ORIXÁS NA UMBANDA Ibeji
ORIXÁS NA UMBANDA Ibeji
ORIXÁS NA UMBANDA Ibeji
eBook 08 - impressão
Orixás na Umbanda - Semana 08
SUMÁRIO
Capítulo 01
Culto Familiar a Olorum................................03
Capítulo 02
Iemanjá é POP.............................................05
Capítulo 03
Jesus, o Diabo e a Umbanda.......................08
Capítulo 04
Seres Elementais,
Encantados e Naturais.................................10
Capítulo 05
Orixás em Formas Humanizadas..................13
Capítulo 06
O Mistério do Orixá Ancestral,
De Frente e Ajuntó........................................14
02
Orixás na Umbanda - Semana 08
Capítulo 01
CULTO FAMILIAR A OLORUM
Por Rubens Saraceni
Agora mostraremos como cultuar nosso amado Pai Olorum dentro das famílias umbandistas.
Estender sobre uma mesa uma toalha branca com franja rendada de cor dourada; no centro dela
deve-se colocar um prato de louça totalmente branca, no centro do prato deve-se firmar uma vela
branca; à volta da vela devem “polvilhar” farinha de trigo ou grãos de trigo; por cima dos grãos ou da
farinha deve polvilhar açúcar; por cima do açúcar deve derramar mel; e a seguir acender 7 velas em
volta do prato central nestas cores: azul, verde, rosa, lilás, amarela, vermelha e violeta cada uma em
um pires branco também cobertos com trigo, açúcar e mel. Após isso feito, todos devem se sentar à
volta da mesa e um dos presentes fará esta oração evocatória:
ORAÇÃO A OLORUM
Olorum, Senhor nosso Deus e nosso Divino Criador, nós te saudamos e te louvamos neste momento
de nossa vida e de nosso destino.
Envolva-nos com teu poder e ilumine-nos com tua luz viva.
Tu, que a tudo geras e que estás em tudo o que gerou e está em nós, gerações tuas, fortaleça a
nossa alma imortal e resplandeça nosso espírito humano, livrando o nosso íntimo, nossa mente e
nossa consciência das vibrações nocivas e contrárias ao destino que reservastes para cada uma de
nós, teus filhos e razão da tua existência exterior. Afastes no nosso destino os maus pensamentos,
os desvirtuados sentimentos e as ações contrárias aos teus desígnos para nossa vida.
Amado Olorum, que os teus sete mistérios vivos se manisfetem nestas sete velas firmadas ao redor
da tua vela branca e que eles, teus manisfetadores divinos e teus exteriorizadores, se assentem à
nossa volta e nos cubram com suas luzes vivas e divinas, nos envolvam em suas vibrações originais
e afastem da nossa vida e de nosso destino tudo o que FOR contrário aos teus desígnos para co-
nosco e inunde-nos com teus efluvios de amor e de fé, de sabedoria e de tolerância, de resignação
e de compreensão, pois, só assim, amorosos e reverentes, sábios e tolerantes, resignados e com-
03
Orixás na Umbanda - Semana 08
preensivos quanto a nossa vida e ao nosso destino, cumpriremos os teus desígnos para conosco e
os manisfetaremos através da nossa consciência, da nossa mente, dos nossos pensamentos, dos
nossos atos e das nossas palavras.
Que esta minha casa seja tua casa e que nesta tua casa os teus 7 mistériosse assentem e façam
dela a sua morada humana, pois só assim, abençoado pela tua presença viva e sagrada e a presen-
ça viva e divina dos teus 7 mistérios vivos aqui nesta casa, não haverá doenças incuráveis, fomes
insaciáveus e discórdias insolúveis.
Só assim os maus e os males não encontrarão abrigo na minha morada, que é a tua morada e a
morada dos teus mistérios vivos e divinos, os Sagrados Senhores Orixás.
Bênçãos!, bênçãos!, bênçãos!, Senhos da nossa vida e do nosso destino!
Salve!, Salve!, Salve!, Senhos da nossa vida e do nosso destino!
paz e luz, AMADO OLORUM!
Após essa oração evocatória, todos devem permanecer em absoluto silêncio por algum tempo, só
mentalizando luzes e vibrando bons sentimentos.
