Produção de Ovinos de Corte PDF

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Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

Embrapa Caprinos e Ovinos


Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Produção de Ovinos de Corte:


Terminação de Cordeiros no Semiárido

Fernando Henrique M. A. R. de Albuquerque


Leandro Silva Oliveira

Embrapa
Brasília, DF
2015
Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:
Embrapa Caprinos e Ovinos Telefone: (88) 3112-7400
Estrada Sobral-Groaíras km 4 www.embrapa.br/caprinos-e-ovinos Autores
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Fernando Henrique M.A.R. de Albuquerque
Unidade responsável pelo conteúdo e pela edição
Embrapa Caprinos e Ovinos Médico-veterinário, mestre em Zootecnia, pesquisador,
Embrapa Caprinos e Ovinos, Sobral, CE
Comitê de Publicações
Presidente Revisão de texto
Francisco Selmo Fernandes Alves Carlos José Mendes Vasconcelos
Leandro Silva Oliveira
Secretária-executiva Normalização bibliográfica Médico-veterinário, mestre em Zootecnia, analista,
Ana Maria Bezerra Oliveira Lôbo Tânia Maria Chaves Campelo
Embrapa Caprinos e Ovinos, Sobral, CE
Membros Capa, projeto gráfico e diagramação
Alexandre César Silva Marinho Maíra Vergne Dias
Alexandre Weick Uchoa Monteiro
Foto da capa
Carlos José Mendes Vasconcelos
Fernando Henrique M. A. R. de
Diônes Oliveira Santos Albuquerque
Maíra Vergne Dias
Manoel Everardo Pereira Mendes
Tânia Maria Chaves Campelo
Viviane de Souza

1a edição
1a impressão (2015): 2.000 exemplares
Todos os direitos reservados.
A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte,
constitui violação dos direitos autorais (Lei nº 9.610).
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Embrapa Caprinos e Ovinos

Albuquerque, Fernando Henrique M. A. R. de.


Produção de ovinos de corte: terminação de cordeiros no Semiárido / Fernando
Henrique M. A. R. de Albuquerque, Leandro Silva Oliveira. -- Brasília : Embrapa, 2015.
58 p. : il. color. ; 14,8 cm. x 21 cm.

ISBN 978-85-7035-447-1

1. Ovino - Terminação. 2. Ovino – Confinamento – Engorda. 3. Produção animal -


Ovino. I. Oliveira, Leandro Silva. II. Título. III Embrapa Caprinos e Ovinos.

CDD 636.39

© Embrapa 2015
Apresentação

A demanda por carne ovina de qualidade tem aumen-


tado nos últimos anos, mas a produção do Brasil não tem
sido suficiente para abastecer o mercado interno, apesar
do rebanho nacional apresentar cerca de 17 milhões de ovi-
nos. Entre os entraves para melhor inserção no mercado
está a carência de acesso a tecnologias para a produção.

Com o incremento no consumo de carne ovina, novos


padrões de qualidade de carcaça são exigidos pelo mer-
cado, o que demandam aumento da eficiência produtiva,
através do maior número de cordeiros produzidos por ma-
triz e de animais precoces para atingir o ponto de abate. Em
função dessa demanda, faz-se necessária a incorporação
de tecnologias nos sistemas de produção e definição de es-
tratégias de manejo que permitam aumentar a produção
de animais precoces com maior rendimento e qualidade de
carcaça, para a viabilização da competitividade sistêmica
da cadeia produtiva de carne ovina.

Dentre as tecnologias que podem promover ganhos


incrementais aos sistemas de produção destaca-se a termi-
nação de cordeiros. Considerando a diversidade dos siste-
mas de produção de carne ovina brasileiros, algumas estra-
tégias de terminação podem ser adotadas. Nessa cartilha
são apresentadas algumas alternativas para os produtores
do Semiárido.

A Embrapa, em parceria com o Ministério da Integra-


ção Nacional, apresenta esta cartilha sobre a “Terminação
de Cordeiros no Semiárido”, visando contribuir com a capa- Sumário
citação de produtores e técnicos participantes do Programa
Rota do Cordeiro.

