Anásile Da Viabilidade de Projetos de Geração de Energia Fotovoltaica Considerando Aspectos de Qualidade Da Energia Elétrica PDF

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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI

INSTITUTO DE ENGENHARIA CIÊNCIA E TECNOLOGIA


Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia

Fábio Henrique Silveira Santos

ANÁLISE DA VIABILIDADE DE PROJETOS DE GERAÇÃO DE ENERGIA


FOTOVOLTAICA CONSIDERANDO ASPECTOS DE QUALIDADE DA ENERGIA
ELÉTRICA

Janaúba
2019
Fábio Henrique Silveira Santos

ANÁLISE DA VIABILIDADE DE PROJETOS DE GERAÇÃO DE ENERGIA


FOTOVOLTAICA CONSIDERANDO ASPECTOS DE QUALIDADE DA ENERGIA
ELÉTRICA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentada ao


programa de Graduação do Bacharelado em Ciência
e Tecnologia da Universidade Federal dos Vales do
Jequitinhonha e Mucuri – Campus Janaúba, como
requisito para conclusão do curso.

Orientador: Prof. Dr. Jáder Fernando Dias Breda

Janaúba
2019
Ficha Catalográfica – Sistema de Bibliotecas/UFVJM
Bibliotecário

Confeccionada pelo Sisbi/UFVJM

Elaborada com dados fornecidos pelo(a) autor(a).


Fábio Henrique Silveira Santos

ANÁLISE DA VIABILIDADE DE PROJETOS DE GERAÇÃO DE ENERGIA


FOTOVOLTAICA CONSIDERANDO ASPECTOS DE QUALIDADE DE ENERGIA
ELÉTRICA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentada ao


programa de Graduação do Bacharelado em Ciência
e Tecnologia da Universidade Federal dos Vales do
Jequitinhonha e Mucuri – Campus Janaúba, como
requisito para conclusão do curso.

Orientador: Prof. Dr. Jáder Fernando Dias Breda

Data de aprovação _____/_____/_____.

Prof. Dr. Jáder Fernando Dias Breda


Instituto de Engenharia, Ciência e Tecnologia - UFVJM

Prof. Dr. Fidel Edson de Souza


Instituto de Engenharia, Ciência e Tecnologia - UFVJM

Engenheiro Eletricista Hudson Danilo Soares

Janaúba
2019
Dedico este trabalho a minha família pelo apoio e
pelo incentivo em realizá-lo e a meu orientador Prof.
Dr. Jáder Breda pela confiança e oportunidade.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço à Deus por ter me guiado com fé, saúde e perseverança
nesta caminhada.
Agradeço à minha família, em especial aos meus pais, Vilmar e Maria da Glória
pelo apoio e incentivo ao longo de toda minha trajetória. Foi através dos seus conselhos que
serviram de alicerce nas minhas realizações.
Ao meu irmão Flávio Rodrigo, pela amizade e atenção dedicados nos momentos de
necessidade.
A todos os meus amigos de graduação, que compartilharam diversos desafios
enfrentados nesta árdua caminhada.
Ao meu orientador Jáder Breda pela dedicação, confiança e paciência na elaboração
deste trabalho. Apesar de sua intensa rotina de sua vida acadêmica, aceitou me orientar neste
trabalho. Seus conselhos e suas valiosas indicações me direcionaram na conclusão deste projeto.
A todo corpo docente da UFVJM – Campus Janaúba, pela por transmitirem seu
conhecimento com muito profissionalismo, proporcionado um ensino de alta qualidade.
E a todos que contribuíram diretamente ou indiretamente na conclusão deste
trabalho.
RESUMO

O atual panorama mundial mostra a grande necessidade das nações desenvolverem alternativas
na utilização de fontes renováveis na obtenção de energia eletrica. O Brasil, um dos países com
maior potencial energético, investe maciçamente na geração de energia fotovoltaica, haja vista
que estudos comprovem inumeros fatores que influenciem o investimento para atender tal
demanda. A energia fotovoltaica consiste basicamente em transformar a irradiação solar em
eletricidade, através de sistema fotovoltaico, trabalhando que forma sustentável
ambientalmente. Os investimentos no setor veem crescendo constantemente, gerando uma
alternativa financeira, principalmente aqueles que vivem em regiões secas e áridas, como
destaque a região do norte de Minas Gerais. Com grande potencial de crescimento, o sistema
fotovoltaico pode acarretar em alguns problemas, como o aumento de cargas não lineares, que
comprometem o funcionamento e desempenho dos equipamentos eletrônicos e nos sistemas de
distribuição nas concessionárias, diminuindo a qualidade da energia elétrica. Este trabalho
consiste em avaliar o funcionamento da geração de energia solar, bem como os equipamentos
principais e o funcionamento dos próprios que a compõe, analisar os impactos causados pelos
distúrbios que afetam a qualidade da energia elétrica, apontar soluções, como a utilização de
métodos anti harmônicos e anti ilhamento dos inversores, para resolução de tais problemas e
analisar a legislação da ANEEL, PRODIST – módulo 8, sobre as referências aos aspectos da
qualidade de energia elétrica.

Palavras chave: Energia fotovoltaica. Qualidade de energia elétrica. Cargas não lineares.
Harmônicos. PRODIST – modulo 8
ABSTRACT

The current world panorama shows the great need of nations to develop alternatives in the use
of renewable sources to obtain electricity. Brazil, one of the countries with the highest energy
potential, invests heavily in photovoltaic power generation, given that studies prove numerous
factors that influence investment to meet this demand. Photovoltaic energy consists of
transforming solar radiation into electricity through photovoltaic system, working in an
environmentally sustainable way. Investments in the sector are constantly growing, generating
a financial alternative, especially those that live in dry and arid regions, especially the northern
region of Minas Gerais. With great growth potential, the photovoltaic system can lead to some
problems, such as the increase of nonlinear loads, which compromise the operation and
performance of electronic equipment and distribution systems in utilities, reducing the quality
of electricity. This work consists of evaluating the operation of solar energy generation, the
main equipment and the operation of its own components, analyzing the impacts caused by
disturbance that affect the power quality, finding solutions, such as the use of methods anti-
harmonics and anti-islanding of inverters, to appoint such problems and to analyze the
legislation of ANEEL, PRODIST - module 8, on the references to the aspects of power quality.

Keywords: Photovoltaic energy. Power quality. Nonlinear loads. Harmonics. PRODIST -


module 8.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Previsão do crescimento de cargas de energia elétrica nas regiões brasileiras ...... 16
Figura 2 – Gráfico da análise das 1008 leituras semanais do perfil eficaz de tensão ao longo de
uma semana ........................................................................................................................ 20
Figura 3 – Triângulo de Fator de Potência e sua defasagem ................................................. 21
Figura 4 – Forma de Onda Distorcida (harmônica) ............................................................... 22
Figura 5 – Desequilíbrio de tensões em função da magnitude e fase ..................................... 25
Figura 6 – Exemplo de Flutuação de Tensão ........................................................................ 27
Figura 7 – Exemplo de Variação de Frequência .................................................................... 29
Figura 8 – Onda com Afundamento de tensão ...................................................................... 31
Figura 9 – Onda com Elevação de tensão ............................................................................. 32
Figura 10 – Onda com Interrupção de tensão ........................................................................ 33
Figura 11 – Estrutura básica de uma célula fotovoltaica ....................................................... 37
Figura 12 – Esquema do sistema ligado à rede (on-grid) ...................................................... 39
Figura 13 – Esquema do sistema autônomo ou isolado (off-grid).......................................... 41
Figura 14 – Tipos de módulos solares disponíveis no mercado ............................................. 44
Figura 15 – Célula de Silício (Si) Monocristalino ................................................................. 45
Figura 16 – Célula de Silício (Si) Policristalino .................................................................... 46
Figura 17 – Módulos fotovoltaicos de Filmes Finos utilizando CdTe.................................... 47
Figura 18 – Módulos fotovoltaicos de Arsenato de Gálio (GaAs) ......................................... 48
Figura 19 – Módulos fotovoltaicos de células orgânicas ....................................................... 49
Figura 20 – Caixa de Junção de um módulo fotovoltaico ...................................................... 50
Figura 21 – Conectores MC4 ............................................................................................... 50
Figura 22 – Modelo de bateria fotovoltaica (Chumbo-ácido) ................................................ 52
Figura 23 – Processo de carga e descarga de uma célula de chumbo-ácido ........................... 53
Figura 24 – Modelo de controlador de carga trabalhando com outros equipamentos ............. 55
Figura 25 – Regulador “Shunt” e regulador “Série” com LDV opcional ............................... 56
Figura 26 – Modelos de Inversores presentes no mercado .................................................... 57
Figura 27 – Curva (I-V) da irradiância solar de uma célula fotovoltaica de silício ................ 61
Figura 28 – Curva (I-V) da irradiância da temperatura de uma célula fotovoltaica ................ 62
Figura 29 – Divisão e Subdivisão dos métodos de Anti-ilhamento........................................ 69
Figura 30 – Tempo máximo de operação em condições anormais de tensão e frequência ..... 71
Figura 31 – Modelo de filtro harmônico ativo ...................................................................... 73
Figura 32 – Circuito de um inversor operado por filtro ativo paralelo ................................... 74
Figura 33 – Modelo de filtro harmônico passivo................................................................... 74
Figura 34 – Circuito de filtro passivo do tipo passa faixa ...................................................... 75
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Terminologia aplicável ao cálculo das distorções harmônicas ............................. 23


Tabela 2 – Resultado das referências de Distorções Harmônicas totais de tensão (em %) .... 24
Tabela 3 – Resultado das referências de Distorções Harmônicas individuais de tensão (em %)
............................................................................................................................................ 24
Tabela 4 – Terminologia aplicável ao cálculo de desequilíbrio de tensões ............................ 26
Tabela 5 – Limites para os desequilíbrios de tensões ............................................................ 26
Tabela 6 – Terminologia aplicável ao cálculo de flutuações de tensão .................................. 28
Tabela 7 – Avaliação de desempenho do sistema de flutuações de tensão ............................. 28
Tabela 8 – Variação de Tensão de curta duração .................................................................. 30
Tabela 9 – Vantagens e Desvantagens do sistema on-grid .................................................... 40
Tabela 10 – Vantagens e Desvantagens do sistema off-grid .................................................. 42
Tabela 11 – Tipos de tensões características das células ....................................................... 54
Tabela 12 – Vantagens e Desvantagens dos tipos de inversores ............................................ 58
Tabela 13 – Potência por unidade de área ocupadas por módulos de diferentes tecnologias .. 60
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica


CCD Contrato de Conexão ao Sistema de Distribuição
CEMIG Companhia Elétrica de Minas Gerais
DRC Duração Relativa da transgressão para tensão crítica
DRP Duração Relativa da transgressão para tensão precária
FIEMG Federação das indústrias do Estado de Minas Gerais
Fp Fator de Potência
PRODIST Procedimento de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional
QEE Qualidade de Energia Elétrica
Nlc Número de leituras situadas nas faixas críticas
Nlp Número de leituras situadas nas faixas precárias
ONU Organização das Nações Unidas
VTCD Variação de Tensão de Curta Duração
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 13
1.1 Objetivo ....................................................................................................................... 14
1.2 Estrutura do Trabalho ................................................................................................ 14

2 REFERENCIAL TEÓRICO ......................................................................................... 15


2.1 Qualidade da Energia Elétrica. .................................................................................. 15
2.1.1 Problemas na Qualidade de Energia Elétrica ........................................................... 17
2.1.2 Causas e Consequências na QEE .............................................................................. 17
2.2 Fenômenos de distúrbios da Qualidade de Energia Elétrica ..................................... 18
2.2.1 Tensão em Regime Permanente ................................................................................ 18
2.2.2 Fator de Potência ...................................................................................................... 20
2.2.3 Distorções Harmônicas ............................................................................................. 21
2.2.4 Desequilíbrio de Tensão ............................................................................................ 25
2.2.5 Flutuação de Tensão ................................................................................................. 27
2.2.6 Variação de Frequência ............................................................................................ 29
2.2.7 Variação de tensão de curta duração ........................................................................ 30
2.3 PRODIST (Módulo 8) – Normas e Regras ................................................................. 33
2.3.1 Objetivos dos Procedimentos de Distribuição ............................................................ 33
2.3.2 Módulo 8 - PRODIST ................................................................................................ 34
2.4 Funcionamento da Geração de Energia Fotovoltaica ................................................ 35
2.4.1 História...................................................................................................................... 35
2.4.2 Princípio de Funcionamento da Fotocélula .............................................................. 36
2.4.3 Tipos de Sistemas Fotovoltaicos ................................................................................ 38

3 METODOLOGIA .......................................................................................................... 43
3.1 Componentes básicos de um sistema fotovoltaico ...................................................... 43
3.1.1 Painel Solar Fotovoltaico .......................................................................................... 43
3.1.2 Baterias ..................................................................................................................... 51
3.1.3 Controlador de Carga ................................................................................................ 54
3.1.4 Inversor ..................................................................................................................... 57
3.2 Impactos dos equipamentos na Qualidade de Energia Elétrica ................................ 59
3.2.1 Parâmetros externos que afetam o desempenho das células fotovoltaicas ................ 59
3.2.2 Impactos causados pelos inversores .......................................................................... 62
3.3 Potencial de geração de energia fotovoltaica no norte de Minas Gerais e valorização
dos aspectos de Qualidade de Energia Elétrica nas empresas de energia solar no
município de Janaúba ....................................................................................................... 64
3.3.1 Geração de energia fotovoltaica no Norte de Minas Gerais ...................................... 64
3.3.2 Geração de energia fotovoltaica no município de Janaúba ....................................... 66
3.3.3 Cuidados com a Qualidade de Energia Elétrica pelas emepresas de energia solar em
Janaúba ............................................................................................................................. 67

4 SOLUÇÕES AOS IMPACTOS NA QUALIDADE DE ENERGIA ELÉTRICA ........ 69


4.1 Métodos Anti-Ilhamento ............................................................................................. 69
4.1.1 Requisotos ao método Anti-Ilhamento....................................................................... 70
4.1.2 Métodos Anti-Ilhamento Passivos ............................................................................. 71
4.1.3 Métodos Anti-Ilhamento Ativos ................................................................................. 72
4.2 Métodos Anti Harmônicos .......................................................................................... 72
4.2.1 Tipos de Filtros para controle de harmônicos .......................................................... 72

5 CONCLUSÕES .............................................................................................................. 76

