Recurso Inominado - Juizado Especial Cicel

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EXCELENTISSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA 3ª

VARA DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA


CIRCUNSCRIÇÃO ESPECIAL JUDICIÁRIA DE
BRASÍLIA-DISTRITO FEDERAL

Processo n° 2009-0229-9

PEDRO MENESES DE MEDEIROS,


devidamente qualificado nos autos dos processos em
epígrafe, em que contende com FELISBERTA DE FÁTIMA
BARBOSA LIMA, vem, respeitosamente à presença de
Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado
firmatário, interpor

RECURSO INOMINADO

na forma das razões anexas, das quais requer o


processamento e a conseqüente remessa para o Egrégio
Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios.

Termos em que pede remessa.

Brasília, 29 de janeiro de 2009.

José Alberto Araújo de Jesus


OAB/DF 12.490

SRTVN 701, Bloco “A”, Sala 317 – Centro Empresarial Norte – Brasília-DF – 70.719-900 – Tel:
55 + 61+ 3201-1375 – 9213-5011
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO
FEDERAL E TERRITÓRIOS

Apelante: PEDRO MENESES DE MEDEIROS


Apelado: FELISBERTA DE FÁTIMA BARBOSA LIMA

RAZÕES DE APELAÇÃO

Eméritos Julgadores,

II - DA EXPOSIÇÃO FÁTICA

1. A Recorrida ajuizou AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE


FAZER ADUZINDO QUE CMPROU UM VEÍCULO Gm/corsa
Wind, Placa JED 2112 do Recorrente no valor de R$ R$
11.060,00 (onze mil e sessenta reais), tendo sido passado
uma procuração para o seu nome.

2. Alega que a procuração perdeu a sua validade


em 02/12/2008 e o Recorrente se recusava a transferir o
veículo para o seu nome, mesmo tendo recebido o valor do
negócio.

3. O Recorrente foi citado e intimado para


comparecer á audiência UMA no dia 26/01/2009. No dia
designado o Recorrente compareceu desacompanhado de
advogado e como não houve acordo com a mediação do

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conciliador, o Recorrente foi encaminhado no mesmo dia,
para a audiência de instrução com o Juiz de Direito.

4. Na audiência, o MM. Juiz perguntou se o


Recorrente tinha advogado e este respondeu que não.
Neste momento, o MM. Juiz informou que ele sofreria as
conseqüências processuais da REVELIA por não apresentar
defesa escrita e estar desacompanhado de advogado,
ocasião em que proferiu a sentença abaixo:

Circunscrição :3 – CEILANDIA
Processo : 2009.03.1.000229-9
Vara : 1403 - TERCEIRO JUIZADO ESPECIAL CIVEL DE
CEILANDIA
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS
3 .ª VARA DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA CIRCUNSCRIÇÃO
JUDICIÁRIA DE CEILÂNDIA

Ação de Conhecimento de 229-9/2008


Requerente: FELISBERTA DE FÁTIMA BARBOSA LIMA
Advogado da Requerente: Joel Barbosa da Silva, OAB/DF nº:
17.363
Requerido: PEDRO MENESES DE MEDEIROS

