Centros de Controle Abertos A Experiência Do Sage Na CHESF

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GOP/028

21 a 26 de Outubro de 2001
Campinas - São Paulo - Brasil

GRUPO IX
GRUPO DE ESTUDO DE OPERAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS

CENTROS DE CONTROLE ABERTOS: A EXPERIÊNCIA DO SAGE NA CHESF

Henrique Aguiar – Helder José Ribeiro Silveira


CHESF

Gilberto Pires de Azevedo*– Edgard Ribeiro Guimarães Filho


CEPEL PROJECTA
RESUMO qüentemente possibilita a otimização dos investimentos
e o aumento da lucratividade.
A primeira geração de Centros de Controle de Energia
Elétrica informatizados, surgida nos anos 70, era base- Os Centros de Controle atualmente existentes podem
ada em software proprietário rodando em mainframes. ser divididos em duas gerações bastante distintas do
Os centros dessa geração, apesar do bom desempenho ponto de vista de infra-estrutura computacional, con-
inicial, não foram capazes de acompanhar a evolução forme é visto na seção 2. Para atender às especificida-
do mercado de informática e as transformações das des do mercado brasileiro de supervisão e controle de
empresas do setor elétrico. sistemas elétricos, a partir de 1991 o CEPEL decidiu
aplicar a sua experiência nesta área ao desenvolvi-
Procurando evitar estes problemas, a segunda geração
mento do SAGE, que é provavelmente o sistema que
adotou os conceitos de sistemas abertos que se genera-
mais se aproxima do atendimento pleno aos objetivos
lizaram a partir dos anos 80, enfatizando a distribuição
da segunda geração de centros de controle (seção 3).
do processamento, o uso de hardware e software obe-
diente a padrões e o desacoplamento entre os diversos A CHESF iniciou a informatização dos seus principais
componentes dos centros. centros de controle no início da década de 80. A partir
de 1996, com a necessidade de modernização e ampli-
Neste artigo mostra-se que o potencial dos centros de
ação dos centros, a empresa optou por usar o SAGE em
controle da segunda geração transforma-se efetiva-
todos os seus níveis de supervisão e controle, conforme
mente em benefícios concretos e importantes para as
descrito na seção 4. Os resultados, descritos na seção
empresas. Isto é feito a partir do exame da implanta-
5, mostraram que os centros de controle que efetiva-
ção do SAGE – Sistema Aberto de Gerenciamento de
mente implementam os conceitos da segunda geração
Energia, desenvolvido pelo CEPEL – nos diferentes
são capazes de acompanhar as transformações da em-
níveis de supervisão e controle da CHESF. Esta im-
presa a custos muito inferiores aos demais. Na seção 6
plantação, de grande porte e já amadurecida, permite
é apresentada uma avaliação geral do uso do SAGE na
uma avaliação realista e objetiva dos benefícios intro-
CHESF, com destaque para as vantagens mútuas pro-
duzidos pela segunda geração de centros de controle
porcionadas pelo acesso - direto e sem intermediários -
informatizados.
da CHESF à equipe de desenvolvimento do CEPEL.
PALAVRAS-CHAVE:
Centros de Controle, EMS, SCADA, CHESF, SAGE. 2.0 – A EVOLUÇÃO DOS CENTROS DE
CONTROLE DE ENERGIA ELÉTRICA
1.0 – INTRODUÇÃO A arquitetura dos Centros de Controle de Energia Elé-
trica informatizados é fortemente influenciada pelas
A importância do papel desempenhado pelos centros
indústrias de hardware e software. Estas indústrias ex-
de controle de energia elétrica na operação dos siste-
perimentaram uma evolução rápida, intensa e contínua
mas elétricos vem crescendo continuamente. O aper- ao longo das últimas três décadas. Tal evolução defi-
feiçoamento dos centros aumenta a segurança do sis- niu a existência de duas gerações bastante distintas de
tema, permitindo a operação mais próxima aos limites.
centros de controle, do ponto de vista da arquitetura
Isto viabiliza a redução da capacidade ociosa e conse-
computacional [2-6].
CENTRO DE PESQUISAS DE ENERGIA ELÉTRICA - CEPEL
Caixa Postal 68.007 – CEP 21.944-970 – Rio de Janeiro - RJ
Tel.: (21) 598-6135 – Fax (21) 598-6402
e-mail : [email protected]
2

