Módulo 2 - Principais Técnicas - Prof. Breno Sanvicente

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PRINCIPAIS TÉCNICAS COGNITIVAS E

COMPORTAMENTAIS

BRENO SANVICENTE VIEIRA


PRINCIPAIS REFERENCIAS DA AULA
● Técnicas de Terapia Cognitiva:
manual do terapeuta. Robert L. Leahy.
Artmed/Grupo A.
● Aprendendo a Terapia Cognitivo-
Comportamental. Jesse Wright,
Monica Basco e Michael Thase.
Artmed/Grupo A.
PRINCIPAIS REFERENCIAS DA AULA
ROTEIRO DA AULA
1. Revisão de premissas da TCC.
2. Técnicas cognitivas/psicoeducativas e
instrumentalizantes ao tratamento.
3. Técnicas cognitivas relacionadas a pensamentos
automáticos.
4. Técnicas cognitivas relacionadas ao questionamento
socrático/reestruturação cognitiva.
5. Técnicas comportamentais.
6. Outras técnicas.
DINÂMICA DA AULA

• Teremos “blocos” de técnicas com ligação/similaridade que


serão apresentados, indicando a importância, uso e formas
de uso das técnicas.

• Serão estimuladas atividades práticas (“hands on”).

• Caso identifiquemos técnicas que precisam de maior


detalhamento, podemos valorizá-las.
PREMISSAS BÁSICAS DA TCC
• TCC é um conceito “guarda-chuva”.
• Em geral, o psicólogo adepto da TCC é orientado pelas
evidências.
• Há premissas teóricas, entretanto.
ACT
Comportamentalismo
DBT
Teoria cognitiva
TREC
FAP Esquemas

Melnik & Atallah, 2011


PREMISSAS BÁSICAS DA TCC

“estados estressantes frequentemente são mantidos


ou exacerbados por maneiras de pensar exageradas
ou tendenciosas”

“O papel do terapeuta é auxiliá-lo (o paciente) a


identificar o seu estilo de pensamento idiossincrático
e a modificá-lo pela aplicação da evidência e da
lógica.”
Leahy, 2006
PREMISSAS BÁSICAS DA TCC
A TCC surge com Aaron Beck identificando que seus pacientes
deprimidos tinham “vieses cognitivos” que vulnerabilizam os
pacientes.
TÉCNICAS SÃO RECURSOS
● Uma crítica que terapeutas cognitivos recebem é a de
serem “mecanicistas”, principalmente, pois seriam
“escravos de técnicas.

● As técnicas são recursos, os


momentos de usá-las serão
decididos de acordo com a
necessidade, sendo que
para alguns casos, há
protocolos que indicam (ou
contra-indicam) técnicas
específicas mais fortemente.
● Escolhere saber usar as
técnicas, na verdade,
torna a tarefa muito mais
humanizada.
● Cuidados perceptivos de
quando uma técnica
falha, também são
importantes.
● Nunca esquecer que
antes de aplicadores de
técnicas, somos
terapeutas!
● Ser um terapeuta com
um repleto arsenal de
técnicas nos torna
profissionais mais
capacitados.
TÉCNICAS PSICOEDUCATIVAS/
INSTRUMENTALIZADORAS
• Ensinar o modelo cognitivo ao paciente.

• “Normalizar” suas manifestações.

• Passar segurança e honestidade com as


condutas que estão sendo tomadas.
TÉCNICA: psicoeducar sobre como
pensamentos geram emoções
TÉCNICA: psicoeducar sobre como
pensamentos geram emoções
O paciente precisa saber que:

• Pensamentos e emoções não são a mesma coisa.


• Pensamentos criam emoções e comportamentos.

Cada terapeuta tem sua forma de explicar, mas


frequentemente são adaptações de exemplos clássicos.
TÉCNICA: ➔ Frequentemente paciente dirá:
psicoeducar ◆ “me sinto triste”.
● Contudo, o sentimento não é
sobre como passível de contestação, é
pensamentos como dizer “gosto do
geram grêmio”.

emoções
➔ Então, terapeutas vão estimular o
paciente a identificar os
pensamentos que geram a tristeza:
◆ “Você sabe me dizer o por que
está triste?”
TÉCNICA: psicoeducar sobre como
pensamentos geram emoções
Qual a importância desta técnica?

