Técnicas de Manuseio Com Bastão

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ARMA NÃO LETAL PARA PROFISSIONAIS

DE SEGURANÇA PÚBLICA E PRIVADA

TONFA

1. BASTÃO ( POLICIAL)

Os movimentos do bastão são uma integração dos movimentos de dança do judô,


Karatê e Aikidô. Houve minucioso trabalho para integrá-los, torná-los coerentes, e em
harmonia com os princípios do Karatê, em especial com o Princípio da Simetria, não
seguido por nenhuma das modalidades da qual se originou.

Com o bastão surge ainda outra inovação: os ataques livres. Nas práticas a dois e
nas formas preestabelecidas ou katas os movimentos são fixos e imutáveis. Já no ataque
livre, eles variam sem prévio aviso e sem estarem combinados.

O bastão não deve ser visto como um mero instrumento de prática, mas como uma
parte ou extensão do seu corpo. O bastão deve ter vida e sensibilidade.

O ideal é que cada praticante tenha o seu próprio bastão, pois qualquer
diferença nas medidas ou textura prejudica o seu manuseio. Com o treinamento
continuado, o bastão passa a fazer parte de nossa vida e a identificação mútua é perfeita.
Ele, como os demais instrumentos de prática, deve ser tratado com respeito, ser um objeto
de estimação e de proteção. Estas razões são suficientes para justificar que as armas devem
ser tratadas com carinho e cuidado. Ao colocá-lo no solo, repouse-o com cuidado ao invés
de atirá-lo com desdém.

As técnicas de bastão obedecem aos mesmos princípios das técnicas corporais.


As técnicas aplicadas à defesa pessoal se baseiam em técnicas desenvolvidas para
policiais, tendo como objetivos:

a) ser eficiente;
b) pouco traumática e

c) não violenta.

A movimentação utilizada não transmite ao espectador a idéia de violência ou


agressividade, apesar da eficácia.

Este curso veio atender reivindicações de policiais, que desejavam defesas efetivas
contra ataques armados ou não, quer em pé ou no solo, inclusive com técnicas para o
transporte ou a imobilização de pessoas.

Reclamavam de técnicas ultrapassadas e inadequadas, envolvendo traumatismos,


sangramentos, e fraturas. As técnicas antigas exigiam ainda que o policial lutasse no solo
com o infrator, o que deixava o primeiro em situação vulnerável, principalmente quando o
confronto envolvia mais de um infrator ou agressor.

As técnicas de Defesa Pessoal levaram em conta todos esses fatores, havendo


técnicas específicas, que são eficientes, não violentas, e fáceis de se aprender. No caso da
defesa pessoal, em primeiro lugar vem a eficiência, mas sem necessidade de violência
desmesurada e desnecessária.

2. Tonfa I

Das armas mais populares do Kobudô de Okinawa, a Tonfa (também chamada de


Tonqua) é feita de maneira muito simples, através de dois pedaços de madeira
perpendiculares. Sua variedade de usos, bem como sua simplicidade de confecção devem
ser os motivos de sua grande popularidade nas artes japonesas, sendo encontrado também
na China, Coréia e Filipinas. Nos últimos 20 anos a Tonfa tem sido adotada, inclusive, por
diversas forças policiais e militares em todo o mundo devido à sua eficiência no controle do
oponente sem a necessidade de machucá-lo, característica vital para uma força policial.

As origens da Tonfa são nebulosas, mas, acredita-se que essa peça de madeira seja a
empunhadura de um moinho utilizado pelos povos orientais. Esse moinho seria formado
por uma pedra grande, com sulcos, e uma menor, redonda, que gira sobre a maior
pulverizando os grãos. A Tonfa seria a manivela que gira essa roda menor (é interessante
notar que muitas das técnicas dessa arma são giratórias). Quando apareciam problemas,
destacava-se essa empunhadura do moinho e utilizava-se como arma.

