Psiconeurose

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Docente: Roseli D Morais

Aluna: Elenice Regina de Oliveira

Psicoterapia Breve

Psicanálise Ortodoxa e Psicoterapia Breve

Turma: V
Polo: Nova Odessa/SP
Americana, dezembro/ 2019.
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1 - Introdução

O presente trabalho tem como finalidade aprofundar o conhecimento sobre


algumas neuroses e alguns mecanismos de defesa, como conclusão do módulo
“Psicodinâmica das Neuroses”., porém não afeta o pensamento racional.
Compreendendo que neurose se origina do recuo do Ego a aceitar um impulso
do Id ou proibir o impulso ao objeto visado. É um termo que se refere a qualquer
desequilíbrio mental, porém que não afeta o pensamento racional. Uma reação
exagerada do sistema nervoso em relação a uma experiência vivida. Está
intrinsicamente ligada a personalidade do indivíduo. A educação e as
características do meio também podem acentuar ainda mais os traços neuróticos
do indivíduo.
Existem vários tipos de neuroses, os mais significativos são provocados pela
angústia e ansiedade.
No presente trabalho será abordado a neurose obsessiva, a neurose histérica
e a neurose fóbica.
Freud define neurose como a expressão de um conflito entre os desejos
inconsciente entre o Ego e o Id.
Assim, o Ego utiliza alguns mecanismos para abrandar alguma dor, chamados
de “mecanismos de defesa”. São meios que seu inconsciente usa para mascarar a
realidade. São meios de você lidar com seus conflitos mentas inconscientes.
Existem diferentes tipos de mecanismos de defesa, dentre os quais destacarei
a compensação, a repressão e a anulação.
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2- Desenvolvimento

Freud, a partir de 1893, ao desenvolver sua teoria psicanalítica define a


neurose como a expressão de um conflito entre os desejos inconsciente entre o
Id e o Ego.
Portanto, para iniciar o estudo das neuroses, é preciso antes conhecer
termos da estrutura da personalidade definidas por Freud.
A Teoria Estrutural propõe a divisão funcional da mente em três instâncias:
Id, Ego e Superego, que permite a observação funcional do aparelho psíquico
em circunstâncias mentalmente conflituosas, especialmente no que diz respeito
às atividades pulsionais.
Id= é a fonte da energia psíquica (libido). É formado por instintos, impulsos
orgânicos e desejos inconscientes. Sua função é procurar o prazer;
Superego= estabelece a censura dos impulsos que a sociedade e a cultura
proíbem ao Id, impedindo o indivíduo de satisfazer plenamente seus instintos e
desejos. É o órgão psíquico da repressão;
Ego= tem a função de lidar realisticamente com as pulsões básicas do Id e
age como mediador entre as pulsões do Id e o mundo exterior. As funções do
Ego agem tanto no consciente, no pré-consciente e inconsciente, sendo este
responsável pela formação dos mecanismos de defesa.
As neuroses resultam de conflitos que não puderam ser resolvidos entre
desejos pulsionais e obstáculos ou inibições que se opuseram à sua realização.
Baseiam-se essencialmente num conflito íntimo, num conflito intrapsíquico.
Freud entendia a neurose como o resultado de um conflito entre o Ego e
o Id, ou seja, entre aquilo que o indivíduo é (ou foi) de fato, com aquilo que ele
desejaria prazerosamente ser (ou ter sido). Ele chamou de neuroses algumas
alterações para descobrir as doenças que surgem da ansiedade e cujos
sintomas interferem na sua atividade normal, mas não se perde o contato com a
realidade.
A neurose é uma doença emocional, afetiva e da personalidade.
Os sintomas da neurose são extremamente variados e vão desde
alterações ligeiras de ânimo até sintomas físicos severos passando por fobias e
obsessões, mas normalmente estão ligados ao excessivo e incontrolável. Quem
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tem neurose pode manifestar medo frente a situações corriqueiras, preocupação


constante, alterações de humor, fobias diversas, traços histéricos, medo de ir a
determinados lugares, entre outros. Sintomas físicos também podem aparecer
como vertigens, tonturas, náuseas, respiração ofegante, palpitações cardíacas,
alteração na pressão, tremores pelo corpo, complicações gástricas, etc...
De modo geral, e didaticamente, as neuroses costumam ser classificadas
através de seus sintomas mais relevantes. Um dos tipos mais comuns, hoje em
dia, é aquele cujo sintoma predominante é a fobia (medo patológico), juntamente
com ansiedade.

