Politica Nacional de Meio Ambiente IBAM
Politica Nacional de Meio Ambiente IBAM
Politica Nacional de Meio Ambiente IBAM
69 p. : il. color.
Inclui Referências
CDU 32:502
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INSTITUTO BRASILEIRO DE ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL – IBAM
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Sumário
APRESENTAÇÃO...........................................................................7
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4.3 Planejamento, Monitoramento e Proteção Socioambiental............................ 49
4.4 Incentivos Financeiros ........................................................................................... 54
4.5 Mudança de Cultura ............................................................................................... 55
CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................58
ANEXO I........................................................................................59
REFERÊNCIAS..............................................................................61
LEGISLAÇÃO CORRELACIONADA............................................64
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR............................................68
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Política Nacional de Meio Ambiente
APRESENTAÇÃO
“Estamos diante de um momento orientar e regular o uso dos recursos naturais.
crítico na história da Terra, numa
época em que a humanidade deve Na unidade 01, (um) será feito um breve his-
escolher o seu futuro. À medida que tórico sobre a evolução no entendimento dos
o mundo torna-se cada vez mais in- recursos naturais como um bem estratégico
terdependente e frágil, o futuro en- para o Brasil e sobre como o país se organizou
frenta, ao mesmo tempo, grandes para gerir de forma sustentável seu patrimônio
perigos e grandes promessas. Para socioambiental.
seguir adiante, devemos reconhe-
cer que, no meio da uma magnífica Na unidade 02 (dois), serão abordados os sis-
diversidade de culturas e formas de temas SISNAMA (Sistema Nacional de Meio
vida, somos uma família humana Ambiente), responsável por organizar, produ-
e uma comunidade terrestre com zir e desdobrar as ações e políticas ambien-
um destino comum. Devemos so- tais nas instituições das respectivas esferas
mar forças para gerar uma socie- públicas da administração (municipal, estadu-
dade sustentável global baseada al e federal), e o SNUC (Sistema Nacional de
no respeito pela natureza, nos di- Unidades de Conservação), responsável por
reitos humanos universais, na jus- classificar, definir e gerir os usos do solo nas
tiça econômica e numa cultura da unidades de conservação brasileiras.
paz. Para chegar a este propósito,
é imperativo que nós, os povos da Na unidade 03 (três), serão destacadas as po-
Terra, declaremos nossa respon- líticas desenhadas para o clima, para os recur-
sabilidade uns para com os outros, sos hídricos, para os resíduos sólidos e para
com a grande comunidade da vida, os ambientes florestais. Será apresentado o
e com as futuras gerações.” contexto histórico do desenvolvimento de cada
política bem como seus pontos mais relevantes
Preâmbulo da Carta da Terra (2000). e suas diretrizes.
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1. Breve histórico da
institucionalização
da gestão
ambiental no Brasil
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holística, ou seja, integrada e preocupada com
1. BREVE HISTÓRICO DA as gerações futuras.
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e a desertificação de grandes áreas no bioma
Mata Atlântica.
Saiba Mais!
Ainda no período colonial, destaca-se a
atuação de vanguarda de José Bonifácio
no que diz respeito à valorização do meio
ambiente e ao entendimento de sua cen-
tralidade para o desenvolvimento da so-
ciedade. O Patriarca da Independência,
em 1802, formalizou as primeiras instru- Página de rosto da edição princeps do Código Filipino
ções para reflorestar a costa brasileira. ou Ordenações Filipinas, de 1603 (Wikipedia, 2014)
Disponível no link <https://upload.wikimedia.org/
Já o regente D. João VI criou, em 1808, wikipedia/commons/f/f8/C%C3%B3digo_Filipino_
o Jardim Botânico do Rio de Janeiro. A (Ordena%C3%A7%C3%B5es_Filipinas).JPG>
área tinha como objetivo aclimatar es-
pécies e incentivar estudos na área da
botânica. O regente instituiu, em 9 de
agosto de1817, − em função da diminui- 1.2 Brasil Império: O Progresso
ção do volume de água na cidade do Rio Chegou com a Independência
de Janeiro associada ao desmatamen-
to − um decreto que proibia o corte de Após a Independência, em 1822, tanto o go-
árvores nas áreas circundantes do rio verno imperial quanto, mais tarde, a República
Carioca no Rio de Janeiro. preocuparam-se em consolidar a dominação
sobre o vasto território nacional.
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Em 1850, foi lançado o primeiro Código 1934 ► o Código de Águas, o
Criminal que tipificou o crime de corte ilegal Código da Mineração e o primeiro
da madeira e a Lei nº 601, que discriminou a Código Florestal
ocupação do solo no que se refere a desma-
tamentos e incêndios criminosos. À época, a 1937 ► a Lei de proteção do patri-
principal receita do país era a agricultura volta- mônio histórico e artístico nacional
da para a exportação. O açúcar, o algodão e o
café, cultivados em grandes latifúndios, eram 1938 ► o Código da Pesca
os principais produtos exportados.
1943 ► o Código da Caça (prote-
Atenção! ção da fauna)
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Atenção! 1.3.2. Década de 1970: Precisamos
Preservar! O Esboço de uma Política
O Código Nacional de Saúde estabele- Nacional para a Conservação e Regulação
ceu algumas normas de proteção ao meio do Meio Ambiente
ambiente, notadamente sobre as ativida-
des econômicas que viessem a lançar No começo da década de 70, foi realizada a
efluentes líquidos nos corpos d’água, Conferência de Estocolmo (1972). Na reunião,
tais como loteamentos e indústrias. o Brasil defendia a ideia de que o melhor instru-
mento para combater a poluição é o desenvol-
vimento econômico e social. Diante das pres-
Essa legislação previa, também, a obrigação sões internacionais geradas na conferência, foi
das indústrias instaladas de tomarem as medi- urgente a necessidade de se criar um projeto
das necessárias para corrigir os efeitos de po- ambiental nacional.
luição das águas e contaminação da atmosfera
resultantes da sua operação. Em 1973, o Governo Federal criou a
Secretaria Especial do Meio Ambiente
A promulgação do Estatuto da Terra, em 1965, (SEMA). A SEMA, a essa época vinculada ao
contribuiu com o avanço da legislação am- Ministério do Interior, recebeu a atribuição de
biental brasileira, ao criar condições do Poder coordenar as ações dos órgãos governamen-
Público passar a exercer, efetivamente, a de- tais relativas à proteção ambiental e ao uso
fesa do meio ambiente e o controle ambiental dos recursos naturais.
das atividades econômicas.
A emergente preocupação com os problemas
ambientais, resultantes da rápida industriali-
Atenção!
zação da década de 1960, continuava subor-
O Estatuto da Terra alterou o conceito le- dinada ao desenvolvimento econômico, prin-
gal de propriedade e introduziu a "função cipal agenda do governo. Os programas de
social da propriedade". controle ambiental e a complementação da
legislação federal, por meio de normas e pa-
drões de qualidade direcionados para o meio
A “função social da propriedade", descrita no ambiente, passaram a ser executados pela
art.2º do Estatuto da Terra, permitiu considerar SEMA e pelas entidades estaduais criadas a
a terra como bem de produção e determinou partir de 1974.
que o seu aproveitamento fosse feito de ma-
neira racional, de modo a obter a maior produ- A política e a gestão ambiental referiam-se ba-
tividade e condicionando seu uso ao bem-estar sicamente ao controle da poluição decorrente
da população. do desenvolvimento industrial e às questões
sociais, como o crescimento desordenado e o
O Estatuto da Terra "deu lugar à consciência descarte irregular de efluentes industriais que
de que qualquer recurso natural (...) consti- deteriorou as condições ambientais dos corpos
tui patrimônio coletivo da Nação" (OLIVEIRA, hídricos das principais cidades do País.
1984). Diversas leis e regulamentos, em ní-
vel federal, estadual, e mesmo em nível mu- Ainda em 1975, entrou em vigor o Decreto Lei
nicipal, foram gerados a partir de 1965, no no 1.413, de 14 de agosto, regulamentado pelo
sentido de regular alguns aspectos ambien- Decreto no 76.389, de 3 de outubro do mes-
tais, atribuindo a determinados órgãos públi- mo ano, que estabeleceu a obrigação de as
cos competências para atuar na proteção do indústrias instaladas no território nacional ado-
meio ambiente. tarem medidas preventivas e corretivas no que
concerne à contaminação do meio ambiente. A
legislação considerou como áreas críticas de
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poluição algumas regiões metropolitanas e ba- construção de usinas hidrelétricas, da rodovia
cias hidrográficas das regiões de Cubatão e de Transamazônica, pela mineração e pelo uso de
Volta Redonda. defensivos agrícolas escapavam ao controle
da SEMA e das entidades estaduais de meio
O estabelecimento de áreas críticas de poluição ambiente. Nesse período, a gestão ambiental
desdobrou se em diretrizes de planejamento municipal se limitava a definir restrições à lo-
territorial das atividades industriais, que foram calização industrial como parte de seus planos
consolidadas na Lei no 6.803, de 2 de julho de diretores físico-territoriais.