★ Sem entender a diferença, a dupla tentará agir no ponto


errado.

★ Frequentemente passamos como TAREFA DE CASA que


se registre os sentimentos negativos e tente escrever os
pensamentos que acompanham a emoção.
TÉCNICA: psicoeducar sobre como
pensamentos geram emoções
Pensamento: “penso que?” Sentimento: “Então me sinto?”

Ela está se aproveitando de mim. Com raiva, vingativo.

Não vou dar conta de fazer tudo no prazo. Ansiosa.

Ninguém gosta de mim. Desesperançado.

★ Frequentemente passamos como TAREFA DE CASA que


se registre os sentimentos negativos e tente escrever os
pensamentos que acompanham a emoção.
TÉCNICA: psicoeducar sobre como fatos
geram pensamentos
TÉCNICA: psicoeducar sobre como fatos
geram pensamentos

“O que importa não são


os fatos, mas o
significado que os fatos
têm para cada pessoa”
COMO VOCÊ INTERPRETA OS FATOS
COMO VOCÊ INTERPRETA OS FATOS
COMO VOCÊ INTERPRETA OS FATOS
TÉCNICA: psicoeducar sobre como fatos
geram pensamentos

O que um fato
em si significa?
TÉCNICA: psicoeducar sobre como fatos
geram pensamentos
● Só li no relógio.
● Tive que sair correndo por causa
do trabalho. O que um fato
● Bati o carro lendo a
mensagem? (leu minha
● Me roubaram o celular.
● Fui na academia.
mensagem e
● Não achei que sua resposta
necessitava de um comentário.
não respondeu
● Você começou a dar spoiller. Eu mais nada) em
ainda não tinha assistido!
si significa?
TÉCNICA: identificando pensamentos
automáticos!
TÉCNICA: identificando
pensamentos automáticos

Qual a importância desta técnica?

★ É o passo básico para a evolução da maior parte


das técnicas cognitivas.
TÉCNICA: Identificando pensamentos
automáticos.
NUNCA PARAMOS DE PENSAR!
TÉCNICA: Identificando pensamentos
automáticos.
● Ou seja, quando alguma coisa acontece, pensamos (muito
rapidamente, e mesmo que não desejemos pensar) a respeito.

● É muito comum que estes “pensamentos automáticos” estejam


“enviesadas” (“óculos distorcido”)
TÉCNICA: Identificando
pensamentos
automáticos.
● Justamente pelo fato de
pensarem automática e
frequentemente de
maneira distorcida, o
primeiro passo é
IDENTIFICAR OS
PENSAMENTOS
AUTOMÁTICOS.
RESUMO ATÉ AQUI
● Explicamos ao paciente (e ele entendeu!) que
pensamentos, emoções e fatos são coisas diferentes.
● Psicoeducamos o paciente sobre o básico do modelo
cognitivo, no qual:
○ Fatos geram pensamentos.
○ Pensamentos geram emoções.
○ Emoções podem levar a comportamentos e novos
pensamentos a respeito.
● O paciente consegue identificar pensamentos
automáticos.
DISTINGUIR ENTRE PENSAMENTOS, EMOÇÕES E
FATOS!
HANDS ON!
● Explicar como pensamentos geram emoções.
● Psicoeducar sobre como fatos geram pensamentos.
● Identificar pensamentos automáticos.

Anotem as informações relevantes.


TÉCNICAS COGNITIVAS RELACIONADAS
AOS PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS
Quando se domina o conceito
e a identificação dos
pensamentos automáticos,
entendendo o modelo, o
próximo passo é começar a
tentar identificar sua parte
em um “quebra-cabeça”
maior.
PA
TÉCNICA: técnica A-B-C
TÉCNICA A-B-C
o significado:

A - activation
ATIVADOR
B - beliefs

CRENÇAS/PENSAMENTOS
C - consequences
CONSEQUÊNCIAS
TÉCNICA A-B-C
Prova amanhã

“vou me sair mal”

Fico ansioso e não estudo


DICAS:
TÉCNICA:
A-B-C ➔ Não chamem de ABC para o
paciente, ou se disserem, falem que
é em função de uma coisa levar a
outra.

