Aula 01

Os jovens e a solidão
Rosângela Trajano

Hoje, pela manhã, falei com papai ao celular. Ainda há pouco pedi a bênção à vovó
pelo Facebook, enquanto conversava com alguns amigos. É estranho, mas sinto solidão.
Não entendo como há pessoas que gostam da solidão, porque eu preciso de muita gente ao
meu redor. No entanto, estou sozinho agora diante do computador e do celular. A solidão
não é uma escolha nossa; a solidão, sim. E eu não quero viver na solidão. De que adianta
dois mil amigos no Facebook se quando preciso de um para me ouvir não tenho a ninguém?
Que tipo de amizade procuro eu? Por que não me sinto bem sozinho?

Aula 02

Ser ignorado dói seja por quem for

Rosângela Trajano

Eu cheguei à festa e entrei no salão que estava cheio de amigos e conhecidos.

Tentei falar com vários deles, mas fui ignorado por todos. Peguei um copo de refrigerante e
comecei a tomar. Procurei conversar com uma menina da minha turma, mas ela fingiu não
me conhecer. Até pensei que estava na festa errada, mas ali estavam todos os meus
amigos e conhecidos. Até mesmo o garçom que servia alguns salgados passou por mim,
me viu com a mão estirada para pegar um deles, mas nem me deu atenção. Saí para o
jardim e quis conversar com o jardineiro da casa, enquanto eu falava ele continuava a
mexer nas plantas como se ninguém estivesse ali. Peguei um táxi, e quis puxar assunto
com o motorista, mas ele também me ignorou. Cheguei em casa e fui direto ver meu
peixinho no aquário que há dias eu o ignorava. Será que ele sentiu o mesmo que estou
sentindo agora?

Aula 03

Como se escreve uma palavra

Rosângela Trajano

Eu sempre achei escrever muito difícil. Há palavras que deixam dúvidas se são
escritas com “s” ou com “z”. Então, decidi que não escreveria mais palavras, quando a
professora mandasse eu escrever diria que não sabia. Mas apareceu uma professora que
ensinou a turma inteira, inclusive a mim, a como se escrever uma palavra. Primeiro,
precisamos colocá-la dentro do coração. Cuidar dela com carinho. Se temos dúvida de
como ela é escrita procurar no dicionário e depois, com muito cuidado, colocá-la dentro de
um texto de uma forma que ela possa ser compreendida por todos. Sim, precisamos
aprender a escrever as palavras dentro do nosso coração, porque assim aprenderemos a
ter amor por elas e passaremos a conhecê-las melhor. Só amamos o que conhecemos bem.
Uma palavra se escreve com amor e o amor precisa de zelo e cuidado. O mais interessante
foi que ela nos ensinou a adotar palavras esquecidas por muitas pessoas. Eu já adotei a
minha. Adote a sua.
Aula 04

A poesia que mora em mim

Rosângela Trajano

Eu não sou poeta, mas carrego uma poesia dentro do meu caderno. Acho que todo o
mundo tem uma poesia dentro de si. As poesias embelezam a vida da gente, porque elas
falam de um jeito diferente. Às vezes com rima, sem rima, inventam palavras e falam de
tudo de um jeito diferente. Ainda sou muito pequeno, mas adoro as poesias que falam de
amor. Faz dias que decorei uma para contar a Anita, mas ela vive fugindo de mim.
Esperem! Aí vem ela! Vou dizer! O amor... O amor... O amor... Ah! Ela me chamou de bobo
e foi embora com raiva, eu esqueci a poesia, de repente. Fiquei todo suado, com vergonha
de Anita. Vou para casa e no caminho relembro a poesia que ia declamar para Anita. Agora
não vale mais. Fique aí, guardada dentro do meu coração.

