Teoria Geral Do Estado

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Teoria do Estado – Maria Francisca

Poder e Institucionalização
1) Conceito de Poder
 O Poder político é um fenômeno social, inerente a toda vida comunitária. Portanto, há uma
natureza social do poder, pois, em qualquer época, sempre existirá ‘’governantes’’ e
‘’governados”
 Poder como relação social bipolar: Algumas pessoas tem uma vocação psicossocial de
obedecer e outras de fazerem os outros obedecer. Polo ativo (quem manda) Polo passivo
(quem obedece)
 Bordeau: Não há sociedade sem poder e não há poder sem possibilidades de estabelecer
normas. Poder é uma força de vontade social destinada a conduzir o grupo em direção a
uma ordem social que considera benéfica. Ou seja, impor a ideia a um grupo com o intuito
de garantir ordem social.
 Marx: Poder é quando a vontade é imposta dentro de uma relação social mesmo com
qualquer tipo de resistência. O Estado é aquele que detém do poder. Violência legítima
 Força e competência são palavras relacionada com o “Poder”.
 Poder de fato: Quando a força está envolvida no exercício do poder.
 Poder de direito: Quando se utiliza mais do consentimento e da competência no exercício
do poder.
 Poder Constituinte Originário: Força popular, poder do povo.
 Poder Constituinte Derivado: Legislativo, executivo e Judiciário. Que só existem porque foi
autorizado pelo Estado, porém, ele é limitado pelo poder originário
2) O poder ao decorrer do tempo
 Prelot: Etapas de mutação do poder político. Maturação do poder político.

- 1º momento: Poder Difuso (Não existia poder concentrado em um


indivíduo em particular ou em algum ponto. O poder pertenci ao povo
em geral e não havia uma hierarquização dentro da sociedade)
- 2º momento: Poder Personalizado (O poder centralizado nas mãos de uma pessoa,
onde o exercício do poder é arbitrário. A figura totalitária de um indivíduo.
- 3º momento: Poder Institucionalizado (O poder é representado por um ente público que
está a função do Estado e para exercer o poder, precisa seguir a
constituição.) A partir da institucionalização do poder é que podemos falar
do Estado como instituição.
 Weber: Não existe essa relação temporal de poder. Cria uma definição de “dominação”
1) Carismática: Relação de subordinação baseada em alguma característica (carisma) da
pessoa. Esse tipo de dominação acaba quando a pessoa morre.
2) Tradicional:
3) Legal-racional: Relação de subordinação de ‘’Instituição’’ x ‘’Ser’’. Neste tipo de
dominação a justificativa é a ‘’força’’ racional daquele ente. O ente não
domina pela sua pessoa. A dominação parte do poder de uma instituição.
O poder só está depositado naquele ente, sendo ele somente um
representante do Estado
OBS: Hoje, predomina a dominação Legal-racional, mas não quer dizer que os outros tipos
de dominações desapareceram.

4) Dinamicidade do Poder Político


 Conforme as relações sociais, os costumes e deias vão mudando a constituição também
muda, logo, o poder político é dinâmico.
 A constituição tem aparência de estático, mas na verdade não é, pois, as formas de
interpretações, diante de uma lei ou termo, mudam ao decorrer do tempo.
 Mutabilidade Real: A mudança vem das próprias disputas sociais.
 Antes: Poder Real (Poder arbitrário, pessoalizado)
 Hoje: Poder institucionalizado (Poder institucional, baseado na constituição)

4) Bonavides: Imperatividade. Unidade e Indivisibilidade do poder estatal.


 Imperatividade: As pessoas são obrigadas a se submeterem ao poder estatal, seguindo uma
constituição.
 Unidade: Existe uma única regra (constituição), uma única soberania (O Estado)
 Indivisibilidade: Existe apenas um único detentor do poder (O Estado) com os diversos lócus de
seu exercício (Executivo, Legislativo, Judiciário)

5) TITULARIDADE DO PODER POLÍTICO (Povo) X EXERCÍCIO DO PODER POLÍTICO (Estado)


 Todas as decisões no exercício do poder do Estado são pensadas no povo, para o interesse
do povo. O povo elege os seus representantes e, estes, irão exercer o poder.
 O exercício do poder é do Estado, ele, através da constituição, garante a ordem social
estabelecendo regras e tomando decisões.

