produzida para reclamante não era exposto aos agentes ruído e calor em
averiguar as condições de trabalho do reclamante, conforme quantidades acima dos limites permitidos pelas Normas
determinação contida na ata de fls. 457. Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego - MTE; e
Nela, a perícia concluiu pela inexistência de condições técnicas de que não exercia suas funções em contato com agentes químicos.
insalubridade periculosidade (Laudo de fls. 487/497): Com base na Tal fato foi corroborado pelo próprio recorrente durante a prova oral,
análise das atividades e condições de trabalho do reclamante e no ao afirmar, em seu depoimento, "que trabalhou nas máquinas
conteúdo da Portaria Ministerial 3.214/78, NR 15, Anexo 1 (Ruído), eletrônicas que colocam rebite e botões nas peças de roupas; que
Anexo 3 (Calor), Anexos 11 e 13 (agentes químicos) e NR 16 é de também operou a máquina pneumática que também coloca rebites
nosso parecer que INEXISTEM CONDIÇÕES TÉCNICAS DE e botões nas peças de roupas; que só operou essas máquinas de
INSALUBRIDADE /PERICULOSIDADE. O laudo apresentado é colocar rebites e botões, e mais nenhuma outra, de nenhum tipo, no
minudente e não merece reproche. período em que trabalhou na reclamada" e que "o setor de rebite
fica em um galpão que não é fechado por paredes e tem ventilação, quando cientes de que são destituídas de fundamento. Já o art. 80,
inclusive, mecânica com ventiladores". II do citado diploma legal caracteriza como litigante de má-fé aquele
Ante o exposto, inexistindo nos autos qualquer elemento de prova que altera a verdade dos fatos.
capaz de infirmar os fatos atestados pela prova pericial, não há o Nesse diapasão, reputa-se correta a sentença ao reconhecer a
que se falar em direito do recorrente ao recebimento de adicional de litigância de má-fé praticada pelo recorrente, por restar claro, da
insalubridade, devendo a sentença ser mantida, também aqui, por análise dos autos, que o autor formula seus pedidos de forma
DAS MULTAS DOS ARTS. 467 E 477 DA CLT É o que se observa dos pleitos de acúmulo de funções e adicional
Mantida a sentença no tocante à modalidade de rescisão contratual, de insalubridade, fundados em pretensas condições de labor
não há o que se falar em atraso no pagamento de verbas totalmente diversas daquelas declinadas pelo próprio reclamante
rescisórias, razão pela qual resta improvido o recurso, no tocante ao em seu depoimento pessoal, como bem assentado na sentença.
pleito de condenação ao pagamento da multa do art. 477 da CLT. Importante frisar que o reclamante prossegue com tais atitudes em
Incabível, do mesmo modo, a multa do art. 467 da CLT, por sede de recurso, conforme se conclui das afirmações esposadas
inexistirem nos autos parcelas incontroversas. em suas razões, a respeito do alegado cerceamento de defesa,
Nada a reformar, portanto. quando, na verdade, não logrou êxito em se desincumbir do ônus
pagamento de multa por litigância de má-fé, aduzindo que o seu Sentença mantida, por seus próprios fundamentos.
O Juízo de primeiro grau entendeu pela caracterização má-fé A Lei 13.015/2014 acrescentou o § 1º-A ao artigo 896 da
processual do reclamante, sob os seguintes fundamentos (ID. Consolidação das Leis do Trabalho:
67f2464 - Pág. 12): § 1º-A. Sob pena de não conhecimento, é ônus da parte:
"(...) 4.11 Da Litigância de Má-fé I - indicar o trecho da decisão recorrida que consubstancia o
Pugnam as reclamadas pela aplicação da pena por litigância de má- prequestionamento da controvérsia objeto do recurso de revista;
fé haja vista ter o obreiro alterado a verdade dos fatos. II - indicar, de forma explícita e fundamentada, contrariedade a
Com efeito, restou evidenciado nos presentes autos que o dispositivo de lei, súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal
reclamante, propositadamente, faltou com a verdade em sua Superior do Trabalho que conflite com a decisão regional;
exordial ao afirmar que acumulava funções indevidamente. Também III - expor as razões do pedido de reforma, impugnando todos os
faltou com a verdade quando, no afã de desconstituir a prova fundamentos jurídicos da decisão recorrida, inclusive mediante
pericial em seu favor, alegou trabalhar em setores na empresa no demonstração analítica de cada dispositivo de lei, da Constituição
em juízo, conforme demonstrado alhures (tópicos 4.2 e 4.6 do Não se viabiliza o recurso de revista, pois a parte recorrente não
Desta forma, entendo que a parte autora desrespeitou as prequestionamento da controvérsia que pretende ver transferida à
orientações contidas no art. 77, incisos I e II do novo CPC, cognição do Tribunal Superior do Trabalho.
incidindo, portanto, nas previsões contidas no inciso I do art. 80 A exigência consiste em apontar o prequestionamento, salvo vício
daquele mesmo livro de ritos. nascido na própria decisão, e comprová-lo com a transcrição textual
Sendo assim, condeno a parte autora a pagar multa no importe de e destacada da tese adotada pela Turma. A jurisprudência
1% (um por cento) sob o valor atribuído à causa, por litigância de predominante no Tribunal Superior do Trabalho tem definido que o
má-fé, nos moldes do art. 81 do NCPC. (...)" pressuposto legal não se atende com a mera indicação da folha do
O Código de Processo Civil determina, em seu art. 77, incisos I e II, trecho do acórdão, da sinopse da decisão, da transcrição da
serem deveres das partes, "expor os fatos em juízo conforme a ementa, da parte dispositiva ou do inteiro teor do acórdão recorrido.
verdade" e "não formular pretensão ou de apresentar defesa No sentido do acima exposto são os seguintes precedentes do
Presidência
parte exequente.
REGINA GLAUCIA CAVALCANTE NEPOMUCENO No prazo de 8 (oito) dias a contar da intimação desta decisão,
FORTALEZA/CE, 28 de fevereiro de 2020. designação de audiência para fins conciliatórios. O silêncio será
MARCOS VENICIUS SARAIVA MARTINS Havendo anseio comum entre ao menos uma parte autora e uma
Presidência
PODER JUDICIÁRIO
/fpp
JUSTIÇA DO TRABALHO
/csac
EDITAL PJE
sabido, notificada para tomar ciência da decisão Id. 2e51bd6, Desembargador(a) do Trabalho"
"AGRAVO DE INSTRUMENTO
RECORRENTE: FRANCISCO CARLOS MOURA DE SOUZA contraminuta/contrarrazões, deverão ser os autos remetidos ao
/csac
incerto e não sabido, notificado(a) para tomar ciência da decisão a REGINA GLAUCIA CAVALCANTE NEPOMUCENO
Lei 13.015/2014
Lei 13.467/2017
AEROPORTUARIA - INFRAERO
"AGRAVO DE INSTRUMENTO
Lei 13.467/2017
Agravante(s): SIND DOS OF MARCEN TRAB NAS IND SER MOV REGINA GLAUCIA CAVALCANTE NEPOMUCENO
DE MAD COMP LAM AGL CHAPS FIBRA DE MAD MOV DE JUNC Desembargador(a) do Trabalho"
VIM VAS CORT ESTOF ESCOV PINC CARP TAN DE MAD DO FORTALEZA/CE, 03 de março de 2020.
EST DO CE
f4303d0).
Intimado(s)/Citado(s):
Mantenho a decisão agravada por seus próprios fundamentos. - MMRH SERVICOS LTDA EIRELI - ME
Recebo o agravo.
Recebo o agravo.
Intimado(s)/Citado(s):
Notifique-se a parte contrária, para, no prazo legal, oferecer
- KOOK FORNECIMENTO DE REFEICOES COLETIVAS LTDA.
resposta ao agravo e ao recurso principal.
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
REGINA GLAUCIA CAVALCANTE NEPOMUCENO Tempestivo o recurso (decisão publicada em 30/08/2019 - Aba
Desembargador(a) do Trabalho" expedientes e recurso apresentado em 10/09/2019 - ID. 42a9738 ).
FORTALEZA/CE, 03 de março de 2020. Regular a representação processual (ID. 11f9bfe).
Dispensado o preparo.
ROBERTO CARNEIRO OLIVEIRA PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
Assessor Nos termos do artigo 896-A da Consolidação das Leis do Trabalho,
sumulada do Tribunal Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Assevera que "Além disso, o acórdão regional, ao vedar a
III - social, a postulação, por reclamante-recorrente, de direito social autorização prévia e expressa por meio de assembleia geral da
constitucionalmente assegurado; categoria, violou frontalmente o art. 8º, caput, I e III, da Constituição
IV - jurídica, a existência de questão nova em torno da interpretação Federal. Isto porque tal autorização está plenamente abarcada
da legislação trabalhista. pelos princípios da liberdade e autonomia sindical (art. 8º, caput e I,
§ 2o Poderá o relator, monocraticamente, denegar seguimento ao da CF/88), por se enquadrar no âmbito da livre organização e
a questão da transcendência, durante cinco minutos em sessão. Inobstante o inconformismo do recorrente, razão não lhe assiste.
§ 4o Mantido o voto do relator quanto à não transcendência do Através da Lei 13.467/2017, que modificou a redação de diversos
recurso, será lavrado acórdão com fundamentação sucinta, que dispositivos da CLT, as contribuições sindicais perderam sua
constituirá decisão irrecorrível no âmbito do tribunal. natureza compulsória e tributária e passaram a ser facultativas,
§ 5o É irrecorrível a decisão monocrática do relator que, em agravo devendo sua cobrança ser precedida de expressa autorização do
§ 6o O juízo de admissibilidade do recurso de revista exercido pela alterações que tornaram a contribuição sindical facultativa foi
Presidência dos Tribunais Regionais do Trabalho limita-se à análise enfrentada pelo STF, conforme notícia publicada no sítio eletrônico
dos pressupostos intrínsecos e extrínsecos do apelo, não desta Corte Suprema de Justiça, por cujo teor abaixo transcreve-se:
- violação do(s) incisos I e II do caput do artigo 8º da Constituição manhã desta sexta-feira (29), declarar a constitucionalidade do
- violação da (o) artigos 513, 545, 578, 579, 582 e 602 da contribuição sindical. O dispositivo foi questionado na Ação Direta
Consolidação das Leis do Trabalho. de Inconstitucionalidade (ADI) 5794, em outras 18 ADIs ajuizadas
Afirma que "Ao contrário do que exposto no acórdão recorrido, a (ADC) 55, que buscava o reconhecimento da validade da mudança
redação do art. 579 da CLT, ao dispor que "o desconto da na legislação. Como as ações tramitaram de forma conjunta, a
contribuição sindical está condicionado à autorização prévia e decisão de hoje aplica-se a todos os processos.
expressa dos que participarem de não indica que a lei uma Prevaleceu o entendimento do ministro Luiz Fux, apresentado
determinada categoria econômica ou profissional", facultou a ontem (28), quando o julgamento foi iniciado. Entre os argumentos
contribuição sindical tão somente mediante autorização individual expostos por ele e pelos ministros Alexandre de Moraes, Luís
Sustenta que "Dizer que a interpretação teleológica conduz à está o de não se poder admitir que a contribuição sindical seja
autorização individual, com todas as venias, é contrariar o próprio imposta a trabalhadores e empregadores quando a Constituição
texto dos dispositivos ora apontados como violados (arts. 545, 578, determina que ninguém é obrigado a se filiar ou a se manter filiado
579, 582 E 602, da CLT). Se o legislador tivesse optado apenas a uma entidade sindical. Além disso, eles concordaram que o fim da
pela autorização individual, certamente que a literalidade destes obrigatoriedade da contribuição sindical não ofende a Constituição.
artigos traria expressamente tal menção. Se a Lei foi genérica ao O ministro Fux foi o primeiro a divergir do relator dos processos,
tratar da autorização prévia e expressa para o desconto da ministros Edson Fachin, que votou pela inconstitucionalidade do fim
contribuição sindical, não há como dizer que o espírito da Lei contribuição sindical obrigatória. Entre os argumentos expostos por
apontou para a autorização individual". Fachin e pelo ministro Dias Toffoli e pela ministra Rosa Weber, o fim
da obrigatoriedade do tributo vai impedir os sindicatos de buscar apelo para que o Poder Legislativo conclua a Reforma Trabalhista,
formas de organização mais eficazes para defender os direitos dos acabando com a chamada unicidade sindical.
trabalhadores perante os interesses patronais. Para Barroso, o princípio constitucional envolvido no caso é o da
A ADI 5794, à qual as demais ações foram apensadas, norteou o liberdade sindical, o direito de o trabalhador filiar-se ou não, ou e de
julgamento. A ação foi ajuizada pela Confederação Nacional dos contribuir ou não, a uma entidade. Nesse sentido, ele considera o
Trabalhadores em Transporte Aquaviário e Aéreo, na Pesca e nos modelo de contribuição compulsória ruim porque não estimula a
Portos (CONTTMAF). Nela e nos demais processos, o objeto de competitividade e a representatividade, levando um verdadeiro
contestação foi o artigo 1º da Lei 13.467/2017 (Reforma "business" privado. "O sistema é bom para os sindicalistas, mas não
Trabalhista), que deu nova redação aos artigos 545, 578, 579, 582, é bom para os trabalhadores."
583, 587 e 602 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) para Também seguindo a divergência, o ministro Gilmar Mendes não
condicionar o recolhimento da contribuição sindical à expressa verificou nenhuma inconstitucionalidade nas novas regras sobre a
autorização dos trabalhadores contribuição sindical. A seu ver, o modelo anterior causou uma
Contribuição facultativa "brutal distorção" com a criação de 16,8 mil sindicatos no país. "Era
Nesta manhã, o julgamento foi retomado com o voto do ministro um modelo de associativismo subsidiado pela contribuição sindical.
Alexandre de Moraes, para quem a liberdade associativa, uma A África do Sul tem 191 sindicatos, os Estados Unidos, 160, e a
discussão sobre o fim da obrigatoriedade da contribuição sindical. Para ele, o novo regime não suprime a sustentabilidade do sistema.
Na avaliação do ministro, essa regra constitucional amplia a "Simplesmente irá fazer com que os sindicatos sejam sustentados
liberdade do trabalhador de se associar ou não a um sindicato e de como todas as demais associações por contribuições voluntárias",
Segundo o ministro, desde a Constituição de 1988 houve uma O ministro Marco Aurélio, por sua vez, ressaltou que não considera
diminuição do tradicional "sistema de cabresto", instituído pelo a contribuição sindical como tributo propriamente dito. "Não
Estado Novo em 1937, tanto no nível do Estado perante os concebo que pessoa jurídica de direito privado seja parte ativa
sentido, em sua avaliação, a Reforma Trabalhista busca a evolução Na sua avaliação, a contribuição sindical não se enquadra no artigo
de um sistema sindical centralizador, arcaico e paternalista para um 149 da Constituição Federal, que trata das contribuições sociais, de
modelo mais moderno, baseado na liberdade. "Se o empregador intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias
tem a opção de se filiar a um sindicato, ele também tem a opção de profissionais ou econômicas. "Não me consta que essa contribuição
se não se filiar, de não recolher essa contribuição", disse. vise a atuação do estado. Visa sim a atuação do fortalecimento das
dinheiro estatal para sobreviver", complementou, acrescentando O ministro Marco Aurélio frisou ainda que o artigo 8º da Carta
que o legislador constituinte não constitucionalizou a contribuição Magna repete duas vezes que é livre a associação profissional ou
sindical, mas apenas recepcionou a legislação que a havia criado e sindical e o inciso X do artigo 7º prevê a proteção do salário na
permitiu a existência da contribuição sindical de forma subsidiária, forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa.
mas não compulsória. "Não criou e também não vetou", disse. A presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, finalizou o julgamento
O ministro Luís Roberto Barroso também acompanhou a avaliando que as novas regras não ofendem a Constituição Federal.
divergência iniciada pelo ministro Fux ao defender que o fim da "Seria conveniente haver normas de transição. Entretanto, não
contribuição sindical obrigatória não está em desarmonia com a considero que isso seja suficiente para tornar incompatível com a
Constituição Federal. Na avaliação dele, não há que se falar em Constituição Federal as normas promulgadas", apontou.
inconstitucionalidade formal ou material, uma vez que é o Para a presidente do Supremo, a mudança leva a um novo pensar
Congresso Nacional o protagonista dessa discussão que é da sociedade de como lidar com todas as categorias econômicas e
eminentemente política, por envolver modelo de gestão sindical que trabalhistas e com todas as formas de atuação na sociedade, sem
se pretende adotar no Brasil. depender necessariamente do Estado, que nem sempre pode
"O Congresso Nacional é o cenário para que essas decisões sejam acudir todas as demandas de forma automática.
escolhas políticas do Legislativo", disse, aproveitando para fazer um Na sessão de hoje, a primeira a acompanhar o voto do ministro
Edson Fachin foi a ministra Rosa Weber. Ela iniciou sua fala autorizados, as contribuições devidas ao sindicato, quando por este
obrigatória", porém destacou que da Constituição Federal emerge Art. 578. As contribuições devidas aos sindicatos pelos participantes
um sistema sindical que tem três pilares. "Não podemos mexer em das categorias econômicas ou profissionais ou das profissões
parte sem que haja uma alteração do todo, sob pena de uma liberais representadas pelas referidas entidades serão, sob a
desarmonia que atenta contra os comandos constitucionais", disse a denominação de contribuição sindical, pagas, recolhidas e aplicadas
ministra. "É um tripé. Afasta um, a casa cai", complementou. na forma estabelecida neste Capítulo, desde que prévia e
Rosa Weber explicou que a Constituição Federal, sem materializar expressamente autorizadas.(Redação dada pela Lei nº 13.467, de
forma expressa o pluralismo e impõe a unicidade sindical para a Art. 579.O desconto da contribuição sindical está condicionado à
legitimidade da representação da atuação sindical. De acordo com autorização prévia e expressa dos que participarem de uma
ela, é nessa perspectiva que se insere a contribuição compulsória, determinada categoria econômica ou profissional, ou de uma
receita fundamental para o fortalecimento e manutenção dos profissão liberal, em favor do sindicato representativo da mesma
A ministra citou dados que apontam para uma queda de 79,6% na disposto no art. 591 desta Consolidação.
arrecadação da contribuição sindical, a maior fonte de receita do Art. 582.Os empregadores são obrigados a descontar da folha de
sistema, após a Reforma Trabalhista. "É inegável, portanto, o pagamento de seus empregados relativa ao mês de março de cada
enorme prejuízo na arrecadação do sistema sindical brasileiro, com ano a contribuição sindical dos empregadosque autorizaram prévia
profundos reflexos na atuação das entidades sindicais como e expressamente o seu recolhimento aos respectivos sindicatos.
pela defesa dos interesses e direitos de todos os integrantes das Conclui-se, pois, que a mens legis objetivou atribuir à contribuição
O ministro Dias Toffoli, por sua vez, deu o terceiro voto expressa autorização dos integrantes da categoria profissional ou
convenceram os votos dos ministros Edson Fachin e o veemente Da análise dos autos, verifica-se que o sindicato autor pretendeu
voto da ministra Rosa Weber." Toffoli disse concordar com impor a toda a categoria, ou seja, a empregados sindicalizados ou
afirmação feita pelo ministro Barroso no sentido de que o país não (conforme editais constantes IDs. 3487544, 753a3ba,
precisa de mais sociedade, argumentando que, "no Brasil, o Estado 4ed3e69), a realização de desconto de contribuição sindical
Mas ponderou que seria necessário que o Congresso fizesse uma assembleia geral extraordinária da categoria.
reforma gradativa na área, e não, "da noite para o dia", subverter Ora, admitir que o desconto de contribuição sindical, ainda que
todo o sistema sem ter uma regra de transição, sem ter uma aprovado em assembleia da categoria convocada para tal fim, se
preparação para a substituição desse financiamento. "Penso que aí estenda indiscriminadamente a todos os integrantes da categoria,
está a grande fragilidade do ponto específico que estamos a filiados ou não, fere de morte o princípio da liberdade sindical
discutir. Não é possível essa subtração que houve da contribuição contemplado pela Carta Magna de 1988.
sindical sem ter preparado essa transição, sem ter preparado a Logo, o desconto autorizado em assembleia da categoria só poderá
assunção de mais sociedade civil com menos Estado", finalizou. ser imposto aos membros filiados, ou seja, àqueles que
Os ministros Ricardo Lewandowski e Celso de Mello não voluntariamente se associaram ao ente sindical.
justificadamente. O ministro Luiz Fux será o redator do acórdão. Cediço que a pessoa jurídica, in casu, o sindicato autor, para fazer
Feitas as considerações supra, passa-se à análise do caso sub jus ao benefício da gratuidade, não basta a afirmação pura e
oculis. simples de sua dificuldade financeira, mas sim a prova cabal da sua
Assim dispõem as novas redações dos arts. 545, 578, 579 e 582 do hipossuficiência, o que não se verificou no caso em apreço.
Art. 545.Os empregadores ficam obrigados a descontar da folha de "Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou
pagamento dos seus empregados, desde que por eles devidamente sem fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar
RECURSOS. 1. O art. 514, alínea b, da CLT atribui ao sindicato o existência de divergência jurisprudencial apta a ensejar o
dever de - manter serviços de assistência judiciária para os seguimento do recurso com os arestos colacionados dos autos (ID.
associados-, encargo reafirmado pelo art. 14 da Lei nº 5.584/70 e 42a9738 - Pág. 27/28), provenientes do TRT-4ª e TRT-22ª Região.
referendado pela Constituição Federal, quando diz caber-lhe -a Dá-se seguimento ao recurso.
defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Partes e
categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas- (art. Procuradores / Assistência Judiciária Gratuita.
8º, III). Para fazer face a tais despesas, os sindicatos contam com a Alegação(ões):
contribuição sindical obrigatória (CF, art. 8º, IV; CLT, arts. 578 a - violação do(s) inciso III do artigo 8º da Constituição Federal.
670), com as mensalidades de seus associados e, eventualmente, - violação da (o) inciso II do parágrafo único do artigo 81 do Código
com contribuições assistenciais. 2. A mesma CLT, no art. 790, § 1º, de Defesa do Consumidor; caput do artigo 87 do Código de Defesa
que não tenha obtido isenção. 3. Os arts. 790, § 3º, da CLT e 14 da Afirma que "O Sindicato é uma modalidade de associação de
Lei nº 5.584/70 direcionam a gratuidade de justiça às pessoas pessoas, nos termos do art. 53, caput, do Código Civil, apesar das
físicas. Não há dúvidas, no entanto, de que a jurisprudência, em prerrogativas peculiares que o distingue das demais associações.
casos especiais e desde que efetivamente demonstrada a Neste contexto, observando-se o disposto no caput do art. 53 do
fragilidade de suas finanças, tem-na estendido às pessoas jurídicas. CC/02, verifica-se que os sindicatos (como todas as demais
4. O ordenamento jurídico, ao tempo em que define as atribuições associações) não possuem fins econômicos, ou seja, não objetivam
sindicais, oferece receitas para que tais entidades as atendam. 5. A lucro a partir das atividades por eles realizadas".
concessão de assistência judiciária a sindicato encontra óbvias Sustenta que "Em razão do interesse coletivo da categoria
restrições no ordenamento jurídico: dependeria, na melhor das defendido na presente lide, o sindicato ora recorrente ingressou
hipóteses, de demonstração de franca impossibilidade de arcar com com a presente AÇÃO COLETIVA a partir da legitimação
a responsabilidade legal. Agravo de instrumento conhecido e extraordinária (substituição processual) autorizada expressamente
desprovido." (TST - AIRR - 1768/2005-007-17-40.0, Relator pela Constituição Federal de 1988, especificamente em seu art. 8º,
Julgamento: 18/03/2009, 3ª Turma, Data de Publicação: 17.04.09) Alega que "Ao concluir de forma contrária, o acórdão recorrido
"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA - divergiu especificamente do entendimento do TRT da 22ª Região
prevista na Lei nº 1.060/50 configura benefício concedido às partes O cabimento do recurso de revista interposto contra decisão
hipossuficientes, desde que comprovem sua miserabilidade. Apenas proferida em causa sujeita ao rito sumaríssimo está restrito às
em situações excepcionalíssimas, esta Corte tem concedido o hipóteses de contrariedade à súmula de jurisprudência do Tribunal
benefício da justiça gratuita, relativo à isenção das custas Superior do Trabalho ou a súmula vinculante do Supremo Tribunal
processuais, sendo a parte pessoa jurídica. Ainda assim, a Federal, ou ainda por violação direta da Constituição Federal, nos
concessão depende de demonstração inequívoca de que o termos do art. 896, §9º, da CLT, in verbis:
exigindo-se cabal demonstração da dificuldade financeira, o que § 9º Nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, somente
não ocorreu no presente caso. Agravo de instrumento não provido" ser admitido recurso de revista por contrariedade a súmula de
(TST - AIRR 469/2006-031-24-00.0 - 1ª T. - Relª Min. Dora Maria da jurisprudência uniforme do Tribunal Superior do Trabalho ou a
Costa - DJU 09.11.2007)'. súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal e por violação
Ademais, de se frisar que inexiste na petição inicial qualquer pedido direta da Constituição Federal.
infraconstitucional (Consolidação das Leis Trabalhistas), bem como FORTALEZA/CE, 03 de março de 2020.
divergência jurisprudencial.
Além de que, cumpre esclarecer que afronta a dispositivo da MARCOS VENICIUS SARAIVA MARTINS
n. 420/2014.
Lei 13.015/2014
/gmba
Lei 13.467/2017
LTDA e outro(s)
FORTALEZA, 10 de Fevereiro de 2020.
Advogado(a)(s): 1. PEDRO JOÃO CARVALHO PEREIRA FILHO
(CE - 22155)
- 4608)
Intimado(s)/Citado(s):
Tempestivo o recurso (decisão publicada em 27/11/2019 - aba
- MMRH SERVICOS LTDA EIRELI - ME
expedientes e recurso apresentado em 09/12/2019 - ID. 0f0b6d7).
À Divisão de Acórdãos e Recursos Processuais. Fica a parte indicado no campo "DESTINATÁRIO", a qual se
Fortaleza, 12 de fevereiro de 2020. encontra em lugar incerto e não sabido, notificada para tomar
Lei 13.467/2017
SERVICOS LTDA
REGINA GLAUCIA CAVALCANTE NEPOMUCENO Advogado(a)(s): 1. RAYANNE DAIARA HOLANDA COSTA (CE -
Vistos.
MARCOS VENICIUS SARAIVA MARTINS Mantenho a decisão agravada por seus próprios fundamentos.
Presidência
PODER JUDICIÁRIO
/fdbs
JUSTIÇA DO TRABALHO
REGINA GLAUCIA CAVALCANTE NEPOMUCENO 2. DANIEL FELINTO DOS SANTOS NETO (CE - 24823)
MARCOS VENICIUS SARAIVA MARTINS também deverão as partes, querendo, manifestar interesse na
- ARTEZANALLE INDUSTRIA DE CONFECCOES LTDA - ME recorrente é isenta do depósito recursal (art. 899, §10, da CLT).
/csac
EDITAL PJE
/fpp
PODER JUDICIÁRIO
EDITAL PJE
REGINA GLAUCIA CAVALCANTE NEPOMUCENO
DESTINATÁRIO: SHIRLEY S. SILVEIRA EIRELI
Desembargador(a) do Trabalho
Fica a parte indicado no campo "DESTINATÁRIO", a qual se
FORTALEZA/CE, 04 de março de 2020.
encontra em lugar incerto e não sabido, notificada para tomar
Havendo anseio comum entre ao menos uma parte autora e uma EDITAL PJE
parte demandada, deverá ser o feito encaminhado ao Juízo DESTINATÁRIO: TC TELECOMUNICACOES LTDA - ME
Conciliador dos Feitos em Segundo Grau, a fim de que se adotem Fica a parte indicado no campo "DESTINATÁRIO", a qual se
os procedimentos necessários para que se chegue a uma encontra em lugar incerto e não sabido, notificada para tomar
composição amigável, nos termos do Ato da Presidência do TRT da ciência da decisão id.e38c39f, abaixo transcrita:
7ª Região nº. 420/2014. AGRAVO DE INSTRUMENTO
Inviável a conciliação ou inexistindo interesse comum em conciliar, Lei 13.015/2014
uma vez decorrido o prazo legal, com ou sem a apresentação de Lei 13.467/2017
contraminuta/contrarrazões, deverão ser os autos remetidos ao Agravante(s): 1. JOSE NOGUEIRA DE SOUSA NETO
Colendo Tribunal Superior do Trabalho, independentemente de Advogado(a)(s): 1. YURI COSTA FREIRE (CE - 27524)
Vistos.
Intimado(s)/Citado(s):
Mantenho a decisão agravada por seus próprios fundamentos.
- FRANCISCA TERESINHA TOMAZ DE OLIVEIRA
Notifique-se a parte contrária, para, no prazo legal, oferecer
Havendo anseio comum entre ao menos uma parte autora e uma AGRAVO DE INSTRUMENTO
parte demandada, deverá ser o feito encaminhado ao Juízo Lei 13.015/2014
Conciliador dos Feitos em Segundo Grau, a fim de que se adotem Lei 13.467/2017
os procedimentos necessários para que se chegue a uma Agravante(s): FRANCISCA TERESINHA TOMAZ DE OLIVEIRA
composição amigável, nos termos do Ato da Presidência do TRT da Agravado(a)(s): BANCO BRADESCO S.A.
7ª Região nº. 420/2014. Advogado(a)(s): FRANCISCO SAMPAIO DE MENEZES JUNIOR
Inviável a conciliação ou inexistindo interesse comum em conciliar, (CE - 9075)
uma vez decorrido o prazo legal, com ou sem a apresentação de JOSÉ NEWTON CARVALHO DE BARROS (CE - 5632)
contraminuta/contrarrazões, deverão ser os autos remetidos ao Tempestivo o recurso (decisão publicada em 26/02/2018 - aba
Colendo Tribunal Superior do Trabalho, independentemente de expedientes e recurso apresentado em 08/03/2018 - ID. 8cc6139).
nova decisão/despacho. Regular a representação processual (ID. 3d3cc8c).
À Divisão de Acórdãos e Recursos Processuais. Recurso interposto pela parte reclamante, beneficiária da justiça
Fortaleza, 21 de fevereiro de 2020. gratuita.
REGINA GLAUCIA CAVALCANTE NEPOMUCENO Mantenho a decisão agravada por seus próprios fundamentos.
DESEMBARGADOR(A) VICE-PRESIDENTE, no exercício da Recebo o agravo.
Presidência Notifique-se a parte contrária, para, no prazo legal, oferecer
Assessor
PODER JUDICIÁRIO
CORREGEDORIA
JUSTIÇA DO TRABALHO
Notificação
Processo Nº PP-0080073-41.2020.5.07.0000
Fica a recorrente L&S SOLUCOES EM SERVICOS DE LIMPEZA
Relator EMMANUEL TEOFILO FURTADO
REQUERENTE MARIA CICERA NOE OLIVEIRA LTDA notificada para tomar ciência da Decisão Id:338d722, que
ERIVANDA ADVOGADO(OAB: 13636/CE) indeferiu o pedido de gratuidade da justiça, assinando-lhe prazo de
CAVALCANTE MENDES
DE VASCONCELOS 05 (cinco) dias para realização do recolhimento e respectiva
REQUERIDO LAGOA LAZER HOTEL LTDA
comprovação do preparo recursal nos presentes autos, sob pena de
JUSTIÇA DO TRABALHO
Processo Nº ROT-0001397-64.2017.5.07.0039
Relator CLAUDIO SOARES PIRES
RECORRENTE CSP - COMPANHIA SIDERURGICA
DO PECEM
INTIMAÇÃO
DANIEL CIDRAO ADVOGADO(OAB: 19976/CE)
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID e663652 FROTA
AMANDA ARRAES DE ADVOGADO(OAB: 32111/CE)
proferido nos autos. ALENCAR ARARIPE
NUNES
Para visualizar o referido documento acesse o site
PEDRO JOÃO ADVOGADO(OAB: 22155/CE)
https://pje.trt7.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/list CARVALHO PEREIRA
FILHO
View.seam com a chave de acesso MANUEL LUIS DA ADVOGADO(OAB: 7479/CE)
ROCHA NETO
20030212014596800000006961465
RECORRIDO JANAINA FERREIRA DE SOUSA
EMMANUEL TEOFILO FURTADO MARCOS ANTONIO ADVOGADO(OAB: 20417-A/CE)
INACIO DA SILVA
Magistrado
BERVELLY OLIVEIRA E ADVOGADO(OAB: 32291/CE)
NOBREGA
Processo Nº RORSum-0000846-64.2018.5.07.0002
Relator CLAUDIO SOARES PIRES
RECORRENTE CONSELHO REG DE CORRETORES PODER JUDICIÁRIO
DE IMOVEIS - 15ª REGIAO - CRECI-
CE JUSTIÇA DO TRABALHO
FRANCISCO ADVOGADO(OAB: 8137/CE)
ALEXANDRE ARAUJO
GOMES
Fica V.Sª. notificado(a), através de seu patrono, para no prazo de
RECORRENTE L&S SOLUCOES EM SERVICOS DE
LIMPEZA LTDA 05(cinco) dias, apresentar manifestação acerca dos Embargos de
SIDERÚRGICA DO PECÉM.
JUSTIÇA DO TRABALHO
JOAO BATISTA LOPES DE SOUZA
Assessor
Fica V.Sª. notificado(a), através de seu patrono, para no prazo de
Processo Nº ROT-0001142-17.2017.5.07.0004 05(cinco) dias, apresentar manifestação acerca dos Embargos de
Relator CLAUDIO SOARES PIRES
Declaração (Id. 9eb0955), interpostos por OK
RECORRENTE MARIA EDNI MAGALHAES ALMEIDA
SILAS OLIVEIRA ADVOGADO(OAB: 25763/CE) EMPREENDIMENTOS CONSTRUÇÕES E SERVIÇOS LTDA.
CAVALCANTE
FORTALEZA/CE, 27 de fevereiro de 2020.
FRANCISCO SALAS ADVOGADO(OAB: 16226/CE)
MELO MACEDO
CAVALCANTE
RECORRIDO BANCO DO BRASIL SA JOAO BATISTA LOPES DE SOUZA
ANTONIO DE PADUA ADVOGADO(OAB: 4445/PI) Assessor
DE SOUSA RAMOS
JUNIOR
RAFAEL LIMA DE ADVOGADO(OAB: 592-B/SE) Processo Nº ROT-0000076-62.2018.5.07.0005
ANDRADE Relator CLAUDIO SOARES PIRES
ANDRESSA LICAR ADVOGADO(OAB: 9459/MA) RECORRENTE FRANCISCO JOSE SIQUEIRA
FERNANDES FREIRE
TERCEIRO CHRISTIAN EMMANUEL DANTAS TATIANE VASQUES ADVOGADO(OAB: 30785/CE)
INTERESSADO ROQUE MONTEIRO
NADIA SA LOPES ADVOGADO(OAB: 18304/CE)
Intimado(s)/Citado(s): CLAUDIA MARIA ADVOGADO(OAB: 32377/CE)
- MARIA EDNI MAGALHAES ALMEIDA DIOGENES VASQUES
RECORRIDO COMPANHIA CEARENSE DE
TRANSPORTES METROPOLITANOS
MANUEL LUIS DA ADVOGADO(OAB: 7479/CE)
ROCHA NETO
PODER JUDICIÁRIO PEDRO JOÃO ADVOGADO(OAB: 22155/CE)
CARVALHO PEREIRA
JUSTIÇA DO TRABALHO FILHO
AMANDA ARRAES DE ADVOGADO(OAB: 32111/CE)
ALENCAR ARARIPE
NUNES
Fica V.Sª. notificado(a), através de seu patrono, para no prazo de
Intimado(s)/Citado(s):
05(cinco) dias, apresentar manifestação acerca dos Embargos de
- FRANCISCO JOSE SIQUEIRA FREIRE
Declaração (Id. 878dc0a), interpostos por BANCO DO BRASIL S.A
Assessor
Intimado(s)/Citado(s):
- CONDOMINIO DO EDIFICIO CARIRI SHOPPING CENTER
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
PODER JUDICIÁRIO
Fica V.Sª. notificado(a), através de seu patrono, para no prazo de
JUSTIÇA DO TRABALHO
05(cinco) dias, apresentar manifestação acerca dos Embargos de
ÓTICA LTDA - ME. Fica V.Sª. notificado(a), através de seu patrono, para no prazo de
FORTALEZA/CE, 27 de fevereiro de 2020. 05(cinco) dias, apresentar manifestação acerca dos Embargos de
Processo Nº RORSum-0001321-87.2019.5.07.0033
Relator CLAUDIO SOARES PIRES JOAO BATISTA LOPES DE SOUZA
RECORRENTE ANCORA DISTRIBUIDORA LTDA Assessor
DANIEL ARAGÃO ADVOGADO(OAB: 20005-A/CE)
ABREU
Processo Nº ROT-0001306-06.2018.5.07.0017
RECORRIDO FRANCISCO RIBEIRO DO Relator CLAUDIO SOARES PIRES
NASCIMENTO NETO
RECORRENTE JOAO FERNANDO SANTA CRUZ
THIAGO ADVOGADO(OAB: 27471/CE) MARQUES FILHO
ALBUQUERQUE
ARAUJO SOUZA PATRICIO WILIAM ADVOGADO(OAB: 7737/CE)
SANTOS ALMEIDA VIEIRA
Carlos Antonio Chagas ADVOGADO(OAB: 6560/CE)
Intimado(s)/Citado(s): Anatole Nogueira Sousa ADVOGADO(OAB: 22578/CE)
- ANCORA DISTRIBUIDORA LTDA ANA VIRGINIA PORTO ADVOGADO(OAB: 9708/CE)
DE FREITAS
JOAO VIANEY ADVOGADO(OAB: 15721/CE)
NOGUEIRA MARTINS
ROBERTA UCHOA DE ADVOGADO(OAB: 9349/CE)
SOUZA
PODER JUDICIÁRIO
RECORRIDO BANCO DO BRASIL SA
JUSTIÇA DO TRABALHO ANTONIO DE PADUA ADVOGADO(OAB: 4445/PI)
DE SOUSA RAMOS
JUNIOR
ANDRESSA LICAR ADVOGADO(OAB: 9459/MA)
Considerando o teor do Despacho ID.a14543b , fica V. Sª notificado FERNANDES
MARIO BARBOSA ADVOGADO(OAB: 25677/CE)
para, no prazo 05 (cinco) dias, para sanar o vício apontado,juntando MACIEL
cópia da GRU relativa às custas processuais.
Intimado(s)/Citado(s):
FORTALEZA/CE, 27 de fevereiro de 2020.
- JOAO FERNANDO SANTA CRUZ MARQUES FILHO
Assessor
PODER JUDICIÁRIO
Processo Nº RORSum-0000175-33.2018.5.07.0037 JUSTIÇA DO TRABALHO
Relator CLAUDIO SOARES PIRES
JOAO BATISTA LOPES DE SOUZA Fica V.Sª. notificado(a), através de seu patrono, para no prazo de
Processo Nº ROT-0001403-27.2018.5.07.0010
Relator CLAUDIO SOARES PIRES
Fica V.Sª. notificado(a), através de seu patrono, para no prazo de RECORRENTE JOSE AMARILDO RIBEIRO LIMA
05(cinco) dias, apresentar manifestação acerca dos Embargos de Carlos Antonio Chagas ADVOGADO(OAB: 6560/CE)
Anatole Nogueira Sousa ADVOGADO(OAB: 22578/CE)
Declaração (Ids. 98494a3 e Id.de244e3), interpostos por
PATRICIO WILIAM ADVOGADO(OAB: 7737/CE)
NARCÉLIO BEZERRA MESQUITA e MUNICÍPIO DE SOBRAL. ALMEIDA VIEIRA
JOAO VIANEY ADVOGADO(OAB: 15721/CE)
FORTALEZA/CE, 27 de fevereiro de 2020. NOGUEIRA MARTINS
ANA VIRGINIA PORTO ADVOGADO(OAB: 9708/CE)
DE FREITAS
JOAO BATISTA LOPES DE SOUZA ROBERTA UCHOA DE ADVOGADO(OAB: 9349/CE)
SOUZA
Assessor
RECORRIDO BANCO DO BRASIL SA
MARIO BARBOSA ADVOGADO(OAB: 25677/CE)
Processo Nº ROT-0000636-44.2018.5.07.0024 MACIEL
Relator CLAUDIO SOARES PIRES
ANDRESSA LICAR ADVOGADO(OAB: 9459/MA)
RECORRENTE NARCELIO BEZERRA MESQUITA FERNANDES
BRUNO RAFAEL ADVOGADO(OAB: 26189/CE) ANTONIO DE PADUA ADVOGADO(OAB: 4445/PI)
GOMES SILVA DE SOUSA RAMOS
ROBERTO REBOUCAS ADVOGADO(OAB: 34625/CE) JUNIOR
DE SOUSA
JOAO VIANEY ADVOGADO(OAB: 15721/CE) Intimado(s)/Citado(s):
NOGUEIRA MARTINS
- JOSE AMARILDO RIBEIRO LIMA
JOSELENA DOURADO ADVOGADO(OAB: 25786/CE)
ARAUJO
Fica V.Sª. notificado(a), através de seu patrono, para no prazo de Fica V.Sª. notificado(a), através de seu patrono, para no prazo de
05(cinco) dias, apresentar manifestação acerca dos Embargos de 05(cinco) dias, apresentar manifestação acerca dos Embargos de
Declaração (Id. aaae8b1), interpostos por BANCO DO BRASIL S.A. Declaração (Id. 490bd5b), interpostos por BAIÃO DE DOIS FILMES
Assessor
Processo Nº ROT-0000779-81.2018.5.07.0008
Relator CLAUDIO SOARES PIRES
Processo Nº ROT-0001403-27.2018.5.07.0010
RECORRENTE BAIÃO DE DOIS FILMES LTDA Relator CLAUDIO SOARES PIRES
CNPJ:09.473.743/0001-53
RECORRENTE JOSE AMARILDO RIBEIRO LIMA
OSVALDO DE SOUSA ADVOGADO(OAB: 5542/CE)
ARAÚJO FILHO Carlos Antonio Chagas ADVOGADO(OAB: 6560/CE)
RECORRENTE AFRO AUGUSTO SILVA SANTOS Anatole Nogueira Sousa ADVOGADO(OAB: 22578/CE)
STELIO BRAGA ADVOGADO(OAB: 20088/CE) PATRICIO WILIAM ADVOGADO(OAB: 7737/CE)
MAGALHAES ALMEIDA VIEIRA
RECORRENTE CIBELLE RAYANNE SANTOS JOAO VIANEY ADVOGADO(OAB: 15721/CE)
FRAZAO NOGUEIRA MARTINS
STELIO BRAGA ADVOGADO(OAB: 20088/CE) ANA VIRGINIA PORTO ADVOGADO(OAB: 9708/CE)
MAGALHAES DE FREITAS
RECORRENTE SOLANGE SILVA SANTOS ROBERTA UCHOA DE ADVOGADO(OAB: 9349/CE)
SOUZA
STELIO BRAGA ADVOGADO(OAB: 20088/CE)
MAGALHAES RECORRIDO BANCO DO BRASIL SA
RECORRENTE IZABELLY ADNA SILVA SANTOS MARIO BARBOSA ADVOGADO(OAB: 25677/CE)
MACIEL
STELIO BRAGA ADVOGADO(OAB: 20088/CE)
MAGALHAES ANDRESSA LICAR ADVOGADO(OAB: 9459/MA)
FERNANDES
RECORRENTE AGOSTINHO NASCIMENTO DOS
SANTOS ANTONIO DE PADUA ADVOGADO(OAB: 4445/PI)
DE SOUSA RAMOS
STELIO BRAGA ADVOGADO(OAB: 20088/CE) JUNIOR
MAGALHAES
RECORRIDO AGOSTINHO NASCIMENTO DOS
SANTOS Intimado(s)/Citado(s):
STELIO BRAGA ADVOGADO(OAB: 20088/CE) - BANCO DO BRASIL SA
MAGALHAES
RECORRIDO CIBELLE RAYANNE SANTOS
FRAZAO
STELIO BRAGA ADVOGADO(OAB: 20088/CE)
MAGALHAES
PODER JUDICIÁRIO
RECORRIDO BAIÃO DE DOIS FILMES LTDA
CNPJ:09.473.743/0001-53 JUSTIÇA DO TRABALHO
OSVALDO DE SOUSA ADVOGADO(OAB: 5542/CE)
ARAÚJO FILHO
RECORRIDO IZABELLY ADNA SILVA SANTOS
STELIO BRAGA ADVOGADO(OAB: 20088/CE) Fica V.Sª. notificado(a), através de seu patrono, para no prazo de
MAGALHAES
05(cinco) dias, apresentar manifestação acerca dos Embargos de
RECORRIDO AFRO AUGUSTO SILVA SANTOS
STELIO BRAGA ADVOGADO(OAB: 20088/CE) Declaração (Id. 5b75422), interpostos por JOSÉ AMARILDO
MAGALHAES
RIBEIRO LIMA.
RECORRIDO SOLANGE SILVA SANTOS
STELIO BRAGA ADVOGADO(OAB: 20088/CE) FORTALEZA/CE, 27 de fevereiro de 2020.
MAGALHAES
Processo Nº ROT-0000779-81.2018.5.07.0008
Relator CLAUDIO SOARES PIRES
RECORRENTE BAIÃO DE DOIS FILMES LTDA
CNPJ:09.473.743/0001-53
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
Assessor
JOAO BATISTA LOPES DE SOUZA
Assessor
Processo Nº ROT-0000779-81.2018.5.07.0008
Relator CLAUDIO SOARES PIRES
Processo Nº ROT-0000779-81.2018.5.07.0008 RECORRENTE BAIÃO DE DOIS FILMES LTDA
Relator CLAUDIO SOARES PIRES CNPJ:09.473.743/0001-53
RECORRENTE BAIÃO DE DOIS FILMES LTDA OSVALDO DE SOUSA ADVOGADO(OAB: 5542/CE)
CNPJ:09.473.743/0001-53 ARAÚJO FILHO
OSVALDO DE SOUSA ADVOGADO(OAB: 5542/CE) RECORRENTE AFRO AUGUSTO SILVA SANTOS
ARAÚJO FILHO
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
Assessor
JOAO BATISTA LOPES DE SOUZA
Assessor
Processo Nº ROT-0000636-40.2019.5.07.0014
Relator CLAUDIO SOARES PIRES
Processo Nº ROT-0000779-81.2018.5.07.0008 RECORRENTE REGIA MARIA DE SOUSA ROCHA
Relator CLAUDIO SOARES PIRES GUSTAVO RIBEIRO DE ADVOGADO(OAB: 16375/CE)
RECORRENTE BAIÃO DE DOIS FILMES LTDA ARAUJO
CNPJ:09.473.743/0001-53 RECORRENTE TELEFONICA BRASIL S.A.
OSVALDO DE SOUSA ADVOGADO(OAB: 5542/CE) JOSE ALBERTO ADVOGADO(OAB: 513/DF)
ARAÚJO FILHO COUTO MACIEL
RECORRENTE AFRO AUGUSTO SILVA SANTOS RECORRIDO REGIA MARIA DE SOUSA ROCHA
STELIO BRAGA ADVOGADO(OAB: 20088/CE)
MAGALHAES
Processo Nº ROT-0001392-53.2018.5.07.0024
Relator CLAUDIO SOARES PIRES
RECORRENTE ROGELANE DA SILVA RODRIGUES
PODER JUDICIÁRIO ROBERTO REBOUCAS ADVOGADO(OAB: 34625/CE)
DE SOUSA
JUSTIÇA DO TRABALHO
JOSELENA DOURADO ADVOGADO(OAB: 25786/CE)
ARAUJO
JOAO VIANEY ADVOGADO(OAB: 15721/CE)
NOGUEIRA MARTINS
Fica V.Sª. notificado(a), através de seu patrono, para no prazo de
BRUNO RAFAEL ADVOGADO(OAB: 26189/CE)
05(cinco) dias, apresentar manifestação acerca dos Embargos de GOMES SILVA
RECORRIDO MUNICIPIO DE
Declaração (Id. be6a637), interpostos por Telefônica Brasil S.A. SOBRAL/PREFEITURA MUNICIPAL
FORTALEZA/CE, 27 de fevereiro de 2020. RAFAELY MARINA ADVOGADO(OAB: 25523/CE)
VASCONCELOS DE
AQUINO
FRANCISCO VINICIUS ADVOGADO(OAB: 28708/CE)
JOAO BATISTA LOPES DE SOUZA FERNANDES DE
SOUSA
Assessor
RECORRIDO INSTITUTO PARA
DESENVOLVIMENTO DE
TECNOLOGIAS EM SAUDE DA
Processo Nº ROT-0001392-53.2018.5.07.0024 FAMILIA - IDETSF
Relator CLAUDIO SOARES PIRES
JOSE INACIO ADVOGADO(OAB: 16526/CE)
RECORRENTE ROGELANE DA SILVA RODRIGUES LINHARES
ROBERTO REBOUCAS ADVOGADO(OAB: 34625/CE) CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
DE SOUSA TRABALHO
JOSELENA DOURADO ADVOGADO(OAB: 25786/CE) PERITO JOSE DA SILVA BACELAR JUNIOR
ARAUJO
JOAO VIANEY ADVOGADO(OAB: 15721/CE)
NOGUEIRA MARTINS Intimado(s)/Citado(s):
BRUNO RAFAEL ADVOGADO(OAB: 26189/CE) - MUNICIPIO DE SOBRAL/PREFEITURA MUNICIPAL
GOMES SILVA
RECORRIDO MUNICIPIO DE
SOBRAL/PREFEITURA MUNICIPAL
RAFAELY MARINA ADVOGADO(OAB: 25523/CE)
VASCONCELOS DE
AQUINO PODER JUDICIÁRIO
FRANCISCO VINICIUS ADVOGADO(OAB: 28708/CE) JUSTIÇA DO TRABALHO
FERNANDES DE
SOUSA
RECORRIDO INSTITUTO PARA
DESENVOLVIMENTO DE Fica V.Sª. notificado(a), através de seu patrono, para no prazo de
TECNOLOGIAS EM SAUDE DA
FAMILIA - IDETSF 05(cinco) dias, apresentar manifestação acerca dos Embargos de
JOSE INACIO ADVOGADO(OAB: 16526/CE)
LINHARES Declaração (Id. d51e37a), interpostos por ROGELANE DA SILVA
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO RODRIGUES.
TRABALHO
PERITO JOSE DA SILVA BACELAR JUNIOR FORTALEZA/CE, 27 de fevereiro de 2020.
Intimado(s)/Citado(s):
JOAO BATISTA LOPES DE SOUZA
- ROGELANE DA SILVA RODRIGUES
Assessor
Processo Nº ROT-0001392-53.2018.5.07.0024
Relator CLAUDIO SOARES PIRES
PODER JUDICIÁRIO
RECORRENTE ROGELANE DA SILVA RODRIGUES
JUSTIÇA DO TRABALHO ROBERTO REBOUCAS ADVOGADO(OAB: 34625/CE)
DE SOUSA
JOSELENA DOURADO ADVOGADO(OAB: 25786/CE)
ARAUJO
Fica V.Sª. notificado(a), através de seu patrono, para no prazo de JOAO VIANEY ADVOGADO(OAB: 15721/CE)
NOGUEIRA MARTINS
05(cinco) dias, apresentar manifestação acerca dos Embargos de
JUSTIÇA DO TRABALHO
Intimado(s)/Citado(s):
- AZUL LINHAS AEREAS BRASILEIRAS S.A.
Fica V.Sª. notificado(a), através de seu patrono, para no prazo de Fica V.Sª. notificado(a), através de seu patrono, para no prazo de
05(cinco) dias, apresentar manifestação acerca dos Embargos de 05(cinco) dias, apresentar manifestação acerca dos Embargos de
Declaração (Id. 2960945), interpostos por M. DIAS BRANCO S/A Declaração (Id. 8db9342), interpostos por FUNDAÇÃO EDSON
Assessor Assessor
Intimado(s)/Citado(s):
- CICERO JOSE ALBUQUERQUE MIRANDA
Fica V.Sª. notificado(a), através de seu patrono, para no prazo de
JOAO BATISTA LOPES DE SOUZA Fica V.Sª. notificado(a), através de seu patrono, para no prazo de
Assessor 05(cinco) dias, apresentar manifestação acerca dos Embargos de
Assessor
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
Processo Nº ROT-0021500-49.2007.5.07.0005
Relator CLAUDIO SOARES PIRES
RECORRENTE RAYLANE ARAUJO MAIA
TARCIANO ADVOGADO(OAB: 11208/CE) Fica o recorrido (PERILO CESAR PIMENTEL JUNIOR)
CAPIBARIBE BARROS
Sergio Luis Tavares ADVOGADO(OAB: 14259-A/CE) notificado(a), através de seu patrono, para no prazo de 05(cinco)
Martins
dias, apresentar manifestação acerca dos Embargos de Declaração
RECORRENTE AREZZO INDUSTRIA E COMERCIO
S.A. (Id. 1dcc2d3), interpostos por EMPRESA BRASILEIRA DE
RENATA PEREIRA ADVOGADO(OAB: 33819/RS)
ZANARDI CORREIOS E TELÉGRAFOS.
TIZIANE MARIA ADVOGADO(OAB: 201311/SP) FORTALEZA/CE, 03 de março de 2020.
ONOFRE MACHADO
RECORRIDO AREZZO INDUSTRIA E COMERCIO
S.A.
JOAO BATISTA LOPES DE SOUZA
TIZIANE MARIA ADVOGADO(OAB: 201311/SP)
ONOFRE MACHADO Assessor
RENATA PEREIRA ADVOGADO(OAB: 33819/RS)
ZANARDI
Processo Nº ROT-0209400-81.2007.5.07.0004
RECORRIDO RAYLANE ARAUJO MAIA Relator CLAUDIO SOARES PIRES
TARCIANO ADVOGADO(OAB: 11208/CE) RECORRENTE FLAVIA CORDEIRO GADELHA
CAPIBARIBE BARROS
CARLOS HENRIQUE DA ADVOGADO(OAB: 5496/CE)
Sergio Luis Tavares ADVOGADO(OAB: 14259-A/CE) ROCHA CRUZ
Martins
ANA FLAVIA RABELO ADVOGADO(OAB: 26655-A/CE)
SILVA
Intimado(s)/Citado(s):
KALLINA GOMES FLOR ADVOGADO(OAB: 4085/RN)
- AREZZO INDUSTRIA E COMERCIO S.A. DOS SANTOS
FELIPE MELLO SILVA ADVOGADO(OAB: 24387/CE)
RECORRIDO CAIXA ECONOMICA FEDERAL
RECORRIDO FUNDACAO DOS ECONOMIARIOS
FEDERAIS FUNCEF
PODER JUDICIÁRIO WILSON SALES ADVOGADO(OAB: 17314/CE)
BELCHIOR
JUSTIÇA DO TRABALHO
FRANCISCO ADVOGADO(OAB: 16045/CE)
ALDAIRTON RIBEIRO
CARVALHO JUNIOR
JUSTIÇA DO TRABALHO
JOAO BATISTA LOPES DE SOUZA
Assessor
Assessor Intimado(s)/Citado(s):
- CLAUDIA DA SILVA CARVALHO
Processo Nº RORSum-0000967-52.2019.5.07.0004
Relator CLAUDIO SOARES PIRES
RECORRENTE LUCAS BRAGA LEITE
JOAO VIANEY ADVOGADO(OAB: 15721/CE)
NOGUEIRA MARTINS PODER JUDICIÁRIO
BRUNO RAFAEL ADVOGADO(OAB: 26189/CE)
GOMES SILVA JUSTIÇA DO TRABALHO
FRANCISCO SOUSA ADVOGADO(OAB: 24168/CE)
SANTOS
JOSELENA DOURADO ADVOGADO(OAB: 25786/CE)
ARAUJO Fica a parte recorrente (CLAUDIA DA SILVA CARVALHO)
RECORRIDO FRAPORT BRASIL S.A AEROPORTO notificados(a), através de seu patrono, para no prazo de 05(cinco)
DE FORTALEZA
HELÂNZIA DE ARAÚJO ADVOGADO(OAB: 14948/CE) dias, apresentar manifestação acerca dos Embargos de Declaração
XAVIER WICHMANN
(Id. 2578895), interpostos por MSC CRUISES S.A. E OUTROS.
JULIANA DE ABREU ADVOGADO(OAB: 13463/CE)
TEIXEIRA FORTALEZA/CE, 03 de março de 2020.
RECORRIDO IN-HAUS SERVICOS DE LOGISTICA
LTDA
MARIA CLARA FREITAS ADVOGADO(OAB: 22543/CE) JOAO BATISTA LOPES DE SOUZA
DE MENDONCA
CARLA ELISANGELA ADVOGADO(OAB: 18855/PE) Assessor
FERREIRA ALVES
TEIXEIRA
Processo Nº ROT-0000094-86.2019.5.07.0025
Relator CLAUDIO SOARES PIRES
Intimado(s)/Citado(s):
RECORRENTE REGINA ALIMENTOS S A
- FRAPORT BRASIL S.A AEROPORTO DE FORTALEZA
ROBERTO LINCOLN DE ADVOGADO(OAB: 329848/SP)
SOUSA GOMES
JUNIOR
Luisa de Marilac de ADVOGADO(OAB: 27173/CE)
Oliveira Barros
PODER JUDICIÁRIO RECORRENTE CEZAR CARLOS MESQUITA
ANA CRISTINA SALES ADVOGADO(OAB: 25235/CE)
JUSTIÇA DO TRABALHO CIRINO
RECORRIDO REGINA ALIMENTOS S A
ROBERTO LINCOLN DE ADVOGADO(OAB: 329848/SP)
SOUSA GOMES
Fica o recorrido (FRAPORT BRASIL S.A AEROPORTO DE JUNIOR
FORTALEZA ) notificados(a), através de seu patrono, para no prazo Luisa de Marilac de ADVOGADO(OAB: 27173/CE)
Oliveira Barros
de 05(cinco) dias, apresentar manifestação acerca dos Embargos RECORRIDO CEZAR CARLOS MESQUITA
de Declaração (Id. 2740206), interpostos por LUCAS BRAGA ANA CRISTINA SALES ADVOGADO(OAB: 25235/CE)
CIRINO
LEITE.
Assessor
PODER JUDICIÁRIO
Processo Nº ROT-0000131-74.2018.5.07.0017
Relator CLAUDIO SOARES PIRES JUSTIÇA DO TRABALHO
RECORRENTE CLAUDIA DA SILVA CARVALHO
JOSE HILTON SILVEIRA ADVOGADO(OAB: 8223/PB)
DE LUCENA
Fica a parte recorrente (CEZAR CARLOS MESQUITA) notificado(a),
RECORRIDO MSC MALTA SEAFARERS COMPANY
LIMITED através de seu patrono, para no prazo de 05(cinco) dias, apresentar
Processo Nº ROT-0001813-25.2017.5.07.0009
Relator CLAUDIO SOARES PIRES
RECORRENTE JOSE FERNANDES LEDO
FRANCISCO MAILSON ADVOGADO(OAB: 26527/CE) PODER JUDICIÁRIO
DE OLIVEIRA SILVA
SAMIA MARIA RIBEIRO ADVOGADO(OAB: 7585/CE) JUSTIÇA DO TRABALHO
LEITAO
RECORRENTE EMPRESA BRASILEIRA DE
CORREIOS E TELEGRAFOS
GEORGIA LIMA ADVOGADO(OAB: 17025/CE) Fica a recorrente (GAIA ENGENHARIA AMBIENTAL LTDA)
AZEVEDO E
NASCIMENTO notificado(a), através de seu patrono, para no prazo de 05(cinco)
RECORRIDO EMPRESA BRASILEIRA DE dias, apresentar manifestação acerca dos Embargos de Declaração
CORREIOS E TELEGRAFOS
GEORGIA LIMA ADVOGADO(OAB: 17025/CE) (Id. adc84d2), interpostos por MANUELA GOMES
AZEVEDO E
NASCIMENTO VASCONCELOS.
RECORRIDO JOSE FERNANDES LEDO FORTALEZA/CE, 03 de março de 2020.
FRANCISCO MAILSON ADVOGADO(OAB: 26527/CE)
DE OLIVEIRA SILVA
SAMIA MARIA RIBEIRO ADVOGADO(OAB: 7585/CE) JOAO BATISTA LOPES DE SOUZA
LEITAO
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO Assessor
TRABALHO
Processo Nº ROT-0209400-81.2007.5.07.0004
Intimado(s)/Citado(s): Relator CLAUDIO SOARES PIRES
- JOSE FERNANDES LEDO RECORRENTE FLAVIA CORDEIRO GADELHA
CARLOS HENRIQUE DA ADVOGADO(OAB: 5496/CE)
ROCHA CRUZ
ANA FLAVIA RABELO ADVOGADO(OAB: 26655-A/CE)
SILVA
PODER JUDICIÁRIO KALLINA GOMES FLOR ADVOGADO(OAB: 4085/RN)
DOS SANTOS
JUSTIÇA DO TRABALHO FELIPE MELLO SILVA ADVOGADO(OAB: 24387/CE)
RECORRIDO CAIXA ECONOMICA FEDERAL
RECORRIDO FUNDACAO DOS ECONOMIARIOS
FEDERAIS FUNCEF
Fica o recorrido (JOSÉ FERNANDES LEDO) notificado(a), através
WILSON SALES ADVOGADO(OAB: 17314/CE)
de seu patrono, para no prazo de 05(cinco) dias, apresentar BELCHIOR
FRANCISCO ADVOGADO(OAB: 16045/CE)
manifestação acerca dos Embargos de Declaração (Id. 010587f), ALDAIRTON RIBEIRO
CARVALHO JUNIOR
interpostos por EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E
TELÉGRAFOS. Intimado(s)/Citado(s):
FORTALEZA/CE, 03 de março de 2020. - FLAVIA CORDEIRO GADELHA
Assessor
PODER JUDICIÁRIO
Processo Nº ROT-0001556-09.2017.5.07.0006
Relator CLAUDIO SOARES PIRES
RECORRENTE JOAO ALMEIDA SOARES Fica a recorrente (MARIA HELENA DE ALMEIDA FERNANDES)
ANA VIRGINIA PORTO ADVOGADO(OAB: 9708/CE) notificado(a), através de seu patrono, para no prazo de 05(cinco)
DE FREITAS
Anatole Nogueira Sousa ADVOGADO(OAB: 22578/CE) dias, apresentar manifestação acerca dos Embargos de Declaração
Carlos Antonio Chagas ADVOGADO(OAB: 6560/CE) (Id. ec9a32f), interpostos por BANCO BRADESCO S.A.
JOAO VIANEY ADVOGADO(OAB: 15721/CE)
NOGUEIRA MARTINS FORTALEZA/CE, 03 de março de 2020.
PATRICIO WILIAM ADVOGADO(OAB: 7737/CE)
ALMEIDA VIEIRA
ROBERTA UCHOA DE ADVOGADO(OAB: 9349/CE) JOAO BATISTA LOPES DE SOUZA
SOUZA
Assessor
RECORRIDO BANCO DO BRASIL SA
MARIO BARBOSA ADVOGADO(OAB: 25677/CE)
MACIEL Processo Nº RORSum-0000967-52.2019.5.07.0004
ANTONIO DE PADUA ADVOGADO(OAB: 4445/PI) Relator CLAUDIO SOARES PIRES
DE SOUSA RAMOS RECORRENTE LUCAS BRAGA LEITE
JUNIOR
JOAO VIANEY ADVOGADO(OAB: 15721/CE)
NOGUEIRA MARTINS
Intimado(s)/Citado(s): BRUNO RAFAEL ADVOGADO(OAB: 26189/CE)
- JOAO ALMEIDA SOARES GOMES SILVA
FRANCISCO SOUSA ADVOGADO(OAB: 24168/CE)
SANTOS
JOSELENA DOURADO ADVOGADO(OAB: 25786/CE)
ARAUJO
RECORRIDO FRAPORT BRASIL S.A AEROPORTO
PODER JUDICIÁRIO DE FORTALEZA
JUSTIÇA DO TRABALHO HELÂNZIA DE ARAÚJO ADVOGADO(OAB: 14948/CE)
XAVIER WICHMANN
JULIANA DE ABREU ADVOGADO(OAB: 13463/CE)
TEIXEIRA
Fica o recorrente (JOÃO ALMEIDA SOARES) notificado(a), através RECORRIDO IN-HAUS SERVICOS DE LOGISTICA
LTDA
de seu patrono, para no prazo de 05(cinco) dias, apresentar MARIA CLARA FREITAS ADVOGADO(OAB: 22543/CE)
DE MENDONCA
manifestação acerca dos Embargos de Declaração (Id. 71bca3f),
CARLA ELISANGELA ADVOGADO(OAB: 18855/PE)
interpostos por BANCO DO BRASIL S.A. FERREIRA ALVES
TEIXEIRA
FORTALEZA/CE, 03 de março de 2020.
Intimado(s)/Citado(s):
Assessor
Processo Nº ROT-0000417-30.2019.5.07.0013
Relator CLAUDIO SOARES PIRES PODER JUDICIÁRIO
RECORRENTE MARIA HELENA DE ALMEIDA JUSTIÇA DO TRABALHO
FERNANDES
ADRIANA EMANUELLI ADVOGADO(OAB: 18902/BA)
DE OLIVEIRA MELO
CINTIA DE ALMEIDA ADVOGADO(OAB: 24026/CE) Fica o recorrido (IN-HAUS SERVIÇOS DE LOGÍSTICA LTDA)
PARENTE
EDUARDO MENELEU ADVOGADO(OAB: 23833-A/CE) notificado(a), através de seu patrono, para no prazo de 05(cinco)
GONCALVES MORENO
dias, apresentar manifestação acerca dos Embargos de Declaração
RECORRIDO BANCO BRADESCO S.A.
MOZART VICTOR ADVOGADO(OAB: 29340/DF) (Id. 2740206), interpostos por LUCAS BRAGA LEITE.
RUSSOMANO NETO
FORTALEZA/CE, 03 de março de 2020.
FRANCISCO SAMPAIO ADVOGADO(OAB: 9075/CE)
DE MENEZES JUNIOR
Assessor
Processo Nº ROT-0000764-78.2019.5.07.0008
Relator CLAUDIO SOARES PIRES
Processo Nº ROT-0000764-78.2019.5.07.0008
RECORRENTE TREZE DE MAIO COMERCIO DE Relator CLAUDIO SOARES PIRES
ALIMENTOS LTDA
RECORRENTE TREZE DE MAIO COMERCIO DE
PAULO MARIA ADVOGADO(OAB: 6989/CE) ALIMENTOS LTDA
TEIXEIRA LIMA
PAULO MARIA ADVOGADO(OAB: 6989/CE)
RECORRENTE BENFICA COMERCIO DE TEIXEIRA LIMA
ALIMENTOS S/A
RECORRENTE BENFICA COMERCIO DE
PAULO MARIA ADVOGADO(OAB: 6989/CE) ALIMENTOS S/A
TEIXEIRA LIMA
PAULO MARIA ADVOGADO(OAB: 6989/CE)
RECORRENTE JOAB ALVES DOS SANTOS TEIXEIRA LIMA
ADRIANA FRANCA DA ADVOGADO(OAB: 45454/PE) RECORRENTE JOAB ALVES DOS SANTOS
SILVA
ADRIANA FRANCA DA ADVOGADO(OAB: 45454/PE)
RECORRENTE SANTA MARIA COMERCIO DE SILVA
ALIMENTOS EIRELI
RECORRENTE SANTA MARIA COMERCIO DE
PAULO MARIA ADVOGADO(OAB: 6989/CE) ALIMENTOS EIRELI
TEIXEIRA LIMA
PAULO MARIA ADVOGADO(OAB: 6989/CE)
RECORRENTE SANTANA JUNIOR COMERCIO DE TEIXEIRA LIMA
ALIMENTOS S/A
RECORRENTE SANTANA JUNIOR COMERCIO DE
PAULO MARIA ADVOGADO(OAB: 6989/CE) ALIMENTOS S/A
TEIXEIRA LIMA
PAULO MARIA ADVOGADO(OAB: 6989/CE)
RECORRENTE AB COMERCIO DE ALIMENTOS S/A TEIXEIRA LIMA
PAULO MARIA ADVOGADO(OAB: 6989/CE) RECORRENTE AB COMERCIO DE ALIMENTOS S/A
TEIXEIRA LIMA
PAULO MARIA ADVOGADO(OAB: 6989/CE)
RECORRIDO JOAB ALVES DOS SANTOS TEIXEIRA LIMA
ADRIANA FRANCA DA ADVOGADO(OAB: 45454/PE) RECORRIDO JOAB ALVES DOS SANTOS
SILVA
ADRIANA FRANCA DA ADVOGADO(OAB: 45454/PE)
RECORRIDO SANTA MARIA COMERCIO DE SILVA
ALIMENTOS EIRELI
RECORRIDO SANTA MARIA COMERCIO DE
PAULO MARIA ADVOGADO(OAB: 6989/CE) ALIMENTOS EIRELI
TEIXEIRA LIMA
PAULO MARIA ADVOGADO(OAB: 6989/CE)
RECORRIDO AB COMERCIO DE ALIMENTOS S/A TEIXEIRA LIMA
PAULO MARIA ADVOGADO(OAB: 6989/CE) RECORRIDO AB COMERCIO DE ALIMENTOS S/A
TEIXEIRA LIMA
PAULO MARIA ADVOGADO(OAB: 6989/CE)
RECORRIDO BENFICA COMERCIO DE TEIXEIRA LIMA
ALIMENTOS S/A
RECORRIDO BENFICA COMERCIO DE
PAULO MARIA ADVOGADO(OAB: 6989/CE) ALIMENTOS S/A
TEIXEIRA LIMA
PAULO MARIA ADVOGADO(OAB: 6989/CE)
RECORRIDO SANTANA JUNIOR COMERCIO DE TEIXEIRA LIMA
ALIMENTOS S/A
RECORRIDO SANTANA JUNIOR COMERCIO DE
PAULO MARIA ADVOGADO(OAB: 6989/CE) ALIMENTOS S/A
TEIXEIRA LIMA
PAULO MARIA ADVOGADO(OAB: 6989/CE)
RECORRIDO TREZE DE MAIO COMERCIO DE TEIXEIRA LIMA
ALIMENTOS LTDA
RECORRIDO TREZE DE MAIO COMERCIO DE
PAULO MARIA ADVOGADO(OAB: 6989/CE) ALIMENTOS LTDA
TEIXEIRA LIMA
PAULO MARIA ADVOGADO(OAB: 6989/CE)
TEIXEIRA LIMA
Intimado(s)/Citado(s):
- SANTA MARIA COMERCIO DE ALIMENTOS EIRELI Intimado(s)/Citado(s):
- TREZE DE MAIO COMERCIO DE ALIMENTOS LTDA
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
ALIMENTOS EIRELI) notificado(a), através de seu patrono, para no Fica a parte recorrente (TREZE DE MAIO COMERCIO DE
prazo de 05(cinco) dias, apresentar manifestação acerca dos ALIMENTOS LTDA) notificado(a), através de seu patrono, para no
Embargos de Declaração (Id. 66c920b), interpostos por JOAB prazo de 05(cinco) dias, apresentar manifestação acerca dos
ALVES DOS SANTOS. Embargos de Declaração (Id. 66c920b), interpostos por JOAB
Intimado(s)/Citado(s):
- JOAB ALVES DOS SANTOS
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
PODER JUDICIÁRIO
Assessor
JOAO BATISTA LOPES DE SOUZA
Assessor
Processo Nº ROT-0000764-78.2019.5.07.0008
Relator CLAUDIO SOARES PIRES
RECORRENTE TREZE DE MAIO COMERCIO DE Processo Nº ROT-0000764-78.2019.5.07.0008
ALIMENTOS LTDA Relator CLAUDIO SOARES PIRES
PAULO MARIA ADVOGADO(OAB: 6989/CE) RECORRENTE TREZE DE MAIO COMERCIO DE
TEIXEIRA LIMA ALIMENTOS LTDA
RECORRENTE BENFICA COMERCIO DE PAULO MARIA ADVOGADO(OAB: 6989/CE)
ALIMENTOS S/A TEIXEIRA LIMA
PAULO MARIA ADVOGADO(OAB: 6989/CE) RECORRENTE BENFICA COMERCIO DE
TEIXEIRA LIMA ALIMENTOS S/A
RECORRENTE JOAB ALVES DOS SANTOS PAULO MARIA ADVOGADO(OAB: 6989/CE)
ADRIANA FRANCA DA ADVOGADO(OAB: 45454/PE) TEIXEIRA LIMA
SILVA RECORRENTE JOAB ALVES DOS SANTOS
RECORRENTE SANTA MARIA COMERCIO DE ADRIANA FRANCA DA ADVOGADO(OAB: 45454/PE)
ALIMENTOS EIRELI SILVA
PAULO MARIA ADVOGADO(OAB: 6989/CE) RECORRENTE SANTA MARIA COMERCIO DE
TEIXEIRA LIMA ALIMENTOS EIRELI
RECORRENTE SANTANA JUNIOR COMERCIO DE PAULO MARIA ADVOGADO(OAB: 6989/CE)
ALIMENTOS S/A TEIXEIRA LIMA
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
S/A) notificado(a), através de seu patrono, para no prazo de Fica a parte recorrente (AB COMERCIO DE ALIMENTOS S/A)
05(cinco) dias, apresentar manifestação acerca dos Embargos de notificado(a), através de seu patrono, para no prazo de 05(cinco)
Declaração (Id. 66c920b), interpostos por JOAB ALVES DOS dias, apresentar manifestação acerca dos Embargos de Declaração
SANTOS. (Id. 66c920b), interpostos por JOAB ALVES DOS SANTOS.
FORTALEZA/CE, 03 de março de 2020. FORTALEZA/CE, 03 de março de 2020.
Assessor
Intimado(s)/Citado(s):
- ANTONIO AIRTON SAMPAIO DE CASTRO
Processo Nº ROT-0000776-50.2018.5.07.0001
Relator CLAUDIO SOARES PIRES
RECORRENTE SADOC CAMBIO E TURISMO LTDA -
ME
RAIMUNDO FEITOSA ADVOGADO(OAB: 13398/CE)
CARVALHO GOMES PODER JUDICIÁRIO
RECORRENTE LUCIVANIA CAVALCANTE RIPARDO JUSTIÇA DO TRABALHO
CARLOS HENRIQUE DA ADVOGADO(OAB: 5496/CE)
ROCHA CRUZ
RECORRIDO SADOC CAMBIO E TURISMO LTDA -
ME Fica a parte recorrida (ANTONIO AIRTON SAMPAIO DE CASTRO)
RAIMUNDO FEITOSA ADVOGADO(OAB: 13398/CE)
CARVALHO GOMES notificado(a), através de seu patrono, para no prazo de 05(cinco)
Intimado(s)/Citado(s):
JOAO BATISTA LOPES DE SOUZA
- JOSE ALCIDES MESQUITA MARTINIANO
Assessor
Processo Nº ROT-0002009-68.2017.5.07.0017
Relator CLAUDIO SOARES PIRES
PODER JUDICIÁRIO RECORRENTE LUIZ CARLOS ANTUNES
NEPOMUCENO
JUSTIÇA DO TRABALHO
YURI COSTA FREIRE ADVOGADO(OAB: 27524/CE)
RECORRENTE ESTADO DO CEARA
RECORRENTE M. C. J . - MOVIMENTO
Fica a parte recorrida (JOSÉ ALCIDES MESQUITA MARTINIANO) CONSCIENCIA JOVEM
DANIELE BARBOSA DE ADVOGADO(OAB: 24401/CE)
notificado(a), através de seu patrono, para no prazo de 05(cinco) OLIVEIRA
dias, apresentar manifestação acerca dos Embargos de Declaração RAUL DE PONTES ADVOGADO(OAB: 21022/CE)
AGUIAR
(Id. 21fac3f), interpostos por BANCO DO BRASIL S.A . RENATA COLARES ADVOGADO(OAB: 27375/CE)
DOS SANTOS SOARES
FORTALEZA/CE, 03 de março de 2020.
RECORRIDO M. C. J . - MOVIMENTO
CONSCIENCIA JOVEM
Processo Nº RORSum-0001026-87.2017.5.07.0011
Relator MARIA ROSELI MENDES ALENCAR
RECORRENTE ANA RITA BATISTA GUSMAO
PODER JUDICIÁRIO
ODILO MAIA GONDIM ADVOGADO(OAB: 6375/CE)
JUSTIÇA DO TRABALHO NETO
Sandra Maria Leite ADVOGADO(OAB: 8055/CE)
Noleto
RECORRIDO WR ENGENHARIA LTDA
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência do Despacho ID. 4d5079a NELSON WILIANS ADVOGADO(OAB: 16599-A/CE)
FRATONI RODRIGUES
proferido nos autos.
RECORRIDO MONTE CASTELO
FORTALEZA/CE, 04 de março de 2020. EMPREENDIMENTO IMOBILIARIO
SPE LTDA
NELSON WILIANS ADVOGADO(OAB: 16599-A/CE)
FRATONI RODRIGUES
JOAO BATISTA LOPES DE SOUZA
RECORRIDO FABIO GERALDO PEREIRA
Assessor ANDRADE - ME
RAIMUNDO GERALDO ADVOGADO(OAB: 6544/PA)
MARAMALDO DE
Processo Nº RORSum-0000846-64.2018.5.07.0002 ANDRADE
Relator CLAUDIO SOARES PIRES
RECORRENTE CONSELHO REG DE CORRETORES Intimado(s)/Citado(s):
DE IMOVEIS - 15ª REGIAO - CRECI-
CE - ANA RITA BATISTA GUSMAO
FRANCISCO ADVOGADO(OAB: 8137/CE)
ALEXANDRE ARAUJO
GOMES
RECORRENTE L&S SOLUCOES EM SERVICOS DE
LIMPEZA LTDA
PODER JUDICIÁRIO
LUIZ AUGUSTO ADVOGADO(OAB: 24064-B/CE)
GUIMARAES JUSTIÇA DO TRABALHO
WLODARCZYK
RECORRIDO MAGNA BATISTA SILVA
LUZIRENE ADVOGADO(OAB: 7523/CE)
GONÇALVES DA SILVA INTIMAÇÃO
CHARDSON ADVOGADO(OAB: 20593/CE)
GONCALVES DA SILVA Fica V. Sa. intimado para tomar ciência do Despacho ID f44071f
20022013374136700000006937652
PODER JUDICIÁRIO
MARIA ROSELI MENDES ALENCAR
JUSTIÇA DO TRABALHO
Magistrado
Fica a recorrente L&S SOLUÇÕES EM SERVIÇOS DE LIMPEZA GABINETE DA DESEMBARGADORA MARIA JOSÉ
LTDA notificada para tomar ciência da Decisão Id:338d722, que GIRÃO
indeferiu o pedido de gratuidade da justiça, assinando-lhe prazo de Notificação
PODER JUDICIÁRIO
FORTALEZA/CE, 28 de fevereiro de 2020.
JUSTIÇA DO TRABALHO
§2º, da CLT).
recorrido.”
Fica(m) a(s) parte(s) embargada(s) notificada(s) para, no prazo de Desta feita, intime-se ao patrono recorrente para que, no prazo de
cinco dias úteis, querendo, manifestar(em)-se sobre os embargos 05 (cinco) dias, proceda à regularização de sua representação
de declaração veiculados pela(s) parte(s) adversa(s) (art. 897-A, processual, sob pena de não conhecimento do seu apelo.
§2º, da CLT). Publique-se.
FORTALEZA/CE, 21 de fevereiro de 2020. FORTALEZA/CE, 27 de fevereiro de 2020.
20022809435383500000006953793 INTIMAÇÃO
FRANCISCO TARCISIO GUEDES LIMA VERDE JUNIOR Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID df0ec3f
Magistrado proferido nos autos.
Intimado(s)/Citado(s):
INTIMAÇÃO
- IGREJA PRESBITERIANA NOVA JERUSALEM
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID df0ec3f
20022712180416000000006950926
20022114505129900000006944473 INTIMAÇÃO
FRANCISCO TARCISIO GUEDES LIMA VERDE JUNIOR Fica V. Sa. intimado para tomar ciência do Despacho ID de6dbf6
Intimado(s)/Citado(s):
PODER JUDICIÁRIO
- LUDIMILLA HOLANDA ANDRADE
JUSTIÇA DO TRABALHO
Intimado(s)/Citado(s):
INTIMAÇÃO - NORDEX LOGISTICA E TRANSPORTES LTDA
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 4303940
20030310584938900000006967437
20022513141773600000006947373
Processo Nº RORSum-0001480-27.2019.5.07.0034
Relator REGINA GLAUCIA CAVALCANTE REGINA GLAUCIA CAVALCANTE NEPOMUCENO
NEPOMUCENO
Magistrado
RECORRENTE KIOMA LOCACAO E SERVICOS
LTDA - EPP
ROBERTO HENRIQUE ADVOGADO(OAB: 27795/CE)
GIRAO GABINETE DO DESEMBARGADOR DURVAL
RECORRIDO ANTONIO MARCOS ARRUDA DOS CÉSAR DE VASCONCELOS MAIA
SANTOS
EDNAMAI RODRIGUES ADVOGADO(OAB: 27233/CE) Despacho
NOBREGA SEGUNDO
Processo Nº ROT-0001249-40.2017.5.07.0011
Intimado(s)/Citado(s): Relator DURVAL CESAR DE VASCONCELOS
MAIA
- KIOMA LOCACAO E SERVICOS LTDA - EPP
RECORRENTE JOSE UBIRAJARA ALVES MOREIRA
TATIANE VASQUES ADVOGADO(OAB: 30785/CE)
MONTEIRO
NADIA SA LOPES ADVOGADO(OAB: 18304/CE)
PODER JUDICIÁRIO CLAUDIA MARIA ADVOGADO(OAB: 32377/CE)
DIOGENES VASQUES
JUSTIÇA DO TRABALHO RECORRENTE COMPANHIA CEARENSE DE
TRANSPORTES METROPOLITANOS
MANUEL LUIS DA ADVOGADO(OAB: 7479/CE)
ROCHA NETO
INTIMAÇÃO PEDRO JOÃO ADVOGADO(OAB: 22155/CE)
CARVALHO PEREIRA
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência do Despacho ID 7fb1483 FILHO
proferido nos autos. AMANDA ARRAES DE ADVOGADO(OAB: 32111/CE)
ALENCAR ARARIPE
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RECORRIDO COMPANHIA CEARENSE DE
https://pje.trt7.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/list TRANSPORTES METROPOLITANOS
View.seam com a chave de acesso MANUEL LUIS DA ADVOGADO(OAB: 7479/CE)
ROCHA NETO
20022108125920800000006941594
Intimado(s)/Citado(s):
- JOSE UBIRAJARA ALVES MOREIRA ELIETE ANDRADE DE FREITAS
Assessor
Notificação
PODER JUDICIÁRIO
Processo Nº AIRO-0000135-66.2017.5.07.0011
JUSTIÇA DO TRABALHO Relator DURVAL CESAR DE VASCONCELOS
MAIA
AGRAVANTE COOTRAPS - COOPERATIVA DOS
TRANSPORTADORES AUTONOMOS
DE PASSAGEIROS DO ESTADO DO
Fica V. Sa. notificada do despacho de ID bd5067f. CEARA
FORTALEZA/CE, 03 de março de 2020. DAVID SOMBRA ADVOGADO(OAB: 16477/CE)
PEIXOTO
ADRIANO SILVA ADVOGADO(OAB: 17038-A/CE)
HULAND
ELIETE ANDRADE DE FREITAS
AGRAVANTE R K & S - SEGURANCA E
Assessor VIGILANCIA PRIVADA LTDA - ME
HUGO LEONARDO ADVOGADO(OAB: 19810/CE)
BEZERRA GONDIM
Processo Nº ROT-0001249-40.2017.5.07.0011
AGRAVADO ANTONIO JOSE MOTA DE PAULA
Relator DURVAL CESAR DE VASCONCELOS
MAIA CICERO COSTA LIMA ADVOGADO(OAB: 28319/CE)
RECORRENTE JOSE UBIRAJARA ALVES MOREIRA
TATIANE VASQUES ADVOGADO(OAB: 30785/CE) Intimado(s)/Citado(s):
MONTEIRO
- R K & S - SEGURANCA E VIGILANCIA PRIVADA LTDA - ME
NADIA SA LOPES ADVOGADO(OAB: 18304/CE)
CLAUDIA MARIA ADVOGADO(OAB: 32377/CE)
DIOGENES VASQUES
RECORRENTE COMPANHIA CEARENSE DE
TRANSPORTES METROPOLITANOS
PODER JUDICIÁRIO
MANUEL LUIS DA ADVOGADO(OAB: 7479/CE)
ROCHA NETO JUSTIÇA DO TRABALHO
PEDRO JOÃO ADVOGADO(OAB: 22155/CE)
CARVALHO PEREIRA
FILHO
AMANDA ARRAES DE ADVOGADO(OAB: 32111/CE) Fica V. Sa. notificada para tomar ciência do despacho de ID
ALENCAR ARARIPE
NUNES d06d39c.
RECORRIDO COMPANHIA CEARENSE DE
TRANSPORTES METROPOLITANOS FORTALEZA/CE, 21 de fevereiro de 2020.
MANUEL LUIS DA ADVOGADO(OAB: 7479/CE)
ROCHA NETO
PEDRO JOÃO ADVOGADO(OAB: 22155/CE) ELIETE ANDRADE DE FREITAS
CARVALHO PEREIRA
FILHO Assessor
AMANDA ARRAES DE ADVOGADO(OAB: 32111/CE)
ALENCAR ARARIPE Processo Nº RORSum-0000432-90.2019.5.07.0015
NUNES
Relator DURVAL CESAR DE VASCONCELOS
RECORRIDO JOSE UBIRAJARA ALVES MOREIRA MAIA
TATIANE VASQUES ADVOGADO(OAB: 30785/CE) RECORRENTE BRAVSEC - SERVICOS AUXILIARES
MONTEIRO DE TRANSPORTE AEREO EIRELI
NADIA SA LOPES ADVOGADO(OAB: 18304/CE) MARCELO DE ADVOGADO(OAB: 106067/RJ)
CLAUDIA MARIA ADVOGADO(OAB: 32377/CE) OLIVEIRA RODRIGUES
DIOGENES VASQUES MARCELO PEREIRA ADVOGADO(OAB: 213086/RJ)
PRIMO
Intimado(s)/Citado(s): RECORRIDO TATIANA DOS SANTOS COUTO
JOAO VIANEY ADVOGADO(OAB: 15721/CE)
- COMPANHIA CEARENSE DE TRANSPORTES NOGUEIRA MARTINS
METROPOLITANOS
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
d637b79.
Advogados da empresa BRAVSEC- SERVIÇOS AUXILIARES DE
FORTALEZA/CE, 28 de fevereiro de 2020.
TRANSPORTE AÉREO
PODER JUDICIÁRIO
Intimado(s)/Citado(s):
- SAMER ALBADIN FOOD JUSTIÇA DO TRABALHO
Processo Nº ROT-0000179-66.2019.5.07.0027
Relator DURVAL CESAR DE VASCONCELOS
ELIETE ANDRADE DE FREITAS MAIA
Assessor RECORRENTE MUNICIPIO DE MISSAO VELHA
ICARO DAVI TAVARES ADVOGADO(OAB: 27039/CE)
MONTEIRO
Processo Nº AR-0080392-48.2016.5.07.0000
THIAGO RODRIGUES ADVOGADO(OAB: 40412/BA)
Relator DURVAL CESAR DE VASCONCELOS BORGES
MAIA
RECORRIDO FRANCISCA MARTINS SILVA
AUTOR MUNICIPIO DE PORANGA
JOSE WILLIAN ADVOGADO(OAB: 38742/CE)
ANTONIO JOSAFA ADVOGADO(OAB: 19683/CE) PEREIRA DA SILVA
MARTINS MESQUITA
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
RÉU GONCALA DE SOUSA GOMES TRABALHO
ANTONIO PADUA DO ADVOGADO(OAB: 7820/CE)
NASCIMENTO
Intimado(s)/Citado(s):
Intimado(s)/Citado(s):
- COMPANHIA CEARENSE DE TRANSPORTES
METROPOLITANOS
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
PODER JUDICIÁRIO
Fica v. Sa. notificada para tomar ciência do despacho de ID JUSTIÇA DO TRABALHO
6ec7ce1.
Assessor
ELIETE ANDRADE DE FREITAS
Processo Nº AR-0080392-48.2016.5.07.0000 Assessor
Relator DURVAL CESAR DE VASCONCELOS
MAIA
AUTOR MUNICIPIO DE PORANGA Processo Nº ROT-0000299-18.2018.5.07.0004
Relator DURVAL CESAR DE VASCONCELOS
ANTONIO JOSAFA ADVOGADO(OAB: 19683/CE) MAIA
MARTINS MESQUITA
RECORRENTE COMPANHIA CEARENSE DE
RÉU GONCALA DE SOUSA GOMES TRANSPORTES METROPOLITANOS
ANTONIO PADUA DO ADVOGADO(OAB: 7820/CE) PEDRO JOÃO ADVOGADO(OAB: 22155/CE)
NASCIMENTO CARVALHO PEREIRA
FILHO
Intimado(s)/Citado(s): MANUEL LUIS DA ADVOGADO(OAB: 7479/CE)
ROCHA NETO
- GONCALA DE SOUSA GOMES
RECORRIDO AGLIBERTO PEDRO DE SOUSA
NADIA SA LOPES ADVOGADO(OAB: 18304/CE)
TATIANE VASQUES ADVOGADO(OAB: 30785/CE)
MONTEIRO
PODER JUDICIÁRIO CLAUDIA MARIA ADVOGADO(OAB: 32377/CE)
DIOGENES VASQUES
JUSTIÇA DO TRABALHO SANDRA MARIA GIRAO ADVOGADO(OAB: 39009/CE)
BRITO
MARIA VANIA DE ADVOGADO(OAB: 38357/CE)
FREITAS REBOUCAS
Fica V. Sa. notificada para tomar ciência do despacho de ID
Intimado(s)/Citado(s):
d637b79.
- AGLIBERTO PEDRO DE SOUSA
FORTALEZA/CE, 28 de fevereiro de 2020.
20030214293596300000006964175
PODER JUDICIÁRIO
FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA
JUSTIÇA DO TRABALHO
Magistrado
Processo Nº AP-0001188-90.2014.5.07.0010
Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA INTIMAÇÃO
SILVA
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 49bd349
AGRAVANTE RAMOS & SILVA SOLUCOES EM
FINANCAS E NEGOCIOS LTDA - ME proferido nos autos.
EMANUELLA CLARA ADVOGADO(OAB: 22476/CE)
GOMES DA SILVA Para visualizar o referido documento acesse o site
AGRAVANTE BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A. https://pje.trt7.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/list
WILLIANE GOMES ADVOGADO(OAB: 12538/CE)
PONTES IBIAPINA View.seam com a chave de acesso
PAULO AUGUSTO ADVOGADO(OAB: 119729/SP) 20030215250254500000006964556
GRECO
CRISTOVAO TAVARES ADVOGADO(OAB: 77988/RJ) FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA
MACEDO SOARES
GUIMARAES Magistrado
AGRAVADO JOCIANE DE QUEIROZ ANDRADE
MARCOS ANTONIO ADVOGADO(OAB: 31799/PE) Processo Nº RORSum-0000594-15.2019.5.07.0006
ABREU DE LIMA Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA
SILVA
Intimado(s)/Citado(s): RECORRENTE EMANUELLE FERNANDES BARROS
- ME
- JOCIANE DE QUEIROZ ANDRADE FRANCISCO ERIVELTO ADVOGADO(OAB: 23857/CE)
GONCALVES JUNIOR
FRANCISCO JOSE ADVOGADO(OAB: 28344/CE)
RAMOS DE LIMA
JUNIOR
Intimado(s)/Citado(s): Magistrado
20030215250254500000006964556 INTIMAÇÃO
FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 28e22a0
Magistrado proferido nos autos.
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
INTIMAÇÃO
https://pje.trt7.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/list
PODER JUDICIÁRIO
View.seam com a chave de acesso
JUSTIÇA DO TRABALHO
20030211073748000000006961053
Magistrado INTIMAÇÃO
20030208342569300000006959471
Processo Nº MSCiv-0080065-64.2020.5.07.0000
Relator EMMANUEL TEOFILO FURTADO INTIMAÇÃO
IMPETRANTE LEONARDO JORGE BESSA TAJRA
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 36037b5
Fernando Antonio ADVOGADO(OAB: 17842/CE)
Pinheiro Goiana Filho proferido nos autos.
IMPETRADO Juízo da 15ª Vara do Trabalho de
Fortaleza Para visualizar o referido documento acesse o site
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO https://pje.trt7.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/list
TRABALHO
TERCEIRO Medley Farmac?utica Ltda. View.seam com a chave de acesso
INTERESSADO
20030215485670100000006964580
DANIEL DOMINGUES ADVOGADO(OAB: 173117/SP)
CHIODE EMMANUEL TEOFILO FURTADO
Magistrado
Intimado(s)/Citado(s):
- Medley Farmac?utica Ltda.
Processo Nº AR-0080447-91.2019.5.07.0000
Relator EMMANUEL TEOFILO FURTADO
AUTOR INGRID MARIA PORTELA SOUSA
ROBERLEIDE GOES ADVOGADO(OAB: 22875/CE)
FELICIANO
INTIMAÇÃO
https://pje.trt7.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/list
https://pje.trt7.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/list
Processo Nº AR-0080058-72.2020.5.07.0000
Relator EMMANUEL TEOFILO FURTADO View.seam com a chave de acesso
AUTOR MUNICIPIO DE MUCAMBO 20030311462679700000006967628
CARLOS EDUARDO ADVOGADO(OAB: 11677/CE)
MACIEL PEREIRA EMMANUEL TEOFILO FURTADO
RÉU MARLENE RODRIGUES DE ARAUJO Magistrado
https://pje.trt7.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/list Intimado(s)/Citado(s):
View.seam com a chave de acesso - ANDREA FREITAS DE ARAUJO
20030310061255100000006966891
Magistrado
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
Processo Nº MSCiv-0080076-93.2020.5.07.0000
Relator EMMANUEL TEOFILO FURTADO
IMPETRANTE ANDREA FREITAS DE ARAUJO
INTIMAÇÃO
20030311462679700000006967628 INTIMAÇÃO
EMMANUEL TEOFILO FURTADO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 58e267f
Intimado(s)/Citado(s):
- ODILIA DE FATIMA DE OLIVEIRA CEDRO
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
PODER JUDICIÁRIO
Notifiquem-se as partes.
PODER JUDICIÁRIO
Assinatura
JUSTIÇA DO TRABALHO
FORTALEZA, 4 de Março de 2020.
Fundamentação
Desembargador(a) do Trabalho
cada um dos beneficiários, reclamante e o filho menor YURI - MSC CRUISES S.A.
- MSC CRUZEIROS DO BRASIL LTDA.
FLORÊNCIO DA SILVA, a título de indenização por danos morais,
- SEBASTIAO PINHEIRO DE LIMA
bem como, pelos danos materiais, com antecipação da tutela, de
Este Relator, através da Decisão de ID. 346f7bd, indeferiu a liminar DESPACHO PJe-JT
requestada, sob o fundamento de que ausente um dos requisitos
deverá remetê-los ao "Posto Avançado CLE - Secretaria - FRANCISCO JOSE RODRIGUES DA SILVA
eletrônico.
_____________________________
Assessor
Assinatura
FORTALEZA/CE, 02 de março de 2020.
FORTALEZA, 4 de Março de 2020.
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
INTIMAÇÃO
Intimado(s)/Citado(s):
- EMP DE ASSIST TEC E EXT RURAL DO EST DO CE
EMATERCE
_____________________________
Processo Nº RORSum-0000079-77.2019.5.07.0006
Relator PAULO REGIS MACHADO BOTELHO
RECORRENTE ISABEL VANAS FIRMINO ROCHA INTIMAÇÃO
ROBERTO BRUNO ADVOGADO(OAB: 23935/CE) Fica V. Sa. intimado para tomar ciência do Despacho ID 59ece44
DANTAS
VASCONCELOS proferido nos autos.
RECORRIDO SKYTECH TECNOLOGIA E
COMERCIO DE EQUIPAMENTOS Para visualizar o referido documento acesse o site
ELETRONICOS EIRELI - ME
https://pje.trt7.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/list
FELIPE BAYMA ADVOGADO(OAB: 23238/CE)
MARQUES View.seam com a chave de acesso
Intimado(s)/Citado(s): 20022009440871900000006933348
Magistrado
Processo Nº AP-0001546-65.2018.5.07.0026
PODER JUDICIÁRIO Relator PAULO REGIS MACHADO BOTELHO
AGRAVANTE MUNICIPIO DE ICO - PREFEITURA
JUSTIÇA DO TRABALHO MUNICIPAL
ANGELICA VIDAL ADVOGADO(OAB: 35412/CE)
LANDIM
FAGUNDES ADVOGADO(OAB: 32545/CE)
INTIMAÇÃO LOURENCO DE MELO
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 3b9e6e4 DANIEL DOS SANTOS ADVOGADO(OAB: 26360/CE)
LIMA
proferido nos autos. ROMULO MARTINS DE ADVOGADO(OAB: 25562/CE)
MEDEIROS
Para visualizar o referido documento acesse o site
JOSE FERREIRA DE ADVOGADO(OAB: 27080/CE)
https://pje.trt7.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/list ABREU NETO
ROBSON GOMES DOS ADVOGADO(OAB: 32721/CE)
View.seam com a chave de acesso SANTOS
20022016164876300000006939651 ANA ANGELICA DA ADVOGADO(OAB: 30982/CE)
SILVEIRA NOJOSA
PAULO REGIS MACHADO BOTELHO AGRAVADO CICERA ETELVINA DA SILVA
Magistrado ORLANDO SILVA DA ADVOGADO(OAB: 11920-B/CE)
SILVEIRA
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
Processo Nº AP-0001546-65.2018.5.07.0026 TRABALHO
Relator PAULO REGIS MACHADO BOTELHO
AGRAVANTE MUNICIPIO DE ICO - PREFEITURA Intimado(s)/Citado(s):
MUNICIPAL
- MUNICIPIO DE ICO - PREFEITURA MUNICIPAL
ANGELICA VIDAL ADVOGADO(OAB: 35412/CE)
LANDIM
FAGUNDES ADVOGADO(OAB: 32545/CE)
LOURENCO DE MELO
DANIEL DOS SANTOS ADVOGADO(OAB: 26360/CE)
LIMA PODER JUDICIÁRIO
ROMULO MARTINS DE ADVOGADO(OAB: 25562/CE)
MEDEIROS JUSTIÇA DO TRABALHO
JOSE FERREIRA DE ADVOGADO(OAB: 27080/CE)
ABREU NETO
ROBSON GOMES DOS ADVOGADO(OAB: 32721/CE) INTIMAÇÃO
SANTOS
ANA ANGELICA DA ADVOGADO(OAB: 30982/CE) Fica V. Sa. intimado para tomar ciência do Despacho ID 59ece44
SILVEIRA NOJOSA
proferido nos autos.
AGRAVADO CICERA ETELVINA DA SILVA
ORLANDO SILVA DA ADVOGADO(OAB: 11920-B/CE) Para visualizar o referido documento acesse o site
SILVEIRA
https://pje.trt7.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/list
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
TRABALHO View.seam com a chave de acesso
Intimado(s)/Citado(s): 20022009440871900000006933348
Magistrado
Processo Nº ROT-0000857-79.2018.5.07.0039
PODER JUDICIÁRIO Relator PAULO REGIS MACHADO BOTELHO
RECORRENTE RIP SERVICOS INDUSTRIAIS LTDA
JUSTIÇA DO TRABALHO
Intimado(s)/Citado(s):
INTIMAÇÃO - M DIAS BRANCO S.A. INDUSTRIA E COMERCIO DE
ALIMENTOS
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência do Despacho ID 66bdcab
20022714104485600000006951312
INTIMAÇÃO
Magistrado
Magistrado
Intimado(s)/Citado(s):
- ERNESTO GUIMARAES SABOYA DE ALBUQUERQUE
Processo Nº AP-0000507-75.2019.5.07.0033
Relator PAULO REGIS MACHADO BOTELHO
AGRAVANTE MH DISTRIBUIDORA DE ALIMENTOS
NATURAIS LTDA - ME
CAROLINE CRISTINA ADVOGADO(OAB: 232960/SP)
PODER JUDICIÁRIO CARREIRA MARCIANO
PINTO
JUSTIÇA DO TRABALHO
AGRAVANTE MEDIERVAS INDUSTRIA DE
PRODUTOS FARMACEUTICOS LTDA
- ME
CAROLINE CRISTINA ADVOGADO(OAB: 232960/SP)
INTIMAÇÃO CARREIRA MARCIANO
PINTO
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência do Despacho ID c625b1f
AGRAVADO CARLOS DHONATAN BATISTA DA
proferido nos autos. COSTA
VICTOR MACIEL BRITO ADVOGADO(OAB: 26153/CE)
Para visualizar o referido documento acesse o site AGUIAR DE ARRUDA
https://pje.trt7.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/list
Intimado(s)/Citado(s):
View.seam com a chave de acesso
- CARLOS DHONATAN BATISTA DA COSTA
20030315360108700000006969261
Magistrado
PODER JUDICIÁRIO
Processo Nº ROT-0001922-42.2017.5.07.0008 JUSTIÇA DO TRABALHO
Relator PAULO REGIS MACHADO BOTELHO
RECORRENTE CONSTRAM - CONSTRUCOES E
ALUGUEL DE MAQUINAS LTDA - ME
INTIMAÇÃO
Processo Nº AP-0000507-75.2019.5.07.0033
Relator PAULO REGIS MACHADO BOTELHO
AGRAVANTE MH DISTRIBUIDORA DE ALIMENTOS
NATURAIS LTDA - ME
PODER JUDICIÁRIO
CAROLINE CRISTINA ADVOGADO(OAB: 232960/SP)
CARREIRA MARCIANO JUSTIÇA DO TRABALHO
PINTO
AGRAVANTE MEDIERVAS INDUSTRIA DE
PRODUTOS FARMACEUTICOS LTDA
- ME
INTIMAÇÃO
CAROLINE CRISTINA ADVOGADO(OAB: 232960/SP)
CARREIRA MARCIANO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 853b2a6
PINTO
AGRAVADO CARLOS DHONATAN BATISTA DA proferido nos autos.
COSTA
Para visualizar o referido documento acesse o site
VICTOR MACIEL BRITO ADVOGADO(OAB: 26153/CE)
AGUIAR DE ARRUDA https://pje.trt7.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/list
Processo Nº AP-0001796-59.2017.5.07.0018
Relator ANTONIO TEOFILO FILHO
PODER JUDICIÁRIO AGRAVANTE FRANCISCO ANTONIO CESAR
JUSTIÇA DO TRABALHO JOSE AILSON REGO ADVOGADO(OAB: 6353/CE)
BALTAZAR
AGRAVADO BANCO BRADESCO S.A.
HENRIQUE BRUNO ADVOGADO(OAB: 31217/CE)
INTIMAÇÃO SOUZA DE ALMEIDA
FRANCISCO SAMPAIO ADVOGADO(OAB: 9075/CE)
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID d93941a DE MENEZES JUNIOR
proferido nos autos. PERITO CLAUDINE SALES BESSA AGUIAR
20030408551402500000006971607
20022814484945400000006956312 INTIMAÇÃO
ANTONIO TEOFILO FILHO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência do Despacho ID c5f544e
INTIMAÇÃO Intimado(s)/Citado(s):
- CLARO S.A.
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência do Despacho ID 2a826dc
INTIMAÇÃO
INTIMAÇÃO
Magistrado
em local incerto e não sabido, notificado(a) para tomar ciência do Fortaleza/CE, 28 de fevereiro de 2020.
Assessor Intimado(s)/Citado(s):
Notificação - GIULIA HELEN SILVA MOURA
Processo Nº ATOrd-0071300-05.2006.5.07.0030
RECLAMANTE FRANCISCO SILVANATO SILVA
alencarina maria pereira ADVOGADO(OAB: 4652/CE)
de alencar PODER JUDICIÁRIO
RECLAMADO M H E GURGEL DO AMARAL JUSTIÇA DO TRABALHO
BRAYNER
PODER JUDICIÁRIO
SERGIO ADRIANO BANHOS DE MENEZES JUSTIÇA DO TRABALHO
Assessor
Assessor
(Estagiária)
autos supra.
PODER JUDICIÁRIO
(Estagiária)
Fica o(a) EXEQUENTE, RECLAMANTE: FRANCISCO RICARDO SERGIO ADRIANO BANHOS DE MENEZES
Assessor
Processo Nº ATOrd-0001235-58.2015.5.07.0033
RECLAMANTE CARLOS EDUARDO RODRIGUES DE PODER JUDICIÁRIO
FREITAS
JUSTIÇA DO TRABALHO
Frederico Afrânio Cysne ADVOGADO(OAB: 21698/CE)
Santa Cruz Marques
RECLAMADO COMUNIDADE EVANGELICA
BATISTA KURIOS
Fica o(a) EXEQUENTE, RECLAMANTE: CARLOS EDUARDO
CARLOS GIOVANE ADVOGADO(OAB: 19437/CE)
BARBOSA REBOUCAS RODRIGUES DE FREITAS, notificado(a), por seu(s) advogado(s),
RECLAMADO FACULDADE KURIOS - FAK
acerca da realização de Leilão Público Unificado designado para o
CARLOS GIOVANE ADVOGADO(OAB: 19437/CE)
BARBOSA REBOUCAS dia 24/03/2020, às 09:00 horas. Leiloeiro(a) Oficial: GRAÇAS
TERCEIRO OCUPANTE DO IMÓVEL
INTERESSADO MEDEIROS. Local: AVENIDA DUQUE DE CAXIAS, 1150,
Processo Nº ATOrd-0001235-58.2015.5.07.0033
RECLAMANTE CARLOS EDUARDO RODRIGUES DE
FREITAS
Frederico Afrânio Cysne ADVOGADO(OAB: 21698/CE) PODER JUDICIÁRIO
Santa Cruz Marques
JUSTIÇA DO TRABALHO
RECLAMADO COMUNIDADE EVANGELICA
BATISTA KURIOS
CARLOS GIOVANE ADVOGADO(OAB: 19437/CE)
BARBOSA REBOUCAS
Pelo presente expediente, fica(m) a(s) parte(s),
RECLAMADO FACULDADE KURIOS - FAK
CARLOS GIOVANE ADVOGADO(OAB: 19437/CE) reclamada,VILLAROUCA CONSTRUTORA LTDA E OUTROS, por
BARBOSA REBOUCAS
meio de seu(sua)(s) advogado(a)(s), notificado(a)(s) para tomar(em)
TERCEIRO OCUPANTE DO IMÓVEL
INTERESSADO ciência do Ato do(a) Juiz(íza) abaixo transcrito, e, em sendo o caso,
Vistos etc.
Processo Nº ATSum-0000948-58.2010.5.07.0005
RECLAMANTE RODRIGO DOS SANTOS DE RAFAELA QUEIROZ DE SA E BENEVIDES
OLIVEIRA
Juiz do Trabalho Titular"
JOÃO BATISTA MELO ADVOGADO(OAB: 20763/CE)
LIMA OBSERVAÇÕES:
RECLAMADO VILLAROUCA CONSTRUTORA LTDA
1) No processo eletrônico, conforme Lei nº 11.419/2006, existindo
DANIEL RANGEL DE ADVOGADO(OAB: 12570/CE)
PAULA PESSOA advogado(a) habilitado(a) nos autos, os expedientes serão dirigidos
única e exclusivamente ao(s) causídico(s) da parte ou à Juiz(íza) abaixo transcrito, e, em sendo o caso, tomar(em) as
efeitos decorrentes de eventual ausência. Ante o teor da certidão supra, defiro a proposta oferecida por Ana
2) O deferimento para que intimações e publicações sejam Carine Pereira Falcão, conforme fl. retro apresentada pelo leiloeiro
realizadas com exclusividade só serão aceitos quando observados Willian Augusto. Assinalo o prazo de 05(cinco) dias para efetivação
o § 10 do Art. 5º da RESOLUÇÃO CSJT Nº185/2017 c/c o inciso I, e comprovação do depósito referente ao sinal/lanço, a contar da
§ 5º do Art. 9º da RESOLUÇÃO TRT Nº 188/2016. ciência deste despacho, a cargo do Sr. leiloeiro. Decorrido o prazo
Art. 5º § 10. O advogado que fizer o requerimento para que as sem a ocorrência do depósito, será considerada vencedora a
intimações sejam dirigidas a este ou à sociedade de advogados a segunda proposta mais vantajosa, caso tenha sido apresentada,
que estiver vinculado, deverá requerer a habilitação automática nos sem prejuízo das sanções impostas ao proponente remisso.
autos, peticionando com o respectivo certificado digital. Notifiquem-se os demais leiloeiros acerca do deferimento, para fins
Art. 9º § 5º I - A habilitação de advogado deve ser realizada pela deverá vir aos autos devidamente assinado por si e pelo adquirente
funcionalidade habilitação nos autos, mesmo que já exista e acompanhado do depósito judicial, para a formalização do ato,
advogado cadastrado para a parte e que a procuração já esteja nos conforme disposto no parágrafo 2º do art. 880 do novo CPC. Após,
autos. RESOLUÇÃO Nº 188/2016 do TRT da 7ª Região intime-se o executado para se manifestar no prazo legal. Decorrido
Fortaleza/CE, 03 de março de 2020. o prazo sem manifestação da parte interessada, expeça-se a Carta
Processo Nº ATSum-0000948-58.2010.5.07.0005
RECLAMANTE RODRIGO DOS SANTOS DE RAFAELA QUEIROZ DE SA E BENEVIDES
OLIVEIRA
Juiz do Trabalho Titular"
JOÃO BATISTA MELO ADVOGADO(OAB: 20763/CE)
LIMA OBSERVAÇÕES:
RECLAMADO VILLAROUCA CONSTRUTORA LTDA
1) No processo eletrônico, conforme Lei nº 11.419/2006, existindo
DANIEL RANGEL DE ADVOGADO(OAB: 12570/CE)
PAULA PESSOA advogado(a) habilitado(a) nos autos, os expedientes serão dirigidos
RECLAMADO FRANCISCO ANTONIO
ALBUQUERQUE DE LIMA única e exclusivamente ao(s) causídico(s) da parte ou à
LUCAS MOREIRA DOS ADVOGADO(OAB: 27273/CE) procuradoria competente, ficando o(s) patrono(s) com a
SANTOS
TERCEIRO CAIXA ECONOMICA FEDERAL incumbência de informar seu(s) respectivo(s) cliente(s) acerca
INTERESSADO
da data e do horário da audiência designada, alertando-o(s)
FLORIANO BENEVIDES ADVOGADO(OAB: 12602/CE)
DE MAGALHAES NETO sobre a necessidade de seu(s) comparecimento(s) e sobre os
Pelo presente expediente, fica(m) a(s) parte(s),reclamado, autos, peticionando com o respectivo certificado digital.
Francisco Antonio Albuquerque de Lima, por meio de seu(sua)(s) RESOLUÇÃO CSJT Nº 185, DE 24 DE MARÇO DE 2017.
Art. 9º § 5º I - A habilitação de advogado deve ser realizada pela deverá vir aos autos devidamente assinado por si e pelo adquirente
funcionalidade habilitação nos autos, mesmo que já exista e acompanhado do depósito judicial, para a formalização do ato,
advogado cadastrado para a parte e que a procuração já esteja nos conforme disposto no parágrafo 2º do art. 880 do novo CPC. Após,
autos. RESOLUÇÃO Nº 188/2016 do TRT da 7ª Região intime-se o executado para se manifestar no prazo legal. Decorrido
Fortaleza/CE, 03 de março de 2020. o prazo sem manifestação da parte interessada, expeça-se a Carta
Processo Nº ATSum-0000948-58.2010.5.07.0005
RECLAMANTE RODRIGO DOS SANTOS DE RAFAELA QUEIROZ DE SA E BENEVIDES
OLIVEIRA
Juiz do Trabalho Titular"
JOÃO BATISTA MELO ADVOGADO(OAB: 20763/CE)
LIMA OBSERVAÇÕES:
RECLAMADO VILLAROUCA CONSTRUTORA LTDA
1) No processo eletrônico, conforme Lei nº 11.419/2006, existindo
DANIEL RANGEL DE ADVOGADO(OAB: 12570/CE)
PAULA PESSOA advogado(a) habilitado(a) nos autos, os expedientes serão dirigidos
RECLAMADO FRANCISCO ANTONIO
ALBUQUERQUE DE LIMA única e exclusivamente ao(s) causídico(s) da parte ou à
LUCAS MOREIRA DOS ADVOGADO(OAB: 27273/CE) procuradoria competente, ficando o(s) patrono(s) com a
SANTOS
TERCEIRO CAIXA ECONOMICA FEDERAL incumbência de informar seu(s) respectivo(s) cliente(s) acerca
INTERESSADO
da data e do horário da audiência designada, alertando-o(s)
FLORIANO BENEVIDES ADVOGADO(OAB: 12602/CE)
DE MAGALHAES NETO sobre a necessidade de seu(s) comparecimento(s) e sobre os
Pelo presente expediente, fica(m) a(s) parte(s), RODRIGO DOS autos, peticionando com o respectivo certificado digital.
SANTOS DE OLIVEIRA, por meio de seu(sua)(s) advogado(a)(s), RESOLUÇÃO CSJT Nº 185, DE 24 DE MARÇO DE 2017.
transcrito, e, em sendo o caso, tomar(em) as providências cabíveis Art. 9º § 5º I - A habilitação de advogado deve ser realizada pela
Vistos etc.
Carine Pereira Falcão, conforme fl. retro apresentada pelo leiloeiro Fortaleza/CE, 03 de março de 2020.
JUSTIÇA DO TRABALHO
SERGIO ADRIANO BANHOS DE MENEZES
Assessor
Fica(m) a(s) parte(s), RECLAMADO: FEIJO & MACIEL INDUSTRIA
Processo Nº ATOrd-0000273-39.2018.5.07.0030
RECLAMANTE JOSE AIRTON MAGALHAES
SANTIAGO
EDAILSON ROBSON ADVOGADO(OAB: 25216/CE)
SILVEIRA GOMES PODER JUDICIÁRIO
RECLAMADO FEIJO & MACIEL INDUSTRIA JUSTIÇA DO TRABALHO
CERAMICA LTDA - ME
MARCUS VINICIUS ADVOGADO(OAB: 31419/CE)
TABOSA AMARAL
DANIEL CARLOS MARIZ ADVOGADO(OAB: 14623/CE) Fica(m) a(s) parte(s), RECLAMADO: POR DO SOL
SANTOS
RESTAURANTE DE COLETIVIDADE LTDA - ME,,reclamado(s) por
ARISA PAULA DA ADVOGADO(OAB: 25051/CE)
FONSECA REGIS seu(s) advogado(s), notificada(s) acerca da realização de Leilão
- JOSE AIRTON MAGALHAES SANTIAGO horas.Leiloeiro Oficial: Local: AVENIDA DUQUE DE CAXIAS,1150,
JUSTIÇA DO TRABALHO
Fortaleza/CE, 04 de março de 2020.
autos supra.
PODER JUDICIÁRIO
Assessor
Fica o(a) EXEQUENTE, RECLAMANTE: AURILENE DE SOUSA
Assessor Intimado(s)/Citado(s):
- PAOLA ANDRADE LIMA
Processo Nº ATSum-0002941-90.2012.5.07.0030
RECLAMANTE AURILENE DE SOUSA DOS ANJOS
VICTOR MACIEL BRITO ADVOGADO(OAB: 26153/CE)
AGUIAR DE ARRUDA
RECLAMADO POR DO SOL RESTAURANTE DE
COLETIVIDADE LTDA - ME PODER JUDICIÁRIO
Antonio Werner Feitosa ADVOGADO(OAB: 21574/CE) JUSTIÇA DO TRABALHO
BRUNO HENRIQUE DE ADVOGADO(OAB: 31262/CE)
LAVOR ARAUJO
RECLAMADO CICERO EDIVAN OLIVEIRA LIMA
PODER JUDICIÁRIO FEDERAL
RECLAMADO MARINGA INDUSTRIA E COMERCIO
DE AGUAS LTDA - ME JUSTIÇA DO TRABALHO
ANA MARIA FERREIRA ADVOGADO(OAB: 9015/CE)
SALES E SOUZA TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO 7ª REGIÃO
ETHEL ROSA SUDARIO ADVOGADO(OAB: 10570/CE) Gab. Des. Durval Cesar de Vasconcelos Maia
Intimado(s)/Citado(s):
- MARINGA INDUSTRIA E COMERCIO DE AGUAS LTDA - ME
PROCESSO: 0001232-95.2017.5.07.0013
DESTINATÁRIO: PAOLA ANDRADE LIMA (CPF:668.260.393-20) sobre as razões formadoras de seu entendimento, julgou
Fica a parte identificada no campo "DESTINATÁRIO", ora em local as seguintes parcelas: "aviso prévio de 30 dias (R$985,47); 06/12
incerto e não sabido, notificado(a) para tomar ciência do Acórdão a de férias proporcionais + 1/3 (R$656,97); 05/12 de 13º salário
seguir, cujo inteiro teor é o seguinte: proporcional de 2017 (R$410,61); FGTS do período contratual e
"PROCESSO nº 0001232-95.2017.5.07.0013 (ROT) sobre as verbas rescisórias (aviso prévio e 13º salário) (R$512,04);
RECORRENTE: VALMIR BATISTA DO NASCIMENTO FILHO multa de 40% sobre o FGTS (R$204,82); multa do art. 477 da CLT
RECORRIDO: PAOLA ANDRADE LIMA - ME, IMEDIATA (R$985,47); 13º salário de 2016 (01/12) (R$77,05); multa prevista
SERVICOS DE CONDOMINIO LTDA - ME, PL CONSTRUCOES no parágrafo primeiro da cláusula quarta das CCTs de 2016 e 2017,
INCORPORACOES E EMPREENDIMENTOS IMOBILIARIOS em relação ao atraso salarial dos seguintes meses: dez/2016 - 10
LTDA - EPP, PAOLA ANDRADE LIMA dias (R$160,27); fev/2017 - 2 dias (R$39,41); mar/2017 - 5 dias
RELATOR: DURVAL CESAR DE VASCONCELOS MAIA (R$98,54); abr/2017 - 8 dias (R$157,67); diferenças salariais de
RECURSO ORDINÁRIO. MULTA PELO ATRASO NO salários (R$15,66); férias + 1/3 (R$20,88); FGTS (R$14,40) + 40%
COLETIVA DE TRABALHO DA CATEGORIA OBREIRA. Uma vez Como se vê às fls. 213/215, os embargos de declaração
que, na petição inicial, há pedido expresso de condenação das rés apresentados pelo autor foram julgados improcedentes.
no pagamento de multa pelo atraso no pagamento do 13º salário Externando seu inconformismo, o reclamante interpôs o recurso
com base em cláusula convencional específica dispondo nesse ordinário às fls. 221/228, no qual aduz que merece reforma a
sentido, deve ser reformada a decisão, na qual se entendeu pela decisão resistida, vez que o julgador monocrático, considerando
inexistência de previsão convencional quanto à aplicação da multa inexistir previsão específica no parágrafo primeiro da cláusula
sob enfoque. Recurso provido, no aspecto. MULTA EM FACE quarta da Convenção Coletiva de Trabalho quanto à aplicação de
DO DESCUMPRIMENTO DE CLÁUSULAS CONVENCIONAIS. multa convencional em face do atraso no pagamento do 13º salário,
ADOÇÃO DO MAIOR PISO SALARIAL DA CATEGORIA. Se há indeferiu o pedido, todavia, conforme indicado na incoativa, a
previsão convencional estabelecendo que, no caso de pretensão encontra abrigo no parágrafo segundo da cláusula sexta
descumprimento de qualquer cláusula da CCT que não disponha da CCT, a qual não foi analisada na sentença.
especificamente acerca de sanção pecuniária, fica a parte infratora Expõe, outrossim, que o sentenciante a quo estipulou o pagamento
sujeita ao pagamento de multa equivalente ao prejuízo de multa pelo descumprimento da Convenção Coletiva de Trabalho,
proporcionado, que não poderá ser inferior, em qualquer hipótese, limitando-a ao montante condenatório, todavia, na cláusula
ao valor do maior piso salarial a ser pago em proveito da parte quinquagésima do instrumento coletivo, há disposição clara no
prejudicada, não há razão jurídica para que aludida multa seja sentido de que aludida multa não pode ser inferior ao valor do maior
particular. Apelo conhecido e provido. Regularmente notificadas por edital, as reclamadas não
Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho, -a ao valor da condenação, todavia, na mencionada cláusula, há
visto que não configuradas quaisquer das hipóteses previstas no disposição clara no sentido de que aludida multa não pode ser
art. 109, do Regimento Interno deste Regional. inferior ao maior piso salarial da categoria.
Considerando as informações constantes da certidão à fl. 230, multa equivalente ao prejuízo proporcionado, que não poderá ser
conheço do recurso, ratificando o despacho de admissibilidade inferior , em qualquer hipótese, ao valor do maior piso salarial a ser
Conforme relatado, o recorrente expõe que o julgador singular, Na hipótese de descumprimento de qualquer cláusula da presente
considerando inexistir previsão específica no parágrafo primeiro da Convenção Coletiva de Trabalho, sem previsão de sanção
cláusula quarta da Convenção Coletiva de Trabalho quanto à pecuniária específica, fica a parte infratora sujeita à multa
aplicação de multa convencional em face do atraso no pagamento equivalente ao prejuízo proporcionado, não sendo inferior, em
do 13º salário, indeferiu o pedido, todavia, conforme indicado na qualquer caso, ao valor do maior piso salarial a ser pago em
peça de entrada, a pretensão encontra abrigo no parágrafo segundo favor da parte prejudicada.
da cláusula sexta da CCT, a qual não foi analisada na sentença. Ao lume do exposto, uma vez que a cláusula terceira da CCT de
Razão assiste ao recorrente. 2017 estabelece o valor de R$ 7.031,73 como maior piso salarial da
De fato, na peça inicial, há pedido expresso de condenação das rés categoria (34ª FAIXA, ANALISTA DE SEGURANÇA BANCÁRIA E
no pagamento de multa convencional pelo atraso no pagamento do PATRIMONIAL II), dou provimento ao apelo para condenar as rés a
13º salário com base no parágrafo segundo da cláusula sexta da pagarem ao reclamante multa convencional no valor de R$
Lei.
do empregado prejudicado, salvo se a mora se operar por culpa do Recurso conhecido e provido.
empregado.
COLETIVA DE TRABALHO
Processo Nº ROT-0001232-95.2017.5.07.0013
ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 1ª TURMA DO Relator DURVAL CESAR DE VASCONCELOS
MAIA
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
RECORRENTE VALMIR BATISTA DO NASCIMENTO
unanimidade, conhecer e dar provimento ao recurso para incluir na FILHO
SU-HELEN TEIXEIRA ADVOGADO(OAB: 23901/CE)
condenação as seguintes verbas: multa estatuída no parágrafo DEDE E PACHECO
segundo da cláusula sexta da Convenção Coletiva de Trabalho de RECORRIDO PL CONSTRUCOES
INCORPORACOES E
2016 e multa estabelecida na cláusula quinquagésima da CCT de EMPREENDIMENTOS IMOBILIARIOS
LTDA - EPP
2017 no valor de R$ 7.031,73. Vencida a Desembargadora Regina RECORRIDO IMEDIATA SERVICOS DE
CONDOMINIO LTDA - ME
Gláucia Cavalcante Nepomuceno, que não incluía a multa
RECORRIDO PAOLA ANDRADE LIMA - ME
estabelecida na cláusula quinquagésima da CCT de 2017. RECORRIDO PAOLA ANDRADE LIMA
Participaram do julgamento os Desembargadores Durval César de
Intimado(s)/Citado(s):
Vasconcelos Maia (Presidente e Relator), Maria Roseli Mendes
- PAOLA ANDRADE LIMA - ME
Alencar e Regina Gláucia Cavalcante Nepomuceno. Presente,
JUSTIÇA DO TRABALHO
PROCESSO: 0001232-95.2017.5.07.0013
EDITAL PJe-JT
Entendo que a aplicação da CLÁUSULA QUINQUAGÉSIMA seja
"
RELATOR: DURVAL CESAR DE VASCONCELOS MAIA (R$98,54); abr/2017 - 8 dias (R$157,67); diferenças salariais de
RECURSO ORDINÁRIO. MULTA PELO ATRASO NO salários (R$15,66); férias + 1/3 (R$20,88); FGTS (R$14,40) + 40%
COLETIVA DE TRABALHO DA CATEGORIA OBREIRA. Uma vez Como se vê às fls. 213/215, os embargos de declaração
que, na petição inicial, há pedido expresso de condenação das rés apresentados pelo autor foram julgados improcedentes.
no pagamento de multa pelo atraso no pagamento do 13º salário Externando seu inconformismo, o reclamante interpôs o recurso
com base em cláusula convencional específica dispondo nesse ordinário às fls. 221/228, no qual aduz que merece reforma a
sentido, deve ser reformada a decisão, na qual se entendeu pela decisão resistida, vez que o julgador monocrático, considerando
inexistência de previsão convencional quanto à aplicação da multa inexistir previsão específica no parágrafo primeiro da cláusula
sob enfoque. Recurso provido, no aspecto. MULTA EM FACE quarta da Convenção Coletiva de Trabalho quanto à aplicação de
DO DESCUMPRIMENTO DE CLÁUSULAS CONVENCIONAIS. multa convencional em face do atraso no pagamento do 13º salário,
ADOÇÃO DO MAIOR PISO SALARIAL DA CATEGORIA. Se há indeferiu o pedido, todavia, conforme indicado na incoativa, a
previsão convencional estabelecendo que, no caso de pretensão encontra abrigo no parágrafo segundo da cláusula sexta
descumprimento de qualquer cláusula da CCT que não disponha da CCT, a qual não foi analisada na sentença.
especificamente acerca de sanção pecuniária, fica a parte infratora Expõe, outrossim, que o sentenciante a quo estipulou o pagamento
sujeita ao pagamento de multa equivalente ao prejuízo de multa pelo descumprimento da Convenção Coletiva de Trabalho,
proporcionado, que não poderá ser inferior, em qualquer hipótese, limitando-a ao montante condenatório, todavia, na cláusula
ao valor do maior piso salarial a ser pago em proveito da parte quinquagésima do instrumento coletivo, há disposição clara no
prejudicada, não há razão jurídica para que aludida multa seja sentido de que aludida multa não pode ser inferior ao valor do maior
particular. Apelo conhecido e provido. Regularmente notificadas por edital, as reclamadas não
apresentaram contrarrazões.
É o relatório.
de férias proporcionais + 1/3 (R$656,97); 05/12 de 13º salário Considerando as informações constantes da certidão à fl. 230,
proporcional de 2017 (R$410,61); FGTS do período contratual e conheço do recurso, ratificando o despacho de admissibilidade
sobre as verbas rescisórias (aviso prévio e 13º salário) (R$512,04); exarado pelo Juízo a quo.
multa de 40% sobre o FGTS (R$204,82); multa do art. 477 da CLT II - MÉRITO
(R$985,47); 13º salário de 2016 (01/12) (R$77,05); multa prevista DA MULTA PELO ATRASO NO PAGAMENTO DO 13º SALÁRIO
no parágrafo primeiro da cláusula quarta das CCTs de 2016 e 2017, Conforme relatado, o recorrente expõe que o julgador singular,
em relação ao atraso salarial dos seguintes meses: dez/2016 - 10 considerando inexistir previsão específica no parágrafo primeiro da
dias (R$160,27); fev/2017 - 2 dias (R$39,41); mar/2017 - 5 dias cláusula quarta da Convenção Coletiva de Trabalho quanto à
aplicação de multa convencional em face do atraso no pagamento equivalente ao prejuízo proporcionado, não sendo inferior, em
do 13º salário, indeferiu o pedido, todavia, conforme indicado na qualquer caso, ao valor do maior piso salarial a ser pago em
peça de entrada, a pretensão encontra abrigo no parágrafo segundo favor da parte prejudicada.
da cláusula sexta da CCT, a qual não foi analisada na sentença. Ao lume do exposto, uma vez que a cláusula terceira da CCT de
Razão assiste ao recorrente. 2017 estabelece o valor de R$ 7.031,73 como maior piso salarial da
De fato, na peça inicial, há pedido expresso de condenação das rés categoria (34ª FAIXA, ANALISTA DE SEGURANÇA BANCÁRIA E
no pagamento de multa convencional pelo atraso no pagamento do PATRIMONIAL II), dou provimento ao apelo para condenar as rés a
13º salário com base no parágrafo segundo da cláusula sexta da pagarem ao reclamante multa convencional no valor de R$
Lei.
do empregado prejudicado, salvo se a mora se operar por culpa do Recurso conhecido e provido.
empregado.
COLETIVA DE TRABALHO
disposição clara no sentido de que aludida multa não pode ser TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
inferior ao maior piso salarial da categoria. unanimidade, conhecer e dar provimento ao recurso para incluir na
De fato, merece reforma a decisão. condenação as seguintes verbas: multa estatuída no parágrafo
Como se observa na decisão objurgada, o sentenciante segundo da cláusula sexta da Convenção Coletiva de Trabalho de
monocrático condenou as rés ao pagamento da multa estabelecida 2016 e multa estabelecida na cláusula quinquagésima da CCT de
na cláusula quinquagésima da CCT de 2017, mas no valor de R$ 2017 no valor de R$ 7.031,73. Vencida a Desembargadora Regina
4.686,13, entrementes, a cláusula em alusão dispõe, Gláucia Cavalcante Nepomuceno, que não incluía a multa
inequivocamente, que, no caso de descumprimento de qualquer estabelecida na cláusula quinquagésima da CCT de 2017.
cláusula da CCT que não disponha especificamente acerca de Participaram do julgamento os Desembargadores Durval César de
sanção pecuniária, fica a parte infratora sujeita ao pagamento de Vasconcelos Maia (Presidente e Relator), Maria Roseli Mendes
multa equivalente ao prejuízo proporcionado, que não poderá ser Alencar e Regina Gláucia Cavalcante Nepomuceno. Presente,
inferior , em qualquer hipótese, ao valor do maior piso salarial a ser ainda, o Procurador Regional do Trabalho, Francisco Gérson
pago em proveito da parte prejudicada. Veja-se: Marques de Lima. Fortaleza, 12 de fevereiro de 2020.
DESCUMPRIMENTO
Convenção Coletiva de Trabalho, sem previsão de sanção DURVAL CESAR DE VASCONCELOS MAIA
JUSTIÇA DO TRABALHO
PROCESSO: 0001232-95.2017.5.07.0013
NEPOMUCENO / Gab. Des. Regina Gláucia Cavalcante RECORRENTE: VALMIR BATISTA DO NASCIMENTO FILHO
sanção pecuniária específica para os casos de descumprimento, DESTINATÁRIO: IMEDIATA SERVICOS DE CONDOMINIO LTDA -
"
Fortaleza, 21 de fevereiro de 2020. Fica a parte identificada no campo "DESTINATÁRIO", ora em local
especificamente acerca de sanção pecuniária, fica a parte infratora Expõe, outrossim, que o sentenciante a quo estipulou o pagamento
sujeita ao pagamento de multa equivalente ao prejuízo de multa pelo descumprimento da Convenção Coletiva de Trabalho,
proporcionado, que não poderá ser inferior, em qualquer hipótese, limitando-a ao montante condenatório, todavia, na cláusula
ao valor do maior piso salarial a ser pago em proveito da parte quinquagésima do instrumento coletivo, há disposição clara no
prejudicada, não há razão jurídica para que aludida multa seja sentido de que aludida multa não pode ser inferior ao valor do maior
particular. Apelo conhecido e provido. Regularmente notificadas por edital, as reclamadas não
apresentaram contrarrazões.
É o relatório.
de férias proporcionais + 1/3 (R$656,97); 05/12 de 13º salário Considerando as informações constantes da certidão à fl. 230,
proporcional de 2017 (R$410,61); FGTS do período contratual e conheço do recurso, ratificando o despacho de admissibilidade
sobre as verbas rescisórias (aviso prévio e 13º salário) (R$512,04); exarado pelo Juízo a quo.
multa de 40% sobre o FGTS (R$204,82); multa do art. 477 da CLT II - MÉRITO
(R$985,47); 13º salário de 2016 (01/12) (R$77,05); multa prevista DA MULTA PELO ATRASO NO PAGAMENTO DO 13º SALÁRIO
no parágrafo primeiro da cláusula quarta das CCTs de 2016 e 2017, Conforme relatado, o recorrente expõe que o julgador singular,
em relação ao atraso salarial dos seguintes meses: dez/2016 - 10 considerando inexistir previsão específica no parágrafo primeiro da
dias (R$160,27); fev/2017 - 2 dias (R$39,41); mar/2017 - 5 dias cláusula quarta da Convenção Coletiva de Trabalho quanto à
(R$98,54); abr/2017 - 8 dias (R$157,67); diferenças salariais de aplicação de multa convencional em face do atraso no pagamento
janeiro/2017 e fevereiro/2017 (R$96,94); diferenças de auxílio do 13º salário, indeferiu o pedido, todavia, conforme indicado na
alimentação do período contratual, no valor de R$800,40; cestas peça de entrada, a pretensão encontra abrigo no parágrafo segundo
básicas do período contratual, no importe de R$295,00; multa por da cláusula sexta da CCT, a qual não foi analisada na sentença.
curso do contrato (R$148,77), acrescidas dos reflexos sobre: 13º De fato, na peça inicial, há pedido expresso de condenação das rés
salários (R$15,66); férias + 1/3 (R$20,88); FGTS (R$14,40) + 40% no pagamento de multa convencional pelo atraso no pagamento do
Como se vê às fls. 213/215, os embargos de declaração CCT (fl. 11), que assim dispõe:
apresentados pelo autor foram julgados improcedentes. CLÁUSULA SEXTA - PAGAMENTO DO 13° SALÁRIO As
Externando seu inconformismo, o reclamante interpôs o recurso empresas pagarão o 13° salário de 2016 na forma estipulada em
inexistir previsão específica no parágrafo primeiro da cláusula Parágrafo segundo - Fica estipulada uma multa, de 2% (dois por
quarta da Convenção Coletiva de Trabalho quanto à aplicação de cento) do valor do salário, por dia de atraso, revertido em benefício
multa convencional em face do atraso no pagamento do 13º salário, do empregado prejudicado, salvo se a mora se operar por culpa do
pretensão encontra abrigo no parágrafo segundo da cláusula sexta Sendo assim, dou provimento ao apelo ordinário para condenar as
da CCT, a qual não foi analisada na sentença. promovidas a pagarem ao recorrente a multa estatuída no parágrafo
COLETIVA DE TRABALHO
disposição clara no sentido de que aludida multa não pode ser TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
inferior ao maior piso salarial da categoria. unanimidade, conhecer e dar provimento ao recurso para incluir na
De fato, merece reforma a decisão. condenação as seguintes verbas: multa estatuída no parágrafo
Como se observa na decisão objurgada, o sentenciante segundo da cláusula sexta da Convenção Coletiva de Trabalho de
monocrático condenou as rés ao pagamento da multa estabelecida 2016 e multa estabelecida na cláusula quinquagésima da CCT de
na cláusula quinquagésima da CCT de 2017, mas no valor de R$ 2017 no valor de R$ 7.031,73. Vencida a Desembargadora Regina
4.686,13, entrementes, a cláusula em alusão dispõe, Gláucia Cavalcante Nepomuceno, que não incluía a multa
inequivocamente, que, no caso de descumprimento de qualquer estabelecida na cláusula quinquagésima da CCT de 2017.
cláusula da CCT que não disponha especificamente acerca de Participaram do julgamento os Desembargadores Durval César de
sanção pecuniária, fica a parte infratora sujeita ao pagamento de Vasconcelos Maia (Presidente e Relator), Maria Roseli Mendes
multa equivalente ao prejuízo proporcionado, que não poderá ser Alencar e Regina Gláucia Cavalcante Nepomuceno. Presente,
inferior , em qualquer hipótese, ao valor do maior piso salarial a ser ainda, o Procurador Regional do Trabalho, Francisco Gérson
pago em proveito da parte prejudicada. Veja-se: Marques de Lima. Fortaleza, 12 de fevereiro de 2020.
DESCUMPRIMENTO
Convenção Coletiva de Trabalho, sem previsão de sanção DURVAL CESAR DE VASCONCELOS MAIA
pagarem ao reclamante multa convencional no valor de R$ Voto do(a) Des(a). REGINA GLAUCIA CAVALCANTE
Nepomuceno
Recurso conhecido e provido. qual seja, multa, de 2% (dois por cento) do valor do salário.
"
de férias proporcionais + 1/3 (R$656,97); 05/12 de 13º salário Considerando as informações constantes da certidão à fl. 230,
proporcional de 2017 (R$410,61); FGTS do período contratual e conheço do recurso, ratificando o despacho de admissibilidade
sobre as verbas rescisórias (aviso prévio e 13º salário) (R$512,04); exarado pelo Juízo a quo.
multa de 40% sobre o FGTS (R$204,82); multa do art. 477 da CLT II - MÉRITO
(R$985,47); 13º salário de 2016 (01/12) (R$77,05); multa prevista DA MULTA PELO ATRASO NO PAGAMENTO DO 13º SALÁRIO
no parágrafo primeiro da cláusula quarta das CCTs de 2016 e 2017, Conforme relatado, o recorrente expõe que o julgador singular,
em relação ao atraso salarial dos seguintes meses: dez/2016 - 10 considerando inexistir previsão específica no parágrafo primeiro da
dias (R$160,27); fev/2017 - 2 dias (R$39,41); mar/2017 - 5 dias cláusula quarta da Convenção Coletiva de Trabalho quanto à
(R$98,54); abr/2017 - 8 dias (R$157,67); diferenças salariais de aplicação de multa convencional em face do atraso no pagamento
janeiro/2017 e fevereiro/2017 (R$96,94); diferenças de auxílio do 13º salário, indeferiu o pedido, todavia, conforme indicado na
alimentação do período contratual, no valor de R$800,40; cestas peça de entrada, a pretensão encontra abrigo no parágrafo segundo
básicas do período contratual, no importe de R$295,00; multa por da cláusula sexta da CCT, a qual não foi analisada na sentença.
curso do contrato (R$148,77), acrescidas dos reflexos sobre: 13º De fato, na peça inicial, há pedido expresso de condenação das rés
salários (R$15,66); férias + 1/3 (R$20,88); FGTS (R$14,40) + 40% no pagamento de multa convencional pelo atraso no pagamento do
Como se vê às fls. 213/215, os embargos de declaração CCT (fl. 11), que assim dispõe:
apresentados pelo autor foram julgados improcedentes. CLÁUSULA SEXTA - PAGAMENTO DO 13° SALÁRIO As
Externando seu inconformismo, o reclamante interpôs o recurso empresas pagarão o 13° salário de 2016 na forma estipulada em
inexistir previsão específica no parágrafo primeiro da cláusula Parágrafo segundo - Fica estipulada uma multa, de 2% (dois por
quarta da Convenção Coletiva de Trabalho quanto à aplicação de cento) do valor do salário, por dia de atraso, revertido em benefício
multa convencional em face do atraso no pagamento do 13º salário, do empregado prejudicado, salvo se a mora se operar por culpa do
pretensão encontra abrigo no parágrafo segundo da cláusula sexta Sendo assim, dou provimento ao apelo ordinário para condenar as
da CCT, a qual não foi analisada na sentença. promovidas a pagarem ao recorrente a multa estatuída no parágrafo
Expõe, outrossim, que o sentenciante a quo estipulou o pagamento segundo da cláusula sexta da Convenção Coletiva de Trabalho de
sentido de que aludida multa não pode ser inferior ao valor do maior COLETIVA DE TRABALHO
piso salarial da categoria. Como já relatado, o recorrente propugna que o sentenciante a quo,
Regularmente notificadas por edital, as reclamadas não ao condenar as rés no pagamento da multa estabelecida na
Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho, -a ao valor da condenação, todavia, na mencionada cláusula, há
visto que não configuradas quaisquer das hipóteses previstas no disposição clara no sentido de que aludida multa não pode ser
art. 109, do Regimento Interno deste Regional. inferior ao maior piso salarial da categoria.
multa equivalente ao prejuízo proporcionado, que não poderá ser Alencar e Regina Gláucia Cavalcante Nepomuceno. Presente,
inferior , em qualquer hipótese, ao valor do maior piso salarial a ser ainda, o Procurador Regional do Trabalho, Francisco Gérson
pago em proveito da parte prejudicada. Veja-se: Marques de Lima. Fortaleza, 12 de fevereiro de 2020.
DESCUMPRIMENTO
Convenção Coletiva de Trabalho, sem previsão de sanção DURVAL CESAR DE VASCONCELOS MAIA
pagarem ao reclamante multa convencional no valor de R$ Voto do(a) Des(a). REGINA GLAUCIA CAVALCANTE
Nepomuceno
Recurso conhecido e provido. qual seja, multa, de 2% (dois por cento) do valor do salário.
"
Diretor de Secretaria
fls. 158/159.
passo ao exame do Agravo de Petição. Ademais, a matéria em apreço já foi objeto de decisão da 1ª Turma
O Município de Fortaleza interpôs agravo de petição, pugnando pela "RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. SÚMULA 331 DO
fundamento de que houve, com relação à aplicação da TÍTULO JUDICIAL. MODIFICAÇÃO DA COISA JULGADA. A
responsabilidade subsidiária ao Ente Estatal, uma interpretação rediscussão de matéria acobertada pelo manto da coisa julgada
incompatível com a Constituição Federal, suscitando a aplicação do resta incabível através de agravo de petição, nos termos do art.
art. 884, §5º, da CLT, art. 917, I, do CPC e art. 769 da CLT, pois o 884, §1º, do Texto Consolidado. Ressalte-se que, operando-se a
STF já declarou na ADC nº 16 a constitucionalidade do §1º do art. "res judicata", a decisão torna-se insuscetível de alteração, salvo
71 da Lei 8.666/1993. Suscita, dessa forma, rediscussão acerca da por meio de ação rescisória (art. 836 do diploma legal retrocitado).
O instituto da coisa julgada (art. 502, CPC/2015) torna imutável e DEVEDOR PRINCIPAL. Conforme reiterada jurisprudência do TST,
indiscutível a decisão a quo não mais passível de recurso. inexiste, no ordenamento jurídico pátrio, qualquer norma instituidora
A matéria que o agravante busca ressuscitar na fase de execução de benefício de ordem que privilegie o responsável subsidiário em
para fundamentar o seu pedido de inexigibilidade do título, já foi detrimento dos sócios do devedor principal. Possível, pois, o
devidamente analisada na fase de conhecimento, estando, pois, redirecionamento da execução contra o responsável subsidiário, tão
acobertada pelo manto da coisa julgada. logo verificada a inexistência de bens em nome do principal, sendo
Acrescente-se que na presente fase processual não se pode desnecessário que se proceda à anterior desconsideração da
modificar ou inovar a sentença liquidanda, nem discutir questão já personalidade jurídica deste. JUROS DA MORA - FAZENDA
analisada na fase de conhecimento, sob pena de se ofender o art. PÚBLICA - RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA -
5º, inciso XXXVI, da Lei Maior. INAPLICABILIDADE DA MEDIDA PROVISÓRIA N.° 2.180-35- o
Ademais, em recente decisão o Pleno deste Regional acolheu o dispositivo previsto no art. 1º-F, da Lei 9.494/97 tem por objeto as
incidente de inconstitucionalidade suscitado nos autos do processo dívidas da Fazenda Pública, enquanto devedora direta ou principal,
n.º 026600-02.2005.5.07.0022 e declarou, por unanimidade, a não se aplicando aquela disposição legal às hipóteses em que o
inconstitucionalidade material do §5.º do artigo 884 da CLT, por ferir Ente Público é reconhecido apenas como devedor subsidiário.
o princípio constitucional insculpido no art. 5º, inciso XXXVI, e Processo 0000210-61.2015.5.07.0016 Agravo de Petição.
também em razão de o referido dispositivo legal ter sido introduzido Desembargadora Relatora: REGINA GLAUCIA CAVALCANTE
no nosso ordenamento jurídico por intermédio de medida provisória, NEPOMUCENO; Data do Julgamento: 27/07/2016.
sem a observância dos requisitos da relevância e urgência, próprios Coleciono ainda decisão da 3ª Turma desde Regional quanto a
Em face da relevância de tal decisão e por medida de economia DO ENTE PÚBLICO. COISA JULGADA. O reconhecimento da
processual declaro, incidentalmente, a inconstitucionalidade do responsabilidade subsidiária do ora agravante, o qual se deu em
disposto no § 5º, do artigo 884 da CLT ao presente caso, conforme consonância com os termos prescritos pelo posicionamento do STF
autoriza o disposto no parágrafo único do art. 481 do CPC que na ADC 16/DF, constitui matéria protegida pelo manto da "res
assim dispõe: "Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão judicata", não havendo se falar, por conseguinte, em inexigibilidade
ao plenário, ou a órgão especial, a arguição de do título executivo, nos moldes preceituados nos arts. 884, § 5º, da
inconstitucionalidade, quando já houver pronunciamento destes ou CLT e 741, II, parágrafo único, do CPC/73, cuja redação resta
do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão". mantida no art. 535, III, § 5º, do NCPC." Processo nº 0000585-
Assim sendo, inviável o acatamento da arguição da inexigibilidade 93.2014.5.07.0017; Relator: Des. JOSE ANTONIO PARENTE DA
do título executivo com fulcro em artigo declarado inconstitucional SILVA; Julgamento: 13/10/2016
por esta Corte, devendo ser mantida a decisão de origem que Nego provimento.
estabeleceu a impossibilidade de modificação da coisa julgada pela RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. BENEFÍCIO DE ORDEM.
via ora eleita. Em suas razões, o agravante alega, em suma, que a aplicação da
subsidiaridade na presente execução deve observar o princípio da do CPC, bem como no art. 827, do CC, in verbis:
gradação das responsabilidades, devendo ser perseguido o " Art. 794. O fiador, quando executado, tem o direito de exigir que
patrimônio do responsável principal e, somente no caso de primeiro sejam executados os bens do devedor situados na mesma
insuficiência patrimonial para saldar o débito, é que o Município de comarca, livres e desembargados, indicando-os
Razão não lhe assiste. § 1oOs bens do fiador ficarão sujeitos à execução se os do devedor,
Do exame dos autos, observa-se que o Juízo de origem determinou situados na mesma comarca que os seus, forem insuficientes à
bloquear patrimônio financeiro nas contas bancárias da executada, "Art. 827. O fiador demandado pelo pagamento da dívida tem direito
INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO E APOIO A a exigir, até a contestação da lide, que sejam primeiro executados
GESTÃO EM SAÚDE, bem como a inclusão dos dados cadastrais os bens do devedor.
da devedora no Banco Nacional de Devedores Trabalhistas. Parágrafo único. O fiador que alegar o benefício de ordem, a que se
Em seguida, autorizou o redirecionamento da execução ao refere este artigo, deve nomear bens do devedor, sitos no mesmo
patrimônio do devedor subsidiário (Município de Fortaleza), senão município, livres e desembargados, quantos bastem para solver o
vejamos: débito".
Defiro o pedido formulado pela Reclamante (ID. 887b38f). "RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. BENEFÍCIO DE ORDEM.
Considerando que, devidamente citada, a 1ª reclamada não indicou DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA.
bens à penhora e, ainda, que as providências executórias adotadas RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA EM TERCEIRO GRAU. O
por este Juízo restaram infrutíferas, determino que a execução se Regional afastou a aplicação do benefício de ordem pleiteado pela
volte contra o 2º reclamado, Município de Fortaleza, condenado de segunda reclamada, ao fundamento de que o devedor subsidiário
forma subsidiária. sempre poderá se valer do benefício de ordem, desde que indique
Cite-se o Município de Fortaleza para, querendo, embargar a bens do devedor principal. No entanto, a recorrente não se
execução no prazo de 30 dias" (fl. 109). desincumbiu do ônus de nomear bens da devedora principal, livres
Ao alegar o benefício de ordem, o executado subsidiário, ora e desembaraçados, suficientes para quitar o débito trabalhista. Além
agravante, deveria ter indicado bens passíveis de penhora do mais, a exigência do prévio exaurimento da via executiva contra
pertencentes à executada principal e/ou de seus sócios, não sendo, os sócios da devedora principal (a chamada -responsabilidade
portanto, razoável transferir esse ônus ao exequente, parte subsidiária em terceiro grau-) equivale a transferir para o
Considerando ainda que se trata de verba alimentar, devendo a trabalhista o pesado encargo de localizar o endereço e os bens
execução se dar de forma mais célere possível, tem-se que não se particulares passíveis de execução daquelas pessoas físicas, tarefa
aplica o instituto da desconsideração da personalidade jurídica do demorada e, na grande maioria dos casos, inútil. Assim, mostra-se
devedor principal, de imediato, podendo a execução, após mais compatível com a natureza alimentar dos créditos trabalhistas
infrutíferas as tentativas de execução dos bens do devedor e com a consequente exigência de celeridade em sua satisfação o
principal, ser redirecionada ao executado subsidiário, bastando que entendimento de que, não sendo possível a penhora de bens
este participe da relação jurídica e conste do título executivo judicial, suficientes e desimpedidos da pessoa jurídica empregadora, deverá
nos termos do inciso IV da Súmula Nº. 331, do TST e § 3º do art. 4º o tomador dos serviços do exequente, como responsável
da Lei n.º 6.830/80 (LEF). subsidiário, sofrer logo em seguida a execução trabalhista, cabendo
A esse respeito, a Lei nº 6.830/80 (LEF), no seu art. 4º, § 3º, assim -lhe postular posteriormente na Justiça Comum o correspondente
dispõe: ressarcimento por parte dos sócios da pessoa jurídica que, afinal,
"§ 3º Os responsáveis, inclusive as pessoas indicadas no § 1º deste ele próprio contratou. Recurso de revista não conhecido." (TST-RR-
artigo, poderão nomear bens livres e desembaraçados do devedor, 24000-17.2006.5.15.0065, Relator Ministro: José Roberto Freire
tantos quantos bastem para pagar a dívida. Os bens dos Pimenta, 2ª Turma, DEJT 05/10/2012)".
responsáveis ficarão, porém, sujeitos à execução, se os do devedor "RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA- BENEFÍCIO DE ORDEM
No mesmo sentido, apontam as normas contidas no artigo 794, § 1º, SÓCIOS DA EMPRESA PRINCIPAL. 1. Nos termos do item IV da
Súmula 331 do TST, para que a execução alcance o devedor ISTO POSTO, conheço do agravo de petição para, no mérito, negar
subsidiário basta que ele tenha participado da relação processual e -lhe o provimento.
implicaria delegar ao trabalhador a árdua tarefa de localizar bens TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
dos sócios, com todas as dificuldades inerentes a esse tipo de unanimidade, conhecer do agravo de petição para, no mérito, negar
procedimento, o que é incompatível com a celeridade que se deve -lhe provimento. Participaram do julgamento os Desembargadores
imprimir à satisfação do crédito trabalhista, de natureza Durval César de Vasconcelos Maia (Presidente), Maria Roseli
eminentemente alimentar. Recurso de revista não conhecido." Mendes Alencar e o Juiz Convocado Antônio Teófilo Filho (Relator).
(TSTRR-102900-44.2009.5.17.0003, Relator Ministro: Ives Gandra Presente, ainda, o (a) Procurador (a) Regional do Trabalho, 13 de
O agravante aduz que o Município foi condenado de forma ANTONIO TEOFILO FILHO
de natureza previdenciária.
Sem razão.
Nos termos do Inciso, IV, da Súmula Nº. 331, do TST, o tomador "
dos serviços responde, de forma subsidiária, pelo inadimplemento Fortaleza, 21 de fevereiro de 2020.
encargos previdenciários.
Diretor de Secretaria
Processo Nº ROT-0001199-38.2018.5.07.0024
RELATOR: ANTONIO TEOFILO FILHO
Relator ANTONIO TEOFILO FILHO
RECORRENTE MUNICIPIO DE COREAU
KARINA XIMENES ADVOGADO(OAB: 40514/CE)
ALBUQUERQUE
DEYLANE XIMENES DE ADVOGADO(OAB: 33571/CE) EMENTA
AGUIAR
RECORRIDO INSTITUTO DE APOIO
HUMANIZACAO E
DESENVOLVIMENTO DE SERVICOS
DE SAUDE - IAHDS ILEGITIMIDADE PASSIVA. REJEIÇÃO. O Município de Coreau
RECORRIDO REGINALDO LOPES DE AGUIAR
não foi acionado como ex-empregador do reclamante, mas sim
CLEBIO FRANCISCO ADVOGADO(OAB: 20402/CE)
ALMEIDA DE como beneficiário de seus serviços, logo, potencialmente, pode ser
ALBUQUERQUE
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO responsabilizado subsidiariamente em face dos direitos vindicados,
TRABALHO
o que o legitima para figurar do polo passivo da demanda.
Intimado(s)/Citado(s): RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ENTE PÚBLICO.
- INSTITUTO DE APOIO HUMANIZACAO E CONTRATO DE GESTÃO. DEVER DE FISCALIZAR. APLICAÇÃO
DESENVOLVIMENTO DE SERVICOS DE SAUDE - IAHDS
DA SÚMULA Nº 331 DO TST. O regime de parceria pactuado com
PODER JUDICIÁRIO FEDERAL atuando o ente público como verdadeiro tomador de mão de obra.
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO 7ª REGIÃO caso resulte comprovado que não cumprira com as obrigações
Gab. Juiz Convocado Antônio Teófilo Filho previstas na Lei nº 8.666/93, aplicáveis ao convênio por força da Lei
CLASSE: Recurso Ordinário Trabalhista forma subsidiária, nos termos da Súmula nº 331 do TST.
DESTINATÁRIO: INSTITUTO DE APOIO HUMANIZACAO E de ilegitimidade passiva ad causam e julgou procedentes em parte
DESENVOLVIMENTO DE SERVICOS DE SAUDE - IAHDS os pedidos formulados na exordial, o Município de Coreau interpôs
Fica a parte identificada no campo "DESTINATÁRIO", ora em local ilegitimidade passiva, e, no mérito, nega o vínculo de emprego com
incerto e não sabido, notificado(a) para tomar ciência do Acórdão a o reclamante, aduzindo a existência de contrato de gestão firmado
seguir, cujo inteiro teor é o seguinte: entre os reclamados, não se sujeitando, pois, à incidência da
"PROCESSO nº 0001199-38.2018.5.07.0024 (ROT) Súmula nº 331 do TST. Outrossim, aduz que "Há que se reconhecer
RECORRENTE: MUNICIPIO DE COREAU a inexistência de vínculo empregatício junto ao ente federativo, bem
DE SAUDE - IAHDS supremo Tribunal Federal, que, por meio do Recurso Extraordinário
Efeitos Vinculantes, definiu que "O inadimplemento dos encargos DO TOMADOR DE SERVIÇOS - ARGUIÇÃO DE ILEGITIMIDADE
trabalhistas dos empregados do contratado não transfere PASSIVA AD CAUSAM - NÃO ACOLHIMENTO - TEORIA DA
automaticamente ao Poder Público contratante a responsabilidade ASSERÇÃO.I - No ordenamento jurídico brasileiro adota-se a teoria
pelo seu pagamento, seja em caráter solidário ou subsidiário, nos da asserção, a qual dispõe que as condições da ação deverão ser
termos do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93"(fls. 115/116). Entende verificadas em abstrato, considerando-se, por hipótese, que as
não haver transferência automática ao poder público dos encargos assertivas da autora veiculadas na inicial são verdadeiras.
trabalhistas inadimplidos e que é do recorrido, nos termos dos arts. Entendimento diverso findaria por legitimar a ideia de que só tem
818, I, da CLT c/c 373, inciso I, do CPC/2015, o ônus de comprovar ação quem tem o direito material, o que não revela harmonia com a
a culpa/dolo do Município. Por fim, requer a reforma da sentença, sistemática processual vigente. II - Atribuído ao segundo
alegando que a responsabilidade subsidiária calcada na Súmula nº litisconsorte passivo a condição de tomador de serviços, não há
331 do TST, viola os arts. 71, §1º da Lei n.º 8.666/1993 e 2º, 5º, II, falar na sua ilegitimidade passiva ad causam. III - Recurso não
c/c art. 37, caput, art. 22, I, e 48 da Constituição Federal vigente. conhecido" (RR 99800-52.2007.5.15.0021, Relator Ministro Antônio
Contrarrazões não foram apresentadas pelo reclamante. José de Barros Levenhagen, 4ª Turma, DEJT 11/12/2009).
conhecimento e improvimento do recurso, confirmando a sentença CAUSAM. A pertinência subjetiva da ação se faz presente na
REQUISITOS EXTRÍNSECOS DE ADMISSIBILIDADE os fatos alegados na inicial tenham uma correspondência lógica
Atendidos os requisitos extrínsecos de admissibilidade - com a relação processual formada. Assim, eventual vulneração ao
tempestividade, capacidade postulatória e preparo (dispensado) -, artigo 3º, consolidado, bem como inaplicabilidade da Súmula nº
passo a análise do apelo. 331/TST, somente é possível no exame do mérito. não conhecido,
Segundo a teoria da asserção, a legitimidade para figurar nos polos Emmanoel Pereira, 5ª Turma, DEJT 27/11/2009).
ativo e passivo da relação processual deve ser aferida à luz das No presente caso, o reclamante indicou o recorrente como tomador
alegações constantes da petição inicial. Em relação ao polo ativo, dos serviços terceirizados, de quem pleiteia o pagamento das
parte legítima é aquela que se diz credora da obrigação. Em relação verbas trabalhistas discutidas nos autos. Disso decorre a sua
ao polo passivo, legítima é a parte apontada pelo demandante como legitimidade para figurar no polo passivo da relação processual.
Assim, a aferição da legitimidade ativa e passiva é abstrata: não se Pacífica é a jurisprudência pátria no sentido de que o tomador dos
questiona se os fatos alegados na petição inicial são verídicos nem serviços tem responsabilidade subsidiária quanto às obrigações
se realmente existe a relação jurídica de direito material invocada, trabalhistas inadimplidas pela empresa prestadora, desde que tenha
muito menos se o pedido formulado é procedente, pois essas são participado da relação processual e conste do título executivo
questões relativas ao mérito da causa. O que deve ser examinado é judicial, nos termos da Súmula no 331, item IV, do Colendo TST.
se o demandante afirmou na petição inicial ser o detentor do direito A responsabilidade subsidiária do tomador de serviço decorre do
postulado (legitimidade ativa) e se o demandado foi apontado na inadimplemento das obrigações trabalhistas por parte do prestador
exordial como o responsável pelo adimplemento da obrigação (empregador direto) com o qual realizou o contrato de prestação de
(legitimidade passiva). serviços, nos termos da Súmula nº. 331 TST; do art. 37, § 6º, da
Os seguintes julgados mostram a aplicação da teoria da asserção CF/88 e arts. 186 e 927 do Código Civil. Essa responsabilidade
"in vigilando", devendo o tomador do serviço, sob pena de suportar III - (...)
os danos advindos da sua inércia, fiscalizar a empresa prestadora a IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do
fim de impedir a violação dos direitos daqueles que lhe prestam empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos
serviços, sobretudo porque esses direitos envolvem parcelas serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da
salariais, de natureza alimentar. relação processual e conste também do título executivo judicial.
O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADC 16, ao declarar V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta
a constitucionalidade do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93, ressalvou respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV,
a possibilidade de a Justiça do Trabalho constatar, no caso caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das
concreto, a culpa "in vigilando" da Administração Pública e, diante obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na
disso, atribuir responsabilidade ao ente público pelas obrigações, fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da
Ora, a Lei nº 8.666/93 (Lei de Licitações) é clara ao impor responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das
responsabilidade ao ente público, em relação à execução do obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente
serviços, tem a obrigação de acompanhar e fiscalizar a execução do VI - A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange
contrato, nos termos dos seus arts. 58, II e 67. todas as verbas decorrentes da condenação referentes ao período
cumprimento da lei - nem mais, nem menos. Isso implica além de Tal responsabilização resulta do benefício auferido pelo tomador
contratar, verificar o exato cumprimento do contrato por parte do dos serviços, decorrente do trabalho do empregado, haja vista este
contratado, especialmente em relação às obrigações trabalhistas e não poder ser prejudicado, em caso de inadimplência de seu real
para evitar o dano ao erário. Destaque-se, ainda, que a responsabilização subsidiária do tomador
Ainda em razão do princípio da legalidade, a regra de que o ônus de de serviços, ao contrário do que muitos pensam, não é baseada
provar a culpa é de quem alega a conduta irregular não se aplica à somente na Súmula nº 331 do C. TST, que não tem, inclusive, efeito
Administração Pública, cabendo a esta o encargo de demonstrar vinculante, mas, também, nos arts. 186 e 927 do Código Civil, que
que cumpriu a lei, isto é, que não teve culpa. tratam da responsabilidade civil subjetiva e da necessidade de
Nesse diapasão, é do reclamado o ônus de provar que contratou reparação do dano pela culpa em eleger uma prestadora de
regularmente (inexistência de culpa "in eligendo"), e que serviços inidônea, inidoneidade esta que se configura no momento
acompanhou e exigiu a execução fiel do contratado, muito em que se omite em adimplir os direitos dos trabalhadores.
especialmente, repito, quanto ao cumprimento das obrigações Eis o que preceituam os citados dispositivos legais:
trabalhistas e previdenciárias do contratado (inexistência de culpa "Art. 186 - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência
"in vigilando"), por tratar-se de fato impeditivo ao acolhimento da ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
pretensão autoral (art. 373, II, do CPC/2015), o que, porém, não exclusivamente moral, comete ato ilícito."
ocorreu no caso dos autos. "Art. 927 - Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano
Em que pese a existência de contrato de gestão, o certo é que a a outrem, fica obrigado a repará-lo."
municipalidade foi beneficiária da força de trabalho da reclamante, o Dessa forma, a Administração tem que fiscalizar a execução do
que justifica essa proteção ampliativa dada ao trabalhador, nos contrato, seja para evitar prejuízos para si, seja para impedir
casos de terceirizações lícitas. prejuízos para terceiros, inclusive, e em especial, para o trabalhador
Destaque-se que a Súmula 331 do TST, foi alterada em face da que lhe presta serviços por interposta pessoa. Portanto, em
decisão do STF, passando a ter a seguinte redação: havendo prejuízos para terceiro, é a própria Constituição Federal,
"Súmula nº 331 do TST - CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE que, no art. 37, § 6º determina tal obrigação, ao estabelecer:
SERVIÇOS. LEGALIDADE (nova redação do item IV e inseridos os "As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado
itens V e VI à redação) - Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que
II - (...) culpa".
No caso em exame, é incontroverso que o autor, na qualidade de presente caso, o ente público tomador dos serviços não cumpriu
empregado do INSTITUTO DE APOIO HUMANIZAÇÃO E adequadamente essa obrigação, permitindo que a empresa
DESENVOLVIMENTO DE SERVIÇOS DE SAÚDE - IAHDS, prestadora contratada deixasse de pagar regularmente à sua
prestou serviços ao Município recorrente, como Agente Comunitário empregada as verbas trabalhistas que lhe eram devidas. Saliente-
de Saúde (fl. 23), tendo sua contratação ocorrida em meio à se que essa conclusão não implica afronta ao art. 97 da CF e
celebração de Contrato de Gestão entre os reclamados, consoante contrariedade à Súmula Vinculante nº 10 do STF, nem desrespeito
salienta o Ente Público. à decisão do STF na ADC nº 16, porque não parte da declaração de
Ora, o regime de parceria pactuado com pessoa jurídica de direito inconstitucionalidade do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93, mas da
privado, seja sob a modalidade de contrato de gestão (Lei nº definição do alcance das normas inscritas nessa Lei, com base na
9.637/98) ou de gestão por colaboração (Lei nº 9.790/99), qualifica- interpretação sistemática. Agravo de instrumento conhecido e
se como convênio administrativo, em virtude da comunhão de não provido." Processo: AIRR - 606-03.2013.5.07.0018 Data de
interesses e da mútua cooperação entre os pactuantes para a Julgamento: 02/12/2015, Relatora Ministra: Dora Maria da Costa,
realização de serviços de utilidade pública, atuando o ente público 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 04/12/2015."
como verdadeiro tomador de mão de obra. Dessa forma, haverá "RECURSO DE REVISTA. TERCEIRIZAÇÃO.
responsabilidade subsidiária do ente público, caso resulte RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ENTE PÚBLICO.
comprovado que não cumprira com as obrigações previstas na Lei CONVÊNIO. ENTIDADE PRIVADA. SÚMULA Nº 331, V, DO
nº 8.666/93, aplicáveis ao convênio por força da Lei nº 9.637/98. TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO. 1. O regime de parceria
Dada a natureza e a relevância dos interesses envolvidos, prevê pactuado com pessoa jurídica de direito privado, seja sob a
"Art. 8º A execução do contrato de gestão celebrado por por colaboração" (Lei nº 9.790/99), qualifica-se como convênio
organização social será fiscalizada pelo órgão ou entidade administrativo em virtude da comunhão de interesses e da mútua
supervisora da área de atuação correspondente à atividade cooperação entre os pactuantes para realização de serviços de
Art. 9º Os responsáveis pela fiscalização da execução do contrato público atua como verdadeiro tomador de mão de obra mediante
de gestão, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou contratação de pessoa jurídica interposta, razão por que responde
ilegalidade na utilização de recursos ou bens de origem pública por subsidiariamente se resultar comprovado que este não cumpriu ou
organização social, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da falhou em cumprir as obrigações previstas na Lei nº 8.666/93,
União, sob pena de responsabilidade solidária." aplicáveis ao convênio por força do disposto no art. 116 desse
Assim é que o Poder Público tem a obrigação legal de vigiar e diploma legal. 3. O Tribunal Pleno do Supremo Tribunal Federal, no
fiscalizar a fiel execução dos Contratos de Gestão, inclusive no que julgamento do Agravo Regimental em Reclamação Constitucional nº
se refere ao cumprimento das obrigações trabalhistas daqueles que, Rcl 12.580-AgR/SP (Rel. Min. CELSO DE MELLO, DJe de
em seu favor, despendem sua força de trabalho. 13/3/2013), consagrou o entendimento de que a decisão com efeito
Desse modo, configurada a conduta culposa na fiscalização, não há vinculante proferida no julgamento da ADC nº16/DF não exime os
como afastar a responsabilidade subsidiária do Ente Público. entes públicos do poder-dever legal de fiscalizar tanto a idoneidade
Neste sentido, vale transcrever precedentes do TST, inclusive da empresa prestadora de serviços terceirizados quanto o
envolvendo o IDGS, atribuindo a responsabilidade subsidiária aos cumprimento das obrigações trabalhistas referentes aos
entes públicos na hipótese de convênios firmados para execução de empregados vinculados ao contrato celebrado (arts. 27 e 67 da Lei
"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. subsidiária ao ente público, todavia, a superficial menção, pelo TRT
CONTRATO DE GESTÃO. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. de origem, à existência de culpa in eligendo ou in vigilando, sem
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. CULPA IN VIGILANDO. O Tribunal que haja ocorrido o exame detido da prova com os olhos fitos na
Regional decidiu a controvérsia em consonância com os artigos 186 apreciação do caso concreto. 5. Recurso de revista de que se
e 927 do Código Civil, que preveem a culpa in vigilando. Ademais, conhece e a que se dá provimento."
os artigos 58, III, e 67 da Lei nº 8.666/93 impõem à Administração Cumpre ressaltar, ainda, que recentemente a Subseção I
Pública o dever de fiscalizar a execução dos contratos Especializada em Dissídios Individuais (SDI-1) do Tribunal Superior
administrativos de prestação de serviços por ela celebrados. No do Trabalho, no E-RR nº 0000925-07.2016.5.05.0284, decidiu que o
responsabilizada.
Logo, comprovada a culpa do agente público, ainda que por ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 1ª TURMA DO
omissão na fiscalização e vigilância dos serviços que terceirizou ou TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
solvabilidade financeira das empresas que contratou, resta unanimidade, conhecer do recurso, rejeitar a preliminar suscitada, e,
terceiro, não havendo, por isso, que se falar em ofensa ao art. 71, § Desembargadores Durval César de Vasconcelos Maia (Presidente),
1º, da Lei nº 8.666/93, eis que o seu conteúdo deve ser lido em Maria Roseli Mendes Alencar e o Juiz Convocado Antônio Teófilo
consonância com o que determina o art. 37, § 6º, da CF/88. Filho (Relator). Presente, ainda, o (a) Procurador (a) Regional do
Nessa seara, não há que se falar em ofensa ao art. 37, inc. II da CF.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
previstos nas Súmulas nºs 219 e 329 do TST, razão pela qual não "
Sem razão.
Sendo assim, considerando-se os critérios previstos no art. 791-A, § FORTALEZA/CE, 21 de fevereiro de 2020.
Diretor de Secretaria
Processo Nº ROT-0001050-05.2018.5.07.0004
CONCLUSÃO DO VOTO Relator MARIA ROSELI MENDES ALENCAR
RECORRENTE ESTADO DO CEARA
RECORRIDO FERNANDO FERREIRA DE SOUSA
HARLEY XIMENES DOS ADVOGADO(OAB: 12397/CE)
Do exposto, conheço do recurso, rejeito a preliminar suscitada, e, SANTOS
LYA CARVALHO VERAS ADVOGADO(OAB: 30269/CE)
no mérito, nego-lhe provimento.
RECORRIDO E MENDES FERREIRA - ME
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
TRABALHO
DISPOSITIVO Intimado(s)/Citado(s):
- E MENDES FERREIRA - ME
RELATÓRIO
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
É, no essencial, o relatório.
RECURSO DO ESTADO DO CEARÁ. TERCEIRIZAÇÃO DE
recorrer) e intrínsecos (legitimidade, interesse, cabimento e de serviço, não se podendo reputar válida a interpretação que cria
inexistência de fato extintivo do direito de recorrer), de se conhecer uma culpa presumida do Ente Público como, por exemplo, na
do recurso ordinário interposto pelo Estado do Ceará. hipótese de se considerar que o Estado teria sido negligente no
1. INAPLICABILIDADE DOS EFEITOS DA REVELIA AO ENTE o pagamento de horas extras e adicional noturno, não sendo
Pretende o Estado recorrente sejam consideradas sem efeito as direitos trabalhistas dos empregados que prestavam relevante
penas de revelia e confissão que lhes foram aplicadas, serviço público em seu favor e da sociedade".
argumentando que, contra a Fazenda Pública, ditas penalidades Acrescenta, ainda, que "o Supremo Tribunal Federal em regime de
não podem ser aplicadas, a teor do que prescreve o art. 844, §4º, Repercussão Geral pontuou que a Lei 9.032/95 que alterou o
inciso II, da CLT, tendo em vista tratar a lide de direitos disposto no §2º do art.71 da Lei 8.666/93, decidiu que deve haver
Não merece acolhimento tal insurgência recursal, porquanto mesmo ente público através de simples culpa 'in eligendo' ou 'in vigilando'".
desautoriza a aplicação da pena de confissão ficta, prevista no art. Conquanto tenha o E. Supremo Tribunal Federal, em decisão
844 da CLT, que é imposta com base no princípio constitucional da proferida na ADC nº 16, declarado a constitucionalidade do § 1º do
igualdade entre as partes, do contraditório e da ampla defesa, art. 71 da Lei nº 8.666/93 (Lei de Licitações), deixou certo, todavia,
sendo-lhes, portanto, igualmente incidentes os efeitos desse que o referido dispositivo não afasta, de forma peremptória, a
instituto jurídico processual, visto que a lei não os excluiu. responsabilização subsidiária do ente público tomador de serviços,
Tanto é assim, que o C. TST consolidou entendimento, por meio da permitindo seja essa reconhecida tendo por base as circunstâncias
Orientação Jurisprudencial nº 152 da SDI-I, no sentido de que fáticas do caso concreto trazido à apreciação judicial.
"Pessoa jurídica de direito público sujeita-se à revelia prevista no Assim, mesmo que a contratação da empresa prestadora de
artigo 844 da CLT". serviços tenha ocorrido mediante licitação pública, o que poderia
Ressalte-se que os privilégios conferidos às pessoas jurídicas de afastar a configuração da culpain eligendo, a responsabilidade
direito público encontram-se expressamente previstos em lei, dentre secundária da contratante tem como substrato a teoria da culpain
os quais não se vislumbra a isenção ao ente público no tocante aos vigilando, que está associada à concepção de inobservância pelas
efeitos da revelia e confissão quanto à matéria fática, não tomadoras do dever de zelar pela incolumidade dos direitos
alcançando, todavia, a matéria de direito. trabalhistas dos empregados das empresas interpostas que lhes
inaugural, tem-se por verdadeiros os fatos declinados na petição Segundo a decisão do STF, que reconheceu ser constitucional o
inicial, no sentido de imputar-lhe a responsabilização subsidiária dispositivo do art. 71, § 1º, da Lei federal nº 8.666/93, há de se
pelo pagamento dos créditos trabalhistas decorrentes do contrato entender que não se pode transferir para a Administração Pública a
de terceirização de serviço mantido com a reclamada principal, e responsabilidade "contratual" pelo pagamento dos encargos
2. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DA ADMINISTRAÇÃO Todavia, a responsabilidade decorrente de atos ilícitos não foi
Insurge-se o recorrente em face da responsabilidade subsidiária STF são claros em não excluir a responsabilidade da Administração
pelo pagamento das parcelas trabalhistas deferidas. Pública, quando seus agentes agirem com dolo ou culpa.
Defende, outrossim, que, nos termos da decisão proferida pelo STF Em outras palavras, o Pleno do STF, ao declarar a
no bojo do RE 760.931/DF, com reconhecimento de repercussão constitucionalidade do art. 71 da Lei nº 8.666/93, somente vedou a
geral e efeitos vinculantes, "a imputação da culpa in vigilando ao transferência automática, fundada no mero inadimplemento, da
Poder Público, por deficiência na fiscalização do contrato celebrado responsabilidade da empresa prestadora de serviços para o ente
com a prestadora de serviços, somente pode prevalecer nos casos público tomador de serviços, ressalvando que "isso não impedirá
em que se tenha a efetiva comprovação da ausência de fiscalização que a Justiça do Trabalho recorra a outros princípios constitucionais
do cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora e, invocando fatos da causa, reconheça a responsabilidade da
Administração, não pela mera inadimplência, mas por outros fatos". regra, constituem a parte hipossuficiente da relação triangular. Isso
Exatamente sob este matiz é que foi firmado o entendimento porque detém a pessoa jurídica de direito público melhores
consolidado no item V da Súmula nº 331 do TST (reeditado após o condições para tanto, além de estar incumbida de tal mister, como
julgamento da mencionada ADC 16), cujo teor estabelece que os se pode inferir da Lei Geral de Licitações que a obriga a nomear
entes integrantes da Administração Pública direta e indireta gestor para acompanhar a execução dos contratos (art. 67).
respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, Com efeito, o acompanhamento e supervisionamento da execução
caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das do contrato firmado é imposição legal da Administração Pública,
obrigações da Lei nº 8.666, de 21.06.1993, especialmente na cabendo ao ente público o ônus de demonstrar a efetiva fiscalização
fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da do cumprimento das obrigações contratuais por parte da empresa
aludida responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das No que se refere à tese de repercussão geral fixada pelo STF
obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente acerca do tema no RE 760.931, observe-se o seguinte trecho da
Isso, portanto, se encontra em perfeita sintonia com a exegese do "O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do
art. 71 da Lei Geral de Licitações, segundo interpretação conferida contratado não transfere automaticamente ao Poder Público
Ora, cediço que foi adotada pelo Código Civil a teoria da caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº
qual o dever de indenizar nasce quando presentes os seguintes Infere-se que os termos da presente decisão encontram-se em
elementos: conduta ilícita qualificada pela existência de culpa, dano consonância com o julgado do RE 760.931 do E. STF, haja vista
a outrem e nexo de causalidade entre o dano e o fato antijurídico que, no presente caso, não se aplica a responsabilização
imputável ao agente. Tal responsabilização nasce, outrossim, da automática da Administração, mas, sim, a decorrente da
combinação das normas insculpidas no caput do art. 927 e no art. configuração da culpa, cuja prova foi aferida considerando os
A culpa em questão deve ser entendida lato sensu, para alcançar Outrossim, entende-se não ser ônus do reclamante a prova de suas
além do dolo, caracterizado pela livre vontade do agente de praticar alegações, no sentido de que falhara a fiscalização do ente público,
o ilícito, aquela conduta que causa dano a outrem, em virtude de porquanto tal importaria em exigência da prova de fato negativo, o
sua negligência, imprudência ou imperícia. que não encontra acolhida no nosso ordenamento jurídico. Em
A Lei nº 8.666/93 é clara em impor responsabilidades ao ente verdade, é da Administração Pública a melhor aptidão para
público, quando estabelece que este, ao contratar serviços comprovar as medidas que teriam sido adotadas na fiscalização do
terceirizados, tem a obrigação de acompanhar e fiscalizar a contrato, daí porque o seu ônus probatório também se justifica pelo
execução do contrato, a teor, por exemplo, do que está disposto nos princípio da aptidão da prova.
artigos 58, III, e 67, e cinge-se não apenas ao cumprimento do O fato é que, do acervo probatório repousante nos presentes autos,
objeto pactuado, mas se estende à verificação de estar ou não a não há provas do efetivo acompanhamento pelo fiscal do contrato
tomadora de serviços honrando seus encargos trabalhistas. Isso quanto ao efetivo cumprimento daquelas obrigações impostas à
porque a mesma Lei Geral de Licitações impõe em seu art. 55, contratada, tampouco da idoneidade da prestadora dos serviços,
inciso XIII, a obrigação do contratado de manter, durante toda a como a exibição de certidões negativas do INSS e FGTS, e o
execução do contrato, em compatibilidade com as obrigações por condicionamento dos repasses da fatura mensal à apresentação da
ele assumidas, todas as condições de habilitação e qualificação quitação dos encargos adimplidos no mês anterior.
exigidas na licitação, estando dentre as condições de habilitação, No caso, o Estado do Ceará, por intermédio da Procuradoria-Geral
expressamente, a regularidade fiscal e trabalhista (art. 27, IV), de tal de Justiça, firmou contrato nº 072/2010 - CPL/PGJ, em 29/09/2010,
sorte que não há falar em violação do pacto federativo. com a empresa E. Mendes Ferreira - ME LTDA, tendo como objeto
Assim é que o Poder Público, dotado de mecanismos de a prestação de serviços bancários e entrega de notificação em zona
fiscalização, deve acompanhar a fiel execução dos termos do rural, incluindo o Município de Fortaleza, através de moto (Id.
trabalhistas daqueles que laboram em seu benefício e que, via de Em que pese os argumentos expendidos no apelo e os documentos
aportados aos autos pelo segundo réu (Id. 37e4d60 - págs. 1/61) empregado, vislumbra-se, in casu, a omissão culposa a respaldar a
por ocasião de sua defesa, tem-se que o Estado do Ceará, através responsabilidade subsidiária do ora recorrente.
da Procuradoria Geral de Justiça, não fiscalizou o contrato de Registre-se que a responsabilidade do segundo reclamado abrange
prestação de serviços a contento, isto porque não ficou comprovado todas as parcelas condenatórias, inclusive as de caráter punitivo,
o acompanhamento mensal do cumprimento das obrigações como a multa de 40% sobre FGTS, consoante entendimento
trabalhistas por parte da primeira reclamada, tampouco de que firmado no item VI da Súmula 331 do TST.
tenha tomado providências eficazes ao cumprimento dos direitos Diante de tais razões, de se manter a decisão que atribuiu ao
laborais de seus prestadores de serviço, incluindo o reclamante. Estado do Ceará a responsabilidade subsidiária pelo pagamento
Ora, a imediata retenção ou a glosa das faturas pendentes pelo das parcelas deferidas em favor da reclamante.
tomador de serviços, com vistas à quitação de todas as parcelas 3. LIBERAÇÃO DO FGTS. OBRIGAÇÃO PERSONALÍSSIMA DO
trabalho poderia ter sido providenciada anteriormente, o que não O recorrente requer que, na eventualidade de vir a ser mantida a
ocorreu no caso tratado nos autos. responsabilidade subsidiária do Estado do Ceará pelo
Note-se que o descumprimento das obrigações trabalhistas por adimplemento dos créditos trabalhistas do reclamante, seja o
parte da prestadora de serviços, inclusive quanto ao atraso no reclamado eximido da responsabilidade por obrigações
pagamento dos salários dos empregados que lhe prestavam personalíssimas que somente dizem respeito ao real empregador,
serviços, já era de conhecimento do Estado do Ceará desde, pelo tais como: liberação do FGTS ou a anotação da CTPS do autor.
menos, fevereiro de 2014, conforme demonstram os documentos de Todavia, a referida insurgência carece de interesse recursal, tendo
Id. 37e4d60 - págs. 47/48, e nem assim foram adotaram medidas em vista que inexiste determinação nesse sentido na sentença
recolhimento do FGTS.
Registre-se, por oportuno, que a sentença de primeiro grau não Conhecer do recurso ordinário e negar-lhe provimento.
prestadora de serviços.
inadimplemento das obrigações trabalhistas por parte da empresa TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
prestadora de serviços, cuja contratação e fiscalização não lhe unanimidade, conhecer do recurso ordinário e negar-lhe provimento.
Desse modo, evidenciado que o recorrente descurou de seu dever Vasconcelos Maia (Presidente), Maria Roseli Mendes Alencar
fiscalizatório, não tomando as medidas protetivas que estavam ao (Relatora) e Regina Gláucia Cavalcante Nepomuceno. Presente,
seu alcance, com vistas a evitar o inadimplemento das obrigações ainda, o Procurador Regional do Trabalho, Francisco Gérson
contratuais da empresa prestadora de serviço em relação ao seu Marques de Lima. Fortaleza, 12 de fevereiro de 2020.
Desembargadora Relatora
Fortaleza, 21 de fevereiro de 2020. sentido, deve ser reformada a decisão, na qual se entendeu pela
CESAR DE ALMEIDA MARINHO especificamente acerca de sanção pecuniária, fica a parte infratora
(R$98,54); abr/2017 - 8 dias (R$157,67); diferenças salariais de aplicação de multa convencional em face do atraso no pagamento
janeiro/2017 e fevereiro/2017 (R$96,94); diferenças de auxílio do 13º salário, indeferiu o pedido, todavia, conforme indicado na
alimentação do período contratual, no valor de R$800,40; cestas peça de entrada, a pretensão encontra abrigo no parágrafo segundo
básicas do período contratual, no importe de R$295,00; multa por da cláusula sexta da CCT, a qual não foi analisada na sentença.
curso do contrato (R$148,77), acrescidas dos reflexos sobre: 13º De fato, na peça inicial, há pedido expresso de condenação das rés
salários (R$15,66); férias + 1/3 (R$20,88); FGTS (R$14,40) + 40% no pagamento de multa convencional pelo atraso no pagamento do
Como se vê às fls. 213/215, os embargos de declaração CCT (fl. 11), que assim dispõe:
apresentados pelo autor foram julgados improcedentes. CLÁUSULA SEXTA - PAGAMENTO DO 13° SALÁRIO As
Externando seu inconformismo, o reclamante interpôs o recurso empresas pagarão o 13° salário de 2016 na forma estipulada em
inexistir previsão específica no parágrafo primeiro da cláusula Parágrafo segundo - Fica estipulada uma multa, de 2% (dois por
quarta da Convenção Coletiva de Trabalho quanto à aplicação de cento) do valor do salário, por dia de atraso, revertido em benefício
multa convencional em face do atraso no pagamento do 13º salário, do empregado prejudicado, salvo se a mora se operar por culpa do
pretensão encontra abrigo no parágrafo segundo da cláusula sexta Sendo assim, dou provimento ao apelo ordinário para condenar as
da CCT, a qual não foi analisada na sentença. promovidas a pagarem ao recorrente a multa estatuída no parágrafo
Expõe, outrossim, que o sentenciante a quo estipulou o pagamento segundo da cláusula sexta da Convenção Coletiva de Trabalho de
sentido de que aludida multa não pode ser inferior ao valor do maior COLETIVA DE TRABALHO
piso salarial da categoria. Como já relatado, o recorrente propugna que o sentenciante a quo,
Regularmente notificadas por edital, as reclamadas não ao condenar as rés no pagamento da multa estabelecida na
Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho, -a ao valor da condenação, todavia, na mencionada cláusula, há
visto que não configuradas quaisquer das hipóteses previstas no disposição clara no sentido de que aludida multa não pode ser
art. 109, do Regimento Interno deste Regional. inferior ao maior piso salarial da categoria.
Considerando as informações constantes da certidão à fl. 230, multa equivalente ao prejuízo proporcionado, que não poderá ser
conheço do recurso, ratificando o despacho de admissibilidade inferior , em qualquer hipótese, ao valor do maior piso salarial a ser
Conforme relatado, o recorrente expõe que o julgador singular, Na hipótese de descumprimento de qualquer cláusula da presente
considerando inexistir previsão específica no parágrafo primeiro da Convenção Coletiva de Trabalho, sem previsão de sanção
cláusula quarta da Convenção Coletiva de Trabalho quanto à pecuniária específica, fica a parte infratora sujeita à multa
pagarem ao reclamante multa convencional no valor de R$ Voto do(a) Des(a). REGINA GLAUCIA CAVALCANTE
Nepomuceno
Recurso conhecido e provido. qual seja, multa, de 2% (dois por cento) do valor do salário.
DISPOSITIVO
Diretor de Secretaria
Processo Nº RORSum-0000170-07.2019.5.07.0027
Relator MARIA ROSELI MENDES ALENCAR
RECORRENTE S A PAULISTA DE CONSTRUCOES E
COMERCIO
JOSE JONES DE ADVOGADO(OAB: 24526/CE)
SOUZA FILHO
ADOLPHO LUIZ ADVOGADO(OAB: 144997/SP)
MARTINEZ
RECORRIDO SILVEIRA CONSTRUTORA DE
ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 1ª TURMA DO EDIFICIOS EIRELI
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por RECORRIDO ERIVAN BATISTA DE SANTANA
JOSE LAIR DE SOUSA ADVOGADO(OAB: 12467/CE)
unanimidade, conhecer e dar provimento ao recurso para incluir na MANGUEIRA
condenação as seguintes verbas: multa estatuída no parágrafo
Intimado(s)/Citado(s):
segundo da cláusula sexta da Convenção Coletiva de Trabalho de
- S A PAULISTA DE CONSTRUCOES E COMERCIO
2016 e multa estabelecida na cláusula quinquagésima da CCT de
Relator
RELATÓRIO de 1/3; b.5) 13º salário proporcional de 2018 03/12; b.6) multa do
art. 477, § 8º da CLT; b.7) multa do art. 467 da CLT; b.8) o valor
Dispensado o relatório, nos termos do artigo 895, § 1º, IV, da CLT. relativo a cesta básica; b.9) multa convencional no valor de R$
conhecer do recurso interposto pela segunda reclamada. Pretende a recorrente ver-se eximida da responsabilização a que foi
MÉRITO "não lhe exigiu a prestação de quaisquer serviços e nem lhe pagou
A Juíza da 1ª Vara do Trabalho da Região do Cariri rejeitou a responsabilizada, mesmo que de forma subsidiária, por falta de
preliminar de ilegitimidade passiva e, no mérito, julgou parcialmente amparo legal, visto que cabe ao empreiteiro a execução de
procedentes os pedidos formulados por ERIVAN BATISTA DE determinado serviço em benefício do tomador, inclusive, direção e
CONSTRUÇÕES E COMÉRCIO, para condenar as reclamadas, serviços com o objetivo de dar cumprimento às obrigações
sendo a segunda de forma subsidiária, no pagamento das seguintes decorrentes do contrato celebrado com a 1ª Reclamada, ônus que,
verbas, com base na remuneração de R$ 1.698,58: "b.1) saldo de segundo a recorrente, incimbia ao reclamante.
salário do mês de novembro de 2018 (22 dias), descontado o valor Aponta violação ao art. 5º, inciso II, da CF/1988, bem como alega
de R$ 1.000,00 recebido pelo autor e informado em sua inicial; b.2) que não se aplica ao caso o entendimento contido na Súmula nº
primeira reclamada, SILVEIRA CONSTRUTORA DE EDIFÍCIOS Ressalte-se que se inserem os serviços contratados dentre os
LTDA - ME, fora-lhe aplicada a pena de revelia e confissão ficta, de englobados na dinâmica normal do objeto social das empresas de
modo que se presumem verdadeiros os fatos alegados na peça construção civil, atividade empresarial da recorrente (tomadora dos
sua petição inicial que fora contratado pela primeira ré, em Sendo assim, não há se falar em violação do art. 5º, inciso II, da
05/09/2018, na função de "pedreiro", exercendo seus serviços na Constituição Federal, porquanto pacífica a responsabilidade do
Região do Cariri, em prol da tomadora dos serviços S A PAULISTA empreiteiro principal, nos termos do art. 455 da CLT, naqueles
DE CONSTRUÇÕES E COMÉRCIO, segunda reclamada, e casos em que o subempreiteiro não honra com os créditos
demitido sem justa causa em 22/11/2018 (ID. 540f99f - Pág. 4). trabalhistas de seus empregados, independendo, inclusive, de
Demais disso, constata-se que a segunda ré, (S/A PAULISTA DE prova de fraude ou insolvência do empregador.
CONSTRUÇÕES E COMÉRCIO), subempreitou a execução da Não se reconhece com isso o vínculo de emprego direto entre o
obra "Cinturão das Águas - Lote 02 CAC Ceará", mediante empreiteiro principal e o trabalhador, apenas promove-se a justa
celebração de CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS POR tutela de direitos do empregado, protegendo-o de prejuízos
EMPREITADA DE MÃO DE OBRA (ID. ea69a23) com a reclamada advindos de eventuais inadimplementos das obrigações
SILVEIRA CONSTRUTORA DE EDIFÍCIOS LTDA - ME, trabalhistas, mormente nos casos em que sua força de trabalho é
empregadora do reclamante, para a execução das obras civis, ao despendida em benefício direto de outrem, além de seu próprio
Ao ser inquirido em audiência (Ata ID. 98462fa - Pág. 1), declarou o o que se extrai dos seguintes julgados:
reclamante "que trabalhou no trecho que vai a partir de Brejo Santo; "AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. (...) 2.
que não sabe dizer o numero do lote". RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. SUBEMPREITADA (ART. 455
Por sua vez, o preposto da ora recorrente declarou "que a obra do DA CLT). Não merece reparos o decidido na origem, porquanto a
Cinturão das Águas é dividido em 05 lotes, ficando à cargo da decisão regional pela responsabilização solidária entre os
Reclamada o lote 02, que vai do município de Brejo Santo até o empreiteiros encontra-se em consonância com a jurisprudência
município de Barbalha", e confessou a prestação de serviços dos desta Corte Superior. Com efeito, nos termos do art. 455 da CLT, o
empregados da primeira ré no período entre o ano de 2017 a subempreiteiro responde pelas obrigações derivadas do contrato de
Assim, diante da pena de confissão aplicada, bem como, empregados, o direito de reclamação contra o empreiteiro principal
considerando os termos do contrato constante nos autos e da prova pelas obrigações inadimplidas. 3. (...). Agravo de Instrumento
oral produzida, conclui-se que incumbia à segunda ré produzir prova conhecido e desprovido." (AIRR - 2104-07.2012.5.18.0102, Rel.
desconstitutiva da presunção de veracidade dos fatos articulados na Des. Convocada: Vania Maria da Rocha Abensur, Data de
petição inicial, do qual não se desincumbiu, de forma que merece Julgamento: 19/08/2015, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT
jurisprudencial contido na Súmula 331 do c.TST, cujo teor trata, inadimplemento das obrigações trabalhistas decorrentes do contrato
especificamente, da contratação de serviços mediante a de trabalho celebrado pelo subempreiteiro, conforme se extrai do
intermediação de mão de obra. artigo 455 da Consolidação das Leis do Trabalho. Agravo de
Conforme pontuado nas razões retro, as promovidas celebraram Instrumento a que se nega provimento." (AIRR - 1960-
contrato de empreitada de mão-de-obra, para execução da obra 52.2010.5.06.0000, Rel. Des. Convocado: Marcelo Lamego
"Cinturão das Águas - lote 02 CAC Ceará". Pertence, Data de Julgamento: 05/08/2015, 1ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 07/08/2015) devendo ser utilizado a TR como índice de atualização dos débitos
Outrossim, não há que se falar em contrariedade ao entendimento trabalhistas no período anterior a 24.03.2015 e posterior a
contido na OJ nº 191 da SDI1/TST, por não figurar a ora recorrente 11.11.2017 (nos termos do artigo 879, § 7º, da CLT). Recurso de
como "dono da obra". De fato, na espécie dos autos, o Estado revista de que se conhece e a que se dá parcial provimento." (TST-
Ceará, contratante principal, é quem ostenta essa qualidade. A RR-10260-88.2016.5.15.0146, Ac. 4ª Turma, Relator Min. Caputo
recorrente, em verdade, como dito alhures, atuou como empreiteira Bastos, Dt. Julgamento: 09/10/2018).
e, como tal, responde pelas obrigações derivadas do contrato de Efetivamente, nos autos da ADI nº 4357, o Supremo Tribunal
trabalho de subempreitada que celebrar. Federal declarou a inconstitucionalidade da expressão "índice oficial
Registre-se, por oportuno, que, a despeito da responsabilidade da de remuneração básica da caderneta de poupança" prevista no art.
parte recorrente enquadrar-se, em verdade, na modalidade 100, §12º, da CF/88, afastando, assim, a aplicação da Taxa
solidária, mantém-se a sentença de primeiro grau, que atribuiu a Referencial - TR, no que culminou com a inconstitucionalidade, por
responsabilidade subsidiária, ante a observância do princípio arrastamento, do art. 1º-F da Lei nº 9.494, com a redação dada pelo
Repele-se, pois, a insurgência recursal neste tocante, não havendo Em decorrência da referida decisão do STF, o Pleno do TST, ao
Postula a aplicação da TR como índice de atualização de créditos Brandão, declarou a inconstitucionalidade, por arrastamento, da
decorrentes de condenações trabalhistas, a partir da vigência da Lei expressão "equivalente à TRD" contida no art. 39, caput, da Lei nº
A Magistrada sentenciante determinou a adoção do IPCA-E como Federal ao restante da norma e definiu como índice de atualização
índice de correção monetária. monetária dos créditos trabalhistas na Justiça do Trabalho o Índice
Com efeito, prospera a irresignação recursal. de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) a partir de
Em decisão recente, o C. TST firmou o seguinte entendimento: 30.06.2009, quando entrou em vigor a Lei nº 11.960/2009, que
"RECURSO DE REVISTA. CRÉDITOS TRABALHISTAS. acrescentou o art. 1º-F à Lei nº 9.494/1997, o qual foi declarado
CORREÇÃO MONETÁRIA. ATUALIZAÇÃO PELO IPCA-E. TAXA inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal.
REFERENCIAL. APLICAÇÃO DO ARTIGO 39 DA LEI Nº 8.177/91. O entendimento acerca da aplicação do IPCA-E encontrava-se
PARCIAL PROVIMENTO. Este colendo Tribunal Superior do suspenso em face do deferimento de liminar, pela mesma Corte
Trabalho, em sua composição plena, nos autos do processo n° TST Suprema, nos autos da Reclamação nº 22.012/RS. Contudo, não
diretriz insculpida no caput do artigo 39 da Lei n° 8.177/91, na parte Trabalho conferida liminarmente pelo Supremo Tribunal Federal nos
em que determina a utilização da variação acumulada da TRD para autos da Reclamação 22.012/RS, pois restou julgada improcedente,
fins de atualização monetária, à luz da interpretação dada pelo em data de 05/12/2017, prevalecendo, desse modo, o julgado do
Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI 4357-DF. Assim, Pleno do TST no julgamento do processo ArgInc-479-
prevaleceu o entendimento do Tribunal Pleno desta Corte Superior 60.2011.5.04.0231, de sorte a manter-se a aplicação do índice
no sentido de que o IPCA-E como índice de correção monetária oficial de remuneração básica da caderneta de poupança (TRD)
para atualização dos débitos trabalhistas somente deve ser adotado para os débitos trabalhistas devidos até o dia 24/3/2015, e, após, a
a partir de 25/03/2015. Ocorre que, com a entrada em vigor da Lei partir do dia 25/3/2015, a correção deve ser realizada pelo Índice de
nº 13.467/2017, em 11/11/2017, foi acrescentado o § 7º ao artigo Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E).
879 da CLT, determinando que a atualização dos créditos Ocorre que a Lei nº 13.467/2017, em vigor desde 11/11/2017,
decorrentes de condenação judicial deverá ser feita pela Taxa acrescentou o § 7º ao artigo 879 da CLT, com o seguinte teor:
Referencial (TR). Nesse contexto, de acordo com voto divergente "§ 7º A atualização dos créditos decorrentes de condenação judicial
proferido pelo Ministro Alexandre Luiz Ramos nos autos do será feita pela Taxa Referencial (TR), divulgada pelo Banco Central
processo nº TST-RR-2493-67.2012.5.12.0034, esta colenda Turma do Brasil, conforme a Lei no 8.177, de 1o de março de 1991.
decidiu, por maioria, adotar o entendimento de que o IPCA-E (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)"
somente deverá ser adotado como índice de atualização dos E em se tratando de normativo novo, tal não é afetado pela
débitos trabalhistas no interregno de 25.03.15 a 10.11.2017, declaração de inconstitucionalidade proferida em período anterior
EMENTA
Conhecer do recurso e lhe dar parcial provimento, tão somente para da declaração parcial de inconstitucionalidade do art. 39 da Lei nº
determinar a aplicação da TR como índice de correção monetária. 8.177/1991, que lhe conferia conteúdo. Diante disso, a correção
FUNDAMENTAÇÃO
DÉBITOS TRABALHISTAS
ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 1ª TURMA DO Consumidor Amplo Especial (IPCA-E), no que tange à correção
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por monetária a ser aplicada aos débitos trabalhistas.
unanimidade, conhecer do recurso e, por maioria, lhe dar parcial Porém, quando do julgamento da Reclamação nº 22012, os
provimento, tão somente para determinar a aplicação da TR como Ministros integrantes da 2ª Turma do STF, modularam os efeitos da
índice de correção monetária. Mantido o valor condenatório decisão promanada do TST (processo nº 479-60.2011.5.04.0231
arbitrado em primeiro grau. Vencido o Desembargador Durval César (ArgInc) para determinar a aplicação da TRD no cálculo da correção
de Vasconcelos Maia, que negava provimento ao apelo. monetária dos débitos trabalhistas exigíveis até o dia 24/03/2015 e,
Vasconcelos Maia (Presidente), Maria Roseli Mendes Alencar Note-se que o § 7º do art. 879, da CLT, acrescentado pela Lei nº
(Relatora) e Regina Gláucia Cavalcante Nepomuceno. Presente, 13.467/2017, expressamente prevê que "A atualização dos créditos
ainda, o Procurador Regional do Trabalho, Francisco Gérson decorrentes de condenação judicial será feita pela Taxa Referencial
Marques de Lima. Fortaleza, 12 de fevereiro de 2020. (TR), divulgada pelo Banco Central do Brasil, conforme a Lei n.
MARIA ROSELI MENDES ALENCAR pela TR para condenações impostas à Fazenda Pública é
Desembargadora Relatora inconstitucional, devendo ser aplicado o IPCA-E, uma vez a TR não
do relator, Ministro Luiz Fux, "O art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a
direito de propriedade (CRFB, art. 5º, XXII), uma vez que não se
jurisprudência do TST tem assentado o entendimento de que o Dispensado o relatório, nos termos do artigo 895, § 1º, IV, da CLT.
considerando, para isso, que o §7º, do art. 879, da CLT, perdeu sua
conferia conteúdo.
PODER JUDICIÁRIO
de R$ 1.000,00 recebido pelo autor e informado em sua inicial; b.2) que não se aplica ao caso o entendimento contido na Súmula nº
aviso prévio indenizado (30 dias); b.3) indenização dos depósitos do 331 do c. TST.
vinculada de R$ 138,22; b.4) férias proporcionais 03/12, acrescidas De início, de se destacar que, ante a ausência injustificada da
de 1/3; b.5) 13º salário proporcional de 2018 03/12; b.6) multa do primeira reclamada, SILVEIRA CONSTRUTORA DE EDIFÍCIOS
art. 477, § 8º da CLT; b.7) multa do art. 467 da CLT; b.8) o valor LTDA - ME, fora-lhe aplicada a pena de revelia e confissão ficta, de
devido de R$ 250,00 referente ao mês de novembro de 2018 modo que se presumem verdadeiros os fatos alegados na peça
562,70, conforme cláusula 11ª do ACT 2018;", além dos honorários Compulsando os autos, verifica-se que o reclamante afirmou em
advocatícios fixados em 15% sobre o valor da liquidação. (Sentença sua petição inicial que fora contratado pela primeira ré, em
Irresignada, a segunda reclamada, S A PAULISTA DE Região do Cariri, em prol da tomadora dos serviços S A PAULISTA
CONSTRUÇÕES E COMÉRCIO interpôs Recurso Ordinário (ID. DE CONSTRUÇÕES E COMÉRCIO, segunda reclamada, e
8d46e5a), insurgindo-se contra a responsabilidade subsidiária que demitido sem justa causa em 22/11/2018 (ID. 540f99f - Pág. 4).
lhe foi atribuída. Demais disso, constata-se que a segunda ré, (S/A PAULISTA DE
Outrossim, postula a aplicação da TR como índice de atualização CONSTRUÇÕES E COMÉRCIO), subempreitou a execução da
de créditos decorrentes de condenações trabalhistas, a partir da obra "Cinturão das Águas - Lote 02 CAC Ceará", mediante
vigência da Lei nº 13.467/2017. Por fim, requer seja invertido o ônus celebração de CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS POR
1) RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. CONTRATO DE empregadora do reclamante, para a execução das obras civis, ao
condenada, alegando que é da empresa empregadora do Ao ser inquirido em audiência (Ata ID. 98462fa - Pág. 1), declarou o
reclamante/recorrido a responsabilidade por todos os encargos reclamante "que trabalhou no trecho que vai a partir de Brejo Santo;
trabalhistas que incidir sobre o empregado. que não sabe dizer o numero do lote".
Oportuno ser observado que a recorrente reconhece a celebração Por sua vez, o preposto da ora recorrente declarou "que a obra do
de contrato de prestação de serviços com a primeira ré, de natureza Cinturão das Águas é dividido em 05 lotes, ficando à cargo da
civil, para realização de obra certa, porém, afirma que é de Reclamada o lote 02, que vai do município de Brejo Santo até o
responsabilidade da empresa contratada (1ª reclamada) a município de Barbalha", e confessou a prestação de serviços dos
satisfação dos encargos trabalhista devidos ao autor, haja vista que empregados da primeira ré no período entre o ano de 2017 a
"não lhe exigiu a prestação de quaisquer serviços e nem lhe pagou outubro de 2018.
qualquer salário, jamais controlou seus horários, ou lhe deu ordens, Assim, diante da pena de confissão aplicada, bem como,
não havendo desta forma, qualquer subordinação econômica ou considerando os termos do contrato constante nos autos e da prova
jurídica" com o obreiro, sendo deste, portanto, o ônus de provar que oral produzida, conclui-se que incumbia à segunda ré produzir prova
prestou serviços em seu favor. desconstitutiva da presunção de veracidade dos fatos articulados na
Sustenta que, na condição de dono da obra, não pode ser petição inicial, do qual não se desincumbiu, de forma que merece
responsabilizada, mesmo que de forma subsidiária, por falta de ser mantida inalterada a sentença recorrida no que diz respeito a
determinado serviço em benefício do tomador, inclusive, direção e Passa-se à análise da responsabilização da segunda reclamada.
Outrossim, defende a ausência de comprovação da prestação de jurisprudencial contido na Súmula 331 do c.TST, cujo teor trata,
serviços com o objetivo de dar cumprimento às obrigações especificamente, da contratação de serviços mediante a
decorrentes do contrato celebrado com a 1ª Reclamada, ônus que, intermediação de mão de obra.
segundo a recorrente, incimbia ao reclamante. Conforme pontuado nas razões retro, as promovidas celebraram
Aponta violação ao art. 5º, inciso II, da CF/1988, bem como alega contrato de empreitada de mão-de-obra, para execução da obra
"Cinturão das Águas - lote 02 CAC Ceará". Pertence, Data de Julgamento: 05/08/2015, 1ª Turma, Data de
segunda acionada beneficiou-se, efetivamente, do trabalho Outrossim, não há que se falar em contrariedade ao entendimento
realizado pelo reclamante. contido na OJ nº 191 da SDI1/TST, por não figurar a ora recorrente
Ressalte-se que se inserem os serviços contratados dentre os como "dono da obra". De fato, na espécie dos autos, o Estado
englobados na dinâmica normal do objeto social das empresas de Ceará, contratante principal, é quem ostenta essa qualidade. A
construção civil, atividade empresarial da recorrente (tomadora dos recorrente, em verdade, como dito alhures, atuou como empreiteira
serviços), tratando-se, portanto, efetivamente de atividade-fim, e e, como tal, responde pelas obrigações derivadas do contrato de
Sendo assim, não há se falar em violação do art. 5º, inciso II, da Registre-se, por oportuno, que, a despeito da responsabilidade da
Constituição Federal, porquanto pacífica a responsabilidade do parte recorrente enquadrar-se, em verdade, na modalidade
empreiteiro principal, nos termos do art. 455 da CLT, naqueles solidária, mantém-se a sentença de primeiro grau, que atribuiu a
casos em que o subempreiteiro não honra com os créditos responsabilidade subsidiária, ante a observância do princípio
prova de fraude ou insolvência do empregador. Repele-se, pois, a insurgência recursal neste tocante, não havendo
Não se reconhece com isso o vínculo de emprego direto entre o se falar em inversão do ônus da sucumbência.
tutela de direitos do empregado, protegendo-o de prejuízos Postula a aplicação da TR como índice de atualização de créditos
advindos de eventuais inadimplementos das obrigações decorrentes de condenações trabalhistas, a partir da vigência da Lei
despendida em benefício direto de outrem, além de seu próprio A Magistrada sentenciante determinou a adoção do IPCA-E como
O c. TST, a propósito, não deixa margem à interpretação diversa. É Com efeito, prospera a irresignação recursal.
o que se extrai dos seguintes julgados: Em decisão recente, o C. TST firmou o seguinte entendimento:
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. SUBEMPREITADA (ART. 455 CORREÇÃO MONETÁRIA. ATUALIZAÇÃO PELO IPCA-E. TAXA
DA CLT). Não merece reparos o decidido na origem, porquanto a REFERENCIAL. APLICAÇÃO DO ARTIGO 39 DA LEI Nº 8.177/91.
decisão regional pela responsabilização solidária entre os PARCIAL PROVIMENTO. Este colendo Tribunal Superior do
empreiteiros encontra-se em consonância com a jurisprudência Trabalho, em sua composição plena, nos autos do processo n° TST
desta Corte Superior. Com efeito, nos termos do art. 455 da CLT, o -ArgInc-479-60.2011.5.04.0231, analisou a constitucionalidade da
subempreiteiro responde pelas obrigações derivadas do contrato de diretriz insculpida no caput do artigo 39 da Lei n° 8.177/91, na parte
trabalho de subempreitada que celebrar, cabendo, todavia, aos em que determina a utilização da variação acumulada da TRD para
empregados, o direito de reclamação contra o empreiteiro principal fins de atualização monetária, à luz da interpretação dada pelo
pelas obrigações inadimplidas. 3. (...). Agravo de Instrumento Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI 4357-DF. Assim,
conhecido e desprovido." (AIRR - 2104-07.2012.5.18.0102, Rel. prevaleceu o entendimento do Tribunal Pleno desta Corte Superior
Des. Convocada: Vania Maria da Rocha Abensur, Data de no sentido de que o IPCA-E como índice de correção monetária
Julgamento: 19/08/2015, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT para atualização dos débitos trabalhistas somente deve ser adotado
SOLIDÁRIA. CONTRATO DE SUBEMPREITADA. O subempreiteiro 879 da CLT, determinando que a atualização dos créditos
e o empreiteiro principal respondem solidariamente pelo decorrentes de condenação judicial deverá ser feita pela Taxa
inadimplemento das obrigações trabalhistas decorrentes do contrato Referencial (TR). Nesse contexto, de acordo com voto divergente
de trabalho celebrado pelo subempreiteiro, conforme se extrai do proferido pelo Ministro Alexandre Luiz Ramos nos autos do
artigo 455 da Consolidação das Leis do Trabalho. Agravo de processo nº TST-RR-2493-67.2012.5.12.0034, esta colenda Turma
Instrumento a que se nega provimento." (AIRR - 1960- decidiu, por maioria, adotar o entendimento de que o IPCA-E
52.2010.5.06.0000, Rel. Des. Convocado: Marcelo Lamego somente deverá ser adotado como índice de atualização dos
débitos trabalhistas no interregno de 25.03.15 a 10.11.2017, declaração de inconstitucionalidade proferida em período anterior
devendo ser utilizado a TR como índice de atualização dos débitos ao início da sua vigência.
trabalhistas no período anterior a 24.03.2015 e posterior a Esse o quadro, de se prover o recurso, nesse tocante, para
11.11.2017 (nos termos do artigo 879, § 7º, da CLT). Recurso de determinar a aplicação da TR como índice de correção monetária,
revista de que se conhece e a que se dá parcial provimento." (TST- tendo em vista se tratar de verbas oriundas de período posterior a
Em decorrência da referida decisão do STF, o Pleno do TST, ao Conhecer do recurso e lhe dar parcial provimento, tão somente para
apreciar a Arguição de Inconstitucionalidade nº 479- determinar a aplicação da TR como índice de correção monetária.
suspenso em face do deferimento de liminar, pela mesma Corte ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 1ª TURMA DO
Suprema, nos autos da Reclamação nº 22.012/RS. Contudo, não TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
mais subsiste a suspensão da decisão do Tribunal Superior do unanimidade, conhecer do recurso e, por maioria, lhe dar parcial
Trabalho conferida liminarmente pelo Supremo Tribunal Federal nos provimento, tão somente para determinar a aplicação da TR como
autos da Reclamação 22.012/RS, pois restou julgada improcedente, índice de correção monetária. Mantido o valor condenatório
em data de 05/12/2017, prevalecendo, desse modo, o julgado do arbitrado em primeiro grau. Vencido o Desembargador Durval César
Pleno do TST no julgamento do processo ArgInc-479- de Vasconcelos Maia, que negava provimento ao apelo.
60.2011.5.04.0231, de sorte a manter-se a aplicação do índice Participaram do julgamento os Desembargadores Durval César de
oficial de remuneração básica da caderneta de poupança (TRD) Vasconcelos Maia (Presidente), Maria Roseli Mendes Alencar
para os débitos trabalhistas devidos até o dia 24/3/2015, e, após, a (Relatora) e Regina Gláucia Cavalcante Nepomuceno. Presente,
partir do dia 25/3/2015, a correção deve ser realizada pelo Índice de ainda, o Procurador Regional do Trabalho, Francisco Gérson
Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E). Marques de Lima. Fortaleza, 12 de fevereiro de 2020.
será feita pela Taxa Referencial (TR), divulgada pelo Banco Central MARIA ROSELI MENDES ALENCAR
direito de propriedade (CRFB, art. 5º, XXII), uma vez que não se
Voto do(a) Des(a). DURVAL CESAR DE VASCONCELOS MAIA / qualifica como medida adequada a capturar a variação de preços da
Gab. Des. Durval Cesar de Vasconcelos Maia economia, sendo inidônea a promover os fins a que se destina".
[...] CORREÇÃO MONETÁRIA PELO TR X IPCA-E. O TST tem considerando, para isso, que o §7º, do art. 879, da CLT, perdeu sua
assentado o entendimento de que o IPCA-E deve ser aplicado eficácia normativa, em virtude da declaração parcial de
mesmo após a reforma trabalhista, considerando, para isso, que o inconstitucionalidade do art. 39 da Lei nº 8.177/1991, que lhe
§7º, do art. 879, da CLT, perdeu sua eficácia normativa, em virtude conferia conteúdo.
da declaração parcial de inconstitucionalidade do art. 39 da Lei nº Assim, impõe-se a aplicação do índice de correção monetária pela
8.177/1991, que lhe conferia conteúdo. Diante disso, a correção TR até 24/03/2015 (Arg Inc nº 479-60.2011.5.04.0231/TST x
monetária dos débitos trabalhistas deve observar a aplicação da TR Reclamação nº 22012/STF), e pelo IPCA-E a contar de 25/03/2015
até 24/03/2015 (Arg Inc nº 479-60.2011.5.04.0231/TST x para atualização dos débitos trabalhistas.
FUNDAMENTAÇÃO
COSMÉTICOS LTDA, BRC - BRAZIL COSMETICS LTDA, DE COSMÉTICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME; VRX COMERCIO
RECORRIDO: LUCHELYS DE ALENCAR MARTINS, VRX NENDZA - ME; HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE
COMERCIO DE COSMÉTICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, COSMÉTICOS LTDA - ME; AL PARTICIPACOES LTDA;
ANDERSON LUID DOS SANTOS SEVERO - ME, BRC - BRAZIL ANDERSON LUID DOS SANTOS SEVERO - ME; MULT
COSMÉTICOS LTDA, MULT DISTRIBUIDORA DE COSMÉTICOS DISTRIBUIDORA DE COSMÉTICOS LTDA; BRC - BRAZIL
LTDA, AL PARTICIPACOES LTDA, HNV INDÚSTRIA E COSMETICS LTDA a pagar à reclamante LUCHELYS DE
COMERCIO DE COSMÉTICOS LTDA - ME, ROBERTO NENDZA - ALENCAR MARTINS as seguintes parcelas: a.Saldo de salário (29
ME, CRX COMERCIO DE COSMÉTICOS E BIJUTERIAS LTDA - dias); b. Aviso prévio (51 dias); com reflexos no 13º salário e férias;
ME, ALENCARINE COSMÉTICOS COMERCIO VAREJISTA E c. Férias simples 2016/2017 e proporcionais (8/12 avos), acrescidas
TREINAMENTOS EIRELI, ERICA PONTES DE MENESES, J R de 1/3 constitucional; d. 13º salário proporcional 2018 (3/12 avos); e.
COMERCIO DE COSMÉTICOS LTDA - ME, BELLA COSMÉTICOS FGTS + 40%; f. Multa do art. 467 da CLT, incidente sobre os valores
LTDA - EPP, MULTIPLA COMERCIO DE COSMÉTICOS LTDA - e parcelas rescisórias constantes no TRCT (ID. 7ad3499), bem
EPP, ORIGINAL COMERCIO DE COSMÉTICOS LTDA - ME, como sobre o FGTS não depositado e multa de 40% sobre todos os
HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, HELGA valores devidos a título de FGTS ao longo da contratualidade; g.
COSMÉTICOS LTDA - ME, DISTRIBUIDORA HELGA Multa do art. 477,§8º da CLT; h. Honorários advocatícios.
COSMÉTICOS LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - A sentença fora complementada pelos aclaratórios de ID. 7081a1b,
RELATOR: FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA compensação do valor de R$ 10.710,34, vez que a quantia foi
REDATOR DESIGNADO: CLAUDIO SOARES PIRES recebida pela parte embargada, conforme comprovante de
RECURSO ORDINÁRIO. GRUPO ECONÔMICO. direito de defesa, ao argumento de que o juízo, ao adotar
CONFIGURAÇÃO. Confirma-se a sentença de origem que integralmente a motivação da sentença proferido na reclamatória
reconheceu a formação de grupo econômico entre as empresas trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu
demandadas, quando se constata que além da complementaridade entendimento, por consequência, a partir das provas orais ali
entre os objetos sociais destas, há o interesse integrado, a consignadas, mas que, tais elementos probatórios não foram
comunhão de interesses e a atuação conjunta das empresas dele publicizadas à ora recorrente no presente feito, com vistas à
integrantes. Recurso conhecido e improvido. garantia do contraditório e da ampla defesa, verificando-se, pois,
Designado para redigir o acórdão, peço vênia para adotar o relatório Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não
da lavra do Excelentíssimo Desembargador Relator Francisco José integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos,
Gomes da Silva, a seguir: mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou
"Trata-se de recurso ordinário ajuizado pela reclamada HNV como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera
INDUSTRIA E COSMÉTICOS LTDA interposto em face da decisão cópia de uma transcrição parcial realizada no bojo de uma sentença
do Juízo da 18ª Vara do Trabalho de Fortaleza (ID. 984dd8d), que proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou,
JULGOU a reclamatória PROCEDENTE EM PARTE, para naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova
condenar, SOLIDARIAMENTE, as reclamadas DISTRIBUIDORA emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito.
HELGA COSMÉTICOS LTDA - ME; HELGA COSMÉTICOS LTDA Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam
- ME; HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME; ORIGINAL relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo
COMERCIO DE COSMÉTICOS LTDA - ME; MULTIPLA reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art.
COSMÉTICOS LTDA - EPP; J R COMERCIO DE COSMÉTICOS Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno
LTDA - ME; JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME; ERICA dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em
PONTES DE MENESES; ALENCARINE COSMÉTICOS conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine.
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS; CRX COMERCIO Adiante, requer o reconhecimento da inépcia do pedido relativo às
parcelas de FGTS + 40%, a extinção do pleito sem resolução de "DA NULIDADE DA SENTENÇA- DA UTILIZAÇÃO DA PROVA
mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15, sob o EMPRESTADA - DO ALEGADO CERCEAMENTO DE DEFESA
fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de ingresso, Aduz a recorrente, preliminarmente, que houve cerceamento de seu
inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso e de direito de defesa, ao argumento de que o juízo, ao adotar
dispensa, realizou o pedido correspondente às parcelas de FGTS integralmente a motivação da sentença proferida na reclamatória
em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o saldo trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu
fundiário. entendimento, a partir das provas orais ali consignadas, mas que,
No mérito, defende a recorrente, em síntese, a inexistência de fusão tais elementos probatórios não foram publicizadas à ora recorrente
e formação de grupo econômico com o GRUPO HELGA, sendo no presente feito, com vistas à garantia do contraditório e da ampla
indevida a sua responsabilidade solidária pelos créditos deferidos defesa, verificando-se, pois, uma patente violação ao que dispõe o
Argumenta, em que pese tenha havido, nas redes sociais, um Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não
anúncio de fusão entre os conglomerados Helga e Hanova, por integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos,
certo, tal reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou
empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera
regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos cópia de uma transcrição parcial realizada no bojo de uma sentença
econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria, proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou,
mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova
possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses, o emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito.
que, também, não retrata o caso dos autos. Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam
Esclarece, adiante, que há uma mera relação comercial, havendo relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo
total independência entre as empresas do GRUPO HANOVA em reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art.
mera fornecedora de produtos para o conglomerado empresarial Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno
HELGA, sem haver contudo, qualquer integração de interesses dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em
entre as empresas ou atuação conjunta. conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine.
inconstitucionalidade declarada de forma incidental do art. 791-A, Em audiência de instrução, as Reclamadas requereram a juntada
§4º, da CLT, haja vista inexistir afronta à Carga Magna, mormente de provas emprestadas, relativo aos depoimentos testemunhais dos
porque, nos ditames do art. 133 da Lei Maior, o advogado é processos 461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471-
indispensável à administração da justiça, e, caso esta Colenda 39.2018.5.07.0010 (ID. bae0442, ID. ed35241, ID. 5cd9c24, ID.
CRFB/1988, o qual prevê a cláusula de reserva de plenário para a O Juízo, ao proferir a sentença, utilizou para o reconhecimento da
manutenção da declaração de inconstitucionalidade. existência de Grupo Econômico entre as acionadas (Grupo Hanova-
Após devidamente notificada, a recorrida apresentou suas Helga) como prova emprestada, os fundamento os lançados na
contrarrazões, conforme documento de ID. 15ffc62. sentença prolatada nos autos do processo nº 0000471-
A matéria versada no presente recurso dispensa a obrigatoriedade 51.2018.5.07.0006, de lavra da magistrada Taciana Orlovicin
de parecer prévio da douta PRT (art. 109, do Regimento Interno)" Gonçalves Pita (ID. 984dd8d).
Acolhe-se o presente recurso, uma vez que preenchidos os emprestada, desde que observado o contraditório, conforme
Peço vênia para adotar os fundamentos do voto do Excelentíssimo outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado,
apreciação das preliminares, nos seguintes termos: Assim, havendo previsão legal para utilização da prova emprestada
e, observando que no processo nº 0000471-51.2018.5.07.0006 as caso em julgamento, assim como ocorrido nesta hipótese, em que o
partes foram submetidas ao contraditório e, havendo identidade dos Regional registrou que"a prova emprestada foi produzida em
fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de processo judicial que envolvia as mesmas rés da presente ação,
Quanto a alegativa de que as reportadas transcrições dos sua produção, bem como o princípio do contraditório. Segundo,
depoimentos carregam relatos fáticos que não integram as razões porque os fatos a serem comprovados guardam correlação com os
da exordial, não merece acolhida, posto que a causa de pedir da da presente ação. Terceiro, porque a referida prova emprestada foi
autora, no que se refere a responsabilidade solidária das acionadas, valorada pelo Juízo segundo o princípio do livre convencimento
trata justamente na alegada formação de grupo econômico entre as motivado, em conjunto com as demais provas dos autos".
empresas, objeto da prova naqueles autos. Importante salientar também que a utilização de prova emprestada
Os depoimentos constantes na prova emprestada utilizada pelo não está condicionada à prévia anuência e concordância das
Juízo a quo dizem respeito aos fatos relacionados pela autora, no partes. Assim, a mera alegação da reclamada de que não
que pertine a alegada formação de grupo econômico entre as concordou com a utilização de prova emprestada não é suficiente
acionadas GRUPO HELGA (DISTR IBUIDORA HELGA para inviabilizar a sua utilização nestes autos. Precedentes.
COSMETICOS LTDA - ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME, Recurso de revista não conhecido" (TST, ARR - 3600-
HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, ORIGINAL 29.2010.5.12.0031 Data de Julgamento: 15/02/2017, Relator
COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de
COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS "B) RECURSO DE REVISTA. 1. NULIDADE DA SENTENÇA.
LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA CERCEAMENTO DE DEFESA. UTILIZAÇÃO DE PROVA
PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS EMPRESTADA SEM ANUÊNCIA. O Regional entendeu que a
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX utilização de prova emprestada consubstanciada em certidão de
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX averiguação produzida em outros autos, no qual a reclamada figura
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e como parte, não configura cerceamento de defesa, ante a
ROBERTO NENDZA - ME) e GRUPO HANOVA - HNV (HANOVA semelhança fática existente entre os processos, assim como da
INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, AL observância do contraditório e da ampla defesa. Com efeito, esta
PARTICIPAÇÕES LTDA, ANDERSON LUID DOS SANTOS Corte tem se posicionado no sentido de ser possível a utilização da
SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE COSMETICOS prova emprestada, não sendo imprescindível a anuência da parte
LTDA), assim como referem-se as mesmas demandadas, sendo adversa. Recurso de revista não conhecido" (TST, RR - 940-
permitido sua valoração como se houvesse sido produzida 27.2013.5.18.0181 Data de Julgamento: 09/11/2016, Relatora
diretamente nos autos examinados. Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT
foram respeitados o contraditório quando produzida em processos Requer o Recorrente, o reconhecimento da inépcia do pedido
judiciais, máxime,quando envolvendo a mesma empresa e quando relativo às parcelas de FGTS + 40%, e a extinção do pleito sem
os fatos guardam correlação com os da presente ação. resolução de mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15,
Nesse mesmo entendimento, colaciona-se a atual jurisprudência do sob o fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de
Tribunal Superior do Trabalho, in verbis: ingresso, inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso
IDENTIDADE FÁTICA. MESMAS RECLAMADAS. FGTS, em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o
NULIDADE PROCESSUAL NÃO CONFIGURADA. Esta Corte O processo trabalhista é regido pelo princípio da simplicidade das
admite a utilização da prova emprestada, desde que haja a formas, consagrado no art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta
identidade dos fatos considerados no documento emprestado e no uma breve exposição dos fatos para se considerar apta a exordial.
Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal. todas acrescidas do terço constitucional, FGTS e multa de 40%.
§ 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do Em relação ao rol dos pedidos, o autor requereu a condenação da
Presidente da Junta, ou do juiz de direito a quem for dirigida, a reclamada ao pagamento das verbas rescisórias, incluindo FGTS E
dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura Em decorrência do princípio da simplicidade, que norteia o processo
do reclamante ou de seu representante. trabalhista, o qual não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de
§ 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do 2017, a petição inicial ora em análise preencheu os requisitos do
juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que art. 840 , da CLT, a qual, frise-se, não dificultou a defesa das
vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no A sentença reconheceu o grupo econômico entre as empresas
§ 2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias "Diante da identidade da matéria (fática e jurídica), adoto
datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que integralmente os fundamentos lançados na brilhante sentença
couber, o disposto no § 1o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº prolatada nos autos da 0000471-51.2018.5.07.0006, de lavra da
§ 3o Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo responsabilidade das empresas demandadas, nos termos a seguir:
serão julgados extintos sem resolução do mérito. (Incluído pela Lei 'Afirma a parte reclamante que as empresas que compõem o antigo
Como se observa, a Lei n. 13.467/17 fez referência expressa aos ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES
requisitos da petição inicial trabalhista, dispondo no § 1º do art. 840 & CIA LTDA - ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS
da CLT que o pedido deva "ser certo, determinado e com indicação LTDA - ME, MULTIPLA COMERCIO DE COSMETICOS LTDA -
No caso, em relação ao pedido de pagamento do FGTS e multa COSMETICOS LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME,
rescisória, o reclamante fez pedido certo, determinado e com ERICA PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS
indicação do valores pois da sua causa de pedir, entende-se COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX
logicamente que o autor fora demitido sem justa causa e sem COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX
recebimento de suas verbas rescisórias, fato este, incontroverso COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e
Na narrativa dos fatos, o acionante afirmou que ingressou na sócios José Alencar Sales Júnior e Érica Pontes de Meneses. Alega
reclamada no dia 01/08/2010, para exercer a função de gerente, que, em meados de 2017, os sócios do Grupo Helga iniciaram
sendo demitida sem justa causa em 29/03/2018; que o último negociações para fusão com o Grupo Hanova (HNV), fusão de
salário percebido foi de R$ 3.200,00 (três mil e duzentos reais); que empresas esta que foi oficialmente tornada pública em julho de
quando de sua demissão não recebeu qualquer valor, assim como 2017, expondo o rol de empresas que compõem o Grupo Hanova -
não fora liberado Seguro Desemprego e FGTS, motivo pelo qual HNV (HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS
pleiteia a liberação dos mesmos em sede de tutela antecipada; que LTDA - ME, AL PARTICIPAÇÕES LTDA, ANDERSON LUID DOS
o FGTS se encontra depositado apenas de forma parcial, apenas o SANTOS SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE
valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais). COSMETICOS LTDA), à época todas dirigidas pelos sócios
Em seguida, requereu que, Tendo em vista os argumentos jurídicos Anderson Luid Santos Severo e Aline Cristina Silva Souza Severo.
apresentados, ajuíza-se a presente Reclamação Trabalhista no Sustenta que, a partir de julho de 2017, independentemente do
intuito de serem satisfeitos todos os direitos da reclamante, quais cumprimento das obrigações legais para efetivação da fusão, qual
sejam: Saldo Salário, Aviso Prévio de 51 dias, 13º salário e férias seja a extinção das pessoas jurídicas da empresa incorporada com
sobre aviso prévio, FGTS sobre rescisão, 13º salário proporcional o surgimento de uma nova, tal fusão de fato ocorreu e todos os
3/12 de 2018, férias simples 2016/2017 e proporcionais 2017/2018 empregados passaram à subordinação do Grupo Hanova-Helga, o
qual configura grupo econômico por coordenação, impondo a fornecedor-cliente. Informam, ainda, que os fundos de comércio de
responsabilização solidária entre as empresas do grupo. Entende empresas do Grupo Helga foram alienados por seus sócios-
que a fusão entre as empresas com a criação, em outubro de 2017, proprietários da Helga para a empresa DX GROUP
da empresa MULT DISTRIBUIDORA DE COSMÉTICOS (de que PARTICIPAÇÕES E INVESTIMENTOS LTDA, que, por sua vez,
eram sócios o filho dos sócios do Grupo Helga e a mãe do sócio do não possuiria qualquer ligação com o Grupo Hanova, tratando-se de
Grupo Hanova), teria como única finalidade ocultar os sócios de fato empresa de investimentos de proveniente São Paulo.
da nova empresa e ainda o de conseguir nova linha de crédito na A demandada AL PARTICIPACOES LTDA nega a formação de
praça. Postula, caso não se conclua pela existência de grupo grupo econômico com quaisquer das demais empresas.
econômico, que se reconheça a sucessão empresarial de todas as A reclamada MULT DISTRIBUIDORA DE COSMETICOS LTDA
empresas do Grupo Helga por HNV INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE alega que nunca existiu de fato e nega a formação de grupo
COSMÉTICOS LTDA. Alega, ainda, que a empresa BRC BRAZIL econômico com quaisquer das demais empresas.
COSMÉTICOS LTDA adquiriu em Recuperação Judicial os direitos A ré BRC - BRAZIL COSMETICS LTDA informa que comprou os
da marca mista "Helga" por cinco anos, sem jamais exercer direitos de uso da marca HELGA, não estando a reclamante sob
qualquer gerência direta, pois o Sr. José Alencar Sales Júnior suas ordens, refutando a formação de grupo econômico com
continuou a exercer a direção, gerência e coordenação das quaisquer das demais empresas reclamadas e pleiteia que, em
empresas. Por essa razão, pretende a responsabilização solidária caso de condenação, seja de forma subsidiária.
fraude ocorrida e a evidente direção do efetivo sócio do Grupo Inicialmente, declaro a responsabilidade solidária das empresas
Em suas contestações, as rés negam a formação de grupo COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA -
econômico entre as empresas do Grupo Helga e Hanova As ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME,
reclamadas DISTRIBUIDORA HELGA COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - EPP, BELLA
HELGA COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES & CIA COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS
LTDA - ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA
COSMETICOS LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX
ERICA PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME,
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX ROBERTO NENDZA - ME (1ª a 13ª reclamadas), nos termos do §
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX 2º do art. 2º da CLT, as quais reconheceram a formação de grupo
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, econômico entre si, encontrando-se, dentre estas, a empregadora.
ROBERTO NENDZA - ME (1ª a 13ª reclamadas), não refutam o Quanto ao grupo econômico alegado em relação aos grupos
grupo econômico entre si, tendo contestado a formação de grupo HELGA e HANOVA, a autora juntou aos autos várias fotografias
com as empresas do Grupo HANOVA (14ª a 16ª reclamadas), com com os Srs. Anderson Luid Dos Santos Severo, José Alencar Sales
a MULT DISTRIBUIDORA (17ª reclamada) e com a BCR (18ª Junior, Aline Cristina Silva Souza Severo e Érica Pontes de
reclamada), alegando que o grupo HANOVA tem como objeto social Meneses, sócios das empresa Hanova e Helga, divulgadas em meio
a produção de produtos de beleza, e que inexiste hierarquia e/ou digital em julho de 2017, anunciando a fusão entre as empresas do
coordenação entre as empresas. Sustenta que a BCR está sob a Grupo Helga com aquelas do Grupo Hanova (HNV), com
égide da Lei 11.101//05, tendo comprado o direito de utilização da fundamento na expansão e aquisições realizadas pelo grupo
marca "Helga" por cinco anos. HANOVA, podendo se perceber que nas fotos, aparece o diretor do
As reclamadas HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE grupo HANOVA, o qual veste camisa com o nome HELGA NOVO
COSMETICOS LTDA - ME e ANDERSON LUID DOS SANTOS TEMPO e ainda uma figura que demonstra a junção de duas peças
SEVERO - ME reconhecem o grupo entre si e negam a formação de de quebra-cabeça nas quais constam os nomes dos dois grupos
grupo com as demais reclamadas, noticiando que são fornecedoras HANOVA e HELGA. Em que pese não haver alterações nas
de produtos à rede varejista, sendo uma das principais, o grupo estruturas das empresas formadoras dos grupos, resta claro que
HELGA, não tendo havido a fusão alegada, apenas relação houve uma intensa comunhão de interesses
econômicos/profissionais entre as empresas formadoras dos dois que só veio a ocorrer em julho de 2017.
grupos. De acordo com a Lei 13.467/2017 são requisitos para a Diante do exposto, reconheço a existência de grupo econômico por
configuração do grupo econômico: a demonstração do interesse coordenação entre todas as empresas dos Grupos HELGA e
integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta HANOVA, as quais declaro responsáveis solidárias pelas verbas
das empresas integrantes. A inexistência de uma hierarquia entre decorrentes da condenação, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da
demonstração de que entre as empresas ocorre clara atuação No que concerne à reclamada AL PARTICIPAÇÕES LTDA, verifica-
conjunta, em linha de coordenação e comunhão de interesses, o se que na defesa das empresas formadoras do GRUPO HELGA
que se verifica no caso em tela. restou afirmado que as empresas HANOVA INDUSTRIA E
Ademais, a primeira testemunha laboral afirmou em seu COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, ANDERSON LUID
"(...) que havia comentários dentro da empresa de que ocorreu uma formam o grupo HANOVA. Nessa senda, o contrato social de
fusão entre as empresas Helga e Hanova; que o gerente do constituição da reclamada AL PARTICIPAÇÕES LTDA demonstra
depoente comentou que ocorreria a fusão e que o depoente que essa empresa tem como sócios os Srs. Anderson Liud dos
continuaria a prestar serviços para as duas empresas; que o Santos Severo e Aline Cristina Silva Souza Severo, os quais se
depoente já chegou, mesmo prestando serviços para a Helga, fizeram presentes ao evento em que foi anunciada a "fusão" entre
prestar serviços para a Hanova, tais como rotulagem de produtos, os grupos empresariais, conforme fotografias anexadas aos autos.
embalagem de mercadorias e fazendo entregas; que depois dos Ainda, o endereço eletrônico da AL PARTICIPAÇÕES LTDA
ordens do Sr. Paulo, empregado da Hanova, responsável pela Ademais, a Sra. Aline Cristina Silva Souza Severo é também sócia
"que trabalhou para Helga de 01/02/2010 a 14/04/2018 na função "anderson@hanovacosméticos.com.br", conquanto o Sr. Anderson
de estoquista; que trabalhou com a reclamante; que o gerente, Liud dos Santos Severo não faça parte do corpo societário dessa
Sr.Evandro comentou com o depoente que havia sido feita uma empresa. O Sr. Anderson Liud dos Santos Severo atua, ainda,
sociedade entre a Helga e a Hanova; que, após o comentário, o como empresário individual da ANDERSON LUID DOS SANTOS
depoente também começo a prestar serviços para a Hanova SEVERO ME. Por fim, saliento que as empresas HNV INDÚSTRIA
nas seções das lojas Helga, limpando as mercadorias; que o LTDA, ANDERSON LUID DOS SANTOS SEVERO - ME e MULT
depoente não recebia ordens de nenhum empregado da Hanova; DISTRIBUIDORA DE COSMETICOS LTDA, em audiência, se
que as lojas Helga também vendiam produtos de outras indústrias e fizeram representar pelo mesmo preposto, o Sr. Luiz Gustavo
não só da empresa Hanova; que, em relação às mercadorias das Santana Severo, neste feiro e nos processos nº0000470-
mercadorias eram feitos por empregados destas indústrias; que a 61.2018.5.07.0010, cujos termos de audiência foram anexados aos
Saliente-se que o fato de terem sido alienados fundos de comércio diverso das empresas do grupo HANOVA não é suficiente para
de empresas do Grupo Helga para a empresa DX GROUP afastar a formação do grupo econômico com HNV INDÚSTRIA E
PARTICIPAÇÕES E INVESTIMENTOS LTDA não afeta a presente COMÉRCIO DE COSMÉTICOS LTDA e ANDERSON LUID DOS
demanda, pois apenas houve a alienação parcial das quotas SANTOS SEVERO - ME.
empresariais de somente algumas das empresas do Grupo. Sendo assim, reconheço que a empresa AL PARTICIPAÇÕES
Insta destacar, também, que a alegação da reclamada ANDERSON LTDA pertence ao grupo econômico HANOVA, o qual restou
LUID DOS SANTOS SEVERO ME de que a relação havida entre os condenada solidariamente, aplicando a esta a mesma
apontados conglomerados empresariais era de apenas fornecedor- responsabilidade, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da CLT.
cliente não se sustenta, ressaltando que a mensagem eletrônica e a No que tange à reclamada MULT DISTRIBUIDORA DE
confissão de dívida datam de período anterior à "fusão" noticiada, o COSMETICOS LTDA, observa-se efetivamente formalizada em
24/10/2017 pouco tempo após a fusão dos grupos HELGA e pratica tudo continuou do mesmo jeito, pois continuou
HANOVA, com atuação na vendas de produtos de higiene, tendo chegando produtos da marca própria da Helga (lavi) e da Helga,
como sócios os Srs. Matheus Pontes Sales e Maria de Fátima dos os quais tinham prioridade para serem vendidos" - depoimento
Santos Severo, os quais são, respectivamente, o filho dos titulares de Maria Irlane Silva Santos Desiderio) e ("que houve uma
do Grupo Helga e a mãe de um dos proprietários do Grupo Hanova reunião num domingo de julho/2017 onde foi comunicada a
(Anderson Luid dos Santos Severo), fato não contestado em defesa. fusão da Hanova com a Helga Cosmeticos onde foram
Sendo assim, tenho que a empresa MULT DISTRIBUIDORA DE apresentados os novos patrões como sendo: Aline Severo e
COSMETICOS LTDA também participa dos Grupos Helga e seu esposo Anderson ambos donos da Hanova; que a a partir
Hanova, utilizando-se da mesma estrutura empresarial para a daí a prioridade era para vender os produtos da Hanova e Lavi"
consecução de seus objetivos financeiros, diante do que, resta - depoimento de Francisca Edinusia Alves de Sousa)."
condenada solidariamente, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da A empresa recorrente manifesta no presente recurso ordinário o seu
Por fim, quanto à ré BRC BRAZIL COSMETICS COMÉRCIO econômico ostentam características diametralmente opostas"; "em
VAREJISTA DE COSMÉTICOS EIRELI, verifica-se que ela que pese tenha havido, nas redes sociais, um anúncio de fusão
apresentou defesa através do mesmo escritório que a empregadora, entre os conglomerados Helga e Hanova, por certo, tal
na qual passou a repetir as mesmas alegações já apresentadas reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão
pelas 1ª a 13ª Reclamadas, além disso, observa-se que no empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas
comprovante de inscrição cadastral (CNPJ) consta endereço regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos
eletrônico pertencente ao domínio da HELGA COSMÉTICOS. econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria,
Ademais, apresentou carta de preposição que revelou mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que
representação através do mesmo preposto que a empregadora, possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses";
razão pela qual, deve ser solidariamente responsável pelos créditos "que a sentença de origem, em nenhum momento, cuidou de
oriundos da presente demanda, nos moldes dos arts. 2º, § 2º, e 9º demonstrar a integração de interesses entre as empresas, a
Pontue-se, por oportuno, que as atas de audiência em nada apenas limitou-se a discorrer, de forma bastante confusa, sobre
corroboram com a tese da demandada, uma vez que se verifica, "fusão", sendo esta manifestante inexistente no caso vertente"; "que
com extrema facilidade, que a testemunha da reclamada, Sr. os depoimentos coligidos aos autos sob a rubrica de prova
Emanuel Rodrigues de Albuquerque, arrolada em todos os emprestada fulminam a pretensão autoral, quer pelo viés da fusão,
processos, busca, sem nenhum sucesso, sustentar os termos da seja sob a óptica de agrupamento empresarial."
Ademais, por mais que tenha declarado que "que na metade do recorrente, fundamentos que infirmem convincentemente as
segundo semestre de 2017 houve uma reunião da Helga com a conclusões do juízo de primeiro grau, razão pela qual se há perfilhar
Hanova para uma parceria de fornecimento de produtos", com os motivos da decisão vergastada, ora endossados e
afirmou, posteriormente, que "soube que foi feita uma postagem integrantes das presentes razões de decidir.
no instagram da Helga onde foi usado o termo fusão com a Consoante o § 2º do art. 2º da CLT, "sempre que uma ou mais
Por outro lado, as testemunhas Francisca Edinusia Alves de Sousa própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de
e Maria Irlane Silva Santos outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua
Desiderio, apresentadas pelas partes autoras, nas referidas atas de autonomia, integrem grupo econômico, serão responsáveis
audiências, possuem depoimentos uníssonos no que tange à solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de
empregados são uníssonas ("que no final de julho/2017 foram Nesta esteira, o delineamento do que se convencionou chamar
convocadas para uma reunião no hotel meridional no centro da grupo econômico, pela dicção da Consolidação das Leis do
cidade onde foi comunicada por Alencar Junior, Erica Pontes e Trabalho, importa na evidência da integração dos
Aline Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas de empreendimentos, de forma a vincular, direta ou indiretamente, as
que tudo iria mudar com a chegada de novos produtos, mas na empresas.
Este aspecto restou caracterizado nos autos, sendo certo que se operandi das vendas dos produtos e não à ausência de formação
verificam elementos suficientes para que seja corroborada a de grupo. A testemunha em questão ainda revelou que as diversas
Como bem destacado pela sentença, restou demonstrada nos autos mas que com a Hanova o processo foi diferente, pois, além de ter
a ampla divulgação realizada nas redes sociais, em julho de 2017, sido comunicada a fusão, não houve interrupção do fornecimento de
acerca da fusão das empresas do Grupo Helga com aquelas do mercadorias para serem vendidas nas lojas Helga, o que ocorreu
Grupo Hanova. Eis os dizeres da publicação (V. ID 0d53e9e - Pág. com outros fornecedores em face das dívidas da empregadora
Grupo HNV detentor de várias marcas como a Hanova, em um Não se olvida o depoimento da testemunha convidada pelas
processo de expansão e aquisições, realizou a fusão com o Grupo reclamadas, Sr. Emanuel Rodrigues de Albuquerque, ouvida nos
Helga Cosméticos. Tudo isso para que os nossos clientes possam processos (461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471-
ter sempre à disposição o melhor atendimento, os melhores 39.2018.5.07.0010) trazidos por empréstimo ao conjunto probatório,
produtos e a melhor experiência. Transformando para melhor, o seu cujas declarações transparecem a ideia de demonstrar ter havido
visual e a sua vida. #HelgaNovoTempo #Hanova #GrupoHNV apenas uma relação comercial, mas não uma fusão, entre as
#GrupoHelga #Beleza #Cabelos". Com a devida vênia da parte empresas do grupo Helga e do grupo Hanova. Contudo, diante dos
recorrente, este aspecto é relevante para a caracterização do grupo demais elementos probatórios dos autos, não há de prevalecer o
econômico sob investigação, demonstrando a plena possibilidade quadro traçado pelo depoente, sendo de se destacar que ele próprio
de que as marcas de cada um dos grupos estejam sob a admite não ter participado da reunião ocorrida em julho de 2017 (V.
coordenação de um único conglomerado, o que afasta a tese ID's 5cd9c24 - Pág. 6 e 8eb6395 - Pág. 6), na qual fora anunciada a
no mesmo grupo econômico. Cumpre ressaltar, ainda, porquanto oportuno, que a estreita relação
Além disso, vigora no Direito do Trabalho o princípio da primazia da comercial entre as empresas dos grupos empresariais, consoante
realidade, de modo a ser imprescindível destacar a prevalência dos se denota pelas notas ficais de vendas de mercadorias anexadas
fatos da relação de emprego sobre os aspectos formais. Dessa aos autos, a meu sentir, não rechaça a formação de grupo
forma, ainda que não ultimada, ao menos formalmente, com as econômico, mas, em verdade, a reforça, evidenciando além da
devidas baixas das pessoas jurídicas, a fusão mencionada nas complementaridade entre os objetos sociais das empresas
redes sociais, não há se desconhecer que houve a junção das contratantes, o interesse integrado, a comunhão de interesses e a
empresas, que passaram a atuar integradas a um único grupo. atuação conjunta das empresas dele integrantes.
Igualmente, salvo melhor juízo, os depoimentos das testemunhas Destarte, o quadro encontrado no presente feito permite a
não afastam o reconhecimento do grupo econômico. Ao revés, conclusão de que a empresa ora recorrente integra grupo
confirmam a fusão entre as empresas. Destaca-se, a este respeito, econômico com as reclamadas do grupo Helga. Importa examinar a
o depoimento da primeira testemunha da parte reclamante, Sra. presença de elementos objetivos capazes de demonstrar que as
Maria Irlane Silva Santos Desiderio, ouvida no processo nº 0000470 empresas estavam integradas no mesmo grupo. É o que se
-54.2018.5.07.0010 (Ata de audiência de ID 5cd9c24 - Pág. 4), constatou à exaustão no presente feito.
trazido por empréstimo ao conjunto probatório pelas próprias Por oportuno, colhe-se o seguinte precedente jurisprudencial:
reclamadas, revelador de "(...) que no final de julho/2017 foram "Grupo econômico. Relação inter-empresarial. O grupo econômico
convocadas para uma reunião no hotel meridional no centro da para fins justrabalhistas não necessita se revestir das modalidades
cidade onde foi comunicada por Alencar Junior, Erica Pontes e Aline jurídicas típicas do Direito Econômico ou Direito Comercial
Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas de que tudo (holdings, consórcios, pools etc.). Não se exige, sequer, a prova
iria mudar com a chegada de novos produtos, mas na pratica tudo de sua formal institucionalização cartorial: pode-se acolher a
continuou do mesmo jeito, pois continuou chegando produtos da existência do grupo desde que surjam evidências probatórias
marca propria da Helga (lavi) e da Helga, os quais tinham prioridade de que estão presentes os elementos de integração inter-
para serem vendidos, e das outras marcas continuaram escassos". empresarial (abrangência subjetiva e nexo relacional) de que
Veja-se que a fusão foi comunicada aos empregados em reunião, fala a CLT (art. 2º, § 2º)" (Processo 00409002020085010025, TRT
constatação que reforça a ideia do grupo econômico, referindo-se a 1ª Região - 8ª Turma, Relatora Desembargadora Dalva Amélia de
depoente a tudo ter "continuado do mesmo jeito" ao modus Oliveira, Publicado em 30/06/2014)(destaquei).
conhecer do recurso ordinário para, rejeitar as preliminares DA NULIDADE DA SENTENÇA- DA UTILIZAÇÃO DA PROVA
suscitadas e, no mérito, por maioria, negar-lhe provimento. Vencido EMPRESTADA - DO ALEGADO CERCEAMENTO DE DEFESA
o Desembargador Relator, que dava provimento ao apelo, para Aduz a recorrente, preliminarmente, que houve cerceamento de seu
excluir da condenação a responsabilidade solidária da reclamada direito de defesa, ao argumento de que o juízo, ao adotar
HNV INDÚSTRIA E COSMÉTICOS LTDA. Redigirá o acórdão o integralmente a motivação da sentença proferida na reclamatória
Desembargador Cláudio Soares Pires, com a integração do voto trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu
vencido. entendimento, a partir das provas orais ali consignadas, mas que,
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores tais elementos probatórios não foram publicizadas à ora recorrente
Francisco José Gomes da Silva (Presidente e Relator), Cláudio no presente feito, com vistas à garantia do contraditório e da ampla
Soares Pires e Paulo Régis Machado Botelho. Presente ainda o(a) defesa, verificando-se, pois, uma patente violação ao que dispõe o
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo art. 312 do CPC/15.
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Jefferson Quesado Junior. Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não
Fortaleza, 14 de outubro de 2019. integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos,
INTEGRA O PRESENTE ACÓRDÃO O VOTO VENCIDO DO EXMº mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou
DESEMBARGADOR FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA, in como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera
EMENTA: PROVA EMPRESTADA. PREVISÃO LEGAL. proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou,
CONTRADITÓRIO OBSERVADO. O novo CPC trouxe permissivo naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova
expresso quanto à possibilidade de utilização da prova emprestada, emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito.
desde que observado o contraditório, conforme previsão no art. 372. Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam
Assim, havendo previsão legal para utilização da prova emprestada relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo
e, observando que no processo nº 0000471-51.2018.5.07.0006 as reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art.
fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno
cerceamento de defesa. Preliminar rejeitada. dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em
PETIÇÃO INICIAL. ART. 840, §1º DA CLT. O processo trabalhista conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine.
art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta uma breve exposição Em audiência de instrução, as Reclamadas requereram a juntada
dos fatos para se considerar apta a exordial. Em decorrência do de provas emprestadas, relativo aos depoimentos testemunhais dos
princípio da simplicidade, que norteia o processo trabalhista, o qual processos 461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471-
não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de 2017, verifica-se que 39.2018.5.07.0010 (ID. bae0442, ID. ed35241, ID. 5cd9c24, ID.
EXISTÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO. ART. 2º, DA CLT. ÔNUS existência de Grupo Econômico entre as acionadas (Grupo Hanova-
DA PROVA. ART. 818, DA CLT C/C ART. 373, DO NCPC. Helga) como prova emprestada, os fundamento os lançados na
AUSÊNCIA DE PROVA. Não tendo a reclamante comprovado a sentença prolatada nos autos do processo nº 0000471-
existência do alegado grupo econômico Helga-Hanova, composto 51.2018.5.07.0006, de lavra da magistrada Taciana Orlovicin
de diversas empresas, reforma-se a sentença para afastar a Gonçalves Pita (ID. 984dd8d).
Nesse ponto, destaco, inicialmente, que o novo CPC trouxe Tribunal Superior do Trabalho, in verbis:
permissivo expresso quanto à possibilidade de utilização da prova UTILIZAÇÃO DE PROVA EMPRESTADA. POSSIBILIDADE.
emprestada, desde que observado o contraditório, conforme IDENTIDADE FÁTICA. MESMAS RECLAMADAS.
previsão no art. 372, que assim dispõe: DESNECESSIDADE DE PRÉVIA CONCORDÂNCIA DA PARTE
Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em CONTRÁRIA. AUSÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA.
outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, NULIDADE PROCESSUAL NÃO CONFIGURADA. Esta Corte
Assim, havendo previsão legal para utilização da prova emprestada identidade dos fatos considerados no documento emprestado e no
e, observando que no processo nº 0000471-51.2018.5.07.0006 as caso em julgamento, assim como ocorrido nesta hipótese, em que o
partes foram submetidas ao contraditório e, havendo identidade dos Regional registrou que"a prova emprestada foi produzida em
fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de processo judicial que envolvia as mesmas rés da presente ação,
Quanto a alegativa de que as reportadas transcrições dos sua produção, bem como o princípio do contraditório. Segundo,
depoimentos carregam relatos fáticos que não integram as razões porque os fatos a serem comprovados guardam correlação com os
da exordial, não merece acolhida, posto que a causa de pedir da da presente ação. Terceiro, porque a referida prova emprestada foi
autora, no que se refere a responsabilidade solidária das acionadas, valorada pelo Juízo segundo o princípio do livre convencimento
trata justamente na alegada formação de grupo econômico entre as motivado, em conjunto com as demais provas dos autos".
empresas, objeto da prova naqueles autos. Importante salientar também que a utilização de prova emprestada
Os depoimentos constantes na prova emprestada utilizada pelo não está condicionada à prévia anuência e concordância das
Juízo a quo dizem respeito aos fatos relacionados pela autora, no partes. Assim, a mera alegação da reclamada de que não
que pertine a alegada formação de grupo econômico entre as concordou com a utilização de prova emprestada não é suficiente
acionadas GRUPO HELGA (DISTR IBUIDORA HELGA para inviabilizar a sua utilização nestes autos. Precedentes.
COSMETICOS LTDA - ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME, Recurso de revista não conhecido" (TST, ARR - 3600-
HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, ORIGINAL 29.2010.5.12.0031 Data de Julgamento: 15/02/2017, Relator
COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de
COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS "B) RECURSO DE REVISTA. 1. NULIDADE DA SENTENÇA.
LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA CERCEAMENTO DE DEFESA. UTILIZAÇÃO DE PROVA
PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS EMPRESTADA SEM ANUÊNCIA. O Regional entendeu que a
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX utilização de prova emprestada consubstanciada em certidão de
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX averiguação produzida em outros autos, no qual a reclamada figura
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e como parte, não configura cerceamento de defesa, ante a
ROBERTO NENDZA - ME) e GRUPO HANOVA - HNV (HANOVA semelhança fática existente entre os processos, assim como da
INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, AL observância do contraditório e da ampla defesa. Com efeito, esta
PARTICIPAÇÕES LTDA, ANDERSON LUID DOS SANTOS Corte tem se posicionado no sentido de ser possível a utilização da
SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE COSMETICOS prova emprestada, não sendo imprescindível a anuência da parte
LTDA), assim como referem-se as mesmas demandadas, sendo adversa. Recurso de revista não conhecido" (TST, RR - 940-
permitido sua valoração como se houvesse sido produzida 27.2013.5.18.0181 Data de Julgamento: 09/11/2016, Relatora
diretamente nos autos examinados. Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT
foram respeitados o contraditório quando produzida em processos Requer o Recorrente, o reconhecimento da inépcia do pedido
judiciais, máxime,quando envolvendo a mesma empresa e quando relativo às parcelas de FGTS + 40%, e a extinção do pleito sem
os fatos guardam correlação com os da presente ação. resolução de mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15,
Nesse mesmo entendimento, colaciona-se a atual jurisprudência do sob o fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de
ingresso, inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso o FGTS se encontra depositado apenas de forma parcial, apenas o
e de dispensa, realizou o pedido correspondente às parcelas de valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais).
FGTS, em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o Em seguida, requereu que, Tendo em vista os argumentos jurídicos
O processo trabalhista é regido pelo princípio da simplicidade das sejam: Saldo Salário, Aviso Prévio de 51 dias, 13º salário e férias
formas, consagrado no art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta sobre aviso prévio, FGTS sobre rescisão, 13º salário proporcional
uma breve exposição dos fatos para se considerar apta a exordial. 3/12 de 2018, férias simples 2016/2017 e proporcionais 2017/2018
Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal. todas acrescidas do terço constitucional, FGTS e multa de 40%.
§ 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do Em relação ao rol dos pedidos, o autor requereu a condenação da
Presidente da Junta, ou do juiz de direito a quem for dirigida, a reclamada ao pagamento das verbas rescisórias, incluindo FGTS E
dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura Em decorrência do princípio da simplicidade, que norteia o processo
do reclamante ou de seu representante. trabalhista, o qual não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de
§ 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do 2017, a petição inicial ora em análise preencheu os requisitos do
juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que art. 840 , da CLT, a qual, frise-se, não dificultou a defesa das
vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no Na peça de ingresso, requer o reclamante que seja caracterizada a
que couber, o disposto no parágrafo anterior. condição da segunda (VRX COMÉRCIO COSMÉTICOS E
§ 2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias BIJUTERIAS LTDA) e terceira reclamada (HANOVA
datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que COSMÉTICOS), de responsáveis solidárias pelos encargos
couber, o disposto no § 1o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº trabalhistas da primeira reclamada, HELGA COSMÉTICOS, em
§ 3o Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo Afirma que a primeira, segunda e terceira reclamadas foram
serão julgados extintos sem resolução do mérito. (Incluído pela Lei criadas, são dirigidas e controladas pelo pela Sra. Erica Pontes de
Como se observa, a Lei n. 13.467/17 fez referência expressa aos reclamada, HANOVA COSMÉTICOS, pois utilizou terceiro como
da CLT que o pedido deva "ser certo, determinado e com indicação Ressalta, que os objetos sociais das empresas são
No caso, em relação ao pedido de pagamento do FGTS e multa finalidade, sendo patente a formação de grupo econômico entre
indicação do valores pois da sua causa de pedir, entende-se No mérito, defende a recorrente, em síntese, a inexistência de fusão
logicamente que o autor fora demitido sem justa causa e sem e formação de grupo econômico com o GRUPO HELGA, sendo
recebimento de suas verbas rescisórias, fato este, incontroverso indevida a sua responsabilidade solidária pelos créditos deferidos
Na narrativa dos fatos, o acionante afirmou que ingressou na Argumenta que, em que pese tenha havido, nas redes sociais, um
reclamada no dia 01/08/2010, para exercer a função de gerente, anúncio de fusão entre os conglomerados Helga e Hanova, por
sendo demitida sem justa causa em 29/03/2018; que o último certo, tal reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão
salário percebido foi de R$ 3.200,00 (três mil e duzentos reais); que empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas
quando de sua demissão não recebeu qualquer valor, assim como regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos
não fora liberado Seguro Desemprego e FGTS, motivo pelo qual econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria,
pleiteia a liberação dos mesmos em sede de tutela antecipada; que mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que
possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses, o haverá, no grupo horizontal, uma empresa controladora e outra(s)
que, também, não retrata o caso dos autos. controlada(s), uma líder (holding) e outras lideradas. Todas são
Esclarece, adiante, que há uma mera relação comercial, havendo interligadas entre si e, apesar de autônomas e independentes, estão
total independência entre as empresas do GRUPO HANOVA em interligadas pela ingerência, administração comum, como se
relação às componentes do GRUPO HELGA, sendo a recorrente, subordinadas umas às outras administrativamente. Por trás desta
mera fornecedora de produtos para o conglomerado empresarial administração comum pode estar um sócio ou alguns sócios ou
HELGA, sem haver contudo, qualquer integração de interesses pessoa física no controle.(CASSAR, 2017,p.429).
entre as empresas ou atuação conjunta. Logo, o aproveitamento dos serviços prestados pelo trabalhador por
A lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017 que alterou a Consolidação entre si, formando o grupo econômico trabalhista, serão todas, por
das Leis do Trabalho (CLT) trouxe novos parâmetros para consequência, responsabilizadas pela contraprestação devida ao
a este artigo, conforme transcrição seguinte: Estabeleceu, igualmente, que "não caracteriza grupo econômico a
Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, mera identidade de sócios. Assim, o patrimônio de empresas que
que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria têm sócios comuns, porém com atuam em setores diversos, estarão
§ 1º - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da Portanto, a análise da existência ou não da formação de um grupo
relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de econômico, deve-se observar o princípio da primazia da realidade,
beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem para que cada caso seja analisado com suas peculiaridades, sendo
fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados. ônus do autor a prova de suas alegações ( art. 818, da CLT c/c art.
§ 2º Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada 373, do NCPC).
uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a No caso em análise, o autor fundamenta sua pretensão com base
direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando, em notícias veiculadas nas redes sociais de possível fusão entre os
mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo grupos Helga Cosméticos e HNV, assim como colaciona fotos em
econômico, serão responsáveis solidariamente pelas que retrata parcerias entre as duas empresas, ID. 0d53e9e, sem,
obrigações decorrentes da relação de emprego. contudo, apresentar qualquer prova que indique ter realmente
§ 3º Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de ocorrido a "FUSÃO" das empresas, ou qualquer relação de
demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de Ao revés, a acionada Hanova Indústria e Comércio de Cosméticos
interesses e a atuação conjunta das empresas dele integrantes. Ltda colacionou aos autos documentos que demonstram a relação
A nova redação do art. 2º, além de manter a hipótese do grupo Helga (CRX COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA
econômico hierarquizado ou sob subordinação, introduz, ME, ALENCARINE COSMETICOS COMERCIO VAREJISTA E
expressamente, o outro modelo de grupo econômico, vertical, ou TREINAMENTO EIREL, HELGA MEDZA SALES & CIA LTDA -ME,
sob coordenação, trazendo para o texto legal, o entendimento dos ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA ME, VRX
Tribunais Regionais do Trabalho e do TST quanto a configuração de COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA ME, JOSE
Com relação a este modelo de grupo econômico coordenado, a COSMETICOS LTDA- ME, tais como notas fiscais de vendas de
Desembargadora Dra. Vólia Bomfim Cassar, do TRT da 1ª Região, mercadorias, termo de confissão de dívida e e-mails em que se
em seu livro Direito do Trabalho, afirma que: evidencia a parceria comercial entre as empresas ( venda de
Os grupos econômicos por coordenação se apresentam quando mercadorias), ID. de4b07e, ID. 4c4a838.
houver reunião de interesses para execução de determinado Na audiência de instrução, as reclamadas requerem a juntada de
empreendimento, tendo ou não o mesmo controle ou administração provas emprestadas (processos nºs. 461-92.2018.5.07.0010, 470-
comum. Logo, os grupos por coordenação podem ter relação de 54.2018.5.07.0010 e 471-39.2018.5.07.0010, tendo a autora
controle entre si, numa linha horizontal e não vertical. Isto é, não concordado com a juntada dos referidos depoimentos.
No termo de audiência relativo ao processo nº. 0000461- COSMETICOS LTDA, Sr(a). Emanuel Rodrigues de Albuquerque
92.2018.5.07.0010, a testemunha da reclamante afirmou que: (...): "que trabalha na Hanova desde março/2016 como gerente
Primeira testemunha arrolada pela parte Reclamante Sr(a). administrativo financeiro; ." ÀS PERGUNTAS DO(A) PATRONO(A)
Francisca Edinusia Alves de Sousa: " (...)"que trabalhou na DO(A) PARTE RECLAMADA RESPONDEU: "que na metade do
reclamada Helga Cosméticos de 01/06/2006 a 23/02/2018 na segundo semestre de 2017 houve uma reunião da Helga com a
função de vendedora; que o reclamante, depoente e todos os Hanova para uma parceria de fornecimento de produtos, pois a
funcionários foram demitidos sem pagamento de verbas rescisórias Hanova é uma industria; que o fornecimento dos produtos continuou
e nem do salário do último mês; que depoente trabalhou até da mesma forma, pois a Helga permaneceu como uma cliente
23/fevereiro/2018, não sabendo o ultimo dia labutado pelo norma; que a parceria teve o objetivo de aumentar o volume de
reclamante; que recebia ordem direta dos gerentes Luxeles, vendas nas lojas e de fato aumentou, mas só no primeiro mês,
Rosângela, Francisca Cirlane, os quais eram gerentes da loja pois logo em seguida a Helga entrou novamente em dificuldades
do shopping Central da Helga Nendza Sales .". ÀS PERGUNTAS financeiras e não conseguiu pagar os produtos que comprava, pois
DO(A) PATRONO(A) DO(A) PARTE RECLAMANTE RESPONDEU: a divida já estava muito alta, de modo que a Helga não conseguia
"que houve uma reunião num domingo de julho/2017 onde foi pagar nada na sua totalidade; que é uma prática comum serem
comunicada a fusão da Hanova com a Helga Cosmeticos onde feitas ações com as distribuidoras para estimular as vendas, e
foram apresentados os novos patrões como sendo: Aline os proprietários da Hanova comparecem pelo fato de que o
Severo e seu esposo Anderson ambos donos da Hanova; que a distribuidor Helga ser de grande porte, como também de outros
a partir daí a prioridade era para vender os produtos da Hanova distribuidores; que na época da parceria a Helga já estava em
e Lavi, mesmo tendo outras marcas, mas a Hanova e Lavi débito com a Hanova; que a Hanova não colocou pessoas na
deveriam estar em primeiro lugar nas vendas; que antes da lojas da Helga, muito menos assumiu o comando dessa; que a
reunião já vendiam todo tipo de produto e de varias marcas, continuou a vendendo normalmente para as outras lojas, como
inclusive dos ora citados; que os proprietários da Helga e Hanova Cosbel, Anavi, Iap e outras; que não houve a fusão da Hanova com
estavam presentes na reunião, sendo Erica PontesMenezes e a Helga; que havia procedimento de cobrança normal das vendas
Alencar Junior proprietários da Helga.". ÀS PERGUNTAS DO DO(A) dos produtos Hanova;." ÀS PERGUNTAS DO DO(A) PATRONO(A)
PATRONO(A) DO(A) PARTE RECLAMADA RESPONDEU: "que DO(A) PARTE RECLAMANTE RESPONDEU: "que a reunião tem
depois da reunião depoente continuou trabalhando na mesma um caráter de marketing e não para apresentar fusão; que não
loja e o reclamante também, mas ambos trabalhavam em lojas houve comunicação formal da fusão entre a Hanova e Helga, mas
diferentes; que na reunião estavam os vendedores e gerentes; depoente soube que foi feita uma postagem no instagram da
que a faixada das lojas continuaram iguais; que não houve Helga onde foi usado o termo fusão com a Hanova; que quanto
mudança da chefia após a reunião, mas a sua chefe Luxeles ao doc. de fl. 8 se tratam das pessoas de Anderson (proprietário da
teve um problema de saúde e foi transferida para loja de Hanova) e Junior (proprietária da Helga) e o doc. de fl. 9 tratam das
Messejana, tendo ficado como gerente Rosangela; que Luxeles pessoas Aline (proprietária da Hanova) e Erica (proprietária da
e Rosangela eram gerentes da Helga; (...)." ( grifos nosso) Helga); (...)."( grifos nosso)
Conforme se extrai do depoimento supra, não se trata o caso de " No termo de audiência relativo ao processo nº. 0000470-
fusão" entre as empresas, tanto que a partir da reunião ocorrida em 54.2018.5.07.0010, o reclamante afirmou que :
julho de 2017, nada foi alterado na estrutura organizacional da O DEPOIMENTO PESSOAL DO RECLAMANTE: '" que depoente
empresa, assim como layout das lojas, tratando-se, na verdade, de era subgerente, que atuava em várias lojas da Helga e trabalhou até
um marketing e ações para incremento das vendas, através da 07/04/2018 porque as lojas fecharam, tendo a sra. Erica Pontes
fornecedora dos produtos, empresa HANOVA INDUSTRIA E (dona da Helga, esposa de Alencar Junior) comunicado a dispensa
COMERCIO DE COSMETICOS LTDA, fato este, confirmado pelos os quais eram chefes do depoente; (...) ; que a Helga vendia
depoimentos de reclamantes e testemunhas dos processos produtos de marca própria (Lavi), mas também da Hanova, Fatore,
utilizados como provas emprestadas nos autos, vejamos: Corpo Dourado e outros; que em julho/2017 houve a fusão da
Convocada a primeira testemunha arrolada pelas Reclamadas Hanova com a Helga, no que a prioridade passou a ser para vender
HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - produtos da Hanova e Lavi, mas ainda assim, a Helga continuou a
ME, AL PARTICIPACOES LTDA, ANDERSON LUID DOS vender produtos de outras marcas que já tinham estoque nas
SANTOS SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE lojas, e também continuou comprando produtos de outras
marcas para vender nas suas lojas; que as fachadas das lojas presente apelo, no ponto, segue a sorte do principal.
da Helga continuaram com o mesmo nome, após a fusão, e as CONCLUSÃO DO VOTO VENCIDO:
fusão da Helga e Hanova foi para o crescimento da Helga, mas Isto posto, voto pelo conhecimento do recurso ordinário para,
o dia a dia de trabalho continuou o mesmo de antes, porém rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, dar-lhe provimento
com a informação de que deveriam vender mais os produtos da para excluir a responsabilidade solidária da reclamada HNV
Maria Irlane Silva Santos Desiderio: " (...) que no final de CLAUDIO SOARES PIRES
julho/2017 foram convocadas para uma reunião no hotel meridional Desembargador Redator Designado
Pontes e Aline Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas FORTALEZA/CE, 27 de fevereiro de 2020.
pratica tudo continuou do mesmo jeito, pois continuou MARIA DO SOCORRO RODRIGUES GONCALVES
RECORRENTE HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE)
- ME MENDES
ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE) RECORRIDO ERICA PONTES DE MENESES
MENDES LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE)
LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE) ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE)
RECORRENTE ORIGINAL COMERCIO DE MENDES
COSMETICOS LTDA - ME RECORRIDO JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME
ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE) LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE)
MENDES
ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE)
LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE) MENDES
RECORRIDO ANDERSON LUID DOS SANTOS RECORRIDO DISTRIBUIDORA HELGA
SEVERO - ME COSMETICOS LTDA - ME
EDUARDO CÉSAR ADVOGADO(OAB: 14750/CE) LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE)
SOUSA ARAGÃO
ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE)
RECORRIDO AL PARTICIPACOES LTDA MENDES
EDUARDO CÉSAR ADVOGADO(OAB: 14750/CE) RECORRIDO HELGA COSMETICOS LTDA - ME
SOUSA ARAGÃO
LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE)
RECORRIDO MULT DISTRIBUIDORA DE
COSMETICOS LTDA ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE)
MENDES
EDUARDO CÉSAR ADVOGADO(OAB: 14750/CE)
SOUSA ARAGÃO RECORRIDO VRX COMERCIO DE COSMETICOS E
BIJUTERIAS LTDA - ME
RECORRIDO ROBERTO NENDZA - ME
ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE)
LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE) MENDES
ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE) LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE)
MENDES
TERCEIRO JOSE ALENCAR SALES JUNIOR
RECORRIDO HNV INDUSTRIA E COMERCIO DE INTERESSADO
COSMETICOS LTDA - ME
TERCEIRO ERICA PONTES DE MENESES
EDUARDO CÉSAR ADVOGADO(OAB: 14750/CE) INTERESSADO
SOUSA ARAGÃO
RECORRIDO BRC - BRAZIL COSMETICS LTDA
Intimado(s)/Citado(s):
LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE)
ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE) - HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME
MENDES
RECORRIDO MULTIPLA COMERCIO DE
COSMETICOS LTDA - EPP
LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE)
ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE) PODER JUDICIÁRIO
MENDES
JUSTIÇA DO TRABALHO
RECORRIDO BELLA COSMETICOS LTDA - EPP
LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE)
ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE)
MENDES PROCESSO nº 0000419-19.2018.5.07.0018 (RO)
RECORRIDO HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA
- ME RECORRENTE: JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, HELGA
LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE) NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, ORIGINAL COMERCIO DE
ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE)
MENDES COSMÉTICOS LTDA - ME, ERICA PONTES DE MENESES,
RECORRIDO LUCHELYS DE ALENCAR MARTINS ALENCARINE COSMÉTICOS COMERCIO VAREJISTA E
RAFFAEL DUTRA LIMA ADVOGADO(OAB: 29332/CE)
RIBEIRO TREINAMENTOS EIRELI, CRX COMERCIO DE COSMÉTICOS E
EDUARDO FONTENELE ADVOGADO(OAB: 19970/CE) BIJUTERIAS LTDA - ME, ROBERTO NENDZA - ME, HNV
MOTA
RECORRIDO ORIGINAL COMERCIO DE INDÚSTRIA E COMERCIO DE COSMÉTICOS LTDA - ME, AL
COSMETICOS LTDA - ME
PARTICIPACOES LTDA, MULT DISTRIBUIDORA DE
LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE)
ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE) COSMÉTICOS LTDA, BRC - BRAZIL COSMETICS LTDA,
MENDES
LUCHELYS DE ALENCAR MARTINS
RECORRIDO ALENCARINE COSMETICOS
COMERCIO VAREJISTA E RECORRIDO: LUCHELYS DE ALENCAR MARTINS, VRX
TREINAMENTOS EIRELI
LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE) COMERCIO DE COSMÉTICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME,
ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE) ANDERSON LUID DOS SANTOS SEVERO - ME, BRC - BRAZIL
MENDES
RECORRIDO CRX COMERCIO DE COSMETICOS E COSMÉTICOS LTDA, MULT DISTRIBUIDORA DE COSMÉTICOS
BIJUTERIAS LTDA - ME
LTDA, AL PARTICIPACOES LTDA, HNV INDÚSTRIA E
LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE)
ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE) COMERCIO DE COSMÉTICOS LTDA - ME, ROBERTO NENDZA -
MENDES
ME, CRX COMERCIO DE COSMÉTICOS E BIJUTERIAS LTDA -
RECORRIDO J R COMERCIO DE COSMETICOS
LTDA - ME ME, ALENCARINE COSMÉTICOS COMERCIO VAREJISTA E
LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE)
TREINAMENTOS EIRELI, ERICA PONTES DE MENESES, J R
COMERCIO DE COSMÉTICOS LTDA - ME, BELLA COSMÉTICOS FGTS + 40%; f. Multa do art. 467 da CLT, incidente sobre os valores
LTDA - EPP, MULTIPLA COMERCIO DE COSMÉTICOS LTDA - e parcelas rescisórias constantes no TRCT (ID. 7ad3499), bem
EPP, ORIGINAL COMERCIO DE COSMÉTICOS LTDA - ME, como sobre o FGTS não depositado e multa de 40% sobre todos os
HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, HELGA valores devidos a título de FGTS ao longo da contratualidade; g.
COSMÉTICOS LTDA - ME, DISTRIBUIDORA HELGA Multa do art. 477,§8º da CLT; h. Honorários advocatícios.
COSMÉTICOS LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - A sentença fora complementada pelos aclaratórios de ID. 7081a1b,
RELATOR: FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA compensação do valor de R$ 10.710,34, vez que a quantia foi
REDATOR DESIGNADO: CLAUDIO SOARES PIRES recebida pela parte embargada, conforme comprovante de
RECURSO ORDINÁRIO. GRUPO ECONÔMICO. direito de defesa, ao argumento de que o juízo, ao adotar
CONFIGURAÇÃO. Confirma-se a sentença de origem que integralmente a motivação da sentença proferido na reclamatória
reconheceu a formação de grupo econômico entre as empresas trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu
demandadas, quando se constata que além da complementaridade entendimento, por consequência, a partir das provas orais ali
entre os objetos sociais destas, há o interesse integrado, a consignadas, mas que, tais elementos probatórios não foram
comunhão de interesses e a atuação conjunta das empresas dele publicizadas à ora recorrente no presente feito, com vistas à
integrantes. Recurso conhecido e improvido. garantia do contraditório e da ampla defesa, verificando-se, pois,
Designado para redigir o acórdão, peço vênia para adotar o relatório Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não
da lavra do Excelentíssimo Desembargador Relator Francisco José integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos,
Gomes da Silva, a seguir: mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou
"Trata-se de recurso ordinário ajuizado pela reclamada HNV como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera
INDUSTRIA E COSMÉTICOS LTDA interposto em face da decisão cópia de uma transcrição parcial realizada no bojo de uma sentença
do Juízo da 18ª Vara do Trabalho de Fortaleza (ID. 984dd8d), que proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou,
JULGOU a reclamatória PROCEDENTE EM PARTE, para naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova
condenar, SOLIDARIAMENTE, as reclamadas DISTRIBUIDORA emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito.
HELGA COSMÉTICOS LTDA - ME; HELGA COSMÉTICOS LTDA Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam
- ME; HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME; ORIGINAL relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo
COMERCIO DE COSMÉTICOS LTDA - ME; MULTIPLA reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art.
COSMÉTICOS LTDA - EPP; J R COMERCIO DE COSMÉTICOS Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno
LTDA - ME; JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME; ERICA dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em
PONTES DE MENESES; ALENCARINE COSMÉTICOS conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine.
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS; CRX COMERCIO Adiante, requer o reconhecimento da inépcia do pedido relativo às
DE COSMÉTICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME; VRX COMERCIO parcelas de FGTS + 40%, a extinção do pleito sem resolução de
DE COSMÉTICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME; ROBERTO mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15, sob o
NENDZA - ME; HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de ingresso,
COSMÉTICOS LTDA - ME; AL PARTICIPACOES LTDA; inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso e de
ANDERSON LUID DOS SANTOS SEVERO - ME; MULT dispensa, realizou o pedido correspondente às parcelas de FGTS
DISTRIBUIDORA DE COSMÉTICOS LTDA; BRC - BRAZIL em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o saldo
ALENCAR MARTINS as seguintes parcelas: a.Saldo de salário (29 No mérito, defende a recorrente, em síntese, a inexistência de fusão
dias); b. Aviso prévio (51 dias); com reflexos no 13º salário e férias; e formação de grupo econômico com o GRUPO HELGA, sendo
c. Férias simples 2016/2017 e proporcionais (8/12 avos), acrescidas indevida a sua responsabilidade solidária pelos créditos deferidos
de 1/3 constitucional; d. 13º salário proporcional 2018 (3/12 avos); e. ao autor na presente reclamação trabalhista.
Argumenta, em que pese tenha havido, nas redes sociais, um Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não
anúncio de fusão entre os conglomerados Helga e Hanova, por integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos,
certo, tal reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou
empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera
regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos cópia de uma transcrição parcial realizada no bojo de uma sentença
econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria, proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou,
mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova
possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses, o emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito.
que, também, não retrata o caso dos autos. Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam
Esclarece, adiante, que há uma mera relação comercial, havendo relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo
total independência entre as empresas do GRUPO HANOVA em reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art.
mera fornecedora de produtos para o conglomerado empresarial Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno
HELGA, sem haver contudo, qualquer integração de interesses dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em
entre as empresas ou atuação conjunta. conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine.
inconstitucionalidade declarada de forma incidental do art. 791-A, Em audiência de instrução, as Reclamadas requereram a juntada
§4º, da CLT, haja vista inexistir afronta à Carga Magna, mormente de provas emprestadas, relativo aos depoimentos testemunhais dos
porque, nos ditames do art. 133 da Lei Maior, o advogado é processos 461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471-
indispensável à administração da justiça, e, caso esta Colenda 39.2018.5.07.0010 (ID. bae0442, ID. ed35241, ID. 5cd9c24, ID.
CRFB/1988, o qual prevê a cláusula de reserva de plenário para a O Juízo, ao proferir a sentença, utilizou para o reconhecimento da
manutenção da declaração de inconstitucionalidade. existência de Grupo Econômico entre as acionadas (Grupo Hanova-
Após devidamente notificada, a recorrida apresentou suas Helga) como prova emprestada, os fundamento os lançados na
contrarrazões, conforme documento de ID. 15ffc62. sentença prolatada nos autos do processo nº 0000471-
A matéria versada no presente recurso dispensa a obrigatoriedade 51.2018.5.07.0006, de lavra da magistrada Taciana Orlovicin
de parecer prévio da douta PRT (art. 109, do Regimento Interno)" Gonçalves Pita (ID. 984dd8d).
Acolhe-se o presente recurso, uma vez que preenchidos os emprestada, desde que observado o contraditório, conforme
Peço vênia para adotar os fundamentos do voto do Excelentíssimo outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado,
apreciação das preliminares, nos seguintes termos: Assim, havendo previsão legal para utilização da prova emprestada
EMPRESTADA - DO ALEGADO CERCEAMENTO DE DEFESA partes foram submetidas ao contraditório e, havendo identidade dos
Aduz a recorrente, preliminarmente, que houve cerceamento de seu fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de
integralmente a motivação da sentença proferida na reclamatória Quanto a alegativa de que as reportadas transcrições dos
trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu depoimentos carregam relatos fáticos que não integram as razões
entendimento, a partir das provas orais ali consignadas, mas que, da exordial, não merece acolhida, posto que a causa de pedir da
tais elementos probatórios não foram publicizadas à ora recorrente autora, no que se refere a responsabilidade solidária das acionadas,
no presente feito, com vistas à garantia do contraditório e da ampla trata justamente na alegada formação de grupo econômico entre as
defesa, verificando-se, pois, uma patente violação ao que dispõe o empresas, objeto da prova naqueles autos.
Juízo a quo dizem respeito aos fatos relacionados pela autora, no partes. Assim, a mera alegação da reclamada de que não
que pertine a alegada formação de grupo econômico entre as concordou com a utilização de prova emprestada não é suficiente
acionadas GRUPO HELGA (DISTR IBUIDORA HELGA para inviabilizar a sua utilização nestes autos. Precedentes.
COSMETICOS LTDA - ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME, Recurso de revista não conhecido" (TST, ARR - 3600-
HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, ORIGINAL 29.2010.5.12.0031 Data de Julgamento: 15/02/2017, Relator
COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de
COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS "B) RECURSO DE REVISTA. 1. NULIDADE DA SENTENÇA.
LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA CERCEAMENTO DE DEFESA. UTILIZAÇÃO DE PROVA
PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS EMPRESTADA SEM ANUÊNCIA. O Regional entendeu que a
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX utilização de prova emprestada consubstanciada em certidão de
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX averiguação produzida em outros autos, no qual a reclamada figura
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e como parte, não configura cerceamento de defesa, ante a
ROBERTO NENDZA - ME) e GRUPO HANOVA - HNV (HANOVA semelhança fática existente entre os processos, assim como da
INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, AL observância do contraditório e da ampla defesa. Com efeito, esta
PARTICIPAÇÕES LTDA, ANDERSON LUID DOS SANTOS Corte tem se posicionado no sentido de ser possível a utilização da
SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE COSMETICOS prova emprestada, não sendo imprescindível a anuência da parte
LTDA), assim como referem-se as mesmas demandadas, sendo adversa. Recurso de revista não conhecido" (TST, RR - 940-
permitido sua valoração como se houvesse sido produzida 27.2013.5.18.0181 Data de Julgamento: 09/11/2016, Relatora
diretamente nos autos examinados. Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT
foram respeitados o contraditório quando produzida em processos Requer o Recorrente, o reconhecimento da inépcia do pedido
judiciais, máxime,quando envolvendo a mesma empresa e quando relativo às parcelas de FGTS + 40%, e a extinção do pleito sem
os fatos guardam correlação com os da presente ação. resolução de mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15,
Nesse mesmo entendimento, colaciona-se a atual jurisprudência do sob o fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de
Tribunal Superior do Trabalho, in verbis: ingresso, inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso
IDENTIDADE FÁTICA. MESMAS RECLAMADAS. FGTS, em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o
NULIDADE PROCESSUAL NÃO CONFIGURADA. Esta Corte O processo trabalhista é regido pelo princípio da simplicidade das
admite a utilização da prova emprestada, desde que haja a formas, consagrado no art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta
identidade dos fatos considerados no documento emprestado e no uma breve exposição dos fatos para se considerar apta a exordial.
caso em julgamento, assim como ocorrido nesta hipótese, em que o Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal.
Regional registrou que"a prova emprestada foi produzida em § 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do
processo judicial que envolvia as mesmas rés da presente ação, Presidente da Junta, ou do juiz de direito a quem for dirigida, a
tendo sido observadas as formalidades estabelecidas em lei para a qualificação do reclamante e do reclamado, uma breve exposição
sua produção, bem como o princípio do contraditório. Segundo, dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura
porque os fatos a serem comprovados guardam correlação com os do reclamante ou de seu representante.
da presente ação. Terceiro, porque a referida prova emprestada foi § 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do
valorada pelo Juízo segundo o princípio do livre convencimento juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que
motivado, em conjunto com as demais provas dos autos". resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo, determinado e
Importante salientar também que a utilização de prova emprestada com indicação de seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou
não está condicionada à prévia anuência e concordância das de seu representante. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no A sentença reconheceu o grupo econômico entre as empresas
§ 2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias "Diante da identidade da matéria (fática e jurídica), adoto
datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que integralmente os fundamentos lançados na brilhante sentença
couber, o disposto no § 1o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº prolatada nos autos da 0000471-51.2018.5.07.0006, de lavra da
§ 3o Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo responsabilidade das empresas demandadas, nos termos a seguir:
serão julgados extintos sem resolução do mérito. (Incluído pela Lei 'Afirma a parte reclamante que as empresas que compõem o antigo
Como se observa, a Lei n. 13.467/17 fez referência expressa aos ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES
requisitos da petição inicial trabalhista, dispondo no § 1º do art. 840 & CIA LTDA - ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS
da CLT que o pedido deva "ser certo, determinado e com indicação LTDA - ME, MULTIPLA COMERCIO DE COSMETICOS LTDA -
No caso, em relação ao pedido de pagamento do FGTS e multa COSMETICOS LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME,
rescisória, o reclamante fez pedido certo, determinado e com ERICA PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS
indicação do valores pois da sua causa de pedir, entende-se COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX
logicamente que o autor fora demitido sem justa causa e sem COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX
recebimento de suas verbas rescisórias, fato este, incontroverso COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e
Na narrativa dos fatos, o acionante afirmou que ingressou na sócios José Alencar Sales Júnior e Érica Pontes de Meneses. Alega
reclamada no dia 01/08/2010, para exercer a função de gerente, que, em meados de 2017, os sócios do Grupo Helga iniciaram
sendo demitida sem justa causa em 29/03/2018; que o último negociações para fusão com o Grupo Hanova (HNV), fusão de
salário percebido foi de R$ 3.200,00 (três mil e duzentos reais); que empresas esta que foi oficialmente tornada pública em julho de
quando de sua demissão não recebeu qualquer valor, assim como 2017, expondo o rol de empresas que compõem o Grupo Hanova -
não fora liberado Seguro Desemprego e FGTS, motivo pelo qual HNV (HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS
pleiteia a liberação dos mesmos em sede de tutela antecipada; que LTDA - ME, AL PARTICIPAÇÕES LTDA, ANDERSON LUID DOS
o FGTS se encontra depositado apenas de forma parcial, apenas o SANTOS SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE
valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais). COSMETICOS LTDA), à época todas dirigidas pelos sócios
Em seguida, requereu que, Tendo em vista os argumentos jurídicos Anderson Luid Santos Severo e Aline Cristina Silva Souza Severo.
apresentados, ajuíza-se a presente Reclamação Trabalhista no Sustenta que, a partir de julho de 2017, independentemente do
intuito de serem satisfeitos todos os direitos da reclamante, quais cumprimento das obrigações legais para efetivação da fusão, qual
sejam: Saldo Salário, Aviso Prévio de 51 dias, 13º salário e férias seja a extinção das pessoas jurídicas da empresa incorporada com
sobre aviso prévio, FGTS sobre rescisão, 13º salário proporcional o surgimento de uma nova, tal fusão de fato ocorreu e todos os
3/12 de 2018, férias simples 2016/2017 e proporcionais 2017/2018 empregados passaram à subordinação do Grupo Hanova-Helga, o
todas acrescidas do terço constitucional, FGTS e multa de 40%. qual configura grupo econômico por coordenação, impondo a
Em relação ao rol dos pedidos, o autor requereu a condenação da responsabilização solidária entre as empresas do grupo. Entende
reclamada ao pagamento das verbas rescisórias, incluindo FGTS E que a fusão entre as empresas com a criação, em outubro de 2017,
Em decorrência do princípio da simplicidade, que norteia o processo eram sócios o filho dos sócios do Grupo Helga e a mãe do sócio do
trabalhista, o qual não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de Grupo Hanova), teria como única finalidade ocultar os sócios de fato
2017, a petição inicial ora em análise preencheu os requisitos do da nova empresa e ainda o de conseguir nova linha de crédito na
art. 840 , da CLT, a qual, frise-se, não dificultou a defesa das praça. Postula, caso não se conclua pela existência de grupo
COSMÉTICOS LTDA adquiriu em Recuperação Judicial os direitos A ré BRC - BRAZIL COSMETICS LTDA informa que comprou os
da marca mista "Helga" por cinco anos, sem jamais exercer direitos de uso da marca HELGA, não estando a reclamante sob
qualquer gerência direta, pois o Sr. José Alencar Sales Júnior suas ordens, refutando a formação de grupo econômico com
continuou a exercer a direção, gerência e coordenação das quaisquer das demais empresas reclamadas e pleiteia que, em
empresas. Por essa razão, pretende a responsabilização solidária caso de condenação, seja de forma subsidiária.
fraude ocorrida e a evidente direção do efetivo sócio do Grupo Inicialmente, declaro a responsabilidade solidária das empresas
Em suas contestações, as rés negam a formação de grupo COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA -
econômico entre as empresas do Grupo Helga e Hanova As ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME,
reclamadas DISTRIBUIDORA HELGA COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - EPP, BELLA
HELGA COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES & CIA COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS
LTDA - ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA
COSMETICOS LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX
ERICA PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME,
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX ROBERTO NENDZA - ME (1ª a 13ª reclamadas), nos termos do §
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX 2º do art. 2º da CLT, as quais reconheceram a formação de grupo
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, econômico entre si, encontrando-se, dentre estas, a empregadora.
ROBERTO NENDZA - ME (1ª a 13ª reclamadas), não refutam o Quanto ao grupo econômico alegado em relação aos grupos
grupo econômico entre si, tendo contestado a formação de grupo HELGA e HANOVA, a autora juntou aos autos várias fotografias
com as empresas do Grupo HANOVA (14ª a 16ª reclamadas), com com os Srs. Anderson Luid Dos Santos Severo, José Alencar Sales
a MULT DISTRIBUIDORA (17ª reclamada) e com a BCR (18ª Junior, Aline Cristina Silva Souza Severo e Érica Pontes de
reclamada), alegando que o grupo HANOVA tem como objeto social Meneses, sócios das empresa Hanova e Helga, divulgadas em meio
a produção de produtos de beleza, e que inexiste hierarquia e/ou digital em julho de 2017, anunciando a fusão entre as empresas do
coordenação entre as empresas. Sustenta que a BCR está sob a Grupo Helga com aquelas do Grupo Hanova (HNV), com
égide da Lei 11.101//05, tendo comprado o direito de utilização da fundamento na expansão e aquisições realizadas pelo grupo
marca "Helga" por cinco anos. HANOVA, podendo se perceber que nas fotos, aparece o diretor do
As reclamadas HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE grupo HANOVA, o qual veste camisa com o nome HELGA NOVO
COSMETICOS LTDA - ME e ANDERSON LUID DOS SANTOS TEMPO e ainda uma figura que demonstra a junção de duas peças
SEVERO - ME reconhecem o grupo entre si e negam a formação de de quebra-cabeça nas quais constam os nomes dos dois grupos
grupo com as demais reclamadas, noticiando que são fornecedoras HANOVA e HELGA. Em que pese não haver alterações nas
de produtos à rede varejista, sendo uma das principais, o grupo estruturas das empresas formadoras dos grupos, resta claro que
HELGA, não tendo havido a fusão alegada, apenas relação houve uma intensa comunhão de interesses
fornecedor-cliente. Informam, ainda, que os fundos de comércio de econômicos/profissionais entre as empresas formadoras dos dois
empresas do Grupo Helga foram alienados por seus sócios- grupos. De acordo com a Lei 13.467/2017 são requisitos para a
proprietários da Helga para a empresa DX GROUP configuração do grupo econômico: a demonstração do interesse
PARTICIPAÇÕES E INVESTIMENTOS LTDA, que, por sua vez, integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta
não possuiria qualquer ligação com o Grupo Hanova, tratando-se de das empresas integrantes. A inexistência de uma hierarquia entre
empresa de investimentos de proveniente São Paulo. as empresas não descaracteriza o grupo econômico, se há a
A demandada AL PARTICIPACOES LTDA nega a formação de demonstração de que entre as empresas ocorre clara atuação
grupo econômico com quaisquer das demais empresas. conjunta, em linha de coordenação e comunhão de interesses, o
alega que nunca existiu de fato e nega a formação de grupo Ademais, a primeira testemunha laboral afirmou em seu
"(...) que havia comentários dentro da empresa de que ocorreu uma formam o grupo HANOVA. Nessa senda, o contrato social de
fusão entre as empresas Helga e Hanova; que o gerente do constituição da reclamada AL PARTICIPAÇÕES LTDA demonstra
depoente comentou que ocorreria a fusão e que o depoente que essa empresa tem como sócios os Srs. Anderson Liud dos
continuaria a prestar serviços para as duas empresas; que o Santos Severo e Aline Cristina Silva Souza Severo, os quais se
depoente já chegou, mesmo prestando serviços para a Helga, fizeram presentes ao evento em que foi anunciada a "fusão" entre
prestar serviços para a Hanova, tais como rotulagem de produtos, os grupos empresariais, conforme fotografias anexadas aos autos.
embalagem de mercadorias e fazendo entregas; que depois dos Ainda, o endereço eletrônico da AL PARTICIPAÇÕES LTDA
ordens do Sr. Paulo, empregado da Hanova, responsável pela Ademais, a Sra. Aline Cristina Silva Souza Severo é também sócia
"que trabalhou para Helga de 01/02/2010 a 14/04/2018 na função "anderson@hanovacosméticos.com.br", conquanto o Sr. Anderson
de estoquista; que trabalhou com a reclamante; que o gerente, Liud dos Santos Severo não faça parte do corpo societário dessa
Sr.Evandro comentou com o depoente que havia sido feita uma empresa. O Sr. Anderson Liud dos Santos Severo atua, ainda,
sociedade entre a Helga e a Hanova; que, após o comentário, o como empresário individual da ANDERSON LUID DOS SANTOS
depoente também começo a prestar serviços para a Hanova SEVERO ME. Por fim, saliento que as empresas HNV INDÚSTRIA
nas seções das lojas Helga, limpando as mercadorias; que o LTDA, ANDERSON LUID DOS SANTOS SEVERO - ME e MULT
depoente não recebia ordens de nenhum empregado da Hanova; DISTRIBUIDORA DE COSMETICOS LTDA, em audiência, se
que as lojas Helga também vendiam produtos de outras indústrias e fizeram representar pelo mesmo preposto, o Sr. Luiz Gustavo
não só da empresa Hanova; que, em relação às mercadorias das Santana Severo, neste feiro e nos processos nº0000470-
mercadorias eram feitos por empregados destas indústrias; que a 61.2018.5.07.0010, cujos termos de audiência foram anexados aos
Saliente-se que o fato de terem sido alienados fundos de comércio diverso das empresas do grupo HANOVA não é suficiente para
de empresas do Grupo Helga para a empresa DX GROUP afastar a formação do grupo econômico com HNV INDÚSTRIA E
PARTICIPAÇÕES E INVESTIMENTOS LTDA não afeta a presente COMÉRCIO DE COSMÉTICOS LTDA e ANDERSON LUID DOS
demanda, pois apenas houve a alienação parcial das quotas SANTOS SEVERO - ME.
empresariais de somente algumas das empresas do Grupo. Sendo assim, reconheço que a empresa AL PARTICIPAÇÕES
Insta destacar, também, que a alegação da reclamada ANDERSON LTDA pertence ao grupo econômico HANOVA, o qual restou
LUID DOS SANTOS SEVERO ME de que a relação havida entre os condenada solidariamente, aplicando a esta a mesma
apontados conglomerados empresariais era de apenas fornecedor- responsabilidade, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da CLT.
cliente não se sustenta, ressaltando que a mensagem eletrônica e a No que tange à reclamada MULT DISTRIBUIDORA DE
confissão de dívida datam de período anterior à "fusão" noticiada, o COSMETICOS LTDA, observa-se efetivamente formalizada em
que só veio a ocorrer em julho de 2017. 24/10/2017 pouco tempo após a fusão dos grupos HELGA e
Diante do exposto, reconheço a existência de grupo econômico por HANOVA, com atuação na vendas de produtos de higiene, tendo
coordenação entre todas as empresas dos Grupos HELGA e como sócios os Srs. Matheus Pontes Sales e Maria de Fátima dos
HANOVA, as quais declaro responsáveis solidárias pelas verbas Santos Severo, os quais são, respectivamente, o filho dos titulares
decorrentes da condenação, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da do Grupo Helga e a mãe de um dos proprietários do Grupo Hanova
CLT. (Anderson Luid dos Santos Severo), fato não contestado em defesa.