Aula 05

Mamãe foi trabalhar

Rosângela Trajano

Hoje mamãe saiu de casa não para a padaria ou para o supermercado. Ela decidiu
que ia trabalhar. E pela primeira vez mamãe saiu de casa para o trabalho. Ela estava toda
contente. Eu fiquei contente por ela também, mas confesso que vou sentir sua falta em
casa. Porém, é preciso compreender que a mulher pode ajudar o marido com as despesas
da casa e até chegar a receber um salário melhor do que o dele, às vezes. Papai não
estava dando conta de pagar minha escola, fazer feira, pagar água e luz, comprar remédios,
plano de saúde e tantas outras coisas, sozinho. Mamãe agora vai poder ajudá-lo. Foi legal
ver mamãe pegar sua pasta e sair para o seu primeiro emprego. Espero que ela seja uma
grande profissional. O mercado de trabalho está cheio de mulheres se destacando, já
pensou se mamãe chegar à presidência da sua empresa? Uauuuuu! Será maravilhoso!
Tenho orgulho dela!

Aula 06
A presença do meu amigo
Rosângela Trajano

Como foi importante, meu amigo, você está presente naquele dia que levei a maior
bronca da professora. Eu fiquei cheio de vergonha, tive vontade de chorar, quis me
esconder de todos. Mas você veio e me consolou. Você me disse belas palavras e eu pude
contar com a sua amizade. Outro dia, meu passarinho morreu e foi você quem me ajudou a
enterrar o bichinho embaixo de uma árvore, dentro de uma caixa de sapatos trazida por
você. Ter a sua presença, meu amigo, me deixa mais corajoso e mais feliz por poder
compartilhar alegrias e tristezas com você. Nunca vá para longe de mim, nunca mesmo.
Aula 07
Da experiência
Rosângela Trajano

Papai chamou o técnico para consertar a televisão. Faz trinta anos que ele conserta
televisão. Assim que o homem ligou a nossa televisão percebeu qual era o seu defeito.
Abriu o aparelho e consertou. Pronto! Podemos assistir ao jogo, que bom! Contou a
experiência do nosso técnico, disse papai. Se fosse uma pessoa que pela primeira vez
estivesse consertando uma televisão poderia não ter descoberto o defeito tão rapidamente.
Papai disse, ainda, que a experiência ajuda aos profissionais a causarem poucos erros, a
encontrarem soluções fáceis e a fazer o trabalho mais rapidamente e com qualidade. A
experiência é adquirida ao longo dos anos de trabalho na mesma coisa, a gente vai
aprendendo um pouco hoje, mais um pouco amanhã e guardando tudo na mente. A
experiência vai crescendo todos os dias. Quando eu crescer quero ser um profissional com
muita experiência!

Aula 08
Das pessoas poderosas
Rosângela Trajano

Como será a vida de uma pessoa poderosa? O que faz uma pessoa ser poderosa?
Eu não sei se queria ser uma pessoa poderosa, acho que é muita responsabilidade. Mas
algumas pessoas parecem gostar de ter o poder nas mãos, pois acham isso muito
importante. Dizem que quem tem o poder tem tudo. Será que as pessoas poderosas têm
tempo para se divertir? Será que elas vivem sem medo? Eu fico imaginando como será a
vida dos reis, rainhas, presidentes, embaixadores e comandantes militares. Imaginem na
hora de tomar uma decisão importante. Eu só tenho poder sobre o meu cachorrinho que
ordeno a ficar quieto quando estou a estudar. Então, ele fica num canto da parede em total
silêncio balançando o rabinho.

Aula 09
Cultura da compaixão
Rosângela Trajano

Era um menino de rua pedindo esmolas no semáforo. De repente, parou um carro

muito bonito, desses que valem uma fortuna. O menino aproximou-se do carro e estirou a
mão. O motorista fechou o vidro e foi embora assim que o semáforo abriu. Quando o
semáforo fechou de novo veio um carro velho, feio, caindo aos pedaços. O menino
aproximou-se, estirou a mão e o motorista deu-lhe uma moeda e depois foi embora. Foi
quando se aproximou um velho e sabiamente lhe disse: não tenha raiva das pessoas dos
carros bonitos, a maior parte delas, não sabe o que é o sofrimento, porque elas nunca
viveram dificuldades ou enfrentaram obstáculos em suas vidas, logo não sabem o que você
sente.
Aula 10
Para reconquistar a confiança
Rosângela Trajano