As dimensões são muito particulares, devendo ir da palma da mão até cerca de 5cm
abaixo do cotovelo. Todas as partes da Tonfa podem ser utilizadas em técnicas marciais,
tanto para golpear (utilizando as pontas) quanto para bloquear (com a arma paralelo ao
antebraço). Costuma-se usar a sua parte maior em apresamentos e torções, usando o lado
menor como alavanca. Seus movimentos de rotação ocasionam contra-ataques fulminantes.

3. Tonfa II

A Tonfa foi desenvolvida como uma arma pelos habitantes de Okinawa,


especificamente para uso de defesa pessoal. Duas Tonfas eram freqüentemente usadas
simultaneamente, e eram umas armas muito eficientes contra ladrões. Originalmente, a
Tonfa era usada para moer e descascar o arroz e o feijão. Os movimentos circulares da
Tonfa eram usados como forma de ataque, a parte lateral da Tonfa era usada para bloquear
golpes e as extremidades para ataques penetrantes. Agora o Karatê moderno usa a Tonfa
como forma de treino. A Tonfa ajuda a desenvolver estratégias de bloqueio e aumenta a
força do praticante.

Originariamente, a Tonfa como também o Nunchaku, era utilizada como um


rudimentar para descascar cereais como o arroz. Mas, a imaginação dos camponeses de
Okynawa e a necessidade de elaborar técnicas de combate simuladas, já que eles estavam
proibidos de andarem armados, levaram-no a idealizar a transformação de um simples
instrumento de trabalho em uma mortífera e eficiente arma de combate.

Seu treinamento permite ao praticante um firme bloqueio com o antebraço já que a


tonfa apóia nas defesas do antebraço. E aos golpes efetuados com as suas extremidades, a
tonfa passa a ser uma extensão dos próprios braços.

Existem muitas denominações para a arma – toifa, tongkwa, tonfwa, hawakan, bastão pr-
24, BPE 61, etc; a mais conhecida é tonfa. Sua utilização original é controversa, porém,
existem referências que era utilizada também para triturar grãos ou para ceifar o arroz. As
técnicas eram muitas vezes sistematizadas e passadas através de movimentos encadeados,
chamados Katas. As técnicas permaneceram desconhecidas e com poucas mudanças até
1971, quando Lon Anderson adaptou técnicas com tonfa para trabalho policial. A tonfa
pode ser trabalhada individualmente ou em pares, porém, para o trabalho policial foram
desenvolvidas técnicas apenas para uma tonfa. De qualquer forma hoje a tonfa é uma das
mais utilizadas armas do kobujutsu. Várias unidades policiais, militares e corpos de
segurança privada utilizam a tonfa em vários países. No Brasil podemos ver as tonfas em
unidades da Polícia Militar, Companhia do Metropolitano, CPTM, etc. É importante
ressaltar que a tonfa foi adotada por permitir o uso de técnicas de controle (com o
treinamento adequado) que diminuem o risco de lesões mais graves nos agressores o que
pode gerar uma condenação perante a opinião pública. Hoje existe uma preocupação para
atender a uma evolução e preparação de um melhor profissional de segurança.

O conceito de armas auxiliares foram sem dúvida concebidas no Japão assim também
muitas artes marciais usadas por forças policiais e militares, porém, foi uma empresa
americana - a Monadnock Corporation de New Hampshire que registrou a patente e
denominou a tonfa como bastão PR-24 em 1974.

GRADIENTE DE FORÇA

(USO DE ARMAS NÃO LETAIS)

Pessoas que trabalham na área de segurança seja pública ou privada devem ter
procedimentos que defina qual é a resposta para situações de agressão na proporção exata
de acordo com a violência perpetrada.