1980. Essa lei define categorias e critérios de
uso do solo para a instalação de indústrias po- Saiba Mais!
luidoras. Assim, nas regiões metropolitanas de
São Paulo e do Rio de Janeiro e na bacia do Embora pontual, a organização social
Rio Paraíba do Sul, desenvolveram se proces- em defesa do meio ambiente ganha-
sos de ordenamento ambiental, institucionali- va força no Brasil. Liderado por José
zando-se os zoneamentos industriais. Lutzemberger, o movimento social gaú-
cho já vinha defendendo teses ecologis-
Como consequência do avanço na legislação, tas contra os agrotóxicos e a preserva-
foi implementado o sistema de licenciamento ção das águas no Rio Grande do Sul. No
ambiental. Esse mecanismo tinha como obje- Rio Janeiro, a preservação das dunas
tivo controlar as atividades industriais e o des- era a pauta na agenda ambiental.
pejo de efluentes, prevendo restrições, multas
e até a interdição da atividade. Em fins da década de 70, o retorno dos
exilados políticos contribuiu para o inter-
O campo de ação das entidades estaduais de câmbio dos ideais dos partidos verdes,
meio ambiente, que começavam a implemen- que cresciam em representatividade em
tar suas atividades, sofreu mais uma limitação todo o mundo.
com a edição do Decreto no 81.207, de 22 de
dezembro de 1977.
Por meio desse Decreto, declarou-se como de 1.3.3. A Partir de 1980: Precisamos Pensar
segurança nacional e, portanto, de expressa no Futuro. Queremos um Desenvolvimento
competência do Governo Federal, o controle Sustentável!
ambiental das empresas públicas, das indús-
trias de armamento, das indústrias químicas e A década de 80 é considerada como um pe-
petroquímicas, das indústrias de cimento, de ríodo de grande avanço na política ambiental
materiais de transporte, de celulose, de fertili- brasileira. A Comissão Brundtland − criada
zantes e defensivos agrícolas e das refinarias pela Organização das Nações Unidas em 1983
de petróleo. − divulga o conceito de “desenvolvimento sus-
tentável”, fortalecendo, nas esferas nacional e
As diretrizes contidas nesse decreto orienta- internacional, a perspectiva de integrar meio
ram os programas de gestão ambiental para as ambiente, sociedade e economia.
áreas urbanas mais desenvolvidas, nas quais
a população detinha maiores informações e se Os protestos contra projetos nucleares, des-
mobilizava contra as consequências da polui- matamentos, agrotóxicos e poluição hídrica ga-
ção sobre a saúde e a qualidade de vida. nham visibilidade e pressões de todo o mundo
direcionam países desenvolvidos e em desen-
A preocupação com o setor industrial ofuscou volvimento a criarem uma agenda ambiental.
a degradação causada pelas grandes obras
de infraestrutura do governo. O desmatamen- No Brasil, pode-se dizer que houve dois mo-
to e a perda da biodiversidade gerados pela mentos-chave para a transformação no olhar
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sobre o meio ambiente: a) o lançamento da Atenção!
Lei no 6.938 (1981), conhecida como Lei de
Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA); Com a promulgação da Lei no
e b) a edição da Constituição Federal de 1988, 6.938/1981, o meio ambiente passou a
que deu autonomia aos Estados e Municípios ser considerado como patrimônio públi-
na formulação de políticas ambientais e in- co a ser protegido, tendo em vista o uso
cluiu a sociedade civil como interlocutora das racional dos recursos ambientais.
políticas do governo.
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no sentido de ressignificar a relação homem e das ações para um desenvolvimento sustentá-
meio ambiente. vel. O projeto Agenda 21 Brasil foi precedido
por ampla consulta à população brasileira, às
O fortalecimento de instituições para o desen- universidades, às organizações não governa-
volvimento de tecnologias “limpas”, ou seja, mentais e aos órgãos públicos dos diversos
com menores emissões de gases de efeito entes federativos.
estufa e menor degradação de áreas (constru-
ção de grandes barragens, agricultura inten- Saiba Mais!
siva, etc.) também foi uma das prioridades da
conferência. A Agenda 21 local pode ser construí-
da e implementada em nível Municipal,
Destaca-se que a ECO 92 trouxe ao debate bem como em outros arranjos territoriais
instituições do terceiro setor (por ex: ONGs, como bacias hidrográficas, regiões me-
fundações, OSCIPs etc.) e empresas, inaugu- tropolitanas e consórcios intermunici-
rando uma relação de parceria entre governo, pais. É imperativo que a sociedade e o
terceiro setor e iniciativa privada no que diz governo participem de sua construção.
respeito a questões socioambientais. Embora O Programa Agenda 21 do MMA publi-
os compromissos assumidos na conferência cou um roteiro organizado em seis eta-
tenham ficado com o Estado, após o evento, pas para a construção de Agendas 21
houve uma maior conscientização da popula- locais. Para saber detalhes, acesse:
ção brasileira sobre o tema. http://www.mma.gov.br/legislacao/item/
724-passo-a-passo-da-agenda-21-local-
O Estado brasileiro, por sua vez, reforçou a vers%C3%A3o-completa-em-html
estrutura dos órgãos ambientais e aprovou leis
como: a) a Lei da Natureza nº 9.605/98 (tam-
bém chamada de Lei de Crimes Ambientais); Ainda na década de 2000, outras políticas am-
b) a Lei nº 9985/2000, que instituiu o Sistema bientais que têm grande participação popular,
Nacional de Unidade de Conservação da seja através de assento ou obrigatoriedade de
Natureza (SNUC), que classifica e define o tipo consulta, foram editadas. A saber:
de uso das áreas protegidas.
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política ambiental brasileira e, através dela, já
foram definidas ações, como por exemplo: o
Plano de Ação para a Prevenção e Controle do
Desmatamento da Amazônia e a sanção da Lei
de Gestão de Florestas Públicas.
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2. Estrutura e
Diretrizes do
SISNAMA
(Sistema Nacional
de Meio Ambiente)
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2. ESTRUTURA E DIRETRIZES • Formulação de políticas públicas
de meio ambiente.
DO SISNAMA (SISTEMA
• Articulação entre as instituições
NACIONAL DE MEIO componentes do sistema em âmbi-
tos federal, estadual e municipal.
AMBIENTE)
• Execução dessas políticas por
A evolução da legislação ambiental brasilei- meio dos órgãos ambientais nos di-
ra foi acompanhada pela criação de órgãos ferentes âmbitos.
de governo responsáveis por definir diretrizes
de conduta para o meio ambiente, bem como
por desdobrá-las e monitorá-las nas diferen- De maneira complementar à PNMA de 1981, a
tes esferas administrativas, a saber: Federal, Constituição Federal de 1988 foi um marco para
Estadual e Municipal. a temática ambiental. Fortemente marcada pe-
los princípios da descentralização, a nova cons-
O SISNAMA, criado no âmbito da lei de Política tituição trouxe para os Estados e, especialmente
Nacional do Meio Ambiente em 1981, foi o mo- para os Municípios, maior autonomia na defini-
delo de gestão que o governo federal desenhou ção de suas agendas prioritárias. O instrumento
para acolher todos esses órgãos. O sistema ratifica a importância da gestão ambiental local
tem braços de atuação que vão da assessoria bem como amplia e incentiva a participação da
da Presidência da República ao controle e à sociedade na construção de políticas públicas.
fiscalização ambiental nos Municípios.