O difícil não é você ganhar a confiança de uma pessoa. O difícil é você trair a
confiança dessa pessoa e depois querer reconquistar. Pode ser difícil, mas não é
impossível. Se for uma pessoa de bom coração e justa, perceberá seu arrependimento e,
certamente, dará uma nova oportunidade se você realmente demonstrar arrependimento. Já
pensou como se sente uma pessoa que nos confiou um segredo e saímos contando ele
para todo o mundo? É preciso não mais vacilar, pisar na bola como dizem por aí. A
confiança é algo sério. Confiar, guardar, dar algo para alguém que vai cuidar bem, isso é
confiança. Eu já traí a confiança de uma pessoa e fiquei muito triste. Mas a pessoa me deu
uma oportunidade e hoje ganhei sua confiança, depois de muito tempo. Também
precisamos aprender que só o tempo pode nos ajudar. Não basta dizer que nos
arrependemos e queremos a confiança da pessoa de volta, não é assim. A cada dia, em
nossas atitudes e palavras é que iremos reconquistar de novo a confiança de um amigo,
dos nossos pais ou professores.

Aula 11
Meus bens virtuais
Rosângela Trajano

Mamãe vive dizendo que não cuido das minhas coisas, que dou mais valor aquilo
que disponibilizo na internet do que as que estão ao meu redor. Eu nunca me dei conta
disso, mas hoje olhando para um desenho que fiz no paint e transferi para o Facebook fiquei
encantada com o número de comentários e curtições que meu desenho recebeu. Agora
entendo porque me faz tanto sentido valorizar minhas coisas que coloco na Internet. Eu
posso saber o que os outros pensam, elas ganham vida, recebem elogios ou críticas. Ficam
lá para quem quiser ver. Diferente do meu retrato que está aqui em cima da mesa da sala
de visitas. Os comentários feitos não ficaram registrados e aqueles que ficaram não tem
como eu compartilhar com muitas pessoas. Além do mais, não poso sair espalhando pela
casa um monte de desenhos, retratos, e-books etc. É, mamãe, eu dou muito valor aos meus
bens virtuais! Mas confesso que vou deixar de ser descuidada com as minhas coisas
físicas. Prometo!

Aula 12
Há algo especial em mim?
Rosângela Trajano

Querido João,
Às vezes todos dizem que sou chata e não valho nada. Então me recolho ao meu
quarto e fico a chorar na minha cama. Estou escrevendo este bilhete para perguntar lhe se
você acha que eu tenho algo especial? Ou se realmente não valho nada mesmo. Não sei.
Talvez a sua resposta seja a que eu já tenho, mas queria ouvir a sua opinião. Penso que há
algo especial em mim, sim. Apesar de todos os meus defeitos, dos meus erros, das minhas
perdas e desistências de lutar por alguns sonhos. Há algo especial em mim: meu amor por
você, querido João.
Abraços,
Maria Rita
Aula 13
Explosão emocional
Rosângela Trajano

Eu estava feliz, pulando de alegria! De repente, chegou uma menina chata daquelas
que só gostam de fazer o mal. Ficou rindo de mim, dizendo piadas, me insultando a briga. E
eu calada. Sem nem ligar. Só curtindo a minha alegria, quer dizer, de certa forma, eu estava
dando-lhe atenção porque não tinha como deixar de ouvi-la. E os insultos eram cada vez
maiores. De repente, não aguentei mais ouvir tantas coisas horríveis ao meu respeito e
explodi todas as minhas emoções: gritei, xinguei, disse palavrões, parti pra cima dela com
toda raiva do mundo. Ainda bem que me seguraram. Só parei quando a professora chegou
e perguntou: você perdeu o controle das suas emoções? Sim, eu tinha perdido. Mas quem
não perde o controle e explode de emoção numa situação como essa. A explosão
emocional é uma defesa dos nossos sentimentos em relação ao que estão fazendo
conosco.