➔ É fundamental ter claro que


PENSAMENTOS GERAM EMOÇÕES
ANTES DE INICIAR O “ABC”.

➔ ILUSTRE COMO O QUE PENSAMOS


DOS FATOS GERAM PENSAMENTOS!
TÉCNICA:
A-B-C
FATO PENSAMENTO EMOÇÃO/
CONSEQUÊNCIA
Fiquei sabendo de uma “ele já não confia em Tristeza, apreensão, me
informação íntima de um mim” torno “seco” com ele
grande amigo por um terceiro.

Tenho prazos curtos para “não vou dar conta” Sensação de fracasso,
muitas tarefas vou jogar videogame para
me sentir melhor

É 6a a noite e estou sozinho, “sou uma pessoa Tristeza, beber para ter
sem amigos que topem fazer chata”, “ninguém sono, ficar horas nas
alguma coisa. gosta de mim”. redes sociais, postar fotos
parecendo que estou me
divertindo.
HANDS ON!
● Com base no que foi coletado anteriormente,
construam o modelo A-B-C.
TÉCNICA: Registro de
Pensamentos
Disfuncionais/Diários (RPD)

“Que pensamento passou na sua cabeça”


TÉCNICA: Registro de Pensamentos
Disfuncionais/Diários (RPD)
FATO/ EVENTO PENSAMENTO EMOÇÃO COMPORTAMENT
ATIVADOR O
Aula no sábado de sol. “que saco” Raiva, tristeza Penso no como é
importante e um
investimento e anoto tudo.

No trabalho, vejo uma promoção “gostaria de ter mais Frustração Má vontade no trabalho.
legal de passagens, mas fora do dinheiro”.
meu orçamento.

Penso sobre um grande projeto “como as coisas são Ansiedade e Não faz direito a atividade
que gostaria de executar, mas não injustas, não irritção designada.
posso, pois me foi atribuído outro. percebem minha
capacidade”.
DICAS:
TÉCNICA:
➔ Nos pensamentos automáticos, não
RPD
pode-se colocar uma pergunta.
➔ Alguns podem ser imagens...
➔ Cuidar para emoções serem emoções
e não pensamentos.
➔ Caso o “fato” seja um pensamento,
investigar qual foi o “fato” ativador do
pensamento.
➔ Alguns fatos podem gerar mais de um
pensamento, bem como mais de uma
emoção. Registrar todas.
Após o paciente dominar o RPD, é
TÉCNICA: possível “sofisticar” a técnica.
RPD
➔ Incrementar a intensidade da crença
no pensamento (o quanto ele é
verdade) e da emoção.

➔ Um dos grandes objetivos da TCC é


tornar o paciente capaz de se
automonitorar e flexibilizar. Por isso,
por vezes adiciona-se uma coluna de
“pensamento adaptativo alternativo”
TÉCNICA: Registro de Pensamentos
Disfuncionais/Diários (RPD)
Situação Pensamento Emoção (nota Pensamento Comportamento
alternativo - se
automático da força da você fosse a
(nota da emoção 0-10) pessoa que
intensidade da gostaria, qual
crença0-10) poderia ser seu
pensamento a
respeito? (nota
da sua crença 0-
10)

Minha mulher “ela não me suporta Tristeza (5), “Ela está muito Respondo que ela
se queixa de mais, vai me largar” ansiedade (9) cansada, precisa poderia ter percebido
que não (8) que eu a ajude que passei o dia
ajudo na mais”. (3) inteiro trabalhando e
casa. que acabei de chegar
em casa e gostaria de
relaxar um pouco -
brigamos depois disso
TÉCNICA: Medindo as
intensidades
TÉCNICA: Medindo as intensidades
● Ter “medidas”, ajuda em termos parâmetros.

● Além disso, por vezes podemos valorizar algo que não


tem tanta importância ao paciente.

● Cada um pode usar o seu parâmetro e medida, mas um


bom é a “escala análogo visual”.

DEZ - muito
ZERO - nada intensamente
NOTAS DE
INTENSIDADE DICAS:

• Habitualmente, toda sessão começa com


uma “checagem” da “média” do humor,
uma boa forma é usar a escala para
medida.