2.1 A Primeira Geração de Centros de Controle um requisito essencial para a interligação de equipa-
Informatizados mentos e sistemas de diferentes portes e fornecedores.
Isto levou à adoção generalizada de padrões de fato no
A primeira geração surgiu quando a utilização de com-
mercado: a linguagem C, o sistema operacional Unix, o
putadores nos centros de controle atingiu uma relação
sistema gráfico X-Window e o conjunto de protocolos
custo-benefício aceitável, ainda na década de 70. A
TCP-IP, por exemplo.
arquitetura computacional dos centros, naturalmente,
baseava-se nos recursos disponíveis na época. Eram Estas transformações deram origem à segunda geração
utilizados mainframes redundantes, de alto custo de de centros de controle informatizados, que surgiu nos
aquisição e manutenção, mas que, para os padrões atu- anos 90 e está atualmente consolidada no mercado. Os
ais, apresentavam capacidade de processamento muito centros de controle desta geração caracterizam-se pelo
pequena. O alto custo restringia a informatização ape- processamento descentralizado, com redes de compu-
nas aos centros mais importantes. tadores heterogêneos, e pela obediência rígida aos pa-
drões do mercado.
A limitada capacidade de processamento tornava ne-
cessário o desenvolvimento de código altamente otimi- O objetivo a ser atingido por esta geração de centros
zado, utilizando a fundo as características particulares são os sistemas abertos, em que equipamentos de dife-
de cada equipamento e sistema operacional. Isto rentes fornecedores podem trabalhar em conjunto, e
abrangia as bases de dados, as interfaces gráficas e até que apresentam grande capacidade de crescimento in-
mesmo os programas aplicativos avançados, cujo códi- cremental. Equipamentos obsoletos podem ser substi-
go precisava ser muito otimizado para ser executado tuídos sem grandes dificuldades por outros com maior
em computadores com, por exemplo, 64 kbytes de poder de processamento, novas funcionalidades podem
memória ou pouco mais. Isto foi feito com sucesso, ser agregadas facilmente e o sistema pode crescer junto
apesar de implicar em custos de desenvolvimento e com as necessidades da empresa. Estas características
manutenção relativamente altos. eliminam os problemas da geração anterior de centros
de controle e possibilitam uma grande redução dos
Em resumo, a primeira geração de centros de controle
custos globais do sistema, incluindo a aquisição, ma-
informatizados caracterizou-se pela profunda interliga-
nutenção e expansão. Por sua vez, a redução de custos
ção entre o hardware, o sistema operacional, os pro-
permite a informatização generalizada de centros de
gramas aplicativos, as interfaces e as bases de dados.
controle de todos os níveis e portes, com impacto posi-
Ela obteve sucesso e permitiu avanços expressivos na
tivo sobre a qualidade da operação.
qualidade da supervisão e controle.
Estes objetivos foram atingidos em diferentes graus
Mas a rápida evolução da indústria de informática
pelos fornecedores de sistemas para centros de con-
trouxe problemas graves para os centros dessa geração.
trole. Provavelmente o sistema que mais se aproxima
Em poucos anos os equipamentos computacionais e o
destas metas é o SAGE – Sistema Aberto de Geren-
software básico tornaram-se obsoletos e foram descon-
ciamento de Energia [2,3,4] –, desenvolvido pelo
tinuados. A própria dinâmica do mercado eliminou,
CEPEL, que beneficiou-se por já ter sido concebido
por diversos meios, grande parte dos fornecedores dos
inteiramente dentro da filosofia de sistemas abertos.
sistemas e equipamentos utilizados nesses centros.
Por outro lado, a profunda interligação entre os com-
ponentes de hardware e software dificultava ou mesmo 3.0 – O DESENVOLVIMENTO DO SAGE
impedia a sua substituição ou evolução. Como conse- O CEPEL vem atuando na área de supervisão e con-
qüência, as empresas viram-se às voltas com centros de trole de sistemas elétricos praticamente desde a sua
controle com equipamentos obsoletos, com dificulda- fundação, em 1974. Em 1991, o CEPEL decidiu reunir
des para obtenção de peças de reposição, de baixo de- a ampla experiência existente para promover o desen-
sempenho, com custo de manutenção elevado e sempre volvimento do SAGE, um sistema de supervisão e
crescente, de confiabilidade cada vez menor e incapa- controle que, além de implementar a fundo as caracte-
zes de acompanhar a evolução dos requisitos das pró- rísticas de sistemas abertos da segunda geração de
prias empresas. centros de controle (ainda em fase de concepção, na
época), seria projetado para atender às particularidades
2.2 A Segunda Geração de Centros de Controle do sistema elétrico brasileiro.
Informatizados
Para atender a esta última exigência foi dado destaque
Ao longo da década de 80 a indústria de informática para a robustez, a flexibilidade, a facilidade de manu-
enfrentou transformações importantes. O surgimento tenção e a capacidade de comunicação através dos
de equipamentos computacionais de baixo custo e bom protocolos em uso no Brasil. E estes objetivos deveri-
desempenho, associado à evolução das redes, permitiu am ser atendidos com custos para os clientes que repre-
a adoção do processamento distribuído. Os mainfra- sentassem uma fração do praticado pelas empresas es-
mes foram substituídos por redes de micro- trangeiras.
computadores e estações de trabalho. A descentraliza-
ção do processamento gerou um forte movimento em Para atingir estas metas enfatizou-se a interação direta
busca da padronização em várias frentes, por ser este dos desenvolvedores do sistema com os clientes brasi-
3