Aula 14
Eu tenho esperança
Rosângela Trajano

Vou lhes contar uma historinha que vivi quando criança. Lá em casa não tinha nada.
A água que bebíamos vinha de uma cacimbinha próxima da minha casa. Se eu nunca
tivesse tido muitas coisas não sentiria falta, lógico. Mas sempre tive tudo que precisei e, de
repente, a minha família se viu sem nada. Faltava tudo lá em casa, menos a esperança. A
esperança era mais forte do que a nossa felicidade. Eu tinha a esperança de que a nossa
casa voltaria a ter água, energia e comida suficiente para todos nós. Apesar de tudo eu era
uma criança e como toda criança gostava muito de brincar. Como nunca perdi a esperança
hoje consegui muitas coisas. Na minha casa nunca mais faltou comida. Sou bastante feliz,
mas a esperança continua maior em mim, porque pretendo conhecer vocês que estudam
meus textos.

Aula 15
Lágrimas de crocodilo
Rosângela Trajano

Ele me disse muitas coisas que me machucou. Procurei esquecê-las, mas foi inútil.
Já se passaram alguns dias e tudo o que ouvi está cá dentro, remoendo. Hoje ele apareceu,
dizendo-se arrependido, chorou diante de mim. Chorou bastante. Chorou tanto que precisei
pegar um lenço para ele enxugar as lágrimas que molhavam sua camisa. Depois que o
desculpei, de repente, assim do nada ele parou de chorar e começou a sorrir, gargalhar. E
ainda teve a cara de pau de me dizer que fez aquilo só para eu ter peninha dele. Ah! Que
raiva tive daquelas lágrimas de crocodilo! Ainda ousou dizer que eu era muito abusada e
chata de ficar com raiva dele só por causa de um beijo roubado. Começaram os insultos e
brigamos novamente.
Aula 16
Sorria quando tiver vontade
Rosângela Trajano

Meus pais pensam que ainda sou muito pequenina ao ponto deles pedirem para que
eu sorria para alguém que não gosto, só para demonstrar educação. Não vou sorrir. Não
acho que a gente precise sorrir para quem não gostamos só para agradar aos nossos pais
ou a outras pessoas. O sorriso é tão lindo! Ele deve ser dado com todo contentamento para
pessoas que nos fazem felizes, que são simpáticas conosco, que nos querem bem. O
amigo do meu pai é um grosso. Quando meus pais saem da sala ele fica com a cara
fechada olhando para mim, parece até que vai me engolir. Outro dia ele me fez uma careta!
Por que eu sorriria para uma pessoa assim? Eu só sorrio quando tenho vontade e acho que
todo o mundo devia fazer isso. A gente até esquece dos problemas quando estamos
sorrindo.

Aula 17
Seja otimista
Rosângela Trajano

Ele só diz que vai perder, que vai ficar doente, que vai morrer. Ele não fala uma coisa
legal. Ele é muito pessimista. Eu gosto de pessoas otimistas que pensam sempre na vitória,
no sucesso, na conquista, na cura. Que adianta viver reclamando da vida porque não temos
dinheiro? Melhor é viver com o pouco que temos. O otimista aprende a conviver com as
suas dificuldades, porque ele sabe que elas são passageiras. O otimista acredita que depois
da chuva sairá um lindo sol. Eu sou otimista. Acredito sempre na possibilidade da vitória do
bem, de dias melhores, da paz mundial, da união entre os povos. Eu sou otimista porque se
não acreditar que um mundo melhor pode existir que significado terá minha existência? O
otimismo nos ensina a acreditar em nós e no outro. Seja otimista! Acredite em você!
Acredite que amanhã tudo pode ser diferente!