Neste momento devem mentalizar suas dificuldades e clamar pela dissolução delas; devem menta-
lizar seus inimigos ou seus perseguidores e opressores e clamar pela transmutação dos seus senti-
mentos negativos (ódios, inveja, etc), dissolvendo e diluindo da vida e do destino deles e dos seus,
todas as coisas contrárias aos desígnios divinos para com todos nós.
Após isso feito, todos devem agradecer a Olorum e a seus 7 mistérios vivos e ajoelhar e cruzar o
solo com respeito e com reverência , deixando as cadeiras postas à volta da mesa até que todas as
velas se queimem.
No dia seguinte devem recolher o resto das velas e os elementos no prato e nos pires e despacha-
-los na terra ou em água corrente, pedindo à natureza que reabsorva os restos do que ela, genero-
samente, nos havia dado.
04
Orixás na Umbanda - Semana 08
Capítulo 02
IEMANJÁ É POP
Por Alexandre Cumino
Pergunte a 30 pessoas ou mais que não sejam “Do Santo” (das religiões de matriz ou influencia afro)
se elas conhecem ou sabem “O que é Umbanda?”, “O que é Candomblé?” e/ou se “Sabem o que é
um Orixá?”. Agora pergunte às mesmas pessoas se elas “Sabem quem é?” ou “Se conhecem Ie-
manjá?”.
Não se surpreenda se a maioria lhe disser que não fazem a mínima idéia do que é Orixá, Umbanda
ou Candomblé... mas todas sabem quem é Iemanjá.
Quem nunca foi de branco passar o reveilon na praia a beira mar, levando rosas brancas e champag-
ne para o mar, pulou 7 ondas e pediu boa sorte de frente ao mar, de frente para a rainha do Mar?
Muitos nem sabem que este costume nasceu com a Umbanda e o Candomblé, já que faz parte dos
rituais de sua liturgia.
Iemanjá é o mais popular dos Orixás, não há quem a desconheça ou que nunca tenha pelo menos
ouvido falar sobre ela.
A popularidade é tão grande que podemos até dizer que é POP, sua imagem vem estampada em
camisetas de todos os tamanhos e cores, são vendidas velas com sua imagem, sua estátua é segu-
ramente a mais vendida nas casas de artigos religiosos.
“Jovens” de todas as idades “adoram” e adoram esta divindade do panteão Nagô – Yorubá, que
inclusive sofreu uma contração de seu nome na vinda e estadia aqui no Brasil, pois na língua original
(Yorubá) temos Yia = Mão, Omo = Filhos , Eja = Peixe, o que seria Yaomoeja se tornou Iemanjá.
Iemanjá ganhou até uma roupagem Brasileira, na década de 70 uma clarividente carioca teria visto a
imagem de Iemanjá pairando sobre o Mar, ela passou as impressões do que viu a um artista que fez
05
Orixás na Umbanda - Semana 08
o tradicional retrato de Iemanjá, tão conhecido e popular quanto ela. Nesta mesma época e se não
me falha a memória no mandato do prefeito “Dozinho” foi levantada a imagem de Iemanjá na Praia
Grande.
Até hoje existe uma polêmica se aquela Iemanjá branca è a mesma do Candomblé e da Umbanda
ou se a Iemanjá do Candomblé deveria ser Negra. Como se houvessem duas Iemanjás só por causa
da cor da pele dela, uma branca e outra negra. Logo de cara não entendia esta questão pois para
mim Iemanjá podia aparecer de qualquer cor ou raça pois ela, enquanto divindade transcendia esta
questão racial. Foi aí que entendi então como podem ser intolerantes os religiosos, uns querendo a
divindade só para si e outros levantando o direito de uma imagem.
Iemanjá também goza de privilégio e popularidade entre os Orixás, considerada a Mãe dos Orixás é
chamada Rainha e mulher de Oxalá “o maior” dos Orixás.
Iemanjá resume em si todo o aspecto feminino da criação, ela é a própria Deusa e na religião cristã
está associada a Maria, Mãe de Jesus.