• No Brasil, perguntar “como está o humor


é um pouco vago.
– Alternativamente, pode perguntar a
intensidade de emoções específicas
desde a última sessão.

• O uso da escala para medir as emoções e


pensamentos é interessante também.
TÉCNICA: Flexibilizando um
pensamento
TÉCNICA: Flexibilizando um pensamento
O TERAPEUTA DEVE MOSTRAR AO PACIENTE QUE ELE É
CAPAZ DE PENSAR DIFERENTE, BEM COMO QUE
PENSAMENTOS MUDAM!

● “você identificou que pensou que sua mulher pensa em largá-lo, mas há
momentos que você tem menos certeza deste pensamento?”

● “O que acontece quando você acredita menos nessa ideia?”

● “Se voltasse naquela situação e pudesse ter pensado outra coisa,


consegue imaginar alguma alternativa melhor?”

● “Já teve algum momento que você acreditou que ela não pensaria em te
deixar?”
TÉCNICA: Flexibilizando um pensamento
OUTRA ESTRATÉGIA É EXAMINAR AS EVIDÊNCIAS DE UM
PENSAMENTO, MAS IMPORTANTE:

“não tome por suposto que sabe o que o paciente está


dizendo” (Beck, 1979)

➔ O que quer dizer para você “não ser amado”?

● Quais as evidências que fazem este seu pensamento


ser verdadeiro?
● E quais são as evidências contrárias?
HANDS ON!
● Identifiquem duas situações nas semanas de vocês
nas quais tiveram pensamentos automáticos que
geraram algum tipo de estado negativo. Preencham o
RPD adequadamente, incluindo intensidades e
pensamento alternativo.
TÉCNICA: identificando
erros/distorções de
pensamento
TÉCNICA: identificando erros de
pensamento.
• Uma vez o paciente psicoeducado no modelo cognitivo,
podemos apresentar para ele distorções comuns do
pensamento e deixar ele tentar identificar se costuma
distorcer de alguma maneira específica.

• Ou ainda, podemos o orientar a incluir no seu registro, qual a


categoria de erro que ele teve.
TÉCNICA: identificando erros de
pensamento.
Catastrofização Pensar que o pior de uma situação vai ocorrer sem considerar
possibilidades.

Raciocínio emocional Achar que sentimentos são fatos (ex: se ela disse que me odeia, ela me
odeia).

Pensamento Ver as coisas com apenas duas possibilidades (ex: eu sou o melhor ou o
dicotômico pior).

Abstração seletiva Identificar um aspecto de uma situação sem considerar o todo (ex: sou
muito burro, veja minha nota de matemática).

Adivinhação/ Antecipa problemas que talvez não venham a existir.


inferência arbitrária

Leitura mental Achar que sabe o que os outros estão pensando.

Rotulação Colocar um rótulo rígido em algo ou alguém e não considerar


flexibilizações.
TÉCNICA: identificando erros de
pensamento.
Desqualificação do No momento de avaliar algo, até considera pontos positivos, mas os desqualifica
positivo (ex: mas isso não conta, ou isto é muito simples).

Minimização e Reduz a importância das coisas boas e aumenta o das coisas ruins.
maximização

Personalização Assumir a responsabilidade pelos fatos negativos.

Hipergeneralização Assumir que aspectos de um evento específico são universais (ex: falhei com algo
da escola da minha filha, e então acredito que eu não sou um bom pai).

Tenho que, deveria Ser absolutista ao acreditar que existe uma maneira/forma de as coisas
- Imperativos acontecerem (ex: eu não posso falhar, ou eu não posso expressar minha
fraqueza.

Vitimização Constantemente acredita que é injustiçado (ex: ela não percebe o quanto eu faço
pela família).

Questionalização Focar em todas as alternativas que poderiam fazer o ocorrido ser diferente (ex: e
se..?
TÉCNICA: Custo-benefício, ou
vantagens e desvantagens do
pensamento
TÉCNICA: custo-benefício
● Pensamento identificado.
● Paciente ciente da distorção.
● Mas o paciente parece não “querer” agir “como se” o
pensamento alternativo fosse melhor.