No que concerne à reclamada AL PARTICIPAÇÕES LTDA, verifica- Sendo assim, tenho que a empresa MULT DISTRIBUIDORA DE
se que na defesa das empresas formadoras do GRUPO HELGA COSMETICOS LTDA também participa dos Grupos Helga e
restou afirmado que as empresas HANOVA INDUSTRIA E Hanova, utilizando-se da mesma estrutura empresarial para a
COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, ANDERSON LUID consecução de seus objetivos financeiros, diante do que, resta
DOS SANTOS SEVERO - ME e AL PARTICIPACOES LTDA condenada solidariamente, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da
Por fim, quanto à ré BRC BRAZIL COSMETICS COMÉRCIO econômico ostentam características diametralmente opostas"; "em
VAREJISTA DE COSMÉTICOS EIRELI, verifica-se que ela que pese tenha havido, nas redes sociais, um anúncio de fusão
apresentou defesa através do mesmo escritório que a empregadora, entre os conglomerados Helga e Hanova, por certo, tal
na qual passou a repetir as mesmas alegações já apresentadas reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão
pelas 1ª a 13ª Reclamadas, além disso, observa-se que no empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas
comprovante de inscrição cadastral (CNPJ) consta endereço regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos
eletrônico pertencente ao domínio da HELGA COSMÉTICOS. econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria,
Ademais, apresentou carta de preposição que revelou mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que
representação através do mesmo preposto que a empregadora, possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses";
razão pela qual, deve ser solidariamente responsável pelos créditos "que a sentença de origem, em nenhum momento, cuidou de
oriundos da presente demanda, nos moldes dos arts. 2º, § 2º, e 9º demonstrar a integração de interesses entre as empresas, a
Pontue-se, por oportuno, que as atas de audiência em nada apenas limitou-se a discorrer, de forma bastante confusa, sobre
corroboram com a tese da demandada, uma vez que se verifica, "fusão", sendo esta manifestante inexistente no caso vertente"; "que
com extrema facilidade, que a testemunha da reclamada, Sr. os depoimentos coligidos aos autos sob a rubrica de prova
Emanuel Rodrigues de Albuquerque, arrolada em todos os emprestada fulminam a pretensão autoral, quer pelo viés da fusão,
processos, busca, sem nenhum sucesso, sustentar os termos da seja sob a óptica de agrupamento empresarial."
Ademais, por mais que tenha declarado que "que na metade do recorrente, fundamentos que infirmem convincentemente as
segundo semestre de 2017 houve uma reunião da Helga com a conclusões do juízo de primeiro grau, razão pela qual se há perfilhar
Hanova para uma parceria de fornecimento de produtos", com os motivos da decisão vergastada, ora endossados e
afirmou, posteriormente, que "soube que foi feita uma postagem integrantes das presentes razões de decidir.
no instagram da Helga onde foi usado o termo fusão com a Consoante o § 2º do art. 2º da CLT, "sempre que uma ou mais
Por outro lado, as testemunhas Francisca Edinusia Alves de Sousa própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de
e Maria Irlane Silva Santos outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua
Desiderio, apresentadas pelas partes autoras, nas referidas atas de autonomia, integrem grupo econômico, serão responsáveis
audiências, possuem depoimentos uníssonos no que tange à solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de
empregados são uníssonas ("que no final de julho/2017 foram Nesta esteira, o delineamento do que se convencionou chamar
convocadas para uma reunião no hotel meridional no centro da grupo econômico, pela dicção da Consolidação das Leis do
cidade onde foi comunicada por Alencar Junior, Erica Pontes e Trabalho, importa na evidência da integração dos
Aline Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas de empreendimentos, de forma a vincular, direta ou indiretamente, as
que tudo iria mudar com a chegada de novos produtos, mas na empresas.
pratica tudo continuou do mesmo jeito, pois continuou Este aspecto restou caracterizado nos autos, sendo certo que se
chegando produtos da marca própria da Helga (lavi) e da Helga, verificam elementos suficientes para que seja corroborada a
os quais tinham prioridade para serem vendidos" - depoimento conclusão da sentença recorrida.
de Maria Irlane Silva Santos Desiderio) e ("que houve uma Como bem destacado pela sentença, restou demonstrada nos autos
reunião num domingo de julho/2017 onde foi comunicada a a ampla divulgação realizada nas redes sociais, em julho de 2017,
fusão da Hanova com a Helga Cosmeticos onde foram acerca da fusão das empresas do Grupo Helga com aquelas do
apresentados os novos patrões como sendo: Aline Severo e Grupo Hanova. Eis os dizeres da publicação (V. ID 0d53e9e - Pág.
seu esposo Anderson ambos donos da Hanova; que a a partir 2): "Temos o orgulho de anunciar que começou um novo tempo. O
daí a prioridade era para vender os produtos da Hanova e Lavi" Grupo HNV detentor de várias marcas como a Hanova, em um
- depoimento de Francisca Edinusia Alves de Sousa)." processo de expansão e aquisições, realizou a fusão com o Grupo
A empresa recorrente manifesta no presente recurso ordinário o seu Helga Cosméticos. Tudo isso para que os nossos clientes possam
ter sempre à disposição o melhor atendimento, os melhores 39.2018.5.07.0010) trazidos por empréstimo ao conjunto probatório,
produtos e a melhor experiência. Transformando para melhor, o seu cujas declarações transparecem a ideia de demonstrar ter havido
visual e a sua vida. #HelgaNovoTempo #Hanova #GrupoHNV apenas uma relação comercial, mas não uma fusão, entre as
#GrupoHelga #Beleza #Cabelos". Com a devida vênia da parte empresas do grupo Helga e do grupo Hanova. Contudo, diante dos
recorrente, este aspecto é relevante para a caracterização do grupo demais elementos probatórios dos autos, não há de prevalecer o
econômico sob investigação, demonstrando a plena possibilidade quadro traçado pelo depoente, sendo de se destacar que ele próprio
de que as marcas de cada um dos grupos estejam sob a admite não ter participado da reunião ocorrida em julho de 2017 (V.
coordenação de um único conglomerado, o que afasta a tese ID's 5cd9c24 - Pág. 6 e 8eb6395 - Pág. 6), na qual fora anunciada a
no mesmo grupo econômico. Cumpre ressaltar, ainda, porquanto oportuno, que a estreita relação
Além disso, vigora no Direito do Trabalho o princípio da primazia da comercial entre as empresas dos grupos empresariais, consoante
realidade, de modo a ser imprescindível destacar a prevalência dos se denota pelas notas ficais de vendas de mercadorias anexadas
fatos da relação de emprego sobre os aspectos formais. Dessa aos autos, a meu sentir, não rechaça a formação de grupo
forma, ainda que não ultimada, ao menos formalmente, com as econômico, mas, em verdade, a reforça, evidenciando além da
devidas baixas das pessoas jurídicas, a fusão mencionada nas complementaridade entre os objetos sociais das empresas
redes sociais, não há se desconhecer que houve a junção das contratantes, o interesse integrado, a comunhão de interesses e a
empresas, que passaram a atuar integradas a um único grupo. atuação conjunta das empresas dele integrantes.
Igualmente, salvo melhor juízo, os depoimentos das testemunhas Destarte, o quadro encontrado no presente feito permite a
não afastam o reconhecimento do grupo econômico. Ao revés, conclusão de que a empresa ora recorrente integra grupo
confirmam a fusão entre as empresas. Destaca-se, a este respeito, econômico com as reclamadas do grupo Helga. Importa examinar a
o depoimento da primeira testemunha da parte reclamante, Sra. presença de elementos objetivos capazes de demonstrar que as
Maria Irlane Silva Santos Desiderio, ouvida no processo nº 0000470 empresas estavam integradas no mesmo grupo. É o que se
-54.2018.5.07.0010 (Ata de audiência de ID 5cd9c24 - Pág. 4), constatou à exaustão no presente feito.
trazido por empréstimo ao conjunto probatório pelas próprias Por oportuno, colhe-se o seguinte precedente jurisprudencial:
reclamadas, revelador de "(...) que no final de julho/2017 foram "Grupo econômico. Relação inter-empresarial. O grupo econômico
convocadas para uma reunião no hotel meridional no centro da para fins justrabalhistas não necessita se revestir das modalidades
cidade onde foi comunicada por Alencar Junior, Erica Pontes e Aline jurídicas típicas do Direito Econômico ou Direito Comercial
Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas de que tudo (holdings, consórcios, pools etc.). Não se exige, sequer, a prova
iria mudar com a chegada de novos produtos, mas na pratica tudo de sua formal institucionalização cartorial: pode-se acolher a
continuou do mesmo jeito, pois continuou chegando produtos da existência do grupo desde que surjam evidências probatórias
marca propria da Helga (lavi) e da Helga, os quais tinham prioridade de que estão presentes os elementos de integração inter-
para serem vendidos, e das outras marcas continuaram escassos". empresarial (abrangência subjetiva e nexo relacional) de que
Veja-se que a fusão foi comunicada aos empregados em reunião, fala a CLT (art. 2º, § 2º)" (Processo 00409002020085010025, TRT
constatação que reforça a ideia do grupo econômico, referindo-se a 1ª Região - 8ª Turma, Relatora Desembargadora Dalva Amélia de
depoente a tudo ter "continuado do mesmo jeito" ao modus Oliveira, Publicado em 30/06/2014)(destaquei).
operandi das vendas dos produtos e não à ausência de formação NEGA-SE PROVIMENTO.
marcas apresentavam seus produtos e realizavam treinamentos, Por unanimidade, conhecer do recurso ordinário para, rejeitar as
mas que com a Hanova o processo foi diferente, pois, além de ter preliminares suscitadas e, no mérito, por maioria, negar-lhe
mercadorias para serem vendidas nas lojas Helga, o que ocorreu DISPOSITIVO
com outros fornecedores em face das dívidas da empregadora ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2.ª TURMA DO TRIBUNAL
Não se olvida o depoimento da testemunha convidada pelas conhecer do recurso ordinário para, rejeitar as preliminares
reclamadas, Sr. Emanuel Rodrigues de Albuquerque, ouvida nos suscitadas e, no mérito, por maioria, negar-lhe provimento. Vencido
processos (461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471- o Desembargador Relator, que dava provimento ao apelo, para
excluir da condenação a responsabilidade solidária da reclamada direito de defesa, ao argumento de que o juízo, ao adotar
HNV INDÚSTRIA E COSMÉTICOS LTDA. Redigirá o acórdão o integralmente a motivação da sentença proferida na reclamatória
Desembargador Cláudio Soares Pires, com a integração do voto trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu
vencido. entendimento, a partir das provas orais ali consignadas, mas que,
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores tais elementos probatórios não foram publicizadas à ora recorrente
Francisco José Gomes da Silva (Presidente e Relator), Cláudio no presente feito, com vistas à garantia do contraditório e da ampla
Soares Pires e Paulo Régis Machado Botelho. Presente ainda o(a) defesa, verificando-se, pois, uma patente violação ao que dispõe o
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo art. 312 do CPC/15.
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Jefferson Quesado Junior. Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não
Fortaleza, 14 de outubro de 2019. integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos,
INTEGRA O PRESENTE ACÓRDÃO O VOTO VENCIDO DO EXMº mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou
DESEMBARGADOR FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA, in como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera
EMENTA: PROVA EMPRESTADA. PREVISÃO LEGAL. proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou,
CONTRADITÓRIO OBSERVADO. O novo CPC trouxe permissivo naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova
expresso quanto à possibilidade de utilização da prova emprestada, emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito.
desde que observado o contraditório, conforme previsão no art. 372. Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam
Assim, havendo previsão legal para utilização da prova emprestada relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo
e, observando que no processo nº 0000471-51.2018.5.07.0006 as reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art.
fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno
cerceamento de defesa. Preliminar rejeitada. dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em
PETIÇÃO INICIAL. ART. 840, §1º DA CLT. O processo trabalhista conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine.
art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta uma breve exposição Em audiência de instrução, as Reclamadas requereram a juntada
dos fatos para se considerar apta a exordial. Em decorrência do de provas emprestadas, relativo aos depoimentos testemunhais dos
princípio da simplicidade, que norteia o processo trabalhista, o qual processos 461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471-
não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de 2017, verifica-se que 39.2018.5.07.0010 (ID. bae0442, ID. ed35241, ID. 5cd9c24, ID.
EXISTÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO. ART. 2º, DA CLT. ÔNUS existência de Grupo Econômico entre as acionadas (Grupo Hanova-
DA PROVA. ART. 818, DA CLT C/C ART. 373, DO NCPC. Helga) como prova emprestada, os fundamento os lançados na
AUSÊNCIA DE PROVA. Não tendo a reclamante comprovado a sentença prolatada nos autos do processo nº 0000471-
existência do alegado grupo econômico Helga-Hanova, composto 51.2018.5.07.0006, de lavra da magistrada Taciana Orlovicin
de diversas empresas, reforma-se a sentença para afastar a Gonçalves Pita (ID. 984dd8d).
responsabilidade solidária pretendida pela autora. Nesse ponto, destaco, inicialmente, que o novo CPC trouxe
RECURSO CONHECIDO E DADO PROVIMENTO PARCIAL permissivo expresso quanto à possibilidade de utilização da prova
Acolhe-se o presente recurso, uma vez que preenchidos os Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em
EMPRESTADA - DO ALEGADO CERCEAMENTO DE DEFESA partes foram submetidas ao contraditório e, havendo identidade dos
Aduz a recorrente, preliminarmente, que houve cerceamento de seu fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de
Quanto a alegativa de que as reportadas transcrições dos sua produção, bem como o princípio do contraditório. Segundo,
depoimentos carregam relatos fáticos que não integram as razões porque os fatos a serem comprovados guardam correlação com os
da exordial, não merece acolhida, posto que a causa de pedir da da presente ação. Terceiro, porque a referida prova emprestada foi
autora, no que se refere a responsabilidade solidária das acionadas, valorada pelo Juízo segundo o princípio do livre convencimento
trata justamente na alegada formação de grupo econômico entre as motivado, em conjunto com as demais provas dos autos".
empresas, objeto da prova naqueles autos. Importante salientar também que a utilização de prova emprestada
Os depoimentos constantes na prova emprestada utilizada pelo não está condicionada à prévia anuência e concordância das
Juízo a quo dizem respeito aos fatos relacionados pela autora, no partes. Assim, a mera alegação da reclamada de que não
que pertine a alegada formação de grupo econômico entre as concordou com a utilização de prova emprestada não é suficiente
acionadas GRUPO HELGA (DISTR IBUIDORA HELGA para inviabilizar a sua utilização nestes autos. Precedentes.
COSMETICOS LTDA - ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME, Recurso de revista não conhecido" (TST, ARR - 3600-
HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, ORIGINAL 29.2010.5.12.0031 Data de Julgamento: 15/02/2017, Relator
COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de
COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS "B) RECURSO DE REVISTA. 1. NULIDADE DA SENTENÇA.
LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA CERCEAMENTO DE DEFESA. UTILIZAÇÃO DE PROVA
PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS EMPRESTADA SEM ANUÊNCIA. O Regional entendeu que a
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX utilização de prova emprestada consubstanciada em certidão de
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX averiguação produzida em outros autos, no qual a reclamada figura
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e como parte, não configura cerceamento de defesa, ante a
ROBERTO NENDZA - ME) e GRUPO HANOVA - HNV (HANOVA semelhança fática existente entre os processos, assim como da
INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, AL observância do contraditório e da ampla defesa. Com efeito, esta
PARTICIPAÇÕES LTDA, ANDERSON LUID DOS SANTOS Corte tem se posicionado no sentido de ser possível a utilização da
SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE COSMETICOS prova emprestada, não sendo imprescindível a anuência da parte
LTDA), assim como referem-se as mesmas demandadas, sendo adversa. Recurso de revista não conhecido" (TST, RR - 940-
permitido sua valoração como se houvesse sido produzida 27.2013.5.18.0181 Data de Julgamento: 09/11/2016, Relatora
diretamente nos autos examinados. Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT
foram respeitados o contraditório quando produzida em processos Requer o Recorrente, o reconhecimento da inépcia do pedido
judiciais, máxime,quando envolvendo a mesma empresa e quando relativo às parcelas de FGTS + 40%, e a extinção do pleito sem
os fatos guardam correlação com os da presente ação. resolução de mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15,
Nesse mesmo entendimento, colaciona-se a atual jurisprudência do sob o fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de
Tribunal Superior do Trabalho, in verbis: ingresso, inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso
IDENTIDADE FÁTICA. MESMAS RECLAMADAS. FGTS, em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o
NULIDADE PROCESSUAL NÃO CONFIGURADA. Esta Corte O processo trabalhista é regido pelo princípio da simplicidade das
admite a utilização da prova emprestada, desde que haja a formas, consagrado no art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta
identidade dos fatos considerados no documento emprestado e no uma breve exposição dos fatos para se considerar apta a exordial.
caso em julgamento, assim como ocorrido nesta hipótese, em que o Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal.
Regional registrou que"a prova emprestada foi produzida em § 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do
processo judicial que envolvia as mesmas rés da presente ação, Presidente da Junta, ou do juiz de direito a quem for dirigida, a
dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura Em decorrência do princípio da simplicidade, que norteia o processo
do reclamante ou de seu representante. trabalhista, o qual não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de
§ 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do 2017, a petição inicial ora em análise preencheu os requisitos do
juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que art. 840 , da CLT, a qual, frise-se, não dificultou a defesa das
vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no Na peça de ingresso, requer o reclamante que seja caracterizada a
que couber, o disposto no parágrafo anterior. condição da segunda (VRX COMÉRCIO COSMÉTICOS E
§ 2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias BIJUTERIAS LTDA) e terceira reclamada (HANOVA
datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que COSMÉTICOS), de responsáveis solidárias pelos encargos
couber, o disposto no § 1o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº trabalhistas da primeira reclamada, HELGA COSMÉTICOS, em
§ 3o Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo Afirma que a primeira, segunda e terceira reclamadas foram
serão julgados extintos sem resolução do mérito. (Incluído pela Lei criadas, são dirigidas e controladas pelo pela Sra. Erica Pontes de
Como se observa, a Lei n. 13.467/17 fez referência expressa aos reclamada, HANOVA COSMÉTICOS, pois utilizou terceiro como
da CLT que o pedido deva "ser certo, determinado e com indicação Ressalta, que os objetos sociais das empresas são
No caso, em relação ao pedido de pagamento do FGTS e multa finalidade, sendo patente a formação de grupo econômico entre
indicação do valores pois da sua causa de pedir, entende-se No mérito, defende a recorrente, em síntese, a inexistência de fusão
logicamente que o autor fora demitido sem justa causa e sem e formação de grupo econômico com o GRUPO HELGA, sendo
recebimento de suas verbas rescisórias, fato este, incontroverso indevida a sua responsabilidade solidária pelos créditos deferidos
Na narrativa dos fatos, o acionante afirmou que ingressou na Argumenta que, em que pese tenha havido, nas redes sociais, um
reclamada no dia 01/08/2010, para exercer a função de gerente, anúncio de fusão entre os conglomerados Helga e Hanova, por
sendo demitida sem justa causa em 29/03/2018; que o último certo, tal reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão
salário percebido foi de R$ 3.200,00 (três mil e duzentos reais); que empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas
quando de sua demissão não recebeu qualquer valor, assim como regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos
não fora liberado Seguro Desemprego e FGTS, motivo pelo qual econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria,
pleiteia a liberação dos mesmos em sede de tutela antecipada; que mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que
o FGTS se encontra depositado apenas de forma parcial, apenas o possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses, o
valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais). que, também, não retrata o caso dos autos.
Em seguida, requereu que, Tendo em vista os argumentos jurídicos Esclarece, adiante, que há uma mera relação comercial, havendo
apresentados, ajuíza-se a presente Reclamação Trabalhista no total independência entre as empresas do GRUPO HANOVA em
intuito de serem satisfeitos todos os direitos da reclamante, quais relação às componentes do GRUPO HELGA, sendo a recorrente,
sejam: Saldo Salário, Aviso Prévio de 51 dias, 13º salário e férias mera fornecedora de produtos para o conglomerado empresarial
sobre aviso prévio, FGTS sobre rescisão, 13º salário proporcional HELGA, sem haver contudo, qualquer integração de interesses
3/12 de 2018, férias simples 2016/2017 e proporcionais 2017/2018 entre as empresas ou atuação conjunta.
Em relação ao rol dos pedidos, o autor requereu a condenação da A lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017 que alterou a Consolidação
reclamada ao pagamento das verbas rescisórias, incluindo FGTS E das Leis do Trabalho (CLT) trouxe novos parâmetros para
a este artigo, conforme transcrição seguinte: Estabeleceu, igualmente, que "não caracteriza grupo econômico a
Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, mera identidade de sócios. Assim, o patrimônio de empresas que
que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria têm sócios comuns, porém com atuam em setores diversos, estarão
§ 1º - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da Portanto, a análise da existência ou não da formação de um grupo
relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de econômico, deve-se observar o princípio da primazia da realidade,
beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem para que cada caso seja analisado com suas peculiaridades, sendo
fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados. ônus do autor a prova de suas alegações ( art. 818, da CLT c/c art.
§ 2º Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada 373, do NCPC).
uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a No caso em análise, o autor fundamenta sua pretensão com base
direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando, em notícias veiculadas nas redes sociais de possível fusão entre os
mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo grupos Helga Cosméticos e HNV, assim como colaciona fotos em
econômico, serão responsáveis solidariamente pelas que retrata parcerias entre as duas empresas, ID. 0d53e9e, sem,
obrigações decorrentes da relação de emprego. contudo, apresentar qualquer prova que indique ter realmente
§ 3º Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de ocorrido a "FUSÃO" das empresas, ou qualquer relação de
demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de Ao revés, a acionada Hanova Indústria e Comércio de Cosméticos
interesses e a atuação conjunta das empresas dele integrantes. Ltda colacionou aos autos documentos que demonstram a relação
A nova redação do art. 2º, além de manter a hipótese do grupo Helga (CRX COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA
econômico hierarquizado ou sob subordinação, introduz, ME, ALENCARINE COSMETICOS COMERCIO VAREJISTA E
expressamente, o outro modelo de grupo econômico, vertical, ou TREINAMENTO EIREL, HELGA MEDZA SALES & CIA LTDA -ME,
sob coordenação, trazendo para o texto legal, o entendimento dos ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA ME, VRX
Tribunais Regionais do Trabalho e do TST quanto a configuração de COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA ME, JOSE
Com relação a este modelo de grupo econômico coordenado, a COSMETICOS LTDA- ME, tais como notas fiscais de vendas de
Desembargadora Dra. Vólia Bomfim Cassar, do TRT da 1ª Região, mercadorias, termo de confissão de dívida e e-mails em que se
em seu livro Direito do Trabalho, afirma que: evidencia a parceria comercial entre as empresas ( venda de
Os grupos econômicos por coordenação se apresentam quando mercadorias), ID. de4b07e, ID. 4c4a838.
houver reunião de interesses para execução de determinado Na audiência de instrução, as reclamadas requerem a juntada de
empreendimento, tendo ou não o mesmo controle ou administração provas emprestadas (processos nºs. 461-92.2018.5.07.0010, 470-
comum. Logo, os grupos por coordenação podem ter relação de 54.2018.5.07.0010 e 471-39.2018.5.07.0010, tendo a autora
controle entre si, numa linha horizontal e não vertical. Isto é, não concordado com a juntada dos referidos depoimentos.
haverá, no grupo horizontal, uma empresa controladora e outra(s) No termo de audiência relativo ao processo nº. 0000461-
controlada(s), uma líder (holding) e outras lideradas. Todas são 92.2018.5.07.0010, a testemunha da reclamante afirmou que:
interligadas entre si e, apesar de autônomas e independentes, estão Primeira testemunha arrolada pela parte Reclamante Sr(a).
interligadas pela ingerência, administração comum, como se Francisca Edinusia Alves de Sousa: " (...)"que trabalhou na
subordinadas umas às outras administrativamente. Por trás desta reclamada Helga Cosméticos de 01/06/2006 a 23/02/2018 na
administração comum pode estar um sócio ou alguns sócios ou função de vendedora; que o reclamante, depoente e todos os
pessoa física no controle.(CASSAR, 2017,p.429). funcionários foram demitidos sem pagamento de verbas rescisórias
Logo, o aproveitamento dos serviços prestados pelo trabalhador por e nem do salário do último mês; que depoente trabalhou até
sociedades empresárias que mantenham relação de coordenação 23/fevereiro/2018, não sabendo o ultimo dia labutado pelo
entre si, formando o grupo econômico trabalhista, serão todas, por reclamante; que recebia ordem direta dos gerentes Luxeles,
consequência, responsabilizadas pela contraprestação devida ao Rosângela, Francisca Cirlane, os quais eram gerentes da loja
do shopping Central da Helga Nendza Sales .". ÀS PERGUNTAS financeiras e não conseguiu pagar os produtos que comprava, pois
DO(A) PATRONO(A) DO(A) PARTE RECLAMANTE RESPONDEU: a divida já estava muito alta, de modo que a Helga não conseguia
"que houve uma reunião num domingo de julho/2017 onde foi pagar nada na sua totalidade; que é uma prática comum serem
comunicada a fusão da Hanova com a Helga Cosmeticos onde feitas ações com as distribuidoras para estimular as vendas, e
foram apresentados os novos patrões como sendo: Aline os proprietários da Hanova comparecem pelo fato de que o
Severo e seu esposo Anderson ambos donos da Hanova; que a distribuidor Helga ser de grande porte, como também de outros
a partir daí a prioridade era para vender os produtos da Hanova distribuidores; que na época da parceria a Helga já estava em
e Lavi, mesmo tendo outras marcas, mas a Hanova e Lavi débito com a Hanova; que a Hanova não colocou pessoas na
deveriam estar em primeiro lugar nas vendas; que antes da lojas da Helga, muito menos assumiu o comando dessa; que a
reunião já vendiam todo tipo de produto e de varias marcas, continuou a vendendo normalmente para as outras lojas, como
inclusive dos ora citados; que os proprietários da Helga e Hanova Cosbel, Anavi, Iap e outras; que não houve a fusão da Hanova com
estavam presentes na reunião, sendo Erica PontesMenezes e a Helga; que havia procedimento de cobrança normal das vendas
Alencar Junior proprietários da Helga.". ÀS PERGUNTAS DO DO(A) dos produtos Hanova;." ÀS PERGUNTAS DO DO(A) PATRONO(A)
PATRONO(A) DO(A) PARTE RECLAMADA RESPONDEU: "que DO(A) PARTE RECLAMANTE RESPONDEU: "que a reunião tem
depois da reunião depoente continuou trabalhando na mesma um caráter de marketing e não para apresentar fusão; que não
loja e o reclamante também, mas ambos trabalhavam em lojas houve comunicação formal da fusão entre a Hanova e Helga, mas
diferentes; que na reunião estavam os vendedores e gerentes; depoente soube que foi feita uma postagem no instagram da
que a faixada das lojas continuaram iguais; que não houve Helga onde foi usado o termo fusão com a Hanova; que quanto
mudança da chefia após a reunião, mas a sua chefe Luxeles ao doc. de fl. 8 se tratam das pessoas de Anderson (proprietário da
teve um problema de saúde e foi transferida para loja de Hanova) e Junior (proprietária da Helga) e o doc. de fl. 9 tratam das
Messejana, tendo ficado como gerente Rosangela; que Luxeles pessoas Aline (proprietária da Hanova) e Erica (proprietária da
e Rosangela eram gerentes da Helga; (...)." ( grifos nosso) Helga); (...)."( grifos nosso)
Conforme se extrai do depoimento supra, não se trata o caso de " No termo de audiência relativo ao processo nº. 0000470-
fusão" entre as empresas, tanto que a partir da reunião ocorrida em 54.2018.5.07.0010, o reclamante afirmou que :
julho de 2017, nada foi alterado na estrutura organizacional da O DEPOIMENTO PESSOAL DO RECLAMANTE: '" que depoente
empresa, assim como layout das lojas, tratando-se, na verdade, de era subgerente, que atuava em várias lojas da Helga e trabalhou até
um marketing e ações para incremento das vendas, através da 07/04/2018 porque as lojas fecharam, tendo a sra. Erica Pontes
fornecedora dos produtos, empresa HANOVA INDUSTRIA E (dona da Helga, esposa de Alencar Junior) comunicado a dispensa
COMERCIO DE COSMETICOS LTDA, fato este, confirmado pelos os quais eram chefes do depoente; (...) ; que a Helga vendia
depoimentos de reclamantes e testemunhas dos processos produtos de marca própria (Lavi), mas também da Hanova, Fatore,
utilizados como provas emprestadas nos autos, vejamos: Corpo Dourado e outros; que em julho/2017 houve a fusão da
Convocada a primeira testemunha arrolada pelas Reclamadas Hanova com a Helga, no que a prioridade passou a ser para vender
HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - produtos da Hanova e Lavi, mas ainda assim, a Helga continuou a
ME, AL PARTICIPACOES LTDA, ANDERSON LUID DOS vender produtos de outras marcas que já tinham estoque nas
SANTOS SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE lojas, e também continuou comprando produtos de outras
COSMETICOS LTDA, Sr(a). Emanuel Rodrigues de Albuquerque marcas para vender nas suas lojas; que as fachadas das lojas
(...): "que trabalha na Hanova desde março/2016 como gerente da Helga continuaram com o mesmo nome, após a fusão, e as
administrativo financeiro; ." ÀS PERGUNTAS DO(A) PATRONO(A) notas fiscais das vendas eram com o nome da Helga; que a
DO(A) PARTE RECLAMADA RESPONDEU: "que na metade do fusão da Helga e Hanova foi para o crescimento da Helga, mas
segundo semestre de 2017 houve uma reunião da Helga com a o dia a dia de trabalho continuou o mesmo de antes, porém
Hanova para uma parceria de fornecimento de produtos, pois a com a informação de que deveriam vender mais os produtos da
Hanova é uma industria; que o fornecimento dos produtos continuou Helga. ( grifos nosso)
da mesma forma, pois a Helga permaneceu como uma cliente Primeira testemunha arrolada pela parte Reclamante Sr(a).
norma; que a parceria teve o objetivo de aumentar o volume de Maria Irlane Silva Santos Desiderio: " (...) que no final de
vendas nas lojas e de fato aumentou, mas só no primeiro mês, julho/2017 foram convocadas para uma reunião no hotel meridional
pois logo em seguida a Helga entrou novamente em dificuldades no centro da cidade onde foi comunicada por Alencar Junior, Erica
Pontes e Aline Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas FORTALEZA/CE, 27 de fevereiro de 2020.
pratica tudo continuou do mesmo jeito, pois continuou MARIA DO SOCORRO RODRIGUES GONCALVES
RECURSO ORDINÁRIO. GRUPO ECONÔMICO. direito de defesa, ao argumento de que o juízo, ao adotar
CONFIGURAÇÃO. Confirma-se a sentença de origem que integralmente a motivação da sentença proferido na reclamatória
reconheceu a formação de grupo econômico entre as empresas trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu
demandadas, quando se constata que além da complementaridade entendimento, por consequência, a partir das provas orais ali
entre os objetos sociais destas, há o interesse integrado, a consignadas, mas que, tais elementos probatórios não foram
comunhão de interesses e a atuação conjunta das empresas dele publicizadas à ora recorrente no presente feito, com vistas à
integrantes. Recurso conhecido e improvido. garantia do contraditório e da ampla defesa, verificando-se, pois,
Designado para redigir o acórdão, peço vênia para adotar o relatório Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não
da lavra do Excelentíssimo Desembargador Relator Francisco José integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos,
Gomes da Silva, a seguir: mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou
"Trata-se de recurso ordinário ajuizado pela reclamada HNV como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera
INDUSTRIA E COSMÉTICOS LTDA interposto em face da decisão cópia de uma transcrição parcial realizada no bojo de uma sentença
do Juízo da 18ª Vara do Trabalho de Fortaleza (ID. 984dd8d), que proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou,
JULGOU a reclamatória PROCEDENTE EM PARTE, para naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova
condenar, SOLIDARIAMENTE, as reclamadas DISTRIBUIDORA emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito.
HELGA COSMÉTICOS LTDA - ME; HELGA COSMÉTICOS LTDA Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam
- ME; HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME; ORIGINAL relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo
COMERCIO DE COSMÉTICOS LTDA - ME; MULTIPLA reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art.
COSMÉTICOS LTDA - EPP; J R COMERCIO DE COSMÉTICOS Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno
LTDA - ME; JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME; ERICA dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em
PONTES DE MENESES; ALENCARINE COSMÉTICOS conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine.
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS; CRX COMERCIO Adiante, requer o reconhecimento da inépcia do pedido relativo às
DE COSMÉTICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME; VRX COMERCIO parcelas de FGTS + 40%, a extinção do pleito sem resolução de
DE COSMÉTICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME; ROBERTO mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15, sob o
NENDZA - ME; HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de ingresso,
COSMÉTICOS LTDA - ME; AL PARTICIPACOES LTDA; inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso e de
ANDERSON LUID DOS SANTOS SEVERO - ME; MULT dispensa, realizou o pedido correspondente às parcelas de FGTS
DISTRIBUIDORA DE COSMÉTICOS LTDA; BRC - BRAZIL em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o saldo
ALENCAR MARTINS as seguintes parcelas: a.Saldo de salário (29 No mérito, defende a recorrente, em síntese, a inexistência de fusão
dias); b. Aviso prévio (51 dias); com reflexos no 13º salário e férias; e formação de grupo econômico com o GRUPO HELGA, sendo
c. Férias simples 2016/2017 e proporcionais (8/12 avos), acrescidas indevida a sua responsabilidade solidária pelos créditos deferidos
de 1/3 constitucional; d. 13º salário proporcional 2018 (3/12 avos); e. ao autor na presente reclamação trabalhista.
FGTS + 40%; f. Multa do art. 467 da CLT, incidente sobre os valores Argumenta, em que pese tenha havido, nas redes sociais, um
e parcelas rescisórias constantes no TRCT (ID. 7ad3499), bem anúncio de fusão entre os conglomerados Helga e Hanova, por
como sobre o FGTS não depositado e multa de 40% sobre todos os certo, tal reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão
valores devidos a título de FGTS ao longo da contratualidade; g. empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas
Multa do art. 477,§8º da CLT; h. Honorários advocatícios. regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos
A sentença fora complementada pelos aclaratórios de ID. 7081a1b, econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria,
com o fito de sanear a sentença embargada, determinando a mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que
compensação do valor de R$ 10.710,34, vez que a quantia foi possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses, o
recebida pela parte embargada, conforme comprovante de que, também, não retrata o caso dos autos.
transferência bancária de ID. 619A9a4. Esclarece, adiante, que há uma mera relação comercial, havendo
Aduz a recorrente, preliminarmente, que houve cerceamento de seu total independência entre as empresas do GRUPO HANOVA em
mera fornecedora de produtos para o conglomerado empresarial Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno
HELGA, sem haver contudo, qualquer integração de interesses dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em
entre as empresas ou atuação conjunta. conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine.
inconstitucionalidade declarada de forma incidental do art. 791-A, Em audiência de instrução, as Reclamadas requereram a juntada
§4º, da CLT, haja vista inexistir afronta à Carga Magna, mormente de provas emprestadas, relativo aos depoimentos testemunhais dos
porque, nos ditames do art. 133 da Lei Maior, o advogado é processos 461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471-
indispensável à administração da justiça, e, caso esta Colenda 39.2018.5.07.0010 (ID. bae0442, ID. ed35241, ID. 5cd9c24, ID.
CRFB/1988, o qual prevê a cláusula de reserva de plenário para a O Juízo, ao proferir a sentença, utilizou para o reconhecimento da
manutenção da declaração de inconstitucionalidade. existência de Grupo Econômico entre as acionadas (Grupo Hanova-
Após devidamente notificada, a recorrida apresentou suas Helga) como prova emprestada, os fundamento os lançados na
contrarrazões, conforme documento de ID. 15ffc62. sentença prolatada nos autos do processo nº 0000471-
A matéria versada no presente recurso dispensa a obrigatoriedade 51.2018.5.07.0006, de lavra da magistrada Taciana Orlovicin
de parecer prévio da douta PRT (art. 109, do Regimento Interno)" Gonçalves Pita (ID. 984dd8d).
Acolhe-se o presente recurso, uma vez que preenchidos os emprestada, desde que observado o contraditório, conforme
Peço vênia para adotar os fundamentos do voto do Excelentíssimo outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado,
apreciação das preliminares, nos seguintes termos: Assim, havendo previsão legal para utilização da prova emprestada
EMPRESTADA - DO ALEGADO CERCEAMENTO DE DEFESA partes foram submetidas ao contraditório e, havendo identidade dos
Aduz a recorrente, preliminarmente, que houve cerceamento de seu fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de
integralmente a motivação da sentença proferida na reclamatória Quanto a alegativa de que as reportadas transcrições dos
trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu depoimentos carregam relatos fáticos que não integram as razões
entendimento, a partir das provas orais ali consignadas, mas que, da exordial, não merece acolhida, posto que a causa de pedir da
tais elementos probatórios não foram publicizadas à ora recorrente autora, no que se refere a responsabilidade solidária das acionadas,
no presente feito, com vistas à garantia do contraditório e da ampla trata justamente na alegada formação de grupo econômico entre as
defesa, verificando-se, pois, uma patente violação ao que dispõe o empresas, objeto da prova naqueles autos.
Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não Juízo a quo dizem respeito aos fatos relacionados pela autora, no
integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos, que pertine a alegada formação de grupo econômico entre as
mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou acionadas GRUPO HELGA (DISTR IBUIDORA HELGA
como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera COSMETICOS LTDA - ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME,
cópia de uma transcrição parcial realizada no bojo de uma sentença HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, ORIGINAL
proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou, COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA
naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - EPP, BELLA
emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito. COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS
Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA
relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS
reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art. COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX averiguação produzida em outros autos, no qual a reclamada figura
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e como parte, não configura cerceamento de defesa, ante a
ROBERTO NENDZA - ME) e GRUPO HANOVA - HNV (HANOVA semelhança fática existente entre os processos, assim como da
INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, AL observância do contraditório e da ampla defesa. Com efeito, esta
PARTICIPAÇÕES LTDA, ANDERSON LUID DOS SANTOS Corte tem se posicionado no sentido de ser possível a utilização da
SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE COSMETICOS prova emprestada, não sendo imprescindível a anuência da parte
LTDA), assim como referem-se as mesmas demandadas, sendo adversa. Recurso de revista não conhecido" (TST, RR - 940-
permitido sua valoração como se houvesse sido produzida 27.2013.5.18.0181 Data de Julgamento: 09/11/2016, Relatora
diretamente nos autos examinados. Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT
foram respeitados o contraditório quando produzida em processos Requer o Recorrente, o reconhecimento da inépcia do pedido
judiciais, máxime,quando envolvendo a mesma empresa e quando relativo às parcelas de FGTS + 40%, e a extinção do pleito sem
os fatos guardam correlação com os da presente ação. resolução de mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15,
Nesse mesmo entendimento, colaciona-se a atual jurisprudência do sob o fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de
Tribunal Superior do Trabalho, in verbis: ingresso, inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso
IDENTIDADE FÁTICA. MESMAS RECLAMADAS. FGTS, em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o
NULIDADE PROCESSUAL NÃO CONFIGURADA. Esta Corte O processo trabalhista é regido pelo princípio da simplicidade das
admite a utilização da prova emprestada, desde que haja a formas, consagrado no art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta
identidade dos fatos considerados no documento emprestado e no uma breve exposição dos fatos para se considerar apta a exordial.
caso em julgamento, assim como ocorrido nesta hipótese, em que o Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal.
Regional registrou que"a prova emprestada foi produzida em § 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do
processo judicial que envolvia as mesmas rés da presente ação, Presidente da Junta, ou do juiz de direito a quem for dirigida, a
tendo sido observadas as formalidades estabelecidas em lei para a qualificação do reclamante e do reclamado, uma breve exposição
sua produção, bem como o princípio do contraditório. Segundo, dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura
porque os fatos a serem comprovados guardam correlação com os do reclamante ou de seu representante.
da presente ação. Terceiro, porque a referida prova emprestada foi § 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do
valorada pelo Juízo segundo o princípio do livre convencimento juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que
motivado, em conjunto com as demais provas dos autos". resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo, determinado e
Importante salientar também que a utilização de prova emprestada com indicação de seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou
não está condicionada à prévia anuência e concordância das de seu representante. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
partes. Assim, a mera alegação da reclamada de que não § 2º - Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em 2 (duas)
concordou com a utilização de prova emprestada não é suficiente vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no
para inviabilizar a sua utilização nestes autos. Precedentes. que couber, o disposto no parágrafo anterior.
Recurso de revista não conhecido" (TST, ARR - 3600- § 2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias
29.2010.5.12.0031 Data de Julgamento: 15/02/2017, Relator datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que
Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de couber, o disposto no § 1o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº
"B) RECURSO DE REVISTA. 1. NULIDADE DA SENTENÇA. § 3o Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo
CERCEAMENTO DE DEFESA. UTILIZAÇÃO DE PROVA serão julgados extintos sem resolução do mérito. (Incluído pela Lei
utilização de prova emprestada consubstanciada em certidão de Como se observa, a Lei n. 13.467/17 fez referência expressa aos
requisitos da petição inicial trabalhista, dispondo no § 1º do art. 840 & CIA LTDA - ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS
da CLT que o pedido deva "ser certo, determinado e com indicação LTDA - ME, MULTIPLA COMERCIO DE COSMETICOS LTDA -
No caso, em relação ao pedido de pagamento do FGTS e multa COSMETICOS LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME,
rescisória, o reclamante fez pedido certo, determinado e com ERICA PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS
indicação do valores pois da sua causa de pedir, entende-se COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX
logicamente que o autor fora demitido sem justa causa e sem COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX
recebimento de suas verbas rescisórias, fato este, incontroverso COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e
Na narrativa dos fatos, o acionante afirmou que ingressou na sócios José Alencar Sales Júnior e Érica Pontes de Meneses. Alega
reclamada no dia 01/08/2010, para exercer a função de gerente, que, em meados de 2017, os sócios do Grupo Helga iniciaram
sendo demitida sem justa causa em 29/03/2018; que o último negociações para fusão com o Grupo Hanova (HNV), fusão de
salário percebido foi de R$ 3.200,00 (três mil e duzentos reais); que empresas esta que foi oficialmente tornada pública em julho de
quando de sua demissão não recebeu qualquer valor, assim como 2017, expondo o rol de empresas que compõem o Grupo Hanova -
não fora liberado Seguro Desemprego e FGTS, motivo pelo qual HNV (HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS
pleiteia a liberação dos mesmos em sede de tutela antecipada; que LTDA - ME, AL PARTICIPAÇÕES LTDA, ANDERSON LUID DOS
o FGTS se encontra depositado apenas de forma parcial, apenas o SANTOS SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE
valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais). COSMETICOS LTDA), à época todas dirigidas pelos sócios
Em seguida, requereu que, Tendo em vista os argumentos jurídicos Anderson Luid Santos Severo e Aline Cristina Silva Souza Severo.
apresentados, ajuíza-se a presente Reclamação Trabalhista no Sustenta que, a partir de julho de 2017, independentemente do
intuito de serem satisfeitos todos os direitos da reclamante, quais cumprimento das obrigações legais para efetivação da fusão, qual
sejam: Saldo Salário, Aviso Prévio de 51 dias, 13º salário e férias seja a extinção das pessoas jurídicas da empresa incorporada com
sobre aviso prévio, FGTS sobre rescisão, 13º salário proporcional o surgimento de uma nova, tal fusão de fato ocorreu e todos os
3/12 de 2018, férias simples 2016/2017 e proporcionais 2017/2018 empregados passaram à subordinação do Grupo Hanova-Helga, o
todas acrescidas do terço constitucional, FGTS e multa de 40%. qual configura grupo econômico por coordenação, impondo a
Em relação ao rol dos pedidos, o autor requereu a condenação da responsabilização solidária entre as empresas do grupo. Entende
reclamada ao pagamento das verbas rescisórias, incluindo FGTS E que a fusão entre as empresas com a criação, em outubro de 2017,
Em decorrência do princípio da simplicidade, que norteia o processo eram sócios o filho dos sócios do Grupo Helga e a mãe do sócio do
trabalhista, o qual não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de Grupo Hanova), teria como única finalidade ocultar os sócios de fato
2017, a petição inicial ora em análise preencheu os requisitos do da nova empresa e ainda o de conseguir nova linha de crédito na
art. 840 , da CLT, a qual, frise-se, não dificultou a defesa das praça. Postula, caso não se conclua pela existência de grupo
A sentença reconheceu o grupo econômico entre as empresas da marca mista "Helga" por cinco anos, sem jamais exercer
demandadas, consoante os seguintes fundamentos: qualquer gerência direta, pois o Sr. José Alencar Sales Júnior
"Diante da identidade da matéria (fática e jurídica), adoto continuou a exercer a direção, gerência e coordenação das
integralmente os fundamentos lançados na brilhante sentença empresas. Por essa razão, pretende a responsabilização solidária
prolatada nos autos da 0000471-51.2018.5.07.0006, de lavra da da ré BRC BRAZIL COSMÉTICOS LTDA, uma vez identificada a
magistrada Taciana Orlovicin Gonçalves Pita, acerca da fraude ocorrida e a evidente direção do efetivo sócio do Grupo
'Afirma a parte reclamante que as empresas que compõem o antigo Em suas contestações, as rés negam a formação de grupo
GRUPO HELGA (DISTRIBUIDORA HELGA COSMETICOS LTDA - econômico entre as empresas do Grupo Helga e Hanova As
ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES reclamadas DISTRIBUIDORA HELGA COSMETICOS LTDA - ME,
HELGA COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES & CIA COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS
LTDA - ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA
COSMETICOS LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX
ERICA PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME,
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX ROBERTO NENDZA - ME (1ª a 13ª reclamadas), nos termos do §
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX 2º do art. 2º da CLT, as quais reconheceram a formação de grupo
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, econômico entre si, encontrando-se, dentre estas, a empregadora.
ROBERTO NENDZA - ME (1ª a 13ª reclamadas), não refutam o Quanto ao grupo econômico alegado em relação aos grupos
grupo econômico entre si, tendo contestado a formação de grupo HELGA e HANOVA, a autora juntou aos autos várias fotografias
com as empresas do Grupo HANOVA (14ª a 16ª reclamadas), com com os Srs. Anderson Luid Dos Santos Severo, José Alencar Sales
a MULT DISTRIBUIDORA (17ª reclamada) e com a BCR (18ª Junior, Aline Cristina Silva Souza Severo e Érica Pontes de
reclamada), alegando que o grupo HANOVA tem como objeto social Meneses, sócios das empresa Hanova e Helga, divulgadas em meio
a produção de produtos de beleza, e que inexiste hierarquia e/ou digital em julho de 2017, anunciando a fusão entre as empresas do
coordenação entre as empresas. Sustenta que a BCR está sob a Grupo Helga com aquelas do Grupo Hanova (HNV), com
égide da Lei 11.101//05, tendo comprado o direito de utilização da fundamento na expansão e aquisições realizadas pelo grupo
marca "Helga" por cinco anos. HANOVA, podendo se perceber que nas fotos, aparece o diretor do
As reclamadas HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE grupo HANOVA, o qual veste camisa com o nome HELGA NOVO
COSMETICOS LTDA - ME e ANDERSON LUID DOS SANTOS TEMPO e ainda uma figura que demonstra a junção de duas peças
SEVERO - ME reconhecem o grupo entre si e negam a formação de de quebra-cabeça nas quais constam os nomes dos dois grupos
grupo com as demais reclamadas, noticiando que são fornecedoras HANOVA e HELGA. Em que pese não haver alterações nas
de produtos à rede varejista, sendo uma das principais, o grupo estruturas das empresas formadoras dos grupos, resta claro que
HELGA, não tendo havido a fusão alegada, apenas relação houve uma intensa comunhão de interesses
fornecedor-cliente. Informam, ainda, que os fundos de comércio de econômicos/profissionais entre as empresas formadoras dos dois
empresas do Grupo Helga foram alienados por seus sócios- grupos. De acordo com a Lei 13.467/2017 são requisitos para a
proprietários da Helga para a empresa DX GROUP configuração do grupo econômico: a demonstração do interesse
PARTICIPAÇÕES E INVESTIMENTOS LTDA, que, por sua vez, integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta
não possuiria qualquer ligação com o Grupo Hanova, tratando-se de das empresas integrantes. A inexistência de uma hierarquia entre
empresa de investimentos de proveniente São Paulo. as empresas não descaracteriza o grupo econômico, se há a
A demandada AL PARTICIPACOES LTDA nega a formação de demonstração de que entre as empresas ocorre clara atuação
grupo econômico com quaisquer das demais empresas. conjunta, em linha de coordenação e comunhão de interesses, o
alega que nunca existiu de fato e nega a formação de grupo Ademais, a primeira testemunha laboral afirmou em seu
A ré BRC - BRAZIL COSMETICS LTDA informa que comprou os "(...) que havia comentários dentro da empresa de que ocorreu uma
direitos de uso da marca HELGA, não estando a reclamante sob fusão entre as empresas Helga e Hanova; que o gerente do
suas ordens, refutando a formação de grupo econômico com depoente comentou que ocorreria a fusão e que o depoente
quaisquer das demais empresas reclamadas e pleiteia que, em continuaria a prestar serviços para as duas empresas; que o
caso de condenação, seja de forma subsidiária. depoente já chegou, mesmo prestando serviços para a Helga,
Pois bem. prestar serviços para a Hanova, tais como rotulagem de produtos,
Inicialmente, declaro a responsabilidade solidária das empresas embalagem de mercadorias e fazendo entregas; que depois dos
DISTRIBUIDORA HELGA COSMETICOS LTDA - ME, HELGA comentários da fusão, o depoente também começou a receber
COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ordens do Sr. Paulo, empregado da Hanova, responsável pela
MULTIPLA COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - EPP, BELLA Ainda, a segunda testemunha da autora noticiou:
"que trabalhou para Helga de 01/02/2010 a 14/04/2018 na função "anderson@hanovacosméticos.com.br", conquanto o Sr. Anderson
de estoquista; que trabalhou com a reclamante; que o gerente, Liud dos Santos Severo não faça parte do corpo societário dessa
Sr.Evandro comentou com o depoente que havia sido feita uma empresa. O Sr. Anderson Liud dos Santos Severo atua, ainda,
sociedade entre a Helga e a Hanova; que, após o comentário, o como empresário individual da ANDERSON LUID DOS SANTOS
depoente também começo a prestar serviços para a Hanova SEVERO ME. Por fim, saliento que as empresas HNV INDÚSTRIA
nas seções das lojas Helga, limpando as mercadorias; que o LTDA, ANDERSON LUID DOS SANTOS SEVERO - ME e MULT
depoente não recebia ordens de nenhum empregado da Hanova; DISTRIBUIDORA DE COSMETICOS LTDA, em audiência, se
que as lojas Helga também vendiam produtos de outras indústrias e fizeram representar pelo mesmo preposto, o Sr. Luiz Gustavo
não só da empresa Hanova; que, em relação às mercadorias das Santana Severo, neste feiro e nos processos nº0000470-
mercadorias eram feitos por empregados destas indústrias; que a 61.2018.5.07.0010, cujos termos de audiência foram anexados aos
Saliente-se que o fato de terem sido alienados fundos de comércio diverso das empresas do grupo HANOVA não é suficiente para
de empresas do Grupo Helga para a empresa DX GROUP afastar a formação do grupo econômico com HNV INDÚSTRIA E
PARTICIPAÇÕES E INVESTIMENTOS LTDA não afeta a presente COMÉRCIO DE COSMÉTICOS LTDA e ANDERSON LUID DOS
demanda, pois apenas houve a alienação parcial das quotas SANTOS SEVERO - ME.
empresariais de somente algumas das empresas do Grupo. Sendo assim, reconheço que a empresa AL PARTICIPAÇÕES
Insta destacar, também, que a alegação da reclamada ANDERSON LTDA pertence ao grupo econômico HANOVA, o qual restou
LUID DOS SANTOS SEVERO ME de que a relação havida entre os condenada solidariamente, aplicando a esta a mesma
apontados conglomerados empresariais era de apenas fornecedor- responsabilidade, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da CLT.
cliente não se sustenta, ressaltando que a mensagem eletrônica e a No que tange à reclamada MULT DISTRIBUIDORA DE
confissão de dívida datam de período anterior à "fusão" noticiada, o COSMETICOS LTDA, observa-se efetivamente formalizada em
que só veio a ocorrer em julho de 2017. 24/10/2017 pouco tempo após a fusão dos grupos HELGA e
Diante do exposto, reconheço a existência de grupo econômico por HANOVA, com atuação na vendas de produtos de higiene, tendo
coordenação entre todas as empresas dos Grupos HELGA e como sócios os Srs. Matheus Pontes Sales e Maria de Fátima dos
HANOVA, as quais declaro responsáveis solidárias pelas verbas Santos Severo, os quais são, respectivamente, o filho dos titulares
decorrentes da condenação, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da do Grupo Helga e a mãe de um dos proprietários do Grupo Hanova
CLT. (Anderson Luid dos Santos Severo), fato não contestado em defesa.
No que concerne à reclamada AL PARTICIPAÇÕES LTDA, verifica- Sendo assim, tenho que a empresa MULT DISTRIBUIDORA DE
se que na defesa das empresas formadoras do GRUPO HELGA COSMETICOS LTDA também participa dos Grupos Helga e
restou afirmado que as empresas HANOVA INDUSTRIA E Hanova, utilizando-se da mesma estrutura empresarial para a
COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, ANDERSON LUID consecução de seus objetivos financeiros, diante do que, resta
DOS SANTOS SEVERO - ME e AL PARTICIPACOES LTDA condenada solidariamente, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da
constituição da reclamada AL PARTICIPAÇÕES LTDA demonstra Por fim, quanto à ré BRC BRAZIL COSMETICS COMÉRCIO
que essa empresa tem como sócios os Srs. Anderson Liud dos VAREJISTA DE COSMÉTICOS EIRELI, verifica-se que ela
Santos Severo e Aline Cristina Silva Souza Severo, os quais se apresentou defesa através do mesmo escritório que a empregadora,
fizeram presentes ao evento em que foi anunciada a "fusão" entre na qual passou a repetir as mesmas alegações já apresentadas
os grupos empresariais, conforme fotografias anexadas aos autos. pelas 1ª a 13ª Reclamadas, além disso, observa-se que no
Ainda, o endereço eletrônico da AL PARTICIPAÇÕES LTDA comprovante de inscrição cadastral (CNPJ) consta endereço
Ademais, a Sra. Aline Cristina Silva Souza Severo é também sócia Ademais, apresentou carta de preposição que revelou
da empresa HNV INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE COSMÉTICOS representação através do mesmo preposto que a empregadora,
LTDA, cujo endereço eletrônico é razão pela qual, deve ser solidariamente responsável pelos créditos
oriundos da presente demanda, nos moldes dos arts. 2º, § 2º, e 9º demonstrar a integração de interesses entre as empresas, a
Pontue-se, por oportuno, que as atas de audiência em nada apenas limitou-se a discorrer, de forma bastante confusa, sobre
corroboram com a tese da demandada, uma vez que se verifica, "fusão", sendo esta manifestante inexistente no caso vertente"; "que
com extrema facilidade, que a testemunha da reclamada, Sr. os depoimentos coligidos aos autos sob a rubrica de prova
Emanuel Rodrigues de Albuquerque, arrolada em todos os emprestada fulminam a pretensão autoral, quer pelo viés da fusão,
processos, busca, sem nenhum sucesso, sustentar os termos da seja sob a óptica de agrupamento empresarial."
Ademais, por mais que tenha declarado que "que na metade do recorrente, fundamentos que infirmem convincentemente as
segundo semestre de 2017 houve uma reunião da Helga com a conclusões do juízo de primeiro grau, razão pela qual se há perfilhar
Hanova para uma parceria de fornecimento de produtos", com os motivos da decisão vergastada, ora endossados e
afirmou, posteriormente, que "soube que foi feita uma postagem integrantes das presentes razões de decidir.
no instagram da Helga onde foi usado o termo fusão com a Consoante o § 2º do art. 2º da CLT, "sempre que uma ou mais
Por outro lado, as testemunhas Francisca Edinusia Alves de Sousa própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de
e Maria Irlane Silva Santos outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua
Desiderio, apresentadas pelas partes autoras, nas referidas atas de autonomia, integrem grupo econômico, serão responsáveis
audiências, possuem depoimentos uníssonos no que tange à solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de
empregados são uníssonas ("que no final de julho/2017 foram Nesta esteira, o delineamento do que se convencionou chamar
convocadas para uma reunião no hotel meridional no centro da grupo econômico, pela dicção da Consolidação das Leis do
cidade onde foi comunicada por Alencar Junior, Erica Pontes e Trabalho, importa na evidência da integração dos
Aline Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas de empreendimentos, de forma a vincular, direta ou indiretamente, as
que tudo iria mudar com a chegada de novos produtos, mas na empresas.
pratica tudo continuou do mesmo jeito, pois continuou Este aspecto restou caracterizado nos autos, sendo certo que se
chegando produtos da marca própria da Helga (lavi) e da Helga, verificam elementos suficientes para que seja corroborada a
os quais tinham prioridade para serem vendidos" - depoimento conclusão da sentença recorrida.
de Maria Irlane Silva Santos Desiderio) e ("que houve uma Como bem destacado pela sentença, restou demonstrada nos autos
reunião num domingo de julho/2017 onde foi comunicada a a ampla divulgação realizada nas redes sociais, em julho de 2017,
fusão da Hanova com a Helga Cosmeticos onde foram acerca da fusão das empresas do Grupo Helga com aquelas do
apresentados os novos patrões como sendo: Aline Severo e Grupo Hanova. Eis os dizeres da publicação (V. ID 0d53e9e - Pág.
seu esposo Anderson ambos donos da Hanova; que a a partir 2): "Temos o orgulho de anunciar que começou um novo tempo. O
daí a prioridade era para vender os produtos da Hanova e Lavi" Grupo HNV detentor de várias marcas como a Hanova, em um
- depoimento de Francisca Edinusia Alves de Sousa)." processo de expansão e aquisições, realizou a fusão com o Grupo
A empresa recorrente manifesta no presente recurso ordinário o seu Helga Cosméticos. Tudo isso para que os nossos clientes possam
inconformismo, alegando, em síntese: "que a fusão e o grupo ter sempre à disposição o melhor atendimento, os melhores
econômico ostentam características diametralmente opostas"; "em produtos e a melhor experiência. Transformando para melhor, o seu
que pese tenha havido, nas redes sociais, um anúncio de fusão visual e a sua vida. #HelgaNovoTempo #Hanova #GrupoHNV
entre os conglomerados Helga e Hanova, por certo, tal #GrupoHelga #Beleza #Cabelos". Com a devida vênia da parte
reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão recorrente, este aspecto é relevante para a caracterização do grupo
empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas econômico sob investigação, demonstrando a plena possibilidade
regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos de que as marcas de cada um dos grupos estejam sob a
econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria, coordenação de um único conglomerado, o que afasta a tese
mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que recursal a respeito da estranheza de haver empresas concorrentes
"que a sentença de origem, em nenhum momento, cuidou de Além disso, vigora no Direito do Trabalho o princípio da primazia da
realidade, de modo a ser imprescindível destacar a prevalência dos se denota pelas notas ficais de vendas de mercadorias anexadas
fatos da relação de emprego sobre os aspectos formais. Dessa aos autos, a meu sentir, não rechaça a formação de grupo
forma, ainda que não ultimada, ao menos formalmente, com as econômico, mas, em verdade, a reforça, evidenciando além da
devidas baixas das pessoas jurídicas, a fusão mencionada nas complementaridade entre os objetos sociais das empresas
redes sociais, não há se desconhecer que houve a junção das contratantes, o interesse integrado, a comunhão de interesses e a
empresas, que passaram a atuar integradas a um único grupo. atuação conjunta das empresas dele integrantes.
Igualmente, salvo melhor juízo, os depoimentos das testemunhas Destarte, o quadro encontrado no presente feito permite a
não afastam o reconhecimento do grupo econômico. Ao revés, conclusão de que a empresa ora recorrente integra grupo
confirmam a fusão entre as empresas. Destaca-se, a este respeito, econômico com as reclamadas do grupo Helga. Importa examinar a
o depoimento da primeira testemunha da parte reclamante, Sra. presença de elementos objetivos capazes de demonstrar que as
Maria Irlane Silva Santos Desiderio, ouvida no processo nº 0000470 empresas estavam integradas no mesmo grupo. É o que se
-54.2018.5.07.0010 (Ata de audiência de ID 5cd9c24 - Pág. 4), constatou à exaustão no presente feito.
trazido por empréstimo ao conjunto probatório pelas próprias Por oportuno, colhe-se o seguinte precedente jurisprudencial:
reclamadas, revelador de "(...) que no final de julho/2017 foram "Grupo econômico. Relação inter-empresarial. O grupo econômico
convocadas para uma reunião no hotel meridional no centro da para fins justrabalhistas não necessita se revestir das modalidades
cidade onde foi comunicada por Alencar Junior, Erica Pontes e Aline jurídicas típicas do Direito Econômico ou Direito Comercial
Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas de que tudo (holdings, consórcios, pools etc.). Não se exige, sequer, a prova
iria mudar com a chegada de novos produtos, mas na pratica tudo de sua formal institucionalização cartorial: pode-se acolher a
continuou do mesmo jeito, pois continuou chegando produtos da existência do grupo desde que surjam evidências probatórias
marca propria da Helga (lavi) e da Helga, os quais tinham prioridade de que estão presentes os elementos de integração inter-
para serem vendidos, e das outras marcas continuaram escassos". empresarial (abrangência subjetiva e nexo relacional) de que
Veja-se que a fusão foi comunicada aos empregados em reunião, fala a CLT (art. 2º, § 2º)" (Processo 00409002020085010025, TRT
constatação que reforça a ideia do grupo econômico, referindo-se a 1ª Região - 8ª Turma, Relatora Desembargadora Dalva Amélia de
depoente a tudo ter "continuado do mesmo jeito" ao modus Oliveira, Publicado em 30/06/2014)(destaquei).
operandi das vendas dos produtos e não à ausência de formação NEGA-SE PROVIMENTO.
marcas apresentavam seus produtos e realizavam treinamentos, Por unanimidade, conhecer do recurso ordinário para, rejeitar as
mas que com a Hanova o processo foi diferente, pois, além de ter preliminares suscitadas e, no mérito, por maioria, negar-lhe
mercadorias para serem vendidas nas lojas Helga, o que ocorreu DISPOSITIVO
com outros fornecedores em face das dívidas da empregadora ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2.ª TURMA DO TRIBUNAL
Não se olvida o depoimento da testemunha convidada pelas conhecer do recurso ordinário para, rejeitar as preliminares
reclamadas, Sr. Emanuel Rodrigues de Albuquerque, ouvida nos suscitadas e, no mérito, por maioria, negar-lhe provimento. Vencido
processos (461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471- o Desembargador Relator, que dava provimento ao apelo, para
39.2018.5.07.0010) trazidos por empréstimo ao conjunto probatório, excluir da condenação a responsabilidade solidária da reclamada
cujas declarações transparecem a ideia de demonstrar ter havido HNV INDÚSTRIA E COSMÉTICOS LTDA. Redigirá o acórdão o
apenas uma relação comercial, mas não uma fusão, entre as Desembargador Cláudio Soares Pires, com a integração do voto
demais elementos probatórios dos autos, não há de prevalecer o Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
quadro traçado pelo depoente, sendo de se destacar que ele próprio Francisco José Gomes da Silva (Presidente e Relator), Cláudio
admite não ter participado da reunião ocorrida em julho de 2017 (V. Soares Pires e Paulo Régis Machado Botelho. Presente ainda o(a)
ID's 5cd9c24 - Pág. 6 e 8eb6395 - Pág. 6), na qual fora anunciada a Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
fusão aos trabalhadores. de férias o Exmo. Sr. Desembargador Jefferson Quesado Junior.
Cumpre ressaltar, ainda, porquanto oportuno, que a estreita relação Fortaleza, 14 de outubro de 2019.
comercial entre as empresas dos grupos empresariais, consoante INTEGRA O PRESENTE ACÓRDÃO O VOTO VENCIDO DO EXMº
DESEMBARGADOR FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA, in como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera
EMENTA: PROVA EMPRESTADA. PREVISÃO LEGAL. proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou,
CONTRADITÓRIO OBSERVADO. O novo CPC trouxe permissivo naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova
expresso quanto à possibilidade de utilização da prova emprestada, emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito.
desde que observado o contraditório, conforme previsão no art. 372. Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam
Assim, havendo previsão legal para utilização da prova emprestada relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo
e, observando que no processo nº 0000471-51.2018.5.07.0006 as reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art.
fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno
cerceamento de defesa. Preliminar rejeitada. dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em
PETIÇÃO INICIAL. ART. 840, §1º DA CLT. O processo trabalhista conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine.
art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta uma breve exposição Em audiência de instrução, as Reclamadas requereram a juntada
dos fatos para se considerar apta a exordial. Em decorrência do de provas emprestadas, relativo aos depoimentos testemunhais dos
princípio da simplicidade, que norteia o processo trabalhista, o qual processos 461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471-
não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de 2017, verifica-se que 39.2018.5.07.0010 (ID. bae0442, ID. ed35241, ID. 5cd9c24, ID.
EXISTÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO. ART. 2º, DA CLT. ÔNUS existência de Grupo Econômico entre as acionadas (Grupo Hanova-
DA PROVA. ART. 818, DA CLT C/C ART. 373, DO NCPC. Helga) como prova emprestada, os fundamento os lançados na
AUSÊNCIA DE PROVA. Não tendo a reclamante comprovado a sentença prolatada nos autos do processo nº 0000471-
existência do alegado grupo econômico Helga-Hanova, composto 51.2018.5.07.0006, de lavra da magistrada Taciana Orlovicin
de diversas empresas, reforma-se a sentença para afastar a Gonçalves Pita (ID. 984dd8d).
responsabilidade solidária pretendida pela autora. Nesse ponto, destaco, inicialmente, que o novo CPC trouxe
RECURSO CONHECIDO E DADO PROVIMENTO PARCIAL permissivo expresso quanto à possibilidade de utilização da prova
Acolhe-se o presente recurso, uma vez que preenchidos os Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em
EMPRESTADA - DO ALEGADO CERCEAMENTO DE DEFESA partes foram submetidas ao contraditório e, havendo identidade dos
Aduz a recorrente, preliminarmente, que houve cerceamento de seu fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de
integralmente a motivação da sentença proferida na reclamatória Quanto a alegativa de que as reportadas transcrições dos
trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu depoimentos carregam relatos fáticos que não integram as razões
entendimento, a partir das provas orais ali consignadas, mas que, da exordial, não merece acolhida, posto que a causa de pedir da
tais elementos probatórios não foram publicizadas à ora recorrente autora, no que se refere a responsabilidade solidária das acionadas,
no presente feito, com vistas à garantia do contraditório e da ampla trata justamente na alegada formação de grupo econômico entre as
defesa, verificando-se, pois, uma patente violação ao que dispõe o empresas, objeto da prova naqueles autos.
Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não Juízo a quo dizem respeito aos fatos relacionados pela autora, no
integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos, que pertine a alegada formação de grupo econômico entre as
mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou acionadas GRUPO HELGA (DISTR IBUIDORA HELGA
COSMETICOS LTDA - ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME, Recurso de revista não conhecido" (TST, ARR - 3600-
HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, ORIGINAL 29.2010.5.12.0031 Data de Julgamento: 15/02/2017, Relator
COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de
COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS "B) RECURSO DE REVISTA. 1. NULIDADE DA SENTENÇA.
LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA CERCEAMENTO DE DEFESA. UTILIZAÇÃO DE PROVA
PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS EMPRESTADA SEM ANUÊNCIA. O Regional entendeu que a
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX utilização de prova emprestada consubstanciada em certidão de
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX averiguação produzida em outros autos, no qual a reclamada figura
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e como parte, não configura cerceamento de defesa, ante a
ROBERTO NENDZA - ME) e GRUPO HANOVA - HNV (HANOVA semelhança fática existente entre os processos, assim como da
INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, AL observância do contraditório e da ampla defesa. Com efeito, esta
PARTICIPAÇÕES LTDA, ANDERSON LUID DOS SANTOS Corte tem se posicionado no sentido de ser possível a utilização da
SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE COSMETICOS prova emprestada, não sendo imprescindível a anuência da parte
LTDA), assim como referem-se as mesmas demandadas, sendo adversa. Recurso de revista não conhecido" (TST, RR - 940-
permitido sua valoração como se houvesse sido produzida 27.2013.5.18.0181 Data de Julgamento: 09/11/2016, Relatora
diretamente nos autos examinados. Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT
foram respeitados o contraditório quando produzida em processos Requer o Recorrente, o reconhecimento da inépcia do pedido
judiciais, máxime,quando envolvendo a mesma empresa e quando relativo às parcelas de FGTS + 40%, e a extinção do pleito sem
os fatos guardam correlação com os da presente ação. resolução de mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15,
Nesse mesmo entendimento, colaciona-se a atual jurisprudência do sob o fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de
Tribunal Superior do Trabalho, in verbis: ingresso, inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso
IDENTIDADE FÁTICA. MESMAS RECLAMADAS. FGTS, em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o
NULIDADE PROCESSUAL NÃO CONFIGURADA. Esta Corte O processo trabalhista é regido pelo princípio da simplicidade das
admite a utilização da prova emprestada, desde que haja a formas, consagrado no art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta
identidade dos fatos considerados no documento emprestado e no uma breve exposição dos fatos para se considerar apta a exordial.
caso em julgamento, assim como ocorrido nesta hipótese, em que o Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal.
Regional registrou que"a prova emprestada foi produzida em § 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do
processo judicial que envolvia as mesmas rés da presente ação, Presidente da Junta, ou do juiz de direito a quem for dirigida, a
tendo sido observadas as formalidades estabelecidas em lei para a qualificação do reclamante e do reclamado, uma breve exposição
sua produção, bem como o princípio do contraditório. Segundo, dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura
porque os fatos a serem comprovados guardam correlação com os do reclamante ou de seu representante.
da presente ação. Terceiro, porque a referida prova emprestada foi § 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do
valorada pelo Juízo segundo o princípio do livre convencimento juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que
motivado, em conjunto com as demais provas dos autos". resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo, determinado e
Importante salientar também que a utilização de prova emprestada com indicação de seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou
não está condicionada à prévia anuência e concordância das de seu representante. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
partes. Assim, a mera alegação da reclamada de que não § 2º - Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em 2 (duas)
concordou com a utilização de prova emprestada não é suficiente vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no
para inviabilizar a sua utilização nestes autos. Precedentes. que couber, o disposto no parágrafo anterior.
§ 2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias BIJUTERIAS LTDA) e terceira reclamada (HANOVA
datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que COSMÉTICOS), de responsáveis solidárias pelos encargos
couber, o disposto no § 1o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº trabalhistas da primeira reclamada, HELGA COSMÉTICOS, em
§ 3o Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo Afirma que a primeira, segunda e terceira reclamadas foram
serão julgados extintos sem resolução do mérito. (Incluído pela Lei criadas, são dirigidas e controladas pelo pela Sra. Erica Pontes de
Como se observa, a Lei n. 13.467/17 fez referência expressa aos reclamada, HANOVA COSMÉTICOS, pois utilizou terceiro como
da CLT que o pedido deva "ser certo, determinado e com indicação Ressalta, que os objetos sociais das empresas são
No caso, em relação ao pedido de pagamento do FGTS e multa finalidade, sendo patente a formação de grupo econômico entre
indicação do valores pois da sua causa de pedir, entende-se No mérito, defende a recorrente, em síntese, a inexistência de fusão
logicamente que o autor fora demitido sem justa causa e sem e formação de grupo econômico com o GRUPO HELGA, sendo
recebimento de suas verbas rescisórias, fato este, incontroverso indevida a sua responsabilidade solidária pelos créditos deferidos
Na narrativa dos fatos, o acionante afirmou que ingressou na Argumenta que, em que pese tenha havido, nas redes sociais, um
reclamada no dia 01/08/2010, para exercer a função de gerente, anúncio de fusão entre os conglomerados Helga e Hanova, por
sendo demitida sem justa causa em 29/03/2018; que o último certo, tal reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão
salário percebido foi de R$ 3.200,00 (três mil e duzentos reais); que empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas
quando de sua demissão não recebeu qualquer valor, assim como regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos
não fora liberado Seguro Desemprego e FGTS, motivo pelo qual econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria,
pleiteia a liberação dos mesmos em sede de tutela antecipada; que mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que
o FGTS se encontra depositado apenas de forma parcial, apenas o possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses, o
valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais). que, também, não retrata o caso dos autos.
Em seguida, requereu que, Tendo em vista os argumentos jurídicos Esclarece, adiante, que há uma mera relação comercial, havendo
apresentados, ajuíza-se a presente Reclamação Trabalhista no total independência entre as empresas do GRUPO HANOVA em
intuito de serem satisfeitos todos os direitos da reclamante, quais relação às componentes do GRUPO HELGA, sendo a recorrente,
sejam: Saldo Salário, Aviso Prévio de 51 dias, 13º salário e férias mera fornecedora de produtos para o conglomerado empresarial
sobre aviso prévio, FGTS sobre rescisão, 13º salário proporcional HELGA, sem haver contudo, qualquer integração de interesses
3/12 de 2018, férias simples 2016/2017 e proporcionais 2017/2018 entre as empresas ou atuação conjunta.
Em relação ao rol dos pedidos, o autor requereu a condenação da A lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017 que alterou a Consolidação
reclamada ao pagamento das verbas rescisórias, incluindo FGTS E das Leis do Trabalho (CLT) trouxe novos parâmetros para
Em decorrência do princípio da simplicidade, que norteia o processo A nova redação alterou o parágrafo 2º e acrescentou o parágrafo 3º
trabalhista, o qual não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de a este artigo, conforme transcrição seguinte:
2017, a petição inicial ora em análise preencheu os requisitos do Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva,
art. 840 , da CLT, a qual, frise-se, não dificultou a defesa das que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria
Na peça de ingresso, requer o reclamante que seja caracterizada a fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados.
condição da segunda (VRX COMÉRCIO COSMÉTICOS E § 2º Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada
uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a No caso em análise, o autor fundamenta sua pretensão com base
direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando, em notícias veiculadas nas redes sociais de possível fusão entre os
mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo grupos Helga Cosméticos e HNV, assim como colaciona fotos em
econômico, serão responsáveis solidariamente pelas que retrata parcerias entre as duas empresas, ID. 0d53e9e, sem,
obrigações decorrentes da relação de emprego. contudo, apresentar qualquer prova que indique ter realmente
§ 3º Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de ocorrido a "FUSÃO" das empresas, ou qualquer relação de
demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de Ao revés, a acionada Hanova Indústria e Comércio de Cosméticos
interesses e a atuação conjunta das empresas dele integrantes. Ltda colacionou aos autos documentos que demonstram a relação
A nova redação do art. 2º, além de manter a hipótese do grupo Helga (CRX COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA
econômico hierarquizado ou sob subordinação, introduz, ME, ALENCARINE COSMETICOS COMERCIO VAREJISTA E
expressamente, o outro modelo de grupo econômico, vertical, ou TREINAMENTO EIREL, HELGA MEDZA SALES & CIA LTDA -ME,
sob coordenação, trazendo para o texto legal, o entendimento dos ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA ME, VRX
Tribunais Regionais do Trabalho e do TST quanto a configuração de COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA ME, JOSE
Com relação a este modelo de grupo econômico coordenado, a COSMETICOS LTDA- ME, tais como notas fiscais de vendas de
Desembargadora Dra. Vólia Bomfim Cassar, do TRT da 1ª Região, mercadorias, termo de confissão de dívida e e-mails em que se
em seu livro Direito do Trabalho, afirma que: evidencia a parceria comercial entre as empresas ( venda de
Os grupos econômicos por coordenação se apresentam quando mercadorias), ID. de4b07e, ID. 4c4a838.
houver reunião de interesses para execução de determinado Na audiência de instrução, as reclamadas requerem a juntada de
empreendimento, tendo ou não o mesmo controle ou administração provas emprestadas (processos nºs. 461-92.2018.5.07.0010, 470-
comum. Logo, os grupos por coordenação podem ter relação de 54.2018.5.07.0010 e 471-39.2018.5.07.0010, tendo a autora
controle entre si, numa linha horizontal e não vertical. Isto é, não concordado com a juntada dos referidos depoimentos.
haverá, no grupo horizontal, uma empresa controladora e outra(s) No termo de audiência relativo ao processo nº. 0000461-
controlada(s), uma líder (holding) e outras lideradas. Todas são 92.2018.5.07.0010, a testemunha da reclamante afirmou que:
interligadas entre si e, apesar de autônomas e independentes, estão Primeira testemunha arrolada pela parte Reclamante Sr(a).
interligadas pela ingerência, administração comum, como se Francisca Edinusia Alves de Sousa: " (...)"que trabalhou na
subordinadas umas às outras administrativamente. Por trás desta reclamada Helga Cosméticos de 01/06/2006 a 23/02/2018 na
administração comum pode estar um sócio ou alguns sócios ou função de vendedora; que o reclamante, depoente e todos os
pessoa física no controle.(CASSAR, 2017,p.429). funcionários foram demitidos sem pagamento de verbas rescisórias
Logo, o aproveitamento dos serviços prestados pelo trabalhador por e nem do salário do último mês; que depoente trabalhou até
sociedades empresárias que mantenham relação de coordenação 23/fevereiro/2018, não sabendo o ultimo dia labutado pelo
entre si, formando o grupo econômico trabalhista, serão todas, por reclamante; que recebia ordem direta dos gerentes Luxeles,
consequência, responsabilizadas pela contraprestação devida ao Rosângela, Francisca Cirlane, os quais eram gerentes da loja
obreiro, atraindo a incidência do § 2º do artigo 2º da CLT do shopping Central da Helga Nendza Sales .". ÀS PERGUNTAS
Estabeleceu, igualmente, que "não caracteriza grupo econômico a "que houve uma reunião num domingo de julho/2017 onde foi
mera identidade de sócios. Assim, o patrimônio de empresas que comunicada a fusão da Hanova com a Helga Cosmeticos onde
têm sócios comuns, porém com atuam em setores diversos, estarão foram apresentados os novos patrões como sendo: Aline
Portanto, a análise da existência ou não da formação de um grupo a partir daí a prioridade era para vender os produtos da Hanova
econômico, deve-se observar o princípio da primazia da realidade, e Lavi, mesmo tendo outras marcas, mas a Hanova e Lavi
para que cada caso seja analisado com suas peculiaridades, sendo deveriam estar em primeiro lugar nas vendas; que antes da
ônus do autor a prova de suas alegações ( art. 818, da CLT c/c art. reunião já vendiam todo tipo de produto e de varias marcas,
373, do NCPC). inclusive dos ora citados; que os proprietários da Helga e Hanova
estavam presentes na reunião, sendo Erica PontesMenezes e a Helga; que havia procedimento de cobrança normal das vendas
Alencar Junior proprietários da Helga.". ÀS PERGUNTAS DO DO(A) dos produtos Hanova;." ÀS PERGUNTAS DO DO(A) PATRONO(A)
PATRONO(A) DO(A) PARTE RECLAMADA RESPONDEU: "que DO(A) PARTE RECLAMANTE RESPONDEU: "que a reunião tem
depois da reunião depoente continuou trabalhando na mesma um caráter de marketing e não para apresentar fusão; que não
loja e o reclamante também, mas ambos trabalhavam em lojas houve comunicação formal da fusão entre a Hanova e Helga, mas
diferentes; que na reunião estavam os vendedores e gerentes; depoente soube que foi feita uma postagem no instagram da
que a faixada das lojas continuaram iguais; que não houve Helga onde foi usado o termo fusão com a Hanova; que quanto
mudança da chefia após a reunião, mas a sua chefe Luxeles ao doc. de fl. 8 se tratam das pessoas de Anderson (proprietário da
teve um problema de saúde e foi transferida para loja de Hanova) e Junior (proprietária da Helga) e o doc. de fl. 9 tratam das
Messejana, tendo ficado como gerente Rosangela; que Luxeles pessoas Aline (proprietária da Hanova) e Erica (proprietária da
e Rosangela eram gerentes da Helga; (...)." ( grifos nosso) Helga); (...)."( grifos nosso)
Conforme se extrai do depoimento supra, não se trata o caso de " No termo de audiência relativo ao processo nº. 0000470-
fusão" entre as empresas, tanto que a partir da reunião ocorrida em 54.2018.5.07.0010, o reclamante afirmou que :
julho de 2017, nada foi alterado na estrutura organizacional da O DEPOIMENTO PESSOAL DO RECLAMANTE: '" que depoente
empresa, assim como layout das lojas, tratando-se, na verdade, de era subgerente, que atuava em várias lojas da Helga e trabalhou até
um marketing e ações para incremento das vendas, através da 07/04/2018 porque as lojas fecharam, tendo a sra. Erica Pontes
fornecedora dos produtos, empresa HANOVA INDUSTRIA E (dona da Helga, esposa de Alencar Junior) comunicado a dispensa
COMERCIO DE COSMETICOS LTDA, fato este, confirmado pelos os quais eram chefes do depoente; (...) ; que a Helga vendia
depoimentos de reclamantes e testemunhas dos processos produtos de marca própria (Lavi), mas também da Hanova, Fatore,
utilizados como provas emprestadas nos autos, vejamos: Corpo Dourado e outros; que em julho/2017 houve a fusão da
Convocada a primeira testemunha arrolada pelas Reclamadas Hanova com a Helga, no que a prioridade passou a ser para vender
HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - produtos da Hanova e Lavi, mas ainda assim, a Helga continuou a
ME, AL PARTICIPACOES LTDA, ANDERSON LUID DOS vender produtos de outras marcas que já tinham estoque nas
SANTOS SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE lojas, e também continuou comprando produtos de outras
COSMETICOS LTDA, Sr(a). Emanuel Rodrigues de Albuquerque marcas para vender nas suas lojas; que as fachadas das lojas
(...): "que trabalha na Hanova desde março/2016 como gerente da Helga continuaram com o mesmo nome, após a fusão, e as
administrativo financeiro; ." ÀS PERGUNTAS DO(A) PATRONO(A) notas fiscais das vendas eram com o nome da Helga; que a
DO(A) PARTE RECLAMADA RESPONDEU: "que na metade do fusão da Helga e Hanova foi para o crescimento da Helga, mas
segundo semestre de 2017 houve uma reunião da Helga com a o dia a dia de trabalho continuou o mesmo de antes, porém
Hanova para uma parceria de fornecimento de produtos, pois a com a informação de que deveriam vender mais os produtos da
Hanova é uma industria; que o fornecimento dos produtos continuou Helga. ( grifos nosso)
da mesma forma, pois a Helga permaneceu como uma cliente Primeira testemunha arrolada pela parte Reclamante Sr(a).
norma; que a parceria teve o objetivo de aumentar o volume de Maria Irlane Silva Santos Desiderio: " (...) que no final de
vendas nas lojas e de fato aumentou, mas só no primeiro mês, julho/2017 foram convocadas para uma reunião no hotel meridional
pois logo em seguida a Helga entrou novamente em dificuldades no centro da cidade onde foi comunicada por Alencar Junior, Erica
financeiras e não conseguiu pagar os produtos que comprava, pois Pontes e Aline Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas
a divida já estava muito alta, de modo que a Helga não conseguia de que tudo iria mudar com a chegada de novos produtos, mas na
pagar nada na sua totalidade; que é uma prática comum serem pratica tudo continuou do mesmo jeito, pois continuou
feitas ações com as distribuidoras para estimular as vendas, e chegando produtos da marca propria da Helga (lavi) e da Helga,
os proprietários da Hanova comparecem pelo fato de que o os quais tinham prioridade para serem vendidos, e das outras
distribuidor Helga ser de grande porte, como também de outros marcas continuaram escassos; que sempre recebeu ordens
distribuidores; que na época da parceria a Helga já estava em das mesmas pessoas (Erica e Alencar), os quais pagavam o
débito com a Hanova; que a Hanova não colocou pessoas na salário da depoente; que todas as lojas da Helga fecharam; .".
lojas da Helga, muito menos assumiu o comando dessa; que a (...).( grifos nosso)
continuou a vendendo normalmente para as outras lojas, como No termo de audiência relativo ao processo nº. 0000471-
Cosbel, Anavi, Iap e outras; que não houve a fusão da Hanova com 39.2018.5.07.0010 a reclamante afirmou que:
de Fortaleza, declarou a prescrição quinquenal das pretensões benesse, haja vista a elevada remuneração percebida quando da
pedidos formulados pelo reclamante, Raimundo Sávio Xavier Finalmente, pede a exclusão dos honorários de advogado, por não
Gomes,para condenar o Banco Bradesco S/A "ao pagamento de estar o demandante assistido pelo sindicato de sua categoria,
diferenças remuneratórias entre as funções de Gerente de Contas requerendo, em caráter sucessivo, a redução do percentual
Pessoa Jurídica I e II, no período em que o reclamante as exerceu, arbitrado para 5%.
e a de Gerente de Contas Pessoa Jurídica III, com todos os reflexos Contrarrazões ID a26900b e f709dfb.
relativa ao ano de 2017, considerando, para tanto, a projeção do Atendidos os respectivos pressupostos legais, merecem
aviso prévio indenizado no cálculo da proporcionalidade dos meses, conhecimento ambos os Recursos.
condenação, no percentual constante em tópico próprio e com 2.1.1 DA SÉTIMA E OITAVA HORAS COMO EXTRAS. DO
exigibilidade suspensa para aqueles devidos pelo reclamante". ALEGADO EXERCÍCIO DE FUNÇÃO DE CONFIANÇA.
O autor recorre ordinariamente (ID 198b6a4), pleiteando o Pretende o autor a reforma da Sentença que indeferiu seu pedido
pagamento, como extras, das sétima e oitava horas trabalhadas, de pagamento, como extras, das sétima e oitava horas laboradas,
sob a alegativa de que o desempenho da função de Gerente diariamente, sob o fundamento de que, no exercício da função de
Pessoa Jurídica não se revestia das características próprias do Gerente de Contas Pessoa Jurídica III, não detinha fidúcia especial
cargo de confiança, de modo a enquadrá-lo nos ditames do § 2º do a justificar seu enquadramento no parágrafo 2º do art. 224 da CLT.
artigo 224 da CLT, uma vez que não possuía subordinados, nem A Sentença indeferiu essa pretensão, entendendo tratar-se de
autonomia administrativa ou operacional, por isso somente lhe seria função de confiança, pelo que estaria ele enquadrado na exceção
exigível a jornada bancária típica de seis horas de trabalho. prevista no supracitado dispositivo celetista.
Na sequência, postula o direito de aderir ao Plano de Desligamento É cediço que a excepcionalidade prevista no art. 224 celetário,
Voluntário Especial (PDVE) instituído em julho de 2017 pelo específica em relação à categoria dos bancários, é taxativa ao
reclamado, período no qual se projetava seu prazo de aviso prévio, permitir o extrapolamento da jornada máxima de seis horas para
que somente veio a encerrar-se em 21 de setembro do mesmo ano. quem exercer funções de direção, gerência, fiscalização, chefia e
Por fim, pleiteia a aplicação, ao cálculo liquidatório, da correção equivalentes ou outros cargos de confiança e perceber gratificação
monetária pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo - Especial não inferior a 1/3 do salário.
O reclamado se utiliza do mesmo instrumento recursal (ID corporativo, prolifera o termo "gerente", acompanhado das mais
3788104), para sustentar que o autor não teria direito à PLR diversas qualificações (gerente de marketing; gerente de operação;
proporcional de 2017, por haver sido dispensado do emprego em gerente de tráfego; gerente de relacionamento; gerente de contas;
23/05/2017, enquanto a regra da Convenção Coletiva de Trabalho gerente comercial etc.), sem que, na realidade, o empregado assim
que prevê o pagamento proporcional dessa vantagem estabelecia denominado tenha um mínimo poder de decisão ou mesmo
que somente poderiam dela usufruir os trabalhadores cujos autonomia e destaque, não passando de um trabalho meramente
31/12/2017. A seu juízo, a Decisão violaria o inciso XXVI do art. 7º Ora, é evidente que esse tipo de estratégia patronal tem dado
da Constituição Federal, que preconiza o reconhecimento das ensejo a abusos quanto à jornada de trabalho sob o pálido
Objurga, outrossim, o reconhecimento de desvio funcional, empregado bancário ocupante desse tipo de cargo não está sujeito
alegando que o obreiro recorrido somente desempenhara à carga horária especial de seis horas diárias.
atribuições inerentes à função para a qual fora designado, ou com In casu, o reclamante/recorrente não tinha subordinados, não
ela compatíveis. comandava equipes, não tinha poder de mando, não tinha
Questiona, ademais, a concessão da gratuidade judiciária ao procuração em nome do banco, não tinha autonomia para conceder
reclamante, que não preencheria os requisitos para a fruição dessa empréstimos, ou seja, era apenas um empregado comum.
O título de "Gerente de Contas Pessoa Jurídica" é pomposo, negócios, basicamente isso; que perguntada se o reclamante
entretanto não corresponde à realidade vivenciada pelo autor, pois autorizava pagamento de cheques sem provisão de fundos,
este desenvolvia atividade meramente técnica, sem grau de fidúcia respondeu que não, até porque isso é proibido no Bradesco; que o
especial, revelando retro referido título, apenas, uma tentativa reclamante não substituía o gerente da agência, mas sim quem
frustrada de contornar o limite legal (seis horas), impondo ao substituía este último era o gerente administrativo ou o comercial;
reclamante uma jornada de oito horas, sem remunerá-lo para tal. que na agência quem tem poderes para deferir operações de
É o que se conclui ao exame do depoimento do próprio preposto, crédito era o gerente de agência, sendo que algumas operações,
conforme reprodução parcial abaixo: principalmente pessoa jurídica, por meio de comitê de crédito,
"(...) que a avaliação de desempenho do gerente assistente é feita composto pelo gerente geral, do administrativo, do comercial e dos
pelo gerente geral; que o gerente de contas acompanha o trabalho gerentes PJ, os quais davam seu parecer, mas quem decidia era o
do assistente e diz o que este deve fazer; que quando o gerente gerente geral; (...)." (Ata ID a9f4cca).
assistente precisa se ausentar ele comunica ao gerente de contas "(...) que o reclamante era gerente de PJ III, cujas atribuições eram:
dele e ao gerente geral; que o gerente assistente trabalha dando prospectar clientes, vender produtos do banco e outras das quais
suporte ao gerente de contas, ou seja, pode ser subordinado a um não se lembra detalhadamente; que o reclamante não tinha
gerente, a dois ou a mais, atuando nas carteiras dos respectivos subordinados; que o gerente assistente era subordinado ao gerente
gerentes; que o gerente assistente não tem carteira de clientes; que administrativo; que não tem certeza, mas acredita que o gerente
perguntado se o gerente de contas podia aplicar punições aos assistente recebia ordens também do gerente geral; que quem tinha
empregados, respondeu que "ele podia levar ao conhecimento do autonomia para autorizar era só o gerente geral e dependendo da
gerente geral e este era quem aplicava a punição, mas ele, gerente instância, o regional; que o reclamante não tinha poderes para
de contas, podia dizer 'faça, faça aquilo, não faça isso, não faça aplicar punições aos empregados do banco; que não sabe dizer
aquilo' ou mudar-lhe a tarefa"; que perguntado se o reclamante tinha instrumento formal procuratório para representar o banco; que
tinha procuração consistente em documento público ou particular o reclamante não podia assinar cheques administrativos; que o
para representar o banco, respondeu que "se ele tinha eu não sei reclamante fazia parte do comitê de crédito e quem tinha a palavra
dizer, mas ele poderia ter, assim querendo dizer que estava final nesse comitê de crédito era o gerente de agência; que a função
habilitado a ter"; que como não trabalhou com o reclamante não do reclamante no comitê de crédito era levar o processo dele,
sabe se ele assinava cheque administrativo, mas afirma que estava reclamante, para análise no comitê, não sabendo se o reclamante
habilitado a fazê-lo; que na agência quem tem poderes para assinar tinha ou não direito a voto no referido comitê pois não participava
cheques administrativos é o gerente geral ou gerente administrativo, dele e não tem conhecimento a esse respeito; que quem assinava
mas estes poderiam delegar esse poder ao gerente de contas, cheques administrativos na agência, na época do depoente, era o
desde que isso viesse em uma ata de procuração solicitada à gerente geral ou administrativo; que o reclamante não podia
matriz, caso necessário, mas isso nunca aconteceu com o autorizar pagamento de cheque sem provisão de saldo, mas só o
reclamante; que na agência quem tem poderes para liberar créditos gerente geral podia fazê-lo; que não sabe se o reclamante tinha
é o gerente geral; (...)." (Ata ID a9f4cca). cartão de autógrafo ou assinatura autorizada e nem se o reclamante
Os depoimentos das duas testemunhas do reclamante seguem na tinha acesso a informações sigilosas do banco; que não sabe se o
mesma direção, como se pode ver a seguir: gerente assistente tinha ou não carteira de clientes; que os
"(...) que o reclamante não tinha subordinados na agência; que o supervisores administrativos, escriturários e chefes de serviços são
gerente assistente era subordinado ao gerente geral da agência; subordinados diretamente ao gerente administrativo; (...) que os
que quem faz a avaliação de desempenho do gerente assistente na gerentes assistentes trabalhavam diretamente com os gerentes de
agência é o gerente geral; que quando o gerente assistente precisa conta pessoa jurídica, mas o acompanhamento deles era feito pelo
se ausentar do trabalho ele comunica ao gerente geral ou na falta gerente administrativo, sendo subordinados ao gerente
desde ao gerente administrativo; que o reclamante não tinha administrativo e ao gerente geral; que acima dos gerentes de contas
poderes para punir empregados na agência e nem assinava PJ, hierarquicamente, vem o gerente geral." (...)." (Ata ID a9f4cca).
cheques administrativos na agência, pois quem os assinava era o O conjunto probatório acima transcrito permite formar convicção de
gerente administrativo ou o gerente geral; que as atribuições do que as atribuições de "Gerente de Contas Pessoa Jurídica" são
gerente de contas PJ era vender produtos, atender clientes, meramente técnicas, desprovidas de elementos que qualifiquem tais
acompanhar a conta do cliente, ligar para clientes para fazer funções como cargos de confiança. A gratificação percebida pelo
exercício das atribuições respectivas remunera apenas o trabalho caso, a conclusão fática diversa, seria necessário o revolvimento do
exercido com maiores responsabilidades, sem revelar grau de conteúdo fático-probatório constante dos autos, o que fica
confiança destacada, como pretende fazer crer o Banco demandado inviabilizado nesta instância recursal, nos termos das Súmulas 102,
e entendeu a Magistrada sentenciante, daí se ter por inadmissível o I e 126/TST. Agravo de instrumento desprovido." (AIRR - 522-
enquadramento do reclamante na excepcionalidade prevista no § 2º 50.2014.5.09.0005, Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado,
Pensar de forma diferente, data venia, serviria para incentivar o DEJT 07/01/2019).
demandado a criar outras denominações de gerente nas suas "RECURSO DO BANCO SANTANDER S.A. - CARGO DE
agências, a ponto de chegar em determinado momento em que só CONFIANÇA - ART. 62, II, DA CLT - ART. 224, § 2º, DA CLT. O
existirão empregados gerentes, fazendo letra morta da norma legal Tribunal Regional, alicerçado na avaliação dos depoimentos
da jornada de seis horas. testemunhais, registrou quadro fático segundo o qual o reclamante
Aliás, a Corte Superior da Justiça Laboral, em processos análogos, "não possuía poderes para liberar ou realizar operações com total
movidos contra entidades bancárias, já se pronunciou no mesmo autonomia, tampouco praticar atos isoladamente, sem qualquer
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. dispunha de poderes diferenciados em relação aos demais
PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014 E ANTERIOR À empregados, razão pela qual afastou o enquadramento nos cargos
LEI 13.467/2017. 1. MULTA DO ART. 523, §1º, DO CPC/2015 de confiança previstos nos art. 62, II, da CLT e 224, § 2º, da CLT.
(ART. 475-J DO CPC/1973). 2. BANCÁRIO. CARGO DE Diante dessas premissas fáticas, insuscetíveis de reapreciação em
CONFIANÇA. ART. 224, § 2º, DA CLT. CARACTERIZAÇÃO. sede extraordinária, não há como se vislumbrar contrariedade à
MATÉRIA FÁTICA. SÚMULAS 102, I E 126/TST. 3. HORAS Súmula nº 287 do TST, que trata da presunção juris tantum dos
EXTRAS. DIVISOR. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL. 4. poderes de gestão do gerente geral de agência que, no caso, restou
DANO MORAL. VALOR DA INDENIZAÇÃO. O cargo de confiança afastada pela prova produzida nos autos. Igualmente em relação ao
no Direito do Trabalho recebeu explícita tipificação legal, quer no cargo de confiança previsto no art. 224, § 2º, da CLT, registrado
padrão amplo do art. 62, II, da CLT, quer no tipo jurídico específico pelo Tribunal Regional que não havia diferenciação de poderes
bancário do art. 224, § 2º, da Consolidação. Para enquadrar o entre o reclamante e os demais empregados no exercício das suas
empregado nas disposições contidas no art. 224, § 2º, da CLT, é atribuições, o conhecimento do recurso de revista esbarra no óbice
necessário ficar comprovado que ele exercia, efetivamente, as da Súmula nº 102, I, do TST. Recurso de revista não conhecido.
funções aptas a caracterizar o cargo de confiança e, ainda, que elas (...)." (RR - 681-55.2011.5.02.0049, Relator Ministro: Luiz Philippe
se revestiam de fidúcia especial, que extrapola aquela básica, Vieira de Mello Filho, Data de Julgamento: 31/08/2016, 7ª Turma,
inerente a qualquer empregado. No caso concreto, o Tribunal Data de Publicação: DEJT 09/09/2016).
Regional, amparado no conjunto probatório produzido nos autos, Há precedentes, também, neste Regional, conforme exemplificado
CLT. Para tanto, asseverou que: "No caso, o réu insiste que se "RECURSO ORDINÁRIO. 1 - RECURSO DA PARTE RECLAMADA.
desvencilhou de seu ônus. Porém, não é o que se extrai da prova 1.1 - HORAS EXTRAS. CARGO DE CONFIANÇA. ARTIGO 224, §
oral, a qual revela que o autor não contava com subordinados, não 2º DA CLT. CARGO DENOMINADO CHEFE DE SERVIÇOS
tinha alçada especial e tampouco poderes que o diferenciasse dos BANCÁRIOS. Ao defender o exercício de tarefas suficientes para o
demais empregados". Acrescentou que "a prova oral não permite se enquadramento do empregado no § 2º do art. 224 da CLT, atrai o
reconheça que o autor contava com poderes que a diferenciavam patrão o ônus da prova, consoante inteligência do art. 818 da CLT e
dos demais empregados, mostra-se correta a sentença na parte em do art. 373, II, do CPC. Não se tem por comprovado o exercício da
que não reconheceu seu enquadramento na exceção do artigo 224, função de confiança a que se refere o art. 224, § 2º, da CLT
§ 2º, da CLT". Diante desses dados fáticos, constata-se que o (Súmula 102/TST), quando revelam as provas dos autos, todavia,
Reclamante não ocupava típico cargo de confiança bancário, nos tarefas corriqueiras acometidas à obreira, sem qualquer fidúcia.
moldes do art. 224, § 2º, da CLT, pois ficou comprovado que as (...)." (TRT-7 - RO: 00010708020155070010, Relator: CLAUDIO
funções exercidas delineavam-se como meramente técnicas, sem SOARES PIRES, Data de Julgamento: 17/09/2018, Data de
maior grau de fidúcia. Para que se pudesse chegar, se fosse o "FUNÇÃO DE CONFIANÇA NÃO CARACTERIZADA - HORAS
EXTRAS DEVIDAS. Apesar de o autor laborar 08 (oito) horas VOLUNTÁRIO ESPECIAL. INSTITUIÇÃO NO CURSO DO AVISO
diárias e perceber gratificação pelo exercício da função de Gerente, PRÉVIO INDENIZADO. DIREITO À ADESÃO. O parágrafo primeiro
superior a 1/3 do salário do cargo efetivo, não há que se enquadrar do art. 487, da CLT garante a integração do período correspondente
o caso da presente lide na exceção do § 2º do art. 224, da CLT, vez ao aviso prévio indenizado no tempo de serviço do trabalhador, não
que não restou comprovada nos autos qualquer relação entre as havendo qualquer restrição aos efeitos pecuniários, de sorte que o
atividades por ele desempenhadas e aquelas típicas dos que contrato de trabalho permanece em vigor, para todos os fins, até a
exercem a chefia ou postos de comando." (TRT-7 - RO: data final do período respectivo (Orientação Jurisprudencial nº 82 da
00002101920145070009, Relator: JEFFERSON QUESADO SDI-1, do TST). Instituído o Plano de Desligamento Voluntário
JUNIOR, Data de Julgamento: 22/01/2018, Data de Publicação: Especial 2017 ofertado pelo réu durante a vigência do contrato de
Destarte, merece reparo a r. Sentença para deferir o pedido de plano, bem assim aos direitos nele estabelecidos, vez que vez
pagamento, como extras, das sétima e oitava horas trabalhadas, preenchidos os requisitos de elegibilidade. Sentença reformada, no
relativamente ao lapso temporal a salvo da prescrição quinquenal, particular. (...)" (TRT 7ª Região; 1ª Turma; RO 0001368-
com os reflexos sobre férias, acrescidas do terço constitucional, 80.2017.5.07.0017; Relator Des. Durval César de Vasconcelos
gratificações natalinas, depósitos de FGTS, com a multa de 40%, Maia; DEJT 19/02/2019).
repouso semanal remunerado (incluindo sábados, domingos e "RECURSO ORDINÁRIO. PLANO DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA
feriados) e verbas rescisórias constantes do TRCT, observados os INSTITUÍDO NO CURSO DO AVISO PRÉVIO INDENIZADO.
dias efetivamente laborados, a evolução salarial e o divisor 180. ADESÃO DO TRABALHADOR. POSSIBILIDADE. A garantia da
Diga-se que não há de repercutir sobre a PLR, por se tratar de integração do aviso prévio indenizado ao tempo de serviço, prevista
verba desvinculada da remuneração, consoante prescreve a pelo § 1º do art. 487 da CLT, assegura ao obreiro o direito aos
2.1.2 Do direito de aderir ao PDVE do aviso. Precedentes. Recurso conhecido e improvido." (TRT 7ª
Com razão o reclamante neste tópico. Região; 2ª Turma; RO 0001657-13.2017.5.07.0017; Relator Des.
O prazo do aviso prévio integra o contrato de trabalho, para todos Cláudio Soares Pires; DEJT 19/12/2018).
os fins, conforme se extrai à leitura da parte final do § 1º do art. 487 "RECURSO ORDINÁRIO. PLANO DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA
§ 1º - A falta do aviso prévio por parte do empregador dá ao cláusula geral de boa-fé objetiva, prevista nos artigos 113 e 422 do
empregado o direito aos salários correspondentes ao prazo do Código Civil, representa regra de valoração da conduta das partes
aviso, garantida sempre a integração desse período no seu tempo como honesta, correta e leal e induz expectativa legítima nos
Vê-se que o texto legal supra não faz restrição, nenhuma limitação empregador, de dispensar o empregado poucos dias antes da
estabelecendo a efeitos meramente financeiros. instituição do plano de demissão voluntária, representa violação a
No caso dos autos, o Plano de Desligamento Voluntário Especial esse dever geral de conduta e torna este último credor das
(PDVE) foi instituído pelo Banco Bradesco S/A em 17 de julho de diferenças postuladas, porque manifestamente obstativa ao direito
2017, enquanto a projeção do aviso prévio indenizado do de aderir ao PDV. O artigo 487, § 1º, da CLT, expressamente,
reclamante se estendeu até 21 de setembro do mesmo ano. garante a integração do período correspondente ao aviso-prévio
Assim, tem-se que a implementação desse programa de demissão indenizado no tempo de serviço, não havendo limitação aos efeitos
incentivada ocorreu no curso do aviso prévio do autor, portanto pecuniários. Nesse sentido, esta Corte Superior consolidou seu
quando ainda vigorante seu contrato de trabalho, por isso de se entendimento de que o contrato de trabalho permanece em vigor
reconhecer a ele o direito de usufruir das vantagens estipuladas para todos os fins, até a data final do período respectivo (Orientação
Nessa linha de pensamento, há precedentes das três Turmas deste 13.2013.5.02.0473, Relator Ministro: Cláudio Mascarenhas
"RECURSO ORDINÁRIO. PLANO DE DESLIGAMENTO Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT
10/02/2017). No caso, levada em conta a projeção de 120 (cento e "índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança" e
vinte) dias do aviso prévio, a dispensa da reclamante somente se "independentemente de sua natureza", constantes do § 12, todos
efetivou após a instituição do PDVE do BRADESCO, conferindo à dispositivos do art. 100 da CF, com a redação dada pela EC nº
bancária o direito à adesão ao referido plano e aos benefícios nele 62/2009", afastando, assim, a aplicação da Taxa Referencial - TR, o
previstos. Recurso improvido." (TRT 7ª Região; 3ª Turma; RO que culminou com a inconstitucionalidade por arrastamento do art.
0001373-02.2017.5.07.0018; Relator Des. José Antônio Parente da 1º-F da Lei nº 9.494, com a redação dada pelo art. 5º da Lei nº
Assim também tem decidido o Colendo TST: Em decorrência da referida decisão do STF, o Pleno do TST, ao
DE AVISO PRÉVIO INDENIZADO. ADESÃO DO EMPREGADO. 1. 60.2011.5.04.0231, suscitada pelo Min. Cláudio Mascarenhas
Se a lei assegura a projeção do aviso prévio para todos os efeitos Brandão, por sua vez, declarou a inconstitucionalidade por
legais (art. 487, § 1º, da CLT), o empregado beneficia-se de plano arrastamento da expressão "equivalente à TRD" presente no art. 39,
de demissão voluntária instituído pela empresa nesse interregno, caput, da Lei nº 8.177/91 e, dando interpretação conforme a
quando ainda em vigor o contrato de trabalho. Incidência da Súmula Constituição ao restante da norma, definiu como índice de
nº 371 do TST e, por analogia, do entendimento perfilhado nas atualização monetária dos créditos trabalhistas na Justiça do
Orientações Jurisprudenciais nos 82 e 83 da SbDI-1 do TST. Trabalho o IPCA-E (Índice de Preços ao Consumidor Amplo
Precedentes. 2. Embargos da Reclamada de que se conhece, por Especial) a partir de 30.06.2009, quando entrou em vigor a Lei nº
divergência jurisprudencial, e a que se nega provimento." (TST; 11.960/2009, que acrescentou o art. 1º-F à Lei nº 9.494/1997, o qual
SBDI-I; E-ED-RR-2002-83.2012.5.02.0472; Relator Ministro João foi declarado inconstitucional pelo STF.
"RECURSO DE EMBARGOS INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI declaração opostos contra o Acórdão que dirimira a ArgInc nº 479-
EFEITOS. DIREITO À ADESÃO AO PROGRAMA DE DEMISSÃO efeitos do retro citado Aresto para fixar como fator de correção dos
VOLUNTÁRIA. O art. 487, § 1º, da CLT expressamente garante a débitos trabalhistas a Taxa TR (índice oficial da remuneração básica
integração do período do aviso prévio no tempo de serviço do da caderneta de poupança), até 24/3/2015, e o IPCA-E (Índice de
empregado, não limitando esse benefício aos efeitos meramente Preços ao Consumidor Amplo Especial), a partir de 25/3/2015, na
pecuniários. Dessa forma, estando em vigor o contrato de trabalho forma deliberada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal.
até o final do aviso prévio, tem o empregado direito a aderir a De se registrar, ainda, que a Reclamação nº 22.012/RS, onde
eventual plano de demissão voluntária que sobrevenha no curso deferida liminar suspensiva dos efeitos do Decisum proferido pelo
desse período. Recurso de Embargos de que se conhece e a que TST nos autos da ArgInc nº 479-60.2011.5.04.0231, fora julgada
se nega provimento. (TST; SBDI-I; E-ED-RR-2303- improcedente pelo STF, conforme síntese jurisprudencial abaixo
Em assim, de se reformar a Sentença, para o fim de reconhecer ao DÉBITOS TRABALHISTAS. TR. AUSÊNCIA DE IDENTIDADE
reclamante o direito de aderir ao Plano de Desligamento Voluntário MATERIAL ENTRE OS FUNDAMENTOS DO ATO RECLAMADO E
Especial (PDVE) instituído em julho de 2017 pelo reclamado, Banco O QUE FOI EFETIVAMENTE DECIDIDO NAS ADIS 4.357/DF E
Bradesco S/A, e deferir o pagamento dos incentivos pecuniários 4.425/DF. NÃO CABIMENTO DA RECLAMAÇÃO. ATUAÇÃO DO
Pleiteia o autor que se aplique ao cálculo liquidatório, como índice I - A decisão reclamada afastou a aplicação da TR como índice de
A razão lhe acompanha, mas apenas em parte. utilização do IPCA em seu lugar, questão que não foi objeto de
É cediço que o Supremo Tribunal Federal, nos autos da ADI nº deliberação desta Suprema Corte no julgamento das Ações Diretas
4.357/DF, declarou, nos termos do voto do Ministro Relator Ayres de Inconstitucionalidade 4.357/DF e 4.425/DF, não possuindo,
Britto, "a inconstitucionalidade da expressão "na data de expedição portanto, a aderência estrita com os arestos tidos por
II - Apesar da ausência de identidade material entre os fundamentos utilização de índice diverso da TR para atualização monetária dos
do ato reclamado e o que foi efetivamente decidido na ação direta débitos trabalhistas não possui aderência com o decidido pelo STF
de inconstitucionalidade apontada como paradigma, o decisum ora nas duas ADIs". 1.3. A decisão é corroborada pelo julgado proferido
impugnado está em consonância com a ratio decidendi da pelo excelso Supremo Tribunal Federal, no RE nº 870.947 RG/SE,
orientação jurisprudencial desta Suprema Corte. com repercussão geral, publicada no DJe de 20.11.2017, no qual se
III - Reclamação improcedente." (DATA DE PUBLICAÇÃO DJE considerou inconstitucional a atualização monetária das
27/02/2018 - ATA Nº 17/2018. DJE nº 37, divulgado em condenações impostas à Fazenda Pública segundo a remuneração
Oportuno, também, transcrever recentes manifestações 9.494/1997, por impor "restrição desproporcional ao direito de
jurisprudenciais emanadas do Colendo TST sobre a temática ora propriedade (CRFB, art. 5º, XXII), uma vez que não se qualifica
"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. economia", inflação essa que somente é corretamente aferida pelo
EXECUÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA DOS CRÉDITOS IPCA-E, calculado pelo IBGE, "índice escolhido pelo Banco
TRABALHISTAS. ÍNDICE APLICÁVEL. Consoante entendimento Central". 1.4. Definido o índice, aplica-se a modulação de efeitos
adotado pela 8ª Turma, com base na decisão do Tribunal Pleno fixada pelo Pleno do TST, no julgamento dos embargos de
desta Corte Superior (TST - ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231 e ED - declaração à arguição de inconstitucionalidade, em 20.3.2017,
ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231), na correção dos créditos segundo a qual o IPCA-E incide a partir de 25 de março de 2015.
trabalhistas, aplica-se a TR até 24/3/2015 e o IPCA a partir de (...)" (Processo: AIRR - 110200-61.2007.5.04.0012 Data de
25/3/2015. Esta Turma considera, ainda, entendimento a que me Julgamento: 13/02/2019, Relator Ministro: Alberto Luiz Bresciani de
submeto por disciplina judiciária, que o art. 879, § 7º, da CLT perdeu Fontan Pereira, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 22/02/2019).
a sua eficácia normativa, em face da declaração de Frise-se, por relevante, que o § 7º do art. 879 da CLT, com a
inconstitucionalidade parcial do art. 39 da Lei nº 8.177/91, na redação conferida pela Lei nº 13.467/17, perdera sua eficácia
medida em que o dispositivo da legislação esparsa conferia normativa, por se reporta aor critério de atualização monetária
conteúdo à norma da CLT, tendo em vista a adoção de fórmula previsto na Lei nº 8.177/91, que foi declarado inconstitucional pelo
remissiva pelo legislador. Agravo de instrumento conhecido e não Tribunal Pleno do TST, em observância à decisão do Excelso STF.
provido." (Processo: AIRR-AIRR - 20019-18.2013.5.04.0751 Data É o teor de supra referido dispositivo celetário:
de Julgamento: 27/02/2019, Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, "Art. 879 - Sendo ilíquida a sentença exeqüenda, ordenar-se-á,
8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 01/03/2019). previamente, a sua liquidação, que poderá ser feita por cálculo, por
13.105/2015 E ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI No 13.467/2017 - § 7º A atualização dos créditos decorrentes de condenação judicial
DESCABIMENTO. EXECUÇÃO. 1. CORREÇÃO MONETÁRIA DE será feita pela Taxa Referencial (TR), divulgada pelo Banco Central
DÉBITOS TRABALHISTAS. IPCA-E. DECISÃO DO TRIBUNAL do Brasil, conforme a Lei nº 8.177, de 1º de março de 1991."
PLENO DO TST. TEMA 810. REPERCUSSÃO GERAL Em assim, de se acolher a insurgência obreira, para o fim de
RECONHECIDA PELO STF. JULGAMENTO DEFINITIVO DO STF estabelecer como fator de correção dos débitos trabalhistas a Taxa
NA RECLAMAÇÃO Nº 22012/RS. 1.1. O Pleno do TST, por meio da TR (índice oficial da remuneração básica da caderneta de
declarou inconstitucional a expressão "equivalentes à TRD", inscrita Consumidor Amplo Especial) a partir de 25/3/2015.
no art. 39, "caput", da Lei n° 8.177/91, aplicando a técnica de 2.2 RECURSO DO RECLAMADO
interpretação conforme a Constituição para o texto remanescente 2.2.1 Da PLR proporcional de 2017
da norma impugnada. Definiu, ainda, a variação do Índice de Preços A instituição financeira recorrente alega em seu apelo que o autor
ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) como fator de atualização não teria direito à supra referida PLR, por haver sido dispensado do
a ser utilizado na tabela de atualização monetária dos débitos emprego em 23/05/2017, enquanto a regra da Convenção Coletiva
trabalhistas na Justiça do Trabalho. 1.2. No julgamento definitivo da de Trabalho que prevê o pagamento proporcional dessa vantagem
Reclamação 22012 MC/RS, contra a decisão do Pleno desta Corte, estabelece que somente poderiam dela usufruir os trabalhadores
o STF concluiu que "o conteúdo das decisões que determinam a cujos contratos se encerraram no intervalo entre 02/08/2017 e
Não procede, no entanto, sua argumentação. extinguiu em 21/09/2017, dentro, portanto, do período de
A Convenção Coletiva do Trabalho que trata da Participação nos abrangência da CCT em comento.
Lucros e Resultados dos anos de 2016 e 2017 assim dispõe: Destarte, nada a reformar quanto a esse aspecto da condenação,
"CLÁUSULA 3ª - PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU não existindo qualquer ofensa ao inciso XXVI do art. 7º da Carta
RESULTADOS (P.L.R.) - EXERCÍCIO 2017 Republicana, mas, ao revés, sua estrita observância, em se
Ao empregado admitido até 31.12.2016, em efetivo exercício em aplicando ao reclamante as disposições convencionais coletivas
31.12.2017, convenciona-se o pagamento pelo banco, até pactuadas com o reclamado, à luz do princípio constitucional da
01.03.2018, a título de 'PLR', até 15% (quinze por cento) do lucro isonomia.
líquido do exercício de 2017, mediante a aplicação das regras 2.2.2 Do desvio de função
Ao empregado que venha a ser dispensado sem justa causa, entre 06/12/2012 até o termo contratual, sempre recebera remuneração
02.08.2017 e 31.12.2017, será devido o pagamento, até compatível com as atividades desempenhadas, nunca lhe sendo
01.03.2018, de 1/12 (um doze avos) do valor estabelecido no caput, exigida tarefas que estivessem acima de seu nível funcional.
por mês trabalhado, ou fração igual ou superior a 15 (quinze) dias." Todavia, não é essa a conclusão que se extrai ao exame da prova
Ora, a Participação nos Lucros e Resultados consiste no Deve-se frisar que o próprio preposto, ao depor em juízo, deixou
pagamento espontâneo, previsto em norma coletiva ou regulamento certo que o reclamante, embora designado como Gerente de Conta
empresarial, que a empresa realiza em favor do empregado em Pessoa Jurídica II, desempenhava atribuições do nível III. Confira-
No caso vertente, tem-se por acertado o julgado de origem quanto à "(...) que oreclamante tinha alçada de até R$ 30.000,00 para
verba em análise, pois afrontaria os princípios da razoabilidade e da pagamento de TED, cheque administrativo, transferência,
isonomia excluir o obreiro da percepção proporcional desse autorização de débito, mas para liberação de crédito a decisão final
benefício, por ter sido dispensado do emprego, sem justa causa, era do gerente geral; que na agência o reclamante desempenhava o
pouco mais de dois meses antes da data inicial estipulada na norma cargo de gerente pessoa jurídica II; que quem era responsável pela
coletiva acima transcrita. carteira dos clientes com maior faturamento anual era o PJ III, mas
Dúvida não pode haver de que ele também contribuiu para o poderia ser também o PJ II, pois essa denominação I, II e III não era
alcance dos resultados do banco, quando menos no primeiro necessariamente em função dos faturamentos dos clientes, pois o
semestre daquele ano. depoente já viu PJ I e II atuar na carteira PJ III e PJ III atuar na
Com base nessa principiologia, a Corte Superior Trabalhista carteira PJ I; que na agência em que o reclamante trabalhava quem
consolidou seu entendimento através da Súmula 451, in verbis: fazia as funções de PJ III era o reclamante atuando com o
"PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. RESCISÃO faturamento de clientes acima de R$ 5.000.000,00, mas não sabe
CONTRATUAL ANTERIOR À DATA DA DISTRIBUIÇÃO DOS dizer se ele atuava com faturamento menor de R$ 5.000.000,00;
LUCROS. PAGAMENTO PROPORCIONAL AOS MESES que essa carteira de clientes com faturamento superior a R$
TRABALHADOS. PRINCÍPIO DA ISONOMIA. Fere o princípio da 5.000.000,00 não necessariamente caracteriza o gerente de contas
isonomia instituir vantagem mediante acordo coletivo ou norma como PJ III; que reconhece o documento de fls. 458 como do
regulamentar que condiciona a percepção da parcela participação normativo do banco, reconhecendo que há uma descrição de
nos lucros e resultados ao fato de estar o contrato de trabalho em definição de carteiras, mas acrescentando que essa definição existe
vigor na data prevista para a distribuição dos lucros. Assim, mas não necessariamente é levada exatamente como está sendo
inclusive na rescisão contratual antecipada, é devido o pagamento disposta no referido normativo, pois, por exemplo, "eu já tive em
da parcela de forma proporcional aos meses trabalhados, pois o ex- uma agência com dois PJ III, tendo apenas uma carteira de clientes
empregado concorreu para os resultados positivos da empresa." PJ III, de modo que um dos PJ III atuava com os clientes de PJ II,
Diga-se, ademais, que, considerada a projeção do prazo de aviso sem prejuízo de salário, não sabendo dizer se isso aconteceu com o
prévio indenizado, seu contrato produziu efeitos para além da data reclamante". (Ata ID a9f4cca).
Como se percebe, o preposto confessou a veracidade do fato pagamento da verba em apreço, no índice arbitrado na Sentença.
Gerente de Conta Pessoa Jurídica III, embora ocupasse função de Conhecer de ambos os Recursos, negar provimento ao do
nível inferior a esta, tendo isso sido corroborado, também, pelas reclamado e dar parcial provimento ao do reclamante, para incluir
testemunhas ouvidas na instrução processual. no dispositivo sentencial o pagamento de 02 (duas) horas extras,
E nem se alegue que, na falta de Quadro de Carreira Organizado, o com acréscimo de 50% sobre as normais e reflexos sobre férias
reclamante estaria obrigado ao desempenho de quaisquer acrescidas do terço constitucional, gratificações natalinas, depósitos
atividades compatíveis com sua condição pessoal, nos termos do de FGTS com a multa de 40%, repouso semanal remunerado
parágrafo único do art. 456 da CLT, pois a complexidade e (incluindo sábados, domingos e feriados) e verbas rescisórias
diversidade das atividades bancárias, notadamente considerando- constantes do TRCT, observados os dias efetivamente laborados, a
se o porte do Banco demandado, exige toda uma estrutura evolução salarial e o divisor 180, bem como para reconhecer seu
hierárquica/organizacional para viabilizar o atingimento dos direito de aderir ao Plano de Desligamento Voluntário Especial
objetivos empresariais, sendo notória, in casu, a divisão do corpo (PDVE) instituído em julho de 2017 pelo reclamado, Banco
funcional em funções e níveis distintos, com atribuições específicas, Bradesco S/A, e deferir o pagamento dos incentivos pecuniários
conforme a atividade a ser exercida pelo empregado contratado e o nele previstos, além de estabelecer como fator de correção dos
cliente por ele atendido. débitos trabalhistas a Taxa TR até 24/3/2015 e o IPCA-E a partir de
Diante do acima exposto, de se manter a condenação ao 25/3/2015. Outrossim, arbitrar à condenação o novo valor de R$
funcional. DISPOSITIVO
Tem-se que a simples declaração de que é pobre na forma legal e ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª
não reúne condições econômicas para arcar com as despesas TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª
processuais, sem grave prejuízo próprio ou de sua família, como se REGIÃO, por unanimidade, conhecer de ambos os Recursos,
tem no caso dos autos (doc. ID 0814c45), é suficiente e merecedora negar provimento ao do reclamado e dar parcial provimento ao do
de fé para a concessão do benefício da Justiça Gratuita, conforme reclamante, para incluir no dispositivo sentencial o pagamento de 02
art. 98 c/c art. 99, § 3º do CPC, de aplicação supletiva e subsidiária (duas) horas extras, com acréscimo de 50% sobre as normais e
Ademais, o recorrente nada trouxe com o condão de elidir a gratificações natalinas, depósitos de FGTS com a multa de 40%,
presunção de insuficiência decorrente da declaração supra referida. repouso semanal remunerado (incluindo sábados, domingos e
Nada, pois, a reformar quanto a isso. feriados) e verbas rescisórias constantes do TRCT, observados os
2.2.4 Dos honorários advocatícios impostos ao reclamado dias efetivamente laborados, a evolução salarial e o divisor 180,
De permanecer na condenação essa verba. bem como para reconhecer seu direito de aderir ao Plano de
Consoante os termos do art. 6º da Instrução Normativa nº 41/2018 Desligamento Voluntário Especial (PDVE) instituído em julho de
do Colendo TST, a condenação em honorários advocatícios 2017 pelo reclamado, Banco Bradesco S/A, e deferir o pagamento
sucumbenciais, prevista no art. 791-A da CLT, será aplicável, dos incentivos pecuniários nele previstos, além de estabelecer
apenas, às ações propostas após 11 de novembro de 2017, data como fator de correção dos débitos trabalhistas a Taxa TR até
em que passou a viger a Lei nº 13.467/2017 (Reforma Trabalhista), 24/3/2015 e o IPCA-E após esta data. Outrossim, arbitrar à
que incluiu referido dispositivo legal ao Diploma Consolidado. condenação o novo valor de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais).
É a hipótese dos autos, em tendo sido ajuizada a vertente Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
Reclamatória em 06/12/2017. Francisco José Gomes da Silva (Presidente), Paulo Régis Machado
Nesse compasso, observando-se o grau de zelo do profissional Botelho (Relator) e Cláudio Soares Pires. Presente ainda o(a)
(acompanhamento do reclamante em audiência, prática de atos Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho.
tem-se por cabível e justa a condenação do reclamado ao PAULO REGIS MACHADO BOTELHO
23/05/2017, enquanto a regra da Convenção Coletiva de Trabalho gerente comercial etc.), sem que, na realidade, o empregado assim
que prevê o pagamento proporcional dessa vantagem estabelecia denominado tenha um mínimo poder de decisão ou mesmo
que somente poderiam dela usufruir os trabalhadores cujos autonomia e destaque, não passando de um trabalho meramente
31/12/2017. A seu juízo, a Decisão violaria o inciso XXVI do art. 7º Ora, é evidente que esse tipo de estratégia patronal tem dado
da Constituição Federal, que preconiza o reconhecimento das ensejo a abusos quanto à jornada de trabalho sob o pálido
Objurga, outrossim, o reconhecimento de desvio funcional, empregado bancário ocupante desse tipo de cargo não está sujeito
alegando que o obreiro recorrido somente desempenhara à carga horária especial de seis horas diárias.
atribuições inerentes à função para a qual fora designado, ou com In casu, o reclamante/recorrente não tinha subordinados, não
ela compatíveis. comandava equipes, não tinha poder de mando, não tinha
Questiona, ademais, a concessão da gratuidade judiciária ao procuração em nome do banco, não tinha autonomia para conceder
reclamante, que não preencheria os requisitos para a fruição dessa empréstimos, ou seja, era apenas um empregado comum.
benesse, haja vista a elevada remuneração percebida quando da O título de "Gerente de Contas Pessoa Jurídica" é pomposo,
vigência de seu contrato de trabalho. entretanto não corresponde à realidade vivenciada pelo autor, pois
Finalmente, pede a exclusão dos honorários de advogado, por não este desenvolvia atividade meramente técnica, sem grau de fidúcia
estar o demandante assistido pelo sindicato de sua categoria, especial, revelando retro referido título, apenas, uma tentativa
requerendo, em caráter sucessivo, a redução do percentual frustrada de contornar o limite legal (seis horas), impondo ao
arbitrado para 5%. reclamante uma jornada de oito horas, sem remunerá-lo para tal.
Atendidos os respectivos pressupostos legais, merecem pelo gerente geral; que o gerente de contas acompanha o trabalho
conhecimento ambos os Recursos. do assistente e diz o que este deve fazer; que quando o gerente
2.1 RECURSO DO RECLAMANTE dele e ao gerente geral; que o gerente assistente trabalha dando
2.1.1 DA SÉTIMA E OITAVA HORAS COMO EXTRAS. DO suporte ao gerente de contas, ou seja, pode ser subordinado a um
ALEGADO EXERCÍCIO DE FUNÇÃO DE CONFIANÇA. gerente, a dois ou a mais, atuando nas carteiras dos respectivos
Pretende o autor a reforma da Sentença que indeferiu seu pedido gerentes; que o gerente assistente não tem carteira de clientes; que
de pagamento, como extras, das sétima e oitava horas laboradas, perguntado se o gerente de contas podia aplicar punições aos
diariamente, sob o fundamento de que, no exercício da função de empregados, respondeu que "ele podia levar ao conhecimento do
Gerente de Contas Pessoa Jurídica III, não detinha fidúcia especial gerente geral e este era quem aplicava a punição, mas ele, gerente
a justificar seu enquadramento no parágrafo 2º do art. 224 da CLT. de contas, podia dizer 'faça, faça aquilo, não faça isso, não faça
A Sentença indeferiu essa pretensão, entendendo tratar-se de aquilo' ou mudar-lhe a tarefa"; que perguntado se o reclamante
função de confiança, pelo que estaria ele enquadrado na exceção tinha procuração consistente em documento público ou particular
prevista no supracitado dispositivo celetista. para representar o banco, respondeu que "se ele tinha eu não sei
É cediço que a excepcionalidade prevista no art. 224 celetário, dizer, mas ele poderia ter, assim querendo dizer que estava
específica em relação à categoria dos bancários, é taxativa ao habilitado a ter"; que como não trabalhou com o reclamante não
permitir o extrapolamento da jornada máxima de seis horas para sabe se ele assinava cheque administrativo, mas afirma que estava
quem exercer funções de direção, gerência, fiscalização, chefia e habilitado a fazê-lo; que na agência quem tem poderes para assinar
equivalentes ou outros cargos de confiança e perceber gratificação cheques administrativos é o gerente geral ou gerente administrativo,
não inferior a 1/3 do salário. mas estes poderiam delegar esse poder ao gerente de contas,
Todavia, como é de óbvia sabença, hodiernamente, no mundo desde que isso viesse em uma ata de procuração solicitada à
corporativo, prolifera o termo "gerente", acompanhado das mais matriz, caso necessário, mas isso nunca aconteceu com o
diversas qualificações (gerente de marketing; gerente de operação; reclamante; que na agência quem tem poderes para liberar créditos
gerente de tráfego; gerente de relacionamento; gerente de contas; é o gerente geral; (...)." (Ata ID a9f4cca).
Os depoimentos das duas testemunhas do reclamante seguem na tinha acesso a informações sigilosas do banco; que não sabe se o
mesma direção, como se pode ver a seguir: gerente assistente tinha ou não carteira de clientes; que os
"(...) que o reclamante não tinha subordinados na agência; que o supervisores administrativos, escriturários e chefes de serviços são
gerente assistente era subordinado ao gerente geral da agência; subordinados diretamente ao gerente administrativo; (...) que os
que quem faz a avaliação de desempenho do gerente assistente na gerentes assistentes trabalhavam diretamente com os gerentes de
agência é o gerente geral; que quando o gerente assistente precisa conta pessoa jurídica, mas o acompanhamento deles era feito pelo
se ausentar do trabalho ele comunica ao gerente geral ou na falta gerente administrativo, sendo subordinados ao gerente
desde ao gerente administrativo; que o reclamante não tinha administrativo e ao gerente geral; que acima dos gerentes de contas
poderes para punir empregados na agência e nem assinava PJ, hierarquicamente, vem o gerente geral." (...)." (Ata ID a9f4cca).
cheques administrativos na agência, pois quem os assinava era o O conjunto probatório acima transcrito permite formar convicção de
gerente administrativo ou o gerente geral; que as atribuições do que as atribuições de "Gerente de Contas Pessoa Jurídica" são
gerente de contas PJ era vender produtos, atender clientes, meramente técnicas, desprovidas de elementos que qualifiquem tais
acompanhar a conta do cliente, ligar para clientes para fazer funções como cargos de confiança. A gratificação percebida pelo
negócios, basicamente isso; que perguntada se o reclamante exercício das atribuições respectivas remunera apenas o trabalho
autorizava pagamento de cheques sem provisão de fundos, exercido com maiores responsabilidades, sem revelar grau de
respondeu que não, até porque isso é proibido no Bradesco; que o confiança destacada, como pretende fazer crer o Banco demandado
reclamante não substituía o gerente da agência, mas sim quem e entendeu a Magistrada sentenciante, daí se ter por inadmissível o
substituía este último era o gerente administrativo ou o comercial; enquadramento do reclamante na excepcionalidade prevista no § 2º
que na agência quem tem poderes para deferir operações de do artigo 224 da CLT.
crédito era o gerente de agência, sendo que algumas operações, Pensar de forma diferente, data venia, serviria para incentivar o
principalmente pessoa jurídica, por meio de comitê de crédito, demandado a criar outras denominações de gerente nas suas
composto pelo gerente geral, do administrativo, do comercial e dos agências, a ponto de chegar em determinado momento em que só
gerentes PJ, os quais davam seu parecer, mas quem decidia era o existirão empregados gerentes, fazendo letra morta da norma legal
"(...) que o reclamante era gerente de PJ III, cujas atribuições eram: Aliás, a Corte Superior da Justiça Laboral, em processos análogos,
prospectar clientes, vender produtos do banco e outras das quais movidos contra entidades bancárias, já se pronunciou no mesmo
subordinados; que o gerente assistente era subordinado ao gerente "AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.
administrativo; que não tem certeza, mas acredita que o gerente PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014 E ANTERIOR À
assistente recebia ordens também do gerente geral; que quem tinha LEI 13.467/2017. 1. MULTA DO ART. 523, §1º, DO CPC/2015
autonomia para autorizar era só o gerente geral e dependendo da (ART. 475-J DO CPC/1973). 2. BANCÁRIO. CARGO DE
instância, o regional; que o reclamante não tinha poderes para CONFIANÇA. ART. 224, § 2º, DA CLT. CARACTERIZAÇÃO.
aplicar punições aos empregados do banco; que não sabe dizer MATÉRIA FÁTICA. SÚMULAS 102, I E 126/TST. 3. HORAS
tinha instrumento formal procuratório para representar o banco; que EXTRAS. DIVISOR. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL. 4.
o reclamante não podia assinar cheques administrativos; que o DANO MORAL. VALOR DA INDENIZAÇÃO. O cargo de confiança
reclamante fazia parte do comitê de crédito e quem tinha a palavra no Direito do Trabalho recebeu explícita tipificação legal, quer no
final nesse comitê de crédito era o gerente de agência; que a função padrão amplo do art. 62, II, da CLT, quer no tipo jurídico específico
do reclamante no comitê de crédito era levar o processo dele, bancário do art. 224, § 2º, da Consolidação. Para enquadrar o
reclamante, para análise no comitê, não sabendo se o reclamante empregado nas disposições contidas no art. 224, § 2º, da CLT, é
tinha ou não direito a voto no referido comitê pois não participava necessário ficar comprovado que ele exercia, efetivamente, as
dele e não tem conhecimento a esse respeito; que quem assinava funções aptas a caracterizar o cargo de confiança e, ainda, que elas
cheques administrativos na agência, na época do depoente, era o se revestiam de fidúcia especial, que extrapola aquela básica,
gerente geral ou administrativo; que o reclamante não podia inerente a qualquer empregado. No caso concreto, o Tribunal
autorizar pagamento de cheque sem provisão de saldo, mas só o Regional, amparado no conjunto probatório produzido nos autos,
gerente geral podia fazê-lo; que não sabe se o reclamante tinha concluiu que o Reclamante não se enquadra no art. 224, § 2º, da
cartão de autógrafo ou assinatura autorizada e nem se o reclamante CLT. Para tanto, asseverou que: "No caso, o réu insiste que se
desvencilhou de seu ônus. Porém, não é o que se extrai da prova 1.1 - HORAS EXTRAS. CARGO DE CONFIANÇA. ARTIGO 224, §
oral, a qual revela que o autor não contava com subordinados, não 2º DA CLT. CARGO DENOMINADO CHEFE DE SERVIÇOS
tinha alçada especial e tampouco poderes que o diferenciasse dos BANCÁRIOS. Ao defender o exercício de tarefas suficientes para o
demais empregados". Acrescentou que "a prova oral não permite se enquadramento do empregado no § 2º do art. 224 da CLT, atrai o
reconheça que o autor contava com poderes que a diferenciavam patrão o ônus da prova, consoante inteligência do art. 818 da CLT e
dos demais empregados, mostra-se correta a sentença na parte em do art. 373, II, do CPC. Não se tem por comprovado o exercício da
que não reconheceu seu enquadramento na exceção do artigo 224, função de confiança a que se refere o art. 224, § 2º, da CLT
§ 2º, da CLT". Diante desses dados fáticos, constata-se que o (Súmula 102/TST), quando revelam as provas dos autos, todavia,
Reclamante não ocupava típico cargo de confiança bancário, nos tarefas corriqueiras acometidas à obreira, sem qualquer fidúcia.
moldes do art. 224, § 2º, da CLT, pois ficou comprovado que as (...)." (TRT-7 - RO: 00010708020155070010, Relator: CLAUDIO
funções exercidas delineavam-se como meramente técnicas, sem SOARES PIRES, Data de Julgamento: 17/09/2018, Data de
maior grau de fidúcia. Para que se pudesse chegar, se fosse o "FUNÇÃO DE CONFIANÇA NÃO CARACTERIZADA - HORAS
caso, a conclusão fática diversa, seria necessário o revolvimento do EXTRAS DEVIDAS. Apesar de o autor laborar 08 (oito) horas
conteúdo fático-probatório constante dos autos, o que fica diárias e perceber gratificação pelo exercício da função de Gerente,
inviabilizado nesta instância recursal, nos termos das Súmulas 102, superior a 1/3 do salário do cargo efetivo, não há que se enquadrar
I e 126/TST. Agravo de instrumento desprovido." (AIRR - 522- o caso da presente lide na exceção do § 2º do art. 224, da CLT, vez
50.2014.5.09.0005, Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado, que não restou comprovada nos autos qualquer relação entre as
Data de Julgamento: 18/12/2018, 3ª Turma, Data de Publicação: atividades por ele desempenhadas e aquelas típicas dos que
CONFIANÇA - ART. 62, II, DA CLT - ART. 224, § 2º, DA CLT. O JUNIOR, Data de Julgamento: 22/01/2018, Data de Publicação:
testemunhais, registrou quadro fático segundo o qual o reclamante Destarte, merece reparo a r. Sentença para deferir o pedido de
"não possuía poderes para liberar ou realizar operações com total pagamento, como extras, das sétima e oitava horas trabalhadas,
autonomia, tampouco praticar atos isoladamente, sem qualquer relativamente ao lapso temporal a salvo da prescrição quinquenal,
autorização colegiada ou superior". Concluiu que o reclamante não com os reflexos sobre férias, acrescidas do terço constitucional,
dispunha de poderes diferenciados em relação aos demais gratificações natalinas, depósitos de FGTS, com a multa de 40%,
empregados, razão pela qual afastou o enquadramento nos cargos repouso semanal remunerado (incluindo sábados, domingos e
de confiança previstos nos art. 62, II, da CLT e 224, § 2º, da CLT. feriados) e verbas rescisórias constantes do TRCT, observados os
Diante dessas premissas fáticas, insuscetíveis de reapreciação em dias efetivamente laborados, a evolução salarial e o divisor 180.
sede extraordinária, não há como se vislumbrar contrariedade à Diga-se que não há de repercutir sobre a PLR, por se tratar de
Súmula nº 287 do TST, que trata da presunção juris tantum dos verba desvinculada da remuneração, consoante prescreve a
poderes de gestão do gerente geral de agência que, no caso, restou Constituição Federal.
afastada pela prova produzida nos autos. Igualmente em relação ao 2.1.2 Do direito de aderir ao PDVE
cargo de confiança previsto no art. 224, § 2º, da CLT, registrado Com razão o reclamante neste tópico.
pelo Tribunal Regional que não havia diferenciação de poderes O prazo do aviso prévio integra o contrato de trabalho, para todos
entre o reclamante e os demais empregados no exercício das suas os fins, conforme se extrai à leitura da parte final do § 1º do art. 487
da Súmula nº 102, I, do TST. Recurso de revista não conhecido. "Art. 487 - omissis
Vieira de Mello Filho, Data de Julgamento: 31/08/2016, 7ª Turma, § 1º - A falta do aviso prévio por parte do empregador dá ao
Data de Publicação: DEJT 09/09/2016). empregado o direito aos salários correspondentes ao prazo do
Há precedentes, também, neste Regional, conforme exemplificado aviso, garantida sempre a integração desse período no seu tempo
abaixo: de serviço."
"RECURSO ORDINÁRIO. 1 - RECURSO DA PARTE RECLAMADA. Vê-se que o texto legal supra não faz restrição, nenhuma limitação
estabelecendo a efeitos meramente financeiros. instituição do plano de demissão voluntária, representa violação a
No caso dos autos, o Plano de Desligamento Voluntário Especial esse dever geral de conduta e torna este último credor das
(PDVE) foi instituído pelo Banco Bradesco S/A em 17 de julho de diferenças postuladas, porque manifestamente obstativa ao direito
2017, enquanto a projeção do aviso prévio indenizado do de aderir ao PDV. O artigo 487, § 1º, da CLT, expressamente,
reclamante se estendeu até 21 de setembro do mesmo ano. garante a integração do período correspondente ao aviso-prévio
Assim, tem-se que a implementação desse programa de demissão indenizado no tempo de serviço, não havendo limitação aos efeitos
incentivada ocorreu no curso do aviso prévio do autor, portanto pecuniários. Nesse sentido, esta Corte Superior consolidou seu
quando ainda vigorante seu contrato de trabalho, por isso de se entendimento de que o contrato de trabalho permanece em vigor
reconhecer a ele o direito de usufruir das vantagens estipuladas para todos os fins, até a data final do período respectivo (Orientação
Nessa linha de pensamento, há precedentes das três Turmas deste 13.2013.5.02.0473, Relator Ministro: Cláudio Mascarenhas
"RECURSO ORDINÁRIO. PLANO DE DESLIGAMENTO Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT
VOLUNTÁRIO ESPECIAL. INSTITUIÇÃO NO CURSO DO AVISO 10/02/2017). No caso, levada em conta a projeção de 120 (cento e
PRÉVIO INDENIZADO. DIREITO À ADESÃO. O parágrafo primeiro vinte) dias do aviso prévio, a dispensa da reclamante somente se
do art. 487, da CLT garante a integração do período correspondente efetivou após a instituição do PDVE do BRADESCO, conferindo à
ao aviso prévio indenizado no tempo de serviço do trabalhador, não bancária o direito à adesão ao referido plano e aos benefícios nele
havendo qualquer restrição aos efeitos pecuniários, de sorte que o previstos. Recurso improvido." (TRT 7ª Região; 3ª Turma; RO
contrato de trabalho permanece em vigor, para todos os fins, até a 0001373-02.2017.5.07.0018; Relator Des. José Antônio Parente da
SDI-1, do TST). Instituído o Plano de Desligamento Voluntário Assim também tem decidido o Colendo TST:
Especial 2017 ofertado pelo réu durante a vigência do contrato de "PLANO DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA. INSTITUIÇÃO NO CURSO
trabalho do autor, tem este jus ao direito de adesão ao aludido DE AVISO PRÉVIO INDENIZADO. ADESÃO DO EMPREGADO. 1.
plano, bem assim aos direitos nele estabelecidos, vez que vez Se a lei assegura a projeção do aviso prévio para todos os efeitos
preenchidos os requisitos de elegibilidade. Sentença reformada, no legais (art. 487, § 1º, da CLT), o empregado beneficia-se de plano
particular. (...)" (TRT 7ª Região; 1ª Turma; RO 0001368- de demissão voluntária instituído pela empresa nesse interregno,
80.2017.5.07.0017; Relator Des. Durval César de Vasconcelos quando ainda em vigor o contrato de trabalho. Incidência da Súmula
Maia; DEJT 19/02/2019). nº 371 do TST e, por analogia, do entendimento perfilhado nas
"RECURSO ORDINÁRIO. PLANO DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA Orientações Jurisprudenciais nos 82 e 83 da SbDI-1 do TST.
INSTITUÍDO NO CURSO DO AVISO PRÉVIO INDENIZADO. Precedentes. 2. Embargos da Reclamada de que se conhece, por
ADESÃO DO TRABALHADOR. POSSIBILIDADE. A garantia da divergência jurisprudencial, e a que se nega provimento." (TST;
integração do aviso prévio indenizado ao tempo de serviço, prevista SBDI-I; E-ED-RR-2002-83.2012.5.02.0472; Relator Ministro João
pelo § 1º do art. 487 da CLT, assegura ao obreiro o direito aos Oreste Dalazen; DEJT 17/02/2017).
benefícios estabelecidos em plano de demissão instituído no curso "RECURSO DE EMBARGOS INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI
do aviso. Precedentes. Recurso conhecido e improvido." (TRT 7ª 13.015/2014. AVISO-PRÉVIO INDENIZADO . PROJEÇÃO.
Região; 2ª Turma; RO 0001657-13.2017.5.07.0017; Relator Des. EFEITOS. DIREITO À ADESÃO AO PROGRAMA DE DEMISSÃO
Cláudio Soares Pires; DEJT 19/12/2018). VOLUNTÁRIA. O art. 487, § 1º, da CLT expressamente garante a
"RECURSO ORDINÁRIO. PLANO DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA integração do período do aviso prévio no tempo de serviço do
ESPECIAL - PDVE. INSTITUIÇÃO NO CURSO DO AVISO PRÉVIO empregado, não limitando esse benefício aos efeitos meramente
INDENIZADO. DISPENSA OBSTATIVA. CONFIGURAÇÃO. BOA- pecuniários. Dessa forma, estando em vigor o contrato de trabalho
FÉ OBJETIVA. ADESÃO DO TRABALHADOR. POSSIBILIDADE. "A até o final do aviso prévio, tem o empregado direito a aderir a
cláusula geral de boa-fé objetiva, prevista nos artigos 113 e 422 do eventual plano de demissão voluntária que sobrevenha no curso
Código Civil, representa regra de valoração da conduta das partes desse período. Recurso de Embargos de que se conhece e a que
como honesta, correta e leal e induz expectativa legítima nos se nega provimento. (TST; SBDI-I; E-ED-RR-2303-
contratantes, especialmente hipossuficientes. A atitude do 30.2012.5.02.0472; Relator Ministro João Batista Brito Pereira;
Em assim, de se reformar a Sentença, para o fim de reconhecer ao DÉBITOS TRABALHISTAS. TR. AUSÊNCIA DE IDENTIDADE
reclamante o direito de aderir ao Plano de Desligamento Voluntário MATERIAL ENTRE OS FUNDAMENTOS DO ATO RECLAMADO E
Especial (PDVE) instituído em julho de 2017 pelo reclamado, Banco O QUE FOI EFETIVAMENTE DECIDIDO NAS ADIS 4.357/DF E
Bradesco S/A, e deferir o pagamento dos incentivos pecuniários 4.425/DF. NÃO CABIMENTO DA RECLAMAÇÃO. ATUAÇÃO DO
Pleiteia o autor que se aplique ao cálculo liquidatório, como índice I - A decisão reclamada afastou a aplicação da TR como índice de
A razão lhe acompanha, mas apenas em parte. utilização do IPCA em seu lugar, questão que não foi objeto de
É cediço que o Supremo Tribunal Federal, nos autos da ADI nº deliberação desta Suprema Corte no julgamento das Ações Diretas
4.357/DF, declarou, nos termos do voto do Ministro Relator Ayres de Inconstitucionalidade 4.357/DF e 4.425/DF, não possuindo,
Britto, "a inconstitucionalidade da expressão "na data de expedição portanto, a aderência estrita com os arestos tidos por
"índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança" e II - Apesar da ausência de identidade material entre os fundamentos
"independentemente de sua natureza", constantes do § 12, todos do ato reclamado e o que foi efetivamente decidido na ação direta
dispositivos do art. 100 da CF, com a redação dada pela EC nº de inconstitucionalidade apontada como paradigma, o decisum ora
62/2009", afastando, assim, a aplicação da Taxa Referencial - TR, o impugnado está em consonância com a ratio decidendi da
que culminou com a inconstitucionalidade por arrastamento do art. orientação jurisprudencial desta Suprema Corte.
1º-F da Lei nº 9.494, com a redação dada pelo art. 5º da Lei nº III - Reclamação improcedente." (DATA DE PUBLICAÇÃO DJE
60.2011.5.04.0231, suscitada pelo Min. Cláudio Mascarenhas jurisprudenciais emanadas do Colendo TST sobre a temática ora
arrastamento da expressão "equivalente à TRD" presente no art. 39, "AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.
caput, da Lei nº 8.177/91 e, dando interpretação conforme a EXECUÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA DOS CRÉDITOS
Constituição ao restante da norma, definiu como índice de TRABALHISTAS. ÍNDICE APLICÁVEL. Consoante entendimento
atualização monetária dos créditos trabalhistas na Justiça do adotado pela 8ª Turma, com base na decisão do Tribunal Pleno
Trabalho o IPCA-E (Índice de Preços ao Consumidor Amplo desta Corte Superior (TST - ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231 e ED -
Especial) a partir de 30.06.2009, quando entrou em vigor a Lei nº ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231), na correção dos créditos
11.960/2009, que acrescentou o art. 1º-F à Lei nº 9.494/1997, o qual trabalhistas, aplica-se a TR até 24/3/2015 e o IPCA a partir de
foi declarado inconstitucional pelo STF. 25/3/2015. Esta Turma considera, ainda, entendimento a que me
Posteriormente, na sessão de julgamento dos embargos de submeto por disciplina judiciária, que o art. 879, § 7º, da CLT perdeu
declaração opostos contra o Acórdão que dirimira a ArgInc nº 479- a sua eficácia normativa, em face da declaração de
efeitos do retro citado Aresto para fixar como fator de correção dos medida em que o dispositivo da legislação esparsa conferia
débitos trabalhistas a Taxa TR (índice oficial da remuneração básica conteúdo à norma da CLT, tendo em vista a adoção de fórmula
da caderneta de poupança), até 24/3/2015, e o IPCA-E (Índice de remissiva pelo legislador. Agravo de instrumento conhecido e não
Preços ao Consumidor Amplo Especial), a partir de 25/3/2015, na provido." (Processo: AIRR-AIRR - 20019-18.2013.5.04.0751 Data
forma deliberada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal. de Julgamento: 27/02/2019, Relatora Ministra: Dora Maria da Costa,
De se registrar, ainda, que a Reclamação nº 22.012/RS, onde 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 01/03/2019).
deferida liminar suspensiva dos efeitos do Decisum proferido pelo "AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA
TST nos autos da ArgInc nº 479-60.2011.5.04.0231, fora julgada INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DAS LEIS Nos 13.015/2014 E
improcedente pelo STF, conforme síntese jurisprudencial abaixo 13.105/2015 E ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI No 13.467/2017 -
PLENO DO TST. TEMA 810. REPERCUSSÃO GERAL Em assim, de se acolher a insurgência obreira, para o fim de
RECONHECIDA PELO STF. JULGAMENTO DEFINITIVO DO STF estabelecer como fator de correção dos débitos trabalhistas a Taxa
NA RECLAMAÇÃO Nº 22012/RS. 1.1. O Pleno do TST, por meio da TR (índice oficial da remuneração básica da caderneta de
declarou inconstitucional a expressão "equivalentes à TRD", inscrita Consumidor Amplo Especial) a partir de 25/3/2015.
no art. 39, "caput", da Lei n° 8.177/91, aplicando a técnica de 2.2 RECURSO DO RECLAMADO
interpretação conforme a Constituição para o texto remanescente 2.2.1 Da PLR proporcional de 2017
da norma impugnada. Definiu, ainda, a variação do Índice de Preços A instituição financeira recorrente alega em seu apelo que o autor
ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) como fator de atualização não teria direito à supra referida PLR, por haver sido dispensado do
a ser utilizado na tabela de atualização monetária dos débitos emprego em 23/05/2017, enquanto a regra da Convenção Coletiva
trabalhistas na Justiça do Trabalho. 1.2. No julgamento definitivo da de Trabalho que prevê o pagamento proporcional dessa vantagem
Reclamação 22012 MC/RS, contra a decisão do Pleno desta Corte, estabelece que somente poderiam dela usufruir os trabalhadores
o STF concluiu que "o conteúdo das decisões que determinam a cujos contratos se encerraram no intervalo entre 02/08/2017 e
débitos trabalhistas não possui aderência com o decidido pelo STF Não procede, no entanto, sua argumentação.
nas duas ADIs". 1.3. A decisão é corroborada pelo julgado proferido A Convenção Coletiva do Trabalho que trata da Participação nos
pelo excelso Supremo Tribunal Federal, no RE nº 870.947 RG/SE, Lucros e Resultados dos anos de 2016 e 2017 assim dispõe:
com repercussão geral, publicada no DJe de 20.11.2017, no qual se "CLÁUSULA 3ª - PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU
condenações impostas à Fazenda Pública segundo a remuneração Ao empregado admitido até 31.12.2016, em efetivo exercício em
oficial da caderneta de poupança, prevista no art. 1º-F da Lei 31.12.2017, convenciona-se o pagamento pelo banco, até
9.494/1997, por impor "restrição desproporcional ao direito de 01.03.2018, a título de 'PLR', até 15% (quinze por cento) do lucro
propriedade (CRFB, art. 5º, XXII), uma vez que não se qualifica líquido do exercício de 2017, mediante a aplicação das regras
IPCA-E, calculado pelo IBGE, "índice escolhido pelo Banco Parágrafo Terceiro
Central". 1.4. Definido o índice, aplica-se a modulação de efeitos Ao empregado que venha a ser dispensado sem justa causa, entre
fixada pelo Pleno do TST, no julgamento dos embargos de 02.08.2017 e 31.12.2017, será devido o pagamento, até
declaração à arguição de inconstitucionalidade, em 20.3.2017, 01.03.2018, de 1/12 (um doze avos) do valor estabelecido no caput,
segundo a qual o IPCA-E incide a partir de 25 de março de 2015. por mês trabalhado, ou fração igual ou superior a 15 (quinze) dias."
Julgamento: 13/02/2019, Relator Ministro: Alberto Luiz Bresciani de Ora, a Participação nos Lucros e Resultados consiste no
Fontan Pereira, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 22/02/2019). pagamento espontâneo, previsto em norma coletiva ou regulamento
Frise-se, por relevante, que o § 7º do art. 879 da CLT, com a empresarial, que a empresa realiza em favor do empregado em
redação conferida pela Lei nº 13.467/17, perdera sua eficácia virtude da distribuição de lucros ou resultados.
normativa, por se reporta aor critério de atualização monetária No caso vertente, tem-se por acertado o julgado de origem quanto à
previsto na Lei nº 8.177/91, que foi declarado inconstitucional pelo verba em análise, pois afrontaria os princípios da razoabilidade e da
Tribunal Pleno do TST, em observância à decisão do Excelso STF. isonomia excluir o obreiro da percepção proporcional desse
É o teor de supra referido dispositivo celetário: benefício, por ter sido dispensado do emprego, sem justa causa,
"Art. 879 - Sendo ilíquida a sentença exeqüenda, ordenar-se-á, pouco mais de dois meses antes da data inicial estipulada na norma
previamente, a sua liquidação, que poderá ser feita por cálculo, por coletiva acima transcrita.
arbitramento ou por artigos. Dúvida não pode haver de que ele também contribuiu para o
será feita pela Taxa Referencial (TR), divulgada pelo Banco Central Com base nessa principiologia, a Corte Superior Trabalhista
do Brasil, conforme a Lei nº 8.177, de 1º de março de 1991." consolidou seu entendimento através da Súmula 451, in verbis:
"PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. RESCISÃO faturamento de clientes acima de R$ 5.000.000,00, mas não sabe
CONTRATUAL ANTERIOR À DATA DA DISTRIBUIÇÃO DOS dizer se ele atuava com faturamento menor de R$ 5.000.000,00;
LUCROS. PAGAMENTO PROPORCIONAL AOS MESES que essa carteira de clientes com faturamento superior a R$
TRABALHADOS. PRINCÍPIO DA ISONOMIA. Fere o princípio da 5.000.000,00 não necessariamente caracteriza o gerente de contas
isonomia instituir vantagem mediante acordo coletivo ou norma como PJ III; que reconhece o documento de fls. 458 como do
regulamentar que condiciona a percepção da parcela participação normativo do banco, reconhecendo que há uma descrição de
nos lucros e resultados ao fato de estar o contrato de trabalho em definição de carteiras, mas acrescentando que essa definição existe
vigor na data prevista para a distribuição dos lucros. Assim, mas não necessariamente é levada exatamente como está sendo
inclusive na rescisão contratual antecipada, é devido o pagamento disposta no referido normativo, pois, por exemplo, "eu já tive em
da parcela de forma proporcional aos meses trabalhados, pois o ex- uma agência com dois PJ III, tendo apenas uma carteira de clientes
empregado concorreu para os resultados positivos da empresa." PJ III, de modo que um dos PJ III atuava com os clientes de PJ II,
Diga-se, ademais, que, considerada a projeção do prazo de aviso sem prejuízo de salário, não sabendo dizer se isso aconteceu com o
prévio indenizado, seu contrato produziu efeitos para além da data reclamante". (Ata ID a9f4cca).
de afastamento, que ocorreu em 23/05/2017, e somente se Como se percebe, o preposto confessou a veracidade do fato
extinguiu em 21/09/2017, dentro, portanto, do período de alegado pelo reclamante, qual seja, o exercício de atribuições de
abrangência da CCT em comento. Gerente de Conta Pessoa Jurídica III, embora ocupasse função de
Destarte, nada a reformar quanto a esse aspecto da condenação, nível inferior a esta, tendo isso sido corroborado, também, pelas
não existindo qualquer ofensa ao inciso XXVI do art. 7º da Carta testemunhas ouvidas na instrução processual.
Republicana, mas, ao revés, sua estrita observância, em se E nem se alegue que, na falta de Quadro de Carreira Organizado, o
aplicando ao reclamante as disposições convencionais coletivas reclamante estaria obrigado ao desempenho de quaisquer
pactuadas com o reclamado, à luz do princípio constitucional da atividades compatíveis com sua condição pessoal, nos termos do
O Banco reclamado insurge-se contra a imposição ao pagamento se o porte do Banco demandado, exige toda uma estrutura
de diferenças salariais por desvio de função, sustentando que o hierárquica/organizacional para viabilizar o atingimento dos
autor, no período condenatório delimitado pela Sentença, de objetivos empresariais, sendo notória, in casu, a divisão do corpo
06/12/2012 até o termo contratual, sempre recebera remuneração funcional em funções e níveis distintos, com atribuições específicas,
compatível com as atividades desempenhadas, nunca lhe sendo conforme a atividade a ser exercida pelo empregado contratado e o
exigida tarefas que estivessem acima de seu nível funcional. cliente por ele atendido.
Todavia, não é essa a conclusão que se extrai ao exame da prova Diante do acima exposto, de se manter a condenação ao
reunida nos autos, sobretudo da oral. pagamento de diferenças remuneratórias decorrentes de desvio
certo que o reclamante, embora designado como Gerente de Conta 2.2.3 Da gratuidade judiciária
Pessoa Jurídica II, desempenhava atribuições do nível III. Confira- Tem-se que a simples declaração de que é pobre na forma legal e
"(...) que oreclamante tinha alçada de até R$ 30.000,00 para processuais, sem grave prejuízo próprio ou de sua família, como se
pagamento de TED, cheque administrativo, transferência, tem no caso dos autos (doc. ID 0814c45), é suficiente e merecedora
autorização de débito, mas para liberação de crédito a decisão final de fé para a concessão do benefício da Justiça Gratuita, conforme
era do gerente geral; que na agência o reclamante desempenhava o art. 98 c/c art. 99, § 3º do CPC, de aplicação supletiva e subsidiária
cargo de gerente pessoa jurídica II; que quem era responsável pela à ritualística trabalhista.
carteira dos clientes com maior faturamento anual era o PJ III, mas Ademais, o recorrente nada trouxe com o condão de elidir a
poderia ser também o PJ II, pois essa denominação I, II e III não era presunção de insuficiência decorrente da declaração supra referida.
necessariamente em função dos faturamentos dos clientes, pois o Nada, pois, a reformar quanto a isso.
depoente já viu PJ I e II atuar na carteira PJ III e PJ III atuar na 2.2.4 Dos honorários advocatícios impostos ao reclamado
carteira PJ I; que na agência em que o reclamante trabalhava quem De permanecer na condenação essa verba.
fazia as funções de PJ III era o reclamante atuando com o Consoante os termos do art. 6º da Instrução Normativa nº 41/2018
do Colendo TST, a condenação em honorários advocatícios 2017 pelo reclamado, Banco Bradesco S/A, e deferir o pagamento
sucumbenciais, prevista no art. 791-A da CLT, será aplicável, dos incentivos pecuniários nele previstos, além de estabelecer
apenas, às ações propostas após 11 de novembro de 2017, data como fator de correção dos débitos trabalhistas a Taxa TR até
em que passou a viger a Lei nº 13.467/2017 (Reforma Trabalhista), 24/3/2015 e o IPCA-E após esta data. Outrossim, arbitrar à
que incluiu referido dispositivo legal ao Diploma Consolidado. condenação o novo valor de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais).
É a hipótese dos autos, em tendo sido ajuizada a vertente Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
Reclamatória em 06/12/2017. Francisco José Gomes da Silva (Presidente), Paulo Régis Machado
Nesse compasso, observando-se o grau de zelo do profissional Botelho (Relator) e Cláudio Soares Pires. Presente ainda o(a)
(acompanhamento do reclamante em audiência, prática de atos Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho.
tem-se por cabível e justa a condenação do reclamado ao PAULO REGIS MACHADO BOTELHO
CONCLUSÃO DO VOTO
no dispositivo sentencial o pagamento de 02 (duas) horas extras, MARIA DO SOCORRO RODRIGUES GONCALVES
com acréscimo de 50% sobre as normais e reflexos sobre férias Diretor de Secretaria
REGIÃO, por unanimidade, conhecer de ambos os Recursos, GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO. BANCÁRIO. BASE DE CÁLCULO.
negar provimento ao do reclamado e dar parcial provimento ao do O valor pago ao reclamante sob as rubricas "horas extras
reclamante, para incluir no dispositivo sentencial o pagamento de 02 integração" e "verba de representação" remunera a jornada habitual
(duas) horas extras, com acréscimo de 50% sobre as normais e do reclamante, tendo, portanto, cunho salarial, devendo, por esse
reflexos sobre férias acrescidas do terço constitucional, motivo, compor a base de cálculo da gratificação de função, como
gratificações natalinas, depósitos de FGTS com a multa de 40%, deferido na sentença de origem.
repouso semanal remunerado (incluindo sábados, domingos e JUSTIÇA GRATUITA. Considerando ser faculdade do julgador a
feriados) e verbas rescisórias constantes do TRCT, observados os concessão dos benefícios da justiça gratuita ao trabalhador, de par
dias efetivamente laborados, a evolução salarial e o divisor 180, com o fato de que, mesmo após a reforma trabalhista, não há
bem como para reconhecer seu direito de aderir ao Plano de limitação de que a concessão somente deva ser deferida a quem
Desligamento Voluntário Especial (PDVE) instituído em julho de receba salário igual ou inferior a 40% do limite máximo dos
benefícios do RGPS, mantenho a concessão dos benefícios da serem devidos os honorários advocatícios, posto não atendidos os
justiça gratuita ao reclamante. requisitos legais, além de requerer que os juros de mora sejam
IPCA-E. DATA DE INÍCIO DA APLICAÇÃO. Considerando que o calculados a partir da distribuição da ação
art. 879, § 7º da CLT perdeu a sua eficácia normativa em face da Contrarrazões do reclamante (Id 92177dd).
declaração de inconstitucionalidade parcial do art. 39 da Lei nº Dispensada a remessa ao Ministério Público do Trabalho para
8.177/91, dispositivo que conferia conteúdo à norma da CLT, deve emissão de parecer.
RELATÓRIO II - MÉRITO
O MM. Juízo da 08ª Vara do Trabalho de Fortaleza, por meio da JUSTIÇA GRATUITA
sentença (Id 99968bb), julgou parcialmente procedentes os pedidos Inicialmente, deve ser registrado que a presente ação foi ajuizada
constantes na reclamação trabalhista proposta por ALBERTO em 22.03.2019, ou seja, após a entrada em vigor da reforma
JORGE OLIVEIRA DA SILVA em face do BANCO BRADESCO trabalhista. A sentença deferiu os benefícios da justiça gratuita ao
S.A., condenando o reclamado no "pagamento de diferenças de reclamante. Requer, pois, a reclamada a reforma nesse tocante,
gratificação de função decorrentes da inserção, em sua base considerando que o autor não juntou qualquer documento que
de cálculo, das verbas "horas extras integração" e "verba de comprove sua alegada pobreza.
reflexos em todas as parcelas remunratórias que utilizem em A lei 13.467/2017 alterou o art. 790, §3º, da CLT, o qual dispõe:
sua base de cálculo a dita gratificação, a exceção de possíveis "É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos
reflexos nas próprias verbas cuja inserção (na base de cálculo) tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a
se determinou, em especial em 13º salários, férias acrescidas requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita,
de 1/3, FGTS, acrescido da multa de 40%, aviso prévio, PLR inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que
(desde que a forma de cálculo leve em conta a remuneração), perceberem salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento)
bem como em honorários advocatícios, no percentual de 10% do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de
O reclamado apresentou embargos de declaração (Id 37c9d07), os Assim, caso o trabalhador receba até 40% do limite máximo do
quais foram providos em parte (Id 13f5f24), determinando a RGPS, há presunção de miserabilidade jurídica. Além desse valor,
utilização da TR até 26.03.2015 e do IPCA-e a partir daí. deve provar sua condição.
Inconformado, interpôs o reclamado recurso ordinário (Id 7c80841), No entanto, mesmo após a reforma trabalhista, restou
aduzindo que as parcelas "horas extras integração" e "verba de regulamentado pela CLT ser uma faculdade do julgador a
representação" não têm natureza salarial, não podendo servir de concessão dos benefícios da justiça gratuita ao trabalhador. De par
base de cálculo para a gratificação de função, a qual sempre foi com isso, deve ser ressaltado que a reforma não limitou a
calculada corretamente. Aduz, ainda, que o reclamante sempre concessão somente a quem receba salário igual ou inferior a 40%
exerceu a função de gerente, enquadrando-se na hipótese contida do limite máximo dos benefícios do RGPS.
no art. 62, II, da CLT e não naquela contida no art. 224, §2º da CLT, Interpretando extensivamente os parágrafos 3º e 4º da CLT, após a
não tendo direito, portanto, ao recebimento de horas extras. Alega reforma, entendo que deve ser concedido ao trabalhador o direito à
que a gratificação de função é calculada com base no salário-base, gratuidade da justiça quando o mesmo juntar declaração de
sem acréscimo de nenhuma outra verba, mais o adicional por tempo hipossuficiência econômica para demandar sem prejuízo de seu
de serviço. Requer que, caso mantida a condenação, sejam próprio sustento ou de sua família, não tendo havido prova robusta
realizados com base nas verbas pagas mês a mês, observando a Assim, mantida a concessão dos benefícios da justiça gratuita ao
monetária, requer a aplicação da TR ou, caso não deferida, que GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO PAGA A MENOR - "HORAS
seja aplicado o constante no art. 879, §7º da CLT. Aduz, ainda, não EXTRAS INTEGRAÇÃO" E "VERBA DE REPRESENTAÇÃO"
Pretende o recorrente a reforma da sentença a fim de que seja Não vem ao caso o fato do reclamante ser ou não gerente, já que o
excluído o pagamento das diferenças de gratificação de função, por mesmo sempre recebeu referidas verbas ("horas extras integração"
entender que as verbas "horas extras integração" e "verba de e "verba de representação"), posto que aqui não se discute se o
representação" não têm natureza salarial e que, portanto, não reclamante tem ou não direito a receber horas extras, mas sim o
devem integrar a base de cálculo da gratificação de função, a qual é fato de que o cálculo da gratificação de função deve incluir ou não
calculada sobre o salário-base. as verbas que o mesmo já recebia ("horas extras integração" e
Cumpre transcrever o que estabelece a Súmula 199 do Colendo À vista do conjunto probatório dos autos, deduz-se que há valores
"BANCÁRIO. PRÉ-CONTRATAÇÃO DE HORAS EXTRAS representação" com habitualidade, conforme se observa nos
(incorporadas as Orientações Jurisprudenciais nºs 48 e 63 da contracheques juntados (Id 426c4cd e a89ad44). Além disso, o
SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 valor das referidas rubricas são fixos, sendo alterados somente
I - A contratação do serviço suplementar, quando da admissão quando há o reajuste salarial, através do índice de correção
apenas remuneram a jornada normal, sendo devidas as horas Dessa forma, patente o cunho salarial de referidas verbas, as quais
extras com o adicional de, no mínimo, 50% (cinqüenta por remuneram a jornada normal do autor.
cento), as quais não configuram pré-contratação, se pactuadas Nesse sentido vem se manifestando o Colendo Regional:
após a admissão do bancário. (ex-Súmula nº 199 - alterada pela "GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO PAGA A MENOR -
Por sua vez, a cláusula 11ª da Convenção Coletiva do Trabalho dos CCT dos Bancários, observa-se que o valor pago relativamente
bancários (Id 4e9590f) dispõe que a forma de cálculo da gratificação às "horas extras integração" remunera a jornada normal, tendo
de função não poderá ser inferior a 55%, calculado sobre o salário nítido caráter salarial, servindo, portanto, de base de incidência
do cargo efetivo acrescido do adicional de tempo de serviço. Senão da gratificação de função. BANCÁRIO. GERENTE GERAL DE
"CLÁUSULA 11 - GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO EXTRAS INDEVIDAS. No presente caso, restou provado que o
O valor da Gratificação de Função, de que trata o § 2º do artigo autor, na condição de gerente geral da agência, ocupava cargo
224, da Consolidação das Leis do Trabalho, não será inferior a de elevado grau de gestão, enquadrando -se na exceção
55% (cinquenta e cinco por cento), à exceção do Estado do Rio prevista no artigo 62, II, da CLT, o que afasta o direito à
Grande do Sul, cujo percentual é de 50% (cinquenta por cento), percepção de horas extras. Recurso parcialmente provido.
sempre incidente sobre o salário do cargo efetivo acrescido do HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Indevidos conforme Súmula nº
adicional por tempo de serviço, já reajustados nos termos da 2 deste Tribunal. Recurso parcialmente provido." (Proc.
cláusula primeira, respeitados os critérios mais vantajosos e as 0000494-02.2015.5.07.0006, Recurso Ordinário, TRT7, TURMA 1,
demais disposições específicas previstas nas Convenções Rel. Des. Emmanuel Teofilo Furtado, j. 05/10/2016, p.
Dessa forma, o cálculo da gratificação de função dever ser realizado "RECURSO ORDINÁRIO. VERBA DENOMINADA "HORAS
com base no salário do cargo efetivo acrescido do adicional de EXTRAS INTEGRAÇÃO". NATUREZA SALARIAL. INCIDÊNCIA
tempo de serviço. O cerne da questão é a natureza salarial ou não NA GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO. Reconhecida a natureza
das rubricas "horas extras integração" e "verba de representação". salarial da verba denominada "Horas Extras Integração", eis
Inicialmente, deve ser ressaltado que o reclamante foi contratado que percebida de forma habitual e ininterrupta, deve a mesma
pelo BEC em 1986 e percebia a verba "prorrogação de expediente", compor a base de cálculo da gratificação de função,
a qual, a partir de maio de 2006, quando da sucessão do BEC pelo considerando os termos da Cláusula 11ª da CCT da categoria
Bradesco, passou a ser denominada "horas extras integração". Ou dos bancários e tendo em vista a inteligência do artigo 457 da
seja, o reclamante recebia anteriormente a verba "prorrogação de CLT. Precedentes. Recurso conhecido e improvido." (TRT-7 -
expediente" e continuou a receber sob a nomenclatura "horas extras RO: 00011855720175070002, Relator: CLAUDIO SOARES
Assim, ante o caráter salarial das verbas "horas extras integração" e pelo legislador. É oportuno ressaltar que, na hipótese do art.
"verba de representação", as mesmas estão inclusas no 879, §7º, da CLT, não houve reversão legislativa da orientação
denominado pelo reclamado como "ordenado", devendo, portanto, jurisprudencial, tampouco inovação na ordem jurídica,
servir de base para o cálculo da gratificação de função. Dessa porquanto mantida a disciplina legal vigente à época de sua
forma, faz jus o reclamante ao pagamento das diferenças da edição, o que é ratificado pela opção do legislador em fazer
gratificação de função paga a menor, devendo sua base de cálculo remissão à Lei nº 8.177/91. Ademais, o entendimento não viola
incluir as verbas "horas extras integração" e "verba de a cláusula de reserva de plenário, pois não se está
representação", conforme determinado na sentença de origem, bem reconhecendo a inconstitucionalidade do art. 879, §7º, da CLT,
como os respectivos reflexos, observando-se a prescrição dos mas o seu esvaziamento normativo diante da remissão a
créditos trabalhistas anteriores a 22.03.2014. dispositivo já declarado inconstitucional pelo Tribunal Pleno.
Não há que se falar em compensação, considerando que foi No mesmo sentido: (...) AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO.
deferido o pagamento da diferença da gratificação de função, a qual RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº
foi paga a menor, posto que não incluiu as verbas acima indicadas 13.015/2014. FASE DE EXECUÇÃO. TAXA REFERENCIAL - TR.
na base de cálculo de referida gratificação. INCIDÊNCIA RETROATIVA DO DISPOSTO NO ART. 879, § 7º,
Nada há a deferir no tocante aos juros de mora, posto que a DA CLT, INTRODUZIDO PELA LEI Nº 13.467/2017.
sentença já determinou que serão contados a partir do ajuizamento APLICABILIDADE. A parte agravante não consegue viabilizar o
da ação, nos termos constantes da lei (art. 883 CLT e art. 39 da Lei acesso à via recursal de natureza extraordinária, à míngua de
No que tange à forma de correção do débito, não se olvida que a Constituição da República, nos moldes da Súmula nº 266 do
Lei n° 13.467/2017, em vigência a partir de 11.11.2017, acrescentou TST. Na hipótese, o disposto no art. 879, § 7º, da CLT,
o §7º ao art. 879 da CLT, o qual dispõe que "a atualização dos introduzido pela Lei nº 13.467/2017, única questão articulada no
créditos decorrentes de condenação judicial será feita pela Taxa presente agravo, em nada altera a decisão do Plenário do TST
Referencial (TR), divulgada pelo Banco Central do Brasil, conforme que declarou a inconstitucionalidade da Taxa Referencial como
a Lei nº 8.177, de 1º de março de 1991". fator de correção monetária dos débitos trabalhistas, com
Contudo, sabe-se que o art. 879, § 7º da CLT perdeu a sua eficácia respaldo em decisão vinculante do STF. Agravo a que se nega
art. 39 da Lei nº 8.177/91, dispositivo que conferia conteúdo à Ministro Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 20/4/2018)".
Nesse sentido foi o voto proferido pela Ministra Maria Cristina com base em efeitos modulados da declaração de
Irigoyen Peduzzi, nos autos do processo n° TST-RR-976- inconstitucionalidade parcial do art. 39 da Lei nº 8.177/91, conforme
"Por fim, cabe analisar a previsão de adoção da TR introduzida "EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE
pela Lei nº 13.467/17 no art. 879, §7º, da CLT, cujo teor é o REVISTA. EXECUÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA DOS
seguinte: Art. 879 - § 7o A atualização dos créditos decorrentes CRÉDITOS TRABALHISTAS. ÍNDICE APLICÁVEL. Consoante
de condenação judicial será feita pela Taxa Referencial (TR), entendimento adotado pela 8ª Turma, com base na decisão do
divulgada pelo Banco Central do Brasil, conforme a Lei no Tribunal Pleno desta Corte Superior (TST- ArgInc - 479-
8.177, de 1o de março de 1991. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 60.2011.5.04.0231 e ED- ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231), na
2017) O dispositivo em análise determina a aplicação da TR correção dos créditos trabalhistas, aplica-se a TR até 24/3/2015
com expressa referência à Lei nº 8.177/91, que regulamenta a e o IPCA a partir de 25/3/2015. Esta Turma considera, ainda,
atualização de débitos trabalhistas especificamente em seu art. entendimento a que esta relatora se submete por disciplina
39, caput, declarado inconstitucional pelo Tribunal Pleno desta judiciária, que o art. 879, § 7º, da CLT perdeu a sua eficácia
Corte. Nesse contexto, entendo que o art. 897, §7º, da CLT normativa, em face da declaração de inconstitucionalidade
perdeu a sua eficácia normativa com a declaração de parcial do art. 39 da Lei nº 8.177/91, porquanto o dispositivo da
inconstitucionalidade parcial do art. 39 da Lei nº 8.177/91. Isso legislação esparsa conferia conteúdo à norma da CLT, tendo
porque o dispositivo da legislação esparsa conferia conteúdo à em vista a adoção de fórmula remissiva pelo legislador. Agravo
10538-43.2011.5.04.0511 Data de Julgamento: 12/06/2019, § 1º Os honorários são devidos também nas ações contra a
Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida
Publicação: DEJT 14/06/2019)". ou substituída pelo sindicato de sua categoria. (Incluído pela
REVISTA. CORREÇÃO MONETÁRIA. TR E IPCA-E. O § 2º Ao fixar os honorários, o juízo observará: (Incluído pela Lei
até 25/3/2015 e a partir daí o IPCA-E. Tal decisão, na forma I - o grau de zelo do profissional; (Incluído pela Lei nº 13.467, de
harmonia com a jurisprudência desta Corte. Precedente. II - o lugar de prestação do serviço; (Incluído pela Lei nº 13.467,
em 3/10/2019, nos autos do RE 870.947/SE, por maioria, foram III - a natureza e a importância da causa; (Incluído pela Lei nº
assim, modulação dos efeitos da decisão anteriormente IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para
proferida que fixou o IPCA-E como índice de correção o seu serviço. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 13.7.2017)
monetária a todas as condenações. Sendo assim, não se § 3º Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará
vislumbra a ofensa legal indicada, não sendo o caso de reforma honorários de sucumbência recíproca, vedada a compensação
modulação dos efeitos da decisão do STF, a modificação da § 4ºVencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não
decisão seria em prejuízo à recorrente, o que não é admitido tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos
pela norma processual vigente . Agravo conhecido e capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de
Relator Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos dois
Desse modo, impõe-se a reforma da sentença apenas para certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação
determinar que na correção monetária do débito reconhecido ao de insuficiência de recursos que justificou a concessão de
autor seja aplicada a TR-Taxa Referencial até 24.03.2015 e o IPCA- gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais
Reputa o reclamado ser inadmissível a condenação na verba Portanto, os honorários advocatícios foram fixados observando a
honorária, uma vez que o reclamante, apesar de se encontrar legislação vigente. Assim, nada a modificar na sentença de origem
condição de pobreza, o que contraria ao consolidado nas súmulas No tocante aos honorários advocatícios em prol dos advogados do
219 e 329, do TST. reclamado nada a deferir, considerando que o reclamante foi
No tocante à verba honorária, a Corte Superior Trabalhista sucumbente em pequena parte dos pleitos.
aplicadas nas ações propostas após 11 de novembro de 2017. Ante todo o acima exposto, deve ser mantida a sentença de origem,
Através do exame dos autos, verifica-se que a presente ação foi que, reconhecendo a natureza salarial das verbas "horas extras
ajuizada em 2019, ou seja, quando já em vigor a lei 13.467/2017. integração" e "verba de representação", condenou a reclamada a
O art. 791-A da CLT dispõe o seguinte: pagar as diferenças de gratificação de função, devendo incluir no
"Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos cálculo aludidas verbas, com o pagamento dos reflexos daí
honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% decorrentes. Deve ser reformada a sentença apenas no tocante à
(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre correção monetária do débito reconhecido ao autor, devendo ser
o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito aplicada a TR-Taxa Referencial até 24.03.2015 e o IPCA-e a partir
ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTE DA 2ª receba salário igual ou inferior a 40% do limite máximo dos
TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª benefícios do RGPS, mantenho a concessão dos benefícios da
mérito, dar-lhe parcial provimento, apenas para determinar que na IPCA-E. DATA DE INÍCIO DA APLICAÇÃO. Considerando que o
correção monetária do débito reconhecido ao autor seja aplicada a art. 879, § 7º da CLT perdeu a sua eficácia normativa em face da
TR-Taxa Referencial até 24.03.2015 e o IPCA-e a partir de declaração de inconstitucionalidade parcial do art. 39 da Lei nº
25.03.2015. Custas inalteradas. 8.177/91, dispositivo que conferia conteúdo à norma da CLT, deve
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores ser aplicada na correção monetária do débito reconhecido ao autor
Francisco José Gomes da Silva (Presidente), Jefferson Quesado a TR-Taxa Referencial até 24.03.2015 e o IPCA-e a partir de
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Recurso conhecido e provido em parte.
MARIA DO SOCORRO RODRIGUES GONCALVES de cálculo, das verbas "horas extras integração" e "verba de
- ALBERTO JORGE OLIVEIRA DA SILVA O reclamado apresentou embargos de declaração (Id 37c9d07), os
seja aplicado o constante no art. 879, §7º da CLT. Aduz, ainda, não EXTRAS INTEGRAÇÃO" E "VERBA DE REPRESENTAÇÃO"
serem devidos os honorários advocatícios, posto não atendidos os Pretende o recorrente a reforma da sentença a fim de que seja
requisitos legais, além de requerer que os juros de mora sejam excluído o pagamento das diferenças de gratificação de função, por
calculados a partir da distribuição da ação entender que as verbas "horas extras integração" e "verba de
Contrarrazões do reclamante (Id 92177dd). representação" não têm natureza salarial e que, portanto, não
Dispensada a remessa ao Ministério Público do Trabalho para devem integrar a base de cálculo da gratificação de função, a qual é
Inicialmente, deve ser registrado que a presente ação foi ajuizada I - A contratação do serviço suplementar, quando da admissão
em 22.03.2019, ou seja, após a entrada em vigor da reforma do trabalhador bancário, é nula. Os valores assim ajustados
trabalhista. A sentença deferiu os benefícios da justiça gratuita ao apenas remuneram a jornada normal, sendo devidas as horas
reclamante. Requer, pois, a reclamada a reforma nesse tocante, extras com o adicional de, no mínimo, 50% (cinqüenta por
considerando que o autor não juntou qualquer documento que cento), as quais não configuram pré-contratação, se pactuadas
comprove sua alegada pobreza. após a admissão do bancário. (ex-Súmula nº 199 - alterada pela
A lei 13.467/2017 alterou o art. 790, §3º, da CLT, o qual dispõe: em 25.11.1996)"
"É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos Por sua vez, a cláusula 11ª da Convenção Coletiva do Trabalho dos
tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a bancários (Id 4e9590f) dispõe que a forma de cálculo da gratificação
requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, de função não poderá ser inferior a 55%, calculado sobre o salário
inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que do cargo efetivo acrescido do adicional de tempo de serviço. Senão
Assim, caso o trabalhador receba até 40% do limite máximo do 224, da Consolidação das Leis do Trabalho, não será inferior a
RGPS, há presunção de miserabilidade jurídica. Além desse valor, 55% (cinquenta e cinco por cento), à exceção do Estado do Rio
deve provar sua condição. Grande do Sul, cujo percentual é de 50% (cinquenta por cento),
No entanto, mesmo após a reforma trabalhista, restou sempre incidente sobre o salário do cargo efetivo acrescido do
regulamentado pela CLT ser uma faculdade do julgador a adicional por tempo de serviço, já reajustados nos termos da
concessão dos benefícios da justiça gratuita ao trabalhador. De par cláusula primeira, respeitados os critérios mais vantajosos e as
com isso, deve ser ressaltado que a reforma não limitou a demais disposições específicas previstas nas Convenções
concessão somente a quem receba salário igual ou inferior a 40% Coletivas de Trabalho Aditivas."
do limite máximo dos benefícios do RGPS. Dessa forma, o cálculo da gratificação de função dever ser realizado
Interpretando extensivamente os parágrafos 3º e 4º da CLT, após a com base no salário do cargo efetivo acrescido do adicional de
reforma, entendo que deve ser concedido ao trabalhador o direito à tempo de serviço. O cerne da questão é a natureza salarial ou não
gratuidade da justiça quando o mesmo juntar declaração de das rubricas "horas extras integração" e "verba de representação".
hipossuficiência econômica para demandar sem prejuízo de seu Inicialmente, deve ser ressaltado que o reclamante foi contratado
próprio sustento ou de sua família, não tendo havido prova robusta pelo BEC em 1986 e percebia a verba "prorrogação de expediente",
Assim, mantida a concessão dos benefícios da justiça gratuita ao Bradesco, passou a ser denominada "horas extras integração". Ou
GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO PAGA A MENOR - "HORAS expediente" e continuou a receber sob a nomenclatura "horas extras
Não vem ao caso o fato do reclamante ser ou não gerente, já que o 13/08/2018)"
mesmo sempre recebeu referidas verbas ("horas extras integração" Assim, ante o caráter salarial das verbas "horas extras integração" e
e "verba de representação"), posto que aqui não se discute se o "verba de representação", as mesmas estão inclusas no
reclamante tem ou não direito a receber horas extras, mas sim o denominado pelo reclamado como "ordenado", devendo, portanto,
fato de que o cálculo da gratificação de função deve incluir ou não servir de base para o cálculo da gratificação de função. Dessa
as verbas que o mesmo já recebia ("horas extras integração" e forma, faz jus o reclamante ao pagamento das diferenças da
"verba de representação"). gratificação de função paga a menor, devendo sua base de cálculo
À vista do conjunto probatório dos autos, deduz-se que há valores incluir as verbas "horas extras integração" e "verba de
pagos na forma de "horas extras integração" e "verba de representação", conforme determinado na sentença de origem, bem
representação" com habitualidade, conforme se observa nos como os respectivos reflexos, observando-se a prescrição dos
contracheques juntados (Id 426c4cd e a89ad44). Além disso, o créditos trabalhistas anteriores a 22.03.2014.
valor das referidas rubricas são fixos, sendo alterados somente Não há que se falar em compensação, considerando que foi
quando há o reajuste salarial, através do índice de correção deferido o pagamento da diferença da gratificação de função, a qual
monetária previsto em CCT. foi paga a menor, posto que não incluiu as verbas acima indicadas
Dessa forma, patente o cunho salarial de referidas verbas, as quais na base de cálculo de referida gratificação.
remuneram a jornada normal do autor. Nada há a deferir no tocante aos juros de mora, posto que a
Nesse sentido vem se manifestando o Colendo Regional: sentença já determinou que serão contados a partir do ajuizamento
"GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO PAGA A MENOR - da ação, nos termos constantes da lei (art. 883 CLT e art. 39 da Lei
consonância com a súmula 199, I, do TST e a cláusula 11 da No que tange à forma de correção do débito, não se olvida que a
CCT dos Bancários, observa-se que o valor pago relativamente Lei n° 13.467/2017, em vigência a partir de 11.11.2017, acrescentou
às "horas extras integração" remunera a jornada normal, tendo o §7º ao art. 879 da CLT, o qual dispõe que "a atualização dos
nítido caráter salarial, servindo, portanto, de base de incidência créditos decorrentes de condenação judicial será feita pela Taxa
da gratificação de função. BANCÁRIO. GERENTE GERAL DE Referencial (TR), divulgada pelo Banco Central do Brasil, conforme
AGÊNCIA. ENQUADRAMENTO NO ART. 62, II, DA CLT. HORAS a Lei nº 8.177, de 1º de março de 1991".
EXTRAS INDEVIDAS. No presente caso, restou provado que o Contudo, sabe-se que o art. 879, § 7º da CLT perdeu a sua eficácia
autor, na condição de gerente geral da agência, ocupava cargo normativa em face da declaração de inconstitucionalidade parcial do
de elevado grau de gestão, enquadrando -se na exceção art. 39 da Lei nº 8.177/91, dispositivo que conferia conteúdo à
prevista no artigo 62, II, da CLT, o que afasta o direito à norma da CLT.
percepção de horas extras. Recurso parcialmente provido. Nesse sentido foi o voto proferido pela Ministra Maria Cristina
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Indevidos conforme Súmula nº Irigoyen Peduzzi, nos autos do processo n° TST-RR-976-
0000494-02.2015.5.07.0006, Recurso Ordinário, TRT7, TURMA 1, "Por fim, cabe analisar a previsão de adoção da TR introduzida
Rel. Des. Emmanuel Teofilo Furtado, j. 05/10/2016, p. pela Lei nº 13.467/17 no art. 879, §7º, da CLT, cujo teor é o
"RECURSO ORDINÁRIO. VERBA DENOMINADA "HORAS de condenação judicial será feita pela Taxa Referencial (TR),
EXTRAS INTEGRAÇÃO". NATUREZA SALARIAL. INCIDÊNCIA divulgada pelo Banco Central do Brasil, conforme a Lei no
NA GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO. Reconhecida a natureza 8.177, de 1o de março de 1991. (Incluído pela Lei nº 13.467, de
salarial da verba denominada "Horas Extras Integração", eis 2017) O dispositivo em análise determina a aplicação da TR
que percebida de forma habitual e ininterrupta, deve a mesma com expressa referência à Lei nº 8.177/91, que regulamenta a
compor a base de cálculo da gratificação de função, atualização de débitos trabalhistas especificamente em seu art.
considerando os termos da Cláusula 11ª da CCT da categoria 39, caput, declarado inconstitucional pelo Tribunal Pleno desta
dos bancários e tendo em vista a inteligência do artigo 457 da Corte. Nesse contexto, entendo que o art. 897, §7º, da CLT
CLT. Precedentes. Recurso conhecido e improvido." (TRT-7 - perdeu a sua eficácia normativa com a declaração de
RO: 00011855720175070002, Relator: CLAUDIO SOARES inconstitucionalidade parcial do art. 39 da Lei nº 8.177/91. Isso
porque o dispositivo da legislação esparsa conferia conteúdo à em vista a adoção de fórmula remissiva pelo legislador. Agravo
norma da CLT, tendo em vista a adoção de fórmula remissiva de instrumento conhecido e não provido." (Processo: AIRR -
pelo legislador. É oportuno ressaltar que, na hipótese do art. 10538-43.2011.5.04.0511 Data de Julgamento: 12/06/2019,
879, §7º, da CLT, não houve reversão legislativa da orientação Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de
porquanto mantida a disciplina legal vigente à época de sua "AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE
edição, o que é ratificado pela opção do legislador em fazer REVISTA. CORREÇÃO MONETÁRIA. TR E IPCA-E. O
remissão à Lei nº 8.177/91. Ademais, o entendimento não viola entendimento fixado nos autos é de que a TR se aplica apenas
a cláusula de reserva de plenário, pois não se está até 25/3/2015 e a partir daí o IPCA-E. Tal decisão, na forma
reconhecendo a inconstitucionalidade do art. 879, §7º, da CLT, como já registrado pelo ministro relator, está em perfeita
mas o seu esvaziamento normativo diante da remissão a harmonia com a jurisprudência desta Corte. Precedente.
dispositivo já declarado inconstitucional pelo Tribunal Pleno. Ademais, em decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal
No mesmo sentido: (...) AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. em 3/10/2019, nos autos do RE 870.947/SE, por maioria, foram
RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº rejeitados todos os embargos de declaração, não havendo,
13.015/2014. FASE DE EXECUÇÃO. TAXA REFERENCIAL - TR. assim, modulação dos efeitos da decisão anteriormente
INCIDÊNCIA RETROATIVA DO DISPOSTO NO ART. 879, § 7º, proferida que fixou o IPCA-E como índice de correção
DA CLT, INTRODUZIDO PELA LEI Nº 13.467/2017. monetária a todas as condenações. Sendo assim, não se
APLICABILIDADE. A parte agravante não consegue viabilizar o vislumbra a ofensa legal indicada, não sendo o caso de reforma
acesso à via recursal de natureza extraordinária, à míngua de da decisão recorrida, lembrando que, diante da rejeição da
comprovação de inequívoca violação de dispositivo da modulação dos efeitos da decisão do STF, a modificação da
Constituição da República, nos moldes da Súmula nº 266 do decisão seria em prejuízo à recorrente, o que não é admitido
TST. Na hipótese, o disposto no art. 879, § 7º, da CLT, pela norma processual vigente . Agravo conhecido e
introduzido pela Lei nº 13.467/2017, única questão articulada no desprovido" (Ag-AIRR-1319-37.2013.5.04.0381, 3ª Turma,
presente agravo, em nada altera a decisão do Plenário do TST Relator Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT
fator de correção monetária dos débitos trabalhistas, com Desse modo, impõe-se a reforma da sentença apenas para
respaldo em decisão vinculante do STF. Agravo a que se nega determinar que na correção monetária do débito reconhecido ao
provimento. (Ag-AIRR- 71300-30.2005.5.02.0078, Relator autor seja aplicada a TR-Taxa Referencial até 24.03.2015 e o IPCA-
com base em efeitos modulados da declaração de Reputa o reclamado ser inadmissível a condenação na verba
inconstitucionalidade parcial do art. 39 da Lei nº 8.177/91, conforme honorária, uma vez que o reclamante, apesar de se encontrar
se vê nos recentíssimos julgados abaixo reproduzidos, in verbis: assistido pelo sindicato de sua categoria, não comprovou sua
"EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE condição de pobreza, o que contraria ao consolidado nas súmulas
CRÉDITOS TRABALHISTAS. ÍNDICE APLICÁVEL. Consoante No tocante à verba honorária, a Corte Superior Trabalhista
entendimento adotado pela 8ª Turma, com base na decisão do entendeu que as disposições da Lei 13.467/2017, devem ser
Tribunal Pleno desta Corte Superior (TST- ArgInc - 479- aplicadas nas ações propostas após 11 de novembro de 2017.
60.2011.5.04.0231 e ED- ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231), na Através do exame dos autos, verifica-se que a presente ação foi
correção dos créditos trabalhistas, aplica-se a TR até 24/3/2015 ajuizada em 2019, ou seja, quando já em vigor a lei 13.467/2017.
e o IPCA a partir de 25/3/2015. Esta Turma considera, ainda, O art. 791-A da CLT dispõe o seguinte:
entendimento a que esta relatora se submete por disciplina "Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos
judiciária, que o art. 879, § 7º, da CLT perdeu a sua eficácia honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%
normativa, em face da declaração de inconstitucionalidade (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre
parcial do art. 39 da Lei nº 8.177/91, porquanto o dispositivo da o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito
legislação esparsa conferia conteúdo à norma da CLT, tendo econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o
§ 1º Os honorários são devidos também nas ações contra a TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª
Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida REGIÃO, por unanimidade, conhecer do recurso ordinário e, no
ou substituída pelo sindicato de sua categoria. (Incluído pela mérito, dar-lhe parcial provimento, apenas para determinar que na
Lei nº 13.467, de 13.7.2017) correção monetária do débito reconhecido ao autor seja aplicada a
§ 2º Ao fixar os honorários, o juízo observará: (Incluído pela Lei TR-Taxa Referencial até 24.03.2015 e o IPCA-e a partir de
I - o grau de zelo do profissional; (Incluído pela Lei nº 13.467, de Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
II - o lugar de prestação do serviço; (Incluído pela Lei nº 13.467, Júnior (Relator) e Cláudio Soares Pires. Presente ainda o(a)
III - a natureza e a importância da causa; (Incluído pela Lei nº Fortaleza, 10 de fevereiro de 2020.
13.467, de 13.7.2017)
entre os honorários.
§ 4ºVencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não MARIA DO SOCORRO RODRIGUES GONCALVES
tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos Diretor de Secretaria
no tocante. Intimado(s)/Citado(s):
- C W M COELHO DE ALENCAR
No tocante aos honorários advocatícios em prol dos advogados do
CPC/2015, declara-se de ofício a incompetência material da Justiça trabalhistas deve ser realizada mediante a aplicação do índice
do Trabalho para apreciar a suposta relação de trabalho entre o oficial de remuneração básica da caderneta de poupança (TRD)
autor e a reclamada no período de 13/08/2013 a 02/11/2015, visto para os créditos trabalhistas devidos ao obreiro até o dia 24/3/2015,
que o reclamante se encontrava na condição de preso no regime e, a partir do dia 25/3/2015, a correção deve ser realizada pelo
semi-aberto, regido pelo art. 28, § 2º, da Lei Nº 7.210/1984 (Lei de Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) nos
Execução Penal), não estando sujeito à CLT. Sentença alterada termos modulação temporal aplicada pela Jurisprudência do TST.
HORAS EXTRAS E RSR. REDUÇÃO DO PERÍODO DA RECURSO CONHECIDO E DADO PROVIMENTO PARCIAL.
horas extras e RSR, bem como nos reflexos reconhecidos pela RELATÓRIO
(data de admissão do obreiro em sua CTPS) a 14/10/2017 (data da Trata-se de recurso ordinário (ID. ddc15e9) interposto pela
rescisão indireta do contrato de trabalho). Sentença modificada reclamada, CWM COELHO DE ALENCAR, inconformada com a
parcialmente neste item. sentença da MM.° Vara do Trabalho de Iguatu, (ID. 389cd70), que
DA MULTA DO ART. 477, § 8º, DA CLT. RESCISÃO INDIRETA. julgou procedentes em parte os pedidos autorais, reconhecendo o
MULTA DEVIDA. A Jurisprudência do Tribunal Superior do vínculo de emprego desde 13/08/2013, devendo ser retificada a
Trabalho entende que a multa do art. 477, § 8º, da CLT, é devida data de admissão do reclamante, bem como reconheceu a rescisão
quando houver reconhecimento em juízo da rescisão indireta do indireta do contrato de trabalho, com extinção do contrato do
contrato de trabalho, visto que a mora salarial ocorreu por culpa da trabalho em 25/11/2017 (já projetados os 42 dias do aviso prévio
empregadora. Sentença mantida neste item. proporcional), e a condenando ao pagamento (nos limites do
NÃO PROVIDO. No caso, entende-se que deve ser mantido o 13/08/2013 a 02/11/2015: diferença de salário em relação ao salário
percentual dos honorários advocatícios sucumbenciais devidos pela mínimo, considerando os salários recebidos de R$300,00, no ano
reclamada de 15% (quinze por cento) incidentes sobre o valor da de 2013, passando a R$400,00, a partir de 2014, férias+1/3, 13º
condenação a ser apurado em liquidação, uma vez que a presente salário, FGTS (8%); b) pagamento de aviso prévio de 42 dias; c)
causa exigiu grau de zelo do profissional, bem como considerando o multa de 40% do FGTS e liberação do FGTS depositado por alvará;
trabalho realizado pelo patrono do obreiro e o tempo despendido na d) multa do art. 477, §8º, da CLT; e) referente a todo o contrato de
lide. Sentença confirmada neste ponto. trabalho (13/08/2013 a 14/10/2017) de 68 horas e 28min, a serem
DA JUSTIÇA GRATUITA. DEFERIMENTO. O §3º do art. 98, do pagas acrescidas de adicional de 50% mensalmente e 40h horas
CPC/2015 estabeleceu a inversão do ônus da prova quanto à laboradas aos domingos a serem pagas com adicional de 100%,
hipossuficiência, cabendo, neste sentido, à parte adversa infirmar, tudo com reflexo em aviso prévio, férias + 1/3, 13º salário e FGTS
autora. No caso dos autos, a promovida não apresentou qualquer Em suas razões recursais (ID. ddc15e9), a reclamada alega que o
substrato probatório de suas alegações, razão por que merece ser reclamante não demonstrou satisfatoriamente que teve relação de
reconhecida a presunção da hipossuficiência da obreira. Sentença emprego com a empresa reclamada, no período do dia 01/02/213
mantida neste ponto. ao dia 02/11/2015, consequentemente não demonstrou ter laborado
ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA PARA ATUALIZAÇÃO em horas extras e não demonstrou não ter tido direito ao Descanso
DOS CRÉDITOS TRABALHISTAS DO OBREIRO NA JUSTIÇA Semana Remunerado - DSR, visto que o autor se encontrava preso
TST. TRD X IPCA-E. A liminar concedida na RCL 22012, que Outrossim, aduz a recorrente que se analisando a peça
suspendia os efeitos da decisão do Tribunal Pleno do TST para contestatória da reclamada (ID d5b026c) e os documentos
aplicação do índice IPCA-E foi revogada pela 2ª Turma do E. anexados pela mesma, constata-se que a reclamada negou
Supremo Tribunal Federal. Nessa linha, a teor da Jurisprudência do qualquer tipo de vínculo trabalhista com o reclamante no período de
Tribunal Superior do Trabalho, a correção monetária dos créditos 01/02/2013 a 02/11/2015, portanto, recai sobre o obreiro o ônus de
empresa reclamada (não eventual), e tampouco soube informar Conheço do recurso ordinário porque presentes os pressupostos de
quem o contratou, quem pagava o seu salário, como era a forma de admissibilidade.
pagamento do salário (onerosidade), quem dava as ordens PRELIMINAR DE OFÍCIO DA INCOMPETÊNCIA MATERIAL DA
do Descanso Semanal Remunerado - DSR que entendia serem Compulsando-se os autos, percebe-se que parte da controvérsia se
devidas, uma vez que se trata de fato constitutivo de seu direito cinge à apuração da existência ou não de vínculo empregatício
(artigo 818, da Consolidação das Leis do Trabalho c/c 373, inciso I, entre o reclamante e a reclamada, no período de 13/08/2013 a
desincumbiu. Em face da ausência de apontamentos de diferenças, Porém, alega a reclamada por meio da contestação que o
improcede o pedido de pagamento das horas extras com seus reclamante não poderia ser seu empregado nesse período, visto
reflexos e improcedente o DSR. que se encontrava na condição de preso sujeito ao regime semi-
na contestação nos ID's 39308c2, 70402a2, d833561, 3a629ca, O termo de audiência da Justiça Comum (ID. ee8d594 - Pág. 1)
914feff, eb84dca, 4b9e086, bdb5035, 6015790, b28295f, e614d04, comprova que o obreiro encontrava-se na condição de preso no
67cb712, ec994a0, c5efe07, c1764d5, 8465bde, 5c41e17, portanto, regime semi-aberto a partir de 12.08.2013, fato não contestado pelo
não ter tido direito ao Descanso Semana Remunerado - DSR. Além disso, o art. 28, § 2º, da Lei Nº 7.210/1984, estabelece que o
Além disso, requer a recorrente que seja afastada a multa do art. preso não está submetido ao regime celetista, nestes termos:
477, § 8º, da CLT; que seja redimensionada a condenação em "Art. 28. O trabalho do condenado, como dever social e condição de
Honorários Advocatícios do percentual de 15% (quinze por cento) dignidade humana, terá finalidade educativa e produtiva.
sobre o valor que resultar da liquidação da sentença para 5% (cinco § 1º Aplicam-se à organização e aos métodos de trabalho as
por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, precauções relativas à segurança e à higiene.
visto que desproporcional e irrazoável; seja afastada a concessão § 2º O trabalho do preso não está sujeito ao regime da
declaração de inconstitucionalidade declarado pelo juízo "a quo" Ademais, a Jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho
concernente a inconstitucionalidade do §7º; do artigo 879; da entende que o preso em regime semi-aberto não é regido pela CLT,
consolidação das leis do trabalho e do § 1°; do artigo 39, da lei n°.: não podendo haver reconhecimento de vínculo de emprego, nos
8.177/91, mantendo-a ou reformando-a, posto que existe matéria termos do art. 28, § 2º, da Lei Nº 7.210/1984, bem como entende
constitucional que merece a devida apreciação pelo tribunal e que não é da competência material da Justiça do
eventual tribunal constitucional (Supremo Tribunal Federal), Trabalhoprocessar e julgar pedidos decorrentes do trabalho
evitando-se julgamentos conflitantes em primeiro grau e respeitando realizado pelo presidiário no cumprimento da pena, conforme se
Contrarrazões ao recurso ordinário não foram apresentadas pelo "I. AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE
reclamante, conforme certidão de ID. 38E7dfa. REVISTA. REGIDO PELA LEI 13.015/2014. ACÓRDÃO REGIONAL
Dispensado parecer prévio do Ministério Público do Trabalho, nos NO QUAL DECLARADA A COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO
termos de norma interna deste Tribunal. TRABALHO PARA PROCESSAR E JULGAR AÇÕES QUE
AUTOS À VARA DE ORIGEM PARA EXAME DOS PEDIDOS natureza interlocutória do acórdão regional, o recurso de revista
DECORRENTES. DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. deve ser admitido de imediato, afastando-se a aplicação da Súmula
JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE EM SENTIDO DIVERSO. ADI- 214/TST. Agravo provido. II. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM
JUSTIÇA ESPECIALIZADA PARA PROCESSAR E JULGAR 13.015/2014. JUSTIÇA DO TRABALHO. INCOMPETÊNCIA PARA
AÇÕES PENAIS. RECORRIBILIDADE IMEDIATA. SÚMULA PROCESSAR E JULGAR AÇÕES QUE VERSAM SOBRE O
214/TST. NÃO APLICAÇÃO. 1. Caso em que o Tribunal Regional LABOR REALIZADO PELO PRESIDIÁRIO NO CUMPRIMENTO DA
reformou a sentença para reconhecer a competência desta Justiça PENA. RELAÇÃO JURÍDICA REGIDA PELA LEI Nº 7.214/84 (LEI
Especializada para processar e julgar o feito, determinando o DE EXECUÇÃO PENAL). ADI-MC 3684/STF. O Tribunal Regional
retorno dos autos à origem para apreciação dos pedidos reformou a sentença para reconhecer a competência desta Justiça
formulados. 2. Na forma do § 1º do artigo 893 da CLT, no âmbito da Especializada para processar e julgar ações que versem acerca do
Justiça do Trabalho, as decisões interlocutórias são irrecorríveis de trabalho realizado pelo presidiário no cumprimento da pena. Ocorre
imediato, admitindo-se o exame do merecimento correspondente que esta Corte Superior tem firmado jurisprudência no sentido de
por ocasião do recurso cabível contra a decisão final proferida. No ser esta Justiça Especializada incompetente para processar e julgar
entanto, por imposição dos princípios da celeridade e da economia feitos decorrentes do trabalho realizado pelo preso no cumprimento
processuais, a jurisprudência desta Corte flexibilizou o rigor da da pena, em razão de a relação ser regida pela Lei de Execução
dicção legal, passando a admitir recursos aviados contra acórdãos Penal (Lei nº 7.214/84). Ademais, o excelso Supremo Tribunal
regionais que resolvem, em caráter interlocutório, capítulos Federal, no julgamento da ADI 3684 MC, em 01/02/2007,
prejudiciais dos litígios e determinam o retorno dos autos à primeira reconheceu a incompetência da Justiça do Trabalho para processar
instância para continuação do julgamento. Essa exceção, no e julgar ações penais. Julgados desta Corte. Possível violação do
entanto, apenas é admissível nas situações em que a questão artigo 114, I, da CF. Agravo de instrumento provido. III. RECURSO
jurídica resolvida, em sede interlocutória, é objeto de pacificação DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI 13.015/2014.
mediante inscrição em Súmula ou Orientação Jurisprudencial deste JUSTIÇA DO TRABALHO. INCOMPETÊNCIA PARA PROCESSAR
Tribunal Superior do Trabalho. Ainda oportuno admitir essa E JULGAR AÇÕES QUE VERSAM SOBRE O LABOR REALIZADO
recorribilidade imediata nos casos em que contrariada a PELO PRESIDIÁRIO NO CUMPRIMENTO DA PENA. RELAÇÃO
jurisprudência pacífica e reiterada, fixada no sistema de direito JURÍDICA REGIDA PELA LEI Nº 7.214/84 (LEI DE EXECUÇÃO
jurisprudencial inaugurado pelo CPC de 2015 ou ainda quando PENAL). ADI-MC 3684/STF. 1. O Tribunal Regional reformou a
contrária a teses fixadas pelo STF no controle concentrado de sentença para reconhecer a competência desta Justiça
constitucionalidade, em súmulas vinculantes ou repercussão geral. Especializada para processar e julgar ações que versem acerca do
Nesses casos, não se justificaria, evidentemente, permitir a dilação trabalho realizado pelo presidiário durante o cumprimento da pena.
da marcha processual, com a prática - verdadeiramente inútil - de 2. A Lei 7.210/84 (Lei de Execução Penal - LEP), que trata sobre a
atos pelas partes e pelos órgãos judiciários, em clara afronta aos execução da pena do condenado e do internado e da sua
postulados da economia processual (CPC, artigo 125, II), razoável reintegração à sociedade, dispõe acerca do trabalho - interno ou
duração dos processos e eficiência (CF, artigos 5º, LXXVIII, e 37). externo -, realizado pelo presidiário, registrando que possui
3. No presente caso, discute-se a competência da Justiça do finalidade educativa, produtiva e de integração à sociedade. Prevê,
Trabalho para processar e julgar pedidos decorrentes do trabalho ainda, que, além de constituir direito e dever do preso, o trabalho
realizado pelo presidiário no cumprimento da pena. 4. Esta Corte integra a própria pena, estabelecendo, de forma criteriosa, questões
Superior, muito embora ainda não tenha editado verbete sumular ou relativas à remuneração, indenizações, jornada de trabalho,
jurisprudencial acerca do tema, tem firmado jurisprudência no segurança e higiene do ambiente laboral, dentre outras, e
sentido de ser esta Justiça Especializada incompetente para discorrendo, também, que ao trabalho do presidiário não se aplica a
processar e julgar feitos decorrentes do trabalho realizado por Consolidação das Leis do Trabalho. 3. De fato, toda relação
presidiários no cumprimento da pena, em razão de a relação estar estabelecida entre o presidiário e o Estado - estabelecimento
vinculada à Lei de Execução Penal (Lei nº 7.214/84). Ainda, o prisional ou empresa privada autorizada pelo Estado - está regida
excelso Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI 3684 MC, pela Lei de Execução Penal, ainda que decorra da prestação
em 01/02/2007, reconheceu a incompetência da Justiça do Trabalho laboral, não competindo a esta Justiça Especializada, portanto,
para processar e julgar ações penais. Nesse contexto, a despeito da processar e julgar feitos que versem acerca de pedidos relativos
aos serviços prestados pelo apenado. 4. Aliás, o excelso Supremo "I. AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE
Tribunal Federal, no julgamento da ADI 3684 MC, em 01/02/2007, REVISTA. REGIDO PELA LEI 13.015/2014. ACÓRDÃO REGIONAL
reconheceu a incompetência da Justiça do Trabalho para processar NO QUAL DECLARADA A COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO
e julgar ações de natureza penal, firmando que "O disposto no TRABALHO PARA PROCESSAR E JULGAR AÇÕES QUE
artigo 114, incs. I, IV e IX, da Constituição da República, acrescidos VERSAM SOBRE O LABOR REALIZADO PELO PRESIDIÁRIO NO
pela Emenda Constitucional nº 45, não atribui à Justiça do Trabalho CUMPRIMENTO DA PENA E DETERMINADO O RETORNO DOS
competência para processar e julgar ações penais" (STF, ADI 3684 AUTOS À VARA DE ORIGEM PARA EXAME DOS PEDIDOS
MC / DF, Tribunal Pleno, Relator Ministro Cezar Peluso, DJ DECORRENTES. DECISÃO INTERLOCUTÓRIA.
03/08/2007). 5. Refoge, portanto, à competência da Justiça do JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE EM SENTIDO DIVERSO. ADI-
Trabalho processar e julgar as ações penais e, por conseguinte, as MC 3684/STF. DECLARAÇÃO DA INCOMPETÊNCIA DESTA
questões alusivas aos efeitos da pena, dentre elas, os pedidos JUSTIÇA ESPECIALIZADA PARA PROCESSAR E JULGAR
decorrentes do trabalho do presidiário, devidamente regulado pela AÇÕES PENAIS. RECORRIBILIDADE IMEDIATA. SÚMULA
Lei 7.210/84 (Lei de Execução Penal - LEP). Julgados desta Corte. 214/TST. NÃO APLICAÇÃO. 1. Caso em que o Tribunal Regional
Recurso de revista conhecido e provido". (TST - RR: reformou a sentença para reconhecer a competência desta Justiça
10091020115090010, Relator: Douglas Alencar Rodrigues, Data de Especializada para processar e julgar o feito, determinando o
Julgamento: 07/08/2019, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT retorno dos autos à origem para apreciação dos pedidos
"TRABALHO DO PRESO - RECONHECIMENTO DE VÍNCULO DE Justiça do Trabalho, as decisões interlocutórias são irrecorríveis de
EMPREGO - IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA - ART. 28 DA LEI DE imediato, admitindo-se o exame do merecimento correspondente
EXECUÇÃO PENAL. O pedido de reconhecimento de relação por ocasião do recurso cabível contra a decisão final proferida. No
empregatícia, em que o prestador de serviços é réu-preso, encontra entanto, por imposição dos princípios da celeridade e da economia
óbice intransponível na normatização legal em vigor. A Lei de processuais, a jurisprudência desta Corte flexibilizou o rigor da
Execução Penal (Lei nº 7.210/84), ao cuidar do trabalho do réu- dicção legal, passando a admitir recursos aviados contra acórdãos
preso e suas consequências jurídicas, deixa explicitado que não se regionais que resolvem, em caráter interlocutório, capítulos
sujeita à CLT e Legislação Complr (art. 28, § 2º), mas que objetiva, prejudiciais dos litígios e determinam o retorno dos autos à primeira
dentre outros, possibilitar sua recuperação, através de processo instância para continuação do julgamento. Essa exceção, no
socioeducativo e produtivo, para que possa ser reintegrado à entanto, apenas é admissível nas situações em que a questão
sociedade. Por isso mesmo, a contraprestação remuneratória pelo jurídica resolvida, em sede interlocutória, é objeto de pacificação
trabalho que executa não possui o significado técnico-jurídico de mediante inscrição em Súmula ou Orientação Jurisprudencial deste
salário, daí a impossibilidade de se reconhecer, em relação ao Tribunal Superior do Trabalho. Ainda oportuno admitir essa
tomador de seus serviços, um contrato de trabalho com suas recorribilidade imediata nos casos em que contrariada a
consequências trabalhistas. Finalmente, revela ressaltar que seu jurisprudência pacífica e reiterada, fixada no sistema de direito
direito ao trabalho não se altera pelo fato de ter obtido progressão jurisprudencial inaugurado pelo CPC de 2015 ou ainda quando
do regime para semiaberto ou aberto, porque a norma não faz contrária a teses fixadas pelo STF no controle concentrado de
qualquer distinção quanto a forma em que deve cumprir a pena. constitucionalidade, em súmulas vinculantes ou repercussão geral.
Recurso de revista conhecido e não provido. (TST - RR: Nesses casos, não se justificaria, evidentemente, permitir a dilação
909420105030051 90-94.2010.5.03.0051, Relator: Milton de Moura da marcha processual, com a prática - verdadeiramente inútil - de
França, Data de Julgamento: 11/05/2011, 4ª Turma, Data de atos pelas partes e pelos órgãos judiciários, em clara afronta aos
Publicação: DEJT 20/05/2011). postulados da economia processual (CPC, artigo 125, II), razoável
Outrossim, a Jurisprudência dos Tribunais Regionais do Trabalho duração dos processos e eficiência (CF, artigos 5º, LXXVIII, e 37).
tem se manifestado no mesmo sentido de que o preso em regime 3. No presente caso, discute-se a competência da Justiça do
semi-aberto não se encontra sujeito à CLT e, portanto, não há Trabalho para processar e julgar pedidos decorrentes do trabalho
vínculo emprego, bem como entende que não é da competência da realizado pelo presidiário no cumprimento da pena. 4. Esta Corte
Justiça do Trabalho processar e julgar pedidos decorrentes do Superior, muito embora ainda não tenha editado verbete sumular ou
trabalho realizado pelo presidiário no cumprimento da pena, nestes jurisprudencial acerca do tema, tem firmado jurisprudência no
processar e julgar feitos decorrentes do trabalho realizado por Consolidação das Leis do Trabalho. 3. De fato, toda relação
presidiários no cumprimento da pena, em razão de a relação estar estabelecida entre o presidiário e o Estado - estabelecimento
vinculada à Lei de Execução Penal (Lei nº 7.214/84). Ainda, o prisional ou empresa privada autorizada pelo Estado - está regida
excelso Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI 3684 MC, pela Lei de Execução Penal, ainda que decorra da prestação
em 01/02/2007, reconheceu a incompetência da Justiça do Trabalho laboral, não competindo a esta Justiça Especializada, portanto,
para processar e julgar ações penais. Nesse contexto, a despeito da processar e julgar feitos que versem acerca de pedidos relativos
natureza interlocutória do acórdão regional, o recurso de revista aos serviços prestados pelo apenado. 4. Aliás, o excelso Supremo
deve ser admitido de imediato, afastando-se a aplicação da Súmula Tribunal Federal, no julgamento da ADI 3684 MC, em 01/02/2007,
214/TST. Agravo provido. II. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM reconheceu a incompetência da Justiça do Trabalho para processar
RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI e julgar ações de natureza penal, firmando que "O disposto no
13.015/2014. JUSTIÇA DO TRABALHO. INCOMPETÊNCIA PARA artigo 114, incs. I, IV e IX, da Constituição da República, acrescidos
PROCESSAR E JULGAR AÇÕES QUE VERSAM SOBRE O pela Emenda Constitucional nº 45, não atribui à Justiça do Trabalho
LABOR REALIZADO PELO PRESIDIÁRIO NO CUMPRIMENTO DA competência para processar e julgar ações penais" (STF, ADI 3684
PENA. RELAÇÃO JURÍDICA REGIDA PELA LEI Nº 7.214/84 (LEI MC / DF, Tribunal Pleno, Relator Ministro Cezar Peluso, DJ
DE EXECUÇÃO PENAL). ADI-MC 3684/STF. O Tribunal Regional 03/08/2007). 5. Refoge, portanto, à competência da Justiça do
reformou a sentença para reconhecer a competência desta Justiça Trabalho processar e julgar as ações penais e, por conseguinte, as
Especializada para processar e julgar ações que versem acerca do questões alusivas aos efeitos da pena, dentre elas, os pedidos
trabalho realizado pelo presidiário no cumprimento da pena. Ocorre decorrentes do trabalho do presidiário, devidamente regulado pela
que esta Corte Superior tem firmado jurisprudência no sentido de Lei 7.210/84 (Lei de Execução Penal - LEP). Julgados desta Corte.
ser esta Justiça Especializada incompetente para processar e julgar Recurso de revista conhecido e provido". (TST - RR:
feitos decorrentes do trabalho realizado pelo preso no cumprimento 10091020115090010, Relator: Douglas Alencar Rodrigues, Data de
da pena, em razão de a relação ser regida pela Lei de Execução Julgamento: 07/08/2019, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT
Federal, no julgamento da ADI 3684 MC, em 01/02/2007, RECURSO ORDINÁRIO - RELAÇÃO DE EMPREGO. Escapa da
reconheceu a incompetência da Justiça do Trabalho para processar relação de trabalho amparada pela CLT a prestação de serviços
e julgar ações penais. Julgados desta Corte. Possível violação do realizada em cumprimento de pena no regime semiaberto para
artigo 114, I, da CF. Agravo de instrumento provido. III. RECURSO prestar atividades sociolaborativas, nos termos da Lei de Execução
DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI 13.015/2014. Penal. Em casos tais, por expressa vedação legal, consoante
JUSTIÇA DO TRABALHO. INCOMPETÊNCIA PARA PROCESSAR dicção § 2º da citada lei, não há como se reconhecer o vínculo
E JULGAR AÇÕES QUE VERSAM SOBRE O LABOR REALIZADO empregatício, o que afasta a tese recursal em torno da presença
PELO PRESIDIÁRIO NO CUMPRIMENTO DA PENA. RELAÇÃO dos requisitos caracterizadores do vínculo empregatício. Recurso
JURÍDICA REGIDA PELA LEI Nº 7.214/84 (LEI DE EXECUÇÃO conhecido e improvido". (TRT-7 - RO: 00006795920145070011,
PENAL). ADI-MC 3684/STF. 1. O Tribunal Regional reformou a Relator: CLAUDIO SOARES PIRES, Data de Julgamento:
sentença para reconhecer a competência desta Justiça 22/08/2016, Data de Publicação: 22/08/2016)
Especializada para processar e julgar ações que versem acerca do "VÍNCULO DE EMPREGO - TRABALHO DE PRESO EM REGIME
trabalho realizado pelo presidiário durante o cumprimento da pena. SEMI-ABERTO. O trabalho do preso em regime semi-aberto, por
2. A Lei 7.210/84 (Lei de Execução Penal - LEP), que trata sobre a meio de entidade vinculada a Órgão de Execução Penal, tem
execução da pena do condenado e do internado e da sua caráter educativo e objetiva o seu reingresso no meio social, razão
reintegração à sociedade, dispõe acerca do trabalho - interno ou pela qual, nos termos do artigo 28, caput e § 2º, da Lei n.
externo -, realizado pelo presidiário, registrando que possui 7.210/1984, não há falar em vínculo de emprego. Recurso
finalidade educativa, produtiva e de integração à sociedade. Prevê, desprovido". (TRT-24 00001631920105240007, Relator: ANDRÉ
ainda, que, além de constituir direito e dever do preso, o trabalho LUÍS MORAES DE OLIVEIRA, 1ª TURMA, Data de Publicação:
segurança e higiene do ambiente laboral, dentre outras, e JUSTIÇA DO TRABALHO. TRABALHO DO APENADO. LEI DE
discorrendo, também, que ao trabalho do presidiário não se aplica a EXECUÇÃO PENAL. Ainda que o trabalho do presidiário se dê em
econômico da prestação de serviços, prepondera o caráter Assim, conclui-se que o obreiro começou a trabalhar para auferir o
reabilitador e educativo, não estando inserido, portanto, no âmbito benefício previsto na Lei de Execução Penal, para fins de redução
2º, da Lei nº. 7.210/84". Recurso provido. (TRT-4 - RO: Desta forma, a teor do art. 64, § 1º, do CPC/2015, declara-se de
00200493020185040702, Data de Julgamento: 19/07/2019, 9ª ofício a incompetência material da Justiça do Trabalho para apreciar
No presente caso, a terceira testemunha do reclamante, Sr JOSE período de 13/08/2013 a 02/11/2015, visto que o reclamante se
MARIA ARAUJO DA SILVA, (ID. 1429ee1) afirmou que o encontrava na condição de preso no regime semi-aberto, regido
reclamante passou a trabalhar a partir de 2013 como cozinheiro na pelo art. 28, § 2º, da Lei Nº 7.210/1984 (Lei de Execução Penal).
Cadeia Pública de Mombaça para remir sua pena, visto que a cada Ademais, afastam-se as condenações decorrentes do
3 dias diminuía um dia da pena, nestes termos: reconhecimento de vínculo de emprego no período clandestino
"Que nunca trabalhou para a reclamada, que trabalha na Cadeia retromencionado, inclusive a prevista no item "a" do dispositivo da
Pública de Mombaça há 08 anos, como ajudante geral, sendo sentença, bem como a retificação da anotação da data de admissão
servidor municipal; que cumpre jornada das 08:00 às 18:00, com do obreiro em sua CTPS, o pagamento de horas extras, RSR, aviso
intervalo de 1 hora, trabalhando em escala de 3 dias seguidos e prévio, FGTS e demais verbas trabalhistas.
folgando nos 3 dias seguintes, sendo que só trabalha durante o dia; MÉRITO
que o reclamante começou a trabalhar na cozinha da cadeia a partir DAS HORAS EXTRAS E DO DSR
de 2013, como cozinheiro, não se recordando a partir de que mês; Aduz a demandada que ante a validade dos cartões, cabia ao
que mesmo no regime fechado, o reclamante já trabalhava para a reclamante apontar as eventuais horas extras e a ausência do
reclamada como cozinheiro na cadeia por que ele estava na Descanso Semanal Remunerado - DSR que entendia serem
remição de pena, trabalhando 3 dias para reduzir 1 dia de pena; que devidas, uma vez que se trata de fato constitutivo de seu direito
a esposa do reclamante também trabalhava na cozinha, sendo que (artigo 818, da Consolidação das Leis do Trabalho c/c 373, inciso I,
ela entrou bem depois dele; que o reclamante e sua esposa do novo Código de Processo Civil), ônus do qual não se
trabalharam até 2017, não sabendo indicar o mês; que o reclamante desincumbiu. Em face da ausência de apontamentos de diferenças,
deixou de trabalhar por que foi afastado por problemas de saúde; improcede o pedido de pagamento das horas extras com seus
que depois disso, ele não voltou a trabalhar mais lá; que a esposa reflexos e improcedente o DSR.
do reclamante foi dispensada no mesmo dia do reclamante; que o Outrossim, aduz a recorrente que o reclamante não impugnou
reclamante recebia salário da empresa na época em que ele estava especificamente as frequências anexadas pela empresa reclamada
no regime fechado, embora não saiba precisar valor nem forma de na contestação nos ID's 39308c2, 70402a2, d833561, 3a629ca,
pagamento; que a esposa dele também recebia salário da empresa, 914feff, eb84dca, 4b9e086, bdb5035, 6015790, b28295f, e614d04,
mas também não sabe precisar valor nem forma de pagamento; que 67cb712, ec994a0, c5efe07, c1764d5, 8465bde, 5c41e17, portanto,
o reclamante e sua esposa cumpriam jornada das 06:00 às 18:00, é ônus do reclamante demonstrar ter laborado em horas extras e
com intervalo de 2 horas para almoço, domingo a domingo, sem não ter tido direito ao Descanso Semana Remunerado - DSR.
folga; que conhece o encarregado da empresa que passava lá (sr. Assiste-lhe razão em parte.
Márcio Gladson), umas 2 vezes por mês; que esse encarregado Ressalte-se que será apreciado a insurgência da reclamada quanto
dava ordens e instruções ao reclamante e à sua esposa, inclusive à condenação nas horas extras e no RSR a partir de 03.11.2015,
no período em que o reclamante estava no regime fechado; que não data de admissão anotada na CTPS do obreiro pela reclamada,
sabe informar a forma de pagamento do reclamante e sua esposa; visto que a partir desta data deixou a condição de preso e passou a
que ela era ajudante de cozinha; que ficou sabendo, mas não tem ser empregado da reclamada.
certeza, que o reclamante se apresentou para trabalhar mas voltou A terceira testemunha do reclamante, Sr. JOSÉ MARIA ARAÚJO
por que ainda estava incapaz por causa do problema de saúde; que DA SILVA, em audiência (ID. 1429Ee1), que laborou durante todo o
não presenciou esse fato; que mesmo nos seus dias de folga, período em que o obreiro trabalhou junto à reclamada, disse que a
costuma frequentar a cadeia por que mora perto de lá; que às vezes jornada de trabalho do reclamante era a seguinte:
nos dias de folga, é chamado para ir lá dar um apoio, o que ocorre "Que o reclamante e sua esposa cumpriam jornada das 06:00 às
de 1 a 2 vezes/semana, demorando cerca de 2 a 3 horas em cada 18:00, com intervalo de 2 horas para almoço, domingo a domingo,
Assim, entende-se que deve prevalecer o depoimento da terceira extinção da relação de emprego, ou mesmo sobre a própria
testemunha, visto que foi a que laborou durante todo o período do existência do vínculo. Assim, apenas se o empregado der causa à
contrato de trabalho. Ademais, não se pode considerar como mora no pagamento das verbas rescisórias não será devida a
válidas as folhas de ponto acostadas aos autos, visto que o referida multa, o que não se verifica na hipótese. Recurso de revista
reclamante era analfabeto e assinava a folha de frequência com o conhecido e provido". (TST - RR: 7604720165110004, Relator: Dora
polegar, e poderia ser enganado facilmente por quem anotava os Maria da Costa, Data de Julgamento: 26/06/2019, 8ª Turma, Data
Desta forma, entende-se com base do depoimento da terceira "RECURSO DE REVISTA. RECLAMANTE. MULTA DO ART. 477
testemunha do reclamante que a sua jornada de trabalho semanal DA CLT. RESCISÃO INDIRETA. 1 - A multa do art. 477, § 8º, da
era das 06h às 18h, com intervalo de 2 horas para almoço, domingo CLT, que tem natureza penal de sanção (E-ED-RR-585300-
a domingo, sem folga, isto é, laborava 10 (dez) horas por dia 26.2008.5.12.0035, Ministro Augusto César Leite de Carvalho,
segunda a domingo. DEJT 24/8/2012), fundada em norma cogente que impõe dever à
Portanto, confirma-se a sentença quanto à quantidade de horas empregadora, e não faculdade (E-RR-367-57.2010.5.03.0004,
extras, isto é, fazendo jus a 68 horas e 28min, a serem pagas Ministro Augusto César Leite de Carvalho, DEJT 10/8/2012),
acrescidas de adicional de 50% mensalmente e 40h horas somente não é devida quando houver culpa do empregado pelo
laboradas aos domingos a serem pagas com adicional de 100%, atraso no pagamento das verbas rescisórias (E-RR-67600-
tudo com reflexo em aviso prévio, férias + 1/3, 13º salário e FGTS 20.2005.5.03.0013, Ministro Renato de Lacerda Paiva, DEJT
(8%+40%) e reflexo em RSR. Porém, reduz-se o período da 10/8/2012). 2 - Tratando-se de reconhecimento de rescisão indireta
condenação para o interstício de 03.11.2015 (data de admissão do do contrato de trabalho, não há como se reconhecer a culpa da
obreiro em sua CTPS) a 14/10/2017 (data da rescisão indireta do empregada pela demora no recebimento das verbas rescisórias,
contrato de trabalho). razão pela qual é devido o pagamento da multa do art. 477, § 8º, da
Outrossim, a condenação em horas extras e RSR deverão incidir no CLT. 3 - Recurso de revista a que se dá provimento". (TST - RR:
período do afastamento da licença médica com recebimento de 79300-96.2009.5.01.0501, Relator: Kátia Magalhães Arruda, Data
auxílio-doença pelo INSS, visto que este benefício teria sido pago de Julgamento: 04/09/2013, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT
previdenciária sobre estas rubricas, fato que prejudicou o obreiro "RECURSO DE REVISTA (...) MULTA DOS ARTS. 467 e 477 DA
por culpa da reclamada. CLT. RESCISÃO INDIRETA. O fato de ter sido reconhecida em
DA MULTA DO ART. 477, DA CLT juízo a rescisão indireta do contrato de trabalho não obsta o
Requer a recorrente que seja afastada a multa do art. 477, § 8º, da deferimento das multas previstas nos arts. 467 e 477 § 8º da CLT,
CLT, tendo em vista a existência de controvérsias, inclusive sobre o mormente quando fica evidenciado que o contrato se resolveu em
vínculo de emprego e sobre a rescisão indireta no dia 13/10/2017, razão de inescusável mora salarial. Recurso de revista conhecido e
somente esclarecidas em juízo, o que não caracteriza a provido." (Processo: RR - 24700-65.2009.5.04.0203 Data de
inobservância do disposto no §6°, da Consolidação das Leis do Julgamento: 15/02/2012, Relator Ministro: Augusto César Leite de
Não lhe assiste razão. "RECURSO DE REVISTA. MULTA DO ART. 477, § 8º, DA CLT.
A Jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho entende que a RESCISÃO INDIRETA RECONHECIDA NA SENTENÇA. A multa
multa do art. 477, § 8º, da CLT, é devida quando houve do art. 477, § 8º, da CLT é cabível nos casos em que o empregador
reconhecimento em juízo da rescisão indireta do contrato de deixa de efetuar o correto pagamento das verbas rescisórias ao
trabalho. Nesse sentido, vejam-se os seguintes arestos do TST: empregado, ou seja, no prazo definido pelo § 6º do referido
"RECURSO DE REVISTA. MULTA DO ART. 477 DA CLT. dispositivo. Com o cancelamento da OJ 351 da SBDI-1 desta Corte,
RESCISÃO INDIRETA. O Tribunal Regional concluiu que a rescisão não mais subsiste o entendimento de que a fundada controvérsia ou
indireta reconhecida em juízo não enseja a aplicação da multa dúvida sobre as obrigações isentaria o empregador do pagamento
prevista no art. 477, § 8º, da CLT. No entanto, o fato gerador da da multa. Assim, ainda que reconhecida a rescisão indireta somente
referida multa é a inadimplência na quitação das verbas rescisórias, em juízo, cabível a sanção. Recurso de revista conhecido e não
Julgamento: 15/02/2012, Relator Ministro: Augusto César Leite de IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o
"RECURSO DE REVISTA. (...) RESCISÃO INDIRETA. MULTA DO No caso, entende-se que deve ser mantido o percentual dos
ART. 477, § 8º, DA CLT. CABIMENTO. Cabe a multa do art. 477, honorários advocatícios sucumbenciais devidos pela reclamada de
CLT, caso a rescisão indireta diga respeito a reconhecimento de 15% (quinze por cento) incidentes sobre o valor da condenação a
ruptura precedente do contrato, por culpa empresarial - caso dos ser apurado em liquidação, uma vez que a presente causa exigiu
autos. Em tal situação, o atraso rescisório é manifesto. Recurso de grau de zelo do profissional, bem como considerando o trabalho
revista conhecido e provido no aspecto." (Processo: RR - 33100- realizado pelo patrono do obreiro e o tempo despendido na lide.
No presente caso, restou configurada a rescisão indireta do contrato da Justiça do obreiro, sob pena de malferimento ao texto expresso
de trabalho por culpa da empregadora, visto que não permitiu o do artigo 790, §§3° e 4°, da Consolidação das Leis do Trabalho -
retorno do obreiro após o fim da licença-saúde custeada pelo INSS. CLT, pois o reclamante/recorrido não comprovou que recebe salário
Assim, é devida a multa do art. 477, § 8º, da CLT, visto que não igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos
houve o pagamento das verbas rescisórias por culpa da reclamada. benefícios do Regime Geral de Previdência Social e não comprovou
Portanto, confirma-se a sentença quanto a este ponto. a insuficiência de recursos para o pagamento das custas do
Requer a recorrente que seja redimensionada a condenação em Não lhe assiste razão.
honorários advocatícios do percentual de 15% (quinze por cento) De acordo com o art. 99, § 3.º, do CPC/2015, a declaração de
sobre o valor que resultar da liquidação da sentença para 5% (cinco insuficiência é presumida no caso de pessoa física, nestes termos:
por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, "§ 3o Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida
O art. 791-A, da CLT, fixa o percentual de honorários advocatícios ônus da prova quanto à hipossuficiência, cabendo, neste sentido, à
entre 5% (cinco por cento) e 15% (quinze por cento) sobre o valor parte adversa infirmar, mediante prova idônea, a presunção da
nestes termos: No caso dos autos, a promovida não apresentou qualquer substrato
"Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão probatório de suas alegações, razão por que merece ser mantida a
devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% sentença vergastada, que declarou a presunção de hipossuficiência
(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o da parte autora e lhe concedeu os benefícios da Justiça Gratuita.
obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado Requer a reclamada que haja manifestação sobre a declaração de
da causa. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) inconstitucionalidade manejada pelo juízo "a quo" concernente a
§ 1o Os honorários são devidos também nas ações contra a inconstitucionalidade do §7º, do artigo 879; da CLT, e do § 1°, do
Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida ou artigo 39, da Lei N° 8.177/91, mantendo-a ou reformando-a, visto
substituída pelo sindicato de sua categoria. (Incluído pela Lei nº que existe matéria constitucional que merece a devida apreciação
§ 2o Ao fixar os honorários, o juízo observará: (Incluído pela Lei nº Federal), evitando-se julgamentos conflitantes em primeiro grau e
I - o grau de zelo do profissional; (Incluído pela Lei nº 13.467, de A sentença atacada declarou a inconstitucionalidade do §7º, do art.
2017) 879, da CLT e do § 1º, do art. 39, da Lei nº 8.177/91, para afastar a
II - o lugar de prestação do serviço; (Incluído pela Lei nº 13.467, de aplicação da Taxa Referencial (TR) e adotar como índice de
III - a natureza e a importância da causa; (Incluído pela Lei nº Assiste razão parcial à recorrente.
13.467, de 2017) Quanto à matéria da correção monetária, nos autos da ADI nº 4357,
o Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade da julgamento das ADIs 4.357, 4.372, 4.400 e 4.425. 2. Ainda na
expressão "índice oficial de remuneração básica da caderneta de mesma ocasião, determinou esta Colenda Corte a modulação dos
poupança" prevista no art. 100, §12º, da CRFB, afastando, assim, a efeitos da decisão, a fim de que os créditos trabalhistas alvos de
aplicação da Taxa Referencial - TR, o que culminou com a execuções judicias fossem corrigidos pelo IPCA-E a contar de 30 de
inconstitucionalidade por arrastamento do art. 1º-F da Lei nº 9.494, junho de 2009 (data posteriormente retificada para 25.3.2015, por
com a redação dada pelo art. 5º da Lei nº 11.960, de 29/06/2009. ocasião do exame de embargos de declaração), observada, porém,
Em decorrência da referida decisão do STF, o Pleno do TST, ao a preservação das situações jurídicas consolidadas resultantes dos
apreciar a Arguição de Inconstitucionalidade nº 479- pagamentos efetuados nos pro- cessos judiciais, em andamento ou
60.2011.5.04.0231, suscitada pelo Min. Cláudio Mascarenhas extintos, em virtude dos quais foi adimplida e extinta a obrigação,
Brandão, por sua vez, declarou a inconstitucionalidade por ainda que parcialmente, sobretudo em decorrência da proteção ao
arrastamento da expressão "equivalente à TRD" presente no art. 39, ato jurídico perfeito (artigos 5º, XXXVI, da Constituição e 6º da Lei
caput, da Lei nº 8.177/91 e acabou dando interpretação conforme a de Introdução ao Direito Brasileiro - LIDB). 3. Em face da relevância
Constituição ao restante da norma e definiu como índice de da matéria e de seus expressivos impactos econômicos, a
atualização monetária dos créditos trabalhistas na Justiça do Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) apresentou ao Excelso
Trabalho o Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA- Supremo Tribunal Federal a Reclamação Constitucional nº 22012,
E) a partir de 30.06.2009, quando entrou em vigor a Lei nº distribuída ao Ministro Dias Toffoli, sobrevindo decisão deferitória de
11.960/2009, que acrescentou o art. 1º-F à Lei nº 9.494/1997, o qual liminar, "para suspender os efeitos da decisão reclamada e da
foi declarado inconstitucional pelo STF. "tabela única" editada pelo CSJT em atenção a ordem nela contida,
O entendimento acerca da aplicação do IPCA-E encontrava-se sem prejuízo do regular trâmite da Ação Trabalhista nº 0000479-
suspenso em face do deferimento, pelo STF, de liminar nos autos 60.2011.5.04.0231, inclusive prazos recursais". 4. Nada obstante,
da Reclamação nº 22.012/RS. Contudo, não mais subsiste a seguindo a jurisprudência consagrada no âmbito da própria
suspensão da decisão do TST conferida liminarmente pelo STF nos Suprema Corte, a Segunda Turma do STF julgou improcedente a
autos da Reclamação 22.012/RS, pois foi julgada improcedente no Reclamação Constitucional nº 22012. Desse modo, viabilizada a
dia 5/12/2017, prevalecendo, desse modo, o julgado do Pleno do retomada dos debates voltados à adoção de critério adequado para
TST no julgamento do processo ArgInc-479-60.2011.5.04.0231, correção dos débitos trabalhistas, deve prevalecer a compreensão
sendo mantida a aplicação do índice oficial de remuneração básica desta Corte, no sentido de que a aplicação do Índice de Preços ao
da caderneta de poupança (TRD) para os débitos trabalhistas Consumidor Amplo Especial (IPCA-E), em detrimento da Taxa
devidos até o dia 24/3/2015, e, após, a partir do dia 25/3/2015, a Referencial Diária (TRD), permite a justa e adequada atualização de
correção deve ser realizada pelo Índice de Preços ao Consumidor débitos trabalhistas, não se cogitando de desrespeito ao julgamento
Amplo Especial (IPCA-E). lavrado nas Ações Diretas de Inconstitucionalidade 4.357 e 4.425.
Esse, ademais, tem sido o entendimento já adotado pela 5. À luz dessas considerações, impõe-se a adoção do IPCA-E para
jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, conforme as a atualização dos créditos trabalhistas, não apenas sob a
"RECURSOS DE REVISTA DO BANCO DO BRASIL S.A. e DA trabalhistas, mas como medida de estímulo efetivo ao cumprimento
CAIXA DE PREVIDÊNCIA DOS FUNCIONÁRIOS DO BANCO DO dos direitos sociais por parte de devedores recalcitrantes, que se
BRASIL - PREVI. REGIDOS PELA LEI 13.015/2014. FASE DE valem da Justiça do Trabalho, lamentavelmente, para postergar
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. MATÉRIA COMUM. indefinidamente suas obrigações. No caso, aplicado pelo Tribunal
CORREÇÃO MONETÁRIA DOS CRÉDITOS TRABALHISTAS. Regional o IPCA-E para a atualização dos débitos trabalhistas,
INCONSTITUCIONALIDADE DO ARTIGO 39 DA LEI 8.177/91. inviável a admissibilidade das revistas. Recursos de revista não
SUSPENSÃO DOS EFEITOS DA DECISÃO. ÍNDICE APLICÁVEL. conhecidos." (TST, Processo: RR - 70-55.2011.5.04.0661 Data de
IPCA-E. 1. Esta Colenda Corte, em julgamento plenário realizado no Julgamento: 06/12/2017, Relator Ministro: Douglas Alencar
dia 04.08.2015, examinou a Arguição de Inconstitucionalidade Rodrigues, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 15/12/2017).
suscitada pela Egrégia 7ª Turma deste Tribunal, nos autos do AIRR- "RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº
arrastamento do artigo 39 da Lei 8.177/91, elegendo como TRABALHISTA. TAXA REFERENCIAL (TR).
fundamento a "ratio decidendi" exposta pela Excelsa Corte, no INCONSTITUCIONALIDADE. PRECEDENTE DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL. ADOÇÃO DO ÍNDICE DE PREÇOS AO entre o autor e a reclamada no período de 13/08/2013 a 02/11/2015,
CONSUMIDOR AMPLO ESPECIAL (IPCA-E). 1. Ao concluir o extinguindo sem resolução de mérito os pleitos autorias referente a
julgamento do RE nº 870.947/SE (Relator: Min. LUIZ FUX), em que este interstício, visto que o reclamante se encontrava na condição
se discutia a aplicação de juros de mora e correção monetária nos de preso no regime semi-aberto, regido pelo art. 28, § 2º, da Lei Nº
casos de condenação impostas ao Poder Público, o Tribunal Pleno 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) e, por conseguinte, afastar as
do Supremo Tribunal Federal, por maioria, decidiu afastar a condenações decorrentes do reconhecimento de vínculo de
utilização da Taxa Referencial (TR) como índice de atualização dos emprego no período clandestino de 13/08/2013 a 02/11/2015,
débitos judiciais da Fazenda Pública, mesmo em período anterior à inclusive excluir da condenação o item "a" do dispositivo da
expedição de precatório, e adotar o Índice de Preços ao sentença, bem como a retificação da anotação da data de admissão
Consumidor Amplo Especial (IPCA-E). 2. O Tribunal Pleno deste do obreiro em sua CTPS, o pagamento de horas extras, RSR, aviso
Tribunal Superior, nos autos do Proc. ArgInc 479- prévio, FGTS e demais verbas trabalhistas referente a este período.
60.2011.5.04.0231, declarou a inconstitucionalidade da expressão No mérito, dar-lhe parcial provimento para reduzir a condenação em
"equivalentes à TRD", contida no "caput" do artigo 39 da Lei n° horas extras e RSR para o período de 03.11.2015 (data de
8.177/91, e, adotando a técnica de interpretação conforme a admissão do obreiro em sua CTPS) a 14/10/2017 (data da rescisão
Constituição Federal para o texto remanescente do dispositivo indireta do contrato de trabalho), porém, mantém-se a quantidade
impugnado, fixou a variação do Índice de Preços ao Consumidor de 68 horas e 28min a título de horas extras, a serem pagas
Amplo Especial (IPCA-E) como fator de correção a ser utilizado na acrescidas de adicional de 50% mensalmente e 40h horas
tabela de atualização monetária dos débitos trabalhistas na Justiça laboradas aos domingos a serem pagas com adicional de 100%,
do Trabalho. 3. Ao julgar os Embargos de Declaração interpostos tudo com reflexo em aviso prévio, férias + 1/3, 13º salário e FGTS
naqueles autos, esta Corte Superior fixou novos parâmetros para a (8%+40%) e reflexo em RSR. Ademais, determinar que na correção
modulação dos efeitos da decisão, definindo o dia 25/3/2015 como monetária dos créditos trabalhistas devidos ao reclamante seja
o marco inicial para a aplicação da variação do Índice de Preços ao aplicado o índice oficial de remuneração básica da caderneta de
Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) como fator de atualização, de poupança (TRD) para os créditos trabalhistas devidos ao autor até o
modo que deve ser mantida a aplicação do índice oficial de dia 24/3/2015, e, a partir do dia 25/3/2015, a correção deve ser
remuneração básica da caderneta de poupança (TRD) para os realizada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial
débitos trabalhistas devidos até o dia 24/3/2015, e, a partir do dia (IPCA-E). Custas pela reclamada no valor de R$ 1.000,00 (um mil
25/3/2015, a correção deve ser realizada pelo Índice de Preços ao reais) calculadas sobre o valor arbitrado de R$ 50.000,00 (cinquenta
para os débitos trabalhistas devidos até o dia 24/3/2015, e, a partir ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2.ª TURMA DO
do dia 25/3/2015, a correção deve ser realizada pelo Índice de TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7.ª REGIÃO, por
Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) nos termos da unanimidade, conhecer do recurso ordinário, para, preliminarmente,
CONCLUSÃO DO VOTO aberto, regido pelo art. 28, § 2º, da Lei Nº 7.210/1984 (Lei de
Ante o exposto, voto pelo conhecimento do recurso ordinário, para, clandestino de 13/08/2013 a 02/11/2015, inclusive excluir da
preliminarmente, declarar de ofício a incompetência material da condenação o item "a" do dispositivo da sentença, bem como a
Justiça do Trabalho para apreciar a suposta relação de trabalho retificação da anotação da data de admissão do obreiro em sua
demais verbas trabalhistas referente a este período. No mérito, por FORTALEZA/CE, 27 de fevereiro de 2020.
horas extras e RSR para o período de 03.11.2015 (data de ROMULO DE SOUSA FROTA
DA MULTA DO ART. 477, § 8º, DA CLT. RESCISÃO INDIRETA. julgou procedentes em parte os pedidos autorais, reconhecendo o
MULTA DEVIDA. A Jurisprudência do Tribunal Superior do vínculo de emprego desde 13/08/2013, devendo ser retificada a
Trabalho entende que a multa do art. 477, § 8º, da CLT, é devida data de admissão do reclamante, bem como reconheceu a rescisão
quando houver reconhecimento em juízo da rescisão indireta do indireta do contrato de trabalho, com extinção do contrato do
contrato de trabalho, visto que a mora salarial ocorreu por culpa da trabalho em 25/11/2017 (já projetados os 42 dias do aviso prévio
empregadora. Sentença mantida neste item. proporcional), e a condenando ao pagamento (nos limites do
NÃO PROVIDO. No caso, entende-se que deve ser mantido o 13/08/2013 a 02/11/2015: diferença de salário em relação ao salário
percentual dos honorários advocatícios sucumbenciais devidos pela mínimo, considerando os salários recebidos de R$300,00, no ano
reclamada de 15% (quinze por cento) incidentes sobre o valor da de 2013, passando a R$400,00, a partir de 2014, férias+1/3, 13º
condenação a ser apurado em liquidação, uma vez que a presente salário, FGTS (8%); b) pagamento de aviso prévio de 42 dias; c)
causa exigiu grau de zelo do profissional, bem como considerando o multa de 40% do FGTS e liberação do FGTS depositado por alvará;
trabalho realizado pelo patrono do obreiro e o tempo despendido na d) multa do art. 477, §8º, da CLT; e) referente a todo o contrato de
lide. Sentença confirmada neste ponto. trabalho (13/08/2013 a 14/10/2017) de 68 horas e 28min, a serem
DA JUSTIÇA GRATUITA. DEFERIMENTO. O §3º do art. 98, do pagas acrescidas de adicional de 50% mensalmente e 40h horas
CPC/2015 estabeleceu a inversão do ônus da prova quanto à laboradas aos domingos a serem pagas com adicional de 100%,
hipossuficiência, cabendo, neste sentido, à parte adversa infirmar, tudo com reflexo em aviso prévio, férias + 1/3, 13º salário e FGTS
autora. No caso dos autos, a promovida não apresentou qualquer Em suas razões recursais (ID. ddc15e9), a reclamada alega que o
substrato probatório de suas alegações, razão por que merece ser reclamante não demonstrou satisfatoriamente que teve relação de
reconhecida a presunção da hipossuficiência da obreira. Sentença emprego com a empresa reclamada, no período do dia 01/02/213
mantida neste ponto. ao dia 02/11/2015, consequentemente não demonstrou ter laborado
ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA PARA ATUALIZAÇÃO em horas extras e não demonstrou não ter tido direito ao Descanso
DOS CRÉDITOS TRABALHISTAS DO OBREIRO NA JUSTIÇA Semana Remunerado - DSR, visto que o autor se encontrava preso
TST. TRD X IPCA-E. A liminar concedida na RCL 22012, que Outrossim, aduz a recorrente que se analisando a peça
suspendia os efeitos da decisão do Tribunal Pleno do TST para contestatória da reclamada (ID d5b026c) e os documentos
aplicação do índice IPCA-E foi revogada pela 2ª Turma do E. anexados pela mesma, constata-se que a reclamada negou
Supremo Tribunal Federal. Nessa linha, a teor da Jurisprudência do qualquer tipo de vínculo trabalhista com o reclamante no período de
Tribunal Superior do Trabalho, a correção monetária dos créditos 01/02/2013 a 02/11/2015, portanto, recai sobre o obreiro o ônus de
trabalhistas deve ser realizada mediante a aplicação do índice demonstrar a existência de liame empregatício com a demandada
oficial de remuneração básica da caderneta de poupança (TRD) no período negado. Nesse sentido, a prova testemunhal produzida
para os créditos trabalhistas devidos ao obreiro até o dia 24/3/2015, pelo obreiro na audiência de instrução (ID 1429ee1) se apresentou
e, a partir do dia 25/3/2015, a correção deve ser realizada pelo frágil, inconsistente e contraditória, em razão das testemunhas não
Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) nos haverem presenciado o labor diário do reclamante em prol da
termos modulação temporal aplicada pela Jurisprudência do TST. empresa reclamada (não eventual), e tampouco soube informar
Sentença reformada parcialmente neste item. quem o contratou, quem pagava o seu salário, como era a forma de
RECURSO CONHECIDO E DADO PROVIMENTO PARCIAL. pagamento do salário (onerosidade), quem dava as ordens
Trata-se de recurso ordinário (ID. ddc15e9) interposto pela (artigo 818, da Consolidação das Leis do Trabalho c/c 373, inciso I,
reclamada, CWM COELHO DE ALENCAR, inconformada com a do novo Código de Processo Civil), ônus do qual não se
sentença da MM.° Vara do Trabalho de Iguatu, (ID. 389cd70), que desincumbiu. Em face da ausência de apontamentos de diferenças,
improcede o pedido de pagamento das horas extras com seus reclamante não poderia ser seu empregado nesse período, visto
reflexos e improcedente o DSR. que se encontrava na condição de preso sujeito ao regime semi-
na contestação nos ID's 39308c2, 70402a2, d833561, 3a629ca, O termo de audiência da Justiça Comum (ID. ee8d594 - Pág. 1)
914feff, eb84dca, 4b9e086, bdb5035, 6015790, b28295f, e614d04, comprova que o obreiro encontrava-se na condição de preso no
67cb712, ec994a0, c5efe07, c1764d5, 8465bde, 5c41e17, portanto, regime semi-aberto a partir de 12.08.2013, fato não contestado pelo
não ter tido direito ao Descanso Semana Remunerado - DSR. Além disso, o art. 28, § 2º, da Lei Nº 7.210/1984, estabelece que o
Além disso, requer a recorrente que seja afastada a multa do art. preso não está submetido ao regime celetista, nestes termos:
477, § 8º, da CLT; que seja redimensionada a condenação em "Art. 28. O trabalho do condenado, como dever social e condição de
Honorários Advocatícios do percentual de 15% (quinze por cento) dignidade humana, terá finalidade educativa e produtiva.
sobre o valor que resultar da liquidação da sentença para 5% (cinco § 1º Aplicam-se à organização e aos métodos de trabalho as
por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, precauções relativas à segurança e à higiene.
visto que desproporcional e irrazoável; seja afastada a concessão § 2º O trabalho do preso não está sujeito ao regime da
declaração de inconstitucionalidade declarado pelo juízo "a quo" Ademais, a Jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho
concernente a inconstitucionalidade do §7º; do artigo 879; da entende que o preso em regime semi-aberto não é regido pela CLT,
consolidação das leis do trabalho e do § 1°; do artigo 39, da lei n°.: não podendo haver reconhecimento de vínculo de emprego, nos
8.177/91, mantendo-a ou reformando-a, posto que existe matéria termos do art. 28, § 2º, da Lei Nº 7.210/1984, bem como entende
constitucional que merece a devida apreciação pelo tribunal e que não é da competência material da Justiça do
eventual tribunal constitucional (Supremo Tribunal Federal), Trabalhoprocessar e julgar pedidos decorrentes do trabalho
evitando-se julgamentos conflitantes em primeiro grau e respeitando realizado pelo presidiário no cumprimento da pena, conforme se
Contrarrazões ao recurso ordinário não foram apresentadas pelo "I. AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE
reclamante, conforme certidão de ID. 38E7dfa. REVISTA. REGIDO PELA LEI 13.015/2014. ACÓRDÃO REGIONAL
Dispensado parecer prévio do Ministério Público do Trabalho, nos NO QUAL DECLARADA A COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO
termos de norma interna deste Tribunal. TRABALHO PARA PROCESSAR E JULGAR AÇÕES QUE
Conheço do recurso ordinário porque presentes os pressupostos de AÇÕES PENAIS. RECORRIBILIDADE IMEDIATA. SÚMULA
PRELIMINAR DE OFÍCIO DA INCOMPETÊNCIA MATERIAL DA reformou a sentença para reconhecer a competência desta Justiça
JUSTIÇA DO TRABALHO REFERENTE AO TRABALHO COMO Especializada para processar e julgar o feito, determinando o
Compulsando-se os autos, percebe-se que parte da controvérsia se Justiça do Trabalho, as decisões interlocutórias são irrecorríveis de
cinge à apuração da existência ou não de vínculo empregatício imediato, admitindo-se o exame do merecimento correspondente
entre o reclamante e a reclamada, no período de 13/08/2013 a por ocasião do recurso cabível contra a decisão final proferida. No
Porém, alega a reclamada por meio da contestação que o processuais, a jurisprudência desta Corte flexibilizou o rigor da
dicção legal, passando a admitir recursos aviados contra acórdãos Penal (Lei nº 7.214/84). Ademais, o excelso Supremo Tribunal
regionais que resolvem, em caráter interlocutório, capítulos Federal, no julgamento da ADI 3684 MC, em 01/02/2007,
prejudiciais dos litígios e determinam o retorno dos autos à primeira reconheceu a incompetência da Justiça do Trabalho para processar
instância para continuação do julgamento. Essa exceção, no e julgar ações penais. Julgados desta Corte. Possível violação do
entanto, apenas é admissível nas situações em que a questão artigo 114, I, da CF. Agravo de instrumento provido. III. RECURSO
jurídica resolvida, em sede interlocutória, é objeto de pacificação DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI 13.015/2014.
mediante inscrição em Súmula ou Orientação Jurisprudencial deste JUSTIÇA DO TRABALHO. INCOMPETÊNCIA PARA PROCESSAR
Tribunal Superior do Trabalho. Ainda oportuno admitir essa E JULGAR AÇÕES QUE VERSAM SOBRE O LABOR REALIZADO
recorribilidade imediata nos casos em que contrariada a PELO PRESIDIÁRIO NO CUMPRIMENTO DA PENA. RELAÇÃO
jurisprudência pacífica e reiterada, fixada no sistema de direito JURÍDICA REGIDA PELA LEI Nº 7.214/84 (LEI DE EXECUÇÃO
jurisprudencial inaugurado pelo CPC de 2015 ou ainda quando PENAL). ADI-MC 3684/STF. 1. O Tribunal Regional reformou a
contrária a teses fixadas pelo STF no controle concentrado de sentença para reconhecer a competência desta Justiça
constitucionalidade, em súmulas vinculantes ou repercussão geral. Especializada para processar e julgar ações que versem acerca do
Nesses casos, não se justificaria, evidentemente, permitir a dilação trabalho realizado pelo presidiário durante o cumprimento da pena.
da marcha processual, com a prática - verdadeiramente inútil - de 2. A Lei 7.210/84 (Lei de Execução Penal - LEP), que trata sobre a
atos pelas partes e pelos órgãos judiciários, em clara afronta aos execução da pena do condenado e do internado e da sua
postulados da economia processual (CPC, artigo 125, II), razoável reintegração à sociedade, dispõe acerca do trabalho - interno ou
duração dos processos e eficiência (CF, artigos 5º, LXXVIII, e 37). externo -, realizado pelo presidiário, registrando que possui
3. No presente caso, discute-se a competência da Justiça do finalidade educativa, produtiva e de integração à sociedade. Prevê,
Trabalho para processar e julgar pedidos decorrentes do trabalho ainda, que, além de constituir direito e dever do preso, o trabalho
realizado pelo presidiário no cumprimento da pena. 4. Esta Corte integra a própria pena, estabelecendo, de forma criteriosa, questões
Superior, muito embora ainda não tenha editado verbete sumular ou relativas à remuneração, indenizações, jornada de trabalho,
jurisprudencial acerca do tema, tem firmado jurisprudência no segurança e higiene do ambiente laboral, dentre outras, e
sentido de ser esta Justiça Especializada incompetente para discorrendo, também, que ao trabalho do presidiário não se aplica a
processar e julgar feitos decorrentes do trabalho realizado por Consolidação das Leis do Trabalho. 3. De fato, toda relação
presidiários no cumprimento da pena, em razão de a relação estar estabelecida entre o presidiário e o Estado - estabelecimento
vinculada à Lei de Execução Penal (Lei nº 7.214/84). Ainda, o prisional ou empresa privada autorizada pelo Estado - está regida
excelso Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI 3684 MC, pela Lei de Execução Penal, ainda que decorra da prestação
em 01/02/2007, reconheceu a incompetência da Justiça do Trabalho laboral, não competindo a esta Justiça Especializada, portanto,
para processar e julgar ações penais. Nesse contexto, a despeito da processar e julgar feitos que versem acerca de pedidos relativos
natureza interlocutória do acórdão regional, o recurso de revista aos serviços prestados pelo apenado. 4. Aliás, o excelso Supremo
deve ser admitido de imediato, afastando-se a aplicação da Súmula Tribunal Federal, no julgamento da ADI 3684 MC, em 01/02/2007,
214/TST. Agravo provido. II. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM reconheceu a incompetência da Justiça do Trabalho para processar
RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI e julgar ações de natureza penal, firmando que "O disposto no
13.015/2014. JUSTIÇA DO TRABALHO. INCOMPETÊNCIA PARA artigo 114, incs. I, IV e IX, da Constituição da República, acrescidos
PROCESSAR E JULGAR AÇÕES QUE VERSAM SOBRE O pela Emenda Constitucional nº 45, não atribui à Justiça do Trabalho
LABOR REALIZADO PELO PRESIDIÁRIO NO CUMPRIMENTO DA competência para processar e julgar ações penais" (STF, ADI 3684
PENA. RELAÇÃO JURÍDICA REGIDA PELA LEI Nº 7.214/84 (LEI MC / DF, Tribunal Pleno, Relator Ministro Cezar Peluso, DJ
DE EXECUÇÃO PENAL). ADI-MC 3684/STF. O Tribunal Regional 03/08/2007). 5. Refoge, portanto, à competência da Justiça do
reformou a sentença para reconhecer a competência desta Justiça Trabalho processar e julgar as ações penais e, por conseguinte, as
Especializada para processar e julgar ações que versem acerca do questões alusivas aos efeitos da pena, dentre elas, os pedidos
trabalho realizado pelo presidiário no cumprimento da pena. Ocorre decorrentes do trabalho do presidiário, devidamente regulado pela
que esta Corte Superior tem firmado jurisprudência no sentido de Lei 7.210/84 (Lei de Execução Penal - LEP). Julgados desta Corte.
ser esta Justiça Especializada incompetente para processar e julgar Recurso de revista conhecido e provido". (TST - RR:
feitos decorrentes do trabalho realizado pelo preso no cumprimento 10091020115090010, Relator: Douglas Alencar Rodrigues, Data de
da pena, em razão de a relação ser regida pela Lei de Execução Julgamento: 07/08/2019, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT
"TRABALHO DO PRESO - RECONHECIMENTO DE VÍNCULO DE Justiça do Trabalho, as decisões interlocutórias são irrecorríveis de
EMPREGO - IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA - ART. 28 DA LEI DE imediato, admitindo-se o exame do merecimento correspondente
EXECUÇÃO PENAL. O pedido de reconhecimento de relação por ocasião do recurso cabível contra a decisão final proferida. No
empregatícia, em que o prestador de serviços é réu-preso, encontra entanto, por imposição dos princípios da celeridade e da economia
óbice intransponível na normatização legal em vigor. A Lei de processuais, a jurisprudência desta Corte flexibilizou o rigor da
Execução Penal (Lei nº 7.210/84), ao cuidar do trabalho do réu- dicção legal, passando a admitir recursos aviados contra acórdãos
preso e suas consequências jurídicas, deixa explicitado que não se regionais que resolvem, em caráter interlocutório, capítulos
sujeita à CLT e Legislação Complr (art. 28, § 2º), mas que objetiva, prejudiciais dos litígios e determinam o retorno dos autos à primeira
dentre outros, possibilitar sua recuperação, através de processo instância para continuação do julgamento. Essa exceção, no
socioeducativo e produtivo, para que possa ser reintegrado à entanto, apenas é admissível nas situações em que a questão
sociedade. Por isso mesmo, a contraprestação remuneratória pelo jurídica resolvida, em sede interlocutória, é objeto de pacificação
trabalho que executa não possui o significado técnico-jurídico de mediante inscrição em Súmula ou Orientação Jurisprudencial deste
salário, daí a impossibilidade de se reconhecer, em relação ao Tribunal Superior do Trabalho. Ainda oportuno admitir essa
tomador de seus serviços, um contrato de trabalho com suas recorribilidade imediata nos casos em que contrariada a
consequências trabalhistas. Finalmente, revela ressaltar que seu jurisprudência pacífica e reiterada, fixada no sistema de direito
direito ao trabalho não se altera pelo fato de ter obtido progressão jurisprudencial inaugurado pelo CPC de 2015 ou ainda quando
do regime para semiaberto ou aberto, porque a norma não faz contrária a teses fixadas pelo STF no controle concentrado de
qualquer distinção quanto a forma em que deve cumprir a pena. constitucionalidade, em súmulas vinculantes ou repercussão geral.
Recurso de revista conhecido e não provido. (TST - RR: Nesses casos, não se justificaria, evidentemente, permitir a dilação
909420105030051 90-94.2010.5.03.0051, Relator: Milton de Moura da marcha processual, com a prática - verdadeiramente inútil - de
França, Data de Julgamento: 11/05/2011, 4ª Turma, Data de atos pelas partes e pelos órgãos judiciários, em clara afronta aos
Publicação: DEJT 20/05/2011). postulados da economia processual (CPC, artigo 125, II), razoável
Outrossim, a Jurisprudência dos Tribunais Regionais do Trabalho duração dos processos e eficiência (CF, artigos 5º, LXXVIII, e 37).
tem se manifestado no mesmo sentido de que o preso em regime 3. No presente caso, discute-se a competência da Justiça do
semi-aberto não se encontra sujeito à CLT e, portanto, não há Trabalho para processar e julgar pedidos decorrentes do trabalho
vínculo emprego, bem como entende que não é da competência da realizado pelo presidiário no cumprimento da pena. 4. Esta Corte
Justiça do Trabalho processar e julgar pedidos decorrentes do Superior, muito embora ainda não tenha editado verbete sumular ou
trabalho realizado pelo presidiário no cumprimento da pena, nestes jurisprudencial acerca do tema, tem firmado jurisprudência no
"I. AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE processar e julgar feitos decorrentes do trabalho realizado por
REVISTA. REGIDO PELA LEI 13.015/2014. ACÓRDÃO REGIONAL presidiários no cumprimento da pena, em razão de a relação estar
NO QUAL DECLARADA A COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO vinculada à Lei de Execução Penal (Lei nº 7.214/84). Ainda, o
TRABALHO PARA PROCESSAR E JULGAR AÇÕES QUE excelso Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI 3684 MC,
VERSAM SOBRE O LABOR REALIZADO PELO PRESIDIÁRIO NO em 01/02/2007, reconheceu a incompetência da Justiça do Trabalho
CUMPRIMENTO DA PENA E DETERMINADO O RETORNO DOS para processar e julgar ações penais. Nesse contexto, a despeito da
AUTOS À VARA DE ORIGEM PARA EXAME DOS PEDIDOS natureza interlocutória do acórdão regional, o recurso de revista
DECORRENTES. DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. deve ser admitido de imediato, afastando-se a aplicação da Súmula
JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE EM SENTIDO DIVERSO. ADI- 214/TST. Agravo provido. II. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM
JUSTIÇA ESPECIALIZADA PARA PROCESSAR E JULGAR 13.015/2014. JUSTIÇA DO TRABALHO. INCOMPETÊNCIA PARA
AÇÕES PENAIS. RECORRIBILIDADE IMEDIATA. SÚMULA PROCESSAR E JULGAR AÇÕES QUE VERSAM SOBRE O
214/TST. NÃO APLICAÇÃO. 1. Caso em que o Tribunal Regional LABOR REALIZADO PELO PRESIDIÁRIO NO CUMPRIMENTO DA
reformou a sentença para reconhecer a competência desta Justiça PENA. RELAÇÃO JURÍDICA REGIDA PELA LEI Nº 7.214/84 (LEI
Especializada para processar e julgar o feito, determinando o DE EXECUÇÃO PENAL). ADI-MC 3684/STF. O Tribunal Regional
retorno dos autos à origem para apreciação dos pedidos reformou a sentença para reconhecer a competência desta Justiça
Especializada para processar e julgar ações que versem acerca do questões alusivas aos efeitos da pena, dentre elas, os pedidos
trabalho realizado pelo presidiário no cumprimento da pena. Ocorre decorrentes do trabalho do presidiário, devidamente regulado pela
que esta Corte Superior tem firmado jurisprudência no sentido de Lei 7.210/84 (Lei de Execução Penal - LEP). Julgados desta Corte.
ser esta Justiça Especializada incompetente para processar e julgar Recurso de revista conhecido e provido". (TST - RR:
feitos decorrentes do trabalho realizado pelo preso no cumprimento 10091020115090010, Relator: Douglas Alencar Rodrigues, Data de
da pena, em razão de a relação ser regida pela Lei de Execução Julgamento: 07/08/2019, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT
Federal, no julgamento da ADI 3684 MC, em 01/02/2007, RECURSO ORDINÁRIO - RELAÇÃO DE EMPREGO. Escapa da
reconheceu a incompetência da Justiça do Trabalho para processar relação de trabalho amparada pela CLT a prestação de serviços
e julgar ações penais. Julgados desta Corte. Possível violação do realizada em cumprimento de pena no regime semiaberto para
artigo 114, I, da CF. Agravo de instrumento provido. III. RECURSO prestar atividades sociolaborativas, nos termos da Lei de Execução
DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI 13.015/2014. Penal. Em casos tais, por expressa vedação legal, consoante
JUSTIÇA DO TRABALHO. INCOMPETÊNCIA PARA PROCESSAR dicção § 2º da citada lei, não há como se reconhecer o vínculo
E JULGAR AÇÕES QUE VERSAM SOBRE O LABOR REALIZADO empregatício, o que afasta a tese recursal em torno da presença
PELO PRESIDIÁRIO NO CUMPRIMENTO DA PENA. RELAÇÃO dos requisitos caracterizadores do vínculo empregatício. Recurso
JURÍDICA REGIDA PELA LEI Nº 7.214/84 (LEI DE EXECUÇÃO conhecido e improvido". (TRT-7 - RO: 00006795920145070011,
PENAL). ADI-MC 3684/STF. 1. O Tribunal Regional reformou a Relator: CLAUDIO SOARES PIRES, Data de Julgamento:
sentença para reconhecer a competência desta Justiça 22/08/2016, Data de Publicação: 22/08/2016)
Especializada para processar e julgar ações que versem acerca do "VÍNCULO DE EMPREGO - TRABALHO DE PRESO EM REGIME
trabalho realizado pelo presidiário durante o cumprimento da pena. SEMI-ABERTO. O trabalho do preso em regime semi-aberto, por
2. A Lei 7.210/84 (Lei de Execução Penal - LEP), que trata sobre a meio de entidade vinculada a Órgão de Execução Penal, tem
execução da pena do condenado e do internado e da sua caráter educativo e objetiva o seu reingresso no meio social, razão
reintegração à sociedade, dispõe acerca do trabalho - interno ou pela qual, nos termos do artigo 28, caput e § 2º, da Lei n.
externo -, realizado pelo presidiário, registrando que possui 7.210/1984, não há falar em vínculo de emprego. Recurso
finalidade educativa, produtiva e de integração à sociedade. Prevê, desprovido". (TRT-24 00001631920105240007, Relator: ANDRÉ
ainda, que, além de constituir direito e dever do preso, o trabalho LUÍS MORAES DE OLIVEIRA, 1ª TURMA, Data de Publicação:
segurança e higiene do ambiente laboral, dentre outras, e JUSTIÇA DO TRABALHO. TRABALHO DO APENADO. LEI DE
discorrendo, também, que ao trabalho do presidiário não se aplica a EXECUÇÃO PENAL. Ainda que o trabalho do presidiário se dê em
Consolidação das Leis do Trabalho. 3. De fato, toda relação benefício de empresa privada e esteja presente o caráter
estabelecida entre o presidiário e o Estado - estabelecimento econômico da prestação de serviços, prepondera o caráter
prisional ou empresa privada autorizada pelo Estado - está regida reabilitador e educativo, não estando inserido, portanto, no âmbito
pela Lei de Execução Penal, ainda que decorra da prestação de competência desta Justiça Especializada. Aplicação do art. 28, §
laboral, não competindo a esta Justiça Especializada, portanto, 2º, da Lei nº. 7.210/84". Recurso provido. (TRT-4 - RO:
processar e julgar feitos que versem acerca de pedidos relativos 00200493020185040702, Data de Julgamento: 19/07/2019, 9ª
Tribunal Federal, no julgamento da ADI 3684 MC, em 01/02/2007, No presente caso, a terceira testemunha do reclamante, Sr JOSE
reconheceu a incompetência da Justiça do Trabalho para processar MARIA ARAUJO DA SILVA, (ID. 1429ee1) afirmou que o
e julgar ações de natureza penal, firmando que "O disposto no reclamante passou a trabalhar a partir de 2013 como cozinheiro na
artigo 114, incs. I, IV e IX, da Constituição da República, acrescidos Cadeia Pública de Mombaça para remir sua pena, visto que a cada
pela Emenda Constitucional nº 45, não atribui à Justiça do Trabalho 3 dias diminuía um dia da pena, nestes termos:
competência para processar e julgar ações penais" (STF, ADI 3684 "Que nunca trabalhou para a reclamada, que trabalha na Cadeia
MC / DF, Tribunal Pleno, Relator Ministro Cezar Peluso, DJ Pública de Mombaça há 08 anos, como ajudante geral, sendo
03/08/2007). 5. Refoge, portanto, à competência da Justiça do servidor municipal; que cumpre jornada das 08:00 às 18:00, com
Trabalho processar e julgar as ações penais e, por conseguinte, as intervalo de 1 hora, trabalhando em escala de 3 dias seguidos e
folgando nos 3 dias seguintes, sendo que só trabalha durante o dia; MÉRITO
que o reclamante começou a trabalhar na cozinha da cadeia a partir DAS HORAS EXTRAS E DO DSR
de 2013, como cozinheiro, não se recordando a partir de que mês; Aduz a demandada que ante a validade dos cartões, cabia ao
que mesmo no regime fechado, o reclamante já trabalhava para a reclamante apontar as eventuais horas extras e a ausência do
reclamada como cozinheiro na cadeia por que ele estava na Descanso Semanal Remunerado - DSR que entendia serem
remição de pena, trabalhando 3 dias para reduzir 1 dia de pena; que devidas, uma vez que se trata de fato constitutivo de seu direito
a esposa do reclamante também trabalhava na cozinha, sendo que (artigo 818, da Consolidação das Leis do Trabalho c/c 373, inciso I,
ela entrou bem depois dele; que o reclamante e sua esposa do novo Código de Processo Civil), ônus do qual não se
trabalharam até 2017, não sabendo indicar o mês; que o reclamante desincumbiu. Em face da ausência de apontamentos de diferenças,
deixou de trabalhar por que foi afastado por problemas de saúde; improcede o pedido de pagamento das horas extras com seus
que depois disso, ele não voltou a trabalhar mais lá; que a esposa reflexos e improcedente o DSR.
do reclamante foi dispensada no mesmo dia do reclamante; que o Outrossim, aduz a recorrente que o reclamante não impugnou
reclamante recebia salário da empresa na época em que ele estava especificamente as frequências anexadas pela empresa reclamada
no regime fechado, embora não saiba precisar valor nem forma de na contestação nos ID's 39308c2, 70402a2, d833561, 3a629ca,
pagamento; que a esposa dele também recebia salário da empresa, 914feff, eb84dca, 4b9e086, bdb5035, 6015790, b28295f, e614d04,
mas também não sabe precisar valor nem forma de pagamento; que 67cb712, ec994a0, c5efe07, c1764d5, 8465bde, 5c41e17, portanto,
o reclamante e sua esposa cumpriam jornada das 06:00 às 18:00, é ônus do reclamante demonstrar ter laborado em horas extras e
com intervalo de 2 horas para almoço, domingo a domingo, sem não ter tido direito ao Descanso Semana Remunerado - DSR.
folga; que conhece o encarregado da empresa que passava lá (sr. Assiste-lhe razão em parte.
Márcio Gladson), umas 2 vezes por mês; que esse encarregado Ressalte-se que será apreciado a insurgência da reclamada quanto
dava ordens e instruções ao reclamante e à sua esposa, inclusive à condenação nas horas extras e no RSR a partir de 03.11.2015,
no período em que o reclamante estava no regime fechado; que não data de admissão anotada na CTPS do obreiro pela reclamada,
sabe informar a forma de pagamento do reclamante e sua esposa; visto que a partir desta data deixou a condição de preso e passou a
que ela era ajudante de cozinha; que ficou sabendo, mas não tem ser empregado da reclamada.
certeza, que o reclamante se apresentou para trabalhar mas voltou A terceira testemunha do reclamante, Sr. JOSÉ MARIA ARAÚJO
por que ainda estava incapaz por causa do problema de saúde; que DA SILVA, em audiência (ID. 1429Ee1), que laborou durante todo o
não presenciou esse fato; que mesmo nos seus dias de folga, período em que o obreiro trabalhou junto à reclamada, disse que a
costuma frequentar a cadeia por que mora perto de lá; que às vezes jornada de trabalho do reclamante era a seguinte:
nos dias de folga, é chamado para ir lá dar um apoio, o que ocorre "Que o reclamante e sua esposa cumpriam jornada das 06:00 às
de 1 a 2 vezes/semana, demorando cerca de 2 a 3 horas em cada 18:00, com intervalo de 2 horas para almoço, domingo a domingo,
Assim, conclui-se que o obreiro começou a trabalhar para auferir o Assim, entende-se que deve prevalecer o depoimento da terceira
benefício previsto na Lei de Execução Penal, para fins de redução testemunha, visto que foi a que laborou durante todo o período do
Desta forma, a teor do art. 64, § 1º, do CPC/2015, declara-se de válidas as folhas de ponto acostadas aos autos, visto que o
ofício a incompetência material da Justiça do Trabalho para apreciar reclamante era analfabeto e assinava a folha de frequência com o
a suposta relação de trabalho entre o autor e a reclamada no polegar, e poderia ser enganado facilmente por quem anotava os
encontrava na condição de preso no regime semi-aberto, regido Desta forma, entende-se com base do depoimento da terceira
pelo art. 28, § 2º, da Lei Nº 7.210/1984 (Lei de Execução Penal). testemunha do reclamante que a sua jornada de trabalho semanal
Ademais, afastam-se as condenações decorrentes do era das 06h às 18h, com intervalo de 2 horas para almoço, domingo
reconhecimento de vínculo de emprego no período clandestino a domingo, sem folga, isto é, laborava 10 (dez) horas por dia
sentença, bem como a retificação da anotação da data de admissão Portanto, confirma-se a sentença quanto à quantidade de horas
do obreiro em sua CTPS, o pagamento de horas extras, RSR, aviso extras, isto é, fazendo jus a 68 horas e 28min, a serem pagas
prévio, FGTS e demais verbas trabalhistas. acrescidas de adicional de 50% mensalmente e 40h horas
laboradas aos domingos a serem pagas com adicional de 100%, atraso no pagamento das verbas rescisórias (E-RR-67600-
tudo com reflexo em aviso prévio, férias + 1/3, 13º salário e FGTS 20.2005.5.03.0013, Ministro Renato de Lacerda Paiva, DEJT
(8%+40%) e reflexo em RSR. Porém, reduz-se o período da 10/8/2012). 2 - Tratando-se de reconhecimento de rescisão indireta
condenação para o interstício de 03.11.2015 (data de admissão do do contrato de trabalho, não há como se reconhecer a culpa da
obreiro em sua CTPS) a 14/10/2017 (data da rescisão indireta do empregada pela demora no recebimento das verbas rescisórias,
contrato de trabalho). razão pela qual é devido o pagamento da multa do art. 477, § 8º, da
Outrossim, a condenação em horas extras e RSR deverão incidir no CLT. 3 - Recurso de revista a que se dá provimento". (TST - RR:
período do afastamento da licença médica com recebimento de 79300-96.2009.5.01.0501, Relator: Kátia Magalhães Arruda, Data
auxílio-doença pelo INSS, visto que este benefício teria sido pago de Julgamento: 04/09/2013, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT
previdenciária sobre estas rubricas, fato que prejudicou o obreiro "RECURSO DE REVISTA (...) MULTA DOS ARTS. 467 e 477 DA
por culpa da reclamada. CLT. RESCISÃO INDIRETA. O fato de ter sido reconhecida em
DA MULTA DO ART. 477, DA CLT juízo a rescisão indireta do contrato de trabalho não obsta o
Requer a recorrente que seja afastada a multa do art. 477, § 8º, da deferimento das multas previstas nos arts. 467 e 477 § 8º da CLT,
CLT, tendo em vista a existência de controvérsias, inclusive sobre o mormente quando fica evidenciado que o contrato se resolveu em
vínculo de emprego e sobre a rescisão indireta no dia 13/10/2017, razão de inescusável mora salarial. Recurso de revista conhecido e
somente esclarecidas em juízo, o que não caracteriza a provido." (Processo: RR - 24700-65.2009.5.04.0203 Data de
inobservância do disposto no §6°, da Consolidação das Leis do Julgamento: 15/02/2012, Relator Ministro: Augusto César Leite de
Não lhe assiste razão. "RECURSO DE REVISTA. MULTA DO ART. 477, § 8º, DA CLT.
A Jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho entende que a RESCISÃO INDIRETA RECONHECIDA NA SENTENÇA. A multa
multa do art. 477, § 8º, da CLT, é devida quando houve do art. 477, § 8º, da CLT é cabível nos casos em que o empregador
reconhecimento em juízo da rescisão indireta do contrato de deixa de efetuar o correto pagamento das verbas rescisórias ao
trabalho. Nesse sentido, vejam-se os seguintes arestos do TST: empregado, ou seja, no prazo definido pelo § 6º do referido
"RECURSO DE REVISTA. MULTA DO ART. 477 DA CLT. dispositivo. Com o cancelamento da OJ 351 da SBDI-1 desta Corte,
RESCISÃO INDIRETA. O Tribunal Regional concluiu que a rescisão não mais subsiste o entendimento de que a fundada controvérsia ou
indireta reconhecida em juízo não enseja a aplicação da multa dúvida sobre as obrigações isentaria o empregador do pagamento
prevista no art. 477, § 8º, da CLT. No entanto, o fato gerador da da multa. Assim, ainda que reconhecida a rescisão indireta somente
referida multa é a inadimplência na quitação das verbas rescisórias, em juízo, cabível a sanção. Recurso de revista conhecido e não
pagamento, e não ao fato de haver controvérsia sobre a forma de Julgamento: 15/02/2012, Relator Ministro: Augusto César Leite de
extinção da relação de emprego, ou mesmo sobre a própria Carvalho, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 24/02/2012);
existência do vínculo. Assim, apenas se o empregado der causa à "RECURSO DE REVISTA. (...) RESCISÃO INDIRETA. MULTA DO
mora no pagamento das verbas rescisórias não será devida a ART. 477, § 8º, DA CLT. CABIMENTO. Cabe a multa do art. 477,
referida multa, o que não se verifica na hipótese. Recurso de revista CLT, caso a rescisão indireta diga respeito a reconhecimento de
conhecido e provido". (TST - RR: 7604720165110004, Relator: Dora ruptura precedente do contrato, por culpa empresarial - caso dos
Maria da Costa, Data de Julgamento: 26/06/2019, 8ª Turma, Data autos. Em tal situação, o atraso rescisório é manifesto. Recurso de
"RECURSO DE REVISTA. RECLAMANTE. MULTA DO ART. 477 68.2009.5.04.0203 Data de Julgamento: 08/02/2012, Relator
DA CLT. RESCISÃO INDIRETA. 1 - A multa do art. 477, § 8º, da Ministro: Mauricio Godinho Delgado, 6ª Turma, Data de Publicação:
26.2008.5.12.0035, Ministro Augusto César Leite de Carvalho, No presente caso, restou configurada a rescisão indireta do contrato
DEJT 24/8/2012), fundada em norma cogente que impõe dever à de trabalho por culpa da empregadora, visto que não permitiu o
empregadora, e não faculdade (E-RR-367-57.2010.5.03.0004, retorno do obreiro após o fim da licença-saúde custeada pelo INSS.
Ministro Augusto César Leite de Carvalho, DEJT 10/8/2012), Assim, é devida a multa do art. 477, § 8º, da CLT, visto que não
somente não é devida quando houver culpa do empregado pelo houve o pagamento das verbas rescisórias por culpa da reclamada.
Portanto, confirma-se a sentença quanto a este ponto. a insuficiência de recursos para o pagamento das custas do
Requer a recorrente que seja redimensionada a condenação em Não lhe assiste razão.
honorários advocatícios do percentual de 15% (quinze por cento) De acordo com o art. 99, § 3.º, do CPC/2015, a declaração de
sobre o valor que resultar da liquidação da sentença para 5% (cinco insuficiência é presumida no caso de pessoa física, nestes termos:
por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, "§ 3o Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida
O art. 791-A, da CLT, fixa o percentual de honorários advocatícios ônus da prova quanto à hipossuficiência, cabendo, neste sentido, à
entre 5% (cinco por cento) e 15% (quinze por cento) sobre o valor parte adversa infirmar, mediante prova idônea, a presunção da
nestes termos: No caso dos autos, a promovida não apresentou qualquer substrato
"Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão probatório de suas alegações, razão por que merece ser mantida a
devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% sentença vergastada, que declarou a presunção de hipossuficiência
(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o da parte autora e lhe concedeu os benefícios da Justiça Gratuita.
obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado Requer a reclamada que haja manifestação sobre a declaração de
da causa. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) inconstitucionalidade manejada pelo juízo "a quo" concernente a
§ 1o Os honorários são devidos também nas ações contra a inconstitucionalidade do §7º, do artigo 879; da CLT, e do § 1°, do
Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida ou artigo 39, da Lei N° 8.177/91, mantendo-a ou reformando-a, visto
substituída pelo sindicato de sua categoria. (Incluído pela Lei nº que existe matéria constitucional que merece a devida apreciação
§ 2o Ao fixar os honorários, o juízo observará: (Incluído pela Lei nº Federal), evitando-se julgamentos conflitantes em primeiro grau e
I - o grau de zelo do profissional; (Incluído pela Lei nº 13.467, de A sentença atacada declarou a inconstitucionalidade do §7º, do art.
2017) 879, da CLT e do § 1º, do art. 39, da Lei nº 8.177/91, para afastar a
II - o lugar de prestação do serviço; (Incluído pela Lei nº 13.467, de aplicação da Taxa Referencial (TR) e adotar como índice de
III - a natureza e a importância da causa; (Incluído pela Lei nº Assiste razão parcial à recorrente.
13.467, de 2017) Quanto à matéria da correção monetária, nos autos da ADI nº 4357,
IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o o Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade da
No caso, entende-se que deve ser mantido o percentual dos poupança" prevista no art. 100, §12º, da CRFB, afastando, assim, a
honorários advocatícios sucumbenciais devidos pela reclamada de aplicação da Taxa Referencial - TR, o que culminou com a
15% (quinze por cento) incidentes sobre o valor da condenação a inconstitucionalidade por arrastamento do art. 1º-F da Lei nº 9.494,
ser apurado em liquidação, uma vez que a presente causa exigiu com a redação dada pelo art. 5º da Lei nº 11.960, de 29/06/2009.
grau de zelo do profissional, bem como considerando o trabalho Em decorrência da referida decisão do STF, o Pleno do TST, ao
realizado pelo patrono do obreiro e o tempo despendido na lide. apreciar a Arguição de Inconstitucionalidade nº 479-
Sentença confirmada neste ponto. 60.2011.5.04.0231, suscitada pelo Min. Cláudio Mascarenhas
Pleiteia a recorrente que seja afastada a concessão da gratuidade arrastamento da expressão "equivalente à TRD" presente no art. 39,
da Justiça do obreiro, sob pena de malferimento ao texto expresso caput, da Lei nº 8.177/91 e acabou dando interpretação conforme a
do artigo 790, §§3° e 4°, da Consolidação das Leis do Trabalho - Constituição ao restante da norma e definiu como índice de
CLT, pois o reclamante/recorrido não comprovou que recebe salário atualização monetária dos créditos trabalhistas na Justiça do
igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos Trabalho o Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-
benefícios do Regime Geral de Previdência Social e não comprovou E) a partir de 30.06.2009, quando entrou em vigor a Lei nº
11.960/2009, que acrescentou o art. 1º-F à Lei nº 9.494/1997, o qual liminar, "para suspender os efeitos da decisão reclamada e da
foi declarado inconstitucional pelo STF. "tabela única" editada pelo CSJT em atenção a ordem nela contida,
O entendimento acerca da aplicação do IPCA-E encontrava-se sem prejuízo do regular trâmite da Ação Trabalhista nº 0000479-
suspenso em face do deferimento, pelo STF, de liminar nos autos 60.2011.5.04.0231, inclusive prazos recursais". 4. Nada obstante,
da Reclamação nº 22.012/RS. Contudo, não mais subsiste a seguindo a jurisprudência consagrada no âmbito da própria
suspensão da decisão do TST conferida liminarmente pelo STF nos Suprema Corte, a Segunda Turma do STF julgou improcedente a
autos da Reclamação 22.012/RS, pois foi julgada improcedente no Reclamação Constitucional nº 22012. Desse modo, viabilizada a
dia 5/12/2017, prevalecendo, desse modo, o julgado do Pleno do retomada dos debates voltados à adoção de critério adequado para
TST no julgamento do processo ArgInc-479-60.2011.5.04.0231, correção dos débitos trabalhistas, deve prevalecer a compreensão
sendo mantida a aplicação do índice oficial de remuneração básica desta Corte, no sentido de que a aplicação do Índice de Preços ao
da caderneta de poupança (TRD) para os débitos trabalhistas Consumidor Amplo Especial (IPCA-E), em detrimento da Taxa
devidos até o dia 24/3/2015, e, após, a partir do dia 25/3/2015, a Referencial Diária (TRD), permite a justa e adequada atualização de
correção deve ser realizada pelo Índice de Preços ao Consumidor débitos trabalhistas, não se cogitando de desrespeito ao julgamento
Amplo Especial (IPCA-E). lavrado nas Ações Diretas de Inconstitucionalidade 4.357 e 4.425.
Esse, ademais, tem sido o entendimento já adotado pela 5. À luz dessas considerações, impõe-se a adoção do IPCA-E para
jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, conforme as a atualização dos créditos trabalhistas, não apenas sob a
"RECURSOS DE REVISTA DO BANCO DO BRASIL S.A. e DA trabalhistas, mas como medida de estímulo efetivo ao cumprimento
CAIXA DE PREVIDÊNCIA DOS FUNCIONÁRIOS DO BANCO DO dos direitos sociais por parte de devedores recalcitrantes, que se
BRASIL - PREVI. REGIDOS PELA LEI 13.015/2014. FASE DE valem da Justiça do Trabalho, lamentavelmente, para postergar
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. MATÉRIA COMUM. indefinidamente suas obrigações. No caso, aplicado pelo Tribunal
CORREÇÃO MONETÁRIA DOS CRÉDITOS TRABALHISTAS. Regional o IPCA-E para a atualização dos débitos trabalhistas,
INCONSTITUCIONALIDADE DO ARTIGO 39 DA LEI 8.177/91. inviável a admissibilidade das revistas. Recursos de revista não
SUSPENSÃO DOS EFEITOS DA DECISÃO. ÍNDICE APLICÁVEL. conhecidos." (TST, Processo: RR - 70-55.2011.5.04.0661 Data de
IPCA-E. 1. Esta Colenda Corte, em julgamento plenário realizado no Julgamento: 06/12/2017, Relator Ministro: Douglas Alencar
dia 04.08.2015, examinou a Arguição de Inconstitucionalidade Rodrigues, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 15/12/2017).
suscitada pela Egrégia 7ª Turma deste Tribunal, nos autos do AIRR- "RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº
arrastamento do artigo 39 da Lei 8.177/91, elegendo como TRABALHISTA. TAXA REFERENCIAL (TR).
fundamento a "ratio decidendi" exposta pela Excelsa Corte, no INCONSTITUCIONALIDADE. PRECEDENTE DO SUPREMO
julgamento das ADIs 4.357, 4.372, 4.400 e 4.425. 2. Ainda na TRIBUNAL FEDERAL. ADOÇÃO DO ÍNDICE DE PREÇOS AO
mesma ocasião, determinou esta Colenda Corte a modulação dos CONSUMIDOR AMPLO ESPECIAL (IPCA-E). 1. Ao concluir o
efeitos da decisão, a fim de que os créditos trabalhistas alvos de julgamento do RE nº 870.947/SE (Relator: Min. LUIZ FUX), em que
execuções judicias fossem corrigidos pelo IPCA-E a contar de 30 de se discutia a aplicação de juros de mora e correção monetária nos
junho de 2009 (data posteriormente retificada para 25.3.2015, por casos de condenação impostas ao Poder Público, o Tribunal Pleno
ocasião do exame de embargos de declaração), observada, porém, do Supremo Tribunal Federal, por maioria, decidiu afastar a
a preservação das situações jurídicas consolidadas resultantes dos utilização da Taxa Referencial (TR) como índice de atualização dos
pagamentos efetuados nos pro- cessos judiciais, em andamento ou débitos judiciais da Fazenda Pública, mesmo em período anterior à
extintos, em virtude dos quais foi adimplida e extinta a obrigação, expedição de precatório, e adotar o Índice de Preços ao
ainda que parcialmente, sobretudo em decorrência da proteção ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E). 2. O Tribunal Pleno deste
ato jurídico perfeito (artigos 5º, XXXVI, da Constituição e 6º da Lei Tribunal Superior, nos autos do Proc. ArgInc 479-
de Introdução ao Direito Brasileiro - LIDB). 3. Em face da relevância 60.2011.5.04.0231, declarou a inconstitucionalidade da expressão
da matéria e de seus expressivos impactos econômicos, a "equivalentes à TRD", contida no "caput" do artigo 39 da Lei n°
Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) apresentou ao Excelso 8.177/91, e, adotando a técnica de interpretação conforme a
Supremo Tribunal Federal a Reclamação Constitucional nº 22012, Constituição Federal para o texto remanescente do dispositivo
distribuída ao Ministro Dias Toffoli, sobrevindo decisão deferitória de impugnado, fixou a variação do Índice de Preços ao Consumidor
Amplo Especial (IPCA-E) como fator de correção a ser utilizado na acrescidas de adicional de 50% mensalmente e 40h horas
tabela de atualização monetária dos débitos trabalhistas na Justiça laboradas aos domingos a serem pagas com adicional de 100%,
do Trabalho. 3. Ao julgar os Embargos de Declaração interpostos tudo com reflexo em aviso prévio, férias + 1/3, 13º salário e FGTS
naqueles autos, esta Corte Superior fixou novos parâmetros para a (8%+40%) e reflexo em RSR. Ademais, determinar que na correção
modulação dos efeitos da decisão, definindo o dia 25/3/2015 como monetária dos créditos trabalhistas devidos ao reclamante seja
o marco inicial para a aplicação da variação do Índice de Preços ao aplicado o índice oficial de remuneração básica da caderneta de
Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) como fator de atualização, de poupança (TRD) para os créditos trabalhistas devidos ao autor até o
modo que deve ser mantida a aplicação do índice oficial de dia 24/3/2015, e, a partir do dia 25/3/2015, a correção deve ser
remuneração básica da caderneta de poupança (TRD) para os realizada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial
débitos trabalhistas devidos até o dia 24/3/2015, e, a partir do dia (IPCA-E). Custas pela reclamada no valor de R$ 1.000,00 (um mil
25/3/2015, a correção deve ser realizada pelo Índice de Preços ao reais) calculadas sobre o valor arbitrado de R$ 50.000,00 (cinquenta
para os débitos trabalhistas devidos até o dia 24/3/2015, e, a partir ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2.ª TURMA DO
do dia 25/3/2015, a correção deve ser realizada pelo Índice de TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7.ª REGIÃO, por
Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) nos termos da unanimidade, conhecer do recurso ordinário, para, preliminarmente,
CONCLUSÃO DO VOTO aberto, regido pelo art. 28, § 2º, da Lei Nº 7.210/1984 (Lei de
Ante o exposto, voto pelo conhecimento do recurso ordinário, para, clandestino de 13/08/2013 a 02/11/2015, inclusive excluir da
preliminarmente, declarar de ofício a incompetência material da condenação o item "a" do dispositivo da sentença, bem como a
Justiça do Trabalho para apreciar a suposta relação de trabalho retificação da anotação da data de admissão do obreiro em sua
entre o autor e a reclamada no período de 13/08/2013 a 02/11/2015, CTPS, o pagamento de horas extras, RSR, aviso prévio, FGTS e
extinguindo sem resolução de mérito os pleitos autorias referente a demais verbas trabalhistas referente a este período. No mérito, por
este interstício, visto que o reclamante se encontrava na condição maioria, parcial provimento ao apelo, para reduzir a condenação em
de preso no regime semi-aberto, regido pelo art. 28, § 2º, da Lei Nº horas extras e RSR para o período de 03.11.2015 (data de
7.210/1984 (Lei de Execução Penal) e, por conseguinte, afastar as admissão do obreiro em sua CTPS) a 14/10/2017 (data da rescisão
condenações decorrentes do reconhecimento de vínculo de indireta do contrato de trabalho), porém, mantém-se a quantidade
emprego no período clandestino de 13/08/2013 a 02/11/2015, de 68 horas e 28min a título de horas extras, a serem pagas
inclusive excluir da condenação o item "a" do dispositivo da acrescidas de adicional de 50% mensalmente e 40h horas
sentença, bem como a retificação da anotação da data de admissão laboradas aos domingos a serem pagas com adicional de 100%,
do obreiro em sua CTPS, o pagamento de horas extras, RSR, aviso tudo com reflexo em aviso prévio, férias + 1/3, 13º salário e FGTS
prévio, FGTS e demais verbas trabalhistas referente a este período. (8%+40%) e reflexo em RSR. Ademais, determinar que na correção
No mérito, dar-lhe parcial provimento para reduzir a condenação em monetária dos créditos trabalhistas devidos ao reclamante seja
horas extras e RSR para o período de 03.11.2015 (data de aplicado o índice oficial de remuneração básica da caderneta de
admissão do obreiro em sua CTPS) a 14/10/2017 (data da rescisão poupança (TRD) para os créditos trabalhistas devidos ao autor até o
indireta do contrato de trabalho), porém, mantém-se a quantidade dia 24/3/2015, e, a partir do dia 25/3/2015, a correção deve ser
de 68 horas e 28min a título de horas extras, a serem pagas realizada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial
condenar, SOLIDARIAMENTE, as reclamadas DISTRIBUIDORA emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito.