O novo adepto das religiões de culto aos Orixás logo vem pensando em ser filho de um Orixá conhe-
cido como Xangô ou Ogum e as mulheres geralmente vem pensando em Iemanja ou Oxum. Depois
é que vão conhecendo outros orixás e se encantando por eles.
Houve um tempo em que as festas de Iemanjá no litoral paulista tomavam toda a Praia Grande e
Santos, que teve uma das Federações de Umbanda mais atuantes do País com Dna. Graciana à sua
frente.
Os mais velhos dizem que nunca mais se viu festas como as de antigamente e que a cada ano
menos pessoas vão ao Mar. Resta apenas um pequeno espaço reservado aos festejos de Iemanjá
na Praia Grande e agora em Mongaguá também, graças a Jacob Neto, filho de santo de Ronaldo
Linares e que faz um grande trabalho como Sacerdote de Umbanda naquela região.
Ou o número de adeptos está caindo bruscamente ano após ano ou a popularidade da festa tem
06
Orixás na Umbanda - Semana 08
caído, onde os adeptos mais jovens não vêm mais com tanto interesse uma festa à Rainha do Mar.
Os tempos mudam as pessoas e culturas se transformam, mas Divindades nunca morrem elas tem
uma capacidade se adaptar e de ressucitar, Cristo que o diga pois ressucitou para ganhar status en-
tre os panteões antigos onde o mínimo para uma divindade de alto escalão como Krisna, Zoroastro
ou Morfeu era nascer de uma Virgem.
Constantino que deu carta branca para os cristãos em Roma não poderia se colocar sob a proteção
de um “deus” que fosse menos que Apolo, assim nasce “Jesus Cristo” o Deus-Homem dos Roma-
nos Cristãos, seguidores de um Judeu chamado Yashua que teria feito um homem rescucitar dos
mortos.
E o que isto tudo tem a ver com Iemanjá é que só assim para dizer que ela é amada e não tem que
ser perfeita para isso, ela pode ser “super protetora”, pode ser “ciumenta”, pode até gostar de coisas
como pente de cabelo, espelhos e até perfumes. Com certeza lhe agrada as rosas brancas e cham-
pagne.
As qualidades de Iemanjá assim como dos outros Orixás não tem relação direta com a abnegação
cristã. Os Orixás tem sim é naturezas e arquétipos diferentes, o que os identifica com seus filhos e
até um “defeito” pode passar a ser visto como uma qualidade. Por exemplo podemos ouvir uma
pessoa dizendo que é brigão por ser filho de Ogum ou mulher se dizer muito vaidosa por ser filha de
Oxum...
Os Orixás são “Reis e Rainhas” que visitam seu filhos aqui na terra e por isso eles ostentam tamanha
dignidade pois são também reais e devem mostrar a majestade por seu comportamento Ilibado.
Bem quem cuida destes valores na família geralmente é a Mãe e mais uma vez chegamos a Iemanjá
que é a Mãe em pessoa, onde houver uma mãe ali está Iemanjá mas se Iemanjá não existisse então
não haveriam mães no mundo pois ela é este mistério “Mãe” em si na criação. Ela é o mistério que
na Cabala hebraica se chama Chequiná o lado feminino de Deus, dele mesmo, de YVHV, Adonai.
07
Orixás na Umbanda - Semana 08
Iemanjá é tudo isso e muito mais ela é maior que as religiões que a cultuam e acredite poderíamos
criar toda uma religião com Liturgia, Mitologia, Filosofia e Teologia todinha fundamentada apenas
em Iemanjá. Seria a “Religião da Rainha”. Bem se a idéia for boa, que criem pois no futuro haverão
tantas religiões quanto Mdonald’s.
E claro quando a religião se tornar algo POP Iemanjá se tornará a Rainha das Religiões, Rainha do
Mar, Rainha dos Céus, Rainha da Terra e do Ar.
Quando o mundo for POP nos lembraremos que alguém um dia escreveu que Iemanjá é POP.
Publicado na Revista Espiritual de Umbanda.
Capítulo 03
JESUS, O DIABO E A UMBANDA
Por Alexandre Cumino
Jesus se recolheu no deserto por 40 dias e neste período foi tentado pelo diabo três vezes. Vejamos
o que fala a Bíblia (Matheus 3-4):
“Então Jesus foi levado pelo espírito para o deserto, para ser tentado pelo diabo.