“Quais são as vantagens e desvantagens de você ter


este pensamento?”
TÉCNICA: custo-benefício
Pensamento: “sou um fracasso”
VANTAGENS DESVANTAGENS

● não passo vergonha. ● Fico triste.

● evito frustrações. ● Fico ansioso quando testado.

● Sou precavido. ● Evito qualquer desafio.

● Não tenho realizações

● Perco oportunidades.

● Gasto muito tempo fazendo da maneira


menos arriscada.
TÉCNICA: custo-benefício
“parece que você tem mais desvantagens que vantagens
pensando desta forma, e se fizéssemos o mesmo
exercício com o novo pensamento (alternativo)?”
RESUMO ATÉ AQUI
● O paciente consegue identificar situações que geram
pensamentos automáticos e suas consequências.
● Ele foi treinado em mensurar a intensidade das emoções.
● O paciente consegue também identificar possíveis
distorções no seu pensamento automático.
● Ele consegue também pensar cenários alternativos,
flexibilizando seu pensamento.
● O paciente consegue ainda decidir se é lucrativamente
interessante ele optar pelo pensamento alternativo.
PESSOAS QUE ESTÃO EM SOFRIMENTO, EM ESPECIAL AS QUE
TÊM TR. MENTAIS, POSSUEM MAIS FREQUENTEMENTE
PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS ENVIESADOS EM FUNÇÃO DE
UM DINAMISMO DE COGNIÇÕES, EMOÇÕES E
COMPORTAMENTOS QUE ALIMENTAM AS MANIFESTAÇÕES
MODELO COGNITIVO
COMO OS PENSAMENTOS SÃO REFLEXOS
DE CRENÇAS, NA MEDIDA QUE
ACUMULAMOS RPDs, PODEMOS CHEGAR
A CRENÇAS.
Níveis de cognições:

1º Pensamentos Automáticos
2º Crenças intermediárias
(subjacentes)
3º Crenças Centrais
TÉCNICA: Flecha descendente

“O que este pensamento diz sobre


você?”
TÉCNICA: Flecha descendente

• Consiste em explorar as crenças subjacentes


a um pensamento.

➔“o que significaria para você se de fato


o seu pensamento automático fosse
verdade?”
TÉCNICA: Flecha descendente

➔Este processo não é simples.

➔O terapeuta deve usar perguntas abertas,


tentando que o paciente extraia o significado
do pensamento automático.
◆ E se de fato fosse verdade que “ela não gosta de
você”?
TÉCNICA: Flecha descendente
➔ Um dos segredos é fazer o paciente, uma vez identificada a
crença subjacente, incluir no seu RPD o significado do
pensamento.
Situação Pensamento Significado do Emoção Pensamento Comportamento
automático (nota) alternativo
(nota)
PA

O que o PA quis
dizer?
Minha “ela não me “não sou digno de ser Tristeza “Ela está Respondo que ela
mulher se suporta mais, amado” (5), muito poderia ter percebido
queixa de vai me largar” ansiedade cansada, que passei...
que não (8) (9) precisa que
ajudo na eu a ajude
casa. mais”. (3)
HANDS ON!
● Adicionem no RPD o significado do pensamento.
TÉCNICA: Conceitualização
cognitiva
TÉCNICA: Conceitualização cognitiva
• Um dos principais objetivos da terapia é a
reestruturação de padrões desadaptativos de
crenças.
• As diferentes técnicas favorecem a uma visão do
todo.
Crenças centrais geralmente são absolutistas e
globais, rígidas.

Crenças intermediárias incluem mais regras,


suposições, e são um pouco mais flexíveis.

As estratégias compensatórias são aqueles


comportamentos realizados para tentar driblar
as crenças, mas que na verdade os confirmam.
Uma ferramenta para identificar
adequadamente estratégias compensatórias é
observar padrões típicos de comportamento.

● Questionar sobre o significado dos comportamentos


costuma revelar “crenças-regra”.

○ “quem come sorvete não é gorda, então eu


como sorvete, logo não sou gorda”.
○ “quem briga com a outra pessoa só faz isso se
se valoriza, então eu brigo toda hora, logo eu
tenho valor.
HANDS ON!
● Vamos tentar fazer nossos próprios diagramas de
conceitualização?
TÉCNICA: Questionamento
socrático
TÉCNICAS RELACIONADAS A REESTRUTURAÇÃO
COGNITIVA/ QUESTIONAMENTO SOCRÁTICO
• Quando há a correta identificação
e viabilidade de flexibilização de
pensamentos, o próximo passo é
re-estruturar crenças mais rígidas
e internas. Aquelas etapas foram
pequenos passos, que agora
podem ter grande impacto.