Nesse sentido, no âmbito da descentralização, o
Segundo o Ministério do Meio Ambiente (2006), SISEMA (Sistema Estadual de Meio Ambiente)
o SISNAMA atua na proteção do meio ambien- e o SISMUMA (Sistema Municipal de Meio
te através de três grandes linhas de ação: ambiente) integram o modelo de estruturação
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federal para a gestão ambiental. Esses siste-
mas, assim como o SISNAMA, são compostos
Atenção!
pelos órgãos e pelas instituições responsáveis Ao tratarmos sobre a estrutura do
pela proteção do meio ambiente, como pode- Munícipio para a gestão ambiental, vere-
mos observar no organograma a seguir. mos que a composição do SISMUMA se
dá de acordo com o porte do Município,
Posto que cada Estado e cada Município pos- que pode ser pequeno, médio ou grande.
suem estruturas específicas, este organogra-
ma apresenta um modelo geral que reflete o
aspecto complementar na competência legis- Cabem aos órgãos estaduais as mesmas atri-
lativa dos entes representados, ou seja, os buições dadas aos órgãos federais, só que no
Estados e os Municípios devem observar a âmbito do estado: criação de leis e normas
legislação federal, assim como os Municípios complementares (podendo ser mais restritivas)
devem observar também a dos Estados. às existentes em nível federal; estímulo ao
crescimento da consciência ambiental; fiscali-
zação e licenciamento de obras que possam
ESFERA causar impacto em dois ou mais Municípios.
ESTRUTURA DO SISNAMA
FEDERAL
Os órgãos estaduais (Secretaria/Departamento/
ÓRGÃO SUPERIOR (CONSELHO DO
Fundação) se formam por meio de arranjos ins-
GOVERNO
titucionais diferentes; porém, observa-se a ten-
dência de se adotar um modelo semelhante ao
ÓRGÃO CONSULTIVO DELIBERATIVO
(CONAMA - CONSELHO NACIONAL DE estabelecido no nível federal.
MEIO AMBIENTE)
As instituições estaduais, como estrutura de
ÓRGÃO CENTRAL (MMA - MINISTÉRIO
apoio, podem contar com órgãos técnicos exe-
DO MEIO AMBIENTE) cutivos (controle e monitoramento) e conselhos
consultivos e deliberativos (apoiados frequen-
ÓRGÃO EXECUTOR (IBAMA - temente por câmaras técnicas especializadas).
INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO
AMBIENTE E DOS RECURSOS
NATURAIS RENOVÁVEIS) A seguir, trataremos, de forma específica, das
atribuições dos Municípios no âmbito da ges-
ESFERA tão ambiental e da composição do SISMUMA
SISEMA
ESTADUAL (Sistema Municipal de Meio Ambiente).
ESFERA SISMUMA
MUNICIPAL
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Nível de ad-
Órgão Denominação Função ou Finalidade
ministração
Assessorar o Presidente da
República na formulação da
Órgão Superior Conselho de Governo política nacional e das dire-
trizes governamentais para o
meio ambiente.
Propor ao Conselho de
Conselho Nacional
Órgão Consultivo Governo e deliberar sobre nor-
de Meio Ambiente
e Deliberativo mas e padrões de proteção do
(CONAMA)
meio ambiente.
Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Executar e fazer executar, na
Recursos Naturais esfera federal, as políticas e as
Órgãos Renováveis (IBAMA) diretrizes governamentais para
Executores a proteção do meio ambiente;
Instituto Chico Mendes são vinculados ao Ministério
de Conservação da do Meio Ambiente (MMA).
Biodiversidade (ICMBio)
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Atualmente, operam no CONAMA sete (07) câmaras técnicas:
GT Ozônio
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estudos e os relatórios de impacto autarquia federal com personalidade jurídica
ambiental no caso de atividades de de direito público vinculada ao Ministério do
significativa degradação ambiental. Meio Ambiente, o IBAMA pode usar sua auto-
nomia administrativa e financeira para cumprir
• A gestão sobre a degradação as seguintes atribuições:
ambiental, especialmente em áre-
as consideradas do patrimônio
nacional. • Exercer o poder de polícia
ambiental.
• A gestão sobre as penalidades
impostas pelo IBAMA, em grau de • Executar as políticas de meio
recurso. ambiente referentes às atribuições
federais relativas ao licenciamento
• A gestão sobre a perda, pelos in- ambiental, ao controle da qualida-
fratores da legislação ambiental, de de ambiental, à autorização de uso
benefícios fiscais e incentivos de dos recursos naturais e à fiscaliza-
crédito. ção, ao monitoramento e ao contro-
le ambiental.
22 | Página
de Conservação (SNUC) instituídas pela Isso quer dizer que, para o tratamento das
União. Também é responsável por fomentar questões ambientais, a União, os estados e os
e executar programas de pesquisa, proteção, Municípios devem atuar cooperativamente atra-
preservação e conservação da biodiversidade vés de uma Gestão Ambiental Compartilhada.
e exercer o poder de polícia ambiental para
a proteção das Unidades de Conservação A autonomia municipal viabilizada pela
Federais. Dessa forma, o ICMBio possui como Constituição Federal de 1988 (CF88) tem esti-
atribuições criar e implantar novas Unidades mulado os Municípios a gerirem suas pautas de
de Conservação, gerir, proteger, fiscalizar e interesse. No que diz respeito às questões am-
monitorar essas Unidades. bientais, nota-se, em todo o Brasil, o amadure-
cimento das estruturas que atendem à questão
ambiental bem como o aumento do número de
Saiba Mais! conselhos e secretarias de Meio Ambiente.
Para conhecer a legislação relacionada
Segundo o IBGE, em 2012, 63% dos Municípios
ao ICMBio, acesse o volume 1 da série
já contavam com conselhos de meio ambiente.
Legislação ICMBio, “Sistema Nacional de
Tal registro indica não só a melhoria na capaci-
Unidades de Conservação”, disponível em:
dade de diálogo com os governos estaduais e
http://www.icmbio.gov.br/portal/images/sto-
federais na área ambiental, mas um processo
ries/comunicacao/legislacaoambientalvo-
de conscientização por parte da população lo-
lume1.pdf. Acesso em: 30 out 2015.
cal (que quer voz ativa nesse processo) e da
administração pública.
O volume 2, “Proteção em Unidades de
Conservação”, está disponível em: http://
Tal fortalecimento dos Municípios rebate em
www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/
todo o SISNAMA, aumentando a influência da
comunicacao/legislacaoambientalvolu-
escala municipal na definição de políticas pú-
me2.pdf. Acesso em: 30 out 2015.
blicas ambientais.
23 | Página
• os consórcios públicos; técnica entre os entes federativos, desde que
o ente favorecido disponha de conselho de
• os convênios, acordos de coope- meio ambiente e órgão ambiental com capa-
ração técnica e outros similares, cidade técnica, isto é, uma equipe habilitada
firmados por órgãos e entidades com quantidade suficiente de servidores para
do Poder Público, que poderão ter executar as ações administrativas delegadas.
prazo de duração indeterminado;
Nesse sentido, os Municípios, além da formu-
• a Comissão Tripartite Nacional, lação e da execução de suas políticas, de-
as Comissões Tripartites Estaduais vem executar e monitorar o cumprimento da
e a Comissão Bipartite do Distrito Política Nacional de Meio Ambiente, a política
Federal, formadas com o objetivo ambiental do respectivo estado e as demais
de fomentar a gestão ambiental políticas nacionais e estaduais relacionadas à
compartilhada e descentralizada; proteção ambiental.
• a delegação de atribuições e da
execução de ações administrativas • A integração dos programas e
de um ente federativo a outro, res- ações de proteção e gestão am-
peitados os requisitos previstos na biental de órgãos e entidades da
Lei Complementar nº 140/2011. administração pública federal, es-
tadual e municipal.
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• A aprovação de supressão e ma- Os Municípios também são aptos a editar leis
nejo de vegetação, florestas e for- e normas ambientais no que concerne aos as-
mações sucessoras em empreendi- suntos de interesse local.
mentos licenciados pelo Município.
Atenção!
Para as questões de licenciamento ambiental
local, caso a prefeitura não tenha órgão capa- A legislação dos estados deve ser sempre
citado/competente, a entidade estadual deve mais rigorosa que a federal, assim como
se responsabilizar pelo processo, em atuação a legislação municipal não deve contrariar
supletiva. os dispositivos legais federais e estaduais.