Espera-se que as informações contidas nessa cartilha


possam auxiliar na adoção de práticas simples, porém mui- 1 Introdução 13
to importantes, para a produção de cordeiros para abate
com eficiência.
2 Sistemas de Terminação (Engorda) 19

2.1 Engorda em Confinamento 20

2.2 Engorda em Pastagem Cultivada 24

2.3 Engorda em Pastagem Nativa 29


Evandro Vasconcelos Holanda Júnior
Chefe-Geral da Embrapa Caprinos e Ovinos
3 Seleção de Cordeiros para Engorda 35

4 Práticas de Manejo Durante a Engorda 41

5 Acompanhamento e Avaliação do Sistema


de Engorda 51

Observações 54

Literatura recomendada 55
INTRODUÇÃO
1
Introdução

Os sistemas de produção de carne de ovinos e ca-


prinos no semiárido brasileiro apresentam como carac-
terística a realização de ciclo completo, ou seja, cria-re-
cria e engorda realizados pelo mesmo produtor, sem a
existência do produtor especializado em cada uma des-
sas fases (Figura 1).

A eficiência desses sistemas é prejudicada por di-


versos fatores zootécnicos, tais como: elevada mortalida-
de de animais jovens, crescimento lento das crias, idade
tardia ao abate e à primeira cobertura e baixa qualidade
da produção. Além disso, a permanência dos animais de
recria no rebanho aumenta a concorrência pelo uso da
forragem escassa, principalmente no período seco. As
perdas de peso verificadas em animais de recria em ca-
atinga podem alcançar até 20% do seu peso corporal, ou
seja, um borrego de 20 kg no início da época seca pode
estar no final desse período com apenas 16 kg.

Em conjunto a essa situação, a comercialização dos


animais para abate, principalmente no Nordeste, não
estabelece critérios de pagamento diferenciados por ca-

13
tegoria de produção, remunera apenas pelo peso ou ta-
manho. Muitas vezes, os animais não são pesados em
balança. A pesagem é feita “pelo olho” (avaliação visu-
al). Os diferenciais de preços são mais observados entre
animais de abate e animais para reprodução (formação,
crescimento e reposição de rebanhos). Um dos motivos Gestação e parto
da ausência de diferencial de preço por qualidade está Estação de monta
nas condições dos animais no momento da comercia-
lização, ocasião em que são vendidos em uma mesma
condição de acabamento de carcaça (quantidade de gor-
dura na carcaça), independente da idade.

Dessa forma, uma das alternativas para consumo Lactação


ou comercialização de animais gordos no período seco
são os sistemas de terminação. Esses sistemas podem
ser em confinamento e em pastagem, cultivada ou nati-
va, com ou sem suplementação de ração. Recria (cordeiras)

O objetivo deste documento é descrever e discutir


tipos de sistemas de engorda de ovinos utilizados nas
condições do semiárido brasileiro. Desmame

Abate Terminação

Figura 1. Ciclo de produção de ovinos de corte.

14 15
SISTEMAS DE TERMINAÇÃO

(ENGORDA)

17
2
Sistemas de Terminação (Engorda)

A engorda de cordeiros pode ser realizada de dife-


rentes formas. Para a escolha do sistema de engorda, a
análise dos fatores que interferem na produção é funda-
mental para viabilizar a atividade, sendo necessário um
bom conhecimento da propriedade e da região onde se-
rão criados os animais.

Os principais fatores que interferem no sucesso


da terminação de cordeiros são: custos e qualidade da
alimentação, custo de produção do cordeiro até o des-
mame ou de aquisição para a engorda, qualidade do
cordeiro (potencial de conversão alimentar e sanidade),
instalações, mão de obra e valor de venda do cordeiro
para abate.

É importante entender o mercado comprador dos


animais e os consumidores da carne, pois essas informa-
ções irão direcionar o produtor durante a engorda. Esse
entendimento responde algumas perguntas frequentes,
como: o melhor peso e idade para abater os cordeiros, o
tipo de alimentação dos animais, a raça ou os cruzamen-
tos, entre outros.