HELGA COSMÉTICOS LTDA - ME; HELGA COSMÉTICOS LTDA Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam
- ME; HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME; ORIGINAL relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo
COMERCIO DE COSMÉTICOS LTDA - ME; MULTIPLA reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art.
COSMÉTICOS LTDA - EPP; J R COMERCIO DE COSMÉTICOS Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno
LTDA - ME; JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME; ERICA dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em
PONTES DE MENESES; ALENCARINE COSMÉTICOS conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine.
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS; CRX COMERCIO Adiante, requer o reconhecimento da inépcia do pedido relativo às
DE COSMÉTICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME; VRX COMERCIO parcelas de FGTS + 40%, a extinção do pleito sem resolução de
DE COSMÉTICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME; ROBERTO mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15, sob o
NENDZA - ME; HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de ingresso,
COSMÉTICOS LTDA - ME; AL PARTICIPACOES LTDA; inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso e de
ANDERSON LUID DOS SANTOS SEVERO - ME; MULT dispensa, realizou o pedido correspondente às parcelas de FGTS
DISTRIBUIDORA DE COSMÉTICOS LTDA; BRC - BRAZIL em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o saldo
ALENCAR MARTINS as seguintes parcelas: a.Saldo de salário (29 No mérito, defende a recorrente, em síntese, a inexistência de
dias); b. Aviso prévio (51 dias); com reflexos no 13º salário e férias; fusão e formação de grupo econômico com o GRUPO HELGA,
c. Férias simples 2016/2017 e proporcionais (8/12 avos), acrescidas sendo indevida a sua responsabilidade solidária pelos créditos
de 1/3 constitucional; d. 13º salário proporcional 2018 (3/12 avos); e. deferidos ao autor na presente reclamação trabalhista.
FGTS + 40%; f. Multa do art. 467 da CLT, incidente sobre os valores Argumenta, em que pese tenha havido, nas redes sociais, um
e parcelas rescisórias constantes no TRCT (ID. 7ad3499), bem anúncio de fusão entre os conglomerados Helga e Hanova, por
como sobre o FGTS não depositado e multa de 40% sobre todos os certo, tal reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão
valores devidos a título de FGTS ao longo da contratualidade; g. empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas
Multa do art. 477,§8º da CLT; h. Honorários advocatícios. regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos
A sentença fora complementada pelos aclaratórios de ID. 7081a1b, econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria,
com o fito de sanear a sentença embargada, determinando a mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que
compensação do valor de R$ 10.710,34, vez que a quantia foi possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses, o
recebida pela parte embargada, conforme comprovante de que, também, não retrata o caso dos autos.
transferência bancária de ID. 619A9a4. Esclarece, adiante, que há uma mera relação comercial, havendo
Aduz a recorrente, preliminarmente, que houve cerceamento de total independência entre as empresas do GRUPO HANOVA em
seu direito de defesa, ao argumento de que o juízo, ao adotar relação às componentes do GRUPO HELGA, sendo a recorrente,
integralmente a motivação da sentença proferido na reclamatória mera fornecedora de produtos para o conglomerado empresarial
trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu HELGA, sem haver contudo, qualquer integração de interesses
entendimento, por consequência, a partir das provas orais ali entre as empresas ou atuação conjunta.
consignadas, mas que, tais elementos probatórios não foram Por fim, requer a reforma da decisão de modo a afastar a
publicizadas à ora recorrente no presente feito, com vistas à inconstitucionalidade declarada de forma incidental do art. 791-A,
garantia do contraditório e da ampla defesa, verificando-se, pois, §4º, da CLT, haja vista inexistir afronta à Carga Magna, mormente
uma patente violação ao que dispõe o art. 312 do CPC/15. porque, nos ditames do art. 133 da Lei Maior, o advogado é
Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não indispensável à administração da justiça, e, caso esta Colenda
integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos, Turma entenda de modo diverso, que seja observada o art. 97 da
mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou CRFB/1988, o qual prevê a cláusula de reserva de plenário para a
cópia de uma transcrição parcial realizada no bojo de uma sentença Após devidamente notificada, a recorrida apresentou suas
proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou, contrarrazões, conforme documento de ID. 15ffc62.
naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova A matéria versada no presente recurso dispensa a obrigatoriedade
de parecer prévio da douta PRT (art. 109, do Regimento Interno)" Gonçalves Pita (ID. 984dd8d).
Acolhe-se o presente recurso, uma vez que preenchidos os emprestada, desde que observado o contraditório, conforme
Peço vênia para adotar os fundamentos do voto do Excelentíssimo outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado,
apreciação das preliminares, nos seguintes termos: Assim, havendo previsão legal para utilização da prova emprestada
EMPRESTADA - DO ALEGADO CERCEAMENTO DE DEFESA partes foram submetidas ao contraditório e, havendo identidade dos
Aduz a recorrente, preliminarmente, que houve cerceamento de seu fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de
integralmente a motivação da sentença proferida na reclamatória Quanto a alegativa de que as reportadas transcrições dos
trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu depoimentos carregam relatos fáticos que não integram as razões
entendimento, a partir das provas orais ali consignadas, mas que, da exordial, não merece acolhida, posto que a causa de pedir da
tais elementos probatórios não foram publicizadas à ora recorrente autora, no que se refere a responsabilidade solidária das acionadas,
no presente feito, com vistas à garantia do contraditório e da ampla trata justamente na alegada formação de grupo econômico entre as
defesa, verificando-se, pois, uma patente violação ao que dispõe o empresas, objeto da prova naqueles autos.
Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não Juízo a quo dizem respeito aos fatos relacionados pela autora, no
integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos, que pertine a alegada formação de grupo econômico entre as
mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou acionadas GRUPO HELGA (DISTR IBUIDORA HELGA
como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera COSMETICOS LTDA - ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME,
cópia de uma transcrição parcial realizada no bojo de uma sentença HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, ORIGINAL
proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou, COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA
naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - EPP, BELLA
emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito. COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS
Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA
relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS
reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art. COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX
Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e
dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em ROBERTO NENDZA - ME) e GRUPO HANOVA - HNV (HANOVA
conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine. INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, AL
de provas emprestadas, relativo aos depoimentos testemunhais dos LTDA), assim como referem-se as mesmas demandadas, sendo
processos 461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471- permitido sua valoração como se houvesse sido produzida
39.2018.5.07.0010 (ID. bae0442, ID. ed35241, ID. 5cd9c24, ID. diretamente nos autos examinados.
O Juízo, ao proferir a sentença, utilizou para o reconhecimento da utilizado a fundamentação da sentença, a qual considerou para
existência de Grupo Econômico entre as acionadas (Grupo Hanova- formação do convencimento da magistrada, depoimentos os quais
Helga) como prova emprestada, os fundamento os lançados na foram respeitados o contraditório quando produzida em processos
sentença prolatada nos autos do processo nº 0000471- judiciais, máxime,quando envolvendo a mesma empresa e quando
51.2018.5.07.0006, de lavra da magistrada Taciana Orlovicin os fatos guardam correlação com os da presente ação.
Nesse mesmo entendimento, colaciona-se a atual jurisprudência do sob o fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de
Tribunal Superior do Trabalho, in verbis: ingresso, inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso
IDENTIDADE FÁTICA. MESMAS RECLAMADAS. FGTS, em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o
NULIDADE PROCESSUAL NÃO CONFIGURADA. Esta Corte O processo trabalhista é regido pelo princípio da simplicidade das
admite a utilização da prova emprestada, desde que haja a formas, consagrado no art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta
identidade dos fatos considerados no documento emprestado e no uma breve exposição dos fatos para se considerar apta a exordial.
caso em julgamento, assim como ocorrido nesta hipótese, em que o Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal.
Regional registrou que"a prova emprestada foi produzida em § 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do
processo judicial que envolvia as mesmas rés da presente ação, Presidente da Junta, ou do juiz de direito a quem for dirigida, a
tendo sido observadas as formalidades estabelecidas em lei para a qualificação do reclamante e do reclamado, uma breve exposição
sua produção, bem como o princípio do contraditório. Segundo, dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura
porque os fatos a serem comprovados guardam correlação com os do reclamante ou de seu representante.
da presente ação. Terceiro, porque a referida prova emprestada foi § 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do
valorada pelo Juízo segundo o princípio do livre convencimento juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que
motivado, em conjunto com as demais provas dos autos". resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo, determinado e
Importante salientar também que a utilização de prova emprestada com indicação de seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou
não está condicionada à prévia anuência e concordância das de seu representante. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
partes. Assim, a mera alegação da reclamada de que não § 2º - Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em 2 (duas)
concordou com a utilização de prova emprestada não é suficiente vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no
para inviabilizar a sua utilização nestes autos. Precedentes. que couber, o disposto no parágrafo anterior.
Recurso de revista não conhecido" (TST, ARR - 3600- § 2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias
29.2010.5.12.0031 Data de Julgamento: 15/02/2017, Relator datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que
Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de couber, o disposto no § 1o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº
"B) RECURSO DE REVISTA. 1. NULIDADE DA SENTENÇA. § 3o Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo
CERCEAMENTO DE DEFESA. UTILIZAÇÃO DE PROVA serão julgados extintos sem resolução do mérito. (Incluído pela Lei
utilização de prova emprestada consubstanciada em certidão de Como se observa, a Lei n. 13.467/17 fez referência expressa aos
averiguação produzida em outros autos, no qual a reclamada figura requisitos da petição inicial trabalhista, dispondo no § 1º do art. 840
como parte, não configura cerceamento de defesa, ante a da CLT que o pedido deva "ser certo, determinado e com indicação
observância do contraditório e da ampla defesa. Com efeito, esta No caso, em relação ao pedido de pagamento do FGTS e multa
Corte tem se posicionado no sentido de ser possível a utilização da rescisória, o reclamante fez pedido certo, determinado e com
prova emprestada, não sendo imprescindível a anuência da parte indicação do valores pois da sua causa de pedir, entende-se
adversa. Recurso de revista não conhecido" (TST, RR - 940- logicamente que o autor fora demitido sem justa causa e sem
27.2013.5.18.0181 Data de Julgamento: 09/11/2016, Relatora recebimento de suas verbas rescisórias, fato este, incontroverso
Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT nos autos.
INÉPCIA DA INICIAL sendo demitida sem justa causa em 29/03/2018; que o último
Requer o Recorrente, o reconhecimento da inépcia do pedido salário percebido foi de R$ 3.200,00 (três mil e duzentos reais); que
relativo às parcelas de FGTS + 40%, e a extinção do pleito sem quando de sua demissão não recebeu qualquer valor, assim como
resolução de mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15, não fora liberado Seguro Desemprego e FGTS, motivo pelo qual
pleiteia a liberação dos mesmos em sede de tutela antecipada; que LTDA - ME, AL PARTICIPAÇÕES LTDA, ANDERSON LUID DOS
o FGTS se encontra depositado apenas de forma parcial, apenas o SANTOS SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE
valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais). COSMETICOS LTDA), à época todas dirigidas pelos sócios
Em seguida, requereu que, Tendo em vista os argumentos jurídicos Anderson Luid Santos Severo e Aline Cristina Silva Souza Severo.
apresentados, ajuíza-se a presente Reclamação Trabalhista no Sustenta que, a partir de julho de 2017, independentemente do
intuito de serem satisfeitos todos os direitos da reclamante, quais cumprimento das obrigações legais para efetivação da fusão, qual
sejam: Saldo Salário, Aviso Prévio de 51 dias, 13º salário e férias seja a extinção das pessoas jurídicas da empresa incorporada com
sobre aviso prévio, FGTS sobre rescisão, 13º salário proporcional o surgimento de uma nova, tal fusão de fato ocorreu e todos os
3/12 de 2018, férias simples 2016/2017 e proporcionais 2017/2018 empregados passaram à subordinação do Grupo Hanova-Helga, o
todas acrescidas do terço constitucional, FGTS e multa de 40%. qual configura grupo econômico por coordenação, impondo a
Em relação ao rol dos pedidos, o autor requereu a condenação da responsabilização solidária entre as empresas do grupo. Entende
reclamada ao pagamento das verbas rescisórias, incluindo FGTS E que a fusão entre as empresas com a criação, em outubro de 2017,
Em decorrência do princípio da simplicidade, que norteia o processo eram sócios o filho dos sócios do Grupo Helga e a mãe do sócio do
trabalhista, o qual não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de Grupo Hanova), teria como única finalidade ocultar os sócios de fato
2017, a petição inicial ora em análise preencheu os requisitos do da nova empresa e ainda o de conseguir nova linha de crédito na
art. 840 , da CLT, a qual, frise-se, não dificultou a defesa das praça. Postula, caso não se conclua pela existência de grupo
A sentença reconheceu o grupo econômico entre as empresas da marca mista "Helga" por cinco anos, sem jamais exercer
demandadas, consoante os seguintes fundamentos: qualquer gerência direta, pois o Sr. José Alencar Sales Júnior
"Diante da identidade da matéria (fática e jurídica), adoto continuou a exercer a direção, gerência e coordenação das
integralmente os fundamentos lançados na brilhante sentença empresas. Por essa razão, pretende a responsabilização solidária
prolatada nos autos da 0000471-51.2018.5.07.0006, de lavra da da ré BRC BRAZIL COSMÉTICOS LTDA, uma vez identificada a
magistrada Taciana Orlovicin Gonçalves Pita, acerca da fraude ocorrida e a evidente direção do efetivo sócio do Grupo
'Afirma a parte reclamante que as empresas que compõem o antigo Em suas contestações, as rés negam a formação de grupo
GRUPO HELGA (DISTRIBUIDORA HELGA COSMETICOS LTDA - econômico entre as empresas do Grupo Helga e Hanova As
ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES reclamadas DISTRIBUIDORA HELGA COSMETICOS LTDA - ME,
& CIA LTDA - ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS HELGA COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES & CIA
LTDA - ME, MULTIPLA COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - LTDA - ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME,
EPP, BELLA COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE MULTIPLA COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - EPP,
COSMETICOS LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, BELLACOSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE
ERICA PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS COSMETICOS LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME,
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX ERICA PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX
ROBERTO NENDZA - ME) são dirigidas e coordenadas pelos COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME,
sócios José Alencar Sales Júnior e Érica Pontes de Meneses. Alega ROBERTO NENDZA - ME (1ª a 13ª reclamadas), não refutam o
que, em meados de 2017, os sócios do Grupo Helga iniciaram grupo econômico entre si, tendo contestado a formação de grupo
negociações para fusão com o Grupo Hanova (HNV), fusão de com as empresas do Grupo HANOVA (14ª a 16ª reclamadas), com
empresas esta que foi oficialmente tornada pública em julho de a MULT DISTRIBUIDORA (17ª reclamada) e com a BCR (18ª
2017, expondo o rol de empresas que compõem o Grupo Hanova - reclamada), alegando que o grupo HANOVA tem como objeto social
HNV (HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS a produção de produtos de beleza, e que inexiste hierarquia e/ou
coordenação entre as empresas. Sustenta que a BCR está sob a Grupo Helga com aquelas do Grupo Hanova (HNV), com
égide da Lei 11.101//05, tendo comprado o direito de utilização da fundamento na expansão e aquisições realizadas pelo grupo
marca "Helga" por cinco anos. HANOVA, podendo se perceber que nas fotos, aparece o diretor do
As reclamadas HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE grupo HANOVA, o qual veste camisa com o nome HELGA NOVO
COSMETICOS LTDA - ME e ANDERSON LUID DOS SANTOS TEMPO e ainda uma figura que demonstra a junção de duas peças
SEVERO - ME reconhecem o grupo entre si e negam a formação de de quebra-cabeça nas quais constam os nomes dos dois grupos
grupo com as demais reclamadas, noticiando que são fornecedoras HANOVA e HELGA. Em que pese não haver alterações nas
de produtos à rede varejista, sendo uma das principais, o grupo estruturas das empresas formadoras dos grupos, resta claro que
HELGA, não tendo havido a fusão alegada, apenas relação houve uma intensa comunhão de interesses
fornecedor-cliente. Informam, ainda, que os fundos de comércio de econômicos/profissionais entre as empresas formadoras dos dois
empresas do Grupo Helga foram alienados por seus sócios- grupos. De acordo com a Lei 13.467/2017 são requisitos para a
proprietários da Helga para a empresa DX GROUP configuração do grupo econômico: a demonstração do interesse
PARTICIPAÇÕES E INVESTIMENTOS LTDA, que, por sua vez, integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta
não possuiria qualquer ligação com o Grupo Hanova, tratando-se de das empresas integrantes. A inexistência de uma hierarquia entre
empresa de investimentos de proveniente São Paulo. as empresas não descaracteriza o grupo econômico, se há a
A demandada AL PARTICIPACOES LTDA nega a formação de demonstração de que entre as empresas ocorre clara atuação
grupo econômico com quaisquer das demais empresas. conjunta, em linha de coordenação e comunhão de interesses, o
alega que nunca existiu de fato e nega a formação de grupo Ademais, a primeira testemunha laboral afirmou em seu
A ré BRC - BRAZIL COSMETICS LTDA informa que comprou os "(...) que havia comentários dentro da empresa de que ocorreu uma
direitos de uso da marca HELGA, não estando a reclamante sob fusão entre as empresas Helga e Hanova; que o gerente do
suas ordens, refutando a formação de grupo econômico com depoente comentou que ocorreria a fusão e que o depoente
quaisquer das demais empresas reclamadas e pleiteia que, em continuaria a prestar serviços para as duas empresas; que o
caso de condenação, seja de forma subsidiária. depoente já chegou, mesmo prestando serviços para a Helga,
Pois bem. prestar serviços para a Hanova, tais como rotulagem de produtos,
Inicialmente, declaro a responsabilidade solidária das empresas embalagem de mercadorias e fazendo entregas; que depois dos
DISTRIBUIDORA HELGA COSMETICOS LTDA - ME, HELGA comentários da fusão, o depoente também começou a receber
COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ordens do Sr. Paulo, empregado da Hanova, responsável pela
MULTIPLA COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - EPP, BELLA Ainda, a segunda testemunha da autora noticiou:
COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS "que trabalhou para Helga de 01/02/2010 a 14/04/2018 na função
LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA de estoquista; que trabalhou com a reclamante; que o gerente,
PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS Sr.Evandro comentou com o depoente que havia sido feita uma
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX sociedade entre a Helga e a Hanova; que, após o comentário, o
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX depoente também começo a prestar serviços para a Hanova
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, abastecendo e descarregando as mercadorias da empresa Hanova
ROBERTO NENDZA - ME (1ª a 13ª reclamadas), nos termos do § nas seções das lojas Helga, limpando as mercadorias; que o
2º do art. 2º da CLT, as quais reconheceram a formação de grupo depoente não recebia ordens de nenhum empregado da Hanova;
econômico entre si, encontrando-se, dentre estas, a empregadora. que as lojas Helga também vendiam produtos de outras indústrias e
Quanto ao grupo econômico alegado em relação aos grupos não só da empresa Hanova; que, em relação às mercadorias das
HELGA e HANOVA, a autora juntou aos autos várias fotografias outras indústrias, o abastecimento e o descarregamento de
com os Srs. Anderson Luid Dos Santos Severo, José Alencar Sales mercadorias eram feitos por empregados destas indústrias; que a
Junior, Aline Cristina Silva Souza Severo e Érica Pontes de reclamante vendia produtos da indústria Hanova bem como de
Meneses, sócios das empresa Hanova e Helga, divulgadas em meio outras indústrias."
digital em julho de 2017, anunciando a fusão entre as empresas do Saliente-se que o fato de terem sido alienados fundos de comércio
de empresas do Grupo Helga para a empresa DX GROUP afastar a formação do grupo econômico com HNV INDÚSTRIA E
PARTICIPAÇÕES E INVESTIMENTOS LTDA não afeta a presente COMÉRCIO DE COSMÉTICOS LTDA e ANDERSON LUID DOS
demanda, pois apenas houve a alienação parcial das quotas SANTOS SEVERO - ME.
empresariais de somente algumas das empresas do Grupo. Sendo assim, reconheço que a empresa AL PARTICIPAÇÕES
Insta destacar, também, que a alegação da reclamada ANDERSON LTDA pertence ao grupo econômico HANOVA, o qual restou
LUID DOS SANTOS SEVERO ME de que a relação havida entre os condenada solidariamente, aplicando a esta a mesma
apontados conglomerados empresariais era de apenas fornecedor- responsabilidade, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da CLT.
cliente não se sustenta, ressaltando que a mensagem eletrônica e a No que tange à reclamada MULT DISTRIBUIDORA DE
confissão de dívida datam de período anterior à "fusão" noticiada, o COSMETICOS LTDA, observa-se efetivamente formalizada em
que só veio a ocorrer em julho de 2017. 24/10/2017 pouco tempo após a fusão dos grupos HELGA e
Diante do exposto, reconheço a existência de grupo econômico por HANOVA, com atuação na vendas de produtos de higiene, tendo
coordenação entre todas as empresas dos Grupos HELGA e como sócios os Srs. Matheus Pontes Sales e Maria de Fátima dos
HANOVA, as quais declaro responsáveis solidárias pelas verbas Santos Severo, os quais são, respectivamente, o filho dos titulares
decorrentes da condenação, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da do Grupo Helga e a mãe de um dos proprietários do Grupo Hanova
CLT. (Anderson Luid dos Santos Severo), fato não contestado em defesa.
No que concerne à reclamada AL PARTICIPAÇÕES LTDA, verifica- Sendo assim, tenho que a empresa MULT DISTRIBUIDORA DE
se que na defesa das empresas formadoras do GRUPO HELGA COSMETICOS LTDA também participa dos Grupos Helga e
restou afirmado que as empresas HANOVA INDUSTRIA E Hanova, utilizando-se da mesma estrutura empresarial para a
COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, ANDERSON LUID consecução de seus objetivos financeiros, diante do que, resta
DOS SANTOS SEVERO - ME e AL PARTICIPACOES LTDA condenada solidariamente, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da
constituição da reclamada AL PARTICIPAÇÕES LTDA demonstra Por fim, quanto à ré BRC BRAZIL COSMETICS COMÉRCIO
que essa empresa tem como sócios os Srs. Anderson Liud dos VAREJISTA DE COSMÉTICOS EIRELI, verifica-se que ela
Santos Severo e Aline Cristina Silva Souza Severo, os quais se apresentou defesa através do mesmo escritório que a empregadora,
fizeram presentes ao evento em que foi anunciada a "fusão" entre na qual passou a repetir as mesmas alegações já apresentadas
os grupos empresariais, conforme fotografias anexadas aos autos. pelas 1ª a 13ª Reclamadas, além disso, observa-se que no
Ainda, o endereço eletrônico da AL PARTICIPAÇÕES LTDA comprovante de inscrição cadastral (CNPJ) consta endereço
Ademais, a Sra. Aline Cristina Silva Souza Severo é também sócia Ademais, apresentou carta de preposição que revelou
da empresa HNV INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE COSMÉTICOS representação através do mesmo preposto que a empregadora,
LTDA, cujo endereço eletrônico é razão pela qual, deve ser solidariamente responsável pelos créditos
"anderson@hanovacosméticos.com.br", conquanto o Sr. Anderson oriundos da presente demanda, nos moldes dos arts. 2º, § 2º, e 9º
Liud dos Santos Severo não faça parte do corpo societário dessa da CLT."
empresa. O Sr. Anderson Liud dos Santos Severo atua, ainda, Pontue-se, por oportuno, que as atas de audiência em nada
como empresário individual da ANDERSON LUID DOS SANTOS corroboram com a tese da demandada, uma vez que se verifica,
SEVERO ME. Por fim, saliento que as empresas HNV INDÚSTRIA com extrema facilidade, que a testemunha da reclamada, Sr.
LTDA, ANDERSON LUID DOS SANTOS SEVERO - ME e MULT processos, busca, sem nenhum sucesso, sustentar os termos da
fizeram representar pelo mesmo preposto, o Sr. Luiz Gustavo Ademais, por mais que tenha declarado que "que na metade do
Santana Severo, neste feiro e nos processos nº0000470- segundo semestre de 2017 houve uma reunião da Helga com a
61.2018.5.07.0010, cujos termos de audiência foram anexados aos afirmou, posteriormente, que "soube que foi feita uma postagem
presentes autos. no instagram da Helga onde foi usado o termo fusão com a
diverso das empresas do grupo HANOVA não é suficiente para Por outro lado, as testemunhas Francisca Edinusia Alves de Sousa
e Maria Irlane Silva Santos outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua
Desiderio, apresentadas pelas partes autoras, nas referidas atas de autonomia, integrem grupo econômico, serão responsáveis
audiências, possuem depoimentos uníssonos no que tange à solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de
empregados são uníssonas ("que no final de julho/2017 foram Nesta esteira, o delineamento do que se convencionou chamar
convocadas para uma reunião no hotel meridional no centro da grupo econômico, pela dicção da Consolidação das Leis do
cidade onde foi comunicada por Alencar Junior, Erica Pontes e Trabalho, importa na evidência da integração dos
Aline Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas de empreendimentos, de forma a vincular, direta ou indiretamente, as
que tudo iria mudar com a chegada de novos produtos, mas na empresas.
pratica tudo continuou do mesmo jeito, pois continuou Este aspecto restou caracterizado nos autos, sendo certo que se
chegando produtos da marca própria da Helga (lavi) e da Helga, verificam elementos suficientes para que seja corroborada a
os quais tinham prioridade para serem vendidos" - depoimento conclusão da sentença recorrida.
de Maria Irlane Silva Santos Desiderio) e ("que houve uma Como bem destacado pela sentença, restou demonstrada nos autos
reunião num domingo de julho/2017 onde foi comunicada a a ampla divulgação realizada nas redes sociais, em julho de 2017,
fusão da Hanova com a Helga Cosmeticos onde foram acerca da fusão das empresas do Grupo Helga com aquelas do
apresentados os novos patrões como sendo: Aline Severo e Grupo Hanova. Eis os dizeres da publicação (V. ID 0d53e9e - Pág.
seu esposo Anderson ambos donos da Hanova; que a a partir 2): "Temos o orgulho de anunciar que começou um novo tempo. O
daí a prioridade era para vender os produtos da Hanova e Lavi" Grupo HNV detentor de várias marcas como a Hanova, em um
- depoimento de Francisca Edinusia Alves de Sousa)." processo de expansão e aquisições, realizou a fusão com o Grupo
A empresa recorrente manifesta no presente recurso ordinário o seu Helga Cosméticos. Tudo isso para que os nossos clientes possam
inconformismo, alegando, em síntese: "que a fusão e o grupo ter sempre à disposição o melhor atendimento, os melhores
econômico ostentam características diametralmente opostas"; "em produtos e a melhor experiência. Transformando para melhor, o seu
que pese tenha havido, nas redes sociais, um anúncio de fusão visual e a sua vida. #HelgaNovoTempo #Hanova #GrupoHNV
entre os conglomerados Helga e Hanova, por certo, tal #GrupoHelga #Beleza #Cabelos". Com a devida vênia da parte
reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão recorrente, este aspecto é relevante para a caracterização do grupo
empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas econômico sob investigação, demonstrando a plena possibilidade
regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos de que as marcas de cada um dos grupos estejam sob a
econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria, coordenação de um único conglomerado, o que afasta a tese
mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que recursal a respeito da estranheza de haver empresas concorrentes
"que a sentença de origem, em nenhum momento, cuidou de Além disso, vigora no Direito do Trabalho o princípio da primazia da
demonstrar a integração de interesses entre as empresas, a realidade, de modo a ser imprescindível destacar a prevalência dos
atuação conjunta, tampouco a comunhão de interesses, mas fatos da relação de emprego sobre os aspectos formais. Dessa
apenas limitou-se a discorrer, de forma bastante confusa, sobre forma, ainda que não ultimada, ao menos formalmente, com as
"fusão", sendo esta manifestante inexistente no caso vertente"; "que devidas baixas das pessoas jurídicas, a fusão mencionada nas
os depoimentos coligidos aos autos sob a rubrica de prova redes sociais, não há se desconhecer que houve a junção das
emprestada fulminam a pretensão autoral, quer pelo viés da fusão, empresas, que passaram a atuar integradas a um único grupo.
seja sob a óptica de agrupamento empresarial." Igualmente, salvo melhor juízo, os depoimentos das testemunhas
Não se vê nas razões recursais, com a devida vênia da parte não afastam o reconhecimento do grupo econômico. Ao revés,
recorrente, fundamentos que infirmem convincentemente as confirmam a fusão entre as empresas. Destaca-se, a este respeito,
conclusões do juízo de primeiro grau, razão pela qual se há perfilhar o depoimento da primeira testemunha da parte reclamante, Sra.
com os motivos da decisão vergastada, ora endossados e Maria Irlane Silva Santos Desiderio, ouvida no processo nº 0000470
integrantes das presentes razões de decidir. -54.2018.5.07.0010 (Ata de audiência de ID 5cd9c24 - Pág. 4),
Consoante o § 2º do art. 2º da CLT, "sempre que uma ou mais trazido por empréstimo ao conjunto probatório pelas próprias
empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica reclamadas, revelador de "(...) que no final de julho/2017 foram
própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de convocadas para uma reunião no hotel meridional no centro da
cidade onde foi comunicada por Alencar Junior, Erica Pontes e Aline jurídicas típicas do Direito Econômico ou Direito Comercial
Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas de que tudo (holdings, consórcios, pools etc.). Não se exige, sequer, a prova
iria mudar com a chegada de novos produtos, mas na pratica tudo de sua formal institucionalização cartorial: pode-se acolher a
continuou do mesmo jeito, pois continuou chegando produtos da existência do grupo desde que surjam evidências probatórias
marca propria da Helga (lavi) e da Helga, os quais tinham prioridade de que estão presentes os elementos de integração inter-
para serem vendidos, e das outras marcas continuaram escassos". empresarial (abrangência subjetiva e nexo relacional) de que
Veja-se que a fusão foi comunicada aos empregados em reunião, fala a CLT (art. 2º, § 2º)" (Processo 00409002020085010025, TRT
constatação que reforça a ideia do grupo econômico, referindo-se a 1ª Região - 8ª Turma, Relatora Desembargadora Dalva Amélia de
depoente a tudo ter "continuado do mesmo jeito" ao modus Oliveira, Publicado em 30/06/2014)(destaquei).
operandi das vendas dos produtos e não à ausência de formação NEGA-SE PROVIMENTO.
marcas apresentavam seus produtos e realizavam treinamentos, Por unanimidade, conhecer do recurso ordinário para, rejeitar as
mas que com a Hanova o processo foi diferente, pois, além de ter preliminares suscitadas e, no mérito, por maioria, negar-lhe
mercadorias para serem vendidas nas lojas Helga, o que ocorreu DISPOSITIVO
com outros fornecedores em face das dívidas da empregadora ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2.ª TURMA DO TRIBUNAL
Não se olvida o depoimento da testemunha convidada pelas conhecer do recurso ordinário para, rejeitar as preliminares
reclamadas, Sr. Emanuel Rodrigues de Albuquerque, ouvida nos suscitadas e, no mérito, por maioria, negar-lhe provimento. Vencido
processos (461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471- o Desembargador Relator, que dava provimento ao apelo, para
39.2018.5.07.0010) trazidos por empréstimo ao conjunto probatório, excluir da condenação a responsabilidade solidária da reclamada
cujas declarações transparecem a ideia de demonstrar ter havido HNV INDÚSTRIA E COSMÉTICOS LTDA. Redigirá o acórdão o
apenas uma relação comercial, mas não uma fusão, entre as Desembargador Cláudio Soares Pires, com a integração do voto
demais elementos probatórios dos autos, não há de prevalecer o Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
quadro traçado pelo depoente, sendo de se destacar que ele próprio Francisco José Gomes da Silva (Presidente e Relator), Cláudio
admite não ter participado da reunião ocorrida em julho de 2017 (V. Soares Pires e Paulo Régis Machado Botelho. Presente ainda o(a)
ID's 5cd9c24 - Pág. 6 e 8eb6395 - Pág. 6), na qual fora anunciada a Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
fusão aos trabalhadores. de férias o Exmo. Sr. Desembargador Jefferson Quesado Junior.
Cumpre ressaltar, ainda, porquanto oportuno, que a estreita relação Fortaleza, 14 de outubro de 2019.
comercial entre as empresas dos grupos empresariais, consoante INTEGRA O PRESENTE ACÓRDÃO O VOTO VENCIDO DO EXMº
se denota pelas notas ficais de vendas de mercadorias anexadas DESEMBARGADOR FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA, in
econômico, mas, em verdade, a reforça, evidenciando além da EMENTA: PROVA EMPRESTADA. PREVISÃO LEGAL.
complementaridade entre os objetos sociais das empresas CONTRADITÓRIO OBSERVADO. O novo CPC trouxe permissivo
contratantes, o interesse integrado, a comunhão de interesses e a expresso quanto à possibilidade de utilização da prova emprestada,
atuação conjunta das empresas dele integrantes. desde que observado o contraditório, conforme previsão no art. 372.
Destarte, o quadro encontrado no presente feito permite a Assim, havendo previsão legal para utilização da prova emprestada
conclusão de que a empresa ora recorrente integra grupo e, observando que no processo nº 0000471-51.2018.5.07.0006 as
econômico com as reclamadas do grupo Helga. Importa examinar a partes foram submetidas ao contraditório e, havendo identidade dos
presença de elementos objetivos capazes de demonstrar que as fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de
empresas estavam integradas no mesmo grupo. É o que se cerceamento de defesa. Preliminar rejeitada.
constatou à exaustão no presente feito. PETIÇÃO INICIAL. ART. 840, §1º DA CLT. O processo trabalhista
Por oportuno, colhe-se o seguinte precedente jurisprudencial: é regido pelo princípio da simplicidade das formas, consagrado no
"Grupo econômico. Relação inter-empresarial. O grupo econômico art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta uma breve exposição
para fins justrabalhistas não necessita se revestir das modalidades dos fatos para se considerar apta a exordial. Em decorrência do
princípio da simplicidade, que norteia o processo trabalhista, o qual processos 461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471-
não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de 2017, verifica-se que 39.2018.5.07.0010 (ID. bae0442, ID. ed35241, ID. 5cd9c24, ID.
EXISTÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO. ART. 2º, DA CLT. ÔNUS existência de Grupo Econômico entre as acionadas (Grupo Hanova-
DA PROVA. ART. 818, DA CLT C/C ART. 373, DO NCPC. Helga) como prova emprestada, os fundamento os lançados na
AUSÊNCIA DE PROVA. Não tendo a reclamante comprovado a sentença prolatada nos autos do processo nº 0000471-
existência do alegado grupo econômico Helga-Hanova, composto 51.2018.5.07.0006, de lavra da magistrada Taciana Orlovicin
de diversas empresas, reforma-se a sentença para afastar a Gonçalves Pita (ID. 984dd8d).
responsabilidade solidária pretendida pela autora. Nesse ponto, destaco, inicialmente, que o novo CPC trouxe
RECURSO CONHECIDO E DADO PROVIMENTO PARCIAL permissivo expresso quanto à possibilidade de utilização da prova
Acolhe-se o presente recurso, uma vez que preenchidos os Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em
EMPRESTADA - DO ALEGADO CERCEAMENTO DE DEFESA partes foram submetidas ao contraditório e, havendo identidade dos
Aduz a recorrente, preliminarmente, que houve cerceamento de seu fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de
integralmente a motivação da sentença proferida na reclamatória Quanto a alegativa de que as reportadas transcrições dos
trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu depoimentos carregam relatos fáticos que não integram as razões
entendimento, a partir das provas orais ali consignadas, mas que, da exordial, não merece acolhida, posto que a causa de pedir da
tais elementos probatórios não foram publicizadas à ora recorrente autora, no que se refere a responsabilidade solidária das acionadas,
no presente feito, com vistas à garantia do contraditório e da ampla trata justamente na alegada formação de grupo econômico entre as
defesa, verificando-se, pois, uma patente violação ao que dispõe o empresas, objeto da prova naqueles autos.
Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não Juízo a quo dizem respeito aos fatos relacionados pela autora, no
integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos, que pertine a alegada formação de grupo econômico entre as
mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou acionadas GRUPO HELGA (DISTR IBUIDORA HELGA
como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera COSMETICOS LTDA - ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME,
cópia de uma transcrição parcial realizada no bojo de uma sentença HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, ORIGINAL
proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou, COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA
naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - EPP, BELLA
emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito. COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS
Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA
relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS
reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art. COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX
Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e
dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em ROBERTO NENDZA - ME) e GRUPO HANOVA - HNV (HANOVA
conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine. INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, AL
de provas emprestadas, relativo aos depoimentos testemunhais dos LTDA), assim como referem-se as mesmas demandadas, sendo
permitido sua valoração como se houvesse sido produzida 27.2013.5.18.0181 Data de Julgamento: 09/11/2016, Relatora
diretamente nos autos examinados. Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT
foram respeitados o contraditório quando produzida em processos Requer o Recorrente, o reconhecimento da inépcia do pedido
judiciais, máxime,quando envolvendo a mesma empresa e quando relativo às parcelas de FGTS + 40%, e a extinção do pleito sem
os fatos guardam correlação com os da presente ação. resolução de mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15,
Nesse mesmo entendimento, colaciona-se a atual jurisprudência do sob o fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de
Tribunal Superior do Trabalho, in verbis: ingresso, inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso
IDENTIDADE FÁTICA. MESMAS RECLAMADAS. FGTS, em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o
NULIDADE PROCESSUAL NÃO CONFIGURADA. Esta Corte O processo trabalhista é regido pelo princípio da simplicidade das
admite a utilização da prova emprestada, desde que haja a formas, consagrado no art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta
identidade dos fatos considerados no documento emprestado e no uma breve exposição dos fatos para se considerar apta a exordial.
caso em julgamento, assim como ocorrido nesta hipótese, em que o Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal.
Regional registrou que"a prova emprestada foi produzida em § 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do
processo judicial que envolvia as mesmas rés da presente ação, Presidente da Junta, ou do juiz de direito a quem for dirigida, a
tendo sido observadas as formalidades estabelecidas em lei para a qualificação do reclamante e do reclamado, uma breve exposição
sua produção, bem como o princípio do contraditório. Segundo, dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura
porque os fatos a serem comprovados guardam correlação com os do reclamante ou de seu representante.
da presente ação. Terceiro, porque a referida prova emprestada foi § 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do
valorada pelo Juízo segundo o princípio do livre convencimento juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que
motivado, em conjunto com as demais provas dos autos". resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo, determinado e
Importante salientar também que a utilização de prova emprestada com indicação de seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou
não está condicionada à prévia anuência e concordância das de seu representante. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
partes. Assim, a mera alegação da reclamada de que não § 2º - Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em 2 (duas)
concordou com a utilização de prova emprestada não é suficiente vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no
para inviabilizar a sua utilização nestes autos. Precedentes. que couber, o disposto no parágrafo anterior.
Recurso de revista não conhecido" (TST, ARR - 3600- § 2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias
29.2010.5.12.0031 Data de Julgamento: 15/02/2017, Relator datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que
Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de couber, o disposto no § 1o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº
"B) RECURSO DE REVISTA. 1. NULIDADE DA SENTENÇA. § 3o Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo
CERCEAMENTO DE DEFESA. UTILIZAÇÃO DE PROVA serão julgados extintos sem resolução do mérito. (Incluído pela Lei
utilização de prova emprestada consubstanciada em certidão de Como se observa, a Lei n. 13.467/17 fez referência expressa aos
averiguação produzida em outros autos, no qual a reclamada figura requisitos da petição inicial trabalhista, dispondo no § 1º do art. 840
como parte, não configura cerceamento de defesa, ante a da CLT que o pedido deva "ser certo, determinado e com indicação
observância do contraditório e da ampla defesa. Com efeito, esta No caso, em relação ao pedido de pagamento do FGTS e multa
Corte tem se posicionado no sentido de ser possível a utilização da rescisória, o reclamante fez pedido certo, determinado e com
prova emprestada, não sendo imprescindível a anuência da parte indicação do valores pois da sua causa de pedir, entende-se
adversa. Recurso de revista não conhecido" (TST, RR - 940- logicamente que o autor fora demitido sem justa causa e sem
recebimento de suas verbas rescisórias, fato este, incontroverso indevida a sua responsabilidade solidária pelos créditos deferidos
Na narrativa dos fatos, o acionante afirmou que ingressou na Argumenta que, em que pese tenha havido, nas redes sociais, um
reclamada no dia 01/08/2010, para exercer a função de gerente, anúncio de fusão entre os conglomerados Helga e Hanova, por
sendo demitida sem justa causa em 29/03/2018; que o último certo, tal reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão
salário percebido foi de R$ 3.200,00 (três mil e duzentos reais); que empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas
quando de sua demissão não recebeu qualquer valor, assim como regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos
não fora liberado Seguro Desemprego e FGTS, motivo pelo qual econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria,
pleiteia a liberação dos mesmos em sede de tutela antecipada; que mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que
o FGTS se encontra depositado apenas de forma parcial, apenas o possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses, o
valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais). que, também, não retrata o caso dos autos.
Em seguida, requereu que, Tendo em vista os argumentos jurídicos Esclarece, adiante, que há uma mera relação comercial, havendo
apresentados, ajuíza-se a presente Reclamação Trabalhista no total independência entre as empresas do GRUPO HANOVA em
intuito de serem satisfeitos todos os direitos da reclamante, quais relação às componentes do GRUPO HELGA, sendo a recorrente,
sejam: Saldo Salário, Aviso Prévio de 51 dias, 13º salário e férias mera fornecedora de produtos para o conglomerado empresarial
sobre aviso prévio, FGTS sobre rescisão, 13º salário proporcional HELGA, sem haver contudo, qualquer integração de interesses
3/12 de 2018, férias simples 2016/2017 e proporcionais 2017/2018 entre as empresas ou atuação conjunta.
Em relação ao rol dos pedidos, o autor requereu a condenação da A lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017 que alterou a Consolidação
reclamada ao pagamento das verbas rescisórias, incluindo FGTS E das Leis do Trabalho (CLT) trouxe novos parâmetros para
Em decorrência do princípio da simplicidade, que norteia o processo A nova redação alterou o parágrafo 2º e acrescentou o parágrafo 3º
trabalhista, o qual não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de a este artigo, conforme transcrição seguinte:
2017, a petição inicial ora em análise preencheu os requisitos do Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva,
art. 840 , da CLT, a qual, frise-se, não dificultou a defesa das que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria
Na peça de ingresso, requer o reclamante que seja caracterizada a fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados.
condição da segunda (VRX COMÉRCIO COSMÉTICOS E § 2º Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada
BIJUTERIAS LTDA) e terceira reclamada (HANOVA uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a
COSMÉTICOS), de responsáveis solidárias pelos encargos direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando,
trabalhistas da primeira reclamada, HELGA COSMÉTICOS, em mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo
Afirma que a primeira, segunda e terceira reclamadas foram obrigações decorrentes da relação de emprego.
criadas, são dirigidas e controladas pelo pela Sra. Erica Pontes de § 3º Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de
Meneses, que não aparece no contrato social da terceira sócios, sendo necessárias, para a configuração do grupo, a
reclamada, HANOVA COSMÉTICOS, pois utilizou terceiro como demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de
complementares, visto todas possuírem o mesmo objeto social e A nova redação do art. 2º, além de manter a hipótese do grupo
finalidade, sendo patente a formação de grupo econômico entre econômico hierarquizado ou sob subordinação, introduz,
No mérito, defende a recorrente, em síntese, a inexistência de fusão sob coordenação, trazendo para o texto legal, o entendimento dos
e formação de grupo econômico com o GRUPO HELGA, sendo Tribunais Regionais do Trabalho e do TST quanto a configuração de
Com relação a este modelo de grupo econômico coordenado, a COSMETICOS LTDA- ME, tais como notas fiscais de vendas de
Desembargadora Dra. Vólia Bomfim Cassar, do TRT da 1ª Região, mercadorias, termo de confissão de dívida e e-mails em que se
em seu livro Direito do Trabalho, afirma que: evidencia a parceria comercial entre as empresas ( venda de
Os grupos econômicos por coordenação se apresentam quando mercadorias), ID. de4b07e, ID. 4c4a838.
houver reunião de interesses para execução de determinado Na audiência de instrução, as reclamadas requerem a juntada de
empreendimento, tendo ou não o mesmo controle ou administração provas emprestadas (processos nºs. 461-92.2018.5.07.0010, 470-
comum. Logo, os grupos por coordenação podem ter relação de 54.2018.5.07.0010 e 471-39.2018.5.07.0010, tendo a autora
controle entre si, numa linha horizontal e não vertical. Isto é, não concordado com a juntada dos referidos depoimentos.
haverá, no grupo horizontal, uma empresa controladora e outra(s) No termo de audiência relativo ao processo nº. 0000461-
controlada(s), uma líder (holding) e outras lideradas. Todas são 92.2018.5.07.0010, a testemunha da reclamante afirmou que:
interligadas entre si e, apesar de autônomas e independentes, estão Primeira testemunha arrolada pela parte Reclamante Sr(a).
interligadas pela ingerência, administração comum, como se Francisca Edinusia Alves de Sousa: " (...)"que trabalhou na
subordinadas umas às outras administrativamente. Por trás desta reclamada Helga Cosméticos de 01/06/2006 a 23/02/2018 na
administração comum pode estar um sócio ou alguns sócios ou função de vendedora; que o reclamante, depoente e todos os
pessoa física no controle.(CASSAR, 2017,p.429). funcionários foram demitidos sem pagamento de verbas rescisórias
Logo, o aproveitamento dos serviços prestados pelo trabalhador por e nem do salário do último mês; que depoente trabalhou até
sociedades empresárias que mantenham relação de coordenação 23/fevereiro/2018, não sabendo o ultimo dia labutado pelo
entre si, formando o grupo econômico trabalhista, serão todas, por reclamante; que recebia ordem direta dos gerentes Luxeles,
consequência, responsabilizadas pela contraprestação devida ao Rosângela, Francisca Cirlane, os quais eram gerentes da loja
obreiro, atraindo a incidência do § 2º do artigo 2º da CLT do shopping Central da Helga Nendza Sales .". ÀS PERGUNTAS
Estabeleceu, igualmente, que "não caracteriza grupo econômico a "que houve uma reunião num domingo de julho/2017 onde foi
mera identidade de sócios. Assim, o patrimônio de empresas que comunicada a fusão da Hanova com a Helga Cosmeticos onde
têm sócios comuns, porém com atuam em setores diversos, estarão foram apresentados os novos patrões como sendo: Aline
Portanto, a análise da existência ou não da formação de um grupo a partir daí a prioridade era para vender os produtos da Hanova
econômico, deve-se observar o princípio da primazia da realidade, e Lavi, mesmo tendo outras marcas, mas a Hanova e Lavi
para que cada caso seja analisado com suas peculiaridades, sendo deveriam estar em primeiro lugar nas vendas; que antes da
ônus do autor a prova de suas alegações ( art. 818, da CLT c/c art. reunião já vendiam todo tipo de produto e de varias marcas,
373, do NCPC). inclusive dos ora citados; que os proprietários da Helga e Hanova
No caso em análise, o autor fundamenta sua pretensão com base estavam presentes na reunião, sendo Erica PontesMenezes e
em notícias veiculadas nas redes sociais de possível fusão entre os Alencar Junior proprietários da Helga.". ÀS PERGUNTAS DO DO(A)
grupos Helga Cosméticos e HNV, assim como colaciona fotos em PATRONO(A) DO(A) PARTE RECLAMADA RESPONDEU: "que
que retrata parcerias entre as duas empresas, ID. 0d53e9e, sem, depois da reunião depoente continuou trabalhando na mesma
contudo, apresentar qualquer prova que indique ter realmente loja e o reclamante também, mas ambos trabalhavam em lojas
ocorrido a "FUSÃO" das empresas, ou qualquer relação de diferentes; que na reunião estavam os vendedores e gerentes;
coordenação entre elas. que a faixada das lojas continuaram iguais; que não houve
Ao revés, a acionada Hanova Indústria e Comércio de Cosméticos mudança da chefia após a reunião, mas a sua chefe Luxeles
Ltda colacionou aos autos documentos que demonstram a relação teve um problema de saúde e foi transferida para loja de
de vendas de mercadorias para as empresas integrantes do grupo Messejana, tendo ficado como gerente Rosangela; que Luxeles
Helga (CRX COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA e Rosangela eram gerentes da Helga; (...)." ( grifos nosso)
ME, ALENCARINE COSMETICOS COMERCIO VAREJISTA E Conforme se extrai do depoimento supra, não se trata o caso de "
TREINAMENTO EIREL, HELGA MEDZA SALES & CIA LTDA -ME, fusão" entre as empresas, tanto que a partir da reunião ocorrida em
ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA ME, VRX julho de 2017, nada foi alterado na estrutura organizacional da
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA ME, JOSE empresa, assim como layout das lojas, tratando-se, na verdade, de
um marketing e ações para incremento das vendas, através da 07/04/2018 porque as lojas fecharam, tendo a sra. Erica Pontes
fornecedora dos produtos, empresa HANOVA INDUSTRIA E (dona da Helga, esposa de Alencar Junior) comunicado a dispensa
COMERCIO DE COSMETICOS LTDA, fato este, confirmado pelos os quais eram chefes do depoente; (...) ; que a Helga vendia
depoimentos de reclamantes e testemunhas dos processos produtos de marca própria (Lavi), mas também da Hanova, Fatore,
utilizados como provas emprestadas nos autos, vejamos: Corpo Dourado e outros; que em julho/2017 houve a fusão da
Convocada a primeira testemunha arrolada pelas Reclamadas Hanova com a Helga, no que a prioridade passou a ser para vender
HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - produtos da Hanova e Lavi, mas ainda assim, a Helga continuou a
ME, AL PARTICIPACOES LTDA, ANDERSON LUID DOS vender produtos de outras marcas que já tinham estoque nas
SANTOS SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE lojas, e também continuou comprando produtos de outras
COSMETICOS LTDA, Sr(a). Emanuel Rodrigues de Albuquerque marcas para vender nas suas lojas; que as fachadas das lojas
(...): "que trabalha na Hanova desde março/2016 como gerente da Helga continuaram com o mesmo nome, após a fusão, e as
administrativo financeiro; ." ÀS PERGUNTAS DO(A) PATRONO(A) notas fiscais das vendas eram com o nome da Helga; que a
DO(A) PARTE RECLAMADA RESPONDEU: "que na metade do fusão da Helga e Hanova foi para o crescimento da Helga, mas
segundo semestre de 2017 houve uma reunião da Helga com a o dia a dia de trabalho continuou o mesmo de antes, porém
Hanova para uma parceria de fornecimento de produtos, pois a com a informação de que deveriam vender mais os produtos da
Hanova é uma industria; que o fornecimento dos produtos continuou Helga. ( grifos nosso)
da mesma forma, pois a Helga permaneceu como uma cliente Primeira testemunha arrolada pela parte Reclamante Sr(a).
norma; que a parceria teve o objetivo de aumentar o volume de Maria Irlane Silva Santos Desiderio: " (...) que no final de
vendas nas lojas e de fato aumentou, mas só no primeiro mês, julho/2017 foram convocadas para uma reunião no hotel meridional
pois logo em seguida a Helga entrou novamente em dificuldades no centro da cidade onde foi comunicada por Alencar Junior, Erica
financeiras e não conseguiu pagar os produtos que comprava, pois Pontes e Aline Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas
a divida já estava muito alta, de modo que a Helga não conseguia de que tudo iria mudar com a chegada de novos produtos, mas na
pagar nada na sua totalidade; que é uma prática comum serem pratica tudo continuou do mesmo jeito, pois continuou
feitas ações com as distribuidoras para estimular as vendas, e chegando produtos da marca propria da Helga (lavi) e da Helga,
os proprietários da Hanova comparecem pelo fato de que o os quais tinham prioridade para serem vendidos, e das outras
distribuidor Helga ser de grande porte, como também de outros marcas continuaram escassos; que sempre recebeu ordens
distribuidores; que na época da parceria a Helga já estava em das mesmas pessoas (Erica e Alencar), os quais pagavam o
débito com a Hanova; que a Hanova não colocou pessoas na salário da depoente; que todas as lojas da Helga fecharam; .".
lojas da Helga, muito menos assumiu o comando dessa; que a (...).( grifos nosso)
continuou a vendendo normalmente para as outras lojas, como No termo de audiência relativo ao processo nº. 0000471-
Cosbel, Anavi, Iap e outras; que não houve a fusão da Hanova com 39.2018.5.07.0010 a reclamante afirmou que:
a Helga; que havia procedimento de cobrança normal das vendas DEPOIMENTO PESSOAL DO RECLAMANTE MARIA CLEOMAR
dos produtos Hanova;." ÀS PERGUNTAS DO DO(A) PATRONO(A) FERREIRA DE SOUSA ALMEIDA: " (...) que depoente era gerente
DO(A) PARTE RECLAMANTE RESPONDEU: "que a reunião tem da loja Helga situada na Rua Floriano Peixoto 577, e trabalhou de
um caráter de marketing e não para apresentar fusão; que não 01/03/2003 até 14/04/2018: " (...)que as fachadas das lojas da
houve comunicação formal da fusão entre a Hanova e Helga, mas Helga continuaram com o mesmo nome, após a fusão, e as notas
depoente soube que foi feita uma postagem no instagram da fiscais das vendas eram com o nome da Helga; que a fusão da
Helga onde foi usado o termo fusão com a Hanova; que quanto Helga e Hanova foi para o crescimento da Helga, mas o dia a dia de
ao doc. de fl. 8 se tratam das pessoas de Anderson (proprietário da trabalho continuou o mesmo de antes, porém com a informação de
Hanova) e Junior (proprietária da Helga) e o doc. de fl. 9 tratam das que deveriam vender mais os produtos da Hanova; (...)."
pessoas Aline (proprietária da Hanova) e Erica (proprietária da Havendo fusão ou incorporação de empresas, há a alteração na
Helga); (...)."( grifos nosso) estrutura jurídica da empresa, o que in casu, não há provas nos
No termo de audiência relativo ao processo nº. 0000470- autos, não sendo suficiente a propaganda disseminada em reunião
O DEPOIMENTO PESSOAL DO RECLAMANTE: '" que depoente O que extrai dos depoimentos, é que a ideia inicial de postar nas
era subgerente, que atuava em várias lojas da Helga e trabalhou até redes sociais de que haveria a fusão das empresas, trata-se, tão
JUSTIÇA DO TRABALHO do Juízo da 18ª Vara do Trabalho de Fortaleza (ID. 984dd8d), que
DE COSMÉTICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME; ROBERTO mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15, sob o
NENDZA - ME; HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de ingresso,
COSMÉTICOS LTDA - ME; AL PARTICIPACOES LTDA; inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso e de
ANDERSON LUID DOS SANTOS SEVERO - ME; MULT dispensa, realizou o pedido correspondente às parcelas de FGTS
DISTRIBUIDORA DE COSMÉTICOS LTDA; BRC - BRAZIL em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o saldo
ALENCAR MARTINS as seguintes parcelas: a.Saldo de salário (29 No mérito, defende a recorrente, em síntese, a inexistência de
dias); b. Aviso prévio (51 dias); com reflexos no 13º salário e férias; fusão e formação de grupo econômico com o GRUPO HELGA,
c. Férias simples 2016/2017 e proporcionais (8/12 avos), acrescidas sendo indevida a sua responsabilidade solidária pelos créditos
de 1/3 constitucional; d. 13º salário proporcional 2018 (3/12 avos); e. deferidos ao autor na presente reclamação trabalhista.
FGTS + 40%; f. Multa do art. 467 da CLT, incidente sobre os valores Argumenta, em que pese tenha havido, nas redes sociais, um
e parcelas rescisórias constantes no TRCT (ID. 7ad3499), bem anúncio de fusão entre os conglomerados Helga e Hanova, por
como sobre o FGTS não depositado e multa de 40% sobre todos os certo, tal reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão
valores devidos a título de FGTS ao longo da contratualidade; g. empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas
Multa do art. 477,§8º da CLT; h. Honorários advocatícios. regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos
A sentença fora complementada pelos aclaratórios de ID. 7081a1b, econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria,
com o fito de sanear a sentença embargada, determinando a mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que
compensação do valor de R$ 10.710,34, vez que a quantia foi possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses, o
recebida pela parte embargada, conforme comprovante de que, também, não retrata o caso dos autos.
transferência bancária de ID. 619A9a4. Esclarece, adiante, que há uma mera relação comercial, havendo
Aduz a recorrente, preliminarmente, que houve cerceamento de total independência entre as empresas do GRUPO HANOVA em
seu direito de defesa, ao argumento de que o juízo, ao adotar relação às componentes do GRUPO HELGA, sendo a recorrente,
integralmente a motivação da sentença proferido na reclamatória mera fornecedora de produtos para o conglomerado empresarial
trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu HELGA, sem haver contudo, qualquer integração de interesses
entendimento, por consequência, a partir das provas orais ali entre as empresas ou atuação conjunta.
consignadas, mas que, tais elementos probatórios não foram Por fim, requer a reforma da decisão de modo a afastar a
publicizadas à ora recorrente no presente feito, com vistas à inconstitucionalidade declarada de forma incidental do art. 791-A,
garantia do contraditório e da ampla defesa, verificando-se, pois, §4º, da CLT, haja vista inexistir afronta à Carga Magna, mormente
uma patente violação ao que dispõe o art. 312 do CPC/15. porque, nos ditames do art. 133 da Lei Maior, o advogado é
Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não indispensável à administração da justiça, e, caso esta Colenda
integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos, Turma entenda de modo diverso, que seja observada o art. 97 da
mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou CRFB/1988, o qual prevê a cláusula de reserva de plenário para a
cópia de uma transcrição parcial realizada no bojo de uma sentença Após devidamente notificada, a recorrida apresentou suas
proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou, contrarrazões, conforme documento de ID. 15ffc62.
naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova A matéria versada no presente recurso dispensa a obrigatoriedade
emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito. de parecer prévio da douta PRT (art. 109, do Regimento Interno)"
reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art. Acolhe-se o presente recurso, uma vez que preenchidos os
dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em Peço vênia para adotar os fundamentos do voto do Excelentíssimo
conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine. Desembargador Relator Francisco José Gomes da Silva, quanto à
Adiante, requer o reconhecimento da inépcia do pedido relativo às apreciação das preliminares, nos seguintes termos:
parcelas de FGTS + 40%, a extinção do pleito sem resolução de "DA NULIDADE DA SENTENÇA- DA UTILIZAÇÃO DA PROVA
EMPRESTADA - DO ALEGADO CERCEAMENTO DE DEFESA partes foram submetidas ao contraditório e, havendo identidade dos
Aduz a recorrente, preliminarmente, que houve cerceamento de seu fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de
integralmente a motivação da sentença proferida na reclamatória Quanto a alegativa de que as reportadas transcrições dos
trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu depoimentos carregam relatos fáticos que não integram as razões
entendimento, a partir das provas orais ali consignadas, mas que, da exordial, não merece acolhida, posto que a causa de pedir da
tais elementos probatórios não foram publicizadas à ora recorrente autora, no que se refere a responsabilidade solidária das acionadas,
no presente feito, com vistas à garantia do contraditório e da ampla trata justamente na alegada formação de grupo econômico entre as
defesa, verificando-se, pois, uma patente violação ao que dispõe o empresas, objeto da prova naqueles autos.
Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não Juízo a quo dizem respeito aos fatos relacionados pela autora, no
integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos, que pertine a alegada formação de grupo econômico entre as
mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou acionadas GRUPO HELGA (DISTR IBUIDORA HELGA
como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera COSMETICOS LTDA - ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME,
cópia de uma transcrição parcial realizada no bojo de uma sentença HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, ORIGINAL
proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou, COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA
naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - EPP, BELLA
emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito. COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS
Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA
relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS
reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art. COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX
Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e
dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em ROBERTO NENDZA - ME) e GRUPO HANOVA - HNV (HANOVA
conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine. INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, AL
de provas emprestadas, relativo aos depoimentos testemunhais dos LTDA), assim como referem-se as mesmas demandadas, sendo
processos 461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471- permitido sua valoração como se houvesse sido produzida
39.2018.5.07.0010 (ID. bae0442, ID. ed35241, ID. 5cd9c24, ID. diretamente nos autos examinados.
O Juízo, ao proferir a sentença, utilizou para o reconhecimento da utilizado a fundamentação da sentença, a qual considerou para
existência de Grupo Econômico entre as acionadas (Grupo Hanova- formação do convencimento da magistrada, depoimentos os quais
Helga) como prova emprestada, os fundamento os lançados na foram respeitados o contraditório quando produzida em processos
sentença prolatada nos autos do processo nº 0000471- judiciais, máxime,quando envolvendo a mesma empresa e quando
51.2018.5.07.0006, de lavra da magistrada Taciana Orlovicin os fatos guardam correlação com os da presente ação.
Gonçalves Pita (ID. 984dd8d). Nesse mesmo entendimento, colaciona-se a atual jurisprudência do
Nesse ponto, destaco, inicialmente, que o novo CPC trouxe Tribunal Superior do Trabalho, in verbis:
permissivo expresso quanto à possibilidade de utilização da prova UTILIZAÇÃO DE PROVA EMPRESTADA. POSSIBILIDADE.
emprestada, desde que observado o contraditório, conforme IDENTIDADE FÁTICA. MESMAS RECLAMADAS.
previsão no art. 372, que assim dispõe: DESNECESSIDADE DE PRÉVIA CONCORDÂNCIA DA PARTE
Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em CONTRÁRIA. AUSÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA.
outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, NULIDADE PROCESSUAL NÃO CONFIGURADA. Esta Corte
Assim, havendo previsão legal para utilização da prova emprestada identidade dos fatos considerados no documento emprestado e no
e, observando que no processo nº 0000471-51.2018.5.07.0006 as caso em julgamento, assim como ocorrido nesta hipótese, em que o
Regional registrou que"a prova emprestada foi produzida em § 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do
processo judicial que envolvia as mesmas rés da presente ação, Presidente da Junta, ou do juiz de direito a quem for dirigida, a
tendo sido observadas as formalidades estabelecidas em lei para a qualificação do reclamante e do reclamado, uma breve exposição
sua produção, bem como o princípio do contraditório. Segundo, dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura
porque os fatos a serem comprovados guardam correlação com os do reclamante ou de seu representante.
da presente ação. Terceiro, porque a referida prova emprestada foi § 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do
valorada pelo Juízo segundo o princípio do livre convencimento juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que
motivado, em conjunto com as demais provas dos autos". resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo, determinado e
Importante salientar também que a utilização de prova emprestada com indicação de seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou
não está condicionada à prévia anuência e concordância das de seu representante. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
partes. Assim, a mera alegação da reclamada de que não § 2º - Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em 2 (duas)
concordou com a utilização de prova emprestada não é suficiente vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no
para inviabilizar a sua utilização nestes autos. Precedentes. que couber, o disposto no parágrafo anterior.
Recurso de revista não conhecido" (TST, ARR - 3600- § 2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias
29.2010.5.12.0031 Data de Julgamento: 15/02/2017, Relator datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que
Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de couber, o disposto no § 1o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº
"B) RECURSO DE REVISTA. 1. NULIDADE DA SENTENÇA. § 3o Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo
CERCEAMENTO DE DEFESA. UTILIZAÇÃO DE PROVA serão julgados extintos sem resolução do mérito. (Incluído pela Lei
utilização de prova emprestada consubstanciada em certidão de Como se observa, a Lei n. 13.467/17 fez referência expressa aos
averiguação produzida em outros autos, no qual a reclamada figura requisitos da petição inicial trabalhista, dispondo no § 1º do art. 840
como parte, não configura cerceamento de defesa, ante a da CLT que o pedido deva "ser certo, determinado e com indicação
observância do contraditório e da ampla defesa. Com efeito, esta No caso, em relação ao pedido de pagamento do FGTS e multa
Corte tem se posicionado no sentido de ser possível a utilização da rescisória, o reclamante fez pedido certo, determinado e com
prova emprestada, não sendo imprescindível a anuência da parte indicação do valores pois da sua causa de pedir, entende-se
adversa. Recurso de revista não conhecido" (TST, RR - 940- logicamente que o autor fora demitido sem justa causa e sem
27.2013.5.18.0181 Data de Julgamento: 09/11/2016, Relatora recebimento de suas verbas rescisórias, fato este, incontroverso
Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT nos autos.
INÉPCIA DA INICIAL sendo demitida sem justa causa em 29/03/2018; que o último
Requer o Recorrente, o reconhecimento da inépcia do pedido salário percebido foi de R$ 3.200,00 (três mil e duzentos reais); que
relativo às parcelas de FGTS + 40%, e a extinção do pleito sem quando de sua demissão não recebeu qualquer valor, assim como
resolução de mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15, não fora liberado Seguro Desemprego e FGTS, motivo pelo qual
sob o fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de pleiteia a liberação dos mesmos em sede de tutela antecipada; que
ingresso, inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso o FGTS se encontra depositado apenas de forma parcial, apenas o
e de dispensa, realizou o pedido correspondente às parcelas de valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais).
FGTS, em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o Em seguida, requereu que, Tendo em vista os argumentos jurídicos
O processo trabalhista é regido pelo princípio da simplicidade das sejam: Saldo Salário, Aviso Prévio de 51 dias, 13º salário e férias
formas, consagrado no art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta sobre aviso prévio, FGTS sobre rescisão, 13º salário proporcional
uma breve exposição dos fatos para se considerar apta a exordial. 3/12 de 2018, férias simples 2016/2017 e proporcionais 2017/2018
Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal. todas acrescidas do terço constitucional, FGTS e multa de 40%.
Em relação ao rol dos pedidos, o autor requereu a condenação da responsabilização solidária entre as empresas do grupo. Entende
reclamada ao pagamento das verbas rescisórias, incluindo FGTS E que a fusão entre as empresas com a criação, em outubro de 2017,
Em decorrência do princípio da simplicidade, que norteia o processo eram sócios o filho dos sócios do Grupo Helga e a mãe do sócio do
trabalhista, o qual não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de Grupo Hanova), teria como única finalidade ocultar os sócios de fato
2017, a petição inicial ora em análise preencheu os requisitos do da nova empresa e ainda o de conseguir nova linha de crédito na
art. 840 , da CLT, a qual, frise-se, não dificultou a defesa das praça. Postula, caso não se conclua pela existência de grupo
A sentença reconheceu o grupo econômico entre as empresas da marca mista "Helga" por cinco anos, sem jamais exercer
demandadas, consoante os seguintes fundamentos: qualquer gerência direta, pois o Sr. José Alencar Sales Júnior
"Diante da identidade da matéria (fática e jurídica), adoto continuou a exercer a direção, gerência e coordenação das
integralmente os fundamentos lançados na brilhante sentença empresas. Por essa razão, pretende a responsabilização solidária
prolatada nos autos da 0000471-51.2018.5.07.0006, de lavra da da ré BRC BRAZIL COSMÉTICOS LTDA, uma vez identificada a
magistrada Taciana Orlovicin Gonçalves Pita, acerca da fraude ocorrida e a evidente direção do efetivo sócio do Grupo
'Afirma a parte reclamante que as empresas que compõem o antigo Em suas contestações, as rés negam a formação de grupo
GRUPO HELGA (DISTRIBUIDORA HELGA COSMETICOS LTDA - econômico entre as empresas do Grupo Helga e Hanova As
ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES reclamadas DISTRIBUIDORA HELGA COSMETICOS LTDA - ME,
& CIA LTDA - ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS HELGA COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES & CIA
LTDA - ME, MULTIPLA COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - LTDA - ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME,
EPP, BELLA COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE MULTIPLA COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - EPP,
COSMETICOS LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, BELLACOSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE
ERICA PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS COSMETICOS LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME,
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX ERICA PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX
ROBERTO NENDZA - ME) são dirigidas e coordenadas pelos COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME,
sócios José Alencar Sales Júnior e Érica Pontes de Meneses. Alega ROBERTO NENDZA - ME (1ª a 13ª reclamadas), não refutam o
que, em meados de 2017, os sócios do Grupo Helga iniciaram grupo econômico entre si, tendo contestado a formação de grupo
negociações para fusão com o Grupo Hanova (HNV), fusão de com as empresas do Grupo HANOVA (14ª a 16ª reclamadas), com
empresas esta que foi oficialmente tornada pública em julho de a MULT DISTRIBUIDORA (17ª reclamada) e com a BCR (18ª
2017, expondo o rol de empresas que compõem o Grupo Hanova - reclamada), alegando que o grupo HANOVA tem como objeto social
HNV (HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS a produção de produtos de beleza, e que inexiste hierarquia e/ou
LTDA - ME, AL PARTICIPAÇÕES LTDA, ANDERSON LUID DOS coordenação entre as empresas. Sustenta que a BCR está sob a
SANTOS SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE égide da Lei 11.101//05, tendo comprado o direito de utilização da
COSMETICOS LTDA), à época todas dirigidas pelos sócios marca "Helga" por cinco anos.
Anderson Luid Santos Severo e Aline Cristina Silva Souza Severo. As reclamadas HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE
Sustenta que, a partir de julho de 2017, independentemente do COSMETICOS LTDA - ME e ANDERSON LUID DOS SANTOS
cumprimento das obrigações legais para efetivação da fusão, qual SEVERO - ME reconhecem o grupo entre si e negam a formação de
seja a extinção das pessoas jurídicas da empresa incorporada com grupo com as demais reclamadas, noticiando que são fornecedoras
o surgimento de uma nova, tal fusão de fato ocorreu e todos os de produtos à rede varejista, sendo uma das principais, o grupo
empregados passaram à subordinação do Grupo Hanova-Helga, o HELGA, não tendo havido a fusão alegada, apenas relação
qual configura grupo econômico por coordenação, impondo a fornecedor-cliente. Informam, ainda, que os fundos de comércio de
empresas do Grupo Helga foram alienados por seus sócios- grupos. De acordo com a Lei 13.467/2017 são requisitos para a
proprietários da Helga para a empresa DX GROUP configuração do grupo econômico: a demonstração do interesse
PARTICIPAÇÕES E INVESTIMENTOS LTDA, que, por sua vez, integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta
não possuiria qualquer ligação com o Grupo Hanova, tratando-se de das empresas integrantes. A inexistência de uma hierarquia entre
empresa de investimentos de proveniente São Paulo. as empresas não descaracteriza o grupo econômico, se há a
A demandada AL PARTICIPACOES LTDA nega a formação de demonstração de que entre as empresas ocorre clara atuação
grupo econômico com quaisquer das demais empresas. conjunta, em linha de coordenação e comunhão de interesses, o
alega que nunca existiu de fato e nega a formação de grupo Ademais, a primeira testemunha laboral afirmou em seu
A ré BRC - BRAZIL COSMETICS LTDA informa que comprou os "(...) que havia comentários dentro da empresa de que ocorreu uma
direitos de uso da marca HELGA, não estando a reclamante sob fusão entre as empresas Helga e Hanova; que o gerente do
suas ordens, refutando a formação de grupo econômico com depoente comentou que ocorreria a fusão e que o depoente
quaisquer das demais empresas reclamadas e pleiteia que, em continuaria a prestar serviços para as duas empresas; que o
caso de condenação, seja de forma subsidiária. depoente já chegou, mesmo prestando serviços para a Helga,
Pois bem. prestar serviços para a Hanova, tais como rotulagem de produtos,
Inicialmente, declaro a responsabilidade solidária das empresas embalagem de mercadorias e fazendo entregas; que depois dos
DISTRIBUIDORA HELGA COSMETICOS LTDA - ME, HELGA comentários da fusão, o depoente também começou a receber
COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ordens do Sr. Paulo, empregado da Hanova, responsável pela
MULTIPLA COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - EPP, BELLA Ainda, a segunda testemunha da autora noticiou:
COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS "que trabalhou para Helga de 01/02/2010 a 14/04/2018 na função
LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA de estoquista; que trabalhou com a reclamante; que o gerente,
PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS Sr.Evandro comentou com o depoente que havia sido feita uma
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX sociedade entre a Helga e a Hanova; que, após o comentário, o
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX depoente também começo a prestar serviços para a Hanova
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, abastecendo e descarregando as mercadorias da empresa Hanova
ROBERTO NENDZA - ME (1ª a 13ª reclamadas), nos termos do § nas seções das lojas Helga, limpando as mercadorias; que o
2º do art. 2º da CLT, as quais reconheceram a formação de grupo depoente não recebia ordens de nenhum empregado da Hanova;
econômico entre si, encontrando-se, dentre estas, a empregadora. que as lojas Helga também vendiam produtos de outras indústrias e
Quanto ao grupo econômico alegado em relação aos grupos não só da empresa Hanova; que, em relação às mercadorias das
HELGA e HANOVA, a autora juntou aos autos várias fotografias outras indústrias, o abastecimento e o descarregamento de
com os Srs. Anderson Luid Dos Santos Severo, José Alencar Sales mercadorias eram feitos por empregados destas indústrias; que a
Junior, Aline Cristina Silva Souza Severo e Érica Pontes de reclamante vendia produtos da indústria Hanova bem como de
Meneses, sócios das empresa Hanova e Helga, divulgadas em meio outras indústrias."
digital em julho de 2017, anunciando a fusão entre as empresas do Saliente-se que o fato de terem sido alienados fundos de comércio
Grupo Helga com aquelas do Grupo Hanova (HNV), com de empresas do Grupo Helga para a empresa DX GROUP
fundamento na expansão e aquisições realizadas pelo grupo PARTICIPAÇÕES E INVESTIMENTOS LTDA não afeta a presente
HANOVA, podendo se perceber que nas fotos, aparece o diretor do demanda, pois apenas houve a alienação parcial das quotas
grupo HANOVA, o qual veste camisa com o nome HELGA NOVO empresariais de somente algumas das empresas do Grupo.
TEMPO e ainda uma figura que demonstra a junção de duas peças Insta destacar, também, que a alegação da reclamada ANDERSON
de quebra-cabeça nas quais constam os nomes dos dois grupos LUID DOS SANTOS SEVERO ME de que a relação havida entre os
HANOVA e HELGA. Em que pese não haver alterações nas apontados conglomerados empresariais era de apenas fornecedor-
estruturas das empresas formadoras dos grupos, resta claro que cliente não se sustenta, ressaltando que a mensagem eletrônica e a
houve uma intensa comunhão de interesses confissão de dívida datam de período anterior à "fusão" noticiada, o
econômicos/profissionais entre as empresas formadoras dos dois que só veio a ocorrer em julho de 2017.
Diante do exposto, reconheço a existência de grupo econômico por HANOVA, com atuação na vendas de produtos de higiene, tendo
coordenação entre todas as empresas dos Grupos HELGA e como sócios os Srs. Matheus Pontes Sales e Maria de Fátima dos
HANOVA, as quais declaro responsáveis solidárias pelas verbas Santos Severo, os quais são, respectivamente, o filho dos titulares
decorrentes da condenação, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da do Grupo Helga e a mãe de um dos proprietários do Grupo Hanova
CLT. (Anderson Luid dos Santos Severo), fato não contestado em defesa.
No que concerne à reclamada AL PARTICIPAÇÕES LTDA, verifica- Sendo assim, tenho que a empresa MULT DISTRIBUIDORA DE
se que na defesa das empresas formadoras do GRUPO HELGA COSMETICOS LTDA também participa dos Grupos Helga e
restou afirmado que as empresas HANOVA INDUSTRIA E Hanova, utilizando-se da mesma estrutura empresarial para a
COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, ANDERSON LUID consecução de seus objetivos financeiros, diante do que, resta
DOS SANTOS SEVERO - ME e AL PARTICIPACOES LTDA condenada solidariamente, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da
constituição da reclamada AL PARTICIPAÇÕES LTDA demonstra Por fim, quanto à ré BRC BRAZIL COSMETICS COMÉRCIO
que essa empresa tem como sócios os Srs. Anderson Liud dos VAREJISTA DE COSMÉTICOS EIRELI, verifica-se que ela
Santos Severo e Aline Cristina Silva Souza Severo, os quais se apresentou defesa através do mesmo escritório que a empregadora,
fizeram presentes ao evento em que foi anunciada a "fusão" entre na qual passou a repetir as mesmas alegações já apresentadas
os grupos empresariais, conforme fotografias anexadas aos autos. pelas 1ª a 13ª Reclamadas, além disso, observa-se que no
Ainda, o endereço eletrônico da AL PARTICIPAÇÕES LTDA comprovante de inscrição cadastral (CNPJ) consta endereço
Ademais, a Sra. Aline Cristina Silva Souza Severo é também sócia Ademais, apresentou carta de preposição que revelou
da empresa HNV INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE COSMÉTICOS representação através do mesmo preposto que a empregadora,
LTDA, cujo endereço eletrônico é razão pela qual, deve ser solidariamente responsável pelos créditos
"anderson@hanovacosméticos.com.br", conquanto o Sr. Anderson oriundos da presente demanda, nos moldes dos arts. 2º, § 2º, e 9º
Liud dos Santos Severo não faça parte do corpo societário dessa da CLT."
empresa. O Sr. Anderson Liud dos Santos Severo atua, ainda, Pontue-se, por oportuno, que as atas de audiência em nada
como empresário individual da ANDERSON LUID DOS SANTOS corroboram com a tese da demandada, uma vez que se verifica,
SEVERO ME. Por fim, saliento que as empresas HNV INDÚSTRIA com extrema facilidade, que a testemunha da reclamada, Sr.
LTDA, ANDERSON LUID DOS SANTOS SEVERO - ME e MULT processos, busca, sem nenhum sucesso, sustentar os termos da
fizeram representar pelo mesmo preposto, o Sr. Luiz Gustavo Ademais, por mais que tenha declarado que "que na metade do
Santana Severo, neste feiro e nos processos nº0000470- segundo semestre de 2017 houve uma reunião da Helga com a
61.2018.5.07.0010, cujos termos de audiência foram anexados aos afirmou, posteriormente, que "soube que foi feita uma postagem
presentes autos. no instagram da Helga onde foi usado o termo fusão com a
diverso das empresas do grupo HANOVA não é suficiente para Por outro lado, as testemunhas Francisca Edinusia Alves de Sousa
afastar a formação do grupo econômico com HNV INDÚSTRIA E e Maria Irlane Silva Santos
COMÉRCIO DE COSMÉTICOS LTDA e ANDERSON LUID DOS Desiderio, apresentadas pelas partes autoras, nas referidas atas de
Sendo assim, reconheço que a empresa AL PARTICIPAÇÕES reunião em que foi publicizada à fusão das demandadas aos
LTDA pertence ao grupo econômico HANOVA, o qual restou empregados são uníssonas ("que no final de julho/2017 foram
condenada solidariamente, aplicando a esta a mesma convocadas para uma reunião no hotel meridional no centro da
responsabilidade, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da CLT. cidade onde foi comunicada por Alencar Junior, Erica Pontes e
No que tange à reclamada MULT DISTRIBUIDORA DE Aline Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas de
COSMETICOS LTDA, observa-se efetivamente formalizada em que tudo iria mudar com a chegada de novos produtos, mas na
24/10/2017 pouco tempo após a fusão dos grupos HELGA e pratica tudo continuou do mesmo jeito, pois continuou
chegando produtos da marca própria da Helga (lavi) e da Helga, verificam elementos suficientes para que seja corroborada a
os quais tinham prioridade para serem vendidos" - depoimento conclusão da sentença recorrida.
de Maria Irlane Silva Santos Desiderio) e ("que houve uma Como bem destacado pela sentença, restou demonstrada nos autos
reunião num domingo de julho/2017 onde foi comunicada a a ampla divulgação realizada nas redes sociais, em julho de 2017,
fusão da Hanova com a Helga Cosmeticos onde foram acerca da fusão das empresas do Grupo Helga com aquelas do
apresentados os novos patrões como sendo: Aline Severo e Grupo Hanova. Eis os dizeres da publicação (V. ID 0d53e9e - Pág.
seu esposo Anderson ambos donos da Hanova; que a a partir 2): "Temos o orgulho de anunciar que começou um novo tempo. O
daí a prioridade era para vender os produtos da Hanova e Lavi" Grupo HNV detentor de várias marcas como a Hanova, em um
- depoimento de Francisca Edinusia Alves de Sousa)." processo de expansão e aquisições, realizou a fusão com o Grupo
A empresa recorrente manifesta no presente recurso ordinário o seu Helga Cosméticos. Tudo isso para que os nossos clientes possam
inconformismo, alegando, em síntese: "que a fusão e o grupo ter sempre à disposição o melhor atendimento, os melhores
econômico ostentam características diametralmente opostas"; "em produtos e a melhor experiência. Transformando para melhor, o seu
que pese tenha havido, nas redes sociais, um anúncio de fusão visual e a sua vida. #HelgaNovoTempo #Hanova #GrupoHNV
entre os conglomerados Helga e Hanova, por certo, tal #GrupoHelga #Beleza #Cabelos". Com a devida vênia da parte
reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão recorrente, este aspecto é relevante para a caracterização do grupo
empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas econômico sob investigação, demonstrando a plena possibilidade
regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos de que as marcas de cada um dos grupos estejam sob a
econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria, coordenação de um único conglomerado, o que afasta a tese
mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que recursal a respeito da estranheza de haver empresas concorrentes
"que a sentença de origem, em nenhum momento, cuidou de Além disso, vigora no Direito do Trabalho o princípio da primazia da
demonstrar a integração de interesses entre as empresas, a realidade, de modo a ser imprescindível destacar a prevalência dos
atuação conjunta, tampouco a comunhão de interesses, mas fatos da relação de emprego sobre os aspectos formais. Dessa
apenas limitou-se a discorrer, de forma bastante confusa, sobre forma, ainda que não ultimada, ao menos formalmente, com as
"fusão", sendo esta manifestante inexistente no caso vertente"; "que devidas baixas das pessoas jurídicas, a fusão mencionada nas
os depoimentos coligidos aos autos sob a rubrica de prova redes sociais, não há se desconhecer que houve a junção das
emprestada fulminam a pretensão autoral, quer pelo viés da fusão, empresas, que passaram a atuar integradas a um único grupo.
seja sob a óptica de agrupamento empresarial." Igualmente, salvo melhor juízo, os depoimentos das testemunhas
Não se vê nas razões recursais, com a devida vênia da parte não afastam o reconhecimento do grupo econômico. Ao revés,
recorrente, fundamentos que infirmem convincentemente as confirmam a fusão entre as empresas. Destaca-se, a este respeito,
conclusões do juízo de primeiro grau, razão pela qual se há perfilhar o depoimento da primeira testemunha da parte reclamante, Sra.
com os motivos da decisão vergastada, ora endossados e Maria Irlane Silva Santos Desiderio, ouvida no processo nº 0000470
integrantes das presentes razões de decidir. -54.2018.5.07.0010 (Ata de audiência de ID 5cd9c24 - Pág. 4),
Consoante o § 2º do art. 2º da CLT, "sempre que uma ou mais trazido por empréstimo ao conjunto probatório pelas próprias
empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica reclamadas, revelador de "(...) que no final de julho/2017 foram
própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de convocadas para uma reunião no hotel meridional no centro da
outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua cidade onde foi comunicada por Alencar Junior, Erica Pontes e Aline
autonomia, integrem grupo econômico, serão responsáveis Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas de que tudo
solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de iria mudar com a chegada de novos produtos, mas na pratica tudo
Nesta esteira, o delineamento do que se convencionou chamar marca propria da Helga (lavi) e da Helga, os quais tinham prioridade
grupo econômico, pela dicção da Consolidação das Leis do para serem vendidos, e das outras marcas continuaram escassos".
Trabalho, importa na evidência da integração dos Veja-se que a fusão foi comunicada aos empregados em reunião,
empreendimentos, de forma a vincular, direta ou indiretamente, as constatação que reforça a ideia do grupo econômico, referindo-se a
Este aspecto restou caracterizado nos autos, sendo certo que se operandi das vendas dos produtos e não à ausência de formação
marcas apresentavam seus produtos e realizavam treinamentos, Por unanimidade, conhecer do recurso ordinário para, rejeitar as
mas que com a Hanova o processo foi diferente, pois, além de ter preliminares suscitadas e, no mérito, por maioria, negar-lhe
mercadorias para serem vendidas nas lojas Helga, o que ocorreu DISPOSITIVO
com outros fornecedores em face das dívidas da empregadora ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2.ª TURMA DO TRIBUNAL
Não se olvida o depoimento da testemunha convidada pelas conhecer do recurso ordinário para, rejeitar as preliminares
reclamadas, Sr. Emanuel Rodrigues de Albuquerque, ouvida nos suscitadas e, no mérito, por maioria, negar-lhe provimento. Vencido
processos (461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471- o Desembargador Relator, que dava provimento ao apelo, para
39.2018.5.07.0010) trazidos por empréstimo ao conjunto probatório, excluir da condenação a responsabilidade solidária da reclamada
cujas declarações transparecem a ideia de demonstrar ter havido HNV INDÚSTRIA E COSMÉTICOS LTDA. Redigirá o acórdão o
apenas uma relação comercial, mas não uma fusão, entre as Desembargador Cláudio Soares Pires, com a integração do voto
demais elementos probatórios dos autos, não há de prevalecer o Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
quadro traçado pelo depoente, sendo de se destacar que ele próprio Francisco José Gomes da Silva (Presidente e Relator), Cláudio
admite não ter participado da reunião ocorrida em julho de 2017 (V. Soares Pires e Paulo Régis Machado Botelho. Presente ainda o(a)
ID's 5cd9c24 - Pág. 6 e 8eb6395 - Pág. 6), na qual fora anunciada a Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
fusão aos trabalhadores. de férias o Exmo. Sr. Desembargador Jefferson Quesado Junior.
Cumpre ressaltar, ainda, porquanto oportuno, que a estreita relação Fortaleza, 14 de outubro de 2019.
comercial entre as empresas dos grupos empresariais, consoante INTEGRA O PRESENTE ACÓRDÃO O VOTO VENCIDO DO EXMº
se denota pelas notas ficais de vendas de mercadorias anexadas DESEMBARGADOR FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA, in
econômico, mas, em verdade, a reforça, evidenciando além da EMENTA: PROVA EMPRESTADA. PREVISÃO LEGAL.
complementaridade entre os objetos sociais das empresas CONTRADITÓRIO OBSERVADO. O novo CPC trouxe permissivo
contratantes, o interesse integrado, a comunhão de interesses e a expresso quanto à possibilidade de utilização da prova emprestada,
atuação conjunta das empresas dele integrantes. desde que observado o contraditório, conforme previsão no art. 372.
Destarte, o quadro encontrado no presente feito permite a Assim, havendo previsão legal para utilização da prova emprestada
conclusão de que a empresa ora recorrente integra grupo e, observando que no processo nº 0000471-51.2018.5.07.0006 as
econômico com as reclamadas do grupo Helga. Importa examinar a partes foram submetidas ao contraditório e, havendo identidade dos
presença de elementos objetivos capazes de demonstrar que as fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de
empresas estavam integradas no mesmo grupo. É o que se cerceamento de defesa. Preliminar rejeitada.
constatou à exaustão no presente feito. PETIÇÃO INICIAL. ART. 840, §1º DA CLT. O processo trabalhista
Por oportuno, colhe-se o seguinte precedente jurisprudencial: é regido pelo princípio da simplicidade das formas, consagrado no
"Grupo econômico. Relação inter-empresarial. O grupo econômico art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta uma breve exposição
para fins justrabalhistas não necessita se revestir das modalidades dos fatos para se considerar apta a exordial. Em decorrência do
jurídicas típicas do Direito Econômico ou Direito Comercial princípio da simplicidade, que norteia o processo trabalhista, o qual
(holdings, consórcios, pools etc.). Não se exige, sequer, a prova não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de 2017, verifica-se que
de sua formal institucionalização cartorial: pode-se acolher a a petição inicial atendeu integralmente os requisitos do art. 840, da
existência do grupo desde que surjam evidências probatórias CLT. Preliminar rejeitada.
de que estão presentes os elementos de integração inter- EXISTÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO. ART. 2º, DA CLT. ÔNUS
empresarial (abrangência subjetiva e nexo relacional) de que DA PROVA. ART. 818, DA CLT C/C ART. 373, DO NCPC.
fala a CLT (art. 2º, § 2º)" (Processo 00409002020085010025, TRT AUSÊNCIA DE PROVA. Não tendo a reclamante comprovado a
1ª Região - 8ª Turma, Relatora Desembargadora Dalva Amélia de existência do alegado grupo econômico Helga-Hanova, composto
RECURSO CONHECIDO E DADO PROVIMENTO PARCIAL permissivo expresso quanto à possibilidade de utilização da prova
Acolhe-se o presente recurso, uma vez que preenchidos os Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em
EMPRESTADA - DO ALEGADO CERCEAMENTO DE DEFESA partes foram submetidas ao contraditório e, havendo identidade dos
Aduz a recorrente, preliminarmente, que houve cerceamento de seu fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de
integralmente a motivação da sentença proferida na reclamatória Quanto a alegativa de que as reportadas transcrições dos
trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu depoimentos carregam relatos fáticos que não integram as razões
entendimento, a partir das provas orais ali consignadas, mas que, da exordial, não merece acolhida, posto que a causa de pedir da
tais elementos probatórios não foram publicizadas à ora recorrente autora, no que se refere a responsabilidade solidária das acionadas,
no presente feito, com vistas à garantia do contraditório e da ampla trata justamente na alegada formação de grupo econômico entre as
defesa, verificando-se, pois, uma patente violação ao que dispõe o empresas, objeto da prova naqueles autos.
Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não Juízo a quo dizem respeito aos fatos relacionados pela autora, no
integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos, que pertine a alegada formação de grupo econômico entre as
mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou acionadas GRUPO HELGA (DISTR IBUIDORA HELGA
como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera COSMETICOS LTDA - ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME,
cópia de uma transcrição parcial realizada no bojo de uma sentença HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, ORIGINAL
proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou, COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA
naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - EPP, BELLA
emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito. COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS
Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA
relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS
reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art. COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX
Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e
dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em ROBERTO NENDZA - ME) e GRUPO HANOVA - HNV (HANOVA
conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine. INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, AL
de provas emprestadas, relativo aos depoimentos testemunhais dos LTDA), assim como referem-se as mesmas demandadas, sendo
processos 461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471- permitido sua valoração como se houvesse sido produzida
39.2018.5.07.0010 (ID. bae0442, ID. ed35241, ID. 5cd9c24, ID. diretamente nos autos examinados.
O Juízo, ao proferir a sentença, utilizou para o reconhecimento da utilizado a fundamentação da sentença, a qual considerou para
existência de Grupo Econômico entre as acionadas (Grupo Hanova- formação do convencimento da magistrada, depoimentos os quais
Helga) como prova emprestada, os fundamento os lançados na foram respeitados o contraditório quando produzida em processos
sentença prolatada nos autos do processo nº 0000471- judiciais, máxime,quando envolvendo a mesma empresa e quando
51.2018.5.07.0006, de lavra da magistrada Taciana Orlovicin os fatos guardam correlação com os da presente ação.
Gonçalves Pita (ID. 984dd8d). Nesse mesmo entendimento, colaciona-se a atual jurisprudência do
Nesse ponto, destaco, inicialmente, que o novo CPC trouxe Tribunal Superior do Trabalho, in verbis:
IDENTIDADE FÁTICA. MESMAS RECLAMADAS. FGTS, em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o
NULIDADE PROCESSUAL NÃO CONFIGURADA. Esta Corte O processo trabalhista é regido pelo princípio da simplicidade das
admite a utilização da prova emprestada, desde que haja a formas, consagrado no art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta
identidade dos fatos considerados no documento emprestado e no uma breve exposição dos fatos para se considerar apta a exordial.
caso em julgamento, assim como ocorrido nesta hipótese, em que o Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal.
Regional registrou que"a prova emprestada foi produzida em § 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do
processo judicial que envolvia as mesmas rés da presente ação, Presidente da Junta, ou do juiz de direito a quem for dirigida, a
tendo sido observadas as formalidades estabelecidas em lei para a qualificação do reclamante e do reclamado, uma breve exposição
sua produção, bem como o princípio do contraditório. Segundo, dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura
porque os fatos a serem comprovados guardam correlação com os do reclamante ou de seu representante.
da presente ação. Terceiro, porque a referida prova emprestada foi § 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do
valorada pelo Juízo segundo o princípio do livre convencimento juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que
motivado, em conjunto com as demais provas dos autos". resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo, determinado e
Importante salientar também que a utilização de prova emprestada com indicação de seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou
não está condicionada à prévia anuência e concordância das de seu representante. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
partes. Assim, a mera alegação da reclamada de que não § 2º - Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em 2 (duas)
concordou com a utilização de prova emprestada não é suficiente vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no
para inviabilizar a sua utilização nestes autos. Precedentes. que couber, o disposto no parágrafo anterior.
Recurso de revista não conhecido" (TST, ARR - 3600- § 2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias
29.2010.5.12.0031 Data de Julgamento: 15/02/2017, Relator datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que
Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de couber, o disposto no § 1o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº
"B) RECURSO DE REVISTA. 1. NULIDADE DA SENTENÇA. § 3o Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo
CERCEAMENTO DE DEFESA. UTILIZAÇÃO DE PROVA serão julgados extintos sem resolução do mérito. (Incluído pela Lei
utilização de prova emprestada consubstanciada em certidão de Como se observa, a Lei n. 13.467/17 fez referência expressa aos
averiguação produzida em outros autos, no qual a reclamada figura requisitos da petição inicial trabalhista, dispondo no § 1º do art. 840
como parte, não configura cerceamento de defesa, ante a da CLT que o pedido deva "ser certo, determinado e com indicação
observância do contraditório e da ampla defesa. Com efeito, esta No caso, em relação ao pedido de pagamento do FGTS e multa
Corte tem se posicionado no sentido de ser possível a utilização da rescisória, o reclamante fez pedido certo, determinado e com
prova emprestada, não sendo imprescindível a anuência da parte indicação do valores pois da sua causa de pedir, entende-se
adversa. Recurso de revista não conhecido" (TST, RR - 940- logicamente que o autor fora demitido sem justa causa e sem
27.2013.5.18.0181 Data de Julgamento: 09/11/2016, Relatora recebimento de suas verbas rescisórias, fato este, incontroverso
Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT nos autos.
INÉPCIA DA INICIAL sendo demitida sem justa causa em 29/03/2018; que o último
Requer o Recorrente, o reconhecimento da inépcia do pedido salário percebido foi de R$ 3.200,00 (três mil e duzentos reais); que
relativo às parcelas de FGTS + 40%, e a extinção do pleito sem quando de sua demissão não recebeu qualquer valor, assim como
resolução de mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15, não fora liberado Seguro Desemprego e FGTS, motivo pelo qual
sob o fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de pleiteia a liberação dos mesmos em sede de tutela antecipada; que
ingresso, inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso o FGTS se encontra depositado apenas de forma parcial, apenas o
valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais). que, também, não retrata o caso dos autos.
Em seguida, requereu que, Tendo em vista os argumentos jurídicos Esclarece, adiante, que há uma mera relação comercial, havendo
apresentados, ajuíza-se a presente Reclamação Trabalhista no total independência entre as empresas do GRUPO HANOVA em
intuito de serem satisfeitos todos os direitos da reclamante, quais relação às componentes do GRUPO HELGA, sendo a recorrente,
sejam: Saldo Salário, Aviso Prévio de 51 dias, 13º salário e férias mera fornecedora de produtos para o conglomerado empresarial
sobre aviso prévio, FGTS sobre rescisão, 13º salário proporcional HELGA, sem haver contudo, qualquer integração de interesses
3/12 de 2018, férias simples 2016/2017 e proporcionais 2017/2018 entre as empresas ou atuação conjunta.
Em relação ao rol dos pedidos, o autor requereu a condenação da A lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017 que alterou a Consolidação
reclamada ao pagamento das verbas rescisórias, incluindo FGTS E das Leis do Trabalho (CLT) trouxe novos parâmetros para
Em decorrência do princípio da simplicidade, que norteia o processo A nova redação alterou o parágrafo 2º e acrescentou o parágrafo 3º
trabalhista, o qual não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de a este artigo, conforme transcrição seguinte:
2017, a petição inicial ora em análise preencheu os requisitos do Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva,
art. 840 , da CLT, a qual, frise-se, não dificultou a defesa das que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria
Na peça de ingresso, requer o reclamante que seja caracterizada a fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados.
condição da segunda (VRX COMÉRCIO COSMÉTICOS E § 2º Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada
BIJUTERIAS LTDA) e terceira reclamada (HANOVA uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a
COSMÉTICOS), de responsáveis solidárias pelos encargos direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando,
trabalhistas da primeira reclamada, HELGA COSMÉTICOS, em mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo
Afirma que a primeira, segunda e terceira reclamadas foram obrigações decorrentes da relação de emprego.
criadas, são dirigidas e controladas pelo pela Sra. Erica Pontes de § 3º Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de
Meneses, que não aparece no contrato social da terceira sócios, sendo necessárias, para a configuração do grupo, a
reclamada, HANOVA COSMÉTICOS, pois utilizou terceiro como demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de
complementares, visto todas possuírem o mesmo objeto social e A nova redação do art. 2º, além de manter a hipótese do grupo
finalidade, sendo patente a formação de grupo econômico entre econômico hierarquizado ou sob subordinação, introduz,
No mérito, defende a recorrente, em síntese, a inexistência de fusão sob coordenação, trazendo para o texto legal, o entendimento dos
e formação de grupo econômico com o GRUPO HELGA, sendo Tribunais Regionais do Trabalho e do TST quanto a configuração de
ao autor na presente reclamação trabalhista. Com relação a este modelo de grupo econômico coordenado, a
Argumenta que, em que pese tenha havido, nas redes sociais, um Desembargadora Dra. Vólia Bomfim Cassar, do TRT da 1ª Região,
anúncio de fusão entre os conglomerados Helga e Hanova, por em seu livro Direito do Trabalho, afirma que:
certo, tal reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão Os grupos econômicos por coordenação se apresentam quando
empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas houver reunião de interesses para execução de determinado
regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos empreendimento, tendo ou não o mesmo controle ou administração
econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria, comum. Logo, os grupos por coordenação podem ter relação de
mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que controle entre si, numa linha horizontal e não vertical. Isto é, não
possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses, o haverá, no grupo horizontal, uma empresa controladora e outra(s)
controlada(s), uma líder (holding) e outras lideradas. Todas são 92.2018.5.07.0010, a testemunha da reclamante afirmou que:
interligadas entre si e, apesar de autônomas e independentes, estão Primeira testemunha arrolada pela parte Reclamante Sr(a).
interligadas pela ingerência, administração comum, como se Francisca Edinusia Alves de Sousa: " (...)"que trabalhou na
subordinadas umas às outras administrativamente. Por trás desta reclamada Helga Cosméticos de 01/06/2006 a 23/02/2018 na
administração comum pode estar um sócio ou alguns sócios ou função de vendedora; que o reclamante, depoente e todos os
pessoa física no controle.(CASSAR, 2017,p.429). funcionários foram demitidos sem pagamento de verbas rescisórias
Logo, o aproveitamento dos serviços prestados pelo trabalhador por e nem do salário do último mês; que depoente trabalhou até
sociedades empresárias que mantenham relação de coordenação 23/fevereiro/2018, não sabendo o ultimo dia labutado pelo
entre si, formando o grupo econômico trabalhista, serão todas, por reclamante; que recebia ordem direta dos gerentes Luxeles,
consequência, responsabilizadas pela contraprestação devida ao Rosângela, Francisca Cirlane, os quais eram gerentes da loja
obreiro, atraindo a incidência do § 2º do artigo 2º da CLT do shopping Central da Helga Nendza Sales .". ÀS PERGUNTAS
Estabeleceu, igualmente, que "não caracteriza grupo econômico a "que houve uma reunião num domingo de julho/2017 onde foi
mera identidade de sócios. Assim, o patrimônio de empresas que comunicada a fusão da Hanova com a Helga Cosmeticos onde
têm sócios comuns, porém com atuam em setores diversos, estarão foram apresentados os novos patrões como sendo: Aline
Portanto, a análise da existência ou não da formação de um grupo a partir daí a prioridade era para vender os produtos da Hanova
econômico, deve-se observar o princípio da primazia da realidade, e Lavi, mesmo tendo outras marcas, mas a Hanova e Lavi
para que cada caso seja analisado com suas peculiaridades, sendo deveriam estar em primeiro lugar nas vendas; que antes da
ônus do autor a prova de suas alegações ( art. 818, da CLT c/c art. reunião já vendiam todo tipo de produto e de varias marcas,
373, do NCPC). inclusive dos ora citados; que os proprietários da Helga e Hanova
No caso em análise, o autor fundamenta sua pretensão com base estavam presentes na reunião, sendo Erica PontesMenezes e
em notícias veiculadas nas redes sociais de possível fusão entre os Alencar Junior proprietários da Helga.". ÀS PERGUNTAS DO DO(A)
grupos Helga Cosméticos e HNV, assim como colaciona fotos em PATRONO(A) DO(A) PARTE RECLAMADA RESPONDEU: "que
que retrata parcerias entre as duas empresas, ID. 0d53e9e, sem, depois da reunião depoente continuou trabalhando na mesma
contudo, apresentar qualquer prova que indique ter realmente loja e o reclamante também, mas ambos trabalhavam em lojas
ocorrido a "FUSÃO" das empresas, ou qualquer relação de diferentes; que na reunião estavam os vendedores e gerentes;
coordenação entre elas. que a faixada das lojas continuaram iguais; que não houve
Ao revés, a acionada Hanova Indústria e Comércio de Cosméticos mudança da chefia após a reunião, mas a sua chefe Luxeles
Ltda colacionou aos autos documentos que demonstram a relação teve um problema de saúde e foi transferida para loja de
de vendas de mercadorias para as empresas integrantes do grupo Messejana, tendo ficado como gerente Rosangela; que Luxeles
Helga (CRX COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA e Rosangela eram gerentes da Helga; (...)." ( grifos nosso)
ME, ALENCARINE COSMETICOS COMERCIO VAREJISTA E Conforme se extrai do depoimento supra, não se trata o caso de "
TREINAMENTO EIREL, HELGA MEDZA SALES & CIA LTDA -ME, fusão" entre as empresas, tanto que a partir da reunião ocorrida em
ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA ME, VRX julho de 2017, nada foi alterado na estrutura organizacional da
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA ME, JOSE empresa, assim como layout das lojas, tratando-se, na verdade, de
ALENCAR SALES JUNIOR- ME, ORIGINAL COMERCIO DE um marketing e ações para incremento das vendas, através da
COSMETICOS LTDA- ME, tais como notas fiscais de vendas de fornecedora dos produtos, empresa HANOVA INDUSTRIA E
mercadorias, termo de confissão de dívida e e-mails em que se COMERCIO DE COSMETICOS LTDA, fato este, confirmado pelos
evidencia a parceria comercial entre as empresas ( venda de depoimentos de reclamantes e testemunhas dos processos
mercadorias), ID. de4b07e, ID. 4c4a838. utilizados como provas emprestadas nos autos, vejamos:
Na audiência de instrução, as reclamadas requerem a juntada de Convocada a primeira testemunha arrolada pelas Reclamadas
provas emprestadas (processos nºs. 461-92.2018.5.07.0010, 470- HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA -
54.2018.5.07.0010 e 471-39.2018.5.07.0010, tendo a autora ME, AL PARTICIPACOES LTDA, ANDERSON LUID DOS
concordado com a juntada dos referidos depoimentos. SANTOS SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE
No termo de audiência relativo ao processo nº. 0000461- COSMETICOS LTDA, Sr(a). Emanuel Rodrigues de Albuquerque
(...): "que trabalha na Hanova desde março/2016 como gerente da Helga continuaram com o mesmo nome, após a fusão, e as
administrativo financeiro; ." ÀS PERGUNTAS DO(A) PATRONO(A) notas fiscais das vendas eram com o nome da Helga; que a
DO(A) PARTE RECLAMADA RESPONDEU: "que na metade do fusão da Helga e Hanova foi para o crescimento da Helga, mas
segundo semestre de 2017 houve uma reunião da Helga com a o dia a dia de trabalho continuou o mesmo de antes, porém
Hanova para uma parceria de fornecimento de produtos, pois a com a informação de que deveriam vender mais os produtos da
Hanova é uma industria; que o fornecimento dos produtos continuou Helga. ( grifos nosso)
da mesma forma, pois a Helga permaneceu como uma cliente Primeira testemunha arrolada pela parte Reclamante Sr(a).
norma; que a parceria teve o objetivo de aumentar o volume de Maria Irlane Silva Santos Desiderio: " (...) que no final de
vendas nas lojas e de fato aumentou, mas só no primeiro mês, julho/2017 foram convocadas para uma reunião no hotel meridional
pois logo em seguida a Helga entrou novamente em dificuldades no centro da cidade onde foi comunicada por Alencar Junior, Erica
financeiras e não conseguiu pagar os produtos que comprava, pois Pontes e Aline Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas
a divida já estava muito alta, de modo que a Helga não conseguia de que tudo iria mudar com a chegada de novos produtos, mas na
pagar nada na sua totalidade; que é uma prática comum serem pratica tudo continuou do mesmo jeito, pois continuou
feitas ações com as distribuidoras para estimular as vendas, e chegando produtos da marca propria da Helga (lavi) e da Helga,
os proprietários da Hanova comparecem pelo fato de que o os quais tinham prioridade para serem vendidos, e das outras
distribuidor Helga ser de grande porte, como também de outros marcas continuaram escassos; que sempre recebeu ordens
distribuidores; que na época da parceria a Helga já estava em das mesmas pessoas (Erica e Alencar), os quais pagavam o
débito com a Hanova; que a Hanova não colocou pessoas na salário da depoente; que todas as lojas da Helga fecharam; .".
lojas da Helga, muito menos assumiu o comando dessa; que a (...).( grifos nosso)
continuou a vendendo normalmente para as outras lojas, como No termo de audiência relativo ao processo nº. 0000471-
Cosbel, Anavi, Iap e outras; que não houve a fusão da Hanova com 39.2018.5.07.0010 a reclamante afirmou que:
a Helga; que havia procedimento de cobrança normal das vendas DEPOIMENTO PESSOAL DO RECLAMANTE MARIA CLEOMAR
dos produtos Hanova;." ÀS PERGUNTAS DO DO(A) PATRONO(A) FERREIRA DE SOUSA ALMEIDA: " (...) que depoente era gerente
DO(A) PARTE RECLAMANTE RESPONDEU: "que a reunião tem da loja Helga situada na Rua Floriano Peixoto 577, e trabalhou de
um caráter de marketing e não para apresentar fusão; que não 01/03/2003 até 14/04/2018: " (...)que as fachadas das lojas da
houve comunicação formal da fusão entre a Hanova e Helga, mas Helga continuaram com o mesmo nome, após a fusão, e as notas
depoente soube que foi feita uma postagem no instagram da fiscais das vendas eram com o nome da Helga; que a fusão da
Helga onde foi usado o termo fusão com a Hanova; que quanto Helga e Hanova foi para o crescimento da Helga, mas o dia a dia de
ao doc. de fl. 8 se tratam das pessoas de Anderson (proprietário da trabalho continuou o mesmo de antes, porém com a informação de
Hanova) e Junior (proprietária da Helga) e o doc. de fl. 9 tratam das que deveriam vender mais os produtos da Hanova; (...)."
pessoas Aline (proprietária da Hanova) e Erica (proprietária da Havendo fusão ou incorporação de empresas, há a alteração na
Helga); (...)."( grifos nosso) estrutura jurídica da empresa, o que in casu, não há provas nos
No termo de audiência relativo ao processo nº. 0000470- autos, não sendo suficiente a propaganda disseminada em reunião
O DEPOIMENTO PESSOAL DO RECLAMANTE: '" que depoente O que extrai dos depoimentos, é que a ideia inicial de postar nas
era subgerente, que atuava em várias lojas da Helga e trabalhou até redes sociais de que haveria a fusão das empresas, trata-se, tão
07/04/2018 porque as lojas fecharam, tendo a sra. Erica Pontes somente, de marketing para alavancar as vendas da empresa
(dona da Helga, esposa de Alencar Junior) comunicado a dispensa Helga, a qual, na época, já se encontrava com dificuldades
produtos de marca própria (Lavi), mas também da Hanova, Fatore, Diante do exposto, considerando que a autora não se desincumbiu
Corpo Dourado e outros; que em julho/2017 houve a fusão da de seu ônus probatório, reforma-se a sentença para excluir a
Hanova com a Helga, no que a prioridade passou a ser para vender responsabilidade solidária da reclamada HNV INDÚSTRIA E
produtos da Hanova e Lavi, mas ainda assim, a Helga continuou a COSMÉTICOS LTDA.
vender produtos de outras marcas que já tinham estoque nas DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
lojas, e também continuou comprando produtos de outras Uma vez excluída a responsabilidade solidária da ora recorrente, o
marcas para vender nas suas lojas; que as fachadas das lojas presente apelo, no ponto, segue a sorte do principal.
RELATÓRIO
Intimado(s)/Citado(s):
Designado para redigir o acórdão, peço vênia para adotar o relatório
- ERICA PONTES DE MENESES
da lavra do Excelentíssimo Desembargador Relator Francisco José
RECORRENTE: JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, HELGA HELGA COSMÉTICOS LTDA - ME; HELGA COSMÉTICOS LTDA
NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, ORIGINAL COMERCIO DE - ME; HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME; ORIGINAL
COSMÉTICOS LTDA - ME, ERICA PONTES DE MENESES, COMERCIO DE COSMÉTICOS LTDA - ME; MULTIPLA
TREINAMENTOS EIRELI, CRX COMERCIO DE COSMÉTICOS E COSMÉTICOS LTDA - EPP; J R COMERCIO DE COSMÉTICOS
BIJUTERIAS LTDA - ME, ROBERTO NENDZA - ME, HNV LTDA - ME; JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME; ERICA
COSMÉTICOS LTDA, BRC - BRAZIL COSMETICS LTDA, DE COSMÉTICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME; VRX COMERCIO
RECORRIDO: LUCHELYS DE ALENCAR MARTINS, VRX NENDZA - ME; HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE
COMERCIO DE COSMÉTICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, COSMÉTICOS LTDA - ME; AL PARTICIPACOES LTDA;
ANDERSON LUID DOS SANTOS SEVERO - ME, BRC - BRAZIL ANDERSON LUID DOS SANTOS SEVERO - ME; MULT
COSMÉTICOS LTDA, MULT DISTRIBUIDORA DE COSMÉTICOS DISTRIBUIDORA DE COSMÉTICOS LTDA; BRC - BRAZIL
LTDA, AL PARTICIPACOES LTDA, HNV INDÚSTRIA E COSMETICS LTDA a pagar à reclamante LUCHELYS DE
COMERCIO DE COSMÉTICOS LTDA - ME, ROBERTO NENDZA - ALENCAR MARTINS as seguintes parcelas: a.Saldo de salário (29
ME, CRX COMERCIO DE COSMÉTICOS E BIJUTERIAS LTDA - dias); b. Aviso prévio (51 dias); com reflexos no 13º salário e férias;
ME, ALENCARINE COSMÉTICOS COMERCIO VAREJISTA E c. Férias simples 2016/2017 e proporcionais (8/12 avos), acrescidas
TREINAMENTOS EIRELI, ERICA PONTES DE MENESES, J R de 1/3 constitucional; d. 13º salário proporcional 2018 (3/12 avos); e.
COMERCIO DE COSMÉTICOS LTDA - ME, BELLA COSMÉTICOS FGTS + 40%; f. Multa do art. 467 da CLT, incidente sobre os valores
e parcelas rescisórias constantes no TRCT (ID. 7ad3499), bem anúncio de fusão entre os conglomerados Helga e Hanova, por
como sobre o FGTS não depositado e multa de 40% sobre todos os certo, tal reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão
valores devidos a título de FGTS ao longo da contratualidade; g. empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas
Multa do art. 477,§8º da CLT; h. Honorários advocatícios. regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos
A sentença fora complementada pelos aclaratórios de ID. 7081a1b, econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria,
com o fito de sanear a sentença embargada, determinando a mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que
compensação do valor de R$ 10.710,34, vez que a quantia foi possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses, o
recebida pela parte embargada, conforme comprovante de que, também, não retrata o caso dos autos.
transferência bancária de ID. 619A9a4. Esclarece, adiante, que há uma mera relação comercial, havendo
Aduz a recorrente, preliminarmente, que houve cerceamento de total independência entre as empresas do GRUPO HANOVA em
seu direito de defesa, ao argumento de que o juízo, ao adotar relação às componentes do GRUPO HELGA, sendo a recorrente,
integralmente a motivação da sentença proferido na reclamatória mera fornecedora de produtos para o conglomerado empresarial
trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu HELGA, sem haver contudo, qualquer integração de interesses
entendimento, por consequência, a partir das provas orais ali entre as empresas ou atuação conjunta.
consignadas, mas que, tais elementos probatórios não foram Por fim, requer a reforma da decisão de modo a afastar a
publicizadas à ora recorrente no presente feito, com vistas à inconstitucionalidade declarada de forma incidental do art. 791-A,
garantia do contraditório e da ampla defesa, verificando-se, pois, §4º, da CLT, haja vista inexistir afronta à Carga Magna, mormente
uma patente violação ao que dispõe o art. 312 do CPC/15. porque, nos ditames do art. 133 da Lei Maior, o advogado é
Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não indispensável à administração da justiça, e, caso esta Colenda
integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos, Turma entenda de modo diverso, que seja observada o art. 97 da
mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou CRFB/1988, o qual prevê a cláusula de reserva de plenário para a
cópia de uma transcrição parcial realizada no bojo de uma sentença Após devidamente notificada, a recorrida apresentou suas
proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou, contrarrazões, conforme documento de ID. 15ffc62.
naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova A matéria versada no presente recurso dispensa a obrigatoriedade
emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito. de parecer prévio da douta PRT (art. 109, do Regimento Interno)"
reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art. Acolhe-se o presente recurso, uma vez que preenchidos os
dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em Peço vênia para adotar os fundamentos do voto do Excelentíssimo
conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine. Desembargador Relator Francisco José Gomes da Silva, quanto à
Adiante, requer o reconhecimento da inépcia do pedido relativo às apreciação das preliminares, nos seguintes termos:
parcelas de FGTS + 40%, a extinção do pleito sem resolução de "DA NULIDADE DA SENTENÇA- DA UTILIZAÇÃO DA PROVA
mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15, sob o EMPRESTADA - DO ALEGADO CERCEAMENTO DE DEFESA
fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de ingresso, Aduz a recorrente, preliminarmente, que houve cerceamento de seu
inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso e de direito de defesa, ao argumento de que o juízo, ao adotar
dispensa, realizou o pedido correspondente às parcelas de FGTS integralmente a motivação da sentença proferida na reclamatória
em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o saldo trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu
fundiário. entendimento, a partir das provas orais ali consignadas, mas que,
No mérito, defende a recorrente, em síntese, a inexistência de tais elementos probatórios não foram publicizadas à ora recorrente
fusão e formação de grupo econômico com o GRUPO HELGA, no presente feito, com vistas à garantia do contraditório e da ampla
sendo indevida a sua responsabilidade solidária pelos créditos defesa, verificando-se, pois, uma patente violação ao que dispõe o
Argumenta, em que pese tenha havido, nas redes sociais, um Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não
integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos, que pertine a alegada formação de grupo econômico entre as
mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou acionadas GRUPO HELGA (DISTR IBUIDORA HELGA
como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera COSMETICOS LTDA - ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME,
cópia de uma transcrição parcial realizada no bojo de uma sentença HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, ORIGINAL
proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou, COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA
naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - EPP, BELLA
emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito. COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS
Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA
relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS
reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art. COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX
Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e
dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em ROBERTO NENDZA - ME) e GRUPO HANOVA - HNV (HANOVA
conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine. INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, AL
de provas emprestadas, relativo aos depoimentos testemunhais dos LTDA), assim como referem-se as mesmas demandadas, sendo
processos 461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471- permitido sua valoração como se houvesse sido produzida
39.2018.5.07.0010 (ID. bae0442, ID. ed35241, ID. 5cd9c24, ID. diretamente nos autos examinados.
O Juízo, ao proferir a sentença, utilizou para o reconhecimento da utilizado a fundamentação da sentença, a qual considerou para
existência de Grupo Econômico entre as acionadas (Grupo Hanova- formação do convencimento da magistrada, depoimentos os quais
Helga) como prova emprestada, os fundamento os lançados na foram respeitados o contraditório quando produzida em processos
sentença prolatada nos autos do processo nº 0000471- judiciais, máxime,quando envolvendo a mesma empresa e quando
51.2018.5.07.0006, de lavra da magistrada Taciana Orlovicin os fatos guardam correlação com os da presente ação.
Gonçalves Pita (ID. 984dd8d). Nesse mesmo entendimento, colaciona-se a atual jurisprudência do
Nesse ponto, destaco, inicialmente, que o novo CPC trouxe Tribunal Superior do Trabalho, in verbis:
permissivo expresso quanto à possibilidade de utilização da prova UTILIZAÇÃO DE PROVA EMPRESTADA. POSSIBILIDADE.
emprestada, desde que observado o contraditório, conforme IDENTIDADE FÁTICA. MESMAS RECLAMADAS.
previsão no art. 372, que assim dispõe: DESNECESSIDADE DE PRÉVIA CONCORDÂNCIA DA PARTE
Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em CONTRÁRIA. AUSÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA.
outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, NULIDADE PROCESSUAL NÃO CONFIGURADA. Esta Corte
Assim, havendo previsão legal para utilização da prova emprestada identidade dos fatos considerados no documento emprestado e no
e, observando que no processo nº 0000471-51.2018.5.07.0006 as caso em julgamento, assim como ocorrido nesta hipótese, em que o
partes foram submetidas ao contraditório e, havendo identidade dos Regional registrou que"a prova emprestada foi produzida em
fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de processo judicial que envolvia as mesmas rés da presente ação,
Quanto a alegativa de que as reportadas transcrições dos sua produção, bem como o princípio do contraditório. Segundo,
depoimentos carregam relatos fáticos que não integram as razões porque os fatos a serem comprovados guardam correlação com os
da exordial, não merece acolhida, posto que a causa de pedir da da presente ação. Terceiro, porque a referida prova emprestada foi
autora, no que se refere a responsabilidade solidária das acionadas, valorada pelo Juízo segundo o princípio do livre convencimento
trata justamente na alegada formação de grupo econômico entre as motivado, em conjunto com as demais provas dos autos".
empresas, objeto da prova naqueles autos. Importante salientar também que a utilização de prova emprestada
Os depoimentos constantes na prova emprestada utilizada pelo não está condicionada à prévia anuência e concordância das
Juízo a quo dizem respeito aos fatos relacionados pela autora, no partes. Assim, a mera alegação da reclamada de que não
concordou com a utilização de prova emprestada não é suficiente vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no
para inviabilizar a sua utilização nestes autos. Precedentes. que couber, o disposto no parágrafo anterior.
Recurso de revista não conhecido" (TST, ARR - 3600- § 2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias
29.2010.5.12.0031 Data de Julgamento: 15/02/2017, Relator datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que
Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de couber, o disposto no § 1o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº
"B) RECURSO DE REVISTA. 1. NULIDADE DA SENTENÇA. § 3o Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo
CERCEAMENTO DE DEFESA. UTILIZAÇÃO DE PROVA serão julgados extintos sem resolução do mérito. (Incluído pela Lei
utilização de prova emprestada consubstanciada em certidão de Como se observa, a Lei n. 13.467/17 fez referência expressa aos
averiguação produzida em outros autos, no qual a reclamada figura requisitos da petição inicial trabalhista, dispondo no § 1º do art. 840
como parte, não configura cerceamento de defesa, ante a da CLT que o pedido deva "ser certo, determinado e com indicação
observância do contraditório e da ampla defesa. Com efeito, esta No caso, em relação ao pedido de pagamento do FGTS e multa
Corte tem se posicionado no sentido de ser possível a utilização da rescisória, o reclamante fez pedido certo, determinado e com
prova emprestada, não sendo imprescindível a anuência da parte indicação do valores pois da sua causa de pedir, entende-se
adversa. Recurso de revista não conhecido" (TST, RR - 940- logicamente que o autor fora demitido sem justa causa e sem
27.2013.5.18.0181 Data de Julgamento: 09/11/2016, Relatora recebimento de suas verbas rescisórias, fato este, incontroverso
Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT nos autos.
INÉPCIA DA INICIAL sendo demitida sem justa causa em 29/03/2018; que o último
Requer o Recorrente, o reconhecimento da inépcia do pedido salário percebido foi de R$ 3.200,00 (três mil e duzentos reais); que
relativo às parcelas de FGTS + 40%, e a extinção do pleito sem quando de sua demissão não recebeu qualquer valor, assim como
resolução de mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15, não fora liberado Seguro Desemprego e FGTS, motivo pelo qual
sob o fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de pleiteia a liberação dos mesmos em sede de tutela antecipada; que
ingresso, inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso o FGTS se encontra depositado apenas de forma parcial, apenas o
e de dispensa, realizou o pedido correspondente às parcelas de valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais).
FGTS, em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o Em seguida, requereu que, Tendo em vista os argumentos jurídicos
O processo trabalhista é regido pelo princípio da simplicidade das sejam: Saldo Salário, Aviso Prévio de 51 dias, 13º salário e férias
formas, consagrado no art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta sobre aviso prévio, FGTS sobre rescisão, 13º salário proporcional
uma breve exposição dos fatos para se considerar apta a exordial. 3/12 de 2018, férias simples 2016/2017 e proporcionais 2017/2018
Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal. todas acrescidas do terço constitucional, FGTS e multa de 40%.
§ 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do Em relação ao rol dos pedidos, o autor requereu a condenação da
Presidente da Junta, ou do juiz de direito a quem for dirigida, a reclamada ao pagamento das verbas rescisórias, incluindo FGTS E
dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura Em decorrência do princípio da simplicidade, que norteia o processo
do reclamante ou de seu representante. trabalhista, o qual não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de
§ 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do 2017, a petição inicial ora em análise preencheu os requisitos do
juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que art. 840 , da CLT, a qual, frise-se, não dificultou a defesa das
A sentença reconheceu o grupo econômico entre as empresas da marca mista "Helga" por cinco anos, sem jamais exercer
demandadas, consoante os seguintes fundamentos: qualquer gerência direta, pois o Sr. José Alencar Sales Júnior
"Diante da identidade da matéria (fática e jurídica), adoto continuou a exercer a direção, gerência e coordenação das
integralmente os fundamentos lançados na brilhante sentença empresas. Por essa razão, pretende a responsabilização solidária
prolatada nos autos da 0000471-51.2018.5.07.0006, de lavra da da ré BRC BRAZIL COSMÉTICOS LTDA, uma vez identificada a
magistrada Taciana Orlovicin Gonçalves Pita, acerca da fraude ocorrida e a evidente direção do efetivo sócio do Grupo
'Afirma a parte reclamante que as empresas que compõem o antigo Em suas contestações, as rés negam a formação de grupo
GRUPO HELGA (DISTRIBUIDORA HELGA COSMETICOS LTDA - econômico entre as empresas do Grupo Helga e Hanova As
ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES reclamadas DISTRIBUIDORA HELGA COSMETICOS LTDA - ME,
& CIA LTDA - ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS HELGA COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES & CIA
LTDA - ME, MULTIPLA COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - LTDA - ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME,
EPP, BELLA COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE MULTIPLA COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - EPP,
COSMETICOS LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, BELLACOSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE
ERICA PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS COSMETICOS LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME,
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX ERICA PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX
ROBERTO NENDZA - ME) são dirigidas e coordenadas pelos COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME,
sócios José Alencar Sales Júnior e Érica Pontes de Meneses. Alega ROBERTO NENDZA - ME (1ª a 13ª reclamadas), não refutam o
que, em meados de 2017, os sócios do Grupo Helga iniciaram grupo econômico entre si, tendo contestado a formação de grupo
negociações para fusão com o Grupo Hanova (HNV), fusão de com as empresas do Grupo HANOVA (14ª a 16ª reclamadas), com
empresas esta que foi oficialmente tornada pública em julho de a MULT DISTRIBUIDORA (17ª reclamada) e com a BCR (18ª
2017, expondo o rol de empresas que compõem o Grupo Hanova - reclamada), alegando que o grupo HANOVA tem como objeto social
HNV (HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS a produção de produtos de beleza, e que inexiste hierarquia e/ou
LTDA - ME, AL PARTICIPAÇÕES LTDA, ANDERSON LUID DOS coordenação entre as empresas. Sustenta que a BCR está sob a
SANTOS SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE égide da Lei 11.101//05, tendo comprado o direito de utilização da
COSMETICOS LTDA), à época todas dirigidas pelos sócios marca "Helga" por cinco anos.
Anderson Luid Santos Severo e Aline Cristina Silva Souza Severo. As reclamadas HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE
Sustenta que, a partir de julho de 2017, independentemente do COSMETICOS LTDA - ME e ANDERSON LUID DOS SANTOS
cumprimento das obrigações legais para efetivação da fusão, qual SEVERO - ME reconhecem o grupo entre si e negam a formação de
seja a extinção das pessoas jurídicas da empresa incorporada com grupo com as demais reclamadas, noticiando que são fornecedoras
o surgimento de uma nova, tal fusão de fato ocorreu e todos os de produtos à rede varejista, sendo uma das principais, o grupo
empregados passaram à subordinação do Grupo Hanova-Helga, o HELGA, não tendo havido a fusão alegada, apenas relação
qual configura grupo econômico por coordenação, impondo a fornecedor-cliente. Informam, ainda, que os fundos de comércio de
responsabilização solidária entre as empresas do grupo. Entende empresas do Grupo Helga foram alienados por seus sócios-
que a fusão entre as empresas com a criação, em outubro de 2017, proprietários da Helga para a empresa DX GROUP
da empresa MULT DISTRIBUIDORA DE COSMÉTICOS (de que PARTICIPAÇÕES E INVESTIMENTOS LTDA, que, por sua vez,
eram sócios o filho dos sócios do Grupo Helga e a mãe do sócio do não possuiria qualquer ligação com o Grupo Hanova, tratando-se de
Grupo Hanova), teria como única finalidade ocultar os sócios de fato empresa de investimentos de proveniente São Paulo.
da nova empresa e ainda o de conseguir nova linha de crédito na A demandada AL PARTICIPACOES LTDA nega a formação de
praça. Postula, caso não se conclua pela existência de grupo grupo econômico com quaisquer das demais empresas.
econômico, que se reconheça a sucessão empresarial de todas as A reclamada MULT DISTRIBUIDORA DE COSMETICOS LTDA
empresas do Grupo Helga por HNV INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE alega que nunca existiu de fato e nega a formação de grupo
COSMÉTICOS LTDA. Alega, ainda, que a empresa BRC BRAZIL econômico com quaisquer das demais empresas.
COSMÉTICOS LTDA adquiriu em Recuperação Judicial os direitos A ré BRC - BRAZIL COSMETICS LTDA informa que comprou os
direitos de uso da marca HELGA, não estando a reclamante sob fusão entre as empresas Helga e Hanova; que o gerente do
suas ordens, refutando a formação de grupo econômico com depoente comentou que ocorreria a fusão e que o depoente
quaisquer das demais empresas reclamadas e pleiteia que, em continuaria a prestar serviços para as duas empresas; que o
caso de condenação, seja de forma subsidiária. depoente já chegou, mesmo prestando serviços para a Helga,
Pois bem. prestar serviços para a Hanova, tais como rotulagem de produtos,
Inicialmente, declaro a responsabilidade solidária das empresas embalagem de mercadorias e fazendo entregas; que depois dos
DISTRIBUIDORA HELGA COSMETICOS LTDA - ME, HELGA comentários da fusão, o depoente também começou a receber
COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ordens do Sr. Paulo, empregado da Hanova, responsável pela
MULTIPLA COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - EPP, BELLA Ainda, a segunda testemunha da autora noticiou:
COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS "que trabalhou para Helga de 01/02/2010 a 14/04/2018 na função
LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA de estoquista; que trabalhou com a reclamante; que o gerente,
PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS Sr.Evandro comentou com o depoente que havia sido feita uma
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX sociedade entre a Helga e a Hanova; que, após o comentário, o
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX depoente também começo a prestar serviços para a Hanova
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, abastecendo e descarregando as mercadorias da empresa Hanova
ROBERTO NENDZA - ME (1ª a 13ª reclamadas), nos termos do § nas seções das lojas Helga, limpando as mercadorias; que o
2º do art. 2º da CLT, as quais reconheceram a formação de grupo depoente não recebia ordens de nenhum empregado da Hanova;
econômico entre si, encontrando-se, dentre estas, a empregadora. que as lojas Helga também vendiam produtos de outras indústrias e
Quanto ao grupo econômico alegado em relação aos grupos não só da empresa Hanova; que, em relação às mercadorias das
HELGA e HANOVA, a autora juntou aos autos várias fotografias outras indústrias, o abastecimento e o descarregamento de
com os Srs. Anderson Luid Dos Santos Severo, José Alencar Sales mercadorias eram feitos por empregados destas indústrias; que a
Junior, Aline Cristina Silva Souza Severo e Érica Pontes de reclamante vendia produtos da indústria Hanova bem como de
Meneses, sócios das empresa Hanova e Helga, divulgadas em meio outras indústrias."
digital em julho de 2017, anunciando a fusão entre as empresas do Saliente-se que o fato de terem sido alienados fundos de comércio
Grupo Helga com aquelas do Grupo Hanova (HNV), com de empresas do Grupo Helga para a empresa DX GROUP
fundamento na expansão e aquisições realizadas pelo grupo PARTICIPAÇÕES E INVESTIMENTOS LTDA não afeta a presente
HANOVA, podendo se perceber que nas fotos, aparece o diretor do demanda, pois apenas houve a alienação parcial das quotas
grupo HANOVA, o qual veste camisa com o nome HELGA NOVO empresariais de somente algumas das empresas do Grupo.
TEMPO e ainda uma figura que demonstra a junção de duas peças Insta destacar, também, que a alegação da reclamada ANDERSON
de quebra-cabeça nas quais constam os nomes dos dois grupos LUID DOS SANTOS SEVERO ME de que a relação havida entre os
HANOVA e HELGA. Em que pese não haver alterações nas apontados conglomerados empresariais era de apenas fornecedor-
estruturas das empresas formadoras dos grupos, resta claro que cliente não se sustenta, ressaltando que a mensagem eletrônica e a
houve uma intensa comunhão de interesses confissão de dívida datam de período anterior à "fusão" noticiada, o
econômicos/profissionais entre as empresas formadoras dos dois que só veio a ocorrer em julho de 2017.
grupos. De acordo com a Lei 13.467/2017 são requisitos para a Diante do exposto, reconheço a existência de grupo econômico por
configuração do grupo econômico: a demonstração do interesse coordenação entre todas as empresas dos Grupos HELGA e
integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta HANOVA, as quais declaro responsáveis solidárias pelas verbas
das empresas integrantes. A inexistência de uma hierarquia entre decorrentes da condenação, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da
demonstração de que entre as empresas ocorre clara atuação No que concerne à reclamada AL PARTICIPAÇÕES LTDA, verifica-
conjunta, em linha de coordenação e comunhão de interesses, o se que na defesa das empresas formadoras do GRUPO HELGA
que se verifica no caso em tela. restou afirmado que as empresas HANOVA INDUSTRIA E
Ademais, a primeira testemunha laboral afirmou em seu COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, ANDERSON LUID
"(...) que havia comentários dentro da empresa de que ocorreu uma formam o grupo HANOVA. Nessa senda, o contrato social de
constituição da reclamada AL PARTICIPAÇÕES LTDA demonstra Por fim, quanto à ré BRC BRAZIL COSMETICS COMÉRCIO
que essa empresa tem como sócios os Srs. Anderson Liud dos VAREJISTA DE COSMÉTICOS EIRELI, verifica-se que ela
Santos Severo e Aline Cristina Silva Souza Severo, os quais se apresentou defesa através do mesmo escritório que a empregadora,
fizeram presentes ao evento em que foi anunciada a "fusão" entre na qual passou a repetir as mesmas alegações já apresentadas
os grupos empresariais, conforme fotografias anexadas aos autos. pelas 1ª a 13ª Reclamadas, além disso, observa-se que no
Ainda, o endereço eletrônico da AL PARTICIPAÇÕES LTDA comprovante de inscrição cadastral (CNPJ) consta endereço
Ademais, a Sra. Aline Cristina Silva Souza Severo é também sócia Ademais, apresentou carta de preposição que revelou
da empresa HNV INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE COSMÉTICOS representação através do mesmo preposto que a empregadora,
LTDA, cujo endereço eletrônico é razão pela qual, deve ser solidariamente responsável pelos créditos
"anderson@hanovacosméticos.com.br", conquanto o Sr. Anderson oriundos da presente demanda, nos moldes dos arts. 2º, § 2º, e 9º
Liud dos Santos Severo não faça parte do corpo societário dessa da CLT."
empresa. O Sr. Anderson Liud dos Santos Severo atua, ainda, Pontue-se, por oportuno, que as atas de audiência em nada
como empresário individual da ANDERSON LUID DOS SANTOS corroboram com a tese da demandada, uma vez que se verifica,
SEVERO ME. Por fim, saliento que as empresas HNV INDÚSTRIA com extrema facilidade, que a testemunha da reclamada, Sr.
LTDA, ANDERSON LUID DOS SANTOS SEVERO - ME e MULT processos, busca, sem nenhum sucesso, sustentar os termos da
fizeram representar pelo mesmo preposto, o Sr. Luiz Gustavo Ademais, por mais que tenha declarado que "que na metade do
Santana Severo, neste feiro e nos processos nº0000470- segundo semestre de 2017 houve uma reunião da Helga com a
61.2018.5.07.0010, cujos termos de audiência foram anexados aos afirmou, posteriormente, que "soube que foi feita uma postagem
presentes autos. no instagram da Helga onde foi usado o termo fusão com a
diverso das empresas do grupo HANOVA não é suficiente para Por outro lado, as testemunhas Francisca Edinusia Alves de Sousa
afastar a formação do grupo econômico com HNV INDÚSTRIA E e Maria Irlane Silva Santos
COMÉRCIO DE COSMÉTICOS LTDA e ANDERSON LUID DOS Desiderio, apresentadas pelas partes autoras, nas referidas atas de
Sendo assim, reconheço que a empresa AL PARTICIPAÇÕES reunião em que foi publicizada à fusão das demandadas aos
LTDA pertence ao grupo econômico HANOVA, o qual restou empregados são uníssonas ("que no final de julho/2017 foram
condenada solidariamente, aplicando a esta a mesma convocadas para uma reunião no hotel meridional no centro da
responsabilidade, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da CLT. cidade onde foi comunicada por Alencar Junior, Erica Pontes e
No que tange à reclamada MULT DISTRIBUIDORA DE Aline Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas de
COSMETICOS LTDA, observa-se efetivamente formalizada em que tudo iria mudar com a chegada de novos produtos, mas na
24/10/2017 pouco tempo após a fusão dos grupos HELGA e pratica tudo continuou do mesmo jeito, pois continuou
HANOVA, com atuação na vendas de produtos de higiene, tendo chegando produtos da marca própria da Helga (lavi) e da Helga,
como sócios os Srs. Matheus Pontes Sales e Maria de Fátima dos os quais tinham prioridade para serem vendidos" - depoimento
Santos Severo, os quais são, respectivamente, o filho dos titulares de Maria Irlane Silva Santos Desiderio) e ("que houve uma
do Grupo Helga e a mãe de um dos proprietários do Grupo Hanova reunião num domingo de julho/2017 onde foi comunicada a
(Anderson Luid dos Santos Severo), fato não contestado em defesa. fusão da Hanova com a Helga Cosmeticos onde foram
Sendo assim, tenho que a empresa MULT DISTRIBUIDORA DE apresentados os novos patrões como sendo: Aline Severo e
COSMETICOS LTDA também participa dos Grupos Helga e seu esposo Anderson ambos donos da Hanova; que a a partir
Hanova, utilizando-se da mesma estrutura empresarial para a daí a prioridade era para vender os produtos da Hanova e Lavi"
consecução de seus objetivos financeiros, diante do que, resta - depoimento de Francisca Edinusia Alves de Sousa)."
condenada solidariamente, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da A empresa recorrente manifesta no presente recurso ordinário o seu
econômico ostentam características diametralmente opostas"; "em produtos e a melhor experiência. Transformando para melhor, o seu
que pese tenha havido, nas redes sociais, um anúncio de fusão visual e a sua vida. #HelgaNovoTempo #Hanova #GrupoHNV
entre os conglomerados Helga e Hanova, por certo, tal #GrupoHelga #Beleza #Cabelos". Com a devida vênia da parte
reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão recorrente, este aspecto é relevante para a caracterização do grupo
empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas econômico sob investigação, demonstrando a plena possibilidade
regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos de que as marcas de cada um dos grupos estejam sob a
econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria, coordenação de um único conglomerado, o que afasta a tese
mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que recursal a respeito da estranheza de haver empresas concorrentes
"que a sentença de origem, em nenhum momento, cuidou de Além disso, vigora no Direito do Trabalho o princípio da primazia da
demonstrar a integração de interesses entre as empresas, a realidade, de modo a ser imprescindível destacar a prevalência dos
atuação conjunta, tampouco a comunhão de interesses, mas fatos da relação de emprego sobre os aspectos formais. Dessa
apenas limitou-se a discorrer, de forma bastante confusa, sobre forma, ainda que não ultimada, ao menos formalmente, com as
"fusão", sendo esta manifestante inexistente no caso vertente"; "que devidas baixas das pessoas jurídicas, a fusão mencionada nas
os depoimentos coligidos aos autos sob a rubrica de prova redes sociais, não há se desconhecer que houve a junção das
emprestada fulminam a pretensão autoral, quer pelo viés da fusão, empresas, que passaram a atuar integradas a um único grupo.
seja sob a óptica de agrupamento empresarial." Igualmente, salvo melhor juízo, os depoimentos das testemunhas
Não se vê nas razões recursais, com a devida vênia da parte não afastam o reconhecimento do grupo econômico. Ao revés,
recorrente, fundamentos que infirmem convincentemente as confirmam a fusão entre as empresas. Destaca-se, a este respeito,
conclusões do juízo de primeiro grau, razão pela qual se há perfilhar o depoimento da primeira testemunha da parte reclamante, Sra.
com os motivos da decisão vergastada, ora endossados e Maria Irlane Silva Santos Desiderio, ouvida no processo nº 0000470
integrantes das presentes razões de decidir. -54.2018.5.07.0010 (Ata de audiência de ID 5cd9c24 - Pág. 4),
Consoante o § 2º do art. 2º da CLT, "sempre que uma ou mais trazido por empréstimo ao conjunto probatório pelas próprias
empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica reclamadas, revelador de "(...) que no final de julho/2017 foram
própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de convocadas para uma reunião no hotel meridional no centro da
outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua cidade onde foi comunicada por Alencar Junior, Erica Pontes e Aline
autonomia, integrem grupo econômico, serão responsáveis Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas de que tudo
solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de iria mudar com a chegada de novos produtos, mas na pratica tudo
Nesta esteira, o delineamento do que se convencionou chamar marca propria da Helga (lavi) e da Helga, os quais tinham prioridade
grupo econômico, pela dicção da Consolidação das Leis do para serem vendidos, e das outras marcas continuaram escassos".
Trabalho, importa na evidência da integração dos Veja-se que a fusão foi comunicada aos empregados em reunião,
empreendimentos, de forma a vincular, direta ou indiretamente, as constatação que reforça a ideia do grupo econômico, referindo-se a
Este aspecto restou caracterizado nos autos, sendo certo que se operandi das vendas dos produtos e não à ausência de formação
verificam elementos suficientes para que seja corroborada a de grupo. A testemunha em questão ainda revelou que as diversas
Como bem destacado pela sentença, restou demonstrada nos autos mas que com a Hanova o processo foi diferente, pois, além de ter
a ampla divulgação realizada nas redes sociais, em julho de 2017, sido comunicada a fusão, não houve interrupção do fornecimento de
acerca da fusão das empresas do Grupo Helga com aquelas do mercadorias para serem vendidas nas lojas Helga, o que ocorreu
Grupo Hanova. Eis os dizeres da publicação (V. ID 0d53e9e - Pág. com outros fornecedores em face das dívidas da empregadora
Grupo HNV detentor de várias marcas como a Hanova, em um Não se olvida o depoimento da testemunha convidada pelas
processo de expansão e aquisições, realizou a fusão com o Grupo reclamadas, Sr. Emanuel Rodrigues de Albuquerque, ouvida nos
Helga Cosméticos. Tudo isso para que os nossos clientes possam processos (461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471-
ter sempre à disposição o melhor atendimento, os melhores 39.2018.5.07.0010) trazidos por empréstimo ao conjunto probatório,
cujas declarações transparecem a ideia de demonstrar ter havido HNV INDÚSTRIA E COSMÉTICOS LTDA. Redigirá o acórdão o
apenas uma relação comercial, mas não uma fusão, entre as Desembargador Cláudio Soares Pires, com a integração do voto
demais elementos probatórios dos autos, não há de prevalecer o Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
quadro traçado pelo depoente, sendo de se destacar que ele próprio Francisco José Gomes da Silva (Presidente e Relator), Cláudio
admite não ter participado da reunião ocorrida em julho de 2017 (V. Soares Pires e Paulo Régis Machado Botelho. Presente ainda o(a)
ID's 5cd9c24 - Pág. 6 e 8eb6395 - Pág. 6), na qual fora anunciada a Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
fusão aos trabalhadores. de férias o Exmo. Sr. Desembargador Jefferson Quesado Junior.
Cumpre ressaltar, ainda, porquanto oportuno, que a estreita relação Fortaleza, 14 de outubro de 2019.
comercial entre as empresas dos grupos empresariais, consoante INTEGRA O PRESENTE ACÓRDÃO O VOTO VENCIDO DO EXMº
se denota pelas notas ficais de vendas de mercadorias anexadas DESEMBARGADOR FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA, in
econômico, mas, em verdade, a reforça, evidenciando além da EMENTA: PROVA EMPRESTADA. PREVISÃO LEGAL.
complementaridade entre os objetos sociais das empresas CONTRADITÓRIO OBSERVADO. O novo CPC trouxe permissivo
contratantes, o interesse integrado, a comunhão de interesses e a expresso quanto à possibilidade de utilização da prova emprestada,
atuação conjunta das empresas dele integrantes. desde que observado o contraditório, conforme previsão no art. 372.
Destarte, o quadro encontrado no presente feito permite a Assim, havendo previsão legal para utilização da prova emprestada
conclusão de que a empresa ora recorrente integra grupo e, observando que no processo nº 0000471-51.2018.5.07.0006 as
econômico com as reclamadas do grupo Helga. Importa examinar a partes foram submetidas ao contraditório e, havendo identidade dos
presença de elementos objetivos capazes de demonstrar que as fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de
empresas estavam integradas no mesmo grupo. É o que se cerceamento de defesa. Preliminar rejeitada.
constatou à exaustão no presente feito. PETIÇÃO INICIAL. ART. 840, §1º DA CLT. O processo trabalhista
Por oportuno, colhe-se o seguinte precedente jurisprudencial: é regido pelo princípio da simplicidade das formas, consagrado no
"Grupo econômico. Relação inter-empresarial. O grupo econômico art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta uma breve exposição
para fins justrabalhistas não necessita se revestir das modalidades dos fatos para se considerar apta a exordial. Em decorrência do
jurídicas típicas do Direito Econômico ou Direito Comercial princípio da simplicidade, que norteia o processo trabalhista, o qual
(holdings, consórcios, pools etc.). Não se exige, sequer, a prova não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de 2017, verifica-se que
de sua formal institucionalização cartorial: pode-se acolher a a petição inicial atendeu integralmente os requisitos do art. 840, da
existência do grupo desde que surjam evidências probatórias CLT. Preliminar rejeitada.
de que estão presentes os elementos de integração inter- EXISTÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO. ART. 2º, DA CLT. ÔNUS
empresarial (abrangência subjetiva e nexo relacional) de que DA PROVA. ART. 818, DA CLT C/C ART. 373, DO NCPC.
fala a CLT (art. 2º, § 2º)" (Processo 00409002020085010025, TRT AUSÊNCIA DE PROVA. Não tendo a reclamante comprovado a
1ª Região - 8ª Turma, Relatora Desembargadora Dalva Amélia de existência do alegado grupo econômico Helga-Hanova, composto
conhecer do recurso ordinário para, rejeitar as preliminares DA NULIDADE DA SENTENÇA- DA UTILIZAÇÃO DA PROVA
suscitadas e, no mérito, por maioria, negar-lhe provimento. Vencido EMPRESTADA - DO ALEGADO CERCEAMENTO DE DEFESA
o Desembargador Relator, que dava provimento ao apelo, para Aduz a recorrente, preliminarmente, que houve cerceamento de seu
excluir da condenação a responsabilidade solidária da reclamada direito de defesa, ao argumento de que o juízo, ao adotar
integralmente a motivação da sentença proferida na reclamatória Quanto a alegativa de que as reportadas transcrições dos
trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu depoimentos carregam relatos fáticos que não integram as razões
entendimento, a partir das provas orais ali consignadas, mas que, da exordial, não merece acolhida, posto que a causa de pedir da
tais elementos probatórios não foram publicizadas à ora recorrente autora, no que se refere a responsabilidade solidária das acionadas,
no presente feito, com vistas à garantia do contraditório e da ampla trata justamente na alegada formação de grupo econômico entre as
defesa, verificando-se, pois, uma patente violação ao que dispõe o empresas, objeto da prova naqueles autos.
Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não Juízo a quo dizem respeito aos fatos relacionados pela autora, no
integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos, que pertine a alegada formação de grupo econômico entre as
mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou acionadas GRUPO HELGA (DISTR IBUIDORA HELGA
como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera COSMETICOS LTDA - ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME,
cópia de uma transcrição parcial realizada no bojo de uma sentença HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, ORIGINAL
proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou, COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA
naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - EPP, BELLA
emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito. COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS
Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA
relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS
reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art. COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX
Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e
dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em ROBERTO NENDZA - ME) e GRUPO HANOVA - HNV (HANOVA
conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine. INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, AL
de provas emprestadas, relativo aos depoimentos testemunhais dos LTDA), assim como referem-se as mesmas demandadas, sendo
processos 461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471- permitido sua valoração como se houvesse sido produzida
39.2018.5.07.0010 (ID. bae0442, ID. ed35241, ID. 5cd9c24, ID. diretamente nos autos examinados.
O Juízo, ao proferir a sentença, utilizou para o reconhecimento da utilizado a fundamentação da sentença, a qual considerou para
existência de Grupo Econômico entre as acionadas (Grupo Hanova- formação do convencimento da magistrada, depoimentos os quais
Helga) como prova emprestada, os fundamento os lançados na foram respeitados o contraditório quando produzida em processos
sentença prolatada nos autos do processo nº 0000471- judiciais, máxime,quando envolvendo a mesma empresa e quando
51.2018.5.07.0006, de lavra da magistrada Taciana Orlovicin os fatos guardam correlação com os da presente ação.
Gonçalves Pita (ID. 984dd8d). Nesse mesmo entendimento, colaciona-se a atual jurisprudência do
Nesse ponto, destaco, inicialmente, que o novo CPC trouxe Tribunal Superior do Trabalho, in verbis:
permissivo expresso quanto à possibilidade de utilização da prova UTILIZAÇÃO DE PROVA EMPRESTADA. POSSIBILIDADE.
emprestada, desde que observado o contraditório, conforme IDENTIDADE FÁTICA. MESMAS RECLAMADAS.
previsão no art. 372, que assim dispõe: DESNECESSIDADE DE PRÉVIA CONCORDÂNCIA DA PARTE
Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em CONTRÁRIA. AUSÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA.
outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, NULIDADE PROCESSUAL NÃO CONFIGURADA. Esta Corte
Assim, havendo previsão legal para utilização da prova emprestada identidade dos fatos considerados no documento emprestado e no
e, observando que no processo nº 0000471-51.2018.5.07.0006 as caso em julgamento, assim como ocorrido nesta hipótese, em que o
partes foram submetidas ao contraditório e, havendo identidade dos Regional registrou que"a prova emprestada foi produzida em
fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de processo judicial que envolvia as mesmas rés da presente ação,
sua produção, bem como o princípio do contraditório. Segundo, dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura
porque os fatos a serem comprovados guardam correlação com os do reclamante ou de seu representante.
da presente ação. Terceiro, porque a referida prova emprestada foi § 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do
valorada pelo Juízo segundo o princípio do livre convencimento juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que
motivado, em conjunto com as demais provas dos autos". resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo, determinado e
Importante salientar também que a utilização de prova emprestada com indicação de seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou
não está condicionada à prévia anuência e concordância das de seu representante. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
partes. Assim, a mera alegação da reclamada de que não § 2º - Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em 2 (duas)
concordou com a utilização de prova emprestada não é suficiente vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no
para inviabilizar a sua utilização nestes autos. Precedentes. que couber, o disposto no parágrafo anterior.
Recurso de revista não conhecido" (TST, ARR - 3600- § 2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias
29.2010.5.12.0031 Data de Julgamento: 15/02/2017, Relator datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que
Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de couber, o disposto no § 1o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº
"B) RECURSO DE REVISTA. 1. NULIDADE DA SENTENÇA. § 3o Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo
CERCEAMENTO DE DEFESA. UTILIZAÇÃO DE PROVA serão julgados extintos sem resolução do mérito. (Incluído pela Lei
utilização de prova emprestada consubstanciada em certidão de Como se observa, a Lei n. 13.467/17 fez referência expressa aos
averiguação produzida em outros autos, no qual a reclamada figura requisitos da petição inicial trabalhista, dispondo no § 1º do art. 840
como parte, não configura cerceamento de defesa, ante a da CLT que o pedido deva "ser certo, determinado e com indicação
observância do contraditório e da ampla defesa. Com efeito, esta No caso, em relação ao pedido de pagamento do FGTS e multa
Corte tem se posicionado no sentido de ser possível a utilização da rescisória, o reclamante fez pedido certo, determinado e com
prova emprestada, não sendo imprescindível a anuência da parte indicação do valores pois da sua causa de pedir, entende-se
adversa. Recurso de revista não conhecido" (TST, RR - 940- logicamente que o autor fora demitido sem justa causa e sem
27.2013.5.18.0181 Data de Julgamento: 09/11/2016, Relatora recebimento de suas verbas rescisórias, fato este, incontroverso
Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT nos autos.
INÉPCIA DA INICIAL sendo demitida sem justa causa em 29/03/2018; que o último
Requer o Recorrente, o reconhecimento da inépcia do pedido salário percebido foi de R$ 3.200,00 (três mil e duzentos reais); que
relativo às parcelas de FGTS + 40%, e a extinção do pleito sem quando de sua demissão não recebeu qualquer valor, assim como
resolução de mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15, não fora liberado Seguro Desemprego e FGTS, motivo pelo qual
sob o fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de pleiteia a liberação dos mesmos em sede de tutela antecipada; que
ingresso, inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso o FGTS se encontra depositado apenas de forma parcial, apenas o
e de dispensa, realizou o pedido correspondente às parcelas de valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais).
FGTS, em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o Em seguida, requereu que, Tendo em vista os argumentos jurídicos
O processo trabalhista é regido pelo princípio da simplicidade das sejam: Saldo Salário, Aviso Prévio de 51 dias, 13º salário e férias
formas, consagrado no art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta sobre aviso prévio, FGTS sobre rescisão, 13º salário proporcional
uma breve exposição dos fatos para se considerar apta a exordial. 3/12 de 2018, férias simples 2016/2017 e proporcionais 2017/2018
Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal. todas acrescidas do terço constitucional, FGTS e multa de 40%.
§ 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do Em relação ao rol dos pedidos, o autor requereu a condenação da
Presidente da Junta, ou do juiz de direito a quem for dirigida, a reclamada ao pagamento das verbas rescisórias, incluindo FGTS E
Em decorrência do princípio da simplicidade, que norteia o processo A nova redação alterou o parágrafo 2º e acrescentou o parágrafo 3º
trabalhista, o qual não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de a este artigo, conforme transcrição seguinte:
2017, a petição inicial ora em análise preencheu os requisitos do Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva,
art. 840 , da CLT, a qual, frise-se, não dificultou a defesa das que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria
Na peça de ingresso, requer o reclamante que seja caracterizada a fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados.
condição da segunda (VRX COMÉRCIO COSMÉTICOS E § 2º Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada
BIJUTERIAS LTDA) e terceira reclamada (HANOVA uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a
COSMÉTICOS), de responsáveis solidárias pelos encargos direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando,
trabalhistas da primeira reclamada, HELGA COSMÉTICOS, em mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo
Afirma que a primeira, segunda e terceira reclamadas foram obrigações decorrentes da relação de emprego.
criadas, são dirigidas e controladas pelo pela Sra. Erica Pontes de § 3º Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de
Meneses, que não aparece no contrato social da terceira sócios, sendo necessárias, para a configuração do grupo, a
reclamada, HANOVA COSMÉTICOS, pois utilizou terceiro como demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de
complementares, visto todas possuírem o mesmo objeto social e A nova redação do art. 2º, além de manter a hipótese do grupo
finalidade, sendo patente a formação de grupo econômico entre econômico hierarquizado ou sob subordinação, introduz,
No mérito, defende a recorrente, em síntese, a inexistência de fusão sob coordenação, trazendo para o texto legal, o entendimento dos
e formação de grupo econômico com o GRUPO HELGA, sendo Tribunais Regionais do Trabalho e do TST quanto a configuração de
ao autor na presente reclamação trabalhista. Com relação a este modelo de grupo econômico coordenado, a
Argumenta que, em que pese tenha havido, nas redes sociais, um Desembargadora Dra. Vólia Bomfim Cassar, do TRT da 1ª Região,
anúncio de fusão entre os conglomerados Helga e Hanova, por em seu livro Direito do Trabalho, afirma que:
certo, tal reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão Os grupos econômicos por coordenação se apresentam quando
empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas houver reunião de interesses para execução de determinado
regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos empreendimento, tendo ou não o mesmo controle ou administração
econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria, comum. Logo, os grupos por coordenação podem ter relação de
mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que controle entre si, numa linha horizontal e não vertical. Isto é, não
possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses, o haverá, no grupo horizontal, uma empresa controladora e outra(s)
que, também, não retrata o caso dos autos. controlada(s), uma líder (holding) e outras lideradas. Todas são
Esclarece, adiante, que há uma mera relação comercial, havendo interligadas entre si e, apesar de autônomas e independentes, estão
total independência entre as empresas do GRUPO HANOVA em interligadas pela ingerência, administração comum, como se
relação às componentes do GRUPO HELGA, sendo a recorrente, subordinadas umas às outras administrativamente. Por trás desta
mera fornecedora de produtos para o conglomerado empresarial administração comum pode estar um sócio ou alguns sócios ou
HELGA, sem haver contudo, qualquer integração de interesses pessoa física no controle.(CASSAR, 2017,p.429).
entre as empresas ou atuação conjunta. Logo, o aproveitamento dos serviços prestados pelo trabalhador por
A lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017 que alterou a Consolidação entre si, formando o grupo econômico trabalhista, serão todas, por
das Leis do Trabalho (CLT) trouxe novos parâmetros para consequência, responsabilizadas pela contraprestação devida ao
Estabeleceu, igualmente, que "não caracteriza grupo econômico a "que houve uma reunião num domingo de julho/2017 onde foi
mera identidade de sócios. Assim, o patrimônio de empresas que comunicada a fusão da Hanova com a Helga Cosmeticos onde
têm sócios comuns, porém com atuam em setores diversos, estarão foram apresentados os novos patrões como sendo: Aline
Portanto, a análise da existência ou não da formação de um grupo a partir daí a prioridade era para vender os produtos da Hanova
econômico, deve-se observar o princípio da primazia da realidade, e Lavi, mesmo tendo outras marcas, mas a Hanova e Lavi
para que cada caso seja analisado com suas peculiaridades, sendo deveriam estar em primeiro lugar nas vendas; que antes da
ônus do autor a prova de suas alegações ( art. 818, da CLT c/c art. reunião já vendiam todo tipo de produto e de varias marcas,
373, do NCPC). inclusive dos ora citados; que os proprietários da Helga e Hanova
No caso em análise, o autor fundamenta sua pretensão com base estavam presentes na reunião, sendo Erica PontesMenezes e
em notícias veiculadas nas redes sociais de possível fusão entre os Alencar Junior proprietários da Helga.". ÀS PERGUNTAS DO DO(A)
grupos Helga Cosméticos e HNV, assim como colaciona fotos em PATRONO(A) DO(A) PARTE RECLAMADA RESPONDEU: "que
que retrata parcerias entre as duas empresas, ID. 0d53e9e, sem, depois da reunião depoente continuou trabalhando na mesma
contudo, apresentar qualquer prova que indique ter realmente loja e o reclamante também, mas ambos trabalhavam em lojas
ocorrido a "FUSÃO" das empresas, ou qualquer relação de diferentes; que na reunião estavam os vendedores e gerentes;
coordenação entre elas. que a faixada das lojas continuaram iguais; que não houve
Ao revés, a acionada Hanova Indústria e Comércio de Cosméticos mudança da chefia após a reunião, mas a sua chefe Luxeles
Ltda colacionou aos autos documentos que demonstram a relação teve um problema de saúde e foi transferida para loja de
de vendas de mercadorias para as empresas integrantes do grupo Messejana, tendo ficado como gerente Rosangela; que Luxeles
Helga (CRX COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA e Rosangela eram gerentes da Helga; (...)." ( grifos nosso)
ME, ALENCARINE COSMETICOS COMERCIO VAREJISTA E Conforme se extrai do depoimento supra, não se trata o caso de "
TREINAMENTO EIREL, HELGA MEDZA SALES & CIA LTDA -ME, fusão" entre as empresas, tanto que a partir da reunião ocorrida em
ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA ME, VRX julho de 2017, nada foi alterado na estrutura organizacional da
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA ME, JOSE empresa, assim como layout das lojas, tratando-se, na verdade, de
ALENCAR SALES JUNIOR- ME, ORIGINAL COMERCIO DE um marketing e ações para incremento das vendas, através da
COSMETICOS LTDA- ME, tais como notas fiscais de vendas de fornecedora dos produtos, empresa HANOVA INDUSTRIA E
mercadorias, termo de confissão de dívida e e-mails em que se COMERCIO DE COSMETICOS LTDA, fato este, confirmado pelos
evidencia a parceria comercial entre as empresas ( venda de depoimentos de reclamantes e testemunhas dos processos
mercadorias), ID. de4b07e, ID. 4c4a838. utilizados como provas emprestadas nos autos, vejamos:
Na audiência de instrução, as reclamadas requerem a juntada de Convocada a primeira testemunha arrolada pelas Reclamadas
provas emprestadas (processos nºs. 461-92.2018.5.07.0010, 470- HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA -
54.2018.5.07.0010 e 471-39.2018.5.07.0010, tendo a autora ME, AL PARTICIPACOES LTDA, ANDERSON LUID DOS
concordado com a juntada dos referidos depoimentos. SANTOS SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE
No termo de audiência relativo ao processo nº. 0000461- COSMETICOS LTDA, Sr(a). Emanuel Rodrigues de Albuquerque
92.2018.5.07.0010, a testemunha da reclamante afirmou que: (...): "que trabalha na Hanova desde março/2016 como gerente
Primeira testemunha arrolada pela parte Reclamante Sr(a). administrativo financeiro; ." ÀS PERGUNTAS DO(A) PATRONO(A)
Francisca Edinusia Alves de Sousa: " (...)"que trabalhou na DO(A) PARTE RECLAMADA RESPONDEU: "que na metade do
reclamada Helga Cosméticos de 01/06/2006 a 23/02/2018 na segundo semestre de 2017 houve uma reunião da Helga com a
função de vendedora; que o reclamante, depoente e todos os Hanova para uma parceria de fornecimento de produtos, pois a
funcionários foram demitidos sem pagamento de verbas rescisórias Hanova é uma industria; que o fornecimento dos produtos continuou
e nem do salário do último mês; que depoente trabalhou até da mesma forma, pois a Helga permaneceu como uma cliente
23/fevereiro/2018, não sabendo o ultimo dia labutado pelo norma; que a parceria teve o objetivo de aumentar o volume de
reclamante; que recebia ordem direta dos gerentes Luxeles, vendas nas lojas e de fato aumentou, mas só no primeiro mês,
Rosângela, Francisca Cirlane, os quais eram gerentes da loja pois logo em seguida a Helga entrou novamente em dificuldades
do shopping Central da Helga Nendza Sales .". ÀS PERGUNTAS financeiras e não conseguiu pagar os produtos que comprava, pois
a divida já estava muito alta, de modo que a Helga não conseguia de que tudo iria mudar com a chegada de novos produtos, mas na
pagar nada na sua totalidade; que é uma prática comum serem pratica tudo continuou do mesmo jeito, pois continuou
feitas ações com as distribuidoras para estimular as vendas, e chegando produtos da marca propria da Helga (lavi) e da Helga,
os proprietários da Hanova comparecem pelo fato de que o os quais tinham prioridade para serem vendidos, e das outras
distribuidor Helga ser de grande porte, como também de outros marcas continuaram escassos; que sempre recebeu ordens
distribuidores; que na época da parceria a Helga já estava em das mesmas pessoas (Erica e Alencar), os quais pagavam o
débito com a Hanova; que a Hanova não colocou pessoas na salário da depoente; que todas as lojas da Helga fecharam; .".
lojas da Helga, muito menos assumiu o comando dessa; que a (...).( grifos nosso)
continuou a vendendo normalmente para as outras lojas, como No termo de audiência relativo ao processo nº. 0000471-
Cosbel, Anavi, Iap e outras; que não houve a fusão da Hanova com 39.2018.5.07.0010 a reclamante afirmou que:
a Helga; que havia procedimento de cobrança normal das vendas DEPOIMENTO PESSOAL DO RECLAMANTE MARIA CLEOMAR
dos produtos Hanova;." ÀS PERGUNTAS DO DO(A) PATRONO(A) FERREIRA DE SOUSA ALMEIDA: " (...) que depoente era gerente
DO(A) PARTE RECLAMANTE RESPONDEU: "que a reunião tem da loja Helga situada na Rua Floriano Peixoto 577, e trabalhou de
um caráter de marketing e não para apresentar fusão; que não 01/03/2003 até 14/04/2018: " (...)que as fachadas das lojas da
houve comunicação formal da fusão entre a Hanova e Helga, mas Helga continuaram com o mesmo nome, após a fusão, e as notas
depoente soube que foi feita uma postagem no instagram da fiscais das vendas eram com o nome da Helga; que a fusão da
Helga onde foi usado o termo fusão com a Hanova; que quanto Helga e Hanova foi para o crescimento da Helga, mas o dia a dia de
ao doc. de fl. 8 se tratam das pessoas de Anderson (proprietário da trabalho continuou o mesmo de antes, porém com a informação de
Hanova) e Junior (proprietária da Helga) e o doc. de fl. 9 tratam das que deveriam vender mais os produtos da Hanova; (...)."
pessoas Aline (proprietária da Hanova) e Erica (proprietária da Havendo fusão ou incorporação de empresas, há a alteração na
Helga); (...)."( grifos nosso) estrutura jurídica da empresa, o que in casu, não há provas nos
No termo de audiência relativo ao processo nº. 0000470- autos, não sendo suficiente a propaganda disseminada em reunião
O DEPOIMENTO PESSOAL DO RECLAMANTE: '" que depoente O que extrai dos depoimentos, é que a ideia inicial de postar nas
era subgerente, que atuava em várias lojas da Helga e trabalhou até redes sociais de que haveria a fusão das empresas, trata-se, tão
07/04/2018 porque as lojas fecharam, tendo a sra. Erica Pontes somente, de marketing para alavancar as vendas da empresa
(dona da Helga, esposa de Alencar Junior) comunicado a dispensa Helga, a qual, na época, já se encontrava com dificuldades
produtos de marca própria (Lavi), mas também da Hanova, Fatore, Diante do exposto, considerando que a autora não se desincumbiu
Corpo Dourado e outros; que em julho/2017 houve a fusão da de seu ônus probatório, reforma-se a sentença para excluir a
Hanova com a Helga, no que a prioridade passou a ser para vender responsabilidade solidária da reclamada HNV INDÚSTRIA E
produtos da Hanova e Lavi, mas ainda assim, a Helga continuou a COSMÉTICOS LTDA.
vender produtos de outras marcas que já tinham estoque nas DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
lojas, e também continuou comprando produtos de outras Uma vez excluída a responsabilidade solidária da ora recorrente, o
marcas para vender nas suas lojas; que as fachadas das lojas presente apelo, no ponto, segue a sorte do principal.
da Helga continuaram com o mesmo nome, após a fusão, e as CONCLUSÃO DO VOTO VENCIDO:
fusão da Helga e Hanova foi para o crescimento da Helga, mas Isto posto, voto pelo conhecimento do recurso ordinário para,
o dia a dia de trabalho continuou o mesmo de antes, porém rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, dar-lhe provimento
com a informação de que deveriam vender mais os produtos da para excluir a responsabilidade solidária da reclamada HNV
Maria Irlane Silva Santos Desiderio: " (...) que no final de CLAUDIO SOARES PIRES
julho/2017 foram convocadas para uma reunião no hotel meridional Desembargador Redator Designado
Pontes e Aline Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas FORTALEZA/CE, 28 de fevereiro de 2020.
Intimado(s)/Citado(s): RELATÓRIO
- ALENCARINE COSMETICOS COMERCIO VAREJISTA E Designado para redigir o acórdão, peço vênia para adotar o relatório
TREINAMENTOS EIRELI
da lavra do Excelentíssimo Desembargador Relator Francisco José
seu direito de defesa, ao argumento de que o juízo, ao adotar relação às componentes do GRUPO HELGA, sendo a recorrente,
integralmente a motivação da sentença proferido na reclamatória mera fornecedora de produtos para o conglomerado empresarial
trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu HELGA, sem haver contudo, qualquer integração de interesses
entendimento, por consequência, a partir das provas orais ali entre as empresas ou atuação conjunta.
consignadas, mas que, tais elementos probatórios não foram Por fim, requer a reforma da decisão de modo a afastar a
publicizadas à ora recorrente no presente feito, com vistas à inconstitucionalidade declarada de forma incidental do art. 791-A,
garantia do contraditório e da ampla defesa, verificando-se, pois, §4º, da CLT, haja vista inexistir afronta à Carga Magna, mormente
uma patente violação ao que dispõe o art. 312 do CPC/15. porque, nos ditames do art. 133 da Lei Maior, o advogado é
Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não indispensável à administração da justiça, e, caso esta Colenda
integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos, Turma entenda de modo diverso, que seja observada o art. 97 da
mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou CRFB/1988, o qual prevê a cláusula de reserva de plenário para a
cópia de uma transcrição parcial realizada no bojo de uma sentença Após devidamente notificada, a recorrida apresentou suas
proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou, contrarrazões, conforme documento de ID. 15ffc62.
naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova A matéria versada no presente recurso dispensa a obrigatoriedade
emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito. de parecer prévio da douta PRT (art. 109, do Regimento Interno)"
reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art. Acolhe-se o presente recurso, uma vez que preenchidos os
dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em Peço vênia para adotar os fundamentos do voto do Excelentíssimo
conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine. Desembargador Relator Francisco José Gomes da Silva, quanto à
Adiante, requer o reconhecimento da inépcia do pedido relativo às apreciação das preliminares, nos seguintes termos:
parcelas de FGTS + 40%, a extinção do pleito sem resolução de "DA NULIDADE DA SENTENÇA- DA UTILIZAÇÃO DA PROVA
mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15, sob o EMPRESTADA - DO ALEGADO CERCEAMENTO DE DEFESA
fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de ingresso, Aduz a recorrente, preliminarmente, que houve cerceamento de seu
inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso e de direito de defesa, ao argumento de que o juízo, ao adotar
dispensa, realizou o pedido correspondente às parcelas de FGTS integralmente a motivação da sentença proferida na reclamatória
em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o saldo trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu
fundiário. entendimento, a partir das provas orais ali consignadas, mas que,
No mérito, defende a recorrente, em síntese, a inexistência de tais elementos probatórios não foram publicizadas à ora recorrente
fusão e formação de grupo econômico com o GRUPO HELGA, no presente feito, com vistas à garantia do contraditório e da ampla
sendo indevida a sua responsabilidade solidária pelos créditos defesa, verificando-se, pois, uma patente violação ao que dispõe o
Argumenta, em que pese tenha havido, nas redes sociais, um Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não
anúncio de fusão entre os conglomerados Helga e Hanova, por integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos,
certo, tal reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou
empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera
regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos cópia de uma transcrição parcial realizada no bojo de uma sentença
econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria, proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou,
mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova
possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses, o emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito.
que, também, não retrata o caso dos autos. Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam
Esclarece, adiante, que há uma mera relação comercial, havendo relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo
total independência entre as empresas do GRUPO HANOVA em reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art.
Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e
dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em ROBERTO NENDZA - ME) e GRUPO HANOVA - HNV (HANOVA
conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine. INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, AL
de provas emprestadas, relativo aos depoimentos testemunhais dos LTDA), assim como referem-se as mesmas demandadas, sendo
processos 461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471- permitido sua valoração como se houvesse sido produzida
39.2018.5.07.0010 (ID. bae0442, ID. ed35241, ID. 5cd9c24, ID. diretamente nos autos examinados.
O Juízo, ao proferir a sentença, utilizou para o reconhecimento da utilizado a fundamentação da sentença, a qual considerou para
existência de Grupo Econômico entre as acionadas (Grupo Hanova- formação do convencimento da magistrada, depoimentos os quais
Helga) como prova emprestada, os fundamento os lançados na foram respeitados o contraditório quando produzida em processos
sentença prolatada nos autos do processo nº 0000471- judiciais, máxime,quando envolvendo a mesma empresa e quando
51.2018.5.07.0006, de lavra da magistrada Taciana Orlovicin os fatos guardam correlação com os da presente ação.
Gonçalves Pita (ID. 984dd8d). Nesse mesmo entendimento, colaciona-se a atual jurisprudência do
Nesse ponto, destaco, inicialmente, que o novo CPC trouxe Tribunal Superior do Trabalho, in verbis:
permissivo expresso quanto à possibilidade de utilização da prova UTILIZAÇÃO DE PROVA EMPRESTADA. POSSIBILIDADE.
emprestada, desde que observado o contraditório, conforme IDENTIDADE FÁTICA. MESMAS RECLAMADAS.
previsão no art. 372, que assim dispõe: DESNECESSIDADE DE PRÉVIA CONCORDÂNCIA DA PARTE
Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em CONTRÁRIA. AUSÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA.
outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, NULIDADE PROCESSUAL NÃO CONFIGURADA. Esta Corte
Assim, havendo previsão legal para utilização da prova emprestada identidade dos fatos considerados no documento emprestado e no
e, observando que no processo nº 0000471-51.2018.5.07.0006 as caso em julgamento, assim como ocorrido nesta hipótese, em que o
partes foram submetidas ao contraditório e, havendo identidade dos Regional registrou que"a prova emprestada foi produzida em
fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de processo judicial que envolvia as mesmas rés da presente ação,
Quanto a alegativa de que as reportadas transcrições dos sua produção, bem como o princípio do contraditório. Segundo,
depoimentos carregam relatos fáticos que não integram as razões porque os fatos a serem comprovados guardam correlação com os
da exordial, não merece acolhida, posto que a causa de pedir da da presente ação. Terceiro, porque a referida prova emprestada foi
autora, no que se refere a responsabilidade solidária das acionadas, valorada pelo Juízo segundo o princípio do livre convencimento
trata justamente na alegada formação de grupo econômico entre as motivado, em conjunto com as demais provas dos autos".
empresas, objeto da prova naqueles autos. Importante salientar também que a utilização de prova emprestada
Os depoimentos constantes na prova emprestada utilizada pelo não está condicionada à prévia anuência e concordância das
Juízo a quo dizem respeito aos fatos relacionados pela autora, no partes. Assim, a mera alegação da reclamada de que não
que pertine a alegada formação de grupo econômico entre as concordou com a utilização de prova emprestada não é suficiente
acionadas GRUPO HELGA (DISTR IBUIDORA HELGA para inviabilizar a sua utilização nestes autos. Precedentes.
COSMETICOS LTDA - ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME, Recurso de revista não conhecido" (TST, ARR - 3600-
HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, ORIGINAL 29.2010.5.12.0031 Data de Julgamento: 15/02/2017, Relator
COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de
COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS "B) RECURSO DE REVISTA. 1. NULIDADE DA SENTENÇA.
LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA CERCEAMENTO DE DEFESA. UTILIZAÇÃO DE PROVA
PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS EMPRESTADA SEM ANUÊNCIA. O Regional entendeu que a
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX utilização de prova emprestada consubstanciada em certidão de
averiguação produzida em outros autos, no qual a reclamada figura requisitos da petição inicial trabalhista, dispondo no § 1º do art. 840
como parte, não configura cerceamento de defesa, ante a da CLT que o pedido deva "ser certo, determinado e com indicação
observância do contraditório e da ampla defesa. Com efeito, esta No caso, em relação ao pedido de pagamento do FGTS e multa
Corte tem se posicionado no sentido de ser possível a utilização da rescisória, o reclamante fez pedido certo, determinado e com
prova emprestada, não sendo imprescindível a anuência da parte indicação do valores pois da sua causa de pedir, entende-se
adversa. Recurso de revista não conhecido" (TST, RR - 940- logicamente que o autor fora demitido sem justa causa e sem
27.2013.5.18.0181 Data de Julgamento: 09/11/2016, Relatora recebimento de suas verbas rescisórias, fato este, incontroverso
Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT nos autos.
INÉPCIA DA INICIAL sendo demitida sem justa causa em 29/03/2018; que o último
Requer o Recorrente, o reconhecimento da inépcia do pedido salário percebido foi de R$ 3.200,00 (três mil e duzentos reais); que
relativo às parcelas de FGTS + 40%, e a extinção do pleito sem quando de sua demissão não recebeu qualquer valor, assim como
resolução de mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15, não fora liberado Seguro Desemprego e FGTS, motivo pelo qual
sob o fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de pleiteia a liberação dos mesmos em sede de tutela antecipada; que
ingresso, inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso o FGTS se encontra depositado apenas de forma parcial, apenas o
e de dispensa, realizou o pedido correspondente às parcelas de valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais).
FGTS, em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o Em seguida, requereu que, Tendo em vista os argumentos jurídicos
O processo trabalhista é regido pelo princípio da simplicidade das sejam: Saldo Salário, Aviso Prévio de 51 dias, 13º salário e férias
formas, consagrado no art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta sobre aviso prévio, FGTS sobre rescisão, 13º salário proporcional
uma breve exposição dos fatos para se considerar apta a exordial. 3/12 de 2018, férias simples 2016/2017 e proporcionais 2017/2018
Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal. todas acrescidas do terço constitucional, FGTS e multa de 40%.
§ 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do Em relação ao rol dos pedidos, o autor requereu a condenação da
Presidente da Junta, ou do juiz de direito a quem for dirigida, a reclamada ao pagamento das verbas rescisórias, incluindo FGTS E
dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura Em decorrência do princípio da simplicidade, que norteia o processo
do reclamante ou de seu representante. trabalhista, o qual não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de
§ 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do 2017, a petição inicial ora em análise preencheu os requisitos do
juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que art. 840 , da CLT, a qual, frise-se, não dificultou a defesa das
vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no A sentença reconheceu o grupo econômico entre as empresas
§ 2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias "Diante da identidade da matéria (fática e jurídica), adoto
datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que integralmente os fundamentos lançados na brilhante sentença
couber, o disposto no § 1o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº prolatada nos autos da 0000471-51.2018.5.07.0006, de lavra da
§ 3o Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo responsabilidade das empresas demandadas, nos termos a seguir:
serão julgados extintos sem resolução do mérito. (Incluído pela Lei 'Afirma a parte reclamante que as empresas que compõem o antigo
Como se observa, a Lei n. 13.467/17 fez referência expressa aos ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES
& CIA LTDA - ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS HELGA COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES & CIA
LTDA - ME, MULTIPLA COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - LTDA - ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME,
EPP, BELLA COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE MULTIPLA COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - EPP,
COSMETICOS LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, BELLACOSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE
ERICA PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS COSMETICOS LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME,
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX ERICA PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX
ROBERTO NENDZA - ME) são dirigidas e coordenadas pelos COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME,
sócios José Alencar Sales Júnior e Érica Pontes de Meneses. Alega ROBERTO NENDZA - ME (1ª a 13ª reclamadas), não refutam o
que, em meados de 2017, os sócios do Grupo Helga iniciaram grupo econômico entre si, tendo contestado a formação de grupo
negociações para fusão com o Grupo Hanova (HNV), fusão de com as empresas do Grupo HANOVA (14ª a 16ª reclamadas), com
empresas esta que foi oficialmente tornada pública em julho de a MULT DISTRIBUIDORA (17ª reclamada) e com a BCR (18ª
2017, expondo o rol de empresas que compõem o Grupo Hanova - reclamada), alegando que o grupo HANOVA tem como objeto social
HNV (HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS a produção de produtos de beleza, e que inexiste hierarquia e/ou
LTDA - ME, AL PARTICIPAÇÕES LTDA, ANDERSON LUID DOS coordenação entre as empresas. Sustenta que a BCR está sob a
SANTOS SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE égide da Lei 11.101//05, tendo comprado o direito de utilização da
COSMETICOS LTDA), à época todas dirigidas pelos sócios marca "Helga" por cinco anos.
Anderson Luid Santos Severo e Aline Cristina Silva Souza Severo. As reclamadas HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE
Sustenta que, a partir de julho de 2017, independentemente do COSMETICOS LTDA - ME e ANDERSON LUID DOS SANTOS
cumprimento das obrigações legais para efetivação da fusão, qual SEVERO - ME reconhecem o grupo entre si e negam a formação de
seja a extinção das pessoas jurídicas da empresa incorporada com grupo com as demais reclamadas, noticiando que são fornecedoras
o surgimento de uma nova, tal fusão de fato ocorreu e todos os de produtos à rede varejista, sendo uma das principais, o grupo
empregados passaram à subordinação do Grupo Hanova-Helga, o HELGA, não tendo havido a fusão alegada, apenas relação
qual configura grupo econômico por coordenação, impondo a fornecedor-cliente. Informam, ainda, que os fundos de comércio de
responsabilização solidária entre as empresas do grupo. Entende empresas do Grupo Helga foram alienados por seus sócios-
que a fusão entre as empresas com a criação, em outubro de 2017, proprietários da Helga para a empresa DX GROUP
da empresa MULT DISTRIBUIDORA DE COSMÉTICOS (de que PARTICIPAÇÕES E INVESTIMENTOS LTDA, que, por sua vez,
eram sócios o filho dos sócios do Grupo Helga e a mãe do sócio do não possuiria qualquer ligação com o Grupo Hanova, tratando-se de
Grupo Hanova), teria como única finalidade ocultar os sócios de fato empresa de investimentos de proveniente São Paulo.
da nova empresa e ainda o de conseguir nova linha de crédito na A demandada AL PARTICIPACOES LTDA nega a formação de
praça. Postula, caso não se conclua pela existência de grupo grupo econômico com quaisquer das demais empresas.
econômico, que se reconheça a sucessão empresarial de todas as A reclamada MULT DISTRIBUIDORA DE COSMETICOS LTDA
empresas do Grupo Helga por HNV INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE alega que nunca existiu de fato e nega a formação de grupo
COSMÉTICOS LTDA. Alega, ainda, que a empresa BRC BRAZIL econômico com quaisquer das demais empresas.
COSMÉTICOS LTDA adquiriu em Recuperação Judicial os direitos A ré BRC - BRAZIL COSMETICS LTDA informa que comprou os
da marca mista "Helga" por cinco anos, sem jamais exercer direitos de uso da marca HELGA, não estando a reclamante sob
qualquer gerência direta, pois o Sr. José Alencar Sales Júnior suas ordens, refutando a formação de grupo econômico com
continuou a exercer a direção, gerência e coordenação das quaisquer das demais empresas reclamadas e pleiteia que, em
empresas. Por essa razão, pretende a responsabilização solidária caso de condenação, seja de forma subsidiária.
fraude ocorrida e a evidente direção do efetivo sócio do Grupo Inicialmente, declaro a responsabilidade solidária das empresas
Em suas contestações, as rés negam a formação de grupo COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA -
econômico entre as empresas do Grupo Helga e Hanova As ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME,
reclamadas DISTRIBUIDORA HELGA COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - EPP, BELLA
COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS "que trabalhou para Helga de 01/02/2010 a 14/04/2018 na função
LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA de estoquista; que trabalhou com a reclamante; que o gerente,
PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS Sr.Evandro comentou com o depoente que havia sido feita uma
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX sociedade entre a Helga e a Hanova; que, após o comentário, o
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX depoente também começo a prestar serviços para a Hanova
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, abastecendo e descarregando as mercadorias da empresa Hanova
ROBERTO NENDZA - ME (1ª a 13ª reclamadas), nos termos do § nas seções das lojas Helga, limpando as mercadorias; que o
2º do art. 2º da CLT, as quais reconheceram a formação de grupo depoente não recebia ordens de nenhum empregado da Hanova;
econômico entre si, encontrando-se, dentre estas, a empregadora. que as lojas Helga também vendiam produtos de outras indústrias e
Quanto ao grupo econômico alegado em relação aos grupos não só da empresa Hanova; que, em relação às mercadorias das
HELGA e HANOVA, a autora juntou aos autos várias fotografias outras indústrias, o abastecimento e o descarregamento de
com os Srs. Anderson Luid Dos Santos Severo, José Alencar Sales mercadorias eram feitos por empregados destas indústrias; que a
Junior, Aline Cristina Silva Souza Severo e Érica Pontes de reclamante vendia produtos da indústria Hanova bem como de
Meneses, sócios das empresa Hanova e Helga, divulgadas em meio outras indústrias."
digital em julho de 2017, anunciando a fusão entre as empresas do Saliente-se que o fato de terem sido alienados fundos de comércio
Grupo Helga com aquelas do Grupo Hanova (HNV), com de empresas do Grupo Helga para a empresa DX GROUP
fundamento na expansão e aquisições realizadas pelo grupo PARTICIPAÇÕES E INVESTIMENTOS LTDA não afeta a presente
HANOVA, podendo se perceber que nas fotos, aparece o diretor do demanda, pois apenas houve a alienação parcial das quotas
grupo HANOVA, o qual veste camisa com o nome HELGA NOVO empresariais de somente algumas das empresas do Grupo.
TEMPO e ainda uma figura que demonstra a junção de duas peças Insta destacar, também, que a alegação da reclamada ANDERSON
de quebra-cabeça nas quais constam os nomes dos dois grupos LUID DOS SANTOS SEVERO ME de que a relação havida entre os
HANOVA e HELGA. Em que pese não haver alterações nas apontados conglomerados empresariais era de apenas fornecedor-
estruturas das empresas formadoras dos grupos, resta claro que cliente não se sustenta, ressaltando que a mensagem eletrônica e a
houve uma intensa comunhão de interesses confissão de dívida datam de período anterior à "fusão" noticiada, o
econômicos/profissionais entre as empresas formadoras dos dois que só veio a ocorrer em julho de 2017.
grupos. De acordo com a Lei 13.467/2017 são requisitos para a Diante do exposto, reconheço a existência de grupo econômico por
configuração do grupo econômico: a demonstração do interesse coordenação entre todas as empresas dos Grupos HELGA e
integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta HANOVA, as quais declaro responsáveis solidárias pelas verbas
das empresas integrantes. A inexistência de uma hierarquia entre decorrentes da condenação, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da
demonstração de que entre as empresas ocorre clara atuação No que concerne à reclamada AL PARTICIPAÇÕES LTDA, verifica-
conjunta, em linha de coordenação e comunhão de interesses, o se que na defesa das empresas formadoras do GRUPO HELGA
que se verifica no caso em tela. restou afirmado que as empresas HANOVA INDUSTRIA E
Ademais, a primeira testemunha laboral afirmou em seu COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, ANDERSON LUID
"(...) que havia comentários dentro da empresa de que ocorreu uma formam o grupo HANOVA. Nessa senda, o contrato social de
fusão entre as empresas Helga e Hanova; que o gerente do constituição da reclamada AL PARTICIPAÇÕES LTDA demonstra
depoente comentou que ocorreria a fusão e que o depoente que essa empresa tem como sócios os Srs. Anderson Liud dos
continuaria a prestar serviços para as duas empresas; que o Santos Severo e Aline Cristina Silva Souza Severo, os quais se
depoente já chegou, mesmo prestando serviços para a Helga, fizeram presentes ao evento em que foi anunciada a "fusão" entre
prestar serviços para a Hanova, tais como rotulagem de produtos, os grupos empresariais, conforme fotografias anexadas aos autos.
embalagem de mercadorias e fazendo entregas; que depois dos Ainda, o endereço eletrônico da AL PARTICIPAÇÕES LTDA
ordens do Sr. Paulo, empregado da Hanova, responsável pela Ademais, a Sra. Aline Cristina Silva Souza Severo é também sócia
"anderson@hanovacosméticos.com.br", conquanto o Sr. Anderson oriundos da presente demanda, nos moldes dos arts. 2º, § 2º, e 9º
Liud dos Santos Severo não faça parte do corpo societário dessa da CLT."
empresa. O Sr. Anderson Liud dos Santos Severo atua, ainda, Pontue-se, por oportuno, que as atas de audiência em nada
como empresário individual da ANDERSON LUID DOS SANTOS corroboram com a tese da demandada, uma vez que se verifica,
SEVERO ME. Por fim, saliento que as empresas HNV INDÚSTRIA com extrema facilidade, que a testemunha da reclamada, Sr.
LTDA, ANDERSON LUID DOS SANTOS SEVERO - ME e MULT processos, busca, sem nenhum sucesso, sustentar os termos da
fizeram representar pelo mesmo preposto, o Sr. Luiz Gustavo Ademais, por mais que tenha declarado que "que na metade do
Santana Severo, neste feiro e nos processos nº0000470- segundo semestre de 2017 houve uma reunião da Helga com a
61.2018.5.07.0010, cujos termos de audiência foram anexados aos afirmou, posteriormente, que "soube que foi feita uma postagem
presentes autos. no instagram da Helga onde foi usado o termo fusão com a
diverso das empresas do grupo HANOVA não é suficiente para Por outro lado, as testemunhas Francisca Edinusia Alves de Sousa
afastar a formação do grupo econômico com HNV INDÚSTRIA E e Maria Irlane Silva Santos
COMÉRCIO DE COSMÉTICOS LTDA e ANDERSON LUID DOS Desiderio, apresentadas pelas partes autoras, nas referidas atas de
Sendo assim, reconheço que a empresa AL PARTICIPAÇÕES reunião em que foi publicizada à fusão das demandadas aos
LTDA pertence ao grupo econômico HANOVA, o qual restou empregados são uníssonas ("que no final de julho/2017 foram
condenada solidariamente, aplicando a esta a mesma convocadas para uma reunião no hotel meridional no centro da
responsabilidade, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da CLT. cidade onde foi comunicada por Alencar Junior, Erica Pontes e
No que tange à reclamada MULT DISTRIBUIDORA DE Aline Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas de
COSMETICOS LTDA, observa-se efetivamente formalizada em que tudo iria mudar com a chegada de novos produtos, mas na
24/10/2017 pouco tempo após a fusão dos grupos HELGA e pratica tudo continuou do mesmo jeito, pois continuou
HANOVA, com atuação na vendas de produtos de higiene, tendo chegando produtos da marca própria da Helga (lavi) e da Helga,
como sócios os Srs. Matheus Pontes Sales e Maria de Fátima dos os quais tinham prioridade para serem vendidos" - depoimento
Santos Severo, os quais são, respectivamente, o filho dos titulares de Maria Irlane Silva Santos Desiderio) e ("que houve uma
do Grupo Helga e a mãe de um dos proprietários do Grupo Hanova reunião num domingo de julho/2017 onde foi comunicada a
(Anderson Luid dos Santos Severo), fato não contestado em defesa. fusão da Hanova com a Helga Cosmeticos onde foram
Sendo assim, tenho que a empresa MULT DISTRIBUIDORA DE apresentados os novos patrões como sendo: Aline Severo e
COSMETICOS LTDA também participa dos Grupos Helga e seu esposo Anderson ambos donos da Hanova; que a a partir
Hanova, utilizando-se da mesma estrutura empresarial para a daí a prioridade era para vender os produtos da Hanova e Lavi"
consecução de seus objetivos financeiros, diante do que, resta - depoimento de Francisca Edinusia Alves de Sousa)."
condenada solidariamente, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da A empresa recorrente manifesta no presente recurso ordinário o seu
Por fim, quanto à ré BRC BRAZIL COSMETICS COMÉRCIO econômico ostentam características diametralmente opostas"; "em
VAREJISTA DE COSMÉTICOS EIRELI, verifica-se que ela que pese tenha havido, nas redes sociais, um anúncio de fusão
apresentou defesa através do mesmo escritório que a empregadora, entre os conglomerados Helga e Hanova, por certo, tal
na qual passou a repetir as mesmas alegações já apresentadas reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão
pelas 1ª a 13ª Reclamadas, além disso, observa-se que no empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas
comprovante de inscrição cadastral (CNPJ) consta endereço regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos
eletrônico pertencente ao domínio da HELGA COSMÉTICOS. econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria,
Ademais, apresentou carta de preposição que revelou mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que
representação através do mesmo preposto que a empregadora, possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses";
razão pela qual, deve ser solidariamente responsável pelos créditos "que a sentença de origem, em nenhum momento, cuidou de
demonstrar a integração de interesses entre as empresas, a realidade, de modo a ser imprescindível destacar a prevalência dos
atuação conjunta, tampouco a comunhão de interesses, mas fatos da relação de emprego sobre os aspectos formais. Dessa
apenas limitou-se a discorrer, de forma bastante confusa, sobre forma, ainda que não ultimada, ao menos formalmente, com as
"fusão", sendo esta manifestante inexistente no caso vertente"; "que devidas baixas das pessoas jurídicas, a fusão mencionada nas
os depoimentos coligidos aos autos sob a rubrica de prova redes sociais, não há se desconhecer que houve a junção das
emprestada fulminam a pretensão autoral, quer pelo viés da fusão, empresas, que passaram a atuar integradas a um único grupo.
seja sob a óptica de agrupamento empresarial." Igualmente, salvo melhor juízo, os depoimentos das testemunhas
Não se vê nas razões recursais, com a devida vênia da parte não afastam o reconhecimento do grupo econômico. Ao revés,
recorrente, fundamentos que infirmem convincentemente as confirmam a fusão entre as empresas. Destaca-se, a este respeito,
conclusões do juízo de primeiro grau, razão pela qual se há perfilhar o depoimento da primeira testemunha da parte reclamante, Sra.
com os motivos da decisão vergastada, ora endossados e Maria Irlane Silva Santos Desiderio, ouvida no processo nº 0000470
integrantes das presentes razões de decidir. -54.2018.5.07.0010 (Ata de audiência de ID 5cd9c24 - Pág. 4),
Consoante o § 2º do art. 2º da CLT, "sempre que uma ou mais trazido por empréstimo ao conjunto probatório pelas próprias
empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica reclamadas, revelador de "(...) que no final de julho/2017 foram
própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de convocadas para uma reunião no hotel meridional no centro da
outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua cidade onde foi comunicada por Alencar Junior, Erica Pontes e Aline
autonomia, integrem grupo econômico, serão responsáveis Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas de que tudo
solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de iria mudar com a chegada de novos produtos, mas na pratica tudo
Nesta esteira, o delineamento do que se convencionou chamar marca propria da Helga (lavi) e da Helga, os quais tinham prioridade
grupo econômico, pela dicção da Consolidação das Leis do para serem vendidos, e das outras marcas continuaram escassos".
Trabalho, importa na evidência da integração dos Veja-se que a fusão foi comunicada aos empregados em reunião,
empreendimentos, de forma a vincular, direta ou indiretamente, as constatação que reforça a ideia do grupo econômico, referindo-se a
Este aspecto restou caracterizado nos autos, sendo certo que se operandi das vendas dos produtos e não à ausência de formação
verificam elementos suficientes para que seja corroborada a de grupo. A testemunha em questão ainda revelou que as diversas
Como bem destacado pela sentença, restou demonstrada nos autos mas que com a Hanova o processo foi diferente, pois, além de ter
a ampla divulgação realizada nas redes sociais, em julho de 2017, sido comunicada a fusão, não houve interrupção do fornecimento de
acerca da fusão das empresas do Grupo Helga com aquelas do mercadorias para serem vendidas nas lojas Helga, o que ocorreu
Grupo Hanova. Eis os dizeres da publicação (V. ID 0d53e9e - Pág. com outros fornecedores em face das dívidas da empregadora
Grupo HNV detentor de várias marcas como a Hanova, em um Não se olvida o depoimento da testemunha convidada pelas
processo de expansão e aquisições, realizou a fusão com o Grupo reclamadas, Sr. Emanuel Rodrigues de Albuquerque, ouvida nos
Helga Cosméticos. Tudo isso para que os nossos clientes possam processos (461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471-
ter sempre à disposição o melhor atendimento, os melhores 39.2018.5.07.0010) trazidos por empréstimo ao conjunto probatório,
produtos e a melhor experiência. Transformando para melhor, o seu cujas declarações transparecem a ideia de demonstrar ter havido
visual e a sua vida. #HelgaNovoTempo #Hanova #GrupoHNV apenas uma relação comercial, mas não uma fusão, entre as
#GrupoHelga #Beleza #Cabelos". Com a devida vênia da parte empresas do grupo Helga e do grupo Hanova. Contudo, diante dos
recorrente, este aspecto é relevante para a caracterização do grupo demais elementos probatórios dos autos, não há de prevalecer o
econômico sob investigação, demonstrando a plena possibilidade quadro traçado pelo depoente, sendo de se destacar que ele próprio
de que as marcas de cada um dos grupos estejam sob a admite não ter participado da reunião ocorrida em julho de 2017 (V.
coordenação de um único conglomerado, o que afasta a tese ID's 5cd9c24 - Pág. 6 e 8eb6395 - Pág. 6), na qual fora anunciada a
no mesmo grupo econômico. Cumpre ressaltar, ainda, porquanto oportuno, que a estreita relação
Além disso, vigora no Direito do Trabalho o princípio da primazia da comercial entre as empresas dos grupos empresariais, consoante
se denota pelas notas ficais de vendas de mercadorias anexadas DESEMBARGADOR FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA, in
econômico, mas, em verdade, a reforça, evidenciando além da EMENTA: PROVA EMPRESTADA. PREVISÃO LEGAL.
complementaridade entre os objetos sociais das empresas CONTRADITÓRIO OBSERVADO. O novo CPC trouxe permissivo
contratantes, o interesse integrado, a comunhão de interesses e a expresso quanto à possibilidade de utilização da prova emprestada,
atuação conjunta das empresas dele integrantes. desde que observado o contraditório, conforme previsão no art. 372.
Destarte, o quadro encontrado no presente feito permite a Assim, havendo previsão legal para utilização da prova emprestada
conclusão de que a empresa ora recorrente integra grupo e, observando que no processo nº 0000471-51.2018.5.07.0006 as
econômico com as reclamadas do grupo Helga. Importa examinar a partes foram submetidas ao contraditório e, havendo identidade dos
presença de elementos objetivos capazes de demonstrar que as fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de
empresas estavam integradas no mesmo grupo. É o que se cerceamento de defesa. Preliminar rejeitada.
constatou à exaustão no presente feito. PETIÇÃO INICIAL. ART. 840, §1º DA CLT. O processo trabalhista
Por oportuno, colhe-se o seguinte precedente jurisprudencial: é regido pelo princípio da simplicidade das formas, consagrado no
"Grupo econômico. Relação inter-empresarial. O grupo econômico art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta uma breve exposição
para fins justrabalhistas não necessita se revestir das modalidades dos fatos para se considerar apta a exordial. Em decorrência do
jurídicas típicas do Direito Econômico ou Direito Comercial princípio da simplicidade, que norteia o processo trabalhista, o qual
(holdings, consórcios, pools etc.). Não se exige, sequer, a prova não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de 2017, verifica-se que
de sua formal institucionalização cartorial: pode-se acolher a a petição inicial atendeu integralmente os requisitos do art. 840, da
existência do grupo desde que surjam evidências probatórias CLT. Preliminar rejeitada.
de que estão presentes os elementos de integração inter- EXISTÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO. ART. 2º, DA CLT. ÔNUS
empresarial (abrangência subjetiva e nexo relacional) de que DA PROVA. ART. 818, DA CLT C/C ART. 373, DO NCPC.
fala a CLT (art. 2º, § 2º)" (Processo 00409002020085010025, TRT AUSÊNCIA DE PROVA. Não tendo a reclamante comprovado a
1ª Região - 8ª Turma, Relatora Desembargadora Dalva Amélia de existência do alegado grupo econômico Helga-Hanova, composto
conhecer do recurso ordinário para, rejeitar as preliminares DA NULIDADE DA SENTENÇA- DA UTILIZAÇÃO DA PROVA
suscitadas e, no mérito, por maioria, negar-lhe provimento. Vencido EMPRESTADA - DO ALEGADO CERCEAMENTO DE DEFESA
o Desembargador Relator, que dava provimento ao apelo, para Aduz a recorrente, preliminarmente, que houve cerceamento de seu
excluir da condenação a responsabilidade solidária da reclamada direito de defesa, ao argumento de que o juízo, ao adotar
HNV INDÚSTRIA E COSMÉTICOS LTDA. Redigirá o acórdão o integralmente a motivação da sentença proferida na reclamatória
Desembargador Cláudio Soares Pires, com a integração do voto trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu
vencido. entendimento, a partir das provas orais ali consignadas, mas que,
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores tais elementos probatórios não foram publicizadas à ora recorrente
Francisco José Gomes da Silva (Presidente e Relator), Cláudio no presente feito, com vistas à garantia do contraditório e da ampla
Soares Pires e Paulo Régis Machado Botelho. Presente ainda o(a) defesa, verificando-se, pois, uma patente violação ao que dispõe o
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo art. 312 do CPC/15.
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Jefferson Quesado Junior. Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não
Fortaleza, 14 de outubro de 2019. integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos,
INTEGRA O PRESENTE ACÓRDÃO O VOTO VENCIDO DO EXMº mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou
como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera COSMETICOS LTDA - ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME,
cópia de uma transcrição parcial realizada no bojo de uma sentença HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, ORIGINAL
proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou, COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA
naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - EPP, BELLA
emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito. COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS
Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA
relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS
reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art. COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX
Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e
dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em ROBERTO NENDZA - ME) e GRUPO HANOVA - HNV (HANOVA
conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine. INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, AL
de provas emprestadas, relativo aos depoimentos testemunhais dos LTDA), assim como referem-se as mesmas demandadas, sendo
processos 461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471- permitido sua valoração como se houvesse sido produzida
39.2018.5.07.0010 (ID. bae0442, ID. ed35241, ID. 5cd9c24, ID. diretamente nos autos examinados.
O Juízo, ao proferir a sentença, utilizou para o reconhecimento da utilizado a fundamentação da sentença, a qual considerou para
existência de Grupo Econômico entre as acionadas (Grupo Hanova- formação do convencimento da magistrada, depoimentos os quais
Helga) como prova emprestada, os fundamento os lançados na foram respeitados o contraditório quando produzida em processos
sentença prolatada nos autos do processo nº 0000471- judiciais, máxime,quando envolvendo a mesma empresa e quando
51.2018.5.07.0006, de lavra da magistrada Taciana Orlovicin os fatos guardam correlação com os da presente ação.
Gonçalves Pita (ID. 984dd8d). Nesse mesmo entendimento, colaciona-se a atual jurisprudência do
Nesse ponto, destaco, inicialmente, que o novo CPC trouxe Tribunal Superior do Trabalho, in verbis:
permissivo expresso quanto à possibilidade de utilização da prova UTILIZAÇÃO DE PROVA EMPRESTADA. POSSIBILIDADE.
emprestada, desde que observado o contraditório, conforme IDENTIDADE FÁTICA. MESMAS RECLAMADAS.
previsão no art. 372, que assim dispõe: DESNECESSIDADE DE PRÉVIA CONCORDÂNCIA DA PARTE
Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em CONTRÁRIA. AUSÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA.
outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, NULIDADE PROCESSUAL NÃO CONFIGURADA. Esta Corte
Assim, havendo previsão legal para utilização da prova emprestada identidade dos fatos considerados no documento emprestado e no
e, observando que no processo nº 0000471-51.2018.5.07.0006 as caso em julgamento, assim como ocorrido nesta hipótese, em que o
partes foram submetidas ao contraditório e, havendo identidade dos Regional registrou que"a prova emprestada foi produzida em
fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de processo judicial que envolvia as mesmas rés da presente ação,
Quanto a alegativa de que as reportadas transcrições dos sua produção, bem como o princípio do contraditório. Segundo,
depoimentos carregam relatos fáticos que não integram as razões porque os fatos a serem comprovados guardam correlação com os
da exordial, não merece acolhida, posto que a causa de pedir da da presente ação. Terceiro, porque a referida prova emprestada foi
autora, no que se refere a responsabilidade solidária das acionadas, valorada pelo Juízo segundo o princípio do livre convencimento
trata justamente na alegada formação de grupo econômico entre as motivado, em conjunto com as demais provas dos autos".
empresas, objeto da prova naqueles autos. Importante salientar também que a utilização de prova emprestada
Os depoimentos constantes na prova emprestada utilizada pelo não está condicionada à prévia anuência e concordância das
Juízo a quo dizem respeito aos fatos relacionados pela autora, no partes. Assim, a mera alegação da reclamada de que não
que pertine a alegada formação de grupo econômico entre as concordou com a utilização de prova emprestada não é suficiente
acionadas GRUPO HELGA (DISTR IBUIDORA HELGA para inviabilizar a sua utilização nestes autos. Precedentes.
Recurso de revista não conhecido" (TST, ARR - 3600- § 2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias
29.2010.5.12.0031 Data de Julgamento: 15/02/2017, Relator datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que
Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de couber, o disposto no § 1o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº
"B) RECURSO DE REVISTA. 1. NULIDADE DA SENTENÇA. § 3o Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo
CERCEAMENTO DE DEFESA. UTILIZAÇÃO DE PROVA serão julgados extintos sem resolução do mérito. (Incluído pela Lei
utilização de prova emprestada consubstanciada em certidão de Como se observa, a Lei n. 13.467/17 fez referência expressa aos
averiguação produzida em outros autos, no qual a reclamada figura requisitos da petição inicial trabalhista, dispondo no § 1º do art. 840
como parte, não configura cerceamento de defesa, ante a da CLT que o pedido deva "ser certo, determinado e com indicação
observância do contraditório e da ampla defesa. Com efeito, esta No caso, em relação ao pedido de pagamento do FGTS e multa
Corte tem se posicionado no sentido de ser possível a utilização da rescisória, o reclamante fez pedido certo, determinado e com
prova emprestada, não sendo imprescindível a anuência da parte indicação do valores pois da sua causa de pedir, entende-se
adversa. Recurso de revista não conhecido" (TST, RR - 940- logicamente que o autor fora demitido sem justa causa e sem
27.2013.5.18.0181 Data de Julgamento: 09/11/2016, Relatora recebimento de suas verbas rescisórias, fato este, incontroverso
Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT nos autos.
INÉPCIA DA INICIAL sendo demitida sem justa causa em 29/03/2018; que o último
Requer o Recorrente, o reconhecimento da inépcia do pedido salário percebido foi de R$ 3.200,00 (três mil e duzentos reais); que
relativo às parcelas de FGTS + 40%, e a extinção do pleito sem quando de sua demissão não recebeu qualquer valor, assim como
resolução de mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15, não fora liberado Seguro Desemprego e FGTS, motivo pelo qual
sob o fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de pleiteia a liberação dos mesmos em sede de tutela antecipada; que
ingresso, inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso o FGTS se encontra depositado apenas de forma parcial, apenas o
e de dispensa, realizou o pedido correspondente às parcelas de valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais).
FGTS, em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o Em seguida, requereu que, Tendo em vista os argumentos jurídicos
O processo trabalhista é regido pelo princípio da simplicidade das sejam: Saldo Salário, Aviso Prévio de 51 dias, 13º salário e férias
formas, consagrado no art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta sobre aviso prévio, FGTS sobre rescisão, 13º salário proporcional
uma breve exposição dos fatos para se considerar apta a exordial. 3/12 de 2018, férias simples 2016/2017 e proporcionais 2017/2018
Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal. todas acrescidas do terço constitucional, FGTS e multa de 40%.
§ 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do Em relação ao rol dos pedidos, o autor requereu a condenação da
Presidente da Junta, ou do juiz de direito a quem for dirigida, a reclamada ao pagamento das verbas rescisórias, incluindo FGTS E
dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura Em decorrência do princípio da simplicidade, que norteia o processo
do reclamante ou de seu representante. trabalhista, o qual não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de
§ 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do 2017, a petição inicial ora em análise preencheu os requisitos do
juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que art. 840 , da CLT, a qual, frise-se, não dificultou a defesa das
vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no Na peça de ingresso, requer o reclamante que seja caracterizada a
que couber, o disposto no parágrafo anterior. condição da segunda (VRX COMÉRCIO COSMÉTICOS E
BIJUTERIAS LTDA) e terceira reclamada (HANOVA uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a
COSMÉTICOS), de responsáveis solidárias pelos encargos direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando,
trabalhistas da primeira reclamada, HELGA COSMÉTICOS, em mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo
Afirma que a primeira, segunda e terceira reclamadas foram obrigações decorrentes da relação de emprego.
criadas, são dirigidas e controladas pelo pela Sra. Erica Pontes de § 3º Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de
Meneses, que não aparece no contrato social da terceira sócios, sendo necessárias, para a configuração do grupo, a
reclamada, HANOVA COSMÉTICOS, pois utilizou terceiro como demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de
complementares, visto todas possuírem o mesmo objeto social e A nova redação do art. 2º, além de manter a hipótese do grupo
finalidade, sendo patente a formação de grupo econômico entre econômico hierarquizado ou sob subordinação, introduz,
No mérito, defende a recorrente, em síntese, a inexistência de fusão sob coordenação, trazendo para o texto legal, o entendimento dos
e formação de grupo econômico com o GRUPO HELGA, sendo Tribunais Regionais do Trabalho e do TST quanto a configuração de
ao autor na presente reclamação trabalhista. Com relação a este modelo de grupo econômico coordenado, a
Argumenta que, em que pese tenha havido, nas redes sociais, um Desembargadora Dra. Vólia Bomfim Cassar, do TRT da 1ª Região,
anúncio de fusão entre os conglomerados Helga e Hanova, por em seu livro Direito do Trabalho, afirma que:
certo, tal reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão Os grupos econômicos por coordenação se apresentam quando
empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas houver reunião de interesses para execução de determinado
regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos empreendimento, tendo ou não o mesmo controle ou administração
econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria, comum. Logo, os grupos por coordenação podem ter relação de
mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que controle entre si, numa linha horizontal e não vertical. Isto é, não
possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses, o haverá, no grupo horizontal, uma empresa controladora e outra(s)
que, também, não retrata o caso dos autos. controlada(s), uma líder (holding) e outras lideradas. Todas são
Esclarece, adiante, que há uma mera relação comercial, havendo interligadas entre si e, apesar de autônomas e independentes, estão
total independência entre as empresas do GRUPO HANOVA em interligadas pela ingerência, administração comum, como se
relação às componentes do GRUPO HELGA, sendo a recorrente, subordinadas umas às outras administrativamente. Por trás desta
mera fornecedora de produtos para o conglomerado empresarial administração comum pode estar um sócio ou alguns sócios ou
HELGA, sem haver contudo, qualquer integração de interesses pessoa física no controle.(CASSAR, 2017,p.429).
entre as empresas ou atuação conjunta. Logo, o aproveitamento dos serviços prestados pelo trabalhador por
A lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017 que alterou a Consolidação entre si, formando o grupo econômico trabalhista, serão todas, por
das Leis do Trabalho (CLT) trouxe novos parâmetros para consequência, responsabilizadas pela contraprestação devida ao
a este artigo, conforme transcrição seguinte: Estabeleceu, igualmente, que "não caracteriza grupo econômico a
Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, mera identidade de sócios. Assim, o patrimônio de empresas que
que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria têm sócios comuns, porém com atuam em setores diversos, estarão
§ 1º - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da Portanto, a análise da existência ou não da formação de um grupo
relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de econômico, deve-se observar o princípio da primazia da realidade,
beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem para que cada caso seja analisado com suas peculiaridades, sendo
fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados. ônus do autor a prova de suas alegações ( art. 818, da CLT c/c art.
§ 2º Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada 373, do NCPC).
No caso em análise, o autor fundamenta sua pretensão com base estavam presentes na reunião, sendo Erica PontesMenezes e
em notícias veiculadas nas redes sociais de possível fusão entre os Alencar Junior proprietários da Helga.". ÀS PERGUNTAS DO DO(A)
grupos Helga Cosméticos e HNV, assim como colaciona fotos em PATRONO(A) DO(A) PARTE RECLAMADA RESPONDEU: "que
que retrata parcerias entre as duas empresas, ID. 0d53e9e, sem, depois da reunião depoente continuou trabalhando na mesma
contudo, apresentar qualquer prova que indique ter realmente loja e o reclamante também, mas ambos trabalhavam em lojas
ocorrido a "FUSÃO" das empresas, ou qualquer relação de diferentes; que na reunião estavam os vendedores e gerentes;
coordenação entre elas. que a faixada das lojas continuaram iguais; que não houve
Ao revés, a acionada Hanova Indústria e Comércio de Cosméticos mudança da chefia após a reunião, mas a sua chefe Luxeles
Ltda colacionou aos autos documentos que demonstram a relação teve um problema de saúde e foi transferida para loja de
de vendas de mercadorias para as empresas integrantes do grupo Messejana, tendo ficado como gerente Rosangela; que Luxeles
Helga (CRX COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA e Rosangela eram gerentes da Helga; (...)." ( grifos nosso)
ME, ALENCARINE COSMETICOS COMERCIO VAREJISTA E Conforme se extrai do depoimento supra, não se trata o caso de "
TREINAMENTO EIREL, HELGA MEDZA SALES & CIA LTDA -ME, fusão" entre as empresas, tanto que a partir da reunião ocorrida em
ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA ME, VRX julho de 2017, nada foi alterado na estrutura organizacional da
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA ME, JOSE empresa, assim como layout das lojas, tratando-se, na verdade, de
ALENCAR SALES JUNIOR- ME, ORIGINAL COMERCIO DE um marketing e ações para incremento das vendas, através da
COSMETICOS LTDA- ME, tais como notas fiscais de vendas de fornecedora dos produtos, empresa HANOVA INDUSTRIA E
mercadorias, termo de confissão de dívida e e-mails em que se COMERCIO DE COSMETICOS LTDA, fato este, confirmado pelos
evidencia a parceria comercial entre as empresas ( venda de depoimentos de reclamantes e testemunhas dos processos
mercadorias), ID. de4b07e, ID. 4c4a838. utilizados como provas emprestadas nos autos, vejamos:
Na audiência de instrução, as reclamadas requerem a juntada de Convocada a primeira testemunha arrolada pelas Reclamadas
provas emprestadas (processos nºs. 461-92.2018.5.07.0010, 470- HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA -
54.2018.5.07.0010 e 471-39.2018.5.07.0010, tendo a autora ME, AL PARTICIPACOES LTDA, ANDERSON LUID DOS
concordado com a juntada dos referidos depoimentos. SANTOS SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE
No termo de audiência relativo ao processo nº. 0000461- COSMETICOS LTDA, Sr(a). Emanuel Rodrigues de Albuquerque
92.2018.5.07.0010, a testemunha da reclamante afirmou que: (...): "que trabalha na Hanova desde março/2016 como gerente
Primeira testemunha arrolada pela parte Reclamante Sr(a). administrativo financeiro; ." ÀS PERGUNTAS DO(A) PATRONO(A)
Francisca Edinusia Alves de Sousa: " (...)"que trabalhou na DO(A) PARTE RECLAMADA RESPONDEU: "que na metade do
reclamada Helga Cosméticos de 01/06/2006 a 23/02/2018 na segundo semestre de 2017 houve uma reunião da Helga com a
função de vendedora; que o reclamante, depoente e todos os Hanova para uma parceria de fornecimento de produtos, pois a
funcionários foram demitidos sem pagamento de verbas rescisórias Hanova é uma industria; que o fornecimento dos produtos continuou
e nem do salário do último mês; que depoente trabalhou até da mesma forma, pois a Helga permaneceu como uma cliente
23/fevereiro/2018, não sabendo o ultimo dia labutado pelo norma; que a parceria teve o objetivo de aumentar o volume de
reclamante; que recebia ordem direta dos gerentes Luxeles, vendas nas lojas e de fato aumentou, mas só no primeiro mês,
Rosângela, Francisca Cirlane, os quais eram gerentes da loja pois logo em seguida a Helga entrou novamente em dificuldades
do shopping Central da Helga Nendza Sales .". ÀS PERGUNTAS financeiras e não conseguiu pagar os produtos que comprava, pois
DO(A) PATRONO(A) DO(A) PARTE RECLAMANTE RESPONDEU: a divida já estava muito alta, de modo que a Helga não conseguia
"que houve uma reunião num domingo de julho/2017 onde foi pagar nada na sua totalidade; que é uma prática comum serem
comunicada a fusão da Hanova com a Helga Cosmeticos onde feitas ações com as distribuidoras para estimular as vendas, e
foram apresentados os novos patrões como sendo: Aline os proprietários da Hanova comparecem pelo fato de que o
Severo e seu esposo Anderson ambos donos da Hanova; que a distribuidor Helga ser de grande porte, como também de outros
a partir daí a prioridade era para vender os produtos da Hanova distribuidores; que na época da parceria a Helga já estava em
e Lavi, mesmo tendo outras marcas, mas a Hanova e Lavi débito com a Hanova; que a Hanova não colocou pessoas na
deveriam estar em primeiro lugar nas vendas; que antes da lojas da Helga, muito menos assumiu o comando dessa; que a
reunião já vendiam todo tipo de produto e de varias marcas, continuou a vendendo normalmente para as outras lojas, como
inclusive dos ora citados; que os proprietários da Helga e Hanova Cosbel, Anavi, Iap e outras; que não houve a fusão da Hanova com
a Helga; que havia procedimento de cobrança normal das vendas DEPOIMENTO PESSOAL DO RECLAMANTE MARIA CLEOMAR
dos produtos Hanova;." ÀS PERGUNTAS DO DO(A) PATRONO(A) FERREIRA DE SOUSA ALMEIDA: " (...) que depoente era gerente
DO(A) PARTE RECLAMANTE RESPONDEU: "que a reunião tem da loja Helga situada na Rua Floriano Peixoto 577, e trabalhou de
um caráter de marketing e não para apresentar fusão; que não 01/03/2003 até 14/04/2018: " (...)que as fachadas das lojas da
houve comunicação formal da fusão entre a Hanova e Helga, mas Helga continuaram com o mesmo nome, após a fusão, e as notas
depoente soube que foi feita uma postagem no instagram da fiscais das vendas eram com o nome da Helga; que a fusão da
Helga onde foi usado o termo fusão com a Hanova; que quanto Helga e Hanova foi para o crescimento da Helga, mas o dia a dia de
ao doc. de fl. 8 se tratam das pessoas de Anderson (proprietário da trabalho continuou o mesmo de antes, porém com a informação de
Hanova) e Junior (proprietária da Helga) e o doc. de fl. 9 tratam das que deveriam vender mais os produtos da Hanova; (...)."
pessoas Aline (proprietária da Hanova) e Erica (proprietária da Havendo fusão ou incorporação de empresas, há a alteração na
Helga); (...)."( grifos nosso) estrutura jurídica da empresa, o que in casu, não há provas nos
No termo de audiência relativo ao processo nº. 0000470- autos, não sendo suficiente a propaganda disseminada em reunião
O DEPOIMENTO PESSOAL DO RECLAMANTE: '" que depoente O que extrai dos depoimentos, é que a ideia inicial de postar nas
era subgerente, que atuava em várias lojas da Helga e trabalhou até redes sociais de que haveria a fusão das empresas, trata-se, tão
07/04/2018 porque as lojas fecharam, tendo a sra. Erica Pontes somente, de marketing para alavancar as vendas da empresa
(dona da Helga, esposa de Alencar Junior) comunicado a dispensa Helga, a qual, na época, já se encontrava com dificuldades
produtos de marca própria (Lavi), mas também da Hanova, Fatore, Diante do exposto, considerando que a autora não se desincumbiu
Corpo Dourado e outros; que em julho/2017 houve a fusão da de seu ônus probatório, reforma-se a sentença para excluir a
Hanova com a Helga, no que a prioridade passou a ser para vender responsabilidade solidária da reclamada HNV INDÚSTRIA E
produtos da Hanova e Lavi, mas ainda assim, a Helga continuou a COSMÉTICOS LTDA.
vender produtos de outras marcas que já tinham estoque nas DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
lojas, e também continuou comprando produtos de outras Uma vez excluída a responsabilidade solidária da ora recorrente, o
marcas para vender nas suas lojas; que as fachadas das lojas presente apelo, no ponto, segue a sorte do principal.
da Helga continuaram com o mesmo nome, após a fusão, e as CONCLUSÃO DO VOTO VENCIDO:
fusão da Helga e Hanova foi para o crescimento da Helga, mas Isto posto, voto pelo conhecimento do recurso ordinário para,
o dia a dia de trabalho continuou o mesmo de antes, porém rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, dar-lhe provimento
com a informação de que deveriam vender mais os produtos da para excluir a responsabilidade solidária da reclamada HNV
Maria Irlane Silva Santos Desiderio: " (...) que no final de CLAUDIO SOARES PIRES
julho/2017 foram convocadas para uma reunião no hotel meridional Desembargador Redator Designado
Pontes e Aline Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas FORTALEZA/CE, 28 de fevereiro de 2020.
pratica tudo continuou do mesmo jeito, pois continuou MARIA DO SOCORRO RODRIGUES GONCALVES
RECORRENTE: JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, HELGA HELGA COSMÉTICOS LTDA - ME; HELGA COSMÉTICOS LTDA
NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, ORIGINAL COMERCIO DE - ME; HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME; ORIGINAL
COSMÉTICOS LTDA - ME, ERICA PONTES DE MENESES, COMERCIO DE COSMÉTICOS LTDA - ME; MULTIPLA
TREINAMENTOS EIRELI, CRX COMERCIO DE COSMÉTICOS E COSMÉTICOS LTDA - EPP; J R COMERCIO DE COSMÉTICOS
BIJUTERIAS LTDA - ME, ROBERTO NENDZA - ME, HNV LTDA - ME; JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME; ERICA
COSMÉTICOS LTDA, BRC - BRAZIL COSMETICS LTDA, DE COSMÉTICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME; VRX COMERCIO
RECORRIDO: LUCHELYS DE ALENCAR MARTINS, VRX NENDZA - ME; HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE
COMERCIO DE COSMÉTICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, COSMÉTICOS LTDA - ME; AL PARTICIPACOES LTDA;
ANDERSON LUID DOS SANTOS SEVERO - ME, BRC - BRAZIL ANDERSON LUID DOS SANTOS SEVERO - ME; MULT
COSMÉTICOS LTDA, MULT DISTRIBUIDORA DE COSMÉTICOS DISTRIBUIDORA DE COSMÉTICOS LTDA; BRC - BRAZIL
LTDA, AL PARTICIPACOES LTDA, HNV INDÚSTRIA E COSMETICS LTDA a pagar à reclamante LUCHELYS DE
COMERCIO DE COSMÉTICOS LTDA - ME, ROBERTO NENDZA - ALENCAR MARTINS as seguintes parcelas: a.Saldo de salário (29
ME, CRX COMERCIO DE COSMÉTICOS E BIJUTERIAS LTDA - dias); b. Aviso prévio (51 dias); com reflexos no 13º salário e férias;
ME, ALENCARINE COSMÉTICOS COMERCIO VAREJISTA E c. Férias simples 2016/2017 e proporcionais (8/12 avos), acrescidas
TREINAMENTOS EIRELI, ERICA PONTES DE MENESES, J R de 1/3 constitucional; d. 13º salário proporcional 2018 (3/12 avos); e.
COMERCIO DE COSMÉTICOS LTDA - ME, BELLA COSMÉTICOS FGTS + 40%; f. Multa do art. 467 da CLT, incidente sobre os valores
LTDA - EPP, MULTIPLA COMERCIO DE COSMÉTICOS LTDA - e parcelas rescisórias constantes no TRCT (ID. 7ad3499), bem
EPP, ORIGINAL COMERCIO DE COSMÉTICOS LTDA - ME, como sobre o FGTS não depositado e multa de 40% sobre todos os
HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, HELGA valores devidos a título de FGTS ao longo da contratualidade; g.
COSMÉTICOS LTDA - ME, DISTRIBUIDORA HELGA Multa do art. 477,§8º da CLT; h. Honorários advocatícios.
COSMÉTICOS LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - A sentença fora complementada pelos aclaratórios de ID. 7081a1b,
RELATOR: FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA compensação do valor de R$ 10.710,34, vez que a quantia foi
REDATOR DESIGNADO: CLAUDIO SOARES PIRES recebida pela parte embargada, conforme comprovante de
RECURSO ORDINÁRIO. GRUPO ECONÔMICO. seu direito de defesa, ao argumento de que o juízo, ao adotar
CONFIGURAÇÃO. Confirma-se a sentença de origem que integralmente a motivação da sentença proferido na reclamatória
reconheceu a formação de grupo econômico entre as empresas trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu
demandadas, quando se constata que além da complementaridade entendimento, por consequência, a partir das provas orais ali
entre os objetos sociais destas, há o interesse integrado, a consignadas, mas que, tais elementos probatórios não foram
comunhão de interesses e a atuação conjunta das empresas dele publicizadas à ora recorrente no presente feito, com vistas à
integrantes. Recurso conhecido e improvido. garantia do contraditório e da ampla defesa, verificando-se, pois,
Designado para redigir o acórdão, peço vênia para adotar o relatório Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não
da lavra do Excelentíssimo Desembargador Relator Francisco José integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos,
mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou CRFB/1988, o qual prevê a cláusula de reserva de plenário para a
cópia de uma transcrição parcial realizada no bojo de uma sentença Após devidamente notificada, a recorrida apresentou suas
proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou, contrarrazões, conforme documento de ID. 15ffc62.
naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova A matéria versada no presente recurso dispensa a obrigatoriedade
emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito. de parecer prévio da douta PRT (art. 109, do Regimento Interno)"
reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art. Acolhe-se o presente recurso, uma vez que preenchidos os
dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em Peço vênia para adotar os fundamentos do voto do Excelentíssimo
conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine. Desembargador Relator Francisco José Gomes da Silva, quanto à
Adiante, requer o reconhecimento da inépcia do pedido relativo às apreciação das preliminares, nos seguintes termos:
parcelas de FGTS + 40%, a extinção do pleito sem resolução de "DA NULIDADE DA SENTENÇA- DA UTILIZAÇÃO DA PROVA
mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15, sob o EMPRESTADA - DO ALEGADO CERCEAMENTO DE DEFESA
fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de ingresso, Aduz a recorrente, preliminarmente, que houve cerceamento de seu
inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso e de direito de defesa, ao argumento de que o juízo, ao adotar
dispensa, realizou o pedido correspondente às parcelas de FGTS integralmente a motivação da sentença proferida na reclamatória
em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o saldo trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu
fundiário. entendimento, a partir das provas orais ali consignadas, mas que,
No mérito, defende a recorrente, em síntese, a inexistência de tais elementos probatórios não foram publicizadas à ora recorrente
fusão e formação de grupo econômico com o GRUPO HELGA, no presente feito, com vistas à garantia do contraditório e da ampla
sendo indevida a sua responsabilidade solidária pelos créditos defesa, verificando-se, pois, uma patente violação ao que dispõe o
Argumenta, em que pese tenha havido, nas redes sociais, um Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não
anúncio de fusão entre os conglomerados Helga e Hanova, por integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos,
certo, tal reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou
empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera
regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos cópia de uma transcrição parcial realizada no bojo de uma sentença
econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria, proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou,
mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova
possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses, o emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito.
que, também, não retrata o caso dos autos. Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam
Esclarece, adiante, que há uma mera relação comercial, havendo relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo
total independência entre as empresas do GRUPO HANOVA em reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art.
mera fornecedora de produtos para o conglomerado empresarial Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno
HELGA, sem haver contudo, qualquer integração de interesses dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em
entre as empresas ou atuação conjunta. conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine.
inconstitucionalidade declarada de forma incidental do art. 791-A, Em audiência de instrução, as Reclamadas requereram a juntada
§4º, da CLT, haja vista inexistir afronta à Carga Magna, mormente de provas emprestadas, relativo aos depoimentos testemunhais dos
porque, nos ditames do art. 133 da Lei Maior, o advogado é processos 461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471-
indispensável à administração da justiça, e, caso esta Colenda 39.2018.5.07.0010 (ID. bae0442, ID. ed35241, ID. 5cd9c24, ID.
O Juízo, ao proferir a sentença, utilizou para o reconhecimento da utilizado a fundamentação da sentença, a qual considerou para
existência de Grupo Econômico entre as acionadas (Grupo Hanova- formação do convencimento da magistrada, depoimentos os quais
Helga) como prova emprestada, os fundamento os lançados na foram respeitados o contraditório quando produzida em processos
sentença prolatada nos autos do processo nº 0000471- judiciais, máxime,quando envolvendo a mesma empresa e quando
51.2018.5.07.0006, de lavra da magistrada Taciana Orlovicin os fatos guardam correlação com os da presente ação.
Gonçalves Pita (ID. 984dd8d). Nesse mesmo entendimento, colaciona-se a atual jurisprudência do
Nesse ponto, destaco, inicialmente, que o novo CPC trouxe Tribunal Superior do Trabalho, in verbis:
permissivo expresso quanto à possibilidade de utilização da prova UTILIZAÇÃO DE PROVA EMPRESTADA. POSSIBILIDADE.
emprestada, desde que observado o contraditório, conforme IDENTIDADE FÁTICA. MESMAS RECLAMADAS.
previsão no art. 372, que assim dispõe: DESNECESSIDADE DE PRÉVIA CONCORDÂNCIA DA PARTE
Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em CONTRÁRIA. AUSÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA.
outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, NULIDADE PROCESSUAL NÃO CONFIGURADA. Esta Corte
Assim, havendo previsão legal para utilização da prova emprestada identidade dos fatos considerados no documento emprestado e no
e, observando que no processo nº 0000471-51.2018.5.07.0006 as caso em julgamento, assim como ocorrido nesta hipótese, em que o
partes foram submetidas ao contraditório e, havendo identidade dos Regional registrou que"a prova emprestada foi produzida em
fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de processo judicial que envolvia as mesmas rés da presente ação,
Quanto a alegativa de que as reportadas transcrições dos sua produção, bem como o princípio do contraditório. Segundo,
depoimentos carregam relatos fáticos que não integram as razões porque os fatos a serem comprovados guardam correlação com os
da exordial, não merece acolhida, posto que a causa de pedir da da presente ação. Terceiro, porque a referida prova emprestada foi
autora, no que se refere a responsabilidade solidária das acionadas, valorada pelo Juízo segundo o princípio do livre convencimento
trata justamente na alegada formação de grupo econômico entre as motivado, em conjunto com as demais provas dos autos".
empresas, objeto da prova naqueles autos. Importante salientar também que a utilização de prova emprestada
Os depoimentos constantes na prova emprestada utilizada pelo não está condicionada à prévia anuência e concordância das
Juízo a quo dizem respeito aos fatos relacionados pela autora, no partes. Assim, a mera alegação da reclamada de que não
que pertine a alegada formação de grupo econômico entre as concordou com a utilização de prova emprestada não é suficiente
acionadas GRUPO HELGA (DISTR IBUIDORA HELGA para inviabilizar a sua utilização nestes autos. Precedentes.
COSMETICOS LTDA - ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME, Recurso de revista não conhecido" (TST, ARR - 3600-
HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, ORIGINAL 29.2010.5.12.0031 Data de Julgamento: 15/02/2017, Relator
COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de
COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS "B) RECURSO DE REVISTA. 1. NULIDADE DA SENTENÇA.
LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA CERCEAMENTO DE DEFESA. UTILIZAÇÃO DE PROVA
PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS EMPRESTADA SEM ANUÊNCIA. O Regional entendeu que a
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX utilização de prova emprestada consubstanciada em certidão de
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX averiguação produzida em outros autos, no qual a reclamada figura
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e como parte, não configura cerceamento de defesa, ante a
ROBERTO NENDZA - ME) e GRUPO HANOVA - HNV (HANOVA semelhança fática existente entre os processos, assim como da
INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, AL observância do contraditório e da ampla defesa. Com efeito, esta
PARTICIPAÇÕES LTDA, ANDERSON LUID DOS SANTOS Corte tem se posicionado no sentido de ser possível a utilização da
SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE COSMETICOS prova emprestada, não sendo imprescindível a anuência da parte
LTDA), assim como referem-se as mesmas demandadas, sendo adversa. Recurso de revista não conhecido" (TST, RR - 940-
permitido sua valoração como se houvesse sido produzida 27.2013.5.18.0181 Data de Julgamento: 09/11/2016, Relatora
diretamente nos autos examinados. Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT
INÉPCIA DA INICIAL sendo demitida sem justa causa em 29/03/2018; que o último
Requer o Recorrente, o reconhecimento da inépcia do pedido salário percebido foi de R$ 3.200,00 (três mil e duzentos reais); que
relativo às parcelas de FGTS + 40%, e a extinção do pleito sem quando de sua demissão não recebeu qualquer valor, assim como
resolução de mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15, não fora liberado Seguro Desemprego e FGTS, motivo pelo qual
sob o fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de pleiteia a liberação dos mesmos em sede de tutela antecipada; que
ingresso, inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso o FGTS se encontra depositado apenas de forma parcial, apenas o
e de dispensa, realizou o pedido correspondente às parcelas de valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais).
FGTS, em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o Em seguida, requereu que, Tendo em vista os argumentos jurídicos
O processo trabalhista é regido pelo princípio da simplicidade das sejam: Saldo Salário, Aviso Prévio de 51 dias, 13º salário e férias
formas, consagrado no art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta sobre aviso prévio, FGTS sobre rescisão, 13º salário proporcional
uma breve exposição dos fatos para se considerar apta a exordial. 3/12 de 2018, férias simples 2016/2017 e proporcionais 2017/2018
Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal. todas acrescidas do terço constitucional, FGTS e multa de 40%.
§ 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do Em relação ao rol dos pedidos, o autor requereu a condenação da
Presidente da Junta, ou do juiz de direito a quem for dirigida, a reclamada ao pagamento das verbas rescisórias, incluindo FGTS E
dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura Em decorrência do princípio da simplicidade, que norteia o processo
do reclamante ou de seu representante. trabalhista, o qual não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de
§ 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do 2017, a petição inicial ora em análise preencheu os requisitos do
juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que art. 840 , da CLT, a qual, frise-se, não dificultou a defesa das
vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no A sentença reconheceu o grupo econômico entre as empresas
§ 2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias "Diante da identidade da matéria (fática e jurídica), adoto
datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que integralmente os fundamentos lançados na brilhante sentença
couber, o disposto no § 1o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº prolatada nos autos da 0000471-51.2018.5.07.0006, de lavra da
§ 3o Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo responsabilidade das empresas demandadas, nos termos a seguir:
serão julgados extintos sem resolução do mérito. (Incluído pela Lei 'Afirma a parte reclamante que as empresas que compõem o antigo
Como se observa, a Lei n. 13.467/17 fez referência expressa aos ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES
requisitos da petição inicial trabalhista, dispondo no § 1º do art. 840 & CIA LTDA - ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS
da CLT que o pedido deva "ser certo, determinado e com indicação LTDA - ME, MULTIPLA COMERCIO DE COSMETICOS LTDA -
No caso, em relação ao pedido de pagamento do FGTS e multa COSMETICOS LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME,
rescisória, o reclamante fez pedido certo, determinado e com ERICA PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS
indicação do valores pois da sua causa de pedir, entende-se COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX
logicamente que o autor fora demitido sem justa causa e sem COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX
recebimento de suas verbas rescisórias, fato este, incontroverso COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e
Na narrativa dos fatos, o acionante afirmou que ingressou na sócios José Alencar Sales Júnior e Érica Pontes de Meneses. Alega
que, em meados de 2017, os sócios do Grupo Helga iniciaram grupo econômico entre si, tendo contestado a formação de grupo
negociações para fusão com o Grupo Hanova (HNV), fusão de com as empresas do Grupo HANOVA (14ª a 16ª reclamadas), com
empresas esta que foi oficialmente tornada pública em julho de a MULT DISTRIBUIDORA (17ª reclamada) e com a BCR (18ª
2017, expondo o rol de empresas que compõem o Grupo Hanova - reclamada), alegando que o grupo HANOVA tem como objeto social
HNV (HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS a produção de produtos de beleza, e que inexiste hierarquia e/ou
LTDA - ME, AL PARTICIPAÇÕES LTDA, ANDERSON LUID DOS coordenação entre as empresas. Sustenta que a BCR está sob a
SANTOS SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE égide da Lei 11.101//05, tendo comprado o direito de utilização da
COSMETICOS LTDA), à época todas dirigidas pelos sócios marca "Helga" por cinco anos.
Anderson Luid Santos Severo e Aline Cristina Silva Souza Severo. As reclamadas HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE
Sustenta que, a partir de julho de 2017, independentemente do COSMETICOS LTDA - ME e ANDERSON LUID DOS SANTOS
cumprimento das obrigações legais para efetivação da fusão, qual SEVERO - ME reconhecem o grupo entre si e negam a formação de
seja a extinção das pessoas jurídicas da empresa incorporada com grupo com as demais reclamadas, noticiando que são fornecedoras
o surgimento de uma nova, tal fusão de fato ocorreu e todos os de produtos à rede varejista, sendo uma das principais, o grupo
empregados passaram à subordinação do Grupo Hanova-Helga, o HELGA, não tendo havido a fusão alegada, apenas relação
qual configura grupo econômico por coordenação, impondo a fornecedor-cliente. Informam, ainda, que os fundos de comércio de
responsabilização solidária entre as empresas do grupo. Entende empresas do Grupo Helga foram alienados por seus sócios-
que a fusão entre as empresas com a criação, em outubro de 2017, proprietários da Helga para a empresa DX GROUP
da empresa MULT DISTRIBUIDORA DE COSMÉTICOS (de que PARTICIPAÇÕES E INVESTIMENTOS LTDA, que, por sua vez,
eram sócios o filho dos sócios do Grupo Helga e a mãe do sócio do não possuiria qualquer ligação com o Grupo Hanova, tratando-se de
Grupo Hanova), teria como única finalidade ocultar os sócios de fato empresa de investimentos de proveniente São Paulo.
da nova empresa e ainda o de conseguir nova linha de crédito na A demandada AL PARTICIPACOES LTDA nega a formação de
praça. Postula, caso não se conclua pela existência de grupo grupo econômico com quaisquer das demais empresas.
econômico, que se reconheça a sucessão empresarial de todas as A reclamada MULT DISTRIBUIDORA DE COSMETICOS LTDA
empresas do Grupo Helga por HNV INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE alega que nunca existiu de fato e nega a formação de grupo
COSMÉTICOS LTDA. Alega, ainda, que a empresa BRC BRAZIL econômico com quaisquer das demais empresas.
COSMÉTICOS LTDA adquiriu em Recuperação Judicial os direitos A ré BRC - BRAZIL COSMETICS LTDA informa que comprou os
da marca mista "Helga" por cinco anos, sem jamais exercer direitos de uso da marca HELGA, não estando a reclamante sob
qualquer gerência direta, pois o Sr. José Alencar Sales Júnior suas ordens, refutando a formação de grupo econômico com
continuou a exercer a direção, gerência e coordenação das quaisquer das demais empresas reclamadas e pleiteia que, em
empresas. Por essa razão, pretende a responsabilização solidária caso de condenação, seja de forma subsidiária.
fraude ocorrida e a evidente direção do efetivo sócio do Grupo Inicialmente, declaro a responsabilidade solidária das empresas
Em suas contestações, as rés negam a formação de grupo COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA -
econômico entre as empresas do Grupo Helga e Hanova As ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME,
reclamadas DISTRIBUIDORA HELGA COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - EPP, BELLA
HELGA COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES & CIA COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS
LTDA - ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA
COSMETICOS LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX
ERICA PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME,
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX ROBERTO NENDZA - ME (1ª a 13ª reclamadas), nos termos do §
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX 2º do art. 2º da CLT, as quais reconheceram a formação de grupo
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, econômico entre si, encontrando-se, dentre estas, a empregadora.
ROBERTO NENDZA - ME (1ª a 13ª reclamadas), não refutam o Quanto ao grupo econômico alegado em relação aos grupos
HELGA e HANOVA, a autora juntou aos autos várias fotografias outras indústrias, o abastecimento e o descarregamento de
com os Srs. Anderson Luid Dos Santos Severo, José Alencar Sales mercadorias eram feitos por empregados destas indústrias; que a
Junior, Aline Cristina Silva Souza Severo e Érica Pontes de reclamante vendia produtos da indústria Hanova bem como de
Meneses, sócios das empresa Hanova e Helga, divulgadas em meio outras indústrias."
digital em julho de 2017, anunciando a fusão entre as empresas do Saliente-se que o fato de terem sido alienados fundos de comércio
Grupo Helga com aquelas do Grupo Hanova (HNV), com de empresas do Grupo Helga para a empresa DX GROUP
fundamento na expansão e aquisições realizadas pelo grupo PARTICIPAÇÕES E INVESTIMENTOS LTDA não afeta a presente
HANOVA, podendo se perceber que nas fotos, aparece o diretor do demanda, pois apenas houve a alienação parcial das quotas
grupo HANOVA, o qual veste camisa com o nome HELGA NOVO empresariais de somente algumas das empresas do Grupo.
TEMPO e ainda uma figura que demonstra a junção de duas peças Insta destacar, também, que a alegação da reclamada ANDERSON
de quebra-cabeça nas quais constam os nomes dos dois grupos LUID DOS SANTOS SEVERO ME de que a relação havida entre os
HANOVA e HELGA. Em que pese não haver alterações nas apontados conglomerados empresariais era de apenas fornecedor-
estruturas das empresas formadoras dos grupos, resta claro que cliente não se sustenta, ressaltando que a mensagem eletrônica e a
houve uma intensa comunhão de interesses confissão de dívida datam de período anterior à "fusão" noticiada, o
econômicos/profissionais entre as empresas formadoras dos dois que só veio a ocorrer em julho de 2017.
grupos. De acordo com a Lei 13.467/2017 são requisitos para a Diante do exposto, reconheço a existência de grupo econômico por
configuração do grupo econômico: a demonstração do interesse coordenação entre todas as empresas dos Grupos HELGA e
integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta HANOVA, as quais declaro responsáveis solidárias pelas verbas
das empresas integrantes. A inexistência de uma hierarquia entre decorrentes da condenação, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da
demonstração de que entre as empresas ocorre clara atuação No que concerne à reclamada AL PARTICIPAÇÕES LTDA, verifica-
conjunta, em linha de coordenação e comunhão de interesses, o se que na defesa das empresas formadoras do GRUPO HELGA
que se verifica no caso em tela. restou afirmado que as empresas HANOVA INDUSTRIA E
Ademais, a primeira testemunha laboral afirmou em seu COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, ANDERSON LUID
"(...) que havia comentários dentro da empresa de que ocorreu uma formam o grupo HANOVA. Nessa senda, o contrato social de
fusão entre as empresas Helga e Hanova; que o gerente do constituição da reclamada AL PARTICIPAÇÕES LTDA demonstra
depoente comentou que ocorreria a fusão e que o depoente que essa empresa tem como sócios os Srs. Anderson Liud dos
continuaria a prestar serviços para as duas empresas; que o Santos Severo e Aline Cristina Silva Souza Severo, os quais se
depoente já chegou, mesmo prestando serviços para a Helga, fizeram presentes ao evento em que foi anunciada a "fusão" entre
prestar serviços para a Hanova, tais como rotulagem de produtos, os grupos empresariais, conforme fotografias anexadas aos autos.
embalagem de mercadorias e fazendo entregas; que depois dos Ainda, o endereço eletrônico da AL PARTICIPAÇÕES LTDA
ordens do Sr. Paulo, empregado da Hanova, responsável pela Ademais, a Sra. Aline Cristina Silva Souza Severo é também sócia
"que trabalhou para Helga de 01/02/2010 a 14/04/2018 na função "anderson@hanovacosméticos.com.br", conquanto o Sr. Anderson
de estoquista; que trabalhou com a reclamante; que o gerente, Liud dos Santos Severo não faça parte do corpo societário dessa
Sr.Evandro comentou com o depoente que havia sido feita uma empresa. O Sr. Anderson Liud dos Santos Severo atua, ainda,
sociedade entre a Helga e a Hanova; que, após o comentário, o como empresário individual da ANDERSON LUID DOS SANTOS
depoente também começo a prestar serviços para a Hanova SEVERO ME. Por fim, saliento que as empresas HNV INDÚSTRIA
nas seções das lojas Helga, limpando as mercadorias; que o LTDA, ANDERSON LUID DOS SANTOS SEVERO - ME e MULT
depoente não recebia ordens de nenhum empregado da Hanova; DISTRIBUIDORA DE COSMETICOS LTDA, em audiência, se
que as lojas Helga também vendiam produtos de outras indústrias e fizeram representar pelo mesmo preposto, o Sr. Luiz Gustavo
não só da empresa Hanova; que, em relação às mercadorias das Santana Severo, neste feiro e nos processos nº0000470-
61.2018.5.07.0010, cujos termos de audiência foram anexados aos afirmou, posteriormente, que "soube que foi feita uma postagem
presentes autos. no instagram da Helga onde foi usado o termo fusão com a
diverso das empresas do grupo HANOVA não é suficiente para Por outro lado, as testemunhas Francisca Edinusia Alves de Sousa
afastar a formação do grupo econômico com HNV INDÚSTRIA E e Maria Irlane Silva Santos
COMÉRCIO DE COSMÉTICOS LTDA e ANDERSON LUID DOS Desiderio, apresentadas pelas partes autoras, nas referidas atas de
Sendo assim, reconheço que a empresa AL PARTICIPAÇÕES reunião em que foi publicizada à fusão das demandadas aos
LTDA pertence ao grupo econômico HANOVA, o qual restou empregados são uníssonas ("que no final de julho/2017 foram
condenada solidariamente, aplicando a esta a mesma convocadas para uma reunião no hotel meridional no centro da
responsabilidade, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da CLT. cidade onde foi comunicada por Alencar Junior, Erica Pontes e
No que tange à reclamada MULT DISTRIBUIDORA DE Aline Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas de
COSMETICOS LTDA, observa-se efetivamente formalizada em que tudo iria mudar com a chegada de novos produtos, mas na
24/10/2017 pouco tempo após a fusão dos grupos HELGA e pratica tudo continuou do mesmo jeito, pois continuou
HANOVA, com atuação na vendas de produtos de higiene, tendo chegando produtos da marca própria da Helga (lavi) e da Helga,
como sócios os Srs. Matheus Pontes Sales e Maria de Fátima dos os quais tinham prioridade para serem vendidos" - depoimento
Santos Severo, os quais são, respectivamente, o filho dos titulares de Maria Irlane Silva Santos Desiderio) e ("que houve uma
do Grupo Helga e a mãe de um dos proprietários do Grupo Hanova reunião num domingo de julho/2017 onde foi comunicada a
(Anderson Luid dos Santos Severo), fato não contestado em defesa. fusão da Hanova com a Helga Cosmeticos onde foram
Sendo assim, tenho que a empresa MULT DISTRIBUIDORA DE apresentados os novos patrões como sendo: Aline Severo e
COSMETICOS LTDA também participa dos Grupos Helga e seu esposo Anderson ambos donos da Hanova; que a a partir
Hanova, utilizando-se da mesma estrutura empresarial para a daí a prioridade era para vender os produtos da Hanova e Lavi"
consecução de seus objetivos financeiros, diante do que, resta - depoimento de Francisca Edinusia Alves de Sousa)."
condenada solidariamente, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da A empresa recorrente manifesta no presente recurso ordinário o seu
Por fim, quanto à ré BRC BRAZIL COSMETICS COMÉRCIO econômico ostentam características diametralmente opostas"; "em
VAREJISTA DE COSMÉTICOS EIRELI, verifica-se que ela que pese tenha havido, nas redes sociais, um anúncio de fusão
apresentou defesa através do mesmo escritório que a empregadora, entre os conglomerados Helga e Hanova, por certo, tal
na qual passou a repetir as mesmas alegações já apresentadas reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão
pelas 1ª a 13ª Reclamadas, além disso, observa-se que no empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas
comprovante de inscrição cadastral (CNPJ) consta endereço regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos
eletrônico pertencente ao domínio da HELGA COSMÉTICOS. econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria,
Ademais, apresentou carta de preposição que revelou mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que
representação através do mesmo preposto que a empregadora, possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses";
razão pela qual, deve ser solidariamente responsável pelos créditos "que a sentença de origem, em nenhum momento, cuidou de
oriundos da presente demanda, nos moldes dos arts. 2º, § 2º, e 9º demonstrar a integração de interesses entre as empresas, a
Pontue-se, por oportuno, que as atas de audiência em nada apenas limitou-se a discorrer, de forma bastante confusa, sobre
corroboram com a tese da demandada, uma vez que se verifica, "fusão", sendo esta manifestante inexistente no caso vertente"; "que
com extrema facilidade, que a testemunha da reclamada, Sr. os depoimentos coligidos aos autos sob a rubrica de prova
Emanuel Rodrigues de Albuquerque, arrolada em todos os emprestada fulminam a pretensão autoral, quer pelo viés da fusão,
processos, busca, sem nenhum sucesso, sustentar os termos da seja sob a óptica de agrupamento empresarial."
Ademais, por mais que tenha declarado que "que na metade do recorrente, fundamentos que infirmem convincentemente as
segundo semestre de 2017 houve uma reunião da Helga com a conclusões do juízo de primeiro grau, razão pela qual se há perfilhar
com os motivos da decisão vergastada, ora endossados e Maria Irlane Silva Santos Desiderio, ouvida no processo nº 0000470
integrantes das presentes razões de decidir. -54.2018.5.07.0010 (Ata de audiência de ID 5cd9c24 - Pág. 4),
Consoante o § 2º do art. 2º da CLT, "sempre que uma ou mais trazido por empréstimo ao conjunto probatório pelas próprias
empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica reclamadas, revelador de "(...) que no final de julho/2017 foram
própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de convocadas para uma reunião no hotel meridional no centro da
outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua cidade onde foi comunicada por Alencar Junior, Erica Pontes e Aline
autonomia, integrem grupo econômico, serão responsáveis Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas de que tudo
solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de iria mudar com a chegada de novos produtos, mas na pratica tudo
Nesta esteira, o delineamento do que se convencionou chamar marca propria da Helga (lavi) e da Helga, os quais tinham prioridade
grupo econômico, pela dicção da Consolidação das Leis do para serem vendidos, e das outras marcas continuaram escassos".
Trabalho, importa na evidência da integração dos Veja-se que a fusão foi comunicada aos empregados em reunião,
empreendimentos, de forma a vincular, direta ou indiretamente, as constatação que reforça a ideia do grupo econômico, referindo-se a
Este aspecto restou caracterizado nos autos, sendo certo que se operandi das vendas dos produtos e não à ausência de formação
verificam elementos suficientes para que seja corroborada a de grupo. A testemunha em questão ainda revelou que as diversas
Como bem destacado pela sentença, restou demonstrada nos autos mas que com a Hanova o processo foi diferente, pois, além de ter
a ampla divulgação realizada nas redes sociais, em julho de 2017, sido comunicada a fusão, não houve interrupção do fornecimento de
acerca da fusão das empresas do Grupo Helga com aquelas do mercadorias para serem vendidas nas lojas Helga, o que ocorreu
Grupo Hanova. Eis os dizeres da publicação (V. ID 0d53e9e - Pág. com outros fornecedores em face das dívidas da empregadora
Grupo HNV detentor de várias marcas como a Hanova, em um Não se olvida o depoimento da testemunha convidada pelas
processo de expansão e aquisições, realizou a fusão com o Grupo reclamadas, Sr. Emanuel Rodrigues de Albuquerque, ouvida nos
Helga Cosméticos. Tudo isso para que os nossos clientes possam processos (461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471-
ter sempre à disposição o melhor atendimento, os melhores 39.2018.5.07.0010) trazidos por empréstimo ao conjunto probatório,
produtos e a melhor experiência. Transformando para melhor, o seu cujas declarações transparecem a ideia de demonstrar ter havido
visual e a sua vida. #HelgaNovoTempo #Hanova #GrupoHNV apenas uma relação comercial, mas não uma fusão, entre as
#GrupoHelga #Beleza #Cabelos". Com a devida vênia da parte empresas do grupo Helga e do grupo Hanova. Contudo, diante dos
recorrente, este aspecto é relevante para a caracterização do grupo demais elementos probatórios dos autos, não há de prevalecer o
econômico sob investigação, demonstrando a plena possibilidade quadro traçado pelo depoente, sendo de se destacar que ele próprio
de que as marcas de cada um dos grupos estejam sob a admite não ter participado da reunião ocorrida em julho de 2017 (V.
coordenação de um único conglomerado, o que afasta a tese ID's 5cd9c24 - Pág. 6 e 8eb6395 - Pág. 6), na qual fora anunciada a
no mesmo grupo econômico. Cumpre ressaltar, ainda, porquanto oportuno, que a estreita relação
Além disso, vigora no Direito do Trabalho o princípio da primazia da comercial entre as empresas dos grupos empresariais, consoante
realidade, de modo a ser imprescindível destacar a prevalência dos se denota pelas notas ficais de vendas de mercadorias anexadas
fatos da relação de emprego sobre os aspectos formais. Dessa aos autos, a meu sentir, não rechaça a formação de grupo
forma, ainda que não ultimada, ao menos formalmente, com as econômico, mas, em verdade, a reforça, evidenciando além da
devidas baixas das pessoas jurídicas, a fusão mencionada nas complementaridade entre os objetos sociais das empresas
redes sociais, não há se desconhecer que houve a junção das contratantes, o interesse integrado, a comunhão de interesses e a
empresas, que passaram a atuar integradas a um único grupo. atuação conjunta das empresas dele integrantes.
Igualmente, salvo melhor juízo, os depoimentos das testemunhas Destarte, o quadro encontrado no presente feito permite a
não afastam o reconhecimento do grupo econômico. Ao revés, conclusão de que a empresa ora recorrente integra grupo
confirmam a fusão entre as empresas. Destaca-se, a este respeito, econômico com as reclamadas do grupo Helga. Importa examinar a
o depoimento da primeira testemunha da parte reclamante, Sra. presença de elementos objetivos capazes de demonstrar que as
empresas estavam integradas no mesmo grupo. É o que se cerceamento de defesa. Preliminar rejeitada.
constatou à exaustão no presente feito. PETIÇÃO INICIAL. ART. 840, §1º DA CLT. O processo trabalhista
Por oportuno, colhe-se o seguinte precedente jurisprudencial: é regido pelo princípio da simplicidade das formas, consagrado no
"Grupo econômico. Relação inter-empresarial. O grupo econômico art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta uma breve exposição
para fins justrabalhistas não necessita se revestir das modalidades dos fatos para se considerar apta a exordial. Em decorrência do
jurídicas típicas do Direito Econômico ou Direito Comercial princípio da simplicidade, que norteia o processo trabalhista, o qual
(holdings, consórcios, pools etc.). Não se exige, sequer, a prova não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de 2017, verifica-se que
de sua formal institucionalização cartorial: pode-se acolher a a petição inicial atendeu integralmente os requisitos do art. 840, da
existência do grupo desde que surjam evidências probatórias CLT. Preliminar rejeitada.
de que estão presentes os elementos de integração inter- EXISTÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO. ART. 2º, DA CLT. ÔNUS
empresarial (abrangência subjetiva e nexo relacional) de que DA PROVA. ART. 818, DA CLT C/C ART. 373, DO NCPC.
fala a CLT (art. 2º, § 2º)" (Processo 00409002020085010025, TRT AUSÊNCIA DE PROVA. Não tendo a reclamante comprovado a
1ª Região - 8ª Turma, Relatora Desembargadora Dalva Amélia de existência do alegado grupo econômico Helga-Hanova, composto
conhecer do recurso ordinário para, rejeitar as preliminares DA NULIDADE DA SENTENÇA- DA UTILIZAÇÃO DA PROVA
suscitadas e, no mérito, por maioria, negar-lhe provimento. Vencido EMPRESTADA - DO ALEGADO CERCEAMENTO DE DEFESA
o Desembargador Relator, que dava provimento ao apelo, para Aduz a recorrente, preliminarmente, que houve cerceamento de seu
excluir da condenação a responsabilidade solidária da reclamada direito de defesa, ao argumento de que o juízo, ao adotar
HNV INDÚSTRIA E COSMÉTICOS LTDA. Redigirá o acórdão o integralmente a motivação da sentença proferida na reclamatória
Desembargador Cláudio Soares Pires, com a integração do voto trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu
vencido. entendimento, a partir das provas orais ali consignadas, mas que,
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores tais elementos probatórios não foram publicizadas à ora recorrente
Francisco José Gomes da Silva (Presidente e Relator), Cláudio no presente feito, com vistas à garantia do contraditório e da ampla
Soares Pires e Paulo Régis Machado Botelho. Presente ainda o(a) defesa, verificando-se, pois, uma patente violação ao que dispõe o
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo art. 312 do CPC/15.
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Jefferson Quesado Junior. Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não
Fortaleza, 14 de outubro de 2019. integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos,
INTEGRA O PRESENTE ACÓRDÃO O VOTO VENCIDO DO EXMº mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou
DESEMBARGADOR FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA, in como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera
EMENTA: PROVA EMPRESTADA. PREVISÃO LEGAL. proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou,
CONTRADITÓRIO OBSERVADO. O novo CPC trouxe permissivo naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova
expresso quanto à possibilidade de utilização da prova emprestada, emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito.
desde que observado o contraditório, conforme previsão no art. 372. Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam
Assim, havendo previsão legal para utilização da prova emprestada relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo
e, observando que no processo nº 0000471-51.2018.5.07.0006 as reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art.
fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno
dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em ROBERTO NENDZA - ME) e GRUPO HANOVA - HNV (HANOVA
conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine. INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, AL
de provas emprestadas, relativo aos depoimentos testemunhais dos LTDA), assim como referem-se as mesmas demandadas, sendo
processos 461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471- permitido sua valoração como se houvesse sido produzida
39.2018.5.07.0010 (ID. bae0442, ID. ed35241, ID. 5cd9c24, ID. diretamente nos autos examinados.
O Juízo, ao proferir a sentença, utilizou para o reconhecimento da utilizado a fundamentação da sentença, a qual considerou para
existência de Grupo Econômico entre as acionadas (Grupo Hanova- formação do convencimento da magistrada, depoimentos os quais
Helga) como prova emprestada, os fundamento os lançados na foram respeitados o contraditório quando produzida em processos
sentença prolatada nos autos do processo nº 0000471- judiciais, máxime,quando envolvendo a mesma empresa e quando
51.2018.5.07.0006, de lavra da magistrada Taciana Orlovicin os fatos guardam correlação com os da presente ação.
Gonçalves Pita (ID. 984dd8d). Nesse mesmo entendimento, colaciona-se a atual jurisprudência do
Nesse ponto, destaco, inicialmente, que o novo CPC trouxe Tribunal Superior do Trabalho, in verbis:
permissivo expresso quanto à possibilidade de utilização da prova UTILIZAÇÃO DE PROVA EMPRESTADA. POSSIBILIDADE.
emprestada, desde que observado o contraditório, conforme IDENTIDADE FÁTICA. MESMAS RECLAMADAS.
previsão no art. 372, que assim dispõe: DESNECESSIDADE DE PRÉVIA CONCORDÂNCIA DA PARTE
Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em CONTRÁRIA. AUSÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA.
outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, NULIDADE PROCESSUAL NÃO CONFIGURADA. Esta Corte
Assim, havendo previsão legal para utilização da prova emprestada identidade dos fatos considerados no documento emprestado e no
e, observando que no processo nº 0000471-51.2018.5.07.0006 as caso em julgamento, assim como ocorrido nesta hipótese, em que o
partes foram submetidas ao contraditório e, havendo identidade dos Regional registrou que"a prova emprestada foi produzida em
fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de processo judicial que envolvia as mesmas rés da presente ação,
Quanto a alegativa de que as reportadas transcrições dos sua produção, bem como o princípio do contraditório. Segundo,
depoimentos carregam relatos fáticos que não integram as razões porque os fatos a serem comprovados guardam correlação com os
da exordial, não merece acolhida, posto que a causa de pedir da da presente ação. Terceiro, porque a referida prova emprestada foi
autora, no que se refere a responsabilidade solidária das acionadas, valorada pelo Juízo segundo o princípio do livre convencimento
trata justamente na alegada formação de grupo econômico entre as motivado, em conjunto com as demais provas dos autos".
empresas, objeto da prova naqueles autos. Importante salientar também que a utilização de prova emprestada
Os depoimentos constantes na prova emprestada utilizada pelo não está condicionada à prévia anuência e concordância das
Juízo a quo dizem respeito aos fatos relacionados pela autora, no partes. Assim, a mera alegação da reclamada de que não
que pertine a alegada formação de grupo econômico entre as concordou com a utilização de prova emprestada não é suficiente
acionadas GRUPO HELGA (DISTR IBUIDORA HELGA para inviabilizar a sua utilização nestes autos. Precedentes.
COSMETICOS LTDA - ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME, Recurso de revista não conhecido" (TST, ARR - 3600-
HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, ORIGINAL 29.2010.5.12.0031 Data de Julgamento: 15/02/2017, Relator
COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de
COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS "B) RECURSO DE REVISTA. 1. NULIDADE DA SENTENÇA.
LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA CERCEAMENTO DE DEFESA. UTILIZAÇÃO DE PROVA
PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS EMPRESTADA SEM ANUÊNCIA. O Regional entendeu que a
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX utilização de prova emprestada consubstanciada em certidão de
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX averiguação produzida em outros autos, no qual a reclamada figura
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e como parte, não configura cerceamento de defesa, ante a
observância do contraditório e da ampla defesa. Com efeito, esta No caso, em relação ao pedido de pagamento do FGTS e multa
Corte tem se posicionado no sentido de ser possível a utilização da rescisória, o reclamante fez pedido certo, determinado e com
prova emprestada, não sendo imprescindível a anuência da parte indicação do valores pois da sua causa de pedir, entende-se
adversa. Recurso de revista não conhecido" (TST, RR - 940- logicamente que o autor fora demitido sem justa causa e sem
27.2013.5.18.0181 Data de Julgamento: 09/11/2016, Relatora recebimento de suas verbas rescisórias, fato este, incontroverso
Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT nos autos.
INÉPCIA DA INICIAL sendo demitida sem justa causa em 29/03/2018; que o último
Requer o Recorrente, o reconhecimento da inépcia do pedido salário percebido foi de R$ 3.200,00 (três mil e duzentos reais); que
relativo às parcelas de FGTS + 40%, e a extinção do pleito sem quando de sua demissão não recebeu qualquer valor, assim como
resolução de mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15, não fora liberado Seguro Desemprego e FGTS, motivo pelo qual
sob o fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de pleiteia a liberação dos mesmos em sede de tutela antecipada; que
ingresso, inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso o FGTS se encontra depositado apenas de forma parcial, apenas o
e de dispensa, realizou o pedido correspondente às parcelas de valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais).
FGTS, em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o Em seguida, requereu que, Tendo em vista os argumentos jurídicos
O processo trabalhista é regido pelo princípio da simplicidade das sejam: Saldo Salário, Aviso Prévio de 51 dias, 13º salário e férias
formas, consagrado no art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta sobre aviso prévio, FGTS sobre rescisão, 13º salário proporcional
uma breve exposição dos fatos para se considerar apta a exordial. 3/12 de 2018, férias simples 2016/2017 e proporcionais 2017/2018
Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal. todas acrescidas do terço constitucional, FGTS e multa de 40%.
§ 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do Em relação ao rol dos pedidos, o autor requereu a condenação da
Presidente da Junta, ou do juiz de direito a quem for dirigida, a reclamada ao pagamento das verbas rescisórias, incluindo FGTS E
dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura Em decorrência do princípio da simplicidade, que norteia o processo
do reclamante ou de seu representante. trabalhista, o qual não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de
§ 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do 2017, a petição inicial ora em análise preencheu os requisitos do
juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que art. 840 , da CLT, a qual, frise-se, não dificultou a defesa das
vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no Na peça de ingresso, requer o reclamante que seja caracterizada a
que couber, o disposto no parágrafo anterior. condição da segunda (VRX COMÉRCIO COSMÉTICOS E
§ 2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias BIJUTERIAS LTDA) e terceira reclamada (HANOVA
datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que COSMÉTICOS), de responsáveis solidárias pelos encargos
couber, o disposto no § 1o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº trabalhistas da primeira reclamada, HELGA COSMÉTICOS, em
§ 3o Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo Afirma que a primeira, segunda e terceira reclamadas foram
serão julgados extintos sem resolução do mérito. (Incluído pela Lei criadas, são dirigidas e controladas pelo pela Sra. Erica Pontes de
Como se observa, a Lei n. 13.467/17 fez referência expressa aos reclamada, HANOVA COSMÉTICOS, pois utilizou terceiro como
da CLT que o pedido deva "ser certo, determinado e com indicação Ressalta, que os objetos sociais das empresas são
complementares, visto todas possuírem o mesmo objeto social e A nova redação do art. 2º, além de manter a hipótese do grupo
finalidade, sendo patente a formação de grupo econômico entre econômico hierarquizado ou sob subordinação, introduz,
No mérito, defende a recorrente, em síntese, a inexistência de fusão sob coordenação, trazendo para o texto legal, o entendimento dos
e formação de grupo econômico com o GRUPO HELGA, sendo Tribunais Regionais do Trabalho e do TST quanto a configuração de
ao autor na presente reclamação trabalhista. Com relação a este modelo de grupo econômico coordenado, a
Argumenta que, em que pese tenha havido, nas redes sociais, um Desembargadora Dra. Vólia Bomfim Cassar, do TRT da 1ª Região,
anúncio de fusão entre os conglomerados Helga e Hanova, por em seu livro Direito do Trabalho, afirma que:
certo, tal reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão Os grupos econômicos por coordenação se apresentam quando
empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas houver reunião de interesses para execução de determinado
regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos empreendimento, tendo ou não o mesmo controle ou administração
econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria, comum. Logo, os grupos por coordenação podem ter relação de
mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que controle entre si, numa linha horizontal e não vertical. Isto é, não
possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses, o haverá, no grupo horizontal, uma empresa controladora e outra(s)
que, também, não retrata o caso dos autos. controlada(s), uma líder (holding) e outras lideradas. Todas são
Esclarece, adiante, que há uma mera relação comercial, havendo interligadas entre si e, apesar de autônomas e independentes, estão
total independência entre as empresas do GRUPO HANOVA em interligadas pela ingerência, administração comum, como se
relação às componentes do GRUPO HELGA, sendo a recorrente, subordinadas umas às outras administrativamente. Por trás desta
mera fornecedora de produtos para o conglomerado empresarial administração comum pode estar um sócio ou alguns sócios ou
HELGA, sem haver contudo, qualquer integração de interesses pessoa física no controle.(CASSAR, 2017,p.429).
entre as empresas ou atuação conjunta. Logo, o aproveitamento dos serviços prestados pelo trabalhador por
A lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017 que alterou a Consolidação entre si, formando o grupo econômico trabalhista, serão todas, por
das Leis do Trabalho (CLT) trouxe novos parâmetros para consequência, responsabilizadas pela contraprestação devida ao
a este artigo, conforme transcrição seguinte: Estabeleceu, igualmente, que "não caracteriza grupo econômico a
Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, mera identidade de sócios. Assim, o patrimônio de empresas que
que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria têm sócios comuns, porém com atuam em setores diversos, estarão
§ 1º - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da Portanto, a análise da existência ou não da formação de um grupo
relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de econômico, deve-se observar o princípio da primazia da realidade,
beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem para que cada caso seja analisado com suas peculiaridades, sendo
fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados. ônus do autor a prova de suas alegações ( art. 818, da CLT c/c art.
§ 2º Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada 373, do NCPC).
uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a No caso em análise, o autor fundamenta sua pretensão com base
direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando, em notícias veiculadas nas redes sociais de possível fusão entre os
mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo grupos Helga Cosméticos e HNV, assim como colaciona fotos em
econômico, serão responsáveis solidariamente pelas que retrata parcerias entre as duas empresas, ID. 0d53e9e, sem,
obrigações decorrentes da relação de emprego. contudo, apresentar qualquer prova que indique ter realmente
§ 3º Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de ocorrido a "FUSÃO" das empresas, ou qualquer relação de
demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de Ao revés, a acionada Hanova Indústria e Comércio de Cosméticos
interesses e a atuação conjunta das empresas dele integrantes. Ltda colacionou aos autos documentos que demonstram a relação
Helga (CRX COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA e Rosangela eram gerentes da Helga; (...)." ( grifos nosso)
ME, ALENCARINE COSMETICOS COMERCIO VAREJISTA E Conforme se extrai do depoimento supra, não se trata o caso de "
TREINAMENTO EIREL, HELGA MEDZA SALES & CIA LTDA -ME, fusão" entre as empresas, tanto que a partir da reunião ocorrida em
ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA ME, VRX julho de 2017, nada foi alterado na estrutura organizacional da
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA ME, JOSE empresa, assim como layout das lojas, tratando-se, na verdade, de
ALENCAR SALES JUNIOR- ME, ORIGINAL COMERCIO DE um marketing e ações para incremento das vendas, através da
COSMETICOS LTDA- ME, tais como notas fiscais de vendas de fornecedora dos produtos, empresa HANOVA INDUSTRIA E
mercadorias, termo de confissão de dívida e e-mails em que se COMERCIO DE COSMETICOS LTDA, fato este, confirmado pelos
evidencia a parceria comercial entre as empresas ( venda de depoimentos de reclamantes e testemunhas dos processos
mercadorias), ID. de4b07e, ID. 4c4a838. utilizados como provas emprestadas nos autos, vejamos:
Na audiência de instrução, as reclamadas requerem a juntada de Convocada a primeira testemunha arrolada pelas Reclamadas
provas emprestadas (processos nºs. 461-92.2018.5.07.0010, 470- HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA -
54.2018.5.07.0010 e 471-39.2018.5.07.0010, tendo a autora ME, AL PARTICIPACOES LTDA, ANDERSON LUID DOS
concordado com a juntada dos referidos depoimentos. SANTOS SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE
No termo de audiência relativo ao processo nº. 0000461- COSMETICOS LTDA, Sr(a). Emanuel Rodrigues de Albuquerque
92.2018.5.07.0010, a testemunha da reclamante afirmou que: (...): "que trabalha na Hanova desde março/2016 como gerente
Primeira testemunha arrolada pela parte Reclamante Sr(a). administrativo financeiro; ." ÀS PERGUNTAS DO(A) PATRONO(A)
Francisca Edinusia Alves de Sousa: " (...)"que trabalhou na DO(A) PARTE RECLAMADA RESPONDEU: "que na metade do
reclamada Helga Cosméticos de 01/06/2006 a 23/02/2018 na segundo semestre de 2017 houve uma reunião da Helga com a
função de vendedora; que o reclamante, depoente e todos os Hanova para uma parceria de fornecimento de produtos, pois a
funcionários foram demitidos sem pagamento de verbas rescisórias Hanova é uma industria; que o fornecimento dos produtos continuou
e nem do salário do último mês; que depoente trabalhou até da mesma forma, pois a Helga permaneceu como uma cliente
23/fevereiro/2018, não sabendo o ultimo dia labutado pelo norma; que a parceria teve o objetivo de aumentar o volume de
reclamante; que recebia ordem direta dos gerentes Luxeles, vendas nas lojas e de fato aumentou, mas só no primeiro mês,
Rosângela, Francisca Cirlane, os quais eram gerentes da loja pois logo em seguida a Helga entrou novamente em dificuldades
do shopping Central da Helga Nendza Sales .". ÀS PERGUNTAS financeiras e não conseguiu pagar os produtos que comprava, pois
DO(A) PATRONO(A) DO(A) PARTE RECLAMANTE RESPONDEU: a divida já estava muito alta, de modo que a Helga não conseguia
"que houve uma reunião num domingo de julho/2017 onde foi pagar nada na sua totalidade; que é uma prática comum serem
comunicada a fusão da Hanova com a Helga Cosmeticos onde feitas ações com as distribuidoras para estimular as vendas, e
foram apresentados os novos patrões como sendo: Aline os proprietários da Hanova comparecem pelo fato de que o
Severo e seu esposo Anderson ambos donos da Hanova; que a distribuidor Helga ser de grande porte, como também de outros
a partir daí a prioridade era para vender os produtos da Hanova distribuidores; que na época da parceria a Helga já estava em
e Lavi, mesmo tendo outras marcas, mas a Hanova e Lavi débito com a Hanova; que a Hanova não colocou pessoas na
deveriam estar em primeiro lugar nas vendas; que antes da lojas da Helga, muito menos assumiu o comando dessa; que a
reunião já vendiam todo tipo de produto e de varias marcas, continuou a vendendo normalmente para as outras lojas, como
inclusive dos ora citados; que os proprietários da Helga e Hanova Cosbel, Anavi, Iap e outras; que não houve a fusão da Hanova com
estavam presentes na reunião, sendo Erica PontesMenezes e a Helga; que havia procedimento de cobrança normal das vendas
Alencar Junior proprietários da Helga.". ÀS PERGUNTAS DO DO(A) dos produtos Hanova;." ÀS PERGUNTAS DO DO(A) PATRONO(A)
PATRONO(A) DO(A) PARTE RECLAMADA RESPONDEU: "que DO(A) PARTE RECLAMANTE RESPONDEU: "que a reunião tem
depois da reunião depoente continuou trabalhando na mesma um caráter de marketing e não para apresentar fusão; que não
loja e o reclamante também, mas ambos trabalhavam em lojas houve comunicação formal da fusão entre a Hanova e Helga, mas
diferentes; que na reunião estavam os vendedores e gerentes; depoente soube que foi feita uma postagem no instagram da
que a faixada das lojas continuaram iguais; que não houve Helga onde foi usado o termo fusão com a Hanova; que quanto
mudança da chefia após a reunião, mas a sua chefe Luxeles ao doc. de fl. 8 se tratam das pessoas de Anderson (proprietário da
teve um problema de saúde e foi transferida para loja de Hanova) e Junior (proprietária da Helga) e o doc. de fl. 9 tratam das
Messejana, tendo ficado como gerente Rosangela; que Luxeles pessoas Aline (proprietária da Hanova) e Erica (proprietária da
Helga); (...)."( grifos nosso) estrutura jurídica da empresa, o que in casu, não há provas nos
No termo de audiência relativo ao processo nº. 0000470- autos, não sendo suficiente a propaganda disseminada em reunião
O DEPOIMENTO PESSOAL DO RECLAMANTE: '" que depoente O que extrai dos depoimentos, é que a ideia inicial de postar nas
era subgerente, que atuava em várias lojas da Helga e trabalhou até redes sociais de que haveria a fusão das empresas, trata-se, tão
07/04/2018 porque as lojas fecharam, tendo a sra. Erica Pontes somente, de marketing para alavancar as vendas da empresa
(dona da Helga, esposa de Alencar Junior) comunicado a dispensa Helga, a qual, na época, já se encontrava com dificuldades
produtos de marca própria (Lavi), mas também da Hanova, Fatore, Diante do exposto, considerando que a autora não se desincumbiu
Corpo Dourado e outros; que em julho/2017 houve a fusão da de seu ônus probatório, reforma-se a sentença para excluir a
Hanova com a Helga, no que a prioridade passou a ser para vender responsabilidade solidária da reclamada HNV INDÚSTRIA E
produtos da Hanova e Lavi, mas ainda assim, a Helga continuou a COSMÉTICOS LTDA.
vender produtos de outras marcas que já tinham estoque nas DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
lojas, e também continuou comprando produtos de outras Uma vez excluída a responsabilidade solidária da ora recorrente, o
marcas para vender nas suas lojas; que as fachadas das lojas presente apelo, no ponto, segue a sorte do principal.
da Helga continuaram com o mesmo nome, após a fusão, e as CONCLUSÃO DO VOTO VENCIDO:
fusão da Helga e Hanova foi para o crescimento da Helga, mas Isto posto, voto pelo conhecimento do recurso ordinário para,
o dia a dia de trabalho continuou o mesmo de antes, porém rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, dar-lhe provimento
com a informação de que deveriam vender mais os produtos da para excluir a responsabilidade solidária da reclamada HNV
Maria Irlane Silva Santos Desiderio: " (...) que no final de CLAUDIO SOARES PIRES
julho/2017 foram convocadas para uma reunião no hotel meridional Desembargador Redator Designado
Pontes e Aline Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas FORTALEZA/CE, 28 de fevereiro de 2020.
pratica tudo continuou do mesmo jeito, pois continuou MARIA DO SOCORRO RODRIGUES GONCALVES
BIJUTERIAS LTDA - ME, ROBERTO NENDZA - ME, HNV LTDA - ME; JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME; ERICA
COSMÉTICOS LTDA, BRC - BRAZIL COSMETICS LTDA, DE COSMÉTICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME; VRX COMERCIO
RECORRIDO: LUCHELYS DE ALENCAR MARTINS, VRX NENDZA - ME; HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE
COMERCIO DE COSMÉTICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, COSMÉTICOS LTDA - ME; AL PARTICIPACOES LTDA;
ANDERSON LUID DOS SANTOS SEVERO - ME, BRC - BRAZIL ANDERSON LUID DOS SANTOS SEVERO - ME; MULT
COSMÉTICOS LTDA, MULT DISTRIBUIDORA DE COSMÉTICOS DISTRIBUIDORA DE COSMÉTICOS LTDA; BRC - BRAZIL
LTDA, AL PARTICIPACOES LTDA, HNV INDÚSTRIA E COSMETICS LTDA a pagar à reclamante LUCHELYS DE
COMERCIO DE COSMÉTICOS LTDA - ME, ROBERTO NENDZA - ALENCAR MARTINS as seguintes parcelas: a.Saldo de salário (29
ME, CRX COMERCIO DE COSMÉTICOS E BIJUTERIAS LTDA - dias); b. Aviso prévio (51 dias); com reflexos no 13º salário e férias;
ME, ALENCARINE COSMÉTICOS COMERCIO VAREJISTA E c. Férias simples 2016/2017 e proporcionais (8/12 avos), acrescidas
TREINAMENTOS EIRELI, ERICA PONTES DE MENESES, J R de 1/3 constitucional; d. 13º salário proporcional 2018 (3/12 avos); e.
COMERCIO DE COSMÉTICOS LTDA - ME, BELLA COSMÉTICOS FGTS + 40%; f. Multa do art. 467 da CLT, incidente sobre os valores
LTDA - EPP, MULTIPLA COMERCIO DE COSMÉTICOS LTDA - e parcelas rescisórias constantes no TRCT (ID. 7ad3499), bem
EPP, ORIGINAL COMERCIO DE COSMÉTICOS LTDA - ME, como sobre o FGTS não depositado e multa de 40% sobre todos os
HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, HELGA valores devidos a título de FGTS ao longo da contratualidade; g.
COSMÉTICOS LTDA - ME, DISTRIBUIDORA HELGA Multa do art. 477,§8º da CLT; h. Honorários advocatícios.
COSMÉTICOS LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - A sentença fora complementada pelos aclaratórios de ID. 7081a1b,
RELATOR: FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA compensação do valor de R$ 10.710,34, vez que a quantia foi
REDATOR DESIGNADO: CLAUDIO SOARES PIRES recebida pela parte embargada, conforme comprovante de
RECURSO ORDINÁRIO. GRUPO ECONÔMICO. seu direito de defesa, ao argumento de que o juízo, ao adotar
CONFIGURAÇÃO. Confirma-se a sentença de origem que integralmente a motivação da sentença proferido na reclamatória
reconheceu a formação de grupo econômico entre as empresas trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu
demandadas, quando se constata que além da complementaridade entendimento, por consequência, a partir das provas orais ali
entre os objetos sociais destas, há o interesse integrado, a consignadas, mas que, tais elementos probatórios não foram
comunhão de interesses e a atuação conjunta das empresas dele publicizadas à ora recorrente no presente feito, com vistas à
integrantes. Recurso conhecido e improvido. garantia do contraditório e da ampla defesa, verificando-se, pois,
Designado para redigir o acórdão, peço vênia para adotar o relatório Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não
da lavra do Excelentíssimo Desembargador Relator Francisco José integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos,
Gomes da Silva, a seguir: mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou
"Trata-se de recurso ordinário ajuizado pela reclamada HNV como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera
INDUSTRIA E COSMÉTICOS LTDA interposto em face da decisão cópia de uma transcrição parcial realizada no bojo de uma sentença
do Juízo da 18ª Vara do Trabalho de Fortaleza (ID. 984dd8d), que proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou,
JULGOU a reclamatória PROCEDENTE EM PARTE, para naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova
condenar, SOLIDARIAMENTE, as reclamadas DISTRIBUIDORA emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito.
HELGA COSMÉTICOS LTDA - ME; HELGA COSMÉTICOS LTDA Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam
- ME; HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME; ORIGINAL relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo
COMERCIO DE COSMÉTICOS LTDA - ME; MULTIPLA reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art.
COSMÉTICOS LTDA - EPP; J R COMERCIO DE COSMÉTICOS Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno
dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em Peço vênia para adotar os fundamentos do voto do Excelentíssimo
conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine. Desembargador Relator Francisco José Gomes da Silva, quanto à
Adiante, requer o reconhecimento da inépcia do pedido relativo às apreciação das preliminares, nos seguintes termos:
parcelas de FGTS + 40%, a extinção do pleito sem resolução de "DA NULIDADE DA SENTENÇA- DA UTILIZAÇÃO DA PROVA
mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15, sob o EMPRESTADA - DO ALEGADO CERCEAMENTO DE DEFESA
fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de ingresso, Aduz a recorrente, preliminarmente, que houve cerceamento de seu
inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso e de direito de defesa, ao argumento de que o juízo, ao adotar
dispensa, realizou o pedido correspondente às parcelas de FGTS integralmente a motivação da sentença proferida na reclamatória
em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o saldo trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu
fundiário. entendimento, a partir das provas orais ali consignadas, mas que,
No mérito, defende a recorrente, em síntese, a inexistência de tais elementos probatórios não foram publicizadas à ora recorrente
fusão e formação de grupo econômico com o GRUPO HELGA, no presente feito, com vistas à garantia do contraditório e da ampla
sendo indevida a sua responsabilidade solidária pelos créditos defesa, verificando-se, pois, uma patente violação ao que dispõe o
Argumenta, em que pese tenha havido, nas redes sociais, um Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não
anúncio de fusão entre os conglomerados Helga e Hanova, por integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos,
certo, tal reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou
empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera
regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos cópia de uma transcrição parcial realizada no bojo de uma sentença
econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria, proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou,
mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova
possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses, o emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito.
que, também, não retrata o caso dos autos. Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam
Esclarece, adiante, que há uma mera relação comercial, havendo relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo
total independência entre as empresas do GRUPO HANOVA em reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art.
mera fornecedora de produtos para o conglomerado empresarial Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno
HELGA, sem haver contudo, qualquer integração de interesses dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em
entre as empresas ou atuação conjunta. conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine.
inconstitucionalidade declarada de forma incidental do art. 791-A, Em audiência de instrução, as Reclamadas requereram a juntada
§4º, da CLT, haja vista inexistir afronta à Carga Magna, mormente de provas emprestadas, relativo aos depoimentos testemunhais dos
porque, nos ditames do art. 133 da Lei Maior, o advogado é processos 461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471-
indispensável à administração da justiça, e, caso esta Colenda 39.2018.5.07.0010 (ID. bae0442, ID. ed35241, ID. 5cd9c24, ID.
CRFB/1988, o qual prevê a cláusula de reserva de plenário para a O Juízo, ao proferir a sentença, utilizou para o reconhecimento da
manutenção da declaração de inconstitucionalidade. existência de Grupo Econômico entre as acionadas (Grupo Hanova-
Após devidamente notificada, a recorrida apresentou suas Helga) como prova emprestada, os fundamento os lançados na
contrarrazões, conforme documento de ID. 15ffc62. sentença prolatada nos autos do processo nº 0000471-
A matéria versada no presente recurso dispensa a obrigatoriedade 51.2018.5.07.0006, de lavra da magistrada Taciana Orlovicin
de parecer prévio da douta PRT (art. 109, do Regimento Interno)" Gonçalves Pita (ID. 984dd8d).
Acolhe-se o presente recurso, uma vez que preenchidos os emprestada, desde que observado o contraditório, conforme
outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, NULIDADE PROCESSUAL NÃO CONFIGURADA. Esta Corte
Assim, havendo previsão legal para utilização da prova emprestada identidade dos fatos considerados no documento emprestado e no
e, observando que no processo nº 0000471-51.2018.5.07.0006 as caso em julgamento, assim como ocorrido nesta hipótese, em que o
partes foram submetidas ao contraditório e, havendo identidade dos Regional registrou que"a prova emprestada foi produzida em
fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de processo judicial que envolvia as mesmas rés da presente ação,
Quanto a alegativa de que as reportadas transcrições dos sua produção, bem como o princípio do contraditório. Segundo,
depoimentos carregam relatos fáticos que não integram as razões porque os fatos a serem comprovados guardam correlação com os
da exordial, não merece acolhida, posto que a causa de pedir da da presente ação. Terceiro, porque a referida prova emprestada foi
autora, no que se refere a responsabilidade solidária das acionadas, valorada pelo Juízo segundo o princípio do livre convencimento
trata justamente na alegada formação de grupo econômico entre as motivado, em conjunto com as demais provas dos autos".
empresas, objeto da prova naqueles autos. Importante salientar também que a utilização de prova emprestada
Os depoimentos constantes na prova emprestada utilizada pelo não está condicionada à prévia anuência e concordância das
Juízo a quo dizem respeito aos fatos relacionados pela autora, no partes. Assim, a mera alegação da reclamada de que não
que pertine a alegada formação de grupo econômico entre as concordou com a utilização de prova emprestada não é suficiente
acionadas GRUPO HELGA (DISTR IBUIDORA HELGA para inviabilizar a sua utilização nestes autos. Precedentes.
COSMETICOS LTDA - ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME, Recurso de revista não conhecido" (TST, ARR - 3600-
HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, ORIGINAL 29.2010.5.12.0031 Data de Julgamento: 15/02/2017, Relator
COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de
COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS "B) RECURSO DE REVISTA. 1. NULIDADE DA SENTENÇA.
LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA CERCEAMENTO DE DEFESA. UTILIZAÇÃO DE PROVA
PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS EMPRESTADA SEM ANUÊNCIA. O Regional entendeu que a
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX utilização de prova emprestada consubstanciada em certidão de
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX averiguação produzida em outros autos, no qual a reclamada figura
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e como parte, não configura cerceamento de defesa, ante a
ROBERTO NENDZA - ME) e GRUPO HANOVA - HNV (HANOVA semelhança fática existente entre os processos, assim como da
INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, AL observância do contraditório e da ampla defesa. Com efeito, esta
PARTICIPAÇÕES LTDA, ANDERSON LUID DOS SANTOS Corte tem se posicionado no sentido de ser possível a utilização da
SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE COSMETICOS prova emprestada, não sendo imprescindível a anuência da parte
LTDA), assim como referem-se as mesmas demandadas, sendo adversa. Recurso de revista não conhecido" (TST, RR - 940-
permitido sua valoração como se houvesse sido produzida 27.2013.5.18.0181 Data de Julgamento: 09/11/2016, Relatora
diretamente nos autos examinados. Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT
foram respeitados o contraditório quando produzida em processos Requer o Recorrente, o reconhecimento da inépcia do pedido
judiciais, máxime,quando envolvendo a mesma empresa e quando relativo às parcelas de FGTS + 40%, e a extinção do pleito sem
os fatos guardam correlação com os da presente ação. resolução de mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15,
Nesse mesmo entendimento, colaciona-se a atual jurisprudência do sob o fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de
Tribunal Superior do Trabalho, in verbis: ingresso, inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso
IDENTIDADE FÁTICA. MESMAS RECLAMADAS. FGTS, em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o
O processo trabalhista é regido pelo princípio da simplicidade das sejam: Saldo Salário, Aviso Prévio de 51 dias, 13º salário e férias
formas, consagrado no art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta sobre aviso prévio, FGTS sobre rescisão, 13º salário proporcional
uma breve exposição dos fatos para se considerar apta a exordial. 3/12 de 2018, férias simples 2016/2017 e proporcionais 2017/2018
Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal. todas acrescidas do terço constitucional, FGTS e multa de 40%.
§ 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do Em relação ao rol dos pedidos, o autor requereu a condenação da
Presidente da Junta, ou do juiz de direito a quem for dirigida, a reclamada ao pagamento das verbas rescisórias, incluindo FGTS E
dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura Em decorrência do princípio da simplicidade, que norteia o processo
do reclamante ou de seu representante. trabalhista, o qual não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de
§ 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do 2017, a petição inicial ora em análise preencheu os requisitos do
juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que art. 840 , da CLT, a qual, frise-se, não dificultou a defesa das
vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no A sentença reconheceu o grupo econômico entre as empresas
§ 2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias "Diante da identidade da matéria (fática e jurídica), adoto
datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que integralmente os fundamentos lançados na brilhante sentença
couber, o disposto no § 1o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº prolatada nos autos da 0000471-51.2018.5.07.0006, de lavra da
§ 3o Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo responsabilidade das empresas demandadas, nos termos a seguir:
serão julgados extintos sem resolução do mérito. (Incluído pela Lei 'Afirma a parte reclamante que as empresas que compõem o antigo
Como se observa, a Lei n. 13.467/17 fez referência expressa aos ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES
requisitos da petição inicial trabalhista, dispondo no § 1º do art. 840 & CIA LTDA - ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS
da CLT que o pedido deva "ser certo, determinado e com indicação LTDA - ME, MULTIPLA COMERCIO DE COSMETICOS LTDA -
No caso, em relação ao pedido de pagamento do FGTS e multa COSMETICOS LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME,
rescisória, o reclamante fez pedido certo, determinado e com ERICA PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS
indicação do valores pois da sua causa de pedir, entende-se COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX
logicamente que o autor fora demitido sem justa causa e sem COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX
recebimento de suas verbas rescisórias, fato este, incontroverso COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e
Na narrativa dos fatos, o acionante afirmou que ingressou na sócios José Alencar Sales Júnior e Érica Pontes de Meneses. Alega
reclamada no dia 01/08/2010, para exercer a função de gerente, que, em meados de 2017, os sócios do Grupo Helga iniciaram
sendo demitida sem justa causa em 29/03/2018; que o último negociações para fusão com o Grupo Hanova (HNV), fusão de
salário percebido foi de R$ 3.200,00 (três mil e duzentos reais); que empresas esta que foi oficialmente tornada pública em julho de
quando de sua demissão não recebeu qualquer valor, assim como 2017, expondo o rol de empresas que compõem o Grupo Hanova -
não fora liberado Seguro Desemprego e FGTS, motivo pelo qual HNV (HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS
pleiteia a liberação dos mesmos em sede de tutela antecipada; que LTDA - ME, AL PARTICIPAÇÕES LTDA, ANDERSON LUID DOS
o FGTS se encontra depositado apenas de forma parcial, apenas o SANTOS SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE
valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais). COSMETICOS LTDA), à época todas dirigidas pelos sócios
Em seguida, requereu que, Tendo em vista os argumentos jurídicos Anderson Luid Santos Severo e Aline Cristina Silva Souza Severo.
apresentados, ajuíza-se a presente Reclamação Trabalhista no Sustenta que, a partir de julho de 2017, independentemente do
intuito de serem satisfeitos todos os direitos da reclamante, quais cumprimento das obrigações legais para efetivação da fusão, qual
seja a extinção das pessoas jurídicas da empresa incorporada com grupo com as demais reclamadas, noticiando que são fornecedoras
o surgimento de uma nova, tal fusão de fato ocorreu e todos os de produtos à rede varejista, sendo uma das principais, o grupo
empregados passaram à subordinação do Grupo Hanova-Helga, o HELGA, não tendo havido a fusão alegada, apenas relação
qual configura grupo econômico por coordenação, impondo a fornecedor-cliente. Informam, ainda, que os fundos de comércio de
responsabilização solidária entre as empresas do grupo. Entende empresas do Grupo Helga foram alienados por seus sócios-
que a fusão entre as empresas com a criação, em outubro de 2017, proprietários da Helga para a empresa DX GROUP
da empresa MULT DISTRIBUIDORA DE COSMÉTICOS (de que PARTICIPAÇÕES E INVESTIMENTOS LTDA, que, por sua vez,
eram sócios o filho dos sócios do Grupo Helga e a mãe do sócio do não possuiria qualquer ligação com o Grupo Hanova, tratando-se de
Grupo Hanova), teria como única finalidade ocultar os sócios de fato empresa de investimentos de proveniente São Paulo.
da nova empresa e ainda o de conseguir nova linha de crédito na A demandada AL PARTICIPACOES LTDA nega a formação de
praça. Postula, caso não se conclua pela existência de grupo grupo econômico com quaisquer das demais empresas.
econômico, que se reconheça a sucessão empresarial de todas as A reclamada MULT DISTRIBUIDORA DE COSMETICOS LTDA
empresas do Grupo Helga por HNV INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE alega que nunca existiu de fato e nega a formação de grupo
COSMÉTICOS LTDA. Alega, ainda, que a empresa BRC BRAZIL econômico com quaisquer das demais empresas.
COSMÉTICOS LTDA adquiriu em Recuperação Judicial os direitos A ré BRC - BRAZIL COSMETICS LTDA informa que comprou os
da marca mista "Helga" por cinco anos, sem jamais exercer direitos de uso da marca HELGA, não estando a reclamante sob
qualquer gerência direta, pois o Sr. José Alencar Sales Júnior suas ordens, refutando a formação de grupo econômico com
continuou a exercer a direção, gerência e coordenação das quaisquer das demais empresas reclamadas e pleiteia que, em
empresas. Por essa razão, pretende a responsabilização solidária caso de condenação, seja de forma subsidiária.
fraude ocorrida e a evidente direção do efetivo sócio do Grupo Inicialmente, declaro a responsabilidade solidária das empresas
Em suas contestações, as rés negam a formação de grupo COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA -
econômico entre as empresas do Grupo Helga e Hanova As ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME,
reclamadas DISTRIBUIDORA HELGA COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - EPP, BELLA
HELGA COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES & CIA COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS
LTDA - ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA
COSMETICOS LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX
ERICA PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME,
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX ROBERTO NENDZA - ME (1ª a 13ª reclamadas), nos termos do §
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX 2º do art. 2º da CLT, as quais reconheceram a formação de grupo
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, econômico entre si, encontrando-se, dentre estas, a empregadora.
