Fernando Pessoa-Ricardo Reis e O Ano Da Morte de Ricardo Reis, de José Saramago
Fernando Pessoa-Ricardo Reis e O Ano Da Morte de Ricardo Reis, de José Saramago
Fernando Pessoa-Ricardo Reis e O Ano Da Morte de Ricardo Reis, de José Saramago
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Fernando Pessoa-Ricardo Reis e O ano ... MaurizioPerugi – p.45-61.
1
Note-se, entretanto, que já na p. 134 Ricardo Reis “viu jogar uma partida de
xadrez, ganharam as brancas”.
2
Citação de Os lusíadas, episódio de Adamastor, V, 59,1-2. Pela primeira menção
da estátua do Adamastor, cf. p.176-177.
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II
“Um barco escuro sobe o fluxo soturno”: é o Highland Brigade, que
traz de novo, e desta vez definitivamente, Ricardo Reis do Brasil para
Lisboa. O adjectivo soturno, muito frequente nos poemas do heterónimo
ricardiano, vai ser repercutido outras vezes ao longo do romance.3
Ao descer ao cais de Alcântara, Ricardo Reis, por engano ou
deslembrança, leva consigo um livro da biblioteca do navio, The god of
the labyrinth, do autor irlandês Herbert Quain: 4 o “deus labiríntico”
revela-se afinal “um simples romance policial” (p. 23), um “labirinto
doméstico” (p. 239), em que se fala de dois jogadores de xadrez (p.162,
233). Lisboa, sob a chuva, parece uma “entrada para o labirinto” (p. 17).
E a estátua de Camões, descrita pela primeira vez na p. 60, também
pertence à esfera do labirinto: “chegou ao Camões, era como se estivesse
dentro de um labirinto que o conduzisse sempre ao mesmo lugar, a este
bronze afidalgado e espadachim, espécie de D’Artagnan”. O romance,
aliás, principia e acaba com alusões ao poema camoniano (“Onde a terra
se acaba e o mar começa”; “Aqui o mar acaba e a terra principia… Aqui,
onde o mar se acabou e a terra espera”).5
O labirinto é um dos arquétipos literários que mais relação têm com
o barroco,6 e o mesmo se pode dizer do símbolo do espelho, que Saramago
utiliza aqui com regularidade metódica. Quanto ao hotel Bragança, com
a sua “porta dupla de painéis de vidro, monogramados com um H e um
B entrelaçados” (p. 24), trata-se de um “lugar neutro, sem compromisso,
de trânsito e vida suspensa” (p. 21);7 um limbo susceptível de se confundir
com um lugar simbólico frequente no universo pessoano: “O hotel está
3
Cf. p. 101: “Quando Ricardo Reis entrar na sala verá somente algumas pessoas
soturnas”; p. 214: “e ambos eram soturnos como insectos” (os dois velhos);
p. 255: “manhã...um pouco soturna”.
4
Pronuncia-se quem, e pode ser comparado com o nome do heterónimo Charles
Robert Anon (ou seja, “Anonymous”).
5
Cf. SILVA, 1989.
6
Cf. SANTARCANGELI, 1967; KERN, 1995; SCHMELING, 1987; BORGES, 1966
e 1990; GARCÍA MÁRQUEZ, 1994.
7
Também aponta para este passo MEDEIROS, 1998, p.1067.
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8
Onde está a estátua do Adamastor: cf. acima, a nota 2.
9
“The humour becomes rumbustious, not to say risqué […], and there is a hint
of playful irreverence when he retells the story of Adam and Eve” (PONTIERO,
1994, p. 145).
10
Veja-se, como exemplo desta intermitente falta de bom gosto, o trocadilho
sobre o nome do heterónimo, o bolo-rei e o Dia do Reis (p. 71).
11
O Hotel situava-se na rua do Ferragial de Cima, hoje rua Vítor Córdon, n. 45.
12
“Embora Saramago nunca o afirme directamente, a visão de Lisboa que ele
apresenta é muito semelhante à morte. A cidade está quase sempre debaixo de
uma chuva persistente e de uma atmosfera cinzenta, desde que Ricardo Reis
desembarca até ao fim, com pequenos intervalos de desanuviamento”
(MEDEIROS, 1998, p. 1067).
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III
“Saramago aproveita uma brecha deixada por Pessoa naquele jogo
das biografias” (Sílvio Elia). No plano meramente documentário, o Ricardo
Reis do romance corresponde perfeitamente à sua própria biografia, tal
como se encontra esboçada em páginas famosas do ortónimo. A partir do
capítulo inicial, a personagem vem constituindo-se pouco a pouco, na
sequência de uma dispersão sapiente de informações: a descrição física,
p. 15 (“seco de carnes, grisalho, e moreno, e de cara rapada”);13 a sua
origem, p. 42 (“no Porto, onde sabemos que nasceu”); o seu sotaque
brasileiro, p.17 (“pelo sotaque pensei que fosse brasileiro, diz o motorista;
Há dezasseis anos que não vinha a Portugal”),14 e p. 25 (“pela pronúncia
já se tinha visto que o hóspede viveu no Brasil”); enfim, os dados
pessoais declarados no livro das entradas, p.20: “parece o princípio duma
confissão, duma autobiografia íntima, tudo o que é oculto se contém
nesta linha manuscrita, agora o problema é descobrir o resto, apenas”.