OBS: HOJE PASSAMOS POR UMA CRISE DE REPRESENTAÇÃO: O Estado toma decisões que não
estão sendo do interesse do povo. Medidas autoritárias. “As bases” das relações do poder, em
âmbito democrático, estão “quebradas. AS DECISÕES POLÍTICAS NÃO ESTÃO FAVORECENDO O
PODER POPULAR.

Legitimidade x Legalidade
6) LEGALIDADE X LEGITIMIDADE X JUSTIÇA (Viés externo que remete ao direito natural do homem)
 LEGALIDADE: É quando o Estado exerce o poder conforme a lei vigente
‘’O poder é legalmente instituído quando os seus exercentes são escolhidos e se encontram
de acordo com o sistema constitucional vigente, seja ele democrático ou não.
- Segurança: Através do principio da legalidade a lei nos protege. Nenhum mal poderá
vir do comportamento dos governantes. Eu também não posso ser surpreendido com uma
posição estatal que não está prevista em lei.
- Lei  Liberdade: A lei limita as pessoas, mas ela, ao mesmo tempo, garante os
nossos direitos e a nossa liberdade.
- Tomas Jefferson (Governo das leis, para se obter um governo popular): Os
governantes deveriam agir de acordo com a constituição e não de forma arbitrária. O governo
é das leis, não dos homens.
 LEGITIMIDADE: É a justificação para o fato de que uns mandam e outros obedecem.
“Legitimo é aquele poder que, mesmo à margem da lei, se exerce atendendo os interesses
da sociedade para qual se destina”.
- Para algo ser considerado legitimo, é necessário que a justificação do poder esteja
relacionada com os valores, costumes e crenças de uma sociedade, por isso, é necessário
que exista a aceitação do povo.

OBS: Uma lei pode ser legal, legítima, mas não justa.
Holocausto, Apartheid: Legal (estava previsto na lei) e legítimo (a população aderiu a causa) e
injusto. Por isso é necessário ter uma visão externa à comunidade, aos costumes e valores de
uma comunidade, e até à própria lei. Tem algo na justiça que antecede a lei: o critério dos
direitos humanos (direito natural do homem. Tem certos direitos que são inerentes à própria
condição humana)

- REVOLUÇÃO: ilegal (?) (contra a lei) e legitimo (aderência popular). Obs: Alguns autores vão
defender que o poder constituinte originário nunca é ilegal e ilegítimo.
- GOLPE: ilegal (contra a lei) e ilegítimo (sem aderência popular)

Forças Politicas
7) Forças Políticas (Grupos de pressão para influenciar a política de Estado)

Prelot:
1 - Forças Coletivas
a) Organizadas: Partidos, sindicatos, igrejas, etc
b) Não organizadas: Opinião pública, classes sociais, etc
2- Forças Individuais (Eu enquanto cidadão tenho direitos políticos: votar e ser votado,
debater, liberdade de expressão, etc)

Bordeau:
- Forças individuais e forças coletivas (grupos organizados)
- Forças consciente (grupos que se unem, a partir de um projeto, a partir de uma forma
organizada) e forças espontâneas (não é alguma coisa organizada. É um movimento que surge
de forma espontânea. Dificuldade de identificar objetivamente as pautas de demandas e as
lideranças. A ausência de liderança e as pautas de demandas dificultam uma negociação.
- Forças oficiais (Reconhecidas pelo ordenamento do Estado: forças armadas, igreja, partidos
políticos, organizações profissionais, sindicatos, etc) e forças não oficiais (Não reconhecidas
pelo ordenamento do Estado: opinião pública, movimentos sociais, entidades estudantis,
associações religiosas, etc)
- Forças difusas (força que opera materialmente mas não conseguimos identificar
objetivamente as pessoas que participam, como por exemplo a opinião pública) e forças
organizadas.
Ivo Dantas:

 Forças Institucionais: Aquela que está prevista e autorizada por lei, ou seja, são
reconhecidas pelo ordenamento. Ex: Partidos, corpo eleitoral, sindicatos, organizações
profissionais, etc

 Forças não institucionais: São aquelas que não estão previstas em lei, ou seja, não são
reconhecidas pelo ordenamento. Ex: Opinião pública, movimentos sociais, associações
religiosas, entidades estudantis, etc

 OS GRUPOS DE PRESSÃO PREJUDICAM A LÓGICA DEMOCRÁTICA DA FORMAÇAO DA


VONTADE GERAL OU ELES SÃO NECESSÁRIOS? Os dois, pois existem grupos de
pressões que lutam apenas por interesses privados contrários ao Estado democrático
de direito. (lobby – facções). Por exemplo, vamos pegar dois grupos que são minorias
(numéricas) dentro da sociedade: Os bancos e as pessoas com deficiências. O primeiro
grupo, exerce pressão no Estado a fim de conseguir isenção fiscal. O segundo grupo
exerce pressão no Estado a fim de conseguir igualdade, conseguir seus direitos em um
Estado Democrático.

Sociedade – Estado
1. Origem Organicista/ Natural (Faz uma análise mais material)
 Só há homem porque há sociedade (valor primário).
 Base grega: Homem é naturalmente um ser político-social. Instinto natural de
sociabilidade (o que não significa harmonia social). Há uma natural necessidade de
associação. Vocação inata à vida social.

2. Origem mecanicista/ Contratual (Legitimar e justificar a forma de organização política)


 Sociedade é produto de um acordo racional e consciente de vontades, um acordo
hipotético firmado entre homens.
 Vontade humana justifica a sociedade: 1º homem, depois sociedade.

O Estado surge através de um processo natural? Conforme a sociedade vai mudando, as


formas de organizações políticas também vão? Origem Organicista/ Natural.

 O Estado surge através de um acordo de vontades? A sociedade, com interesses em


comum, em um determinado momento da história, se une de forma racional para
escolher uma forma de organização política adequada? Se não nos organizarmos para
garantir a ordem, se a sociedade viver de forma natural, ela vai ser o caos? Origem
Mecanicista/ Contratual

 O próprio gesto de consentimento com a ordem (reconhecimento da legitimação)


pressupõe um acordo. A ordem é necessária. Nós respeitamos essa ordem pois
sabemos que ela é fruto da vontade geral.

 O estado de natureza é o espaço que representa a máxima da liberdade humana, mas


também representa um verdadeiro caos, sem ordenamento.

Sociedade – Comunidade
Bauman: O facebook não é uma comunidade, pois podemos sair dela quando quisermos.

1. Comunidade
 1º
 União e vínculos comum baseada em afetos inconscientes e laços psíquicos
 Natureza humana: Ao nascermos, já estamos dentro de uma comunidade. Não é um processo
que podemos escolher, é um processo inerente à natureza humana.
 Solidariedade orgânica: Cooperação mútua, que é fruto exclusivamente dos afetos, dos
instintos.

2. Sociedade
 2º
 Ação racional e conjunta numa ordem jurídica e econômica
 Ordem e forma
 Solidariedade mecânica
 Organização, razão

OBS:O processo de ordenação é o processo onde a comunidade vai se organizando e se


transformando em uma sociedade. A sociedade é uma comunidade ordenada por regras
jurídicas (Se há sociedade há Estado, se há Estado há sociedade)

OBS: Como que as pessoas conseguem conseguir conviver de forma harmoniosa no mesmo
espaço (apesar de sermos diferentes uns aos outros)? Pois, através de um gesto racional,
consciente e de vontade, de forma conjunta, produzimos regras e ordenações: as leis. E
através dela conseguimos viver em harmonia.