As Neurose Fóbicas

É o medo persistente e recorrente a um determinado objeto ou


circunstância que desencadeia uma forte reação de ansiedade. Podendo causar
um terror paralisante (fobia) e pelas medidas de defesa contra o aparecimento
do objeto fóbico ou da angústia -conduta evitativas. Os sintomas predominantes
são uma sensação de evitamento, o permanente estado de alerta e a atitude de
fuga.
A manifestação essencial desta neurose apresentada por um objeto fóbico
como: lugares, pessoas, objetos, animais, condutas, situações.
Os comportamentos de evitamento e o mal-estar provocado interferem
na vida normal da pessoa, ao nível dos seus relacionamentos laborais e sociais.
As fobias mais comuns são:
 a fobia sociais- medo de permanecer em lugares públicos,
aglomeração, de falar ou aparecer em público, participar de grupo,
dançar,etc.;
 as fobias de espaço- medo de estar ou passar em lugares
fechados, altos ou de tamanho reduzido; zoofobia-medo de
animais grandes (na primeira infância: leão, urso, tubarão) e
pequenos (resquícios da segunda infância: ratos, cobras, aranhas,
insetos, etc.);
 fobia relacionada a saúde- medo de enlouquecer, de morrer, de
doenças em geral.
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A fobia ao sangue constitui um grupo especial, normalmente aparece na


infância e pode ter incidência familiar.
Mesmo os objetos inofensivos podem se tornar fóbicos dependendo das
associações inconscientes que o sujeito produz, da sua vivência em particular.
 pessoas que necessitam de outra pessoa para realizar alguma
atividade para não se sentirem angustiados. Essas pessoas se
grudam aos pais, à mulher, ao marido, amigos e não sai sem a
companhia deles.
 pessoas se apegam a algum objeto como bolsa, livro, relógio,
jornal. Esses objetos funcionam como escudos protetores.

As Neurose histérica

 -- Os Transtornos Histriônicos (Histéricos), por sua vez, são


neuroses onde o sintoma principal é a teatralidade, sugestionabilidade,
necessidade de atenção constante e manipulação emocional das pessoas
ao seu redor. O neurótico histérico pode desmaiar, ficar paralítico, sem
fala, trêmulo, e desempenhar todo tipo de papel de doente. Há grande
variedade nesse tipo de neurose.

 Neurose obsessiva --Os Transtornos do Espectro Obsessivo-


Compulsivo reúnem neuroses cujo sintoma principal é a incapacidade de
controlar impulsos, manias e rituais, assim como determinados
pensamentos desagradáveis e absurdos. Obsessões – são ideias,
imagens ou palavras que aparecem de repente no pensamento normal do
sujeito, e que se repetem contra a sua vontade. Compulsões – o sujeito
sente-se forçado a fazer certos atos os quais se opõe e os considera
ridículos, sacrilégios, criminais. Na compulsão estão presente o impulso
e a defesa ao mesmo tempo.
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Em 1892 Freud elaborou o método das associações livres, técnica da