As forças de segurança devem usar um gradiente de força que mostra alternativas que
seguem o preceito de uso proporcional da força, estando dessa forma amparados nos
aspectos moral e legal.O uso excessivo, indevido ou arbitrário de força que causem danos
físicos ou morais, não deve ser permitido pela sociedade civil e precisam ser fiscalizados
pelos órgãos responsáveis pela manutenção da ordem e do estado de direito que preservem
os direitos individuais.
A atuação de equivocada de policiais ou seguranças mostra o despreparo e falta de
treinamento que gera medo e revolta na população, descrédito das instituições e
condenação pelos órgãos de imprensa. Quando falamos de profissionais de segurança
pública ou privada devemos lembrar da Declaração Universal dos Direitos Humanos que
em seu artigo terceiro diz:

“Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal”.

Embora esse artigo defina a necessidade de proteger o cidadão, devemos lembrar que isso
abrange sua dignidade. O profissional de segurança deve respeitar e fazer cumprir as leis e
normas vigentes ao mesmo tempo evitar a responsabilidade civil ou penal que o uso
indevido ou exagerado da força produz. É interessante ressaltar que isso não significa ter
uma atitude passiva que paralise suas ações e ameace a sua integridade física ou moral.
Nesse contexto é importantíssimo que o agente de segurança seja equipado com recursos
que aumentem sua segurança, ao mesmo tempo tenha a capacitação necessária para sua
utilização de maneira efetiva e finalmente tenha treinamento e domínio de procedimentos e
técnicas para sua defesa pessoal. Exemplificando a questão podemos citar um segurança
que tem apenas um cassetete em seu cinturão, não tendo sido treinado em técnicas de
defesa pessoal, irá utiliza-lo para desferir golpes contundentes ao invés de tentar aplicar
uma chave de braço para controlar o agressor. Situações em que policiais utilizam a tonfa
apenas como um cassetete é mais comum do que poderíamos imaginar, exatamente pela
falta de treinamento que é primordial para se confiar na ferramenta e saber com tirar o
máximo de seu potencial. O maior perigo é exatamente tirar a ferramenta do que dar
uma boa capacitação, por esta ser muito onerosa.

A força utilizada deve ser baseada na situação que o agente de segurança enfrenta e deve
ser imediata. A força utilizada tardiamente caracteriza punição do individuo que não cabe
ao agente de segurança julgar, proferir e executar a sentença. O objetivo de utilizar a força é
neutralizar o individuo em sua ação que caracterize desrespeito as leis, ou que possam
causar mal de acordo com a sociedade que esse indivíduo convive. É importante definir que
o agressor é quem comete a ação e o agente de segurança apenas reage, gerando uma
resposta defensiva.O nível de ameaça que o agressor representa é proporcional à força que
será utilizada para conte-lo. A avaliação da situação deve ser a somatória de vários fatores
relacionados ao agente de segurança ou ao agressor como, por exemplo, a idade, sexo,
tamanho, porte, preparo físico, nível de habilidade, relação numérica entre agentes de
segurança e agressores, etc., bem como circunstancias especiais, como a proximidade do
oponente a uma arma de impacto ou de fogo, o conhecimento de informações relevantes
sobre a periculosidade do oponente, o fato do agente de segurança estar ferido ou exausto
ou em posição vulnerável, etc. Um agente de segurança sozinho pode utilizar um nível de
força maior contra vários oponentes, mas se oponente for muito mais fraco e representa um
risco menor, é recomendado não escalar no uso da força.A percepção da totalidade da
situação que proporciona a escolha e dosagem do nível de força que será utilizado para
conter o agressor.

NÍVEIS DE GRADIENTE DE FORÇA


O policial militar, uniformizado é um fator inibidor, onde apenas sua presença pode evitar
que uma ação criminosa seja consumada. Desta forma um bom policiamento de
determinada região tende a diminuir seus índices de criminalidade.

Em casos onde o agressor está nervoso é recomendado negociar tentando diminuir a tensão,
como por exemplo, se a situação envolve reféns um bom negociador pode fazer o marginal
se entregar preservando tanto a vida do próprio marginal quanto dos reféns.