ATADEAUDIÊNCIA

Aos 26 dias do mês de janeiro do ano de dois mil e nove, às


17h, nesta cidade de Ceilândia - DF e, na sala de audiência
deste Juízo, presente o MM. Juiz de Direito Substituto, Dr. Mário
Jorge Panno de Mattos, foi aberta a audiência una de
conciliação, instrução e julgamento, nos autos da ação
supramencionada. Feito o pregão dentro das formalidades
legais, a ele responderam a parte autora, assistida por
advogado, e o requerido, sem assistência de patrono.
Dando continuidade à audiência, foi reiterada a proposta de
conciliação, que restou INFRUTÍFERA. Iniciados os trabalhos, a
parte autora juntou documento. Encerrada a fase instrutória,
visto que no procedimento da Lei 9.099/95 não há previsão de
alegações finais, pelo MM. Juiz foi proferida a seguinte
Sentença: "Vistos etc. Dispensado o relatório na forma do art.
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38, "caput", da Lei 9.099/95. Trata-se de AÇÃO DE OBRIGAÇÃO
DE FAZER proposta por FELISBERTA DE FÁTIMA BARBOSA LIMA
em desfavor de PEDRO MENESES DE MEDEIROS, tendo como
causa de pedir a aquisição de um veículo GM CORSA WIND,
placa JED 2112, no valor de R$ 11.060,00. Aduz a autora que o
requerido lhe entregou o correspondente DUT, sem, entretanto,
entregar-lhe o veículo. Ao final pede a condenação do requerido
no tocante à obrigação de fazer de realizar a entrega do
veículo, bem como a expedição de nova procuração e
documento de autorização para transferência do bem. O
requerido, devidamente intimado e advertido,
compareceu à audiência de instrução e julgamento sem a
assistência de advogado. A proposta de acordo restou
infrutífera. É a síntese do necessário. DECIDO. Não existem
outras provas pendentes de produção. Tenho por presentes
os pressupostos processuais e as condições da ação
autorizadores do ingresso no mérito. A parte requerida,
embora presente à audiência de instrução e julgamento,
por estar desacompanhada de advogado, deve suportar
contra si os efeitos da revelia, eis que o valor da causa
ultrapassa o limite da alçada que permite a participação
direta da parte no processo, independentemente de
procurador. É certo que a revelia não leva necessariamente à
procedência do pedido. Seu efeito inequívoco é a presunção de
veracidade dos fatos narrados na petição inicial. Tenho por
verdadeiro o fato de que o requerido se comprometeu a realizar
a entrega do automóvel para a autora. Tanto que há nos autos
documento de autorização para transferência de veiculo (DUT)
assinado pelo requerido em favor da autora. É sabido que a
transferência administrativa de automóvel só pode ser efetivada
mediante a apresentação para realização de vistoria.
Consequentemente, a resistência injustificada do requerido na
entrega do já mencionado automóvel impossibilitou a autora de
regularizar o seu registro. Não há nada nos autos que elida o
direito da requerente em ver atendido o pleito que ora propõe.
Deste modo, é dever do réu realizar a entrega do veículo GM
CORSA WIND acompanhada de procuração que viabilize a
expedição de novo DUT e a regularização administrativa do
bem. Por outro lado, uma vez expedida a procuração e
entregue o bem, poderá a autora, como já dito, providenciar a
expedição do novo DUT. Assim, tenho que desnecessária a
condenação do réu neste sentido. Ante o exposto, JULGO
PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido para condenar o
requerido a entregar à autora o veículo GM CORSA WIND, placa
JED 2112, bem como entregar à autora procuração outorgada
por instrumento público que viabilize a transferência do bem,
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no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de incidência de multa
diária de R$ 50,00 (cinquenta reais), limitada ao valor de R$
2.000,00 (dois mil reais), em caso de atraso, nos termos do
art. 461, § 5º do CPC. Em consequencia, resolvo o mérito, nos
termos do art. 269, inc. I, do CPC. Sem custas ou honorários
(art. 55, "caput", da Lei nº 9.099/95). Sentença publicada em
audiência. Intimados os presentes. Registre-se". Nada mais
havendo, foi encerrada a presente. Eu, Régia de Miranda Sousa,
Técnico Judiciário, a digitei.
MM Juiz:
Requerente:
Advogado da Requerente:
Requerido: (GRIFOS NOSSOS

5. Todavia, permissa maxima venia, no caso


presente, verifica-se que, independentemente dos critérios
da oralidade, simplicidade, informalidade, economia
processual e celeridade (art. 2º, da Lei nº 9.099/95) que
presidem os atos nos Juizados Especiais, algumas
providências indispensáveis deixaram de ser tomadas, ou,
se foram, não constaram da ATA DE AUDIÊNCIA, motivos
pelos quais deverá a referida sentença ser CASSADA, pelas
razões a seguir aduzidas:

6. O valor do pedido na inicial extrapola, em muito,


o limite da soma de vinte salários mínimos e, conforme
ficou registrado no termo de audiência, o Requerente
estava desassistido de Advogado, o que lhe é vedado pela
parte final do art. 9º da Lei nº 9.099/95 e nada neste
sentido ali ficou consignado.