Nesta última frase, que tem um forte valor metalinguístico, o narrador
aponta para seu alvo principal, isto é, a tentativa de decifrar o mistério
humano do protagonista (há mistério neste homem).
13
Cf. p. 211, “aquele homem moreno, de gabardina clara”.
14
Isto dos dezasseis anos é um pormenor que funciona como um Leitmotiv ao
longo do romance.
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15
Sobre a maneira com que a dimensão fantástica é tratada neste romance, cf.
AMARAL, 1997.
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A primeira noite de amor acontece na p. 95, as noites seguintes situando-se,
de preferência, no final dos capítulos (cf. p. 115, 135).
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filha, que ideia a tua, nunca seria uma conversa de iguais”, p. 145; “mas
primeiro deu-lhe um beijo na testa, teve esse atrevimento, uma serviçal,
uma criada de hotel, imagine-se, talvez tenha o direito, o dito natural, outro
não, assim ele lho não retire, que essa é a condição absoluta”, p. 165.
Contudo, afinal, um beijo na boca é o sinal de que a igualdade, se já não
foi completamente atingida, conseguiu tornar-se, pelo menos, num
objectivo possível (p. 231): “O meu salário é o seu bom trato, esta palavra
merecia realmente um beijo, e Ricardo Reis deu-o, enfim na boca.”
A arma mais eficaz de que Lídia dispõe, com vista a reduzir, ou até
a anular esta distância social é a sua maneira ‘justa’ de falar (p.169-170):
“Às vezes não sei bem quem tu és, Sou uma criada de hotel, Mas chamas-
te Lídia e dizes as coisas duma certa maneira.” Com efeito, Lídia, que encarna
o povo, a realidade, a vida vivida, costuma certificar-se do peso de cada
palavra: traduzir “repugnante” por “nauseabundo”, por exemplo, é a
prova de que Ricardo Reis, afeito ao léxico clássico e culto, é incapaz de
perceber as necessidades de um registo popular. Mais em geral, os traços
distintivos de Lídia são a sua carnalidade e o facto de ela representar, aos
olhos do narrador, uma encarnação natural, dir-se-ia cromosómica, do
povo. Para sublinhar esta materialidade vital de Lídia, Saramago recorre
à ironia, às vezes um bocado pesada, do fantasma pessoano: “Bravo, vejo
que você se cansou de idealidades femininas incorpóreas, trocou a Lídia
etérea por uma Lídia de encher as mãos, que eu bem a vi lá no hotel” (p.177);
“ó sátiro oculto, ó garanhão disfarçado” (p.178); “O que eu não esperava
era que você fosse tão persistente amante, para o volúvel homem que
poetou as três musas, Neera, Cloe e Lídia, ter-se fixada carnalmente em
uma, é obra, diga-me cá, nunca lhe apareceram as outras duas”, p. 266;17
“A Lídia é uma criada, E a Ofélia era dactilógrafa”, p. 324-325. A explicação
da alegoria político-social fica, como é costume, para o final do romance,
cf. p. 367: “O povo é isto que eu sou, uma criada de servir que tem um
irmão revolucionário e se deita com um senhor doutor contrário às
revoluções.” Trata-se, contudo, de um povo até certa forma idealizado,
intelectualizado, se é verdade que também é povo o “velho que não sabia
ler, por isso tem mais necessidade de fórmulas de sabedoria condensadas,
para uso imediato e efeito rápido, como os purgantes” (!), p.339.
17
Na resposta de Ricardo Reis, temos a explicação da escolha do nome feita pelo
narrador: “Não, nem é caso para estranhar, são nomes que não se usam hoje”.
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IV
Como é sabido, o nome de Marcenda foi sugerido a Saramago a
partir de uma passagem da Ode XVIII do Livro I das Odes ricardianas: “E colho
a rosa porque a sorte manda./Marcenda, guardo-a; murche-se commigo”.