• Através de técnicas racionais,


tentamos ajudar o paciente neste
processo.
TÉCNICA: questionamento socrático
• É a técnica da TCC por excelência.
• Na realidade, ela é presente em grande parte das técnicas já
vistas.

Tem como objetivo a


busca cooperativa do
esclarecimento de
determinado assunto.
TÉCNICA: questionamento socrático
• Podemos assumir que há “subtécnicas” dentro do
questionamento socrático.
● Checagem de evidências.
● Explicações alternativas.
● Duplo-padrão (“se fosse com outra
pessoa…?”)
● Descatastrofização.
● Reatribuição.
● Ressignificação.
● Exame das contradições internas.
● Colocar em perspectiva.
TÉCNICA: questionamento socrático/ duplo
padrão

• Pessoas não usam sempre os


mesmos pesos e medidas.
• Esta técnica faz o paciente
perceber isto.
TÉCNICA: questionamento socrático/ duplo
padrão
P: Eu sou uma pessoa muito desagradável.
T: O que a leva a pensar uma coisa dessas?
P: Por qual outro motivo ele não teria mais desejado sair comigo?
T: Acredito que possam ter diferentes explicações, quando uma pessoa
não quer mais sair com outra, o que isto quer dizer da que foi
preterida?
P: Eu acho que é porque a que foi rejeitada é desagradável.
T: Ok, isso pode ser uma explicação. Você vê alguma outra?
P: Não, quando alguém é rejeitado é porque ela é desagradável.
T: Se uma amiga sua estivesse saindo com alguém como você
estava. E então ele não quisesse mais continuar o lance. Você
diria para ela que isso ocorreu, pois ela é desagradável?
TÉCNICA: questionamento socrático/
descatastrofização

• Pessoas agem como se algo que temem ocorrer


fosse ter um impacto devastador em suas vidas.

• Uma potente alternativa para reduzirem sua


ansiedade é confrontá-las com a possibilidade
de o pior ocorrer.
TÉCNICA: questionamento socrático/
descatastrofização
P: Estou muito ansiosa. Essa semana sairá o resultado do
ENEM, eu tenho muito medo de não passar.
T: E se você não passar? O que vai acontecer?
P: Ai, eu não sei?
T: Vamos começar do mais básico: vai sobreviver?
P: (risos) claro.
T: Vai ficar miserável e não conseguir trabalhar nunca na
vida?
P: Não? Na verdade, acho que vou me sentir mal comigo,
pois sei que poderia ter estudado mais. E no fim, precisarei
tomar a decisão do próximo ano.
TÉCNICA: questionamento socrático/
reatribuição
• Muitos pacientes se responsabilizam inteiramente por alguns
fatos negativos de suas vidas.

• Redimensionar a RESPONSABILIDADE, muitas vezes alivia esta


sensação.
TÉCNICA: questionamento socrático/
reatribuição
• Não há outros fatores que possam ter responsabilidade no
fato de você não ter passado?
TÉCNICA: questionamento socrático/
colocar em perspectiva
• Muitas vezes, rótulos, maximizações ou minimizações fazem o
paciente distorcer a importância de determinados fatos, ou de
si mesmo.
• Um recurso para alterar isto é o uso da técnica do continuum,
ou de colocar em perspectiva.
TÉCNICA: questionamento socrático/
colocar em perspectiva
P: Acho que o tratamento não está dando em nada. Já faz três
meses que começamos, e ainda não consegui me aproximar de
nenhuma menina.
T: É verdade? Se você tivesse que dizer hoje, o quanto você está
perto de se aproximar de uma, sendo 0 nenhuma chance, e 100,
totalmente provável: quanto seria?
P: Uns 40, eu acho.
T: E quando começamos, quanto seria?
P: Uns 15, provavelmente.
T: Então hoje você está quase duas vezes mais perto do que três
meses atrás, o que você acha disto?
TÉCNICA: questionamento socrático/
colocar em perspectiva
Muitas vezes o paciente também se compara com alguém,
identificando-se como muito inferior. Usar outras pessoas em um
continuum também é uma alternativa, principalmente quando observar
as comparações com quem está fazendo.