ROBERTO NENDZA - ME (1ª a 13ª reclamadas), não refutam o Quanto ao grupo econômico alegado em relação aos grupos
grupo econômico entre si, tendo contestado a formação de grupo HELGA e HANOVA, a autora juntou aos autos várias fotografias
com as empresas do Grupo HANOVA (14ª a 16ª reclamadas), com com os Srs. Anderson Luid Dos Santos Severo, José Alencar Sales
a MULT DISTRIBUIDORA (17ª reclamada) e com a BCR (18ª Junior, Aline Cristina Silva Souza Severo e Érica Pontes de
reclamada), alegando que o grupo HANOVA tem como objeto social Meneses, sócios das empresa Hanova e Helga, divulgadas em meio
a produção de produtos de beleza, e que inexiste hierarquia e/ou digital em julho de 2017, anunciando a fusão entre as empresas do
coordenação entre as empresas. Sustenta que a BCR está sob a Grupo Helga com aquelas do Grupo Hanova (HNV), com
égide da Lei 11.101//05, tendo comprado o direito de utilização da fundamento na expansão e aquisições realizadas pelo grupo
marca "Helga" por cinco anos. HANOVA, podendo se perceber que nas fotos, aparece o diretor do
As reclamadas HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE grupo HANOVA, o qual veste camisa com o nome HELGA NOVO
COSMETICOS LTDA - ME e ANDERSON LUID DOS SANTOS TEMPO e ainda uma figura que demonstra a junção de duas peças
SEVERO - ME reconhecem o grupo entre si e negam a formação de de quebra-cabeça nas quais constam os nomes dos dois grupos
HANOVA e HELGA. Em que pese não haver alterações nas apontados conglomerados empresariais era de apenas fornecedor-
estruturas das empresas formadoras dos grupos, resta claro que cliente não se sustenta, ressaltando que a mensagem eletrônica e a
houve uma intensa comunhão de interesses confissão de dívida datam de período anterior à "fusão" noticiada, o
econômicos/profissionais entre as empresas formadoras dos dois que só veio a ocorrer em julho de 2017.
grupos. De acordo com a Lei 13.467/2017 são requisitos para a Diante do exposto, reconheço a existência de grupo econômico por
configuração do grupo econômico: a demonstração do interesse coordenação entre todas as empresas dos Grupos HELGA e
integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta HANOVA, as quais declaro responsáveis solidárias pelas verbas
das empresas integrantes. A inexistência de uma hierarquia entre decorrentes da condenação, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da
demonstração de que entre as empresas ocorre clara atuação No que concerne à reclamada AL PARTICIPAÇÕES LTDA, verifica-
conjunta, em linha de coordenação e comunhão de interesses, o se que na defesa das empresas formadoras do GRUPO HELGA
que se verifica no caso em tela. restou afirmado que as empresas HANOVA INDUSTRIA E
Ademais, a primeira testemunha laboral afirmou em seu COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, ANDERSON LUID
"(...) que havia comentários dentro da empresa de que ocorreu uma formam o grupo HANOVA. Nessa senda, o contrato social de
fusão entre as empresas Helga e Hanova; que o gerente do constituição da reclamada AL PARTICIPAÇÕES LTDA demonstra
depoente comentou que ocorreria a fusão e que o depoente que essa empresa tem como sócios os Srs. Anderson Liud dos
continuaria a prestar serviços para as duas empresas; que o Santos Severo e Aline Cristina Silva Souza Severo, os quais se
depoente já chegou, mesmo prestando serviços para a Helga, fizeram presentes ao evento em que foi anunciada a "fusão" entre
prestar serviços para a Hanova, tais como rotulagem de produtos, os grupos empresariais, conforme fotografias anexadas aos autos.
embalagem de mercadorias e fazendo entregas; que depois dos Ainda, o endereço eletrônico da AL PARTICIPAÇÕES LTDA
ordens do Sr. Paulo, empregado da Hanova, responsável pela Ademais, a Sra. Aline Cristina Silva Souza Severo é também sócia
"que trabalhou para Helga de 01/02/2010 a 14/04/2018 na função "anderson@hanovacosméticos.com.br", conquanto o Sr. Anderson
de estoquista; que trabalhou com a reclamante; que o gerente, Liud dos Santos Severo não faça parte do corpo societário dessa
Sr.Evandro comentou com o depoente que havia sido feita uma empresa. O Sr. Anderson Liud dos Santos Severo atua, ainda,
sociedade entre a Helga e a Hanova; que, após o comentário, o como empresário individual da ANDERSON LUID DOS SANTOS
depoente também começo a prestar serviços para a Hanova SEVERO ME. Por fim, saliento que as empresas HNV INDÚSTRIA
nas seções das lojas Helga, limpando as mercadorias; que o LTDA, ANDERSON LUID DOS SANTOS SEVERO - ME e MULT
depoente não recebia ordens de nenhum empregado da Hanova; DISTRIBUIDORA DE COSMETICOS LTDA, em audiência, se
que as lojas Helga também vendiam produtos de outras indústrias e fizeram representar pelo mesmo preposto, o Sr. Luiz Gustavo
não só da empresa Hanova; que, em relação às mercadorias das Santana Severo, neste feiro e nos processos nº0000470-
mercadorias eram feitos por empregados destas indústrias; que a 61.2018.5.07.0010, cujos termos de audiência foram anexados aos
Saliente-se que o fato de terem sido alienados fundos de comércio diverso das empresas do grupo HANOVA não é suficiente para
de empresas do Grupo Helga para a empresa DX GROUP afastar a formação do grupo econômico com HNV INDÚSTRIA E
PARTICIPAÇÕES E INVESTIMENTOS LTDA não afeta a presente COMÉRCIO DE COSMÉTICOS LTDA e ANDERSON LUID DOS
demanda, pois apenas houve a alienação parcial das quotas SANTOS SEVERO - ME.
empresariais de somente algumas das empresas do Grupo. Sendo assim, reconheço que a empresa AL PARTICIPAÇÕES
Insta destacar, também, que a alegação da reclamada ANDERSON LTDA pertence ao grupo econômico HANOVA, o qual restou
LUID DOS SANTOS SEVERO ME de que a relação havida entre os condenada solidariamente, aplicando a esta a mesma
responsabilidade, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da CLT. cidade onde foi comunicada por Alencar Junior, Erica Pontes e
No que tange à reclamada MULT DISTRIBUIDORA DE Aline Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas de
COSMETICOS LTDA, observa-se efetivamente formalizada em que tudo iria mudar com a chegada de novos produtos, mas na
24/10/2017 pouco tempo após a fusão dos grupos HELGA e pratica tudo continuou do mesmo jeito, pois continuou
HANOVA, com atuação na vendas de produtos de higiene, tendo chegando produtos da marca própria da Helga (lavi) e da Helga,
como sócios os Srs. Matheus Pontes Sales e Maria de Fátima dos os quais tinham prioridade para serem vendidos" - depoimento
Santos Severo, os quais são, respectivamente, o filho dos titulares de Maria Irlane Silva Santos Desiderio) e ("que houve uma
do Grupo Helga e a mãe de um dos proprietários do Grupo Hanova reunião num domingo de julho/2017 onde foi comunicada a
(Anderson Luid dos Santos Severo), fato não contestado em defesa. fusão da Hanova com a Helga Cosmeticos onde foram
Sendo assim, tenho que a empresa MULT DISTRIBUIDORA DE apresentados os novos patrões como sendo: Aline Severo e
COSMETICOS LTDA também participa dos Grupos Helga e seu esposo Anderson ambos donos da Hanova; que a a partir
Hanova, utilizando-se da mesma estrutura empresarial para a daí a prioridade era para vender os produtos da Hanova e Lavi"
consecução de seus objetivos financeiros, diante do que, resta - depoimento de Francisca Edinusia Alves de Sousa)."
condenada solidariamente, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da A empresa recorrente manifesta no presente recurso ordinário o seu
Por fim, quanto à ré BRC BRAZIL COSMETICS COMÉRCIO econômico ostentam características diametralmente opostas"; "em
VAREJISTA DE COSMÉTICOS EIRELI, verifica-se que ela que pese tenha havido, nas redes sociais, um anúncio de fusão
apresentou defesa através do mesmo escritório que a empregadora, entre os conglomerados Helga e Hanova, por certo, tal
na qual passou a repetir as mesmas alegações já apresentadas reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão
pelas 1ª a 13ª Reclamadas, além disso, observa-se que no empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas
comprovante de inscrição cadastral (CNPJ) consta endereço regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos
eletrônico pertencente ao domínio da HELGA COSMÉTICOS. econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria,
Ademais, apresentou carta de preposição que revelou mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que
representação através do mesmo preposto que a empregadora, possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses";
razão pela qual, deve ser solidariamente responsável pelos créditos "que a sentença de origem, em nenhum momento, cuidou de
oriundos da presente demanda, nos moldes dos arts. 2º, § 2º, e 9º demonstrar a integração de interesses entre as empresas, a
Pontue-se, por oportuno, que as atas de audiência em nada apenas limitou-se a discorrer, de forma bastante confusa, sobre
corroboram com a tese da demandada, uma vez que se verifica, "fusão", sendo esta manifestante inexistente no caso vertente"; "que
com extrema facilidade, que a testemunha da reclamada, Sr. os depoimentos coligidos aos autos sob a rubrica de prova
Emanuel Rodrigues de Albuquerque, arrolada em todos os emprestada fulminam a pretensão autoral, quer pelo viés da fusão,
processos, busca, sem nenhum sucesso, sustentar os termos da seja sob a óptica de agrupamento empresarial."
Ademais, por mais que tenha declarado que "que na metade do recorrente, fundamentos que infirmem convincentemente as
segundo semestre de 2017 houve uma reunião da Helga com a conclusões do juízo de primeiro grau, razão pela qual se há perfilhar
Hanova para uma parceria de fornecimento de produtos", com os motivos da decisão vergastada, ora endossados e
afirmou, posteriormente, que "soube que foi feita uma postagem integrantes das presentes razões de decidir.
no instagram da Helga onde foi usado o termo fusão com a Consoante o § 2º do art. 2º da CLT, "sempre que uma ou mais
Por outro lado, as testemunhas Francisca Edinusia Alves de Sousa própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de
e Maria Irlane Silva Santos outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua
Desiderio, apresentadas pelas partes autoras, nas referidas atas de autonomia, integrem grupo econômico, serão responsáveis
audiências, possuem depoimentos uníssonos no que tange à solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de
empregados são uníssonas ("que no final de julho/2017 foram Nesta esteira, o delineamento do que se convencionou chamar
convocadas para uma reunião no hotel meridional no centro da grupo econômico, pela dicção da Consolidação das Leis do
Trabalho, importa na evidência da integração dos Veja-se que a fusão foi comunicada aos empregados em reunião,
empreendimentos, de forma a vincular, direta ou indiretamente, as constatação que reforça a ideia do grupo econômico, referindo-se a
Este aspecto restou caracterizado nos autos, sendo certo que se operandi das vendas dos produtos e não à ausência de formação
verificam elementos suficientes para que seja corroborada a de grupo. A testemunha em questão ainda revelou que as diversas
Como bem destacado pela sentença, restou demonstrada nos autos mas que com a Hanova o processo foi diferente, pois, além de ter
a ampla divulgação realizada nas redes sociais, em julho de 2017, sido comunicada a fusão, não houve interrupção do fornecimento de
acerca da fusão das empresas do Grupo Helga com aquelas do mercadorias para serem vendidas nas lojas Helga, o que ocorreu
Grupo Hanova. Eis os dizeres da publicação (V. ID 0d53e9e - Pág. com outros fornecedores em face das dívidas da empregadora
Grupo HNV detentor de várias marcas como a Hanova, em um Não se olvida o depoimento da testemunha convidada pelas
processo de expansão e aquisições, realizou a fusão com o Grupo reclamadas, Sr. Emanuel Rodrigues de Albuquerque, ouvida nos
Helga Cosméticos. Tudo isso para que os nossos clientes possam processos (461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471-
ter sempre à disposição o melhor atendimento, os melhores 39.2018.5.07.0010) trazidos por empréstimo ao conjunto probatório,
produtos e a melhor experiência. Transformando para melhor, o seu cujas declarações transparecem a ideia de demonstrar ter havido
visual e a sua vida. #HelgaNovoTempo #Hanova #GrupoHNV apenas uma relação comercial, mas não uma fusão, entre as
#GrupoHelga #Beleza #Cabelos". Com a devida vênia da parte empresas do grupo Helga e do grupo Hanova. Contudo, diante dos
recorrente, este aspecto é relevante para a caracterização do grupo demais elementos probatórios dos autos, não há de prevalecer o
econômico sob investigação, demonstrando a plena possibilidade quadro traçado pelo depoente, sendo de se destacar que ele próprio
de que as marcas de cada um dos grupos estejam sob a admite não ter participado da reunião ocorrida em julho de 2017 (V.
coordenação de um único conglomerado, o que afasta a tese ID's 5cd9c24 - Pág. 6 e 8eb6395 - Pág. 6), na qual fora anunciada a
no mesmo grupo econômico. Cumpre ressaltar, ainda, porquanto oportuno, que a estreita relação
Além disso, vigora no Direito do Trabalho o princípio da primazia da comercial entre as empresas dos grupos empresariais, consoante
realidade, de modo a ser imprescindível destacar a prevalência dos se denota pelas notas ficais de vendas de mercadorias anexadas
fatos da relação de emprego sobre os aspectos formais. Dessa aos autos, a meu sentir, não rechaça a formação de grupo
forma, ainda que não ultimada, ao menos formalmente, com as econômico, mas, em verdade, a reforça, evidenciando além da
devidas baixas das pessoas jurídicas, a fusão mencionada nas complementaridade entre os objetos sociais das empresas
redes sociais, não há se desconhecer que houve a junção das contratantes, o interesse integrado, a comunhão de interesses e a
empresas, que passaram a atuar integradas a um único grupo. atuação conjunta das empresas dele integrantes.
Igualmente, salvo melhor juízo, os depoimentos das testemunhas Destarte, o quadro encontrado no presente feito permite a
não afastam o reconhecimento do grupo econômico. Ao revés, conclusão de que a empresa ora recorrente integra grupo
confirmam a fusão entre as empresas. Destaca-se, a este respeito, econômico com as reclamadas do grupo Helga. Importa examinar a
o depoimento da primeira testemunha da parte reclamante, Sra. presença de elementos objetivos capazes de demonstrar que as
Maria Irlane Silva Santos Desiderio, ouvida no processo nº 0000470 empresas estavam integradas no mesmo grupo. É o que se
-54.2018.5.07.0010 (Ata de audiência de ID 5cd9c24 - Pág. 4), constatou à exaustão no presente feito.
trazido por empréstimo ao conjunto probatório pelas próprias Por oportuno, colhe-se o seguinte precedente jurisprudencial:
reclamadas, revelador de "(...) que no final de julho/2017 foram "Grupo econômico. Relação inter-empresarial. O grupo econômico
convocadas para uma reunião no hotel meridional no centro da para fins justrabalhistas não necessita se revestir das modalidades
cidade onde foi comunicada por Alencar Junior, Erica Pontes e Aline jurídicas típicas do Direito Econômico ou Direito Comercial
Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas de que tudo (holdings, consórcios, pools etc.). Não se exige, sequer, a prova
iria mudar com a chegada de novos produtos, mas na pratica tudo de sua formal institucionalização cartorial: pode-se acolher a
continuou do mesmo jeito, pois continuou chegando produtos da existência do grupo desde que surjam evidências probatórias
marca propria da Helga (lavi) e da Helga, os quais tinham prioridade de que estão presentes os elementos de integração inter-
para serem vendidos, e das outras marcas continuaram escassos". empresarial (abrangência subjetiva e nexo relacional) de que
fala a CLT (art. 2º, § 2º)" (Processo 00409002020085010025, TRT AUSÊNCIA DE PROVA. Não tendo a reclamante comprovado a
1ª Região - 8ª Turma, Relatora Desembargadora Dalva Amélia de existência do alegado grupo econômico Helga-Hanova, composto
conhecer do recurso ordinário para, rejeitar as preliminares DA NULIDADE DA SENTENÇA- DA UTILIZAÇÃO DA PROVA
suscitadas e, no mérito, por maioria, negar-lhe provimento. Vencido EMPRESTADA - DO ALEGADO CERCEAMENTO DE DEFESA
o Desembargador Relator, que dava provimento ao apelo, para Aduz a recorrente, preliminarmente, que houve cerceamento de seu
excluir da condenação a responsabilidade solidária da reclamada direito de defesa, ao argumento de que o juízo, ao adotar
HNV INDÚSTRIA E COSMÉTICOS LTDA. Redigirá o acórdão o integralmente a motivação da sentença proferida na reclamatória
Desembargador Cláudio Soares Pires, com a integração do voto trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu
vencido. entendimento, a partir das provas orais ali consignadas, mas que,
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores tais elementos probatórios não foram publicizadas à ora recorrente
Francisco José Gomes da Silva (Presidente e Relator), Cláudio no presente feito, com vistas à garantia do contraditório e da ampla
Soares Pires e Paulo Régis Machado Botelho. Presente ainda o(a) defesa, verificando-se, pois, uma patente violação ao que dispõe o
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo art. 312 do CPC/15.
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Jefferson Quesado Junior. Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não
Fortaleza, 14 de outubro de 2019. integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos,
INTEGRA O PRESENTE ACÓRDÃO O VOTO VENCIDO DO EXMº mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou
DESEMBARGADOR FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA, in como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera
EMENTA: PROVA EMPRESTADA. PREVISÃO LEGAL. proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou,
CONTRADITÓRIO OBSERVADO. O novo CPC trouxe permissivo naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova
expresso quanto à possibilidade de utilização da prova emprestada, emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito.
desde que observado o contraditório, conforme previsão no art. 372. Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam
Assim, havendo previsão legal para utilização da prova emprestada relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo
e, observando que no processo nº 0000471-51.2018.5.07.0006 as reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art.
fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno
cerceamento de defesa. Preliminar rejeitada. dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em
PETIÇÃO INICIAL. ART. 840, §1º DA CLT. O processo trabalhista conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine.
art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta uma breve exposição Em audiência de instrução, as Reclamadas requereram a juntada
dos fatos para se considerar apta a exordial. Em decorrência do de provas emprestadas, relativo aos depoimentos testemunhais dos
princípio da simplicidade, que norteia o processo trabalhista, o qual processos 461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471-
não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de 2017, verifica-se que 39.2018.5.07.0010 (ID. bae0442, ID. ed35241, ID. 5cd9c24, ID.
EXISTÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO. ART. 2º, DA CLT. ÔNUS existência de Grupo Econômico entre as acionadas (Grupo Hanova-
DA PROVA. ART. 818, DA CLT C/C ART. 373, DO NCPC. Helga) como prova emprestada, os fundamento os lançados na
sentença prolatada nos autos do processo nº 0000471- judiciais, máxime,quando envolvendo a mesma empresa e quando
51.2018.5.07.0006, de lavra da magistrada Taciana Orlovicin os fatos guardam correlação com os da presente ação.
Gonçalves Pita (ID. 984dd8d). Nesse mesmo entendimento, colaciona-se a atual jurisprudência do
Nesse ponto, destaco, inicialmente, que o novo CPC trouxe Tribunal Superior do Trabalho, in verbis:
permissivo expresso quanto à possibilidade de utilização da prova UTILIZAÇÃO DE PROVA EMPRESTADA. POSSIBILIDADE.
emprestada, desde que observado o contraditório, conforme IDENTIDADE FÁTICA. MESMAS RECLAMADAS.
previsão no art. 372, que assim dispõe: DESNECESSIDADE DE PRÉVIA CONCORDÂNCIA DA PARTE
Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em CONTRÁRIA. AUSÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA.
outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, NULIDADE PROCESSUAL NÃO CONFIGURADA. Esta Corte
Assim, havendo previsão legal para utilização da prova emprestada identidade dos fatos considerados no documento emprestado e no
e, observando que no processo nº 0000471-51.2018.5.07.0006 as caso em julgamento, assim como ocorrido nesta hipótese, em que o
partes foram submetidas ao contraditório e, havendo identidade dos Regional registrou que"a prova emprestada foi produzida em
fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de processo judicial que envolvia as mesmas rés da presente ação,
Quanto a alegativa de que as reportadas transcrições dos sua produção, bem como o princípio do contraditório. Segundo,
depoimentos carregam relatos fáticos que não integram as razões porque os fatos a serem comprovados guardam correlação com os
da exordial, não merece acolhida, posto que a causa de pedir da da presente ação. Terceiro, porque a referida prova emprestada foi
autora, no que se refere a responsabilidade solidária das acionadas, valorada pelo Juízo segundo o princípio do livre convencimento
trata justamente na alegada formação de grupo econômico entre as motivado, em conjunto com as demais provas dos autos".
empresas, objeto da prova naqueles autos. Importante salientar também que a utilização de prova emprestada
Os depoimentos constantes na prova emprestada utilizada pelo não está condicionada à prévia anuência e concordância das
Juízo a quo dizem respeito aos fatos relacionados pela autora, no partes. Assim, a mera alegação da reclamada de que não
que pertine a alegada formação de grupo econômico entre as concordou com a utilização de prova emprestada não é suficiente
acionadas GRUPO HELGA (DISTR IBUIDORA HELGA para inviabilizar a sua utilização nestes autos. Precedentes.
COSMETICOS LTDA - ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME, Recurso de revista não conhecido" (TST, ARR - 3600-
HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, ORIGINAL 29.2010.5.12.0031 Data de Julgamento: 15/02/2017, Relator
COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de
COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS "B) RECURSO DE REVISTA. 1. NULIDADE DA SENTENÇA.
LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA CERCEAMENTO DE DEFESA. UTILIZAÇÃO DE PROVA
PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS EMPRESTADA SEM ANUÊNCIA. O Regional entendeu que a
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX utilização de prova emprestada consubstanciada em certidão de
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX averiguação produzida em outros autos, no qual a reclamada figura
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e como parte, não configura cerceamento de defesa, ante a
ROBERTO NENDZA - ME) e GRUPO HANOVA - HNV (HANOVA semelhança fática existente entre os processos, assim como da
INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, AL observância do contraditório e da ampla defesa. Com efeito, esta
PARTICIPAÇÕES LTDA, ANDERSON LUID DOS SANTOS Corte tem se posicionado no sentido de ser possível a utilização da
SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE COSMETICOS prova emprestada, não sendo imprescindível a anuência da parte
LTDA), assim como referem-se as mesmas demandadas, sendo adversa. Recurso de revista não conhecido" (TST, RR - 940-
permitido sua valoração como se houvesse sido produzida 27.2013.5.18.0181 Data de Julgamento: 09/11/2016, Relatora
diretamente nos autos examinados. Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT
foram respeitados o contraditório quando produzida em processos Requer o Recorrente, o reconhecimento da inépcia do pedido
relativo às parcelas de FGTS + 40%, e a extinção do pleito sem quando de sua demissão não recebeu qualquer valor, assim como
resolução de mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15, não fora liberado Seguro Desemprego e FGTS, motivo pelo qual
sob o fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de pleiteia a liberação dos mesmos em sede de tutela antecipada; que
ingresso, inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso o FGTS se encontra depositado apenas de forma parcial, apenas o
e de dispensa, realizou o pedido correspondente às parcelas de valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais).
FGTS, em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o Em seguida, requereu que, Tendo em vista os argumentos jurídicos
O processo trabalhista é regido pelo princípio da simplicidade das sejam: Saldo Salário, Aviso Prévio de 51 dias, 13º salário e férias
formas, consagrado no art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta sobre aviso prévio, FGTS sobre rescisão, 13º salário proporcional
uma breve exposição dos fatos para se considerar apta a exordial. 3/12 de 2018, férias simples 2016/2017 e proporcionais 2017/2018
Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal. todas acrescidas do terço constitucional, FGTS e multa de 40%.
§ 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do Em relação ao rol dos pedidos, o autor requereu a condenação da
Presidente da Junta, ou do juiz de direito a quem for dirigida, a reclamada ao pagamento das verbas rescisórias, incluindo FGTS E
dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura Em decorrência do princípio da simplicidade, que norteia o processo
do reclamante ou de seu representante. trabalhista, o qual não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de
§ 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do 2017, a petição inicial ora em análise preencheu os requisitos do
juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que art. 840 , da CLT, a qual, frise-se, não dificultou a defesa das
vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no Na peça de ingresso, requer o reclamante que seja caracterizada a
que couber, o disposto no parágrafo anterior. condição da segunda (VRX COMÉRCIO COSMÉTICOS E
§ 2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias BIJUTERIAS LTDA) e terceira reclamada (HANOVA
datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que COSMÉTICOS), de responsáveis solidárias pelos encargos
couber, o disposto no § 1o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº trabalhistas da primeira reclamada, HELGA COSMÉTICOS, em
§ 3o Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo Afirma que a primeira, segunda e terceira reclamadas foram
serão julgados extintos sem resolução do mérito. (Incluído pela Lei criadas, são dirigidas e controladas pelo pela Sra. Erica Pontes de
Como se observa, a Lei n. 13.467/17 fez referência expressa aos reclamada, HANOVA COSMÉTICOS, pois utilizou terceiro como
da CLT que o pedido deva "ser certo, determinado e com indicação Ressalta, que os objetos sociais das empresas são
No caso, em relação ao pedido de pagamento do FGTS e multa finalidade, sendo patente a formação de grupo econômico entre
indicação do valores pois da sua causa de pedir, entende-se No mérito, defende a recorrente, em síntese, a inexistência de fusão
logicamente que o autor fora demitido sem justa causa e sem e formação de grupo econômico com o GRUPO HELGA, sendo
recebimento de suas verbas rescisórias, fato este, incontroverso indevida a sua responsabilidade solidária pelos créditos deferidos
Na narrativa dos fatos, o acionante afirmou que ingressou na Argumenta que, em que pese tenha havido, nas redes sociais, um
reclamada no dia 01/08/2010, para exercer a função de gerente, anúncio de fusão entre os conglomerados Helga e Hanova, por
sendo demitida sem justa causa em 29/03/2018; que o último certo, tal reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão
salário percebido foi de R$ 3.200,00 (três mil e duzentos reais); que empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas
regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos empreendimento, tendo ou não o mesmo controle ou administração
econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria, comum. Logo, os grupos por coordenação podem ter relação de
mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que controle entre si, numa linha horizontal e não vertical. Isto é, não
possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses, o haverá, no grupo horizontal, uma empresa controladora e outra(s)
que, também, não retrata o caso dos autos. controlada(s), uma líder (holding) e outras lideradas. Todas são
Esclarece, adiante, que há uma mera relação comercial, havendo interligadas entre si e, apesar de autônomas e independentes, estão
total independência entre as empresas do GRUPO HANOVA em interligadas pela ingerência, administração comum, como se
relação às componentes do GRUPO HELGA, sendo a recorrente, subordinadas umas às outras administrativamente. Por trás desta
mera fornecedora de produtos para o conglomerado empresarial administração comum pode estar um sócio ou alguns sócios ou
HELGA, sem haver contudo, qualquer integração de interesses pessoa física no controle.(CASSAR, 2017,p.429).
entre as empresas ou atuação conjunta. Logo, o aproveitamento dos serviços prestados pelo trabalhador por
A lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017 que alterou a Consolidação entre si, formando o grupo econômico trabalhista, serão todas, por
das Leis do Trabalho (CLT) trouxe novos parâmetros para consequência, responsabilizadas pela contraprestação devida ao
a este artigo, conforme transcrição seguinte: Estabeleceu, igualmente, que "não caracteriza grupo econômico a
Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, mera identidade de sócios. Assim, o patrimônio de empresas que
que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria têm sócios comuns, porém com atuam em setores diversos, estarão
§ 1º - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da Portanto, a análise da existência ou não da formação de um grupo
relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de econômico, deve-se observar o princípio da primazia da realidade,
beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem para que cada caso seja analisado com suas peculiaridades, sendo
fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados. ônus do autor a prova de suas alegações ( art. 818, da CLT c/c art.
§ 2º Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada 373, do NCPC).
uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a No caso em análise, o autor fundamenta sua pretensão com base
direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando, em notícias veiculadas nas redes sociais de possível fusão entre os
mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo grupos Helga Cosméticos e HNV, assim como colaciona fotos em
econômico, serão responsáveis solidariamente pelas que retrata parcerias entre as duas empresas, ID. 0d53e9e, sem,
obrigações decorrentes da relação de emprego. contudo, apresentar qualquer prova que indique ter realmente
§ 3º Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de ocorrido a "FUSÃO" das empresas, ou qualquer relação de
demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de Ao revés, a acionada Hanova Indústria e Comércio de Cosméticos
interesses e a atuação conjunta das empresas dele integrantes. Ltda colacionou aos autos documentos que demonstram a relação
A nova redação do art. 2º, além de manter a hipótese do grupo Helga (CRX COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA
econômico hierarquizado ou sob subordinação, introduz, ME, ALENCARINE COSMETICOS COMERCIO VAREJISTA E
expressamente, o outro modelo de grupo econômico, vertical, ou TREINAMENTO EIREL, HELGA MEDZA SALES & CIA LTDA -ME,
sob coordenação, trazendo para o texto legal, o entendimento dos ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA ME, VRX
Tribunais Regionais do Trabalho e do TST quanto a configuração de COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA ME, JOSE
Com relação a este modelo de grupo econômico coordenado, a COSMETICOS LTDA- ME, tais como notas fiscais de vendas de
Desembargadora Dra. Vólia Bomfim Cassar, do TRT da 1ª Região, mercadorias, termo de confissão de dívida e e-mails em que se
em seu livro Direito do Trabalho, afirma que: evidencia a parceria comercial entre as empresas ( venda de
Os grupos econômicos por coordenação se apresentam quando mercadorias), ID. de4b07e, ID. 4c4a838.
houver reunião de interesses para execução de determinado Na audiência de instrução, as reclamadas requerem a juntada de
provas emprestadas (processos nºs. 461-92.2018.5.07.0010, 470- HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA -
54.2018.5.07.0010 e 471-39.2018.5.07.0010, tendo a autora ME, AL PARTICIPACOES LTDA, ANDERSON LUID DOS
concordado com a juntada dos referidos depoimentos. SANTOS SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE
No termo de audiência relativo ao processo nº. 0000461- COSMETICOS LTDA, Sr(a). Emanuel Rodrigues de Albuquerque
92.2018.5.07.0010, a testemunha da reclamante afirmou que: (...): "que trabalha na Hanova desde março/2016 como gerente
Primeira testemunha arrolada pela parte Reclamante Sr(a). administrativo financeiro; ." ÀS PERGUNTAS DO(A) PATRONO(A)
Francisca Edinusia Alves de Sousa: " (...)"que trabalhou na DO(A) PARTE RECLAMADA RESPONDEU: "que na metade do
reclamada Helga Cosméticos de 01/06/2006 a 23/02/2018 na segundo semestre de 2017 houve uma reunião da Helga com a
função de vendedora; que o reclamante, depoente e todos os Hanova para uma parceria de fornecimento de produtos, pois a
funcionários foram demitidos sem pagamento de verbas rescisórias Hanova é uma industria; que o fornecimento dos produtos continuou
e nem do salário do último mês; que depoente trabalhou até da mesma forma, pois a Helga permaneceu como uma cliente
23/fevereiro/2018, não sabendo o ultimo dia labutado pelo norma; que a parceria teve o objetivo de aumentar o volume de
reclamante; que recebia ordem direta dos gerentes Luxeles, vendas nas lojas e de fato aumentou, mas só no primeiro mês,
Rosângela, Francisca Cirlane, os quais eram gerentes da loja pois logo em seguida a Helga entrou novamente em dificuldades
do shopping Central da Helga Nendza Sales .". ÀS PERGUNTAS financeiras e não conseguiu pagar os produtos que comprava, pois
DO(A) PATRONO(A) DO(A) PARTE RECLAMANTE RESPONDEU: a divida já estava muito alta, de modo que a Helga não conseguia
"que houve uma reunião num domingo de julho/2017 onde foi pagar nada na sua totalidade; que é uma prática comum serem
comunicada a fusão da Hanova com a Helga Cosmeticos onde feitas ações com as distribuidoras para estimular as vendas, e
foram apresentados os novos patrões como sendo: Aline os proprietários da Hanova comparecem pelo fato de que o
Severo e seu esposo Anderson ambos donos da Hanova; que a distribuidor Helga ser de grande porte, como também de outros
a partir daí a prioridade era para vender os produtos da Hanova distribuidores; que na época da parceria a Helga já estava em
e Lavi, mesmo tendo outras marcas, mas a Hanova e Lavi débito com a Hanova; que a Hanova não colocou pessoas na
deveriam estar em primeiro lugar nas vendas; que antes da lojas da Helga, muito menos assumiu o comando dessa; que a
reunião já vendiam todo tipo de produto e de varias marcas, continuou a vendendo normalmente para as outras lojas, como
inclusive dos ora citados; que os proprietários da Helga e Hanova Cosbel, Anavi, Iap e outras; que não houve a fusão da Hanova com
estavam presentes na reunião, sendo Erica PontesMenezes e a Helga; que havia procedimento de cobrança normal das vendas
Alencar Junior proprietários da Helga.". ÀS PERGUNTAS DO DO(A) dos produtos Hanova;." ÀS PERGUNTAS DO DO(A) PATRONO(A)
PATRONO(A) DO(A) PARTE RECLAMADA RESPONDEU: "que DO(A) PARTE RECLAMANTE RESPONDEU: "que a reunião tem
depois da reunião depoente continuou trabalhando na mesma um caráter de marketing e não para apresentar fusão; que não
loja e o reclamante também, mas ambos trabalhavam em lojas houve comunicação formal da fusão entre a Hanova e Helga, mas
diferentes; que na reunião estavam os vendedores e gerentes; depoente soube que foi feita uma postagem no instagram da
que a faixada das lojas continuaram iguais; que não houve Helga onde foi usado o termo fusão com a Hanova; que quanto
mudança da chefia após a reunião, mas a sua chefe Luxeles ao doc. de fl. 8 se tratam das pessoas de Anderson (proprietário da
teve um problema de saúde e foi transferida para loja de Hanova) e Junior (proprietária da Helga) e o doc. de fl. 9 tratam das
Messejana, tendo ficado como gerente Rosangela; que Luxeles pessoas Aline (proprietária da Hanova) e Erica (proprietária da
e Rosangela eram gerentes da Helga; (...)." ( grifos nosso) Helga); (...)."( grifos nosso)
Conforme se extrai do depoimento supra, não se trata o caso de " No termo de audiência relativo ao processo nº. 0000470-
fusão" entre as empresas, tanto que a partir da reunião ocorrida em 54.2018.5.07.0010, o reclamante afirmou que :
julho de 2017, nada foi alterado na estrutura organizacional da O DEPOIMENTO PESSOAL DO RECLAMANTE: '" que depoente
empresa, assim como layout das lojas, tratando-se, na verdade, de era subgerente, que atuava em várias lojas da Helga e trabalhou até
um marketing e ações para incremento das vendas, através da 07/04/2018 porque as lojas fecharam, tendo a sra. Erica Pontes
fornecedora dos produtos, empresa HANOVA INDUSTRIA E (dona da Helga, esposa de Alencar Junior) comunicado a dispensa
COMERCIO DE COSMETICOS LTDA, fato este, confirmado pelos os quais eram chefes do depoente; (...) ; que a Helga vendia
depoimentos de reclamantes e testemunhas dos processos produtos de marca própria (Lavi), mas também da Hanova, Fatore,
utilizados como provas emprestadas nos autos, vejamos: Corpo Dourado e outros; que em julho/2017 houve a fusão da
Convocada a primeira testemunha arrolada pelas Reclamadas Hanova com a Helga, no que a prioridade passou a ser para vender
produtos da Hanova e Lavi, mas ainda assim, a Helga continuou a COSMÉTICOS LTDA.
vender produtos de outras marcas que já tinham estoque nas DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
lojas, e também continuou comprando produtos de outras Uma vez excluída a responsabilidade solidária da ora recorrente, o
marcas para vender nas suas lojas; que as fachadas das lojas presente apelo, no ponto, segue a sorte do principal.
da Helga continuaram com o mesmo nome, após a fusão, e as CONCLUSÃO DO VOTO VENCIDO:
fusão da Helga e Hanova foi para o crescimento da Helga, mas Isto posto, voto pelo conhecimento do recurso ordinário para,
o dia a dia de trabalho continuou o mesmo de antes, porém rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, dar-lhe provimento
com a informação de que deveriam vender mais os produtos da para excluir a responsabilidade solidária da reclamada HNV
Maria Irlane Silva Santos Desiderio: " (...) que no final de CLAUDIO SOARES PIRES
julho/2017 foram convocadas para uma reunião no hotel meridional Desembargador Redator Designado
Pontes e Aline Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas FORTALEZA/CE, 28 de fevereiro de 2020.
pratica tudo continuou do mesmo jeito, pois continuou MARIA DO SOCORRO RODRIGUES GONCALVES
ME, CRX COMERCIO DE COSMÉTICOS E BIJUTERIAS LTDA - dias); b. Aviso prévio (51 dias); com reflexos no 13º salário e férias;
ME, ALENCARINE COSMÉTICOS COMERCIO VAREJISTA E c. Férias simples 2016/2017 e proporcionais (8/12 avos), acrescidas
TREINAMENTOS EIRELI, ERICA PONTES DE MENESES, J R de 1/3 constitucional; d. 13º salário proporcional 2018 (3/12 avos); e.
COMERCIO DE COSMÉTICOS LTDA - ME, BELLA COSMÉTICOS FGTS + 40%; f. Multa do art. 467 da CLT, incidente sobre os valores
LTDA - EPP, MULTIPLA COMERCIO DE COSMÉTICOS LTDA - e parcelas rescisórias constantes no TRCT (ID. 7ad3499), bem
EPP, ORIGINAL COMERCIO DE COSMÉTICOS LTDA - ME, como sobre o FGTS não depositado e multa de 40% sobre todos os
HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, HELGA valores devidos a título de FGTS ao longo da contratualidade; g.
COSMÉTICOS LTDA - ME, DISTRIBUIDORA HELGA Multa do art. 477,§8º da CLT; h. Honorários advocatícios.
COSMÉTICOS LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - A sentença fora complementada pelos aclaratórios de ID. 7081a1b,
RELATOR: FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA compensação do valor de R$ 10.710,34, vez que a quantia foi
REDATOR DESIGNADO: CLAUDIO SOARES PIRES recebida pela parte embargada, conforme comprovante de
RECURSO ORDINÁRIO. GRUPO ECONÔMICO. seu direito de defesa, ao argumento de que o juízo, ao adotar
CONFIGURAÇÃO. Confirma-se a sentença de origem que integralmente a motivação da sentença proferido na reclamatória
reconheceu a formação de grupo econômico entre as empresas trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu
demandadas, quando se constata que além da complementaridade entendimento, por consequência, a partir das provas orais ali
entre os objetos sociais destas, há o interesse integrado, a consignadas, mas que, tais elementos probatórios não foram
comunhão de interesses e a atuação conjunta das empresas dele publicizadas à ora recorrente no presente feito, com vistas à
integrantes. Recurso conhecido e improvido. garantia do contraditório e da ampla defesa, verificando-se, pois,
Designado para redigir o acórdão, peço vênia para adotar o relatório Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não
da lavra do Excelentíssimo Desembargador Relator Francisco José integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos,
Gomes da Silva, a seguir: mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou
"Trata-se de recurso ordinário ajuizado pela reclamada HNV como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera
INDUSTRIA E COSMÉTICOS LTDA interposto em face da decisão cópia de uma transcrição parcial realizada no bojo de uma sentença
do Juízo da 18ª Vara do Trabalho de Fortaleza (ID. 984dd8d), que proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou,
JULGOU a reclamatória PROCEDENTE EM PARTE, para naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova
condenar, SOLIDARIAMENTE, as reclamadas DISTRIBUIDORA emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito.
HELGA COSMÉTICOS LTDA - ME; HELGA COSMÉTICOS LTDA Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam
- ME; HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME; ORIGINAL relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo
COMERCIO DE COSMÉTICOS LTDA - ME; MULTIPLA reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art.
COSMÉTICOS LTDA - EPP; J R COMERCIO DE COSMÉTICOS Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno
LTDA - ME; JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME; ERICA dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em
PONTES DE MENESES; ALENCARINE COSMÉTICOS conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine.
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS; CRX COMERCIO Adiante, requer o reconhecimento da inépcia do pedido relativo às
DE COSMÉTICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME; VRX COMERCIO parcelas de FGTS + 40%, a extinção do pleito sem resolução de
DE COSMÉTICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME; ROBERTO mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15, sob o
NENDZA - ME; HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de ingresso,
COSMÉTICOS LTDA - ME; AL PARTICIPACOES LTDA; inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso e de
ANDERSON LUID DOS SANTOS SEVERO - ME; MULT dispensa, realizou o pedido correspondente às parcelas de FGTS
DISTRIBUIDORA DE COSMÉTICOS LTDA; BRC - BRAZIL em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o saldo
ALENCAR MARTINS as seguintes parcelas: a.Saldo de salário (29 No mérito, defende a recorrente, em síntese, a inexistência de
fusão e formação de grupo econômico com o GRUPO HELGA, no presente feito, com vistas à garantia do contraditório e da ampla
sendo indevida a sua responsabilidade solidária pelos créditos defesa, verificando-se, pois, uma patente violação ao que dispõe o
Argumenta, em que pese tenha havido, nas redes sociais, um Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não
anúncio de fusão entre os conglomerados Helga e Hanova, por integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos,
certo, tal reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou
empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera
regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos cópia de uma transcrição parcial realizada no bojo de uma sentença
econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria, proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou,
mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova
possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses, o emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito.
que, também, não retrata o caso dos autos. Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam
Esclarece, adiante, que há uma mera relação comercial, havendo relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo
total independência entre as empresas do GRUPO HANOVA em reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art.
mera fornecedora de produtos para o conglomerado empresarial Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno
HELGA, sem haver contudo, qualquer integração de interesses dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em
entre as empresas ou atuação conjunta. conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine.
inconstitucionalidade declarada de forma incidental do art. 791-A, Em audiência de instrução, as Reclamadas requereram a juntada
§4º, da CLT, haja vista inexistir afronta à Carga Magna, mormente de provas emprestadas, relativo aos depoimentos testemunhais dos
porque, nos ditames do art. 133 da Lei Maior, o advogado é processos 461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471-
indispensável à administração da justiça, e, caso esta Colenda 39.2018.5.07.0010 (ID. bae0442, ID. ed35241, ID. 5cd9c24, ID.
CRFB/1988, o qual prevê a cláusula de reserva de plenário para a O Juízo, ao proferir a sentença, utilizou para o reconhecimento da
manutenção da declaração de inconstitucionalidade. existência de Grupo Econômico entre as acionadas (Grupo Hanova-
Após devidamente notificada, a recorrida apresentou suas Helga) como prova emprestada, os fundamento os lançados na
contrarrazões, conforme documento de ID. 15ffc62. sentença prolatada nos autos do processo nº 0000471-
A matéria versada no presente recurso dispensa a obrigatoriedade 51.2018.5.07.0006, de lavra da magistrada Taciana Orlovicin
de parecer prévio da douta PRT (art. 109, do Regimento Interno)" Gonçalves Pita (ID. 984dd8d).
Acolhe-se o presente recurso, uma vez que preenchidos os emprestada, desde que observado o contraditório, conforme
Peço vênia para adotar os fundamentos do voto do Excelentíssimo outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado,
apreciação das preliminares, nos seguintes termos: Assim, havendo previsão legal para utilização da prova emprestada
EMPRESTADA - DO ALEGADO CERCEAMENTO DE DEFESA partes foram submetidas ao contraditório e, havendo identidade dos
Aduz a recorrente, preliminarmente, que houve cerceamento de seu fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de
integralmente a motivação da sentença proferida na reclamatória Quanto a alegativa de que as reportadas transcrições dos
trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu depoimentos carregam relatos fáticos que não integram as razões
entendimento, a partir das provas orais ali consignadas, mas que, da exordial, não merece acolhida, posto que a causa de pedir da
tais elementos probatórios não foram publicizadas à ora recorrente autora, no que se refere a responsabilidade solidária das acionadas,
trata justamente na alegada formação de grupo econômico entre as motivado, em conjunto com as demais provas dos autos".
empresas, objeto da prova naqueles autos. Importante salientar também que a utilização de prova emprestada
Os depoimentos constantes na prova emprestada utilizada pelo não está condicionada à prévia anuência e concordância das
Juízo a quo dizem respeito aos fatos relacionados pela autora, no partes. Assim, a mera alegação da reclamada de que não
que pertine a alegada formação de grupo econômico entre as concordou com a utilização de prova emprestada não é suficiente
acionadas GRUPO HELGA (DISTR IBUIDORA HELGA para inviabilizar a sua utilização nestes autos. Precedentes.
COSMETICOS LTDA - ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME, Recurso de revista não conhecido" (TST, ARR - 3600-
HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, ORIGINAL 29.2010.5.12.0031 Data de Julgamento: 15/02/2017, Relator
COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de
COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS "B) RECURSO DE REVISTA. 1. NULIDADE DA SENTENÇA.
LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA CERCEAMENTO DE DEFESA. UTILIZAÇÃO DE PROVA
PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS EMPRESTADA SEM ANUÊNCIA. O Regional entendeu que a
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX utilização de prova emprestada consubstanciada em certidão de
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX averiguação produzida em outros autos, no qual a reclamada figura
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e como parte, não configura cerceamento de defesa, ante a
ROBERTO NENDZA - ME) e GRUPO HANOVA - HNV (HANOVA semelhança fática existente entre os processos, assim como da
INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, AL observância do contraditório e da ampla defesa. Com efeito, esta
PARTICIPAÇÕES LTDA, ANDERSON LUID DOS SANTOS Corte tem se posicionado no sentido de ser possível a utilização da
SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE COSMETICOS prova emprestada, não sendo imprescindível a anuência da parte
LTDA), assim como referem-se as mesmas demandadas, sendo adversa. Recurso de revista não conhecido" (TST, RR - 940-
permitido sua valoração como se houvesse sido produzida 27.2013.5.18.0181 Data de Julgamento: 09/11/2016, Relatora
diretamente nos autos examinados. Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT
foram respeitados o contraditório quando produzida em processos Requer o Recorrente, o reconhecimento da inépcia do pedido
judiciais, máxime,quando envolvendo a mesma empresa e quando relativo às parcelas de FGTS + 40%, e a extinção do pleito sem
os fatos guardam correlação com os da presente ação. resolução de mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15,
Nesse mesmo entendimento, colaciona-se a atual jurisprudência do sob o fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de
Tribunal Superior do Trabalho, in verbis: ingresso, inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso
IDENTIDADE FÁTICA. MESMAS RECLAMADAS. FGTS, em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o
NULIDADE PROCESSUAL NÃO CONFIGURADA. Esta Corte O processo trabalhista é regido pelo princípio da simplicidade das
admite a utilização da prova emprestada, desde que haja a formas, consagrado no art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta
identidade dos fatos considerados no documento emprestado e no uma breve exposição dos fatos para se considerar apta a exordial.
caso em julgamento, assim como ocorrido nesta hipótese, em que o Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal.
Regional registrou que"a prova emprestada foi produzida em § 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do
processo judicial que envolvia as mesmas rés da presente ação, Presidente da Junta, ou do juiz de direito a quem for dirigida, a
tendo sido observadas as formalidades estabelecidas em lei para a qualificação do reclamante e do reclamado, uma breve exposição
sua produção, bem como o princípio do contraditório. Segundo, dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura
porque os fatos a serem comprovados guardam correlação com os do reclamante ou de seu representante.
da presente ação. Terceiro, porque a referida prova emprestada foi § 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do
valorada pelo Juízo segundo o princípio do livre convencimento juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que
vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no A sentença reconheceu o grupo econômico entre as empresas
§ 2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias "Diante da identidade da matéria (fática e jurídica), adoto
datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que integralmente os fundamentos lançados na brilhante sentença
couber, o disposto no § 1o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº prolatada nos autos da 0000471-51.2018.5.07.0006, de lavra da
§ 3o Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo responsabilidade das empresas demandadas, nos termos a seguir:
serão julgados extintos sem resolução do mérito. (Incluído pela Lei 'Afirma a parte reclamante que as empresas que compõem o antigo
Como se observa, a Lei n. 13.467/17 fez referência expressa aos ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES
requisitos da petição inicial trabalhista, dispondo no § 1º do art. 840 & CIA LTDA - ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS
da CLT que o pedido deva "ser certo, determinado e com indicação LTDA - ME, MULTIPLA COMERCIO DE COSMETICOS LTDA -
No caso, em relação ao pedido de pagamento do FGTS e multa COSMETICOS LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME,
rescisória, o reclamante fez pedido certo, determinado e com ERICA PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS
indicação do valores pois da sua causa de pedir, entende-se COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX
logicamente que o autor fora demitido sem justa causa e sem COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX
recebimento de suas verbas rescisórias, fato este, incontroverso COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e
Na narrativa dos fatos, o acionante afirmou que ingressou na sócios José Alencar Sales Júnior e Érica Pontes de Meneses. Alega
reclamada no dia 01/08/2010, para exercer a função de gerente, que, em meados de 2017, os sócios do Grupo Helga iniciaram
sendo demitida sem justa causa em 29/03/2018; que o último negociações para fusão com o Grupo Hanova (HNV), fusão de
salário percebido foi de R$ 3.200,00 (três mil e duzentos reais); que empresas esta que foi oficialmente tornada pública em julho de
quando de sua demissão não recebeu qualquer valor, assim como 2017, expondo o rol de empresas que compõem o Grupo Hanova -
não fora liberado Seguro Desemprego e FGTS, motivo pelo qual HNV (HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS
pleiteia a liberação dos mesmos em sede de tutela antecipada; que LTDA - ME, AL PARTICIPAÇÕES LTDA, ANDERSON LUID DOS
o FGTS se encontra depositado apenas de forma parcial, apenas o SANTOS SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE
valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais). COSMETICOS LTDA), à época todas dirigidas pelos sócios
Em seguida, requereu que, Tendo em vista os argumentos jurídicos Anderson Luid Santos Severo e Aline Cristina Silva Souza Severo.
apresentados, ajuíza-se a presente Reclamação Trabalhista no Sustenta que, a partir de julho de 2017, independentemente do
intuito de serem satisfeitos todos os direitos da reclamante, quais cumprimento das obrigações legais para efetivação da fusão, qual
sejam: Saldo Salário, Aviso Prévio de 51 dias, 13º salário e férias seja a extinção das pessoas jurídicas da empresa incorporada com
sobre aviso prévio, FGTS sobre rescisão, 13º salário proporcional o surgimento de uma nova, tal fusão de fato ocorreu e todos os
3/12 de 2018, férias simples 2016/2017 e proporcionais 2017/2018 empregados passaram à subordinação do Grupo Hanova-Helga, o
todas acrescidas do terço constitucional, FGTS e multa de 40%. qual configura grupo econômico por coordenação, impondo a
Em relação ao rol dos pedidos, o autor requereu a condenação da responsabilização solidária entre as empresas do grupo. Entende
reclamada ao pagamento das verbas rescisórias, incluindo FGTS E que a fusão entre as empresas com a criação, em outubro de 2017,
Em decorrência do princípio da simplicidade, que norteia o processo eram sócios o filho dos sócios do Grupo Helga e a mãe do sócio do
trabalhista, o qual não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de Grupo Hanova), teria como única finalidade ocultar os sócios de fato
2017, a petição inicial ora em análise preencheu os requisitos do da nova empresa e ainda o de conseguir nova linha de crédito na
art. 840 , da CLT, a qual, frise-se, não dificultou a defesa das praça. Postula, caso não se conclua pela existência de grupo
econômico, que se reconheça a sucessão empresarial de todas as A reclamada MULT DISTRIBUIDORA DE COSMETICOS LTDA
empresas do Grupo Helga por HNV INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE alega que nunca existiu de fato e nega a formação de grupo
COSMÉTICOS LTDA. Alega, ainda, que a empresa BRC BRAZIL econômico com quaisquer das demais empresas.
COSMÉTICOS LTDA adquiriu em Recuperação Judicial os direitos A ré BRC - BRAZIL COSMETICS LTDA informa que comprou os
da marca mista "Helga" por cinco anos, sem jamais exercer direitos de uso da marca HELGA, não estando a reclamante sob
qualquer gerência direta, pois o Sr. José Alencar Sales Júnior suas ordens, refutando a formação de grupo econômico com
continuou a exercer a direção, gerência e coordenação das quaisquer das demais empresas reclamadas e pleiteia que, em
empresas. Por essa razão, pretende a responsabilização solidária caso de condenação, seja de forma subsidiária.
fraude ocorrida e a evidente direção do efetivo sócio do Grupo Inicialmente, declaro a responsabilidade solidária das empresas
Em suas contestações, as rés negam a formação de grupo COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA -
econômico entre as empresas do Grupo Helga e Hanova As ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME,
reclamadas DISTRIBUIDORA HELGA COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - EPP, BELLA
HELGA COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES & CIA COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS
LTDA - ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA
COSMETICOS LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX
ERICA PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME,
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX ROBERTO NENDZA - ME (1ª a 13ª reclamadas), nos termos do §
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX 2º do art. 2º da CLT, as quais reconheceram a formação de grupo
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, econômico entre si, encontrando-se, dentre estas, a empregadora.
ROBERTO NENDZA - ME (1ª a 13ª reclamadas), não refutam o Quanto ao grupo econômico alegado em relação aos grupos
grupo econômico entre si, tendo contestado a formação de grupo HELGA e HANOVA, a autora juntou aos autos várias fotografias
com as empresas do Grupo HANOVA (14ª a 16ª reclamadas), com com os Srs. Anderson Luid Dos Santos Severo, José Alencar Sales
a MULT DISTRIBUIDORA (17ª reclamada) e com a BCR (18ª Junior, Aline Cristina Silva Souza Severo e Érica Pontes de
reclamada), alegando que o grupo HANOVA tem como objeto social Meneses, sócios das empresa Hanova e Helga, divulgadas em meio
a produção de produtos de beleza, e que inexiste hierarquia e/ou digital em julho de 2017, anunciando a fusão entre as empresas do
coordenação entre as empresas. Sustenta que a BCR está sob a Grupo Helga com aquelas do Grupo Hanova (HNV), com
égide da Lei 11.101//05, tendo comprado o direito de utilização da fundamento na expansão e aquisições realizadas pelo grupo
marca "Helga" por cinco anos. HANOVA, podendo se perceber que nas fotos, aparece o diretor do
As reclamadas HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE grupo HANOVA, o qual veste camisa com o nome HELGA NOVO
COSMETICOS LTDA - ME e ANDERSON LUID DOS SANTOS TEMPO e ainda uma figura que demonstra a junção de duas peças
SEVERO - ME reconhecem o grupo entre si e negam a formação de de quebra-cabeça nas quais constam os nomes dos dois grupos
grupo com as demais reclamadas, noticiando que são fornecedoras HANOVA e HELGA. Em que pese não haver alterações nas
de produtos à rede varejista, sendo uma das principais, o grupo estruturas das empresas formadoras dos grupos, resta claro que
HELGA, não tendo havido a fusão alegada, apenas relação houve uma intensa comunhão de interesses
fornecedor-cliente. Informam, ainda, que os fundos de comércio de econômicos/profissionais entre as empresas formadoras dos dois
empresas do Grupo Helga foram alienados por seus sócios- grupos. De acordo com a Lei 13.467/2017 são requisitos para a
proprietários da Helga para a empresa DX GROUP configuração do grupo econômico: a demonstração do interesse
PARTICIPAÇÕES E INVESTIMENTOS LTDA, que, por sua vez, integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta
não possuiria qualquer ligação com o Grupo Hanova, tratando-se de das empresas integrantes. A inexistência de uma hierarquia entre
empresa de investimentos de proveniente São Paulo. as empresas não descaracteriza o grupo econômico, se há a
A demandada AL PARTICIPACOES LTDA nega a formação de demonstração de que entre as empresas ocorre clara atuação
grupo econômico com quaisquer das demais empresas. conjunta, em linha de coordenação e comunhão de interesses, o
que se verifica no caso em tela. restou afirmado que as empresas HANOVA INDUSTRIA E
Ademais, a primeira testemunha laboral afirmou em seu COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, ANDERSON LUID
"(...) que havia comentários dentro da empresa de que ocorreu uma formam o grupo HANOVA. Nessa senda, o contrato social de
fusão entre as empresas Helga e Hanova; que o gerente do constituição da reclamada AL PARTICIPAÇÕES LTDA demonstra
depoente comentou que ocorreria a fusão e que o depoente que essa empresa tem como sócios os Srs. Anderson Liud dos
continuaria a prestar serviços para as duas empresas; que o Santos Severo e Aline Cristina Silva Souza Severo, os quais se
depoente já chegou, mesmo prestando serviços para a Helga, fizeram presentes ao evento em que foi anunciada a "fusão" entre
prestar serviços para a Hanova, tais como rotulagem de produtos, os grupos empresariais, conforme fotografias anexadas aos autos.
embalagem de mercadorias e fazendo entregas; que depois dos Ainda, o endereço eletrônico da AL PARTICIPAÇÕES LTDA
ordens do Sr. Paulo, empregado da Hanova, responsável pela Ademais, a Sra. Aline Cristina Silva Souza Severo é também sócia
"que trabalhou para Helga de 01/02/2010 a 14/04/2018 na função "anderson@hanovacosméticos.com.br", conquanto o Sr. Anderson
de estoquista; que trabalhou com a reclamante; que o gerente, Liud dos Santos Severo não faça parte do corpo societário dessa
Sr.Evandro comentou com o depoente que havia sido feita uma empresa. O Sr. Anderson Liud dos Santos Severo atua, ainda,
sociedade entre a Helga e a Hanova; que, após o comentário, o como empresário individual da ANDERSON LUID DOS SANTOS
depoente também começo a prestar serviços para a Hanova SEVERO ME. Por fim, saliento que as empresas HNV INDÚSTRIA
nas seções das lojas Helga, limpando as mercadorias; que o LTDA, ANDERSON LUID DOS SANTOS SEVERO - ME e MULT
depoente não recebia ordens de nenhum empregado da Hanova; DISTRIBUIDORA DE COSMETICOS LTDA, em audiência, se
que as lojas Helga também vendiam produtos de outras indústrias e fizeram representar pelo mesmo preposto, o Sr. Luiz Gustavo
não só da empresa Hanova; que, em relação às mercadorias das Santana Severo, neste feiro e nos processos nº0000470-
mercadorias eram feitos por empregados destas indústrias; que a 61.2018.5.07.0010, cujos termos de audiência foram anexados aos
Saliente-se que o fato de terem sido alienados fundos de comércio diverso das empresas do grupo HANOVA não é suficiente para
de empresas do Grupo Helga para a empresa DX GROUP afastar a formação do grupo econômico com HNV INDÚSTRIA E
PARTICIPAÇÕES E INVESTIMENTOS LTDA não afeta a presente COMÉRCIO DE COSMÉTICOS LTDA e ANDERSON LUID DOS
demanda, pois apenas houve a alienação parcial das quotas SANTOS SEVERO - ME.
empresariais de somente algumas das empresas do Grupo. Sendo assim, reconheço que a empresa AL PARTICIPAÇÕES
Insta destacar, também, que a alegação da reclamada ANDERSON LTDA pertence ao grupo econômico HANOVA, o qual restou
LUID DOS SANTOS SEVERO ME de que a relação havida entre os condenada solidariamente, aplicando a esta a mesma
apontados conglomerados empresariais era de apenas fornecedor- responsabilidade, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da CLT.
cliente não se sustenta, ressaltando que a mensagem eletrônica e a No que tange à reclamada MULT DISTRIBUIDORA DE
confissão de dívida datam de período anterior à "fusão" noticiada, o COSMETICOS LTDA, observa-se efetivamente formalizada em
que só veio a ocorrer em julho de 2017. 24/10/2017 pouco tempo após a fusão dos grupos HELGA e
Diante do exposto, reconheço a existência de grupo econômico por HANOVA, com atuação na vendas de produtos de higiene, tendo
coordenação entre todas as empresas dos Grupos HELGA e como sócios os Srs. Matheus Pontes Sales e Maria de Fátima dos
HANOVA, as quais declaro responsáveis solidárias pelas verbas Santos Severo, os quais são, respectivamente, o filho dos titulares
decorrentes da condenação, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da do Grupo Helga e a mãe de um dos proprietários do Grupo Hanova
CLT. (Anderson Luid dos Santos Severo), fato não contestado em defesa.
No que concerne à reclamada AL PARTICIPAÇÕES LTDA, verifica- Sendo assim, tenho que a empresa MULT DISTRIBUIDORA DE
se que na defesa das empresas formadoras do GRUPO HELGA COSMETICOS LTDA também participa dos Grupos Helga e
Hanova, utilizando-se da mesma estrutura empresarial para a daí a prioridade era para vender os produtos da Hanova e Lavi"
consecução de seus objetivos financeiros, diante do que, resta - depoimento de Francisca Edinusia Alves de Sousa)."
condenada solidariamente, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da A empresa recorrente manifesta no presente recurso ordinário o seu
Por fim, quanto à ré BRC BRAZIL COSMETICS COMÉRCIO econômico ostentam características diametralmente opostas"; "em
VAREJISTA DE COSMÉTICOS EIRELI, verifica-se que ela que pese tenha havido, nas redes sociais, um anúncio de fusão
apresentou defesa através do mesmo escritório que a empregadora, entre os conglomerados Helga e Hanova, por certo, tal
na qual passou a repetir as mesmas alegações já apresentadas reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão
pelas 1ª a 13ª Reclamadas, além disso, observa-se que no empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas
comprovante de inscrição cadastral (CNPJ) consta endereço regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos
eletrônico pertencente ao domínio da HELGA COSMÉTICOS. econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria,
Ademais, apresentou carta de preposição que revelou mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que
representação através do mesmo preposto que a empregadora, possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses";
razão pela qual, deve ser solidariamente responsável pelos créditos "que a sentença de origem, em nenhum momento, cuidou de
oriundos da presente demanda, nos moldes dos arts. 2º, § 2º, e 9º demonstrar a integração de interesses entre as empresas, a
Pontue-se, por oportuno, que as atas de audiência em nada apenas limitou-se a discorrer, de forma bastante confusa, sobre
corroboram com a tese da demandada, uma vez que se verifica, "fusão", sendo esta manifestante inexistente no caso vertente"; "que
com extrema facilidade, que a testemunha da reclamada, Sr. os depoimentos coligidos aos autos sob a rubrica de prova
Emanuel Rodrigues de Albuquerque, arrolada em todos os emprestada fulminam a pretensão autoral, quer pelo viés da fusão,
processos, busca, sem nenhum sucesso, sustentar os termos da seja sob a óptica de agrupamento empresarial."
Ademais, por mais que tenha declarado que "que na metade do recorrente, fundamentos que infirmem convincentemente as
segundo semestre de 2017 houve uma reunião da Helga com a conclusões do juízo de primeiro grau, razão pela qual se há perfilhar
Hanova para uma parceria de fornecimento de produtos", com os motivos da decisão vergastada, ora endossados e
afirmou, posteriormente, que "soube que foi feita uma postagem integrantes das presentes razões de decidir.
no instagram da Helga onde foi usado o termo fusão com a Consoante o § 2º do art. 2º da CLT, "sempre que uma ou mais
Por outro lado, as testemunhas Francisca Edinusia Alves de Sousa própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de
e Maria Irlane Silva Santos outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua
Desiderio, apresentadas pelas partes autoras, nas referidas atas de autonomia, integrem grupo econômico, serão responsáveis
audiências, possuem depoimentos uníssonos no que tange à solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de
empregados são uníssonas ("que no final de julho/2017 foram Nesta esteira, o delineamento do que se convencionou chamar
convocadas para uma reunião no hotel meridional no centro da grupo econômico, pela dicção da Consolidação das Leis do
cidade onde foi comunicada por Alencar Junior, Erica Pontes e Trabalho, importa na evidência da integração dos
Aline Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas de empreendimentos, de forma a vincular, direta ou indiretamente, as
que tudo iria mudar com a chegada de novos produtos, mas na empresas.
pratica tudo continuou do mesmo jeito, pois continuou Este aspecto restou caracterizado nos autos, sendo certo que se
chegando produtos da marca própria da Helga (lavi) e da Helga, verificam elementos suficientes para que seja corroborada a
os quais tinham prioridade para serem vendidos" - depoimento conclusão da sentença recorrida.
de Maria Irlane Silva Santos Desiderio) e ("que houve uma Como bem destacado pela sentença, restou demonstrada nos autos
reunião num domingo de julho/2017 onde foi comunicada a a ampla divulgação realizada nas redes sociais, em julho de 2017,
fusão da Hanova com a Helga Cosmeticos onde foram acerca da fusão das empresas do Grupo Helga com aquelas do
apresentados os novos patrões como sendo: Aline Severo e Grupo Hanova. Eis os dizeres da publicação (V. ID 0d53e9e - Pág.
seu esposo Anderson ambos donos da Hanova; que a a partir 2): "Temos o orgulho de anunciar que começou um novo tempo. O
Grupo HNV detentor de várias marcas como a Hanova, em um Não se olvida o depoimento da testemunha convidada pelas
processo de expansão e aquisições, realizou a fusão com o Grupo reclamadas, Sr. Emanuel Rodrigues de Albuquerque, ouvida nos
Helga Cosméticos. Tudo isso para que os nossos clientes possam processos (461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471-
ter sempre à disposição o melhor atendimento, os melhores 39.2018.5.07.0010) trazidos por empréstimo ao conjunto probatório,
produtos e a melhor experiência. Transformando para melhor, o seu cujas declarações transparecem a ideia de demonstrar ter havido
visual e a sua vida. #HelgaNovoTempo #Hanova #GrupoHNV apenas uma relação comercial, mas não uma fusão, entre as
#GrupoHelga #Beleza #Cabelos". Com a devida vênia da parte empresas do grupo Helga e do grupo Hanova. Contudo, diante dos
recorrente, este aspecto é relevante para a caracterização do grupo demais elementos probatórios dos autos, não há de prevalecer o
econômico sob investigação, demonstrando a plena possibilidade quadro traçado pelo depoente, sendo de se destacar que ele próprio
de que as marcas de cada um dos grupos estejam sob a admite não ter participado da reunião ocorrida em julho de 2017 (V.
coordenação de um único conglomerado, o que afasta a tese ID's 5cd9c24 - Pág. 6 e 8eb6395 - Pág. 6), na qual fora anunciada a
no mesmo grupo econômico. Cumpre ressaltar, ainda, porquanto oportuno, que a estreita relação
Além disso, vigora no Direito do Trabalho o princípio da primazia da comercial entre as empresas dos grupos empresariais, consoante
realidade, de modo a ser imprescindível destacar a prevalência dos se denota pelas notas ficais de vendas de mercadorias anexadas
fatos da relação de emprego sobre os aspectos formais. Dessa aos autos, a meu sentir, não rechaça a formação de grupo
forma, ainda que não ultimada, ao menos formalmente, com as econômico, mas, em verdade, a reforça, evidenciando além da
devidas baixas das pessoas jurídicas, a fusão mencionada nas complementaridade entre os objetos sociais das empresas
redes sociais, não há se desconhecer que houve a junção das contratantes, o interesse integrado, a comunhão de interesses e a
empresas, que passaram a atuar integradas a um único grupo. atuação conjunta das empresas dele integrantes.
Igualmente, salvo melhor juízo, os depoimentos das testemunhas Destarte, o quadro encontrado no presente feito permite a
não afastam o reconhecimento do grupo econômico. Ao revés, conclusão de que a empresa ora recorrente integra grupo
confirmam a fusão entre as empresas. Destaca-se, a este respeito, econômico com as reclamadas do grupo Helga. Importa examinar a
o depoimento da primeira testemunha da parte reclamante, Sra. presença de elementos objetivos capazes de demonstrar que as
Maria Irlane Silva Santos Desiderio, ouvida no processo nº 0000470 empresas estavam integradas no mesmo grupo. É o que se
-54.2018.5.07.0010 (Ata de audiência de ID 5cd9c24 - Pág. 4), constatou à exaustão no presente feito.
trazido por empréstimo ao conjunto probatório pelas próprias Por oportuno, colhe-se o seguinte precedente jurisprudencial:
reclamadas, revelador de "(...) que no final de julho/2017 foram "Grupo econômico. Relação inter-empresarial. O grupo econômico
convocadas para uma reunião no hotel meridional no centro da para fins justrabalhistas não necessita se revestir das modalidades
cidade onde foi comunicada por Alencar Junior, Erica Pontes e Aline jurídicas típicas do Direito Econômico ou Direito Comercial
Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas de que tudo (holdings, consórcios, pools etc.). Não se exige, sequer, a prova
iria mudar com a chegada de novos produtos, mas na pratica tudo de sua formal institucionalização cartorial: pode-se acolher a
continuou do mesmo jeito, pois continuou chegando produtos da existência do grupo desde que surjam evidências probatórias
marca propria da Helga (lavi) e da Helga, os quais tinham prioridade de que estão presentes os elementos de integração inter-
para serem vendidos, e das outras marcas continuaram escassos". empresarial (abrangência subjetiva e nexo relacional) de que
Veja-se que a fusão foi comunicada aos empregados em reunião, fala a CLT (art. 2º, § 2º)" (Processo 00409002020085010025, TRT
constatação que reforça a ideia do grupo econômico, referindo-se a 1ª Região - 8ª Turma, Relatora Desembargadora Dalva Amélia de
depoente a tudo ter "continuado do mesmo jeito" ao modus Oliveira, Publicado em 30/06/2014)(destaquei).
operandi das vendas dos produtos e não à ausência de formação NEGA-SE PROVIMENTO.
marcas apresentavam seus produtos e realizavam treinamentos, Por unanimidade, conhecer do recurso ordinário para, rejeitar as
mas que com a Hanova o processo foi diferente, pois, além de ter preliminares suscitadas e, no mérito, por maioria, negar-lhe
mercadorias para serem vendidas nas lojas Helga, o que ocorreu DISPOSITIVO
com outros fornecedores em face das dívidas da empregadora ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2.ª TURMA DO TRIBUNAL
conhecer do recurso ordinário para, rejeitar as preliminares DA NULIDADE DA SENTENÇA- DA UTILIZAÇÃO DA PROVA
suscitadas e, no mérito, por maioria, negar-lhe provimento. Vencido EMPRESTADA - DO ALEGADO CERCEAMENTO DE DEFESA
o Desembargador Relator, que dava provimento ao apelo, para Aduz a recorrente, preliminarmente, que houve cerceamento de seu
excluir da condenação a responsabilidade solidária da reclamada direito de defesa, ao argumento de que o juízo, ao adotar
HNV INDÚSTRIA E COSMÉTICOS LTDA. Redigirá o acórdão o integralmente a motivação da sentença proferida na reclamatória
Desembargador Cláudio Soares Pires, com a integração do voto trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu
vencido. entendimento, a partir das provas orais ali consignadas, mas que,
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores tais elementos probatórios não foram publicizadas à ora recorrente
Francisco José Gomes da Silva (Presidente e Relator), Cláudio no presente feito, com vistas à garantia do contraditório e da ampla
Soares Pires e Paulo Régis Machado Botelho. Presente ainda o(a) defesa, verificando-se, pois, uma patente violação ao que dispõe o
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo art. 312 do CPC/15.
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Jefferson Quesado Junior. Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não
Fortaleza, 14 de outubro de 2019. integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos,
INTEGRA O PRESENTE ACÓRDÃO O VOTO VENCIDO DO EXMº mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou
DESEMBARGADOR FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA, in como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera
EMENTA: PROVA EMPRESTADA. PREVISÃO LEGAL. proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou,
CONTRADITÓRIO OBSERVADO. O novo CPC trouxe permissivo naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova
expresso quanto à possibilidade de utilização da prova emprestada, emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito.
desde que observado o contraditório, conforme previsão no art. 372. Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam
Assim, havendo previsão legal para utilização da prova emprestada relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo
e, observando que no processo nº 0000471-51.2018.5.07.0006 as reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art.
fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno
cerceamento de defesa. Preliminar rejeitada. dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em
PETIÇÃO INICIAL. ART. 840, §1º DA CLT. O processo trabalhista conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine.
art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta uma breve exposição Em audiência de instrução, as Reclamadas requereram a juntada
dos fatos para se considerar apta a exordial. Em decorrência do de provas emprestadas, relativo aos depoimentos testemunhais dos
princípio da simplicidade, que norteia o processo trabalhista, o qual processos 461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471-
não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de 2017, verifica-se que 39.2018.5.07.0010 (ID. bae0442, ID. ed35241, ID. 5cd9c24, ID.
EXISTÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO. ART. 2º, DA CLT. ÔNUS existência de Grupo Econômico entre as acionadas (Grupo Hanova-
DA PROVA. ART. 818, DA CLT C/C ART. 373, DO NCPC. Helga) como prova emprestada, os fundamento os lançados na
AUSÊNCIA DE PROVA. Não tendo a reclamante comprovado a sentença prolatada nos autos do processo nº 0000471-
existência do alegado grupo econômico Helga-Hanova, composto 51.2018.5.07.0006, de lavra da magistrada Taciana Orlovicin
de diversas empresas, reforma-se a sentença para afastar a Gonçalves Pita (ID. 984dd8d).
responsabilidade solidária pretendida pela autora. Nesse ponto, destaco, inicialmente, que o novo CPC trouxe
RECURSO CONHECIDO E DADO PROVIMENTO PARCIAL permissivo expresso quanto à possibilidade de utilização da prova
Acolhe-se o presente recurso, uma vez que preenchidos os Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em
e, observando que no processo nº 0000471-51.2018.5.07.0006 as caso em julgamento, assim como ocorrido nesta hipótese, em que o
partes foram submetidas ao contraditório e, havendo identidade dos Regional registrou que"a prova emprestada foi produzida em
fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de processo judicial que envolvia as mesmas rés da presente ação,
Quanto a alegativa de que as reportadas transcrições dos sua produção, bem como o princípio do contraditório. Segundo,
depoimentos carregam relatos fáticos que não integram as razões porque os fatos a serem comprovados guardam correlação com os
da exordial, não merece acolhida, posto que a causa de pedir da da presente ação. Terceiro, porque a referida prova emprestada foi
autora, no que se refere a responsabilidade solidária das acionadas, valorada pelo Juízo segundo o princípio do livre convencimento
trata justamente na alegada formação de grupo econômico entre as motivado, em conjunto com as demais provas dos autos".
empresas, objeto da prova naqueles autos. Importante salientar também que a utilização de prova emprestada
Os depoimentos constantes na prova emprestada utilizada pelo não está condicionada à prévia anuência e concordância das
Juízo a quo dizem respeito aos fatos relacionados pela autora, no partes. Assim, a mera alegação da reclamada de que não
que pertine a alegada formação de grupo econômico entre as concordou com a utilização de prova emprestada não é suficiente
acionadas GRUPO HELGA (DISTR IBUIDORA HELGA para inviabilizar a sua utilização nestes autos. Precedentes.
COSMETICOS LTDA - ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME, Recurso de revista não conhecido" (TST, ARR - 3600-
HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, ORIGINAL 29.2010.5.12.0031 Data de Julgamento: 15/02/2017, Relator
COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de
COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS "B) RECURSO DE REVISTA. 1. NULIDADE DA SENTENÇA.
LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA CERCEAMENTO DE DEFESA. UTILIZAÇÃO DE PROVA
PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS EMPRESTADA SEM ANUÊNCIA. O Regional entendeu que a
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX utilização de prova emprestada consubstanciada em certidão de
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX averiguação produzida em outros autos, no qual a reclamada figura
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e como parte, não configura cerceamento de defesa, ante a
ROBERTO NENDZA - ME) e GRUPO HANOVA - HNV (HANOVA semelhança fática existente entre os processos, assim como da
INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, AL observância do contraditório e da ampla defesa. Com efeito, esta
PARTICIPAÇÕES LTDA, ANDERSON LUID DOS SANTOS Corte tem se posicionado no sentido de ser possível a utilização da
SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE COSMETICOS prova emprestada, não sendo imprescindível a anuência da parte
LTDA), assim como referem-se as mesmas demandadas, sendo adversa. Recurso de revista não conhecido" (TST, RR - 940-
permitido sua valoração como se houvesse sido produzida 27.2013.5.18.0181 Data de Julgamento: 09/11/2016, Relatora
diretamente nos autos examinados. Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT
foram respeitados o contraditório quando produzida em processos Requer o Recorrente, o reconhecimento da inépcia do pedido
judiciais, máxime,quando envolvendo a mesma empresa e quando relativo às parcelas de FGTS + 40%, e a extinção do pleito sem
os fatos guardam correlação com os da presente ação. resolução de mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15,
Nesse mesmo entendimento, colaciona-se a atual jurisprudência do sob o fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de
Tribunal Superior do Trabalho, in verbis: ingresso, inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso
IDENTIDADE FÁTICA. MESMAS RECLAMADAS. FGTS, em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o
NULIDADE PROCESSUAL NÃO CONFIGURADA. Esta Corte O processo trabalhista é regido pelo princípio da simplicidade das
admite a utilização da prova emprestada, desde que haja a formas, consagrado no art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta
identidade dos fatos considerados no documento emprestado e no uma breve exposição dos fatos para se considerar apta a exordial.
Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal. todas acrescidas do terço constitucional, FGTS e multa de 40%.
§ 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do Em relação ao rol dos pedidos, o autor requereu a condenação da
Presidente da Junta, ou do juiz de direito a quem for dirigida, a reclamada ao pagamento das verbas rescisórias, incluindo FGTS E
dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura Em decorrência do princípio da simplicidade, que norteia o processo
do reclamante ou de seu representante. trabalhista, o qual não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de
§ 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do 2017, a petição inicial ora em análise preencheu os requisitos do
juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que art. 840 , da CLT, a qual, frise-se, não dificultou a defesa das
vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no Na peça de ingresso, requer o reclamante que seja caracterizada a
que couber, o disposto no parágrafo anterior. condição da segunda (VRX COMÉRCIO COSMÉTICOS E
§ 2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias BIJUTERIAS LTDA) e terceira reclamada (HANOVA
datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que COSMÉTICOS), de responsáveis solidárias pelos encargos
couber, o disposto no § 1o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº trabalhistas da primeira reclamada, HELGA COSMÉTICOS, em
§ 3o Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo Afirma que a primeira, segunda e terceira reclamadas foram
serão julgados extintos sem resolução do mérito. (Incluído pela Lei criadas, são dirigidas e controladas pelo pela Sra. Erica Pontes de
Como se observa, a Lei n. 13.467/17 fez referência expressa aos reclamada, HANOVA COSMÉTICOS, pois utilizou terceiro como
da CLT que o pedido deva "ser certo, determinado e com indicação Ressalta, que os objetos sociais das empresas são
No caso, em relação ao pedido de pagamento do FGTS e multa finalidade, sendo patente a formação de grupo econômico entre
indicação do valores pois da sua causa de pedir, entende-se No mérito, defende a recorrente, em síntese, a inexistência de fusão
logicamente que o autor fora demitido sem justa causa e sem e formação de grupo econômico com o GRUPO HELGA, sendo
recebimento de suas verbas rescisórias, fato este, incontroverso indevida a sua responsabilidade solidária pelos créditos deferidos
Na narrativa dos fatos, o acionante afirmou que ingressou na Argumenta que, em que pese tenha havido, nas redes sociais, um
reclamada no dia 01/08/2010, para exercer a função de gerente, anúncio de fusão entre os conglomerados Helga e Hanova, por
sendo demitida sem justa causa em 29/03/2018; que o último certo, tal reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão
salário percebido foi de R$ 3.200,00 (três mil e duzentos reais); que empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas
quando de sua demissão não recebeu qualquer valor, assim como regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos
não fora liberado Seguro Desemprego e FGTS, motivo pelo qual econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria,
pleiteia a liberação dos mesmos em sede de tutela antecipada; que mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que
o FGTS se encontra depositado apenas de forma parcial, apenas o possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses, o
valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais). que, também, não retrata o caso dos autos.
Em seguida, requereu que, Tendo em vista os argumentos jurídicos Esclarece, adiante, que há uma mera relação comercial, havendo
apresentados, ajuíza-se a presente Reclamação Trabalhista no total independência entre as empresas do GRUPO HANOVA em
intuito de serem satisfeitos todos os direitos da reclamante, quais relação às componentes do GRUPO HELGA, sendo a recorrente,
sejam: Saldo Salário, Aviso Prévio de 51 dias, 13º salário e férias mera fornecedora de produtos para o conglomerado empresarial
sobre aviso prévio, FGTS sobre rescisão, 13º salário proporcional HELGA, sem haver contudo, qualquer integração de interesses
3/12 de 2018, férias simples 2016/2017 e proporcionais 2017/2018 entre as empresas ou atuação conjunta.
A lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017 que alterou a Consolidação entre si, formando o grupo econômico trabalhista, serão todas, por
das Leis do Trabalho (CLT) trouxe novos parâmetros para consequência, responsabilizadas pela contraprestação devida ao
a este artigo, conforme transcrição seguinte: Estabeleceu, igualmente, que "não caracteriza grupo econômico a
Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, mera identidade de sócios. Assim, o patrimônio de empresas que
que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria têm sócios comuns, porém com atuam em setores diversos, estarão
§ 1º - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da Portanto, a análise da existência ou não da formação de um grupo
relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de econômico, deve-se observar o princípio da primazia da realidade,
beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem para que cada caso seja analisado com suas peculiaridades, sendo
fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados. ônus do autor a prova de suas alegações ( art. 818, da CLT c/c art.
§ 2º Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada 373, do NCPC).
uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a No caso em análise, o autor fundamenta sua pretensão com base
direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando, em notícias veiculadas nas redes sociais de possível fusão entre os
mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo grupos Helga Cosméticos e HNV, assim como colaciona fotos em
econômico, serão responsáveis solidariamente pelas que retrata parcerias entre as duas empresas, ID. 0d53e9e, sem,
obrigações decorrentes da relação de emprego. contudo, apresentar qualquer prova que indique ter realmente
§ 3º Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de ocorrido a "FUSÃO" das empresas, ou qualquer relação de
demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de Ao revés, a acionada Hanova Indústria e Comércio de Cosméticos
interesses e a atuação conjunta das empresas dele integrantes. Ltda colacionou aos autos documentos que demonstram a relação
A nova redação do art. 2º, além de manter a hipótese do grupo Helga (CRX COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA
econômico hierarquizado ou sob subordinação, introduz, ME, ALENCARINE COSMETICOS COMERCIO VAREJISTA E
expressamente, o outro modelo de grupo econômico, vertical, ou TREINAMENTO EIREL, HELGA MEDZA SALES & CIA LTDA -ME,
sob coordenação, trazendo para o texto legal, o entendimento dos ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA ME, VRX
Tribunais Regionais do Trabalho e do TST quanto a configuração de COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA ME, JOSE
Com relação a este modelo de grupo econômico coordenado, a COSMETICOS LTDA- ME, tais como notas fiscais de vendas de
Desembargadora Dra. Vólia Bomfim Cassar, do TRT da 1ª Região, mercadorias, termo de confissão de dívida e e-mails em que se
em seu livro Direito do Trabalho, afirma que: evidencia a parceria comercial entre as empresas ( venda de
Os grupos econômicos por coordenação se apresentam quando mercadorias), ID. de4b07e, ID. 4c4a838.
houver reunião de interesses para execução de determinado Na audiência de instrução, as reclamadas requerem a juntada de
empreendimento, tendo ou não o mesmo controle ou administração provas emprestadas (processos nºs. 461-92.2018.5.07.0010, 470-
comum. Logo, os grupos por coordenação podem ter relação de 54.2018.5.07.0010 e 471-39.2018.5.07.0010, tendo a autora
controle entre si, numa linha horizontal e não vertical. Isto é, não concordado com a juntada dos referidos depoimentos.
haverá, no grupo horizontal, uma empresa controladora e outra(s) No termo de audiência relativo ao processo nº. 0000461-
controlada(s), uma líder (holding) e outras lideradas. Todas são 92.2018.5.07.0010, a testemunha da reclamante afirmou que:
interligadas entre si e, apesar de autônomas e independentes, estão Primeira testemunha arrolada pela parte Reclamante Sr(a).
interligadas pela ingerência, administração comum, como se Francisca Edinusia Alves de Sousa: " (...)"que trabalhou na
subordinadas umas às outras administrativamente. Por trás desta reclamada Helga Cosméticos de 01/06/2006 a 23/02/2018 na
administração comum pode estar um sócio ou alguns sócios ou função de vendedora; que o reclamante, depoente e todos os
pessoa física no controle.(CASSAR, 2017,p.429). funcionários foram demitidos sem pagamento de verbas rescisórias
Logo, o aproveitamento dos serviços prestados pelo trabalhador por e nem do salário do último mês; que depoente trabalhou até
23/fevereiro/2018, não sabendo o ultimo dia labutado pelo norma; que a parceria teve o objetivo de aumentar o volume de
reclamante; que recebia ordem direta dos gerentes Luxeles, vendas nas lojas e de fato aumentou, mas só no primeiro mês,
Rosângela, Francisca Cirlane, os quais eram gerentes da loja pois logo em seguida a Helga entrou novamente em dificuldades
do shopping Central da Helga Nendza Sales .". ÀS PERGUNTAS financeiras e não conseguiu pagar os produtos que comprava, pois
DO(A) PATRONO(A) DO(A) PARTE RECLAMANTE RESPONDEU: a divida já estava muito alta, de modo que a Helga não conseguia
"que houve uma reunião num domingo de julho/2017 onde foi pagar nada na sua totalidade; que é uma prática comum serem
comunicada a fusão da Hanova com a Helga Cosmeticos onde feitas ações com as distribuidoras para estimular as vendas, e
foram apresentados os novos patrões como sendo: Aline os proprietários da Hanova comparecem pelo fato de que o
Severo e seu esposo Anderson ambos donos da Hanova; que a distribuidor Helga ser de grande porte, como também de outros
a partir daí a prioridade era para vender os produtos da Hanova distribuidores; que na época da parceria a Helga já estava em
e Lavi, mesmo tendo outras marcas, mas a Hanova e Lavi débito com a Hanova; que a Hanova não colocou pessoas na
deveriam estar em primeiro lugar nas vendas; que antes da lojas da Helga, muito menos assumiu o comando dessa; que a
reunião já vendiam todo tipo de produto e de varias marcas, continuou a vendendo normalmente para as outras lojas, como
inclusive dos ora citados; que os proprietários da Helga e Hanova Cosbel, Anavi, Iap e outras; que não houve a fusão da Hanova com
estavam presentes na reunião, sendo Erica PontesMenezes e a Helga; que havia procedimento de cobrança normal das vendas
Alencar Junior proprietários da Helga.". ÀS PERGUNTAS DO DO(A) dos produtos Hanova;." ÀS PERGUNTAS DO DO(A) PATRONO(A)
PATRONO(A) DO(A) PARTE RECLAMADA RESPONDEU: "que DO(A) PARTE RECLAMANTE RESPONDEU: "que a reunião tem
depois da reunião depoente continuou trabalhando na mesma um caráter de marketing e não para apresentar fusão; que não
loja e o reclamante também, mas ambos trabalhavam em lojas houve comunicação formal da fusão entre a Hanova e Helga, mas
diferentes; que na reunião estavam os vendedores e gerentes; depoente soube que foi feita uma postagem no instagram da
que a faixada das lojas continuaram iguais; que não houve Helga onde foi usado o termo fusão com a Hanova; que quanto
mudança da chefia após a reunião, mas a sua chefe Luxeles ao doc. de fl. 8 se tratam das pessoas de Anderson (proprietário da
teve um problema de saúde e foi transferida para loja de Hanova) e Junior (proprietária da Helga) e o doc. de fl. 9 tratam das
Messejana, tendo ficado como gerente Rosangela; que Luxeles pessoas Aline (proprietária da Hanova) e Erica (proprietária da
e Rosangela eram gerentes da Helga; (...)." ( grifos nosso) Helga); (...)."( grifos nosso)
Conforme se extrai do depoimento supra, não se trata o caso de " No termo de audiência relativo ao processo nº. 0000470-
fusão" entre as empresas, tanto que a partir da reunião ocorrida em 54.2018.5.07.0010, o reclamante afirmou que :
julho de 2017, nada foi alterado na estrutura organizacional da O DEPOIMENTO PESSOAL DO RECLAMANTE: '" que depoente
empresa, assim como layout das lojas, tratando-se, na verdade, de era subgerente, que atuava em várias lojas da Helga e trabalhou até
um marketing e ações para incremento das vendas, através da 07/04/2018 porque as lojas fecharam, tendo a sra. Erica Pontes
fornecedora dos produtos, empresa HANOVA INDUSTRIA E (dona da Helga, esposa de Alencar Junior) comunicado a dispensa
COMERCIO DE COSMETICOS LTDA, fato este, confirmado pelos os quais eram chefes do depoente; (...) ; que a Helga vendia
depoimentos de reclamantes e testemunhas dos processos produtos de marca própria (Lavi), mas também da Hanova, Fatore,
utilizados como provas emprestadas nos autos, vejamos: Corpo Dourado e outros; que em julho/2017 houve a fusão da
Convocada a primeira testemunha arrolada pelas Reclamadas Hanova com a Helga, no que a prioridade passou a ser para vender
HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - produtos da Hanova e Lavi, mas ainda assim, a Helga continuou a
ME, AL PARTICIPACOES LTDA, ANDERSON LUID DOS vender produtos de outras marcas que já tinham estoque nas
SANTOS SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE lojas, e também continuou comprando produtos de outras
COSMETICOS LTDA, Sr(a). Emanuel Rodrigues de Albuquerque marcas para vender nas suas lojas; que as fachadas das lojas
(...): "que trabalha na Hanova desde março/2016 como gerente da Helga continuaram com o mesmo nome, após a fusão, e as
administrativo financeiro; ." ÀS PERGUNTAS DO(A) PATRONO(A) notas fiscais das vendas eram com o nome da Helga; que a
DO(A) PARTE RECLAMADA RESPONDEU: "que na metade do fusão da Helga e Hanova foi para o crescimento da Helga, mas
segundo semestre de 2017 houve uma reunião da Helga com a o dia a dia de trabalho continuou o mesmo de antes, porém
Hanova para uma parceria de fornecimento de produtos, pois a com a informação de que deveriam vender mais os produtos da
Hanova é uma industria; que o fornecimento dos produtos continuou Helga. ( grifos nosso)
da mesma forma, pois a Helga permaneceu como uma cliente Primeira testemunha arrolada pela parte Reclamante Sr(a).
Maria Irlane Silva Santos Desiderio: " (...) que no final de CLAUDIO SOARES PIRES
julho/2017 foram convocadas para uma reunião no hotel meridional Desembargador Redator Designado
Pontes e Aline Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas FORTALEZA/CE, 28 de fevereiro de 2020.
pratica tudo continuou do mesmo jeito, pois continuou MARIA DO SOCORRO RODRIGUES GONCALVES
REDATOR DESIGNADO: CLAUDIO SOARES PIRES recebida pela parte embargada, conforme comprovante de
RECURSO ORDINÁRIO. GRUPO ECONÔMICO. seu direito de defesa, ao argumento de que o juízo, ao adotar
CONFIGURAÇÃO. Confirma-se a sentença de origem que integralmente a motivação da sentença proferido na reclamatória
reconheceu a formação de grupo econômico entre as empresas trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu
demandadas, quando se constata que além da complementaridade entendimento, por consequência, a partir das provas orais ali
entre os objetos sociais destas, há o interesse integrado, a consignadas, mas que, tais elementos probatórios não foram
comunhão de interesses e a atuação conjunta das empresas dele publicizadas à ora recorrente no presente feito, com vistas à
integrantes. Recurso conhecido e improvido. garantia do contraditório e da ampla defesa, verificando-se, pois,
Designado para redigir o acórdão, peço vênia para adotar o relatório Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não
da lavra do Excelentíssimo Desembargador Relator Francisco José integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos,
Gomes da Silva, a seguir: mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou
"Trata-se de recurso ordinário ajuizado pela reclamada HNV como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera
INDUSTRIA E COSMÉTICOS LTDA interposto em face da decisão cópia de uma transcrição parcial realizada no bojo de uma sentença
do Juízo da 18ª Vara do Trabalho de Fortaleza (ID. 984dd8d), que proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou,
JULGOU a reclamatória PROCEDENTE EM PARTE, para naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova
condenar, SOLIDARIAMENTE, as reclamadas DISTRIBUIDORA emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito.
HELGA COSMÉTICOS LTDA - ME; HELGA COSMÉTICOS LTDA Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam
- ME; HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME; ORIGINAL relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo
COMERCIO DE COSMÉTICOS LTDA - ME; MULTIPLA reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art.
COSMÉTICOS LTDA - EPP; J R COMERCIO DE COSMÉTICOS Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno
LTDA - ME; JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME; ERICA dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em
PONTES DE MENESES; ALENCARINE COSMÉTICOS conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine.
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS; CRX COMERCIO Adiante, requer o reconhecimento da inépcia do pedido relativo às
DE COSMÉTICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME; VRX COMERCIO parcelas de FGTS + 40%, a extinção do pleito sem resolução de
DE COSMÉTICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME; ROBERTO mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15, sob o
NENDZA - ME; HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de ingresso,
COSMÉTICOS LTDA - ME; AL PARTICIPACOES LTDA; inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso e de
ANDERSON LUID DOS SANTOS SEVERO - ME; MULT dispensa, realizou o pedido correspondente às parcelas de FGTS
DISTRIBUIDORA DE COSMÉTICOS LTDA; BRC - BRAZIL em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o saldo
ALENCAR MARTINS as seguintes parcelas: a.Saldo de salário (29 No mérito, defende a recorrente, em síntese, a inexistência de
dias); b. Aviso prévio (51 dias); com reflexos no 13º salário e férias; fusão e formação de grupo econômico com o GRUPO HELGA,
c. Férias simples 2016/2017 e proporcionais (8/12 avos), acrescidas sendo indevida a sua responsabilidade solidária pelos créditos
de 1/3 constitucional; d. 13º salário proporcional 2018 (3/12 avos); e. deferidos ao autor na presente reclamação trabalhista.
FGTS + 40%; f. Multa do art. 467 da CLT, incidente sobre os valores Argumenta, em que pese tenha havido, nas redes sociais, um
e parcelas rescisórias constantes no TRCT (ID. 7ad3499), bem anúncio de fusão entre os conglomerados Helga e Hanova, por
como sobre o FGTS não depositado e multa de 40% sobre todos os certo, tal reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão
valores devidos a título de FGTS ao longo da contratualidade; g. empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas
Multa do art. 477,§8º da CLT; h. Honorários advocatícios. regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos
A sentença fora complementada pelos aclaratórios de ID. 7081a1b, econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria,
com o fito de sanear a sentença embargada, determinando a mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que
compensação do valor de R$ 10.710,34, vez que a quantia foi possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses, o
que, também, não retrata o caso dos autos. Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam
Esclarece, adiante, que há uma mera relação comercial, havendo relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo
total independência entre as empresas do GRUPO HANOVA em reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art.
mera fornecedora de produtos para o conglomerado empresarial Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno
HELGA, sem haver contudo, qualquer integração de interesses dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em
entre as empresas ou atuação conjunta. conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine.
inconstitucionalidade declarada de forma incidental do art. 791-A, Em audiência de instrução, as Reclamadas requereram a juntada
§4º, da CLT, haja vista inexistir afronta à Carga Magna, mormente de provas emprestadas, relativo aos depoimentos testemunhais dos
porque, nos ditames do art. 133 da Lei Maior, o advogado é processos 461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471-
indispensável à administração da justiça, e, caso esta Colenda 39.2018.5.07.0010 (ID. bae0442, ID. ed35241, ID. 5cd9c24, ID.
CRFB/1988, o qual prevê a cláusula de reserva de plenário para a O Juízo, ao proferir a sentença, utilizou para o reconhecimento da
manutenção da declaração de inconstitucionalidade. existência de Grupo Econômico entre as acionadas (Grupo Hanova-
Após devidamente notificada, a recorrida apresentou suas Helga) como prova emprestada, os fundamento os lançados na
contrarrazões, conforme documento de ID. 15ffc62. sentença prolatada nos autos do processo nº 0000471-
A matéria versada no presente recurso dispensa a obrigatoriedade 51.2018.5.07.0006, de lavra da magistrada Taciana Orlovicin
de parecer prévio da douta PRT (art. 109, do Regimento Interno)" Gonçalves Pita (ID. 984dd8d).
Acolhe-se o presente recurso, uma vez que preenchidos os emprestada, desde que observado o contraditório, conforme
Peço vênia para adotar os fundamentos do voto do Excelentíssimo outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado,
apreciação das preliminares, nos seguintes termos: Assim, havendo previsão legal para utilização da prova emprestada
EMPRESTADA - DO ALEGADO CERCEAMENTO DE DEFESA partes foram submetidas ao contraditório e, havendo identidade dos
Aduz a recorrente, preliminarmente, que houve cerceamento de seu fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de
integralmente a motivação da sentença proferida na reclamatória Quanto a alegativa de que as reportadas transcrições dos
trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu depoimentos carregam relatos fáticos que não integram as razões
entendimento, a partir das provas orais ali consignadas, mas que, da exordial, não merece acolhida, posto que a causa de pedir da
tais elementos probatórios não foram publicizadas à ora recorrente autora, no que se refere a responsabilidade solidária das acionadas,
no presente feito, com vistas à garantia do contraditório e da ampla trata justamente na alegada formação de grupo econômico entre as
defesa, verificando-se, pois, uma patente violação ao que dispõe o empresas, objeto da prova naqueles autos.
Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não Juízo a quo dizem respeito aos fatos relacionados pela autora, no
integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos, que pertine a alegada formação de grupo econômico entre as
mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou acionadas GRUPO HELGA (DISTR IBUIDORA HELGA
como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera COSMETICOS LTDA - ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME,
cópia de uma transcrição parcial realizada no bojo de uma sentença HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, ORIGINAL
proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou, COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA
naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - EPP, BELLA
emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito. COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS
LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA CERCEAMENTO DE DEFESA. UTILIZAÇÃO DE PROVA
PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS EMPRESTADA SEM ANUÊNCIA. O Regional entendeu que a
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX utilização de prova emprestada consubstanciada em certidão de
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX averiguação produzida em outros autos, no qual a reclamada figura
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e como parte, não configura cerceamento de defesa, ante a
ROBERTO NENDZA - ME) e GRUPO HANOVA - HNV (HANOVA semelhança fática existente entre os processos, assim como da
INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, AL observância do contraditório e da ampla defesa. Com efeito, esta
PARTICIPAÇÕES LTDA, ANDERSON LUID DOS SANTOS Corte tem se posicionado no sentido de ser possível a utilização da
SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE COSMETICOS prova emprestada, não sendo imprescindível a anuência da parte
LTDA), assim como referem-se as mesmas demandadas, sendo adversa. Recurso de revista não conhecido" (TST, RR - 940-
permitido sua valoração como se houvesse sido produzida 27.2013.5.18.0181 Data de Julgamento: 09/11/2016, Relatora
diretamente nos autos examinados. Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT
foram respeitados o contraditório quando produzida em processos Requer o Recorrente, o reconhecimento da inépcia do pedido
judiciais, máxime,quando envolvendo a mesma empresa e quando relativo às parcelas de FGTS + 40%, e a extinção do pleito sem
os fatos guardam correlação com os da presente ação. resolução de mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15,
Nesse mesmo entendimento, colaciona-se a atual jurisprudência do sob o fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de
Tribunal Superior do Trabalho, in verbis: ingresso, inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso
IDENTIDADE FÁTICA. MESMAS RECLAMADAS. FGTS, em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o
NULIDADE PROCESSUAL NÃO CONFIGURADA. Esta Corte O processo trabalhista é regido pelo princípio da simplicidade das
admite a utilização da prova emprestada, desde que haja a formas, consagrado no art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta
identidade dos fatos considerados no documento emprestado e no uma breve exposição dos fatos para se considerar apta a exordial.
caso em julgamento, assim como ocorrido nesta hipótese, em que o Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal.
Regional registrou que"a prova emprestada foi produzida em § 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do
processo judicial que envolvia as mesmas rés da presente ação, Presidente da Junta, ou do juiz de direito a quem for dirigida, a
tendo sido observadas as formalidades estabelecidas em lei para a qualificação do reclamante e do reclamado, uma breve exposição
sua produção, bem como o princípio do contraditório. Segundo, dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura
porque os fatos a serem comprovados guardam correlação com os do reclamante ou de seu representante.
da presente ação. Terceiro, porque a referida prova emprestada foi § 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do
valorada pelo Juízo segundo o princípio do livre convencimento juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que
motivado, em conjunto com as demais provas dos autos". resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo, determinado e
Importante salientar também que a utilização de prova emprestada com indicação de seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou
não está condicionada à prévia anuência e concordância das de seu representante. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
partes. Assim, a mera alegação da reclamada de que não § 2º - Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em 2 (duas)
concordou com a utilização de prova emprestada não é suficiente vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no
para inviabilizar a sua utilização nestes autos. Precedentes. que couber, o disposto no parágrafo anterior.
Recurso de revista não conhecido" (TST, ARR - 3600- § 2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias
29.2010.5.12.0031 Data de Julgamento: 15/02/2017, Relator datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que
Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de couber, o disposto no § 1o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº
"B) RECURSO DE REVISTA. 1. NULIDADE DA SENTENÇA. § 3o Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo
serão julgados extintos sem resolução do mérito. (Incluído pela Lei 'Afirma a parte reclamante que as empresas que compõem o antigo
Como se observa, a Lei n. 13.467/17 fez referência expressa aos ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES
requisitos da petição inicial trabalhista, dispondo no § 1º do art. 840 & CIA LTDA - ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS
da CLT que o pedido deva "ser certo, determinado e com indicação LTDA - ME, MULTIPLA COMERCIO DE COSMETICOS LTDA -
No caso, em relação ao pedido de pagamento do FGTS e multa COSMETICOS LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME,
rescisória, o reclamante fez pedido certo, determinado e com ERICA PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS
indicação do valores pois da sua causa de pedir, entende-se COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX
logicamente que o autor fora demitido sem justa causa e sem COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX
recebimento de suas verbas rescisórias, fato este, incontroverso COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e
Na narrativa dos fatos, o acionante afirmou que ingressou na sócios José Alencar Sales Júnior e Érica Pontes de Meneses. Alega
reclamada no dia 01/08/2010, para exercer a função de gerente, que, em meados de 2017, os sócios do Grupo Helga iniciaram
sendo demitida sem justa causa em 29/03/2018; que o último negociações para fusão com o Grupo Hanova (HNV), fusão de
salário percebido foi de R$ 3.200,00 (três mil e duzentos reais); que empresas esta que foi oficialmente tornada pública em julho de
quando de sua demissão não recebeu qualquer valor, assim como 2017, expondo o rol de empresas que compõem o Grupo Hanova -
não fora liberado Seguro Desemprego e FGTS, motivo pelo qual HNV (HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS
pleiteia a liberação dos mesmos em sede de tutela antecipada; que LTDA - ME, AL PARTICIPAÇÕES LTDA, ANDERSON LUID DOS
o FGTS se encontra depositado apenas de forma parcial, apenas o SANTOS SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE
valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais). COSMETICOS LTDA), à época todas dirigidas pelos sócios
Em seguida, requereu que, Tendo em vista os argumentos jurídicos Anderson Luid Santos Severo e Aline Cristina Silva Souza Severo.
apresentados, ajuíza-se a presente Reclamação Trabalhista no Sustenta que, a partir de julho de 2017, independentemente do
intuito de serem satisfeitos todos os direitos da reclamante, quais cumprimento das obrigações legais para efetivação da fusão, qual
sejam: Saldo Salário, Aviso Prévio de 51 dias, 13º salário e férias seja a extinção das pessoas jurídicas da empresa incorporada com
sobre aviso prévio, FGTS sobre rescisão, 13º salário proporcional o surgimento de uma nova, tal fusão de fato ocorreu e todos os
3/12 de 2018, férias simples 2016/2017 e proporcionais 2017/2018 empregados passaram à subordinação do Grupo Hanova-Helga, o
todas acrescidas do terço constitucional, FGTS e multa de 40%. qual configura grupo econômico por coordenação, impondo a
Em relação ao rol dos pedidos, o autor requereu a condenação da responsabilização solidária entre as empresas do grupo. Entende
reclamada ao pagamento das verbas rescisórias, incluindo FGTS E que a fusão entre as empresas com a criação, em outubro de 2017,
Em decorrência do princípio da simplicidade, que norteia o processo eram sócios o filho dos sócios do Grupo Helga e a mãe do sócio do
trabalhista, o qual não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de Grupo Hanova), teria como única finalidade ocultar os sócios de fato
2017, a petição inicial ora em análise preencheu os requisitos do da nova empresa e ainda o de conseguir nova linha de crédito na
art. 840 , da CLT, a qual, frise-se, não dificultou a defesa das praça. Postula, caso não se conclua pela existência de grupo
A sentença reconheceu o grupo econômico entre as empresas da marca mista "Helga" por cinco anos, sem jamais exercer
demandadas, consoante os seguintes fundamentos: qualquer gerência direta, pois o Sr. José Alencar Sales Júnior
"Diante da identidade da matéria (fática e jurídica), adoto continuou a exercer a direção, gerência e coordenação das
integralmente os fundamentos lançados na brilhante sentença empresas. Por essa razão, pretende a responsabilização solidária
prolatada nos autos da 0000471-51.2018.5.07.0006, de lavra da da ré BRC BRAZIL COSMÉTICOS LTDA, uma vez identificada a
magistrada Taciana Orlovicin Gonçalves Pita, acerca da fraude ocorrida e a evidente direção do efetivo sócio do Grupo
Em suas contestações, as rés negam a formação de grupo COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA -
econômico entre as empresas do Grupo Helga e Hanova As ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME,
reclamadas DISTRIBUIDORA HELGA COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - EPP, BELLA
HELGA COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES & CIA COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS
LTDA - ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA
COSMETICOS LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX
ERICA PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME,
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX ROBERTO NENDZA - ME (1ª a 13ª reclamadas), nos termos do §
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX 2º do art. 2º da CLT, as quais reconheceram a formação de grupo
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, econômico entre si, encontrando-se, dentre estas, a empregadora.
ROBERTO NENDZA - ME (1ª a 13ª reclamadas), não refutam o Quanto ao grupo econômico alegado em relação aos grupos
grupo econômico entre si, tendo contestado a formação de grupo HELGA e HANOVA, a autora juntou aos autos várias fotografias
com as empresas do Grupo HANOVA (14ª a 16ª reclamadas), com com os Srs. Anderson Luid Dos Santos Severo, José Alencar Sales
a MULT DISTRIBUIDORA (17ª reclamada) e com a BCR (18ª Junior, Aline Cristina Silva Souza Severo e Érica Pontes de
reclamada), alegando que o grupo HANOVA tem como objeto social Meneses, sócios das empresa Hanova e Helga, divulgadas em meio
a produção de produtos de beleza, e que inexiste hierarquia e/ou digital em julho de 2017, anunciando a fusão entre as empresas do
coordenação entre as empresas. Sustenta que a BCR está sob a Grupo Helga com aquelas do Grupo Hanova (HNV), com
égide da Lei 11.101//05, tendo comprado o direito de utilização da fundamento na expansão e aquisições realizadas pelo grupo
marca "Helga" por cinco anos. HANOVA, podendo se perceber que nas fotos, aparece o diretor do
As reclamadas HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE grupo HANOVA, o qual veste camisa com o nome HELGA NOVO
COSMETICOS LTDA - ME e ANDERSON LUID DOS SANTOS TEMPO e ainda uma figura que demonstra a junção de duas peças
SEVERO - ME reconhecem o grupo entre si e negam a formação de de quebra-cabeça nas quais constam os nomes dos dois grupos
grupo com as demais reclamadas, noticiando que são fornecedoras HANOVA e HELGA. Em que pese não haver alterações nas
de produtos à rede varejista, sendo uma das principais, o grupo estruturas das empresas formadoras dos grupos, resta claro que
HELGA, não tendo havido a fusão alegada, apenas relação houve uma intensa comunhão de interesses
fornecedor-cliente. Informam, ainda, que os fundos de comércio de econômicos/profissionais entre as empresas formadoras dos dois
empresas do Grupo Helga foram alienados por seus sócios- grupos. De acordo com a Lei 13.467/2017 são requisitos para a
proprietários da Helga para a empresa DX GROUP configuração do grupo econômico: a demonstração do interesse
PARTICIPAÇÕES E INVESTIMENTOS LTDA, que, por sua vez, integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta
não possuiria qualquer ligação com o Grupo Hanova, tratando-se de das empresas integrantes. A inexistência de uma hierarquia entre
empresa de investimentos de proveniente São Paulo. as empresas não descaracteriza o grupo econômico, se há a
A demandada AL PARTICIPACOES LTDA nega a formação de demonstração de que entre as empresas ocorre clara atuação
grupo econômico com quaisquer das demais empresas. conjunta, em linha de coordenação e comunhão de interesses, o
alega que nunca existiu de fato e nega a formação de grupo Ademais, a primeira testemunha laboral afirmou em seu
A ré BRC - BRAZIL COSMETICS LTDA informa que comprou os "(...) que havia comentários dentro da empresa de que ocorreu uma
direitos de uso da marca HELGA, não estando a reclamante sob fusão entre as empresas Helga e Hanova; que o gerente do
suas ordens, refutando a formação de grupo econômico com depoente comentou que ocorreria a fusão e que o depoente
quaisquer das demais empresas reclamadas e pleiteia que, em continuaria a prestar serviços para as duas empresas; que o
caso de condenação, seja de forma subsidiária. depoente já chegou, mesmo prestando serviços para a Helga,
Pois bem. prestar serviços para a Hanova, tais como rotulagem de produtos,
Inicialmente, declaro a responsabilidade solidária das empresas embalagem de mercadorias e fazendo entregas; que depois dos
DISTRIBUIDORA HELGA COSMETICOS LTDA - ME, HELGA comentários da fusão, o depoente também começou a receber
ordens do Sr. Paulo, empregado da Hanova, responsável pela Ademais, a Sra. Aline Cristina Silva Souza Severo é também sócia
"que trabalhou para Helga de 01/02/2010 a 14/04/2018 na função "anderson@hanovacosméticos.com.br", conquanto o Sr. Anderson
de estoquista; que trabalhou com a reclamante; que o gerente, Liud dos Santos Severo não faça parte do corpo societário dessa
Sr.Evandro comentou com o depoente que havia sido feita uma empresa. O Sr. Anderson Liud dos Santos Severo atua, ainda,
sociedade entre a Helga e a Hanova; que, após o comentário, o como empresário individual da ANDERSON LUID DOS SANTOS
depoente também começo a prestar serviços para a Hanova SEVERO ME. Por fim, saliento que as empresas HNV INDÚSTRIA
nas seções das lojas Helga, limpando as mercadorias; que o LTDA, ANDERSON LUID DOS SANTOS SEVERO - ME e MULT
depoente não recebia ordens de nenhum empregado da Hanova; DISTRIBUIDORA DE COSMETICOS LTDA, em audiência, se
que as lojas Helga também vendiam produtos de outras indústrias e fizeram representar pelo mesmo preposto, o Sr. Luiz Gustavo
não só da empresa Hanova; que, em relação às mercadorias das Santana Severo, neste feiro e nos processos nº0000470-
mercadorias eram feitos por empregados destas indústrias; que a 61.2018.5.07.0010, cujos termos de audiência foram anexados aos
Saliente-se que o fato de terem sido alienados fundos de comércio diverso das empresas do grupo HANOVA não é suficiente para
de empresas do Grupo Helga para a empresa DX GROUP afastar a formação do grupo econômico com HNV INDÚSTRIA E
PARTICIPAÇÕES E INVESTIMENTOS LTDA não afeta a presente COMÉRCIO DE COSMÉTICOS LTDA e ANDERSON LUID DOS
demanda, pois apenas houve a alienação parcial das quotas SANTOS SEVERO - ME.
empresariais de somente algumas das empresas do Grupo. Sendo assim, reconheço que a empresa AL PARTICIPAÇÕES
Insta destacar, também, que a alegação da reclamada ANDERSON LTDA pertence ao grupo econômico HANOVA, o qual restou
LUID DOS SANTOS SEVERO ME de que a relação havida entre os condenada solidariamente, aplicando a esta a mesma
apontados conglomerados empresariais era de apenas fornecedor- responsabilidade, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da CLT.
cliente não se sustenta, ressaltando que a mensagem eletrônica e a No que tange à reclamada MULT DISTRIBUIDORA DE
confissão de dívida datam de período anterior à "fusão" noticiada, o COSMETICOS LTDA, observa-se efetivamente formalizada em
que só veio a ocorrer em julho de 2017. 24/10/2017 pouco tempo após a fusão dos grupos HELGA e
Diante do exposto, reconheço a existência de grupo econômico por HANOVA, com atuação na vendas de produtos de higiene, tendo
coordenação entre todas as empresas dos Grupos HELGA e como sócios os Srs. Matheus Pontes Sales e Maria de Fátima dos
HANOVA, as quais declaro responsáveis solidárias pelas verbas Santos Severo, os quais são, respectivamente, o filho dos titulares
decorrentes da condenação, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da do Grupo Helga e a mãe de um dos proprietários do Grupo Hanova
CLT. (Anderson Luid dos Santos Severo), fato não contestado em defesa.
No que concerne à reclamada AL PARTICIPAÇÕES LTDA, verifica- Sendo assim, tenho que a empresa MULT DISTRIBUIDORA DE
se que na defesa das empresas formadoras do GRUPO HELGA COSMETICOS LTDA também participa dos Grupos Helga e
restou afirmado que as empresas HANOVA INDUSTRIA E Hanova, utilizando-se da mesma estrutura empresarial para a
COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, ANDERSON LUID consecução de seus objetivos financeiros, diante do que, resta
DOS SANTOS SEVERO - ME e AL PARTICIPACOES LTDA condenada solidariamente, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da
constituição da reclamada AL PARTICIPAÇÕES LTDA demonstra Por fim, quanto à ré BRC BRAZIL COSMETICS COMÉRCIO
que essa empresa tem como sócios os Srs. Anderson Liud dos VAREJISTA DE COSMÉTICOS EIRELI, verifica-se que ela
Santos Severo e Aline Cristina Silva Souza Severo, os quais se apresentou defesa através do mesmo escritório que a empregadora,
fizeram presentes ao evento em que foi anunciada a "fusão" entre na qual passou a repetir as mesmas alegações já apresentadas
os grupos empresariais, conforme fotografias anexadas aos autos. pelas 1ª a 13ª Reclamadas, além disso, observa-se que no
Ainda, o endereço eletrônico da AL PARTICIPAÇÕES LTDA comprovante de inscrição cadastral (CNPJ) consta endereço
Ademais, apresentou carta de preposição que revelou mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que
representação através do mesmo preposto que a empregadora, possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses";
razão pela qual, deve ser solidariamente responsável pelos créditos "que a sentença de origem, em nenhum momento, cuidou de
oriundos da presente demanda, nos moldes dos arts. 2º, § 2º, e 9º demonstrar a integração de interesses entre as empresas, a
Pontue-se, por oportuno, que as atas de audiência em nada apenas limitou-se a discorrer, de forma bastante confusa, sobre
corroboram com a tese da demandada, uma vez que se verifica, "fusão", sendo esta manifestante inexistente no caso vertente"; "que
com extrema facilidade, que a testemunha da reclamada, Sr. os depoimentos coligidos aos autos sob a rubrica de prova
Emanuel Rodrigues de Albuquerque, arrolada em todos os emprestada fulminam a pretensão autoral, quer pelo viés da fusão,
processos, busca, sem nenhum sucesso, sustentar os termos da seja sob a óptica de agrupamento empresarial."
Ademais, por mais que tenha declarado que "que na metade do recorrente, fundamentos que infirmem convincentemente as
segundo semestre de 2017 houve uma reunião da Helga com a conclusões do juízo de primeiro grau, razão pela qual se há perfilhar
Hanova para uma parceria de fornecimento de produtos", com os motivos da decisão vergastada, ora endossados e
afirmou, posteriormente, que "soube que foi feita uma postagem integrantes das presentes razões de decidir.
no instagram da Helga onde foi usado o termo fusão com a Consoante o § 2º do art. 2º da CLT, "sempre que uma ou mais
Por outro lado, as testemunhas Francisca Edinusia Alves de Sousa própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de
e Maria Irlane Silva Santos outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua
Desiderio, apresentadas pelas partes autoras, nas referidas atas de autonomia, integrem grupo econômico, serão responsáveis
audiências, possuem depoimentos uníssonos no que tange à solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de
empregados são uníssonas ("que no final de julho/2017 foram Nesta esteira, o delineamento do que se convencionou chamar
convocadas para uma reunião no hotel meridional no centro da grupo econômico, pela dicção da Consolidação das Leis do
cidade onde foi comunicada por Alencar Junior, Erica Pontes e Trabalho, importa na evidência da integração dos
Aline Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas de empreendimentos, de forma a vincular, direta ou indiretamente, as
que tudo iria mudar com a chegada de novos produtos, mas na empresas.
pratica tudo continuou do mesmo jeito, pois continuou Este aspecto restou caracterizado nos autos, sendo certo que se
chegando produtos da marca própria da Helga (lavi) e da Helga, verificam elementos suficientes para que seja corroborada a
os quais tinham prioridade para serem vendidos" - depoimento conclusão da sentença recorrida.
de Maria Irlane Silva Santos Desiderio) e ("que houve uma Como bem destacado pela sentença, restou demonstrada nos autos
reunião num domingo de julho/2017 onde foi comunicada a a ampla divulgação realizada nas redes sociais, em julho de 2017,
fusão da Hanova com a Helga Cosmeticos onde foram acerca da fusão das empresas do Grupo Helga com aquelas do
apresentados os novos patrões como sendo: Aline Severo e Grupo Hanova. Eis os dizeres da publicação (V. ID 0d53e9e - Pág.
seu esposo Anderson ambos donos da Hanova; que a a partir 2): "Temos o orgulho de anunciar que começou um novo tempo. O
daí a prioridade era para vender os produtos da Hanova e Lavi" Grupo HNV detentor de várias marcas como a Hanova, em um
- depoimento de Francisca Edinusia Alves de Sousa)." processo de expansão e aquisições, realizou a fusão com o Grupo
A empresa recorrente manifesta no presente recurso ordinário o seu Helga Cosméticos. Tudo isso para que os nossos clientes possam
inconformismo, alegando, em síntese: "que a fusão e o grupo ter sempre à disposição o melhor atendimento, os melhores
econômico ostentam características diametralmente opostas"; "em produtos e a melhor experiência. Transformando para melhor, o seu
que pese tenha havido, nas redes sociais, um anúncio de fusão visual e a sua vida. #HelgaNovoTempo #Hanova #GrupoHNV
entre os conglomerados Helga e Hanova, por certo, tal #GrupoHelga #Beleza #Cabelos". Com a devida vênia da parte
reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão recorrente, este aspecto é relevante para a caracterização do grupo
empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas econômico sob investigação, demonstrando a plena possibilidade
regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos de que as marcas de cada um dos grupos estejam sob a
econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria, coordenação de um único conglomerado, o que afasta a tese
no mesmo grupo econômico. Cumpre ressaltar, ainda, porquanto oportuno, que a estreita relação
Além disso, vigora no Direito do Trabalho o princípio da primazia da comercial entre as empresas dos grupos empresariais, consoante
realidade, de modo a ser imprescindível destacar a prevalência dos se denota pelas notas ficais de vendas de mercadorias anexadas
fatos da relação de emprego sobre os aspectos formais. Dessa aos autos, a meu sentir, não rechaça a formação de grupo
forma, ainda que não ultimada, ao menos formalmente, com as econômico, mas, em verdade, a reforça, evidenciando além da
devidas baixas das pessoas jurídicas, a fusão mencionada nas complementaridade entre os objetos sociais das empresas
redes sociais, não há se desconhecer que houve a junção das contratantes, o interesse integrado, a comunhão de interesses e a
empresas, que passaram a atuar integradas a um único grupo. atuação conjunta das empresas dele integrantes.
Igualmente, salvo melhor juízo, os depoimentos das testemunhas Destarte, o quadro encontrado no presente feito permite a
não afastam o reconhecimento do grupo econômico. Ao revés, conclusão de que a empresa ora recorrente integra grupo
confirmam a fusão entre as empresas. Destaca-se, a este respeito, econômico com as reclamadas do grupo Helga. Importa examinar a
o depoimento da primeira testemunha da parte reclamante, Sra. presença de elementos objetivos capazes de demonstrar que as
Maria Irlane Silva Santos Desiderio, ouvida no processo nº 0000470 empresas estavam integradas no mesmo grupo. É o que se
-54.2018.5.07.0010 (Ata de audiência de ID 5cd9c24 - Pág. 4), constatou à exaustão no presente feito.
trazido por empréstimo ao conjunto probatório pelas próprias Por oportuno, colhe-se o seguinte precedente jurisprudencial:
reclamadas, revelador de "(...) que no final de julho/2017 foram "Grupo econômico. Relação inter-empresarial. O grupo econômico
convocadas para uma reunião no hotel meridional no centro da para fins justrabalhistas não necessita se revestir das modalidades
cidade onde foi comunicada por Alencar Junior, Erica Pontes e Aline jurídicas típicas do Direito Econômico ou Direito Comercial
Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas de que tudo (holdings, consórcios, pools etc.). Não se exige, sequer, a prova
iria mudar com a chegada de novos produtos, mas na pratica tudo de sua formal institucionalização cartorial: pode-se acolher a
continuou do mesmo jeito, pois continuou chegando produtos da existência do grupo desde que surjam evidências probatórias
marca propria da Helga (lavi) e da Helga, os quais tinham prioridade de que estão presentes os elementos de integração inter-
para serem vendidos, e das outras marcas continuaram escassos". empresarial (abrangência subjetiva e nexo relacional) de que
Veja-se que a fusão foi comunicada aos empregados em reunião, fala a CLT (art. 2º, § 2º)" (Processo 00409002020085010025, TRT
constatação que reforça a ideia do grupo econômico, referindo-se a 1ª Região - 8ª Turma, Relatora Desembargadora Dalva Amélia de
depoente a tudo ter "continuado do mesmo jeito" ao modus Oliveira, Publicado em 30/06/2014)(destaquei).
operandi das vendas dos produtos e não à ausência de formação NEGA-SE PROVIMENTO.
marcas apresentavam seus produtos e realizavam treinamentos, Por unanimidade, conhecer do recurso ordinário para, rejeitar as
mas que com a Hanova o processo foi diferente, pois, além de ter preliminares suscitadas e, no mérito, por maioria, negar-lhe
mercadorias para serem vendidas nas lojas Helga, o que ocorreu DISPOSITIVO
com outros fornecedores em face das dívidas da empregadora ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2.ª TURMA DO TRIBUNAL
Não se olvida o depoimento da testemunha convidada pelas conhecer do recurso ordinário para, rejeitar as preliminares
reclamadas, Sr. Emanuel Rodrigues de Albuquerque, ouvida nos suscitadas e, no mérito, por maioria, negar-lhe provimento. Vencido
processos (461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471- o Desembargador Relator, que dava provimento ao apelo, para
39.2018.5.07.0010) trazidos por empréstimo ao conjunto probatório, excluir da condenação a responsabilidade solidária da reclamada
cujas declarações transparecem a ideia de demonstrar ter havido HNV INDÚSTRIA E COSMÉTICOS LTDA. Redigirá o acórdão o
apenas uma relação comercial, mas não uma fusão, entre as Desembargador Cláudio Soares Pires, com a integração do voto
demais elementos probatórios dos autos, não há de prevalecer o Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
quadro traçado pelo depoente, sendo de se destacar que ele próprio Francisco José Gomes da Silva (Presidente e Relator), Cláudio
admite não ter participado da reunião ocorrida em julho de 2017 (V. Soares Pires e Paulo Régis Machado Botelho. Presente ainda o(a)
ID's 5cd9c24 - Pág. 6 e 8eb6395 - Pág. 6), na qual fora anunciada a Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Jefferson Quesado Junior. Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não
Fortaleza, 14 de outubro de 2019. integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos,
INTEGRA O PRESENTE ACÓRDÃO O VOTO VENCIDO DO EXMº mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou
DESEMBARGADOR FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA, in como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera
EMENTA: PROVA EMPRESTADA. PREVISÃO LEGAL. proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou,
CONTRADITÓRIO OBSERVADO. O novo CPC trouxe permissivo naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova
expresso quanto à possibilidade de utilização da prova emprestada, emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito.
desde que observado o contraditório, conforme previsão no art. 372. Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam
Assim, havendo previsão legal para utilização da prova emprestada relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo
e, observando que no processo nº 0000471-51.2018.5.07.0006 as reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art.
fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno
cerceamento de defesa. Preliminar rejeitada. dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em
PETIÇÃO INICIAL. ART. 840, §1º DA CLT. O processo trabalhista conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine.
art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta uma breve exposição Em audiência de instrução, as Reclamadas requereram a juntada
dos fatos para se considerar apta a exordial. Em decorrência do de provas emprestadas, relativo aos depoimentos testemunhais dos
princípio da simplicidade, que norteia o processo trabalhista, o qual processos 461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471-
não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de 2017, verifica-se que 39.2018.5.07.0010 (ID. bae0442, ID. ed35241, ID. 5cd9c24, ID.
EXISTÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO. ART. 2º, DA CLT. ÔNUS existência de Grupo Econômico entre as acionadas (Grupo Hanova-
DA PROVA. ART. 818, DA CLT C/C ART. 373, DO NCPC. Helga) como prova emprestada, os fundamento os lançados na
AUSÊNCIA DE PROVA. Não tendo a reclamante comprovado a sentença prolatada nos autos do processo nº 0000471-
existência do alegado grupo econômico Helga-Hanova, composto 51.2018.5.07.0006, de lavra da magistrada Taciana Orlovicin
de diversas empresas, reforma-se a sentença para afastar a Gonçalves Pita (ID. 984dd8d).
responsabilidade solidária pretendida pela autora. Nesse ponto, destaco, inicialmente, que o novo CPC trouxe
RECURSO CONHECIDO E DADO PROVIMENTO PARCIAL permissivo expresso quanto à possibilidade de utilização da prova
Acolhe-se o presente recurso, uma vez que preenchidos os Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em
EMPRESTADA - DO ALEGADO CERCEAMENTO DE DEFESA partes foram submetidas ao contraditório e, havendo identidade dos
Aduz a recorrente, preliminarmente, que houve cerceamento de seu fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de
integralmente a motivação da sentença proferida na reclamatória Quanto a alegativa de que as reportadas transcrições dos
trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu depoimentos carregam relatos fáticos que não integram as razões
entendimento, a partir das provas orais ali consignadas, mas que, da exordial, não merece acolhida, posto que a causa de pedir da
tais elementos probatórios não foram publicizadas à ora recorrente autora, no que se refere a responsabilidade solidária das acionadas,
no presente feito, com vistas à garantia do contraditório e da ampla trata justamente na alegada formação de grupo econômico entre as
defesa, verificando-se, pois, uma patente violação ao que dispõe o empresas, objeto da prova naqueles autos.
Juízo a quo dizem respeito aos fatos relacionados pela autora, no partes. Assim, a mera alegação da reclamada de que não
que pertine a alegada formação de grupo econômico entre as concordou com a utilização de prova emprestada não é suficiente
acionadas GRUPO HELGA (DISTR IBUIDORA HELGA para inviabilizar a sua utilização nestes autos. Precedentes.
COSMETICOS LTDA - ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME, Recurso de revista não conhecido" (TST, ARR - 3600-
HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, ORIGINAL 29.2010.5.12.0031 Data de Julgamento: 15/02/2017, Relator
COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de
COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS "B) RECURSO DE REVISTA. 1. NULIDADE DA SENTENÇA.
LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA CERCEAMENTO DE DEFESA. UTILIZAÇÃO DE PROVA
PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS EMPRESTADA SEM ANUÊNCIA. O Regional entendeu que a
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX utilização de prova emprestada consubstanciada em certidão de
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX averiguação produzida em outros autos, no qual a reclamada figura
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e como parte, não configura cerceamento de defesa, ante a
ROBERTO NENDZA - ME) e GRUPO HANOVA - HNV (HANOVA semelhança fática existente entre os processos, assim como da
INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, AL observância do contraditório e da ampla defesa. Com efeito, esta
PARTICIPAÇÕES LTDA, ANDERSON LUID DOS SANTOS Corte tem se posicionado no sentido de ser possível a utilização da
SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE COSMETICOS prova emprestada, não sendo imprescindível a anuência da parte
LTDA), assim como referem-se as mesmas demandadas, sendo adversa. Recurso de revista não conhecido" (TST, RR - 940-
permitido sua valoração como se houvesse sido produzida 27.2013.5.18.0181 Data de Julgamento: 09/11/2016, Relatora
diretamente nos autos examinados. Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT
foram respeitados o contraditório quando produzida em processos Requer o Recorrente, o reconhecimento da inépcia do pedido
judiciais, máxime,quando envolvendo a mesma empresa e quando relativo às parcelas de FGTS + 40%, e a extinção do pleito sem
os fatos guardam correlação com os da presente ação. resolução de mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15,
Nesse mesmo entendimento, colaciona-se a atual jurisprudência do sob o fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de
Tribunal Superior do Trabalho, in verbis: ingresso, inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso
IDENTIDADE FÁTICA. MESMAS RECLAMADAS. FGTS, em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o
NULIDADE PROCESSUAL NÃO CONFIGURADA. Esta Corte O processo trabalhista é regido pelo princípio da simplicidade das
admite a utilização da prova emprestada, desde que haja a formas, consagrado no art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta
identidade dos fatos considerados no documento emprestado e no uma breve exposição dos fatos para se considerar apta a exordial.
caso em julgamento, assim como ocorrido nesta hipótese, em que o Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal.
Regional registrou que"a prova emprestada foi produzida em § 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do
processo judicial que envolvia as mesmas rés da presente ação, Presidente da Junta, ou do juiz de direito a quem for dirigida, a
tendo sido observadas as formalidades estabelecidas em lei para a qualificação do reclamante e do reclamado, uma breve exposição
sua produção, bem como o princípio do contraditório. Segundo, dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura
porque os fatos a serem comprovados guardam correlação com os do reclamante ou de seu representante.
da presente ação. Terceiro, porque a referida prova emprestada foi § 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do
valorada pelo Juízo segundo o princípio do livre convencimento juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que
motivado, em conjunto com as demais provas dos autos". resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo, determinado e
Importante salientar também que a utilização de prova emprestada com indicação de seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou
não está condicionada à prévia anuência e concordância das de seu representante. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no Na peça de ingresso, requer o reclamante que seja caracterizada a
que couber, o disposto no parágrafo anterior. condição da segunda (VRX COMÉRCIO COSMÉTICOS E
§ 2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias BIJUTERIAS LTDA) e terceira reclamada (HANOVA
datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que COSMÉTICOS), de responsáveis solidárias pelos encargos
couber, o disposto no § 1o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº trabalhistas da primeira reclamada, HELGA COSMÉTICOS, em
§ 3o Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo Afirma que a primeira, segunda e terceira reclamadas foram
serão julgados extintos sem resolução do mérito. (Incluído pela Lei criadas, são dirigidas e controladas pelo pela Sra. Erica Pontes de
Como se observa, a Lei n. 13.467/17 fez referência expressa aos reclamada, HANOVA COSMÉTICOS, pois utilizou terceiro como
da CLT que o pedido deva "ser certo, determinado e com indicação Ressalta, que os objetos sociais das empresas são
No caso, em relação ao pedido de pagamento do FGTS e multa finalidade, sendo patente a formação de grupo econômico entre
indicação do valores pois da sua causa de pedir, entende-se No mérito, defende a recorrente, em síntese, a inexistência de fusão
logicamente que o autor fora demitido sem justa causa e sem e formação de grupo econômico com o GRUPO HELGA, sendo
recebimento de suas verbas rescisórias, fato este, incontroverso indevida a sua responsabilidade solidária pelos créditos deferidos
Na narrativa dos fatos, o acionante afirmou que ingressou na Argumenta que, em que pese tenha havido, nas redes sociais, um
reclamada no dia 01/08/2010, para exercer a função de gerente, anúncio de fusão entre os conglomerados Helga e Hanova, por
sendo demitida sem justa causa em 29/03/2018; que o último certo, tal reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão
salário percebido foi de R$ 3.200,00 (três mil e duzentos reais); que empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas
quando de sua demissão não recebeu qualquer valor, assim como regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos
não fora liberado Seguro Desemprego e FGTS, motivo pelo qual econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria,
pleiteia a liberação dos mesmos em sede de tutela antecipada; que mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que
o FGTS se encontra depositado apenas de forma parcial, apenas o possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses, o
valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais). que, também, não retrata o caso dos autos.
Em seguida, requereu que, Tendo em vista os argumentos jurídicos Esclarece, adiante, que há uma mera relação comercial, havendo
apresentados, ajuíza-se a presente Reclamação Trabalhista no total independência entre as empresas do GRUPO HANOVA em
intuito de serem satisfeitos todos os direitos da reclamante, quais relação às componentes do GRUPO HELGA, sendo a recorrente,
sejam: Saldo Salário, Aviso Prévio de 51 dias, 13º salário e férias mera fornecedora de produtos para o conglomerado empresarial
sobre aviso prévio, FGTS sobre rescisão, 13º salário proporcional HELGA, sem haver contudo, qualquer integração de interesses
3/12 de 2018, férias simples 2016/2017 e proporcionais 2017/2018 entre as empresas ou atuação conjunta.
Em relação ao rol dos pedidos, o autor requereu a condenação da A lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017 que alterou a Consolidação
reclamada ao pagamento das verbas rescisórias, incluindo FGTS E das Leis do Trabalho (CLT) trouxe novos parâmetros para
Em decorrência do princípio da simplicidade, que norteia o processo A nova redação alterou o parágrafo 2º e acrescentou o parágrafo 3º
trabalhista, o qual não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de a este artigo, conforme transcrição seguinte:
2017, a petição inicial ora em análise preencheu os requisitos do Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva,
art. 840 , da CLT, a qual, frise-se, não dificultou a defesa das que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria
beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem para que cada caso seja analisado com suas peculiaridades, sendo
fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados. ônus do autor a prova de suas alegações ( art. 818, da CLT c/c art.
§ 2º Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada 373, do NCPC).
uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a No caso em análise, o autor fundamenta sua pretensão com base
direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando, em notícias veiculadas nas redes sociais de possível fusão entre os
mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo grupos Helga Cosméticos e HNV, assim como colaciona fotos em
econômico, serão responsáveis solidariamente pelas que retrata parcerias entre as duas empresas, ID. 0d53e9e, sem,
obrigações decorrentes da relação de emprego. contudo, apresentar qualquer prova que indique ter realmente
§ 3º Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de ocorrido a "FUSÃO" das empresas, ou qualquer relação de
demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de Ao revés, a acionada Hanova Indústria e Comércio de Cosméticos
interesses e a atuação conjunta das empresas dele integrantes. Ltda colacionou aos autos documentos que demonstram a relação
A nova redação do art. 2º, além de manter a hipótese do grupo Helga (CRX COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA
econômico hierarquizado ou sob subordinação, introduz, ME, ALENCARINE COSMETICOS COMERCIO VAREJISTA E
expressamente, o outro modelo de grupo econômico, vertical, ou TREINAMENTO EIREL, HELGA MEDZA SALES & CIA LTDA -ME,
sob coordenação, trazendo para o texto legal, o entendimento dos ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA ME, VRX
Tribunais Regionais do Trabalho e do TST quanto a configuração de COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA ME, JOSE
Com relação a este modelo de grupo econômico coordenado, a COSMETICOS LTDA- ME, tais como notas fiscais de vendas de
Desembargadora Dra. Vólia Bomfim Cassar, do TRT da 1ª Região, mercadorias, termo de confissão de dívida e e-mails em que se
em seu livro Direito do Trabalho, afirma que: evidencia a parceria comercial entre as empresas ( venda de
Os grupos econômicos por coordenação se apresentam quando mercadorias), ID. de4b07e, ID. 4c4a838.
houver reunião de interesses para execução de determinado Na audiência de instrução, as reclamadas requerem a juntada de
empreendimento, tendo ou não o mesmo controle ou administração provas emprestadas (processos nºs. 461-92.2018.5.07.0010, 470-
comum. Logo, os grupos por coordenação podem ter relação de 54.2018.5.07.0010 e 471-39.2018.5.07.0010, tendo a autora
controle entre si, numa linha horizontal e não vertical. Isto é, não concordado com a juntada dos referidos depoimentos.
haverá, no grupo horizontal, uma empresa controladora e outra(s) No termo de audiência relativo ao processo nº. 0000461-
controlada(s), uma líder (holding) e outras lideradas. Todas são 92.2018.5.07.0010, a testemunha da reclamante afirmou que:
interligadas entre si e, apesar de autônomas e independentes, estão Primeira testemunha arrolada pela parte Reclamante Sr(a).
interligadas pela ingerência, administração comum, como se Francisca Edinusia Alves de Sousa: " (...)"que trabalhou na
subordinadas umas às outras administrativamente. Por trás desta reclamada Helga Cosméticos de 01/06/2006 a 23/02/2018 na
administração comum pode estar um sócio ou alguns sócios ou função de vendedora; que o reclamante, depoente e todos os
pessoa física no controle.(CASSAR, 2017,p.429). funcionários foram demitidos sem pagamento de verbas rescisórias
Logo, o aproveitamento dos serviços prestados pelo trabalhador por e nem do salário do último mês; que depoente trabalhou até
sociedades empresárias que mantenham relação de coordenação 23/fevereiro/2018, não sabendo o ultimo dia labutado pelo
entre si, formando o grupo econômico trabalhista, serão todas, por reclamante; que recebia ordem direta dos gerentes Luxeles,
consequência, responsabilizadas pela contraprestação devida ao Rosângela, Francisca Cirlane, os quais eram gerentes da loja
obreiro, atraindo a incidência do § 2º do artigo 2º da CLT do shopping Central da Helga Nendza Sales .". ÀS PERGUNTAS
Estabeleceu, igualmente, que "não caracteriza grupo econômico a "que houve uma reunião num domingo de julho/2017 onde foi
mera identidade de sócios. Assim, o patrimônio de empresas que comunicada a fusão da Hanova com a Helga Cosmeticos onde
têm sócios comuns, porém com atuam em setores diversos, estarão foram apresentados os novos patrões como sendo: Aline
Portanto, a análise da existência ou não da formação de um grupo a partir daí a prioridade era para vender os produtos da Hanova
econômico, deve-se observar o princípio da primazia da realidade, e Lavi, mesmo tendo outras marcas, mas a Hanova e Lavi
deveriam estar em primeiro lugar nas vendas; que antes da lojas da Helga, muito menos assumiu o comando dessa; que a
reunião já vendiam todo tipo de produto e de varias marcas, continuou a vendendo normalmente para as outras lojas, como
inclusive dos ora citados; que os proprietários da Helga e Hanova Cosbel, Anavi, Iap e outras; que não houve a fusão da Hanova com
estavam presentes na reunião, sendo Erica PontesMenezes e a Helga; que havia procedimento de cobrança normal das vendas
Alencar Junior proprietários da Helga.". ÀS PERGUNTAS DO DO(A) dos produtos Hanova;." ÀS PERGUNTAS DO DO(A) PATRONO(A)
PATRONO(A) DO(A) PARTE RECLAMADA RESPONDEU: "que DO(A) PARTE RECLAMANTE RESPONDEU: "que a reunião tem
depois da reunião depoente continuou trabalhando na mesma um caráter de marketing e não para apresentar fusão; que não
loja e o reclamante também, mas ambos trabalhavam em lojas houve comunicação formal da fusão entre a Hanova e Helga, mas
diferentes; que na reunião estavam os vendedores e gerentes; depoente soube que foi feita uma postagem no instagram da
que a faixada das lojas continuaram iguais; que não houve Helga onde foi usado o termo fusão com a Hanova; que quanto
mudança da chefia após a reunião, mas a sua chefe Luxeles ao doc. de fl. 8 se tratam das pessoas de Anderson (proprietário da
teve um problema de saúde e foi transferida para loja de Hanova) e Junior (proprietária da Helga) e o doc. de fl. 9 tratam das
Messejana, tendo ficado como gerente Rosangela; que Luxeles pessoas Aline (proprietária da Hanova) e Erica (proprietária da
e Rosangela eram gerentes da Helga; (...)." ( grifos nosso) Helga); (...)."( grifos nosso)
Conforme se extrai do depoimento supra, não se trata o caso de " No termo de audiência relativo ao processo nº. 0000470-
fusão" entre as empresas, tanto que a partir da reunião ocorrida em 54.2018.5.07.0010, o reclamante afirmou que :
julho de 2017, nada foi alterado na estrutura organizacional da O DEPOIMENTO PESSOAL DO RECLAMANTE: '" que depoente
empresa, assim como layout das lojas, tratando-se, na verdade, de era subgerente, que atuava em várias lojas da Helga e trabalhou até
um marketing e ações para incremento das vendas, através da 07/04/2018 porque as lojas fecharam, tendo a sra. Erica Pontes
fornecedora dos produtos, empresa HANOVA INDUSTRIA E (dona da Helga, esposa de Alencar Junior) comunicado a dispensa
COMERCIO DE COSMETICOS LTDA, fato este, confirmado pelos os quais eram chefes do depoente; (...) ; que a Helga vendia
depoimentos de reclamantes e testemunhas dos processos produtos de marca própria (Lavi), mas também da Hanova, Fatore,
utilizados como provas emprestadas nos autos, vejamos: Corpo Dourado e outros; que em julho/2017 houve a fusão da
Convocada a primeira testemunha arrolada pelas Reclamadas Hanova com a Helga, no que a prioridade passou a ser para vender
HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - produtos da Hanova e Lavi, mas ainda assim, a Helga continuou a
ME, AL PARTICIPACOES LTDA, ANDERSON LUID DOS vender produtos de outras marcas que já tinham estoque nas
SANTOS SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE lojas, e também continuou comprando produtos de outras
COSMETICOS LTDA, Sr(a). Emanuel Rodrigues de Albuquerque marcas para vender nas suas lojas; que as fachadas das lojas
(...): "que trabalha na Hanova desde março/2016 como gerente da Helga continuaram com o mesmo nome, após a fusão, e as
administrativo financeiro; ." ÀS PERGUNTAS DO(A) PATRONO(A) notas fiscais das vendas eram com o nome da Helga; que a
DO(A) PARTE RECLAMADA RESPONDEU: "que na metade do fusão da Helga e Hanova foi para o crescimento da Helga, mas
segundo semestre de 2017 houve uma reunião da Helga com a o dia a dia de trabalho continuou o mesmo de antes, porém
Hanova para uma parceria de fornecimento de produtos, pois a com a informação de que deveriam vender mais os produtos da
Hanova é uma industria; que o fornecimento dos produtos continuou Helga. ( grifos nosso)
da mesma forma, pois a Helga permaneceu como uma cliente Primeira testemunha arrolada pela parte Reclamante Sr(a).
norma; que a parceria teve o objetivo de aumentar o volume de Maria Irlane Silva Santos Desiderio: " (...) que no final de
vendas nas lojas e de fato aumentou, mas só no primeiro mês, julho/2017 foram convocadas para uma reunião no hotel meridional
pois logo em seguida a Helga entrou novamente em dificuldades no centro da cidade onde foi comunicada por Alencar Junior, Erica
financeiras e não conseguiu pagar os produtos que comprava, pois Pontes e Aline Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas
a divida já estava muito alta, de modo que a Helga não conseguia de que tudo iria mudar com a chegada de novos produtos, mas na
pagar nada na sua totalidade; que é uma prática comum serem pratica tudo continuou do mesmo jeito, pois continuou
feitas ações com as distribuidoras para estimular as vendas, e chegando produtos da marca propria da Helga (lavi) e da Helga,
os proprietários da Hanova comparecem pelo fato de que o os quais tinham prioridade para serem vendidos, e das outras
distribuidor Helga ser de grande porte, como também de outros marcas continuaram escassos; que sempre recebeu ordens
distribuidores; que na época da parceria a Helga já estava em das mesmas pessoas (Erica e Alencar), os quais pagavam o
débito com a Hanova; que a Hanova não colocou pessoas na salário da depoente; que todas as lojas da Helga fecharam; .".
RELATÓRIO
Intimado(s)/Citado(s):
Designado para redigir o acórdão, peço vênia para adotar o relatório
da lavra do Excelentíssimo Desembargador Relator Francisco José integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos,
Gomes da Silva, a seguir: mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou
"Trata-se de recurso ordinário ajuizado pela reclamada HNV como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera
INDUSTRIA E COSMÉTICOS LTDA interposto em face da decisão cópia de uma transcrição parcial realizada no bojo de uma sentença
do Juízo da 18ª Vara do Trabalho de Fortaleza (ID. 984dd8d), que proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou,
JULGOU a reclamatória PROCEDENTE EM PARTE, para naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova
condenar, SOLIDARIAMENTE, as reclamadas DISTRIBUIDORA emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito.
HELGA COSMÉTICOS LTDA - ME; HELGA COSMÉTICOS LTDA Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam
- ME; HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME; ORIGINAL relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo
COMERCIO DE COSMÉTICOS LTDA - ME; MULTIPLA reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art.
COSMÉTICOS LTDA - EPP; J R COMERCIO DE COSMÉTICOS Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno
LTDA - ME; JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME; ERICA dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em
PONTES DE MENESES; ALENCARINE COSMÉTICOS conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine.
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS; CRX COMERCIO Adiante, requer o reconhecimento da inépcia do pedido relativo às
DE COSMÉTICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME; VRX COMERCIO parcelas de FGTS + 40%, a extinção do pleito sem resolução de
DE COSMÉTICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME; ROBERTO mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15, sob o
NENDZA - ME; HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de ingresso,
COSMÉTICOS LTDA - ME; AL PARTICIPACOES LTDA; inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso e de
ANDERSON LUID DOS SANTOS SEVERO - ME; MULT dispensa, realizou o pedido correspondente às parcelas de FGTS
DISTRIBUIDORA DE COSMÉTICOS LTDA; BRC - BRAZIL em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o saldo
ALENCAR MARTINS as seguintes parcelas: a.Saldo de salário (29 No mérito, defende a recorrente, em síntese, a inexistência de
dias); b. Aviso prévio (51 dias); com reflexos no 13º salário e férias; fusão e formação de grupo econômico com o GRUPO HELGA,
c. Férias simples 2016/2017 e proporcionais (8/12 avos), acrescidas sendo indevida a sua responsabilidade solidária pelos créditos
de 1/3 constitucional; d. 13º salário proporcional 2018 (3/12 avos); e. deferidos ao autor na presente reclamação trabalhista.
FGTS + 40%; f. Multa do art. 467 da CLT, incidente sobre os valores Argumenta, em que pese tenha havido, nas redes sociais, um
e parcelas rescisórias constantes no TRCT (ID. 7ad3499), bem anúncio de fusão entre os conglomerados Helga e Hanova, por
como sobre o FGTS não depositado e multa de 40% sobre todos os certo, tal reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão
valores devidos a título de FGTS ao longo da contratualidade; g. empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas
Multa do art. 477,§8º da CLT; h. Honorários advocatícios. regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos
A sentença fora complementada pelos aclaratórios de ID. 7081a1b, econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria,
com o fito de sanear a sentença embargada, determinando a mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que
compensação do valor de R$ 10.710,34, vez que a quantia foi possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses, o
recebida pela parte embargada, conforme comprovante de que, também, não retrata o caso dos autos.
transferência bancária de ID. 619A9a4. Esclarece, adiante, que há uma mera relação comercial, havendo
Aduz a recorrente, preliminarmente, que houve cerceamento de total independência entre as empresas do GRUPO HANOVA em
seu direito de defesa, ao argumento de que o juízo, ao adotar relação às componentes do GRUPO HELGA, sendo a recorrente,
integralmente a motivação da sentença proferido na reclamatória mera fornecedora de produtos para o conglomerado empresarial
trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu HELGA, sem haver contudo, qualquer integração de interesses
entendimento, por consequência, a partir das provas orais ali entre as empresas ou atuação conjunta.
consignadas, mas que, tais elementos probatórios não foram Por fim, requer a reforma da decisão de modo a afastar a
publicizadas à ora recorrente no presente feito, com vistas à inconstitucionalidade declarada de forma incidental do art. 791-A,
garantia do contraditório e da ampla defesa, verificando-se, pois, §4º, da CLT, haja vista inexistir afronta à Carga Magna, mormente
uma patente violação ao que dispõe o art. 312 do CPC/15. porque, nos ditames do art. 133 da Lei Maior, o advogado é
Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não indispensável à administração da justiça, e, caso esta Colenda
CRFB/1988, o qual prevê a cláusula de reserva de plenário para a O Juízo, ao proferir a sentença, utilizou para o reconhecimento da
manutenção da declaração de inconstitucionalidade. existência de Grupo Econômico entre as acionadas (Grupo Hanova-
Após devidamente notificada, a recorrida apresentou suas Helga) como prova emprestada, os fundamento os lançados na
contrarrazões, conforme documento de ID. 15ffc62. sentença prolatada nos autos do processo nº 0000471-
A matéria versada no presente recurso dispensa a obrigatoriedade 51.2018.5.07.0006, de lavra da magistrada Taciana Orlovicin
de parecer prévio da douta PRT (art. 109, do Regimento Interno)" Gonçalves Pita (ID. 984dd8d).
Acolhe-se o presente recurso, uma vez que preenchidos os emprestada, desde que observado o contraditório, conforme
Peço vênia para adotar os fundamentos do voto do Excelentíssimo outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado,
apreciação das preliminares, nos seguintes termos: Assim, havendo previsão legal para utilização da prova emprestada
EMPRESTADA - DO ALEGADO CERCEAMENTO DE DEFESA partes foram submetidas ao contraditório e, havendo identidade dos
Aduz a recorrente, preliminarmente, que houve cerceamento de seu fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de
integralmente a motivação da sentença proferida na reclamatória Quanto a alegativa de que as reportadas transcrições dos
trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu depoimentos carregam relatos fáticos que não integram as razões
entendimento, a partir das provas orais ali consignadas, mas que, da exordial, não merece acolhida, posto que a causa de pedir da
tais elementos probatórios não foram publicizadas à ora recorrente autora, no que se refere a responsabilidade solidária das acionadas,
no presente feito, com vistas à garantia do contraditório e da ampla trata justamente na alegada formação de grupo econômico entre as
defesa, verificando-se, pois, uma patente violação ao que dispõe o empresas, objeto da prova naqueles autos.
Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não Juízo a quo dizem respeito aos fatos relacionados pela autora, no
integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos, que pertine a alegada formação de grupo econômico entre as
mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou acionadas GRUPO HELGA (DISTR IBUIDORA HELGA
como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera COSMETICOS LTDA - ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME,
cópia de uma transcrição parcial realizada no bojo de uma sentença HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, ORIGINAL
proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou, COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA
naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - EPP, BELLA
emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito. COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS
Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA
relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS
reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art. COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX
Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e
dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em ROBERTO NENDZA - ME) e GRUPO HANOVA - HNV (HANOVA
conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine. INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, AL
de provas emprestadas, relativo aos depoimentos testemunhais dos LTDA), assim como referem-se as mesmas demandadas, sendo
processos 461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471- permitido sua valoração como se houvesse sido produzida
39.2018.5.07.0010 (ID. bae0442, ID. ed35241, ID. 5cd9c24, ID. diretamente nos autos examinados.
foram respeitados o contraditório quando produzida em processos Requer o Recorrente, o reconhecimento da inépcia do pedido
judiciais, máxime,quando envolvendo a mesma empresa e quando relativo às parcelas de FGTS + 40%, e a extinção do pleito sem
os fatos guardam correlação com os da presente ação. resolução de mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15,
Nesse mesmo entendimento, colaciona-se a atual jurisprudência do sob o fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de
Tribunal Superior do Trabalho, in verbis: ingresso, inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso
IDENTIDADE FÁTICA. MESMAS RECLAMADAS. FGTS, em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o
NULIDADE PROCESSUAL NÃO CONFIGURADA. Esta Corte O processo trabalhista é regido pelo princípio da simplicidade das
admite a utilização da prova emprestada, desde que haja a formas, consagrado no art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta
identidade dos fatos considerados no documento emprestado e no uma breve exposição dos fatos para se considerar apta a exordial.
caso em julgamento, assim como ocorrido nesta hipótese, em que o Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal.
Regional registrou que"a prova emprestada foi produzida em § 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do
processo judicial que envolvia as mesmas rés da presente ação, Presidente da Junta, ou do juiz de direito a quem for dirigida, a
tendo sido observadas as formalidades estabelecidas em lei para a qualificação do reclamante e do reclamado, uma breve exposição
sua produção, bem como o princípio do contraditório. Segundo, dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura
porque os fatos a serem comprovados guardam correlação com os do reclamante ou de seu representante.
da presente ação. Terceiro, porque a referida prova emprestada foi § 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do
valorada pelo Juízo segundo o princípio do livre convencimento juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que
motivado, em conjunto com as demais provas dos autos". resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo, determinado e
Importante salientar também que a utilização de prova emprestada com indicação de seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou
não está condicionada à prévia anuência e concordância das de seu representante. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
partes. Assim, a mera alegação da reclamada de que não § 2º - Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em 2 (duas)
concordou com a utilização de prova emprestada não é suficiente vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no
para inviabilizar a sua utilização nestes autos. Precedentes. que couber, o disposto no parágrafo anterior.
Recurso de revista não conhecido" (TST, ARR - 3600- § 2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias
29.2010.5.12.0031 Data de Julgamento: 15/02/2017, Relator datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que
Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de couber, o disposto no § 1o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº
"B) RECURSO DE REVISTA. 1. NULIDADE DA SENTENÇA. § 3o Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo
CERCEAMENTO DE DEFESA. UTILIZAÇÃO DE PROVA serão julgados extintos sem resolução do mérito. (Incluído pela Lei
utilização de prova emprestada consubstanciada em certidão de Como se observa, a Lei n. 13.467/17 fez referência expressa aos
averiguação produzida em outros autos, no qual a reclamada figura requisitos da petição inicial trabalhista, dispondo no § 1º do art. 840
como parte, não configura cerceamento de defesa, ante a da CLT que o pedido deva "ser certo, determinado e com indicação
observância do contraditório e da ampla defesa. Com efeito, esta No caso, em relação ao pedido de pagamento do FGTS e multa
Corte tem se posicionado no sentido de ser possível a utilização da rescisória, o reclamante fez pedido certo, determinado e com
prova emprestada, não sendo imprescindível a anuência da parte indicação do valores pois da sua causa de pedir, entende-se
adversa. Recurso de revista não conhecido" (TST, RR - 940- logicamente que o autor fora demitido sem justa causa e sem
27.2013.5.18.0181 Data de Julgamento: 09/11/2016, Relatora recebimento de suas verbas rescisórias, fato este, incontroverso
Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT nos autos.
Na narrativa dos fatos, o acionante afirmou que ingressou na sócios José Alencar Sales Júnior e Érica Pontes de Meneses. Alega
reclamada no dia 01/08/2010, para exercer a função de gerente, que, em meados de 2017, os sócios do Grupo Helga iniciaram
sendo demitida sem justa causa em 29/03/2018; que o último negociações para fusão com o Grupo Hanova (HNV), fusão de
salário percebido foi de R$ 3.200,00 (três mil e duzentos reais); que empresas esta que foi oficialmente tornada pública em julho de
quando de sua demissão não recebeu qualquer valor, assim como 2017, expondo o rol de empresas que compõem o Grupo Hanova -
não fora liberado Seguro Desemprego e FGTS, motivo pelo qual HNV (HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS
pleiteia a liberação dos mesmos em sede de tutela antecipada; que LTDA - ME, AL PARTICIPAÇÕES LTDA, ANDERSON LUID DOS
o FGTS se encontra depositado apenas de forma parcial, apenas o SANTOS SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE
valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais). COSMETICOS LTDA), à época todas dirigidas pelos sócios
Em seguida, requereu que, Tendo em vista os argumentos jurídicos Anderson Luid Santos Severo e Aline Cristina Silva Souza Severo.
apresentados, ajuíza-se a presente Reclamação Trabalhista no Sustenta que, a partir de julho de 2017, independentemente do
intuito de serem satisfeitos todos os direitos da reclamante, quais cumprimento das obrigações legais para efetivação da fusão, qual
sejam: Saldo Salário, Aviso Prévio de 51 dias, 13º salário e férias seja a extinção das pessoas jurídicas da empresa incorporada com
sobre aviso prévio, FGTS sobre rescisão, 13º salário proporcional o surgimento de uma nova, tal fusão de fato ocorreu e todos os
3/12 de 2018, férias simples 2016/2017 e proporcionais 2017/2018 empregados passaram à subordinação do Grupo Hanova-Helga, o
todas acrescidas do terço constitucional, FGTS e multa de 40%. qual configura grupo econômico por coordenação, impondo a
Em relação ao rol dos pedidos, o autor requereu a condenação da responsabilização solidária entre as empresas do grupo. Entende
reclamada ao pagamento das verbas rescisórias, incluindo FGTS E que a fusão entre as empresas com a criação, em outubro de 2017,
Em decorrência do princípio da simplicidade, que norteia o processo eram sócios o filho dos sócios do Grupo Helga e a mãe do sócio do
trabalhista, o qual não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de Grupo Hanova), teria como única finalidade ocultar os sócios de fato
2017, a petição inicial ora em análise preencheu os requisitos do da nova empresa e ainda o de conseguir nova linha de crédito na
art. 840 , da CLT, a qual, frise-se, não dificultou a defesa das praça. Postula, caso não se conclua pela existência de grupo
A sentença reconheceu o grupo econômico entre as empresas da marca mista "Helga" por cinco anos, sem jamais exercer
demandadas, consoante os seguintes fundamentos: qualquer gerência direta, pois o Sr. José Alencar Sales Júnior
"Diante da identidade da matéria (fática e jurídica), adoto continuou a exercer a direção, gerência e coordenação das
integralmente os fundamentos lançados na brilhante sentença empresas. Por essa razão, pretende a responsabilização solidária
prolatada nos autos da 0000471-51.2018.5.07.0006, de lavra da da ré BRC BRAZIL COSMÉTICOS LTDA, uma vez identificada a
magistrada Taciana Orlovicin Gonçalves Pita, acerca da fraude ocorrida e a evidente direção do efetivo sócio do Grupo
'Afirma a parte reclamante que as empresas que compõem o antigo Em suas contestações, as rés negam a formação de grupo
GRUPO HELGA (DISTRIBUIDORA HELGA COSMETICOS LTDA - econômico entre as empresas do Grupo Helga e Hanova As
ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES reclamadas DISTRIBUIDORA HELGA COSMETICOS LTDA - ME,
& CIA LTDA - ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS HELGA COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES & CIA
LTDA - ME, MULTIPLA COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - LTDA - ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME,
EPP, BELLA COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE MULTIPLA COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - EPP,
COSMETICOS LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, BELLACOSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE
ERICA PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS COSMETICOS LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME,
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX ERICA PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX
ROBERTO NENDZA - ME) são dirigidas e coordenadas pelos COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME,
ROBERTO NENDZA - ME (1ª a 13ª reclamadas), não refutam o Quanto ao grupo econômico alegado em relação aos grupos
grupo econômico entre si, tendo contestado a formação de grupo HELGA e HANOVA, a autora juntou aos autos várias fotografias
com as empresas do Grupo HANOVA (14ª a 16ª reclamadas), com com os Srs. Anderson Luid Dos Santos Severo, José Alencar Sales
a MULT DISTRIBUIDORA (17ª reclamada) e com a BCR (18ª Junior, Aline Cristina Silva Souza Severo e Érica Pontes de
reclamada), alegando que o grupo HANOVA tem como objeto social Meneses, sócios das empresa Hanova e Helga, divulgadas em meio
a produção de produtos de beleza, e que inexiste hierarquia e/ou digital em julho de 2017, anunciando a fusão entre as empresas do
coordenação entre as empresas. Sustenta que a BCR está sob a Grupo Helga com aquelas do Grupo Hanova (HNV), com
égide da Lei 11.101//05, tendo comprado o direito de utilização da fundamento na expansão e aquisições realizadas pelo grupo
marca "Helga" por cinco anos. HANOVA, podendo se perceber que nas fotos, aparece o diretor do
As reclamadas HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE grupo HANOVA, o qual veste camisa com o nome HELGA NOVO
COSMETICOS LTDA - ME e ANDERSON LUID DOS SANTOS TEMPO e ainda uma figura que demonstra a junção de duas peças
SEVERO - ME reconhecem o grupo entre si e negam a formação de de quebra-cabeça nas quais constam os nomes dos dois grupos
grupo com as demais reclamadas, noticiando que são fornecedoras HANOVA e HELGA. Em que pese não haver alterações nas
de produtos à rede varejista, sendo uma das principais, o grupo estruturas das empresas formadoras dos grupos, resta claro que
HELGA, não tendo havido a fusão alegada, apenas relação houve uma intensa comunhão de interesses
fornecedor-cliente. Informam, ainda, que os fundos de comércio de econômicos/profissionais entre as empresas formadoras dos dois
empresas do Grupo Helga foram alienados por seus sócios- grupos. De acordo com a Lei 13.467/2017 são requisitos para a
proprietários da Helga para a empresa DX GROUP configuração do grupo econômico: a demonstração do interesse
PARTICIPAÇÕES E INVESTIMENTOS LTDA, que, por sua vez, integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta
não possuiria qualquer ligação com o Grupo Hanova, tratando-se de das empresas integrantes. A inexistência de uma hierarquia entre
empresa de investimentos de proveniente São Paulo. as empresas não descaracteriza o grupo econômico, se há a
A demandada AL PARTICIPACOES LTDA nega a formação de demonstração de que entre as empresas ocorre clara atuação
grupo econômico com quaisquer das demais empresas. conjunta, em linha de coordenação e comunhão de interesses, o
alega que nunca existiu de fato e nega a formação de grupo Ademais, a primeira testemunha laboral afirmou em seu
A ré BRC - BRAZIL COSMETICS LTDA informa que comprou os "(...) que havia comentários dentro da empresa de que ocorreu uma
direitos de uso da marca HELGA, não estando a reclamante sob fusão entre as empresas Helga e Hanova; que o gerente do
suas ordens, refutando a formação de grupo econômico com depoente comentou que ocorreria a fusão e que o depoente
quaisquer das demais empresas reclamadas e pleiteia que, em continuaria a prestar serviços para as duas empresas; que o
caso de condenação, seja de forma subsidiária. depoente já chegou, mesmo prestando serviços para a Helga,
Pois bem. prestar serviços para a Hanova, tais como rotulagem de produtos,
Inicialmente, declaro a responsabilidade solidária das empresas embalagem de mercadorias e fazendo entregas; que depois dos
DISTRIBUIDORA HELGA COSMETICOS LTDA - ME, HELGA comentários da fusão, o depoente também começou a receber
COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ordens do Sr. Paulo, empregado da Hanova, responsável pela
MULTIPLA COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - EPP, BELLA Ainda, a segunda testemunha da autora noticiou:
COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS "que trabalhou para Helga de 01/02/2010 a 14/04/2018 na função
LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA de estoquista; que trabalhou com a reclamante; que o gerente,
PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS Sr.Evandro comentou com o depoente que havia sido feita uma
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX sociedade entre a Helga e a Hanova; que, após o comentário, o
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX depoente também começo a prestar serviços para a Hanova
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, abastecendo e descarregando as mercadorias da empresa Hanova
ROBERTO NENDZA - ME (1ª a 13ª reclamadas), nos termos do § nas seções das lojas Helga, limpando as mercadorias; que o
2º do art. 2º da CLT, as quais reconheceram a formação de grupo depoente não recebia ordens de nenhum empregado da Hanova;
econômico entre si, encontrando-se, dentre estas, a empregadora. que as lojas Helga também vendiam produtos de outras indústrias e
não só da empresa Hanova; que, em relação às mercadorias das Santana Severo, neste feiro e nos processos nº0000470-
mercadorias eram feitos por empregados destas indústrias; que a 61.2018.5.07.0010, cujos termos de audiência foram anexados aos
Saliente-se que o fato de terem sido alienados fundos de comércio diverso das empresas do grupo HANOVA não é suficiente para
de empresas do Grupo Helga para a empresa DX GROUP afastar a formação do grupo econômico com HNV INDÚSTRIA E
PARTICIPAÇÕES E INVESTIMENTOS LTDA não afeta a presente COMÉRCIO DE COSMÉTICOS LTDA e ANDERSON LUID DOS
demanda, pois apenas houve a alienação parcial das quotas SANTOS SEVERO - ME.
empresariais de somente algumas das empresas do Grupo. Sendo assim, reconheço que a empresa AL PARTICIPAÇÕES
Insta destacar, também, que a alegação da reclamada ANDERSON LTDA pertence ao grupo econômico HANOVA, o qual restou
LUID DOS SANTOS SEVERO ME de que a relação havida entre os condenada solidariamente, aplicando a esta a mesma
apontados conglomerados empresariais era de apenas fornecedor- responsabilidade, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da CLT.
cliente não se sustenta, ressaltando que a mensagem eletrônica e a No que tange à reclamada MULT DISTRIBUIDORA DE
confissão de dívida datam de período anterior à "fusão" noticiada, o COSMETICOS LTDA, observa-se efetivamente formalizada em
que só veio a ocorrer em julho de 2017. 24/10/2017 pouco tempo após a fusão dos grupos HELGA e
Diante do exposto, reconheço a existência de grupo econômico por HANOVA, com atuação na vendas de produtos de higiene, tendo
coordenação entre todas as empresas dos Grupos HELGA e como sócios os Srs. Matheus Pontes Sales e Maria de Fátima dos
HANOVA, as quais declaro responsáveis solidárias pelas verbas Santos Severo, os quais são, respectivamente, o filho dos titulares
decorrentes da condenação, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da do Grupo Helga e a mãe de um dos proprietários do Grupo Hanova
CLT. (Anderson Luid dos Santos Severo), fato não contestado em defesa.
No que concerne à reclamada AL PARTICIPAÇÕES LTDA, verifica- Sendo assim, tenho que a empresa MULT DISTRIBUIDORA DE
se que na defesa das empresas formadoras do GRUPO HELGA COSMETICOS LTDA também participa dos Grupos Helga e
restou afirmado que as empresas HANOVA INDUSTRIA E Hanova, utilizando-se da mesma estrutura empresarial para a
COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, ANDERSON LUID consecução de seus objetivos financeiros, diante do que, resta
DOS SANTOS SEVERO - ME e AL PARTICIPACOES LTDA condenada solidariamente, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da
constituição da reclamada AL PARTICIPAÇÕES LTDA demonstra Por fim, quanto à ré BRC BRAZIL COSMETICS COMÉRCIO
que essa empresa tem como sócios os Srs. Anderson Liud dos VAREJISTA DE COSMÉTICOS EIRELI, verifica-se que ela
Santos Severo e Aline Cristina Silva Souza Severo, os quais se apresentou defesa através do mesmo escritório que a empregadora,
fizeram presentes ao evento em que foi anunciada a "fusão" entre na qual passou a repetir as mesmas alegações já apresentadas
os grupos empresariais, conforme fotografias anexadas aos autos. pelas 1ª a 13ª Reclamadas, além disso, observa-se que no
Ainda, o endereço eletrônico da AL PARTICIPAÇÕES LTDA comprovante de inscrição cadastral (CNPJ) consta endereço
Ademais, a Sra. Aline Cristina Silva Souza Severo é também sócia Ademais, apresentou carta de preposição que revelou
da empresa HNV INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE COSMÉTICOS representação através do mesmo preposto que a empregadora,
LTDA, cujo endereço eletrônico é razão pela qual, deve ser solidariamente responsável pelos créditos
"anderson@hanovacosméticos.com.br", conquanto o Sr. Anderson oriundos da presente demanda, nos moldes dos arts. 2º, § 2º, e 9º
Liud dos Santos Severo não faça parte do corpo societário dessa da CLT."
empresa. O Sr. Anderson Liud dos Santos Severo atua, ainda, Pontue-se, por oportuno, que as atas de audiência em nada
como empresário individual da ANDERSON LUID DOS SANTOS corroboram com a tese da demandada, uma vez que se verifica,
SEVERO ME. Por fim, saliento que as empresas HNV INDÚSTRIA com extrema facilidade, que a testemunha da reclamada, Sr.
LTDA, ANDERSON LUID DOS SANTOS SEVERO - ME e MULT processos, busca, sem nenhum sucesso, sustentar os termos da
fizeram representar pelo mesmo preposto, o Sr. Luiz Gustavo Ademais, por mais que tenha declarado que "que na metade do
segundo semestre de 2017 houve uma reunião da Helga com a conclusões do juízo de primeiro grau, razão pela qual se há perfilhar
Hanova para uma parceria de fornecimento de produtos", com os motivos da decisão vergastada, ora endossados e
afirmou, posteriormente, que "soube que foi feita uma postagem integrantes das presentes razões de decidir.
no instagram da Helga onde foi usado o termo fusão com a Consoante o § 2º do art. 2º da CLT, "sempre que uma ou mais
Por outro lado, as testemunhas Francisca Edinusia Alves de Sousa própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de
e Maria Irlane Silva Santos outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua
Desiderio, apresentadas pelas partes autoras, nas referidas atas de autonomia, integrem grupo econômico, serão responsáveis
audiências, possuem depoimentos uníssonos no que tange à solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de
empregados são uníssonas ("que no final de julho/2017 foram Nesta esteira, o delineamento do que se convencionou chamar
convocadas para uma reunião no hotel meridional no centro da grupo econômico, pela dicção da Consolidação das Leis do
cidade onde foi comunicada por Alencar Junior, Erica Pontes e Trabalho, importa na evidência da integração dos
Aline Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas de empreendimentos, de forma a vincular, direta ou indiretamente, as
que tudo iria mudar com a chegada de novos produtos, mas na empresas.
pratica tudo continuou do mesmo jeito, pois continuou Este aspecto restou caracterizado nos autos, sendo certo que se
chegando produtos da marca própria da Helga (lavi) e da Helga, verificam elementos suficientes para que seja corroborada a
os quais tinham prioridade para serem vendidos" - depoimento conclusão da sentença recorrida.
de Maria Irlane Silva Santos Desiderio) e ("que houve uma Como bem destacado pela sentença, restou demonstrada nos autos
reunião num domingo de julho/2017 onde foi comunicada a a ampla divulgação realizada nas redes sociais, em julho de 2017,
fusão da Hanova com a Helga Cosmeticos onde foram acerca da fusão das empresas do Grupo Helga com aquelas do
apresentados os novos patrões como sendo: Aline Severo e Grupo Hanova. Eis os dizeres da publicação (V. ID 0d53e9e - Pág.
seu esposo Anderson ambos donos da Hanova; que a a partir 2): "Temos o orgulho de anunciar que começou um novo tempo. O
daí a prioridade era para vender os produtos da Hanova e Lavi" Grupo HNV detentor de várias marcas como a Hanova, em um
- depoimento de Francisca Edinusia Alves de Sousa)." processo de expansão e aquisições, realizou a fusão com o Grupo
A empresa recorrente manifesta no presente recurso ordinário o seu Helga Cosméticos. Tudo isso para que os nossos clientes possam
inconformismo, alegando, em síntese: "que a fusão e o grupo ter sempre à disposição o melhor atendimento, os melhores
econômico ostentam características diametralmente opostas"; "em produtos e a melhor experiência. Transformando para melhor, o seu
que pese tenha havido, nas redes sociais, um anúncio de fusão visual e a sua vida. #HelgaNovoTempo #Hanova #GrupoHNV
entre os conglomerados Helga e Hanova, por certo, tal #GrupoHelga #Beleza #Cabelos". Com a devida vênia da parte
reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão recorrente, este aspecto é relevante para a caracterização do grupo
empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas econômico sob investigação, demonstrando a plena possibilidade
regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos de que as marcas de cada um dos grupos estejam sob a
econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria, coordenação de um único conglomerado, o que afasta a tese
mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que recursal a respeito da estranheza de haver empresas concorrentes
"que a sentença de origem, em nenhum momento, cuidou de Além disso, vigora no Direito do Trabalho o princípio da primazia da
demonstrar a integração de interesses entre as empresas, a realidade, de modo a ser imprescindível destacar a prevalência dos
atuação conjunta, tampouco a comunhão de interesses, mas fatos da relação de emprego sobre os aspectos formais. Dessa
apenas limitou-se a discorrer, de forma bastante confusa, sobre forma, ainda que não ultimada, ao menos formalmente, com as
"fusão", sendo esta manifestante inexistente no caso vertente"; "que devidas baixas das pessoas jurídicas, a fusão mencionada nas
os depoimentos coligidos aos autos sob a rubrica de prova redes sociais, não há se desconhecer que houve a junção das
emprestada fulminam a pretensão autoral, quer pelo viés da fusão, empresas, que passaram a atuar integradas a um único grupo.
seja sob a óptica de agrupamento empresarial." Igualmente, salvo melhor juízo, os depoimentos das testemunhas
Não se vê nas razões recursais, com a devida vênia da parte não afastam o reconhecimento do grupo econômico. Ao revés,
recorrente, fundamentos que infirmem convincentemente as confirmam a fusão entre as empresas. Destaca-se, a este respeito,
o depoimento da primeira testemunha da parte reclamante, Sra. presença de elementos objetivos capazes de demonstrar que as
Maria Irlane Silva Santos Desiderio, ouvida no processo nº 0000470 empresas estavam integradas no mesmo grupo. É o que se
-54.2018.5.07.0010 (Ata de audiência de ID 5cd9c24 - Pág. 4), constatou à exaustão no presente feito.
trazido por empréstimo ao conjunto probatório pelas próprias Por oportuno, colhe-se o seguinte precedente jurisprudencial:
reclamadas, revelador de "(...) que no final de julho/2017 foram "Grupo econômico. Relação inter-empresarial. O grupo econômico
convocadas para uma reunião no hotel meridional no centro da para fins justrabalhistas não necessita se revestir das modalidades
cidade onde foi comunicada por Alencar Junior, Erica Pontes e Aline jurídicas típicas do Direito Econômico ou Direito Comercial
Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas de que tudo (holdings, consórcios, pools etc.). Não se exige, sequer, a prova
iria mudar com a chegada de novos produtos, mas na pratica tudo de sua formal institucionalização cartorial: pode-se acolher a
continuou do mesmo jeito, pois continuou chegando produtos da existência do grupo desde que surjam evidências probatórias
marca propria da Helga (lavi) e da Helga, os quais tinham prioridade de que estão presentes os elementos de integração inter-
para serem vendidos, e das outras marcas continuaram escassos". empresarial (abrangência subjetiva e nexo relacional) de que
Veja-se que a fusão foi comunicada aos empregados em reunião, fala a CLT (art. 2º, § 2º)" (Processo 00409002020085010025, TRT
constatação que reforça a ideia do grupo econômico, referindo-se a 1ª Região - 8ª Turma, Relatora Desembargadora Dalva Amélia de
depoente a tudo ter "continuado do mesmo jeito" ao modus Oliveira, Publicado em 30/06/2014)(destaquei).
operandi das vendas dos produtos e não à ausência de formação NEGA-SE PROVIMENTO.
marcas apresentavam seus produtos e realizavam treinamentos, Por unanimidade, conhecer do recurso ordinário para, rejeitar as
mas que com a Hanova o processo foi diferente, pois, além de ter preliminares suscitadas e, no mérito, por maioria, negar-lhe
mercadorias para serem vendidas nas lojas Helga, o que ocorreu DISPOSITIVO
com outros fornecedores em face das dívidas da empregadora ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2.ª TURMA DO TRIBUNAL
Não se olvida o depoimento da testemunha convidada pelas conhecer do recurso ordinário para, rejeitar as preliminares
reclamadas, Sr. Emanuel Rodrigues de Albuquerque, ouvida nos suscitadas e, no mérito, por maioria, negar-lhe provimento. Vencido
processos (461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471- o Desembargador Relator, que dava provimento ao apelo, para
39.2018.5.07.0010) trazidos por empréstimo ao conjunto probatório, excluir da condenação a responsabilidade solidária da reclamada
cujas declarações transparecem a ideia de demonstrar ter havido HNV INDÚSTRIA E COSMÉTICOS LTDA. Redigirá o acórdão o
apenas uma relação comercial, mas não uma fusão, entre as Desembargador Cláudio Soares Pires, com a integração do voto
demais elementos probatórios dos autos, não há de prevalecer o Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
quadro traçado pelo depoente, sendo de se destacar que ele próprio Francisco José Gomes da Silva (Presidente e Relator), Cláudio
admite não ter participado da reunião ocorrida em julho de 2017 (V. Soares Pires e Paulo Régis Machado Botelho. Presente ainda o(a)
ID's 5cd9c24 - Pág. 6 e 8eb6395 - Pág. 6), na qual fora anunciada a Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
fusão aos trabalhadores. de férias o Exmo. Sr. Desembargador Jefferson Quesado Junior.
Cumpre ressaltar, ainda, porquanto oportuno, que a estreita relação Fortaleza, 14 de outubro de 2019.
comercial entre as empresas dos grupos empresariais, consoante INTEGRA O PRESENTE ACÓRDÃO O VOTO VENCIDO DO EXMº
se denota pelas notas ficais de vendas de mercadorias anexadas DESEMBARGADOR FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA, in
econômico, mas, em verdade, a reforça, evidenciando além da EMENTA: PROVA EMPRESTADA. PREVISÃO LEGAL.
complementaridade entre os objetos sociais das empresas CONTRADITÓRIO OBSERVADO. O novo CPC trouxe permissivo
contratantes, o interesse integrado, a comunhão de interesses e a expresso quanto à possibilidade de utilização da prova emprestada,
atuação conjunta das empresas dele integrantes. desde que observado o contraditório, conforme previsão no art. 372.
Destarte, o quadro encontrado no presente feito permite a Assim, havendo previsão legal para utilização da prova emprestada
conclusão de que a empresa ora recorrente integra grupo e, observando que no processo nº 0000471-51.2018.5.07.0006 as
econômico com as reclamadas do grupo Helga. Importa examinar a partes foram submetidas ao contraditório e, havendo identidade dos
fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno
cerceamento de defesa. Preliminar rejeitada. dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em
PETIÇÃO INICIAL. ART. 840, §1º DA CLT. O processo trabalhista conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine.
art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta uma breve exposição Em audiência de instrução, as Reclamadas requereram a juntada
dos fatos para se considerar apta a exordial. Em decorrência do de provas emprestadas, relativo aos depoimentos testemunhais dos
princípio da simplicidade, que norteia o processo trabalhista, o qual processos 461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471-
não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de 2017, verifica-se que 39.2018.5.07.0010 (ID. bae0442, ID. ed35241, ID. 5cd9c24, ID.
EXISTÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO. ART. 2º, DA CLT. ÔNUS existência de Grupo Econômico entre as acionadas (Grupo Hanova-
DA PROVA. ART. 818, DA CLT C/C ART. 373, DO NCPC. Helga) como prova emprestada, os fundamento os lançados na
AUSÊNCIA DE PROVA. Não tendo a reclamante comprovado a sentença prolatada nos autos do processo nº 0000471-
existência do alegado grupo econômico Helga-Hanova, composto 51.2018.5.07.0006, de lavra da magistrada Taciana Orlovicin
de diversas empresas, reforma-se a sentença para afastar a Gonçalves Pita (ID. 984dd8d).
responsabilidade solidária pretendida pela autora. Nesse ponto, destaco, inicialmente, que o novo CPC trouxe
RECURSO CONHECIDO E DADO PROVIMENTO PARCIAL permissivo expresso quanto à possibilidade de utilização da prova
Acolhe-se o presente recurso, uma vez que preenchidos os Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em
EMPRESTADA - DO ALEGADO CERCEAMENTO DE DEFESA partes foram submetidas ao contraditório e, havendo identidade dos
Aduz a recorrente, preliminarmente, que houve cerceamento de seu fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de
integralmente a motivação da sentença proferida na reclamatória Quanto a alegativa de que as reportadas transcrições dos
trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu depoimentos carregam relatos fáticos que não integram as razões
entendimento, a partir das provas orais ali consignadas, mas que, da exordial, não merece acolhida, posto que a causa de pedir da
tais elementos probatórios não foram publicizadas à ora recorrente autora, no que se refere a responsabilidade solidária das acionadas,
no presente feito, com vistas à garantia do contraditório e da ampla trata justamente na alegada formação de grupo econômico entre as
defesa, verificando-se, pois, uma patente violação ao que dispõe o empresas, objeto da prova naqueles autos.
Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não Juízo a quo dizem respeito aos fatos relacionados pela autora, no
integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos, que pertine a alegada formação de grupo econômico entre as
mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou acionadas GRUPO HELGA (DISTR IBUIDORA HELGA
como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera COSMETICOS LTDA - ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME,
cópia de uma transcrição parcial realizada no bojo de uma sentença HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, ORIGINAL
proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou, COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA
naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - EPP, BELLA
emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito. COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS
Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA
relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS
reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art. COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e como parte, não configura cerceamento de defesa, ante a
ROBERTO NENDZA - ME) e GRUPO HANOVA - HNV (HANOVA semelhança fática existente entre os processos, assim como da
INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, AL observância do contraditório e da ampla defesa. Com efeito, esta
PARTICIPAÇÕES LTDA, ANDERSON LUID DOS SANTOS Corte tem se posicionado no sentido de ser possível a utilização da
SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE COSMETICOS prova emprestada, não sendo imprescindível a anuência da parte
LTDA), assim como referem-se as mesmas demandadas, sendo adversa. Recurso de revista não conhecido" (TST, RR - 940-
permitido sua valoração como se houvesse sido produzida 27.2013.5.18.0181 Data de Julgamento: 09/11/2016, Relatora
diretamente nos autos examinados. Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT
foram respeitados o contraditório quando produzida em processos Requer o Recorrente, o reconhecimento da inépcia do pedido
judiciais, máxime,quando envolvendo a mesma empresa e quando relativo às parcelas de FGTS + 40%, e a extinção do pleito sem
os fatos guardam correlação com os da presente ação. resolução de mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15,
Nesse mesmo entendimento, colaciona-se a atual jurisprudência do sob o fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de
Tribunal Superior do Trabalho, in verbis: ingresso, inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso
IDENTIDADE FÁTICA. MESMAS RECLAMADAS. FGTS, em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o
NULIDADE PROCESSUAL NÃO CONFIGURADA. Esta Corte O processo trabalhista é regido pelo princípio da simplicidade das
admite a utilização da prova emprestada, desde que haja a formas, consagrado no art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta
identidade dos fatos considerados no documento emprestado e no uma breve exposição dos fatos para se considerar apta a exordial.
caso em julgamento, assim como ocorrido nesta hipótese, em que o Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal.
Regional registrou que"a prova emprestada foi produzida em § 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do
processo judicial que envolvia as mesmas rés da presente ação, Presidente da Junta, ou do juiz de direito a quem for dirigida, a
tendo sido observadas as formalidades estabelecidas em lei para a qualificação do reclamante e do reclamado, uma breve exposição
sua produção, bem como o princípio do contraditório. Segundo, dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura
porque os fatos a serem comprovados guardam correlação com os do reclamante ou de seu representante.
da presente ação. Terceiro, porque a referida prova emprestada foi § 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do
valorada pelo Juízo segundo o princípio do livre convencimento juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que
motivado, em conjunto com as demais provas dos autos". resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo, determinado e
Importante salientar também que a utilização de prova emprestada com indicação de seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou
não está condicionada à prévia anuência e concordância das de seu representante. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
partes. Assim, a mera alegação da reclamada de que não § 2º - Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em 2 (duas)
concordou com a utilização de prova emprestada não é suficiente vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no
para inviabilizar a sua utilização nestes autos. Precedentes. que couber, o disposto no parágrafo anterior.
Recurso de revista não conhecido" (TST, ARR - 3600- § 2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias
29.2010.5.12.0031 Data de Julgamento: 15/02/2017, Relator datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que
Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de couber, o disposto no § 1o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº
"B) RECURSO DE REVISTA. 1. NULIDADE DA SENTENÇA. § 3o Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo
CERCEAMENTO DE DEFESA. UTILIZAÇÃO DE PROVA serão julgados extintos sem resolução do mérito. (Incluído pela Lei
utilização de prova emprestada consubstanciada em certidão de Como se observa, a Lei n. 13.467/17 fez referência expressa aos
averiguação produzida em outros autos, no qual a reclamada figura requisitos da petição inicial trabalhista, dispondo no § 1º do art. 840
da CLT que o pedido deva "ser certo, determinado e com indicação Ressalta, que os objetos sociais das empresas são
No caso, em relação ao pedido de pagamento do FGTS e multa finalidade, sendo patente a formação de grupo econômico entre
indicação do valores pois da sua causa de pedir, entende-se No mérito, defende a recorrente, em síntese, a inexistência de fusão
logicamente que o autor fora demitido sem justa causa e sem e formação de grupo econômico com o GRUPO HELGA, sendo
recebimento de suas verbas rescisórias, fato este, incontroverso indevida a sua responsabilidade solidária pelos créditos deferidos
Na narrativa dos fatos, o acionante afirmou que ingressou na Argumenta que, em que pese tenha havido, nas redes sociais, um
reclamada no dia 01/08/2010, para exercer a função de gerente, anúncio de fusão entre os conglomerados Helga e Hanova, por
sendo demitida sem justa causa em 29/03/2018; que o último certo, tal reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão
salário percebido foi de R$ 3.200,00 (três mil e duzentos reais); que empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas
quando de sua demissão não recebeu qualquer valor, assim como regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos
não fora liberado Seguro Desemprego e FGTS, motivo pelo qual econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria,
pleiteia a liberação dos mesmos em sede de tutela antecipada; que mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que
o FGTS se encontra depositado apenas de forma parcial, apenas o possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses, o
valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais). que, também, não retrata o caso dos autos.
Em seguida, requereu que, Tendo em vista os argumentos jurídicos Esclarece, adiante, que há uma mera relação comercial, havendo
apresentados, ajuíza-se a presente Reclamação Trabalhista no total independência entre as empresas do GRUPO HANOVA em
intuito de serem satisfeitos todos os direitos da reclamante, quais relação às componentes do GRUPO HELGA, sendo a recorrente,
sejam: Saldo Salário, Aviso Prévio de 51 dias, 13º salário e férias mera fornecedora de produtos para o conglomerado empresarial
sobre aviso prévio, FGTS sobre rescisão, 13º salário proporcional HELGA, sem haver contudo, qualquer integração de interesses
3/12 de 2018, férias simples 2016/2017 e proporcionais 2017/2018 entre as empresas ou atuação conjunta.
Em relação ao rol dos pedidos, o autor requereu a condenação da A lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017 que alterou a Consolidação
reclamada ao pagamento das verbas rescisórias, incluindo FGTS E das Leis do Trabalho (CLT) trouxe novos parâmetros para
Em decorrência do princípio da simplicidade, que norteia o processo A nova redação alterou o parágrafo 2º e acrescentou o parágrafo 3º
trabalhista, o qual não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de a este artigo, conforme transcrição seguinte:
2017, a petição inicial ora em análise preencheu os requisitos do Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva,
art. 840 , da CLT, a qual, frise-se, não dificultou a defesa das que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria
Na peça de ingresso, requer o reclamante que seja caracterizada a fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados.
condição da segunda (VRX COMÉRCIO COSMÉTICOS E § 2º Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada
BIJUTERIAS LTDA) e terceira reclamada (HANOVA uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a
COSMÉTICOS), de responsáveis solidárias pelos encargos direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando,
trabalhistas da primeira reclamada, HELGA COSMÉTICOS, em mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo
Afirma que a primeira, segunda e terceira reclamadas foram obrigações decorrentes da relação de emprego.
criadas, são dirigidas e controladas pelo pela Sra. Erica Pontes de § 3º Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de
Meneses, que não aparece no contrato social da terceira sócios, sendo necessárias, para a configuração do grupo, a
reclamada, HANOVA COSMÉTICOS, pois utilizou terceiro como demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de
A nova redação do art. 2º, além de manter a hipótese do grupo Helga (CRX COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA
econômico hierarquizado ou sob subordinação, introduz, ME, ALENCARINE COSMETICOS COMERCIO VAREJISTA E
expressamente, o outro modelo de grupo econômico, vertical, ou TREINAMENTO EIREL, HELGA MEDZA SALES & CIA LTDA -ME,
sob coordenação, trazendo para o texto legal, o entendimento dos ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA ME, VRX
Tribunais Regionais do Trabalho e do TST quanto a configuração de COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA ME, JOSE
Com relação a este modelo de grupo econômico coordenado, a COSMETICOS LTDA- ME, tais como notas fiscais de vendas de
Desembargadora Dra. Vólia Bomfim Cassar, do TRT da 1ª Região, mercadorias, termo de confissão de dívida e e-mails em que se
em seu livro Direito do Trabalho, afirma que: evidencia a parceria comercial entre as empresas ( venda de
Os grupos econômicos por coordenação se apresentam quando mercadorias), ID. de4b07e, ID. 4c4a838.
houver reunião de interesses para execução de determinado Na audiência de instrução, as reclamadas requerem a juntada de
empreendimento, tendo ou não o mesmo controle ou administração provas emprestadas (processos nºs. 461-92.2018.5.07.0010, 470-
comum. Logo, os grupos por coordenação podem ter relação de 54.2018.5.07.0010 e 471-39.2018.5.07.0010, tendo a autora
controle entre si, numa linha horizontal e não vertical. Isto é, não concordado com a juntada dos referidos depoimentos.
haverá, no grupo horizontal, uma empresa controladora e outra(s) No termo de audiência relativo ao processo nº. 0000461-
controlada(s), uma líder (holding) e outras lideradas. Todas são 92.2018.5.07.0010, a testemunha da reclamante afirmou que:
interligadas entre si e, apesar de autônomas e independentes, estão Primeira testemunha arrolada pela parte Reclamante Sr(a).
interligadas pela ingerência, administração comum, como se Francisca Edinusia Alves de Sousa: " (...)"que trabalhou na
subordinadas umas às outras administrativamente. Por trás desta reclamada Helga Cosméticos de 01/06/2006 a 23/02/2018 na
administração comum pode estar um sócio ou alguns sócios ou função de vendedora; que o reclamante, depoente e todos os
pessoa física no controle.(CASSAR, 2017,p.429). funcionários foram demitidos sem pagamento de verbas rescisórias
Logo, o aproveitamento dos serviços prestados pelo trabalhador por e nem do salário do último mês; que depoente trabalhou até
sociedades empresárias que mantenham relação de coordenação 23/fevereiro/2018, não sabendo o ultimo dia labutado pelo
entre si, formando o grupo econômico trabalhista, serão todas, por reclamante; que recebia ordem direta dos gerentes Luxeles,
consequência, responsabilizadas pela contraprestação devida ao Rosângela, Francisca Cirlane, os quais eram gerentes da loja
obreiro, atraindo a incidência do § 2º do artigo 2º da CLT do shopping Central da Helga Nendza Sales .". ÀS PERGUNTAS
Estabeleceu, igualmente, que "não caracteriza grupo econômico a "que houve uma reunião num domingo de julho/2017 onde foi
mera identidade de sócios. Assim, o patrimônio de empresas que comunicada a fusão da Hanova com a Helga Cosmeticos onde
têm sócios comuns, porém com atuam em setores diversos, estarão foram apresentados os novos patrões como sendo: Aline
Portanto, a análise da existência ou não da formação de um grupo a partir daí a prioridade era para vender os produtos da Hanova
econômico, deve-se observar o princípio da primazia da realidade, e Lavi, mesmo tendo outras marcas, mas a Hanova e Lavi
para que cada caso seja analisado com suas peculiaridades, sendo deveriam estar em primeiro lugar nas vendas; que antes da
ônus do autor a prova de suas alegações ( art. 818, da CLT c/c art. reunião já vendiam todo tipo de produto e de varias marcas,
373, do NCPC). inclusive dos ora citados; que os proprietários da Helga e Hanova
No caso em análise, o autor fundamenta sua pretensão com base estavam presentes na reunião, sendo Erica PontesMenezes e
em notícias veiculadas nas redes sociais de possível fusão entre os Alencar Junior proprietários da Helga.". ÀS PERGUNTAS DO DO(A)
grupos Helga Cosméticos e HNV, assim como colaciona fotos em PATRONO(A) DO(A) PARTE RECLAMADA RESPONDEU: "que
que retrata parcerias entre as duas empresas, ID. 0d53e9e, sem, depois da reunião depoente continuou trabalhando na mesma
contudo, apresentar qualquer prova que indique ter realmente loja e o reclamante também, mas ambos trabalhavam em lojas
ocorrido a "FUSÃO" das empresas, ou qualquer relação de diferentes; que na reunião estavam os vendedores e gerentes;
coordenação entre elas. que a faixada das lojas continuaram iguais; que não houve
Ao revés, a acionada Hanova Indústria e Comércio de Cosméticos mudança da chefia após a reunião, mas a sua chefe Luxeles
Ltda colacionou aos autos documentos que demonstram a relação teve um problema de saúde e foi transferida para loja de
Messejana, tendo ficado como gerente Rosangela; que Luxeles pessoas Aline (proprietária da Hanova) e Erica (proprietária da
e Rosangela eram gerentes da Helga; (...)." ( grifos nosso) Helga); (...)."( grifos nosso)
Conforme se extrai do depoimento supra, não se trata o caso de " No termo de audiência relativo ao processo nº. 0000470-
fusão" entre as empresas, tanto que a partir da reunião ocorrida em 54.2018.5.07.0010, o reclamante afirmou que :
julho de 2017, nada foi alterado na estrutura organizacional da O DEPOIMENTO PESSOAL DO RECLAMANTE: '" que depoente
empresa, assim como layout das lojas, tratando-se, na verdade, de era subgerente, que atuava em várias lojas da Helga e trabalhou até
um marketing e ações para incremento das vendas, através da 07/04/2018 porque as lojas fecharam, tendo a sra. Erica Pontes
fornecedora dos produtos, empresa HANOVA INDUSTRIA E (dona da Helga, esposa de Alencar Junior) comunicado a dispensa
COMERCIO DE COSMETICOS LTDA, fato este, confirmado pelos os quais eram chefes do depoente; (...) ; que a Helga vendia
depoimentos de reclamantes e testemunhas dos processos produtos de marca própria (Lavi), mas também da Hanova, Fatore,
utilizados como provas emprestadas nos autos, vejamos: Corpo Dourado e outros; que em julho/2017 houve a fusão da
Convocada a primeira testemunha arrolada pelas Reclamadas Hanova com a Helga, no que a prioridade passou a ser para vender
HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - produtos da Hanova e Lavi, mas ainda assim, a Helga continuou a
ME, AL PARTICIPACOES LTDA, ANDERSON LUID DOS vender produtos de outras marcas que já tinham estoque nas
SANTOS SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE lojas, e também continuou comprando produtos de outras
COSMETICOS LTDA, Sr(a). Emanuel Rodrigues de Albuquerque marcas para vender nas suas lojas; que as fachadas das lojas
(...): "que trabalha na Hanova desde março/2016 como gerente da Helga continuaram com o mesmo nome, após a fusão, e as
administrativo financeiro; ." ÀS PERGUNTAS DO(A) PATRONO(A) notas fiscais das vendas eram com o nome da Helga; que a
DO(A) PARTE RECLAMADA RESPONDEU: "que na metade do fusão da Helga e Hanova foi para o crescimento da Helga, mas
segundo semestre de 2017 houve uma reunião da Helga com a o dia a dia de trabalho continuou o mesmo de antes, porém
Hanova para uma parceria de fornecimento de produtos, pois a com a informação de que deveriam vender mais os produtos da
Hanova é uma industria; que o fornecimento dos produtos continuou Helga. ( grifos nosso)
da mesma forma, pois a Helga permaneceu como uma cliente Primeira testemunha arrolada pela parte Reclamante Sr(a).
norma; que a parceria teve o objetivo de aumentar o volume de Maria Irlane Silva Santos Desiderio: " (...) que no final de
vendas nas lojas e de fato aumentou, mas só no primeiro mês, julho/2017 foram convocadas para uma reunião no hotel meridional
pois logo em seguida a Helga entrou novamente em dificuldades no centro da cidade onde foi comunicada por Alencar Junior, Erica
financeiras e não conseguiu pagar os produtos que comprava, pois Pontes e Aline Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas
a divida já estava muito alta, de modo que a Helga não conseguia de que tudo iria mudar com a chegada de novos produtos, mas na
pagar nada na sua totalidade; que é uma prática comum serem pratica tudo continuou do mesmo jeito, pois continuou
feitas ações com as distribuidoras para estimular as vendas, e chegando produtos da marca propria da Helga (lavi) e da Helga,
os proprietários da Hanova comparecem pelo fato de que o os quais tinham prioridade para serem vendidos, e das outras
distribuidor Helga ser de grande porte, como também de outros marcas continuaram escassos; que sempre recebeu ordens
distribuidores; que na época da parceria a Helga já estava em das mesmas pessoas (Erica e Alencar), os quais pagavam o
débito com a Hanova; que a Hanova não colocou pessoas na salário da depoente; que todas as lojas da Helga fecharam; .".
lojas da Helga, muito menos assumiu o comando dessa; que a (...).( grifos nosso)
continuou a vendendo normalmente para as outras lojas, como No termo de audiência relativo ao processo nº. 0000471-
Cosbel, Anavi, Iap e outras; que não houve a fusão da Hanova com 39.2018.5.07.0010 a reclamante afirmou que:
a Helga; que havia procedimento de cobrança normal das vendas DEPOIMENTO PESSOAL DO RECLAMANTE MARIA CLEOMAR
dos produtos Hanova;." ÀS PERGUNTAS DO DO(A) PATRONO(A) FERREIRA DE SOUSA ALMEIDA: " (...) que depoente era gerente
DO(A) PARTE RECLAMANTE RESPONDEU: "que a reunião tem da loja Helga situada na Rua Floriano Peixoto 577, e trabalhou de
um caráter de marketing e não para apresentar fusão; que não 01/03/2003 até 14/04/2018: " (...)que as fachadas das lojas da
houve comunicação formal da fusão entre a Hanova e Helga, mas Helga continuaram com o mesmo nome, após a fusão, e as notas
depoente soube que foi feita uma postagem no instagram da fiscais das vendas eram com o nome da Helga; que a fusão da
Helga onde foi usado o termo fusão com a Hanova; que quanto Helga e Hanova foi para o crescimento da Helga, mas o dia a dia de
ao doc. de fl. 8 se tratam das pessoas de Anderson (proprietário da trabalho continuou o mesmo de antes, porém com a informação de
Hanova) e Junior (proprietária da Helga) e o doc. de fl. 9 tratam das que deveriam vender mais os produtos da Hanova; (...)."
RELATÓRIO
Intimado(s)/Citado(s):
Designado para redigir o acórdão, peço vênia para adotar o relatório
- MULTIPLA COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - EPP
da lavra do Excelentíssimo Desembargador Relator Francisco José
RECORRENTE: JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, HELGA HELGA COSMÉTICOS LTDA - ME; HELGA COSMÉTICOS LTDA
NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, ORIGINAL COMERCIO DE - ME; HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME; ORIGINAL
COSMÉTICOS LTDA - ME, ERICA PONTES DE MENESES, COMERCIO DE COSMÉTICOS LTDA - ME; MULTIPLA
COSMÉTICOS LTDA - EPP; J R COMERCIO DE COSMÉTICOS Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno
LTDA - ME; JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME; ERICA dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em
PONTES DE MENESES; ALENCARINE COSMÉTICOS conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine.
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS; CRX COMERCIO Adiante, requer o reconhecimento da inépcia do pedido relativo às
DE COSMÉTICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME; VRX COMERCIO parcelas de FGTS + 40%, a extinção do pleito sem resolução de
DE COSMÉTICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME; ROBERTO mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15, sob o
NENDZA - ME; HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de ingresso,
COSMÉTICOS LTDA - ME; AL PARTICIPACOES LTDA; inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso e de
ANDERSON LUID DOS SANTOS SEVERO - ME; MULT dispensa, realizou o pedido correspondente às parcelas de FGTS
DISTRIBUIDORA DE COSMÉTICOS LTDA; BRC - BRAZIL em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o saldo
ALENCAR MARTINS as seguintes parcelas: a.Saldo de salário (29 No mérito, defende a recorrente, em síntese, a inexistência de
dias); b. Aviso prévio (51 dias); com reflexos no 13º salário e férias; fusão e formação de grupo econômico com o GRUPO HELGA,
c. Férias simples 2016/2017 e proporcionais (8/12 avos), acrescidas sendo indevida a sua responsabilidade solidária pelos créditos
de 1/3 constitucional; d. 13º salário proporcional 2018 (3/12 avos); e. deferidos ao autor na presente reclamação trabalhista.
FGTS + 40%; f. Multa do art. 467 da CLT, incidente sobre os valores Argumenta, em que pese tenha havido, nas redes sociais, um
e parcelas rescisórias constantes no TRCT (ID. 7ad3499), bem anúncio de fusão entre os conglomerados Helga e Hanova, por
como sobre o FGTS não depositado e multa de 40% sobre todos os certo, tal reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão
valores devidos a título de FGTS ao longo da contratualidade; g. empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas
Multa do art. 477,§8º da CLT; h. Honorários advocatícios. regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos
A sentença fora complementada pelos aclaratórios de ID. 7081a1b, econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria,
com o fito de sanear a sentença embargada, determinando a mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que
compensação do valor de R$ 10.710,34, vez que a quantia foi possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses, o
recebida pela parte embargada, conforme comprovante de que, também, não retrata o caso dos autos.
transferência bancária de ID. 619A9a4. Esclarece, adiante, que há uma mera relação comercial, havendo
Aduz a recorrente, preliminarmente, que houve cerceamento de total independência entre as empresas do GRUPO HANOVA em
seu direito de defesa, ao argumento de que o juízo, ao adotar relação às componentes do GRUPO HELGA, sendo a recorrente,
integralmente a motivação da sentença proferido na reclamatória mera fornecedora de produtos para o conglomerado empresarial
trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu HELGA, sem haver contudo, qualquer integração de interesses
entendimento, por consequência, a partir das provas orais ali entre as empresas ou atuação conjunta.
consignadas, mas que, tais elementos probatórios não foram Por fim, requer a reforma da decisão de modo a afastar a
publicizadas à ora recorrente no presente feito, com vistas à inconstitucionalidade declarada de forma incidental do art. 791-A,
garantia do contraditório e da ampla defesa, verificando-se, pois, §4º, da CLT, haja vista inexistir afronta à Carga Magna, mormente
uma patente violação ao que dispõe o art. 312 do CPC/15. porque, nos ditames do art. 133 da Lei Maior, o advogado é
Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não indispensável à administração da justiça, e, caso esta Colenda
integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos, Turma entenda de modo diverso, que seja observada o art. 97 da
mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou CRFB/1988, o qual prevê a cláusula de reserva de plenário para a
cópia de uma transcrição parcial realizada no bojo de uma sentença Após devidamente notificada, a recorrida apresentou suas
proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou, contrarrazões, conforme documento de ID. 15ffc62.
naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova A matéria versada no presente recurso dispensa a obrigatoriedade
emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito. de parecer prévio da douta PRT (art. 109, do Regimento Interno)"
reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art. Acolhe-se o presente recurso, uma vez que preenchidos os
Peço vênia para adotar os fundamentos do voto do Excelentíssimo outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado,
apreciação das preliminares, nos seguintes termos: Assim, havendo previsão legal para utilização da prova emprestada
EMPRESTADA - DO ALEGADO CERCEAMENTO DE DEFESA partes foram submetidas ao contraditório e, havendo identidade dos
Aduz a recorrente, preliminarmente, que houve cerceamento de seu fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de
integralmente a motivação da sentença proferida na reclamatória Quanto a alegativa de que as reportadas transcrições dos
trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu depoimentos carregam relatos fáticos que não integram as razões
entendimento, a partir das provas orais ali consignadas, mas que, da exordial, não merece acolhida, posto que a causa de pedir da
tais elementos probatórios não foram publicizadas à ora recorrente autora, no que se refere a responsabilidade solidária das acionadas,
no presente feito, com vistas à garantia do contraditório e da ampla trata justamente na alegada formação de grupo econômico entre as
defesa, verificando-se, pois, uma patente violação ao que dispõe o empresas, objeto da prova naqueles autos.
Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não Juízo a quo dizem respeito aos fatos relacionados pela autora, no
integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos, que pertine a alegada formação de grupo econômico entre as
mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou acionadas GRUPO HELGA (DISTR IBUIDORA HELGA
como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera COSMETICOS LTDA - ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME,
cópia de uma transcrição parcial realizada no bojo de uma sentença HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, ORIGINAL
proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou, COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA
naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - EPP, BELLA
emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito. COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS
Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA
relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS
reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art. COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX
Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e
dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em ROBERTO NENDZA - ME) e GRUPO HANOVA - HNV (HANOVA
conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine. INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, AL
de provas emprestadas, relativo aos depoimentos testemunhais dos LTDA), assim como referem-se as mesmas demandadas, sendo
processos 461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471- permitido sua valoração como se houvesse sido produzida
39.2018.5.07.0010 (ID. bae0442, ID. ed35241, ID. 5cd9c24, ID. diretamente nos autos examinados.
O Juízo, ao proferir a sentença, utilizou para o reconhecimento da utilizado a fundamentação da sentença, a qual considerou para
existência de Grupo Econômico entre as acionadas (Grupo Hanova- formação do convencimento da magistrada, depoimentos os quais
Helga) como prova emprestada, os fundamento os lançados na foram respeitados o contraditório quando produzida em processos
sentença prolatada nos autos do processo nº 0000471- judiciais, máxime,quando envolvendo a mesma empresa e quando
51.2018.5.07.0006, de lavra da magistrada Taciana Orlovicin os fatos guardam correlação com os da presente ação.
Gonçalves Pita (ID. 984dd8d). Nesse mesmo entendimento, colaciona-se a atual jurisprudência do
Nesse ponto, destaco, inicialmente, que o novo CPC trouxe Tribunal Superior do Trabalho, in verbis:
permissivo expresso quanto à possibilidade de utilização da prova UTILIZAÇÃO DE PROVA EMPRESTADA. POSSIBILIDADE.
emprestada, desde que observado o contraditório, conforme IDENTIDADE FÁTICA. MESMAS RECLAMADAS.
previsão no art. 372, que assim dispõe: DESNECESSIDADE DE PRÉVIA CONCORDÂNCIA DA PARTE
NULIDADE PROCESSUAL NÃO CONFIGURADA. Esta Corte O processo trabalhista é regido pelo princípio da simplicidade das
admite a utilização da prova emprestada, desde que haja a formas, consagrado no art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta
identidade dos fatos considerados no documento emprestado e no uma breve exposição dos fatos para se considerar apta a exordial.
caso em julgamento, assim como ocorrido nesta hipótese, em que o Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal.
Regional registrou que"a prova emprestada foi produzida em § 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do
processo judicial que envolvia as mesmas rés da presente ação, Presidente da Junta, ou do juiz de direito a quem for dirigida, a
tendo sido observadas as formalidades estabelecidas em lei para a qualificação do reclamante e do reclamado, uma breve exposição
sua produção, bem como o princípio do contraditório. Segundo, dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura
porque os fatos a serem comprovados guardam correlação com os do reclamante ou de seu representante.
da presente ação. Terceiro, porque a referida prova emprestada foi § 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do
valorada pelo Juízo segundo o princípio do livre convencimento juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que
motivado, em conjunto com as demais provas dos autos". resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo, determinado e
Importante salientar também que a utilização de prova emprestada com indicação de seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou
não está condicionada à prévia anuência e concordância das de seu representante. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
partes. Assim, a mera alegação da reclamada de que não § 2º - Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em 2 (duas)
concordou com a utilização de prova emprestada não é suficiente vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no
para inviabilizar a sua utilização nestes autos. Precedentes. que couber, o disposto no parágrafo anterior.
Recurso de revista não conhecido" (TST, ARR - 3600- § 2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias
29.2010.5.12.0031 Data de Julgamento: 15/02/2017, Relator datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que
Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de couber, o disposto no § 1o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº
"B) RECURSO DE REVISTA. 1. NULIDADE DA SENTENÇA. § 3o Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo
CERCEAMENTO DE DEFESA. UTILIZAÇÃO DE PROVA serão julgados extintos sem resolução do mérito. (Incluído pela Lei
utilização de prova emprestada consubstanciada em certidão de Como se observa, a Lei n. 13.467/17 fez referência expressa aos
averiguação produzida em outros autos, no qual a reclamada figura requisitos da petição inicial trabalhista, dispondo no § 1º do art. 840
como parte, não configura cerceamento de defesa, ante a da CLT que o pedido deva "ser certo, determinado e com indicação
observância do contraditório e da ampla defesa. Com efeito, esta No caso, em relação ao pedido de pagamento do FGTS e multa
Corte tem se posicionado no sentido de ser possível a utilização da rescisória, o reclamante fez pedido certo, determinado e com
prova emprestada, não sendo imprescindível a anuência da parte indicação do valores pois da sua causa de pedir, entende-se
adversa. Recurso de revista não conhecido" (TST, RR - 940- logicamente que o autor fora demitido sem justa causa e sem
27.2013.5.18.0181 Data de Julgamento: 09/11/2016, Relatora recebimento de suas verbas rescisórias, fato este, incontroverso
Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT nos autos.
INÉPCIA DA INICIAL sendo demitida sem justa causa em 29/03/2018; que o último
Requer o Recorrente, o reconhecimento da inépcia do pedido salário percebido foi de R$ 3.200,00 (três mil e duzentos reais); que
relativo às parcelas de FGTS + 40%, e a extinção do pleito sem quando de sua demissão não recebeu qualquer valor, assim como
resolução de mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15, não fora liberado Seguro Desemprego e FGTS, motivo pelo qual
sob o fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de pleiteia a liberação dos mesmos em sede de tutela antecipada; que
ingresso, inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso o FGTS se encontra depositado apenas de forma parcial, apenas o
e de dispensa, realizou o pedido correspondente às parcelas de valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais).
FGTS, em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o Em seguida, requereu que, Tendo em vista os argumentos jurídicos
intuito de serem satisfeitos todos os direitos da reclamante, quais cumprimento das obrigações legais para efetivação da fusão, qual
sejam: Saldo Salário, Aviso Prévio de 51 dias, 13º salário e férias seja a extinção das pessoas jurídicas da empresa incorporada com
sobre aviso prévio, FGTS sobre rescisão, 13º salário proporcional o surgimento de uma nova, tal fusão de fato ocorreu e todos os
3/12 de 2018, férias simples 2016/2017 e proporcionais 2017/2018 empregados passaram à subordinação do Grupo Hanova-Helga, o
todas acrescidas do terço constitucional, FGTS e multa de 40%. qual configura grupo econômico por coordenação, impondo a
Em relação ao rol dos pedidos, o autor requereu a condenação da responsabilização solidária entre as empresas do grupo. Entende
reclamada ao pagamento das verbas rescisórias, incluindo FGTS E que a fusão entre as empresas com a criação, em outubro de 2017,
Em decorrência do princípio da simplicidade, que norteia o processo eram sócios o filho dos sócios do Grupo Helga e a mãe do sócio do
trabalhista, o qual não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de Grupo Hanova), teria como única finalidade ocultar os sócios de fato
2017, a petição inicial ora em análise preencheu os requisitos do da nova empresa e ainda o de conseguir nova linha de crédito na
art. 840 , da CLT, a qual, frise-se, não dificultou a defesa das praça. Postula, caso não se conclua pela existência de grupo
A sentença reconheceu o grupo econômico entre as empresas da marca mista "Helga" por cinco anos, sem jamais exercer
demandadas, consoante os seguintes fundamentos: qualquer gerência direta, pois o Sr. José Alencar Sales Júnior
"Diante da identidade da matéria (fática e jurídica), adoto continuou a exercer a direção, gerência e coordenação das
integralmente os fundamentos lançados na brilhante sentença empresas. Por essa razão, pretende a responsabilização solidária
prolatada nos autos da 0000471-51.2018.5.07.0006, de lavra da da ré BRC BRAZIL COSMÉTICOS LTDA, uma vez identificada a
magistrada Taciana Orlovicin Gonçalves Pita, acerca da fraude ocorrida e a evidente direção do efetivo sócio do Grupo
'Afirma a parte reclamante que as empresas que compõem o antigo Em suas contestações, as rés negam a formação de grupo
GRUPO HELGA (DISTRIBUIDORA HELGA COSMETICOS LTDA - econômico entre as empresas do Grupo Helga e Hanova As
ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES reclamadas DISTRIBUIDORA HELGA COSMETICOS LTDA - ME,
& CIA LTDA - ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS HELGA COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES & CIA
LTDA - ME, MULTIPLA COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - LTDA - ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME,
EPP, BELLA COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE MULTIPLA COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - EPP,
COSMETICOS LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, BELLACOSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE
ERICA PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS COSMETICOS LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME,
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX ERICA PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX
ROBERTO NENDZA - ME) são dirigidas e coordenadas pelos COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME,
sócios José Alencar Sales Júnior e Érica Pontes de Meneses. Alega ROBERTO NENDZA - ME (1ª a 13ª reclamadas), não refutam o
que, em meados de 2017, os sócios do Grupo Helga iniciaram grupo econômico entre si, tendo contestado a formação de grupo
negociações para fusão com o Grupo Hanova (HNV), fusão de com as empresas do Grupo HANOVA (14ª a 16ª reclamadas), com
empresas esta que foi oficialmente tornada pública em julho de a MULT DISTRIBUIDORA (17ª reclamada) e com a BCR (18ª
2017, expondo o rol de empresas que compõem o Grupo Hanova - reclamada), alegando que o grupo HANOVA tem como objeto social
HNV (HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS a produção de produtos de beleza, e que inexiste hierarquia e/ou
LTDA - ME, AL PARTICIPAÇÕES LTDA, ANDERSON LUID DOS coordenação entre as empresas. Sustenta que a BCR está sob a
SANTOS SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE égide da Lei 11.101//05, tendo comprado o direito de utilização da
COSMETICOS LTDA), à época todas dirigidas pelos sócios marca "Helga" por cinco anos.
Anderson Luid Santos Severo e Aline Cristina Silva Souza Severo. As reclamadas HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE
Sustenta que, a partir de julho de 2017, independentemente do COSMETICOS LTDA - ME e ANDERSON LUID DOS SANTOS
SEVERO - ME reconhecem o grupo entre si e negam a formação de de quebra-cabeça nas quais constam os nomes dos dois grupos
grupo com as demais reclamadas, noticiando que são fornecedoras HANOVA e HELGA. Em que pese não haver alterações nas
de produtos à rede varejista, sendo uma das principais, o grupo estruturas das empresas formadoras dos grupos, resta claro que
HELGA, não tendo havido a fusão alegada, apenas relação houve uma intensa comunhão de interesses
fornecedor-cliente. Informam, ainda, que os fundos de comércio de econômicos/profissionais entre as empresas formadoras dos dois
empresas do Grupo Helga foram alienados por seus sócios- grupos. De acordo com a Lei 13.467/2017 são requisitos para a
proprietários da Helga para a empresa DX GROUP configuração do grupo econômico: a demonstração do interesse
PARTICIPAÇÕES E INVESTIMENTOS LTDA, que, por sua vez, integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta
não possuiria qualquer ligação com o Grupo Hanova, tratando-se de das empresas integrantes. A inexistência de uma hierarquia entre
empresa de investimentos de proveniente São Paulo. as empresas não descaracteriza o grupo econômico, se há a
A demandada AL PARTICIPACOES LTDA nega a formação de demonstração de que entre as empresas ocorre clara atuação
grupo econômico com quaisquer das demais empresas. conjunta, em linha de coordenação e comunhão de interesses, o
alega que nunca existiu de fato e nega a formação de grupo Ademais, a primeira testemunha laboral afirmou em seu
A ré BRC - BRAZIL COSMETICS LTDA informa que comprou os "(...) que havia comentários dentro da empresa de que ocorreu uma
direitos de uso da marca HELGA, não estando a reclamante sob fusão entre as empresas Helga e Hanova; que o gerente do
suas ordens, refutando a formação de grupo econômico com depoente comentou que ocorreria a fusão e que o depoente
quaisquer das demais empresas reclamadas e pleiteia que, em continuaria a prestar serviços para as duas empresas; que o
caso de condenação, seja de forma subsidiária. depoente já chegou, mesmo prestando serviços para a Helga,
Pois bem. prestar serviços para a Hanova, tais como rotulagem de produtos,
Inicialmente, declaro a responsabilidade solidária das empresas embalagem de mercadorias e fazendo entregas; que depois dos
DISTRIBUIDORA HELGA COSMETICOS LTDA - ME, HELGA comentários da fusão, o depoente também começou a receber
COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ordens do Sr. Paulo, empregado da Hanova, responsável pela
MULTIPLA COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - EPP, BELLA Ainda, a segunda testemunha da autora noticiou:
COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS "que trabalhou para Helga de 01/02/2010 a 14/04/2018 na função
LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA de estoquista; que trabalhou com a reclamante; que o gerente,
PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS Sr.Evandro comentou com o depoente que havia sido feita uma
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX sociedade entre a Helga e a Hanova; que, após o comentário, o
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX depoente também começo a prestar serviços para a Hanova
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, abastecendo e descarregando as mercadorias da empresa Hanova
ROBERTO NENDZA - ME (1ª a 13ª reclamadas), nos termos do § nas seções das lojas Helga, limpando as mercadorias; que o
2º do art. 2º da CLT, as quais reconheceram a formação de grupo depoente não recebia ordens de nenhum empregado da Hanova;
econômico entre si, encontrando-se, dentre estas, a empregadora. que as lojas Helga também vendiam produtos de outras indústrias e
Quanto ao grupo econômico alegado em relação aos grupos não só da empresa Hanova; que, em relação às mercadorias das
HELGA e HANOVA, a autora juntou aos autos várias fotografias outras indústrias, o abastecimento e o descarregamento de
com os Srs. Anderson Luid Dos Santos Severo, José Alencar Sales mercadorias eram feitos por empregados destas indústrias; que a
Junior, Aline Cristina Silva Souza Severo e Érica Pontes de reclamante vendia produtos da indústria Hanova bem como de
Meneses, sócios das empresa Hanova e Helga, divulgadas em meio outras indústrias."
digital em julho de 2017, anunciando a fusão entre as empresas do Saliente-se que o fato de terem sido alienados fundos de comércio
Grupo Helga com aquelas do Grupo Hanova (HNV), com de empresas do Grupo Helga para a empresa DX GROUP
fundamento na expansão e aquisições realizadas pelo grupo PARTICIPAÇÕES E INVESTIMENTOS LTDA não afeta a presente
HANOVA, podendo se perceber que nas fotos, aparece o diretor do demanda, pois apenas houve a alienação parcial das quotas
grupo HANOVA, o qual veste camisa com o nome HELGA NOVO empresariais de somente algumas das empresas do Grupo.
TEMPO e ainda uma figura que demonstra a junção de duas peças Insta destacar, também, que a alegação da reclamada ANDERSON
LUID DOS SANTOS SEVERO ME de que a relação havida entre os condenada solidariamente, aplicando a esta a mesma
apontados conglomerados empresariais era de apenas fornecedor- responsabilidade, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da CLT.
cliente não se sustenta, ressaltando que a mensagem eletrônica e a No que tange à reclamada MULT DISTRIBUIDORA DE
confissão de dívida datam de período anterior à "fusão" noticiada, o COSMETICOS LTDA, observa-se efetivamente formalizada em
que só veio a ocorrer em julho de 2017. 24/10/2017 pouco tempo após a fusão dos grupos HELGA e
Diante do exposto, reconheço a existência de grupo econômico por HANOVA, com atuação na vendas de produtos de higiene, tendo
coordenação entre todas as empresas dos Grupos HELGA e como sócios os Srs. Matheus Pontes Sales e Maria de Fátima dos
HANOVA, as quais declaro responsáveis solidárias pelas verbas Santos Severo, os quais são, respectivamente, o filho dos titulares
decorrentes da condenação, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da do Grupo Helga e a mãe de um dos proprietários do Grupo Hanova
CLT. (Anderson Luid dos Santos Severo), fato não contestado em defesa.
No que concerne à reclamada AL PARTICIPAÇÕES LTDA, verifica- Sendo assim, tenho que a empresa MULT DISTRIBUIDORA DE
se que na defesa das empresas formadoras do GRUPO HELGA COSMETICOS LTDA também participa dos Grupos Helga e
restou afirmado que as empresas HANOVA INDUSTRIA E Hanova, utilizando-se da mesma estrutura empresarial para a
COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, ANDERSON LUID consecução de seus objetivos financeiros, diante do que, resta
DOS SANTOS SEVERO - ME e AL PARTICIPACOES LTDA condenada solidariamente, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da
constituição da reclamada AL PARTICIPAÇÕES LTDA demonstra Por fim, quanto à ré BRC BRAZIL COSMETICS COMÉRCIO
que essa empresa tem como sócios os Srs. Anderson Liud dos VAREJISTA DE COSMÉTICOS EIRELI, verifica-se que ela
Santos Severo e Aline Cristina Silva Souza Severo, os quais se apresentou defesa através do mesmo escritório que a empregadora,
fizeram presentes ao evento em que foi anunciada a "fusão" entre na qual passou a repetir as mesmas alegações já apresentadas
os grupos empresariais, conforme fotografias anexadas aos autos. pelas 1ª a 13ª Reclamadas, além disso, observa-se que no
Ainda, o endereço eletrônico da AL PARTICIPAÇÕES LTDA comprovante de inscrição cadastral (CNPJ) consta endereço
Ademais, a Sra. Aline Cristina Silva Souza Severo é também sócia Ademais, apresentou carta de preposição que revelou
da empresa HNV INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE COSMÉTICOS representação através do mesmo preposto que a empregadora,
LTDA, cujo endereço eletrônico é razão pela qual, deve ser solidariamente responsável pelos créditos
"anderson@hanovacosméticos.com.br", conquanto o Sr. Anderson oriundos da presente demanda, nos moldes dos arts. 2º, § 2º, e 9º
Liud dos Santos Severo não faça parte do corpo societário dessa da CLT."
empresa. O Sr. Anderson Liud dos Santos Severo atua, ainda, Pontue-se, por oportuno, que as atas de audiência em nada
como empresário individual da ANDERSON LUID DOS SANTOS corroboram com a tese da demandada, uma vez que se verifica,
SEVERO ME. Por fim, saliento que as empresas HNV INDÚSTRIA com extrema facilidade, que a testemunha da reclamada, Sr.
LTDA, ANDERSON LUID DOS SANTOS SEVERO - ME e MULT processos, busca, sem nenhum sucesso, sustentar os termos da
fizeram representar pelo mesmo preposto, o Sr. Luiz Gustavo Ademais, por mais que tenha declarado que "que na metade do
Santana Severo, neste feiro e nos processos nº0000470- segundo semestre de 2017 houve uma reunião da Helga com a
61.2018.5.07.0010, cujos termos de audiência foram anexados aos afirmou, posteriormente, que "soube que foi feita uma postagem
presentes autos. no instagram da Helga onde foi usado o termo fusão com a
diverso das empresas do grupo HANOVA não é suficiente para Por outro lado, as testemunhas Francisca Edinusia Alves de Sousa
afastar a formação do grupo econômico com HNV INDÚSTRIA E e Maria Irlane Silva Santos
COMÉRCIO DE COSMÉTICOS LTDA e ANDERSON LUID DOS Desiderio, apresentadas pelas partes autoras, nas referidas atas de
Sendo assim, reconheço que a empresa AL PARTICIPAÇÕES reunião em que foi publicizada à fusão das demandadas aos
LTDA pertence ao grupo econômico HANOVA, o qual restou empregados são uníssonas ("que no final de julho/2017 foram
convocadas para uma reunião no hotel meridional no centro da grupo econômico, pela dicção da Consolidação das Leis do
cidade onde foi comunicada por Alencar Junior, Erica Pontes e Trabalho, importa na evidência da integração dos
Aline Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas de empreendimentos, de forma a vincular, direta ou indiretamente, as
que tudo iria mudar com a chegada de novos produtos, mas na empresas.
pratica tudo continuou do mesmo jeito, pois continuou Este aspecto restou caracterizado nos autos, sendo certo que se
chegando produtos da marca própria da Helga (lavi) e da Helga, verificam elementos suficientes para que seja corroborada a
os quais tinham prioridade para serem vendidos" - depoimento conclusão da sentença recorrida.
de Maria Irlane Silva Santos Desiderio) e ("que houve uma Como bem destacado pela sentença, restou demonstrada nos autos
reunião num domingo de julho/2017 onde foi comunicada a a ampla divulgação realizada nas redes sociais, em julho de 2017,
fusão da Hanova com a Helga Cosmeticos onde foram acerca da fusão das empresas do Grupo Helga com aquelas do
apresentados os novos patrões como sendo: Aline Severo e Grupo Hanova. Eis os dizeres da publicação (V. ID 0d53e9e - Pág.
seu esposo Anderson ambos donos da Hanova; que a a partir 2): "Temos o orgulho de anunciar que começou um novo tempo. O
daí a prioridade era para vender os produtos da Hanova e Lavi" Grupo HNV detentor de várias marcas como a Hanova, em um
- depoimento de Francisca Edinusia Alves de Sousa)." processo de expansão e aquisições, realizou a fusão com o Grupo
A empresa recorrente manifesta no presente recurso ordinário o seu Helga Cosméticos. Tudo isso para que os nossos clientes possam
inconformismo, alegando, em síntese: "que a fusão e o grupo ter sempre à disposição o melhor atendimento, os melhores
econômico ostentam características diametralmente opostas"; "em produtos e a melhor experiência. Transformando para melhor, o seu
que pese tenha havido, nas redes sociais, um anúncio de fusão visual e a sua vida. #HelgaNovoTempo #Hanova #GrupoHNV
entre os conglomerados Helga e Hanova, por certo, tal #GrupoHelga #Beleza #Cabelos". Com a devida vênia da parte
reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão recorrente, este aspecto é relevante para a caracterização do grupo
empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas econômico sob investigação, demonstrando a plena possibilidade
regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos de que as marcas de cada um dos grupos estejam sob a
econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria, coordenação de um único conglomerado, o que afasta a tese
mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que recursal a respeito da estranheza de haver empresas concorrentes
"que a sentença de origem, em nenhum momento, cuidou de Além disso, vigora no Direito do Trabalho o princípio da primazia da
demonstrar a integração de interesses entre as empresas, a realidade, de modo a ser imprescindível destacar a prevalência dos
atuação conjunta, tampouco a comunhão de interesses, mas fatos da relação de emprego sobre os aspectos formais. Dessa
apenas limitou-se a discorrer, de forma bastante confusa, sobre forma, ainda que não ultimada, ao menos formalmente, com as
"fusão", sendo esta manifestante inexistente no caso vertente"; "que devidas baixas das pessoas jurídicas, a fusão mencionada nas
os depoimentos coligidos aos autos sob a rubrica de prova redes sociais, não há se desconhecer que houve a junção das
emprestada fulminam a pretensão autoral, quer pelo viés da fusão, empresas, que passaram a atuar integradas a um único grupo.
seja sob a óptica de agrupamento empresarial." Igualmente, salvo melhor juízo, os depoimentos das testemunhas
Não se vê nas razões recursais, com a devida vênia da parte não afastam o reconhecimento do grupo econômico. Ao revés,
recorrente, fundamentos que infirmem convincentemente as confirmam a fusão entre as empresas. Destaca-se, a este respeito,
conclusões do juízo de primeiro grau, razão pela qual se há perfilhar o depoimento da primeira testemunha da parte reclamante, Sra.
com os motivos da decisão vergastada, ora endossados e Maria Irlane Silva Santos Desiderio, ouvida no processo nº 0000470
integrantes das presentes razões de decidir. -54.2018.5.07.0010 (Ata de audiência de ID 5cd9c24 - Pág. 4),
Consoante o § 2º do art. 2º da CLT, "sempre que uma ou mais trazido por empréstimo ao conjunto probatório pelas próprias
empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica reclamadas, revelador de "(...) que no final de julho/2017 foram
própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de convocadas para uma reunião no hotel meridional no centro da
outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua cidade onde foi comunicada por Alencar Junior, Erica Pontes e Aline
autonomia, integrem grupo econômico, serão responsáveis Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas de que tudo
solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de iria mudar com a chegada de novos produtos, mas na pratica tudo
Nesta esteira, o delineamento do que se convencionou chamar marca propria da Helga (lavi) e da Helga, os quais tinham prioridade
para serem vendidos, e das outras marcas continuaram escassos". empresarial (abrangência subjetiva e nexo relacional) de que
Veja-se que a fusão foi comunicada aos empregados em reunião, fala a CLT (art. 2º, § 2º)" (Processo 00409002020085010025, TRT
constatação que reforça a ideia do grupo econômico, referindo-se a 1ª Região - 8ª Turma, Relatora Desembargadora Dalva Amélia de
depoente a tudo ter "continuado do mesmo jeito" ao modus Oliveira, Publicado em 30/06/2014)(destaquei).
operandi das vendas dos produtos e não à ausência de formação NEGA-SE PROVIMENTO.
marcas apresentavam seus produtos e realizavam treinamentos, Por unanimidade, conhecer do recurso ordinário para, rejeitar as
mas que com a Hanova o processo foi diferente, pois, além de ter preliminares suscitadas e, no mérito, por maioria, negar-lhe
mercadorias para serem vendidas nas lojas Helga, o que ocorreu DISPOSITIVO
com outros fornecedores em face das dívidas da empregadora ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2.ª TURMA DO TRIBUNAL
Não se olvida o depoimento da testemunha convidada pelas conhecer do recurso ordinário para, rejeitar as preliminares
reclamadas, Sr. Emanuel Rodrigues de Albuquerque, ouvida nos suscitadas e, no mérito, por maioria, negar-lhe provimento. Vencido
processos (461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471- o Desembargador Relator, que dava provimento ao apelo, para
39.2018.5.07.0010) trazidos por empréstimo ao conjunto probatório, excluir da condenação a responsabilidade solidária da reclamada
cujas declarações transparecem a ideia de demonstrar ter havido HNV INDÚSTRIA E COSMÉTICOS LTDA. Redigirá o acórdão o
apenas uma relação comercial, mas não uma fusão, entre as Desembargador Cláudio Soares Pires, com a integração do voto
demais elementos probatórios dos autos, não há de prevalecer o Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
quadro traçado pelo depoente, sendo de se destacar que ele próprio Francisco José Gomes da Silva (Presidente e Relator), Cláudio
admite não ter participado da reunião ocorrida em julho de 2017 (V. Soares Pires e Paulo Régis Machado Botelho. Presente ainda o(a)
ID's 5cd9c24 - Pág. 6 e 8eb6395 - Pág. 6), na qual fora anunciada a Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
fusão aos trabalhadores. de férias o Exmo. Sr. Desembargador Jefferson Quesado Junior.
Cumpre ressaltar, ainda, porquanto oportuno, que a estreita relação Fortaleza, 14 de outubro de 2019.
comercial entre as empresas dos grupos empresariais, consoante INTEGRA O PRESENTE ACÓRDÃO O VOTO VENCIDO DO EXMº
se denota pelas notas ficais de vendas de mercadorias anexadas DESEMBARGADOR FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA, in
econômico, mas, em verdade, a reforça, evidenciando além da EMENTA: PROVA EMPRESTADA. PREVISÃO LEGAL.
complementaridade entre os objetos sociais das empresas CONTRADITÓRIO OBSERVADO. O novo CPC trouxe permissivo
contratantes, o interesse integrado, a comunhão de interesses e a expresso quanto à possibilidade de utilização da prova emprestada,
atuação conjunta das empresas dele integrantes. desde que observado o contraditório, conforme previsão no art. 372.
Destarte, o quadro encontrado no presente feito permite a Assim, havendo previsão legal para utilização da prova emprestada
conclusão de que a empresa ora recorrente integra grupo e, observando que no processo nº 0000471-51.2018.5.07.0006 as
econômico com as reclamadas do grupo Helga. Importa examinar a partes foram submetidas ao contraditório e, havendo identidade dos
presença de elementos objetivos capazes de demonstrar que as fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de
empresas estavam integradas no mesmo grupo. É o que se cerceamento de defesa. Preliminar rejeitada.
constatou à exaustão no presente feito. PETIÇÃO INICIAL. ART. 840, §1º DA CLT. O processo trabalhista
Por oportuno, colhe-se o seguinte precedente jurisprudencial: é regido pelo princípio da simplicidade das formas, consagrado no
"Grupo econômico. Relação inter-empresarial. O grupo econômico art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta uma breve exposição
para fins justrabalhistas não necessita se revestir das modalidades dos fatos para se considerar apta a exordial. Em decorrência do
jurídicas típicas do Direito Econômico ou Direito Comercial princípio da simplicidade, que norteia o processo trabalhista, o qual
(holdings, consórcios, pools etc.). Não se exige, sequer, a prova não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de 2017, verifica-se que
de sua formal institucionalização cartorial: pode-se acolher a a petição inicial atendeu integralmente os requisitos do art. 840, da
existência do grupo desde que surjam evidências probatórias CLT. Preliminar rejeitada.
de que estão presentes os elementos de integração inter- EXISTÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO. ART. 2º, DA CLT. ÔNUS
DA PROVA. ART. 818, DA CLT C/C ART. 373, DO NCPC. Helga) como prova emprestada, os fundamento os lançados na
AUSÊNCIA DE PROVA. Não tendo a reclamante comprovado a sentença prolatada nos autos do processo nº 0000471-
existência do alegado grupo econômico Helga-Hanova, composto 51.2018.5.07.0006, de lavra da magistrada Taciana Orlovicin
de diversas empresas, reforma-se a sentença para afastar a Gonçalves Pita (ID. 984dd8d).
responsabilidade solidária pretendida pela autora. Nesse ponto, destaco, inicialmente, que o novo CPC trouxe
RECURSO CONHECIDO E DADO PROVIMENTO PARCIAL permissivo expresso quanto à possibilidade de utilização da prova
Acolhe-se o presente recurso, uma vez que preenchidos os Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em
EMPRESTADA - DO ALEGADO CERCEAMENTO DE DEFESA partes foram submetidas ao contraditório e, havendo identidade dos
Aduz a recorrente, preliminarmente, que houve cerceamento de seu fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de
integralmente a motivação da sentença proferida na reclamatória Quanto a alegativa de que as reportadas transcrições dos
trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu depoimentos carregam relatos fáticos que não integram as razões
entendimento, a partir das provas orais ali consignadas, mas que, da exordial, não merece acolhida, posto que a causa de pedir da
tais elementos probatórios não foram publicizadas à ora recorrente autora, no que se refere a responsabilidade solidária das acionadas,
no presente feito, com vistas à garantia do contraditório e da ampla trata justamente na alegada formação de grupo econômico entre as
defesa, verificando-se, pois, uma patente violação ao que dispõe o empresas, objeto da prova naqueles autos.
Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não Juízo a quo dizem respeito aos fatos relacionados pela autora, no
integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos, que pertine a alegada formação de grupo econômico entre as
mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou acionadas GRUPO HELGA (DISTR IBUIDORA HELGA
como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera COSMETICOS LTDA - ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME,
cópia de uma transcrição parcial realizada no bojo de uma sentença HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, ORIGINAL
proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou, COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA
naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - EPP, BELLA
emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito. COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS
Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA
relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS
reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art. COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX
Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e
dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em ROBERTO NENDZA - ME) e GRUPO HANOVA - HNV (HANOVA
conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine. INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, AL
de provas emprestadas, relativo aos depoimentos testemunhais dos LTDA), assim como referem-se as mesmas demandadas, sendo
processos 461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471- permitido sua valoração como se houvesse sido produzida
39.2018.5.07.0010 (ID. bae0442, ID. ed35241, ID. 5cd9c24, ID. diretamente nos autos examinados.
O Juízo, ao proferir a sentença, utilizou para o reconhecimento da utilizado a fundamentação da sentença, a qual considerou para
existência de Grupo Econômico entre as acionadas (Grupo Hanova- formação do convencimento da magistrada, depoimentos os quais
foram respeitados o contraditório quando produzida em processos Requer o Recorrente, o reconhecimento da inépcia do pedido
judiciais, máxime,quando envolvendo a mesma empresa e quando relativo às parcelas de FGTS + 40%, e a extinção do pleito sem
os fatos guardam correlação com os da presente ação. resolução de mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15,
Nesse mesmo entendimento, colaciona-se a atual jurisprudência do sob o fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de
Tribunal Superior do Trabalho, in verbis: ingresso, inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso
IDENTIDADE FÁTICA. MESMAS RECLAMADAS. FGTS, em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o
NULIDADE PROCESSUAL NÃO CONFIGURADA. Esta Corte O processo trabalhista é regido pelo princípio da simplicidade das
admite a utilização da prova emprestada, desde que haja a formas, consagrado no art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta
identidade dos fatos considerados no documento emprestado e no uma breve exposição dos fatos para se considerar apta a exordial.
caso em julgamento, assim como ocorrido nesta hipótese, em que o Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal.
Regional registrou que"a prova emprestada foi produzida em § 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do
processo judicial que envolvia as mesmas rés da presente ação, Presidente da Junta, ou do juiz de direito a quem for dirigida, a
tendo sido observadas as formalidades estabelecidas em lei para a qualificação do reclamante e do reclamado, uma breve exposição
sua produção, bem como o princípio do contraditório. Segundo, dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura
porque os fatos a serem comprovados guardam correlação com os do reclamante ou de seu representante.
da presente ação. Terceiro, porque a referida prova emprestada foi § 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do
valorada pelo Juízo segundo o princípio do livre convencimento juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que
motivado, em conjunto com as demais provas dos autos". resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo, determinado e
Importante salientar também que a utilização de prova emprestada com indicação de seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou
não está condicionada à prévia anuência e concordância das de seu representante. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
partes. Assim, a mera alegação da reclamada de que não § 2º - Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em 2 (duas)
concordou com a utilização de prova emprestada não é suficiente vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no
para inviabilizar a sua utilização nestes autos. Precedentes. que couber, o disposto no parágrafo anterior.
Recurso de revista não conhecido" (TST, ARR - 3600- § 2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias
29.2010.5.12.0031 Data de Julgamento: 15/02/2017, Relator datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que
Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de couber, o disposto no § 1o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº
"B) RECURSO DE REVISTA. 1. NULIDADE DA SENTENÇA. § 3o Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo
CERCEAMENTO DE DEFESA. UTILIZAÇÃO DE PROVA serão julgados extintos sem resolução do mérito. (Incluído pela Lei
utilização de prova emprestada consubstanciada em certidão de Como se observa, a Lei n. 13.467/17 fez referência expressa aos
averiguação produzida em outros autos, no qual a reclamada figura requisitos da petição inicial trabalhista, dispondo no § 1º do art. 840
como parte, não configura cerceamento de defesa, ante a da CLT que o pedido deva "ser certo, determinado e com indicação
observância do contraditório e da ampla defesa. Com efeito, esta No caso, em relação ao pedido de pagamento do FGTS e multa
Corte tem se posicionado no sentido de ser possível a utilização da rescisória, o reclamante fez pedido certo, determinado e com
prova emprestada, não sendo imprescindível a anuência da parte indicação do valores pois da sua causa de pedir, entende-se
adversa. Recurso de revista não conhecido" (TST, RR - 940- logicamente que o autor fora demitido sem justa causa e sem
27.2013.5.18.0181 Data de Julgamento: 09/11/2016, Relatora recebimento de suas verbas rescisórias, fato este, incontroverso
Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT nos autos.
INÉPCIA DA INICIAL sendo demitida sem justa causa em 29/03/2018; que o último
salário percebido foi de R$ 3.200,00 (três mil e duzentos reais); que empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas
quando de sua demissão não recebeu qualquer valor, assim como regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos
não fora liberado Seguro Desemprego e FGTS, motivo pelo qual econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria,
pleiteia a liberação dos mesmos em sede de tutela antecipada; que mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que
o FGTS se encontra depositado apenas de forma parcial, apenas o possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses, o
valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais). que, também, não retrata o caso dos autos.
Em seguida, requereu que, Tendo em vista os argumentos jurídicos Esclarece, adiante, que há uma mera relação comercial, havendo
apresentados, ajuíza-se a presente Reclamação Trabalhista no total independência entre as empresas do GRUPO HANOVA em
intuito de serem satisfeitos todos os direitos da reclamante, quais relação às componentes do GRUPO HELGA, sendo a recorrente,
sejam: Saldo Salário, Aviso Prévio de 51 dias, 13º salário e férias mera fornecedora de produtos para o conglomerado empresarial
sobre aviso prévio, FGTS sobre rescisão, 13º salário proporcional HELGA, sem haver contudo, qualquer integração de interesses
3/12 de 2018, férias simples 2016/2017 e proporcionais 2017/2018 entre as empresas ou atuação conjunta.
Em relação ao rol dos pedidos, o autor requereu a condenação da A lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017 que alterou a Consolidação
reclamada ao pagamento das verbas rescisórias, incluindo FGTS E das Leis do Trabalho (CLT) trouxe novos parâmetros para
Em decorrência do princípio da simplicidade, que norteia o processo A nova redação alterou o parágrafo 2º e acrescentou o parágrafo 3º
trabalhista, o qual não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de a este artigo, conforme transcrição seguinte:
2017, a petição inicial ora em análise preencheu os requisitos do Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva,
art. 840 , da CLT, a qual, frise-se, não dificultou a defesa das que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria
Na peça de ingresso, requer o reclamante que seja caracterizada a fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados.
condição da segunda (VRX COMÉRCIO COSMÉTICOS E § 2º Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada
BIJUTERIAS LTDA) e terceira reclamada (HANOVA uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a
COSMÉTICOS), de responsáveis solidárias pelos encargos direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando,
trabalhistas da primeira reclamada, HELGA COSMÉTICOS, em mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo
Afirma que a primeira, segunda e terceira reclamadas foram obrigações decorrentes da relação de emprego.
criadas, são dirigidas e controladas pelo pela Sra. Erica Pontes de § 3º Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de
Meneses, que não aparece no contrato social da terceira sócios, sendo necessárias, para a configuração do grupo, a
reclamada, HANOVA COSMÉTICOS, pois utilizou terceiro como demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de
complementares, visto todas possuírem o mesmo objeto social e A nova redação do art. 2º, além de manter a hipótese do grupo
finalidade, sendo patente a formação de grupo econômico entre econômico hierarquizado ou sob subordinação, introduz,
No mérito, defende a recorrente, em síntese, a inexistência de fusão sob coordenação, trazendo para o texto legal, o entendimento dos
e formação de grupo econômico com o GRUPO HELGA, sendo Tribunais Regionais do Trabalho e do TST quanto a configuração de
ao autor na presente reclamação trabalhista. Com relação a este modelo de grupo econômico coordenado, a
Argumenta que, em que pese tenha havido, nas redes sociais, um Desembargadora Dra. Vólia Bomfim Cassar, do TRT da 1ª Região,
anúncio de fusão entre os conglomerados Helga e Hanova, por em seu livro Direito do Trabalho, afirma que:
certo, tal reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão Os grupos econômicos por coordenação se apresentam quando
houver reunião de interesses para execução de determinado Na audiência de instrução, as reclamadas requerem a juntada de
empreendimento, tendo ou não o mesmo controle ou administração provas emprestadas (processos nºs. 461-92.2018.5.07.0010, 470-
comum. Logo, os grupos por coordenação podem ter relação de 54.2018.5.07.0010 e 471-39.2018.5.07.0010, tendo a autora
controle entre si, numa linha horizontal e não vertical. Isto é, não concordado com a juntada dos referidos depoimentos.
haverá, no grupo horizontal, uma empresa controladora e outra(s) No termo de audiência relativo ao processo nº. 0000461-
controlada(s), uma líder (holding) e outras lideradas. Todas são 92.2018.5.07.0010, a testemunha da reclamante afirmou que:
interligadas entre si e, apesar de autônomas e independentes, estão Primeira testemunha arrolada pela parte Reclamante Sr(a).
interligadas pela ingerência, administração comum, como se Francisca Edinusia Alves de Sousa: " (...)"que trabalhou na
subordinadas umas às outras administrativamente. Por trás desta reclamada Helga Cosméticos de 01/06/2006 a 23/02/2018 na
administração comum pode estar um sócio ou alguns sócios ou função de vendedora; que o reclamante, depoente e todos os
pessoa física no controle.(CASSAR, 2017,p.429). funcionários foram demitidos sem pagamento de verbas rescisórias
Logo, o aproveitamento dos serviços prestados pelo trabalhador por e nem do salário do último mês; que depoente trabalhou até
sociedades empresárias que mantenham relação de coordenação 23/fevereiro/2018, não sabendo o ultimo dia labutado pelo
entre si, formando o grupo econômico trabalhista, serão todas, por reclamante; que recebia ordem direta dos gerentes Luxeles,
consequência, responsabilizadas pela contraprestação devida ao Rosângela, Francisca Cirlane, os quais eram gerentes da loja
obreiro, atraindo a incidência do § 2º do artigo 2º da CLT do shopping Central da Helga Nendza Sales .". ÀS PERGUNTAS
Estabeleceu, igualmente, que "não caracteriza grupo econômico a "que houve uma reunião num domingo de julho/2017 onde foi
mera identidade de sócios. Assim, o patrimônio de empresas que comunicada a fusão da Hanova com a Helga Cosmeticos onde
têm sócios comuns, porém com atuam em setores diversos, estarão foram apresentados os novos patrões como sendo: Aline
Portanto, a análise da existência ou não da formação de um grupo a partir daí a prioridade era para vender os produtos da Hanova
econômico, deve-se observar o princípio da primazia da realidade, e Lavi, mesmo tendo outras marcas, mas a Hanova e Lavi
para que cada caso seja analisado com suas peculiaridades, sendo deveriam estar em primeiro lugar nas vendas; que antes da
ônus do autor a prova de suas alegações ( art. 818, da CLT c/c art. reunião já vendiam todo tipo de produto e de varias marcas,
373, do NCPC). inclusive dos ora citados; que os proprietários da Helga e Hanova
No caso em análise, o autor fundamenta sua pretensão com base estavam presentes na reunião, sendo Erica PontesMenezes e
em notícias veiculadas nas redes sociais de possível fusão entre os Alencar Junior proprietários da Helga.". ÀS PERGUNTAS DO DO(A)
grupos Helga Cosméticos e HNV, assim como colaciona fotos em PATRONO(A) DO(A) PARTE RECLAMADA RESPONDEU: "que
que retrata parcerias entre as duas empresas, ID. 0d53e9e, sem, depois da reunião depoente continuou trabalhando na mesma
contudo, apresentar qualquer prova que indique ter realmente loja e o reclamante também, mas ambos trabalhavam em lojas
ocorrido a "FUSÃO" das empresas, ou qualquer relação de diferentes; que na reunião estavam os vendedores e gerentes;
coordenação entre elas. que a faixada das lojas continuaram iguais; que não houve
Ao revés, a acionada Hanova Indústria e Comércio de Cosméticos mudança da chefia após a reunião, mas a sua chefe Luxeles
Ltda colacionou aos autos documentos que demonstram a relação teve um problema de saúde e foi transferida para loja de
de vendas de mercadorias para as empresas integrantes do grupo Messejana, tendo ficado como gerente Rosangela; que Luxeles
Helga (CRX COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA e Rosangela eram gerentes da Helga; (...)." ( grifos nosso)
ME, ALENCARINE COSMETICOS COMERCIO VAREJISTA E Conforme se extrai do depoimento supra, não se trata o caso de "
TREINAMENTO EIREL, HELGA MEDZA SALES & CIA LTDA -ME, fusão" entre as empresas, tanto que a partir da reunião ocorrida em
ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA ME, VRX julho de 2017, nada foi alterado na estrutura organizacional da
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA ME, JOSE empresa, assim como layout das lojas, tratando-se, na verdade, de
ALENCAR SALES JUNIOR- ME, ORIGINAL COMERCIO DE um marketing e ações para incremento das vendas, através da
COSMETICOS LTDA- ME, tais como notas fiscais de vendas de fornecedora dos produtos, empresa HANOVA INDUSTRIA E
mercadorias, termo de confissão de dívida e e-mails em que se COMERCIO DE COSMETICOS LTDA, fato este, confirmado pelos
evidencia a parceria comercial entre as empresas ( venda de depoimentos de reclamantes e testemunhas dos processos
mercadorias), ID. de4b07e, ID. 4c4a838. utilizados como provas emprestadas nos autos, vejamos:
Convocada a primeira testemunha arrolada pelas Reclamadas Hanova com a Helga, no que a prioridade passou a ser para vender
HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - produtos da Hanova e Lavi, mas ainda assim, a Helga continuou a
ME, AL PARTICIPACOES LTDA, ANDERSON LUID DOS vender produtos de outras marcas que já tinham estoque nas
SANTOS SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE lojas, e também continuou comprando produtos de outras
COSMETICOS LTDA, Sr(a). Emanuel Rodrigues de Albuquerque marcas para vender nas suas lojas; que as fachadas das lojas
(...): "que trabalha na Hanova desde março/2016 como gerente da Helga continuaram com o mesmo nome, após a fusão, e as
administrativo financeiro; ." ÀS PERGUNTAS DO(A) PATRONO(A) notas fiscais das vendas eram com o nome da Helga; que a
DO(A) PARTE RECLAMADA RESPONDEU: "que na metade do fusão da Helga e Hanova foi para o crescimento da Helga, mas
segundo semestre de 2017 houve uma reunião da Helga com a o dia a dia de trabalho continuou o mesmo de antes, porém
Hanova para uma parceria de fornecimento de produtos, pois a com a informação de que deveriam vender mais os produtos da
Hanova é uma industria; que o fornecimento dos produtos continuou Helga. ( grifos nosso)
da mesma forma, pois a Helga permaneceu como uma cliente Primeira testemunha arrolada pela parte Reclamante Sr(a).
norma; que a parceria teve o objetivo de aumentar o volume de Maria Irlane Silva Santos Desiderio: " (...) que no final de
vendas nas lojas e de fato aumentou, mas só no primeiro mês, julho/2017 foram convocadas para uma reunião no hotel meridional
pois logo em seguida a Helga entrou novamente em dificuldades no centro da cidade onde foi comunicada por Alencar Junior, Erica
financeiras e não conseguiu pagar os produtos que comprava, pois Pontes e Aline Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas
a divida já estava muito alta, de modo que a Helga não conseguia de que tudo iria mudar com a chegada de novos produtos, mas na
pagar nada na sua totalidade; que é uma prática comum serem pratica tudo continuou do mesmo jeito, pois continuou
feitas ações com as distribuidoras para estimular as vendas, e chegando produtos da marca propria da Helga (lavi) e da Helga,
os proprietários da Hanova comparecem pelo fato de que o os quais tinham prioridade para serem vendidos, e das outras
distribuidor Helga ser de grande porte, como também de outros marcas continuaram escassos; que sempre recebeu ordens
distribuidores; que na época da parceria a Helga já estava em das mesmas pessoas (Erica e Alencar), os quais pagavam o
débito com a Hanova; que a Hanova não colocou pessoas na salário da depoente; que todas as lojas da Helga fecharam; .".
lojas da Helga, muito menos assumiu o comando dessa; que a (...).( grifos nosso)
continuou a vendendo normalmente para as outras lojas, como No termo de audiência relativo ao processo nº. 0000471-
Cosbel, Anavi, Iap e outras; que não houve a fusão da Hanova com 39.2018.5.07.0010 a reclamante afirmou que:
a Helga; que havia procedimento de cobrança normal das vendas DEPOIMENTO PESSOAL DO RECLAMANTE MARIA CLEOMAR
dos produtos Hanova;." ÀS PERGUNTAS DO DO(A) PATRONO(A) FERREIRA DE SOUSA ALMEIDA: " (...) que depoente era gerente
DO(A) PARTE RECLAMANTE RESPONDEU: "que a reunião tem da loja Helga situada na Rua Floriano Peixoto 577, e trabalhou de
um caráter de marketing e não para apresentar fusão; que não 01/03/2003 até 14/04/2018: " (...)que as fachadas das lojas da
houve comunicação formal da fusão entre a Hanova e Helga, mas Helga continuaram com o mesmo nome, após a fusão, e as notas
depoente soube que foi feita uma postagem no instagram da fiscais das vendas eram com o nome da Helga; que a fusão da
Helga onde foi usado o termo fusão com a Hanova; que quanto Helga e Hanova foi para o crescimento da Helga, mas o dia a dia de
ao doc. de fl. 8 se tratam das pessoas de Anderson (proprietário da trabalho continuou o mesmo de antes, porém com a informação de
Hanova) e Junior (proprietária da Helga) e o doc. de fl. 9 tratam das que deveriam vender mais os produtos da Hanova; (...)."
pessoas Aline (proprietária da Hanova) e Erica (proprietária da Havendo fusão ou incorporação de empresas, há a alteração na
Helga); (...)."( grifos nosso) estrutura jurídica da empresa, o que in casu, não há provas nos
No termo de audiência relativo ao processo nº. 0000470- autos, não sendo suficiente a propaganda disseminada em reunião
O DEPOIMENTO PESSOAL DO RECLAMANTE: '" que depoente O que extrai dos depoimentos, é que a ideia inicial de postar nas
era subgerente, que atuava em várias lojas da Helga e trabalhou até redes sociais de que haveria a fusão das empresas, trata-se, tão
07/04/2018 porque as lojas fecharam, tendo a sra. Erica Pontes somente, de marketing para alavancar as vendas da empresa
(dona da Helga, esposa de Alencar Junior) comunicado a dispensa Helga, a qual, na época, já se encontrava com dificuldades
produtos de marca própria (Lavi), mas também da Hanova, Fatore, Diante do exposto, considerando que a autora não se desincumbiu
Corpo Dourado e outros; que em julho/2017 houve a fusão da de seu ônus probatório, reforma-se a sentença para excluir a
ALENCAR MARTINS as seguintes parcelas: a.Saldo de salário (29 No mérito, defende a recorrente, em síntese, a inexistência de
dias); b. Aviso prévio (51 dias); com reflexos no 13º salário e férias; fusão e formação de grupo econômico com o GRUPO HELGA,
c. Férias simples 2016/2017 e proporcionais (8/12 avos), acrescidas sendo indevida a sua responsabilidade solidária pelos créditos
de 1/3 constitucional; d. 13º salário proporcional 2018 (3/12 avos); e. deferidos ao autor na presente reclamação trabalhista.
FGTS + 40%; f. Multa do art. 467 da CLT, incidente sobre os valores Argumenta, em que pese tenha havido, nas redes sociais, um
e parcelas rescisórias constantes no TRCT (ID. 7ad3499), bem anúncio de fusão entre os conglomerados Helga e Hanova, por
como sobre o FGTS não depositado e multa de 40% sobre todos os certo, tal reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão
valores devidos a título de FGTS ao longo da contratualidade; g. empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas
Multa do art. 477,§8º da CLT; h. Honorários advocatícios. regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos
A sentença fora complementada pelos aclaratórios de ID. 7081a1b, econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria,
com o fito de sanear a sentença embargada, determinando a mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que
compensação do valor de R$ 10.710,34, vez que a quantia foi possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses, o
recebida pela parte embargada, conforme comprovante de que, também, não retrata o caso dos autos.
transferência bancária de ID. 619A9a4. Esclarece, adiante, que há uma mera relação comercial, havendo
Aduz a recorrente, preliminarmente, que houve cerceamento de total independência entre as empresas do GRUPO HANOVA em
seu direito de defesa, ao argumento de que o juízo, ao adotar relação às componentes do GRUPO HELGA, sendo a recorrente,
integralmente a motivação da sentença proferido na reclamatória mera fornecedora de produtos para o conglomerado empresarial
trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu HELGA, sem haver contudo, qualquer integração de interesses
entendimento, por consequência, a partir das provas orais ali entre as empresas ou atuação conjunta.
consignadas, mas que, tais elementos probatórios não foram Por fim, requer a reforma da decisão de modo a afastar a
publicizadas à ora recorrente no presente feito, com vistas à inconstitucionalidade declarada de forma incidental do art. 791-A,
garantia do contraditório e da ampla defesa, verificando-se, pois, §4º, da CLT, haja vista inexistir afronta à Carga Magna, mormente
uma patente violação ao que dispõe o art. 312 do CPC/15. porque, nos ditames do art. 133 da Lei Maior, o advogado é
Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não indispensável à administração da justiça, e, caso esta Colenda
integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos, Turma entenda de modo diverso, que seja observada o art. 97 da
mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou CRFB/1988, o qual prevê a cláusula de reserva de plenário para a
cópia de uma transcrição parcial realizada no bojo de uma sentença Após devidamente notificada, a recorrida apresentou suas
proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou, contrarrazões, conforme documento de ID. 15ffc62.
naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova A matéria versada no presente recurso dispensa a obrigatoriedade
emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito. de parecer prévio da douta PRT (art. 109, do Regimento Interno)"
reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art. Acolhe-se o presente recurso, uma vez que preenchidos os
dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em Peço vênia para adotar os fundamentos do voto do Excelentíssimo
conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine. Desembargador Relator Francisco José Gomes da Silva, quanto à
Adiante, requer o reconhecimento da inépcia do pedido relativo às apreciação das preliminares, nos seguintes termos:
parcelas de FGTS + 40%, a extinção do pleito sem resolução de "DA NULIDADE DA SENTENÇA- DA UTILIZAÇÃO DA PROVA
mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15, sob o EMPRESTADA - DO ALEGADO CERCEAMENTO DE DEFESA
fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de ingresso, Aduz a recorrente, preliminarmente, que houve cerceamento de seu
inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso e de direito de defesa, ao argumento de que o juízo, ao adotar
dispensa, realizou o pedido correspondente às parcelas de FGTS integralmente a motivação da sentença proferida na reclamatória
em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o saldo trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu
fundiário. entendimento, a partir das provas orais ali consignadas, mas que,
tais elementos probatórios não foram publicizadas à ora recorrente autora, no que se refere a responsabilidade solidária das acionadas,
no presente feito, com vistas à garantia do contraditório e da ampla trata justamente na alegada formação de grupo econômico entre as
defesa, verificando-se, pois, uma patente violação ao que dispõe o empresas, objeto da prova naqueles autos.
Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não Juízo a quo dizem respeito aos fatos relacionados pela autora, no
integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos, que pertine a alegada formação de grupo econômico entre as
mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou acionadas GRUPO HELGA (DISTR IBUIDORA HELGA
como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera COSMETICOS LTDA - ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME,
cópia de uma transcrição parcial realizada no bojo de uma sentença HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, ORIGINAL
proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou, COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA
naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - EPP, BELLA
emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito. COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS
Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA
relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS
reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art. COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX
Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e
dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em ROBERTO NENDZA - ME) e GRUPO HANOVA - HNV (HANOVA
conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine. INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, AL
de provas emprestadas, relativo aos depoimentos testemunhais dos LTDA), assim como referem-se as mesmas demandadas, sendo
processos 461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471- permitido sua valoração como se houvesse sido produzida
39.2018.5.07.0010 (ID. bae0442, ID. ed35241, ID. 5cd9c24, ID. diretamente nos autos examinados.
O Juízo, ao proferir a sentença, utilizou para o reconhecimento da utilizado a fundamentação da sentença, a qual considerou para
existência de Grupo Econômico entre as acionadas (Grupo Hanova- formação do convencimento da magistrada, depoimentos os quais
Helga) como prova emprestada, os fundamento os lançados na foram respeitados o contraditório quando produzida em processos
sentença prolatada nos autos do processo nº 0000471- judiciais, máxime,quando envolvendo a mesma empresa e quando
51.2018.5.07.0006, de lavra da magistrada Taciana Orlovicin os fatos guardam correlação com os da presente ação.
Gonçalves Pita (ID. 984dd8d). Nesse mesmo entendimento, colaciona-se a atual jurisprudência do
Nesse ponto, destaco, inicialmente, que o novo CPC trouxe Tribunal Superior do Trabalho, in verbis:
permissivo expresso quanto à possibilidade de utilização da prova UTILIZAÇÃO DE PROVA EMPRESTADA. POSSIBILIDADE.
emprestada, desde que observado o contraditório, conforme IDENTIDADE FÁTICA. MESMAS RECLAMADAS.
previsão no art. 372, que assim dispõe: DESNECESSIDADE DE PRÉVIA CONCORDÂNCIA DA PARTE
Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em CONTRÁRIA. AUSÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA.
outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, NULIDADE PROCESSUAL NÃO CONFIGURADA. Esta Corte
Assim, havendo previsão legal para utilização da prova emprestada identidade dos fatos considerados no documento emprestado e no
e, observando que no processo nº 0000471-51.2018.5.07.0006 as caso em julgamento, assim como ocorrido nesta hipótese, em que o
partes foram submetidas ao contraditório e, havendo identidade dos Regional registrou que"a prova emprestada foi produzida em
fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de processo judicial que envolvia as mesmas rés da presente ação,
Quanto a alegativa de que as reportadas transcrições dos sua produção, bem como o princípio do contraditório. Segundo,
depoimentos carregam relatos fáticos que não integram as razões porque os fatos a serem comprovados guardam correlação com os
da exordial, não merece acolhida, posto que a causa de pedir da da presente ação. Terceiro, porque a referida prova emprestada foi
valorada pelo Juízo segundo o princípio do livre convencimento juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que
motivado, em conjunto com as demais provas dos autos". resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo, determinado e
Importante salientar também que a utilização de prova emprestada com indicação de seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou
não está condicionada à prévia anuência e concordância das de seu representante. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
partes. Assim, a mera alegação da reclamada de que não § 2º - Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em 2 (duas)
concordou com a utilização de prova emprestada não é suficiente vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no
para inviabilizar a sua utilização nestes autos. Precedentes. que couber, o disposto no parágrafo anterior.
Recurso de revista não conhecido" (TST, ARR - 3600- § 2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias
29.2010.5.12.0031 Data de Julgamento: 15/02/2017, Relator datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que
Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de couber, o disposto no § 1o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº
"B) RECURSO DE REVISTA. 1. NULIDADE DA SENTENÇA. § 3o Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo
CERCEAMENTO DE DEFESA. UTILIZAÇÃO DE PROVA serão julgados extintos sem resolução do mérito. (Incluído pela Lei
utilização de prova emprestada consubstanciada em certidão de Como se observa, a Lei n. 13.467/17 fez referência expressa aos
averiguação produzida em outros autos, no qual a reclamada figura requisitos da petição inicial trabalhista, dispondo no § 1º do art. 840
como parte, não configura cerceamento de defesa, ante a da CLT que o pedido deva "ser certo, determinado e com indicação
observância do contraditório e da ampla defesa. Com efeito, esta No caso, em relação ao pedido de pagamento do FGTS e multa
Corte tem se posicionado no sentido de ser possível a utilização da rescisória, o reclamante fez pedido certo, determinado e com
prova emprestada, não sendo imprescindível a anuência da parte indicação do valores pois da sua causa de pedir, entende-se
adversa. Recurso de revista não conhecido" (TST, RR - 940- logicamente que o autor fora demitido sem justa causa e sem
27.2013.5.18.0181 Data de Julgamento: 09/11/2016, Relatora recebimento de suas verbas rescisórias, fato este, incontroverso
Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT nos autos.
INÉPCIA DA INICIAL sendo demitida sem justa causa em 29/03/2018; que o último
Requer o Recorrente, o reconhecimento da inépcia do pedido salário percebido foi de R$ 3.200,00 (três mil e duzentos reais); que
relativo às parcelas de FGTS + 40%, e a extinção do pleito sem quando de sua demissão não recebeu qualquer valor, assim como
resolução de mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15, não fora liberado Seguro Desemprego e FGTS, motivo pelo qual
sob o fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de pleiteia a liberação dos mesmos em sede de tutela antecipada; que
ingresso, inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso o FGTS se encontra depositado apenas de forma parcial, apenas o
e de dispensa, realizou o pedido correspondente às parcelas de valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais).
FGTS, em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o Em seguida, requereu que, Tendo em vista os argumentos jurídicos
O processo trabalhista é regido pelo princípio da simplicidade das sejam: Saldo Salário, Aviso Prévio de 51 dias, 13º salário e férias
formas, consagrado no art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta sobre aviso prévio, FGTS sobre rescisão, 13º salário proporcional
uma breve exposição dos fatos para se considerar apta a exordial. 3/12 de 2018, férias simples 2016/2017 e proporcionais 2017/2018
Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal. todas acrescidas do terço constitucional, FGTS e multa de 40%.
§ 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do Em relação ao rol dos pedidos, o autor requereu a condenação da
Presidente da Junta, ou do juiz de direito a quem for dirigida, a reclamada ao pagamento das verbas rescisórias, incluindo FGTS E
dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura Em decorrência do princípio da simplicidade, que norteia o processo
do reclamante ou de seu representante. trabalhista, o qual não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de
§ 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do 2017, a petição inicial ora em análise preencheu os requisitos do
art. 840 , da CLT, a qual, frise-se, não dificultou a defesa das praça. Postula, caso não se conclua pela existência de grupo
A sentença reconheceu o grupo econômico entre as empresas da marca mista "Helga" por cinco anos, sem jamais exercer
demandadas, consoante os seguintes fundamentos: qualquer gerência direta, pois o Sr. José Alencar Sales Júnior
"Diante da identidade da matéria (fática e jurídica), adoto continuou a exercer a direção, gerência e coordenação das
integralmente os fundamentos lançados na brilhante sentença empresas. Por essa razão, pretende a responsabilização solidária
prolatada nos autos da 0000471-51.2018.5.07.0006, de lavra da da ré BRC BRAZIL COSMÉTICOS LTDA, uma vez identificada a
magistrada Taciana Orlovicin Gonçalves Pita, acerca da fraude ocorrida e a evidente direção do efetivo sócio do Grupo
'Afirma a parte reclamante que as empresas que compõem o antigo Em suas contestações, as rés negam a formação de grupo
GRUPO HELGA (DISTRIBUIDORA HELGA COSMETICOS LTDA - econômico entre as empresas do Grupo Helga e Hanova As
ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES reclamadas DISTRIBUIDORA HELGA COSMETICOS LTDA - ME,
& CIA LTDA - ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS HELGA COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES & CIA
LTDA - ME, MULTIPLA COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - LTDA - ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME,
EPP, BELLA COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE MULTIPLA COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - EPP,
COSMETICOS LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, BELLACOSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE
ERICA PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS COSMETICOS LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME,
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX ERICA PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX
ROBERTO NENDZA - ME) são dirigidas e coordenadas pelos COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME,
sócios José Alencar Sales Júnior e Érica Pontes de Meneses. Alega ROBERTO NENDZA - ME (1ª a 13ª reclamadas), não refutam o
que, em meados de 2017, os sócios do Grupo Helga iniciaram grupo econômico entre si, tendo contestado a formação de grupo
negociações para fusão com o Grupo Hanova (HNV), fusão de com as empresas do Grupo HANOVA (14ª a 16ª reclamadas), com
empresas esta que foi oficialmente tornada pública em julho de a MULT DISTRIBUIDORA (17ª reclamada) e com a BCR (18ª
2017, expondo o rol de empresas que compõem o Grupo Hanova - reclamada), alegando que o grupo HANOVA tem como objeto social
HNV (HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS a produção de produtos de beleza, e que inexiste hierarquia e/ou
LTDA - ME, AL PARTICIPAÇÕES LTDA, ANDERSON LUID DOS coordenação entre as empresas. Sustenta que a BCR está sob a
SANTOS SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE égide da Lei 11.101//05, tendo comprado o direito de utilização da
COSMETICOS LTDA), à época todas dirigidas pelos sócios marca "Helga" por cinco anos.
Anderson Luid Santos Severo e Aline Cristina Silva Souza Severo. As reclamadas HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE
Sustenta que, a partir de julho de 2017, independentemente do COSMETICOS LTDA - ME e ANDERSON LUID DOS SANTOS
cumprimento das obrigações legais para efetivação da fusão, qual SEVERO - ME reconhecem o grupo entre si e negam a formação de
seja a extinção das pessoas jurídicas da empresa incorporada com grupo com as demais reclamadas, noticiando que são fornecedoras
o surgimento de uma nova, tal fusão de fato ocorreu e todos os de produtos à rede varejista, sendo uma das principais, o grupo
empregados passaram à subordinação do Grupo Hanova-Helga, o HELGA, não tendo havido a fusão alegada, apenas relação
qual configura grupo econômico por coordenação, impondo a fornecedor-cliente. Informam, ainda, que os fundos de comércio de
responsabilização solidária entre as empresas do grupo. Entende empresas do Grupo Helga foram alienados por seus sócios-
que a fusão entre as empresas com a criação, em outubro de 2017, proprietários da Helga para a empresa DX GROUP
da empresa MULT DISTRIBUIDORA DE COSMÉTICOS (de que PARTICIPAÇÕES E INVESTIMENTOS LTDA, que, por sua vez,
eram sócios o filho dos sócios do Grupo Helga e a mãe do sócio do não possuiria qualquer ligação com o Grupo Hanova, tratando-se de
Grupo Hanova), teria como única finalidade ocultar os sócios de fato empresa de investimentos de proveniente São Paulo.
da nova empresa e ainda o de conseguir nova linha de crédito na A demandada AL PARTICIPACOES LTDA nega a formação de
grupo econômico com quaisquer das demais empresas. conjunta, em linha de coordenação e comunhão de interesses, o
alega que nunca existiu de fato e nega a formação de grupo Ademais, a primeira testemunha laboral afirmou em seu
A ré BRC - BRAZIL COSMETICS LTDA informa que comprou os "(...) que havia comentários dentro da empresa de que ocorreu uma
direitos de uso da marca HELGA, não estando a reclamante sob fusão entre as empresas Helga e Hanova; que o gerente do
suas ordens, refutando a formação de grupo econômico com depoente comentou que ocorreria a fusão e que o depoente
quaisquer das demais empresas reclamadas e pleiteia que, em continuaria a prestar serviços para as duas empresas; que o
caso de condenação, seja de forma subsidiária. depoente já chegou, mesmo prestando serviços para a Helga,
Pois bem. prestar serviços para a Hanova, tais como rotulagem de produtos,
Inicialmente, declaro a responsabilidade solidária das empresas embalagem de mercadorias e fazendo entregas; que depois dos
DISTRIBUIDORA HELGA COSMETICOS LTDA - ME, HELGA comentários da fusão, o depoente também começou a receber
COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ordens do Sr. Paulo, empregado da Hanova, responsável pela
MULTIPLA COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - EPP, BELLA Ainda, a segunda testemunha da autora noticiou:
COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS "que trabalhou para Helga de 01/02/2010 a 14/04/2018 na função
LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA de estoquista; que trabalhou com a reclamante; que o gerente,
PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS Sr.Evandro comentou com o depoente que havia sido feita uma
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX sociedade entre a Helga e a Hanova; que, após o comentário, o
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX depoente também começo a prestar serviços para a Hanova
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, abastecendo e descarregando as mercadorias da empresa Hanova
ROBERTO NENDZA - ME (1ª a 13ª reclamadas), nos termos do § nas seções das lojas Helga, limpando as mercadorias; que o
2º do art. 2º da CLT, as quais reconheceram a formação de grupo depoente não recebia ordens de nenhum empregado da Hanova;
econômico entre si, encontrando-se, dentre estas, a empregadora. que as lojas Helga também vendiam produtos de outras indústrias e
Quanto ao grupo econômico alegado em relação aos grupos não só da empresa Hanova; que, em relação às mercadorias das
HELGA e HANOVA, a autora juntou aos autos várias fotografias outras indústrias, o abastecimento e o descarregamento de
com os Srs. Anderson Luid Dos Santos Severo, José Alencar Sales mercadorias eram feitos por empregados destas indústrias; que a
Junior, Aline Cristina Silva Souza Severo e Érica Pontes de reclamante vendia produtos da indústria Hanova bem como de
Meneses, sócios das empresa Hanova e Helga, divulgadas em meio outras indústrias."
digital em julho de 2017, anunciando a fusão entre as empresas do Saliente-se que o fato de terem sido alienados fundos de comércio
Grupo Helga com aquelas do Grupo Hanova (HNV), com de empresas do Grupo Helga para a empresa DX GROUP
fundamento na expansão e aquisições realizadas pelo grupo PARTICIPAÇÕES E INVESTIMENTOS LTDA não afeta a presente
HANOVA, podendo se perceber que nas fotos, aparece o diretor do demanda, pois apenas houve a alienação parcial das quotas
grupo HANOVA, o qual veste camisa com o nome HELGA NOVO empresariais de somente algumas das empresas do Grupo.
TEMPO e ainda uma figura que demonstra a junção de duas peças Insta destacar, também, que a alegação da reclamada ANDERSON
de quebra-cabeça nas quais constam os nomes dos dois grupos LUID DOS SANTOS SEVERO ME de que a relação havida entre os
HANOVA e HELGA. Em que pese não haver alterações nas apontados conglomerados empresariais era de apenas fornecedor-
estruturas das empresas formadoras dos grupos, resta claro que cliente não se sustenta, ressaltando que a mensagem eletrônica e a
houve uma intensa comunhão de interesses confissão de dívida datam de período anterior à "fusão" noticiada, o
econômicos/profissionais entre as empresas formadoras dos dois que só veio a ocorrer em julho de 2017.
grupos. De acordo com a Lei 13.467/2017 são requisitos para a Diante do exposto, reconheço a existência de grupo econômico por
configuração do grupo econômico: a demonstração do interesse coordenação entre todas as empresas dos Grupos HELGA e
integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta HANOVA, as quais declaro responsáveis solidárias pelas verbas
das empresas integrantes. A inexistência de uma hierarquia entre decorrentes da condenação, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da
demonstração de que entre as empresas ocorre clara atuação No que concerne à reclamada AL PARTICIPAÇÕES LTDA, verifica-
se que na defesa das empresas formadoras do GRUPO HELGA COSMETICOS LTDA também participa dos Grupos Helga e
restou afirmado que as empresas HANOVA INDUSTRIA E Hanova, utilizando-se da mesma estrutura empresarial para a
COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, ANDERSON LUID consecução de seus objetivos financeiros, diante do que, resta
DOS SANTOS SEVERO - ME e AL PARTICIPACOES LTDA condenada solidariamente, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da
constituição da reclamada AL PARTICIPAÇÕES LTDA demonstra Por fim, quanto à ré BRC BRAZIL COSMETICS COMÉRCIO
que essa empresa tem como sócios os Srs. Anderson Liud dos VAREJISTA DE COSMÉTICOS EIRELI, verifica-se que ela
Santos Severo e Aline Cristina Silva Souza Severo, os quais se apresentou defesa através do mesmo escritório que a empregadora,
fizeram presentes ao evento em que foi anunciada a "fusão" entre na qual passou a repetir as mesmas alegações já apresentadas
os grupos empresariais, conforme fotografias anexadas aos autos. pelas 1ª a 13ª Reclamadas, além disso, observa-se que no
Ainda, o endereço eletrônico da AL PARTICIPAÇÕES LTDA comprovante de inscrição cadastral (CNPJ) consta endereço
Ademais, a Sra. Aline Cristina Silva Souza Severo é também sócia Ademais, apresentou carta de preposição que revelou
da empresa HNV INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE COSMÉTICOS representação através do mesmo preposto que a empregadora,
LTDA, cujo endereço eletrônico é razão pela qual, deve ser solidariamente responsável pelos créditos
"anderson@hanovacosméticos.com.br", conquanto o Sr. Anderson oriundos da presente demanda, nos moldes dos arts. 2º, § 2º, e 9º
Liud dos Santos Severo não faça parte do corpo societário dessa da CLT."
empresa. O Sr. Anderson Liud dos Santos Severo atua, ainda, Pontue-se, por oportuno, que as atas de audiência em nada
como empresário individual da ANDERSON LUID DOS SANTOS corroboram com a tese da demandada, uma vez que se verifica,
SEVERO ME. Por fim, saliento que as empresas HNV INDÚSTRIA com extrema facilidade, que a testemunha da reclamada, Sr.
LTDA, ANDERSON LUID DOS SANTOS SEVERO - ME e MULT processos, busca, sem nenhum sucesso, sustentar os termos da
fizeram representar pelo mesmo preposto, o Sr. Luiz Gustavo Ademais, por mais que tenha declarado que "que na metade do
Santana Severo, neste feiro e nos processos nº0000470- segundo semestre de 2017 houve uma reunião da Helga com a
61.2018.5.07.0010, cujos termos de audiência foram anexados aos afirmou, posteriormente, que "soube que foi feita uma postagem
presentes autos. no instagram da Helga onde foi usado o termo fusão com a
diverso das empresas do grupo HANOVA não é suficiente para Por outro lado, as testemunhas Francisca Edinusia Alves de Sousa
afastar a formação do grupo econômico com HNV INDÚSTRIA E e Maria Irlane Silva Santos
COMÉRCIO DE COSMÉTICOS LTDA e ANDERSON LUID DOS Desiderio, apresentadas pelas partes autoras, nas referidas atas de
Sendo assim, reconheço que a empresa AL PARTICIPAÇÕES reunião em que foi publicizada à fusão das demandadas aos
LTDA pertence ao grupo econômico HANOVA, o qual restou empregados são uníssonas ("que no final de julho/2017 foram
condenada solidariamente, aplicando a esta a mesma convocadas para uma reunião no hotel meridional no centro da
responsabilidade, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da CLT. cidade onde foi comunicada por Alencar Junior, Erica Pontes e
No que tange à reclamada MULT DISTRIBUIDORA DE Aline Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas de
COSMETICOS LTDA, observa-se efetivamente formalizada em que tudo iria mudar com a chegada de novos produtos, mas na
24/10/2017 pouco tempo após a fusão dos grupos HELGA e pratica tudo continuou do mesmo jeito, pois continuou
HANOVA, com atuação na vendas de produtos de higiene, tendo chegando produtos da marca própria da Helga (lavi) e da Helga,
como sócios os Srs. Matheus Pontes Sales e Maria de Fátima dos os quais tinham prioridade para serem vendidos" - depoimento
Santos Severo, os quais são, respectivamente, o filho dos titulares de Maria Irlane Silva Santos Desiderio) e ("que houve uma
do Grupo Helga e a mãe de um dos proprietários do Grupo Hanova reunião num domingo de julho/2017 onde foi comunicada a
(Anderson Luid dos Santos Severo), fato não contestado em defesa. fusão da Hanova com a Helga Cosmeticos onde foram
Sendo assim, tenho que a empresa MULT DISTRIBUIDORA DE apresentados os novos patrões como sendo: Aline Severo e
seu esposo Anderson ambos donos da Hanova; que a a partir 2): "Temos o orgulho de anunciar que começou um novo tempo. O
daí a prioridade era para vender os produtos da Hanova e Lavi" Grupo HNV detentor de várias marcas como a Hanova, em um
- depoimento de Francisca Edinusia Alves de Sousa)." processo de expansão e aquisições, realizou a fusão com o Grupo
A empresa recorrente manifesta no presente recurso ordinário o seu Helga Cosméticos. Tudo isso para que os nossos clientes possam
inconformismo, alegando, em síntese: "que a fusão e o grupo ter sempre à disposição o melhor atendimento, os melhores
econômico ostentam características diametralmente opostas"; "em produtos e a melhor experiência. Transformando para melhor, o seu
que pese tenha havido, nas redes sociais, um anúncio de fusão visual e a sua vida. #HelgaNovoTempo #Hanova #GrupoHNV
entre os conglomerados Helga e Hanova, por certo, tal #GrupoHelga #Beleza #Cabelos". Com a devida vênia da parte
reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão recorrente, este aspecto é relevante para a caracterização do grupo
empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas econômico sob investigação, demonstrando a plena possibilidade
regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos de que as marcas de cada um dos grupos estejam sob a
econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria, coordenação de um único conglomerado, o que afasta a tese
mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que recursal a respeito da estranheza de haver empresas concorrentes
"que a sentença de origem, em nenhum momento, cuidou de Além disso, vigora no Direito do Trabalho o princípio da primazia da
demonstrar a integração de interesses entre as empresas, a realidade, de modo a ser imprescindível destacar a prevalência dos
atuação conjunta, tampouco a comunhão de interesses, mas fatos da relação de emprego sobre os aspectos formais. Dessa
apenas limitou-se a discorrer, de forma bastante confusa, sobre forma, ainda que não ultimada, ao menos formalmente, com as
"fusão", sendo esta manifestante inexistente no caso vertente"; "que devidas baixas das pessoas jurídicas, a fusão mencionada nas
os depoimentos coligidos aos autos sob a rubrica de prova redes sociais, não há se desconhecer que houve a junção das
emprestada fulminam a pretensão autoral, quer pelo viés da fusão, empresas, que passaram a atuar integradas a um único grupo.
seja sob a óptica de agrupamento empresarial." Igualmente, salvo melhor juízo, os depoimentos das testemunhas
Não se vê nas razões recursais, com a devida vênia da parte não afastam o reconhecimento do grupo econômico. Ao revés,
recorrente, fundamentos que infirmem convincentemente as confirmam a fusão entre as empresas. Destaca-se, a este respeito,
conclusões do juízo de primeiro grau, razão pela qual se há perfilhar o depoimento da primeira testemunha da parte reclamante, Sra.
com os motivos da decisão vergastada, ora endossados e Maria Irlane Silva Santos Desiderio, ouvida no processo nº 0000470
integrantes das presentes razões de decidir. -54.2018.5.07.0010 (Ata de audiência de ID 5cd9c24 - Pág. 4),
Consoante o § 2º do art. 2º da CLT, "sempre que uma ou mais trazido por empréstimo ao conjunto probatório pelas próprias
empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica reclamadas, revelador de "(...) que no final de julho/2017 foram
própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de convocadas para uma reunião no hotel meridional no centro da
outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua cidade onde foi comunicada por Alencar Junior, Erica Pontes e Aline
autonomia, integrem grupo econômico, serão responsáveis Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas de que tudo
solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de iria mudar com a chegada de novos produtos, mas na pratica tudo
Nesta esteira, o delineamento do que se convencionou chamar marca propria da Helga (lavi) e da Helga, os quais tinham prioridade
grupo econômico, pela dicção da Consolidação das Leis do para serem vendidos, e das outras marcas continuaram escassos".
Trabalho, importa na evidência da integração dos Veja-se que a fusão foi comunicada aos empregados em reunião,
empreendimentos, de forma a vincular, direta ou indiretamente, as constatação que reforça a ideia do grupo econômico, referindo-se a
Este aspecto restou caracterizado nos autos, sendo certo que se operandi das vendas dos produtos e não à ausência de formação
verificam elementos suficientes para que seja corroborada a de grupo. A testemunha em questão ainda revelou que as diversas
Como bem destacado pela sentença, restou demonstrada nos autos mas que com a Hanova o processo foi diferente, pois, além de ter
a ampla divulgação realizada nas redes sociais, em julho de 2017, sido comunicada a fusão, não houve interrupção do fornecimento de
acerca da fusão das empresas do Grupo Helga com aquelas do mercadorias para serem vendidas nas lojas Helga, o que ocorreu
Grupo Hanova. Eis os dizeres da publicação (V. ID 0d53e9e - Pág. com outros fornecedores em face das dívidas da empregadora
Não se olvida o depoimento da testemunha convidada pelas conhecer do recurso ordinário para, rejeitar as preliminares
reclamadas, Sr. Emanuel Rodrigues de Albuquerque, ouvida nos suscitadas e, no mérito, por maioria, negar-lhe provimento. Vencido
processos (461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471- o Desembargador Relator, que dava provimento ao apelo, para
39.2018.5.07.0010) trazidos por empréstimo ao conjunto probatório, excluir da condenação a responsabilidade solidária da reclamada
cujas declarações transparecem a ideia de demonstrar ter havido HNV INDÚSTRIA E COSMÉTICOS LTDA. Redigirá o acórdão o
apenas uma relação comercial, mas não uma fusão, entre as Desembargador Cláudio Soares Pires, com a integração do voto
demais elementos probatórios dos autos, não há de prevalecer o Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
quadro traçado pelo depoente, sendo de se destacar que ele próprio Francisco José Gomes da Silva (Presidente e Relator), Cláudio
admite não ter participado da reunião ocorrida em julho de 2017 (V. Soares Pires e Paulo Régis Machado Botelho. Presente ainda o(a)
ID's 5cd9c24 - Pág. 6 e 8eb6395 - Pág. 6), na qual fora anunciada a Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
fusão aos trabalhadores. de férias o Exmo. Sr. Desembargador Jefferson Quesado Junior.
Cumpre ressaltar, ainda, porquanto oportuno, que a estreita relação Fortaleza, 14 de outubro de 2019.
comercial entre as empresas dos grupos empresariais, consoante INTEGRA O PRESENTE ACÓRDÃO O VOTO VENCIDO DO EXMº
se denota pelas notas ficais de vendas de mercadorias anexadas DESEMBARGADOR FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA, in
econômico, mas, em verdade, a reforça, evidenciando além da EMENTA: PROVA EMPRESTADA. PREVISÃO LEGAL.
complementaridade entre os objetos sociais das empresas CONTRADITÓRIO OBSERVADO. O novo CPC trouxe permissivo
contratantes, o interesse integrado, a comunhão de interesses e a expresso quanto à possibilidade de utilização da prova emprestada,
atuação conjunta das empresas dele integrantes. desde que observado o contraditório, conforme previsão no art. 372.
Destarte, o quadro encontrado no presente feito permite a Assim, havendo previsão legal para utilização da prova emprestada
conclusão de que a empresa ora recorrente integra grupo e, observando que no processo nº 0000471-51.2018.5.07.0006 as
econômico com as reclamadas do grupo Helga. Importa examinar a partes foram submetidas ao contraditório e, havendo identidade dos
presença de elementos objetivos capazes de demonstrar que as fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de
empresas estavam integradas no mesmo grupo. É o que se cerceamento de defesa. Preliminar rejeitada.
constatou à exaustão no presente feito. PETIÇÃO INICIAL. ART. 840, §1º DA CLT. O processo trabalhista
Por oportuno, colhe-se o seguinte precedente jurisprudencial: é regido pelo princípio da simplicidade das formas, consagrado no
"Grupo econômico. Relação inter-empresarial. O grupo econômico art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta uma breve exposição
para fins justrabalhistas não necessita se revestir das modalidades dos fatos para se considerar apta a exordial. Em decorrência do
jurídicas típicas do Direito Econômico ou Direito Comercial princípio da simplicidade, que norteia o processo trabalhista, o qual
(holdings, consórcios, pools etc.). Não se exige, sequer, a prova não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de 2017, verifica-se que
de sua formal institucionalização cartorial: pode-se acolher a a petição inicial atendeu integralmente os requisitos do art. 840, da
existência do grupo desde que surjam evidências probatórias CLT. Preliminar rejeitada.
de que estão presentes os elementos de integração inter- EXISTÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO. ART. 2º, DA CLT. ÔNUS
empresarial (abrangência subjetiva e nexo relacional) de que DA PROVA. ART. 818, DA CLT C/C ART. 373, DO NCPC.
fala a CLT (art. 2º, § 2º)" (Processo 00409002020085010025, TRT AUSÊNCIA DE PROVA. Não tendo a reclamante comprovado a
1ª Região - 8ª Turma, Relatora Desembargadora Dalva Amélia de existência do alegado grupo econômico Helga-Hanova, composto
EMPRESTADA - DO ALEGADO CERCEAMENTO DE DEFESA partes foram submetidas ao contraditório e, havendo identidade dos
Aduz a recorrente, preliminarmente, que houve cerceamento de seu fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de
integralmente a motivação da sentença proferida na reclamatória Quanto a alegativa de que as reportadas transcrições dos
trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu depoimentos carregam relatos fáticos que não integram as razões
entendimento, a partir das provas orais ali consignadas, mas que, da exordial, não merece acolhida, posto que a causa de pedir da
tais elementos probatórios não foram publicizadas à ora recorrente autora, no que se refere a responsabilidade solidária das acionadas,
no presente feito, com vistas à garantia do contraditório e da ampla trata justamente na alegada formação de grupo econômico entre as
defesa, verificando-se, pois, uma patente violação ao que dispõe o empresas, objeto da prova naqueles autos.
Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não Juízo a quo dizem respeito aos fatos relacionados pela autora, no
integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos, que pertine a alegada formação de grupo econômico entre as
mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou acionadas GRUPO HELGA (DISTR IBUIDORA HELGA
como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera COSMETICOS LTDA - ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME,
cópia de uma transcrição parcial realizada no bojo de uma sentença HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, ORIGINAL
proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou, COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA
naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - EPP, BELLA
emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito. COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS
Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA
relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS
reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art. COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX
Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e
dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em ROBERTO NENDZA - ME) e GRUPO HANOVA - HNV (HANOVA
conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine. INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, AL
de provas emprestadas, relativo aos depoimentos testemunhais dos LTDA), assim como referem-se as mesmas demandadas, sendo
processos 461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471- permitido sua valoração como se houvesse sido produzida
39.2018.5.07.0010 (ID. bae0442, ID. ed35241, ID. 5cd9c24, ID. diretamente nos autos examinados.
O Juízo, ao proferir a sentença, utilizou para o reconhecimento da utilizado a fundamentação da sentença, a qual considerou para
existência de Grupo Econômico entre as acionadas (Grupo Hanova- formação do convencimento da magistrada, depoimentos os quais
Helga) como prova emprestada, os fundamento os lançados na foram respeitados o contraditório quando produzida em processos
sentença prolatada nos autos do processo nº 0000471- judiciais, máxime,quando envolvendo a mesma empresa e quando
51.2018.5.07.0006, de lavra da magistrada Taciana Orlovicin os fatos guardam correlação com os da presente ação.
Gonçalves Pita (ID. 984dd8d). Nesse mesmo entendimento, colaciona-se a atual jurisprudência do
Nesse ponto, destaco, inicialmente, que o novo CPC trouxe Tribunal Superior do Trabalho, in verbis:
permissivo expresso quanto à possibilidade de utilização da prova UTILIZAÇÃO DE PROVA EMPRESTADA. POSSIBILIDADE.
emprestada, desde que observado o contraditório, conforme IDENTIDADE FÁTICA. MESMAS RECLAMADAS.
previsão no art. 372, que assim dispõe: DESNECESSIDADE DE PRÉVIA CONCORDÂNCIA DA PARTE
Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em CONTRÁRIA. AUSÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA.
outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, NULIDADE PROCESSUAL NÃO CONFIGURADA. Esta Corte
identidade dos fatos considerados no documento emprestado e no uma breve exposição dos fatos para se considerar apta a exordial.
caso em julgamento, assim como ocorrido nesta hipótese, em que o Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal.
Regional registrou que"a prova emprestada foi produzida em § 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do
processo judicial que envolvia as mesmas rés da presente ação, Presidente da Junta, ou do juiz de direito a quem for dirigida, a
tendo sido observadas as formalidades estabelecidas em lei para a qualificação do reclamante e do reclamado, uma breve exposição
sua produção, bem como o princípio do contraditório. Segundo, dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura
porque os fatos a serem comprovados guardam correlação com os do reclamante ou de seu representante.
da presente ação. Terceiro, porque a referida prova emprestada foi § 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do
valorada pelo Juízo segundo o princípio do livre convencimento juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que
motivado, em conjunto com as demais provas dos autos". resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo, determinado e
Importante salientar também que a utilização de prova emprestada com indicação de seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou
não está condicionada à prévia anuência e concordância das de seu representante. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
partes. Assim, a mera alegação da reclamada de que não § 2º - Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em 2 (duas)
concordou com a utilização de prova emprestada não é suficiente vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no
para inviabilizar a sua utilização nestes autos. Precedentes. que couber, o disposto no parágrafo anterior.
Recurso de revista não conhecido" (TST, ARR - 3600- § 2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias
29.2010.5.12.0031 Data de Julgamento: 15/02/2017, Relator datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que
Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de couber, o disposto no § 1o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº
"B) RECURSO DE REVISTA. 1. NULIDADE DA SENTENÇA. § 3o Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo
CERCEAMENTO DE DEFESA. UTILIZAÇÃO DE PROVA serão julgados extintos sem resolução do mérito. (Incluído pela Lei
utilização de prova emprestada consubstanciada em certidão de Como se observa, a Lei n. 13.467/17 fez referência expressa aos
averiguação produzida em outros autos, no qual a reclamada figura requisitos da petição inicial trabalhista, dispondo no § 1º do art. 840
como parte, não configura cerceamento de defesa, ante a da CLT que o pedido deva "ser certo, determinado e com indicação
observância do contraditório e da ampla defesa. Com efeito, esta No caso, em relação ao pedido de pagamento do FGTS e multa
Corte tem se posicionado no sentido de ser possível a utilização da rescisória, o reclamante fez pedido certo, determinado e com
prova emprestada, não sendo imprescindível a anuência da parte indicação do valores pois da sua causa de pedir, entende-se
adversa. Recurso de revista não conhecido" (TST, RR - 940- logicamente que o autor fora demitido sem justa causa e sem
27.2013.5.18.0181 Data de Julgamento: 09/11/2016, Relatora recebimento de suas verbas rescisórias, fato este, incontroverso
Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT nos autos.
INÉPCIA DA INICIAL sendo demitida sem justa causa em 29/03/2018; que o último
Requer o Recorrente, o reconhecimento da inépcia do pedido salário percebido foi de R$ 3.200,00 (três mil e duzentos reais); que
relativo às parcelas de FGTS + 40%, e a extinção do pleito sem quando de sua demissão não recebeu qualquer valor, assim como
resolução de mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15, não fora liberado Seguro Desemprego e FGTS, motivo pelo qual
sob o fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de pleiteia a liberação dos mesmos em sede de tutela antecipada; que
ingresso, inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso o FGTS se encontra depositado apenas de forma parcial, apenas o
e de dispensa, realizou o pedido correspondente às parcelas de valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais).
FGTS, em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o Em seguida, requereu que, Tendo em vista os argumentos jurídicos
O processo trabalhista é regido pelo princípio da simplicidade das sejam: Saldo Salário, Aviso Prévio de 51 dias, 13º salário e férias
formas, consagrado no art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta sobre aviso prévio, FGTS sobre rescisão, 13º salário proporcional
3/12 de 2018, férias simples 2016/2017 e proporcionais 2017/2018 entre as empresas ou atuação conjunta.