- Se és filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães.
- Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus.
- Se és filho de Deus atira-te para baixo, porque está escrito: Ele dará ordem a seus anjos a teu res-
peito, e eles te tomarão pelas mãos, para que não tropeces em nenhuma pedra.
- Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus.
Mostrando todos os reinos do mundo, fala o tentador:
- Tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares.
- Vai-te Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás e só a ele prestarás culto”.
Este é o poder da Bíblia, da palavra e de Jesus, reunir muitos ensinamentos em poucas palavras, en-
08
Orixás na Umbanda - Semana 08
sinamentos que vão além do tempo e da cultura, são vivos até hoje.
Quem é o diabo?
Pode ser muitas coisas, desde uma entidade, um anjo caído, um ser que representa o mal, uma outra
pessoa ou simplesmente o nosso lado sombrio, nosso ego , nossas paixões e desejos que devem ser
vencidos.
Mas a melhor reflexão cabe às três tentações, pois Cristo rejeita exatamente o que médiuns e consu-
lentes pedem para alcançar através da Umbanda. Vejamos:
Esta é uma crítica para refletirmos qual o papel da religião em nossa vida, que com certeza não é pro-
duzir milagres, nem satisfazer nossos desejos.
O ser humano passa anos criando e alimentando seus problemas e complicações, depois espera que
um caboclo ou preto-velho o resolva num estalar de dedos.
09
Orixás na Umbanda - Semana 08
O ser humano se mostra descrente e exige um milagre para sair desta sua condição de desilusão da
vida.
O ser humano não quer ser humano, quer ser Deus - no sentido egoísta da palavra, pois todos somos
deuses - o mito do anjo caído diz respeito ao próprio ser humano, que dá ouvidos á suas vaidades,
desejos e paixões.
A religião é um convite para conhecermos melhor a nós mesmos, nos espiritualizarmos e buscar uma
vida feliz independente do que temos ou possuímos.
JUS 101 – 10/2008
Capítulo 04
SERES ELEMENTAIS, ENCANTADOS E NATURAIS
Por Alexandre Cumino
Sei que é complicado conseguirmos fontes confiáveis de informação a respeito de assuntos como
este proposto (elementais e encantados da natureza). Dentro da literatura kardecista me limito a fazer
menção de uma obra de Chico Xavier, não pela quantidade de informação mas pela autenticidade e
valor incontestável da mediunidade deste verdadeiro “apóstolo” encarnado:
André Luiz em suas obras psicografadas na mão de Chico Xavier, não perde oportunidades em citar o
valor e as benesses adquiridas no contato com a natureza, como em “Os Mensageiros” cap. 41 (entre
árvores), por exemplo, e vai além no livro “Nosso Lar”, cap. 50 - pg. 279, temos este texto: “Narcisa
chamou alguém, com expressões que eu não podia compreender. Daí a momentos oito entidades es-
pirituais atendiam-lhe ao apelo. Imensamente surpreendido, vi-a indagar da existência de mangueiras
e eucaliptos. Devidamente informada pelos amigos, que me eram totalmente estranhos, a enfermeira
explicou:
- São servidores comuns do reino vegetal, os irmãos que nos atenderam...”.
Olhando de fora fica claro que André Luis conhece e muito bem este assunto, mas talvez para não
10
Orixás na Umbanda - Semana 08
criar polêmica ou até mesmo, simplesmente, por não ser prioridade no enfoque da doutrina Karde-
cista ele faz apenas esta pequena referência, aos nossos irmãos que estagiam na natureza.
Existem ainda autores que vão além no assunto, ainda numa abordagem kardecista, como é o caso
de Rochester que no seu “Narrativas Ocultas”, editado pela “Boa Nova” , escreve: “As ondinas, as
libélulas e as almas das flores”.
Agora pulando toda aquela febre, de duendes e gnomos, vamos à Umbanda, onde temos uma reali-
dade imensuravelmente rica, com incorporações de entidades na qualidade de orixás, que são seres
naturais, que vêm especialmente para trazer o axé dos reinos da natureza e suas dimensões. Como
por exemplo as Iemanjás, Oxuns, Nanãs, Ogins e outros como as sereias e ondinas.