Aula 18
A primeira impressão é a que fica
Rosângela Trajano

Eu fui visitar um amigo pela primeira vez. Ao chegar à sua casa a mãe dele me olhou
de cima a baixo. Entrei. Conversei bastante com o meu amigo, nisso esqueci das minhas
gírias e fui dizendo: “tá ligado” e “pode crê”. A mãe dele que já tinha olhado várias vezes
para minha saia curtíssima, meus cabelos verdes e minhas unhas roxas, ficou perplexa ao
me ver agradecer o copo d´água que a empregada me trouxe: “valeu.” Depois vi que estava
jogada no sofá com as pernas abertas. O problema é que o filho dela não estava ligado em
nada do meu jeito, porque ele era todo certinho e a impressão que causei deve ter sido
horrível, pois a mãe dele disse que nunca mais queria me ver em sua casa, porque eu
parecia coisa do outro mundo, tá ligado? Queimei meu filme!
Aula 19
Os mentirosos da Internet
Rosângela Trajano

A minha mãe vive me dizendo para eu não falar com estranhos na Internet. Basta! Se
eu não falar com estranhos nunca vou ter um amigo virtual! Mas às vezes fico pensando
que ela pode ter razão. A gente nunca sabe quem está do outro lado. A pessoa pode ser
mentirosa, sem caráter, brava, sem vergonha e tantas coisas mais. Ontem conheci uma
pessoa estranha, ela queria porque queria ver a minha foto. Eu mandei. Depois ele me
mandou uma que parecia mais um ator de cinema. Mostrei para minha colega que me
disse: “esse é nada mais nada menos que um ator famoso de cinema que morreu faz anos,
sua louca!” Depois perguntou se eu tinha namorado e se gostava de curtição. Queria meu
telefone e dizia ser dono de uma empresa multinacional. Não gostei. Acho que mamãe tem
razão. Vou ter mais cuidado com as minhas amizades virtuais. Se as pessoas fossem
legais, mas nem todo o mundo é. Algumas pessoas na Internet mentem muito.

Aula 20
Impressão negativa e ações egoístas
Rosângela Trajano

Eu tinha uma impressão negativa de um menino da minha escola e isso me levou

muitas vezes a tomar decisões egoístas, do tipo: não querer que ele participasse do
churrasco do fim de semana com a turma, não entrar na piscina quando ele estava, sair do
grupo quando ele chegava, ignorá-lo quando estava em uma festa. Hoje aconteceu uma
coisa parecida comigo e pensei no que fiz com aquele menino. As pessoas quando têm
impressões negativas ao nosso respeito são brutas e mal-educadas, muitas vezes. Eu fui
entregar um panfleto da escola no transporte coletivo e a mulher me disse um monte de
coisas, porque pensou que eu estava pedindo ajuda. Acho que ela me viu com os cabelos
bem penteados, sapatos novos e a roupa limpinha. Não sei. Suspeito disso, porque ela me
olhou dos pés à cabeça e disse: “não tem vergonha? Vá trabalhar!” Fiquei envergonhada!
Eu só queria entregar o panfleto da escola, só isso.

Aula 21
Minha boadrasta
Rosângela Trajano

A menina tinha dez aninhos incompletos quando seu pai se casou de novo. Disseram
para ela que agora teria uma madrasta. A coitadinha, diante da sua inocência achou que a
madrasta seria má para ela, além do nome disseram tantas coisas sobre a mulher que
estava casando com o seu pai que a menina ficou com medo dela. Mas logo no primeiro dia
foi tudo diferente do que disseram e do que ela pensou. A mulher fez café da manhã com
tudo o que ela gostava e ainda a ajudou no dever de casa. Os dias foram se passando e a
convivência da menina com a mulher cada vez mais carinhosa e afetiva. De forma que, um
dia, estavam a passear quando encontraram uma velha amiga do seu pai que disse: “olá,
meu bebê! Esta é a sua madrasta?” A menina ficou quieta, olhou para a esposa do seu pai,
e respondeu: “Não! Esta é a minha boadrasta!” Que bom que temos muitas boadrastas
nesse mundo!
Aula 22
Levei um fora e agora?
Rosângela Trajano

Mas logo a menina do sétimo ano! Ela me deu um fora tão grande que meu coração
quase parou na hora. O que eu vou fazer agora? Gostava tanto dela! Me ajudem! Meu
coração está batendo mais devagar, estou tão triste! Quando a gente leva um fora fica sem
rumo, sem saber o que falar, sem saber o que fazer. Eu parecia uma barata tonta no meio
do corredor. Até o meu amigo Beto chegar e me aconselhar a procurar outra garota. Ainda
bem que temos os amigos. O Beto me deu um copo d´água e me ajudou a lavar o rosto
suado. Ele me disse que só não podia fazer nada pelo meu coração, porque ninguém
manda no nosso coração nem a gente mesmo? Será?