19
2.1 Engorda em Confinamento

A engorda de cordeiros em confinamento é uma


tecnologia que já vem sendo bastante utilizada no Brasil,
possibilitando aumentar a oferta de carne no período de
entressafra, contribuindo, assim, para o abastecimento
do mercado com um produto de boa qualidade.

A engorda em confinamento é quando o cordei-


ro alimenta-se exclusivamente no cocho, sem ir para o
pasto, recebendo ração e volumoso duas ou três vezes
por dia.

O confinamento é realizado em instalações de dife-


rentes tipos, podendo ser apriscos cobertos com telha de
barro, de zinco ou de fibrocimento, mas também com pa-
lhas de palmeiras ou coqueiros. Quando o confinamento
é realizado apenas no período seco, os currais não pre-
cisam de cobertura de telha, apenas sombra de árvores
ou sombrite de nylon. Quanto ao piso dos currais, reco-
menda-se chão batido para regiões semiáridas que con-
finam apenas na época seca. O piso deve ser cimentado
na área coberta e de chão batido na área aberta quando

Foto: Fernando Henrique M.A.R Albuquerque


o confinamento é realizado em todas as épocas do ano.
O piso ripado suspenso é recomendado apenas para re-
giões muito úmidas, como é o caso da região amazônica.
Recomenda-se a área de 1 m²/cordeiro, tanto para área
coberta quanto para a área aberta (solário).

As instalações devem ter bebedouro, saleiros e


cochos para fornecimento de ração e volumoso. A área
de cocho deve ser de um metro para cada três a quatro
cordeiros.
Cordeiros no início do confinamento.

20 21
Nesse tipo de engorda, os animais recebem o ali-
mento no cocho, tanto o concentrado (ração) quanto o
volumoso (capim verde moído, palma picada, silagem Muita atenção ao preço da ração,
de capim, de milho ou de sorgo, feno). Os cordeiros de- ao valor que o animal será vendido
vem ser alimentados duas ou três vezes por dia (início da e ao tempo de engorda, para que o
manhã, meio-dia e final da tarde). confinamento seja lucrativo!

O confinamento é o sistema de terminação que ge-


ralmente os cordeiros ganham mais peso em um menor
tempo, principalmente quando a alimentação é de boa
qualidade, os animais são jovens e sem problemas de
doenças. Cordeiros em confinamento, no semiárido, têm
ganho de peso diário variando de 100 g a aproximada-
mente 300 g, ou seja, em dez dias de engorda o animal
pode ganhar de 1 kg até 3 kg. Ovinos jovens, com me-
nos de um ano (dente de leite), geralmente ganham mais
peso do que os adultos, sendo mais interessante para
engorda. Além disso, a carne do cordeiro é mais macia
e saborosa do que a carne de animais adultos (carneiro
e ovelha).

Os animais jovens, principalmente antes da puber-


dade (por volta de cinco meses de idade), apresentam
melhor conversão alimentar em relação aos ovinos mais
velhos, ou seja, são mais eficientes para transformar o
alimento ingerido em peso vivo. Dessa forma, tendem a
apresentar melhores resultados econômicos na engorda.

Na região semiárida, o confinamento realizado de


forma estratégica poderá aumentar a oferta de cordei-
ros para abate nos períodos de entressafra. Contudo,
para isso é preciso que o produtor tenha alimentos dis-
poníveis, normalmente cultivados na estação chuvosa,
armazenados para serem fornecidos aos animais no pe-
ríodo seco.

22 23
2.2 Engorda em Pastagem Cultivada

A terminação de cordeiros em pastagem cultivada


é uma das possibilidades de sistema de produção para
os cordeiros alcançarem os padrões de abate de forma
mais rápida. No período seco do ano, os cordeiros po-
dem permanecer à noite na área de pastejo, desde que
não exista risco de roubo, de ataque de cachorros ou
animais selvagens (onça, raposa...).