leiros. Esta abordagem revelou-se mutuamente benéfi- ESTRUTURA HIERÁRQUICA DOS SISTEMAS
SAGE DA CHESF
ca e tornou-se uma característica marcante da solução
SAGE. A experiência mostra que as solicitações feitas Primeiro Nível

pelos clientes, quando precisam ser repassadas para Centros de Gerenciamento de Energia - EMS
Sistema SAGE Central e Centro de Operação da Transmissão e Geração da CHESF
equipes situadas no exterior, freqüentemente revelam-
se impraticáveis (por falta de entendimento do proble-
ma pelo desenvolvedor, ou por decisão política de não
fazer modificações no produto para atender a peculia-
ridades de um certo cliente ou país), ou demandam se-
manas ou meses para serem atendidas. Por outro lado,
quando discutidas diretamente entre o cliente e a equi-
pe de desenvolvimento, muitas vezes podem ser aten- Segundo Nível
didas em poucas horas. Centros de Controle Regionais - COR
Salvador - Fortaleza - Teresina - Recife - Paulo Afonso
Estas e outras características levaram o produto a ter WAN CHESF

uma disseminação muito rápida por todo o Brasil, onde


já há várias dezenas de instalações em operação.

4.0 – A MODERNIZAÇÃO DO SISTEMA DE


SUPERVISÃO E CONTROLE DA CHESF
Terceiro Nível
A CHESF iniciou os estudos visando a atualização tec-
nológica de seu Sistema de Gerenciamento de Energia SE Digitalizada UTR