Uma situação com um familiar nervoso ou um agente de segurança em público, devemos


optar por técnicas que não causem constrangimento ao mesmo tempo em que preservam a
integridade física do agressor. Nesses casos é altamente recomendado o uso de chaves de
braço, por exemplo.

Em alguns casos por não termos o treinamento necessário para aplicar uma técnica de
controle para restringir os movimentos ou conduzir a pessoa, o uso de armas não letais,
intimida o agressor e inibe a escalada da violência. Será mais difícil avançar contra um
policial que exibe sua tonfa ou que usa um gás de pimenta, a pessoa não continuará sua
agressão sem enxergar.

Em situações onde há mais de um agressor e estamos sozinhos, não é recomendado tentar


aplicar uma técnica de controle. Enquanto imobilizamos um, o outro elemento pode atacar,
desta forma, ao invés de controlar, um golpe contundente (soco, chute, cotovelada, etc.),
não expõe tanto o segurança possibilitando eliminar a ameaça rapidamente se tiver o
treinamento necessário.

A última opção é o uso de armas letais, apenas em situações de legítima defesa,


especificadas na lei, justificam seu uso. É importante o bom senso e a responsabilidade,
além é claro do treinamento adequado. É importante ressaltar que podemos pular etapas no
gradiente de força, se uma pessoa estava apenas agredindo verbalmente o agente de
segurança e tentávamos negociar, se este escala na violência e tira um revólver
repentinamente, podemos fazer uso de meios letais para nos defender. O momento é que
decide qual é a melhor resposta.

Existem sub-níveis em cada nível de gradiente de força, por exemplo, imagine onde um
agente de segurança tenta retirar uma pessoa de um local, sorrimos e pedimos
educadamente, se ele não concorda, aumentamos o tom e solicitamos com maior ênfase, se
ele nos ofende, usamos um comando autoritário e assim por diante e estávamos apenas no
nível da negociação.

Os níveis de gradiente de força devem ser constantemente treinados para que em uma
situação de risco decidirmos imediatamente nossas respostas de maneira correta,
diferenciando o bom do mal profissional.

ASPECTOS LEGAIS

Legislação
No Brasil, não há legislação específica sobre armas de impacto. A comercialização e o porte
da tonfa não são proibidos para o cidadão comum, posto não serem regulamentados, ou
melhor, se existe uma regulamentação, está tem caráter administrativo e se refere
basicamente a sua utilização. Desta forma, se a lei não proíbe, o porte do instrumento, em
tese, é permitido conforme dispositivo constitucional: “ninguém será obrigado a fazer ou
a deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei (art. 5º, II)”.A tonfa é, hoje, um
instrumento de uso preferencial pelas Forças Armadas e Forças Auxiliares (Polícia Federal,
Policias Militares Estaduais, Polícias Civis Estaduais, Polícias Rodoviárias Federal e
Estaduais, Bombeiros Militares Estaduais e Guardas Civis Metropolitanas) da Federação,
Estados e Municípios. Muitas empresas de economia mista também adotam essa ferramenta
para seus agentes de seguranças.
Na utilização da tonfa como um recurso auxiliar do profissional de segurança, é
indispensável o “gradiente de força”, pois a CF no inciso III do mesmo art. 5º aborda
questões de tratamento em relação ao ser humano: “ninguém será submetido à tortura nem
a tratamento desumano ou degradante”, de tal forma que o emprego do instrumento deve
ser apenas para controlar uma situação e não aplicar uma punição. Quem agir nestas
condições incidirá em crimes cujo enquadramento pode variar conforme a característica e a
gravidade do procedimento. É indispensável o preparo técnico do profissional, incluindo-se
aqui, a devida preparação jurídica e humanística, que caracteriza o bom profissional de
segurança que trabalha as suas habilidades conceituais, técnicas e humanas. O importante é
que quem decide pela utilização ou não da tonfa é o agente conforme a situação e condições
com que se depara. Por isto, o ato é de sua inteira responsabilidade e como tal deve se
assumir, respondendo por eventuais excessos.
Um fator a ser considerado, é a destinação do profissional de segurança e seu campo de
atuação. A segurança pública tem uma destinação diferente da segurança privada. O policial
deve prender quem se encontre em flagrante delito, enquanto o vigilante ou agente de
segurança privada eventualmente pode dar voz de prisão à pessoa que se encontra nesta
condição. O policial em suas funções é obrigado a sair ao encalço do criminoso e prende-lo,
enquanto o agente de segurança particular deve apenas dar proteção à vida e ao patrimônio
sob sua responsabilidade, não pressupondo uma atuação repressiva e sim eminentemente
preventiva.