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 77


13

1 INTRODUÇÃO

O Brasil é um país rico em disponibilidade de recursos naturais renováveis para o


aproveitamento energético. O setor hidroelétrico se estabelece como a maior modalidade de
energia renovável, abrangendo grande parte da matriz de energia elétrica no país. Além da
modalidade citada, outras alternativas de energia são a eólica, biomassa e, principalmente,
energia solar (CRUZ, 2009). Diante da crise energética e a busca por modelos renováveis que
visam sustentabilidade ao meio ambiente, ganhou-se destaque os debates referentes a fontes de
energia alternativas, desde o evento realizado pela Organização das Nações Unidas (ONU) no
Brasil, a Rio + 20, para tratar destes assuntos. Assim, a energia fotovoltaica se concretiza como
melhor modelo, já que o próprio gera energia de forma sustentável e limpa, captando-a através
da irradiação solar. Com o constante avanço da tecnologia, várias inovações na fabricação dos
sistemas para geração de energia solar estão ganhando destaque, contribuindo assim para
diminuição dos preços e consequentemente tornando este tipo de energia mais acessível.
A área, geografia e localização, dentre demais fatores, faz o Brasil uma opção viável
com potencial favorável no desenvolvimento de sistemas fotovoltaicos, mesmo que o próprio
não seja um pioneiro e esteja atrás de outras nações. Mas no pais, a região norte mineira se
destaca no ramo, onde segundo (CÔRREA, 2019) do site (O TEMPO), o diretor presidente da
Companhia Elétrica de Minas Gerais (CEMIG), Cledorvino Belini, afirmou um investimento
de R$ 300.000,00 em geração e distribuição de energia solar no ano, com o intuito de
disponibilizar estas linhas de transmissão para atender lojas comerciais, supermercados e
pequenas industrias, possibilitando a diminuição de gastos excessivos no setor elétrico na região
norte mineira.
Mesmo diante dos inúmeros benefícios da energia fotovoltaica, surgem empecilhos,
como o aumento de fenômenos de distúrbios relacionados a cargas não lineares, que
comprometem o funcionamento e desempenho dos equipamentos eletrônicos e nos sistemas de
distribuição nas concessionárias, diminuindo a qualidade da energia elétrica. Segundo
(PAREDES, DOS REIS e DECKMANN, 2016), a proliferação dos conversores eletrônicos de
potência, amplamente difundidos no mercado industrial e doméstico a rede elétrica passou a
apresentar correntes harmônicas que podem resultar em distorções significativas nas tensões.
Assim tais fontes harmônicas (cargas não lineares) estão distribuídas por toda a rede e embora
estas cargas individualmente produzam quantidades insignificantes de correntes harmônicas, o
14

efeito conjugado de muitas cargas pode ser significativo e comprometer todo o sistema
fotovoltaico.
Surgem então inúmeras dúvidas para conciliar o trabalho na geração de energia solar e
os aspectos de qualidade de energia elétrica. Uma alternativa para amenizar essas perdas é a
utilização da geração distribuída, em razão da proximidade do centro de consumo com o centro
de geração. Entretanto, o uso de tecnologias que utilizam eletrônica de potência contribuem
para a degradação da qualidade da energia elétrica entregue aos consumidores, no que diz
respeito à inserção de frequências harmônicas no sistema (DA SILVA, 2016).

1.1 Objetivo

Analisar a viabilidade na geração de energia fotovoltaica no Brasil, bem como o


desempenho e funcionamento dos equipamentos utilizados no sistema atualmente, quais os
impactos sofridos pelos próprios e a que ponto isso possua compreender a qualidade da energia
elétrica, possibilitando a inserção de possíveis soluções na resolução dos problemas.

1.2 Estrutura do trabalho

O presente trabalho está estruturado em 5 capítulos, discorrendo sobre cada um deles.


O capítulo 1, apresenta a introdução do trabalho abordado, trazendo a demanda
energética no país, a busca por investimentos no norte de Minas Gerais e o aumento de cargas
não lineares e afetando a qualidade da energia elétrica.
O capítulo 2 aborda o referencial teórico, mostrando a definição de Qualidade de energia
elétrica, os fenômenos de distúrbios, as normas e regras do PRODIST – módulo 8, da ANEEL,
e princípio da geração de energia fotovoltaica.
O capítulo 3 detalha a metodologia do trabalho, mostrando os componentes básicos de
um sistema fotovoltaico e seu princípio de funcionamento, os impactos na qualidade de energia
elétrica causados pelos próprios e o potencial de geração no município de Janaúba.
O capítulo 4 demostra as soluções apresentadas aos impactos abordados, construindo
alternativas para resolução destes problemas.
O capítulo 5 apresenta a conclusão do trabalho, apresentando a análise final aos
impactos e soluções abordados e desenvolvimento de trabalhos futuros na área.
15

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capítulo, será referenciado o conceito de qualidade de energia elétrica e as causas


e consequências gerados pela própria, além da perspectiva no crescimento de cargas elétricas
no Brasil. Também será apresentado os principais fenômenos de distúrbios de afetam na
qualidade de energia, com suas causas e consequências, além das normas e regulamentos da
Agência Nacional de Energia Elétrica, ANEEL, referentes a qualidade de energia. Por fim, será
mostrado o funcionamento da geração de energia fotovoltaica, ou seja, como as células
fotovoltaicas geram eletricidade.

2.1 Qualidade da Energia Elétrica

A implementação de um sistema de distribuição de energia com alta produtividade


contribui não apenas para um bom desempenho dos equipamentos eletrônicos residenciais e
industriais, mas na qualidade de vida das populações que usufruem deste bem, já que inúmeros
benefícios são gerados no que se diz respeito ao conforto das pessoas e possibilita um eventual
crescimento no ramo industrial, referente no aumento da produção e empregabilidade a
população.
Referente crescimento na demanda de sistemas de distribuição de energia, segundo
(FREIRE, 2019) do site (CANAL ENERGIA) a projeção futura ao crescimento da carga
nacional de energia elétrica é considerável, estimando um ajusto de 3,8% entre (2019-2023). A
Figura 1, representa esta variação no crescimento de carga elétrica no país com projeções
futuras.
16

Figura 1 – Previsão do crescimento de cargas de energia elétrica nas regiões brasileiras

Fonte: (FREIRE, 2019)

A crescente demanda energética se deve principalmente ao crescimento tecnológico


constante, já que o setor industrial e de transporte tendem a crescer cada vez mais nos próximos
anos, levando a modernização de máquinas e equipamentos potencializando a produção
industrial e locomotora, já os próprios dependerão futuramente de eletricidade. Portanto, a
qualidade de energia deve ser considerada para que estas tecnologias atendam às necessidades
da população mundial.
Uma definição sobre qualidade de energia elétrica afirma que um sistema elétrico com
excelente qualidade energética é caracterizado pelo fornecimento de energia em tensão com
forma de onda senoidal pura, sem alterações na amplitude e frequência, como se emanasse de
uma fonte infinita de potência (ROCHA, 2016).
Os problemas de interrupções nos sistemas elétricos de equipamentos ou nas
concessionárias de energia são diversificados e muito bem-conceituados para se obter uma
resposta precisa na deficiência energética na residência ou subestação. A ANEEL, responsável
pelo fornecimento e gerenciamento da energia elétrica no país, estabelece através do
Procedimento de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional – PRODIST,
no módulo 8, na qual diz respeito a Qualidade de Energia Elétrica (QEE), apresenta alguns dos
eventos que contribuem para declínio da mesma, na qual serão apresentados posteriormente.
17

2.1.1 Problemas na Qualidade de Energia Elétrica

Quando se realiza um trabalho minucioso na identificação do problema ou na


diferenciação dos fenômenos de distúrbios na QEE, possibilita que o responsável evite
possíveis enganos na manutenção do equipamento ou sistema elétrico observado, conservando
ao máximo sua estrutura física vigente, evitando um gasto financeiro na correção do próprio.
Segundo (ROCHA, 2016), um erro na identificação do problema também traz consequências
financeiras quando equipamentos de correção não são apropriados para a solução do problema
causado pelo fenômeno existente.
Nos últimos dez anos, a radicalização tecnológica foi tão significativa e impactante a
sociedade, que os equipamentos e sistemas eletrônicos foram obrigados a se aprimorar e evoluir
para atender as necessidades de seus usuários. E com precoce modernização, os componentes
perderam resistência, e ganharam em sensibilidade e eficiência, mas obtendo a perda de
rendimento energético, já que uma grande quantidade de dispositivos foi incrementada na
intenção de crescer em eficiência. Com isso, sucedeu um desrespeito no padrão de QEE gerando
um aumento de distúrbios harmônicos presentes nos sinais de tensão, ultrapassando seus
limites.
Pode se considerar diversos aspectos responsáveis pela avaliação adequada do
fornecimento ou distribuição de energia elétrica, segundo o Módulo 8 do PRODIST, como:
tensão em regime permanente, fator de potência, distúrbios harmônicos, desequilíbrio de
tensão, flutuação de tensão, variação de frequência, variação de tensão de curta duração,
continuidade de fornecimento, dentre outros. Todos estes transtornos na QEE serão
apresentados neste trabalho, com o intuito de esclarecer as imparcialidades sobre distribuição
de energia elétrica.

2.1.2 Causas e Consequências na QEE

Em diferentes ramos de atividades os impactos econômicos na qualidade de energia


podem ser significativos. Segundo o site (JRP ENERGY, 2019), diante deste potencial de
prejuízos possíveis, fica evidente a importância de uma análise e diagnóstico da qualidade da
energia elétrica, no intuito de determinar as causas e as consequências dos distúrbios no sistema.
Além disso, apresenta medidas técnica e economicamente viáveis para solucionar o problema
preventivamente.
18

Algumas das causas, estabelecidas pela (JRP ENERGY, 2019), podem ser consideradas
para a baixa qualidade de energia elétrica:
 Perda de linha de transmissão
 Curto-Circuito nos sistemas elétricos
 Operação de cargas com características não-lineares
 Falhas em equipamentos ou manobras da concessionária
 Manobras de Cargas e Banco de Capacitores
 Inversores de frequência e Reatores Eletrônicos
 Etc.

E com as devidas causas, diversas consequências, de acordo com o site, são geradas
através dos problemas citados:
 Danificação de Componentes
 Queda no sistema e Perda de produção
 Perdas de Dados e Erros de processamento
 Sobreaquecimento de cabos e equipamentos
 Sobreaquecimento de motores
 Diminuição de performance
 Etc.

Essas consequências podem gerar prejuízos significativos economicamente, por isso,


cabe ao responsável, individuo ou concessionária de energia, fiscalizar e identificar possíveis
problemas, evitando prejuízos aconteçam.

2.2 Fenômenos de Distúrbios da Qualidade de Energia Elétrica

Nesta secção serão apresentados alguns fenômenos de distúrbios que afetam a QEE no
sistema eletrônico dos equipamentos ou nas concessionárias de distribuição de energia e as
características de ambos.

2.2.1 Tensão em Regime Permanente

Se tratando dos fenômenos de distúrbios de qualidade de energia mais frequentes,


segundo o PRODIST, a tensão em Regime Permanente se resume a variação da tensão em
19

função do tempo, considerando um intervalo médio de dez minutos, onde no próprio a


manifestação de distúrbios aleatórios de energia não ocorre.
Tanto os equipamentos da concessionária como os pertencentes aos consumidores são
projetados para operar em determinado nível de tensão. A operação prolongada desses
equipamentos em uma tensão fora de limites aceitáveis pode afetar o seu correto funcionamento
reduzindo a sua vida útil ou até mesmo causando interrupções não programadas. Por isso, a
tensão deve ser mantida dentro de limites aceitáveis (ROCHA, 2016).
De acordo com a Resolução ANEEL nº 505/2001, a classificação das leituras associadas
à tensão em regime permanente divide-se em três categorias: adequadas, precárias e críticas,
baseando-se no afastamento do valor da tensão de leitura em relação à tensão de referência. A
referência pode ser definida como o próprio valor nominal da tensão, ou valores contratados,
os quais devem estar situados dentro de uma faixa em torno da tensão nominal, pactuados entre
os agentes ou entre estes e os responsáveis por unidades consumidoras e constarem no
respectivo Contrato de Conexão ao Sistema de Distribuição – CCD.

2.2.1.1 Regulação dos Níveis da Tensão de Atendimento

A tensão de Regime Permanente é muita especifica e intitulada no Brasil, regida pela


ANEEL, na PRODIST, no Módulo 8. No documento, afirmam que o termo deve ser
acompanhada em todo o sistema de distribuição, devendo a distribuidora dotar-se de recursos
e técnicas modernas para tal acompanhamento, atuando de forma preventiva para que a tensão
em regime permanente se mantenha dentro dos padrões adequados.
No item 2.5.1.1 do PRODIST – Módulo 8, referente aos indicadores individuais, afirma
que o conjunto de leituras para gerar os indicadores individuais deve compreender o registro de
1008 (mil e oito) leituras válidas obtidas em intervalos consecutivos (período de integralização)
de 10 minutos cada.
Com a análise de qualidade das leituras, referente a tensão de Regime Permanente, pode-
se gerar um gráfico semanal das 1008 leituras apresentada na Figura 2.
20

Figura 2 – Gráfico da análise das 1008 leituras semanais do perfil eficaz de tensão ao
longo de uma semana.

Fonte: (ROCHA, 2016)

Com a obtenção das leituras semanais das variações de tensão, pode-se calcular o índice
de duração relativa da transgressão para tensão precária (DRP) e o para tensão crítica (DRC)
de acordo com as seguintes equações:

𝑛𝑙𝑝
DRP = x 100[%] (1)
1008
𝑛𝑙𝑐
DRC = x 100[%] (2)
1008

Além disso, o npl (número de leituras situadas nas faixas precárias) e o npc (número de
leituras situadas nas faixas críticas) representam o maior valor entre as fases do número de
leituras situadas nas faixas precária e crítica, respectivamente.
Em relação aos limites de indicadores, os índices de Duração Relativa da Transgressão
Máxima de Tensão Precária - DRPM ficam em 3% (três por cento). E o índice da Duração
Relativa da Transgressão Máxima de Tensão Crítica - DRCM é representado em 0,5% (cinco
décimos por cento).

2.2.2 Fator de Potência

O fator de potência (fp) é definido como a relação entre a potência ativa e a potência
aparente. Esse indicador determina a eficácia com que a potência ativa está sendo transferida
para a carga. O fator de potência só pode ser considerado igual ao cosseno do ângulo de
21

defasagem entre a tensão e a corrente no caso de ambas as grandezas serem senóides puras, ou
seja, não possuam componentes harmônicas (ROCHA, 2016).
Na Figura 3, apresenta o triângulo de fator de potência com suas orientações e ângulo
de defasagem (θ).