(EMS) em 1995 [1], em cumprimento às diretrizes es- Fortaleza II


Centros de Controle de
Instalações - SSL
tabelecidas no seu Plano Diretor de Automação da Teresina II
Sobral III
58 Instalações
Convencionais Usina de Paulo Afonso IV
Operação (PDAO).
O objetivo desta atualização era permitir, num primeiro FIGURA 1 - A estrutura de supervisão e controle
momento, uma sobrevida do EMS em operação até da CHESF
que, num segundo momento, a migração para um sis-
tema aberto pudesse ser completada. Paulo Afonso IV) em substituição a um sistema Data
Logger em fim de vida útil. O projeto seguinte, em an-
Em paralelo iniciava-se um processo de descentraliza-
damento, envolve a implantação do SAGE nas outras
ção do EMS. Esta descentralização tinha como objeti-
duas áreas regionais da CHESF (Centro e Leste).
vo dotar as áreas regionais de operação da CHESF de
Centros de Controle independentes e atualizados tec-
nologicamente. 5.0 – A EXPERIÊNCIA DO SAGE NA CHESF: AS
A estrutura hierárquica concebida para os Centros de VANTAGENS DOS SISTEMAS ABERTOS
Controle estabelecia três níveis bem definidos. No A experiência adquirida com o SAGE na CHESF com-
primeiro nível se situava o EMS já mencionado, no se- provou que as propaladas vantagens da segunda gera-
gundo nível os Centros de Controle Regionais (COR) e ção de centros de controle informatizados (os sistemas
no terceiro nível os Centros de Controle de Instalações. abertos) realmente traduzem-se em ganhos concretos e
A Figura 1 ilustra a estrutura concebida. importantes para a empresa. Tais vantagens, discutidas
A busca por uma solução que atendesse a estrutura na seção 2.2, podem ser sintetizadas nas seguintes pro-
projetada e fosse ao mesmo tempo aderente aos pa- priedades:
drões de fato do mercado (UNIX, TCP/IP, X-Window • Portabilidade: capacidade de implementação da
etc.), compatível com a base instalada (unidades termi- mesma funcionalidade em diferentes plataformas
nais remotas, protocolos de comunicação etc.) e de de hardware e software.
baixo custo, levou à adoção da solução SAGE.
• Interconectividade: capacidade de conexão de
O primeiro projeto encontra-se concluído e envolveu a plataformas de hardware distintas e de diferentes
manutenção do EMS existente, para atendimento ao portes através de uma rede padrão.
ONS, e a implantação, para viabilizar o processo de
migração tecnológica concebido, de um sistema com • Expansibilidade: capacidade de crescimento in-
cremental de hardware (adição/substituição) e de
tecnologia SAGE no mesmo nível hierárquico do
software (adição de novas funcionalidades).
EMS, que passou a constituir o novo Centro de Opera-
ção do Sistema (COS) da CHESF. Ainda como parte • Modularidade: capacidade de inclusão, elimina-
deste primeiro projeto foram implantados com tecno- ção e alteração de funções, módulos e mesmo no-
logia SAGE os Centros de Controle das áreas regionais vos centros com impacto mínimo sobre os demais
Oeste (Teresina), Norte (Fortaleza) e Sul (Salvador). O componentes do sistema.
segundo projeto, também já concluído, envolveu a im-
plantação do SAGE em uma instalação (Usina de
4

SAGE DO CENTRO REGIONAL DE OPERAÇÃO DE sistema operacional Unixware. Em breve começarão a


FORTALEZA
IHM 1 IHM 2 CONFIGURAÇÃO DE BD ser usados microcomputadores com o sistema operaci-
onal Linux. A possibilidade de escolha entre diferentes
sistemas operacionais e equipamentos assegura que a
Estação de Trabalho Estação de Trabalho Micro PC
Roteador da Rede Corporativa
Sun - Solaris Sun - Solaris Unixware CHESF não ficará dependente de fornecedores especí-
ficos, e que poderá selecionar sempre a alternativa
Impressora Jato de Tinta
Servidor de Tempo mais conveniente aos seus interesses.
GPS