Em relação ao rol dos pedidos, o autor requereu a condenação da A lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017 que alterou a Consolidação
reclamada ao pagamento das verbas rescisórias, incluindo FGTS E das Leis do Trabalho (CLT) trouxe novos parâmetros para
Em decorrência do princípio da simplicidade, que norteia o processo A nova redação alterou o parágrafo 2º e acrescentou o parágrafo 3º
trabalhista, o qual não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de a este artigo, conforme transcrição seguinte:
2017, a petição inicial ora em análise preencheu os requisitos do Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva,
art. 840 , da CLT, a qual, frise-se, não dificultou a defesa das que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria
Na peça de ingresso, requer o reclamante que seja caracterizada a fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados.
condição da segunda (VRX COMÉRCIO COSMÉTICOS E § 2º Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada
BIJUTERIAS LTDA) e terceira reclamada (HANOVA uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a
COSMÉTICOS), de responsáveis solidárias pelos encargos direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando,
trabalhistas da primeira reclamada, HELGA COSMÉTICOS, em mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo
Afirma que a primeira, segunda e terceira reclamadas foram obrigações decorrentes da relação de emprego.
criadas, são dirigidas e controladas pelo pela Sra. Erica Pontes de § 3º Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de
Meneses, que não aparece no contrato social da terceira sócios, sendo necessárias, para a configuração do grupo, a
reclamada, HANOVA COSMÉTICOS, pois utilizou terceiro como demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de
complementares, visto todas possuírem o mesmo objeto social e A nova redação do art. 2º, além de manter a hipótese do grupo
finalidade, sendo patente a formação de grupo econômico entre econômico hierarquizado ou sob subordinação, introduz,
No mérito, defende a recorrente, em síntese, a inexistência de fusão sob coordenação, trazendo para o texto legal, o entendimento dos
e formação de grupo econômico com o GRUPO HELGA, sendo Tribunais Regionais do Trabalho e do TST quanto a configuração de
ao autor na presente reclamação trabalhista. Com relação a este modelo de grupo econômico coordenado, a
Argumenta que, em que pese tenha havido, nas redes sociais, um Desembargadora Dra. Vólia Bomfim Cassar, do TRT da 1ª Região,
anúncio de fusão entre os conglomerados Helga e Hanova, por em seu livro Direito do Trabalho, afirma que:
certo, tal reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão Os grupos econômicos por coordenação se apresentam quando
empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas houver reunião de interesses para execução de determinado
regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos empreendimento, tendo ou não o mesmo controle ou administração
econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria, comum. Logo, os grupos por coordenação podem ter relação de
mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que controle entre si, numa linha horizontal e não vertical. Isto é, não
possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses, o haverá, no grupo horizontal, uma empresa controladora e outra(s)
que, também, não retrata o caso dos autos. controlada(s), uma líder (holding) e outras lideradas. Todas são
Esclarece, adiante, que há uma mera relação comercial, havendo interligadas entre si e, apesar de autônomas e independentes, estão
total independência entre as empresas do GRUPO HANOVA em interligadas pela ingerência, administração comum, como se
relação às componentes do GRUPO HELGA, sendo a recorrente, subordinadas umas às outras administrativamente. Por trás desta
mera fornecedora de produtos para o conglomerado empresarial administração comum pode estar um sócio ou alguns sócios ou
HELGA, sem haver contudo, qualquer integração de interesses pessoa física no controle.(CASSAR, 2017,p.429).
Logo, o aproveitamento dos serviços prestados pelo trabalhador por e nem do salário do último mês; que depoente trabalhou até
sociedades empresárias que mantenham relação de coordenação 23/fevereiro/2018, não sabendo o ultimo dia labutado pelo
entre si, formando o grupo econômico trabalhista, serão todas, por reclamante; que recebia ordem direta dos gerentes Luxeles,
consequência, responsabilizadas pela contraprestação devida ao Rosângela, Francisca Cirlane, os quais eram gerentes da loja
obreiro, atraindo a incidência do § 2º do artigo 2º da CLT do shopping Central da Helga Nendza Sales .". ÀS PERGUNTAS
Estabeleceu, igualmente, que "não caracteriza grupo econômico a "que houve uma reunião num domingo de julho/2017 onde foi
mera identidade de sócios. Assim, o patrimônio de empresas que comunicada a fusão da Hanova com a Helga Cosmeticos onde
têm sócios comuns, porém com atuam em setores diversos, estarão foram apresentados os novos patrões como sendo: Aline
Portanto, a análise da existência ou não da formação de um grupo a partir daí a prioridade era para vender os produtos da Hanova
econômico, deve-se observar o princípio da primazia da realidade, e Lavi, mesmo tendo outras marcas, mas a Hanova e Lavi
para que cada caso seja analisado com suas peculiaridades, sendo deveriam estar em primeiro lugar nas vendas; que antes da
ônus do autor a prova de suas alegações ( art. 818, da CLT c/c art. reunião já vendiam todo tipo de produto e de varias marcas,
373, do NCPC). inclusive dos ora citados; que os proprietários da Helga e Hanova
No caso em análise, o autor fundamenta sua pretensão com base estavam presentes na reunião, sendo Erica PontesMenezes e
em notícias veiculadas nas redes sociais de possível fusão entre os Alencar Junior proprietários da Helga.". ÀS PERGUNTAS DO DO(A)
grupos Helga Cosméticos e HNV, assim como colaciona fotos em PATRONO(A) DO(A) PARTE RECLAMADA RESPONDEU: "que
que retrata parcerias entre as duas empresas, ID. 0d53e9e, sem, depois da reunião depoente continuou trabalhando na mesma
contudo, apresentar qualquer prova que indique ter realmente loja e o reclamante também, mas ambos trabalhavam em lojas
ocorrido a "FUSÃO" das empresas, ou qualquer relação de diferentes; que na reunião estavam os vendedores e gerentes;
coordenação entre elas. que a faixada das lojas continuaram iguais; que não houve
Ao revés, a acionada Hanova Indústria e Comércio de Cosméticos mudança da chefia após a reunião, mas a sua chefe Luxeles
Ltda colacionou aos autos documentos que demonstram a relação teve um problema de saúde e foi transferida para loja de
de vendas de mercadorias para as empresas integrantes do grupo Messejana, tendo ficado como gerente Rosangela; que Luxeles
Helga (CRX COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA e Rosangela eram gerentes da Helga; (...)." ( grifos nosso)
ME, ALENCARINE COSMETICOS COMERCIO VAREJISTA E Conforme se extrai do depoimento supra, não se trata o caso de "
TREINAMENTO EIREL, HELGA MEDZA SALES & CIA LTDA -ME, fusão" entre as empresas, tanto que a partir da reunião ocorrida em
ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA ME, VRX julho de 2017, nada foi alterado na estrutura organizacional da
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA ME, JOSE empresa, assim como layout das lojas, tratando-se, na verdade, de
ALENCAR SALES JUNIOR- ME, ORIGINAL COMERCIO DE um marketing e ações para incremento das vendas, através da
COSMETICOS LTDA- ME, tais como notas fiscais de vendas de fornecedora dos produtos, empresa HANOVA INDUSTRIA E
mercadorias, termo de confissão de dívida e e-mails em que se COMERCIO DE COSMETICOS LTDA, fato este, confirmado pelos
evidencia a parceria comercial entre as empresas ( venda de depoimentos de reclamantes e testemunhas dos processos
mercadorias), ID. de4b07e, ID. 4c4a838. utilizados como provas emprestadas nos autos, vejamos:
Na audiência de instrução, as reclamadas requerem a juntada de Convocada a primeira testemunha arrolada pelas Reclamadas
provas emprestadas (processos nºs. 461-92.2018.5.07.0010, 470- HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA -
54.2018.5.07.0010 e 471-39.2018.5.07.0010, tendo a autora ME, AL PARTICIPACOES LTDA, ANDERSON LUID DOS
concordado com a juntada dos referidos depoimentos. SANTOS SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE
No termo de audiência relativo ao processo nº. 0000461- COSMETICOS LTDA, Sr(a). Emanuel Rodrigues de Albuquerque
92.2018.5.07.0010, a testemunha da reclamante afirmou que: (...): "que trabalha na Hanova desde março/2016 como gerente
Primeira testemunha arrolada pela parte Reclamante Sr(a). administrativo financeiro; ." ÀS PERGUNTAS DO(A) PATRONO(A)
Francisca Edinusia Alves de Sousa: " (...)"que trabalhou na DO(A) PARTE RECLAMADA RESPONDEU: "que na metade do
reclamada Helga Cosméticos de 01/06/2006 a 23/02/2018 na segundo semestre de 2017 houve uma reunião da Helga com a
função de vendedora; que o reclamante, depoente e todos os Hanova para uma parceria de fornecimento de produtos, pois a
funcionários foram demitidos sem pagamento de verbas rescisórias Hanova é uma industria; que o fornecimento dos produtos continuou
da mesma forma, pois a Helga permaneceu como uma cliente Primeira testemunha arrolada pela parte Reclamante Sr(a).
norma; que a parceria teve o objetivo de aumentar o volume de Maria Irlane Silva Santos Desiderio: " (...) que no final de
vendas nas lojas e de fato aumentou, mas só no primeiro mês, julho/2017 foram convocadas para uma reunião no hotel meridional
pois logo em seguida a Helga entrou novamente em dificuldades no centro da cidade onde foi comunicada por Alencar Junior, Erica
financeiras e não conseguiu pagar os produtos que comprava, pois Pontes e Aline Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas
a divida já estava muito alta, de modo que a Helga não conseguia de que tudo iria mudar com a chegada de novos produtos, mas na
pagar nada na sua totalidade; que é uma prática comum serem pratica tudo continuou do mesmo jeito, pois continuou
feitas ações com as distribuidoras para estimular as vendas, e chegando produtos da marca propria da Helga (lavi) e da Helga,
os proprietários da Hanova comparecem pelo fato de que o os quais tinham prioridade para serem vendidos, e das outras
distribuidor Helga ser de grande porte, como também de outros marcas continuaram escassos; que sempre recebeu ordens
distribuidores; que na época da parceria a Helga já estava em das mesmas pessoas (Erica e Alencar), os quais pagavam o
débito com a Hanova; que a Hanova não colocou pessoas na salário da depoente; que todas as lojas da Helga fecharam; .".
lojas da Helga, muito menos assumiu o comando dessa; que a (...).( grifos nosso)
continuou a vendendo normalmente para as outras lojas, como No termo de audiência relativo ao processo nº. 0000471-
Cosbel, Anavi, Iap e outras; que não houve a fusão da Hanova com 39.2018.5.07.0010 a reclamante afirmou que:
a Helga; que havia procedimento de cobrança normal das vendas DEPOIMENTO PESSOAL DO RECLAMANTE MARIA CLEOMAR
dos produtos Hanova;." ÀS PERGUNTAS DO DO(A) PATRONO(A) FERREIRA DE SOUSA ALMEIDA: " (...) que depoente era gerente
DO(A) PARTE RECLAMANTE RESPONDEU: "que a reunião tem da loja Helga situada na Rua Floriano Peixoto 577, e trabalhou de
um caráter de marketing e não para apresentar fusão; que não 01/03/2003 até 14/04/2018: " (...)que as fachadas das lojas da
houve comunicação formal da fusão entre a Hanova e Helga, mas Helga continuaram com o mesmo nome, após a fusão, e as notas
depoente soube que foi feita uma postagem no instagram da fiscais das vendas eram com o nome da Helga; que a fusão da
Helga onde foi usado o termo fusão com a Hanova; que quanto Helga e Hanova foi para o crescimento da Helga, mas o dia a dia de
ao doc. de fl. 8 se tratam das pessoas de Anderson (proprietário da trabalho continuou o mesmo de antes, porém com a informação de
Hanova) e Junior (proprietária da Helga) e o doc. de fl. 9 tratam das que deveriam vender mais os produtos da Hanova; (...)."
pessoas Aline (proprietária da Hanova) e Erica (proprietária da Havendo fusão ou incorporação de empresas, há a alteração na
Helga); (...)."( grifos nosso) estrutura jurídica da empresa, o que in casu, não há provas nos
No termo de audiência relativo ao processo nº. 0000470- autos, não sendo suficiente a propaganda disseminada em reunião
O DEPOIMENTO PESSOAL DO RECLAMANTE: '" que depoente O que extrai dos depoimentos, é que a ideia inicial de postar nas
era subgerente, que atuava em várias lojas da Helga e trabalhou até redes sociais de que haveria a fusão das empresas, trata-se, tão
07/04/2018 porque as lojas fecharam, tendo a sra. Erica Pontes somente, de marketing para alavancar as vendas da empresa
(dona da Helga, esposa de Alencar Junior) comunicado a dispensa Helga, a qual, na época, já se encontrava com dificuldades
produtos de marca própria (Lavi), mas também da Hanova, Fatore, Diante do exposto, considerando que a autora não se desincumbiu
Corpo Dourado e outros; que em julho/2017 houve a fusão da de seu ônus probatório, reforma-se a sentença para excluir a
Hanova com a Helga, no que a prioridade passou a ser para vender responsabilidade solidária da reclamada HNV INDÚSTRIA E
produtos da Hanova e Lavi, mas ainda assim, a Helga continuou a COSMÉTICOS LTDA.
vender produtos de outras marcas que já tinham estoque nas DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
lojas, e também continuou comprando produtos de outras Uma vez excluída a responsabilidade solidária da ora recorrente, o
marcas para vender nas suas lojas; que as fachadas das lojas presente apelo, no ponto, segue a sorte do principal.
da Helga continuaram com o mesmo nome, após a fusão, e as CONCLUSÃO DO VOTO VENCIDO:
fusão da Helga e Hanova foi para o crescimento da Helga, mas Isto posto, voto pelo conhecimento do recurso ordinário para,
o dia a dia de trabalho continuou o mesmo de antes, porém rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, dar-lhe provimento
com a informação de que deveriam vender mais os produtos da para excluir a responsabilidade solidária da reclamada HNV
recebida pela parte embargada, conforme comprovante de que, também, não retrata o caso dos autos.
transferência bancária de ID. 619A9a4. Esclarece, adiante, que há uma mera relação comercial, havendo
Aduz a recorrente, preliminarmente, que houve cerceamento de total independência entre as empresas do GRUPO HANOVA em
seu direito de defesa, ao argumento de que o juízo, ao adotar relação às componentes do GRUPO HELGA, sendo a recorrente,
integralmente a motivação da sentença proferido na reclamatória mera fornecedora de produtos para o conglomerado empresarial
trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu HELGA, sem haver contudo, qualquer integração de interesses
entendimento, por consequência, a partir das provas orais ali entre as empresas ou atuação conjunta.
consignadas, mas que, tais elementos probatórios não foram Por fim, requer a reforma da decisão de modo a afastar a
publicizadas à ora recorrente no presente feito, com vistas à inconstitucionalidade declarada de forma incidental do art. 791-A,
garantia do contraditório e da ampla defesa, verificando-se, pois, §4º, da CLT, haja vista inexistir afronta à Carga Magna, mormente
uma patente violação ao que dispõe o art. 312 do CPC/15. porque, nos ditames do art. 133 da Lei Maior, o advogado é
Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não indispensável à administração da justiça, e, caso esta Colenda
integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos, Turma entenda de modo diverso, que seja observada o art. 97 da
mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou CRFB/1988, o qual prevê a cláusula de reserva de plenário para a
cópia de uma transcrição parcial realizada no bojo de uma sentença Após devidamente notificada, a recorrida apresentou suas
proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou, contrarrazões, conforme documento de ID. 15ffc62.
naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova A matéria versada no presente recurso dispensa a obrigatoriedade
emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito. de parecer prévio da douta PRT (art. 109, do Regimento Interno)"
reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art. Acolhe-se o presente recurso, uma vez que preenchidos os
dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em Peço vênia para adotar os fundamentos do voto do Excelentíssimo
conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine. Desembargador Relator Francisco José Gomes da Silva, quanto à
Adiante, requer o reconhecimento da inépcia do pedido relativo às apreciação das preliminares, nos seguintes termos:
parcelas de FGTS + 40%, a extinção do pleito sem resolução de "DA NULIDADE DA SENTENÇA- DA UTILIZAÇÃO DA PROVA
mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15, sob o EMPRESTADA - DO ALEGADO CERCEAMENTO DE DEFESA
fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de ingresso, Aduz a recorrente, preliminarmente, que houve cerceamento de seu
inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso e de direito de defesa, ao argumento de que o juízo, ao adotar
dispensa, realizou o pedido correspondente às parcelas de FGTS integralmente a motivação da sentença proferida na reclamatória
em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o saldo trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu
fundiário. entendimento, a partir das provas orais ali consignadas, mas que,
No mérito, defende a recorrente, em síntese, a inexistência de tais elementos probatórios não foram publicizadas à ora recorrente
fusão e formação de grupo econômico com o GRUPO HELGA, no presente feito, com vistas à garantia do contraditório e da ampla
sendo indevida a sua responsabilidade solidária pelos créditos defesa, verificando-se, pois, uma patente violação ao que dispõe o
Argumenta, em que pese tenha havido, nas redes sociais, um Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não
anúncio de fusão entre os conglomerados Helga e Hanova, por integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos,
certo, tal reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou
empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera
regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos cópia de uma transcrição parcial realizada no bojo de uma sentença
econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria, proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou,
mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova
possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses, o emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito.
Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA
relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS
reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art. COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX
Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e
dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em ROBERTO NENDZA - ME) e GRUPO HANOVA - HNV (HANOVA
conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine. INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, AL
de provas emprestadas, relativo aos depoimentos testemunhais dos LTDA), assim como referem-se as mesmas demandadas, sendo
processos 461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471- permitido sua valoração como se houvesse sido produzida
39.2018.5.07.0010 (ID. bae0442, ID. ed35241, ID. 5cd9c24, ID. diretamente nos autos examinados.
O Juízo, ao proferir a sentença, utilizou para o reconhecimento da utilizado a fundamentação da sentença, a qual considerou para
existência de Grupo Econômico entre as acionadas (Grupo Hanova- formação do convencimento da magistrada, depoimentos os quais
Helga) como prova emprestada, os fundamento os lançados na foram respeitados o contraditório quando produzida em processos
sentença prolatada nos autos do processo nº 0000471- judiciais, máxime,quando envolvendo a mesma empresa e quando
51.2018.5.07.0006, de lavra da magistrada Taciana Orlovicin os fatos guardam correlação com os da presente ação.
Gonçalves Pita (ID. 984dd8d). Nesse mesmo entendimento, colaciona-se a atual jurisprudência do
Nesse ponto, destaco, inicialmente, que o novo CPC trouxe Tribunal Superior do Trabalho, in verbis:
permissivo expresso quanto à possibilidade de utilização da prova UTILIZAÇÃO DE PROVA EMPRESTADA. POSSIBILIDADE.
emprestada, desde que observado o contraditório, conforme IDENTIDADE FÁTICA. MESMAS RECLAMADAS.
previsão no art. 372, que assim dispõe: DESNECESSIDADE DE PRÉVIA CONCORDÂNCIA DA PARTE
Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em CONTRÁRIA. AUSÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA.
outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, NULIDADE PROCESSUAL NÃO CONFIGURADA. Esta Corte
Assim, havendo previsão legal para utilização da prova emprestada identidade dos fatos considerados no documento emprestado e no
e, observando que no processo nº 0000471-51.2018.5.07.0006 as caso em julgamento, assim como ocorrido nesta hipótese, em que o
partes foram submetidas ao contraditório e, havendo identidade dos Regional registrou que"a prova emprestada foi produzida em
fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de processo judicial que envolvia as mesmas rés da presente ação,
Quanto a alegativa de que as reportadas transcrições dos sua produção, bem como o princípio do contraditório. Segundo,
depoimentos carregam relatos fáticos que não integram as razões porque os fatos a serem comprovados guardam correlação com os
da exordial, não merece acolhida, posto que a causa de pedir da da presente ação. Terceiro, porque a referida prova emprestada foi
autora, no que se refere a responsabilidade solidária das acionadas, valorada pelo Juízo segundo o princípio do livre convencimento
trata justamente na alegada formação de grupo econômico entre as motivado, em conjunto com as demais provas dos autos".
empresas, objeto da prova naqueles autos. Importante salientar também que a utilização de prova emprestada
Os depoimentos constantes na prova emprestada utilizada pelo não está condicionada à prévia anuência e concordância das
Juízo a quo dizem respeito aos fatos relacionados pela autora, no partes. Assim, a mera alegação da reclamada de que não
que pertine a alegada formação de grupo econômico entre as concordou com a utilização de prova emprestada não é suficiente
acionadas GRUPO HELGA (DISTR IBUIDORA HELGA para inviabilizar a sua utilização nestes autos. Precedentes.
COSMETICOS LTDA - ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME, Recurso de revista não conhecido" (TST, ARR - 3600-
HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, ORIGINAL 29.2010.5.12.0031 Data de Julgamento: 15/02/2017, Relator
COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de
COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS "B) RECURSO DE REVISTA. 1. NULIDADE DA SENTENÇA.
CERCEAMENTO DE DEFESA. UTILIZAÇÃO DE PROVA serão julgados extintos sem resolução do mérito. (Incluído pela Lei
utilização de prova emprestada consubstanciada em certidão de Como se observa, a Lei n. 13.467/17 fez referência expressa aos
averiguação produzida em outros autos, no qual a reclamada figura requisitos da petição inicial trabalhista, dispondo no § 1º do art. 840
como parte, não configura cerceamento de defesa, ante a da CLT que o pedido deva "ser certo, determinado e com indicação
observância do contraditório e da ampla defesa. Com efeito, esta No caso, em relação ao pedido de pagamento do FGTS e multa
Corte tem se posicionado no sentido de ser possível a utilização da rescisória, o reclamante fez pedido certo, determinado e com
prova emprestada, não sendo imprescindível a anuência da parte indicação do valores pois da sua causa de pedir, entende-se
adversa. Recurso de revista não conhecido" (TST, RR - 940- logicamente que o autor fora demitido sem justa causa e sem
27.2013.5.18.0181 Data de Julgamento: 09/11/2016, Relatora recebimento de suas verbas rescisórias, fato este, incontroverso
Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT nos autos.
INÉPCIA DA INICIAL sendo demitida sem justa causa em 29/03/2018; que o último
Requer o Recorrente, o reconhecimento da inépcia do pedido salário percebido foi de R$ 3.200,00 (três mil e duzentos reais); que
relativo às parcelas de FGTS + 40%, e a extinção do pleito sem quando de sua demissão não recebeu qualquer valor, assim como
resolução de mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15, não fora liberado Seguro Desemprego e FGTS, motivo pelo qual
sob o fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de pleiteia a liberação dos mesmos em sede de tutela antecipada; que
ingresso, inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso o FGTS se encontra depositado apenas de forma parcial, apenas o
e de dispensa, realizou o pedido correspondente às parcelas de valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais).
FGTS, em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o Em seguida, requereu que, Tendo em vista os argumentos jurídicos
O processo trabalhista é regido pelo princípio da simplicidade das sejam: Saldo Salário, Aviso Prévio de 51 dias, 13º salário e férias
formas, consagrado no art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta sobre aviso prévio, FGTS sobre rescisão, 13º salário proporcional
uma breve exposição dos fatos para se considerar apta a exordial. 3/12 de 2018, férias simples 2016/2017 e proporcionais 2017/2018
Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal. todas acrescidas do terço constitucional, FGTS e multa de 40%.
§ 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do Em relação ao rol dos pedidos, o autor requereu a condenação da
Presidente da Junta, ou do juiz de direito a quem for dirigida, a reclamada ao pagamento das verbas rescisórias, incluindo FGTS E
dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura Em decorrência do princípio da simplicidade, que norteia o processo
do reclamante ou de seu representante. trabalhista, o qual não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de
§ 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do 2017, a petição inicial ora em análise preencheu os requisitos do
juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que art. 840 , da CLT, a qual, frise-se, não dificultou a defesa das
vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no A sentença reconheceu o grupo econômico entre as empresas
§ 2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias "Diante da identidade da matéria (fática e jurídica), adoto
datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que integralmente os fundamentos lançados na brilhante sentença
couber, o disposto no § 1o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº prolatada nos autos da 0000471-51.2018.5.07.0006, de lavra da
§ 3o Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo responsabilidade das empresas demandadas, nos termos a seguir:
'Afirma a parte reclamante que as empresas que compõem o antigo Em suas contestações, as rés negam a formação de grupo
GRUPO HELGA (DISTRIBUIDORA HELGA COSMETICOS LTDA - econômico entre as empresas do Grupo Helga e Hanova As
ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES reclamadas DISTRIBUIDORA HELGA COSMETICOS LTDA - ME,
& CIA LTDA - ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS HELGA COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES & CIA
LTDA - ME, MULTIPLA COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - LTDA - ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME,
EPP, BELLA COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE MULTIPLA COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - EPP,
COSMETICOS LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, BELLACOSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE
ERICA PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS COSMETICOS LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME,
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX ERICA PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX
ROBERTO NENDZA - ME) são dirigidas e coordenadas pelos COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME,
sócios José Alencar Sales Júnior e Érica Pontes de Meneses. Alega ROBERTO NENDZA - ME (1ª a 13ª reclamadas), não refutam o
que, em meados de 2017, os sócios do Grupo Helga iniciaram grupo econômico entre si, tendo contestado a formação de grupo
negociações para fusão com o Grupo Hanova (HNV), fusão de com as empresas do Grupo HANOVA (14ª a 16ª reclamadas), com
empresas esta que foi oficialmente tornada pública em julho de a MULT DISTRIBUIDORA (17ª reclamada) e com a BCR (18ª
2017, expondo o rol de empresas que compõem o Grupo Hanova - reclamada), alegando que o grupo HANOVA tem como objeto social
HNV (HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS a produção de produtos de beleza, e que inexiste hierarquia e/ou
LTDA - ME, AL PARTICIPAÇÕES LTDA, ANDERSON LUID DOS coordenação entre as empresas. Sustenta que a BCR está sob a
SANTOS SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE égide da Lei 11.101//05, tendo comprado o direito de utilização da
COSMETICOS LTDA), à época todas dirigidas pelos sócios marca "Helga" por cinco anos.
Anderson Luid Santos Severo e Aline Cristina Silva Souza Severo. As reclamadas HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE
Sustenta que, a partir de julho de 2017, independentemente do COSMETICOS LTDA - ME e ANDERSON LUID DOS SANTOS
cumprimento das obrigações legais para efetivação da fusão, qual SEVERO - ME reconhecem o grupo entre si e negam a formação de
seja a extinção das pessoas jurídicas da empresa incorporada com grupo com as demais reclamadas, noticiando que são fornecedoras
o surgimento de uma nova, tal fusão de fato ocorreu e todos os de produtos à rede varejista, sendo uma das principais, o grupo
empregados passaram à subordinação do Grupo Hanova-Helga, o HELGA, não tendo havido a fusão alegada, apenas relação
qual configura grupo econômico por coordenação, impondo a fornecedor-cliente. Informam, ainda, que os fundos de comércio de
responsabilização solidária entre as empresas do grupo. Entende empresas do Grupo Helga foram alienados por seus sócios-
que a fusão entre as empresas com a criação, em outubro de 2017, proprietários da Helga para a empresa DX GROUP
da empresa MULT DISTRIBUIDORA DE COSMÉTICOS (de que PARTICIPAÇÕES E INVESTIMENTOS LTDA, que, por sua vez,
eram sócios o filho dos sócios do Grupo Helga e a mãe do sócio do não possuiria qualquer ligação com o Grupo Hanova, tratando-se de
Grupo Hanova), teria como única finalidade ocultar os sócios de fato empresa de investimentos de proveniente São Paulo.
da nova empresa e ainda o de conseguir nova linha de crédito na A demandada AL PARTICIPACOES LTDA nega a formação de
praça. Postula, caso não se conclua pela existência de grupo grupo econômico com quaisquer das demais empresas.
econômico, que se reconheça a sucessão empresarial de todas as A reclamada MULT DISTRIBUIDORA DE COSMETICOS LTDA
empresas do Grupo Helga por HNV INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE alega que nunca existiu de fato e nega a formação de grupo
COSMÉTICOS LTDA. Alega, ainda, que a empresa BRC BRAZIL econômico com quaisquer das demais empresas.
COSMÉTICOS LTDA adquiriu em Recuperação Judicial os direitos A ré BRC - BRAZIL COSMETICS LTDA informa que comprou os
da marca mista "Helga" por cinco anos, sem jamais exercer direitos de uso da marca HELGA, não estando a reclamante sob
qualquer gerência direta, pois o Sr. José Alencar Sales Júnior suas ordens, refutando a formação de grupo econômico com
continuou a exercer a direção, gerência e coordenação das quaisquer das demais empresas reclamadas e pleiteia que, em
empresas. Por essa razão, pretende a responsabilização solidária caso de condenação, seja de forma subsidiária.
fraude ocorrida e a evidente direção do efetivo sócio do Grupo Inicialmente, declaro a responsabilidade solidária das empresas
COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ordens do Sr. Paulo, empregado da Hanova, responsável pela
MULTIPLA COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - EPP, BELLA Ainda, a segunda testemunha da autora noticiou:
COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS "que trabalhou para Helga de 01/02/2010 a 14/04/2018 na função
LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA de estoquista; que trabalhou com a reclamante; que o gerente,
PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS Sr.Evandro comentou com o depoente que havia sido feita uma
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX sociedade entre a Helga e a Hanova; que, após o comentário, o
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX depoente também começo a prestar serviços para a Hanova
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, abastecendo e descarregando as mercadorias da empresa Hanova
ROBERTO NENDZA - ME (1ª a 13ª reclamadas), nos termos do § nas seções das lojas Helga, limpando as mercadorias; que o
2º do art. 2º da CLT, as quais reconheceram a formação de grupo depoente não recebia ordens de nenhum empregado da Hanova;
econômico entre si, encontrando-se, dentre estas, a empregadora. que as lojas Helga também vendiam produtos de outras indústrias e
Quanto ao grupo econômico alegado em relação aos grupos não só da empresa Hanova; que, em relação às mercadorias das
HELGA e HANOVA, a autora juntou aos autos várias fotografias outras indústrias, o abastecimento e o descarregamento de
com os Srs. Anderson Luid Dos Santos Severo, José Alencar Sales mercadorias eram feitos por empregados destas indústrias; que a
Junior, Aline Cristina Silva Souza Severo e Érica Pontes de reclamante vendia produtos da indústria Hanova bem como de
Meneses, sócios das empresa Hanova e Helga, divulgadas em meio outras indústrias."
digital em julho de 2017, anunciando a fusão entre as empresas do Saliente-se que o fato de terem sido alienados fundos de comércio
Grupo Helga com aquelas do Grupo Hanova (HNV), com de empresas do Grupo Helga para a empresa DX GROUP
fundamento na expansão e aquisições realizadas pelo grupo PARTICIPAÇÕES E INVESTIMENTOS LTDA não afeta a presente
HANOVA, podendo se perceber que nas fotos, aparece o diretor do demanda, pois apenas houve a alienação parcial das quotas
grupo HANOVA, o qual veste camisa com o nome HELGA NOVO empresariais de somente algumas das empresas do Grupo.
TEMPO e ainda uma figura que demonstra a junção de duas peças Insta destacar, também, que a alegação da reclamada ANDERSON
de quebra-cabeça nas quais constam os nomes dos dois grupos LUID DOS SANTOS SEVERO ME de que a relação havida entre os
HANOVA e HELGA. Em que pese não haver alterações nas apontados conglomerados empresariais era de apenas fornecedor-
estruturas das empresas formadoras dos grupos, resta claro que cliente não se sustenta, ressaltando que a mensagem eletrônica e a
houve uma intensa comunhão de interesses confissão de dívida datam de período anterior à "fusão" noticiada, o
econômicos/profissionais entre as empresas formadoras dos dois que só veio a ocorrer em julho de 2017.
grupos. De acordo com a Lei 13.467/2017 são requisitos para a Diante do exposto, reconheço a existência de grupo econômico por
configuração do grupo econômico: a demonstração do interesse coordenação entre todas as empresas dos Grupos HELGA e
integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta HANOVA, as quais declaro responsáveis solidárias pelas verbas
das empresas integrantes. A inexistência de uma hierarquia entre decorrentes da condenação, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da
demonstração de que entre as empresas ocorre clara atuação No que concerne à reclamada AL PARTICIPAÇÕES LTDA, verifica-
conjunta, em linha de coordenação e comunhão de interesses, o se que na defesa das empresas formadoras do GRUPO HELGA
que se verifica no caso em tela. restou afirmado que as empresas HANOVA INDUSTRIA E
Ademais, a primeira testemunha laboral afirmou em seu COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, ANDERSON LUID
"(...) que havia comentários dentro da empresa de que ocorreu uma formam o grupo HANOVA. Nessa senda, o contrato social de
fusão entre as empresas Helga e Hanova; que o gerente do constituição da reclamada AL PARTICIPAÇÕES LTDA demonstra
depoente comentou que ocorreria a fusão e que o depoente que essa empresa tem como sócios os Srs. Anderson Liud dos
continuaria a prestar serviços para as duas empresas; que o Santos Severo e Aline Cristina Silva Souza Severo, os quais se
depoente já chegou, mesmo prestando serviços para a Helga, fizeram presentes ao evento em que foi anunciada a "fusão" entre
prestar serviços para a Hanova, tais como rotulagem de produtos, os grupos empresariais, conforme fotografias anexadas aos autos.
embalagem de mercadorias e fazendo entregas; que depois dos Ainda, o endereço eletrônico da AL PARTICIPAÇÕES LTDA
Ademais, a Sra. Aline Cristina Silva Souza Severo é também sócia Ademais, apresentou carta de preposição que revelou
da empresa HNV INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE COSMÉTICOS representação através do mesmo preposto que a empregadora,
LTDA, cujo endereço eletrônico é razão pela qual, deve ser solidariamente responsável pelos créditos
"anderson@hanovacosméticos.com.br", conquanto o Sr. Anderson oriundos da presente demanda, nos moldes dos arts. 2º, § 2º, e 9º
Liud dos Santos Severo não faça parte do corpo societário dessa da CLT."
empresa. O Sr. Anderson Liud dos Santos Severo atua, ainda, Pontue-se, por oportuno, que as atas de audiência em nada
como empresário individual da ANDERSON LUID DOS SANTOS corroboram com a tese da demandada, uma vez que se verifica,
SEVERO ME. Por fim, saliento que as empresas HNV INDÚSTRIA com extrema facilidade, que a testemunha da reclamada, Sr.
LTDA, ANDERSON LUID DOS SANTOS SEVERO - ME e MULT processos, busca, sem nenhum sucesso, sustentar os termos da
fizeram representar pelo mesmo preposto, o Sr. Luiz Gustavo Ademais, por mais que tenha declarado que "que na metade do
Santana Severo, neste feiro e nos processos nº0000470- segundo semestre de 2017 houve uma reunião da Helga com a
61.2018.5.07.0010, cujos termos de audiência foram anexados aos afirmou, posteriormente, que "soube que foi feita uma postagem
presentes autos. no instagram da Helga onde foi usado o termo fusão com a
diverso das empresas do grupo HANOVA não é suficiente para Por outro lado, as testemunhas Francisca Edinusia Alves de Sousa
afastar a formação do grupo econômico com HNV INDÚSTRIA E e Maria Irlane Silva Santos
COMÉRCIO DE COSMÉTICOS LTDA e ANDERSON LUID DOS Desiderio, apresentadas pelas partes autoras, nas referidas atas de
Sendo assim, reconheço que a empresa AL PARTICIPAÇÕES reunião em que foi publicizada à fusão das demandadas aos
LTDA pertence ao grupo econômico HANOVA, o qual restou empregados são uníssonas ("que no final de julho/2017 foram
condenada solidariamente, aplicando a esta a mesma convocadas para uma reunião no hotel meridional no centro da
responsabilidade, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da CLT. cidade onde foi comunicada por Alencar Junior, Erica Pontes e
No que tange à reclamada MULT DISTRIBUIDORA DE Aline Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas de
COSMETICOS LTDA, observa-se efetivamente formalizada em que tudo iria mudar com a chegada de novos produtos, mas na
24/10/2017 pouco tempo após a fusão dos grupos HELGA e pratica tudo continuou do mesmo jeito, pois continuou
HANOVA, com atuação na vendas de produtos de higiene, tendo chegando produtos da marca própria da Helga (lavi) e da Helga,
como sócios os Srs. Matheus Pontes Sales e Maria de Fátima dos os quais tinham prioridade para serem vendidos" - depoimento
Santos Severo, os quais são, respectivamente, o filho dos titulares de Maria Irlane Silva Santos Desiderio) e ("que houve uma
do Grupo Helga e a mãe de um dos proprietários do Grupo Hanova reunião num domingo de julho/2017 onde foi comunicada a
(Anderson Luid dos Santos Severo), fato não contestado em defesa. fusão da Hanova com a Helga Cosmeticos onde foram
Sendo assim, tenho que a empresa MULT DISTRIBUIDORA DE apresentados os novos patrões como sendo: Aline Severo e
COSMETICOS LTDA também participa dos Grupos Helga e seu esposo Anderson ambos donos da Hanova; que a a partir
Hanova, utilizando-se da mesma estrutura empresarial para a daí a prioridade era para vender os produtos da Hanova e Lavi"
consecução de seus objetivos financeiros, diante do que, resta - depoimento de Francisca Edinusia Alves de Sousa)."
condenada solidariamente, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da A empresa recorrente manifesta no presente recurso ordinário o seu
Por fim, quanto à ré BRC BRAZIL COSMETICS COMÉRCIO econômico ostentam características diametralmente opostas"; "em
VAREJISTA DE COSMÉTICOS EIRELI, verifica-se que ela que pese tenha havido, nas redes sociais, um anúncio de fusão
apresentou defesa através do mesmo escritório que a empregadora, entre os conglomerados Helga e Hanova, por certo, tal
na qual passou a repetir as mesmas alegações já apresentadas reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão
pelas 1ª a 13ª Reclamadas, além disso, observa-se que no empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas
comprovante de inscrição cadastral (CNPJ) consta endereço regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos
eletrônico pertencente ao domínio da HELGA COSMÉTICOS. econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria,
mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que recursal a respeito da estranheza de haver empresas concorrentes
"que a sentença de origem, em nenhum momento, cuidou de Além disso, vigora no Direito do Trabalho o princípio da primazia da
demonstrar a integração de interesses entre as empresas, a realidade, de modo a ser imprescindível destacar a prevalência dos
atuação conjunta, tampouco a comunhão de interesses, mas fatos da relação de emprego sobre os aspectos formais. Dessa
apenas limitou-se a discorrer, de forma bastante confusa, sobre forma, ainda que não ultimada, ao menos formalmente, com as
"fusão", sendo esta manifestante inexistente no caso vertente"; "que devidas baixas das pessoas jurídicas, a fusão mencionada nas
os depoimentos coligidos aos autos sob a rubrica de prova redes sociais, não há se desconhecer que houve a junção das
emprestada fulminam a pretensão autoral, quer pelo viés da fusão, empresas, que passaram a atuar integradas a um único grupo.
seja sob a óptica de agrupamento empresarial." Igualmente, salvo melhor juízo, os depoimentos das testemunhas
Não se vê nas razões recursais, com a devida vênia da parte não afastam o reconhecimento do grupo econômico. Ao revés,
recorrente, fundamentos que infirmem convincentemente as confirmam a fusão entre as empresas. Destaca-se, a este respeito,
conclusões do juízo de primeiro grau, razão pela qual se há perfilhar o depoimento da primeira testemunha da parte reclamante, Sra.
com os motivos da decisão vergastada, ora endossados e Maria Irlane Silva Santos Desiderio, ouvida no processo nº 0000470
integrantes das presentes razões de decidir. -54.2018.5.07.0010 (Ata de audiência de ID 5cd9c24 - Pág. 4),
Consoante o § 2º do art. 2º da CLT, "sempre que uma ou mais trazido por empréstimo ao conjunto probatório pelas próprias
empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica reclamadas, revelador de "(...) que no final de julho/2017 foram
própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de convocadas para uma reunião no hotel meridional no centro da
outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua cidade onde foi comunicada por Alencar Junior, Erica Pontes e Aline
autonomia, integrem grupo econômico, serão responsáveis Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas de que tudo
solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de iria mudar com a chegada de novos produtos, mas na pratica tudo
Nesta esteira, o delineamento do que se convencionou chamar marca propria da Helga (lavi) e da Helga, os quais tinham prioridade
grupo econômico, pela dicção da Consolidação das Leis do para serem vendidos, e das outras marcas continuaram escassos".
Trabalho, importa na evidência da integração dos Veja-se que a fusão foi comunicada aos empregados em reunião,
empreendimentos, de forma a vincular, direta ou indiretamente, as constatação que reforça a ideia do grupo econômico, referindo-se a
Este aspecto restou caracterizado nos autos, sendo certo que se operandi das vendas dos produtos e não à ausência de formação
verificam elementos suficientes para que seja corroborada a de grupo. A testemunha em questão ainda revelou que as diversas
Como bem destacado pela sentença, restou demonstrada nos autos mas que com a Hanova o processo foi diferente, pois, além de ter
a ampla divulgação realizada nas redes sociais, em julho de 2017, sido comunicada a fusão, não houve interrupção do fornecimento de
acerca da fusão das empresas do Grupo Helga com aquelas do mercadorias para serem vendidas nas lojas Helga, o que ocorreu
Grupo Hanova. Eis os dizeres da publicação (V. ID 0d53e9e - Pág. com outros fornecedores em face das dívidas da empregadora
Grupo HNV detentor de várias marcas como a Hanova, em um Não se olvida o depoimento da testemunha convidada pelas
processo de expansão e aquisições, realizou a fusão com o Grupo reclamadas, Sr. Emanuel Rodrigues de Albuquerque, ouvida nos
Helga Cosméticos. Tudo isso para que os nossos clientes possam processos (461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471-
ter sempre à disposição o melhor atendimento, os melhores 39.2018.5.07.0010) trazidos por empréstimo ao conjunto probatório,
produtos e a melhor experiência. Transformando para melhor, o seu cujas declarações transparecem a ideia de demonstrar ter havido
visual e a sua vida. #HelgaNovoTempo #Hanova #GrupoHNV apenas uma relação comercial, mas não uma fusão, entre as
#GrupoHelga #Beleza #Cabelos". Com a devida vênia da parte empresas do grupo Helga e do grupo Hanova. Contudo, diante dos
recorrente, este aspecto é relevante para a caracterização do grupo demais elementos probatórios dos autos, não há de prevalecer o
econômico sob investigação, demonstrando a plena possibilidade quadro traçado pelo depoente, sendo de se destacar que ele próprio
de que as marcas de cada um dos grupos estejam sob a admite não ter participado da reunião ocorrida em julho de 2017 (V.
coordenação de um único conglomerado, o que afasta a tese ID's 5cd9c24 - Pág. 6 e 8eb6395 - Pág. 6), na qual fora anunciada a
fusão aos trabalhadores. de férias o Exmo. Sr. Desembargador Jefferson Quesado Junior.
Cumpre ressaltar, ainda, porquanto oportuno, que a estreita relação Fortaleza, 14 de outubro de 2019.
comercial entre as empresas dos grupos empresariais, consoante INTEGRA O PRESENTE ACÓRDÃO O VOTO VENCIDO DO EXMº
se denota pelas notas ficais de vendas de mercadorias anexadas DESEMBARGADOR FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA, in
econômico, mas, em verdade, a reforça, evidenciando além da EMENTA: PROVA EMPRESTADA. PREVISÃO LEGAL.
complementaridade entre os objetos sociais das empresas CONTRADITÓRIO OBSERVADO. O novo CPC trouxe permissivo
contratantes, o interesse integrado, a comunhão de interesses e a expresso quanto à possibilidade de utilização da prova emprestada,
atuação conjunta das empresas dele integrantes. desde que observado o contraditório, conforme previsão no art. 372.
Destarte, o quadro encontrado no presente feito permite a Assim, havendo previsão legal para utilização da prova emprestada
conclusão de que a empresa ora recorrente integra grupo e, observando que no processo nº 0000471-51.2018.5.07.0006 as
econômico com as reclamadas do grupo Helga. Importa examinar a partes foram submetidas ao contraditório e, havendo identidade dos
presença de elementos objetivos capazes de demonstrar que as fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de
empresas estavam integradas no mesmo grupo. É o que se cerceamento de defesa. Preliminar rejeitada.
constatou à exaustão no presente feito. PETIÇÃO INICIAL. ART. 840, §1º DA CLT. O processo trabalhista
Por oportuno, colhe-se o seguinte precedente jurisprudencial: é regido pelo princípio da simplicidade das formas, consagrado no
"Grupo econômico. Relação inter-empresarial. O grupo econômico art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta uma breve exposição
para fins justrabalhistas não necessita se revestir das modalidades dos fatos para se considerar apta a exordial. Em decorrência do
jurídicas típicas do Direito Econômico ou Direito Comercial princípio da simplicidade, que norteia o processo trabalhista, o qual
(holdings, consórcios, pools etc.). Não se exige, sequer, a prova não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de 2017, verifica-se que
de sua formal institucionalização cartorial: pode-se acolher a a petição inicial atendeu integralmente os requisitos do art. 840, da
existência do grupo desde que surjam evidências probatórias CLT. Preliminar rejeitada.
de que estão presentes os elementos de integração inter- EXISTÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO. ART. 2º, DA CLT. ÔNUS
empresarial (abrangência subjetiva e nexo relacional) de que DA PROVA. ART. 818, DA CLT C/C ART. 373, DO NCPC.
fala a CLT (art. 2º, § 2º)" (Processo 00409002020085010025, TRT AUSÊNCIA DE PROVA. Não tendo a reclamante comprovado a
1ª Região - 8ª Turma, Relatora Desembargadora Dalva Amélia de existência do alegado grupo econômico Helga-Hanova, composto
conhecer do recurso ordinário para, rejeitar as preliminares DA NULIDADE DA SENTENÇA- DA UTILIZAÇÃO DA PROVA
suscitadas e, no mérito, por maioria, negar-lhe provimento. Vencido EMPRESTADA - DO ALEGADO CERCEAMENTO DE DEFESA
o Desembargador Relator, que dava provimento ao apelo, para Aduz a recorrente, preliminarmente, que houve cerceamento de seu
excluir da condenação a responsabilidade solidária da reclamada direito de defesa, ao argumento de que o juízo, ao adotar
HNV INDÚSTRIA E COSMÉTICOS LTDA. Redigirá o acórdão o integralmente a motivação da sentença proferida na reclamatória
Desembargador Cláudio Soares Pires, com a integração do voto trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu
vencido. entendimento, a partir das provas orais ali consignadas, mas que,
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores tais elementos probatórios não foram publicizadas à ora recorrente
Francisco José Gomes da Silva (Presidente e Relator), Cláudio no presente feito, com vistas à garantia do contraditório e da ampla
Soares Pires e Paulo Régis Machado Botelho. Presente ainda o(a) defesa, verificando-se, pois, uma patente violação ao que dispõe o
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo art. 312 do CPC/15.
Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não Juízo a quo dizem respeito aos fatos relacionados pela autora, no
integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos, que pertine a alegada formação de grupo econômico entre as
mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou acionadas GRUPO HELGA (DISTR IBUIDORA HELGA
como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera COSMETICOS LTDA - ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME,
cópia de uma transcrição parcial realizada no bojo de uma sentença HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, ORIGINAL
proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou, COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA
naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - EPP, BELLA
emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito. COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS
Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA
relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS
reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art. COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX
Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e
dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em ROBERTO NENDZA - ME) e GRUPO HANOVA - HNV (HANOVA
conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine. INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, AL
de provas emprestadas, relativo aos depoimentos testemunhais dos LTDA), assim como referem-se as mesmas demandadas, sendo
processos 461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471- permitido sua valoração como se houvesse sido produzida
39.2018.5.07.0010 (ID. bae0442, ID. ed35241, ID. 5cd9c24, ID. diretamente nos autos examinados.
O Juízo, ao proferir a sentença, utilizou para o reconhecimento da utilizado a fundamentação da sentença, a qual considerou para
existência de Grupo Econômico entre as acionadas (Grupo Hanova- formação do convencimento da magistrada, depoimentos os quais
Helga) como prova emprestada, os fundamento os lançados na foram respeitados o contraditório quando produzida em processos
sentença prolatada nos autos do processo nº 0000471- judiciais, máxime,quando envolvendo a mesma empresa e quando
51.2018.5.07.0006, de lavra da magistrada Taciana Orlovicin os fatos guardam correlação com os da presente ação.
Gonçalves Pita (ID. 984dd8d). Nesse mesmo entendimento, colaciona-se a atual jurisprudência do
Nesse ponto, destaco, inicialmente, que o novo CPC trouxe Tribunal Superior do Trabalho, in verbis:
permissivo expresso quanto à possibilidade de utilização da prova UTILIZAÇÃO DE PROVA EMPRESTADA. POSSIBILIDADE.
emprestada, desde que observado o contraditório, conforme IDENTIDADE FÁTICA. MESMAS RECLAMADAS.
previsão no art. 372, que assim dispõe: DESNECESSIDADE DE PRÉVIA CONCORDÂNCIA DA PARTE
Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em CONTRÁRIA. AUSÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA.
outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, NULIDADE PROCESSUAL NÃO CONFIGURADA. Esta Corte
Assim, havendo previsão legal para utilização da prova emprestada identidade dos fatos considerados no documento emprestado e no
e, observando que no processo nº 0000471-51.2018.5.07.0006 as caso em julgamento, assim como ocorrido nesta hipótese, em que o
partes foram submetidas ao contraditório e, havendo identidade dos Regional registrou que"a prova emprestada foi produzida em
fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de processo judicial que envolvia as mesmas rés da presente ação,
Quanto a alegativa de que as reportadas transcrições dos sua produção, bem como o princípio do contraditório. Segundo,
depoimentos carregam relatos fáticos que não integram as razões porque os fatos a serem comprovados guardam correlação com os
da exordial, não merece acolhida, posto que a causa de pedir da da presente ação. Terceiro, porque a referida prova emprestada foi
autora, no que se refere a responsabilidade solidária das acionadas, valorada pelo Juízo segundo o princípio do livre convencimento
trata justamente na alegada formação de grupo econômico entre as motivado, em conjunto com as demais provas dos autos".
empresas, objeto da prova naqueles autos. Importante salientar também que a utilização de prova emprestada
Os depoimentos constantes na prova emprestada utilizada pelo não está condicionada à prévia anuência e concordância das
partes. Assim, a mera alegação da reclamada de que não § 2º - Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em 2 (duas)
concordou com a utilização de prova emprestada não é suficiente vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no
para inviabilizar a sua utilização nestes autos. Precedentes. que couber, o disposto no parágrafo anterior.
Recurso de revista não conhecido" (TST, ARR - 3600- § 2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias
29.2010.5.12.0031 Data de Julgamento: 15/02/2017, Relator datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que
Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de couber, o disposto no § 1o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº
"B) RECURSO DE REVISTA. 1. NULIDADE DA SENTENÇA. § 3o Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo
CERCEAMENTO DE DEFESA. UTILIZAÇÃO DE PROVA serão julgados extintos sem resolução do mérito. (Incluído pela Lei
utilização de prova emprestada consubstanciada em certidão de Como se observa, a Lei n. 13.467/17 fez referência expressa aos
averiguação produzida em outros autos, no qual a reclamada figura requisitos da petição inicial trabalhista, dispondo no § 1º do art. 840
como parte, não configura cerceamento de defesa, ante a da CLT que o pedido deva "ser certo, determinado e com indicação
observância do contraditório e da ampla defesa. Com efeito, esta No caso, em relação ao pedido de pagamento do FGTS e multa
Corte tem se posicionado no sentido de ser possível a utilização da rescisória, o reclamante fez pedido certo, determinado e com
prova emprestada, não sendo imprescindível a anuência da parte indicação do valores pois da sua causa de pedir, entende-se
adversa. Recurso de revista não conhecido" (TST, RR - 940- logicamente que o autor fora demitido sem justa causa e sem
27.2013.5.18.0181 Data de Julgamento: 09/11/2016, Relatora recebimento de suas verbas rescisórias, fato este, incontroverso
Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT nos autos.
INÉPCIA DA INICIAL sendo demitida sem justa causa em 29/03/2018; que o último
Requer o Recorrente, o reconhecimento da inépcia do pedido salário percebido foi de R$ 3.200,00 (três mil e duzentos reais); que
relativo às parcelas de FGTS + 40%, e a extinção do pleito sem quando de sua demissão não recebeu qualquer valor, assim como
resolução de mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15, não fora liberado Seguro Desemprego e FGTS, motivo pelo qual
sob o fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de pleiteia a liberação dos mesmos em sede de tutela antecipada; que
ingresso, inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso o FGTS se encontra depositado apenas de forma parcial, apenas o
e de dispensa, realizou o pedido correspondente às parcelas de valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais).
FGTS, em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o Em seguida, requereu que, Tendo em vista os argumentos jurídicos
O processo trabalhista é regido pelo princípio da simplicidade das sejam: Saldo Salário, Aviso Prévio de 51 dias, 13º salário e férias
formas, consagrado no art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta sobre aviso prévio, FGTS sobre rescisão, 13º salário proporcional
uma breve exposição dos fatos para se considerar apta a exordial. 3/12 de 2018, férias simples 2016/2017 e proporcionais 2017/2018
Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal. todas acrescidas do terço constitucional, FGTS e multa de 40%.
§ 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do Em relação ao rol dos pedidos, o autor requereu a condenação da
Presidente da Junta, ou do juiz de direito a quem for dirigida, a reclamada ao pagamento das verbas rescisórias, incluindo FGTS E
dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura Em decorrência do princípio da simplicidade, que norteia o processo
do reclamante ou de seu representante. trabalhista, o qual não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de
§ 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do 2017, a petição inicial ora em análise preencheu os requisitos do
juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que art. 840 , da CLT, a qual, frise-se, não dificultou a defesa das
Na peça de ingresso, requer o reclamante que seja caracterizada a fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados.
condição da segunda (VRX COMÉRCIO COSMÉTICOS E § 2º Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada
BIJUTERIAS LTDA) e terceira reclamada (HANOVA uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a
COSMÉTICOS), de responsáveis solidárias pelos encargos direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando,
trabalhistas da primeira reclamada, HELGA COSMÉTICOS, em mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo
Afirma que a primeira, segunda e terceira reclamadas foram obrigações decorrentes da relação de emprego.
criadas, são dirigidas e controladas pelo pela Sra. Erica Pontes de § 3º Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de
Meneses, que não aparece no contrato social da terceira sócios, sendo necessárias, para a configuração do grupo, a
reclamada, HANOVA COSMÉTICOS, pois utilizou terceiro como demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de
complementares, visto todas possuírem o mesmo objeto social e A nova redação do art. 2º, além de manter a hipótese do grupo
finalidade, sendo patente a formação de grupo econômico entre econômico hierarquizado ou sob subordinação, introduz,
No mérito, defende a recorrente, em síntese, a inexistência de fusão sob coordenação, trazendo para o texto legal, o entendimento dos
e formação de grupo econômico com o GRUPO HELGA, sendo Tribunais Regionais do Trabalho e do TST quanto a configuração de
ao autor na presente reclamação trabalhista. Com relação a este modelo de grupo econômico coordenado, a
Argumenta que, em que pese tenha havido, nas redes sociais, um Desembargadora Dra. Vólia Bomfim Cassar, do TRT da 1ª Região,
anúncio de fusão entre os conglomerados Helga e Hanova, por em seu livro Direito do Trabalho, afirma que:
certo, tal reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão Os grupos econômicos por coordenação se apresentam quando
empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas houver reunião de interesses para execução de determinado
regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos empreendimento, tendo ou não o mesmo controle ou administração
econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria, comum. Logo, os grupos por coordenação podem ter relação de
mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que controle entre si, numa linha horizontal e não vertical. Isto é, não
possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses, o haverá, no grupo horizontal, uma empresa controladora e outra(s)
que, também, não retrata o caso dos autos. controlada(s), uma líder (holding) e outras lideradas. Todas são
Esclarece, adiante, que há uma mera relação comercial, havendo interligadas entre si e, apesar de autônomas e independentes, estão
total independência entre as empresas do GRUPO HANOVA em interligadas pela ingerência, administração comum, como se
relação às componentes do GRUPO HELGA, sendo a recorrente, subordinadas umas às outras administrativamente. Por trás desta
mera fornecedora de produtos para o conglomerado empresarial administração comum pode estar um sócio ou alguns sócios ou
HELGA, sem haver contudo, qualquer integração de interesses pessoa física no controle.(CASSAR, 2017,p.429).
entre as empresas ou atuação conjunta. Logo, o aproveitamento dos serviços prestados pelo trabalhador por
A lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017 que alterou a Consolidação entre si, formando o grupo econômico trabalhista, serão todas, por
das Leis do Trabalho (CLT) trouxe novos parâmetros para consequência, responsabilizadas pela contraprestação devida ao
a este artigo, conforme transcrição seguinte: Estabeleceu, igualmente, que "não caracteriza grupo econômico a
Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, mera identidade de sócios. Assim, o patrimônio de empresas que
que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria têm sócios comuns, porém com atuam em setores diversos, estarão
§ 1º - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da Portanto, a análise da existência ou não da formação de um grupo
relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de econômico, deve-se observar o princípio da primazia da realidade,
para que cada caso seja analisado com suas peculiaridades, sendo deveriam estar em primeiro lugar nas vendas; que antes da
ônus do autor a prova de suas alegações ( art. 818, da CLT c/c art. reunião já vendiam todo tipo de produto e de varias marcas,
373, do NCPC). inclusive dos ora citados; que os proprietários da Helga e Hanova
No caso em análise, o autor fundamenta sua pretensão com base estavam presentes na reunião, sendo Erica PontesMenezes e
em notícias veiculadas nas redes sociais de possível fusão entre os Alencar Junior proprietários da Helga.". ÀS PERGUNTAS DO DO(A)
grupos Helga Cosméticos e HNV, assim como colaciona fotos em PATRONO(A) DO(A) PARTE RECLAMADA RESPONDEU: "que
que retrata parcerias entre as duas empresas, ID. 0d53e9e, sem, depois da reunião depoente continuou trabalhando na mesma
contudo, apresentar qualquer prova que indique ter realmente loja e o reclamante também, mas ambos trabalhavam em lojas
ocorrido a "FUSÃO" das empresas, ou qualquer relação de diferentes; que na reunião estavam os vendedores e gerentes;
coordenação entre elas. que a faixada das lojas continuaram iguais; que não houve
Ao revés, a acionada Hanova Indústria e Comércio de Cosméticos mudança da chefia após a reunião, mas a sua chefe Luxeles
Ltda colacionou aos autos documentos que demonstram a relação teve um problema de saúde e foi transferida para loja de
de vendas de mercadorias para as empresas integrantes do grupo Messejana, tendo ficado como gerente Rosangela; que Luxeles
Helga (CRX COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA e Rosangela eram gerentes da Helga; (...)." ( grifos nosso)
ME, ALENCARINE COSMETICOS COMERCIO VAREJISTA E Conforme se extrai do depoimento supra, não se trata o caso de "
TREINAMENTO EIREL, HELGA MEDZA SALES & CIA LTDA -ME, fusão" entre as empresas, tanto que a partir da reunião ocorrida em
ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA ME, VRX julho de 2017, nada foi alterado na estrutura organizacional da
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA ME, JOSE empresa, assim como layout das lojas, tratando-se, na verdade, de
ALENCAR SALES JUNIOR- ME, ORIGINAL COMERCIO DE um marketing e ações para incremento das vendas, através da
COSMETICOS LTDA- ME, tais como notas fiscais de vendas de fornecedora dos produtos, empresa HANOVA INDUSTRIA E
mercadorias, termo de confissão de dívida e e-mails em que se COMERCIO DE COSMETICOS LTDA, fato este, confirmado pelos
evidencia a parceria comercial entre as empresas ( venda de depoimentos de reclamantes e testemunhas dos processos
mercadorias), ID. de4b07e, ID. 4c4a838. utilizados como provas emprestadas nos autos, vejamos:
Na audiência de instrução, as reclamadas requerem a juntada de Convocada a primeira testemunha arrolada pelas Reclamadas
provas emprestadas (processos nºs. 461-92.2018.5.07.0010, 470- HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA -
54.2018.5.07.0010 e 471-39.2018.5.07.0010, tendo a autora ME, AL PARTICIPACOES LTDA, ANDERSON LUID DOS
concordado com a juntada dos referidos depoimentos. SANTOS SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE
No termo de audiência relativo ao processo nº. 0000461- COSMETICOS LTDA, Sr(a). Emanuel Rodrigues de Albuquerque
92.2018.5.07.0010, a testemunha da reclamante afirmou que: (...): "que trabalha na Hanova desde março/2016 como gerente
Primeira testemunha arrolada pela parte Reclamante Sr(a). administrativo financeiro; ." ÀS PERGUNTAS DO(A) PATRONO(A)
Francisca Edinusia Alves de Sousa: " (...)"que trabalhou na DO(A) PARTE RECLAMADA RESPONDEU: "que na metade do
reclamada Helga Cosméticos de 01/06/2006 a 23/02/2018 na segundo semestre de 2017 houve uma reunião da Helga com a
função de vendedora; que o reclamante, depoente e todos os Hanova para uma parceria de fornecimento de produtos, pois a
funcionários foram demitidos sem pagamento de verbas rescisórias Hanova é uma industria; que o fornecimento dos produtos continuou
e nem do salário do último mês; que depoente trabalhou até da mesma forma, pois a Helga permaneceu como uma cliente
23/fevereiro/2018, não sabendo o ultimo dia labutado pelo norma; que a parceria teve o objetivo de aumentar o volume de
reclamante; que recebia ordem direta dos gerentes Luxeles, vendas nas lojas e de fato aumentou, mas só no primeiro mês,
Rosângela, Francisca Cirlane, os quais eram gerentes da loja pois logo em seguida a Helga entrou novamente em dificuldades
do shopping Central da Helga Nendza Sales .". ÀS PERGUNTAS financeiras e não conseguiu pagar os produtos que comprava, pois
DO(A) PATRONO(A) DO(A) PARTE RECLAMANTE RESPONDEU: a divida já estava muito alta, de modo que a Helga não conseguia
"que houve uma reunião num domingo de julho/2017 onde foi pagar nada na sua totalidade; que é uma prática comum serem
comunicada a fusão da Hanova com a Helga Cosmeticos onde feitas ações com as distribuidoras para estimular as vendas, e
foram apresentados os novos patrões como sendo: Aline os proprietários da Hanova comparecem pelo fato de que o
Severo e seu esposo Anderson ambos donos da Hanova; que a distribuidor Helga ser de grande porte, como também de outros
a partir daí a prioridade era para vender os produtos da Hanova distribuidores; que na época da parceria a Helga já estava em
e Lavi, mesmo tendo outras marcas, mas a Hanova e Lavi débito com a Hanova; que a Hanova não colocou pessoas na
lojas da Helga, muito menos assumiu o comando dessa; que a (...).( grifos nosso)
continuou a vendendo normalmente para as outras lojas, como No termo de audiência relativo ao processo nº. 0000471-
Cosbel, Anavi, Iap e outras; que não houve a fusão da Hanova com 39.2018.5.07.0010 a reclamante afirmou que:
a Helga; que havia procedimento de cobrança normal das vendas DEPOIMENTO PESSOAL DO RECLAMANTE MARIA CLEOMAR
dos produtos Hanova;." ÀS PERGUNTAS DO DO(A) PATRONO(A) FERREIRA DE SOUSA ALMEIDA: " (...) que depoente era gerente
DO(A) PARTE RECLAMANTE RESPONDEU: "que a reunião tem da loja Helga situada na Rua Floriano Peixoto 577, e trabalhou de
um caráter de marketing e não para apresentar fusão; que não 01/03/2003 até 14/04/2018: " (...)que as fachadas das lojas da
houve comunicação formal da fusão entre a Hanova e Helga, mas Helga continuaram com o mesmo nome, após a fusão, e as notas
depoente soube que foi feita uma postagem no instagram da fiscais das vendas eram com o nome da Helga; que a fusão da
Helga onde foi usado o termo fusão com a Hanova; que quanto Helga e Hanova foi para o crescimento da Helga, mas o dia a dia de
ao doc. de fl. 8 se tratam das pessoas de Anderson (proprietário da trabalho continuou o mesmo de antes, porém com a informação de
Hanova) e Junior (proprietária da Helga) e o doc. de fl. 9 tratam das que deveriam vender mais os produtos da Hanova; (...)."
pessoas Aline (proprietária da Hanova) e Erica (proprietária da Havendo fusão ou incorporação de empresas, há a alteração na
Helga); (...)."( grifos nosso) estrutura jurídica da empresa, o que in casu, não há provas nos
No termo de audiência relativo ao processo nº. 0000470- autos, não sendo suficiente a propaganda disseminada em reunião
O DEPOIMENTO PESSOAL DO RECLAMANTE: '" que depoente O que extrai dos depoimentos, é que a ideia inicial de postar nas
era subgerente, que atuava em várias lojas da Helga e trabalhou até redes sociais de que haveria a fusão das empresas, trata-se, tão
07/04/2018 porque as lojas fecharam, tendo a sra. Erica Pontes somente, de marketing para alavancar as vendas da empresa
(dona da Helga, esposa de Alencar Junior) comunicado a dispensa Helga, a qual, na época, já se encontrava com dificuldades
produtos de marca própria (Lavi), mas também da Hanova, Fatore, Diante do exposto, considerando que a autora não se desincumbiu
Corpo Dourado e outros; que em julho/2017 houve a fusão da de seu ônus probatório, reforma-se a sentença para excluir a
Hanova com a Helga, no que a prioridade passou a ser para vender responsabilidade solidária da reclamada HNV INDÚSTRIA E
produtos da Hanova e Lavi, mas ainda assim, a Helga continuou a COSMÉTICOS LTDA.
vender produtos de outras marcas que já tinham estoque nas DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
lojas, e também continuou comprando produtos de outras Uma vez excluída a responsabilidade solidária da ora recorrente, o
marcas para vender nas suas lojas; que as fachadas das lojas presente apelo, no ponto, segue a sorte do principal.
da Helga continuaram com o mesmo nome, após a fusão, e as CONCLUSÃO DO VOTO VENCIDO:
fusão da Helga e Hanova foi para o crescimento da Helga, mas Isto posto, voto pelo conhecimento do recurso ordinário para,
o dia a dia de trabalho continuou o mesmo de antes, porém rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, dar-lhe provimento
com a informação de que deveriam vender mais os produtos da para excluir a responsabilidade solidária da reclamada HNV
Maria Irlane Silva Santos Desiderio: " (...) que no final de CLAUDIO SOARES PIRES
julho/2017 foram convocadas para uma reunião no hotel meridional Desembargador Redator Designado
Pontes e Aline Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas FORTALEZA/CE, 28 de fevereiro de 2020.
pratica tudo continuou do mesmo jeito, pois continuou MARIA DO SOCORRO RODRIGUES GONCALVES
LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE) ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE)
MENDES
RECORRENTE MULT DISTRIBUIDORA DE
COSMETICOS LTDA RECORRIDO MULTIPLA COMERCIO DE
COSMETICOS LTDA - EPP
EDUARDO CÉSAR ADVOGADO(OAB: 14750/CE)
SOUSA ARAGÃO LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE)
RECORRENTE JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE)
MENDES
ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE)
MENDES RECORRIDO BELLA COSMETICOS LTDA - EPP
LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE) LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE)
RECORRENTE ROBERTO NENDZA - ME ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE)
MENDES
ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE)
MENDES RECORRIDO HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA
- ME
LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE)
LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE)
RECORRENTE CRX COMERCIO DE COSMETICOS E
BIJUTERIAS LTDA - ME ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE)
MENDES
ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE)
MENDES RECORRIDO LUCHELYS DE ALENCAR MARTINS
LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE) RAFFAEL DUTRA LIMA ADVOGADO(OAB: 29332/CE)
RIBEIRO
RECORRENTE AL PARTICIPACOES LTDA
EDUARDO FONTENELE ADVOGADO(OAB: 19970/CE)
EDUARDO CÉSAR ADVOGADO(OAB: 14750/CE) MOTA
SOUSA ARAGÃO
RECORRIDO ORIGINAL COMERCIO DE
RECORRENTE HNV INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME
COSMETICOS LTDA - ME
LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE)
EDUARDO CÉSAR ADVOGADO(OAB: 14750/CE)
SOUSA ARAGÃO ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE)
MENDES
RECORRENTE ALENCARINE COSMETICOS
COMERCIO VAREJISTA E RECORRIDO ALENCARINE COSMETICOS
TREINAMENTOS EIRELI COMERCIO VAREJISTA E
TREINAMENTOS EIRELI
ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE)
MENDES LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE)
LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE) ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE)
MENDES
RECORRENTE LUCHELYS DE ALENCAR MARTINS
RECORRIDO CRX COMERCIO DE COSMETICOS E
EDUARDO FONTENELE ADVOGADO(OAB: 19970/CE) BIJUTERIAS LTDA - ME
MOTA
LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE)
RAFFAEL DUTRA LIMA ADVOGADO(OAB: 29332/CE)
RIBEIRO ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE)
MENDES
RECORRENTE ERICA PONTES DE MENESES
RECORRIDO J R COMERCIO DE COSMETICOS
ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE) LTDA - ME
MENDES
LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE)
LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE)
ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE)
RECORRENTE HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA MENDES
- ME
RECORRIDO ERICA PONTES DE MENESES
ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE)
MENDES LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE)
LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE) ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE)
MENDES
RECORRENTE ORIGINAL COMERCIO DE
COSMETICOS LTDA - ME RECORRIDO JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME
ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE) LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE)
MENDES ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE)
LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE) MENDES
RECORRIDO ANDERSON LUID DOS SANTOS RECORRIDO DISTRIBUIDORA HELGA
SEVERO - ME COSMETICOS LTDA - ME
EDUARDO CÉSAR ADVOGADO(OAB: 14750/CE) LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE)
SOUSA ARAGÃO ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE)
RECORRIDO AL PARTICIPACOES LTDA MENDES
EDUARDO CÉSAR ADVOGADO(OAB: 14750/CE) RECORRIDO HELGA COSMETICOS LTDA - ME
SOUSA ARAGÃO LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE)
RECORRIDO MULT DISTRIBUIDORA DE ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE)
COSMETICOS LTDA MENDES
EDUARDO CÉSAR ADVOGADO(OAB: 14750/CE) RECORRIDO VRX COMERCIO DE COSMETICOS E
SOUSA ARAGÃO BIJUTERIAS LTDA - ME
RECORRIDO ROBERTO NENDZA - ME ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE)
LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE) MENDES
ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE) LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE)
MENDES TERCEIRO JOSE ALENCAR SALES JUNIOR
RECORRIDO HNV INDUSTRIA E COMERCIO DE INTERESSADO
COSMETICOS LTDA - ME TERCEIRO ERICA PONTES DE MENESES
EDUARDO CÉSAR ADVOGADO(OAB: 14750/CE) INTERESSADO
SOUSA ARAGÃO
RECORRIDO BRC - BRAZIL COSMETICS LTDA Intimado(s)/Citado(s):
LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE)
integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos, Turma entenda de modo diverso, que seja observada o art. 97 da
mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou CRFB/1988, o qual prevê a cláusula de reserva de plenário para a
cópia de uma transcrição parcial realizada no bojo de uma sentença Após devidamente notificada, a recorrida apresentou suas
proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou, contrarrazões, conforme documento de ID. 15ffc62.
naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova A matéria versada no presente recurso dispensa a obrigatoriedade
emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito. de parecer prévio da douta PRT (art. 109, do Regimento Interno)"
reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art. Acolhe-se o presente recurso, uma vez que preenchidos os
dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em Peço vênia para adotar os fundamentos do voto do Excelentíssimo
conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine. Desembargador Relator Francisco José Gomes da Silva, quanto à
Adiante, requer o reconhecimento da inépcia do pedido relativo às apreciação das preliminares, nos seguintes termos:
parcelas de FGTS + 40%, a extinção do pleito sem resolução de "DA NULIDADE DA SENTENÇA- DA UTILIZAÇÃO DA PROVA
mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15, sob o EMPRESTADA - DO ALEGADO CERCEAMENTO DE DEFESA
fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de ingresso, Aduz a recorrente, preliminarmente, que houve cerceamento de seu
inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso e de direito de defesa, ao argumento de que o juízo, ao adotar
dispensa, realizou o pedido correspondente às parcelas de FGTS integralmente a motivação da sentença proferida na reclamatória
em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o saldo trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu
fundiário. entendimento, a partir das provas orais ali consignadas, mas que,
No mérito, defende a recorrente, em síntese, a inexistência de tais elementos probatórios não foram publicizadas à ora recorrente
fusão e formação de grupo econômico com o GRUPO HELGA, no presente feito, com vistas à garantia do contraditório e da ampla
sendo indevida a sua responsabilidade solidária pelos créditos defesa, verificando-se, pois, uma patente violação ao que dispõe o
Argumenta, em que pese tenha havido, nas redes sociais, um Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não
anúncio de fusão entre os conglomerados Helga e Hanova, por integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos,
certo, tal reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou
empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera
regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos cópia de uma transcrição parcial realizada no bojo de uma sentença
econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria, proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou,
mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova
possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses, o emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito.
que, também, não retrata o caso dos autos. Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam
Esclarece, adiante, que há uma mera relação comercial, havendo relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo
total independência entre as empresas do GRUPO HANOVA em reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art.
mera fornecedora de produtos para o conglomerado empresarial Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno
HELGA, sem haver contudo, qualquer integração de interesses dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em
entre as empresas ou atuação conjunta. conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine.
inconstitucionalidade declarada de forma incidental do art. 791-A, Em audiência de instrução, as Reclamadas requereram a juntada
§4º, da CLT, haja vista inexistir afronta à Carga Magna, mormente de provas emprestadas, relativo aos depoimentos testemunhais dos
porque, nos ditames do art. 133 da Lei Maior, o advogado é processos 461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471-
indispensável à administração da justiça, e, caso esta Colenda 39.2018.5.07.0010 (ID. bae0442, ID. ed35241, ID. 5cd9c24, ID.
O Juízo, ao proferir a sentença, utilizou para o reconhecimento da utilizado a fundamentação da sentença, a qual considerou para
existência de Grupo Econômico entre as acionadas (Grupo Hanova- formação do convencimento da magistrada, depoimentos os quais
Helga) como prova emprestada, os fundamento os lançados na foram respeitados o contraditório quando produzida em processos
sentença prolatada nos autos do processo nº 0000471- judiciais, máxime,quando envolvendo a mesma empresa e quando
51.2018.5.07.0006, de lavra da magistrada Taciana Orlovicin os fatos guardam correlação com os da presente ação.
Gonçalves Pita (ID. 984dd8d). Nesse mesmo entendimento, colaciona-se a atual jurisprudência do
Nesse ponto, destaco, inicialmente, que o novo CPC trouxe Tribunal Superior do Trabalho, in verbis:
permissivo expresso quanto à possibilidade de utilização da prova UTILIZAÇÃO DE PROVA EMPRESTADA. POSSIBILIDADE.
emprestada, desde que observado o contraditório, conforme IDENTIDADE FÁTICA. MESMAS RECLAMADAS.
previsão no art. 372, que assim dispõe: DESNECESSIDADE DE PRÉVIA CONCORDÂNCIA DA PARTE
Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em CONTRÁRIA. AUSÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA.
outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, NULIDADE PROCESSUAL NÃO CONFIGURADA. Esta Corte
Assim, havendo previsão legal para utilização da prova emprestada identidade dos fatos considerados no documento emprestado e no
e, observando que no processo nº 0000471-51.2018.5.07.0006 as caso em julgamento, assim como ocorrido nesta hipótese, em que o
partes foram submetidas ao contraditório e, havendo identidade dos Regional registrou que"a prova emprestada foi produzida em
fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de processo judicial que envolvia as mesmas rés da presente ação,
Quanto a alegativa de que as reportadas transcrições dos sua produção, bem como o princípio do contraditório. Segundo,
depoimentos carregam relatos fáticos que não integram as razões porque os fatos a serem comprovados guardam correlação com os
da exordial, não merece acolhida, posto que a causa de pedir da da presente ação. Terceiro, porque a referida prova emprestada foi
autora, no que se refere a responsabilidade solidária das acionadas, valorada pelo Juízo segundo o princípio do livre convencimento
trata justamente na alegada formação de grupo econômico entre as motivado, em conjunto com as demais provas dos autos".
empresas, objeto da prova naqueles autos. Importante salientar também que a utilização de prova emprestada
Os depoimentos constantes na prova emprestada utilizada pelo não está condicionada à prévia anuência e concordância das
Juízo a quo dizem respeito aos fatos relacionados pela autora, no partes. Assim, a mera alegação da reclamada de que não
que pertine a alegada formação de grupo econômico entre as concordou com a utilização de prova emprestada não é suficiente
acionadas GRUPO HELGA (DISTR IBUIDORA HELGA para inviabilizar a sua utilização nestes autos. Precedentes.
COSMETICOS LTDA - ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME, Recurso de revista não conhecido" (TST, ARR - 3600-
HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, ORIGINAL 29.2010.5.12.0031 Data de Julgamento: 15/02/2017, Relator
COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de
COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS "B) RECURSO DE REVISTA. 1. NULIDADE DA SENTENÇA.
LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA CERCEAMENTO DE DEFESA. UTILIZAÇÃO DE PROVA
PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS EMPRESTADA SEM ANUÊNCIA. O Regional entendeu que a
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX utilização de prova emprestada consubstanciada em certidão de
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX averiguação produzida em outros autos, no qual a reclamada figura
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e como parte, não configura cerceamento de defesa, ante a
ROBERTO NENDZA - ME) e GRUPO HANOVA - HNV (HANOVA semelhança fática existente entre os processos, assim como da
INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, AL observância do contraditório e da ampla defesa. Com efeito, esta
PARTICIPAÇÕES LTDA, ANDERSON LUID DOS SANTOS Corte tem se posicionado no sentido de ser possível a utilização da
SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE COSMETICOS prova emprestada, não sendo imprescindível a anuência da parte
LTDA), assim como referem-se as mesmas demandadas, sendo adversa. Recurso de revista não conhecido" (TST, RR - 940-
permitido sua valoração como se houvesse sido produzida 27.2013.5.18.0181 Data de Julgamento: 09/11/2016, Relatora
diretamente nos autos examinados. Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT
INÉPCIA DA INICIAL sendo demitida sem justa causa em 29/03/2018; que o último
Requer o Recorrente, o reconhecimento da inépcia do pedido salário percebido foi de R$ 3.200,00 (três mil e duzentos reais); que
relativo às parcelas de FGTS + 40%, e a extinção do pleito sem quando de sua demissão não recebeu qualquer valor, assim como
resolução de mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15, não fora liberado Seguro Desemprego e FGTS, motivo pelo qual
sob o fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de pleiteia a liberação dos mesmos em sede de tutela antecipada; que
ingresso, inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso o FGTS se encontra depositado apenas de forma parcial, apenas o
e de dispensa, realizou o pedido correspondente às parcelas de valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais).
FGTS, em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o Em seguida, requereu que, Tendo em vista os argumentos jurídicos
O processo trabalhista é regido pelo princípio da simplicidade das sejam: Saldo Salário, Aviso Prévio de 51 dias, 13º salário e férias
formas, consagrado no art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta sobre aviso prévio, FGTS sobre rescisão, 13º salário proporcional
uma breve exposição dos fatos para se considerar apta a exordial. 3/12 de 2018, férias simples 2016/2017 e proporcionais 2017/2018
Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal. todas acrescidas do terço constitucional, FGTS e multa de 40%.
§ 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do Em relação ao rol dos pedidos, o autor requereu a condenação da
Presidente da Junta, ou do juiz de direito a quem for dirigida, a reclamada ao pagamento das verbas rescisórias, incluindo FGTS E
dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura Em decorrência do princípio da simplicidade, que norteia o processo
do reclamante ou de seu representante. trabalhista, o qual não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de
§ 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do 2017, a petição inicial ora em análise preencheu os requisitos do
juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que art. 840 , da CLT, a qual, frise-se, não dificultou a defesa das
vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no A sentença reconheceu o grupo econômico entre as empresas
§ 2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias "Diante da identidade da matéria (fática e jurídica), adoto
datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que integralmente os fundamentos lançados na brilhante sentença
couber, o disposto no § 1o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº prolatada nos autos da 0000471-51.2018.5.07.0006, de lavra da
§ 3o Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo responsabilidade das empresas demandadas, nos termos a seguir:
serão julgados extintos sem resolução do mérito. (Incluído pela Lei 'Afirma a parte reclamante que as empresas que compõem o antigo
Como se observa, a Lei n. 13.467/17 fez referência expressa aos ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES
requisitos da petição inicial trabalhista, dispondo no § 1º do art. 840 & CIA LTDA - ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS
da CLT que o pedido deva "ser certo, determinado e com indicação LTDA - ME, MULTIPLA COMERCIO DE COSMETICOS LTDA -
No caso, em relação ao pedido de pagamento do FGTS e multa COSMETICOS LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME,
rescisória, o reclamante fez pedido certo, determinado e com ERICA PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS
indicação do valores pois da sua causa de pedir, entende-se COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX
logicamente que o autor fora demitido sem justa causa e sem COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX
recebimento de suas verbas rescisórias, fato este, incontroverso COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e
sócios José Alencar Sales Júnior e Érica Pontes de Meneses. Alega ROBERTO NENDZA - ME (1ª a 13ª reclamadas), não refutam o
que, em meados de 2017, os sócios do Grupo Helga iniciaram grupo econômico entre si, tendo contestado a formação de grupo
negociações para fusão com o Grupo Hanova (HNV), fusão de com as empresas do Grupo HANOVA (14ª a 16ª reclamadas), com
empresas esta que foi oficialmente tornada pública em julho de a MULT DISTRIBUIDORA (17ª reclamada) e com a BCR (18ª
2017, expondo o rol de empresas que compõem o Grupo Hanova - reclamada), alegando que o grupo HANOVA tem como objeto social
HNV (HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS a produção de produtos de beleza, e que inexiste hierarquia e/ou
LTDA - ME, AL PARTICIPAÇÕES LTDA, ANDERSON LUID DOS coordenação entre as empresas. Sustenta que a BCR está sob a
SANTOS SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE égide da Lei 11.101//05, tendo comprado o direito de utilização da
COSMETICOS LTDA), à época todas dirigidas pelos sócios marca "Helga" por cinco anos.
Anderson Luid Santos Severo e Aline Cristina Silva Souza Severo. As reclamadas HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE
Sustenta que, a partir de julho de 2017, independentemente do COSMETICOS LTDA - ME e ANDERSON LUID DOS SANTOS
cumprimento das obrigações legais para efetivação da fusão, qual SEVERO - ME reconhecem o grupo entre si e negam a formação de
seja a extinção das pessoas jurídicas da empresa incorporada com grupo com as demais reclamadas, noticiando que são fornecedoras
o surgimento de uma nova, tal fusão de fato ocorreu e todos os de produtos à rede varejista, sendo uma das principais, o grupo
empregados passaram à subordinação do Grupo Hanova-Helga, o HELGA, não tendo havido a fusão alegada, apenas relação
qual configura grupo econômico por coordenação, impondo a fornecedor-cliente. Informam, ainda, que os fundos de comércio de
responsabilização solidária entre as empresas do grupo. Entende empresas do Grupo Helga foram alienados por seus sócios-
que a fusão entre as empresas com a criação, em outubro de 2017, proprietários da Helga para a empresa DX GROUP
da empresa MULT DISTRIBUIDORA DE COSMÉTICOS (de que PARTICIPAÇÕES E INVESTIMENTOS LTDA, que, por sua vez,
eram sócios o filho dos sócios do Grupo Helga e a mãe do sócio do não possuiria qualquer ligação com o Grupo Hanova, tratando-se de
Grupo Hanova), teria como única finalidade ocultar os sócios de fato empresa de investimentos de proveniente São Paulo.
da nova empresa e ainda o de conseguir nova linha de crédito na A demandada AL PARTICIPACOES LTDA nega a formação de
praça. Postula, caso não se conclua pela existência de grupo grupo econômico com quaisquer das demais empresas.
econômico, que se reconheça a sucessão empresarial de todas as A reclamada MULT DISTRIBUIDORA DE COSMETICOS LTDA
empresas do Grupo Helga por HNV INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE alega que nunca existiu de fato e nega a formação de grupo
COSMÉTICOS LTDA. Alega, ainda, que a empresa BRC BRAZIL econômico com quaisquer das demais empresas.
COSMÉTICOS LTDA adquiriu em Recuperação Judicial os direitos A ré BRC - BRAZIL COSMETICS LTDA informa que comprou os
da marca mista "Helga" por cinco anos, sem jamais exercer direitos de uso da marca HELGA, não estando a reclamante sob
qualquer gerência direta, pois o Sr. José Alencar Sales Júnior suas ordens, refutando a formação de grupo econômico com
continuou a exercer a direção, gerência e coordenação das quaisquer das demais empresas reclamadas e pleiteia que, em
empresas. Por essa razão, pretende a responsabilização solidária caso de condenação, seja de forma subsidiária.
fraude ocorrida e a evidente direção do efetivo sócio do Grupo Inicialmente, declaro a responsabilidade solidária das empresas
Em suas contestações, as rés negam a formação de grupo COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA -
econômico entre as empresas do Grupo Helga e Hanova As ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME,
reclamadas DISTRIBUIDORA HELGA COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - EPP, BELLA
HELGA COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES & CIA COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS
LTDA - ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA
COSMETICOS LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX
ERICA PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME,
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX ROBERTO NENDZA - ME (1ª a 13ª reclamadas), nos termos do §
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX 2º do art. 2º da CLT, as quais reconheceram a formação de grupo
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, econômico entre si, encontrando-se, dentre estas, a empregadora.
Quanto ao grupo econômico alegado em relação aos grupos não só da empresa Hanova; que, em relação às mercadorias das
HELGA e HANOVA, a autora juntou aos autos várias fotografias outras indústrias, o abastecimento e o descarregamento de
com os Srs. Anderson Luid Dos Santos Severo, José Alencar Sales mercadorias eram feitos por empregados destas indústrias; que a
Junior, Aline Cristina Silva Souza Severo e Érica Pontes de reclamante vendia produtos da indústria Hanova bem como de
Meneses, sócios das empresa Hanova e Helga, divulgadas em meio outras indústrias."
digital em julho de 2017, anunciando a fusão entre as empresas do Saliente-se que o fato de terem sido alienados fundos de comércio
Grupo Helga com aquelas do Grupo Hanova (HNV), com de empresas do Grupo Helga para a empresa DX GROUP
fundamento na expansão e aquisições realizadas pelo grupo PARTICIPAÇÕES E INVESTIMENTOS LTDA não afeta a presente
HANOVA, podendo se perceber que nas fotos, aparece o diretor do demanda, pois apenas houve a alienação parcial das quotas
grupo HANOVA, o qual veste camisa com o nome HELGA NOVO empresariais de somente algumas das empresas do Grupo.
TEMPO e ainda uma figura que demonstra a junção de duas peças Insta destacar, também, que a alegação da reclamada ANDERSON
de quebra-cabeça nas quais constam os nomes dos dois grupos LUID DOS SANTOS SEVERO ME de que a relação havida entre os
HANOVA e HELGA. Em que pese não haver alterações nas apontados conglomerados empresariais era de apenas fornecedor-
estruturas das empresas formadoras dos grupos, resta claro que cliente não se sustenta, ressaltando que a mensagem eletrônica e a
houve uma intensa comunhão de interesses confissão de dívida datam de período anterior à "fusão" noticiada, o
econômicos/profissionais entre as empresas formadoras dos dois que só veio a ocorrer em julho de 2017.
grupos. De acordo com a Lei 13.467/2017 são requisitos para a Diante do exposto, reconheço a existência de grupo econômico por
configuração do grupo econômico: a demonstração do interesse coordenação entre todas as empresas dos Grupos HELGA e
integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta HANOVA, as quais declaro responsáveis solidárias pelas verbas
das empresas integrantes. A inexistência de uma hierarquia entre decorrentes da condenação, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da
demonstração de que entre as empresas ocorre clara atuação No que concerne à reclamada AL PARTICIPAÇÕES LTDA, verifica-
conjunta, em linha de coordenação e comunhão de interesses, o se que na defesa das empresas formadoras do GRUPO HELGA
que se verifica no caso em tela. restou afirmado que as empresas HANOVA INDUSTRIA E
Ademais, a primeira testemunha laboral afirmou em seu COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, ANDERSON LUID
"(...) que havia comentários dentro da empresa de que ocorreu uma formam o grupo HANOVA. Nessa senda, o contrato social de
fusão entre as empresas Helga e Hanova; que o gerente do constituição da reclamada AL PARTICIPAÇÕES LTDA demonstra
depoente comentou que ocorreria a fusão e que o depoente que essa empresa tem como sócios os Srs. Anderson Liud dos
continuaria a prestar serviços para as duas empresas; que o Santos Severo e Aline Cristina Silva Souza Severo, os quais se
depoente já chegou, mesmo prestando serviços para a Helga, fizeram presentes ao evento em que foi anunciada a "fusão" entre
prestar serviços para a Hanova, tais como rotulagem de produtos, os grupos empresariais, conforme fotografias anexadas aos autos.
embalagem de mercadorias e fazendo entregas; que depois dos Ainda, o endereço eletrônico da AL PARTICIPAÇÕES LTDA
ordens do Sr. Paulo, empregado da Hanova, responsável pela Ademais, a Sra. Aline Cristina Silva Souza Severo é também sócia
"que trabalhou para Helga de 01/02/2010 a 14/04/2018 na função "anderson@hanovacosméticos.com.br", conquanto o Sr. Anderson
de estoquista; que trabalhou com a reclamante; que o gerente, Liud dos Santos Severo não faça parte do corpo societário dessa
Sr.Evandro comentou com o depoente que havia sido feita uma empresa. O Sr. Anderson Liud dos Santos Severo atua, ainda,
sociedade entre a Helga e a Hanova; que, após o comentário, o como empresário individual da ANDERSON LUID DOS SANTOS
depoente também começo a prestar serviços para a Hanova SEVERO ME. Por fim, saliento que as empresas HNV INDÚSTRIA
nas seções das lojas Helga, limpando as mercadorias; que o LTDA, ANDERSON LUID DOS SANTOS SEVERO - ME e MULT
depoente não recebia ordens de nenhum empregado da Hanova; DISTRIBUIDORA DE COSMETICOS LTDA, em audiência, se
que as lojas Helga também vendiam produtos de outras indústrias e fizeram representar pelo mesmo preposto, o Sr. Luiz Gustavo
Santana Severo, neste feiro e nos processos nº0000470- segundo semestre de 2017 houve uma reunião da Helga com a
61.2018.5.07.0010, cujos termos de audiência foram anexados aos afirmou, posteriormente, que "soube que foi feita uma postagem
presentes autos. no instagram da Helga onde foi usado o termo fusão com a
diverso das empresas do grupo HANOVA não é suficiente para Por outro lado, as testemunhas Francisca Edinusia Alves de Sousa
afastar a formação do grupo econômico com HNV INDÚSTRIA E e Maria Irlane Silva Santos
COMÉRCIO DE COSMÉTICOS LTDA e ANDERSON LUID DOS Desiderio, apresentadas pelas partes autoras, nas referidas atas de
Sendo assim, reconheço que a empresa AL PARTICIPAÇÕES reunião em que foi publicizada à fusão das demandadas aos
LTDA pertence ao grupo econômico HANOVA, o qual restou empregados são uníssonas ("que no final de julho/2017 foram
condenada solidariamente, aplicando a esta a mesma convocadas para uma reunião no hotel meridional no centro da
responsabilidade, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da CLT. cidade onde foi comunicada por Alencar Junior, Erica Pontes e
No que tange à reclamada MULT DISTRIBUIDORA DE Aline Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas de
COSMETICOS LTDA, observa-se efetivamente formalizada em que tudo iria mudar com a chegada de novos produtos, mas na
24/10/2017 pouco tempo após a fusão dos grupos HELGA e pratica tudo continuou do mesmo jeito, pois continuou
HANOVA, com atuação na vendas de produtos de higiene, tendo chegando produtos da marca própria da Helga (lavi) e da Helga,
como sócios os Srs. Matheus Pontes Sales e Maria de Fátima dos os quais tinham prioridade para serem vendidos" - depoimento
Santos Severo, os quais são, respectivamente, o filho dos titulares de Maria Irlane Silva Santos Desiderio) e ("que houve uma
do Grupo Helga e a mãe de um dos proprietários do Grupo Hanova reunião num domingo de julho/2017 onde foi comunicada a
(Anderson Luid dos Santos Severo), fato não contestado em defesa. fusão da Hanova com a Helga Cosmeticos onde foram
Sendo assim, tenho que a empresa MULT DISTRIBUIDORA DE apresentados os novos patrões como sendo: Aline Severo e
COSMETICOS LTDA também participa dos Grupos Helga e seu esposo Anderson ambos donos da Hanova; que a a partir
Hanova, utilizando-se da mesma estrutura empresarial para a daí a prioridade era para vender os produtos da Hanova e Lavi"
consecução de seus objetivos financeiros, diante do que, resta - depoimento de Francisca Edinusia Alves de Sousa)."
condenada solidariamente, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da A empresa recorrente manifesta no presente recurso ordinário o seu
Por fim, quanto à ré BRC BRAZIL COSMETICS COMÉRCIO econômico ostentam características diametralmente opostas"; "em
VAREJISTA DE COSMÉTICOS EIRELI, verifica-se que ela que pese tenha havido, nas redes sociais, um anúncio de fusão
apresentou defesa através do mesmo escritório que a empregadora, entre os conglomerados Helga e Hanova, por certo, tal
na qual passou a repetir as mesmas alegações já apresentadas reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão
pelas 1ª a 13ª Reclamadas, além disso, observa-se que no empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas
comprovante de inscrição cadastral (CNPJ) consta endereço regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos
eletrônico pertencente ao domínio da HELGA COSMÉTICOS. econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria,
Ademais, apresentou carta de preposição que revelou mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que
representação através do mesmo preposto que a empregadora, possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses";
razão pela qual, deve ser solidariamente responsável pelos créditos "que a sentença de origem, em nenhum momento, cuidou de
oriundos da presente demanda, nos moldes dos arts. 2º, § 2º, e 9º demonstrar a integração de interesses entre as empresas, a
Pontue-se, por oportuno, que as atas de audiência em nada apenas limitou-se a discorrer, de forma bastante confusa, sobre
corroboram com a tese da demandada, uma vez que se verifica, "fusão", sendo esta manifestante inexistente no caso vertente"; "que
com extrema facilidade, que a testemunha da reclamada, Sr. os depoimentos coligidos aos autos sob a rubrica de prova
Emanuel Rodrigues de Albuquerque, arrolada em todos os emprestada fulminam a pretensão autoral, quer pelo viés da fusão,
processos, busca, sem nenhum sucesso, sustentar os termos da seja sob a óptica de agrupamento empresarial."
Ademais, por mais que tenha declarado que "que na metade do recorrente, fundamentos que infirmem convincentemente as
conclusões do juízo de primeiro grau, razão pela qual se há perfilhar o depoimento da primeira testemunha da parte reclamante, Sra.
com os motivos da decisão vergastada, ora endossados e Maria Irlane Silva Santos Desiderio, ouvida no processo nº 0000470
integrantes das presentes razões de decidir. -54.2018.5.07.0010 (Ata de audiência de ID 5cd9c24 - Pág. 4),
Consoante o § 2º do art. 2º da CLT, "sempre que uma ou mais trazido por empréstimo ao conjunto probatório pelas próprias
empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica reclamadas, revelador de "(...) que no final de julho/2017 foram
própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de convocadas para uma reunião no hotel meridional no centro da
outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua cidade onde foi comunicada por Alencar Junior, Erica Pontes e Aline
autonomia, integrem grupo econômico, serão responsáveis Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas de que tudo
solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de iria mudar com a chegada de novos produtos, mas na pratica tudo
Nesta esteira, o delineamento do que se convencionou chamar marca propria da Helga (lavi) e da Helga, os quais tinham prioridade
grupo econômico, pela dicção da Consolidação das Leis do para serem vendidos, e das outras marcas continuaram escassos".
Trabalho, importa na evidência da integração dos Veja-se que a fusão foi comunicada aos empregados em reunião,
empreendimentos, de forma a vincular, direta ou indiretamente, as constatação que reforça a ideia do grupo econômico, referindo-se a
Este aspecto restou caracterizado nos autos, sendo certo que se operandi das vendas dos produtos e não à ausência de formação
verificam elementos suficientes para que seja corroborada a de grupo. A testemunha em questão ainda revelou que as diversas
Como bem destacado pela sentença, restou demonstrada nos autos mas que com a Hanova o processo foi diferente, pois, além de ter
a ampla divulgação realizada nas redes sociais, em julho de 2017, sido comunicada a fusão, não houve interrupção do fornecimento de
acerca da fusão das empresas do Grupo Helga com aquelas do mercadorias para serem vendidas nas lojas Helga, o que ocorreu
Grupo Hanova. Eis os dizeres da publicação (V. ID 0d53e9e - Pág. com outros fornecedores em face das dívidas da empregadora
Grupo HNV detentor de várias marcas como a Hanova, em um Não se olvida o depoimento da testemunha convidada pelas
processo de expansão e aquisições, realizou a fusão com o Grupo reclamadas, Sr. Emanuel Rodrigues de Albuquerque, ouvida nos
Helga Cosméticos. Tudo isso para que os nossos clientes possam processos (461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471-
ter sempre à disposição o melhor atendimento, os melhores 39.2018.5.07.0010) trazidos por empréstimo ao conjunto probatório,
produtos e a melhor experiência. Transformando para melhor, o seu cujas declarações transparecem a ideia de demonstrar ter havido
visual e a sua vida. #HelgaNovoTempo #Hanova #GrupoHNV apenas uma relação comercial, mas não uma fusão, entre as
#GrupoHelga #Beleza #Cabelos". Com a devida vênia da parte empresas do grupo Helga e do grupo Hanova. Contudo, diante dos
recorrente, este aspecto é relevante para a caracterização do grupo demais elementos probatórios dos autos, não há de prevalecer o
econômico sob investigação, demonstrando a plena possibilidade quadro traçado pelo depoente, sendo de se destacar que ele próprio
de que as marcas de cada um dos grupos estejam sob a admite não ter participado da reunião ocorrida em julho de 2017 (V.
coordenação de um único conglomerado, o que afasta a tese ID's 5cd9c24 - Pág. 6 e 8eb6395 - Pág. 6), na qual fora anunciada a
no mesmo grupo econômico. Cumpre ressaltar, ainda, porquanto oportuno, que a estreita relação
Além disso, vigora no Direito do Trabalho o princípio da primazia da comercial entre as empresas dos grupos empresariais, consoante
realidade, de modo a ser imprescindível destacar a prevalência dos se denota pelas notas ficais de vendas de mercadorias anexadas
fatos da relação de emprego sobre os aspectos formais. Dessa aos autos, a meu sentir, não rechaça a formação de grupo
forma, ainda que não ultimada, ao menos formalmente, com as econômico, mas, em verdade, a reforça, evidenciando além da
devidas baixas das pessoas jurídicas, a fusão mencionada nas complementaridade entre os objetos sociais das empresas
redes sociais, não há se desconhecer que houve a junção das contratantes, o interesse integrado, a comunhão de interesses e a
empresas, que passaram a atuar integradas a um único grupo. atuação conjunta das empresas dele integrantes.
Igualmente, salvo melhor juízo, os depoimentos das testemunhas Destarte, o quadro encontrado no presente feito permite a
não afastam o reconhecimento do grupo econômico. Ao revés, conclusão de que a empresa ora recorrente integra grupo
confirmam a fusão entre as empresas. Destaca-se, a este respeito, econômico com as reclamadas do grupo Helga. Importa examinar a
presença de elementos objetivos capazes de demonstrar que as fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de
empresas estavam integradas no mesmo grupo. É o que se cerceamento de defesa. Preliminar rejeitada.
constatou à exaustão no presente feito. PETIÇÃO INICIAL. ART. 840, §1º DA CLT. O processo trabalhista
Por oportuno, colhe-se o seguinte precedente jurisprudencial: é regido pelo princípio da simplicidade das formas, consagrado no
"Grupo econômico. Relação inter-empresarial. O grupo econômico art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta uma breve exposição
para fins justrabalhistas não necessita se revestir das modalidades dos fatos para se considerar apta a exordial. Em decorrência do
jurídicas típicas do Direito Econômico ou Direito Comercial princípio da simplicidade, que norteia o processo trabalhista, o qual
(holdings, consórcios, pools etc.). Não se exige, sequer, a prova não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de 2017, verifica-se que
de sua formal institucionalização cartorial: pode-se acolher a a petição inicial atendeu integralmente os requisitos do art. 840, da
existência do grupo desde que surjam evidências probatórias CLT. Preliminar rejeitada.
de que estão presentes os elementos de integração inter- EXISTÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO. ART. 2º, DA CLT. ÔNUS
empresarial (abrangência subjetiva e nexo relacional) de que DA PROVA. ART. 818, DA CLT C/C ART. 373, DO NCPC.
fala a CLT (art. 2º, § 2º)" (Processo 00409002020085010025, TRT AUSÊNCIA DE PROVA. Não tendo a reclamante comprovado a
1ª Região - 8ª Turma, Relatora Desembargadora Dalva Amélia de existência do alegado grupo econômico Helga-Hanova, composto
conhecer do recurso ordinário para, rejeitar as preliminares DA NULIDADE DA SENTENÇA- DA UTILIZAÇÃO DA PROVA
suscitadas e, no mérito, por maioria, negar-lhe provimento. Vencido EMPRESTADA - DO ALEGADO CERCEAMENTO DE DEFESA
o Desembargador Relator, que dava provimento ao apelo, para Aduz a recorrente, preliminarmente, que houve cerceamento de seu
excluir da condenação a responsabilidade solidária da reclamada direito de defesa, ao argumento de que o juízo, ao adotar
HNV INDÚSTRIA E COSMÉTICOS LTDA. Redigirá o acórdão o integralmente a motivação da sentença proferida na reclamatória
Desembargador Cláudio Soares Pires, com a integração do voto trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu
vencido. entendimento, a partir das provas orais ali consignadas, mas que,
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores tais elementos probatórios não foram publicizadas à ora recorrente
Francisco José Gomes da Silva (Presidente e Relator), Cláudio no presente feito, com vistas à garantia do contraditório e da ampla
Soares Pires e Paulo Régis Machado Botelho. Presente ainda o(a) defesa, verificando-se, pois, uma patente violação ao que dispõe o
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo art. 312 do CPC/15.
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Jefferson Quesado Junior. Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não
Fortaleza, 14 de outubro de 2019. integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos,
INTEGRA O PRESENTE ACÓRDÃO O VOTO VENCIDO DO EXMº mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou
DESEMBARGADOR FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA, in como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera
EMENTA: PROVA EMPRESTADA. PREVISÃO LEGAL. proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou,
CONTRADITÓRIO OBSERVADO. O novo CPC trouxe permissivo naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova
expresso quanto à possibilidade de utilização da prova emprestada, emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito.
desde que observado o contraditório, conforme previsão no art. 372. Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam
Assim, havendo previsão legal para utilização da prova emprestada relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo
e, observando que no processo nº 0000471-51.2018.5.07.0006 as reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art.
Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e
dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em ROBERTO NENDZA - ME) e GRUPO HANOVA - HNV (HANOVA
conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine. INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, AL
de provas emprestadas, relativo aos depoimentos testemunhais dos LTDA), assim como referem-se as mesmas demandadas, sendo
processos 461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471- permitido sua valoração como se houvesse sido produzida
39.2018.5.07.0010 (ID. bae0442, ID. ed35241, ID. 5cd9c24, ID. diretamente nos autos examinados.
O Juízo, ao proferir a sentença, utilizou para o reconhecimento da utilizado a fundamentação da sentença, a qual considerou para
existência de Grupo Econômico entre as acionadas (Grupo Hanova- formação do convencimento da magistrada, depoimentos os quais
Helga) como prova emprestada, os fundamento os lançados na foram respeitados o contraditório quando produzida em processos
sentença prolatada nos autos do processo nº 0000471- judiciais, máxime,quando envolvendo a mesma empresa e quando
51.2018.5.07.0006, de lavra da magistrada Taciana Orlovicin os fatos guardam correlação com os da presente ação.
Gonçalves Pita (ID. 984dd8d). Nesse mesmo entendimento, colaciona-se a atual jurisprudência do
Nesse ponto, destaco, inicialmente, que o novo CPC trouxe Tribunal Superior do Trabalho, in verbis:
permissivo expresso quanto à possibilidade de utilização da prova UTILIZAÇÃO DE PROVA EMPRESTADA. POSSIBILIDADE.
emprestada, desde que observado o contraditório, conforme IDENTIDADE FÁTICA. MESMAS RECLAMADAS.
previsão no art. 372, que assim dispõe: DESNECESSIDADE DE PRÉVIA CONCORDÂNCIA DA PARTE
Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em CONTRÁRIA. AUSÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA.
outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, NULIDADE PROCESSUAL NÃO CONFIGURADA. Esta Corte
Assim, havendo previsão legal para utilização da prova emprestada identidade dos fatos considerados no documento emprestado e no
e, observando que no processo nº 0000471-51.2018.5.07.0006 as caso em julgamento, assim como ocorrido nesta hipótese, em que o
partes foram submetidas ao contraditório e, havendo identidade dos Regional registrou que"a prova emprestada foi produzida em
fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de processo judicial que envolvia as mesmas rés da presente ação,
Quanto a alegativa de que as reportadas transcrições dos sua produção, bem como o princípio do contraditório. Segundo,
depoimentos carregam relatos fáticos que não integram as razões porque os fatos a serem comprovados guardam correlação com os
da exordial, não merece acolhida, posto que a causa de pedir da da presente ação. Terceiro, porque a referida prova emprestada foi
autora, no que se refere a responsabilidade solidária das acionadas, valorada pelo Juízo segundo o princípio do livre convencimento
trata justamente na alegada formação de grupo econômico entre as motivado, em conjunto com as demais provas dos autos".
empresas, objeto da prova naqueles autos. Importante salientar também que a utilização de prova emprestada
Os depoimentos constantes na prova emprestada utilizada pelo não está condicionada à prévia anuência e concordância das
Juízo a quo dizem respeito aos fatos relacionados pela autora, no partes. Assim, a mera alegação da reclamada de que não
que pertine a alegada formação de grupo econômico entre as concordou com a utilização de prova emprestada não é suficiente
acionadas GRUPO HELGA (DISTR IBUIDORA HELGA para inviabilizar a sua utilização nestes autos. Precedentes.
COSMETICOS LTDA - ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME, Recurso de revista não conhecido" (TST, ARR - 3600-
HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, ORIGINAL 29.2010.5.12.0031 Data de Julgamento: 15/02/2017, Relator
COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de
COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS "B) RECURSO DE REVISTA. 1. NULIDADE DA SENTENÇA.
LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA CERCEAMENTO DE DEFESA. UTILIZAÇÃO DE PROVA
PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS EMPRESTADA SEM ANUÊNCIA. O Regional entendeu que a
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX utilização de prova emprestada consubstanciada em certidão de
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX averiguação produzida em outros autos, no qual a reclamada figura
como parte, não configura cerceamento de defesa, ante a da CLT que o pedido deva "ser certo, determinado e com indicação
observância do contraditório e da ampla defesa. Com efeito, esta No caso, em relação ao pedido de pagamento do FGTS e multa
Corte tem se posicionado no sentido de ser possível a utilização da rescisória, o reclamante fez pedido certo, determinado e com
prova emprestada, não sendo imprescindível a anuência da parte indicação do valores pois da sua causa de pedir, entende-se
adversa. Recurso de revista não conhecido" (TST, RR - 940- logicamente que o autor fora demitido sem justa causa e sem
27.2013.5.18.0181 Data de Julgamento: 09/11/2016, Relatora recebimento de suas verbas rescisórias, fato este, incontroverso
Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT nos autos.
INÉPCIA DA INICIAL sendo demitida sem justa causa em 29/03/2018; que o último
Requer o Recorrente, o reconhecimento da inépcia do pedido salário percebido foi de R$ 3.200,00 (três mil e duzentos reais); que
relativo às parcelas de FGTS + 40%, e a extinção do pleito sem quando de sua demissão não recebeu qualquer valor, assim como
resolução de mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15, não fora liberado Seguro Desemprego e FGTS, motivo pelo qual
sob o fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de pleiteia a liberação dos mesmos em sede de tutela antecipada; que
ingresso, inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso o FGTS se encontra depositado apenas de forma parcial, apenas o
e de dispensa, realizou o pedido correspondente às parcelas de valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais).
FGTS, em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o Em seguida, requereu que, Tendo em vista os argumentos jurídicos
O processo trabalhista é regido pelo princípio da simplicidade das sejam: Saldo Salário, Aviso Prévio de 51 dias, 13º salário e férias
formas, consagrado no art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta sobre aviso prévio, FGTS sobre rescisão, 13º salário proporcional
uma breve exposição dos fatos para se considerar apta a exordial. 3/12 de 2018, férias simples 2016/2017 e proporcionais 2017/2018
Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal. todas acrescidas do terço constitucional, FGTS e multa de 40%.
§ 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do Em relação ao rol dos pedidos, o autor requereu a condenação da
Presidente da Junta, ou do juiz de direito a quem for dirigida, a reclamada ao pagamento das verbas rescisórias, incluindo FGTS E
dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura Em decorrência do princípio da simplicidade, que norteia o processo
do reclamante ou de seu representante. trabalhista, o qual não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de
§ 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do 2017, a petição inicial ora em análise preencheu os requisitos do
juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que art. 840 , da CLT, a qual, frise-se, não dificultou a defesa das
vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no Na peça de ingresso, requer o reclamante que seja caracterizada a
que couber, o disposto no parágrafo anterior. condição da segunda (VRX COMÉRCIO COSMÉTICOS E
§ 2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias BIJUTERIAS LTDA) e terceira reclamada (HANOVA
datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que COSMÉTICOS), de responsáveis solidárias pelos encargos
couber, o disposto no § 1o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº trabalhistas da primeira reclamada, HELGA COSMÉTICOS, em
§ 3o Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo Afirma que a primeira, segunda e terceira reclamadas foram
serão julgados extintos sem resolução do mérito. (Incluído pela Lei criadas, são dirigidas e controladas pelo pela Sra. Erica Pontes de
Como se observa, a Lei n. 13.467/17 fez referência expressa aos reclamada, HANOVA COSMÉTICOS, pois utilizou terceiro como
complementares, visto todas possuírem o mesmo objeto social e A nova redação do art. 2º, além de manter a hipótese do grupo
finalidade, sendo patente a formação de grupo econômico entre econômico hierarquizado ou sob subordinação, introduz,
No mérito, defende a recorrente, em síntese, a inexistência de fusão sob coordenação, trazendo para o texto legal, o entendimento dos
e formação de grupo econômico com o GRUPO HELGA, sendo Tribunais Regionais do Trabalho e do TST quanto a configuração de
ao autor na presente reclamação trabalhista. Com relação a este modelo de grupo econômico coordenado, a
Argumenta que, em que pese tenha havido, nas redes sociais, um Desembargadora Dra. Vólia Bomfim Cassar, do TRT da 1ª Região,
anúncio de fusão entre os conglomerados Helga e Hanova, por em seu livro Direito do Trabalho, afirma que:
certo, tal reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão Os grupos econômicos por coordenação se apresentam quando
empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas houver reunião de interesses para execução de determinado
regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos empreendimento, tendo ou não o mesmo controle ou administração
econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria, comum. Logo, os grupos por coordenação podem ter relação de
mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que controle entre si, numa linha horizontal e não vertical. Isto é, não
possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses, o haverá, no grupo horizontal, uma empresa controladora e outra(s)
que, também, não retrata o caso dos autos. controlada(s), uma líder (holding) e outras lideradas. Todas são
Esclarece, adiante, que há uma mera relação comercial, havendo interligadas entre si e, apesar de autônomas e independentes, estão
total independência entre as empresas do GRUPO HANOVA em interligadas pela ingerência, administração comum, como se
relação às componentes do GRUPO HELGA, sendo a recorrente, subordinadas umas às outras administrativamente. Por trás desta
mera fornecedora de produtos para o conglomerado empresarial administração comum pode estar um sócio ou alguns sócios ou
HELGA, sem haver contudo, qualquer integração de interesses pessoa física no controle.(CASSAR, 2017,p.429).
entre as empresas ou atuação conjunta. Logo, o aproveitamento dos serviços prestados pelo trabalhador por
A lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017 que alterou a Consolidação entre si, formando o grupo econômico trabalhista, serão todas, por
das Leis do Trabalho (CLT) trouxe novos parâmetros para consequência, responsabilizadas pela contraprestação devida ao
a este artigo, conforme transcrição seguinte: Estabeleceu, igualmente, que "não caracteriza grupo econômico a
Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, mera identidade de sócios. Assim, o patrimônio de empresas que
que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria têm sócios comuns, porém com atuam em setores diversos, estarão
§ 1º - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da Portanto, a análise da existência ou não da formação de um grupo
relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de econômico, deve-se observar o princípio da primazia da realidade,
beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem para que cada caso seja analisado com suas peculiaridades, sendo
fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados. ônus do autor a prova de suas alegações ( art. 818, da CLT c/c art.
§ 2º Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada 373, do NCPC).
uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a No caso em análise, o autor fundamenta sua pretensão com base
direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando, em notícias veiculadas nas redes sociais de possível fusão entre os
mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo grupos Helga Cosméticos e HNV, assim como colaciona fotos em
econômico, serão responsáveis solidariamente pelas que retrata parcerias entre as duas empresas, ID. 0d53e9e, sem,
obrigações decorrentes da relação de emprego. contudo, apresentar qualquer prova que indique ter realmente
§ 3º Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de ocorrido a "FUSÃO" das empresas, ou qualquer relação de
demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de Ao revés, a acionada Hanova Indústria e Comércio de Cosméticos
interesses e a atuação conjunta das empresas dele integrantes. Ltda colacionou aos autos documentos que demonstram a relação
de vendas de mercadorias para as empresas integrantes do grupo Messejana, tendo ficado como gerente Rosangela; que Luxeles
Helga (CRX COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA e Rosangela eram gerentes da Helga; (...)." ( grifos nosso)
ME, ALENCARINE COSMETICOS COMERCIO VAREJISTA E Conforme se extrai do depoimento supra, não se trata o caso de "
TREINAMENTO EIREL, HELGA MEDZA SALES & CIA LTDA -ME, fusão" entre as empresas, tanto que a partir da reunião ocorrida em
ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA ME, VRX julho de 2017, nada foi alterado na estrutura organizacional da
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA ME, JOSE empresa, assim como layout das lojas, tratando-se, na verdade, de
ALENCAR SALES JUNIOR- ME, ORIGINAL COMERCIO DE um marketing e ações para incremento das vendas, através da
COSMETICOS LTDA- ME, tais como notas fiscais de vendas de fornecedora dos produtos, empresa HANOVA INDUSTRIA E
mercadorias, termo de confissão de dívida e e-mails em que se COMERCIO DE COSMETICOS LTDA, fato este, confirmado pelos
evidencia a parceria comercial entre as empresas ( venda de depoimentos de reclamantes e testemunhas dos processos
mercadorias), ID. de4b07e, ID. 4c4a838. utilizados como provas emprestadas nos autos, vejamos:
Na audiência de instrução, as reclamadas requerem a juntada de Convocada a primeira testemunha arrolada pelas Reclamadas
provas emprestadas (processos nºs. 461-92.2018.5.07.0010, 470- HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA -
54.2018.5.07.0010 e 471-39.2018.5.07.0010, tendo a autora ME, AL PARTICIPACOES LTDA, ANDERSON LUID DOS
concordado com a juntada dos referidos depoimentos. SANTOS SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE
No termo de audiência relativo ao processo nº. 0000461- COSMETICOS LTDA, Sr(a). Emanuel Rodrigues de Albuquerque
92.2018.5.07.0010, a testemunha da reclamante afirmou que: (...): "que trabalha na Hanova desde março/2016 como gerente
Primeira testemunha arrolada pela parte Reclamante Sr(a). administrativo financeiro; ." ÀS PERGUNTAS DO(A) PATRONO(A)
Francisca Edinusia Alves de Sousa: " (...)"que trabalhou na DO(A) PARTE RECLAMADA RESPONDEU: "que na metade do
reclamada Helga Cosméticos de 01/06/2006 a 23/02/2018 na segundo semestre de 2017 houve uma reunião da Helga com a
função de vendedora; que o reclamante, depoente e todos os Hanova para uma parceria de fornecimento de produtos, pois a
funcionários foram demitidos sem pagamento de verbas rescisórias Hanova é uma industria; que o fornecimento dos produtos continuou
e nem do salário do último mês; que depoente trabalhou até da mesma forma, pois a Helga permaneceu como uma cliente
23/fevereiro/2018, não sabendo o ultimo dia labutado pelo norma; que a parceria teve o objetivo de aumentar o volume de
reclamante; que recebia ordem direta dos gerentes Luxeles, vendas nas lojas e de fato aumentou, mas só no primeiro mês,
Rosângela, Francisca Cirlane, os quais eram gerentes da loja pois logo em seguida a Helga entrou novamente em dificuldades
do shopping Central da Helga Nendza Sales .". ÀS PERGUNTAS financeiras e não conseguiu pagar os produtos que comprava, pois
DO(A) PATRONO(A) DO(A) PARTE RECLAMANTE RESPONDEU: a divida já estava muito alta, de modo que a Helga não conseguia
"que houve uma reunião num domingo de julho/2017 onde foi pagar nada na sua totalidade; que é uma prática comum serem
comunicada a fusão da Hanova com a Helga Cosmeticos onde feitas ações com as distribuidoras para estimular as vendas, e
foram apresentados os novos patrões como sendo: Aline os proprietários da Hanova comparecem pelo fato de que o
Severo e seu esposo Anderson ambos donos da Hanova; que a distribuidor Helga ser de grande porte, como também de outros
a partir daí a prioridade era para vender os produtos da Hanova distribuidores; que na época da parceria a Helga já estava em
e Lavi, mesmo tendo outras marcas, mas a Hanova e Lavi débito com a Hanova; que a Hanova não colocou pessoas na
deveriam estar em primeiro lugar nas vendas; que antes da lojas da Helga, muito menos assumiu o comando dessa; que a
reunião já vendiam todo tipo de produto e de varias marcas, continuou a vendendo normalmente para as outras lojas, como
inclusive dos ora citados; que os proprietários da Helga e Hanova Cosbel, Anavi, Iap e outras; que não houve a fusão da Hanova com
estavam presentes na reunião, sendo Erica PontesMenezes e a Helga; que havia procedimento de cobrança normal das vendas
Alencar Junior proprietários da Helga.". ÀS PERGUNTAS DO DO(A) dos produtos Hanova;." ÀS PERGUNTAS DO DO(A) PATRONO(A)
PATRONO(A) DO(A) PARTE RECLAMADA RESPONDEU: "que DO(A) PARTE RECLAMANTE RESPONDEU: "que a reunião tem
depois da reunião depoente continuou trabalhando na mesma um caráter de marketing e não para apresentar fusão; que não
loja e o reclamante também, mas ambos trabalhavam em lojas houve comunicação formal da fusão entre a Hanova e Helga, mas
diferentes; que na reunião estavam os vendedores e gerentes; depoente soube que foi feita uma postagem no instagram da
que a faixada das lojas continuaram iguais; que não houve Helga onde foi usado o termo fusão com a Hanova; que quanto
mudança da chefia após a reunião, mas a sua chefe Luxeles ao doc. de fl. 8 se tratam das pessoas de Anderson (proprietário da
teve um problema de saúde e foi transferida para loja de Hanova) e Junior (proprietária da Helga) e o doc. de fl. 9 tratam das
pessoas Aline (proprietária da Hanova) e Erica (proprietária da Havendo fusão ou incorporação de empresas, há a alteração na
Helga); (...)."( grifos nosso) estrutura jurídica da empresa, o que in casu, não há provas nos
No termo de audiência relativo ao processo nº. 0000470- autos, não sendo suficiente a propaganda disseminada em reunião
O DEPOIMENTO PESSOAL DO RECLAMANTE: '" que depoente O que extrai dos depoimentos, é que a ideia inicial de postar nas
era subgerente, que atuava em várias lojas da Helga e trabalhou até redes sociais de que haveria a fusão das empresas, trata-se, tão
07/04/2018 porque as lojas fecharam, tendo a sra. Erica Pontes somente, de marketing para alavancar as vendas da empresa
(dona da Helga, esposa de Alencar Junior) comunicado a dispensa Helga, a qual, na época, já se encontrava com dificuldades
produtos de marca própria (Lavi), mas também da Hanova, Fatore, Diante do exposto, considerando que a autora não se desincumbiu
Corpo Dourado e outros; que em julho/2017 houve a fusão da de seu ônus probatório, reforma-se a sentença para excluir a
Hanova com a Helga, no que a prioridade passou a ser para vender responsabilidade solidária da reclamada HNV INDÚSTRIA E
produtos da Hanova e Lavi, mas ainda assim, a Helga continuou a COSMÉTICOS LTDA.
vender produtos de outras marcas que já tinham estoque nas DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
lojas, e também continuou comprando produtos de outras Uma vez excluída a responsabilidade solidária da ora recorrente, o
marcas para vender nas suas lojas; que as fachadas das lojas presente apelo, no ponto, segue a sorte do principal.
da Helga continuaram com o mesmo nome, após a fusão, e as CONCLUSÃO DO VOTO VENCIDO:
fusão da Helga e Hanova foi para o crescimento da Helga, mas Isto posto, voto pelo conhecimento do recurso ordinário para,
o dia a dia de trabalho continuou o mesmo de antes, porém rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, dar-lhe provimento
com a informação de que deveriam vender mais os produtos da para excluir a responsabilidade solidária da reclamada HNV
Maria Irlane Silva Santos Desiderio: " (...) que no final de CLAUDIO SOARES PIRES
julho/2017 foram convocadas para uma reunião no hotel meridional Desembargador Redator Designado
Pontes e Aline Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas FORTALEZA/CE, 28 de fevereiro de 2020.
pratica tudo continuou do mesmo jeito, pois continuou MARIA DO SOCORRO RODRIGUES GONCALVES
TREINAMENTOS EIRELI, CRX COMERCIO DE COSMÉTICOS E COSMÉTICOS LTDA - EPP; J R COMERCIO DE COSMÉTICOS
BIJUTERIAS LTDA - ME, ROBERTO NENDZA - ME, HNV LTDA - ME; JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME; ERICA
COSMÉTICOS LTDA, BRC - BRAZIL COSMETICS LTDA, DE COSMÉTICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME; VRX COMERCIO
RECORRIDO: LUCHELYS DE ALENCAR MARTINS, VRX NENDZA - ME; HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE
COMERCIO DE COSMÉTICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, COSMÉTICOS LTDA - ME; AL PARTICIPACOES LTDA;
ANDERSON LUID DOS SANTOS SEVERO - ME, BRC - BRAZIL ANDERSON LUID DOS SANTOS SEVERO - ME; MULT
COSMÉTICOS LTDA, MULT DISTRIBUIDORA DE COSMÉTICOS DISTRIBUIDORA DE COSMÉTICOS LTDA; BRC - BRAZIL
LTDA, AL PARTICIPACOES LTDA, HNV INDÚSTRIA E COSMETICS LTDA a pagar à reclamante LUCHELYS DE
COMERCIO DE COSMÉTICOS LTDA - ME, ROBERTO NENDZA - ALENCAR MARTINS as seguintes parcelas: a.Saldo de salário (29
ME, CRX COMERCIO DE COSMÉTICOS E BIJUTERIAS LTDA - dias); b. Aviso prévio (51 dias); com reflexos no 13º salário e férias;
ME, ALENCARINE COSMÉTICOS COMERCIO VAREJISTA E c. Férias simples 2016/2017 e proporcionais (8/12 avos), acrescidas
TREINAMENTOS EIRELI, ERICA PONTES DE MENESES, J R de 1/3 constitucional; d. 13º salário proporcional 2018 (3/12 avos); e.
COMERCIO DE COSMÉTICOS LTDA - ME, BELLA COSMÉTICOS FGTS + 40%; f. Multa do art. 467 da CLT, incidente sobre os valores
LTDA - EPP, MULTIPLA COMERCIO DE COSMÉTICOS LTDA - e parcelas rescisórias constantes no TRCT (ID. 7ad3499), bem
EPP, ORIGINAL COMERCIO DE COSMÉTICOS LTDA - ME, como sobre o FGTS não depositado e multa de 40% sobre todos os
HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, HELGA valores devidos a título de FGTS ao longo da contratualidade; g.
COSMÉTICOS LTDA - ME, DISTRIBUIDORA HELGA Multa do art. 477,§8º da CLT; h. Honorários advocatícios.
COSMÉTICOS LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - A sentença fora complementada pelos aclaratórios de ID. 7081a1b,
RELATOR: FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA compensação do valor de R$ 10.710,34, vez que a quantia foi
REDATOR DESIGNADO: CLAUDIO SOARES PIRES recebida pela parte embargada, conforme comprovante de
RECURSO ORDINÁRIO. GRUPO ECONÔMICO. seu direito de defesa, ao argumento de que o juízo, ao adotar
CONFIGURAÇÃO. Confirma-se a sentença de origem que integralmente a motivação da sentença proferido na reclamatória
reconheceu a formação de grupo econômico entre as empresas trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu
demandadas, quando se constata que além da complementaridade entendimento, por consequência, a partir das provas orais ali
entre os objetos sociais destas, há o interesse integrado, a consignadas, mas que, tais elementos probatórios não foram
comunhão de interesses e a atuação conjunta das empresas dele publicizadas à ora recorrente no presente feito, com vistas à
integrantes. Recurso conhecido e improvido. garantia do contraditório e da ampla defesa, verificando-se, pois,
Designado para redigir o acórdão, peço vênia para adotar o relatório Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não
da lavra do Excelentíssimo Desembargador Relator Francisco José integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos,
Gomes da Silva, a seguir: mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou
"Trata-se de recurso ordinário ajuizado pela reclamada HNV como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera
INDUSTRIA E COSMÉTICOS LTDA interposto em face da decisão cópia de uma transcrição parcial realizada no bojo de uma sentença
do Juízo da 18ª Vara do Trabalho de Fortaleza (ID. 984dd8d), que proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou,
JULGOU a reclamatória PROCEDENTE EM PARTE, para naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova
condenar, SOLIDARIAMENTE, as reclamadas DISTRIBUIDORA emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito.
HELGA COSMÉTICOS LTDA - ME; HELGA COSMÉTICOS LTDA Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam
- ME; HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME; ORIGINAL relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo
COMERCIO DE COSMÉTICOS LTDA - ME; MULTIPLA reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art.
dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em Peço vênia para adotar os fundamentos do voto do Excelentíssimo
conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine. Desembargador Relator Francisco José Gomes da Silva, quanto à
Adiante, requer o reconhecimento da inépcia do pedido relativo às apreciação das preliminares, nos seguintes termos:
parcelas de FGTS + 40%, a extinção do pleito sem resolução de "DA NULIDADE DA SENTENÇA- DA UTILIZAÇÃO DA PROVA
mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15, sob o EMPRESTADA - DO ALEGADO CERCEAMENTO DE DEFESA
fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de ingresso, Aduz a recorrente, preliminarmente, que houve cerceamento de seu
inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso e de direito de defesa, ao argumento de que o juízo, ao adotar
dispensa, realizou o pedido correspondente às parcelas de FGTS integralmente a motivação da sentença proferida na reclamatória
em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o saldo trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu
fundiário. entendimento, a partir das provas orais ali consignadas, mas que,
No mérito, defende a recorrente, em síntese, a inexistência de tais elementos probatórios não foram publicizadas à ora recorrente
fusão e formação de grupo econômico com o GRUPO HELGA, no presente feito, com vistas à garantia do contraditório e da ampla
sendo indevida a sua responsabilidade solidária pelos créditos defesa, verificando-se, pois, uma patente violação ao que dispõe o
Argumenta, em que pese tenha havido, nas redes sociais, um Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não
anúncio de fusão entre os conglomerados Helga e Hanova, por integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos,
certo, tal reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou
empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera
regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos cópia de uma transcrição parcial realizada no bojo de uma sentença
econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria, proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou,
mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova
possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses, o emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito.
que, também, não retrata o caso dos autos. Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam
Esclarece, adiante, que há uma mera relação comercial, havendo relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo
total independência entre as empresas do GRUPO HANOVA em reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art.
mera fornecedora de produtos para o conglomerado empresarial Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno
HELGA, sem haver contudo, qualquer integração de interesses dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em
entre as empresas ou atuação conjunta. conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine.
inconstitucionalidade declarada de forma incidental do art. 791-A, Em audiência de instrução, as Reclamadas requereram a juntada
§4º, da CLT, haja vista inexistir afronta à Carga Magna, mormente de provas emprestadas, relativo aos depoimentos testemunhais dos
porque, nos ditames do art. 133 da Lei Maior, o advogado é processos 461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471-
indispensável à administração da justiça, e, caso esta Colenda 39.2018.5.07.0010 (ID. bae0442, ID. ed35241, ID. 5cd9c24, ID.
CRFB/1988, o qual prevê a cláusula de reserva de plenário para a O Juízo, ao proferir a sentença, utilizou para o reconhecimento da
manutenção da declaração de inconstitucionalidade. existência de Grupo Econômico entre as acionadas (Grupo Hanova-
Após devidamente notificada, a recorrida apresentou suas Helga) como prova emprestada, os fundamento os lançados na
contrarrazões, conforme documento de ID. 15ffc62. sentença prolatada nos autos do processo nº 0000471-
A matéria versada no presente recurso dispensa a obrigatoriedade 51.2018.5.07.0006, de lavra da magistrada Taciana Orlovicin
de parecer prévio da douta PRT (art. 109, do Regimento Interno)" Gonçalves Pita (ID. 984dd8d).
Acolhe-se o presente recurso, uma vez que preenchidos os emprestada, desde que observado o contraditório, conforme
Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em CONTRÁRIA. AUSÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA.
outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, NULIDADE PROCESSUAL NÃO CONFIGURADA. Esta Corte
Assim, havendo previsão legal para utilização da prova emprestada identidade dos fatos considerados no documento emprestado e no
e, observando que no processo nº 0000471-51.2018.5.07.0006 as caso em julgamento, assim como ocorrido nesta hipótese, em que o
partes foram submetidas ao contraditório e, havendo identidade dos Regional registrou que"a prova emprestada foi produzida em
fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de processo judicial que envolvia as mesmas rés da presente ação,
Quanto a alegativa de que as reportadas transcrições dos sua produção, bem como o princípio do contraditório. Segundo,
depoimentos carregam relatos fáticos que não integram as razões porque os fatos a serem comprovados guardam correlação com os
da exordial, não merece acolhida, posto que a causa de pedir da da presente ação. Terceiro, porque a referida prova emprestada foi
autora, no que se refere a responsabilidade solidária das acionadas, valorada pelo Juízo segundo o princípio do livre convencimento
trata justamente na alegada formação de grupo econômico entre as motivado, em conjunto com as demais provas dos autos".
empresas, objeto da prova naqueles autos. Importante salientar também que a utilização de prova emprestada
Os depoimentos constantes na prova emprestada utilizada pelo não está condicionada à prévia anuência e concordância das
Juízo a quo dizem respeito aos fatos relacionados pela autora, no partes. Assim, a mera alegação da reclamada de que não
que pertine a alegada formação de grupo econômico entre as concordou com a utilização de prova emprestada não é suficiente
acionadas GRUPO HELGA (DISTR IBUIDORA HELGA para inviabilizar a sua utilização nestes autos. Precedentes.
COSMETICOS LTDA - ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME, Recurso de revista não conhecido" (TST, ARR - 3600-
HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, ORIGINAL 29.2010.5.12.0031 Data de Julgamento: 15/02/2017, Relator
COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de
COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS "B) RECURSO DE REVISTA. 1. NULIDADE DA SENTENÇA.
LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA CERCEAMENTO DE DEFESA. UTILIZAÇÃO DE PROVA
PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS EMPRESTADA SEM ANUÊNCIA. O Regional entendeu que a
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX utilização de prova emprestada consubstanciada em certidão de
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX averiguação produzida em outros autos, no qual a reclamada figura
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e como parte, não configura cerceamento de defesa, ante a
ROBERTO NENDZA - ME) e GRUPO HANOVA - HNV (HANOVA semelhança fática existente entre os processos, assim como da
INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, AL observância do contraditório e da ampla defesa. Com efeito, esta
PARTICIPAÇÕES LTDA, ANDERSON LUID DOS SANTOS Corte tem se posicionado no sentido de ser possível a utilização da
SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE COSMETICOS prova emprestada, não sendo imprescindível a anuência da parte
LTDA), assim como referem-se as mesmas demandadas, sendo adversa. Recurso de revista não conhecido" (TST, RR - 940-
permitido sua valoração como se houvesse sido produzida 27.2013.5.18.0181 Data de Julgamento: 09/11/2016, Relatora
diretamente nos autos examinados. Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT
foram respeitados o contraditório quando produzida em processos Requer o Recorrente, o reconhecimento da inépcia do pedido
judiciais, máxime,quando envolvendo a mesma empresa e quando relativo às parcelas de FGTS + 40%, e a extinção do pleito sem
os fatos guardam correlação com os da presente ação. resolução de mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15,
Nesse mesmo entendimento, colaciona-se a atual jurisprudência do sob o fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de
Tribunal Superior do Trabalho, in verbis: ingresso, inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso
IDENTIDADE FÁTICA. MESMAS RECLAMADAS. FGTS, em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o
O processo trabalhista é regido pelo princípio da simplicidade das sejam: Saldo Salário, Aviso Prévio de 51 dias, 13º salário e férias
formas, consagrado no art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta sobre aviso prévio, FGTS sobre rescisão, 13º salário proporcional
uma breve exposição dos fatos para se considerar apta a exordial. 3/12 de 2018, férias simples 2016/2017 e proporcionais 2017/2018
Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal. todas acrescidas do terço constitucional, FGTS e multa de 40%.
§ 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do Em relação ao rol dos pedidos, o autor requereu a condenação da
Presidente da Junta, ou do juiz de direito a quem for dirigida, a reclamada ao pagamento das verbas rescisórias, incluindo FGTS E
dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura Em decorrência do princípio da simplicidade, que norteia o processo
do reclamante ou de seu representante. trabalhista, o qual não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de
§ 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do 2017, a petição inicial ora em análise preencheu os requisitos do
juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que art. 840 , da CLT, a qual, frise-se, não dificultou a defesa das
vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no A sentença reconheceu o grupo econômico entre as empresas
§ 2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias "Diante da identidade da matéria (fática e jurídica), adoto
datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que integralmente os fundamentos lançados na brilhante sentença
couber, o disposto no § 1o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº prolatada nos autos da 0000471-51.2018.5.07.0006, de lavra da
§ 3o Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo responsabilidade das empresas demandadas, nos termos a seguir:
serão julgados extintos sem resolução do mérito. (Incluído pela Lei 'Afirma a parte reclamante que as empresas que compõem o antigo
Como se observa, a Lei n. 13.467/17 fez referência expressa aos ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES
requisitos da petição inicial trabalhista, dispondo no § 1º do art. 840 & CIA LTDA - ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS
da CLT que o pedido deva "ser certo, determinado e com indicação LTDA - ME, MULTIPLA COMERCIO DE COSMETICOS LTDA -
No caso, em relação ao pedido de pagamento do FGTS e multa COSMETICOS LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME,
rescisória, o reclamante fez pedido certo, determinado e com ERICA PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS
indicação do valores pois da sua causa de pedir, entende-se COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX
logicamente que o autor fora demitido sem justa causa e sem COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX
recebimento de suas verbas rescisórias, fato este, incontroverso COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e
Na narrativa dos fatos, o acionante afirmou que ingressou na sócios José Alencar Sales Júnior e Érica Pontes de Meneses. Alega
reclamada no dia 01/08/2010, para exercer a função de gerente, que, em meados de 2017, os sócios do Grupo Helga iniciaram
sendo demitida sem justa causa em 29/03/2018; que o último negociações para fusão com o Grupo Hanova (HNV), fusão de
salário percebido foi de R$ 3.200,00 (três mil e duzentos reais); que empresas esta que foi oficialmente tornada pública em julho de
quando de sua demissão não recebeu qualquer valor, assim como 2017, expondo o rol de empresas que compõem o Grupo Hanova -
não fora liberado Seguro Desemprego e FGTS, motivo pelo qual HNV (HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS
pleiteia a liberação dos mesmos em sede de tutela antecipada; que LTDA - ME, AL PARTICIPAÇÕES LTDA, ANDERSON LUID DOS
o FGTS se encontra depositado apenas de forma parcial, apenas o SANTOS SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE
valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais). COSMETICOS LTDA), à época todas dirigidas pelos sócios
Em seguida, requereu que, Tendo em vista os argumentos jurídicos Anderson Luid Santos Severo e Aline Cristina Silva Souza Severo.
apresentados, ajuíza-se a presente Reclamação Trabalhista no Sustenta que, a partir de julho de 2017, independentemente do
cumprimento das obrigações legais para efetivação da fusão, qual SEVERO - ME reconhecem o grupo entre si e negam a formação de
seja a extinção das pessoas jurídicas da empresa incorporada com grupo com as demais reclamadas, noticiando que são fornecedoras
o surgimento de uma nova, tal fusão de fato ocorreu e todos os de produtos à rede varejista, sendo uma das principais, o grupo
empregados passaram à subordinação do Grupo Hanova-Helga, o HELGA, não tendo havido a fusão alegada, apenas relação
qual configura grupo econômico por coordenação, impondo a fornecedor-cliente. Informam, ainda, que os fundos de comércio de
responsabilização solidária entre as empresas do grupo. Entende empresas do Grupo Helga foram alienados por seus sócios-
que a fusão entre as empresas com a criação, em outubro de 2017, proprietários da Helga para a empresa DX GROUP
da empresa MULT DISTRIBUIDORA DE COSMÉTICOS (de que PARTICIPAÇÕES E INVESTIMENTOS LTDA, que, por sua vez,
eram sócios o filho dos sócios do Grupo Helga e a mãe do sócio do não possuiria qualquer ligação com o Grupo Hanova, tratando-se de
Grupo Hanova), teria como única finalidade ocultar os sócios de fato empresa de investimentos de proveniente São Paulo.
da nova empresa e ainda o de conseguir nova linha de crédito na A demandada AL PARTICIPACOES LTDA nega a formação de
praça. Postula, caso não se conclua pela existência de grupo grupo econômico com quaisquer das demais empresas.
econômico, que se reconheça a sucessão empresarial de todas as A reclamada MULT DISTRIBUIDORA DE COSMETICOS LTDA
empresas do Grupo Helga por HNV INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE alega que nunca existiu de fato e nega a formação de grupo
COSMÉTICOS LTDA. Alega, ainda, que a empresa BRC BRAZIL econômico com quaisquer das demais empresas.
COSMÉTICOS LTDA adquiriu em Recuperação Judicial os direitos A ré BRC - BRAZIL COSMETICS LTDA informa que comprou os
da marca mista "Helga" por cinco anos, sem jamais exercer direitos de uso da marca HELGA, não estando a reclamante sob
qualquer gerência direta, pois o Sr. José Alencar Sales Júnior suas ordens, refutando a formação de grupo econômico com
continuou a exercer a direção, gerência e coordenação das quaisquer das demais empresas reclamadas e pleiteia que, em
empresas. Por essa razão, pretende a responsabilização solidária caso de condenação, seja de forma subsidiária.
fraude ocorrida e a evidente direção do efetivo sócio do Grupo Inicialmente, declaro a responsabilidade solidária das empresas
Em suas contestações, as rés negam a formação de grupo COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA -
econômico entre as empresas do Grupo Helga e Hanova As ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME,
reclamadas DISTRIBUIDORA HELGA COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - EPP, BELLA
HELGA COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES & CIA COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS
LTDA - ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA
COSMETICOS LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX
ERICA PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME,
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX ROBERTO NENDZA - ME (1ª a 13ª reclamadas), nos termos do §
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX 2º do art. 2º da CLT, as quais reconheceram a formação de grupo
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, econômico entre si, encontrando-se, dentre estas, a empregadora.
ROBERTO NENDZA - ME (1ª a 13ª reclamadas), não refutam o Quanto ao grupo econômico alegado em relação aos grupos
grupo econômico entre si, tendo contestado a formação de grupo HELGA e HANOVA, a autora juntou aos autos várias fotografias
com as empresas do Grupo HANOVA (14ª a 16ª reclamadas), com com os Srs. Anderson Luid Dos Santos Severo, José Alencar Sales
a MULT DISTRIBUIDORA (17ª reclamada) e com a BCR (18ª Junior, Aline Cristina Silva Souza Severo e Érica Pontes de
reclamada), alegando que o grupo HANOVA tem como objeto social Meneses, sócios das empresa Hanova e Helga, divulgadas em meio
a produção de produtos de beleza, e que inexiste hierarquia e/ou digital em julho de 2017, anunciando a fusão entre as empresas do
coordenação entre as empresas. Sustenta que a BCR está sob a Grupo Helga com aquelas do Grupo Hanova (HNV), com
égide da Lei 11.101//05, tendo comprado o direito de utilização da fundamento na expansão e aquisições realizadas pelo grupo
marca "Helga" por cinco anos. HANOVA, podendo se perceber que nas fotos, aparece o diretor do
As reclamadas HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE grupo HANOVA, o qual veste camisa com o nome HELGA NOVO
COSMETICOS LTDA - ME e ANDERSON LUID DOS SANTOS TEMPO e ainda uma figura que demonstra a junção de duas peças
de quebra-cabeça nas quais constam os nomes dos dois grupos LUID DOS SANTOS SEVERO ME de que a relação havida entre os
HANOVA e HELGA. Em que pese não haver alterações nas apontados conglomerados empresariais era de apenas fornecedor-
estruturas das empresas formadoras dos grupos, resta claro que cliente não se sustenta, ressaltando que a mensagem eletrônica e a
houve uma intensa comunhão de interesses confissão de dívida datam de período anterior à "fusão" noticiada, o
econômicos/profissionais entre as empresas formadoras dos dois que só veio a ocorrer em julho de 2017.
grupos. De acordo com a Lei 13.467/2017 são requisitos para a Diante do exposto, reconheço a existência de grupo econômico por
configuração do grupo econômico: a demonstração do interesse coordenação entre todas as empresas dos Grupos HELGA e
integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta HANOVA, as quais declaro responsáveis solidárias pelas verbas
das empresas integrantes. A inexistência de uma hierarquia entre decorrentes da condenação, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da
demonstração de que entre as empresas ocorre clara atuação No que concerne à reclamada AL PARTICIPAÇÕES LTDA, verifica-
conjunta, em linha de coordenação e comunhão de interesses, o se que na defesa das empresas formadoras do GRUPO HELGA
que se verifica no caso em tela. restou afirmado que as empresas HANOVA INDUSTRIA E
Ademais, a primeira testemunha laboral afirmou em seu COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, ANDERSON LUID
"(...) que havia comentários dentro da empresa de que ocorreu uma formam o grupo HANOVA. Nessa senda, o contrato social de
fusão entre as empresas Helga e Hanova; que o gerente do constituição da reclamada AL PARTICIPAÇÕES LTDA demonstra
depoente comentou que ocorreria a fusão e que o depoente que essa empresa tem como sócios os Srs. Anderson Liud dos
continuaria a prestar serviços para as duas empresas; que o Santos Severo e Aline Cristina Silva Souza Severo, os quais se
depoente já chegou, mesmo prestando serviços para a Helga, fizeram presentes ao evento em que foi anunciada a "fusão" entre
prestar serviços para a Hanova, tais como rotulagem de produtos, os grupos empresariais, conforme fotografias anexadas aos autos.
embalagem de mercadorias e fazendo entregas; que depois dos Ainda, o endereço eletrônico da AL PARTICIPAÇÕES LTDA
ordens do Sr. Paulo, empregado da Hanova, responsável pela Ademais, a Sra. Aline Cristina Silva Souza Severo é também sócia
"que trabalhou para Helga de 01/02/2010 a 14/04/2018 na função "anderson@hanovacosméticos.com.br", conquanto o Sr. Anderson
de estoquista; que trabalhou com a reclamante; que o gerente, Liud dos Santos Severo não faça parte do corpo societário dessa
Sr.Evandro comentou com o depoente que havia sido feita uma empresa. O Sr. Anderson Liud dos Santos Severo atua, ainda,
sociedade entre a Helga e a Hanova; que, após o comentário, o como empresário individual da ANDERSON LUID DOS SANTOS
depoente também começo a prestar serviços para a Hanova SEVERO ME. Por fim, saliento que as empresas HNV INDÚSTRIA
nas seções das lojas Helga, limpando as mercadorias; que o LTDA, ANDERSON LUID DOS SANTOS SEVERO - ME e MULT
depoente não recebia ordens de nenhum empregado da Hanova; DISTRIBUIDORA DE COSMETICOS LTDA, em audiência, se
que as lojas Helga também vendiam produtos de outras indústrias e fizeram representar pelo mesmo preposto, o Sr. Luiz Gustavo
não só da empresa Hanova; que, em relação às mercadorias das Santana Severo, neste feiro e nos processos nº0000470-
mercadorias eram feitos por empregados destas indústrias; que a 61.2018.5.07.0010, cujos termos de audiência foram anexados aos
Saliente-se que o fato de terem sido alienados fundos de comércio diverso das empresas do grupo HANOVA não é suficiente para
de empresas do Grupo Helga para a empresa DX GROUP afastar a formação do grupo econômico com HNV INDÚSTRIA E
PARTICIPAÇÕES E INVESTIMENTOS LTDA não afeta a presente COMÉRCIO DE COSMÉTICOS LTDA e ANDERSON LUID DOS
demanda, pois apenas houve a alienação parcial das quotas SANTOS SEVERO - ME.
empresariais de somente algumas das empresas do Grupo. Sendo assim, reconheço que a empresa AL PARTICIPAÇÕES
Insta destacar, também, que a alegação da reclamada ANDERSON LTDA pertence ao grupo econômico HANOVA, o qual restou
condenada solidariamente, aplicando a esta a mesma convocadas para uma reunião no hotel meridional no centro da
responsabilidade, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da CLT. cidade onde foi comunicada por Alencar Junior, Erica Pontes e
No que tange à reclamada MULT DISTRIBUIDORA DE Aline Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas de
COSMETICOS LTDA, observa-se efetivamente formalizada em que tudo iria mudar com a chegada de novos produtos, mas na
24/10/2017 pouco tempo após a fusão dos grupos HELGA e pratica tudo continuou do mesmo jeito, pois continuou
HANOVA, com atuação na vendas de produtos de higiene, tendo chegando produtos da marca própria da Helga (lavi) e da Helga,
como sócios os Srs. Matheus Pontes Sales e Maria de Fátima dos os quais tinham prioridade para serem vendidos" - depoimento
Santos Severo, os quais são, respectivamente, o filho dos titulares de Maria Irlane Silva Santos Desiderio) e ("que houve uma
do Grupo Helga e a mãe de um dos proprietários do Grupo Hanova reunião num domingo de julho/2017 onde foi comunicada a
(Anderson Luid dos Santos Severo), fato não contestado em defesa. fusão da Hanova com a Helga Cosmeticos onde foram
Sendo assim, tenho que a empresa MULT DISTRIBUIDORA DE apresentados os novos patrões como sendo: Aline Severo e
COSMETICOS LTDA também participa dos Grupos Helga e seu esposo Anderson ambos donos da Hanova; que a a partir
Hanova, utilizando-se da mesma estrutura empresarial para a daí a prioridade era para vender os produtos da Hanova e Lavi"
consecução de seus objetivos financeiros, diante do que, resta - depoimento de Francisca Edinusia Alves de Sousa)."
condenada solidariamente, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da A empresa recorrente manifesta no presente recurso ordinário o seu
Por fim, quanto à ré BRC BRAZIL COSMETICS COMÉRCIO econômico ostentam características diametralmente opostas"; "em
VAREJISTA DE COSMÉTICOS EIRELI, verifica-se que ela que pese tenha havido, nas redes sociais, um anúncio de fusão
apresentou defesa através do mesmo escritório que a empregadora, entre os conglomerados Helga e Hanova, por certo, tal
na qual passou a repetir as mesmas alegações já apresentadas reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão
pelas 1ª a 13ª Reclamadas, além disso, observa-se que no empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas
comprovante de inscrição cadastral (CNPJ) consta endereço regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos
eletrônico pertencente ao domínio da HELGA COSMÉTICOS. econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria,
Ademais, apresentou carta de preposição que revelou mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que
representação através do mesmo preposto que a empregadora, possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses";
razão pela qual, deve ser solidariamente responsável pelos créditos "que a sentença de origem, em nenhum momento, cuidou de
oriundos da presente demanda, nos moldes dos arts. 2º, § 2º, e 9º demonstrar a integração de interesses entre as empresas, a
Pontue-se, por oportuno, que as atas de audiência em nada apenas limitou-se a discorrer, de forma bastante confusa, sobre
corroboram com a tese da demandada, uma vez que se verifica, "fusão", sendo esta manifestante inexistente no caso vertente"; "que
com extrema facilidade, que a testemunha da reclamada, Sr. os depoimentos coligidos aos autos sob a rubrica de prova
Emanuel Rodrigues de Albuquerque, arrolada em todos os emprestada fulminam a pretensão autoral, quer pelo viés da fusão,
processos, busca, sem nenhum sucesso, sustentar os termos da seja sob a óptica de agrupamento empresarial."
Ademais, por mais que tenha declarado que "que na metade do recorrente, fundamentos que infirmem convincentemente as
segundo semestre de 2017 houve uma reunião da Helga com a conclusões do juízo de primeiro grau, razão pela qual se há perfilhar
Hanova para uma parceria de fornecimento de produtos", com os motivos da decisão vergastada, ora endossados e
afirmou, posteriormente, que "soube que foi feita uma postagem integrantes das presentes razões de decidir.
no instagram da Helga onde foi usado o termo fusão com a Consoante o § 2º do art. 2º da CLT, "sempre que uma ou mais
Por outro lado, as testemunhas Francisca Edinusia Alves de Sousa própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de
e Maria Irlane Silva Santos outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua
Desiderio, apresentadas pelas partes autoras, nas referidas atas de autonomia, integrem grupo econômico, serão responsáveis
audiências, possuem depoimentos uníssonos no que tange à solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de
empregados são uníssonas ("que no final de julho/2017 foram Nesta esteira, o delineamento do que se convencionou chamar
grupo econômico, pela dicção da Consolidação das Leis do para serem vendidos, e das outras marcas continuaram escassos".
Trabalho, importa na evidência da integração dos Veja-se que a fusão foi comunicada aos empregados em reunião,
empreendimentos, de forma a vincular, direta ou indiretamente, as constatação que reforça a ideia do grupo econômico, referindo-se a
Este aspecto restou caracterizado nos autos, sendo certo que se operandi das vendas dos produtos e não à ausência de formação
verificam elementos suficientes para que seja corroborada a de grupo. A testemunha em questão ainda revelou que as diversas
Como bem destacado pela sentença, restou demonstrada nos autos mas que com a Hanova o processo foi diferente, pois, além de ter
a ampla divulgação realizada nas redes sociais, em julho de 2017, sido comunicada a fusão, não houve interrupção do fornecimento de
acerca da fusão das empresas do Grupo Helga com aquelas do mercadorias para serem vendidas nas lojas Helga, o que ocorreu
Grupo Hanova. Eis os dizeres da publicação (V. ID 0d53e9e - Pág. com outros fornecedores em face das dívidas da empregadora
Grupo HNV detentor de várias marcas como a Hanova, em um Não se olvida o depoimento da testemunha convidada pelas
processo de expansão e aquisições, realizou a fusão com o Grupo reclamadas, Sr. Emanuel Rodrigues de Albuquerque, ouvida nos
Helga Cosméticos. Tudo isso para que os nossos clientes possam processos (461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471-
ter sempre à disposição o melhor atendimento, os melhores 39.2018.5.07.0010) trazidos por empréstimo ao conjunto probatório,
produtos e a melhor experiência. Transformando para melhor, o seu cujas declarações transparecem a ideia de demonstrar ter havido
visual e a sua vida. #HelgaNovoTempo #Hanova #GrupoHNV apenas uma relação comercial, mas não uma fusão, entre as
#GrupoHelga #Beleza #Cabelos". Com a devida vênia da parte empresas do grupo Helga e do grupo Hanova. Contudo, diante dos
recorrente, este aspecto é relevante para a caracterização do grupo demais elementos probatórios dos autos, não há de prevalecer o
econômico sob investigação, demonstrando a plena possibilidade quadro traçado pelo depoente, sendo de se destacar que ele próprio
de que as marcas de cada um dos grupos estejam sob a admite não ter participado da reunião ocorrida em julho de 2017 (V.
coordenação de um único conglomerado, o que afasta a tese ID's 5cd9c24 - Pág. 6 e 8eb6395 - Pág. 6), na qual fora anunciada a
no mesmo grupo econômico. Cumpre ressaltar, ainda, porquanto oportuno, que a estreita relação
Além disso, vigora no Direito do Trabalho o princípio da primazia da comercial entre as empresas dos grupos empresariais, consoante
realidade, de modo a ser imprescindível destacar a prevalência dos se denota pelas notas ficais de vendas de mercadorias anexadas
fatos da relação de emprego sobre os aspectos formais. Dessa aos autos, a meu sentir, não rechaça a formação de grupo
forma, ainda que não ultimada, ao menos formalmente, com as econômico, mas, em verdade, a reforça, evidenciando além da
devidas baixas das pessoas jurídicas, a fusão mencionada nas complementaridade entre os objetos sociais das empresas
redes sociais, não há se desconhecer que houve a junção das contratantes, o interesse integrado, a comunhão de interesses e a
empresas, que passaram a atuar integradas a um único grupo. atuação conjunta das empresas dele integrantes.
Igualmente, salvo melhor juízo, os depoimentos das testemunhas Destarte, o quadro encontrado no presente feito permite a
não afastam o reconhecimento do grupo econômico. Ao revés, conclusão de que a empresa ora recorrente integra grupo
confirmam a fusão entre as empresas. Destaca-se, a este respeito, econômico com as reclamadas do grupo Helga. Importa examinar a
o depoimento da primeira testemunha da parte reclamante, Sra. presença de elementos objetivos capazes de demonstrar que as
Maria Irlane Silva Santos Desiderio, ouvida no processo nº 0000470 empresas estavam integradas no mesmo grupo. É o que se
-54.2018.5.07.0010 (Ata de audiência de ID 5cd9c24 - Pág. 4), constatou à exaustão no presente feito.
trazido por empréstimo ao conjunto probatório pelas próprias Por oportuno, colhe-se o seguinte precedente jurisprudencial:
reclamadas, revelador de "(...) que no final de julho/2017 foram "Grupo econômico. Relação inter-empresarial. O grupo econômico
convocadas para uma reunião no hotel meridional no centro da para fins justrabalhistas não necessita se revestir das modalidades
cidade onde foi comunicada por Alencar Junior, Erica Pontes e Aline jurídicas típicas do Direito Econômico ou Direito Comercial
Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas de que tudo (holdings, consórcios, pools etc.). Não se exige, sequer, a prova
iria mudar com a chegada de novos produtos, mas na pratica tudo de sua formal institucionalização cartorial: pode-se acolher a
continuou do mesmo jeito, pois continuou chegando produtos da existência do grupo desde que surjam evidências probatórias
marca propria da Helga (lavi) e da Helga, os quais tinham prioridade de que estão presentes os elementos de integração inter-
empresarial (abrangência subjetiva e nexo relacional) de que DA PROVA. ART. 818, DA CLT C/C ART. 373, DO NCPC.
fala a CLT (art. 2º, § 2º)" (Processo 00409002020085010025, TRT AUSÊNCIA DE PROVA. Não tendo a reclamante comprovado a
1ª Região - 8ª Turma, Relatora Desembargadora Dalva Amélia de existência do alegado grupo econômico Helga-Hanova, composto
conhecer do recurso ordinário para, rejeitar as preliminares DA NULIDADE DA SENTENÇA- DA UTILIZAÇÃO DA PROVA
suscitadas e, no mérito, por maioria, negar-lhe provimento. Vencido EMPRESTADA - DO ALEGADO CERCEAMENTO DE DEFESA
o Desembargador Relator, que dava provimento ao apelo, para Aduz a recorrente, preliminarmente, que houve cerceamento de seu
excluir da condenação a responsabilidade solidária da reclamada direito de defesa, ao argumento de que o juízo, ao adotar
HNV INDÚSTRIA E COSMÉTICOS LTDA. Redigirá o acórdão o integralmente a motivação da sentença proferida na reclamatória
Desembargador Cláudio Soares Pires, com a integração do voto trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu
vencido. entendimento, a partir das provas orais ali consignadas, mas que,
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores tais elementos probatórios não foram publicizadas à ora recorrente
Francisco José Gomes da Silva (Presidente e Relator), Cláudio no presente feito, com vistas à garantia do contraditório e da ampla
Soares Pires e Paulo Régis Machado Botelho. Presente ainda o(a) defesa, verificando-se, pois, uma patente violação ao que dispõe o
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo art. 312 do CPC/15.
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Jefferson Quesado Junior. Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não
Fortaleza, 14 de outubro de 2019. integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos,
INTEGRA O PRESENTE ACÓRDÃO O VOTO VENCIDO DO EXMº mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou
DESEMBARGADOR FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA, in como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera
EMENTA: PROVA EMPRESTADA. PREVISÃO LEGAL. proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou,
CONTRADITÓRIO OBSERVADO. O novo CPC trouxe permissivo naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova
expresso quanto à possibilidade de utilização da prova emprestada, emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito.
desde que observado o contraditório, conforme previsão no art. 372. Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam
Assim, havendo previsão legal para utilização da prova emprestada relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo
e, observando que no processo nº 0000471-51.2018.5.07.0006 as reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art.
fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno
cerceamento de defesa. Preliminar rejeitada. dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em
PETIÇÃO INICIAL. ART. 840, §1º DA CLT. O processo trabalhista conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine.
art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta uma breve exposição Em audiência de instrução, as Reclamadas requereram a juntada
dos fatos para se considerar apta a exordial. Em decorrência do de provas emprestadas, relativo aos depoimentos testemunhais dos
princípio da simplicidade, que norteia o processo trabalhista, o qual processos 461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471-
não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de 2017, verifica-se que 39.2018.5.07.0010 (ID. bae0442, ID. ed35241, ID. 5cd9c24, ID.
EXISTÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO. ART. 2º, DA CLT. ÔNUS existência de Grupo Econômico entre as acionadas (Grupo Hanova-
Helga) como prova emprestada, os fundamento os lançados na foram respeitados o contraditório quando produzida em processos
sentença prolatada nos autos do processo nº 0000471- judiciais, máxime,quando envolvendo a mesma empresa e quando
51.2018.5.07.0006, de lavra da magistrada Taciana Orlovicin os fatos guardam correlação com os da presente ação.
Gonçalves Pita (ID. 984dd8d). Nesse mesmo entendimento, colaciona-se a atual jurisprudência do
Nesse ponto, destaco, inicialmente, que o novo CPC trouxe Tribunal Superior do Trabalho, in verbis:
permissivo expresso quanto à possibilidade de utilização da prova UTILIZAÇÃO DE PROVA EMPRESTADA. POSSIBILIDADE.
emprestada, desde que observado o contraditório, conforme IDENTIDADE FÁTICA. MESMAS RECLAMADAS.
previsão no art. 372, que assim dispõe: DESNECESSIDADE DE PRÉVIA CONCORDÂNCIA DA PARTE
Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em CONTRÁRIA. AUSÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA.
outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, NULIDADE PROCESSUAL NÃO CONFIGURADA. Esta Corte
Assim, havendo previsão legal para utilização da prova emprestada identidade dos fatos considerados no documento emprestado e no
e, observando que no processo nº 0000471-51.2018.5.07.0006 as caso em julgamento, assim como ocorrido nesta hipótese, em que o
partes foram submetidas ao contraditório e, havendo identidade dos Regional registrou que"a prova emprestada foi produzida em
fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de processo judicial que envolvia as mesmas rés da presente ação,
Quanto a alegativa de que as reportadas transcrições dos sua produção, bem como o princípio do contraditório. Segundo,
depoimentos carregam relatos fáticos que não integram as razões porque os fatos a serem comprovados guardam correlação com os
da exordial, não merece acolhida, posto que a causa de pedir da da presente ação. Terceiro, porque a referida prova emprestada foi
autora, no que se refere a responsabilidade solidária das acionadas, valorada pelo Juízo segundo o princípio do livre convencimento
trata justamente na alegada formação de grupo econômico entre as motivado, em conjunto com as demais provas dos autos".
empresas, objeto da prova naqueles autos. Importante salientar também que a utilização de prova emprestada
Os depoimentos constantes na prova emprestada utilizada pelo não está condicionada à prévia anuência e concordância das
Juízo a quo dizem respeito aos fatos relacionados pela autora, no partes. Assim, a mera alegação da reclamada de que não
que pertine a alegada formação de grupo econômico entre as concordou com a utilização de prova emprestada não é suficiente
acionadas GRUPO HELGA (DISTR IBUIDORA HELGA para inviabilizar a sua utilização nestes autos. Precedentes.
COSMETICOS LTDA - ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME, Recurso de revista não conhecido" (TST, ARR - 3600-
HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, ORIGINAL 29.2010.5.12.0031 Data de Julgamento: 15/02/2017, Relator
COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de
COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS "B) RECURSO DE REVISTA. 1. NULIDADE DA SENTENÇA.
LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA CERCEAMENTO DE DEFESA. UTILIZAÇÃO DE PROVA
PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS EMPRESTADA SEM ANUÊNCIA. O Regional entendeu que a
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX utilização de prova emprestada consubstanciada em certidão de
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX averiguação produzida em outros autos, no qual a reclamada figura
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e como parte, não configura cerceamento de defesa, ante a
ROBERTO NENDZA - ME) e GRUPO HANOVA - HNV (HANOVA semelhança fática existente entre os processos, assim como da
INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, AL observância do contraditório e da ampla defesa. Com efeito, esta
PARTICIPAÇÕES LTDA, ANDERSON LUID DOS SANTOS Corte tem se posicionado no sentido de ser possível a utilização da
SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE COSMETICOS prova emprestada, não sendo imprescindível a anuência da parte
LTDA), assim como referem-se as mesmas demandadas, sendo adversa. Recurso de revista não conhecido" (TST, RR - 940-
permitido sua valoração como se houvesse sido produzida 27.2013.5.18.0181 Data de Julgamento: 09/11/2016, Relatora
diretamente nos autos examinados. Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT
Requer o Recorrente, o reconhecimento da inépcia do pedido salário percebido foi de R$ 3.200,00 (três mil e duzentos reais); que
relativo às parcelas de FGTS + 40%, e a extinção do pleito sem quando de sua demissão não recebeu qualquer valor, assim como
resolução de mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15, não fora liberado Seguro Desemprego e FGTS, motivo pelo qual
sob o fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de pleiteia a liberação dos mesmos em sede de tutela antecipada; que
ingresso, inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso o FGTS se encontra depositado apenas de forma parcial, apenas o
e de dispensa, realizou o pedido correspondente às parcelas de valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais).
FGTS, em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o Em seguida, requereu que, Tendo em vista os argumentos jurídicos
O processo trabalhista é regido pelo princípio da simplicidade das sejam: Saldo Salário, Aviso Prévio de 51 dias, 13º salário e férias
formas, consagrado no art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta sobre aviso prévio, FGTS sobre rescisão, 13º salário proporcional
uma breve exposição dos fatos para se considerar apta a exordial. 3/12 de 2018, férias simples 2016/2017 e proporcionais 2017/2018
Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal. todas acrescidas do terço constitucional, FGTS e multa de 40%.
§ 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do Em relação ao rol dos pedidos, o autor requereu a condenação da
Presidente da Junta, ou do juiz de direito a quem for dirigida, a reclamada ao pagamento das verbas rescisórias, incluindo FGTS E
dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura Em decorrência do princípio da simplicidade, que norteia o processo
do reclamante ou de seu representante. trabalhista, o qual não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de
§ 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do 2017, a petição inicial ora em análise preencheu os requisitos do
juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que art. 840 , da CLT, a qual, frise-se, não dificultou a defesa das
vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no Na peça de ingresso, requer o reclamante que seja caracterizada a
que couber, o disposto no parágrafo anterior. condição da segunda (VRX COMÉRCIO COSMÉTICOS E
§ 2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias BIJUTERIAS LTDA) e terceira reclamada (HANOVA
datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que COSMÉTICOS), de responsáveis solidárias pelos encargos
couber, o disposto no § 1o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº trabalhistas da primeira reclamada, HELGA COSMÉTICOS, em
§ 3o Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo Afirma que a primeira, segunda e terceira reclamadas foram
serão julgados extintos sem resolução do mérito. (Incluído pela Lei criadas, são dirigidas e controladas pelo pela Sra. Erica Pontes de
Como se observa, a Lei n. 13.467/17 fez referência expressa aos reclamada, HANOVA COSMÉTICOS, pois utilizou terceiro como
da CLT que o pedido deva "ser certo, determinado e com indicação Ressalta, que os objetos sociais das empresas são
No caso, em relação ao pedido de pagamento do FGTS e multa finalidade, sendo patente a formação de grupo econômico entre
indicação do valores pois da sua causa de pedir, entende-se No mérito, defende a recorrente, em síntese, a inexistência de fusão
logicamente que o autor fora demitido sem justa causa e sem e formação de grupo econômico com o GRUPO HELGA, sendo
recebimento de suas verbas rescisórias, fato este, incontroverso indevida a sua responsabilidade solidária pelos créditos deferidos
Na narrativa dos fatos, o acionante afirmou que ingressou na Argumenta que, em que pese tenha havido, nas redes sociais, um
reclamada no dia 01/08/2010, para exercer a função de gerente, anúncio de fusão entre os conglomerados Helga e Hanova, por
sendo demitida sem justa causa em 29/03/2018; que o último certo, tal reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão
empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas houver reunião de interesses para execução de determinado
regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos empreendimento, tendo ou não o mesmo controle ou administração
econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria, comum. Logo, os grupos por coordenação podem ter relação de
mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que controle entre si, numa linha horizontal e não vertical. Isto é, não
possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses, o haverá, no grupo horizontal, uma empresa controladora e outra(s)
que, também, não retrata o caso dos autos. controlada(s), uma líder (holding) e outras lideradas. Todas são
Esclarece, adiante, que há uma mera relação comercial, havendo interligadas entre si e, apesar de autônomas e independentes, estão
total independência entre as empresas do GRUPO HANOVA em interligadas pela ingerência, administração comum, como se
relação às componentes do GRUPO HELGA, sendo a recorrente, subordinadas umas às outras administrativamente. Por trás desta
mera fornecedora de produtos para o conglomerado empresarial administração comum pode estar um sócio ou alguns sócios ou
HELGA, sem haver contudo, qualquer integração de interesses pessoa física no controle.(CASSAR, 2017,p.429).
entre as empresas ou atuação conjunta. Logo, o aproveitamento dos serviços prestados pelo trabalhador por
A lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017 que alterou a Consolidação entre si, formando o grupo econômico trabalhista, serão todas, por
das Leis do Trabalho (CLT) trouxe novos parâmetros para consequência, responsabilizadas pela contraprestação devida ao
a este artigo, conforme transcrição seguinte: Estabeleceu, igualmente, que "não caracteriza grupo econômico a
Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, mera identidade de sócios. Assim, o patrimônio de empresas que
que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria têm sócios comuns, porém com atuam em setores diversos, estarão
§ 1º - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da Portanto, a análise da existência ou não da formação de um grupo
relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de econômico, deve-se observar o princípio da primazia da realidade,
beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem para que cada caso seja analisado com suas peculiaridades, sendo
fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados. ônus do autor a prova de suas alegações ( art. 818, da CLT c/c art.
§ 2º Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada 373, do NCPC).
uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a No caso em análise, o autor fundamenta sua pretensão com base
direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando, em notícias veiculadas nas redes sociais de possível fusão entre os
mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo grupos Helga Cosméticos e HNV, assim como colaciona fotos em
econômico, serão responsáveis solidariamente pelas que retrata parcerias entre as duas empresas, ID. 0d53e9e, sem,
obrigações decorrentes da relação de emprego. contudo, apresentar qualquer prova que indique ter realmente
§ 3º Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de ocorrido a "FUSÃO" das empresas, ou qualquer relação de
demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de Ao revés, a acionada Hanova Indústria e Comércio de Cosméticos
interesses e a atuação conjunta das empresas dele integrantes. Ltda colacionou aos autos documentos que demonstram a relação
A nova redação do art. 2º, além de manter a hipótese do grupo Helga (CRX COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA
econômico hierarquizado ou sob subordinação, introduz, ME, ALENCARINE COSMETICOS COMERCIO VAREJISTA E
expressamente, o outro modelo de grupo econômico, vertical, ou TREINAMENTO EIREL, HELGA MEDZA SALES & CIA LTDA -ME,
sob coordenação, trazendo para o texto legal, o entendimento dos ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA ME, VRX
Tribunais Regionais do Trabalho e do TST quanto a configuração de COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA ME, JOSE
Com relação a este modelo de grupo econômico coordenado, a COSMETICOS LTDA- ME, tais como notas fiscais de vendas de
Desembargadora Dra. Vólia Bomfim Cassar, do TRT da 1ª Região, mercadorias, termo de confissão de dívida e e-mails em que se
em seu livro Direito do Trabalho, afirma que: evidencia a parceria comercial entre as empresas ( venda de
Os grupos econômicos por coordenação se apresentam quando mercadorias), ID. de4b07e, ID. 4c4a838.
Na audiência de instrução, as reclamadas requerem a juntada de Convocada a primeira testemunha arrolada pelas Reclamadas
provas emprestadas (processos nºs. 461-92.2018.5.07.0010, 470- HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA -
54.2018.5.07.0010 e 471-39.2018.5.07.0010, tendo a autora ME, AL PARTICIPACOES LTDA, ANDERSON LUID DOS
concordado com a juntada dos referidos depoimentos. SANTOS SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE
No termo de audiência relativo ao processo nº. 0000461- COSMETICOS LTDA, Sr(a). Emanuel Rodrigues de Albuquerque
92.2018.5.07.0010, a testemunha da reclamante afirmou que: (...): "que trabalha na Hanova desde março/2016 como gerente
Primeira testemunha arrolada pela parte Reclamante Sr(a). administrativo financeiro; ." ÀS PERGUNTAS DO(A) PATRONO(A)
Francisca Edinusia Alves de Sousa: " (...)"que trabalhou na DO(A) PARTE RECLAMADA RESPONDEU: "que na metade do
reclamada Helga Cosméticos de 01/06/2006 a 23/02/2018 na segundo semestre de 2017 houve uma reunião da Helga com a
função de vendedora; que o reclamante, depoente e todos os Hanova para uma parceria de fornecimento de produtos, pois a
funcionários foram demitidos sem pagamento de verbas rescisórias Hanova é uma industria; que o fornecimento dos produtos continuou
e nem do salário do último mês; que depoente trabalhou até da mesma forma, pois a Helga permaneceu como uma cliente
23/fevereiro/2018, não sabendo o ultimo dia labutado pelo norma; que a parceria teve o objetivo de aumentar o volume de
reclamante; que recebia ordem direta dos gerentes Luxeles, vendas nas lojas e de fato aumentou, mas só no primeiro mês,
Rosângela, Francisca Cirlane, os quais eram gerentes da loja pois logo em seguida a Helga entrou novamente em dificuldades
do shopping Central da Helga Nendza Sales .". ÀS PERGUNTAS financeiras e não conseguiu pagar os produtos que comprava, pois
DO(A) PATRONO(A) DO(A) PARTE RECLAMANTE RESPONDEU: a divida já estava muito alta, de modo que a Helga não conseguia
"que houve uma reunião num domingo de julho/2017 onde foi pagar nada na sua totalidade; que é uma prática comum serem
comunicada a fusão da Hanova com a Helga Cosmeticos onde feitas ações com as distribuidoras para estimular as vendas, e
foram apresentados os novos patrões como sendo: Aline os proprietários da Hanova comparecem pelo fato de que o
Severo e seu esposo Anderson ambos donos da Hanova; que a distribuidor Helga ser de grande porte, como também de outros
a partir daí a prioridade era para vender os produtos da Hanova distribuidores; que na época da parceria a Helga já estava em
e Lavi, mesmo tendo outras marcas, mas a Hanova e Lavi débito com a Hanova; que a Hanova não colocou pessoas na
deveriam estar em primeiro lugar nas vendas; que antes da lojas da Helga, muito menos assumiu o comando dessa; que a
reunião já vendiam todo tipo de produto e de varias marcas, continuou a vendendo normalmente para as outras lojas, como
inclusive dos ora citados; que os proprietários da Helga e Hanova Cosbel, Anavi, Iap e outras; que não houve a fusão da Hanova com
estavam presentes na reunião, sendo Erica PontesMenezes e a Helga; que havia procedimento de cobrança normal das vendas
Alencar Junior proprietários da Helga.". ÀS PERGUNTAS DO DO(A) dos produtos Hanova;." ÀS PERGUNTAS DO DO(A) PATRONO(A)
PATRONO(A) DO(A) PARTE RECLAMADA RESPONDEU: "que DO(A) PARTE RECLAMANTE RESPONDEU: "que a reunião tem
depois da reunião depoente continuou trabalhando na mesma um caráter de marketing e não para apresentar fusão; que não
loja e o reclamante também, mas ambos trabalhavam em lojas houve comunicação formal da fusão entre a Hanova e Helga, mas
diferentes; que na reunião estavam os vendedores e gerentes; depoente soube que foi feita uma postagem no instagram da
que a faixada das lojas continuaram iguais; que não houve Helga onde foi usado o termo fusão com a Hanova; que quanto
mudança da chefia após a reunião, mas a sua chefe Luxeles ao doc. de fl. 8 se tratam das pessoas de Anderson (proprietário da
teve um problema de saúde e foi transferida para loja de Hanova) e Junior (proprietária da Helga) e o doc. de fl. 9 tratam das
Messejana, tendo ficado como gerente Rosangela; que Luxeles pessoas Aline (proprietária da Hanova) e Erica (proprietária da
e Rosangela eram gerentes da Helga; (...)." ( grifos nosso) Helga); (...)."( grifos nosso)
Conforme se extrai do depoimento supra, não se trata o caso de " No termo de audiência relativo ao processo nº. 0000470-
fusão" entre as empresas, tanto que a partir da reunião ocorrida em 54.2018.5.07.0010, o reclamante afirmou que :
julho de 2017, nada foi alterado na estrutura organizacional da O DEPOIMENTO PESSOAL DO RECLAMANTE: '" que depoente
empresa, assim como layout das lojas, tratando-se, na verdade, de era subgerente, que atuava em várias lojas da Helga e trabalhou até
um marketing e ações para incremento das vendas, através da 07/04/2018 porque as lojas fecharam, tendo a sra. Erica Pontes
fornecedora dos produtos, empresa HANOVA INDUSTRIA E (dona da Helga, esposa de Alencar Junior) comunicado a dispensa
COMERCIO DE COSMETICOS LTDA, fato este, confirmado pelos os quais eram chefes do depoente; (...) ; que a Helga vendia
depoimentos de reclamantes e testemunhas dos processos produtos de marca própria (Lavi), mas também da Hanova, Fatore,
utilizados como provas emprestadas nos autos, vejamos: Corpo Dourado e outros; que em julho/2017 houve a fusão da
Hanova com a Helga, no que a prioridade passou a ser para vender responsabilidade solidária da reclamada HNV INDÚSTRIA E
produtos da Hanova e Lavi, mas ainda assim, a Helga continuou a COSMÉTICOS LTDA.
vender produtos de outras marcas que já tinham estoque nas DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
lojas, e também continuou comprando produtos de outras Uma vez excluída a responsabilidade solidária da ora recorrente, o
marcas para vender nas suas lojas; que as fachadas das lojas presente apelo, no ponto, segue a sorte do principal.
da Helga continuaram com o mesmo nome, após a fusão, e as CONCLUSÃO DO VOTO VENCIDO:
fusão da Helga e Hanova foi para o crescimento da Helga, mas Isto posto, voto pelo conhecimento do recurso ordinário para,
o dia a dia de trabalho continuou o mesmo de antes, porém rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, dar-lhe provimento
com a informação de que deveriam vender mais os produtos da para excluir a responsabilidade solidária da reclamada HNV
Maria Irlane Silva Santos Desiderio: " (...) que no final de CLAUDIO SOARES PIRES
julho/2017 foram convocadas para uma reunião no hotel meridional Desembargador Redator Designado
Pontes e Aline Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas FORTALEZA/CE, 28 de fevereiro de 2020.
pratica tudo continuou do mesmo jeito, pois continuou MARIA DO SOCORRO RODRIGUES GONCALVES
RAFFAEL DUTRA LIMA ADVOGADO(OAB: 29332/CE) LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE)
RIBEIRO ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE)
RECORRENTE ERICA PONTES DE MENESES MENDES
ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE) RECORRIDO J R COMERCIO DE COSMETICOS
MENDES LTDA - ME
LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE) LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE)
RECORRENTE HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE)
- ME MENDES
ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE) RECORRIDO ERICA PONTES DE MENESES
MENDES LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE)
LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE) ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE)
RECORRENTE ORIGINAL COMERCIO DE MENDES
COSMETICOS LTDA - ME RECORRIDO JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME
ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE) LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE)
MENDES
ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE)
LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE) MENDES
RECORRIDO ANDERSON LUID DOS SANTOS RECORRIDO DISTRIBUIDORA HELGA
SEVERO - ME COSMETICOS LTDA - ME
EDUARDO CÉSAR ADVOGADO(OAB: 14750/CE) LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE)
SOUSA ARAGÃO
ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE)
RECORRIDO AL PARTICIPACOES LTDA MENDES
EDUARDO CÉSAR ADVOGADO(OAB: 14750/CE) RECORRIDO HELGA COSMETICOS LTDA - ME
SOUSA ARAGÃO
LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE)
RECORRIDO MULT DISTRIBUIDORA DE
COSMETICOS LTDA ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE)
MENDES
EDUARDO CÉSAR ADVOGADO(OAB: 14750/CE)
SOUSA ARAGÃO RECORRIDO VRX COMERCIO DE COSMETICOS E
BIJUTERIAS LTDA - ME
RECORRIDO ROBERTO NENDZA - ME
ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE)
LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE) MENDES
ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE) LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE)
MENDES
TERCEIRO JOSE ALENCAR SALES JUNIOR
RECORRIDO HNV INDUSTRIA E COMERCIO DE INTERESSADO
COSMETICOS LTDA - ME
TERCEIRO ERICA PONTES DE MENESES
EDUARDO CÉSAR ADVOGADO(OAB: 14750/CE) INTERESSADO
SOUSA ARAGÃO
RECORRIDO BRC - BRAZIL COSMETICS LTDA
Intimado(s)/Citado(s):
LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE)
ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE) - HELGA COSMETICOS LTDA - ME
MENDES
RECORRIDO MULTIPLA COMERCIO DE
COSMETICOS LTDA - EPP
LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE)
ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE) PODER JUDICIÁRIO
MENDES
JUSTIÇA DO TRABALHO
RECORRIDO BELLA COSMETICOS LTDA - EPP
LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE)
ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE)
MENDES PROCESSO nº 0000419-19.2018.5.07.0018 (RO)
RECORRIDO HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA
- ME RECORRENTE: JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, HELGA
LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE) NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, ORIGINAL COMERCIO DE
ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE)
MENDES COSMÉTICOS LTDA - ME, ERICA PONTES DE MENESES,
RECORRIDO LUCHELYS DE ALENCAR MARTINS ALENCARINE COSMÉTICOS COMERCIO VAREJISTA E
RAFFAEL DUTRA LIMA ADVOGADO(OAB: 29332/CE)
RIBEIRO TREINAMENTOS EIRELI, CRX COMERCIO DE COSMÉTICOS E
EDUARDO FONTENELE ADVOGADO(OAB: 19970/CE) BIJUTERIAS LTDA - ME, ROBERTO NENDZA - ME, HNV
MOTA
RECORRIDO ORIGINAL COMERCIO DE INDÚSTRIA E COMERCIO DE COSMÉTICOS LTDA - ME, AL
COSMETICOS LTDA - ME
PARTICIPACOES LTDA, MULT DISTRIBUIDORA DE
LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE)
ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE) COSMÉTICOS LTDA, BRC - BRAZIL COSMETICS LTDA,
MENDES
LUCHELYS DE ALENCAR MARTINS
RECORRIDO ALENCARINE COSMETICOS
COMERCIO VAREJISTA E RECORRIDO: LUCHELYS DE ALENCAR MARTINS, VRX
TREINAMENTOS EIRELI
LIVIA EFFTING CABRAL ADVOGADO(OAB: 28472/CE) COMERCIO DE COSMÉTICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME,
ARIANE DINIZ GOMES ADVOGADO(OAB: 28452/CE) ANDERSON LUID DOS SANTOS SEVERO - ME, BRC - BRAZIL
MENDES
RECORRIDO CRX COMERCIO DE COSMETICOS E COSMÉTICOS LTDA, MULT DISTRIBUIDORA DE COSMÉTICOS
BIJUTERIAS LTDA - ME
LTDA, AL PARTICIPACOES LTDA, HNV INDÚSTRIA E
COMERCIO DE COSMÉTICOS LTDA - ME, ROBERTO NENDZA - ALENCAR MARTINS as seguintes parcelas: a.Saldo de salário (29
ME, CRX COMERCIO DE COSMÉTICOS E BIJUTERIAS LTDA - dias); b. Aviso prévio (51 dias); com reflexos no 13º salário e férias;
ME, ALENCARINE COSMÉTICOS COMERCIO VAREJISTA E c. Férias simples 2016/2017 e proporcionais (8/12 avos), acrescidas
TREINAMENTOS EIRELI, ERICA PONTES DE MENESES, J R de 1/3 constitucional; d. 13º salário proporcional 2018 (3/12 avos); e.
COMERCIO DE COSMÉTICOS LTDA - ME, BELLA COSMÉTICOS FGTS + 40%; f. Multa do art. 467 da CLT, incidente sobre os valores
LTDA - EPP, MULTIPLA COMERCIO DE COSMÉTICOS LTDA - e parcelas rescisórias constantes no TRCT (ID. 7ad3499), bem
EPP, ORIGINAL COMERCIO DE COSMÉTICOS LTDA - ME, como sobre o FGTS não depositado e multa de 40% sobre todos os
HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, HELGA valores devidos a título de FGTS ao longo da contratualidade; g.
COSMÉTICOS LTDA - ME, DISTRIBUIDORA HELGA Multa do art. 477,§8º da CLT; h. Honorários advocatícios.
COSMÉTICOS LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - A sentença fora complementada pelos aclaratórios de ID. 7081a1b,
RELATOR: FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA compensação do valor de R$ 10.710,34, vez que a quantia foi
REDATOR DESIGNADO: CLAUDIO SOARES PIRES recebida pela parte embargada, conforme comprovante de
RECURSO ORDINÁRIO. GRUPO ECONÔMICO. seu direito de defesa, ao argumento de que o juízo, ao adotar
CONFIGURAÇÃO. Confirma-se a sentença de origem que integralmente a motivação da sentença proferido na reclamatória
reconheceu a formação de grupo econômico entre as empresas trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu
demandadas, quando se constata que além da complementaridade entendimento, por consequência, a partir das provas orais ali
entre os objetos sociais destas, há o interesse integrado, a consignadas, mas que, tais elementos probatórios não foram
comunhão de interesses e a atuação conjunta das empresas dele publicizadas à ora recorrente no presente feito, com vistas à
integrantes. Recurso conhecido e improvido. garantia do contraditório e da ampla defesa, verificando-se, pois,
Designado para redigir o acórdão, peço vênia para adotar o relatório Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não
da lavra do Excelentíssimo Desembargador Relator Francisco José integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos,
Gomes da Silva, a seguir: mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou
"Trata-se de recurso ordinário ajuizado pela reclamada HNV como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera
INDUSTRIA E COSMÉTICOS LTDA interposto em face da decisão cópia de uma transcrição parcial realizada no bojo de uma sentença
do Juízo da 18ª Vara do Trabalho de Fortaleza (ID. 984dd8d), que proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou,
JULGOU a reclamatória PROCEDENTE EM PARTE, para naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova
condenar, SOLIDARIAMENTE, as reclamadas DISTRIBUIDORA emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito.
HELGA COSMÉTICOS LTDA - ME; HELGA COSMÉTICOS LTDA Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam
- ME; HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME; ORIGINAL relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo
COMERCIO DE COSMÉTICOS LTDA - ME; MULTIPLA reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art.
COSMÉTICOS LTDA - EPP; J R COMERCIO DE COSMÉTICOS Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno
LTDA - ME; JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME; ERICA dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em
PONTES DE MENESES; ALENCARINE COSMÉTICOS conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine.
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS; CRX COMERCIO Adiante, requer o reconhecimento da inépcia do pedido relativo às
DE COSMÉTICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME; VRX COMERCIO parcelas de FGTS + 40%, a extinção do pleito sem resolução de
DE COSMÉTICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME; ROBERTO mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15, sob o
NENDZA - ME; HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de ingresso,
COSMÉTICOS LTDA - ME; AL PARTICIPACOES LTDA; inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso e de
ANDERSON LUID DOS SANTOS SEVERO - ME; MULT dispensa, realizou o pedido correspondente às parcelas de FGTS
DISTRIBUIDORA DE COSMÉTICOS LTDA; BRC - BRAZIL em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o saldo
No mérito, defende a recorrente, em síntese, a inexistência de tais elementos probatórios não foram publicizadas à ora recorrente
fusão e formação de grupo econômico com o GRUPO HELGA, no presente feito, com vistas à garantia do contraditório e da ampla
sendo indevida a sua responsabilidade solidária pelos créditos defesa, verificando-se, pois, uma patente violação ao que dispõe o
Argumenta, em que pese tenha havido, nas redes sociais, um Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não
anúncio de fusão entre os conglomerados Helga e Hanova, por integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos,
certo, tal reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou
empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera
regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos cópia de uma transcrição parcial realizada no bojo de uma sentença
econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria, proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou,
mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova
possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses, o emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito.
que, também, não retrata o caso dos autos. Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam
Esclarece, adiante, que há uma mera relação comercial, havendo relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo
total independência entre as empresas do GRUPO HANOVA em reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art.
mera fornecedora de produtos para o conglomerado empresarial Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno
HELGA, sem haver contudo, qualquer integração de interesses dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em
entre as empresas ou atuação conjunta. conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine.
inconstitucionalidade declarada de forma incidental do art. 791-A, Em audiência de instrução, as Reclamadas requereram a juntada
§4º, da CLT, haja vista inexistir afronta à Carga Magna, mormente de provas emprestadas, relativo aos depoimentos testemunhais dos
porque, nos ditames do art. 133 da Lei Maior, o advogado é processos 461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471-
indispensável à administração da justiça, e, caso esta Colenda 39.2018.5.07.0010 (ID. bae0442, ID. ed35241, ID. 5cd9c24, ID.
CRFB/1988, o qual prevê a cláusula de reserva de plenário para a O Juízo, ao proferir a sentença, utilizou para o reconhecimento da
manutenção da declaração de inconstitucionalidade. existência de Grupo Econômico entre as acionadas (Grupo Hanova-
Após devidamente notificada, a recorrida apresentou suas Helga) como prova emprestada, os fundamento os lançados na
contrarrazões, conforme documento de ID. 15ffc62. sentença prolatada nos autos do processo nº 0000471-
A matéria versada no presente recurso dispensa a obrigatoriedade 51.2018.5.07.0006, de lavra da magistrada Taciana Orlovicin
de parecer prévio da douta PRT (art. 109, do Regimento Interno)" Gonçalves Pita (ID. 984dd8d).
Acolhe-se o presente recurso, uma vez que preenchidos os emprestada, desde que observado o contraditório, conforme
Peço vênia para adotar os fundamentos do voto do Excelentíssimo outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado,
apreciação das preliminares, nos seguintes termos: Assim, havendo previsão legal para utilização da prova emprestada
EMPRESTADA - DO ALEGADO CERCEAMENTO DE DEFESA partes foram submetidas ao contraditório e, havendo identidade dos
Aduz a recorrente, preliminarmente, que houve cerceamento de seu fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de
integralmente a motivação da sentença proferida na reclamatória Quanto a alegativa de que as reportadas transcrições dos
trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu depoimentos carregam relatos fáticos que não integram as razões
entendimento, a partir das provas orais ali consignadas, mas que, da exordial, não merece acolhida, posto que a causa de pedir da
autora, no que se refere a responsabilidade solidária das acionadas, valorada pelo Juízo segundo o princípio do livre convencimento
trata justamente na alegada formação de grupo econômico entre as motivado, em conjunto com as demais provas dos autos".
empresas, objeto da prova naqueles autos. Importante salientar também que a utilização de prova emprestada
Os depoimentos constantes na prova emprestada utilizada pelo não está condicionada à prévia anuência e concordância das
Juízo a quo dizem respeito aos fatos relacionados pela autora, no partes. Assim, a mera alegação da reclamada de que não
que pertine a alegada formação de grupo econômico entre as concordou com a utilização de prova emprestada não é suficiente
acionadas GRUPO HELGA (DISTR IBUIDORA HELGA para inviabilizar a sua utilização nestes autos. Precedentes.
COSMETICOS LTDA - ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME, Recurso de revista não conhecido" (TST, ARR - 3600-
HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, ORIGINAL 29.2010.5.12.0031 Data de Julgamento: 15/02/2017, Relator
COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de
COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS "B) RECURSO DE REVISTA. 1. NULIDADE DA SENTENÇA.
LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA CERCEAMENTO DE DEFESA. UTILIZAÇÃO DE PROVA
PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS EMPRESTADA SEM ANUÊNCIA. O Regional entendeu que a
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX utilização de prova emprestada consubstanciada em certidão de
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX averiguação produzida em outros autos, no qual a reclamada figura
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e como parte, não configura cerceamento de defesa, ante a
ROBERTO NENDZA - ME) e GRUPO HANOVA - HNV (HANOVA semelhança fática existente entre os processos, assim como da
INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, AL observância do contraditório e da ampla defesa. Com efeito, esta
PARTICIPAÇÕES LTDA, ANDERSON LUID DOS SANTOS Corte tem se posicionado no sentido de ser possível a utilização da
SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE COSMETICOS prova emprestada, não sendo imprescindível a anuência da parte
LTDA), assim como referem-se as mesmas demandadas, sendo adversa. Recurso de revista não conhecido" (TST, RR - 940-
permitido sua valoração como se houvesse sido produzida 27.2013.5.18.0181 Data de Julgamento: 09/11/2016, Relatora
diretamente nos autos examinados. Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT
foram respeitados o contraditório quando produzida em processos Requer o Recorrente, o reconhecimento da inépcia do pedido
judiciais, máxime,quando envolvendo a mesma empresa e quando relativo às parcelas de FGTS + 40%, e a extinção do pleito sem
os fatos guardam correlação com os da presente ação. resolução de mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15,
Nesse mesmo entendimento, colaciona-se a atual jurisprudência do sob o fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de
Tribunal Superior do Trabalho, in verbis: ingresso, inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso
IDENTIDADE FÁTICA. MESMAS RECLAMADAS. FGTS, em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o
NULIDADE PROCESSUAL NÃO CONFIGURADA. Esta Corte O processo trabalhista é regido pelo princípio da simplicidade das
admite a utilização da prova emprestada, desde que haja a formas, consagrado no art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta
identidade dos fatos considerados no documento emprestado e no uma breve exposição dos fatos para se considerar apta a exordial.
caso em julgamento, assim como ocorrido nesta hipótese, em que o Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal.
Regional registrou que"a prova emprestada foi produzida em § 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do
processo judicial que envolvia as mesmas rés da presente ação, Presidente da Junta, ou do juiz de direito a quem for dirigida, a
tendo sido observadas as formalidades estabelecidas em lei para a qualificação do reclamante e do reclamado, uma breve exposição
sua produção, bem como o princípio do contraditório. Segundo, dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura
porque os fatos a serem comprovados guardam correlação com os do reclamante ou de seu representante.
da presente ação. Terceiro, porque a referida prova emprestada foi § 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do
juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que art. 840 , da CLT, a qual, frise-se, não dificultou a defesa das
vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no A sentença reconheceu o grupo econômico entre as empresas
§ 2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias "Diante da identidade da matéria (fática e jurídica), adoto
datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que integralmente os fundamentos lançados na brilhante sentença
couber, o disposto no § 1o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº prolatada nos autos da 0000471-51.2018.5.07.0006, de lavra da
§ 3o Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo responsabilidade das empresas demandadas, nos termos a seguir:
serão julgados extintos sem resolução do mérito. (Incluído pela Lei 'Afirma a parte reclamante que as empresas que compõem o antigo
Como se observa, a Lei n. 13.467/17 fez referência expressa aos ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES
requisitos da petição inicial trabalhista, dispondo no § 1º do art. 840 & CIA LTDA - ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS
da CLT que o pedido deva "ser certo, determinado e com indicação LTDA - ME, MULTIPLA COMERCIO DE COSMETICOS LTDA -
No caso, em relação ao pedido de pagamento do FGTS e multa COSMETICOS LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME,
rescisória, o reclamante fez pedido certo, determinado e com ERICA PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS
indicação do valores pois da sua causa de pedir, entende-se COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX
logicamente que o autor fora demitido sem justa causa e sem COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX
recebimento de suas verbas rescisórias, fato este, incontroverso COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e
Na narrativa dos fatos, o acionante afirmou que ingressou na sócios José Alencar Sales Júnior e Érica Pontes de Meneses. Alega
reclamada no dia 01/08/2010, para exercer a função de gerente, que, em meados de 2017, os sócios do Grupo Helga iniciaram
sendo demitida sem justa causa em 29/03/2018; que o último negociações para fusão com o Grupo Hanova (HNV), fusão de
salário percebido foi de R$ 3.200,00 (três mil e duzentos reais); que empresas esta que foi oficialmente tornada pública em julho de
quando de sua demissão não recebeu qualquer valor, assim como 2017, expondo o rol de empresas que compõem o Grupo Hanova -
não fora liberado Seguro Desemprego e FGTS, motivo pelo qual HNV (HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS
pleiteia a liberação dos mesmos em sede de tutela antecipada; que LTDA - ME, AL PARTICIPAÇÕES LTDA, ANDERSON LUID DOS
o FGTS se encontra depositado apenas de forma parcial, apenas o SANTOS SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE
valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais). COSMETICOS LTDA), à época todas dirigidas pelos sócios
Em seguida, requereu que, Tendo em vista os argumentos jurídicos Anderson Luid Santos Severo e Aline Cristina Silva Souza Severo.
apresentados, ajuíza-se a presente Reclamação Trabalhista no Sustenta que, a partir de julho de 2017, independentemente do
intuito de serem satisfeitos todos os direitos da reclamante, quais cumprimento das obrigações legais para efetivação da fusão, qual
sejam: Saldo Salário, Aviso Prévio de 51 dias, 13º salário e férias seja a extinção das pessoas jurídicas da empresa incorporada com
sobre aviso prévio, FGTS sobre rescisão, 13º salário proporcional o surgimento de uma nova, tal fusão de fato ocorreu e todos os
3/12 de 2018, férias simples 2016/2017 e proporcionais 2017/2018 empregados passaram à subordinação do Grupo Hanova-Helga, o
todas acrescidas do terço constitucional, FGTS e multa de 40%. qual configura grupo econômico por coordenação, impondo a
Em relação ao rol dos pedidos, o autor requereu a condenação da responsabilização solidária entre as empresas do grupo. Entende
reclamada ao pagamento das verbas rescisórias, incluindo FGTS E que a fusão entre as empresas com a criação, em outubro de 2017,
Em decorrência do princípio da simplicidade, que norteia o processo eram sócios o filho dos sócios do Grupo Helga e a mãe do sócio do
trabalhista, o qual não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de Grupo Hanova), teria como única finalidade ocultar os sócios de fato
2017, a petição inicial ora em análise preencheu os requisitos do da nova empresa e ainda o de conseguir nova linha de crédito na
praça. Postula, caso não se conclua pela existência de grupo grupo econômico com quaisquer das demais empresas.
econômico, que se reconheça a sucessão empresarial de todas as A reclamada MULT DISTRIBUIDORA DE COSMETICOS LTDA
empresas do Grupo Helga por HNV INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE alega que nunca existiu de fato e nega a formação de grupo
COSMÉTICOS LTDA. Alega, ainda, que a empresa BRC BRAZIL econômico com quaisquer das demais empresas.
COSMÉTICOS LTDA adquiriu em Recuperação Judicial os direitos A ré BRC - BRAZIL COSMETICS LTDA informa que comprou os
da marca mista "Helga" por cinco anos, sem jamais exercer direitos de uso da marca HELGA, não estando a reclamante sob
qualquer gerência direta, pois o Sr. José Alencar Sales Júnior suas ordens, refutando a formação de grupo econômico com
continuou a exercer a direção, gerência e coordenação das quaisquer das demais empresas reclamadas e pleiteia que, em
empresas. Por essa razão, pretende a responsabilização solidária caso de condenação, seja de forma subsidiária.
fraude ocorrida e a evidente direção do efetivo sócio do Grupo Inicialmente, declaro a responsabilidade solidária das empresas
Em suas contestações, as rés negam a formação de grupo COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA -
econômico entre as empresas do Grupo Helga e Hanova As ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME,
reclamadas DISTRIBUIDORA HELGA COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - EPP, BELLA
HELGA COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES & CIA COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS
LTDA - ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA
COSMETICOS LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX
ERICA PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME,
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX ROBERTO NENDZA - ME (1ª a 13ª reclamadas), nos termos do §
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX 2º do art. 2º da CLT, as quais reconheceram a formação de grupo
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, econômico entre si, encontrando-se, dentre estas, a empregadora.
ROBERTO NENDZA - ME (1ª a 13ª reclamadas), não refutam o Quanto ao grupo econômico alegado em relação aos grupos
grupo econômico entre si, tendo contestado a formação de grupo HELGA e HANOVA, a autora juntou aos autos várias fotografias
com as empresas do Grupo HANOVA (14ª a 16ª reclamadas), com com os Srs. Anderson Luid Dos Santos Severo, José Alencar Sales
a MULT DISTRIBUIDORA (17ª reclamada) e com a BCR (18ª Junior, Aline Cristina Silva Souza Severo e Érica Pontes de
reclamada), alegando que o grupo HANOVA tem como objeto social Meneses, sócios das empresa Hanova e Helga, divulgadas em meio
a produção de produtos de beleza, e que inexiste hierarquia e/ou digital em julho de 2017, anunciando a fusão entre as empresas do
coordenação entre as empresas. Sustenta que a BCR está sob a Grupo Helga com aquelas do Grupo Hanova (HNV), com
égide da Lei 11.101//05, tendo comprado o direito de utilização da fundamento na expansão e aquisições realizadas pelo grupo
marca "Helga" por cinco anos. HANOVA, podendo se perceber que nas fotos, aparece o diretor do
As reclamadas HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE grupo HANOVA, o qual veste camisa com o nome HELGA NOVO
COSMETICOS LTDA - ME e ANDERSON LUID DOS SANTOS TEMPO e ainda uma figura que demonstra a junção de duas peças
SEVERO - ME reconhecem o grupo entre si e negam a formação de de quebra-cabeça nas quais constam os nomes dos dois grupos
grupo com as demais reclamadas, noticiando que são fornecedoras HANOVA e HELGA. Em que pese não haver alterações nas
de produtos à rede varejista, sendo uma das principais, o grupo estruturas das empresas formadoras dos grupos, resta claro que
HELGA, não tendo havido a fusão alegada, apenas relação houve uma intensa comunhão de interesses
fornecedor-cliente. Informam, ainda, que os fundos de comércio de econômicos/profissionais entre as empresas formadoras dos dois
empresas do Grupo Helga foram alienados por seus sócios- grupos. De acordo com a Lei 13.467/2017 são requisitos para a
proprietários da Helga para a empresa DX GROUP configuração do grupo econômico: a demonstração do interesse
PARTICIPAÇÕES E INVESTIMENTOS LTDA, que, por sua vez, integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta
não possuiria qualquer ligação com o Grupo Hanova, tratando-se de das empresas integrantes. A inexistência de uma hierarquia entre
empresa de investimentos de proveniente São Paulo. as empresas não descaracteriza o grupo econômico, se há a
A demandada AL PARTICIPACOES LTDA nega a formação de demonstração de que entre as empresas ocorre clara atuação
conjunta, em linha de coordenação e comunhão de interesses, o se que na defesa das empresas formadoras do GRUPO HELGA
que se verifica no caso em tela. restou afirmado que as empresas HANOVA INDUSTRIA E
Ademais, a primeira testemunha laboral afirmou em seu COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, ANDERSON LUID
"(...) que havia comentários dentro da empresa de que ocorreu uma formam o grupo HANOVA. Nessa senda, o contrato social de
fusão entre as empresas Helga e Hanova; que o gerente do constituição da reclamada AL PARTICIPAÇÕES LTDA demonstra
depoente comentou que ocorreria a fusão e que o depoente que essa empresa tem como sócios os Srs. Anderson Liud dos
continuaria a prestar serviços para as duas empresas; que o Santos Severo e Aline Cristina Silva Souza Severo, os quais se
depoente já chegou, mesmo prestando serviços para a Helga, fizeram presentes ao evento em que foi anunciada a "fusão" entre
prestar serviços para a Hanova, tais como rotulagem de produtos, os grupos empresariais, conforme fotografias anexadas aos autos.
embalagem de mercadorias e fazendo entregas; que depois dos Ainda, o endereço eletrônico da AL PARTICIPAÇÕES LTDA
ordens do Sr. Paulo, empregado da Hanova, responsável pela Ademais, a Sra. Aline Cristina Silva Souza Severo é também sócia
"que trabalhou para Helga de 01/02/2010 a 14/04/2018 na função "anderson@hanovacosméticos.com.br", conquanto o Sr. Anderson
de estoquista; que trabalhou com a reclamante; que o gerente, Liud dos Santos Severo não faça parte do corpo societário dessa
Sr.Evandro comentou com o depoente que havia sido feita uma empresa. O Sr. Anderson Liud dos Santos Severo atua, ainda,
sociedade entre a Helga e a Hanova; que, após o comentário, o como empresário individual da ANDERSON LUID DOS SANTOS
depoente também começo a prestar serviços para a Hanova SEVERO ME. Por fim, saliento que as empresas HNV INDÚSTRIA
nas seções das lojas Helga, limpando as mercadorias; que o LTDA, ANDERSON LUID DOS SANTOS SEVERO - ME e MULT
depoente não recebia ordens de nenhum empregado da Hanova; DISTRIBUIDORA DE COSMETICOS LTDA, em audiência, se
que as lojas Helga também vendiam produtos de outras indústrias e fizeram representar pelo mesmo preposto, o Sr. Luiz Gustavo
não só da empresa Hanova; que, em relação às mercadorias das Santana Severo, neste feiro e nos processos nº0000470-
mercadorias eram feitos por empregados destas indústrias; que a 61.2018.5.07.0010, cujos termos de audiência foram anexados aos
Saliente-se que o fato de terem sido alienados fundos de comércio diverso das empresas do grupo HANOVA não é suficiente para
de empresas do Grupo Helga para a empresa DX GROUP afastar a formação do grupo econômico com HNV INDÚSTRIA E
PARTICIPAÇÕES E INVESTIMENTOS LTDA não afeta a presente COMÉRCIO DE COSMÉTICOS LTDA e ANDERSON LUID DOS
demanda, pois apenas houve a alienação parcial das quotas SANTOS SEVERO - ME.
empresariais de somente algumas das empresas do Grupo. Sendo assim, reconheço que a empresa AL PARTICIPAÇÕES
Insta destacar, também, que a alegação da reclamada ANDERSON LTDA pertence ao grupo econômico HANOVA, o qual restou
LUID DOS SANTOS SEVERO ME de que a relação havida entre os condenada solidariamente, aplicando a esta a mesma
apontados conglomerados empresariais era de apenas fornecedor- responsabilidade, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da CLT.
cliente não se sustenta, ressaltando que a mensagem eletrônica e a No que tange à reclamada MULT DISTRIBUIDORA DE
confissão de dívida datam de período anterior à "fusão" noticiada, o COSMETICOS LTDA, observa-se efetivamente formalizada em
que só veio a ocorrer em julho de 2017. 24/10/2017 pouco tempo após a fusão dos grupos HELGA e
Diante do exposto, reconheço a existência de grupo econômico por HANOVA, com atuação na vendas de produtos de higiene, tendo
coordenação entre todas as empresas dos Grupos HELGA e como sócios os Srs. Matheus Pontes Sales e Maria de Fátima dos
HANOVA, as quais declaro responsáveis solidárias pelas verbas Santos Severo, os quais são, respectivamente, o filho dos titulares
decorrentes da condenação, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da do Grupo Helga e a mãe de um dos proprietários do Grupo Hanova
CLT. (Anderson Luid dos Santos Severo), fato não contestado em defesa.
No que concerne à reclamada AL PARTICIPAÇÕES LTDA, verifica- Sendo assim, tenho que a empresa MULT DISTRIBUIDORA DE
COSMETICOS LTDA também participa dos Grupos Helga e seu esposo Anderson ambos donos da Hanova; que a a partir
Hanova, utilizando-se da mesma estrutura empresarial para a daí a prioridade era para vender os produtos da Hanova e Lavi"
consecução de seus objetivos financeiros, diante do que, resta - depoimento de Francisca Edinusia Alves de Sousa)."
condenada solidariamente, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da A empresa recorrente manifesta no presente recurso ordinário o seu
Por fim, quanto à ré BRC BRAZIL COSMETICS COMÉRCIO econômico ostentam características diametralmente opostas"; "em
VAREJISTA DE COSMÉTICOS EIRELI, verifica-se que ela que pese tenha havido, nas redes sociais, um anúncio de fusão
apresentou defesa através do mesmo escritório que a empregadora, entre os conglomerados Helga e Hanova, por certo, tal
na qual passou a repetir as mesmas alegações já apresentadas reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão
pelas 1ª a 13ª Reclamadas, além disso, observa-se que no empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas
comprovante de inscrição cadastral (CNPJ) consta endereço regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos
eletrônico pertencente ao domínio da HELGA COSMÉTICOS. econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria,
Ademais, apresentou carta de preposição que revelou mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que
representação através do mesmo preposto que a empregadora, possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses";
razão pela qual, deve ser solidariamente responsável pelos créditos "que a sentença de origem, em nenhum momento, cuidou de
oriundos da presente demanda, nos moldes dos arts. 2º, § 2º, e 9º demonstrar a integração de interesses entre as empresas, a
Pontue-se, por oportuno, que as atas de audiência em nada apenas limitou-se a discorrer, de forma bastante confusa, sobre
corroboram com a tese da demandada, uma vez que se verifica, "fusão", sendo esta manifestante inexistente no caso vertente"; "que
com extrema facilidade, que a testemunha da reclamada, Sr. os depoimentos coligidos aos autos sob a rubrica de prova
Emanuel Rodrigues de Albuquerque, arrolada em todos os emprestada fulminam a pretensão autoral, quer pelo viés da fusão,
processos, busca, sem nenhum sucesso, sustentar os termos da seja sob a óptica de agrupamento empresarial."
Ademais, por mais que tenha declarado que "que na metade do recorrente, fundamentos que infirmem convincentemente as
segundo semestre de 2017 houve uma reunião da Helga com a conclusões do juízo de primeiro grau, razão pela qual se há perfilhar
Hanova para uma parceria de fornecimento de produtos", com os motivos da decisão vergastada, ora endossados e
afirmou, posteriormente, que "soube que foi feita uma postagem integrantes das presentes razões de decidir.
no instagram da Helga onde foi usado o termo fusão com a Consoante o § 2º do art. 2º da CLT, "sempre que uma ou mais
Por outro lado, as testemunhas Francisca Edinusia Alves de Sousa própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de
e Maria Irlane Silva Santos outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua
Desiderio, apresentadas pelas partes autoras, nas referidas atas de autonomia, integrem grupo econômico, serão responsáveis
audiências, possuem depoimentos uníssonos no que tange à solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de
empregados são uníssonas ("que no final de julho/2017 foram Nesta esteira, o delineamento do que se convencionou chamar
convocadas para uma reunião no hotel meridional no centro da grupo econômico, pela dicção da Consolidação das Leis do
cidade onde foi comunicada por Alencar Junior, Erica Pontes e Trabalho, importa na evidência da integração dos
Aline Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas de empreendimentos, de forma a vincular, direta ou indiretamente, as
que tudo iria mudar com a chegada de novos produtos, mas na empresas.
pratica tudo continuou do mesmo jeito, pois continuou Este aspecto restou caracterizado nos autos, sendo certo que se
chegando produtos da marca própria da Helga (lavi) e da Helga, verificam elementos suficientes para que seja corroborada a
os quais tinham prioridade para serem vendidos" - depoimento conclusão da sentença recorrida.
de Maria Irlane Silva Santos Desiderio) e ("que houve uma Como bem destacado pela sentença, restou demonstrada nos autos
reunião num domingo de julho/2017 onde foi comunicada a a ampla divulgação realizada nas redes sociais, em julho de 2017,
fusão da Hanova com a Helga Cosmeticos onde foram acerca da fusão das empresas do Grupo Helga com aquelas do
apresentados os novos patrões como sendo: Aline Severo e Grupo Hanova. Eis os dizeres da publicação (V. ID 0d53e9e - Pág.
Grupo HNV detentor de várias marcas como a Hanova, em um Não se olvida o depoimento da testemunha convidada pelas
processo de expansão e aquisições, realizou a fusão com o Grupo reclamadas, Sr. Emanuel Rodrigues de Albuquerque, ouvida nos
Helga Cosméticos. Tudo isso para que os nossos clientes possam processos (461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471-
ter sempre à disposição o melhor atendimento, os melhores 39.2018.5.07.0010) trazidos por empréstimo ao conjunto probatório,
produtos e a melhor experiência. Transformando para melhor, o seu cujas declarações transparecem a ideia de demonstrar ter havido
visual e a sua vida. #HelgaNovoTempo #Hanova #GrupoHNV apenas uma relação comercial, mas não uma fusão, entre as
#GrupoHelga #Beleza #Cabelos". Com a devida vênia da parte empresas do grupo Helga e do grupo Hanova. Contudo, diante dos
recorrente, este aspecto é relevante para a caracterização do grupo demais elementos probatórios dos autos, não há de prevalecer o
econômico sob investigação, demonstrando a plena possibilidade quadro traçado pelo depoente, sendo de se destacar que ele próprio
de que as marcas de cada um dos grupos estejam sob a admite não ter participado da reunião ocorrida em julho de 2017 (V.
coordenação de um único conglomerado, o que afasta a tese ID's 5cd9c24 - Pág. 6 e 8eb6395 - Pág. 6), na qual fora anunciada a
no mesmo grupo econômico. Cumpre ressaltar, ainda, porquanto oportuno, que a estreita relação
Além disso, vigora no Direito do Trabalho o princípio da primazia da comercial entre as empresas dos grupos empresariais, consoante
realidade, de modo a ser imprescindível destacar a prevalência dos se denota pelas notas ficais de vendas de mercadorias anexadas
fatos da relação de emprego sobre os aspectos formais. Dessa aos autos, a meu sentir, não rechaça a formação de grupo
forma, ainda que não ultimada, ao menos formalmente, com as econômico, mas, em verdade, a reforça, evidenciando além da
devidas baixas das pessoas jurídicas, a fusão mencionada nas complementaridade entre os objetos sociais das empresas
redes sociais, não há se desconhecer que houve a junção das contratantes, o interesse integrado, a comunhão de interesses e a
empresas, que passaram a atuar integradas a um único grupo. atuação conjunta das empresas dele integrantes.
Igualmente, salvo melhor juízo, os depoimentos das testemunhas Destarte, o quadro encontrado no presente feito permite a
não afastam o reconhecimento do grupo econômico. Ao revés, conclusão de que a empresa ora recorrente integra grupo
confirmam a fusão entre as empresas. Destaca-se, a este respeito, econômico com as reclamadas do grupo Helga. Importa examinar a
o depoimento da primeira testemunha da parte reclamante, Sra. presença de elementos objetivos capazes de demonstrar que as
Maria Irlane Silva Santos Desiderio, ouvida no processo nº 0000470 empresas estavam integradas no mesmo grupo. É o que se
-54.2018.5.07.0010 (Ata de audiência de ID 5cd9c24 - Pág. 4), constatou à exaustão no presente feito.
trazido por empréstimo ao conjunto probatório pelas próprias Por oportuno, colhe-se o seguinte precedente jurisprudencial:
reclamadas, revelador de "(...) que no final de julho/2017 foram "Grupo econômico. Relação inter-empresarial. O grupo econômico
convocadas para uma reunião no hotel meridional no centro da para fins justrabalhistas não necessita se revestir das modalidades
cidade onde foi comunicada por Alencar Junior, Erica Pontes e Aline jurídicas típicas do Direito Econômico ou Direito Comercial
Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas de que tudo (holdings, consórcios, pools etc.). Não se exige, sequer, a prova
iria mudar com a chegada de novos produtos, mas na pratica tudo de sua formal institucionalização cartorial: pode-se acolher a
continuou do mesmo jeito, pois continuou chegando produtos da existência do grupo desde que surjam evidências probatórias
marca propria da Helga (lavi) e da Helga, os quais tinham prioridade de que estão presentes os elementos de integração inter-
para serem vendidos, e das outras marcas continuaram escassos". empresarial (abrangência subjetiva e nexo relacional) de que
Veja-se que a fusão foi comunicada aos empregados em reunião, fala a CLT (art. 2º, § 2º)" (Processo 00409002020085010025, TRT
constatação que reforça a ideia do grupo econômico, referindo-se a 1ª Região - 8ª Turma, Relatora Desembargadora Dalva Amélia de
depoente a tudo ter "continuado do mesmo jeito" ao modus Oliveira, Publicado em 30/06/2014)(destaquei).
operandi das vendas dos produtos e não à ausência de formação NEGA-SE PROVIMENTO.
marcas apresentavam seus produtos e realizavam treinamentos, Por unanimidade, conhecer do recurso ordinário para, rejeitar as
mas que com a Hanova o processo foi diferente, pois, além de ter preliminares suscitadas e, no mérito, por maioria, negar-lhe
mercadorias para serem vendidas nas lojas Helga, o que ocorreu DISPOSITIVO
com outros fornecedores em face das dívidas da empregadora ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2.ª TURMA DO TRIBUNAL
conhecer do recurso ordinário para, rejeitar as preliminares DA NULIDADE DA SENTENÇA- DA UTILIZAÇÃO DA PROVA
suscitadas e, no mérito, por maioria, negar-lhe provimento. Vencido EMPRESTADA - DO ALEGADO CERCEAMENTO DE DEFESA
o Desembargador Relator, que dava provimento ao apelo, para Aduz a recorrente, preliminarmente, que houve cerceamento de seu
excluir da condenação a responsabilidade solidária da reclamada direito de defesa, ao argumento de que o juízo, ao adotar
HNV INDÚSTRIA E COSMÉTICOS LTDA. Redigirá o acórdão o integralmente a motivação da sentença proferida na reclamatória
Desembargador Cláudio Soares Pires, com a integração do voto trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu
vencido. entendimento, a partir das provas orais ali consignadas, mas que,
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores tais elementos probatórios não foram publicizadas à ora recorrente
Francisco José Gomes da Silva (Presidente e Relator), Cláudio no presente feito, com vistas à garantia do contraditório e da ampla
Soares Pires e Paulo Régis Machado Botelho. Presente ainda o(a) defesa, verificando-se, pois, uma patente violação ao que dispõe o
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo art. 312 do CPC/15.
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Jefferson Quesado Junior. Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não
Fortaleza, 14 de outubro de 2019. integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos,
INTEGRA O PRESENTE ACÓRDÃO O VOTO VENCIDO DO EXMº mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou
DESEMBARGADOR FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA, in como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera
EMENTA: PROVA EMPRESTADA. PREVISÃO LEGAL. proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou,
CONTRADITÓRIO OBSERVADO. O novo CPC trouxe permissivo naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova
expresso quanto à possibilidade de utilização da prova emprestada, emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito.
desde que observado o contraditório, conforme previsão no art. 372. Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam
Assim, havendo previsão legal para utilização da prova emprestada relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo
e, observando que no processo nº 0000471-51.2018.5.07.0006 as reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art.
fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno
cerceamento de defesa. Preliminar rejeitada. dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em
PETIÇÃO INICIAL. ART. 840, §1º DA CLT. O processo trabalhista conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine.
art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta uma breve exposição Em audiência de instrução, as Reclamadas requereram a juntada
dos fatos para se considerar apta a exordial. Em decorrência do de provas emprestadas, relativo aos depoimentos testemunhais dos
princípio da simplicidade, que norteia o processo trabalhista, o qual processos 461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471-
não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de 2017, verifica-se que 39.2018.5.07.0010 (ID. bae0442, ID. ed35241, ID. 5cd9c24, ID.
EXISTÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO. ART. 2º, DA CLT. ÔNUS existência de Grupo Econômico entre as acionadas (Grupo Hanova-
DA PROVA. ART. 818, DA CLT C/C ART. 373, DO NCPC. Helga) como prova emprestada, os fundamento os lançados na
AUSÊNCIA DE PROVA. Não tendo a reclamante comprovado a sentença prolatada nos autos do processo nº 0000471-
existência do alegado grupo econômico Helga-Hanova, composto 51.2018.5.07.0006, de lavra da magistrada Taciana Orlovicin
de diversas empresas, reforma-se a sentença para afastar a Gonçalves Pita (ID. 984dd8d).
responsabilidade solidária pretendida pela autora. Nesse ponto, destaco, inicialmente, que o novo CPC trouxe
RECURSO CONHECIDO E DADO PROVIMENTO PARCIAL permissivo expresso quanto à possibilidade de utilização da prova
Acolhe-se o presente recurso, uma vez que preenchidos os Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em
Assim, havendo previsão legal para utilização da prova emprestada identidade dos fatos considerados no documento emprestado e no
e, observando que no processo nº 0000471-51.2018.5.07.0006 as caso em julgamento, assim como ocorrido nesta hipótese, em que o
partes foram submetidas ao contraditório e, havendo identidade dos Regional registrou que"a prova emprestada foi produzida em
fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de processo judicial que envolvia as mesmas rés da presente ação,
Quanto a alegativa de que as reportadas transcrições dos sua produção, bem como o princípio do contraditório. Segundo,
depoimentos carregam relatos fáticos que não integram as razões porque os fatos a serem comprovados guardam correlação com os
da exordial, não merece acolhida, posto que a causa de pedir da da presente ação. Terceiro, porque a referida prova emprestada foi
autora, no que se refere a responsabilidade solidária das acionadas, valorada pelo Juízo segundo o princípio do livre convencimento
trata justamente na alegada formação de grupo econômico entre as motivado, em conjunto com as demais provas dos autos".
empresas, objeto da prova naqueles autos. Importante salientar também que a utilização de prova emprestada
Os depoimentos constantes na prova emprestada utilizada pelo não está condicionada à prévia anuência e concordância das
Juízo a quo dizem respeito aos fatos relacionados pela autora, no partes. Assim, a mera alegação da reclamada de que não
que pertine a alegada formação de grupo econômico entre as concordou com a utilização de prova emprestada não é suficiente
acionadas GRUPO HELGA (DISTR IBUIDORA HELGA para inviabilizar a sua utilização nestes autos. Precedentes.
COSMETICOS LTDA - ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME, Recurso de revista não conhecido" (TST, ARR - 3600-
HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, ORIGINAL 29.2010.5.12.0031 Data de Julgamento: 15/02/2017, Relator
COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de
COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS "B) RECURSO DE REVISTA. 1. NULIDADE DA SENTENÇA.
LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA CERCEAMENTO DE DEFESA. UTILIZAÇÃO DE PROVA
PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS EMPRESTADA SEM ANUÊNCIA. O Regional entendeu que a
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX utilização de prova emprestada consubstanciada em certidão de
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX averiguação produzida em outros autos, no qual a reclamada figura
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e como parte, não configura cerceamento de defesa, ante a
ROBERTO NENDZA - ME) e GRUPO HANOVA - HNV (HANOVA semelhança fática existente entre os processos, assim como da
INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, AL observância do contraditório e da ampla defesa. Com efeito, esta
PARTICIPAÇÕES LTDA, ANDERSON LUID DOS SANTOS Corte tem se posicionado no sentido de ser possível a utilização da
SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE COSMETICOS prova emprestada, não sendo imprescindível a anuência da parte
LTDA), assim como referem-se as mesmas demandadas, sendo adversa. Recurso de revista não conhecido" (TST, RR - 940-
permitido sua valoração como se houvesse sido produzida 27.2013.5.18.0181 Data de Julgamento: 09/11/2016, Relatora
diretamente nos autos examinados. Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT
foram respeitados o contraditório quando produzida em processos Requer o Recorrente, o reconhecimento da inépcia do pedido
judiciais, máxime,quando envolvendo a mesma empresa e quando relativo às parcelas de FGTS + 40%, e a extinção do pleito sem
os fatos guardam correlação com os da presente ação. resolução de mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15,
Nesse mesmo entendimento, colaciona-se a atual jurisprudência do sob o fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de
Tribunal Superior do Trabalho, in verbis: ingresso, inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso
IDENTIDADE FÁTICA. MESMAS RECLAMADAS. FGTS, em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o
NULIDADE PROCESSUAL NÃO CONFIGURADA. Esta Corte O processo trabalhista é regido pelo princípio da simplicidade das
admite a utilização da prova emprestada, desde que haja a formas, consagrado no art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta
uma breve exposição dos fatos para se considerar apta a exordial. 3/12 de 2018, férias simples 2016/2017 e proporcionais 2017/2018
Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal. todas acrescidas do terço constitucional, FGTS e multa de 40%.
§ 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do Em relação ao rol dos pedidos, o autor requereu a condenação da
Presidente da Junta, ou do juiz de direito a quem for dirigida, a reclamada ao pagamento das verbas rescisórias, incluindo FGTS E
dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura Em decorrência do princípio da simplicidade, que norteia o processo
do reclamante ou de seu representante. trabalhista, o qual não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de
§ 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do 2017, a petição inicial ora em análise preencheu os requisitos do
juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que art. 840 , da CLT, a qual, frise-se, não dificultou a defesa das
vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no Na peça de ingresso, requer o reclamante que seja caracterizada a
que couber, o disposto no parágrafo anterior. condição da segunda (VRX COMÉRCIO COSMÉTICOS E
§ 2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias BIJUTERIAS LTDA) e terceira reclamada (HANOVA
datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que COSMÉTICOS), de responsáveis solidárias pelos encargos
couber, o disposto no § 1o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº trabalhistas da primeira reclamada, HELGA COSMÉTICOS, em
§ 3o Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo Afirma que a primeira, segunda e terceira reclamadas foram
serão julgados extintos sem resolução do mérito. (Incluído pela Lei criadas, são dirigidas e controladas pelo pela Sra. Erica Pontes de
Como se observa, a Lei n. 13.467/17 fez referência expressa aos reclamada, HANOVA COSMÉTICOS, pois utilizou terceiro como
da CLT que o pedido deva "ser certo, determinado e com indicação Ressalta, que os objetos sociais das empresas são
No caso, em relação ao pedido de pagamento do FGTS e multa finalidade, sendo patente a formação de grupo econômico entre
indicação do valores pois da sua causa de pedir, entende-se No mérito, defende a recorrente, em síntese, a inexistência de fusão
logicamente que o autor fora demitido sem justa causa e sem e formação de grupo econômico com o GRUPO HELGA, sendo
recebimento de suas verbas rescisórias, fato este, incontroverso indevida a sua responsabilidade solidária pelos créditos deferidos
Na narrativa dos fatos, o acionante afirmou que ingressou na Argumenta que, em que pese tenha havido, nas redes sociais, um
reclamada no dia 01/08/2010, para exercer a função de gerente, anúncio de fusão entre os conglomerados Helga e Hanova, por
sendo demitida sem justa causa em 29/03/2018; que o último certo, tal reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão
salário percebido foi de R$ 3.200,00 (três mil e duzentos reais); que empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas
quando de sua demissão não recebeu qualquer valor, assim como regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos
não fora liberado Seguro Desemprego e FGTS, motivo pelo qual econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria,
pleiteia a liberação dos mesmos em sede de tutela antecipada; que mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que
o FGTS se encontra depositado apenas de forma parcial, apenas o possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses, o
valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais). que, também, não retrata o caso dos autos.
Em seguida, requereu que, Tendo em vista os argumentos jurídicos Esclarece, adiante, que há uma mera relação comercial, havendo
apresentados, ajuíza-se a presente Reclamação Trabalhista no total independência entre as empresas do GRUPO HANOVA em
intuito de serem satisfeitos todos os direitos da reclamante, quais relação às componentes do GRUPO HELGA, sendo a recorrente,
sejam: Saldo Salário, Aviso Prévio de 51 dias, 13º salário e férias mera fornecedora de produtos para o conglomerado empresarial
sobre aviso prévio, FGTS sobre rescisão, 13º salário proporcional HELGA, sem haver contudo, qualquer integração de interesses
entre as empresas ou atuação conjunta. Logo, o aproveitamento dos serviços prestados pelo trabalhador por
A lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017 que alterou a Consolidação entre si, formando o grupo econômico trabalhista, serão todas, por
das Leis do Trabalho (CLT) trouxe novos parâmetros para consequência, responsabilizadas pela contraprestação devida ao
a este artigo, conforme transcrição seguinte: Estabeleceu, igualmente, que "não caracteriza grupo econômico a
Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, mera identidade de sócios. Assim, o patrimônio de empresas que
que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria têm sócios comuns, porém com atuam em setores diversos, estarão
§ 1º - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da Portanto, a análise da existência ou não da formação de um grupo
relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de econômico, deve-se observar o princípio da primazia da realidade,
beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem para que cada caso seja analisado com suas peculiaridades, sendo
fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados. ônus do autor a prova de suas alegações ( art. 818, da CLT c/c art.
§ 2º Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada 373, do NCPC).
uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a No caso em análise, o autor fundamenta sua pretensão com base
direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando, em notícias veiculadas nas redes sociais de possível fusão entre os
mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo grupos Helga Cosméticos e HNV, assim como colaciona fotos em
econômico, serão responsáveis solidariamente pelas que retrata parcerias entre as duas empresas, ID. 0d53e9e, sem,
obrigações decorrentes da relação de emprego. contudo, apresentar qualquer prova que indique ter realmente
§ 3º Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de ocorrido a "FUSÃO" das empresas, ou qualquer relação de
demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de Ao revés, a acionada Hanova Indústria e Comércio de Cosméticos
interesses e a atuação conjunta das empresas dele integrantes. Ltda colacionou aos autos documentos que demonstram a relação
A nova redação do art. 2º, além de manter a hipótese do grupo Helga (CRX COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA
econômico hierarquizado ou sob subordinação, introduz, ME, ALENCARINE COSMETICOS COMERCIO VAREJISTA E
expressamente, o outro modelo de grupo econômico, vertical, ou TREINAMENTO EIREL, HELGA MEDZA SALES & CIA LTDA -ME,
sob coordenação, trazendo para o texto legal, o entendimento dos ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA ME, VRX
Tribunais Regionais do Trabalho e do TST quanto a configuração de COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA ME, JOSE
Com relação a este modelo de grupo econômico coordenado, a COSMETICOS LTDA- ME, tais como notas fiscais de vendas de
Desembargadora Dra. Vólia Bomfim Cassar, do TRT da 1ª Região, mercadorias, termo de confissão de dívida e e-mails em que se
em seu livro Direito do Trabalho, afirma que: evidencia a parceria comercial entre as empresas ( venda de
Os grupos econômicos por coordenação se apresentam quando mercadorias), ID. de4b07e, ID. 4c4a838.
houver reunião de interesses para execução de determinado Na audiência de instrução, as reclamadas requerem a juntada de
empreendimento, tendo ou não o mesmo controle ou administração provas emprestadas (processos nºs. 461-92.2018.5.07.0010, 470-
comum. Logo, os grupos por coordenação podem ter relação de 54.2018.5.07.0010 e 471-39.2018.5.07.0010, tendo a autora
controle entre si, numa linha horizontal e não vertical. Isto é, não concordado com a juntada dos referidos depoimentos.
haverá, no grupo horizontal, uma empresa controladora e outra(s) No termo de audiência relativo ao processo nº. 0000461-
controlada(s), uma líder (holding) e outras lideradas. Todas são 92.2018.5.07.0010, a testemunha da reclamante afirmou que:
interligadas entre si e, apesar de autônomas e independentes, estão Primeira testemunha arrolada pela parte Reclamante Sr(a).
interligadas pela ingerência, administração comum, como se Francisca Edinusia Alves de Sousa: " (...)"que trabalhou na
subordinadas umas às outras administrativamente. Por trás desta reclamada Helga Cosméticos de 01/06/2006 a 23/02/2018 na
administração comum pode estar um sócio ou alguns sócios ou função de vendedora; que o reclamante, depoente e todos os
pessoa física no controle.(CASSAR, 2017,p.429). funcionários foram demitidos sem pagamento de verbas rescisórias
e nem do salário do último mês; que depoente trabalhou até da mesma forma, pois a Helga permaneceu como uma cliente
23/fevereiro/2018, não sabendo o ultimo dia labutado pelo norma; que a parceria teve o objetivo de aumentar o volume de
reclamante; que recebia ordem direta dos gerentes Luxeles, vendas nas lojas e de fato aumentou, mas só no primeiro mês,
Rosângela, Francisca Cirlane, os quais eram gerentes da loja pois logo em seguida a Helga entrou novamente em dificuldades
do shopping Central da Helga Nendza Sales .". ÀS PERGUNTAS financeiras e não conseguiu pagar os produtos que comprava, pois
DO(A) PATRONO(A) DO(A) PARTE RECLAMANTE RESPONDEU: a divida já estava muito alta, de modo que a Helga não conseguia
"que houve uma reunião num domingo de julho/2017 onde foi pagar nada na sua totalidade; que é uma prática comum serem
comunicada a fusão da Hanova com a Helga Cosmeticos onde feitas ações com as distribuidoras para estimular as vendas, e
foram apresentados os novos patrões como sendo: Aline os proprietários da Hanova comparecem pelo fato de que o
Severo e seu esposo Anderson ambos donos da Hanova; que a distribuidor Helga ser de grande porte, como também de outros
a partir daí a prioridade era para vender os produtos da Hanova distribuidores; que na época da parceria a Helga já estava em
e Lavi, mesmo tendo outras marcas, mas a Hanova e Lavi débito com a Hanova; que a Hanova não colocou pessoas na
deveriam estar em primeiro lugar nas vendas; que antes da lojas da Helga, muito menos assumiu o comando dessa; que a
reunião já vendiam todo tipo de produto e de varias marcas, continuou a vendendo normalmente para as outras lojas, como
inclusive dos ora citados; que os proprietários da Helga e Hanova Cosbel, Anavi, Iap e outras; que não houve a fusão da Hanova com
estavam presentes na reunião, sendo Erica PontesMenezes e a Helga; que havia procedimento de cobrança normal das vendas
Alencar Junior proprietários da Helga.". ÀS PERGUNTAS DO DO(A) dos produtos Hanova;." ÀS PERGUNTAS DO DO(A) PATRONO(A)
PATRONO(A) DO(A) PARTE RECLAMADA RESPONDEU: "que DO(A) PARTE RECLAMANTE RESPONDEU: "que a reunião tem
depois da reunião depoente continuou trabalhando na mesma um caráter de marketing e não para apresentar fusão; que não
loja e o reclamante também, mas ambos trabalhavam em lojas houve comunicação formal da fusão entre a Hanova e Helga, mas
diferentes; que na reunião estavam os vendedores e gerentes; depoente soube que foi feita uma postagem no instagram da
que a faixada das lojas continuaram iguais; que não houve Helga onde foi usado o termo fusão com a Hanova; que quanto
mudança da chefia após a reunião, mas a sua chefe Luxeles ao doc. de fl. 8 se tratam das pessoas de Anderson (proprietário da
teve um problema de saúde e foi transferida para loja de Hanova) e Junior (proprietária da Helga) e o doc. de fl. 9 tratam das
Messejana, tendo ficado como gerente Rosangela; que Luxeles pessoas Aline (proprietária da Hanova) e Erica (proprietária da
e Rosangela eram gerentes da Helga; (...)." ( grifos nosso) Helga); (...)."( grifos nosso)
Conforme se extrai do depoimento supra, não se trata o caso de " No termo de audiência relativo ao processo nº. 0000470-
fusão" entre as empresas, tanto que a partir da reunião ocorrida em 54.2018.5.07.0010, o reclamante afirmou que :
julho de 2017, nada foi alterado na estrutura organizacional da O DEPOIMENTO PESSOAL DO RECLAMANTE: '" que depoente
empresa, assim como layout das lojas, tratando-se, na verdade, de era subgerente, que atuava em várias lojas da Helga e trabalhou até
um marketing e ações para incremento das vendas, através da 07/04/2018 porque as lojas fecharam, tendo a sra. Erica Pontes
fornecedora dos produtos, empresa HANOVA INDUSTRIA E (dona da Helga, esposa de Alencar Junior) comunicado a dispensa
COMERCIO DE COSMETICOS LTDA, fato este, confirmado pelos os quais eram chefes do depoente; (...) ; que a Helga vendia
depoimentos de reclamantes e testemunhas dos processos produtos de marca própria (Lavi), mas também da Hanova, Fatore,
utilizados como provas emprestadas nos autos, vejamos: Corpo Dourado e outros; que em julho/2017 houve a fusão da
Convocada a primeira testemunha arrolada pelas Reclamadas Hanova com a Helga, no que a prioridade passou a ser para vender
HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - produtos da Hanova e Lavi, mas ainda assim, a Helga continuou a
ME, AL PARTICIPACOES LTDA, ANDERSON LUID DOS vender produtos de outras marcas que já tinham estoque nas
SANTOS SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE lojas, e também continuou comprando produtos de outras
COSMETICOS LTDA, Sr(a). Emanuel Rodrigues de Albuquerque marcas para vender nas suas lojas; que as fachadas das lojas
(...): "que trabalha na Hanova desde março/2016 como gerente da Helga continuaram com o mesmo nome, após a fusão, e as
administrativo financeiro; ." ÀS PERGUNTAS DO(A) PATRONO(A) notas fiscais das vendas eram com o nome da Helga; que a
DO(A) PARTE RECLAMADA RESPONDEU: "que na metade do fusão da Helga e Hanova foi para o crescimento da Helga, mas
segundo semestre de 2017 houve uma reunião da Helga com a o dia a dia de trabalho continuou o mesmo de antes, porém
Hanova para uma parceria de fornecimento de produtos, pois a com a informação de que deveriam vender mais os produtos da
Hanova é uma industria; que o fornecimento dos produtos continuou Helga. ( grifos nosso)
Maria Irlane Silva Santos Desiderio: " (...) que no final de CLAUDIO SOARES PIRES
julho/2017 foram convocadas para uma reunião no hotel meridional Desembargador Redator Designado
Pontes e Aline Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas FORTALEZA/CE, 28 de fevereiro de 2020.
pratica tudo continuou do mesmo jeito, pois continuou MARIA DO SOCORRO RODRIGUES GONCALVES
REDATOR DESIGNADO: CLAUDIO SOARES PIRES recebida pela parte embargada, conforme comprovante de
RECURSO ORDINÁRIO. GRUPO ECONÔMICO. seu direito de defesa, ao argumento de que o juízo, ao adotar
CONFIGURAÇÃO. Confirma-se a sentença de origem que integralmente a motivação da sentença proferido na reclamatória
reconheceu a formação de grupo econômico entre as empresas trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu
demandadas, quando se constata que além da complementaridade entendimento, por consequência, a partir das provas orais ali
entre os objetos sociais destas, há o interesse integrado, a consignadas, mas que, tais elementos probatórios não foram
comunhão de interesses e a atuação conjunta das empresas dele publicizadas à ora recorrente no presente feito, com vistas à
integrantes. Recurso conhecido e improvido. garantia do contraditório e da ampla defesa, verificando-se, pois,
Designado para redigir o acórdão, peço vênia para adotar o relatório Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não
da lavra do Excelentíssimo Desembargador Relator Francisco José integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos,
Gomes da Silva, a seguir: mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou
"Trata-se de recurso ordinário ajuizado pela reclamada HNV como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera
INDUSTRIA E COSMÉTICOS LTDA interposto em face da decisão cópia de uma transcrição parcial realizada no bojo de uma sentença
do Juízo da 18ª Vara do Trabalho de Fortaleza (ID. 984dd8d), que proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou,
JULGOU a reclamatória PROCEDENTE EM PARTE, para naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova
condenar, SOLIDARIAMENTE, as reclamadas DISTRIBUIDORA emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito.
HELGA COSMÉTICOS LTDA - ME; HELGA COSMÉTICOS LTDA Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam
- ME; HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME; ORIGINAL relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo
COMERCIO DE COSMÉTICOS LTDA - ME; MULTIPLA reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art.
COSMÉTICOS LTDA - EPP; J R COMERCIO DE COSMÉTICOS Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno
LTDA - ME; JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME; ERICA dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em
PONTES DE MENESES; ALENCARINE COSMÉTICOS conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine.
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS; CRX COMERCIO Adiante, requer o reconhecimento da inépcia do pedido relativo às
DE COSMÉTICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME; VRX COMERCIO parcelas de FGTS + 40%, a extinção do pleito sem resolução de
DE COSMÉTICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME; ROBERTO mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15, sob o
NENDZA - ME; HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de ingresso,
COSMÉTICOS LTDA - ME; AL PARTICIPACOES LTDA; inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso e de
ANDERSON LUID DOS SANTOS SEVERO - ME; MULT dispensa, realizou o pedido correspondente às parcelas de FGTS
DISTRIBUIDORA DE COSMÉTICOS LTDA; BRC - BRAZIL em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o saldo
ALENCAR MARTINS as seguintes parcelas: a.Saldo de salário (29 No mérito, defende a recorrente, em síntese, a inexistência de
dias); b. Aviso prévio (51 dias); com reflexos no 13º salário e férias; fusão e formação de grupo econômico com o GRUPO HELGA,
c. Férias simples 2016/2017 e proporcionais (8/12 avos), acrescidas sendo indevida a sua responsabilidade solidária pelos créditos
de 1/3 constitucional; d. 13º salário proporcional 2018 (3/12 avos); e. deferidos ao autor na presente reclamação trabalhista.
FGTS + 40%; f. Multa do art. 467 da CLT, incidente sobre os valores Argumenta, em que pese tenha havido, nas redes sociais, um
e parcelas rescisórias constantes no TRCT (ID. 7ad3499), bem anúncio de fusão entre os conglomerados Helga e Hanova, por
como sobre o FGTS não depositado e multa de 40% sobre todos os certo, tal reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão
valores devidos a título de FGTS ao longo da contratualidade; g. empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas
Multa do art. 477,§8º da CLT; h. Honorários advocatícios. regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos
A sentença fora complementada pelos aclaratórios de ID. 7081a1b, econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria,
com o fito de sanear a sentença embargada, determinando a mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que
compensação do valor de R$ 10.710,34, vez que a quantia foi possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses, o
que, também, não retrata o caso dos autos. Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam
Esclarece, adiante, que há uma mera relação comercial, havendo relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo
total independência entre as empresas do GRUPO HANOVA em reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art.
mera fornecedora de produtos para o conglomerado empresarial Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno
HELGA, sem haver contudo, qualquer integração de interesses dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em
entre as empresas ou atuação conjunta. conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine.
inconstitucionalidade declarada de forma incidental do art. 791-A, Em audiência de instrução, as Reclamadas requereram a juntada
§4º, da CLT, haja vista inexistir afronta à Carga Magna, mormente de provas emprestadas, relativo aos depoimentos testemunhais dos
porque, nos ditames do art. 133 da Lei Maior, o advogado é processos 461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471-
indispensável à administração da justiça, e, caso esta Colenda 39.2018.5.07.0010 (ID. bae0442, ID. ed35241, ID. 5cd9c24, ID.
CRFB/1988, o qual prevê a cláusula de reserva de plenário para a O Juízo, ao proferir a sentença, utilizou para o reconhecimento da
manutenção da declaração de inconstitucionalidade. existência de Grupo Econômico entre as acionadas (Grupo Hanova-
Após devidamente notificada, a recorrida apresentou suas Helga) como prova emprestada, os fundamento os lançados na
contrarrazões, conforme documento de ID. 15ffc62. sentença prolatada nos autos do processo nº 0000471-
A matéria versada no presente recurso dispensa a obrigatoriedade 51.2018.5.07.0006, de lavra da magistrada Taciana Orlovicin
de parecer prévio da douta PRT (art. 109, do Regimento Interno)" Gonçalves Pita (ID. 984dd8d).
Acolhe-se o presente recurso, uma vez que preenchidos os emprestada, desde que observado o contraditório, conforme
Peço vênia para adotar os fundamentos do voto do Excelentíssimo outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado,
apreciação das preliminares, nos seguintes termos: Assim, havendo previsão legal para utilização da prova emprestada
EMPRESTADA - DO ALEGADO CERCEAMENTO DE DEFESA partes foram submetidas ao contraditório e, havendo identidade dos
Aduz a recorrente, preliminarmente, que houve cerceamento de seu fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de
integralmente a motivação da sentença proferida na reclamatória Quanto a alegativa de que as reportadas transcrições dos
trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu depoimentos carregam relatos fáticos que não integram as razões
entendimento, a partir das provas orais ali consignadas, mas que, da exordial, não merece acolhida, posto que a causa de pedir da
tais elementos probatórios não foram publicizadas à ora recorrente autora, no que se refere a responsabilidade solidária das acionadas,
no presente feito, com vistas à garantia do contraditório e da ampla trata justamente na alegada formação de grupo econômico entre as
defesa, verificando-se, pois, uma patente violação ao que dispõe o empresas, objeto da prova naqueles autos.
Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não Juízo a quo dizem respeito aos fatos relacionados pela autora, no
integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos, que pertine a alegada formação de grupo econômico entre as
mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou acionadas GRUPO HELGA (DISTR IBUIDORA HELGA
como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera COSMETICOS LTDA - ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME,
cópia de uma transcrição parcial realizada no bojo de uma sentença HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, ORIGINAL
proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou, COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA
naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - EPP, BELLA
emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito. COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS
LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA CERCEAMENTO DE DEFESA. UTILIZAÇÃO DE PROVA
PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS EMPRESTADA SEM ANUÊNCIA. O Regional entendeu que a
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX utilização de prova emprestada consubstanciada em certidão de
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX averiguação produzida em outros autos, no qual a reclamada figura
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e como parte, não configura cerceamento de defesa, ante a
ROBERTO NENDZA - ME) e GRUPO HANOVA - HNV (HANOVA semelhança fática existente entre os processos, assim como da
INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, AL observância do contraditório e da ampla defesa. Com efeito, esta
PARTICIPAÇÕES LTDA, ANDERSON LUID DOS SANTOS Corte tem se posicionado no sentido de ser possível a utilização da
SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE COSMETICOS prova emprestada, não sendo imprescindível a anuência da parte
LTDA), assim como referem-se as mesmas demandadas, sendo adversa. Recurso de revista não conhecido" (TST, RR - 940-
permitido sua valoração como se houvesse sido produzida 27.2013.5.18.0181 Data de Julgamento: 09/11/2016, Relatora
diretamente nos autos examinados. Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT
foram respeitados o contraditório quando produzida em processos Requer o Recorrente, o reconhecimento da inépcia do pedido
judiciais, máxime,quando envolvendo a mesma empresa e quando relativo às parcelas de FGTS + 40%, e a extinção do pleito sem
os fatos guardam correlação com os da presente ação. resolução de mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15,
Nesse mesmo entendimento, colaciona-se a atual jurisprudência do sob o fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de
Tribunal Superior do Trabalho, in verbis: ingresso, inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso
IDENTIDADE FÁTICA. MESMAS RECLAMADAS. FGTS, em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o
NULIDADE PROCESSUAL NÃO CONFIGURADA. Esta Corte O processo trabalhista é regido pelo princípio da simplicidade das
admite a utilização da prova emprestada, desde que haja a formas, consagrado no art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta
identidade dos fatos considerados no documento emprestado e no uma breve exposição dos fatos para se considerar apta a exordial.
caso em julgamento, assim como ocorrido nesta hipótese, em que o Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal.
Regional registrou que"a prova emprestada foi produzida em § 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do
processo judicial que envolvia as mesmas rés da presente ação, Presidente da Junta, ou do juiz de direito a quem for dirigida, a
tendo sido observadas as formalidades estabelecidas em lei para a qualificação do reclamante e do reclamado, uma breve exposição
sua produção, bem como o princípio do contraditório. Segundo, dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura
porque os fatos a serem comprovados guardam correlação com os do reclamante ou de seu representante.
da presente ação. Terceiro, porque a referida prova emprestada foi § 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do
valorada pelo Juízo segundo o princípio do livre convencimento juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que
motivado, em conjunto com as demais provas dos autos". resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo, determinado e
Importante salientar também que a utilização de prova emprestada com indicação de seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou
não está condicionada à prévia anuência e concordância das de seu representante. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
partes. Assim, a mera alegação da reclamada de que não § 2º - Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em 2 (duas)
concordou com a utilização de prova emprestada não é suficiente vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no
para inviabilizar a sua utilização nestes autos. Precedentes. que couber, o disposto no parágrafo anterior.
Recurso de revista não conhecido" (TST, ARR - 3600- § 2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias
29.2010.5.12.0031 Data de Julgamento: 15/02/2017, Relator datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que
Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de couber, o disposto no § 1o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº
"B) RECURSO DE REVISTA. 1. NULIDADE DA SENTENÇA. § 3o Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo
serão julgados extintos sem resolução do mérito. (Incluído pela Lei 'Afirma a parte reclamante que as empresas que compõem o antigo
Como se observa, a Lei n. 13.467/17 fez referência expressa aos ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES
requisitos da petição inicial trabalhista, dispondo no § 1º do art. 840 & CIA LTDA - ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS
da CLT que o pedido deva "ser certo, determinado e com indicação LTDA - ME, MULTIPLA COMERCIO DE COSMETICOS LTDA -
No caso, em relação ao pedido de pagamento do FGTS e multa COSMETICOS LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME,
rescisória, o reclamante fez pedido certo, determinado e com ERICA PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS
indicação do valores pois da sua causa de pedir, entende-se COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX
logicamente que o autor fora demitido sem justa causa e sem COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX
recebimento de suas verbas rescisórias, fato este, incontroverso COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e
Na narrativa dos fatos, o acionante afirmou que ingressou na sócios José Alencar Sales Júnior e Érica Pontes de Meneses. Alega
reclamada no dia 01/08/2010, para exercer a função de gerente, que, em meados de 2017, os sócios do Grupo Helga iniciaram
sendo demitida sem justa causa em 29/03/2018; que o último negociações para fusão com o Grupo Hanova (HNV), fusão de
salário percebido foi de R$ 3.200,00 (três mil e duzentos reais); que empresas esta que foi oficialmente tornada pública em julho de
quando de sua demissão não recebeu qualquer valor, assim como 2017, expondo o rol de empresas que compõem o Grupo Hanova -
não fora liberado Seguro Desemprego e FGTS, motivo pelo qual HNV (HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS
pleiteia a liberação dos mesmos em sede de tutela antecipada; que LTDA - ME, AL PARTICIPAÇÕES LTDA, ANDERSON LUID DOS
o FGTS se encontra depositado apenas de forma parcial, apenas o SANTOS SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE
valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais). COSMETICOS LTDA), à época todas dirigidas pelos sócios
Em seguida, requereu que, Tendo em vista os argumentos jurídicos Anderson Luid Santos Severo e Aline Cristina Silva Souza Severo.
apresentados, ajuíza-se a presente Reclamação Trabalhista no Sustenta que, a partir de julho de 2017, independentemente do
intuito de serem satisfeitos todos os direitos da reclamante, quais cumprimento das obrigações legais para efetivação da fusão, qual
sejam: Saldo Salário, Aviso Prévio de 51 dias, 13º salário e férias seja a extinção das pessoas jurídicas da empresa incorporada com
sobre aviso prévio, FGTS sobre rescisão, 13º salário proporcional o surgimento de uma nova, tal fusão de fato ocorreu e todos os
3/12 de 2018, férias simples 2016/2017 e proporcionais 2017/2018 empregados passaram à subordinação do Grupo Hanova-Helga, o
todas acrescidas do terço constitucional, FGTS e multa de 40%. qual configura grupo econômico por coordenação, impondo a
Em relação ao rol dos pedidos, o autor requereu a condenação da responsabilização solidária entre as empresas do grupo. Entende
reclamada ao pagamento das verbas rescisórias, incluindo FGTS E que a fusão entre as empresas com a criação, em outubro de 2017,
Em decorrência do princípio da simplicidade, que norteia o processo eram sócios o filho dos sócios do Grupo Helga e a mãe do sócio do
trabalhista, o qual não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de Grupo Hanova), teria como única finalidade ocultar os sócios de fato
2017, a petição inicial ora em análise preencheu os requisitos do da nova empresa e ainda o de conseguir nova linha de crédito na
art. 840 , da CLT, a qual, frise-se, não dificultou a defesa das praça. Postula, caso não se conclua pela existência de grupo
A sentença reconheceu o grupo econômico entre as empresas da marca mista "Helga" por cinco anos, sem jamais exercer
demandadas, consoante os seguintes fundamentos: qualquer gerência direta, pois o Sr. José Alencar Sales Júnior
"Diante da identidade da matéria (fática e jurídica), adoto continuou a exercer a direção, gerência e coordenação das
integralmente os fundamentos lançados na brilhante sentença empresas. Por essa razão, pretende a responsabilização solidária
prolatada nos autos da 0000471-51.2018.5.07.0006, de lavra da da ré BRC BRAZIL COSMÉTICOS LTDA, uma vez identificada a
magistrada Taciana Orlovicin Gonçalves Pita, acerca da fraude ocorrida e a evidente direção do efetivo sócio do Grupo
Em suas contestações, as rés negam a formação de grupo COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA -
econômico entre as empresas do Grupo Helga e Hanova As ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME,
reclamadas DISTRIBUIDORA HELGA COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - EPP, BELLA
HELGA COSMETICOS LTDA - ME, HELGA NENDZA SALES & CIA COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS
LTDA - ME, ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA
COSMETICOS LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX
ERICA PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME,
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX ROBERTO NENDZA - ME (1ª a 13ª reclamadas), nos termos do §
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX 2º do art. 2º da CLT, as quais reconheceram a formação de grupo
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, econômico entre si, encontrando-se, dentre estas, a empregadora.
ROBERTO NENDZA - ME (1ª a 13ª reclamadas), não refutam o Quanto ao grupo econômico alegado em relação aos grupos
grupo econômico entre si, tendo contestado a formação de grupo HELGA e HANOVA, a autora juntou aos autos várias fotografias
com as empresas do Grupo HANOVA (14ª a 16ª reclamadas), com com os Srs. Anderson Luid Dos Santos Severo, José Alencar Sales
a MULT DISTRIBUIDORA (17ª reclamada) e com a BCR (18ª Junior, Aline Cristina Silva Souza Severo e Érica Pontes de
reclamada), alegando que o grupo HANOVA tem como objeto social Meneses, sócios das empresa Hanova e Helga, divulgadas em meio
a produção de produtos de beleza, e que inexiste hierarquia e/ou digital em julho de 2017, anunciando a fusão entre as empresas do
coordenação entre as empresas. Sustenta que a BCR está sob a Grupo Helga com aquelas do Grupo Hanova (HNV), com
égide da Lei 11.101//05, tendo comprado o direito de utilização da fundamento na expansão e aquisições realizadas pelo grupo
marca "Helga" por cinco anos. HANOVA, podendo se perceber que nas fotos, aparece o diretor do
As reclamadas HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE grupo HANOVA, o qual veste camisa com o nome HELGA NOVO
COSMETICOS LTDA - ME e ANDERSON LUID DOS SANTOS TEMPO e ainda uma figura que demonstra a junção de duas peças
SEVERO - ME reconhecem o grupo entre si e negam a formação de de quebra-cabeça nas quais constam os nomes dos dois grupos
grupo com as demais reclamadas, noticiando que são fornecedoras HANOVA e HELGA. Em que pese não haver alterações nas
de produtos à rede varejista, sendo uma das principais, o grupo estruturas das empresas formadoras dos grupos, resta claro que
HELGA, não tendo havido a fusão alegada, apenas relação houve uma intensa comunhão de interesses
fornecedor-cliente. Informam, ainda, que os fundos de comércio de econômicos/profissionais entre as empresas formadoras dos dois
empresas do Grupo Helga foram alienados por seus sócios- grupos. De acordo com a Lei 13.467/2017 são requisitos para a
proprietários da Helga para a empresa DX GROUP configuração do grupo econômico: a demonstração do interesse
PARTICIPAÇÕES E INVESTIMENTOS LTDA, que, por sua vez, integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta
não possuiria qualquer ligação com o Grupo Hanova, tratando-se de das empresas integrantes. A inexistência de uma hierarquia entre
empresa de investimentos de proveniente São Paulo. as empresas não descaracteriza o grupo econômico, se há a
A demandada AL PARTICIPACOES LTDA nega a formação de demonstração de que entre as empresas ocorre clara atuação
grupo econômico com quaisquer das demais empresas. conjunta, em linha de coordenação e comunhão de interesses, o
alega que nunca existiu de fato e nega a formação de grupo Ademais, a primeira testemunha laboral afirmou em seu
A ré BRC - BRAZIL COSMETICS LTDA informa que comprou os "(...) que havia comentários dentro da empresa de que ocorreu uma
direitos de uso da marca HELGA, não estando a reclamante sob fusão entre as empresas Helga e Hanova; que o gerente do
suas ordens, refutando a formação de grupo econômico com depoente comentou que ocorreria a fusão e que o depoente
quaisquer das demais empresas reclamadas e pleiteia que, em continuaria a prestar serviços para as duas empresas; que o
caso de condenação, seja de forma subsidiária. depoente já chegou, mesmo prestando serviços para a Helga,
Pois bem. prestar serviços para a Hanova, tais como rotulagem de produtos,
Inicialmente, declaro a responsabilidade solidária das empresas embalagem de mercadorias e fazendo entregas; que depois dos
DISTRIBUIDORA HELGA COSMETICOS LTDA - ME, HELGA comentários da fusão, o depoente também começou a receber
ordens do Sr. Paulo, empregado da Hanova, responsável pela Ademais, a Sra. Aline Cristina Silva Souza Severo é também sócia
"que trabalhou para Helga de 01/02/2010 a 14/04/2018 na função "anderson@hanovacosméticos.com.br", conquanto o Sr. Anderson
de estoquista; que trabalhou com a reclamante; que o gerente, Liud dos Santos Severo não faça parte do corpo societário dessa
Sr.Evandro comentou com o depoente que havia sido feita uma empresa. O Sr. Anderson Liud dos Santos Severo atua, ainda,
sociedade entre a Helga e a Hanova; que, após o comentário, o como empresário individual da ANDERSON LUID DOS SANTOS
depoente também começo a prestar serviços para a Hanova SEVERO ME. Por fim, saliento que as empresas HNV INDÚSTRIA
nas seções das lojas Helga, limpando as mercadorias; que o LTDA, ANDERSON LUID DOS SANTOS SEVERO - ME e MULT
depoente não recebia ordens de nenhum empregado da Hanova; DISTRIBUIDORA DE COSMETICOS LTDA, em audiência, se
que as lojas Helga também vendiam produtos de outras indústrias e fizeram representar pelo mesmo preposto, o Sr. Luiz Gustavo
não só da empresa Hanova; que, em relação às mercadorias das Santana Severo, neste feiro e nos processos nº0000470-
mercadorias eram feitos por empregados destas indústrias; que a 61.2018.5.07.0010, cujos termos de audiência foram anexados aos
Saliente-se que o fato de terem sido alienados fundos de comércio diverso das empresas do grupo HANOVA não é suficiente para
de empresas do Grupo Helga para a empresa DX GROUP afastar a formação do grupo econômico com HNV INDÚSTRIA E
PARTICIPAÇÕES E INVESTIMENTOS LTDA não afeta a presente COMÉRCIO DE COSMÉTICOS LTDA e ANDERSON LUID DOS
demanda, pois apenas houve a alienação parcial das quotas SANTOS SEVERO - ME.
empresariais de somente algumas das empresas do Grupo. Sendo assim, reconheço que a empresa AL PARTICIPAÇÕES
Insta destacar, também, que a alegação da reclamada ANDERSON LTDA pertence ao grupo econômico HANOVA, o qual restou
LUID DOS SANTOS SEVERO ME de que a relação havida entre os condenada solidariamente, aplicando a esta a mesma
apontados conglomerados empresariais era de apenas fornecedor- responsabilidade, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da CLT.
cliente não se sustenta, ressaltando que a mensagem eletrônica e a No que tange à reclamada MULT DISTRIBUIDORA DE
confissão de dívida datam de período anterior à "fusão" noticiada, o COSMETICOS LTDA, observa-se efetivamente formalizada em
que só veio a ocorrer em julho de 2017. 24/10/2017 pouco tempo após a fusão dos grupos HELGA e
Diante do exposto, reconheço a existência de grupo econômico por HANOVA, com atuação na vendas de produtos de higiene, tendo
coordenação entre todas as empresas dos Grupos HELGA e como sócios os Srs. Matheus Pontes Sales e Maria de Fátima dos
HANOVA, as quais declaro responsáveis solidárias pelas verbas Santos Severo, os quais são, respectivamente, o filho dos titulares
decorrentes da condenação, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da do Grupo Helga e a mãe de um dos proprietários do Grupo Hanova
CLT. (Anderson Luid dos Santos Severo), fato não contestado em defesa.
No que concerne à reclamada AL PARTICIPAÇÕES LTDA, verifica- Sendo assim, tenho que a empresa MULT DISTRIBUIDORA DE
se que na defesa das empresas formadoras do GRUPO HELGA COSMETICOS LTDA também participa dos Grupos Helga e
restou afirmado que as empresas HANOVA INDUSTRIA E Hanova, utilizando-se da mesma estrutura empresarial para a
COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, ANDERSON LUID consecução de seus objetivos financeiros, diante do que, resta
DOS SANTOS SEVERO - ME e AL PARTICIPACOES LTDA condenada solidariamente, nos termos dos arts. 2º, § 2º, e 9º da
constituição da reclamada AL PARTICIPAÇÕES LTDA demonstra Por fim, quanto à ré BRC BRAZIL COSMETICS COMÉRCIO
que essa empresa tem como sócios os Srs. Anderson Liud dos VAREJISTA DE COSMÉTICOS EIRELI, verifica-se que ela
Santos Severo e Aline Cristina Silva Souza Severo, os quais se apresentou defesa através do mesmo escritório que a empregadora,
fizeram presentes ao evento em que foi anunciada a "fusão" entre na qual passou a repetir as mesmas alegações já apresentadas
os grupos empresariais, conforme fotografias anexadas aos autos. pelas 1ª a 13ª Reclamadas, além disso, observa-se que no
Ainda, o endereço eletrônico da AL PARTICIPAÇÕES LTDA comprovante de inscrição cadastral (CNPJ) consta endereço
Ademais, apresentou carta de preposição que revelou mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que
representação através do mesmo preposto que a empregadora, possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses";
razão pela qual, deve ser solidariamente responsável pelos créditos "que a sentença de origem, em nenhum momento, cuidou de
oriundos da presente demanda, nos moldes dos arts. 2º, § 2º, e 9º demonstrar a integração de interesses entre as empresas, a
Pontue-se, por oportuno, que as atas de audiência em nada apenas limitou-se a discorrer, de forma bastante confusa, sobre
corroboram com a tese da demandada, uma vez que se verifica, "fusão", sendo esta manifestante inexistente no caso vertente"; "que
com extrema facilidade, que a testemunha da reclamada, Sr. os depoimentos coligidos aos autos sob a rubrica de prova
Emanuel Rodrigues de Albuquerque, arrolada em todos os emprestada fulminam a pretensão autoral, quer pelo viés da fusão,
processos, busca, sem nenhum sucesso, sustentar os termos da seja sob a óptica de agrupamento empresarial."
Ademais, por mais que tenha declarado que "que na metade do recorrente, fundamentos que infirmem convincentemente as
segundo semestre de 2017 houve uma reunião da Helga com a conclusões do juízo de primeiro grau, razão pela qual se há perfilhar
Hanova para uma parceria de fornecimento de produtos", com os motivos da decisão vergastada, ora endossados e
afirmou, posteriormente, que "soube que foi feita uma postagem integrantes das presentes razões de decidir.
no instagram da Helga onde foi usado o termo fusão com a Consoante o § 2º do art. 2º da CLT, "sempre que uma ou mais
Por outro lado, as testemunhas Francisca Edinusia Alves de Sousa própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de
e Maria Irlane Silva Santos outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua
Desiderio, apresentadas pelas partes autoras, nas referidas atas de autonomia, integrem grupo econômico, serão responsáveis
audiências, possuem depoimentos uníssonos no que tange à solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de
empregados são uníssonas ("que no final de julho/2017 foram Nesta esteira, o delineamento do que se convencionou chamar
convocadas para uma reunião no hotel meridional no centro da grupo econômico, pela dicção da Consolidação das Leis do
cidade onde foi comunicada por Alencar Junior, Erica Pontes e Trabalho, importa na evidência da integração dos
Aline Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas de empreendimentos, de forma a vincular, direta ou indiretamente, as
que tudo iria mudar com a chegada de novos produtos, mas na empresas.
pratica tudo continuou do mesmo jeito, pois continuou Este aspecto restou caracterizado nos autos, sendo certo que se
chegando produtos da marca própria da Helga (lavi) e da Helga, verificam elementos suficientes para que seja corroborada a
os quais tinham prioridade para serem vendidos" - depoimento conclusão da sentença recorrida.
de Maria Irlane Silva Santos Desiderio) e ("que houve uma Como bem destacado pela sentença, restou demonstrada nos autos
reunião num domingo de julho/2017 onde foi comunicada a a ampla divulgação realizada nas redes sociais, em julho de 2017,
fusão da Hanova com a Helga Cosmeticos onde foram acerca da fusão das empresas do Grupo Helga com aquelas do
apresentados os novos patrões como sendo: Aline Severo e Grupo Hanova. Eis os dizeres da publicação (V. ID 0d53e9e - Pág.
seu esposo Anderson ambos donos da Hanova; que a a partir 2): "Temos o orgulho de anunciar que começou um novo tempo. O
daí a prioridade era para vender os produtos da Hanova e Lavi" Grupo HNV detentor de várias marcas como a Hanova, em um
- depoimento de Francisca Edinusia Alves de Sousa)." processo de expansão e aquisições, realizou a fusão com o Grupo
A empresa recorrente manifesta no presente recurso ordinário o seu Helga Cosméticos. Tudo isso para que os nossos clientes possam
inconformismo, alegando, em síntese: "que a fusão e o grupo ter sempre à disposição o melhor atendimento, os melhores
econômico ostentam características diametralmente opostas"; "em produtos e a melhor experiência. Transformando para melhor, o seu
que pese tenha havido, nas redes sociais, um anúncio de fusão visual e a sua vida. #HelgaNovoTempo #Hanova #GrupoHNV
entre os conglomerados Helga e Hanova, por certo, tal #GrupoHelga #Beleza #Cabelos". Com a devida vênia da parte
reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão recorrente, este aspecto é relevante para a caracterização do grupo
empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas econômico sob investigação, demonstrando a plena possibilidade
regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos de que as marcas de cada um dos grupos estejam sob a
econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria, coordenação de um único conglomerado, o que afasta a tese
no mesmo grupo econômico. Cumpre ressaltar, ainda, porquanto oportuno, que a estreita relação
Além disso, vigora no Direito do Trabalho o princípio da primazia da comercial entre as empresas dos grupos empresariais, consoante
realidade, de modo a ser imprescindível destacar a prevalência dos se denota pelas notas ficais de vendas de mercadorias anexadas
fatos da relação de emprego sobre os aspectos formais. Dessa aos autos, a meu sentir, não rechaça a formação de grupo
forma, ainda que não ultimada, ao menos formalmente, com as econômico, mas, em verdade, a reforça, evidenciando além da
devidas baixas das pessoas jurídicas, a fusão mencionada nas complementaridade entre os objetos sociais das empresas
redes sociais, não há se desconhecer que houve a junção das contratantes, o interesse integrado, a comunhão de interesses e a
empresas, que passaram a atuar integradas a um único grupo. atuação conjunta das empresas dele integrantes.
Igualmente, salvo melhor juízo, os depoimentos das testemunhas Destarte, o quadro encontrado no presente feito permite a
não afastam o reconhecimento do grupo econômico. Ao revés, conclusão de que a empresa ora recorrente integra grupo
confirmam a fusão entre as empresas. Destaca-se, a este respeito, econômico com as reclamadas do grupo Helga. Importa examinar a
o depoimento da primeira testemunha da parte reclamante, Sra. presença de elementos objetivos capazes de demonstrar que as
Maria Irlane Silva Santos Desiderio, ouvida no processo nº 0000470 empresas estavam integradas no mesmo grupo. É o que se
-54.2018.5.07.0010 (Ata de audiência de ID 5cd9c24 - Pág. 4), constatou à exaustão no presente feito.
trazido por empréstimo ao conjunto probatório pelas próprias Por oportuno, colhe-se o seguinte precedente jurisprudencial:
reclamadas, revelador de "(...) que no final de julho/2017 foram "Grupo econômico. Relação inter-empresarial. O grupo econômico
convocadas para uma reunião no hotel meridional no centro da para fins justrabalhistas não necessita se revestir das modalidades
cidade onde foi comunicada por Alencar Junior, Erica Pontes e Aline jurídicas típicas do Direito Econômico ou Direito Comercial
Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas de que tudo (holdings, consórcios, pools etc.). Não se exige, sequer, a prova
iria mudar com a chegada de novos produtos, mas na pratica tudo de sua formal institucionalização cartorial: pode-se acolher a
continuou do mesmo jeito, pois continuou chegando produtos da existência do grupo desde que surjam evidências probatórias
marca propria da Helga (lavi) e da Helga, os quais tinham prioridade de que estão presentes os elementos de integração inter-
para serem vendidos, e das outras marcas continuaram escassos". empresarial (abrangência subjetiva e nexo relacional) de que
Veja-se que a fusão foi comunicada aos empregados em reunião, fala a CLT (art. 2º, § 2º)" (Processo 00409002020085010025, TRT
constatação que reforça a ideia do grupo econômico, referindo-se a 1ª Região - 8ª Turma, Relatora Desembargadora Dalva Amélia de
depoente a tudo ter "continuado do mesmo jeito" ao modus Oliveira, Publicado em 30/06/2014)(destaquei).
operandi das vendas dos produtos e não à ausência de formação NEGA-SE PROVIMENTO.
marcas apresentavam seus produtos e realizavam treinamentos, Por unanimidade, conhecer do recurso ordinário para, rejeitar as
mas que com a Hanova o processo foi diferente, pois, além de ter preliminares suscitadas e, no mérito, por maioria, negar-lhe
mercadorias para serem vendidas nas lojas Helga, o que ocorreu DISPOSITIVO
com outros fornecedores em face das dívidas da empregadora ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2.ª TURMA DO TRIBUNAL
Não se olvida o depoimento da testemunha convidada pelas conhecer do recurso ordinário para, rejeitar as preliminares
reclamadas, Sr. Emanuel Rodrigues de Albuquerque, ouvida nos suscitadas e, no mérito, por maioria, negar-lhe provimento. Vencido
processos (461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471- o Desembargador Relator, que dava provimento ao apelo, para
39.2018.5.07.0010) trazidos por empréstimo ao conjunto probatório, excluir da condenação a responsabilidade solidária da reclamada
cujas declarações transparecem a ideia de demonstrar ter havido HNV INDÚSTRIA E COSMÉTICOS LTDA. Redigirá o acórdão o
apenas uma relação comercial, mas não uma fusão, entre as Desembargador Cláudio Soares Pires, com a integração do voto
demais elementos probatórios dos autos, não há de prevalecer o Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
quadro traçado pelo depoente, sendo de se destacar que ele próprio Francisco José Gomes da Silva (Presidente e Relator), Cláudio
admite não ter participado da reunião ocorrida em julho de 2017 (V. Soares Pires e Paulo Régis Machado Botelho. Presente ainda o(a)
ID's 5cd9c24 - Pág. 6 e 8eb6395 - Pág. 6), na qual fora anunciada a Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Em gozo
de férias o Exmo. Sr. Desembargador Jefferson Quesado Junior. Destaca, em seguida, que os aludidos depoimentos também não
Fortaleza, 14 de outubro de 2019. integram o arcabouço das provas emprestadas acostada aos autos,
INTEGRA O PRESENTE ACÓRDÃO O VOTO VENCIDO DO EXMº mediante convenção de ambas as partes; que o Juízo a quo utilizou
DESEMBARGADOR FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA, in como fundamento da procedência da pretensão autoral, da mera
EMENTA: PROVA EMPRESTADA. PREVISÃO LEGAL. proferida em processo paradigma, a qual, por sua vez, utilizou,
CONTRADITÓRIO OBSERVADO. O novo CPC trouxe permissivo naquele momento, o depoimento testemunhal na condição de prova
expresso quanto à possibilidade de utilização da prova emprestada, emprestada, a qual, por certo, não integra o presente feito.
desde que observado o contraditório, conforme previsão no art. 372. Ressalta, igualmente, que as reportadas transcrições carregam
Assim, havendo previsão legal para utilização da prova emprestada relatos fáticos que não integram as razões da exordial, impondo
e, observando que no processo nº 0000471-51.2018.5.07.0006 as reconhecer a total inovação da lide, em absoluta violação ao art.
fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de Em razão do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno
cerceamento de defesa. Preliminar rejeitada. dos autos para que haja um novo julgamento, desta feita, em
PETIÇÃO INICIAL. ART. 840, §1º DA CLT. O processo trabalhista conformidade com o acervo fático-probatório do caso sub examine.
art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta uma breve exposição Em audiência de instrução, as Reclamadas requereram a juntada
dos fatos para se considerar apta a exordial. Em decorrência do de provas emprestadas, relativo aos depoimentos testemunhais dos
princípio da simplicidade, que norteia o processo trabalhista, o qual processos 461-92.2018.5.07.0010, 470-54.2018.5.07.0010 e 471-
não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de 2017, verifica-se que 39.2018.5.07.0010 (ID. bae0442, ID. ed35241, ID. 5cd9c24, ID.
EXISTÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO. ART. 2º, DA CLT. ÔNUS existência de Grupo Econômico entre as acionadas (Grupo Hanova-
DA PROVA. ART. 818, DA CLT C/C ART. 373, DO NCPC. Helga) como prova emprestada, os fundamento os lançados na
AUSÊNCIA DE PROVA. Não tendo a reclamante comprovado a sentença prolatada nos autos do processo nº 0000471-
existência do alegado grupo econômico Helga-Hanova, composto 51.2018.5.07.0006, de lavra da magistrada Taciana Orlovicin
de diversas empresas, reforma-se a sentença para afastar a Gonçalves Pita (ID. 984dd8d).
responsabilidade solidária pretendida pela autora. Nesse ponto, destaco, inicialmente, que o novo CPC trouxe
RECURSO CONHECIDO E DADO PROVIMENTO PARCIAL permissivo expresso quanto à possibilidade de utilização da prova
Acolhe-se o presente recurso, uma vez que preenchidos os Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em
EMPRESTADA - DO ALEGADO CERCEAMENTO DE DEFESA partes foram submetidas ao contraditório e, havendo identidade dos
Aduz a recorrente, preliminarmente, que houve cerceamento de seu fatos probandos nos processos, rejeita-se a alegativa de
integralmente a motivação da sentença proferida na reclamatória Quanto a alegativa de que as reportadas transcrições dos
trabalhista 0000471-51.2018.5.07.0006, construiu o seu depoimentos carregam relatos fáticos que não integram as razões
entendimento, a partir das provas orais ali consignadas, mas que, da exordial, não merece acolhida, posto que a causa de pedir da
tais elementos probatórios não foram publicizadas à ora recorrente autora, no que se refere a responsabilidade solidária das acionadas,
no presente feito, com vistas à garantia do contraditório e da ampla trata justamente na alegada formação de grupo econômico entre as
defesa, verificando-se, pois, uma patente violação ao que dispõe o empresas, objeto da prova naqueles autos.
Juízo a quo dizem respeito aos fatos relacionados pela autora, no partes. Assim, a mera alegação da reclamada de que não
que pertine a alegada formação de grupo econômico entre as concordou com a utilização de prova emprestada não é suficiente
acionadas GRUPO HELGA (DISTR IBUIDORA HELGA para inviabilizar a sua utilização nestes autos. Precedentes.
COSMETICOS LTDA - ME, HELGA COSMETICOS LTDA - ME, Recurso de revista não conhecido" (TST, ARR - 3600-
HELGA NENDZA SALES & CIA LTDA - ME, ORIGINAL 29.2010.5.12.0031 Data de Julgamento: 15/02/2017, Relator
COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, MULTIPLA Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de
COSMETICOS LTDA - EPP, J R COMERCIO DE COSMETICOS "B) RECURSO DE REVISTA. 1. NULIDADE DA SENTENÇA.
LTDA - ME, JOSE ALENCAR SALES JUNIOR - ME, ERICA CERCEAMENTO DE DEFESA. UTILIZAÇÃO DE PROVA
PONTES DE MENESES, ALENCARINE COSMETICOS EMPRESTADA SEM ANUÊNCIA. O Regional entendeu que a
COMERCIO VAREJISTA E TREINAMENTOS EIRELI, CRX utilização de prova emprestada consubstanciada em certidão de
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME, VRX averiguação produzida em outros autos, no qual a reclamada figura
COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA - ME e como parte, não configura cerceamento de defesa, ante a
ROBERTO NENDZA - ME) e GRUPO HANOVA - HNV (HANOVA semelhança fática existente entre os processos, assim como da
INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - ME, AL observância do contraditório e da ampla defesa. Com efeito, esta
PARTICIPAÇÕES LTDA, ANDERSON LUID DOS SANTOS Corte tem se posicionado no sentido de ser possível a utilização da
SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE COSMETICOS prova emprestada, não sendo imprescindível a anuência da parte
LTDA), assim como referem-se as mesmas demandadas, sendo adversa. Recurso de revista não conhecido" (TST, RR - 940-
permitido sua valoração como se houvesse sido produzida 27.2013.5.18.0181 Data de Julgamento: 09/11/2016, Relatora
diretamente nos autos examinados. Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT
foram respeitados o contraditório quando produzida em processos Requer o Recorrente, o reconhecimento da inépcia do pedido
judiciais, máxime,quando envolvendo a mesma empresa e quando relativo às parcelas de FGTS + 40%, e a extinção do pleito sem
os fatos guardam correlação com os da presente ação. resolução de mérito, à luz do que dispõe o art. 485, I, do CPC/15,
Nesse mesmo entendimento, colaciona-se a atual jurisprudência do sob o fundamento de que, a parte recorrida, em sua peça de
Tribunal Superior do Trabalho, in verbis: ingresso, inobstante tenha somente assentado as datas de ingresso
IDENTIDADE FÁTICA. MESMAS RECLAMADAS. FGTS, em conjunto com a indenização adicional de 40% sobre o
NULIDADE PROCESSUAL NÃO CONFIGURADA. Esta Corte O processo trabalhista é regido pelo princípio da simplicidade das
admite a utilização da prova emprestada, desde que haja a formas, consagrado no art. 840, § 1º, da CLT, segundo o qual basta
identidade dos fatos considerados no documento emprestado e no uma breve exposição dos fatos para se considerar apta a exordial.
caso em julgamento, assim como ocorrido nesta hipótese, em que o Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal.
Regional registrou que"a prova emprestada foi produzida em § 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do
processo judicial que envolvia as mesmas rés da presente ação, Presidente da Junta, ou do juiz de direito a quem for dirigida, a
tendo sido observadas as formalidades estabelecidas em lei para a qualificação do reclamante e do reclamado, uma breve exposição
sua produção, bem como o princípio do contraditório. Segundo, dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura
porque os fatos a serem comprovados guardam correlação com os do reclamante ou de seu representante.
da presente ação. Terceiro, porque a referida prova emprestada foi § 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do
valorada pelo Juízo segundo o princípio do livre convencimento juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que
motivado, em conjunto com as demais provas dos autos". resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo, determinado e
Importante salientar também que a utilização de prova emprestada com indicação de seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou
não está condicionada à prévia anuência e concordância das de seu representante. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no Na peça de ingresso, requer o reclamante que seja caracterizada a
que couber, o disposto no parágrafo anterior. condição da segunda (VRX COMÉRCIO COSMÉTICOS E
§ 2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias BIJUTERIAS LTDA) e terceira reclamada (HANOVA
datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que COSMÉTICOS), de responsáveis solidárias pelos encargos
couber, o disposto no § 1o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº trabalhistas da primeira reclamada, HELGA COSMÉTICOS, em
§ 3o Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo Afirma que a primeira, segunda e terceira reclamadas foram
serão julgados extintos sem resolução do mérito. (Incluído pela Lei criadas, são dirigidas e controladas pelo pela Sra. Erica Pontes de
Como se observa, a Lei n. 13.467/17 fez referência expressa aos reclamada, HANOVA COSMÉTICOS, pois utilizou terceiro como
da CLT que o pedido deva "ser certo, determinado e com indicação Ressalta, que os objetos sociais das empresas são
No caso, em relação ao pedido de pagamento do FGTS e multa finalidade, sendo patente a formação de grupo econômico entre
indicação do valores pois da sua causa de pedir, entende-se No mérito, defende a recorrente, em síntese, a inexistência de fusão
logicamente que o autor fora demitido sem justa causa e sem e formação de grupo econômico com o GRUPO HELGA, sendo
recebimento de suas verbas rescisórias, fato este, incontroverso indevida a sua responsabilidade solidária pelos créditos deferidos
Na narrativa dos fatos, o acionante afirmou que ingressou na Argumenta que, em que pese tenha havido, nas redes sociais, um
reclamada no dia 01/08/2010, para exercer a função de gerente, anúncio de fusão entre os conglomerados Helga e Hanova, por
sendo demitida sem justa causa em 29/03/2018; que o último certo, tal reagrupamento não ocorreu, máxime porque a sucessão
salário percebido foi de R$ 3.200,00 (três mil e duzentos reais); que empresarial somente é possível em face de pessoas jurídicas
quando de sua demissão não recebeu qualquer valor, assim como regularmente constituídas, o que não é o caso dos grupos
não fora liberado Seguro Desemprego e FGTS, motivo pelo qual econômicos, os quais não possuem personalidade jurídica própria,
pleiteia a liberação dos mesmos em sede de tutela antecipada; que mas tão somente exteriorizam a arregimentação de sociedades que
o FGTS se encontra depositado apenas de forma parcial, apenas o possuam atuação integrante em face da comunhão de interesses, o
valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais). que, também, não retrata o caso dos autos.
Em seguida, requereu que, Tendo em vista os argumentos jurídicos Esclarece, adiante, que há uma mera relação comercial, havendo
apresentados, ajuíza-se a presente Reclamação Trabalhista no total independência entre as empresas do GRUPO HANOVA em
intuito de serem satisfeitos todos os direitos da reclamante, quais relação às componentes do GRUPO HELGA, sendo a recorrente,
sejam: Saldo Salário, Aviso Prévio de 51 dias, 13º salário e férias mera fornecedora de produtos para o conglomerado empresarial
sobre aviso prévio, FGTS sobre rescisão, 13º salário proporcional HELGA, sem haver contudo, qualquer integração de interesses
3/12 de 2018, férias simples 2016/2017 e proporcionais 2017/2018 entre as empresas ou atuação conjunta.
Em relação ao rol dos pedidos, o autor requereu a condenação da A lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017 que alterou a Consolidação
reclamada ao pagamento das verbas rescisórias, incluindo FGTS E das Leis do Trabalho (CLT) trouxe novos parâmetros para
Em decorrência do princípio da simplicidade, que norteia o processo A nova redação alterou o parágrafo 2º e acrescentou o parágrafo 3º
trabalhista, o qual não sofreu alterações com a Lei nº 13.467, de a este artigo, conforme transcrição seguinte:
2017, a petição inicial ora em análise preencheu os requisitos do Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva,
art. 840 , da CLT, a qual, frise-se, não dificultou a defesa das que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria
beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem para que cada caso seja analisado com suas peculiaridades, sendo
fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados. ônus do autor a prova de suas alegações ( art. 818, da CLT c/c art.
§ 2º Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada 373, do NCPC).
uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a No caso em análise, o autor fundamenta sua pretensão com base
direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando, em notícias veiculadas nas redes sociais de possível fusão entre os
mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo grupos Helga Cosméticos e HNV, assim como colaciona fotos em
econômico, serão responsáveis solidariamente pelas que retrata parcerias entre as duas empresas, ID. 0d53e9e, sem,
obrigações decorrentes da relação de emprego. contudo, apresentar qualquer prova que indique ter realmente
§ 3º Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de ocorrido a "FUSÃO" das empresas, ou qualquer relação de
demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de Ao revés, a acionada Hanova Indústria e Comércio de Cosméticos
interesses e a atuação conjunta das empresas dele integrantes. Ltda colacionou aos autos documentos que demonstram a relação
A nova redação do art. 2º, além de manter a hipótese do grupo Helga (CRX COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA
econômico hierarquizado ou sob subordinação, introduz, ME, ALENCARINE COSMETICOS COMERCIO VAREJISTA E
expressamente, o outro modelo de grupo econômico, vertical, ou TREINAMENTO EIREL, HELGA MEDZA SALES & CIA LTDA -ME,
sob coordenação, trazendo para o texto legal, o entendimento dos ORIGINAL COMERCIO DE COSMETICOS LTDA ME, VRX
Tribunais Regionais do Trabalho e do TST quanto a configuração de COMERCIO DE COSMETICOS E BIJUTERIAS LTDA ME, JOSE
Com relação a este modelo de grupo econômico coordenado, a COSMETICOS LTDA- ME, tais como notas fiscais de vendas de
Desembargadora Dra. Vólia Bomfim Cassar, do TRT da 1ª Região, mercadorias, termo de confissão de dívida e e-mails em que se
em seu livro Direito do Trabalho, afirma que: evidencia a parceria comercial entre as empresas ( venda de
Os grupos econômicos por coordenação se apresentam quando mercadorias), ID. de4b07e, ID. 4c4a838.
houver reunião de interesses para execução de determinado Na audiência de instrução, as reclamadas requerem a juntada de
empreendimento, tendo ou não o mesmo controle ou administração provas emprestadas (processos nºs. 461-92.2018.5.07.0010, 470-
comum. Logo, os grupos por coordenação podem ter relação de 54.2018.5.07.0010 e 471-39.2018.5.07.0010, tendo a autora
controle entre si, numa linha horizontal e não vertical. Isto é, não concordado com a juntada dos referidos depoimentos.
haverá, no grupo horizontal, uma empresa controladora e outra(s) No termo de audiência relativo ao processo nº. 0000461-
controlada(s), uma líder (holding) e outras lideradas. Todas são 92.2018.5.07.0010, a testemunha da reclamante afirmou que:
interligadas entre si e, apesar de autônomas e independentes, estão Primeira testemunha arrolada pela parte Reclamante Sr(a).
interligadas pela ingerência, administração comum, como se Francisca Edinusia Alves de Sousa: " (...)"que trabalhou na
subordinadas umas às outras administrativamente. Por trás desta reclamada Helga Cosméticos de 01/06/2006 a 23/02/2018 na
administração comum pode estar um sócio ou alguns sócios ou função de vendedora; que o reclamante, depoente e todos os
pessoa física no controle.(CASSAR, 2017,p.429). funcionários foram demitidos sem pagamento de verbas rescisórias
Logo, o aproveitamento dos serviços prestados pelo trabalhador por e nem do salário do último mês; que depoente trabalhou até
sociedades empresárias que mantenham relação de coordenação 23/fevereiro/2018, não sabendo o ultimo dia labutado pelo
entre si, formando o grupo econômico trabalhista, serão todas, por reclamante; que recebia ordem direta dos gerentes Luxeles,
consequência, responsabilizadas pela contraprestação devida ao Rosângela, Francisca Cirlane, os quais eram gerentes da loja
obreiro, atraindo a incidência do § 2º do artigo 2º da CLT do shopping Central da Helga Nendza Sales .". ÀS PERGUNTAS
Estabeleceu, igualmente, que "não caracteriza grupo econômico a "que houve uma reunião num domingo de julho/2017 onde foi
mera identidade de sócios. Assim, o patrimônio de empresas que comunicada a fusão da Hanova com a Helga Cosmeticos onde
têm sócios comuns, porém com atuam em setores diversos, estarão foram apresentados os novos patrões como sendo: Aline
Portanto, a análise da existência ou não da formação de um grupo a partir daí a prioridade era para vender os produtos da Hanova
econômico, deve-se observar o princípio da primazia da realidade, e Lavi, mesmo tendo outras marcas, mas a Hanova e Lavi
deveriam estar em primeiro lugar nas vendas; que antes da lojas da Helga, muito menos assumiu o comando dessa; que a
reunião já vendiam todo tipo de produto e de varias marcas, continuou a vendendo normalmente para as outras lojas, como
inclusive dos ora citados; que os proprietários da Helga e Hanova Cosbel, Anavi, Iap e outras; que não houve a fusão da Hanova com
estavam presentes na reunião, sendo Erica PontesMenezes e a Helga; que havia procedimento de cobrança normal das vendas
Alencar Junior proprietários da Helga.". ÀS PERGUNTAS DO DO(A) dos produtos Hanova;." ÀS PERGUNTAS DO DO(A) PATRONO(A)
PATRONO(A) DO(A) PARTE RECLAMADA RESPONDEU: "que DO(A) PARTE RECLAMANTE RESPONDEU: "que a reunião tem
depois da reunião depoente continuou trabalhando na mesma um caráter de marketing e não para apresentar fusão; que não
loja e o reclamante também, mas ambos trabalhavam em lojas houve comunicação formal da fusão entre a Hanova e Helga, mas
diferentes; que na reunião estavam os vendedores e gerentes; depoente soube que foi feita uma postagem no instagram da
que a faixada das lojas continuaram iguais; que não houve Helga onde foi usado o termo fusão com a Hanova; que quanto
mudança da chefia após a reunião, mas a sua chefe Luxeles ao doc. de fl. 8 se tratam das pessoas de Anderson (proprietário da
teve um problema de saúde e foi transferida para loja de Hanova) e Junior (proprietária da Helga) e o doc. de fl. 9 tratam das
Messejana, tendo ficado como gerente Rosangela; que Luxeles pessoas Aline (proprietária da Hanova) e Erica (proprietária da
e Rosangela eram gerentes da Helga; (...)." ( grifos nosso) Helga); (...)."( grifos nosso)
Conforme se extrai do depoimento supra, não se trata o caso de " No termo de audiência relativo ao processo nº. 0000470-
fusão" entre as empresas, tanto que a partir da reunião ocorrida em 54.2018.5.07.0010, o reclamante afirmou que :
julho de 2017, nada foi alterado na estrutura organizacional da O DEPOIMENTO PESSOAL DO RECLAMANTE: '" que depoente
empresa, assim como layout das lojas, tratando-se, na verdade, de era subgerente, que atuava em várias lojas da Helga e trabalhou até
um marketing e ações para incremento das vendas, através da 07/04/2018 porque as lojas fecharam, tendo a sra. Erica Pontes
fornecedora dos produtos, empresa HANOVA INDUSTRIA E (dona da Helga, esposa de Alencar Junior) comunicado a dispensa
COMERCIO DE COSMETICOS LTDA, fato este, confirmado pelos os quais eram chefes do depoente; (...) ; que a Helga vendia
depoimentos de reclamantes e testemunhas dos processos produtos de marca própria (Lavi), mas também da Hanova, Fatore,
utilizados como provas emprestadas nos autos, vejamos: Corpo Dourado e outros; que em julho/2017 houve a fusão da
Convocada a primeira testemunha arrolada pelas Reclamadas Hanova com a Helga, no que a prioridade passou a ser para vender
HANOVA INDUSTRIA E COMERCIO DE COSMETICOS LTDA - produtos da Hanova e Lavi, mas ainda assim, a Helga continuou a
ME, AL PARTICIPACOES LTDA, ANDERSON LUID DOS vender produtos de outras marcas que já tinham estoque nas
SANTOS SEVERO - ME e MULT DISTRIBUIDORA DE lojas, e também continuou comprando produtos de outras
COSMETICOS LTDA, Sr(a). Emanuel Rodrigues de Albuquerque marcas para vender nas suas lojas; que as fachadas das lojas
(...): "que trabalha na Hanova desde março/2016 como gerente da Helga continuaram com o mesmo nome, após a fusão, e as
administrativo financeiro; ." ÀS PERGUNTAS DO(A) PATRONO(A) notas fiscais das vendas eram com o nome da Helga; que a
DO(A) PARTE RECLAMADA RESPONDEU: "que na metade do fusão da Helga e Hanova foi para o crescimento da Helga, mas
segundo semestre de 2017 houve uma reunião da Helga com a o dia a dia de trabalho continuou o mesmo de antes, porém
Hanova para uma parceria de fornecimento de produtos, pois a com a informação de que deveriam vender mais os produtos da
Hanova é uma industria; que o fornecimento dos produtos continuou Helga. ( grifos nosso)
da mesma forma, pois a Helga permaneceu como uma cliente Primeira testemunha arrolada pela parte Reclamante Sr(a).
norma; que a parceria teve o objetivo de aumentar o volume de Maria Irlane Silva Santos Desiderio: " (...) que no final de
vendas nas lojas e de fato aumentou, mas só no primeiro mês, julho/2017 foram convocadas para uma reunião no hotel meridional
pois logo em seguida a Helga entrou novamente em dificuldades no centro da cidade onde foi comunicada por Alencar Junior, Erica
financeiras e não conseguiu pagar os produtos que comprava, pois Pontes e Aline Severo, a fusão da Helga e Hanova, com promessas
a divida já estava muito alta, de modo que a Helga não conseguia de que tudo iria mudar com a chegada de novos produtos, mas na
pagar nada na sua totalidade; que é uma prática comum serem pratica tudo continuou do mesmo jeito, pois continuou
feitas ações com as distribuidoras para estimular as vendas, e chegando produtos da marca propria da Helga (lavi) e da Helga,
os proprietários da Hanova comparecem pelo fato de que o os quais tinham prioridade para serem vendidos, e das outras
distribuidor Helga ser de grande porte, como também de outros marcas continuaram escassos; que sempre recebeu ordens
distribuidores; que na época da parceria a Helga já estava em das mesmas pessoas (Erica e Alencar), os quais pagavam o
débito com a Hanova; que a Hanova não colocou pessoas na salário da depoente; que todas as lojas da Helga fecharam; .".
financeiras.
RELATÓRIO
Diante do exposto, considerando que a autora não se desincumbiu
regido pelos ditames do art. 895, § 1º da CLT, o qual dispõe: e 381 do C. TST.
julgamento com a indicação suficiente do processo e parte Não há, diante da natureza estritamente indenizatória da
sentença for confirmada pelo próprios fundamentos, a certidão 2.4. JUSTIÇA GRATUITA
de julgamento, registrando tal circunstância, servirá de Deixa-se de conceder, eis que no caso presente a presunção é
Pela análise dos autos, verifica-se que nenhum reparo merece a requisito do benefício em tela (CLT, art. 790, § 4º), que também não
sentença recorrida. Assim, diante de tal constatação e das restou demonstrado de qualquer forma.
disposições acima elencadas, pede-se vênia para transcrever a 2.5. HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA
decisão de primeiro grau de mérito, a qual será mantida pelos seus Deferidos para o reclamante, no patamar de 10% do valor líquido
próprios e jurídicos fundamentos. que cabe a ele. Quanto à verba honorária devida por este, fixa-se
"2. FUNDAMENTAÇÃO em R$ 1.000,00, com exigibilidade suspensa (CLT, art. 791-A, § 4º).
DANOS MATERIAIS E MORAIS (INDENIZAÇÃO) ISSO POSTO, DECIDE O JUÍZO DA 14ª VARA DO TRABALHO DE
A defesa da pretensão obreira é essencialmente que eventual FORTALEZA, NOS AUTOS DA RECLAMAÇÃO MOVIDA POR
descumprimento contratual - relacionado à negação inicial do CARLOS ALBERTO DE OLIVEIRA LOPES EM FACE DE
procedimento e demora na autorização - não pode justificar a PETROLEO BRASILEIRO S A PETROBRAS, TUDO NOS
reparação pleiteada. Informa que foi dada a opção de realização da TERMOS DA FUNDAMENTAÇÃO SUPRA, JULGAR
cirurgia do reclamante em outra praça (Rio de Janeiro-RJ), em TOTALMENTE PROCEDENTES OS PEDIDOS DA INICIAL, PARA
razão da abusividade dos valores de honorários médicos. CONDENAR A RECLAMADA NA OBRIGAÇÃO DE ARCAR COM
Não pode ser acatada a tese de bloqueio. PROCEDIMENTO CIRÚRGICO NO RECLAMANTE (ABLAÇÃO DE
De fato, não bastasse a dor, tanto física quanto psicológica, FIBRILAÇÃOATRIAL SINTOMÁTICA), NOS MOLDES POR ESTE
decorrente da fragilidade da saúde, o desconforto de conviver essa PROPOSTOS, CONFIRMANDO TUTELA DE URGÊNCIA
situação por um tempo (ainda que reduzido) também não pode ser CONCEDIDA, E A PAGAR A ELE A QUANTIA LÍQUIDA DE R$
menosprezado, mormente quando se confia que a assistência à 11.000,00, REFERENTE A INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS
necessidades imprevisíveis dele - independentemente da legislação CUSTAS PELA RECLAMADA, NO VALOR DE R$ 220,00, 2%
aplicável -, e aí reside o fundamento para se indenizar o dano SOBRE O VALOR DA CONDENAÇÃO ACIMA FIXADA.