Aula 23
Como controlar meus gastos
Rosângela Trajano

Eu e meus amigos vamos ao cinema quase todos os dias, tomamos muito sorvete,
compramos DVD´s e roupas legais. Mas a mesada que meus pais me dão não tem dado
para quase nada. Nem chego ao décimo dia do mês e já estou sem dinheiro. Fico até sem
poder chupar um picolé! Que coisa! Fui reclamar aos meus pais que queria mais dinheiro,
eles disseram que já recebo uma boa mesada para minha idade. Pensando bem acho que
ando gastando demais. Melhor começar a economizar um pouco. Não preciso viver no
cinema todos os dias e nem comprando coisas que nem me servem. Posso controlar meus
gastos comprando somente o necessário. Afinal, o que vou fazer com sessenta pares de
tênis comprados em menos de um ano? É muito sapato para dois pés, apenas! Vocês não
acham?

Aula 24
Preciso parar de ferir a mim mesmo
Rosângela Trajano

O espelho. Sim, me olho no espelho e digo um monte de coisas comigo. Sou burro,
abestalhado, atrapalhado, faço tudo errado, que chato! Vivo pensando que ninguém gosta
de mim e que meus pais só dão atenção para meu irmão mais novo. Sei que não vou
conquistar uma menina e dou em cima dela não sei por quê. Acho que todos pensam que
sou o pior da turma, porque não consigo ganhar uma mina. Talvez eu esteja me ferindo à
toa. Preciso parar de me ferir. E se as pessoas não pensarem nada disso de mim? E se eu
tiver muitos amigos verdadeiros? Por que costumo jogar a culpa sempre em cima de mim?
Por que digo logo que não sei e fico triste comigo? Não! Não e não! Estou me ferindo
demais! Se a mina não me quer azar dela. Procuro outra. Se o espelho diz que sou feio que
me importa? Vai ver esse espelho deixa a gente feio, tem espelho que é assim! Que nada!
Vou mais é me amar!
Aula 25
Meu mau hábito
Rosângela Trajano

Que mania essa minha de me meter na conversa dos outros! Mau hábito mesmo!
Devia me controlar. Qualquer dia desses acabo levando uma saia justa. Mas não consigo
me controlar quando vejo as pessoas conversando, chego e já vou me metendo na
conversa sem nem saber do que se trata. Acho melhor ter mais precaução, reeducar meus
hábitos. Quando vier aquela vontade de me meter na conversa dos outros vou procurar
resistir, sair de perto, pensar em outras coisas, encher a boca de comida ou refrigerante, de
maneira que não fale se não for chamado. Melhor fazer assim do que começarem a
perceber que tenho esse mau hábito de meter a colher onde não sou chamado, é isso
mesmo. Devo ser meu próprio vigia, vigiar a minha língua.

Aula 26
Jogos eletrônicos
Rosângela Trajano

Meu sobrinho não faz outra coisa quando não está na escola senão jogar no
computador, na televisão ou no videogame. Já virou um vício. Fico preocupada, porque ele
usa o raciocínio para ganhar todas as etapas dos jogos, mas não sabe usar para tirar notas
boas em matemática, por exemplo. Se ele não vivesse tão preso aos jogos eletrônicos eu
até nem acharia ruim. Mas ele deixa de aprender muitas coisas, devido esses jogos. Deixe
de ficar perto dos amigos para jogar. Se ele ao menos soubesse o tempo que passa de
frente para televisão! Ainda reclama quando mando ele desligar e ir dormir! Outro dia ele
jogou tanto na casa de uns amigos, ficou tão louco para ganhar um jogo que passou mal.
Foi preciso ir para o hospital de tão ansioso que estava. A pressão subiu e o coração
acelerou. Os amigos ficaram preocupados e disseram: “Cara, teus dedos ficam mexendo
sozinhos, eles pensam que estão segurando um joystick.”