Feita uma consulta ao Departamento de Polícia Federal sobre o uso desse equipamento por
empresas de segurança privada (posto ser esse o Órgão governamental que rege essa
atividade), nos foi dito que seu uso não é recomendável, justamente pela parcela de
ingerência privada em seara marcada pelo caráter de coletividade, isto é, de segurança
pública, sendo adequada uma consulta prévia ao Departamento de Polícia Federal sobre o
uso desse implemento, numa base de análise de cada caso individualmente, por parte das
empresas interessadas.

Postura e compostura do Policial Militar:

Imagine-se frente a frente com um indivíduo armado com uma faca e única intenção é tirar
sua vida. Imagine o brilho da lâmina percorrendo rapidamente o espaço que o separa deste
oponente. Muitos de nós apresentamos uma reação natural medo quando somos ameaçados.
Neste contexto o controle da dor é essencial, assim como a frieza para lidar com sangue e
ferimentos, tanto próprios como do adversário (pois ao contrário do que ocorre nos filmes,
um oponente ferido não desfalece com um único golpe, isso é uma exceção). É preciso
estar preparado psiquicamente, pois as cenas e os sons em um contexto de luta real diferem
muito daqueles presenciados nos treinos. Além disto, quantos de nós está de fato preparado
para receber um corte ou tiro? Pense: será que sua técnica se manteria se você estivesse
com dor ou sangramento?
Nos treinos, quando recebemos um golpe fatal ou quando estamos acuados ou se nos
ferimos, damos uma pausa e depois continuamos. Este é um hábito que pode criar
condicionamentos desfavoráveis, fatais num combate real (no qual, mesmo com grande
desvantagem ou feridos, não podemos simplesmente “jogar a toalha”). O comedimento e o
respeito frente ao nosso colega de treinamento também podem limitar nosso
condicionamento, pois molda nossa atitude. Numa luta real podemos desviar a atenção do
adversário com atitudes, gestos ou palavras por tempo necessário para que se desfira um
golpe fatal. Deve-se lembrar que para sobreviver não há regras. O domínio do emocional do
oponente pode estar em nossas palavras, assim como sua forma de lutar (com mais ou
menos precaução). Intimidá-lo, induzi-lo a erros, enganá-lo pode ser uma forma de vencê-
lo.
Treinar em contextos próximos dos reais é o ideal, obviamente tomando-se as devidas
precauções para que acidentes mais graves não ocorram.
Algo que se pode ver em filmes e que na vida real pode ser bastante amedrontador é o
adversário mostrando, através de automutilação, que está pronto para morrer no combate,
sendo a dor algo secundário. Lembre-se, não subestime um indivíduo que está acuado,
desesperado ou não tem nada a perder. Mesmo um indivíduo drogado, em fuga, ou
defendendo algo que lhe é muito importante pode realizar verdadeiras façanhas e nos
surpreender mesmo gravemente ferido. Antes de sair atacando estude a atitude, a segurança
e a habilidade de seu adversário. Se você perceber que suas chances de vencê-lo são
mínimas, fuja. Lembre-se dos ditos de Sun Tsu:
“Se você não conhece a si mesmo e nem a seu inimigo, perderá todas as batalhas. Se você
conhece a si mesmo, mas não conhece seu inimigo perderá metade de suas batalhas. Se
você conhece o inimigo e a si mesmo não precisa temer o resultado de cem batalhas”.
Da mesma forma que você pode induzir seu adversário a respostas emocionais através de
provocações, atitudes ou gestos, ele também pode fazê-lo com você. Controle emocional é