Esse sistema de engorda é realizado em áreas for-


madas com um tipo de capim que apresenta boa produ-
ção de forragem, boa resposta à adubação e à irrigação.
As áreas escolhidas para implantar esse sistema devem
ter solo de boa qualidade, terreno plano com poucas
pedras e facilidade de água para irrigação.

Os capins mais utilizados são tanzânia, aruana,


massai, tifton e coast-cross. A área de capim depois
de formada é dividida em piquetes, para que o paste-
jo seja organizado. O número de piquetes deve ser de
pelo menos sete, para que os animais não fiquem mais
de cinco dias em cada piquete, pois além desse perío-

Foto: Fernando Henrique M.A.R Albuquerque


do irão comer a rebrota do capim, e com o passar do
tempo o capim pode “morrer”. A sugestão é que os cor-
deiros retornem para cada piquete em um intervalo de
25 a 30 dias, dependendo do tipo e da altura do capim.

Com a ajuda de um técnico da região, o produtor


pode calcular de forma mais precisa a quantidade de
divisões da área de capim.

Cordeiros na engorda pastejando capim-tanzânia.

24 25
A conta usada é a seguinte:

Número de piquetes =
(Dias de descanso / Dias de pastejo) + 1
Por exemplo: um lote de cordeiros em engorda, em
pastagem de capim-tanzânia com 5 dias de paste-
jo em cada piquete e descanso de 30 dias para os
animais retornarem ao primeiro piquete. O número
de piquetes será:
Número de piquetes =
(30 dias/5 dias) + 1 =
6 + 1 = 7 piquetes

Os piquetes podem ser cercados e divididos com


tela ou arame liso (8 fios). A altura da cerca deve ser de
aproximadamente 1,20 m. O uso de arame farpado pode
provocar ferimentos na pele dos cordeiros, correndo-se
o risco de iniciar uma “bicheira” e produzir um “couro”
de baixa qualidade.

Quando os animais estiverem nos piquetes, devem


Foto: Fernando Henrique M.A.R Albuquerque

ter acesso a água e sal mineral. Se forem recolhidos no


final da tarde para o curral, o sal pode ser colocado em
cochos na área coberta.

Nessas áreas, os cordeiros podem ser suplementa-


dos com um pouco de ração por dia, para que cheguem no
ponto de abate mais rápido. Para o fornecimento de ração,
deve-se considerar a proporção do peso vivo do animal,
variando de 0,8% a 1,2%. Por exemplo, um cordeiro de 20
kg irá consumir de 160 g a 240 g de ração/dia, enquanto
Fornecimento de ração para cordeiros a pasto. um cordeiro de 35 kg irá consumir de 280 g a 420 g de

26 27
ração/dia. Essa suplementação poderá ser fornecida no 2.3 Engorda em Pastagem Nativa
final da tarde. Caso a proporção da suplementação diária
for superior a 1,2% do peso vivo, deve ser dividida em
dois fornecimentos, manhã e tarde, para evitar timpanis-
mo (empazinamento). A terminação de ovinos em pastagem nativa (caa-
tinga sem manipulação) é a forma mais comum encon-
O ganho de peso diário de animais jovens nessas trada no semiárido, porém os animais atingem a condi-
áreas varia de 70 g até 180 g, ou seja, em dez dias ga- ção de abate em idades tardias, superior a dez meses,
nham de 700 g até 1,8 kg. e muitas vezes são comercializados sem apresentar um
adequado acabamento de carcaça.
Observa-se que essa forma de terminação apresen-
ta uma grande variação de resposta, tanto no crescimen- Algumas formas de manejo da caatinga podem
to dos cordeiros quanto no “lucro”. Os principais fatores ser utilizadas para possibilitar maiores produções de cor-
que influenciam essa variação são: eficácia no controle deiros por área. O manejo de raleamento da caatinga é o
da verminose, quantidade de ração usada na suplemen- mais indicado para a produção de ovinos, principalmen-
tação, preço da ração e do adubo, manejo do capim e te se associado ao enriquecimento da pastagem, por
preço de venda dos cordeiros para abate. meio do plantio de capins mais produtivos e adaptados
ao semiárido (buffel, capim corrente, adropogon, massai
É importante que seja feito o controle de verminose e gramão) e da adubação da área.
nos animais, em função dessa doença ser um dos princi-
pais problemas da criação de cordeiros em pastagem. O No período das chuvas, os cordeiros apresentam
controle deve ser feito através do método Famacha®, que ganho de peso diário variando de 40 g a 100 g, ou seja,
orienta a vermifugação somente de animais que estejam em dez dias ganham de 400 g até 1 kg de peso vivo.
com anemia (“olho branco”). Nesse tipo de engorda, a Quando suplementados com ração, podem chegar até
avalição deve ser feita uma vez por semana. 180 g por dia. Animais com até 12 meses (dente de leite)
apresentam melhores desempenho na engorda.