25 | Página
ambiente como aspecto relevante e integrado ambiente, as partes interessadas, tais quais:
a outros temas da gestão local. O tamanho e poder público, setores empresariais e organi-
a complexidade da estrutura necessária para zações da sociedade civil. Através de fóruns, o
a implantação do Sistema Municipal de Meio coletivo debate sobre o uso dos recursos am-
Ambiente deve considerar: bientais e assessora o poder executivo munici-
pal (prefeituras, secretarias e órgão ambiental
municipal) nas questões ambientais.
a) a área do Município;
Nas funções que são de sua alçada, os conse-
b) sua população; e lhos têm caráter deliberativo, consultivo e nor-
mativo. Além disso, devem ser criados por lei
c) seus principais problemas municipal específica. Sua constituição poderá
ambientais. ser paritária, isto é, em igual número de inte-
grantes de cada setor representado e envolver
o maior número possível de entidades repre-
Para fazer parte do sistema, os Municípios sentativas da sociedade civil. Seus conselheiros
devem criar uma base institucional e uma es- deverão ter mandato de, no mínimo, dois anos.
trutura administrativa que possam colocar em
prática. A saber: Já os Fundos Municipais de Meio Ambiente
são criados para captar recursos oriundos de
multas e de atividades relativas à gestão am-
• Legislação própria sobre a política biental em âmbito municipal. A gestão do fundo
de meio ambiente capaz de gerar deve garantir a permanência dos recursos no
normas e procedimentos do licen- Município e direcioná-los a programas e proje-
ciamento e da fiscalização de em- tos locais de meio ambiente.
preendimentos ou atividades de im-
pacto local. As normas devem estar A depender do porte do Município (pequeno,
alinhadas às diretrizes do Estado e médio ou grande), a Confederação Nacional
da União, podendo ser mais rigoro- dos Municípios (CNM) propõe diferentes estru-
sas (específicas) em sua aplicação. turações dos órgãos ambientais no organogra-
ma das prefeituras. Em cada arranjo, variam as
• Estrutura administrativa (secreta- atribuições, as responsabilidades e a relação
ria, diretoria, departamento ou sec- entre os órgãos municipais com o Prefeito e
ção) com capacidade técnica para com as outras secretarias que compõem a ad-
o licenciamento, o controle, a fisca- ministração municipal.
lização e a implementação das po-
líticas de planejamento territoriais. 2.4.1. Municípios de Pequeno Porte
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PREFEITO
CONSELHO DE ASSESSORIA DE
MEIO AMBIENTE MEIO AMBIENTE
FUNDO
MUNICIPAL DE
MEIO AMBIENTE
Organograma para Municípios de pequeno porte. Fonte: Programa Nacional de Capacitação de Gestores
Ambientais. Cadernos de Formação. Volume 1: Política Nacional de Meio Ambiente. 2006, Brasília.
Aqueles com população até 50 mil habitantes, área territorial média e grande, razoável oferta de
recursos naturais, características agroindustriais, industriais médias, portuárias e de cidades-dormi-
tório. Nesse perfil de Município, o Conselho de Meio Ambiente é ligado diretamente ao Prefeito. As
questões do meio ambiente estão inseridas e relacionadas às secretarias de Turismo e Agricultura.
O Fundo de Meio Ambiente também é gerido pela Secretaria de Administração e Finanças.
PREFEITO
CONSELHO DE
MEIO AMBIENTE
FUNDO
MUNICIPAL DE
MEIO AMBIENTE
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2.4.3. Municípios de Grande Porte
Aqueles com população acima de 50 mil habitantes, área territorial média e grande, razoável oferta
de recursos naturais, características agroindustriais, mineradoras, industriais, portuárias, grandes
zonas urbanas ou regiões metropolitanas.
PREFEITO
CONSELHO DE
MEIO AMBIENTE
MEIO
OBRAS FINANÇAS EDUCAÇÃO ADMINISTRAÇÃO SAÚDE
AMBIENTE
FUNDO
MUNICIPAL DE
MEIO AMBIENTE
URBANIZAÇÃO
PLANEJAMENTO SISTEMAS DE FISCALIZAÇÃO EDUCAÇÃO
JURÍDICA E ÁREAS
AMBIENTAL INFORMAÇÃO E CONTROLE AMBIENTAL
VERDES
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A crescente organização dessa estrutura traz
visibilidade aos Municípios no cenário nacio-
nal. A institucionalização do SISMUMA dá
peso ao Município como interlocutor qualifica-
do, reafirma sua autonomia política e contribui
para a necessária descentralização da gestão
ambiental.
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3. Políticas Nacionais
de Meio Ambiente
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poluição do ar pelos sistemas de transportes
3. POLÍTICAS NACIONAIS movidos a combustíveis fósseis e pelas in-
dústrias e a necessidade de remover e tratar
DE MEIO AMBIENTE o lixo foram questões que, na segunda meta-
de dos anos 60, geraram problemas severos
Os avanços técnico-científicos nos anos de nos países desenvolvidos.
1960 transformaram a relação entre o homem
e a natureza. O processo de industrialização e No Brasil, as ações para mitigar esses efei-
as máquinas movidas a combustíveis fósseis tos colaterais chegaram a reboque da indus-
aumentaram a eficiência da produção, do tra- trialização nos anos de 1950. Como já vimos
balho, da velocidade dos deslocamentos, mas na Unidade 01, só na década de 1980 que o
também ocultaram os efeitos secundários que Governo Federal se posiciona de maneira con-
a revolução tecnológica gerou para a natureza. tundente e organiza mecanismos e instituições
para regular o uso dos recursos naturais.
A relação que antes era limitada, porém orgâ-
nica (o tempo de produção/consumo das socie- O grande guarda-chuva para a definição das
dades respeitava os ciclos da natureza), ago- linhas de ação para o meio ambiente foi a
ra segue o ritmo acelerado das demandas de Política Nacional para o Meio Ambiente de
uma população que cresceu rapidamente nos 1981. A partir dela, contextos político-econômi-
séculos XX e XXI. cos específicos e a sociedade civil organizada
pressionaram o governo na construção de uma
O intenso processo de urbanização, ou seja, agenda prioritária.
de crescimento das cidades pela atração da
população rural, começou a dar maior visibi- Nesta unidade, apesar de não esgotarmos as
lidade à degradação ambiental gerada pelo políticas setoriais, falaremos de como surgiram
descuido com a natureza. Dificuldades no as linhas de ação voltadas para a proteção e a
fornecimento de água potável para grandes conservação da água, das florestas e do clima.
contingentes populacionais, poluição dos rios Também abordaremos a recente política do go-
e lagos por esgotos domésticos e industriais, verno voltada ao tratamento do lixo.
31 | Página
3.1. Recursos Hídricos que as águas devem ser geridas de modo a
atender os múltiplos interesses que envolvem
A Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), o uso desse recurso e de maneira geografica-
estabelecida pela Lei nº 9.433/97, é o principal mente delimitada. A bacia hidrográfica seria a
marco legal/institucional que orienta a gestão própria unidade territorial de planejamento e
das águas no Brasil. De maneira geral, o princi- gestão. Isso conduz diretamente ao conceito
pal objetivo da Lei das Águas é garantir a dis- de Comitês de Bacias Hidrográficas (CBH).
ponibilidade de águas, em padrões de qualidade
adequados, bem como promover uma utilização
Saiba Mais!
racional e integrada dos recursos hídricos. São
seis os fundamentos da PNRH (Art. 1°), a saber: No Canal da Agência Nacional de Águas
(ANA), na plataforma YouTube, é possí-
(i) a água é um bem de domínio público, isto vel acessar vídeos didáticos sobre a Lei
é, um bem de uso comum do povo. Não per- das Águas no Brasil e sobre os Comitês
tence ao Estado, mas a toda coletividade, sem de Bacias. Para entender um pouco mais,
uma destinação específica. Inclui-se nesse acesse o material nos endereços abaixo:
fundamento a ideia de que a água não pode
ser privatizada; A Lei das Águas
http://youtu.be/bH08pGb50-k
32 | Página
Uma diferença central entre os CBHs e outras a bacia compreende o território de mais de um
formas de participação previstas em outros tipos estado. Hoje, existem no Brasil, mais de 160
de políticas públicas é que os CBHs têm poder CBHs, que são diferentes na dimensão da área
de Estado, ou seja, podem tomar decisões so- de atuação, na representação e com experiên-
bre o uso da água, que devem ser cumpridas. cias muito particulares.
Fonte: Cadernos de Capacitação em Recursos Hídricos. Volume 1: Comitê de Bacias Hidrográficas, o que é
e o que faz? Agência Nacional de Águas. MMA. Brasília, 2011.
Destaca-se que esse indicador está diretamen- públicos e ao interesse e à participação cres-
te relacionado à evolução da governança am- centes da sociedade civil e dos movimentos
biental no Brasil, à capacitação dos gestores sociais na regulação dos usos da água.