Figura 3 – Triangulo de Fator de Potência e sua defasagem

Fonte: (ROCHA, 2016)

No item 3.1.1 do PRODIST, resume que o valor do fator de potência deve ser calculado
a partir dos valores registrados das potências ativa e reativa (P, Q) ou das respectivas energias
(EA, ER), utilizando-se as seguintes fórmulas:

𝑃 𝐸𝐴
ƒp = ou (3)
√𝑃2 + 𝑄2 √𝐸𝐴2 + 𝐸𝑅 2

Segundo a ANEEL, o controle do fator de potência deve ser efetuado por medição
permanente e obrigatória no caso de unidades consumidoras, cabe a unidade consumidora
verificar caso a tensão apresentar inferioridade de 230 V, fornecido pela distribuidora, se o fator
de potência possui ponto de conexão entre (0.92 a 1.0) indutivo ou (1.0 a 0.92) capacitivo,
segundo os resultados estabelecidas por norma.

2.2.3 Distorções Harmônicas

O matemático e físico francês Joseph Fourier, estabelece que qualquer forma de onda é
proveniente de uma única forma de onda pura na natureza, conhecida por onda senoidal.
Considerando que a própria não deve possuir nenhum tipo de distorção harmônica, cuja
22

frequência será de 60 Hz, valor estabelecido no Brasil. Uma definição sobre o item, seria que
as distorções harmônicas são fenômenos associados com deformações nas formas de onda das
tensões e correntes em relação à onda senoidal da frequência fundamental, como representada
na Figura 4.

Figura 4 – Forma de Onda distorcida (Harmônica)

Fonte: (KERN, 2008)

As distorções harmônicas, são fenômenos gerados por cargas com características não
lineares, podendo usar como exemplo, transformadores, motores, pontes retificadoras,
compensadores estáticos, computadores e lâmpadas com reatores nucleares. Também podem
ocasionar erros de controle de conversores, erros de medição de grandezas elétricas,
sobreaquecimento de núcleos ferromagnéticos e interferências nas telecomunicações.
Os harmônicos de corrente são produzidos por cargas não lineares, como exemplo os
equipamentos de eletrônica de potência. Essas cargas geram correntes não senoidais mesmo
sendo alimentadas com tensão senoidal. As correntes distorcidas ao circularem pela impedância
do sistema, que é constituída pela impedância da fonte mais impedância da fiação e
transformadores, provocam a distorção da onda de tensão. Essa é a origem dos harmônicos de
tensão, pois a concessionária produz, na geração, uma onda senoidal pura de tensão.
23

Para a obtenção de cálculos relacionados a distorções harmônicas, segue a Tabela 1


apresentando um memorial de expressões (terminologia) com seus respectivos símbolos, na
obtenção dos resultados do próprio.

Tabela 1 - Terminologia aplicável ao cálculo das distorções harmônicas.

Fonte: (AGENCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2017)

Através destas informações e expressões matemáticas, pode-se encontrar a Distorção


harmônica individual de tensão de ordem (h) (DITh%) e a Distorção harmônica total de tensão
em diferentes componentes (DTT%), cujas equações são representadas pela ANEEL:

𝑉ℎ
𝐷𝐼𝑇ℎ % = × 100 (4)
𝑉1

√∑ℎ𝑚𝑎𝑥 𝑉ℎ 2
ℎ=2
𝐷𝑇𝑇% = × 100 (5)
𝑉1

Como citado anteriormente, a regulamentação brasileira que trata de limites harmônicos


está no PRODIST, módulo 8, onde no próprio são estabelecidas a terminologia, a metodologia
de medição, a instrumentação e os valores de referência para as distorções de tensão
harmônicas.
24

Na Tabela 2, serão apresentados os valores de referências globais das distorções


harmônicas totais. E na Tabela 3, os resultados dos níveis de referência para distorções
harmônicas individuais.

Tabela 2 – Resultado das referências de Distorções Harmônicas totais de tensão (em %)

Fonte: (ROCHA, 2016)

Tabela 3 – Resultado das referências de Distorções Harmônicas individuais de tensão


(em %)

Fonte: (ROCHA, 2016)


25

2.2.4 Desequilíbrio de Tensão

O desiquilíbrio de tensão se resume é o fenômeno caracterizado por qualquer diferença


verificada nas amplitudes entre as três tensões de fase de um determinado sistema trifásico,
como apresentado na Figura 5, e/ou na defasagem elétrica de 120º entre as tensões de fase do
mesmo sistema (ANEEL, 2017).
O significado do termo desequilíbrio consiste na indiferença na magnitude das tensões
e desvios nos ângulos de fase. Os consumidores são responsáveis por equilibrar as cargas para
que o equilíbrio de tensão permaneça adequado para as várias condições de funcionamento do
sistema elétrico e que não comprometa com QEE.

Figura 5 – Desequilíbrio de tensões em função da magnitude e fase

Fonte: (KERN, 2008)

Normas internacionais como a EN-50160 ou a série IEC 61000-3-x estabelecem o limite


de 2% para a baixa e a média tensão e 1% para a alta tensão. Na PRODIST, módulo 8, o valor
de referência nos barramentos do sistema de distribuição, com exceção da baixa tensão, deve
ser igual ou inferior a 2%.
26

Além disso, a PRODIST, módulo 8, estabelece na Tabela 4 a terminologia aplicável


referente ao cálculo do desequilíbrio de tensão:

Tabela 4 - Terminologia aplicável ao cálculo de desequilíbrio de tensões.

Fonte: (AGENCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2017)

A equação para o cálculo de desequilíbrio de tensão, é representada:


𝑉+
FD% = 100 (6)
𝑉−

Também pode utilizar uma segunda expressão, para análise de consonância de


resultados, sendo:

1−√3− 6𝛽
FD% = 100√ (7)
1+ √3− 6𝛽

Onde,
4 4 4
𝑉𝑎𝑏 + 𝑉𝑏𝑐 + 𝑉𝑐𝑎
β= 2 + 𝑉 2 + 𝑉 2 )2 (8)
(𝑉𝑎𝑏 𝑏𝑐 𝑐𝑎

Os limites de indicadores de desiquilíbrio de tensão representam o máximo valor


desejado a ser observado no sistema de distribuição, segundo a PRODIST, módulo 8, na qual
se representa na Tabela 5.

Tabela 5 – Limites para os desequilíbrios de tensões.

Fonte: (AGENCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2017)


27

2.2.5 Flutuação de Tensão

O termo flutuação de tensão é caracterizado como um fenômeno caracterizado pela


variação aleatória, repetitiva ou esporádica do valor eficaz ou de pico da tensão instantânea.
Segundo a PRODIST, módulo 8, a qualidade da tensão do sistema de distribuição quanto à
flutuação de tensão tem por objetivo avaliar o incômodo provocado pelo efeito da cintilação
luminosa no consumidor, que tenha em sua unidade consumidora pontos de iluminação
alimentados em baixa tensão.
Deve-se considerar, que a variação de tensão no sistema é muito pequena, apresentando
valores entre 90% a 110% da tensão nominal, cuja frequência normalmente se encontra em 25
Hz. Com apresentado na Figura 6, a comportamento da onda:

Figura 6 – Exemplo de Flutuação de Tensão

Fonte: (KERN, 2008)

Na Tabela 6, apresenta se a terminologia aplicável as formulações de cálculo da


sensação de cintilação luminosa:
28

Tabela 6 – Terminologia aplicável ao cálculo de flutuações de tensão.

Fonte: (AGENCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2017)

Com isso, pode representar uma expressão matemática, onde:

Pst = √0,0314𝑃0,1 + 0,0525𝑃1 + 0,0657𝑃3 + 0,28𝑃10 + 0,08𝑃50 (9)

Em que, Pi (i = 0,1; 1; 3; 10; 50) corresponde ao nível de flutuação de tensão que foi
ultrapassado durante i % do tempo, obtido a partir da função de distribuição acumulada
complementar, de acordo com o procedimento estabelecido nas Normas IEC (International
Electrotechnical Commission): IEC 61000-4-15. Flickermeter – Functional and Design
Specifications.
Referente ao Limite para os indicadores, corresponde ao máximo valor desejável a ser
observado no sistema de distribuição. Na Tabela 7, fornece o resultado dos limites a serem
utilizados para a avaliação do desempenho do sistema de distribuição quanto às flutuações de
tensão, segundo PRODIST, módulo 8.

Tabela 7 - Avaliação do desempenho do sistema de flutuações de tensão

Fonte: (AGENCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2017)


29

2.2.6 Variação de Frequência

O conceito de frequência é de suma importância no que se refere a avaliação de sistemas


elétricos residenciais ou industriais. Ela está vinculada a velocidade de rotação de geradores.
Para manter este rendimento estável necessita um cauteloso trabalho de controle para equilibrar
trabalho de geração de energia e o consumo. Cabe também ao órgão regulamentador, realizar a
manutenção da frequência.
Segundo a PRODIST, módulo 8, diz que sistema de distribuição e as instalações de
geração conectadas ao mesmo devem, em condições normais de operação e em regime
permanente, operar dentro dos limites de frequência situados entre 59,9 Hz e 60,1 Hz. Ainda
afirma que a ocorrência de distúrbios no sistema de distribuição, as instalações de geração
devem garantir que a frequência retorne, no intervalo de tempo de 30 (trinta) segundos após a
transgressão, para a faixa de 59,5 Hz a 60,5 Hz, para permitir a recuperação do equilíbrio carga-
geração. A Figura 7, mostra a variação da onda entre os intervalos em determinado tempo.

Figura 7 – Exemplo de Variação de Frequência

Fonte: (MICHELSL, STEFANELLOLL e GRUNDLING, 2009)

No item 7.3 do PRODIST – módulo 8, a ANEEL estabelece algumas condições para


recuperação de energia pedida no processo, sendo:

 Não pode exceder 66 Hz ou ser inferior a 56,5 Hz em condições extremas;

 Pode permanecer acima de 62 Hz por no máximo 30 (trinta) segundos e acima de 63,5


Hz por no máximo 10 (dez) segundos;
30

 Pode permanecer abaixo de 58,5 Hz por no máximo 10 (dez) segundos e abaixo de 57,5
Hz por no máximo 05 (cinco) segundos.

2.2.7 Variação de tensão de curta duração

A variação de tensão de curta duração (VTCD) são caracterizados como desvios


significativos no valor eficaz da tensão em curtos intervalos de tempo. As VTCD podem ser
subdivididas em três grupos, afundamento de tensão, elevação de tensão e interrupção de
tensão.
Os níveis de tensão e as correntes são disponibilizadas pelo medidor de qualidade da
energia elétrica, onde o próprio realiza uma busca no sistema para identificação do fenômeno e
contempla as possíveis soluções ao problema. Mas em função das sensibilidades dos
equipamentos eletroeletrônicos, é um dos fenômenos que mais impacta o sistema produtivo dos
clientes. A Tabela 8, representa como as variações de tensão podem ser classificadas, segundo
sua duração de variação e amplitude da tensão:

Tabela 8 – Variação de Tensão de curta duração

Fonte: (AGENCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2017)


31

O afundamento é classificado como afundamento momentâneo de tensão e afundamento


temporário de tensão. O afundamento é classificado como momentâneo quando o seu tempo de
duração é superior ou igual a um ciclo e inferior ou igual a três segundos. Ele é classificado
como temporário quando o seu tempo de duração é superior a três segundos e inferior a três
minutos. Para que seja caracterizada uma elevação de tensão, o valor eficaz da tensão em
relação à tensão de referência deve ser superior a 1,1 p.u. Além disso, o afundamento é
prejudicial no funcionamento de equipamentos sensíveis, como controladores programáveis e
conversores de frequência que acionam motores de indução das máquinas.
Como mostra na Figura 8, a onda de tensão diminui sua amplitude durante alguns ciclos
e em seguida retorna a sua amplitude original.

Figura 8 – Onda com Afundamento de Tensão

Fonte: (KERN, 2008)

A elevação é classificada em elevação momentânea de tensão e elevação temporária de


tensão. A elevação é classificada como momentânea quando o seu tempo de duração é superior
ou igual a um ciclo e inferior ou igual a três segundos, mostrado na figura 9. Ela é classificada
como temporária quando o seu tempo de duração é superior a três segundos e inferior a três
minutos (ROCHA, 2016).
32

Figura 9 – Onda com Elevação de Tensão

Fonte: (KERN, 2008)

As interrupções de tensão são caracterizadas por eventos de tensão zero ou inferior a 0,1
pu (em função de tensão residencial de motores), causadas pelo clima, mau funcionamento do
equipamento, operação religamento ou interrupção no sistema de transmissão de energia. Se
dividindo em interrupções temporárias e permanentes, as causas referentes as faltas temporárias
podem ser galhos de arvores que se agitam ao vento ou por descargas atmosféricas gerando
frentes de ondas cujos níveis de tensão são superiores à capacidade de isolamento dos
isoladores. A principal causa relacionada a faltas permanentes se dá à queda de um poste por
abalroamento.
Segundo (ROCHA, 2016), as interrupções costumam ser eventos de curta duração. A
grande maioria das interrupções de energia tem duração inferior a 30 segundos. Por isso, os
sistemas de suprimento de energia ininterrupta podem ser baseados em banco de baterias.
Diante deste problema, existem módulos comerciais de sistemas com baterias que permitem
que uma indústria inteira continue a funcionar por algum tempo, para que comprometa o
sistema produtivo.
O PRODIST – módulo 8, classifica as interrupções em: interrupção momentânea de
tensão e interrupção temporária de tensão. A interrupção é considerada momentânea quando a
sua duração é inferior ou igual a três segundos, como mostrado na Figura 10. A interrupção é
considerada temporária quando a sua duração é superior a três segundos e inferior a três
minutos.
33

Figura 10 – Onda com Interrupção de tensão

Fonte: (KERN, 2008)

Mesmo com um tempo de duração referentes as interrupções mais frequentes, se


encontrando na faixa dos trinta segundos, o tempo de parada de um setor produtivo industrial
pode ser consideravelmente maior, em relação a este tempo de interrupção mínimo. Isso
acarretará uma grande perda na produção e nos lucros pretendidos.

2.3 PRODIST (Módulo 8) – Normas e Regras

Mesmo citado anteriormente, o PRODIST recebe sua importância neste trabalho já que
o princípio na obtenção da qualidade de energia elétrica se baseia em um conjunto de regras e
normas a serem seguidas pelas concessionárias de energia, garantindo o não risco de fenômenos
de distúrbios surgirem.
As principais normas e regras que regem todos os conceitos e definições em relação a
distribuição de energia elétrica no país. Todas as informações técnicas encontradas neste
trabalho estão contidas na PRODIST - módulo 8, obtida na plataforma da ANEEL.