Aula 27
Ninguém é gordo porque quer
Rosângela Trajano

Joãozinho é gordo! Gorducho, gordão, bolão! Coitado, até eu estou o chamando de

gordo! Mas a mãe dele disse que ele tem um problema de saúde sério, além disso, quando
fica nervoso acaba comendo muito. Sem contar com o vício que ele tem de comer bolo de
chocolate. Fiquei com pena de Joãozinho. A mãe dele contou também que ele toma doze
comprimidos por dia. Ufa! Acho que a barriga dele é cheia de remédios! Vai ver os remédios
viram balões cheios dentro dele. Se ao menos ele não comesse tanto quando fica nervoso e
tivesse hábitos saudáveis. Sei que é difícil a vida dele, pois seus pais são pobres e no café
da manhã e jantar come dez pães com café. Poucos pães me disse Joãozinho, outro dia.
Aula 28
Quero roupas de marcas
Rosângela Trajano

Ganhei um tênis horrível do meu avô e ainda tive que fingir que gostei. Um tênis sem
marca. Para onde ele pensa que vou com esse tênis? Eu quero um tênis, uma camisa, uma
calça e até minhas cuecas de marcas. As marcas são sempre boas. Negócio de ficar
vestindo roupa comprada em feira ou camelô. Eu quero é roupa comprada em loja de
marca. Nem vem, pai. Nem vem, com essa de me levar para experimentar camisa na loja
da esquina, pagar mico. Eu só quero uma camisa se for daquelas bem bonitonas, tecido
molinho, que tenha uma marca bem grande do lado esquerdo ou direito pra todo mundo ver.
O que meus amigos vão pensar de mim? Que eu sou pobre! Quero uma calça jeans bem
legal, pai!

Aula 29
Estou um caco!
Rosângela Trajano

Andei, andei, andei. Dancei, dancei, dancei. Lavei, lavei, lavei. Varri, varri, varri. Ai!
Estou um caco! Depois de andar dois quilômetros com uma jaca na cabeça, dançar um
forrozinho bem gostoso, lavar uma trouxa de roupas e varrer a casa inteira fiquei cansada,
melhor dizendo, um caco, mãe! E ainda tenho que fazer a tarefa de casa. Como vou
conseguir? Ou se estuda ou se trabalha? Esse negócio da gente ficar carregando jaca pra
lá e pra cá não tem graça nenhuma, mãe! Estudante é para estudar. Ai, estou tão cansada!
Mal consigo pegar no lápis! Mãe, me ajuda aqui, estou um caco! “Mas não tem caco para
ficar vadiando com as parceiras né, Maria?”

Aula 30
Meu desodorante venceu
Rosângela Trajano

Xiiiii! Que catinga embaixo do meu sovaco! Sovaco? O que é isso? A mesma coisa
de axilas. É que eu falo assim mesmo. Meu sovaco está com mau cheiro. Acho que meu
desodorante venceu. Não posso levantar os braços, logo agora que meu time está perto de
fazer o gol vou ficar com os braços dobrados para ninguém sentir a catinga do meu sovaco!
Tenho que respeitar os outros, eles não são culpados pelo meu desodorante ter vencido.
Vou ficar de braços cruzados na hora do gol. Do mesmo jeito que eu não gosto de fumaça
de churrasquinho também as pessoas não vão gostar de sentir catinga de sovaco dos
outros. Eita! Gol do meu time! Gooooooolllllll! Xiiii! Alguém levantou meus braços pra
comemorar! Coitado, saiu de perto tão rapidamente com a mão no nariz. Estou é com
vergonha de mim. Vou para casa, tomar banho, trocar de roupa e colocar mais desodorante
embaixo dos braços.