33 | Página
3.2. Florestas (iii) recuperar florestas de preserva-
ção permanente, de reserva legal e
As florestas estão entre os principais patrimô- áreas alteradas;
nios do Brasil, seja pela sua importância no
equilíbrio climático global, seja por sua relação (iv) apoiar as iniciativas econômi-
com as bacias hidrográficas. Pelas inúmeras cas e sociais das populações que
possibilidades associadas à riqueza de seus vivem em florestas;
biomas, a preservação das florestas é questão
central nas perspectivas de desenvolvimen- (v) reprimir desmatamentos ilegais
to do país. Nesse sentido, “manter a floresta e a extração predatória de produ-
em pé” é uma prioridade do Ministério do Meio tos e subprodutos florestais, conter
Ambiente (MMA). queimadas acidentais e prevenir in-
cêndios florestais;
3.2.1. Gestão e Manejo – Programa Nacional
de Florestas (vi) promover o uso sustentável
das florestas de produção, sejam
Os principais instrumentos criados pelo MMA nacionais, estaduais, distrital ou
para proteção das florestas são os Planos de municipais;
Controle e Prevenção do Desmatamento, o
Serviço Florestal Brasileiro (responsável por (vii) apoiar o desenvolvimento das
atividades como concessão e manejo susten- indústrias de base florestal;
tável nos biomas), os projetos de Redução de
Emissões por Desmatamento e Degradação (viii) ampliar os mercados interno e
Florestal (REDD+) e o Programa Nacional de externo de produtos e subprodutos
Florestas. florestais;
34 | Página
confederações de trabalhadores, entidades in- devessem manter 25% da área de seus imó-
dígenas e ONGs. veis com a cobertura de mata original ou com
replantio (Lei da “quarta parte”). Nesse sentido,
Os principais objetivos da CONAFLOR asso- não importava a espécie e nem a variedade de
ciados ao PNF são: árvores, mas apenas a garantia de produção
de madeira para lenha e carvão.
35 | Página
No intervalo entre a edição dos Códigos de O CAR deverá reunir todas as informações de
1965 e 2012, houve avanços contínuos, porém gestão ambiental das propriedades rurais (es-
não no formato de Código Florestal. Destaca- tudos de topografia, cursos d’água, nascentes,
se a década de 1980 como período de inflexão, olhos d’água, veredas, topos de morros, áreas
ou seja, transformação na relação do homem íngremes etc.).
com o meio ambiente.
Como já reforçado ao longo das unidades an-
Em 1986, por exemplo, aprovou-se a Lei teriores, a gestão dos recursos florestais, em-
7.511/86, que impede o desmatamento das bora tenha sido a primeira preocupação de um
áreas nativas, mesmo com a recuperação da governo com o meio ambiente, ainda enfrenta
vegetação original. muitos problemas em função da dificuldade
na fiscalização do recurso. A precariedade de
Outro exemplo é a destinação de um capítulo recursos técnicos e o número escasso de fun-
inteiro da Constituição Federal de 1988 para a cionários são aspectos recorrentes na opera-
discussão do meio ambiente e sua relação com cionalização das políticas voltadas à proteção
o homem. das florestas.
36 | Página
Figura 2: Evolução das políticas de controle das mudanças climáticas
37 | Página
de gases de efeito estufa. Por mais que as taxas balizador das ações climáticas. A governança da
de emissão desses gases (GEE) não tenham PNMC ficou a cargo do Comitê Interministerial
sido fixadas por país, foram definidas obriga- sobre Mudança do Clima (CIM) e seu Grupo
ções, tais quais: a) a realização de inventários Executivo (GEx), sendo o primeiro coordenado
nacionais de GEE gerados por atividades huma- pela Casa Civil e o segundo pelo próprio MMA.
nas; b) a formulação, implementação e atualiza-
ção dos programas nacionais de mitigação das O GEx reúne-se mensalmente e é o principal
mudanças climáticas; e c) o desenvolvimento de fórum de articulação institucional da Política
tecnologias e pesquisa científica no tema. Nacional sobre Mudança de Clima. Há, ainda,
outros fóruns mais específicos/técnicos, que
Por fim, foi definido que as taxas de emissão são orientados pelo CIM e pelo GEx, a saber:
de GEE seriam discutidas em encontros peri-
ódicos e acordadas no formato de protocolos,
como o de Kyoto, apresentado em seguida. • Fórum Brasileiro de Mudança do
Destaca-se que, em termos de cooperação Clima.
global, deu-se um grande passo para a prote-
ção do clima na ECO 92. • Rede Brasileira de Pesquisas so-
bre Mudanças Climáticas Globais-
3.3.2. Protocolo de Kyoto (1997) Rede Clima.
Conforme dito, a Política Nacional sobre Mudança O país em desenvolvimento interessado em ob-
do Clima (PNMC) foi o principal instrumento ter o reconhecimento de suas ações nacionais
38 | Página
e as compensações correspondentes deve pro- A redução do desmatamento na Amazônia
duzir um relatório e submetê-lo ao Secretariado também é decorrência do fortalecimento ins-
da Convenção Quadro das Nações Unidas. titucional e da evolução técnica de diferentes
Dois especialistas do secretariado desenvol- órgãos públicos que, direta ou indiretamente,
verão um relatório final, analisando o Anexo influenciam nas políticas de redução de des-
REDD+ e confirmando ou não se o país está matamento. A capacidade técnica do INPE é
apto a receber as compensações financeiras. essencial para o monitoramento; a capacidade
Os recursos das compensações vêm, princi- operacional do IBAMA e da Polícia Federal é
palmente, de países desenvolvidos, mas tam- fundamental para a fiscalização; e a capacida-
bém de empresas e doadores do setor privado. de de ação dos estados é decisiva para o ca-
dastro ambiental das propriedades rurais.
Saiba Mais!
Atenção!
A Convenção-Quadro das Nações Unidas
sobre Mudança do Clima (UNFCCC) tem A experiência na Amazônia tem servido
o objetivo de estabelecer a base para a de modelo para a redução do desma-
cooperação internacional sobre as ques- tamento em outros biomas. Um exem-
tões técnicas e políticas relacionadas ao plo disso foi o lançamento, em 2010,
aquecimento global. do PPCerrado, um plano de redução
do desmatamento organizado em torno
Em 1992, a Convenção-Quadro das dos mesmos eixos do PPCDAm. Ainda
Nações Unidas sobre Mudança do Clima em 2010, foi lançado um documento
foi assinada e ratificada por mais de 175 com subsídios para a elaboração do
países com o objetivo de estabilizar a PPCaatinga, voltado à prevenção e ao
emissão de gases de efeito estufa, preve- controle do desmatamento na Caatinga.
nindo, assim, uma interferência humana
perigosa para o clima de nosso planeta.
Em seu texto, a convenção reconhece as
Saiba Mais!
mudanças climáticas globais como uma
questão que requer o esforço de todos os Para criar mais pontos de vista sobre o
países para ser tratada de forma efetiva. tema, assista:
39 | Página
3.4. Resíduos Sólidos (2010) Atenção!
A Lei nº 12.305/10, que institui a Política De acordo com a premissa da respon-
Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), é bas- sabilidade compartilhada, cada agente é
tante atual e contém instrumentos importantes responsável pelos resíduos que produz.
para o enfrentamento dos principais problemas
ambientais, sociais e econômicos decorrentes
do manejo inadequado dos resíduos sólidos. A logística reversa é, assim, um dos instru-
mentos para a aplicação da responsabilidade
A PNRS prevê a redução na geração de resí- compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos.
duos, propondo a prática de hábitos de consu- A PNRS (Art. 3°, inciso XII) define a logística
mo sustentáveis e um conjunto de instrumen- reversa como:
tos para propiciar o aumento da reciclagem
e da reutilização dos resíduos sólidos (aquilo Instrumento de desenvolvimento econômico e
que tem valor econômico e pode ser reciclado social caracterizado por um conjunto de ações,
ou reaproveitado) e a destinação ambiental- procedimentos e meios destinados a viabilizar
mente adequada dos rejeitos (aquilo que não a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao
pode ser reciclado ou reutilizado). Trataremos setor empresarial, para reaproveitamento, em
a seguir de alguns desses elementos presen- seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou ou-
tes no plano. tra destinação final ambientalmente adequada.