2.3.1 Objetivos dos Procedimento de Distribuição

Os Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional –


PRODIST, são uma série de documentos elaborados pela ANEEL, com a participação de
34

agentes de distribuição e de outras entidades e associações do setor elétrico nacional, que


normatizam e padronizam as atividades técnicas relacionadas ao funcionamento e desempenho
dos sistemas de distribuição de energia elétrica. Todos os objetivos no procedimento de
distribuição consistem em:
 Garantir que os sistemas de distribuição operem com segurança, eficiência, qualidade e
confiabilidade;
 Propiciar o acesso aos sistemas de distribuição, assegurando tratamento não
discriminatório entre agentes;
 Disciplinar os procedimentos técnicos para as atividades relacionadas ao planejamento
da expansão, à operação dos sistemas de distribuição, à medição e à qualidade da energia
elétrica;
 Estabelecer requisitos para os intercâmbios de informações entre os agentes setoriais e
entre eles e os consumidores;
 Assegurar o fluxo de informações adequadas à ANEEL;
 Disciplinar os requisitos técnicos na interface com a Rede Básica, complementando de
forma harmônica os Procedimentos de Rede. (ANEEL, 2018)

A variabilidade em função das aplicações da PRODIST é bastante considerável, já a


própria se engaja no relacionamento com os agentes de setores industriais referente aos sistemas
elétricos de distribuição energética. Quando estas aplicações são consideradas os sujeitos, vão
desde as Concessionárias, permissionárias e autorizadas de geração, além dos consumidores
residências, com instalações conectadas aos sistemas de distribuição, dentre outros. Referentes
a sua composição e estruturação de termos, a PRODIST se divide em 8 módulos, muito bem
organizados e subdivididas em macro áreas e integradores.

2.3.2 Módulo 8 – PRODIST

Referente ao módulo 8, a PRODIST destaca como principal objetivo estabelecer os


procedimentos relativos à qualidade da energia elétrica, abordando a qualidade do produto e a
qualidade do serviço prestado e a qualidade do tratamento de reclamações. Além de objetivos
específicos relacionado aos procedimentos do QEE, com metodologia definida.
Em relação a abrangência e aplicabilidade, os procedimentos de QEE são subdivididos
em:
35

 Consumidores com instalações conectadas em qualquer classe de tensão de distribuição;


 Centrais geradoras;
 Distribuidoras;
 Agentes importadores ou exportadores de energia elétrica;
 Transmissoras detentoras de Demais Instalações de Transmissão – DIT;
 Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS.

Referente ao primeiro módulo sobre qualidade do produto, que visa tratar os seguintes
fenômenos da qualidade do produto em regime permanente ou transitório. Definindo sua
terminologia, caracterizando os fenômenos e estabelecendo os indicadores e limites ou valores
de referência relativos à conformidade de tensão em regime permanente e às perturbações na
forma de onda de tensão, isso facilita o trabalho de identificação da ANEEL sobre os
mecanismos de deficiência na QEE. A qualidade vem organizar os fenômenos de duas formas
distintas, separando os em permanente e transitórias, como foram citados anteriormente.
Referente a qualidade de serviço, objetiva se estabelecer procedimentos relativos à
qualidade do serviço prestado pelas distribuidoras aos consumidores, centrais geradoras e
distribuidoras acessantes. Com o intuito de definir os conjuntos de unidades consumidoras,
estabelece as definições, os limites e os procedimentos relativos aos indicadores de
continuidade e dos tempos de atendimento.

2.4 Funcionamento da Geração da Energia Fotovoltaica

A energia solar é vista como uma alternativa energética futura, com a possível extinção
da era petrolífera no mundo. Com o intuito de converter energia solar em eletricidade, através
de tecnologia para desenvolvimento de células fotovoltaicas. Essa nova possiblidade
tecnológica, proporcionará grande sustentabilidade ambiental, pois se trata se uma fonte de
energia renovável e consideravelmente limpa, já que não utiliza recursos minerais ou a água
para obter energia, mas uma fonte infinita de energia, o Sol.

2.4.1 História

Historicamente, os primeiros incentivos na indústria fotovoltaica foram a partir do


século XIX, quando o físico francês Antoine Becquerel desenvolveu um mecanismo para
36

conversão de energia luminosa no Sol em energia elétrica, utilizando um eletrodo mergulhado


em uma solução eletrólito com a incidência de luminosidade.
Décadas depois, no século XX, diversos físicos desenvolveram possibilidades de efeito
fotovoltaico em estado sólido. Na década de 40, desenvolveram as primeiras fotocélulas feitas
de silício monocristalino, e em 1954, surge o primeiro protótipo de célula solar com
características semelhantes as encontradas hoje, com 6% de eficiência (FADIGAS, 2012).
Grande impulso foi dado à utilização terrestre da geração fotovoltaica a partir da crise
mundial de energia em 1973/1974. A partir do fim da década de 70, o uso terrestre supera o uso
espacial, sendo que esta diferença tem aumentado grandemente. Este uso crescente vem sendo
acompanhado por inovações que permitem o aumento da eficiência de conversão de energia
das fotocélulas, bem como uma significativa redução de seus custos (FADIGAS, 2012).
A possibilidade de crescimento na eficiência de conversão e custo de material, e ainda
o grande conhecimento adquirido pela teoria física das células têm impulsionado a pesquisa de
células solares produzidas com materiais diferentes do silício monocristalino. Mesmo com
diversas alternativas de conversão de material, o conhecimento da tecnologia que emprega o
silício, em particular o monocristal e a abundância da matéria prima que lhe dá origem, tem
sido as razões mais importantes que tornaram o silício o material predominante no processo de
desenvolvimento tecnológico.

2.4.2 Princípio de Funcionamento da Fotocélula

Define energia solar fotovoltaica como a conversão das células fotovoltaicas em energia
elétrica a partir de uma série de métodos listados a seguir.
Utilizando materiais de natureza semicondutor, que são conhecidos por possuírem uma
banda de elétrons de valência totalmente preenchidas por outros elétrons de valência de uma
banda de condução vazias em temperaturas baixas. A Figura 11 mostra a estrutura geral de uma
fotocélula, e outros conceitos.
37

Figura 11 – Estrutura básica de uma célula fotovoltaica

Fonte: (FADIGAS, 2012)

A separação entre as duas bandas de energia permitida nos semicondutores (gap de


energia) é da ordem de 1eV, o que os diferencia dos isolantes onde o gap é de vários eVs. Isto
faz com que os semicondutores apresentem várias características interessantes. Uma delas é o
aumento de sua condutividade com a temperatura, devido à excitação térmica de portadores da
banda de valência para a banda de condução. Uma propriedade fundamental para as células
fotovoltaicas é a possibilidade de fótons, na faixa do visível, com energia superior ao gap do
material, excitarem elétrons à banda de condução. Este efeito, que pode ser observado em
semicondutores puros, também chamados de intrínsecos, não garante por si só o funcionamento
de células fotovoltaicas. Para obtê-las é necessária uma estrutura apropriada para que os elétrons
excitados possam ser coletados, gerando uma corrente útil (FADIGAS, 2012).
O semicondutor mais utilizado é o silício. Seus átomos se caracterizam por possuírem
quatro elétrons de ligação que se ligam aos vizinhos, formando uma rede cristalina. Ao
adicionarem-se átomos com cinco elétrons de ligação, como o fósforo, por exemplo, haverá um
elétron em excesso que não poderá ser emparelhado e que ficará sobrando, fracamente ligado a
seu átomo de origem. Isto faz com que, com pouca energia térmica, este elétron se livre, indo
para a banda de condução.
Diz-se assim, que o fósforo é um dopante doador de elétrons e denomina-se dopante n
ou impureza n. Se, por outro lado, introduzem-se átomos com apenas três elétrons de ligação,
como é o caso do boro, haverá uma falta de um elétron para satisfazer as ligações com os átomos
de silício da rede. Esta falta de elétron é denominada buraco ou lacuna e ocorre que, com pouca
energia térmica, um elétron de um sítio vizinho pode passar a esta posição, fazendo com que o
buraco se desloque. Diz-se, portanto, que o boro é um aceitador de elétrons ou um dopante p.
38

À temperatura ambiente, existe energia térmica suficiente para que praticamente todos os
elétrons em excesso dos átomos de fósforo estejam livres, bem como que os buracos criados
pelos átomos de boro possam se deslocar (FADIGAS, 2012).
Considerando um silício puro, forem introduzidos átomos de boro em uma metade e
átomos de fósforo na outra, será formado o que se chama de junção pn. O que ocorre nesta
junção é que os elétrons livres do lado n passam ao lado p onde encontram os buracos que os
capturam; isto faz com que haja um acúmulo de elétrons no lado p, tornando-o negativamente
carregado e uma redução de elétrons do lado n, que o torna eletricamente positivo. Estas cargas
aprisionadas dão origem a um campo elétrico permanente que dificulta a passagem de mais
elétrons do lado n para o lado p; este processo alcança um equilíbrio quando o campo elétrico
forma uma barreira capaz de barrar os elétrons livres remanescentes no lado n.
Se uma junção pn, como o da figura acima, for exposta a fótons com energia maior que
o gap, ocorrerá a geração de pares elétron-lacuna; se isto acontecer na região onde o campo
elétrico é diferente de zero, as cargas serão aceleradas, gerando assim, uma corrente através da
junção; este deslocamento de cargas dá origem a uma diferença de potencial ao qual chamamos
de Efeito Fotovoltaico.

2.4.3 Tipos de Sistemas Fotovoltaicos

Os sistemas fotovoltaicos são divididos em dois tipos, on-grid e off-grid, na qual


trabalham de formas distintas e são escolhidos segundo necessidades especificas, como clima
da região, existência de redes elétricas nos locais de instalação, trabalho com máquinas e
equipamentos potentes, dentre outros pontos. Deve-se ressaltar que as células fotovoltaicas ao
converterem a radiação solar em eletricidade precisam encontrar um destino para ela e optar
por qual meio vai destiná-la. No sistema on-grid, a energia gerada que não foi consumida na
residência ou indústria, passa por um wattímetro bidirecional, medidor de energia e conversor
de corrente interna, destinando o excedente as redes de transmissão, nas quais influenciara na
redução da conta de energia. Já o sistema off-grid, a energia obtida é destinada a baterias, e
posteriormente a energia com corrente contínua (CC) será convertida em corrente alternada
(CA), para então ser consumida pelos equipamentos na residência ou indústria.
39

2.4.3.1 Sistemas ligados à rede (on-grid)

O sistema on-grid ou “grid tie” não necessitam de baterias já que estão conectados com
uma rede de distribuição elétrica, assim a potência gerada pelo sistema fotovoltaico pode ser
consumida pelos equipamentos elétricos ou destinadas para a rede.
O processo de funcionamento acontece quando, de forma sucinta, o painel fotovoltaico
gera energia elétrica em corrente contínua e, após convertê-la para corrente alternada, é injetada
na rede de energia elétrica. Tal conversão se dá pela utilização do inversor de frequência, que
realiza a interface entre o painel e a rede elétrica (PEREIRA e OLIVEIRA, 2011).
Segundo (RUTHER, 2004), este sistema se divide em dois tipos. O de forma
centralizada, como se fosse uma usina convencional e longe dos consumidores (grandes centrais
fotovoltaicas) e de forma integrada a edificação, próxima ao consumidor e descentralizada
(pequeno porte).
Como mostrado na Figura 12, o sistema on-grid envia energia para rede elétrica quando
a produção se encontra maior que o consumo, e realiza o processo inverso, quando o consumo
é maior que a produção. Portanto, a rede trabalha como um banco de baterias do sistema off-
grid, armazenando energia ou suprindo sua falta em horários específicos quando demandado. E
como propõe a resolução normativa da ANEEL (482/2012) onde o proprietário deve pagar a
concessionária apenas o que consome, e quando ele produz mais que utiliza energia, o próprio
deve receber na forma créditos o que foi produzido.

Figura 12 – Esquema do sistema ligado à rede (on-grid)

Fonte: (TRILHOS ENERGÉTICOS, 2019)


40

Deve-se ressaltar que este sistema possui suas vantagens e suas desvantagens referentes
ao seu funcionamento, a Tabela 9 expos estas diferenças.

Tabela 9 – Vantagens e Desvantagens do sistema on-grid


Vantagens Desvantagens

Abstêm-se da utilização de baterias no Trabalha na presença de uma rede de


sistema distribuição
O proprietário obtém créditos de energia Não possui um sistema de armazenamento
de energia (baterias)
Estes créditos podem ser utilizados em O proprietário deve pagar os gastos
outras unidades consumidoras pelo quando a produção for menor que
mesmo proprietário demanda e não houver créditos para serem
utilizados
Fonte: Autor (2019)

2.4.3.2 Sistemas autônomos ou isolado (off-grid)

O sistema off-grid é independente da rede elétrica básica para funcionar, já que a energia
produzida pelos módulos é armazenada por baterias, tornando-os bastante acessíveis a locais,
principalmente em comunidades rurais, fazendas e regiões pobres, com rede de distribuição
elétrica inexistente ou distante.
Em relação ao funcionamento, como mostrado na Figura 13, os painéis fotovoltaicos
captam a radiação solar convertendo-a em eletricidade. A eletricidade é encaminhada para um
controlador de carga, na qual é destinada posteriormente a um banco de baterias para o
armazenamento. Caso necessite da utilização de energia, as baterias encaminham a mesma para
o inversor, ocorrendo a conversão da CC para CA, para assim destiná-la aos equipamentos do
imóvel.
41

Figura 13 – Esquema do sistema autônomo ou isolado (off-grid)

Fonte: (INOVESUST, 2018)

Existem dois tipos de sistemas autônomos: com armazenamento e sem armazenamento.