Principalmente no período chuvoso, a terminação


de cordeiros em pastagem nativa raleada é uma opção
É importante a ajuda de um técnico para a engorda de cordeiros, podendo ser associada à
treinado da região para fazer as suplementação com ração para permitir um melhor aca-
primeiras avaliações de anemia do bamento de carcaça (ponto de abate). Deve ser avaliado
rebanho usando o método Famacha®. o valor da ração, a quantidade de ração por animal e po-
tencial de ganhar peso dos cordeiros (raça ou cruzamen-

28 29
to) antes de fazer a suplementação. O fornecimento da
ração pode ocorrer no final da tarde, quando os animais
retornam para o aprisco ou para o curral.

É importante fazer o controle da verminose,


pois é um dos principais problemas da
criação de cordeiros em pastagem.
Foto: Fernando Henrique M.A.R Albuquerque

Ovinos pastejando na caatinga no período das chuvas.

30 31
SELEÇÃO DE CORDEIROS PARA ENGORDA
3
Seleção de Cordeiros para Engorda

Vários fatores influenciam o desempenho dos ovi-


nos na engorda. No animal, os principais fatores são:
sexo, idade, peso, raça, grau de gordura corporal e con-
dições de saúde. No ambiente, são: alimentação, currais,
pasto, chuva e manejo geral.

Antes do início do manejo de engorda, os animais


devem ser selecionados, pois alguns não se desenvol-
vem de maneira satisfatória. Para diminuir esse risco, al-
guns pontos devem ser avaliados:
• Peso vivo (mínimo de 18 kg e máximo de 25 kg).
• Escore de condição corporal (evitar animal mui-
to magro e muito gordo, que já esteja passando
do ponto de abate).
• Sexo (machos - inteiros e castrados; as fêmeas
“novas” são para substituir as “velhas” descar-
tadas do rebanho).
• Idade (menor que um ano – animais sem troca
dentária, “dente de leite”).

35
• Sanidade e defeitos (não colocar na engorda
cordeiros com sintomas de doenças: anemia,
diarreia, “mal do caroço”, “boqueira”, “mal do
casco”, catarro e conjuntivite; evitar animais
com defeitos na boca – “queixo curto”, “queixo
comprido”, “boca torta”).

Para realizar uma melhor seleção dos cordeiros


que irão entrar em uma engorda, pode-se utilizar as re-
comendações do Kit Embrapa de Seleção de Cordeiros
para Terminação.
Foto: Maíra Vergne Dias

Foto: Fernando Henrique M.A.R Albuquerque


Alguns critérios devem ser ajustados,
principalmente o peso vivo, de acordo com o
peso de carcaça que o comprador/frigorífico
desejar e remunerar melhor o produtor.
Cordeiro refugado: diarreia, “queixo curto” e muito magro.

36 37
acompanhamento e avaliação
Foto: Fernando Henrique M.A.R Albuquerque

PRÁTICAS DE MANEJO
Cordeiros selecionados para engorda. DURANTE A ENGORDA

38 39
4
Práticas de Manejo Durante a Engorda

No início da engorda, os animais devem ser identi-


ficados individualmente, avaliados, além de ser realiza-
da a prevenção das principais doenças dessa fase.