Frise-se que o reclamante carecia de uma cirurgia em órgão vital NADA MAIS.
(coração), e evidentemente pensar que uma demanda desse tipo FÁBIO MELO FEIJÃO
possa receber uma apreciação meramente burocrática, seguindo Juiz do Trabalho Substituto"
um "fluxo de análise" interno dentro da instituição, aparentemente Assim, nega-se provimento ao recurso da reclamada, mantendo-se
sem uma prioridade - advinda por sua vez da iminência do a sentença de primeiro grau por seus próprios e jurídicos
Outrossim, provados o dano imaterial, a conduta, e o nexo de decisão de primeiro grau por seus próprios e jurídicos fundamentos.
Na forma da lei (n. 8.177/91, art. 39), e conforme as Súmulas n. 200 TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores procedente (Id d0bb6f4) a ação trabalhista ajuizada por CARLOS
Francisco José Gomes da Silva (Presidente),Jefferson Quesado ALBERTO DE OLIVEIRA LOPES em face de PETROLEO
Júnior (Relator) e Cláudio Soares Pires. Presente ainda o(a) BRASILEIRO SA PETROBRÁS condenando a reclamada na
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. obrigação de arcar com procedimento cirúrgico no reclamante,
sucumbência.
ROMULO DE SOUSA FROTA escolhidos pelo recorrido e que inexiste danos a reparar, eis que a
"2. FUNDAMENTAÇÃO
RECORRIDO: CARLOS ALBERTO DE OLIVEIRA LOPES A defesa da pretensão obreira é essencialmente que eventual
RITO SUMARÍSSIMO. Relatório dispensado, em face do disposto decorrente da fragilidade da saúde, o desconforto de conviver essa
no art. 852, inciso I da CLT. situação por um tempo (ainda que reduzido) também não pode ser
necessidades imprevisíveis dele - independentemente da legislação CUSTAS PELA RECLAMADA, NO VALOR DE R$ 220,00, 2%
aplicável -, e aí reside o fundamento para se indenizar o dano SOBRE O VALOR DA CONDENAÇÃO ACIMA FIXADA.
Frise-se que o reclamante carecia de uma cirurgia em órgão vital NADA MAIS.
(coração), e evidentemente pensar que uma demanda desse tipo FÁBIO MELO FEIJÃO
possa receber uma apreciação meramente burocrática, seguindo Juiz do Trabalho Substituto"
um "fluxo de análise" interno dentro da instituição, aparentemente Assim, nega-se provimento ao recurso da reclamada, mantendo-se
sem uma prioridade - advinda por sua vez da iminência do a sentença de primeiro grau por seus próprios e jurídicos
Outrossim, provados o dano imaterial, a conduta, e o nexo de decisão de primeiro grau por seus próprios e jurídicos fundamentos.
Na forma da lei (n. 8.177/91, art. 39), e conforme as Súmulas n. 200 TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
2.3. CONTRIBUIÇÕES FISCAIS E PREVIDENCIÁRIAS mantendo-se a decisão de primeiro grau por seus próprios e
Deixa-se de conceder, eis que no caso presente a presunção é Júnior (Relator) e Cláudio Soares Pires. Presente ainda o(a)
contrária à hipossuficiência econômica do reclamante, novel Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho.
requisito do benefício em tela (CLT, art. 790, § 4º), que também não Fortaleza, 17 de fevereiro de 2020.
que cabe a ele. Quanto à verba honorária devida por este, fixa-se Desembargador Relator
em R$ 1.000,00, com exigibilidade suspensa (CLT, art. 791-A, § 4º). FORTALEZA/CE, 04 de março de 2020.
3. DISPOSITIVO
ISSO POSTO, DECIDE O JUÍZO DA 14ª VARA DO TRABALHO DE ROMULO DE SOUSA FROTA
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. ART. 791-A de aviso prévio; diferenças de férias simples + 1/3 (2012/2013,
DA CLT. SUSPENSÃO DA COBRANÇA. No caso, cumpre 2013/2014, 2014/2015, 2015/2016 e 2016/2017); diferenças de 13º
observar a decisão do Tribunal Pleno deste Tribunal quando, salário (2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); diferenças de FGTS + 40%
examinando Arguição de Inconstitucionalidade - Processo nº do período imprescrito (04/09/2013 a 24/03/2018); devolução dos
0080026-04.2019.5.07.0000 - em novembro/2019 - decidiu declarar valores indicados nos documentos de fl. 89/97, a título de "vales";
incidentalmente a inconstitucionalidade da expressão "desde que indenização a título de danos morais R$5.000,00.
não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos Inconformada, alega reclamada em suas razões recursais (ID.
capazes de suportar a despesa", constante do § 4º do art. 791-A da 91abc51), ser indevidas as diferenças salariais, sob o fundamento
CLT, com redação da Lei nº 13.467 de 13.07.2017. Desta feita, de que a autora jamais recebeu pagamento de comissões "por
mantém-se a condenação no pagamento de honorários fora", percebendo a título de remuneração apenas as verbas
sucumbenciais no percentual de 5% (cinco por cento), em favor do devidamente registradas na sua CTPS e em seu contracheque,
patrono das partes. Determina-se, porém, que a execução dos todas devidamente quitadas.
honorários advocatícios de sucumbência permaneçam sob condição Argumenta, igualmente, que ainda que se considerasse a
suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser exigidos se, nos remuneração variável mencionada pela Reclamante, a mesma não
dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão, o credor seria incorporada ao contrato de trabalho, nem constituiria base de
demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de incidência dos encargos trabalhistas, vez que trata-se de "prêmio",
obreira, extinguindo-se, passado esse prazo, a respectiva Advoga, que o valor descontado a título de "VALE", refere-se
obrigação. Sentença parcialmente modificada. unicamente a adiantamentos financeiros requeridos pela Recorrida,
RECURSOS CONHECIDOS E DADO PROVIMENTO PARCIAL AO nunca tendo havido nenhum desconto por motivos de vendas não
Cuida-se de recursos ordinários interpostos pelas partes(ID. valor atribuído a indenização por danos morais, por considera-lo
Trabalho de Fortaleza que julgou PARCIALMENTE Em suas razões recursais, a reclamante LÍGIA EMANUELLE
PROCEDENTES os pedidos desta reclamação trabalhista para o GADELHA BARRETO defende o cumprimento a jornada declinada
fim de: a) conceder, à parte reclamante, os benefícios da justiça na peça de ingresso, no sentido de que havia labor aos sábados e
gratuita; b) acolher a prescrição quinquenal, para o fim de extinguir durante as reuniões, sem o correspondente pagamento das horas
o processo, com resolução do mérito, na forma do art. 7º, XXIX, da extras, sendo da reclamada o ônus da apresentação dos controles
Carta Magna e art. 487, II, do CPC, quanto a eventuais créditos de jornada(art. 818, da CLT c/c/ art. 373, do NCPC), a qual não se
remuneração da parte autora era composta de uma parte fixa no Requer, também, que as diferenças salariais sejam com base na
importe de R$2.283,70 e de uma parte variável, cuja média mensal remuneração mensal de R$ 5.956,37 (cinco mil, novecentos e
era de R$1.492,89, totalizando uma remuneração média mensal de cinquenta e seis reais e trinta e sete centavos), bem como a
R$3.776,59; d) condenar a reclamada J S B COMERCIO E condenação da Recorrida ao pagamento das verbas trabalhistas,
REPRESENTAÇÕES LTDA - ME a pagar à reclamante LIGIA reflexos e depósitos de FGTS com base neste valor e ainda, a
EMANUELLE GADELHA BARRETO,no prazo de quarenta e oito majoração do valor atribuído ao pagamento de danos morais.
horas, contadas da liquidação do julgado, o valor que se apurar Adiante, requer a condenação da Reclamada e de sua testemunha
referente às seguintes parcelas, calculadas com base no valor de no pagamento de multa por litigância de má-fé, cada qual em valor
R$1.492,89: saldo de salário de 1 dia de fevereiro/2018; 03/12 de não inferior a 10% (dez por cento) do valor da causa, ao argumento
13º salário proporcional; 12/12 de férias proporcionais + 1/3; 51 dias de que alteraram a verdade dos fatos ao apresentar depoimento
contraditórios com as demais provas dos autos. que tal presunção pode ser desconstituída se produzidas provas em
Por fim, requer a majoração do valor atribuído a reclamada para contrário. Isso porque o Direito do Trabalho é norteado pelo
pagamento dos honorários advocatícios, em percentual não inferior princípio da primazia da realidade, devendo, pois, a realidade fática
a 10% do valor da condenação, bem como a declaração de prevalecer sobre os aspectos formais do contrato de trabalho.
inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da CLT, no que pertine Na espécie, portanto, a questão pertinente a existência de
ao pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais. pagamento de salário " por fora" (comissões), deve ser dirimida à
Contrarrazões interposta pela reclamante(ID.9047309). luz da realidade dos fatos, devendo sempre prevalecer a verdade
recursos ordinários interpostos pelas partes. "Art. 457 - Compreendem-se na remuneração do empregado, para
DO RECURSO DAS PARTES pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que
Em suas razões recursais, requer a autora/recorrente, que as gratificações legais e as comissões pagas pelo empregador.
5.956,37 (cinco mil, novecentos e cinquenta e seis reais e trinta e Na conformidade dos autos, constata-se pelos e-mails funcionais
sete centavos). enviados à autora de ID. 0f6e9fb , que a tese da acionada de que
Na sua peça de ingresso, afirma a Obreira que fora contratada não havia pagamento de comissões, não se sustenta.
21/03/2011, para exercer a função de Supervisora de Vendas, com A rubrica "comissões" encontra-se presente em todas as tabelas, as
pagamento de salário registrado em sua CTPS de R$ 2.283,70 (dois quais retratam os resumos dos pagamentos efetuados à obreira,
mil, duzentos e oitenta e três reais e setenta centavos), mas que, na mensalmente.
realidade, sua remuneração era acrescida de prêmios e bônus Ainda sobre a alegativa de que tais documentos foram impugnados
salariais, caso atingisse suas metas, o que elevava os seus pela defesa, as testemunhas arregimentadas pela autora, que
rendimentos para um patamar entre R$ 3.000,00 (três mil reais) , exerciam o cargo de vendedores, foram firmes em confirmar que
mais R$ R$ 5.000,00 (cinco mil reais), perfazendo uma média havia pagamento de comissões mensalmente, por "fora", bem como
Inconformada, a reclamada/recorrente insurge-se quanto a esses pelas vendas efetuadas, além de comissão sobre as vendas
fatos e afirma que a obreira jamais recebeu pagamento de realizadas pela sua equipe, o que não se confundem com o
comissões "por fora", percebendo a título de remuneração apenas recebimento de prêmios, esse, em decorrência de campanhas
as verbas devidamente registradas na sua CTPS e em seu efetuadas pela indústria Grendene.
Argumenta, igualmente, que ainda que se considerasse a SILVA: " (...)" que trabalhou para reclamada de março de 2013 até
remuneração variável mencionada pela Reclamante, a mesma não março de 2015, na função de vendedora; (...) ; que não sabe
seria incorporada ao contrato de trabalho, nem constituiria base de informar o valor do salário da Reclamante, mas sabe que além do
incidência dos encargos trabalhistas, vez que trata-se de "prêmio", salário fixo a Reclamante recebia comissões; (...);que não sabe
pagos pela indústria. informar o percentual das comissões recebidas pela Reclamante;
À análise. que o pagamento das comissões era mensal, que era depositado
As anotações da CTPS gozam de presunção juris tantum, junto com o salário, porém não constava em contracheque ; que os
consoante Súmula nº 12, do TST e Súmula nº 225, do STF, sendo prêmios eram pagos no dia 20 de cada mês pela empresa
vezes trimestralmente; que a Reclamada estabelecia metas para a Em suas razões recursais, a autora requer a majoração do valor da
Reclamante, que, por sua vez, a distribuía com sua equipe, sendo indenização por danos morais.
que cada vendedora recebia comissões pelas vendas por eles À análise.
efetuadas, e a Reclamante recebia sobre a meta alcançada e A obrigação de indenizar surge com a prática de ato ilícito atribuído
sobre as vendas efetuadas pela sua equipe; (...) " ( grifo nosso) ao empregador ou preposto. Nos termos dos artigos 186 e 927 do
Segunda testemunha do reclamante: ALEXSANDRO SILVA Código Civil, fica obrigado à reparação aquele que, por ato ilícito,
DINIZ : " (...) que trabalhou para reclamada de março de 2011 até viola direito e causa dano a outrem, ainda que de cunho
novembro de 2017, na função de vendedor; (...)que não sabe exclusivamente moral, garantia que se encontra inserta também no
informar o valor do salario da Reclamante, mas sabe que além do artigo 5º, inciso X, da Constituição Federal.
salario fixo a Reclamante recebia comissões; que não sabe O Assédio Moral é uma conduta abusiva, que provoca danos
informar o percentual das comissões recebidas pela psicológicos e físicos na vítima e, no ambiente de trabalho,
Reclamante; que o pagamento das comissões era mensal, que traduzem-se por ameaças, perseguições, discriminações, de forma
era depositado junto com o salario, porém não constava em prolongada e reiterada, de tal monta que causa ofensa à
contracheque; que os prêmios eram pagos no dia 20 de cada mês personalidade e dignidade do trabalhador, tornando insustentável o
pela própria Reclamada; que as campanhas ocorriam as vezes convívio no ambiente de trabalho.
mensalmente e as vezes trimestralmente; que a Reclamada O artigo 187 do Código Civil , estabelece a ilicitude da atuação do
estabelecia metas para a Reclamante, que, por sua vez, a distribuía titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
com sua equipe, sendo que cada vendedora recebia comissões limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou
pelas vendas por eles efetuadas, e a Reclamante recebia sobre pelos bons costumes.
a meta alcançada e sobre as vendas efetuadas pela sua equipe; À luz do artigo 2º da CLT, o legislador conceitua empregador como
tese de defesa de que não havia pagamento de comissão, tal Esse conceito reflete o poder diretivo ou de comando exercido pelo
depoimento encontra-se dissociado com as demais provas dos empregador sobre a atividade do empregado, dando-lhe conteúdo
autos, não merecendo, pois, acolhimento. às suas atribuições, podendo modificá-las ou extingui-las mediante
Da mesma forma, não merece prosperar a média salarial apontada uma declaração de vontade unilateral, sempre que o empregado
na peça de ingresso, pois os documentos colacionados aos autos não corresponder às diretrizes traçadas para o exercício do cargo
(extratos bancários e email, ID. 0f6e9fb) apontam uma média de ou função que lhe foi atribuído.
recebimento inferior a R$ 2.000,00 de comissões por mês, além de Entretanto, o poder diretivo ou de comando exercido pelo
que as testemunhas conduzidas pela autora, afirmaram empregador sobre a atividade do empregado, encontra limites no
desconhecer a média salarial por ela recebida. ordenamento jurídico brasileiro, pois essa relação jurídica tem
Diante do exposto, mantém-se a sentença impugnada, nesse origem contratual, devendo ser exercida com restrições, respeitando
A teor dos artigos 818 da CLT c/c art. 373 do NCPC, é ônus da
DO RECURSO DAS PARTES - DA INDENIZAÇÃO POR DANOS autora a prova os fatos constitutivos de seu direito, a qual
No que pertine ao pagamento de indenização por danos morais, A prova oral constante nos autos, confirma o ato da empresa de
defende a acionada, que a Reclamante nunca sofreu ameaças, impor à autora o retorno ao trabalho, no período da licença
cobranças abusivas ou trabalhou durante seu período de licença- maternidade, ato passível de indenização por danos morais (artigos
maternidade, sendo indevido o pagamento de indenização por 186 e 927 do Código Civil).
Em caso de manutenção da condenação, pugna pela redução do SILVA: " (...) que a Reclamante não gozou a licença maternidade
valor atribuído a indenização por danos morais, por considera-lo por todo o período, tendo voltado com 1 ou 2 meses após o
nascimento do filho; que isso aconteceu porque a Reclamada a revestir tal condenação.
convocou para retornar ao trabalho; (...) que a Reclamada não Assim, sem se afastar da máxima cautela e sopesando todo o
indicou outra pessoa para substituir a Reclamante quando de sua conjunto probatório constante dos autos, entendo que o valor
licença maternidade; que mesmo no período em que a Reclamante atribuído pelo Juízo de R$ 5.000,000 (cinco mil reais) mostra-se
esteve afastada por licença maternidade, participava de reuniões na combatível com os danos sofridos pela autora, com respaldo no
Segunda testemunha do reclamante: ALEXSANDRO SILVA Assim sendo, mantém-se a sentença impugnada pelas partes.
todo o período; que mesmo durante seu afastamento, por ela não DO RECURSO DA RECLAMADA- DOS DESCONTOS
ter substituto, ficava em contato constante com os vendedores, que Advoga a recorrente/reclamada, que o valor descontado a título de
as vezes iam até sua casa; que entende que a Reclamante foi "VALE", refere-se unicamente a adiantamentos financeiros
obrigada a retornar ao trabalho antes do tempo, porque não havia requeridos pela Recorrida, nunca tendo havido nenhum desconto
substituta; (...)." por motivos de vendas não pagas pelos clientes ou devolução de
mercadorias.
Nessa situação, a ruptura precipitada do gozo da licença Apesar de a testemunha da acionada afirmar a inexistência de
maternidade, além de trazer angustia e sofrimento à trabalhadora, descontos, além dos legais, os documentos de ID.0f6e9fb, somados
que deixa seu filho recém-nascido, sem direito ao convívio com a aos depoimentos das duas testemunhas arregimentadas pela
mãe e amamentação regular, causa danos a criança e fere a reclamante, comprovam a tese da autora de que tais descontos
dignidade da Obreira, caracterizando abuso de direito da acionada, referem-se a estornos de comissões pelas vendas canceladas.
O Dano Moral se caracteriza pela violação de um direito geral da Primeira testemunha do reclamado(s): FLAVIO CARLOS
personalidade, sendo a dor, a tristeza, a frustração da vítima, BATISTA LIMA: "(...) que a Reclamada não efetuou nenhum
sentimentos presumidos de tal lesão e por isso prescindíveis de desconto no contracheque da Reclamante a não ser os legais,
prova. Trata-se, no caso, de dano moral puro, ou, como a doutrina como INSS, por exemplo; (...)."
convencionou chamar, in re ipsa (a coisa fala por si). Primeira testemunha do reclamante: DANIELE DE SOUZA
Nesta vertente, trago à lume a lição de Sérgio Cavalieri Filho (in SILVA : " (...)que a Reclamada estabelecia metas para a
Programa de Responsabilidade Civil, 5ª ed., 3ª tir., Editora Reclamante, que, por sua vez, a distribuía com sua equipe, sendo
Malheiros, 2004, p. 101), nos seguintes termos: que cada vendedora recebia comissões pelas vendas por eles
"Neste ponto a razão se coloca ao lado daqueles que entendem que efetuadas, e a Reclamante recebia sobre a meta alcançada e sobre
o dano moral está ínsito na própria ofensa, decorre da gravidade do as vendas efetuadas pela sua equipe; que quando a venda era
ilícito em si. Se a ofensa é grave e de repercussão, por si só justifica cancelada o valor da comissão era descontado no mês seguinte;
outras palavras, o dano moral existe in re ipsa; deriva Segunda testemunha do reclamante: ALEXSANDRO SILVA
inexoravelmente do próprio fato ofensivo, de tal modo que, provada DINIZ: "(...) que quando a venda era cancelada o valor da comissão
a ofensa, ipso facto está demonstrado o dano moral à guisa de uma era descontado no mês seguinte; (...)."
das regras da experiência comum." Conforme o artigo 466 da CLT, o pagamento das comissões é
Diante do exposto, mantém-se a sentença impugnada, nesse exigível depois de ultimada a transação, sendo indevido o estorno
DO QUANTUM INDENIZATÓRIO POR DANOS MORAIS da atividade econômica (art. 2º, da CLT).
944 e art. 946 do Código Civil de 2002, a fixação do quantum Art. 466 - O pagamento de comissões e percentagens só é exigível
indenizatório será feito pelo Juiz, levando-se em consideração o depois de ultimada a transação a que se referem.
binômio "necessidade da vítima e capacidade econômica do § 1º- Nas transações realizadas por prestações sucessivas, é
agente", dando-lhe o caráter compensatório e pedagógico que deve exigível o pagamento das percentagens e comissões que lhes
disserem respeito proporcionalmente à respectiva liquidação. de jornada(art. 818, da CLT c/c/ art. 373, do NCPC), a qual não se
estabelecida por este artigo. Ressalte-se, inicialmente, que o controle de jornada previsto no art.
Diante do exposto, mantém-se a sentença atacada, nesse aspecto. 7º, incisos XIII e XVI da Constituição Federal, são normas cogentes,
DO RECURSO DA RECLAMANTE- DO CONTROLE DE Ficam excluídos destas normas apenas os casos previstos no art.
JORNADA. ARTIGO 62, INCISO I DA CLT. DAS HORAS EXTRAS 62, da CLT, pois trata-se de uma presunção jurídica de que a
Na peça inicial, aduz a autora que cumpria jornada de trabalho de jornada não é fiscalizada, e como tal não é capaz de gerar direito a
segunda a sexta, das 7:30hs às 17:30hs, com 1 (uma) hora de hora extra.
intervalo intrajornada, e pelo menos 2 (dois) sábados por mês, de Dessa forma, alerta-se que, diferentemente do alegado pela ré, o
8:00h às 12:00h, quando era necessário visitar clientes, ou quando simples fato de o empregado exercer trabalho externo, por si só,
havia treinamento na empresa; que era obrigada a participar de não tem o condão de afastar as normas de proteção à saúde do
reuniões fora do período de sua jornada após seu expediente, como trabalhador, no caso, as de limite de jornada.
sempre ocorria no último dia do mês, em que era obrigada a Ressalte-se, ainda, que tendo a demandada apresentado fato
participar de reuniões de balanço e fechamento de mês, de maneira modificativo do direito do autor, atraiu para si o ônus da prova do
que permanecia na empresa até as 20:30 ou 21h da noite. Ressalte direito constitutivo do obreiro ao recebimento das horas extras
-se ainda que seus gerentes à época, MÁRIO CÉSAR e CLÁUDIO pleiteadas, nos termos dos art. 818, da CLT e art. 373, do CPC, a
COSTA, costumavam marcar reunião antes do início do expediente qual não se desincumbiu, limitando-se em sua defesa, a alegar que
pelo menos 1 (uma) vez por mês a qual iniciava por volta de 6:30h, a recorrida/reclamante não estava sujeito a controle de jornada,
nunca tendo recebido quaisquer pagamentos referentes a horas posto que exercia atividade externa, nos termos do art. 62, I, da
extras. CLT.
De outro lado, aduz a reclamada que a obreira exercia trabalho Ocorre que a própria testemunha da reclamante afirmou que não
externo, nos termos do art. 62, I da CLT, incompatível com a fixação havia labor extraordinário.
e controle de horário de trabalho, sendo impossível para a O que se extrai da prova oral constante nos autos é que a jornada
reclamada fiscalizar se os colaboradores estão seguindo a diária era de 8h às 18hs, com intervalo intrajornada de 2 horas,de
recomendação da empresa, seja de gozarem do horário intervalar segunda a sexta-feira e aos sábados, eventualmente, quando era
para refeição e descanso ou para terminarem o seu serviço no necessário visitar clientes, conforme consta na peça de ingresso, de
Afirma, que na forma estipulada pelo contrato de trabalho firmado reclamante, Sr. ALEXSANDRO SILVA DINIZ e da reclamada, Sr.
entre as partes, a autora laborava em horários fixos, de 07h30min FLAVIO CARLOS BATISTA LIMA.
às 17h30min, com direito a uma hora de intervalo e folgas aos Nesse ponto, apesar de a testemunha da reclamante Sra. DANIELE
sábados e domingos, NUNCA tendo havido qualquer tipo de DE SOUZA SILVA ter afirmado que o intervalo intrajornada era de
exigência de labor fora deste horário, pois a supervisora de vendas apenas 1 hora, entendo que não deve prevalecer, tal afirmação se
tem liberdade para escolher os horários que melhor lhe couber para mostra divergente das demais testemunhas.
ir a cada estabelecimento. Assim, no que pertine à duração da jornada semanal, não há provas
Ratifica a inexistência de controle de jornada ou de fiscalização de que havia cumprimento de jornada além das 44 horas semanais,
diária, sob o fundamento de que a obrigação da obreira é a de salvo nos dias de reuniões.
visitar os estabelecimentos e só presta contas com a empresa em Primeira testemunha do reclamante: DANIELE DE SOUZA
reuniões semanais após a efetivação da rota, mas sempre em SILVA: " que trabalhou para reclamada de março de 2013 até
horário comercial. março de 2015, na função de vendedora; que trabalhava das 08h
Em suas razões recursais, a reclamante LÍGIA EMANUELLE às 18h, com intervalo de 1h, de segunda a sexta-feira, e das 08h
GADELHA BARRETO defende o cumprimento a jornada declinada ao meio-dia aos sábados; que a função da Reclamante era
na peça de ingresso, no sentido de que havia labor aos sábados e supervisora, não exercendo outras funções; que o horário da
durante as reuniões, sem o correspondente pagamento das horas Reclamante era o mesmo da depoente; (...)."
extras, sendo da reclamada o ônus da apresentação dos controles Segunda testemunha do reclamante ALEXSANDRO SILVA
DINIZ: " que trabalhou para reclamada de março de 2011 até intervalo intrajornada e aos sábados, eventualmente, de 8h às 12
novembro de 2017, na função de vendedor; que trabalhava das 08h horas e 1 ( uma) vez por semana de 08h às 20h30min, com
às 18h, com 2h de intervalo, de segunda a sexta-feira, e das 08h fundamento no artigo 371 do NCPC, subsidiário, e art. 765 da CLT,
ao meio-dia aos sábados;que a função da Reclamante era bem como observando o princípio da razoabilidade.
supervisora, não exercendo outras funções; que o horário da Em decorrência do horário acima fixado, reforma-se a sentença
Reclamante era o mesmo do depoente ; (...)." para condenar a reclamada ao pagamento e extras prestadas,
Primeira testemunha do reclamado(s): FLAVIO CARLOS consideradas como tais as que excederem a 8ª diária e a 44ª
BATISTA LIMA: " que trabalha para reclamada desde junho de semanal, com adicional de 50% e com reflexos em aviso prévio,
2002, na função de atual de gerente comercial; que trabalha das FGTS+40%, 13º salários e férias + 1/3.
08h às 18h, com 2h de intervalo, de segunda a sexta-feira, e das Para cálculo das horas extras, deve-se observar ainda, o valor da
08h às 11h/meio-dia aos sábados, eventualmente; que quando hora normal, integrado pelas demais parcelas de natureza salarial
gerente de compras trabalhava apenas de segunda a sexta; que a percebidas, a teor do que dispõe a Súmula 264, do TST, os dias
função da Reclamante era supervisora, que o horário da efetivamente trabalhados, bem como os pagamentos já efetuados
Reclamante era o mesmo do depoente; (...)." sobre os mesmos títulos, o teor das súmulas 172 e 376, item II do
obrigada a participar de reuniões de balanço e fechamento de mês, DO RECURSO DA RECLAMANTE- DOS HONORÁRIOS
Nesse ponto, os depoimentos das duas testemunhas da reclamante Requer a recorrente/reclamante, a majoração do valor atribuído a
confirmaram que as reuniões ocorriam fora do horário normal de reclamada para pagamento dos honorários advocatícios, em
expediente, estendendo-se até às 20h30min, aproximadamente, percentual não inferior a 10% do valor da condenação, bem como a
bem como de que eram semanais, nesse ponto, confirmado pelo declaração de inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da CLT,
sucumbenciais.
Primeira testemunha do reclamante: DANIELE DE SOUZA A sentença recorrida condenou a reclamada no pagamento dos
SILVA : " (...) que as reuniões de planejamento não tinha horário honorários advocatícios no percentual de 5% (cinco por cento)
certo para terminar e sempre extrapolavam a jornada; que as sobre o montante total da condenação.
reuniões eram semanais; que quando as reuniões ocorriam a A recorrente requer a majoração desse percentual, bem como a
tarde poderiam perdurar até as 20h30min; (...)." exclusão do pagamento de honorários sucumbenciais pela autora.
DINIZ: " (...) que as reuniões eram normalmente semanais; que Com relação aos honorários advocatícios de sucumbência, e em
as reuniões de planejamento aconteciam no inicio. No meio e face da redação da Lei nº 13.467 de 13.07.2017 que incluiu na CLT
no final do mês; que varias vezes as reuniões extrapolaram os o art. 791-A, tem-se que:
horário, até 19h30mi/20h; (...)." Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão
Primeira testemunha do reclamado(s): FLAVIO CARLOS devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%
BATISTA LIMA: que as reuniões de planejamento aconteciam (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o
no inicio, no meio e no final do mês, quando, eventualmente valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico
ultrapassavam o horário eram compensadas com folgas aos obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado
Dessa forma, tem-se que, não obstante a obreira cumprisse jornada Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida ou
legal, nos dias de reuniões de planejamento, uma vez por semana, substituída pelo sindicato de sua categoria.
Assim sendo, tomando por base as médias das informações I - o grau de zelo do profissional;
constantes dos autos, fixo o horário de trabalho da autora da II - o lugar de prestação do serviço;
seguinte forma: de segunda a sexta, de 08h às 18h, com 02hs de III - a natureza e a importância da causa;
IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o causa, ao argumento de que alteraram a verdade dos fatos ao
§ 4º Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha nos seguintes termos:
obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de Art. 80 - Reputa-se litigante de má-fé aquele que:
suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato
poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito II - alterar a verdade dos fatos;
em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal;
deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que IV-opuser resistência injustificada ao andamento do processo;
justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse V-proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do
Entretanto, cumpre observar a decisão do Tribunal Pleno deste VII- interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.
Tribunal quando, examinando Arguição de Inconstitucionalidade - A alteração da verdade dos fatos, de molde a caracterizar a
Processo nº 0080026-04.2019.5.07.0000 - em novembro/2019 - litigância de má-fé, pressupõe o dolo da parte, com o objetivo de
expressão "desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em A aplicação da multa por litigância de má-fé parte da análise
outro processo, créditos capazes de suportar a despesa", constante casuística, identificável no contexto próprio de cada processo.
do § 4º do art. 791-A da CLT, com redação da Lei nº 13.467 de Assim, analisando a situação fática dos autos, não vislumbra esse
Desta feita, por uma questão de disciplina judiciária, sem embargos testemunha arregimentada pela ré, tiveram o fito de alterar a
da minha posição pessoal, de que o beneficiário da justiça gratuita verdade dos fatos e sim, exercer o contraditório e ampla defesa.
não deve ser condenado nos ônus da sucumbência, outro caminho Logo, não comprovada nenhuma das hipóteses do artigo 80 do
não vejo a não ser me curvar à opinião majoritária dos integrantes NCPC, é inaplicável a multa por litigância de má-fé.
Determina-se, porém, que a execução dos honorários advocatícios Isto posto, voto pelo conhecimento do recurso e, no mérito, dar
de sucumbência permaneçam sob condição suspensiva de provimento parcial ao recurso da reclamante para condenar a
exigibilidade e somente poderão ser exigidos se, nos dois anos reclamada no pagamento de horas extras prestadas, consideradas
subsequentes ao trânsito em julgado da decisão, o credor como tais as que excederem a 8ª diária e a 44ª semanal, com
demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de adicional de 50% e com reflexos em aviso prévio, FGTS+40%, 13º
recursos que justificou a concessão da gratuidade processual à salários e férias + 1/3, bem como para determinar que a execução
obreira, extinguindo-se, passado esse prazo, a respectiva dos honorários advocatícios de sucumbência por parte da autora,
Sentença reformada, nesse aspecto. poderão ser exigidos se, nos dois anos subsequentes ao trânsito
DA MULTA POR LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão da
Requer a recorrente/reclamante, a condenação da Reclamada e de gratuidade processual à obreira, extinguindo-se, passado esse
sua testemunha no pagamento de multa por litigância de má-fé, prazo, a respectiva obrigação.
cada qual em valor não inferior a 10% (dez por cento) do valor da Para cálculo das horas extras, deve-se observar ainda, o valor da
hora normal, integrado pelas demais parcelas de natureza salarial ROMULO DE SOUSA FROTA
percebidas, a teor do que dispõe a Súmula 264, do TST, os dias Diretor de Secretaria
respectiva obrigação.
hora normal, integrado pelas demais parcelas de natureza salarial DOS RECURSOS DAS PARTES
percebidas, a teor do que dispõe a Súmula 264, do TST, os dias REMUNERAÇÃO VARIÁVEL. DIFERENÇA SALARIAL. MÉDIA
efetivamente trabalhados, bem como os pagamentos já efetuados DAS VALORES RECEBIDOS. ÔNUS DA PROVA DA
sobre os mesmos títulos, o teor das súmulas 172 e 376, item II do RECLAMANTE. ART. 818, DA CLT C/C ART. 373, DO NCPC. As
C.TST e OJ 394 da SBDI-I/TST. anotações da CTPS gozam de presunção juris tantum, consoante
Custas processuais de R$ 600,00, calculadas sobre o novo valor Súmula nº 12, do TST e Súmula nº 225, do STF, sendo que tal
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores contrário. Isso porque o Direito do Trabalho é norteado pelo
Francisco José Gomes da Silva (Presidente e Relator),Cláudio princípio da primazia da realidade, devendo, pois, a realidade fática
Soares Pires e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) prevalecer sobre os aspectos formais do contrato de trabalho.
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Assim, pela dinâmica processual de distribuição do ônus da prova, é
FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA qual se desincumbiu a contento. Por outro lado, não merece
FORTALEZA/CE, 04 de março de 2020. documentos colacionados aos autos (extratos bancários e email, ID.
de comissões por mês, além de que as testemunhas conduzidas exercia trabalho externo de vendedor, nos termos do art. 62, I, da
pela autora, afirmaram desconhecer a média salarial por ela CLT. Entretanto, a própria testemunha da reclamante afirmou que
recebida. Sentença mantida. não havia labor extraordinário, salvo, nos dias em que havia
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. ASSÉDIO MORAL. O reuniões de planejamento, na qual o labor se estendia até
Assédio Moral é uma conduta abusiva, que provoca danos 20h30min. Sentença parcialmente reformada.
psicológicos e físicos na vítima e, no ambiente de trabalho, MULTA POR LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. ART. 80 do CPC. A
traduzem-se por ameaças, perseguições, discriminações, de forma alteração da verdade dos fatos, de molde a caracterizar a litigância
prolongada e reiterada, de tal monta que causa ofensa à de má-fé, pressupõe o dolo da parte, com o objetivo de induzir à
personalidade e dignidade do trabalhador, tornando insustentável o compreensão distorcida da realidade. Assim, analisando a situação
convívio no ambiente de trabalho. A prova oral constante nos autos, fática dos autos, não se vislumbra que a defesa apresentada pela
confirma o ato da empresa de impor à autora o retorno ao trabalho, empresa e o depoimento da testemunha arregimentada pela ré,
no período da licença maternidade, ato passível de indenização por tiveram o fito de alterar a verdade dos fatos e sim, exercer o
danos morais (artigos 186 e 927 do Código Civil). Nessa situação, a contraditório e ampla defesa.
ruptura precipitada do gozo da licença maternidade, além de trazer HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. ART. 791-A
angustia e sofrimento à trabalhadora, que deixa seu filho recém- DA CLT. SUSPENSÃO DA COBRANÇA. No caso, cumpre
nascido sem direito ao convívio com a mãe e amamentação regular, observar a decisão do Tribunal Pleno deste Tribunal quando,
causa danos a criança e fere a dignidade da Obreira, caracterizando examinando Arguição de Inconstitucionalidade - Processo nº
abuso de direito por parte da acionada, devendo tal ato ser 0080026-04.2019.5.07.0000 - em novembro/2019 - decidiu declarar
combatido por esta Justiça especializada. Sentença mantida. incidentalmente a inconstitucionalidade da expressão "desde que
INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL - QUANTIFICAÇÃO. Quanto não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos
ao valor da referida indenização, conforme preceitua o art. 944 e art. capazes de suportar a despesa", constante do § 4º do art. 791-A da
946 do Código Civil de 2002, a fixação do quantum indenizatório CLT, com redação da Lei nº 13.467 de 13.07.2017. Desta feita,
será feito pelo Juiz, levando-se em consideração o binômio mantém-se a condenação no pagamento de honorários
"necessidade da vítima e capacidade econômica do agente", dando- sucumbenciais no percentual de 5% (cinco por cento), em favor do
lhe o caráter compensatório e pedagógico que deve revestir tal patrono das partes. Determina-se, porém, que a execução dos
condenação. Assim, sem se afastar da máxima cautela e honorários advocatícios de sucumbência permaneçam sob condição
sopesando todo o conjunto probatório constante dos autos, entendo suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser exigidos se, nos
que o valor atribuído pelo Juízo de R$ 5.000,000 (cinco mil reais) dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão, o credor
mostra-se combatível com os danos sofridos pela autora, com demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de
RISCO DO NEGÓCIO. ART. 2º E 466, DA CLT. Conforme o artigo RECURSOS CONHECIDOS E DADO PROVIMENTO PARCIAL AO
DO RECURSO DA RECLAMANTE
ÔNUS DA PROVA DA RECLAMADA. Apresentado fato Cuida-se de recursos ordinários interpostos pelas partes(ID.
modificativo/impeditivo do direito da autora, a reclamada atraiu para 91abc51, bae3997, ) contra sentença prolatada pela 13ª Vara do
si o ônus da prova do direito constitutivo do obreiro ao recebimento Trabalho de Fortaleza que julgou PARCIALMENTE
das horas extras pleiteadas, nos termos do art. 373, do CPC, a qual PROCEDENTES os pedidos desta reclamação trabalhista para o
não se desincumbiu, limitando-se em sua defesa, a alegar que o fim de: a) conceder, à parte reclamante, os benefícios da justiça
reclamante não estava sujeito a controle de jornada, posto que gratuita; b) acolher a prescrição quinquenal, para o fim de extinguir
o processo, com resolução do mérito, na forma do art. 7º, XXIX, da extras, sendo da reclamada o ônus da apresentação dos controles
Carta Magna e art. 487, II, do CPC, quanto a eventuais créditos de jornada(art. 818, da CLT c/c/ art. 373, do NCPC), a qual não se
remuneração da parte autora era composta de uma parte fixa no Requer, também, que as diferenças salariais sejam com base na
importe de R$2.283,70 e de uma parte variável, cuja média mensal remuneração mensal de R$ 5.956,37 (cinco mil, novecentos e
era de R$1.492,89, totalizando uma remuneração média mensal de cinquenta e seis reais e trinta e sete centavos), bem como a
R$3.776,59; d) condenar a reclamada J S B COMERCIO E condenação da Recorrida ao pagamento das verbas trabalhistas,
REPRESENTAÇÕES LTDA - ME a pagar à reclamante LIGIA reflexos e depósitos de FGTS com base neste valor e ainda, a
EMANUELLE GADELHA BARRETO,no prazo de quarenta e oito majoração do valor atribuído ao pagamento de danos morais.
horas, contadas da liquidação do julgado, o valor que se apurar Adiante, requer a condenação da Reclamada e de sua testemunha
referente às seguintes parcelas, calculadas com base no valor de no pagamento de multa por litigância de má-fé, cada qual em valor
R$1.492,89: saldo de salário de 1 dia de fevereiro/2018; 03/12 de não inferior a 10% (dez por cento) do valor da causa, ao argumento
13º salário proporcional; 12/12 de férias proporcionais + 1/3; 51 dias de que alteraram a verdade dos fatos ao apresentar depoimento
de aviso prévio; diferenças de férias simples + 1/3 (2012/2013, contraditórios com as demais provas dos autos.
2013/2014, 2014/2015, 2015/2016 e 2016/2017); diferenças de 13º Por fim, requer a majoração do valor atribuído a reclamada para
salário (2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); diferenças de FGTS + 40% pagamento dos honorários advocatícios, em percentual não inferior
do período imprescrito (04/09/2013 a 24/03/2018); devolução dos a 10% do valor da condenação, bem como a declaração de
valores indicados nos documentos de fl. 89/97, a título de "vales"; inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da CLT, no que pertine
Inconformada, alega reclamada em suas razões recursais (ID. Contrarrazões interposta pela reclamante(ID.9047309).
seria incorporada ao contrato de trabalho, nem constituiria base de Preenchidos os pressupostos de admissibilidade conheço dos
incidência dos encargos trabalhistas, vez que trata-se de "prêmio", recursos ordinários interpostos pelas partes.
Advoga, que o valor descontado a título de "VALE", refere-se DO RECURSO DAS PARTES
unicamente a adiantamentos financeiros requeridos pela Recorrida, DA REMUNERAÇÃO- DO PAGAMENTO DE COMISSÕES POR "
nunca tendo havido nenhum desconto por motivos de vendas não POR FORA". DA MÉDIA SALARIAL
pagas pelos clientes ou devolução de mercadorias. Em suas razões recursais, requer a autora/recorrente, que as
No que pertine ao pagamento de indenização por danos morais, diferenças salariais sejam com base na remuneração mensal de R$
defende que a Reclamante nunca sofreu ameaças, cobranças 5.956,37 (cinco mil, novecentos e cinquenta e seis reais e trinta e
sendo indevido o pagamento de indenização por danos morais, ante Na sua peça de ingresso, afirma a Obreira que fora contratada
a ausência de qualquer ato ilícito praticado em desfavor da autora. 21/03/2011, para exercer a função de Supervisora de Vendas, com
Em caso de manutenção da condenação, pugna pela redução do pagamento de salário registrado em sua CTPS de R$ 2.283,70 (dois
valor atribuído a indenização por danos morais, por considera-lo mil, duzentos e oitenta e três reais e setenta centavos), mas que, na
Em suas razões recursais, a reclamante LÍGIA EMANUELLE salariais, caso atingisse suas metas, o que elevava os seus
GADELHA BARRETO defende o cumprimento a jornada declinada rendimentos para um patamar entre R$ 3.000,00 (três mil reais) ,
na peça de ingresso, no sentido de que havia labor aos sábados e mais R$ R$ 5.000,00 (cinco mil reais), perfazendo uma média
Inconformada, a reclamada/recorrente insurge-se quanto a esses pelas vendas efetuadas, além de comissão sobre as vendas
fatos e afirma que a obreira jamais recebeu pagamento de realizadas pela sua equipe, o que não se confundem com o
comissões "por fora", percebendo a título de remuneração apenas recebimento de prêmios, esse, em decorrência de campanhas
as verbas devidamente registradas na sua CTPS e em seu efetuadas pela indústria Grendene.
Argumenta, igualmente, que ainda que se considerasse a SILVA: " (...)" que trabalhou para reclamada de março de 2013 até
remuneração variável mencionada pela Reclamante, a mesma não março de 2015, na função de vendedora; (...) ; que não sabe
seria incorporada ao contrato de trabalho, nem constituiria base de informar o valor do salário da Reclamante, mas sabe que além do
incidência dos encargos trabalhistas, vez que trata-se de "prêmio", salário fixo a Reclamante recebia comissões; (...);que não sabe
pagos pela indústria. informar o percentual das comissões recebidas pela Reclamante;
À análise. que o pagamento das comissões era mensal, que era depositado
As anotações da CTPS gozam de presunção juris tantum, junto com o salário, porém não constava em contracheque ; que os
consoante Súmula nº 12, do TST e Súmula nº 225, do STF, sendo prêmios eram pagos no dia 20 de cada mês pela empresa
que tal presunção pode ser desconstituída se produzidas provas em Grendene; que as campanhas ocorriam as vezes mensalmente e as
contrário. Isso porque o Direito do Trabalho é norteado pelo vezes trimestralmente; que a Reclamada estabelecia metas para a
princípio da primazia da realidade, devendo, pois, a realidade fática Reclamante, que, por sua vez, a distribuía com sua equipe, sendo
prevalecer sobre os aspectos formais do contrato de trabalho. que cada vendedora recebia comissões pelas vendas por eles
Na espécie, portanto, a questão pertinente a existência de efetuadas, e a Reclamante recebia sobre a meta alcançada e
pagamento de salário " por fora" (comissões), deve ser dirimida à sobre as vendas efetuadas pela sua equipe; (...) " ( grifo nosso)
luz da realidade dos fatos, devendo sempre prevalecer a verdade Segunda testemunha do reclamante: ALEXSANDRO SILVA
material, fundada no postulado da primazia da realidade, DINIZ : " (...) que trabalhou para reclamada de março de 2011 até
cristalizado no art. 9º da CLT. novembro de 2017, na função de vendedor; (...)que não sabe
Assim, pela dinâmica processual de distribuição do ônus da prova, informar o valor do salario da Reclamante, mas sabe que além do
é da postulante o ônus probatório quanto ao recebimento de valores salario fixo a Reclamante recebia comissões; que não sabe
"por fora" dos contracheques, porque fato constitutivo de seu direito, informar o percentual das comissões recebidas pela
mercê do que dispõem os artigos 818, da CLT, e 373, I, do NCPC. Reclamante; que o pagamento das comissões era mensal, que
Dispõe o art. 457 da CLT: era depositado junto com o salario, porém não constava em
"Art. 457 - Compreendem-se na remuneração do empregado, para pela própria Reclamada; que as campanhas ocorriam as vezes
todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente mensalmente e as vezes trimestralmente; que a Reclamada
pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que estabelecia metas para a Reclamante, que, por sua vez, a distribuía
receber. com sua equipe, sendo que cada vendedora recebia comissões
§ 1º Integram o salário a importância fixa estipulada, as pelas vendas por eles efetuadas, e a Reclamante recebia sobre
gratificações legais e as comissões pagas pelo empregador. a meta alcançada e sobre as vendas efetuadas pela sua equipe;
(...)."
enviados à autora de ID. 0f6e9fb , que a tese da acionada de que Portanto, em que pese a testemunha da reclamada ter confirmado a
não havia pagamento de comissões, não se sustenta. tese de defesa de que não havia pagamento de comissão, tal
A rubrica "comissões" encontra-se presente em todas as tabelas, as depoimento encontra-se dissociado com as demais provas dos
quais retratam os resumos dos pagamentos efetuados à obreira, autos, não merecendo, pois, acolhimento.
Ainda sobre a alegativa de que tais documentos foram impugnados na peça de ingresso, pois os documentos colacionados aos autos
pela defesa, as testemunhas arregimentadas pela autora, que (extratos bancários e email, ID. 0f6e9fb) apontam uma média de
exerciam o cargo de vendedores, foram firmes em confirmar que recebimento inferior a R$ 2.000,00 de comissões por mês, além de
havia pagamento de comissões mensalmente, por "fora", bem como que as testemunhas conduzidas pela autora, afirmaram
de que a autora , como Supervisora de Vendas, recebia comissões desconhecer a média salarial por ela recebida.
Diante do exposto, mantém-se a sentença impugnada, nesse origem contratual, devendo ser exercida com restrições, respeitando
A teor dos artigos 818 da CLT c/c art. 373 do NCPC, é ônus da
DO RECURSO DAS PARTES - DA INDENIZAÇÃO POR DANOS autora a prova os fatos constitutivos de seu direito, a qual
No que pertine ao pagamento de indenização por danos morais, A prova oral constante nos autos, confirma o ato da empresa de
defende a acionada, que a Reclamante nunca sofreu ameaças, impor à autora o retorno ao trabalho, no período da licença
cobranças abusivas ou trabalhou durante seu período de licença- maternidade, ato passível de indenização por danos morais (artigos
maternidade, sendo indevido o pagamento de indenização por 186 e 927 do Código Civil).
Em caso de manutenção da condenação, pugna pela redução do SILVA: " (...) que a Reclamante não gozou a licença maternidade
valor atribuído a indenização por danos morais, por considera-lo por todo o período, tendo voltado com 1 ou 2 meses após o
Em suas razões recursais, a autora requer a majoração do valor da convocou para retornar ao trabalho; (...) que a Reclamada não
indenização por danos morais. indicou outra pessoa para substituir a Reclamante quando de sua
A obrigação de indenizar surge com a prática de ato ilícito atribuído esteve afastada por licença maternidade, participava de reuniões na
ao empregador ou preposto. Nos termos dos artigos 186 e 927 do Reclamada; (...)."
Código Civil, fica obrigado à reparação aquele que, por ato ilícito, Segunda testemunha do reclamante: ALEXSANDRO SILVA
viola direito e causa dano a outrem, ainda que de cunho DINIZ: "(...) que a Reclamante não gozou a licença maternidade por
exclusivamente moral, garantia que se encontra inserta também no todo o período; que mesmo durante seu afastamento, por ela não
artigo 5º, inciso X, da Constituição Federal. ter substituto, ficava em contato constante com os vendedores, que
O Assédio Moral é uma conduta abusiva, que provoca danos as vezes iam até sua casa; que entende que a Reclamante foi
psicológicos e físicos na vítima e, no ambiente de trabalho, obrigada a retornar ao trabalho antes do tempo, porque não havia
personalidade e dignidade do trabalhador, tornando insustentável o Nessa situação, a ruptura precipitada do gozo da licença
O artigo 187 do Código Civil , estabelece a ilicitude da atuação do que deixa seu filho recém-nascido, sem direito ao convívio com a
titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os mãe e amamentação regular, causa danos a criança e fere a
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou dignidade da Obreira, caracterizando abuso de direito da acionada,
pelos bons costumes. devendo tal ato ser combatido por esta Justiça especializada.
À luz do artigo 2º da CLT, o legislador conceitua empregador como O Dano Moral se caracteriza pela violação de um direito geral da
sendo a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos personalidade, sendo a dor, a tristeza, a frustração da vítima,
da atividade econômica, contrata, assalaria e dirige a prestação sentimentos presumidos de tal lesão e por isso prescindíveis de
pessoal do serviço. prova. Trata-se, no caso, de dano moral puro, ou, como a doutrina
Esse conceito reflete o poder diretivo ou de comando exercido pelo convencionou chamar, in re ipsa (a coisa fala por si).
empregador sobre a atividade do empregado, dando-lhe conteúdo Nesta vertente, trago à lume a lição de Sérgio Cavalieri Filho (in
às suas atribuições, podendo modificá-las ou extingui-las mediante Programa de Responsabilidade Civil, 5ª ed., 3ª tir., Editora
uma declaração de vontade unilateral, sempre que o empregado Malheiros, 2004, p. 101), nos seguintes termos:
não corresponder às diretrizes traçadas para o exercício do cargo "Neste ponto a razão se coloca ao lado daqueles que entendem que
ou função que lhe foi atribuído. o dano moral está ínsito na própria ofensa, decorre da gravidade do
Entretanto, o poder diretivo ou de comando exercido pelo ilícito em si. Se a ofensa é grave e de repercussão, por si só justifica
empregador sobre a atividade do empregado, encontra limites no a concessão de uma satisfação de ordem pecuniária ao lesado. Em
ordenamento jurídico brasileiro, pois essa relação jurídica tem outras palavras, o dano moral existe in re ipsa; deriva
inexoravelmente do próprio fato ofensivo, de tal modo que, provada DINIZ: "(...) que quando a venda era cancelada o valor da comissão
a ofensa, ipso facto está demonstrado o dano moral à guisa de uma era descontado no mês seguinte; (...)."
das regras da experiência comum." Conforme o artigo 466 da CLT, o pagamento das comissões é
Diante do exposto, mantém-se a sentença impugnada, nesse exigível depois de ultimada a transação, sendo indevido o estorno
DO QUANTUM INDENIZATÓRIO POR DANOS MORAIS da atividade econômica (art. 2º, da CLT).
944 e art. 946 do Código Civil de 2002, a fixação do quantum Art. 466 - O pagamento de comissões e percentagens só é exigível
indenizatório será feito pelo Juiz, levando-se em consideração o depois de ultimada a transação a que se referem.
binômio "necessidade da vítima e capacidade econômica do § 1º- Nas transações realizadas por prestações sucessivas, é
agente", dando-lhe o caráter compensatório e pedagógico que deve exigível o pagamento das percentagens e comissões que lhes
Assim, sem se afastar da máxima cautela e sopesando todo o § 2º- A cessação das relações de trabalho não prejudica a
conjunto probatório constante dos autos, entendo que o valor percepção das comissões e percentagens devidas na forma
atribuído pelo Juízo de R$ 5.000,000 (cinco mil reais) mostra-se estabelecida por este artigo.
combatível com os danos sofridos pela autora, com respaldo no Diante do exposto, mantém-se a sentença atacada, nesse aspecto.
princípio da razoabilidade.
Assim sendo, mantém-se a sentença impugnada pelas partes. DO RECURSO DA RECLAMANTE- DO CONTROLE DE
DO RECURSO DA RECLAMADA- DOS DESCONTOS Na peça inicial, aduz a autora que cumpria jornada de trabalho de
Advoga a recorrente/reclamada, que o valor descontado a título de segunda a sexta, das 7:30hs às 17:30hs, com 1 (uma) hora de
"VALE", refere-se unicamente a adiantamentos financeiros intervalo intrajornada, e pelo menos 2 (dois) sábados por mês, de
requeridos pela Recorrida, nunca tendo havido nenhum desconto 8:00h às 12:00h, quando era necessário visitar clientes, ou quando
por motivos de vendas não pagas pelos clientes ou devolução de havia treinamento na empresa; que era obrigada a participar de
mercadorias. reuniões fora do período de sua jornada após seu expediente, como
Apesar de a testemunha da acionada afirmar a inexistência de sempre ocorria no último dia do mês, em que era obrigada a
descontos, além dos legais, os documentos de ID.0f6e9fb, somados participar de reuniões de balanço e fechamento de mês, de maneira
aos depoimentos das duas testemunhas arregimentadas pela que permanecia na empresa até as 20:30 ou 21h da noite. Ressalte
reclamante, comprovam a tese da autora de que tais descontos -se ainda que seus gerentes à época, MÁRIO CÉSAR e CLÁUDIO
referem-se a estornos de comissões pelas vendas canceladas. COSTA, costumavam marcar reunião antes do início do expediente
pelo menos 1 (uma) vez por mês a qual iniciava por volta de 6:30h,
Primeira testemunha do reclamado(s): FLAVIO CARLOS nunca tendo recebido quaisquer pagamentos referentes a horas
desconto no contracheque da Reclamante a não ser os legais, De outro lado, aduz a reclamada que a obreira exercia trabalho
como INSS, por exemplo; (...)." externo, nos termos do art. 62, I da CLT, incompatível com a fixação
Primeira testemunha do reclamante: DANIELE DE SOUZA e controle de horário de trabalho, sendo impossível para a
SILVA : " (...)que a Reclamada estabelecia metas para a reclamada fiscalizar se os colaboradores estão seguindo a
Reclamante, que, por sua vez, a distribuía com sua equipe, sendo recomendação da empresa, seja de gozarem do horário intervalar
que cada vendedora recebia comissões pelas vendas por eles para refeição e descanso ou para terminarem o seu serviço no
as vendas efetuadas pela sua equipe; que quando a venda era Afirma, que na forma estipulada pelo contrato de trabalho firmado
cancelada o valor da comissão era descontado no mês seguinte; entre as partes, a autora laborava em horários fixos, de 07h30min
Segunda testemunha do reclamante: ALEXSANDRO SILVA sábados e domingos, NUNCA tendo havido qualquer tipo de
exigência de labor fora deste horário, pois a supervisora de vendas apenas 1 hora, entendo que não deve prevalecer, tal afirmação se
tem liberdade para escolher os horários que melhor lhe couber para mostra divergente das demais testemunhas.
ir a cada estabelecimento. Assim, no que pertine à duração da jornada semanal, não há provas
Ratifica a inexistência de controle de jornada ou de fiscalização de que havia cumprimento de jornada além das 44 horas semanais,
diária, sob o fundamento de que a obrigação da obreira é a de salvo nos dias de reuniões.
visitar os estabelecimentos e só presta contas com a empresa em Primeira testemunha do reclamante: DANIELE DE SOUZA
reuniões semanais após a efetivação da rota, mas sempre em SILVA: " que trabalhou para reclamada de março de 2013 até
horário comercial. março de 2015, na função de vendedora; que trabalhava das 08h
Em suas razões recursais, a reclamante LÍGIA EMANUELLE às 18h, com intervalo de 1h, de segunda a sexta-feira, e das 08h
GADELHA BARRETO defende o cumprimento a jornada declinada ao meio-dia aos sábados; que a função da Reclamante era
na peça de ingresso, no sentido de que havia labor aos sábados e supervisora, não exercendo outras funções; que o horário da
durante as reuniões, sem o correspondente pagamento das horas Reclamante era o mesmo da depoente; (...)."
extras, sendo da reclamada o ônus da apresentação dos controles Segunda testemunha do reclamante ALEXSANDRO SILVA
de jornada(art. 818, da CLT c/c/ art. 373, do NCPC), a qual não se DINIZ: " que trabalhou para reclamada de março de 2011 até
Ressalte-se, inicialmente, que o controle de jornada previsto no art. ao meio-dia aos sábados;que a função da Reclamante era
7º, incisos XIII e XVI da Constituição Federal, são normas cogentes, supervisora, não exercendo outras funções; que o horário da
de ordem pública, pois tratam de proteção à saúde do trabalhador. Reclamante era o mesmo do depoente ; (...)."
Ficam excluídos destas normas apenas os casos previstos no art. Primeira testemunha do reclamado(s): FLAVIO CARLOS
62, da CLT, pois trata-se de uma presunção jurídica de que a BATISTA LIMA: " que trabalha para reclamada desde junho de
jornada não é fiscalizada, e como tal não é capaz de gerar direito a 2002, na função de atual de gerente comercial; que trabalha das
Dessa forma, alerta-se que, diferentemente do alegado pela ré, o 08h às 11h/meio-dia aos sábados, eventualmente; que quando
simples fato de o empregado exercer trabalho externo, por si só, gerente de compras trabalhava apenas de segunda a sexta; que a
não tem o condão de afastar as normas de proteção à saúde do função da Reclamante era supervisora, que o horário da
modificativo do direito do autor, atraiu para si o ônus da prova do Entretanto, afirma a recorrente, que no último dia do mês era
direito constitutivo do obreiro ao recebimento das horas extras obrigada a participar de reuniões de balanço e fechamento de mês,
pleiteadas, nos termos dos art. 818, da CLT e art. 373, do CPC, a de maneira que permanecia na empresa até às 20h30min ou 21h.
qual não se desincumbiu, limitando-se em sua defesa, a alegar que Nesse ponto, os depoimentos das duas testemunhas da reclamante
a recorrida/reclamante não estava sujeito a controle de jornada, confirmaram que as reuniões ocorriam fora do horário normal de
posto que exercia atividade externa, nos termos do art. 62, I, da expediente, estendendo-se até às 20h30min, aproximadamente,
CLT. bem como de que eram semanais, nesse ponto, confirmado pelo
Ocorre que a própria testemunha da reclamante afirmou que não depoimento da testemunha da empresa.
O que se extrai da prova oral constante nos autos é que a jornada Primeira testemunha do reclamante: DANIELE DE SOUZA
diária era de 8h às 18hs, com intervalo intrajornada de 2 horas,de SILVA : " (...) que as reuniões de planejamento não tinha horário
segunda a sexta-feira e aos sábados, eventualmente, quando era certo para terminar e sempre extrapolavam a jornada; que as
necessário visitar clientes, conforme consta na peça de ingresso, de reuniões eram semanais; que quando as reuniões ocorriam a
8h às 12 horas, conforme afirmou, também, a testemunha da tarde poderiam perdurar até as 20h30min; (...)."
reclamante, Sr. ALEXSANDRO SILVA DINIZ e da reclamada, Sr. Segunda testemunha do reclamante: ALEXSANDRO SILVA
FLAVIO CARLOS BATISTA LIMA. DINIZ: " (...) que as reuniões eram normalmente semanais; que
Nesse ponto, apesar de a testemunha da reclamante Sra. DANIELE as reuniões de planejamento aconteciam no inicio. No meio e
DE SOUZA SILVA ter afirmado que o intervalo intrajornada era de no final do mês; que varias vezes as reuniões extrapolaram os
horário, até 19h30mi/20h; (...)." Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão
Primeira testemunha do reclamado(s): FLAVIO CARLOS devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%
BATISTA LIMA: que as reuniões de planejamento aconteciam (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o
no inicio, no meio e no final do mês, quando, eventualmente valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico
ultrapassavam o horário eram compensadas com folgas aos obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado
Dessa forma, tem-se que, não obstante a obreira cumprisse jornada Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida ou
legal, nos dias de reuniões de planejamento, uma vez por semana, substituída pelo sindicato de sua categoria.
Assim sendo, tomando por base as médias das informações I - o grau de zelo do profissional;
constantes dos autos, fixo o horário de trabalho da autora da II - o lugar de prestação do serviço;
seguinte forma: de segunda a sexta, de 08h às 18h, com 02hs de III - a natureza e a importância da causa;
intervalo intrajornada e aos sábados, eventualmente, de 8h às 12 IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o
horas e 1 ( uma) vez por semana de 08h às 20h30min, com seu serviço.
fundamento no artigo 371 do NCPC, subsidiário, e art. 765 da CLT, § 3º Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários
bem como observando o princípio da razoabilidade. de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os
para condenar a reclamada ao pagamento e extras prestadas, § 4º Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha
consideradas como tais as que excederem a 8ª diária e a 44ª obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de
semanal, com adicional de 50% e com reflexos em aviso prévio, suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência
FGTS+40%, 13º salários e férias + 1/3. ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente
Para cálculo das horas extras, deve-se observar ainda, o valor da poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito
hora normal, integrado pelas demais parcelas de natureza salarial em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que
percebidas, a teor do que dispõe a Súmula 264, do TST, os dias deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que
efetivamente trabalhados, bem como os pagamentos já efetuados justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse
sobre os mesmos títulos, o teor das súmulas 172 e 376, item II do prazo, tais obrigações do beneficiário.
reclamada para pagamento dos honorários advocatícios, em expressão "desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em
percentual não inferior a 10% do valor da condenação, bem como a outro processo, créditos capazes de suportar a despesa", constante
declaração de inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da CLT, do § 4º do art. 791-A da CLT, com redação da Lei nº 13.467 de
sucumbenciais. Desta feita, por uma questão de disciplina judiciária, sem embargos
A sentença recorrida condenou a reclamada no pagamento dos da minha posição pessoal, de que o beneficiário da justiça gratuita
honorários advocatícios no percentual de 5% (cinco por cento) não deve ser condenado nos ônus da sucumbência, outro caminho
sobre o montante total da condenação. não vejo a não ser me curvar à opinião majoritária dos integrantes
A recorrente requer a majoração desse percentual, bem como a do Tribunal Pleno do TRT da 7ª Região e passar a adotar, com
exclusão do pagamento de honorários sucumbenciais pela autora. ressalvas, o entendimento supra e, portanto, negar provimento ao
Com relação aos honorários advocatícios de sucumbência, e em pagamento de honorários sucumbenciais no percentual de 5% (
face da redação da Lei nº 13.467 de 13.07.2017 que incluiu na CLT cinco por cento), em favor do patrono das partes.
o art. 791-A, tem-se que: Determina-se, porém, que a execução dos honorários advocatícios
de sucumbência permaneçam sob condição suspensiva de provimento parcial ao recurso da reclamante para condenar a
exigibilidade e somente poderão ser exigidos se, nos dois anos reclamada no pagamento de horas extras prestadas, consideradas
subsequentes ao trânsito em julgado da decisão, o credor como tais as que excederem a 8ª diária e a 44ª semanal, com
demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de adicional de 50% e com reflexos em aviso prévio, FGTS+40%, 13º
recursos que justificou a concessão da gratuidade processual à salários e férias + 1/3, bem como para determinar que a execução
obreira, extinguindo-se, passado esse prazo, a respectiva dos honorários advocatícios de sucumbência por parte da autora,
Sentença reformada, nesse aspecto. poderão ser exigidos se, nos dois anos subsequentes ao trânsito
DA MULTA POR LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão da
Requer a recorrente/reclamante, a condenação da Reclamada e de gratuidade processual à obreira, extinguindo-se, passado esse
sua testemunha no pagamento de multa por litigância de má-fé, prazo, a respectiva obrigação.
cada qual em valor não inferior a 10% (dez por cento) do valor da Para cálculo das horas extras, deve-se observar ainda, o valor da
causa, ao argumento de que alteraram a verdade dos fatos ao hora normal, integrado pelas demais parcelas de natureza salarial
apresentar depoimento contraditórios com as demais provas dos percebidas, a teor do que dispõe a Súmula 264, do TST, os dias
À análise. sobre os mesmos títulos, o teor das súmulas 172 e 376, item II do
A norma prevê as hipóteses que configuram a litigância de má-fé, C.TST e OJ 394 da SBDI-I/TST.
nos seguintes termos: Custas processuais de R$ 600,00, calculadas sobre o novo valor
incontroverso;
V-proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2.ª TURMA DO
VI-provocar incidentes manifestamente infundados; unanimidade, conhecer do recurso e, no mérito, dar provimento
VII- interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório. parcial ao recurso da reclamante para condenar a reclamada no
A alteração da verdade dos fatos, de molde a caracterizar a pagamento de horas extras prestadas, consideradas como tais as
litigância de má-fé, pressupõe o dolo da parte, com o objetivo de que excederem a 8ª diária e a 44ª semanal, com adicional de 50% e
induzir à compreensão distorcida da realidade. com reflexos em aviso prévio, FGTS+40%, 13º salários e férias +
A aplicação da multa por litigância de má-fé parte da análise 1/3, bem como para determinar que a execução dos honorários
casuística, identificável no contexto próprio de cada processo. advocatícios de sucumbência por parte da autora, permaneçam sob
Assim, analisando a situação fática dos autos, não vislumbra esse condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser
julgador que a defesa apresentada pela empresa e o depoimento da exigidos se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da
testemunha arregimentada pela ré, tiveram o fito de alterar a decisão, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de
verdade dos fatos e sim, exercer o contraditório e ampla defesa. insuficiência de recursos que justificou a concessão da gratuidade
Logo, não comprovada nenhuma das hipóteses do artigo 80 do processual à obreira, extinguindo-se, passado esse prazo, a
CONCLUSÃO DO VOTO percebidas, a teor do que dispõe a Súmula 264, do TST, os dias
Isto posto, voto pelo conhecimento do recurso e, no mérito, dar C.TST e OJ 394 da SBDI-I/TST.
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Trata-se de Embargos de Declaração de ID. c16291a, interpostos
Fortaleza, 10 de fevereiro de 2020. pela reclamada TELEFONICA BRASIL S.A. (VIVO), em face do
FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA sentença para reduzir o valor da indenização por danos morais para
ROMULO DE SOUSA FROTA essa Colenda Turma não se pronunciou expressamente sobre todos
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO - REEXAME DE FATOS E com as normas de medicina e segurança do trabalho, tanto a
PROVAS. Conforme o disposto no artigo 1.022 do NCPC, aplicado jornada e pausas, são anotadas e usufruídas corretamente,
subsidiariamente ao processo trabalhista, por força do artigo 769 da inclusive, não havia qualquer restrição de iras ao banheiro,
CLT, os Embargos de Declaração não se prestam ao reexame de inclusive, a empresa disponibiliza atendimento ambulatorial para
pois o seu cabimento está limitado a sanar omissão, extirpar Requer ao final, em suma, o pronunciamento sobre todos os
contradição ou manifesto equívoco de admissibilidade do recurso, a questionamentos apresentados nas ruas razões recursais e
teor do art. 897-A da CLT. A reapreciação da matéria, quando já documentos apresentados, para que seja esclarecido nos autos
apreciada pelo órgão prolator do acórdão embargado, é defeso em quanto a existência de excesso de trabalho, as cobranças exigidas,
lei, pois tal implicaria em reexame do mérito da decisão, o que foge em especial aquelas constantes nas declarações da reclamante
às finalidades dos embargos declaratórios. quando de sua oitiva e reitera argumento de as doenças indicadas
Embargos de Declaração conhecidos e não providos na inicial não decorreram das atividades laborais, e não se tratam
Apresentação das contrarrazões, ID. 1d6096d. em especial aquelas constantes nas declarações da reclamante
Preenchidos os pressupostos de admissibilidade de se conhecer os CLT, cabem embargos de declaração quando houver no acórdão
embargos declaratórios interpostos pela reclamada TELEFÔNICA obscuridade ou contradição ou, ainda, quando for omitido ponto
BRASIL S.A. (VIVO). sobre o qual devia pronunciar-se o juízo, inclusive de ofício, e,
Para fundamentar suas alegações, renova a Embargante a tese de extrínsecos do recurso ou para corrigir erro material, conforme
defesa de que que não restou provado nos autos, a inequívoca previsão no art. 897-A, da CLT. Estes são, portanto, os limites
"depressão", com a execução do contrato de trabalho. Fora dessas hipóteses não tem cabimento a interposição de
demonstrar ou não, a existência do nexo de causalidade entre a Do exame da decisão vergastada, em sede de embargos de
patologia apresentada pela reclamante, e suas atividades na declaração, verifica-se que não assiste razão a Embargante.
Alega a embargante, em síntese, que o v. Acórdão prolatado por demonstra a inconformidade da Embargante com os termos da
essa Colenda Turma não se pronunciou expressamente sobre todos decisão, pretendendo, em realidade, a reforma do julgado.
os argumentos apresentados pela defesa, não analisando as provas Do exame dos autos, observa-se que a decisão regional analisou
que justificariam o não pagamento de indenização por danos todas as questões e provas apresentadas nos autos, tendo
Argumenta, que o perito afirmou que houve "uma série de ocorrência de assédio moral em face das alegadas perseguições e
circunstâncias que levou a autora a um quadro emocional grave", humilhações pela superior hierárquica, Srª Landa Saraiva e
bem como de que o mesmo ressaltou, que a obreira estava grávida, limitações ao uso do banheiro, no momento em que se encontrava
com problemas orgânicos inerentes ao processo e perdeu o bebê, o grávida, bem como cobranças de metas de forma excessiva, o
que trouxe consequências emocionais que ainda perduram, o que Perito judicial constatou que a autora passou por traumas em
afasta o dever da empresa de pagar indenização por danos morais, decorrência de várias circunstâncias, inclusive, pela perda do
ante a ausência de nexo de causalidade. bebê, relatando, também, que o ambiente laboral contribuiu
Reitera, igualmente, que o perito afirmou que não se trata de uma para o agravamento da doença emocional acometida pela
patrão e empregado, todavia, não deixou claro na sua conclusão se Destacou, também, que o relatório médico de ID. f2dc01c,
a depressão da autora tem ou não algum nexo de causalidade com igualmente, descreve alterações na pressão arterial em face de
o trabalho; que a única testemunha ouvida nos autos, declarou que problemas ocorridos no ambiente laboral, tendo a autora se
as atividades na reclamada são realizadas em estrito cumprimento afastado para gozo de benefício previdenciário em razão de sua
jornada e pausas, são anotadas e usufruídas corretamente, A decisão registrou, igualmente, que as informações do Perito foram
inclusive, não havia qualquer restrição de iras ao banheiro, ratificadas através do laudo complementar de ID. 2e7db2b, no
inclusive, a empresa disponibiliza atendimento ambulatorial para sentido de que os SINTOMAS DEPRESSIVOS COM INTENSO
Requer ao final, em suma, o pronunciamento sobre todos os RESULTANTES DA RELAÇÃO CONFLITUOSA ENTRE PATRÃO
documentos apresentados, para que seja esclarecido nos autos Confirmou ainda, que "SEGURAMENTE QUE A MANEIRA COMO
A ADMINISTRAÇÃO REAGIU À SITUAÇÃO DA AUTORA de declaração contra a decisão que não se pronunciou sobre
CONTRIBUIU PARA O AGRAVAMENTO DO QUADRO." determinado argumento que era incapaz de infirmar a conclusão
da doença acometida pela autora ter origem multifatorial, o No caso, todos os depoimentos foram minuciosamente analisados
ambiente laboral contribuiu para o agravamento, ou causa e registradas as conclusões na decisão, não havendo que se falar
concomitante da lesão ou doença ocupacional, configurando-se em mal interpretação ou ausência de análise das provas.
assim, a concausalidade: (...) Neste contexto, não se verifica nenhuma omissão ou contradição no
Tem-se, ainda, que para caracterizar o nexo causal em caso de julgado, nem manifesto equívoco no exame dos pressupostos
acidente de trabalho, basta demonstrar a existência de relação extrínsecos do recurso, que possa embasar o presente embargos
Em ralação ao nexo de concausalidade, tem-se que o trabalho não apreciada pelo órgão prolator do acórdão embargado, é defeso em
é a causa principal do infortúnio laboral, mas, sim, um agravamento, lei, pois tal implicaria em reexame do mérito da decisão, o que foge
Dessa forma, ressalte-se que a concausa se une à causa principal Dessa forma, mantêm-se a decisão atacada.
no caso em espécie.
Alerta-se ainda que, não há necessidade de se precisar qual das CONCLUSÃO DO VOTO
seu agravamento, caso dos autos. Isto posto, voto pelo conhecimento dos embargos declaratórios,
danos morais.
doença (estresse, depressão) e a atividade da obreira. TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7.ª REGIÃO, por
Diante do exposto, mantém-se a sentença, nesse aspecto. unanimidade, conhecer dos embargos declaratórios, e, no mérito,
As provas constantes nos autos têm como destinatário a convicção negar-lhe provimento.
do Juízo acerca dos fatos que lhe são apresentados, que, utilizando Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
-se do princípio do livre convencimento ou persuasão racional (art. Francisco José Gomes da Silva (Presidente e Relator),Cláudio
93, IX da Constituição Federal de 1988), terá toda liberdade na Soares Pires e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a)
condução das mesmas com o fito de aplicar a norma jurídica que Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho.
FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA Assim, pela dinâmica processual de distribuição do ônus da prova, é
FORTALEZA/CE, 04 de março de 2020. documentos colacionados aos autos (extratos bancários e email, ID.
ROMULO DE SOUSA FROTA de comissões por mês, além de que as testemunhas conduzidas
Diretor de Secretaria pela autora, afirmaram desconhecer a média salarial por ela
Intimado(s)/Citado(s): abuso de direito por parte da acionada, devendo tal ato ser
- J S B COMERCIO E REPRESENTACOES LTDA combatido por esta Justiça especializada. Sentença mantida.
DO RECURSO DA RECLAMANTE
ÔNUS DA PROVA DA RECLAMADA. Apresentado fato Cuida-se de recursos ordinários interpostos pelas partes(ID.
modificativo/impeditivo do direito da autora, a reclamada atraiu para 91abc51, bae3997, ) contra sentença prolatada pela 13ª Vara do
si o ônus da prova do direito constitutivo do obreiro ao recebimento Trabalho de Fortaleza que julgou PARCIALMENTE
das horas extras pleiteadas, nos termos do art. 373, do CPC, a qual PROCEDENTES os pedidos desta reclamação trabalhista para o
não se desincumbiu, limitando-se em sua defesa, a alegar que o fim de: a) conceder, à parte reclamante, os benefícios da justiça
reclamante não estava sujeito a controle de jornada, posto que gratuita; b) acolher a prescrição quinquenal, para o fim de extinguir
exercia trabalho externo de vendedor, nos termos do art. 62, I, da o processo, com resolução do mérito, na forma do art. 7º, XXIX, da
CLT. Entretanto, a própria testemunha da reclamante afirmou que Carta Magna e art. 487, II, do CPC, quanto a eventuais créditos
não havia labor extraordinário, salvo, nos dias em que havia referentes ao período anterior a 04/09/2013; c) reconhecer que a
reuniões de planejamento, na qual o labor se estendia até remuneração da parte autora era composta de uma parte fixa no
20h30min. Sentença parcialmente reformada. importe de R$2.283,70 e de uma parte variável, cuja média mensal
MULTA POR LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. ART. 80 do CPC. A era de R$1.492,89, totalizando uma remuneração média mensal de
alteração da verdade dos fatos, de molde a caracterizar a litigância R$3.776,59; d) condenar a reclamada J S B COMERCIO E
de má-fé, pressupõe o dolo da parte, com o objetivo de induzir à REPRESENTAÇÕES LTDA - ME a pagar à reclamante LIGIA
compreensão distorcida da realidade. Assim, analisando a situação EMANUELLE GADELHA BARRETO,no prazo de quarenta e oito
fática dos autos, não se vislumbra que a defesa apresentada pela horas, contadas da liquidação do julgado, o valor que se apurar
empresa e o depoimento da testemunha arregimentada pela ré, referente às seguintes parcelas, calculadas com base no valor de
tiveram o fito de alterar a verdade dos fatos e sim, exercer o R$1.492,89: saldo de salário de 1 dia de fevereiro/2018; 03/12 de
contraditório e ampla defesa. 13º salário proporcional; 12/12 de férias proporcionais + 1/3; 51 dias
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. ART. 791-A de aviso prévio; diferenças de férias simples + 1/3 (2012/2013,
DA CLT. SUSPENSÃO DA COBRANÇA. No caso, cumpre 2013/2014, 2014/2015, 2015/2016 e 2016/2017); diferenças de 13º
observar a decisão do Tribunal Pleno deste Tribunal quando, salário (2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); diferenças de FGTS + 40%
examinando Arguição de Inconstitucionalidade - Processo nº do período imprescrito (04/09/2013 a 24/03/2018); devolução dos
0080026-04.2019.5.07.0000 - em novembro/2019 - decidiu declarar valores indicados nos documentos de fl. 89/97, a título de "vales";
incidentalmente a inconstitucionalidade da expressão "desde que indenização a título de danos morais R$5.000,00.
não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos Inconformada, alega reclamada em suas razões recursais (ID.
capazes de suportar a despesa", constante do § 4º do art. 791-A da 91abc51), ser indevidas as diferenças salariais, sob o fundamento
CLT, com redação da Lei nº 13.467 de 13.07.2017. Desta feita, de que a autora jamais recebeu pagamento de comissões "por
mantém-se a condenação no pagamento de honorários fora", percebendo a título de remuneração apenas as verbas
sucumbenciais no percentual de 5% (cinco por cento), em favor do devidamente registradas na sua CTPS e em seu contracheque,
patrono das partes. Determina-se, porém, que a execução dos todas devidamente quitadas.
honorários advocatícios de sucumbência permaneçam sob condição Argumenta, igualmente, que ainda que se considerasse a
suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser exigidos se, nos remuneração variável mencionada pela Reclamante, a mesma não
dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão, o credor seria incorporada ao contrato de trabalho, nem constituiria base de
demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de incidência dos encargos trabalhistas, vez que trata-se de "prêmio",
obreira, extinguindo-se, passado esse prazo, a respectiva Advoga, que o valor descontado a título de "VALE", refere-se
obrigação. Sentença parcialmente modificada. unicamente a adiantamentos financeiros requeridos pela Recorrida,
RECURSOS CONHECIDOS E DADO PROVIMENTO PARCIAL AO nunca tendo havido nenhum desconto por motivos de vendas não
sendo indevido o pagamento de indenização por danos morais, ante Na sua peça de ingresso, afirma a Obreira que fora contratada
a ausência de qualquer ato ilícito praticado em desfavor da autora. 21/03/2011, para exercer a função de Supervisora de Vendas, com
Em caso de manutenção da condenação, pugna pela redução do pagamento de salário registrado em sua CTPS de R$ 2.283,70 (dois
valor atribuído a indenização por danos morais, por considera-lo mil, duzentos e oitenta e três reais e setenta centavos), mas que, na
Em suas razões recursais, a reclamante LÍGIA EMANUELLE salariais, caso atingisse suas metas, o que elevava os seus
GADELHA BARRETO defende o cumprimento a jornada declinada rendimentos para um patamar entre R$ 3.000,00 (três mil reais) ,
na peça de ingresso, no sentido de que havia labor aos sábados e mais R$ R$ 5.000,00 (cinco mil reais), perfazendo uma média
extras, sendo da reclamada o ônus da apresentação dos controles Inconformada, a reclamada/recorrente insurge-se quanto a esses
de jornada(art. 818, da CLT c/c/ art. 373, do NCPC), a qual não se fatos e afirma que a obreira jamais recebeu pagamento de
Requer, também, que as diferenças salariais sejam com base na as verbas devidamente registradas na sua CTPS e em seu
remuneração mensal de R$ 5.956,37 (cinco mil, novecentos e contracheque, todas devidamente quitadas.
cinquenta e seis reais e trinta e sete centavos), bem como a Argumenta, igualmente, que ainda que se considerasse a
condenação da Recorrida ao pagamento das verbas trabalhistas, remuneração variável mencionada pela Reclamante, a mesma não
reflexos e depósitos de FGTS com base neste valor e ainda, a seria incorporada ao contrato de trabalho, nem constituiria base de
majoração do valor atribuído ao pagamento de danos morais. incidência dos encargos trabalhistas, vez que trata-se de "prêmio",
não inferior a 10% (dez por cento) do valor da causa, ao argumento As anotações da CTPS gozam de presunção juris tantum,
de que alteraram a verdade dos fatos ao apresentar depoimento consoante Súmula nº 12, do TST e Súmula nº 225, do STF, sendo
contraditórios com as demais provas dos autos. que tal presunção pode ser desconstituída se produzidas provas em
Por fim, requer a majoração do valor atribuído a reclamada para contrário. Isso porque o Direito do Trabalho é norteado pelo
pagamento dos honorários advocatícios, em percentual não inferior princípio da primazia da realidade, devendo, pois, a realidade fática
a 10% do valor da condenação, bem como a declaração de prevalecer sobre os aspectos formais do contrato de trabalho.
inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da CLT, no que pertine Na espécie, portanto, a questão pertinente a existência de
ao pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais. pagamento de salário " por fora" (comissões), deve ser dirimida à
Contrarrazões interposta pela reclamante(ID.9047309). luz da realidade dos fatos, devendo sempre prevalecer a verdade
recursos ordinários interpostos pelas partes. "Art. 457 - Compreendem-se na remuneração do empregado, para
DO RECURSO DAS PARTES pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que
Em suas razões recursais, requer a autora/recorrente, que as gratificações legais e as comissões pagas pelo empregador.
5.956,37 (cinco mil, novecentos e cinquenta e seis reais e trinta e Na conformidade dos autos, constata-se pelos e-mails funcionais
sete centavos). enviados à autora de ID. 0f6e9fb , que a tese da acionada de que
não havia pagamento de comissões, não se sustenta. tese de defesa de que não havia pagamento de comissão, tal
A rubrica "comissões" encontra-se presente em todas as tabelas, as depoimento encontra-se dissociado com as demais provas dos
quais retratam os resumos dos pagamentos efetuados à obreira, autos, não merecendo, pois, acolhimento.
Ainda sobre a alegativa de que tais documentos foram impugnados na peça de ingresso, pois os documentos colacionados aos autos
pela defesa, as testemunhas arregimentadas pela autora, que (extratos bancários e email, ID. 0f6e9fb) apontam uma média de
exerciam o cargo de vendedores, foram firmes em confirmar que recebimento inferior a R$ 2.000,00 de comissões por mês, além de
havia pagamento de comissões mensalmente, por "fora", bem como que as testemunhas conduzidas pela autora, afirmaram
de que a autora , como Supervisora de Vendas, recebia comissões desconhecer a média salarial por ela recebida.
pelas vendas efetuadas, além de comissão sobre as vendas Diante do exposto, mantém-se a sentença impugnada, nesse
efetuadas pela indústria Grendene. DO RECURSO DAS PARTES - DA INDENIZAÇÃO POR DANOS
SILVA: " (...)" que trabalhou para reclamada de março de 2013 até No que pertine ao pagamento de indenização por danos morais,
março de 2015, na função de vendedora; (...) ; que não sabe defende a acionada, que a Reclamante nunca sofreu ameaças,
informar o valor do salário da Reclamante, mas sabe que além do cobranças abusivas ou trabalhou durante seu período de licença-
salário fixo a Reclamante recebia comissões; (...);que não sabe maternidade, sendo indevido o pagamento de indenização por
informar o percentual das comissões recebidas pela Reclamante; danos morais, ante a ausência de qualquer ato ilícito praticado em
que o pagamento das comissões era mensal, que era depositado desfavor da autora.
junto com o salário, porém não constava em contracheque ; que os Em caso de manutenção da condenação, pugna pela redução do
prêmios eram pagos no dia 20 de cada mês pela empresa valor atribuído a indenização por danos morais, por considera-lo
vezes trimestralmente; que a Reclamada estabelecia metas para a Em suas razões recursais, a autora requer a majoração do valor da
Reclamante, que, por sua vez, a distribuía com sua equipe, sendo indenização por danos morais.
que cada vendedora recebia comissões pelas vendas por eles À análise.
efetuadas, e a Reclamante recebia sobre a meta alcançada e A obrigação de indenizar surge com a prática de ato ilícito atribuído
sobre as vendas efetuadas pela sua equipe; (...) " ( grifo nosso) ao empregador ou preposto. Nos termos dos artigos 186 e 927 do
Segunda testemunha do reclamante: ALEXSANDRO SILVA Código Civil, fica obrigado à reparação aquele que, por ato ilícito,
DINIZ : " (...) que trabalhou para reclamada de março de 2011 até viola direito e causa dano a outrem, ainda que de cunho
novembro de 2017, na função de vendedor; (...)que não sabe exclusivamente moral, garantia que se encontra inserta também no
informar o valor do salario da Reclamante, mas sabe que além do artigo 5º, inciso X, da Constituição Federal.
salario fixo a Reclamante recebia comissões; que não sabe O Assédio Moral é uma conduta abusiva, que provoca danos
informar o percentual das comissões recebidas pela psicológicos e físicos na vítima e, no ambiente de trabalho,
Reclamante; que o pagamento das comissões era mensal, que traduzem-se por ameaças, perseguições, discriminações, de forma
era depositado junto com o salario, porém não constava em prolongada e reiterada, de tal monta que causa ofensa à
contracheque; que os prêmios eram pagos no dia 20 de cada mês personalidade e dignidade do trabalhador, tornando insustentável o
pela própria Reclamada; que as campanhas ocorriam as vezes convívio no ambiente de trabalho.
mensalmente e as vezes trimestralmente; que a Reclamada O artigo 187 do Código Civil , estabelece a ilicitude da atuação do
estabelecia metas para a Reclamante, que, por sua vez, a distribuía titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
com sua equipe, sendo que cada vendedora recebia comissões limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou
pelas vendas por eles efetuadas, e a Reclamante recebia sobre pelos bons costumes.
a meta alcançada e sobre as vendas efetuadas pela sua equipe; À luz do artigo 2º da CLT, o legislador conceitua empregador como
Esse conceito reflete o poder diretivo ou de comando exercido pelo convencionou chamar, in re ipsa (a coisa fala por si).
empregador sobre a atividade do empregado, dando-lhe conteúdo Nesta vertente, trago à lume a lição de Sérgio Cavalieri Filho (in
às suas atribuições, podendo modificá-las ou extingui-las mediante Programa de Responsabilidade Civil, 5ª ed., 3ª tir., Editora
uma declaração de vontade unilateral, sempre que o empregado Malheiros, 2004, p. 101), nos seguintes termos:
não corresponder às diretrizes traçadas para o exercício do cargo "Neste ponto a razão se coloca ao lado daqueles que entendem que
ou função que lhe foi atribuído. o dano moral está ínsito na própria ofensa, decorre da gravidade do
Entretanto, o poder diretivo ou de comando exercido pelo ilícito em si. Se a ofensa é grave e de repercussão, por si só justifica
empregador sobre a atividade do empregado, encontra limites no a concessão de uma satisfação de ordem pecuniária ao lesado. Em
ordenamento jurídico brasileiro, pois essa relação jurídica tem outras palavras, o dano moral existe in re ipsa; deriva
origem contratual, devendo ser exercida com restrições, respeitando inexoravelmente do próprio fato ofensivo, de tal modo que, provada
a função social do contrato, assim como a dignidade do trabalhador. a ofensa, ipso facto está demonstrado o dano moral à guisa de uma
A teor dos artigos 818 da CLT c/c art. 373 do NCPC, é ônus da presunção natural, uma presunção hominis ou facti, que decorre
autora a prova os fatos constitutivos de seu direito, a qual das regras da experiência comum."
maternidade, ato passível de indenização por danos morais (artigos DO QUANTUM INDENIZATÓRIO POR DANOS MORAIS
186 e 927 do Código Civil). Quanto ao valor da referida indenização, conforme preceitua o art.
Primeira testemunha do reclamante: DANIELE DE SOUZA indenizatório será feito pelo Juiz, levando-se em consideração o
SILVA: " (...) que a Reclamante não gozou a licença maternidade binômio "necessidade da vítima e capacidade econômica do
por todo o período, tendo voltado com 1 ou 2 meses após o agente", dando-lhe o caráter compensatório e pedagógico que deve
nascimento do filho; que isso aconteceu porque a Reclamada a revestir tal condenação.
convocou para retornar ao trabalho; (...) que a Reclamada não Assim, sem se afastar da máxima cautela e sopesando todo o
indicou outra pessoa para substituir a Reclamante quando de sua conjunto probatório constante dos autos, entendo que o valor
licença maternidade; que mesmo no período em que a Reclamante atribuído pelo Juízo de R$ 5.000,000 (cinco mil reais) mostra-se
esteve afastada por licença maternidade, participava de reuniões na combatível com os danos sofridos pela autora, com respaldo no
Segunda testemunha do reclamante: ALEXSANDRO SILVA Assim sendo, mantém-se a sentença impugnada pelas partes.
todo o período; que mesmo durante seu afastamento, por ela não DO RECURSO DA RECLAMADA- DOS DESCONTOS
ter substituto, ficava em contato constante com os vendedores, que Advoga a recorrente/reclamada, que o valor descontado a título de
as vezes iam até sua casa; que entende que a Reclamante foi "VALE", refere-se unicamente a adiantamentos financeiros
obrigada a retornar ao trabalho antes do tempo, porque não havia requeridos pela Recorrida, nunca tendo havido nenhum desconto
substituta; (...)." por motivos de vendas não pagas pelos clientes ou devolução de
mercadorias.
Nessa situação, a ruptura precipitada do gozo da licença Apesar de a testemunha da acionada afirmar a inexistência de
maternidade, além de trazer angustia e sofrimento à trabalhadora, descontos, além dos legais, os documentos de ID.0f6e9fb, somados
que deixa seu filho recém-nascido, sem direito ao convívio com a aos depoimentos das duas testemunhas arregimentadas pela
mãe e amamentação regular, causa danos a criança e fere a reclamante, comprovam a tese da autora de que tais descontos
dignidade da Obreira, caracterizando abuso de direito da acionada, referem-se a estornos de comissões pelas vendas canceladas.
O Dano Moral se caracteriza pela violação de um direito geral da Primeira testemunha do reclamado(s): FLAVIO CARLOS
personalidade, sendo a dor, a tristeza, a frustração da vítima, BATISTA LIMA: "(...) que a Reclamada não efetuou nenhum
sentimentos presumidos de tal lesão e por isso prescindíveis de desconto no contracheque da Reclamante a não ser os legais,
prova. Trata-se, no caso, de dano moral puro, ou, como a doutrina como INSS, por exemplo; (...)."
Primeira testemunha do reclamante: DANIELE DE SOUZA e controle de horário de trabalho, sendo impossível para a
SILVA : " (...)que a Reclamada estabelecia metas para a reclamada fiscalizar se os colaboradores estão seguindo a
Reclamante, que, por sua vez, a distribuía com sua equipe, sendo recomendação da empresa, seja de gozarem do horário intervalar
que cada vendedora recebia comissões pelas vendas por eles para refeição e descanso ou para terminarem o seu serviço no
as vendas efetuadas pela sua equipe; que quando a venda era Afirma, que na forma estipulada pelo contrato de trabalho firmado
cancelada o valor da comissão era descontado no mês seguinte; entre as partes, a autora laborava em horários fixos, de 07h30min
Segunda testemunha do reclamante: ALEXSANDRO SILVA sábados e domingos, NUNCA tendo havido qualquer tipo de
DINIZ: "(...) que quando a venda era cancelada o valor da comissão exigência de labor fora deste horário, pois a supervisora de vendas
era descontado no mês seguinte; (...)." tem liberdade para escolher os horários que melhor lhe couber para
ir a cada estabelecimento.
Conforme o artigo 466 da CLT, o pagamento das comissões é Ratifica a inexistência de controle de jornada ou de fiscalização
exigível depois de ultimada a transação, sendo indevido o estorno diária, sob o fundamento de que a obrigação da obreira é a de
de comissão pelo cancelamento da venda ou pelo inadimplemento visitar os estabelecimentos e só presta contas com a empresa em
do comprador, sob pena de transferir para o empregado os riscos reuniões semanais após a efetivação da rota, mas sempre em
Art. 466 - O pagamento de comissões e percentagens só é exigível GADELHA BARRETO defende o cumprimento a jornada declinada
depois de ultimada a transação a que se referem. na peça de ingresso, no sentido de que havia labor aos sábados e
§ 1º- Nas transações realizadas por prestações sucessivas, é durante as reuniões, sem o correspondente pagamento das horas
exigível o pagamento das percentagens e comissões que lhes extras, sendo da reclamada o ônus da apresentação dos controles
disserem respeito proporcionalmente à respectiva liquidação. de jornada(art. 818, da CLT c/c/ art. 373, do NCPC), a qual não se
estabelecida por este artigo. Ressalte-se, inicialmente, que o controle de jornada previsto no art.
Diante do exposto, mantém-se a sentença atacada, nesse aspecto. 7º, incisos XIII e XVI da Constituição Federal, são normas cogentes,
DO RECURSO DA RECLAMANTE- DO CONTROLE DE Ficam excluídos destas normas apenas os casos previstos no art.
JORNADA. ARTIGO 62, INCISO I DA CLT. DAS HORAS EXTRAS 62, da CLT, pois trata-se de uma presunção jurídica de que a
Na peça inicial, aduz a autora que cumpria jornada de trabalho de jornada não é fiscalizada, e como tal não é capaz de gerar direito a
segunda a sexta, das 7:30hs às 17:30hs, com 1 (uma) hora de hora extra.
intervalo intrajornada, e pelo menos 2 (dois) sábados por mês, de Dessa forma, alerta-se que, diferentemente do alegado pela ré, o
8:00h às 12:00h, quando era necessário visitar clientes, ou quando simples fato de o empregado exercer trabalho externo, por si só,
havia treinamento na empresa; que era obrigada a participar de não tem o condão de afastar as normas de proteção à saúde do
reuniões fora do período de sua jornada após seu expediente, como trabalhador, no caso, as de limite de jornada.
sempre ocorria no último dia do mês, em que era obrigada a Ressalte-se, ainda, que tendo a demandada apresentado fato
participar de reuniões de balanço e fechamento de mês, de maneira modificativo do direito do autor, atraiu para si o ônus da prova do
que permanecia na empresa até as 20:30 ou 21h da noite. Ressalte direito constitutivo do obreiro ao recebimento das horas extras
-se ainda que seus gerentes à época, MÁRIO CÉSAR e CLÁUDIO pleiteadas, nos termos dos art. 818, da CLT e art. 373, do CPC, a
COSTA, costumavam marcar reunião antes do início do expediente qual não se desincumbiu, limitando-se em sua defesa, a alegar que
pelo menos 1 (uma) vez por mês a qual iniciava por volta de 6:30h, a recorrida/reclamante não estava sujeito a controle de jornada,
nunca tendo recebido quaisquer pagamentos referentes a horas posto que exercia atividade externa, nos termos do art. 62, I, da
extras. CLT.
De outro lado, aduz a reclamada que a obreira exercia trabalho Ocorre que a própria testemunha da reclamante afirmou que não
externo, nos termos do art. 62, I da CLT, incompatível com a fixação havia labor extraordinário.
O que se extrai da prova oral constante nos autos é que a jornada Primeira testemunha do reclamante: DANIELE DE SOUZA
diária era de 8h às 18hs, com intervalo intrajornada de 2 horas,de SILVA : " (...) que as reuniões de planejamento não tinha horário
segunda a sexta-feira e aos sábados, eventualmente, quando era certo para terminar e sempre extrapolavam a jornada; que as
necessário visitar clientes, conforme consta na peça de ingresso, de reuniões eram semanais; que quando as reuniões ocorriam a
8h às 12 horas, conforme afirmou, também, a testemunha da tarde poderiam perdurar até as 20h30min; (...)."
reclamante, Sr. ALEXSANDRO SILVA DINIZ e da reclamada, Sr. Segunda testemunha do reclamante: ALEXSANDRO SILVA
FLAVIO CARLOS BATISTA LIMA. DINIZ: " (...) que as reuniões eram normalmente semanais; que
Nesse ponto, apesar de a testemunha da reclamante Sra. DANIELE as reuniões de planejamento aconteciam no inicio. No meio e
DE SOUZA SILVA ter afirmado que o intervalo intrajornada era de no final do mês; que varias vezes as reuniões extrapolaram os
apenas 1 hora, entendo que não deve prevalecer, tal afirmação se horário, até 19h30mi/20h; (...)."
mostra divergente das demais testemunhas. Primeira testemunha do reclamado(s): FLAVIO CARLOS
Assim, no que pertine à duração da jornada semanal, não há provas BATISTA LIMA: que as reuniões de planejamento aconteciam
de que havia cumprimento de jornada além das 44 horas semanais, no inicio, no meio e no final do mês, quando, eventualmente
salvo nos dias de reuniões. ultrapassavam o horário eram compensadas com folgas aos
março de 2015, na função de vendedora; que trabalhava das 08h Dessa forma, tem-se que, não obstante a obreira cumprisse jornada
às 18h, com intervalo de 1h, de segunda a sexta-feira, e das 08h legal, nos dias de reuniões de planejamento, uma vez por semana,
ao meio-dia aos sábados; que a função da Reclamante era havia labor extraordinário até 20h30min .
supervisora, não exercendo outras funções; que o horário da Assim sendo, tomando por base as médias das informações
Reclamante era o mesmo da depoente; (...)." constantes dos autos, fixo o horário de trabalho da autora da
Segunda testemunha do reclamante ALEXSANDRO SILVA seguinte forma: de segunda a sexta, de 08h às 18h, com 02hs de
DINIZ: " que trabalhou para reclamada de março de 2011 até intervalo intrajornada e aos sábados, eventualmente, de 8h às 12
novembro de 2017, na função de vendedor; que trabalhava das 08h horas e 1 ( uma) vez por semana de 08h às 20h30min, com
às 18h, com 2h de intervalo, de segunda a sexta-feira, e das 08h fundamento no artigo 371 do NCPC, subsidiário, e art. 765 da CLT,
ao meio-dia aos sábados;que a função da Reclamante era bem como observando o princípio da razoabilidade.
supervisora, não exercendo outras funções; que o horário da Em decorrência do horário acima fixado, reforma-se a sentença
Reclamante era o mesmo do depoente ; (...)." para condenar a reclamada ao pagamento e extras prestadas,
Primeira testemunha do reclamado(s): FLAVIO CARLOS consideradas como tais as que excederem a 8ª diária e a 44ª
BATISTA LIMA: " que trabalha para reclamada desde junho de semanal, com adicional de 50% e com reflexos em aviso prévio,
2002, na função de atual de gerente comercial; que trabalha das FGTS+40%, 13º salários e férias + 1/3.
08h às 18h, com 2h de intervalo, de segunda a sexta-feira, e das Para cálculo das horas extras, deve-se observar ainda, o valor da
08h às 11h/meio-dia aos sábados, eventualmente; que quando hora normal, integrado pelas demais parcelas de natureza salarial
gerente de compras trabalhava apenas de segunda a sexta; que a percebidas, a teor do que dispõe a Súmula 264, do TST, os dias
função da Reclamante era supervisora, que o horário da efetivamente trabalhados, bem como os pagamentos já efetuados
Reclamante era o mesmo do depoente; (...)." sobre os mesmos títulos, o teor das súmulas 172 e 376, item II do
obrigada a participar de reuniões de balanço e fechamento de mês, DO RECURSO DA RECLAMANTE- DOS HONORÁRIOS
Nesse ponto, os depoimentos das duas testemunhas da reclamante Requer a recorrente/reclamante, a majoração do valor atribuído a
confirmaram que as reuniões ocorriam fora do horário normal de reclamada para pagamento dos honorários advocatícios, em
expediente, estendendo-se até às 20h30min, aproximadamente, percentual não inferior a 10% do valor da condenação, bem como a
bem como de que eram semanais, nesse ponto, confirmado pelo declaração de inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da CLT,
sucumbenciais.
A sentença recorrida condenou a reclamada no pagamento dos da minha posição pessoal, de que o beneficiário da justiça gratuita
honorários advocatícios no percentual de 5% (cinco por cento) não deve ser condenado nos ônus da sucumbência, outro caminho
sobre o montante total da condenação. não vejo a não ser me curvar à opinião majoritária dos integrantes
A recorrente requer a majoração desse percentual, bem como a do Tribunal Pleno do TRT da 7ª Região e passar a adotar, com
exclusão do pagamento de honorários sucumbenciais pela autora. ressalvas, o entendimento supra e, portanto, negar provimento ao
Com relação aos honorários advocatícios de sucumbência, e em pagamento de honorários sucumbenciais no percentual de 5% (
face da redação da Lei nº 13.467 de 13.07.2017 que incluiu na CLT cinco por cento), em favor do patrono das partes.
o art. 791-A, tem-se que: Determina-se, porém, que a execução dos honorários advocatícios
Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão de sucumbência permaneçam sob condição suspensiva de
devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% exigibilidade e somente poderão ser exigidos se, nos dois anos
(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o subsequentes ao trânsito em julgado da decisão, o credor
valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de
obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado recursos que justificou a concessão da gratuidade processual à
Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida ou Sentença reformada, nesse aspecto.
II - o lugar de prestação do serviço; sua testemunha no pagamento de multa por litigância de má-fé,
III - a natureza e a importância da causa; cada qual em valor não inferior a 10% (dez por cento) do valor da
IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o causa, ao argumento de que alteraram a verdade dos fatos ao
§ 4º Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha nos seguintes termos:
obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de Art. 80 - Reputa-se litigante de má-fé aquele que:
suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato
poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito II - alterar a verdade dos fatos;
em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal;
deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que IV-opuser resistência injustificada ao andamento do processo;
justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse V-proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do
Entretanto, cumpre observar a decisão do Tribunal Pleno deste VII- interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.
Tribunal quando, examinando Arguição de Inconstitucionalidade - A alteração da verdade dos fatos, de molde a caracterizar a
Processo nº 0080026-04.2019.5.07.0000 - em novembro/2019 - litigância de má-fé, pressupõe o dolo da parte, com o objetivo de
expressão "desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em A aplicação da multa por litigância de má-fé parte da análise
outro processo, créditos capazes de suportar a despesa", constante casuística, identificável no contexto próprio de cada processo.
do § 4º do art. 791-A da CLT, com redação da Lei nº 13.467 de Assim, analisando a situação fática dos autos, não vislumbra esse
Desta feita, por uma questão de disciplina judiciária, sem embargos testemunha arregimentada pela ré, tiveram o fito de alterar a
verdade dos fatos e sim, exercer o contraditório e ampla defesa. insuficiência de recursos que justificou a concessão da gratuidade
Logo, não comprovada nenhuma das hipóteses do artigo 80 do processual à obreira, extinguindo-se, passado esse prazo, a
CONCLUSÃO DO VOTO percebidas, a teor do que dispõe a Súmula 264, do TST, os dias
Isto posto, voto pelo conhecimento do recurso e, no mérito, dar C.TST e OJ 394 da SBDI-I/TST.
provimento parcial ao recurso da reclamante para condenar a Custas processuais de R$ 600,00, calculadas sobre o novo valor
como tais as que excederem a 8ª diária e a 44ª semanal, com Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
adicional de 50% e com reflexos em aviso prévio, FGTS+40%, 13º Francisco José Gomes da Silva (Presidente e Relator),Cláudio
salários e férias + 1/3, bem como para determinar que a execução Soares Pires e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a)
dos honorários advocatícios de sucumbência por parte da autora, Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho.
situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão da FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA
hora normal, integrado pelas demais parcelas de natureza salarial ROMULO DE SOUSA FROTA
percebidas, a teor do que dispõe a Súmula 264, do TST, os dias Diretor de Secretaria
DOS RECURSOS DAS PARTES mostra-se combatível com os danos sofridos pela autora, com
RECLAMANTE. ART. 818, DA CLT C/C ART. 373, DO NCPC. As DOS DESCONTOS INDEVIDOS. COMISSÃO ESTORNADA.
anotações da CTPS gozam de presunção juris tantum, consoante RISCO DO NEGÓCIO. ART. 2º E 466, DA CLT. Conforme o artigo
Súmula nº 12, do TST e Súmula nº 225, do STF, sendo que tal 466 da CLT, o pagamento das comissões é exigível depois de
presunção pode ser desconstituída se produzidas provas em ultimada a transação, sendo indevido o estorno de comissão pelo
contrário. Isso porque o Direito do Trabalho é norteado pelo cancelamento da venda ou pelo inadimplemento do comprador, sob
princípio da primazia da realidade, devendo, pois, a realidade fática pena de transferir para o empregado os riscos da atividade
da postulante o ônus probatório quanto ao recebimento de valores HORAS EXTRAS. FATO IMPEDITIVO DO DIREITO AUTORAL.
"por fora" dos contracheques, porque fato constitutivo de seu direito, ÔNUS DA PROVA DA RECLAMADA. Apresentado fato
mercê do que dispõem os artigos 818, da CLT, e 373, I, do NCPC, a modificativo/impeditivo do direito da autora, a reclamada atraiu para
qual se desincumbiu a contento. Por outro lado, não merece si o ônus da prova do direito constitutivo do obreiro ao recebimento
prosperar a média salarial apontada na peça de ingresso, pois os das horas extras pleiteadas, nos termos do art. 373, do CPC, a qual
documentos colacionados aos autos (extratos bancários e email, ID. não se desincumbiu, limitando-se em sua defesa, a alegar que o
0f6e9fb) apontam uma média de recebimento inferior a R$ 2.000,00 reclamante não estava sujeito a controle de jornada, posto que
de comissões por mês, além de que as testemunhas conduzidas exercia trabalho externo de vendedor, nos termos do art. 62, I, da
pela autora, afirmaram desconhecer a média salarial por ela CLT. Entretanto, a própria testemunha da reclamante afirmou que
recebida. Sentença mantida. não havia labor extraordinário, salvo, nos dias em que havia
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. ASSÉDIO MORAL. O reuniões de planejamento, na qual o labor se estendia até
Assédio Moral é uma conduta abusiva, que provoca danos 20h30min. Sentença parcialmente reformada.
psicológicos e físicos na vítima e, no ambiente de trabalho, MULTA POR LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. ART. 80 do CPC. A
traduzem-se por ameaças, perseguições, discriminações, de forma alteração da verdade dos fatos, de molde a caracterizar a litigância
prolongada e reiterada, de tal monta que causa ofensa à de má-fé, pressupõe o dolo da parte, com o objetivo de induzir à
personalidade e dignidade do trabalhador, tornando insustentável o compreensão distorcida da realidade. Assim, analisando a situação
convívio no ambiente de trabalho. A prova oral constante nos autos, fática dos autos, não se vislumbra que a defesa apresentada pela
confirma o ato da empresa de impor à autora o retorno ao trabalho, empresa e o depoimento da testemunha arregimentada pela ré,
no período da licença maternidade, ato passível de indenização por tiveram o fito de alterar a verdade dos fatos e sim, exercer o
danos morais (artigos 186 e 927 do Código Civil). Nessa situação, a contraditório e ampla defesa.
ruptura precipitada do gozo da licença maternidade, além de trazer HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. ART. 791-A
angustia e sofrimento à trabalhadora, que deixa seu filho recém- DA CLT. SUSPENSÃO DA COBRANÇA. No caso, cumpre
nascido sem direito ao convívio com a mãe e amamentação regular, observar a decisão do Tribunal Pleno deste Tribunal quando,
causa danos a criança e fere a dignidade da Obreira, caracterizando examinando Arguição de Inconstitucionalidade - Processo nº
abuso de direito por parte da acionada, devendo tal ato ser 0080026-04.2019.5.07.0000 - em novembro/2019 - decidiu declarar
combatido por esta Justiça especializada. Sentença mantida. incidentalmente a inconstitucionalidade da expressão "desde que
INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL - QUANTIFICAÇÃO. Quanto não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos
ao valor da referida indenização, conforme preceitua o art. 944 e art. capazes de suportar a despesa", constante do § 4º do art. 791-A da
946 do Código Civil de 2002, a fixação do quantum indenizatório CLT, com redação da Lei nº 13.467 de 13.07.2017. Desta feita,
será feito pelo Juiz, levando-se em consideração o binômio mantém-se a condenação no pagamento de honorários
"necessidade da vítima e capacidade econômica do agente", dando- sucumbenciais no percentual de 5% (cinco por cento), em favor do
patrono das partes. Determina-se, porém, que a execução dos todas devidamente quitadas.
honorários advocatícios de sucumbência permaneçam sob condição Argumenta, igualmente, que ainda que se considerasse a
suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser exigidos se, nos remuneração variável mencionada pela Reclamante, a mesma não
dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão, o credor seria incorporada ao contrato de trabalho, nem constituiria base de
demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de incidência dos encargos trabalhistas, vez que trata-se de "prêmio",
obreira, extinguindo-se, passado esse prazo, a respectiva Advoga, que o valor descontado a título de "VALE", refere-se
obrigação. Sentença parcialmente modificada. unicamente a adiantamentos financeiros requeridos pela Recorrida,
RECURSOS CONHECIDOS E DADO PROVIMENTO PARCIAL AO nunca tendo havido nenhum desconto por motivos de vendas não
Cuida-se de recursos ordinários interpostos pelas partes(ID. valor atribuído a indenização por danos morais, por considera-lo
Trabalho de Fortaleza que julgou PARCIALMENTE Em suas razões recursais, a reclamante LÍGIA EMANUELLE
PROCEDENTES os pedidos desta reclamação trabalhista para o GADELHA BARRETO defende o cumprimento a jornada declinada
fim de: a) conceder, à parte reclamante, os benefícios da justiça na peça de ingresso, no sentido de que havia labor aos sábados e
gratuita; b) acolher a prescrição quinquenal, para o fim de extinguir durante as reuniões, sem o correspondente pagamento das horas
o processo, com resolução do mérito, na forma do art. 7º, XXIX, da extras, sendo da reclamada o ônus da apresentação dos controles
Carta Magna e art. 487, II, do CPC, quanto a eventuais créditos de jornada(art. 818, da CLT c/c/ art. 373, do NCPC), a qual não se
remuneração da parte autora era composta de uma parte fixa no Requer, também, que as diferenças salariais sejam com base na
importe de R$2.283,70 e de uma parte variável, cuja média mensal remuneração mensal de R$ 5.956,37 (cinco mil, novecentos e
era de R$1.492,89, totalizando uma remuneração média mensal de cinquenta e seis reais e trinta e sete centavos), bem como a
R$3.776,59; d) condenar a reclamada J S B COMERCIO E condenação da Recorrida ao pagamento das verbas trabalhistas,
REPRESENTAÇÕES LTDA - ME a pagar à reclamante LIGIA reflexos e depósitos de FGTS com base neste valor e ainda, a
EMANUELLE GADELHA BARRETO,no prazo de quarenta e oito majoração do valor atribuído ao pagamento de danos morais.
horas, contadas da liquidação do julgado, o valor que se apurar Adiante, requer a condenação da Reclamada e de sua testemunha
referente às seguintes parcelas, calculadas com base no valor de no pagamento de multa por litigância de má-fé, cada qual em valor
R$1.492,89: saldo de salário de 1 dia de fevereiro/2018; 03/12 de não inferior a 10% (dez por cento) do valor da causa, ao argumento
13º salário proporcional; 12/12 de férias proporcionais + 1/3; 51 dias de que alteraram a verdade dos fatos ao apresentar depoimento
de aviso prévio; diferenças de férias simples + 1/3 (2012/2013, contraditórios com as demais provas dos autos.
2013/2014, 2014/2015, 2015/2016 e 2016/2017); diferenças de 13º Por fim, requer a majoração do valor atribuído a reclamada para
salário (2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); diferenças de FGTS + 40% pagamento dos honorários advocatícios, em percentual não inferior
do período imprescrito (04/09/2013 a 24/03/2018); devolução dos a 10% do valor da condenação, bem como a declaração de
valores indicados nos documentos de fl. 89/97, a título de "vales"; inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da CLT, no que pertine
Inconformada, alega reclamada em suas razões recursais (ID. Contrarrazões interposta pela reclamante(ID.9047309).
recursos ordinários interpostos pelas partes. "Art. 457 - Compreendem-se na remuneração do empregado, para
DO RECURSO DAS PARTES pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que
Em suas razões recursais, requer a autora/recorrente, que as gratificações legais e as comissões pagas pelo empregador.
5.956,37 (cinco mil, novecentos e cinquenta e seis reais e trinta e Na conformidade dos autos, constata-se pelos e-mails funcionais
sete centavos). enviados à autora de ID. 0f6e9fb , que a tese da acionada de que
Na sua peça de ingresso, afirma a Obreira que fora contratada não havia pagamento de comissões, não se sustenta.
21/03/2011, para exercer a função de Supervisora de Vendas, com A rubrica "comissões" encontra-se presente em todas as tabelas, as
pagamento de salário registrado em sua CTPS de R$ 2.283,70 (dois quais retratam os resumos dos pagamentos efetuados à obreira,
mil, duzentos e oitenta e três reais e setenta centavos), mas que, na mensalmente.
realidade, sua remuneração era acrescida de prêmios e bônus Ainda sobre a alegativa de que tais documentos foram impugnados
salariais, caso atingisse suas metas, o que elevava os seus pela defesa, as testemunhas arregimentadas pela autora, que
rendimentos para um patamar entre R$ 3.000,00 (três mil reais) , exerciam o cargo de vendedores, foram firmes em confirmar que
mais R$ R$ 5.000,00 (cinco mil reais), perfazendo uma média havia pagamento de comissões mensalmente, por "fora", bem como
Inconformada, a reclamada/recorrente insurge-se quanto a esses pelas vendas efetuadas, além de comissão sobre as vendas
fatos e afirma que a obreira jamais recebeu pagamento de realizadas pela sua equipe, o que não se confundem com o
comissões "por fora", percebendo a título de remuneração apenas recebimento de prêmios, esse, em decorrência de campanhas
as verbas devidamente registradas na sua CTPS e em seu efetuadas pela indústria Grendene.
Argumenta, igualmente, que ainda que se considerasse a SILVA: " (...)" que trabalhou para reclamada de março de 2013 até
remuneração variável mencionada pela Reclamante, a mesma não março de 2015, na função de vendedora; (...) ; que não sabe
seria incorporada ao contrato de trabalho, nem constituiria base de informar o valor do salário da Reclamante, mas sabe que além do
incidência dos encargos trabalhistas, vez que trata-se de "prêmio", salário fixo a Reclamante recebia comissões; (...);que não sabe
pagos pela indústria. informar o percentual das comissões recebidas pela Reclamante;
À análise. que o pagamento das comissões era mensal, que era depositado
As anotações da CTPS gozam de presunção juris tantum, junto com o salário, porém não constava em contracheque ; que os
consoante Súmula nº 12, do TST e Súmula nº 225, do STF, sendo prêmios eram pagos no dia 20 de cada mês pela empresa
que tal presunção pode ser desconstituída se produzidas provas em Grendene; que as campanhas ocorriam as vezes mensalmente e as
contrário. Isso porque o Direito do Trabalho é norteado pelo vezes trimestralmente; que a Reclamada estabelecia metas para a
princípio da primazia da realidade, devendo, pois, a realidade fática Reclamante, que, por sua vez, a distribuía com sua equipe, sendo
prevalecer sobre os aspectos formais do contrato de trabalho. que cada vendedora recebia comissões pelas vendas por eles
Na espécie, portanto, a questão pertinente a existência de efetuadas, e a Reclamante recebia sobre a meta alcançada e
pagamento de salário " por fora" (comissões), deve ser dirimida à sobre as vendas efetuadas pela sua equipe; (...) " ( grifo nosso)
luz da realidade dos fatos, devendo sempre prevalecer a verdade Segunda testemunha do reclamante: ALEXSANDRO SILVA
material, fundada no postulado da primazia da realidade, DINIZ : " (...) que trabalhou para reclamada de março de 2011 até
cristalizado no art. 9º da CLT. novembro de 2017, na função de vendedor; (...)que não sabe
Assim, pela dinâmica processual de distribuição do ônus da prova, informar o valor do salario da Reclamante, mas sabe que além do
é da postulante o ônus probatório quanto ao recebimento de valores salario fixo a Reclamante recebia comissões; que não sabe
informar o percentual das comissões recebidas pela psicológicos e físicos na vítima e, no ambiente de trabalho,
Reclamante; que o pagamento das comissões era mensal, que traduzem-se por ameaças, perseguições, discriminações, de forma
era depositado junto com o salario, porém não constava em prolongada e reiterada, de tal monta que causa ofensa à
contracheque; que os prêmios eram pagos no dia 20 de cada mês personalidade e dignidade do trabalhador, tornando insustentável o
pela própria Reclamada; que as campanhas ocorriam as vezes convívio no ambiente de trabalho.
mensalmente e as vezes trimestralmente; que a Reclamada O artigo 187 do Código Civil , estabelece a ilicitude da atuação do
estabelecia metas para a Reclamante, que, por sua vez, a distribuía titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
com sua equipe, sendo que cada vendedora recebia comissões limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou
pelas vendas por eles efetuadas, e a Reclamante recebia sobre pelos bons costumes.
a meta alcançada e sobre as vendas efetuadas pela sua equipe; À luz do artigo 2º da CLT, o legislador conceitua empregador como
tese de defesa de que não havia pagamento de comissão, tal Esse conceito reflete o poder diretivo ou de comando exercido pelo
depoimento encontra-se dissociado com as demais provas dos empregador sobre a atividade do empregado, dando-lhe conteúdo
autos, não merecendo, pois, acolhimento. às suas atribuições, podendo modificá-las ou extingui-las mediante
Da mesma forma, não merece prosperar a média salarial apontada uma declaração de vontade unilateral, sempre que o empregado
na peça de ingresso, pois os documentos colacionados aos autos não corresponder às diretrizes traçadas para o exercício do cargo
(extratos bancários e email, ID. 0f6e9fb) apontam uma média de ou função que lhe foi atribuído.
recebimento inferior a R$ 2.000,00 de comissões por mês, além de Entretanto, o poder diretivo ou de comando exercido pelo
que as testemunhas conduzidas pela autora, afirmaram empregador sobre a atividade do empregado, encontra limites no
desconhecer a média salarial por ela recebida. ordenamento jurídico brasileiro, pois essa relação jurídica tem
Diante do exposto, mantém-se a sentença impugnada, nesse origem contratual, devendo ser exercida com restrições, respeitando
A teor dos artigos 818 da CLT c/c art. 373 do NCPC, é ônus da
DO RECURSO DAS PARTES - DA INDENIZAÇÃO POR DANOS autora a prova os fatos constitutivos de seu direito, a qual
No que pertine ao pagamento de indenização por danos morais, A prova oral constante nos autos, confirma o ato da empresa de
defende a acionada, que a Reclamante nunca sofreu ameaças, impor à autora o retorno ao trabalho, no período da licença
cobranças abusivas ou trabalhou durante seu período de licença- maternidade, ato passível de indenização por danos morais (artigos
maternidade, sendo indevido o pagamento de indenização por 186 e 927 do Código Civil).
Em caso de manutenção da condenação, pugna pela redução do SILVA: " (...) que a Reclamante não gozou a licença maternidade
valor atribuído a indenização por danos morais, por considera-lo por todo o período, tendo voltado com 1 ou 2 meses após o
Em suas razões recursais, a autora requer a majoração do valor da convocou para retornar ao trabalho; (...) que a Reclamada não
indenização por danos morais. indicou outra pessoa para substituir a Reclamante quando de sua
A obrigação de indenizar surge com a prática de ato ilícito atribuído esteve afastada por licença maternidade, participava de reuniões na
ao empregador ou preposto. Nos termos dos artigos 186 e 927 do Reclamada; (...)."
Código Civil, fica obrigado à reparação aquele que, por ato ilícito, Segunda testemunha do reclamante: ALEXSANDRO SILVA
viola direito e causa dano a outrem, ainda que de cunho DINIZ: "(...) que a Reclamante não gozou a licença maternidade por
exclusivamente moral, garantia que se encontra inserta também no todo o período; que mesmo durante seu afastamento, por ela não
artigo 5º, inciso X, da Constituição Federal. ter substituto, ficava em contato constante com os vendedores, que
O Assédio Moral é uma conduta abusiva, que provoca danos as vezes iam até sua casa; que entende que a Reclamante foi
obrigada a retornar ao trabalho antes do tempo, porque não havia requeridos pela Recorrida, nunca tendo havido nenhum desconto
substituta; (...)." por motivos de vendas não pagas pelos clientes ou devolução de
mercadorias.
Nessa situação, a ruptura precipitada do gozo da licença Apesar de a testemunha da acionada afirmar a inexistência de
maternidade, além de trazer angustia e sofrimento à trabalhadora, descontos, além dos legais, os documentos de ID.0f6e9fb, somados
que deixa seu filho recém-nascido, sem direito ao convívio com a aos depoimentos das duas testemunhas arregimentadas pela
mãe e amamentação regular, causa danos a criança e fere a reclamante, comprovam a tese da autora de que tais descontos
dignidade da Obreira, caracterizando abuso de direito da acionada, referem-se a estornos de comissões pelas vendas canceladas.
O Dano Moral se caracteriza pela violação de um direito geral da Primeira testemunha do reclamado(s): FLAVIO CARLOS
personalidade, sendo a dor, a tristeza, a frustração da vítima, BATISTA LIMA: "(...) que a Reclamada não efetuou nenhum
sentimentos presumidos de tal lesão e por isso prescindíveis de desconto no contracheque da Reclamante a não ser os legais,
prova. Trata-se, no caso, de dano moral puro, ou, como a doutrina como INSS, por exemplo; (...)."
convencionou chamar, in re ipsa (a coisa fala por si). Primeira testemunha do reclamante: DANIELE DE SOUZA
Nesta vertente, trago à lume a lição de Sérgio Cavalieri Filho (in SILVA : " (...)que a Reclamada estabelecia metas para a
Programa de Responsabilidade Civil, 5ª ed., 3ª tir., Editora Reclamante, que, por sua vez, a distribuía com sua equipe, sendo
Malheiros, 2004, p. 101), nos seguintes termos: que cada vendedora recebia comissões pelas vendas por eles
"Neste ponto a razão se coloca ao lado daqueles que entendem que efetuadas, e a Reclamante recebia sobre a meta alcançada e sobre
o dano moral está ínsito na própria ofensa, decorre da gravidade do as vendas efetuadas pela sua equipe; que quando a venda era
ilícito em si. Se a ofensa é grave e de repercussão, por si só justifica cancelada o valor da comissão era descontado no mês seguinte;
outras palavras, o dano moral existe in re ipsa; deriva Segunda testemunha do reclamante: ALEXSANDRO SILVA
inexoravelmente do próprio fato ofensivo, de tal modo que, provada DINIZ: "(...) que quando a venda era cancelada o valor da comissão
a ofensa, ipso facto está demonstrado o dano moral à guisa de uma era descontado no mês seguinte; (...)."
das regras da experiência comum." Conforme o artigo 466 da CLT, o pagamento das comissões é
Diante do exposto, mantém-se a sentença impugnada, nesse exigível depois de ultimada a transação, sendo indevido o estorno
DO QUANTUM INDENIZATÓRIO POR DANOS MORAIS da atividade econômica (art. 2º, da CLT).
944 e art. 946 do Código Civil de 2002, a fixação do quantum Art. 466 - O pagamento de comissões e percentagens só é exigível
indenizatório será feito pelo Juiz, levando-se em consideração o depois de ultimada a transação a que se referem.
binômio "necessidade da vítima e capacidade econômica do § 1º- Nas transações realizadas por prestações sucessivas, é
agente", dando-lhe o caráter compensatório e pedagógico que deve exigível o pagamento das percentagens e comissões que lhes
Assim, sem se afastar da máxima cautela e sopesando todo o § 2º- A cessação das relações de trabalho não prejudica a
conjunto probatório constante dos autos, entendo que o valor percepção das comissões e percentagens devidas na forma
atribuído pelo Juízo de R$ 5.000,000 (cinco mil reais) mostra-se estabelecida por este artigo.
combatível com os danos sofridos pela autora, com respaldo no Diante do exposto, mantém-se a sentença atacada, nesse aspecto.
princípio da razoabilidade.
Assim sendo, mantém-se a sentença impugnada pelas partes. DO RECURSO DA RECLAMANTE- DO CONTROLE DE
DO RECURSO DA RECLAMADA- DOS DESCONTOS Na peça inicial, aduz a autora que cumpria jornada de trabalho de
Advoga a recorrente/reclamada, que o valor descontado a título de segunda a sexta, das 7:30hs às 17:30hs, com 1 (uma) hora de
"VALE", refere-se unicamente a adiantamentos financeiros intervalo intrajornada, e pelo menos 2 (dois) sábados por mês, de
8:00h às 12:00h, quando era necessário visitar clientes, ou quando simples fato de o empregado exercer trabalho externo, por si só,
havia treinamento na empresa; que era obrigada a participar de não tem o condão de afastar as normas de proteção à saúde do
reuniões fora do período de sua jornada após seu expediente, como trabalhador, no caso, as de limite de jornada.
sempre ocorria no último dia do mês, em que era obrigada a Ressalte-se, ainda, que tendo a demandada apresentado fato
participar de reuniões de balanço e fechamento de mês, de maneira modificativo do direito do autor, atraiu para si o ônus da prova do
que permanecia na empresa até as 20:30 ou 21h da noite. Ressalte direito constitutivo do obreiro ao recebimento das horas extras
-se ainda que seus gerentes à época, MÁRIO CÉSAR e CLÁUDIO pleiteadas, nos termos dos art. 818, da CLT e art. 373, do CPC, a
COSTA, costumavam marcar reunião antes do início do expediente qual não se desincumbiu, limitando-se em sua defesa, a alegar que
pelo menos 1 (uma) vez por mês a qual iniciava por volta de 6:30h, a recorrida/reclamante não estava sujeito a controle de jornada,
nunca tendo recebido quaisquer pagamentos referentes a horas posto que exercia atividade externa, nos termos do art. 62, I, da
extras. CLT.
De outro lado, aduz a reclamada que a obreira exercia trabalho Ocorre que a própria testemunha da reclamante afirmou que não
externo, nos termos do art. 62, I da CLT, incompatível com a fixação havia labor extraordinário.
e controle de horário de trabalho, sendo impossível para a O que se extrai da prova oral constante nos autos é que a jornada
reclamada fiscalizar se os colaboradores estão seguindo a diária era de 8h às 18hs, com intervalo intrajornada de 2 horas,de
recomendação da empresa, seja de gozarem do horário intervalar segunda a sexta-feira e aos sábados, eventualmente, quando era
para refeição e descanso ou para terminarem o seu serviço no necessário visitar clientes, conforme consta na peça de ingresso, de
Afirma, que na forma estipulada pelo contrato de trabalho firmado reclamante, Sr. ALEXSANDRO SILVA DINIZ e da reclamada, Sr.
entre as partes, a autora laborava em horários fixos, de 07h30min FLAVIO CARLOS BATISTA LIMA.
às 17h30min, com direito a uma hora de intervalo e folgas aos Nesse ponto, apesar de a testemunha da reclamante Sra. DANIELE
sábados e domingos, NUNCA tendo havido qualquer tipo de DE SOUZA SILVA ter afirmado que o intervalo intrajornada era de
exigência de labor fora deste horário, pois a supervisora de vendas apenas 1 hora, entendo que não deve prevalecer, tal afirmação se
tem liberdade para escolher os horários que melhor lhe couber para mostra divergente das demais testemunhas.
ir a cada estabelecimento. Assim, no que pertine à duração da jornada semanal, não há provas
Ratifica a inexistência de controle de jornada ou de fiscalização de que havia cumprimento de jornada além das 44 horas semanais,
diária, sob o fundamento de que a obrigação da obreira é a de salvo nos dias de reuniões.
visitar os estabelecimentos e só presta contas com a empresa em Primeira testemunha do reclamante: DANIELE DE SOUZA
reuniões semanais após a efetivação da rota, mas sempre em SILVA: " que trabalhou para reclamada de março de 2013 até
horário comercial. março de 2015, na função de vendedora; que trabalhava das 08h
Em suas razões recursais, a reclamante LÍGIA EMANUELLE às 18h, com intervalo de 1h, de segunda a sexta-feira, e das 08h
GADELHA BARRETO defende o cumprimento a jornada declinada ao meio-dia aos sábados; que a função da Reclamante era
na peça de ingresso, no sentido de que havia labor aos sábados e supervisora, não exercendo outras funções; que o horário da
durante as reuniões, sem o correspondente pagamento das horas Reclamante era o mesmo da depoente; (...)."
extras, sendo da reclamada o ônus da apresentação dos controles Segunda testemunha do reclamante ALEXSANDRO SILVA
de jornada(art. 818, da CLT c/c/ art. 373, do NCPC), a qual não se DINIZ: " que trabalhou para reclamada de março de 2011 até
Ressalte-se, inicialmente, que o controle de jornada previsto no art. ao meio-dia aos sábados;que a função da Reclamante era
7º, incisos XIII e XVI da Constituição Federal, são normas cogentes, supervisora, não exercendo outras funções; que o horário da
de ordem pública, pois tratam de proteção à saúde do trabalhador. Reclamante era o mesmo do depoente ; (...)."
Ficam excluídos destas normas apenas os casos previstos no art. Primeira testemunha do reclamado(s): FLAVIO CARLOS
62, da CLT, pois trata-se de uma presunção jurídica de que a BATISTA LIMA: " que trabalha para reclamada desde junho de
jornada não é fiscalizada, e como tal não é capaz de gerar direito a 2002, na função de atual de gerente comercial; que trabalha das
Dessa forma, alerta-se que, diferentemente do alegado pela ré, o 08h às 11h/meio-dia aos sábados, eventualmente; que quando
gerente de compras trabalhava apenas de segunda a sexta; que a percebidas, a teor do que dispõe a Súmula 264, do TST, os dias
função da Reclamante era supervisora, que o horário da efetivamente trabalhados, bem como os pagamentos já efetuados
Reclamante era o mesmo do depoente; (...)." sobre os mesmos títulos, o teor das súmulas 172 e 376, item II do
obrigada a participar de reuniões de balanço e fechamento de mês, DO RECURSO DA RECLAMANTE- DOS HONORÁRIOS
Nesse ponto, os depoimentos das duas testemunhas da reclamante Requer a recorrente/reclamante, a majoração do valor atribuído a
confirmaram que as reuniões ocorriam fora do horário normal de reclamada para pagamento dos honorários advocatícios, em
expediente, estendendo-se até às 20h30min, aproximadamente, percentual não inferior a 10% do valor da condenação, bem como a
bem como de que eram semanais, nesse ponto, confirmado pelo declaração de inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da CLT,
sucumbenciais.
Primeira testemunha do reclamante: DANIELE DE SOUZA A sentença recorrida condenou a reclamada no pagamento dos
SILVA : " (...) que as reuniões de planejamento não tinha horário honorários advocatícios no percentual de 5% (cinco por cento)
certo para terminar e sempre extrapolavam a jornada; que as sobre o montante total da condenação.
reuniões eram semanais; que quando as reuniões ocorriam a A recorrente requer a majoração desse percentual, bem como a
tarde poderiam perdurar até as 20h30min; (...)." exclusão do pagamento de honorários sucumbenciais pela autora.
DINIZ: " (...) que as reuniões eram normalmente semanais; que Com relação aos honorários advocatícios de sucumbência, e em
as reuniões de planejamento aconteciam no inicio. No meio e face da redação da Lei nº 13.467 de 13.07.2017 que incluiu na CLT
no final do mês; que varias vezes as reuniões extrapolaram os o art. 791-A, tem-se que:
horário, até 19h30mi/20h; (...)." Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão
Primeira testemunha do reclamado(s): FLAVIO CARLOS devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%
BATISTA LIMA: que as reuniões de planejamento aconteciam (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o
no inicio, no meio e no final do mês, quando, eventualmente valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico
ultrapassavam o horário eram compensadas com folgas aos obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado
Dessa forma, tem-se que, não obstante a obreira cumprisse jornada Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida ou
legal, nos dias de reuniões de planejamento, uma vez por semana, substituída pelo sindicato de sua categoria.
Assim sendo, tomando por base as médias das informações I - o grau de zelo do profissional;
constantes dos autos, fixo o horário de trabalho da autora da II - o lugar de prestação do serviço;
seguinte forma: de segunda a sexta, de 08h às 18h, com 02hs de III - a natureza e a importância da causa;
intervalo intrajornada e aos sábados, eventualmente, de 8h às 12 IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o
horas e 1 ( uma) vez por semana de 08h às 20h30min, com seu serviço.
fundamento no artigo 371 do NCPC, subsidiário, e art. 765 da CLT, § 3º Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários
bem como observando o princípio da razoabilidade. de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os
para condenar a reclamada ao pagamento e extras prestadas, § 4º Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha
consideradas como tais as que excederem a 8ª diária e a 44ª obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de
semanal, com adicional de 50% e com reflexos em aviso prévio, suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência
FGTS+40%, 13º salários e férias + 1/3. ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente
Para cálculo das horas extras, deve-se observar ainda, o valor da poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito
hora normal, integrado pelas demais parcelas de natureza salarial em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que
deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que IV-opuser resistência injustificada ao andamento do processo;
justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse V-proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do
Entretanto, cumpre observar a decisão do Tribunal Pleno deste VII- interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.
Tribunal quando, examinando Arguição de Inconstitucionalidade - A alteração da verdade dos fatos, de molde a caracterizar a
Processo nº 0080026-04.2019.5.07.0000 - em novembro/2019 - litigância de má-fé, pressupõe o dolo da parte, com o objetivo de
expressão "desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em A aplicação da multa por litigância de má-fé parte da análise
outro processo, créditos capazes de suportar a despesa", constante casuística, identificável no contexto próprio de cada processo.
do § 4º do art. 791-A da CLT, com redação da Lei nº 13.467 de Assim, analisando a situação fática dos autos, não vislumbra esse
Desta feita, por uma questão de disciplina judiciária, sem embargos testemunha arregimentada pela ré, tiveram o fito de alterar a
da minha posição pessoal, de que o beneficiário da justiça gratuita verdade dos fatos e sim, exercer o contraditório e ampla defesa.
não deve ser condenado nos ônus da sucumbência, outro caminho Logo, não comprovada nenhuma das hipóteses do artigo 80 do
não vejo a não ser me curvar à opinião majoritária dos integrantes NCPC, é inaplicável a multa por litigância de má-fé.
Determina-se, porém, que a execução dos honorários advocatícios Isto posto, voto pelo conhecimento do recurso e, no mérito, dar
de sucumbência permaneçam sob condição suspensiva de provimento parcial ao recurso da reclamante para condenar a
exigibilidade e somente poderão ser exigidos se, nos dois anos reclamada no pagamento de horas extras prestadas, consideradas
subsequentes ao trânsito em julgado da decisão, o credor como tais as que excederem a 8ª diária e a 44ª semanal, com
demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de adicional de 50% e com reflexos em aviso prévio, FGTS+40%, 13º
recursos que justificou a concessão da gratuidade processual à salários e férias + 1/3, bem como para determinar que a execução
obreira, extinguindo-se, passado esse prazo, a respectiva dos honorários advocatícios de sucumbência por parte da autora,
Sentença reformada, nesse aspecto. poderão ser exigidos se, nos dois anos subsequentes ao trânsito
DA MULTA POR LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão da
Requer a recorrente/reclamante, a condenação da Reclamada e de gratuidade processual à obreira, extinguindo-se, passado esse
sua testemunha no pagamento de multa por litigância de má-fé, prazo, a respectiva obrigação.
cada qual em valor não inferior a 10% (dez por cento) do valor da Para cálculo das horas extras, deve-se observar ainda, o valor da
causa, ao argumento de que alteraram a verdade dos fatos ao hora normal, integrado pelas demais parcelas de natureza salarial
apresentar depoimento contraditórios com as demais provas dos percebidas, a teor do que dispõe a Súmula 264, do TST, os dias
À análise. sobre os mesmos títulos, o teor das súmulas 172 e 376, item II do
A norma prevê as hipóteses que configuram a litigância de má-fé, C.TST e OJ 394 da SBDI-I/TST.
nos seguintes termos: Custas processuais de R$ 600,00, calculadas sobre o novo valor
incontroverso;
1/3, bem como para determinar que a execução dos honorários RECURSO ORDINÁRIO. REAJUSTES SALARIAIS.
advocatícios de sucumbência por parte da autora, permaneçam sob TRANSMUDAÇÃO AUTOMÁTICA DO REGIME JURÍDICO DE
condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser TRABALHO. EFEITOS. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO
exigidos se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da TRABALHO. O Pleno do Tribunal Superior do Trabalho, no
decisão, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de julgamento ArgInc nº 105100-93.1996.5.04.0018, DEJT de 18/09/
insuficiência de recursos que justificou a concessão da gratuidade 2017, admitiu a possibilidade de transmudação automática de
processual à obreira, extinguindo-se, passado esse prazo, a regime de celetista para estatutário apenas nos casos em que o
Para cálculo das horas extras, deve-se observar ainda, o valor da Federal de 1988, tenha adquirido a estabilidade, na forma do art. 9,
hora normal, integrado pelas demais parcelas de natureza salarial caput, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Em
percebidas, a teor do que dispõe a Súmula 264, do TST, os dias contrapartida, preserva-se o regime jurídico celetista para todos os
efetivamente trabalhados, bem como os pagamentos já efetuados efeitos, porquanto nula a transposição automática para estatutário,
sobre os mesmos títulos, o teor das súmulas 172 e 376, item II do a corroborar a declaração da competência desta Justiça do
Custas processuais de R$ 600,00, calculadas sobre o novo valor 12.2017.5.13. 0016. Recurso provido para declarar a competência
FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA FORTALEZA, em que é Recorrente: FRANCISCA TÂNIA TEIXEIRA
FORTALEZA/CE, 04 de março de 2020. Recorreu a Reclamante (ID. 06661a8), em face da r. sentença que
Intimado(s)/Citado(s):
ADMISSIBILIDADE
- FRANCISCA TANIA TEIXEIRA ALVES
Preenchidos os pressupostos de admissibilidade, conheço do
REGIME JURÍDICO DE TRABALHO. EFEITOS. COMPETÊNCIA CONCURSO PÚBLICO. NÃO ESTABILIZADO NA FORMA DO
pugnando pela implantação dos vencimentos previstos nos IMPOSSIBILIDADE. A controvérsia não comporta mais discussão
Decretos-Lei nº 2.284/86, nº 2.335/87 e Lei nº 7.730/89. no âmbito desta Corte, cujo entendimento encontra-se consolidado
Apreciando o tema destacado, concluiu o juízo sentenciante: no sentido de que a conversão automática do regime celetista para
"Observo que no período imprescrito, como consta da inquirição o estatutário não se aplica aos empregados celetistas admitidos
sumária, a reclamante era e é regida por estatuto próprio, não tendo sem concurso público após 5/10/1983, haja vista o óbice contido no
seu vínculo jurídico com a Administração Pública regidos pela art. 37, II, da Constituição Federal de 1988, pois não possuem os
legislação trabalhista. Em outras palavras, o vinculo empregatício cinco anos de efetivo exercício anteriores à promulgação da CR/88
com a reclamada transmudou-se de CELETISTA PARA que lhe dariam direito à estabilidade de que trata o art. 19 do ADCT.
ESTATUTÁRIA há muitos e muitos anos. Assim, não há reparos a fazer na decisão agravada. Agravo
Se os pedidos dissessem respeito e estivessem adstritos ao período conhecido e não provido" (Ag-RR-471-98.2018.5.13.0001, 1ª
em que a reclamante foi regida pelo regime celetistas poderia ser Turma, Relator Ministro Luiz José Dezena da Silva, DEJT
restringiu o pedido ao período não alcançado pela prescrição "AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA
quinquenal, ou seja, quando já se submetia ao estatuto próprio. INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017.
Nesse contexto, considerando que os pedidos repercutem sobre ADMISSIBILIDADE. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA.
esse novo status funcional, impõe-se reconhecer, ante a EXISTÊNCIA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO.
jurisprudência dominante no âmbito do Supremo Tribunal Federal, a ENTE PÚBLICO. CONTRATAÇÃO DE EMPREGADO SEM
competência da Justiça Comum estadual para conhecer da CONCURSO PÚBLICO ANTES DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
presente ação e dos respectivos pedidos. " DE 1988. "RECURSO DE REVISTA. INTERPOSIÇÃO NA
Alega a reclamante/recorrente que não foi submetida a concurso VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. ADMISSIBILIDADE.
público, permanecendo como servidora celetista, pela TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA. EXISTÊNCIA. COMPETÊNCIA
impossibilidade de transmudação do regime celetista para o jurídico DA JUSTIÇA DO TRABALHO. ENTE PÚBLICO. CONTRATAÇÃO
-administrativo sem prévia aprovação em concurso; que não DE EMPREGADO SEM CONCURSO PÚBLICO ANTES DA
naturalmente no regime geral celetista, com os direitos e obrigações ARTIGO 19, CAPUT, DO ADCT NÃO CARACTERIZADA.
decorrentes, inclusive quanto à competência material da Justiça do TRANSMUDAÇÃO AUTOMÁTICA PARA ESTATUTÁRIO.
Adoto e perfilho com a inteligência que deflui do julgamento do do recurso de revista, tendo em vista que o Tribunal Pleno desta
Desembargador Francisco José Gomes da Silva. A norma contida nº 105100-93.1996.5.04.0018 , acórdão publicado no DEJT de
no art. 37, inciso II, da Constituição Federal que impõe a 18/09/2017, admitiu a possibilidade de transmudação automática de
necessidade de submissão a certame público, constitui óbice à regime de celetista para estatutário apenas nos casos em que o
mudança automática de regime celetista para estatutário pela mera empregado, contratado sem concurso público antes da Constituição
publicação de Lei Estadual ou Municipal que institua no âmbito Federal de 1988, tenha adquirido a estabilidade, na forma do artigo
correspondente Regime Jurídico Único Estatutário. Assim, 19, caput , do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Em
considerando que não houve transmutação automática de regime contrapartida, em situação como a dos autos, em que a autora foi
jurídico, não há que se falar em incompetência da Justiça do contratada em 09/06/1986, ou seja, há menos de cinco anos antes
Trabalho, eis que a relação de trabalho originária entre as partes diz da promulgação da Constituição Federal, preserva-se o regime
respeito ao regime da CLT. jurídico celetista para todos os efeitos, porquanto nula a
07/01/2020).
Processo Nº ROT-0001654-37.2016.5.07.0003
Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA
SILVA
Conhecer do recurso interposto pela reclamante e, no mérito
RECORRENTE TELEFONICA BRASIL S.A.
declarar a competência da Justiça do Trabalho com retorno dos JOSE ALBERTO ADVOGADO(OAB: 513/DF)
COUTO MACIEL
autos ao juízo de origem para complementação da prestação
RECORRIDO MIKAELLE LIMA DE SOUSA
jurisdicional. MATEUS DE OLIVEIRA ADVOGADO(OAB: 19583/CE)
ALCANTARA
FERNANDA BARROSO ADVOGADO(OAB: 24695/CE)
DE CASTRO
DISPOSITIVO
Intimado(s)/Citado(s):
- MIKAELLE LIMA DE SOUSA
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
EMENTA
ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL
conhecer do recurso interposto pela reclamante e, no mérito EMBARGOS DE DECLARAÇÃO - REEXAME DE FATOS E
declarar a competência da Justiça do Trabalho com retorno dos PROVAS. Conforme o disposto no artigo 1.022 do NCPC, aplicado
autos ao juízo de origem para complementação da prestação subsidiariamente ao processo trabalhista, por força do artigo 769 da
jurisdicional. CLT, os Embargos de Declaração não se prestam ao reexame de
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores fatos e provas, com vistas à modificação da substância do julgado,
Francisco José Gomes da Silva (Presidente),Cláudio Soares Pires pois o seu cabimento está limitado a sanar omissão, extirpar
(Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a). contradição ou manifesto equívoco de admissibilidade do recurso, a
Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. teor do art. 897-A da CLT. A reapreciação da matéria, quando já
Fortaleza, 17 de fevereiro de 2020. apreciada pelo órgão prolator do acórdão embargado, é defeso em
FUNDAMENTAÇÃO
recurso e,no mérito, deu-lhe provimento parcial para reformar a Preenchidos os pressupostos de admissibilidade de se conhecer os
sentença para reduzir o valor da indenização por danos morais para embargos declaratórios interpostos pela reclamada TELEFÔNICA
(vinte mil reais), com respaldo no princípio da razoabilidade R$ BRASIL S.A. (VIVO).
Alega o embargante, em síntese, que o v. Acórdão prolatado por Para fundamentar suas alegações, renova a Embargante a tese de
essa Colenda Turma não se pronunciou expressamente sobre todos defesa de que que não restou provado nos autos, a inequívoca
os argumentos apresentados pela defesa, não analisando as provas relação de causalidade da doença acometida pela autora da
que justificariam o não pagamento de indenização por danos "depressão", com a execução do contrato de trabalho.
Insiste, que o laudo pericial foi inconclusivo no sentido de demonstrar ou não, a existência do nexo de causalidade entre a
demonstrar ou não, a existência do nexo de causalidade entre a patologia apresentada pela reclamante, e suas atividades na
Argumenta, que o perito afirmou que houve "uma série de essa Colenda Turma não se pronunciou expressamente sobre todos
circunstâncias que levou a autora a um quadro emocional grave", os argumentos apresentados pela defesa, não analisando as provas
bem como de que o mesmo ressaltou, que a obreira estava grávida, que justificariam o não pagamento de indenização por danos
que trouxe consequências emocionais que ainda perduram, o que Argumenta, que o perito afirmou que houve "uma série de
afasta o dever da empresa de pagar indenização por danos morais, circunstâncias que levou a autora a um quadro emocional grave",
ante a ausência de nexo de causalidade. bem como de que o mesmo ressaltou, que a obreira estava grávida,
Reitera, igualmente, que o perito afirmou que não se trata de uma com problemas orgânicos inerentes ao processo e perdeu o bebê, o
consequência inerente ao processo laboral, mas um conflito entre que trouxe consequências emocionais que ainda perduram, o que
patrão e empregado, todavia, não deixou claro na sua conclusão se afasta o dever da empresa de pagar indenização por danos morais,
a depressão da autora tem ou não algum nexo de causalidade com ante a ausência de nexo de causalidade.
o trabalho; que a única testemunha ouvida nos autos, declarou que Reitera, igualmente, que o perito afirmou que não se trata de uma
as atividades na reclamada são realizadas em estrito cumprimento consequência inerente ao processo laboral, mas um conflito entre
com as normas de medicina e segurança do trabalho, tanto a patrão e empregado, todavia, não deixou claro na sua conclusão se
jornada e pausas, são anotadas e usufruídas corretamente, a depressão da autora tem ou não algum nexo de causalidade com
inclusive, não havia qualquer restrição de iras ao banheiro, o trabalho; que a única testemunha ouvida nos autos, declarou que
inclusive, a empresa disponibiliza atendimento ambulatorial para as atividades na reclamada são realizadas em estrito cumprimento
Requer ao final, em suma, o pronunciamento sobre todos os jornada e pausas, são anotadas e usufruídas corretamente,
questionamentos apresentados nas ruas razões recursais e inclusive, não havia qualquer restrição de iras ao banheiro,
documentos apresentados, para que seja esclarecido nos autos inclusive, a empresa disponibiliza atendimento ambulatorial para
em especial aquelas constantes nas declarações da reclamante Requer ao final, em suma, o pronunciamento sobre todos os
quando de sua oitiva e reitera argumento de as doenças indicadas questionamentos apresentados nas ruas razões recursais e
na inicial não decorreram das atividades laborais, e não se tratam documentos apresentados, para que seja esclarecido nos autos
Apresentação das contrarrazões, ID. 1d6096d. em especial aquelas constantes nas declarações da reclamante
subsidiariamente ao processo trabalhista, por força do artigo 769 da Tem-se, ainda, que para caracterizar o nexo causal em caso de
CLT, cabem embargos de declaração quando houver no acórdão acidente de trabalho, basta demonstrar a existência de relação
obscuridade ou contradição ou, ainda, quando for omitido ponto entre o exercício do trabalho a serviço da empresa com o infortúnio
ainda, no caso de manifesto equívoco no exame dos pressupostos Em ralação ao nexo de concausalidade, tem-se que o trabalho não
extrínsecos do recurso ou para corrigir erro material, conforme é a causa principal do infortúnio laboral, mas, sim, um agravamento,
previsão no art. 897-A, da CLT. Estes são, portanto, os limites ou causa concomitante da lesão ou doença ocupacional.
desse instituto processual. Dessa forma, ressalte-se que a concausa se une à causa principal
Fora dessas hipóteses não tem cabimento a interposição de da doença e concorre para o resultado, reforçando-a, o que ocorreu
Do exame da decisão vergastada, em sede de embargos de Alerta-se ainda que, não há necessidade de se precisar qual das
declaração, verifica-se que não assiste razão a Embargante. causas foi aquela que efetivamente gerou a doença, mas, apenas,
A simples leitura das razões veiculadas nestes embargos que a causa laboral tenha contribuído diretamente para a doença ou
demonstra a inconformidade da Embargante com os termos da seu agravamento, caso dos autos.
Do exame dos autos, observa-se que a decisão regional analisou Ao contrário da tese defensiva, a prova pericial concluiu que houve
todas as questões e provas apresentadas nos autos, tendo abuso e excesso cometido pelo empregador, no sentido de que os
consignado, expressamente, que apesar de não restar provado a SINTOMAS DEPRESSIVOS COM INTENSO QUADRO DE
ocorrência de assédio moral em face das alegadas perseguições e ANSIEDADE SUBJACENTE FORAM RESULTANTES DA
humilhações pela superior hierárquica, Srª Landa Saraiva e RELAÇÃO , expondo, portanto, a empregada CONFLITUOSA
limitações ao uso do banheiro, no momento em que se encontrava ENTRE PATRÃO E EMPREGADO a situações constrangedoras,
grávida, bem como cobranças de metas de forma excessiva, o pressão psicológica e humilhação, provocando violação da honra,
Perito judicial constatou que a autora passou por traumas em intimidade e dignidade da trabalhadora passível de indenização por
bebê, relatando, também, que o ambiente laboral contribuiu Dessa forma, diante dos laudos médicos colacionados nos autos,
para o agravamento da doença emocional acometida pela bem como da conclusão do " expert", não restou dúvidas a respeito
Destacou, também, que o relatório médico de ID. f2dc01c, doença (estresse, depressão) e a atividade da obreira.
igualmente, descreve alterações na pressão arterial em face de Diante do exposto, mantém-se a sentença, nesse aspecto.
problemas ocorridos no ambiente laboral, tendo a autora se As provas constantes nos autos têm como destinatário a convicção
afastado para gozo de benefício previdenciário em razão de sua do Juízo acerca dos fatos que lhe são apresentados, que, utilizando
A decisão registrou, igualmente, que as informações do Perito foram 93, IX da Constituição Federal de 1988), terá toda liberdade na
ratificadas através do laudo complementar de ID. 2e7db2b, no condução das mesmas com o fito de aplicar a norma jurídica que
QUADRO DE ANSIEDADE SUBJACENTE FORAM Frise-se, por oportuno, que o julgador não está obrigado a
RESULTANTES DA RELAÇÃO CONFLITUOSA ENTRE PATRÃO responder a todas as questões suscitadas pelas partes, quando já
Confirmou ainda, que "SEGURAMENTE QUE A MANEIRA COMO Assim, mesmo após a vigência do CPC/2015, não cabem embargos
A ADMINISTRAÇÃO REAGIU À SITUAÇÃO DA AUTORA de declaração contra a decisão que não se pronunciou sobre
CONTRIBUIU PARA O AGRAVAMENTO DO QUADRO." determinado argumento que era incapaz de infirmar a conclusão
da doença acometida pela autora ter origem multifatorial, o No caso, todos os depoimentos foram minuciosamente analisados
julgado, nem manifesto equívoco no exame dos pressupostos FORTALEZA/CE, 04 de março de 2020.
Intimado(s)/Citado(s):
- MARIA VANUZA SOARES OLIVEIRA
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
negar-lhe provimento.
Francisco José Gomes da Silva (Presidente e Relator),Cláudio MORTE DO EMPREGADO. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL E
Soares Pires e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) MATERIAL. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO TOMADOR
omissão.
Relator
RELATÓRIO
V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de EMBARGOS DE da responsabilidade civil do tomador de serviços, em face de
DECLARAÇÃO EM RECURSO ORDINÁRIO. acidente de trabalho sofrido por trabalhador contratado por
acordaram em conhecer do recurso ordinário e, no mérito, dar-lhe Nos casos em que o empregado terceirizado sofre acidente de
parcial provimento para condenar as reclamadas a pagar às trabalho nas dependências da empresa tomadora dos serviços, a
reclamantes indenização por danos morais e reparação dos danos responsabilidade indenizatória deve ser examinada à luz das regras
Contra o referido acórdão, as reclamadas (SERVNAC sua vida desempenhando sua atividade laboral rotineira. Isso é fato.
SEGURANÇA LTDA e PORTO DO PECÉM GERAÇÃO DE Cuida-se, na hipótese, de declarar existente a responsabilidade
ENERGIA S/A) apresentaram embargos de declaração, alegando objetiva do empregador na reparação do dano sofrido pelos
A parte contrária não apresentou manifestação. de culpa ou dolo, considerando que o trabalho era exercido
Atendidos os pressupostos recursais, CONHEÇO dos embargos de do artigo 942 do Código Civil.
As embargantes apontam omissão no julgado. Sustenta "que se faz PAGAMENTO DAS INDENIZAÇÕES POR DANOS MATERIAIS E
imprescindível a determinação de como se dará a responsabilização MORAIS ORIUNDOS DO ACIDENTE DE TRABALHO. CULPA
das empresas condenadas, de forma que não só estas, mas DIRETA PELA MORTE DO TRABALHADOR. 1 - As premissas
também as credoras possam ter ciência de como se dará o fáticas registradas no acórdão recorrido demonstram que ficou
Razão assiste às embargantes. de serviços pelo acidente de trabalho que resultou na morte do
De fato, o v. acórdão ora embargado não examinou o apelo em trabalhador, pai dos reclamantes. Nesse contexto, aplica-se, à
relação à referida matéria. tomadora de serviços, o disposto no art. 927 do CCB, segundo o
Há omissão no julgado. Passo a saná-la. qual -Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
ACIDENTE DE TRABALHO. MORTE DO EMPREGADO. outrem, fica obrigado a repará-lo-. Precedentes. 2 - O caso concreto
INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL E MATERIAL. não se enquadra especificamente na hipótese da Súmula nº 331,
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO TOMADOR DE IV, do CPC, a qual trata da responsabilidade subjetiva da tomadora
A controvérsia cinge em saber a natureza jurídica da conduta da empresa prestadora de serviços na relação de trabalho.
responsabilidade civil da empresa tomadora de serviços, em caso 3 - Recurso de revista a que se dá provimento, quanto ao tema"
de acidente de trabalho sofrido pelo empregado terceirizado dentro (Processo: RR - 152100-50.2005.5.17.0006 Data de Julgamento:
do seu estabelecimento e durante a prestação do serviço. Discute- 30/11/2011, Relatora Ministra: Kátia Magalhães Arruda, 5ª Turma,
se se a tomadora responde pela indenização de forma solidária com Data de Publicação: DEJT 03/02/2012, grifou-se).
a prestadora de serviços, ou apenas de forma subsidiária. A Súmula "RECURSOS DE REVISTA. ACIDENTE DE TRABALHO.
n.º 331 do Tribunal Superior do Trabalho dispõe sobre os efeitos da RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA OU SUBSIDIÁRIA.
terceirização de serviços apenas no que se refere ao INAPLICABILIDADE DA SÚMULA Nº 331 DO TST. A Súmula nº
331 desta Corte regula a responsabilidade da empresa tomadora de tomadora de serviço na hipótese de inadimplemento de obrigações
serviço na hipótese de inadimplemento de obrigações trabalhistas trabalhistas por parte da empresa empregadora, situação diversa da
por parte da empresa empregadora, situação diversa da responsabilidade pelo dever de indenizar os danos decorrentes de
responsabilidade pelo dever de indenizar os danos decorrentes de acidente de trabalho. O inadimplemento das obrigações trabalhistas
acidente de trabalho. O inadimplemento das obrigações trabalhistas é ato cometido pela empresa empregadora e a responsabilidade
é ato cometido pela empresa empregadora e a responsabilidade subsidiária é atribuída à empresa tomadora de serviços por culpa in
subsidiária é atribuída à empresa tomadora de serviços por culpa in eligendo ou in vigilando. Já o dever de indenizar os danos derivados
eligendo ou in vigilando. Já o dever de indenizar os danos derivados de acidente de trabalho decorreu de ato imputável à própria
de acidente de trabalho decorreu de ato imputável à própria Reclamada São Martinho S.A., visto que o acidente sucedeu nas
reclamada Vaz e Hoffman Ltda. - ME, visto que o acidente dependências da empresa tomadora, em razão das condições de
aconteceu nas dependências da empresa tomadora, em razão das trabalho perigosas existentes no estabelecimento da tomadora e em
condições de trabalho perigosas por ela propiciadas e em função função dos serviços que lhe foram prestados pelo filho dos
dos serviços que lhe foram prestados pelo filho da reclamante. Reclamantes. Recurso de revista de que se conhece, ante a
Recurso de revista de que não se conhece" (TST-RR-9952900- demonstração de divergência jurisprudencial, e a que se nega
05.2006.5.09.0029, 5ª Turma, Rel.ª Min.ª Kátia Magalhães Arruda, provimento, no mérito" (TST-RR-46800-32.2005.5.15.0014, 4ª
DEJT 30/9/2011, grifou-se); Turma, Rel. Min. Fernando Eizo Ono, DEJT 24/6/2011, grifou-se);
"RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. EMPRESA TOMADORA DE "RECURSO DE REVISTA - INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS
SERVIÇOS. DANO MORAL. A tomadora de serviços responde de E MATERIAIS DECORRENTES DE ACIDENTE DE TRABALHO -
forma solidária pelo pagamento da indenização por danos morais, EMPREGADO TERCEIRIZADO - RESPONSABILIDADE
quando o acidente ocorre no âmbito de seu estabelecimento SOLIDÁRIA DA EMPRESA TOMADORA DE SERVIÇOS. A
empresarial e ela concorre para o dano sofrido pelo obreiro. exegese dos arts. 927, caput, e 942 do Código Civil autoriza a
Inteligência do artigo 942 do Código Civil. Recurso de revista de que conclusão de que, demonstrada a culpa das empresas envolvidas
não se conhece" (TST-RR-7800300-75.2005.5.09.0091, 1ª Turma, no contrato de terceirização de serviços, estas devem responder
Rel. Min. Lelio Bentes Corrêa, DEJT 30/9/2011, grifou-se); solidariamente pela reparação civil dos danos sofridos pelo
INDENIZAR. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA OU SOLIDÁRIA dúvidas de que a empresa tomadora de serviços, no caso de
DO TOMADOR DE SERVIÇOS. Discute-se se a responsabilidade terceirização, tem o dever de cautela, seja na eleição da empresa
da empresa tomadora de serviços quanto aos danos sofridos por prestadora de serviços, seja na fiscalização de suas atividades, eis
empregado em decorrência de acidente de trabalho é solidária ou que elege e celebra contrato com terceiro que intermedia, em seu
subsidiária. Embora a Súmula nº 331, IV, desta Corte disponha que proveito, a mão de obra necessária ao desenvolvimento de suas
a responsabilidade da empresa tomadora de serviços é subsidiária atividades econômicas. No caso concreto, a recorrente era
com relação às obrigações trabalhistas da empresa empregadora tomadora de serviços do reclamante, que lhe prestava serviços
para com o empregado, tem-se que tal solução não se aplica à mediante empresa interposta (a primeira-reclamada), nas suas
hipótese dos autos. Primeiro, porque o referido precedente dependências, quando sofreu acidente de trabalho. Porque
jurisprudencial foi editado antes da vigência da Emenda à configurada a culpa de ambas as reclamadas pelo dano suportado
Constituição nº 45/2004, quando era incontroverso que competia à pelo reclamante, já que foi constatada pelo Tribunal Regional a
Justiça comum a apreciação de pedido de pagamento de negligência na manutenção de um ambiente de trabalho seguro e
indenização por danos morais e materiais decorrentes de acidente no fornecimento de equipamentos de proteção individual, emerge a
de trabalho ou doença ocupacional, com a aplicação dos prazos coparticipação das reclamadas no infortúnio que vitimou o
prescricionais estabelecidos no direito civil. Por ocasião da edição trabalhador, a autorizar a responsabilização solidária da segunda-
da Súmula nº 331 desta Corte, a indenização dos danos sofridos reclamada. Precedentes. Recurso de revista não conhecido" (TST-
pelo empregado em razão de acidente de trabalho recebia RR-369600-06.2005.5.15.0135, 1ª Turma, Rel. Min. Luiz Philippe
tratamento de crédito civil, razão por que as obrigações trabalhistas Vieira de Mello Filho, DEJT 21/10/2011, grifou-se);
a que alude o texto sumulado não alcançam a indenização devida "RECURSO DE REVISTA. CONTRATO DE SUBEMPREITADA.
por danos oriundos de acidente de trabalho. Segundo, porque a RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA (...). Encontrando-se a
Súmula nº 331 desta Corte regula a responsabilidade da empresa decisão recorrida em sintonia com a Súmula n.º 331, IV/TST, resulta
solidária nos casos em que constatada a culpa das Reclamadas Desembargador Relator
Isto posto,
Processo Nº ROT-0000441-28.2018.5.07.0002
Relator PAULO REGIS MACHADO BOTELHO
Conhecer dos embargos de declaração e, no mérito, dar-lhes RECORRENTE BANCO BRADESCO S.A.
FRANCISCO SAMPAIO ADVOGADO(OAB: 9075/CE)
provimento, para, sanando a omissão apontada, esclarecer que a DE MENEZES JUNIOR
responsabilidade das reclamadas é solidária em relação à RECORRENTE MARIA ENEDINA DE FREITAS
FARIAS
condenação em danos morais e materiais, nos termos expendidos JOSE AILSON REGO ADVOGADO(OAB: 6353/CE)
BALTAZAR
na fundamentação.
RECORRIDO BANCO BRADESCO S.A.
FRANCISCO SAMPAIO ADVOGADO(OAB: 9075/CE)
DE MENEZES JUNIOR
RECORRIDO MARIA ENEDINA DE FREITAS
DISPOSITIVO FARIAS
JOSE AILSON REGO ADVOGADO(OAB: 6353/CE)
BALTAZAR
Intimado(s)/Citado(s):
- MARIA ENEDINA DE FREITAS FARIAS
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
outros cargos de confiança e perceber gratificação não inferior a um FGTS, inclusive da multa de 40. Outrossim, no mesmo ensejo
terço do salário. No caso dos autos, entretanto, o conjunto decisório, impôs a ambos os litigantes a obrigação de pagar
probatório induz à convicção de que as atribuições de "Supervisora honorários advocatícios sucumbenciais à base de 5%.
Administrativa (Chefe de Serviço)", desempenhadas pela A reclamante, em seu arrazoado (ID. 78ed45b), pugna pela
reclamante, são meramente técnicas, desprovidas de elementos condenação do Banco reclamado ao pagamento das seguintes
que qualifiquem tal função como cargo de confiança. A gratificação parcelas: reflexos das horas extras (7ª e 8ª) sobre a
percebida pelo exercício das atribuições respectivas remunera "INDENIZAÇÃO PDVE 2017" e as PLRs de 2012 a 2016 e a de
apenas o trabalho exercido com maiores responsabilidades, mas 2017 (esta, em face da projeção do aviso prévio), ao argumento de
nem de longe serve para qualificá-la como de confiança. Impõe-se, que possuiriam caráter salarial, não indenizatório; PLR de 2017, por
assim, o pagamento, como extras, das sétima e oitava horas conta do cômputo do período do aviso prévio; e indenização
trabalhadas. ADESÃO AO PLANO DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIO adicional prevista no art. 9º da Lei nº 7.238/84.
ESPECIAL (PDVE). HORAS EXTRAS DEFERIDAS EM JUÍZO Requer, outrossim, a aplicação do índice IPCA-e, referente à
RESSALVA ESPECÍFICA NO TRCT. DIFERENÇA INDEVIDA. Ao Por sua vez, o Banco reclamado, em suas razões recursais (ID.
aderir livremente ao Plano de Demissão Voluntária a empregada 3a726ec), reprisa a argumentação de que a promovente não teria
anuiu com os benefícios pactuados, compensatórios da perda do direito ao pagamento de horas extras, pois durante o exercício da
emprego, inclusive quanto ao valor da indenização, que constou do função de "Supervisora Administrativa I (Chefe de Serviços)" estaria
TRCT respectivo, homologado por sua entidade de classe sem enquadrada no § 2º do art. 224 da CLT, por isso sujeita ao
ressalva a tal verba. Assim, além da inexistência de qualquer vício cumprimento de jornada de oito horas diárias. Pretende, ainda, na
capaz de macular o pactuado, a chancela sindical, sem ressalva eventualidade de ser mantido o Julgado, que se efetue a
específica do pagamento da indenização do PDVE constante do compensação das gratificações pagas à autora para cumprimento
instrumento de rescisão, atrai a incidência da previsão contida no da indigitada jornada de oito horas.
§2º do art. 477 da CLT. Em assim, não há como se concluir que as Rebela-se, também, contra a obrigação, a si imposta, de pagar os
horas extras deferidas em juízo repercutam na indenização do reflexos das horas extras sobre o sábado, que seria dia útil não
PDVE. DO ÍNDICE DE ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. Merece trabalhado; e honorários advocatícios, uma vez que a reclamante
parcial reforma a Sentença hostilizada, para que seja aplicado o não estaria assistida pelo sindicato de sua categoria profissional,
índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança um dos requisitos exigidos pela ainda vigente Súmula nº 219 do C.
(TRD) para os débitos trabalhistas devidos à autora até o dia TST, para condenação a esse título.
24/3/2015 e, a partir do dia 25/3/2015, a correção deve ser realizada Por último, pede a majoração do percentual fixado sob a rubrica
pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) nos verba honorária, deferida em prol de seus advogados.
18f80b1.
I. RELATÓRIO É o Relatório.
prescrição parcial das parcelas anteriores a 24/04/2013, e julgado Atendidos os pressupostos legais, conhece-se de ambos os
reclamado ao pagamento de duas horas extras por dia (7ª e 8ª), 2. DO MÉRITO
com reflexos sobre repouso semanal remunerado (inclusive 2.a DO RECURSO DA RECLAMANTE
sábados), aviso prévio, férias mais 1/3, 13º salários e depósitos do 2.a.1 DO REFLEXO DAS HORAS EXTRAS SOBRE A
"INDENIZAÇÃO DO PDVE" e PLRs DE 2012 A 2016 E A DE 2017 norma regulamentar em comento, inclusive, de seus anexos, há de
O Juízo a quo indeferiu os pedidos epigrafados, sob o fundamento ser estrita (art. 114 do CC), de forma que tal nomenclatura diz
de que as verbas "indenização do PDVE" e PLR possuem caráter respeito a horas extras que, por decisão judicial, integravam a
2.a.1.1 REFLEXOS SOBRE AS PLRs DE 2012 a 2016 E A DE Ressalte-se, ainda, que hora extra não é verba salarial fixa a
Indevida a repercussão das horas extras sobre a PLR, enquanto enquanto prestado o sobrelabor. Destaque-se que nem mesmo
rubrica "desvinculada da remuneração", consoante disposto no quando habitual, como no caso dos autos, incorpora-se aos
inciso XI do artigo 7º da Constituição Federal. estipêndios do bancário, consoante o teor da Súmula nº 291 do
Dispõe o item 7 do Regulamento do PDVE que "o empregado que "SUM-291. HORAS EXTRAS. HABITUALIDADE. SUPRESSÃO.
aderir ao "PDVE 2017" receberá, a título de incentivo financeiro, INDENIZAÇÃO.A supressão total ou parcial, pelo empregador, de
indenização equivalente a 0,60 da remuneração fixa do mês de serviço suplementar prestado com habitualidade, durante pelo
junho de 2017, por ano trabalhado, limitada a 12 (doze) salários, menos 1 (um) ano, assegura ao empregado o direito à indenização
computado todo o período até a data da efetiva rescisão do contrato correspondente ao valor de 1 (um) mês das horas suprimidas, total
de trabalho, a ser paga em uma única parcela. OAnexo Vindica a ou parcialmente, para cada ano ou fração igual ou superior a seis
totalidade das verbas salariais e respectivos códigos, permitindo a meses de prestação de serviço acima da jornada normal. O cálculo
consulta pelo empregado em relação àquelas que compõem a sua observará a média das horas suplementares nos últimos 12 (doze)
remuneração." (ID. 9d180fe, pág. 8, destaquei) meses anteriores à mudança, multiplicada pelo valor da hora extra
poder-se-ia concluir pela procedência do pedido da reclamante, Este Tribunal, através de sua 3ª Turma, já adotara a mesma
uma vez que o valor da indenização fora fixado com base na posição aqui explanada quanto aos requeridos reflexos, conforme
remuneração fixa do empregado do mês de junho/2017. constata-se da síntese jurisprudencial abaixo transcrita:
Todavia, aludida indenização não é prevista em lei, sendo uma das "(...) 2) REFLEXO DAS HORAS EXTRAS SOBRE
vantagens pactuadas no plano de ruptura contratual incentivada, PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS (PLR).
pelo que se revela lícito ao empregador fixar-lhe o valor, que, in AUSÊNCIA DE PREVISÃO NORMATIVA. SALÁRIO FIXO. NÃO
casu, foi aceito pela empregada sem qualquer questionamento. ABRANGÊNCIA DAS HORAS EXTRAS.As horas extras não
Não se pode olvidar, ainda, que a promovente não arguiu qualquer integram o salário fixo do trabalhador, razão pela qual, nos termos
vício de consentimento para aderir ao PDVE, sendo lógico inferir-se das normas coletivas aplicáveis à espécie, indevido o seu reflexo na
que tinha plena ciência dos benefícios de incentivo que perceberia verba Participação nos Lucros ou Resultados (PLR) do banco
como compensação pela perda do emprego, inclusive do valor da reclamado. Recurso improvido.
indenização, que, inclusive, constara do TRCT (ID. fff0394), 3) REFLEXO DAS HORAS EXTRAS SOBRE A INDENIZAÇÃO
devidamente homologado pela entidade sindical, sem ressalvas PREVISTA NO PDVE. AUSÊNCIA DE PREVISÃO NORMATIVA.
quanto à parcela em liça, atraindo, assim, a previsão contida no § 2º SALÁRIO FIXO. NÃO ABRANGÊNCIA DAS HORAS EXTRAS.As
do art. 477 da CLT: "O instrumento de rescisão ou recibo de horas extras não integram o salário fixo do trabalhador, razão pela
quitação, qualquer que seja a causa ou forma de dissolução do qual, nos termos das normas que disciplinam o PDVE do banco
contrato, deve ter especificada a natureza de cada parcela paga ao reclamado, indevido o seu reflexo na indenização ali prevista.
empregado e discriminado o seu valor, sendo válida a quitação, Recurso improvido. (...)" (TRT 7ª Região, 3ª Turma, RO 0000265-
apenas, relativamente às mesmas parcelas." 37.2018.5.07.0006, Desembargador Relator: José Antônio Parente
Assim, indevida a pretendida diferença de valor a título da da Silva. Data do Julgamento: 14/02/2019)
Nem se diga que o Anexo V do Regulamento do PDVE (ID. cd7c540 "RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELAS RECLAMADAS.
- Pág. 1), ao prever entre as parcelas componentes da remuneração REFLEXOS DAS HORAS EXTRAS NA INDENIZAÇÃO PAGA A
fixa do empregado, uma denominada "H. Extra Dec. Jud", TÍTULO DE PLANO DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA (PDV). Tendo
endossaria a pretensão recursal, porquanto a interpretação da em vista que a parcela paga a título de PDV possui natureza
indenizatória e se trata de benefício não previsto em lei, mas dos arestos paradigmas aborda o fundamento adotado no acórdão
conferido por ato de mera liberalidade do empregador, impõe-se a recorrido, concernente à aplicação do artigo 114 do Código Civil.
interpretação restritiva das normas instituídas pela empresa a Assim, não se viabiliza o conhecimento do recurso de revista, por
respeito, nos termos do estabelecido no art. 114 do Código Civil. dissenso pretoriano, a teor do que dispõe a Súmula nº 23 do TST.
Razão pela qual, uma vez paga a indenização estabelecida pela (...)" (TST-RR - 76141-75.2002.5.02.0045,Relator Ministro: Pedro
empresa por adesão do empregado ao PDV, como compensação Paulo Manus, Data de Julgamento: 10/08/2010, 7ª Turma, Data de
pela perda do emprego, não há como se concluir que as horas Publicação: 20/08/2010)
extras deferidas em juízo nela repercutam necessariamente. 2.a.2 DA INDENIZAÇÃO ADICIONAL PREVISTA NO ART. 9º DA
Walmir Oliveira da Costa, Data de Julgamento: 05/06/2013, 1ª Prevê o art. 9º da Lei nº. 7237/84 o direito do empregado ao
Relator Walmir Oliveira da Costa, Data de recebimento de um salário mensal, se dispensado injustamente no
Julgamento:05/06/2013, 1ª Turma, Data de Publicação DEJT: período de 30 dias que anteceder a data do reajuste salarial de sua
"I - AGRAVO DE INSTRUMENTO DO RECLAMANTE In casu, a controvérsia gira em torno de se perquirir se é devida a
REPERCUSSÃO DAS HORAS EXTRAS HABITUAIS NO referenciada indenização ao trabalhador que foi dispensado no
CÁLCULO DA "INDENIZAÇÃO INCENTIVO" 1. O montante pago trintídio antecedente à data-base de sua correção salarial, mas que,
em razão da adesão do Autor ao Programa de Desligamento em virtude da projeção no tempo do período do aviso prévio, ainda
Incentivado tem natureza indenizatória. Inteligência da Orientação que indenizado, teve o término de seu contrato de trabalho
Jurisprudencial nº 207 da C. SBDI-1. 2. Dessa forma, como a postergado para lapso posterior à referida data-base.
parcela "Indenização Incentivo" não tem natureza salarial, não faz Por disciplinarem a matéria sob exame, convém trazer à lume o teor
sentido alegar que nela necessariamente repercutem as horas das Súmulas 182 e 314 do Colendo TST, abaixo transcritas:
extras habituais. Resta incólume o artigo 457, § 1º, da CLT. Agravo "Súmula nº 182 do TST
de Instrumento a que se nega provimento. (...) (ED-AIRR e RR - AVISO PRÉVIO. INDENIZAÇÃO COMPENSATÓRIA. LEI Nº 6.708,
9904000-40.2003.5.04.0900 , Relatora Ministra: Maria Cristina DE 30.10.1979 (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003
Irigoyen Peduzzi, Data de Julgamento: 16/08/2006, 3ª Turma, Data O tempo do aviso prévio, mesmo indenizado, conta-se para efeito
indenização do PDV constitui liberalidade do empregador que não "Súmula nº 314 do TST
tem por finalidade a contraprestação do trabalho, o que denota a INDENIZAÇÃO ADICIONAL. VERBAS RESCISÓRIAS. SALÁRIO
sua natureza indenizatória. Por isso, sua base de cálculo não é CORRIGIDO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003
afetada por verbas de natureza salarial, como as horas extras Se ocorrer a rescisão contratual no período de 30 (trinta) dias que
habitualmente prestadas. II - Recurso desprovido. HORAS DE antecede à data-base, observado a Súmula nº 182 do TST, o
SOBREAVISO. I - O recurso não comporta conhecimento neste pagamento das verbas rescisórias com o salário já corrigido não
tema, pois o único paradigma colacionado não traz indicação de afasta o direito à indenização adicional prevista nas Leis nºs 6.708,
fonte de publicação, não atendendo, assim, às exigências contidas de 30.10.1979 e 7.238, de 28.10.1984."
na Súmula nº 337/TST. II - Recurso não conhecido." (TST-RR - Como se vê, para fins de concessão da indenização em epígrafe,
204800-09.2002.5.02.0076, Relator Ministro: Antônio José de deve-se levar em consideração a data em que o contrato é
Barros Levenhagen, Data de Julgamento: 06/12/2006, 4ª Turma, efetivamente rescindido, computando-se, pois, o período do aviso
"(...) INDENIZAÇÃO DO PDV. DIFERENÇAS. INTEGRAÇÃO DAS No caso dos autos, a data base da categoria dos bancários é o dia
HORAS EXTRAS DEFERIDAS NA PRESENTE AÇÃO. O Tribunal 01 de setembro de cada ano, conforme se depreende à leitura das
Regional indeferiu a pretensão da reclamante, de ver computadas normas coletivas anexadas aos autos.
as horas extras deferidas na presente ação, na base de cálculo da Demais disso, a autora aderiu ao Plano de Demissão Voluntária
indenização do PDV, porque considerou que esta parcela, por ser Especial (PDVE) em 22/08/2017, consoante se observa do TRCT
oriunda da mera liberalidade do empregador, deve ser interpretada sob ID. fff0394, tendo se efetivado sua extinção contratual em
restritivamente, nos termos do artigo 114 do Código Civil. Nenhum 20/12/2017, quando transcorrido integralmente o período do aviso
Ora, à vista do cenário fático acima delineado, do qual emerge a com a redação dada pelo art. 5º da Lei nº 11.960, de 29/6/2009.
constatação de haver o término do vínculo empregatício da Em decorrência da referida Decisão do STF, o Pleno do TST, ao
reclamante ocorrido após, aproximadamente, quatro meses da data- apreciar a Arguição de Inconstitucionalidade nº 479-
base da sua respectiva categoria profissional (01/09), resta indevida 60.2011.5.04.0231, suscitada pelo Min. Cláudio Mascarenhas
a pretendida indenização adicional prevista na Lei 7.238/84. Brandão, por sua vez, declarou a inconstitucionalidade por
É nessa direção o entendimento cristalizado na súmula 314 do TST, arrastamento da expressão "equivalente à TRD", presente no art.
que preconiza seja observada a projeção do aviso prévio, para fins 39, caput, da Lei nº 8.177/91, e acabou dando interpretação
de contagem do trintídio que antecede à data-base da categoria. conforme a Constituição ao restante da norma e definiu como índice
Perfilhando idêntico posicionamento, vejam-se as seguintes de atualização monetária dos créditos trabalhistas na Justiça do
Ementas jurisprudenciais emanadas da Corte Maior Trabalhista: Trabalho o Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-
"RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA SOB A ÉGIDE DA E) a partir de 30/06/2009, quando entrou em vigor a Lei nº
LEI 13.015/2014. REQUISITOS DO ARTIGO 896, § 1º-A, DA CLT, 11.960/2009, que acrescentou o art. 1º-F à Lei nº 9.494/1997, o qual
ATENDIDOS. INDENIZAÇÃO ADICIONAL. ARTIGO 9º DA LEI foi declarado inconstitucional pelo STF.
7.238/84. PROJEÇÃO DO AVISO PRÉVIO. SÚMULAS 182 E 314 O entendimento acerca da aplicação do IPCA-E encontrava-se
DO TST. A Súmula 314 do TST preconiza que se ocorrer a rescisão suspenso em face do deferimento, pelo STF, de liminar nos autos
contratual no período de trinta dias que antecede à data-base, da Reclamação nº 22.012/RS. Contudo, não mais subsiste a
observada a Súmula 182 do TST, o pagamento das verbas suspensão da Decisão do TST conferida liminarmente pelo STF nos
rescisórias com o salário já corrigido não afasta o direito à autos da mencionada Reclamação, pois foi julgada improcedente no
indenização adicional prevista nas Leis 6.708 de 30/10/1979 e 7.238 dia 5/12/2017, prevalecendo, desse modo, o Julgado do Pleno do
de 28/10/1984. Contudo, da leitura do acórdão regional, extrai-se TST no julgamento do processo ArgInc-479-60.2011.5.04.0231,
que a autora foi dispensada em 04/08/2011. Nesse caso, com a sendo mantida a aplicação do índice oficial de remuneração básica
projeção do aviso prévio indenizado de trinta dias, a rescisão do da caderneta de poupança (TRD) para os débitos trabalhistas
contrato de trabalho operou-se em 04/09/2011, situando-se em devidos até o dia 24/3/2015, e, após, a partir do dia 25/3/2015, a
momento posterior à sua data-base (01/09/2011), estando afastado, correção deve ser realizada pelo Índice de Preços ao Consumidor
do entendimento conjugado entre as Súmulas 182 e 314 do TST. Enfrentando essa temática, assim vem entendendo o Colendo TST
RR: 1150006520135170011, Relator: Augusto César Leite de "RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº
Carvalho, Data de Julgamento: 18/09/2019, 6ª Turma, Data de 13.015/2014. CORREÇÃO MONETÁRIA DO DÉBITO
DA LEI 7.238/84. AVISO PRÉVIO. Considerando-se o prazo do TRIBUNAL FEDERAL. ADOÇÃO DO ÍNDICE DE PREÇOS AO
aviso prévio, nos termos da Súmula 182 do TST, a dispensa do CONSUMIDOR AMPLO ESPECIAL (IPCA-E). 1. Ao concluir o
reclamante ocorreu após a data-base, razão pela qual não há falar julgamento do RE nº 870.947/SE (Relator: Min. LUIZ FUX), em que
em dispensa obstativa. Recurso de revista conhecido e provido." se discutia a aplicação de juros de mora e correção monetária nos
(TST - RR: 357001420055050029, Relator: Augusto César Leite de casos de condenação impostas ao Poder Público, o Tribunal Pleno
Carvalho, Data de Julgamento: 29/04/2015, 6ª Turma, Data de do Supremo Tribunal Federal, por maioria, decidiu afastar a
Publicação: DEJT 08/05/2015) utilização da Taxa Referencial (TR) como índice de atualização dos
Portanto, nada a prover neste tópico. débitos judiciais da Fazenda Pública, mesmo em período anterior à
Quanto à matéria em debate, calha esclarecer que nos autos da Consumidor Amplo Especial (IPCA-E). 2. O Tribunal Pleno deste
ADI nº 4.357/DF, o STF declarou a inconstitucionalidade da Tribunal Superior, nos autos do Proc. ArgInc 479-
expressão "índice oficial de remuneração básica da caderneta de 60.2011.5.04.0231, declarou a inconstitucionalidade da expressão
poupança" prevista no art. 100, § 12, da CF/88, afastando, assim, a "equivalentes à TRD", contida no "caput" do artigo 39 da Lei n°
aplicação da Taxa Referencial - TR, o que culminou com a 8.177/91, e, adotando a técnica de interpretação conforme a
Constituição Federal para o texto remanescente do dispositivo meramente técnico-específico, embora remunerado com
impugnado, fixou a variação do Índice de Preços ao Consumidor gratificação superior a um terço do salário do cargo efetivo.
Amplo Especial (IPCA-E) como fator de correção a ser utilizado na In casu, a autora não tinha subordinados, poder de mando,
tabela de atualização monetária dos débitos trabalhistas na Justiça procuração em nome do banco, delegação para dirigir,
do Trabalho. 3. Ao julgar os Embargos de Declaração interpostos supervisionar e disciplinar setores, não fiscalizava nem chefiava
naqueles autos, esta Corte Superior fixou novos parâmetros alguém, não tinha carteira de clientes, não tinha autonomia para
para a modulação dos efeitos da decisão, definindo o dia liberar crédito de transação financeira para clientes, ou seja, era
25/3/2015 como o marco inicial para a aplicação da variação do apenas uma empregada comum.
Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) O título de "Supervisora Administrativa I (Chefe de Serviços)," é
como fator de atualização, de modo que deve ser mantida a pomposo, entretanto não corresponde à realidade vivenciada pela
aplicação do índice oficial de remuneração básica da caderneta autora, pois esta desenvolvia atividade meramente técnica, sem
de poupança (TRD) para os débitos trabalhistas devidos até o grau de fidúcia especial, revelando retro referido título, apenas, uma
dia 24/3/2015, e, a partir do dia 25/3/2015, a correção deve ser tentativa frustrada de contornar o limite legal (seis horas), impondo
realizada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial à reclamante uma jornada de oito horas, sem remunerá-la para tal.
(IPCA-E). Recurso de revista conhecido e provido, no particular." É o que se conclui ao exame dos depoimentos das testemunhas
(destaque nosso). (Processo nº TST-RR-351-51.2014.5.09.0892, ouvidas nos autos, a rogo da demandante, abaixo parcialmente
Relator Ministro Walmir Oliveira da Costa, Data de julgamento; reproduzidos (Ata de Audiência, ID be4b5e4):
Desse modo, reforma-se a Sentença hostilizada para determinar a exercendo por último a função de Gerente de Contas Pessoa Física;
aplicação do índice oficial de remuneração básica da caderneta de que a reclamante exercia as seguintes funções: auxiliava os
poupança (TRD) para os débitos trabalhistas devidos à autora até o preenchimentos de empréstimos dos clientes e auxiliava os
dia 24/3/2015 e, após, a partir do dia 25/3/2015, a correção deve ser clientes no atendimento das máquinas; que a reclamante não
realizada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial tinha poderes para participar do comitê de crédito; que a
2.b.1 DA SÉTIMA E OITAVA HORAS COMO EXTRAS. DO escriturários e os supervisores eram subordinados ao Gerente
ALEGADO EXERCÍCIO DE FUNÇÃO DE CONFIANÇA. DOS Administrativo; que a reclamante não tinha poderes para
REFLEXOS SOBRE O SÁBADO mandar pagar cheque sem provisão de fundos; que a depoente
Pretende o recorrente a reforma da Sentença ora guerreada, que trabalhou na mesma agência em que a reclamante de
deferiu o pedido autoral de pagamento, como extras, da sétima e junho/2006 a março/2016; que não existe cargo na agência
oitava horas laboradas, diariamente, sob o fundamento de que a bancária que tenha poderes para pagar cheque sem provisão de
autora, no exercício da função de Supervisora Administrativa I fundos; que o Gerente Administrativo conferia os dados
(Chefe de Serviços), não detinha qualquer fidúcia especial que inseridos pela reclamante no sistema para a concessão de
justificasse seu enquadramento no parágrafo 2º do artigo 224 da empréstimos." (TANIA MARIA MENDES DE SOUZA - primeira
Cediço que a excepcionalidade prevista no dispositivo celetário "que trabalhou na reclamada de março/1984 a setembro/2017,
supracitado, específica em relação à categoria dos bancários, é exercendo por último a função de Gerente Assistente de Pessoa
taxativa ao permitir a extrapolação da jornada máxima de seis horas Jurídica; que trabalhou diretamente com a reclamante de
para quem exercer funções de direção, gerência, fiscalização, 1993/1994 até o final do contrato da reclamante; que a
chefia e equivalentes ou outros cargos de confiança e que perceba reclamante exercia as seguintes funções: preenchia contratos
gratificação não inferior a 1/3 do salário. de empréstimo, realizava abertura de contas correntes pessoa
É de óbvia sabença, hodiernamente, que no mundo corporativo, física e auxiliava os clientes no atendimento das máquinas; que
prolifera a designação do bancário para o exercício de suposta a reclamante não participava do comitê de crédito; que a
função de confiança, com as mais diversas denominações, sem reclamante não assinava cheque administrativo; que a
que, na realidade, o empregado tenha um mínimo poder de decisão reclamante não tinha subordinados; que os caixas, os
ou mesmo autonomia e destaque, não passando de um trabalho escriturários e os supervisores eram subordinados ao Gerente
Administrativo; que não existe cargo na agência bancária que MATÉRIA FÁTICA. SÚMULAS 102, I E 126/TST. 3. HORAS
tenha poderes para pagar cheque sem provisão de fundos; que EXTRAS. DIVISOR. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL. 4.
a reclamante não poderia liberar créditos para a concessão de DANO MORAL. VALOR DA INDENIZAÇÃO. O cargo de confiança
empréstimos; que a reclamante não tinha acesso às no Direito do Trabalho recebeu explícita tipificação legal, quer no
informações sigilosas do banco; que no banco não havia nenhum padrão amplo do art. 62, II, da CLT, quer no tipo jurídico específico
cargo abaixo ao da reclamante; que considera informações sigilosas bancário do art. 224, § 2º, da Consolidação. Para enquadrar o
do banco as informações sobre funcionários e questões empregado nas disposições contidas no art. 224, § 2º, da CLT, é
relacionadas às áreas internas (área administrativa) do banco; que necessário ficar comprovado que ele exercia, efetivamente, as
a reclamante tinha acesso a extrato e renda dos clientes, funções aptas a caracterizar o cargo de confiança e, ainda, que elas
destacando que tais informações devem permanecer em sigilo se revestiam de fidúcia especial, que extrapola aquela básica,
pelos funcionários; que não se recorda o nível dos cartões dos inerente a qualquer empregado. No caso concreto, o Tribunal
caixas; que não sabe informar se o nível do cartão dos caixas é Regional, amparado no conjunto probatório produzido nos autos,
inferior ao nível do cartão do Supervisor Administrativo; que a concluiu que o Reclamante não se enquadra no art. 224, § 2º, da
reclamante parou de trabalhar para a reclamada pois aderiu ao CLT. Para tanto, asseverou que: "No caso, o réu insiste que se
PDV."( MARIA GISELLE VIANA - segunda testemunha do desvencilhou de seu ônus. Porém, não é o que se extrai da prova
reclamado. ID. 4ed1da2 - Pág. 2, sublinhei) oral, a qual revela que o autor não contava com subordinados, não
De se ressaltar que não prospera o argumento empresarial de que tinha alçada especial e tampouco poderes que o diferenciasse dos
os documentos teriam comprovado que a autora tinha assinatura demais empregados". Acrescentou que "a prova oral não permite se
para autorizar pagamentos de até R$ 30.000,00, o que reconheça que o autor contava com poderes que a diferenciavam
caracterizaria fidúcia especial. Efetivamente, conforme esclarecido dos demais empregados, mostra-se correta a sentença na parte em
pela única testemunha do Banco réu, de nome Kirna Karine que não reconheceu seu enquadramento na exceção do artigo 224,
Vasconcelos de Oliveira, "a reclamante não poderia liberar créditos § 2º, da CLT". Diante desses dados fáticos, constata-se que o
para a concessão de empréstimos pois acredita que o gerente tinha Reclamante não ocupava típico cargo de confiança bancário, nos
que autorizar" (Ata de Audiência sob ID. 4ed1da2). moldes do art. 224, § 2º, da CLT, pois ficou comprovado que as
O conjunto probatório nos permite, assim, formar convicção de que funções exercidas delineavam-se como meramente técnicas, sem
as atribuições de "Supervisora Administrativa I (Chefe de Serviços)" maiores poderes ou mesmo responsabilidades que demandassem
são meramente técnicas, desprovidas de elementos que maior grau de fidúcia. Para que se pudesse chegar, se fosse o
qualifiquem tal função como cargo de confiança. A gratificação caso, a conclusão fática diversa, seria necessário o revolvimento do
percebida pelo exercício das atribuições respectivas remunera conteúdo fático-probatório constante dos autos, o que fica
apenas o trabalho exercido com maiores responsabilidades, sem inviabilizado nesta instância recursal, nos termos das Súmulas 102,
revelar grau de confiança destacada, como pretende fazer crer o I e 126/TST. Agravo de instrumento desprovido." (AIRR - 522-
Banco demandado, daí inadmissível o enquadramento da 50.2014.5.09.0005, Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado,
reclamante na excepcionalidade prevista no § 2º do art. 224 da CLT. Data de Julgamento: 18/12/2018, 3ª Turma, Data de Publicação:
Pensar de forma diferente, data vênia, serviria para incentivar o DEJT 07/01/2019).
demandado a criar outras denominações nas suas agências, a "(...) HORAS EXTRAS. CARGO DE CONFIANÇA. Na
ponto de chegar em determinado momento em que só existirão Jurisprudência desta Corte, encontra-se pacificado o entendimento
empregados exercentes de pseudo funções de confiança, fazendo de que, para o enquadramento do empregado na exceção prevista
letra morta da norma legal da jornada de seis horas. no § 2º do art. 224 da CLT, requer-se não apenas o pagamento de
Aliás, a Corte Superior da Justiça Laboral, em processos análogos, gratificação de não superior a 1/3 de seu salário de cargo efetivo,
em que figura no polo passivo entidade bancária, já se pronunciou mas também a existência de fidúcia especial, diferenciada, em
no mesmo sentido. Observe-se: relação aos demais bancários. Em outras palavras, para fins do art.
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. 224, § 2º, da CLT, o valor da gratificação e a fidúcia especial são
PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014 E ANTERIOR À requisitos cumulativos, aferidos casuisticamente, de modo que o
LEI 13.467/2017. 1. MULTA DO ART. 523, §1º, DO CPC/2015 fato de o empregado receber gratificação de função não inferior a
(ART. 475-J DO CPC/1973). 2. BANCÁRIO. CARGO DE 1/3 não implica na inequívoca caracterização do poder de gestão
CONFIANÇA. ART. 224, § 2º, DA CLT. CARACTERIZAÇÃO. exigido legalmente. O Tribunal Regional, mediante acurada análise
das provas orais produzidas nos autos, concluiu que as atividades (processo nº 849-83.2013.5.03.0138), decidiu que "o divisor
exercidas pela autora não possuíam fidúcia diferenciada, maior do aplicável para cálculo das horas extras do bancário, inclusive para
que aquela exigida aos demais bancários. Impõe-se ressaltar que os submetidos à jornada de oito horas, é definido com base na
essas ilações não são passíveis de revolvimento na presente fase regra geral prevista no artigo 64 da CLT (resultado da multiplicação
da marcha processual, a teor das Súmulas 102 e 126 do TST. A por 30 da jornada normal de trabalho), sendo 180 e 220, para as
decisão regional está, portanto, em perfeita sintonia com esta Corte jornadas normais de seis e oito horas, respectivamente", bem como
e com o art. 224, §2º, da CLT. Recurso de revista não conhecido. que "a inclusão do sábado como dia de repouso semanal
(...)" (RR-1039-40.2012.5.04.0401, 6ª Turma, Relator Ministro remunerado, no caso do bancário, não altera o divisor, em virtude
Augusto César Leite de Carvalho, DEJT 12/04/2019). de não haver redução do número de horas semanais, trabalhadas e
"RECURSO DO BANCO SANTANDER S.A. - CARGO DE de repouso". Além disso, concluiu no sentido de que "as normas
CONFIANÇA - ART. 62, II, DA CLT - ART. 224, § 2º, DA CLT. O coletivas dos bancários não atribuíram aos sábados a natureza
Tribunal Regional, alicerçado na avaliação dos depoimentos jurídica de repouso semanal remunerado". Dessa forma, à luz do
testemunhais, registrou quadro fático segundo o qual o reclamante atual entendimento sobre a matéria, não há como se acolher a
"não possuía poderes para liberar ou realizar operações com total aplicação do divisor 150 ou 200. Recurso conhecido e parcialmente
autonomia, tampouco praticar atos isoladamente, sem qualquer provido." (TRT-7 - RO: 00010708020155070010, Relator: CLAUDIO
autorização colegiada ou superior". Concluiu que o reclamante não SOARES PIRES, Data de Julgamento: 17/09/2018, Data de
empregados, razão pela qual afastou o enquadramento nos cargos "FUNÇÃO DE CONFIANÇA NÃO CARACTERIZADA - HORAS
de confiança previstos nos art. 62, II, da CLT e 224, § 2º, da CLT. EXTRAS DEVIDAS. Apesar de o autor laborar 08 (oito) horas
Diante dessas premissas fáticas, insuscetíveis de reapreciação em diárias e perceber gratificação pelo exercício da função de Gerente,
sede extraordinária, não há como se vislumbrar contrariedade à superior a 1/3 do salário do cargo efetivo, não há que se enquadrar
Súmula nº 287 do TST, que trata da presunção juris tantum dos o caso da presente lide na exceção do § 2º do art. 224, da CLT, vez
poderes de gestão do gerente geral de agência que, no caso, restou que não restou comprovada nos autos qualquer relação entre as
afastada pela prova produzida nos autos. Igualmente em relação ao atividades por ele desempenhadas e aquelas típicas dos que
cargo de confiança previsto no art. 224, § 2º, da CLT, registrado exercem a chefia ou postos de comando." (TRT-7 - RO:
pelo Tribunal Regional que não havia diferenciação de poderes 00002101920145070009, Relator: JEFFERSON QUESADO
entre o reclamante e os demais empregados no exercício das suas JUNIOR, Data de Julgamento: 22/01/2018, Data de Publicação:
da Súmula nº 102, I, do TST. Recurso de revista não conhecido. Destarte, merece ratificada a r. Sentença nesse tópico, inclusive
(...)." (RR - 681-55.2011.5.02.0049, Relator Ministro: Luiz Philippe quanto aos reflexos das horas extras sobre o sábado, ante a
Vieira de Mello Filho, Data de Julgamento: 31/08/2016, 7ª Turma, expressa previsão nas Convenções Coletivas de Trabalho da
Data de Publicação: DEJT 09/09/2016). Categoria dos Bancários, acostadas aos presentes autos.
Há precedentes, também, neste Regional, conforme exemplificado Veja-se, para exemplificar, o teor da Cláusula 8ª e seu Parágrafo
RECLAMADA. 1.1 - HORAS EXTRAS. CARGO DE CONFIANÇA. As horas extras serão pagas com o adicional de 50%
suficientes para o enquadramento do empregado no § 2º do art. 224 Quando prestadas durante toda a semana anterior, os bancos
da CLT, atrai o patrão o ônus da prova, consoante inteligência do pagarão, também, o valor correspondente ao repouso semanal
art. 818 da CLT e do art. 373, II, do CPC. Não se tem por remunerado, inclusive sábados e feriados." (ID. d9c5ae1 - Pág.
art. 224, § 2º, da CLT (Súmula 102/TST), quando revelam as provas Destarte, de se negar provimento ao Apelo patronal, no particular.
dos autos, todavia, tarefas corriqueiras acometidas à obreira, sem 2.b.2 DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
qualquer fidúcia. 1.2 - HORAS EXTRAS. DIVISOR. O TST, em sede Por fim, no tocante à verba honorária em epígrafe, tem-se que a
de Incidente de Julgamento de Recursos de Revista Repetitivos vertente Reclamatória fora ajuizada em 23/04/2018, portanto, já na
sucumbência, nos termos do art. 791-A da CLT. TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª
Desse modo, impõe-se mantida a condenação do Banco reclamado REGIÃO, por unanimidade, conhecer de ambos os Recursos e, no
no pagamento de honorários advocatícios em favor do patrono da mérito, negar provimento ao do Banco reclamado, mas dar parcial
autora, no patamar de 5% sobre o valor que resultar da liquidação provimento ao da reclamante, para, reformando a Sentença
No concernente à majoração da verba honorária sucumbencial em básica da caderneta de poupança (TRD) para os débitos
favor do patrono do Banco reclamado, ora recorrente, fixada pelo trabalhistas devidos à autora até o dia 24/3/2015 e, após, a partir do
Juízo de origem no patamar de 5%, registre-se, por oportuno, que dia 25/3/2015, a correção deve ser realizada pelo Índice de Preços
este Relator adota o entendimento de que, uma vez sendo o ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E).
reclamante beneficiário da gratuidade da justiça, mostra-se Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
incompatível qualquer determinação, a ele imposta, de pagamento Francisco José Gomes da Silva (Presidente), Paulo Régis Machado
de despesas processuais (dentre as quais se inserem os honorários Botelho (Relator) e Cláudio Soares Pires. Presente ainda o(a)
advocatícios), para que tais não venham a impedir ou dificultar o Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho.
seu acesso ao Judiciário, com o fito de resolver suas demandas de Fortaleza, 17 de fevereiro de 2020.
forma civilizada.
in pejus, mantém-se incólume o Julgamento a quo no que pertine PAULO REGIS MACHADO BOTELHO
Por todo o acima exposto, de se conhecer de ambos os Recursos e, ROMULO DE SOUSA FROTA
Intimado(s)/Citado(s):
cumprimento da obrigação.".
PAGAMENTO DAS INDENIZAÇÕES POR DANOS MATERIAIS E INDENIZAR. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA OU SOLIDÁRIA
DIRETA PELA MORTE DO TRABALHADOR. 1 - As premissas da empresa tomadora de serviços quanto aos danos sofridos por
fáticas registradas no acórdão recorrido demonstram que ficou empregado em decorrência de acidente de trabalho é solidária ou
configurada a responsabilidade subjetiva direta da própria tomadora subsidiária. Embora a Súmula nº 331, IV, desta Corte disponha que
de serviços pelo acidente de trabalho que resultou na morte do a responsabilidade da empresa tomadora de serviços é subsidiária
trabalhador, pai dos reclamantes. Nesse contexto, aplica-se, à com relação às obrigações trabalhistas da empresa empregadora
tomadora de serviços, o disposto no art. 927 do CCB, segundo o para com o empregado, tem-se que tal solução não se aplica à
qual -Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a hipótese dos autos. Primeiro, porque o referido precedente
outrem, fica obrigado a repará-lo-. Precedentes. 2 - O caso concreto jurisprudencial foi editado antes da vigência da Emenda à
não se enquadra especificamente na hipótese da Súmula nº 331, Constituição nº 45/2004, quando era incontroverso que competia à
IV, do CPC, a qual trata da responsabilidade subjetiva da tomadora Justiça comum a apreciação de pedido de pagamento de
de serviços, com base nas culpas in eligendo e in vigilando, pela indenização por danos morais e materiais decorrentes de acidente
conduta da empresa prestadora de serviços na relação de trabalho. de trabalho ou doença ocupacional, com a aplicação dos prazos
3 - Recurso de revista a que se dá provimento, quanto ao tema" prescricionais estabelecidos no direito civil. Por ocasião da edição
(Processo: RR - 152100-50.2005.5.17.0006 Data de Julgamento: da Súmula nº 331 desta Corte, a indenização dos danos sofridos
30/11/2011, Relatora Ministra: Kátia Magalhães Arruda, 5ª Turma, pelo empregado em razão de acidente de trabalho recebia
Data de Publicação: DEJT 03/02/2012, grifou-se). tratamento de crédito civil, razão por que as obrigações trabalhistas
"RECURSOS DE REVISTA. ACIDENTE DE TRABALHO. a que alude o texto sumulado não alcançam a indenização devida
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA OU SUBSIDIÁRIA. por danos oriundos de acidente de trabalho. Segundo, porque a
INAPLICABILIDADE DA SÚMULA Nº 331 DO TST. A Súmula nº Súmula nº 331 desta Corte regula a responsabilidade da empresa
331 desta Corte regula a responsabilidade da empresa tomadora de tomadora de serviço na hipótese de inadimplemento de obrigações
serviço na hipótese de inadimplemento de obrigações trabalhistas trabalhistas por parte da empresa empregadora, situação diversa da
por parte da empresa empregadora, situação diversa da responsabilidade pelo dever de indenizar os danos decorrentes de
responsabilidade pelo dever de indenizar os danos decorrentes de acidente de trabalho. O inadimplemento das obrigações trabalhistas
acidente de trabalho. O inadimplemento das obrigações trabalhistas é ato cometido pela empresa empregadora e a responsabilidade
é ato cometido pela empresa empregadora e a responsabilidade subsidiária é atribuída à empresa tomadora de serviços por culpa in
subsidiária é atribuída à empresa tomadora de serviços por culpa in eligendo ou in vigilando. Já o dever de indenizar os danos derivados
eligendo ou in vigilando. Já o dever de indenizar os danos derivados de acidente de trabalho decorreu de ato imputável à própria
de acidente de trabalho decorreu de ato imputável à própria Reclamada São Martinho S.A., visto que o acidente sucedeu nas
reclamada Vaz e Hoffman Ltda. - ME, visto que o acidente dependências da empresa tomadora, em razão das condições de
aconteceu nas dependências da empresa tomadora, em razão das trabalho perigosas existentes no estabelecimento da tomadora e em
condições de trabalho perigosas por ela propiciadas e em função função dos serviços que lhe foram prestados pelo filho dos
dos serviços que lhe foram prestados pelo filho da reclamante. Reclamantes. Recurso de revista de que se conhece, ante a
Recurso de revista de que não se conhece" (TST-RR-9952900- demonstração de divergência jurisprudencial, e a que se nega
05.2006.5.09.0029, 5ª Turma, Rel.ª Min.ª Kátia Magalhães Arruda, provimento, no mérito" (TST-RR-46800-32.2005.5.15.0014, 4ª
DEJT 30/9/2011, grifou-se); Turma, Rel. Min. Fernando Eizo Ono, DEJT 24/6/2011, grifou-se);
"RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. EMPRESA TOMADORA DE "RECURSO DE REVISTA - INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS
SERVIÇOS. DANO MORAL. A tomadora de serviços responde de E MATERIAIS DECORRENTES DE ACIDENTE DE TRABALHO -
forma solidária pelo pagamento da indenização por danos morais, EMPREGADO TERCEIRIZADO - RESPONSABILIDADE
quando o acidente ocorre no âmbito de seu estabelecimento SOLIDÁRIA DA EMPRESA TOMADORA DE SERVIÇOS. A
empresarial e ela concorre para o dano sofrido pelo obreiro. exegese dos arts. 927, caput, e 942 do Código Civil autoriza a
Inteligência do artigo 942 do Código Civil. Recurso de revista de que conclusão de que, demonstrada a culpa das empresas envolvidas
não se conhece" (TST-RR-7800300-75.2005.5.09.0091, 1ª Turma, no contrato de terceirização de serviços, estas devem responder
Rel. Min. Lelio Bentes Corrêa, DEJT 30/9/2011, grifou-se); solidariamente pela reparação civil dos danos sofridos pelo
configurada a culpa de ambas as reclamadas pelo dano suportado ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL
pelo reclamante, já que foi constatada pelo Tribunal Regional a REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade,
negligência na manutenção de um ambiente de trabalho seguro e conhecer dos embargos de declaração e, no mérito, dar-lhes
no fornecimento de equipamentos de proteção individual, emerge a provimento, para, sanando a omissão apontada, esclarecer que a
coparticipação das reclamadas no infortúnio que vitimou o responsabilidade das reclamadas é solidária em relação à
trabalhador, a autorizar a responsabilização solidária da segunda- condenação em danos morais e materiais, nos termos expendidos
RR-369600-06.2005.5.15.0135, 1ª Turma, Rel. Min. Luiz Philippe Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
Vieira de Mello Filho, DEJT 21/10/2011, grifou-se); Francisco José Gomes da Silva (Presidente),Cláudio Soares Pires
"RECURSO DE REVISTA. CONTRATO DE SUBEMPREITADA. (Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a).
decisão recorrida em sintonia com a Súmula n.º 331, IV/TST, resulta Fortaleza, 17 de fevereiro de 2020.
solidária nos casos em que constatada a culpa das Reclamadas Desembargador Relator
Isto posto,
Processo Nº ROT-0000412-27.2019.5.07.0039
Relator CLAUDIO SOARES PIRES
Conhecer dos embargos de declaração e, no mérito, dar-lhes RECORRENTE M.V.S.O.
LEANDRO DANTAS ADVOGADO(OAB: 27406/CE)
provimento, para, sanando a omissão apontada, esclarecer que a SOARES
responsabilidade das reclamadas é solidária em relação à RECORRENTE MARIA VANUZA SOARES OLIVEIRA
LEANDRO DANTAS ADVOGADO(OAB: 27406/CE)
condenação em danos morais e materiais, nos termos expendidos SOARES
na fundamentação. RECORRIDO PORTO DO PECEM GERACAO DE
ENERGIA S/A
declaração.
Intimado(s)/Citado(s):
MÉRITO
- PORTO DO PECEM GERACAO DE ENERGIA S/A
OMISSÃO. SUPLEMENTAÇÃO DA FUNDAMENTAÇÃO.
cumprimento da obrigação.".
MORTE DO EMPREGADO. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL E ACIDENTE DE TRABALHO. MORTE DO EMPREGADO.
supõe eiva de vícios listados nos artigos 1.022 do CPC e 897-A da A controvérsia cinge em saber a natureza jurídica da
CLT. Caracterizada a existência de omissão no acórdão, merecem responsabilidade civil da empresa tomadora de serviços, em caso
ser acolhidos os embargos de declaração para suplantá-la. de acidente de trabalho sofrido pelo empregado terceirizado dentro
Embargos de declaração conhecidos e providos para sanar do seu estabelecimento e durante a prestação do serviço. Discute-
V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de EMBARGOS DE da responsabilidade civil do tomador de serviços, em face de
DECLARAÇÃO EM RECURSO ORDINÁRIO. acidente de trabalho sofrido por trabalhador contratado por
acordaram em conhecer do recurso ordinário e, no mérito, dar-lhe Nos casos em que o empregado terceirizado sofre acidente de
parcial provimento para condenar as reclamadas a pagar às trabalho nas dependências da empresa tomadora dos serviços, a
reclamantes indenização por danos morais e reparação dos danos responsabilidade indenizatória deve ser examinada à luz das regras
Contra o referido acórdão, as reclamadas (SERVNAC sua vida desempenhando sua atividade laboral rotineira. Isso é fato.
SEGURANÇA LTDA e PORTO DO PECÉM GERAÇÃO DE Cuida-se, na hipótese, de declarar existente a responsabilidade
ENERGIA S/A) apresentaram embargos de declaração, alegando objetiva do empregador na reparação do dano sofrido pelos
A parte contrária não apresentou manifestação. de culpa ou dolo, considerando que o trabalho era exercido
Com efeito, deve a empresa tomadora responder, de forma DEJT 30/9/2011, grifou-se);
solidária, com a empresa prestadora de serviços, pelo pagamento "RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. EMPRESA TOMADORA DE
de indenização por danos morais e materiais, na forma do artigo SERVIÇOS. DANO MORAL. A tomadora de serviços responde de
942 do Código Civil. A responsabilidade do tomador de serviços por forma solidária pelo pagamento da indenização por danos morais,
ato ilícito (acidente de trabalho) é solidária, mesmo no caso de quando o acidente ocorre no âmbito de seu estabelecimento
terceirização lícita, como no caso dos autos, em face da aplicação empresarial e ela concorre para o dano sofrido pelo obreiro.
do artigo 942 do Código Civil. Inteligência do artigo 942 do Código Civil. Recurso de revista de que
PEDIDO DE RECONHECIMENTO DA RESPONSABILIDADE Rel. Min. Lelio Bentes Corrêa, DEJT 30/9/2011, grifou-se);
PAGAMENTO DAS INDENIZAÇÕES POR DANOS MATERIAIS E INDENIZAR. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA OU SOLIDÁRIA
DIRETA PELA MORTE DO TRABALHADOR. 1 - As premissas da empresa tomadora de serviços quanto aos danos sofridos por
fáticas registradas no acórdão recorrido demonstram que ficou empregado em decorrência de acidente de trabalho é solidária ou
configurada a responsabilidade subjetiva direta da própria tomadora subsidiária. Embora a Súmula nº 331, IV, desta Corte disponha que
de serviços pelo acidente de trabalho que resultou na morte do a responsabilidade da empresa tomadora de serviços é subsidiária
trabalhador, pai dos reclamantes. Nesse contexto, aplica-se, à com relação às obrigações trabalhistas da empresa empregadora
tomadora de serviços, o disposto no art. 927 do CCB, segundo o para com o empregado, tem-se que tal solução não se aplica à
qual -Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a hipótese dos autos. Primeiro, porque o referido precedente
outrem, fica obrigado a repará-lo-. Precedentes. 2 - O caso concreto jurisprudencial foi editado antes da vigência da Emenda à
não se enquadra especificamente na hipótese da Súmula nº 331, Constituição nº 45/2004, quando era incontroverso que competia à
IV, do CPC, a qual trata da responsabilidade subjetiva da tomadora Justiça comum a apreciação de pedido de pagamento de
de serviços, com base nas culpas in eligendo e in vigilando, pela indenização por danos morais e materiais decorrentes de acidente
conduta da empresa prestadora de serviços na relação de trabalho. de trabalho ou doença ocupacional, com a aplicação dos prazos
3 - Recurso de revista a que se dá provimento, quanto ao tema" prescricionais estabelecidos no direito civil. Por ocasião da edição
(Processo: RR - 152100-50.2005.5.17.0006 Data de Julgamento: da Súmula nº 331 desta Corte, a indenização dos danos sofridos
30/11/2011, Relatora Ministra: Kátia Magalhães Arruda, 5ª Turma, pelo empregado em razão de acidente de trabalho recebia
Data de Publicação: DEJT 03/02/2012, grifou-se). tratamento de crédito civil, razão por que as obrigações trabalhistas
"RECURSOS DE REVISTA. ACIDENTE DE TRABALHO. a que alude o texto sumulado não alcançam a indenização devida
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA OU SUBSIDIÁRIA. por danos oriundos de acidente de trabalho. Segundo, porque a
INAPLICABILIDADE DA SÚMULA Nº 331 DO TST. A Súmula nº Súmula nº 331 desta Corte regula a responsabilidade da empresa
331 desta Corte regula a responsabilidade da empresa tomadora de tomadora de serviço na hipótese de inadimplemento de obrigações
serviço na hipótese de inadimplemento de obrigações trabalhistas trabalhistas por parte da empresa empregadora, situação diversa da
por parte da empresa empregadora, situação diversa da responsabilidade pelo dever de indenizar os danos decorrentes de
responsabilidade pelo dever de indenizar os danos decorrentes de acidente de trabalho. O inadimplemento das obrigações trabalhistas
acidente de trabalho. O inadimplemento das obrigações trabalhistas é ato cometido pela empresa empregadora e a responsabilidade
é ato cometido pela empresa empregadora e a responsabilidade subsidiária é atribuída à empresa tomadora de serviços por culpa in
subsidiária é atribuída à empresa tomadora de serviços por culpa in eligendo ou in vigilando. Já o dever de indenizar os danos derivados
eligendo ou in vigilando. Já o dever de indenizar os danos derivados de acidente de trabalho decorreu de ato imputável à própria
de acidente de trabalho decorreu de ato imputável à própria Reclamada São Martinho S.A., visto que o acidente sucedeu nas
reclamada Vaz e Hoffman Ltda. - ME, visto que o acidente dependências da empresa tomadora, em razão das condições de
aconteceu nas dependências da empresa tomadora, em razão das trabalho perigosas existentes no estabelecimento da tomadora e em
condições de trabalho perigosas por ela propiciadas e em função função dos serviços que lhe foram prestados pelo filho dos
dos serviços que lhe foram prestados pelo filho da reclamante. Reclamantes. Recurso de revista de que se conhece, ante a
Recurso de revista de que não se conhece" (TST-RR-9952900- demonstração de divergência jurisprudencial, e a que se nega
05.2006.5.09.0029, 5ª Turma, Rel.ª Min.ª Kátia Magalhães Arruda, provimento, no mérito" (TST-RR-46800-32.2005.5.15.0014, 4ª
Turma, Rel. Min. Fernando Eizo Ono, DEJT 24/6/2011, grifou-se); CONCLUSÃO DO VOTO
SOLIDÁRIA DA EMPRESA TOMADORA DE SERVIÇOS. A provimento, para, sanando a omissão apontada, esclarecer que a
exegese dos arts. 927, caput, e 942 do Código Civil autoriza a responsabilidade das reclamadas é solidária em relação à
conclusão de que, demonstrada a culpa das empresas envolvidas condenação em danos morais e materiais, nos termos expendidos
configurada a culpa de ambas as reclamadas pelo dano suportado ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL
pelo reclamante, já que foi constatada pelo Tribunal Regional a REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade,
negligência na manutenção de um ambiente de trabalho seguro e conhecer dos embargos de declaração e, no mérito, dar-lhes
no fornecimento de equipamentos de proteção individual, emerge a provimento, para, sanando a omissão apontada, esclarecer que a
coparticipação das reclamadas no infortúnio que vitimou o responsabilidade das reclamadas é solidária em relação à
trabalhador, a autorizar a responsabilização solidária da segunda- condenação em danos morais e materiais, nos termos expendidos
RR-369600-06.2005.5.15.0135, 1ª Turma, Rel. Min. Luiz Philippe Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
Vieira de Mello Filho, DEJT 21/10/2011, grifou-se); Francisco José Gomes da Silva (Presidente),Cláudio Soares Pires
"RECURSO DE REVISTA. CONTRATO DE SUBEMPREITADA. (Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a).
decisão recorrida em sintonia com a Súmula n.º 331, IV/TST, resulta Fortaleza, 17 de fevereiro de 2020.
solidária nos casos em que constatada a culpa das Reclamadas Desembargador Relator
Isto posto,
Intimado(s)/Citado(s): declaração.
- M.V.S.O. MÉRITO
cumprimento da obrigação.".
EMENTA Razão assiste às embargantes.
trabalho nas dependências da empresa tomadora dos serviços, a subsidiária é atribuída à empresa tomadora de serviços por culpa in
responsabilidade indenizatória deve ser examinada à luz das regras eligendo ou in vigilando. Já o dever de indenizar os danos derivados
do Direito Civil. Segundo o acórdão embargado, o de cujus perdeu a de acidente de trabalho decorreu de ato imputável à própria
sua vida desempenhando sua atividade laboral rotineira. Isso é fato. reclamada Vaz e Hoffman Ltda. - ME, visto que o acidente
Cuida-se, na hipótese, de declarar existente a responsabilidade aconteceu nas dependências da empresa tomadora, em razão das
objetiva do empregador na reparação do dano sofrido pelos condições de trabalho perigosas por ela propiciadas e em função
herdeiros de seu ex-empregado, sem perquirir a existência, ou não, dos serviços que lhe foram prestados pelo filho da reclamante.
de culpa ou dolo, considerando que o trabalho era exercido Recurso de revista de que não se conhece" (TST-RR-9952900-
submetido a fatores de risco. 05.2006.5.09.0029, 5ª Turma, Rel.ª Min.ª Kátia Magalhães Arruda,
Com efeito, deve a empresa tomadora responder, de forma DEJT 30/9/2011, grifou-se);
solidária, com a empresa prestadora de serviços, pelo pagamento "RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. EMPRESA TOMADORA DE
de indenização por danos morais e materiais, na forma do artigo SERVIÇOS. DANO MORAL. A tomadora de serviços responde de
942 do Código Civil. A responsabilidade do tomador de serviços por forma solidária pelo pagamento da indenização por danos morais,
ato ilícito (acidente de trabalho) é solidária, mesmo no caso de quando o acidente ocorre no âmbito de seu estabelecimento
terceirização lícita, como no caso dos autos, em face da aplicação empresarial e ela concorre para o dano sofrido pelo obreiro.
do artigo 942 do Código Civil. Inteligência do artigo 942 do Código Civil. Recurso de revista de que
PEDIDO DE RECONHECIMENTO DA RESPONSABILIDADE Rel. Min. Lelio Bentes Corrêa, DEJT 30/9/2011, grifou-se);
PAGAMENTO DAS INDENIZAÇÕES POR DANOS MATERIAIS E INDENIZAR. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA OU SOLIDÁRIA
DIRETA PELA MORTE DO TRABALHADOR. 1 - As premissas da empresa tomadora de serviços quanto aos danos sofridos por
fáticas registradas no acórdão recorrido demonstram que ficou empregado em decorrência de acidente de trabalho é solidária ou
configurada a responsabilidade subjetiva direta da própria tomadora subsidiária. Embora a Súmula nº 331, IV, desta Corte disponha que
de serviços pelo acidente de trabalho que resultou na morte do a responsabilidade da empresa tomadora de serviços é subsidiária
trabalhador, pai dos reclamantes. Nesse contexto, aplica-se, à com relação às obrigações trabalhistas da empresa empregadora
tomadora de serviços, o disposto no art. 927 do CCB, segundo o para com o empregado, tem-se que tal solução não se aplica à
qual -Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a hipótese dos autos. Primeiro, porque o referido precedente
outrem, fica obrigado a repará-lo-. Precedentes. 2 - O caso concreto jurisprudencial foi editado antes da vigência da Emenda à
não se enquadra especificamente na hipótese da Súmula nº 331, Constituição nº 45/2004, quando era incontroverso que competia à
IV, do CPC, a qual trata da responsabilidade subjetiva da tomadora Justiça comum a apreciação de pedido de pagamento de
de serviços, com base nas culpas in eligendo e in vigilando, pela indenização por danos morais e materiais decorrentes de acidente
conduta da empresa prestadora de serviços na relação de trabalho. de trabalho ou doença ocupacional, com a aplicação dos prazos
3 - Recurso de revista a que se dá provimento, quanto ao tema" prescricionais estabelecidos no direito civil. Por ocasião da edição
(Processo: RR - 152100-50.2005.5.17.0006 Data de Julgamento: da Súmula nº 331 desta Corte, a indenização dos danos sofridos
30/11/2011, Relatora Ministra: Kátia Magalhães Arruda, 5ª Turma, pelo empregado em razão de acidente de trabalho recebia
Data de Publicação: DEJT 03/02/2012, grifou-se). tratamento de crédito civil, razão por que as obrigações trabalhistas
"RECURSOS DE REVISTA. ACIDENTE DE TRABALHO. a que alude o texto sumulado não alcançam a indenização devida
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA OU SUBSIDIÁRIA. por danos oriundos de acidente de trabalho. Segundo, porque a
INAPLICABILIDADE DA SÚMULA Nº 331 DO TST. A Súmula nº Súmula nº 331 desta Corte regula a responsabilidade da empresa
331 desta Corte regula a responsabilidade da empresa tomadora de tomadora de serviço na hipótese de inadimplemento de obrigações
serviço na hipótese de inadimplemento de obrigações trabalhistas trabalhistas por parte da empresa empregadora, situação diversa da
por parte da empresa empregadora, situação diversa da responsabilidade pelo dever de indenizar os danos decorrentes de
responsabilidade pelo dever de indenizar os danos decorrentes de acidente de trabalho. O inadimplemento das obrigações trabalhistas
acidente de trabalho. O inadimplemento das obrigações trabalhistas é ato cometido pela empresa empregadora e a responsabilidade
é ato cometido pela empresa empregadora e a responsabilidade subsidiária é atribuída à empresa tomadora de serviços por culpa in
eligendo ou in vigilando. Já o dever de indenizar os danos derivados solidária nos casos em que constatada a culpa das Reclamadas
de acidente de trabalho decorreu de ato imputável à própria quanto a acidente de trabalho com respaldo na disposição contida
Reclamada São Martinho S.A., visto que o acidente sucedeu nas nos artigos 927 e 942 do Código Civil. Precedentes" (TST-RR-
dependências da empresa tomadora, em razão das condições de 187500-03.2007.5.09.0872, 4ª Turma, Rel.ª Min.ª Maria de Assis
função dos serviços que lhe foram prestados pelo filho dos Isto posto,
Turma, Rel. Min. Fernando Eizo Ono, DEJT 24/6/2011, grifou-se); CONCLUSÃO DO VOTO
SOLIDÁRIA DA EMPRESA TOMADORA DE SERVIÇOS. A provimento, para, sanando a omissão apontada, esclarecer que a
exegese dos arts. 927, caput, e 942 do Código Civil autoriza a responsabilidade das reclamadas é solidária em relação à
conclusão de que, demonstrada a culpa das empresas envolvidas condenação em danos morais e materiais, nos termos expendidos
configurada a culpa de ambas as reclamadas pelo dano suportado ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL
pelo reclamante, já que foi constatada pelo Tribunal Regional a REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade,
negligência na manutenção de um ambiente de trabalho seguro e conhecer dos embargos de declaração e, no mérito, dar-lhes
no fornecimento de equipamentos de proteção individual, emerge a provimento, para, sanando a omissão apontada, esclarecer que a
coparticipação das reclamadas no infortúnio que vitimou o responsabilidade das reclamadas é solidária em relação à
trabalhador, a autorizar a responsabilização solidária da segunda- condenação em danos morais e materiais, nos termos expendidos
RR-369600-06.2005.5.15.0135, 1ª Turma, Rel. Min. Luiz Philippe Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
Vieira de Mello Filho, DEJT 21/10/2011, grifou-se); Francisco José Gomes da Silva (Presidente),Cláudio Soares Pires
"RECURSO DE REVISTA. CONTRATO DE SUBEMPREITADA. (Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a).
decisão recorrida em sintonia com a Súmula n.º 331, IV/TST, resulta Fortaleza, 17 de fevereiro de 2020.
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
I. RELATÓRIO
EMENTA
2017 (esta, em face da projeção do aviso prévio), ao argumento de Indevida a repercussão das horas extras sobre a PLR, enquanto
que possuiriam caráter salarial, não indenizatório; PLR de 2017, por rubrica "desvinculada da remuneração", consoante disposto no
conta do cômputo do período do aviso prévio; e indenização inciso XI do artigo 7º da Constituição Federal.
adicional prevista no art. 9º da Lei nº 7.238/84. 2.a.1.2 REFLEXOS SOBRE A "INDENIZAÇÃO DO PDVE"
Requer, outrossim, a aplicação do índice IPCA-e, referente à Dispõe o item 7 do Regulamento do PDVE que "o empregado que
Por sua vez, o Banco reclamado, em suas razões recursais (ID. indenização equivalente a 0,60 da remuneração fixa do mês de
3a726ec), reprisa a argumentação de que a promovente não teria junho de 2017, por ano trabalhado, limitada a 12 (doze) salários,
direito ao pagamento de horas extras, pois durante o exercício da computado todo o período até a data da efetiva rescisão do contrato
função de "Supervisora Administrativa I (Chefe de Serviços)" estaria de trabalho, a ser paga em uma única parcela. OAnexo Vindica a
enquadrada no § 2º do art. 224 da CLT, por isso sujeita ao totalidade das verbas salariais e respectivos códigos, permitindo a
cumprimento de jornada de oito horas diárias. Pretende, ainda, na consulta pelo empregado em relação àquelas que compõem a sua
eventualidade de ser mantido o Julgado, que se efetue a remuneração." (ID. 9d180fe, pág. 8, destaquei)
compensação das gratificações pagas à autora para cumprimento À primeira leitura do dispositivo regulamentar acima reproduzido,
da indigitada jornada de oito horas. poder-se-ia concluir pela procedência do pedido da reclamante,
Rebela-se, também, contra a obrigação, a si imposta, de pagar os uma vez que o valor da indenização fora fixado com base na
reflexos das horas extras sobre o sábado, que seria dia útil não remuneração fixa do empregado do mês de junho/2017.
trabalhado; e honorários advocatícios, uma vez que a reclamante Todavia, aludida indenização não é prevista em lei, sendo uma das
não estaria assistida pelo sindicato de sua categoria profissional, vantagens pactuadas no plano de ruptura contratual incentivada,
um dos requisitos exigidos pela ainda vigente Súmula nº 219 do C. pelo que se revela lícito ao empregador fixar-lhe o valor, que, in
TST, para condenação a esse título. casu, foi aceito pela empregada sem qualquer questionamento.
Por último, pede a majoração do percentual fixado sob a rubrica Não se pode olvidar, ainda, que a promovente não arguiu qualquer
verba honorária, deferida em prol de seus advogados. vício de consentimento para aderir ao PDVE, sendo lógico inferir-se
Contrarrazões da reclamante, ID. b768c36, e do reclamado, ID. que tinha plena ciência dos benefícios de incentivo que perceberia
Dispensada a manifestação prévia do Ministério público do indenização, que, inclusive, constara do TRCT (ID. fff0394),
Trabalho, consoante Normas Regimentais (art. 109). devidamente homologado pela entidade sindical, sem ressalvas
II. FUNDAMENTAÇÃO contrato, deve ter especificada a natureza de cada parcela paga ao
2.a DO RECURSO DA RECLAMANTE fixa do empregado, uma denominada "H. Extra Dec. Jud",
2.a.1 DO REFLEXO DAS HORAS EXTRAS SOBRE A endossaria a pretensão recursal, porquanto a interpretação da
"INDENIZAÇÃO DO PDVE" e PLRs DE 2012 A 2016 E A DE 2017 norma regulamentar em comento, inclusive, de seus anexos, há de
O Juízo a quo indeferiu os pedidos epigrafados, sob o fundamento ser estrita (art. 114 do CC), de forma que tal nomenclatura diz
de que as verbas "indenização do PDVE" e PLR possuem caráter respeito a horas extras que, por decisão judicial, integravam a
2.a.1.1 REFLEXOS SOBRE AS PLRs DE 2012 a 2016 E A DE Ressalte-se, ainda, que hora extra não é verba salarial fixa a
integrar a remuneração do empregado, sendo paga, apenas, pela perda do emprego, não há como se concluir que as horas
enquanto prestado o sobrelabor. Destaque-se que nem mesmo extras deferidas em juízo nela repercutam necessariamente.
quando habitual, como no caso dos autos, incorpora-se aos Precedentes." (TST-RR-2802900-67.2000.5.09.0015, Relator
estipêndios do bancário, consoante o teor da Súmula nº 291 do Walmir Oliveira da Costa, Data de Julgamento: 05/06/2013, 1ª
"SUM-291. HORAS EXTRAS. HABITUALIDADE. SUPRESSÃO. Julgamento:05/06/2013, 1ª Turma, Data de Publicação DEJT:
serviço suplementar prestado com habitualidade, durante pelo "I - AGRAVO DE INSTRUMENTO DO RECLAMANTE
menos 1 (um) ano, assegura ao empregado o direito à indenização REPERCUSSÃO DAS HORAS EXTRAS HABITUAIS NO
correspondente ao valor de 1 (um) mês das horas suprimidas, total CÁLCULO DA "INDENIZAÇÃO INCENTIVO" 1. O montante pago
ou parcialmente, para cada ano ou fração igual ou superior a seis em razão da adesão do Autor ao Programa de Desligamento
meses de prestação de serviço acima da jornada normal. O cálculo Incentivado tem natureza indenizatória. Inteligência da Orientação
observará a média das horas suplementares nos últimos 12 (doze) Jurisprudencial nº 207 da C. SBDI-1. 2. Dessa forma, como a
meses anteriores à mudança, multiplicada pelo valor da hora extra parcela "Indenização Incentivo" não tem natureza salarial, não faz
Este Tribunal, através de sua 3ª Turma, já adotara a mesma extras habituais. Resta incólume o artigo 457, § 1º, da CLT. Agravo
posição aqui explanada quanto aos requeridos reflexos, conforme de Instrumento a que se nega provimento. (...) (ED-AIRR e RR -
constata-se da síntese jurisprudencial abaixo transcrita: 9904000-40.2003.5.04.0900 , Relatora Ministra: Maria Cristina
"(...) 2) REFLEXO DAS HORAS EXTRAS SOBRE Irigoyen Peduzzi, Data de Julgamento: 16/08/2006, 3ª Turma, Data
AUSÊNCIA DE PREVISÃO NORMATIVA. SALÁRIO FIXO. NÃO "(...) REFLEXOS DAS HORAS EXTRAS NO PDV. I - A
ABRANGÊNCIA DAS HORAS EXTRAS.As horas extras não indenização do PDV constitui liberalidade do empregador que não
integram o salário fixo do trabalhador, razão pela qual, nos termos tem por finalidade a contraprestação do trabalho, o que denota a
das normas coletivas aplicáveis à espécie, indevido o seu reflexo na sua natureza indenizatória. Por isso, sua base de cálculo não é
verba Participação nos Lucros ou Resultados (PLR) do banco afetada por verbas de natureza salarial, como as horas extras
3) REFLEXO DAS HORAS EXTRAS SOBRE A INDENIZAÇÃO SOBREAVISO. I - O recurso não comporta conhecimento neste
PREVISTA NO PDVE. AUSÊNCIA DE PREVISÃO NORMATIVA. tema, pois o único paradigma colacionado não traz indicação de
SALÁRIO FIXO. NÃO ABRANGÊNCIA DAS HORAS EXTRAS.As fonte de publicação, não atendendo, assim, às exigências contidas
horas extras não integram o salário fixo do trabalhador, razão pela na Súmula nº 337/TST. II - Recurso não conhecido." (TST-RR -
qual, nos termos das normas que disciplinam o PDVE do banco 204800-09.2002.5.02.0076, Relator Ministro: Antônio José de
reclamado, indevido o seu reflexo na indenização ali prevista. Barros Levenhagen, Data de Julgamento: 06/12/2006, 4ª Turma,
Recurso improvido. (...)" (TRT 7ª Região, 3ª Turma, RO 0000265- Data de Publicação: 02/02/2007)
37.2018.5.07.0006, Desembargador Relator: José Antônio Parente "(...) INDENIZAÇÃO DO PDV. DIFERENÇAS. INTEGRAÇÃO DAS
da Silva. Data do Julgamento: 14/02/2019) HORAS EXTRAS DEFERIDAS NA PRESENTE AÇÃO. O Tribunal
Nesse mesmo sentido manifestara-se o Colendo TST: Regional indeferiu a pretensão da reclamante, de ver computadas
"RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELAS RECLAMADAS. as horas extras deferidas na presente ação, na base de cálculo da
REFLEXOS DAS HORAS EXTRAS NA INDENIZAÇÃO PAGA A indenização do PDV, porque considerou que esta parcela, por ser
TÍTULO DE PLANO DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA (PDV). Tendo oriunda da mera liberalidade do empregador, deve ser interpretada
em vista que a parcela paga a título de PDV possui natureza restritivamente, nos termos do artigo 114 do Código Civil. Nenhum
indenizatória e se trata de benefício não previsto em lei, mas dos arestos paradigmas aborda o fundamento adotado no acórdão
conferido por ato de mera liberalidade do empregador, impõe-se a recorrido, concernente à aplicação do artigo 114 do Código Civil.
interpretação restritiva das normas instituídas pela empresa a Assim, não se viabiliza o conhecimento do recurso de revista, por
respeito, nos termos do estabelecido no art. 114 do Código Civil. dissenso pretoriano, a teor do que dispõe a Súmula nº 23 do TST.
Razão pela qual, uma vez paga a indenização estabelecida pela (...)" (TST-RR - 76141-75.2002.5.02.0045,Relator Ministro: Pedro
empresa por adesão do empregado ao PDV, como compensação Paulo Manus, Data de Julgamento: 10/08/2010, 7ª Turma, Data de
2.a.2 DA INDENIZAÇÃO ADICIONAL PREVISTA NO ART. 9º DA que preconiza seja observada a projeção do aviso prévio, para fins
Prevê o art. 9º da Lei nº. 7237/84 o direito do empregado ao Perfilhando idêntico posicionamento, vejam-se as seguintes
recebimento de um salário mensal, se dispensado injustamente no Ementas jurisprudenciais emanadas da Corte Maior Trabalhista:
período de 30 dias que anteceder a data do reajuste salarial de sua "RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA SOB A ÉGIDE DA
In casu, a controvérsia gira em torno de se perquirir se é devida a ATENDIDOS. INDENIZAÇÃO ADICIONAL. ARTIGO 9º DA LEI
referenciada indenização ao trabalhador que foi dispensado no 7.238/84. PROJEÇÃO DO AVISO PRÉVIO. SÚMULAS 182 E 314
trintídio antecedente à data-base de sua correção salarial, mas que, DO TST. A Súmula 314 do TST preconiza que se ocorrer a rescisão
em virtude da projeção no tempo do período do aviso prévio, ainda contratual no período de trinta dias que antecede à data-base,
que indenizado, teve o término de seu contrato de trabalho observada a Súmula 182 do TST, o pagamento das verbas
postergado para lapso posterior à referida data-base. rescisórias com o salário já corrigido não afasta o direito à
Por disciplinarem a matéria sob exame, convém trazer à lume o teor indenização adicional prevista nas Leis 6.708 de 30/10/1979 e 7.238
das Súmulas 182 e 314 do Colendo TST, abaixo transcritas: de 28/10/1984. Contudo, da leitura do acórdão regional, extrai-se
"Súmula nº 182 do TST que a autora foi dispensada em 04/08/2011. Nesse caso, com a
AVISO PRÉVIO. INDENIZAÇÃO COMPENSATÓRIA. LEI Nº 6.708, projeção do aviso prévio indenizado de trinta dias, a rescisão do
DE 30.10.1979 (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 contrato de trabalho operou-se em 04/09/2011, situando-se em
O tempo do aviso prévio, mesmo indenizado, conta-se para efeito momento posterior à sua data-base (01/09/2011), estando afastado,
da indenização adicional prevista no art. 9º da Lei nº 6.708, de portanto, o direito à pleiteada indenização, conforme se depreende
INDENIZAÇÃO ADICIONAL. VERBAS RESCISÓRIAS. SALÁRIO RR: 1150006520135170011, Relator: Augusto César Leite de
CORRIGIDO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 Carvalho, Data de Julgamento: 18/09/2019, 6ª Turma, Data de
Se ocorrer a rescisão contratual no período de 30 (trinta) dias que Publicação: DEJT 20/09/2019)
antecede à data-base, observado a Súmula nº 182 do TST, o "RECURSO DE REVISTA. INDENIZAÇÃO PREVISTA NO ART. 9º
pagamento das verbas rescisórias com o salário já corrigido não DA LEI 7.238/84. AVISO PRÉVIO. Considerando-se o prazo do
afasta o direito à indenização adicional prevista nas Leis nºs 6.708, aviso prévio, nos termos da Súmula 182 do TST, a dispensa do
de 30.10.1979 e 7.238, de 28.10.1984." reclamante ocorreu após a data-base, razão pela qual não há falar
Como se vê, para fins de concessão da indenização em epígrafe, em dispensa obstativa. Recurso de revista conhecido e provido."
deve-se levar em consideração a data em que o contrato é (TST - RR: 357001420055050029, Relator: Augusto César Leite de
efetivamente rescindido, computando-se, pois, o período do aviso Carvalho, Data de Julgamento: 29/04/2015, 6ª Turma, Data de
No caso dos autos, a data base da categoria dos bancários é o dia Portanto, nada a prover neste tópico.
01 de setembro de cada ano, conforme se depreende à leitura das 2.a.3 DO ÍNDICE DE ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA
normas coletivas anexadas aos autos. Quanto à matéria em debate, calha esclarecer que nos autos da
Demais disso, a autora aderiu ao Plano de Demissão Voluntária ADI nº 4.357/DF, o STF declarou a inconstitucionalidade da
Especial (PDVE) em 22/08/2017, consoante se observa do TRCT expressão "índice oficial de remuneração básica da caderneta de
sob ID. fff0394, tendo se efetivado sua extinção contratual em poupança" prevista no art. 100, § 12, da CF/88, afastando, assim, a
20/12/2017, quando transcorrido integralmente o período do aviso aplicação da Taxa Referencial - TR, o que culminou com a
Ora, à vista do cenário fático acima delineado, do qual emerge a com a redação dada pelo art. 5º da Lei nº 11.960, de 29/6/2009.
constatação de haver o término do vínculo empregatício da Em decorrência da referida Decisão do STF, o Pleno do TST, ao
reclamante ocorrido após, aproximadamente, quatro meses da data- apreciar a Arguição de Inconstitucionalidade nº 479-
base da sua respectiva categoria profissional (01/09), resta indevida 60.2011.5.04.0231, suscitada pelo Min. Cláudio Mascarenhas
a pretendida indenização adicional prevista na Lei 7.238/84. Brandão, por sua vez, declarou a inconstitucionalidade por
arrastamento da expressão "equivalente à TRD", presente no art. para a modulação dos efeitos da decisão, definindo o dia
39, caput, da Lei nº 8.177/91, e acabou dando interpretação 25/3/2015 como o marco inicial para a aplicação da variação do
conforme a Constituição ao restante da norma e definiu como índice Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E)
de atualização monetária dos créditos trabalhistas na Justiça do como fator de atualização, de modo que deve ser mantida a
Trabalho o Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA- aplicação do índice oficial de remuneração básica da caderneta
E) a partir de 30/06/2009, quando entrou em vigor a Lei nº de poupança (TRD) para os débitos trabalhistas devidos até o
11.960/2009, que acrescentou o art. 1º-F à Lei nº 9.494/1997, o qual dia 24/3/2015, e, a partir do dia 25/3/2015, a correção deve ser
foi declarado inconstitucional pelo STF. realizada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial
O entendimento acerca da aplicação do IPCA-E encontrava-se (IPCA-E). Recurso de revista conhecido e provido, no particular."
suspenso em face do deferimento, pelo STF, de liminar nos autos (destaque nosso). (Processo nº TST-RR-351-51.2014.5.09.0892,
da Reclamação nº 22.012/RS. Contudo, não mais subsiste a Relator Ministro Walmir Oliveira da Costa, Data de julgamento;
autos da mencionada Reclamação, pois foi julgada improcedente no Desse modo, reforma-se a Sentença hostilizada para determinar a
dia 5/12/2017, prevalecendo, desse modo, o Julgado do Pleno do aplicação do índice oficial de remuneração básica da caderneta de
TST no julgamento do processo ArgInc-479-60.2011.5.04.0231, poupança (TRD) para os débitos trabalhistas devidos à autora até o
sendo mantida a aplicação do índice oficial de remuneração básica dia 24/3/2015 e, após, a partir do dia 25/3/2015, a correção deve ser
da caderneta de poupança (TRD) para os débitos trabalhistas realizada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial
correção deve ser realizada pelo Índice de Preços ao Consumidor 2.b DO RECURSO DO RECLAMADO
Enfrentando essa temática, assim vem entendendo o Colendo TST ALEGADO EXERCÍCIO DE FUNÇÃO DE CONFIANÇA. DOS
"RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº Pretende o recorrente a reforma da Sentença ora guerreada, que
13.015/2014. CORREÇÃO MONETÁRIA DO DÉBITO deferiu o pedido autoral de pagamento, como extras, da sétima e
TRABALHISTA. TAXA REFERENCIAL (TR). oitava horas laboradas, diariamente, sob o fundamento de que a
TRIBUNAL FEDERAL. ADOÇÃO DO ÍNDICE DE PREÇOS AO (Chefe de Serviços), não detinha qualquer fidúcia especial que
CONSUMIDOR AMPLO ESPECIAL (IPCA-E). 1. Ao concluir o justificasse seu enquadramento no parágrafo 2º do artigo 224 da
se discutia a aplicação de juros de mora e correção monetária nos Cediço que a excepcionalidade prevista no dispositivo celetário
casos de condenação impostas ao Poder Público, o Tribunal Pleno supracitado, específica em relação à categoria dos bancários, é
do Supremo Tribunal Federal, por maioria, decidiu afastar a taxativa ao permitir a extrapolação da jornada máxima de seis horas
utilização da Taxa Referencial (TR) como índice de atualização dos para quem exercer funções de direção, gerência, fiscalização,
débitos judiciais da Fazenda Pública, mesmo em período anterior à chefia e equivalentes ou outros cargos de confiança e que perceba
expedição de precatório, e adotar o Índice de Preços ao gratificação não inferior a 1/3 do salário.
Consumidor Amplo Especial (IPCA-E). 2. O Tribunal Pleno deste É de óbvia sabença, hodiernamente, que no mundo corporativo,
Tribunal Superior, nos autos do Proc. ArgInc 479- prolifera a designação do bancário para o exercício de suposta
60.2011.5.04.0231, declarou a inconstitucionalidade da expressão função de confiança, com as mais diversas denominações, sem
"equivalentes à TRD", contida no "caput" do artigo 39 da Lei n° que, na realidade, o empregado tenha um mínimo poder de decisão
8.177/91, e, adotando a técnica de interpretação conforme a ou mesmo autonomia e destaque, não passando de um trabalho
Constituição Federal para o texto remanescente do dispositivo meramente técnico-específico, embora remunerado com
impugnado, fixou a variação do Índice de Preços ao Consumidor gratificação superior a um terço do salário do cargo efetivo.
Amplo Especial (IPCA-E) como fator de correção a ser utilizado na In casu, a autora não tinha subordinados, poder de mando,
tabela de atualização monetária dos débitos trabalhistas na Justiça procuração em nome do banco, delegação para dirigir,
do Trabalho. 3. Ao julgar os Embargos de Declaração interpostos supervisionar e disciplinar setores, não fiscalizava nem chefiava
naqueles autos, esta Corte Superior fixou novos parâmetros alguém, não tinha carteira de clientes, não tinha autonomia para
liberar crédito de transação financeira para clientes, ou seja, era do banco as informações sobre funcionários e questões
apenas uma empregada comum. relacionadas às áreas internas (área administrativa) do banco; que
O título de "Supervisora Administrativa I (Chefe de Serviços)," é a reclamante tinha acesso a extrato e renda dos clientes,
pomposo, entretanto não corresponde à realidade vivenciada pela destacando que tais informações devem permanecer em sigilo
autora, pois esta desenvolvia atividade meramente técnica, sem pelos funcionários; que não se recorda o nível dos cartões dos
grau de fidúcia especial, revelando retro referido título, apenas, uma caixas; que não sabe informar se o nível do cartão dos caixas é
tentativa frustrada de contornar o limite legal (seis horas), impondo inferior ao nível do cartão do Supervisor Administrativo; que a
à reclamante uma jornada de oito horas, sem remunerá-la para tal. reclamante parou de trabalhar para a reclamada pois aderiu ao
É o que se conclui ao exame dos depoimentos das testemunhas PDV."( MARIA GISELLE VIANA - segunda testemunha do
ouvidas nos autos, a rogo da demandante, abaixo parcialmente reclamado. ID. 4ed1da2 - Pág. 2, sublinhei)
reproduzidos (Ata de Audiência, ID be4b5e4): De se ressaltar que não prospera o argumento empresarial de que
"que trabalhou na reclamada de junho/1985 a março/2016, os documentos teriam comprovado que a autora tinha assinatura
exercendo por último a função de Gerente de Contas Pessoa Física; para autorizar pagamentos de até R$ 30.000,00, o que
que a reclamante exercia as seguintes funções: auxiliava os caracterizaria fidúcia especial. Efetivamente, conforme esclarecido
preenchimentos de empréstimos dos clientes e auxiliava os pela única testemunha do Banco réu, de nome Kirna Karine
clientes no atendimento das máquinas; que a reclamante não Vasconcelos de Oliveira, "a reclamante não poderia liberar créditos
tinha poderes para participar do comitê de crédito; que a para a concessão de empréstimos pois acredita que o gerente tinha
reclamante não assinava cheque administrativo; que a que autorizar" (Ata de Audiência sob ID. 4ed1da2).
reclamante não tinha subordinados; que os caixas, os O conjunto probatório nos permite, assim, formar convicção de que
escriturários e os supervisores eram subordinados ao Gerente as atribuições de "Supervisora Administrativa I (Chefe de Serviços)"
Administrativo; que a reclamante não tinha poderes para são meramente técnicas, desprovidas de elementos que
mandar pagar cheque sem provisão de fundos; que a depoente qualifiquem tal função como cargo de confiança. A gratificação
trabalhou na mesma agência em que a reclamante de percebida pelo exercício das atribuições respectivas remunera
junho/2006 a março/2016; que não existe cargo na agência apenas o trabalho exercido com maiores responsabilidades, sem
bancária que tenha poderes para pagar cheque sem provisão de revelar grau de confiança destacada, como pretende fazer crer o
fundos; que o Gerente Administrativo conferia os dados Banco demandado, daí inadmissível o enquadramento da
inseridos pela reclamante no sistema para a concessão de reclamante na excepcionalidade prevista no § 2º do art. 224 da CLT.
empréstimos." (TANIA MARIA MENDES DE SOUZA - primeira Pensar de forma diferente, data vênia, serviria para incentivar o
testemunha da reclamante. ID. 4ed1da2 - Pág. 7, sublinhei) demandado a criar outras denominações nas suas agências, a
"que trabalhou na reclamada de março/1984 a setembro/2017, ponto de chegar em determinado momento em que só existirão
exercendo por último a função de Gerente Assistente de Pessoa empregados exercentes de pseudo funções de confiança, fazendo
Jurídica; que trabalhou diretamente com a reclamante de letra morta da norma legal da jornada de seis horas.
1993/1994 até o final do contrato da reclamante; que a Aliás, a Corte Superior da Justiça Laboral, em processos análogos,
reclamante exercia as seguintes funções: preenchia contratos em que figura no polo passivo entidade bancária, já se pronunciou
física e auxiliava os clientes no atendimento das máquinas; que "AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.
a reclamante não participava do comitê de crédito; que a PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014 E ANTERIOR À
reclamante não assinava cheque administrativo; que a LEI 13.467/2017. 1. MULTA DO ART. 523, §1º, DO CPC/2015
reclamante não tinha subordinados; que os caixas, os (ART. 475-J DO CPC/1973). 2. BANCÁRIO. CARGO DE
escriturários e os supervisores eram subordinados ao Gerente CONFIANÇA. ART. 224, § 2º, DA CLT. CARACTERIZAÇÃO.
Administrativo; que não existe cargo na agência bancária que MATÉRIA FÁTICA. SÚMULAS 102, I E 126/TST. 3. HORAS
tenha poderes para pagar cheque sem provisão de fundos; que EXTRAS. DIVISOR. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL. 4.
a reclamante não poderia liberar créditos para a concessão de DANO MORAL. VALOR DA INDENIZAÇÃO. O cargo de confiança
empréstimos; que a reclamante não tinha acesso às no Direito do Trabalho recebeu explícita tipificação legal, quer no
informações sigilosas do banco; que no banco não havia nenhum padrão amplo do art. 62, II, da CLT, quer no tipo jurídico específico
cargo abaixo ao da reclamante; que considera informações sigilosas bancário do art. 224, § 2º, da Consolidação. Para enquadrar o
empregado nas disposições contidas no art. 224, § 2º, da CLT, é e com o art. 224, §2º, da CLT. Recurso de revista não conhecido.
necessário ficar comprovado que ele exercia, efetivamente, as (...)" (RR-1039-40.2012.5.04.0401, 6ª Turma, Relator Ministro
funções aptas a caracterizar o cargo de confiança e, ainda, que elas Augusto César Leite de Carvalho, DEJT 12/04/2019).
se revestiam de fidúcia especial, que extrapola aquela básica, "RECURSO DO BANCO SANTANDER S.A. - CARGO DE
inerente a qualquer empregado. No caso concreto, o Tribunal CONFIANÇA - ART. 62, II, DA CLT - ART. 224, § 2º, DA CLT. O
Regional, amparado no conjunto probatório produzido nos autos, Tribunal Regional, alicerçado na avaliação dos depoimentos
concluiu que o Reclamante não se enquadra no art. 224, § 2º, da testemunhais, registrou quadro fático segundo o qual o reclamante
CLT. Para tanto, asseverou que: "No caso, o réu insiste que se "não possuía poderes para liberar ou realizar operações com total
desvencilhou de seu ônus. Porém, não é o que se extrai da prova autonomia, tampouco praticar atos isoladamente, sem qualquer
oral, a qual revela que o autor não contava com subordinados, não autorização colegiada ou superior". Concluiu que o reclamante não
tinha alçada especial e tampouco poderes que o diferenciasse dos dispunha de poderes diferenciados em relação aos demais
demais empregados". Acrescentou que "a prova oral não permite se empregados, razão pela qual afastou o enquadramento nos cargos
reconheça que o autor contava com poderes que a diferenciavam de confiança previstos nos art. 62, II, da CLT e 224, § 2º, da CLT.
dos demais empregados, mostra-se correta a sentença na parte em Diante dessas premissas fáticas, insuscetíveis de reapreciação em
que não reconheceu seu enquadramento na exceção do artigo 224, sede extraordinária, não há como se vislumbrar contrariedade à
§ 2º, da CLT". Diante desses dados fáticos, constata-se que o Súmula nº 287 do TST, que trata da presunção juris tantum dos
Reclamante não ocupava típico cargo de confiança bancário, nos poderes de gestão do gerente geral de agência que, no caso, restou
moldes do art. 224, § 2º, da CLT, pois ficou comprovado que as afastada pela prova produzida nos autos. Igualmente em relação ao
funções exercidas delineavam-se como meramente técnicas, sem cargo de confiança previsto no art. 224, § 2º, da CLT, registrado
maiores poderes ou mesmo responsabilidades que demandassem pelo Tribunal Regional que não havia diferenciação de poderes
maior grau de fidúcia. Para que se pudesse chegar, se fosse o entre o reclamante e os demais empregados no exercício das suas
caso, a conclusão fática diversa, seria necessário o revolvimento do atribuições, o conhecimento do recurso de revista esbarra no óbice
conteúdo fático-probatório constante dos autos, o que fica da Súmula nº 102, I, do TST. Recurso de revista não conhecido.
inviabilizado nesta instância recursal, nos termos das Súmulas 102, (...)." (RR - 681-55.2011.5.02.0049, Relator Ministro: Luiz Philippe
I e 126/TST. Agravo de instrumento desprovido." (AIRR - 522- Vieira de Mello Filho, Data de Julgamento: 31/08/2016, 7ª Turma,
50.2014.5.09.0005, Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado, Data de Publicação: DEJT 09/09/2016).
Data de Julgamento: 18/12/2018, 3ª Turma, Data de Publicação: Há precedentes, também, neste Regional, conforme exemplificado
Jurisprudência desta Corte, encontra-se pacificado o entendimento RECLAMADA. 1.1 - HORAS EXTRAS. CARGO DE CONFIANÇA.
de que, para o enquadramento do empregado na exceção prevista ARTIGO 224, § 2º DA CLT. CARGO DENOMINADO CHEFE DE
no § 2º do art. 224 da CLT, requer-se não apenas o pagamento de SERVIÇOS BANCÁRIOS. Ao defender o exercício de tarefas
gratificação de não superior a 1/3 de seu salário de cargo efetivo, suficientes para o enquadramento do empregado no § 2º do art. 224
mas também a existência de fidúcia especial, diferenciada, em da CLT, atrai o patrão o ônus da prova, consoante inteligência do
relação aos demais bancários. Em outras palavras, para fins do art. art. 818 da CLT e do art. 373, II, do CPC. Não se tem por
224, § 2º, da CLT, o valor da gratificação e a fidúcia especial são comprovado o exercício da função de confiança a que se refere o
requisitos cumulativos, aferidos casuisticamente, de modo que o art. 224, § 2º, da CLT (Súmula 102/TST), quando revelam as provas
fato de o empregado receber gratificação de função não inferior a dos autos, todavia, tarefas corriqueiras acometidas à obreira, sem
1/3 não implica na inequívoca caracterização do poder de gestão qualquer fidúcia. 1.2 - HORAS EXTRAS. DIVISOR. O TST, em sede
exigido legalmente. O Tribunal Regional, mediante acurada análise de Incidente de Julgamento de Recursos de Revista Repetitivos
das provas orais produzidas nos autos, concluiu que as atividades (processo nº 849-83.2013.5.03.0138), decidiu que "o divisor
exercidas pela autora não possuíam fidúcia diferenciada, maior do aplicável para cálculo das horas extras do bancário, inclusive para
que aquela exigida aos demais bancários. Impõe-se ressaltar que os submetidos à jornada de oito horas, é definido com base na
essas ilações não são passíveis de revolvimento na presente fase regra geral prevista no artigo 64 da CLT (resultado da multiplicação
da marcha processual, a teor das Súmulas 102 e 126 do TST. A por 30 da jornada normal de trabalho), sendo 180 e 220, para as
decisão regional está, portanto, em perfeita sintonia com esta Corte jornadas normais de seis e oito horas, respectivamente", bem como
que "a inclusão do sábado como dia de repouso semanal autora, no patamar de 5% sobre o valor que resultar da liquidação
de não haver redução do número de horas semanais, trabalhadas e No concernente à majoração da verba honorária sucumbencial em
de repouso". Além disso, concluiu no sentido de que "as normas favor do patrono do Banco reclamado, ora recorrente, fixada pelo
coletivas dos bancários não atribuíram aos sábados a natureza Juízo de origem no patamar de 5%, registre-se, por oportuno, que
jurídica de repouso semanal remunerado". Dessa forma, à luz do este Relator adota o entendimento de que, uma vez sendo o
atual entendimento sobre a matéria, não há como se acolher a reclamante beneficiário da gratuidade da justiça, mostra-se
aplicação do divisor 150 ou 200. Recurso conhecido e parcialmente incompatível qualquer determinação, a ele imposta, de pagamento
provido." (TRT-7 - RO: 00010708020155070010, Relator: CLAUDIO de despesas processuais (dentre as quais se inserem os honorários
SOARES PIRES, Data de Julgamento: 17/09/2018, Data de advocatícios), para que tais não venham a impedir ou dificultar o
Publicação: 17/09/2018). seu acesso ao Judiciário, com o fito de resolver suas demandas de
EXTRAS DEVIDAS. Apesar de o autor laborar 08 (oito) horas No entanto, considerando que não houve insurgência recursal por
diárias e perceber gratificação pelo exercício da função de Gerente, parte do autor quanto à sua condenação em verba honorária
superior a 1/3 do salário do cargo efetivo, não há que se enquadrar sucumbencial, e em prestígio ao princípio da vedação à reformatio
o caso da presente lide na exceção do § 2º do art. 224, da CLT, vez in pejus, mantém-se incólume o Julgamento a quo no que pertine
que não restou comprovada nos autos qualquer relação entre as ao tema em questão.
23/01/2018).
Destarte, merece ratificada a r. Sentença nesse tópico, inclusive Por todo o acima exposto, de se conhecer de ambos os Recursos e,
quanto aos reflexos das horas extras sobre o sábado, ante a no mérito, negar provimento ao do Banco reclamado, mas dar
expressa previsão nas Convenções Coletivas de Trabalho da parcial provimento ao da reclamante, para, reformando a Sentença
Categoria dos Bancários, acostadas aos presentes autos. hostilizada, determinar a aplicação do índice oficial de remuneração
Veja-se, para exemplificar, o teor da Cláusula 8ª e seu Parágrafo básica da caderneta de poupança (TRD) para os débitos
Primeiro da CCT de 2016/2018: trabalhistas devidos à autora até o dia 24/3/2015 e, após, a partir do
"Cláusula 8ª ADICIONAL DE HORAS EXTRAS dia 25/3/2015, a correção deve ser realizada pelo Índice de Preços
As horas extras serão pagas com o adicional de 50% ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E).
Parágrafo Primeiro
6)
sucumbência, nos termos do art. 791-A da CLT. TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª
Desse modo, impõe-se mantida a condenação do Banco reclamado REGIÃO, por unanimidade, conhecer de ambos os Recursos e, no
no pagamento de honorários advocatícios em favor do patrono da mérito, negar provimento ao do Banco reclamado, mas dar parcial
hostilizada, determinar a aplicação do índice oficial de remuneração ADMINISTRATIVO I (CHEFE DE SERVIÇOS). NÃO
básica da caderneta de poupança (TRD) para os débitos ENQUADRAMENTO NA EXCEÇÃO DO § 2º DO ART. 224 DA
trabalhistas devidos à autora até o dia 24/3/2015 e, após, a partir do CLT. DIREITO ÀS 7ª e 8ª HORAS LABORADAS COMO EXTRAS.
dia 25/3/2015, a correção deve ser realizada pelo Índice de Preços A excepcionalidade prevista no art. 224, § 2º da CLT, específica em
ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E). relação à categoria dos bancários, é taxativa ao permitir a
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores extrapolação da jornada máxima de seis horas para quem exercer
Francisco José Gomes da Silva (Presidente), Paulo Régis Machado funções de direção, gerência, fiscalização, chefia e equivalentes ou
Botelho (Relator) e Cláudio Soares Pires. Presente ainda o(a) outros cargos de confiança e perceber gratificação não inferior a um
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. terço do salário. No caso dos autos, entretanto, o conjunto
PAULO REGIS MACHADO BOTELHO apenas o trabalho exercido com maiores responsabilidades, mas
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
I. RELATÓRIO
EMENTA
prescrição parcial das parcelas anteriores a 24/04/2013, e julgado Atendidos os pressupostos legais, conhece-se de ambos os
reclamado ao pagamento de duas horas extras por dia (7ª e 8ª), 2. DO MÉRITO
com reflexos sobre repouso semanal remunerado (inclusive 2.a DO RECURSO DA RECLAMANTE
sábados), aviso prévio, férias mais 1/3, 13º salários e depósitos do 2.a.1 DO REFLEXO DAS HORAS EXTRAS SOBRE A
FGTS, inclusive da multa de 40. Outrossim, no mesmo ensejo "INDENIZAÇÃO DO PDVE" e PLRs DE 2012 A 2016 E A DE 2017
decisório, impôs a ambos os litigantes a obrigação de pagar O Juízo a quo indeferiu os pedidos epigrafados, sob o fundamento
honorários advocatícios sucumbenciais à base de 5%. de que as verbas "indenização do PDVE" e PLR possuem caráter
parcelas: reflexos das horas extras (7ª e 8ª) sobre a 2.a.1.1 REFLEXOS SOBRE AS PLRs DE 2012 a 2016 E A DE
2017 (esta, em face da projeção do aviso prévio), ao argumento de Indevida a repercussão das horas extras sobre a PLR, enquanto
que possuiriam caráter salarial, não indenizatório; PLR de 2017, por rubrica "desvinculada da remuneração", consoante disposto no
conta do cômputo do período do aviso prévio; e indenização inciso XI do artigo 7º da Constituição Federal.
adicional prevista no art. 9º da Lei nº 7.238/84. 2.a.1.2 REFLEXOS SOBRE A "INDENIZAÇÃO DO PDVE"
Requer, outrossim, a aplicação do índice IPCA-e, referente à Dispõe o item 7 do Regulamento do PDVE que "o empregado que
Por sua vez, o Banco reclamado, em suas razões recursais (ID. indenização equivalente a 0,60 da remuneração fixa do mês de
3a726ec), reprisa a argumentação de que a promovente não teria junho de 2017, por ano trabalhado, limitada a 12 (doze) salários,
direito ao pagamento de horas extras, pois durante o exercício da computado todo o período até a data da efetiva rescisão do contrato
função de "Supervisora Administrativa I (Chefe de Serviços)" estaria de trabalho, a ser paga em uma única parcela. OAnexo Vindica a
enquadrada no § 2º do art. 224 da CLT, por isso sujeita ao totalidade das verbas salariais e respectivos códigos, permitindo a
cumprimento de jornada de oito horas diárias. Pretende, ainda, na consulta pelo empregado em relação àquelas que compõem a sua
eventualidade de ser mantido o Julgado, que se efetue a remuneração." (ID. 9d180fe, pág. 8, destaquei)
compensação das gratificações pagas à autora para cumprimento À primeira leitura do dispositivo regulamentar acima reproduzido,
da indigitada jornada de oito horas. poder-se-ia concluir pela procedência do pedido da reclamante,
Rebela-se, também, contra a obrigação, a si imposta, de pagar os uma vez que o valor da indenização fora fixado com base na
reflexos das horas extras sobre o sábado, que seria dia útil não remuneração fixa do empregado do mês de junho/2017.
trabalhado; e honorários advocatícios, uma vez que a reclamante Todavia, aludida indenização não é prevista em lei, sendo uma das
não estaria assistida pelo sindicato de sua categoria profissional, vantagens pactuadas no plano de ruptura contratual incentivada,
um dos requisitos exigidos pela ainda vigente Súmula nº 219 do C. pelo que se revela lícito ao empregador fixar-lhe o valor, que, in
TST, para condenação a esse título. casu, foi aceito pela empregada sem qualquer questionamento.
Por último, pede a majoração do percentual fixado sob a rubrica Não se pode olvidar, ainda, que a promovente não arguiu qualquer
verba honorária, deferida em prol de seus advogados. vício de consentimento para aderir ao PDVE, sendo lógico inferir-se
Contrarrazões da reclamante, ID. b768c36, e do reclamado, ID. que tinha plena ciência dos benefícios de incentivo que perceberia
Dispensada a manifestação prévia do Ministério público do indenização, que, inclusive, constara do TRCT (ID. fff0394),
Trabalho, consoante Normas Regimentais (art. 109). devidamente homologado pela entidade sindical, sem ressalvas
II. FUNDAMENTAÇÃO contrato, deve ter especificada a natureza de cada parcela paga ao
empregado e discriminado o seu valor, sendo válida a quitação, Recurso improvido. (...)" (TRT 7ª Região, 3ª Turma, RO 0000265-
apenas, relativamente às mesmas parcelas." 37.2018.5.07.0006, Desembargador Relator: José Antônio Parente
Assim, indevida a pretendida diferença de valor a título da da Silva. Data do Julgamento: 14/02/2019)
Nem se diga que o Anexo V do Regulamento do PDVE (ID. cd7c540 "RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELAS RECLAMADAS.
- Pág. 1), ao prever entre as parcelas componentes da remuneração REFLEXOS DAS HORAS EXTRAS NA INDENIZAÇÃO PAGA A
fixa do empregado, uma denominada "H. Extra Dec. Jud", TÍTULO DE PLANO DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA (PDV). Tendo
endossaria a pretensão recursal, porquanto a interpretação da em vista que a parcela paga a título de PDV possui natureza
norma regulamentar em comento, inclusive, de seus anexos, há de indenizatória e se trata de benefício não previsto em lei, mas
ser estrita (art. 114 do CC), de forma que tal nomenclatura diz conferido por ato de mera liberalidade do empregador, impõe-se a
respeito a horas extras que, por decisão judicial, integravam a interpretação restritiva das normas instituídas pela empresa a
remuneração do empregado de junho de 2017, à época de sua respeito, nos termos do estabelecido no art. 114 do Código Civil.
adesão. Razão pela qual, uma vez paga a indenização estabelecida pela
Ressalte-se, ainda, que hora extra não é verba salarial fixa a empresa por adesão do empregado ao PDV, como compensação
integrar a remuneração do empregado, sendo paga, apenas, pela perda do emprego, não há como se concluir que as horas
enquanto prestado o sobrelabor. Destaque-se que nem mesmo extras deferidas em juízo nela repercutam necessariamente.
quando habitual, como no caso dos autos, incorpora-se aos Precedentes." (TST-RR-2802900-67.2000.5.09.0015, Relator
estipêndios do bancário, consoante o teor da Súmula nº 291 do Walmir Oliveira da Costa, Data de Julgamento: 05/06/2013, 1ª
"SUM-291. HORAS EXTRAS. HABITUALIDADE. SUPRESSÃO. Julgamento:05/06/2013, 1ª Turma, Data de Publicação DEJT:
serviço suplementar prestado com habitualidade, durante pelo "I - AGRAVO DE INSTRUMENTO DO RECLAMANTE
menos 1 (um) ano, assegura ao empregado o direito à indenização REPERCUSSÃO DAS HORAS EXTRAS HABITUAIS NO
correspondente ao valor de 1 (um) mês das horas suprimidas, total CÁLCULO DA "INDENIZAÇÃO INCENTIVO" 1. O montante pago
ou parcialmente, para cada ano ou fração igual ou superior a seis em razão da adesão do Autor ao Programa de Desligamento
meses de prestação de serviço acima da jornada normal. O cálculo Incentivado tem natureza indenizatória. Inteligência da Orientação
observará a média das horas suplementares nos últimos 12 (doze) Jurisprudencial nº 207 da C. SBDI-1. 2. Dessa forma, como a
meses anteriores à mudança, multiplicada pelo valor da hora extra parcela "Indenização Incentivo" não tem natureza salarial, não faz
Este Tribunal, através de sua 3ª Turma, já adotara a mesma extras habituais. Resta incólume o artigo 457, § 1º, da CLT. Agravo
posição aqui explanada quanto aos requeridos reflexos, conforme de Instrumento a que se nega provimento. (...) (ED-AIRR e RR -
constata-se da síntese jurisprudencial abaixo transcrita: 9904000-40.2003.5.04.0900 , Relatora Ministra: Maria Cristina
"(...) 2) REFLEXO DAS HORAS EXTRAS SOBRE Irigoyen Peduzzi, Data de Julgamento: 16/08/2006, 3ª Turma, Data
AUSÊNCIA DE PREVISÃO NORMATIVA. SALÁRIO FIXO. NÃO "(...) REFLEXOS DAS HORAS EXTRAS NO PDV. I - A
ABRANGÊNCIA DAS HORAS EXTRAS.As horas extras não indenização do PDV constitui liberalidade do empregador que não
integram o salário fixo do trabalhador, razão pela qual, nos termos tem por finalidade a contraprestação do trabalho, o que denota a
das normas coletivas aplicáveis à espécie, indevido o seu reflexo na sua natureza indenizatória. Por isso, sua base de cálculo não é
verba Participação nos Lucros ou Resultados (PLR) do banco afetada por verbas de natureza salarial, como as horas extras
3) REFLEXO DAS HORAS EXTRAS SOBRE A INDENIZAÇÃO SOBREAVISO. I - O recurso não comporta conhecimento neste
PREVISTA NO PDVE. AUSÊNCIA DE PREVISÃO NORMATIVA. tema, pois o único paradigma colacionado não traz indicação de
SALÁRIO FIXO. NÃO ABRANGÊNCIA DAS HORAS EXTRAS.As fonte de publicação, não atendendo, assim, às exigências contidas
horas extras não integram o salário fixo do trabalhador, razão pela na Súmula nº 337/TST. II - Recurso não conhecido." (TST-RR -
qual, nos termos das normas que disciplinam o PDVE do banco 204800-09.2002.5.02.0076, Relator Ministro: Antônio José de
reclamado, indevido o seu reflexo na indenização ali prevista. Barros Levenhagen, Data de Julgamento: 06/12/2006, 4ª Turma,
"(...) INDENIZAÇÃO DO PDV. DIFERENÇAS. INTEGRAÇÃO DAS No caso dos autos, a data base da categoria dos bancários é o dia
HORAS EXTRAS DEFERIDAS NA PRESENTE AÇÃO. O Tribunal 01 de setembro de cada ano, conforme se depreende à leitura das
Regional indeferiu a pretensão da reclamante, de ver computadas normas coletivas anexadas aos autos.
as horas extras deferidas na presente ação, na base de cálculo da Demais disso, a autora aderiu ao Plano de Demissão Voluntária
indenização do PDV, porque considerou que esta parcela, por ser Especial (PDVE) em 22/08/2017, consoante se observa do TRCT
oriunda da mera liberalidade do empregador, deve ser interpretada sob ID. fff0394, tendo se efetivado sua extinção contratual em
restritivamente, nos termos do artigo 114 do Código Civil. Nenhum 20/12/2017, quando transcorrido integralmente o período do aviso
recorrido, concernente à aplicação do artigo 114 do Código Civil. Ora, à vista do cenário fático acima delineado, do qual emerge a
Assim, não se viabiliza o conhecimento do recurso de revista, por constatação de haver o término do vínculo empregatício da
dissenso pretoriano, a teor do que dispõe a Súmula nº 23 do TST. reclamante ocorrido após, aproximadamente, quatro meses da data-
(...)" (TST-RR - 76141-75.2002.5.02.0045,Relator Ministro: Pedro base da sua respectiva categoria profissional (01/09), resta indevida
Paulo Manus, Data de Julgamento: 10/08/2010, 7ª Turma, Data de a pretendida indenização adicional prevista na Lei 7.238/84.
2.a.2 DA INDENIZAÇÃO ADICIONAL PREVISTA NO ART. 9º DA que preconiza seja observada a projeção do aviso prévio, para fins
Prevê o art. 9º da Lei nº. 7237/84 o direito do empregado ao Perfilhando idêntico posicionamento, vejam-se as seguintes
recebimento de um salário mensal, se dispensado injustamente no Ementas jurisprudenciais emanadas da Corte Maior Trabalhista:
período de 30 dias que anteceder a data do reajuste salarial de sua "RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA SOB A ÉGIDE DA
In casu, a controvérsia gira em torno de se perquirir se é devida a ATENDIDOS. INDENIZAÇÃO ADICIONAL. ARTIGO 9º DA LEI
referenciada indenização ao trabalhador que foi dispensado no 7.238/84. PROJEÇÃO DO AVISO PRÉVIO. SÚMULAS 182 E 314
trintídio antecedente à data-base de sua correção salarial, mas que, DO TST. A Súmula 314 do TST preconiza que se ocorrer a rescisão
em virtude da projeção no tempo do período do aviso prévio, ainda contratual no período de trinta dias que antecede à data-base,
que indenizado, teve o término de seu contrato de trabalho observada a Súmula 182 do TST, o pagamento das verbas
postergado para lapso posterior à referida data-base. rescisórias com o salário já corrigido não afasta o direito à
Por disciplinarem a matéria sob exame, convém trazer à lume o teor indenização adicional prevista nas Leis 6.708 de 30/10/1979 e 7.238
das Súmulas 182 e 314 do Colendo TST, abaixo transcritas: de 28/10/1984. Contudo, da leitura do acórdão regional, extrai-se
"Súmula nº 182 do TST que a autora foi dispensada em 04/08/2011. Nesse caso, com a
AVISO PRÉVIO. INDENIZAÇÃO COMPENSATÓRIA. LEI Nº 6.708, projeção do aviso prévio indenizado de trinta dias, a rescisão do
DE 30.10.1979 (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 contrato de trabalho operou-se em 04/09/2011, situando-se em
O tempo do aviso prévio, mesmo indenizado, conta-se para efeito momento posterior à sua data-base (01/09/2011), estando afastado,
da indenização adicional prevista no art. 9º da Lei nº 6.708, de portanto, o direito à pleiteada indenização, conforme se depreende
INDENIZAÇÃO ADICIONAL. VERBAS RESCISÓRIAS. SALÁRIO RR: 1150006520135170011, Relator: Augusto César Leite de
CORRIGIDO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 Carvalho, Data de Julgamento: 18/09/2019, 6ª Turma, Data de
Se ocorrer a rescisão contratual no período de 30 (trinta) dias que Publicação: DEJT 20/09/2019)
antecede à data-base, observado a Súmula nº 182 do TST, o "RECURSO DE REVISTA. INDENIZAÇÃO PREVISTA NO ART. 9º
pagamento das verbas rescisórias com o salário já corrigido não DA LEI 7.238/84. AVISO PRÉVIO. Considerando-se o prazo do
afasta o direito à indenização adicional prevista nas Leis nºs 6.708, aviso prévio, nos termos da Súmula 182 do TST, a dispensa do
de 30.10.1979 e 7.238, de 28.10.1984." reclamante ocorreu após a data-base, razão pela qual não há falar
Como se vê, para fins de concessão da indenização em epígrafe, em dispensa obstativa. Recurso de revista conhecido e provido."
deve-se levar em consideração a data em que o contrato é (TST - RR: 357001420055050029, Relator: Augusto César Leite de
efetivamente rescindido, computando-se, pois, o período do aviso Carvalho, Data de Julgamento: 29/04/2015, 6ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 08/05/2015) utilização da Taxa Referencial (TR) como índice de atualização dos
Portanto, nada a prover neste tópico. débitos judiciais da Fazenda Pública, mesmo em período anterior à
Quanto à matéria em debate, calha esclarecer que nos autos da Consumidor Amplo Especial (IPCA-E). 2. O Tribunal Pleno deste
ADI nº 4.357/DF, o STF declarou a inconstitucionalidade da Tribunal Superior, nos autos do Proc. ArgInc 479-
expressão "índice oficial de remuneração básica da caderneta de 60.2011.5.04.0231, declarou a inconstitucionalidade da expressão
poupança" prevista no art. 100, § 12, da CF/88, afastando, assim, a "equivalentes à TRD", contida no "caput" do artigo 39 da Lei n°
aplicação da Taxa Referencial - TR, o que culminou com a 8.177/91, e, adotando a técnica de interpretação conforme a
inconstitucionalidade por arrastamento do art. 1º-F da Lei nº 9.494, Constituição Federal para o texto remanescente do dispositivo
com a redação dada pelo art. 5º da Lei nº 11.960, de 29/6/2009. impugnado, fixou a variação do Índice de Preços ao Consumidor
Em decorrência da referida Decisão do STF, o Pleno do TST, ao Amplo Especial (IPCA-E) como fator de correção a ser utilizado na
apreciar a Arguição de Inconstitucionalidade nº 479- tabela de atualização monetária dos débitos trabalhistas na Justiça
60.2011.5.04.0231, suscitada pelo Min. Cláudio Mascarenhas do Trabalho. 3. Ao julgar os Embargos de Declaração interpostos
Brandão, por sua vez, declarou a inconstitucionalidade por naqueles autos, esta Corte Superior fixou novos parâmetros
arrastamento da expressão "equivalente à TRD", presente no art. para a modulação dos efeitos da decisão, definindo o dia
39, caput, da Lei nº 8.177/91, e acabou dando interpretação 25/3/2015 como o marco inicial para a aplicação da variação do
conforme a Constituição ao restante da norma e definiu como índice Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E)
de atualização monetária dos créditos trabalhistas na Justiça do como fator de atualização, de modo que deve ser mantida a
Trabalho o Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA- aplicação do índice oficial de remuneração básica da caderneta
E) a partir de 30/06/2009, quando entrou em vigor a Lei nº de poupança (TRD) para os débitos trabalhistas devidos até o
11.960/2009, que acrescentou o art. 1º-F à Lei nº 9.494/1997, o qual dia 24/3/2015, e, a partir do dia 25/3/2015, a correção deve ser
foi declarado inconstitucional pelo STF. realizada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial
O entendimento acerca da aplicação do IPCA-E encontrava-se (IPCA-E). Recurso de revista conhecido e provido, no particular."
suspenso em face do deferimento, pelo STF, de liminar nos autos (destaque nosso). (Processo nº TST-RR-351-51.2014.5.09.0892,
da Reclamação nº 22.012/RS. Contudo, não mais subsiste a Relator Ministro Walmir Oliveira da Costa, Data de julgamento;
autos da mencionada Reclamação, pois foi julgada improcedente no Desse modo, reforma-se a Sentença hostilizada para determinar a
dia 5/12/2017, prevalecendo, desse modo, o Julgado do Pleno do aplicação do índice oficial de remuneração básica da caderneta de
TST no julgamento do processo ArgInc-479-60.2011.5.04.0231, poupança (TRD) para os débitos trabalhistas devidos à autora até o
sendo mantida a aplicação do índice oficial de remuneração básica dia 24/3/2015 e, após, a partir do dia 25/3/2015, a correção deve ser
da caderneta de poupança (TRD) para os débitos trabalhistas realizada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial
correção deve ser realizada pelo Índice de Preços ao Consumidor 2.b DO RECURSO DO RECLAMADO
Enfrentando essa temática, assim vem entendendo o Colendo TST ALEGADO EXERCÍCIO DE FUNÇÃO DE CONFIANÇA. DOS
"RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº Pretende o recorrente a reforma da Sentença ora guerreada, que
13.015/2014. CORREÇÃO MONETÁRIA DO DÉBITO deferiu o pedido autoral de pagamento, como extras, da sétima e
TRABALHISTA. TAXA REFERENCIAL (TR). oitava horas laboradas, diariamente, sob o fundamento de que a
TRIBUNAL FEDERAL. ADOÇÃO DO ÍNDICE DE PREÇOS AO (Chefe de Serviços), não detinha qualquer fidúcia especial que
CONSUMIDOR AMPLO ESPECIAL (IPCA-E). 1. Ao concluir o justificasse seu enquadramento no parágrafo 2º do artigo 224 da
se discutia a aplicação de juros de mora e correção monetária nos Cediço que a excepcionalidade prevista no dispositivo celetário
casos de condenação impostas ao Poder Público, o Tribunal Pleno supracitado, específica em relação à categoria dos bancários, é
do Supremo Tribunal Federal, por maioria, decidiu afastar a taxativa ao permitir a extrapolação da jornada máxima de seis horas
para quem exercer funções de direção, gerência, fiscalização, 1993/1994 até o final do contrato da reclamante; que a
chefia e equivalentes ou outros cargos de confiança e que perceba reclamante exercia as seguintes funções: preenchia contratos
gratificação não inferior a 1/3 do salário. de empréstimo, realizava abertura de contas correntes pessoa
É de óbvia sabença, hodiernamente, que no mundo corporativo, física e auxiliava os clientes no atendimento das máquinas; que
prolifera a designação do bancário para o exercício de suposta a reclamante não participava do comitê de crédito; que a
função de confiança, com as mais diversas denominações, sem reclamante não assinava cheque administrativo; que a
que, na realidade, o empregado tenha um mínimo poder de decisão reclamante não tinha subordinados; que os caixas, os
ou mesmo autonomia e destaque, não passando de um trabalho escriturários e os supervisores eram subordinados ao Gerente
meramente técnico-específico, embora remunerado com Administrativo; que não existe cargo na agência bancária que
gratificação superior a um terço do salário do cargo efetivo. tenha poderes para pagar cheque sem provisão de fundos; que
In casu, a autora não tinha subordinados, poder de mando, a reclamante não poderia liberar créditos para a concessão de
procuração em nome do banco, delegação para dirigir, empréstimos; que a reclamante não tinha acesso às
supervisionar e disciplinar setores, não fiscalizava nem chefiava informações sigilosas do banco; que no banco não havia nenhum
alguém, não tinha carteira de clientes, não tinha autonomia para cargo abaixo ao da reclamante; que considera informações sigilosas
liberar crédito de transação financeira para clientes, ou seja, era do banco as informações sobre funcionários e questões
apenas uma empregada comum. relacionadas às áreas internas (área administrativa) do banco; que
O título de "Supervisora Administrativa I (Chefe de Serviços)," é a reclamante tinha acesso a extrato e renda dos clientes,
pomposo, entretanto não corresponde à realidade vivenciada pela destacando que tais informações devem permanecer em sigilo
autora, pois esta desenvolvia atividade meramente técnica, sem pelos funcionários; que não se recorda o nível dos cartões dos
grau de fidúcia especial, revelando retro referido título, apenas, uma caixas; que não sabe informar se o nível do cartão dos caixas é
tentativa frustrada de contornar o limite legal (seis horas), impondo inferior ao nível do cartão do Supervisor Administrativo; que a
à reclamante uma jornada de oito horas, sem remunerá-la para tal. reclamante parou de trabalhar para a reclamada pois aderiu ao
É o que se conclui ao exame dos depoimentos das testemunhas PDV."( MARIA GISELLE VIANA - segunda testemunha do
ouvidas nos autos, a rogo da demandante, abaixo parcialmente reclamado. ID. 4ed1da2 - Pág. 2, sublinhei)
reproduzidos (Ata de Audiência, ID be4b5e4): De se ressaltar que não prospera o argumento empresarial de que
"que trabalhou na reclamada de junho/1985 a março/2016, os documentos teriam comprovado que a autora tinha assinatura
exercendo por último a função de Gerente de Contas Pessoa Física; para autorizar pagamentos de até R$ 30.000,00, o que
que a reclamante exercia as seguintes funções: auxiliava os caracterizaria fidúcia especial. Efetivamente, conforme esclarecido
preenchimentos de empréstimos dos clientes e auxiliava os pela única testemunha do Banco réu, de nome Kirna Karine
clientes no atendimento das máquinas; que a reclamante não Vasconcelos de Oliveira, "a reclamante não poderia liberar créditos
tinha poderes para participar do comitê de crédito; que a para a concessão de empréstimos pois acredita que o gerente tinha
reclamante não assinava cheque administrativo; que a que autorizar" (Ata de Audiência sob ID. 4ed1da2).
reclamante não tinha subordinados; que os caixas, os O conjunto probatório nos permite, assim, formar convicção de que
escriturários e os supervisores eram subordinados ao Gerente as atribuições de "Supervisora Administrativa I (Chefe de Serviços)"
Administrativo; que a reclamante não tinha poderes para são meramente técnicas, desprovidas de elementos que
mandar pagar cheque sem provisão de fundos; que a depoente qualifiquem tal função como cargo de confiança. A gratificação
trabalhou na mesma agência em que a reclamante de percebida pelo exercício das atribuições respectivas remunera
junho/2006 a março/2016; que não existe cargo na agência apenas o trabalho exercido com maiores responsabilidades, sem
bancária que tenha poderes para pagar cheque sem provisão de revelar grau de confiança destacada, como pretende fazer crer o
fundos; que o Gerente Administrativo conferia os dados Banco demandado, daí inadmissível o enquadramento da
inseridos pela reclamante no sistema para a concessão de reclamante na excepcionalidade prevista no § 2º do art. 224 da CLT.
empréstimos." (TANIA MARIA MENDES DE SOUZA - primeira Pensar de forma diferente, data vênia, serviria para incentivar o
testemunha da reclamante. ID. 4ed1da2 - Pág. 7, sublinhei) demandado a criar outras denominações nas suas agências, a
"que trabalhou na reclamada de março/1984 a setembro/2017, ponto de chegar em determinado momento em que só existirão
exercendo por último a função de Gerente Assistente de Pessoa empregados exercentes de pseudo funções de confiança, fazendo
Jurídica; que trabalhou diretamente com a reclamante de letra morta da norma legal da jornada de seis horas.
Aliás, a Corte Superior da Justiça Laboral, em processos análogos, gratificação de não superior a 1/3 de seu salário de cargo efetivo,
em que figura no polo passivo entidade bancária, já se pronunciou mas também a existência de fidúcia especial, diferenciada, em
no mesmo sentido. Observe-se: relação aos demais bancários. Em outras palavras, para fins do art.
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. 224, § 2º, da CLT, o valor da gratificação e a fidúcia especial são
PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014 E ANTERIOR À requisitos cumulativos, aferidos casuisticamente, de modo que o
LEI 13.467/2017. 1. MULTA DO ART. 523, §1º, DO CPC/2015 fato de o empregado receber gratificação de função não inferior a
(ART. 475-J DO CPC/1973). 2. BANCÁRIO. CARGO DE 1/3 não implica na inequívoca caracterização do poder de gestão
CONFIANÇA. ART. 224, § 2º, DA CLT. CARACTERIZAÇÃO. exigido legalmente. O Tribunal Regional, mediante acurada análise
MATÉRIA FÁTICA. SÚMULAS 102, I E 126/TST. 3. HORAS das provas orais produzidas nos autos, concluiu que as atividades
EXTRAS. DIVISOR. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL. 4. exercidas pela autora não possuíam fidúcia diferenciada, maior do
DANO MORAL. VALOR DA INDENIZAÇÃO. O cargo de confiança que aquela exigida aos demais bancários. Impõe-se ressaltar que
no Direito do Trabalho recebeu explícita tipificação legal, quer no essas ilações não são passíveis de revolvimento na presente fase
padrão amplo do art. 62, II, da CLT, quer no tipo jurídico específico da marcha processual, a teor das Súmulas 102 e 126 do TST. A
bancário do art. 224, § 2º, da Consolidação. Para enquadrar o decisão regional está, portanto, em perfeita sintonia com esta Corte
empregado nas disposições contidas no art. 224, § 2º, da CLT, é e com o art. 224, §2º, da CLT. Recurso de revista não conhecido.
necessário ficar comprovado que ele exercia, efetivamente, as (...)" (RR-1039-40.2012.5.04.0401, 6ª Turma, Relator Ministro
funções aptas a caracterizar o cargo de confiança e, ainda, que elas Augusto César Leite de Carvalho, DEJT 12/04/2019).
se revestiam de fidúcia especial, que extrapola aquela básica, "RECURSO DO BANCO SANTANDER S.A. - CARGO DE
inerente a qualquer empregado. No caso concreto, o Tribunal CONFIANÇA - ART. 62, II, DA CLT - ART. 224, § 2º, DA CLT. O
Regional, amparado no conjunto probatório produzido nos autos, Tribunal Regional, alicerçado na avaliação dos depoimentos
concluiu que o Reclamante não se enquadra no art. 224, § 2º, da testemunhais, registrou quadro fático segundo o qual o reclamante
CLT. Para tanto, asseverou que: "No caso, o réu insiste que se "não possuía poderes para liberar ou realizar operações com total
desvencilhou de seu ônus. Porém, não é o que se extrai da prova autonomia, tampouco praticar atos isoladamente, sem qualquer
oral, a qual revela que o autor não contava com subordinados, não autorização colegiada ou superior". Concluiu que o reclamante não
tinha alçada especial e tampouco poderes que o diferenciasse dos dispunha de poderes diferenciados em relação aos demais
demais empregados". Acrescentou que "a prova oral não permite se empregados, razão pela qual afastou o enquadramento nos cargos
reconheça que o autor contava com poderes que a diferenciavam de confiança previstos nos art. 62, II, da CLT e 224, § 2º, da CLT.
dos demais empregados, mostra-se correta a sentença na parte em Diante dessas premissas fáticas, insuscetíveis de reapreciação em
que não reconheceu seu enquadramento na exceção do artigo 224, sede extraordinária, não há como se vislumbrar contrariedade à
§ 2º, da CLT". Diante desses dados fáticos, constata-se que o Súmula nº 287 do TST, que trata da presunção juris tantum dos
Reclamante não ocupava típico cargo de confiança bancário, nos poderes de gestão do gerente geral de agência que, no caso, restou
moldes do art. 224, § 2º, da CLT, pois ficou comprovado que as afastada pela prova produzida nos autos. Igualmente em relação ao
funções exercidas delineavam-se como meramente técnicas, sem cargo de confiança previsto no art. 224, § 2º, da CLT, registrado
maiores poderes ou mesmo responsabilidades que demandassem pelo Tribunal Regional que não havia diferenciação de poderes
maior grau de fidúcia. Para que se pudesse chegar, se fosse o entre o reclamante e os demais empregados no exercício das suas
caso, a conclusão fática diversa, seria necessário o revolvimento do atribuições, o conhecimento do recurso de revista esbarra no óbice
conteúdo fático-probatório constante dos autos, o que fica da Súmula nº 102, I, do TST. Recurso de revista não conhecido.
inviabilizado nesta instância recursal, nos termos das Súmulas 102, (...)." (RR - 681-55.2011.5.02.0049, Relator Ministro: Luiz Philippe
I e 126/TST. Agravo de instrumento desprovido." (AIRR - 522- Vieira de Mello Filho, Data de Julgamento: 31/08/2016, 7ª Turma,
50.2014.5.09.0005, Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado, Data de Publicação: DEJT 09/09/2016).
Data de Julgamento: 18/12/2018, 3ª Turma, Data de Publicação: Há precedentes, também, neste Regional, conforme exemplificado
Jurisprudência desta Corte, encontra-se pacificado o entendimento RECLAMADA. 1.1 - HORAS EXTRAS. CARGO DE CONFIANÇA.
de que, para o enquadramento do empregado na exceção prevista ARTIGO 224, § 2º DA CLT. CARGO DENOMINADO CHEFE DE
no § 2º do art. 224 da CLT, requer-se não apenas o pagamento de SERVIÇOS BANCÁRIOS. Ao defender o exercício de tarefas
suficientes para o enquadramento do empregado no § 2º do art. 224 Quando prestadas durante toda a semana anterior, os bancos
da CLT, atrai o patrão o ônus da prova, consoante inteligência do pagarão, também, o valor correspondente ao repouso semanal
art. 818 da CLT e do art. 373, II, do CPC. Não se tem por remunerado, inclusive sábados e feriados." (ID. d9c5ae1 - Pág.
art. 224, § 2º, da CLT (Súmula 102/TST), quando revelam as provas Destarte, de se negar provimento ao Apelo patronal, no particular.
dos autos, todavia, tarefas corriqueiras acometidas à obreira, sem 2.b.2 DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
qualquer fidúcia. 1.2 - HORAS EXTRAS. DIVISOR. O TST, em sede Por fim, no tocante à verba honorária em epígrafe, tem-se que a
de Incidente de Julgamento de Recursos de Revista Repetitivos vertente Reclamatória fora ajuizada em 23/04/2018, portanto, já na
(processo nº 849-83.2013.5.03.0138), decidiu que "o divisor vigência das alterações na CLT promovidas pela Lei nº 13.467/17.
aplicável para cálculo das horas extras do bancário, inclusive para Nesse diapasão, hodiernamente, na Justiça do Trabalho, a
os submetidos à jornada de oito horas, é definido com base na condenação na verba de honorários advocatícios decorre da mera
regra geral prevista no artigo 64 da CLT (resultado da multiplicação sucumbência, nos termos do art. 791-A da CLT.
por 30 da jornada normal de trabalho), sendo 180 e 220, para as Desse modo, impõe-se mantida a condenação do Banco reclamado
jornadas normais de seis e oito horas, respectivamente", bem como no pagamento de honorários advocatícios em favor do patrono da
que "a inclusão do sábado como dia de repouso semanal autora, no patamar de 5% sobre o valor que resultar da liquidação
de não haver redução do número de horas semanais, trabalhadas e No concernente à majoração da verba honorária sucumbencial em
de repouso". Além disso, concluiu no sentido de que "as normas favor do patrono do Banco reclamado, ora recorrente, fixada pelo
coletivas dos bancários não atribuíram aos sábados a natureza Juízo de origem no patamar de 5%, registre-se, por oportuno, que
jurídica de repouso semanal remunerado". Dessa forma, à luz do este Relator adota o entendimento de que, uma vez sendo o
atual entendimento sobre a matéria, não há como se acolher a reclamante beneficiário da gratuidade da justiça, mostra-se
aplicação do divisor 150 ou 200. Recurso conhecido e parcialmente incompatível qualquer determinação, a ele imposta, de pagamento
provido." (TRT-7 - RO: 00010708020155070010, Relator: CLAUDIO de despesas processuais (dentre as quais se inserem os honorários
SOARES PIRES, Data de Julgamento: 17/09/2018, Data de advocatícios), para que tais não venham a impedir ou dificultar o
Publicação: 17/09/2018). seu acesso ao Judiciário, com o fito de resolver suas demandas de
EXTRAS DEVIDAS. Apesar de o autor laborar 08 (oito) horas No entanto, considerando que não houve insurgência recursal por
diárias e perceber gratificação pelo exercício da função de Gerente, parte do autor quanto à sua condenação em verba honorária
superior a 1/3 do salário do cargo efetivo, não há que se enquadrar sucumbencial, e em prestígio ao princípio da vedação à reformatio
o caso da presente lide na exceção do § 2º do art. 224, da CLT, vez in pejus, mantém-se incólume o Julgamento a quo no que pertine
que não restou comprovada nos autos qualquer relação entre as ao tema em questão.
23/01/2018).