Quem nunca ouviu o canto da sereia em terreiros de umbanda? Um canto que a todos encanta! São
entidades naturais, não humanas, que estagiam nos reinos, domínios e dimensões de Iemanjás, o
mesmo se dá com os naturais e encantados dos outros Orixás.
Agora o que nos resta é classifica-los e entende-los dentro de nosso contexto, ou de um todo.
Na “Gênese Divina de Umbanda Sagrada”, livro psicografado por Rubens Saraceni, o espírito de Sei-
man Hamiser yê (um espírito integrado às hostes de Ogum Mêge) nos explica que nós também já fo-
mos elementais e encantados da natureza, antes de nos tornarmos seres naturais humanos, diferente
dos naturais dos reinos dos Orixás.
Desta forma existem seres elementais, encantados e naturais que vivem em reinos, dimensões e
domínios dos Orixás. Quando se manifestam são como a presença dos Orixás entre nós. Os encan-
tados são infantis como as nossas crianças e os naturais são os Orixás que incorporam nas giras de
Umbanda.
Somos então “seres essenciais”, somos apenas um mental totalmente inconsciente mas qualificados
11
Orixás na Umbanda - Semana 08
em uma das sete qualidades essenciais do Criador. Para nossa dimensão, seria como estar em um
parto divino onde estamos sendo gerados para as dimensões onde habitam os filhos do Criador, pas-
samos a absorver as energias a fim com nosso padrão vibratório tornando-nos “seres elementais”. A
partir de nossa essência original se forma o primeiro elemento e com o amadurecimento passamos a
absolver um segundo elemento, como que instintivamente. A partir da absorção do terceiro elemento
começa a se formar um corpo já estruturado com centros de energia, que darão origem aos chacras
em si e é neste estágio em que começamos a adquirir certa consciência, somos considerados “seres
encantados”, onde somos conduzidos por nossos sentidos, onde nossas faculdades relacionadas a
tal sentido afloram e amadurecem, de tal forma que passam a expandir nossa capacidade mental.
Daí para frente nos tornamos “seres naturais”, podendo ou não entrar no ciclo encarnacionista, que
serve para acelerar nossa evolução rumo de volta ao Criador, onde voltaremos a deixar de ter um cor-
po (como nós o entendemos na matéria), até que nos tornaremos outra vez um mental ou “estrelas de
Deus” e da criação, como no plano virginal, só que agora não mais inconscientes mas hiper conscien-
tes, não precisando nada além da mente para tudo realizar.
É todo um universo a ser estudado, para quem quiser entender melhor existem passagens em alguns
livros que relatam a experiência de algumas entidades como os encantados:
No livro “Cavaleiro da Estrela da Guia” Simas de Almoeda o “Pagé Branco” entra em contato com
encantados do fogo dentro da dimensão deles.
No “Guardião do fogo Divino” o personagem entra na dimensão de uma “Oxum do fogo” tem o prazer
divino de conhecê-la e ajudá-la na orientação dos encantados sob sua tutela.
No “Hash Meir” ele entra em contato com encantadas do reino da mãe Yemanjá....
Bem para completar, todos nós Umbandistas também entramos em contato com os encantados e en-
cantadas da natureza e naturais, pois damos passagem a sua incorporação durante nossos trabalhos,
o que vem a engrandecer e ajudar mutuamente aos dois lados.