Gerúndio do verbo latino marcere, a palavra não existe em português, que
só conhece o adjectivo márcido.18 A insistente reflexão onomástica começa
desde a presentação da personagem, p. 52-53, durante um colóquio com
Salvador, o proprietário do hotel: “ela tem um nome esquisito, chama-se
Marcenda […], É Marcenda o nome, É sim, senhor doutor, Estranha palavra,
nunca tinha ouvido, Nem eu”. Ricardo Reis não pode senão sucumbir ao
encanto sonoro deste nome classicíssimo: “pensou em Marcenda, disse
mesmo o nome dela em voz baixa” (p. 171). E, como de costume, o
fantasma de Pessoa é que se encarrega de apor uma glosa irónica,
metalinguística: “É um gerúndio bonito” (p. 266). Talvez o detalhe mais
curioso desta reflexão onomástica seja a relação estabelecida entre o
nome de Marcenda e uma passagem de um poema de Camilo Pessanha,
na qual vem intercalar-se outra, conhecidíssima, de Verlaine:
além do interessante caso clínico que é Marcenda, estranho nome,
nunca ouvido, parece um murmúrio, um eco, uma arcada de
violoncelo, les sanglots longs de l’automne, os alabastros, os balaústres,
esta poesia de sol-posto e doente irrita-o, as coisas de que um nome
é capaz (p. 98).
18
Além de outras criações cultas: marcescente, marcescência, marcescível.
19
Cf. já p. 26: “os dedos estendidos, pálidos, ausentes”.
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Sexta não, que vou ter a Lídia a fazer limpeza, Ora, que importância
tinha isso, juntava as duas, cada uma no seu lugar, a criada e a menina
de boas famílias, não havia perigo de se misturarem […], Acha que
uma menina como Marcenda, com a esmerada educação que recebeu,
o rigoroso código moral do seu pai notário, faz visitas a um homem
solteiro, na própria casa dele, sozinha (p. 232).
20
Servimo-nos da expressão já utilizada por CAMPELO, 1985.
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(cf. p. 315: “agora, meu amor, espero-te na Quinta das Lágrimas, se ainda
me quiseres”). O amor platónico para Marcenda é qualificado de lírica
história (p. 102: “e agora, para que tão lírica história tenha um final feliz”)
ou de romance (p. 129: “só num romance se aproveitaria esta coincidência
para estabelecer forçados paralelos entre uma laguna silente e uma
rapariga virgem”). Com efeito, um atributo típico desta personagem é um
sobrescrito… de um levíssimo tom de violeta (p. 258); uma carta, a
conhecida cor de violeta exangue (p. 287). O instrumento da ironia utiliza
vários registos, desde a hipocrisia do código social (p. 101: “tudo foi tão
perfeito que podemos augurar bem desta principiada relação”), até à
faceta algo improvável com que esta virgem louca se mostra aos outros
(p. 283): “se acreditarmos nas suas próprias palavras, pela primeira vez
foi beijada” (p. 258). O que, pelo contrário, parece o narrador tomar a
sério, é a imperfeição física dela, como afinal fica explicado num dos
colóquios com Fernando Pessoa, p. 376: “A mão esquerda de Marcenda,
que sentido terá, Ainda pensa nela, De vez em quando, Não precisava de
ir tão longe, todos somos aleijados”.21
Claro que, para além da condição burguesa e da poesia pós-
romântica, Marcenda encarna, acima de tudo, uma verdadeira doença do
espírito, a mesma que tem originado uma produção como aquela de
Ricardo Reis, poesia indeterminada no que, antes de mais, respeita à
relação com a natureza. Para Ricardo Reis, “poeticamente, as nuvens mal
existem, por uma vez escassas, outra fugidia, branca e tão inútil, se chove
é só de um céu que escureceu porque Apolo velou a sua face” (p. 212);
[…] o mais certo é que tenha do reino vegetal apenas o precário
conhecimento com que vem adornando as suas poesias, flores em
geral, e pouco mais, uns louros por virem já do tempo dos deuses,
umas árvores sem outro nome, pâmpanos e girassóis, os juncos que
na corrente da água estremecem, a hera do esquecimento, os lírios,
e as rosas, as rosas, as rosas (p. 336).
21
Cf. p. 382: “ser três vezes o aleijado que Fernando Pessoa diz que todos somos”.
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V
A composição da ode, onde se encontra o nome de Marcenda, é a
etapa final duma série de episódios em que Saramago pretende
reconstruir, com grande escrúpulo documentário, o trabalho do poeta. O
primeiro aceno à maça dos manuscritos datados está na p. 23: “estas
folhas escritas com versos, datada a mais antiga de doze de Junho de mil
novecentos e catorze […], e a folha mais recente de todas tem a data de
treze de Novembro de mil novecentos e trinta e cinco, passou mês e meio
sobre tê-la escrito”. Segue-se, na p. 63, outra lista de versos isolados, que
Ricardo Reis vai “murmurando […] como se identificasse fósseis ou restos
de antigas civilizações”. Um pouco mais acima (p. 47-53), Saramago acaba
de reconstruir, a partir de “uma folha de papel com verso e meio escritos”,
a génese do poema “Aos deuses peço só que me concedam o nada lhes
pedir”, muito significativo pelas questões dos deuses e do paganismo,
que, logo a seguir, o escritor retoma várias vezes.