Destarte, merece ratificada a r. Sentença nesse tópico, inclusive Por todo o acima exposto, de se conhecer de ambos os Recursos e,
quanto aos reflexos das horas extras sobre o sábado, ante a no mérito, negar provimento ao do Banco reclamado, mas dar
expressa previsão nas Convenções Coletivas de Trabalho da parcial provimento ao da reclamante, para, reformando a Sentença
Categoria dos Bancários, acostadas aos presentes autos. hostilizada, determinar a aplicação do índice oficial de remuneração
Veja-se, para exemplificar, o teor da Cláusula 8ª e seu Parágrafo básica da caderneta de poupança (TRD) para os débitos
Primeiro da CCT de 2016/2018: trabalhistas devidos à autora até o dia 24/3/2015 e, após, a partir do
"Cláusula 8ª ADICIONAL DE HORAS EXTRAS dia 25/3/2015, a correção deve ser realizada pelo Índice de Preços
As horas extras serão pagas com o adicional de 50% ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E).
Parágrafo Primeiro
Intimado(s)/Citado(s):
- MARIA ENEDINA DE FREITAS FARIAS
PODER JUDICIÁRIO
EX POSITIS: JUSTIÇA DO TRABALHO
ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª
PDVE. DO ÍNDICE DE ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. Merece trabalhado; e honorários advocatícios, uma vez que a reclamante
parcial reforma a Sentença hostilizada, para que seja aplicado o não estaria assistida pelo sindicato de sua categoria profissional,
índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança um dos requisitos exigidos pela ainda vigente Súmula nº 219 do C.
(TRD) para os débitos trabalhistas devidos à autora até o dia TST, para condenação a esse título.
24/3/2015 e, a partir do dia 25/3/2015, a correção deve ser realizada Por último, pede a majoração do percentual fixado sob a rubrica
pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) nos verba honorária, deferida em prol de seus advogados.
18f80b1.
I. RELATÓRIO É o Relatório.
prescrição parcial das parcelas anteriores a 24/04/2013, e julgado Atendidos os pressupostos legais, conhece-se de ambos os
reclamado ao pagamento de duas horas extras por dia (7ª e 8ª), 2. DO MÉRITO
com reflexos sobre repouso semanal remunerado (inclusive 2.a DO RECURSO DA RECLAMANTE
sábados), aviso prévio, férias mais 1/3, 13º salários e depósitos do 2.a.1 DO REFLEXO DAS HORAS EXTRAS SOBRE A
FGTS, inclusive da multa de 40. Outrossim, no mesmo ensejo "INDENIZAÇÃO DO PDVE" e PLRs DE 2012 A 2016 E A DE 2017
decisório, impôs a ambos os litigantes a obrigação de pagar O Juízo a quo indeferiu os pedidos epigrafados, sob o fundamento
honorários advocatícios sucumbenciais à base de 5%. de que as verbas "indenização do PDVE" e PLR possuem caráter
parcelas: reflexos das horas extras (7ª e 8ª) sobre a 2.a.1.1 REFLEXOS SOBRE AS PLRs DE 2012 a 2016 E A DE
2017 (esta, em face da projeção do aviso prévio), ao argumento de Indevida a repercussão das horas extras sobre a PLR, enquanto
que possuiriam caráter salarial, não indenizatório; PLR de 2017, por rubrica "desvinculada da remuneração", consoante disposto no
conta do cômputo do período do aviso prévio; e indenização inciso XI do artigo 7º da Constituição Federal.
adicional prevista no art. 9º da Lei nº 7.238/84. 2.a.1.2 REFLEXOS SOBRE A "INDENIZAÇÃO DO PDVE"
Requer, outrossim, a aplicação do índice IPCA-e, referente à Dispõe o item 7 do Regulamento do PDVE que "o empregado que
Por sua vez, o Banco reclamado, em suas razões recursais (ID. indenização equivalente a 0,60 da remuneração fixa do mês de
3a726ec), reprisa a argumentação de que a promovente não teria junho de 2017, por ano trabalhado, limitada a 12 (doze) salários,
direito ao pagamento de horas extras, pois durante o exercício da computado todo o período até a data da efetiva rescisão do contrato
função de "Supervisora Administrativa I (Chefe de Serviços)" estaria de trabalho, a ser paga em uma única parcela. OAnexo Vindica a
enquadrada no § 2º do art. 224 da CLT, por isso sujeita ao totalidade das verbas salariais e respectivos códigos, permitindo a
cumprimento de jornada de oito horas diárias. Pretende, ainda, na consulta pelo empregado em relação àquelas que compõem a sua
eventualidade de ser mantido o Julgado, que se efetue a remuneração." (ID. 9d180fe, pág. 8, destaquei)
compensação das gratificações pagas à autora para cumprimento À primeira leitura do dispositivo regulamentar acima reproduzido,
da indigitada jornada de oito horas. poder-se-ia concluir pela procedência do pedido da reclamante,
Rebela-se, também, contra a obrigação, a si imposta, de pagar os uma vez que o valor da indenização fora fixado com base na
reflexos das horas extras sobre o sábado, que seria dia útil não remuneração fixa do empregado do mês de junho/2017.
Todavia, aludida indenização não é prevista em lei, sendo uma das "(...) 2) REFLEXO DAS HORAS EXTRAS SOBRE
vantagens pactuadas no plano de ruptura contratual incentivada, PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS (PLR).
pelo que se revela lícito ao empregador fixar-lhe o valor, que, in AUSÊNCIA DE PREVISÃO NORMATIVA. SALÁRIO FIXO. NÃO
casu, foi aceito pela empregada sem qualquer questionamento. ABRANGÊNCIA DAS HORAS EXTRAS.As horas extras não
Não se pode olvidar, ainda, que a promovente não arguiu qualquer integram o salário fixo do trabalhador, razão pela qual, nos termos
vício de consentimento para aderir ao PDVE, sendo lógico inferir-se das normas coletivas aplicáveis à espécie, indevido o seu reflexo na
que tinha plena ciência dos benefícios de incentivo que perceberia verba Participação nos Lucros ou Resultados (PLR) do banco
como compensação pela perda do emprego, inclusive do valor da reclamado. Recurso improvido.
indenização, que, inclusive, constara do TRCT (ID. fff0394), 3) REFLEXO DAS HORAS EXTRAS SOBRE A INDENIZAÇÃO
devidamente homologado pela entidade sindical, sem ressalvas PREVISTA NO PDVE. AUSÊNCIA DE PREVISÃO NORMATIVA.
quanto à parcela em liça, atraindo, assim, a previsão contida no § 2º SALÁRIO FIXO. NÃO ABRANGÊNCIA DAS HORAS EXTRAS.As
do art. 477 da CLT: "O instrumento de rescisão ou recibo de horas extras não integram o salário fixo do trabalhador, razão pela
quitação, qualquer que seja a causa ou forma de dissolução do qual, nos termos das normas que disciplinam o PDVE do banco
contrato, deve ter especificada a natureza de cada parcela paga ao reclamado, indevido o seu reflexo na indenização ali prevista.
empregado e discriminado o seu valor, sendo válida a quitação, Recurso improvido. (...)" (TRT 7ª Região, 3ª Turma, RO 0000265-
apenas, relativamente às mesmas parcelas." 37.2018.5.07.0006, Desembargador Relator: José Antônio Parente
Assim, indevida a pretendida diferença de valor a título da da Silva. Data do Julgamento: 14/02/2019)
Nem se diga que o Anexo V do Regulamento do PDVE (ID. cd7c540 "RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELAS RECLAMADAS.
- Pág. 1), ao prever entre as parcelas componentes da remuneração REFLEXOS DAS HORAS EXTRAS NA INDENIZAÇÃO PAGA A
fixa do empregado, uma denominada "H. Extra Dec. Jud", TÍTULO DE PLANO DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA (PDV). Tendo
endossaria a pretensão recursal, porquanto a interpretação da em vista que a parcela paga a título de PDV possui natureza
norma regulamentar em comento, inclusive, de seus anexos, há de indenizatória e se trata de benefício não previsto em lei, mas
ser estrita (art. 114 do CC), de forma que tal nomenclatura diz conferido por ato de mera liberalidade do empregador, impõe-se a
respeito a horas extras que, por decisão judicial, integravam a interpretação restritiva das normas instituídas pela empresa a
remuneração do empregado de junho de 2017, à época de sua respeito, nos termos do estabelecido no art. 114 do Código Civil.
adesão. Razão pela qual, uma vez paga a indenização estabelecida pela
Ressalte-se, ainda, que hora extra não é verba salarial fixa a empresa por adesão do empregado ao PDV, como compensação
integrar a remuneração do empregado, sendo paga, apenas, pela perda do emprego, não há como se concluir que as horas
enquanto prestado o sobrelabor. Destaque-se que nem mesmo extras deferidas em juízo nela repercutam necessariamente.
quando habitual, como no caso dos autos, incorpora-se aos Precedentes." (TST-RR-2802900-67.2000.5.09.0015, Relator
estipêndios do bancário, consoante o teor da Súmula nº 291 do Walmir Oliveira da Costa, Data de Julgamento: 05/06/2013, 1ª
"SUM-291. HORAS EXTRAS. HABITUALIDADE. SUPRESSÃO. Julgamento:05/06/2013, 1ª Turma, Data de Publicação DEJT:
serviço suplementar prestado com habitualidade, durante pelo "I - AGRAVO DE INSTRUMENTO DO RECLAMANTE
menos 1 (um) ano, assegura ao empregado o direito à indenização REPERCUSSÃO DAS HORAS EXTRAS HABITUAIS NO
correspondente ao valor de 1 (um) mês das horas suprimidas, total CÁLCULO DA "INDENIZAÇÃO INCENTIVO" 1. O montante pago
ou parcialmente, para cada ano ou fração igual ou superior a seis em razão da adesão do Autor ao Programa de Desligamento
meses de prestação de serviço acima da jornada normal. O cálculo Incentivado tem natureza indenizatória. Inteligência da Orientação
observará a média das horas suplementares nos últimos 12 (doze) Jurisprudencial nº 207 da C. SBDI-1. 2. Dessa forma, como a
meses anteriores à mudança, multiplicada pelo valor da hora extra parcela "Indenização Incentivo" não tem natureza salarial, não faz
Este Tribunal, através de sua 3ª Turma, já adotara a mesma extras habituais. Resta incólume o artigo 457, § 1º, da CLT. Agravo
posição aqui explanada quanto aos requeridos reflexos, conforme de Instrumento a que se nega provimento. (...) (ED-AIRR e RR -
constata-se da síntese jurisprudencial abaixo transcrita: 9904000-40.2003.5.04.0900 , Relatora Ministra: Maria Cristina
Irigoyen Peduzzi, Data de Julgamento: 16/08/2006, 3ª Turma, Data O tempo do aviso prévio, mesmo indenizado, conta-se para efeito
indenização do PDV constitui liberalidade do empregador que não "Súmula nº 314 do TST
tem por finalidade a contraprestação do trabalho, o que denota a INDENIZAÇÃO ADICIONAL. VERBAS RESCISÓRIAS. SALÁRIO
sua natureza indenizatória. Por isso, sua base de cálculo não é CORRIGIDO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003
afetada por verbas de natureza salarial, como as horas extras Se ocorrer a rescisão contratual no período de 30 (trinta) dias que
habitualmente prestadas. II - Recurso desprovido. HORAS DE antecede à data-base, observado a Súmula nº 182 do TST, o
SOBREAVISO. I - O recurso não comporta conhecimento neste pagamento das verbas rescisórias com o salário já corrigido não
tema, pois o único paradigma colacionado não traz indicação de afasta o direito à indenização adicional prevista nas Leis nºs 6.708,
fonte de publicação, não atendendo, assim, às exigências contidas de 30.10.1979 e 7.238, de 28.10.1984."
na Súmula nº 337/TST. II - Recurso não conhecido." (TST-RR - Como se vê, para fins de concessão da indenização em epígrafe,
204800-09.2002.5.02.0076, Relator Ministro: Antônio José de deve-se levar em consideração a data em que o contrato é
Barros Levenhagen, Data de Julgamento: 06/12/2006, 4ª Turma, efetivamente rescindido, computando-se, pois, o período do aviso
"(...) INDENIZAÇÃO DO PDV. DIFERENÇAS. INTEGRAÇÃO DAS No caso dos autos, a data base da categoria dos bancários é o dia
HORAS EXTRAS DEFERIDAS NA PRESENTE AÇÃO. O Tribunal 01 de setembro de cada ano, conforme se depreende à leitura das
Regional indeferiu a pretensão da reclamante, de ver computadas normas coletivas anexadas aos autos.
as horas extras deferidas na presente ação, na base de cálculo da Demais disso, a autora aderiu ao Plano de Demissão Voluntária
indenização do PDV, porque considerou que esta parcela, por ser Especial (PDVE) em 22/08/2017, consoante se observa do TRCT
oriunda da mera liberalidade do empregador, deve ser interpretada sob ID. fff0394, tendo se efetivado sua extinção contratual em
restritivamente, nos termos do artigo 114 do Código Civil. Nenhum 20/12/2017, quando transcorrido integralmente o período do aviso
recorrido, concernente à aplicação do artigo 114 do Código Civil. Ora, à vista do cenário fático acima delineado, do qual emerge a
Assim, não se viabiliza o conhecimento do recurso de revista, por constatação de haver o término do vínculo empregatício da
dissenso pretoriano, a teor do que dispõe a Súmula nº 23 do TST. reclamante ocorrido após, aproximadamente, quatro meses da data-
(...)" (TST-RR - 76141-75.2002.5.02.0045,Relator Ministro: Pedro base da sua respectiva categoria profissional (01/09), resta indevida
Paulo Manus, Data de Julgamento: 10/08/2010, 7ª Turma, Data de a pretendida indenização adicional prevista na Lei 7.238/84.
2.a.2 DA INDENIZAÇÃO ADICIONAL PREVISTA NO ART. 9º DA que preconiza seja observada a projeção do aviso prévio, para fins
Prevê o art. 9º da Lei nº. 7237/84 o direito do empregado ao Perfilhando idêntico posicionamento, vejam-se as seguintes
recebimento de um salário mensal, se dispensado injustamente no Ementas jurisprudenciais emanadas da Corte Maior Trabalhista:
período de 30 dias que anteceder a data do reajuste salarial de sua "RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA SOB A ÉGIDE DA
In casu, a controvérsia gira em torno de se perquirir se é devida a ATENDIDOS. INDENIZAÇÃO ADICIONAL. ARTIGO 9º DA LEI
referenciada indenização ao trabalhador que foi dispensado no 7.238/84. PROJEÇÃO DO AVISO PRÉVIO. SÚMULAS 182 E 314
trintídio antecedente à data-base de sua correção salarial, mas que, DO TST. A Súmula 314 do TST preconiza que se ocorrer a rescisão
em virtude da projeção no tempo do período do aviso prévio, ainda contratual no período de trinta dias que antecede à data-base,
que indenizado, teve o término de seu contrato de trabalho observada a Súmula 182 do TST, o pagamento das verbas
postergado para lapso posterior à referida data-base. rescisórias com o salário já corrigido não afasta o direito à
Por disciplinarem a matéria sob exame, convém trazer à lume o teor indenização adicional prevista nas Leis 6.708 de 30/10/1979 e 7.238
das Súmulas 182 e 314 do Colendo TST, abaixo transcritas: de 28/10/1984. Contudo, da leitura do acórdão regional, extrai-se
"Súmula nº 182 do TST que a autora foi dispensada em 04/08/2011. Nesse caso, com a
AVISO PRÉVIO. INDENIZAÇÃO COMPENSATÓRIA. LEI Nº 6.708, projeção do aviso prévio indenizado de trinta dias, a rescisão do
DE 30.10.1979 (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 contrato de trabalho operou-se em 04/09/2011, situando-se em
momento posterior à sua data-base (01/09/2011), estando afastado, correção deve ser realizada pelo Índice de Preços ao Consumidor
do entendimento conjugado entre as Súmulas 182 e 314 do TST. Enfrentando essa temática, assim vem entendendo o Colendo TST
RR: 1150006520135170011, Relator: Augusto César Leite de "RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº
Carvalho, Data de Julgamento: 18/09/2019, 6ª Turma, Data de 13.015/2014. CORREÇÃO MONETÁRIA DO DÉBITO
DA LEI 7.238/84. AVISO PRÉVIO. Considerando-se o prazo do TRIBUNAL FEDERAL. ADOÇÃO DO ÍNDICE DE PREÇOS AO
aviso prévio, nos termos da Súmula 182 do TST, a dispensa do CONSUMIDOR AMPLO ESPECIAL (IPCA-E). 1. Ao concluir o
reclamante ocorreu após a data-base, razão pela qual não há falar julgamento do RE nº 870.947/SE (Relator: Min. LUIZ FUX), em que
em dispensa obstativa. Recurso de revista conhecido e provido." se discutia a aplicação de juros de mora e correção monetária nos
(TST - RR: 357001420055050029, Relator: Augusto César Leite de casos de condenação impostas ao Poder Público, o Tribunal Pleno
Carvalho, Data de Julgamento: 29/04/2015, 6ª Turma, Data de do Supremo Tribunal Federal, por maioria, decidiu afastar a
Publicação: DEJT 08/05/2015) utilização da Taxa Referencial (TR) como índice de atualização dos
Portanto, nada a prover neste tópico. débitos judiciais da Fazenda Pública, mesmo em período anterior à
Quanto à matéria em debate, calha esclarecer que nos autos da Consumidor Amplo Especial (IPCA-E). 2. O Tribunal Pleno deste
ADI nº 4.357/DF, o STF declarou a inconstitucionalidade da Tribunal Superior, nos autos do Proc. ArgInc 479-
expressão "índice oficial de remuneração básica da caderneta de 60.2011.5.04.0231, declarou a inconstitucionalidade da expressão
poupança" prevista no art. 100, § 12, da CF/88, afastando, assim, a "equivalentes à TRD", contida no "caput" do artigo 39 da Lei n°
aplicação da Taxa Referencial - TR, o que culminou com a 8.177/91, e, adotando a técnica de interpretação conforme a
inconstitucionalidade por arrastamento do art. 1º-F da Lei nº 9.494, Constituição Federal para o texto remanescente do dispositivo
com a redação dada pelo art. 5º da Lei nº 11.960, de 29/6/2009. impugnado, fixou a variação do Índice de Preços ao Consumidor
Em decorrência da referida Decisão do STF, o Pleno do TST, ao Amplo Especial (IPCA-E) como fator de correção a ser utilizado na
apreciar a Arguição de Inconstitucionalidade nº 479- tabela de atualização monetária dos débitos trabalhistas na Justiça
60.2011.5.04.0231, suscitada pelo Min. Cláudio Mascarenhas do Trabalho. 3. Ao julgar os Embargos de Declaração interpostos
Brandão, por sua vez, declarou a inconstitucionalidade por naqueles autos, esta Corte Superior fixou novos parâmetros
arrastamento da expressão "equivalente à TRD", presente no art. para a modulação dos efeitos da decisão, definindo o dia
39, caput, da Lei nº 8.177/91, e acabou dando interpretação 25/3/2015 como o marco inicial para a aplicação da variação do
conforme a Constituição ao restante da norma e definiu como índice Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E)
de atualização monetária dos créditos trabalhistas na Justiça do como fator de atualização, de modo que deve ser mantida a
Trabalho o Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA- aplicação do índice oficial de remuneração básica da caderneta
E) a partir de 30/06/2009, quando entrou em vigor a Lei nº de poupança (TRD) para os débitos trabalhistas devidos até o
11.960/2009, que acrescentou o art. 1º-F à Lei nº 9.494/1997, o qual dia 24/3/2015, e, a partir do dia 25/3/2015, a correção deve ser
foi declarado inconstitucional pelo STF. realizada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial
O entendimento acerca da aplicação do IPCA-E encontrava-se (IPCA-E). Recurso de revista conhecido e provido, no particular."
suspenso em face do deferimento, pelo STF, de liminar nos autos (destaque nosso). (Processo nº TST-RR-351-51.2014.5.09.0892,
da Reclamação nº 22.012/RS. Contudo, não mais subsiste a Relator Ministro Walmir Oliveira da Costa, Data de julgamento;
autos da mencionada Reclamação, pois foi julgada improcedente no Desse modo, reforma-se a Sentença hostilizada para determinar a
dia 5/12/2017, prevalecendo, desse modo, o Julgado do Pleno do aplicação do índice oficial de remuneração básica da caderneta de
TST no julgamento do processo ArgInc-479-60.2011.5.04.0231, poupança (TRD) para os débitos trabalhistas devidos à autora até o
sendo mantida a aplicação do índice oficial de remuneração básica dia 24/3/2015 e, após, a partir do dia 25/3/2015, a correção deve ser
da caderneta de poupança (TRD) para os débitos trabalhistas realizada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial
2.b.1 DA SÉTIMA E OITAVA HORAS COMO EXTRAS. DO escriturários e os supervisores eram subordinados ao Gerente
ALEGADO EXERCÍCIO DE FUNÇÃO DE CONFIANÇA. DOS Administrativo; que a reclamante não tinha poderes para
REFLEXOS SOBRE O SÁBADO mandar pagar cheque sem provisão de fundos; que a depoente
Pretende o recorrente a reforma da Sentença ora guerreada, que trabalhou na mesma agência em que a reclamante de
deferiu o pedido autoral de pagamento, como extras, da sétima e junho/2006 a março/2016; que não existe cargo na agência
oitava horas laboradas, diariamente, sob o fundamento de que a bancária que tenha poderes para pagar cheque sem provisão de
autora, no exercício da função de Supervisora Administrativa I fundos; que o Gerente Administrativo conferia os dados
(Chefe de Serviços), não detinha qualquer fidúcia especial que inseridos pela reclamante no sistema para a concessão de
justificasse seu enquadramento no parágrafo 2º do artigo 224 da empréstimos." (TANIA MARIA MENDES DE SOUZA - primeira
Cediço que a excepcionalidade prevista no dispositivo celetário "que trabalhou na reclamada de março/1984 a setembro/2017,
supracitado, específica em relação à categoria dos bancários, é exercendo por último a função de Gerente Assistente de Pessoa
taxativa ao permitir a extrapolação da jornada máxima de seis horas Jurídica; que trabalhou diretamente com a reclamante de
para quem exercer funções de direção, gerência, fiscalização, 1993/1994 até o final do contrato da reclamante; que a
chefia e equivalentes ou outros cargos de confiança e que perceba reclamante exercia as seguintes funções: preenchia contratos
gratificação não inferior a 1/3 do salário. de empréstimo, realizava abertura de contas correntes pessoa
É de óbvia sabença, hodiernamente, que no mundo corporativo, física e auxiliava os clientes no atendimento das máquinas; que
prolifera a designação do bancário para o exercício de suposta a reclamante não participava do comitê de crédito; que a
função de confiança, com as mais diversas denominações, sem reclamante não assinava cheque administrativo; que a
que, na realidade, o empregado tenha um mínimo poder de decisão reclamante não tinha subordinados; que os caixas, os
ou mesmo autonomia e destaque, não passando de um trabalho escriturários e os supervisores eram subordinados ao Gerente
meramente técnico-específico, embora remunerado com Administrativo; que não existe cargo na agência bancária que
gratificação superior a um terço do salário do cargo efetivo. tenha poderes para pagar cheque sem provisão de fundos; que
In casu, a autora não tinha subordinados, poder de mando, a reclamante não poderia liberar créditos para a concessão de
procuração em nome do banco, delegação para dirigir, empréstimos; que a reclamante não tinha acesso às
supervisionar e disciplinar setores, não fiscalizava nem chefiava informações sigilosas do banco; que no banco não havia nenhum
alguém, não tinha carteira de clientes, não tinha autonomia para cargo abaixo ao da reclamante; que considera informações sigilosas
liberar crédito de transação financeira para clientes, ou seja, era do banco as informações sobre funcionários e questões
apenas uma empregada comum. relacionadas às áreas internas (área administrativa) do banco; que
O título de "Supervisora Administrativa I (Chefe de Serviços)," é a reclamante tinha acesso a extrato e renda dos clientes,
pomposo, entretanto não corresponde à realidade vivenciada pela destacando que tais informações devem permanecer em sigilo
autora, pois esta desenvolvia atividade meramente técnica, sem pelos funcionários; que não se recorda o nível dos cartões dos
grau de fidúcia especial, revelando retro referido título, apenas, uma caixas; que não sabe informar se o nível do cartão dos caixas é
tentativa frustrada de contornar o limite legal (seis horas), impondo inferior ao nível do cartão do Supervisor Administrativo; que a
à reclamante uma jornada de oito horas, sem remunerá-la para tal. reclamante parou de trabalhar para a reclamada pois aderiu ao
É o que se conclui ao exame dos depoimentos das testemunhas PDV."( MARIA GISELLE VIANA - segunda testemunha do
ouvidas nos autos, a rogo da demandante, abaixo parcialmente reclamado. ID. 4ed1da2 - Pág. 2, sublinhei)
reproduzidos (Ata de Audiência, ID be4b5e4): De se ressaltar que não prospera o argumento empresarial de que
"que trabalhou na reclamada de junho/1985 a março/2016, os documentos teriam comprovado que a autora tinha assinatura
exercendo por último a função de Gerente de Contas Pessoa Física; para autorizar pagamentos de até R$ 30.000,00, o que
que a reclamante exercia as seguintes funções: auxiliava os caracterizaria fidúcia especial. Efetivamente, conforme esclarecido
preenchimentos de empréstimos dos clientes e auxiliava os pela única testemunha do Banco réu, de nome Kirna Karine
clientes no atendimento das máquinas; que a reclamante não Vasconcelos de Oliveira, "a reclamante não poderia liberar créditos
tinha poderes para participar do comitê de crédito; que a para a concessão de empréstimos pois acredita que o gerente tinha
reclamante não assinava cheque administrativo; que a que autorizar" (Ata de Audiência sob ID. 4ed1da2).
O conjunto probatório nos permite, assim, formar convicção de que funções exercidas delineavam-se como meramente técnicas, sem
as atribuições de "Supervisora Administrativa I (Chefe de Serviços)" maiores poderes ou mesmo responsabilidades que demandassem
são meramente técnicas, desprovidas de elementos que maior grau de fidúcia. Para que se pudesse chegar, se fosse o
qualifiquem tal função como cargo de confiança. A gratificação caso, a conclusão fática diversa, seria necessário o revolvimento do
percebida pelo exercício das atribuições respectivas remunera conteúdo fático-probatório constante dos autos, o que fica
apenas o trabalho exercido com maiores responsabilidades, sem inviabilizado nesta instância recursal, nos termos das Súmulas 102,
revelar grau de confiança destacada, como pretende fazer crer o I e 126/TST. Agravo de instrumento desprovido." (AIRR - 522-
Banco demandado, daí inadmissível o enquadramento da 50.2014.5.09.0005, Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado,
reclamante na excepcionalidade prevista no § 2º do art. 224 da CLT. Data de Julgamento: 18/12/2018, 3ª Turma, Data de Publicação:
Pensar de forma diferente, data vênia, serviria para incentivar o DEJT 07/01/2019).
demandado a criar outras denominações nas suas agências, a "(...) HORAS EXTRAS. CARGO DE CONFIANÇA. Na
ponto de chegar em determinado momento em que só existirão Jurisprudência desta Corte, encontra-se pacificado o entendimento
empregados exercentes de pseudo funções de confiança, fazendo de que, para o enquadramento do empregado na exceção prevista
letra morta da norma legal da jornada de seis horas. no § 2º do art. 224 da CLT, requer-se não apenas o pagamento de
Aliás, a Corte Superior da Justiça Laboral, em processos análogos, gratificação de não superior a 1/3 de seu salário de cargo efetivo,
em que figura no polo passivo entidade bancária, já se pronunciou mas também a existência de fidúcia especial, diferenciada, em
no mesmo sentido. Observe-se: relação aos demais bancários. Em outras palavras, para fins do art.
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. 224, § 2º, da CLT, o valor da gratificação e a fidúcia especial são
PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014 E ANTERIOR À requisitos cumulativos, aferidos casuisticamente, de modo que o
LEI 13.467/2017. 1. MULTA DO ART. 523, §1º, DO CPC/2015 fato de o empregado receber gratificação de função não inferior a
(ART. 475-J DO CPC/1973). 2. BANCÁRIO. CARGO DE 1/3 não implica na inequívoca caracterização do poder de gestão
CONFIANÇA. ART. 224, § 2º, DA CLT. CARACTERIZAÇÃO. exigido legalmente. O Tribunal Regional, mediante acurada análise
MATÉRIA FÁTICA. SÚMULAS 102, I E 126/TST. 3. HORAS das provas orais produzidas nos autos, concluiu que as atividades
EXTRAS. DIVISOR. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL. 4. exercidas pela autora não possuíam fidúcia diferenciada, maior do
DANO MORAL. VALOR DA INDENIZAÇÃO. O cargo de confiança que aquela exigida aos demais bancários. Impõe-se ressaltar que
no Direito do Trabalho recebeu explícita tipificação legal, quer no essas ilações não são passíveis de revolvimento na presente fase
padrão amplo do art. 62, II, da CLT, quer no tipo jurídico específico da marcha processual, a teor das Súmulas 102 e 126 do TST. A
bancário do art. 224, § 2º, da Consolidação. Para enquadrar o decisão regional está, portanto, em perfeita sintonia com esta Corte
empregado nas disposições contidas no art. 224, § 2º, da CLT, é e com o art. 224, §2º, da CLT. Recurso de revista não conhecido.
necessário ficar comprovado que ele exercia, efetivamente, as (...)" (RR-1039-40.2012.5.04.0401, 6ª Turma, Relator Ministro
funções aptas a caracterizar o cargo de confiança e, ainda, que elas Augusto César Leite de Carvalho, DEJT 12/04/2019).
se revestiam de fidúcia especial, que extrapola aquela básica, "RECURSO DO BANCO SANTANDER S.A. - CARGO DE
inerente a qualquer empregado. No caso concreto, o Tribunal CONFIANÇA - ART. 62, II, DA CLT - ART. 224, § 2º, DA CLT. O
Regional, amparado no conjunto probatório produzido nos autos, Tribunal Regional, alicerçado na avaliação dos depoimentos
concluiu que o Reclamante não se enquadra no art. 224, § 2º, da testemunhais, registrou quadro fático segundo o qual o reclamante
CLT. Para tanto, asseverou que: "No caso, o réu insiste que se "não possuía poderes para liberar ou realizar operações com total
desvencilhou de seu ônus. Porém, não é o que se extrai da prova autonomia, tampouco praticar atos isoladamente, sem qualquer
oral, a qual revela que o autor não contava com subordinados, não autorização colegiada ou superior". Concluiu que o reclamante não
tinha alçada especial e tampouco poderes que o diferenciasse dos dispunha de poderes diferenciados em relação aos demais
demais empregados". Acrescentou que "a prova oral não permite se empregados, razão pela qual afastou o enquadramento nos cargos
reconheça que o autor contava com poderes que a diferenciavam de confiança previstos nos art. 62, II, da CLT e 224, § 2º, da CLT.
dos demais empregados, mostra-se correta a sentença na parte em Diante dessas premissas fáticas, insuscetíveis de reapreciação em
que não reconheceu seu enquadramento na exceção do artigo 224, sede extraordinária, não há como se vislumbrar contrariedade à
§ 2º, da CLT". Diante desses dados fáticos, constata-se que o Súmula nº 287 do TST, que trata da presunção juris tantum dos
Reclamante não ocupava típico cargo de confiança bancário, nos poderes de gestão do gerente geral de agência que, no caso, restou
moldes do art. 224, § 2º, da CLT, pois ficou comprovado que as afastada pela prova produzida nos autos. Igualmente em relação ao
cargo de confiança previsto no art. 224, § 2º, da CLT, registrado exercem a chefia ou postos de comando." (TRT-7 - RO:
pelo Tribunal Regional que não havia diferenciação de poderes 00002101920145070009, Relator: JEFFERSON QUESADO
entre o reclamante e os demais empregados no exercício das suas JUNIOR, Data de Julgamento: 22/01/2018, Data de Publicação:
da Súmula nº 102, I, do TST. Recurso de revista não conhecido. Destarte, merece ratificada a r. Sentença nesse tópico, inclusive
(...)." (RR - 681-55.2011.5.02.0049, Relator Ministro: Luiz Philippe quanto aos reflexos das horas extras sobre o sábado, ante a
Vieira de Mello Filho, Data de Julgamento: 31/08/2016, 7ª Turma, expressa previsão nas Convenções Coletivas de Trabalho da
Data de Publicação: DEJT 09/09/2016). Categoria dos Bancários, acostadas aos presentes autos.
Há precedentes, também, neste Regional, conforme exemplificado Veja-se, para exemplificar, o teor da Cláusula 8ª e seu Parágrafo
RECLAMADA. 1.1 - HORAS EXTRAS. CARGO DE CONFIANÇA. As horas extras serão pagas com o adicional de 50%
suficientes para o enquadramento do empregado no § 2º do art. 224 Quando prestadas durante toda a semana anterior, os bancos
da CLT, atrai o patrão o ônus da prova, consoante inteligência do pagarão, também, o valor correspondente ao repouso semanal
art. 818 da CLT e do art. 373, II, do CPC. Não se tem por remunerado, inclusive sábados e feriados." (ID. d9c5ae1 - Pág.
art. 224, § 2º, da CLT (Súmula 102/TST), quando revelam as provas Destarte, de se negar provimento ao Apelo patronal, no particular.
dos autos, todavia, tarefas corriqueiras acometidas à obreira, sem 2.b.2 DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
qualquer fidúcia. 1.2 - HORAS EXTRAS. DIVISOR. O TST, em sede Por fim, no tocante à verba honorária em epígrafe, tem-se que a
de Incidente de Julgamento de Recursos de Revista Repetitivos vertente Reclamatória fora ajuizada em 23/04/2018, portanto, já na
(processo nº 849-83.2013.5.03.0138), decidiu que "o divisor vigência das alterações na CLT promovidas pela Lei nº 13.467/17.
aplicável para cálculo das horas extras do bancário, inclusive para Nesse diapasão, hodiernamente, na Justiça do Trabalho, a
os submetidos à jornada de oito horas, é definido com base na condenação na verba de honorários advocatícios decorre da mera
regra geral prevista no artigo 64 da CLT (resultado da multiplicação sucumbência, nos termos do art. 791-A da CLT.
por 30 da jornada normal de trabalho), sendo 180 e 220, para as Desse modo, impõe-se mantida a condenação do Banco reclamado
jornadas normais de seis e oito horas, respectivamente", bem como no pagamento de honorários advocatícios em favor do patrono da
que "a inclusão do sábado como dia de repouso semanal autora, no patamar de 5% sobre o valor que resultar da liquidação
de não haver redução do número de horas semanais, trabalhadas e No concernente à majoração da verba honorária sucumbencial em
de repouso". Além disso, concluiu no sentido de que "as normas favor do patrono do Banco reclamado, ora recorrente, fixada pelo
coletivas dos bancários não atribuíram aos sábados a natureza Juízo de origem no patamar de 5%, registre-se, por oportuno, que
jurídica de repouso semanal remunerado". Dessa forma, à luz do este Relator adota o entendimento de que, uma vez sendo o
atual entendimento sobre a matéria, não há como se acolher a reclamante beneficiário da gratuidade da justiça, mostra-se
aplicação do divisor 150 ou 200. Recurso conhecido e parcialmente incompatível qualquer determinação, a ele imposta, de pagamento
provido." (TRT-7 - RO: 00010708020155070010, Relator: CLAUDIO de despesas processuais (dentre as quais se inserem os honorários
SOARES PIRES, Data de Julgamento: 17/09/2018, Data de advocatícios), para que tais não venham a impedir ou dificultar o
Publicação: 17/09/2018). seu acesso ao Judiciário, com o fito de resolver suas demandas de
EXTRAS DEVIDAS. Apesar de o autor laborar 08 (oito) horas No entanto, considerando que não houve insurgência recursal por
diárias e perceber gratificação pelo exercício da função de Gerente, parte do autor quanto à sua condenação em verba honorária
superior a 1/3 do salário do cargo efetivo, não há que se enquadrar sucumbencial, e em prestígio ao princípio da vedação à reformatio
o caso da presente lide na exceção do § 2º do art. 224, da CLT, vez in pejus, mantém-se incólume o Julgamento a quo no que pertine
que não restou comprovada nos autos qualquer relação entre as ao tema em questão.
Por todo o acima exposto, de se conhecer de ambos os Recursos e, ROMULO DE SOUSA FROTA
Intimado(s)/Citado(s):
- BANCO BRADESCO S.A.
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª POR PLANO DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA (PDV). CLÁUSULA
REGIÃO, por unanimidade, conhecer de ambos os Recursos e, no ABUSIVA EM DETRIMENTO DO EMPREGADO. A Teor da Lei nº
mérito, negar provimento ao do Banco reclamado, mas dar parcial 9.656/98, tendo em vista que a parte obreira contribuiu para o plano
provimento ao da reclamante, para, reformando a Sentença de saúde FAMED por mais de dez anos, não pode ser
hostilizada, determinar a aplicação do índice oficial de remuneração desconsiderado pelo novo plano referidas contribuições, visto que a
básica da caderneta de poupança (TRD) para os débitos seguradora anterior foi incorporada pela sucessora Bradesco Saúde
trabalhistas devidos à autora até o dia 24/3/2015 e, após, a partir do S.A., que abrigou a carteira de clientes do plano sucedido, de sorte
dia 25/3/2015, a correção deve ser realizada pelo Índice de Preços a manter não só as coberturas assistenciais do contribuinte como
ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E). também absorveu o patrimônio contributivo de todo o período do
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores plano anterior. Ademais, a Jurisprudência do Tribunal Superior do
Francisco José Gomes da Silva (Presidente), Paulo Régis Machado trabalho reconhece o direito à manutenção do Plano de Saúde
Botelho (Relator) e Cláudio Soares Pires. Presente ainda o(a) ainda que o desligamento da empresa tenha ocorrido por meio de
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. Plano de Demissão Voluntária (PDV), uma vez que não se
PAULO REGIS MACHADO BOTELHO obstante esta assuma o seu pagamento integral. Sentença
EM PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO, provenientes da MM.4ª As reclamadas, em peça de defesa apresentada conjuntamente (fls.
VARA DO TRABALHO DE FORTALEZA, em que é recorrente, 235/246) defendem que o reclamante aderiu ao plano de demissão
FRANCISCO JADAS DA SILVA, e recorrido,BANCO BRADESCO voluntária especial (PDVE) proposto, tendo sido desligado em razão
S.A. E BRADESCO SAÚDE S/A. desta adesão em 11/09/2017, estando explícito no item 7.4 do
Relatório dispensado nos termos do art. 852-I, da CLT, por se tratar Regulamento do PDVE que os empregados que aderissem ao
de processo submetido ao rito sumaríssimo. PDVE fariam jus ao plano de saúde pelo período máximo de 18
recurso interposto. Conforme consta no TRCT a parte obreira fora admitida junto ao
DA MANUTENÇÃO DE PLANO DE SAÚDE APÓS A EXTINÇÃO do contrato de trabalho por meio de adesão ao plano de demissão
DO CONTRATO DE TRABALHO. voluntária especial (PDVE) proposto, tendo sido desligado em razão
Trata-se de recurso ordinário (ID. 18E79a9) interposto pelo desta adesão em 11/09/2017. O reclamante contribuiu para o plano
reclamante, FRANCISCO JADAS DA SILVA, pleiteando que seja os de saúde FAMED desde a sua admissão até 2006.
seguintes pontos: Após o ano de 2006, com a extinção do BEC, que fora comprado
a) seja restabelecido o direito ao plano de saúde nos mesmos pelo Banco Bradesco S.A., o plano de saúde da reclamada fora
termos deferidos pela ilustrada Juíza da 4ª. vara, por ser o substituído, de forma impositiva e obrigatória pelo plano ''Bradesco
Recorrente portador de doença ocupacional, ficando a cargo do Saúde'', ocasião em que a parte obreira mesmo deixando de
recorrido os custos da manutenção do plano de saúde, ou então; contribuir diretamente passou a contribuir com a sua força de
b) que seja arbitrado em 1/3 (um terço) do valor da tabela trabalho, pois usufruía do plano na forma de coparticipação, como
apresentada pelo Recorrente acima, na mesma faixa etária do ex- um benefício pago pelo seu empregador. Assim, tem-se por
obreiro, como sendo o valor a ser repassado a BRADESCO SAÚDE caracterizado a efetiva contribuição direta do reclamante para
S/A, mensalmente, contribuição patronal e empregado, a fim de que manutenção de seu plano de saúde nos moldes do artigo 30 e 31
o reclamante e seus dependentes possam utilizar o PLANO DE da Lei 9.656/1998, fazendo jus a sua manutenção desde que o
SAÚDE e DENTAL nas mesmas condições que tinha antes da assuma integralmente, este é o entendimento consolidado da 01ª
ruptura (coparticipação, plano apartamento top), e no mesmo nível Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região:
dos empregados da ativa e na mesma faixa etária, por tempo Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região TRT-7 -1ª Turma -
indeterminado, nos termos do art. 31 da Lei 9.656/1998, ou então, RECURSO ORDINÁRIO : RO 00008278020175070006-06/06/2018
que o custeio integral como determina a Lei 9.656/98 seja com base -Fundamento:RECURSO ORDINÁRIO DOS RECLAMADOS.
nos valores repassados pelo Banco BRADESCO a BRADESCO MANUTENÇÃO DO PLANO DE SAÚDE APÓS A RUPTURA DO
SAÚDE, na mesma faixa etária do Recorrente/reclamante. PACTO LABORAL. LEI Nº.9.656/98. MANUTENÇÃO DA
O reclamante alega que manteve contrato de trabalho com o favorável ao recorrido, porque todo o período de contribuição
reclamado Banco Bradesco S/A no período de 14/05/1981 a do trabalhador para a FAMED, de 1982 a 2006, não pode ser
11/09/2017, sendo que foi admitido pelo Banco do Estado do Ceará desconsiderado pelo novo plano, posto que a seguradora
- BEC, ocorrendo a sucessão empresarial em 15/05/2006, quando anterior foi incorporada pela sucessora Bradesco Saúde S.A.,
que abrigou a carteira de clientes do plano sucedido, de sorte a trabalho, nos quais se reconhece o direito à manutenção do Plano
manter não só as coberturas assistenciais do contribuinte de Saúde ainda que o desligamento da empresa tenha ocorrido por
como também absorveu o patrimônio contributivo de todo o meio de Plano de Demissão Voluntária (PDV), uma vez que não se
A 2ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região, direitos assegurados por lei, como é o caso da Lei nº 9656/98
Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região -2ª Turma- "AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE
19/02/2018 -Fundamento: (...)Ressalte-se, por oportuno, que a VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. MANUTENÇÃO DO PLANO DE
seguradora FAMED também foi incorporada pela sucessora SAÚDE. APOSENTADO. DESLIGAMENTO POR PLANO DE
BRADESCO SAÚDE S/A, incluindo, a carteira de clientes do DEMISSÃO VOLUNTÁRIA (PDV). CLÁUSULA ABUSIVA EM
plano sucedido, de sorte a manter não só as coberturas DETRIMENTO DO EMPREGADO. LEI Nº 9.656/98. Constatado
assistenciais do contribuinte, como também absorveu o equívoco no despacho agravado, dá-se provimento ao agravo para
patrimônio contributivo de todo o período do plano anterior, determinar o processamento do agravo de instrumento. AGRAVO
sendo obrigado, por conseguinte, a considerar todo o período DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA EM FACE DE
de contribuição da trabalhadora, desde a sua admissão em DECISÃO PUBLICADA ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI Nº
1982 até 2006. Assim sendo, uma vez preenchidos os 13.015/2014. MANUTENÇÃO DO PLANO DE SAÚDE.
requisitos do art. 30 e 31, da Lei nº 9.656/98, reforma-se a APOSENTADO. DESLIGAMENTO POR PLANO DE DEMISSÃO
sentença para assegurar à reclamante o restabelecimento do VOLUNTÁRIA (PDV). CLÁUSULA ABUSIVA EM DETRIMENTO DO
seuplano de saúdee de seus dependentes, nas mesmas EMPREGADO. LEI Nº 9.656/98. Agravo de instrumento a que se dá
condições de cobertura assistencial de que gozava quando da provimento para determinar o processamento do recurso de revista,
vigência do contrato de trabalho, mediante custeio integral das em face de haver sido demonstrada possível afronta ao artigo 31 da
mensalidades pela demandante devidas à seguradora Lei nº 9.656/98. RECURSO DE REVISTA EM FACE DE DECISÃO
"Como explanado o reclamante de 1985 até 2006 contribuiu para o revela que a Corte a quo proferiu decisão completa, válida e
plano de saúde FAMED, tal plano permitia a manutenção do obreiro devidamente fundamentada, razão pela qual não prospera a
e seus dependentes no plano mesmo após sua dispensa ou alegada negativa de prestação jurisdicional. Recurso de revista de
Nessa esteira, aprofundando-se no sentido da norma em questão, APOSENTADO. DESLIGAMENTO POR PLANO DE DEMISSÃO
percebe-se que a intenção do legislador foi garantir que o ex- VOLUNTÁRIA (PDV). CLÁUSULA ABUSIVA EM DETRIMENTO DO
empregado, dispensado sem justa causa ou aposentado (no caso EMPREGADO. LEI Nº 9.656/98. Como é cediço, ao empregado
do art. 31), possa gozar dos benefícios do plano de saúde que aposentado é assegurado o direito à manutenção no plano de
possuía à época da vigência do contrato de trabalho, sendo saúde, nas mesmas condições de cobertura que usufruía quando
irrelevante o fato de que, àquela época, a reclamante não arcasse em atividade, desde que tenha contribuído integralmente, por no
integralmente com referidos custos. É que, se o empregador não mínimo dez anos, para o plano e assuma o seu pagamento integral.
descontava da parte obreira a contribuição mensal para No caso, são incontroversas as seguintes premissas fáticas: o autor
manutenção do plano de saúde, não o fazia por liberalidade e contribuiu com sua cota-parte do custeio do plano de saúde pelo
porque, na verdade, o empregado lhe retribuía mediante a prazo mínimo de dez anos (empregado arcava com 2% do salário
Observa-se que o que a norma impõe é que, após extinto o vínculo por tempo de contribuição e a adesão ao PDV implicou rescisão do
empregatício, inclusive no caso de adesão à PDVE, deve o ex- contrato de trabalho; a reclamada manteve o convênio médico por
empregado assumir o pagamento integral do plano de saúde 90 dias (até 30/06/2009). Segundo entendimento desta Corte
contratado, desonerando a empresa de arcar com os custos dessa Superior, não se reconhece a validade de cláusulas normativas que
Nesse sentido, colacionam-se precedentes do Tribunal Superior do 9656/98 (artigos 30 e 31). Sendo assim, há que se reconhecer a
contratual em detrimento do empregado. Recurso de revista de que "O reclamante alega que manteve contrato de trabalho com o
se conhece e a que se dá provimento". (TST, RR - 835- reclamado Banco Bradesco S/A no período de 14/05/1981 a
92.2011.5.02.0463, Relator Ministro: Cláudio Mascarenhas 11/09/2017, sendo que foi admitido pelo Banco do Estado do Ceará
Brandão, Data de Julgamento: 04/05/2016, 7ª Turma, Data de - BEC, ocorrendo a sucessão empresarial em 15/05/2006, quando
Publicação: DEJT 13/05/2016). passou a prestar serviços para o primeiro reclamado. Aduz o
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. I. demandante que era beneficiário de plano de saúde por mais de 10
MANUTENÇÃO DO PLANO DE SAÚDE. ADESÃO A PLANO DE (dez) anos e se encontra aposentado. Por isso, pede a manutenção
DEMISSÃO VOLUNTÁRIA. LEI 9.656/98. I. Não se divisa violação do citado benefício, nos moldes previstos nos arts. 30 e 31 da Lei nº
decidiu a controvérsia com base no disposto no art. 31 da Lei As reclamadas, em peça de defesa apresentada conjuntamente (fls.
9.656/98, que prevê o direito do empregado aposentado que 235/246) defendem que o reclamante aderiu ao plano de demissão
contribuiu por mais de dez anos à manutenção do mesmo Plano de voluntária especial (PDVE) proposto, tendo sido desligado em razão
Saúde de que era beneficiário. Assim, mantido pela empresa o desta adesão em 11/09/2017, estando explícito no item 7.4 do
Plano de Saúde para o qual o Reclamante vinha contribuindo, não Regulamento do PDVE que os empregados que aderissem ao
há amparo legal para que se exija a adesão a outro Plano de PDVE fariam jus ao plano de saúde pelo período máximo de 18
caráter privado. II. Ademais, quanto à existência de cláusula em meses. Menciona, ainda, que a CCT da categoria dos bancários
sentido contrário no PDV, o Tribunal registrou e concluiu também somente garante o Plano de Saúde aos funcionários
corretamente que "A r. Sentença julgou o pleito inicial procedente. ATIVOS e aos demitidos sem justa causa em prazo limitado.
Diante do preenchimento dos requisitos legais, o Recorrido teve o Acrescenta que o reclamante nunca pagou pelo plano de saúde,
convênio médico garantido até 31/03/2009. Por sua vez, a cláusula haja vista que este benefício é concedido aos funcionários do Grupo
nº 05 do acordo que gerou a rescisão do contrato de trabalho (fls. Bradesco na modalidade de CO- PARTICIPAÇÃO e não de
92) prevê que após 31/03/2009 o Recorrido poderia aderir ao plano contribuição.
de agregados Intermédica Sistema de Saúde Ltda., desde que À luz da legislação aplicável à espécie, extrai-se a improcedência
formalizasse o pedido em 30 dias do término do prazo supra. Houve dos pedidos formulados pelo reclamante. Explico.
manifestação do Reclamante em data posterior a 31/03/2009, em Incontroverso que o autor foi admitido em 14/05/1981 pelo antigo
24 de abril de 2009 (fls. 44/45) e 29 de abril de 2009 (fls. 46/91). Banco do Estado do Ceará - BEC S/A, incorporado pelo Banco
Considera-se, portanto, preenchidos os requisitos do art. 31 da lei nº reclamado em 15/05/2006, de onde foi desligado em 11/09/2017.
9.656/98, regulamentado pelo parágrafo 6º da Resolução CONSU Inconteste, ainda, que o reclamante aderiu voluntariamente ao
nº 21/99.-Agravo de instrumento a que se nega provimento". (TST, PDVE, não havendo qualquer alegação de vício ou coação, com
AIRR - 1390-46.2010.5.02.0463, Relator Desembargador formalização do TRCT entre as partes e a manutenção do plano de
Convocado: Paulo Américo Maia de Vasconcelos Filho, Data de saúde pelo período de 18 (dezoito) meses após o encerramento do
Julgamento: 01/10/2014, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT contrato. Incontroverso, inclusive, que o plano se dava em regime
Dessa sorte, tem o reclamante razão, pelo que se reforma a que arcava com contribuições ordinárias mensais, independentes
de saúde do reclamante, nas exatas condições em que gozava Apenas a título de esclarecimento, ressalto que após a incorporação
quando da vigência do contrato de trabalho, não obstante este do BEC pelo BRADESCO, houve a migração dos empregados do
assuma o seu pagamento integral. Banco sucedido para o novo plano de saúde (Bradesco Saúde)
Voto vencido do Exmo. Des. Relator CLAUDIO SOARES PIRES, contratado pelo sucessor.
nas partes em que fora vencido: A questão posta a lume encontra-se disciplinada pela Lei n.
Apreciando o tema destacado, concluiu o juízo sentenciante (ID requisitos exigidos para a manutenção do benefício em questão são
a contribuição para o plano de saúde durante 10 (dez) anos e o Registre-se, ademais, que os contracheques do reclamante,
custeio integral, pelo aposentado, após a sua jubilação. Vejamos: acostados às fls. 174/175, referentes aos meses de maio/2006,
Art. 31. Ao aposentado que contribuir para produtos de que tratam o junho/2006, março/2007 e abril/2007 (posteriores à incorporação do
inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei, em decorrência de vínculo BEC pelo BRADESCO) demonstram que este não pagava
empregatício, pelo prazo mínimo de dez anos, é assegurado o mensalmente parcela do plano de saúde. Portanto, não contribuía.
direito de manutenção como beneficiário, nas mesmas condições de Assim, inexistindo contribuição do reclamante, ainda que parcial, no
cobertura assistencial de que gozava quando da vigência do custeio do plano de saúde ofertado pelo empregador, não há como
contrato de trabalho, desde que assuma o seu pagamento integral. se assegurar ao mesmo tal benefício.
§ 1o Ao aposentado que contribuir para planos coletivos de Ressalto que tal entendimento é reforçado pelo teor do §1º do art.
assistência à saúde por período inferior ao estabelecido no caput é 6º da Resolução Normativa 279/2011 da Agência Nacional de
assegurado o direito de manutenção como beneficiário, à razão de Saúde, que, de forma definitiva, esclareceu que os direitos previstos
um ano para cada ano de contribuição, desde que assuma o nos arts. 30 e 31 da Lei 9.656/98, não se aplicam na hipótese de
pagamento integral do mesmo. planos privados de assistência à saúde em que ocorra apenas a
No entanto, em que pese o autor ter sido beneficiário do plano de coparticipação do empregado.
saúde disponibilizado pelo seu empregador por mais de 10 (dez) "Os direitos previstos nos arts. 30 e 31 da Lei nº 9.656, de 1998,
anos, o mesmo não contribuía, ao menos em parte, para o custeio não se aplicam na hipótese de planos
de tal benesse, vez que, conforme confessado na inicial, o plano era privados de assistência à saúde com característica de preço pós
integralmente custeado pelo empregador, ocorrendo apenas a estabelecido na modalidade de custo operacional, uma vez que a
coparticipação do empregado quando da utilização dos serviços, participação do empregado se dá apenas no pagamento de co-
fato que atrai a aplicação do §6º, do art. 30, da Lei 9.565/98, que participação ou franquia em procedimentos, como fator de
Art. 30. Ao consumidor que contribuir para produtos de que tratam o odontológica".
inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei, em decorrência de vínculo Diante do impeditivo expressamente estabelecido na própria lei
empregatício, no caso de rescisão ou exoneração do contrato de utilizada como fundamento pelo reclamante, e considerando que
trabalho sem justa causa, é assegurado o direito de manter sua este, desde a petição inicial, informou que realizava apenas aportes
condição de beneficiário, nas mesmas condições de cobertura eventuais, quando da realização de procedimentos específicos,
assistencial de que gozava quando da vigência do contrato de outra alternativa não há, a não ser reconhecer que, ao menos para
trabalho, desde que assuma o seu pagamento integral. os fins desta lei, não se considera que o autor tenha contribuído
§ 6o Nos planos coletivos custeados integralmente pela empresa, não detém o direito de manter o plano nos moldes em que dele
não é considerada contribuição a co-participação do consumidor, usufruiu quando vigente o contrato de trabalho.
única e exclusivamente, em procedimentos, como fator de Nessa mesma linha de raciocínio, segue a jurisprudência do E. TRT
moderação, na utilização dos serviços de assistência médica ou 7ª Região/CE em casos semelhantes, em que figuram no polo
Saliente-se, por oportuno, que a coparticipação possui natureza "MANUTENÇÃO DO PLANO DE SAÚDE APÓS A RUPTURA
a atuar como um mecanismo de inibição do uso dos procedimentos CONTRIBUIÇÃO DO EMPREGADO. IMPOSSIBILIDADE. Nos
médicos hospitalares, por isso é tratado como fator moderador. A termos dos artigos 30 e 31, da Lei 9.656/1998, é necessário que o
Coparticipação somente é devida pelo usuário do plano de saúde empregado, para fazer jus à manutenção do plano de saúde após a
ou odontológico quando há a efetiva utilização do serviço médico ruptura contratual ou aposentadoria, tenha, durante a vigência do
hospitalar. Tal diferenciação entre as parcelas "contribuição" e contrato de trabalho, contribuído, ainda que parcialmente, para o
"coparticipação" é inclusive reconhecida pela Lei, que custeio do plano ofertado pela empregadora. Entretanto, a lei
expressamente no parágrafo sexto supratranscrito, giza que a ressalva que não se considera "contribuição do empregado" o valor
coparticipação em procedimentos de assistência médica não pago a título de coparticipação. A jurisprudência do C. TST já é
constitui contribuição do beneficiário para os efeitos do caput do art. firmada nesse sentido. E, no caso dos autos, restou incontroverso
operacionalizado exatamente por meio de coparticipação, razão contrato de trabalho ou após a extinção deste, e os pedidos
pela qual a parte autora efetivamente não faz jus à manutenção do consectários, conforme requerido na inicial, por falta de amparo
plano, por qualquer período que seja." (Acórdão TRT 7ª Região-CE. legal, restando, por via de consequência, revogada a tutela de
RO-0001704-24.2016.5.07.0016. Rel. Desemb. FRANCISCO urgência deferida em ata de audiência (fls. 839/840)."
TARCISIO GUEDES LIMA VERDE JUNIOR, decisão publicada no O reclamante, ora recorrente, manifesta no presente recurso
DEJT, edição de 19/10/2018). ordinário o seu inconformismo, alegando, em síntese: que preenche
"RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMANTE. MANUTENÇÃO DO todos os requisitos ditados pela Lei 9.656/98 e pela Resolução
PLANO DE SAÚDE COLETIVO APÓS A RUPTURA DO PACTO Normativa nº 279, de 24/11/2011 da ANS; que contribuiu por mais
LABORAL. AUSÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES DO BENEFICIÁRIO de 10(dez) anos para o plano de saúde denominado no banco
PARA O CUSTEIO DO PLANO NO CURSO DA RELAÇÃO DE sucedido (BEC) como FAMED; que a partir de maio/2006
EMPREGO. COPARTICIPAÇÃO. INAPLICABILIDADE DO DIREITO unilateralmente o Banco Bradesco resolveu não mais descontar
DE PERMANÊNCIA PREVISTO NA LEI Nº. 9.656/98. REJEIÇÃO contribuição para o FAMED, passando o ex-obreiro a integrar o
DO PLEITO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA RECORRIDA.A plano de saúde denominado BRADESCO SAÚDE; que é portador
manutenção do plano de saúde do empregado aposentado ou de doença ocupacional, necessitando por tempo indeterminado de
dispensado sem justa causa, nos termos dos arts. 30 e 31 da Lei tratamento médico; que o fato de não ter contribuído mensalmente
9.656/98, pressupõe a realização de contribuição do obreiro para o para o plano de saúde e dental do BRADESCO SAÚDE S/A, não
custeio do plano por no mínimo 10 (dez) anos durante a vigência do afasta o límpido direito a manutenção do plano de saúde e dental,
contrato de trabalho, não sendo considerados contribuição os visto que a sua contribuição para o BRADESCO SAÚDE ocorria
descontos realizados apenas a título de coparticipação, nos termos indiretamente, em face da contraprestação laboral prestada ao
do § 6º do artigo 30 da retromencionada lei. Sentença mantida. Reclamado (Banco Bradesco), além do que tinha a coparticipação
Recurso conhecido e não provido." (Acórdão TRT 7ª Região-CE. mensal, quando da utilização do prefalado plano de saúde e dental.
TEOFILO FURTADO, decisão publicada no DEJT, edição de Em se tratando de processo submetido ao rito sumaríssimo, a
Além do mais, impende salientar que é válida a rescisão contratual quanto basta para a plenitude da prestação jurisdicional. Inteligência
por adesão ao programa de desligamento voluntário (PDVE), do art. 895, § 1º, inciso IV, da CLT.
praticado pela empresa, quando não há prova ou indício concreto Esta é a hipótese do presente feito, porquanto as razões de decidir
de vício de consentimento, que fica definitivamente afastado diante expostas na sentença se mostram suficientes para a rejeição do
da assistência da entidade sindical, quer no momento da adesão, recurso interposto. Pela análise dos autos, verifica-se que a
quer no momento da homologação rescisória. sentença recorrida não carece de reparo, já que esquadrinhados
In casu, tendo o empregado aderido voluntariamente ao PDVE todos os aspectos abordados pela parte recorrente. Assim, diante
promovido pelo Banco, é de se reputar regularmente extinto o de tal circunstância, e considerando-se a disposição legal supra
contrato de trabalho a partir da data estipulada no acordo. Soa-me aludida, pede-se vênia para manter a decisão vergastada por seus
consignadas no regulamento, previstas para se encerrar em breve. De toda sorte, calha acrescer, por oportuno, que examinei idêntica
Inobstante a ausência do regulamento do PDVE neste encadernado situação no Processo nº 0001789-73.2017.5.07.0016, que resultou
norma exaustivamente na contestação. Analisando a peça "RECURSO ORDINÁRIO. PLANO DE SAÚDE CUSTEADO PELO
defensiva, verifico que referido item, que trata do plano de saúde e EMPREGADOR. MANUTENÇÃO APÓS A EXTINÇÃO DO
do desligamento voluntário, deixa claro que a benesse outrora CONTRATO DE TRABALHO. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE
concedida (plano de saúde) iria se manter por no máximo 18 CONTRIBUIÇÃO. Em caso de plano de saúde integralmente
(dezoito) meses. E o descumprimento de referida norma não foi custeado pela banco reclamado, é incabível a sua manutenção
cogitado no presente feito, destaque-se. após o término do contrato de trabalho, valendo ressaltar que
Ante o exposto, à luz da prova que instruiu a presente demanda, descontos efetivados a título de coparticipação não são
torna-se impositivo indeferir o pedido para manutenção do referido considerados como contribuição, nos termos do artigo 30, § 6º, da
plano em favor da parte autora, nas condições existentes durante o Lei nº 9.656/98, que dispõe sobre planos e seguros privados de
assistência à saúde. Recurso ordinário conhecido e improvido". o inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei, em decorrência de vínculo
(ACÓRDÃO - 0001789-73.2017.5.07.0016, Rel. Des. Claudio empregatício, pelo prazo mínimo de dez anos, é assegurado o
Soares Pires, 2ª Turma de Julgamento, Julgado em: 01 out. 2018, direito de manutenção como beneficiário, nas mesmas condições de
Publicado em: 02 out. 2018). cobertura assistencial de que gozava quando da vigência do
Esta 2ª Turma de Julgamento apreciou semelhante demanda, sob contrato de trabalho, desde que assuma o seu pagamento integral.
proficiente relatoria do Desembargador Antonio Marques § 1o Ao aposentado que contribuir para planos coletivos de
Cavalcante Filho, como deflui das razões contidas no Acórdão assistência à saúde por período inferior ao estabelecido no caput é
"Cinge-se a controvérsia em se saber se o ex-empregado um ano para cada ano de contribuição, desde que assuma o
de coparticipação há mais de 10 anos, possui o direito de manter, § 2o Para gozo do direito assegurado neste artigo, observar-se-ão
após a rescisão imotivada de seu contrato, referida assistência. as mesmas condições estabelecidas nos §§ 2o, 3o, 4o, 5o e 6o do
art. 30 e 31 da Lei nº. 9.656/98 e em sua norma regulamentadora, § 3o Para gozo do direito assegurado neste artigo, observar-se-ão
Resolução Normativa nº 279, artigos 2º e 6º, da ANS (Agência as mesmas condições estabelecidas nos §§ 2o e 4o do art. 30."
Nacional de Saúde Suplementar), abaixo reproduzidos: "Art. 2º Para os efeitos desta Resolução, considera-se:
"Art. 30. Ao consumidor que contribuir para produtos de que tratam I - contribuição: qualquer valor pago pelo empregado, inclusive com
o inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei, em decorrência de vínculo desconto em folha de pagamento, para custear parte ou a
empregatício, no caso de rescisão ou exoneração do contrato de integralidade da contraprestação pecuniária de seu plano privado de
trabalho sem justa causa, é assegurado o direito de manter sua assistência à saúde oferecido pelo empregador em decorrência de
condição de beneficiário, nas mesmas condições de cobertura vínculo empregatício, à exceção dos valores relacionados aos
assistencial de que gozava quando da vigência do contrato de dependentes e agregados e à co-participação ou franquia paga
trabalho, desde que assuma o seu pagamento integral. única e exclusivamente em procedimentos, como fator de
§ 1o O período de manutenção da condição de beneficiário a que se moderação, na utilização dos serviços de assistência médica ou
produtos de que tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o, ou sucessores, "Art. 6º Para fins dos direitos previstos nos artigos 30 e 31 da Lei nº
com um mínimo assegurado de seis meses e um máximo de vinte e 9.656, de 1998, e observado o disposto no inciso I do artigo 2º
§ 2o A manutenção de que trata este artigo é extensiva, de valor fixo, conforme periodicidade contratada, assumido pelo
obrigatoriamente, a todo o grupo familiar inscrito quando da vigência empregado que foi incluído em outro plano privado de assistência à
§ 3o Em caso de morte do titular, o direito de permanência é disponibilizado sem a sua participação financeira.
assegurado aos dependentes cobertos pelo plano ou seguro § 1º Os direitos previstos nos artigos 30 e 31 da Lei nº 9.656, de
privado coletivo de assistência à saúde, nos termos do disposto 1998, não se aplicam na hipótese de planos privados de assistência
§ 4o O direito assegurado neste artigo não exclui vantagens obtidas modalidade de custo operacional, uma vez que a participação do
§ 5o A condição prevista no caput deste artigo deixará de existir dos serviços de assistência médica ou odontológica.
quando da admissão do consumidor titular em novo emprego. Diante do acima exposto, infere-se, portanto, que o funcionário
§ 6o Nos planos coletivos custeados integralmente pela empresa, demitido ou exonerado sem justa causa bem como o aposentado
não é considerada contribuição a co-participação do consumidor, poderão permanecer no plano médico coletivo empresarial
única e exclusivamente, em procedimentos, como fator de usufruído quando da vigência do pacto laboral, desde que assumam
moderação, na utilização dos serviços de assistência médica ou as prestações antes imputadas ao empregador e tenham
"Art. 31. Ao aposentado que contribuir para produtos de que tratam Depreende-se ainda dos regramentos retro mencionados que a
parte da mensalidade devida ao Plano de Saúde. Ante o exposto, voto pelo conhecimento do Recurso Ordinário e, no
Nesse mesmo sentido o entendimento do C.TST, in verbis: mérito, dar-lhe provimento, para assegurar ao reclamante o direito
Ementa: RECURSO DE REVISTA. CESSAÇÃO DO CONTRATO de manutenção do plano de saúde empresarial próprio e de seus
DE TRABALHO. APOSENTADORIA. MANUTENÇÃO DO PLANO dependentes, mediante custeio integral das mensalidades devidas à
DE SAÚDE COLETIVO DE AUTOGESTÃO. ELETROSUL. seguradora Bradesco Saúde S.A., nas mesmas condições de
DESCABIMENTO. Efetivamente os artigos 30 e 31 da Lei nº 9.656 cobertura assistencial de que gozava quando da vigência do
/98 garante a manutenção de plano de saúde pelo empregado após contrato de trabalho. Custas revertidas pelos reclamados.
hipótese legal de manutenção, após a cessação do contrato de REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade,
trabalho, de plano de saúde mantido pelo empregador, pois não se conhecer do Recurso Ordinário e, por maioria, dar-lhe provimento,
satisfaz a condição legal para tanto, relativa ao custeio integral do para assegurar ao reclamante o direito de manutenção do plano de
plano pelo interessado. Precedentes. Recurso de revista não saúde empresarial próprio e de seus dependentes, mediante custeio
conhecido. (TST - RECURSO DE REVISTA RR integral das mensalidades devidas à seguradora Bradesco Saúde
12676220145120032 (TST) Data de publicação: 19/02/2016". S.A., nas mesmas condições de cobertura assistencial de que
No caso dos autos, há comprovação inequívoca de haver o gozava quando da vigência do contrato de trabalho. Custas
empregador custeado integralmente o plano médico do autor e este revertidas pelos reclamados. Vencido o Desembargador Relator,
atuado apenas em coparticipação. que mantinha a sentença recorrida pelos seus próprios
Nesse compasso, restando ausente um dos requisitos essenciais fundamentos. Redigirá o acórdão o Desembargador Francisco José
para a manutenção do benefício assistencial fornecido pelo Gomes da Silva, com a integração do voto vencido.
empregador, qual seja, a contribuição assistencial por parte do Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
empregado, inarredável a improcedência do pleito autoral." Francisco José Gomes da Silva (Presidente),Cláudio Soares Pires
Perfilho e adoto os fundamentos acima delineados como razão de (Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a).
improver o recurso do reclamante, mantendo a sentença recorrida Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho.
trabalhadas.
parte reclamante, que não teria comprovado o preenchimento dos ensejo a abusos quanto à jornada de trabalho, sob o pálido
requisitos legais para a obtenção desse direito. argumento de que a função é de confiança e que, portanto, o
Finalmente, pugna pela aplicação de correção monetária segundo empregado bancário ocupante desse tipo de cargo não está sujeito
os índices da TR e que se façam as deduções fiscais e à carga horária especial de seis horas diárias.
A autora interpõe o Recurso Ordinário de ID 216e869, requerendo o comandava equipes, não tinha poder de mando, não tinha
pagamento integral da PLR de 2017, sob a alegação de que, uma procuração em nome do banco, não tinha autonomia para conceder
vez considerado o prazo de projeção do aviso prévio indenizado, o empréstimos, ou seja, era apenas um empregado comum.
termo de seu contrato de trabalho teria ocorrido apenas em O título de "Gerente de Relacionamento Prime II" é pomposo,
A par disso, busca a aplicação de correção monetária pelo Índice de esta desenvolvia atividade meramente técnica, sem grau de fidúcia
Preços ao Consumidor Amplo - Especial (IPCA-E). especial, revelando retro referido título, apenas, uma tentativa
Contrarrazões, apenas do reclamado, no ID 3997ce3. frustrada de contornar o limite legal (seis horas), impondo-lhe uma
Atendidos os respectivos pressupostos legais, merecem que o empréstimo é autorizado pelo gerente geral; que a última
conhecimento ambos os Recursos. palavra no comitê de crédito é do gerente geral; que os caixas,
2.1.1 DA SÉTIMA E OITAVA HORAS COMO EXTRAS. DO função do gerente de relacionamento fiscalizar o trabalho dos
ALEGADO EXERCÍCIO DE FUNÇÃO DE CONFIANÇA. caixas e supervisores, não sabendo informar se a reclamante o
Pretende o Bradesco a reforma da Sentença que o condenou ao fazia; que a avaliação do gerente assistente é feita pelo gerente
pagamento, como extras, das sétima e oitava horas laboradas, geral, também comunicando a este as suas ausências;que a
diariamente, pela reclamante, ao argumento de que o exercício do reclamante tinha alçada, como todos; que alçada são limites de
mister de Gerente de Relacionamento Prime II se caracterizava liberação, de acordo com a função; que as alçadas relacionam-se
como função de confiança, a justificar seu enquadramento no com operações feitas no caixa." (Ata ID 13d0a83; grifos inexistentes
É cediço que a excepcionalidade prevista no art. 224 celetário, Os depoimentos das testemunhas indicadas pela reclamante e pelo
específica em relação à categoria dos bancários, é taxativa ao Banco seguem na mesma direção, como se pode ver a seguir:
permitir o extrapolamento da jornada máxima de seis horas para "Que trabalhou com a reclamante na Agência Prime Aldeota, que
quem exercer funções de direção, gerência, fiscalização, chefia e fica na Av. Santos Dumont; que a reclamante era Gerente de
equivalentes ou outros cargos de confiança e perceber gratificação Relacionamento Prime, fazia visitas comerciais, atendimento,
não inferior a 1/3 do salário. prospecção de abertura de contas; que a reclamante não tinha
Todavia, como é de óbvia sabença, hodiernamente, no mundo subordinados; que o gerente geral tem a palavra final no Comitê de
corporativo, prolifera o termo "gerente", acompanhado das mais Crédito; que os caixas, supervisores, auxiliares de serviços são
diversas qualificações (gerente de marketing; gerente de operação; subordinados ao gerente administrativo; que o gerente assistente é
gerente de tráfego; gerente de relacionamento; gerente de contas; subordinado ao gerente geral; que nunca viu a reclamante assinar
gerente comercial etc.), sem que, na realidade, o empregado assim cheque administrativo; que a reclamante tinha alçada para
denominado tenha um mínimo poder de decisão ou mesmo desbloqueio das operações no caixa; que não sabe informar o nível
autonomia e destaque, não passando de um trabalho meramente do cartão da reclamante, o da depoente era 85, como gerente
Ora, é evidente que esse tipo de estratégia patronal tem dado hierárquicos; que a reclamante tinha assinatura autorizada, ela não
podia autorizar pagamento de cheque sem provisão de saldo; que a também comunicavam ao gerente geral; que a reclamante não tinha
reclamante não tinha poderes para punir empregados, nem para poderes para aplicar punição, não admitia nem demitia
demitir e admitir, não tinha acesso a informações sigilosas do empregados." (Ata ID 13d0a83; grifos inexistentes no original).
Banco." Dada a palavra ao patrono da reclamada: "Que o gerente O conjunto probatório acima transcrito permite formar convicção
geral fazia a divisão da demanda para os gerentes assistentes; que segura de que as atribuições de "Gerente de Relacionamento Prime
com autorização do gerente geral, o gerente de relacionamento II" são meramente técnicas, desprovidas de elementos que
apresentava demanda ao gerente assistente; que acredita que o qualifiquem tais funções como cargos de confiança.
cartão de acesso ao sistema da reclamante tinha um valor de A gratificação percebida pelo exercício das atribuições respectivas
desbloqueio superior ao do caixa; que na agência onde trabalho a remunera apenas o trabalho exercido com maiores
hierarquia era: gerente geral, gerente administrativo e os demais; responsabilidades, sem revelar grau de confiança destacada, como
que caixas e escriturários estavam no mesmo nível do Gerente de pretende fazer crer o Banco demandado e entendeu a Magistrada
Relacionamento Prime; que a reclamante não delegava demanda sentenciante, daí se ter por inadmissível o enquadramento do
para caixas e escriturários; ela participava do Comitê de Crédito, reclamante na excepcionalidade prevista no § 2º do artigo 224 da
prospecção de clientes." (Ata ID 13d0a83; grifos inexistentes no Pensar de forma diferente, data venia, serviria para incentivar o
"Que trabalhou com a reclamante, ela como gerente de agências, a ponto de chegar em determinado momento em que só
relacionamento e a depoente como gerente assistente; que recebia existirão empregados gerentes, fazendo letra morta da norma legal
pedidos e demandas por parte da reclamante, de quem era da jornada de seis horas.
subordinada; que a reclamante possuía assinatura autorizada; que Aliás, a Corte Superior da Justiça Laboral, em processos análogos,
a reclamante assinava contratos de abertura de contas juntamente movidos contra entidades bancárias, já se pronunciou no mesmo
com a gerente geral, caixas e escriturários não o faziam; que não sentido. Observe-se:
sabe dizer ao certo o nível do cartão da reclamante, mas era "AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.
superior aos dos caixas; que quando o pedido de crédito do cliente PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014 E ANTERIOR À
é superior a alçada do gerente de relacionamento, a análise era LEI 13.467/2017. 1. MULTA DO ART. 523, §1º, DO CPC/2015
feita pelo próprio gerente de relacionamento; que a hierarquia era: (ART. 475-J DO CPC/1973). 2. BANCÁRIO. CARGO DE
gerente geral, gerente de relacionamento, gerente assistente, caixa CONFIANÇA. ART. 224, § 2º, DA CLT. CARACTERIZAÇÃO.
e escriturário; na área administrativa: gerente administrativo e MATÉRIA FÁTICA. SÚMULAS 102, I E 126/TST. 3. HORAS
supervisor; que a reclamante tinha acesso às informações EXTRAS. DIVISOR. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL. 4.
confidenciais dos clientes e do banco; que a reclamante avaliava a DANO MORAL. VALOR DA INDENIZAÇÃO. O cargo de confiança
melhor garantia ser constituída; que acredita que a reclamante no Direito do Trabalho recebeu explícita tipificação legal, quer no
possuía a certificação AMBIMA, para poder atuar na área de padrão amplo do art. 62, II, da CLT, quer no tipo jurídico específico
investimento." Dada a palavra ao patrono do reclamante: "Que o bancário do art. 224, § 2º, da Consolidação. Para enquadrar o
gerente geral é quem autoriza a abertura de contas; que a liberação empregado nas disposições contidas no art. 224, § 2º, da CLT, é
de crédito pode ser feita pelo gerente de contas dentro da sua necessário ficar comprovado que ele exercia, efetivamente, as
alçada, acima só pelo gerente geral; que o gerente geral pode vetar funções aptas a caracterizar o cargo de confiança e, ainda, que elas
operação no limite da alçada do subordinado; que a palavra final no se revestiam de fidúcia especial, que extrapola aquela básica,
Comitê de Crédito é do gerente geral; que todos que trabalham na inerente a qualquer empregado. No caso concreto, o Tribunal
agência são subordinados ao gerente geral; que o gerente geral faz Regional, amparado no conjunto probatório produzido nos autos,
a avaliação de desempenho do gerente assistente; que no tempo concluiu que o Reclamante não se enquadra no art. 224, § 2º, da
que a reclamante trabalhou havia entre 7 a 5 gerentes de CLT. Para tanto, asseverou que: "No caso, o réu insiste que se
relacionamento; que os gerentes de relacionamento passavam desvencilhou de seu ônus. Porém, não é o que se extrai da prova
serviço para o assistente; que o gerente assistente era fiscalizado oral, a qual revela que o autor não contava com subordinados, não
pelos gerentes de relacionamento ou gerente geral, não havia um tinha alçada especial e tampouco poderes que o diferenciasse dos
critério específico; que quando o gerente assistente precisava se demais empregados". Acrescentou que "a prova oral não permite se
ausentar comunicava ao gerente geral, os caixas e supervisores reconheça que o autor contava com poderes que a diferenciavam
dos demais empregados, mostra-se correta a sentença na parte em do art. 373, II, do CPC. Não se tem por comprovado o exercício da
que não reconheceu seu enquadramento na exceção do artigo 224, função de confiança a que se refere o art. 224, § 2º, da CLT
§ 2º, da CLT". Diante desses dados fáticos, constata-se que o (Súmula 102/TST), quando revelam as provas dos autos, todavia,
Reclamante não ocupava típico cargo de confiança bancário, nos tarefas corriqueiras acometidas à obreira, sem qualquer fidúcia.
moldes do art. 224, § 2º, da CLT, pois ficou comprovado que as (...)." (TRT-7 - RO: 00010708020155070010, Relator: CLAUDIO
funções exercidas delineavam-se como meramente técnicas, sem SOARES PIRES, Data de Julgamento: 17/09/2018, Data de
maior grau de fidúcia. Para que se pudesse chegar, se fosse o "FUNÇÃO DE CONFIANÇA NÃO CARACTERIZADA - HORAS
caso, a conclusão fática diversa, seria necessário o revolvimento do EXTRAS DEVIDAS. Apesar de o autor laborar 08 (oito) horas
conteúdo fático-probatório constante dos autos, o que fica diárias e perceber gratificação pelo exercício da função de Gerente,
inviabilizado nesta instância recursal, nos termos das Súmulas 102, superior a 1/3 do salário do cargo efetivo, não há que se enquadrar
I e 126/TST. Agravo de instrumento desprovido." (AIRR - 522- o caso da presente lide na exceção do § 2º do art. 224, da CLT, vez
50.2014.5.09.0005, Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado, que não restou comprovada nos autos qualquer relação entre as
Data de Julgamento: 18/12/2018, 3ª Turma, Data de Publicação: atividades por ele desempenhadas e aquelas típicas dos que
CONFIANÇA - ART. 62, II, DA CLT - ART. 224, § 2º, DA CLT. O JUNIOR, Data de Julgamento: 22/01/2018, Data de Publicação:
testemunhais, registrou quadro fático segundo o qual o reclamante Destarte, merece confirmação a r. Sentença recorrida, que deferiu o
"não possuía poderes para liberar ou realizar operações com total pagamento, como extras, das sétima e oitava horas trabalhadas,
autonomia, tampouco praticar atos isoladamente, sem qualquer relativamente ao lapso temporal a salvo da prescrição quinquenal.
autorização colegiada ou superior". Concluiu que o reclamante não Frise-se a insubsistência do pleito recursal de se efetuar a
dispunha de poderes diferenciados em relação aos demais compensação da gratificação de função paga à autora com as horas
empregados, razão pela qual afastou o enquadramento nos cargos extras aqui ratificadas, haja vista que referido adicional
de confiança previstos nos art. 62, II, da CLT e 224, § 2º, da CLT. estipendiário, percebido em razão do exercício das atribuições de
Diante dessas premissas fáticas, insuscetíveis de reapreciação em Gerente de Relacionamento, remunerava, apenas, o trabalho
sede extraordinária, não há como se vislumbrar contrariedade à exercido com maiores responsabilidades, não o excesso de jornada.
Súmula nº 287 do TST, que trata da presunção juris tantum dos O divisor a ser aplicado para o cálculo das horas extras é,
poderes de gestão do gerente geral de agência que, no caso, restou efetivamente, 180, em razão do direito da autora à jornada de
afastada pela prova produzida nos autos. Igualmente em relação ao trabalho de seis horas diárias, conforme decidiu o Colendo Tribunal
cargo de confiança previsto no art. 224, § 2º, da CLT, registrado Superior do Trabalho, em sede de Incidente de Recursos
pelo Tribunal Regional que não havia diferenciação de poderes Repetitivos (Processo nº 0000849-83.2013.5.03.0138).
entre o reclamante e os demais empregados no exercício das suas De se esclarecer que a habitualidade da extrapolação de jornada
atribuições, o conhecimento do recurso de revista esbarra no óbice impõe que se defiram os reflexos legais, inclusive sobre o repouso
da Súmula nº 102, I, do TST. Recurso de revista não conhecido. semanal remunerado, que abrange sábados, domingos e feriados,
(...)." (RR - 681-55.2011.5.02.0049, Relator Ministro: Luiz Philippe conforme assentado na Sentença de origem.
Vieira de Mello Filho, Data de Julgamento: 31/08/2016, 7ª Turma, Destaque-se que o § 1º da Cláusula Oitava da CCT 2016/2018 da
Data de Publicação: DEJT 09/09/2016). Categoria Profissional da reclamante, assim como nas normas
Há precedentes, também, neste Regional, conforme exemplificado coletivas anteriores, dispõe, literalmente, que as horas
"RECURSO ORDINÁRIO. 1 - RECURSO DA PARTE RECLAMADA. os bancos pagarão, também, o valor correspondente ao repouso
1.1 - HORAS EXTRAS. CARGO DE CONFIANÇA. ARTIGO 224, § semanal remunerado, inclusive sábados e feriados" (ID 68c9fdf,
BANCÁRIOS. Ao defender o exercício de tarefas suficientes para o Portanto, não se há cogitar da incidência do teor da Súmula 113 do
enquadramento do empregado no § 2º do art. 224 da CLT, atrai o C. TST, mantendo-se, portanto, a Decisão de Primeiro Grau nesse
Quanto ao pleito de que seja observada a evolução salarial, nada se em cumprimento ao disposto na Cláusula 1ª da CCT de 2016/2017
tem a apreciar, vez que assim já determinado na Sentença. (doc. ID 75aa720, pág. 02).
Não procede a insurgência recursal, também, no que tange à É fato que o termo rescisório contém pagamento de PLR, no
composição da base de cálculo das horas extras deferidas. entanto inexiste qualquer risco de pagamento a maior ou em
A CCT da categoria estabelece, no parágrafo segundo da Cláusula duplicidade, uma vez que a Sentença teve a prudência de condenar
8ª, que o valor da hora extra será calculado tomando por base "o nessa verba, mas autorizar, de logo, a devida compensação de
somatório de todas as verbas salariais fixas, entre outras, ordenado, valores adimplidos ao mesmo título.
adicional por tempo de serviço, gratificação de caixa e gratificação Portanto, nega-se provimento ao Recurso nesse particular.
A Sentença recorrida, acertadamente, determinou a inclusão, nessa Incensurável a concessão de honorários sucumbenciais em favor
merecendo endosso esse entendimento, posto constituir parcela Consoante os termos do art. 6º da Instrução Normativa nº 41/2018
percebida por prolongado período do contrato de trabalho que do Colendo TST, a condenação em honorários advocatícios
ostenta natureza jurídica semelhante à das gratificações sucumbenciais, prevista no art. 791-A da CLT, será aplicável,
expressamente nominadas na norma coletiva acima referida, à qual, apenas, às ações propostas após 11 de novembro de 2017, data
portanto, não se justifica que seja conferido tratamento distinto. em que passou a viger a Lei nº 13.467/2017 (Reforma Trabalhista),
Em assim, de se mantê-la na base de cálculo das horas que incluiu referido dispositivo legal ao Diploma Consolidado.
sobre a PLR, verba que é inteiramente desvinculada da Nesse compasso, observando-se o grau de zelo do profissional
remuneração, consoante prescreve a Constituição Federal. (acompanhamento do reclamante em audiência, prática de atos
Não prospera, no entanto, o pleito de exclusão da rubrica "Horas processuais tempestivos etc.), o lugar de prestação do serviço, a
Trata-se de vantagem que a reclamante já percebia quando de seu exigido para o seu serviço, inclusive com atuação no segundo grau,
vínculo empregatício com o Banco do Estado do Ceará - BEC, tem-se por cabível e justa a condenação do reclamado ao
posteriormente adquirido pelo Bradesco, sendo denominada pagamento da verba em apreço, no índice arbitrado na Sentença.
originalmente de "Prorr. Expediente Diurno" e remunerando as Registre-se ser improcedente a pretensão do Banco de ver
sétima e oitava horas trabalhadas. condenada a autora a lhe pagar honorários de advogado.
Ao suceder o BEC, o ora recorrente manteve essa verba, porém É que a ela fora deferida a gratuidade da Justiça, que compreende,
designando-a como "Horas extras integração". dentre outros benefícios, a isenção do pagamento de honorários
Nesse contexto, inafastável a ilação de que se trata de parcela advocatícios (inciso VI do § 1º do art. 98 do CPC).
salarial fixa da autora, eis que percebida de forma habitual e Evidentemente, as condições exigidas para a concessão da
ininterrupta, durante mais de vinte anos. supracitada garantia, de patamar, aliás, constitucional (inciso LXXIV
Em suma, acolhe-se parcialmente o apelo do Bradesco, no do artigo 5º da Constituição Federal), são aquelas demonstradas
concernente às horas extras, para os fins de excluir da base de quando do ajuizamento da Ação ou do respectivo requerimento e,
cálculo a "Gratificação de Função Chefia" e retirar da condenação uma vez tidas por provadas pelo Órgão Julgador, faz jus a parte
os reflexos sobre a PLR. requerente à integralidade dos benefícios assegurados em lei, sob
2.1.2 Da PLR proporcional de 2017 pena de se erigir obstáculo ao livre acesso à Justiça.
A Sentença deferiu à reclamante o pagamento da PLR de 2017, na Nesse contexto, uma vez sendo a reclamante, repita-se, beneficiário
proporção de 8/12, autorizando a compensação do valor recebido da gratuidade judiciária, mostra-se incompatível qualquer
O Banco recorrente alega haver quitado regularmente essa verba, principalmente as que venham a impedir ou dificultar que as
apontando como prova o contracheque do mês de fevereiro de 2017 pessoas sem recursos financeiros tenham acesso ao Judiciário,
Todavia, o valor pago constante do referido contracheque sentirem lesadas em seus direitos.
corresponde à PLR de 2016, que é quitada nesse mês de fevereiro, Destarte, nega-se provimento ao apelo do reclamado, uma vez
mais. não prestou efetivamente serviços, motivo pelo qual não contribuiu
2.1.4 Do índice de correção monetária e dos descontos fiscais e para a obtenção dos resultados positivos da empresa. Ocorre que
Por se tratar de matéria que é objeto do Recurso Ordinário reiteradamente no sentido contrário, ou seja, de que o aviso prévio
interposto pela reclamante, deixa-se para discutir a correção indenizado integra o contrato de trabalho para todos os efeitos, nos
monetária quando do exame meritório desta insurgência. termos do artigo 487, § 1º, da CLT e da Orientação Jurisprudencial
Consigne-se, no que tange às deduções a título de imposto de nº 82 da SBDI-1, inclusive para o pagamento proporcional da
renda e contribuições previdenciárias, que tais já foram participação nos lucros e resultados. Recurso de revista de que se
devidamente ordenadas no dispositivo sentencial, nada se tendo a conhece e a que se dá provimento" (ARR-10070-
2.2.1 Do pedido de pagamento integral da PLR de 2017 "(...) RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA. LEI 13.467/2017.
A reclamante persegue o pagamento da integralidade da PLR do PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS SOBRE
ano de 2017, ao argumento de que seu contrato de trabalho, PROJEÇÃO DO AVISO PRÉVIO INDENIZADO.
considerando-se o prazo de projeção do aviso prévio indenizado, TRANSCENDÊNCIA. O processamento do recurso de revista na
somente se encerrou em 03/01/2018, restando, pois, abrangido todo vigência da Lei 13.467/2017 exige que a causa ofereça
Assiste-lhe razão. econômica, política, social ou jurídica, a qual deve ser analisada de
Sabe-se, à luz do § 1º do art. 487 da CLT, que o aviso prévio, ainda ofício e previamente pelo Relator (artigos 896-A, da CLT, 246 e 247
que indenizado, integra o tempo de serviço do empregado para do RITST). A pretensão deduzida na causa é a exclusão do
Cumpre lembrar, ademais, a OJ 82 da SBDI-1 do Colendo TST, referente ao exercício de 2014. O Eg. TRT decidiu que o período de
segundo a qual "A data de saída a ser anotada na CTPS deve aviso prévio integra o tempo de serviço para todos os efeitos legais,
corresponder à do término do prazo do aviso prévio, ainda que não existindo distinção entre o aviso prévio trabalhado e o
Dito isso, é seguro concluir que o cálculo da PLR deve levar em direito a PLR do exercício de 2014 de forma proporcional. A decisão
consideração todo o período do contrato, inclusive o ficto decorrente recorrida guarda consonância com a jurisprudência desta c. Corte,
da projeção do aviso prévio, que é tido como se trabalhado fosse. que firmou o entendimento de que o aviso prévio, ainda que
Nessa direção tem decidido, reiteradamente, o Colendo TST, indenizado, integra o tempo de serviço do empregado para todos os
conforme ementas abaixo: efeitos. A matéria debatida não possui transcendência econômica,
"(...) 2. INTEGRAÇÃO E PROJEÇÃO DO AVISO PRÉVIO política, jurídica ou social. Transcendência não reconhecida.
INDENIZADO PARA EFEITO DE CÁLCULO DA PLR. O aviso Recurso de revista de que não se conhece" (ARR-11238-
prévio, ainda que indenizado, integra o tempo de serviço, projetando 04.2015.5.03.0027, 6ª Turma, Relatora Desembargadora
o contrato de trabalho até o final de seu período, inclusive para o Convocada Cilene Ferreira Amaro Santos, DEJT 07/06/2019).
cômputo da parcela PLR. Inteligência da Orientação Jurisprudencial "AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.
82 da SBDI-1 do TST. Recurso de revista conhecido e provido" APELO INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI N.º 13.105/2015
(ARR-201-53.2015.5.03.0035, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto (NOVO CPC). PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS
Luiz Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 06/12/2019). (PLR). INCIDÊNCIA SOBRE O AVISO PRÉVIO INDENIZADO.
"(...) RECURSO DE REVISTA. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E POSSIBILIDADE. Cinge-se a controvérsia a saber se é possível a
RESULTADOS. PAGAMENTO PROPORCIONAL. PROJEÇÃO DO parcela PLR incidir sobre o aviso prévio indenizado. O Regional
AVISO PRÉVIO INDENIZADO. PROVIMENTO. O egrégio Tribunal deferiu o pagamento das diferenças do valor da Participação nos
Regional do Trabalho concluiu que não se justifica a consideração Lucros e Resultados do ano de 2015 sobre o aviso prévio
do aviso prévio indenizado no cômputo da participação nos lucros e indenizado. Incensurável a decisão. Com efeito, na forma do artigo
resultados proporcional. Partiu da premissa de que, embora o aviso 487, parágrafo 1.º, da CLT, o aviso prévio, ainda que indenizado,
prévio indenizado integre, por ficção legal, o tempo de serviço, não integra o tempo de serviço do empregado para todos os efeitos
há como deixar de reconhecer que, neste período, o trabalhador legais. De outra parte, na diretriz da Orientação Jurisprudencial nº
82 da SBDI-1, "A data de saída a ser anotada na CTPS deve declaração opostos contra o Acórdão que dirimira a ArgInc nº 479-
corresponder à do término do prazo do aviso prévio, ainda que 60.2011.5.04.0231, publicado em 30/6/2017, modularam-se os
indenizado.". E, a par das alegações recursais, não se constata a efeitos do retro citado Aresto para fixar como fator de correção dos
violação do art. 7º, inciso XXVI, da Constituição Federal, pois o débitos trabalhistas a Taxa TR (índice oficial da remuneração básica
Regional não negou validade à norma coletiva, mas, tão somente, da caderneta de poupança), até 24/3/2015, e o IPCA-E (Índice de
concluiu que o autor preencheu o requisito temporal previsto na Preços ao Consumidor Amplo Especial), a partir de 25/3/2015, na
norma coletiva, em razão da devida projeção do aviso prévio forma deliberada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal.
indenizado. Desse modo, estando a decisão revisanda em sintonia De se registrar, ainda, que a Reclamação nº 22.012/RS, onde
com a indigitada OJ, cuja aplicação às hipóteses como a dos autos deferida liminar suspensiva dos efeitos do Decisum proferido pelo
é reconhecida pela remansosa jurisprudência desta Corte, a Revista TST nos autos da ArgInc nº 479-60.2011.5.04.0231, fora julgada
encontra obstáculo no § 7.º do art. 896 da CLT e na Súmula nº 333 improcedente pelo STF, conforme síntese jurisprudencial abaixo
(AIRR-928-28.2016.5.10.0020, 1ª Turma, Relator Ministro Luiz José "RECLAMAÇÃO. APLICAÇÃO DE ÍNDICE DE CORREÇÃO DE
Destarte, acolhe-se a insurgência da reclamante, a fim de MATERIAL ENTRE OS FUNDAMENTOS DO ATO RECLAMADO E
determinar que a PLR de 2017 seja paga de forma integral, O QUE FOI EFETIVAMENTE DECIDIDO NAS ADIS 4.357/DF E
mantida, naturalmente, a compensação do importe pago, a esse 4.425/DF. NÃO CABIMENTO DA RECLAMAÇÃO. ATUAÇÃO DO
Pleiteia a autora que se aplique ao cálculo liquidatório, como índice I - A decisão reclamada afastou a aplicação da TR como índice de
A razão lhe acompanha, mas apenas em parte. utilização do IPCA em seu lugar, questão que não foi objeto de
É cediço que o Supremo Tribunal Federal, nos autos da ADI nº deliberação desta Suprema Corte no julgamento das Ações Diretas
4.357/DF, declarou, nos termos do voto do Ministro Relator Ayres de Inconstitucionalidade 4.357/DF e 4.425/DF, não possuindo,
Britto, "a inconstitucionalidade da expressão "na data de expedição portanto, a aderência estrita com os arestos tidos por
"índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança" e II - Apesar da ausência de identidade material entre os fundamentos
"independentemente de sua natureza", constantes do § 12, todos do ato reclamado e o que foi efetivamente decidido na ação direta
dispositivos do art. 100 da CF, com a redação dada pela EC nº de inconstitucionalidade apontada como paradigma, o decisum ora
62/2009", afastando, assim, a aplicação da Taxa Referencial - TR, o impugnado está em consonância com a ratio decidendi da
que culminou com a inconstitucionalidade por arrastamento do art. orientação jurisprudencial desta Suprema Corte.
1º-F da Lei nº 9.494, com a redação dada pelo art. 5º da Lei nº III - Reclamação improcedente." (DATA DE PUBLICAÇÃO DJE
60.2011.5.04.0231, suscitada pelo Min. Cláudio Mascarenhas jurisprudenciais emanadas do Colendo TST sobre a temática ora
arrastamento da expressão "equivalente à TRD" presente no art. 39, "AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.
caput, da Lei nº 8.177/91 e, dando interpretação conforme a EXECUÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA DOS CRÉDITOS
Constituição ao restante da norma, definiu como índice de TRABALHISTAS. ÍNDICE APLICÁVEL. Consoante entendimento
atualização monetária dos créditos trabalhistas na Justiça do adotado pela 8ª Turma, com base na decisão do Tribunal Pleno
Trabalho o IPCA-E (Índice de Preços ao Consumidor Amplo desta Corte Superior (TST - ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231 e ED -
Especial) a partir de 30.06.2009, quando entrou em vigor a Lei nº ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231), na correção dos créditos
11.960/2009, que acrescentou o art. 1º-F à Lei nº 9.494/1997, o qual trabalhistas, aplica-se a TR até 24/3/2015 e o IPCA a partir de
foi declarado inconstitucional pelo STF. 25/3/2015. Esta Turma considera, ainda, entendimento a que me
Posteriormente, na sessão de julgamento dos embargos de submeto por disciplina judiciária, que o art. 879, § 7º, da CLT perdeu
a sua eficácia normativa, em face da declaração de Frise-se, por relevante, que o § 7º do art. 879 da CLT, com a
inconstitucionalidade parcial do art. 39 da Lei nº 8.177/91, na redação conferida pela Lei nº 13.467/17, perdera sua eficácia
medida em que o dispositivo da legislação esparsa conferia normativa, por se reportar ao critério de atualização monetária
conteúdo à norma da CLT, tendo em vista a adoção de fórmula previsto na Lei nº 8.177/91, que foi declarado inconstitucional pelo
remissiva pelo legislador. Agravo de instrumento conhecido e não Tribunal Pleno do TST, em observância à decisão do Excelso STF.
provido." (Processo: AIRR-AIRR - 20019-18.2013.5.04.0751 Data É o seguinte o teor do supra referido dispositivo celetário:
de Julgamento: 27/02/2019, Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, "Art. 879 - Sendo ilíquida a sentença exeqüenda, ordenar-se-á,
8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 01/03/2019). previamente, a sua liquidação, que poderá ser feita por cálculo, por
13.105/2015 E ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI No 13.467/2017 - § 7º A atualização dos créditos decorrentes de condenação judicial
DESCABIMENTO. EXECUÇÃO. 1. CORREÇÃO MONETÁRIA DE será feita pela Taxa Referencial (TR), divulgada pelo Banco Central
DÉBITOS TRABALHISTAS. IPCA-E. DECISÃO DO TRIBUNAL do Brasil, conforme a Lei nº 8.177, de 1º de março de 1991."
PLENO DO TST. TEMA 810. REPERCUSSÃO GERAL Em assim, de se acolher parcialmente a insurgência obreira, para o
RECONHECIDA PELO STF. JULGAMENTO DEFINITIVO DO STF fim de estabelecer como fator de correção dos débitos trabalhistas a
NA RECLAMAÇÃO Nº 22012/RS. 1.1. O Pleno do TST, por meio da Taxa TR (índice oficial da remuneração básica da caderneta de
declarou inconstitucional a expressão "equivalentes à TRD", inscrita Consumidor Amplo Especial) a partir de 25/3/2015.
trabalhistas na Justiça do Trabalho. 1.2. No julgamento definitivo da Conhecer de ambos os Recursos e dar-lhes parcial provimento: ao
Reclamação 22012 MC/RS, contra a decisão do Pleno desta Corte, do reclamado, para excluir da condenação os reflexos de horas
o STF concluiu que "o conteúdo das decisões que determinam a extras sobre a PLR; e ao do reclamante, para determinar que a PLR
utilização de índice diverso da TR para atualização monetária dos de 2017 seja paga de forma integral, mantida a compensação do
débitos trabalhistas não possui aderência com o decidido pelo STF importe pago, a esse título, no termo rescisório, e estabelecer como
nas duas ADIs". 1.3. A decisão é corroborada pelo julgado proferido fator de correção dos débitos trabalhistas a Taxa TR até 24/3/2015
pelo excelso Supremo Tribunal Federal, no RE nº 870.947 RG/SE, e o IPCA-E a partir de 25/3/2015. Outrossim, manter o valor
com repercussão geral, publicada no DJe de 20.11.2017, no qual se arbitrado à condenação na Sentença.
propriedade (CRFB, art. 5º, XXII), uma vez que não se qualifica
Julgamento: 13/02/2019, Relator Ministro: Alberto Luiz Bresciani de TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª
Fontan Pereira, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 22/02/2019). REGIÃO, por unanimidade, conhecer de ambos os Recursos e dar
reclamante, para determinar que a PLR de 2017 seja paga de forma EMENTA: BANCO BRADESCO. GERENTE DE
integral, mantida a compensação do importe pago, a esse título, no RELACIONAMENTO PRIME II. NÃO-ENQUADRAMENTO NA
termo rescisório, e estabelecer como fator de correção dos débitos EXCEÇÃO DO § 2º DO ART. 224 DA CLT. DIREITO A HORAS
trabalhistas a Taxa TR até 24/3/2015 e o IPCA-E a partir de EXTRAS. A excepcionalidade prevista no art. 224, § 2º da CLT,
25/3/2015. Outrossim, manter o valor arbitrado à condenação na específica em relação à categoria dos bancários, é taxativa ao
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores quem exercer funções de direção, gerência, fiscalização, chefia e
Francisco José Gomes da Silva (Presidente), Paulo Régis Machado equivalentes ou outros cargos de confiança e perceber gratificação
Botelho (Relator) e Cláudio Soares Pires. Presente ainda o(a) não inferior a um terço do salário. No caso dos autos, entretanto, o
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. conjunto probatório induz à convicção de que as atribuições de
PAULO REGIS MACHADO BOTELHO nem de longe serve para qualificá-la como de confiança. Impõe-se,
trabalhadas.
Gerente de Relacionamento Prime II - caracterizada por fidúcia mister de Gerente de Relacionamento Prime II se caracterizava
diferenciada, alçada de decisão superior à dos demais empregados como função de confiança, a justificar seu enquadramento no
que lhe eram subordinados e percepção de gratificação em importe parágrafo 2º do art. 224 da CLT.
superior a um terço de seu salário, por isso estaria sujeita ao É cediço que a excepcionalidade prevista no art. 224 celetário,
cumprimento de jornada de oito horas, nos termos do § 2º do artigo específica em relação à categoria dos bancários, é taxativa ao
Em caráter sucessivo, caso mantida a condenação nas horas quem exercer funções de direção, gerência, fiscalização, chefia e
extras, pede a compensação com o valor da gratificação recebida, a equivalentes ou outros cargos de confiança e perceber gratificação
observância da evolução salarial e das verbas salariais fixas e o não inferior a 1/3 do salário.
divisor 220 e que os sábados e feriados não sejam considerados no Todavia, como é de óbvia sabença, hodiernamente, no mundo
repouso semanal remunerado. Pleiteia, ainda, que a rubrica "Horas corporativo, prolifera o termo "gerente", acompanhado das mais
extras integração" não integre a base de cálculo das horas deferidas diversas qualificações (gerente de marketing; gerente de operação;
e que não haja reflexos na Participação nos Lucros e Resultados gerente de tráfego; gerente de relacionamento; gerente de contas;
Insurge-se, outrossim, contra a condenação no pagamento da PLR denominado tenha um mínimo poder de decisão ou mesmo
proporcional de 2017, que já teria sido devidamente quitada, autonomia e destaque, não passando de um trabalho meramente
Na sequência, impugna a concessão de honorários em favor da Ora, é evidente que esse tipo de estratégia patronal tem dado
parte reclamante, que não teria comprovado o preenchimento dos ensejo a abusos quanto à jornada de trabalho, sob o pálido
requisitos legais para a obtenção desse direito. argumento de que a função é de confiança e que, portanto, o
Finalmente, pugna pela aplicação de correção monetária segundo empregado bancário ocupante desse tipo de cargo não está sujeito
os índices da TR e que se façam as deduções fiscais e à carga horária especial de seis horas diárias.
A autora interpõe o Recurso Ordinário de ID 216e869, requerendo o comandava equipes, não tinha poder de mando, não tinha
pagamento integral da PLR de 2017, sob a alegação de que, uma procuração em nome do banco, não tinha autonomia para conceder
vez considerado o prazo de projeção do aviso prévio indenizado, o empréstimos, ou seja, era apenas um empregado comum.
termo de seu contrato de trabalho teria ocorrido apenas em O título de "Gerente de Relacionamento Prime II" é pomposo,
A par disso, busca a aplicação de correção monetária pelo Índice de esta desenvolvia atividade meramente técnica, sem grau de fidúcia
Preços ao Consumidor Amplo - Especial (IPCA-E). especial, revelando retro referido título, apenas, uma tentativa
Contrarrazões, apenas do reclamado, no ID 3997ce3. frustrada de contornar o limite legal (seis horas), impondo-lhe uma
Atendidos os respectivos pressupostos legais, merecem que o empréstimo é autorizado pelo gerente geral; que a última
conhecimento ambos os Recursos. palavra no comitê de crédito é do gerente geral; que os caixas,
2.1.1 DA SÉTIMA E OITAVA HORAS COMO EXTRAS. DO função do gerente de relacionamento fiscalizar o trabalho dos
ALEGADO EXERCÍCIO DE FUNÇÃO DE CONFIANÇA. caixas e supervisores, não sabendo informar se a reclamante o
Pretende o Bradesco a reforma da Sentença que o condenou ao fazia; que a avaliação do gerente assistente é feita pelo gerente
pagamento, como extras, das sétima e oitava horas laboradas, geral, também comunicando a este as suas ausências;que a
diariamente, pela reclamante, ao argumento de que o exercício do reclamante tinha alçada, como todos; que alçada são limites de
liberação, de acordo com a função; que as alçadas relacionam-se supervisor; que a reclamante tinha acesso às informações
com operações feitas no caixa." (Ata ID 13d0a83; grifos inexistentes confidenciais dos clientes e do banco; que a reclamante avaliava a
Os depoimentos das testemunhas indicadas pela reclamante e pelo possuía a certificação AMBIMA, para poder atuar na área de
Banco seguem na mesma direção, como se pode ver a seguir: investimento." Dada a palavra ao patrono do reclamante: "Que o
"Que trabalhou com a reclamante na Agência Prime Aldeota, que gerente geral é quem autoriza a abertura de contas; que a liberação
fica na Av. Santos Dumont; que a reclamante era Gerente de de crédito pode ser feita pelo gerente de contas dentro da sua
Relacionamento Prime, fazia visitas comerciais, atendimento, alçada, acima só pelo gerente geral; que o gerente geral pode vetar
prospecção de abertura de contas; que a reclamante não tinha operação no limite da alçada do subordinado; que a palavra final no
subordinados; que o gerente geral tem a palavra final no Comitê de Comitê de Crédito é do gerente geral; que todos que trabalham na
Crédito; que os caixas, supervisores, auxiliares de serviços são agência são subordinados ao gerente geral; que o gerente geral faz
subordinados ao gerente administrativo; que o gerente assistente é a avaliação de desempenho do gerente assistente; que no tempo
subordinado ao gerente geral; que nunca viu a reclamante assinar que a reclamante trabalhou havia entre 7 a 5 gerentes de
cheque administrativo; que a reclamante tinha alçada para relacionamento; que os gerentes de relacionamento passavam
desbloqueio das operações no caixa; que não sabe informar o nível serviço para o assistente; que o gerente assistente era fiscalizado
do cartão da reclamante, o da depoente era 85, como gerente pelos gerentes de relacionamento ou gerente geral, não havia um
assistente; que os níveis 85, 86 não significavam níveis critério específico; que quando o gerente assistente precisava se
hierárquicos; que a reclamante tinha assinatura autorizada, ela não ausentar comunicava ao gerente geral, os caixas e supervisores
podia autorizar pagamento de cheque sem provisão de saldo; que a também comunicavam ao gerente geral; que a reclamante não tinha
reclamante não tinha poderes para punir empregados, nem para poderes para aplicar punição, não admitia nem demitia
demitir e admitir, não tinha acesso a informações sigilosas do empregados." (Ata ID 13d0a83; grifos inexistentes no original).
Banco." Dada a palavra ao patrono da reclamada: "Que o gerente O conjunto probatório acima transcrito permite formar convicção
geral fazia a divisão da demanda para os gerentes assistentes; que segura de que as atribuições de "Gerente de Relacionamento Prime
com autorização do gerente geral, o gerente de relacionamento II" são meramente técnicas, desprovidas de elementos que
apresentava demanda ao gerente assistente; que acredita que o qualifiquem tais funções como cargos de confiança.
cartão de acesso ao sistema da reclamante tinha um valor de A gratificação percebida pelo exercício das atribuições respectivas
desbloqueio superior ao do caixa; que na agência onde trabalho a remunera apenas o trabalho exercido com maiores
hierarquia era: gerente geral, gerente administrativo e os demais; responsabilidades, sem revelar grau de confiança destacada, como
que caixas e escriturários estavam no mesmo nível do Gerente de pretende fazer crer o Banco demandado e entendeu a Magistrada
Relacionamento Prime; que a reclamante não delegava demanda sentenciante, daí se ter por inadmissível o enquadramento do
para caixas e escriturários; ela participava do Comitê de Crédito, reclamante na excepcionalidade prevista no § 2º do artigo 224 da
prospecção de clientes." (Ata ID 13d0a83; grifos inexistentes no Pensar de forma diferente, data venia, serviria para incentivar o
"Que trabalhou com a reclamante, ela como gerente de agências, a ponto de chegar em determinado momento em que só
relacionamento e a depoente como gerente assistente; que recebia existirão empregados gerentes, fazendo letra morta da norma legal
pedidos e demandas por parte da reclamante, de quem era da jornada de seis horas.
subordinada; que a reclamante possuía assinatura autorizada; que Aliás, a Corte Superior da Justiça Laboral, em processos análogos,
a reclamante assinava contratos de abertura de contas juntamente movidos contra entidades bancárias, já se pronunciou no mesmo
com a gerente geral, caixas e escriturários não o faziam; que não sentido. Observe-se:
sabe dizer ao certo o nível do cartão da reclamante, mas era "AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.
superior aos dos caixas; que quando o pedido de crédito do cliente PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014 E ANTERIOR À
é superior a alçada do gerente de relacionamento, a análise era LEI 13.467/2017. 1. MULTA DO ART. 523, §1º, DO CPC/2015
feita pelo próprio gerente de relacionamento; que a hierarquia era: (ART. 475-J DO CPC/1973). 2. BANCÁRIO. CARGO DE
gerente geral, gerente de relacionamento, gerente assistente, caixa CONFIANÇA. ART. 224, § 2º, DA CLT. CARACTERIZAÇÃO.
e escriturário; na área administrativa: gerente administrativo e MATÉRIA FÁTICA. SÚMULAS 102, I E 126/TST. 3. HORAS
EXTRAS. DIVISOR. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL. 4. poderes de gestão do gerente geral de agência que, no caso, restou
DANO MORAL. VALOR DA INDENIZAÇÃO. O cargo de confiança afastada pela prova produzida nos autos. Igualmente em relação ao
no Direito do Trabalho recebeu explícita tipificação legal, quer no cargo de confiança previsto no art. 224, § 2º, da CLT, registrado
padrão amplo do art. 62, II, da CLT, quer no tipo jurídico específico pelo Tribunal Regional que não havia diferenciação de poderes
bancário do art. 224, § 2º, da Consolidação. Para enquadrar o entre o reclamante e os demais empregados no exercício das suas
empregado nas disposições contidas no art. 224, § 2º, da CLT, é atribuições, o conhecimento do recurso de revista esbarra no óbice
necessário ficar comprovado que ele exercia, efetivamente, as da Súmula nº 102, I, do TST. Recurso de revista não conhecido.
funções aptas a caracterizar o cargo de confiança e, ainda, que elas (...)." (RR - 681-55.2011.5.02.0049, Relator Ministro: Luiz Philippe
se revestiam de fidúcia especial, que extrapola aquela básica, Vieira de Mello Filho, Data de Julgamento: 31/08/2016, 7ª Turma,
inerente a qualquer empregado. No caso concreto, o Tribunal Data de Publicação: DEJT 09/09/2016).
Regional, amparado no conjunto probatório produzido nos autos, Há precedentes, também, neste Regional, conforme exemplificado
CLT. Para tanto, asseverou que: "No caso, o réu insiste que se "RECURSO ORDINÁRIO. 1 - RECURSO DA PARTE RECLAMADA.
desvencilhou de seu ônus. Porém, não é o que se extrai da prova 1.1 - HORAS EXTRAS. CARGO DE CONFIANÇA. ARTIGO 224, §
oral, a qual revela que o autor não contava com subordinados, não 2º DA CLT. CARGO DENOMINADO CHEFE DE SERVIÇOS
tinha alçada especial e tampouco poderes que o diferenciasse dos BANCÁRIOS. Ao defender o exercício de tarefas suficientes para o
demais empregados". Acrescentou que "a prova oral não permite se enquadramento do empregado no § 2º do art. 224 da CLT, atrai o
reconheça que o autor contava com poderes que a diferenciavam patrão o ônus da prova, consoante inteligência do art. 818 da CLT e
dos demais empregados, mostra-se correta a sentença na parte em do art. 373, II, do CPC. Não se tem por comprovado o exercício da
que não reconheceu seu enquadramento na exceção do artigo 224, função de confiança a que se refere o art. 224, § 2º, da CLT
§ 2º, da CLT". Diante desses dados fáticos, constata-se que o (Súmula 102/TST), quando revelam as provas dos autos, todavia,
Reclamante não ocupava típico cargo de confiança bancário, nos tarefas corriqueiras acometidas à obreira, sem qualquer fidúcia.
moldes do art. 224, § 2º, da CLT, pois ficou comprovado que as (...)." (TRT-7 - RO: 00010708020155070010, Relator: CLAUDIO
funções exercidas delineavam-se como meramente técnicas, sem SOARES PIRES, Data de Julgamento: 17/09/2018, Data de
maior grau de fidúcia. Para que se pudesse chegar, se fosse o "FUNÇÃO DE CONFIANÇA NÃO CARACTERIZADA - HORAS
caso, a conclusão fática diversa, seria necessário o revolvimento do EXTRAS DEVIDAS. Apesar de o autor laborar 08 (oito) horas
conteúdo fático-probatório constante dos autos, o que fica diárias e perceber gratificação pelo exercício da função de Gerente,
inviabilizado nesta instância recursal, nos termos das Súmulas 102, superior a 1/3 do salário do cargo efetivo, não há que se enquadrar
I e 126/TST. Agravo de instrumento desprovido." (AIRR - 522- o caso da presente lide na exceção do § 2º do art. 224, da CLT, vez
50.2014.5.09.0005, Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado, que não restou comprovada nos autos qualquer relação entre as
Data de Julgamento: 18/12/2018, 3ª Turma, Data de Publicação: atividades por ele desempenhadas e aquelas típicas dos que
CONFIANÇA - ART. 62, II, DA CLT - ART. 224, § 2º, DA CLT. O JUNIOR, Data de Julgamento: 22/01/2018, Data de Publicação:
testemunhais, registrou quadro fático segundo o qual o reclamante Destarte, merece confirmação a r. Sentença recorrida, que deferiu o
"não possuía poderes para liberar ou realizar operações com total pagamento, como extras, das sétima e oitava horas trabalhadas,
autonomia, tampouco praticar atos isoladamente, sem qualquer relativamente ao lapso temporal a salvo da prescrição quinquenal.
autorização colegiada ou superior". Concluiu que o reclamante não Frise-se a insubsistência do pleito recursal de se efetuar a
dispunha de poderes diferenciados em relação aos demais compensação da gratificação de função paga à autora com as horas
empregados, razão pela qual afastou o enquadramento nos cargos extras aqui ratificadas, haja vista que referido adicional
de confiança previstos nos art. 62, II, da CLT e 224, § 2º, da CLT. estipendiário, percebido em razão do exercício das atribuições de
Diante dessas premissas fáticas, insuscetíveis de reapreciação em Gerente de Relacionamento, remunerava, apenas, o trabalho
sede extraordinária, não há como se vislumbrar contrariedade à exercido com maiores responsabilidades, não o excesso de jornada.
Súmula nº 287 do TST, que trata da presunção juris tantum dos O divisor a ser aplicado para o cálculo das horas extras é,
efetivamente, 180, em razão do direito da autora à jornada de Ao suceder o BEC, o ora recorrente manteve essa verba, porém
trabalho de seis horas diárias, conforme decidiu o Colendo Tribunal designando-a como "Horas extras integração".
Superior do Trabalho, em sede de Incidente de Recursos Nesse contexto, inafastável a ilação de que se trata de parcela
Repetitivos (Processo nº 0000849-83.2013.5.03.0138). salarial fixa da autora, eis que percebida de forma habitual e
De se esclarecer que a habitualidade da extrapolação de jornada ininterrupta, durante mais de vinte anos.
impõe que se defiram os reflexos legais, inclusive sobre o repouso Em suma, acolhe-se parcialmente o apelo do Bradesco, no
semanal remunerado, que abrange sábados, domingos e feriados, concernente às horas extras, para os fins de excluir da base de
conforme assentado na Sentença de origem. cálculo a "Gratificação de Função Chefia" e retirar da condenação
Categoria Profissional da reclamante, assim como nas normas 2.1.2 Da PLR proporcional de 2017
coletivas anteriores, dispõe, literalmente, que as horas A Sentença deferiu à reclamante o pagamento da PLR de 2017, na
extraordinárias, "quando prestadas durante toda a semana anterior, proporção de 8/12, autorizando a compensação do valor recebido
os bancos pagarão, também, o valor correspondente ao repouso ao ensejo de sua rescisão contratual.
semanal remunerado, inclusive sábados e feriados" (ID 68c9fdf, O Banco recorrente alega haver quitado regularmente essa verba,
C. TST, mantendo-se, portanto, a Decisão de Primeiro Grau nesse Todavia, o valor pago constante do referido contracheque
Quanto ao pleito de que seja observada a evolução salarial, nada se em cumprimento ao disposto na Cláusula 1ª da CCT de 2016/2017
tem a apreciar, vez que assim já determinado na Sentença. (doc. ID 75aa720, pág. 02).
Não procede a insurgência recursal, também, no que tange à É fato que o termo rescisório contém pagamento de PLR, no
composição da base de cálculo das horas extras deferidas. entanto inexiste qualquer risco de pagamento a maior ou em
A CCT da categoria estabelece, no parágrafo segundo da Cláusula duplicidade, uma vez que a Sentença teve a prudência de condenar
8ª, que o valor da hora extra será calculado tomando por base "o nessa verba, mas autorizar, de logo, a devida compensação de
somatório de todas as verbas salariais fixas, entre outras, ordenado, valores adimplidos ao mesmo título.
adicional por tempo de serviço, gratificação de caixa e gratificação Portanto, nega-se provimento ao Recurso nesse particular.
A Sentença recorrida, acertadamente, determinou a inclusão, nessa Incensurável a concessão de honorários sucumbenciais em favor
merecendo endosso esse entendimento, posto constituir parcela Consoante os termos do art. 6º da Instrução Normativa nº 41/2018
percebida por prolongado período do contrato de trabalho que do Colendo TST, a condenação em honorários advocatícios
ostenta natureza jurídica semelhante à das gratificações sucumbenciais, prevista no art. 791-A da CLT, será aplicável,
expressamente nominadas na norma coletiva acima referida, à qual, apenas, às ações propostas após 11 de novembro de 2017, data
portanto, não se justifica que seja conferido tratamento distinto. em que passou a viger a Lei nº 13.467/2017 (Reforma Trabalhista),
Em assim, de se mantê-la na base de cálculo das horas que incluiu referido dispositivo legal ao Diploma Consolidado.
sobre a PLR, verba que é inteiramente desvinculada da Nesse compasso, observando-se o grau de zelo do profissional
remuneração, consoante prescreve a Constituição Federal. (acompanhamento do reclamante em audiência, prática de atos
Não prospera, no entanto, o pleito de exclusão da rubrica "Horas processuais tempestivos etc.), o lugar de prestação do serviço, a
Trata-se de vantagem que a reclamante já percebia quando de seu exigido para o seu serviço, inclusive com atuação no segundo grau,
vínculo empregatício com o Banco do Estado do Ceará - BEC, tem-se por cabível e justa a condenação do reclamado ao
posteriormente adquirido pelo Bradesco, sendo denominada pagamento da verba em apreço, no índice arbitrado na Sentença.
originalmente de "Prorr. Expediente Diurno" e remunerando as Registre-se ser improcedente a pretensão do Banco de ver
sétima e oitava horas trabalhadas. condenada a autora a lhe pagar honorários de advogado.
É que a ela fora deferida a gratuidade da Justiça, que compreende, Nessa direção tem decidido, reiteradamente, o Colendo TST,
Evidentemente, as condições exigidas para a concessão da INDENIZADO PARA EFEITO DE CÁLCULO DA PLR. O aviso
supracitada garantia, de patamar, aliás, constitucional (inciso LXXIV prévio, ainda que indenizado, integra o tempo de serviço, projetando
do artigo 5º da Constituição Federal), são aquelas demonstradas o contrato de trabalho até o final de seu período, inclusive para o
quando do ajuizamento da Ação ou do respectivo requerimento e, cômputo da parcela PLR. Inteligência da Orientação Jurisprudencial
uma vez tidas por provadas pelo Órgão Julgador, faz jus a parte 82 da SBDI-1 do TST. Recurso de revista conhecido e provido"
requerente à integralidade dos benefícios assegurados em lei, sob (ARR-201-53.2015.5.03.0035, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto
pena de se erigir obstáculo ao livre acesso à Justiça. Luiz Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 06/12/2019).
Nesse contexto, uma vez sendo a reclamante, repita-se, beneficiário "(...) RECURSO DE REVISTA. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E
determinação de pagamento de despesas processuais, AVISO PRÉVIO INDENIZADO. PROVIMENTO. O egrégio Tribunal
principalmente as que venham a impedir ou dificultar que as Regional do Trabalho concluiu que não se justifica a consideração
pessoas sem recursos financeiros tenham acesso ao Judiciário, do aviso prévio indenizado no cômputo da participação nos lucros e
para resolverem suas demandas de forma civilizada, quando se resultados proporcional. Partiu da premissa de que, embora o aviso
sentirem lesadas em seus direitos. prévio indenizado integre, por ficção legal, o tempo de serviço, não
Destarte, nega-se provimento ao apelo do reclamado, uma vez há como deixar de reconhecer que, neste período, o trabalhador
mais. não prestou efetivamente serviços, motivo pelo qual não contribuiu
2.1.4 Do índice de correção monetária e dos descontos fiscais e para a obtenção dos resultados positivos da empresa. Ocorre que
Por se tratar de matéria que é objeto do Recurso Ordinário reiteradamente no sentido contrário, ou seja, de que o aviso prévio
interposto pela reclamante, deixa-se para discutir a correção indenizado integra o contrato de trabalho para todos os efeitos, nos
monetária quando do exame meritório desta insurgência. termos do artigo 487, § 1º, da CLT e da Orientação Jurisprudencial
Consigne-se, no que tange às deduções a título de imposto de nº 82 da SBDI-1, inclusive para o pagamento proporcional da
renda e contribuições previdenciárias, que tais já foram participação nos lucros e resultados. Recurso de revista de que se
devidamente ordenadas no dispositivo sentencial, nada se tendo a conhece e a que se dá provimento" (ARR-10070-
2.2.1 Do pedido de pagamento integral da PLR de 2017 "(...) RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA. LEI 13.467/2017.
A reclamante persegue o pagamento da integralidade da PLR do PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS SOBRE
ano de 2017, ao argumento de que seu contrato de trabalho, PROJEÇÃO DO AVISO PRÉVIO INDENIZADO.
considerando-se o prazo de projeção do aviso prévio indenizado, TRANSCENDÊNCIA. O processamento do recurso de revista na
somente se encerrou em 03/01/2018, restando, pois, abrangido todo vigência da Lei 13.467/2017 exige que a causa ofereça
Assiste-lhe razão. econômica, política, social ou jurídica, a qual deve ser analisada de
Sabe-se, à luz do § 1º do art. 487 da CLT, que o aviso prévio, ainda ofício e previamente pelo Relator (artigos 896-A, da CLT, 246 e 247
que indenizado, integra o tempo de serviço do empregado para do RITST). A pretensão deduzida na causa é a exclusão do
Cumpre lembrar, ademais, a OJ 82 da SBDI-1 do Colendo TST, referente ao exercício de 2014. O Eg. TRT decidiu que o período de
segundo a qual "A data de saída a ser anotada na CTPS deve aviso prévio integra o tempo de serviço para todos os efeitos legais,
corresponder à do término do prazo do aviso prévio, ainda que não existindo distinção entre o aviso prévio trabalhado e o
Dito isso, é seguro concluir que o cálculo da PLR deve levar em direito a PLR do exercício de 2014 de forma proporcional. A decisão
consideração todo o período do contrato, inclusive o ficto decorrente recorrida guarda consonância com a jurisprudência desta c. Corte,
da projeção do aviso prévio, que é tido como se trabalhado fosse. que firmou o entendimento de que o aviso prévio, ainda que
indenizado, integra o tempo de serviço do empregado para todos os dispositivos do art. 100 da CF, com a redação dada pela EC nº
efeitos. A matéria debatida não possui transcendência econômica, 62/2009", afastando, assim, a aplicação da Taxa Referencial - TR, o
política, jurídica ou social. Transcendência não reconhecida. que culminou com a inconstitucionalidade por arrastamento do art.
Recurso de revista de que não se conhece" (ARR-11238- 1º-F da Lei nº 9.494, com a redação dada pelo art. 5º da Lei nº
Convocada Cilene Ferreira Amaro Santos, DEJT 07/06/2019). Em decorrência da referida decisão do STF, o Pleno do TST, ao
APELO INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI N.º 13.105/2015 60.2011.5.04.0231, suscitada pelo Min. Cláudio Mascarenhas
(NOVO CPC). PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS Brandão, por sua vez, declarou a inconstitucionalidade por
(PLR). INCIDÊNCIA SOBRE O AVISO PRÉVIO INDENIZADO. arrastamento da expressão "equivalente à TRD" presente no art. 39,
POSSIBILIDADE. Cinge-se a controvérsia a saber se é possível a caput, da Lei nº 8.177/91 e, dando interpretação conforme a
parcela PLR incidir sobre o aviso prévio indenizado. O Regional Constituição ao restante da norma, definiu como índice de
deferiu o pagamento das diferenças do valor da Participação nos atualização monetária dos créditos trabalhistas na Justiça do
Lucros e Resultados do ano de 2015 sobre o aviso prévio Trabalho o IPCA-E (Índice de Preços ao Consumidor Amplo
indenizado. Incensurável a decisão. Com efeito, na forma do artigo Especial) a partir de 30.06.2009, quando entrou em vigor a Lei nº
487, parágrafo 1.º, da CLT, o aviso prévio, ainda que indenizado, 11.960/2009, que acrescentou o art. 1º-F à Lei nº 9.494/1997, o qual
integra o tempo de serviço do empregado para todos os efeitos foi declarado inconstitucional pelo STF.
legais. De outra parte, na diretriz da Orientação Jurisprudencial nº Posteriormente, na sessão de julgamento dos embargos de
82 da SBDI-1, "A data de saída a ser anotada na CTPS deve declaração opostos contra o Acórdão que dirimira a ArgInc nº 479-
corresponder à do término do prazo do aviso prévio, ainda que 60.2011.5.04.0231, publicado em 30/6/2017, modularam-se os
indenizado.". E, a par das alegações recursais, não se constata a efeitos do retro citado Aresto para fixar como fator de correção dos
violação do art. 7º, inciso XXVI, da Constituição Federal, pois o débitos trabalhistas a Taxa TR (índice oficial da remuneração básica
Regional não negou validade à norma coletiva, mas, tão somente, da caderneta de poupança), até 24/3/2015, e o IPCA-E (Índice de
concluiu que o autor preencheu o requisito temporal previsto na Preços ao Consumidor Amplo Especial), a partir de 25/3/2015, na
norma coletiva, em razão da devida projeção do aviso prévio forma deliberada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal.
indenizado. Desse modo, estando a decisão revisanda em sintonia De se registrar, ainda, que a Reclamação nº 22.012/RS, onde
com a indigitada OJ, cuja aplicação às hipóteses como a dos autos deferida liminar suspensiva dos efeitos do Decisum proferido pelo
é reconhecida pela remansosa jurisprudência desta Corte, a Revista TST nos autos da ArgInc nº 479-60.2011.5.04.0231, fora julgada
encontra obstáculo no § 7.º do art. 896 da CLT e na Súmula nº 333 improcedente pelo STF, conforme síntese jurisprudencial abaixo
(AIRR-928-28.2016.5.10.0020, 1ª Turma, Relator Ministro Luiz José "RECLAMAÇÃO. APLICAÇÃO DE ÍNDICE DE CORREÇÃO DE
Destarte, acolhe-se a insurgência da reclamante, a fim de MATERIAL ENTRE OS FUNDAMENTOS DO ATO RECLAMADO E
determinar que a PLR de 2017 seja paga de forma integral, O QUE FOI EFETIVAMENTE DECIDIDO NAS ADIS 4.357/DF E
mantida, naturalmente, a compensação do importe pago, a esse 4.425/DF. NÃO CABIMENTO DA RECLAMAÇÃO. ATUAÇÃO DO
Pleiteia a autora que se aplique ao cálculo liquidatório, como índice I - A decisão reclamada afastou a aplicação da TR como índice de
A razão lhe acompanha, mas apenas em parte. utilização do IPCA em seu lugar, questão que não foi objeto de
É cediço que o Supremo Tribunal Federal, nos autos da ADI nº deliberação desta Suprema Corte no julgamento das Ações Diretas
4.357/DF, declarou, nos termos do voto do Ministro Relator Ayres de Inconstitucionalidade 4.357/DF e 4.425/DF, não possuindo,
Britto, "a inconstitucionalidade da expressão "na data de expedição portanto, a aderência estrita com os arestos tidos por
"índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança" e II - Apesar da ausência de identidade material entre os fundamentos
"independentemente de sua natureza", constantes do § 12, todos do ato reclamado e o que foi efetivamente decidido na ação direta
de inconstitucionalidade apontada como paradigma, o decisum ora nas duas ADIs". 1.3. A decisão é corroborada pelo julgado proferido
impugnado está em consonância com a ratio decidendi da pelo excelso Supremo Tribunal Federal, no RE nº 870.947 RG/SE,
orientação jurisprudencial desta Suprema Corte. com repercussão geral, publicada no DJe de 20.11.2017, no qual se
III - Reclamação improcedente." (DATA DE PUBLICAÇÃO DJE considerou inconstitucional a atualização monetária das
27/02/2018 - ATA Nº 17/2018. DJE nº 37, divulgado em condenações impostas à Fazenda Pública segundo a remuneração
Oportuno, também, transcrever recentes manifestações 9.494/1997, por impor "restrição desproporcional ao direito de
jurisprudenciais emanadas do Colendo TST sobre a temática ora propriedade (CRFB, art. 5º, XXII), uma vez que não se qualifica
"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. economia", inflação essa que somente é corretamente aferida pelo
EXECUÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA DOS CRÉDITOS IPCA-E, calculado pelo IBGE, "índice escolhido pelo Banco
TRABALHISTAS. ÍNDICE APLICÁVEL. Consoante entendimento Central". 1.4. Definido o índice, aplica-se a modulação de efeitos
adotado pela 8ª Turma, com base na decisão do Tribunal Pleno fixada pelo Pleno do TST, no julgamento dos embargos de
desta Corte Superior (TST - ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231 e ED - declaração à arguição de inconstitucionalidade, em 20.3.2017,
ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231), na correção dos créditos segundo a qual o IPCA-E incide a partir de 25 de março de 2015.
trabalhistas, aplica-se a TR até 24/3/2015 e o IPCA a partir de (...)" (Processo: AIRR - 110200-61.2007.5.04.0012 Data de
25/3/2015. Esta Turma considera, ainda, entendimento a que me Julgamento: 13/02/2019, Relator Ministro: Alberto Luiz Bresciani de
submeto por disciplina judiciária, que o art. 879, § 7º, da CLT perdeu Fontan Pereira, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 22/02/2019).
a sua eficácia normativa, em face da declaração de Frise-se, por relevante, que o § 7º do art. 879 da CLT, com a
inconstitucionalidade parcial do art. 39 da Lei nº 8.177/91, na redação conferida pela Lei nº 13.467/17, perdera sua eficácia
medida em que o dispositivo da legislação esparsa conferia normativa, por se reportar ao critério de atualização monetária
conteúdo à norma da CLT, tendo em vista a adoção de fórmula previsto na Lei nº 8.177/91, que foi declarado inconstitucional pelo
remissiva pelo legislador. Agravo de instrumento conhecido e não Tribunal Pleno do TST, em observância à decisão do Excelso STF.
provido." (Processo: AIRR-AIRR - 20019-18.2013.5.04.0751 Data É o seguinte o teor do supra referido dispositivo celetário:
de Julgamento: 27/02/2019, Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, "Art. 879 - Sendo ilíquida a sentença exeqüenda, ordenar-se-á,
8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 01/03/2019). previamente, a sua liquidação, que poderá ser feita por cálculo, por
13.105/2015 E ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI No 13.467/2017 - § 7º A atualização dos créditos decorrentes de condenação judicial
DESCABIMENTO. EXECUÇÃO. 1. CORREÇÃO MONETÁRIA DE será feita pela Taxa Referencial (TR), divulgada pelo Banco Central
DÉBITOS TRABALHISTAS. IPCA-E. DECISÃO DO TRIBUNAL do Brasil, conforme a Lei nº 8.177, de 1º de março de 1991."
PLENO DO TST. TEMA 810. REPERCUSSÃO GERAL Em assim, de se acolher parcialmente a insurgência obreira, para o
RECONHECIDA PELO STF. JULGAMENTO DEFINITIVO DO STF fim de estabelecer como fator de correção dos débitos trabalhistas a
NA RECLAMAÇÃO Nº 22012/RS. 1.1. O Pleno do TST, por meio da Taxa TR (índice oficial da remuneração básica da caderneta de
declarou inconstitucional a expressão "equivalentes à TRD", inscrita Consumidor Amplo Especial) a partir de 25/3/2015.
trabalhistas na Justiça do Trabalho. 1.2. No julgamento definitivo da Conhecer de ambos os Recursos e dar-lhes parcial provimento: ao
Reclamação 22012 MC/RS, contra a decisão do Pleno desta Corte, do reclamado, para excluir da condenação os reflexos de horas
o STF concluiu que "o conteúdo das decisões que determinam a extras sobre a PLR; e ao do reclamante, para determinar que a PLR
utilização de índice diverso da TR para atualização monetária dos de 2017 seja paga de forma integral, mantida a compensação do
débitos trabalhistas não possui aderência com o decidido pelo STF importe pago, a esse título, no termo rescisório, e estabelecer como
Intimado(s)/Citado(s):
- MONICA DE SOUZA OLIVEIRA ALVES
PODER JUDICIÁRIO
ISTO POSTO:
JUSTIÇA DO TRABALHO
ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 2ª
reclamante, para determinar que a PLR de 2017 seja paga de forma EMENTA: BANCO BRADESCO. GERENTE DE
integral, mantida a compensação do importe pago, a esse título, no RELACIONAMENTO PRIME II. NÃO-ENQUADRAMENTO NA
termo rescisório, e estabelecer como fator de correção dos débitos EXCEÇÃO DO § 2º DO ART. 224 DA CLT. DIREITO A HORAS
trabalhistas a Taxa TR até 24/3/2015 e o IPCA-E a partir de EXTRAS. A excepcionalidade prevista no art. 224, § 2º da CLT,
25/3/2015. Outrossim, manter o valor arbitrado à condenação na específica em relação à categoria dos bancários, é taxativa ao
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores quem exercer funções de direção, gerência, fiscalização, chefia e
Francisco José Gomes da Silva (Presidente), Paulo Régis Machado equivalentes ou outros cargos de confiança e perceber gratificação
Botelho (Relator) e Cláudio Soares Pires. Presente ainda o(a) não inferior a um terço do salário. No caso dos autos, entretanto, o
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. conjunto probatório induz à convicção de que as atribuições de
PAULO REGIS MACHADO BOTELHO nem de longe serve para qualificá-la como de confiança. Impõe-se,
trabalhadas.
anteriores a 28/11/2013 e julgou parcialmente procedentes os A par disso, busca a aplicação de correção monetária pelo Índice de
pedidos formulados pela reclamante, Mônica de Souza Oliveira Preços ao Consumidor Amplo - Especial (IPCA-E).
Alves,para condenar o Banco Bradesco S/A a pagar: "a 7ª e 8ª hora Contrarrazões, apenas do reclamado, no ID 3997ce3.
INTEGRAÇÃO e os períodos efetivamente trabalhados; PLR de Atendidos os respectivos pressupostos legais, merecem
2017 na proporção de 8/12, compensado o valor recebido ao ensejo conhecimento ambos os Recursos.
GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO CHEFIA, HORAS EXTRAS 2.1.1 DA SÉTIMA E OITAVA HORAS COMO EXTRAS. DO
INTEGRAÇÃO + horas extras reclamadas e deferidas; honorários ALEGADO EXERCÍCIO DE FUNÇÃO DE CONFIANÇA.
O Banco reclamado recorre ordinariamente (ID 1ad6712), pagamento, como extras, das sétima e oitava horas laboradas,
sustentando que a autora desempenhava função de confiança - diariamente, pela reclamante, ao argumento de que o exercício do
Gerente de Relacionamento Prime II - caracterizada por fidúcia mister de Gerente de Relacionamento Prime II se caracterizava
diferenciada, alçada de decisão superior à dos demais empregados como função de confiança, a justificar seu enquadramento no
que lhe eram subordinados e percepção de gratificação em importe parágrafo 2º do art. 224 da CLT.
superior a um terço de seu salário, por isso estaria sujeita ao É cediço que a excepcionalidade prevista no art. 224 celetário,
cumprimento de jornada de oito horas, nos termos do § 2º do artigo específica em relação à categoria dos bancários, é taxativa ao
Em caráter sucessivo, caso mantida a condenação nas horas quem exercer funções de direção, gerência, fiscalização, chefia e
extras, pede a compensação com o valor da gratificação recebida, a equivalentes ou outros cargos de confiança e perceber gratificação
observância da evolução salarial e das verbas salariais fixas e o não inferior a 1/3 do salário.
divisor 220 e que os sábados e feriados não sejam considerados no Todavia, como é de óbvia sabença, hodiernamente, no mundo
repouso semanal remunerado. Pleiteia, ainda, que a rubrica "Horas corporativo, prolifera o termo "gerente", acompanhado das mais
extras integração" não integre a base de cálculo das horas deferidas diversas qualificações (gerente de marketing; gerente de operação;
e que não haja reflexos na Participação nos Lucros e Resultados gerente de tráfego; gerente de relacionamento; gerente de contas;
Insurge-se, outrossim, contra a condenação no pagamento da PLR denominado tenha um mínimo poder de decisão ou mesmo
proporcional de 2017, que já teria sido devidamente quitada, autonomia e destaque, não passando de um trabalho meramente
Na sequência, impugna a concessão de honorários em favor da Ora, é evidente que esse tipo de estratégia patronal tem dado
parte reclamante, que não teria comprovado o preenchimento dos ensejo a abusos quanto à jornada de trabalho, sob o pálido
requisitos legais para a obtenção desse direito. argumento de que a função é de confiança e que, portanto, o
Finalmente, pugna pela aplicação de correção monetária segundo empregado bancário ocupante desse tipo de cargo não está sujeito
os índices da TR e que se façam as deduções fiscais e à carga horária especial de seis horas diárias.
A autora interpõe o Recurso Ordinário de ID 216e869, requerendo o comandava equipes, não tinha poder de mando, não tinha
pagamento integral da PLR de 2017, sob a alegação de que, uma procuração em nome do banco, não tinha autonomia para conceder
vez considerado o prazo de projeção do aviso prévio indenizado, o empréstimos, ou seja, era apenas um empregado comum.
termo de seu contrato de trabalho teria ocorrido apenas em O título de "Gerente de Relacionamento Prime II" é pomposo,
esta desenvolvia atividade meramente técnica, sem grau de fidúcia que caixas e escriturários estavam no mesmo nível do Gerente de
especial, revelando retro referido título, apenas, uma tentativa Relacionamento Prime; que a reclamante não delegava demanda
frustrada de contornar o limite legal (seis horas), impondo-lhe uma para caixas e escriturários; ela participava do Comitê de Crédito,
jornada de oito horas, sem remunerá-la para tal. caixas e escriturários não; que caixas e escriturários não faziam
É o que se conclui ao exame do depoimento do próprio preposto, prospecção de clientes." (Ata ID 13d0a83; grifos inexistentes no
"Que a reclamante era Gerente de Relacionamento Prime, geria "Que trabalhou com a reclamante, ela como gerente de
uma carteira de clientes, fazia visitas, fazia contrato de empréstimo relacionamento e a depoente como gerente assistente; que recebia
e captação, fazia assessoria e consultoria aos clientes da carteira; pedidos e demandas por parte da reclamante, de quem era
que o empréstimo é autorizado pelo gerente geral; que a última subordinada; que a reclamante possuía assinatura autorizada; que
palavra no comitê de crédito é do gerente geral; que os caixas, a reclamante assinava contratos de abertura de contas juntamente
supervisores e assistentes são subordinados ao gerente geral, com a gerente geral, caixas e escriturários não o faziam; que não
gerente administrativo e gerente de relacionamento; que não é sabe dizer ao certo o nível do cartão da reclamante, mas era
função do gerente de relacionamento fiscalizar o trabalho dos superior aos dos caixas; que quando o pedido de crédito do cliente
caixas e supervisores, não sabendo informar se a reclamante o é superior a alçada do gerente de relacionamento, a análise era
fazia; que a avaliação do gerente assistente é feita pelo gerente feita pelo próprio gerente de relacionamento; que a hierarquia era:
geral, também comunicando a este as suas ausências;que a gerente geral, gerente de relacionamento, gerente assistente, caixa
reclamante tinha alçada, como todos; que alçada são limites de e escriturário; na área administrativa: gerente administrativo e
liberação, de acordo com a função; que as alçadas relacionam-se supervisor; que a reclamante tinha acesso às informações
com operações feitas no caixa." (Ata ID 13d0a83; grifos inexistentes confidenciais dos clientes e do banco; que a reclamante avaliava a
Os depoimentos das testemunhas indicadas pela reclamante e pelo possuía a certificação AMBIMA, para poder atuar na área de
Banco seguem na mesma direção, como se pode ver a seguir: investimento." Dada a palavra ao patrono do reclamante: "Que o
"Que trabalhou com a reclamante na Agência Prime Aldeota, que gerente geral é quem autoriza a abertura de contas; que a liberação
fica na Av. Santos Dumont; que a reclamante era Gerente de de crédito pode ser feita pelo gerente de contas dentro da sua
Relacionamento Prime, fazia visitas comerciais, atendimento, alçada, acima só pelo gerente geral; que o gerente geral pode vetar
prospecção de abertura de contas; que a reclamante não tinha operação no limite da alçada do subordinado; que a palavra final no
subordinados; que o gerente geral tem a palavra final no Comitê de Comitê de Crédito é do gerente geral; que todos que trabalham na
Crédito; que os caixas, supervisores, auxiliares de serviços são agência são subordinados ao gerente geral; que o gerente geral faz
subordinados ao gerente administrativo; que o gerente assistente é a avaliação de desempenho do gerente assistente; que no tempo
subordinado ao gerente geral; que nunca viu a reclamante assinar que a reclamante trabalhou havia entre 7 a 5 gerentes de
cheque administrativo; que a reclamante tinha alçada para relacionamento; que os gerentes de relacionamento passavam
desbloqueio das operações no caixa; que não sabe informar o nível serviço para o assistente; que o gerente assistente era fiscalizado
do cartão da reclamante, o da depoente era 85, como gerente pelos gerentes de relacionamento ou gerente geral, não havia um
assistente; que os níveis 85, 86 não significavam níveis critério específico; que quando o gerente assistente precisava se
hierárquicos; que a reclamante tinha assinatura autorizada, ela não ausentar comunicava ao gerente geral, os caixas e supervisores
podia autorizar pagamento de cheque sem provisão de saldo; que a também comunicavam ao gerente geral; que a reclamante não tinha
reclamante não tinha poderes para punir empregados, nem para poderes para aplicar punição, não admitia nem demitia
demitir e admitir, não tinha acesso a informações sigilosas do empregados." (Ata ID 13d0a83; grifos inexistentes no original).
Banco." Dada a palavra ao patrono da reclamada: "Que o gerente O conjunto probatório acima transcrito permite formar convicção
geral fazia a divisão da demanda para os gerentes assistentes; que segura de que as atribuições de "Gerente de Relacionamento Prime
com autorização do gerente geral, o gerente de relacionamento II" são meramente técnicas, desprovidas de elementos que
apresentava demanda ao gerente assistente; que acredita que o qualifiquem tais funções como cargos de confiança.
cartão de acesso ao sistema da reclamante tinha um valor de A gratificação percebida pelo exercício das atribuições respectivas
desbloqueio superior ao do caixa; que na agência onde trabalho a remunera apenas o trabalho exercido com maiores
hierarquia era: gerente geral, gerente administrativo e os demais; responsabilidades, sem revelar grau de confiança destacada, como
pretende fazer crer o Banco demandado e entendeu a Magistrada inviabilizado nesta instância recursal, nos termos das Súmulas 102,
sentenciante, daí se ter por inadmissível o enquadramento do I e 126/TST. Agravo de instrumento desprovido." (AIRR - 522-
reclamante na excepcionalidade prevista no § 2º do artigo 224 da 50.2014.5.09.0005, Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado,
Pensar de forma diferente, data venia, serviria para incentivar o DEJT 07/01/2019).
demandado a criar outras denominações de gerente nas suas "RECURSO DO BANCO SANTANDER S.A. - CARGO DE
agências, a ponto de chegar em determinado momento em que só CONFIANÇA - ART. 62, II, DA CLT - ART. 224, § 2º, DA CLT. O
existirão empregados gerentes, fazendo letra morta da norma legal Tribunal Regional, alicerçado na avaliação dos depoimentos
da jornada de seis horas. testemunhais, registrou quadro fático segundo o qual o reclamante
Aliás, a Corte Superior da Justiça Laboral, em processos análogos, "não possuía poderes para liberar ou realizar operações com total
movidos contra entidades bancárias, já se pronunciou no mesmo autonomia, tampouco praticar atos isoladamente, sem qualquer
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. dispunha de poderes diferenciados em relação aos demais
PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014 E ANTERIOR À empregados, razão pela qual afastou o enquadramento nos cargos
LEI 13.467/2017. 1. MULTA DO ART. 523, §1º, DO CPC/2015 de confiança previstos nos art. 62, II, da CLT e 224, § 2º, da CLT.
(ART. 475-J DO CPC/1973). 2. BANCÁRIO. CARGO DE Diante dessas premissas fáticas, insuscetíveis de reapreciação em
CONFIANÇA. ART. 224, § 2º, DA CLT. CARACTERIZAÇÃO. sede extraordinária, não há como se vislumbrar contrariedade à
MATÉRIA FÁTICA. SÚMULAS 102, I E 126/TST. 3. HORAS Súmula nº 287 do TST, que trata da presunção juris tantum dos
EXTRAS. DIVISOR. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL. 4. poderes de gestão do gerente geral de agência que, no caso, restou
DANO MORAL. VALOR DA INDENIZAÇÃO. O cargo de confiança afastada pela prova produzida nos autos. Igualmente em relação ao
no Direito do Trabalho recebeu explícita tipificação legal, quer no cargo de confiança previsto no art. 224, § 2º, da CLT, registrado
padrão amplo do art. 62, II, da CLT, quer no tipo jurídico específico pelo Tribunal Regional que não havia diferenciação de poderes
bancário do art. 224, § 2º, da Consolidação. Para enquadrar o entre o reclamante e os demais empregados no exercício das suas
empregado nas disposições contidas no art. 224, § 2º, da CLT, é atribuições, o conhecimento do recurso de revista esbarra no óbice
necessário ficar comprovado que ele exercia, efetivamente, as da Súmula nº 102, I, do TST. Recurso de revista não conhecido.
funções aptas a caracterizar o cargo de confiança e, ainda, que elas (...)." (RR - 681-55.2011.5.02.0049, Relator Ministro: Luiz Philippe
se revestiam de fidúcia especial, que extrapola aquela básica, Vieira de Mello Filho, Data de Julgamento: 31/08/2016, 7ª Turma,
inerente a qualquer empregado. No caso concreto, o Tribunal Data de Publicação: DEJT 09/09/2016).
Regional, amparado no conjunto probatório produzido nos autos, Há precedentes, também, neste Regional, conforme exemplificado
CLT. Para tanto, asseverou que: "No caso, o réu insiste que se "RECURSO ORDINÁRIO. 1 - RECURSO DA PARTE RECLAMADA.
desvencilhou de seu ônus. Porém, não é o que se extrai da prova 1.1 - HORAS EXTRAS. CARGO DE CONFIANÇA. ARTIGO 224, §
oral, a qual revela que o autor não contava com subordinados, não 2º DA CLT. CARGO DENOMINADO CHEFE DE SERVIÇOS
tinha alçada especial e tampouco poderes que o diferenciasse dos BANCÁRIOS. Ao defender o exercício de tarefas suficientes para o
demais empregados". Acrescentou que "a prova oral não permite se enquadramento do empregado no § 2º do art. 224 da CLT, atrai o
reconheça que o autor contava com poderes que a diferenciavam patrão o ônus da prova, consoante inteligência do art. 818 da CLT e
dos demais empregados, mostra-se correta a sentença na parte em do art. 373, II, do CPC. Não se tem por comprovado o exercício da
que não reconheceu seu enquadramento na exceção do artigo 224, função de confiança a que se refere o art. 224, § 2º, da CLT
§ 2º, da CLT". Diante desses dados fáticos, constata-se que o (Súmula 102/TST), quando revelam as provas dos autos, todavia,
Reclamante não ocupava típico cargo de confiança bancário, nos tarefas corriqueiras acometidas à obreira, sem qualquer fidúcia.
moldes do art. 224, § 2º, da CLT, pois ficou comprovado que as (...)." (TRT-7 - RO: 00010708020155070010, Relator: CLAUDIO
funções exercidas delineavam-se como meramente técnicas, sem SOARES PIRES, Data de Julgamento: 17/09/2018, Data de
maior grau de fidúcia. Para que se pudesse chegar, se fosse o "FUNÇÃO DE CONFIANÇA NÃO CARACTERIZADA - HORAS
caso, a conclusão fática diversa, seria necessário o revolvimento do EXTRAS DEVIDAS. Apesar de o autor laborar 08 (oito) horas
conteúdo fático-probatório constante dos autos, o que fica diárias e perceber gratificação pelo exercício da função de Gerente,
superior a 1/3 do salário do cargo efetivo, não há que se enquadrar base de cálculo, da rubrica "Gratificação de Função Chefia",
o caso da presente lide na exceção do § 2º do art. 224, da CLT, vez merecendo endosso esse entendimento, posto constituir parcela
que não restou comprovada nos autos qualquer relação entre as percebida por prolongado período do contrato de trabalho que
atividades por ele desempenhadas e aquelas típicas dos que ostenta natureza jurídica semelhante à das gratificações
exercem a chefia ou postos de comando." (TRT-7 - RO: expressamente nominadas na norma coletiva acima referida, à qual,
00002101920145070009, Relator: JEFFERSON QUESADO portanto, não se justifica que seja conferido tratamento distinto.
JUNIOR, Data de Julgamento: 22/01/2018, Data de Publicação: Em assim, de se mantê-la na base de cálculo das horas
23/01/2018). extraordinárias.
Destarte, merece confirmação a r. Sentença recorrida, que deferiu o Por outro viés, há que se extirpar do condenatório a repercussão
pagamento, como extras, das sétima e oitava horas trabalhadas, sobre a PLR, verba que é inteiramente desvinculada da
relativamente ao lapso temporal a salvo da prescrição quinquenal. remuneração, consoante prescreve a Constituição Federal.
Frise-se a insubsistência do pleito recursal de se efetuar a Não prospera, no entanto, o pleito de exclusão da rubrica "Horas
extras aqui ratificadas, haja vista que referido adicional Trata-se de vantagem que a reclamante já percebia quando de seu
estipendiário, percebido em razão do exercício das atribuições de vínculo empregatício com o Banco do Estado do Ceará - BEC,
Gerente de Relacionamento, remunerava, apenas, o trabalho posteriormente adquirido pelo Bradesco, sendo denominada
exercido com maiores responsabilidades, não o excesso de jornada. originalmente de "Prorr. Expediente Diurno" e remunerando as
O divisor a ser aplicado para o cálculo das horas extras é, sétima e oitava horas trabalhadas.
efetivamente, 180, em razão do direito da autora à jornada de Ao suceder o BEC, o ora recorrente manteve essa verba, porém
trabalho de seis horas diárias, conforme decidiu o Colendo Tribunal designando-a como "Horas extras integração".
Superior do Trabalho, em sede de Incidente de Recursos Nesse contexto, inafastável a ilação de que se trata de parcela
Repetitivos (Processo nº 0000849-83.2013.5.03.0138). salarial fixa da autora, eis que percebida de forma habitual e
De se esclarecer que a habitualidade da extrapolação de jornada ininterrupta, durante mais de vinte anos.
impõe que se defiram os reflexos legais, inclusive sobre o repouso Em suma, acolhe-se parcialmente o apelo do Bradesco, no
semanal remunerado, que abrange sábados, domingos e feriados, concernente às horas extras, para os fins de excluir da base de
conforme assentado na Sentença de origem. cálculo a "Gratificação de Função Chefia" e retirar da condenação
Categoria Profissional da reclamante, assim como nas normas 2.1.2 Da PLR proporcional de 2017
coletivas anteriores, dispõe, literalmente, que as horas A Sentença deferiu à reclamante o pagamento da PLR de 2017, na
extraordinárias, "quando prestadas durante toda a semana anterior, proporção de 8/12, autorizando a compensação do valor recebido
os bancos pagarão, também, o valor correspondente ao repouso ao ensejo de sua rescisão contratual.
semanal remunerado, inclusive sábados e feriados" (ID 68c9fdf, O Banco recorrente alega haver quitado regularmente essa verba,
C. TST, mantendo-se, portanto, a Decisão de Primeiro Grau nesse Todavia, o valor pago constante do referido contracheque
Quanto ao pleito de que seja observada a evolução salarial, nada se em cumprimento ao disposto na Cláusula 1ª da CCT de 2016/2017
tem a apreciar, vez que assim já determinado na Sentença. (doc. ID 75aa720, pág. 02).
Não procede a insurgência recursal, também, no que tange à É fato que o termo rescisório contém pagamento de PLR, no
composição da base de cálculo das horas extras deferidas. entanto inexiste qualquer risco de pagamento a maior ou em
A CCT da categoria estabelece, no parágrafo segundo da Cláusula duplicidade, uma vez que a Sentença teve a prudência de condenar
8ª, que o valor da hora extra será calculado tomando por base "o nessa verba, mas autorizar, de logo, a devida compensação de
somatório de todas as verbas salariais fixas, entre outras, ordenado, valores adimplidos ao mesmo título.
adicional por tempo de serviço, gratificação de caixa e gratificação Portanto, nega-se provimento ao Recurso nesse particular.
A Sentença recorrida, acertadamente, determinou a inclusão, nessa Incensurável a concessão de honorários sucumbenciais em favor
Consoante os termos do art. 6º da Instrução Normativa nº 41/2018 2.2.1 Do pedido de pagamento integral da PLR de 2017
do Colendo TST, a condenação em honorários advocatícios A reclamante persegue o pagamento da integralidade da PLR do
sucumbenciais, prevista no art. 791-A da CLT, será aplicável, ano de 2017, ao argumento de que seu contrato de trabalho,
apenas, às ações propostas após 11 de novembro de 2017, data considerando-se o prazo de projeção do aviso prévio indenizado,
em que passou a viger a Lei nº 13.467/2017 (Reforma Trabalhista), somente se encerrou em 03/01/2018, restando, pois, abrangido todo
Reclamatória em 28/11/2018. Sabe-se, à luz do § 1º do art. 487 da CLT, que o aviso prévio, ainda
Nesse compasso, observando-se o grau de zelo do profissional que indenizado, integra o tempo de serviço do empregado para
processuais tempestivos etc.), o lugar de prestação do serviço, a Cumpre lembrar, ademais, a OJ 82 da SBDI-1 do Colendo TST,
natureza e a importância da causa, o trabalho realizado e o tempo segundo a qual "A data de saída a ser anotada na CTPS deve
exigido para o seu serviço, inclusive com atuação no segundo grau, corresponder à do término do prazo do aviso prévio, ainda que
pagamento da verba em apreço, no índice arbitrado na Sentença. Dito isso, é seguro concluir que o cálculo da PLR deve levar em
Registre-se ser improcedente a pretensão do Banco de ver consideração todo o período do contrato, inclusive o ficto decorrente
condenada a autora a lhe pagar honorários de advogado. da projeção do aviso prévio, que é tido como se trabalhado fosse.
É que a ela fora deferida a gratuidade da Justiça, que compreende, Nessa direção tem decidido, reiteradamente, o Colendo TST,
Evidentemente, as condições exigidas para a concessão da INDENIZADO PARA EFEITO DE CÁLCULO DA PLR. O aviso
supracitada garantia, de patamar, aliás, constitucional (inciso LXXIV prévio, ainda que indenizado, integra o tempo de serviço, projetando
do artigo 5º da Constituição Federal), são aquelas demonstradas o contrato de trabalho até o final de seu período, inclusive para o
quando do ajuizamento da Ação ou do respectivo requerimento e, cômputo da parcela PLR. Inteligência da Orientação Jurisprudencial
uma vez tidas por provadas pelo Órgão Julgador, faz jus a parte 82 da SBDI-1 do TST. Recurso de revista conhecido e provido"
requerente à integralidade dos benefícios assegurados em lei, sob (ARR-201-53.2015.5.03.0035, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto
pena de se erigir obstáculo ao livre acesso à Justiça. Luiz Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 06/12/2019).
Nesse contexto, uma vez sendo a reclamante, repita-se, beneficiário "(...) RECURSO DE REVISTA. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E
determinação de pagamento de despesas processuais, AVISO PRÉVIO INDENIZADO. PROVIMENTO. O egrégio Tribunal
principalmente as que venham a impedir ou dificultar que as Regional do Trabalho concluiu que não se justifica a consideração
pessoas sem recursos financeiros tenham acesso ao Judiciário, do aviso prévio indenizado no cômputo da participação nos lucros e
para resolverem suas demandas de forma civilizada, quando se resultados proporcional. Partiu da premissa de que, embora o aviso
sentirem lesadas em seus direitos. prévio indenizado integre, por ficção legal, o tempo de serviço, não
Destarte, nega-se provimento ao apelo do reclamado, uma vez há como deixar de reconhecer que, neste período, o trabalhador
mais. não prestou efetivamente serviços, motivo pelo qual não contribuiu
2.1.4 Do índice de correção monetária e dos descontos fiscais e para a obtenção dos resultados positivos da empresa. Ocorre que
Por se tratar de matéria que é objeto do Recurso Ordinário reiteradamente no sentido contrário, ou seja, de que o aviso prévio
interposto pela reclamante, deixa-se para discutir a correção indenizado integra o contrato de trabalho para todos os efeitos, nos
monetária quando do exame meritório desta insurgência. termos do artigo 487, § 1º, da CLT e da Orientação Jurisprudencial
Consigne-se, no que tange às deduções a título de imposto de nº 82 da SBDI-1, inclusive para o pagamento proporcional da
renda e contribuições previdenciárias, que tais já foram participação nos lucros e resultados. Recurso de revista de que se
devidamente ordenadas no dispositivo sentencial, nada se tendo a conhece e a que se dá provimento" (ARR-10070-
Caputo Bastos, DEJT 29/11/2019). encontra obstáculo no § 7.º do art. 896 da CLT e na Súmula nº 333
"(...) RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA. LEI 13.467/2017. deste Tribunal. Agravo de Instrumento conhecido e não provido."
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS SOBRE (AIRR-928-28.2016.5.10.0020, 1ª Turma, Relator Ministro Luiz José
vigência da Lei 13.467/2017 exige que a causa ofereça determinar que a PLR de 2017 seja paga de forma integral,
transcendência com relação aos reflexos gerais de natureza mantida, naturalmente, a compensação do importe pago, a esse
econômica, política, social ou jurídica, a qual deve ser analisada de título, no termo rescisório.
ofício e previamente pelo Relator (artigos 896-A, da CLT, 246 e 247 2.2.2 Do índice de correção monetária
do RITST). A pretensão deduzida na causa é a exclusão do Pleiteia a autora que se aplique ao cálculo liquidatório, como índice
referente ao exercício de 2014. O Eg. TRT decidiu que o período de A razão lhe acompanha, mas apenas em parte.
aviso prévio integra o tempo de serviço para todos os efeitos legais, É cediço que o Supremo Tribunal Federal, nos autos da ADI nº
não existindo distinção entre o aviso prévio trabalhado e o 4.357/DF, declarou, nos termos do voto do Ministro Relator Ayres
indenizado, razão pela qual consignou que o reclamante tinha Britto, "a inconstitucionalidade da expressão "na data de expedição
direito a PLR do exercício de 2014 de forma proporcional. A decisão do precatório", contida no § 2º; os §§ 9º e 10; e das expressões
recorrida guarda consonância com a jurisprudência desta c. Corte, "índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança" e
que firmou o entendimento de que o aviso prévio, ainda que "independentemente de sua natureza", constantes do § 12, todos
indenizado, integra o tempo de serviço do empregado para todos os dispositivos do art. 100 da CF, com a redação dada pela EC nº
efeitos. A matéria debatida não possui transcendência econômica, 62/2009", afastando, assim, a aplicação da Taxa Referencial - TR, o
política, jurídica ou social. Transcendência não reconhecida. que culminou com a inconstitucionalidade por arrastamento do art.
Recurso de revista de que não se conhece" (ARR-11238- 1º-F da Lei nº 9.494, com a redação dada pelo art. 5º da Lei nº
Convocada Cilene Ferreira Amaro Santos, DEJT 07/06/2019). Em decorrência da referida decisão do STF, o Pleno do TST, ao
APELO INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI N.º 13.105/2015 60.2011.5.04.0231, suscitada pelo Min. Cláudio Mascarenhas
(NOVO CPC). PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS Brandão, por sua vez, declarou a inconstitucionalidade por
(PLR). INCIDÊNCIA SOBRE O AVISO PRÉVIO INDENIZADO. arrastamento da expressão "equivalente à TRD" presente no art. 39,
POSSIBILIDADE. Cinge-se a controvérsia a saber se é possível a caput, da Lei nº 8.177/91 e, dando interpretação conforme a
parcela PLR incidir sobre o aviso prévio indenizado. O Regional Constituição ao restante da norma, definiu como índice de
deferiu o pagamento das diferenças do valor da Participação nos atualização monetária dos créditos trabalhistas na Justiça do
Lucros e Resultados do ano de 2015 sobre o aviso prévio Trabalho o IPCA-E (Índice de Preços ao Consumidor Amplo
indenizado. Incensurável a decisão. Com efeito, na forma do artigo Especial) a partir de 30.06.2009, quando entrou em vigor a Lei nº
487, parágrafo 1.º, da CLT, o aviso prévio, ainda que indenizado, 11.960/2009, que acrescentou o art. 1º-F à Lei nº 9.494/1997, o qual
integra o tempo de serviço do empregado para todos os efeitos foi declarado inconstitucional pelo STF.
legais. De outra parte, na diretriz da Orientação Jurisprudencial nº Posteriormente, na sessão de julgamento dos embargos de
82 da SBDI-1, "A data de saída a ser anotada na CTPS deve declaração opostos contra o Acórdão que dirimira a ArgInc nº 479-
corresponder à do término do prazo do aviso prévio, ainda que 60.2011.5.04.0231, publicado em 30/6/2017, modularam-se os
indenizado.". E, a par das alegações recursais, não se constata a efeitos do retro citado Aresto para fixar como fator de correção dos
violação do art. 7º, inciso XXVI, da Constituição Federal, pois o débitos trabalhistas a Taxa TR (índice oficial da remuneração básica
Regional não negou validade à norma coletiva, mas, tão somente, da caderneta de poupança), até 24/3/2015, e o IPCA-E (Índice de
concluiu que o autor preencheu o requisito temporal previsto na Preços ao Consumidor Amplo Especial), a partir de 25/3/2015, na
norma coletiva, em razão da devida projeção do aviso prévio forma deliberada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal.
indenizado. Desse modo, estando a decisão revisanda em sintonia De se registrar, ainda, que a Reclamação nº 22.012/RS, onde
com a indigitada OJ, cuja aplicação às hipóteses como a dos autos deferida liminar suspensiva dos efeitos do Decisum proferido pelo
é reconhecida pela remansosa jurisprudência desta Corte, a Revista TST nos autos da ArgInc nº 479-60.2011.5.04.0231, fora julgada
improcedente pelo STF, conforme síntese jurisprudencial abaixo 13.105/2015 E ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI No 13.467/2017 -
DÉBITOS TRABALHISTAS. TR. AUSÊNCIA DE IDENTIDADE PLENO DO TST. TEMA 810. REPERCUSSÃO GERAL
MATERIAL ENTRE OS FUNDAMENTOS DO ATO RECLAMADO E RECONHECIDA PELO STF. JULGAMENTO DEFINITIVO DO STF
O QUE FOI EFETIVAMENTE DECIDIDO NAS ADIS 4.357/DF E NA RECLAMAÇÃO Nº 22012/RS. 1.1. O Pleno do TST, por meio da
TST DENTRO DO LIMITE CONSTITUCIONAL QUE LHE É declarou inconstitucional a expressão "equivalentes à TRD", inscrita
ATRIBUÍDO. RECLAMAÇÃO IMPROCEDENTE. no art. 39, "caput", da Lei n° 8.177/91, aplicando a técnica de
I - A decisão reclamada afastou a aplicação da TR como índice de interpretação conforme a Constituição para o texto remanescente
correção monetária nos débitos trabalhistas, determinando a da norma impugnada. Definiu, ainda, a variação do Índice de Preços
utilização do IPCA em seu lugar, questão que não foi objeto de ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) como fator de atualização
deliberação desta Suprema Corte no julgamento das Ações Diretas a ser utilizado na tabela de atualização monetária dos débitos
de Inconstitucionalidade 4.357/DF e 4.425/DF, não possuindo, trabalhistas na Justiça do Trabalho. 1.2. No julgamento definitivo da
portanto, a aderência estrita com os arestos tidos por Reclamação 22012 MC/RS, contra a decisão do Pleno desta Corte,
desrespeitados. o STF concluiu que "o conteúdo das decisões que determinam a
II - Apesar da ausência de identidade material entre os fundamentos utilização de índice diverso da TR para atualização monetária dos
do ato reclamado e o que foi efetivamente decidido na ação direta débitos trabalhistas não possui aderência com o decidido pelo STF
de inconstitucionalidade apontada como paradigma, o decisum ora nas duas ADIs". 1.3. A decisão é corroborada pelo julgado proferido
impugnado está em consonância com a ratio decidendi da pelo excelso Supremo Tribunal Federal, no RE nº 870.947 RG/SE,
orientação jurisprudencial desta Suprema Corte. com repercussão geral, publicada no DJe de 20.11.2017, no qual se
III - Reclamação improcedente." (DATA DE PUBLICAÇÃO DJE considerou inconstitucional a atualização monetária das
27/02/2018 - ATA Nº 17/2018. DJE nº 37, divulgado em condenações impostas à Fazenda Pública segundo a remuneração
Oportuno, também, transcrever recentes manifestações 9.494/1997, por impor "restrição desproporcional ao direito de
jurisprudenciais emanadas do Colendo TST sobre a temática ora propriedade (CRFB, art. 5º, XXII), uma vez que não se qualifica
"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. economia", inflação essa que somente é corretamente aferida pelo
EXECUÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA DOS CRÉDITOS IPCA-E, calculado pelo IBGE, "índice escolhido pelo Banco
TRABALHISTAS. ÍNDICE APLICÁVEL. Consoante entendimento Central". 1.4. Definido o índice, aplica-se a modulação de efeitos
adotado pela 8ª Turma, com base na decisão do Tribunal Pleno fixada pelo Pleno do TST, no julgamento dos embargos de
desta Corte Superior (TST - ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231 e ED - declaração à arguição de inconstitucionalidade, em 20.3.2017,
ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231), na correção dos créditos segundo a qual o IPCA-E incide a partir de 25 de março de 2015.
trabalhistas, aplica-se a TR até 24/3/2015 e o IPCA a partir de (...)" (Processo: AIRR - 110200-61.2007.5.04.0012 Data de
25/3/2015. Esta Turma considera, ainda, entendimento a que me Julgamento: 13/02/2019, Relator Ministro: Alberto Luiz Bresciani de
submeto por disciplina judiciária, que o art. 879, § 7º, da CLT perdeu Fontan Pereira, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 22/02/2019).
a sua eficácia normativa, em face da declaração de Frise-se, por relevante, que o § 7º do art. 879 da CLT, com a
inconstitucionalidade parcial do art. 39 da Lei nº 8.177/91, na redação conferida pela Lei nº 13.467/17, perdera sua eficácia
medida em que o dispositivo da legislação esparsa conferia normativa, por se reportar ao critério de atualização monetária
conteúdo à norma da CLT, tendo em vista a adoção de fórmula previsto na Lei nº 8.177/91, que foi declarado inconstitucional pelo
remissiva pelo legislador. Agravo de instrumento conhecido e não Tribunal Pleno do TST, em observância à decisão do Excelso STF.
provido." (Processo: AIRR-AIRR - 20019-18.2013.5.04.0751 Data É o seguinte o teor do supra referido dispositivo celetário:
de Julgamento: 27/02/2019, Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, "Art. 879 - Sendo ilíquida a sentença exeqüenda, ordenar-se-á,
8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 01/03/2019). previamente, a sua liquidação, que poderá ser feita por cálculo, por
§ 7º A atualização dos créditos decorrentes de condenação judicial Botelho (Relator) e Cláudio Soares Pires. Presente ainda o(a)
será feita pela Taxa Referencial (TR), divulgada pelo Banco Central Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho.
Relator
CONCLUSÃO DO VOTO
extras sobre a PLR; e ao do reclamante, para determinar que a PLR Diretor de Secretaria
Intimado(s)/Citado(s):
- FRANCISCO JADAS DA SILVA
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
ISTO POSTO:
REGIÃO, por unanimidade, conhecer de ambos os Recursos e dar POR PLANO DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA (PDV). CLÁUSULA
-lhes parcial provimento: ao do reclamado, para excluir da ABUSIVA EM DETRIMENTO DO EMPREGADO. A Teor da Lei nº
condenação os reflexos de horas extras sobre a PLR; e ao do 9.656/98, tendo em vista que a parte obreira contribuiu para o plano
reclamante, para determinar que a PLR de 2017 seja paga de forma de saúde FAMED por mais de dez anos, não pode ser
integral, mantida a compensação do importe pago, a esse título, no desconsiderado pelo novo plano referidas contribuições, visto que a
termo rescisório, e estabelecer como fator de correção dos débitos seguradora anterior foi incorporada pela sucessora Bradesco Saúde
trabalhistas a Taxa TR até 24/3/2015 e o IPCA-E a partir de S.A., que abrigou a carteira de clientes do plano sucedido, de sorte
25/3/2015. Outrossim, manter o valor arbitrado à condenação na a manter não só as coberturas assistenciais do contribuinte como
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores plano anterior. Ademais, a Jurisprudência do Tribunal Superior do
Francisco José Gomes da Silva (Presidente), Paulo Régis Machado trabalho reconhece o direito à manutenção do Plano de Saúde
ainda que o desligamento da empresa tenha ocorrido por meio de dos empregados da ativa e na mesma faixa etária, por tempo
Plano de Demissão Voluntária (PDV), uma vez que não se indeterminado, nos termos do art. 31 da Lei 9.656/1998, ou então,
reconhece a validade de cláusulas normativas que suprimam que o custeio integral como determina a Lei 9.656/98 seja com base
direitos assegurados por lei, como é o caso da Lei nº 9656/98 nos valores repassados pelo Banco BRADESCO a BRADESCO
(artigos 30 e 31). Assim, devem ser condenadas as reclamadas a SAÚDE, na mesma faixa etária do Recorrente/reclamante.
que gozava quando da vigência do contrato de trabalho, não O reclamante alega que manteve contrato de trabalho com o
obstante esta assuma o seu pagamento integral. Sentença reclamado Banco Bradesco S/A no período de 14/05/1981 a
modificada neste ponto. 11/09/2017, sendo que foi admitido pelo Banco do Estado do Ceará
Recurso ordinário conhecido e provido. - BEC, ocorrendo a sucessão empresarial em 15/05/2006, quando
EM PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO, provenientes da MM.4ª As reclamadas, em peça de defesa apresentada conjuntamente (fls.
VARA DO TRABALHO DE FORTALEZA, em que é recorrente, 235/246) defendem que o reclamante aderiu ao plano de demissão
FRANCISCO JADAS DA SILVA, e recorrido,BANCO BRADESCO voluntária especial (PDVE) proposto, tendo sido desligado em razão
S.A. E BRADESCO SAÚDE S/A. desta adesão em 11/09/2017, estando explícito no item 7.4 do
Relatório dispensado nos termos do art. 852-I, da CLT, por se tratar Regulamento do PDVE que os empregados que aderissem ao
de processo submetido ao rito sumaríssimo. PDVE fariam jus ao plano de saúde pelo período máximo de 18
recurso interposto. Conforme consta no TRCT a parte obreira fora admitida junto ao
DA MANUTENÇÃO DE PLANO DE SAÚDE APÓS A EXTINÇÃO do contrato de trabalho por meio de adesão ao plano de demissão
DO CONTRATO DE TRABALHO. voluntária especial (PDVE) proposto, tendo sido desligado em razão
Trata-se de recurso ordinário (ID. 18E79a9) interposto pelo desta adesão em 11/09/2017. O reclamante contribuiu para o plano
reclamante, FRANCISCO JADAS DA SILVA, pleiteando que seja os de saúde FAMED desde a sua admissão até 2006.
seguintes pontos: Após o ano de 2006, com a extinção do BEC, que fora comprado
a) seja restabelecido o direito ao plano de saúde nos mesmos pelo Banco Bradesco S.A., o plano de saúde da reclamada fora
termos deferidos pela ilustrada Juíza da 4ª. vara, por ser o substituído, de forma impositiva e obrigatória pelo plano ''Bradesco
Recorrente portador de doença ocupacional, ficando a cargo do Saúde'', ocasião em que a parte obreira mesmo deixando de
recorrido os custos da manutenção do plano de saúde, ou então; contribuir diretamente passou a contribuir com a sua força de
b) que seja arbitrado em 1/3 (um terço) do valor da tabela trabalho, pois usufruía do plano na forma de coparticipação, como
apresentada pelo Recorrente acima, na mesma faixa etária do ex- um benefício pago pelo seu empregador. Assim, tem-se por
obreiro, como sendo o valor a ser repassado a BRADESCO SAÚDE caracterizado a efetiva contribuição direta do reclamante para
S/A, mensalmente, contribuição patronal e empregado, a fim de que manutenção de seu plano de saúde nos moldes do artigo 30 e 31
o reclamante e seus dependentes possam utilizar o PLANO DE da Lei 9.656/1998, fazendo jus a sua manutenção desde que o
SAÚDE e DENTAL nas mesmas condições que tinha antes da assuma integralmente, este é o entendimento consolidado da 01ª
ruptura (coparticipação, plano apartamento top), e no mesmo nível Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região:
Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região TRT-7 -1ª Turma - descontava da parte obreira a contribuição mensal para
RECURSO ORDINÁRIO : RO 00008278020175070006-06/06/2018 manutenção do plano de saúde, não o fazia por liberalidade e
-Fundamento:RECURSO ORDINÁRIO DOS RECLAMADOS. porque, na verdade, o empregado lhe retribuía mediante a
PACTO LABORAL. LEI Nº.9.656/98. MANUTENÇÃO DA Observa-se que o que a norma impõe é que, após extinto o vínculo
SENTENÇA DE ORIGEM.(...) a previsão da Lei9.656/98 é mais empregatício, inclusive no caso de adesão à PDVE, deve o ex-
favorável ao recorrido, porque todo o período de contribuição empregado assumir o pagamento integral do plano de saúde
do trabalhador para a FAMED, de 1982 a 2006, não pode ser contratado, desonerando a empresa de arcar com os custos dessa
anterior foi incorporada pela sucessora Bradesco Saúde S.A., Nesse sentido, colacionam-se precedentes do Tribunal Superior do
que abrigou a carteira de clientes do plano sucedido, de sorte a trabalho, nos quais se reconhece o direito à manutenção do Plano
manter não só as coberturas assistenciais do contribuinte de Saúde ainda que o desligamento da empresa tenha ocorrido por
como também absorveu o patrimônio contributivo de todo o meio de Plano de Demissão Voluntária (PDV), uma vez que não se
A 2ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região, direitos assegurados por lei, como é o caso da Lei nº 9656/98
Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região -2ª Turma- "AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE
19/02/2018 -Fundamento: (...)Ressalte-se, por oportuno, que a VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. MANUTENÇÃO DO PLANO DE
seguradora FAMED também foi incorporada pela sucessora SAÚDE. APOSENTADO. DESLIGAMENTO POR PLANO DE
BRADESCO SAÚDE S/A, incluindo, a carteira de clientes do DEMISSÃO VOLUNTÁRIA (PDV). CLÁUSULA ABUSIVA EM
plano sucedido, de sorte a manter não só as coberturas DETRIMENTO DO EMPREGADO. LEI Nº 9.656/98. Constatado
assistenciais do contribuinte, como também absorveu o equívoco no despacho agravado, dá-se provimento ao agravo para
patrimônio contributivo de todo o período do plano anterior, determinar o processamento do agravo de instrumento. AGRAVO
sendo obrigado, por conseguinte, a considerar todo o período DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA EM FACE DE
de contribuição da trabalhadora, desde a sua admissão em DECISÃO PUBLICADA ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI Nº
1982 até 2006. Assim sendo, uma vez preenchidos os 13.015/2014. MANUTENÇÃO DO PLANO DE SAÚDE.
requisitos do art. 30 e 31, da Lei nº 9.656/98, reforma-se a APOSENTADO. DESLIGAMENTO POR PLANO DE DEMISSÃO
sentença para assegurar à reclamante o restabelecimento do VOLUNTÁRIA (PDV). CLÁUSULA ABUSIVA EM DETRIMENTO DO
seuplano de saúdee de seus dependentes, nas mesmas EMPREGADO. LEI Nº 9.656/98. Agravo de instrumento a que se dá
condições de cobertura assistencial de que gozava quando da provimento para determinar o processamento do recurso de revista,
vigência do contrato de trabalho, mediante custeio integral das em face de haver sido demonstrada possível afronta ao artigo 31 da
mensalidades pela demandante devidas à seguradora Lei nº 9.656/98. RECURSO DE REVISTA EM FACE DE DECISÃO
"Como explanado o reclamante de 1985 até 2006 contribuiu para o revela que a Corte a quo proferiu decisão completa, válida e
plano de saúde FAMED, tal plano permitia a manutenção do obreiro devidamente fundamentada, razão pela qual não prospera a
e seus dependentes no plano mesmo após sua dispensa ou alegada negativa de prestação jurisdicional. Recurso de revista de
Nessa esteira, aprofundando-se no sentido da norma em questão, APOSENTADO. DESLIGAMENTO POR PLANO DE DEMISSÃO
percebe-se que a intenção do legislador foi garantir que o ex- VOLUNTÁRIA (PDV). CLÁUSULA ABUSIVA EM DETRIMENTO DO
empregado, dispensado sem justa causa ou aposentado (no caso EMPREGADO. LEI Nº 9.656/98. Como é cediço, ao empregado
do art. 31), possa gozar dos benefícios do plano de saúde que aposentado é assegurado o direito à manutenção no plano de
possuía à época da vigência do contrato de trabalho, sendo saúde, nas mesmas condições de cobertura que usufruía quando
irrelevante o fato de que, àquela época, a reclamante não arcasse em atividade, desde que tenha contribuído integralmente, por no
integralmente com referidos custos. É que, se o empregador não mínimo dez anos, para o plano e assuma o seu pagamento integral.
No caso, são incontroversas as seguintes premissas fáticas: o autor sentido de que as reclamadas sejam compelidas a manter o plano
contribuiu com sua cota-parte do custeio do plano de saúde pelo de saúde do reclamante, nas exatas condições em que gozava
prazo mínimo de dez anos (empregado arcava com 2% do salário quando da vigência do contrato de trabalho, não obstante este
nominal e o empregador com o restante do custo); aposentou-se assuma o seu pagamento integral.
por tempo de contribuição e a adesão ao PDV implicou rescisão do Voto vencido do Exmo. Des. Relator CLAUDIO SOARES PIRES,
contrato de trabalho; a reclamada manteve o convênio médico por nas partes em que fora vencido:
Superior, não se reconhece a validade de cláusulas normativas que MANUTENÇÃO DE PLANO DE SAÚDE APÓS A EXTINÇÃO DO
suprimam direitos assegurados por lei, como é o caso da Lei nº CONTRATO DE TRABALHO.
9656/98 (artigos 30 e 31). Sendo assim, há que se reconhecer a Apreciando o tema destacado, concluiu o juízo sentenciante (ID
contratual em detrimento do empregado. Recurso de revista de que "O reclamante alega que manteve contrato de trabalho com o
se conhece e a que se dá provimento". (TST, RR - 835- reclamado Banco Bradesco S/A no período de 14/05/1981 a
92.2011.5.02.0463, Relator Ministro: Cláudio Mascarenhas 11/09/2017, sendo que foi admitido pelo Banco do Estado do Ceará
Brandão, Data de Julgamento: 04/05/2016, 7ª Turma, Data de - BEC, ocorrendo a sucessão empresarial em 15/05/2006, quando
Publicação: DEJT 13/05/2016). passou a prestar serviços para o primeiro reclamado. Aduz o
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. I. demandante que era beneficiário de plano de saúde por mais de 10
MANUTENÇÃO DO PLANO DE SAÚDE. ADESÃO A PLANO DE (dez) anos e se encontra aposentado. Por isso, pede a manutenção
DEMISSÃO VOLUNTÁRIA. LEI 9.656/98. I. Não se divisa violação do citado benefício, nos moldes previstos nos arts. 30 e 31 da Lei nº
decidiu a controvérsia com base no disposto no art. 31 da Lei As reclamadas, em peça de defesa apresentada conjuntamente (fls.
9.656/98, que prevê o direito do empregado aposentado que 235/246) defendem que o reclamante aderiu ao plano de demissão
contribuiu por mais de dez anos à manutenção do mesmo Plano de voluntária especial (PDVE) proposto, tendo sido desligado em razão
Saúde de que era beneficiário. Assim, mantido pela empresa o desta adesão em 11/09/2017, estando explícito no item 7.4 do
Plano de Saúde para o qual o Reclamante vinha contribuindo, não Regulamento do PDVE que os empregados que aderissem ao
há amparo legal para que se exija a adesão a outro Plano de PDVE fariam jus ao plano de saúde pelo período máximo de 18
caráter privado. II. Ademais, quanto à existência de cláusula em meses. Menciona, ainda, que a CCT da categoria dos bancários
sentido contrário no PDV, o Tribunal registrou e concluiu também somente garante o Plano de Saúde aos funcionários
corretamente que "A r. Sentença julgou o pleito inicial procedente. ATIVOS e aos demitidos sem justa causa em prazo limitado.
Diante do preenchimento dos requisitos legais, o Recorrido teve o Acrescenta que o reclamante nunca pagou pelo plano de saúde,
convênio médico garantido até 31/03/2009. Por sua vez, a cláusula haja vista que este benefício é concedido aos funcionários do Grupo
nº 05 do acordo que gerou a rescisão do contrato de trabalho (fls. Bradesco na modalidade de CO- PARTICIPAÇÃO e não de
92) prevê que após 31/03/2009 o Recorrido poderia aderir ao plano contribuição.
de agregados Intermédica Sistema de Saúde Ltda., desde que À luz da legislação aplicável à espécie, extrai-se a improcedência
formalizasse o pedido em 30 dias do término do prazo supra. Houve dos pedidos formulados pelo reclamante. Explico.
manifestação do Reclamante em data posterior a 31/03/2009, em Incontroverso que o autor foi admitido em 14/05/1981 pelo antigo
24 de abril de 2009 (fls. 44/45) e 29 de abril de 2009 (fls. 46/91). Banco do Estado do Ceará - BEC S/A, incorporado pelo Banco
Considera-se, portanto, preenchidos os requisitos do art. 31 da lei nº reclamado em 15/05/2006, de onde foi desligado em 11/09/2017.
9.656/98, regulamentado pelo parágrafo 6º da Resolução CONSU Inconteste, ainda, que o reclamante aderiu voluntariamente ao
nº 21/99.-Agravo de instrumento a que se nega provimento". (TST, PDVE, não havendo qualquer alegação de vício ou coação, com
AIRR - 1390-46.2010.5.02.0463, Relator Desembargador formalização do TRCT entre as partes e a manutenção do plano de
Convocado: Paulo Américo Maia de Vasconcelos Filho, Data de saúde pelo período de 18 (dezoito) meses após o encerramento do
Julgamento: 01/10/2014, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT contrato. Incontroverso, inclusive, que o plano se dava em regime
Dessa sorte, tem o reclamante razão, pelo que se reforma a que arcava com contribuições ordinárias mensais, independentes
Apenas a título de esclarecimento, ressalto que após a incorporação médicos hospitalares, por isso é tratado como fator moderador. A
do BEC pelo BRADESCO, houve a migração dos empregados do Coparticipação somente é devida pelo usuário do plano de saúde
Banco sucedido para o novo plano de saúde (Bradesco Saúde) ou odontológico quando há a efetiva utilização do serviço médico
A questão posta a lume encontra-se disciplinada pela Lei n. "coparticipação" é inclusive reconhecida pela Lei, que
9.656/1998, que dispõe sobre os planos e seguros privados de expressamente no parágrafo sexto supratranscrito, giza que a
Conforme se depreende do art. 31, §1º da supramencionada lei, os constitui contribuição do beneficiário para os efeitos do caput do art.
a contribuição para o plano de saúde durante 10 (dez) anos e o Registre-se, ademais, que os contracheques do reclamante,
custeio integral, pelo aposentado, após a sua jubilação. Vejamos: acostados às fls. 174/175, referentes aos meses de maio/2006,
Art. 31. Ao aposentado que contribuir para produtos de que tratam o junho/2006, março/2007 e abril/2007 (posteriores à incorporação do
inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei, em decorrência de vínculo BEC pelo BRADESCO) demonstram que este não pagava
empregatício, pelo prazo mínimo de dez anos, é assegurado o mensalmente parcela do plano de saúde. Portanto, não contribuía.
direito de manutenção como beneficiário, nas mesmas condições de Assim, inexistindo contribuição do reclamante, ainda que parcial, no
cobertura assistencial de que gozava quando da vigência do custeio do plano de saúde ofertado pelo empregador, não há como
contrato de trabalho, desde que assuma o seu pagamento integral. se assegurar ao mesmo tal benefício.
§ 1o Ao aposentado que contribuir para planos coletivos de Ressalto que tal entendimento é reforçado pelo teor do §1º do art.
assistência à saúde por período inferior ao estabelecido no caput é 6º da Resolução Normativa 279/2011 da Agência Nacional de
assegurado o direito de manutenção como beneficiário, à razão de Saúde, que, de forma definitiva, esclareceu que os direitos previstos
um ano para cada ano de contribuição, desde que assuma o nos arts. 30 e 31 da Lei 9.656/98, não se aplicam na hipótese de
pagamento integral do mesmo. planos privados de assistência à saúde em que ocorra apenas a
No entanto, em que pese o autor ter sido beneficiário do plano de coparticipação do empregado.
saúde disponibilizado pelo seu empregador por mais de 10 (dez) "Os direitos previstos nos arts. 30 e 31 da Lei nº 9.656, de 1998,
anos, o mesmo não contribuía, ao menos em parte, para o custeio não se aplicam na hipótese de planos
de tal benesse, vez que, conforme confessado na inicial, o plano era privados de assistência à saúde com característica de preço pós
integralmente custeado pelo empregador, ocorrendo apenas a estabelecido na modalidade de custo operacional, uma vez que a
coparticipação do empregado quando da utilização dos serviços, participação do empregado se dá apenas no pagamento de co-
fato que atrai a aplicação do §6º, do art. 30, da Lei 9.565/98, que participação ou franquia em procedimentos, como fator de
Art. 30. Ao consumidor que contribuir para produtos de que tratam o odontológica".
inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei, em decorrência de vínculo Diante do impeditivo expressamente estabelecido na própria lei
empregatício, no caso de rescisão ou exoneração do contrato de utilizada como fundamento pelo reclamante, e considerando que
trabalho sem justa causa, é assegurado o direito de manter sua este, desde a petição inicial, informou que realizava apenas aportes
condição de beneficiário, nas mesmas condições de cobertura eventuais, quando da realização de procedimentos específicos,
assistencial de que gozava quando da vigência do contrato de outra alternativa não há, a não ser reconhecer que, ao menos para
trabalho, desde que assuma o seu pagamento integral. os fins desta lei, não se considera que o autor tenha contribuído
§ 6o Nos planos coletivos custeados integralmente pela empresa, não detém o direito de manter o plano nos moldes em que dele
não é considerada contribuição a co-participação do consumidor, usufruiu quando vigente o contrato de trabalho.
única e exclusivamente, em procedimentos, como fator de Nessa mesma linha de raciocínio, segue a jurisprudência do E. TRT
moderação, na utilização dos serviços de assistência médica ou 7ª Região/CE em casos semelhantes, em que figuram no polo
Saliente-se, por oportuno, que a coparticipação possui natureza "MANUTENÇÃO DO PLANO DE SAÚDE APÓS A RUPTURA
CONTRIBUIÇÃO DO EMPREGADO. IMPOSSIBILIDADE. Nos processual, a reclamada transcreveu o item 7.4 da supracitada
termos dos artigos 30 e 31, da Lei 9.656/1998, é necessário que o norma exaustivamente na contestação. Analisando a peça
empregado, para fazer jus à manutenção do plano de saúde após a defensiva, verifico que referido item, que trata do plano de saúde e
ruptura contratual ou aposentadoria, tenha, durante a vigência do do desligamento voluntário, deixa claro que a benesse outrora
contrato de trabalho, contribuído, ainda que parcialmente, para o concedida (plano de saúde) iria se manter por no máximo 18
custeio do plano ofertado pela empregadora. Entretanto, a lei (dezoito) meses. E o descumprimento de referida norma não foi
ressalva que não se considera "contribuição do empregado" o valor cogitado no presente feito, destaque-se.
pago a título de coparticipação. A jurisprudência do C. TST já é Ante o exposto, à luz da prova que instruiu a presente demanda,
firmada nesse sentido. E, no caso dos autos, restou incontroverso torna-se impositivo indeferir o pedido para manutenção do referido
que o plano de saúde ofertado pelo empregador era plano em favor da parte autora, nas condições existentes durante o
operacionalizado exatamente por meio de coparticipação, razão contrato de trabalho ou após a extinção deste, e os pedidos
pela qual a parte autora efetivamente não faz jus à manutenção do consectários, conforme requerido na inicial, por falta de amparo
plano, por qualquer período que seja." (Acórdão TRT 7ª Região-CE. legal, restando, por via de consequência, revogada a tutela de
RO-0001704-24.2016.5.07.0016. Rel. Desemb. FRANCISCO urgência deferida em ata de audiência (fls. 839/840)."
TARCISIO GUEDES LIMA VERDE JUNIOR, decisão publicada no O reclamante, ora recorrente, manifesta no presente recurso
DEJT, edição de 19/10/2018). ordinário o seu inconformismo, alegando, em síntese: que preenche
"RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMANTE. MANUTENÇÃO DO todos os requisitos ditados pela Lei 9.656/98 e pela Resolução
PLANO DE SAÚDE COLETIVO APÓS A RUPTURA DO PACTO Normativa nº 279, de 24/11/2011 da ANS; que contribuiu por mais
LABORAL. AUSÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES DO BENEFICIÁRIO de 10(dez) anos para o plano de saúde denominado no banco
PARA O CUSTEIO DO PLANO NO CURSO DA RELAÇÃO DE sucedido (BEC) como FAMED; que a partir de maio/2006
EMPREGO. COPARTICIPAÇÃO. INAPLICABILIDADE DO DIREITO unilateralmente o Banco Bradesco resolveu não mais descontar
DE PERMANÊNCIA PREVISTO NA LEI Nº. 9.656/98. REJEIÇÃO contribuição para o FAMED, passando o ex-obreiro a integrar o
DO PLEITO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA RECORRIDA.A plano de saúde denominado BRADESCO SAÚDE; que é portador
manutenção do plano de saúde do empregado aposentado ou de doença ocupacional, necessitando por tempo indeterminado de
dispensado sem justa causa, nos termos dos arts. 30 e 31 da Lei tratamento médico; que o fato de não ter contribuído mensalmente
9.656/98, pressupõe a realização de contribuição do obreiro para o para o plano de saúde e dental do BRADESCO SAÚDE S/A, não
custeio do plano por no mínimo 10 (dez) anos durante a vigência do afasta o límpido direito a manutenção do plano de saúde e dental,
contrato de trabalho, não sendo considerados contribuição os visto que a sua contribuição para o BRADESCO SAÚDE ocorria
descontos realizados apenas a título de coparticipação, nos termos indiretamente, em face da contraprestação laboral prestada ao
do § 6º do artigo 30 da retromencionada lei. Sentença mantida. Reclamado (Banco Bradesco), além do que tinha a coparticipação
Recurso conhecido e não provido." (Acórdão TRT 7ª Região-CE. mensal, quando da utilização do prefalado plano de saúde e dental.
TEOFILO FURTADO, decisão publicada no DEJT, edição de Em se tratando de processo submetido ao rito sumaríssimo, a
Além do mais, impende salientar que é válida a rescisão contratual quanto basta para a plenitude da prestação jurisdicional. Inteligência
por adesão ao programa de desligamento voluntário (PDVE), do art. 895, § 1º, inciso IV, da CLT.
praticado pela empresa, quando não há prova ou indício concreto Esta é a hipótese do presente feito, porquanto as razões de decidir
de vício de consentimento, que fica definitivamente afastado diante expostas na sentença se mostram suficientes para a rejeição do
da assistência da entidade sindical, quer no momento da adesão, recurso interposto. Pela análise dos autos, verifica-se que a
quer no momento da homologação rescisória. sentença recorrida não carece de reparo, já que esquadrinhados
In casu, tendo o empregado aderido voluntariamente ao PDVE todos os aspectos abordados pela parte recorrente. Assim, diante
promovido pelo Banco, é de se reputar regularmente extinto o de tal circunstância, e considerando-se a disposição legal supra
contrato de trabalho a partir da data estipulada no acordo. Soa-me aludida, pede-se vênia para manter a decisão vergastada por seus
consignadas no regulamento, previstas para se encerrar em breve. De toda sorte, calha acrescer, por oportuno, que examinei idêntica
Inobstante a ausência do regulamento do PDVE neste encadernado situação no Processo nº 0001789-73.2017.5.07.0016, que resultou
EMPREGADOR. MANUTENÇÃO APÓS A EXTINÇÃO DO § 5o A condição prevista no caput deste artigo deixará de existir
CONTRATO DE TRABALHO. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE quando da admissão do consumidor titular em novo emprego.
CONTRIBUIÇÃO. Em caso de plano de saúde integralmente § 6o Nos planos coletivos custeados integralmente pela empresa,
custeado pela banco reclamado, é incabível a sua manutenção não é considerada contribuição a co-participação do consumidor,
após o término do contrato de trabalho, valendo ressaltar que única e exclusivamente, em procedimentos, como fator de
descontos efetivados a título de coparticipação não são moderação, na utilização dos serviços de assistência médica ou
Lei nº 9.656/98, que dispõe sobre planos e seguros privados de "Art. 31. Ao aposentado que contribuir para produtos de que tratam
assistência à saúde. Recurso ordinário conhecido e improvido". o inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei, em decorrência de vínculo
(ACÓRDÃO - 0001789-73.2017.5.07.0016, Rel. Des. Claudio empregatício, pelo prazo mínimo de dez anos, é assegurado o
Soares Pires, 2ª Turma de Julgamento, Julgado em: 01 out. 2018, direito de manutenção como beneficiário, nas mesmas condições de
Publicado em: 02 out. 2018). cobertura assistencial de que gozava quando da vigência do
Esta 2ª Turma de Julgamento apreciou semelhante demanda, sob contrato de trabalho, desde que assuma o seu pagamento integral.
proficiente relatoria do Desembargador Antonio Marques § 1o Ao aposentado que contribuir para planos coletivos de
Cavalcante Filho, como deflui das razões contidas no Acórdão assistência à saúde por período inferior ao estabelecido no caput é
"Cinge-se a controvérsia em se saber se o ex-empregado um ano para cada ano de contribuição, desde que assuma o
de coparticipação há mais de 10 anos, possui o direito de manter, § 2o Para gozo do direito assegurado neste artigo, observar-se-ão
após a rescisão imotivada de seu contrato, referida assistência. as mesmas condições estabelecidas nos §§ 2o, 3o, 4o, 5o e 6o do
art. 30 e 31 da Lei nº. 9.656/98 e em sua norma regulamentadora, § 3o Para gozo do direito assegurado neste artigo, observar-se-ão
Resolução Normativa nº 279, artigos 2º e 6º, da ANS (Agência as mesmas condições estabelecidas nos §§ 2o e 4o do art. 30."
Nacional de Saúde Suplementar), abaixo reproduzidos: "Art. 2º Para os efeitos desta Resolução, considera-se:
"Art. 30. Ao consumidor que contribuir para produtos de que tratam I - contribuição: qualquer valor pago pelo empregado, inclusive com
o inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei, em decorrência de vínculo desconto em folha de pagamento, para custear parte ou a
empregatício, no caso de rescisão ou exoneração do contrato de integralidade da contraprestação pecuniária de seu plano privado de
trabalho sem justa causa, é assegurado o direito de manter sua assistência à saúde oferecido pelo empregador em decorrência de
condição de beneficiário, nas mesmas condições de cobertura vínculo empregatício, à exceção dos valores relacionados aos
assistencial de que gozava quando da vigência do contrato de dependentes e agregados e à co-participação ou franquia paga
trabalho, desde que assuma o seu pagamento integral. única e exclusivamente em procedimentos, como fator de
§ 1o O período de manutenção da condição de beneficiário a que se moderação, na utilização dos serviços de assistência médica ou
produtos de que tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o, ou sucessores, "Art. 6º Para fins dos direitos previstos nos artigos 30 e 31 da Lei nº
com um mínimo assegurado de seis meses e um máximo de vinte e 9.656, de 1998, e observado o disposto no inciso I do artigo 2º
§ 2o A manutenção de que trata este artigo é extensiva, de valor fixo, conforme periodicidade contratada, assumido pelo
obrigatoriamente, a todo o grupo familiar inscrito quando da vigência empregado que foi incluído em outro plano privado de assistência à
§ 3o Em caso de morte do titular, o direito de permanência é disponibilizado sem a sua participação financeira.
assegurado aos dependentes cobertos pelo plano ou seguro § 1º Os direitos previstos nos artigos 30 e 31 da Lei nº 9.656, de
privado coletivo de assistência à saúde, nos termos do disposto 1998, não se aplicam na hipótese de planos privados de assistência
§ 4o O direito assegurado neste artigo não exclui vantagens obtidas modalidade de custo operacional, uma vez que a participação do
empregado se dá apenas no pagamento de coparticipação ou improver o recurso do reclamante, mantendo a sentença recorrida
franquia em procedimentos, como fator de moderação, na utilização pelos seus próprios fundamentos.
dos serviços de assistência médica ou odontológica. Ademais, como argumento acessório, forçoso frisar que o
Diante do acima exposto, infere-se, portanto, que o funcionário recorrente aderiu ao plano de dispensa voluntária, em cujas
demitido ou exonerado sem justa causa bem como o aposentado cláusulas de adesão se destaca a condição de transitoriedade da
poderão permanecer no plano médico coletivo empresarial manutenção do plano de saúde por prazo de 18 (dezoito) meses,
usufruído quando da vigência do pacto laboral, desde que assumam sendo certo que o descumprimento de referida norma não foi
parte da mensalidade devida ao Plano de Saúde. Ante o exposto, voto pelo conhecimento do Recurso Ordinário e, no
Nesse mesmo sentido o entendimento do C.TST, in verbis: mérito, dar-lhe provimento, para assegurar ao reclamante o direito
Ementa: RECURSO DE REVISTA. CESSAÇÃO DO CONTRATO de manutenção do plano de saúde empresarial próprio e de seus
DE TRABALHO. APOSENTADORIA. MANUTENÇÃO DO PLANO dependentes, mediante custeio integral das mensalidades devidas à
DE SAÚDE COLETIVO DE AUTOGESTÃO. ELETROSUL. seguradora Bradesco Saúde S.A., nas mesmas condições de
DESCABIMENTO. Efetivamente os artigos 30 e 31 da Lei nº 9.656 cobertura assistencial de que gozava quando da vigência do
/98 garante a manutenção de plano de saúde pelo empregado após contrato de trabalho. Custas revertidas pelos reclamados.
hipótese legal de manutenção, após a cessação do contrato de REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade,
trabalho, de plano de saúde mantido pelo empregador, pois não se conhecer do Recurso Ordinário e, por maioria, dar-lhe provimento,
satisfaz a condição legal para tanto, relativa ao custeio integral do para assegurar ao reclamante o direito de manutenção do plano de
plano pelo interessado. Precedentes. Recurso de revista não saúde empresarial próprio e de seus dependentes, mediante custeio
conhecido. (TST - RECURSO DE REVISTA RR integral das mensalidades devidas à seguradora Bradesco Saúde
12676220145120032 (TST) Data de publicação: 19/02/2016". S.A., nas mesmas condições de cobertura assistencial de que
No caso dos autos, há comprovação inequívoca de haver o gozava quando da vigência do contrato de trabalho. Custas
empregador custeado integralmente o plano médico do autor e este revertidas pelos reclamados. Vencido o Desembargador Relator,
atuado apenas em coparticipação. que mantinha a sentença recorrida pelos seus próprios
Nesse compasso, restando ausente um dos requisitos essenciais fundamentos. Redigirá o acórdão o Desembargador Francisco José
para a manutenção do benefício assistencial fornecido pelo Gomes da Silva, com a integração do voto vencido.
empregador, qual seja, a contribuição assistencial por parte do Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
empregado, inarredável a improcedência do pleito autoral." Francisco José Gomes da Silva (Presidente),Cláudio Soares Pires
Perfilho e adoto os fundamentos acima delineados como razão de (Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a).
Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. plano anterior. Ademais, a Jurisprudência do Tribunal Superior do
FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA manter o plano de saúde da reclamante, nas exatas condições em
Desembargador Relator designado que gozava quando da vigência do contrato de trabalho, não
Intimado(s)/Citado(s):
- BRADESCO SAUDE S/A ADMISSIBILIDADE
recurso interposto.
MÉRITO
PODER JUDICIÁRIO
DA MANUTENÇÃO DE PLANO DE SAÚDE APÓS A EXTINÇÃO
JUSTIÇA DO TRABALHO
DO CONTRATO DE TRABALHO.
SAÚDE e DENTAL nas mesmas condições que tinha antes da assuma integralmente, este é o entendimento consolidado da 01ª
ruptura (coparticipação, plano apartamento top), e no mesmo nível Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região:
dos empregados da ativa e na mesma faixa etária, por tempo Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região TRT-7 -1ª Turma -
indeterminado, nos termos do art. 31 da Lei 9.656/1998, ou então, RECURSO ORDINÁRIO : RO 00008278020175070006-06/06/2018
que o custeio integral como determina a Lei 9.656/98 seja com base -Fundamento:RECURSO ORDINÁRIO DOS RECLAMADOS.
nos valores repassados pelo Banco BRADESCO a BRADESCO MANUTENÇÃO DO PLANO DE SAÚDE APÓS A RUPTURA DO
SAÚDE, na mesma faixa etária do Recorrente/reclamante. PACTO LABORAL. LEI Nº.9.656/98. MANUTENÇÃO DA
O reclamante alega que manteve contrato de trabalho com o favorável ao recorrido, porque todo o período de contribuição
reclamado Banco Bradesco S/A no período de 14/05/1981 a do trabalhador para a FAMED, de 1982 a 2006, não pode ser
11/09/2017, sendo que foi admitido pelo Banco do Estado do Ceará desconsiderado pelo novo plano, posto que a seguradora
- BEC, ocorrendo a sucessão empresarial em 15/05/2006, quando anterior foi incorporada pela sucessora Bradesco Saúde S.A.,
passou a prestar serviços para o primeiro reclamado. Aduz o que abrigou a carteira de clientes do plano sucedido, de sorte a
demandante que era beneficiário de plano de saúde por mais de 10 manter não só as coberturas assistenciais do contribuinte
(dez) anos e se encontra aposentado. Por isso, pede a manutenção como também absorveu o patrimônio contributivo de todo o
do citado benefício, nos moldes previstos nos arts. 30 e 31 da Lei nº período do plano anterior.(grifamos)
As reclamadas, em peça de defesa apresentada conjuntamente (fls. coaduna com tal entendimento:
235/246) defendem que o reclamante aderiu ao plano de demissão Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região -2ª Turma-
voluntária especial (PDVE) proposto, tendo sido desligado em razão RECURSO ORDINÁRIO: RO 0000716-60.2017.5.07.0018 -
desta adesão em 11/09/2017, estando explícito no item 7.4 do 19/02/2018 -Fundamento: (...)Ressalte-se, por oportuno, que a
Regulamento do PDVE que os empregados que aderissem ao seguradora FAMED também foi incorporada pela sucessora
PDVE fariam jus ao plano de saúde pelo período máximo de 18 BRADESCO SAÚDE S/A, incluindo, a carteira de clientes do
meses. Menciona, ainda, que a CCT da categoria dos bancários plano sucedido, de sorte a manter não só as coberturas
também somente garante o Plano de Saúde aos funcionários assistenciais do contribuinte, como também absorveu o
ATIVOS e aos demitidos sem justa causa em prazo limitado. patrimônio contributivo de todo o período do plano anterior,
Acrescenta que o reclamante nunca pagou pelo plano de saúde, sendo obrigado, por conseguinte, a considerar todo o período
haja vista que este benefício é concedido aos funcionários do Grupo de contribuição da trabalhadora, desde a sua admissão em
Bradesco na modalidade de CO- PARTICIPAÇÃO e não de 1982 até 2006. Assim sendo, uma vez preenchidos os
Conforme consta no TRCT a parte obreira fora admitida junto ao sentença para assegurar à reclamante o restabelecimento do
BEC (Banco do Estado do Ceará em 14/05/1981 e houve a rescisão seuplano de saúdee de seus dependentes, nas mesmas
do contrato de trabalho por meio de adesão ao plano de demissão condições de cobertura assistencial de que gozava quando da
voluntária especial (PDVE) proposto, tendo sido desligado em razão vigência do contrato de trabalho, mediante custeio integral das
desta adesão em 11/09/2017. O reclamante contribuiu para o plano mensalidades pela demandante devidas à seguradora
de saúde FAMED desde a sua admissão até 2006. Bradesco Saúde S.A. (grifado)."
Após o ano de 2006, com a extinção do BEC, que fora comprado ........
pelo Banco Bradesco S.A., o plano de saúde da reclamada fora "Como explanado o reclamante de 1985 até 2006 contribuiu para o
substituído, de forma impositiva e obrigatória pelo plano ''Bradesco plano de saúde FAMED, tal plano permitia a manutenção do obreiro
Saúde'', ocasião em que a parte obreira mesmo deixando de e seus dependentes no plano mesmo após sua dispensa ou
trabalho, pois usufruía do plano na forma de coparticipação, como Nessa esteira, aprofundando-se no sentido da norma em questão,
um benefício pago pelo seu empregador. Assim, tem-se por percebe-se que a intenção do legislador foi garantir que o ex-
caracterizado a efetiva contribuição direta do reclamante para empregado, dispensado sem justa causa ou aposentado (no caso
manutenção de seu plano de saúde nos moldes do artigo 30 e 31 do art. 31), possa gozar dos benefícios do plano de saúde que
da Lei 9.656/1998, fazendo jus a sua manutenção desde que o possuía à época da vigência do contrato de trabalho, sendo
irrelevante o fato de que, àquela época, a reclamante não arcasse em atividade, desde que tenha contribuído integralmente, por no
integralmente com referidos custos. É que, se o empregador não mínimo dez anos, para o plano e assuma o seu pagamento integral.
descontava da parte obreira a contribuição mensal para No caso, são incontroversas as seguintes premissas fáticas: o autor
manutenção do plano de saúde, não o fazia por liberalidade e contribuiu com sua cota-parte do custeio do plano de saúde pelo
porque, na verdade, o empregado lhe retribuía mediante a prazo mínimo de dez anos (empregado arcava com 2% do salário
Observa-se que o que a norma impõe é que, após extinto o vínculo por tempo de contribuição e a adesão ao PDV implicou rescisão do
empregatício, inclusive no caso de adesão à PDVE, deve o ex- contrato de trabalho; a reclamada manteve o convênio médico por
empregado assumir o pagamento integral do plano de saúde 90 dias (até 30/06/2009). Segundo entendimento desta Corte
contratado, desonerando a empresa de arcar com os custos dessa Superior, não se reconhece a validade de cláusulas normativas que
Nesse sentido, colacionam-se precedentes do Tribunal Superior do 9656/98 (artigos 30 e 31). Sendo assim, há que se reconhecer a
trabalho, nos quais se reconhece o direito à manutenção do Plano abusividade da cláusula 5ª constante do acordo sobre a rescisão
de Saúde ainda que o desligamento da empresa tenha ocorrido por contratual em detrimento do empregado. Recurso de revista de que
meio de Plano de Demissão Voluntária (PDV), uma vez que não se se conhece e a que se dá provimento". (TST, RR - 835-
reconhece a validade de cláusulas normativas que suprimam 92.2011.5.02.0463, Relator Ministro: Cláudio Mascarenhas
direitos assegurados por lei, como é o caso da Lei nº 9656/98 Brandão, Data de Julgamento: 04/05/2016, 7ª Turma, Data de
REVISTA EM FACE DE DECISÃO PUBLICADA ANTES DA MANUTENÇÃO DO PLANO DE SAÚDE. ADESÃO A PLANO DE
VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. MANUTENÇÃO DO PLANO DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA. LEI 9.656/98. I. Não se divisa violação
SAÚDE. APOSENTADO. DESLIGAMENTO POR PLANO DE dos dispositivos legais apontados, porquanto o Tribunal Regional
DEMISSÃO VOLUNTÁRIA (PDV). CLÁUSULA ABUSIVA EM decidiu a controvérsia com base no disposto no art. 31 da Lei
DETRIMENTO DO EMPREGADO. LEI Nº 9.656/98. Constatado 9.656/98, que prevê o direito do empregado aposentado que
equívoco no despacho agravado, dá-se provimento ao agravo para contribuiu por mais de dez anos à manutenção do mesmo Plano de
determinar o processamento do agravo de instrumento. AGRAVO Saúde de que era beneficiário. Assim, mantido pela empresa o
DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA EM FACE DE Plano de Saúde para o qual o Reclamante vinha contribuindo, não
DECISÃO PUBLICADA ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI Nº há amparo legal para que se exija a adesão a outro Plano de
13.015/2014. MANUTENÇÃO DO PLANO DE SAÚDE. caráter privado. II. Ademais, quanto à existência de cláusula em
APOSENTADO. DESLIGAMENTO POR PLANO DE DEMISSÃO sentido contrário no PDV, o Tribunal registrou e concluiu
VOLUNTÁRIA (PDV). CLÁUSULA ABUSIVA EM DETRIMENTO DO corretamente que "A r. Sentença julgou o pleito inicial procedente.
EMPREGADO. LEI Nº 9.656/98. Agravo de instrumento a que se dá Diante do preenchimento dos requisitos legais, o Recorrido teve o
provimento para determinar o processamento do recurso de revista, convênio médico garantido até 31/03/2009. Por sua vez, a cláusula
em face de haver sido demonstrada possível afronta ao artigo 31 da nº 05 do acordo que gerou a rescisão do contrato de trabalho (fls.
Lei nº 9.656/98. RECURSO DE REVISTA EM FACE DE DECISÃO 92) prevê que após 31/03/2009 o Recorrido poderia aderir ao plano
PUBLICADA ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. de agregados Intermédica Sistema de Saúde Ltda., desde que
NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. O exame dos autos formalizasse o pedido em 30 dias do término do prazo supra. Houve
revela que a Corte a quo proferiu decisão completa, válida e manifestação do Reclamante em data posterior a 31/03/2009, em
devidamente fundamentada, razão pela qual não prospera a 24 de abril de 2009 (fls. 44/45) e 29 de abril de 2009 (fls. 46/91).
alegada negativa de prestação jurisdicional. Recurso de revista de Considera-se, portanto, preenchidos os requisitos do art. 31 da lei nº
que não se conhece. MANUTENÇÃO DO PLANO DE SAÚDE. 9.656/98, regulamentado pelo parágrafo 6º da Resolução CONSU
APOSENTADO. DESLIGAMENTO POR PLANO DE DEMISSÃO nº 21/99.-Agravo de instrumento a que se nega provimento". (TST,
EMPREGADO. LEI Nº 9.656/98. Como é cediço, ao empregado Convocado: Paulo Américo Maia de Vasconcelos Filho, Data de
aposentado é assegurado o direito à manutenção no plano de Julgamento: 01/10/2014, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT
Dessa sorte, tem o reclamante razão, pelo que se reforma a que arcava com contribuições ordinárias mensais, independentes
de saúde do reclamante, nas exatas condições em que gozava Apenas a título de esclarecimento, ressalto que após a incorporação
quando da vigência do contrato de trabalho, não obstante este do BEC pelo BRADESCO, houve a migração dos empregados do
assuma o seu pagamento integral. Banco sucedido para o novo plano de saúde (Bradesco Saúde)
Voto vencido do Exmo. Des. Relator CLAUDIO SOARES PIRES, contratado pelo sucessor.
nas partes em que fora vencido: A questão posta a lume encontra-se disciplinada pela Lei n.
Apreciando o tema destacado, concluiu o juízo sentenciante (ID requisitos exigidos para a manutenção do benefício em questão são
"O reclamante alega que manteve contrato de trabalho com o custeio integral, pelo aposentado, após a sua jubilação. Vejamos:
reclamado Banco Bradesco S/A no período de 14/05/1981 a Art. 31. Ao aposentado que contribuir para produtos de que tratam o
11/09/2017, sendo que foi admitido pelo Banco do Estado do Ceará inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei, em decorrência de vínculo
- BEC, ocorrendo a sucessão empresarial em 15/05/2006, quando empregatício, pelo prazo mínimo de dez anos, é assegurado o
passou a prestar serviços para o primeiro reclamado. Aduz o direito de manutenção como beneficiário, nas mesmas condições de
demandante que era beneficiário de plano de saúde por mais de 10 cobertura assistencial de que gozava quando da vigência do
(dez) anos e se encontra aposentado. Por isso, pede a manutenção contrato de trabalho, desde que assuma o seu pagamento integral.
do citado benefício, nos moldes previstos nos arts. 30 e 31 da Lei nº § 1o Ao aposentado que contribuir para planos coletivos de
As reclamadas, em peça de defesa apresentada conjuntamente (fls. assegurado o direito de manutenção como beneficiário, à razão de
235/246) defendem que o reclamante aderiu ao plano de demissão um ano para cada ano de contribuição, desde que assuma o
voluntária especial (PDVE) proposto, tendo sido desligado em razão pagamento integral do mesmo.
desta adesão em 11/09/2017, estando explícito no item 7.4 do No entanto, em que pese o autor ter sido beneficiário do plano de
Regulamento do PDVE que os empregados que aderissem ao saúde disponibilizado pelo seu empregador por mais de 10 (dez)
PDVE fariam jus ao plano de saúde pelo período máximo de 18 anos, o mesmo não contribuía, ao menos em parte, para o custeio
meses. Menciona, ainda, que a CCT da categoria dos bancários de tal benesse, vez que, conforme confessado na inicial, o plano era
também somente garante o Plano de Saúde aos funcionários integralmente custeado pelo empregador, ocorrendo apenas a
ATIVOS e aos demitidos sem justa causa em prazo limitado. coparticipação do empregado quando da utilização dos serviços,
Acrescenta que o reclamante nunca pagou pelo plano de saúde, fato que atrai a aplicação do §6º, do art. 30, da Lei 9.565/98, que
haja vista que este benefício é concedido aos funcionários do Grupo assim dispõe:
Bradesco na modalidade de CO- PARTICIPAÇÃO e não de Art. 30. Ao consumidor que contribuir para produtos de que tratam o
À luz da legislação aplicável à espécie, extrai-se a improcedência empregatício, no caso de rescisão ou exoneração do contrato de
dos pedidos formulados pelo reclamante. Explico. trabalho sem justa causa, é assegurado o direito de manter sua
Incontroverso que o autor foi admitido em 14/05/1981 pelo antigo condição de beneficiário, nas mesmas condições de cobertura
Banco do Estado do Ceará - BEC S/A, incorporado pelo Banco assistencial de que gozava quando da vigência do contrato de
reclamado em 15/05/2006, de onde foi desligado em 11/09/2017. trabalho, desde que assuma o seu pagamento integral.
PDVE, não havendo qualquer alegação de vício ou coação, com § 6o Nos planos coletivos custeados integralmente pela empresa,
formalização do TRCT entre as partes e a manutenção do plano de não é considerada contribuição a co-participação do consumidor,
saúde pelo período de 18 (dezoito) meses após o encerramento do única e exclusivamente, em procedimentos, como fator de
contrato. Incontroverso, inclusive, que o plano se dava em regime moderação, na utilização dos serviços de assistência médica ou
Saliente-se, por oportuno, que a coparticipação possui natureza "MANUTENÇÃO DO PLANO DE SAÚDE APÓS A RUPTURA
a atuar como um mecanismo de inibição do uso dos procedimentos CONTRIBUIÇÃO DO EMPREGADO. IMPOSSIBILIDADE. Nos
médicos hospitalares, por isso é tratado como fator moderador. A termos dos artigos 30 e 31, da Lei 9.656/1998, é necessário que o
Coparticipação somente é devida pelo usuário do plano de saúde empregado, para fazer jus à manutenção do plano de saúde após a
ou odontológico quando há a efetiva utilização do serviço médico ruptura contratual ou aposentadoria, tenha, durante a vigência do
hospitalar. Tal diferenciação entre as parcelas "contribuição" e contrato de trabalho, contribuído, ainda que parcialmente, para o
"coparticipação" é inclusive reconhecida pela Lei, que custeio do plano ofertado pela empregadora. Entretanto, a lei
expressamente no parágrafo sexto supratranscrito, giza que a ressalva que não se considera "contribuição do empregado" o valor
coparticipação em procedimentos de assistência médica não pago a título de coparticipação. A jurisprudência do C. TST já é
constitui contribuição do beneficiário para os efeitos do caput do art. firmada nesse sentido. E, no caso dos autos, restou incontroverso
Registre-se, ademais, que os contracheques do reclamante, operacionalizado exatamente por meio de coparticipação, razão
acostados às fls. 174/175, referentes aos meses de maio/2006, pela qual a parte autora efetivamente não faz jus à manutenção do
junho/2006, março/2007 e abril/2007 (posteriores à incorporação do plano, por qualquer período que seja." (Acórdão TRT 7ª Região-CE.
BEC pelo BRADESCO) demonstram que este não pagava RO-0001704-24.2016.5.07.0016. Rel. Desemb. FRANCISCO
mensalmente parcela do plano de saúde. Portanto, não contribuía. TARCISIO GUEDES LIMA VERDE JUNIOR, decisão publicada no
Assim, inexistindo contribuição do reclamante, ainda que parcial, no DEJT, edição de 19/10/2018).
custeio do plano de saúde ofertado pelo empregador, não há como "RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMANTE. MANUTENÇÃO DO
se assegurar ao mesmo tal benefício. PLANO DE SAÚDE COLETIVO APÓS A RUPTURA DO PACTO
Ressalto que tal entendimento é reforçado pelo teor do §1º do art. LABORAL. AUSÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES DO BENEFICIÁRIO
6º da Resolução Normativa 279/2011 da Agência Nacional de PARA O CUSTEIO DO PLANO NO CURSO DA RELAÇÃO DE
Saúde, que, de forma definitiva, esclareceu que os direitos previstos EMPREGO. COPARTICIPAÇÃO. INAPLICABILIDADE DO DIREITO
nos arts. 30 e 31 da Lei 9.656/98, não se aplicam na hipótese de DE PERMANÊNCIA PREVISTO NA LEI Nº. 9.656/98. REJEIÇÃO
planos privados de assistência à saúde em que ocorra apenas a DO PLEITO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA RECORRIDA.A
"Os direitos previstos nos arts. 30 e 31 da Lei nº 9.656, de 1998, dispensado sem justa causa, nos termos dos arts. 30 e 31 da Lei
não se aplicam na hipótese de planos 9.656/98, pressupõe a realização de contribuição do obreiro para o
privados de assistência à saúde com característica de preço pós custeio do plano por no mínimo 10 (dez) anos durante a vigência do
estabelecido na modalidade de custo operacional, uma vez que a contrato de trabalho, não sendo considerados contribuição os
participação do empregado se dá apenas no pagamento de co- descontos realizados apenas a título de coparticipação, nos termos
participação ou franquia em procedimentos, como fator de do § 6º do artigo 30 da retromencionada lei. Sentença mantida.
moderação, na utilização dos serviços de assistência médica ou Recurso conhecido e não provido." (Acórdão TRT 7ª Região-CE.
Diante do impeditivo expressamente estabelecido na própria lei TEOFILO FURTADO, decisão publicada no DEJT, edição de
este, desde a petição inicial, informou que realizava apenas aportes Além do mais, impende salientar que é válida a rescisão contratual
eventuais, quando da realização de procedimentos específicos, por adesão ao programa de desligamento voluntário (PDVE),
outra alternativa não há, a não ser reconhecer que, ao menos para praticado pela empresa, quando não há prova ou indício concreto
os fins desta lei, não se considera que o autor tenha contribuído de vício de consentimento, que fica definitivamente afastado diante
com o custeio do plano. Se não contribuiu, na acepção da norma, da assistência da entidade sindical, quer no momento da adesão,
não detém o direito de manter o plano nos moldes em que dele quer no momento da homologação rescisória.
usufruiu quando vigente o contrato de trabalho. In casu, tendo o empregado aderido voluntariamente ao PDVE
Nessa mesma linha de raciocínio, segue a jurisprudência do E. TRT promovido pelo Banco, é de se reputar regularmente extinto o
7ª Região/CE em casos semelhantes, em que figuram no polo contrato de trabalho a partir da data estipulada no acordo. Soa-me
consignadas no regulamento, previstas para se encerrar em breve. De toda sorte, calha acrescer, por oportuno, que examinei idêntica
Inobstante a ausência do regulamento do PDVE neste encadernado situação no Processo nº 0001789-73.2017.5.07.0016, que resultou
norma exaustivamente na contestação. Analisando a peça "RECURSO ORDINÁRIO. PLANO DE SAÚDE CUSTEADO PELO
defensiva, verifico que referido item, que trata do plano de saúde e EMPREGADOR. MANUTENÇÃO APÓS A EXTINÇÃO DO
do desligamento voluntário, deixa claro que a benesse outrora CONTRATO DE TRABALHO. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE
concedida (plano de saúde) iria se manter por no máximo 18 CONTRIBUIÇÃO. Em caso de plano de saúde integralmente
(dezoito) meses. E o descumprimento de referida norma não foi custeado pela banco reclamado, é incabível a sua manutenção
cogitado no presente feito, destaque-se. após o término do contrato de trabalho, valendo ressaltar que
Ante o exposto, à luz da prova que instruiu a presente demanda, descontos efetivados a título de coparticipação não são
torna-se impositivo indeferir o pedido para manutenção do referido considerados como contribuição, nos termos do artigo 30, § 6º, da
plano em favor da parte autora, nas condições existentes durante o Lei nº 9.656/98, que dispõe sobre planos e seguros privados de
contrato de trabalho ou após a extinção deste, e os pedidos assistência à saúde. Recurso ordinário conhecido e improvido".
consectários, conforme requerido na inicial, por falta de amparo (ACÓRDÃO - 0001789-73.2017.5.07.0016, Rel. Des. Claudio
legal, restando, por via de consequência, revogada a tutela de Soares Pires, 2ª Turma de Julgamento, Julgado em: 01 out. 2018,
urgência deferida em ata de audiência (fls. 839/840)." Publicado em: 02 out. 2018).
O reclamante, ora recorrente, manifesta no presente recurso Esta 2ª Turma de Julgamento apreciou semelhante demanda, sob
ordinário o seu inconformismo, alegando, em síntese: que preenche proficiente relatoria do Desembargador Antonio Marques
todos os requisitos ditados pela Lei 9.656/98 e pela Resolução Cavalcante Filho, como deflui das razões contidas no Acórdão
Normativa nº 279, de 24/11/2011 da ANS; que contribuiu por mais Processo nº RO - 0001277-36.2016.5.07. 0013:
de 10(dez) anos para o plano de saúde denominado no banco "Cinge-se a controvérsia em se saber se o ex-empregado
sucedido (BEC) como FAMED; que a partir de maio/2006 aposentado, beneficiário de plano de saúde empresarial em regime
unilateralmente o Banco Bradesco resolveu não mais descontar de coparticipação há mais de 10 anos, possui o direito de manter,
contribuição para o FAMED, passando o ex-obreiro a integrar o após a rescisão imotivada de seu contrato, referida assistência.
plano de saúde denominado BRADESCO SAÚDE; que é portador O aclaramento da questão ora ventilada dá-se à luz do disposto no
de doença ocupacional, necessitando por tempo indeterminado de art. 30 e 31 da Lei nº. 9.656/98 e em sua norma regulamentadora,
tratamento médico; que o fato de não ter contribuído mensalmente Resolução Normativa nº 279, artigos 2º e 6º, da ANS (Agência
para o plano de saúde e dental do BRADESCO SAÚDE S/A, não Nacional de Saúde Suplementar), abaixo reproduzidos:
afasta o límpido direito a manutenção do plano de saúde e dental, "Art. 30. Ao consumidor que contribuir para produtos de que tratam
visto que a sua contribuição para o BRADESCO SAÚDE ocorria o inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei, em decorrência de vínculo
indiretamente, em face da contraprestação laboral prestada ao empregatício, no caso de rescisão ou exoneração do contrato de
Reclamado (Banco Bradesco), além do que tinha a coparticipação trabalho sem justa causa, é assegurado o direito de manter sua
mensal, quando da utilização do prefalado plano de saúde e dental. condição de beneficiário, nas mesmas condições de cobertura
O recurso não alcança provimento. assistencial de que gozava quando da vigência do contrato de
Em se tratando de processo submetido ao rito sumaríssimo, a trabalho, desde que assuma o seu pagamento integral.
confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos é o § 1o O período de manutenção da condição de beneficiário a que se
quanto basta para a plenitude da prestação jurisdicional. Inteligência refere o caput será de um terço do tempo de permanência nos
do art. 895, § 1º, inciso IV, da CLT. produtos de que tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o, ou sucessores,
Esta é a hipótese do presente feito, porquanto as razões de decidir com um mínimo assegurado de seis meses e um máximo de vinte e
recurso interposto. Pela análise dos autos, verifica-se que a § 2o A manutenção de que trata este artigo é extensiva,
sentença recorrida não carece de reparo, já que esquadrinhados obrigatoriamente, a todo o grupo familiar inscrito quando da vigência
todos os aspectos abordados pela parte recorrente. Assim, diante do contrato de trabalho.
de tal circunstância, e considerando-se a disposição legal supra § 3o Em caso de morte do titular, o direito de permanência é
aludida, pede-se vênia para manter a decisão vergastada por seus assegurado aos dependentes cobertos pelo plano ou seguro
próprios e jurídicos fundamentos. privado coletivo de assistência à saúde, nos termos do disposto
§ 4o O direito assegurado neste artigo não exclui vantagens obtidas modalidade de custo operacional, uma vez que a participação do
§ 5o A condição prevista no caput deste artigo deixará de existir dos serviços de assistência médica ou odontológica.
quando da admissão do consumidor titular em novo emprego. Diante do acima exposto, infere-se, portanto, que o funcionário
§ 6o Nos planos coletivos custeados integralmente pela empresa, demitido ou exonerado sem justa causa bem como o aposentado
não é considerada contribuição a co-participação do consumidor, poderão permanecer no plano médico coletivo empresarial
única e exclusivamente, em procedimentos, como fator de usufruído quando da vigência do pacto laboral, desde que assumam
moderação, na utilização dos serviços de assistência médica ou as prestações antes imputadas ao empregador e tenham
"Art. 31. Ao aposentado que contribuir para produtos de que tratam Depreende-se ainda dos regramentos retro mencionados que a
o inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei, em decorrência de vínculo coparticipação na utilização de serviços médicos e hospitalares não
empregatício, pelo prazo mínimo de dez anos, é assegurado o se confunde, para fins de aplicação dos direitos constantes dos
direito de manutenção como beneficiário, nas mesmas condições de artigos 30 e 31 da lei 9.656/1998, com "contribuição", pagamento de
cobertura assistencial de que gozava quando da vigência do parte da mensalidade devida ao Plano de Saúde.
contrato de trabalho, desde que assuma o seu pagamento integral. Nesse mesmo sentido o entendimento do C.TST, in verbis:
§ 1o Ao aposentado que contribuir para planos coletivos de Ementa: RECURSO DE REVISTA. CESSAÇÃO DO CONTRATO
assistência à saúde por período inferior ao estabelecido no caput é DE TRABALHO. APOSENTADORIA. MANUTENÇÃO DO PLANO
assegurado o direito de manutenção como beneficiário, à razão de DE SAÚDE COLETIVO DE AUTOGESTÃO. ELETROSUL.
um ano para cada ano de contribuição, desde que assuma o DESCABIMENTO. Efetivamente os artigos 30 e 31 da Lei nº 9.656
pagamento integral do mesmo. /98 garante a manutenção de plano de saúde pelo empregado após
§ 2o Para gozo do direito assegurado neste artigo, observar-se-ão a cessação do contrato de trabalho, desde que atendidos os
as mesmas condições estabelecidas nos §§ 2o, 3o, 4o, 5o e 6o do requisitos legais para tanto. O caso concreto, entretanto, guarda
art. 30. uma peculiaridade revelada no acórdão regional, qual seja a de que
§ 3o Para gozo do direito assegurado neste artigo, observar-se-ão o plano de saúde funciona no regime de autogestão sendo mantido
as mesmas condições estabelecidas nos §§ 2o e 4o do art. 30." integralmente pela empregadora, contando ainda com
"Art. 2º Para os efeitos desta Resolução, considera-se: coparticipação nas despesas efetivamente realizadas, na proporção
I - contribuição: qualquer valor pago pelo empregado, inclusive com de 80% pela reclamada e 20% pelos trabalhadores. Assim, não há
desconto em folha de pagamento, para custear parte ou a outra contribuição pelo trabalhador para o gozo do benefício,
integralidade da contraprestação pecuniária de seu plano privado de tampouco se vislumbra a assunção integral do custeio do plano,
assistência à saúde oferecido pelo empregador em decorrência de como exigido na legislação em comento. Desse modo, confirma-se
vínculo empregatício, à exceção dos valores relacionados aos o acerto da conclusão do Regional no sentido de que
dependentes e agregados e à co-participação ou franquia paga concretamente a pretensão de reclamante não se conforma à
única e exclusivamente em procedimentos, como fator de hipótese legal de manutenção, após a cessação do contrato de
moderação, na utilização dos serviços de assistência médica ou trabalho, de plano de saúde mantido pelo empregador, pois não se
odontológica; (...)". satisfaz a condição legal para tanto, relativa ao custeio integral do
"Art. 6º Para fins dos direitos previstos nos artigos 30 e 31 da Lei nº plano pelo interessado. Precedentes. Recurso de revista não
9.656, de 1998, e observado o disposto no inciso I do artigo 2º conhecido. (TST - RECURSO DE REVISTA RR
desta Resolução, também considera-se contribuição o pagamento 12676220145120032 (TST) Data de publicação: 19/02/2016".
de valor fixo, conforme periodicidade contratada, assumido pelo No caso dos autos, há comprovação inequívoca de haver o
empregado que foi incluído em outro plano privado de assistência à empregador custeado integralmente o plano médico do autor e este
disponibilizado sem a sua participação financeira. Nesse compasso, restando ausente um dos requisitos essenciais
§ 1º Os direitos previstos nos artigos 30 e 31 da Lei nº 9.656, de para a manutenção do benefício assistencial fornecido pelo
1998, não se aplicam na hipótese de planos privados de assistência empregador, qual seja, a contribuição assistencial por parte do
empregado, inarredável a improcedência do pleito autoral." Francisco José Gomes da Silva (Presidente),Cláudio Soares Pires
Perfilho e adoto os fundamentos acima delineados como razão de (Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a).
improver o recurso do reclamante, mantendo a sentença recorrida Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho.
CONCLUSÃO DO VOTO
mérito, dar-lhe provimento, para assegurar ao reclamante o direito FORTALEZA/CE, 04 de março de 2020.
dependentes, mediante custeio integral das mensalidades devidas à ROMULO DE SOUSA FROTA
Intimado(s)/Citado(s):
- BANCO BRADESCO S.A.
ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL
específica em relação à categoria dos bancários, é taxativa ao Em caráter sucessivo, caso mantida a condenação nas horas
permitir o extrapolamento da jornada máxima de seis horas para extras, pede a compensação com o valor da gratificação recebida, a
quem exercer funções de direção, gerência, fiscalização, chefia e observância da evolução salarial e das verbas salariais fixas e o
equivalentes ou outros cargos de confiança e perceber gratificação divisor 220 e que os sábados e feriados não sejam considerados no
não inferior a um terço do salário. No caso dos autos, entretanto, o repouso semanal remunerado. Pleiteia, ainda, que a rubrica "Horas
conjunto probatório induz à convicção de que as atribuições de extras integração" não integre a base de cálculo das horas deferidas
Gerente de Relacionamento Prime II, desempenhadas pela e que não haja reflexos na Participação nos Lucros e Resultados
que qualifiquem tal função como cargo de confiança. A gratificação Insurge-se, outrossim, contra a condenação no pagamento da PLR
percebida pelo exercício das atribuições respectivas remunera proporcional de 2017, que já teria sido devidamente quitada,
apenas o trabalho exercido com maiores responsabilidades, mas conforme documentação carreada aos autos.
nem de longe serve para qualificá-la como de confiança. Impõe-se, Na sequência, impugna a concessão de honorários em favor da
assim, o pagamento, como extras, das sétima e oitava horas parte reclamante, que não teria comprovado o preenchimento dos
RELATÓRIO previdenciárias.
Mediante os termos sentenciais de ID 2942a8d, o MM. Juiz João vez considerado o prazo de projeção do aviso prévio indenizado, o
Carlos de Oliveira Uchoa, Titular da 15ª Vara do Trabalho de termo de seu contrato de trabalho teria ocorrido apenas em
anteriores a 28/11/2013 e julgou parcialmente procedentes os A par disso, busca a aplicação de correção monetária pelo Índice de
pedidos formulados pela reclamante, Mônica de Souza Oliveira Preços ao Consumidor Amplo - Especial (IPCA-E).
Alves,para condenar o Banco Bradesco S/A a pagar: "a 7ª e 8ª hora Contrarrazões, apenas do reclamado, no ID 3997ce3.
INTEGRAÇÃO e os períodos efetivamente trabalhados; PLR de Atendidos os respectivos pressupostos legais, merecem
2017 na proporção de 8/12, compensado o valor recebido ao ensejo conhecimento ambos os Recursos.
GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO CHEFIA, HORAS EXTRAS 2.1.1 DA SÉTIMA E OITAVA HORAS COMO EXTRAS. DO
INTEGRAÇÃO + horas extras reclamadas e deferidas; honorários ALEGADO EXERCÍCIO DE FUNÇÃO DE CONFIANÇA.
O Banco reclamado recorre ordinariamente (ID 1ad6712), pagamento, como extras, das sétima e oitava horas laboradas,
sustentando que a autora desempenhava função de confiança - diariamente, pela reclamante, ao argumento de que o exercício do
Gerente de Relacionamento Prime II - caracterizada por fidúcia mister de Gerente de Relacionamento Prime II se caracterizava
diferenciada, alçada de decisão superior à dos demais empregados como função de confiança, a justificar seu enquadramento no
que lhe eram subordinados e percepção de gratificação em importe parágrafo 2º do art. 224 da CLT.
superior a um terço de seu salário, por isso estaria sujeita ao É cediço que a excepcionalidade prevista no art. 224 celetário,
cumprimento de jornada de oito horas, nos termos do § 2º do artigo específica em relação à categoria dos bancários, é taxativa ao
quem exercer funções de direção, gerência, fiscalização, chefia e fica na Av. Santos Dumont; que a reclamante era Gerente de
equivalentes ou outros cargos de confiança e perceber gratificação Relacionamento Prime, fazia visitas comerciais, atendimento,
não inferior a 1/3 do salário. prospecção de abertura de contas; que a reclamante não tinha
Todavia, como é de óbvia sabença, hodiernamente, no mundo subordinados; que o gerente geral tem a palavra final no Comitê de
corporativo, prolifera o termo "gerente", acompanhado das mais Crédito; que os caixas, supervisores, auxiliares de serviços são
diversas qualificações (gerente de marketing; gerente de operação; subordinados ao gerente administrativo; que o gerente assistente é
gerente de tráfego; gerente de relacionamento; gerente de contas; subordinado ao gerente geral; que nunca viu a reclamante assinar
gerente comercial etc.), sem que, na realidade, o empregado assim cheque administrativo; que a reclamante tinha alçada para
denominado tenha um mínimo poder de decisão ou mesmo desbloqueio das operações no caixa; que não sabe informar o nível
autonomia e destaque, não passando de um trabalho meramente do cartão da reclamante, o da depoente era 85, como gerente
Ora, é evidente que esse tipo de estratégia patronal tem dado hierárquicos; que a reclamante tinha assinatura autorizada, ela não
ensejo a abusos quanto à jornada de trabalho, sob o pálido podia autorizar pagamento de cheque sem provisão de saldo; que a
argumento de que a função é de confiança e que, portanto, o reclamante não tinha poderes para punir empregados, nem para
empregado bancário ocupante desse tipo de cargo não está sujeito demitir e admitir, não tinha acesso a informações sigilosas do
à carga horária especial de seis horas diárias. Banco." Dada a palavra ao patrono da reclamada: "Que o gerente
In casu, a reclamante/recorrente não tinha subordinados, não geral fazia a divisão da demanda para os gerentes assistentes; que
comandava equipes, não tinha poder de mando, não tinha com autorização do gerente geral, o gerente de relacionamento
procuração em nome do banco, não tinha autonomia para conceder apresentava demanda ao gerente assistente; que acredita que o
empréstimos, ou seja, era apenas um empregado comum. cartão de acesso ao sistema da reclamante tinha um valor de
O título de "Gerente de Relacionamento Prime II" é pomposo, desbloqueio superior ao do caixa; que na agência onde trabalho a
entretanto não corresponde à realidade vivenciada pela autora, pois hierarquia era: gerente geral, gerente administrativo e os demais;
esta desenvolvia atividade meramente técnica, sem grau de fidúcia que caixas e escriturários estavam no mesmo nível do Gerente de
especial, revelando retro referido título, apenas, uma tentativa Relacionamento Prime; que a reclamante não delegava demanda
frustrada de contornar o limite legal (seis horas), impondo-lhe uma para caixas e escriturários; ela participava do Comitê de Crédito,
jornada de oito horas, sem remunerá-la para tal. caixas e escriturários não; que caixas e escriturários não faziam
É o que se conclui ao exame do depoimento do próprio preposto, prospecção de clientes." (Ata ID 13d0a83; grifos inexistentes no
"Que a reclamante era Gerente de Relacionamento Prime, geria "Que trabalhou com a reclamante, ela como gerente de
uma carteira de clientes, fazia visitas, fazia contrato de empréstimo relacionamento e a depoente como gerente assistente; que recebia
e captação, fazia assessoria e consultoria aos clientes da carteira; pedidos e demandas por parte da reclamante, de quem era
que o empréstimo é autorizado pelo gerente geral; que a última subordinada; que a reclamante possuía assinatura autorizada; que
palavra no comitê de crédito é do gerente geral; que os caixas, a reclamante assinava contratos de abertura de contas juntamente
supervisores e assistentes são subordinados ao gerente geral, com a gerente geral, caixas e escriturários não o faziam; que não
gerente administrativo e gerente de relacionamento; que não é sabe dizer ao certo o nível do cartão da reclamante, mas era
função do gerente de relacionamento fiscalizar o trabalho dos superior aos dos caixas; que quando o pedido de crédito do cliente
caixas e supervisores, não sabendo informar se a reclamante o é superior a alçada do gerente de relacionamento, a análise era
fazia; que a avaliação do gerente assistente é feita pelo gerente feita pelo próprio gerente de relacionamento; que a hierarquia era:
geral, também comunicando a este as suas ausências;que a gerente geral, gerente de relacionamento, gerente assistente, caixa
reclamante tinha alçada, como todos; que alçada são limites de e escriturário; na área administrativa: gerente administrativo e
liberação, de acordo com a função; que as alçadas relacionam-se supervisor; que a reclamante tinha acesso às informações
com operações feitas no caixa." (Ata ID 13d0a83; grifos inexistentes confidenciais dos clientes e do banco; que a reclamante avaliava a
Os depoimentos das testemunhas indicadas pela reclamante e pelo possuía a certificação AMBIMA, para poder atuar na área de
Banco seguem na mesma direção, como se pode ver a seguir: investimento." Dada a palavra ao patrono do reclamante: "Que o
"Que trabalhou com a reclamante na Agência Prime Aldeota, que gerente geral é quem autoriza a abertura de contas; que a liberação
de crédito pode ser feita pelo gerente de contas dentro da sua necessário ficar comprovado que ele exercia, efetivamente, as
alçada, acima só pelo gerente geral; que o gerente geral pode vetar funções aptas a caracterizar o cargo de confiança e, ainda, que elas
operação no limite da alçada do subordinado; que a palavra final no se revestiam de fidúcia especial, que extrapola aquela básica,
Comitê de Crédito é do gerente geral; que todos que trabalham na inerente a qualquer empregado. No caso concreto, o Tribunal
agência são subordinados ao gerente geral; que o gerente geral faz Regional, amparado no conjunto probatório produzido nos autos,
a avaliação de desempenho do gerente assistente; que no tempo concluiu que o Reclamante não se enquadra no art. 224, § 2º, da
que a reclamante trabalhou havia entre 7 a 5 gerentes de CLT. Para tanto, asseverou que: "No caso, o réu insiste que se
relacionamento; que os gerentes de relacionamento passavam desvencilhou de seu ônus. Porém, não é o que se extrai da prova
serviço para o assistente; que o gerente assistente era fiscalizado oral, a qual revela que o autor não contava com subordinados, não
pelos gerentes de relacionamento ou gerente geral, não havia um tinha alçada especial e tampouco poderes que o diferenciasse dos
critério específico; que quando o gerente assistente precisava se demais empregados". Acrescentou que "a prova oral não permite se
ausentar comunicava ao gerente geral, os caixas e supervisores reconheça que o autor contava com poderes que a diferenciavam
também comunicavam ao gerente geral; que a reclamante não tinha dos demais empregados, mostra-se correta a sentença na parte em
poderes para aplicar punição, não admitia nem demitia que não reconheceu seu enquadramento na exceção do artigo 224,
empregados." (Ata ID 13d0a83; grifos inexistentes no original). § 2º, da CLT". Diante desses dados fáticos, constata-se que o
O conjunto probatório acima transcrito permite formar convicção Reclamante não ocupava típico cargo de confiança bancário, nos
segura de que as atribuições de "Gerente de Relacionamento Prime moldes do art. 224, § 2º, da CLT, pois ficou comprovado que as
II" são meramente técnicas, desprovidas de elementos que funções exercidas delineavam-se como meramente técnicas, sem
qualifiquem tais funções como cargos de confiança. maiores poderes ou mesmo responsabilidades que demandassem
A gratificação percebida pelo exercício das atribuições respectivas maior grau de fidúcia. Para que se pudesse chegar, se fosse o
remunera apenas o trabalho exercido com maiores caso, a conclusão fática diversa, seria necessário o revolvimento do
responsabilidades, sem revelar grau de confiança destacada, como conteúdo fático-probatório constante dos autos, o que fica
pretende fazer crer o Banco demandado e entendeu a Magistrada inviabilizado nesta instância recursal, nos termos das Súmulas 102,
sentenciante, daí se ter por inadmissível o enquadramento do I e 126/TST. Agravo de instrumento desprovido." (AIRR - 522-
reclamante na excepcionalidade prevista no § 2º do artigo 224 da 50.2014.5.09.0005, Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado,
Pensar de forma diferente, data venia, serviria para incentivar o DEJT 07/01/2019).
demandado a criar outras denominações de gerente nas suas "RECURSO DO BANCO SANTANDER S.A. - CARGO DE
agências, a ponto de chegar em determinado momento em que só CONFIANÇA - ART. 62, II, DA CLT - ART. 224, § 2º, DA CLT. O
existirão empregados gerentes, fazendo letra morta da norma legal Tribunal Regional, alicerçado na avaliação dos depoimentos
da jornada de seis horas. testemunhais, registrou quadro fático segundo o qual o reclamante
Aliás, a Corte Superior da Justiça Laboral, em processos análogos, "não possuía poderes para liberar ou realizar operações com total
movidos contra entidades bancárias, já se pronunciou no mesmo autonomia, tampouco praticar atos isoladamente, sem qualquer
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. dispunha de poderes diferenciados em relação aos demais
PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014 E ANTERIOR À empregados, razão pela qual afastou o enquadramento nos cargos
LEI 13.467/2017. 1. MULTA DO ART. 523, §1º, DO CPC/2015 de confiança previstos nos art. 62, II, da CLT e 224, § 2º, da CLT.
(ART. 475-J DO CPC/1973). 2. BANCÁRIO. CARGO DE Diante dessas premissas fáticas, insuscetíveis de reapreciação em
CONFIANÇA. ART. 224, § 2º, DA CLT. CARACTERIZAÇÃO. sede extraordinária, não há como se vislumbrar contrariedade à
MATÉRIA FÁTICA. SÚMULAS 102, I E 126/TST. 3. HORAS Súmula nº 287 do TST, que trata da presunção juris tantum dos
EXTRAS. DIVISOR. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL. 4. poderes de gestão do gerente geral de agência que, no caso, restou
DANO MORAL. VALOR DA INDENIZAÇÃO. O cargo de confiança afastada pela prova produzida nos autos. Igualmente em relação ao
no Direito do Trabalho recebeu explícita tipificação legal, quer no cargo de confiança previsto no art. 224, § 2º, da CLT, registrado
padrão amplo do art. 62, II, da CLT, quer no tipo jurídico específico pelo Tribunal Regional que não havia diferenciação de poderes
bancário do art. 224, § 2º, da Consolidação. Para enquadrar o entre o reclamante e os demais empregados no exercício das suas
empregado nas disposições contidas no art. 224, § 2º, da CLT, é atribuições, o conhecimento do recurso de revista esbarra no óbice
da Súmula nº 102, I, do TST. Recurso de revista não conhecido. semanal remunerado, que abrange sábados, domingos e feriados,
(...)." (RR - 681-55.2011.5.02.0049, Relator Ministro: Luiz Philippe conforme assentado na Sentença de origem.
Vieira de Mello Filho, Data de Julgamento: 31/08/2016, 7ª Turma, Destaque-se que o § 1º da Cláusula Oitava da CCT 2016/2018 da
Data de Publicação: DEJT 09/09/2016). Categoria Profissional da reclamante, assim como nas normas
Há precedentes, também, neste Regional, conforme exemplificado coletivas anteriores, dispõe, literalmente, que as horas
"RECURSO ORDINÁRIO. 1 - RECURSO DA PARTE RECLAMADA. os bancos pagarão, também, o valor correspondente ao repouso
1.1 - HORAS EXTRAS. CARGO DE CONFIANÇA. ARTIGO 224, § semanal remunerado, inclusive sábados e feriados" (ID 68c9fdf,
BANCÁRIOS. Ao defender o exercício de tarefas suficientes para o Portanto, não se há cogitar da incidência do teor da Súmula 113 do
enquadramento do empregado no § 2º do art. 224 da CLT, atrai o C. TST, mantendo-se, portanto, a Decisão de Primeiro Grau nesse
do art. 373, II, do CPC. Não se tem por comprovado o exercício da Quanto ao pleito de que seja observada a evolução salarial, nada se
função de confiança a que se refere o art. 224, § 2º, da CLT tem a apreciar, vez que assim já determinado na Sentença.
(Súmula 102/TST), quando revelam as provas dos autos, todavia, Não procede a insurgência recursal, também, no que tange à
tarefas corriqueiras acometidas à obreira, sem qualquer fidúcia. composição da base de cálculo das horas extras deferidas.
(...)." (TRT-7 - RO: 00010708020155070010, Relator: CLAUDIO A CCT da categoria estabelece, no parágrafo segundo da Cláusula
SOARES PIRES, Data de Julgamento: 17/09/2018, Data de 8ª, que o valor da hora extra será calculado tomando por base "o
Publicação: 17/09/2018). somatório de todas as verbas salariais fixas, entre outras, ordenado,
"FUNÇÃO DE CONFIANÇA NÃO CARACTERIZADA - HORAS adicional por tempo de serviço, gratificação de caixa e gratificação
EXTRAS DEVIDAS. Apesar de o autor laborar 08 (oito) horas de compensador" (doc. ID 68c9fdf, pág. 06).
diárias e perceber gratificação pelo exercício da função de Gerente, A Sentença recorrida, acertadamente, determinou a inclusão, nessa
superior a 1/3 do salário do cargo efetivo, não há que se enquadrar base de cálculo, da rubrica "Gratificação de Função Chefia",
o caso da presente lide na exceção do § 2º do art. 224, da CLT, vez merecendo endosso esse entendimento, posto constituir parcela
que não restou comprovada nos autos qualquer relação entre as percebida por prolongado período do contrato de trabalho que
atividades por ele desempenhadas e aquelas típicas dos que ostenta natureza jurídica semelhante à das gratificações
exercem a chefia ou postos de comando." (TRT-7 - RO: expressamente nominadas na norma coletiva acima referida, à qual,
00002101920145070009, Relator: JEFFERSON QUESADO portanto, não se justifica que seja conferido tratamento distinto.
JUNIOR, Data de Julgamento: 22/01/2018, Data de Publicação: Em assim, de se mantê-la na base de cálculo das horas
23/01/2018). extraordinárias.
Destarte, merece confirmação a r. Sentença recorrida, que deferiu o Por outro viés, há que se extirpar do condenatório a repercussão
pagamento, como extras, das sétima e oitava horas trabalhadas, sobre a PLR, verba que é inteiramente desvinculada da
relativamente ao lapso temporal a salvo da prescrição quinquenal. remuneração, consoante prescreve a Constituição Federal.
Frise-se a insubsistência do pleito recursal de se efetuar a Não prospera, no entanto, o pleito de exclusão da rubrica "Horas
extras aqui ratificadas, haja vista que referido adicional Trata-se de vantagem que a reclamante já percebia quando de seu
estipendiário, percebido em razão do exercício das atribuições de vínculo empregatício com o Banco do Estado do Ceará - BEC,
Gerente de Relacionamento, remunerava, apenas, o trabalho posteriormente adquirido pelo Bradesco, sendo denominada
exercido com maiores responsabilidades, não o excesso de jornada. originalmente de "Prorr. Expediente Diurno" e remunerando as
O divisor a ser aplicado para o cálculo das horas extras é, sétima e oitava horas trabalhadas.
efetivamente, 180, em razão do direito da autora à jornada de Ao suceder o BEC, o ora recorrente manteve essa verba, porém
trabalho de seis horas diárias, conforme decidiu o Colendo Tribunal designando-a como "Horas extras integração".
Superior do Trabalho, em sede de Incidente de Recursos Nesse contexto, inafastável a ilação de que se trata de parcela
Repetitivos (Processo nº 0000849-83.2013.5.03.0138). salarial fixa da autora, eis que percebida de forma habitual e
De se esclarecer que a habitualidade da extrapolação de jornada ininterrupta, durante mais de vinte anos.
impõe que se defiram os reflexos legais, inclusive sobre o repouso Em suma, acolhe-se parcialmente o apelo do Bradesco, no
concernente às horas extras, para os fins de excluir da base de quando do ajuizamento da Ação ou do respectivo requerimento e,
cálculo a "Gratificação de Função Chefia" e retirar da condenação uma vez tidas por provadas pelo Órgão Julgador, faz jus a parte
os reflexos sobre a PLR. requerente à integralidade dos benefícios assegurados em lei, sob
2.1.2 Da PLR proporcional de 2017 pena de se erigir obstáculo ao livre acesso à Justiça.
A Sentença deferiu à reclamante o pagamento da PLR de 2017, na Nesse contexto, uma vez sendo a reclamante, repita-se, beneficiário
proporção de 8/12, autorizando a compensação do valor recebido da gratuidade judiciária, mostra-se incompatível qualquer
O Banco recorrente alega haver quitado regularmente essa verba, principalmente as que venham a impedir ou dificultar que as
apontando como prova o contracheque do mês de fevereiro de 2017 pessoas sem recursos financeiros tenham acesso ao Judiciário,
Todavia, o valor pago constante do referido contracheque sentirem lesadas em seus direitos.
corresponde à PLR de 2016, que é quitada nesse mês de fevereiro, Destarte, nega-se provimento ao apelo do reclamado, uma vez
(doc. ID 75aa720, pág. 02). 2.1.4 Do índice de correção monetária e dos descontos fiscais e
entanto inexiste qualquer risco de pagamento a maior ou em Por se tratar de matéria que é objeto do Recurso Ordinário
duplicidade, uma vez que a Sentença teve a prudência de condenar interposto pela reclamante, deixa-se para discutir a correção
nessa verba, mas autorizar, de logo, a devida compensação de monetária quando do exame meritório desta insurgência.
valores adimplidos ao mesmo título. Consigne-se, no que tange às deduções a título de imposto de
Portanto, nega-se provimento ao Recurso nesse particular. renda e contribuições previdenciárias, que tais já foram
2.1.3 Dos honorários advocatícios devidamente ordenadas no dispositivo sentencial, nada se tendo a
Consoante os termos do art. 6º da Instrução Normativa nº 41/2018 2.2.1 Do pedido de pagamento integral da PLR de 2017
do Colendo TST, a condenação em honorários advocatícios A reclamante persegue o pagamento da integralidade da PLR do
sucumbenciais, prevista no art. 791-A da CLT, será aplicável, ano de 2017, ao argumento de que seu contrato de trabalho,
apenas, às ações propostas após 11 de novembro de 2017, data considerando-se o prazo de projeção do aviso prévio indenizado,
em que passou a viger a Lei nº 13.467/2017 (Reforma Trabalhista), somente se encerrou em 03/01/2018, restando, pois, abrangido todo
Reclamatória em 28/11/2018. Sabe-se, à luz do § 1º do art. 487 da CLT, que o aviso prévio, ainda
Nesse compasso, observando-se o grau de zelo do profissional que indenizado, integra o tempo de serviço do empregado para
processuais tempestivos etc.), o lugar de prestação do serviço, a Cumpre lembrar, ademais, a OJ 82 da SBDI-1 do Colendo TST,
natureza e a importância da causa, o trabalho realizado e o tempo segundo a qual "A data de saída a ser anotada na CTPS deve
exigido para o seu serviço, inclusive com atuação no segundo grau, corresponder à do término do prazo do aviso prévio, ainda que
pagamento da verba em apreço, no índice arbitrado na Sentença. Dito isso, é seguro concluir que o cálculo da PLR deve levar em
Registre-se ser improcedente a pretensão do Banco de ver consideração todo o período do contrato, inclusive o ficto decorrente
condenada a autora a lhe pagar honorários de advogado. da projeção do aviso prévio, que é tido como se trabalhado fosse.
É que a ela fora deferida a gratuidade da Justiça, que compreende, Nessa direção tem decidido, reiteradamente, o Colendo TST,
Evidentemente, as condições exigidas para a concessão da INDENIZADO PARA EFEITO DE CÁLCULO DA PLR. O aviso
supracitada garantia, de patamar, aliás, constitucional (inciso LXXIV prévio, ainda que indenizado, integra o tempo de serviço, projetando
do artigo 5º da Constituição Federal), são aquelas demonstradas o contrato de trabalho até o final de seu período, inclusive para o
cômputo da parcela PLR. Inteligência da Orientação Jurisprudencial "AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.
82 da SBDI-1 do TST. Recurso de revista conhecido e provido" APELO INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI N.º 13.105/2015
(ARR-201-53.2015.5.03.0035, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto (NOVO CPC). PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS
Luiz Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 06/12/2019). (PLR). INCIDÊNCIA SOBRE O AVISO PRÉVIO INDENIZADO.
"(...) RECURSO DE REVISTA. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E POSSIBILIDADE. Cinge-se a controvérsia a saber se é possível a
RESULTADOS. PAGAMENTO PROPORCIONAL. PROJEÇÃO DO parcela PLR incidir sobre o aviso prévio indenizado. O Regional
AVISO PRÉVIO INDENIZADO. PROVIMENTO. O egrégio Tribunal deferiu o pagamento das diferenças do valor da Participação nos
Regional do Trabalho concluiu que não se justifica a consideração Lucros e Resultados do ano de 2015 sobre o aviso prévio
do aviso prévio indenizado no cômputo da participação nos lucros e indenizado. Incensurável a decisão. Com efeito, na forma do artigo
resultados proporcional. Partiu da premissa de que, embora o aviso 487, parágrafo 1.º, da CLT, o aviso prévio, ainda que indenizado,
prévio indenizado integre, por ficção legal, o tempo de serviço, não integra o tempo de serviço do empregado para todos os efeitos
há como deixar de reconhecer que, neste período, o trabalhador legais. De outra parte, na diretriz da Orientação Jurisprudencial nº
não prestou efetivamente serviços, motivo pelo qual não contribuiu 82 da SBDI-1, "A data de saída a ser anotada na CTPS deve
para a obtenção dos resultados positivos da empresa. Ocorre que corresponder à do término do prazo do aviso prévio, ainda que
este colendo Tribunal Superior do Trabalho já decidiu indenizado.". E, a par das alegações recursais, não se constata a
reiteradamente no sentido contrário, ou seja, de que o aviso prévio violação do art. 7º, inciso XXVI, da Constituição Federal, pois o
indenizado integra o contrato de trabalho para todos os efeitos, nos Regional não negou validade à norma coletiva, mas, tão somente,
termos do artigo 487, § 1º, da CLT e da Orientação Jurisprudencial concluiu que o autor preencheu o requisito temporal previsto na
nº 82 da SBDI-1, inclusive para o pagamento proporcional da norma coletiva, em razão da devida projeção do aviso prévio
participação nos lucros e resultados. Recurso de revista de que se indenizado. Desse modo, estando a decisão revisanda em sintonia
conhece e a que se dá provimento" (ARR-10070- com a indigitada OJ, cuja aplicação às hipóteses como a dos autos
90.2015.5.12.0002, 4ª Turma, Relator Ministro Guilherme Augusto é reconhecida pela remansosa jurisprudência desta Corte, a Revista
Caputo Bastos, DEJT 29/11/2019). encontra obstáculo no § 7.º do art. 896 da CLT e na Súmula nº 333
"(...) RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA. LEI 13.467/2017. deste Tribunal. Agravo de Instrumento conhecido e não provido."
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS SOBRE (AIRR-928-28.2016.5.10.0020, 1ª Turma, Relator Ministro Luiz José
vigência da Lei 13.467/2017 exige que a causa ofereça determinar que a PLR de 2017 seja paga de forma integral,
transcendência com relação aos reflexos gerais de natureza mantida, naturalmente, a compensação do importe pago, a esse
econômica, política, social ou jurídica, a qual deve ser analisada de título, no termo rescisório.
ofício e previamente pelo Relator (artigos 896-A, da CLT, 246 e 247 2.2.2 Do índice de correção monetária
do RITST). A pretensão deduzida na causa é a exclusão do Pleiteia a autora que se aplique ao cálculo liquidatório, como índice
referente ao exercício de 2014. O Eg. TRT decidiu que o período de A razão lhe acompanha, mas apenas em parte.
aviso prévio integra o tempo de serviço para todos os efeitos legais, É cediço que o Supremo Tribunal Federal, nos autos da ADI nº
não existindo distinção entre o aviso prévio trabalhado e o 4.357/DF, declarou, nos termos do voto do Ministro Relator Ayres
indenizado, razão pela qual consignou que o reclamante tinha Britto, "a inconstitucionalidade da expressão "na data de expedição
direito a PLR do exercício de 2014 de forma proporcional. A decisão do precatório", contida no § 2º; os §§ 9º e 10; e das expressões
recorrida guarda consonância com a jurisprudência desta c. Corte, "índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança" e
que firmou o entendimento de que o aviso prévio, ainda que "independentemente de sua natureza", constantes do § 12, todos
indenizado, integra o tempo de serviço do empregado para todos os dispositivos do art. 100 da CF, com a redação dada pela EC nº
efeitos. A matéria debatida não possui transcendência econômica, 62/2009", afastando, assim, a aplicação da Taxa Referencial - TR, o
política, jurídica ou social. Transcendência não reconhecida. que culminou com a inconstitucionalidade por arrastamento do art.
Recurso de revista de que não se conhece" (ARR-11238- 1º-F da Lei nº 9.494, com a redação dada pelo art. 5º da Lei nº
Convocada Cilene Ferreira Amaro Santos, DEJT 07/06/2019). Em decorrência da referida decisão do STF, o Pleno do TST, ao
60.2011.5.04.0231, suscitada pelo Min. Cláudio Mascarenhas jurisprudenciais emanadas do Colendo TST sobre a temática ora
arrastamento da expressão "equivalente à TRD" presente no art. 39, "AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.
caput, da Lei nº 8.177/91 e, dando interpretação conforme a EXECUÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA DOS CRÉDITOS
Constituição ao restante da norma, definiu como índice de TRABALHISTAS. ÍNDICE APLICÁVEL. Consoante entendimento
atualização monetária dos créditos trabalhistas na Justiça do adotado pela 8ª Turma, com base na decisão do Tribunal Pleno
Trabalho o IPCA-E (Índice de Preços ao Consumidor Amplo desta Corte Superior (TST - ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231 e ED -
Especial) a partir de 30.06.2009, quando entrou em vigor a Lei nº ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231), na correção dos créditos
11.960/2009, que acrescentou o art. 1º-F à Lei nº 9.494/1997, o qual trabalhistas, aplica-se a TR até 24/3/2015 e o IPCA a partir de
foi declarado inconstitucional pelo STF. 25/3/2015. Esta Turma considera, ainda, entendimento a que me
Posteriormente, na sessão de julgamento dos embargos de submeto por disciplina judiciária, que o art. 879, § 7º, da CLT perdeu
declaração opostos contra o Acórdão que dirimira a ArgInc nº 479- a sua eficácia normativa, em face da declaração de
efeitos do retro citado Aresto para fixar como fator de correção dos medida em que o dispositivo da legislação esparsa conferia
débitos trabalhistas a Taxa TR (índice oficial da remuneração básica conteúdo à norma da CLT, tendo em vista a adoção de fórmula
da caderneta de poupança), até 24/3/2015, e o IPCA-E (Índice de remissiva pelo legislador. Agravo de instrumento conhecido e não
Preços ao Consumidor Amplo Especial), a partir de 25/3/2015, na provido." (Processo: AIRR-AIRR - 20019-18.2013.5.04.0751 Data
forma deliberada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal. de Julgamento: 27/02/2019, Relatora Ministra: Dora Maria da Costa,
De se registrar, ainda, que a Reclamação nº 22.012/RS, onde 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 01/03/2019).
deferida liminar suspensiva dos efeitos do Decisum proferido pelo "AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA
TST nos autos da ArgInc nº 479-60.2011.5.04.0231, fora julgada INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DAS LEIS Nos 13.015/2014 E
improcedente pelo STF, conforme síntese jurisprudencial abaixo 13.105/2015 E ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI No 13.467/2017 -
DÉBITOS TRABALHISTAS. TR. AUSÊNCIA DE IDENTIDADE PLENO DO TST. TEMA 810. REPERCUSSÃO GERAL
MATERIAL ENTRE OS FUNDAMENTOS DO ATO RECLAMADO E RECONHECIDA PELO STF. JULGAMENTO DEFINITIVO DO STF
O QUE FOI EFETIVAMENTE DECIDIDO NAS ADIS 4.357/DF E NA RECLAMAÇÃO Nº 22012/RS. 1.1. O Pleno do TST, por meio da
TST DENTRO DO LIMITE CONSTITUCIONAL QUE LHE É declarou inconstitucional a expressão "equivalentes à TRD", inscrita
ATRIBUÍDO. RECLAMAÇÃO IMPROCEDENTE. no art. 39, "caput", da Lei n° 8.177/91, aplicando a técnica de
I - A decisão reclamada afastou a aplicação da TR como índice de interpretação conforme a Constituição para o texto remanescente
correção monetária nos débitos trabalhistas, determinando a da norma impugnada. Definiu, ainda, a variação do Índice de Preços
utilização do IPCA em seu lugar, questão que não foi objeto de ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) como fator de atualização
deliberação desta Suprema Corte no julgamento das Ações Diretas a ser utilizado na tabela de atualização monetária dos débitos
de Inconstitucionalidade 4.357/DF e 4.425/DF, não possuindo, trabalhistas na Justiça do Trabalho. 1.2. No julgamento definitivo da
portanto, a aderência estrita com os arestos tidos por Reclamação 22012 MC/RS, contra a decisão do Pleno desta Corte,
desrespeitados. o STF concluiu que "o conteúdo das decisões que determinam a
II - Apesar da ausência de identidade material entre os fundamentos utilização de índice diverso da TR para atualização monetária dos
do ato reclamado e o que foi efetivamente decidido na ação direta débitos trabalhistas não possui aderência com o decidido pelo STF
de inconstitucionalidade apontada como paradigma, o decisum ora nas duas ADIs". 1.3. A decisão é corroborada pelo julgado proferido
impugnado está em consonância com a ratio decidendi da pelo excelso Supremo Tribunal Federal, no RE nº 870.947 RG/SE,
orientação jurisprudencial desta Suprema Corte. com repercussão geral, publicada no DJe de 20.11.2017, no qual se
III - Reclamação improcedente." (DATA DE PUBLICAÇÃO DJE considerou inconstitucional a atualização monetária das
27/02/2018 - ATA Nº 17/2018. DJE nº 37, divulgado em condenações impostas à Fazenda Pública segundo a remuneração
propriedade (CRFB, art. 5º, XXII), uma vez que não se qualifica
Julgamento: 13/02/2019, Relator Ministro: Alberto Luiz Bresciani de TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª
Fontan Pereira, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 22/02/2019). REGIÃO, por unanimidade, conhecer de ambos os Recursos e dar
Frise-se, por relevante, que o § 7º do art. 879 da CLT, com a -lhes parcial provimento: ao do reclamado, para excluir da
redação conferida pela Lei nº 13.467/17, perdera sua eficácia condenação os reflexos de horas extras sobre a PLR; e ao do
normativa, por se reportar ao critério de atualização monetária reclamante, para determinar que a PLR de 2017 seja paga de forma
previsto na Lei nº 8.177/91, que foi declarado inconstitucional pelo integral, mantida a compensação do importe pago, a esse título, no
Tribunal Pleno do TST, em observância à decisão do Excelso STF. termo rescisório, e estabelecer como fator de correção dos débitos
É o seguinte o teor do supra referido dispositivo celetário: trabalhistas a Taxa TR até 24/3/2015 e o IPCA-E a partir de
"Art. 879 - Sendo ilíquida a sentença exeqüenda, ordenar-se-á, 25/3/2015. Outrossim, manter o valor arbitrado à condenação na
previamente, a sua liquidação, que poderá ser feita por cálculo, por Sentença.
§ 7º A atualização dos créditos decorrentes de condenação judicial Botelho (Relator) e Cláudio Soares Pires. Presente ainda o(a)
será feita pela Taxa Referencial (TR), divulgada pelo Banco Central Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho.
Relator
CONCLUSÃO DO VOTO
extras sobre a PLR; e ao do reclamante, para determinar que a PLR Diretor de Secretaria
Intimado(s)/Citado(s): ADMISSIBILIDADE
- FRANCISCO SELMO DO NASCIMENTO Preenchidos os pressupostos de admissibilidade, conheço do
recurso interposto.
MÉRITO.
envolva pedido 121 de prestações sucessivas decorrente de previsão encartada no regulamento de pessoal da reclamada, que
alteração do pactuado, a prescrição é total, exceto quando o direito permanece em vigor até os dias atuais, tendo aderido ao contrato
à parcela esteja também assegurado por preceito de lei". Infere-se, de trabalho do reclamante. Assim, não se aplicam a presente
assim, que o direito pleiteado previsto no regulamento interno, de questio os ditames da Súmula 294 do c. TST, eis que não estamos
implementar a cada 3(três) anos o percentual de 3% a título de diante de qualquer alteração do pactuado, já que referido dispositivo
anuênio, foi limitado a 30.04.99, revelando-se como verdadeira não foi revogado por norma posterior. A pretensão autoral, em
alteração contratual, decorrente de ato único estipulado no verdade, se funda no descumprimento reiterado de norma interna,
instrumento coletivo acima citado, ocorrida há aproximadamente 20 renovando-se a lesão mês a mês, sendo parcial a prescrição."
(vinte) anos. Outrossim, o próprio Reclamante em suas razões de (Processo n¿ 0001837-68.2017.5.07.0004: RECURSO
pedir, faz referência ao princípio da inalterabilidade contratual ORDINÁRIO, TRT 7ª Região - 2ª Turma, Relator Desembargador
lesiva, com arrimo no art. 468, da CLT, o que corrobora a tese de JEFFERSON QUESADO JUNIOR, Data da Assinatura 01/08/2019,
de prestações sucessivas (fls. 4/5). Destaque-se, ainda, que a "EMATERCE. ADICIONAL POR TEMPO DE SERVIÇO
parcela em comento, consoante razões anteriores, não decorre de (TRIÊNIOS). VANTAGEM PREVISTA NO REGIMENTO DE
Dessa forma, considerando que a presente Reclamação Trabalhista INCIDÊNCIA DA SÚMULA Nº 294 DO C. TST. A norma coletiva
foi ajuizada em 16.05.19, portanto, decorridos mais de 5(cinco) anos tem eficácia limitada ao tempo de vigência do instrumento de
do ato que alterou o regimento de pessoal, referente à concessão pactuação firmado entre as partes acordantes. No caso dos autos, a
de percentuais pertinentes ao anuênio, declara este Juízo a EMATERCE celebrou, com o sindicato representativo de seus
prescrição total dos créditos pleiteados na exordial e, por empregados, Acordo Coletivo de Trabalho, no qual incluída cláusula
conseguinte, que o processo seja extinto com resolução de mérito, que suspendeu o cômputo de novos triênios, vantagem que estava
nos termos do art. 487, II, do CPC." prevista no Regimento de Pessoal daquela empresa pública, norma
2.Inconformado, alega o reclamante em razões recursais que possui esta que permaneceu inalterada. A supressão do direito aos
direito de ver reconhecida a totalidade dos pedidos formulados na triênios, após esgotada a vigência do Acordo Coletivo, não
peça vestibular, eis que as disposições do Regulamento de configura hipótese de alteração do pactuado, mas de
Pessoal, ainda vigentes, aderiram ao seu contrato de trabalho descumprimento reiterado do Regimento de Pessoal, que se havia
conforme várias anotações em sua CTPS quanto a esse fato; que a integrado ao contrato de trabalho dos empregados da EMATERCE
lesão alegada pelo(a) reclamante, ora recorrente, não resulta de admitidos anteriormente, por isso descabe falar em prescrição total,
alteração do pactuado, mas, do descumprimento reiterado do que já nos moldes preconizados na Súmula 294 do Colendo TST"
foi objeto de ajuste entre patrão e empregado(a), razão pela qual (Processo nº 0000221-69.2019.5.07. 0010: Recurso Ordinário, TRT
não se mostra adequada a incidência de prescrição total, mas, 7ª Região - 2ª Turma, Relator Desembargador Paulo Régis
apenas, prescrição parcial, uma vez que a lesão aqui noticiada se Machado Botelho, Data da Assinatura 19/06/2019, PJe-JT).
renova mensalmente, a cada mês em que a parte recorrente deixa "RECURSO DE REVISTA REGIDO PELA LEI 13.467/2017.
de receber integralmente aquilo que acordou com o seu TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA. ANUÊNIOS. NORMA
empregador, devendo ser aplicada a parte final da Súmula- REGULAMENTAR. PRESCRIÇÃO PARCIAL. De acordo com a
Com efeito, a discussão acerca da prescrição dos anuênios devidos prescrição total prevista na Súmula 294 do TST, uma vez que a
aos empregados da EMATERCE, com o entendimento de não parcela se integra ao ajuste firmado entre as partes da relação
aplicação da Súmula nº 294 do TST, tem amparo na jurisprudência trabalhista, nos termos do art. 468 da CLT. A lesão, nesse caso,
desta Turma de Julgamento e do e. TST, consoante precedentes origina-se de ato omissivo do empregador, decorrente do
"RECURSO ORDINÁRIO - SUPRESSÃO DE DIREITO PREVISTO se renova mês a mês. Precedentes. Recurso de revista conhecido e
NO REGIMENTO DE PESSOAL DA RECLAMADA ATRAVÉS DE provido" (RR-1894-14.2017.5.07. 0028, 2ª Turma, Rel. Ministra
NORMA COLETIVA - PRESCRIÇÃO TOTAL AFASTADA. O Delayde Miranda Arantes, DEJT 24/05/2019).
pagamento do ATS - Adicional por Tempo de Serviço decorre de "RECURSO DE REVISTA. LEI 13.467/2017. PRESCRIÇÃO.
TRIÊNIOS. GRATIFICAÇÃO POR TEMPO DE SERVIÇO assegurado a manutenção do percentual percebido pelo
PREVISTA EM REGIMENTO INTERNO. SUPRESSÃO DA Empregado, até 30.04.99, à título de adicional por tempo de
PARCELA POR MEIO DE ACORDO COLETIVO DE TRABALHO. serviço". Desde então a parte reclamante deixou de auferir a
TRANSCENDÊNCIA. O processamento do recurso de revista na majoração do adicional, em termos percentuais, perseguindo neste
vigência da Lei 13.467/2017 exige que a causa ofereça feito as diferenças salariais decorrentes dos anuênios a que teria
transcendência com relação aos reflexos gerais de natureza direito e que não lhe foram pagos desde 1999 e o restabelecimento
econômica, política, social ou jurídica, a qual deve ser analisada de dos acréscimos a cada período de aferição. A empresa, em sede de
ofício e previamente pelo Relator (artigos 896-A, da CLT, 246 e 247 contestação, defende que o adicional por tempo de serviço não foi
do RITST). A matéria diz respeito a aplicação da prescrição total suprimido, mas apenas teve o percentual congelado de forma lícita,
quanto à pretensão do autor de recebimento de diferenças salariais porquanto decorrente de negociação coletiva.
decorrentes da gratificação por tempo de serviço (triênios). A causa O recorrente tem razão.
apresenta transcendência política, nos termos do art. 896-A, § 1º, II, Com efeito, consoante inteligência do art. 468 da CLT, "nos
da CLT, uma vez que o entendimento regional de que a prescrição contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das
incidente é a total quanto à pretensão de recebimento da respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim
gratificação por tempo de serviço (triênios), parcela prevista em desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao
regulamento de pessoal da empresa que foi suprimida empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta
posteriormente por meio de norma coletiva, contraria a garantia". Dessa forma, o adicional por tempo de serviço incorporou
jurisprudência pacífica deste Tribunal Superior. Nos casos em que o -se ao contrato de trabalho da parte reclamante, não sendo
Acordo Coletivo de Trabalho culmina na supressão da parcela juridicamente defensável o congelamento do percentual realizado
sucessiva prevista em norma regulamentar anteriormente vigente, pela reclamada. O suposto fato de a norma coletiva ter estabelecido
fica caracterizada a alteração lesiva que se renova mês a mês e tal congelamento não alcança a parte autora, considerando-se a
está sujeita à prescrição parcial. Demonstrada a má aplicação da ilicitude da interrupção da contagem do tempo de serviço, porquanto
Súmula 294 do TST. Recurso de revista de que se conhece e a que contrária ao acima citado artigo da CLT. Precedentes nos
se dá provimento" (RR-1391-02.2017.5.07.0025, 6ª Turma, Relatora Processos TRT7-0000221-69.2019. 5.07.0010, Rel. Des. Paulo
Desemb. Convoc. Cilene Ferreira Amaro Santos, DEJT 26/04/2019). Régis Machado Botelho; TST-AIRR-83000-04.2014. 5.13.0006, Rel.
Assim, perfilhando-me doravante com o entendimento acima Min. Dora Maria da Costa; TST-RR-124000- 59.2007.5.04.0303,
exposto, dou provimento ao recurso, para afastar a prescrição total, Rel. Min. Augusto César Leite de Carvalho); Súmula-51/TST: "as
eis que incidente na espécie apenas a prescrição parcial. Destaco, cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens
ainda, que a parte reclamada continua pagando o adicional por deferidas anteriormente, só atingirão os trabalhadores admitidos
tempo de serviço à parte autora, fazendo-o, contudo, sem a após a revogação ou alteração do regulamento"
concessão de novos anuênios, aspecto suficiente para rechaçar a Não se pode perder de vista, ademais, que a cláusula do Acordo
tese de que a parcela não seria devida à recorrente em virtude de Coletivo de 1999 não se repetiu nos instrumentos normativos
não ser a obreira empregada remanescente da ANCAR-CE. seguintes, aspecto que reforça o direito da parte autora à
4.Com amparo no art. 1.013, § 4º, do Código de Processo Civil, implementação sucessiva do adicional por tempo de serviço, sem
examino o mérito propriamente dito da demanda, eis que o qualquer interrupção, como destacado em caso análogo apreciado
processo revela condições de imediato julgamento. (adicional por nesta Turma de Julgamento, Processo nº 0001532-87.2017.5.07.
tempo de serviço. parcela prevista em norma interna. alteração 0003, Des. Rel. Jefferson Quesado Junior: "(...) De todo modo,
por norma coletiva. impossibilidade. art. 468 da CLT). abstraindo-se tal circunstância e mesmo considerando-se que o
De início, registre-se que o Regulamento de Pessoal da reclamada ACT/99 tenha, efetivamente, congelado o percentual do ATS, é
criou o Adicional por Tempo de Serviço, a ser pago nos termos forçoso admitir-se que semelhante disposição perdurou apenas até
fixados pelo art. 67, § 1º, a seguir transcrito: "O valor do Adicional 30.04.2001 (v. cláusula 27ª do Acordo Coletivo de 1999), pois não
por tempo de serviço corresponderá a 3% sobre o valor do salário restou sufragada nos instrumentos coletivos posteriores, ao passo
do servidor a cada período de 03 (três) anos." que o direito aos anuênios e incremento de seu percentual a cada
Dessa forma, os adicionais passaram a ser pagos regularmente à três anos continuou previsto no Regimento de Pessoal da
parte autora, até que sobreveio o Acordo Coletivo de 1999, tratando EMATERCE.... Neste ponto, importa destacar que o princípio da
da parcela em sua cláusula segunda, ora colacionada: "Fica ultratividade das normas coletivas, albergado pelo c. Tribunal
Superior do Trabalho, foi alvo de decisão monocrática do Exmo. a prescrição quinquenal e a evolução salarial, com reflexos nas
Ministro Gilmar Mendes, do excelso Supremo Tribunal Federal, férias acrescidas de um terço, no 13º salário e nos depósitos do
proferida nos autos da Arguição de Descumprimento de Preceito FGTS. Devidos, ainda, honorários advocatícios de 10% sobre o
Fundamental 323, proposta pela Confederação Nacional dos valor da condenação. Juros, atualizações monetárias, contribuições
Estabelecimentos de Ensino, ad referendum do Plenário do tribunal, fiscal e previdenciária, na forma da lei. Custas invertidas.
no sentido de que as cláusulas de convenções e acordos coletivos Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
de trabalho perdem sua eficácia na data designada nos respectivos Francisco José Gomes da Silva (Presidente),Cláudio Soares Pires
instrumentos como seu termo final". (Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a).
CONCLUSÃO DO VOTO
serviço, no percentual de 3% (três por cento) a cada três anos de Desembargador Relator
diferenças salariais devidas até tal restabelecimento, observando-se FORTALEZA/CE, 04 de março de 2020.
férias acrescidas de um terço, no 13º salário e nos depósitos do ROMULO DE SOUSA FROTA
Intimado(s)/Citado(s):
- EMP DE ASSIST TEC E EXT RURAL DO EST DO CE
EMATERCE
esgotada a vigência do Acordo Coletivo, não configura hipótese de percentual referente ao anuênio após ACT/99, que deveria ser de
alteração do pactuado, mas de descumprimento reiterado do 41% ao invés de 20%. Pleiteia implantação em folha de pagamento
Regimento de Pessoal, que se havia integrado ao contrato de do correto percentual pertinente ao anuênio, com atualização na
trabalho dos empregados da EMATERCE admitidos anteriormente, ordem de 1% a cada ano no emprego ou, alternativamente, 3% a
por isso descabe falar em prescrição total, nos moldes preconizados cada três anos; diferenças salariais e consectários; honorários
na Súmula 294 do Colendo TST. 2.Nas relações de trabalho a advocatícios e concessão dos benefícios da justiça gratuita. A
licitude de alteração contratual escora-se na ausência, direta ou Reclamada, em sede de contestação, aduz que o direito pleiteado
indireta, de prejuízo ao empregado, sob pena de nulidade. O tem por base alteração contratual ocorrida há mais de 5(cinco)
adicional por tempo de serviço, incorporando-se ao contrato de anos, pelo alega a prescrição total.
trabalho da parte reclamante, torna indefensável o congelamento do Apreciando o tema destacado, concluiu o juízo sentenciante pela
percentual periodicamente auspiciado pela reclamada, embora da improcedência da ação, nos seguintes termos:
eventual previsão em norma coletiva. Precedentes Turmário e do e. "Afirma a Reclamada a ocorrência de prescrição total dos créditos
TST. Recurso provido. pleiteados. Inicialmente, cumpre destacar, considerando que o início
V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de RECURSO qual foi instituído por meio de regulamento interno, denominado de
ORDINÁRIO, provenientes da MM. 2ª VARA DO TRABALHO DE Regimento do Pessoal (agosto/82), que assim dispõe, no art. 67,
FORTALEZA, em que é recorrente: FRANCISCO SELMO DO §1º: "O valor do Adicional por tempo de serviço corresponderá a 3%
NASCIMENTO; e recorrida: EMPRESA DE ASSISTÊNCIA do salário do servidor a cada período de 3 (três) anos" (fls. 97).
TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL DO CEARÁ - EMATERCE. Incontroverso que, em decorrência do ACT/99, o percentual em
Recorreu o reclamante (ID. 03e3f2e), em face da r. sentença que questão deixou de ser aplicado, conforme disposto na CLÁUSULA
acolheu a prejudicial de prescrição total, determinando a extinção SEGUNDA - DO ANUÊNIO: "Fica assegurado a manutenção do
do processo com resolução do mérito, nos termos do art. 487, inciso percentual percebido pelo Empregado, até 30.04.99, a título de
II, do CPC, ID. 94dcb72. adicional por tempo de serviço." (fls. 115). Igualmente incontroverso
Contrarrazões não apresentadas (certidão ID. 92dd4f0). que o Reclamante continua a receber valor correspondente aos
Preenchidos os pressupostos de admissibilidade, conheço do assim, que o direito pleiteado previsto no regulamento interno, de
1.FRANCISCO SELMO DO NASCIMENTO, ajuizou Reclamação instrumento coletivo acima citado, ocorrida há aproximadamente 20
Trabalhista em face de EMP DE ASSIST TEC E EXT RURAL DO (vinte) anos. Outrossim, o próprio Reclamante em suas razões de
EST DO CE EMATERCE, alegando, em síntese, que foi admitido pedir, faz referência ao princípio da inalterabilidade contratual
em 15.05.78, exercendo, atualmente, a função de Assistente lesiva, com arrimo no art. 468, da CLT, o que corrobora a tese de
Administrativo de ATER, classe C, referência 15; que, por meio de que a questão trata de alteração contratual e não descumprimento
regulamento interno, foi instituído o percentual de 3% do salário do de prestações sucessivas (fls. 4/5). Destaque-se, ainda, que a
servidor a cada 3(três) anos; que a Reclamada congelou o parcela em comento, consoante razões anteriores, não decorre de
Dessa forma, considerando que a presente Reclamação Trabalhista INCIDÊNCIA DA SÚMULA Nº 294 DO C. TST. A norma coletiva
foi ajuizada em 16.05.19, portanto, decorridos mais de 5(cinco) anos tem eficácia limitada ao tempo de vigência do instrumento de
do ato que alterou o regimento de pessoal, referente à concessão pactuação firmado entre as partes acordantes. No caso dos autos, a
de percentuais pertinentes ao anuênio, declara este Juízo a EMATERCE celebrou, com o sindicato representativo de seus
prescrição total dos créditos pleiteados na exordial e, por empregados, Acordo Coletivo de Trabalho, no qual incluída cláusula
conseguinte, que o processo seja extinto com resolução de mérito, que suspendeu o cômputo de novos triênios, vantagem que estava
nos termos do art. 487, II, do CPC." prevista no Regimento de Pessoal daquela empresa pública, norma
2.Inconformado, alega o reclamante em razões recursais que possui esta que permaneceu inalterada. A supressão do direito aos
direito de ver reconhecida a totalidade dos pedidos formulados na triênios, após esgotada a vigência do Acordo Coletivo, não
peça vestibular, eis que as disposições do Regulamento de configura hipótese de alteração do pactuado, mas de
Pessoal, ainda vigentes, aderiram ao seu contrato de trabalho descumprimento reiterado do Regimento de Pessoal, que se havia
conforme várias anotações em sua CTPS quanto a esse fato; que a integrado ao contrato de trabalho dos empregados da EMATERCE
lesão alegada pelo(a) reclamante, ora recorrente, não resulta de admitidos anteriormente, por isso descabe falar em prescrição total,
alteração do pactuado, mas, do descumprimento reiterado do que já nos moldes preconizados na Súmula 294 do Colendo TST"
foi objeto de ajuste entre patrão e empregado(a), razão pela qual (Processo nº 0000221-69.2019.5.07. 0010: Recurso Ordinário, TRT
não se mostra adequada a incidência de prescrição total, mas, 7ª Região - 2ª Turma, Relator Desembargador Paulo Régis
apenas, prescrição parcial, uma vez que a lesão aqui noticiada se Machado Botelho, Data da Assinatura 19/06/2019, PJe-JT).
renova mensalmente, a cada mês em que a parte recorrente deixa "RECURSO DE REVISTA REGIDO PELA LEI 13.467/2017.
de receber integralmente aquilo que acordou com o seu TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA. ANUÊNIOS. NORMA
empregador, devendo ser aplicada a parte final da Súmula- REGULAMENTAR. PRESCRIÇÃO PARCIAL. De acordo com a
Com efeito, a discussão acerca da prescrição dos anuênios devidos prescrição total prevista na Súmula 294 do TST, uma vez que a
aos empregados da EMATERCE, com o entendimento de não parcela se integra ao ajuste firmado entre as partes da relação
aplicação da Súmula nº 294 do TST, tem amparo na jurisprudência trabalhista, nos termos do art. 468 da CLT. A lesão, nesse caso,
desta Turma de Julgamento e do e. TST, consoante precedentes origina-se de ato omissivo do empregador, decorrente do
"RECURSO ORDINÁRIO - SUPRESSÃO DE DIREITO PREVISTO se renova mês a mês. Precedentes. Recurso de revista conhecido e
NO REGIMENTO DE PESSOAL DA RECLAMADA ATRAVÉS DE provido" (RR-1894-14.2017.5.07. 0028, 2ª Turma, Rel. Ministra
NORMA COLETIVA - PRESCRIÇÃO TOTAL AFASTADA. O Delayde Miranda Arantes, DEJT 24/05/2019).
pagamento do ATS - Adicional por Tempo de Serviço decorre de "RECURSO DE REVISTA. LEI 13.467/2017. PRESCRIÇÃO.
previsão encartada no regulamento de pessoal da reclamada, que TRIÊNIOS. GRATIFICAÇÃO POR TEMPO DE SERVIÇO
permanece em vigor até os dias atuais, tendo aderido ao contrato PREVISTA EM REGIMENTO INTERNO. SUPRESSÃO DA
de trabalho do reclamante. Assim, não se aplicam a presente PARCELA POR MEIO DE ACORDO COLETIVO DE TRABALHO.
questio os ditames da Súmula 294 do c. TST, eis que não estamos TRANSCENDÊNCIA. O processamento do recurso de revista na
diante de qualquer alteração do pactuado, já que referido dispositivo vigência da Lei 13.467/2017 exige que a causa ofereça
não foi revogado por norma posterior. A pretensão autoral, em transcendência com relação aos reflexos gerais de natureza
verdade, se funda no descumprimento reiterado de norma interna, econômica, política, social ou jurídica, a qual deve ser analisada de
renovando-se a lesão mês a mês, sendo parcial a prescrição." ofício e previamente pelo Relator (artigos 896-A, da CLT, 246 e 247
(Processo n¿ 0001837-68.2017.5.07.0004: RECURSO do RITST). A matéria diz respeito a aplicação da prescrição total
ORDINÁRIO, TRT 7ª Região - 2ª Turma, Relator Desembargador quanto à pretensão do autor de recebimento de diferenças salariais
JEFFERSON QUESADO JUNIOR, Data da Assinatura 01/08/2019, decorrentes da gratificação por tempo de serviço (triênios). A causa
PJe-JT). apresenta transcendência política, nos termos do art. 896-A, § 1º, II,
"EMATERCE. ADICIONAL POR TEMPO DE SERVIÇO da CLT, uma vez que o entendimento regional de que a prescrição
gratificação por tempo de serviço (triênios), parcela prevista em desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao
regulamento de pessoal da empresa que foi suprimida empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta
posteriormente por meio de norma coletiva, contraria a garantia". Dessa forma, o adicional por tempo de serviço incorporou
jurisprudência pacífica deste Tribunal Superior. Nos casos em que o -se ao contrato de trabalho da parte reclamante, não sendo
Acordo Coletivo de Trabalho culmina na supressão da parcela juridicamente defensável o congelamento do percentual realizado
sucessiva prevista em norma regulamentar anteriormente vigente, pela reclamada. O suposto fato de a norma coletiva ter estabelecido
fica caracterizada a alteração lesiva que se renova mês a mês e tal congelamento não alcança a parte autora, considerando-se a
está sujeita à prescrição parcial. Demonstrada a má aplicação da ilicitude da interrupção da contagem do tempo de serviço, porquanto
Súmula 294 do TST. Recurso de revista de que se conhece e a que contrária ao acima citado artigo da CLT. Precedentes nos
se dá provimento" (RR-1391-02.2017.5.07.0025, 6ª Turma, Relatora Processos TRT7-0000221-69.2019. 5.07.0010, Rel. Des. Paulo
Desemb. Convoc. Cilene Ferreira Amaro Santos, DEJT 26/04/2019). Régis Machado Botelho; TST-AIRR-83000-04.2014. 5.13.0006, Rel.
Assim, perfilhando-me doravante com o entendimento acima Min. Dora Maria da Costa; TST-RR-124000- 59.2007.5.04.0303,
exposto, dou provimento ao recurso, para afastar a prescrição total, Rel. Min. Augusto César Leite de Carvalho); Súmula-51/TST: "as
eis que incidente na espécie apenas a prescrição parcial. Destaco, cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens
ainda, que a parte reclamada continua pagando o adicional por deferidas anteriormente, só atingirão os trabalhadores admitidos
tempo de serviço à parte autora, fazendo-o, contudo, sem a após a revogação ou alteração do regulamento"
concessão de novos anuênios, aspecto suficiente para rechaçar a Não se pode perder de vista, ademais, que a cláusula do Acordo
tese de que a parcela não seria devida à recorrente em virtude de Coletivo de 1999 não se repetiu nos instrumentos normativos
não ser a obreira empregada remanescente da ANCAR-CE. seguintes, aspecto que reforça o direito da parte autora à
4.Com amparo no art. 1.013, § 4º, do Código de Processo Civil, implementação sucessiva do adicional por tempo de serviço, sem
examino o mérito propriamente dito da demanda, eis que o qualquer interrupção, como destacado em caso análogo apreciado
processo revela condições de imediato julgamento. (adicional por nesta Turma de Julgamento, Processo nº 0001532-87.2017.5.07.
tempo de serviço. parcela prevista em norma interna. alteração 0003, Des. Rel. Jefferson Quesado Junior: "(...) De todo modo,
por norma coletiva. impossibilidade. art. 468 da CLT). abstraindo-se tal circunstância e mesmo considerando-se que o
De início, registre-se que o Regulamento de Pessoal da reclamada ACT/99 tenha, efetivamente, congelado o percentual do ATS, é
criou o Adicional por Tempo de Serviço, a ser pago nos termos forçoso admitir-se que semelhante disposição perdurou apenas até
fixados pelo art. 67, § 1º, a seguir transcrito: "O valor do Adicional 30.04.2001 (v. cláusula 27ª do Acordo Coletivo de 1999), pois não
por tempo de serviço corresponderá a 3% sobre o valor do salário restou sufragada nos instrumentos coletivos posteriores, ao passo
do servidor a cada período de 03 (três) anos." que o direito aos anuênios e incremento de seu percentual a cada
Dessa forma, os adicionais passaram a ser pagos regularmente à três anos continuou previsto no Regimento de Pessoal da
parte autora, até que sobreveio o Acordo Coletivo de 1999, tratando EMATERCE.... Neste ponto, importa destacar que o princípio da
da parcela em sua cláusula segunda, ora colacionada: "Fica ultratividade das normas coletivas, albergado pelo c. Tribunal
assegurado a manutenção do percentual percebido pelo Superior do Trabalho, foi alvo de decisão monocrática do Exmo.
