Centros de Controle Abertos A Experiência Do Sage Na CHESF
Centros de Controle Abertos A Experiência Do Sage Na CHESF
Centros de Controle Abertos A Experiência Do Sage Na CHESF
21 a 26 de Outubro de 2001
Campinas - São Paulo - Brasil
GRUPO IX
GRUPO DE ESTUDO DE OPERAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS
2.1 A Primeira Geração de Centros de Controle um requisito essencial para a interligação de equipa-
Informatizados mentos e sistemas de diferentes portes e fornecedores.
Isto levou à adoção generalizada de padrões de fato no
A primeira geração surgiu quando a utilização de com-
mercado: a linguagem C, o sistema operacional Unix, o
putadores nos centros de controle atingiu uma relação
sistema gráfico X-Window e o conjunto de protocolos
custo-benefício aceitável, ainda na década de 70. A
TCP-IP, por exemplo.
arquitetura computacional dos centros, naturalmente,
baseava-se nos recursos disponíveis na época. Eram Estas transformações deram origem à segunda geração
utilizados mainframes redundantes, de alto custo de de centros de controle informatizados, que surgiu nos
aquisição e manutenção, mas que, para os padrões atu- anos 90 e está atualmente consolidada no mercado. Os
ais, apresentavam capacidade de processamento muito centros de controle desta geração caracterizam-se pelo
pequena. O alto custo restringia a informatização ape- processamento descentralizado, com redes de compu-
nas aos centros mais importantes. tadores heterogêneos, e pela obediência rígida aos pa-
drões do mercado.
A limitada capacidade de processamento tornava ne-
cessário o desenvolvimento de código altamente otimi- O objetivo a ser atingido por esta geração de centros
zado, utilizando a fundo as características particulares são os sistemas abertos, em que equipamentos de dife-
de cada equipamento e sistema operacional. Isto rentes fornecedores podem trabalhar em conjunto, e
abrangia as bases de dados, as interfaces gráficas e até que apresentam grande capacidade de crescimento in-
mesmo os programas aplicativos avançados, cujo códi- cremental. Equipamentos obsoletos podem ser substi-
go precisava ser muito otimizado para ser executado tuídos sem grandes dificuldades por outros com maior
em computadores com, por exemplo, 64 kbytes de poder de processamento, novas funcionalidades podem
memória ou pouco mais. Isto foi feito com sucesso, ser agregadas facilmente e o sistema pode crescer junto
apesar de implicar em custos de desenvolvimento e com as necessidades da empresa. Estas características
manutenção relativamente altos. eliminam os problemas da geração anterior de centros
de controle e possibilitam uma grande redução dos
Em resumo, a primeira geração de centros de controle
custos globais do sistema, incluindo a aquisição, ma-
informatizados caracterizou-se pela profunda interliga-
nutenção e expansão. Por sua vez, a redução de custos
ção entre o hardware, o sistema operacional, os pro-
permite a informatização generalizada de centros de
gramas aplicativos, as interfaces e as bases de dados.
controle de todos os níveis e portes, com impacto posi-
Ela obteve sucesso e permitiu avanços expressivos na
tivo sobre a qualidade da operação.
qualidade da supervisão e controle.
Estes objetivos foram atingidos em diferentes graus
Mas a rápida evolução da indústria de informática
pelos fornecedores de sistemas para centros de con-
trouxe problemas graves para os centros dessa geração.
trole. Provavelmente o sistema que mais se aproxima
Em poucos anos os equipamentos computacionais e o
destas metas é o SAGE – Sistema Aberto de Geren-
software básico tornaram-se obsoletos e foram descon-
ciamento de Energia [2,3,4] –, desenvolvido pelo
tinuados. A própria dinâmica do mercado eliminou,
CEPEL, que beneficiou-se por já ter sido concebido
por diversos meios, grande parte dos fornecedores dos
inteiramente dentro da filosofia de sistemas abertos.
sistemas e equipamentos utilizados nesses centros.