Mais em geral, todo o romance regurgita de citações de poemas
ricardianos, um trabalho que, de vez em quando, o fantasma de Pessoa
não deixa de ironizar: “Nenhum vivo pode substituir um morto, Nenhum
de nós é verdadeiramente vivo nem verdadeiramente morto, Bem dito,
com essa faria você uma daquelas odes” (p. 79).
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Num plano mais geral, esta ambiguidade intrínseca à personagem, objecto da
recriação de Saramago, foi sublinhada por BRAGA, 1985. Há pouco, a questão
tem sido retomada por BUENO, 1999 (veja-se também BRAGA, 1996).
23
BUENO, 1999, também fala de “processo de rebaixamento”.
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VI
O ano da morte de Ricardo Reis não é só uma reconstrução
escrupulosa do heterónimo pessoano mais longevo. O seu carácter de
romance histórico fica declarado pelo próprio autor: “quem sabe se,
faltando-nos tudo, não teremos nós de inventar uma verdade, um diálogo
com alguma coerência, um Victor, um doutor-adjunto, uma manhã de
chuva e vento, uma natureza compadecida, falso tudo, e verdadeiro”
(p.193-194). Na verdade, o romance pretende ser um afresco de Lisboa
e Portugal naquele ano de 1936. Saramago fala de Sebastião e do
sebastianismo (p.74-75); do Quinto Império e do problema das colónias
(p.142-143); das relações tradicionalmente difíceis entre espanhóis e
portugueses. As cenas de massas abundam: o bodo dos pobres; o
carnaval nas ruas de Lisboa; a viagem a Fátima.
A história exige um comprometimento, e face a ela a impassibilidade
arcádica parece não ter mais lugar. O epicurismo professado por Ricardo
Reis equivale, no fundo, a uma forma de subterfúgio: “este longo fastídio
de existir, este fingimento de lhe chamar serenidade” (p. 363); e, de
qualquer forma, revela-se um instrumento inadequado para a
compreensão da realidade, na medida em que as coisas “perdem o seu
contorno como se estivessem cansadas de existir, será também o efeito
de uns olhos que se cansaram de as ver. Ricardo Reis nunca se sentiu tão
só” (p. 391-392). Finalmente, o neoclassicismo do protagonista parece a
Saramago uma manifestação reaccionária: “ainda que, reparando bem,
meu caro Reis, as suas odes sejam, por assim dizer, uma poetização da
ordem” (p. 325).
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Referências
AMARAL, Fernando Pinto do. Fantástico e verosimilhança n’O ano da morte de
Ricardo Reis. In: Sentido que a vida faz. Estudos para Oscar Lopes. Porto: Campo
das Letras, 1997.
BORGES, Jorge Luis. El Aleph. In: Obras Completas 7. Buenos Aires: Emecé, 1966.
BORGES, Jorge Luis. Ficciones. In: Obras Completas 4. Buenos Aires: Emecé,
1990.
BRAGA, Inês. José Saramago: O ano da morte de Ricardo Reis. Persona, Porto,
11-12, p.95-102, 1985.
BUENO, Aparecida de Fátima. Do falso equilíbrio à dissolução: Portugal em O ano
da morte de Ricardo Reis. Revista de Letras, Universidade Estadual Paulista, 36,
p.105-116, 1996.
BUENO, Aparecida de Fátima. Das Odes ao romance: a construção do
personagem em O ano da morte de Ricardo Reis. Veredas, Porto, 2, p.195-211,
1999.
CAMPELO, Juril do Nascimento. A ficção da ficção em O ano da morte de Ricardo
Reis. Revista de Letras, Curitiba, 34, p. 39-43, 1985.
GARCÍA MÁRQUEZ, Gabriel. El general en su laberinto. Barcelona: Plaza & Janes,
1994.
KERN, Hermann. Labyrinthe. Erscheinungsformen und Deutungen, 5000 Jahre
Gegenwart eines Urbilds. 3. ed. München: Prestel, 1995.
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Resumo
O assunto do artigo é uma reflexão em torno dos múltiplos aspectos
que diferenciam o Ricardo Reis autêntico, da personagem elaborada
por Saramago no seu romance. Pretende-se, além disso, esclarecer qual
a posição do escritor face à poesia e à personalidade deste heterônimo
de Fernando Pessoa.
Résumé
Quelle est la position de José Saramago vis-à-vis de la personnalité et de
l’oeuvre poétique de Ricardo Reis? C’est la question à laquelle cet article
se propose de répondre, en analysant les nombreuses différences existant
entre le Ricardo Reis authentique, et le personnage créé par l’écrivain
dans son roman.
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