O primeiro pode ser utilizado em carregamento de baterias de veículos elétricos, em iluminação
pública e, até mesmo, em pequenos aparelhos portáteis. Enquanto o segundo, além de ser
frequentemente utilizado em bombeamento de água, apresenta maior viabilidade econômica
(VILLALVA e GAZOLI, 2012).
A Tabela 10 vem apresentar as vantagens e desvantagens da instalação deste sistema
caso seja conveniente.
42

Tabela 10 – Vantagens e Desvantagens do sistema off-grid


Vantagens Desvantagens

Abstêm-se da necessidade de pagar conta Necessidade em instalar controladores de


de energia carga para atuarem com as baterias
Possui a capacidade de armazenamento de Custo financeiro elevado
energia (banco de baterias)
Sistema que trabalha sem a necessidade O sistema geral é menos eficiente
de rede elétrica integrada, podendo comparado ao on-grid
atender regiões rurais e pobres sem este
benefício
Fonte: Autor (2019)

Além disso, algumas considerações devem ser analisadas, como o local para a instalação
do banco de baterias, cujo acesso deve ser destinada apenas para pessoas capacitadas ao
manuseio. O sistema off-grid não é ambientalmente sustentável, já que suas baterias possuem
degradação de baixo tempo, e na sua maioria, encontram-se metais pesados (chumbo e lítio) e
poluindo o meio ambiente e podendo causar riscos à saúde humana se não forem descartadas
adequadamente.
43

3 METODOLOGIA

Neste módulo será abordado os componentes básicos que compõe um modelo básico de
um sistema fotovoltaico e o funcionamento dos próprios. Além dos impactos de distúrbios que
os equipamentos geram, levando o comprometimento em seu funcionamento e na qualidade da
energia elétrica.

3.1 Componentes básicos de um sistema fotovoltaico

Um sistema de energia fotovoltaica consiste em um conjunto de componentes que


trabalham para capturar a radiação solar e convertê-la em eletricidade. Isso se dá, por meio de
um dispositivo conhecido como célula fotovoltaico que atua utilizando o princípio fotoelétrico
ou fotovoltaico (IMHOFF, 2007). Esta energia produzida, pode ser destinada ao abastecimento
na rede elétrica residencial, na produção de baixa escala, ou para o setor energético industrial,
que necessitam de uma rede elétrica com maior escala de produção. Os componentes básicos
de um sistema fotovoltaico são o painel solar, inversor, controlador de carga e baterias. Todos
trabalham em conjunto para que ocorra a conversão em eletricidade e dependem dos próprios
para evitar fenômenos de distúrbios de qualidade de energia, todos eles serão apresentados
posteriormente.

3.1.1 Painel Solar Fotovoltaico

O painel solar fotovoltaico ou “módulo solar”, correspondem os principais componentes


do sistema fotovoltaico. Estes painéis são basicamente formados de células fotovoltaicos sendo
rearranjadas, em série e/ou paralelo, cuja dependência se associa as tensões ou correntes, ou
ambas. Segundo (PEREIRA e OLIVEIRA, 2011), o conjunto destes módulos é chamado de
gerador fotovoltaico e constituem a primeira parte do sistema, ou seja, são os responsáveis no
processo de captação da irradiação solar e a sua transformação em energia elétrica.
Com o passar dos anos, os exemplares dos módulos solares produzidos estão se tornando
flexíveis e rígidos, com o intuito de potencializar a produção de eletricidade e atender as
exigências dos clientes. Referente a fabricação dos painéis, segundo (PINHO e GALDINO,
2014), a produção dos módulos solares tem sofrido grande interferência governamental a partir
de incentivos fiscais e ambientais. Com isso, o aumento da produção destes componentes tem
reduzido os custos para a efetivação do sistema.
44

3.1.1.1 Tipos de módulos solares

As células fotovoltaicas são encapsuladas em módulos. Cada célula solar gera,


considerando o silício com semicondutor mais utilizado, aproximadamente 0,4 volts. Voltagens
mais altas, são produzidas quando várias células são conectadas em série. Para carregar baterias
de 12 V, módulos fotovoltaicos devem produzir aproximadamente 16 V devido às perdas que
ocorrem nos cabos e diodos de bloqueio (diodos que protegem as células de uma inversão na
corrente), (FADIGAS, 2012).
A forma e o arranjo dos módulos podem sofrer variação na quantidade de células,
normalmente com um tamanho de um metro quadrado e pesando cerca de 10 quilogramas, eles
conseguem rearranjar normalmente 36 células, gerando 140 watts de potência. Os módulos,
atualmente em operação, contêm entre 28 e 40 células de silício cristalino. Já os módulos de
filme fino produzem voltagem mais alta do que a forma cristalina, podendo os módulos
possuírem menos do que 28 células (FADIGAS, 2012).
Referente a geometria das células, elas podem ser quadradas ou redondas e precisam
ocupar o máximo da área disponível do módulo. A diferença entre elas, as células quadradas
ocupam melhor espaço nos módulos, enquanto as redondas têm a vantagem de não sofrerem
perda de material, devido à forma cilíndrica do silício cristalino. A Figura 14 demostra como
as próprias estão arranjadas e seus diferentes formatos.

Figura 14 – Tipos de módulos solares disponíveis no mercado

Fonte: (RUTHER, 2004)


45

Existe todo um processo para que o material semicondutor se transforme realmente em


uma célula fotovoltaica. O que ocorre, de uma maneira geral, é que o semicondutor deve passar
por uma etapa de purificação e, e, seguida, por um processo de dopagem, através da introdução
de impurezas, dosadas na quantidade certa. Os principais tipos de células fotovoltaicas são
apresentados a seguir:
Silício (c-Si) Monocristalino – As células feitas com este material são historicamente
as mais utilizadas e comercializadas como conversor direto de energia solar em eletricidade. As
células são formadas em fatias de um único grande cristal, assim como mostrado na Figura 15,
previamente crescido e enfatiado. A grande experiência na sua fabricação e pureza do material
garante alta confiabilidade do produto e altas eficiências. Enquanto o limite teórico de
conversão da luz solar em energia elétrica, para esta tecnologia é de 27%, valores nas faixas de
12 a 16% são encontrados em produtos comerciais. Devido às quantidades de material utilizado
e à energia envolvida na sua fabricação, esta tecnologia apresenta sérias barreiras para a redução
de custos, mesmo em grandes escalas de produção (FADIGAS, 2012).

Figura 15 – Célula de Silício (Si) Monocristalino

Fonte: (FADIGAS, 2012)

Silício (c-Si) Policristalino – Estas células são fabricadas a partir do mesmo material
que, ao invés de formarem um único grande cristal, é solidificado em forma de um bloco
composto de muitos pequenos cristais, como mostrado na Figura 16. A partir deste bloco são
obtidas fatias e fabricadas as células. A presença de interfaces entre os vários cristais reduz um
pouco a eficiência destas células. Na prática, os produtos disponíveis alcançam eficiências
muito próximas das oferecidas em células monocristalinas.
46

Figura 16 – Célula de Silício (Si) Policristalino

Fonte: (FADIGAS, 2012)

Filmes finos – Segundo (PINHO e GALDINO, 2014), no ano de 2014,


aproximadamente 12% da produção mundial correspondem a dispositivos fotovoltaicos de
filmes finos. A alta absorção óptica destes materiais, se comparados com com o c-Si permite
fabricar células fotovoltaicas bastante finas, nas quais camadas de poucos micrômetros de
diferentes materiais semicondutores são depositadas sucessivamente sobre superfícies rígidas
ou flexíveis. Assim, o consumo de energia e de materiais semicondutores é reduzido, resultando
em custos menores. Além disso, as células de filmes finos não ficam restritos aos formatos das
células de c-Si (quadriláteros) e surge a possibilidade de serem usadas em superfícies amplas e
até flexíveis, o que amplia o espectro de aplicações em arquitetura ou em equipamentos
portáteis, como calculadoras e relógios.
Pesquisas têm sido feitas no intuito de fabricar células confiáveis, utilizando pouco
material semicondutor, obtido de forma passível de produção em larga escala, resultando em
um custo mais baixo do produto e consequentemente da energia gerada. Estas pesquisas têm se
dirigido a diferentes materiais semicondutores e técnicas de deposição destes em camadas finas
com espessura de poucos mícron. Entre os materiais mais estudados estão o silício amorfo
hidrogenado (a-Si:H), o disseleneto de cobre e índio (CIS) e o telureto de cádmio (CdTe), como
mostrado na Figura 17. O material amorfo (a-Si:H), como mais utilizado, difere de um material
cristalino pelo fato de não apresentar qualquer ordenamento no arranjo estrutural dos átomos,
as células feitas com este material possuem eficiências inferiores às das células de silício
cristalino. A eficiência deste tipo de célula já atingiu 13% em laboratório. Porém, as células
comerciais apresentam eficiências em torno de 9% considerando as perdas. É a célula mais
pesquisada atualmente e a que possui um preço mais baixo devido ao seu processo mais simples
de fabricação (FADIGAS, 2012).
47

Figura 17 – Módulos fotovoltaicos de Filmes Finos utilizando CdTe

Fonte: (PORTAL SOLAR, 2017?)

Arseneto de Gálio (GaAs) – É um exemplo de semicondutor composto e possui uma


estrutura similar à do silício. É muito enfocado como componente em células de multijunção,
particularmente visando o uso de concentradores. A sua aplicação está mais limitada a sistemas
concentradores e ou espaciais.
Em 2017, alguns pesquisadores da Escola Politécnica Federal de Lausanne, na Suíça,
bateram de uma vez só dois recordes mundiais referente a eficiência das células solares
multijunção, feitas de células solares empilhadas umas sobre as outras para aumentar a captação
da luz solar, afirma o site (INOVAÇÃO TECNOLÓGICA, 2017). Isso possibilitou uma
alternativa na obtenção de células mais eficientes.
A pesquisadora suíça da Escola Politécnica, Stephanie Essig, juntamente com seus
colegas, criou células solares organizadas em série, de dupla junção. Estas são compostas por
uma camada de Arseneto de Gálio (GaAs), e outra camada sobre um filme de silício cristalino,
obtendo um rendimento de 32,8%. Além de células com tripla junção, com dupla camada de
Fosfeto de Índio e Gálio (GaInP) na camada superior, posta sobre outra célula de silício
cristalino, obtendo uma eficiência de 35,9%. Segundo (STEPHANIE ESSIG, 2017), as
tecnologias fotovoltaicas dominantes hoje dependem de dispositivos de junção única, que estão
chegando ao limite de eficiência prática de 25 a 27%. Portanto pesquisadores estão cada vez
mais se voltando para dispositivos de múltiplas junções. O objetivo dos próprios consiste em
utilizar duas ou mais subcélulas empilhadas sobre si, onde cada uma absorve uma parte
diferente do espectro solar. A Figura 18 mostra seu formato e como são rearranjadas.
48

Figura 18 – Módulos fotovoltaicos de Arseneto de Gálio (GaAs)

Fonte: (STEPHANIE ESSIG, 2017)

Além disso, o site (INOVAÇÃO TECNOLÓGICA, 2017) afirma que considerando uma
eficiência de 30% (por eventuais perdas no processo industrial), os pesquisadores estimaram
que a energia solar gerada pela célula de (GaInP) custaria US$ 4,85 por watt e a da célula de
(GaAs) custaria US$ 7,15 por watt.

Células Orgânicas – Em relação as células orgânicas ou poliméricas, são tidas como a


mais inovadora tecnologia fotovoltaica, mesmo que a produção seja em larga escala, já que se
encontra em fase de desenvolvimento e pesquisa.
Precisando de 20 vezes menos energia que os painéis em seu processo de fabricação,
segundo o site (ECYCLE), as células são compostas por eletrodos impressos em polímeros. A
tecnologia que torna a conversão da luz solar em energia possível nesses finos materiais, onde
polímeros orgânicos condutores ou pequenas moléculas orgânicas absorvem a luz solar e
transportam a carga energética para o conversor, que transforma a energia térmica em elétrica.
A Figura 19 mostra o quão são versáteis e flexíveis este novo modelo.
49

Figura 19 – Módulos fotovoltaicos de células orgânicas

Fonte: (PETRONOTÍCIAS, 2017)

Esta tecnologia baseia-se na utilização de um semicondutor orgânico, o qual é


responsável pela absorção de luz, geração, separação e transporte de cargas. Alguns destes
dispositivos são produzidos pela mistura de um polímero condutor e um derivado de fulereno
(ALVES, 2011). Mesmo se encontrando em estágio de desenvolvimento, as células orgânicas
são tidas como uma alternativa futura promissora na conversão e obtenção de solar a baixo
custo.
Referente a quantidade e onde instalar os módulos solares, é realizado um levantamento
pela empresa, considerando alguns aspectos importantes, como:

 Demanda de energia elétrica


 Finalidade no uso da energia
 Local de instalação do sistema
 Espaço disponível para instalação
 Etc...

Segundo (FADIGAS, 2012), a evolução obtida nas eficiências dos diversos tipos de
células atualmente utilizadas, demonstram que existe uma crença de que as eficiências dos
módulos fotovoltaicos atingirão valores cada vez maiores nos próximos anos. Haja vista que
este comportamento já ocorre com frequência no mundo, onde no ponto de vista tecnológico.
50

3.1.1.2 Conexões Elétricas dos Módulos Solares

Os módulos fotovoltaicos comerciais apresentam uma caixa de conexões, geralmente


denominada caixa de junção, em sua parte traseira. A caixa de junção recebe os terminais das
conexões elétricas das células fotovoltaicas e aloja os diodos bypass, que têm como função
evitar a queda na eficiência do módulo em caso de um possível sombreamento (CAMARGO,
2017). A Figura 20 mostra como são ligados a caixa de junção com seus conectores ao modulo
solar.

Figura 20 – Caixa de Junção de um modulo fotovoltaico

Fonte: (CAMARGO, 2017)

Os conectores utilizados para interligar um módulo ao outro são conhecidos como MC4
e foram desenvolvidos e patenteados pela empresa alemã Multi-Contact para utilização em
sistemas fotovoltaicos. A Figura 21, o tipo de conector mais utilizado.

Figura 21 – Conectores MC4

Fonte: (CAMARGO, 2017)


51

3.1.2 Baterias

As baterias, também conhecido como acumuladores, podem ser utilizados como fonte
alternativa para sistemas que não são conectados à rede (off-grid), e podem ser conectados
diretamente na rede elétrica (on-grid), já que em dias nublosos este sistema irá suprir a falta de
radiação solar.
Existem diferentes equipamentos que podem ser utilizados para armazenamento de
energia, mas as baterias são ainda utilizadas em maior escala, devido a sua funcionalidade. Uma
definição técnica em relação ao equipamento seria:

(...) um conjunto de células ou vasos eletroquímicos, conectados em série e/ou


paralelo, capazes de armazenar energia elétrica na forma de energia química por
meio de um processo eletroquímico de oxidação e redução que ocorre em seu
interior (PINHO; GALDINO, 2014, p.164).