essencial para quem está lidando com a vida de pelo menos duas pessoas. Deve-se saber
quando é prudente atacar e quando é sábio fugir. Além disto, o orgulho e o afã da luta não
podem cegá-lo a ponto de induzir que você pratique um excesso do qual se arrependa
amargamente depois. Técnicas com a tonfa não são para vingança, é para defesa de sua
própria vida e de terceiros.
O corpo do agente de segurança responde ao medo, provocando alterações fisiológicas
automáticas que devem ser compreendidas e trabalhadas para potencializar a capacidade de
reação e as chances de sobrevivência no confronto. O perigo induz a uma reação de alarme
no corpo, ocasionando um stress agudo que aumenta a pressão arterial, acelera os
batimentos cardíacos, altera o ritmo respiratório (ofegância), dilata as pupilas (permite
enxergar melhor o alvo), seca a boca, constringe os capilares (diminuindo o risco de
hemorragias se sofrer uma lesão superficial), apressa a formação da glicose provocando
aumentando a taxa de glicose no sangue (as células no confronte exigiram mais energia), os
músculos se tencionam e prepara o corpo para o combate ou fuga.
As pessoas respondem de maneiras diferentes a situações de risco, alguns podem ficar
paralisados esquecendo a técnica, outros agem impulsivamente desconsiderando os riscos e
finalmente a pessoa preparada mantém o domínio e faz o que é necessário.
O indivíduo sujeito a situações freqüentes de risco, como profissionais de segurança,
acarreta descompensações e desgastes exagerados que originam disfunções relacionadas ao
estresse: doenças cardíacas, hipertensão, disfunções imunológicas, enxaqueca, insônia e
disfunção sexual.
Controle Emocional
A surpresa pode causar um choque no indivíduo que causa confusão mental. O indivíduo
deve analisar, avaliar, identificar e decidir sua linha de ação. É possível diminuir um pouco
os efeitos negativos do stress através da respiração, lenta e compassada, baixando a
freqüência cardíaca. Esse dado é importante, pois o aumento dos ritmos de batimentos
cardíacos tem relação direta com as habilidades motoras do indivíduo.
Há três faixas principais de batimentos cardíacos nas quais determinadas faixas motoras são
possíveis. A pessoa relaxada, entre 60 a 90 b.p.m., consegue executar habilidades delicadas,
as chamadas habilidades motoras finas, que exigem concentração e precisão de
movimentos. Na faixa entre 115 a 145 b.p.m., as habilidades finas começam a deteriorar. O
nível de concentração baixa e de consciência aumenta, o corpo está preparado e alerta, os
músculos irrigados e prontos. Passamos a ter maior controle sobre conjuntos maiores de
músculos. As habilidades de sobrevivência têm nessa faixa suas melhores chances em um
confronto físico direto. Imagine após um susto, uma pessoa não conseguira colocar uma
linha em uma agulha, suas mãos estarão tremendo e os dedos não responderão a seus
comandos, porém, mas conseguimos utilizar uma tonfa. As estatísticas de acerto em
situações com armas de fogo diminuirão drasticamente em comparação a situações
controladas, como em um estande de tiro.
Com o aumento da descarga adrenérgetica e do ritmo cardíaco, começa a haver a
deterioração do processo cognitivo, a exclusão auditiva e a dilatação da pupila, o que
elimina a visão periférica e a sensação de profundidade, de terceira dimensão, levando a
chamada visão de túnel. Isto ocorre a partir de 175 b.p.m. podendo o coração chegar
próximo do colapso.