Isadora Eduardo
Aline Ricardo

Gabriela Eu Ângela Leahy


TÉCNICA: questionamento socrático/
ressignificação
• É muito comum, ao usar o questionamento
socrático, nos defrontarmos com uma “regra”
que não é realista.
P: Achei que ia morrer, pois meu coração estava muito acelerado.
T: Qual a razão de você achar isso?
P: O coração batendo rápido é um sinal de algo ruim, pode ser até um
infarto.
T: Sim, mas ele pode estar acelerado por alguma outra razão?
P: Sim, há razões que explicam também, como fazer exercício.
T: Então poderíamos assumir que é normal o coração bater mais rápido
quando fazemos algum esforço?
TÉCNICA: Experimentos
comportamentais
TÉCNICA: experimentos comportamentais

• Pacientes assumem suas crenças por verdade e


então, adotam condutas que perpetuam e
confirmam as crenças.

• Uma maneira de flexibilizar isto é fazer elas


confrontarem as evidências através de
experimentos comportamentais.
➔ Se sabemos que o paciente tem uma
TÉCNICA:
crença que é passível de teste, vale a
Experimentos
pena fazer ele testar.
comportamentais ◆ “sou rejeitado”.
● Faça contato com 10
pessoas diferentes e
vamos ver o resultado até
semana que vem.
◆ “se eu fizer isso, vou acabar
desmaiando”.
● Se você desmaiar, te deito
no chão e chamo a
ambulância. Não sairei
daqui.
RESUMO ATÉ AQUI
● Depois de identificar pensamentos, treinar flexibilizá-los
e avaliar o contexto, o paciente passa a aprender a
visualizar o todo de sua estrutura cognitiva.
● Através de nossas técnicas, desvendamos com o paciente
os segredos por detrás dos pensamentos.
● Podemos agora tentar entender os motivos de
determinados comportamentos, bem como as razões
deles se manterem.
● Uma vez desvendadas as crenças, a reestruturação
cognitiva passa muito pelo questionamento socrático.
TÉCNICAS
COMPORTAMENTAIS:
RELAXAMENTO
TÉCNICAS COMPORTAMENTAIS:
Relaxamento
• Estabelecer estado constante de relaxamento,
aliviando tensão basal.

• “Apagar incêndios”.

• O paciente em tratamento provavelmente terá


situações de ansiedade diárias. Estratégia para aliviar
isto e oferecer uma maior auto-eficácia.
TÉCNICAS COMPORTAMENTAIS:
Relaxamento
● Consiste meramente no ato intencional de
tirar a atenção do foco da ansiedade.
● Inibição de resposta – apesar de não ser o
foco, é possível estabelecer novos
condicionamentos clássicos com desfechos
opostos aos esperados.
TÉCNICAS
COMPORTAMENTAIS:
Respiração
diafragmática
● Puxe o ar, procurando que ele
seja puxado inflando o
abdômen.

● Puxe o ar por cerca de três


segundos.

● Solte-o lentamente (como se


seu sopro não pudesse apagar
uma vela).
HANDS ON!
● Respirando, pessoal!
TÉCNICAS
COMPORTAMENTAIS: agenda
de atividades
TÉCNICAS COMPORTAMENTAIS: agenda
de atividades
• Vários transtornos dependem de repetidas ações.
No caso da depressão, é comum não ter
atividades.
• “A ação precede a motivação”
TÉCNICAS COMPORTAMENTAIS: agenda
de atividades - curtograma
• Um dos objetivos do tratamento para depressão é resgatar a
capacidade de se divertir.
• Então, é preciso identificar coisas que os pacientes gostem de
fazer e sejam viáveis.
Atividade Quanto gosto? Quanto é fácil? Quanto faço?