Empregado, até 30.04.99, à título de adicional por tempo de Ministro Gilmar Mendes, do excelso Supremo Tribunal Federal,
serviço". Desde então a parte reclamante deixou de auferir a proferida nos autos da Arguição de Descumprimento de Preceito
majoração do adicional, em termos percentuais, perseguindo neste Fundamental 323, proposta pela Confederação Nacional dos
feito as diferenças salariais decorrentes dos anuênios a que teria Estabelecimentos de Ensino, ad referendum do Plenário do tribunal,
direito e que não lhe foram pagos desde 1999 e o restabelecimento no sentido de que as cláusulas de convenções e acordos coletivos
dos acréscimos a cada período de aferição. A empresa, em sede de de trabalho perdem sua eficácia na data designada nos respectivos
contestação, defende que o adicional por tempo de serviço não foi instrumentos como seu termo final".
suprimido, mas apenas teve o percentual congelado de forma lícita, Isto posto,
Com efeito, consoante inteligência do art. 468 da CLT, "nos CONCLUSÃO DO VOTO
serviço, no percentual de 3% (três por cento) a cada três anos de Desembargador Relator
diferenças salariais devidas até tal restabelecimento, observando-se FORTALEZA/CE, 04 de março de 2020.
férias acrescidas de um terço, no 13º salário e nos depósitos do ROMULO DE SOUSA FROTA
EMENTA
E.D. DA PARTE RECLAMADA. FIXAÇÃO DO NOVO VALOR DA manifesto equívoco de admissibilidade do recurso, a teor do art. 897
CONDENAÇÃO. OMISSÃO. EXISTÊNCIA. Constatando-se a -A, da CLT. Estes são, portanto, os limites desse instituto
da condenação, impõe-se o provimento dos embargos de Fora dessas hipóteses não tem cabimento a interposição de
E.D. DA PARTE RECLAMANTE. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. Nega atinente ao novo valor da condenação.
-se provimento aos embargos de declaração, quando se verifica que Assiste razão à Embargante.
omissão, contradição ou obscuridade, mas, sim, obter rejulgamento De fato, o acórdão não fixou o novo valor da condenação, ante o
do litígio. Embargos de declaração conhecidos e desprovidos. provimento parcial do apelo da reclamada, para excluir da
OMISSÃO. INEXISTÊNCIA.
Os integrantes da 2ª Turma deste Tribunal, por unanimidade, e provimento dos presentes embargos de declaração, inclusive com
acordaram em conhecer dos recursos e, no mérito, negar efeitos infringentes, a fim de que sejam sanadas as omissões a
provimento ao adesivo do reclamante e prover parcialmente o apelo seguir apontadas: a) omissão quanto ao pedido de pensão vitalícia;
da reclamada para excluir da condenação as indenizações por b) omissão quanto ao pedido de pagamento de eventuais despesas
Contra o referido acórdão, ambas as partes (JOÃO PAULO sucumbenciais; e d) omissão quanto ao pedido de lucro cessante.
apresentaram embargos de declaração, alegando A controvérsia foi analisada de forma suficiente e fundamentada
CONHEÇO dos Embargos de Declaração opostos pelas partes, patronal; que em razão da cicatriz do acidente o valor destinado a
porque presentes os pressupostos de admissibilidade. reparação dos danos estéticos (R$ 5.000,00) igualmente deve ser
MÉRITO elevado; que tem direito a reparação por lucro cessante; que deve
Os embargos de declaração constituem o meio hábil e legal que sucumbência, diante da necessária segurança jurídica que deve
dispõe a parte sempre que desejar obter do órgão jurisdicional acompanhar os atos das partes, bem como em razão da concessão
pronunciamento acerca de determinado pedido ou aspecto da dos benefícios da Justiça Gratuita; que recorre, ainda, pela redução
dos honorários arbitrados para o patrono da recorrida e pela demanda antes da vigência da Lei nº 13.467/2017, rege o feito a
majoração dos honorários do advogado do reclamante. legislação anterior e a jurisprudência então aplicada quanto aos
Calha reproduzir o julgamento vergastado, na fração de interesse honorários advocatícios trabalhistas. No entanto, voltando à questão
"(...) Improcede o pedido de pagamento de lucros cessantes eis que honorários advocatícios deferidos ao reclamante, porque contrários
corresponde ao período em que o reclamante esteve afastado em as Súmulas 219/TST e 02/TRT7 por ausência de assistência
gozo de benefício previdenciário conforme demonstrado pelo sindical. Dessa sorte, faz-se o registro da questão, mas, sem alterar
documento ID. ae9a462. O reclamante ficou afastado do trabalho e o julgamento de sorte a evitar a reforma "in pejus", tornando
percebeu benefício previdenciário do INSS, pelo que não se pode gravosa para o próprio recorrente. No atinente a redução dos
Considerando que não houve incapacidade total para o trabalho, vergastada, de se concluir impossível o atendimento do pleito
mas redução da capacidade laboral em 25% (o que significa que o recursal em razão da divisão proposta no julgamento, a teor do
reclamante pode trabalhar) julgo improcedente o pedido de pensão artigo 791-A/CLT, do qual decorre ser ofensiva à lei, a redução já
advocatícios sucumbenciais recíprocos, no percentual de 15% do Conhecer dos recursos interpostos e, no mérito, negar provimento
valor da condenação, vedada a compensação. O percentual foi ao adesivo do reclamante e prover parcialmente o apelo da
arbitrado levando-se em consideração: o grau de zelo dos reclamada para excluir da condenação as indenizações por danos
profissionais, sobre a qual não paira alegação de qualquer morais e estéticos, nos termos da fundamentação deste Acórdão."
irregularidade; o lugar da prestação dos serviços, cidade de Sobral; Todos os fatos relevantes ao deslinde da controvérsia foram
a complexidade da causa; o trabalho realizado pelos advogados e o devidamente registrados pelo acórdão objurgado, que se reportou,
tempo exigido para o serviço. Considerando a quantidade de inclusive, aos termos da sentença de primeiro grau.
pedidos formulados e deferidos, os honorários são devidos na Sendo assim, vê-se que o embargante, na realidade, não aponta
porcentagem de 95% para o(s) patrono(s) do reclamante 5% para qualquer vício no acórdão, sanável pelos embargos de declaração,
o(s) patrono(s) do(s) reclamado(s). demonstrando apenas o inconformismo com a decisão que lhe é
Entendo que os honorários advocatícios são matéria de cunho desfavorável. Contudo, esta via processual não é adequada para a
processual razão pela qual se aplica imediatamente as disposições revisão de decisões judiciais.
da Lei 13467/2017 sobre o tema." Saliente-se, ainda, que a omissão, contradição ou obscuridade a
1.Pensão Vitalícia. Embora o acidente tenha causado redução configuram quando o julgador deixa de se manifestar acerca das
parcial da capacidade do reclamante, o laudo pericial não induz a arguições contidas no recurso interposto, utiliza fundamentos
suposição de que a oportunidade de trabalho cessou. Dessa sorte, colidentes entre si, ou ainda quando a decisão não é clara. Se a
não mais estando inabilitado para o exercício do seu ofício, não se argumentação dos embargos não se insere em quaisquer desses
dá pensionamento. É o que se extrai da inteligência do artigo 950, vícios, nos termos dos arts. 897-A da CLT e 1022 do CPC, deve ser
2.Danos morais e estéticos. Arbitramento. Nego provimento ao Verifica-se, pois, nitidamente, que o embargante não busca sanar
recurso, remetendo a matéria para os itens com igual omissão, contradição ou obscuridade, mas, sim, obter o
3.Lucro Cessante. O reclamante ficou afastado do trabalho e Mera decisão contrária ao interesse da parte, por si só, todavia, não
percebeu benefício previdenciário do INSS. Portanto, correta se enseja o ataque pela via integrativa.
exibe a percepção do juízo sentenciante quanto à improcedência do Por fim, registre-se que, mesmo em caso de embargos de
pleito, não se havendo falar na aplicação dos artigos 949 e 950, do declaração opostos com a finalidade de prequestionamento, o seu
4.Honorários advocatícios. Legislação Aplicável. Redução do vícios constantes do art. 897-A da CLT, o que não ocorreu na
percentual destinado ao patrono da empresa. Com efeito, ajuizada a hipótese dos autos.
Processo Nº ROT-0000178-90.2018.5.07.0003
Pelo exposto, NEGA-SE PROVIMENTO aos embargos de Relator CLAUDIO SOARES PIRES
declaração. RECORRENTE JOAO BAPTISTA JUNQUEIRA VIEIRA
NATHALIA TASSIA ADVOGADO(OAB: 22226/CE)
ALVES TAVARES
THABATTA HADJA ADVOGADO(OAB: 32005/CE)
SAMPAIO CAXIAS DINIZ
CONCLUSÃO DO VOTO WELBER MULLER ADVOGADO(OAB: 23292/CE)
GUIMARAES OLIVEIRA
RECORRENTE SS&B CONSTRUTORA LTDA
FRANCISCO TADEU ADVOGADO(OAB: 5970/CE)
CARNEIRO ANGELIM
Conhecer dos embargos de declaração opostos pelas partes e, no
PAULO ANDRÉ LIMA ADVOGADO(OAB: 10630/CE)
mérito: a) dar provimento aos da reclamada, para, sanando a AGUIAR
EDUARDO SOBRAL ADVOGADO(OAB: 15815/CE)
omissão apontada, fixar o novo valor da condenação em MONTE E SILVA
R$76.742,28; b) negar provimento aos do reclamante. RECORRENTE ENERGIA DOS VENTOS IV SA
LUCIANA ARDUIN ADVOGADO(OAB: 143634/SP)
FONSECA
RECORRIDO SS&B CONSTRUTORA LTDA
FRANCISCO TADEU ADVOGADO(OAB: 5970/CE)
DISPOSITIVO CARNEIRO ANGELIM
PAULO ANDRÉ LIMA ADVOGADO(OAB: 10630/CE)
AGUIAR
RECORRIDO JOAO BAPTISTA JUNQUEIRA VIEIRA
THABATTA HADJA ADVOGADO(OAB: 32005/CE)
SAMPAIO CAXIAS DINIZ
WELBER MULLER ADVOGADO(OAB: 23292/CE)
GUIMARAES OLIVEIRA
RECORRIDO ENERGIA DOS VENTOS IV SA
LUCIANA ARDUIN ADVOGADO(OAB: 143634/SP)
FONSECA
TERCEIRO WESLEY LOPES DE OLIVEIRA
INTERESSADO
TERCEIRO CARLOS FORTE DA SILVA
ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL INTERESSADO
REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade, TERCEIRO LEANDRO MOURA ARAGÃO
INTERESSADO
conhecer dos embargos de declaração opostos pelas partes e, no
omissão apontada, fixar o novo valor da condenação em - JOAO BAPTISTA JUNQUEIRA VIEIRA
Padecendo de contradição o v. acórdão recorrido quanto ao usar a sua empresa para poder receber os seus salários, revelando
pagamento de custas processuais, merecem provimento os mera pejotização. A modalidade que desvirtua a relação de
embargos de declaração a ele interpostos. Embargos de declaração emprego pressupõe a constituição empresarial com o escopo
parcialmente providos, com efeito modificativo ao julgado. exclusivo de mascarar uma relação que deveria estar sob a
V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de EMBARGOS DE Estando delineada a participação de interposta empresa do
Os integrantes da 2ª Turma deste Tribunal, por unanimidade, transmuda a natureza do pagamento havido, repita-se, de natureza
acordaram em conhecer dos recursos interpostos e, no mérito, por civil porque envolvendo duas pessoas jurídicas regularmente
improcedente a ação. Custas pelo autor, na forma apurada na Não se reveste de verossimilhança a possibilidade de simulação do
sentença de origem, mantida a gratuidade processual antes contrato particular de prestação de serviços ID. 056c62b, fls. 21,
Contra o referido acórdão, o reclamante opôs embargos de coadunam com a probabilidade de desafetação ou simulação
declaração, alegando omissão e contradição no julgado e buscando contratual. As correspondências eletrônicas entre os litigantes não
a atribuição de efeitos modificativos. revelam ademais, a meu juízo, desvirtuamento na prestação dos
A parte contrária apresentou manifestação Id. 58ffd46. serviços pela empresa do reclamante. Ao contrário, deixam evidente
ADMISSIBILIDADE e seguintes.
Preenchidos os pressupostos recursais, CONHEÇO dos embargos Esses elementos afastam, por si só, isto é, pelo evidente
1 - OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. SERVIÇOS PRESTADOS POR vínculo empregatício, subsistindo, ao contrário da conclusão a que
PESSOA JURÍDICA. EXISTÊNCIA DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO chegou o juízo de origem, a essência meramente comercial que
NOS MOLDES DA CLT. REEXAME DO MÉRITO DA DECISÃO. permeou e moveu a intenção dos que subscreveram o contrato
"(...) Desde 2011 o reclamante é titular de empresa de serviços de que por haver um contrato de prestação de serviços entre as partes,
engenharia, serviços de perícia técnica relacionados à segurança não há que se reconhecer vínculo de emprego. Se omitindo, o
do trabalho, treinamento em desenvolvimento profissional e acórdão, quanto aos fundamentos e provas lançadas na exordial".
gerencial, como comprova o documento ID. 1d0be33, fls. 164 (JL Nenhuma razão assiste ao embargante.
GERENCIAMENTO DE PROJETOS, TREINAMENTO Escapa à finalidade do recurso que visa aclarar o Acórdão
PROFISSIONAL, GERENCIAL E ENSINO DE IDIOMAS LTDA. A embargado, o reexame em torno das razões que levaram à solução
contratação dos serviços deu-se na circunstância da prestação dos da demanda, não se podendo debruçar sobre a alegação de
serviços empresariais da empresa capitaneada pelo reclamante. equívoco nessa apreciação, visto que a pretensão esposada nos
Vejo sem lastro probatório a alegação de que o reclamante teve que embargos, acaso atendida, importaria revolver todo o conjunto
fundamentos que conduziram ao entendimento adotado por esta Dt. Tendo em vista que a reclamante afirma no ter como arcar com as
O posicionamento desfavorável à tese daquele que recorre não se dever ser presumido pelo Juízo se não houve prova em contrário
traduz, necessariamente, em lacuna na prestação jurisdicional. (art.99 do NCPC), defere-se a gratuidade, uma vez que as verbas
Vale registrar que o Juízo não está obrigado a debater todos os auferidas no processo não podem ser entendidas como
temas trazidos à baila pelas partes. Incumbe ao Órgão Julgador enriquecimento pessoal.
fatos relativos à causa com o fito de nortear o seu convencimento, A Lei 13.467 estabeleceu:
decidindo de maneira fundamentada e balizado no princípio da "art.791-A: Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão
Portanto, não se observa a existência da alegada omissão, mesmo (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o
porque o julgador não está obrigado a rebater, um a um, os valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico
argumentos das partes, bastando que indique, na decisão, os obtidoou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado
circunstâncias prequestionados nos autos. Assim ocorreu no E o § 4º assinalou: "§4o VENCIDO O BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA
julgamento deste feito. GRATUITA, desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em
A reapreciação da matéria, quando já apreciada pelo órgão prolator outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as
do acórdão embargado, é defeso em lei, pois tal implicaria em obrigações decorrentes de sua sucumbência, ficarão sob
reexame do mérito da decisão, o que foge às finalidades dos condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser
embargos declaratórios. executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado
Destarte, inexiste omissão no julgado. da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de
2. CONTRADIÇÃO. EXISTÊNCIA. CUSTAS PROCESSUAIS. existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a
Sustenta o embargante que "O juízo a quo concedeu os benefícios obrigações do beneficiário".
da justiça gratuita ao Reclamante, sendo estes confirmados pelo A disciplina da matéria deve ser apreciada detalhadamente, até por
juízo ad quem. Contudo, apesar de serem concedidos os benefícios um antagonismo com o conjunto do ordenamento jurídico.
da Justiça Gratuita ao Embargante, em sua CONCLUSÃO, o juiz Justo por isso é necessário afirmar, de início, que o § 4º do art.791-
relator estabelece "custas pelo autor", que deve ser isento de A merece interpretação conforme a Constituição, eis que, como
custas. Além disso, o crédito de honorários devido pelo beneficiário redigido, impõe aos trabalhadores (e somente a estes) uma "sorte"
da justiça gratuita, deve permanecer sob condição suspensiva de que a outros cidadãos não foi atribuída, em evidente quebra de
Consolidação, afastada, por inconstitucional, a compensação com Trata-se do dever, no caso de sucumbência, de arcar com o ônus
Assiste razão ao embargante quanto à contradição apontada. mão de valores obtidos nos próprios autos ou em outros, em
O acórdão embargado, sobre o tema, assim decidiu(ID.85cffb3): que venha a auferir verbas alimentares ou indenizatórias, estas
"Gratuidade Processual. Honorários Advocatícios. De serem últimas deferidas, via de regra, como forma de tutelar bem maiores
mantidos os argumentos do juízo sentenciante. O reclamante afirma como a dignidade da pessoa humana.
não ter como arcar com as despesas do processo, o que deve ser A norma antagoniza-se com o disposto no art.98 (caput) e seu
presumido pelo Juízo se não houver prova em contrário (art.99 do parágrafo 1º do NCPC, assim como com os §§ 2º e 3º do mesmo
NCPC). Mantido, pois, o deferimento da gratuidade processual, bem Código que, como sabido, inserem expressamente os honorários
como os honorários advocatícios em favor da recorrente, pelo entre as parcelas objeto de deferimento da gratuidade, estipulando
percentual eleito pelo juízo de origem, conforme irreprochável que, mesmo não afastada totalmente a responsabilidade do
A sentença, mantida pelo acórdão embargado neste aspecto, estabelecidas por sucumbência total ou parcial, "(..) ficarão sob
condição suspensiva de exigibilidadee somente poderão ser apelo da primeira reclamada para julgar improcedente a ação.
executadas se (..)o credor demonstrar que deixou de existir a Custas pelo autor, na forma apurada na sentença de origem,
situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de mantida a gratuidade processual antes deferida ao reclamante.
Notório, portanto, que a Lei 13.467/2017 estabeleceu injustificado negava provimento ao recurso. Integra o acórdão o voto vencido."
tratamento anti-isonômico ao permitir quitar honorários com valores Verifica-se que, na fundamentação do acórdão embargado, foi
obtidos nos próprios autos ou autos de outras ações da mantida a gratuidade processual deferida ao reclamante pela
Esse tipo de preceito contraria a exigência de regulamentação condenado no pagamento de custas processuais. Há, portanto,
gratuidade, sem que se conceba que para uns - e apenas uns - Ante o exposto, DÁ-SE parcial PROVIMENTO aos embargos de
justo os mais pobres -, haja tratamento prejudicial. declaração quanto à contradição apontada, que se sana, nesta
Nesse sentido, aliás, a lição hermenêutica de PAULO BONAVIDES oportunidade, conferindo efeito modificativo ao julgado, para isentar
(CURSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL, Malheiros) para quem o autor do pagamento das custas, em face da gratuidade
"a interpretação começa naturalmente onde se concebe a norma processual a ele concedida, mantida a condenação de honorários
como parte de um sistema - a ordem jurídica -, que compõe um advocatícios, na forma apurada na sentença de origem, ficando sua
todo ou unidade objetiva, única a emprestar-lhe o verdadeiro exigibilidade suspensa por dois anos, no curso do qual só serão
sentido, impossível de obter-se se a considerássemos insulada, cobrados os honorários se deixar de existir a situação de
individualizada, fora, portanto, do contexto das leis e das insuficiência de recursos que justificou a concessão do benefício da
conforme a Constituição para excluir do § 4º do art.791-A da CLT a Conhecer dos Embargos de declaração e, no mérito, dar-lhes
expressão "desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em parcial provimento, para sanar a contradição apontada na forma da
insuficiência de recursos que justificou a concessão do benefício da ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL
Passado esse prazo, extingue-se a obrigação." conhecer dos Embargos de declaração e, no mérito, dar-lhes parcial
Consta do dispositivo do acórdão embargado: "ACORDAM OS provimento, para sanar a contradição apontada, conferindo efeito
INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO modificativo ao julgado, para isentar o autor do pagamento das
TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos custas, em face da gratuidade processual a ele concedida, mantida
recursos interpostos e, no mérito, por maioria, dar provimento ao a condenação de honorários advocatícios, na forma apurada na
EMENTA
CONHEÇO dos Embargos de Declaração opostos pelas partes, patronal; que em razão da cicatriz do acidente o valor destinado a
porque presentes os pressupostos de admissibilidade. reparação dos danos estéticos (R$ 5.000,00) igualmente deve ser
MÉRITO elevado; que tem direito a reparação por lucro cessante; que deve
Os embargos de declaração constituem o meio hábil e legal que sucumbência, diante da necessária segurança jurídica que deve
dispõe a parte sempre que desejar obter do órgão jurisdicional acompanhar os atos das partes, bem como em razão da concessão
pronunciamento acerca de determinado pedido ou aspecto da dos benefícios da Justiça Gratuita; que recorre, ainda, pela redução
demanda com vistas a sanar omissão, aclarar obscuridade ou dos honorários arbitrados para o patrono da recorrida e pela
manifesto equívoco de admissibilidade do recurso, a teor do art. 897 majoração dos honorários do advogado do reclamante.
-A, da CLT. Estes são, portanto, os limites desse instituto Calha reproduzir o julgamento vergastado, na fração de interesse
Fora dessas hipóteses não tem cabimento a interposição de "(...) Improcede o pedido de pagamento de lucros cessantes eis que
Aqui, a reclamada aponta a existência de omissão no acórdão gozo de benefício previdenciário conforme demonstrado pelo
atinente ao novo valor da condenação. documento ID. ae9a462. O reclamante ficou afastado do trabalho e
Assiste razão à Embargante. percebeu benefício previdenciário do INSS, pelo que não se pode
De fato, o acórdão não fixou o novo valor da condenação, ante o Considerando que não houve incapacidade total para o trabalho,
provimento parcial do apelo da reclamada, para excluir da mas redução da capacidade laboral em 25% (o que significa que o
condenação as indenizações por danos morais e estéticos. reclamante pode trabalhar) julgo improcedente o pedido de pensão
Assim sendo, necessário se faz a manifestação desta Dt. Segunda mensal vitalícia.
a omissão apontada, fixa-se o valor de R$76.742,28. "Condeno ambas as partes ao pagamento de honorários
O reclamante aponta omissões no julgado. Requer o conhecimento profissionais, sobre a qual não paira alegação de qualquer
e provimento dos presentes embargos de declaração, inclusive com irregularidade; o lugar da prestação dos serviços, cidade de Sobral;
efeitos infringentes, a fim de que sejam sanadas as omissões a a complexidade da causa; o trabalho realizado pelos advogados e o
seguir apontadas: a) omissão quanto ao pedido de pensão vitalícia; tempo exigido para o serviço. Considerando a quantidade de
b) omissão quanto ao pedido de pagamento de eventuais despesas pedidos formulados e deferidos, os honorários são devidos na
médicas; c) omissão quanto ao pedido de honorários advocatícios porcentagem de 95% para o(s) patrono(s) do reclamante 5% para
sucumbenciais; e d) omissão quanto ao pedido de lucro cessante. o(s) patrono(s) do(s) reclamado(s).
Não há omissão a sanar. Entendo que os honorários advocatícios são matéria de cunho
A controvérsia foi analisada de forma suficiente e fundamentada processual razão pela qual se aplica imediatamente as disposições
pelo acórdão embargado, que assim dispôs: da Lei 13467/2017 sobre o tema."
REDUÇÃO DA CAPACIDADE DE TRABALHO. 1.Pensão Vitalícia. Embora o acidente tenha causado redução
Alega o reclamante em razões recursais que não pode mais parcial da capacidade do reclamante, o laudo pericial não induz a
suposição de que a oportunidade de trabalho cessou. Dessa sorte, colidentes entre si, ou ainda quando a decisão não é clara. Se a
não mais estando inabilitado para o exercício do seu ofício, não se argumentação dos embargos não se insere em quaisquer desses
dá pensionamento. É o que se extrai da inteligência do artigo 950, vícios, nos termos dos arts. 897-A da CLT e 1022 do CPC, deve ser
2.Danos morais e estéticos. Arbitramento. Nego provimento ao Verifica-se, pois, nitidamente, que o embargante não busca sanar
recurso, remetendo a matéria para os itens com igual omissão, contradição ou obscuridade, mas, sim, obter o
3.Lucro Cessante. O reclamante ficou afastado do trabalho e Mera decisão contrária ao interesse da parte, por si só, todavia, não
percebeu benefício previdenciário do INSS. Portanto, correta se enseja o ataque pela via integrativa.
exibe a percepção do juízo sentenciante quanto à improcedência do Por fim, registre-se que, mesmo em caso de embargos de
pleito, não se havendo falar na aplicação dos artigos 949 e 950, do declaração opostos com a finalidade de prequestionamento, o seu
4.Honorários advocatícios. Legislação Aplicável. Redução do vícios constantes do art. 897-A da CLT, o que não ocorreu na
percentual destinado ao patrono da empresa. Com efeito, ajuizada a hipótese dos autos.
demanda antes da vigência da Lei nº 13.467/2017, rege o feito a Pelo exposto, NEGA-SE PROVIMENTO aos embargos de
o julgamento de sorte a evitar a reforma "in pejus", tornando Conhecer dos embargos de declaração opostos pelas partes e, no
gravosa para o próprio recorrente. No atinente a redução dos mérito: a) dar provimento aos da reclamada, para, sanando a
honorários do patrono da reclamada, cotejando a sentença omissão apontada, fixar o novo valor da condenação em
vergastada, de se concluir impossível o atendimento do pleito R$76.742,28; b) negar provimento aos do reclamante.
Isto posto,
CONCLUSÃO DO VOTO
inclusive, aos termos da sentença de primeiro grau. ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL
Sendo assim, vê-se que o embargante, na realidade, não aponta REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade,
qualquer vício no acórdão, sanável pelos embargos de declaração, conhecer dos embargos de declaração opostos pelas partes e, no
demonstrando apenas o inconformismo com a decisão que lhe é mérito: a) dar provimento aos da reclamada, para, sanando a
desfavorável. Contudo, esta via processual não é adequada para a omissão apontada, fixar o novo valor da condenação em
Saliente-se, ainda, que a omissão, contradição ou obscuridade a Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
justificarem a interposição de embargos de declaração apenas se Francisco José Gomes da Silva (Presidente),Cláudio Soares Pires
configuram quando o julgador deixa de se manifestar acerca das (Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a).
arguições contidas no recurso interposto, utiliza fundamentos Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
CLAUDIO SOARES PIRES existência de omissão no acórdão atinente à fixação do novo valor
ROMULO DE SOUSA FROTA -se provimento aos embargos de declaração, quando se verifica que
Diretor de Secretaria a parte embargante, com suas alegações, não busca sanar
Intimado(s)/Citado(s):
- DIRECIONAL ENGENHARIA S/A ADMISSIBILIDADE
MÉRITO
PODER JUDICIÁRIO
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO DA PARTE RECLAMADA
JUSTIÇA DO TRABALHO
OMISSÃO. EXISTÊNCIA.
Os embargos de declaração constituem o meio hábil e legal que sucumbência, diante da necessária segurança jurídica que deve
dispõe a parte sempre que desejar obter do órgão jurisdicional acompanhar os atos das partes, bem como em razão da concessão
pronunciamento acerca de determinado pedido ou aspecto da dos benefícios da Justiça Gratuita; que recorre, ainda, pela redução
demanda com vistas a sanar omissão, aclarar obscuridade ou dos honorários arbitrados para o patrono da recorrida e pela
manifesto equívoco de admissibilidade do recurso, a teor do art. 897 majoração dos honorários do advogado do reclamante.
-A, da CLT. Estes são, portanto, os limites desse instituto Calha reproduzir o julgamento vergastado, na fração de interesse
Fora dessas hipóteses não tem cabimento a interposição de "(...) Improcede o pedido de pagamento de lucros cessantes eis que
Aqui, a reclamada aponta a existência de omissão no acórdão gozo de benefício previdenciário conforme demonstrado pelo
atinente ao novo valor da condenação. documento ID. ae9a462. O reclamante ficou afastado do trabalho e
Assiste razão à Embargante. percebeu benefício previdenciário do INSS, pelo que não se pode
De fato, o acórdão não fixou o novo valor da condenação, ante o Considerando que não houve incapacidade total para o trabalho,
provimento parcial do apelo da reclamada, para excluir da mas redução da capacidade laboral em 25% (o que significa que o
condenação as indenizações por danos morais e estéticos. reclamante pode trabalhar) julgo improcedente o pedido de pensão
Assim sendo, necessário se faz a manifestação desta Dt. Segunda mensal vitalícia.
a omissão apontada, fixa-se o valor de R$76.742,28. "Condeno ambas as partes ao pagamento de honorários
O reclamante aponta omissões no julgado. Requer o conhecimento profissionais, sobre a qual não paira alegação de qualquer
e provimento dos presentes embargos de declaração, inclusive com irregularidade; o lugar da prestação dos serviços, cidade de Sobral;
efeitos infringentes, a fim de que sejam sanadas as omissões a a complexidade da causa; o trabalho realizado pelos advogados e o
seguir apontadas: a) omissão quanto ao pedido de pensão vitalícia; tempo exigido para o serviço. Considerando a quantidade de
b) omissão quanto ao pedido de pagamento de eventuais despesas pedidos formulados e deferidos, os honorários são devidos na
médicas; c) omissão quanto ao pedido de honorários advocatícios porcentagem de 95% para o(s) patrono(s) do reclamante 5% para
sucumbenciais; e d) omissão quanto ao pedido de lucro cessante. o(s) patrono(s) do(s) reclamado(s).
Não há omissão a sanar. Entendo que os honorários advocatícios são matéria de cunho
A controvérsia foi analisada de forma suficiente e fundamentada processual razão pela qual se aplica imediatamente as disposições
pelo acórdão embargado, que assim dispôs: da Lei 13467/2017 sobre o tema."
REDUÇÃO DA CAPACIDADE DE TRABALHO. 1.Pensão Vitalícia. Embora o acidente tenha causado redução
Alega o reclamante em razões recursais que não pode mais parcial da capacidade do reclamante, o laudo pericial não induz a
retornar às suas atividades laborativas habituais de PEDREIRO; suposição de que a oportunidade de trabalho cessou. Dessa sorte,
que em razão de tanto há de ser acrescido à condenação o não mais estando inabilitado para o exercício do seu ofício, não se
pagamento de pensão mensal vitalícia e lucros cessantes; que o dá pensionamento. É o que se extrai da inteligência do artigo 950,
valor arbitrado para os danos morais (R$ 10.000,00) deve ser do Código Civil.
majorado porque modesto em face do cometimento de ato ilícito 2.Danos morais e estéticos. Arbitramento. Nego provimento ao
patronal; que em razão da cicatriz do acidente o valor destinado a recurso, remetendo a matéria para os itens com igual
reparação dos danos estéticos (R$ 5.000,00) igualmente deve ser questionamento no recurso da reclamada, acima apreciado.
elevado; que tem direito a reparação por lucro cessante; que deve 3.Lucro Cessante. O reclamante ficou afastado do trabalho e
ser excluída a condenação do recorrente em honorários percebeu benefício previdenciário do INSS. Portanto, correta se
advocatícios, porque a ação foi ajuizada em 10/11/2017, exibe a percepção do juízo sentenciante quanto à improcedência do
prevalecendo a legislação aplicável à época quanto às regras de pleito, não se havendo falar na aplicação dos artigos 949 e 950, do
4.Honorários advocatícios. Legislação Aplicável. Redução do vícios constantes do art. 897-A da CLT, o que não ocorreu na
percentual destinado ao patrono da empresa. Com efeito, ajuizada a hipótese dos autos.
demanda antes da vigência da Lei nº 13.467/2017, rege o feito a Pelo exposto, NEGA-SE PROVIMENTO aos embargos de
o julgamento de sorte a evitar a reforma "in pejus", tornando Conhecer dos embargos de declaração opostos pelas partes e, no
gravosa para o próprio recorrente. No atinente a redução dos mérito: a) dar provimento aos da reclamada, para, sanando a
honorários do patrono da reclamada, cotejando a sentença omissão apontada, fixar o novo valor da condenação em
vergastada, de se concluir impossível o atendimento do pleito R$76.742,28; b) negar provimento aos do reclamante.
Isto posto,
CONCLUSÃO DO VOTO
inclusive, aos termos da sentença de primeiro grau. ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL
Sendo assim, vê-se que o embargante, na realidade, não aponta REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade,
qualquer vício no acórdão, sanável pelos embargos de declaração, conhecer dos embargos de declaração opostos pelas partes e, no
demonstrando apenas o inconformismo com a decisão que lhe é mérito: a) dar provimento aos da reclamada, para, sanando a
desfavorável. Contudo, esta via processual não é adequada para a omissão apontada, fixar o novo valor da condenação em
Saliente-se, ainda, que a omissão, contradição ou obscuridade a Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
justificarem a interposição de embargos de declaração apenas se Francisco José Gomes da Silva (Presidente),Cláudio Soares Pires
configuram quando o julgador deixa de se manifestar acerca das (Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a).
arguições contidas no recurso interposto, utiliza fundamentos Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho.
colidentes entre si, ou ainda quando a decisão não é clara. Se a Fortaleza, 17 de fevereiro de 2020.
vícios, nos termos dos arts. 897-A da CLT e 1022 do CPC, deve ser
desprovido o recurso.
Mera decisão contrária ao interesse da parte, por si só, todavia, não Desembargador Relator
Por fim, registre-se que, mesmo em caso de embargos de FORTALEZA/CE, 04 de março de 2020.
ROMULO DE SOUSA FROTA parte embargante, com suas alegações, não busca sanar omissão,
ADMISSIBILIDADE
contratação dos serviços deu-se na circunstância da prestação dos da demanda, não se podendo debruçar sobre a alegação de
serviços empresariais da empresa capitaneada pelo reclamante. equívoco nessa apreciação, visto que a pretensão esposada nos
Vejo sem lastro probatório a alegação de que o reclamante teve que embargos, acaso atendida, importaria revolver todo o conjunto
usar a sua empresa para poder receber os seus salários, revelando intelectivo decisório.
mera pejotização. A modalidade que desvirtua a relação de Efetivamente, o acórdão embargado lançou de forma explicita os
emprego pressupõe a constituição empresarial com o escopo fundamentos que conduziram ao entendimento adotado por esta Dt.
exclusivo de mascarar uma relação que deveria estar sob a Segunda Turma.
proteção celetista, mas, a hipótese dos autos não revela tal O posicionamento desfavorável à tese daquele que recorre não se
situação, eis que a empresa de prestação de serviços do traduz, necessariamente, em lacuna na prestação jurisdicional.
reclamante foi constituída bem antes do período considerado na Vale registrar que o Juízo não está obrigado a debater todos os
reclamação sob exame, o que afasta a pejotização e aproxima a temas trazidos à baila pelas partes. Incumbe ao Órgão Julgador
relação entre as partes de uma típica avença de natureza civil. apreciar os argumentos e as provas apresentados no feito sobre os
Estando delineada a participação de interposta empresa do fatos relativos à causa com o fito de nortear o seu convencimento,
reclamante, a eventualidade de pessoalidade e habitualidade não decidindo de maneira fundamentada e balizado no princípio da
civil porque envolvendo duas pessoas jurídicas regularmente Portanto, não se observa a existência da alegada omissão, mesmo
Não se reveste de verossimilhança a possibilidade de simulação do argumentos das partes, bastando que indique, na decisão, os
contrato particular de prestação de serviços ID. 056c62b, fls. 21, motivos que lhe formaram o convencimento, em face dos fatos e
porque a maturidade e a experiência do reclamante não se circunstâncias prequestionados nos autos. Assim ocorreu no
contratual. As correspondências eletrônicas entre os litigantes não A reapreciação da matéria, quando já apreciada pelo órgão prolator
revelam ademais, a meu juízo, desvirtuamento na prestação dos do acórdão embargado, é defeso em lei, pois tal implicaria em
serviços pela empresa do reclamante. Ao contrário, deixam evidente reexame do mérito da decisão, o que foge às finalidades dos
conteúdo comando próprio de chefia, da reclamada. Por óbvio, os Destarte, inexiste omissão no julgado.
pagamentos realizados em favor da empresa do reclamante não 2. CONTRADIÇÃO. EXISTÊNCIA. CUSTAS PROCESSUAIS.
avença entre as partes a emissão de nota fiscal de serviço pelo Sustenta o embargante que "O juízo a quo concedeu os benefícios
reclamante, como exemplificam os documentos ID. 71ca3fb, fls. 83 da justiça gratuita ao Reclamante, sendo estes confirmados pelo
Esses elementos afastam, por si só, isto é, pelo evidente da Justiça Gratuita ao Embargante, em sua CONCLUSÃO, o juiz
relacionamento entre sujeitos detentores de personalidade jurídica relator estabelece "custas pelo autor", que deve ser isento de
irrefutável, expressamente definidos, a possibilidade de reconhecer custas. Além disso, o crédito de honorários devido pelo beneficiário
vínculo empregatício, subsistindo, ao contrário da conclusão a que da justiça gratuita, deve permanecer sob condição suspensiva de
chegou o juízo de origem, a essência meramente comercial que exigibilidade no prazo e forma discriminadas no art. 791-A, § 4.º da
permeou e moveu a intenção dos que subscreveram o contrato Consolidação, afastada, por inconstitucional, a compensação com
O embargante sustenta, em suma, que "A decisão se limitou a dizer O acórdão embargado, sobre o tema, assim decidiu(ID.85cffb3):
que por haver um contrato de prestação de serviços entre as partes, "Gratuidade Processual. Honorários Advocatícios. De serem
não há que se reconhecer vínculo de emprego. Se omitindo, o mantidos os argumentos do juízo sentenciante. O reclamante afirma
acórdão, quanto aos fundamentos e provas lançadas na exordial". não ter como arcar com as despesas do processo, o que deve ser
Nenhuma razão assiste ao embargante. presumido pelo Juízo se não houver prova em contrário (art.99 do
Escapa à finalidade do recurso que visa aclarar o Acórdão NCPC). Mantido, pois, o deferimento da gratuidade processual, bem
embargado, o reexame em torno das razões que levaram à solução como os honorários advocatícios em favor da recorrente, pelo
percentual eleito pelo juízo de origem, conforme irreprochável que, mesmo não afastada totalmente a responsabilidade do
A sentença, mantida pelo acórdão embargado neste aspecto, estabelecidas por sucumbência total ou parcial, "(..) ficarão sob
Tendo em vista que a reclamante afirma no ter como arcar com as situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de
dever ser presumido pelo Juízo se não houve prova em contrário Notório, portanto, que a Lei 13.467/2017 estabeleceu injustificado
(art.99 do NCPC), defere-se a gratuidade, uma vez que as verbas tratamento anti-isonômico ao permitir quitar honorários com valores
auferidas no processo não podem ser entendidas como obtidos nos próprios autos ou autos de outras ações da
A Lei 13.467 estabeleceu: harmônica da norma constitucional (art.5º, LXXVI) que assegura a
"art.791-A: Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão gratuidade, sem que se conceba que para uns - e apenas uns -
devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% justo os mais pobres -, haja tratamento prejudicial.
(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o Nesse sentido, aliás, a lição hermenêutica de PAULO BONAVIDES
valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico (CURSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL, Malheiros) para quem
obtidoou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado "a interpretação começa naturalmente onde se concebe a norma
E o § 4º assinalou: "§4o VENCIDO O BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA todo ou unidade objetiva, única a emprestar-lhe o verdadeiro
GRATUITA, desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em sentido, impossível de obter-se se a considerássemos insulada,
outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as individualizada, fora, portanto, do contexto das leis e das
condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser Em sendo assim, em prol das regras de isonomia, inclusive
executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado isonomia processual (art.5º da CF) e da proteção aos princípios
da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de constitucionais de valorização da cidadania, da dignidade da
existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a pessoa humana e do valor social do trabalho, que de modo
concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais diverso restariam infirmados, confiro ao texto interpretação
A disciplina da matéria deve ser apreciada detalhadamente, até por expressão "desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em
um antagonismo com o conjunto do ordenamento jurídico. outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as
Justo por isso é necessário afirmar, de início, que o § 4º do art.791- obrigações decorrentes de sua sucumbência", harmonizando-o com
A merece interpretação conforme a Constituição, eis que, como a disciplina geral da matéria e com a Lei Maior.
redigido, impõe aos trabalhadores (e somente a estes) uma "sorte" Dito isso, levando em conta finalmente o disposto no § 2º do art.791
que a outros cidadãos não foi atribuída, em evidente quebra de -A e considerando na espécie que o inciso II não funciona como
Trata-se do dever, no caso de sucumbência, de arcar com o ônus atreladas ao rito processual, à dinâmica de seu desenvolvimento,
de pagar despesas processuais, inclusive honorários, lançando conectando-se também com os elementos trazidos nos incisos I e
mão de valores obtidos nos próprios autos ou em outros, em IV da norma, em havendo sucumbência recíproca, fixo (...) em 5%
que venha a auferir verbas alimentares ou indenizatórias, estas os honorários em prol do advogado da reclamada (...), ficando
últimas deferidas, via de regra, como forma de tutelar bem maiores (...) sua exigibilidade suspensa por dois anos, no curso do qual só
como a dignidade da pessoa humana. serão cobrados os honorários se deixar de existir a situação de
A norma antagoniza-se com o disposto no art.98 (caput) e seu insuficiência de recursos que justificou a concessão do benefício da
Código que, como sabido, inserem expressamente os honorários Passado esse prazo, extingue-se a obrigação."
entre as parcelas objeto de deferimento da gratuidade, estipulando Consta do dispositivo do acórdão embargado: "ACORDAM OS
INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO modificativo ao julgado, para isentar o autor do pagamento das
TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos custas, em face da gratuidade processual a ele concedida, mantida
recursos interpostos e, no mérito, por maioria, dar provimento ao a condenação de honorários advocatícios, na forma apurada na
apelo da primeira reclamada para julgar improcedente a ação. sentença de origem, ficando sua exigibilidade suspensa por dois
Custas pelo autor, na forma apurada na sentença de origem, anos, no curso do qual só serão cobrados os honorários se deixar
mantida a gratuidade processual antes deferida ao reclamante. de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a
Vencido o Desembargador Francisco José Gomes da Silva que concessão do benefício da gratuidade em proveito do reclamante.
negava provimento ao recurso. Integra o acórdão o voto vencido." Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
Verifica-se que, na fundamentação do acórdão embargado, foi Francisco José Gomes da Silva (Presidente),Cláudio Soares Pires
mantida a gratuidade processual deferida ao reclamante pela (Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a).
sentença. Contudo, no dispositivo do referido acórdão, o autor foi Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho.
contradição no julgado.
Diretor de Secretaria
Processo Nº ROT-0001716-77.2017.5.07.0024
Conhecer dos Embargos de declaração e, no mérito, dar-lhes Relator CLAUDIO SOARES PIRES
parcial provimento, para sanar a contradição apontada na forma da RECORRENTE DIRECIONAL ENGENHARIA S/A
IGOR GOES LOBATO ADVOGADO(OAB: 307482/SP)
fundamentação expendida.
JULIO DE CARVALHO ADVOGADO(OAB: 90461/MG)
PAULA LIMA
HUMBERTO ROSSETTI ADVOGADO(OAB: 91263/MG)
PORTELA
DISPOSITIVO SAMUEL LEVY PONTES ADVOGADO(OAB: 25684/CE)
BRAGA MUNIZ
MAYARA LEITAO ADVOGADO(OAB: 26152/CE)
XIMENES
RECORRENTE JOAO PAULO RODRIGUES DE
MESQUITA
EVELINE LOPES ADVOGADO(OAB: 17775/CE)
CARNEIRO
JONATHAN OLIVEIRA ADVOGADO(OAB: 34649/CE)
MONTE SOEIRO
RECORRIDO DIRECIONAL ENGENHARIA S/A
IGOR GOES LOBATO ADVOGADO(OAB: 307482/SP)
JULIO DE CARVALHO ADVOGADO(OAB: 90461/MG)
PAULA LIMA
ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL HUMBERTO ROSSETTI ADVOGADO(OAB: 91263/MG)
PORTELA
REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade, SAMUEL LEVY PONTES ADVOGADO(OAB: 25684/CE)
BRAGA MUNIZ
conhecer dos Embargos de declaração e, no mérito, dar-lhes parcial
MAYARA LEITAO ADVOGADO(OAB: 26152/CE)
provimento, para sanar a contradição apontada, conferindo efeito XIMENES
Intimado(s)/Citado(s): ADMISSIBILIDADE
- JOAO PAULO RODRIGUES DE MESQUITA CONHEÇO dos Embargos de Declaração opostos pelas partes,
MÉRITO
JUSTIÇA DO TRABALHO
OMISSÃO. EXISTÊNCIA.
OMISSÃO. INEXISTÊNCIA.
REDUÇÃO DA CAPACIDADE DE TRABALHO. 1.Pensão Vitalícia. Embora o acidente tenha causado redução
Alega o reclamante em razões recursais que não pode mais parcial da capacidade do reclamante, o laudo pericial não induz a
retornar às suas atividades laborativas habituais de PEDREIRO; suposição de que a oportunidade de trabalho cessou. Dessa sorte,
que em razão de tanto há de ser acrescido à condenação o não mais estando inabilitado para o exercício do seu ofício, não se
pagamento de pensão mensal vitalícia e lucros cessantes; que o dá pensionamento. É o que se extrai da inteligência do artigo 950,
valor arbitrado para os danos morais (R$ 10.000,00) deve ser do Código Civil.
majorado porque modesto em face do cometimento de ato ilícito 2.Danos morais e estéticos. Arbitramento. Nego provimento ao
patronal; que em razão da cicatriz do acidente o valor destinado a recurso, remetendo a matéria para os itens com igual
reparação dos danos estéticos (R$ 5.000,00) igualmente deve ser questionamento no recurso da reclamada, acima apreciado.
elevado; que tem direito a reparação por lucro cessante; que deve 3.Lucro Cessante. O reclamante ficou afastado do trabalho e
ser excluída a condenação do recorrente em honorários percebeu benefício previdenciário do INSS. Portanto, correta se
advocatícios, porque a ação foi ajuizada em 10/11/2017, exibe a percepção do juízo sentenciante quanto à improcedência do
prevalecendo a legislação aplicável à época quanto às regras de pleito, não se havendo falar na aplicação dos artigos 949 e 950, do
acompanhar os atos das partes, bem como em razão da concessão 4.Honorários advocatícios. Legislação Aplicável. Redução do
dos benefícios da Justiça Gratuita; que recorre, ainda, pela redução percentual destinado ao patrono da empresa. Com efeito, ajuizada a
dos honorários arbitrados para o patrono da recorrida e pela demanda antes da vigência da Lei nº 13.467/2017, rege o feito a
majoração dos honorários do advogado do reclamante. legislação anterior e a jurisprudência então aplicada quanto aos
Calha reproduzir o julgamento vergastado, na fração de interesse honorários advocatícios trabalhistas. No entanto, voltando à questão
"(...) Improcede o pedido de pagamento de lucros cessantes eis que honorários advocatícios deferidos ao reclamante, porque contrários
corresponde ao período em que o reclamante esteve afastado em as Súmulas 219/TST e 02/TRT7 por ausência de assistência
gozo de benefício previdenciário conforme demonstrado pelo sindical. Dessa sorte, faz-se o registro da questão, mas, sem alterar
documento ID. ae9a462. O reclamante ficou afastado do trabalho e o julgamento de sorte a evitar a reforma "in pejus", tornando
percebeu benefício previdenciário do INSS, pelo que não se pode gravosa para o próprio recorrente. No atinente a redução dos
Considerando que não houve incapacidade total para o trabalho, vergastada, de se concluir impossível o atendimento do pleito
mas redução da capacidade laboral em 25% (o que significa que o recursal em razão da divisão proposta no julgamento, a teor do
reclamante pode trabalhar) julgo improcedente o pedido de pensão artigo 791-A/CLT, do qual decorre ser ofensiva à lei, a redução já
advocatícios sucumbenciais recíprocos, no percentual de 15% do Conhecer dos recursos interpostos e, no mérito, negar provimento
valor da condenação, vedada a compensação. O percentual foi ao adesivo do reclamante e prover parcialmente o apelo da
arbitrado levando-se em consideração: o grau de zelo dos reclamada para excluir da condenação as indenizações por danos
profissionais, sobre a qual não paira alegação de qualquer morais e estéticos, nos termos da fundamentação deste Acórdão."
irregularidade; o lugar da prestação dos serviços, cidade de Sobral; Todos os fatos relevantes ao deslinde da controvérsia foram
a complexidade da causa; o trabalho realizado pelos advogados e o devidamente registrados pelo acórdão objurgado, que se reportou,
tempo exigido para o serviço. Considerando a quantidade de inclusive, aos termos da sentença de primeiro grau.
pedidos formulados e deferidos, os honorários são devidos na Sendo assim, vê-se que o embargante, na realidade, não aponta
porcentagem de 95% para o(s) patrono(s) do reclamante 5% para qualquer vício no acórdão, sanável pelos embargos de declaração,
o(s) patrono(s) do(s) reclamado(s). demonstrando apenas o inconformismo com a decisão que lhe é
Entendo que os honorários advocatícios são matéria de cunho desfavorável. Contudo, esta via processual não é adequada para a
processual razão pela qual se aplica imediatamente as disposições revisão de decisões judiciais.
da Lei 13467/2017 sobre o tema." Saliente-se, ainda, que a omissão, contradição ou obscuridade a
configuram quando o julgador deixa de se manifestar acerca das (Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a).
arguições contidas no recurso interposto, utiliza fundamentos Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho.
colidentes entre si, ou ainda quando a decisão não é clara. Se a Fortaleza, 17 de fevereiro de 2020.
vícios, nos termos dos arts. 897-A da CLT e 1022 do CPC, deve ser
desprovido o recurso.
Mera decisão contrária ao interesse da parte, por si só, todavia, não Desembargador Relator
Por fim, registre-se que, mesmo em caso de embargos de FORTALEZA/CE, 04 de março de 2020.
vícios constantes do art. 897-A da CLT, o que não ocorreu na Diretor de Secretaria
Esses elementos afastam, por si só, isto é, pelo evidente da Justiça Gratuita ao Embargante, em sua CONCLUSÃO, o juiz
relacionamento entre sujeitos detentores de personalidade jurídica relator estabelece "custas pelo autor", que deve ser isento de
irrefutável, expressamente definidos, a possibilidade de reconhecer custas. Além disso, o crédito de honorários devido pelo beneficiário
vínculo empregatício, subsistindo, ao contrário da conclusão a que da justiça gratuita, deve permanecer sob condição suspensiva de
chegou o juízo de origem, a essência meramente comercial que exigibilidade no prazo e forma discriminadas no art. 791-A, § 4.º da
permeou e moveu a intenção dos que subscreveram o contrato Consolidação, afastada, por inconstitucional, a compensação com
O embargante sustenta, em suma, que "A decisão se limitou a dizer O acórdão embargado, sobre o tema, assim decidiu(ID.85cffb3):
que por haver um contrato de prestação de serviços entre as partes, "Gratuidade Processual. Honorários Advocatícios. De serem
não há que se reconhecer vínculo de emprego. Se omitindo, o mantidos os argumentos do juízo sentenciante. O reclamante afirma
acórdão, quanto aos fundamentos e provas lançadas na exordial". não ter como arcar com as despesas do processo, o que deve ser
Nenhuma razão assiste ao embargante. presumido pelo Juízo se não houver prova em contrário (art.99 do
Escapa à finalidade do recurso que visa aclarar o Acórdão NCPC). Mantido, pois, o deferimento da gratuidade processual, bem
embargado, o reexame em torno das razões que levaram à solução como os honorários advocatícios em favor da recorrente, pelo
da demanda, não se podendo debruçar sobre a alegação de percentual eleito pelo juízo de origem, conforme irreprochável
embargos, acaso atendida, importaria revolver todo o conjunto A sentença, mantida pelo acórdão embargado neste aspecto,
fundamentos que conduziram ao entendimento adotado por esta Dt. Tendo em vista que a reclamante afirma no ter como arcar com as
O posicionamento desfavorável à tese daquele que recorre não se dever ser presumido pelo Juízo se não houve prova em contrário
traduz, necessariamente, em lacuna na prestação jurisdicional. (art.99 do NCPC), defere-se a gratuidade, uma vez que as verbas
Vale registrar que o Juízo não está obrigado a debater todos os auferidas no processo não podem ser entendidas como
temas trazidos à baila pelas partes. Incumbe ao Órgão Julgador enriquecimento pessoal.
fatos relativos à causa com o fito de nortear o seu convencimento, A Lei 13.467 estabeleceu:
decidindo de maneira fundamentada e balizado no princípio da "art.791-A: Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão
Portanto, não se observa a existência da alegada omissão, mesmo (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o
porque o julgador não está obrigado a rebater, um a um, os valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico
argumentos das partes, bastando que indique, na decisão, os obtidoou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado
circunstâncias prequestionados nos autos. Assim ocorreu no E o § 4º assinalou: "§4o VENCIDO O BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA
julgamento deste feito. GRATUITA, desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em
A reapreciação da matéria, quando já apreciada pelo órgão prolator outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as
do acórdão embargado, é defeso em lei, pois tal implicaria em obrigações decorrentes de sua sucumbência, ficarão sob
reexame do mérito da decisão, o que foge às finalidades dos condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser
embargos declaratórios. executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado
Destarte, inexiste omissão no julgado. da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de
2. CONTRADIÇÃO. EXISTÊNCIA. CUSTAS PROCESSUAIS. existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a
Sustenta o embargante que "O juízo a quo concedeu os benefícios obrigações do beneficiário".
da justiça gratuita ao Reclamante, sendo estes confirmados pelo A disciplina da matéria deve ser apreciada detalhadamente, até por
juízo ad quem. Contudo, apesar de serem concedidos os benefícios um antagonismo com o conjunto do ordenamento jurídico.
Justo por isso é necessário afirmar, de início, que o § 4º do art.791- obrigações decorrentes de sua sucumbência", harmonizando-o com
A merece interpretação conforme a Constituição, eis que, como a disciplina geral da matéria e com a Lei Maior.
redigido, impõe aos trabalhadores (e somente a estes) uma "sorte" Dito isso, levando em conta finalmente o disposto no § 2º do art.791
que a outros cidadãos não foi atribuída, em evidente quebra de -A e considerando na espécie que o inciso II não funciona como
Trata-se do dever, no caso de sucumbência, de arcar com o ônus atreladas ao rito processual, à dinâmica de seu desenvolvimento,
de pagar despesas processuais, inclusive honorários, lançando conectando-se também com os elementos trazidos nos incisos I e
mão de valores obtidos nos próprios autos ou em outros, em IV da norma, em havendo sucumbência recíproca, fixo (...) em 5%
que venha a auferir verbas alimentares ou indenizatórias, estas os honorários em prol do advogado da reclamada (...), ficando
últimas deferidas, via de regra, como forma de tutelar bem maiores (...) sua exigibilidade suspensa por dois anos, no curso do qual só
como a dignidade da pessoa humana. serão cobrados os honorários se deixar de existir a situação de
A norma antagoniza-se com o disposto no art.98 (caput) e seu insuficiência de recursos que justificou a concessão do benefício da
Código que, como sabido, inserem expressamente os honorários Passado esse prazo, extingue-se a obrigação."
entre as parcelas objeto de deferimento da gratuidade, estipulando Consta do dispositivo do acórdão embargado: "ACORDAM OS
que, mesmo não afastada totalmente a responsabilidade do INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO
beneficiário em caso de sucumbência, tais obrigações, uma vez TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos
estabelecidas por sucumbência total ou parcial, "(..) ficarão sob recursos interpostos e, no mérito, por maioria, dar provimento ao
condição suspensiva de exigibilidadee somente poderão ser apelo da primeira reclamada para julgar improcedente a ação.
executadas se (..)o credor demonstrar que deixou de existir a Custas pelo autor, na forma apurada na sentença de origem,
situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de mantida a gratuidade processual antes deferida ao reclamante.
Notório, portanto, que a Lei 13.467/2017 estabeleceu injustificado negava provimento ao recurso. Integra o acórdão o voto vencido."
tratamento anti-isonômico ao permitir quitar honorários com valores Verifica-se que, na fundamentação do acórdão embargado, foi
obtidos nos próprios autos ou autos de outras ações da mantida a gratuidade processual deferida ao reclamante pela
Esse tipo de preceito contraria a exigência de regulamentação condenado no pagamento de custas processuais. Há, portanto,
gratuidade, sem que se conceba que para uns - e apenas uns - Ante o exposto, DÁ-SE parcial PROVIMENTO aos embargos de
justo os mais pobres -, haja tratamento prejudicial. declaração quanto à contradição apontada, que se sana, nesta
Nesse sentido, aliás, a lição hermenêutica de PAULO BONAVIDES oportunidade, conferindo efeito modificativo ao julgado, para isentar
(CURSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL, Malheiros) para quem o autor do pagamento das custas, em face da gratuidade
"a interpretação começa naturalmente onde se concebe a norma processual a ele concedida, mantida a condenação de honorários
como parte de um sistema - a ordem jurídica -, que compõe um advocatícios, na forma apurada na sentença de origem, ficando sua
todo ou unidade objetiva, única a emprestar-lhe o verdadeiro exigibilidade suspensa por dois anos, no curso do qual só serão
sentido, impossível de obter-se se a considerássemos insulada, cobrados os honorários se deixar de existir a situação de
individualizada, fora, portanto, do contexto das leis e das insuficiência de recursos que justificou a concessão do benefício da
conforme a Constituição para excluir do § 4º do art.791-A da CLT a Conhecer dos Embargos de declaração e, no mérito, dar-lhes
expressão "desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em parcial provimento, para sanar a contradição apontada na forma da
EMENTA
parcialmente providos, com efeito modificativo ao julgado. exclusivo de mascarar uma relação que deveria estar sob a
V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de EMBARGOS DE Estando delineada a participação de interposta empresa do
Os integrantes da 2ª Turma deste Tribunal, por unanimidade, transmuda a natureza do pagamento havido, repita-se, de natureza
acordaram em conhecer dos recursos interpostos e, no mérito, por civil porque envolvendo duas pessoas jurídicas regularmente
improcedente a ação. Custas pelo autor, na forma apurada na Não se reveste de verossimilhança a possibilidade de simulação do
sentença de origem, mantida a gratuidade processual antes contrato particular de prestação de serviços ID. 056c62b, fls. 21,
Contra o referido acórdão, o reclamante opôs embargos de coadunam com a probabilidade de desafetação ou simulação
declaração, alegando omissão e contradição no julgado e buscando contratual. As correspondências eletrônicas entre os litigantes não
a atribuição de efeitos modificativos. revelam ademais, a meu juízo, desvirtuamento na prestação dos
A parte contrária apresentou manifestação Id. 58ffd46. serviços pela empresa do reclamante. Ao contrário, deixam evidente
ADMISSIBILIDADE e seguintes.
Preenchidos os pressupostos recursais, CONHEÇO dos embargos Esses elementos afastam, por si só, isto é, pelo evidente
1 - OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. SERVIÇOS PRESTADOS POR vínculo empregatício, subsistindo, ao contrário da conclusão a que
PESSOA JURÍDICA. EXISTÊNCIA DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO chegou o juízo de origem, a essência meramente comercial que
NOS MOLDES DA CLT. REEXAME DO MÉRITO DA DECISÃO. permeou e moveu a intenção dos que subscreveram o contrato
"(...) Desde 2011 o reclamante é titular de empresa de serviços de que por haver um contrato de prestação de serviços entre as partes,
engenharia, serviços de perícia técnica relacionados à segurança não há que se reconhecer vínculo de emprego. Se omitindo, o
do trabalho, treinamento em desenvolvimento profissional e acórdão, quanto aos fundamentos e provas lançadas na exordial".
gerencial, como comprova o documento ID. 1d0be33, fls. 164 (JL Nenhuma razão assiste ao embargante.
GERENCIAMENTO DE PROJETOS, TREINAMENTO Escapa à finalidade do recurso que visa aclarar o Acórdão
PROFISSIONAL, GERENCIAL E ENSINO DE IDIOMAS LTDA. A embargado, o reexame em torno das razões que levaram à solução
contratação dos serviços deu-se na circunstância da prestação dos da demanda, não se podendo debruçar sobre a alegação de
serviços empresariais da empresa capitaneada pelo reclamante. equívoco nessa apreciação, visto que a pretensão esposada nos
Vejo sem lastro probatório a alegação de que o reclamante teve que embargos, acaso atendida, importaria revolver todo o conjunto
usar a sua empresa para poder receber os seus salários, revelando intelectivo decisório.
mera pejotização. A modalidade que desvirtua a relação de Efetivamente, o acórdão embargado lançou de forma explicita os
emprego pressupõe a constituição empresarial com o escopo fundamentos que conduziram ao entendimento adotado por esta Dt.
O posicionamento desfavorável à tese daquele que recorre não se dever ser presumido pelo Juízo se não houve prova em contrário
traduz, necessariamente, em lacuna na prestação jurisdicional. (art.99 do NCPC), defere-se a gratuidade, uma vez que as verbas
Vale registrar que o Juízo não está obrigado a debater todos os auferidas no processo não podem ser entendidas como
temas trazidos à baila pelas partes. Incumbe ao Órgão Julgador enriquecimento pessoal.
fatos relativos à causa com o fito de nortear o seu convencimento, A Lei 13.467 estabeleceu:
decidindo de maneira fundamentada e balizado no princípio da "art.791-A: Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão
Portanto, não se observa a existência da alegada omissão, mesmo (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o
porque o julgador não está obrigado a rebater, um a um, os valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico
argumentos das partes, bastando que indique, na decisão, os obtidoou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado
circunstâncias prequestionados nos autos. Assim ocorreu no E o § 4º assinalou: "§4o VENCIDO O BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA
julgamento deste feito. GRATUITA, desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em
A reapreciação da matéria, quando já apreciada pelo órgão prolator outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as
do acórdão embargado, é defeso em lei, pois tal implicaria em obrigações decorrentes de sua sucumbência, ficarão sob
reexame do mérito da decisão, o que foge às finalidades dos condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser
embargos declaratórios. executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado
Destarte, inexiste omissão no julgado. da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de
2. CONTRADIÇÃO. EXISTÊNCIA. CUSTAS PROCESSUAIS. existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a
Sustenta o embargante que "O juízo a quo concedeu os benefícios obrigações do beneficiário".
da justiça gratuita ao Reclamante, sendo estes confirmados pelo A disciplina da matéria deve ser apreciada detalhadamente, até por
juízo ad quem. Contudo, apesar de serem concedidos os benefícios um antagonismo com o conjunto do ordenamento jurídico.
da Justiça Gratuita ao Embargante, em sua CONCLUSÃO, o juiz Justo por isso é necessário afirmar, de início, que o § 4º do art.791-
relator estabelece "custas pelo autor", que deve ser isento de A merece interpretação conforme a Constituição, eis que, como
custas. Além disso, o crédito de honorários devido pelo beneficiário redigido, impõe aos trabalhadores (e somente a estes) uma "sorte"
da justiça gratuita, deve permanecer sob condição suspensiva de que a outros cidadãos não foi atribuída, em evidente quebra de
Consolidação, afastada, por inconstitucional, a compensação com Trata-se do dever, no caso de sucumbência, de arcar com o ônus
Assiste razão ao embargante quanto à contradição apontada. mão de valores obtidos nos próprios autos ou em outros, em
O acórdão embargado, sobre o tema, assim decidiu(ID.85cffb3): que venha a auferir verbas alimentares ou indenizatórias, estas
"Gratuidade Processual. Honorários Advocatícios. De serem últimas deferidas, via de regra, como forma de tutelar bem maiores
mantidos os argumentos do juízo sentenciante. O reclamante afirma como a dignidade da pessoa humana.
não ter como arcar com as despesas do processo, o que deve ser A norma antagoniza-se com o disposto no art.98 (caput) e seu
presumido pelo Juízo se não houver prova em contrário (art.99 do parágrafo 1º do NCPC, assim como com os §§ 2º e 3º do mesmo
NCPC). Mantido, pois, o deferimento da gratuidade processual, bem Código que, como sabido, inserem expressamente os honorários
como os honorários advocatícios em favor da recorrente, pelo entre as parcelas objeto de deferimento da gratuidade, estipulando
percentual eleito pelo juízo de origem, conforme irreprochável que, mesmo não afastada totalmente a responsabilidade do
A sentença, mantida pelo acórdão embargado neste aspecto, estabelecidas por sucumbência total ou parcial, "(..) ficarão sob
Tendo em vista que a reclamante afirma no ter como arcar com as situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de
Notório, portanto, que a Lei 13.467/2017 estabeleceu injustificado negava provimento ao recurso. Integra o acórdão o voto vencido."
tratamento anti-isonômico ao permitir quitar honorários com valores Verifica-se que, na fundamentação do acórdão embargado, foi
obtidos nos próprios autos ou autos de outras ações da mantida a gratuidade processual deferida ao reclamante pela
Esse tipo de preceito contraria a exigência de regulamentação condenado no pagamento de custas processuais. Há, portanto,
gratuidade, sem que se conceba que para uns - e apenas uns - Ante o exposto, DÁ-SE parcial PROVIMENTO aos embargos de
justo os mais pobres -, haja tratamento prejudicial. declaração quanto à contradição apontada, que se sana, nesta
Nesse sentido, aliás, a lição hermenêutica de PAULO BONAVIDES oportunidade, conferindo efeito modificativo ao julgado, para isentar
(CURSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL, Malheiros) para quem o autor do pagamento das custas, em face da gratuidade
"a interpretação começa naturalmente onde se concebe a norma processual a ele concedida, mantida a condenação de honorários
como parte de um sistema - a ordem jurídica -, que compõe um advocatícios, na forma apurada na sentença de origem, ficando sua
todo ou unidade objetiva, única a emprestar-lhe o verdadeiro exigibilidade suspensa por dois anos, no curso do qual só serão
sentido, impossível de obter-se se a considerássemos insulada, cobrados os honorários se deixar de existir a situação de
individualizada, fora, portanto, do contexto das leis e das insuficiência de recursos que justificou a concessão do benefício da
conforme a Constituição para excluir do § 4º do art.791-A da CLT a Conhecer dos Embargos de declaração e, no mérito, dar-lhes
expressão "desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em parcial provimento, para sanar a contradição apontada na forma da
insuficiência de recursos que justificou a concessão do benefício da ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL
Passado esse prazo, extingue-se a obrigação." conhecer dos Embargos de declaração e, no mérito, dar-lhes parcial
Consta do dispositivo do acórdão embargado: "ACORDAM OS provimento, para sanar a contradição apontada, conferindo efeito
INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO modificativo ao julgado, para isentar o autor do pagamento das
TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos custas, em face da gratuidade processual a ele concedida, mantida
recursos interpostos e, no mérito, por maioria, dar provimento ao a condenação de honorários advocatícios, na forma apurada na
apelo da primeira reclamada para julgar improcedente a ação. sentença de origem, ficando sua exigibilidade suspensa por dois
Custas pelo autor, na forma apurada na sentença de origem, anos, no curso do qual só serão cobrados os honorários se deixar
mantida a gratuidade processual antes deferida ao reclamante. de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a
JUSTIÇA DO TRABALHO
EMENTA
CLAUDIO SOARES PIRES
Desembargador Relator
ADMISSIBILIDADE e seguintes.
Preenchidos os pressupostos recursais, CONHEÇO dos embargos Esses elementos afastam, por si só, isto é, pelo evidente
1 - OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. SERVIÇOS PRESTADOS POR vínculo empregatício, subsistindo, ao contrário da conclusão a que
PESSOA JURÍDICA. EXISTÊNCIA DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO chegou o juízo de origem, a essência meramente comercial que
NOS MOLDES DA CLT. REEXAME DO MÉRITO DA DECISÃO. permeou e moveu a intenção dos que subscreveram o contrato
"(...) Desde 2011 o reclamante é titular de empresa de serviços de que por haver um contrato de prestação de serviços entre as partes,
engenharia, serviços de perícia técnica relacionados à segurança não há que se reconhecer vínculo de emprego. Se omitindo, o
do trabalho, treinamento em desenvolvimento profissional e acórdão, quanto aos fundamentos e provas lançadas na exordial".
gerencial, como comprova o documento ID. 1d0be33, fls. 164 (JL Nenhuma razão assiste ao embargante.
GERENCIAMENTO DE PROJETOS, TREINAMENTO Escapa à finalidade do recurso que visa aclarar o Acórdão
PROFISSIONAL, GERENCIAL E ENSINO DE IDIOMAS LTDA. A embargado, o reexame em torno das razões que levaram à solução
contratação dos serviços deu-se na circunstância da prestação dos da demanda, não se podendo debruçar sobre a alegação de
serviços empresariais da empresa capitaneada pelo reclamante. equívoco nessa apreciação, visto que a pretensão esposada nos
Vejo sem lastro probatório a alegação de que o reclamante teve que embargos, acaso atendida, importaria revolver todo o conjunto
usar a sua empresa para poder receber os seus salários, revelando intelectivo decisório.
mera pejotização. A modalidade que desvirtua a relação de Efetivamente, o acórdão embargado lançou de forma explicita os
emprego pressupõe a constituição empresarial com o escopo fundamentos que conduziram ao entendimento adotado por esta Dt.
exclusivo de mascarar uma relação que deveria estar sob a Segunda Turma.
proteção celetista, mas, a hipótese dos autos não revela tal O posicionamento desfavorável à tese daquele que recorre não se
situação, eis que a empresa de prestação de serviços do traduz, necessariamente, em lacuna na prestação jurisdicional.
reclamante foi constituída bem antes do período considerado na Vale registrar que o Juízo não está obrigado a debater todos os
reclamação sob exame, o que afasta a pejotização e aproxima a temas trazidos à baila pelas partes. Incumbe ao Órgão Julgador
relação entre as partes de uma típica avença de natureza civil. apreciar os argumentos e as provas apresentados no feito sobre os
Estando delineada a participação de interposta empresa do fatos relativos à causa com o fito de nortear o seu convencimento,
reclamante, a eventualidade de pessoalidade e habitualidade não decidindo de maneira fundamentada e balizado no princípio da
civil porque envolvendo duas pessoas jurídicas regularmente Portanto, não se observa a existência da alegada omissão, mesmo
Não se reveste de verossimilhança a possibilidade de simulação do argumentos das partes, bastando que indique, na decisão, os
contrato particular de prestação de serviços ID. 056c62b, fls. 21, motivos que lhe formaram o convencimento, em face dos fatos e
porque a maturidade e a experiência do reclamante não se circunstâncias prequestionados nos autos. Assim ocorreu no
contratual. As correspondências eletrônicas entre os litigantes não A reapreciação da matéria, quando já apreciada pelo órgão prolator
revelam ademais, a meu juízo, desvirtuamento na prestação dos do acórdão embargado, é defeso em lei, pois tal implicaria em
serviços pela empresa do reclamante. Ao contrário, deixam evidente reexame do mérito da decisão, o que foge às finalidades dos
conteúdo comando próprio de chefia, da reclamada. Por óbvio, os Destarte, inexiste omissão no julgado.
2. CONTRADIÇÃO. EXISTÊNCIA. CUSTAS PROCESSUAIS. existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a
Sustenta o embargante que "O juízo a quo concedeu os benefícios obrigações do beneficiário".
da justiça gratuita ao Reclamante, sendo estes confirmados pelo A disciplina da matéria deve ser apreciada detalhadamente, até por
juízo ad quem. Contudo, apesar de serem concedidos os benefícios um antagonismo com o conjunto do ordenamento jurídico.
da Justiça Gratuita ao Embargante, em sua CONCLUSÃO, o juiz Justo por isso é necessário afirmar, de início, que o § 4º do art.791-
relator estabelece "custas pelo autor", que deve ser isento de A merece interpretação conforme a Constituição, eis que, como
custas. Além disso, o crédito de honorários devido pelo beneficiário redigido, impõe aos trabalhadores (e somente a estes) uma "sorte"
da justiça gratuita, deve permanecer sob condição suspensiva de que a outros cidadãos não foi atribuída, em evidente quebra de
Consolidação, afastada, por inconstitucional, a compensação com Trata-se do dever, no caso de sucumbência, de arcar com o ônus
Assiste razão ao embargante quanto à contradição apontada. mão de valores obtidos nos próprios autos ou em outros, em
O acórdão embargado, sobre o tema, assim decidiu(ID.85cffb3): que venha a auferir verbas alimentares ou indenizatórias, estas
"Gratuidade Processual. Honorários Advocatícios. De serem últimas deferidas, via de regra, como forma de tutelar bem maiores
mantidos os argumentos do juízo sentenciante. O reclamante afirma como a dignidade da pessoa humana.
não ter como arcar com as despesas do processo, o que deve ser A norma antagoniza-se com o disposto no art.98 (caput) e seu
presumido pelo Juízo se não houver prova em contrário (art.99 do parágrafo 1º do NCPC, assim como com os §§ 2º e 3º do mesmo
NCPC). Mantido, pois, o deferimento da gratuidade processual, bem Código que, como sabido, inserem expressamente os honorários
como os honorários advocatícios em favor da recorrente, pelo entre as parcelas objeto de deferimento da gratuidade, estipulando
percentual eleito pelo juízo de origem, conforme irreprochável que, mesmo não afastada totalmente a responsabilidade do
A sentença, mantida pelo acórdão embargado neste aspecto, estabelecidas por sucumbência total ou parcial, "(..) ficarão sob
Tendo em vista que a reclamante afirma no ter como arcar com as situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de
dever ser presumido pelo Juízo se não houve prova em contrário Notório, portanto, que a Lei 13.467/2017 estabeleceu injustificado
(art.99 do NCPC), defere-se a gratuidade, uma vez que as verbas tratamento anti-isonômico ao permitir quitar honorários com valores
auferidas no processo não podem ser entendidas como obtidos nos próprios autos ou autos de outras ações da
A Lei 13.467 estabeleceu: harmônica da norma constitucional (art.5º, LXXVI) que assegura a
"art.791-A: Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão gratuidade, sem que se conceba que para uns - e apenas uns -
devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% justo os mais pobres -, haja tratamento prejudicial.
(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o Nesse sentido, aliás, a lição hermenêutica de PAULO BONAVIDES
valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico (CURSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL, Malheiros) para quem
obtidoou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado "a interpretação começa naturalmente onde se concebe a norma
E o § 4º assinalou: "§4o VENCIDO O BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA todo ou unidade objetiva, única a emprestar-lhe o verdadeiro
GRATUITA, desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em sentido, impossível de obter-se se a considerássemos insulada,
outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as individualizada, fora, portanto, do contexto das leis e das
condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser Em sendo assim, em prol das regras de isonomia, inclusive
executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado isonomia processual (art.5º da CF) e da proteção aos princípios
da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de constitucionais de valorização da cidadania, da dignidade da
conforme a Constituição para excluir do § 4º do art.791-A da CLT a Conhecer dos Embargos de declaração e, no mérito, dar-lhes
expressão "desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em parcial provimento, para sanar a contradição apontada na forma da
insuficiência de recursos que justificou a concessão do benefício da ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL
Passado esse prazo, extingue-se a obrigação." conhecer dos Embargos de declaração e, no mérito, dar-lhes parcial
Consta do dispositivo do acórdão embargado: "ACORDAM OS provimento, para sanar a contradição apontada, conferindo efeito
INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO modificativo ao julgado, para isentar o autor do pagamento das
TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos custas, em face da gratuidade processual a ele concedida, mantida
recursos interpostos e, no mérito, por maioria, dar provimento ao a condenação de honorários advocatícios, na forma apurada na
apelo da primeira reclamada para julgar improcedente a ação. sentença de origem, ficando sua exigibilidade suspensa por dois
Custas pelo autor, na forma apurada na sentença de origem, anos, no curso do qual só serão cobrados os honorários se deixar
mantida a gratuidade processual antes deferida ao reclamante. de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a
Vencido o Desembargador Francisco José Gomes da Silva que concessão do benefício da gratuidade em proveito do reclamante.
negava provimento ao recurso. Integra o acórdão o voto vencido." Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
Verifica-se que, na fundamentação do acórdão embargado, foi Francisco José Gomes da Silva (Presidente),Cláudio Soares Pires
mantida a gratuidade processual deferida ao reclamante pela (Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a).
sentença. Contudo, no dispositivo do referido acórdão, o autor foi Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho.
contradição no julgado.
ADMISSIBILIDADE
serviços empresariais da empresa capitaneada pelo reclamante. equívoco nessa apreciação, visto que a pretensão esposada nos
Vejo sem lastro probatório a alegação de que o reclamante teve que embargos, acaso atendida, importaria revolver todo o conjunto
usar a sua empresa para poder receber os seus salários, revelando intelectivo decisório.
mera pejotização. A modalidade que desvirtua a relação de Efetivamente, o acórdão embargado lançou de forma explicita os
emprego pressupõe a constituição empresarial com o escopo fundamentos que conduziram ao entendimento adotado por esta Dt.
exclusivo de mascarar uma relação que deveria estar sob a Segunda Turma.
proteção celetista, mas, a hipótese dos autos não revela tal O posicionamento desfavorável à tese daquele que recorre não se
situação, eis que a empresa de prestação de serviços do traduz, necessariamente, em lacuna na prestação jurisdicional.
reclamante foi constituída bem antes do período considerado na Vale registrar que o Juízo não está obrigado a debater todos os
reclamação sob exame, o que afasta a pejotização e aproxima a temas trazidos à baila pelas partes. Incumbe ao Órgão Julgador
relação entre as partes de uma típica avença de natureza civil. apreciar os argumentos e as provas apresentados no feito sobre os
Estando delineada a participação de interposta empresa do fatos relativos à causa com o fito de nortear o seu convencimento,
reclamante, a eventualidade de pessoalidade e habitualidade não decidindo de maneira fundamentada e balizado no princípio da
civil porque envolvendo duas pessoas jurídicas regularmente Portanto, não se observa a existência da alegada omissão, mesmo
Não se reveste de verossimilhança a possibilidade de simulação do argumentos das partes, bastando que indique, na decisão, os
contrato particular de prestação de serviços ID. 056c62b, fls. 21, motivos que lhe formaram o convencimento, em face dos fatos e
porque a maturidade e a experiência do reclamante não se circunstâncias prequestionados nos autos. Assim ocorreu no
contratual. As correspondências eletrônicas entre os litigantes não A reapreciação da matéria, quando já apreciada pelo órgão prolator
revelam ademais, a meu juízo, desvirtuamento na prestação dos do acórdão embargado, é defeso em lei, pois tal implicaria em
serviços pela empresa do reclamante. Ao contrário, deixam evidente reexame do mérito da decisão, o que foge às finalidades dos
conteúdo comando próprio de chefia, da reclamada. Por óbvio, os Destarte, inexiste omissão no julgado.
pagamentos realizados em favor da empresa do reclamante não 2. CONTRADIÇÃO. EXISTÊNCIA. CUSTAS PROCESSUAIS.
avença entre as partes a emissão de nota fiscal de serviço pelo Sustenta o embargante que "O juízo a quo concedeu os benefícios
reclamante, como exemplificam os documentos ID. 71ca3fb, fls. 83 da justiça gratuita ao Reclamante, sendo estes confirmados pelo
Esses elementos afastam, por si só, isto é, pelo evidente da Justiça Gratuita ao Embargante, em sua CONCLUSÃO, o juiz
relacionamento entre sujeitos detentores de personalidade jurídica relator estabelece "custas pelo autor", que deve ser isento de
irrefutável, expressamente definidos, a possibilidade de reconhecer custas. Além disso, o crédito de honorários devido pelo beneficiário
vínculo empregatício, subsistindo, ao contrário da conclusão a que da justiça gratuita, deve permanecer sob condição suspensiva de
chegou o juízo de origem, a essência meramente comercial que exigibilidade no prazo e forma discriminadas no art. 791-A, § 4.º da
permeou e moveu a intenção dos que subscreveram o contrato Consolidação, afastada, por inconstitucional, a compensação com
O embargante sustenta, em suma, que "A decisão se limitou a dizer O acórdão embargado, sobre o tema, assim decidiu(ID.85cffb3):
que por haver um contrato de prestação de serviços entre as partes, "Gratuidade Processual. Honorários Advocatícios. De serem
não há que se reconhecer vínculo de emprego. Se omitindo, o mantidos os argumentos do juízo sentenciante. O reclamante afirma
acórdão, quanto aos fundamentos e provas lançadas na exordial". não ter como arcar com as despesas do processo, o que deve ser
Nenhuma razão assiste ao embargante. presumido pelo Juízo se não houver prova em contrário (art.99 do
Escapa à finalidade do recurso que visa aclarar o Acórdão NCPC). Mantido, pois, o deferimento da gratuidade processual, bem
embargado, o reexame em torno das razões que levaram à solução como os honorários advocatícios em favor da recorrente, pelo
da demanda, não se podendo debruçar sobre a alegação de percentual eleito pelo juízo de origem, conforme irreprochável
A sentença, mantida pelo acórdão embargado neste aspecto, estabelecidas por sucumbência total ou parcial, "(..) ficarão sob
Tendo em vista que a reclamante afirma no ter como arcar com as situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de
dever ser presumido pelo Juízo se não houve prova em contrário Notório, portanto, que a Lei 13.467/2017 estabeleceu injustificado
(art.99 do NCPC), defere-se a gratuidade, uma vez que as verbas tratamento anti-isonômico ao permitir quitar honorários com valores
auferidas no processo não podem ser entendidas como obtidos nos próprios autos ou autos de outras ações da
A Lei 13.467 estabeleceu: harmônica da norma constitucional (art.5º, LXXVI) que assegura a
"art.791-A: Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão gratuidade, sem que se conceba que para uns - e apenas uns -
devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% justo os mais pobres -, haja tratamento prejudicial.
(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o Nesse sentido, aliás, a lição hermenêutica de PAULO BONAVIDES
valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico (CURSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL, Malheiros) para quem
obtidoou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado "a interpretação começa naturalmente onde se concebe a norma
E o § 4º assinalou: "§4o VENCIDO O BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA todo ou unidade objetiva, única a emprestar-lhe o verdadeiro
GRATUITA, desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em sentido, impossível de obter-se se a considerássemos insulada,
outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as individualizada, fora, portanto, do contexto das leis e das
condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser Em sendo assim, em prol das regras de isonomia, inclusive
executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado isonomia processual (art.5º da CF) e da proteção aos princípios
da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de constitucionais de valorização da cidadania, da dignidade da
existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a pessoa humana e do valor social do trabalho, que de modo
concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais diverso restariam infirmados, confiro ao texto interpretação
A disciplina da matéria deve ser apreciada detalhadamente, até por expressão "desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em
um antagonismo com o conjunto do ordenamento jurídico. outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as
Justo por isso é necessário afirmar, de início, que o § 4º do art.791- obrigações decorrentes de sua sucumbência", harmonizando-o com
A merece interpretação conforme a Constituição, eis que, como a disciplina geral da matéria e com a Lei Maior.
redigido, impõe aos trabalhadores (e somente a estes) uma "sorte" Dito isso, levando em conta finalmente o disposto no § 2º do art.791
que a outros cidadãos não foi atribuída, em evidente quebra de -A e considerando na espécie que o inciso II não funciona como
Trata-se do dever, no caso de sucumbência, de arcar com o ônus atreladas ao rito processual, à dinâmica de seu desenvolvimento,
de pagar despesas processuais, inclusive honorários, lançando conectando-se também com os elementos trazidos nos incisos I e
mão de valores obtidos nos próprios autos ou em outros, em IV da norma, em havendo sucumbência recíproca, fixo (...) em 5%
que venha a auferir verbas alimentares ou indenizatórias, estas os honorários em prol do advogado da reclamada (...), ficando
últimas deferidas, via de regra, como forma de tutelar bem maiores (...) sua exigibilidade suspensa por dois anos, no curso do qual só
como a dignidade da pessoa humana. serão cobrados os honorários se deixar de existir a situação de
A norma antagoniza-se com o disposto no art.98 (caput) e seu insuficiência de recursos que justificou a concessão do benefício da
Código que, como sabido, inserem expressamente os honorários Passado esse prazo, extingue-se a obrigação."
entre as parcelas objeto de deferimento da gratuidade, estipulando Consta do dispositivo do acórdão embargado: "ACORDAM OS
que, mesmo não afastada totalmente a responsabilidade do INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO
TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos custas, em face da gratuidade processual a ele concedida, mantida
recursos interpostos e, no mérito, por maioria, dar provimento ao a condenação de honorários advocatícios, na forma apurada na
apelo da primeira reclamada para julgar improcedente a ação. sentença de origem, ficando sua exigibilidade suspensa por dois
Custas pelo autor, na forma apurada na sentença de origem, anos, no curso do qual só serão cobrados os honorários se deixar
mantida a gratuidade processual antes deferida ao reclamante. de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a
Vencido o Desembargador Francisco José Gomes da Silva que concessão do benefício da gratuidade em proveito do reclamante.
negava provimento ao recurso. Integra o acórdão o voto vencido." Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
Verifica-se que, na fundamentação do acórdão embargado, foi Francisco José Gomes da Silva (Presidente),Cláudio Soares Pires
mantida a gratuidade processual deferida ao reclamante pela (Relator) e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) Exmo(a).
sentença. Contudo, no dispositivo do referido acórdão, o autor foi Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho.
contradição no julgado.
Diretor de Secretaria
Processo Nº ROT-0000783-46.2018.5.07.0032
Conhecer dos Embargos de declaração e, no mérito, dar-lhes Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA
SILVA
parcial provimento, para sanar a contradição apontada na forma da
RECORRENTE COMERCIAL DE MIUDEZAS
fundamentação expendida. FREITAS LTDA
CELSO RICARDO ADVOGADO(OAB: 15642-A/CE)
FREDERICO BALDAN
RECORRENTE FRANCISCO HELIO DA SILVA
MICHEL ALVES DE ADVOGADO(OAB: 19805/PB)
DISPOSITIVO ANDRADE
RECORRIDO COMERCIAL DE MIUDEZAS
FREITAS LTDA
CELSO RICARDO ADVOGADO(OAB: 15642-A/CE)
FREDERICO BALDAN
RECORRIDO FRANCISCO HELIO DA SILVA
MICHEL ALVES DE ADVOGADO(OAB: 19805/PB)
ANDRADE
TERCEIRO Ministério do Trabalho e Emprego
INTERESSADO
Intimado(s)/Citado(s):
- FRANCISCO HELIO DA SILVA
ACORDAM OS INTEGRANTES DA 2ª TURMA DO TRIBUNAL
indenização por danos materiais (pensão mensal temporária ou EMPREGADO EM RETORNAR AO TRABALHO. INEXISTÊNCIA.
vitalícia) não se confunde e nem é influenciada pela percepção ou Não há que se falar em limbo jurídico previdenciário se restar
não percepção de benefício previdenciário pelo trabalhador. Cada robustamente comprovado nos autos de que foi o empregado que
parcela tem fundamento jurídico diverso e, portanto, são se recusou a retornar ao trabalho apesar de chamado pela
decorrente de acidente de trabalho. Este Juízo entende que o INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 791-A DA CLT. A
pagamento da indenização em parcela única tem como intuito composição Plena deste e. Regional, examinando a Arguição de
conciliar os interesses do credor (vítima), que recebe o valor de uma Inconstitucionalidade nº 0080026-04.2019.5.07.0000, decidiu
vez só, e do devedor (ofensor, responsável), que resta liberado da declarar a inconstitucionalidade da expressão "desde que não tenha
obrigação mensal, ou mesmo de eventual constituição de capital ou obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de
inclusão em folha de pagamento. suportar a despesa", constante do § 4º do art. 791-A da CLT, com
RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. redação da Lei nº 13.467 de 13/07/2017. Desta feita, em respeito à
RESCISÃO INDIRETA DO CONTRATO DE TRABALHO. PERDA opinião majoritária dos integrantes do Tribunal Pleno do TRT da 7ª
reconhecer verificada a perda superveniente de objeto do pedido de condenar o reclamante no pagamento de honorários advocatícios
reconhecimento da rescisão indireta, diante da reintegração do sucumbenciais no percentual de 15% e determinar que os
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. QUANTUM suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executados se,
INDENIZATÓRIO. ART. 944 E 946, DO CÓDIGO CIVIL 2002. nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão, o
Conforme preceitua o art. 944 e art. 946 do Código Civil de 2002, a credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência
fixação do quantum indenizatório será feito pelo Juiz, levando-se em de recursos que justificou a concessão da gratuidade processual ao
consideração o binômio "necessidade da vítima e capacidade obreiro, extinguindo-se, passado esse prazo, a respectiva
que deve revestir tal condenação. Diante destas considerações, Recursos ordinários conhecidos e parcialmente providos
NÃO CARACTERIZAÇÃO. Deve o empregador fiscalizar a correta A sentença prolatada pela MM.ª 1.ª Vara do Trabalho de Maracanaú
execução das atividades laborais, manter o ambiente de trabalho (id 0d3788a) julgando parcialmente procedentes os pedidos
em condições de higiene e segurança adequadas, além de zelar formulados por FRANCISCO HELIO DA SILVA na reclamação
pelo fornecimento e utilização dos equipamentos de proteção e pela trabalhista promovida contra COMERCIAL DE MIUDEZAS
obediência às normas de segurança no trabalho, o que não foi FREITAS LTDA, condenou a reclamada no pagamento de: a)
demonstrado nos autos, razão pela qual deve responder pelos indenização por danos morais, no valor de R$ 19.960,00 (dezenove
danos causados. mil, novecentos e sessenta reais);b) pagar ao reclamante, caso seja
comprovado nos autos que o mesmo está desempregado, indenização de uma só vez, conforme disposição do parágrafo
indenização por danos materiais correspondente a 1/4 do salário único do art. 950 do CCB, ou, subsidiariamente, que seja
mínimo mensal, até 20/02/2034; c) honorários advocatícios determinada que a parte reclamada constitua um capital cuja renda
sucumbenciais ao advogado do autor, no percentual de 15%; c) assegure o adimplemento da pensão mensal deferida à parte
honorários periciais no valor de R$ 3.250,0, em favor do expert reclamante, nos termos do art. 533 do CPC.
Leonardo Oliveira da Costa, bem como a devolver a União Federal Ao final pugna pela majoração do valor da indenização por danos
o valor de R$ 350,00. morais para o montante equivalente a trinta e cinco vezes o último
Complementada pela sentença que julgou parcialmente salário do reclamante (R$ 998,00), nos termos do tabelamento da
procedentes os embargos de declaração interpostos pelo CLT, em razão da natureza gravíssima do dano.
reclamante (id be57383), a reclamada foi condenada: a) pagar ao A reclamada, em razões de recurso ordinário (id c0a585e) pugna
reclamante todos os salários e vantagens não recebidos pelo pela exclusão da condenação em indenização por danos morais e
mesmo entre a data do dia 10/11/2017 e 03/10/2018, devendo para materiais, alegando inexistência de danos, aduzindo "que o acidente
fins de cálculo ser considerado o valor de um salário mínimo vigente ocorreu por culpa exclusiva do trabalhador, inclusive conforme por
à época ,bem como 13.º salário proporcional; b) no pagamento de ele mesmo confessado".
todas as despesas médicas e tratamentos necessários decorrentes Insurge-se, ainda, contra o pagamento dos meses de afastamento
da lesão apontada no laudo pericial, ou seja, lesão que corresponde do recorrido, alegando não há que se falar em limbo previdenciário,
a Anquilose Total de um dos cotovelos, ficando condicionado o posto que o reclamante foi considerado apto a retornar ao labor e
pagamento à comprovação do quantum pago (ou a ser pago) com a "contudo, ao seu bel prazer, recusou-se a retornar ao trabalho
medicação e demais despesas médicas, desde que depois do término do auxílio acidentário".
comprovadamente decorrentes da lesão supra citada. Para fins de Ao final requer a condenação do reclamante em honorários
o reclamante comprovar aos autos todos os gastos realizados com Contrarrazões pelo reclamante (id f9679d9) e pela reclamada (id
Inconformadas recorrem ambas as partes. Dispensada remessa ao Ministério Público do Trabalho para
Prévio indenizado de 36 dias no valor de R$ 1.197,60; 13º salário Preenchidos os pressupostos de admissibilidade de se conhecer
proporcional no valor de R$ 415,83; e férias proporcionais dos recursos ordinários interpostos por ambas as partes.
acrescidas de 1/3 no valor de R$ 776,22. Requer, ainda, MATÉRIA EM COMUM A AMBOS OS RECURSOS.
autorização judicial para levantamento do FGTS e anotação da data Por se tratarem de matérias suscitadas em ambos os recursos
indenizado (artigo 29, § 2º, da CLT e Orientação Jurisprudencial 82, ACIDENTE DE TRABALHO. INDENIZAÇÃO POR DANOS
Pugna pelo pagamento de pensão mensal vitalícia, em favor da Pugna a reclamada pela exclusão da condenação em indenização
parte reclamante, desde a data do acidente (30.11.2016) até a data por danos morais e materiais repisando a tese de culpa exclusiva da
de dezembro, em razão da consideração da gratificação natalina e, Afirma o reclamante que exercia a função de repositor de
nos meses de outubro, quando se verificaria o implemento do direito mercadorias na reclamada, em 03/10/2016.
à percepção de férias, o acréscimo de 1/3; pagamento de No dia 30/11/2016 foi vítima de um acidente de trabalho, nas
dependências da reclamada, quando fazia o manuseio de um acidente que ocasionou traumatismo craniano e a fratura
mercadorias em geral, que eram acondicionadas em caixa de exposta do cotovelo direito, na forma descrita no Laudo Médico (id
produtos em lote, com altura superior a 4 (quatro) metros, caiu em Dessa forma, comprovada a existência do fato ensejador e do dano.
queda livre e bateu com a cabeça no solo, causando-lhe O cerne da questão consiste em apurar o dolo ou culpa do
O dano moral incide sobre bens de ordem não material, quando A reclamada, ao alegar culpa exclusiva da vítima como excludente
afeta direitos relacionados à personalidade; é o dano sofrido nos da responsabilidade civil, atraiu para si o dever de comprovar tanto
sentimentos de alguém, em sua honra, em sua consideração social a culpa do empregado quanto a sua ausência de culpa, por se
ou laboral, em decorrência de ato danoso. constituírem em fatos impeditivos do direito do autor (arts. 818 da
Assim, a indenização por danos morais, para ser acolhida, CLT e 373, II, do Código de Processo Civil de 2015), ônus do qual
atinge os mais íntimos valores da pessoa, como a honra, a imagem A prova oral produzida nos autos não confirma a tese defensória.
ou a privacidade, atributos que constituem a base de sustentação Salienta-se que foi ouvida nos autos apenas uma testemunha
da própria personalidade do ofendido. Desta forma, além da prova apresentada pela reclamada, a qual sequer presenciou o malsinado
de lesionar o patrimônio moral do ofendido deve restar devidamente "que o depoente e o reclamante não laboravam no mesmo local,
A responsabilidade civil do empregador em caso de acidente de atividades de um não eram realizadas perto das atividades do outro;
trabalho é regulada pelo art. 7º, XXVIII da CF/88 c/c arts. 186 e 927 que o depoente laborava separando mercadorias dentro do centro
do Código Civil, in verbis: de distribuição (CD), em todos os locais onde se fizesse necessária
"Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de a separação dentro do CD; que o reclamante laborava dentro do
outros que visem à melhoria de sua condição social: centro de distribuição, em todos os locais onde fosse possível
empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, "que ouviu comentários que o reclamante havia caída na reclamada;
quando incorrer em dolo ou culpa;" que o depoente não presenciou o acidente em referência, mas
"Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência estava próximo (a duas ruas de distância);"
ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que "que não sabe informar se o reclamante estava utilizando algum tipo
exclusivamente moral, comete ato ilícito." de EPI; que presume que o reclamante recebesse cinto de
"Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a proteção, eis que, todos os empregados da reclamada que
outrem, fica obrigado a repará-lo. trabalhavam em altura, recebiam cinto de segurança e gaiola; que
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, ouviu comentários que o reclamante pulou de um lote (pilha de
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou caixas de mais de um metro de altura) para outro; que acredita que
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano o reclamante não estava em gaiola;" (Primeira testemunha do
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem." reclamado(s): FRANCISCO WASHINGTON FREIRE - id cc9bfab)
Da análise dos dispositivos legais acima citados, constata-se a Em verdade, restou provado que o referido acidente fora provocado
exigência de três requisitos para a configuração da pela omissão da reclamada no sentido de adoção de todas as
responsabilidade civil do empregador nos casos de acidente de providências necessárias à salubridade e segurança do seu meio
trabalho, quais sejam: dano, nexo de causalidade e dolo ou culpa ambiente laboral, e não por culpa do reclamante, como sustenta a
do empregador. reclamada.
No caso, a parte obreira foi contratada para o cargo de repositor de A reclamada, por imprudência ou negligência, deixou de oferecer os
mercadorias, cargo o qual não se caracteriza como atividade de meios necessários e suficientes à segurança do trabalhador, uma
risco, portanto, não configura hipótese de responsabilidade objetiva vez que não treinou ou capacitou o obreiro para atividades em
Incontroverso que o obreiro, durante sua jornada de trabalho, sofreu proteção, mormente cinto de segurança e o uso da "gaiola".
Ainda que se aceite a hipótese de o obreiro ter saído da gaiola e Aduz, ainda indevida a condenação no pagamento de despesas
pulado das caixas por conta própria, verifica-se a responsabilidade médicas, tendo em vista não há qualquer documentação nos autos
da reclamada, em permitir que o obreiro trabalhe utilizando desse que comprove a necessidade de custeamento, tampouco
artifício que não lhe oferecia nenhum tipo de segurança. comprovantes de gastos relacionados a recuperação do recorrido.
Portanto, evidenciada a presença do dano, do nexo de causalidade O reclamante, por sua vez, pugna pela reforma da sentença quanto
e da culpa empresarial, é de se atribuir a responsabilidade civil da ao termo inicial e final do pagamento da pensão vitalícia. Afirma que
reclamada, devendo indenizar os prejuízos morais sofridos pelo o termo inicial do pagamento da pensão mensal é a data em que o
obreiro, como forma de compensação pelos danos que lhes foram empregado tomou ciência inequívoca de sua incapacidade laboral,
causados. ou seja, no dia do acidente e o termo final deverá ser durante toda a
VALOR ATRIBUÍDO AO DANO MORAL Pugna, ainda o reclamante pelo pagamento da pensão em dobro,
Conforme preceitua o art. 944 e art. 946 do Código Civil de 2002, a nos meses de dezembro, em razão da consideração da gratificação
fixação do quantum indenizatório será feito pelo Juiz, levando-se em natalina e, nos meses de outubro, quando se verificaria o
consideração o binômio "necessidade da vítima e capacidade implemento do direito à percepção de férias, o acréscimo de 1/3.
econômica do agente", dado o caráter compensatório e pedagógico Ao final requer o pagamento da pensão de uma só vez conforme
que deve revestir tal condenação. disposição do parágrafo único do art. 950 do CCB, ou,
Art. 944 do CPC. A indenização mede-se pela extensão do constitua um capital cuja renda assegure o adimplemento da
dano.(...) pensão mensal deferida à parte reclamante, nos termos do art. 533
do CPC.
na lei ou no contrato disposição fixando a indenização devida pelo A sentença de primeiro grau (id 0d3788a), complementada pela
inadimplente, apurar-se-á o valor das perdas e danos na forma que sentença que julgou parcialmente procedentes os embargos de
a lei processual determinar. declaração interpostos pela reclamante (id be57383), condenou a
A reparação do dano extrapatrimonial, mormente aquele advindo da que o mesmo está desempregado, indenização por danos materiais
relação empregatícia, deve representar uma função ressarcitória- correspondente a 1/4 do salário mínimo mensal, até 20/02/2034,
preventiva, assim, o valor da indenização deve representar, ao data em que o autor completará 65 anos, esclarecendo que o termo
mesmo tempo, uma compensação financeira à vítima e uma final da obrigação de pagar a referida indenização decorre da idade
punição ao agente capaz de desestimular a reiteração da prática média para fins de obtenção de aposentadoria por idade (artigo 48,
Diante destas considerações, mantenho a condenação na médicas e tratamentos necessários decorrentes da lesão apontada
indenização por danos morais no valor de R$ 19.960,00 (dezenove no laudo pericial, ou seja, lesão que corresponde a Anquilose Total
mil, novecentos e sessenta reais), por entender que o mesmo foi de um dos cotovelos, ficando condicionado o pagamento à
fixado em patamar razoável, atendendo as funções pedagógica, comprovação do quantum pago (ou a ser pago) com a medicação e
reparatória e punitiva que a situação exige. demais despesas médicas, desde que comprovadamente
INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS. PENSIONAMENTO. Inicialmente, é importante deixar claro que a indenização por danos
TERMOS INICIAL E FINAL. PAGAMENTO DE UMA SÓ VEZ. materiais (pensão mensal temporária ou vitalícia) não se confunde
Insurge-se a reclamada contra a condenação no pagamento de nem é influenciada pela percepção ou não percepção de benefício
indenização por danos materiais afirma desnecessário o pagamento previdenciário pelo trabalhador. Cada parcela tem fundamento
de pensionamento mensal posto que o reclamante foi reintegrado jurídico diverso e, portanto, são autônomas, conforme a iterativa,
em 04.10.2018 e que, após a publicação da sentença em atual e notória jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho:
27.05.2019, que condenou a reclamada no pagamento de a pensão AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA DO
de ¼ do salário mínimo por mês, afastou-se do emprego em AUTOR EM FACE DE DECISÃO PUBLICADA ANTES DA
CUMULAÇÃO COM BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. exclui a responsabilidade civil da empresa ou de outrem. Tal
POSSIBILIDADE. Agravo de instrumento a que se dá provimento proposição é reiterada no Decreto 611/92 do Regulamento dos
para determinar o processamento do recurso de revista, em face de Benefícios da Previdência Social, bem como na Súmula 229 do
haver sido demonstrada possível violação do artigo 121 da Lei nº Supremo Tribunal Federal. Assim, a obrigação de indenizar o dano
8.213/91. RECURSO DE REVISTA DO AUTOR EM FACE DE material decorrente de acidente de trabalho independe dos
DECISÃO PUBLICADA ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI Nº rendimentos pagos pela Previdência Social, pois advém da
13.015/2014. LUCROS CESSANTES. CUMULAÇÃO COM O responsabilidade civil. Indevida, nessas circunstâncias, qualquer
BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. POSSIBILIDADE. A iterativa e dedução ou compensação entre parcelas de natureza jurídica de
notória jurisprudência desta Corte Superior se firmou no sentido de origem diversa. Esta é a atual e iterativa jurisprudência da SBDI-1,
que ser plenamente possível a cumulação da indenização dos com a qual se encontra em perfeita harmonia o acórdão
lucros cessantes decorrentes de acidente do trabalho (doença embargado, sendo inviável, dessa forma, o conhecimento do
ocupacional), com o auxílio-doença previdenciário, acidentário ou recurso de embargos, nos exatos termos do § 2º do artigo 894 da
aposentadoria por invalidez, a cargo do órgão previdenciário, sem CLT. Correta, pois, a decisão agravada. Agravo regimental não
que isso resulte em enriquecimento ilícito da parte, tendo em vista a provido. (...)" (AgR-E-RR - 282600-39.2009.5.09.0023, Relator
natureza jurídica diversa das parcelas. Precedentes. Recurso de Ministro: Augusto César Leite de Carvalho, Data de Julgamento:
revista de que se conhece e a que se dá provimento. (...) (TST: 10/03/2016, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais,
Mascarenhas Brandão, Julgamento 16/08/2017, Publicação DEJT Desse modo, o fato de a parte reclamante ter ou não ter percebido
13.015/2014. (...) COMPENSAÇÃO POR DANO MATERIAL. Cumpre, ainda, ressaltar que os danos materiais podem
BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. CUMULAÇÃO. POSSIBILIDADE. compreender tanto os danos emergentes (aquilo que a vítima
NÃO PROVIMENTO. 1. O entendimento deste colendo Tribunal efetivamente perdeu em decorrência do evento danoso), como
Superior é no sentido de ser possível a cumulação da compensação lucros cessantes (resultantes do que efetivamente a vítima deixou
é o caso da aposentadoria por invalidez, porquanto possuem Segundo Sebastião Geraldo de Oliveira, em seu livro Indenizações
naturezas jurídicas distintas e estão a cargo de titulares diversos. por Acidente do Trabalho ou Doença Ocupacional, 8.ª edição, LTr,
Precedentes desta egrégia SBDI-1. 2. Estando, pois, o v. acórdão 2014, páginas 244 e 245, define dano emergente e lucro cessante
desta colenda Corte Superior, o processamento do recurso de "O dano emergente é aquele prejuízo imediato e mensurável que
embargos encontra óbice no artigo 894, § 2º, da CLT. 3. Agravo surge em razão do acidente do trabalho, causando uma diminuição
56.2012.5.03.0019, Relator Ministro: Guilherme Augusto Caputo Outrossim, o art. 950, do Código Civil menciona as despesas de
Bastos, Data de Julgamento: 23/06/2016, Subseção I Especializada tratamento até o fim da convalescença, mas assegura que também
em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 01/07/2016) são indenizáveis outras reparações ou prejuízos que o ofendido
"AGRAVO REGIMENTAL INTERPOSTO CONTRA DECISÃO prove haver sofrido e lucros cessantes, nestes termos:
MONOCRÁTICA DE PRESIDENTE DE TURMA QUE NEGA Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não
SEGUIMENTO A RECURSO DE EMBARGOS. CUMULAÇÃO DA possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a
PENSÃO MENSAL COM BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do
POSSIBILIDADE. A pensão mensal possui caráter indenizatório tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá
resultante da invalidez decorrente de acidente de trabalho, não se pensão correspondente à importância do trabalho para que se
confundindo com o pagamento de benefício previdenciário, o qual inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu.
não serve de parâmetro para a exclusão ou redução dos valores Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a
reconhecidos a título de indenização a cargo do empregador. Nos indenização seja arbitrada e paga de uma só vez.
termos do art. 121 da Lei 8.213/91, ademais, o pagamento, pela Além das perdas efetivas dos danos emergentes, a vítima pode
Previdência Social, das prestações por acidente de trabalho não também ficar privada dos ganhos futuros, ainda que
temporariamente. Para que a reparação do prejuízo seja completa, compatível com sua depreciação". (DALLEGRAVE NETO. José
o art. 402 do Código Civil determina o cômputo dos lucros Affonso. Responsabilidade Civil no Direito do Trabalho. 5ª, ed. São
cessantes, considerando-se como tais aquelas parcelas cujo Paulo:LTr, 2015. P.).
recebimento, dentro da razoabilidade, seria correto esperar. Portanto, uma vez provada a incapacidade permanente parcial e
Assim, a teor do art. 402, do Código Civil, os lucros cessantes definitiva do obreiro, prospera o pagamento de pensão vitalícia
representam o que a vítima deixará de ganhar no futuro após o decorrente de acidente de trabalho.
"Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE
perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele RESCISÃO INDIRETA.
efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar". Pugna o reclamante pelo reconhecimento da rescisão indireta como
No caso, conforme expresso no item que analisou os danos morais, forma de resilição do contrato laboral, ante o descumprimento das
restou provado o dano sofrido pelo reclamante, o nexo causal e a normas de segurança do trabalho.
Ademais, conforme laudo pericial (id c1a1b3e), o reclamante ficou O reclamante foi reintegrado aos quadros da reclamada em
com incapacidade laboral parcial e definitiva com redução da 04/10/2018 (id ded2bfb).
capacidade em 25% (vinte e cinco por cento). Isto posto, de se reconhecer verificada a perda superveniente de
Segundo o disposto no art. 950 do Código Civil, repisa-se, a objeto do pedido de reconhecimento da rescisão indireta, diante da
acidente de trabalho além de abarcar o dano emergente e o lucro PENSIONAMENTO. TERMO INICIAL E FINAL. PAGAMENTO DE
trabalho para o qual se inabilitou ou à depreciação que sofreu. O reclamante insurge-se contra a decisão de primeiro grau
O lucro cessante, como sabido, diz respeito aos valores que o pugnando pela fixação do termo inicial do pensionamento à data do
empregado concretamente deixa de obter até o fim da acidente de trabalho (30.11.2016) e o termo final durante toda a
efetivamente deixou de auferir, o que não restou posto nos autos. Pugna, ainda, pelo pagamento da pensão em dobro, nos meses de
O pensionamento vitalício, por sua vez, somente é devido se, após dezembro, em razão da consideração da gratificação natalina e, nos
a convalescença, restarem efetivamente provadas as sequelas que meses de outubro, quando se verificaria o implemento do direito à
No caso, observa-se que, para as atividades laborais em geral, A sentença de primeiro grau condenou a reclamada no pagamento
houve uma redução da capacidade laboral do obreiro em 25 % de 1/4 do salário mínimo por mês, caso o reclamante fique
(vinte e cinco por cento) de forma parcial e definitiva. desempregado, até 20/02/2034, data em que o autor completará 65
Como se vê, o autor ficou impossibilitado de exercer a função que anos de idade, tendo por base a idade média para fins de obtenção
(repositor de mercadorias), o que, segundo Sebastião Geraldo de Em se tratando de acidente do trabalho, o marco inicial do
Oliveira: "A incapacidade para o trabalho deve ser aferida tendo pagamento do pensionamento a título de dano material é a partir do
como referência a profissão da vítima, a teor do art. 950 do Código evento danoso, ou seja, deve ser paga à partir da data em que
Civil, não podendo ser analisada em relação ao exercício de outras ocorreu o acidente de trabalho, de acordo com o art. 950 do Código
Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente do trabalho ou Da leitura do referido art. 950, do Código Civil, extrai-se a conclusão
doença ocupacional. 2. Ed. São Paulo: LTr, 2006. P. 266). de que a pensão vitalícia deverá ser paga até o momento em que
Ainda sobre o tema, segundo lição de José Affonso Dallegrave cesse a causa que impossibilitou o empregado para o trabalho.
Neto: "O legislador considerou o " próprio ofício" ou a " profissão No caso, o autor ficou parcial e permanentemente incapacitado para
praticada" pelo acidentado como critério para aferir o grau de o trabalho, devendo, portanto receber pensão vitalícia, ou seja,
incapacidade e, por conseguinte, fixar o valor da pensão. Assim, enquanto viver, sem qualquer limitação temporal.
pouco importa o fato da vítima vir a exercer outra atividade afim ou Não se pode acolher, como termo final para o pagamento da
pensão vitalícia a data da em que o empregado adquire o direito à indenização seja arbitrada e paga de uma só vez."
aposentadoria por idade, posto que as lesões por ele sofridas não
cessarão com a sua aposentadoria. A indenização paga de uma só vez, contida no parágrafo único do
Nesse sentido, cita-se o seguinte precedente: art. 950 do Código Civil, deve ser interpretada como uma "opção"
PENSÃO VITALÍCIA - TERMO FINAL. A extensão do dano foi para o prejudicado, submetida, todavia, ao critério do julgador.
analisado pelo Regional, que concluiu que as limitações decorrentes Este Juízo entende que o pagamento da indenização em parcela
do acidente de trabalho não se encerariam com a aposentadoria, única tem como intuito conciliar os interesses do credor (vítima),
aplicando corretamente as disposições do art. 944, do Código Civil, que recebe o valor de uma vez só, e do devedor (ofensor,
que entendo não ter sido violado. Além disso o referido dispositivo responsável), que resta liberado da obrigação mensal, ou mesmo
estabelece apenas o parâmetro legal para fixação do quantum de eventual constituição de capital ou inclusão em folha de
temporal da obrigação. Recurso de Revista que não se conhece. Isto posto, converto o pagamento da indenização por danos
(TST - RR- 9951400-19.2005.5.09.0002, 5.ª TURMA, Relatora materiais (lucros cessantes) através de pensão vitalícia, em parcela
Ministra Kátia Magalhães de Arruda, divulgado no DEJT de única, com valor a ser calculado correspondente a 25% do salário
Nestes termos, fixa-se o termo inicial do pagamento indenização por em que o autor completar 74,9 anos de idade (expectativa de vida
Pugna o reclamante pelo pagamento da pensão mensal, "em dobro, A sentença recorrida condenou a reclamada "no pagamento de
nos meses de dezembro, em razão da consideração da gratificação todas as despesas médicas e tratamentos necessários decorrentes
natalina e, nos meses de outubro, quando se verificaria o da lesão apontada no laudo pericial, ou seja, lesão que corresponde
implemento do direito à percepção de férias, o acréscimo de 1/3". a Anquilose Total de um dos cotovelos, ficando condicionado o
Razão não lhe assiste. pagamento à comprovação do quantum pago (ou a ser pago) com a
A pensão mensal vitalícia possui caráter indenizatório, não havendo medicação e demais despesas médicas, desde que
que se falar no pagamento em dobro decorrente de verbas salariais. comprovadamente decorrentes da lesão supra citada."
Defende o autor/recorrente, que diante das sequelas irreversíveis tampouco comprovantes de gastos relacionados a recuperação do
impossibilitado de exercer qualquer atividade laboral, o que enseja o No tocante à condenação por danos materiais, percebe-se do
pagamento de indenização por danos materiais, a teor do disposto pedido constante da inicial que o pleito foi fundamentado no pedido
no art. 950, do Código Civil, em parcela única, de ressarcimento de despesas com remédios, consultas médicas,
Dispõe o Parágrafo único do art. Art. 950, do Código Civil: Como é sabido, a doutrina subdivide os danos materiais em danos
"Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa face do dano sofrido - e lucros cessantes - aqueles provenientes do
exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade que a vítima deixou de auferir em face do aludido dano suportado.
de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e Nesta perspectiva, percebe-se com nitidez que o dano material
lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão pleiteado pelo autor se relaciona com os danos emergentes que
correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou necessitam, para o seu deferimento, de comprovação robusta das
da depreciação que ele sofreu. despesas suportadas pela parte que o requer, para justificar seu
Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a deferimento, fato que, no presente caso, não restou demonstrado.
O obreiro não trouxe aos autos comprovantes destes pagamentos, Assim sendo, a presente situação não se caracteriza como "limbo
o que inviabiliza o reconhecimento ao direito a esta indenização a jurídico previdenciário", prevalecendo que o autor ficou afastado do
título de dano emergente. trabalho por sua própria inércia, não havendo culpa atribuível à
todos os gastos realizados com as despesas médicas decorrentes Diante do exposto, reforma-se a sentença para excluir da
da lesão sofrida pelo obreiro, em momento oportuno, entendo que condenação o pagamento dos salários do período de 10/11/2017 e
tais documentos deveriam ter sido carreados aos autos já na 03/10/2018, bem como os respectivos reflexos.
instrução processual.
pagamento de gastos realizados com despesas médicas. Pugna a recorrente pela condenação do reclamante no pagamento
LIMBO PREVIDENCIÁRIO. INEXISTÊNCIA. RECUSA DO honorários advocatícios do patrono da reclamada por ter deferido os
EMPREGADO DE RETORNO AO TRABALHO benefícios da justiça gratuita, em afronta ao artigo 791-A, da CLT.
Aduz a reclamada ser indevida a condenação no pagamento Com relação aos honorários advocatícios de sucumbência, e em
detodos os salários e vantagens não recebidos pelo mesmo entre a face da redação da Lei nº 13.467 de 13.07.2017 que incluiu na CLT
data do dia 10/11/2017 e 03/10/2018, bem como 13.º salário o art. 791-A, tem-se que:
proporcional, afirmando que o reclamante, após o término do auxílio Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão
acidentário, ter sido considerado apto para o trabalho, recusou-se a devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%
retornar apesar da oferta da reclamada de readaptação nas (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o
funções de porteiro ou fiscal de loja. valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico
Assiste-lhe razão. obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado
da capacidade laboral constatada pelo perito do INSS afasta a § 1º Os honorários são devidos também nas ações contra a
suspensão do contrato de trabalho, impondo o imediato retorno do Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida ou
O chamado limbo previdenciário se dá quando o trabalhador recebe § 2º Ao fixar os honorários, o juízo observará:
alta médica do INSS e o empregador, mediante conclusão médica I - o grau de zelo do profissional;
que atesta sua incapacidade laborativa, se recusa a reencaminhar o II - o lugar de prestação do serviço;
Assim, compete ao empregador, enquanto responsável pelo risco IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o
ofertando-lhe o exercício das funções antes executadas ou, ainda, § 3º Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários
de atividades compatíveis com as limitações adquiridas. de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os
impedido o seu retorno ao trabalho após alta médica. § 4º Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha
Ao revés, foi o empregado quem deu causa ao não retorno ao obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de
Em audiência datada de 25/06/2018 (id e91b74d) a reclamada ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente
ofereceu o retorno do obreiro ao trabalho com readaptação da poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito
função de porteiro ou fiscal de loja, tendo o reclamante rejeitado a em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que
proposta ao argumento de não possui condições físicas para deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que
Observa-se, portanto, que o empregador fez de tudo para reverter a prazo, tais obrigações do beneficiário.
situação, inclusive propondo a readaptação do obreiro em outras § 5º São devidos honorários de sucumbência na reconvenção.
Tribunal quando, examinando Arguição de Inconstitucionalidade - recursos que justificou a concessão da gratuidade processual ao
decidiu declarar incidentalmente a inconstitucionalidade da obrigação. Custas de 2% pela reclamada, calculadas sobre o novo
expressão "desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em valor da condenação que ora arbitra-se em R$40.000,00 (quarenta
13.07.2017.
Desta feita, por uma questão de disciplina judiciária, sem embargos DISPOSITIVO
exigibilidade e somente poderão ser exigidos se, nos dois anos TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2.ª REGIÃO, por
subsequentes ao trânsito em julgado da decisão, o credor unanimidade, conhecer dos recursos e, no mérito, dar parcial
demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de provimento ao recurso do reclamante para converter o pagamento
recursos que justificou a concessão da gratuidade processual ao da indenização por danos materiais (lucros cessantes) através de
obreiro, extinguindo-se, passado esse prazo, a respectiva pensão vitalícia, em parcela única, com valor a ser calculado
Sentença reformada. parâmetros: data do acidente e data em que o autor completar 74,9
Voto pelo conhecimento dos recursos e, no mérito, dar parcial reclamante no pagamento de honorários advocatícios no percentual
provimento ao recurso do reclamante para converter o pagamento de 15% e determinar que a execução dos honorários advocatícios
da indenização por danos materiais (lucros cessantes) através de de sucumbência permaneçam sob condição suspensiva de
pensão vitalícia, em parcela única, com valor a ser calculado exigibilidade e somente poderão ser exigidos se, nos dois anos
correspondente a 25% do salário mínimo, seguindo os seguintes subsequentes ao trânsito em julgado da decisão, o credor
parâmetros: data do acidente e data em que o autor completar 74,9 demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de
anos de idade (expectativa de vida do brasileiro). Dar parcial recursos que justificou a concessão da gratuidade processual ao
provimento ao recurso ordinário da reclamada para excluir da obreiro, extinguindo-se, passado esse prazo, a respectiva
condenação: o pagamento de gastos realizados com despesas obrigação. Custas de 2% pela reclamada, calculadas sobre o novo
médicas; o pagamento dos salários do período de 10/11/2017 e valor da condenação que ora arbitra-se em R$40.000,00 (quarenta
reclamante no pagamento de honorários advocatícios no percentual Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
de 15% e determinar que a execução dos honorários advocatícios Francisco José Gomes da Silva (Presidente e Relator),Cláudio
de sucumbência permaneçam sob condição suspensiva de Soares Pires e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a)
exigibilidade e somente poderão ser exigidos se, nos dois anos Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho.
FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA vez só, e do devedor (ofensor, responsável), que resta liberado da
indenização por danos materiais (pensão mensal temporária ou EMPREGADO EM RETORNAR AO TRABALHO. INEXISTÊNCIA.
vitalícia) não se confunde e nem é influenciada pela percepção ou Não há que se falar em limbo jurídico previdenciário se restar
não percepção de benefício previdenciário pelo trabalhador. Cada robustamente comprovado nos autos de que foi o empregado que
parcela tem fundamento jurídico diverso e, portanto, são se recusou a retornar ao trabalho apesar de chamado pela
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. à época ,bem como 13.º salário proporcional; b) no pagamento de
INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 791-A DA CLT. A todas as despesas médicas e tratamentos necessários decorrentes
composição Plena deste e. Regional, examinando a Arguição de da lesão apontada no laudo pericial, ou seja, lesão que corresponde
declarar a inconstitucionalidade da expressão "desde que não tenha pagamento à comprovação do quantum pago (ou a ser pago) com a
obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de medicação e demais despesas médicas, desde que
suportar a despesa", constante do § 4º do art. 791-A da CLT, com comprovadamente decorrentes da lesão supra citada. Para fins de
redação da Lei nº 13.467 de 13/07/2017. Desta feita, em respeito à elaboração do cálculo de liquidação, no momento oportuno, deverá
opinião majoritária dos integrantes do Tribunal Pleno do TRT da 7ª o reclamante comprovar aos autos todos os gastos realizados com
Região, merece provimento parcial o recurso da reclamada, as despesas médicas decorrentes da lesão sofrida.
sucumbenciais no percentual de 15% e determinar que os O reclamante, em razões de recurso ordinário de id 28d8813, pugna
honorários advocatícios de sucumbência permaneçam sob condição pelo reconhecimento da rescisão indireta do contrato de trabalho
suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executados se, decorrente de descumprimentos de obrigações do contrato, nos
nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão, o termos da alínea "d", do art. 483 da CLT, alternativamente, requer
credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência aplicação da dispensa sem justa causa, na data de 31/05/2019,
de recursos que justificou a concessão da gratuidade processual ao momento em que encerrou os trabalhos para a empresa em face da
obreiro, extinguindo-se, passado esse prazo, a respectiva reintegração frustrada, e a consequente condenação da empresa
Recursos ordinários conhecidos e parcialmente providos Prévio indenizado de 36 dias no valor de R$ 1.197,60; 13º salário
da SDI-1, do TST3).
A sentença prolatada pela MM.ª 1.ª Vara do Trabalho de Maracanaú Pugna pelo pagamento de pensão mensal vitalícia, em favor da
(id 0d3788a) julgando parcialmente procedentes os pedidos parte reclamante, desde a data do acidente (30.11.2016) até a data
trabalhista promovida contra COMERCIAL DE MIUDEZAS Requer, ainda, pagamento da pensão mensal em dobro, nos meses
FREITAS LTDA, condenou a reclamada no pagamento de: a) de dezembro, em razão da consideração da gratificação natalina e,
indenização por danos morais, no valor de R$ 19.960,00 (dezenove nos meses de outubro, quando se verificaria o implemento do direito
mil, novecentos e sessenta reais);b) pagar ao reclamante, caso seja à percepção de férias, o acréscimo de 1/3; pagamento de
comprovado nos autos que o mesmo está desempregado, indenização de uma só vez, conforme disposição do parágrafo
indenização por danos materiais correspondente a 1/4 do salário único do art. 950 do CCB, ou, subsidiariamente, que seja
mínimo mensal, até 20/02/2034; c) honorários advocatícios determinada que a parte reclamada constitua um capital cuja renda
sucumbenciais ao advogado do autor, no percentual de 15%; c) assegure o adimplemento da pensão mensal deferida à parte
honorários periciais no valor de R$ 3.250,0, em favor do expert reclamante, nos termos do art. 533 do CPC.
Leonardo Oliveira da Costa, bem como a devolver a União Federal Ao final pugna pela majoração do valor da indenização por danos
o valor de R$ 350,00. morais para o montante equivalente a trinta e cinco vezes o último
Complementada pela sentença que julgou parcialmente salário do reclamante (R$ 998,00), nos termos do tabelamento da
procedentes os embargos de declaração interpostos pelo CLT, em razão da natureza gravíssima do dano.
reclamante (id be57383), a reclamada foi condenada: a) pagar ao A reclamada, em razões de recurso ordinário (id c0a585e) pugna
reclamante todos os salários e vantagens não recebidos pelo pela exclusão da condenação em indenização por danos morais e
mesmo entre a data do dia 10/11/2017 e 03/10/2018, devendo para materiais, alegando inexistência de danos, aduzindo "que o acidente
fins de cálculo ser considerado o valor de um salário mínimo vigente ocorreu por culpa exclusiva do trabalhador, inclusive conforme por
Insurge-se, ainda, contra o pagamento dos meses de afastamento da própria personalidade do ofendido. Desta forma, além da prova
do recorrido, alegando não há que se falar em limbo previdenciário, inequívoca do prejuízo real sofrido, faz-se imprescindível a
posto que o reclamante foi considerado apto a retornar ao labor e demonstração da ilicitude do comportamento do ofensor, cujo ânimo
"contudo, ao seu bel prazer, recusou-se a retornar ao trabalho de lesionar o patrimônio moral do ofendido deve restar devidamente
Ao final requer a condenação do reclamante em honorários A responsabilidade civil do empregador em caso de acidente de
sucumbenciais. trabalho é regulada pelo art. 7º, XXVIII da CF/88 c/c arts. 186 e 927
Contrarrazões pelo reclamante (id f9679d9) e pela reclamada (id do Código Civil, in verbis:
Dispensada remessa ao Ministério Público do Trabalho para outros que visem à melhoria de sua condição social:
"Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
Preenchidos os pressupostos de admissibilidade de se conhecer Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
dos recursos ordinários interpostos por ambas as partes. independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
MATÉRIA EM COMUM A AMBOS OS RECURSOS. quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano
Por se tratarem de matérias suscitadas em ambos os recursos implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem."
passa-se à analisá-los conjuntamente: Da análise dos dispositivos legais acima citados, constata-se a
ACIDENTE DE TRABALHO. INDENIZAÇÃO POR DANOS exigência de três requisitos para a configuração da
Pugna a reclamada pela exclusão da condenação em indenização trabalho, quais sejam: dano, nexo de causalidade e dolo ou culpa
vítima em relação ao acidente de trabalho ocorrido. No caso, a parte obreira foi contratada para o cargo de repositor de
Afirma o reclamante que exercia a função de repositor de risco, portanto, não configura hipótese de responsabilidade objetiva
No dia 30/11/2016 foi vítima de um acidente de trabalho, nas Incontroverso que o obreiro, durante sua jornada de trabalho, sofreu
dependências da reclamada, quando fazia o manuseio de um acidente que ocasionou traumatismo craniano e a fratura
mercadorias em geral, que eram acondicionadas em caixa de exposta do cotovelo direito, na forma descrita no Laudo Médico (id
produtos em lote, com altura superior a 4 (quatro) metros, caiu em Dessa forma, comprovada a existência do fato ensejador e do dano.
queda livre e bateu com a cabeça no solo, causando-lhe O cerne da questão consiste em apurar o dolo ou culpa do
O dano moral incide sobre bens de ordem não material, quando A reclamada, ao alegar culpa exclusiva da vítima como excludente
afeta direitos relacionados à personalidade; é o dano sofrido nos da responsabilidade civil, atraiu para si o dever de comprovar tanto
sentimentos de alguém, em sua honra, em sua consideração social a culpa do empregado quanto a sua ausência de culpa, por se
ou laboral, em decorrência de ato danoso. constituírem em fatos impeditivos do direito do autor (arts. 818 da
Assim, a indenização por danos morais, para ser acolhida, CLT e 373, II, do Código de Processo Civil de 2015), ônus do qual
atinge os mais íntimos valores da pessoa, como a honra, a imagem A prova oral produzida nos autos não confirma a tese defensória.
Salienta-se que foi ouvida nos autos apenas uma testemunha consideração o binômio "necessidade da vítima e capacidade
apresentada pela reclamada, a qual sequer presenciou o malsinado econômica do agente", dado o caráter compensatório e pedagógico
Senão vejamos:
"que o depoente e o reclamante não laboravam no mesmo local, Art. 944 do CPC. A indenização mede-se pela extensão do
que o depoente laborava separando mercadorias dentro do centro Art. 946 do CPC. Se a obrigação for indeterminada, e não houver
de distribuição (CD), em todos os locais onde se fizesse necessária na lei ou no contrato disposição fixando a indenização devida pelo
a separação dentro do CD; que o reclamante laborava dentro do inadimplente, apurar-se-á o valor das perdas e danos na forma que
centro de distribuição, em todos os locais onde fosse possível a lei processual determinar.
acondicionar as mercadorias;"
"que ouviu comentários que o reclamante havia caída na reclamada; A reparação do dano extrapatrimonial, mormente aquele advindo da
que o depoente não presenciou o acidente em referência, mas relação empregatícia, deve representar uma função ressarcitória-
estava próximo (a duas ruas de distância);" preventiva, assim, o valor da indenização deve representar, ao
"que não sabe informar se o reclamante estava utilizando algum tipo mesmo tempo, uma compensação financeira à vítima e uma
de EPI; que presume que o reclamante recebesse cinto de punição ao agente capaz de desestimular a reiteração da prática
trabalhavam em altura, recebiam cinto de segurança e gaiola; que Diante destas considerações, mantenho a condenação na
ouviu comentários que o reclamante pulou de um lote (pilha de indenização por danos morais no valor de R$ 19.960,00 (dezenove
caixas de mais de um metro de altura) para outro; que acredita que mil, novecentos e sessenta reais), por entender que o mesmo foi
o reclamante não estava em gaiola;" (Primeira testemunha do fixado em patamar razoável, atendendo as funções pedagógica,
reclamado(s): FRANCISCO WASHINGTON FREIRE - id cc9bfab) reparatória e punitiva que a situação exige.
pela omissão da reclamada no sentido de adoção de todas as INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS. PENSIONAMENTO.
providências necessárias à salubridade e segurança do seu meio TERMOS INICIAL E FINAL. PAGAMENTO DE UMA SÓ VEZ.
ambiente laboral, e não por culpa do reclamante, como sustenta a Insurge-se a reclamada contra a condenação no pagamento de
A reclamada, por imprudência ou negligência, deixou de oferecer os de pensionamento mensal posto que o reclamante foi reintegrado
meios necessários e suficientes à segurança do trabalhador, uma em 04.10.2018 e que, após a publicação da sentença em
vez que não treinou ou capacitou o obreiro para atividades em 27.05.2019, que condenou a reclamada no pagamento de a pensão
altura, bem como não fiscalizava o uso dos equipamentos de de ¼ do salário mínimo por mês, afastou-se do emprego em
Ainda que se aceite a hipótese de o obreiro ter saído da gaiola e Aduz, ainda indevida a condenação no pagamento de despesas
pulado das caixas por conta própria, verifica-se a responsabilidade médicas, tendo em vista não há qualquer documentação nos autos
da reclamada, em permitir que o obreiro trabalhe utilizando desse que comprove a necessidade de custeamento, tampouco
artifício que não lhe oferecia nenhum tipo de segurança. comprovantes de gastos relacionados a recuperação do recorrido.
Portanto, evidenciada a presença do dano, do nexo de causalidade O reclamante, por sua vez, pugna pela reforma da sentença quanto
e da culpa empresarial, é de se atribuir a responsabilidade civil da ao termo inicial e final do pagamento da pensão vitalícia. Afirma que
reclamada, devendo indenizar os prejuízos morais sofridos pelo o termo inicial do pagamento da pensão mensal é a data em que o
obreiro, como forma de compensação pelos danos que lhes foram empregado tomou ciência inequívoca de sua incapacidade laboral,
causados. ou seja, no dia do acidente e o termo final deverá ser durante toda a
VALOR ATRIBUÍDO AO DANO MORAL Pugna, ainda o reclamante pelo pagamento da pensão em dobro,
Conforme preceitua o art. 944 e art. 946 do Código Civil de 2002, a nos meses de dezembro, em razão da consideração da gratificação
fixação do quantum indenizatório será feito pelo Juiz, levando-se em natalina e, nos meses de outubro, quando se verificaria o
implemento do direito à percepção de férias, o acréscimo de 1/3. que isso resulte em enriquecimento ilícito da parte, tendo em vista a
Ao final requer o pagamento da pensão de uma só vez conforme natureza jurídica diversa das parcelas. Precedentes. Recurso de
disposição do parágrafo único do art. 950 do CCB, ou, revista de que se conhece e a que se dá provimento. (...) (TST:
subsidiariamente, que seja determinada que a parte reclamada ARR 24600720115110013, 7ª Turma, Relator: Cláudio
constitua um capital cuja renda assegure o adimplemento da Mascarenhas Brandão, Julgamento 16/08/2017, Publicação DEJT
pensão mensal deferida à parte reclamante, nos termos do art. 533 25/08/2017)
A sentença de primeiro grau (id 0d3788a), complementada pela BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. CUMULAÇÃO. POSSIBILIDADE.
sentença que julgou parcialmente procedentes os embargos de NÃO PROVIMENTO. 1. O entendimento deste colendo Tribunal
declaração interpostos pela reclamante (id be57383), condenou a Superior é no sentido de ser possível a cumulação da compensação
reclamada a pagar ao reclamante, caso seja comprovado nos autos por danos materiais com eventuais benefícios previdenciários, como
que o mesmo está desempregado, indenização por danos materiais é o caso da aposentadoria por invalidez, porquanto possuem
correspondente a 1/4 do salário mínimo mensal, até 20/02/2034, naturezas jurídicas distintas e estão a cargo de titulares diversos.
data em que o autor completará 65 anos, esclarecendo que o termo Precedentes desta egrégia SBDI-1. 2. Estando, pois, o v. acórdão
final da obrigação de pagar a referida indenização decorre da idade turmário em consonância com a atual e iterativa jurisprudência
média para fins de obtenção de aposentadoria por idade (artigo 48, desta colenda Corte Superior, o processamento do recurso de
da Lei n.º 8.213/1991), bem como pagamento de todas as despesas embargos encontra óbice no artigo 894, § 2º, da CLT. 3. Agravo
médicas e tratamentos necessários decorrentes da lesão apontada regimental conhecido e não provido." (AgR-E-ED-RR - 948-
no laudo pericial, ou seja, lesão que corresponde a Anquilose Total 56.2012.5.03.0019, Relator Ministro: Guilherme Augusto Caputo
de um dos cotovelos, ficando condicionado o pagamento à Bastos, Data de Julgamento: 23/06/2016, Subseção I Especializada
comprovação do quantum pago (ou a ser pago) com a medicação e em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 01/07/2016)
demais despesas médicas, desde que comprovadamente "AGRAVO REGIMENTAL INTERPOSTO CONTRA DECISÃO
Inicialmente, é importante deixar claro que a indenização por danos SEGUIMENTO A RECURSO DE EMBARGOS. CUMULAÇÃO DA
materiais (pensão mensal temporária ou vitalícia) não se confunde PENSÃO MENSAL COM BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO.
nem é influenciada pela percepção ou não percepção de benefício POSSIBILIDADE. A pensão mensal possui caráter indenizatório
previdenciário pelo trabalhador. Cada parcela tem fundamento resultante da invalidez decorrente de acidente de trabalho, não se
jurídico diverso e, portanto, são autônomas, conforme a iterativa, confundindo com o pagamento de benefício previdenciário, o qual
atual e notória jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho: não serve de parâmetro para a exclusão ou redução dos valores
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA DO reconhecidos a título de indenização a cargo do empregador. Nos
AUTOR EM FACE DE DECISÃO PUBLICADA ANTES DA termos do art. 121 da Lei 8.213/91, ademais, o pagamento, pela
VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. LUCROS CESSANTES. Previdência Social, das prestações por acidente de trabalho não
CUMULAÇÃO COM BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. exclui a responsabilidade civil da empresa ou de outrem. Tal
POSSIBILIDADE. Agravo de instrumento a que se dá provimento proposição é reiterada no Decreto 611/92 do Regulamento dos
para determinar o processamento do recurso de revista, em face de Benefícios da Previdência Social, bem como na Súmula 229 do
haver sido demonstrada possível violação do artigo 121 da Lei nº Supremo Tribunal Federal. Assim, a obrigação de indenizar o dano
8.213/91. RECURSO DE REVISTA DO AUTOR EM FACE DE material decorrente de acidente de trabalho independe dos
DECISÃO PUBLICADA ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI Nº rendimentos pagos pela Previdência Social, pois advém da
13.015/2014. LUCROS CESSANTES. CUMULAÇÃO COM O responsabilidade civil. Indevida, nessas circunstâncias, qualquer
BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. POSSIBILIDADE. A iterativa e dedução ou compensação entre parcelas de natureza jurídica de
notória jurisprudência desta Corte Superior se firmou no sentido de origem diversa. Esta é a atual e iterativa jurisprudência da SBDI-1,
que ser plenamente possível a cumulação da indenização dos com a qual se encontra em perfeita harmonia o acórdão
lucros cessantes decorrentes de acidente do trabalho (doença embargado, sendo inviável, dessa forma, o conhecimento do
ocupacional), com o auxílio-doença previdenciário, acidentário ou recurso de embargos, nos exatos termos do § 2º do artigo 894 da
aposentadoria por invalidez, a cargo do órgão previdenciário, sem CLT. Correta, pois, a decisão agravada. Agravo regimental não
provido. (...)" (AgR-E-RR - 282600-39.2009.5.09.0023, Relator Ademais, conforme laudo pericial (id c1a1b3e), o reclamante ficou
Ministro: Augusto César Leite de Carvalho, Data de Julgamento: com incapacidade laboral parcial e definitiva com redução da
10/03/2016, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, capacidade em 25% (vinte e cinco por cento).
Data de Publicação: DEJT 18/03/2016) Segundo o disposto no art. 950 do Código Civil, repisa-se, a
Desse modo, o fato de a parte reclamante ter ou não ter percebido indenização a título de dano material ou patrimonial decorrente de
benefício previdenciário em nada influenciará no arbitramento de acidente de trabalho além de abarcar o dano emergente e o lucro
Cumpre, ainda, ressaltar que os danos materiais podem trabalho para o qual se inabilitou ou à depreciação que sofreu.
compreender tanto os danos emergentes (aquilo que a vítima O lucro cessante, como sabido, diz respeito aos valores que o
efetivamente perdeu em decorrência do evento danoso), como empregado concretamente deixa de obter até o fim da
lucros cessantes (resultantes do que efetivamente a vítima deixou convalescença, tornando-se imprescindível a comprovação do que
de ganhar). efetivamente deixou de auferir, o que não restou posto nos autos.
Segundo Sebastião Geraldo de Oliveira, em seu livro Indenizações O pensionamento vitalício, por sua vez, somente é devido se, após
por Acidente do Trabalho ou Doença Ocupacional, 8.ª edição, LTr, a convalescença, restarem efetivamente provadas as sequelas que
2014, páginas 244 e 245, define dano emergente e lucro cessante reduzam ou cessem a capacidade laborativa do empregado de
"O dano emergente é aquele prejuízo imediato e mensurável que No caso, observa-se que, para as atividades laborais em geral,
surge em razão do acidente do trabalho, causando uma diminuição houve uma redução da capacidade laboral do obreiro em 25 %
Outrossim, o art. 950, do Código Civil menciona as despesas de Como se vê, o autor ficou impossibilitado de exercer a função que
tratamento até o fim da convalescença, mas assegura que também ocupava anteriormente ao acometimento da moléstia profissional
são indenizáveis outras reparações ou prejuízos que o ofendido (repositor de mercadorias), o que, segundo Sebastião Geraldo de
prove haver sofrido e lucros cessantes, nestes termos: Oliveira: "A incapacidade para o trabalho deve ser aferida tendo
Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não como referência a profissão da vítima, a teor do art. 950 do Código
possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a Civil, não podendo ser analisada em relação ao exercício de outras
capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do atividades profissionais, salvo em casos excepcionais" (OLIVEIRA,
tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente do trabalho ou
pensão correspondente à importância do trabalho para que se doença ocupacional. 2. Ed. São Paulo: LTr, 2006. P. 266).
inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu. Ainda sobre o tema, segundo lição de José Affonso Dallegrave
Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a Neto: "O legislador considerou o " próprio ofício" ou a " profissão
indenização seja arbitrada e paga de uma só vez. praticada" pelo acidentado como critério para aferir o grau de
Além das perdas efetivas dos danos emergentes, a vítima pode incapacidade e, por conseguinte, fixar o valor da pensão. Assim,
também ficar privada dos ganhos futuros, ainda que pouco importa o fato da vítima vir a exercer outra atividade afim ou
temporariamente. Para que a reparação do prejuízo seja completa, compatível com sua depreciação". (DALLEGRAVE NETO. José
o art. 402 do Código Civil determina o cômputo dos lucros Affonso. Responsabilidade Civil no Direito do Trabalho. 5ª, ed. São
cessantes, considerando-se como tais aquelas parcelas cujo Paulo:LTr, 2015. P.).
recebimento, dentro da razoabilidade, seria correto esperar. Portanto, uma vez provada a incapacidade permanente parcial e
Assim, a teor do art. 402, do Código Civil, os lucros cessantes definitiva do obreiro, prospera o pagamento de pensão vitalícia
representam o que a vítima deixará de ganhar no futuro após o decorrente de acidente de trabalho.
"Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE
perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele RESCISÃO INDIRETA.
efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar". Pugna o reclamante pelo reconhecimento da rescisão indireta como
No caso, conforme expresso no item que analisou os danos morais, forma de resilição do contrato laboral, ante o descumprimento das
restou provado o dano sofrido pelo reclamante, o nexo causal e a normas de segurança do trabalho.
O reclamante foi reintegrado aos quadros da reclamada em Ministra Kátia Magalhães de Arruda, divulgado no DEJT de
Isto posto, de se reconhecer verificada a perda superveniente de Nestes termos, fixa-se o termo inicial do pagamento indenização por
objeto do pedido de reconhecimento da rescisão indireta, diante da danos materiais na forma de pensionamento para o dia em que
PENSIONAMENTO. TERMO INICIAL E FINAL. PAGAMENTO DE viver, sem qualquer limitação temporal.
UMA SÓ VEZ.
pugnando pela fixação do termo inicial do pensionamento à data do Pugna o reclamante pelo pagamento da pensão mensal, "em dobro,
acidente de trabalho (30.11.2016) e o termo final durante toda a nos meses de dezembro, em razão da consideração da gratificação
Pugna, ainda, pelo pagamento da pensão em dobro, nos meses de implemento do direito à percepção de férias, o acréscimo de 1/3".
dezembro, em razão da consideração da gratificação natalina e, nos Razão não lhe assiste.
meses de outubro, quando se verificaria o implemento do direito à A pensão mensal vitalícia possui caráter indenizatório, não havendo
percepção de férias, o acréscimo de 1/3. que se falar no pagamento em dobro decorrente de verbas salariais.
de 1/4 do salário mínimo por mês, caso o reclamante fique PAGAMENTO DE PENSIONAMENTO EM PARCELA ÚNICA
desempregado, até 20/02/2034, data em que o autor completará 65 Defende o autor/recorrente, que diante das sequelas irreversíveis
anos de idade, tendo por base a idade média para fins de obtenção ocasionas pelo acidente de trabalho, o obreiro encontra-se
de aposentadoria por idade. impossibilitado de exercer qualquer atividade laboral, o que enseja o
Em se tratando de acidente do trabalho, o marco inicial do pagamento de indenização por danos materiais, a teor do disposto
pagamento do pensionamento a título de dano material é a partir do no art. 950, do Código Civil, em parcela única,
evento danoso, ou seja, deve ser paga à partir da data em que À análise.
ocorreu o acidente de trabalho, de acordo com o art. 950 do Código Dispõe o Parágrafo único do art. Art. 950, do Código Civil:
Civil (30.11.2016).
Da leitura do referido art. 950, do Código Civil, extrai-se a conclusão "Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa
de que a pensão vitalícia deverá ser paga até o momento em que exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade
cesse a causa que impossibilitou o empregado para o trabalho. de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e
No caso, o autor ficou parcial e permanentemente incapacitado para lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão
o trabalho, devendo, portanto receber pensão vitalícia, ou seja, correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou
enquanto viver, sem qualquer limitação temporal. da depreciação que ele sofreu.
Não se pode acolher, como termo final para o pagamento da Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a
pensão vitalícia a data da em que o empregado adquire o direito à indenização seja arbitrada e paga de uma só vez."
aposentadoria por idade, posto que as lesões por ele sofridas não
cessarão com a sua aposentadoria. A indenização paga de uma só vez, contida no parágrafo único do
Nesse sentido, cita-se o seguinte precedente: art. 950 do Código Civil, deve ser interpretada como uma "opção"
PENSÃO VITALÍCIA - TERMO FINAL. A extensão do dano foi para o prejudicado, submetida, todavia, ao critério do julgador.
analisado pelo Regional, que concluiu que as limitações decorrentes Este Juízo entende que o pagamento da indenização em parcela
do acidente de trabalho não se encerariam com a aposentadoria, única tem como intuito conciliar os interesses do credor (vítima),
aplicando corretamente as disposições do art. 944, do Código Civil, que recebe o valor de uma vez só, e do devedor (ofensor,
que entendo não ter sido violado. Além disso o referido dispositivo responsável), que resta liberado da obrigação mensal, ou mesmo
estabelece apenas o parâmetro legal para fixação do quantum de eventual constituição de capital ou inclusão em folha de
temporal da obrigação. Recurso de Revista que não se conhece. Isto posto, converto o pagamento da indenização por danos
(TST - RR- 9951400-19.2005.5.09.0002, 5.ª TURMA, Relatora materiais (lucros cessantes) através de pensão vitalícia, em parcela
única, com valor a ser calculado correspondente a 25% do salário EMPREGADO DE RETORNO AO TRABALHO
mínimo, seguindo os seguintes parâmetros: data do acidente e data Aduz a reclamada ser indevida a condenação no pagamento
em que o autor completar 74,9 anos de idade (expectativa de vida detodos os salários e vantagens não recebidos pelo mesmo entre a
todas as despesas médicas e tratamentos necessários decorrentes A cessação de benefício previdenciário em virtude de recuperação
da lesão apontada no laudo pericial, ou seja, lesão que corresponde da capacidade laboral constatada pelo perito do INSS afasta a
a Anquilose Total de um dos cotovelos, ficando condicionado o suspensão do contrato de trabalho, impondo o imediato retorno do
pagamento à comprovação do quantum pago (ou a ser pago) com a trabalhador ao emprego.
medicação e demais despesas médicas, desde que O chamado limbo previdenciário se dá quando o trabalhador recebe
comprovadamente decorrentes da lesão supra citada." alta médica do INSS e o empregador, mediante conclusão médica
Aduz a reclamada indevida a condenação no pagamento de que atesta sua incapacidade laborativa, se recusa a reencaminhar o
despesas e tratamento médico, posto que inexiste nos autos empregado de volta às suas atividades.
documentos que comprovem a necessidade de custeamento, Assim, compete ao empregador, enquanto responsável pelo risco
tampouco comprovantes de gastos relacionados a recuperação do da atividade empresarial (CLT, artigo 2º), receber o trabalhador
No tocante à condenação por danos materiais, percebe-se do de atividades compatíveis com as limitações adquiridas.
pedido constante da inicial que o pleito foi fundamentado no pedido No caso, o reclamante não comprovou que a reclamada tenha
de ressarcimento de despesas com remédios, consultas médicas, impedido o seu retorno ao trabalho após alta médica.
exames e procedimentos relacionados à doença acometida. Ao revés, foi o empregado quem deu causa ao não retorno ao
emergentes - decorrentes das despesas suportadas pela vítima em Em audiência datada de 25/06/2018 (id e91b74d) a reclamada
face do dano sofrido - e lucros cessantes - aqueles provenientes do ofereceu o retorno do obreiro ao trabalho com readaptação da
que a vítima deixou de auferir em face do aludido dano suportado. função de porteiro ou fiscal de loja, tendo o reclamante rejeitado a
Nesta perspectiva, percebe-se com nitidez que o dano material proposta ao argumento de não possui condições físicas para
pleiteado pelo autor se relaciona com os danos emergentes que exercer as funções designadas.
necessitam, para o seu deferimento, de comprovação robusta das Observa-se, portanto, que o empregador fez de tudo para reverter a
despesas suportadas pela parte que o requer, para justificar seu situação, inclusive propondo a readaptação do obreiro em outras
O obreiro não trouxe aos autos comprovantes destes pagamentos, Assim sendo, a presente situação não se caracteriza como "limbo
o que inviabiliza o reconhecimento ao direito a esta indenização a jurídico previdenciário", prevalecendo que o autor ficou afastado do
título de dano emergente. trabalho por sua própria inércia, não havendo culpa atribuível à
todos os gastos realizados com as despesas médicas decorrentes Diante do exposto, reforma-se a sentença para excluir da
da lesão sofrida pelo obreiro, em momento oportuno, entendo que condenação o pagamento dos salários do período de 10/11/2017 e
tais documentos deveriam ter sido carreados aos autos já na 03/10/2018, bem como os respectivos reflexos.
instrução processual.
pagamento de gastos realizados com despesas médicas. Pugna a recorrente pela condenação do reclamante no pagamento
LIMBO PREVIDENCIÁRIO. INEXISTÊNCIA. RECUSA DO honorários advocatícios do patrono da reclamada por ter deferido os
benefícios da justiça gratuita, em afronta ao artigo 791-A, da CLT. ao recurso da parte reclamada para condenar o reclamante no
Com relação aos honorários advocatícios de sucumbência, e em pagamento de honorários advocatícios no percentual de 15% e
face da redação da Lei nº 13.467 de 13.07.2017 que incluiu na CLT determinar que a execução dos honorários advocatícios de
Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão exigibilidade e somente poderão ser exigidos se, nos dois anos
devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% subsequentes ao trânsito em julgado da decisão, o credor
(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de
valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico recursos que justificou a concessão da gratuidade processual ao
obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado obreiro, extinguindo-se, passado esse prazo, a respectiva
da causa. obrigação.
III - a natureza e a importância da causa; Voto pelo conhecimento dos recursos e, no mérito, dar parcial
IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o provimento ao recurso do reclamante para converter o pagamento
§ 3º Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários pensão vitalícia, em parcela única, com valor a ser calculado
de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os correspondente a 25% do salário mínimo, seguindo os seguintes
§ 4º Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha anos de idade (expectativa de vida do brasileiro). Dar parcial
obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de provimento ao recurso ordinário da reclamada para excluir da
suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência condenação: o pagamento de gastos realizados com despesas
ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente médicas; o pagamento dos salários do período de 10/11/2017 e
poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito 03/10/2018, bem como os respectivos reflexos; condenar o
em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que reclamante no pagamento de honorários advocatícios no percentual
deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que de 15% e determinar que a execução dos honorários advocatícios
justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse de sucumbência permaneçam sob condição suspensiva de
prazo, tais obrigações do beneficiário. exigibilidade e somente poderão ser exigidos se, nos dois anos
§ 5º São devidos honorários de sucumbência na reconvenção. subsequentes ao trânsito em julgado da decisão, o credor
Entretanto, cumpre observar a decisão do Tribunal Pleno deste demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de
Tribunal quando, examinando Arguição de Inconstitucionalidade - recursos que justificou a concessão da gratuidade processual ao
decidiu declarar incidentalmente a inconstitucionalidade da obrigação. Custas de 2% pela reclamada, calculadas sobre o novo
expressão "desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em valor da condenação que ora arbitra-se em R$40.000,00 (quarenta
13.07.2017.
Desta feita, por uma questão de disciplina judiciária, sem embargos DISPOSITIVO
Processo Nº ROT-0000783-46.2018.5.07.0032
Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA
SILVA
RECORRENTE COMERCIAL DE MIUDEZAS
ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2.ª TURMA DO FREITAS LTDA
CELSO RICARDO ADVOGADO(OAB: 15642-A/CE)
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2.ª REGIÃO, por FREDERICO BALDAN
unanimidade, conhecer dos recursos e, no mérito, dar parcial RECORRENTE FRANCISCO HELIO DA SILVA
MICHEL ALVES DE ADVOGADO(OAB: 19805/PB)
provimento ao recurso do reclamante para converter o pagamento ANDRADE
da indenização por danos materiais (lucros cessantes) através de RECORRIDO COMERCIAL DE MIUDEZAS
FREITAS LTDA
pensão vitalícia, em parcela única, com valor a ser calculado CELSO RICARDO ADVOGADO(OAB: 15642-A/CE)
FREDERICO BALDAN
correspondente a 25% do salário mínimo, seguindo os seguintes
RECORRIDO FRANCISCO HELIO DA SILVA
parâmetros: data do acidente e data em que o autor completar 74,9 MICHEL ALVES DE ADVOGADO(OAB: 19805/PB)
ANDRADE
anos de idade (expectativa de vida do brasileiro). Dar parcial
TERCEIRO Ministério do Trabalho e Emprego
provimento ao recurso ordinário da reclamada para excluir da INTERESSADO
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. QUANTUM suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executados se,
INDENIZATÓRIO. ART. 944 E 946, DO CÓDIGO CIVIL 2002. nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão, o
Conforme preceitua o art. 944 e art. 946 do Código Civil de 2002, a credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência
fixação do quantum indenizatório será feito pelo Juiz, levando-se em de recursos que justificou a concessão da gratuidade processual ao
consideração o binômio "necessidade da vítima e capacidade obreiro, extinguindo-se, passado esse prazo, a respectiva
que deve revestir tal condenação. Diante destas considerações, Recursos ordinários conhecidos e parcialmente providos
NÃO CARACTERIZAÇÃO. Deve o empregador fiscalizar a correta A sentença prolatada pela MM.ª 1.ª Vara do Trabalho de Maracanaú
execução das atividades laborais, manter o ambiente de trabalho (id 0d3788a) julgando parcialmente procedentes os pedidos
em condições de higiene e segurança adequadas, além de zelar formulados por FRANCISCO HELIO DA SILVA na reclamação
pelo fornecimento e utilização dos equipamentos de proteção e pela trabalhista promovida contra COMERCIAL DE MIUDEZAS
obediência às normas de segurança no trabalho, o que não foi FREITAS LTDA, condenou a reclamada no pagamento de: a)
demonstrado nos autos, razão pela qual deve responder pelos indenização por danos morais, no valor de R$ 19.960,00 (dezenove
danos causados. mil, novecentos e sessenta reais);b) pagar ao reclamante, caso seja
INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS. PAGAMENTO DE comprovado nos autos que o mesmo está desempregado,
DESPESAS MÉDICAS. O reclamante não juntou aos autos indenização por danos materiais correspondente a 1/4 do salário
comprovantes de despesas médicas, remédios, fisioterapia, exames mínimo mensal, até 20/02/2034; c) honorários advocatícios
e congêneres, ônus que lhe competia provar e que não se sucumbenciais ao advogado do autor, no percentual de 15%; c)
Sentença reformada no tópico. Leonardo Oliveira da Costa, bem como a devolver a União Federal
EMPREGADO EM RETORNAR AO TRABALHO. INEXISTÊNCIA. Complementada pela sentença que julgou parcialmente
Não há que se falar em limbo jurídico previdenciário se restar procedentes os embargos de declaração interpostos pelo
robustamente comprovado nos autos de que foi o empregado que reclamante (id be57383), a reclamada foi condenada: a) pagar ao
se recusou a retornar ao trabalho apesar de chamado pela reclamante todos os salários e vantagens não recebidos pelo
Sentença reformada no tópico. fins de cálculo ser considerado o valor de um salário mínimo vigente
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. à época ,bem como 13.º salário proporcional; b) no pagamento de
INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 791-A DA CLT. A todas as despesas médicas e tratamentos necessários decorrentes
composição Plena deste e. Regional, examinando a Arguição de da lesão apontada no laudo pericial, ou seja, lesão que corresponde
declarar a inconstitucionalidade da expressão "desde que não tenha pagamento à comprovação do quantum pago (ou a ser pago) com a
obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de medicação e demais despesas médicas, desde que
suportar a despesa", constante do § 4º do art. 791-A da CLT, com comprovadamente decorrentes da lesão supra citada. Para fins de
redação da Lei nº 13.467 de 13/07/2017. Desta feita, em respeito à elaboração do cálculo de liquidação, no momento oportuno, deverá
opinião majoritária dos integrantes do Tribunal Pleno do TRT da 7ª o reclamante comprovar aos autos todos os gastos realizados com
Região, merece provimento parcial o recurso da reclamada, as despesas médicas decorrentes da lesão sofrida.
sucumbenciais no percentual de 15% e determinar que os O reclamante, em razões de recurso ordinário de id 28d8813, pugna
honorários advocatícios de sucumbência permaneçam sob condição pelo reconhecimento da rescisão indireta do contrato de trabalho
Prévio indenizado de 36 dias no valor de R$ 1.197,60; 13º salário Preenchidos os pressupostos de admissibilidade de se conhecer
proporcional no valor de R$ 415,83; e férias proporcionais dos recursos ordinários interpostos por ambas as partes.
acrescidas de 1/3 no valor de R$ 776,22. Requer, ainda, MATÉRIA EM COMUM A AMBOS OS RECURSOS.
autorização judicial para levantamento do FGTS e anotação da data Por se tratarem de matérias suscitadas em ambos os recursos
indenizado (artigo 29, § 2º, da CLT e Orientação Jurisprudencial 82, ACIDENTE DE TRABALHO. INDENIZAÇÃO POR DANOS
Pugna pelo pagamento de pensão mensal vitalícia, em favor da Pugna a reclamada pela exclusão da condenação em indenização
parte reclamante, desde a data do acidente (30.11.2016) até a data por danos morais e materiais repisando a tese de culpa exclusiva da
de dezembro, em razão da consideração da gratificação natalina e, Afirma o reclamante que exercia a função de repositor de
nos meses de outubro, quando se verificaria o implemento do direito mercadorias na reclamada, em 03/10/2016.
à percepção de férias, o acréscimo de 1/3; pagamento de No dia 30/11/2016 foi vítima de um acidente de trabalho, nas
indenização de uma só vez, conforme disposição do parágrafo dependências da reclamada, quando fazia o manuseio de
único do art. 950 do CCB, ou, subsidiariamente, que seja mercadorias em geral, que eram acondicionadas em caixa de
determinada que a parte reclamada constitua um capital cuja renda papelão ou em sacos plásticos, e realizava o empilhamento dos
assegure o adimplemento da pensão mensal deferida à parte produtos em lote, com altura superior a 4 (quatro) metros, caiu em
reclamante, nos termos do art. 533 do CPC. queda livre e bateu com a cabeça no solo, causando-lhe
Ao final pugna pela majoração do valor da indenização por danos traumatismo craniano e fratura exposta no braço direito
morais para o montante equivalente a trinta e cinco vezes o último O dano moral incide sobre bens de ordem não material, quando
salário do reclamante (R$ 998,00), nos termos do tabelamento da afeta direitos relacionados à personalidade; é o dano sofrido nos
CLT, em razão da natureza gravíssima do dano. sentimentos de alguém, em sua honra, em sua consideração social
A reclamada, em razões de recurso ordinário (id c0a585e) pugna ou laboral, em decorrência de ato danoso.
pela exclusão da condenação em indenização por danos morais e Assim, a indenização por danos morais, para ser acolhida,
materiais, alegando inexistência de danos, aduzindo "que o acidente pressupõe, necessariamente, a violação de bens imateriais, que
ocorreu por culpa exclusiva do trabalhador, inclusive conforme por atinge os mais íntimos valores da pessoa, como a honra, a imagem
Insurge-se, ainda, contra o pagamento dos meses de afastamento da própria personalidade do ofendido. Desta forma, além da prova
do recorrido, alegando não há que se falar em limbo previdenciário, inequívoca do prejuízo real sofrido, faz-se imprescindível a
posto que o reclamante foi considerado apto a retornar ao labor e demonstração da ilicitude do comportamento do ofensor, cujo ânimo
"contudo, ao seu bel prazer, recusou-se a retornar ao trabalho de lesionar o patrimônio moral do ofendido deve restar devidamente
Ao final requer a condenação do reclamante em honorários A responsabilidade civil do empregador em caso de acidente de
sucumbenciais. trabalho é regulada pelo art. 7º, XXVIII da CF/88 c/c arts. 186 e 927
Contrarrazões pelo reclamante (id f9679d9) e pela reclamada (id do Código Civil, in verbis:
Dispensada remessa ao Ministério Público do Trabalho para outros que visem à melhoria de sua condição social:
quando incorrer em dolo ou culpa;" que o depoente não presenciou o acidente em referência, mas
"Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência estava próximo (a duas ruas de distância);"
ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que "que não sabe informar se o reclamante estava utilizando algum tipo
exclusivamente moral, comete ato ilícito." de EPI; que presume que o reclamante recebesse cinto de
"Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a proteção, eis que, todos os empregados da reclamada que
outrem, fica obrigado a repará-lo. trabalhavam em altura, recebiam cinto de segurança e gaiola; que
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, ouviu comentários que o reclamante pulou de um lote (pilha de
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou caixas de mais de um metro de altura) para outro; que acredita que
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano o reclamante não estava em gaiola;" (Primeira testemunha do
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem." reclamado(s): FRANCISCO WASHINGTON FREIRE - id cc9bfab)
Da análise dos dispositivos legais acima citados, constata-se a Em verdade, restou provado que o referido acidente fora provocado
exigência de três requisitos para a configuração da pela omissão da reclamada no sentido de adoção de todas as
responsabilidade civil do empregador nos casos de acidente de providências necessárias à salubridade e segurança do seu meio
trabalho, quais sejam: dano, nexo de causalidade e dolo ou culpa ambiente laboral, e não por culpa do reclamante, como sustenta a
do empregador. reclamada.
No caso, a parte obreira foi contratada para o cargo de repositor de A reclamada, por imprudência ou negligência, deixou de oferecer os
mercadorias, cargo o qual não se caracteriza como atividade de meios necessários e suficientes à segurança do trabalhador, uma
risco, portanto, não configura hipótese de responsabilidade objetiva vez que não treinou ou capacitou o obreiro para atividades em
Incontroverso que o obreiro, durante sua jornada de trabalho, sofreu proteção, mormente cinto de segurança e o uso da "gaiola".
um acidente que ocasionou traumatismo craniano e a fratura Ainda que se aceite a hipótese de o obreiro ter saído da gaiola e
exposta do cotovelo direito, na forma descrita no Laudo Médico (id pulado das caixas por conta própria, verifica-se a responsabilidade
Dessa forma, comprovada a existência do fato ensejador e do dano. artifício que não lhe oferecia nenhum tipo de segurança.
O cerne da questão consiste em apurar o dolo ou culpa do Portanto, evidenciada a presença do dano, do nexo de causalidade
A reclamada, ao alegar culpa exclusiva da vítima como excludente reclamada, devendo indenizar os prejuízos morais sofridos pelo
da responsabilidade civil, atraiu para si o dever de comprovar tanto obreiro, como forma de compensação pelos danos que lhes foram
CLT e 373, II, do Código de Processo Civil de 2015), ônus do qual VALOR ATRIBUÍDO AO DANO MORAL
não se desincumbiu a contento. Conforme preceitua o art. 944 e art. 946 do Código Civil de 2002, a
A prova oral produzida nos autos não confirma a tese defensória. fixação do quantum indenizatório será feito pelo Juiz, levando-se em
Salienta-se que foi ouvida nos autos apenas uma testemunha consideração o binômio "necessidade da vítima e capacidade
apresentada pela reclamada, a qual sequer presenciou o malsinado econômica do agente", dado o caráter compensatório e pedagógico
Senão vejamos:
"que o depoente e o reclamante não laboravam no mesmo local, Art. 944 do CPC. A indenização mede-se pela extensão do
que o depoente laborava separando mercadorias dentro do centro Art. 946 do CPC. Se a obrigação for indeterminada, e não houver
de distribuição (CD), em todos os locais onde se fizesse necessária na lei ou no contrato disposição fixando a indenização devida pelo
a separação dentro do CD; que o reclamante laborava dentro do inadimplente, apurar-se-á o valor das perdas e danos na forma que
centro de distribuição, em todos os locais onde fosse possível a lei processual determinar.
acondicionar as mercadorias;"
"que ouviu comentários que o reclamante havia caída na reclamada; A reparação do dano extrapatrimonial, mormente aquele advindo da
relação empregatícia, deve representar uma função ressarcitória- correspondente a 1/4 do salário mínimo mensal, até 20/02/2034,
preventiva, assim, o valor da indenização deve representar, ao data em que o autor completará 65 anos, esclarecendo que o termo
mesmo tempo, uma compensação financeira à vítima e uma final da obrigação de pagar a referida indenização decorre da idade
punição ao agente capaz de desestimular a reiteração da prática média para fins de obtenção de aposentadoria por idade (artigo 48,
Diante destas considerações, mantenho a condenação na médicas e tratamentos necessários decorrentes da lesão apontada
indenização por danos morais no valor de R$ 19.960,00 (dezenove no laudo pericial, ou seja, lesão que corresponde a Anquilose Total
mil, novecentos e sessenta reais), por entender que o mesmo foi de um dos cotovelos, ficando condicionado o pagamento à
fixado em patamar razoável, atendendo as funções pedagógica, comprovação do quantum pago (ou a ser pago) com a medicação e
reparatória e punitiva que a situação exige. demais despesas médicas, desde que comprovadamente
INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS. PENSIONAMENTO. Inicialmente, é importante deixar claro que a indenização por danos
TERMOS INICIAL E FINAL. PAGAMENTO DE UMA SÓ VEZ. materiais (pensão mensal temporária ou vitalícia) não se confunde
Insurge-se a reclamada contra a condenação no pagamento de nem é influenciada pela percepção ou não percepção de benefício
indenização por danos materiais afirma desnecessário o pagamento previdenciário pelo trabalhador. Cada parcela tem fundamento
de pensionamento mensal posto que o reclamante foi reintegrado jurídico diverso e, portanto, são autônomas, conforme a iterativa,
em 04.10.2018 e que, após a publicação da sentença em atual e notória jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho:
27.05.2019, que condenou a reclamada no pagamento de a pensão AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA DO
de ¼ do salário mínimo por mês, afastou-se do emprego em AUTOR EM FACE DE DECISÃO PUBLICADA ANTES DA
Aduz, ainda indevida a condenação no pagamento de despesas CUMULAÇÃO COM BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO.
médicas, tendo em vista não há qualquer documentação nos autos POSSIBILIDADE. Agravo de instrumento a que se dá provimento
que comprove a necessidade de custeamento, tampouco para determinar o processamento do recurso de revista, em face de
comprovantes de gastos relacionados a recuperação do recorrido. haver sido demonstrada possível violação do artigo 121 da Lei nº
O reclamante, por sua vez, pugna pela reforma da sentença quanto 8.213/91. RECURSO DE REVISTA DO AUTOR EM FACE DE
ao termo inicial e final do pagamento da pensão vitalícia. Afirma que DECISÃO PUBLICADA ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI Nº
o termo inicial do pagamento da pensão mensal é a data em que o 13.015/2014. LUCROS CESSANTES. CUMULAÇÃO COM O
empregado tomou ciência inequívoca de sua incapacidade laboral, BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. POSSIBILIDADE. A iterativa e
ou seja, no dia do acidente e o termo final deverá ser durante toda a notória jurisprudência desta Corte Superior se firmou no sentido de
Pugna, ainda o reclamante pelo pagamento da pensão em dobro, lucros cessantes decorrentes de acidente do trabalho (doença
nos meses de dezembro, em razão da consideração da gratificação ocupacional), com o auxílio-doença previdenciário, acidentário ou
natalina e, nos meses de outubro, quando se verificaria o aposentadoria por invalidez, a cargo do órgão previdenciário, sem
implemento do direito à percepção de férias, o acréscimo de 1/3. que isso resulte em enriquecimento ilícito da parte, tendo em vista a
Ao final requer o pagamento da pensão de uma só vez conforme natureza jurídica diversa das parcelas. Precedentes. Recurso de
disposição do parágrafo único do art. 950 do CCB, ou, revista de que se conhece e a que se dá provimento. (...) (TST:
subsidiariamente, que seja determinada que a parte reclamada ARR 24600720115110013, 7ª Turma, Relator: Cláudio
constitua um capital cuja renda assegure o adimplemento da Mascarenhas Brandão, Julgamento 16/08/2017, Publicação DEJT
pensão mensal deferida à parte reclamante, nos termos do art. 533 25/08/2017)
A sentença de primeiro grau (id 0d3788a), complementada pela BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. CUMULAÇÃO. POSSIBILIDADE.
sentença que julgou parcialmente procedentes os embargos de NÃO PROVIMENTO. 1. O entendimento deste colendo Tribunal
declaração interpostos pela reclamante (id be57383), condenou a Superior é no sentido de ser possível a cumulação da compensação
reclamada a pagar ao reclamante, caso seja comprovado nos autos por danos materiais com eventuais benefícios previdenciários, como
que o mesmo está desempregado, indenização por danos materiais é o caso da aposentadoria por invalidez, porquanto possuem
naturezas jurídicas distintas e estão a cargo de titulares diversos. por Acidente do Trabalho ou Doença Ocupacional, 8.ª edição, LTr,
Precedentes desta egrégia SBDI-1. 2. Estando, pois, o v. acórdão 2014, páginas 244 e 245, define dano emergente e lucro cessante
desta colenda Corte Superior, o processamento do recurso de "O dano emergente é aquele prejuízo imediato e mensurável que
embargos encontra óbice no artigo 894, § 2º, da CLT. 3. Agravo surge em razão do acidente do trabalho, causando uma diminuição
56.2012.5.03.0019, Relator Ministro: Guilherme Augusto Caputo Outrossim, o art. 950, do Código Civil menciona as despesas de
Bastos, Data de Julgamento: 23/06/2016, Subseção I Especializada tratamento até o fim da convalescença, mas assegura que também
em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 01/07/2016) são indenizáveis outras reparações ou prejuízos que o ofendido
"AGRAVO REGIMENTAL INTERPOSTO CONTRA DECISÃO prove haver sofrido e lucros cessantes, nestes termos:
MONOCRÁTICA DE PRESIDENTE DE TURMA QUE NEGA Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não
SEGUIMENTO A RECURSO DE EMBARGOS. CUMULAÇÃO DA possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a
PENSÃO MENSAL COM BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do
POSSIBILIDADE. A pensão mensal possui caráter indenizatório tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá
resultante da invalidez decorrente de acidente de trabalho, não se pensão correspondente à importância do trabalho para que se
confundindo com o pagamento de benefício previdenciário, o qual inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu.
não serve de parâmetro para a exclusão ou redução dos valores Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a
reconhecidos a título de indenização a cargo do empregador. Nos indenização seja arbitrada e paga de uma só vez.
termos do art. 121 da Lei 8.213/91, ademais, o pagamento, pela Além das perdas efetivas dos danos emergentes, a vítima pode
Previdência Social, das prestações por acidente de trabalho não também ficar privada dos ganhos futuros, ainda que
exclui a responsabilidade civil da empresa ou de outrem. Tal temporariamente. Para que a reparação do prejuízo seja completa,
proposição é reiterada no Decreto 611/92 do Regulamento dos o art. 402 do Código Civil determina o cômputo dos lucros
Benefícios da Previdência Social, bem como na Súmula 229 do cessantes, considerando-se como tais aquelas parcelas cujo
Supremo Tribunal Federal. Assim, a obrigação de indenizar o dano recebimento, dentro da razoabilidade, seria correto esperar.
material decorrente de acidente de trabalho independe dos Assim, a teor do art. 402, do Código Civil, os lucros cessantes
rendimentos pagos pela Previdência Social, pois advém da representam o que a vítima deixará de ganhar no futuro após o
responsabilidade civil. Indevida, nessas circunstâncias, qualquer acidente, nos seguintes termos:
dedução ou compensação entre parcelas de natureza jurídica de "Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as
origem diversa. Esta é a atual e iterativa jurisprudência da SBDI-1, perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele
com a qual se encontra em perfeita harmonia o acórdão efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar".
embargado, sendo inviável, dessa forma, o conhecimento do No caso, conforme expresso no item que analisou os danos morais,
recurso de embargos, nos exatos termos do § 2º do artigo 894 da restou provado o dano sofrido pelo reclamante, o nexo causal e a
CLT. Correta, pois, a decisão agravada. Agravo regimental não culpa subjetiva da reclamada.
provido. (...)" (AgR-E-RR - 282600-39.2009.5.09.0023, Relator Ademais, conforme laudo pericial (id c1a1b3e), o reclamante ficou
Ministro: Augusto César Leite de Carvalho, Data de Julgamento: com incapacidade laboral parcial e definitiva com redução da
10/03/2016, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, capacidade em 25% (vinte e cinco por cento).
Data de Publicação: DEJT 18/03/2016) Segundo o disposto no art. 950 do Código Civil, repisa-se, a
Desse modo, o fato de a parte reclamante ter ou não ter percebido indenização a título de dano material ou patrimonial decorrente de
benefício previdenciário em nada influenciará no arbitramento de acidente de trabalho além de abarcar o dano emergente e o lucro
Cumpre, ainda, ressaltar que os danos materiais podem trabalho para o qual se inabilitou ou à depreciação que sofreu.
compreender tanto os danos emergentes (aquilo que a vítima O lucro cessante, como sabido, diz respeito aos valores que o
efetivamente perdeu em decorrência do evento danoso), como empregado concretamente deixa de obter até o fim da
lucros cessantes (resultantes do que efetivamente a vítima deixou convalescença, tornando-se imprescindível a comprovação do que
de ganhar). efetivamente deixou de auferir, o que não restou posto nos autos.
Segundo Sebastião Geraldo de Oliveira, em seu livro Indenizações O pensionamento vitalício, por sua vez, somente é devido se, após
a convalescença, restarem efetivamente provadas as sequelas que meses de outubro, quando se verificaria o implemento do direito à
No caso, observa-se que, para as atividades laborais em geral, A sentença de primeiro grau condenou a reclamada no pagamento
houve uma redução da capacidade laboral do obreiro em 25 % de 1/4 do salário mínimo por mês, caso o reclamante fique
(vinte e cinco por cento) de forma parcial e definitiva. desempregado, até 20/02/2034, data em que o autor completará 65
Como se vê, o autor ficou impossibilitado de exercer a função que anos de idade, tendo por base a idade média para fins de obtenção
(repositor de mercadorias), o que, segundo Sebastião Geraldo de Em se tratando de acidente do trabalho, o marco inicial do
Oliveira: "A incapacidade para o trabalho deve ser aferida tendo pagamento do pensionamento a título de dano material é a partir do
como referência a profissão da vítima, a teor do art. 950 do Código evento danoso, ou seja, deve ser paga à partir da data em que
Civil, não podendo ser analisada em relação ao exercício de outras ocorreu o acidente de trabalho, de acordo com o art. 950 do Código
Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente do trabalho ou Da leitura do referido art. 950, do Código Civil, extrai-se a conclusão
doença ocupacional. 2. Ed. São Paulo: LTr, 2006. P. 266). de que a pensão vitalícia deverá ser paga até o momento em que
Ainda sobre o tema, segundo lição de José Affonso Dallegrave cesse a causa que impossibilitou o empregado para o trabalho.
Neto: "O legislador considerou o " próprio ofício" ou a " profissão No caso, o autor ficou parcial e permanentemente incapacitado para
praticada" pelo acidentado como critério para aferir o grau de o trabalho, devendo, portanto receber pensão vitalícia, ou seja,
incapacidade e, por conseguinte, fixar o valor da pensão. Assim, enquanto viver, sem qualquer limitação temporal.
pouco importa o fato da vítima vir a exercer outra atividade afim ou Não se pode acolher, como termo final para o pagamento da
compatível com sua depreciação". (DALLEGRAVE NETO. José pensão vitalícia a data da em que o empregado adquire o direito à
Affonso. Responsabilidade Civil no Direito do Trabalho. 5ª, ed. São aposentadoria por idade, posto que as lesões por ele sofridas não
Portanto, uma vez provada a incapacidade permanente parcial e Nesse sentido, cita-se o seguinte precedente:
definitiva do obreiro, prospera o pagamento de pensão vitalícia PENSÃO VITALÍCIA - TERMO FINAL. A extensão do dano foi
decorrente de acidente de trabalho. analisado pelo Regional, que concluiu que as limitações decorrentes
RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE aplicando corretamente as disposições do art. 944, do Código Civil,
RESCISÃO INDIRETA. que entendo não ter sido violado. Além disso o referido dispositivo
Pugna o reclamante pelo reconhecimento da rescisão indireta como estabelece apenas o parâmetro legal para fixação do quantum
forma de resilição do contrato laboral, ante o descumprimento das indenizatório. Em outras palavras, não se trata de limitação
normas de segurança do trabalho. temporal da obrigação. Recurso de Revista que não se conhece.
Razão não lhe assiste. (TST - RR- 9951400-19.2005.5.09.0002, 5.ª TURMA, Relatora
O reclamante foi reintegrado aos quadros da reclamada em Ministra Kátia Magalhães de Arruda, divulgado no DEJT de
Isto posto, de se reconhecer verificada a perda superveniente de Nestes termos, fixa-se o termo inicial do pagamento indenização por
objeto do pedido de reconhecimento da rescisão indireta, diante da danos materiais na forma de pensionamento para o dia em que
PENSIONAMENTO. TERMO INICIAL E FINAL. PAGAMENTO DE viver, sem qualquer limitação temporal.
UMA SÓ VEZ.
pugnando pela fixação do termo inicial do pensionamento à data do Pugna o reclamante pelo pagamento da pensão mensal, "em dobro,
acidente de trabalho (30.11.2016) e o termo final durante toda a nos meses de dezembro, em razão da consideração da gratificação
Pugna, ainda, pelo pagamento da pensão em dobro, nos meses de implemento do direito à percepção de férias, o acréscimo de 1/3".
dezembro, em razão da consideração da gratificação natalina e, nos Razão não lhe assiste.
A pensão mensal vitalícia possui caráter indenizatório, não havendo medicação e demais despesas médicas, desde que
que se falar no pagamento em dobro decorrente de verbas salariais. comprovadamente decorrentes da lesão supra citada."
Defende o autor/recorrente, que diante das sequelas irreversíveis tampouco comprovantes de gastos relacionados a recuperação do
impossibilitado de exercer qualquer atividade laboral, o que enseja o No tocante à condenação por danos materiais, percebe-se do
pagamento de indenização por danos materiais, a teor do disposto pedido constante da inicial que o pleito foi fundamentado no pedido
no art. 950, do Código Civil, em parcela única, de ressarcimento de despesas com remédios, consultas médicas,
Dispõe o Parágrafo único do art. Art. 950, do Código Civil: Como é sabido, a doutrina subdivide os danos materiais em danos
"Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa face do dano sofrido - e lucros cessantes - aqueles provenientes do
exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade que a vítima deixou de auferir em face do aludido dano suportado.
de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e Nesta perspectiva, percebe-se com nitidez que o dano material
lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão pleiteado pelo autor se relaciona com os danos emergentes que
correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou necessitam, para o seu deferimento, de comprovação robusta das
da depreciação que ele sofreu. despesas suportadas pela parte que o requer, para justificar seu
Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a deferimento, fato que, no presente caso, não restou demonstrado.
indenização seja arbitrada e paga de uma só vez." O obreiro não trouxe aos autos comprovantes destes pagamentos,
A indenização paga de uma só vez, contida no parágrafo único do título de dano emergente.
art. 950 do Código Civil, deve ser interpretada como uma "opção" Embora a sentença recorrida tenha condicionado o pagamento de
para o prejudicado, submetida, todavia, ao critério do julgador. todos os gastos realizados com as despesas médicas decorrentes
Este Juízo entende que o pagamento da indenização em parcela da lesão sofrida pelo obreiro, em momento oportuno, entendo que
única tem como intuito conciliar os interesses do credor (vítima), tais documentos deveriam ter sido carreados aos autos já na
que recebe o valor de uma vez só, e do devedor (ofensor, instrução processual.
responsável), que resta liberado da obrigação mensal, ou mesmo Isto posto, reforma-se a sentença para excluir da condenação o
de eventual constituição de capital ou inclusão em folha de pagamento de gastos realizados com despesas médicas.
materiais (lucros cessantes) através de pensão vitalícia, em parcela LIMBO PREVIDENCIÁRIO. INEXISTÊNCIA. RECUSA DO
única, com valor a ser calculado correspondente a 25% do salário EMPREGADO DE RETORNO AO TRABALHO
mínimo, seguindo os seguintes parâmetros: data do acidente e data Aduz a reclamada ser indevida a condenação no pagamento
em que o autor completar 74,9 anos de idade (expectativa de vida detodos os salários e vantagens não recebidos pelo mesmo entre a
todas as despesas médicas e tratamentos necessários decorrentes A cessação de benefício previdenciário em virtude de recuperação
da lesão apontada no laudo pericial, ou seja, lesão que corresponde da capacidade laboral constatada pelo perito do INSS afasta a
a Anquilose Total de um dos cotovelos, ficando condicionado o suspensão do contrato de trabalho, impondo o imediato retorno do
pagamento à comprovação do quantum pago (ou a ser pago) com a trabalhador ao emprego.
O chamado limbo previdenciário se dá quando o trabalhador recebe § 2º Ao fixar os honorários, o juízo observará:
alta médica do INSS e o empregador, mediante conclusão médica I - o grau de zelo do profissional;
que atesta sua incapacidade laborativa, se recusa a reencaminhar o II - o lugar de prestação do serviço;
Assim, compete ao empregador, enquanto responsável pelo risco IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o
ofertando-lhe o exercício das funções antes executadas ou, ainda, § 3º Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários
de atividades compatíveis com as limitações adquiridas. de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os
impedido o seu retorno ao trabalho após alta médica. § 4º Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha
Ao revés, foi o empregado quem deu causa ao não retorno ao obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de
Em audiência datada de 25/06/2018 (id e91b74d) a reclamada ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente
ofereceu o retorno do obreiro ao trabalho com readaptação da poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito
função de porteiro ou fiscal de loja, tendo o reclamante rejeitado a em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que
proposta ao argumento de não possui condições físicas para deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que
Observa-se, portanto, que o empregador fez de tudo para reverter a prazo, tais obrigações do beneficiário.
situação, inclusive propondo a readaptação do obreiro em outras § 5º São devidos honorários de sucumbência na reconvenção.
Assim sendo, a presente situação não se caracteriza como "limbo Tribunal quando, examinando Arguição de Inconstitucionalidade -
jurídico previdenciário", prevalecendo que o autor ficou afastado do Processo nº 0080026-04.2019.5.07.0000 - em novembro/2019 -
trabalho por sua própria inércia, não havendo culpa atribuível à decidiu declarar incidentalmente a inconstitucionalidade da
empregadora. expressão "desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em
Diante do exposto, reforma-se a sentença para excluir da outro processo, créditos capazes de suportar a despesa", constante
condenação o pagamento dos salários do período de 10/11/2017 e do § 4º do art. 791-A da CLT, com redação da Lei nº 13.467 de
Pugna a recorrente pela condenação do reclamante no pagamento não deve ser condenado nos ônus da sucumbência, outro caminho
de honorários advocatícios sucumbenciais. não vejo a não ser me curvar à opinião majoritária dos integrantes
Afirma que a sentença de primeiro grau afastou a condenação dos do Tribunal Pleno do TRT da 7ª Região e passar a adotar, com
honorários advocatícios do patrono da reclamada por ter deferido os ressalvas, o entendimento supra e, portanto, dar provimento parcial
benefícios da justiça gratuita, em afronta ao artigo 791-A, da CLT. ao recurso da parte reclamada para condenar o reclamante no
Com relação aos honorários advocatícios de sucumbência, e em pagamento de honorários advocatícios no percentual de 15% e
face da redação da Lei nº 13.467 de 13.07.2017 que incluiu na CLT determinar que a execução dos honorários advocatícios de
Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão exigibilidade e somente poderão ser exigidos se, nos dois anos
devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% subsequentes ao trânsito em julgado da decisão, o credor
(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de
valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico recursos que justificou a concessão da gratuidade processual ao
obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado obreiro, extinguindo-se, passado esse prazo, a respectiva
da causa. obrigação.
Voto pelo conhecimento dos recursos e, no mérito, dar parcial reclamante no pagamento de honorários advocatícios no percentual
provimento ao recurso do reclamante para converter o pagamento de 15% e determinar que a execução dos honorários advocatícios
da indenização por danos materiais (lucros cessantes) através de de sucumbência permaneçam sob condição suspensiva de
pensão vitalícia, em parcela única, com valor a ser calculado exigibilidade e somente poderão ser exigidos se, nos dois anos
correspondente a 25% do salário mínimo, seguindo os seguintes subsequentes ao trânsito em julgado da decisão, o credor
parâmetros: data do acidente e data em que o autor completar 74,9 demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de
anos de idade (expectativa de vida do brasileiro). Dar parcial recursos que justificou a concessão da gratuidade processual ao
provimento ao recurso ordinário da reclamada para excluir da obreiro, extinguindo-se, passado esse prazo, a respectiva
condenação: o pagamento de gastos realizados com despesas obrigação. Custas de 2% pela reclamada, calculadas sobre o novo
médicas; o pagamento dos salários do período de 10/11/2017 e valor da condenação que ora arbitra-se em R$40.000,00 (quarenta
reclamante no pagamento de honorários advocatícios no percentual Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
de 15% e determinar que a execução dos honorários advocatícios Francisco José Gomes da Silva (Presidente e Relator),Cláudio
de sucumbência permaneçam sob condição suspensiva de Soares Pires e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a)
exigibilidade e somente poderão ser exigidos se, nos dois anos Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho.
Relator
DISPOSITIVO
Diretor de Secretaria
Processo Nº ROT-0000783-46.2018.5.07.0032
Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA
SILVA
RECORRENTE COMERCIAL DE MIUDEZAS
ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2.ª TURMA DO FREITAS LTDA
CELSO RICARDO ADVOGADO(OAB: 15642-A/CE)
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2.ª REGIÃO, por FREDERICO BALDAN
unanimidade, conhecer dos recursos e, no mérito, dar parcial RECORRENTE FRANCISCO HELIO DA SILVA
MICHEL ALVES DE ADVOGADO(OAB: 19805/PB)
provimento ao recurso do reclamante para converter o pagamento ANDRADE
da indenização por danos materiais (lucros cessantes) através de RECORRIDO COMERCIAL DE MIUDEZAS
FREITAS LTDA
pensão vitalícia, em parcela única, com valor a ser calculado CELSO RICARDO ADVOGADO(OAB: 15642-A/CE)
FREDERICO BALDAN
correspondente a 25% do salário mínimo, seguindo os seguintes
RECORRIDO FRANCISCO HELIO DA SILVA
parâmetros: data do acidente e data em que o autor completar 74,9 MICHEL ALVES DE ADVOGADO(OAB: 19805/PB)
ANDRADE
anos de idade (expectativa de vida do brasileiro). Dar parcial
TERCEIRO Ministério do Trabalho e Emprego
provimento ao recurso ordinário da reclamada para excluir da INTERESSADO
- FRANCISCO HELIO DA SILVA execução das atividades laborais, manter o ambiente de trabalho
A sentença prolatada pela MM.ª 1.ª Vara do Trabalho de Maracanaú Pugna pelo pagamento de pensão mensal vitalícia, em favor da
(id 0d3788a) julgando parcialmente procedentes os pedidos parte reclamante, desde a data do acidente (30.11.2016) até a data
trabalhista promovida contra COMERCIAL DE MIUDEZAS Requer, ainda, pagamento da pensão mensal em dobro, nos meses
FREITAS LTDA, condenou a reclamada no pagamento de: a) de dezembro, em razão da consideração da gratificação natalina e,
indenização por danos morais, no valor de R$ 19.960,00 (dezenove nos meses de outubro, quando se verificaria o implemento do direito
mil, novecentos e sessenta reais);b) pagar ao reclamante, caso seja à percepção de férias, o acréscimo de 1/3; pagamento de
comprovado nos autos que o mesmo está desempregado, indenização de uma só vez, conforme disposição do parágrafo
indenização por danos materiais correspondente a 1/4 do salário único do art. 950 do CCB, ou, subsidiariamente, que seja
mínimo mensal, até 20/02/2034; c) honorários advocatícios determinada que a parte reclamada constitua um capital cuja renda
sucumbenciais ao advogado do autor, no percentual de 15%; c) assegure o adimplemento da pensão mensal deferida à parte
honorários periciais no valor de R$ 3.250,0, em favor do expert reclamante, nos termos do art. 533 do CPC.
Leonardo Oliveira da Costa, bem como a devolver a União Federal Ao final pugna pela majoração do valor da indenização por danos
o valor de R$ 350,00. morais para o montante equivalente a trinta e cinco vezes o último
Complementada pela sentença que julgou parcialmente salário do reclamante (R$ 998,00), nos termos do tabelamento da
procedentes os embargos de declaração interpostos pelo CLT, em razão da natureza gravíssima do dano.
reclamante (id be57383), a reclamada foi condenada: a) pagar ao A reclamada, em razões de recurso ordinário (id c0a585e) pugna
reclamante todos os salários e vantagens não recebidos pelo pela exclusão da condenação em indenização por danos morais e
mesmo entre a data do dia 10/11/2017 e 03/10/2018, devendo para materiais, alegando inexistência de danos, aduzindo "que o acidente
fins de cálculo ser considerado o valor de um salário mínimo vigente ocorreu por culpa exclusiva do trabalhador, inclusive conforme por
à época ,bem como 13.º salário proporcional; b) no pagamento de ele mesmo confessado".
todas as despesas médicas e tratamentos necessários decorrentes Insurge-se, ainda, contra o pagamento dos meses de afastamento
da lesão apontada no laudo pericial, ou seja, lesão que corresponde do recorrido, alegando não há que se falar em limbo previdenciário,
a Anquilose Total de um dos cotovelos, ficando condicionado o posto que o reclamante foi considerado apto a retornar ao labor e
pagamento à comprovação do quantum pago (ou a ser pago) com a "contudo, ao seu bel prazer, recusou-se a retornar ao trabalho
medicação e demais despesas médicas, desde que depois do término do auxílio acidentário".
comprovadamente decorrentes da lesão supra citada. Para fins de Ao final requer a condenação do reclamante em honorários
o reclamante comprovar aos autos todos os gastos realizados com Contrarrazões pelo reclamante (id f9679d9) e pela reclamada (id
Inconformadas recorrem ambas as partes. Dispensada remessa ao Ministério Público do Trabalho para
Prévio indenizado de 36 dias no valor de R$ 1.197,60; 13º salário Preenchidos os pressupostos de admissibilidade de se conhecer
proporcional no valor de R$ 415,83; e férias proporcionais dos recursos ordinários interpostos por ambas as partes.
acrescidas de 1/3 no valor de R$ 776,22. Requer, ainda, MATÉRIA EM COMUM A AMBOS OS RECURSOS.
autorização judicial para levantamento do FGTS e anotação da data Por se tratarem de matérias suscitadas em ambos os recursos
indenizado (artigo 29, § 2º, da CLT e Orientação Jurisprudencial 82, ACIDENTE DE TRABALHO. INDENIZAÇÃO POR DANOS
Pugna a reclamada pela exclusão da condenação em indenização trabalho, quais sejam: dano, nexo de causalidade e dolo ou culpa
vítima em relação ao acidente de trabalho ocorrido. No caso, a parte obreira foi contratada para o cargo de repositor de
Afirma o reclamante que exercia a função de repositor de risco, portanto, não configura hipótese de responsabilidade objetiva
No dia 30/11/2016 foi vítima de um acidente de trabalho, nas Incontroverso que o obreiro, durante sua jornada de trabalho, sofreu
dependências da reclamada, quando fazia o manuseio de um acidente que ocasionou traumatismo craniano e a fratura
mercadorias em geral, que eram acondicionadas em caixa de exposta do cotovelo direito, na forma descrita no Laudo Médico (id
produtos em lote, com altura superior a 4 (quatro) metros, caiu em Dessa forma, comprovada a existência do fato ensejador e do dano.
queda livre e bateu com a cabeça no solo, causando-lhe O cerne da questão consiste em apurar o dolo ou culpa do
O dano moral incide sobre bens de ordem não material, quando A reclamada, ao alegar culpa exclusiva da vítima como excludente
afeta direitos relacionados à personalidade; é o dano sofrido nos da responsabilidade civil, atraiu para si o dever de comprovar tanto
sentimentos de alguém, em sua honra, em sua consideração social a culpa do empregado quanto a sua ausência de culpa, por se
ou laboral, em decorrência de ato danoso. constituírem em fatos impeditivos do direito do autor (arts. 818 da
Assim, a indenização por danos morais, para ser acolhida, CLT e 373, II, do Código de Processo Civil de 2015), ônus do qual
atinge os mais íntimos valores da pessoa, como a honra, a imagem A prova oral produzida nos autos não confirma a tese defensória.
ou a privacidade, atributos que constituem a base de sustentação Salienta-se que foi ouvida nos autos apenas uma testemunha
da própria personalidade do ofendido. Desta forma, além da prova apresentada pela reclamada, a qual sequer presenciou o malsinado
de lesionar o patrimônio moral do ofendido deve restar devidamente "que o depoente e o reclamante não laboravam no mesmo local,
A responsabilidade civil do empregador em caso de acidente de atividades de um não eram realizadas perto das atividades do outro;
trabalho é regulada pelo art. 7º, XXVIII da CF/88 c/c arts. 186 e 927 que o depoente laborava separando mercadorias dentro do centro
do Código Civil, in verbis: de distribuição (CD), em todos os locais onde se fizesse necessária
"Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de a separação dentro do CD; que o reclamante laborava dentro do
outros que visem à melhoria de sua condição social: centro de distribuição, em todos os locais onde fosse possível
empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, "que ouviu comentários que o reclamante havia caída na reclamada;
quando incorrer em dolo ou culpa;" que o depoente não presenciou o acidente em referência, mas
"Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência estava próximo (a duas ruas de distância);"
ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que "que não sabe informar se o reclamante estava utilizando algum tipo
exclusivamente moral, comete ato ilícito." de EPI; que presume que o reclamante recebesse cinto de
"Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a proteção, eis que, todos os empregados da reclamada que
outrem, fica obrigado a repará-lo. trabalhavam em altura, recebiam cinto de segurança e gaiola; que
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, ouviu comentários que o reclamante pulou de um lote (pilha de
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou caixas de mais de um metro de altura) para outro; que acredita que
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano o reclamante não estava em gaiola;" (Primeira testemunha do
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem." reclamado(s): FRANCISCO WASHINGTON FREIRE - id cc9bfab)
Da análise dos dispositivos legais acima citados, constata-se a Em verdade, restou provado que o referido acidente fora provocado
exigência de três requisitos para a configuração da pela omissão da reclamada no sentido de adoção de todas as
responsabilidade civil do empregador nos casos de acidente de providências necessárias à salubridade e segurança do seu meio
ambiente laboral, e não por culpa do reclamante, como sustenta a Insurge-se a reclamada contra a condenação no pagamento de
A reclamada, por imprudência ou negligência, deixou de oferecer os de pensionamento mensal posto que o reclamante foi reintegrado
meios necessários e suficientes à segurança do trabalhador, uma em 04.10.2018 e que, após a publicação da sentença em
vez que não treinou ou capacitou o obreiro para atividades em 27.05.2019, que condenou a reclamada no pagamento de a pensão
altura, bem como não fiscalizava o uso dos equipamentos de de ¼ do salário mínimo por mês, afastou-se do emprego em
Ainda que se aceite a hipótese de o obreiro ter saído da gaiola e Aduz, ainda indevida a condenação no pagamento de despesas
pulado das caixas por conta própria, verifica-se a responsabilidade médicas, tendo em vista não há qualquer documentação nos autos
da reclamada, em permitir que o obreiro trabalhe utilizando desse que comprove a necessidade de custeamento, tampouco
artifício que não lhe oferecia nenhum tipo de segurança. comprovantes de gastos relacionados a recuperação do recorrido.
Portanto, evidenciada a presença do dano, do nexo de causalidade O reclamante, por sua vez, pugna pela reforma da sentença quanto
e da culpa empresarial, é de se atribuir a responsabilidade civil da ao termo inicial e final do pagamento da pensão vitalícia. Afirma que
reclamada, devendo indenizar os prejuízos morais sofridos pelo o termo inicial do pagamento da pensão mensal é a data em que o
obreiro, como forma de compensação pelos danos que lhes foram empregado tomou ciência inequívoca de sua incapacidade laboral,
causados. ou seja, no dia do acidente e o termo final deverá ser durante toda a
VALOR ATRIBUÍDO AO DANO MORAL Pugna, ainda o reclamante pelo pagamento da pensão em dobro,
Conforme preceitua o art. 944 e art. 946 do Código Civil de 2002, a nos meses de dezembro, em razão da consideração da gratificação
fixação do quantum indenizatório será feito pelo Juiz, levando-se em natalina e, nos meses de outubro, quando se verificaria o
consideração o binômio "necessidade da vítima e capacidade implemento do direito à percepção de férias, o acréscimo de 1/3.
econômica do agente", dado o caráter compensatório e pedagógico Ao final requer o pagamento da pensão de uma só vez conforme
que deve revestir tal condenação. disposição do parágrafo único do art. 950 do CCB, ou,
Art. 944 do CPC. A indenização mede-se pela extensão do constitua um capital cuja renda assegure o adimplemento da
dano.(...) pensão mensal deferida à parte reclamante, nos termos do art. 533
do CPC.
na lei ou no contrato disposição fixando a indenização devida pelo A sentença de primeiro grau (id 0d3788a), complementada pela
inadimplente, apurar-se-á o valor das perdas e danos na forma que sentença que julgou parcialmente procedentes os embargos de
a lei processual determinar. declaração interpostos pela reclamante (id be57383), condenou a
A reparação do dano extrapatrimonial, mormente aquele advindo da que o mesmo está desempregado, indenização por danos materiais
relação empregatícia, deve representar uma função ressarcitória- correspondente a 1/4 do salário mínimo mensal, até 20/02/2034,
preventiva, assim, o valor da indenização deve representar, ao data em que o autor completará 65 anos, esclarecendo que o termo
mesmo tempo, uma compensação financeira à vítima e uma final da obrigação de pagar a referida indenização decorre da idade
punição ao agente capaz de desestimular a reiteração da prática média para fins de obtenção de aposentadoria por idade (artigo 48,
Diante destas considerações, mantenho a condenação na médicas e tratamentos necessários decorrentes da lesão apontada
indenização por danos morais no valor de R$ 19.960,00 (dezenove no laudo pericial, ou seja, lesão que corresponde a Anquilose Total
mil, novecentos e sessenta reais), por entender que o mesmo foi de um dos cotovelos, ficando condicionado o pagamento à
fixado em patamar razoável, atendendo as funções pedagógica, comprovação do quantum pago (ou a ser pago) com a medicação e
reparatória e punitiva que a situação exige. demais despesas médicas, desde que comprovadamente
INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS. PENSIONAMENTO. Inicialmente, é importante deixar claro que a indenização por danos
TERMOS INICIAL E FINAL. PAGAMENTO DE UMA SÓ VEZ. materiais (pensão mensal temporária ou vitalícia) não se confunde
nem é influenciada pela percepção ou não percepção de benefício POSSIBILIDADE. A pensão mensal possui caráter indenizatório
previdenciário pelo trabalhador. Cada parcela tem fundamento resultante da invalidez decorrente de acidente de trabalho, não se
jurídico diverso e, portanto, são autônomas, conforme a iterativa, confundindo com o pagamento de benefício previdenciário, o qual
atual e notória jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho: não serve de parâmetro para a exclusão ou redução dos valores
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA DO reconhecidos a título de indenização a cargo do empregador. Nos
AUTOR EM FACE DE DECISÃO PUBLICADA ANTES DA termos do art. 121 da Lei 8.213/91, ademais, o pagamento, pela
VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. LUCROS CESSANTES. Previdência Social, das prestações por acidente de trabalho não
CUMULAÇÃO COM BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. exclui a responsabilidade civil da empresa ou de outrem. Tal
POSSIBILIDADE. Agravo de instrumento a que se dá provimento proposição é reiterada no Decreto 611/92 do Regulamento dos
para determinar o processamento do recurso de revista, em face de Benefícios da Previdência Social, bem como na Súmula 229 do
haver sido demonstrada possível violação do artigo 121 da Lei nº Supremo Tribunal Federal. Assim, a obrigação de indenizar o dano
8.213/91. RECURSO DE REVISTA DO AUTOR EM FACE DE material decorrente de acidente de trabalho independe dos
DECISÃO PUBLICADA ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI Nº rendimentos pagos pela Previdência Social, pois advém da
13.015/2014. LUCROS CESSANTES. CUMULAÇÃO COM O responsabilidade civil. Indevida, nessas circunstâncias, qualquer
BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. POSSIBILIDADE. A iterativa e dedução ou compensação entre parcelas de natureza jurídica de
notória jurisprudência desta Corte Superior se firmou no sentido de origem diversa. Esta é a atual e iterativa jurisprudência da SBDI-1,
que ser plenamente possível a cumulação da indenização dos com a qual se encontra em perfeita harmonia o acórdão
lucros cessantes decorrentes de acidente do trabalho (doença embargado, sendo inviável, dessa forma, o conhecimento do
ocupacional), com o auxílio-doença previdenciário, acidentário ou recurso de embargos, nos exatos termos do § 2º do artigo 894 da
aposentadoria por invalidez, a cargo do órgão previdenciário, sem CLT. Correta, pois, a decisão agravada. Agravo regimental não
que isso resulte em enriquecimento ilícito da parte, tendo em vista a provido. (...)" (AgR-E-RR - 282600-39.2009.5.09.0023, Relator
natureza jurídica diversa das parcelas. Precedentes. Recurso de Ministro: Augusto César Leite de Carvalho, Data de Julgamento:
revista de que se conhece e a que se dá provimento. (...) (TST: 10/03/2016, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais,
Mascarenhas Brandão, Julgamento 16/08/2017, Publicação DEJT Desse modo, o fato de a parte reclamante ter ou não ter percebido
13.015/2014. (...) COMPENSAÇÃO POR DANO MATERIAL. Cumpre, ainda, ressaltar que os danos materiais podem
BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. CUMULAÇÃO. POSSIBILIDADE. compreender tanto os danos emergentes (aquilo que a vítima
NÃO PROVIMENTO. 1. O entendimento deste colendo Tribunal efetivamente perdeu em decorrência do evento danoso), como
Superior é no sentido de ser possível a cumulação da compensação lucros cessantes (resultantes do que efetivamente a vítima deixou
é o caso da aposentadoria por invalidez, porquanto possuem Segundo Sebastião Geraldo de Oliveira, em seu livro Indenizações
naturezas jurídicas distintas e estão a cargo de titulares diversos. por Acidente do Trabalho ou Doença Ocupacional, 8.ª edição, LTr,
Precedentes desta egrégia SBDI-1. 2. Estando, pois, o v. acórdão 2014, páginas 244 e 245, define dano emergente e lucro cessante
desta colenda Corte Superior, o processamento do recurso de "O dano emergente é aquele prejuízo imediato e mensurável que
embargos encontra óbice no artigo 894, § 2º, da CLT. 3. Agravo surge em razão do acidente do trabalho, causando uma diminuição
56.2012.5.03.0019, Relator Ministro: Guilherme Augusto Caputo Outrossim, o art. 950, do Código Civil menciona as despesas de
Bastos, Data de Julgamento: 23/06/2016, Subseção I Especializada tratamento até o fim da convalescença, mas assegura que também
em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 01/07/2016) são indenizáveis outras reparações ou prejuízos que o ofendido
"AGRAVO REGIMENTAL INTERPOSTO CONTRA DECISÃO prove haver sofrido e lucros cessantes, nestes termos:
MONOCRÁTICA DE PRESIDENTE DE TURMA QUE NEGA Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não
SEGUIMENTO A RECURSO DE EMBARGOS. CUMULAÇÃO DA possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a
PENSÃO MENSAL COM BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do
tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente do trabalho ou
pensão correspondente à importância do trabalho para que se doença ocupacional. 2. Ed. São Paulo: LTr, 2006. P. 266).
inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu. Ainda sobre o tema, segundo lição de José Affonso Dallegrave
Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a Neto: "O legislador considerou o " próprio ofício" ou a " profissão
indenização seja arbitrada e paga de uma só vez. praticada" pelo acidentado como critério para aferir o grau de
Além das perdas efetivas dos danos emergentes, a vítima pode incapacidade e, por conseguinte, fixar o valor da pensão. Assim,
também ficar privada dos ganhos futuros, ainda que pouco importa o fato da vítima vir a exercer outra atividade afim ou
temporariamente. Para que a reparação do prejuízo seja completa, compatível com sua depreciação". (DALLEGRAVE NETO. José
o art. 402 do Código Civil determina o cômputo dos lucros Affonso. Responsabilidade Civil no Direito do Trabalho. 5ª, ed. São
cessantes, considerando-se como tais aquelas parcelas cujo Paulo:LTr, 2015. P.).
recebimento, dentro da razoabilidade, seria correto esperar. Portanto, uma vez provada a incapacidade permanente parcial e
Assim, a teor do art. 402, do Código Civil, os lucros cessantes definitiva do obreiro, prospera o pagamento de pensão vitalícia
representam o que a vítima deixará de ganhar no futuro após o decorrente de acidente de trabalho.
"Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE
perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele RESCISÃO INDIRETA.
efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar". Pugna o reclamante pelo reconhecimento da rescisão indireta como
No caso, conforme expresso no item que analisou os danos morais, forma de resilição do contrato laboral, ante o descumprimento das
restou provado o dano sofrido pelo reclamante, o nexo causal e a normas de segurança do trabalho.
Ademais, conforme laudo pericial (id c1a1b3e), o reclamante ficou O reclamante foi reintegrado aos quadros da reclamada em
com incapacidade laboral parcial e definitiva com redução da 04/10/2018 (id ded2bfb).
capacidade em 25% (vinte e cinco por cento). Isto posto, de se reconhecer verificada a perda superveniente de
Segundo o disposto no art. 950 do Código Civil, repisa-se, a objeto do pedido de reconhecimento da rescisão indireta, diante da
acidente de trabalho além de abarcar o dano emergente e o lucro PENSIONAMENTO. TERMO INICIAL E FINAL. PAGAMENTO DE
trabalho para o qual se inabilitou ou à depreciação que sofreu. O reclamante insurge-se contra a decisão de primeiro grau
O lucro cessante, como sabido, diz respeito aos valores que o pugnando pela fixação do termo inicial do pensionamento à data do
empregado concretamente deixa de obter até o fim da acidente de trabalho (30.11.2016) e o termo final durante toda a
efetivamente deixou de auferir, o que não restou posto nos autos. Pugna, ainda, pelo pagamento da pensão em dobro, nos meses de
O pensionamento vitalício, por sua vez, somente é devido se, após dezembro, em razão da consideração da gratificação natalina e, nos
a convalescença, restarem efetivamente provadas as sequelas que meses de outubro, quando se verificaria o implemento do direito à
No caso, observa-se que, para as atividades laborais em geral, A sentença de primeiro grau condenou a reclamada no pagamento
houve uma redução da capacidade laboral do obreiro em 25 % de 1/4 do salário mínimo por mês, caso o reclamante fique
(vinte e cinco por cento) de forma parcial e definitiva. desempregado, até 20/02/2034, data em que o autor completará 65
Como se vê, o autor ficou impossibilitado de exercer a função que anos de idade, tendo por base a idade média para fins de obtenção
(repositor de mercadorias), o que, segundo Sebastião Geraldo de Em se tratando de acidente do trabalho, o marco inicial do
Oliveira: "A incapacidade para o trabalho deve ser aferida tendo pagamento do pensionamento a título de dano material é a partir do
como referência a profissão da vítima, a teor do art. 950 do Código evento danoso, ou seja, deve ser paga à partir da data em que
Civil, não podendo ser analisada em relação ao exercício de outras ocorreu o acidente de trabalho, de acordo com o art. 950 do Código
Da leitura do referido art. 950, do Código Civil, extrai-se a conclusão "Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa
de que a pensão vitalícia deverá ser paga até o momento em que exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade
cesse a causa que impossibilitou o empregado para o trabalho. de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e
No caso, o autor ficou parcial e permanentemente incapacitado para lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão
o trabalho, devendo, portanto receber pensão vitalícia, ou seja, correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou
enquanto viver, sem qualquer limitação temporal. da depreciação que ele sofreu.
Não se pode acolher, como termo final para o pagamento da Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a
pensão vitalícia a data da em que o empregado adquire o direito à indenização seja arbitrada e paga de uma só vez."
aposentadoria por idade, posto que as lesões por ele sofridas não
cessarão com a sua aposentadoria. A indenização paga de uma só vez, contida no parágrafo único do
Nesse sentido, cita-se o seguinte precedente: art. 950 do Código Civil, deve ser interpretada como uma "opção"
PENSÃO VITALÍCIA - TERMO FINAL. A extensão do dano foi para o prejudicado, submetida, todavia, ao critério do julgador.
analisado pelo Regional, que concluiu que as limitações decorrentes Este Juízo entende que o pagamento da indenização em parcela
do acidente de trabalho não se encerariam com a aposentadoria, única tem como intuito conciliar os interesses do credor (vítima),
aplicando corretamente as disposições do art. 944, do Código Civil, que recebe o valor de uma vez só, e do devedor (ofensor,
que entendo não ter sido violado. Além disso o referido dispositivo responsável), que resta liberado da obrigação mensal, ou mesmo
estabelece apenas o parâmetro legal para fixação do quantum de eventual constituição de capital ou inclusão em folha de
temporal da obrigação. Recurso de Revista que não se conhece. Isto posto, converto o pagamento da indenização por danos
(TST - RR- 9951400-19.2005.5.09.0002, 5.ª TURMA, Relatora materiais (lucros cessantes) através de pensão vitalícia, em parcela
Ministra Kátia Magalhães de Arruda, divulgado no DEJT de única, com valor a ser calculado correspondente a 25% do salário
Nestes termos, fixa-se o termo inicial do pagamento indenização por em que o autor completar 74,9 anos de idade (expectativa de vida
Pugna o reclamante pelo pagamento da pensão mensal, "em dobro, A sentença recorrida condenou a reclamada "no pagamento de
nos meses de dezembro, em razão da consideração da gratificação todas as despesas médicas e tratamentos necessários decorrentes
natalina e, nos meses de outubro, quando se verificaria o da lesão apontada no laudo pericial, ou seja, lesão que corresponde
implemento do direito à percepção de férias, o acréscimo de 1/3". a Anquilose Total de um dos cotovelos, ficando condicionado o
Razão não lhe assiste. pagamento à comprovação do quantum pago (ou a ser pago) com a
A pensão mensal vitalícia possui caráter indenizatório, não havendo medicação e demais despesas médicas, desde que
que se falar no pagamento em dobro decorrente de verbas salariais. comprovadamente decorrentes da lesão supra citada."
Defende o autor/recorrente, que diante das sequelas irreversíveis tampouco comprovantes de gastos relacionados a recuperação do
impossibilitado de exercer qualquer atividade laboral, o que enseja o No tocante à condenação por danos materiais, percebe-se do
pagamento de indenização por danos materiais, a teor do disposto pedido constante da inicial que o pleito foi fundamentado no pedido
no art. 950, do Código Civil, em parcela única, de ressarcimento de despesas com remédios, consultas médicas,
Dispõe o Parágrafo único do art. Art. 950, do Código Civil: Como é sabido, a doutrina subdivide os danos materiais em danos
face do dano sofrido - e lucros cessantes - aqueles provenientes do ofereceu o retorno do obreiro ao trabalho com readaptação da
que a vítima deixou de auferir em face do aludido dano suportado. função de porteiro ou fiscal de loja, tendo o reclamante rejeitado a
Nesta perspectiva, percebe-se com nitidez que o dano material proposta ao argumento de não possui condições físicas para
pleiteado pelo autor se relaciona com os danos emergentes que exercer as funções designadas.
necessitam, para o seu deferimento, de comprovação robusta das Observa-se, portanto, que o empregador fez de tudo para reverter a
despesas suportadas pela parte que o requer, para justificar seu situação, inclusive propondo a readaptação do obreiro em outras
O obreiro não trouxe aos autos comprovantes destes pagamentos, Assim sendo, a presente situação não se caracteriza como "limbo
o que inviabiliza o reconhecimento ao direito a esta indenização a jurídico previdenciário", prevalecendo que o autor ficou afastado do
título de dano emergente. trabalho por sua própria inércia, não havendo culpa atribuível à
todos os gastos realizados com as despesas médicas decorrentes Diante do exposto, reforma-se a sentença para excluir da
da lesão sofrida pelo obreiro, em momento oportuno, entendo que condenação o pagamento dos salários do período de 10/11/2017 e
tais documentos deveriam ter sido carreados aos autos já na 03/10/2018, bem como os respectivos reflexos.
instrução processual.
pagamento de gastos realizados com despesas médicas. Pugna a recorrente pela condenação do reclamante no pagamento
LIMBO PREVIDENCIÁRIO. INEXISTÊNCIA. RECUSA DO honorários advocatícios do patrono da reclamada por ter deferido os
EMPREGADO DE RETORNO AO TRABALHO benefícios da justiça gratuita, em afronta ao artigo 791-A, da CLT.
Aduz a reclamada ser indevida a condenação no pagamento Com relação aos honorários advocatícios de sucumbência, e em
detodos os salários e vantagens não recebidos pelo mesmo entre a face da redação da Lei nº 13.467 de 13.07.2017 que incluiu na CLT
data do dia 10/11/2017 e 03/10/2018, bem como 13.º salário o art. 791-A, tem-se que:
proporcional, afirmando que o reclamante, após o término do auxílio Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão
acidentário, ter sido considerado apto para o trabalho, recusou-se a devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%
retornar apesar da oferta da reclamada de readaptação nas (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o
funções de porteiro ou fiscal de loja. valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico
Assiste-lhe razão. obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado
da capacidade laboral constatada pelo perito do INSS afasta a § 1º Os honorários são devidos também nas ações contra a
suspensão do contrato de trabalho, impondo o imediato retorno do Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida ou
O chamado limbo previdenciário se dá quando o trabalhador recebe § 2º Ao fixar os honorários, o juízo observará:
alta médica do INSS e o empregador, mediante conclusão médica I - o grau de zelo do profissional;
que atesta sua incapacidade laborativa, se recusa a reencaminhar o II - o lugar de prestação do serviço;
Assim, compete ao empregador, enquanto responsável pelo risco IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o
ofertando-lhe o exercício das funções antes executadas ou, ainda, § 3º Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários
de atividades compatíveis com as limitações adquiridas. de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os
impedido o seu retorno ao trabalho após alta médica. § 4º Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha
Ao revés, foi o empregado quem deu causa ao não retorno ao obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de
Em audiência datada de 25/06/2018 (id e91b74d) a reclamada ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente
poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito 03/10/2018, bem como os respectivos reflexos; condenar o
em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que reclamante no pagamento de honorários advocatícios no percentual
deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que de 15% e determinar que a execução dos honorários advocatícios
justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse de sucumbência permaneçam sob condição suspensiva de
prazo, tais obrigações do beneficiário. exigibilidade e somente poderão ser exigidos se, nos dois anos
§ 5º São devidos honorários de sucumbência na reconvenção. subsequentes ao trânsito em julgado da decisão, o credor
Entretanto, cumpre observar a decisão do Tribunal Pleno deste demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de
Tribunal quando, examinando Arguição de Inconstitucionalidade - recursos que justificou a concessão da gratuidade processual ao
decidiu declarar incidentalmente a inconstitucionalidade da obrigação. Custas de 2% pela reclamada, calculadas sobre o novo
expressão "desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em valor da condenação que ora arbitra-se em R$40.000,00 (quarenta
13.07.2017.
Desta feita, por uma questão de disciplina judiciária, sem embargos DISPOSITIVO
exigibilidade e somente poderão ser exigidos se, nos dois anos TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2.ª REGIÃO, por
subsequentes ao trânsito em julgado da decisão, o credor unanimidade, conhecer dos recursos e, no mérito, dar parcial
demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de provimento ao recurso do reclamante para converter o pagamento
recursos que justificou a concessão da gratuidade processual ao da indenização por danos materiais (lucros cessantes) através de
obreiro, extinguindo-se, passado esse prazo, a respectiva pensão vitalícia, em parcela única, com valor a ser calculado
Sentença reformada. parâmetros: data do acidente e data em que o autor completar 74,9
Voto pelo conhecimento dos recursos e, no mérito, dar parcial reclamante no pagamento de honorários advocatícios no percentual
provimento ao recurso do reclamante para converter o pagamento de 15% e determinar que a execução dos honorários advocatícios
da indenização por danos materiais (lucros cessantes) através de de sucumbência permaneçam sob condição suspensiva de
pensão vitalícia, em parcela única, com valor a ser calculado exigibilidade e somente poderão ser exigidos se, nos dois anos
correspondente a 25% do salário mínimo, seguindo os seguintes subsequentes ao trânsito em julgado da decisão, o credor
parâmetros: data do acidente e data em que o autor completar 74,9 demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de
anos de idade (expectativa de vida do brasileiro). Dar parcial recursos que justificou a concessão da gratuidade processual ao
provimento ao recurso ordinário da reclamada para excluir da obreiro, extinguindo-se, passado esse prazo, a respectiva
condenação: o pagamento de gastos realizados com despesas obrigação. Custas de 2% pela reclamada, calculadas sobre o novo
médicas; o pagamento dos salários do período de 10/11/2017 e valor da condenação que ora arbitra-se em R$40.000,00 (quarenta
Intimado(s)/Citado(s):
- ESPOLIO DE GILBERTO MARQUES DE ARAUJO
PODER JUDICIÁRIO
FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA
JUSTIÇA DO TRABALHO
Relator
EMENTA
Recursos conhecidos. Parcialmente provido o do autor e Dispensado parecer Ministerial na forma da Lei.
improvido o do reclamado.
FUNDAMENTAÇÃO
RELATÓRIO
ADMISSIBILIDADE
Trata-se de recursos ordinários interpostos pelas partes em face da Conheço dos recursos ordinários porque presentes os pressupostos
ESPOLIO DE GILBERTO MARQUES DE ARAÚJO em face de Inicialmente, decide-se pela inaplicabilidade das normas
BANCO BRADESCO S/A para condenar o(a) reclamado(a) a pagar processuais constantes da Lei 13.467/2017 ao presente feito, haja
ao reclamante a quantia líquida de R$ 96.613,34, referente a: 40,8 vista que protocolado antes do dia 11/11/2017, a fim de evitar
horas extras mensais com adicional de 50% e reflexos em RSR, prejuízo e surpresa aos litigantes.
férias com 1/3, 13º e FGTS; e b) recolher o valor de R$ 21.989,35, a Importante realçar que a nova lei, caso admitida a sua aplicação
título de contribuições previdenciárias. Defere-se a justiça gratuita aos processos ajuizados antes de sua vigência, tem manifesto
ao reclamante, Improcedem os demais pleitos. potencial de alterar não só a repercussão econômica dos pedidos,
Em suas razões recursais de ID. ce19d16 aduz o autor, em mas também assim como os efeitos patrimoniais da sentença.
apertada síntese, que o dia de sábado para os bancários é Não há dúvidas, portanto, que a imposição de novas regras aos
considerado como dia de repouso semanal remunerado e, portanto, processos em curso, constituiria novidade e risco não esperado
resta incontroverso que é devido o pagamento dos reflexos das pelas partes quando do ajuizamento da presente ação.
horas extras prestadas sobre repouso semanal remunerado, À luz dessas considerações, e no intuito de preservar a
inclusive os sábados, conforme expressa previsão nas convenções "segurança", deixo de aplicar ao caso vertente as regras
Pugna, portanto, pela reforma do julgado para que seja determinada disciplina dos prazos processuais (contados em dias úteis), o que
a inclusão dos reflexos das horas extras no sábado. de logo pode ser adotado, por ser incontroverso que dessa medida,
Requer também o autor/recorrente seja determinada a inclusão da pura e simples, não resulta qualquer prejuízo processual para
parcela Adicional por Tempo de Serviço, na base de cálculo das quaisquer das partes.
horas extras deferidas, vez que dos cálculos liquidados só constam MÉRITO
Aduz, ainda, o recorrente que a sentença de forma equivocada Em suas razões recursais aduz o autor, em apertada síntese, que o
deduziu um dia de feriado mensal em média o que alterou o dia de sábado para os bancários é considerado como dia de
quantitativo mensal de horas extras, que ao invés de 40,8 horas, o repouso semanal remunerado e, portanto, resta incontroverso que é
correto seriam 42,8 horas extras mensais. devido o pagamento dos reflexos das horas extras prestadas sobre
Por fim, requer seja incluída na condenação o pagamento dos repouso semanal remunerado, inclusive os sábados, conforme
honorários advocatícios, bem como que os valores oriundos da expressa previsão nas convenções coletivas de trabalho, pelo que
condenação sejam atualizados pelo IPCA-E a partir de 25/03/2015. pugna seja a decisão ora atacada reformada nesse tocante.
A seu turno, recorre o Banco reclamado requerendo a reforma do Sem razão o recorrente.
ora atacada, não é devido ao recorrido o pagamento da 7ª e 8ª hora A Súmula nº 113, do TST e por demais esclarecedora quanto ao
de trabalho como hora extra, tendo em vista que o autor exercia tema ora em apreço, senão vejam-se:
cargo de fidúcia, percebendo gratificação de função em face do BANCÁRIO. SÁBADO. DIA ÚTIL (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19,
desempenho de tal mister, estando, portanto, o obreiro enquadrado 20 e 21.11.2003. O sábado do bancário é dia útil não trabalhado,
na exceção prevista no § 2º, do art. 224, da CLT. não dia de repouso remunerado. Não cabe a repercussão do
Contrarrazões pelo reclamante ID f5abdda e pelo reclamado ID. pagamento de horas extras habituais em sua remuneração.
De igual sorte não há que se modificar o quantitativo de horas a parte estar assistida por sindicato da categoria profissional e
mensais definidos na sentença para inclusão dos feriados arbitrados comprovar a percepção de salário inferior ao dobro do salário
na sentença à média de um feriado por mês, por nítida falta de mínimo ou encontrar-se em situação econômica que não lhe
negou a incidência de reflexos das horas extras no sábado, bem No caso em apreço, se encontra a parte obreira assistida pelo
como indevida qualquer alteração no quantitativo de horas extras sindicato da sua categoria profissional. Portanto, se divisa o
horas extras, entende-se que a mesma é composta das parcelas Nesse contexto, procede o apelo, devendo a condenação no
fixas constantes da remuneração do obreiro. pagamento de honorários advocatícios ser incluída da sentença
Nesse sentido de se dar provimento ao apelo do autor para incluir recorrida no montante de 15% sobre o valor da condenação.
na base de cálculo do cômputo das horas extras, a parcela relativa Requer o recorrente que seja aplicada o IPCA-E para fins de
ao Adicional de Tempo de Serviço - ATS, vez que dos cálculos de correção monetária.
"gratificação de função". Quanto à matéria da correção monetária, nos autos da ADI nº 4357,
Na questão relativa aos honorários advocatícios, a sentença o Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade da
recorrida indeferiu o pedido de honorários advocatícios de 15% expressão "índice oficial de remuneração básica da caderneta de
(quinze por cento) sobre o montante total da condenação. poupança" prevista no art. 100, §12º, da CRFB, afastando, assim, a
O recorrente defende a procedência dessa verba, com base nas aplicação da Taxa Referencial - TR, o que culminou com a
Súmulas nº 219 e nº 329 do TST. inconstitucionalidade por arrastamento do art. 1º-F da Lei nº 9.494,
Assiste-lhe razão. com a redação dada pelo art. 5º da Lei nº 11.960, de 29/06/2009.
O e. TRT da 7ª Região editou a sua Súmula nº 2, alinhando-se à Em decorrência da referida decisão do STF, o Pleno do TST, ao
orientação do TST em relação aos requisitos para a concessão de apreciar a Arguição de Inconstitucionalidade nº 479-
honorários advocatícios na Justiça do Trabalho. Este relator sempre 60.2011.5.04.0231, suscitada pelo Min. Cláudio Mascarenhas
deferiu a verba honorária nas lides decorrentes da relação de Brandão, por sua vez, declarou a inconstitucionalidade por
emprego com base na mera sucumbência, sendo voto vencido arrastamento da expressão "equivalente à TRD" presente no art. 39,
quando da aprovação do mencionado verbete jurisprudencial. caput, da Lei nº 8.177/91 e acabou dando interpretação conforme a
Desta feita, por uma questão de disciplina judiciária, sem embargos Constituição ao restante da norma e definiu como índice de
da minha posição pessoal, que sempre foi a favor da nobre classe atualização monetária dos créditos trabalhistas na Justiça do
dos advogados, de cujas fileiras fui guindado ao honroso cargo de Trabalho o Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-
Desembargador do Trabalho, outro caminho não vejo a não ser me E) a partir de 30.06.2009, quando entrou em vigor a Lei nº
curvar à opinião majoritária do integrantes do Tribunal Pleno do TRT 11.960/2009, que acrescentou o art. 1º-F à Lei nº 9.494/1997, o qual
da 7ª Região e passar a adotar, com ressalvas, a orientação foi declarado inconstitucional pelo STF.
Assim, na vigência do citado verbete jurisprudencial, para que seja suspenso em face do deferimento, pelo STF, de liminar nos autos
devido o pagamento da verba honorária nas causas que versam da Reclamação nº 22.012/RS. Contudo, não mais subsiste a
acerca de relação de emprego, necessário se faz que a parte suspensão da decisão do TST conferida liminarmente pelo STF nos
reclamante esteja assistida por sindicato da categoria profissional e autos da Reclamação 22.012/RS, pois foi julgada improcedente no
comprove a sua vulnerabilidade financeira. dia 5/12/2017, prevalecendo, desse modo, o julgado do Pleno do
SÚMULA N° 2. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS, JUSTIÇA DO sendo mantida a aplicação do índice oficial de remuneração básica
TRABALHO. LIDES DECORRENTES DA RELAÇÃO DE da caderneta de poupança (TRD) para os débitos trabalhistas
EMPREGO. Na Justiça do Trabalho, a condenação ao pagamento devidos até o dia 24/3/2015, e, após, a partir do dia 25/3/2015, a
de honorários advocatícios, nunca superiores a 15% (quinze por correção deve ser realizada pelo Índice de Preços ao Consumidor
cento), não decorre pura e simplesmente da sucumbência, devendo Amplo Especial (IPCA-E).
Esse, ademais, tem sido o entendimento já adotado pela 5. À luz dessas considerações, impõe-se a adoção do IPCA-E para
jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, conforme as a atualização dos créditos trabalhistas, não apenas sob a
"RECURSOS DE REVISTA DO BANCO DO BRASIL S.A. e DA trabalhistas, mas como medida de estímulo efetivo ao cumprimento
CAIXA DE PREVIDÊNCIA DOS FUNCIONÁRIOS DO BANCO DO dos direitos sociais por parte de devedores recalcitrantes, que se
BRASIL - PREVI. REGIDOS PELA LEI 13.015/2014. FASE DE valem da Justiça do Trabalho, lamentavelmente, para postergar
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. MATÉRIA COMUM. indefinidamente suas obrigações. No caso, aplicado pelo Tribunal
CORREÇÃO MONETÁRIA DOS CRÉDITOS TRABALHISTAS. Regional o IPCA-E para a atualização dos débitos trabalhistas,
INCONSTITUCIONALIDADE DO ARTIGO 39 DA LEI 8.177/91. inviável a admissibilidade das revistas. Recursos de revista não
SUSPENSÃO DOS EFEITOS DA DECISÃO. ÍNDICE APLICÁVEL. conhecidos." (TST, Processo: RR - 70-55.2011.5.04.0661 Data de
IPCA-E. 1. Esta Colenda Corte, em julgamento plenário realizado no Julgamento: 06/12/2017, Relator Ministro: Douglas Alencar
dia 04.08.2015, examinou a Arguição de Inconstitucionalidade Rodrigues, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 15/12/2017).
suscitada pela Egrégia 7ª Turma deste Tribunal, nos autos do AIRR- "RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº
arrastamento do artigo 39 da Lei 8.177/91, elegendo como TRABALHISTA. TAXA REFERENCIAL (TR).
fundamento a "ratio decidendi" exposta pela Excelsa Corte, no INCONSTITUCIONALIDADE. PRECEDENTE DO SUPREMO
julgamento das ADIs 4.357, 4.372, 4.400 e 4.425. 2. Ainda na TRIBUNAL FEDERAL. ADOÇÃO DO ÍNDICE DE PREÇOS AO
mesma ocasião, determinou esta Colenda Corte a modulação dos CONSUMIDOR AMPLO ESPECIAL (IPCA-E). 1. Ao concluir o
efeitos da decisão, a fim de que os créditos trabalhistas alvos de julgamento do RE nº 870.947/SE (Relator: Min. LUIZ FUX), em que
execuções judicias fossem corrigidos pelo IPCA-E a contar de 30 de se discutia a aplicação de juros de mora e correção monetária nos
junho de 2009 (data posteriormente retificada para 25.3.2015, por casos de condenação impostas ao Poder Público, o Tribunal Pleno
ocasião do exame de embargos de declaração), observada, porém, do Supremo Tribunal Federal, por maioria, decidiu afastar a
a preservação das situações jurídicas consolidadas resultantes dos utilização da Taxa Referencial (TR) como índice de atualização dos
pagamentos efetuados nos pro- cessos judiciais, em andamento ou débitos judiciais da Fazenda Pública, mesmo em período anterior à
extintos, em virtude dos quais foi adimplida e extinta a obrigação, expedição de precatório, e adotar o Índice de Preços ao
ainda que parcialmente, sobretudo em decorrência da proteção ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E). 2. O Tribunal Pleno deste
ato jurídico perfeito (artigos 5º, XXXVI, da Constituição e 6º da Lei Tribunal Superior, nos autos do Proc. ArgInc 479-
de Introdução ao Direito Brasileiro - LIDB). 3. Em face da relevância 60.2011.5.04.0231, declarou a inconstitucionalidade da expressão
da matéria e de seus expressivos impactos econômicos, a "equivalentes à TRD", contida no "caput" do artigo 39 da Lei n°
Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) apresentou ao Excelso 8.177/91, e, adotando a técnica de interpretação conforme a
Supremo Tribunal Federal a Reclamação Constitucional nº 22012, Constituição Federal para o texto remanescente do dispositivo
distribuída ao Ministro Dias Toffoli, sobrevindo decisão deferitória de impugnado, fixou a variação do Índice de Preços ao Consumidor
liminar, "para suspender os efeitos da decisão reclamada e da Amplo Especial (IPCA-E) como fator de correção a ser utilizado na
"tabela única" editada pelo CSJT em atenção a ordem nela contida, tabela de atualização monetária dos débitos trabalhistas na Justiça
sem prejuízo do regular trâmite da Ação Trabalhista nº 0000479- do Trabalho. 3. Ao julgar os Embargos de Declaração interpostos
60.2011.5.04.0231, inclusive prazos recursais". 4. Nada obstante, naqueles autos, esta Corte Superior fixou novos parâmetros para a
seguindo a jurisprudência consagrada no âmbito da própria modulação dos efeitos da decisão, definindo o dia 25/3/2015 como
Suprema Corte, a Segunda Turma do STF julgou improcedente a o marco inicial para a aplicação da variação do Índice de Preços ao
Reclamação Constitucional nº 22012. Desse modo, viabilizada a Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) como fator de atualização, de
retomada dos debates voltados à adoção de critério adequado para modo que deve ser mantida a aplicação do índice oficial de
correção dos débitos trabalhistas, deve prevalecer a compreensão remuneração básica da caderneta de poupança (TRD) para os
desta Corte, no sentido de que a aplicação do Índice de Preços ao débitos trabalhistas devidos até o dia 24/3/2015, e, a partir do dia
Consumidor Amplo Especial (IPCA-E), em detrimento da Taxa 25/3/2015, a correção deve ser realizada pelo Índice de Preços ao
Referencial Diária (TRD), permite a justa e adequada atualização de Consumidor Amplo Especial (IPCA-E). Recurso de revista
débitos trabalhistas, não se cogitando de desrespeito ao julgamento conhecido e provido, no particular." (Processo nº TST-RR-351-
lavrado nas Ações Diretas de Inconstitucionalidade 4.357 e 4.425. 51.2014.5.09.0892, Relator Ministro Walmir Oliveira da Costa, Data
Assim sendo, de se dar provimento ao apelo para determinar que confiança', diz a Súmula nº 102 do TST:
na atualização monetária dos valores deferidos seja utilizado o 'Bancário. Cargo de confiança. A configuração, ou não, do exercício
índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança da função de confiança a que se refere o art. 224, § 2.º, da CLT,
(TRD) para os débitos trabalhistas devidos até o dia 24/03/2015, e, dependente da prova das reais atribuições do empregado, é
a partir do dia 25/03/2015, realizar a correção pelo Índice de Preços insuscetível de exame mediante recurso de revista ou embargos'.
ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) nos termos da As testemunhas foram uníssonas ao afirmar que o reclamante
Jurisprudência do TST retromencionada. exercia funções técnicas, entretanto sem que para tanto fosse
RECURSO DO BANCO RECLAMADO exigida maior fidúcia do empregador para o exercício de tal mister,
recebendo gratificação de função superior a 1/3 do salário de seu Primeira testemunha do reclamante: FRANCISCA MARIA
cargo efetivo, estando enquadrado nas disposições contidas no art. LINHARES, identidade nº 98010153528, viúvo(a), nascido em
Art. 224. A duração normal do trabalho dos empregados em bancos, SOARES BULCÃO, 350, AP 902, A, FORTALEZA. Advertida e
casas bancárias e Caixa Econômica Federal será de 6 (seis) horas compromissada. Depoimento: "que se aposentou em agosto de
contínuas nos dias úteis, com exceção dos sábados, perfazendo um 2017, quando já trabalhava há mais de 10 anos na Agencia
total de 30 (trinta) horas de trabalho por semana. Bezerra de Menezes, junto com o de cujus; que era gerente de
§ 2º As disposições deste artigo não se aplicam aos que exercem contas e o de cujus caixa; que além dos serviços típico de
funções de direção, gerência, fiscalização, chefia e equivalentes, ou caixa, o de cujus tinha atribuições relativas a compensação de
que desempenhem outros cargos de confiança, desde que o valor cheques; que os caixas de 8 horas não tinham qualquer poder
da gratificação não seja inferior a 1/3 (um terço) do salário do cargo sobre os outros caixas, tampouco sobre quaisquer outros
Da leitura do parágrafo segundo do dispositivo supracitado, tem-se horas, não participavam de comitês de crédito; que o de cujus
que a jornada de seis horas diárias é a regra aplicável ao não tinha qualquer participação na admissão, demissão e
empregado bancário, excetuadas as hipóteses de exercício de punição de funcionários, cabendo tais atribuições ao gerente
funções de gerência, fiscalização, chefia e equivalentes, ou ainda, administrativo e ao gerente geral; que pelo que sabe, todos os
de cargos de confiança. funcionários egressos do BEC, caixas ou não, e que tinham jornada
O cerne de toda questão é saber, se desempenhando o obreiro as de 8 horas, assumiram função formal de supervisor administrativo;
funções de Chefe de Serviços estaria enquadrado na regra que outros supervisores administrativos que não eram caixas,
esculpida no art. 224, § 2º, da CLT. realizavam tarefas como abertura de contas (Socorrinha e Joelina) e
No presente caso, não se desincumbiu o reclamado do ônus de apoio a tesouraria (Regina); que o nível do cartão funcional dos
provar que o reclamante desempenhava atividades equivalentes ao supervisores egressos do BEC era 85; que não lembra exatamente
cargo de confiança. qual era a alçada dos referidos cartões; que a alçada dos
Pelo contrário, através das provas carreadas aos autos, restou certo supervisores era superior a dos caixas; que o de cujus não se
que, efetivamente, o reclamante não tinha subordinados, nem prestava a esclarecimentos formulados por outros caixas; que o de
procuração para representar a reclamada, não podendo demitir ou cujus, assim como todos os caixas, tinha acesso a retaguarda da
Ademais a afirmação da ré de que o autor laborava em atividade inclusive por meio de micro filmagem; que nunca viu o próprio de
que demandava fidúcia especial, posto que laborava na tesouraria cujus realizando abastecimento de caixas com numerário,
lidando com numerários, não emprega ao caso a exceção prevista acreditando que existiam outro supervisor administrativo egresso do
no multicitado artigo celetário, pois evidenciam uma natureza BEC que realizava tal tarefa; que nenhum supervisor administrativo
eminentemente técnica das atribuições,do autor, quais sejam poderia assinar cheques administrativos, cabendo tal atarefe
movimentar e controlar numerários, conferir autenticidade de apenas ao gerente administrativo ou gerente geral; que o de cujus
documentos, efetuar compensações, dentre outras, igualmente não autorizava liberação de alçada para caixas, e sim apenas o
Primeira testemunha do reclamado(s): JAUE GOMES DE administrativo egresso do BEC que realizava tal tarefa; que
AZEVEDO, identidade nº 2004010376953, solteiro(a), nascido em nenhum supervisor administrativo poderia assinar cheques
01/10/1990, BANCÁRIO, residente e domiciliado(a) na RUA 230, administrativos, cabendo tal tarefa apenas ao gerente
CASA 42, NOVA METROLOPE, CAUCAIA-CE. Advertida e administrativo, gerente comercial ou gerente geral; que o de
compromissada. Depoimento: "que já trabalha na Agencia São cujus autorizava liberação de alçada para caixas; que na
Gerardo, que fica na Av. Bezerra de Menezes, desde 2009, coincidência de ausências dos gerentes geral, comerciais e
inicialmente como escriturário, depois passando a caixa, em 2010, e administrativo ainda cabia à Sra Regina receber autorização para
depois supervisor adminsitrativo, a partir de 2016; que na referida assinar cheques administrativos, sendo que somente na ausência
agencia trabalhou com o de cujus; que além dos serviços típico também desta ultima, também por meio de autorização especifica,
de caixa, o de cujus tinha atribuições relativas a organização poderia o reclamante assinar referidos documentos; que entretanto
do espaço dos caixas; que a parte de compensação de cheques nunca viu o de cujus assinando cheque administrativo; que já
ficava a cargo da Sra. Regina, não sabendo se a mesma tinha aconteceu de um supervisor administrativos substituir gerente, tanto
formalmente o cargo de supervisor administrativo; que quando administrativo como de contas; que o caixa de 6 horas não pode
algum dinheiro devesse ser buscado na tesouraria era o de acessar a tesouraria na ausência do tesoureiro; que também a Sra
cujus quem fazia, e na falta dele o gerente administrativo; que Regina, na ausência simultânea do tesoureiro e do de cujus,
tal tarefa era bastante frequente; que os caixas de 6 horas sequer poderia acessar a tesouraria". ENCERRADO O DEPOIMENTO.
outros caixas, tampouco sobre quaisquer outros funcionários; Portanto, da prova dos autos, colhe-se que a função exercida pelo
que entende que hierarquicamente o de cujus estava em nível reclamante, aludida pela reclamada como "função de confiança",
superior ao do caixa de 6 horas; que o de cujus não participava de era tão somente de mera execução e coordenação de atividades
comitês de crédito, e com relação a outros supervisores sem que, para tanto, fosse exigida maior fidúcia.
administrativos, apenas para substituir membros titulares; que o de Nesse sentido são os seguintes precedentes:
punição de funcionários, cabendo tais atribuições ao gerente (...) II - RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA (...). 5 - HORAS
administrativo e ao gerente geral; que pelo que sabe, todos os EXTRAS. CARGO DE CONFIANÇA. Ausente a fidúcia especial do
funcionários egressos do BEC, caixas ou não, e que tinham jornada cargo de confiança no período em que atuou como gerente
de 8 horas, assumiram função formal de supervisor administrativo; (consoante as premissas fáticas consignadas no acórdão recorrido),
que outros supervisores administrativos, que não eram caixas, e ausente a liberdade de horário típica dos trabalhadores externos,
realizavam tarefas como abertura de contas (Socorrinha e Joelina) e não há como enquadrar o autor nas exceções do art. 62 da CLT.
apoio a gerencia administrativa (Regina); que o nível do cartão Com efeito, o princípio da primazia da realidade sobre a forma rege
funcional dos supervisores egressos do BEC era 85; que a alçada o processo trabalhista, de modo que, existindo controle real de
dos referidos cartões é de R$20.000,00, enquanto a do caixa, nível horário por parte da reclamada (o que se constata quando a
83, é de R$10.000,00; que a alçada dos supervisores era superior a empresa exige que o trabalhador compense horas não trabalhadas),
dos caixas; que o de cujus se prestava a esclarecimentos ainda que não haja controle formal através de cartões de ponto, são
formulados por outros caixas em razão do seu tempo de casa, devidas as horas extras decorrentes do labor em sobrejornada.
informando entretanto que os sistemas corporativos do banco se Recurso de revista não conhecido. (TST-ARR-92900-
alteraram bastante com o tempo e todos os caixas se ajudavam 43.2004.5.17.0008, Relatora Ministra: Delaíde Miranda Arantes, 2ª
genericamente; que o de cujus, assim como todos os caixas, tinha Turma, DEJT 18/12/2015).
acesso a retaguarda dos caixas, realizando em tal local arquivo e RECURSO DE REVISTA. (...) JORNADA DE TRABALHO.
remessa de documentos, inclusive por meio de micro filmagem; que BANCÁRIO. CARGO DE CONFIANÇA. ART. 224, § 2º, DA CLT. O
o acesso do de cujus a retaguarda da tesouraria apenas se cargo de confiança no Direito do Trabalho recebeu explícita
dava na falta do tesoureiro, para eventualmente manipular tipificação legal, quer no padrão amplo do art. 62 da CLT, quer no
numerário, com a transferência da respectiva chave em tais tipo jurídico específico bancário do art. 224, § 2º, da Consolidação.
situações; que o de cujus não realizava abastecimento de Para que ocorra o enquadramento do empregado bancário nas
disposições contidas no art. 224, § 2º, da CLT, é necessário ficar o que afasta o direito à gratificação de função postulada. Inferência
comprovado, no caso concreto, que o empregado exercia outra exige o revolvimento do substrato fático-probatório, cujo
efetivamente as funções aptas a caracterizar o exercício de função reexame encontra óbice na Súmula nº 126 desta Corte. Acresça-se
de confiança, e, ainda, que elas se revestiam de fidúcia especial, que a presunção de veracidade decorrente da aplicação da revelia
que extrapola aquela básica, inerente a qualquer empregado. Não não é absoluta, podendo ceder ante os elementos de convicção
compete ao poder empresarial, desse modo, fixar tipificação constantes nos autos, como ocorreu no caso. Incólume o art. 224, §
anômala de cargo de confiança bancário, estranha e colidente com 2º, da CLT. Revista não conhecida. BANCÁRIO. JORNADA
as regras legais imperativas. Por outro lado, a opção do empregado REDUZIDA. HORAS EXTRAS. O Regional excluiu da condenação a
para exercício do cargo não importa renúncia à jornada de seis gratificação de função, assentando que as funções exercidas pelo
horas. Na hipótese, extrai-se do acórdão recorrido que a autor, conforme narrado na inicial e admitido em depoimento
Reclamante ocupava o cargo de Gerente de Negócios Preferencial pessoal, não denotam a fidúcia necessária para a aplicação do art.
e trabalhava realizando: visitas a clientes externos (usando carro e 224, § 2º, da CLT. Nesse contexto, sendo o autor bancário e não
celular), -abertura de contas, fechamento de negócios e vendas de exercendo cargo ou função de confiança, na forma do § 2º do art.
produtos do banco, seguros e previdência-. Ficou assentado 224 da CLT, a ele se aplica a jornada reduzida de seis horas
também pelo Tribunal Regional que a Autora -detinha um cargo de prevista no caput no referido diploma legal, sendo devidas, como
maior responsabilidade que os demais-. Nesse contexto, conclui-se extras, a 7ª e 8ª horas laboradas. Recurso de revista conhecido e
que, de fato, a Reclamante ocupava cargo de confiança, estando provido. (TST-RR-1408-09.2010.5.01.0071, Relator Desembargador
enquadrada na hipótese do art. 224, § 2º, da CLT. Recurso de Convocado: Breno Medeiros, 8ª Turma, DEJT 18/12/2015).
92.2006.5.04.0521 Data de Julgamento: 22/10/2014, Relator Assim sendo, restou comprovado que o reclamante quando exercia
Ministro: Mauricio Godinho Delgado, 3ª Turma, DEJT 24/10/2014). suas funções no Banco reclamado, não desempenhou as
I - AGRAVO DE INSTRUMENTO DO RECLAMANTE. RECURSO atribuições previstas na exceção do § 2º do art. 224, da CLT.
fidúcia, que o diferencie dos demais. Presente tal requisito, Diante do exposto, voto pelo conhecimento de ambos os recursos e,
remanesce o enquadramento previsto no referido dispositivo legal, no mérito, dou parcial provimento ao recurso do reclamante para
sendo devido o recebimento das horas trabalhadas, como extras, incluir na base de cálculo para cômputo das horas extras deferidas
daquelas excedentes à 8ª diária e 40ª semanal. Agravo de a rubrica Adicional de Tempo de Serviço, bem como deferir o
instrumento conhecido e desprovido. (...)." (TST-ARR- 1204- pedido de condenação da ré no pagamento de honorários
54.2010.5.15.0077, Relator Ministro: Alberto Luiz Bresciani de advocatícios no montante de 15% sobre o valor da condenação e
Fontan Pereira, 3ª Turma, DEJT 14/11/2014). por fim, determinar que na atualização monetária dos valores
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. deferidos seja utilizado o índice oficial de remuneração básica da
ACÓRDÃO PUBLICADO ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI Nº caderneta de poupança (TRD) para os débitos trabalhistas devidos
13.015/2014. BANCÁRIO. JORNADA REDUZIDA. HORAS até o dia 24/03/2015, e, a partir do dia 25/03/2015, realizar a
EXTRAS. Caracterizada uma potencial ofensa ao art. 224, caput, da correção pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial
CLT, dá-se provimento ao agravo de instrumento para determinar o (IPCA-E). Nego provimento ao apelo do reclamado. Face o efeito
prosseguimento do recurso de revista. Agravo de instrumento modificativo empregado na sentença arbitra-se o valor da
provido. RECURSO DE REVISTA. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO condenação em R$120.000,00 (cento e vinte mil reais) e custas
JURISDICIONAL. Matéria não examinada na forma do art. 249, § processuais de R$2.400,00 (dois mil e quatrocentos reais).
Processo Nº ROT-0001184-07.2015.5.07.0014
Relator FRANCISCO JOSÉ GOMES DA
SILVA
RECORRENTE ESPOLIO DE GILBERTO MARQUES
DE ARAUJO
ANA VIRGINIA PORTO ADVOGADO(OAB: 9708/CE)
DE FREITAS
Anatole Nogueira Sousa ADVOGADO(OAB: 22578/CE)
Carlos Antonio Chagas ADVOGADO(OAB: 6560/CE)
PATRICIO WILIAM ADVOGADO(OAB: 7737/CE)
ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO ALMEIDA VIEIRA
ROBERTA UCHOA DE ADVOGADO(OAB: 9349/CE)
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por SOUZA
unanimidade, conhecer de ambos os recursos e, no mérito, dar RECORRENTE BANCO BRADESCO S.A.
RENAN BRASIL DE ADVOGADO(OAB: 24715/CE)
parcial provimento ao recurso do reclamante para incluir na base de OLIVEIRA
cálculo para cômputo das horas extras deferidas a rubrica Adicional FRANCISCO SAMPAIO ADVOGADO(OAB: 9075/CE)
DE MENEZES JUNIOR
de Tempo de Serviço, bem como deferir o pedido de condenação RECORRIDO ESPOLIO DE GILBERTO MARQUES
DE ARAUJO
da ré no pagamento de honorários advocatícios no montante de
ANA VIRGINIA PORTO ADVOGADO(OAB: 9708/CE)
15% sobre o valor da condenação e, por fim, determinar que na DE FREITAS
Anatole Nogueira Sousa ADVOGADO(OAB: 22578/CE)
atualização monetária dos valores deferidos seja utilizado o índice
Carlos Antonio Chagas ADVOGADO(OAB: 6560/CE)
oficial de remuneração básica da caderneta de poupança (TRD) PATRICIO WILIAM ADVOGADO(OAB: 7737/CE)
ALMEIDA VIEIRA
para os débitos trabalhistas devidos até o dia 24/03/2015, e, a partir
ROBERTA UCHOA DE ADVOGADO(OAB: 9349/CE)
do dia 25/03/2015, realizar a correção pelo Índice de Preços ao SOUZA
RECORRIDO BANCO BRADESCO S.A.
Consumidor Amplo Especial (IPCA-E). Negar provimento ao apelo
RENAN BRASIL DE ADVOGADO(OAB: 24715/CE)
do reclamado. Face o efeito modificativo empregado na sentença OLIVEIRA
FRANCISCO SAMPAIO ADVOGADO(OAB: 9075/CE)
arbitra-se o valor da condenação em R$120.000,00 (cento e vinte DE MENEZES JUNIOR
mil reais) e custas processuais de R$2.400,00 (dois mil e TERCEIRO FRANCISCA MARIA LINHARES
INTERESSADO
quatrocentos reais). TERCEIRO LUCIENE MARIA RIOS SILVEIRA
INTERESSADO ARAUJO
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores
PATRICIO WILIAM ADVOGADO(OAB: 7737/CE)
Francisco José Gomes da Silva (Presidente e Relator),Cláudio ALMEIDA VIEIRA
TERCEIRO JOELINA LACERDA LOIOLA
Soares Pires e Jefferson Quesado Júnior. Presente ainda o(a) INTERESSADO
Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho. TERCEIRO JESSICA SILVEIRA ARAUJO
INTERESSADO
Fortaleza, 17 de fevereiro de 2020. PATRICIO WILIAM ADVOGADO(OAB: 7737/CE)
ALMEIDA VIEIRA
TERCEIRO GILBERTO MARQUES DE ARAUJO
INTERESSADO FILHO
PATRICIO WILIAM ADVOGADO(OAB: 7737/CE)
ALMEIDA VIEIRA
Intimado(s)/Citado(s):
- BANCO BRADESCO S.A.
FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA
Relator
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
EMENTA
remunerado. Não cabe a repercussão do pagamento de horas considerado como dia de repouso semanal remunerado e, portanto,
extras habituais em sua remuneração. resta incontroverso que é devido o pagamento dos reflexos das
CORREÇÃO MONETÁRIA. IPCA-E. O entendimento acerca da horas extras prestadas sobre repouso semanal remunerado,
aplicação do IPCA-E encontrava-se suspenso em face do inclusive os sábados, conforme expressa previsão nas convenções
22.012/RS. Contudo, não mais subsiste a suspensão da decisão do Pugna, portanto, pela reforma do julgado para que seja determinada
TST conferida liminarmente pelo STF nos autos da Reclamação a inclusão dos reflexos das horas extras no sábado.
22.012/RS, pois foi julgada improcedente no dia 5/12/2017, Requer também o autor/recorrente seja determinada a inclusão da
prevalecendo, desse modo, o julgado do Pleno do TST no parcela Adicional por Tempo de Serviço, na base de cálculo das
julgamento do processo ArgInc-479-60.2011.5.04.0231, sendo horas extras deferidas, vez que dos cálculos liquidados só constam
mantida a aplicação do índice oficial de remuneração básica da as parcelas ordenado e gratificação de função.
caderneta de poupança (TRD) para os débitos trabalhistas devidos Aduz, ainda, o recorrente que a sentença de forma equivocada
até o dia 24/3/2015, e, após, a partir do dia 25/3/2015, a correção deduziu um dia de feriado mensal em média o que alterou o
deve ser realizada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo quantitativo mensal de horas extras, que ao invés de 40,8 horas, o
Especial (IPCA-E). Assim sendo, a correção monetária dos créditos correto seriam 42,8 horas extras mensais.
trabalhistas devidos ao reclamante será aplicada ao índice oficial de Por fim, requer seja incluída na condenação o pagamento dos
remuneração básica da caderneta de poupança (TRD) para os honorários advocatícios, bem como que os valores oriundos da
créditos trabalhistas devidos ao autor até o dia 24/3/2015, e, a partir condenação sejam atualizados pelo IPCA-E a partir de 25/03/2015.
do dia 25/3/2015, a correção deve ser realizada pelo Índice de A seu turno, recorre o Banco reclamado requerendo a reforma do
Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E). julgado, sob o argumento de que ao revés do deferido na sentença
RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMADO. BANCÁRIO. HORAS ora atacada, não é devido ao recorrido o pagamento da 7ª e 8ª hora
EXTRAS. CARGO DE CONFIANÇA. ART. 224, § 2º DA CLT. de trabalho como hora extra, tendo em vista que o autor exercia
BANCÁRIO. HORAS EXTRAS DEVIDAS. Revela-se necessário, cargo de fidúcia, percebendo gratificação de função em face do
para caracterização da exceção do art. 224, § 2º da CLT, além da desempenho de tal mister, estando, portanto, o obreiro enquadrado
percepção de gratificação de função igual ou superior a 1/3 do na exceção prevista no § 2º, do art. 224, da CLT.
salário, atribuição de poderes de gestão ou fidúcia especial, o que Contrarrazões pelo reclamante ID f5abdda e pelo reclamado ID.
Recursos conhecidos. Parcialmente provido o do autor e Dispensado parecer Ministerial na forma da Lei.
improvido o do reclamado.
FUNDAMENTAÇÃO
RELATÓRIO
ADMISSIBILIDADE
Trata-se de recursos ordinários interpostos pelas partes em face da Conheço dos recursos ordinários porque presentes os pressupostos
ESPOLIO DE GILBERTO MARQUES DE ARAÚJO em face de Inicialmente, decide-se pela inaplicabilidade das normas
BANCO BRADESCO S/A para condenar o(a) reclamado(a) a pagar processuais constantes da Lei 13.467/2017 ao presente feito, haja
ao reclamante a quantia líquida de R$ 96.613,34, referente a: 40,8 vista que protocolado antes do dia 11/11/2017, a fim de evitar
horas extras mensais com adicional de 50% e reflexos em RSR, prejuízo e surpresa aos litigantes.
férias com 1/3, 13º e FGTS; e b) recolher o valor de R$ 21.989,35, a Importante realçar que a nova lei, caso admitida a sua aplicação
título de contribuições previdenciárias. Defere-se a justiça gratuita aos processos ajuizados antes de sua vigência, tem manifesto
ao reclamante, Improcedem os demais pleitos. potencial de alterar não só a repercussão econômica dos pedidos,
Em suas razões recursais de ID. ce19d16 aduz o autor, em mas também assim como os efeitos patrimoniais da sentença.
apertada síntese, que o dia de sábado para os bancários é Não há dúvidas, portanto, que a imposição de novas regras aos
processos em curso, constituiria novidade e risco não esperado Súmulas nº 219 e nº 329 do TST.
À luz dessas considerações, e no intuito de preservar a O e. TRT da 7ª Região editou a sua Súmula nº 2, alinhando-se à
"segurança", deixo de aplicar ao caso vertente as regras orientação do TST em relação aos requisitos para a concessão de
processuais constantes da Lei 13.467/2017, exceto quanto à nova honorários advocatícios na Justiça do Trabalho. Este relator sempre
disciplina dos prazos processuais (contados em dias úteis), o que deferiu a verba honorária nas lides decorrentes da relação de
de logo pode ser adotado, por ser incontroverso que dessa medida, emprego com base na mera sucumbência, sendo voto vencido
pura e simples, não resulta qualquer prejuízo processual para quando da aprovação do mencionado verbete jurisprudencial.
quaisquer das partes. Desta feita, por uma questão de disciplina judiciária, sem embargos
MÉRITO da minha posição pessoal, que sempre foi a favor da nobre classe
RECURSO DO RECLAMANTE dos advogados, de cujas fileiras fui guindado ao honroso cargo de
Em suas razões recursais aduz o autor, em apertada síntese, que o Desembargador do Trabalho, outro caminho não vejo a não ser me
dia de sábado para os bancários é considerado como dia de curvar à opinião majoritária do integrantes do Tribunal Pleno do TRT
repouso semanal remunerado e, portanto, resta incontroverso que é da 7ª Região e passar a adotar, com ressalvas, a orientação
devido o pagamento dos reflexos das horas extras prestadas sobre consubstancia na Súmula nº 2 deste Pretório.
repouso semanal remunerado, inclusive os sábados, conforme Assim, na vigência do citado verbete jurisprudencial, para que seja
expressa previsão nas convenções coletivas de trabalho, pelo que devido o pagamento da verba honorária nas causas que versam
pugna seja a decisão ora atacada reformada nesse tocante. acerca de relação de emprego, necessário se faz que a parte
Sem razão o recorrente. reclamante esteja assistida por sindicato da categoria profissional e
BANCÁRIO. SÁBADO. DIA ÚTIL (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, TRABALHO. LIDES DECORRENTES DA RELAÇÃO DE
20 e 21.11.2003. O sábado do bancário é dia útil não trabalhado, EMPREGO. Na Justiça do Trabalho, a condenação ao pagamento
não dia de repouso remunerado. Não cabe a repercussão do de honorários advocatícios, nunca superiores a 15% (quinze por
pagamento de horas extras habituais em sua remuneração. cento), não decorre pura e simplesmente da sucumbência, devendo
De igual sorte não há que se modificar o quantitativo de horas a parte estar assistida por sindicato da categoria profissional e
mensais definidos na sentença para inclusão dos feriados arbitrados comprovar a percepção de salário inferior ao dobro do salário
na sentença à média de um feriado por mês, por nítida falta de mínimo ou encontrar-se em situação econômica que não lhe
negou a incidência de reflexos das horas extras no sábado, bem No caso em apreço, se encontra a parte obreira assistida pelo
como indevida qualquer alteração no quantitativo de horas extras sindicato da sua categoria profissional. Portanto, se divisa o
horas extras, entende-se que a mesma é composta das parcelas Nesse contexto, procede o apelo, devendo a condenação no
fixas constantes da remuneração do obreiro. pagamento de honorários advocatícios ser incluída da sentença
Nesse sentido de se dar provimento ao apelo do autor para incluir recorrida no montante de 15% sobre o valor da condenação.
na base de cálculo do cômputo das horas extras, a parcela relativa Requer o recorrente que seja aplicada o IPCA-E para fins de
ao Adicional de Tempo de Serviço - ATS, vez que dos cálculos de correção monetária.
"gratificação de função". Quanto à matéria da correção monetária, nos autos da ADI nº 4357,
Na questão relativa aos honorários advocatícios, a sentença o Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade da
recorrida indeferiu o pedido de honorários advocatícios de 15% expressão "índice oficial de remuneração básica da caderneta de
(quinze por cento) sobre o montante total da condenação. poupança" prevista no art. 100, §12º, da CRFB, afastando, assim, a
O recorrente defende a procedência dessa verba, com base nas aplicação da Taxa Referencial - TR, o que culminou com a
inconstitucionalidade por arrastamento do art. 1º-F da Lei nº 9.494, junho de 2009 (data posteriormente retificada para 25.3.2015, por
com a redação dada pelo art. 5º da Lei nº 11.960, de 29/06/2009. ocasião do exame de embargos de declaração), observada, porém,
Em decorrência da referida decisão do STF, o Pleno do TST, ao a preservação das situações jurídicas consolidadas resultantes dos
apreciar a Arguição de Inconstitucionalidade nº 479- pagamentos efetuados nos pro- cessos judiciais, em andamento ou
60.2011.5.04.0231, suscitada pelo Min. Cláudio Mascarenhas extintos, em virtude dos quais foi adimplida e extinta a obrigação,
Brandão, por sua vez, declarou a inconstitucionalidade por ainda que parcialmente, sobretudo em decorrência da proteção ao
arrastamento da expressão "equivalente à TRD" presente no art. 39, ato jurídico perfeito (artigos 5º, XXXVI, da Constituição e 6º da Lei
caput, da Lei nº 8.177/91 e acabou dando interpretação conforme a de Introdução ao Direito Brasileiro - LIDB). 3. Em face da relevância
Constituição ao restante da norma e definiu como índice de da matéria e de seus expressivos impactos econômicos, a
atualização monetária dos créditos trabalhistas na Justiça do Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) apresentou ao Excelso
Trabalho o Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA- Supremo Tribunal Federal a Reclamação Constitucional nº 22012,
E) a partir de 30.06.2009, quando entrou em vigor a Lei nº distribuída ao Ministro Dias Toffoli, sobrevindo decisão deferitória de
11.960/2009, que acrescentou o art. 1º-F à Lei nº 9.494/1997, o qual liminar, "para suspender os efeitos da decisão reclamada e da
foi declarado inconstitucional pelo STF. "tabela única" editada pelo CSJT em atenção a ordem nela contida,
O entendimento acerca da aplicação do IPCA-E encontrava-se sem prejuízo do regular trâmite da Ação Trabalhista nº 0000479-
suspenso em face do deferimento, pelo STF, de liminar nos autos 60.2011.5.04.0231, inclusive prazos recursais". 4. Nada obstante,
da Reclamação nº 22.012/RS. Contudo, não mais subsiste a seguindo a jurisprudência consagrada no âmbito da própria
suspensão da decisão do TST conferida liminarmente pelo STF nos Suprema Corte, a Segunda Turma do STF julgou improcedente a
autos da Reclamação 22.012/RS, pois foi julgada improcedente no Reclamação Constitucional nº 22012. Desse modo, viabilizada a
dia 5/12/2017, prevalecendo, desse modo, o julgado do Pleno do retomada dos debates voltados à adoção de critério adequado para
TST no julgamento do processo ArgInc-479-60.2011.5.04.0231, correção dos débitos trabalhistas, deve prevalecer a compreensão
sendo mantida a aplicação do índice oficial de remuneração básica desta Corte, no sentido de que a aplicação do Índice de Preços ao
da caderneta de poupança (TRD) para os débitos trabalhistas Consumidor Amplo Especial (IPCA-E), em detrimento da Taxa
devidos até o dia 24/3/2015, e, após, a partir do dia 25/3/2015, a Referencial Diária (TRD), permite a justa e adequada atualização de
correção deve ser realizada pelo Índice de Preços ao Consumidor débitos trabalhistas, não se cogitando de desrespeito ao julgamento
Amplo Especial (IPCA-E). lavrado nas Ações Diretas de Inconstitucionalidade 4.357 e 4.425.
Esse, ademais, tem sido o entendimento já adotado pela 5. À luz dessas considerações, impõe-se a adoção do IPCA-E para
jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, conforme as a atualização dos créditos trabalhistas, não apenas sob a
"RECURSOS DE REVISTA DO BANCO DO BRASIL S.A. e DA trabalhistas, mas como medida de estímulo efetivo ao cumprimento
CAIXA DE PREVIDÊNCIA DOS FUNCIONÁRIOS DO BANCO DO dos direitos sociais por parte de devedores recalcitrantes, que se
BRASIL - PREVI. REGIDOS PELA LEI 13.015/2014. FASE DE valem da Justiça do Trabalho, lamentavelmente, para postergar
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. MATÉRIA COMUM. indefinidamente suas obrigações. No caso, aplicado pelo Tribunal
CORREÇÃO MONETÁRIA DOS CRÉDITOS TRABALHISTAS. Regional o IPCA-E para a atualização dos débitos trabalhistas,
INCONSTITUCIONALIDADE DO ARTIGO 39 DA LEI 8.177/91. inviável a admissibilidade das revistas. Recursos de revista não
SUSPENSÃO DOS EFEITOS DA DECISÃO. ÍNDICE APLICÁVEL. conhecidos." (TST, Processo: RR - 70-55.2011.5.04.0661 Data de
IPCA-E. 1. Esta Colenda Corte, em julgamento plenário realizado no Julgamento: 06/12/2017, Relator Ministro: Douglas Alencar
dia 04.08.2015, examinou a Arguição de Inconstitucionalidade Rodrigues, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 15/12/2017).
suscitada pela Egrégia 7ª Turma deste Tribunal, nos autos do AIRR- "RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº
arrastamento do artigo 39 da Lei 8.177/91, elegendo como TRABALHISTA. TAXA REFERENCIAL (TR).
fundamento a "ratio decidendi" exposta pela Excelsa Corte, no INCONSTITUCIONALIDADE. PRECEDENTE DO SUPREMO
julgamento das ADIs 4.357, 4.372, 4.400 e 4.425. 2. Ainda na TRIBUNAL FEDERAL. ADOÇÃO DO ÍNDICE DE PREÇOS AO
mesma ocasião, determinou esta Colenda Corte a modulação dos CONSUMIDOR AMPLO ESPECIAL (IPCA-E). 1. Ao concluir o
efeitos da decisão, a fim de que os créditos trabalhistas alvos de julgamento do RE nº 870.947/SE (Relator: Min. LUIZ FUX), em que
execuções judicias fossem corrigidos pelo IPCA-E a contar de 30 de se discutia a aplicação de juros de mora e correção monetária nos
casos de condenação impostas ao Poder Público, o Tribunal Pleno que desempenhem outros cargos de confiança, desde que o valor
do Supremo Tribunal Federal, por maioria, decidiu afastar a da gratificação não seja inferior a 1/3 (um terço) do salário do cargo
débitos judiciais da Fazenda Pública, mesmo em período anterior à Da leitura do parágrafo segundo do dispositivo supracitado, tem-se
expedição de precatório, e adotar o Índice de Preços ao que a jornada de seis horas diárias é a regra aplicável ao
Consumidor Amplo Especial (IPCA-E). 2. O Tribunal Pleno deste empregado bancário, excetuadas as hipóteses de exercício de
Tribunal Superior, nos autos do Proc. ArgInc 479- funções de gerência, fiscalização, chefia e equivalentes, ou ainda,
"equivalentes à TRD", contida no "caput" do artigo 39 da Lei n° O cerne de toda questão é saber, se desempenhando o obreiro as
8.177/91, e, adotando a técnica de interpretação conforme a funções de Chefe de Serviços estaria enquadrado na regra
Constituição Federal para o texto remanescente do dispositivo esculpida no art. 224, § 2º, da CLT.
impugnado, fixou a variação do Índice de Preços ao Consumidor No presente caso, não se desincumbiu o reclamado do ônus de
Amplo Especial (IPCA-E) como fator de correção a ser utilizado na provar que o reclamante desempenhava atividades equivalentes ao
do Trabalho. 3. Ao julgar os Embargos de Declaração interpostos Pelo contrário, através das provas carreadas aos autos, restou certo
naqueles autos, esta Corte Superior fixou novos parâmetros para a que, efetivamente, o reclamante não tinha subordinados, nem
modulação dos efeitos da decisão, definindo o dia 25/3/2015 como procuração para representar a reclamada, não podendo demitir ou
Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) como fator de atualização, de Ademais a afirmação da ré de que o autor laborava em atividade
modo que deve ser mantida a aplicação do índice oficial de que demandava fidúcia especial, posto que laborava na tesouraria
remuneração básica da caderneta de poupança (TRD) para os lidando com numerários, não emprega ao caso a exceção prevista
débitos trabalhistas devidos até o dia 24/3/2015, e, a partir do dia no multicitado artigo celetário, pois evidenciam uma natureza
25/3/2015, a correção deve ser realizada pelo Índice de Preços ao eminentemente técnica das atribuições,do autor, quais sejam
Consumidor Amplo Especial (IPCA-E). Recurso de revista movimentar e controlar numerários, conferir autenticidade de
conhecido e provido, no particular." (Processo nº TST-RR-351- documentos, efetuar compensações, dentre outras, igualmente
Assim sendo, de se dar provimento ao apelo para determinar que confiança', diz a Súmula nº 102 do TST:
na atualização monetária dos valores deferidos seja utilizado o 'Bancário. Cargo de confiança. A configuração, ou não, do exercício
índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança da função de confiança a que se refere o art. 224, § 2.º, da CLT,
(TRD) para os débitos trabalhistas devidos até o dia 24/03/2015, e, dependente da prova das reais atribuições do empregado, é
a partir do dia 25/03/2015, realizar a correção pelo Índice de Preços insuscetível de exame mediante recurso de revista ou embargos'.
ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) nos termos da As testemunhas foram uníssonas ao afirmar que o reclamante
Jurisprudência do TST retromencionada. exercia funções técnicas, entretanto sem que para tanto fosse
RECURSO DO BANCO RECLAMADO exigida maior fidúcia do empregador para o exercício de tal mister,
recebendo gratificação de função superior a 1/3 do salário de seu Primeira testemunha do reclamante: FRANCISCA MARIA
cargo efetivo, estando enquadrado nas disposições contidas no art. LINHARES, identidade nº 98010153528, viúvo(a), nascido em
Art. 224. A duração normal do trabalho dos empregados em bancos, SOARES BULCÃO, 350, AP 902, A, FORTALEZA. Advertida e
casas bancárias e Caixa Econômica Federal será de 6 (seis) horas compromissada. Depoimento: "que se aposentou em agosto de
contínuas nos dias úteis, com exceção dos sábados, perfazendo um 2017, quando já trabalhava há mais de 10 anos na Agencia
total de 30 (trinta) horas de trabalho por semana. Bezerra de Menezes, junto com o de cujus; que era gerente de
§ 2º As disposições deste artigo não se aplicam aos que exercem contas e o de cujus caixa; que além dos serviços típico de
funções de direção, gerência, fiscalização, chefia e equivalentes, ou caixa, o de cujus tinha atribuições relativas a compensação de
cheques; que os caixas de 8 horas não tinham qualquer poder que entende que hierarquicamente o de cujus estava em nível
sobre os outros caixas, tampouco sobre quaisquer outros superior ao do caixa de 6 horas; que o de cujus não participava de
funcionários; que o de cujus, assim como os outros caixas de 8 comitês de crédito, e com relação a outros supervisores
horas, não participavam de comitês de crédito; que o de cujus administrativos, apenas para substituir membros titulares; que o de
não tinha qualquer participação na admissão, demissão e cujus não tinha qualquer participação na admissão, demissão e
punição de funcionários, cabendo tais atribuições ao gerente punição de funcionários, cabendo tais atribuições ao gerente
administrativo e ao gerente geral; que pelo que sabe, todos os administrativo e ao gerente geral; que pelo que sabe, todos os
funcionários egressos do BEC, caixas ou não, e que tinham jornada funcionários egressos do BEC, caixas ou não, e que tinham jornada
de 8 horas, assumiram função formal de supervisor administrativo; de 8 horas, assumiram função formal de supervisor administrativo;
que outros supervisores administrativos que não eram caixas, que outros supervisores administrativos, que não eram caixas,
realizavam tarefas como abertura de contas (Socorrinha e Joelina) e realizavam tarefas como abertura de contas (Socorrinha e Joelina) e
apoio a tesouraria (Regina); que o nível do cartão funcional dos apoio a gerencia administrativa (Regina); que o nível do cartão
supervisores egressos do BEC era 85; que não lembra exatamente funcional dos supervisores egressos do BEC era 85; que a alçada
qual era a alçada dos referidos cartões; que a alçada dos dos referidos cartões é de R$20.000,00, enquanto a do caixa, nível
supervisores era superior a dos caixas; que o de cujus não se 83, é de R$10.000,00; que a alçada dos supervisores era superior a
prestava a esclarecimentos formulados por outros caixas; que o de dos caixas; que o de cujus se prestava a esclarecimentos
cujus, assim como todos os caixas, tinha acesso a retaguarda da formulados por outros caixas em razão do seu tempo de casa,
tesouraria, realizando em tal local apenas arquivo de documentos, informando entretanto que os sistemas corporativos do banco se
inclusive por meio de micro filmagem; que nunca viu o próprio de alteraram bastante com o tempo e todos os caixas se ajudavam
cujus realizando abastecimento de caixas com numerário, genericamente; que o de cujus, assim como todos os caixas, tinha
acreditando que existiam outro supervisor administrativo egresso do acesso a retaguarda dos caixas, realizando em tal local arquivo e
BEC que realizava tal tarefa; que nenhum supervisor administrativo remessa de documentos, inclusive por meio de micro filmagem; que
poderia assinar cheques administrativos, cabendo tal atarefe o acesso do de cujus a retaguarda da tesouraria apenas se
apenas ao gerente administrativo ou gerente geral; que o de cujus dava na falta do tesoureiro, para eventualmente manipular
não autorizava liberação de alçada para caixas, e sim apenas o numerário, com a transferência da respectiva chave em tais
gerente administrativo e gerente geral". ENCERRADO O situações; que o de cujus não realizava abastecimento de
Primeira testemunha do reclamado(s): JAUE GOMES DE administrativo egresso do BEC que realizava tal tarefa; que
AZEVEDO, identidade nº 2004010376953, solteiro(a), nascido em nenhum supervisor administrativo poderia assinar cheques
01/10/1990, BANCÁRIO, residente e domiciliado(a) na RUA 230, administrativos, cabendo tal tarefa apenas ao gerente
CASA 42, NOVA METROLOPE, CAUCAIA-CE. Advertida e administrativo, gerente comercial ou gerente geral; que o de
compromissada. Depoimento: "que já trabalha na Agencia São cujus autorizava liberação de alçada para caixas; que na
Gerardo, que fica na Av. Bezerra de Menezes, desde 2009, coincidência de ausências dos gerentes geral, comerciais e
inicialmente como escriturário, depois passando a caixa, em 2010, e administrativo ainda cabia à Sra Regina receber autorização para
depois supervisor adminsitrativo, a partir de 2016; que na referida assinar cheques administrativos, sendo que somente na ausência
agencia trabalhou com o de cujus; que além dos serviços típico também desta ultima, também por meio de autorização especifica,
de caixa, o de cujus tinha atribuições relativas a organização poderia o reclamante assinar referidos documentos; que entretanto
do espaço dos caixas; que a parte de compensação de cheques nunca viu o de cujus assinando cheque administrativo; que já
ficava a cargo da Sra. Regina, não sabendo se a mesma tinha aconteceu de um supervisor administrativos substituir gerente, tanto
formalmente o cargo de supervisor administrativo; que quando administrativo como de contas; que o caixa de 6 horas não pode
algum dinheiro devesse ser buscado na tesouraria era o de acessar a tesouraria na ausência do tesoureiro; que também a Sra
cujus quem fazia, e na falta dele o gerente administrativo; que Regina, na ausência simultânea do tesoureiro e do de cujus,
tal tarefa era bastante frequente; que os caixas de 6 horas sequer poderia acessar a tesouraria". ENCERRADO O DEPOIMENTO.
outros caixas, tampouco sobre quaisquer outros funcionários; Portanto, da prova dos autos, colhe-se que a função exercida pelo
reclamante, aludida pela reclamada como "função de confiança", Ministro: Mauricio Godinho Delgado, 3ª Turma, DEJT 24/10/2014).
era tão somente de mera execução e coordenação de atividades I - AGRAVO DE INSTRUMENTO DO RECLAMANTE. RECURSO
sem que, para tanto, fosse exigida maior fidúcia. DE REVISTA - (...) 2. HORAS EXTRAS. BANCÁRIO. CARGO DE
Nesse sentido são os seguintes precedentes: CONFIANÇA. ART. 224, § 2º, DA CLT. CONFIGURAÇÃO. 1. O
(...) II - RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA (...). 5 - HORAS art. 224 da CLT exige a comprovação inequívoca de que o
EXTRAS. CARGO DE CONFIANÇA. Ausente a fidúcia especial do trabalhador exerça cargo de confiança, a saber, aquele de maior
cargo de confiança no período em que atuou como gerente fidúcia, que o diferencie dos demais. Presente tal requisito,
(consoante as premissas fáticas consignadas no acórdão recorrido), remanesce o enquadramento previsto no referido dispositivo legal,
e ausente a liberdade de horário típica dos trabalhadores externos, sendo devido o recebimento das horas trabalhadas, como extras,
não há como enquadrar o autor nas exceções do art. 62 da CLT. daquelas excedentes à 8ª diária e 40ª semanal. Agravo de
Com efeito, o princípio da primazia da realidade sobre a forma rege instrumento conhecido e desprovido. (...)." (TST-ARR- 1204-
o processo trabalhista, de modo que, existindo controle real de 54.2010.5.15.0077, Relator Ministro: Alberto Luiz Bresciani de
horário por parte da reclamada (o que se constata quando a Fontan Pereira, 3ª Turma, DEJT 14/11/2014).
empresa exige que o trabalhador compense horas não trabalhadas), AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.
ainda que não haja controle formal através de cartões de ponto, são ACÓRDÃO PUBLICADO ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI Nº
devidas as horas extras decorrentes do labor em sobrejornada. 13.015/2014. BANCÁRIO. JORNADA REDUZIDA. HORAS
Recurso de revista não conhecido. (TST-ARR-92900- EXTRAS. Caracterizada uma potencial ofensa ao art. 224, caput, da
43.2004.5.17.0008, Relatora Ministra: Delaíde Miranda Arantes, 2ª CLT, dá-se provimento ao agravo de instrumento para determinar o
RECURSO DE REVISTA. (...) JORNADA DE TRABALHO. provido. RECURSO DE REVISTA. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
BANCÁRIO. CARGO DE CONFIANÇA. ART. 224, § 2º, DA CLT. O JURISDICIONAL. Matéria não examinada na forma do art. 249, §
cargo de confiança no Direito do Trabalho recebeu explícita 2º, do CPC. GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO. O Regional consignou
tipificação legal, quer no padrão amplo do art. 62 da CLT, quer no que, embora revéis os reclamados, as atribuições descritas na
tipo jurídico específico bancário do art. 224, § 2º, da Consolidação. inicial e admitidas pelo autor em depoimento pessoal não denotam
Para que ocorra o enquadramento do empregado bancário nas a fidúcia necessária para a sua inserção no § 2º do art. 224 da CLT,
disposições contidas no art. 224, § 2º, da CLT, é necessário ficar o que afasta o direito à gratificação de função postulada. Inferência
comprovado, no caso concreto, que o empregado exercia outra exige o revolvimento do substrato fático-probatório, cujo
efetivamente as funções aptas a caracterizar o exercício de função reexame encontra óbice na Súmula nº 126 desta Corte. Acresça-se
de confiança, e, ainda, que elas se revestiam de fidúcia especial, que a presunção de veracidade decorrente da aplicação da revelia
que extrapola aquela básica, inerente a qualquer empregado. Não não é absoluta, podendo ceder ante os elementos de convicção
compete ao poder empresarial, desse modo, fixar tipificação constantes nos autos, como ocorreu no caso. Incólume o art. 224, §
anômala de cargo de confiança bancário, estranha e colidente com 2º, da CLT. Revista não conhecida. BANCÁRIO. JORNADA
as regras legais imperativas. Por outro lado, a opção do empregado REDUZIDA. HORAS EXTRAS. O Regional excluiu da condenação a
para exercício do cargo não importa renúncia à jornada de seis gratificação de função, assentando que as funções exercidas pelo
horas. Na hipótese, extrai-se do acórdão recorrido que a autor, conforme narrado na inicial e admitido em depoimento
Reclamante ocupava o cargo de Gerente de Negócios Preferencial pessoal, não denotam a fidúcia necessária para a aplicação do art.
e trabalhava realizando: visitas a clientes externos (usando carro e 224, § 2º, da CLT. Nesse contexto, sendo o autor bancário e não
celular), -abertura de contas, fechamento de negócios e vendas de exercendo cargo ou função de confiança, na forma do § 2º do art.
produtos do banco, seguros e previdência-. Ficou assentado 224 da CLT, a ele se aplica a jornada reduzida de seis horas
também pelo Tribunal Regional que a Autora -detinha um cargo de prevista no caput no referido diploma legal, sendo devidas, como
maior responsabilidade que os demais-. Nesse contexto, conclui-se extras, a 7ª e 8ª horas laboradas. Recurso de revista conhecido e
que, de fato, a Reclamante ocupava cargo de confiança, estando provido. (TST-RR-1408-09.2010.5.01.0071, Relator Desembargador
enquadrada na hipótese do art. 224, § 2º, da CLT. Recurso de Convocado: Breno Medeiros, 8ª Turma, DEJT 18/12/2015).
92.2006.5.04.0521 Data de Julgamento: 22/10/2014, Relator Assim sendo, restou comprovado que o reclamante quando exercia
suas funções no Banco reclamado, não desempenhou as do reclamado. Face o efeito modificativo empregado na sentença
atribuições previstas na exceção do § 2º do art. 224, da CLT. arbitra-se o valor da condenação em R$120.000,00 (cento e vinte
quatrocentos reais).
Diante do exposto, voto pelo conhecimento de ambos os recursos e, Exmo(a). Sr(a). membro do Ministério Público do Trabalho.
no mérito, dou parcial provimento ao recurso do reclamante para Fortaleza, 17 de fevereiro de 2020.
deferidos seja utilizado o índice oficial de remuneração básica da FRANCISCO JOSÉ GOMES DA SILVA
Diretor de Secretaria
Processo Nº ROT-0001907-55.2017.5.07.0014
Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR
RECORRENTE JUCIVAL FERREIRA CAVALCANTE
PAULO GERMANO ADVOGADO(OAB: 18964/CE)
AUTRAN NUNES DE
MESQUITA
RECORRIDO BANCO DO BRASIL SA
ANDRESSA LICAR ADVOGADO(OAB: 9459/MA)
FERNANDES
RAFAEL LIMA DE ADVOGADO(OAB: 592-B/SE)
ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO ANDRADE
Consumidor Amplo Especial (IPCA-E). Negar provimento ao apelo EXERCÍCIO DE ATIVIDADE DE DIGITAÇÃO. INTERVALO DE
DEZ MINUTOS A CADA CINQUENTA TRABALHADOS. FERREIRA CAVALCANTE E BANCO DO BRASIL SA, não se
BANCÁRIO. INAPLICABILIDADE. HORAS EXTRAS INDEVIDAS. conformando com a decisão da 3ª Vara do Trabalho de Fortaleza
O reclamante, na qualidade de caixa bancário, não faz jus às (ID. 3e1968b - Pág. 1 - 16), que julgou procedentes em parte os
horas extras diárias, decorrentes da inobservância do intervalo pedidos aduzidos na reclamação trabalhista, condenando o
de 10 minutos a cada 50 minutos de trabalho, uma vez que reclamado segundo recorrente a pagar ao reclamante primeiro
executa, além de serviços de digitação, outras atribuições, pelo recursante 3(três) horas extras diárias (sétima e oitava diária, mais
que não se equipara aos digitadores. intervalo suprimido), observando-se os dias efetivamente
HORAS EXTRAS. ÔNUS DA PROVA. CARTÕES DE PONTO SEM trabalhados, conforme folhas de ponto acostadas aos autos,
ASSINATURA DO RECLAMANTE. PROVA ORAL QUE NÃO FOI durante o período imprescrito, com adicional de 50%, divisor 180
CAPAZ DE CHANCELAR A INVERACIDADE DAS (súmula 124 do TST), e reflexos sobre férias mais 1/3, 13º salários,
prova relativa à jornada extraordinária deve ser robusta, e deve No cômputo das horas extras restaram incluídas na base de cálculo
levar em conta a narrativa dos fatos elencados na petição as horas extras pagas em razão da sétima e oitava hora diária
inicial, de par com todo o contexto fático probatório inserto nos trabalhadas, uma vez que consideradas como salário normal, em
autos. Ao impugnar os cartões de ponto apresentados pela face do reconhecimento da nulidade da pré-contratação de horas
demonstrar que os horários ali apontados não correspondiam à Os juros e a correção monetária foram fixados com a observância
sua única testemunha não detinha conhecimentos suficientes Pretende o recursante autor a reforma da sentença, através da
para fixar a jornada efetivamente laborada, pelo que indevida a interposição de recurso ordinário de ID. 7c6258d - Pág. 1 - 19.
condenação em horas extras. Alega o reclamante que o controle de ponto colacionado aos autos
INTERVALO INTRAJORNADA. SUPRESSÃO. Uma vez que o é imprestável ao fim colimado, uma vez que apócrifo.
reclamante comprovou a supressão da regular concessão do Assevera que a prova testemunhal revelou que o autor permanecia
intervalo intrajornada a que fazia jus, e não tendo a reclamada trabalhando até 19:00, razão pela qual pugna pela condenação da
acostado aos autos documentação comprobatória alusiva ao reclamada no pagamento das horas extras acima da 8ª diária.
pagamento correspondente à sua supressão, impõe-se a Advoga fazer jus às diferenças salariais decorrentes do acúmulo
manutenção da procedência do pedido de pagamento das das funções de caixa e gerente de módulo.
horas extras, acrescidas dos respectivos reflexos. Aduz o obreiro exercer função cujas atribuições são executadas
PRÉ-CONTRATAÇÃO DE HORAS EXTRAS. JORNADA mediante intensa atividade de entrada de dados no sistema
EXTRAORDINÁRIA. ÔNUS DA PROVA. A teor do art. 818, I, da operacional da reclamada, pelo que requesta o pagamento do
CLT e 373, I, do CPC/2015, o ônus de comprovar a pré- intervalo de 10 minutos a cada 50 trabalhados.
contratação de horas extras recai sobre o autor, que dele não Pugna, por fim, seja-lhe deferida a quebra de caixa, parcela que
se desvencilhou a contento, pois não produziu prova oral ou entende diversa da gratificação de caixa.
documental que alicerçasse sua tese. A reclamada, por sua vez, por meio da petição de ID. e159193 -
Recursos conhecidos, improvido o do reclamante e Pág. 1-13, interpõe o apelo ordinário, com o fito de modificar
condenação as horas extras decorrentes da pré-contratação de Persegue a exclusão das horas extras decorrentes da declaração
horas extras, bem como para determinar a aplicação do IPCA-E de nulidade da pré-contratação da sobrejornada habitual, por
Alternativamente, se superado o argumento supra, requesta seja é imprestável ao fim colimado, uma vez que apócrifo.
considerado o intervalo de apenas 30 minutos para o labor acima de Assevera que a prova testemunhal revelou que o autor permanecia
06 horas, implicando o pagamento tão somente indenizatório do trabalhando até 19:00, razão pela qual pugna pela condenação da
período suprimido, com acréscimo de 50% sobre a hora normal reclamada no pagamento das horas extras acima da 8ª diária.
trabalhada, na conformidade da nova redação dada pela Lei Razão não lhe assiste.
13.467/2017 ao art. 71. §4º, da CLT, restando superada a Súmula O reclamante pretende sejam desconsiderados os cartões de ponto
437, II, do TST. carreados aos autos pela reclamada, reputando válido o horário de
Sucessivamente pretende a exclusão da PLR como reflexo das trabalho apontado em sua inicial, tão somente pelo fato de que o
horas extras, uma vez que reputa não ostentar a parcela natureza controle de jornada não se encontrava assinado.
salarial, sendo desvinculada do salário. Inicialmente, faz-se mister ressaltar que inexiste previsão legal
Roga pela não aplicação do IPCA-E como índice de correção acerca da obrigatoriedade de que os cartões de ponto se encontrem
monetária, haja vista a inexistência de pedido neste sentido, bem assinados, especialmente quando se trata de apontamento
como com fulcro na suspensão dos efeitos da decisão que fixou eletrônico dos horários de entrada e saída.
referido percentual, aliada a um possível extrapolamento de O reclamante, por seu patrono, quando de sua manifestação acerca
competência e invasão da independência entre os podres, da defesa ofertada pelas reclamadas (ID. 52c8133), ponderou que
considerando que legislar é tarefa destinada ao Legislativo Federal. referido apontamento não correspondia à realidade, bem como que
Por fim, se superado o argumento principal, suplica pela limitação seria inválido o registro, em face da ausência de assinatura do
Instados a oferecer contrarrazões, os litigantes ofertaram as mesmo tempo em que se insurge contra a veracidade da
respostas de ID. 31e7f58 - Pág. 1 - 15 e ID. c516ab7 - Pág. 1 - 9, no documentação pela ausência de assinatura, afirma que o
Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho, laborava antes do registro de entrada, como se o controle de
Presentes os demais pressupostos de admissibilidade, conheço do na agência havia apenas 2 caixas, no caso o depoente e o
recurso ordinário interposto. reclamante; que embora chegasse às 9h30min e saísse às 17h, o
RECURSO DO RECLAMANTE trabalho até a noite realizado pelo reclamante não constava no
HORAS EXTRAS ACIMA DA 8ª DIÁRIA. ÔNUS DA PROVA. trabalho eram autorizadas pelos gerentes de módulo; que tanto das
CARTÕES DE PONTO SEM ASSINATURA DO RECLAMANTE. 9h30min às 10h quanto das 16h15min às 17h, o depoente ficava na
PROVA ORAL QUE NÃO FOI CAPAZ DE CHANCELAR A agência fazendo trabalho bancário"
INVERACIDADE DAS INFORMAÇÕES CONTIDAS NAS FOLHAS Ao reclamante, ao impugnar os cartões de ponto apresentados pela
Alega o reclamante que o controle de ponto colacionado aos autos horários ali apontados não correspondiam à verdade.
Todavia, sua testemunha não detinha conhecimento sobre a com atividades paralelas.
jornada, tampouco sobre o teor probatório dos cartões de ponto, Tal entendimento restou consolidado por nossa Corte Superior
fazendo desmoronar a tese exposta na inicial. Trabalhista, conforme se pode observar do teor do seguinte julgado:
A prova relativa à jornada extraordinária deve ser robusta, e deve "RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELO RECLAMANTE.
levar em conta a narrativa dos fatos elencados na petição inicial, de INTERVALO PREVISTO NO ARTIGO 72 DA CLT. CAIXA
par com todo o contexto fático probatório inserto nos autos, pelo BANCÁRIO. A jurisprudência sedimentada na Súmula nº 346 do
que se impõe o improvimento do apelo, mantendo o indeferimento TST estende aos digitadores permanentes, somente por analogia, o
da condenação em horas extras acima da 8ª diária e reflexos. direito ao intervalo de descanso próprio dos trabalhadores nos
EXERCÍCIO DE ATIVIDADE DE DIGITAÇÃO. INTERVALO DE caixa executivo bancário, embora exerça sua atividade com o
DEZ MINUTOS A CADA CINQUENTA TRABALHADOS. auxílio de computador, não desempenha trabalho permanente de
BANCÁRIO. INAPLICABILIDADE. HORAS EXTRAS INDEVIDAS. digitação. Assim, é indevido nessa atividade o intervalo de 10
Pretende o recorrente a reforma do julgado que deixou de minutos a cada 90 de trabalho, previsto no artigo 72 da CLT
reconhecer e declarar o seu direito à pausa de 10 minutos para Recurso de revista não conhecido. (TST, Relator: Dora Maria da
cada 50 minutos trabalhados, pugnando pela condenação da Costa, Data de Julgamento: 08/04/2015, 8ª Turma)"
da inobservância de tal norma. "Caixa bancário. Intervalo do digitador. Indevido. O caixa bancário
Argumenta que as atribuições inerentes ao cargo exercido pela não tem direito ao intervalo do digitador previsto no art. 72 da CLT,
parte demandante equiparam-se às de digitador, razão pela qual na NR 17 e nas normas coletivas da categoria, porquanto não
seria aplicável a norma invocada na peça vestibular. desenvolve atividade preponderantemente de digitação. Com esses
Razão não lhe assiste. fundamentos, a SBDI-I, por unanimidade, conheceu do recurso de
O intervalo de 10min a cada 50min de trabalho é previsto para os embargos, por divergência jurisprudencial, e, no mérito, por maioria,
empregados que laboram nas funções de digitadores, de modo deu-lhe provimento para, reformando a decisão embargada,
contínuo, exclusivamente executando movimentos repetitivos. restabelecer o acórdão do Regional que indeferiu o pagamento dos
Restou incontroverso que o obreiro exerce na reclamada as funções 10 minutos de intervalo para cada 50 minutos trabalhados. Vencidos
de caixa, consoante se infere da petição inicial e da contestação, os Ministros Cláudio Mascarenhas Brandão, Augusto César Leite de
insertas nos autos. Carvalho, José Roberto Freire Pimenta e Hugo Carlos
É sabido que as atividades inerentes à função de caixa bancário Scheuermann. TST-E-RR-100499-71.2013.5.17.0152, SBDI-I, rel.
envolvem, além da digitação ou "entrada de dados" em máquinas Min. Alexandre de Agra Belmonte, 9.2.2017 "
registradoras, a execução de diversas outras, tais como o Ademais, em 01.08.2017, este regional julgou Incidente de
documentos, conferência de assinaturas, atendimento a clientes, onde foi decidido que os caixas bancários não fazem jus ao
entrega de talonários de cheques e cartões eletrônicos. intervalo de 10 minutos, cuja ementa transcrevo abaixo:
Depreende-se, portanto, que as tarefas desempenhadas pelo "INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. CAIXA
reclamante, como caixa, embora demandem digitação, não são BANCÁRIO. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. INTERVALO DE 10
O advento de novas tecnologias, por sua vez, diminui de modo TRABALHADOS. EQUIPARAÇÃO AOS DIGITADORES. HORAS
significativo a frequência da digitação, em decorrência da utilização EXTRAS INDEVIDAS. O exercente da função de caixa bancário,
de leitores de códigos de barras. empregado da Caixa Econômica Federal, não faz jus ao intervalo de
Do mesmo modo, o caso em análise não comporta a aplicação do 10 (dez) minutos a cada 50 (cinquenta) trabalhados, por
artigo 72 da CLT e da súmula nº 346 do TST, que preveem intervalo equiparação aos digitadores, vez que os caixas bancários
de dez minutos a cada noventa trabalhados, para os empregados executam, além de serviços de digitação, outros labores, a exemplo
que prestam serviços de forma permanente de mecanografia de atendimento ao público, contagem de numerário e descontos de
(datilografia, escrituração ou cálculo), posto que fartamente cheques, de modo que não têm, como atividade continuada ou
comprovado que o obreiro, ora recorrente, não laborava permanente, o serviço de digitação, exceto se demonstrado que se
de serviços de digitação." podendo ser analisado nesta instância recursal, sob pena de seu
A improcedência do pedido formulado na inicial no tocante às horas eventual concessão configurar julgamento extra petita, decidido com
extras e reflexos, portanto, é medida que se impõe. base em fato sobre o qual não se estabeleceu o contraditório, haja
Desse modo, deve ser mantida a sentença que indeferiu o pedido vista que referido fundamento, segundo o qual gratificação e quebra
DESVIO DE FUNÇÃO E QUEBRA DE CAIXA. No que pertine às diferenças salariais decorrentes do acúmulo das
Advoga o postulante fazer jus às diferenças salariais decorrentes do apelante produzir provas robustas acerca do labor prestado em
Pugna, ainda, seja-lhe deferida a quebra de caixa, parcela que Sobressaiu dos autos, contudo, que as atividades relatadas pela
Razão não lhe socorre. atribuições do autor, sendo despicienda qualificação específica,
De início, quanto ao pedido de quebra de caixa, vislumbra-se, O reclamante não tinha poderes para determinar o cumprimento ou
compulsando o teor da inicial, que o pedido do reclamante foi alteração dos horários dos demais funcionários, fato este só
relativo a gratificação de caixa, e não de quebra de caixa. autorizado pelo gerente Élder.