Os cordeiros escolhidos para engorda devem ser


identificados com brinco numerado na orelha e com
colar de plástico colorido no pescoço para acompanha-
mento do crescimento (ganho de peso) e separação por
grupos de alimentação. Pelo menos no momento do for-
necimento da ração, os animais devem ser separados
em grupos de acordo com o tamanho (grandes, médios
e pequenos), para permitir que todos ganhem peso, evi-
tando que os pequenos não cheguem ao ponto de abate.

Após a identificação, deve ser realizada a pesagem


e a avaliação do escore de condição corporal (grau de
gordura dos animais). Em seguida, são realizados os
procedimentos sanitários preventivos: vacinação de
clostridioses (“manqueira”/ morte súbita) e raiva, ver-
mifugação e, se possível, coleta de fezes para avaliar a
presença de vermes.

41
Foto: Fernando Henrique M.A.R Albuquerque

Foto: Fernando Henrique M.A.R Albuquerque


Cordeiro identificado com brinco numerado. Avaliação da idade pelos dentes (dente de leite).

42 43
As informações do manejo de entrada devem ser
anotadas em fichas, agendas ou cadernos, para que du-
rante a engorda seja feito o acompanhamento do cres-
cimento de cada animal e dos custos de produção. As
pesagens devem ser realizadas a cada 14 dias, acom-
panhadas da avaliação do escore de condição corporal
(grau de gordura). Quando mais próximo ao ponto de
abate, esse acompanhamento deverá ser realizado uma
vez por semana, para que os animais não passem do
ponto de abate, evitando prejuízos.

O controle de doenças na fase de engorda deve ser


feito para evitar que os animais fiquem doentes. Durante
esse período, os animais devem ser observados diaria-
mente (duas vezes por dia), para verificar a presença de
tosse, catarro, diarreia, falta de vontade de comer, em-
panzinamento, manqueira (caxinga), bicheira e outras
alterações no comportamento. Procedimentos curativos
devem ser realizados quando ocorrerem casos clínicos,
mas sempre com a visão de rebanho (diagnóstico da do-
ença no indivíduo e estratégia de prevenção no restante
dos animais).
Foto: Fernando Henrique M.A.R Albuquerque

Pesagem para acompanhamento do ganho de peso.

44 45
Foto: Humberto Memória
Foto: Leandro Oliveira

Avaliação do escore de condição corporal. Vacinação de cordeiro no início da engorda.

46 47
ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO
DO SISTEMA DE ENGORDA
5
Acompanhamento e Avaliação
do Sistema de Engorda

Para que o produtor tenha sucesso com a engorda


de cordeiros, é importante conhecer os preços de ani-
mais na sua região, valores dos insumos utilizados na
terminação (milho, sal mineral, vacinas...), melhor época
para vender cordeiros gordos (melhores preços e procu-
ra dos consumidores), produzir e armazenar forragem na
época das chuvas para utilizar no período seco, além de
fazer um bom acompanhamento dos animais na fase de
engorda. Para isso, algumas anotações devem ser feitas.

As principais anotações para acompanhar e avaliar


se a engorda está sendo eficiente são:
• Acompanhamento de peso (no início da engor-
da, a cada 14 dias, e na venda).
• Ganho de peso total na engorda
= Peso de venda – Peso no início da engorda
Exemplo: O produtor coloca 10 cordeiros de 20 kg
“em pé” para engordar, e depois de 60 dias os ani-
mais pesam 30 kg, cada um. Então o ganho de peso
total por animal é de 10 kg. O grupo todo (10 ani-
mais) teve um ganho total de 100 kg.