Crítica: Se sempre existiu pessoas com vínculos coabitando e se submetendo a regras de


autoridade e ordenação, não é correto afirmar que a comunidade vem primeiro que a
sociedade. Ou seja, onde há comunidade há sociedade. Onde há sociedade há comunidade.
Sociedade (como comunidade ordenada): Características fundamentais

1. DAD:
 Toda sociedade tem uma finalidade social: A produção da ordem na comunidade, não se dá sem
objetivos em comuns. Todas lutam por alguma coisa, seja direito, igualdade, liberdade, etc
 Os fins racionais (finalidades sociais), que ordenam uma sociedade, são diferentes de lugar para
lugar (devido às tradições, costumes, cultura, realidade material concreta, etc) Apesar de eles
serem diferentes, todos eles representam uma ideia de bem comum (interesse público)

E quais são as finalidades sociais?


A) DETERMINISTA (FINS SOCIAIS NÃO DEPENDEM DE NÓS): Toda sociedade tem sim objetivos que
leva ela a se desenvolver para alcançar fins, entretanto, nós não escolhemos os fins, eles se dão
por condições naturais. Por exemplo, a própria questão da subsistência, divisão social do
trabalho. As pessoas precisam se alimentar (necessidade natural) logo elas vão se organizar de
forma ordenada para maximizar a produção e distribuição de alimentos.

B) FINALISTA (FINS PROGRAMÁTICOS): Existem objetivos sociais que são produzidos de forma
racional pelas pessoas. Como por exemplo a constituição: a nossa constituição é programática,
ela estabelece um programa de sociedade

2. Manifestações de conjuntos ordenadas: reiteração – ordem– adequação: Somos diferentes e para


que a gente coabite de forma minimamente harmônica, é necessário que exista um núcleo mínimo
de ordem – que é produzido em âmbito jurídico -, e para que a ordem seja aplicada e realizada são
necessárias medidas coercitivas de forma legítima. Entretanto, esse núcleo mínimo de ordem não é
só jurídico, ele é um núcleo de ordem social (regras sociais que estão ligadas aos costumes, por
exemplo). A reiteração dos atos sociais para influenciar as regras jurídicas ou as regras sociais são
adequados para produzir o bem comum e a finalidade de bem comum
 Atos de indivíduos e grupos que buscam influenciar as regras jurídicas (ou não), a fim de
produzir ordem e coesão e atingir o fim social, o bem comum enquanto maximização das
potencialidades individuais

3. Sociedades políticas: Disputas pelos fins (interesses privados x interesses públicos)


Sociedade – Estado

Nós, que somos diferentes uns aos outros, entendemos de forma racional que: para que coabitemos no
mesmo espaço, de forma minimante harmônica, é necessária uma ordem na sociedade. Ou seja, o
próprio povo cria as leis, na sua máxima liberdade, e se submete de forma voluntária a elas a fim de
garantir uma ordem e coesão social. A ordem não é apenas imposta de forma coercitiva, mas também é
imposta porque nós concordamos com isso (ideia de ordem).

Comunidade (1°)  Sociedade (2º)  Estado (3º) ???


Essa separação de quem veio primeiro ou depois que o outro está errada, pois a todo momento os 3
estão mutualmente se afetando e se permitindo. Sempre existiu e, ao mesmo tempo, uma forma de
organização social baseada em laços afetivos e em princípios de ordem.

Sociedade – Estado Moderno: Institucionalização do poder


Vontade geral: Guia o Estado
Estado: Ordem política de organização da sociedade
Estado: 3 dimensões
1. Filosófica: O Estado é uma ideia moral e racional. Espaço particular (família): espaço da moralidade,
juízos privados de certo e errado, ideia de justiça, etc. Espaço geral (sociedade): Várias famílias com
ideias próprias de juízos privados e justiça coabitando de forma minimamente harmônica. O Estado
viabiliza a coesão.
2. Jurídica: O Estado é a reunião de homens vivendo a mesma lei. Torna a comunidade uma sociedade
por via da lei, do direito.
3. Sociológica: Grupo vitorioso impõe sua vontade e organiza o domínio. Estado: monopólio da força e
do poder.

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