Switch da Rede
Corporativa Hub
5.2 Interconectividade
MICROS
TRANSPORTADORES
A capacidade de operação conjunta de microcomputa-
DE PROTOCOLOS
COM UTR
Micro PC Micro PC Micro PC Micro PC Micro PC Micro PC
dores e estações de trabalho de diferentes fabricantes e
Unixware Unixware Unixware Unixware Unixware Unixware
rodando sobre diferentes versões do UNIX é uma ca-
racterística que poucos sistemas de supervisão e con-
ServSelect
Monitor trole apresentam de fato. No SAGE, a interconectivi-
Teclado dade foi prevista desde as fases iniciais do projeto e foi
Mouse
plenamente atingida. As instalações do SAGE na
FIGURA 2 – Centro Regional de Fortaleza CHESF fazem uso desta capacidade, como se vê na
Figura 2, que mostra a arquitetura do Centro Regional
de Operação de Fortaleza, onde coexistem na mesma
Além destas características intrínsecas aos sistemas rede estações de trabalho Sun com sistemas operacio-
que implementam a fundo os conceitos de sistemas nais Solaris e micros PC com sistemas operaconais
abertos, o SAGE apresenta também uma outra proprie- Unixware.
dade útil:
• Escalabilidade: capacidade de o mesmo software 5.3 Expansibilidade
ser usado em todos os níveis de supervisão e con- Os centros de controle têm de acompanhar o processo
trole (centros locais, regionais, COS e centros na- contínuo de expansão do sistema elétrico da empresa
cionais). de forma eficiente e eficaz. Ou seja, as expansões no
Estas propriedades e sua importância no sistema de su- sistema elétrico devem ser absorvidas de imediato pe-
pervisão e controle da CHESF serão examinadas a se- los centros de controle mantendo-se, ao mesmo tempo,
guir. seu desempenho em níveis aceitáveis.
Nas gerações passadas de centros de controle isto não
5.1 Portabilidade era tarefa fácil. Via de regra os sistemas tinham de ser
A possibilidade de utilização de equipamentos de dife- projetados e adquiridos já incorporando uma larga
rentes fabricantes, utilizando versões distintas do sis- margem de folga para suportar expansões durante sua
tema operacional UNIX, proporciona as seguintes vida útil. Isto traduzia-se em altos investimentos ime-
vantagens: diatos em hardware e software que só ao longo de anos
trariam efetivo retorno financeiro. No caso de expan-
• Possibilidade de aquisição do equipamento mais sões não previstas, e que não pudessem ser absorvidas
indicado para cada tipo de uso, considerando-se pela folga projetada, o problema se avolumava e acar-
preço, robustez e desempenho. retava custos ainda mais elevados. Isto porque as em-
• Independência de fabricantes de hardware e presas tinham que recorrer aos fornecedores originais
software proprietários, que não oferecem garantia dos seus sistemas e estes, livres de concorrentes, podi-
de fornecimento a longo prazo. Com isto são evi- am praticar preços irreais; outra alternativa era investir
tados problemas graves já enfrentados por outras em um novo sistema, talvez uma solução ainda mais
empresas (inclusive a CHESF, com o sistema do cara.
seu antigo COS), uma vez que a descontinuação Para centros de controle baseados em sistemas abertos,
do hardware e/ou software proprietários dos quais que têm inerentemente uma capacidade de crescimento
o sistema dependa significará o fim da possibili- incremental de seu hardware e software, os problemas
dade de evolução. mencionados são de solução fácil e de baixo custo.
• Ao adquirir novos equipamentos, ou ao substituir Os centros de controle SAGE na CHESF, a despeito do
os existentes, a empresa não fica atrelada a um relativamente curto tempo em que estão em operação
único fabricante. Com isto pode-se optar, tanto na (aproximadamente quatro anos), já trouxeram ganhos
primeira aquisição quanto nas seguintes, pela so- concretos para a empresa decorrentes de necessidades
lução que ofereça a melhor relação custo-benefício de expansão. O primeiro ganho já se fez sentir na im-
em cada ocasião. plantação tanto do COS quanto dos COR. Os sistemas
foram configurados com hardware e software para
Nas instalações do SAGE na CHESF usam-se atual-
atender basicamente ao sistema elétrico existente na
mente estações de trabalho Sun, com o sistema opera-
cional Solaris, e também microcomputadores com o
5