Ir em jogos de futebol. 9 7 nunca

Namorar 9 6 3/10

Sair com amigos 10 6 1/10


Viajar 10 2 0
TÉCNICAS COMPORTAMENTAIS: agenda
de atividades - curtograma
• Uma vez que se identifica atividades viáveis de realização,
insere-se elas na rotina do paciente.
2a 3a 4a 5a 6a sabado domingo

manhã caminhar Patchwork Caminhar

tarde aula de Chimas Jogo do


pilates no parque time

noite cozinhar netflix Assistir Cozinhar Cinema


com a jogo com com a
esposa amigas mulher

Finalizada a semana, pergunte para o paciente o quão


divertido foi cada uma das atividades.
HANDS ON!
● Façam o curtograma de vocês e avaliem se estão
realizando semanalmente atividades prazerosas, ou
se dedicam pouco tempo àquilo que gostam.
TÉCNICAS
COMPORTAMENTAIS: solução
de problemas
TÉCNICAS COMPORTAMENTAIS:
solução/resolução de problemas
• Frequentemente ao confrontar um problema, podemos não
saber como resolvê-lo.
• A TCC elaborou uma espécie de passo-a-passo para ajudarmos
os pacientes.

1. Identificar e especificar o problema.


2. Gerar soluções para lidar com o problema.
3. Avaliar as consequências de cada uma das soluções.
4. Colocar em prática a solução escolhida.
5. Avaliar os resultados.
6. Se necessário, promover modificações.
TÉCNICAS
COMPORTAMENTAIS:
dessensibilização sistemática
TÉCNICAS COMPORTAMENTAIS:
dessensibilização sistemática
• Uma das mais efetivas técnicas da TCC.
• Consiste em realizar aproximações sucessivas e graduais de
algo temido, aliviando aos poucos a ansiedade/medo.

1. Hierarquização
2. Avaliação constante da ansiedade.
3. Aproximações sucessivas.
4. Estímulos visuais preferencialmente primeiro.
5. Só avançar quando um nível foi “dominado”.
6. O fim deve ser extremo.
TÉCNICAS COMPORTAMENTAIS:
hierarquização
•Tanto para a exposição interoceptiva quanto a
sistemática é importante graduar do menor ao maior
nível causador de ansiedade.

•Importante esgotar as diferentes possibilidades para


hierarquizar. Por vezes importante sugerir itens,
como imaginar, falar a respeito, imaginar níveis de
aproximação, objetos falsos, desenhos, etc.
TÉCNICAS
COMPORTAMENTAI:
hierarquização
TÉCNICAS
COMPORTAMENTAIS:
exposição interoceptiva
TÉCNICAS COMPORTAMENTAIS:
exposição interoceptiva

● É a principal técnica no transtorno de pânico.

● Consiste em fazer o paciente experienciar


gradualmente as sensações que podem ser
comuns nos ataques, aprendendo que são
normais e que consegue controlá-las.
TÉCNICAS COMPORTAMENTAIS:
exposição interoceptiva
•Importante: avaliar a intensidade e a semelhança com as
sensações que ocorrem durante o ataque e repetir os
exercícios para ocorrer a habituação.

•Só iniciar quando o paciente dominar estratégias de controle.

•Boa psicoeducação.

•Sempre garantir o retorno a um nível baixo de ansiedade.


TÉCNICAS COMPORTAMENTAIS:
exposição interoceptiva
OUTRAS TÉCNICAS: cartão de
enfrentamento
TÉCNICAS COMPORTAMENTAIS: cartões
de enfrentamento
● “eu queria poder me lembrar de não responder com raiva quando
acontece”.
● “na hora, não me dou conta que estou começando a ficar no
celular”

➔ Por vezes os pacientes até possuem a crítica e visão, mas ainda


não estão treinados a “lembrarem-se” de determinada combinação,
ou conclusão que chegaram na terapia. Cartões-lembrete, ou
cartões de enfrentamento facilitam este processo. O ideal é fazê-
los com uma cartolina e orientar os pacientes a andarem sempre
com eles. Olhando em determinados momentos.
Outras técnicas: cartões de
enfrentamento
OUTRAS TÉCNICAS: feedback
OUTRAS TÉCNICAS: feedback

Apesar de não ser específicamente direcionada ao


tratamento, é importante o terapeuta saber pedir o
feedback. Avaliar com o paciente. E importante: fazer
isso constantemente.
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