Por outro lado, a profunda interligação entre os com-
ponentes de hardware e software dificultava ou mesmo 3.0 – O DESENVOLVIMENTO DO SAGE
impedia a sua substituição ou evolução. Como conse- O CEPEL vem atuando na área de supervisão e con-
qüência, as empresas viram-se às voltas com centros de trole de sistemas elétricos praticamente desde a sua
controle com equipamentos obsoletos, com dificulda- fundação, em 1974. Em 1991, o CEPEL decidiu reunir
des para obtenção de peças de reposição, de baixo de- a ampla experiência existente para promover o desen-
sempenho, com custo de manutenção elevado e sempre volvimento do SAGE, um sistema de supervisão e
crescente, de confiabilidade cada vez menor e incapa- controle que, além de implementar a fundo as caracte-
zes de acompanhar a evolução dos requisitos das pró- rísticas de sistemas abertos da segunda geração de
prias empresas. centros de controle (ainda em fase de concepção, na
época), seria projetado para atender às particularidades
2.2 A Segunda Geração de Centros de Controle do sistema elétrico brasileiro.
Informatizados
Para atender a esta última exigência foi dado destaque
Ao longo da década de 80 a indústria de informática para a robustez, a flexibilidade, a facilidade de manu-
enfrentou transformações importantes. O surgimento tenção e a capacidade de comunicação através dos
de equipamentos computacionais de baixo custo e bom protocolos em uso no Brasil. E estes objetivos deveri-
desempenho, associado à evolução das redes, permitiu am ser atendidos com custos para os clientes que repre-
a adoção do processamento distribuído. Os mainfra- sentassem uma fração do praticado pelas empresas es-
mes foram substituídos por redes de micro- trangeiras.
computadores e estações de trabalho. A descentraliza-
ção do processamento gerou um forte movimento em Para atingir estas metas enfatizou-se a interação direta
busca da padronização em várias frentes, por ser este dos desenvolvedores do sistema com os clientes brasi-
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leiros. Esta abordagem revelou-se mutuamente benéfi- ESTRUTURA HIERÁRQUICA DOS SISTEMAS
SAGE DA CHESF
ca e tornou-se uma característica marcante da solução
SAGE. A experiência mostra que as solicitações feitas Primeiro Nível
pelos clientes, quando precisam ser repassadas para Centros de Gerenciamento de Energia - EMS
Sistema SAGE Central e Centro de Operação da Transmissão e Geração da CHESF
equipes situadas no exterior, freqüentemente revelam-
se impraticáveis (por falta de entendimento do proble-
ma pelo desenvolvedor, ou por decisão política de não
fazer modificações no produto para atender a peculia-
ridades de um certo cliente ou país), ou demandam se-
manas ou meses para serem atendidas. Por outro lado,
quando discutidas diretamente entre o cliente e a equi-
pe de desenvolvimento, muitas vezes podem ser aten- Segundo Nível
didas em poucas horas. Centros de Controle Regionais - COR
Salvador - Fortaleza - Teresina - Recife - Paulo Afonso
Estas e outras características levaram o produto a ter WAN CHESF
Switch da Rede
Corporativa Hub
5.2 Interconectividade
MICROS
TRANSPORTADORES
A capacidade de operação conjunta de microcomputa-
DE PROTOCOLOS
COM UTR
Micro PC Micro PC Micro PC Micro PC Micro PC Micro PC
dores e estações de trabalho de diferentes fabricantes e
Unixware Unixware Unixware Unixware Unixware Unixware
rodando sobre diferentes versões do UNIX é uma ca-
racterística que poucos sistemas de supervisão e con-
ServSelect
Monitor trole apresentam de fato. No SAGE, a interconectivi-
Teclado dade foi prevista desde as fases iniciais do projeto e foi
Mouse
plenamente atingida. As instalações do SAGE na
FIGURA 2 – Centro Regional de Fortaleza CHESF fazem uso desta capacidade, como se vê na
Figura 2, que mostra a arquitetura do Centro Regional
de Operação de Fortaleza, onde coexistem na mesma
Além destas características intrínsecas aos sistemas rede estações de trabalho Sun com sistemas operacio-
que implementam a fundo os conceitos de sistemas nais Solaris e micros PC com sistemas operaconais
abertos, o SAGE apresenta também uma outra proprie- Unixware.