Desse fato, concluí-se que, por mais que sejamos hábeis no manuseio de uma determinada
técnica, em um confronto é importante o treinamento intensivo, as repetições dos
movimentos que levem a adquirir memória muscular (o músculo responde mais rápido aos
estímulos), o treinamento mental para tomar as decisões corretas mesmo durante o
confronto, o treinamento em situações próximas ao real adquirindo conhecimento e perícia.

Profissionais de segurança pública e privada encontram enormes dificuldades para executar


suas funções.

Existe a falta de investimento, o que acarreta falta de recursos, melhor aparelhamento das
forças de segurança e principalmente falta de treinamento adequado – físico, técnico e
psicológico. Outros pontos são as condições adversas impostas pela sociedade como uma
melhor distribuição de renda que eleva o índice de criminalidade, perda de valores morais e
banalização da violência.
Existem diversas situações que podem evidenciar a necessidade do uso da tonfa, para cada
grau de risco ou ameaça existe um nível de resposta correspondente, sempre respeitando o
gradiente de força para evitar o uso desnecessário da força, iremos abaixo descrever
algumas delas:

a) Cidadão comum, em surto de raiva: Reações explosivas originadas por situações de


stress são comuns, principalmente em grandes centros urbanos. Normalmente o
motivo inicial é sempre banal. O uso da tonfa se justifica se a pessoa usar um objeto
(pedaço de pau, faca, correntes, etc.) que apresente risco para o agente de segurança.
É importante evitar golpes traumatizantes dando ênfase em técnicas de controle
(chaves de braço ou imobilizações).

b) Marginais: O marginal analisa duas coisas na hora de consumar uma ação criminosa
– o risco que ele irá ter e o benefício que ganhará se perpetrar seu delito. O uso da
tonfa se justifica quando o marginal resiste a prisão, ou ameaça a vida do agente de
segurança com qualquer objeto que não seja uma arma de fogo. A resposta agora
pode ser mais contundente, podendo aplicar golpes traumatizantes. O marginal não
quer ser preso e a resistência implica uma motivação para tirar a vida do agente de
segurança.

Existem três elementos básicos para a pessoa cometer um crime:

b.1 Oportunidade: Já ouviu dizer que a oportunidade faz o ladrão, ou imagine em uma
situação onde há um saque em uma loja, todos estão levando alguma coisa, será que você
não faria o mesmo? Não precisa responder é só um exemplo de oportunidade.

b.2 Intenção: Todo marginal quando escolhe sua vítima quer alguma coisa, furtar, roubar,
matar, cometer uma violência sexual, etc. É importantíssimo saber a intenção para saber o
nível de ameaça e qual é a melhor linha de ação a seguir.

b.3 Habilidade: O marginal é covarde e quer ter superioridade sobre sua vítima, é comum
escolher uma pessoa por estar distraída ou aparentar fragilidade. A habilidade não envolve
apenas saber ou não usar uma arma, mas principalmente saber escolher sua vítima.

c) Pessoa com problemas psicológicos em surto psicótico: Nessas situações o agente de


segurança deve ter extrema cautela, a pessoa pode aparentar passividade e
subitamente começar a agressão com extrema violência. O nível de força física e de
sensibilidade à dor pode estar alterado o que dificulta técnicas de imobilização. O
uso da tonfa da uma margem de segurança e aumenta a capacidade de imobilizar o
indivíduo.

Treinamento não deve se restringir apenas ao lado físico, é necessário à atitude


correta perante o adversário, sem a preparação psicológica para o combate, a
técnica pode ser esquecida e sem nenhuma utilidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MATSUHETO, K. Bastão Oriental. 1ª ed. Paraná – 1980

Curso Completo de Tonfa ( legis Bm 7ª edição)

José R. R. Abrahão

Ricardo Nakayama

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