SISTEMA SAGE DO COS - CONFIGURAÇÃO INICIAL SISTEMA SAGE DO COS - CONFIGURAÇÃO ATUAL

CLUSTER DE SERVIDORES CLUSTER DE SERVIDORES IHM - OPERAÇÃO


IHM DA OPERAÇÃO DE CP IHM DO ONS IHM - ONS IHM - COOS
SAGE SERVIDORES NFS SAGE DE CP

Disk Array Disk Array


Estação de Trabalho Estação de Trabalho Estação de Trabalho Estação de Trabalho Estação de Trabalho Estação de Trabalho
Estação de Trabalho
Estação de Trabalho
Estação de Trabalho
Estação de Trabalho Estação de Trabalho
Sun - Solaris Sun - Solaris Sun - Solaris Sun - Solaris Sun - Solaris Sun - Solaris Sun - Solaris Sun - Solaris Sun - Solaris Sun - Solaris Sun - Solaris

Roteador da Rede
Corporativa
Roteador da Rede
Impressora Laser Impressora Laser
Corporativa

Servidor de Tempo Servidor de Tempo


Switch Switch
Switch Switch GPS GPS
Switch da Rede
Corporativa Switch da Rede
Corporativa

Micro PC Micro PC Micro PC Micro PC Micro PC Micro PC


Micro PC Micro PC Micro PC Micro PC Micro PC Micro PC Unixware Unixware Unixware Unixware Unixware Unixware
Unixware Unixware Unixware Unixware Unixware Unixware
INTERLIGAÇÃO COM CONFIGURAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO E
INTERLIGAÇÃO COM O CONFIGURAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO E
EMS E CNOS BASES DE DADOS MANUTENÇÃO O EMS E CNOS BASES DE DADOS MANUTENÇÃO