Algumas características, segundo (FADIGAS, 2012), são estabelecidas para classificar


o desempenho e eficiência das baterias. Critérios estes que podem influenciar no tipo mais
adequado a ser utilizado no sistema:

 Eficiência: Relacionada com entrada e saída útil, classificada em eficiência de Ampére-


hora (Ah), relação entre a quantidade de (Ah) retiradas de uma célula durante a descarga.
A eficiência de tensão, referente a tensão média durante o processo de descarga na
bateria e da tensão média da carga para estabilizar o estado da carga inicial.

 Taxa de carga e descarga: A taxa de carga está relacionada com o valor da corrente
aplicado na bateria no processo de carga, ou seja, a taxa referente a razão entre a
capacidade nominal da bateria em função de um intervalo de carga. Em relação a taxa
de descarga, o valor da corrente aplicado na célula ou bateria agora no processo de
descarga, ou seja, a taxa referente a razão entre a capacidade nominal de descarga em
um intervalo de tempo.

 Estado de carga e profundidade de carga: O estado de carga se refere a capacidade


da bateria expressa na forma de porcentagem da razão entre a taxa de retirada da
capacidade nominal sobre a taxa nominal total. Em relação da profundidade de carga,
52

se refere ao valor complementar ao estado de carga, ou seja, a porcentagem da


capacidade nominal que restava do estado.

 Vida útil do componente: Trabalha de acordo com o tipo de serviço que o usuário
definir. Podem ser classificados como ciclos ou período. Em relação aos ciclos de
tempo, a bateria ao longo de sua vida útil tende a sofrer falhas, devido as profundidades
de descargas constantes.

Diversos tipos de baterias são utilizados nas aplicações de modelos fotovoltaicos, como
exemplo as baterias de chumbo-ácido, como mostrado na Figura 22, e pelo de ser um modelo
mais antigo e não exótico atualmente, continuam sendo o modelo mais encontrado pelo menor
custo no mercado e eficiência. Também existem os modelos de níquel-cádmio que crescem
constante no mercado devido a praticidade na operação referente a posição e na alta densidade
de energia. Mesmo tendo algumas desvantagens comparada ao primeiro modelo, devido ao
elevado custo.

Figura 22 – Modelo de bateria fotovoltaica (Chumbo-ácido)

Fonte: (UNIPOWER, 2018?)

Outros modelos como níquel-ferro, sódio-enxofre e níquel-hidrogênio têm ganhado


destaque no mercado e se tornado alternativas promissoras. Os modelos mais utilizados no
mercado serão apresentados a seguir.
53

3.1.2.1 Bateria de chumbo-ácido

As células de chumbo-ácido utilizam dióxido de chumbo (PbO2) como material ativo


da placa (eletrodo) positiva e chumbo metálico (Pb), numa estrutura porosa altamente reativa,
como material ativo da placa (eletrodo) negativa. Estas placas são imersas em uma solução
diluída de ácido sulfúrico (H2SO4), que se comporta como eletrólito (mistura de 36% de ácido
sulfúrico e 64% de água) (FADIGAS, 2012).
Durante o processo de descarga, o ácido sulfúrico reage com os materiais ativos das
placas, produzindo água que dilui o eletrólito. Durante o carregamento, o processo é revertido;
o sulfato de chumbo (PbSO4) de ambas as placas é transformado em chumbo “esponjado”,
dióxido de chumbo (PbO2) e ácido sulfúrico (H2SO4), a Figura 23 exemplifica este processo,
onde no primeiro sistema expõe o processo de carga e o segundo modelo o processo de descarga
(FADIGAS, 2012).

Figura 23 – Processo de carga e descarga de uma célula de chumbo-ácido

Fonte: (MESSENGER e VENTRE, 2000, p. Adaptado)

Quando a bateria está completamente carregada e a maioria do ácido sulfúrico foi


convertida em chumbo e dióxido de chumbo, começa a produção dos gases hidrogênio e
oxigênio. Isto acontece, pois todo o material ativo das placas positivas foi completamente
utilizado, de maneira que elas não são mais capazes de converter a corrente de carga em energia
eletroquímica.
54

3.1.2.2 Bateria de níquel-cádmio

As baterias de níquel-cádmio, um modelo mais exótico, usam hidróxido de níquel nas


placas anodo e óxido de cádmio nas placas cátodo numa estrutura similar às baterias de
chumbo-ácido. No eletrólito é utilizado hidróxido de potássio. A reação completa de descarga
nos eletrodos é dada por:

2NiOOH + 2H2O + Cd → 2Ni(OH)2 + Cd(OH)2 (10)

A operação é revertida na operação de carga. A voltagem da célula completamente


carregada é de 1,29 volts. Este tipo de bateria pode ser totalmente descarregado e não sofre
influência da temperatura, a Tabela 11 apresenta os tipos de tensões características das células.
Tabela 11 – Tipos de tensões características das células

Fonte: (FADIGAS, 2012)

Algumas vantagens deste modelo estão relacionadas com o baixo custo na manutenção,
possui uma alta vida útil, sofrem ciclos profundos e podem ser deixadas descarregadas e
relacionando com altas temperaturas as próprias trabalham com mais eficiência comparada a
bateria chumbo-ácido. Já as desvantagens mais acentuadas seriam o elevado custo, como dito
anteriormente e os meios de medição do estado da carga são complexos.

3.1.3 Controlador de Carga

Em sistema autônomos e isolados (off-grid), o controlador de carga, também conhecido


como regulador de carga, empregam junto com os bancos de baterias para o armazenamento.
Funciona como uma espécie de protetor da bateria, já que o próprio controla o desempenho de
55

carga e descarga das fontes de armazenamento sob diferentes temperaturas, possibilitando


aumento de eficiência e vida útil. A Figura 24 expos a distribuição de energia aos outros
equipamentos do sistema.

Figura 24 – Modelo de controlador de carga trabalhando com outros equipamentos

Fonte: (GOING GREEN SUCCESS TIPS, 2013)

Em relação ao modo de funcionamento, o controlador deve desligar a carga quando a


bateria alcança o seu nível mínimo especificado de descarga e, desconectar o arranjo
fotovoltaico quando a bateria atinge o nível máximo permitido de carregamento. Quando, para
atender as necessidades de carga, é necessária a instalação de uma certa quantidade de baterias
ligadas em série e paralelo, tornando o processo de controle bastante desafiador (FADIGAS,
2012). Observa-se quanto mais próxima da carga máxima, o controlador diminuirá a
intensidade da corrente. Pode-se citar algumas características dos controladores de carga,
atuando como:
 Proteção contra corrente reversa
 Baixo consumo de potência
 Controle de descarga
 Monitoramento do sistema
 Variação na montagem do equipamento
 Compensação a variações de temperatura
 Proteção contra inversão de polaridade
56

 Ect...

3.1.3.1 Tipos de controladores de carga

Alguns modelos de controladores possuem características distintos para atender as


necessidades do proprietário, como:
 Quanto a grandeza utilizada para o controle: carga (integração do fluxo de corrente na
bateria), tensão e densidade do eletrólito.
 Forma que o controlador utiliza para desconectar o painel fotovoltaico da bateria
quando esta apresenta carga plena: Shunt ou Série, como mostra a Figura 25.
 Estratégia de Controle: em controladores de cargas comerciais está baseada na tensão
instantânea nos terminais da bateria que é comparada ao limite superior e inferior.

Figura 25 – Regulador “Shunt” e regulador “Série” com LDV opcional

Fonte: (FADIGAS, 2012)

Vale ressaltar, que algumas restrições devem ser consideradas como a demanda de
energia e as curvas características, de carga e descarga, das baterias.
57

3.1.4 Inversor

Como apresentado anteriormente os módulos fotovoltaicos conseguem gerar energia


apenas na forma de corrente contínua CC, assim é preciso um equipamento eletrônico capaz de
converter este tipo de corrente em outra, então cabe ao inversor realizar este processo.
Considerado o “cérebro” do sistema fotovoltaico, o inversor, também conhecido como
conversor CC-CA, realizam a conversão da corrente contínua CC em corrente alternada CA,
ajustando a tesão da corrente conforme a necessidade e distribuir a energia aos equipamentos
eletrônicos e máquinas na residência ou indústria, como demostra a Figura 26 de alguns
exemplares famosos atuando no mercado. Além disso, o inversor é capaz de ajustar a frequência
e o nível de tensão gerada, possibilitando que sistema seja conectado na rede de distribuição
elétrica, sistema on-grid, seguindo as normas e regras estabelecidas pela ANEEL.

Figura 26 – Modelos de Inversores presentes no mercado

Fonte: (ALETECNO, 2018)

Os inversores podem ser agrupados em dois tipos: os inversores comutados pela rede e
os auto-comutados. Segundo (RUTHER, 2004) e (COSTA, 2010) apresentam a diferença entre
ambos, onde o primeiro é utilizado para sincronizar o sinal da rede de distribuição e o segundo
se responsabiliza por controlar e sincronizar o sinal do inversor ao sinal da rede elétrica.
58

Algumas vantagens e desvantagens serão citadas na Tabela 12 em relação aos tipos de


inversores.

Tabela 12 – Vantagens e Desvantagens dos tipos de inversores


Tipos Vantagens Desvantagens
Apresenta projeto mais simples Depende da existência de
Inversor comutado tensão na rede
pela rede Requer correção de fator
de potência e harmônicos
Podem operar conectados à
Inversor auto rede elétrica ou alimentando Projeto realizado com
comutado cargas isoladas equipamento mais
Tem melhor fator de potência complexo
Produz menos harmônicos
Fonte: (FADIGAS, 2012)

Os inversores utilizados atualmente em on-grid incorporam funções de controle que


influenciam no funcionamento do sistema, tais como: seguidor do ponto de máxima potência,
conexão ou desconexão da rede em função das condições da mesma e da irradiância incidente
sobre o arranjo, medida de energia entre outras e apresentam diferentes circuitos de conversão
de energia e opções de transformadores, sendo que comercialmente existem inversores com
transformador de alta ou baixa frequência e inversores sem transformador. Cada tipo possui
características próprias, implicando em vantagens e desvantagens umas em relação às outras
(URBANETZ, 2010).
Outras funções dos inversores apresentam e que merecem destaque, são as entradas
MPPT e a detecção de ilhamento. Todos os inversores para conexão à rede possuem entradas
MPPT (Maximum Power Point Tracking, em inglês) que fazem com que maximizem a potência
fornecida pelos módulos fotovoltaicos, fazendo-os operar constantemente em seu ponto de
máxima potência, independentemente das condições de operação, proporcionando o maior
rendimento possível do sistema. A detecção de ilhamento, ou anti-ilhamento (anti-islanding),
é uma função necessária e obrigatória em inversores utilizados em sistemas fotovoltaicos
conectados à rede elétrica, que impede a saída de energia por parte do sistema de geração
quando a rede está sendo submetida a manutenção, evitando eventuais acidentes aos operadores
(CAMARGO, 2017).
59

Algumas características, segundo (FADIGAS, 2012), também podem ser consideradas


aos inversores, como as listadas na sequência:

 Forma de onda (quadrada, quadrada modificada (retangular) e senoidal)


 Eficiência na conversão de potência
 Potência nominal de saída
 Taxa de utilização
 Tensão de entrada e saída
 Capacidade de surto
 Regulação de tensão
 Frequência
 Proteções sobre tensão na entrada CC
 Proteção sobre sobrecargas e elevação de temperatura

Através destas características podemos analisar a eficiência e condições que a energia


produzida chega aos equipamentos elétricos, dando uma boa vida útil e não comprometendo o
desempenho dos próprios, valorizando assim a qualidade de energia produzida pelo sistema
fotovoltaico.

3.2 Impactos dos Equipamentos na Qualidade da Energia Elétrica

Os equipamentos apresentados anteriormente que compõe um sistema fotovoltaico


estão sujeitos a fenômenos de distúrbios de qualidade de energia elétrica, como distorções
harmônicas, fator de potência, ilhamentos, dentre outros. Serão listados abaixo alguns impactos
aos equipamentos e como se comportam.

3.2.1 Parâmetros externos que afetam o desempenho das células fotovoltaicas

Determinados fenômenos podem afetar o desempenho das células solares podendo ser
influenciado pela irradiância incidente e sua distribuição espectral, além da temperatura de
operação da célula que pode vir a oscilar, principalmente nas condições que a irradiância
corresponde a 1.000 W/m2. Em condições de concentração da radiação solar o que implica na
utilização de dispositivos ópticos (lentes ou espelhos) para obtenção de níveis de irradiância
60

superiores aos naturais, a eficiência das células fotovoltaicas pode aumentar, se a temperatura
for controlada (PINHO e GALDINO, 2014).
Em diferentes situações de variação de irradiação solar, quando apresentar casos de alta
irradiância, a resistência em série, tornando-se um fator para reduzir a eficiência das células, se
a própria não estiver projetada nessas condições. Mas, quando a irradiância solar apresentar
baixos índices, deve se utilizar a resistência paralelo para reduzir a alta potência elétrica
armazenada.
Constata-se que a eficiência do módulo fotovoltaico não ser utilizada apenas na
indicação de qualidade do aparelho. Segundo (PINHO e GALDINO, 2014), a escolha de um
módulo fotovoltaico deve se basear em diversos fatores, como, custo, durabilidade, reputação
do fabricante, dentre outros. Em princípio, a eficiência não deve nortear a escolha do módulo a
não ser que a área disponível para instalação do painel fotovoltaico seja um fator restritivo. A
Tabela 13 apresenta valores distintos de potências médias por unidade de área, ocupadas por
módulos fotovoltaicos de diferentes tecnologias.

Tabela 13 – Potência por unidade de área ocupadas por módulos de diferentes


tecnologias

Fonte: (PINHO e GALDINO, 2014)

3.2.1.1 Influência da irradiância solar

Um dos fatores que podem trazer alterações nos módulos solares é a influência da
irradiância solar. Quando a corrente elétrica gerada através de uma célula fotovoltaica, aumenta
linearmente com o aumento da irradiância solar no local, já que a tensão se circuito aberto
(VOC), aumenta de forma logarítmica, como apresentado na Equação 11, desde que seja mantida
a mesma temperatura de incidência.

𝐺
ISC = ISC – STC . ( 1000) (11)
61

Onde:
ISC (A) – corrente de curto-circuito do módulo, uma temperatura de 25ºC;
ISC - STC (A) – corrente de curto-circuito do módulo nas Condições Padrão de Teste (em
inglês, Standard Testing Conditions, STC);
G (W/m2) – irradiância incidente sobre o módulo;
1000 (W/m2) – irradiância nas STC.

A Figura 27 apresenta o comportamento dessa irradiância solar incidente na curva de


corrente e tensão (I-V) de uma célula fotovoltaica feita de silício, contida a uma temperatura de
25ºC.