51
• Tempo para atingir o peso de venda (dias em Os principais ganhos (entrada de dinheiro) na en-
que o animal ficou na engorda). gorda são:
• Escore de Condição Corporal na venda (1 a 2,5 • Cordeiros para abate (venda em função do peso
- magro; 3,0 a 4,0 - no ponto; 4,5 a 5,0 - muito vivo - “peso em pé”).
gordo). • Esterco (venda do estrume).
• Quantidade de animais que adoecem durante a
engorda. Ao serem abatidos em frigoríficos, o produtor tem
• Mortalidade de animais (quantidade de cordei- outros produtos para venda:
ros que morrem durante a engorda). • Carcaças (venda da carcaça em bandas ou cortes).
• Vísceras (venda da “fussura” e “buchada”).
Para a avaliação econômica são definidas as fontes
de custo (desembolsos) e de receita (entradas de dinheiro) • Pele (venda do couro).
da fase de engorda. Os principais desembolsos são com:
• Compra de cordeiros para engorda.
• Alimentação (ração – milho, resíduo de algodão,
farelo de soja, “puim” de trigo; sal mineral; pro-
dução de capim, de feno ou de silagem).
• Medicamentos e vacinas (vermífugos, remédio
para tratar animais doentes, vacinas para preve-
nir doenças).
• Mão de obra (pagamento de diaristas para fa-
zer ou ajudar em algum serviço relacionado à
engorda. Por exemplo: cortar capim, fazer feno
ou silagem, consertar cerca, limpar o curral de
engorda).
• GTA (Guia de Trânsito Animal), para transportar
os cordeiros comprados e vendidos.
• Outros custos (brincos e colares para identifica-
ção dos animais, caderno para anotações, cor-
das e outros produtos utilizados nesse período
da criação).

52 53
Observações Literatura recomendada

• A realização da engorda de cordeiros permite ARAÚJO FILHO, J. A. de; CARVALHO, F. C.; SILVA, N. L.
uma maior produção de carne de melhor qualida- Criação de ovinos a pasto no semi-árido Nordestino. So-
de, principalmente no período de estiagem, para bral: Embrapa Caprinos, 1999.18p. (Embrapa Caprinos.
consumo da família do produtor e para venda no Circular Técnica,19). Disponível em: <http://ainfo.cnptia.
mercado. Também gera uma renda extra para o embrapa.br/digital/bitstream/item/26735/1/CT-19.pdf>.
produtor! Acesso em: 8 jan. 2014.
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tivada, de cordeiros após a desmama, reduz a BUQUERQUE, F. H. M. A. R. de. Avaliação de sistemas
quantidade de animais pastejando na caatinga, na caprino e ovinocultura. In: SIMPÓSIO DE CAPRINOS
permitindo maior oferta de forragem para o res- E OVINOS DA ESCOLA DE VETERINÁRIA DA UFMG, 1.,
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• Os animais jovens, cordeiros “dente de leite”, 2005. 12 f. 1 CD-ROM.
apresentam melhor conversão alimentar, maio-
res ganhos de peso e carne de melhor qualidade. CABRAL, J. E. de O.; ALVES, F. S. F. Tecnologia de pro-
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• É importante fazer reserva de alimentos no perío- DADE BRASILEIRA DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E
do das chuvas para poder engordar os cordeiros SOCIOLOGIA RURAL, 46., 2008, Rio Branco. Anais... Rio
no “verão”. Branco: SOBER 2008. 1 CD-ROM. Disponível em: <http://
• No período das chuvas (inverno) a engorda pode ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/83358/1/
ser feita com animais pastejando na caatinga. AAC-Tecnologia-de-producao.pdf>. Acesso em: Acesso
ATENÇÃO para o controle das doenças! em: 8 jan. 2014.

54 55
CASTRO, J. M. C.; SILVA, D. S.; MEDEIROS, A. N.; PIMEN- MARTINS, E. C.; GUIMARÃES, V. P.; BOMFIM, M. A. D.;
TA FILHO, E. C. Desempenho de cordeiros Santa Inês ali- CARVALHO, R. de S. Terminação de cordeiros em con-
mentados com dietas contendo feno de maniçoba. Re- finamento: avaliação dos impactos econômicos, sociais
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tentável da caprinovinocultura no cariri paraibano. In. e Sociologia Rural, 2010. 17 f. 1 CD-ROM. Disponível
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