FIGURA 3 - Configuração inicial do COS FIGURA 4 - Configuração atual do COS

época com pequena margem de folga. Com isto, o in- 5.4 Modularidade
vestimento inicial foi minimizado. A Figura 3 ilustra a
Esta propriedade permite que alterações no sistema
configuração inicialmente implantada para o sistema
sejam feitas de forma transparente, com impacto mí-
SAGE do COS.
nimo ou nulo sobre os demais componentes.
Recentemente houve uma mudança de filosofia, que
Fruto da propriedade de modularidade, o SAGE vem
não se podia prever, por parte do ONS, no que diz res-
permitindo a inclusão de componentes que incorpora-
peito ao volume de dados a serem enviados da CHESF
ram facilidades de grande importância e utilidade para
para o CNOS. Estes dados são enviados através do
a operação do sistema elétrico da CHESF. Foram inse-
sistema SAGE do COS, e a mudança mencionada im-
ridos novos aplicativos, tanto pelo CEPEL como pela
plicou em uma ampliação no número de pontos a se-
CHESF (registro de perturbações, cálculo de indispo-
rem enviados de 2.300 para 3.400 (um aumento da or-
nibilidade de remotas, cálculo dinâmico de corrente e
dem de 40 %). O impacto em termos de dimensão da
outros), sem qualquer impacto sobre os demais com-
base de dados em tempo real e necessidade adicional
ponentes do sistema.
de carga de processamento degradaria o desempenho
do sistema. Uma área que merece destaque é a de protocolos (pa-
drões e proprietários) e soluções de comunicação com
Para solucionar o problema a CHESF, com o suporte
unidades terminais remotas (UTR) e centros de con-
do CEPEL, adicionou duas novas estações de trabalho
trole. O SAGE incorporou novas soluções, de forma
à rede SAGE e redistribuiu a carga de processamento
modular, para atender a necessidades como:
entre as máquinas. O sistema absorveu a expansão re-
querida e passou a apresentar um nível de desempenho • Compatibilidade com o parque instalado de unida-
superior. O investimento incremental foi de R$ des terminais remotas (UTR). O investimento já
110.000,00 e a mudança de configuração foi realizada realizado pela CHESF para implantação das UTR
em duas semanas. A Figura 4 ilustra a configuração foi muito elevado. A incorporação do protocolo
atual. proprietário CONITEL ao SAGE permitiu a pre-
Já os sistemas regionais em operação vêm, desde 2000, servação deste investimento. Em adição, quando
experimentando um crescimento elevado em seus sis- surgiu a necessidade de dotar estas mesmas UTR
temas elétricos devido à entrada em operação de novas de um segundo canal de comunicação, para melhor
instalações de transmissão em 230 e 500 kV e uma atender às necessidades do ONS (canal UTR –
nova interligação Norte-Nordeste. Para absorver estas sistema EMS antigo) e da CHESF (canal UTR –
expansões já realizadas e aquelas projetadas até o hori- COR SAGE), foi facilmente implementada uma
zonte 2002, os sistemas SAGE dos Centros de Opera- variação do protocolo CONITEL, o PCD 5000.
ção Regionais, que estavam originalmente configura- • Ampliação do parque de UTR. Novas UTR adqui-
dos só com micros PC, tiveram dois destes micros ridas e sendo implantadas pelas CHESF já se utili-
substituídos por estações de trabalho Sun em cada sis- zam de protocolos padrões como o DNP 3.0, base-
tema. Investimentos e prazos foram da mesma ordem ado em recomendações do IEC. O CEPEL incor-
dos mencionados para a amplição do COS. porou ao SAGE também este protocolo.
É importante notar que para a implantação dos proces- • Comunicação de dados em tempo real, utilizando
sos de expansão mencionados não só a propriedade de como suporte a rede corporativa da empresa, entre
expansibilidade dos sistemas abertos foi explorada com os vários COR e o COS. O SAGE implementou o
êxito, mas também a portabilidade (micros PC substi- protocolo IEC-870-101 sobre TCP/IP para atender
tuídos por estações de trabalho) e a interconectividade de forma aderente a padrões internacionais esta
(estações de trabalho e micros PC coexistindo em uma funcionalidade.
mesma rede).
6