Figura 27 – Curva (I-V) da irradiância solar de uma célula fotovoltaica de silício

Fonte: (PINHO e GALDINO, 2014)

3.2.1.2 Influência na Temperatura

Assim como no primeiro problema apresentado, existe influência nas variações de


temperatura ambiente e a temperatura de operação das células. Segundo (PINHO e GALDINO,
2014) o aumento da irradiância incidente e/ou da temperatura ambiente produz um aumento da
temperatura da célula, e consequentemente, a eficiência tende a reduzir. O fato que a tensão da
célula diminui significativamente com o aumento da temperatura, faz com que a corrente sofra
elevação quase desprezível. Usando como exemplo uma célula de silício cristalino, elevando a
temperatura a 100ºC, produz uma série de variações de ordem -0,2 V (-30%) em VOC e de
+0,2% em I SC. Já os módulos fotovoltaicos feitos de filmes finos apresentam menor influência
da temperatura na potência de pico comparados com os modelos de silício, mas o desempenho
deste modelo reduz consideravelmente. Na Figura 28, mostra as curvas I-V para diversas
62

temperaturas da célula fotovoltaicas, com uma irradiância de 1.000 W/m2 (PINHO e


GALDINO, 2014).

Figura 28 – Curva (I-V) da irradiância da temperatura de uma célula fotovoltaica

Fonte: (PINHO e GALDINO, 2014)

3.2.2 Impactos causados aos inversores

Sobre a qualidade de energia, o inversor também sofre alguns impactos capazes de


comprometer todo o sistema fotovoltaico. Os problemas mais comuns são as distorções
harmônicas e ilhamentos, na qual serão detalhados a seguir.

3.2.2.1 Distorções Harmônicas nos Inversores

O equipamento deve controlar o conteúdo de harmônicos, que deve ser baixo o


suficiente para proteger tanto as cargas quanto os equipamentos da rede elétrica, de modo que
a forma da onda e o fator de potência devem estar dentro dos níveis aceitáveis pela
concessionária elétrica.
Quando a tensão da rede é senoidal, ou seja, apresenta pequeno conteúdo harmônico, a
corrente injetada na rede pelo inversor também é senoidal e com baixo conteúdo harmônico
quando o inversor está operando com potências relativas maiores que 20 %, aproximadamente.
Evidentemente, um inversor de qualidade deve apresentar níveis de conteúdos harmônicos
limitados pelos níveis estabelecidos nas normas técnicas na maior faixa de potência possível.
Entretanto, verifica-se que em potências relativas menores que 20 % ou 10 %, dependendo do
63

fabricante, os inversores podem apresentar níveis de distorção harmônica na corrente maior que
os limitados nas normas técnicas, mesmo quando a tensão da rede apresenta baixo conteúdo
harmônico.
Por medida de segurança, os primeiros sistemas fotovoltaicos conectados à rede eram
projetados para trabalharem em baixas tensões e, portanto, transformadores na saída de
inversores eram necessários. No entanto, os transformadores além de pesados e caros, sempre
foram um obstáculo para os fabricantes conseguirem aumentar a eficiência de seus
equipamentos. Atualmente as plantas fotovoltaicas trabalham com tensões maiores e os
inversores sem transformadores conquistaram espaço no mercado, apresentando eficiências
maiores que os inversores com transformador.
A distorção harmônica total tende aumentar quando o nível de carregamento do inversor
e vai diminuindo independentemente da impedância da rede, embora seja possível encontrar
situações em que a presença de cargas elétricas reativas no ponto de conexão interfira no
conteúdo harmônico na corrente injetada pelo inversor na rede (URBANETZ, 2010). Além
disso, a presença de cargas reativas pode inclusive impedir a conexão dos inversores que
rejeitam a rede elétrica acusando falha no lado CA.

3.2.2.2 Ilhamentos

Outro problema comum são os ilhamentos, definidos por alterações na área do sistema
elétrico de potência (SEP), permanecendo energizada através de fontes de geração distribuída
presentes no SEP. Alguns fatores podem influenciar na ocorrência de problema, sendo divididos
e classificados em ilhamento intencional e não intencional. Segundo (DA SILVA, 2016), o
ilhamento intencional ocorre de forma planejada, quando a concessionária mantém parte do
SEP funcionando de forma isolada através de um ou mais geradores distribuídos. Já o ilhamento
não intencional, o próprio afirma que geralmente ocorre de forma não propagada, de modo que
o funcionamento de energia elétrica acaba sendo interrompido por fatores inesperados.
Nos sistemas fotovoltaicos, o ilhamento não intencional acaba se tornando um problema
indesejado, pois o próprio pode apresentar riscos de segurança do sistema e gerar um mal
funcionamento dos equipamentos conectados à rede. Segundo (BOWER e ROPP, 2002), as
causas mais comuns em sistemas fotovoltaicos são:
64

 Abertura acidental da linha de distribuição em função da falha de algum equipamento;


 Falha não detectada pela concessionária levando ao desligamento da rede de
distribuição, mas não é detectada pelo inversor no sistema;
 Desconexão intencional para serviços de reparos e manutenção na linha de distribuição;
 Falhas humanas;
 Falhas decorrentes de fenômenos naturais.

3.3 Potencial de Geração de Energia Fotovoltaica no Norte de Minas Gerais e Valorização


nos aspectos de Qualidade da Energia Elétrica nas empresas de Energia Solar em Janaúba

Mediante aos impactos apresentados que agregam os problemas na QEE causados a


instalação de geração fotovoltaica distribuída, buscou-se verificar o trabalho das empresas
regionais, através de pesquisas, a respeito do potencial de energia fotovoltaica na região norte
mineira, principalmente no município de Janaúba, investimentos feitos por empresários como
alternativa financeira e pôr fim a realização de uma entrevista com empresas locais, na intenção
de compreender se as próprias visam os aspectos de qualidade de energia elétrica nos seus
sistemas e, se as conhecem a legislação da ANEEL (PRODIST – Módulo 8), referentes a
temática.

3.3.1 Geração de energia fotovoltaica no Norte de Minas Gerais

O estado de Minas Gerais vem se consolidando, com o passar dos anos, como o maior
produtor de energia fotovoltaica do Brasil e um dos maiores da América Latina. Segundo
pesquisas realizadas pela Atlas solarimétrico de Minas Gerais, desenvolvido pela Companhia
Elétrica de Minas Gerais (CEMIG), afirmando que o estado recebe um potencial da irradiação
solar para geração de energia duas vezes maior que todo o território da Alemanha, uma nação
que veem se destacando nos últimos anos no quesito de aproveitamento de luz solar, cuja
radiação em todo território mineiro varia entre 5,5 e 6,5 kWh/m2 (Kilowatts/ hora/ metro
quadrado) enquanto no país europeu atinge apenas 3,0 kWh/m2, uma diferença bastante
considerável (CEMIG - COMPANHIA ENERGÉTICA DE MINAS GERAIS, 2012).
Estes números tão significativos para o estado, se devem principalmente as
microrregiões localizadas no Norte do Estado, já que a região se consolida como o quarto
melhor ponto de irradiação solar do país, segundo resultados do Atlas solarimétrico da CEMIG.
65

De acordo com o site (VINTV, 2019), as cidades norte mineiras com maior produção são
Janaúba e Januária (5,7 kWh/m2), Montes Claros com (5,6 kWh/m2) e Pirapora (5,5 kWh/m2),
além de outras cidades espalhadas pelo estado, principalmente Uberlândia, além de se tornar a
representante mineira mais bem colocada em relação a sistemas fotovoltaicos instalados.
Para uma região que sofre bastante com a seca e a falta de água para agricultura e
pecuária, as empresas encontram uma alternativa para o norte do estado investindo em sistemas
fotovoltaicos garantindo renda, gerando empregos as populações próximas e criando
oportunidades de negócios futuros. Além disso, produtores locais começam a investir em
módulos solares em suas propriedades visando irrigar suas plantações, economizando bastante
em energia elétrica, já a região depende bastante da fruticultura. Também, os proprietários
podem vender a energia a concessionaria de energia ou receber créditos em troca.
Como uma possibilidade de economia (NANDE, 2019) através do site VinTV,
argumenta que o brasileiro através de sistema de créditos energéticos, a energia gerada durante
o dia compensa o consumo da rede no período noturno, permitindo zerar o consumo da rede do
imóvel, e utilizar os créditos excedentes em outros imóveis do proprietário. Essa alternativa se
torna uma solução não apenas aos mineiros, como todos os brasileiros, já que pagam a 5ª maior
carga energética do mundo, criando uma ótimo custo-benefício.
Um setor que vem lucrando bastante, segundo (VENÂNCIO, 2019) do site Plant
Project, são os bancos de investimento. Considerando as pesquisas da Associação Brasileira de
Energia Solar Fotovoltaico (Absolar), em parceria com a Clean Energy Latin America (Cela),
uma empresa de acessória financeira que disponibiliza linhas de crédito aos que desejam
investir neste setor. A diretor da Cela, Camila Ramos, afirma que “existe linhas de
financiamento disponível para empresas e cidadãos que buscam reduzir gastos na energia
elétrica”, construindo uma alternativa aos que desejam investir no setor fotovoltaico.
Considerado o estado com mais conexões no Brasil, com cerca de 9.083, superando o
estado de São Paulo com 8.948 conexões e o Rio Grande do Sul com 6.599 conexões, segundo
a ANEEL, que atualiza este ranking desde 2012. Em relação as divisões destas conexões no
estado mineiro, a setor residencial libera com 6.523 conexões, cerca de (72%) dos números, o
setor comercial com 1.506 conexões (17%), as propriedades rurais possuem 620 conexões
(7%), o setor industrial com 314 conexões (3%) e outros setores com 65 conexões (1%)
(NANDE, 2019).
66

3.3.2 Geração de energia fotovoltaica no município de Janaúba

Os resultados na potência de geração de energia solar no município de Janaúba, vem


crescendo constantemente, como apresentado nos números anteriormente, criando assim uma
alternativa atrativa e uma nova possibilidade de negócio para o interior de Minas Gerais. Como
apresentado pelo Atlas solarimétrico de Minas, a microrregião possui altos índices de irradiação
solar, tendo em vista a região é marcada por longos períodos de seca e falta de chuva, garantindo
aos agricultores e pecuaristas uma esperança no ponto de vista econômico com a geração de
energia fotovoltaica.
Em entrevista ao jornal Estado de Minas em 2018, o presidente do Sindicato Rural de
Janaúba, José Aparecido Mendes, apresenta sua opinião sobre a situação dos trabalhadores na
região e a busca por alternativas para alavancar suas rendas, afirmando, “Já estamos cansados
dos prejuízos de seis anos seguidos de seca. Acreditamos que essa realidade vai mudar com a
geração de energia solar. Será mais uma opção de renda e vai diversificar as atividades
econômicas da nossa região” (RIBEIRO, 2018).
Em disso, José Aparecido relata na entrevista que diversos agricultores foram
procurados por empresários que se interessam no arrendamento d áreas rurais planas para
instalação de painéis fotovoltaicas em um futuro próximo, onde o próprio afirma que, “Existem
pecuaristas que perderam grande parte de suas pastagens com a seca e que agora vão arrendar
a parte da fazenda onde acabou o pasto para usinas de energia solar e pretendem criar gado em
outra área, sem depender totalmente da chuva, que é pouca” (RIBEIRO, 2018).
Além disso, em 14 de fevereiro de 2019, foi inaugurada a primeira usina de mini geração
fotovoltaica da cidade, beneficiando a lojas do comercio e indústrias, já que atendem os clientes
que possuem sistemas de tensão baixos. Com uma área de 23 hectares e com alta incidência de
irradiação solar, a CEMIG Geração Distribuída (CEMIG GD), em parceria com a Mori Energia
Solar, investiu aproximadamente 18,5 milhões de reais nesta unidade (RIBEIRO, 2019).
Com uma produção próxima aos 5 mega watts (5 MW), a Federação das indústrias do
Estado de Minas Gerais - FIEMG, cadastram os comerciantes e donos das indústrias, ficando
aptos a usar este bem na qual, a energia gerada será descontada em suas contas de luz, mas se
esta não for totalmente consumida, os indivíduos cadastrados receberão créditos como forma
de desconto nas próximas faturas.
67

3.3.3 Cuidados na Qualidade da Energia Elétrica pelas empresas de energia solar no


município de Janaúba

Na cidade de Janaúba, a procura por instalações de módulos solares em suas residências


e no comércio local, vêm crescendo constantemente. As empresas instaladas na cidade, INOVA
NORTHSOLAR e RENERGY – ENERGIA SOLAR, são contratadas para este serviço,
atendendo áreas urbanas ou rurais. Utilizando equipamentos de primeira linha em seus sistemas,
ambas procuram ofertam a melhor qualidade de energia elétrica possível aos seus clientes, para
não danificar os próprios. Portanto, as empresas foram entrevistas sobre os aspectos da QEE e
a legislação da ANEEL em relação ao tema e os resultados estão apresentados abaixo.
Em entrevista a empresa INOVA NORTHSOLAR, o engenheiro eletricista, com Pós-
Graduação em Petróleo e Energia, Gustavo Ruas Caires, onde o próprio foi questionado se
existe algo feito pela INOVA a respeito dos aspectos de qualidade de energia elétrica.
Afirmando:

“Sim. Prezamos bastante pela qualidade de energia injetada na rede. De


início, damos preferência à inversores de primeira linha, e que estão no mercado há
bastante tempo, como os das marcas ABB, Fronius e Sungrow. Todos eles
possuem certificações e um ótimo feedback das empresas que os utilizam. Além dos
inversores, selecionamos os módulos fotovoltaicos sempre olhando em primeiro
lugar, a qualidade e a eficiência do mesmo. Prezamos também pela qualidade dos
materiais utilizados para a interconexão dos equipamentos, sempre os
dimensionando de forma que eles trabalhem com folga, evitando perdas e danos à
instalação. Dentre outras formas de prezar pela qualidade de energia, também
fazemos o comissionamento do sistema, sempre que o finalizamos.
Comissionamento feito através de testes feitos e acompanhamento através do
monitoramento feito nos sistemas que já estão em funcionamento. Além dos
cuidados que temos, os próprios inversores possuem parâmetros que impedem que o
mesmo injete energia incompatível com a da rede. Essas são algumas medidas que
utilizamos para sempre obter a qualidade de energia adequada (CAIRES, 2019).”

Também o próprio foi questionado sobre o conhecimento da legislação que diz respeito
sobre o assunto, respondendo:

“Conheço algumas informações sobre a legislação, e a maioria estão


contidas Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico
Nacional – PRODIST - Módulo 8 – Qualidade da Energia Elétrica (CAIRES,
2019).”