JUS 014 – 06/2002
12
Orixás na Umbanda - Semana 08
Capítulo 05
ORIXÁS EM FORMAS HUMANIZADAS
Por Alexandre Cumino
As Divindades Maiores não tem forma humanizada, são mentais planetários, presentes em tudo e mui-
to ligados à natureza. Sentimos sua presença nos pontos de Força (Matas, Cachoeiras, Mar, Pedreiras,
etc.). A maioria de nós não consegue entender uma presença sem forma, por isso a importância da
huma-nização, onde se costuma dar uma feição humana que mais se aproxime das qualidades da
Divindade. O que justifica uma forma humana negra e outra branca para Yemanjá. A forma humanizada
Se é uma divindade do Amor tem uma forma doce e amorosa; se uma divindade da Lei, forma impo-
nente que imponha respeito; se uma divindade da Justiça, forma séria a cobrar débitos e lembrar dos
créditos. Acompanham ainda as formas humanizadas das Divindades elementos que identifiquem seu
campo de atuação e natureza divina, onde vemos por exemplo uma espada para a Lei, um machado
de lâminas iguais ou balança para a justiça, uma bengala para a evolução, uma flecha para a busca ou
a caça. Há também simbologia dentro do próprio elemento da Divindade onde a água é a geração da
vida, o fogo é a justiça, o ar a ordem ou o verbo ordenador, a terra que tudo acolhe é a transmutação,
etc.
Além das Divindades maiores e menores, temos as entidades naturais que incorporam em seus mé-
diuns como Orixás individuais, entidades vindas de reinos da natureza ou se preferir dimensões re-
gidas pelos Orixás Maiores. Estas entidades manifestam as qualidades dos Orixás Maiores como se
fosse o próprio, com a diferença de que são muitas a habitar estes reinos naturais, regidos pelas divin-
dades maiores. Estes seres naturais sempre assumem uma forma humanizada para melhor se fazerem
entender e estas formas humanizadas tem uma relação com o universo mítico, simbólico e cultural no
13
Orixás na Umbanda - Semana 08
Capítulo 06
O MISTÉRIO DO ORIXÁ ANCESTRAL, DE FRENTE E AJUNTÓ
Por Rubens Saraceni
Uma dúvida, e a que mais incomoda os umbandistas é sobre seu orixá. Nós sabemos que orixá ances-
tral não é o mesmo que orixá de frente ou ajuntó. O orixá ancestral está ligado à nossa ancestralidade
e é aquele que nos recepcionou assim que, gerados por Deus, fomos atraídos pelo seu magnetismo
divino.
Todos somos gerados por Deus e somos fatorados por uma de suas divindades, que nos magnetiza
em sua onda fatoradora e nos distingue com sua qualidade divina.
Uns são distinguidos com a qualidade congregadora e são fatorados pelo Trono da Fé. E, se forem
machos é o orixá Oxalá que assume a condição de seu orixá ancestral. Mas, se for fêmea, aí é a orixá
Oiá que assume sua ancestralidade.
Uns são distinguidos com a qualidade agregadora e são fatorados pelo Trono do Amor. E, se forem
machos é o orixá Oxumaré que assume a condição de seu orixá ancestral. Mas, se forem fêmeas, aí
é a orixá Oxum que assume suas ancestralidades.
Uns são distinguidos com a qualidade expansora e são fatorados pelo Trono do Conhecimento. E, se
forem machos é o orixá Oxossi que assume a condição de seu orixá ancestral. Mas, se forem fêmeas,
aí é a orixá Obá que assume suas ancestralidades.
Uns são distinguidos com a qualidade equilibradora e são fatorados pelo Trono da Razão. E, se forem
machos é o orixá Xangô que assume as suas ancestralidades. Mas, se forem fêmeas, aí é a orixá Egu-
nitá que assume suas ancestralidades.
Uns são distinguidos com a qualidade ordenadora e são fatorados pelo Trono da Lei. E, se forem ma-
chos é o orixá Ogum que assume suas ancestralidades. Mas, se forem fêmeas, aí é a orixá Iansã que
14
Orixás na Umbanda - Semana 08
Uns são distinguidos com a qualidade evolutiva (transmutadora) e são fatorados pelo Trono da Evolu-
ção. E, se forem machos é o orixá Obaluaiyê que assume suas ancestralidades. Mas, se forem fêmeas,
aí é a orixá Nanã que assume suas ancestralidades.
Uns são distinguidos com a qualidade geradora e são fatorados pelo Trono da Geração. E, se forem
machos é o orixá Omulu que assume suas ancestralidades. Mas, se forem fêmeas, aí é a orixá Iemanjá
que assume suas ancestralidades.