• Integração aos sistemas SAGE regionais de su- 6 – CONCLUSÃO


bestações digitalizadas com tecnologias da GE e
A experiência adquirida pela CHESF demonstrou que
Siemens. O protocolo IEC-870-101 acima menci-
as propriedades exclusivas dos centros de controle
onado foi alterado para incorporar a camada de
abertos – portabilidade, interconectividade, expansi-
transporte própria da recomendação IEC (e não o
bilidade e modularidade – representam ganhos reais e
TCP/IP) e adequar-se às peculiaridades tanto do
importantes para a empresa. Outra propriedade não
sistema GE quanto da Siemens, testado em fábrica
inerente à segunda geração mas existente no SAGE, a
e implantado com sucesso em campo para atender
escalabilidade, mostrou-se igualmente relevante.
as subestações de Teresina II, Sobral III e Fortale-
za II, todas de 500 kV, pertencentes à nova interli- Estas propriedades permitem que os sistemas abertos
gação Norte-Nordeste. de supervisão e controle evoluam e acompanhem as
transformações da empresa e do setor elétrico, com
• Interligação com o antigo EMS para permitir aces- custos muito inferiores aos de sistemas vinculados a
so a dados de tempo real de instalações ainda não fornecedores específicos de hardware ou software.
dotadas de regionais com a tecnologia SAGE. Esta
interligação, aliada à comunicação descrita acima, Um aspecto que revelou-se importante na moderniza-
permitiu levar ao sistema SAGE do COS dados de ção do sistema de supervisão e controle da CHESF foi
todas as instalações da CHESF. o acesso direto à equipe de desenvolvimento do SAGE.
Isto conferiu agilidade ao atendimento às solicitações
• Distribuição de dados para o CNOS do ONS. da CHESF e, por outro lado, contribuiu para ajustar o
Como o sistema SAGE do COS da CHESF já reú- produto às particularidades do sistema elétrico brasilei-
ne informações em tempo real de todas as instala- ro e da CHESF em especial.
ções, bastou incorporar ao SAGE o protocolo
MLX para viabilizar esta troca de informações. Finalmente, cabe lembrar que as transformações a que
o setor elétrico está sendo submetido exigirão que os
Cabe ressaltar que este conjunto de soluções aqui des- centros de controle estejam aptos a atuar em ambientes
critas permite um alto grau de flexibilização no que diz cada vez mais dinâmicos e em permanente evolução.
respeito ao acesso, pelos órgãos de operação do siste- Os sistemas de supervisão e controle deverão ser capa-
ma elétrico, a informações em tempo real. Como todos zes de viabilizar esta evolução constante dos centros de
os sistemas SAGE estão interligados ao COS, e este controle, sem que isto represente aumento de custos e
está interligado ao antigo EMS e ao CNOS, não exis- dentro de prazos curtos. Estes recursos serão críticos
tem mais fronteiras para as informações. A CHESF já para garantir a atuação bem-sucedida das empresas nos
está disponibilizando para os seus centros regionais cenários competitivos e dinâmicos de um futuro que
informações de subestações de fronteira pertencentes a rapidamente se aproxima.
regionais vizinhos, informações da malha primária da
CHESF como um todo, informações dos pontos de in- BIBLIOGRAFIA
tercâmbio e até de subestações de fronteira pertencen-
tes a outras empresas do setor. Ou seja, coletada e ar- (1) AGUIAR, H.M.G.;SILVEIRA, H.; CANANÉA, R.;
mazenada de forma distribuída e acessada de forma FARSOUN, R.; PEREIRA, V. – Modernização Tecno-
transparente para os usuários, a informação libera-se de lógica do Sistema de Gerenciamento de Energia da
CHESF – XIII SNPTEE – Setembro de 1995.
fronteiras internas e externas à CHESF. (2) LIMA, L. C.; MACHADO, P. A.; OLIVEIRA FILHO,
A. L.; PEREIRA, L. A. C.; AZEVEDO, G. P. – Design
5.5 Escalabilidade and Development of an Open EMS – IEEE Athens
Power Tech’93 – 1993.
Esta propriedade é especialmente interessante em em-
(3) SILVA, A. J. S.; OLIVEIRA FILHO, A. L.; PEREIRA,
presas de grande porte como a CHESF, que possui três L. A. C.; LIMA, L. C.; LAMBERT, N.; AMORIM, M.
diferentes níveis hierárquicos de supervisão e controle: F. P.; AZEVEDO, G. P. – SAGE Architecture for Power
local, regional e sistema. Na CHESF o SAGE é usado System Competitive Environments – VI SEPOPE (Sal-
no Centro de Operação do Sistema, em Recife, será vador–BA) – Maio de 1998.
usado em todos os Centros Regionais (Fortaleza, Tere- (4) MACHADO, P. A.; LIMA, L. C.; PEREIRA, L. A. C.;
sina, Salvador, Recife e Paulo Afonso), e também em AZEVEDO, G. P.; AMORIM, M. F. P. - Desenvolvi-
Centros de Operação Local, a exemplo da Usina de mento de uma Nova Geração de Centros de Controle –
Paulo Afonso IV. XII SNPTEE – 1993.
(5) AZEVEDO, G.P.; FEIJÓ, P.; COSTA, M. – Centros de
O uso do mesmo software em todos estes níveis per- Controle de Energia Elétrica: Passado, Presente e Futuro
mite que o suporte e o desenvolvimento sejam feitos – Revista Eletricidade Moderna, Março de 2000.
por uma única equipe, com vantagens evidentes. As AZEVEDO, G.P.; FEIJÓ, P.; COSTA, M. – Control Centers
diferenças limitam-se aos aplicativos usados em cada Evolve with Agent Technology – IEEE Computer
Applications in Power, Julho de 2000.
nível e aos modelos das bases de dados.

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