A segunda empresa que presta serviços de instalação de energia solar em Janaúba, a


RENERGY- ENERGIA SOLAR, também foi apresentado sobre o conhecimento sobre o tema
68

e se a empresa tem trabalhado em função dos aspectos de QEE. O Engenheiro Eletricista e


Eletrotécnico, Alexandre Neves Ribeiro, constatou que:

“A empresa valoriza a qualidade de energia elétrica e trabalhamos com


inversores de alta qualidade para evitar certos distúrbios. Os inversores por terem o
selo do IMETRO, eles respeitam os tempos de reconexão e verificam se possuem
15% pra mais ou pra menos na variação de tensão, mas se a variação ultrapassar esse
limite, o equipamento não chega a desligar e sim, para de fornecer energia. Nós
sempre utilizamos dispositivos de proteção, e nunca tivemos problemas com tensões
altas. Como sempre monitoramos o sistema, verificamos se a frequência está
normal, o fator de potência, dentre outros. Mas nunca tivemos muitos problemas
com a qualidade da energia na área urbana, e já que está tendo melhorias na rede,
por causa das usinas, então a tendência é melhorar cada vez mais. Já na rede zona
rural temos alguns problemas. Trabalhamos apenas com sistema on-grid, então não
trabalhamos com equipamentos, como banco de capacitores e outros, já que nosso
mercado é mais o residencial e comercial. Então esses equipamentos que melhoram
ainda mais a qualidade de energia é mais voltado ao setor industrial (RIBEIRO,
2019).”

Quando questionado sobre o conhecimento referente a legislação vigente pela ANEEL


sobre qualidade de energia elétrica, afirmando:

“Como o equipamento (inversor) ele é projetado justamente para aquilo que


a ANEEL determina, então seguimos a legislação. Normalmente quando se instala
um sistema ele eleva um pouco a tensão no local, exemplo de 212V há 215V, mas
continua no limite de qualidade que a ANEEL determina, assim o próprio
equipamento resolve o problema (RIBEIRO, 2019).”

Além dos questionamentos respondidos pelos Engenheiros Eletricistas das empresas,


pode-se observar que os aspectos de qualidade de energia em áreas urbanas apresentam poucos
problemas, como variação de tensão na rede, diferente das áreas rurais, pois culpam a rede de
distribuição elétrica apresentam falhas e quedas constantes, gerando determinados alguns
fenômenos de distúrbios. Também ambas (INOVA e RENERGY), buscam investir ao máximo
que equipamentos de alta qualidade e eficiência para satisfazer sua clientela. Também estão
sempre atentos ao mercado para se adequarem as melhorias no sistema fotovoltaico.
69

4 SOLUÇÕES AOS IMPACTOS NA QUALIDADE DE ENERGIA ELÉTRICA

Apresentados os problemas anteriormente, capazes de comprometer o funcionamento e


desempenho dos equipamentos que compõe um sistema fotovoltaico, haja visto que tais
problemas são também identificados pelas empresas que atuam no ramo em Janaúba. Agora
serão apresentadas neste módulo, serão listados alguns métodos capazes de solucionar os
impactos e garantir uma boa qualidade de energia elétrica a rede.

4.1 Métodos Anti-Ilhamento

Mesmo diante dos problemas apresentados, os inversores fotovoltaicos são capazes de


detectar o ilhamento e desativar a operação em um intervalo de tempo mínimo, no momento de
inicialização do problema. E como manda a norma, esta característica é resultado da proteção
anti-ilhamento. Segundo a norma IEEE 1547 determina-se que a proteção anti-ilhamento deve
se encontrar presente em qualquer sistema de geração distribuída. Cuja função, é garantir o
desligamento do inversor durante o ilhamento dentro de um intervalo de tempo mínimo,
proporcionando segurança a equipe de manutenção do sistema elétrico e evitar que cargas locais
se danifiquem devido as excursões de tensão e frequência.
Diversas técnicas foram desenvolvidas para detectar ilhamento em sistemas
fotovoltaicos. Onde estes métodos são divididos em remotos e locais, conforme apresentado na
Figura 29.

Figura 29 – Divisão e Subdivisão dos métodos de Anti-ilhamento

Fonte: (DA SILVA, 2016)


70

Os métodos remotos são responsáveis pela perda de conexão com o sistema interligado
através da sincronização da operação por um dispositivo ou desvio de algum disjuntor,
trabalhando com o envio de informações, através de uma rede de comunicação para todos os
demais os sistemas de geração distribuída. Tais métodos são considerados bastante vantajosos
por serem de alta eficiência e por não apresentarem região de não detecção (do inglês Non-
Detection Zone – NDZ). Mas, estes métodos são bastante custosos, o que inviabiliza seu
emprego para sistemas de geração distribuída de baixas potências, se por acaso, os sistemas
fotovoltaicos forem residenciais.
Os métodos anti-ilhamento locais são aqueles presentes no próprio inversor. Sua
principal vantagem do método é o baixo custo de implementação, haja vista apenas
essencialmente o uso de algoritmos inseridos no sistema de controle do inversor. Estes métodos
podem ainda ser classificados como passivos e ativos, na qual serão abordados adiante.
Segundo (DA SILVA, 2016), os métodos locais são basicamente algoritmos
embarcados no inversor fotovoltaico, embora que o desafio seja relativamente grande. Para
inversores destinados a sistemas residenciais, na dimensão de baixos quilowatts, o anti-
ilhamento não pode consumir muitos recursos computacionais, já que necessita o uso de
processadores mais eficientes e caros.

4.1.1 Requisitos ao sistema anti-ilhamento

Aos sistemas fotovoltaicos conectados à rede tendem a funcionar injetando corrente ao


sistema elétrico de potência, mas regulando a tensão no ponto de acoplamento comum. Assim,
a partir de valor de tensão nominal, uma faixa de operação já estabelecida, possibilitando ao
inversor que funcione sem desligamentos aleatórios. Os limites desta faixa destacada podem
ser usados para mecanismos de proteção do equipamento, atuando em situações anormais de
operação que a rede de distribuição elétrica se encontrar, onde será apresentado na Figura 30.
Posteriormente, os inversores devem trabalhar em sincronismo com a rede, sendo que o
próprio é responsável por controlar a frequência do sistema, como mostrado na Figura 30.
Portanto, a faixa de operação recomendada pela ANEEL para frequência nominal corresponde
a 60 Hz. Mas caso os valores da tensão e frequência no ponto de acoplamento comum,
ultrapasse os limites estabelecidos, o inversor deve anular a injeção de corrente na rede dentro
de um máximo limite estabelecido (DA SILVA, 2016).
71

Figura 30 – Tempo máximo de operação em condições anormais de tensão e frequência

Fonte: (DA SILVA, 2016)

Segundo (DA SILVA, 2016), mesmo com tais restrições, os sistemas fotovoltaicos
ficam protegidos de ilhamento graças aos dispositivos de proteção. Contudo, embora que esta
probabilidade seja baixa, situações distintas podem ocorrer desde que estas grandezas estejam
dentro do limite de operação, possibilitando o inversor continuar injetando corrente na rede.
Portanto, o ilhamento deve possuir capacidade de detectar o impacto mesmo diante das
controvérsias.

4.1.2 Métodos anti-ilhamento passivos

Os métodos de detecção de ilhamento passivos se baseiam no monitoramento da


condição de um ou mais parâmetros da rede de distribuição e cessam a operação do inversor
caso seus valores estejam fora dos limites pré-estabelecidos. Os dois parâmetros monitorados
são tensão e frequência, além de suas principais características (afundamentos, sobretensão,
impedância, salto de fase, dentre outros).
72

4.1.3 Métodos anti-ilhamento ativos

Os métodos caracterizados por anti-ilhamento ativo surgem da necessidade de trabalhar


as deficiências apresentadas pelos métodos passivos, principalmente no que diz respeito à
região de não detecção (NDZ). A funcionalidade deles, consiste em gerar pequenos
perturbações controladas na corrente de saída do inversor, gerando variações nos parâmetros
de rede, como: tensão, frequência, fase, harmônicos etc (DA SILVA, 2016).

4.2 Métodos Anti harmônicos

O objetivo fundamental de um filtro harmônico consiste na redução da amplitude de


uma ou mais correntes harmônicas (e, por consequência, das distorções harmônicas na tensão)
em uma determinada parte do sistema, através da geração de um caminho de baixa impedância
para a frequência desejada (OLIVEIRA, 2015).
Um fato que vem a somar com a necessidade de filtragem harmônica em um sistema
elétrico é que, normalmente, as instalações que apresentam problemas de perturbação
harmônica, possuem um baixo fator de potência necessitando também de compensação reativa
para evitar o pagamento de pesadas “multas” para a concessionária. Tal fato ajuda no retorno
do investimento neste tipo de equipamento e têm sido o catalisador da aplicação de filtros de
harmônicos nos sistemas elétricos em geral.

4.2.1 Tipos de Filtros para controle de harmônicos

Os filtros se destacam pois representam a maneira mais adequada na promoção na


redução dos módulos das correntes e tensões nas diversas frequências harmônicas. Sua
aplicação promove uma maior aproximação da característica senoidal da tensão elétrica
conforme as formas de onda encontradas na geração. Seu funcionamento se deve
principalmente forma de restringir ou permitir a passagem de determinadas frequências.
Existem três tipos de filtros na qual são classificados, os passivos, ativos e híbridos. Os
filtros passivos são construídos através da junção de resistores, indutores e capacitores. Os
filtros ativos são compostos por elementos ativos, amplificador operacional, trabalhando com
capacitores e resistores. Já os híbridos trabalham como filtros ativos e passivos.
73

4.2.1.1 Filtros Ativos

Seu funcionamento se baseia na injeção de correntes harmônicas que proporcionam a


anulação das correntes existentes no sistema, podendo ser usadas na configuração série ou
paralela. Os próprios operam analisando as grandezas elétricas do sistema continuamente, de
modo que os sinais possuam os mesmos módulos e sejam defasados em 180º das distorções
harmônicas originais obtidas nas cargas, gerando assim, a anulação das cargas, como mostra a
Figura 31 um modelo de filtro harmônico ativo.

Figura 31 – Modelo de filtro harmônico ativo

Fonte: (NEPTUNE, 2019)

Os filtros ativos que trabalham em série funcionam a uma fonte de tensão controlada e
proporcionam uma linha de tensão senoidal muito pura para alimentar as cargas. Mas os filtros
em paralelo, como mostrado na figura 32, possui características análogas em relação a uma
fonte de corrente controlada, já que trabalha na eliminação de harmônicos de corrente para a
carga, proporcionando que a corrente de alimentação seja também puramente senoidal
(OLIVEIRA, 2015).
74

Figura 32 – Circuito de um inversor operado por filtro ativo paralelo

Fonte: (FINELI, 2007, p. 8)

4.2.1.2 Filtros Passivos

O método mais simples para reduzir os estragos harmônicos, se resume na instalação de


filtros passivos, sintonizando para frequências diferentes (frequências mais baixas para mais
altas), como mostrado na Figura 33 um modelo de filtro harmônico passivo.

Figura 33 – Modelo de filtro harmônico passivo

Fonte: (MIRUS INTERNATIONAL INC, 2019)


75

São considerados, de fácil construção e manejo, e com custos de operação baixos,


comparados com o outro modelo. Além disso, os esquemas para o modelo são em série, como
apresentado na Figura 34, e o paralelo, com shunt mais utilizado.

Figura 34 – Circuito de filtro passivo do tipo passa faixa

Fonte: (BERNARDO, 2016)

O filtro harmônico shunt realiza o desvio das correntes harmônicas do sistema para o
sistema de aterramento, proporcionando uma melhoria na qualidade de energia elétrica dos
circuitos de carga. E como consequência, a instalação elétrica e os equipamentos conectados ao
sistema são beneficiados, gerando a diminuição pela atenuação na circulação das correntes
harmônicas (OLIVEIRA, 2015).
76

5 CONCLUSÕES

Fica evidente que o consumo e a demanda por energia elétrica no mundo vêm crescendo
constantemente e a busca por uma alternativa energética na geração de modelo limpo e de
sustentabilidade ambiental se torna rigorosa e obrigatória. Em relação a implementação do
sistema fotovoltaico na região norte mineira, principalmente no município de Janaúba, aos
empresários e proprietários rurais se torna um investimento vantajoso financeiramente há longo
prazo, haja vista que os próprios constroem uma visibilidade ao potencial da região.
Feita a análise dos impactos causados pelos equipamentos do sistema fotovoltaico e suas
contribuições na qualidade de energia elétrica, pode ser apresentar algumas soluções para tais
problemas, principalmente nos inversores para se mais objetivo. O principal desafio, além de
impor a adoção de normas mais rigorosas nas cargas não lineares, é desenvolver técnicas de
caracterização e identificação dos parâmetros do tipo de carga e adaptar os conceitos de
potência reativa e fator de potência ao novo ambiente de redes e micro redes inteligentes de
energia, além construir regras de responsabilidade pelos problemas as concessionárias de
energia.
Em relação as empresas fotovoltaicas que prestam serviços em Janaúba, foi abordado
que ambas (INOVA e RENERGY) trabalham com equipamentos (inversores) de altíssima
qualidade e marcas renomadas no mercado, já que os fabricantes prezam o melhor desempenho
do equipamento possível aos seus fornecedores, assim, a confiança das empresas ao comprar o
equipamento é garantida, e não há preocupação se o próprio traz a qualidade da energia elétrica
necessária. Considerado um município pequeno em investimentos no setor de instalação solar
residencial, as empresas não levam cobranças rigorosas pela ANEEL, já que a fiscalização ao
sistema não é constante, mas este fato tende a mudar nos próximos anos.
As disciplinas cursadas no último período do BC&T em Janaúba, referentes as áreas de
energia, sendo (CTJ313 Eletrônica) e (CTJ314 Eletrotécnica), contribuíram bastante no
desenvolvimento deste trabalho. Através destas, pude compreender alguns termos
(significados) relacionados a fenômenos elétricos, análise de circuitos eletrônicos e elétricos, e
principalmente na relação alguns fenômenos de distúrbios abordados anteriormente com fator
de potência e distorções harmônicas.
Para trabalhos futuros, depois de uma rigorosa pesquisa a análise de geração de
energia solar e aos aspectos de qualidade de energia elétrica, será buscado trabalhar na
simulação de modelos de sistemas fotovoltaicos, distribuição de QEE, além da busca na
verificação de impactos e construção de possíveis impactos.
77

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