40 | Página
para migrar para um sistema mais sustentável, na implementação da Política Nacional de
a saber: os aterros sanitários. Resíduos Sólidos (PNRS), com destaque para
a gestão integrada desses resíduos. De modo
A PNRS determina que essa transição seja geral, atuam nas atividades de coleta seletiva,
desenhada através de um plano de gestão de triagem, classificação, processamento e co-
resíduos sólidos, através do qual os Municípios mercialização dos resíduos reutilizáveis e reci-
teriam acesso a recursos financeiros do gover- cláveis, contribuindo de forma significativa para
no federal e investimento no setor. a cadeia produtiva da reciclagem.
41 | Página
4. Instrumentos de
Política e Gestão
Ambiental
42 | Página
III a avaliação de impactos
4. INSTRUMENTOS DE ambientais;
43 | Página
das medidas necessárias à preser- necessidades das novas diretrizes de desen-
vação ou correção da degradação volvimento sustentável e aperfeiçoamento da
ambiental; gestão ambiental quanto às situações advin-
das do crescimento econômico e de reivindica-
X a instituição do Relatório de ções da sociedade civil organizada.
Qualidade do Meio Ambiente, a
ser divulgado anualmente pelo A seguir, trataremos de alguns instrumentos
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente sistematizados pela PNMA.
e Recursos Naturais Renováveis
- IBAMA;
4.1 Padrões de Qualidade Ambiental e
XI a garantia da prestação de infor- Cadastro Técnico de Atividades
mações relativas ao Meio Ambiente,
obrigando-se o Poder Público a pro- Esses instrumentos têm caráter informativo e
duzi-las quando inexistentes; normativo, ou seja, têm o objetivo de: a) divulgar
as ações desenvolvidas para a melhoria do meio
XII o Cadastro Técnico Federal de ambiente no Brasil através de relatórios públicos;
atividades potencialmente poluido- b) identificar instituições, empresas, pessoas e
ras e/ou utilizadoras dos recursos produtos que atuam na proteção do meio am-
ambientais; biente; c) emitir padrões de qualidade, a saber,
e definir regulações para a qualidade da água,
XIII instrumentos econômicos, como do ar e para a emissão de ruídos; d) formatar os
concessão florestal, servidão am- critérios que serão utilizados para avaliar os pa-
biental, seguro ambiental e outros. drões ambientais para cada sistema ambiental.
44 | Página
Saiba Mais! ecológicos e a estudos ambientais de um modo
geral ou à fabricação, comercialização, instala-
Para ter acesso ao Relatório de ção ou manutenção de equipamentos, aparelhos
Qualidade do Meio Ambiente de 2013, e instrumentos de controle de poluição.
produzido pelo IBAMA, acesse o site:
http://www.ibama.gov.br/phocadownload/ Foi regulamentado pela Resolução CONAMA
rqma/RQMA_2013.pdf. Acesso em: 05 nº 001, de 16.03.88, e tem sido mantido com
nov. de 2015. regularidade.
45 | Página
4.1.4. Padrões de Qualidade Os padrões de potabilidade nacionais são de-
finidos como o conjunto de valores permitidos
Esses instrumentos consistem em normas téc- como parâmetro da qualidade da água para con-
nicas que têm por objetivo definir e controlar os sumo humano, conforme definido na Portaria
níveis aceitáveis de elementos com potencial MS Nº 2914/2011 do Ministério da Saúde.
poluente no que diz respeito:
Padrões de balneabilidade
Atenção!
• Os diferentes usos da água (re-
No Brasil, os padrões de qualidade am- creação, abastecimento humano,
biental e os padrões de emissão de preservação e proteção das comuni-
poluentes podem ser criados por nor- dades aquáticas, industrial, agrícola
mas federais, estaduais ou municipais. – irrigação, aquicultura, pesca, nave-
O Poder Público estadual e o municipal gação, dessedentação de animais).
também podem instituir padrões de quali-
dade ambiental, válidos para os seus res- • Os critérios para a proteção des-
pectivos territórios, porém sempre mais ses usos.
restritivos que os padrões nacionais.
• Os planos de tratamento (para o
necessário melhoramento dos sis-
São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio de temas de esgotamento urbano e
Janeiro dispõem de alguns padrões baixados industrial).
especificamente para a gestão de problemas
peculiares a suas áreas de jurisdição. Não há • A legislação antipoluição para
informação sobre a vigência de padrões muni- proteger a água de boa qualidade
cipais de qualidade ambiental. existente.
46 | Página
provenientes de atividades poluidoras, em Padrões de emissão de poluentes atmosféricos
águas interiores ou costeiras, superficiais ou
subterrâneas. Correspondem às quantidades máximas de
poluentes que se permite legalmente despejar
Os padrões nacionais de efluentes líquidos no ar por uma única fonte.
foram também estabelecidos por meio da
Resolução CONAMA nº 357, de 17.03.2005, Foram estabelecidos pelas resoluções nº
modificada pela Resolução nº 430, de 8, de 06.12.1990, e nº 382, de 26.12.2006,
13.05.2011. complementadas pela Resolução nº 426, de
22.12.2011.
Padrões de qualidade do ar
Normas e padrões referentes à emissão de
São os níveis de poluente prescritos para o ruídos
ar exterior, que, por lei, não podem ser exce-
didos em um tempo e uma área geográfica Usadas para o controle da poluição sonora,
determinados. essas normas foram baixadas pela Portaria n◦
092, de 19 de junho de 1980, do Ministério do
Os padrões nacionais de qualidade do ar fa- Interior, e revistas pelo CONAMA, que instituiu
zem parte do PRONAR (Resolução nº 05, de o Programa Nacional de Educação e Controle
15.06.89, do CONAMA), que os divide em: da Poluição Sonora "Silêncio" (Resolução n◦
2, de 8.03.1990) e ratificou os critérios e pa-
drões estabelecidos pela Associação Brasileira
• Padrões primários de qualidade de Normas Técnicas (ABNT) (Resolução n° 1,
do ar: concentrações de poluentes de mesma data).
que, ultrapassadas, poderão afetar
a saúde da população. Podem ser Os limites máximos de ruído de automóveis,
entendidos como níveis máximos ônibus e caminhões foram regulamentados pe-
toleráveis de concentração de po- las Resoluções CONAMA n◦ 01, de 11.11.1993,
luentes atmosféricos, constituin- n◦ 17, de 13.12.1995, e n◦ 252, de 29.01.1999.
do-se em metas de curto e médio
prazo. 4.1.5. Critérios de Qualidade Ambiental
47 | Página
Do mesmo modo, podem sem estabelecidos Saiba Mais!
critérios (princípios, normas, restrições) para
as diferentes formas de uso e a conservação Mesmo antes, ou logo após, a regula-
dos recursos ambientais. São exemplos disso mentação da Lei de Política Nacional do
as regras de compensação pelo corte de árvo- Meio Ambiente, as entidades ambientais
res com a plantação de certo número de ou- dos estados costumavam melhorar o de-
tras, em locais determinados. sempenho das indústrias poluidoras que
ameaçavam a saúde por meio de fiscali-
Atenção! zação, do monitoramento e da exigência
de adoção de equipamentos de controle
Os Municípios da Amazônia têm auto- da poluição. Isso aconteceu em algumas
nomia e fariam bem em determinar cri- áreas consideradas críticas de poluição
térios para os usos e serviços ambien- nas regiões industrializadas do país, como
tais das florestas e a conservação da Cubatão, regiões metropolitanas de São
biodiversidade. Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
48 | Página
Atenção! Exemplo
A Resolução CONAMA no 306, de Plano de Recuperação da Qualidade
05.07.2002, estabeleceu os requisitos Ambiental:
mínimos e o conteúdo da auditoria am-
biental de atividades ligadas a refinarias, O Programa de Despoluição da Baía de
instalações portuárias e de exploração Guanabara estabelece, progressivamen-
de petróleo no mar. te, desde a década de 1970, as metas am-
bientais a serem alcançadas para recupe-
rar suas águas para diversos usos. Para
Saiba Mais! isso, são promovidas ações de diversos
tipos (controle de indústrias, saneamento
Na escala das Unidades da Federação, básico, gestão de resíduos sólidos, moni-
cita-se a Constituição do Estado do Rio toramento, educação ambiental) de modo
de Janeiro, que determinou a realização a reverter a situação de degradação da
periódica, preferencialmente por institui- qualidade ambiental na bacia contribuinte
ções sem fins lucrativos, de auditorias e nas águas dessa baía.
nos sistemas de controle de poluição e
prevenção de riscos de acidentes das ati-
vidades de alto potencial poluidor.