Art. 9º Nas causas de valor até vinte salários


mínimos, as partes comparecerão
pessoalmente, podendo ser assistidas por
advogado; nas de valor superior, a
assistência é obrigatória

7. Também, nada ficou mencionado na Ata de


Audiência onde foi prolatada a r. sentença, sobre a
possibilidade de oferta da contestação por parte da Ré (art.
30, da Lei dos JECC), não se sabendo se contestou ou não,
mesmo que oralmente o pedido inicial; bem assim, não
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constou se efetivamente se fez presente alguma
testemunha das partes e porque não foi(ram) ouvida(s),
cuja dispensa, na forma do art. 130 do CPC, seria
perfeitamente possível, desde que fundamentada no corpo
do termo de audiência respectivo, o que também inexiste.

8. Observa-se que a única fundamentação do MM.


Juiz é a seguinte: “A parte requerida, embora presente à
audiência de instrução e julgamento, por estar
desacompanhada de advogado, deve suportar contra si os
efeitos da revelia”. E, embora conste que “não existem
outras provas pendentes de produção”, nada ficou
registrado se ao Requerente foi perguntado se gostaria de
ouvir o depoimento pessoal da Autora ou apresentar provas
documentais.

9. Pois, conquanto o nobre e culto Julgador de


primeiro grau tivesse deixado claro, pela própria
fundamentação da sentença, que os documentos juntados
pela Autora (procuração e DUT) lhe bastou para a
formação do seu convencimento, o fato é que,
primeiramente, deve-se respeitar o direito da parte de ver
colhido o depoimento da parte contrária, sob pena de
cerceamento do direito de ver produzida sua prova no feito
(CONFISSÃO), com a conseqüente nulidade.

10. Depois, porque, conquanto esteja consagrado


que o destinatário da prova é o Juiz da Instrução,
obviamente não se presta apenas e tão-somente à
convicção do Julgador de Primeiro grau, servindo, e muito,
ao seu reexame em grau recursal, mormente quando o
Recorrente baseia sua tese, que foi repelida, exatamente
na prova que não restou colhida, QUAL SEJA, a
testemunha que havia levado e que sequer foi perguntado
pelo MM. Juiz se estava presente..

11. Configura-se, assim, evidente o cerceamento ao


direito do Recorrente, a quem foi sonegado o direito de ver
sua prova produzida e apreciada em ambas as instâncias,
consoante precedentes dos Excelsos Supremo Tribunal

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Federal e Superior Tribunal de Justiça (in RTJ 79/640 e
RSTJ 13/306).

12. Portanto, analisando os autos, constata-se que a


sentença guerreada não deve prevalecer sob pena de
cerceamento de defesa, violando o art. 5º, LV da
Constituição Brasileira.

13. Importante ressaltar também, que não resta


dúvidas de que o valor da causa é superior a vinte vezes o
salário mínimo, assim como também é evidente que a parte
ré estava desacompanhada de advogado, visto que
registrado na ata de audiência de instrução e julgamento.

14. Do expendido, constatado que na audiência de


instrução e julgamento o Requeido não foi assistido
juridicamente como determina o artigo 9º da Lei nº
9.099/95, forçoso é concluir que o ato cerceou o direito de
defesa da recorrente.

15. Por outro lado, não era o caso de aplicação da


revelia, eis que a ausência do advogado não enseja a
revelia e sim a ausência do réu ou preposto, que não era a
hipótese dos autos, uma vez que este se encontrava
presente.

16. Cerceado o direito de defesa da recorrente,


marcado como cláusula pétrea pela Constituição Federal, a
nulidade do processo, a partir da audiência de instrução e
julgamento e a cassação da sentença proferida é
imperativo que se impõe.

DO PEDIDO

Ante o exposto, Requer seja


DADO PROVIMENTO ao RECURSO, reconhecendo a
ocorrência do CERCEAMENTO DE DEFESA da
RECORRENTE para ANULAR o processo a partir da
AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO,
ficando, em conseqüência, CASSADA A R. SENTENÇA
e DETERMINANDO que outra seja proferida, após a
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realização de NOVA AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E
JULGAMENTO.

Nestes termos, pede deferimento.

Brasília-DF, 29 de janeiro de 2009.

JOSÉ ALBERTO ARAÚJO DE JESUS


OAB/DF 12.490

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