dade útil:
• Escalabilidade: capacidade de o mesmo software 5.3 Expansibilidade
ser usado em todos os níveis de supervisão e con- Os centros de controle têm de acompanhar o processo
trole (centros locais, regionais, COS e centros na- contínuo de expansão do sistema elétrico da empresa
cionais). de forma eficiente e eficaz. Ou seja, as expansões no
Estas propriedades e sua importância no sistema de su- sistema elétrico devem ser absorvidas de imediato pe-
pervisão e controle da CHESF serão examinadas a se- los centros de controle mantendo-se, ao mesmo tempo,
guir. seu desempenho em níveis aceitáveis.
Nas gerações passadas de centros de controle isto não
5.1 Portabilidade era tarefa fácil. Via de regra os sistemas tinham de ser
A possibilidade de utilização de equipamentos de dife- projetados e adquiridos já incorporando uma larga
rentes fabricantes, utilizando versões distintas do sis- margem de folga para suportar expansões durante sua
tema operacional UNIX, proporciona as seguintes vida útil. Isto traduzia-se em altos investimentos ime-
vantagens: diatos em hardware e software que só ao longo de anos
trariam efetivo retorno financeiro. No caso de expan-
• Possibilidade de aquisição do equipamento mais sões não previstas, e que não pudessem ser absorvidas
indicado para cada tipo de uso, considerando-se pela folga projetada, o problema se avolumava e acar-
preço, robustez e desempenho. retava custos ainda mais elevados. Isto porque as em-
• Independência de fabricantes de hardware e presas tinham que recorrer aos fornecedores originais
software proprietários, que não oferecem garantia dos seus sistemas e estes, livres de concorrentes, podi-
de fornecimento a longo prazo. Com isto são evi- am praticar preços irreais; outra alternativa era investir
tados problemas graves já enfrentados por outras em um novo sistema, talvez uma solução ainda mais
empresas (inclusive a CHESF, com o sistema do cara.
seu antigo COS), uma vez que a descontinuação Para centros de controle baseados em sistemas abertos,
do hardware e/ou software proprietários dos quais que têm inerentemente uma capacidade de crescimento
o sistema dependa significará o fim da possibili- incremental de seu hardware e software, os problemas
dade de evolução. mencionados são de solução fácil e de baixo custo.
• Ao adquirir novos equipamentos, ou ao substituir Os centros de controle SAGE na CHESF, a despeito do
os existentes, a empresa não fica atrelada a um relativamente curto tempo em que estão em operação
único fabricante. Com isto pode-se optar, tanto na (aproximadamente quatro anos), já trouxeram ganhos
primeira aquisição quanto nas seguintes, pela so- concretos para a empresa decorrentes de necessidades
lução que ofereça a melhor relação custo-benefício de expansão. O primeiro ganho já se fez sentir na im-
em cada ocasião. plantação tanto do COS quanto dos COR. Os sistemas
foram configurados com hardware e software para
Nas instalações do SAGE na CHESF usam-se atual-
atender basicamente ao sistema elétrico existente na
mente estações de trabalho Sun, com o sistema opera-
cional Solaris, e também microcomputadores com o
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SISTEMA SAGE DO COS - CONFIGURAÇÃO INICIAL SISTEMA SAGE DO COS - CONFIGURAÇÃO ATUAL
Roteador da Rede
Corporativa
Roteador da Rede
Impressora Laser Impressora Laser
Corporativa
época com pequena margem de folga. Com isto, o in- 5.4 Modularidade
vestimento inicial foi minimizado. A Figura 3 ilustra a
Esta propriedade permite que alterações no sistema
configuração inicialmente implantada para o sistema
sejam feitas de forma transparente, com impacto mí-
SAGE do COS.
nimo ou nulo sobre os demais componentes.