4.3 Planejamento, Monitoramento e
Outros estados, como o Paraná e Proteção Socioambiental
Pernambuco, também adotaram a audi-
toria ambiental compulsória. Esses instrumentos visam a potencializar as
vocações dos territórios a partir de análises
sociais, ambientais e econômicas integradas e
4.2.3. Planos de Recuperação da Qualidade em sinergia com o meio ambiente. As ações
Ambiental têm caráter preventivo e buscam uma reavalia-
ção constante da interface entre atividades hu-
Os planos e os programas de recuperação da manas (sociais, produtivas, simbólicas) e meio
qualidade ambiental, por sua vez, conformam- ambiente.
se como planos ou programas integrados de
gestão ambiental, quase sempre continuados, As ações compreendem: a) o licenciamento
que têm por finalidade a correção dos danos ambiental; b) a Avaliação de Impacto Ambiental
e problemas ambientais causados pela ativi- (AIA); c) a Avaliação Ambiental Estratégica
dade humana nos sistemas ambientais a que (AAE); d) os planos diretores de uso de recur-
se aplicam. sos ambientais e; e) a criação de áreas prote-
gidas (Unidades de Conservação da natureza).
O objetivo é corrigir e melhorar a situação de
qualidade dos sistemas ambientais, prevenin-
do a ocorrência de novas formas de degrada-
ção ambiental por meio da regulação do uso
futuro dos recursos ambientais.
49 | Página
4.3.1. Licenciamento Ambiental O licenciamento inclui, ainda, rotinas de acom-
panhamento das licenças concedidas (vincula-
O licenciamento ambiental é definido pela das ao monitoramento dos efeitos ambientais
Resolução CONAMA n° 237/1997(Art. 1°, inci- do empreendimento) e das normas técnicas e
so I) como: administrativas que o regulam.
Atenção!
Procedimento administrativo pelo
qual o órgão ambiental competente Esse processo pode ser considerado
licencia a localização, instalação, um dos instrumentos mais importante da
ampliação e a operação de empre- PNMA, haja vista que consiste em uma
endimentos e atividades utilizado- autorização governamental para a reali-
ras de recursos ambientais, consi- zação de atividades que utilizam recur-
deradas efetiva ou potencialmente sos ambientais ou que tenham potencial
poluidoras ou daquelas que, sob de causar degradação.
qualquer forma, possam causar de-
gradação ambiental, considerando
as disposições legais e regulamen- 4.3.2. Avaliação de Impacto Ambiental (AIA)
tares e as normas técnicas aplicá-
veis ao caso. A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) tem
como objetivo identificar, prever (antecipar) e
analisar os principais impactos de um empre-
Os empreendimentos sujeitos ao licenciamen- endimento que possam comprometer a quali-
to são aqueles capazes de modificar o meio dade do meio ambiente.
ambiente, isto é, aqueles que, potencial ou
efetivamente, afetem a qualidade ambiental, O processo de avaliação é feito durante a ela-
causem qualquer forma de poluição ou utilizem boração do EIA (Estudo de Impacto Ambiental)
recursos ambientais. Os projetos podem ser e é constituído por um conjunto de procedimen-
desenvolvidos por pessoas físicas ou empre- tos que faz com que os impactos ambientais
sas, inclusive entidades da administração pú- relevantes sejam sistematicamente previstos e
blica que se instalem no território nacional. analisados. Tais procedimentos devem garantir
que os resultados desse estudo sejam comu-
O processo de licenciamento começa nas eta- nicados a todos os interessados na realização
pas iniciais do planejamento da atividade e pre- do projeto e na proteção do meio ambiente, de
vê a emissão de três licenças ambientais: modo a influenciar a decisão quanto à conces-
são da licença ambiental.
50 | Página
a licença ambiental para o projeto, além das Banco Mundial para a avaliação
ações presentes nas licenças, o empreendi- das implicações ambientais e so-
mento deve realizar o controle e o monitora- ciais de propostas de desenvolvi-
mento dos impactos ambientais previstos (no mento de diversos setores de go-
EIA/RIMA) ao longo da construção e da vida verno, numa dada área geográfica
útil (operação) do empreendimento. e durante um período determinado;
51 | Página
4.3.4. Ordenamento Territorial e Ambiental O zoneamento, produto da aplicação desse ins-
trumento, deve ser respeitado na implantação de
O plano de ordenamento ambiental identifica planos, obras e atividades públicas e privadas.
potencialidades, estabelece restrições e orga-
niza as atividades econômicas em um dado Atenção!
território.
No âmbito do meio ambiente urbano, os
Também chamado de ordenamento ecológico, principais instrumentos de planejamento
é o processo de planejamento formado por um ambiental são o Zoneamento Ecológico-
conjunto de metas, diretrizes, ações e disposi- Econômico (ZEE), o Plano Diretor
ções coordenadas destinado a organizar, em Municipal, o Plano de Bacia Hidrográfica,
certo território, o uso dos recursos ambientais o Plano Ambiental Municipal, a Agenda
e de outras atividades humanas, de modo a 21 Local e o Plano de Gestão Integrada
atender aos objetivos de políticas ambientais. da Orla.
52 | Página
ZEE de âmbito estadual. Em conformidade com De acordo com suas características, as
os zoneamentos de âmbito nacional e regional, Unidades de Conservação se classificam em
cabe aos Municípios, à luz do que foi feito nos dois grupos:
ZEEs, a elaboração do Plano Diretor Municipal.
53 | Página
Segundo o Cadastro Nacional de Unidades de Conservação (CNUC) do MMA em 2015, há no
Brasil, na categoria de Proteção Integral, 143 UC federais, 329 estaduais e 114 municipais, resul-
tando em 528.007 km² de áreas protegidas, ou seja, 6,2 % do território nacional está destinado a
atividades de pesquisa e educação e 12,01% são áreas de proteção com uso restrito.
Na tabela abaixo, podem ser observadas as tipologias de UCs existentes nas diferentes esferas admi-
nistrativas. De antemão, destaca-se o reduzido número de UCs na escala do Município.
Esfera
Tipo / Categoria Total
Federal Estadual Municipal
Proteção integral N° Área (Km2) N° Área (Km2) N° Área (Km2) N° Área (Km2)
Estação Ecológica 32 74691 58 47513 1 9 91 122213
Monumento Natural 3 443 28 892 11 73 42 1407
Parque Nacional / Estadual / Municipal 71 252978 195 94889 95 221 361 348088
Refúgio de Vida Silvestre 7 2017 24 1729 1 22 32 3768
Reserva Biológica 30 39034 24 13449 6 48 60 52531
Total Proteção Integral 143 369164 329 158472 114 372 586 528007
Uso Sustentável N° Área (Km2) N° Área (Km2) N° Área (Km2) N° Área (Km2)
Floresta Nacional / Estadual / Municipal 65 163913 39 136053 0 0 104 299966
Reserva Extrativista 62 124362 28 20208 0 0 90 144570
Reserva de Desenvolvimento Sustentável 2 1026 29 110090 5 176 36 111293
Reserva de Fauna 0 0 0 0 0 0 0 0
Área de Proteção Ambiental 32 100101 185 334898 77 25922 294 460922
Área de Relevante Interesse Ecológico 16 447 24 443 8 32 48 921
RPPN 634 4832 147 686 1 0 782 5517
Total Uso Sustentável 811 394681 452 602377 91 26131 1354 1023189
Total Geral 954 763845 781 760848 205 26503 1940 1551196
54 | Página
Os empréstimos com juros preferenciais po-
dem ser considerados como uma forma de in- Exemplos
centivo financeiro, visto que as taxas de juros
são fixadas abaixo do valor de mercado. Alguns critérios para o cálculo do ICMS
ambiental:
55 | Página
para a transformação no entendimento sobre
a relação homem-meio é criar cidadãos críti-
cos e empoderados sobre seu lugar no mundo
e sobre a importância da natureza como con-
dição e reflexo da vida humana.