psicanálise na qual o paciente diz tudo que lhe vem a mente conscientemente.
Em 1896, surge pela primeira vez o termo “psicanálise”, para nomear um
método específico da psicoterapia. Tendo como “pai” da psicanálise Freud, ele
a denominou como “Um método de investigação que busca os significados
inconsciente dos atos, palavras e produções imaginárias, por meio da
associação livre, que é observada a partir da dedicada atenção, definida como
uniformemente flutuante, visando colher dados que ensejem uma interpretação”.
A teoria psicanalítica ortodoxa preocupa-se com os impulsos inconscientes,
recalcados, que é a origem das neuroses. Reconhece como meta tornar
consciente os principais conflitos do paciente, reconstruindo a estrutura da
personalidade, que envolve a resolução de conflitos básicos, além da elaboração
e de um maior bem-estar.
O trabalho do psicoterapeuta consiste em auxiliar o paciente a encontrar
esses aspectos encobertos envolvido na simbolização do seu sintoma, ou seja,
tornar consciente o que está reprimido, possibilitando ao paciente lidar com seus
conflitos conscientemente. O significado consciente desse material inconsciente,
fruto do sofrimento do paciente, se dá em meio a um processo que envolve
terapeuta e paciente, que juntos irão propiciar o aparecimento de
representações, de significantes, aos quais certas pulsões estão ligadas
Essa teoria analisa os mecanismos de defesa, utilizando-se da técnica da
livre associação. O paciente é orientado a dizer tudo o que é consciente,
expressando suas preocupações, ansiedades, medos, fantasias, sonhos,
...fazendo surgir os insights. O terapeuta tem uma atitude neutra, terá que
encorajá-lo a falar, falar tudo o que vier a mente, sem se preocupar se essa fala
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tem ou não algum significado, sem juízo de valores, de modo a possibilitar assim
a sua interpretação. É por meio da fala do paciente que o terapeuta terá
condições de ter acesso ao material inconsciente do mesmo. O terapeuta irá
interpretar aquilo que ele dispuser com relação à fala, aos sonhos, aos atos
falhos e ao próprio sintoma do paciente e análise das transferências para “jogar
as iscas” para que o paciente acesse o inconsciente. O feedback ao paciente é
transmitido, por meio de inferências que levam o paciente a tomar consciência
por si só de sua condição e é na relação terapêutica que se evidencia sua
cristalização, por meio da análise da transferência.
Além da livre associação, o terapeuta utiliza-se da interpretação dos
sonhos. Através das observações, confrontações e interpretações.
Para facilitar o trabalho do terapeuta e ajudar o paciente a suportar todos
os sentimentos que decorrerão do trabalho há a necessidade da aliança
terapêutica.
Por ser uma técnica que analisa exaustivamente as resistências e a
elaboração dessas resistências, esse processo pode alongar-se por vários
meses, podendo durar anos.
O setting analítico deve compor-se de um ambiente neutro, com poucos
móveis (uma mesa, uma poltrona e um divã). Neste divã espera-se que o
paciente se acomode de maneira que se sinta confortável e tranquilo para falar
livremente. O terapeuta deverá posicionar-se na poltrona de maneira a não ficar
frente-a-frente com o paciente.
As sessões em média duram de 45 a 50 minutos, podendo ter variações de
2 a 4 sessões semanais.
Freud, em 1918, demonstrou que mudanças na técnica psicanalítica seriam
indispensáveis, por se tratar de uma forma cara e prolongada.
“(...) pode-se esperar que, de um momento para o outro, a consciência da comunidade
despertará e reconhecerá que o indivíduo pobre tem tanto direito a auxilio para sua mente,
quanto tem agora no que se refere aos meios cirúrgicos para salvar-lhe a vida; as neuroses
ameaçam tanto a saúde do povo quanto a tuberculose. A nossa tarefa será então a de adaptar
nossa técnica às novas condições”. (Os caminhos da terapia psicanalítica, Freud, vol. XVII, 1918,
p. 210).
A partir de então, houve um repensar nos processos psicoterápicos,
iniciando uma adequação da Psicanálise a nova modalidade, surgindo a
Psicoterapia Breve (PB).
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Eduardo Alberto Braier (2000) enfoca diferenças entre a Psicoterapia


Breve da Psicanálise nos seguintes aspectos; trabalho com os conflitos;
regressão; dependência; transferência; neurose de transferência; problema de
resistência; insights e elaboração; focalização e multiplicidades de recursos
terapêuticos.
O norte da psicoterapia breve é o foco. O objetivo da técnica não é atingir
todos os aspectos conflitantes, mas sim o conflito atual, o que causa a “dor” e
sofrimento no momento, o problema central (queixa) trazido pelo paciente, dar
início ao processo e deixar o paciente suficientemente estabilizado de forma que
possa dar continuidade a esse processo de crescimento através de outros
relacionamentos em sua vida. O terapeuta irá direcionar as sessões de modo a
estimular o paciente a explorar seus sentimentos, suas ideias por meio de suas
relações com figuras importantes de sua vida atual, e do passado e com o próprio
terapeuta, objetivando os insights. A focalização impede a associação livre,
mantendo o problema principal como o foco central do processo terapêutico. O
paciente é levado a identificar e correlacionar seus problemas e dificuldades,
com as situações de sua vida diária nas quais eles aparecem.
Essa característica distingue a técnica da P.B. da técnica psicanalítica clássica,
por se opor a principal base dessa. O que torna a terapia mais curta, ou seja, o
paciente elabora e ressignifica mais rapidamente seus conflitos.
O terapeuta participa dando sugestões, em algumas ocasiões. Poderá
interpretar, lembrar causas, ajudando o paciente a tornar conhecido aquilo que
lhe é estranho dentro dele, fomentando uma rápida aliança terapêutica.
As sessões da PB geralmente ocorrem uma vez por semana, com duração
de 50 minutos. O paciente acomoda-se na poltrona, frente-a-frente com o
psicoterapeuta, não há a necessidade do divã e é comum estabelecer um prazo
final, em geral, alguns meses. Apesar de ser uma terapia breve, ela não exige
pressa. Pelo contrário: ela permite que profissional e paciente trabalhem juntos,
com foco na resolução de crises pontuais.
Outro ponto importante e que diferencia a psicanálise ortodoxa e a
psicoterapia breve é o planejamento. Que juntos com o foco e a temporalidade,
fixam-se os pontos fundamentais do processo terapêutico. O psicoterapeuta faz
uma avaliação curta, cuja finalidade é identificar a real situação do paciente e o
meio em que ele está inserido. Ainda nessa fase é elaborado um planejamento
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terapêutico com a queixa a ser trabalhada, bem como o objetivo a ser atingido e
as estratégias de tratamento.
O acolhimento, no início do processo terapêutico, é de extrema
importância, pois o êxito do processo dependerá de sua concretização. Bem
como uma entrevista e anamnese bem elaborada. Pois é a partir do diagnóstico
que se pode definir se ao paciente lhe é indicado uma psicoterapia breve ou não.
De forma geral, a psicoterapia breve é indicada às pessoas que precisam
de um atendimento mais focalizado na sua problemática atual. Por se tratar de
uma modalidade com duração reduzida, ela é mais acessível financeiramente.
Embora nem todos os pacientes são indicados para a PB. Por isso é
conveniente delinear os critérios de seleção de quais pacientes estão em
condições de receber esse tipo de tratamento:
- Que traz uma queixa principal;
- Com capacidade de entrar em relação com o entrevistador sem muita
dificuldade e de exprimir livremente seus sentimentos durante a primeira
entrevista;
- Demonstre capacidade de trabalhar com base na interpretação e dela
extrair significados e possibilidades de readaptação a novos comportamentos
e ordenamentos psíquicos;
- Apresente motivação para mudar, não somente motivação para buscar
alívio de sintomas.
A psicoterapia breve tem sido eficaz em alguns transtornos como como:
- Transtornos depressivos
- Transtornos ansiosos
- Transtornos de comportamento
- Transtornos alimentares
- Reações de ajustamento
- Transtorno de estresses pós-traumático
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Conclusão