Recentemente houve uma mudança de filosofia, que
Fruto da propriedade de modularidade, o SAGE vem
não se podia prever, por parte do ONS, no que diz res-
permitindo a inclusão de componentes que incorpora-
peito ao volume de dados a serem enviados da CHESF
ram facilidades de grande importância e utilidade para
para o CNOS. Estes dados são enviados através do
a operação do sistema elétrico da CHESF. Foram inse-
sistema SAGE do COS, e a mudança mencionada im-
ridos novos aplicativos, tanto pelo CEPEL como pela
plicou em uma ampliação no número de pontos a se-
CHESF (registro de perturbações, cálculo de indispo-
rem enviados de 2.300 para 3.400 (um aumento da or-
nibilidade de remotas, cálculo dinâmico de corrente e
dem de 40 %). O impacto em termos de dimensão da
outros), sem qualquer impacto sobre os demais com-
base de dados em tempo real e necessidade adicional
ponentes do sistema.
de carga de processamento degradaria o desempenho
do sistema. Uma área que merece destaque é a de protocolos (pa-
drões e proprietários) e soluções de comunicação com
Para solucionar o problema a CHESF, com o suporte
unidades terminais remotas (UTR) e centros de con-
do CEPEL, adicionou duas novas estações de trabalho
trole. O SAGE incorporou novas soluções, de forma
à rede SAGE e redistribuiu a carga de processamento
modular, para atender a necessidades como:
entre as máquinas. O sistema absorveu a expansão re-
querida e passou a apresentar um nível de desempenho • Compatibilidade com o parque instalado de unida-
superior. O investimento incremental foi de R$ des terminais remotas (UTR). O investimento já
110.000,00 e a mudança de configuração foi realizada realizado pela CHESF para implantação das UTR
em duas semanas. A Figura 4 ilustra a configuração foi muito elevado. A incorporação do protocolo
atual. proprietário CONITEL ao SAGE permitiu a pre-
Já os sistemas regionais em operação vêm, desde 2000, servação deste investimento. Em adição, quando
experimentando um crescimento elevado em seus sis- surgiu a necessidade de dotar estas mesmas UTR
temas elétricos devido à entrada em operação de novas de um segundo canal de comunicação, para melhor
instalações de transmissão em 230 e 500 kV e uma atender às necessidades do ONS (canal UTR –
nova interligação Norte-Nordeste. Para absorver estas sistema EMS antigo) e da CHESF (canal UTR –
expansões já realizadas e aquelas projetadas até o hori- COR SAGE), foi facilmente implementada uma
zonte 2002, os sistemas SAGE dos Centros de Opera- variação do protocolo CONITEL, o PCD 5000.
ção Regionais, que estavam originalmente configura- • Ampliação do parque de UTR. Novas UTR adqui-
dos só com micros PC, tiveram dois destes micros ridas e sendo implantadas pelas CHESF já se utili-
substituídos por estações de trabalho Sun em cada sis- zam de protocolos padrões como o DNP 3.0, base-
tema. Investimentos e prazos foram da mesma ordem ado em recomendações do IEC. O CEPEL incor-
dos mencionados para a amplição do COS. porou ao SAGE também este protocolo.
É importante notar que para a implantação dos proces- • Comunicação de dados em tempo real, utilizando
sos de expansão mencionados não só a propriedade de como suporte a rede corporativa da empresa, entre
expansibilidade dos sistemas abertos foi explorada com os vários COR e o COS. O SAGE implementou o
êxito, mas também a portabilidade (micros PC substi- protocolo IEC-870-101 sobre TCP/IP para atender
tuídos por estações de trabalho) e a interconectividade de forma aderente a padrões internacionais esta
(estações de trabalho e micros PC coexistindo em uma funcionalidade.
mesma rede).
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