56 | Página
Síntese dos Principais Instrumentos de Política e Gestão Ambiental
Categoria Instrumentos
• Padrões ambientais
• Potabilidade
• Balneabilidade
• Qualidade da água
Normativos • Efluentes líquidos
• Qualidade do ar
• Emissões
• Ruído
• Critérios de qualidade ambiental
• Controle ambiental
Corretivos • Auditoria ambiental
• Plano de recuperação da qualidade ambiental
• Licenciamento Ambiental
• Avaliação de Impacto Ambiental
Preventivos • Avaliação Ambiental Estratégica
• Plano Diretor de uso de recursos ambientais
• Unidades de Conservação
• Incitações fiscais
• Tratamento fiscal diferenciado
• Incentivos fiscais
Econômicos
• Diferenciação pelo imposto
• Empréstimos a juros subsidiados
• ICMS ambiental ou ecológico
• Reciclagem de rejeitos
Potencialização do • Eficiência do uso de água, energia elétrica e combustíveis
Uso dos Recursos • Fontes não convencionais de energia
• Desenvolvimento de tecnologias limpas
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Refletir nos dias de hoje sobre a gestão am- digitais vem ganhando força e a possibilidade
biental brasileira é conhecer os mecanismos de se conectar ao mundo com “um click” dá
que regulam o uso dos nossos recursos natu- visibilidade aos temas mais diversos, como a
rais bem como os meios que viabilizam a par- situação dos lixões, a contaminação de bacias
ticipação da sociedade na tomada de decisões hidrográficas, a diminuição de áreas floresta-
fundamentais ao desenvolvimento sustentável. das, o stress hídrico, o aquecimento global, os
acidentes socioambientais etc. A organização
Pode-se dizer que, embora o desafio ambiental via rede mundial de computadores amplifica a
brasileiro seja relativamente recente (o contex- questão ambiental para além dos muros das
to histórico do desenvolvimento dessas políti- instituições ambientais formais e leva a pauta
cas ocorreu nos últimos trinta anos), as ques- da sustentabilidade para a microescala. A so-
tões ambientais têm uma complexidade que ciedade civil se articula na escala global, age
exige uma atuação intersetorial e integrada dos na escala local e exige voz na gestão do meio
órgãos de governo, pois são também questões ambiente.
de qualidade de vida e estão inseridas em
questões sociais e econômicas. A consulta à sociedade civil no desenho das
leis ambientais brasileiras é condição indis-
Por mais que haja um modelo para centralizar pensável para a definição de uma gestão par-
a gestão ambiental (SISNUMA), as diretrizes ticipativa e transparente capaz de conciliar os
de ação temáticas, os instrumentos de fiscali- interesses das gerações presentes e futuras.
zação, de registro de informações e de incenti- Cabe ao cidadão se conscientizar de seus di-
vo financeiro à gestão do patrimônio ambiental, reitos e deveres, educando a si mesmo e sua
o engajamento e a capacitação do corpo técni- comunidade para a construção de uma agen-
co das instituições públicas e organizações do da prioritária para a sustentabilidade. A edu-
terceiro setor ainda estão aquém das possibili- cação transforma e liberta e é através dela
dades que a lei oferece e permite. Como vimos que são construídos espaços de democracia
neste material, existem macrodirecionamentos sustentáveis.
definidos no âmbito do governo federal, mas
não há ou há um desdobramento limitado das
diretrizes nacionais na escala local.
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ANEXO I
LEGISLAÇÃO FEDERAL
31 de agosto de
Estabelece toda a
1981 Dispõe sobre a Política Nacional
base institucional
(Modificada do Meio Ambiente, seus fins e me-
Lei nº 6.938 da gestão ambiental
pelas Leis no canismos de formulação e aplica-
do país, criando o
8.028/1990 e no ção e dá outras providências.
SISNAMA.
12.651/2012)
1º de junho de
Os órgãos e entida-
Decreto nº 1983 (Modificado Regulamenta a Lei de Política
des de meio ambien-
88.351 pelo Decreto no Nacional do Meio Ambiente.
te do SISNAMA.
99.274/1990)
Os órgãos do
SISNAMA e a
Dispõe sobre as sanções penais e Capitania dos Portos
12 de fevereiro administrativas derivadas de con- são mencionados
Lei nº 9.605
de 1998 dutas e atividades lesivas ao meio como órgãos respon-
ambiente e dá outras providências. sáveis pela aplicação
das penalidades
administrativas.
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LEGISLAÇÃO FEDERAL
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REFERÊNCIAS
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (ANA). O BRASIL. Lei n° 9.433, de 08 de janei-
Comitê de Bacias Hidrográficas: O que é e o que ro de 1997. Institui a Política Nacional de
faz? Cadernos de capacitação em recursos hídri- Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de
cos. Volume 1. Brasília, 2011. Disponível em: http:// Gerenciamento de Recursos Hídricos, regula-
arquivos.ana.gov.br/institucional/sge/CEDOC/ menta o inciso XIX do art. 21 da Constituição
Catalogo/2012/CadernosDeCapacitacao1.pdf. Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de
Acesso em: 03 dez 2015. 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº
7.990, de 28 de dezembro de 1989. Disponível
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (ANA). O em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
que é um Comitê de Bacia Hidrográfica? l9433.htm. Acesso em: 16 abr. 2015.
Disponível em: http://www.cbh.gov.br/
GestaoComites.aspx. Acesso em: 03 dez 2015. BRASIL. Lei n° 9.985, de 18 de julho de 2000.
Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e
ANTUNES, P. de B. Direito Ambiental, 14a. VII da Constituição Federal, institui o Sistema
Edição. São Paulo, Editora Atlas S.A. 2012. Nacional de Unidades de Conservação da
1150 pp. Natureza e dá outras providências. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
ÁVILA, R. e MALHEIROS, T. O sistema muni- l9985.htm. Acesso em: 08 abr. 2015
cipal de meio ambiente no Brasil: avanços e
desafios. Saúde e Sociedade. Volume 21. São BRASIL. Lei nº 12.651/2012 de 25 de maio de
Paulo, 2012. 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação
nativa; altera as Leis n°s 6.938, de 31 de agos-
BARROS, D.; BORGES, L.; NASCIMENTO, G.; to de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996,
PEREIRA, J.; REZENDE, J.; SILVA, R.; Breve e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga
análise dos instrumentos da política de ges- as Leis n°s 4.771, de 15 de setembro de 1965,
tão ambiental brasileira. Política & Sociedade e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida
- Florianópolis - Vol. 11 - No 22. 2012. Provisória n° 2.166-67, de 24 de agosto de
2001; e dá outras providências. Disponível em:
BRASIL. Decreto n° 3.420, de 20 de abril de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2000. Dispõe sobre a criação do Programa 2014/2012/lei/l12651.htm. Acesso em: 27 jan.
Nacional de Florestas - PNF, e dá outras pro- de 2015.
vidências. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/decreto/D3420.htm. Acesso CARVALHO, P.; BARELLOS, F.; de OLIVEIRA,
em: 03 dez 2015. S. e ASSIS, J. Gestão Local e Meio Ambiente.
Trabalho apresentado no II Encontro Anual
BRASIL. Lei n° 12.187, de 29 de dezembro da Associação Nacional de Pós-Graduação
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Mudança do Clima - PNMC e dá outras pro- ANPPAS. Campinas, SP. 2004.
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BRASIL. Lei n° 12.305, de 02 de agosto de
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Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fe- e perspectivas. Disponível em: http://www.
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Volume 1. Programa Nacional de Capacitação
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62 | Página
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nacional-de-residuos-solidos. Acesso em: 03 rations for the industrial development sector.
dez 2015. Washington D.C., The World Bank, 1978. 86 p.
63 | Página
LEGISLAÇÃO CORRELACIONADA
64 | Página
Saúde. Disponível em: http://www2.camara. dezembro 1987. Dispõe sobre a realização
leg.br/legin/fed/lei/1950-1959/lei-2312-3-se- de audiências públicas. Disponível em: http://
tembro-1954-355129-publicacaooriginal-1-pl. www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?-
html. Acesso em: 03 dez. 2015. codlegi=60. Acesso em: 03 dez 2015.
65 | Página
CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE de 2011. Dispõe sobre condições e padrões de
(CONAMA). Resolução nº 274, de 29 de no- lançamento de efluentes, complementa e al-
vembro de 2000. Padrões de balneabilidade. tera a Resolução no 357, de 17 de março de
Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/co- 2005. Disponível: http://www.mma.gov.br/port/
nama/res/res00/res27400.html. Acesso em: 03 conama/legiabre.cfm?codlegi=646. Acesso
dez 2015. em: 03 dez 2015.
66 | Página
licença de instalação anteriores a 02 de janei-
ro de 2007. Disponível em: http://www.mma.
gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=660.
Acesso em: 07 dez 2015.
67 | Página
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
68 | Página
Quioto. Disponível em: http://www.mma.gov.
br/clima/convencao-das-nacoes-unidas/proto-
colo-de-quioto. Acesso em: 04 dez 2015.
69 | Página