A psicoterapia breve baseia-se nos mesmos princípios teóricos que a


psicanálise, porém com diferenças significativas, especialmente a não utilização
do divã; tem metas mais delimitadas que a psicoterapia psicanalítica tradicional,
como duração determinada, planejamento e foco definido.
Na Psicanálise os fins terapêuticos é a exploração do inconsciente. No
que diz respeito aos conflitos. As situações conflitivas atuais do indivíduo estão
relacionadas aos conflitos infantis. Durante o tratamento analítico, o paciente
revive tais conflitos, que serão analisados profundamente a fim de conseguir sua
resolução por meio o trabalho elaborativo (elaboração dos conflitos). Com tempo
indeterminado e prolongado a terapia favorece o desenvolvimento e análise da
neurose transferencial.
Na Psicoterapia Breve, há uma eleição dos conflitos a serem tratados, que
recairá naquele mais emergente e que está inteiramente ligado ao problema
atual, motivo do tratamento (a queixa principal). Por ser uma terapia de menor
frequência e por tempo determinado, com direcionamento do psicoterapeuta e
menos associação livre os efeitos regressivos são minimizados e a transferência
não ocorre com a mesma intensidade que na psicoterapia tradicional.
Desse modo, é necessário que dentro do processo terapêutico, o
terapeuta haja no sentido de não colocar seus próprios pontos de vista, desejo
ou compreensão, que apoiem visões particulares da situação em curso ou que
está sendo expressa. Isso não quer dizer que o terapeuta deva agir de modo
passivo e distante, ao contrário o terapeuta deve se fazer presente, de forma que
o paciente o perceba plenamente focalizado na sua pessoa, o terapeuta deve
permanecer em alerta diante do que acontece no setting terapêutico, no sentido
de estar à disposição do paciente.
Enfim, podemos destacar como as diferenças principais entre os dois
modelos os fins terapêuticos, temporalidade e técnicas. Para a Psicoterapia
Breve, é necessário um planejamento das estratégias terapêuticas a serem
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utilizadas e dos objetivos a serem atingidos, a partir da avaliação inicial e


indicação terapêutica.

Seja qual for a modalidade escolhida pelo terapeuta é necessário que o


mesmo tenha domínio das diferentes técnicas, observe a realidade com cautela
e maior objetividade possível para encontrar o melhor caminho para ajudar seu
paciente.
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REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS E ELETRÔNICAS

D MORAIS, Roseli. Apostila: Psicoterapia Breve. Nova Odessa (maio/2019).

BRAIER, Eduardo Alberto. Psicoterapia Breve de Orientação Psicanálitica.


Martins Fontes, 1986.

https://www.psicologiamsn.com/2013/06/psicoterapia-breve-historia-e-
definicao.html (acessado em agosto/209).

https://www.significados.com.br/psicanalise/ (acessado em agosto/2019).

https://www.apsicanalise.com/index.php/blog-psicanalise/48-artigos/388-uma-
introducao-a-terapia-breve-de-orientacao-psicanalitica (acessado em setembro/
2019).

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