Observem que não estamos nos referindo ao espírito que “encarnou” no plano material, e sim, ao ser
que acabou de ser gerado por Deus e foi atraído pelo magnetismo de uma de suas divindades, que,
por serem unigênitas (únicas geradas) transmitem naturalmente a qualidade que são em si mesma aos
seus “herdeiros”, aos quais imantam com seus magnetismo divinos e dão aos seres uma ancestrali-
dade, imutável pois é divina e jamais ela deixará de guiá-los porque a natureza íntima de cada um será
formada na qualidade que o distinguiu, fatorando-o.
Alguém pode reencarnar mil vezes, e sob as mais diversas irradiações, que nunca mudará sua na-
tureza íntima. Agora, a cada encarnação ele será regido por um orixá de frente (o que o guiará en-
quanto viver na carne) e será equilibrado por outro orixá que será o auxiliar (o ajuntó) desse orixá de
frente ou da “cabeça”. Usamos o termo “orixá da cabeça” porque ele regerá a encarnação do ser e
o influenciará o tempo todo pois está de “frente” para ele. Sim, o orixá da cabeça está á nossa frente
nos atraindo mentalmente para seu campo de ação e para o seu mistério, ao qual absorveremos e
desenvolveremos algumas faculdades regidas por ele. Já o orixá ajuntó, este é um equilibrador do
ser e atuará através do seu emocional, hora estimulando-o e hora apassivando-o pois só assim o ser
não se descaracterizará e se tornará irreconhecível dentro do seu grupo familiar ou tronco hereditário,
regido pelo seu orixá ancestral.
A dúvida dos “médiuns” e dos umbandistas se explica pela precariedade dos métodos divinatórios
usados para identificar o orixá da cabeça e seu ajuntó. Daí, vemos pessoas reclamarem que a cada
15
Orixás na Umbanda - Semana 08
Babalorixá ou Ialorixá que consultaram, cada um deu um orixá diferente a cada consulta, criando uma
confusão e levando ao descrédito. Esta queixa é muito comum e não são poucos os médiuns que
estão confusos porque uma consulta diz que é filho desse orixá e outra consulta diz que é filho de
outro orixá.
Nós dizemos isto: na ancestralidade, todo ser macho é filho de um orixá masculino e todo ser fêmea
é filha de um orixá feminino.
Na ancestralidade, orixá masculino só fatora seres machos e os magnetiza com sua qualidade, fato-
rando-os de forma tão marcante que o orixá feminino que o secunda na fatoração só participa como
apassivadora de sua natureza masculina. E o inverso acontece com os seres fêmeas, onde o orixá
masculino só participa como apassivador dessa sua natureza feminina.
Portanto, no universo da ancestralidade dos seres machos, têm sete orixás masculinos e na dos seres
fêmeas, têm sete orixás femininos.
Têm sete naturezas masculinas e sete naturezas femininas, tão marcantes que é impossível ao bom
observador não vê-las nas pessoas.
Saibam que, mesmo que o orixá da cabeça ou de frente seja, digamos, a orixá Iansã, ainda assim, por
tráz dessa regência poderemos identificar a ancestralidade se observarem bem o olhar, as feições, os
traços, os gestos a postura, etc., pois estes sinais são oriundos da natureza íntima do ser, apassivada
pela regência da encarnação, mas não anulada por ela. Certo?
E o mesmo se aplica ao orixá ajuntó, pois podemos identificá-lo nos gestos e nas iniciativas das pes-
soas, já que é através do emocional que ele atua.
Outra forma de identificação é através do Guia de frente e do Exu Guardião dos Médiuns. Mas esta
identificação exige um profundo conhecimento do simbolismo dos nomes usados por eles para se
identificarem.
E também, nem sempre o Guia de frente ou o Exu guardião se mostram, pois preferem deixar isto para
16
Orixás na Umbanda - Semana 08
Por isso, também, é que muitos encontram em si qualidades de vários orixás. A cada encarnação há a
troca de regência da encarnação. E, nessa troca, os seres vão evoluindo e desenvolvendo faculdades
relativas a todos os orixás.
17
Orixás na Umbanda - Semana 08
Esse pdf possui direitos autorais. Estão expressamente proibidas quaisquer outras
previstas na Lei 5988 de 14/12/1973 artigos 184 e 186 do Código Penal e Lei de
18